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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES
AUTARQUIA ASSOCIADA A UNIVERSIDADE DE SAO PAULO
REAPROVEITAMENTO DE VALORES NOS EFLUENTES LÍQUIDOS
DAS UNIDADES-PILOTO DE URÂNIO E TORIO
Elaine Arantes Jardim Martins
Dissertação apresentada como pane dos requisitos para obtenção do Grau de •Mestre M Arca de Concentração em Reatores Nucleares de Potência e Tecnologia do Combustível Nuclear*.
Orientador : Dr. Alcídio Abrao
SAO PAULO
1990
À minha Mãe, a quem devo tudo que consegui na vida.
Ao Rogério, meu marido, que sempre me transmitiu amor, paz e confiança para que eu pudesse realizar os meus sonhos profissionais.
Mas a alguém muito especial, que sempre se orgulhará dos meus atos. Essa eu ofereço ao senhor, meu PAI, onde quer que esteja.
" Para alguns, a essência da competição reside, não só no desafio
oferecido por outros, mas no desafio que se faz a si próprio".
( Jeny Kosinski)
AGRADECIMENTOS
. A Deus, por guiar-me pelo caminho certo e pelas oportunidades concedidas.
. Ao Dr. AJcídio Abrâo, a quem devo quase toda a minha experiência e maturidade pro
fissional, pelo apoio, orientação, ensinamentos e principalmente pela amizade
demonstrada durante a execução deste trabalho.
. Ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares e, em particular, ao Departamento
de Engenharia Química, em cujos laboratórios me foi possível realizar a parte
experimental deste trabalho.
. Aos colegas do Departamento MT (Projeto Concentrados de Urânio e Tório), pela cola -
boração na realização deste trabalho, em especial ao amigo Antonio Alves de Freitas.
. Ao Departamento Combustível Nuclear, pelo incentivo e colaboração para que fosse pos
sível o término deste trabalho.
. Ao Departamento de Metalurgia Nuclear, em especial ao Dr.Reginaldo Muccillo, sem
cujo apoio seria impossível a compilação deste trabalho.
. A todos os meus amigos que de alguma forma contribuíram para o sucesso deste trabalho
tecnicamente ou com incentivo, o meu profundo reconhecimento e carinho.
S U M Á R I O
pág.
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS .01
.1.1. PROCESSOS DE PURIFICAÇÃO DE URÂNIO 03
.1.2.0 PROCESSO ATUAL DE PURIFICAÇÃO DE URÂNIO 06
.1.2.1. Rejeitos e Efluentes 06
.13. PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DE TÓRIO 08
.1.4.0 PROCESSO ATUAL DE PURIFICAÇÃO DE TÓRIO. 09
.1.4.1. Rejeitos e Efluentes 10
.1.5. OBJETIVOS 10
CAPÍTULO II
TECNOLOGIA DE EXTRAÇÃO COM SOLVENTES EM COLUNAS PULSADAS...12
JI.1. EXTRAÇÃO 16
.n.1.1. Soluções de Alimentação 16
.EL1.2. Espécies Extraíveís 17
.11.13. Lavagem da Fase Orgânica 18
.0.2. REVERSÃO 19
CAPÍTULO III
TECNOLOGIA DE URÂNIO E TÓRIO NO IPEN-CNEN/SP. 21
.111.1. UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO f 21
JIl.1.1. Setor 1 . 22
JII.12. Setor II..... 22
.111.12.1. Fihração 24
JII. 13. Setor III . 25
JI1.13.1. Extração 25
.III. 132-Lavagem 27
JII.133. Reversão. 28
JH.13.4. Recuperação do Solvente (F.O.) 29
JD.13Í. Tratamento da Fase Aquosa (REFUGADO) 30
JII. 1.4. Setor de Precipitação do DUA 33
JH.1.4.1. Setor de Produção do UO3 ...... 35
JH.1.5. Produção do Tetrafluoreto de Urânio ..—. ...... ..... 35
jn.1.6. Produção do Hexafluoreto de Urânio 36
>M I I tí_ ^ J i l l L / / \ L / M " r l l A / È V ^ \J%* M v I * I w i n » i n n » i f » M > r a » > » M » n m f » f H t » » » n H t ( » i H f > » H » t > * n H i > i i M » M » « M i J O
JH2.1. Purificação do Concentrado de Tório 39
.III2.1.1.Transfonnação e Dissolução do Concentrado 39
JII2.12. Purificação 40
JH2.12.1. Extração. .40
JIL2.122. Lavagem .40
JII2.123. Reversão .41
.nU.1.2.4. Obtenção do Produto Final .41
.111.2.13. Tratamento do Rejeito Aquoso da Extração. .42
.1112.1.4. Tratamento da Fase Orgânica 42
CAPÍTULO IV
CONTROLE AN ALfnCO 44
JV.l. MÉTODOS ANALÍTICOS 44
JV.1.1. Determinação da Concentração total de nitrato .44
JVA2. Determinação Complexométrica de Tórío 46
JV.13. Determinação Voltamétrica de Urânio 47
JV.1.4. Determinação da Concentração Total de TJtaras. .48
JV.L5. Determinação de Nitrato e Sulfato por Cromatografia de íons. 49
JV.1.6. Determinação Vultamétrica de Chumbo em
JV.1.7. Determinação de Prooutos de Degradação do TBP-VARSOL por Cromatografia
JV.1.8. Determinação da Densidade pc. a .„-«— tria 5\
JV. 1.9. Detecção de Radioatividade 51
JV.1.10. Determinação de Urânio por Volumetria. .51
JV.1.11. Determinação da Acidez Livre .52
JV.1.12. Determinação da Alcalinidade (NH4OH) e Nitrato Total no Filtrado S3
JV.l.13. Determinação de Microquantidades de Tórío em Urânio por
Espectrofotometría .56
JV2. CARACTERIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES UTILIZADAS E OBTIDAS NAS
UNIDADES-PILOTO DE URÂNIO E DE TÓRIO i 6
JV2.1. Solução de Alimentação de Urânio i 6
JV22. Solução Efluente da Coluna (REFUGADO) i 7
JV23. Filtrado do Diuranato de Amônio (DUA) 51
XV2A. Solução de Alimentação de Tório i 8
JV.2.5. Solução Efluente da Coluna (REFUGADO) .58
CAPÍTULO V
PARTE EXPERIMENTAI .60
.V. 1. PLANO DE TRABAJJIO.................................~................„......«.....^.-„.........._..„...„.......60
.V2. DESCRIÇÃO DOS EXPERIMENTOS .61
.V2.1. Equipamento 61
.V22. Destilação e Separação do Ácido Nítrico Contido nos Refugados 63
. V I 1 1 . Planíficação dos Experimentos de Destilçáo de Ácido Nítrico 63
.V222. Destilação do Ácido Nítrico Livre 65
M223. Destilação do Ácido Nítrico Total 65
.V23. Efeito do Volume das Frações Destiladas .68
.V.2.4. Efeito da Adição de Ácido Sulfurico. „ .. ........... ......69
.V2.4.1. Efeito do Volume de H 2 S0 4 Adicionado 77
\25. Efeito da Presença de Rádio-226 78
.V3.REAPROVEITAMENTO DOS REFUGADOS E DO FILTRADO DE DUA...—79
.V3.1. Recuperação do HN0 3 na Unidade-Piloto de Urânio 80
.V32. Recuperação do HNO3 na Unidade-Piloto de Tório 80
.V33. Reaproveitamento do Filtrado do DUA. 81
.V3.4. Resíduo Sulfurico 83
.V.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO. 87
.V.4.1. Refugado da Unidade-Piloto de Urânio 95
.V.4.2. Refugado da Unidade-Piloto de Tório. 97
.V.43. Filtrado do Diuracato de Amônio 99
A\5. CONCLUSÃO 101
.V.6. RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DESENVOLVIDA E
PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS 103
.VJ. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105
TABELAS
-Ol-A. Recuperação de HNOj sem adição de H2SO4. 66
(REFUG ADO DA UMDADE-PILOTO DE URÂNIO)
.013. Recuperação de HNO3 sem adição de H2SO4 67
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE TÓRIO)
.02A. Modelo A de Destilação 70
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE URÂMO)
.02.B. Modelo A de Destilação .71
(REFUGADO DA UMDADE-PELOTO DE TÓRIO)
.03-A. Modelo B de Destilação — ~~ .. 72
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE URÂNIO)
.033. Modelo B de Destilação 72
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE TÓRIO)
.04.A. Modelo C de Destilação ~..™.................. ...... „... .73
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE URÂNIO)
.04.B. Modelo C de Destilação 73
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE TÓRIO)
.05.A. Modelo D de Destilação..........„..........™._..~......................................—..........................74
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE URÂNIO)
.05.B. Modelo D de Destilação .74
(REFUGADO DA UMDADE-PILOTO DE TÓRIO)
MA. Modelo E de Destilação. 75
(REFUGADO DA UMDADF p!LOTO DE URÂNIO)
-06.B. Modelo E de Destilaçio 75
(REFLGADO DA UNIDADE-PILOTO DE TÓRIO)
.07. Modelo de Destüação para o FILTRADO DO DUA .82
.06.A. Tratamento dos Resíduos Sulfurícos 85
(REFLGADOS DA UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO)
.083. Tratamento dos Resíduos Sulfurícos .86
(REFLGADOS DA UNIDADE-PILOTO DE TÓRIO)
.09.A. Analises das Soluções de Alimentação da Coluna de Extração
da UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO 89
.093. Análises das Soluções de Alimentação da Coluna de Extração
da UNIDADE-PILOTO DE TÓRIO 90
.10A, Análises das Soluções Efluentes da Cc> jna de Extração
da UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO 91
.10.B. Análises das Soluções Efluentes da Coluna de Extração
da UNIDADE-PILOTO DE TÓRIO. 92
.11. Análises dos Filtrados do Diuranato de Amônio. 93
* J ^ / V • V 1 U U C I U U C 1 ^ 9 M l t f M U n > t f f M t i i t t w t * f r a M > M M N n t f « f i n M « t f M n n i i t * > f M N * M » i i » f t t * > n > f i M i f t > « i t n N « i « i t i * i i w » i > » 7 ^
(Solução de Alimentação da UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO)
.123. Modelo de Destilação .94
(Solução de Alimentação da UNIDADE-PILOTO DE TÓRIO)
.13.A. Reprodutibilídade do Procrsso de Reaproveitamento de Valores
no Efluente (UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO) .96
.13.B. Reprodutibilídade no Processo de Reaproveitamento de Valores
no Efluente (UNIDADE-PILOTO DE TÓRIO) 98
.14. Dados Estatísticos para o Reaproveitamento do Nitrato de Amônio
no FILTRADO DO DUA 100
FIGURAS
Pág.
.01. Diagrama de blocos do Processo de Conversão e Purificação de Urânio
por Via Úmida 04
.02. Diagrama de blocos do Processo de Conversão e Purificação de Urânio
por Via Seca 05
.03. Esquema de uma Coluna Pulsada. 13
.04. Esquema da Placa Perfurada (em corte) 14
.05. Esquema do Setor de Dissolução da Unidade de Urânio 23
.06. Esquema do Setor de Extração da Unidade de Urânio 26
.07. Esquema do Setor de Reversão da Unidade de Urânio 28
.08. Esquema do Setor de Recuperação do Solvente (F.O.) 31
.09. Esquema da Unidade de Tratamento do Refugado (FA) 32
.10. Esquema do Setor de Precipitação do DUA. 34
.11. Esquema Geral do Processamento de Tório no IPEN 43
.12. Esquema da Aparelhagem de Destilação 62
.13. Esquema de Fracionamento do Resíduo Sulfúrico 84
REAPROVEITAMENTO DE VALORES NOS EFLUENTES LÍQUIDOS DAS
UNIDADES-P1LOTO DE URÂNIO E TÓRIO.
Elaine Arantes Jardim Martins
RESUMO
Apresenta-se um estudo para o reaproveitamento de valores nas
soluções efluentes geradas nas unidades de purificação do urânio e de tório em operação
no IPEN-CNEN/SP.
Dá-se ênfase ao aproveitamento do ácido nítríco livre e do ácido
resultante dos nitratos nas soluções aquosas do refugado da coluna de extração do nitrato
de uranilo com solventes orgânicos, bem como ao reaproveitamento do urânio nelas
contido.
Igualmente procura-se aproveitar todo o ácido nítríco livre e o ácido
obtido pelo tratamento dos nitratos no efluente aquoso da coluna de extração de tório,
bem como o tório residual e as terras raras.
Estudou-se também o reaproveitamento do filtrado do diuranato de
amônio nuclearmente puro, o qual se constitui de nitrato de amônio com baixo teor de
urânio e virtualmente livre da contaminação de descendentes naturais, especialmente o
Rádio-226. Procurou-se adequar este nitrato de amônio para uso como fertilizante.
RECOVERY OF VALUABLE PRODUCTS FROM THE RAFFINATE OF URANIUM
AND THORIUM PILOT-PLANT.
Elaine Arantes Jardim Mart" -
ABSTRACT
IPEN-CNEN/SP has being very active in refining yellowcake to pure
ammonium diuranate which is converted to uranium trioxide, uranium dioxide, uranium
tetra- and hexa-fluoride in sequential way. The technology of the thorium purification and
its conversion to nuclear grade products has been a practice since several years as well.
For both elements the major waste to be worked is the raffinate from purification via TBP-
varsol in pulsed columns.
In this paper the actual processing technology is reviewed with special
emphasis on the recovery of valuable products, mainly nitric acid, ammonium nitrate,
uranium, thorium and rare earth elementes.
Ammonium nitrate from the precipitation of uranium diuranate is of
good quality, being radioactivity and uranium-free, and recommended to be applied as
fertilizer.
In conclusion the main effort is to maximize the recycle and reuse of
the abovementioned chemicals.
1
C A P Í T U L O 1
INTRODUÇÃO E ORJETIVOS
Desde o final dos anos 50, o IPEN-CNEN/SP vem trabalhando para
o estabelecimento de uma tecnologia própria para o urânio /37/. No início dos anos 70,
entrava em operação a segunda unidade piloto para purificação de urânio por troca iônica
/ l / . Alguns anos mais tarde iniciavam-se também os trabalhos de pesquisa para a
tecnologia de purificação de tório /28/. A matéria-prima nos dois casos era proveniente
da industrialização das areias monazíticas brasileiras, iniciada ainda pelas Indústrias
Químicas Orquima, então uma organização particular.
Alguns anos mais tarde o encargo desta industrialização passava para
a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e hoje à empresa com nome de
NUCLEMON.
O urânio, sob a forma de diuranato de sódio (DUS) tal como era
obtido a partir da areia monazítica, da qual é um sub-produto, não podia ser utilizado para
fins nucleares face ao seu elevado índice de impurezas. Em vista disso, é forçosa a
remoção das mesmas, de modo que a sua permanência, junto ao urânio se limite a partes
por milhão (ppm) e, para alguns elementos, até frações de ppm, como no caso do B , Cd,
Dy,Gd,SmeEu.
O IPEN-CNEN/SP virtualmente usou todo o concentrado de urânio
produzido a partir de monazita, transformando-o em outros produtos de elevada pureza.
Atualmente o concentrado de urânio purificado no IPEN-CNEN/SP
é o diuranato de amônio (DUA), obtido pela industrialização do minério uranífero de
2
Poços de Caldas, pela INB (Indústrias Nucleares Brasileiras). Este concentrado apresenta
ótimas qualidades químicas e tem uma boa pureza, dentro das especificações
internacionais como yellowcake.
O concentrado de tório também provém da areia monazítica, na
forma de um hidróxido impuro, conhecido localmente como torta D e também, um
produto de melhor qualidade, na forma de oxocarbonato de tório (OCTO). Mais
recentemente o IPEN passou a transformar uma terceira matéria-prima de tório, um sul
fato cristalizado, de qualidades químicas e pureza muito boas, proveniente da
NUCLEMON.
Não obstante o grande número de operações que demanda a
obtenção de um produto final de urânio ou tório, qualquer que seja ele, não terá valor
algum como material destinado à fabricação de elementos combustíveis se não tiver
passado pela fase de purificação. Essa etapa é, portanto, considerada essencial para os
vários tipos de combustíveis nucleares, seja no ciclo do urânio ou do tório.
O IPEN-CNEN/SP dispõe boje de uma unidade de demonstração
para a purificação de urânio e uma unidade piloto para a purificação de tório. Ambos os
processos químicos são baseados na tecnologia de extração com solventes, usando-se como
fase orgânica a mistura fosfato de trí-n-butila (TBP ) e um diluente (normalmente varsol).
