104
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil: checklist e taxonomia de Astereae. Rafael Augusto Xavier Borges 2008

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro ...vm005.jbrj.gov.br/enbt/posgraduacao/resumos/2008/Rafael_Bordes.pdf · checklist e taxonomia de Astereae. ... Entre os

Embed Size (px)

Citation preview

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais,

Brasil: checklist e taxonomia de Astereae.

Rafael Augusto Xavier Borges

2008

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil:

checklist e taxonomia de Astereae.

Rafael Augusto Xavier Borges

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional

de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre em Botânica.

Orientadora: Rafaela Campostrini Forzza

Rio de Janeiro

Janeiro 2008

I

Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil:

checklist e taxonomia de Astereae.

Rafael Augusto Xavier Borges

Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica

Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Prof._____________________________ - Dr. Jimi Naoki Nakajima

Prof._____________________________ - Dr. Roberto Lourenço Esteves

Prof._____________________________ - Dra. Rafaela Campostrini Forzza

Rio de Janeiro

2008

II

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais Renato e Adélia e ao meu irmão Rodolfo, pelo amor sincero,

preocupação, apoio e confiança, sem vocês a vida teria pouco sentido.

À minha amada família pelo carinho e apoio constantes, em especial aos meus queridos

padrinhos Armando e Alcina, pelo exemplo como pessoas maravilhosas e por todo suporte

que têm me oferecido durante esses anos de estudo; aos queridos tios Álvaro e Luiza e aos

primos Guilherme, Bernardo, Bruna e Paula, por toda ajuda, paciência e suporte desde o

processo seletivo e pelos bons momentos que compartilhamos nesses dois anos em que

estivemos mais próximos.

À minha querida amiga e orientadora Rafaela, por todas as oportunidades acadêmicas e

profissionais, pelos ensinamentos, pela confiança, paciência, amizade e apoio. Ao amigo

André Amorim pela oportunidade de trabalho e ensinamentos e ao time do herbário CEPEC:

Márdel, Pedro, Alexandre, Ricardo, Luis Carlos, José Lima, Serginho, Cristiane e Terezinha.

À ENBT e JBRJ pela estrutura e suporte técnico durante o desenvolvimento da dissertação.

Aos professores, pesquisadores e funcionários, principalmente àqueles que participaram

diretamente da minha formação e que tive a oportunidade de conviver mais próximo: Elsie,

Vidal, Cláudio, Leandro, Claudine, Ronaldo, Marli, Luis Fernando, Luzia, Rosângela,

Nilcéia, Denise, Rosana, Carla, Nilton, Joel, Manoel e Edimar.

Aos funcionários do Parque Estadual do Ibitipoca, pela estrutura oferecida e auxílio no

trabalho de campo, principalmente ao Tião e ao senhor Pereira.

Aos sinanterólogos Aristônio Teles, Jimi Nakajima, Roberto Esteves, Mara Magenta, Victoria

Funk, Walter Holmes e Nicholas Hind, que muito me ajudaram nas identificações da flora do

Ibitipoca e que contribuíram com vastas bibliografias para a dissertação.

III

À ilustradora botânica Maria Alice Resende, pelo empenho e dedicação nas belas e bem

trabalhadas ilustrações.

Às amigas e aos amigos da “sala da Rafa” Adriana, Raquel, Valquíria, Ravena, Carol, Bia,

Bruno, Luiz (principalmente nas urgências com a coleção do herbário CESJ) e Eduardo; em

especial à Mariana, que muito contribuiu e auxiliou no meu aprendizado das Asteraceae no

herbário e no campo e ao grande amigo Fabrício, pela amizade, discussões filosóficas e de

“causos” das Minas Gerais.

Aos amigos Alexandre e Rodrigo, pela convivência amistosa na “mansão” e ajuda nos

momentos de dificuldade.

Aos amigos e amigas da pós-graduação e do Jardim Botânico, pelos bons momentos e por

tornarem a vida melhor nas confusões do cotidiano: Nívea, João, Gustavo, Jacira, Vitor,

Jerônimo, Jakeline, Gracialda, Beatriz, Luciano, Fabiana, Izar, Mariana, Marcelinho, Tião,

Pablinho, Rodolfo, Arno, Alba, Leonardo, Ursula, Felipe, Christo e em especial ao “hermano”

Maurício e à Marina pelo carinho e cumplicidade nas etapas finais.

A todos agradeço pela amizade, companhia, ensinamentos, filosofias mundanas, festas e boas

risadas.

Enfim, a todos aqueles que acabei esquecendo (graças a Deus as pessoas queridas são tão

numerosas que não consigo lembrar de todas) as minhas desculpas e o meu muito obrigado.

