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MAIS DE 22 ANOS DO INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA TROPICAL (19/04/83 A 24/06/05)

INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA TROPICAL · de investigação e serviços sobre regiões tropicais”. A aprovação e publicação do Decreto-Lei nº 105/82, de 8 de Abril,

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MAIS DE 22 ANOS

DO INSTITUTO DE

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

TROPICAL

(19/04/83 A 24/06/05)

Introdução

Até à publicação do seu regulamento interno, em Junho de 2005, o Instituto de

Investigação Científica Tropical (IICT) foi regido, pelo menos em parte, pela lei

orgânica de Abril de 1983. O presente documento, em circulação desde

Fevereiro passado, pretende enquadrar os planos de actividades elaborados

com base na nova estrutura organizativa.

Para perspectivar o funcionamento desta nova estrutura, e dar maior

visibilidade ao trabalho de cerca de cem cientistas, na sua grande maioria

investigadores do quadro, convém conhecer a história do IICT durante estes

mais de 22 anos. Assim, um relatório internacional de avaliação – de que o

actual Ministro da tutela tomou a iniciativa vai para dez anos pelo - notou que

desvalorizávamos a crescente interdisciplinaridade dos estudos sobre

desenvolvimento. A lei orgânica de 2003 reduziu de forma drástica as chefias

e, em 2004, os responsáveis pelos ex-centros aceitaram prescindir dos seus

poderes. Como se vê no Quadro 1, passaram de oito para três, identificando-se

outras tantas competências nucleares, no “Desenvolvimento Sustentável e

Segurança Alimentar”, “Memórias e Identidades” e no “Acesso e Preservação

do Património”), congruentes aliás com a estrutura recomendada no mesmo

relatório internacional de avaliação.

Este documento está dividido em quatro partes, além desta introdução e de

uma conclusão que sustenta o plano de actividades em elaboração. A parte I

descreve a transição para a interdisciplinariedade entre 1983 e 2004,

registando uma evolução durante a qual as despesas com pessoal

quadruplicaram apesar de o número de funcionários ter caído para cerca de

metade.

O Quadro 2 completa a correspondência das chefias constante do Quadro 1

através da correspondência entre antigos centros e programas para 2005. O

2

número da segunda coluna do Quadro 2 refere-se à ordem de apresentação

das estruturas correntes nas partes II, III e IV (respectivamente Departamento

de Ciências Naturais DCN, Departamento de Ciências Humanas DCH e

Direcção de Serviços de Apoio DSA), mencionando-se ainda o número referido

na primeira coluna quando as unidades são descritas abaixo (por exemplo,

descreve-se o programa nº 7 antes dos ex-centros nº 9, 17 e 18). Também se

incluem na primeira coluna algumas moradas mais emblemáticas para sugerir

a direcção da concentração geográfica em curso.

Na Parte II, constata-se que 4 programas e 17 projectos integram

investigadores provenientes de 14 ex-centros, na Parte III vê-se que 3

programas e 7 projectos incluem investigadores de 7 ex-centros, enquanto na

parte IV se descrevem os três serviços abertos ao publico.

QUADRO 1 – CHEFIAS E COMPETÊNCIAS NUCLEARES

DL nº 160/83 (Nº DE CENTROS, Nº DE MORADAS)

DL 297/2003 (SIGLA)

COMPETÊNCIAS NUCLEARES (SIGLA)

Departamento de Ciências da Terra (3, 3) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS (DCN)

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL E SEGURANÇA ALIMENTAR (SUST)

Departamento de Ciências de Engenharia Geográfica (3,3)

Departamento de Ciências Biológicas (2,2)

Departamento de Ciências Agrárias (7,7)

Departamento de Ciências Históricas, Económicas e Sociológicas (5,4)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS (DCH)

MEMÓRIAS E IDENTIDADES (MEM)

Departamento de Ciências Etnológicas e Etno-museológicas (2,1)

Direcção de Serviços de Administração (1,1) DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO (DSA)

ACESSO E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO (PAT)

Direcção de Serviços de Planeamento e Relações

Externas (2,2)

Ao contrário da estrutura antiga, a nova quer-se flexível e, como tal, susceptível

de ser alterada e adaptada ao plano anual de actividades, de forma a

assegurar uma constante emergência de programas e projectos com relevância

3

estratégica no quadro da investigação científica para as regiões tropicais e que,

ao mesmo tempo, correspondam às exigências da cooperação para o

desenvolvimento. Mais, a heterogeneidade das áreas científicas cobertas pelo

IICT não permitiu desenvolver uma cultura de avaliação nem de

interdisciplinaridade.

A concentração de cerca de metade dos 24 ex-centros na rua da Junqueira e

na tapada da Ajuda (sem prejuízo dos laboratórios de Oeiras e dos serviços

abertos ao público no palácio dos condes da Calheta e no palácio da Ega) não

criou uma dinâmica de mudança nas instalações periféricas. A expectativa de

melhor utilização do palácio Burnay também se não concretizou, estando o

destino do andar térreo entregue aos tribunais.

No plano de actividades para 2005, os dois departamentos já estavam divididos

em seis programas. Contudo, por causa da regulamentação tardia, os orgãos

externos previstos ainda não foram inaugurados, pelo que passou

despercebida a assunção da dimensão lusófona, em colaboração com a CPLP

e outras entidades públicas e privadas, como os Ministérios da Economia e dos

Negócios Estrangeiros.

Como o plano de actividades em preparação prevê a criação de pelo menos

cinco centros de actividades não integrados em departamentos, quatro dos

quais vêm mencionados no Quadro 2 (AHU, CIFC, DES, FLOR com os

números 9, 1, 6 e 2), destacam-se estes no texto mas tais modificações não

constavam dos contributos solicitados aos responsáveis. O quinto, referente à

fisiologia vegetal, funcionará no CIFC, pelo que é mencionado nessa altura.

Talvez por causa do carácter marcadamente institucional deste documento, a

sua elaboração obrigou a superar resistências à mudança por parte de

interesses instalados nos vários centros e serviços, não raro acumuladas ao

longo de todo o período em análise. Mas também permitiu registar a dedicação

de muitas pessoas apostadas em renovar o IICT.

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QUADRO 2 – CENTROS E PROGRAMAS

Antigos Centros e sua localização

Nº Programa para 2005 (SIGLA)

1.CG (Centro de Geologia) MNI 5. Ciências da Terra e Ambiente (DCN/TER)

2.CCM (Centro de Cristalografia e Mineralogia) MNI DCN/TER 3.CGEOG (Centro de Geografia) MNI DCN/TER 4.CGEOD (Centro de Geodesia) MNI DCN/TER 5.CC (Centro de Cartografia) JT DCN/TER 6.CF (Centro de Fotogrametria) JT DCN/TER 7.CZ (Centro de Zoologia) JT

8.CB (Centro de Botânica) JT 4. Biodiversidade (DCN/BIO)

9.CA (Centro de Antropobiologia) JT DCH/HIST

10.CEP (Centro de Estudos de Pedologia) JT DCN/TER 11.CEPTA (Centro de Estudos de Produção e Tec-nologia Agrícolas) JT

3. Agricultura Sustentável (DCN/AGRI)

12.CETF (Centro de Estudos de Tecnologia Flores-tal) JT

2. Florestas e Produtos Florestais (DCN/ FLOR)

13.CEFA (Centro de Estudos de Fitossanidade do Armazenamento) JT

DCN/AGRI

14.CIFC (Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro) OEIRAS

= 1. DCN/CIFC

15.CVZ (Centro de Veterinária e Zootecnia) MNI DCN/AGRI

16.JMAT (Jardim-Museu Agrícola Tropical) CALHETA

= 10. JMAT DSA *

17.CEHCA (Centro de Estudos de História e Carto-grafia Antiga) JT

7. História e Cartografia (DCH/HIST)

18.CPHA (Centro de Pré-História e Arqueologia) JT

DCH/HIST

19.CSE (Centro de Sócio-Economia) JT 6. Desenvolvimento Global (DES)

20.CEAA (Centro de Estudos Africanos e Asiáti-cos) JT

8. Sociedades e Culturas Tropicais (DCH/SOC)

21.AHU (Arquivo Histórico Ultramarino) EGA = 9. AHU DSA 22.CACS (Centro de Antropologia Cultural e Social) MNI

23.CEU (Centro de Etnologia Ultramarina) MNI

DCH/SOC

24.CDI (Centro de Documentação e Informação) CALHETA

= 11. CDI DSA

As moradas não indicadas (MNI) são candidatas a concentrar actividades na zona Junqueira/Tapada (JT).

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Parte I. Transição para a interdisciplinaridade

Por uma orgânica flexível

O Estado português conduziu a investigação, formação e capacitação sobre as

regiões tropicais através de uma única instituição, como se pode ver em “Da

Commissão de Cartographia (1883) ao Instituto de Investigação Científica

Tropical (1983) – 100 Anos de História”. Exceptuada a medicina com a criação

em 1902 do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, hoje integrado na

Universidade Nova de Lisboa, a Comissão de Cartografia foi sendo ampliada e

sucessivamente designada Junta das Missões Geográficas e de Investigações

Coloniais (1936), Junta de Investigações do Ultramar (1945), Junta de

Investigações Científicas do Ultramar (1973) e Laboratório Nacional de

Investigação Científica Tropical (1979).

Por imposições decorrentes das necessidades de reconhecimento de fronteiras

e de delimitação de territórios, emergiram como prioritárias para a Junta as

áreas da geodesia, da hidrografia e da topografia. Antes disso, a cobertura

geográfica dos territórios coloniais constituiu um dos motivos que esteve na

base da criação da Comissão de Cartografia. Arrastadas também por este

pendor exploratório e visando dotar as potências europeias de um manancial

significativo de conhecimentos sobre os seus territórios coloniais, a

arqueologia, a antropologia, a etnologia, a história e a biologia viriam a sofrer

idêntico impulso. Havia, por isso, que repartir a actividade científica por

diversos domínios, nem sempre coincidentes, mas que correspondessem às

necessidades de reconhecimento de novas áreas geográficas em distintas

frentes do conhecimento, o que recomendou a adopção e manutenção de uma

matriz organizativa dispersa, mas capaz de reunir um largo espectro de áreas

científicas.

A extinção do Ministério do Ultramar, além de aumentar a dispersão geográfica

das instalações da Junta, obrigou a uma reinserção na administração pública,

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oscilando as tutelas entre educação e ciência – em desfavor da cooperação.

Assim, o Decreto-Lei nº 769-C/76, de 23 de Outubro, encarrega o Ministério da

Educação de estudar a melhor orientação a dar aos serviços, no sentido de os

adequar às novas necessidades de cooperação. Este diploma vem a ser

complementado pelo Decreto-Lei nº 291/77, de 19 de Julho, e por uma

Resolução de Conselho de Ministros, de 14 de Junho de 1978, que prevê,

nomeadamente, a concentração geográfica dos serviços no Palácio Burnay, no

primeiro andar do qual já está instalada a presidência. A ideia era dar

continuidade a décadas de um árduo trabalho de reconhecimento científico da

realidade tropical, acompanhado de esforços de capacitação científica e

técnica das populações, promovendo um novo enfoque na cooperação.

Com a publicação, em 31 de Dezembro, do Decreto-Lei nº 532/79, é criado um

Laboratório Nacional com o objectivo de “promover e realizar a investigação

científica e técnica no âmbito das regiões tropicais, cooperar com os países

dessas áreas na resolução de problemas de carácter científico e técnico, bem

como colaborar com eles na definição e execução de planos de preparação de

pessoal investigador e técnico”. Para tal, são previstos cinco departamentos,

definidos como “organismos especializados nos grandes ramos das ciências

puras e aplicadas que integram e coordenam as unidades funcionais básicas

de investigação e serviços sobre regiões tropicais”. A aprovação e publicação

do Decreto-Lei nº 105/82, de 8 de Abril, introduz a designação actual, reformula

as atribuições e acrescenta um sexto departamento, nos termos indicados na

primeira coluna do Quadro 1 acima. Apesar da estrutura organizativa estar devidamente delineada, seria preciso

aguardar mais um ano para que a mesma fosse regulamentada. Tal viria a

acontecer na data do centenário da fundação da Comissão de Cartografia, em

19 de Abril de 1883, com a publicação do Decreto-Lei nº 160/83. Cada

departamento passou a incluir Centros, a cada um dos quais competiam

atribuições enumeradas no mesmo Decreto-Lei. Esta rigidez acentuou a

divisão espacial das diferentes áreas científicas e deu pouco relevo à

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interdisciplinaridade, quer na gestão da ciência e tecnologia (C&T) quer na

arquitectura da maioria dos projectos de investigação e desenvolvimento (I+D).

A orgânica rígida manteve-se depois da entrada em vigor do Decreto-Lei nº

297/2003, de 21 de Novembro, que só parcialmente revogou a lei orgânica

anterior. A revogação deveria ser completada num prazo de quatro meses, mas

o projecto foi interrompido pela reforma da administração pública entretanto

decidida e optou-se por um despacho conjunto da tutela e do Ministro das

Finanças em vez de um decreto regulamentar.

A regulamentação mais flexível constante do despacho conjunto nº 32/2005 foi

publicada em 24 de Junho. Não houve tempo para os investigadores se

apropriarem da interdisciplinaridade da investigação científica tropical - na

medida em que esta implica uma flexibilidade de todo ausente da sua prática

diária. Para alguns, a transição em curso continua a ser mais uma ameaça do

que uma oportunidade, como notado no relatório internacional de avaliação

mencionada na introdução. Como se disse, este documento recolhe um

resumo das actividades mais marcantes que ao nível da investigação foram

concretizadas nos diversos domínios científicos em que actua o IICT. Cada

uma das três partes inclui descrições dos actuais programas e ex-centros.

A lei orgânica permite a criação de até dez centros de actividades, não

integrados em departamentos, capazes de melhor apetrechar o IICT para a

resolução de problemas concretos que, hoje, condicionam uma grande maioria

dos países em desenvolvimento. Aprovado o regulamento interno, parece ter

chegado a hora de usar este novo instrumento para acelerar a transição para a

interdisciplinaridade, até porque de outro modo as resistências poderão

endurecer, com grave prejuízo para a sustentabilidade dessa mesma transição.

Por isso mesmo se vão criar, para além do CIFC e do DES, mais três centros

de actividade, o AHU, FLOR e ECO-BIO, que sucede ao grupo de ecologia

vegetal e bioquímica do programa AGRI. Como se disse, com excepção deste

último, os novos centros são objecto de descrição autónoma nas partes II, III e

IV.

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A regulamentação flexível proposta em Fevereiro de 2004 à tutela vem

indicada no Quadro 2 acima. Além da flexibilidade de um regulamento interno

que infelizmente demorou quinze meses a ser publicado, a nova orgânica faz

passar os serviços abertos ao público (Arquivo Histórico Ultramarino e Jardim-

Museu Agrícola Tropical, respectivamente nº 9 e nº 10 na segunda coluna)

para a DSA, onde já se encontrava o Centro de Documentação e Informação

(CDI, nº 13 na segunda coluna), as duas Direcções de Serviços referidas no

Quadro 1 acima, a Divisão de Cálculo Científico e Informático e a Assessoria

Jurídica. Estes serviços foram extintos pelo regulamento interno e substituídos

por áreas da DSA, reorganizada em dois núcleos, o de apoio à investigação e o

de gestão e administração.

A facilidade com a qual se acordou na nova orgânica não deve surpreender. No

Plano de Actividades para 2005, os programas incluídos nos departamentos

científicos estão divididos em 24 projectos, ou seja, mais três do que o número

de centros (excluindo os três serviços abertos ao público). Deduz-se do Quadro

2 acima que o programa TER (nº 5 na segunda coluna) agrupa sete antigos

centros, enquanto os programas BIO e AGRI (nº 4 e nº 3 na segunda coluna)

correspondem a dois e quatro centros, respectivamente e que os programas

HIST e SOC (nº 7 e nº 8 na segunda coluna) agrupam dois antigos

departamentos e três antigos centros cada um. O Centro de Investigação das

Ferrugens do Cafeeiro (CIFC, nº 1 na segunda coluna) manteve a sua

designação e há dois centros que dão origem a programas, o Centro de

Estudos de Tecnologia Florestal (CETF) ao FLOR (nº 2 na segunda coluna), e

o Centro de Sócio-Economia (CSE) ao DES (nº 6 na segunda coluna). Nos dois

casos trata-se de unidades com financiamento externo elevado e uma vocação

interdisciplinar mais marcada.

Como se ilustrou no Quadro 1, às chefias previstas no Decreto-Lei nº 297/2003

(DCN, DCH e DSA) correspondem três competências nucleares (SUST, MEM e

PAT) congruentes com as propostas de restruturação colocadas desde meados

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da década de 90. Às três competências nucleares correspondem oito

tecnologias habilitadoras, assim designadas num relatório de auto-avaliação

apresentado em Janeiro de 2005 no quadro de um diagnóstico sobre a

problemática dos laboratórios de Estado, do qual resultou a sua desadequação

perante o actual espaço europeu de investigação, desenvolvimento e inovação.

Apesar de incompleto, certamente no que toca ao IICT, o relatório permitiu

obter dados concretos das respectivas missões e competências técnico-

científicas de todas essas unidades tendo-se, para tal efeito, recorrido a uma

metodologia baseada em matrizes.

Com a ajuda do Conselho Científico, tornou-se possível fazer corresponder as

três competências nucleares do IICT com oito tecnologias habilitadoras que no

Quadro 3 vêm seguidas das siglas usadas nos quadros anteriores, para facilitar

a correspondência. Ocorre notar que esta arrumação tripartida reflecte a

aproximação entre as três chefias que marca o plano de actividades para 2005, e

muito especialmente entre DCH e DSA.

QUADRO 3 - CORRESPONDÊNCIA ENTRE COMPETÊNCIAS NUCLEARES E TECNOLOGIAS

HABILITADORAS

Competências nucleares SUST MEM PAT

Milhões

Tecnologias habilitadoras Custos

Espectroradiometria TER 7 0,5

Análise geológica e mapping TER 10 0,7

Segurança alimentar AGRI 23 1,6

Produtos florestais FLOR 3 0,2

Bases de dados interactivas BIO 4 11 0,6

Informática e trabalhos de campo SOC 14 31 1,5

Redes e parcerias público-privadas HIST 19 1,3

Preservação e conservação do património 7 0,1

Soma 47 33 49 6,5

(investigadores em ETI) 80

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Avaliação e renovação

Foi a própria Presidência do IICT quem solicitou a primeira avaliação

internacional, realizada por iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência e

Tecnologia com o apoio da Embaixada de França, em Lisboa, e que ocorreu

entre finais do ano de 1993 e início de 1994. Logo nessa data, foram colocadas

aos órgãos dirigentes do IICT e à sua tutela um certo número de considerações

que foram objecto de um relatório posto à discussão no seio do IICT na altura

em que foi produzido. No decurso do ano de 1997, o IICT recebe uma missão

internacional de avaliação, no quadro da avaliação aos Laboratórios do Estado,

decidida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Citou-se o respectivo relatório

de avaliação na introdução a este documento.

A renovação do IICT era, assim, esperada e sentida como indispensável para

adaptar o organismo às transformações rápidas que entretanto se operavam no

sistema científico e tecnológico nacional e no seu enquadramento europeu e

internacional. Deixava de se justificar uma estrutura dispersa por áreas de

investigação nem sempre comunicantes, encontravam-se em extinção.

Acrescia a necessidade de responder aos problemas das regiões tropicais em

termos tanto quanto possível interdisciplinares. A dispersão científica aliada às

dificuldades decorrentes da circunstância de os recursos financeiros serem

quase totalmente absorvidos pelos gastos com pessoal, não permitiu ao IICT

assegurar presença nos países-alvo, nomeadamente lusófonos, para aí

desenvolver uma maior actividade científica e de capacitação.

Estes constrangimentos que estiveram também na base da apresentação de

um número excessivo dos chamados projectos de inventário, quando a

concorrência externa solicitava uma maior aposta na definição de projectos

inscritos na resolução de problemas concretos das regiões tropicais,

dificultaram igualmente a viabilização de candidaturas a programas de

financiamento de C&T cada vez mais competitivos e exigentes. Com excepção

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de algumas áreas e de alguns centros, estas dificuldades, fizeram-se também

sentir na internacionalização do IICT, sobretudo porque, ao tratar-se de

executar um mandato científico para as regiões tropicais, impunha-se uma

maior presença, quer na procura de financiamentos externos destinados

especificamente a essas regiões, quer na fixação de objectivos concretos e

inscritos na resolução dos problemas desses países, quer ainda no

estabelecimento de parcerias mais agressivas com as respectivas

administrações e instituições públicas ou privadas locais.

Apesar deste enquadramento, a esperada renovação do IICT só começou a

materializar-se em Fevereiro de 2004, com a tomada de posse da nova

Presidência, seguida em Março pela assinatura do convénio com a CPLP e em

Junho pela extinção dos centros. A tardia regulamentação adiou a

concretização da orientação por representantes de entidades públicas e

privadas, nacionais e internacionais, como os indicados no Quadro 4, com a

ressalva de confirmação dos convites feitos oralmente com base num

despacho chamando o Presidente do IICT a presidir em nome do Ministério da

tutela. Por outro lado, a lei orgânica abre também novas perspectivas que

incluem o acesso ao património do IICT, em conformidade com o recomendado

pela Cimeira de Ministros da Ciência da CPLP, realizada em 5 de Dezembro de

2003, no Rio de Janeiro e reiterada em Setembro de 2004 em Maputo. O IICT

procura um maior e melhor relacionamento com organizações internacionais, e

assim, prevê-se que o Banco Mundial e a Comissão Europeia venham a

integrar a Unidade de Acompanhamento, como indicado no Quadro 4.

Aos nomes dos representantes das instituições que foram informalmente

abordados para integrar estes órgãos (e que poderão entretanto ter mudado de

serviço, como aconteceu com o anterior presidente do IPAD, nomeado

Embaixador em Argel no Verão de 2004), devem acrescentar-se os antigos

presidentes do IICT e dos organismos que o precederam. Também foi feita

uma abordagem ao Ministério das Finanças, para ter assento na unidade de

acompanhamento, na pessoa do Dr. Mário Lobo.

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A Presidência tem procurado materializar, na prática, a flexibilidade da nova lei

orgânica reunindo regularmente as chefias na chamada Direcção (27 reuniões

antes da publicação do regulamento). Numa tentativa de criar consensos

estratégicos, alargou-se este órgão informal aos membros eleitos da Comissão

Coordenadora, que inclui dois vogais por departamento além da presidência do

Conselho Científico e as chefias dos dois departamentos, por inerência

(Quadro 5 ). Pouco depois da mudança de tutela, em 3 de Março, foi designado

novo Vice-Presidente do Conselho Científico, que contudo ainda não tomou

posse. Depois de suscitar a 7ª reunião da Direcção alargada à Comissão

Coordenadora em 13 de Abril, o Presidente do Conselho Científico pôs termo

às reuniões por carta ao Presidente do IICT, sem sugerir outro instrumento de

relação institucional que pudesse substituir um mecanismo informal que

facilitara durante mais de um ano a renovação do IICT.

O Presidente do IICT continua a assistir, como investigador, aos plenários do

Conselho Científico e a informação circula pela página web do IICT mas o

efeito negativo da suspensão unilateral do diálogo foi aparente no envio à

tutela, pouco depois, de um Plano Quinquenal prometido à Presdência no

contexto da preparação do Plano de Actividades para 2005. Para além do

aspecto formal do envio directo de um documento incompleto e baseado em

critérios diferentes dos do Plano de Actividade para 2005 e do relatório de auto-

avaliação sumariado no Quadro 3 acima, não se incorporaram ainda os

comentários em Plenário Pior, arrisca-se a dificultar a elaboração do Plano de

Actividades para 2006, revertendo-se para o período mais remoto durante o

qual os investigadores não tinham estruturas representativas eficientes.

A estrutura tripartida da direcção procura reflectir a transição em curso, com o

objectivo de se caminhar para um menor número de projectos que deverão

enquadrar equipas pluridisciplinares, de maior dimensão, capazes de atrair maior

percentagem de financiamento externo. Para além da supervisão dos serviços

abertos ao público, por delegação do Presidente, a DSA tem como missão a

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gestão administrativa, financeira e patrimonial dos recursos humanos e

materiais do IICT.

QUADRO 4 - PARTICIPAÇÃO PREVISTA NOS NOVOS ORGÃOS Conselho de Orientação

MNE Dr. Iglésias Soares (IPAD)

MEconomia Dr. Antas Teles (ICEP)

CSCTI Prof. João Caraça

CPLP Emb. Luís Fonseca

ELO Dr. Filipe Botton

OCDE* Emb. Basílio Horta

Fundação Portugal África* Dr. Hélder Oliveira

Unidade de Acompanhamento

Banco Mundial Dr. Carlos Braga (Genebra)

Comissão Europeia Dra. Lídia Barreiros (DG-DEV)

* Plano de actividades para 2005

QUADRO 5 – MEMBROS DA DIRECÇÃO e da COMISSÃO COORDENADORA

DIRECÇÃO

Presidente Prof. Doutor Jorge Braga de Macedo

Vice-Presidente Dr. António Melo

Directora dos Serviços de Apoio (DSA) Drª. Conceição Casanova

Director DCN Engº. António Eduardo Leitão*

Directora DCH Doutora Ângela Domingues**

COMISSÃO COORDENADORA DO CONSELHO CIENTÍFICO

Presidente (DCN) Doutor Alfaro Cardoso

Vice-Presidente (DCH) Doutora Margarida Lima de Faria***

Vogal 1 (DCN) Doutora Maria Ondina Figueiredo

Vogal 2 (DCN) Doutora Maria José Vasconcelos

Vogal 1 (DCH) Drª Maria Clara Saraiva

Vogal 2 (DCH) Dr.Vitor Gaspar Rorigues * tomou posse em 14/03/2005 e pertence, por inerência, à CCCC ** despacho de 07/04/2005 e pertence, por inerência, à CCCC; iniciou funções em 22/06/05 *** designada por unanimidade no CC de 03/03/2005, deve tomar posse em Setembro

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Como se diz no Plano de Actividades para 2005, a reestruturação da DSA

engloba ainda a implementação de um programa de tratamento e divulgação

do espólio do IICT, nomeadamente através da utilização de meios informáticos

para a catalogação e indexação das espécies bibliográficas e arquivísticas e

para a inventariação dos bens museológicos, através da criação de uma

política de preservação, bem como através da promoção de eventos culturais e

projectos expositivos.

No que respeita à valorização e salvaguarda do património, pretende-se

aumentar a sua acessibilidade e a melhoria e eficácia da sua divulgação,

através de acções públicas (exposições, acções culturais e outras), empréstimo

e cedência de publicações a outras instituições, etc.. No âmbito destes

programas, a cooperação com as regiões tropicais, facultando a consulta do

acervo por técnicos e investigadores de outros países da CPLP, promovendo

estágios de formação e aumentando o número de acções técnicas e culturais

em regiões tropicais é também um dos objectivos a alcançar.

Por outro lado, e de acordo com o que vem referido no Contributo para a

avaliação do IICT, a implementação deste programa de inventariação,

catalogação e indexação do património, tornando possível a sua

disponibilização em formato digital normalizado, permitirá a sua divulgação e o

acesso global a um espólio de grande valor para a investigação tropical e

especificamente direccionado para um melhor conhecimento das sociedades e

culturas lusófonas.

Há que apostar naquilo em que o IICT pode levar o público português e

lusófono a encarar assuntos globais com olhos tropicais. Tal desiderato deu

lugar a uma série de artigos de divulgação na Revista África Hoje e, mais

recentemente, na Africa Today (secção Foco Tropical) e na Nova Cidadania

(secção Presença Lusófona) que se podem consultar em linha.

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Também se menciona no mesmo relatório, de Maio de 2004, a formação dos

recursos humanos do IICT, com vista a melhorar a qualificação dos quadros

técnicos, a incrementar a sua participação em acções de formação e a

rentabilizar os recursos financeiros, através do aumento de receitas próprias

nos serviços ao utente. Elaborado este breve resumo da orgânica do IICT, bem

como da transição em curso, importa, agora, proceder a uma revisão dos

meios que foram colocados à sua disposição para o desempenho das missões

que lhe estão consignadas.

Recursos financeiros e meios humanos

Reunindo dados dispersos por Anuários de Actividades, o primeiro dos quais

publicado em 1986 e Relatórios de Actividades, cujo primeiro exemplar apenas

foi preparado no ano de 1987, bem como elementos obtidos directamente na

DSA, foi possível coligir um conjunto de informações respeitantes aos recursos

financeiros e aos meios humanos do IICT, entre 1983 e 2004, que se resumem

no Quadro 6.

QUADRO 6 – RECURSOS FINANCEIROS E MEIOS HUMANOS

Tot

1000€ % pessstaff

(s/bolseiros) % invest sal med €

1983 3993 69% 404 27% 6,819

1993 10206 59% 421 15% 14,290

2003 8452 76% 274 23% 23,350

2004 8016 72% 251 25% 23,028

txa 93/83 9% 0% 7%

txa 03/93 -2% -4% 5%

txa 04/03 -5% -9% -1% Fonte: Quadros Anexos I e II

Ressalta da primeira coluna de dados (tot) que as despesas passam de 4 para

8 milhões de euros (em escudos correntes quadruplicam) e da segunda coluna

(% pess) que os recursos financeiros foram absorvidos, na sua maior parte,

16

pelos vencimentos dos seus funcionários. A percentagem das despesas de

pessoal é mínima em 1995 e máxima em 2001, ao passo que, após um valor

máximo atingido em 1991, os efectivos não pararam de descer até 2003. Na

terceira coluna, excluíram-se os bolseiros e na quarta indica-se a percentagem

de investigadores (% inv), que ronda ¼ do total de efectivos e apresenta um

padrão em U, com um mínimo em 1998. A última coluna revela o espectacular

aumento do salário médio e nas três últimas linhas incluem-se taxas de

crescimento anuais para as duas décadas bem como para 2003/04. O aumento

do salário médio reflecte ajustamentos que se verificaram na maioria das

carreiras da administração pública, que provocaram, não só reclassificações

nominais, como também acertos remuneratórios consideráveis.

Aumento da despesa

Uma análise mais atenta permite verificar que o crescimento mais acentuado

registado nas chamadas despesas de capital entre os anos de 1992 a 1998 se

explica por financiamentos específicos irrepetíveis. Um desses financiamentos

decorre de um Protocolo, assinado em Outubro de 1991, entre o Instituto

Marquês de Valle Flor e o IICT, mediante o qual o primeiro contribuiria para as

despesas inerentes à mudança de instalações que o IICT ocupava, então, no

Palácio Valle Flor. Este protocolo previa verbas para obras de beneficiação das

instalações que o IICT detinha no nº 30 da Rua da Junqueira. É esse o motivo

que explica o aparecimento, nos orçamentos dos anos de 1992 e 1993, de

duas entradas de capital que atingiram um valor total de cerca de 554.000

euros para a realização daquele objectivo, de acordo com dados publicados

nos Relatórios de Actividades desses anos.