Para qualquer dos dois elementos , os trabalhos de purificação
iniciam-se com a transformação dos concentrados em seus respectivos nitratos ; a
tecnologia é a de colunas pulsadas, com discos perfurados.
Dentre os vários processos existentes para purificação por extração
com solventes, a escolha recaiu sobre o de colunas pulsadas. Os primeiros estudos para a
implantação da tecnologia de colunas pulsadas no IPEN-CNEN/SP (ex-/£4), foram feitos
por Krumhok /33/,/34/ e Bril /5/,/C/. Foi, então, com base naqueles estudos que se
projetou a atual usina, baseando-se na experiência de instalações congêneres em outros
países /60/.
Da primeira coluna resulta uma fase aquosa contendo as impurezas e
3
algum urânio e tórío, conhecida como refugado (raffinate) e também virtualmente todo o
ácido nítrico inicial, como ácido livre e como nitratos, além de apresentar radioatividade
pela presença de alguns descendentes naturais do tórío e do urânio.
Na tecnologia do urânio, um dos produtos intermediários é o
diuranato de amônio ( DUA ) de elevada pureza química, obtido pelo tratamento da
solução de nitrato de uranilo com amônia ou com hidróxido de amônio.
O filtrado desse DUA é um nitrato de amônio contendo apenas
traços de urânio e muito debilmente radioativo.
1.1. PROCESSOS DE PURIFICAÇÃO DE URÂNIO.
Os processos de purificação de urânio para obtenção de um produto
nuclearmente puro são baseados na transformação de um composto em outro, de acordo
com as finalidades programadas, preservando sempre o grau de pureza ideal.
Destas considerações se exclui o processo usado pela Allied Chemical
Co., de Metropolis, USA, que parte do concentrado diretamente para o hexafluoreto de
urânio (UF5), o qual é purificado posteriormente.
De um modo geral, os processos industriais para purificação de
urânio e obtenção do produto final, hexafluoreto de urânio, seguem um dos dois grupos
Grupo 1 : Purificação via extração com solventes e posterior
fluoraçâo do tetrafluoreto de urânio (figura 01).
Grupo 2 : Fluoraçâo do tetrafluoreto de urânio e purificação final por
destilaçâft frarionada (figura 02).
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. FIGUR A 02: Diagrama de hlncos do Processo de Converaftn He Urânio por via Seca.
6
Esses dois grupos são conhecidos como processo por via úmida e
processo via seca, respectivamente.
No processo via seca, a conversão em UF^ é feita antes da
purificação e no processo via úmida a conversão é feita após o processo de purificação,
como pode ser visto nos diagramas das figuras 02 e 01.
L2.0 PROCESSO ATUAL DE PURIFICAÇÃO DE URÂNIO NO 1PEN-CNEN/SP.
A unidade de demonstração de purificação de concentrado de urânio
até elevado grau de pureza química tem suas operações iniciadas com o recebimento do
yeüowcake e terminadas com a produção do trióxido de urânio, seguindo depois até a ob
tenção do bcxafluoreto de urânio.
As principais operações são:
1. recebimento, pesagem, amostragem e análise do concentrado;
2. dissolução e digestão do concentrado com ácido nítrico, a quente;
3. filtraçáo e acerto da concentração de urânio e da acidez do nitrato
deuranüo
4. purificação por extração com TBP/varsol em colunas pulsadas;
5. precipitação do urânio como diuranato de amônio (DUA);
6. filtraçáo e secagem do DUA, seguida de calcinação a trióxido de
urânio.
12.1. REJEITOS E EFLUENTES.
Na primeira fase do ciclo do combustível, da purificação do
concentrado de urânio até a produção do trióxido, resultam: um rejeito e dois efluentes.
O rejeito é sólido e constituído pela torta residual gerada durante a
7
digestão ácida.
Este resíduo contém principalmente silício na forma de oxido de
silício desidratado e algum material insolúvel. Após a lavagem com água para a
eliminação do urânio e do ácido nítrico, esta torta não constitui problema, sendo seu teor
de urânio muito baixo (menor que 0,05%) e seu nível de radioatividade também baixo,
pois a principal contribuição 6 o tório-234 (24,1 dias de meia-vida), um descendente do
uránio-238.
O primeiro efluente, considerado o mais sério, quer do ponto de vista
econômico quer do ponto de vista ambiental^ o refugado da coluna de extração. Esse
efluente contém algum urânio, todas as impurezas originalmente contidas no concentrado
de urânio, entre elas ferro, sódio, amônio, cloreto, sulfato, fosfato, terras raras, tório e
zircônio, além de algum silício residual. O urânio aparece especialmente no início da
operação da coluna de extração, quando o sistema de extração não atingiu ainda o
equilíbrio e no momento em que se interrompem as operações de extração. Este
refugado contém ainda, virtualmente, todos os descendentes da família natural do urânio,
especialmente o primeiro descendente do urânio-238, ou seja, o tório-234.
Atualmente, enquanto não se tem o estudo completo para o
reaproveitamento do ácido nítrico e do urânio, bem como o fJuxograma para
confjnamemo e deposição segura deste refugado, ele vem sendo tratado de maneira
global. Ou seja, todo o refugado é tratado com hidróxido de sódio, precipitando-se as
impurezas e o urânio. O ácido nítrico é deposto agora na forma de nitrato de sódio,
significando a perda deste reagente. Esta situação será completamente revertida quando o
fluxograma de aproveitamento de ácido nítrico e do urânio estiver pronto.
O segundo efluente é líquido e se constitui no filtrado do diuranato
de amônio, cuja composição é virtualmente só nitrato de amônio com leve contaminação
de urânio (menor que 20 mgU/L). Neste, não foram encontrados outros descendentes do
urânio natural, pois estes ficam no refugado da coluna de extração. A preocupação maior
é o rádío-226, não detectado no filtrado do DUA, o que significa segurança no seu uso
8
como fertilizante /38/.
Na unidade de produção do tetrafluoreto de urânio, o UO3 que sai
do forno de calcinação é transformado em UF4 via reator de leito móvel; o método é
baseado em duas reações gás-sólido em contra-corrente, ocorridas no mesmo reator. Ini
cialmente reduz-se o UO3 a UO2 com hidrogênio a quente; cm seguida obtém-se a
transformação deste dióxido em UF4 por bidrofJuoretação com HF anidro (a quente).
Nesta unidade não são formados outros resíduos, a não ser pequena quantidade de CaF2
pela absorção de HF (g) residual na coluna de absorção recheada com CaO.
A Unidade de Produção de UF6 (TPEN-CNEN/SP) utiliza um reator
denominado "de chama", diferente do reator de leito fJuidizado que normalmente é usado
na obtenção do hexafluoreto de urânio. Neste reator de chama, o UF4 é transformado
em UF6 por fJuoração com F2. Esta operação é feita com controle de temperatura, pois a
reação é fortemente exotérmica chegando a atingir aproximadamente 1000°C dentro do
reator. Nesta unidade, também não há rejeitos de interesse para este trabalho de
dissertação.
L3. PROCESSO DE PURIFICAÇÃO DO TÓR1Q.
A unidade de purificação de tórío opera com o mesmo princípio da
unidade de purificação de urânio, isto é, sistema nítrico e extração com TBP/diluente.
Nesta unidade o diluente utilizado também é o varsol e a concentração do TBP é de 45%
(v/v).
Na unidade de purificação de tórío utilizam-se colunas pulsadas,
sendo a primeira uma coluna composta /32/, com finalidade dupla de realizar as
operações de extração e de lavagem ; a segunda coluna faz a reversão do tórío como
nitrato.
O refugado da primeira coluna contém virtualmente o ácido nítrico
9
em excesso, nitrato de tório Dão extraído, nitrato de sódio e as terras raras que
acompanhavam o tório. Este refugado está sendo tratado para o reaproveitamento do
tório e das terras raras. Ele deve ser cordicionado para ser submetido a nova extração
com TBP/varsol /22/.
Atualmente, enquanto não se tem o estudo definitivamente
terminado, o refugado é tratado com NaOH e os hidróxidos de tório e terras raras
armazenados, para posterior redissolução e reacerto para nova extração. O filtrado
(nitratos solúveis) é descartado para o esgoto.
Uma outra opção seria evaporar o refugado, com condensação do
ácido nítrico para reaproveitamento, sendo o material residual estocado para uso
posterior.
L4.0 PROCESSO ATUAL DE PURIFICAÇÃO DE TÓRIO NO 1PEN-CNEN/SP.
A unidade de purificação de concentrado de tório até elevado grau
de pureza atualmente tem suas operações iniciadas com o recebimento do sulfato de tório
e terminadas com a produção do nitrato de tório concentrado.
As principais operações são:
1. recebimento e pesagem do sulfato de tório;
2. transformação do sulfato em oxocarbonato de tório;
3. lavagem para descontaminação do fon sulfato;
4. filtração a vácuo para separação do concentrado a ser purificado
(OCTO);
5. dissolução e digestão do OCTO com ácido nítrico;
6. acerto da concentração de tório e da aridez do nitrato de tório
impuro;
7. purificação por extração com TBP/varsol em colunas pulsadas;
10
8. concentração do nitrato de tório purificado até aproximadamente
400-S00g/L, seguida de acondicionamento para estocagem provisória.
1.4.1. REJEITOS E EFLUENTE.
Na primeira fase do processo de purificação desta unidade, na qual se
faz a transformação do sulfato de tório em oxocabonato (OCTO), resulta um
sobrenadante constituído de hidróxidos, carbonates, sulfatos e outras impurezas solúveis.
Este sobrenadante 6 descartado para o esgoto, após ter sido confirmada a ausência de
tório.
Após o oxocarbonato de tório ter sido descontaminado de sulfato
segue para filtração e obtém-se um segundo rejeito, o filtrado, que se constitui
principalmente de sulfatos alcalinos e alguma impureza. Este filtrado também é
descartado para o esgoto, após a confirmação da ausência de tório.
O terceiro e principal efluente liquido é o refugado da coluna de
extração, em estudo neste trabalho e já descrito no item L3. desta dissertação.
Os demais efluentes resultantes do tratamento da fase orgânica de
saída da coluna de reversão são reciclados para o processo e não têm interesse para este
trabalho de dissertação.
L5.HBIETJYQ&
O objetivo principal do presente trabalho é o estudo dos efluentes e
rejeitos gerados nas Unidades-Püoto de Purificação de Urânio e de Tório do IPEN-
CNEN/SP.
No processo de purificação dos concentrados no ciclo de conversão
de urânio e de tório existem três efluentes líquidos que necessitam de maior atenção no
11
sentido de «aproveitamento máximo dos valores de interesse neles contidos, recidando-os
ou transformando-os em subprodutos aproveitáveis. No ciclo de conversão do urânio
têm-se dois destes efluentes, o refugado da coluna de extração (raffinate) e o filtrado do
diuranato de amonio nuclearmente puro. No á d o de conversão do tórío encontra-se o
terceiro efluente, que também é um refugado da coluna de extração (raffinate) da unidade
de purificação.
Nos refugados das duas unidades (raffinateX a preocupação principal
é o reaproveitamento do áádo nítricô utilizado na dissolução do concentrado e os nitratos
que também serio convertidos em ácido nftrico livre, Este será reciclado ao processo na
forma de reagente puro e de concentração adequada.
O filtrado do diuranato de amôniD nuclearmente puro, o qual
atualmente é descartado, devido ao pouco uso no próprio ciclo do urânio, contém quase
que somente nitrato de amonio. Portanto, pretende-se com este estudo, adequá-lo para
utilização na indústria agrícola /38/.
O programa em escala laboratorial para esses experimentos visa,
futuramente, a adequação do sistema para a implantação de uma escala piloto, onde todos
os efluentes líquidos possam ser tratados de forma a se ter uma recuperação econômica de
seus valores, trabalhando sempre com o intuito de diminuir a quantidade de resíduos a
serem depositados.
12
C A P Í T U L O II
TECNOLOGIA DE PURIFICAÇÃO COM SOLVENTES EM COLUNAS PULSADAS
Neste capítulo apresentam-se noções gerais da tecnologia de extração
com solventes que é uma técnica desenvolvida e utilizada mundialmente / l l / , /40,/54/.
No processo de purificação por extração com solventes em colunas
pulsadas utiliza-se uma coluna na extração de um produto com as duas fases líquidas em
contra-corrente, sendo o fluxo facilitado pela diferença de densidades entre os dois
líquidos que se contactam /41/.
No caso do urânio e do tório, procura-se extraílos das respectivas
soluções aquosas de nitrato (mais densas) com uma solução orgânica composta de fosfato
de tri-n-butila/varsol (menos densa) /32/.
Uma coluna pulsada é constituída de um cilindro de vidro ou de aço
inoxidável, tendo em suas extremidades superior e inferior, secções de maior diâmetro,
com vigias de vidro temperado para que se possa visualizar o seu interior (figura 03) /20/.
Dispõem-se, no interior da coluna, os discos perfurados (no caso da
Unidade-Piloto do flPEN são 90), igualmente espaçados entre si, para provocar turbulência
à passagem dos líquidos pela ação dos pulsos, com intuito de ampliar a área de contacto
entre as fases (figura 04).
13
DECANTADOR SUPERIOR -
VISOR -
ENTRADA da Fase Aquosa
•© »
ENTRADA da Fase Orgânica DECANTADOR INFERIOR
0—1-
Í— A
fl-2
;—B
0-3
• -C
0-4
SAÍDA da Fase Orgânica
TOMADA DE TEMPERATURA ( A, B, C .D )
TOMADAS DE AMOSTRAS (1,2,3,4 )
NÍVEL DE REFERENCIA DE INTERFACE
BOMBA DE PULSO
J ^ SAÍDA da Fase Aquosa
FIGURA 03 : Esquema de uma Coluna Pulsada.
14
EIXO CENTRAL
DISCOS PERFURADOS ( 322 furos por disco ) 23% ÁREA LIVRE
SEPARADORES
COLUNA
FIGURA 04: Esquema da Placa Perfurada (em corte ).
15
A coluna pulsada trabalha com as duas fases (orgânica e aquosa) em
contra-corrente, sendo que uma delas preenche a pane útil da coluna, isto é, a parte que
contém os discos perfurados. Se a fase que preenche a parte útil for a orgânica, diz-se que
a coluna opera com fase orgânica contínua. Neste caso a fase aquosa é a dispersa e a
"interface" (linha divisória que separa as soluções pela diferença de densidade) estará no
decantador inferior. Quando a parte útil 6 preenchida com a fase aquosa, então a coluna
opera em fase aquosa contínua, sendo a fase orgânica dispersa e a "interface" estará no
decantador superior.
Observa-se, então, que o funcionamento da coluna pulsada se
caracteriza pela dispersão de uma fase no interior da outra fase que preenche a coluna. A
dispersão é evidenciada pela formação de gotfculas dentro da fase contínua, visíveis
através das colunas de vidro ou nos visores de vidro nas colunas de aço, especialmente
próximas ao ponto de admissão da fase orgânica.
O fosfato de tri-n-butüa (IBP) é o solvente mais utilizado em escala
industrial na tecnologia da extração com solventes, devido às várias vantagens por ele
apresentadas como: seletividade, estabilidade, capacidade de extração e segurança.
Porém, não pode ser usado sem ser diluído com um solvente orgânico devido à sua alta
viscosidade e baixa densidade, o que tornaria o complexo "nitrato de uranilo-TBF tão
estável que acarretaria em uma reversão ineficiente. Além disso, a separação das fases
seria muito dificultada.
Um bom diluente deve ter as seguintes características:
• completa compatibilidade com o agente extrator (TBP) e a espécie
a ser extraída;
- ser insolúvel em água;
• estável em presença de ácido nítrico concentrado;
- baixa viscosidade;
• fácil aquisição no mercado;
- custo razoavelmente baixo.
16
Além do varsol. os outros diluentes que preenchem essas
especificações são os hidrocarbonetos alifáticos, dentre eles se destacam o querosene e o
hexano /59/. O varsol foi escolhido para uso nas unidades-piloto do IPEN, também
devido ao fato de poder ser usado tanto para urânio como para o tório/7/.
11.1. EXTRAÇÃO.
Esta operação consiste em transferir os elementos de interesse, no
caso urânio e tóiio, da fase aquosa de alimentação sob a forma de nitratos de uranilo e
tório, respectivamente, para a fase orgânica, mistura de TBP-VARSOL, pelo contato entre
as fases em contra-corrente, aproveitando-se a alta seletividade do TBP pelos dois
elementos, separando-os das impurezas.