IV

Resumo

A presente dissertação compreende o estudo da família Asteraceae no Parque Estadual

do Ibitipoca (PEIB), localizado nos municípios de Santa Rita do Ibitipoca e Lima Duarte,

Minas Gerais. O primeiro capítulo apresenta o levantamento florístico das espécies de

Astereae ocorrentes no Parque. A tribo apresenta no local 20 espécies e quatro gêneros:

Baccharis está representado por 17 espécies, enquanto Conyza, Inulopsis e Leptostelma

possuem uma espécie cada. São fornecidas descrições morfológicas, ilustrações, comentários

taxonômicos, dados sobre a distribuição geográfica e uma chave de identificação para os

táxons em questão. O segundo capítulo apresenta a lista de espécies de Asteraceae do PEIB e

uma análise da distribuição geográfica da família em nove localidades de formações serranas

do Brasil. Foram registradas 12 tribos, 50 gêneros e 111 espécies. Eupatorieae, Vernonieae,

Astereae, Baccharis, Mikania e Lessingianthus foram as tribos e gêneros mais diversos,

respectivamente. O PEIB apresenta maior similaridade florística com o Itatiaia e

posteriormente com as Serras da Canastra e do Cipó. O dendrograma obtido pela análise de

agrupamento permite inferir que a vegetação dominante e características geoclimáticas são

fatores importantes na composição local. No entanto, as relações entre as áreas intermediárias

não foram demonstradas, ao contrário do gráfico resultante da análise de ordenação. Nesta

última, foram detectadas conexões entre as floras, representadas por áreas de localização

periférica (Serra do Ibitipoca, Serra da Canastra e Serra de Grão-Mogol.) e central (Serra do

Cipó). Além dos fatores locais, elementos biogeográficos históricos são fundamentais no

entendimento das relações encontradas.

Palavras-chave: campo rupestre, distribuição, diversidade, flora, floresta atlântica, serras.

V

Abstract

This study presents the Asteraceae family in Ibitipoca State Park (PEIB), located in

Santa Rita do Ibitipoca and Lima Duarte, state of Minas Gerais. The first chapter reports the

floristic inventory of Astereae found in PEIB. We found 20 species and four genera: 17

species were scored for Baccharis, while Conyza, Inulopsis and Leptostelma presented a

single species each. Descriptions, illustrations, taxonomic comments, geographic distribution

are given for all taxa, as well an identification key of the species. The second chapter presents

a checklist for Asteraceae of PEIB, with a floristic analyses of nine Brazilian mountain fields.

We found 12 tribes, 50 genera and 111 species. Eupatorieae, Vernonieae, Astereae,

Baccharis, Mikania and Lessingianthus were the most diverse tribes and genera. PEIB flora

was more similar with Itatiaia, and after with Serra da Canastra and Serra do Cipó. Cluster

analyses indicated that vegetation matrix and geoclimatic factors were important for local

composition, nevertheless, relationships among mid areas were shown only in ordination

analyses. Graphics expressed connections among “serras”, represented by remote (Serra do

Ibitipoca, Serra da Canastra and Serra de Grão-Mogol) and central (Serra do Cipó) areas.

Besides local factors, historical biogeographic elements are essential to understand Asteraceae

distribution.

VI

Sumário

Pág.

1. Introdução Geral................................................................................................1

2.Capítulo I: Taxonomia de Astereae (Asteraceae) do Parque Estadual

do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. ....................................................................3

3.1 Resumo/Abstract.......................................................................................4

3.1 Introdução.................................................................................................5

3.2 Material e Métodos....................................................................................6

3.3 Resultados.................................................................................................7

3.3.1 Chave para a identificação das espécies da tribo Astereae do

Parque Estadual do Ibitipoca.......................................................................8

3.3.2 Baccharis..........................................................................................12

Baccharis aphylla.............................................................................13

Baccharis dracunculifolia.................................................................14

Baccharis itatiaiae............................................................................16

Baccharis ligustrina..........................................................................17

Baccharis lychnophora.....................................................................19

Baccharis microdonta.......................................................................20

Baccharis myriocephala....................................................................22

Baccharis oblongifolia......................................................................23

Baccharis platypoda..........................................................................25

Baccharis reticularia.........................................................................27

Baccharis rufidula.................................………………………....…28

Baccharis salzmanii............…………....……………………..……30

Baccharis schultzii.................................................………….……..32

Baccharis serrula..............................………………………………33

Baccharis serrulata...........................................................................35

Baccharis tarchonanthoides..........................………………………36

VII

Baccharis varians..............................................................................38

3.3.3 Conyza..............................................................................................40

Conyza monorchis.............................................................................40

3.3.4 Inulopsis...........................................................................................41

Inulopsis scaposa..............................................................................42

3.3.5 Leptostelma.......................................................................................43

Leptostelma maxima..........................................................................44

3.4 Referências..............................................................................................46

4.Capítulo II: Análise Florística (Asteraceae) do Parque Estadual do

Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. .......................................................................61

4.1 Resumo/Abstract.....................................................................................62

4.2 Introdução...............................................................................................63

4.3 Material e Métodos..................................................................................64

4.4 Resultados...............................................................................................65

4.5 Discussão................................................................................................67

4.6 Referências..............................................................................................72

2. Conclusões gerais............................................................................................90

3. Referências bibliográficas...............................................................................91

VIII

Introdução Geral

Ao longo dos últimos anos, novos táxons inéditos têm sido descobertos, em proporções

semelhantes as da metade do século XVIII e do final do século XIX (Donoghue & Alverson

2000). Entre os anos de 1989 e 1997 cerca de 21.100 novas espécies de angiospermas

tropicais foram descritas, sendo que 29% das espécies estudadas nas monografias da Flora

Neotropica são novas para a ciência (Prance et al. 2000). Dessa forma, o número de espécies

estimado para as espermatófitas está próximo de 420.000 (Govaerts 2001, 2003).