Também entre os anos de 1993 e 1998, o IICT recebeu verbas significativas da

Missão de Macau e do Centro Científico e Cultural de Macau. Totalizaram

estes financiamentos, ao longo do período mencionado, um montante global de

6.653.000 euros, que foram aplicados na construção do Museu Histórico de

Macau e do Pavilhão de Macau no AHU, destinado à instalação do Arquivo de

Segurança da Documentação Histórica de Macau.

17

Na realidade, essas verbas facilitaram a realização de um programa integral de

recuperação, remodelação e reconstrução do edifício anexo ao Palácio da Ega,

onde se encontra o AHU, o que permitiu um incremento muito expressivo das

suas áreas de actuação, bem como uma melhoria das condições gerais de

reapetrechamento e acomodação dos documentos que se encontram à sua

guarda.

Os financiamentos referidos permitiram, igualmente, a construção do Museu

Histórico de Macau, que resultou de uma cedência do IICT de parte do edifício

da Rua da Junqueira nº 30, para instalação daquele Museu, o que obrigou à

alteração do projecto inicialmente pensado para instalar os serviços

administrativos e o CDI. Este viu-se, assim, obrigado a continuar nas

instalações degradadas que ocupava e de onde apenas veio a sair em 2002,

para a sua actual localização, no Palácio dos Condes da Calheta. Esta

reinstalação tornou-se possível pela formalização de um Protocolo subscrito

pelo IICT, o Instituto Marquês de Valle Flor e a Sociedade Agrícola Valle Flor,

através do qual esta última atribuiu, a título de compensação pelas despesas

inerentes com esta transferência, o montante de 175.000 euros, o que permitiu

que o CDI tenha passado a dispor de um espaço digno do vasto e valioso

património bibliográfico e documental que se encontra à sua guarda.

A partir do ano de 1991, inicia-se um esquema regular e mais consistente de

financiamento baseado em projectos, passando, a partir daí, a registar-se um

fluxo regular e contínuo de fundos com origens igualmente bem identificadas –

financiamento comunitário, o Programa Ciência, que beneficiou o IICT até

1994, e o Programa PRAXIS XXI, de 1995 até 2000.

Ainda relativamente a este ponto, regista-se, no que respeita ao financiamento

de projectos de investigação, uma inversão de tendência a meio do período

que separa os anos de 1991 e 2003. Até 1997 as verbas obtidas tinham como

proveniência projectos com financiamento comunitário e a partir desse mesmo

ano começam também a registar-se financiamentos nacionais, provenientes,

18

sobretudo, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). E é precisamente

a partir de 1997 que se verifica a mencionada inversão, isto é, os recursos

obtidos de projectos apresentados a financiamento nacional superam os que

são submetidos à UE. Nestes últimos, contudo, verifica-se um acentuado

decréscimo a partir de 1998 e até final do período em análise.

Deste grupo de receitas extraordinárias, os primeiros fluxos financeiros a

beneficiar o IICT têm, assim, origem no Programa “Ciência”. Este Programa,

negociado no âmbito do Primeiro Quadro Comunitário de Apoio, teve como

uma das preocupações fundamentais criar condições para o desenvolvimento

científico e tecnológico do país e ultrapassar certos estrangulamentos do

sistema, quer a nível de recursos humanos, quer de infraestruturas.

Projectos apresentados ao “Ciência Infraestruturas”, assumiram relevância

pelos montantes envolvidos e pela importância das actividades científicas que

vieram a permitir. Um deles resultou da proposta de criação de uma “Rede

Nacional de Estações de Processamento Digital de Imagens Integradas no

Sistema Nacional de Informação Geográfica”. A implementação desta rede

implicou a aquisição de um conjunto de sete Estações Gráficas Interactivas

para integrar uma rede nacional de processamento digital de imagens, com o

objectivo principal de contribuir para o “reforço da capacidade científica no

domínio da informação por detecção remota na caracterização dos recursos

naturais e do estado do ambiente”. Há ainda a destacar o projecto “Meios de

Equipamento para o Desenvolvimento e Aplicação das Modernas Técnicas de

Geodesia com particular incidência na aplicação de técnicas espaciais”. Tratou-

se de uma iniciativa que visava a aquisição de meios de equipamento de

elevada precisão, destinados a permitir o desenvolvimento das mais avançadas

técnicas de geodesia e que contou com a aquisição, entre outros instrumentos,

de 6 receptores de sinais de satélites NAVSTAR/GPS, do Sistema Global de

Posicionamento.

19

Acresce a estes grandes investimentos a construção do Centro de Investigação

Agrária Tropical (CIAT) que ficou, assim, integrado num edifício construído de

raiz na Tapada da Ajuda, em Lisboa, e que permitiu ao IICT e ao Instituto

Superior de Agronomia um desenvolvimento significativo das actividades de

investigação, ensino e aplicação científicas, no âmbito das Ciências Agrárias. O

Prof. José Eduardo Mendes Ferrão, que tem colaborado com o IICT ao longo

de toda a sua carreira, dispôs-se a participar no CIAT. Ao mesmo tempo, ficava

reforçado um eixo importante da cooperação com os países alvo.

Terminado o período de vigência do Primeiro Quadro Comunitário de Apoio,

durante o qual se desenrolou o “Ciência”, veio a suceder-lhe o Programa

PRAXIS XXI que constituiu a peça central de intervenção do Plano de

Desenvolvimento Regional na área da Ciência e Tecnologia no âmbito do

Segundo Quadro Comunitário de Apoio. À semelhança de outras entidades de

I+D, de novo o IICT vem a beneficiar de financiamentos com esta origem.

Inicia-se, por isso, uma nova série de apoios regulares, como contrapartida de

projectos que as diversas unidades do Instituto haviam submetido ao PRAXIS

XXI, entre 1995 e 2000.

Uma dessas candidaturas resultou da necessidade de se terminarem as obras

do CIAT que, assim, viu concluída a sua instalação. Também vale a pena

referir, pelos montantes que no mesmo foram aplicados, um projecto que não

se dirigiu às áreas tropicais, o projecto “Mecanismos de Adaptação

Parasita/Hospedeiro em Populações Locais de Caprinos da Ilha Terceira –

Dinâmica de Infecção e Resistência Antihelmíntica”. Outro projecto a

mencionar refere-se à informatização do AHU, através do levantamento das

fontes históricas aí existentes, a sua introdução em base de dados própria e a

publicação de instrumentos de descrição (em suporte de papel e em suporte

electrónico). O projecto “Guia de Fontes Documentais para a História das

Antigas Colónias Portuguesas do Séc. XVI a 1833” veio, deste modo, a

desenvolver-se com regularidade, tendo dotado o AHU de uma ferramenta

20

essencial que, em muito, contribuiu para facilitar a disponibilização e o acesso

às fontes históricas que integram o seu vasto e valioso espólio.

Em paralelo com estas acções, suportadas pelo Programa PRAXIS XXI, o IICT

veio ainda a beneficiar, também como contrapartida de projectos apresentados

no âmbito de um programa complementar daquele e designado “Apoio à

Investigação Tropical”, de outros financiamentos importantes, que continuam a

explicar os fluxos financeiros que temos vindo a enumerar e que subsidiaram

múltiplas actividades de investigação desenvolvidas entre 1991 e 2000.

No que respeita a Programas financiadores de projectos, valerá a pena fazer

aqui referência aos conhecidos Programas STD (Science & Technology for

Development) da Comissão Europeia que, ao longo dos primeiros anos da

década de 1990, contribuíram, de forma considerável, para o suporte de alguns

projectos de investigação submetidos a financiamento externo pelo IICT,

sobretudo na área das Ciências Agrárias.

Ressalta ainda que as chamadas despesas de funcionamento mantêm-se ao

longo de todo o período. A dispersão geográfica do IICT parece apontar para

uma incapacidade estrutural em diminuir um conjunto importante de custos

fixos. O crescimento acentuado das despesas de capital apresentadas pelas

diversas unidades do IICT explica-se assim por financiamentos extraordinários

e quase só destinados a infraestruturas. Pelo contrário, os financiamentos

obtidos como contrapartida de projectos não revelam dinamismo, mesmo se

admitirmos que, sobretudo no início do período, houve muitos projectos

financiada com verbas do PIDDAC.

Importa salientar que a panorâmica evolutiva registada no Quadro 6 contabiliza

os valores a preços correntes, a despeito da conversão para euros à taxa

média anual. Apesar disso, nestes últimos 20 anos, verifica-se uma acentuada

dominância dos gastos com pessoal, o que, associado à fraca capacidade de

21

mobilização de recursos de outras fontes de financiamento externas, como é o

caso dos projectos de investigação, parece configurar uma situação de inércia.

Os valores apresentados resultaram da informação que foi possível recolher,

não havendo dados mais sistematizados e organizados, relativamente aos

projectos de investigação que receberam subvenções de diferentes origens. No

vertente, só em 2005 foi criada uma unidade orgânica a quem todo o

processamento desse tipo de informação foi atribuído.

Carreiras e sua evolução

A divisão apresentada no mesmo Quadro 6 reparte-se pelos grupos de pessoal

em que, usualmente, se classificam os efectivos de um qualquer serviço da

Administração Pública, acrescentando-se, no caso do IICT, o grupo dos

“colaboradores”. A instituição contou sempre com a colaboração de

professores universitários que, na sua maioria, se encontravam a dirigir centros

de investigação, não resultando daí encargos para o IICT. Neste grupo são

igualmente contabilizados investigadores que, embora tendo passado à

situação de aposentação, continuam a colaborar com o IICT e, assim, a

contribuir para o funcionamento das diversas unidades de investigação.

De um total de 404 efectivos em 1983, regista-se um crescimento contínuo e

sustentado do número de funcionários até 1991, ano a partir do qual se inicia

um percurso descendente que se acentuou no decurso destes últimos anos. De

1999 até 2004 regista-se uma diminuição superior a 100 efectivos e que se

reparte, praticamente, por todos os grupos considerados. O número de

bolseiros, disponível nas fontes consultadas, é relativamente baixo supondo-se

que os quantitativos tenham sido superiores aos valores apresentados.

Os números apresentados no grupo “além quadro” podem assumir valores

anormalmente elevados. Contudo, aí se encontra incluído pessoal de diversas

carreiras que, mais tarde, veio a ser integrado no Quadro de Pessoal por força

22

de diplomas legais aprovados nesse sentido e válidos para toda a

Administração Pública. Um desses grupos é o pessoal da carreira de

investigação – estagiários e assistentes de investigação – que posteriormente

vieram a ser integrados no quadro, à medida que progrediam na carreira. Tal

situação resulta do próprio Estatuto da Carreira de Investigação, estabelecido

pelo Decreto-Lei nº 415/80, de 27 de Setembro, que define e estrutura a

carreira de investigação científica, e que foi depois revogado pelo Decreto-Lei

nº 219/92, de 15 de Outubro que procura “aproximar” as carreiras dos

investigadores científicos e dos docentes universitários, por forma a assegurar

“uma mais fácil mobilidade dos cientistas no seio do Sistema Nacional de

Ciência e Tecnologia”. Foi, assim, igualmente, instituído em cada organismo,

um Conselho Responsável pelas Actividades de Formação (CRAF),

“assimilável, para efeitos de progressão na carreira, aos conselhos científicos

das faculdades, e do consequente aperfeiçoamento do sistema das provas de

acesso às várias categorias”.

Se bem que esta legislação tenha, entretanto, sido revogada, as situações

descritas continuam conformes com o disposto pelo art. 62º do Decreto-Lei nº

124/99, de 20 de Abril, que mantém o regime previsto na legislação acima

referida, no que respeita “ao modo de progressão na carreira dos estagiários e

assistentes de investigação”. Este último diploma vem ainda proceder ao

aperfeiçoamento e ao ajustamento de alguns dos normativos anteriores,

expressando, no seu preâmbulo, que o Conselho Científico passa a ser o

órgão, por excelência, de debate e de coordenação das actividades científicas

de cada instituição, passando a ser considerado como “charneira de toda a

estrutura de investigação e desenvolvimento científico e tecnológico,

eliminando-se o CRAF”.

Foi assim que, também no IICT, se procedeu à elaboração do primeiro

Regulamento do Conselho Científico, em conformidade com o disposto, quer

pelo já mencionado Decreto-Lei nº 124/99, quer pelo previsto no Decreto-Lei nº

125/99, de 20 de Abril, que regulamenta o regime jurídico das instituições de

23

investigação científica e tecnológica. A primeira Presidência de um tal orgão

veio, deste modo, a tomar posse em 26 de Janeiro de 2000, tendo sido

integrada pelas investigadoras coordenadoras, Doutora Maria Ondina

Figueiredo e Dra. Maria Adélia Diniz que se mantiveram em funções até à

posse do novo Conselho Científico, em 6 de Julho de 2004, integrado pelo

investigador principal, Doutor Alfaro Cardoso e pelo investigador auxiliar,

Doutor Jasmins Rodrigues que se demitiu em Fevereiro de 2005. O Quadro 5

acima inclui os actuais membros da Comissão Coordenadora, bem como a sua

filiação departamental.

Como se referiu, há também pessoal de outras carreiras incluído no grupo

“além quadro” e que acabou por ser integrado. É o caso do pessoal

incorporado ao abrigo do Decreto-Lei nº 81-A/96, de 21 de Junho e do Decreto-

Lei nº 195/97, de 31 de Julho, que vieram facilitar a regularização de muitas

situações de efectivos da Administração Pública que “desempenhavam funções

correspondentes a necessidades prementes dos serviços e que continuavam

numa situação de precariedade que se revelava necessário ultrapassar”.

Constituem este contingente os conhecidos casos dos chamados “recibos

verdes”, tarefeiros, contratos de prestação de serviços, etc., que foi possível

integrar após alguns anos de situação irregular. A sua evolução mostra que os

quantitativos deste grupo são decrescentes e que, devido às razões acima

invocadas, sofrem uma acentuada redução, a partir de 1998.

Os valores apurados da forma acima descrita revelam, para além dos

comentários já avançados, que o Quadro de Pessoal do IICT diminuiu, neste

espaço de vinte anos, para praticamente metade dos seus efectivos. O número

de investigadores acompanha, quase que proporcionalmente, esta descida.

A evolução dos restantes grupos não parece tão gravosa quanto a dos

Investigadores, se perspectivarmos esta análise dos recursos humanos em

função da necessidade de se caminhar para uma maior racionalidade

quantitativa, em função daquilo que deve constituir, hoje, a missão central do

24

IICT. O grupo do pessoal “operário ou auxiliar” pode apresentar valores algo

elevados para o que seria desejável. No entanto, será necessário observar que

se trata de um grupo essencial na manutenção, entre outras, de actividades de

investigação científica que exigem o desempenho de tarefas complementares,

coadjuvantes daquelas, mas indispensáveis para a sua integral realização. O

pessoal administrativo também apresenta valores decrescentes ao longo do

período.

A redução é assim nítida em todos os grupos de pessoal, havendo, no entanto,

alguns desses grupos que estabilizam, especialmente, a partir de meio do ciclo

em estudo. É o caso dos técnicos superiores, técnicos profissionais e

administrativos. Estas tendências, conjugadas, permitem concluir que a

redução do número de investigadores se afigura mais consistente do que

parece à primeira vista, podendo ser explicada por razões que se apresentam

interrelacionadas – aumento gradual e constante da faixa etária e consequente

saída por motivo de aposentação, aliada à não renovação, por impossibilidades

de admissão e de recrutamento de novos investigadores.

No seu conjunto, esta situação reflecte certos bloqueios que têm condicionado

o desenvolvimento e o aumento de eficiência de muitos dos serviços

enquadrados na nossa Administração Pública. A maioria dessas

condicionantes encontra-se há muito identificada e o IICT não representa,

neste aspecto, nenhum caso de excepção. Não cabendo enumerar essas

dificuldades, poderá, entretanto, salientar-se que, desejavelmente, deveria

dispor-se, hoje, de um quadro de investigadores renovado, que permitisse uma

progressiva regeneração das competências científicas da instituição, em

especial quando se pretende apetrechá-la dos recursos indispensáveis ao

desenvolvimento de actividades de cooperação baseada no conhecimento,

com países e entidades das regiões tropicais.

Novamente, no caso dos recursos humanos, se denotam os constrangimentos

já mencionados na análise efectuada para os recursos financeiros. A dispersão

25

geográfica obriga, aqui também, a múltiplas exigências, responsáveis por um

acréscimo de recursos, que poderia ser evitado se a situação fosse diversa. O

chamado apoio administrativo viria, assim, a ter uma expressão mínima, mais

adequada e compatível com o dimensionamento correcto e actual de um

organismo de investigação científica se a já citada dispersão se não

verificasse.

O número total de lugares do quadro associado ao Decreto-Lei nº 160/83 é de

423, o que manifestamente se pode considerar um valor elevado num

organismo de investigação científica. No entanto, destes lugares, apenas se

encontram ocupados ou providos 214, o que evidencia uma redução

substancial já operada pelas razões que atrás procurámos indicar, mas que foi

induzida por motivações que podemos classificar como causas naturais, não

tendo correspondido, assim, a nenhum mecanismo interventivo que pudesse

actuar como corrector da situação. O envelhecimento e o aumento gradual das

médias etárias, notados no quadro de pessoal do IICT, conjugado com a

impossibilidade de renovação através de novas admissões, constituíram um

sério constrangimento à dinâmica interna de toda a sua actividade. Mesmo a

entrada para o quadro de muitos dos investigadores que se encontravam

contabilizados, na análise anterior, no grupo “além quadro”, não atenuou este

problema, pois, para além de estes se encontrarem vinculados ao IICT há um

tempo considerável, a sua faixa etária era também elevada na maior parte dos

casos.

A organização e a gestão da C&T devem concentrar os seus esforços na

formação de núcleos homogéneos de investigação, a partir dos quais seja,

sobretudo, possível promover a excelência. Tal, porém, exige a constituição de

estruturas de apoio bastante mais agilizadas e flexíveis, que libertem as

instituições de muitas das actuais inércias, permitindo-lhes, dessa forma,

adquirir uma dimensão mais compatível com a missão que prosseguem.

26

Investigação, formação e capacitação

Traçada a evolução operada, quer a nível de recursos financeiros, quer a nível

dos meios humanos, registam-se, sucessivamente, as actividades de

investigação, formação e capacitação que foram postas em prática com esses

mesmos instrumentos.

Os centros de investigação do IICT sempre executaram o seu mandato em

torno da realização de programas de I+D, de acções de apoio técnico e

científico, bem como através da realização de acções de formação. Por outro

lado, a participação activa de muitos agentes do Instituto em reuniões

científicas nacionais e internacionais, a própria realização interna de reuniões

deste tipo, a organização de exposições e outras manifestações de ordem

cultural, a divulgação do seu vasto e valioso património, complementada,

ainda, por uma intensa actividade editorial, constituem actividades que, ao

longo destes anos, continuam a ser sustentadas e sistematicamente

concretizadas pelo IICT.

De novo nos socorremos dos dados contidos nos Relatórios de Actividades

para apresentar a evolução sofrida pela componente de investigação

prosseguida no IICT no âmbito dos seus seis Departamentos. Como, porém,

esses relatórios só começaram a ser preparados a partir de 1987 e os dados

relevantes para esta análise apenas se encontram sistematizados no relatório

do ano seguinte (1988), somente poderemos enquadrar os projectos realizados

desde esse ano. No quadro Anexo III figura, por isso, o número de projectos

concretizados por cada Departamento entre 1988 e 2003. Deverá, contudo,

salientar-se que se trata de acções com uma duração plurianual, o que não

permite calcular a taxa de execução reportada a cada ano com base nos dados

disponíveis nas fontes consultadas. Ainda assim, somando os valores

respectivos ao longo dos 16 anos chega-se à média, sem dúvida baixa, de 18%.

27

Uma grande percentagem dos projectos realizados tentou responder a

solicitações dos países alvo, nomeadamente, através da concretização de

objectivos destinados a auxiliá-los a enfrentar os desafios da reconstrução das

infraestruturas materiais, e onde certamente a formação de quadros assumiu

uma preocupação dominante. Na realização destes projectos esteve presente,

com frequência, a cooperação com outras instituições nacionais, entre as quais

se destacam o Instituto Superior de Agronomia, o Instituto Cultural de Macau, a

Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses,

diversas Universidades e Institutos Politécnicos, bem como o então Instituto da

Cooperação Portuguesa, actual IPAD.

Dentro das Ciências Naturais, o antigo Departamento de Ciências Agrárias

dominou, seguido de perto pelo de Biológicas. Dos restantes, verifica-se que o

antigo Departamento de Ciências Históricas, Económicas e Sociológicas e o da

Terra assumem a posição imediatamente a seguir com quantitativos

semelhantes. O mesmo se regista nos outros dois antigos Departamentos que

igualmente se assemelham no número de projectos realizados.

A importância das Ciências Agrárias e a evidência que se nota na actividade

deste Departamento não é estranha ao facto de que se trata de uma área de

investigação vital ao desenvolvimento económico e social dos países das

regiões tropicais, sendo, também, um domínio científico em que o IICT possui

um património de conhecimento consolidado que não parou de enriquecer ao

longo de todo o nosso relacionamento com aqueles países. É, aliás, nesta área

que o IICT contou, quase sempre, com cerca de metade da sua força de

trabalho, entre a qual se encontravam tropicalistas do mais alto nível, com

conhecimento profundo do clima, dos solos, das culturas e das exigências que

a interconexão de todas estas variáveis coloca à parametrização de uma

agricultura sustentável, hoje considerada como absolutamente essencial para

assegurar o progresso daqueles países.

28

O número de projectos sofreu uma diminuição superior a metade do valor

inicial. De um total de 246 projectos realizados em 1988, passou para 110 em

2003 e essa redução ocorre, de uma forma mais significativa, num período em

que o IICT obteve financiamentos externos significativos. Não parece, assim,

que a diminuição verificada represente um decréscimo de massa crítica, antes

sugerindo uma maior capacidade do Instituto e dos seus centros, na

formulação de projectos que emergiram em diversas áreas e que se

constituíram como verdadeiramente estruturantes nos respectivos domínios de

actuação. A tendência decrescente revela-se nos dois Departamentos que

eram mais expressivos no início do ciclo mas a redução do número de

projectos parece indicar uma melhor preparação das candidaturas e uma

menor apetência por micro projectos que, apesar de tudo, continuam a

preencher a actividade científica de certas instituições, e também do IICT.

Embora não tenha sido possível obter dados seguros, presume-se que, numa

elevada percentagem de casos, estes projectos de investigação, levados a

cabo pelos diversos centros do IICT, contivessem uma componente de

formação e esta, na verdade, foi sempre concretizada com um duplo objectivo.

Por um lado, desejava-se que o IICT fosse o veículo privilegiado da formação

de uma, tão essencial quanto desejada, nova geração de investigadores

tropicalistas portugueses, tendo em vista a manutenção e o reforço da

presença portuguesa, sempre solicitada pelos responsáveis africanos e

amplamente desejada por Portugal. Por outro, sempre se considerou de

extraordinária importância que o IICT pudesse dar continuidade e a maior

atenção à formação técnico-profissional de pessoal proveniente dos países

alvo, apoiando, de forma activa e continuada, na obtenção de licenciaturas,

mestrados e doutoramentos, para além de outros programas de formação

profissional.

O Quadro 7 mostra a evolução da componente “formação” no conjunto das

actividades do IICT, entre 1987 e 2003, dividida em:

29

• estágios de curta, média e longa duração para investigadores e

técnicos dos países alvo;

• intervenção formativa, in loco, através do apoio às universidades e

outras instituições de ensino superior dos países alvo;

• orientação de dissertações, quer de pessoal da carreira de

investigação do IICT, quer de técnicos ou investigadores dos

países alvo.

O predomínio do DCN é menor no que toca às acções de formação do que

quanto aos projectos de investigação. Centrando a comparação no período

mais recente, a diferença torna-se ainda mais notória, permitindo dizer que só

nessa matéria é que o DCH está acima da diferença numérica dos

investigadores, ficando abaixo em publicações e mais ainda em projectos de

investigação. Acrescente-se que, em diversos relatórios de avaliação, se

indicou a meta de uma publicação internacional por investigador/ano, a qual

parece próxima da média verificada em 2001/2003, que é de 0,80, mas com

uma grande disparidade entre departamentos, uma vez que a meta foi já

atingida no DCN, mas no DCH é de apenas 0,30.

QUADRO 7 – COMPARAÇÕES INTER-DEPARTAMENTAIS

DCH DCN TOTAL

(1997/2003)

Acções de formação 30% 70% 2001

(1998/2003)

Projectos 18% 82% 2950

(2001/2003)

Acções de formação 35% 65% 368

Projectos 21% 79% 349

Publicações 27% 73% 449

Número de investigadores 32% 68% 85

Fonte: Dados dos Quadros Anexos III e IV, op cit.

30

Além das acções de formação, que ocuparam um lugar importante na

actividade geral da instituição, são inúmeros os convénios firmados com

instituições nacionais e internacionais, que permitiram ao IICT consubstanciar

uma grande maioria dessas actividades de cooperação. Vale a pena reter aqui

alguns deles, pela importância que tiveram para o IICT e para o país,

denotando potencialidades relevantes para uma intervenção eficaz junto dos

países das regiões tropicais e para a resolução de múltiplos dos seus

problemas. Exemplo disso é o apoio dado à cafeicultura no continente

americano, viabilizada por um convénio assinado com o “Instituto

Interamericano de Cooperacion para la Agricultura (IICA)” ao abrigo do qual o

CIFC prestou assistência científica especializada ao “Programa Cooperativo

para la Protección Y Modernización de la Cafeicultura en Mexico, Centro

America, Panama y el Caribe (PROMECAFE)”.

Neste domínio importa, ainda, referenciar o convénio de colaboração assinado

com a Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia, para a realização de

testes de germoplasma do cafeeiro, cooperação na formação de investigadores

colombianos e intercâmbio de informação científica.

Outro protocolo importante resultou do acordo estabelecido com a República

Popular de Moçambique para a “Revisão e Reajustamento da Rede Geodésica

de Moçambique”, no qual o IICT prestou um inestimável serviço àquele país,

quer no que respeita a acções técnico-científicas, como a reconstrução de

marcos geodésicos e o emprego de sistemas GPS, quer no que se refere à

cedência de documentação, indispensável à implementação de uma tal rede,

quer ainda a acções de formação de investigadores daquele país.

Ainda neste âmbito, uma outra acção de cooperação viria a revelar a

capacidade do IICT para se afirmar como instrumento único da cooperação

portuguesa. É o caso do Projecto Resgate, que consta de um acordo, assinado

com o Ministério da Cultura do Brasil, no domínio específico da microfilmagem

31

de documentação e que veio a permitir a cedência, com recurso a microfilme,

dos documentos sobre o “Brasil-Colónia” existentes no AHU.

No quadro do “Convénio Básico de Cooperação Científica e Técnica entre a

República Portuguesa e a República Popular da China”, assinado entre os dois

países em 1993, também o IICT veio a integrar algumas missões de carácter

científico, como por exemplo:

• o projecto “Digital Mapping and its Appliance in the Management

of Water and the Policy Making”, realizado com o Institute of

Geography, da “Hebey Academy of Sciences” da China, cujo

objectivo principal se centrou no desenvolvimento de processos de

cartografia automática com recurso a meios de detecção remota

e no estabelecimento de um Sistema de Informação Geográfica,

visando a sua aplicação na gestão da utilização do solo e dos

recursos hídricos.

• a colaboração estabelecida entre o CIFC e a “South China

Academy of Tropical Crops” que viabilizou alguns estágios de

investigadores chineses.

Merece ainda referência a colaboração entre o IICT e a Comissão para as

Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, ao abrigo do qual foram

implementadas inúmeras actividades, entre as quais se mostra oportuno

reportar a realização de exposições, conferências, seminários e colóquios

sobre a temática da História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa,

bem como o apoio a publicações científicas editadas pelo IICT.

Enumeram-se alguns projectos desenvolvidos pelo IICT onde a componente

capacitação está mais presente:

• “Collaborative Project to Investigate Consumer Preferences for Selected

Sorghum and Millet Products in the SADC region of Africa”; projecto

32

interdisciplinar que visou a reconversão da utilização do milho maíz na

produção e consumo desta região africana pela produção e consumo de

cereais tradicionais (sorgo e algumas variedades de milho miúdo) mais

resistentes às condições adversas de seca endémica. O IICT participou

na recolha de informação junto das populações rurais e pequenos

industriais (indústrias de moagem) e realizou um inquérito ao consumo

em zonas de periferia urbana do Botswana e da Tanzânia;

• “Elaboração e publicação, à escala 1/500.000, da Carta Geológica de

Síntese da Guiné-Bissau e Formação de pessoal técnico e científico

Guineense”;

• “História Geral de Cabo Verde” que permitiu a formação dos

investigadores da equipa caboverdiana nele participante. A

concretização da História Concisa com base na História Geral levará à

elaboração dos manuais escolares de Cabo Verde.

A associação a Universidades tem permitido incluir, uma componente de

capacitação, de que são exemplo os seguintes projectos em curso:

• “Parasitas emergentes de biótopos aquáticos em Cabo Verde, Guiné-

Bissau e Moçambique”. Colaboram com o IICT, no projecto, a Faculdade

de Medicina Veterinária (FMV) da Universidade Técnica de Lisboa

(UTL), a Escola Superior Agrária / Instituto Politécnico de Santarém e o

Instituto Dr. Ricardo Jorge (Porto). Este projecto visa resolver um

problema de saúde pública através da identificação de parasitas e da

implementação de medidas que impeçam a sua transmissão aos

animais domésticos e ao homem.

• “Estudo da variabilidade genética de Helianthus spp. Em populações

selvagens de Moçambique”, no qual intervém para além do IICT a

Universidade Eduardo Mondlane. Um dos objectivos do projecto é a

formação de quadros superiores moçambicanos.

33

• “Geologia de São Tomé e Príncipe”. Colaboram com o IICT, a FCUL e a

Direcção de Recursos Naturais de S. Tomé e Príncipe, no âmbito do

qual se prepara uma tese de doutoramento.

• “Estudo da Variabilidade em H. vastatrix e em C. kahawae.

Melhoramento do cafeeiro associando resistência à ferrugem alaranjada

e à antracnose dos frutos verdes”. Com o IICT estão neste projecto a

Universidade da Madeira, a FCUL, o CENICAFÉ (Colômbia) o CIRAD e

o IRD (França), o CRF (Quénia) e o IRAD (Camarões).

• “Desenvolvimento da protecção integrada em produtos armazenados” no

qual colaboram, para além de empresas privadas, a Universidade de

Montana e a Universidade de Oklahoma.

• “Desenvolvimento no ponto de impacto – Sociedades agrárias africanas

em desagregação e/ou a sofrer o impacte de catástrofe natural ou

social”. São parceiros do IICT, o ISCTE, o CIAT (S.Tomé e Príncipe) e a

Universidade Amilcar Cabral (Guiné-Bissau), sendo um dos objectivos

desenvolver uma metodologia de análise e de intervenção nas

sociedades agrárias africanas em processo de desagregação acelerada.