As principais impurezas contidas nos concentrados a serem
purificados são sódio, silício, fósforo, ferro, terras raras e zircônio. Para o concentrado de
urânio deve-se também descontaminar tório e no concentrado de tório deve-se desconta-
minar urânio. Sob o pomo de vista nuclear, as mais perigosas são as terras raras, porque
incluem elementos de alta secção de choque para absorção de neutrons /6/.
II.l.l. SOLUÇÃO DE ALIMENTAÇÃO.
A solução de alimentação na Unidade-Piloto de Purificação de
Urânio é o nitrato de uranilo obtido pela dissolução do concentrado de urânio (DUA)
com ácido nítríco. Esta solução, clarificada por meio de fíltração, contém o urânio na sua
forma hexavalente ( UC>2++) e praticamente todas as impurezas contidas no
concentrado. Apenas alguns elementos são parcialmente removidos durante a digestão
ácida, especumente silício (na forma de SÍO2) e algum zircônio.
Para favorecer e otimizar a transferência do urânio para a fase
17
orgânica, a solução de alimentação passa por um ajuste, especialmente quanto à
concentração de urânio, agentes salinos (nitrato de amônio ou de sódio) e aridez livre /8 / .
Esta aridez é ajustada entre 1 e 3M com adição de árido nítrico.
Na operação de extração, a razão fase orgânica/fase aquosa é de
especial importância para se conseguir a extração total do urânio, deixando as impurezas
no efluente resultante. Este contém quase a totalidade do ácido nítrico livre e dos
nitratos metálicos da fase aquosa de alimentação. Sua composição deve ser bem
conhecida para que se possa fazer um planejamento visando a recuperação dos
componentes de valor e confinamento daqueles que serão realmente o rejeito final
A solução de alimentação na Unidade-Piloto de Purificação de Tório,
de modo semelhante ao urânio, é também uma solução clarificada de nitrato de tório.
Atualmente, a solução de alimentação na unidade de tório é obtida pela transformação do
sulfato de tório bruto em oxocarbonato de tório (OCTO), por meio de adição de hidróxido
de sódio e carbonato de sódio a quente. Este precipitado é filtrado e lavado até
eliminação de todo o sulfato. A massa de oxocarbonato de tório obtida é, então,
dissolvida com ácido nítrico concentrado a quente, obtendo-se assim o nitrato de tório
impuro /45/. Como no caso do urânio, a solução de tório passa por um ajuste de
concentração do tório, aridez livre (HNO3) e adição de agente salino (NaNC^), caso o
mesmo não esteja dentro dos parâmetros desejados para operação. O efluente resultante
da extração deve ser analisado para que sejam quantificados os componentes de interesse,
isto é, ácido nítrico livre, nitrato total, tório residual e impurezas como terras raras.
II.U. ESPÉCIES EXTRAÍVEIS.
Não se pretende aqui descrever mais profundamente o mecanismo de
extração de tório e de urânio em meio nítrico por TBP-diluente. Este tema está bem
documentado na literatura técnica pertinente, com um número significativo de
publicações.
18
Apenas procurou-se indicar o mecanismo principal pelo qual a
transferência se dá, segundo as reações seguintes:
u o 2 + 2 a q . + 2N°3*aq. + 2 ^ o r g ~ > (U02(N03)22TBP ) 0 r g
T n + 4a q + 4N03"aq.+ 2 T B P o r g - > (Th(N03)42TBP)o r f r
Para que a extração seja eficaz, o ajuste das duas fases se faz
necessário, como já relatado anteriormente, especialmente as condições de controle da
Case aquosa de alimentação e sua concentração total de nitratos, bem como a concen
tração em ácido nítrico livre /3S/. A concentração de ácido nítrico livre influencia a
extração de urânio e tório, observando-se que em acidez livre de moderada para alta o
equilíbrio das reações 6 deslocado para a direita, favorecendo a transferência daqueles
elementos /40/. Situações de baixa acidez livre deslocam o equilíbrio para a esquerda
/27/, impedindo a extração, fenômeno este que é explorado para a reversão de tório e
urânio para uma nova fase aquosa.
II.U. LAVAGEM DA FASE ORGÂNICA.
URÂNIO:
A fase orgânica carregada com nitrato de uranilo contém ainda
impurezas, em baixas concentrações, co-extraídas com o urânio. A operação de lavagem
da fase orgânica tem como finalidade a complementação da purificação do urânio,
removendo estas impurezas.
Na Unidade-Piloto instalada no IPEN-CNEN/SP, esta lavagem é
feita com ácido nítrico diluído. Por outro lado, a solução de lavagem que deixa a coluna
pulsada remove signifícante quantidade de urânio. O efluente resultante nesta fase,
contendo este urânio e as impurezas, não requer tratamento especial porque é reciclado.
Portanto, para o objetivo desta dissertação, o efluente da coluna de lavagem não é
19
preocupante.
TÓRIO:
A fase orgânica carregada com nitrato de tório contém ainda
impurezas e pequena quantidade de urânio co-extraídos com o tório.
A operação de lavagem na Unidade-Püoto de Purificação de Tório
do IPEN-CNEN/SP difere da unidade de urânio, por ser realizada em coluna composta de
"extração e lavagem". A solução de lavagem é um nitrato de tório diluído com água
desionizada na proporção de 1:1, e o volume utilizado para esta operação 6 bem pequeno
(1/10 do volume da fase orgânica a ser lavada) /22/. O efluente resultante é tratado jun
tamente com o refugado da coluna.
II2. REVERSÃO.
A finalidade desta operação é transferir o nitrato purificado, da fase
orgânica para uma solução aquosa, resultando, no caso do urânio, uma solução de nitrato
de uranilo, a qual será normalmente transformada em um dos produtos sólidos de urânio
a seguir : diuranato de amônio, por precipitação com NH3, ou trióxido de urânio, por
desnitraçáo direta. No primeiro caso, obtém-se um filtrado amoniacal resultante da filtra-
Ção do DUA, cujo principal componente é nitrato de amônio. Esta solução, como já
mencionado, é objeto de estudo nesta dissertação, recebendo especial atenção como
efluente a ser tratado.
O nitrato de tório purificado é revertido da fase orgânica para a fase
aquosa utilizando-se uma solução de ácido nítrico 0,3M.
Obtém-se, na fase aquosa, um nitrato de tório purificado que
normalmente é concentrado ou cristalizado. Esta também 6 uma operação feita na
coluna composta "reversão e lavagem", onde é feita simultaneamente a lavagem do nitrato
purificado para a retirada do urânio.
20
A fase orgânica revertida passa por um misturador-decantador e
passa por um tratamento alcalino, para retirar impurezas, algum tórío nào revertido e
urânio. Esta fase orgânica i reciclada ao processo. A solução aquosa alcalina, contendo
urânio, é encaminhada à Unidade-Piloto de Purificação de Urânio.
Para melhorar o rendimento e reduzir os custos, as unidades do
IPEN-CNEN/SP operam as colunas de reversão a quente, fazendo a fase aquosa entrar na
coluna a aproximadamente 60°C e mantendo a fase orgânica em 30°C através de
trocadores de calor.
21
C A P Í T U L O 111
TECNOLOGIA DE URÂNIO E TÓRIO NO 1PEN-CNEN/SP
Neste capítulo serão descritos sucintamente os processos adotados
nas Unidades-Püoto de Urânio e de Tório do IPEN-CNEN/SP e suas instalações. Serão
tratados com maior atenção os sistemas de purificação das Unidades de Conversão destes
dois elementos, pois nestas são gerados os rejeitos líquidos a serem estudados neste
trabalho de dissertação.
M L UN1IUDE.P1LOTO DE URÂNIO.
O ciclo total de conversão do urânio tem por objetivo a produção de
hexafluoreto de urânio obtido a partir do concentrado, comumente denominado
yellowcake, recebido de Poços de Caldas. Esse yellowcake, que é constituído por
diuranato de amônio e impurezas, passa por várias operações durante o seu
processamento, porém ênfase será dada à purificação do concentrado, devido ao fato de
ser essa unidade a geradora dos efluentes líquidos, os quais são estudados neste trabalho.
A fase de purificação se constitui de três setores:
Setor I. Recebimento, amostragem e pesagem do concentrado de
urânio;
Setor D. Dissolução do concentrado de urânio;
Setor m. Extração do urânio até obtenção do nitrato de uranilo
22
nuclearmente puro.
III.1.1. SETOR I.
Neste setor, o diuranato de amônio impuro chega em tambores com
um peso aproximado de 200kg. Faz-se o controle analítico inicial para avaliar o teor real
de urânio. Aproximadamente 74% em massa são urânio (U) natural e cerca de 5% são
impurezas.
A pesagem do concentrado é feita sob sistema de exaustão na capela.
Este sistema de exaustão por ciclo-fíltro permite o reaproveitamento do pó fino de
diuranato de amônio retido, o qual é depositado por gravidade.
111.12. SETOR II.
O concentrado de urânio, previamente estocado no silo, passa por
tratamento com ácido nítrico sob agitação e aquecimento no reator da unidade (vide
esquema na figura OS), produzindo uma solução de nitrato de uranilo contendo ácido ní
trico )me e todas as impurezas oriundas do concentrado. Esse reator de digestão é
construído em aço inoxidável e tem capacidade para 300 L. Dispõe de camisa de
vapor,agitador com dispositivos para remoção de vapores, tomadas para os instrumentos
indicadores-controladores-registradores de temperatura para comando do vapor por
dispositivo eletro-pneumático e pHmetro. Dispõe também, na parte superior, de entrada
para ácido nítrico (V.103), água desionizada (V.105) e de lavagem (V.104) das tortas
residuais da dissolução do DUA que contém pouco urânio. Após a maturação, as
partículas sólidas insolúveis permanecem na solução sob a forma de um resíduo que será
separado por fíltração a vácuo na etapa posterior do processo. A reação que ocorre na
dissolução do concentrado encontra-se abaixo:
(N H4)2u207(s)+ 6 H N 0 3 ( a q r > 2U02(N03)2(aq)+ 2NH 4 N03 ( a q ) + 3H 2 0 ( 1 )
SETOR DE DISSOLUÇÃO
23
.torta amarela
.concentrado de urânio .celite n2 545
VAPOR
^ 1 0 4 ^ 1 0 5
*£
CL I U
VI15
a>
V127' —'vios
V109 IV121
F 101 F 101A B 103 •-fi"
B104
F.A. para o setor de EXTRAÇÃO
. FIGURA 05 : Esquema do Setor de Dissolução da Unidade-Piloto de Urânio.
24
A adição de ácido nítrico ao DUA pro\-oca elevação da temperatura
(reação exotérmica), que chega a atingir 70°C, o que se torna muito útil, pois. ao terminar
a entrada do ácido no reator, pouco vapor 6 necessário para elevar a temperatura à de
digestão, a qual vai a aproximadamente 95°C durante três boras. Embora duas boras
seriam suficientes para floculação de quase toda a silica, estando a um nível de aridez de
2N, por medida de segurança estende-se a operação por mais uma hora porque isso
facilita, também, a filtração.
O procedimento de dissolução /20/ para preparação do nitrato de
uranilo é feito da seguinte forma:
01. Introdução da água desionizada ou água de lavagem do tanque de
estocagem no reator de dissolução;
02. Introdução do concentrado(DUA);
03. Introdução do ácido nítrico 14.8N;
04. Acerto da aridez livre para 2N;
05. Entrada de vapor na camisa de aquecimento;
06. Resfriamento da solução por injeção de H2O na camisa de vapor,
até que a temperatura chegue a 70°C;
07. Introdução de 2% de celite-545 (calculado sobre o DUA) para
auxiliar a filtração (este procedimento é opcional);
08. Filtração a vácuo;
09. Lavagem com água quente(70°C);
10.0 nitrato de uranilo é enviado para acerto final da concentração
de urânio e aridez livre;
III.U.l. Filtração
A operação de filtração é feita em batelada sobre os filtros em série
<F.101eF.101A),avácuo.
Antes, porém, abaixa-se a temperatura da mistura para 70°C por
25
meio de injeção de água fria na camisa do reator. Ainda no reator, adiciona-se celite
número 545 sob agitação, durante cinco minutos, para facilitar a fiitração.
O volume de nitrato de uranilo a ser filtrado é da ordem de
aproximadamente 200 litros e de concentração aproximada 450 gU/L.
A tona é então lavada com água quente (pré-aquecida no reator,
enquanto se processa a fütração), sendo depois essa lavagem juntada ao filtrado,
resultando uma solução de nitrato de uranilo em torno de 360 gU/L, a qual é levada aos
tanques de estocagem (V.108 e V.127) pira o acerto finaL Este consiste na adição do fon
sulfato para eliminar as terras raras e o tono; diluição da sohição para 300g/L e acerto da
concentração de ácido nítrico livre para IN. Esta solução de nitrato de uranilo, após este
aceno final, é estocada nos tanques (V.109 e V.121), localizados no Setor m (extração).
I IUJ. SETOR III.
A purificação da solução de nitrato de uranilo é realizada em três
passos pelo processo de extração com solventes em colunas pulsadas (figura 06):
a) Extração de nitrato de uranilo da fase aquosa para a fase orgânica;
b) Lavagem da fase orgânica carregada com o urânio;
c) Reversão do urânio da fase orgânica para a fase aquosa;
III.1J.L Extração.
A fase aquosa a ser extraída, estocada nos tanques, V.109 e V.121,6
bombeada para a pane superior da coluna de extração CE.111, pela bomba B.104, e a fase
orgânica estocada no tanque V.110 é bombeada, pela B.1Q5, para a parte inferior da
coluna. A fase aquosa de saída de extração (refugado) escoa pela pane de baixo do
decantador inferior da coluna, com cerca de 100mg/L em urânio (99,9% de extração) e é
estocada no tanque, V.126, para tratamento posterior.
CC3*
si Si UJ
ÜJ
o t| col
Sttf
. FIGURA 06: F.Mpicma do Setnr de Extração da Unidadc-PilotO d? Urânio,
27
A fase orgânica carregada com aproximadamente 135gU/L sai pelo
topo da coluna de extração, com grau de pureza quase nuclear, passa pelo decantador
(D.5), e cai (por gravidade) sobre um conjunto de filtros coalescedores(F), que contém
celite-545 com a finalidade de quebrar qualquer emulsâo formada e reter algum sólido
que se possa ter formado durante a extração. Esse processo é chamado de clarificaçâo.
A fase orgânica é então armazenada no decantador V.112 (após
passar pelo tanque V.136 ), onde logo a seguir é bombeada (pela B.106 ) para a parte
inferior da coluna de lavagem CL. 114.
Ul.132. Lavagem.
Pelo topo da coluna de lavagem entra a fase aquosa, constituída por
água desionizada, proveniente do decantador (V.113), bombeada pela 6.107. A
alimentação nesta coluna é controlada pela bomba dosadora B.113.
No topo desta coluna de lavagem sai a fase orgânica, com uma
concentração de aproximadamente 115gU/L e na parte inferior da coluna sai a fase
aquosa, que é armazenada no tanque V.115 para uso posterior.
O equilíbrio na coluna de lavagem é atingido após o equilíbrio na
coluna de extração. Só então a fase orgânica lavada é encaminhada, via tanque de
decantação (V.116), pela bomba dosadora (B.109) que a transportará à coluna de reversão
(CR.118).
IH.1.3.3. Reversão.
Como o urânio sai da coluna de lavagem sob a forma de complexo
U02(NC<3)2.2TBP (fase orgânica), o que o toma impróprio para precipitação do
diuranato de amônio nuclearmente puro, realiza-se então uma operação adicional para
transferir todo o nitrato de uranilo da fase orgânica para a fase aquosa, livre de
contaminantes indesejáveis (figura 07).
28
SETOR DE REVERSÃO
F . O . TH5 . Ml . V 1 2 6 . M2 . V 125 fc V 110
F . A .
VAPOR
TH 2 O
< £ < N t-t Z c M V. u: a < s o «<
ISOLAMENTO TÉRMICO
V 117 B 110
m CR 118 V 137 T O l V 1 1 9 V 1 2 0
. FIGURA 07: Esquema do Setor de Reversão da Unidade de Urânio.
29
Esta operação, usualmente chamada de reversão ou "stripping", é
feita a quente, onde a fase aqi osa entra a 58°C na coluna de reversão e a fase orgânica é
mantida a 30°C através dos trocadores de calor TH.2 e TH3 , respectivamente. O equi
líbrio da coluna de reversão é atingido somente após as colunas precedentes atingirem o
equilíbrio, pois o processo de purificação começa na coluna de extração e termina na
coluna de reversão.