Tais dados mostram que trabalhos taxonômicos e levantamentos florísticos, mesmo que

atualmente sejam relegados a segundo plano em virtude do “impedimento taxonômico” (Funk

2006), são fundamentais para o desenvolvimento de teorias e padrões em biodiversidade,

assim como representam fontes primárias de informação para ações conservacionistas (Funk

& Richardson 2002, Funk 2006).

Segundo Giulietti et al. (2005), o Brasil possui a flora mais diversa do planeta, com

aproximadamente 56.000 espécies, que correspondem a 19% da flora mundial. Dentre as

famílias com maior riqueza, encontra-se Asteraceae com uma estimativa preliminar de 1.900

espécies. No entanto, esta contagem provavelmente tornar-se-á maior à medida que trabalhos

taxonômicos e levantamentos florísticos forem desenvolvidos (Donoghue & Alverson 2000).

Em Minas Gerais, a família Asteraceae é melhor estudada em áreas da Cadeia do Espinhaço,

onde trabalhos florísticos de longa duração têm se concentrado (e.g. Giulietti et al. 1987, Hind

1995, Roque 1997, Hind 2003 a,b, Hatschbach et al. 2006). Além desta, outras formações

serranas do estado foram inventariadas recentemente (Nakajima 2001) ou os trabalhos ainda

se encontram em desenvolvimento.

O Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB) situa-se no sudeste de Minas Gerais nos

municípios de Santa Rita do Ibitipoca e Lima Duarte (21°40’ - 21°44’S e 43°52’ - 43°55’W)

(Fig. 1). Abrange aproximadamente 1.488 ha da Serra de Ibitipoca, formação pertencente ao

1

complexo da Mantiqueira no domínio da floresta atlântica (CETEC 1983). Os campos

rupestres presentes nesta área são disjuntos e diferenciados dos campos encontrados na

Cadeia do Espinhaço de Minas Gerais e Bahia, que são circundados por cerrado e caatinga,

respectivamente (Giulietti & Pirani 1988, Romero 2002). Pela primeira vez todas as espécies

vegetais do PEIB estão sendo catalogadas (Campos 2005, Medeiros 2006, Dias-Melo 2007,

Ferreira 2007, Menini-Neto 2007, Milward-de-Azevedo 2007, Monguilhott 2007, Monteiro &

Forzza 2008, Silva et al. em preparação) e o presente trabalho vem adicionar esforços e

resultados a este projeto.

Fig. 1. Localização do Parque Estadual do Ibitipoca, MG com a indicação das principais localidades (adaptado de Menini-Neto et al 2007a).

2

Capítulo I: Taxonomia de Astereae (Asteraceae) do Parque Estadual de

Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil.

3

Abstract - [Astereae (Asteraceae) of Ibitipoca State Park, Brazil]. This work presents the

taxonomy of Astereae found in Ibitipoca State Park, Minas Gerais, located between Santa

Rita do Ibitipoca and Lima Duarte, state of Minas Gerais. We found 20 species and four

genera: 17 species belong to Baccharis, while Conyza, Inulopsis and Leptostelma

presented a single species each. Descriptions, illustrations, taxonomic comments and

geographic distribution are given for all taxa, with an identification key of the species.

Key words: Atlantic forest, campo rupestre, flora, Mantiqueira range.

Resumo – [Taxonomia de Astereae (Asteraceae) do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas

Gerais, Brasil]. O presente trabalho compreende o tratamento taxonômico das espécies de

Astereae ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca, localizado nos municípios de Santa

Rita do Ibitipoca e Lima Duarte, Minas Gerais. A tribo apresenta no local 20 espécies e

quatro gêneros: Baccharis está representado por 17 espécies, enquanto Conyza, Inulopsis

e Leptostelma possuem uma espécie cada. São fornecidas descrições morfológicas,

ilustrações, comentários taxonômicos e dados sobre a distribuição geográfica de todos os

táxons, além de uma chave de identificação das espécies.

Palavras-chave: campo rupestre, flora, floresta atlântica, serra da Mantiqueira.

4

Introdução

Asteraceae abriga cerca de 23.000 espécies organizadas em 1.600-1.700 gêneros, com

distribuição cosmopolita, exceto na Antártica (Funk et al. 2005, Jeffrey 2007). A partir de

análises filogenéticas, foi corroborado que a família é monofilética e tem Calyceraceae como

grupo-irmão (Kim et al. 1992, Gustafsson & Bremer 1995, APG II 2003, Funk et al. 2005,

Jeffrey 2007). As principais sinapomorfias morfológicas que sustentam a família são: flores

dispostas em capítulo circundado por brácteas involucrais, sépalas modificadas em papilho,

anteras singenésicas e fruto cipsela (Bremer 1994, Judd et al. 1999, Funk et al. 2005).