Correspondendo a um esforço de internacionalização da sua componente

científica e a uma tentativa de agilização na implementação de novas formas

de cooperação, o IICT veio a aderir à proposta de constituição do “European

Consortium for Agricultural Research in the Tropics” (ECART) que juntou, numa

primeira fase, quatro instituições europeias de carácter semelhante e

igualmente empenhadas no reforço da sua agenda junto dos países das

regiões tropicais. O referido consórcio tinha como principais objectivos:

• responder às solicitações dos países em desenvolvimento no que

respeita ao fortalecimento dos seus sistemas de investigação

agrária;

34

• contribuir para o estabelecimento de políticas adequadas de

desenvolvimento rural e do sector dos recursos naturais;

• assegurar o significado e a relevância da investigação agrária, da

capacitação institucional e da formação de recursos humanos

nas regiões tropicais.

Todas as instituições mencionadas possuem um vasto conhecimento

multidisciplinar sobre os sistemas de exploração agrícola e de desenvolvimento

rural, sobre a gestão adequada dos recursos naturais e florestais, sobre as

chamadas culturas comerciais e de subsistência, sobre os esquemas de

protecção integrada, e, ao mesmo tempo, possuem um vasto manancial de

informação, acumulado ao longo de décadas de presença e de contactos

científicos com aqueles países, que lhes permite uma mais-valia acrescida na

implementação de projectos de investigação conjuntos e de outras actividades

de cooperação para o desenvolvimento.

Para ganhar uma maior dinâmica e assim vir a adquirir mais acessibilidade e

credibilidade junto da Comissão Europeia, bem como de outras organizações

ligadas à investigação agrária tropical, o Consórcio ECART criou no seu seio o

Agrupamento Europeu de Interesse Económico (EEIG – European Economic

Interest Group), tendo, para o efeito, realizado uma cerimónia em Paris, no

passado dia 10 de Novembro de 2004, na qual tomaram parte representantes

de todos os organismos envolvidos. Pretendem os membros do ECART, com

esta iniciativa, vir a ter um papel mais activo na definição de estratégias e de

políticas que directamente se relacionam com a investigação agrícola para o

desenvolvimento, coordenando melhor os seus esforços no sentido de

incrementar a sua participação em programas e projectos internacionais. Isso

mesmo foi reafirmado na reunião realizada na Universidade de Wagenigen em

Junho de 2005.

Na sequência do relacionamento privilegiado, iniciado em 1992, com as

instituições fundadoras do ECART, surgiu a possibilidade de o IICT organizar,

35

com o apoio da então Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, a

“Semana Europeia da Cultura Científica”. O evento dedicado ao tema “A

Ciência Europeia no Desenvolvimento das Regiões Tropicais” realizou-se em

Lisboa, entre 21 e 25 de Novembro de 1994, tendo sido inaugurado pelo

Ministro do Planeamento e da Administração do Território. Da programação

desta “Semana Europeia da Cultura Científica” constou também uma

exposição, realizada no JMAT, subordinada ao tema “Agricultura e Medicina

Tropicais: alguns aspectos da contribuição portuguesa”, que realçou, de forma

marcante, a presença do IICT nas áreas da agricultura e da saúde, no universo

científico português.

Desenrolou-se, ainda, um ciclo de conferências que teve lugar no Centro

Cultural de Belém e que contou com a participação de professores e

investigadores nacionais e estrangeiros de reconhecido mérito na Europa, na

América do Sul e nos Países em Desenvolvimento. Apresentaram-se, como

conferencistas, todos os directores gerais dos organismos que integravam o

ECART, o director do antigo ORSTOM, actual IRD (que já faz parte do ECART-

EEIG), bem como representantes de instituições universitárias e de

investigação do Brasil, Bélgica, Reino Unido, França, S. Tomé e Príncipe, Cabo

Verde e ainda reitores de universidades portuguesas, directores de instituições

de investigação nacionais e outros especialistas de prestígio e de reconhecido

mérito no âmbito tropical.

Parte II Departamento de Ciências Naturais

O Departamento de Ciências Naturais (DCN), dirigido pelo Investigador

Auxiliar, Eng. Eduardo Leitão, resultou da fusão de quatro Departamentos, que

englobavam 16 Centros (incluindo o JMAT e o Centro de Antropobiologia que

passaram para outras chefias. O pessoal afecto ao DCN está actualmente

envolvido em 15 projectos que no plano de actividades para 2005 se distribuem

por quatro programas. Com excepção do Centro de Investigação das

Ferrugens do Cafeeiro (CIFC), o qual manteve a designação, os quatro

36

programas são descritos antes de se detalhar a evolução dos centros que os

compunham durante a vigência do Decreto-Lei nº 160/83. Indica-se sempre

que possível o nome dos responsáveis por projectos ou ex-centros, já que é

deles a autoria da contribuição original, quase sempre muito mais extensa do

que a reproduzida abaixo. Quando se cita um centro pela primeira vez,

menciona-se o número de ordem antes da sigla (Quadro 8).

QUADRO 8 – CORRESPONDÊNCIA ENTRE 17 PROJECTOS DO DCN E 14

ANTIGOS CENTROS NO PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2005

BIO 1

BIO 2

BIO 3

TER 1

TER 2

TER 3

TER 4

TER 5

TER 6

AGRI 1

AGRI 2

AGRI 3

AGRI 4

AGRI 5

AGRI6

FLOR 1 FLOR 2

7.CZ

8.CB

4. CGEOD

5.CC

6.CF

10.CEP

1.CG

2.CCM

3. CGEOG

14.CIFC

13.CEFA

11.CEPTA

15.CVZ

12.CETF

1. Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC, com o número 14

na primeira coluna do Quadro 1 acima)

37

Para o tratamento especial do CIFC, o único dos centros de investigação que

mantém o nome, contribui uma marca internacional. A vertente de

internacionalização tem estado sempre presente na actividade do CIFC e

exemplo disso é a organização conjuntamente com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), do Brasil e o Institut de Recherche et Développement (IRD), de

França, do “1st International Workshop on Durable Resistance to Coffee Leaf Rust”, a ter lugar em Viçosa, Minas Gerais de 26 a 28 de Setembro de 2005.

A marca CIFC deve-se antes de mais a investigadores e dirigentes dedicados

ao longo de 50 anos, como se pode ver nos textos preparardos para o

cinquentenário em 29 de Abril de 2005, que contou com a presença do

Ministro, do seu conselheiro Prof. Jean-Pierre Contzen e de Embaixadores da

CPLP. A actual responsável, Maria do Céu Machado Lavado da Silva

Investigadora auxiliar trabalha no CIFC desde 1984, e é coadjuvada na

direcção por Vítor Manuel Pinto Várzea, que também iniciou funções nesse

ano. Em 1990, entraram para o CIFC Leonor de Castro Esteves Guerra-

Guimarães, investigadora auxiliar, e Maria Cristina Luís Antunes Simões Beja

da Costa, assistente de investigação

Dentro do espírito que presidiu à criação do CIFC, uma das preocupações

fundamentais tem sido «trabalhar em regime de cooperação internacional e

prestar assistência activa a centros experimentais de outros países em todos

os aspectos que possam, de qualquer modo, ser de utilidade para essas

regiões». Esta assistência tem-se manifestado fundamentalmente através do

fornecimento de material resistente à doença da ferrugem alaranjada, testagem

deste material, assessoria técnica e apoio directo a programas de

melhoramento em curso nos vários países, treino de investigadores

estrangeiros nos problemas relacionados com as ferrugens do cafeeiro e

fornecimento de informações, através da participação em Congressos

Internacionais, publicações e relatórios. Por exemplo, o CIFC participou na

organização do Simpósio sobre as Ferrugens do Cafeeiro, 17-20 Outubro de

38

1983 e no Curso de Patologia das Plantas Tropicais e Subtropicais, 14-31

Outubro de 1985.

Em 1989 foi iniciado um novo programa de investigação sobre a antracnose

dos frutos verdes do cafeeiro (Colletotrichum kahawae) conhecida nos países

de língua inglesa por “Coffee Berry Disease” (CBD). Estes estudos deram lugar

á criação, no CIFC, de um novo programa de investigação, com linhas de

acção e objectivos idênticos aos pretendidos com a ferrugem: obtenção de

variedades de C. arabica reunindo resistência à ferrugem e ao CBD. O CIFC

possui um valioso património de colecções de germoplasma de cafeeiros

(Coffea spp.), de isolados de H. vastatrix, de C. kahawae e doutras espécies de

Colletotrichum, colecções únicas a nível mundial.

De destacar ainda que para além dos estudos sobre a ferrugem alaranjada e o

CBD, o CIFC tem participado, em projectos sobre os nemátodos do cafeeiro e

colaborado em projectos sobre outras doenças e plantas tropicais e

subtropicais (cajueiro, girassol, etc), alguns dos quais com financiamento

Europeu.

O fornecimento de material resistente é sem dúvida uma acção de cooperação

e assistência científica e técnica com grande impacto nos países tropicais e

outros. Uma das grandes contribuições do CIFC para a cafeicultura mundial foi

a descoberta, em finais dos anos 50, do Híbrido de Timor (HDT), proveniente

de uma única planta oriunda de Timor, em que a maioria da sua descendência

apresentava resistência a todas raças fisiológicas da ferrugem. Do cruzamento

entre HDT e variedades comerciais susceptíveis foi seleccionado germoplasma

resistente que o CIFC distribuiu gratuitamente apoiando assim os programas

de melhoramento dos países cafeicultores. A título de exemplo refere-se que

mais de 90% das variedades resistentes existentes nesses países foram

obtidas directa ou indirectamente através de trabalhos de investigação

realizados no CIFC. Dos cinco projectos de cooperação científica internacional

39

com financiamento da União Europeia incluídos na Caixa 1, dois são

coordenados pelo CIFC.

Caixa 1: Projectos com financiamento da União Europeia

1988 – 1994 - Nematodes in S.Tomé and Príncipe, screening for resistance and host-parasite studies: Univ. Coimbra (Coordenação), CIFC e Estação Agronómica Nacional, Estação

Experimental de Potó (S. Tomé e Príncipe), Instituto di Nematologia Agraria Applicata ai

Vegetali (Itália), Intituto de Edafologia y Biologia Vegetal (Espanha)

1990 – 1994 - Pathology and improvement of coffee for the main diseases: CIFC - Coordenação,

CIRAD (França), Universidade de East Anglia (Inglaterra), Institut de la Recherche Agronomique -

IRAD (Camarões), The Tea Research Foundation (Malawi), Promecafe (Guatemala), Central Coffee

Research Institute - CCRI (India).1994 - 1999 - Research on and creation of coffee varieties with resistance to offee berry disease - : CIRAD - Coordenação (França), CIFC, IRAD - (Camarões), CRF - cCoffee Research Foundation (Quénia)

2001 – 2006 - Development of a strategy for a durable management of the resistance to coffee berry disease (CBD) in Africa: CIRAD - Coordenação (França), CIFC, CRF (Quénia) e IRAD (Camarões).

2002 – 2005 - Breeding tools for durable resistance to root-knot nematodes Meloidogyne spp.) of (coffee varieties in Latin America: IRD (Coordenação) e CIRAD (França), CIFC, CATIE, (Costa Rica),

IICA (Guatemala), EMBRAPA e IAC (Brasil) e Universidade de Trieste (Itália).

Enumeraram-se na parte I alguns exemplos das relações de cooperação que o

CIFC mantém com mais de 40 países cafeicultores. O CIFC tem assinado,

através do IICT, convénios com instituições de alguns destes países,

nomeadamente com os extintos Instituto Brasileiro do Café e Promecafé

(Programa de Modernización da Cafeicultura na América Latina). Já se

destacou o convénio remunerado que existe com o Cenicafé (Centro Nacional

de Investigaciones de Café) da Colômbia desde meados dos anos 60. Através

das sementes de HDT (fornecidas pelo CIFC), o Cenicafé iniciou o seu

Programa de Melhoramento criando a variedade Colômbia resistente à

ferrugem, antecipando-se assim ao aparecimento desta doença no país em

1985. Depois do CIFC ter iniciado a sua linha de investigação sobre o CBD, a

cooperação com o Cenicafé, passou a envolver, não só a testagem anual de

30000 plântulas em relação à ferrugem, como também de cerca de 20 000

hipocótilos de cafeeiros com diferentes isolados de C. kahawae. O CIFC

assinou em 1987 um convénio com a Fundação Luso Americana para o

40

Desenvolvimento e com o Instituto de Investigação Agrária de Cabo Verde,

tendo em vista a “Produção de semente de variedades de cafeeiro com

resistência à ferrugem alaranjada” na Republica Popular de Cabo Verde.

Foram realizadas dezenas de missões de assessoria a diferentes países

cafeicultores com o objectivo de lançar e apoiar programas de melhoramento

genético do cafeeiro desses países, destacando-se neste domínio a grande

contribuição prestada pelo Doutor Aníbal Bettencourt. São de referir ainda as

missões de estudo realizadas pelo Doutor Carlos Rodrigues Jr. em pelo menos

24 países como especialista em doenças do cafeeiro, a convite da FAO, AID,

UE, integrado em projectos internacionais como representante do IICT.

Aproximadamente uma centena de investigadores e técnicos de vários países

produtores de café da América Central e do Sul, África, Índia, Republica

Popular da China, Timor e Vietname têm efectuados treinos, em matérias

relacionadas com as linhas de trabalho em curso no CIFC.

Duas prestigiadas instituições brasileiras, a Universidade Federal de Viçosa

(UFV) e a Empresa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), decidiram, em

colaboração, no ano de 1999, homenagear o CIFC pelo contributo que tem

prestado à cafeicultura de Minas Gerais e do Brasil em geral. Esta homenagem

consistiu na criação e lançamento de uma variedade comercial de cafeeiro

(resistente á ferrugem alaranjada) com o nome de “Oeiras”. Esta variedade,

com grande nível de produção, resultou de selecção nas condições de campo

brasileiras de descendências de cafeeiros descobertos e estudados pelo CIFC.

Exemplo do grande apreço demonstrado ao CIFC pela Câmara Municipal de

Oeiras foi em Junho de 1993 a atribuição da “Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro” pelo contributo dado à Comunidade Concelhia. A Câmara tem

mostrado sempre grande disponibilidade para apoiar e divulgar os trabalhos

efectuados neste Centro. Em 1998, pela Fundação Marquês de Pombal (FMP)

41

foi premiado o trabalho “Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro”,

revisto e actualizado pelo Doutor Carlos José Rodrigues Jr.

Reunindo o conhecimento de campo com a experiência científica nas áreas da

cultura de tecidos e, posteriormente da patologia vegetal, o Doutor Carlos

Rodrigues Júnior desenvolveu a partir de 1989 uma nova linha de investigação

que também envolveu o Prof. Doutor Raul Sardinha, director que foi do CETF.

Trata-se do melhoramento do cajueiro (Anacardium occidentale L.), importante

cultura de rendimento explorada nas regiões tropicais dos continentes africano,

asiático, americano e Oceania. O relato seguinte deve ser relacionado com o

grupo de fisiologia vegetal, em transformação num centro de actividade.

Nos países do CPLP, esta cultura é de primordial importância no Brasil (centro

de origem da espécie e segundo maior produtor mundial), na Guiné-Bissau

(onde a cultura se expandiu de uma forma extraordinária nos últimos 20 anos

sendo actualmente o sexto maior produtor mundial e tendo a economia

completamente dependente do cajueiro) e em Moçambique (maior produtor

mundial nos anos 70 e que se encontra numa fase de reabilitação da cultura).

Este trabalho, que se assinala na caixa 2, foi sendo desenvolvido de uma forma

sustentada ao longo deste período através de cinco projectos de investigação,

três deles liderados pelo IICT e todos financiados externamente (dois pela

União Europeia e pelo ex-Instituto de Cooperação Portuguesa, um pela ex-

Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, dois pela Fundação

para a Ciência e a Tecnologia) e duas acções de cooperação científica e

técnica financiadas pelas entidades promotoras.

Caixa 2: Projectos e acções na área do cajueiro

1989/1993 – “Selecção de genótipos superiores de cajueiro Anacardium occidentale L.) na (Guiné-Bissau e estabelecimento de técnicas de propagação in vitro” , financiado pelas

Comunidades Europeias (contrato nº TS2-A-0167 P) e pelo Instituto da Cooperação Económica

de Portugal, que decorreu no CIFC e no Centro de Estudos de Tecnologia Florestal (CETF),

em colaboração com o Wye College/Univ. Londres e a Direcção-Geral dos Serviços Florestais

e Caça da Rep. Guiné-Bissau, que incluiu a orientação do estágio de um engenheiro técnico

42

guineense, bem como trabalhos na área da selecção, melhoramento, caracterização

tecnológica e propagação. Inv. Envolvidos pelo IICT: Raul Sardinha e Ana Bessa.

1994/1997 – Development of selection and clonal propagation techniques for multiplication of elite yield and anthracnose tolerant cashew Anacardium occidentaleL.), financiado pela EU ((contracto nº TS3-CP93-0221) e pelo Instituto da Cooperação Portuguesa, no qual participaram

o CIFC, o Wye College da Univ. Londres, a Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Caça

(Rep. Guiné-Bissau), o Institut Agronomique et Vétérinaire Hassan II (Marrocos) e a Univ.

Federal de Alagoas (Brasil). O projecto na área da selecção, melhoramento e propagação,

facilitou a manutenção de contactos permanentes com países produtores de cajueiro e

empresas privadas (Mantero, Agri-Bissau e Entreposto), ao mesmo tempo que incluiu a

orientação de estágios de jovens investigadores e técnicos, nomeadamente de um técnico

guineense. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior, Raul Sardinha e Ana Bessa.

1996/1997 – Desenvolvimento de técnicas de selecção e de propagação clonal para a multiplicação de cajueiros seleccionados pelo seu alto endimento e tolerância à antracnose”, rfinanciado pela JNICT, realizado no CIFC com a colaboração da Direcção-Geral dos Serviços

Florestais e Caça (Rep. Guiné-Bissau) e da Univ. Federal de Alagoas (Brasil), na área da

micropropagação. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior e Ana Bessa.

1997/2002 - “Estudos sobre a associação cajueiro – Colletotrichum gloeosporioides”, financiado pela FCT, no âmbito do projecto Reforço e Renovação do CIFC, e realizado em

colaboração com a Univ. Federal de Alagoas e a EMBRAPA-Agroindústria Tropical no Brasil,

na área da patologia do cajueiro. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior, Ana Bessa e Matilde Pereira.

1999/2000 - Elaboração do projecto “Potencialidades da cultura do cajueiro em Angola“ a

pedido da empresa Cultivar, tendo em vista o diagnóstico da cajucultura em Angola e a definição

das áreas de maior potencial para a cultura. Inv. IICT: Carlos Rodrigues Junior e Ana Bessa.

Todas estas actividades de C&T para o desenvolvimento foram levadas a cabo

em estreita cooperação com entidades competentes dos países das regiões

tropicais destinatários destes trabalhos (Guiné-Bissau, Brasil e Marrocos),

contaram com a colaboração de instituições congéneres nacionais e europeias

(Reino Unido), parcerias público-privadas entre o IICT e as empresas Mantero,

Entreposto e Agri-Bissau, bem como com a colaboração mais pontual de

investigadores e/ou instituições de outros países produtores de caju

(Moçambique, Tanzânia, Angola, Quénia, Índia e Austrália). Ao longo deste

período realizaram-se doze missões em países tropicais (duas à Guiné-Bissau,

uma ao Quénia, uma à Tanzânia, sete ao Brasil e uma à Austrália) para

realização de trabalho de campo e de laboratório que perfazem a duração de

43

360 dias. Desta interacção, o IICT recebeu inúmeras visitas de investigadores e

técnicos dos países parceiros dos projectos, nomeadamente da Guiné-Bissau,

Brasil, Tanzânia, Marrocos e Reino Unido.

A componente de formação também não foi esquecida tendo-se realizado um

estágio de formação de longa duração a um técnico guineense, duas teses de

mestrado (uma delas a uma estudante moçambicana), umas provas públicas

para assistente de investigação e uma tese de doutoramento (em fase de

conclusão). Em consequência deste trabalho publicaram-se sete artigos

científicos e doze resumos em congressos e proferiram-se dez conferências

científicas.

A Caixa 3 dá nota de acções de cooperação e assistência científica e técnica

com financiamentos diversificados que traduzem uma ampla colaboração com

instituições de outros países, entre as quais se destacam a Universidade

Federal de Lavras (Brasil), a Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), a

Universidade de Gottingen (Alemanha), o IRD (França), as quais foram ainda

complementadas por uma intensa actividade de formação, quer através da

concessão de estágios com destaque para estudantes brasileiros (2) e

moçambicanos (3), quer pela orientação de dissertações de doutoramento e

concessão de estágios finais de licenciatura, quer ainda pela realização de

estágios de profissionalização.

Caixa 3: Acções de cooperação e assistência científica e técnica

Desde 2004 – Genómica aplicada ao estudo de caractéres de interesse para o melhoramento

do cafeeiro (Coffea spp.) visando resistência a fungos. Financiamento: Universidade Federal e

Lavras (UFLA). Instituições participantes: IICT e UFLA.

2001 - 2006 - Contributo para a capacitação técnico-científica visando o fomento da cultura do

girassol em Moçambique. Financiamento: IPAD (0136/MA/01). Instituições participantes:

Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique) e IICT.

2001 - 2006 - Estudo da diversidade genética de populações do género Helianthus.

Financiamento: GRICES/UEM (Procº. 4.1.3/UEM). Instituições participantes: Universidade

Eduardo Mondlane (Moçambique) e IICT.

44

2001 - 2008 Fixação simbiótica de azoto: aspectos comuns entre nódulos de plantas actinorrízicas e de leguminosas. Financiamento: FCT (POCTI/BME/36191/99 e POCTI/AGR/55651/2004) e GRICES/Emb. França em Portugal 616/C2). Instituições (participantes: Universidade de Göttingen (Alemanha), IRD (França), IBMC/Universidade do Porto, ITQB/UNL e FCT/UNL (Portugal).

Também funciona no CIFC um grupo de Fisiologia Vegetal animado pelo

Doutor José Cochicho Ramalho, investigador auxiliar com habilitação, que

inclui ainda a investigadora auxiliar Doutora Ana Isabel Ribeiro e a Dra. Ana

Bessa. O grupo foi liderado até 2003 pela Dr.ª Maria Antonieta Nunes, cientista

de renome internacional na área da fisiologia vegetal, particularmente ligada a

estudos com cafeeiro (Coffea sp.), mas desenvolveu actividades de

investigação com muitas outras plantas com importância agronómica

(alfarrobeira, amendoim, arroz, beterraba sacarina, feijão, grão-de-bico, papaia,

sobreiro, tremoceiro, trigo, Triticale, etc.). De 1993-2003 o grupo integrou um

grande número de projectos/acções de investigação, tendo publicado um

extenso número de trabalhos, participado em mais de uma centena de reuniões

científicas da especialidade (com apresentação de trabalhos na sua larga

maioría e fazendo parte da organização em 4 delas), orientado mais de uma

dezena de trabalhos (de mestrado e doutoramento), promovido intensos

contactos/colaborações com inúmeras instituições nacionais e estrangeiras.

Por isso este grupo se pretende autonomizar em 2006 num centro de

actividade, cuja sigla é ECO-BIO.

2. Florestas e Produtos Florestais (FLOR)

O programa FLOR, dirigido pela Profª Doutora Helena Pereira, catedrática do

Instituto Superior de Agronomia, utiliza uma das tecnologias habilitadoras

identificadas no Quadro 3 acima, que envolve 3 investigadores em equivalente

de tempo integral e também deve autonomizar-se em 2006. Tem objectivos

que se enumeram como segue:

45

• Contribuir para o desenvolvimento científico de critérios de

sustentabilidade para os sistemas florestais tropicais, e dos

respectivos mecanismos de gestão.

• No período 2004-2006, o programa focar-se-á em alguns

aspectos das componentes produtiva e de diversidade biológica

das florestas tropicais, tendo como objectivos específicos:

• - o desenvolvimento de conhecimentos sobre espécies e

madeiras valiosas, assim como sobre espécies secundárias

com potencial valorização comercial;

• - a criação de instrumentos de consulta, a nível científico e a

nível do utilizador, sobre madeiras tropicais e das bases para a

sua certificação;

• - o desenvolvimento de metodologias originais para a análise

de materiais lenhocelulósicos, do ponto de vista da sua

composição e propriedades, que permitam aplicação em

programas de melhoramento genético e de diversificação

biológica.

O programa FLOR reparte-se em dois projectos, que envolvem a caracterização

e valorização de espécies florestais tropicais e metodologias de análise de

produtos lenhosos, e sucede ao Centro de Estudos de Tecnologia Florestal

(CETF, com o número 12 na primeira coluna do Quadro 1 acima) que era

dirigido pelo Prof. Doutor Raul Sardinha, catedrático do Instituto Superior de

Agronomia que antecedeu a actual responsável.

O CETF assegurava o estudo das madeiras das ex-colónias portuguesas o que

incluía um vasto programa de investigação. Neste se inscrevia o estudo

histológico e anatómico das madeiras, visando a sua identificação botânica e

comercial, o estudo físico-mecânico a fim de se determinarem os coeficientes

de resistência das madeiras e se avaliarem as possibilidades da sua aplicação,

o estudo químico e as possibilidades de utilização nas indústrias extractivas,

ensaios de transformação, estudos de melhoramento de madeiras com recurso

46

a programas de secagem artificial ou a processos mecânicos, e ainda estudos

relacionados com o problema da conservação das madeiras.

O CETF passou também a integrar, para além das espécies ultramarinas e

após uma primeira fase, estudos sobre essências exóticas consideradas de

interesse para o futuro abastecimento da indústria de pasta para papel, tendo

mesmo iniciado uma colaboração activa com a indústria da celulose nacional

com a qual acordou alguns programas de investigação.

Possui uma xiloteca científica com um elevado número de amostras de

espécies provenientes de países lusófonos, constituindo um material de estudo

e de referência com um potencial único para apoio de inúmeras linhas de

investigação, contribuindo também para a relevância do vasto património que o

IICT detém em diversos domínios científicos.

Entre as acções desenvolvidas ao longo de todo este período, destacam-se

aqui, além de estágios científicos de 1994 a 1997 realizados na Universidade

de Hamburgo, ao abrigo de Convénio JNICT/DAAD - programa INIDA, algumas

das mais importantes actividades de cooperação e assistência técnica que se

realizaram no CETF:

• 1984/1992 – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (INPA), Manaus / Brasil - Projecto: “Anatomia e Identificação das madeiras da Família Myristicacaae dos trópicos Africanos e Americano”, ao

abrigo do Convénio Bilateral entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o IICT;

• 1989 – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo(IPT), São Paulo - Estágio científico, ao abrigo do Convénio Bilateral

entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o IICT;

• 2001/2004 – Universidade Eduardo Mondlane, Maputo,

Moçambique - Projecto “Caracterização de espécies florestais

47

secundárias de Moçambique”, no âmbito da cooperação científica

e técnica Luso-Moçambicana, ao abrigo do Convénio ICCTI/UEM.

Para além destas actividades assinala-se ainda a participação recente numa

rede de investigação europeia de cooperação com a América Latina através do

projecto “GEMA – Engineering in Forest Breeding: Incorporating Wood Properties into Tree Breeding Programs” que inclui um intercâmbio científico a

nível de pós-doutoramento. Trata-se de um projecto com um período de

realização entre 2004 e 2007, coordenado pelo INRA (França), associando

também parceiros da América Latina, com relevância para instituições do

Brasil, Argentina, Chile, México e Cuba.

Quanto à formação, o CETF desenvolveu um intenso programa que se

desdobrou, nomeadamente pela concessão de estágios científicos e de

carácter profissional nos seus temas principais de investigação.

Para além dos projectos de investigação em que regularmente participa, tem o

CETF sido solicitado com alguma frequência para a elaboração de relatórios

técnicos e de peritagem de madeiras. Disso constituem exemplos:

- os pareceres técnicos sobre identificação de madeiras para todo o sector

público e privado ligados ao conhecimento e à utilização da madeira, sobretudo

Indústrias de Madeira e Derivados de Madeira, Empresas de Importação e

Exportação, Empresas ligadas à Construção Civil, Restauros, Arquitectura,

Tribunais (na área da peritagem) e Instituto de Conservação da Natureza;

- o trabalho solicitado ao CETF, pelo Instituto de Conservação da Natureza

para peritagem de madeiras tropicais no Porto de Leixões e em Viana do

Castelo por suspeita de comércio de madeiras de espécies protegidas,

correspondendo a uma acção da organização Green Peace.

3. Agricultura Sustentável e Segurança Alimentar (AGRI)

48

A actuação do IICT no campo das Ciências Agrárias incluía uma ampla

intervenção em domínios tão diversificados como os mencionados nos pontos

1 e 2 acima, acrescendo a Pedologia, a Fertilidade de Solos, a Produção e

Tecnologia Agrícolas, a Fitopatologia e a Defesa Sanitária, a Conservação de

Produtos Agrícolas e a Veterinária e Zootecnia. A Pedologia passou para o

programa TER e a Tecnologia das Madeiras para o programa FLOR, tendo as

restantes áreas ficado integradas no programa AGRI, dirigido pelo Prof. Doutor

António Mexia, catedrático do Instituto Superior de Agronomia.

O AGRI utiliza a tecnologia habilitadora da segurança alimentar identificada no

Quadro 3 acima, e envolve 23 investigadores em equivalente de tempo integral.

Tem os seguintes objectivos:

• Identificar e caracterizar factores limitantes de natureza

biológica ou organizacional que comprometem a produção

vegetal e animal nos sistemas agrários tropicais e sub-tropicais,

quer no universo dos países da CPLP quer na sua projecção no

mundo Ibero-Americano.

• A médio-longo prazo os objectivos são de desenvolvimento de

estratégias de intervenção nos sistemas agrários em causa,

quer através do desenvolvimento de novos materiais vegetais

melhorados, quer por recurso a novas tecnologias de maneio,

intervenção ou gestão, a fim de potenciar a produção

sustentável de produtos agrícolas de consumo em natureza,

armazenáveis e/ou tecnologicamente transformados, de

qualidade e seguros para os consumidores.

Como se viu acerca do CIFC, o estudo e a profilaxia das doenças do café e os

estudos relacionados com a classificação e defesa contra a erosão dos solos

tropicais constituem mesmo dois eixos vitais, responsáveis pela reputação

internacional do IICT e que o colocam como uma das instituições científicas

que melhor “know-how” dispõe e melhores resultados obteve nestes domínios.