A fase aquosa que sai da parte inferior da coluna de reversão passa
pelos filtros coalescedores (F.l) e pelo de cantador (V.137), sendo levados aos tanques de
estocagem (T.01, V.119 e V.120). Esta solução de nitrato de uranilo possui concentração
de urânio de 100g/L, o qual é precipitado na forma de diuranato de amônio nuclearmante
puro.
A fase orgânica que sai pelo topo da coluna de reversão passa por um
misturador-decantador ( M), onde é tratada com carbonato de sódio e a seguir com ácido
nítrico.
III.l J.4. Recuperação do Solvente (fase orgânica). /20/
O objetivo desta unidade é a recuperação da fase orgânica após a
reversão do urânio na terceira coluna. Esta fase orgânica, contendo ainda traços de
urânio e produtos de de gradação do TBP-diluente, passa por um tratamento especial
antes de ser reciclada para a coluna de extração (figura 08).
Esse tratamento consiste em resfriar o solvente orgânico por meio de
um trocador de calor (TH.5), passando por um misturador (M.l), onde 6 tratada com
solução de carbonato de sódio, o qual remove o urânio residual.
A seguir, a fase passa pelo segundo misturador (M.2), onde é tratada
com ácido nítrico.
Essa fase orgânica é então enviada ao tanque de armazenagem
(V.l 10) e está em condições de retornar ao início do processo.
30
UM3.5. Tratamento da Fase Aquosa (Refugado). /21/
Para este trabalho é de interesse destacar o tratamento atual dos
efluentes aquosos originados no processo de purificação, uma vez que o objetivo principal
da dissertação é o estudo dos efluentes e rejeitos gerados nas Unidades-Piloto de
Purificação de Urânio e de Tório.
A fase aquosa que sai da coluna de extração (refugado), com
concentração em urânio de aproximadamente 100mg/L, passa por um decantador (V.128)
para separação de eventual arraste de fase orgânica. Em seguida é transferida para o
tanque de estocagem (V.126) onde, por gravidade, a solução 6 descarregada no reator de
precipitação de rejeitos R.102. No momento, essa precipitação é feita com hidróxido de
sódio, seguida de filtração a vácuo, obtendo-se assim as tortas "amarelas" ou
"acastanhadas", contendo diuranato de sódio (DUS) juntamente com as impurezas não
extraídas e precipitáveis nestas condições, entre elas ferro, tório e terras raras.
Essa diferença de coloração indica teores diferentes de urânio no
precipitado, isto é, se a cor da torta for "amarela" indica a presença de urânio, podendo
alcançar concen trações de 10 a 30% em urânio sobre a torta seca. Essas tortas
amareladas são recicladas periodicamente. Após dissolução com ácido nítrico, voltam ao
sistema de extração com TBP.
O filtrado dessas tortas tem concentração de urânio menor que
10mg/L e é descartado para o esgoto.
O processo de tratamento da fase aquosa pode ser observado na
figura 09.
Esta situação será alterada futuramente, sendo o estudo do processo
motivo desta dissertação.
31
cri oc o ÜJ CO
o
CXL ÜJ
a. C_J ÜJ cr
FIGURA 08 : F.squema do Setor de Rt-uperaçân do Solvente (Fase Orgânical
32
TRATAMENTO DO REFJGADO DA COLUNA DE EXTRAÇÃO
(FASE AQUOSA DE SAÍDA)
VAPOR
u ,
V 126 água de lavagem da Coluna de
Extração
102
Y
F 103
ESGOTO
F 102
TORTA DE DUS
ESGOTO
FIGURA 09: F<q»gma da IJpid.-.rie de Tratamento do Refugado (Fase AdUOSa),
33
III.1.4. SETOR DE PRECIPITAÇÃO DO Dl A.
Com a precipitação do urânio como diuranato de amônio e sua
transformação em trióxido de urânio encerram-se as operações na Unidade-Piloto de
Purificação de Urânio do IPEN-CNEN/SP.
O urânio contido no nitrato de uranilo purificado é precipitado na
forma de DUA por injeção de gás amônia, segundo a reação:
2 U0 2 (N0 3 ) 2 ( a q ) + 6 NH3 ( g ) + 3 H 2 0 ( 1 ) ~ > (SH4h^2^7(s) + 4 NH4N03(aq.)
As soluções de nitrato de uranilo nuclearmente puro armazenadas
nos tanques T.01 , V.119 e V.120 . são bombeados aos tanques de estocagem (V.119.B e
V.119.C) da unidade de precipitação.
A alimentação da solução de nitrato de uranilo nuclearmente puro e
do gás amônia no reator de precipitação é feita sob controle rígido das vazões, por meio
de rotâmetros.
Após um tempo de residência de quinze minutos, a suspensão de
DUA, com pH na faixa de 6 a 9, passa a fluir pela saída do reator, por gravidade,
diretamente para o filtro rotativo a vácuo onde é submetido à filtração continua.
O filtrado é uma solução de nitrato de amônio, que é levado ao
tanque de retenção e em seguida bombeado para o tanque de decantação, como medida
de segurança, no caso da presença de algum sólido (DUA). Essa solução pode ser
descartada, devido ao seu pequeno uso no ciclo do urânio, no momento. O estudo do
aproveitamento desta solução também é objetivo desta dissertação.
Na figura 10 pode-se observar o procedimento esquematizado desta
unidade.
34
PRECIPITAÇÃO DC DIURA^TC DE AKÔNÍO
1. V 119 B - ESTOCAGEM DE NUP
2. V 119 C - ESTOCAGEM DE NUP
3. ROTÃMETRO
4. REATOR DE PRECIPITAÇÃO DE DUA
5. FILTRO A VÁCUO
6. FORNO DE CALCINAÇÃO
7. TANQUE DE RETENÇÃO (solução de nitrato de amônio)
8. DECANTADOR
. FIGURA to: Ftqiif W Hn S g t o r d e P ríniTíicflo do P V A.
35
III.1.4.1. Setor de Produção do UO3.
A obtenção de trióxido de urânio a partir do diuranato de amônio é
feita de modo contínuo em forno elétrico de esteiras tipo túnel, com gradiente de
temperatura. De modo contínuo o DUA é secado e em seguida transformado em UO3, de
acordo com a seguinte reação:
(NH 4 ) 2 U 2 0 7 ( s ) - > 2 UO3.I/2 H20 ( s ) + 2 NH3 ( g )
Os finos gerados são recolhidos e redissolvidos com ácido nítrico, no
reator de dissolução, produzindo nitrato de uranilo segundo a reação :
UO3.I/2 H 2 0 ( s ) + 2HN03 (aq>) ~ > U02(N03)2 ( a q 0 + 3/2 H20 (1)
Este nitrato de uranilo, obtido da redissolução dos finos, volta ao
sistema de precipitação de DUA ou segue para a segunda unidade piloto de obtenção de
UO3, na qual se utiliza um processo alternativo : desnitração direta do nitrato de uranilo.
Deste forno contínuo resulta apenas uma pequena massa de NH3, o qual é condensado
como NH4OH juntamente com a água evaporada do DUA.
O UO3 obtido nesta unidade é a matéria-prima para obtenção do
dióxido de urânio (UO^ e do tetrafluoreto de urânio (UF^),
III.1.5. Produção do Tetrafluoreto de Urânio.
No processo de produção do UF4 utiliza-se, geralmente, reator de
leito fluidizado. Porém, o processo adotado no EPEN-CNEN/SP permite a formação de
UF4 empregando reator de leito móvel composto por módulos vertical e horizontal,
baseado em duas reações, ocorridas no mesmo reator /19/.
Primeiramente, obtém-se o U 0 2 , a partir da reação de redução do
UO3 (proveniente do forno de calcinaçáo) com o hidrogênio (obtido por decomposição da
36
amónia), de acordo com a reação:
u o3(s) + H2(g) > U°2(s) + H2°(i) ("26J Kcal/mol U03)
Em seguida, obtém-se a transformação do UO2 em UF4 pela reação
do HF gasoso (hidrofluoretação) em temperaturas de aproximadamente 350-500°C, de
acordo com a equação:
u o2(s) + 4HF(g) < = = = = = > UF4(s) + 2H20(]) (-413 Kcal/mol U02)
Esta operação de hidrofluoretação se processa nos módulos vertical e
horizontal. O HF anidro, na forma gasosa aquecido a 300°C, é injetado no reator após a
formação do dióxido de urânio (módulo de hidrofluoretação vertical). Após toda a
reação ter atingido o equilíbrio, neste módulo, injeta-se o HF no módulo de
hidrofluoretação horizontal, onde se processam 70% da operação de hidrofluoretação
O UF4 produzido, após ser temporariamente estocado em um
coletor, é levado para a capela de exaustão afim de que seja removido o vapor de HF
ainda nele contido. Após a eliminação deste vapor, o tetrafluoreto de urânio é
acondicionado em bombonas, tendo fim esta fase do processo.
III.1.6. Produção do Hexafluoreto de Urânio.
O hexafluoreto de urânio é obtido, geralmente, utilizando-se reator
de leito fluidizado. No IPEN-CNEN/SP, como já citado anteriormente no capítulo I
deste trabalho, utiliza-se um outro tipo de reator, denominado "de chama".
Neste reator de chama, trabalha-se com excesso de flúor, numa faixa
de 20-30% em volume, para se chegar a um bom rendimento /59/.
Inicialmente faz-se o aquecimento do seu leito, utilizando-se ar
37
quente, até atingir 400°C (primeira fase na operação do reator de chama).
A seguir, o pó de UF4 é introduzido no reator (por meio de roscas
dosadoras) ; as partículas são desagregadas no interior do reator com a ajuda de um
dispersador rotativo. Neste mesmo instante, o flúor gasoso (previamente purificado para
eliminação parcial de HF) é injetado no topo do reator. A reação ocorre, conforme a
equação :
UF4 ( g ) + F2 (g) — > ÜF6 ( g ) - 59 Kcal/mol a 25°C
O reator é construído em monel-400 (liga de cobre e níquel) cuja
resistência à corrosão diminui a partir de 600°C (59/. Como esta reação é fortemente
exotérmica, fazendo a temperatura no interior do reator chegar a aproximadamente
1000°C, é necessário que a operação se realize sob resfriamento do reator com ar, para
mantê-lo a 500°C
Os gases na saída do reator de chama são misturas de UF0, F2? HF e
N2, a uma temperatura de aproximadamente 300°G Esses gases passam por um trocador
de calor para reduzir a temperatura a 100°C ; em seguida, por cristalizadores (-15°C),
onde o bexafluoreto de urânio passará ao estado sólido.
Os demais gases, com exceção do HF, não ficarão retidos no
cristalizador porque não mudam de fase nesta temperatura.
Este cristalizador é um trocador de calor, refrigerado com freon a •
20°C, cuja função é permitir a cristalização do bexafluoreto de urânio vindo do reator.
O sistema de produção se diz em contra-corrente porque o UF4 em
pó é introduzido na parte superior do reator (por roscas dosadoras) e o F2 é introduzido
na parte inferior.
Todo o bexafluoreto de urânio cristalizado deverá ser descarregado
para o cilindro de estocagem.
3 *
111.2. UMbADE-PiLOTO DE TÓR1Q.
Esta unidade trabalha com sistema químico semelhante ao da
unidade de purificação de urânio, utilizando a tecnologia de extração com solventes em
contra-corrente por meio de colunas pulsadas. A principal diferença 6 a coluna de ex
tração composta, onde são realizadas seqüencialmente as operações de extração e de
lavagem /32/.
A tecnologia de conversão do concentrado de tórío nesta Unidade-
PQoto visa a obtenção de nitrato de tórío com pureza nuclear para a posterior obtenção do
oxido, se necessário. Atualmente a demanda de oxido de tórío para uso nuclear, no Brasil,
é insignificante. Porém, a Unidade-Piloto é mantida em operação, para o suprimento de
nitrato de tórío aos fabricantes nacionais de camisas de lampião.
Para o concentrado de tórío a ser tratado, proveniente da
industrialização da monazita, a linha de processamento, desde o concentrado bruto até o
produto final, compreende, de maneira geral, três fases distintas /28/. São elas:
Ia fase) Purificação do tórío, que será descrita mais detalhadamente
no item U12.1.
2a fase) Preparação do oxido de tórío, que pode ser efetuada por
desnitração do nitrato de tórío purificado ou por calcinação do oxalato de tórío
precipitado.
3a fase) Preparação do tórío metálico, que é feita em três etapas:
a) obtenção de um haleto de tórío;
b) redução com cálcio meUUico ou magnésio metálico na presença de
cloreto de zinco;
c) dezincagem e lingotagem.
Há muitas exigências estritas de pureza para o tórío de uso nuclear
para prevenir a captura de neutrons por elementos de alta secção de choque. As terras
raras; gadolfneo, samárío, disprósío e európio estão entre os mencionados elementos.
39
O tipo de nitrato de tório para uso comercial em camisas para
lampião não requer o mesmo grau de pureza.
No IPEN-CNEN'/SP, o processamento do tório restringe-se,
atualmente, apenas à obtenção do nitrato de torio purificado, sendo fornecido como
solução aquosa.
ULLL PURIFICAÇÃO DO CONCENTRADO DE TÓRIO.
O fhixograma de purificação do tono na Unidade-Pfloto de Tório do
IPEN-CNEN/SP compreende três módulos : transformação e dissolução do concentrado,
purificação por extração com solventes e obtenção do nitrato de tório puro em solução
aquosa concentrada ou nitrato de tório cristalizado.
IIL2.L1. Transformação e Dissolução do Coacentrado.
A matéria-prima utilizada atualmente é o sulfato de tório, já citado
anteriormente, o qual tem um teor médio de 47% de oxido de tório.
Transformação do sulfato de tório em oxocarbonato de tório.
Coloca-se água desionizada no reator, sob agitação contínua,
adicionam-se carbonato de sódio, sulfato de tório e hidróxido de sódio. Aquece-se o
reator durante uma nora e deixa-se decantar. Filtra-se e lava-se com água quente até
eliminação completa do fon sulfato. Obtém-se assim a massa de oxocarbonato de tório a
ser purificada.
Dissolução e Digestão do oxocarbonato de tório
Colocam-se no reator químico o ácido nítrico concentrado, o
concentrado de tório (OCTO) e nitrato de sódio (agente salino), sempre sob agitação.
Aquece-se e descarrega-se para um filtro a vácuo. O ácido nítrico deve estar em excesso
40
para que a dissolução seja completa.
A solução de nitrato de tório é separada da parte insolúvel
(normalmente silica residual), por Cltração. Faz-se o acerto da aridez livre do
concentrado (2 a 3N) e da concentração de tório a cerca de 350gThO2/L> caso estes
parâmetros não estejam de acordo com as condições desejadas para a operação de
extração.
IH.2.1.2. Purificação.
A purificação da solução de nitrato de tório é realizada em três
passos pelo processo de extração com solventes em colunas pulsadas: as operações de
extração e de lavagem (realizadas na coluna composta) e a reversão do tório com ácido
nítrico diluído, operação esta realizada na segunda coluna.
III. 12.L Extração.
O TBP tem sido usado como agente extrator para purificação de
tório para fins nucleares desde 1948 /28/.
Na unidade do IPEN, extrai-se o tório com TBP (45%)-VARSOL
(V/V). Os principais fatores que afetam a extração do nitrato de tório com TBP são :
dilueme, concentração do TBP, concentração do nitrato de tório na fase aquosa e a aridez
livre.
Em coluna vertical pulsada, de aço inoxidável, faz-se a extração do
nitrato de tório impuro com a fase orgânica. Nesta coluna composta é realizada
simultaneamente a operação de lavagem da fase orgânica para eliminação das impurezas.
MIJM.2.2. Lavagem.
A principal função desta etapa é complementar a eficiência limitada
da descontaminação na operação de extração, além de eliminar o arraste da fase aquosa
41
de alimentação e suas impurezas.
A fase orgânica resultante da extração contém ainda nitrato de tório
e pequena quantidade de tório e urânio coextraídos com o tório purificado. Devido a este
fato, realiza-se a operação de lavagem, na coluna composta de "extração-lavagem",
utilizando-se uma solução diluída de nitrato de tório.