A tribo Astereae é reconhecida como a segunda maior de Asteraceae, constituída por

205 gêneros e cerca de 3.080 espécies (Nesom & Robinson 2007). Possui distribuição

cosmopolita, sendo encontrada geralmente em regiões montanhosas da América do Sul e do

sudoeste da América do Norte, sul do continente africano, Austrália e Nova Zelândia

(Bentham 1873, Grau 1977, Bremer 1994, Nesom 1994a, Funk et al. 2005). No Brasil,

ocorrem 19 gêneros e cerca de 200 espécies sendo Baccharis o maior, com cerca de 140

espécies (Barroso 1976, Bremer 1994, Oliveira et al. 2006, Teles com. pess.).

Determinadas características morfológicas foram inicialmente apontadas como possíveis

sinapomorfias para a tribo: células epidérmicas da corola com espessamentos medianos na

parede externa; ramos do estilete com apêndices agudos, de formato triangular, lanceolado ou

subulado, sem tricomas coletores internamente; superfícies estigmáticas laterais e próximas à

base do estilete (Bremer 1987). Posteriormente, foi reconhecido o monofiletismo de Astereae

(Zhang & Bremer 1993, Bremer 1994), porém há controvérsias quanto à subdivisão e

circunscrição dos gêneros. Até o momento, análises filogenéticas contemplaram parcialmente

a tribo, assim como utilizaram um número insuficiente de caracteres para o melhor

entendimento das relações evolutivas entre os táxons envolvidos (Zanowiak 1991, Nesom

1994a, Cross et al. 2002, Funk et al. 2005).

5

Dentre os estudos que abordaram a taxonomia da tribo Astereae no Brasil, podem ser

destacados os trabalhos de Baker (1882), Luis (1952, 1958), Solbrig (1962), Barroso (1976),

Nesom (1994 a,b), Matzenbacher & Sobral (1996), Oliveira & Marchiori (2005, 2006),

Oliveira et al. (2006).

Levantamentos florísticos e revisões taxonômicas são fundamentais para a conservação,

planos de manejo e catalogação da biodiversidade, principalmente na região tropical (Prance

et al. 2000). No entanto, os dados obtidos para Asteraceae ainda são insuficientes, devido à

grande diversidade da família. No Brasil, Asteraceae tem sido melhor estudada nas serras da

Cadeia do Espinhaço (e.g. Giulietti et al. 1987, Hind 1995, Roque 1997, Hind 2003a,b,

Hatschbach 2006) enquanto que em outras formações montanhosas de Minas Gerais a família

continua pouco conhecida (Nakajima 2001).

Dessa forma, o presente estudo tem por objetivos colaborar para o melhor conhecimento

da família Asteraceae em Minas Gerais, especificamente da tribo Astereae, além de fornecer

informações sobre a flora e para o plano de manejo do Parque Estadual do Ibitipoca.

Material e Métodos

Área de estudo

O Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB) situa-se no sudeste de Minas Gerais nos

municípios de Santa Rita do Ibitipoca e Lima Duarte (21°40’ - 21°44’S e 43°52’ - 43°55’W).

Abrange aproximadamente 1.488 ha da Serra de Ibitipoca, que pertence ao complexo da

Mantiqueira no domínio da floresta atlântica (CETEC 1983). Os campos rupestres presentes

nesta área são disjuntos e diferenciados dos campos encontrados nas serras de Goiás e Cadeia

do Espinhaço, que estão inseridas nos biomas cerrado e caatinga (Giulietti & Pirani 1988,

Harley 1995, Romero 2002). Dados e comentários sobre o clima, geomorfologia e vegetação

encontram-se em Menini-Neto et al. (2007 a,b).

6

Trabalho de campo e laboratório

Foram realizadas excursões ao PEIB no período de março de 2004 a maio de 2007.

Todas as coletas foram depositadas no herbário RB. As identificações e os dados sobre

distribuição geográfica foram obtidos das observações de campo, coleções dos herbários

BHCB, CESJ, RB, SP e SPF (acrônimos segundo Holmgren et al. 1990) e de consulta

bibliográfica (De Candolle 1836, Baker 1882, Solbrig 1962, Cuatrecasas 1967, Barroso 1976,

Hind 1995, Munhoz & Proença 1998, Boggan et al. 1997, Hind 2003 a,b, Müller 2006). As

espécies foram descritas e ilustradas a partir de coleções do Parque; quando estas foram

insuficientes, utilizou-se material de outras localidades. Dados como altura das plantas, forma

de vida, coloração das flores e características do habitat, foram obtidos das etiquetas de

herbário ou observados durante as excursões. As descrições seguem a terminologia proposta

por Radford (1974), Stearn (1992) e Weberling (1989) para as sinflorescências (Fig. 1).

Resultados e Discussão

No presente estudo, foram registradas 20 espécies em quatro gêneros. Baccharis é o

mais diverso com 17 espécies, enquanto Conyza, Leptostelma e Inulopsis possuem apenas

uma espécie cada. A maioria dos táxons foi coletada em campo rupestre, geralmente nos

locais de vegetação herbáceo-arbustiva ou próximo de mata ciliar. Ferreira e Magalhães

(1977) publicaram a primeira lista de espécies para a Serra do Ibitipoca, em que não consta

nenhuma espécie de Astereae. Andrade & Sousa (1995) referiram três espécies da tribo

(Baccharis myriocephala, B. platypoda e B. schultzii) em levantamento preliminar para a

mesma área.