49

Ainda nesta mesma área, há a referir um conjunto de actividades que nos

foram assinaladas pelo Prof. Eduardo Mendes Ferrão, catedrático jubilado do

Instituto Superior de Agronomia que tem colaborado intensamente com o IICT

ao longo de toda a sua carreira, tendo dedicado à instituição uma atenção

constante, quer no domínio da investigação científica, quer na implementação

do Centro de Investigação Agrária Tropical (CIAT), já mencionado na análise

anterior sobre a evolução dos recursos financeiros, e sobre o qual são

salientadas na Caixa 4 mais algumas particularidades que se prendem com o

arranque do mesmo.

Na realidade, o Departamento de Ciências Agrárias que o Prof. Mendes Ferrão

dirigiu, assegurando também a coordenação dos sete centros que nele se

encontravam incluídos, promoveu uma série de iniciativas que atingiu uma

notável projecção traduzindo a importância da acção dos técnicos agrários

portugueses nos trópicos e de que seguidamente se apresenta um breve

resumo:

• Realização das Jornadas de Engenharia dos Países de Língua

Oficial Portuguesa, cujas edições tiveram lugar entre 1984, ano em

que se realizaram as “Primeiras Jornadas”, e 1998, quando

decorreram as “Quintas Jornadas” no Rio de Janeiro;

• Seminário sobre Agricultura e Desertificação, organizado em

colaboração com o Instituto Superior de Agronomia e a Associação

Portuguesa das Jornadas de Engenharia dos Países de Língua

Oficial Portuguesa entre 24 e 28 de Outubro de 1988, tendo as

intervenções aí produzidas originado a publicação “Agricultura e

Desertificação”, editada em 1992;

• Simpósio sobre Agricultura e Agro-indústrias Tropicais, realizado em

conjunto com a Associação Internacional de Engenharia dos Países

de Língua Oficial Portuguesa em Junho de 1996;

• Jornadas sobre Agricultura dos Países Africanos de Língua Oficial

Portuguesa que se iniciaram em 1992 com as Jornadas sobre

Agricultura de Cabo Verde, seguidas das Jornadas sobre Agricultura

50

da Guiné-Bissau em 1991, as Jornadas sobre Agricultura de S.

Tomé e Príncipe em 1994, e as Jornadas sobre Agricultura de Timor,

realizadas em 2002 com a colaboração da Sociedade de Ciências

Agrárias de Portugal.

Outra iniciativa relevante foi a organização, em 1991, da exposição “A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses”. Na sequência da mesma foi

também elaborado um livro base com o mesmo título de que foram publicadas

duas edições que seguidamente se esgotaram, tendo-se igualmente publicado

o Guia da exposição editado posteriormente em português, francês, cantonês e

inglês. A exposição foi financiada pela Comissão Nacional para a

Comemoração dos Descobrimentos Portugueses e pela Fundação Berardo e

alcançou grande sucesso, tendo sido considerada em alguns países como dos

acontecimentos mais relevantes sobre a afirmação da cultura e dos méritos dos

portugueses. Obteve comentários elogiosos do jornal “Le Monde”, bem como

da imprensa belga que se lhe referiu amplamente quando da sua permanência

em Bruxelas.

A exposição esteve patente em Lisboa no JMAT (2 vezes), no Museu da Água

e na sala de exposições do ex-Ministério das Obras Públicas, tendo também

percorrido o país e sido apresentada em Ponte de Lima, Braga, Porto, Arouca,

Arganil, Mira d’Aire, Setúbal e Funchal. Para além da Bélgica e de França,

esteve ainda patente em Macau, Hong-Kong, Malásia, Tailândia, Índia,

Moçambique, Angola e S. Tomé e Príncipe.

Como resultado do seu esforço, o Prof. Mendes Ferrão veio a ser distinguido

como Membro Honorário da Real Academia do Ultramar da Bélgica, tendo

também recebido a distinção de Grande Oficial da Ordem do Infante D.

Henrique.

No mesmo âmbito foi ainda criada uma comissão para concretizar a

organização de uma outra exposição “As especiarias orientais e os

51

descobrimentos portugueses” que deveria integrar as comemorações do 1º

Centenário da chegada de Vasco da Gama à Índia, não se tendo, contudo,

materializado este projecto. Foi, no entanto, publicado um livro base da

exposição com o título “A epopeia das especiarias”, onde ficou registado o

interesse que as especiarias suscitaram e a importância que delas emergiu em

diversos domínios científicos, comerciais e culturais.

Caixa 4 – O Centro de Investigação Agrária Tropical

A escassez de recursos humanos e materiais, bem como a sua dispersão na área das ciências

agrárias tropicais conjugada com a decisão política de reforçar a cooperação com os Países

Africanos de Língua Oficial Portuguesa, exigia uma rectaguarda dignificada e a criação ou

manutenção de uma “escola” de preparação de tropicalistas portugueses e de acolhimento de

técnicos daqueles países que desejassem completar a sua formação sob proposta do

Departamento de Ciências Agrárias. Neste sentido, o Instituto de Investigação Científica

Tropical e o Instituto Superior de Agronomia apresentaram um projecto conjunto para a criação

de uma unidade de investigação que deveria reunir o Departamento de Ciências Agrárias do

primeiro e a Secção de Agronomia Tropical e Subtropical do segundo.

O projecto foi financiado pelo Programa Ciência, como acima se referiu, e envolvia uma verba

destinada à construção de um edifício e de instalações anexas, e uma outra destinada a

equipamento científico que deveria completar aquele que as duas unidades já possuíam e que

passaria a ter utilização comum.

A Reitoria da Universidade Técnica encarregou-se da construção e o IICT da aquisição de

equipamento. A segunda completou-se dentro dos passos estabelecidos pelo Programa e a

primeira atrasou-se substancialmente por dificuldades de entendimento com os adjudicatários

das construções, situação que trouxe grandes prejuízos para o lançamento das actividades e

que veio a reflectir-se gravemente no futuro.

Foram garantidas possibilidades interessantes ao CIAT no que se refere ao financiamento de

projectos e à admissão de um confortável número de quadros de investigação em princípio de

carreira para ser possível manter e, até reforçar a componente tropicalista da investigação

portuguesa.

Para 2005 o programa AGRI inclui seis projectos, que correspondem aos

antigos centros que se descrevem a seguir. A equipa orientada pelo Doutor

Mário Rui Santos e constituída por 9 investigadores, 6 técnicos e

administrativos e 2 auxiliares que hoje dá continuidade aos trabalhos

desenvolvidos pelo Centro de Estudos de Produção e Tecnologia Agrícolas

52

(CEPTA, com o número 11 na primeira coluna do Quadro 1 acima) enquadra-

se nos actuais projectos AGRI 2, parte do AGRI 3, AGRI 4 e AGRI 6. Dão,

assim, seguimento às actividades anteriormente localizadas naquela unidade

de vocação multidisciplinar que a partir de 1983 derivou da antiga Missão de

Estudos Agronómicos do Ultramar. A missão do CEPTA consistia

essencialmente na:

realização de estudos e ensaios com vista ao desenvolvimento da

agricultura nas regiões tropicais;

promoção e realização de estudos de base necessários à

caracterização dos produtos agrícolas tropicais e investigação de

métodos tecnológicos para o seu melhor aproveitamento;

promoção de actividades de desenvolvimento experimental no

âmbito da produção e tecnologia agrícolas;

desenvolvimento de intercâmbio científico.

A direcção do CEPTA foi assegurada durante um largo período pelo Prof. Mendes

Ferrão, estruturando-se o centro num laboratório de análise de plantas e nos núcleos

de documentação e difusão; estatística matemática e delineamento experimental;

fisiologia vegetal; fitopatologia; fitoquímica; fitotecnia e nutrição mineral de plantas;

transformação, conservação e tecnologia agrícolas. As áreas de trabalho

desenvolvidas no quadro destes sete núcleos incidiram principalmente nos seguintes

domínios:

- fisiologia e bioquímica vegetal, relacionados com processos de resistência/tolerância

de plantas a limitações edafo-climáticas, particularmente ligada a estudos com

cafeeiro (Coffea sp.), mas também a muitas outras plantas com importância

agronómica, como alfarrobeira, amendoim, arroz, beterraba sacarina, feijão,

grão-de-bico, papaia, sobreiro, tremoceiro, trigo, Triticale, etc.;

- ensaios de fertilidade de culturas, nomeadamente tabaco e amaranto;

- estudos de adaptabilidade de novas culturas como amaranto, estévia, tupinambo,

jojoba, guar, rícino e soja;

53

- análise de polifenóis, principalmente no chá mas ainda em cacau, sobreiro e

castanheiro;

- tecnologia do café;

- métodos de secagem solar;

- protecção das culturas e estudo de agentes patogénicos de variadas culturas tropicais

e sub-tropicais (girassol, cártamo, bananeira, mandioca) até 1989 apenas na área da

micologia, posteriormente também em bacteriologia;

- análise química e da composição nutricional de variados produtos de origem

vegetal;

- resistência a doenças.

O CEPTA desenvolveu mais de 38 projectos/acções, dos quais se indicam na

Caixa 5 os mais relevantes. Trata-se, sem dúvida, de um conjunto de acções

que evidenciam uma dinâmica interna assinalável complementada ainda com

uma estreita colaboração com inúmeras instituições nacionais e estrangeiras,

entre as quais se salientam: Instituto Superior de Agronomia, FCT-UNL, EAN,

EFN, DGPC, ENMP, ITQB, Dir. Regionais de Agricultura, Univ. Évora, Coimbra,

Algarve, Madeira, INETI, FAO, CIRAD (França), CETIOM (França), INRA

(França), IRD (França), CTA (Uganda e Holanda), HRI (Reino Unido), Univ.

Viçosa e Espírito Santo (Brasil), IIA (Angola), INPA (Guiné-Bissau), INIA (Cabo

Verde), CIAT (STP) e INIA (Moçambique).

Caixa 5: Projectos de investigação em Produção e Tecnologia Agrícolas

- “A desintegração das sociedades agrárias africanas e o seu potencial de reconstrução”. Financiamento

POCTI-FCT. Trabalho em cooperação c/ o ISCTE (1998-2002).

- “Avaliação de Germoplasma de Coffea sp. Para Tolerância ao Frio”. Projecto Praxis XXI. Inv. Responsável:

Antonieta Nunes. Trabalho em colaboração com EAN-INIAP, FCT-UNL e IAC (1997-2000)

- “Selecção e Avliação de Triticales Tolerantes ao Alumínio – Contribuição para a Utilização em Solos Ácidos”.

Trabalho em colaboração com EAN-INIAP (1992-1996)

- “Localozação e aproveitamento de genes de resistência a pragas e doenças em colecções europeias de

germoplasma de brassicas hortícolas”. Financiamento FAIR-EU. Trabalho em colaboração com Instituto

Superior de Agronomia-UTL, HRI (Reino Unido) e CGN (Holanda). (1992-1996)

- “Potencialidades do amaranto como cultura alimentar”. Financiamento PCAIT/FCT. Trbalho em colaboração

com Instituto Superior de Agronomia-UTL (1996-1998)

54

Quanto ao AGRI 6, agrupa actualmente uma linha de investigação em

sociologia rural e etno-agronomia, bem como uma outra em agricultura urbana

resulta de trabalhos que vinham sendo efectuados na área da segurança

alimentar e sobre a necessidade de aumentar as culturas de exportação para

melhorar a qualidade de vida das populações. O estudo dos processos de

desagregação social, os potenciais de reconstrução e de reconstituição de

sociedades agrárias, o estudo dos sistemas de sustento (livelihood systems),

os saberes locais, a intervenção do Estado, das organizações da sociedade

civil e das agências internacionais, o papel das ONG, o papel das políticas

públicas de promoção da agricultura, a importância das plantas medicinais,

entre outros, têm vindo a constituir um conjunto de preocupações que tem

ocupado igualmente os investigadores do CEPTA e que, não só deu

continuidade aos trabalhos que vinham sendo efectuados, como acima se

mencionou, mas que também foi responsável pela apresentação de novos

projectos inovadores nas áreas descritas.

No que toca à formação realizaram-se 19 provas de progressão na carreira de

investigação de elementos do CEPTA e foi dada orientação a cerca de três

dezenas de dissertações de mestrado e doutoramento. Quanto à participação

em reuniões científicas, verificou-se que os investigadores daquele centro

estiveram envolvidos em mais de duas centenas dessas reuniões com

apresentação de trabalhos na sua larga maioria, e fazendo parte da

organização em 17 delas.

De salientar também a participação dos investigadores do CEPTA na

organização dos cursos de “Patologia das Plantas Tropicais e Sub-Tropicais”

(1985) e “Métodos de Conservação a longo prazo de Recursos Fitogenéticos”

(2004) bem como a representação nas Comissões Técnicas de Normalização

de Produtos Alimentares a nível nacional (IQA) e internacional (ISO), no “FAO Research Network on Sunflower” e no “European Working Group for IPM in Developing Countries”, e ainda a participação em actividades de docência

como as que seguidamente se exemplificam:

55

• Disciplina de Ecofisiologia das Plantas Tropicais, do Mestrado em Produção

Agrícola Tropical, do Instituto Superior de Agronomia (Coordenação da Drª

Antonieta Nunes)

• Disciplina de Tópicos de Biotecnologia, do Mestrado em Biotecnologia, do

IST

• Disciplina da Delineamento Experimental e Análise Estatística nos

Mestrados de Agronomia Tropical (Instituto Superior de Agronomia)

e Veterinária Tropical (FMV)

• Disciplinas de Demografia, População e Desenvolvimento e Metodologias

de Extensão Rural no Bacharelato em Agro-Economia (coordenado pelo

Instituto Superior de Agronomia) em Santiago, Cabo Verde

• Disciplina de Planeamento e avaliação de processos de desenvolvimento

no Mestrado de Estudos Africanos (ISCTE)

• Aulas práticas da Disciplina “Produção de Alimentos II” do Curso de

Engenharia Alimentar do Instituto Superior de Ciências da Saúde

• II FAO Sunflower Training Course (Univ. de Pisa)

Como acima se referiu, o projecto AGRI 2. orientado pelo investigador principal,

António Barbosa sucede ao Centro de Estudos de Fitossanidade do

Armazenamento (CEFA, com o número 13 na primeira coluna do Quadro 1

acima), onde foi desenvolvida actividade de I&DE sobre a problemática da

conservação dos produtos agrícolas secos de origem vegetal armazenados,

em países das regiões tropicais e outros. O CEFA foi dirigido entre 1983 e

1994 pelo investigador coordenador Artur Soares Gouveia e depois pelo actual

responsável pelo programa, orientou a sua actividade no quadro das

competências que lhe foram atribuídas pelo Dec.-Lei nº 160/83 e que incluíam:

• a prospecção dos problemas locais de fitossanidade do armazenamento e

a avaliação dos seus aspectos económicos;

• a realização de estudos de natureza sistemática, morfológica e bioecológica

das principais espécies de insectos, ácaros, fungos e roedores que atacam

os produtos agrícolas secos;

56

• promover e desenvolver o estudo experimental de técnicas de armazenamento,

do ponto de vista profiláctico, e de técnicas de tratamento contra

agentes biológicos nocivos aos produtos armazenados;

• desenvolver actividades de intercâmbio científico.

Das acções mais relevantes que foram desenvolvidos no CEFA destacam-se

as que se encontram listadas na Caixa 6, as quais denotam a sua participação

activa em diversas acções com financiamento externo e com aplicações

generalizadas na melhoria das condições de armazenamento de produtos

agrícolas com efeitos notórios a nível económico.

Caixa 6: Investigação Científica e Apoio ao Desenvolvimento em Fitossanidade do

Armazenamento

1989 - Visita de estudo à ilha de Santiago, Cabo Verde, para caracterização dos problemas

agro-industriais.

1993 a 1996 - Participação no projecto financiado pela União Europeia STD3 Project ERBTS3

CT920097 “Mitigation of Stackburn in woven polypropylene Bag-Stack Maize Grains for

Improved Food Security in Sub-Saharan Africa”, em colaboração com o Natural Resources

Institute (NRI), United Kingdom; University of Ghana; Ghana Food Distribution Corporation

(GFDC); University of Zimbabwe and Grain Marketing Board of Zimbabwe (GMB). Foram

realizadas visitas técnicas a Maputo (Moçambique) em 1994 e a Harare (Zimbabué) em 1995,

com o objectivo de programar acções a desenvolver no âmbito deste projecto.

1998-2001 - No âmbito do Programa de Apoio à Reforma dos Laboratórios de Estado,

referência PLE/11/98, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, foi

desenvolvido o sub-projecto “Manutenção da qualidade no armazenamento estratégico de

produtos alimentares e não-alimentares em Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe“, relativamente a

produtos armazenados considerados estratégicos para estes países, como milho, trigo, arroz,

feijão, farinhas, cacau e tabaco. Foram realizadas visitas técnico-científicas, no âmbito do

projecto mencionado, em armazéns, fábricas e silos, em Cabo Verde, e a armazéns em S.

Tomé e Príncipe.

2001 - Organização da reunião científica do Grupo de trabalho da IOBC/WPRS, sobre

“Integrated Protection in Stored Products”, que decorreu de 2 a 5 de Setembro, em Lisboa.

2002/2003 – Participação no grupo de trabalho 4 (WG4) “Biological control of insects and mites

with special reference to entomophthorales”, do Programa COST Action 842, da UE.

57

Relativamente à formação há a registar uma participação contínua através da

realização de estágios de curta duração para técnicos dos países de língua

oficial portuguesa, estágios de fim de curso e mestrado, bem como a própria

colaboração na realização de cursos, como foi o caso:

• 1988 - Colaboração no Curso de Formação profissional de jovens na

área de novas culturas tropicais e subtropicais, do Fundo Social

Europeu (FSE)

• 1998 - Colaboração no Curso de Formação “Fitossanidade dos

Produtos Armazenados” a técnicos superiores da Direcção-Geral de

Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar (DGFCQA) do

Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas,

com a Coordenação do Eng. Carlos Pimpão, da DGFCQA, e do Prof.

António Mexia (Director do CEFA)

• 2001- Colaboração no Curso de Bacharelato de Produção e

Protecção das Culturas; no âmbito da disciplina de Entomologia,

cooperação com o INIDA, em S. Jorge dos Órgãos, Cabo Verde

• 1993/94, 1994/95, 1996/97, 1999/99, 1999/00, 2000/01, 2003/04 -

Colaboração na actividade docente do Curso de Mestrado em

Produção Agrícola Tropical, no âmbito da disciplina de Tecnologia

Pós-Colheita, no Instituto Superior de Agronomia/UTL.

O projecto AGRI5 sucede ao Centro de Veterinária e Zootecnia (CVZ, com o

número 15 na primeira coluna do Quadro 1 acima), dirigido pelo Doutor Alfaro

Cardoso, investigador principal do IICT, também professor associado

convidado na UTL. O CVZ herdou um historial de trabalho realizado nas

antigas colónias, através do qual se lançaram os indispensáveis fundamentos

da investigação científica e das missões de combate às tripanosomíases. É

célebre o pioneirismo dos médicos veterinários portugueses no combate a

diversas doenças que abalavam a produção animal já nos finais do séc. XIX e

inícios do séc. XX.

58

Os estudos de patologia animal, nomeadamente a investigação das doenças

causadas por agentes patogénicos próprios das regiões tropicais, bem como a

realização de programas ou projectos relativos à conservação e controlo de

qualidade dos produtos de origem animal, ou ainda problemas relacionados

com a nutrição, a produção de leite e de carne, a produção e maneio de

pastagens, a fertilidade e a inseminação artificial, bem como a recolha e o

tratamento de dados sobre a economia pecuária constituem um conjunto vasto

de actuação sobre o qual o CVZ executou uma intensa actividade científica e

de consultoria. Já se referiu acima o financiamento comunitário vultuoso do

projecto “Mecanismos de Adaptação Parasita/Hospedeiro em Populações Locais de Caprinos da Ilha Terceira – Dinâmica de Infecção e Resistência Antihelmíntica”, apresentado pelo CVZ.

O CVZ prestou uma colaboração muito estreita à Faculdade de Medicina

Veterinária da UTL, ao assumir o seu responsável a coordenação e docência

do curso de Mestrado em Medicina Veterinária e Zootecnia Tropical, ao mesmo

tempo que assegurava docência noutras disciplinas das Universidade de Vila

Real e dos Açores. Toda esta colaboração nas actividades de ensino tem

naturalmente provocado a orientação de trabalhos de dissertação e de teses a

dezenas de alunos estagiários de licenciaturas, mestrandos e doutorandos que

assim têm vindo a ser seguidos por investigadores do CVZ com bastante

regularidade, incluindo a publicação dos respectivos trabalhos científicos.

Os projectos em que o CVZ tem estado envolvido têm dado origem à sua

presença em grandes acções e programas de desenvolvimento, como os que

aqui se exemplificam:

- “Projecto de Cunicultura e Avicultura para a cintura residencial de Bissau”,

1994;

- “Projecto de Inseminação Artificial para a produção de gado leiteiro na

província de Maputo”;

- “Projecto de Cunicultura e Avicultura para a região de Cacheu”, Guiné-Bissau,

1998;

59

- “Projecto de Avicultura e Cunicultura de Santiago”, Cabo Verde, 1999;

- “Projecto de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária de S. Tomé e Príncipe”,

2001.

Em acumulação com os projectos de investigação tem o CVZ desenvolvido uma

intensa actividade de consultoria de que seguidamente se apresentam aqui

alguns exemplos mais significativos:

- levantamento das potencialidades pecuárias e de nosologia na República de

Cabo Verde, 1988;

- projecto de produção de ovinos e caprinos para a empresa “Água-Izé”, da

República de S. Tomé e Príncipe, 1988;

- projecto de combate à desertificação das zonas de pastoreio da região de Oio

na Guiné-Bissau, 1989;

- reabilitação do efectivo e da indústria leiteira da Província de Maputo,

Moçambique, 1993;

- Natural Resources Management Within Multispecies System in the Mid-Zambezi Valley: Implications for sustainable Development in Dry Lands Areas of Southern Africa, 1998;

- Programa Integrado Desenvolvimento Rural da Província do Cunene, 2002;

4. Biodiversidade e Gestão de Recursos Naturais (BIO)

O programa BIO, coordenado pela Dra. Maria Adélia Diniz, investigadora

coordenadora aposentada, sucedeu ao Departamento de Ciências Biológicas,

onde a acção do IICT integrou um manancial de estudos de botânica e de

zoologia.

Das diversas Missões Botânicas efectuadas nos territórios da África lusófona

resultou uma valiosíssima colecção que viria a reverter para o enriquecimento

do Herbário do Centro de Botânica (CB, com o número 8 na primeira coluna do

Quadro 1 acima), dirigido pela responsável do programa, que sucedeu ao Prof.

Ilídio Moreira, catedrático do Instituto Superior de Agronomia. As Missões

60

Botânicas aos antigos territórios portugueses de África, assim como as

relações de permuta com organismos congéneres, deram origem à constituição

de um valioso herbário tropical com cerca de 300.000 espécimes originais,

conhecido internacionalmente pela sigla LISC. Este herbário que veio a

incorporar, em 2002, o herbário do Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT),

com cerca de 50.000 espécimes, conhecido internacionalmente pela sigla

LISJC atingiu, assim, um inestimável valor científico pela sua grande riqueza

em tipos de espécies novas.

O Herbário encontra-se em fase de tratamento informático, tendo já sido

informatizada a família Leguminosae de Angola na base de dados do Programa

BRAHMS e deu-se início à informatização do material-tipo com financiamento

externo. Por outro lado, os estudos sistemáticos são suportados pela biblioteca

especializada em botânica tropical, compreendendo milhares de obras

originais, quer livros, quer publicações seriadas cuja consulta é indispensável

aos estudos florísticos e vegetacionais desenvolvidos, e ainda reimpressões de

obras clássicas já não disponíveis nas edições originais. Também o acervo da

Biblioteca se encontra em informatização, utilizando o software DOCBASE que

é adoptado no CDI e com aplicação das mesmas normas ISBD.

Foram realizados estudos de biodiversidade em diversas áreas,

nomeadamente sobre as floras da bacia hidrográfica do rio do Zambeze, de

Angola, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, estudos de vegetação, ecologia e

fitogeografia de várias regiões africanas, estudos etnobotânicos, incluindo as

plantas medicinais na Guiné-Bissau e plantas infestantes de culturas, quer em

Cabo Verde, quer na Guiné-Bissau. Constituem exemplos destas acções a

publicação da Flora Zambesiaca, da Flora de Moçambique e de Cabo Verde.

Tratou-se de projectos de longa duração concretizados em estreita colaboração

com outras instituições, como é o caso do Royal Botanic Gardens, Kew, no

caso da primeira e com entidades locais no caso das segundas (Univ. Eduardo

Mondlane, INIA de Moçambique; INIDA de Cabo Verde).

61

No desenvolvimento destas áreas privilegiou-se o envolvimento pluridisciplinar

e a colaboração com outras instituições nacionais e estrangeiras, bem como

com países africanos que desenvolvem estudos científicos relacionados.

Alguns desses estudos, para além do interesse científico, vêm contribuindo

para a melhoria das condições socioeconómicas destes países, como foi o

caso do estudo da Azolla, planta utilizada como biofertilizante azotado na

cultura do arroz na Guiné-Bissau, contribuindo para o aumento da sua

produtividade. De igual modo, a elaboração das Cartas de Zonagem Agro-ecológicas e da Vegetação de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, a

solicitação das entidades governamentais dos respectivos países, viria a

contribuir para o melhor conhecimento das condições mais propícias para a

agricultura e a pecuária.

Também se desenvolveu um intenso trabalho de formação, reconhecido

internacionalmente. A título de exemplo, o coordenador do Southern African Botanical Diversity Network da África do Sul, manifestou o seu

reconhecimento pela contribuição prestada em 2002 na formação científica

de técnicos angolanos e moçambicanos. O referido relato inclui a listagem

completa dos programas que foram aí concedidos e que integraram

orientação de doutoramentos, estágios de especialização, de fim de curso e

de aptidão profissional, bem como das missões botânicas (10 a Cabo

Verde, 23 à Guiné-Bissau, 1 a Moçambique e 4 a S. Tomé e Príncipe).

Acresce a actividade de investigação ilustrada na Caixa 7.

Caixa – 7: Projectos do Centro de Botânica

- Utilização de Azolla em rizicultura na Guiné-Bissau. Estudo dos eus metabolitos secundários (AGR/586/90). sFinanciado pela JNICT e pela Fundação Calouste Gulbenkian. 1991-1996. Instituições: Fac.Ciências Univ. Lisboa

(coordenação), Fac. Farmácia Univ. Lisboa, INPA (Guiné-Bissau) e IICT/CB. Investigador do IICT: M. A Diniz

- Biodiversidade do Parque Natural das Lagoas da Cufada (Guiné-Bissau). Financiado pela UE, ICP e ICN. 1996-

2002. Instituições: Direcção Geral do Ambiente (Guiné-Bissau) e IICT/CB/CG/CP/CZ. Investigadores do IICT/CB: M. A Diniz, E. Martins, L. Catarino

62

- Estudo e Aproveitamento de Plantas Medicinais da Guiné-Bissau. Financiado pelo ICP. 1998-2000. Instituições: Instituto D. Manuel II (ONG proponente), ACEP, Fac. Farmácia Univ. Lisboa, AD (ONG da Guiné-Bissau) e

IICT/CB. Investigador do IICT: M. A Diniz e E. Martins.

- Plant Diversity in Angola: A database of the Family Leguminosae. Financiado pela FCT, Programa PRAXIS XXI,

1998-2003. Instituições: Inst. Botânico Coimbra (coordenador) e IICT/CB. Investigadores do IICT: E. Figueiredo (resp.),

L. Catarino e A Morgado

- Origem da Flora de São Tomé: uma abordagem sistemática e molecular. Financiado pela FCT, POCTI, 2001-

2006. Instituições: IICT/CB/CG. Investigadores do IICT: E. Figueiredo (resp.) e P. Alves

- Manual de Infestantes das Culturas da Guiné-Bissau.. 1990-1994. Instituições: IICT/CB (coordenação) e INPA

(Guiné-Bissau). Investigadores do IICT: .I Moreira, M. A Diniz, E. Martins e M. C. Duarte

A divulgação científica tem igualmente vindo a merecer uma atenção especial,

devendo aqui sublinhar-se a participação, desde 2001, a convite do Flora Zambesiaca Managing Committee, dos Royal Botanic Gardens, Kew, de Eurico

Martins como Deputy Editor de Flora Zambesiaca. A responsável é ainda

membro do Editorial Board, juntamente com os Royal Botanic Gardens, Kew,

na edição de Flora Zambesiaca, publicando também em revistas estrangeiras e

nacionais para além das publicações regulares do IICT, Garcia de Orta, série

de Botânica (revista periódica), Flora de Cabo Verde e Flora de Moçambique.

No antigo departamento encontravam-se também incluídas as actividades

concretizadas pelo Centro de Zoologia (CZ, com o número 7 na primeira coluna

do Quadro 1 acima), dirigido pelo Prof. Doutor Luís F. Mendes, investigador

coordenador. O CZ conserva um espólio científico impar no país iniciado com a

Missão da Guiné e que hoje abrange material proveniente também (entre

outros) de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Índia

(Goa), Macau e Timor, constituindo globalmente uma das melhores colecções

zoológicas mundiais no que respeita à maioria daqueles países. Trata-se de

um espólio correspondente a cerca de 2000 registos de mamíferos, 6000 de

aves, 4000 de répteis e anfíbios (cada registo só excepcionalmente não

correspondente a um único exemplar) e séries muito abundantes de

invertebrados das quais, cerca de 5300 registos de insectos que

corresponderão a muito mais de setenta mil exemplares, quase 1300 registos

de aracnídeos, além das colecções dos restantes artrópodes terrestres, do

63

plâncton, da malacologia e da parasitologia. Para além destes são ainda de

referir aqui os cerca de 1200 exemplares de peixes da colecção CZ que se

encontram depositados no Museu Nacional de História Natural / Museu Bocage

por aí estarem preservados em melhores condições.

As linhas de trabalho desenvolvidas no CZ têm permitido um progressivo

aumento dos conhecimentos sobre a Biodiversidade zoológica tropical, quer

nas suas facetas mais fundamentais de taxonomia, filogenia, ecologia, etologia

(primeiros estudos realizados em Portugal) e zoogeografia, quer em aspectos

com aplicação mais directa, como o são as áreas da apicultura, controlo

biológico e parasitologia. Outras importantes áreas de investigação como a

Ornitologia, a Apicultura, a Oceanografia ou a Luta Biológica foram também

desenvolvidas pelo CZ, embora a sua continuidade tenha sofrido com a gradual

redução do número de investigadores que tem afectado o IICT.

As actividades do CZ estiveram muitas vezes ligadas à economia dos territórios

e ao bem estar das populações, e a grande maioria dos projectos

desenvolvidos nos últimos 20 anos teve como alvo principal as problemáticas

relacionadas com África, muito embora alguns deles tenham incidido

globalmente ou em parte sobre o Oriente (Macau, Timor-Lorosae), assim como

sobre áreas não tropicais (Açores), ou sobre áreas geográficas diversas

constituídas por regiões tropicais, subtropicais e não tropicais. O CZ

desenvolveu inúmeros projectos ao longo destes anos, encontrando-se em

anexo a sua listagem completa. Indicam-se na Caixa - 8 os principais,

verificando-se deles ter resultado um nítido aumento dos conhecimentos sobre

a diversidade zoológica, bem como sobre os ecossistemas e as relações com o

homem e animais domésticos.