A solução efluente de lavagem pode ser reutilizada como
alimentação, porque ela contém as impurezas e considerável concentração de tório devido
ao fato de a lavagem agir como uma operação parcial de reversão. Este
reaproveitamento do tório se faz, no caso da Unidade-Piloto do OPEN, na coluna
composta.
1112.123. Reversão.
A reversão seletiva do tório é feita com água em uma coluna
composta de "reversão-lavagem". Esta coluna composta é vertical e de vidro. Algum
urânio que tenha sido arrastado para a fase aquosa juntamente com o tório, é mais uma
vez extraído com uma fração nova (fresca) da fase orgânica. O nitrato de tório que sai da
coluna de reversão, após passar por outra coluna contendo varsol para absorção de
gotículas de fase orgânica, é transferido para o concentrador /22/,/45/.
IIU.l J. Obtenção do Produto Final.
O tono na solução de nitrato purificado pode ser precipitado como
oxalato ou na forma de hidróxido, ou simplesmente concentrado por evaporação e
cristalização como Th(N03)4.4H20.
O nitrato de tório purificado sai da coluna de reversão e é alimentado
ao concentrador de tubos longos com uma concentração de cerca de 100g/L em oxido de
tório.
Atualmente, para atendimento à demanda local, o D?EN fornece às
42
indústrias o nitrato de tório como solução concentrada de aproximadamente SOOgThC /L.
Em caso de alguma solicitação para fornecimento de oxido de tório de elevada pureza, o
produto é obtido pela calcinaçâo do oxalato.
O esquema da Unidade-Piloto de Purificação de Tório do IPEN-
CNEN/SP pode ser observado na figura 11.
IH.2.1.4. Tratamento do Rejeito Aquoso da Coluna de Extração.
Em um reator químico adicionam-se 250 litros do rejeito aquoso e
hidróxido de sódio para a precipitação do tório residual, das terras raras e de outras
impurezas. Aquece-se à temperatura de 90°C durante uma hora e, em seguida, filtra-se a
vácuo. O precipitado é armazenado em bombonas e o filtrado é desprezado. Este
precipitado é reaproveitado, periodicamente, sendo redissolvido juntamente com a
matéria-prima /45/.
III2.1.5. Tratamento da Fase Orgânica.
A fase orgânica após a reversão do tório é descarregada para dois
misturadores-decantadores contendo solução de carbonato de sódio 1M, para retirar
urânio, as impurezas e algum tório que não tenha sido revertido para a fase aquosa na
coluna. Esta suspensão aquosa é tratada com hidróxido de sódio em reator químico a
90°C por uma hora e a seguir, filtrada a vácuo. O precipitado é armazenado em
bombonas para ser reintroduzido no processo e o filtrado aquoso é analizado e descartado
para o esgoto. Este rejeito precipitado é reaproveitado junto com o oxocarbonato de
tório na dissolução com ácido nítrico do concentrado. A reciclagem ao processo 6 feita
em uma proporção de 3Kg do precipitado para cada 200Kg de oxocarbonato de tório a ser
transformado /45/.
TRAHOFOBtACAO
DO SULFATC
EM
" C C t C "
/ C O * : D C R S D C \
f M SDLHTC ;
V H TOR15 7
LAVAS» PARA
RETIRAM DO
EXCESSO DE
SULFATO
FILIRACAO
A
VACUO
DISSOLBCAO *
COM ACIDO
N I I K I C O
M I F I CACAO
EXTRAÇÃO COM
SOLVDfTES EN
COLUNAS PULSADAS cAnilãiõj
REVERSÃO
COM CARBONATO
S I SÓDIO EM
COLUNAS PULSADAS
CONCENTRAÇÃO
>
(OXOCARBOMATO
K TORIO
(infuro)
NITRATO DE
TORIO
purificido / i j f : - ' ' : . ü
~ Í NITRATO DE \
i TORIO PURO J
I
Hlí
FIGURA 11: F W» m a Gera] fln f mcessamenlo de Tório no IPEN-CNEN/SP.
44
C A P Í T U L O IV
CONTROLE ANALÍTICO
O controle analítico é de suma importância para o desenvolvimento
de pesquisas, seja na própria área analítica ou na tecnológica, para o controle seguro dos
compostos obtidos e das matérias-primas utilizadas.
Portanto, resolveu-se dedicar um capítulo especial para o controle
analítico, sem o qual seria impossível a realização deste trabalho de dissertação.
1V.1. MÉTODOS ANALÍTICOS.
Os métodos de análises descritos a seguir foram desenvolvidos no
Departamento de Engenheria Química (atualmente MQ) e usados rotineiramente no
controle analítico dos projetos de recuperação de urânio e tório das Unidades-Piloto do
IPEN-CNEN/SP, bem como no controle de outros setores deste Instituto /15/. A grande
maioria das análises é atualmente realizada no setor MEC do departamento ME, sob a
responsabilidade do Dr.A.R. Lordello. Os principais procedimentos analíticos constam
de uma coleção de normas intitulada IPE N-QI.
IV.l.l.DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO TOTAL DE NITRATO. /44/
Consiste na separação de nitrato nas soluções de urânio por fixação
do íon uranilo em resina catiônica forte e posterior determinação do ácido nítrico no
45
efluente, que pode ser determinado por três métodos :
a) Espectrofotometria, usando-se o ácido l-fenol-2,4-dissulfônico;
b) Cromatografia de ions, injetando-se a solução diretamente no
cromatôgrafo de íons;
c) Volumetria, titulando-se com solução de hidróxido de sódio
padronizada, onde o ácido titulado corresponde à soma do ácido nítrico livre mais o ácido
proveniente da troca dos nitratos durante a percolação em resina catiônica.
Escolheu-se a alcalimetria para a determinação da concentração de
nitratos totais neste trabalho de dissertação, devido à praticidade e rapidez. Porém, a
cromatografia de íons foi um método alternativo, também utilizado para confirmar os
valores obtidos para o controle das soluções proivenientes das Unidades-Piloto do IPEN-
CNEN/SP.
Procedimento.
A) Separação do Nitrato Total (HNO3 + nitratos):
Toma-se uma alíquota da solução a ser determinada que contenha no
máximo o equivalente a lg do íon uranilo, dilui-se com água destilada a 5mL e percola-se
a solução resultante em coluna de vidro (08 a 10 mm de diâmetro) contendo aproximada
mente 10 mL de resina catiônica forte (DOWEX 50WX12), condicionada na forma ácida.
Lava-se a coluna com água destilada, recolhendo-se a lavagem
juntamente com o efluente em um balão volumétrico de 100 mL Percolam-se as soluções
de carga e lavagem com vazão de aproximadamente 1 mL/mín.
Completa-se o volume com água destilada e determina-se o teor de
nitrato.
B) Método Volumétrico:
Toma-se uma alíquota do efluente que contenha cerca de 300mg de
nitrato (NO3"), adicionam-se duas ou três gotas do indicador (fenolftaleína) e titula-se
com hidróxido de sódio 0,5N padronizado até viragem (incolor para róseo).
46
O ácido nítrico titulado corresponde ao nitrato total proveniente da
amostra (ácido nítrico livre mais ácido nítrico oriundo da troca catiônica).
C) Cromatografia de íons •
Toma-se uma alíquota do efluente e dilui-se com água destilada, de
tal forma que a concentração de nitrato fique entre 0,5 e lOOmicrogramas por ml
O volume de solução a analisar, injetado no cromatógrafo de íons em
cada análise é de 100 microgramas/L (da solução), pré-programado pelo próprio
equipamento.
Para quantificação do nitrato, usa-se o método de adição padrão,
medindo-se a altura dos picos registrados nos cromatogramas ou pelo método de
comparação com padrão externo, também medido pela altura dos picos.
IV.l 2. DETERMINAÇÃO COMPLEXOMÉTRICA DO TÓRIO. /23/,/49/,/56/
O método baseia-se na complexação do tório com ácido
etilenodiaminotetraacético (EDTA) a pH 2,8, utilizando um indicador misto que consiste
de uma solução de vermelho de alizarina-S e azul de metileno. A titulação é feita sob
controle rígido de pH, com auxílio de um pHmetro durante o processo de determinação.
Procedimento.
Toma-se uma alíquota da solução que contenha de 100 a 200 mg em
ThC>2 para um béquer de 250 mL, adicionam-se 5 mL de cloridrato de hidroxilamina 10%
(em massa) e 1 mL de ácido clorídrico (1:1) para eliminar possível interferência de ferro-
m, o qual é reduzido, dessa forma a ferro-D. Completa-se o volume com água destilada a
50mL e aquece-se à fervura.
Resfría-se a solução, eleva-se o volume a lOOmL, acerta-se o pH a 2,8
, adicionam-se oito gotas do indicador misto e titula-se com solução de EDTA 0,025M até
viragem (róseo para esverdeado).
47
Durante toda a titulação deve-se controlar o pH da solução e, se
houver variação, acertá-lo ao valor 2,8.
IV.13. DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE URÂNIO. /9;15;29;51;52;55/
O método baseia-se na separação do urânio de tório e outras terras
raras, por extração líquido-líquido, levando a amostra a uma célula polarográfíca, onde se
registra uma curva corrente versus potencial, entre zero e -0,3V x ECS, utilizando um
microeletrodo de mercúrio. A determinação do teor de urânio é feita pela técnica de
adição de padrão.
Procedimento.
A) Extração:
Toma-se uma alíquota que contenha cerca de 0,10mg de urânio para
um funil de separação, completa-se o volume para 5mL com água destilada e adiciona-se à
amostra um volume suficiente de ácido nítrico para se obter uma solução com
concentração 6M ; adicionam-se 5mL da solução de nitrato de alumínio, 2mL da solução
de EDTA-Na2 e 5mL da mistura TBP/éter de petróleo. Faz-se a extração do urânio para
a fase orgânica.
Adicionam-se mais SmL da mistura TBP/éter de petróleo à fase
aquosa obtida e repete-se o procedimento.
Juntam-se as fases orgânicas e adicionam-se SmL da mistura
NaNC>3/HNC>3; extrai-se e despreza-se a fase aquosa. Repete-se por mais três vezes essa
extração.
Adicionam-se à fase orgânica 5mL da solução saturada de carbonato
de sódio, recolhendo-se a fase aquosa para um béquer de SOmL Repete-se até que a fase
aquosa esteja alcalina.
Reúnem-se as fases aquosas e aquece-se, evaporando a solução até
48
secura.
Dissolve-se o resíduo em lOmL de ácido sulfúrico 1M e leva-se essa
solução à célula polarográfica.
B) Determinação Voltamétrica:
Através do tubo purgador injeta-se nitrogênio gasoso para expulsar
todo o oxigênio da amostra. Registra-se a corrente devida à reação de redução do fon
uranilo entre os potenciais zero e -0,3 V x ECS.
Em seguida registram-se os voltamogramas correspondentes às
quatro subseqüentes adições de alíquotas de uma solução padrão de urânio.
Medem-se as correntes líquidas correspondentes aos cinco
voltamogramas no potencial de corrente máxima (-0,2 x ECS), grafícando-as em função
das quantidades absolutas de urânio adicionadas como padrão.
A extrapolação da reta traçada quantifica o urânio contido na
amostra.
IV.1.4. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO TOTAL DE TÓRIO OU TERRAS
RARAS. /13/./50/
Este é um método gravimetria) que consiste em precipitar os
oxalatos de terras raras ou de tório com solução saturada de ácido oxálico em excesso, a
quente e lentamente, para que os cristais formados possuam melhores características para
filtraçáo. Esses oxalatos, após maturação a frio por duas horas são filtrados e
transformados em óxidos por calcinaçáo.
Procedimento.
Toma-se uma alíquota da amostra para um béquer de 250mL que
contenha o equivalente a 100-399 mg de oxido de terras raras e/ou de oxido de tório,
eleva-se o volume a aproximadamente 200mL com água destilada, acerta-se a aridez a pH
49
1,0 (com pHmetro) e aquece-se a solução até 80-90°C.
Adicionam-se lentamente 15 a 20 mL de solução de ácido oxãlico
15% (saturada), agitando-se continuamente. Deixa-se sedimentar e faz-se um teste no
sobrenadanie com algumas gotas da solução precipitante de ácido oxálico para verificar se
a precipitação foi completa.
Coloca-se o béquer em banho de gelo por duas boras e filtra-se em
papel faixa azul (quantitativo). Lava-se o precipitado três vezes com solução de ácido
oxálico 3%.
Coloca-se o papel com os oxalatos em cadinho de platina,
previamente tarado, seca-se e calcina-se a 900°C por duas horas até que se verifique
massa constante.
Mantém-se o cadinho com a amostra em dessecador até que retorne
à temperatura ambiente e pesam-se os óxidos.
IV.1.5. DETERMINAÇÃO DE NITRATO E SULFATO POR CROMATOGRAFIA DE
ÍONS. /44/
Baseia-se na separação dos anions a serem determinados por meio de
fixação dos cátions em resina catiônica fone e determinação de nitrato e sulfato no
efluente.
O procedimentos de separação e determinação, anteriormente
citados no item IV. 1.1. (sub-ítens A e C, respectivamente) deste capítulo, são utilizados na
análise da concentração de nitrato e sulfato por cromatografia de íons, tomando-se o
cuidado de não introduzir nenhum dos íons em questão durante a preparação das
amostras.
50
IV.1.6. DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE CHUMBO EM TÓRIO. /10;42;53/
Consiste na redução do chumbo contido na amostra à chumbo
metálico, registrando-se uma curva do potencial versus a corrente, que corresponde a essa
reação de redução. O teor de chumbo na amostra é determinado pela técnica de adição
de padrão (já descrita no item TV.13. deste capítulo).
Procedimento.
Toma-se uma alíquota da solução, acidifíca-se com HQ, adiciona-se
cloridrato de hidroxilamina (10% em massa) e ferve-se para eliminar a interferência do
F e (que possa estar presente), por meio de sua redução a Fe .
Evapora-se essa solução até quase secura e retoma-se-a com HQ 1M
para um balão volumétrico; completa-se o volume com água destilada.
Pipeta-se uma alíquota de lmL dessa solução para a célula
polarográfica e registra-se a corrente devida à reação de redução do chumbo entre os
potenciais zero e -0,44V X ECS aproximadamente /42/.
Determina-se o teor de cumbo pelo método de adição de padrão
(vide item IV.13. desxte capítulo).
IV.1.7. DETERMINAÇÃO DE PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO DO TBP-VARSOL
POR CROMATOGRAFIA DE ÍONS. /43/
Consiste em separar os produtos de degradação, HDBP, H2MBP e
H3PO4, presentes nos refugados, por cromatografia em coluna de alumina (condicionada
com ácido nítrico e ácido perclórico), posteriormente eluindo os produtos de degradação
com solução de hidróxido de amônio.
A determinação destes produtos de degradação é feita por
cromatografia de tons, técnica esta descrita anteriormente no item TV.l.l.(sub-ítem C)
deste capítulo.
51
IY.1.8. DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE POR PICNOMETRIA.
O picnómetro utilizado neste trabalho tem capacidade de 25 ml_
Procedimento.
Pesa-se analiticamente o picnómetro vazio (tara), introduz-se a
solução cuja densidade será determinada e pesa-se novamente.
Desconta-se a massa do picnómetro vazio e divide-se pelo volume do
mesmo, obtendo-se o valor da densidade, em g/cm3.
IV.1.9. DETECÇÃO DE RADIOATIVIDADE. /4/./17/
A detecção de radioatividade nos efluentes é feita por meio da
técnica de espectrometria gama. Usou-se um detetor GeLi acoplado a um espectrômetro
multicanal (ORTEC). Procurou-se, geralmente, identificar a presença dos radioisotopes
Rádio-226 e Rádio-228 ou seus descendentes.
Procedimento.
Inicialmente localiza-se na tabela de radioisotopes a energia dos
elementos a serem analisados (as tabelas podem ser encontradas na referência n°- 4 dessa
dissertação).
Faz-se. então, a contagem no espectrômetro-gama na faixa de energia
referente a cada redioisótopo utilizando-se o equipamento acima citado.
IV.1.10. DETERMINAÇÃO DE URÂNIO POR VOLUMETRIA, /14/,/39/,/46/
O método baseia-se na redução do urânio-VI a urânio-TV com
cloreto estanoso em meio fosfóríco, na presença de solução de ferro, o qual age como
catalisador. Oxida-se o excesso de cloreto estanoso com cloreto de mercúrio-II e, em se
guida, adiciona-se a solução de cloreto de ferro-m, que oxidará o urânio-IV, resultando o
52
ferro-ü, que é titulado com solução padronizada de dicromato de potássio.