Dentre as espécies estudadas, metade tem distribuição apenas no Brasil. Baccharis

itatiaiae distribuí-se pelas serras dos Órgãos, da Mantiqueira e Cadeia do Espinhaço de Minas

Gerais; B. lychnophora está restrita ao Planalto do Itatiaia e também ao Espinhaço de Minas

Gerais; B. reticularia, B. rufidula, B. salzmanii, B. schultzii, B. tarchonanthoides e B.

7

serrulata ocorrem em áreas de cerrado, mata atlântica, campos rupestres, campos de altitude e

restinga, sendo que a última também está presente nos campos sulinos; B. serrula é restrita

aos campos rupestres e campos de altitude de Minas Gerais e São Paulo. Das espécies

encontradas em outros países da América do Sul, B. aphylla e B. platypoda ocorrem nos

páramos da Bolívia e nas serras e cerrados da Região Sudeste do Brasil; B. dracunculifolia e

B. oblongifolia são amplamente distribuídas da Bolívia à Argentina, sendo que a última

ocorre também nas Guianas; B. varians e B. ligustrina são registradas nas montanhas da

Venezuela e Guianas até as serras do sudeste brasileiro, sendo a última encontrada também

nos campos sulinos; Conyza monorchis, Inulopsis scaposa, B. microdonta, B. myriocephala e

Leptostelma maxima ocorrem da Argentina, Paraguai e Uruguai até as serras de Minas Gerais,

sendo que as duas últimas têm registro também para áreas de restinga.

No PEIB, as espécies com maiores populações e encontradas em mais de duas

localidades são B. itatiaiae; B. lychnophora; B. myriocephala; B. platypoda; B. reticularia; B.

salzmanii e B. serrulata. As espécies presentes em populações de tamanho médio em uma ou

duas localidades são: B. oblongifolia; B. rufidula; B. varians; I. scaposa e L. maxima. São

encontradas em pequenas populações: B. aphylla; B. dracunculifolia; B. ligustrina; B.

microdonta; B. schultzii; B. tarchonanthoides; C. monorchis. Apenas B. serrula não foi

recoletada no presente trabalho.

Chave para identificação das espécies da tribo Astereae

do Parque Estadual do Ibitipoca

1. Ervas. Capítulos radiados ou disciformes.

2. Lâmina oboval-elíptica a oboval-lanceolada, completamente híspida. Sinflorescência

escaposa, capítulo solitário .............................................................. 19. Inulopsis

scaposa

8

2’. Lâmina oblonga a oblanceolada, híspida apenas nas margens, ápice ou na nervura

central. Sinflorescência corimbiforme ou paniculiforme, capítulos numerosos.

3. Lâmina membranácea, > 10 cm compr. Capítulos radiados, brácteas involucrais 3-

seriadas; flores do raio ca. 1 cm compr ..................................... 20. Leptostelma maxima

3’. Lâmina papirácea, < 10 cm compr. Capítulos disciformes, brácteas involucrais 2-

seriadas; flores marginais ca. 4 mm compr ................................. 18. Conyza monorchis

1’. Subarbustos, arbustos ou arvoretas. Capítulos discóides

4. Ramos áfilos.

5. Ramos 3-alados. Sinflorescência diplobótrio estaquióide. Capítulo feminino sem

páleas, com mais de 30 flores, corola ligulada. Capítulo masculino com 20-25 flores,

papilho com cerdas de ápice longo-barbelado ................................. 7. B.

myriocephala

5’. Ramos não alados. Sinflorescência espiciforme. Capítulo feminino com páleas, ca. 15

flores, corola 5-lobada. Capítulo masculino ca. 15 flores, papilho com cerdas de ápice

agudo ......................................................................................................... 1. B. aphylla

4’. Ramos folhosos.

6. Folhas com nervação peninérvea.

7. Folhas densamente glanduloso-pontuadas. Plantas femininas e masculinas com

sinflorescências distintas. Capítulo feminino cilíndrico, brácteas involucrais

glandulosas, glabrescentes ............................................................... 9. B. platypoda

7’. Folhas não glanduloso-pontuadas. Plantas masculinas e femininas com o mesmo

tipo de sinflorescência. Capítulo feminino campanulado (cilíndrico em B.

lychnophora e então com brácteas involucrais lanosas).

8. Face abaxial das folhas com indumento lanoso ou tomentoso.

9

9. Folhas com margem denteada na metade superior. Capítulo feminino ca. 40

flores. Flores masculinas com corola hipocrateriforme, papilho caduco

.................................................................................. 16. B. tarchonanthoides

9’. Folhas com margem inteira. Capítulo feminino 10-20 flores. Flores

masculinas com corola infundibuliforme, papilho persistente.

10. Folhas coriáceas. Capítulo feminino cilíndrico, sem páleas

..................................................................................... 5. B. lychnophora

10’. Folhas cartáceas. Capítulo feminino campanulado, com páleas

.......................................................................................... 11. B. rufidula

8’. Face abaxial das folhas glabra.