Caixa 8: Projectos do Centro de Zoologia

-“Os Mosquitos de Macau (Diptera, Culicidae). Sistemática, Bioecologia e Importância Médica”.

1994-1997. Responsável H. Ramos. Financ. pelo Instituto Cultural de Macau, Fundação

Oriente, Câmara Municipal das Ilhas e Univ. Macau

64

-“Erradicação da Fasciolose Bovina da Ilha de Santiago”. 1995-1999. Coordenador M. Lucília Ferreira

(Faculdade de Veterinária da Univ. Técnica de Lisboa). Co-financiado pelo Instituto da Cooperação

Portuguesa, IICTI e Direcção Geral de Agricultura, Silvicultura e Pecuária de Cabo Verde

-“Estudo da Esquistossomose e da Dicroceliose dos Ruminantes da República da Guiné-

Bissau”. 1996-1998. Coordenador M. Lucília Ferreira (Faculdade de Veterinária, Univ. Técnica

de Lisboa). Subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian

-“Estudo do Parque Natural das Lagoas de Cufada (Guiné-Bisaau)”. 1996-2002. Coordenador

A. Guerra Réffega. Componente zoológica da responsabilidade de J. Crawford Cabral, depois

de L.F. Mendes. Financ. ICP, subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian

-“Fauna Europaea”. 1999-2001. Coord. Museus de História Natural de Paris, Amsterdão e

Copenhaga. Representante do IICT, coordenador dos «Apterygota não Collembola» e especialista

em Microcoryphia e Zygentoma. Financ. por verbas da CE – O IICT é membro do consórcio

-“Estudo do género Uranotaenia (Diptera, Culicidae) em Madagáscar”. 1997-2000. Resp. H.

Ramos. Financ. pela ORSTOM

Para além destes projectos continua hoje a dar-se continuidade:

• ao “Glossário de Termos Entomológicos”, que teve início (como

Projecto não financiado) em 1991; o trabalho prossegue, embora

tenha sido suspenso devido ao falecimento do Eng. Passos de

Carvalho da Estação Agronómica Nacional, o outro executante

inicial, actualmente substituído pelo Prof. Doutor Artur Serrano, da

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. (L.F. Mendes)

• à “Distribuição geográfica dos Mamíferos de Angola”, acção (iniciada

como Projecto) que se vem prolongando desde 1995 (J. Crawford Cabral)

Os trabalhos realizados no âmbito dos Projectos reflectem as actividades de

campo desenvolvidas e que possibilitaram a recolha do abundante material e

de observações essenciais ao avanço dos estudos zoológicos, em especial das

áreas tropicais. Tudo isto foi ainda possível graças à realização de um número

apreciável de missões zoológicas que foram realizadas com alguma

regularidade aos territórios de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Madagáscar

e Açores e sobre as quais se encontra em anexo uma relação completa.

65

Todas estas actividades motivaram em simultâneo o desenvolvimento de

inúmeras acções de cooperação de que a Caixa 9 apenas inclui as mais

importantes.

Caixa 9: Acções de cooperação no âmbito da zoologia

- Apetrechamento tecnológico, organização e implementação de meios de diagnósticos em Laboratórios nos países de língua oficial portuguesa: Laboratório de Biologia do Museu do Dundo, Angola (1994/5) – Transferência de metodologias

e técnicas de triagem, montagem e acondicionamento de colecções zoológicas e da sua preservação

(em particular de colecções de Mamíferos e de Insectos), a pedido do Governo de Angola.

Lab. Veterinária da Direcção dos Serviços de Veterinária do Minist. Agricultura da Guiné-Bissau

(1997) – Apetrechamento com material corrente de laboratório, transferência de metodologias e

técnicas de diagnóstico de parasitologia em animais domésticos, integrados no projecto “Estudo

da Esquistossomose e da Dicroceliose dos Ruminantes da República da Guiné-Bissau”.

Laboratório de Veterinária da Direcção dos Serviços de Veterinária do Ministério da Agricultura,

Alimentação e Ambiente de Cabo Verde (1993-1999) - apetrechamento com equipamento e

material corrente de laboratório, transferência de metodologias e técnicas de diagnóstico de

parasitologia em animais domésticos, integrados nos projectos “Estudo da Fasciolose e da

Esquistossomose em Cabo Verde” (1993-1995), “Erradicação da Fasciolose Bovina da Ilha de

Santiago”(1995-1999) e “Estudo da Esquistossomose na Ilha de Santiago” (1995-1999)

Aliada à intensa cooperação que o centro desenvolveu, verificou-se por parte

do corpo de investigadores do CZ uma intensa participação em congressos e

outras reuniões científicas nacionais e internacionais que tiveram lugar desde

Portugal continental e insular, Espanha, Rússia e numerosos outros países

europeus à Índia e ao Canadá. A participação nestas reuniões não se resumiu,

contudo, à apresentação e discussão de comunicações orais e/ou “posters”,

alargando-se também à presidência de mesas, à participação na organização

dos eventos ou mesmo à responsabilização pelo próprio evento, como segue:

• “II e V Congressos Ibéricos de Entomologia” (Lisboa-Portugal, 1985

e 1992) – L.F. Mendes, integra as Comissões Organizadoras;

moderador em três mesas, uma sobre Arachnida e duas sobre

Apterygota (1985) e em duas sessões sobre Apterygota (1992)

• “IV Jornadas da Sociedade Portuguesa de Entomologia” (Castelo Branco –

Portugal, 1990) – J. Travassos Dias moderador de uma das sessões

66

• “I Simpósio Internacional de Luta Biológica em Ilhas Europeias”

(Ponta Delgada-Açores, 1995) – J. Piedade Guerreiro, moderador de

uma das sessões

• “VII International Colloquium on Apterygota” (India-Bangalore, 1988)

– L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia

• “I Congresso de Citricultura” (Algarve-Portugal, 1992) – J. Piedade

Guerreiro, membro da Comissão Organizadora e vogal de uma mesa

• “III Congresso Ibérico de Parasitologia” (Lisboa-Portugal, 1992) M.

Mendonça, membro da Comissão Organizadora e moderadora de

uma das sessões

• “VI Congresso Ibérico de Entomologia” (Madrid-Espanha, 1994) –

L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia

compartilhada com M. Barrientos (Espanha)

• “II International Open Meeting” do grupo de trabalho “Fruit Flies of

Economic Importance” da OILB/SROP (Lisboa-Portugal, 1993).

Organização a cargo de J. Piedade Guerreiro, realização do

encontro nas instalações do IICT

• “Jornadas AVAPI/94 – Fruticultura Integrada” (Alcobaça-Portugal,

1994) – J. Piedade Guerreiro, integra a sessão de abertura como o

representante do IICT e preside a uma sessão de trabalho

• “VII Congreso Ibérico de Entomologia” (Santiago de Compostela-

Espanha, 1996) – L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre

Taxonomia

• “II Congresso Nacional de Etologia” (Lisboa-Portugal, 1996) – M.

Pinheiro integra a Comissão Organizadora

• “V International Seminar on Apterygota” (Córdova-Espanha, 1998) –

L.F. Mendes, moderador de uma mesa sobre Taxonomia

compartilhada com L. Espinasa (México)

• “IX European SOVE Meeting” (Lisboa-Portugal, 1998) – H. Ramos,

colaboração na Organização; L.F. Mendes, moderador de uma

mesa sobre Taxonomia de Vectores

67

• “XI International Colloquium on Apterygota” (França-Rouen, 2005) –

L.F. Mendes, integra a Comissão Científica; moderador de uma

mesa sobre Taxonomia e Biogeografia.

Falta ainda referir a formação que ocupou também intensamente o CZ

encontrando-se em anexo uma relação completa dos programas que foram aí

concedidos e que integraram actividades pedagógicas, orientação de

dissertações e estágios de especialização.

5. Ciências da Terra e Ambiente (TER)

O programa TER, de que é responsável a Doutora Ondina Figueiredo,

investigadora coordenadora, continua as actividades de dois antigos

departamentos com três centros cada, além do Centro de Estudos de

Pedologia que estava inserido no Departamento das Ciências Agrárias. Através

dos projectos TER 1 a 6, procura-se:

1. Desenvolver acções no âmbito da observação da Terra, que se

estendem da cartografia do coberto do solo em Angola à

monitorização geodésica de zonas de risco, passando pela

actualização de redes geodésicas em vários países lusófonos e

pelo estabelecimento de padrões temporais do fogo, através da

utilização de imagens Landsat e observação com GPS, bem como

de SIG (também extensivos à visualização e modelação espacial

de património cultural).

2. No contexto do conhecimento e utilização dos solos de Angola, é

significativamente ampliada a área cartografada e analisam-se o

planeamento agroecológico e o uso agrário sustentável de

províncias daquele território.

3. Prossegue a cartografia geológica de Países Africanos de Língua

Oficial Portuguesa, designadamente, Guiné-Bissau, S. Tomé e

Príncipe e Cabo Verde (Ilha de Santo Antão).

68

4. Caracteriza de ambientes crustais e mantélicos suboceânicos no

Atlântico, concretamente através do estudo de xenólitos

peridotíticos e inclusões fluidas.

5. Dá-se desenvolvimento a estudos anteriores sobre a

mineroquímica de geomateriais do Continente Africano,

designadamente à monitorização geoquímica do vulcão do Fogo e

a vidros vulcânicos de Cabo Verde, encetando-se a informatização

do acervo de dados químicos.

6. Os estudos geográficos em Angola e Cabo Verde têm seguimento

através da análise do clima e da biogeografia de Angola, do estudo

da dinâmica de vertentes em Cabo Verde e do inventário

bibliográfico.

Começa-se esta descrição com o projecto TER 2, de que é responsável José

dos Anjos Raposo, investigador auxiliar e que sucede ao Centro de Estudos de

Pedologia (CEP, com o número 10 na primeira coluna do Quadro 1 acima). A

cartografia de solos, acompanhada do preenchimento de uma ampla agenda

científica, traduziu-se na concretização de estudos responsáveis por um

acréscimo significativo de conhecimentos no que respeita à fertilidade dos

solos e à luta contra os fenómenos da erosão.

As cartas gerais de solos além do indiscutível valor científico, representam uma

base indispensável para a resolução dos problemas gerais do ambiente

compreendendo a gestão e a utilização do solo, que devem sempre fazer-se

tendo em vista uma adequada preservação dos melhores solos e dos diversos

ecossistemas em que se integram. São ainda peças insubstituíveis para o

ordenamento geral de um território, o planeamento regional e urbano, a

definição de medidas de conservação dos solos, a investigação e

experimentação agrárias, a elaboração de cartas interpretativas, etc. Nessa

perspectiva, a actividade do CEP tem centrado a sua actividade na

inventariação e na cartografia dos solos e terras de Angola, e em menor

extensão, também da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Portugal.

69

Os estudos sistemáticos de reconhecimento e cartografia dos solos de Angola

iniciaram-se em 1954, sob a coordenação do Prof. Doutor Joaquim Vieira

Botelho da Costa. Durante o período de 1983 a 2003, elaboraram-se e

publicaram-se Cartas Gerais de Solos na escala 1:500 000 para a província de

Cuanza Sul (1985) e na escala 1:750 000 para as províncias de Malanje (1995)

e Bié (2002). Encontram-se ainda em fase de pré-impressão, cartas, na escala

1:1 000 000, para as províncias de Cuando-Cubango, Lunda Norte, Lunda Sul

e Moxico. Com a publicação destas cartas, Angola ficará a dispor de Cartas

Gerais de Solos para 95% da sua área territorial, ficando apenas por concluir

as cartas de solos para a área abrangida pelas províncias de Luanda, Bengo e

Cuanza Norte.

Além da publicação de cartas de solos por províncias, o CEP, tendo vindo a

utilizar a tecnologia emergente dos sistemas de informação geográfica para

digitalizar, geo-referenciar e integrar em base de dados, a volumosa

informação existente no CEP sobre os recursos biofísicos de Angola. Na

sequência deste trabalho, concluiu-se uma versão digital da Carta

Generalizada dos Solos de Angola (4ª aproximação), desenvolvida na escala 1:

1 000 000, segundo os princípios gerais adoptados pela FAO/UNESCO para a

elaboração da Carta de Solos do Mundo.

O trabalho de cartografia de solos foi coordenados por R. Pinto Ricardo e/ou E.

P. Cardoso Franco, tendo ainda desenvolvido actividade com carácter de

continuidade E. M. Silva Câmara, M. J. S.M Guerra Pinheiro, F. A. Milho da

Conceição, M. A. Melo Ferreira. Na aplicação dos SIG à cartografia de solos e

na elaboração da Carta Generalização dos Solos de Angola (4ª aproximação)

há ainda a assinalar a contribuição activa do chefe de projecto.

Com o conhecimento dos recursos biofísicos de Angola, será possível

desenvolver estudos interpretativos e de modelação geográfica em diversos

domínios científicos. A definição das bases para o planeamento agro-ecológico

70

e o uso agrário sustentável dos solos e terras de Angola, surge como uma

necessidade básica para o desenvolvimento desse País. Uma contribuição

para a prossecução desse objectivo foi a concretização de um estudo de

Zonagem Agro-ecológica para a província do Cuanza Sul, também a cargo do

chefe do projecto TER 2.

No âmbito da Física, Química e Mineralogia do solo, além das análises

laboratoriais para determinação de parâmetros físico-químicos indispensáveis à

caracterização e classificação das unidades pedológicas, assinala-se a

realização de estudos por difracção de raios X, com utilização de software

específico que permite o estudo de misturas complexas de minerais argilosos e

a sua comparação com perfis simulados. Estes estudos, desenvolvidos com

vista à cartografia de solos e no âmbito geologia e pedologia aplicadas, foram

dirigidos por A.F.A. Sanches Furtado até 2001 e, a partir dessa data, por M.

Madalena Sobral da Fonseca.

Nos domínios da Geomorfologia, os estudos incidiram essencialmente na

identificação das unidades e sub-unidades geomorfológicas, tendo em

consideração a interacção do meio com a génese, evolução e conservação do

solo. Deu-se especial atenção aos processos de degradação do solo – erosão

e lateritização – que apresentam maior incidência em Meio Tropical. Estes

estudos mereceram até 2000 a dedicação activa de M. Monteiro Marques, de

que resultaram diversas publicações em especial para Angola e Cabo Verde.

O Pedoclima, expresso pela temperatura e pelo teor de humidade do solo,

responsáveis pela maioria dos processos físicos, químicos e biológicos que

ocorrem no solo, foi objecto de estudo por E. P. Cardoso Franco, para Angola,

Cabo Verde e Madeira.

Contribuições para o esclarecimento do papel determinante do solo como

principal reservatório do Carbono superficial da Terra, foram prestadas por R.

P. Ricardo E.P. Cardoso Franco e J. A. Raposo, nos estudos sobre a matéria

71

orgânica e carbono orgânico dos solos de Angola, Portugal continental e

Madeira.

Os desafios que se colocam à necessidade de obter tecnologia que possibilite

a utilização contínua e sustentada dos solos em Meio Tropical constituíram

igualmente preocupação do CEP. Para o efeito, em colaboração com o Instituto

Superior de Agronomia e o Departamento de Hidráulica Agrícola e Solos

(DHAS) do Ministério de Desenvolvimento Rural da Guiné-Bissau, estudaram-

se e encontraram-se, em condições reais, soluções técnicas susceptíveis de

conduzir à utilização contínua e duradoura dos solos com argilas de baixa

actividade, sem recurso à prática ecologicamente destrutiva da queimada.

O volume de conhecimentos e dados disponíveis, associados a uma

preocupação constante no desenvolvimento de intercâmbio científico,

determinaram o envolvimento do CEP em alguns projectos internacionais de

que se destacam o SOTERSAF – Soil and Terrain Database for Southern Africa, que decorreu sob a coordenação da FAO/ISRIC/UNEP e o Curso Internacional de Hidrologia Operativa. Geologia, promovido por

MES/SEOP/DGRAH/UNESCO.

O CEP tem colaborado frequentemente em acções de formação sobre

domínios de âmbito tropical, designadamente com o Instituto Superior de

Agronomia. Assim, os investigadores do CEP têm vindo a ser solicitados para

apoio no ensino sobre a utilização de técnicas analíticas no âmbito da

mineralogia do solo e sobre a apresentação de temas relacionados com o

conhecimento dos recursos em meio tropical e das limitações e potencialidades

que se colocam à sua utilização. Foi também prestada formação nos países

tropicais, designadamente na Guiné-Bissau, Cabo Verde e Angola.

No âmbito da sua actividade de cooperação, os investigadores do CEP

realizaram diversas missões aos países de expressão portuguesa, visando a

execução de projectos de investigação e desenvolvimento e a prestação de

72

acções de formação. Assim, os estudos de geomorfologia e de

compartimentação da paisagem, tendo em via a luta contra a desertificação

mereceram a deslocação, por várias vezes, a Cabo Verde de M. M. Marques,

entre 1983 a 1992. A recolha e preparação duma colecção de monólitos de

solos, bem como a formação de pedologistas neste domínio, motivaram

deslocações a Cabo Verde de F.A. Milho da Conceição, em 1984, 1985 e 1986.

A concretização de um projecto de investigação designado por Redução do Período de Pousio e Manutenção da Fertilidade do Solo na Guiné Bissau

contou com várias deslocações a esse País de José A. Raposo, no período de

1992 a 1994, para apoio ao Departamento de Hidráulica Agrícola e Solos na

instalação do respectivo ensaio, no seu acompanhamento e na colheita e

análise de dados. No âmbito do projecto Ordenamento Regional e Desenvolvimento Rural: Factores de Degradação e Conservação do Solo na Ilha de Santiago, F. A. Milho da Conceição e J. A. Raposo realizaram duas

deslocações a Cabo Verde, no período de 1999 a 2002, com o objectivo de

proceder a estudos de reconhecimento de solos que incluíram a abertura e

descrição morfológica de perfis de solo e a colheita de amostras para

determinação analítica. Para realização de acções de formação sobre os

Recursos Edafo-climáticos de Angola e o Desenvolvimentos de Estudos de

Zonagem Agro-ecológica para Quadros Técnicos do Ministério de Agricultura, o

chefe do projecto deslocou-se, em 2002, às províncias de Cuanza Sul e

Namibe.

O projecto TER 1 engloba as acções antes desenvolvidas pelo Departamento

de Ciências de Engenharia Geográfica, cujos três centros trabalharam sempre

com estreita ligação. Já se sublinharam as vertentes que estiveram na origem

da criação da antiga Comissão de Cartografia como tentativa de corresponder

às solicitações que a geopolítica da época exigiam das potências coloniais

europeias. A delimitação de fronteiras e a cobertura geográfica dos territórios

que hoje constituem a África lusófona vieram a constituir importantes atributos

para que o IICT continuasse a dar uma atenção especial a estas actividades.

73

A cartografia resultante da elaboração de cartas geográficas de excelente

qualidade que hoje existem sobre aqueles territórios integram um invulgar

instrumento de trabalho para os actuais países afro-lusófonos e Timor. Essa

cartografia configura, assim, uma plataforma quase exclusiva para o

desenvolvimento desses países ao emergir como um instrumento

indispensável ao planeamento da implantação de estradas, de barragens, de

pontes, de projectos de electrificação e de telecomunicações, bem como ao

ordenamento do território e ao seu levantamento cadastral.

A importância destes estudos é, aliás, bem patente no facto de numerosas

cartas hipsométricas, agro-ecológicas e de vegetação, elaboradas com base na

referida cartografia terem sido já publicadas após a independência desses

territórios.

Alguns dos projectos desenvolvidos nestas áreas foram já citados quando se

fez referência a certos financiamentos de vulto de que o IICT beneficiou de

alguns programas dinamizadores de C&T e através dos quais foi possível

apetrechar os seus centros com os meios técnicos necessários ao seu up-grade científico, por forma a melhor responderem às solicitações que lhes eram

impostas pela cooperação que Portugal desejou sempre manter com os países

de expressão portuguesa.

Quanto ao Centro de Geodesia (CGEOD, com o número 4 na primeira coluna

do Quadro 1 acima), dirigido pelo Engº Frias de Barros até 2005, e agora da

responsabilidade do Engº Nuno Lima, investigador auxiliar, viria a

desempenhar uma actividade relevante nos seus domínios específicos,

abrangendo uma série ampla de intervenções desde:

• determinação de latitudes e longitudes astronómicas em Macau

(1986)

• observação e cálculo da rede geodésica da Ilha de S. Jorge,

Açores (1988);

74

• estabelecimento do Protocolo Luso-Moçambicano para a revisão e

ajustamento da rede geodésica de Moçambique (1991),

desenvolvendo diversas e importantes acções nesta matéria,

nomeadamente a revisão e informatização das redes de

triangulação geodésica e nivelamento geométrico de alta precisão;

• participação nas campanhas GPS para o estudo da geodinâmica

dos Açores. Além das habituais observações GPS e em

colaboração com o Finnish Geodetic Institute of Astronomical and Physical Geodesy da Universidade das Forças Armadas de

Munique, foram observadas as redes gravimétricas de todas as

ilhas do arquipélago dos Açores e foi estabelecida uma estação

gravimétrica absoluta na Ilha do Faial;

• ajustamento da rede geodésica de Angola, tendo ainda colaborado

e apoiado a Comissão Nacional para a Delimitação das Fronteiras Marítimas deste país com quem estabeleceu formas de actuação;

• estabelecimento da rede GPS na Ilha do Fogo, em Cabo Verde

para a monitorização do vulcão do Fogo, a qual incluiu a

observação periódica da rede em intervalos de 6 meses;

• observação do troço Búzi-Zimuala da rede geodésica de

Moçambique, concluída em 2003;

até à implementação de programas de formação técnico profissional que

incluíram:

• estágios para conclusão da licenciatura em Engenharia Geográfica

na Faculdade de Ciências da UL e Universidade Agostinho Neto de

Angola, tendo estagiado no centro mais de 30 finalistas destes

cursos;

• estágios profissionais de técnicos dos países afro-lusófonos e

Timor que incluíram topógrafos, geómetras e engenheiros da

Guiné-Bissau, Moçambique e Angola.

A Investigadora Auxiliar, Ana Morgado, e a Investigadora Auxiliar com

Habilitação Maria José Vasconcelos animam as áreas da fotogrametria e da

75

cartografia respectivamente, e dão conta de actividades de carácter mais

multidisciplinar, às quais acresce uma parceria público-privada intitulada “Cabo

Verde Virtual”, em articulação com a empresa Ydreams e enquadrada no

Programa Desenvolvimento Global (ver parte III).

Quanto ao Centro de Cartografia (CC, com o número 5 na primeira coluna do

Quadro 1 acima), já se mencionou em diferentes ocasiões a elaboração de

cartas de zonagem agro-ecológicas e de vegetação, cartas hipsométricas,

cartas de solos e outras que, embora envolvendo outros centros, têm no Centro

de Cartografia a sua principal origem, uma vez que aí eram elaborados todos

os trabalhos relacionados com o desenho cartográfico e com a preparação das

matrizes necessárias à impressão das cartas

A participação do CC em projectos com vocação internacional também já foi

referida quando falámos de cooperação e do projecto “Digital mapping and its use in management and policy-making of resources and environment”, desenvolvido com a colaboração de todo o departamento com o Institute of Geography da Hebei Academy of Sciences, da República Popular da China.

Recentemente e com a preocupação de responder às exigências cada vez

mais pertinentes impostas pela necessidade de adopção de abordagens

multidisciplinares, tem o centro procurado direccionar a sua investigação para

as áreas temáticas da detecção remota, sistemas de informação geográfica e

análise espacial de dados aplicada à gestão dos recursos naturais e à

monitorização do ambiente. O auxílio que poderá prestar na detecção de fogos

florestais constitui, por si só, um atributo que potencia o envolvimento do centro

em acções de investigação de plena actualidade e de ampla aplicação prática.

Para além da actividade de cooperação internacional sublinhada, importa ainda

referir a colaboração encetada com o Joint Research Centre – Institute for Environment and Sustainability, ISPRA, Itália e com o Max Plank Institute,

Hamburg, Alemanha, e também com o IST e o Instituto Superior de Agronomia

76

no âmbito de programas financiadores de I&D (PRAXIS, POCTI, V e VI

Programas Quadro da EU), complementada com a parceria que estabeleceu

com outras instituições portuguesas na elaboração da Carta de coberto de solo

“CORINE Land-cover”, relativa a Portugal Continental, publicada pela

Comissão Europeia.

Todo este intercâmbio científico veio a facilitar a execução de um amplo plano

formativo, tendo-se dado formação a diversos investigadores chineses nas

áreas da detecção remota, sistemas de informação geográfica e cartografia

digital. Também na área da digitalização e integração de informação

cartográfica em sistemas de informação geográfica, bem como no

processamento de imagens de satélite foram concedeu estágios a estudantes

da Universidade de Luanda, além dos alunos do Instituto Superior de

Agronomia a quem se concedem regularmente estágios.

Por seu lado, o Centro de Fotogrametria (CF, com o número 6 na primeira

coluna do Quadro 1 acima) veio a complementar toda esta actividade através

de um intenso trabalho em vários domínios da sua especialidade e em que

assumem algum relevo muitos projectos de restituição fotogramétrica e de foto-

interpretação que efectuou, para além de manter actualizados os seus

importantes arquivos de documentos fotográficos e fotogramétricos que hoje

constituem uma fonte única de estudo e de investigação. Outras actividades do

CF envolvem a fotogrametria digital, detecção remota e sistemas de

informação geográfica, com particular ênfase na fotogrametria terrestre e

sistemas de visualização aplicadas à elaboração de arquivos fotogramétricos

arquitectónicos. Para além da concessão de estágios, orientação de teses de

Mestrado em detecção remota e estágios de formação profissional, destacam-

se projectos de investigação com outras instituições científicas,

nomeadamente: Centro de Valorização de Recursos Minerais do Instituto

Superior Técnico (IST); Departamento de Matemática Aplicada da Faculdade

de Ciências da Universidade do Porto; Direcção-Geral de Geografia e Cadastro

(DINAGECA); Direcção Nacional do Património Cultural de Moçambique,

77

Direcção de Serviços de Cartografia e Cadastro (DSCC), Instituto Nacional de

Investigação e Promoção Cultural, de Cabo Verde, Department of Geomatic

Engineering do University College London da Universidade de Londres e o

Institute of Geography da Hebei Academy of Sciences da China.

O programa inclui ainda o antigo Departamento de Ciências da Terra, onde se

realizaram estudos geológicos e de cartografia geológica, quer no que se refere

a estudos de cristalografia e mineralogia, abrangendo ainda toda uma relevante

investigação no que respeita à geografia física e humana. Reproduzem-se aqui

os textos preparados por investigadores da área da geologia.

O Centro de Geologia (CG, com o número 1 na primeira coluna do Quadro 1

acima tem desenvolvido uma intensa actividade científica em domínios que

incluem a petrologia, a geoquímica, a cartografia geológica, a

micropaleontologia , a estratigrafia e a sedimentologia vocacionados para as

regiões tropicais, para além do desenvolvimento de acções no âmbito dos

recursos minerais, da geologia ambiental (risco sísmico e geotécnico) e da

hidrogeologia.

Dedicou-se ainda o centro à recolha, conservação, estudo, classificação e

catalogação de colecções petrológicas e micropaleontológicas, dando resposta

a inúmeras solicitações que normalmente lhe chegam de consultores e de

empresas interessadas em desenvolver prospecção nos territórios da África

lusófona a quem o centro fornece os seus serviços cedendo dados não

confidenciais relativos à geologia desses países.

Para além disto, sempre tem o CG procurado intensificar as suas acções de

cooperação, traduzidas na execução de cartografia geológica de base que foi

elaborada como resposta a solicitações concretas de países como Cabo Verde,

Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. As cartas geológicas

constituem, aliás, uma infraestrutura de base para estes países e revelam-se

indispensáveis para o seu planeamento e desenvolvimento económico em

78

áreas tão importantes como a pesquisa e captação de água, desenvolvimento

rural e pedologia, prospecção mineira e exploração de materiais de construção.

O trabalho do CG foi divulgado através de numerosas publicações, assim como

na participação em numerosos congressos, entre os quais se destacam os

relacionados com o IGCP – Comissão Internacional para a Correlação

Geológica, UNESCO e com a Society of African Geologists.

Bastará aqui referir que os trabalhos de cartografia geológica e de hidrologia

realizados com os países atrás mencionados, para além da elaboração da

carta geológica de Angola e a publicação das cartas geomorfológica e

metalogenética de Moçambique revelam bem a importância da acção do

Instituto nestas áreas.

O capítulo da formação especializada também encontra no CG um agente

motivado e empenhado ao serem desenvolvidas acções que abrangeram

elementos de organismos nacionais (nomeadamente Universidades) e de

países afro-lusófonos e Timor com os quais mantinha acções de cooperação

(Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). A

Formação desenvolveu-se designadamente nos domínios da cartografia

geológica de regiões vulcânicas, micropaleontologia, sedimentologia,

petrologia, geologia informática, desenho cartográfico aplicado à geologia,

sendo realizada não só em Portugal, como naqueles Países, o que veio, assim,

a potenciar a experiência dos geólogos do CG em temáticas tropicais.

Das acções prestadas destacam-se as seguintes:

• Cartografia geológica a técnicos superiores de Cabo Verde e de

São Tomé e Príncipe.

• Petrografia de rochas ígneas a técnicos superiores de Cabo

Verde

• Estágios de formação técnico-profissional a pessoal do curso de

formação de professores do ensino secundário de Cabo Verde.

79

• Curso intensivo nos domínios da petrologia ígnea e vulcanismo

de Cabo Verde (Instituto Nacional de Investigação Tecnológica

de Cabo Verde)

• Metodologia de análise de rochas sedimentares ao Director do

Departamento de Geologia da Universidade Eduardo Mondlane,

de Moçambique.

• Desenho cartográfico aplicado à geologia a técnicos da Guiné-

Bissau.

• Informática aplicada à geologia e criação e utilização de bases de

dados geológicos ao chefe do departamento de geologia da

Universidade Agostinho Neto, em Angola, e a técnicos superiores

de Moçambique e Guiné-Bissau.

• Instalação e curso intensivo sobre a utilização do sistema BDRI

(criado no CG) na DNGM de Moçambique.

• Estágio sobre trabalhos de gabinete relacionados com a

cartografia geológica (análise de fotografia aérea, petrografia,

síntese de dados) a técnicos superiores de São Tomé e Príncipe.