Desde a redução do urânio até o final da titulação, borbulha-se CO2
na solução, para evitar sua oxidação pelo oxigênio do ar.
Procedimento.
Transfere-se uma alíquota que contenha 10-lOOmg de urânio para um
béquer de 400mL; evapora-se com ácido sulfuríco concentrado (duas vezes) para eliminar
a matéria orgânica, esfria-se e dissolve-se o sulfato de uranflo com aproximadamente
lOmL de água destilada.
Adicionam-se 2mL de solução catallsadora de cloreto férrico, 20mL
de ácido clorídrico concentrado e 5mL de ácido fosfórico. Aquece-se até fervura,
adicionam-se 2 a 3mL de cloreto estanoso, ainda sob aquecimento e agitação por mais
quinze minutos.
Resfria-se a solução à temperatura ambiente e inicia-se o
borbulhamento de CCX . Adicionam-se 20mL de solução saturada de HgC^, devendo-se
observar a precipitação do Hg2Q2; caso contrário, significa que a quantidade de SnCl2
utilizada para redução foi insuficiente.
Adicionam-se 20mL de solução saturada de FeC^ e dilui-se a 250-
300mL com água desolada. Adicionam-se, então, 15mL da mistura (3:1) de H3PO4 :
H2SO4 concentrados e 0,25mL da solução indicadora (difenilamina).
Titula-se com solução de dicromato de potássio 0,02N padronizada
até se observar a mudança de coloração para violeta, que indica o ponto final da titulação.
IV.1.11. DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ LIVRE. /36/,/47/
O método baseia-se na complexação do íon uranflo com oxalato de
potássio afim de evitar a precipitação do urânio na titulação do ácido livre com solução
padronizada de hidróxido de sódio.
53
Procedimento.
Calibra-se o pHmetro, colocam-se 25mL de solução de K2C2O4 (8%
em massa) em um béquer de 50mL e verifica-se o pH dessa solução (pH=5.50 a 5,55).
Adkiona-se lmL da amostra e titula-se com soluçio padronizada de hidróxido de sódio
0.1N, até o pH da solução retornar ao pH original (5,5 a 5,55). Caso a acidez da solução
seja muito alta, titula-se com solução de hidróxido de sódio (L5N.
Procedimento alternativo.
A determinação da acidez livre em soluções efluentes de urânio e
tório normalmente 6 feita pelo método clássico de titulação alcalimétrica, desde que os
dois elementos estejam em baixa concentração (<50mg/L), para que não haja
interferência.
Toma-se uma alíquota da solução efluente e titula-se com solução
padronizada de hidróxido de sódio utilizando-se fenolftaleína como indicador, até o ponto
de viragem da solução (incolor para rósec).
IV.1.12. DETERMINAÇÃO DA ALCALIMDADE (NH4OH) E NITRATO TOTAL NO
FILTRADO DE DUA. /36/
O filtrado do DUA é constituído por nitrato de amônio e um ligeiro
excesso de hidróxido de amônio, pois a precipitação se faz em pH=10 aproximadamente,
para se garantir a insolubilização total do urânio.
Utiliza-se uma técnica de retomo para titular essa solução, que
consiste em adicionar um excesso quantitativamente conhecido de solução padrão de
hidróxido de sódio 0,1N e, após eliminação ,por fervura, do NH3 formado, titular o
excesso de NaOH com solução padronizada de ácido clorídrico 0,1N.
Procedimento A,
Toma-se uma alíquota de 5mL da solução de filtrado, para um balão
de 50mL, completa-se com água destilada, homogeniza-se e pipeta-se uma alíquota de
54
2mL para um erlenmeyer de 25mL. Adicionam-se exatamente 5mL de NaOH 0,1N e
ferve-se a mistura,brandamente, até total despreendimento do NH3. lnicial-mente, se
verifica pela ausência de odor amoniacal e, ao final, por meio de tiras de papel de
tornassol.
Após resfriamento, adicionam-se 2 a 3 gotas de solução indicadora de
fenolftaleína e titula-se com ácido clorídrico 0,1N até viragem do indicador.
As equações de correspondentes são:
NH 4 NO 3 ( a q 0 + NaOH(aq>) — > NaNO 3 ( a q 0 + H 2 0 ( 1 ) + NH 3 ( g )
N a O H ( a q ) + HC1 ( a q } - > NaCl(aq>) + H 2 0 ( 1 )
Para se determinar a concentração real de NH4NO3 no filtrado,
calcula-se da seguinte forma:
a) o volume de NaOH que reagiu com o nitrato de amônio (primeira
equação), é dado pela diferença entre o volume corrigido inicial de solução de NaOH,
menos o volume corrigido de HC1 gasto para titular o excesso de NaOH (segunda
equação).
b) em seguida, utilizando-se o decimiliequivalente do NH4NO3, o
volume de NaOH que reagiu na primeira equação e o volume da tomada inicial, calcula-se
a concentração de NH4NO3 na solução analisada.
Procedimento B.
O íon amônio também pode ser determinado diretamente. Neste
caso, trata-se uma alíquota com excesso de NaOH e destila-se. A amônia liberada é
quantitativamente absorvida em solução ácida , cujo excesso é titulado com NaOH
padronizado, em presença de vermelho de metila.
Procedimento C,
Consiste em separar o fon amônio dos anions presentes em solução,
por meio de fixação destes em resina aniônica recolhendo-se o efluente em balão
55
volumétrico.
Toma-se uma alíquota da solução a ser determinada que contenha o
equivalente a 15mg do íon amônio. dilui-se com água destilada a 5mL e percola-se a
solução resultante em coluna de vidro (08 a 10 mm de diâmetro) contendo
aproximadamente lOmL de resina aniônica.
Lava-se a coluna com água destilada, recolhendo-se a lavagem
juntamente com o efluente em um balão volumétrico de lOOmL. Percolam-se as soluções
de carga e de lavagem com va-zão de aproximadamente 1 mL/min.
Toma-se uma alíquota deste efluente e dilui-se com água destilada,
de maneira a se obter uma concentração de 50 microgramas de NH4+ por mL.
A determinação do íon em questão é feita por cromatografia de íons,
técnica esta descrita anteriormente no item IV.l.l.(sub-ítem C) deste trabalho.
IV.1.13. DETERMINAÇÃO DE MICROQUANTIDADES DE TÓRIO EM URÂNIO
PORESPECTROFOTOMETRIA. /18/,/26/,/48/
Consiste em separar pequenas quantidades de tórío na solução a ser
analisada por meio de três precipitações seqüenciais : coprecipitação com fluoreto de
caldo, precipitação do hidróxido de tório em presença de ferro e precipitação de iodato de
tórío.
O precipitado fira] é tratado com ácidos perclórico e clorídrico, em
presença de cloridrato de hidroxilamina, para reduzir-se o ferro. Depois complexa-se o
tórío com "torina" (ácido l,0-arsenofenilazo-2-naftol-3,6-dissulfônico), terminando-se com
a determinação pelo método espectrofotométríco.
A determinação espectrofotométríca é realizada de acordo com o
procedimento IPEN-QI-n°- 050 (referência 48 desta dissertação).
56
IV.2. CARACTERIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES UTILIZADAS NAS UNIDADES-PILOTO
DE PURIFICAÇÃO DE URÂNIO E TÓRIO.
Foram estudadas três soluções da unidade de purificação de urânio:
1.Solução de alimentação da coluna de extração;
2.Solução efluente da coluna de extração (refugado);
3.Filtrado do diuranato de amônio (DUA).
Na unidade-piloto de purificação de tório foram estudadas duas
soluções:
l.Solução de alimentação da coluna de extração;
2.Solução efluente da coluna (refugado).
Apresentam-se a seguir as análises realizadas (de acordo com os
métodos já descritos no início deste capítulo) e a composição típica de cada solução.
IV.2.1. SOLUÇÃO DE ALIMENTAÇÃO DE URÂNIO.
ANALISES:
. Densidade - por picnometria;
. Aridez livre - pelo método volumétrico (alcalimetria);
. Concentração de urânio - pelo método volumétrico;
. Nitrato total - por troca iônica e posterior titulação.
COMPOSIÇÃO TÍPICA DA SOLUÇÃO:
. Densidade (g/cm3) 1,470 a 1,480
. HN0 3 livre (M) 0,7 a 1,5
57
. Nitrato total (NO3*, M) 4,7 a 5,0
. Nitrato de Uranilo (gU/L) 270 a 300
IV22. SOLUÇÃO EFLUENTE DA COLUNA (REFUGADO).
ANÁLISES:
. Densidade - por picnometria;
. Aridez livre - pelo método volumétrico (alcalimetria);
. Concentração de urânio - pelo método volumétrico;
. Nitrato total - por troca tônica e posterior titulação ;
. Concentração de tóiio - por complexometria com EDTA e por voltametria;
. Presença de Rádio-226 - espectrometria gama com auxílio de um detetor GeLi.
COMPOSIÇÃO TÍPICA DA SOLUÇÃO:
. Densidade (g/cm3) 1,105 a 1,110
. HNO3 livre (M) 0,6 a 1,4
. Nitrato total (NO3", M) 3,0 a 3,5
. Nitrato de Uranilo (gU/L) 0,04 a 2,00
TV23. FILTRADO DO DIURANATO DE AMÔMO ( DUA ).
ANÁLISES:
. Densidade - por picnometria;
, Alcalinidade - por volumetría (acidimetría);
, Nitrato total - por troca iônica e posterior titulação;
. Concentração de urânio - por voltametria;
. Presença de Rádio-226 - espectrometria gama com auxílio de um detetor GeLi.
COMPOSIÇÃO TÍPICA DA SOLUÇÃO :
. Densidade (g/cm3) 1,023 a 1,025
. AJcalinidade (M) 0,017 a 0,060
. Nitrato de amônio (g/L) 67 a 70
. Urânio (mg/L) 02 a 10
. Rádio-226 (pCi) < 1
IV.2.4. SOLUÇÃO DE ALIMENTAÇÃO DE TÓRIO.
ANÁLISES:
. Densidade - por picnometría;
. Aridez livre - por volumetria (alcalimetria) ;
. Nitrato total - por troca iônica e posterior titulação;
. Concentração de Th + R2O3 - por complcxometria com
COMPOSIÇÃO TÍPICA DA SOLUÇÃO:
. Densidade (g/cm3) 1,450 a 1,700
. HNO3 livre (M) 0,8 a 1,2
. Nitrato total (NO3", M) 8,0 a 9,0
. Nitrato de tório (gTh/L) 280 a 300
IV2S. SOLUÇÃO EFLUENTE DA COLUNA (REFUGADO).
ANALISES:
, Densidade - por picnometría;
. Acidez livre - por volumetria (alcalimetria);
59
. Nitrato total - por troca iônica e posterior titulação ;
. Nitrato de (Th + T.R.) - gravimetria, e por complexometria com EDTA ;
. Concentração de urânio - por voltametria ;
. Concentração de ferro - por espectrofotometria;
. Concentração de chumbo - por voltametria ;
. Presença de Rádio-226 - espectrometria gama com auxílio de um detetor GeLi.
COMPOSIÇÃO TÍPICA DA SOLUÇÃO:
. Densidade (g/cm3) 1,120 a 1,144
. HN0 3 livre (M) 0,3 a 1,0
. Nitrato total (NO3*, M) 3,0 a 3,5
. Nitrato de Th e T.R.
(óxidos totais, g/L) 5,0 a 10,0
. Urânio (mgU/L) < 0,50
. Ferro (gFe/L) 3,0 a 6,0
. Chumbo (gPb/L) 0,2 a 0,4
. Radioatividade : A solução é debilmente radioativa contendo os
descendentes naturais da família do tório, Rádio-228 (mesotórío, com 6,7
anos de meia vida). Este é o contribuinte mais preocupante.
60
CAPÍTULO V
PARTE EXPERIMENTAL
Neste capítulo, apresenta-se o desenvolvimento experimental
utilizado no presente trabalho. Os dados coletados estão em tabelas e serão discutidos
progressivamente em cada situação, afim de propiciar maior facilidade de interpretação
dos resultados. Apresentam-se também a pane tecnológica e os equipamentos utilizados
durante os estudos, bem como conclusões e recomendações para trabalhos futuros.
V.l. PLANO DE TRABALHO.
. Estudo, em escala laboratorial, para o reaproveitamento de valores
nas soluções efluentes geradas nas Unidades-Piloto de Purificação e Conversão dos
Concentrados de Urânio e de Tório do IPEN-CNEN/SP.
. Recuperação do ácido nítrico livre e do ácido proveniente do
tratamento dos nitratos (alcalinos e outros) da coluna de extração do nitrato de uranilo
com solventes orgânicos, bem como do reaproveitamento do urânio nelas contido.
Igualmente, a recuperação de todo o ácido nítrico livre e a transformação em ácido nítrico
dos nitratos solúveis na fase aquosa que deixa a coluna de extração na Unidade-Piloto de
Purificação de Tório, e também a recuperação do tório e das terras raras nesta solução.
. Estudo do reaproveitamento do filtrado do diuranato de amônio
nuclearmente puro, que se constitue de nitrato de amônio com baixo teor de urânio.
Caracterização desta solução e adequação para uso como fertilizante.
DA
. Estudo da redução da quantidade de rejeitos sólidos depositados e
reciclo máximo de reagentes ao processo.
V\2. DESCRIÇÃO DOS EXPERIMENTOS.
\2A. EQUIPAMENTO.
Usou-se na parte experimental deste trabalho um evaporador
rotatório a vácuo, modelo 1KA, Janke <£ Kunkel, GmbH & Co.-Kg . Este aparelho, cujo
esquema é apresentado a seguir, operou sob vácuo de 2,QxlO"3 a Z5xl0"3 torr e à
temperatura de 110 a235°C (figura 12).
63
\22. DESTILAÇÃO E SEPARAÇÃO DO ÁCIDO NÍTRICO CONTIDO NOS REFU-
GADOS. /02/./35/
Utilizou-se em cada experimento um volume de solução de SOOmL
para o estudo da otimização do processo de destilação, determinando-se os volumes ideais
das frações destiladas para a recuperação do ácido nftrico.
O ácido nítrico livre é facilmente destilado, porém existem nitratos
alcalinos e de outros metais que também precisam ser retirados do refugado. Para isso,
adicionou-se ácido sulfúrico à solução a ser destilada para que todo o nitrato de amônio,
sódio ou metal em menor quantidade se liberasse na forma de ácido nítrico. Com a
destilação total do ácido nítrico resta um resíduo constituído por sulfatos de sódio, urânio,
tório e terras raras.
Fez-se um estudo para otimizar o consumo de ácido sulfúrico para o
aproveitamento total do ácido nítrico.
Em todos os experimentos procurou-se caracterizar as frações
destiladas e o resíduo deixado no balão de destilação, da maneira mais completa possível.
Fez-se o controle analítico das frações destiladas e do resíduo
sulfúrico, usando-se os procedimentos descritos no CAPÍTULO IV. Analisaram-se os
teores de urânio e tório nos refugados de cada unidade. Verificou-se também a presença
de nitrato residual por espectrofotometria. Além desse controle, fez-se um estudo em
separado para cada resíduo sulfúrico, estudando-se a possibilidade de reciclá-lo em
alguma fase do processo global do ciclo do combustível.
\22.l. PLANIFICAÇÁO DOS EXPERIMENTOS DE DESTILAÇÃO DE ÁCIDO
NÍTRICO.
Conhecidas, nas diversas soluções aqui estudadas, as concentrações
de ácido nítrico livre e de nitrato total, fêz-se uma planificaçáo experimental com a
seguinte sistemática:
64
1. Destilação do ácido nítrico livre.
2. Destilação do ácido nítrico total após conversão por adição de
ácido sulfúrico:
2.a. adição do ácido sulfúrico e destilação do ácido nítrico total.
2.b. destilação do ácido nítrico livre seguida da adição de ácido
sulfúrico e nova destilação do ácido nítrico.
A planificaçâo para o aproveitamento do ácido nítrico seguiu a
classificação dos experimentos em cinco modelos de destilação :
MODELO A.
Ao efluente adiciona-se ácido sulfúrico e faz-se a destilação
recolhendo-se dez frações.
MODELO B.
Ao efluente adiciona-se ácido sulfúrico e faz-se a destilação
recolhendo-se apenas duas frações, a primeira com volume cerca de 1/3 menor e
recuperação de cerca de 5% do ácido nítrico e a segunda com volume maior e recuperação
de cerca de 95% de ácido nítrico.
MODELO C.