11. Folha lanceolada a oblanceolada, margem irregular e curtamente

denteada no ápice. Sinflorescência paniculiforme. Cipsela ca. 1 mm

compr. Capítulo masculino 3 mm compr., brácteas involucrais 3-

seriadas ....................................................................... 4. B.

ligustrina

11’. Folha oblonga, margem inteira. Sinflorescência duplo-

paniculiforme. Cipsela ca. 2 mm compr. Capítulo masculino 2 mm

compr., brácteas involucrais 2-seriadas ............... 8. B. oblongifolia

6’. Folhas trinérveas ou uninérveas.

12. Folhas uninérveas.

13. Subarbustos xilopodíferos. Folhas papiráceas, lâmina geralmente tridentada.

Capítulos femininos e masculinos ca. 10 flores. Cipsela convexa, 10-

angulosa ..................................................................................... 17. B. varians

10

13’. Subarbustos sem xilopódio. Folhas coriáceas, lâmina geralmente com

margem superior curto-serreada. Capítulos femininos e masculinos com

menos de 10 flores. Cipsela cilíndrica, 20-angulosa ................ 14. B. serrula

12’. Folhas trinérveas.

14. Capítulo masculino até 2 mm compr., feminino até 3 mm compr. Flores

masculinas com corola hipocrateriforme. Flores femininas ca. 50, corola de

ápice truncado com tricomas adensados ............................... 15. B.

serrulata

14’. Capítulo masculino ≥ 3 mm e feminino ≥ 4 mm. Flores masculinas com

corola infundibuliforme. Flores femininas ≤ 40, corola 5-lobada sem

tricomas adensados.

15. Capítulo feminino campanulado, ca. 40 flores. Capítulo masculino ca.

35 flores .................................................................. 2. B. dracunculifolia

15’. Capítulo feminino cilíndrico, até 15 flores. Capítulo masculino até 20

flores.

16. Folhas elípticas a lanceoladas de margem serreada. Sinflorescência

diplobotrióide de florescências estaquióides, inseridas na axila de

bráctea foliácea. Capítulo feminino ca. 15 flores ..... 6. B. microdonta

16’. Folhas obovais, oblongas ou oblanceoladas de margem inteira a

denteada. Sinflorescência duplo-corimbosa ou diplobotrióide de

florescências não estaquióides. Capítulo feminino até 10 flores.

17. Subarbusto 0,5-1 m. Sinflorescência duplo-corimbosa. Cipsela 5-

angulosa. Capítulo masculino turbinado, flores masculinas com

papilho caduco ......................................................... 3. B.

itatiaiae

11

17’. Arbusto ≥ 1 m. Sinflorescência diplobotrióide. Cipsela 10 a 12-

angulosa. Capítulo masculino campanulado, flores masculinas

com papilho persistente.

18. Receptáculo convexo. Capítulo feminino ca. 5 mm compr. e

masculino ca. 3 mm compr. .......................... 10. B.

reticularia

18’. Receptáculo plano. Capítulo feminino ≥ 8 mm compr. e

masculino ≥ 5 mm compr.

19. Sinflorescência diplobotrióide de florescências

glomeruliformes, homotética. Capítulo feminino ca. 1 cm

compr. Capítulo masculino ca. 10 flores ....... 13. B.

schultzii

19’. Sinflorescência diplobótrio, heterotética. Capítulo

feminino ca. 8 mm compr. Capítulo masculino 10-20

flores ......................................................... 12. B. salzmanii

Baccharis L., Sp. pl. 860. 1753.

Subarbustos, arbustos a arvoretas; dióicos, raramente monóicos. Ramos algumas vezes

áfilos, alados ou não, glabros ou com indumento variável. Folhas alternas, espiraladas a

dísticas, opostas a subopostas, sésseis ou pecioladas; lâmina de forma e tamanho variáveis,

margem inteira, denteada a serreada, membranácea, papirácea ou coriácea, uninérvea,

trinérvea a peninérvea, glabras ou com indumento variável. Sinflorescência de variadas

formas, homotética a heterotética; capítulos discóides ou disciformes, sésseis ou

pedunculados, campanulados ou cilíndricos, com páleas ou não. Brácteas involucrais 3 a 8-

12

seriadas, lanceoladas a ovais, glabras ou com indumento variável. Flores masculinas com

corola infundibuliforme, hipocrateriforme ou campanulada, geralmente 5-lobada, lobos

geralmente revolutos. Anteras com apêndice lanceolado e base obtusa, raro sagitada. Ramos

do estilete em geral triangulares, longo-papilosos. Ovário rudimentar. Flores femininas com

corola tubulosa, de ápice truncado, liguliforme ou 5-lobado. Ramos do estilete lanceolados a

triangulares, papilosos. Papilho persistente a caduco, cerdoso, barbelado, estramíneo ou

creme, cerdas com ápice agudo ou longo-barbelado, espessado ou não. Cipsela cilíndrica a

convexa, 2 a 20-angulosa, glabra ou com indumento variável.

Gênero com 360-400 espécies, que possui distribuição panamericana com elevado

número de espécies nos Andes (Colômbia, Chile e Argentina) e vegetações campestres do

sudeste e sul do Brasil (Bremer 1994, Müller 2006, Nesom 1994a, Nesom & Robinson 2006).

Nomes populares: alecrim, alecrim-do-campo, alecrim-de-vassoura, cambará-de-serra,

carqueja, vassourinha, vassoura-cambará, vassoura-do-campo, vassoura-lageana, vassoura-de-

são-joão (Barroso 1976).