Entre as publicações mais relevantes do centro incluem-se naturalmente as

cartas geológicas que constituem a base do conhecimento geológico das

regiões tropicais e que resultam de um trabalho de campo e de uma

investigação muito intensos e aprofundados. E entre estas cartas salientam-se

aqui a Carta Geológica da Ilha de S. Nicolau, Cabo Verde, na escala 1:50 000,

elaborada em 1983, a Carta Geológica da Ilha do Sal na escala 1: 25 000

terminada em 1990 e a Carta Geológica das erupções históricas da Ilha do

Fogo em 1997.

Muitos investigadores contribuíram para o êxito da missão do CG, mas o Prof

Ricardo Quadrado, catedrático jubilado e seu último dirigente, destaca a acção

de:

- Luís Celestino Silva, profundo conhecedor da geologia das ilhas de Cabo

Verde, tendo publicado numerosos trabalhos sobre a geologia, a petrologia e a

80

mineralogia destas ilhas, sendo de destacar a divulgação da primeira

ocorrência de carbonatitos extrusivos em ambiente oceânico na revista Nature;

- Maria de Lourdes Ubaldo, micropaleontóloga que desenvolveu, com Arménio

Tavares Rocha, estudos relevantes sobre foraminíferos da orla costeira de

Angola e do Canal de Moçambique.

- Heitor Figueiredo de Carvalho, que trouxe para o IICT o seu conhecimento da

geologia de Angola, publicando a Carta Geológica na escala de 1:1.000.000,

dedicando-se também à geologia da Guiné-Bissau desde 1981 e

desenvolvendo, a partir de 1991, um Projecto com o objectivo de publicar a

carta geológica deste país (ainda em curso no IICT).

- Rui do Socorro Afonso, responsável pela continuidade no IICT dos trabalhos

sobre a geologia de Moçambique, publicando diversos livros e artigos, tendo

estado ligado ao projecto que inclui a edição da Carta Geológica de São Tomé

e Príncipe (ainda em curso no IICT).

Ao Centro de Cristalografia e Mineralogia (CCM, com o número 2 na primeira

coluna do Quadro 1 acima), dirigido pela responsável pelo programa TER, está

cometida a realização de estudos mineralógicos regionais, nomeadamente

para apoio à cartografia geológica das regiões tropicais, competindo-lhe ainda

promover a investigação e o desenvolvimento experimental (I&D) nas áreas da

cristalografia e da mineralogia. Os domínios de investigação principal

abrangeram a classificação estrutural dos minerais, as relações

composição/estrutura/propriedades em minerais e materiais, os processos de

alteração mineral relacionados com a pressão do meio ambiente, a

caracterização de materiais culturais e arqueológicos com vista à sua

conservação e restauro, a análise química e a análise de fases baseadas em

técnicas de raios X.

Salienta-se que o CCM é uma das unidades do IICT com importante infra-

estrutura instrumental que dispôs do primeiro espectrómetro automatizado de

fluorescência X instalado no país (1980) e ainda hoje em funcionamento.

81

A cooperação com os países lusófonos, e outros do Continente Africano,

consistiu na oferta de estágios de longa duração dirigidos a universitários,

visando o aperfeiçoamento em metodologias instrumentais de análise

mineralógica e a realização de investigação aplicada - três docentes da

Universidade Eduardo Mondlane, Maputo/Moçambique, um assistente da

Universidade Agostinho Neto, Luanda/Angola, e um professor titular da

Universidade de Harare, no Zimbabwe.

Além desta forma directa de cooperação, o CCM conduziu acções

vocacionadas para o conhecimento daqueles países, desenvolvendo estudos

aplicados a minerais de interesse económico – caso dos niobotantalatos do

Alto Ligonha, Moçambique – e minerais de particular relevância científica pela

sua singularidade – caso da zirconolite, pela primeira vez assinalada em

carbonatitos de Cabo Verde.

Todos estes estudos deram lugar a um conjunto de artigos publicados pelo

CCM entre 1983 e 2003, tanto em revistas nacionais (particularmente Garcia

de Orta), como internacionais. A colaboração científica do CCM com

Laboratórios do Estado (ITN, INETI, LNEC em Lisboa, IGM no Porto) e com

outras Instituições nacionais (MNA, em Lisboa, e CECRA, nos Açores) e

internacionais (UAB, Barcelona/Espanha, ICCROM, Roma/Itália, INP,

Tunis/Tunísia) foi particularmente intensa na década de 90 através de projectos

de investigação com financiamento externo, quer nacionais – PRAXIS XXI/2/2.1

nas áreas de História (HIS/13/94) e de Ciências Sociais e Humanas

(CSH/254/95), orientados, respectivamente, para o estudo de painéis

azulejares antigos (1995-1997) e para a caracterização do estado de

degradação de rochas vulcânicas usadas em monumentos das ilhas dos

Açores e definição de possíveis estratégias de conservação (1997-1999) – quer

internacionais (UE) – GRANITIX (programa STEP, 1990-1994) sobre os

mecanismos de degradação de rochas graníticas nos monumentos megalíticos

da Península Ibérica; MERWAS (programa ENVIRONMENT, 1996-1999) sobre

o tratamento de lamas industriais e de materiais perigosos contendo mercúrio;

82

Rede MARCO (programa CONNECT, 1999-2001), na área educacional, e

Acção Concertada (programa INCO-MED, 1998-2001), sobre conservação e

restauro de monumentos históricos integrando a herança cultural comum da

bacia do Mediterrâneo. Merece referência especial a participação no projecto

interdisciplinar dedicado ao estudo dos factores de degradação de solos em

Cabo Verde, financiado pela FCT (programa ARIP-IPI, 1999-2003).

Decorreram neste período várias provas públicas no âmbito da carreira de

investigação: o primeiro concurso para investigador coordenador (Maria Ondina

Figueiredo, 1987, que posteriormente se apresentou a provas de Agregação à

Universidade Técnica de Lisboa), provas para assistente (Isabel Ribeiro da

Costa,1990) e para investigador auxiliar (Teresa Pereira da Silva, 1999, com

uma dissertação intitulada “Mineroquímica das incrustações e dos sublimados

fumarólicos do vulcão da Ilha do Fogo”, Cabo Verde, baseada no estudo de

materiais recolhidos após a erupção de 1995). A colaboração com

Universidades estruturou-se sobretudo em duas vertentes: orientação científica

de doutoramentos e a docência regular a título gracioso pela responsável na

UNL (Departamento de Ciência dos Materiais da FCT), na Universidade

Técnica de Lisboa (Departamento de Engenharia de Minas do IST/UTL) e na

Universidade de Évora (Departamento de Geociências).

Dois aspectos da actividade realizada neste período merecem aqui um

destaque especial. São eles:

- a edição internacional de três livros da autoria do Doutor José Lima de Faria;

- a implementação de um grupo de investigação pluridisciplinar com geometria

humana variável, realizando regularmente experiências em sincrotrões

europeus (suporte financeiro da UE), coordenado pela Doutora Maria Ondina

Figueiredo e integrando investigadores do IICT e de outros Institutos e

Universidades, nacionais e não só. Esta actividade do CCM contribuiu

decisivamente para a adesão de Portugal ao ESRF (European Synchrotron Research Facility) e deu lugar a estudos inovadores sobre geomateriais de

regiões tropicais, designadamente, minerais e solos de Cabo Verde.

83

Salienta-se ainda a extensa actividade desenvolvida neste período pelo Doutor

J. Lima de Faria como Director do Departamento de Ciências da Terra, bem

como no âmbito da União Internacional de Cristalografia IUCr), integrando

uma comissão científica, e representando Portugal na Associação Europeia de Cristalografia (ECA) desde a sua criação, em 1973 até 1997, data em que

decorreu em Lisboa o 17º Encontro Europeu de Cristalografia (ECM-17), de

cuja comissão organizadora fez também parte um outro investigador do IICT,

Maria Ondina Figueiredo.

(

O Prof. Doutor Ilídio do Amaral, catedrático aposentado da Universidade de

Lisboa, e o Investigador Auxiliar, Fernando Lagos Costa integram o Centro de

Geografia (CGeog, com o número 3 na primeira coluna do Quadro 1 acima),

que o primeiro dirigiu longos anos e cujas competências atribuídas pelo

Decreto-Lei n.º 160/83 incluíam:

promover e incentivar actividades de investigação e tratamento de dados

que contribuam para aumentar o conhecimento geográfico e regional

das áreas tropicais;

assegurar a conveniente divulgação de informação sobre aspectos

geográficos das regiões tropicais;

manter devidamente organizados ficheiros e colecções de documentos

geográficos;

promover actividades de desenvolvimento experimental no âmbito da

geografia;

desenvolver actividades de intercâmbio científico.

Foi assim que os estudos geográficos, quer de geografia física, quer de

geografia humana, contemplando os diversos domínios no interior destes

ramos e as suas complexas inter-relações, gozam do privilégio de uma já longa

tradição e antecedem de muitos anos o início das actividades do Cgeog em

1984. Na sequência destas pesquisas criaram-se linhas de investigação nas

décadas seguintes sobre vários domínios da Geografia Física e Humana das

84

quais foram editadas várias obras sobre África em geral, Angola, Cabo Verde e

Moçambique. Dos 180 trabalhos publicados no período de 1983 a 2003 pelos

colaboradores do Centro de Geografia, cerca de uma centena são da autoria

de Ilídio do Amaral. Destacam-se os seguintes aspectos:

- Geografia Histórica de África - Estudos que incidiram em aspectos histórico-

políticos, nomeadamente da definição de fronteiras, estados e nações de

África, em geral, e de Angola, em particular. Foram publicados vários artigos e

quatro livros, três dos quais dedicados a aspectos geográficos da história de

Angola dos séculos XV a XVII, alguns deles mereceram prémios e referências

elogiosas de especialistas estrangeiros.

- Geomorfologia de Angola - Conhecimento de grandes aplanações e suas

géneses, de formas de inselberg e de relevos calcários, de processos e formas

de meteorização das rochas, de acumulações arenosas eólicas e de processos

de vulnerabilidade e risco associados à dinâmica de vertentes. Foram

publicados dois relatórios, cinco artigos, foram apresentadas várias

comunicações a congressos nacionais e internacionais. Encontra-se a

aguardar publicação o 1º volume de uma Geografia de Angola, justamente

dedicado a estudos geomorfológicos.

- Geografia Urbana de Angola - Pesquisas sobre crescimento urbano, a

morfologia e a estrutura funcional de cidades, em particular de Luanda. Foram

publicados três artigos e uma bibliografia geográfica de Luanda e proferidas

várias comunicações.

- Geografia Geral de Cabo Verde - Elaboração de monografias geográficas de

ilhas de Cabo Verde. Depois de A ilha do Fogo e suas erupções (Orlando

Ribeiro) e Santiago de Cabo Verde. A Terra e os Homens (Ilídio do Amaral),

estão reunidos materiais para a elaboração da primeira monografia geográfica

científica de Santo Antão, segunda ilha mais importante do País.

- Aspectos Bioclimáticos de Cabo Verde - Avaliação das características e

mecanismos climáticos do arquipélago, aspectos da sua evolução recente e

impactos nas actividades humanas; análise da distribuição espaço-temporal da

precipitação, em abordagens hidro-climáticas e bioclimáticas; e análise da

estrutura da atmosfera, dos mecanismos de circulação e de tipos de tempo

85

durante a estação das chuvas. A cargo de Ezequiel Correia foram publicados

uma tese de mestrado, cinco artigos e apresentadas quatro comunicações

orais em congressos internacionais.

- Dinâmica Quaternária e Processos Erosivos naIilha de Santiago (Cabo Verde) - Estudo das formas, dos depósitos e da dinâmica de fundos de vale,

quaternários e actuais, da autoria de Fernando Lagos Costa, com vista à

definição dos riscos naturais (processos erosivos, dinâmica de vertentes e

cheias rápidas), à exploração de recursos hídricos, ao estabelecimento de

medidas práticas aplicáveis em instalação de dispositivos de Conservação de

Solos e Águas e à avaliação de impactos das acções antrópicas no balanço

sedimentação/erosão. Foi publicada uma dissertação equivalente a

doutoramento, seis artigos e foram apresentadas outras tantas comunicações

a congressos nacionais e internacionais, orais e em painel.

- Consequências Geográficas e Riscos Associados à Erupção de 1995 na Ilha do Fogo (Cabo Verde) - Análise de impactos geográficos da erupção.

Identificação de factores e áreas de risco vulcânico, da responsabilidade de

Ezequiel Correia e Fernando Lagos Costa. Publicaram-se dez artigos,

apresentaram-se oito comunicações orais e em painel em encontros nacionais

e congressos internacionais, realizaram-se seis exposições, proferiram-se três

conferências a convite e colaborou-se na organização de dois simpósios

internacionais.

- Geografia Urbana (Cabo Verde) - Trabalhos desenvolvidos na década de 90

sobre a evolução da cidade da Praia, problemas de urbanização e habitação e

características dos alojamentos relacionados com a expansão urbana, da

autoria de Luís Carneiro. Análise da dinâmica funcional dos núcleos históricos

da Praia e do Mindelo, ocupação e desenvolvimento do espaço urbano, a cargo

de Cristina Henriques. Foi levada a cabo uma dissertação equivalente a

mestrado e publicaram-se três artigos.

- Bibliografia Geográfica de Cabo Verde - Compilação de documentação

científica e técnica que possa contribuir para o conhecimento geográfico de

Cabo Verde. O primeiro volume, de 1995, foi elaborado por Ezequiel Correia,

António Gonçalves e Ilídio do Amaral. Nele foram tratados os documentos de

86

ciências da terra e do espaço exterior, publicados até 1987. As referências

bibliográficas são acompanhadas de comentários descritivos permitindo uma

melhor identificação dos seus conteúdos. Enriquecem o volume várias

ilustrações (gráficos, quadros estatísticos, etc.).

A Caixa 10 reproduz as principais participações em projectos pluridisciplinares

que demonstram a vitalidade que assumiu a investigação prosseguida neste

domínio científico.

Caixa 10: Projectos pluridisciplinares do Centro de Geografia

- Ordenamento Regional e Desenvolvimento Rural: Factores de Degradação e Conservação de Solos na Ilha de Santiago (Cabo Verde) – projecto iniciado sob a direcção de Ilídio do Amaral e

depois sob a coordenação da Doutora M. Ondina Figueiredo, que envolveu os centros do

Departamento de Ciências da Terra e alguns de Ciências Agrárias do Instituto de Investigação

Científica Tropical de Portugal e o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento

Agrário de Cabo Verde. Teve como objectivos compreender os factores naturais e antrópicos

com impacto na degradação e conservação dos solos, e determinar áreas de risco segundo o

seu grau de vulnerabilidade e os processos de degradação.

- Erradicação da fasciolose bovina na Ilha de Santiago - colaboração no projecto do Centro de

Zoologia do Instituto de Investigação Científica Tropical de Portugal e da Direcção–Geral de

Agricultura, Silvicultura e Pecuária de Cabo Verde, sob a coordenação da Prof. Doutora Maria

Lucília Ferreira. Visou conhecer a distribuição espacial e a variabilidade temporal das

condições hídrica, bio e edafoclimáticas dos ecossistemas aquáticos onde se desenvolvem os

hospedeiros intermediários dos parasitas Fasciola gigantica e Schistosoma bovis, por forma a

prvenir a transmissão aos animais domésticos e ao Homem, e, consequentemente, a minorar

os prejuízos económicos de produção animal. - Bases para o planeamento agro-ecológico e uso agrário sustentável da terra em Angola-

colaboração no projecto a desenvolver nos centros de Geografia, Geologia, Botânica e de

Estudos de Pedologia e Estudos de Produção e Tecnologia Agrícolas do Instituto de

Investigação Científica Tropical de Portugal, no Instituto Superior de Agronomia de Portugal e

no Instituto de Investigação Agrária de Angola.

Os colaboradores do CGeog participaram em numerosos congressos e outras

reuniões, nacionais e internacionais no país e no estrangeiro nomeadamente

em Itália, Espanha, França, Brasil, Angola e Cabo Verde, alguns deles a

convite das respectivas organizações. Também visitaram instituições em vários

países tais como Cabo Verde, Guiné-Bissau, Senegal, Angola, Moçambique,

87

Brasil, Macau, Itália, Espanha, França, etc., com o objectivo do

estabelecimento de relações científicas.

Referência especial tiveram a publicação de resultados das observações

realizadas durante a erupção recente na ilha do Fogo e a realização de várias

exposições, conferências e seminários de que se salienta a colaboração na

organização de dois Simpósios Internacionais sobre A Erupção Vulcânica de 1995 na Ilha do Fogo, Cabo Verde, em 1996 em Lisboa, e 1997 em S. Filipe,

Ilha do Fogo, Cabo Verde. Do primeiro foi publicado um livro de actas das

comunicações e palestras proferidas.

Organização da exposição Timor Lorosae. A Terra e os Homens: documentos científicos do Instituto de Investigação Científica Tropical. No evento que

decorreu em Nov.-Dez. de 1999 na Sociedade de Geografia, em Lisboa

colaboraram todos os centros do IICT. O financiamento proveio da Comissão

para o Apoio à Transição em Timor Leste, tendo sido preparado um catálogo

especial cuja forma definitiva, da autoria da Ana Amaral está publicada no

número de 2002 de Garcia de Orta. Série de Geografia.

No que se refere à formação desempenhou o CGeog uma intensa actividade

de orientação e apoio à formação científica e pedagógica de mestrandos e

doutorandos de geografia e ciências afins tendo como objecto de estudo os

países afro-lusófonos e Timor.

O CGeog recebeu e deu apoio a estudantes de várias escolas universitárias,

mestrandos e doutorandos nacionais e de igual modo estrangeiros (além de

oriundos dos países afro-lusófonos e Timor, outros da Espanha, França, Itália,

Alemanha e mais alguns). Entre os bolseiros estrangeiros contam-se um

angolano em curso de formação avançada em domínios da geografia física e

uma cabo-verdiana, mestranda do curso de geografia da Universidade de

Lisboa, em domínios da geografia urbana.

88

Os colaboradores do CGeog apoiaram a criação e desenvolvimento do curso

de Geografia (Bacharelato) da Escola de Formação de Professores do Ensino

Secundário de Cabo Verde, actual Instituto Superior de Educação, na Praia,

orientando várias disciplinas do curso, para as quais prepararam os respectivos

materiais pedagógicos, e leccionando em algumas delas. No primeiro curso

matricularam-se quinze alunos, doze de Cabo Verde dois de S. Tomé e

Príncipe e uma de Portugal casada com um cooperante português. A qualidade

da cooperação prestada foi elogiosamente reconhecida por dois ministros da

Educação daquele país.

Em complemento de toda a actividade de investigação e na prossecução de

competências do CGeog foram divulgados ficheiros sobre matérias das

Regiões Tropicais. Relativamente às colecções cartográficas existentes no

Centro foram preparados folhetos policopiados, dos quais têm tirado partido

investigadores e organizações nacionais e estrangeiras. Repete-se aqui a

informação sobre a Bibliografia Geográfica de Cabo Verde da qual está em

preparação o segundo volume Para além disto tem havido a preocupação de

divulgar documentos, sendo de destacar vários artigos, publicados em Garcia

de Orta. Série de Geografia, e dois volumes de dados bibliográficos (livros,

revistas, artigos de revistas), da responsabilidade de Ana Amaral, que também

deu a conhecer naquela revista a experiências de cartografia temática

computorizada. Foram elaborados vários documentos de divulgação das

actividades e publicações dos colaboradores do CGeog, bem como boletins de

cartografia e estatísticas, da responsabilidade de Fernando Lagos Costa,

visando a organização da mapoteca.

Parte III – Departamento de Ciências Humanas

O Departamento de Ciências Humanas (DCH), dirigido pela Doutora Ângela

Domingues, investigadora auxiliar, resultou da fusão de dois Departamentos,

que englobavam 6 Centros (incluindo o AHU que passou para outra chefia),

89

actualmente envolvidos em 7 projectos que se distribuem por 3 programas, nos

termos indicados no Quadro 9. DES é um programa, orientado pelo Presidente

do IICT, que dá seguimento, dentro de um âmbito interdisciplinar, às

actividades do Centro de Sócio-Economia, sucedendo ao projecto de parcerias

público-privadas lusófonas iniciado no Centro de Desenvolvimento da OCDE. O

seu objectivo principal resulta da necessidade de se encontrar uma perspectiva

lusófona sobre temas globais que permita obter também uma dimensão própria

no acompanhamento dos “Objectivos do Milénio”.

QUADRO 9 – CORRESPONDÊNCIA ENTRE 7 PROJECTOS DO DCH E 7

ANTIGOS CENTROS NO PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2005 DES

HIST 1

HIST 2

HIST 3

HIST 4

SOC 1

SOC 2

19.CSE

17.CEHCA

9.CA

18.CPHA

20.CEAA

22.CACS

23.CEU

O DCH deverá integrar áreas de actividades científicas especializadas com

uma geometria variável. A flexibilidade no funcionamento nas áreas de

actividades permitirá a criação de equipas multidisciplinares que se adaptem às

linhas de actividades traçadas no quadro dos planos anuais e pluri-anuais do

IICT e devem corresponder a áreas de excelência, compreendendo todas as

competências existentes actualmente, tendo em atenção a especialização dos

respectivos investigadores. A coordenação transversal de investigadores e

técnicos superiores, acrescida da agregação de novos elementos, permitirão

ainda uma gradual actualização e adaptação a novas linhas de actividade. Dada a

sua natureza interdisciplinar e o propósito de o autonomizar como centro em

2006, começa-se pelo projecto Desenvolvimento Global.

90

6. Desenvolvimento Global (DES)

Um dos projectos do DES deriva do Contrato de Prestação de Serviços com a

ELO (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação), instituição que integra o novo Conselho de Orientação do IICT,

procura desencadear o acesso a financiamentos com origem multilateral.

Divide-se em seis semestres, devendo ao fim de cada um avaliar-se se existem

condições, financeiras e outras, para a sua continuação. A primeira avaliação

decorreu em 1 de Abril de 2005, tendo dado origem a uma publicação muito

apreciada. Contudo, a ELO decidiu suspender o projecto para se concentrar na

criação de uma entidade financiadora do desenvolvimento.

Também são de mencionar o Convénio assinado com o Conselho Empresarial

da CPLP, ao promover a chamada cooperação empresarial baseada no

conhecimento, a realização de uma conferência em Luanda, ou ainda a

presença do Primeiro Ministro de Cabo Verde que visitou o IICT durante a sua

visita oficial a Portugal em Novembro de 2004.

A conferência de Luanda, subordinada ao tema inovador “Parcerias Público-Privadas e integração económica na África Austral” foi ainda acompanhada da

realização, naquela cidade, de uma exposição de livros científicos do IICT,

tendo igualmente proporcionado a publicação de uma obra em que o tema é

debatido com profundidade e que reflecte as comunicações aí apresentadas.

Todas estas iniciativas procuram também contrariar o desinteresse por África

nos meios científicos que se tem vindo a agravar. Deu ainda lugar à única

publicação do IICT em 2004, financiada conjuntamente com a Universidade

Católica de Angola, e cuja 2ª edição, com prefácio do Secretário Executivo da

CPLP foi publicada em 2005 [6].

A área da sócio-economia esteve entregue ao Prof. Doutor Vasco Fortuna,

catedrático do IST, que chefiara a antiga Missão de Estudos do Rendimento

91

Nacional do Ultramar até se reformar em 1982. Em Outubro de 1985, foi

nomeado para dirigir o Centro de Sócio-Economia (CSE, com o número 19 na

primeira coluna do Quadro 1 acima o Prof. Doutor Jorge Braga de Macedo,

professor associado da Faculdade de Economia da UNL que procurou

intensificar as missões de cooperação científica com os países lusófonos.

Diversos projectos foram apresentados e concretizados, revelando como eixo

transversal, presente em todas as iniciativas empreendidas, a importância da

lusofonia.

De entre as múltiplas acções desenvolvidas pelo centro, será de referir aqui um

projecto de “Modelização Macroeconómica na Guiné-Bissau” que foi

patrocinado pelo PNUD, tendo-se-lhe seguido outra dessas modelizações para

S. Tomé, no âmbito de uma missão conjunta com o Banco de Portugal.

O CSE foi também encarregado de um estudo sobre a história económica de

Angola, tendo participado na primeira missão do Banco Mundial àquele país e

colaborado intensamente em questões relacionadas com a política cambial.

Outros estudos e projectos sobre “arranjos monetários” com a Guiné-Bissau e

S. Tomé e Príncipe foram igualmente abordados pelo CSE, bem como a

exploração de possibilidades de cooperação com o Zaire.

A preparação de uma conferência internacional sobre “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento em África: Teoria, Ideologias, Políticas e Processos”,

realizada em Novembro de 1987, em que participaram outros centros de

estudos africanos, constitui outra das acções levadas a cabo pelo responsável

e que muito contribuiu para apelar à necessidade de incrementar a

pluridisciplinaridade na investigação sobre África.

Mais recentemente, e correspondendo às exigências impostas pelo acelerar do

desenvolvimento africano, tem o CSE vindo a implementar uma série de

acções e de projectos sobre “parcerias público-privadas” (PPP). O novo

paradigma do desenvolvimento baseado na responsabilização mútua dos

92

governos relativamente aos objectivos da erradicação da pobreza,

consubstanciado no chamado Consenso de Monterrey, apela à formulação de

novos modelos de crescimento que permitam a implementação rápida dos

objectivos contidos no Novo Partenariado para o Desenvolvimento de África (NEPAD – New Partnership for Africa Development) que foi proposto por cinco

Chefes de Estado africanos, em Outubro de 2001, e que deve promover a

supervisão multilateral voluntária entre todos os países africanos, baseada na

pressão dos pares.

No projecto do antigo Departamento de Ciências Históricas, Económicas e

Sociológicas, o CSE ficou responsável pelo subprojecto “Do sistema colonial à comunidade lusófona: vertente socioeconómica”, que prosseguiu o programa

lusófono do Centro de Desenvolvimento da OECD.

Foi neste enquadramento que em 2002 veio a implementar um projecto piloto

em Moçambique que incluiu um seminário em Maputo, onde se apresentou um

indicador compósito da actividade económica (ICAE), assim como foram

estudados esquemas de financiamento inovadores, que em muito poderão vir a

contribuir para o desenvolvimento destes países. Uma maior co-

responsabilização, onde a cooperação empresarial e as relações entre os

parceiros sociais e a sociedade civil se venham a assumir como motores do

desenvolvimento constituem um eixo importante e estruturante de todos estes

projectos.

Desta experiência piloto realizada em Moçambique têm surgido oportunidades

para a elaboração deste tipo de estudos em outras áreas e, para além do

projecto “Parcerias Público-Privadas Lusófonas”, destinado a “melhorar o

ambiente para a actividade dos sectores privados nacionais e criar a confiança

entre todos os parceiros e financiadores dos países Africanos Lusófonos”, que

se desenrolou entre 2000 e 2003, foi também implementado o projecto

“Parcerias Público-Privadas Luso-Chinesas”, patrocinado pela Autoridade

Monetária de Macau.

93

7. História e Cartografia (HIST)

O programa HIST procura desenvolver um extenso projecto “Memória Histórica e representação cartográfica dos Espaços Lusófonos, Instrumentos para a construção de Identidades nacionais (Secs. XV-XXI)”, cujo objectivo é o de:

• Contribuir para a compreensão do processo de globalização

económica social e cultural, de acordo com o modelo ocidental, em

África, Ásia e no Brasil, através das abordagens histórica,

antropológica, sociológica, geográfica e da ecologia humana

articuladas numa ampla perspectiva diacrónica e sincrónica, tendo

em conta a construção de identidades nos aspectos sociais,

culturais e religiosos, assim como o desenvolvimento das

sociedades dos novos países das regiões tropicais em particular

dos países da CPLP.

• Pretende-se rendibilizar a vivência africana de longa duração, cuja

marca permanece ainda hoje, e a experiência colonial de curta

duração e forte impacto, que, por sua vez, determinou novos

hábitos e outras relações preferenciais. A pressão colonial

submergiu os traços da ocupação anterior do espaço ao submetê-

la aos instrumentos do poder externo, mas registou através da

cartografia e da escrita as realidades pré-existentes.

• O estudo da sequência de ambas as acções pode contribuir para a

melhor compreensão histórica e domínio mais amplo das questões

actuais que se põem aos novos países de língua oficial

portuguesa.

• A integração de investigadores destes países, nos projectos é

considerada uma peça essencial para um melhor conhecimento

das problemáticas do presente e uma mais vasta perspectiva na

análise crítica dos documentos escritos, dos espécimes

cartográficos e dos depoimentos orais.

94

Este programa desenvolve-se através de 4 projectos:

HIST 1 – Espaços Insulares e Sociedades Crioulas: exercícios de

História Comparada

HIST 2 – Poderes e Saberes das Sociedades e Culturas em

Presença

HIST 3 – Cartografia, Política e Territórios Coloniais

HIST 4 – História Viva – Identidades em Construção (projecto

interdepartamental)

O interesse manifestado pela história da ciência dos descobrimentos marítimos

e das explorações terrestres nos espaços tropicais, desde cedo motivou os

investigadores do IICT, dando continuidade ao levantamento documental com

vista à inventariação, análise e interpretação da cartografia portuguesa e

estrangeira referente às ex-colónias portuguesas. Iniciada essa pesquisa

documental sob a coordenação e orientação do Vice-Almirante Teixeira da

Mota, viria a partir de 1982 a ser da responsabilidade do Professor Luís de

Albuquerque e a partir de 1987 da investigadora coordenadora do IICT, Maria

Emília Madeira Santos.

Tratou-se de uma obra importante de investigação documental abrangendo

toda a África ao sul do Sahara e que motivou a publicação de inúmeras obras

de referência que ainda hoje constituem marcos relevantes na história do IICT.

Emerge, deste modo, no Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga

(CEHCA, com o número 17 na primeira coluna do Quadro 1 acima) uma

intensa actividade científica traduzida em múltiplas vertentes que incluem, para

além da realização de projectos de investigação, a realização de reuniões

internacionais, acções de cooperação, exposições, acções de formação e

publicações que aqui se resumem.

No âmbito da divulgação há a referenciar, desde logo, a organização da

exposição - As Fronteiras de África, que teve lugar em Lisboa, na Cordoaria

Nacional em 1996. Organizada em colaboração com a Comissão Nacional

95

para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, foi comissariada pela

responsável. Alguns dos trabalhos concretizados obtiveram um elevado

reconhecimento correspondente ao mérito que evidenciaram. Foi o caso dos

seguintes:

• Fundação Calouste Gulbenkian, atribuído à obra de Maria Emília

Madeira Santos Viagens de um Portuense em África. 1987.

• Boa Esperança (Menção Honrosa) atribuído pela JNICT ao II volume

da História Geral de Cabo Verde, 1995.

• Baltazar Lopes da Silva, atribuído pela Associação de Escritores

Cabo-Verdianos ao I e II volumes da História Geral de Cabo Verde, 1998.

No que se refere à formação foram realizadas 12 provas de progressão na

carreira de investigação científica e de doutoramento dos investigadores do

Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga que se listam em anexo e

respeitantes ao período de 1983 a 2003.