Como o modelo B, porém, a primeira fração agora cerca de duas
vezes maior que a segunda e recuperação de cerca de 95% de ácido nítrico.
MODELO D.
Faz-se a primeira destilação, após a qual 6 adicionado o ácido
sulfúrico, procedendo-se à destilação do ácido nítrico total, sendo o volume da primeira
fração menor que o da segunda e recuperando apenas cerca de 3% do ácido nítrico, o qual
é cerca de 97% na segunda fração.
MODELO E.
Como no modelo D, porém com a primeira fração destilada de maior
65
MODELO E.
Como no modelo D, porém com a primeira fração destilada de maior
volume que da segunda e recuperação de 5% de ácido nítrico, enquanto na segunda fração
a recuperação alcança 95% em menor volume.
V2J.2. DESTILAÇÃO DO ÁCIDO NÍTRICO LIVRE.
Fizeram-se os primeiros experimentos de destilaçâo, em caráter
exploratório, para se conhecer o comportamento das diversas soluções (refugados e
alimentação) de urânio e tório.
Estudaram-se os parâmetros de imediato interesse: volume do
destilado, temperatura média de destilaçâo, tempo de destilaçâo, concentração do ácido
nítrico destilado, taxa de recuperação do ácido e massa do resíduo sólido.
Para 500 mL de refugado de urânio obteve-se repetitivamente um
volume de destilado de cerca de 450mL e um resíduo sólido, também repetitivamente de
cerca de 90g (TABELA: 01.A.). Com o equipamento usado (evaporador rotatório a
vácuo) obteve-se uma vazão média, do destilado, de 9,5 mL/min. Em média conseguiu-se
reaproveitar apenas 6% do ácido inicialmente presente (soma de HNO3 livre e nitratos),
com concentração média de 0,17M em ácido nítrico.
Para o refugado de tório (TABELA: 01.B.) este modelo de destilaçâo
se repetiu, obtendo-se valores muito próximos àqueles obtidos para o refugado de urânio.
VJJJ. DESTILAÇÂO DO ÁCIDO NÍTRICO TOTAL.
Como preconizara-se, a destilaçâo do ácido nítrico livre levaria a
volumes de destilados de baixa concentração, pois a maior contribuição era devida aos
nitratos. Comprovou-se este fato pelos experimentos cujos resultados estão nas tabelas
01A e 01.B.
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Procurou-se. a seguir, destilar o ácido níirico total, isto é, ácido livre
mais o ácido obtido dos nitratos por liberação com ácido sulfúrico. Escolheu-se este ácido
por razões: prática (menos volátil) e econômica (mais barato).
\23. EFEITO DO VOLUME DAS FRAÇÕES DESTILADAS.
Estudou-se a influência do volume da primeira fração na recuperação
do ácido nítrico livre, afim de obter-se o melhor rendimento possível.
MODELO A.
Inicialmente fizeram-se destilações fracionadas, retirando-se
amostras para análise a cada 50 mL, num total de dez frações. Como as soluções
efluentes das colunas de extração de urânio e tório são muito semelhantes, devido ao fato
de operarem sob o mesmo sistema, não foram observadas diferenças significativas em
qualquer dos estudos para ambas as Unidades-Piloto. A evolução das destilações para
este primeiro estudo encontra-se nas tabelas 02. A e 02.B. (MODELO A de destilaçâo).
O objetivo deste estudo foi determinar o volume ideal da primeira
fração de modo a tornar o processo de destilaçâo economicamente viável.
Na tabela 02.A. apresenta-se a destilaçâo fracionada do refugado de
urânio e na tabela 02.B., a destilaçâo para o refugado de tório. Neste modelo de
destilaçâo, fez-se a adição de ácido sulfúrico no início, antes da destilaçâo da primeira
fração.
MODELO B .
No modelo B de destilaçâo, utilizaram-se as mesmas condições do
modelo A, porém recolhendo-se apenas duas frações. As tabelas 03.A. e 03.B.,
apresentam as destilações para os refugados de urânio e de tório, respectivamente.
MODELO C.
Neste modelo de destilaçâo, tem-se o volume da primeira fração
69
maior que o volume da segunda, que pode ser observado nas tabelas 04.A. e 04.B., visando
um melhor aproveitamento do refugado por meio de uma concentração da segunda fase.
Na tabela 04.A. tem-se o modelo C de destilação para o refugado de urânio e na tabela
04.B. para o refugado de tório.
Embora a concentração molar de ácido nítrico recuperado ainda se
apresente baixa, para ambas as frações, isto pode ser melhorado, pelo simples estudo da
adição de ácido sulfurico.
VJ.4. EFEITO DA ADIÇÃO DE ÁCIDO SULFURICO.
Como já foi citado anteriormente, a adição de ácido sulfurico
concentrado à solução de refugado a ser destilada é um recurso utilizado com a finalidade
de deslocar o íon nitrato que se encontra em solução na forma de nitrato e não como ácido
livre, para que estes possam ser destilados e reaproveitados, reciclando-os ao processo de
purificação dos concentrados, na forma de reagente puro.
Aproveitando o estudo feito anteriormente para se determinar o
volume ideal da primeira e segunda frações, descrito no item V.2.3., foram utilizadas
apenas duas frações para os demais estudos necessários para a caracterização da
destilação dos refugados das Unidades-Piloto de Urânio e de Tório.
MODELO D.
No modelo D de destilação, fizeram-se experimentos adicionando o
ácido sulfurico após a primeira fração ter sido recolhida. O volume da primeira fração
destilada, neste modelo, foi menor que o volume da segunda fração. Nas tabelas 05.A e
05.B., encontram-se os modelos de destilação para os refugados de urânio e de tório,
respectivamente.
70
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76
MODELO E .
Neste modelo, semelhante ao modelo D, adicionou-se o ácido
sulfurico após a primeira fração ter sido recolhida. Porém, o volume da primeira fração
destilada foi maior que o da segunda fração, comprovando ser o procedimento ideal para
o processo de destilação, o que pode ser observado nas tabelas 06A. e 06.B.
A tabela 06.A. apresenta o modelo E de destilação para o refugado
de urânio e a tabela 06.B. para o refugado de tório.
Com os resultados obtidos nos modelos A , B , C , D e E (tabelas 02,
03 , 04 , 05 e 06 ), comparados com os dados colhidos nas tabelas 01-A e O l ü , pode-se
observar a necessidade do uso deste recurso (adição de H2SO4) para a otimização do
processo de recuperação do ácido nítrico e dos nitratos presentes nos refugados por
destilação.
ConcIui-se,então, que sem a adição de ácido sulfurico ao sistema de
destilação implica em grande perda na recuperação do ácido nítrico, pois a maior
concentração deste encontra-se na forma de nitratos.
Observou-se, também, que a adição de ácido sulfurico antes do início
da destilação implica em concentração menor em ambas as frações, fato este que torna o
processo de recuperação do ácido nítrico para reciclo deste à purificação do concentrado
por extração, economicamente inviável.
Comprovou-se com este estudo, que a destilação de uma maior
fração do refugado inicialmente sem a adição do ácido sulfurico, resultaria uma água
levemente acidulada (com baixa concentração em HNO3) que pode ser reciclada ao
processo como água de lavagem, o que acarretaria em maior rendimento do processo,
obtendo-se uma segunda fração com maior concentração. Esta segunda fração seria
realmente mais útil ao processo, devido à sua alta concentração, na fase de dissolução do
concentrado, o que pode ser observado nos dados das tabelas 06.A. e 06.B. A
reprodutibilidade destes estudos pode ser comprovada mais à frente, no item V.4
(RESULTADOS E DISCUSSÃO), onde têm-se os resultados de várias destilaçoes para
77
cada refugado. afim de se poder fazer uma estatística para cada Unidade-Piloto estudada.
V.2.4.1. Efeito do volume de H2SO4 adicionado.
Para este estudo, torna-se necessária a determinação da quantidade
estequiométrica de ácido sulfuríco para que se desloque todo o nitrato presente em
solução /16/.
Considerando-se os SOOmL utilizados em cada uma das destilaçoes
realizadas, e, levando em conta um teor máximo de 3.5M em nitrato total, tem-se um valor
máximo de lJSmols de nitrato neste volume.
No refugado, que é constituído principalmente de ácido nítrico livre e
outros nitratos, como já foi citado anteriormente, com a adição de ácido sulfuríco, libera
por deslocamento o nitrato ligado a outros íons (que não o H + ) de acordo com a seguinte
reação:
2<N°3)"(aq.) + J H 2S0 4 ( a q . )~> 2 H N 0 3 ( a q ) + 1 (S0 4r 2( a q >
Este HNO3 resultante do deslocamento é destilado juntamente com
o HNO3 li\Te originalmente existente no refugado. Porém, para efeito de cálculo,
considerar-se-á todo o ácido nítrico a ser destilado na forma de nitrato. Desta forma
temos que lmol de H2SO4 eqüivalem a 2mols de HNO3 liberados por deslocamento, ou
seja, para cada 2moIs do íon nitrato a ser deslocado é necessário lmol de ácido sulfuríco.
Então, para deslocar os l,75mols de nitrato total existentes no
refugado, são necessários 0,875mols de ácido sulfuríco, considerando-se que todo o nitrato
existente esteja realmente na forma de sal, o que se sabe é irreal, pois bá cercz de 1 mol de
HNO3 livre por litro de refugado. Logo, este cálculo estequimétrico já inclui um pequeno
excesso como margem de segurança.
78
Cálculo para 2 adição de H2SO< . /16/
Considerou-se para o cálculo um ácido sulfúrico concentrado p.a.
com 919c em massa e densidade l.&2g/cm . Com estes valores calculou-se que são
necessários 48,61 mL de ácido sulfúrico concentrado para a destilação do ácido nítrico
(HNO3 + nitratos) contido em SOO mL de refugado de urânio ou de tório.
Pelas tabelas 02.A., 02U., 03A. e 03.B., pode-se observar que um
volume maior de ácido sulfúrico concentrado adicionado à destilação não causa aumento
algum na quantidade de ácido nítrico recuperado.
V.2.5. EFEITO DA PRESENÇA DE RÁDIO-226.
/3 ;12;24;25;30;31;57;58;61;62;63/
O outro efluente líquido de maior importância no ciclo de purificação
do urânio é o filtrado do diuranato de amõnio, o qual não apresenta maiores dificuldades.
Seu nível de radioatividade é muito baixo e a concentração de urânio também, permitindo
seja o mesmo usado para fins agriculturais, como fertilizantes, dependendo apenas de uma
concentração. Neste rejeito, a preocupação maior seria a presença de Rádio-226 (1600
anos de meia-vida), mas praticamente este radioisótopo natural está ausente, tendo sido
removido durante o tratamento da lixivia sulfúrica para a obtenção do concentrado na
forma de diuranato de amônio, isto é, o rádio é confinado na própria usina de produção do
concentrado,
No filtrado de diuranato de amônio nuclearmente puro, obtido após
a purificação do concentrado de urânio por extração com solventes, como já descrito
anteriormente, a atividade específica é menor que o limite de detecção de lpCi/L de
solução.
Na prática, fizeram-se determinações por espectrometría gama para a
verificação de Rádio-226 e Rádio-228, com auxílio de um detetor GeLi / 4 ; 17/, de acordo
com o procedimento atado no sub-ítem IV. 1.9. do capítulo IV (CONTROLE
79
ANALÍTICO), nas soluções efluentes das colunas de extração das unidades de Urânio e
Tório e no filtrado do diuranato de amônio. Não se detectou em qualquer das soluções a
presença destes radioisotopes.
Se, por motivo aiheio às condições normais do procedimento, as
soluções efluentes apresentarem estes radioisotopes, eles poderão ser separados, antes da
destilação, por meio de coprecipitaçâo com sulfato de bário. Pela destilação do ácido
nítrico os radioisotopes em questão permaneceriam no resíduo sulfúrico.
Fizeram-se determinações destes radioisotopes nos resíduos
sulfúrícos e nos destilados de cada solução, não se constatando a presença dos mesmos.
V.3. REAPROVEITAMENTO DE VALORES NOS REFUGADOS E NO FILTRADO DE
PVAt
Os refugados das colunas de extração das unidades de purificação de
urânio e tório, são os principais efluentes a serem considerados para a recuperação dos
valores neles contidos. Após destilação na presença de ácido sulfúrico, os resíduos agora
na forma de sulfatos, poderão retornar à lixiviação do minério de urânio. Este assunto
será tratado adiante no sub-item V3.4.
Este trabalho, em escala laboratorial, visa o desenvolvimento de um
processo químico para o aproveitamento dos valores nos efluentes da primeira parte do
ciclo do combustível nuclear. Os resultados deverão ser transferidos para as Unidades-
Püoto e mais tarde para as unidades industriais. Cada vez mais exige-se melhor
gerenciamento para reduzir a produção de rejeitos, diminuir a quantidade de resíduo a ser
depositado e tornar máxima a reciclagem de materiais e reagentes, caso típico dos
efluentes líquidos das unidades em questão.
80
VJ.1. RECUPERAÇÃO DO HNO3 NA UNIDADE-PILOTO DE URÂNIO. /35/
Desde a purificação do concentrado de urânio até a produção de
UO3, o efluente liquido de maior importância é o refugado da coluna de extração, no qual
deverá ser recuperado todo o ácido nitrico livre e transformados os nitratos em ácido
nitrico com uso de ácido sulfurico, retomando os sulfatos ao próprio processo de
tratamento do minério de urânio. Ficando assim, virtualmente eliminado o resíduo da
coluna de extração de urânio.
Pelos dados obtidos, no modelo de destilação onde foram alcançados
os melhores resultados (TABELA 06-A), demonstrou-se que a recuperação do ácido
nitrico do refugado é virtualmente completa. Demonstrou-se que é possível recuperar
aproximadamente 185 gramas de ácido nitrico de concentração 10 a 11 molar em cada
litro de refugado destilado às custas de menos que lOOmL de ácido sulfurico concentrado.
\32. RECUPERAÇÃO DO HNO3 NA UN1DADE-PILOTO DE TÓRIO. /35/
Nesta Unidade-Piloto, o refugado da et 'una de extração contém
ácido nitrico livre, nitratos alcalinos e nitrato de tório em pequena quantidade e nitratos
de terras raras.
Da mesma maneira que no caso do refugado da Unidade-Piloto de
Urânio, o objetivo principal é aproveitar todo o ácido nitrico livre e transformar os nitratos
em ácido nitrico livre afim de destilá-lo, além de reciclar o tório residual e reaproveitar as
terras raras que se concentram neste refugado.
Pelos dados observados no modelo E de destilação (TABELA 06.B.),
onde foram obtidos os melhores resultados para este refugado constatou-se que a
recuperação do ácido nitrico é virtualmente completa. Recuperaram-se 190 gramas de
ácido nitrico na concentração de 11 a 12 M, por litro de refugado, com apenas 10% em
volume de ácido sulfurico concentrado.
81
volume de ácido sulfúrico concentrado.
VJJ. REAPROVEITAMENTO DO FILTRADO DO DIURANATO DE AMÔNIO.
O filtrado do diuranato de amônio representa uma solução de nitrato
de amônio de elevada pureza, como já atado anteriormente, contendo uma concentração
muito baixa de urânio e virtualmente sem outros contaminantes radioativos, especialmente
rádio, que se comprovou estar abaixo de lpCi/L, limite este permitido para os fins a que
se pretende. Este radioisotope, presente no minério, é removido durante a extração do
urânio para produção do yellowcake.
Este líquido proveniente da filtração do diuranato de amônio não
apresenta grande dificuldade para o seu aproveitamento, apenas uma simples evaporação
para se atingir uma concentração de aproximadamente 200g de nitrato de amônio por litro
ou então cristalizá-lo, permitindo que o mesmo seja usado para fins agriculturais como
fertilizante /38/.
Pelos dados observados na TABELA 07., pode-se recuperar 700
gramas de nitrato de amônio para cada quilo de urânio purificado.
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. Volune total do resíduo : 56m. (sendo 15nL a parte solida e o mtant í solução);
83
VJ.4. RESÍDUO SULFÍRICO.
O resíduo sulfúrico resultante da destilaçào dos refugados das
Unidades-Piloto de Urânio e de Tório são formados principalmente por sulfatos de
uranilo, terras raras, tório e sódio.
Os sulfatos de sódio e de uranilo são facilmente dissolvidos com
pequeno volume de água, porém os demais sulfatos são pouco solúveis nestas condições.
Então, ao se adicionar água ao resíduo sulfúrico tem-se um fracionamento de acordo com
o esquema seguinte.