1. Baccharis aphylla (Vell.) DC., Prodr. 5: 424. 1836. Iconografia: Baker (1882); Müller

(2006).

≡ Chrysocoma aphylla Vell., Fl. Flum. 324. 1829.

Fig 2. f-h

Subarbusto, ca. 30 cm alt., ereto, ramificado, xilopodífero. Ramos cilíndricos, estriados,

glabros, resinosos, áfilos; folhas rudimentares raras próximas à base da planta, sésseis, 1-2

mm compr., linear-lanceoladas, ápice agudo, margem inteira, uninérveas, resinosas.

Sinflorescência espiciforme, heterotética, glabra, resinosa, brácteas 0,5 mm compr., ovais,

margem inteira, resinosas. Capítulos numerosos, sésseis; receptáculo plano, alveolado,

fimbriado, glabro. Capítulo masculino campanulado, ca. 5 mm compr., sem páleas; brácteas

13

involucrais 3 a 4-seriadas, externas 1-2,5 x 1-1,3 mm, internas 3-4 x 0,7-1,2 mm, persistentes,

elípticas a lanceoladas, glabras, glandulosas, ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca.

15; corola infundibuliforme, ca. 5 mm compr., glabra, 5-lobada, lobos 1,5-2 mm compr.,

glabros, algumas vezes revolutos; estilete 5,5-6,5 mm compr., ramos lanceolados, papilosos.

Capítulo feminino cilíndrico, ca. 7 mm compr., páleas ca. 8 mm compr., glabras, ápice agudo,

ciliado, margem hialina; brácteas involucrais 5 a 7-seriadas, externas 1-3 x 0,8-1,3 mm,

internas 4,5-6 x 1 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, glandulosas, ápice agudo, ciliado,

margem hialina. Flores ca. 15; corola ca. 6 mm compr., glabra, 5-lobada, lobos diminutos,

desiguais; estilete ca. 7 mm compr., ramos lanceolados. Papilho 5-8,5 mm compr., persistente,

estramíneo, cerdas com ápice agudo. Cipsela ca. 2 mm compr., cilíndrica, 12 a 15-angulosa,

glabra, glandulosa, ápice truncado.

Material examinado: Minas Gerais, Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 13.IX.1940,

M. Magalhães 472 (RB); 1.500 m alt., trilha Monjolinho - Gruta dos Viajantes, 19.IX.2006,

R. Borges et al. 259 (RB).

Material adicional: Minas Gerais. Belo Horizonte: Morro das Pedras, 1.000-1.100 m alt.,

11.IX.1945, L.O. Williams & Assis 7529 (RB). São Paulo. São Paulo: 12.XII.1947, A. Betzler

s.n. (RB 61336).

Distribuição geográfica: Bolívia e Brasil: Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude e cerrado. No Parque foi observada

em meio a subarbustos próximos a afloramento quartzítico; fértil de maio a dezembro. O

táxon é facilmente reconhecido pela ausência de folhas e alas, e pela sinflorescência multi-

espiciforme. Quando estéril pode ser confundida com B. gracilis DC. ou B. orbignyana Klatt.,

no entanto pode ser diferenciada destas pelo tipo de sinflorescência e número de flores por

capítulo.

14

2. Baccharis dracunculifolia DC., Prodr. 5: 421. 1836. Iconografia: Cabrera (1978).

Fig. 3 h-i

Arbusto, ca. 2 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

seríceo-glandulosos. Folhas alternas, espiraladas, algumas vezes subopostas, sésseis; lâmina

(0,6) 1-2,5 x 0,3 cm, lanceolada, ápice agudo, base atenuada, margem inteira a tridentada na

porção superior, cartácea, uninérvea, ambas faces glabras, glanduloso-pontuadas.

Sinflorescência diplobótrio heterotético, seríceo-glandulosa. Capítulos numerosos, axilares,

pedúnculos 1-4 mm compr.; receptáculo plano, alveolado, glabro, glanduloso. Capítulo

masculino campanulado, ca. 3 mm compr., brácteas involucrais 4-seriadas, externas 1,5-2 x

0,7-1 mm, internas 2,8-3 x 0,8-1 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, glandulosas, ápice

acuminado, ciliado, margem hialina. Flores ca. 35; corola infundibuliforme, ca. 3 mm compr.,

glandulosa, com tricomas esparsos, 5-lobada, lobos ca. 1 mm compr., lanceolados,

glandulosos, revolutos; estilete ca. 3,5 mm compr., ramos triangulares, longo-papilosos.

Capítulo feminino campanulado, ca. 4 mm compr., brácteas involucrais 4-seriadas, externas

1,5-3 x 0,9-1,2 mm, internas 4-4,5 x 0,7-1 mm, persistentes, elípticas a lanceoladas, glabras,

levemente glandulosas; ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 40; corola ca. 3 mm

compr., glabra, 5-lobada, lobos lanceolados, diminutos; estilete ca. 4,5 mm compr., ramos

lanceolados, curto-papilosos. Papilho 2,5-5 mm compr., persistente, estramíneo, ápice agudo

nas flores femininas e longo-barbelado nas masculinas. Cipsela ca. 1 mm compr., convexa, 10

a 12-angulosa, glandulosa.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: estrada

centro de visitantes – alojamentos, 1.328 m alt., 31.V. 2007, R. Borges 883 (RB).