No período em referência estabeleceram-se inúmeras relações com

instituições congéneres de que se dá conta na Caixa 11 e que evidenciam um

largo espectro de actuação e de aprofundamento científico.

Caixa 11: Relações estabelecidas pelo Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga com

instituições congéneres

Academia das Ciências; Sociedade de Geografia de Lisboa; Centro de História de Além Mar

da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Centro de

Estudos de História de África da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa;

Centro de Estudos de História de África da Faculdade de Letras do Porto; Departamento de

Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Centre de Recherches Africaines

de Paris; Centro de Estudos Africanos da Universidade de Lovaina, Bélgica; Musée Royale de

Tervuren, Bélgica; Arquivo Histórico de Moçambique; Departamento de História da

Universidade Eduardo Mondlane; Arquivo Histórico de Angola; Universidade Agostinho Neto,

Luanda; Fundação Oriente; Instituto de Investigação do Património e Cultura de Cabo Verde;

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Guiné; CICIBA, Gabão; IFAN, Senegal; Comissão

Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses; Academia Portuguesa de

História; Academia de Marinha; UNESCO, preparação da História Cultural de África, vol. IV e A

96

Rota dos Escravos; Centro de História de África da Universidade de S. Paulo; Fundação

Portugal-África; Centro de estudos de História do Atlântico, Madeira.; Serviço de

Documentação da Marinha, Rio de Janeiro.

- Dos projectos desenvolvidos destacam-se aqui os seguintes, pela

importância e relevância das actividades que configuraram:

A História Geral de Cabo Verde constitui um projecto bem sucedido na política

de cooperação científica entre Portugal e Cabo Verde. Os governos dos dois

países acordaram em 1986 num processo de execução confiado ao IICT e

cometido ao CEHCA, onde os trabalhos se iniciaram em 1987. Trata-se de um

projecto pioneiro a nível nacional e mesmo europeu. A nível humano a

coordenação de sinergias e valências foi encontrada através da formação de

uma equipa mista de investigadores caboverdianos e portugueses. O projecto

teve como resultados a publicação dos 3 volumes da História Geral de Cabo Verde, 2 volumes de Corpo Documental, 6 dissertações (2 para efeitos de

provas de acesso à categoria de assistente de investigação, 2 dissertações de

mestrado, 2 de provas de acesso à categoria de Investigador Auxiliar) e cerca

de duas dezenas de monografias, artigos científicos em obras colectivas e

publicações periódicas nacionais e estrangeiras e comunicações a colóquios

realizados em Portugal e a nível internacional.

O projecto de “Edição Crítica e Anotada de Fontes da África e da Ásia” tem

por objectivo geral a edição crítica e anotada de fontes documentais

portuguesas sobre África e Ásia, com base numa metodologia rigorosa de

transcrição paleográfica. Pretende-se disponibilizar estas fontes de arquivo a

um público especialista em história das regiões tropicais, por via da anotação

da informação única contida nessas fontes e da contextualização das mesmas.

Recentemente, este projecto foi alargado à novas tecnologias de informação,

com uma nova linha de acção que visa editar em CD-ROM uma colecção de

publicações do CEHCA, com pesquisa em texto livre e sua futura

disponibilização on-line Este projecto teve como resultado a publicação de

mais de dez volumes, divididos entre documentação da Costa Ocidental

97

Africana para o século XVI (5 volumes da Portugaliae Monumenta Africana),

Geografia do Oriente nos inícios do século XVI (2 volumes de O Livro de Duarte Barbosa), de Angola na 1.ª metade do século XIX (Viagens e Apontamentos de um Portuense em África. Diário de António Ferreira da Silva Porto).

O projecto “Cartografia, política e territórios coloniais. comissão de cartografia (1883-

1936): um registo patrimonial para a compreensão histórica dos problemas

actuais”, multidisciplinar, financiado pela FCT, visa identificar, descrever e

contextualizar todo o espólio cartográfico da Comissão de Cartografia,

instituição oficial portuguesa produtora de mapas sobre os territórios

ultramarinos de África, da Ásia e da Oceânia. Pretende-se compulsar os

diferentes arquivos onde se encontram os mapas no sentido de lhes dar um

estatuto de fontes para a história das sociedades lusófonas. A análise e

interpretação desses documentos permitiu já a elaboração de alguns estudos

no âmbito da História de África e da Geografia Histórica, tendo os seus

investigadores participado em reuniões científicas em Portugal (Faculdade de

Letras do Porto) e no estrangeiro (Biblioteca Nacional de Paris; Universidade

de Bérgamo; Sevilha; Maputo – IV Reunião Internacional de História de África),

para além de estarem em curso quatro teses de mestrado no âmbito do

projecto. Em paralelo foi digitalizada uma parte muito significativa da

documentação do “Arquivo das Fronteiras” e as cartas relativas à fronteira do

Estado Independente do Congo com Angola existentes no Archive des Affaires

Étrangeres, em Bruxelas, encontrando-se já digitalizada e introduzida em base

de dados toda a cartografia manuscrita existente na Cartoteca do CEHCA, a

qual foi sujeita também a um processo de correcção e adição de elementos de

catalogação física. Foi ainda realizada em 2004 uma Mesa Redonda intitulada

“Para a História da Ciência: Memórias dos Engenheiros Geógrafos da

JIU/IICT”.

O projecto “poderes e instituições nas regiões tropicais de influência

portuguesa. processos de transferência e adaptação, conflito e integração”

98

estudou os processos de funcionamento do poder através das instituições

coloniais face aos poderes locais e instituições africanas e asiáticas e seu

refluxo. Esclarecer as semelhanças e diversidades nos processos de formação

das sociedades lusófonas através da interacção dos poderes nas áreas

administrativa, económica, militar e religiosa. Este projecto, iniciado em 1995 e

que se conclui no presente ano de 2005, envolveu um leque alargado de

investigadores trabalhando sobre realidades muito dilatadas no espaço e no

tempo, ou seja, das ilhas atlânticas (Madeira, Cabo Verde) ao Extremo Oriente

(Indonésia, China), e dos primórdios da expansão portuguesa no século XV às

vésperas do Estado Novo. Deste projecto, quase concluído, resultaram

inúmeras acções, nomeadamente a publicação de 25 artigos e 4 livros, além

de 2 dissertações, ainda inéditas, apresentadas como provas de aptidão

científica para acesso à categoria de investigador auxiliar, e 2 teses de

doutoramento, bem como de um Programa de investigação apresentado como

provas de habilitação à categoria de investigador coordenador. Cerca de uma

dezena de artigos aguarda ainda publicação, assim como as Actas de um

colóquio/mesa redonda.

A vertente histórica do projecto inter-disciplinar “memórias comuns e seu

impacto: dos circuitos esclavagistas às comunidades lusófonas” beneficiou das

sinergias com os projectos “Relação Europa-África-América”, “Poderes e

Instituições nas Regiões Tropicais de Influência Portuguesa” do CEHCA e o

projecto “Propriedades Fundiárias no Ultramar Português” do CPHA do IICT,

de que resultaram duas teses de Doutoramento. Da vertente sócio-económica,

já referida, resultou a publicação de cinco artigos e de um livro (Jorge Braga de

Macedo, José Adelino Maltez e Mendo Castro Henriques, Bem Comum dos

Portugueses, Lisboa, Vega, 1999), parcialmente financiada pelo IICT.

O projecto “a relação Europa/África/América. dinâmica da abertura da África ao mundo exterior” estuda a relação civilizacional e cultural que construiu a África

e o mundo atlântico de hoje assim como refluiu na Europa actual. Este projecto

foi iniciado em 1995. A equipa de investigação tem uma forte componente de

99

investigadores de países africanos da lusofonia. Entre os eixos de ligação

avulta o estudo do comércio do tráfico de escravos e a consequente

articulação dos dois impérios ibéricos, o das relações entre o interland e o

litoral africanos, bem como o percurso das plantas entre os três continentes.

As novas temáticas historiográficas conduziram a uma nova abordagem desta

relação intercontinental, nomeadamente ao estudo da construção da memória

africana, da utilização da escrita pelos africanos, bem como da emergência de

sociedades crioulas, nomeadamente nas ilhas de Cabo Verde. Este projecto

confluiu na realização da Reunião Internacional de História de África. O

colóquio internacional conta já com 4 reuniões internacionais e com a

publicação de três volumes das respectivas actas.

Além disso, resultaram deste projecto 3 dissertações de progressão na carreira

de investigação, a publicação do I volume dos Monumenta Africae bem como a

preparação do II volume da obra Viagens e Apontamentos de um Portuense em África. Diário de António Ferreira da Silva Porto; Nos caminhos de África: serventia e posse: Angola, séc. XIX. Desta linha de investigação resultou, para além disso, a participação em

diversos simpósios nacionais e internacionais e a publicação de cerca de 30

artigos científicos e capítulos de obras colectivas.

Os investigadores do CEHCA mantiveram ao longo de todos este anos uma

intensa participação em reuniões científicas, em particular a Reunião

internacional de história de África (RIHA). Em finais da década de 1980, a

historiografia africana conheceu um forte impulso em Portugal. As expectativas

entre a comunidade científica eram elevadas quanto à possibilidade e sucesso

da primeira reunião científica internacional que se realizou no período pós-

independência reunindo investigadores da antiga potência colonial e dos

jovens países africanos de expressão portuguesa. Em 1989 foi realizada em

Lisboa a I RHIA subordinada ao tema A Relação Europa-África no 3.º quartel do século XIX. Intervieram mais de 30 investigadores (portugueses, europeus,

americanos e africanos, entre os quais angolanos, moçambicanos,

100

caboverdianos e guineenses). As expectativas foram largamente superadas. A

reunião foi institucionalizada com vista à continuidade do estudo das temáticas

e foi decidido que o encontro teria lugar regularmente em Portugal, nos países

africanos de expressão portuguesa e no Brasil. Pretendia-se definir temas,

problemáticas e cronologias relevantes para a África em geral e para a África

lusófona em particular, cuja história já tinha adquirido paridade com a de outros

continentes. Em 1996, realizou-se no Brasil, Rio de Janeiro sob organização

do Centro de Estudos Africanos da Universidade de S. Paulo com a temática

geral A Dimensão Atlântica da África. Este tema saiu de uma discussão prévia

do I Encontro Inter-RHIA realizado em Lisboa em 1994 nas instalações do

CEHCA. Em 1999 teve lugar em Lisboa a III RHIA, com o tema geral A África e a Instalação do Sistema Colonial c. 1885-c.-1930). O tema resultou de uma

sondagem entre historiadores de África de reconhecido mérito científico e da

necessidade manifestada por estes de inserir a África lusófona no conjunto do

mundo colonial. A reunião atingiu a sua maioridade com a participação de c. de

70 investigadores (com comunicação, palestra ou participantes nos fóruns e

discussões) de nacionalidades tão diversas como a portuguesa, a americana,

a senegalesa, belga, moçambicana, brasileira ou italiana e bem assim

representantes de todos os países afro-lusófonos e Timor. Em 2004 realizou-

se em Moçambique a IV RHIA sob organização da Universidade Eduardo

Mondlane, Arquivo Histórico Nacional e Arquivo do Património Nacional. O

tema escolhido foi África e Dinâmicas no período colonial. A realização da V

Reunião está prevista para Cabo Verde, na cidade da Praia, em 2006.

(

Tiveram lugar outros eventos internacionais, quatro reuniões de história da náutica e da

hidrografia e dois seminários de história indo-portuguesa:

- IV Reunião, Sagres-Lagos, 1983

- VI Reunião, Sagres, 1987

- VIII Reunião, Viana do Castelo, 1994

- IX Reunião Aveiro, 1998

- II Seminário, Lisboa, 1980

- IV Seminário, Lisboa, 1986

101

Falta uma referência particular às personalidades que deixaram “história” no

CEHCA e no IICT e entre os quais os nomes de Avelino Teixeira da Mota, Luís

Guilherme Mendonça de Albuquerque e o Padre António da Silva Rego não

poderiam aqui ser esquecidos.

É este o conjunto de actividades que envolveu o CEHCA e do qual resultou

para o IICT uma obra relevante na configuração de aptidões que permitem

uma vastíssima e permanente capacidade de intervenção científica junto das

regiões tropicais, apoiada por uma ampla produção bibliográfica.

Devemos ainda aqui fazer referência ao trabalho desenvolvido pelos

investigadores que actualmente dão continuidade ao trabalho que era

efectuado pelo Centro de Antropobiologia (CA, com o número 9 na primeira

coluna do Quadro 1 acima) e que hoje se encontram integrados no DCH.

Resumindo um texto do investigador auxiliar, Vítor Rosado Marques, o CA que

anteriormente fazia parte do Departamento de Ciências Biológicas tinha como

principais competências

• proceder a estudos de antropobiologia (antropologia física, ecologia,

desenvolvimento e crescimento humanos);

• receber, classificar, conservar e estudar colecções obtidas no âmbito

dos estudos antropobiológicos.

A história do CA remonta a 1954, tendo iniciado, de facto, a sua acção em

1956, sob orientação do Prof. António de Almeida com a designação de Centro

de Estudos de Etnologia do Ultramar (CEEU). Em 1962, o CEEU seria

substituído pelo Centro de Estudos de Antropobiologia (CEA), continuando o

Prof. António de Almeida como seu Director. O CEA incluía 2 secções – a de

Antropobiologia e a de Pré-História e Arqueologia.

Realizaram-se várias missões antropológicas nas ex-colónias que permitiram

acumular um rico património cultural e científico que tem vindo, nos últimos

102

anos, a ser organizado com vista ao seu devido estudo. Para além destas

missões de que resultou naturalmente uma vasta bibliografia publicada,

desenvolveu o CA um conjunto de projectos (listagem completa em anexo) que

igualmente assinalam a dinâmica que aí se verificou ao longo deste últimos

anos, como os exemplos dados na Caixa – 12 procuram ilustrar.

Caixa 12: Projectos do Centro de Antropobiologia

- Ecologia Humana e Nutrição na Ilha de Santiago. República de Cabo Verde. – Avaliação do

estado nutricional das famílias dos concelhos da ilha de Santiago. 1982 – 1992.

Contribuição para o estudo do crescimento humano dos zero aos 15 anos, em populações de ascendência africana e europeia. – Avaliação do estado geral de crescimento e nutrição e

estabelecimento de curvas de crescimento por sexo. Determinação dos efeitos do tabagismo

no crescimento. 1989 – 1994.

- Influências Genéticas e Ambientais na Gravidez e no Período Pós-Natal em Imigrantes Africanos esidentes em Portugal. – Determinação, numa perspectiva ecológica, da influência rdas componentes ambiental e genética no processo reprodutivo, especificamente sobre as

alterações morfológicas ocorridas durante a gravidez, no desenvolvimento intra-uterino e no

período pós-natal. 1993 – 1999.

- Ultramarinos nos periódicos portugueses do século XIX. - Estudo demográfico dos

Ultramarinos da Guiné, Cabo Verde, Angola, S. Tomé e Príncipe, Moçambique, Índia, Macau,

Timor e Brasil falecidos em Lisboa, no século XIX. Definição do ambiente bio-económico e

social que caracterizava a comunidade ultramarina na Lisboa oitocentista. 1995 – 2004.

- Levantamento e classificação do material bibliográfico, audiovisual e fotográfico sobre Timor,

existente no Centro de Antropobiologia. - Classificação e caracterização de todo o material

existente no Centro de Antropobiologia, referente a Timor. Estudo Antropológico dos seus

conteúdos. 2000 – 2002.

- Estudo Nacional da Prevalência de Obesidade na Infância. Influências de factores sócio-demográficos. (Projecto financiado pelo SAPIENS). - Avaliação nacional da prevalência de

obesidade em crianças em idade escolar, por sexo. Comparação com os resultados obtidos

nos diversos países europeus envolvidos no programa europeu de obesidade infantil. O

objectivo deste projecto é determinar a influência dos factores ambientais e sociais,

nomeadamente a dieta, a actividade física e as características familiares (profissão e nível

educacional). 2002 – 2005.

Os investigadores do CA colaboraram também na organização de alguns

eventos científicos importantes como foi o caso:

103

• da exposição “Bernardo Machado – 100 Anos da Cadeira de

Antropologia da Universidade de Coimbra”, Coimbra, 1985.

• do 5th Congress of the European Anthropological Association, com a

edição das respectivas actas. Lisboa-Coimbra, 1986.

• da exposição “Timor Lorosae. A Terra e os Homens”, SGL, 1999

• da exposição “Os Negros em Portugal – Séculos XV – XIX”.

Organizada pela Comissão Nacional para a Comemoração dos

Descobrimentos Portugueses. Mosteiro dos Jerónimos, 1999-2000.

Relativamente à formação há a assinalar a realização de diversos estágios a

investigadores que pretendiam aprofundar os seus estudos na área da

Antropologia Biológica, para além de provas de progressão na carreira de

investigação de que constituem exemplos as seguintes:

• Vítor M. Rosado Marques, Uma Perspectiva Antropobiológica do Crescimento Intra-Uterino. Provas de acesso à categoria de

Assistente de Investigação, IICT - Lisboa, 1990.

• Vítor M. Rosado Marques, Gravidez na Mulher Cabo-Verdiana e Portuguesa. Diferenças genéticas ou socioeconómicas? Fecundidade. Antropometria. Crescimento no primeiro ano de vida.

Provas de acesso à categoria de Investigador Auxiliar, IICT - Lisboa,

1999.

• Maria Cristina Santos Neto, Nascer em África e Morrer em Lisboa. Percursos Ultramarinos no Século XIX. Provas de acesso à

categoria de Investigador Auxiliar, IICT - Lisboa, 2004.

O CA estabeleceu ao longo de toda a sua actividade uma extensa colaboração

com muitas instituições, entre as quais valerá a pena referir aqui:

• AAP – Associação dos Arqueólogos Portugueses

• ARS – Administração Regional de Saúde

• CLBGUM – Centro de Ciência Biológicas e Geológicas da Univ. Madeira

• CNRS – Centre National de Recherche Scientifique (Aix-en-Provence),

França

104

• EAA – European Anthropological Association

• FCUL – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

• FMHUTL – Faculdade de Motricidade Humana da Univ. Téc. Lisboa

• IAFCTUC – Instituto de Antropologia da Fac. Ciências e Tecnologia da

Universidade de Coimbra

• SGL - Sociedade de Geografia de Lisboa

• UAM – Universidade Autónoma de Madrid, Espanha

• UCM – Universidade Complutense de Madrid, Espanha

Antes de terminar esta descrição do HIST falta-nos referenciar a actividade do

Centro de Pre-História e Arqueologia (CPHA, com o número 18 na primeira

coluna do Quadro 1 acima), dirigido pelo Prof. Doutor Artur Teodoro de Matos,

catedr’atico aposentado da FCSH da UNL, cuja missão e objectivos se

encontravam sobretudo ligados à promoção e realização de:

• estudos no âmbito da pré-história e da proto-história e da geologia

do Quaternário, nomeadamente nos domínios da palentologia

humana, da paleoetnologia e paleoecologia quaternária;

• estudos e investigações arqueológicas, nomeadamente no âmbito da

arqueologia africana, oriental e americana;

• actividades de desenvolvimento experimental com vista ao

estabelecimento de novos processos e sistemas de pesquisa

arqueológica e quartenária;

• um banco de dados de apoio à pesquisa e ao intercâmbio de

informação e documentação sobre arqueologia e matérias afins

Para além de uma biblioteca especializada, de uma cartoteca e de

equipamento específico de apoio aos seus trabalhos, o Centro dispõe de

colecções próprias de materiais arqueológicos e etnológicos, bem como de um

vasto acervo fotográfico e documental da 1ª metade do século XX. Na sua

grande maioria, a globalidade destes materiais reporta-se a Angola,

Moçambique e Timor e tem vindo a ser objecto de inventário, estudo e

divulgação. Mais recentemente tem vindo a desenvolver o registo informático

105

dos seus espólios, encontrando-se já disponível em bases de dados

informação referente a materiais arqueológicos, etnológicos e fotográficos

respeitantes a Moçambique e Timor.

Sobre os projectos mais relevantes dá nota a Caixa 13, incluindo-se em anexo

uma lista completa de projectos realizados pelo CPHA que dedicou também

uma atenção constante à formação, para além das provas de doutoramento de

Maria Eugénia Rodrigues, “Portugueses e Estrangeiros nos Rios de Sena. Economia e sociedade dos prazos da coroa nos sécs. XVII e XVII” e de Ana

Cristina Marques Roque, “Terras de Sofala: persistências e mudanças. Contribuições para a História da Costa Sul Oriental de Africa (sécs. XVI-XVIII)” e das provas de Mestrado de Lívia Baptista de Sousa Ferrão, “Os Donos da Terra. Estruturas fundiárias e relações sócio-económicas em Damão”.

Caixa – 13: Projectos do Centro de Pré-História e Arqueologia

- Cartografia Política e Territórios Coloniais – “Estudo da Cartografia Hidrográfica da Costa de

Moçambique: evolução das estruturas de mangal” (iniciado em 2004).

Linha de Acção:

- Estudo do Espólio da Missão Antropológica de Moçambique: Projecto 1 – “Inventário do

espólio documental e fotográfico da campanha de 1948”, iniciado em 2004; Projecto 2 –

História Viva – “Organização, tratamento e análise da documentação referente a entrevistas

efectuadas pela MAM em 1948”, iniciado em 2004.

- “Da Pré-História à Idade do Ferro Africana em Moçambique – estudos de materiais

arqueológicos recolhidos pela JIU entre 1936 a 1956” (1999 – 2004)

- “Terras de Sofala: persistências e mudança. Contribuição para a História da Costa Sul

Oriental de África (sécs. XVI - XIII) (1997 – 2004).

- “Propriedade Fundiária no Antigo Ultramar Português” (1995 – 2003)

No que se refere a reuniões científicas também os investigadores do centro

mantiveram uma intensa actividade de que aqui se destaca a organização da:

- I Reunião de Estudo do Quaternário Ibérico, organizada pelo Grupo

Português para o Estudo do Quaternário com sede no Centro de Pré-História e

Arqueologia e pelo Grupo Español para el Estudio del Cuaternario que se

realizou em Lisboa, em 1985.

106

- I Reunião de Arqueologia e História Pré-Colonial, realizado e organizado, em

Lisboa, pela Comisão Executiva desta reunião, em1989.

Também no que se refere à divulgação do espólio arqueológico e etnológico

existente, foram cedidas algumas peças das colecções deste Centro para

integrarem as seguintes exposições:

• Exposição “Angola, culturas tradicionais”, no Instituto de

Antropologia da Universidade de Coimbra, em 1976, apresentando

painéis explicativos.

• Exposição “Juventus” em 1979/80 e 1981 que decorreu na Feira

Internacional de Lisboa, organizada pelo Ministério da Educação,

apresentando painéis explicativos.

• “Exposição Comemorativa do 1º Centenário da Junta de

Investigações Científicas do Ultramar” que decorreu em 1983

apresentando painéis explicativos e desenho tipológico.

• “Arte Maconde” que teve lugar, em 1989, no Museu de Arte

Africana, em Paris.

• “Os Espaços de um Império” que teve lugar no Porto, em 1999 e

• “Os Negros em Portugal: Sécs. XV a XIX” que se realizou em Lisboa,

no mesmo ano.

Além destas exposições foram ainda cedidas peças para dois programas da

RTP - “Encontros de África” e “Arqueologia Africana”.

Os espólios de Moçambique e Timor foram igualmente objecto de divulgação

em colóquios e congressos realizados em Portugal e em Moçambique onde

foram mostradas várias imagens representativas destes espólios:

- Colóquio Internacional “Culturas do Indico. Perspectivas culturais e Artísticas”

que se realizou em Junho de 1997.

- VI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, no Porto em 2002.

- VII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, em Coimbra em

2004.

107

9. Sociedades e Culturas Tropicais (SOC),

O SOC, dirigido pela Profª Jill Dias, catedrática da FCSH da UNL, abrange

estudos sobre Identidades, Património e Mudança Social e que tem por

finalidade promover a compreensão da experiência histórica dos processos de

transformação nas sociedades portuguesas, brasileiras, africanas e asiáticas,

bem como nos contextos de interdependência e negociação de identidades

sociais, culturais e religiosas. SOC integra dois projectos, referentes à dinâmica

de interacção e produção de discursos no mundo lusófono e a Patrimónios

Tropicais e Cooperação Cultural, os quais reflectem desde logo as actividades

prosseguidas pelo Centro de Estudos Africanos e Asiáticos (CEAA, com o

número 20 na primeira coluna do Quadro 1 acima), que foi dirigido pela

responsável do programa.

Desde 1987, ano em que começou a admitir investigadores, o CEAA afirmou-

se como espaço onde se procuram dinamizar e abrir novas áreas de

investigação em Ciências Sociais, não apenas sobre África e Ásia, mas

também sobre o Brasil e o Médio Oriente. Os campos da Antropologia Social,

da História Antropológica e da História das Mentalidades têm também vindo a

ser privilegiados de uma forma especial.

Em 1991, realizou-se a coordenação científica da exposição “Nas Vésperas do Mundo Moderno: África e Brasil”, que teve lugar no Museu de Etnologia, com o

apoio da Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos

Portugueses (CNCDP).

A partir da década de 1990, destacam-se três grandes projectos de

investigação do CEAA, todos financiados pela Fundação para a Ciência e

Tecnologia (FCT), através de concurso público, nomeadamente os seguintes:

• “Mudança Social e Identidades Culturais nas Áreas da Histórica Interacção Portuguesa” (programas PRAXIS XXI e POCTI, com início em

1997);

108

• “O Sudoeste Peninsular na época arabo-islâmica: estudo e tradução de fontes e literatura” (PRAXIS XXI, com início em 1997);

• “Contextos Coloniais e Pós-Coloniais da Globalização: Interacção e Discurso no Mundo Lusófono, Sécs. XVI a XXI” (programa PARIPIPI, com

início em 2001).

No âmbito destes e outros projectos, entre 1998 e 2003, oito assistentes de

investigação do CEAA defenderam, com êxito, teses de doutoramento no

ISCTE e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da

Universidade Nova de Lisboa (UNL), sendo promovidos à categoria de

Investigador Auxiliar. Outra investigadora do Centro concorreu, também com

êxito, para o lugar de Investigador Principal, tendo ainda obtido posteriormente

o grau de Agregada pela universidade portuguesa.

Entre 1998 e 2003, os investigadores do CEAA publicaram cerca de vinte livros

e mais de cem artigos em diversas revistas nacionais e internacionais,

denotando deste modo a qualidade do trabalho científico prosseguido pelo

centro. Igualmente se deverá referir que em 1988 a Revista Internacional de Estudos Africanos (RIEA), fundada em 1982 com o apoio inicial da Fundação

Calouste Gulbenkian, passou a integrar-se no IICT. No cômputo geral, onze

volumes, de um total de 18 números, foram publicados até ao ano de 2000

com a ajuda de subsídios obtidos através da referida fundação, e também da

ex-Secretaria de Estado da Cooperação e da ex-JNICT.

Em 1999, organizou o CEAA um seminário internacional sobre “Fontes da História de al-Andalus e do Gharb” em que participaram especialistas

internacionais de diversos países. Ao longo do período, a generalidade dos

investigadores do CEAA têm colaborado com instituições de ensino superior

na leccionação de cadeiras curriculares de licenciatura e mestrado na FCSH

da UNL, no ISCTE, na Universidade de Évora, na Sorbonne e na École des

Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) e na orientação de teses

académicas.

109

Elementos do CEAA têm também colaborado activamente com diversas

universidades estrangeiras na organização de conferências e reuniões

académicas, entre as quais se destacam aqui a “School of Oriental and African Studies” (SOAS) da Universidade de Londres, em 1994 e 1996, o “Centre de Documentation et de Recherche en Arabe Chrétien” (CEDRAC) da

Universidade St. Joseph, Beyrouth, para além de outros compromissos

assumidos com universidades brasileiras, em que figuram a Universidade de

Brasília e o Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Cândido

Mendes do Rio de Janeiro para receber no CEAA doutorandos dessas

instituições durante o período das suas pesquisas em Portugal.

Em acumulação com toda esta actividade tem o CEAA colaborado

intensamente com algumas instituições de ensino superior e de investigação

nos países afro-lusófonos e Timor, apoiando a organização e promovendo a

sua participação em conferências, seminários e outras reuniões científicas

realizadas nesses países africanos. Entre essas instituições destacamos aqui

a Universidade Agostinho Neto em Luanda, o Arquivo Histórico Nacional de

Angola, o INEP de Bissau, a Universidade Pedagógica de Maputo e a

Universidade Eduardo Mondlane de Moçambique.

O programa SOC incorpora ainda o antigo Departamento de Ciências

Etnológicas e Etno-Museológicas que inicialmente integrava o Museu de

Etnologia e o Centro de Antropologia Cultural e Social (CACS, com o número

22 na primeira coluna do Quadro 1 acima), há a referir que a partir de 1989

passou a integrar o Centro de Etnologia Ultramarina (CEU, com o número 23

na primeira coluna do Quadro 1 acima), então criado em substituição do Museu

que naquela data passou para a tutela do Instituto Português de Museus (IPM),

tendo os investigadores sido transferidos para o novo CEU. Restam apenas

duas investigadoras auxiliares que foram responsáveis por aqueles centros,

Maria Clara Saraiva e Margarida Lima de Faria. Destacam-se três projectos,

dos quais um se refere a Portugal:

110

• Comissão Europeia (DGXII), “Collaborative Project to Investigate Consumer Preferences for Selected Sorghum and Millet products in the SADC Region of Africa”, efectuado em consórcio com o NRI do

Reino Unido, CIRAD-CA de França, parceiros do IICT no ECART,

e ainda com o BTC-FTRS do Botswana e SUA da Tanzânia

(1995/98);

• FCT/PRAXIS 98/POCTI/SOC/13018, “Regimes de Produção e Consumo dos Museus em Portugal” (1998/2003);

• Projecto PCAIT “Rituais funerárias em populações africanas e asiáticas” (1997/99).

No que se refere à divulgação do espólio existente há a evidenciar a realização

das exposições:

• “Escultura Africana em Portugal”, Museu de Etnologia, 1985,

comissariada cientificamente por Ernesto Veiga de Oliveira e

Benjamim Pereira;

• “A aventura Humana”, exposição da Commonwealth, realizada em

parceria com a IBM e comissariada cientificamente por Ernesto

Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira, 1988;

• “Timor: Vida, Aliança e Morte”, comissariada cientificamente por

Maria Olimpia Lameiras Campagnolo e Henri Campagnolo, 1998.

Os investigadores desta área científica estiveram envolvidos na realização de

bastantes conferências, entre as quais “Portuguese-African Encounters”,

congresso organizado pelo Watson Institute for the Social Sciences e pelo

Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University dos

EUA, com a participação da investigadora Clara Saraiva, na altura Research Fellow do Watson Institute e Invited Professor do Departamento de Estudos

Portugueses e Brasileiros da Brown University (2001-2002).