No caso do refugado proveniente da Unidade-Püoto de Urânio pode-
se adicionar uma pequena quantidade de água, apenas o suficiente para redissolver
seletivamente o sulfato de uranilo ou então dissolvê-lo quase totalmente e reciclá-lo à
usina de concentrado de urânio para lixiviar o minério. Para esta unidade, como pode ser
observado na TABELA 08.A., a massa total do resíduo sulfúrico, em média 276g,
corresponde a um litro de refugado ou a 270g de urânio purificado, significando uma
relação mássica de 1:1 para o urânio.
O resíduo sulfúrico para a Unidade-Püoto de Tório é constituído de
sulfatos de tório, terras raras e outras impurezas. Também pode ser removido com
auxílio de pouca água, embalado e armazenado (dependendo da decisão de se aproveitar
mais tarde o tório e as terras raras) ou então depositado definitivamente em sítio especial.
Os dados obtidos para este resíduo podem ser observados na
TABELA 08.B.
Após a separação da parte solúvel do resíduo sulfúrico por filtraçlo,
seca-se o resíduo, obtendo-se assim sua massa correspondente. Esses dados encontram-se
nas tabelas 08 A e 08.B.
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• 7
VA RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Para que os dados coletados relativos ao processo de desolação como
um meio de reaproveitamento dos valores contidos nos efluentes das Unidades-Piloto de
Urânio e de Tório do IPEN-CNEN/SP fossem confiáveis, realizaram-se várias análises de
cada um úVles após cuidadosamente estudadas as condições ideais de trabalho.
Amostragem.
Afim de se coletar dados para a avaliação estatística sobre o
reaproveitamento dos valores contidos nos efluentes líquidos, colheram-se amostras das
soluções de ambas as unidades, duas vezes por semana.
A) Na Unidade-Piloto de Urânio retiraram-se amostras de três tipos
de solução:
1. solução de alimentação da coluna de extração;
2. solução efluente da coluna de extração (refugado);
3. filtrado do diuranato de amônio puro.
B) Na Unidade-Piloto de Tório retiraram-se amostras de dois tipos
de solução:
1. solução de alimentação da coluna de extração;
2. solução efluente da coluna (refugado).
Colheram-se as amostras de uma mesma batelada, as quais foram
devidamente codificadas e datadas para que *osse possível o balanço de massa ao final de
cada experimento.
Nas soluções de alimentação da unidade de urânio, fizeram-se
análises de acidez livre, densidade, concentração total de urânio e de nitrato total.
Submeteu-se cada amostra à destilação pelo mesmo processo dos refugados, procurando-
• 8
se caracterizar as frações do destilado e o resíduo sulfurico. Os resultados das análises
encontram-se na TABELA.09.A. e a evolução da desolação pode ser observada na
TABELA.12.A.
Para as soluções de alimentação da unidade de tório, além das
análises e procedimento de destilação já citados acima, realizaram-se as análises da
concentração total de terras raras, chumbo, ferro, tório e o registro do espectro gama. Na
TABELA.09JJ., encontram-se os resultados das análises e na TABELA. 123. observa-se a
evolução do processo de desolação.
Nos refugados das unidades de urânio e de tório, fizeram-se as
determinações de addez livre, densidade, urânio, nitrato total, identificação de Rádio-226,
concentração de tório, amônio, P2O5 e SiO^ ferro e terras raras. Os resultados
encontram-se na TABELA.HLA. (urânio) e TABELA. 10^. (tório).
No filtrado do DUA fizeram-se análises de densidade, alcalinidade
total, pH, urânio e nitrato total. Os resultados encontram-se na TABELA.! 1.
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. Volunt inicial : 25G nL de solucac de aknentacao da coluna de extração ;
. Volume it H.S04 : 30 «L (adicionado; apes a destilacao da prineira fracao) ;
. Teste de filtrate no residue sulfunco : ' 100 ng/L de refugado;
. Concentração de HMO. total recuperado : 3,710 nois/L de folucao ;
. (lis5a do residue : 86.5g •,
. Vclu** ir ague para rewver o residue : 15*4.
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, UOIUM inicial t 250 «L de solução de alinentacao da coluna d» estracao ;
, Uolune de H}S04 : 30 rL (adicionados apes a destilacao da primeira fracao) ;
. leste de nitrato no resíduo sulfurico : < 100 ng/L de rtfugado •,
. Concentração de HffC} total recuperado ; 5,778 «ols/L de iclueae ;
. Basii do residue sulfurico : 85,3; •,
, Volume de água para renover o resíduo : 15nL.
95
V.4.1. REFUGADO DA UX1DADE-PILOTO DE 1HÂN1Q.
Demonstrou-se com este trabalho que a recuperação do ácido nftrico
no refugado da coluna de extração é virtualmente completa.
Pelos dados dos modelos de destilação (item \.22., DESTILAÇÁO
E SEPARAÇÃO DO ÁCIDO NÍTRICO CONTIDO NOS REFUGADOS e V3.,
REAPROVEITAMENTO DE VALORES NOS REFUGADOS E NO FILTRADO DE
DUA) observou-se o melhor procedimento para a destilação do ácido nftrico e
transformação dos nitratos contidos no refugado. Recomenda-se a destilação de uma
fração maior no início (aproximadamente 75% do total) e uma segunda fração, bem
menor, com adição de ácido sulfúrico concentrado para o deslocamento dos nitratos, os
quais são responsáveis por cerca de 95% do total de ácido nftrico destilado
(TABELA.01.A.).
Comparando-se os dados da TABELA.04A. (modelo C), com a
adição de ácido sulfúrico feita antes da destilação, aos da TABELA.06A (modelo E), com
adição feita após a destilação da primeira fração, verificar-se que o modelo C 6 inviável.
Interessante 6 comparar os dados apresentados na TABELA.05A.
(modelo D), onde o volume da primeira fração menor que o da segunda, com os da
TABELA.06.A. (modelo E) no qual a segunda fração é menor, porém com a vantagem de
concentração bem mais elevada em ácido nftrico. Conclui-se assim que o modelo E é o
mais adequado aos objetivos perseguidos nesta dissertação.
Constatou-se a reprodutibilidade do processo de destilação, fazendo-
se várias destilaçôes de amostras dos refugados de acordo com o modelo E . Os
resultados encontram-se na TABELA. 13.A.
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TABELA 13.A : EPRODUIIilUBAJE K PROCESSO BE REAPROUEIIMDITO K VALORE NO EFLUEKTE.
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. Vftlunt de HjS04 s 50 nL (adicionados após i destilacao da princira fracao);
. Volune de água utilizada para renover o resíduo sulfurieo : 70 *L ;
. A % de HHOj recuperado foi calculada sobre o total dt nitrato existente nas soluções
inic ia is , relatadas na TAEELA 89.A.
97
V.4.2. REFUGADO DA UNIDADE-PILOTO DE TORIO.
De composição semelhante e comportamento igual, o refugado da
coluna de extração da unidade de purificação de tório pode ser analisado da mesma forma
que o refugado da unidade de urânio.
Pelos dados da TABELA.01.B., observa-se que a destilação dos
refugados sem a adição de ácido sulfurico para deslocar os nitratos na solução (mais de
95% do total), leva a destilados de baixa concentração em HNO3 e deixa de aproveitar os
nitratos. Conclui-se então, que a adição de ácido sulfurico 6 imperativa.
Pela comparação dos dados nas tabelas 04.B. e 06.B., com adição de
ácido sulfurico feita, respectivamente, antes e depois da destilação da primeira fração,
pode-se verificar a inviabilidade da adição do ácido antes da destilação.
Finalmente, verifica-se que o modelo E de destilação
(TABELA.06.B.) é o mais apropriado também para o refugado desta unidade. Basta
comparar estes dados com os dados com os da TABELA.05.B. (modelo D), onde o volume
da primeira fração é menor que o da segunda e nesta a concentração do ácido nítrico 6
menor do que na fração correspondente do modelo E (TABELA 06.B.).
Fizeram-se várias destflações de amostras de refugado de tório,
seguindo o modelo E (TABELA 06.B), para se constatar a reprodutibüidade do processo
de destilação. Os resultados destas destilações encontram-se na TABELA.13.B.
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. Volun» df HjS04 : 50 nl (adicionados v o s a dtstilacao da printir» fracao) ;
. Volum d» a?ua utilizada para rtnovtr o rniduo sulfuric» : 70 «L ;
. A 5C dt HKOj rteuptrado foi calculada íofcr* o total d» nitrato txtttont* nas solucoos
iniciais, relatados na TABELA 89.B.
99
V.4J. FILTRADO DO D1URANA7Q DE AMÔXIO.
Este rejeito é constituído virtualmente de nitrato de amônio, formado
durante a precipitação do diuranato de amônio nuclearmente puro com gás amônia
(NH3X conforme a reação:
2 U0 2 (N03) 2 ( a g . ) + 6 NH 3 ( g ) + 3 H 2 0 ( 1 ) ~ > ( N H ^ O y ^ • 4 N r ^ N O ^
Considerando-se que este filtrado também 6 muito puro, o seu uso
como fertilizante é recomendável, sendo preciso apenas concentrá-lo até atingir
aproximadamente 200 gramas de nitrato de amônio por litro de solução, ou então
cristalizá-lo.
Na TABELA.07. (modelo de destilação) item V3.3.
(REAPROVETTAMENTO DO FILTRADO DO DUA), verifica-se que o
«aproveitamento do nitrato de amônio é total, obtendo-se um resíduo com
aproximadamente 67,6 gramas de nitrato de amônio para cada litro de filtrado destilado.
Removeu-se o NH4NO3 com pequena quantidade de água (5% do volume total do fil
trado).
Para comprovar a reprodutibüidade da recuperação do nitrato de
amônio cristalizado após a destilação do filtrado, realizou-se uma série de destilações em
várias amostras cujos resultados encontram-se na TABELAM. Conclui-se a viabilidade
de seu uso para fins agrícolas, uma vez que se constatou a ausência de Rádio-226 (item
V33.), podendo o filtrado ser reaprovcitado na forma de uma solução de cerca de 200g
NH4NO3/L ou então cristalizado. Neste caso não se recomenda a destilação do ácido
nítríco contido.
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. VoluM it H.O f i f i rtnwtr o rtfiduo : 30 rl.
101
V5.CQNCLVS.to,
O IPEN-CNEN/SP vem trabalhando ativamente, em escala
laboratorial, para desenvolver processos químicos para a deposição de rejeitos na primeira
parte do ciclo do combustível. Cada vez mais, exige-se um melhor gerenciamento para
reduzir sua produção, diminuir a quantidade de resíduo a ser depositado e, ainda o que se
faz mais importante atualmente, tornar máxima a reciclagem e reuso de materiais e
reagentes, como é o caso típico do ácido nítríco, estudado neste trabalho de dissertação.
O refugado das colunas de extração 6 o principal efluente a ser
considerado e reciclado. Após o tratamento com ácido sulfúrico para destüação do ácido
nítríco, o refugado do urânio, agora na forma de sulfatos, poderá retornar à lixiviação do
minério de urânio. Embora esta recomendação ainda não esteja em prática, deverá ser a
resolução adotada, pois desta forma não haverá resíduos a serem depositados no processo
desta unidade. Esta é uma das propostas deste trabalho de dissertação para o futuro.
Na unidade de purificação e conversão do urânio, todos os rejeitos
tendem a ser tratados e reaproveitados ao se considerar os estudos aqui realizados, desde
a recuperação virtual do ácido nítríco utilizado no processo de digestão, passando pela
água de lavagem da coluna (primeira fração destilada no processo de recuperação do
ácido nítríco) até a obtenção do resíduo sulfúrico, que será reciclado ao processo de
lixiviação do minério. Com este processo fica definitivamente eliminado o resíduo
sulfúrico da coluna de extração de urânio.
Demonstrou-se ser economicamente viável essa recuperação, com
um consumo otimizado de um litro de ácido sulfúrico concentrado para 10 litros de
refugado e reaproveitamento médio de 175g HNO3/L no de urânio e 185gHNÜ3/L no
tórío.
O filtrado do diuranato de amônio não apresenta maiores
dificuldades, pois possui baixo teor de urânio e seu nível de radiação é desprezível
permitindo seja o mesmo usado para fins agrículturais como fertilizante, dependendo
102
apenas, como já foi citado anteriormente, de uma concentração deste para
aproximadamente 200g de nitrato de amônio por litro ou então cristalizá-lo. Devido ao
fato de o Radio-226 possuir uma meia-vida de 1600 anos, este seria o fator mais preocu
pante neste resíduo, mas praticamente este radioisótopo natural está ausente, tendo sido
removido durante o tratamento da lixivia sulfúrica para a obtenção do concentrado na
forma de diuranato de amônio impuro, isto é, o rádio é confinado na própria usina de
produção do concentrado. No filtrado do diuranato de amônio nuclearmente puro, obtido
após a purificação por extração com solventes, a atividade específica é menor que o limite
de detecção na técnica de contagem utilizada /4/ , /17/ que é lpCi/L. Este valor permite o
uso deste rejeito para os fins propostos com toda segurança, o qual atualmente 6
descartado para o esgoto.
O uso econômico do filtrado do diuranato de amônio é altamente
recomendável, sendo sua produção estimada em 700 gramas para cada quilo de urânio
purificado.
Na unidade-piloto de tórío, o rejeito da coluna de extração pode ser
recuperado igualmente como para o refugado da unidade-piloto de urânio, reaproveitando
o ácido nítrico utilizado na digestão nítrica do concentrado, ao invés de precipitar esta
solução com hidróxido. Este procedimento atual nos leva à uma dupla perda de reagentes
e logicamente um gasto desnecessário, pois além da possibilidade de se reciclar o ácido
nítrico recuperado, ainda é factível a recuperação e reciclagem do tórío residual e das
terras raras que se concentram neste refugado. No momento, embora os ensaios de
laboratório estimulem a introdução desta tecnologia para a recuperação econômica dos
valores, o rejeito de tórío continua sendo alcalinizado com hidróxido de sódio e os
hidróxidos de tórío e de terras raras armazenados para futuro aproveitamento, com
prejuízo do ácido nítrico nele contido.
Em resumo, o IPEN-CNEN/SP vem trabalhando com a filosofia, em
todos os processos envolvendo urânio e tórío, de tratar os efluentes radioativos
gerenciados dentro dos requisitos mais rígidos e procurando manter a exposição à
radiação em níveis tão baixos quanto razoavelmente possíveis. O programa de
laboratório para estes experimentos tem sido tão bem sucedido que se espera em futuro
próximo todos os rejeitos líquidos sejam tratados convenientemente para a recuperação
econômica de seus valores, especialmente ácido nítrico livre e os nitratos, estes
convertidos também em ácido nítrico livre, bem como devolver os resíduos de urânio na
forma de sulfatos e ácido sulfúrico para o reaproveitamento na mina. Este último rejeito
é reciclado para o tratamento de minério no próprio local de produção do concentrado.
V.6. RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA DESENVOLVIDA E
PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS.
Com base nos estudos realizados em escala laboratorial, neste
trabalho de dissertação, propõe-se o desenvolvimento de uma unidade-püoto para o
reaproveitamento e reciclo do ácido nítrico utilizado nas Unidades-Piloto de Purificação
de Concentrados de Urânio e de Tório, em operação no IPEN-CNEN/SP, por evaporação
a vácuo (destilação). A piloto proposta deverá ser uma continuação das unidades de
purificação em operação, podendo ser instalada no mesmo local para facilitar a operação
de reciclo. Os sulfatos obtidos no tratamento dos efluentes do ciclo do urânio poderão ser
devolvidos à etapa de lixiviação do minério para obtenção do concentrado de urânio. No
caso do tório, esses sulfatos podem ser reciclados ao início da própria unidade de
purificação, juntando-se ao concentrado de sulfato de tório a ser transformado. Dessa
forma, como já discutido anteriormente, ficam eliminados todos os resíduos provenientes
do tratamento dos refugados das duas unidades.
No setor de precipitação do DUA nuclearmente puro recomenda-se
a concentração do filtrado até aproximadamente 200g/L em nitrato de amônio, como já
citado anteriormente. Assim, após a caracterização deste, torna-se um produto de fácil
comercialização para a indústria agrícola.
Além dessas duas unidades, propõe-se ainda o estudo do
«aproveitamento dos valores contidos nos rejeitos líquidos gerados na Usina-Piloto de
Obtenção de Oxido de Zircônio, instalada no IPEN-CNEN/SP.
105
V.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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