Pela importância que revestiram os seus trabalhos de investigação e pela

projecção que deram ao IICT não poderão aqui deixar de ser mencionados os

111

nomes de Ernesto Veiga de Oliveira, investigador jubilado e ex-Director do

Museu de Etnologia e do Centro de Antropologia Cultural e Social de 1983 a

1989, de Benjamim Enes Pereira, investigador equiparado a Professor Auxiliar

e Abílio Lima de Carvalho, Director do Departamento de Ciências Etnológicas e

Etno-Museológicas.

No capítulo das relações com instituições congéneres há a destacar a:

• Colaboração sob a forma de docência com o Instituto Politécnico de

Viana do Castelo, com a Universidade Nova de Lisboa e

Universidade Católica Portuguesa;

• Colaboração com a Brown University dos EUA, através da qual a

investigadora Clara Saraiva tem actuado como research fellow e

invited professor, como já anteriormente foi referido

Parte IV - Publicações e outros serviços à comunidade

As publicações e os serviços à comunidade são responsabilidades da

Presidência através do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), do Jardim Museu

Agrícola Tropical (JMAT) e do Centro de Documentação e Informação (CDI).

Dada a prioridade posta pela nova lei orgânica na visibilidade do IICT, a gestão

destes três serviços abertos ao público, por delegação de competências

passou a ser coordenada pela Direcção de Serviços de Apoio.

9. Arquivo Histórico Ultramarino (AHU, com o número 21 na primeira coluna do

Quadro 1 acima)

O AHU foi dirigido pela Drª Luiza Abrantes e depois coordenado pelo Dr.

Miguel Infante, que contribuiu este texto. Com o início de funções de directora

da Doutora Ana Cannas, em 22 de Junho de 2005, criaram-se as condições

para autonomizar o AHU, `a semelhança dos outros centros mencionados nas

partes II e III.

112

O AHU é uma unidade única no país, tendo sido legalmente criado em 1931

com o objectivo de reunir num só local toda a documentação colonial que se

encontrava dispersa e sem a necessária sistematização que tornasse viável a

sua disponibilização à comunidade científica. Desde aquela data que o AHU se

vem continuamente a aperfeiçoar, configurando-se hoje como um centro de

referência no campo da arquivística. A sua actuação abrange actualmente

diferentes áreas de intervenção que incluem a conservação e restauro, a

formação técnica e profissional, a microfilmagem e a informatização de fundos

documentais.

A documentação preservada no AHU encontra-se organizada em três fundos

principais:

• o Conselho Ultramarino, contendo documentação do séc. XVI a

1833;

• a Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar, com documentos do

séc. XVI a 1910;

• o Ministério do Ultramar que integra documentos de 1991 a 1975.

O acervo documental do AHU corresponde a 15 Km de prateleiras, sendo

constituído por documentos avulsos, códices e livros de registo, cartografia e

iconografia, incluindo também uma vasta colecção de diapositivos, fotografias e

postais ilustrados.

Para além da abertura diária de uma sala de leitura com uma frequência média

anual de 2500 leitores, tem vindo o AHU a desenvolver uma diversificada

carteira de projectos que muito têm contribuído para o seu prestígio e para a

sua constante modernização.

Entre esses projectos caberá referir aqui todos os trabalhos de microfilmagem

em larga escala que produziu, , relativa à documentação de Moçambique, entre

1985 e 1988, aos fundos documentais de Macau e Timor, entre 1984 e 1993, e

aos fundos documentais dos Açores, entre 1985 e 1993.

113

Posteriormente e correspondendo a exigências já colocadas pela introdução

das novas tecnologias, veio o AHU a implementar outros projectos que

seguidamente se discriminam:

• Projecto de Informatização, iniciado em 1993 com o objectivo de

dotar o AHU de um sistema integrado de informatização para as

áreas da descrição documental, digitalização de documentos,

registo e controlo de leitores e gestão da sala de leitura.

• Projecto Resgate-Barão do Rio Branco, coordenado pelo Ministério

da Cultura do Brasil e que tem por finalidade a microfilmagem das

fontes histórico-documentais existentes nos arquivos brasileiros e

nos países que, de algum modo, partilharam uma história comum,

como foi o caso particular de Portugal. Implica este projecto

organizar, catalogar e microfilmar toda a documentação avulsa,

códices e as colecções de cartografia e iconografia sobre o Brasil

colónia, o que representa o tratamento técnico de 975 espécies

cartográficas e iconográficas, de 759 códices e de cerca de 500

000 documentos avulsos.

• Projecto de Modernização-Digitalização do Património Cartográfico do Arquivo que visa a divulgação em imagens da história colonial

portuguesa e da história da pré-independência dos países que

integram a chamada Comunidade de Países de Língua Portuguesa

(CPLP).

• Projecto de Digitalização dos Boletins Oficiais de Timor correspondentes ao período de 1838 a 1975 que tem por objectivo

a entrega de imagens digitalizadas e de uma base de dados para

recuperação da informação a Timor pela Presidência da República

• Projecto de Recuperação e Beneficiação do AHU que inclui a

recuperação e valorização das instalações do Arquivo no Palácio

da Ega, bem como o seu re-equipamento.

114

• Projecto de Inventariação do Ministério do Ultramar que visa a

preparação e disponibilização do fundo documental do Ministério

do Ultramar, incorporado no AHU em 1997. Trata-se da

inventariação de uma documentação produzida pelas várias

unidades orgânicas daquele Ministério entre 1950 e 1974 que

assim poderá ser disponibilizada à comunidade científica como

fonte de informação importante da história contemporânea

portuguesa.

Em paralelo com os projectos e para além das actividades relacionadas com o

serviço de apoio a leitores e investigadores, mantém o AHU uma intensa

actividade de formação, ministrando cursos e concedendo estágios em

arquivologia, conservação e restauro, microfilmagem e informática documental

e realizando, igualmente, exposições histórico documentais, cartográficas e

iconográficas no país e no estrangeiro.

10. Jardim-Museu Agrícola Tropical (JMAT, com o número 16 na primeira

coluna do Quadro 1 acima)

O JMAT, entregue à gestão do Engº Bugalho Semedo entre 1983 e 2003,

passou a ser coordenado directamente pela Investigadora Principal, Cândida

Liberato. Este Jardim é o terceiro dos centros com uma missão específica de

prestação de serviços à comunidade. Com o legado de suceder ao “Jardim Colonial” e ao “Museu Agrícola Colonial”, cuja estruturação remonta aos

primeiros anos de 1900, o JMAT ocupa uma área de cerca de 70 000 m2

distribuídos por:

• campos experimentais que se alongam por cerca de 6 000 m2 onde

se tem vindo a praticar a cultura de plantas anuais para produção

de sementes e ensaia culturas económicas com vista à adaptação

de novos métodos de cultivo. Aí são utilizados materiais de síntese

que, com o desenvolvimento de técnicas actualizadas de forçagem

115

e semiforçagem conduzem ao melhoramento de técnicas de

fitotecnia no domínio da horticultura sob abrigo e da hidroponia;

• estufas apetrechadas com dispositivos de controlo do ambiente

para conservação de espécies vegetais, tropicais e subtropicais e

que geralmente apoiam o desenvolvimento de técnicas de macro e

micropropagação de espécies que, em muitos casos se encontram

em risco de extinção a nível mundial.

Trata-se, com efeito, de uma infraestrutura que permite a realização de

trabalhos de investigação aplicada, destinados ao aprofundamento dos

conhecimentos sobre culturas em abrigo, cultura em terra, culturas

hidropónicas, tipos de abrigo e tipos de rega, defesas para culturas sob

condições climáticas diversas, entre muitos outros temas de carácter científico

que no JMAT encontram um ambiente confinado que assegura a manutenção

de colecções de plantas vivas de zonas tropicais, potenciando o seu estudo e o

seu melhor aproveitamento.

Dentro da sua área e para além destes pólos científicos, acolhe o JMAT um

parque público dotado de zonas relvadas, arruamentos, espécies arbóreas e

arbustivas, em especial dos climas tropicais e subtropicais, com alguns

exemplares de mérito citados em bibliografia internacional da especialidade

que integram hoje uma das melhores áreas de fruição e de lazer, situada numa

zona nobre da cidade de Lisboa que enquadra todo o complexo histórico-

monumental composto pelo Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos

Descobrimentos, Palácio de Belém e Praça do Império.

Esta dupla capacitação do JMAT habilita-o não só a desempenhar a sua

função científica tradicional, traduzida em projectos de investigação que

continua a levar a cabo e de que se dá como exemplo a “Conservação in vitro de espécies alimentares de origem tropical e sub-tropical (géneros Colocasia Schott, Dioscorea L. E Xanthosoma Schott)”, os “Estudos sobre a Flora de Macau” e as “Essências Florestais de Angola (Maiombe)”, como também o

116

transforma numa unidade de apoio à sociedade civil onde a promoção da

cultura científica poderá encontrar um veículo de excelência.

Neste contexto, entre 1983 e 2003, o JMAT cooperou com a Universidade

Internacional para a Terceira Idade proporcionando o “Curso de Horticultura e

Floricultura”, acolheu a visita de inúmeros grupos escolares de vários níveis de

ensino proporcionando visitas guidas de carácter formativo e participou em

numerosos eventos entre os quais se destacam as “Comemorações dos

Quinhentos Anos dos Descobrimentos Portugueses” em 1992 com a exposição

“A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses”, a “Semana

Europeia da Cultura Científica” em 1994 com a exposição “Agricultura e

Medicina Tropicais”, o “Projecto Artístico Europeu para um Público Jovem

2002-2004” co-financiado pela União Europeia e em parceria entre o IICT e o

CCB (Centro Cultural de Belém) com o espectáculo “Percurso”.

Integrando um Jardim Botânico o JMAT é desde 1980 membro do BGCI

(Botanic Garden Conservation International) e desde 1988, membro fundador

da Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos, possuindo um

património cultural-científico muito diversificado, nomeadamente a já referida

colecção de biodiversidade vegetal constituida por cerca de 500 espécies

conservadas ex situ que ocupam uma área de cerca de 50.000 m2 e um banco

de sementes constituido por sementes recolhidas no Jardim Botãnico que

depois de preparadas são disponibilizadas no index seminum a cerca de 200

organismos congéneres.

Para além deste património possui ainda o JMAT uma xiloteca única no país,

contendo cerca de 2500 amostras arquivadas e identificadas, quer pelo nome

científico, quer pela designação vulgar, de madeiras de todas as proveniências

mundiais, com particular relevância para a colecção de madeiras africanas e do

Brasil, Japão, China e Austrália, constituindo um valioso património que assim

se encontra à disposição da comunidade científica e da comunidade em geral.

117

Outro acervo da maior importãncia é o herbário, o qual passou em 2002 para

as instalações do centro de botânica, tendo ficado no JMAT apenas as

espécies relativas ao próprio Jardim.

De entre as já mencionadas infraestruturas o JMAT possui também uma estufa

aquecida, cuja construção remonta a 1917 e que constitui uma obra de

arquitectura ímpar no País.

13. Centro de Documentação e Informação (CDI, com o número 24 na primeira

coluna do Quadro 1 acima)

Induzida pela intensa actividade científica produzida pelos seus Centros de

Investigação, bem como pela realização de missões por parte dos seus

investigadores, o IICT manteve uma intensa actividade editorial que o colocou

como um dos mais importantes editores científicos portugueses. O CDI foi

dirigido até Junho de 2005 pela Dra. Virgínia Magriço, que contribuiu este texto

e agora se ocupa das publicações.

Deverá, assim, dar-se relevo à publicação e apresentação dos resultados

científicos dos projectos, nomeadamente através da edição das 22 Séries e

Revistas que o Instituto mantém e que seguidamente se enumeram, isto para

além naturalmente das inúmeras publicações não seriadas que edita com

regularidade:

- Boletim da Filmoteca Ultramarina Portuguesa

- Comunicações do IICT – Série de Ciências Agrárias

- Comunicações do IICT – Série de Ciências Biológicas

- Comunicações do IICT – Série de Ciências Etnológicas e

Etnomuseológicas

- Comunicações do IICT – Série de Ciências Geográficas

- Comunicações do IICT – Série de Ciências Históricas, Económicas e

Sociológicas

118

- Comunicações do IICT – Série de Ciências da Terra

- Estudos de Antropologia Cultural e Social

- Estudos, Ensaios e Documentos

- Estudos de História e Cartografia Antiga – Memórias

- Garcia de Orta – Série de Antropobilogia

- Garcia de Orta – Série de Botânica

- Garcia de Orta – Série de Estudos Agronómicos

- Garcia de Orta – Série de Geologia

- Garcia de Orta – Série de Geografia

- Garcia de Orta – Série de Zoologia

- Index Seminum

- Leba

- Memórias do IICT – 2ª Série

- Revista Internacional de Estudos Africanos

- Série Separatas do Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga

- Studia

Nos últimos vinte anos, os trabalhos científicos produzidos pelos

investigadores do IICT ultrapassam os três milhares. Com efeito, como se

pode confirmar pelas listagens bibliográficas anexas `a versão original deste

trabalho, regista-se a existência neste período de 1158 referências

bibliográficas de trabalhos publicados pelo IICT, cerca de 1063 referências

bibliográficas de trabalhos publicados fora da instituição, devendo salientar-se

que este número não é exaustivo, dado que estão omissos nas bases de

dados as referências anteriores a 1990 e ainda 346 referências bibliográficas

de trabalhos não publicados, ou seja, “literatura cinzenta” disponível para

consulta apenas na biblioteca do CDI.

Neste contexto o CDI assegura a participação anual do IICT na Feira do Livro

de Lisboa, onde geralmente possui um pavilhão no qual são difundidos e

119

vendidos todos os anos bastantes obras editadas pelo Instituto. O CDI

assegurou também a presença do IICT em outras feiras do livro, como foi o

caso de Frankfurt, Zimbabwe e S. Tomé e Príncipe, para além dos títulos que

são comercializados através de livrarias nacionais com quem se

estabeleceram protocolos, nomeadamente a Imprensa Nacional Casa da

Moeda (INCM), a Livraria Portugal e a distribuidora SODILIVROS.

Para além da edição, difusão e comercialização das publicações, o CDI tem à

sua guarda um acervo documental vocacionado preferencialemnte para a

temática tropical e que é constituido por cerca de 40 000 monografias, 6 000

títulos de revistas e seriados e ainda uma cartoteca com mais de 5 000 títulos.

Uma das prioridades do CDI é pois disponibilizar este acervo à comunidade

científica, possuindo para o efeito uma sala de leitura aberta diariamente ao

público, para consulta presencial da sua biblioteca. Com o mesmo objectivo, a

partir de 1990, tem sido praticado um assinalável esforço de informatização do

Centro, estando toda a documentação a partir desta data informatizada e

acessível para consulta on-line através da página web do IICT, disponível em:

http://www.iict.pt

As referências bibliográficas podem, assim, ser acedidas através de diversas

bases de dados que incluem neste momento, além da informação recebida a

partir de 1990, um já considerável número de registos que é resultante da

informatização retrospectiva do acervo que se encontra tratado em ficheiros

manuais. O CDI integra ainda 448.115 registos numa base KARDEX a qual

inclui as entradas anuais dos volumes e números dos 6 166 periódicos, cuja

referência bibliográfica pode ser pesquisada na base ISBD. A informatização

em curso possibilita uma eficaz colaboração com o Catálogo Colectivo de

Publicações Periódicas. Esta iniciativa veio possibilitar a normalização do

tratamento documental a nível de todo o IICT, tendo-se realizado um esforço

de instalação do programa noutras unidades.

120

Outra das tarefas de que o CDI se ocupa regularmente resulta da manutenção

de ligações a organismos nacionais e internacionais vocacionados para a

informação e documentação científica, nomeadamente através de bases para

onde são enviadas regularmente as publicações do IICT (ver lista no anexo

bibliográfico respeitante ao CDI).

Também no que se refere à formação tem o CDI garantido a realização de

acções de aperfeiçoamento e especialização de quadros técnicos internos e

externos, tendo vindo a administrar formação profissional na área da

documentação e da informática documental, quer a técnicos dos centros do

Instituto, quer a técnicos provenientes dos países afro-lusófonos e Timor. O

CDI, participou num projecto de grande fôlego financiado pela Fundação Portugal-África, e que se traduziu na implementação de uma parceria com

outras instituições nacionais – a Universidade de Aveiro, o Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento (CEsA) do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), a que se viria juntar posteriormente o Centro de Estudos Africanos (CEA) do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Esta parceria veio a ser responsável pela execução do projecto

“Memória de África” que resultou de uma dupla necessidade, frequentemente

manifestada por estudiosos dos problemas africanos: por um lado, saber que

publicações de língua oficial portuguesa existiam sobre África e qual a sua

localização exacta; por outro a lacuna de informação sobre curriculos de

especialistas que poderiam contribuir para o desenvolvimento africano. Estas

duas carências conjugadas com o facto da Fundação Portugal-África pretender

apoiar e desenvolver projectos que prosseguissem os objectivos consagrados

nos seus estatutos, permitindo-lhe assim uma maior afirmação na área

geográfica correspondente aos países afro-lusófonos e Timor, presidiram à

elaboração deste projecto.

Na verdade, a “Memória de África” consistiu na construção de uma base de

dados bibliográfica sobre os países afro-lusófonos e Timor e de um directório

identificador de instituições, investigadores e projectos que de alguma forma se

121

relacionavam com a África de expressão portuguesa. Foi, neste

enquadramento que o CDI teve exclusivamente a seu cargo a elaboração

deste directório. O trabalho foi desenvolvido em diferentes fases que

consistiram, nomeadamente:

- na concepção e validação pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de

três questionários com versão em português para o território nacional e em

inglês para distribuição internacional;

- no tratamento das respostas recebidas;

- na elaboração e disponibilização do referido directório na página web do

Projecto, trabalho a cargo da Universidade de Aveiro.

Conclusão

A organização “em arquipélago” do IICT, herdada das instituições que o

precederam, tem exigido a multiplicação de estruturas de apoio administrativo

que absorvem uma parte substancial do orçamento anual de funcionamento da

instituição. Acresce a expectativa da comunidade relativamente aos três

serviços abertos ao público. A dispersão geográfica e funcional foi responsável

por se continuar a verificar um peso excessivo da estrutura administrativa que

poderia e deveria libertar recursos para o fortalecimento dessa mesma

actividade científica. Por outro lado, e para além das inevitáveis entropias que

dela necessariamente resultam, parece também, essa situação, impedir e

dificultar que se promova mais eficazmente uma visão de conjunto, quando

pretendemos que o IICT se constitua como veículo científico de intervenção

rápida da cooperação portuguesa nos trópicos. Obtida a integridade

institucional do IICT com a publicação da sua nova lei orgânica e do seu

regulamento interno, é necessário avançar na melhoria da sua imagem e na

eficácia da sua actividade, compatibilizando-a com as necessidades da

cooperação com os países alvo. À semelhança de outros Laboratórios do

Estado, também o IICT sofreu a erosão provocada, sobretudo, pelo

envelhecimento do seu quadro de pessoal e pela impossibilidade de o renovar,

pela privação de fundos plurianuais e contratos-programa aos quais se

122

juntaram, ainda, os resultados e recomendações da avaliação que sofreram

todos esses laboratórios, em finais da década de 1990, e que, no caso do IICT,

recomendava a sua substituição por três institutos autónomos correspondendo

às três chefias identificadas no Quadro 1 acima.

As alterações estruturais que se introduziram em 2004 foram norteadas por

dois objectivos: melhorar a qualidade e a eficácia da investigação científica

tropical e salvaguardar e valorizar o património acumulado. A este projectado

aumento de eficácia está associada a redefinição de um mandato lusófono em

que a designada “agenda global do desenvolvimento” pode adquirir uma visão

única e específica, correspondente à apropriação da cooperação, baseada no

conhecimento, empreendida no quadro da lusofonia. Têm igualmente sido

celebrados convénios e outras formas inovadoras de cooperação, contribuindo

para uma maior visibilidade do IICT, com toda a sua tradição de capacitação

local, bem como o desenvolvimento de novas formas de financiamento.

Como se disse acima, a lei orgânica permite a criação de centros de

actividades, não integrados em departamentos, como se tem já verificado com

o programa de desenvolvimento global (DES) e, até certo ponto, com o CIFC.

Através da investigação e da capacitação, estes centros devem ser capazes de

melhor apetrechar o IICT para a resolução de problemas concretos que, hoje,

condicionam uma grande maioria dos países em desenvolvimento. Com a

regulamentação da lei orgânica, chegou a hora de usar este novo instrumento

para acelerar a transição para a interdisciplinaridade, até porque de outro modo

as resistências poderão endurecer, com grave prejuízo para a sustentabilidade

dessa mesma transição. Daí a proposta feita por ocasião do cinquentenário do

CIFC (epois de consultada a DACC), de criar mais três centros de actividade, o

AHU, FLOR e ECO-BIO que sucede ao grupo de ecologia vegetal e bioquímica

como instrumentos privilegiados da transição descrita neste texto, em que se

espera escorar o plano de actividades para 2006. Negociações ulteriores levam

a crer que seja possível criar mais dois centros, o JMAT e o Centro de

Detecção Remota para o Desenvolvimento, dirigidos respectivamente pelos

123

Prof. Doutores Manuel Correia e Cardoso Pereira, do Instituo Superior de

Agronomia. Essa hipótese, recolhida no Quadro 10, foi debatida na 28ª reunião

de Direcção, que teve lugar em 19 de Julho.

QUADRO 10– COMPETÊNCIAS NUCLEARES, ESTRUTURAS, MORADAS

E POSSÍVEL ESTATUTO NO PLANO DE ACTIVIDADES PARA 2006

Competências nucleares 1 2 3

Estrutura (morada; * serviço aberto ao

público; # possível centro artigo 25º LO)

DCH (JT e MNI) ♣ ♣ ♣

DCN (JT e MNI) ♣ ♣ ♣

*DSA (JT) ♣ ♣ ♣

* # AHU (Ega) ♣ ♣

# CIFC (Oeiras) ♣ ♣

# DES (JT) ♣ ♣ ♣

# ECOBIO (Oeiras) ♣

# FLOR (JT) ♣ ♣

* #JMAT (Calheta) ♣ ♣

# CDRD (Tapada) ♣

Quadros 1 e 3

Quadro Anexo I – RECURSOS FINANCEIROS (K €uros) Projectos Programas

Pessoal

Func.

Cap.

PIDDAC CE / EU Nac. Ciência Prxis XXI TOTAL

ESC/

ECU-€

1983 2755 716 266 256 - - - - 3993 98.68

1984 2333 730 157 168 - - - - 3388 115.68

1985 2810 1089 241 578 - - - - 4718 130.25

1986 2686 850 170 653 - - - - 4359 147.08

1987 2645 1072 169 539 - - - - 4425 162.61

1988 3348 1006 140 625 - - - - 5119 170.05

1989 4056 1129 146 661 - - - - 5992 173.41

124

1990 4404 968 36 724 - - - - 6132 181.10

1991 5405 886 31 645 197 - 316 - 7480 178.61

1992 6824 1165 373 797 332 - 162 - 9653 174.71

1993 6016 980 634 1263 158 - 1155 - 10206 188.37

1994 5563 1014 618 1316 291 - 262 - 9064 196.89

1995 5720 1222 1667 1081 279 - - 524 10493 196.10

1996 5990 865 1583 1242 373 - - 6 10059 195.76

1997 6054 794 1746 666 172 101 - 280 9813 198.58

1998 6152 861 803 396 73 167 - 150 8602 201.69

1999 6380 884 0.4 458 33 388 - 211 8354.4 200.48

2000 6634 816 28 468 32 134 - 194 8306 200.48

2001 6988 804 - 390 18 41 - - 8241 200.48

2002 7258 694 143 666 41 363 - - 9165 -

2003 6398 866 585 486 38 79 - - 8452 -

2004 5780 790 34 709 258 445 - - 8016 -

Nota: Entre 1983 e 2001 (inclusive), para a conversão das quantias iniciais em escudos em EUROS utilizou-se a taxa

média de câmbio anual entre o Esc. e o ECU/EURO, indicada na última coluna (Fonte: EUROSTAT)

Quadro Anexo II - Recursos Humanos - 1983 a 2004

Dirig. Investig.

Téc.

Sup. Técnico

Téc.

Prof. Admn.

Oper.

Ou

Auxiliar

Além

Quadro

Regime

Colab. Bolseiro TOTAL

1983 4 108 19 3 51 83 122 14 _ _ 404

1984 7 81 23 14 46 76 121 37 _ _ 408

1985 7 95 25 7 54 94 114 34 _ _ 430

1986 9 94 25 6 55 89 114 48 _ _ 440

1987 15 86 27 7 46 76 110 60 24 _ 451

1988 10 84 29 8 48 69 100 102 15 _ 465

125

1989 14 79 28 8 47 69 94 97 19 _ 455

1990 13 80 30 7 43 64 85 105 19 _ 446

1991 13 78 35 12 37 68 85 129 36 _ 493

1992 12 66 31 12 38 75 72 102 31 _ 439

1993 13 63 31 11 37 69 61 96 37 3 421

1994 14 57 33 7 35 79 35 91 43 6 400

1995 13 49 30 7 35 78 40 123 38 14 427

1996 12 48 30 7 34 76 36 118 40 5 406

1997 11 48 31 7 38 71 41 115 41 _ 403

1998 11 43 30 9 44 69 33 120 43 _ 402

1999 12 50 31 7 45 70 51 69 42 12 389

2000 13 57 34 6 41 70 49 53 36 13 372

2001 12 64 30 7 36 65 45 41 31 2 333

2002 9 59 32 6 41 63 31 31 23 4 299

2003 7 64 28 5 34 60 28 27 21 5 279

2004 8 63 23 2 31 56 29 21 18 26 277

126

Quadro Anexo III - Número de Projectos de Investigação por Departamento

1988 a 2003

Dep. Ciências Naturais Dep. Ciências

Humanas

TOTAL

Concluídos

C. Terra C. Eng.

Geográfica

C.

Biológicas

C.

Agrárias

C. Hist.

Econ. e

Sociol.

C. Etnol.

e Etno-

Museol.

1988 33 13 67 87 33 13 246 43

1989 32 12 70 86 29 11 240 43

1990 27 16 79 85 33 12 252 40

1991 28 17 83 79 29 13 249 47

1992 29 13 72 92 27 7 240 34

1993 30 13 57 88 30 7 225 24

1994 28 13 54 80 33 11 219 51

1995 21 6 32 75 17 12 163 24

1996 19 8 28 73 20 10 158 19

1997 17 7 32 85 21 9 171 31

1998 15 9 26 73 22 9 154 33

1999 17 9 24 65 24 6 145 26

2000 16 14 19 62 21 7 139 33

2001 14 12 18 52 17 9 122 25

2002 13 10 22 49 17 6 117 27

2003 13 9 19 44 16 9 110 18

127

Quadro Anexo IV - Número de Acções de Formação por Departamento

Dep. Ciências Naturais Dep. Ciências

Humanas

CDI

TOTAL

C. Terra C. Eng.

Geográfica

C.

Biológicas

C.

Agrárias

C. Hist.

Econ. e

Sociol.

C. Etnol.

e Etno-

Museol.

1987 13 8 9 28 18 6 - 82

1988 14 10 12 50 17 10 - 113

1989 19 8 16 49 25 12 4 133

1990 13 6 20 45 22 13 9 128

1991 12 12 22 37 20 9 2 114

1992 17 11 23 36 27 15 4 133

1993 14 7 28 33 26 1 2 111

1994 11 13 17 34 36 14 1 126

1995 15 15 15 45 33 2 - 125

1996 14 8 17 47 40 2 128

1997 12 14 16 47 36 2 - 127

1998 9 8 17 53 22 2 1 112

1999 11 7 14 45 28 3 1 109

2000 9 10 12 52 28 5 - 116

2001 9 11 14 46 40 10 - 130

2002 7 13 9 45 25 11 - 110

2003 6 17 9 55 25 16 - 128

-

128

INDICE

INTRODUÇÃO

PARTE I TRANSIÇÃO PARA A INTERDISCIPLINARIEDADE 3

Por uma orgânica flexível 3

Avaliação e renovação 10

Recursos financeiros e meios humanos 14

Aumento das despesas Carreiars e sua evolução Investigação, formação e capacitação 26

PARTE II DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS 36

1. Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) 36

2. Florestas e Produtos Florestais (FLOR) 44

3. Agricultura Sustentável e Segurança Alimentar (AGRI) 47

4. Biodiversidade e Gestão de Recursos Naturais (BIO) 60

5. Ciências da Terra e Ambiente (TER) 68

PARTE III DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 90

6. Desenvolvimento Global (DES) 91

7. História e Cartografia (HIST) 94

8. Sociedades e Culturas Tropicais (SOC) 108

PARTE IV PUBLICAÇÕES E OUTROS SERVIÇOS À COMUNIDADE 113

9. Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) 113

11. Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT) 120

10. Centro de Documentação e Informação (CDI) 113

CONCLUSÃO 123

129

ÍNDICE DE QUADROS E CAIXAS

QUADRO 1 – Chefias e competências nucleares........3

QUADRO 2 – Centros e programas 5

QUADRO 3 –Correspondência entre competências nucleares e tecnologias

habilitadoras 10

QUADRO 4 - Participação prevista nos novos orgãos 12

QUADRO 5 – Membros da direcção e da comissão coordenadora 12

QUADRO 6 – Recursos financeiros e meios humanos 15

QUADRO 7 – Comparações inter-departamentais 30

QUADRO 8 - Correspondência entre 17 projectos do DCN e 14 antigos centros

no plano de actividades para 2005...37

CAIXA 1: Projectos com financiamento da União Europeia 38

CAIXA 2: Projectos e acções na área do cajueiro 41

CAIXA 3: Acções de cooperação e assistência científica e técnica 43

CAIXA 4: O Centro de Investigação Agrária Tropical 50

CAIXA 5: Projectos de investigação em produção e tecnologia agrícolas 53

CAIXA 6:Investigação Científica e Apoio ao Desenvolvimento em Fitossanidade

do Armazenamento 56

CAIXA 7: Projectos do Centro de Botânica 62

CAIXA 8 : Projectos do Centro de Zoologia 64

CAIXA 9: Acções de cooperação no âmbito da zoologia 66

CAIXA 10: Projectos pluridisciplinares do Centro de Geografia 87

QUADRO 9 - Correspondência entre 7 projectos do DCH e 7 antigos centros no

palno de actividades para 2005...91

CAIXA 11: Relações estabelecidas pelo Centro de Estudos de História e

Cartografia Antiga com instituições congéneres 97

CAIXA 12: Projectos do Centro de Antropobiologia 103

CAIXA 13: Projectos do Centro de Pré-História e Arqueologia 107

130

131

QUADRO 10 – Competências nucleares, estruturas, moradas e possível

estatuto no plano de actividades para 2006...125

QUADRO anexo I – Recursos Financeiros (K €uros) 125

QUADRO anexo II - Recursos Humanos - 1983 a 2004 126

QUADRO anexo III - Projectos de Investigação por Departamento 1988 a 2003 127

QUADRO anexo IV – Acções de Formação 128