Distribuição geográfica: Bolívia, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil: Bahia,

Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio

de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

15

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado, mata atlântica, restinga e

campos sulinos. No Parque foi observada em área degradada; fértil durante todo o ano.

Espécie comum em capoeiras e áreas alteradas, ocorrendo geralmente próximo a rodovias e

pastos. B. dracunculifolia é muito utilizada na medicina popular (Freire et al. 2007) e como

produto fitoterápico (Kumazawa et al. 2003, Alencar et al. 2005).

3. Baccharis itatiaiae Wawra, Itin. Prin. S. Coburgi 2: 28. 1888.

Fig. 2 i-n; 8 D

Subarbusto, 0,5-1 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

glandulosos, glabros. Folhas alternas, espiraladas; pecíolo 3-8 mm compr., glanduloso-

pontuado; lâmina (0,8) 1,5-3,5 (3,8) x (0,8) 1,3-2,5 (3) cm, oboval, ápice obtuso, base

cuneada, decorrente, margem superior denteada, coriácea, trinérvea, ambas faces glabras,

glanduloso-pontuadas. Sinflorescência duplo-corimbosa, heterotética. Capítulos numerosos,

concentrados no ápice das florescências, pedúnculos 0,2-2,6 cm compr.; receptáculo plano

(levemente côncavo nos capítulos masculinos), alveolado, fimbriado, glabro; brácteas 5-10

(14) x 2-4 (7) mm, obovais, ápice truncado, base cuneada, margem denteada na porção

superior, coriáceas, trinérveas, ambas faces glabras, glanduloso-pontuadas. Capítulo

masculino turbinado, 4-5 mm compr.; brácteas involucrais 4-seriadas, externas 2-3 x 1-2 mm,

internas 3,5-4 x 1-1,5 mm, persistentes, lanceoladas, resinosas, ápice agudo, denso-

glanduloso, margem hialina. Flores ca. 15; corola infundibuliforme, 3,5-4 mm compr.,

esparso seríceo-glandulosa, 5-lobada, lobos ca. 1,5 mm compr., revolutos; estilete ca. 4,5 mm

compr., ramos triangulares, curtos, denso-papilosos. Capítulo feminino cilíndrico, 6-7 mm

compr., brácteas involucrais 4-seriadas, externas 5-6 x 1 mm, internas 2-4 x 0,7-1,2 mm,

persistentes, lanceoladas, resinosas; ápice agudo, denso-glanduloso, margem hialina. Flores 4-

7; corola ca. 3 mm compr., 5-lobada, glandulosa, serícea, com tricomas concentrados na base;

16

lobos curtos, triangulares. estilete 3-4 mm compr., ramos lanceolados. Papilho 3-4 mm

compr., caduco, cerdas com ápice agudo nas flores femininas e espesso nas masculinas.

Cipsela 2-2,5 mm compr., cilíndrica a convexa, 5-angulosa, glabra, algumas vezes glandulosa,

ápice rostrado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 30.IX.1970,

U. Confúcio s.n. (CESJ 9425); 8.II.2001, F.S. Araújo at al. 3 (CESJ); 10.II.2001, F.S. Araújo

et al. 32 (CESJ); 19.V.2001, M. Heluey et al. 124 (CESJ); trilha Lombada - Cruzeiro, 1.777 m

alt., 25.VI.2003, R. Borges et al. s.n. (RB 429.699); idem, 26.VII.2004, R.C. Forzza et al.

3508 (RB); idem, 8.III.2006, F.M. Ferreira 1017 (CESJ); idem, 18.V.2006, M.M. Saavedra

et al. 304 (RB); idem, 18.V.2006, M.M. Saavedra et al. 313, 314 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil: Cadeia do Espinhaço de Minas Gerais, Serra da Mantiqueira

(MG, RJ) e Serra dos Órgãos no Rio de Janeiro.

Encontrada em campo rupestre e campo de altitude. No Parque foi observada em campo

rupestre, no topo das principais vertentes (Lombada e Pico do Pião); fértil de fevereiro a

setembro. É facilmente reconhecida pelo hábito subarbustivo, estruturas vegetativas e florais

glandulosas e capítulos concentrados no ápice das florescências. Barroso (1976) utiliza a

organização dos capítulos para o posicionamento do táxon no “grupo Platypoda”, junto com

B. platypoda. No entanto, características das folhas e sinflorescência indicam maior

parentesco com as espécies da série Cylindricae, fato observado no presente estudo (Giuliano

2005).

4. Baccharis ligustrina DC., Prodr. 5: 421. 1836. Iconografia: Aristeguieta (1964).

Fig. 4 f-g; 8 B

Arbusto, ca. 1,5 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

glabros, os mais jovens levemente seríceos. Folhas alternas, espiraladas, sésseis; lâmina (2,5)

17

4-7,5 (8) x 0,8-1 (1,5) cm; lanceolada a oblanceolada, ápice mucronado, base cuneada,

margem revoluta, irregular e curtamente denteada na região superior, cartácea, peninérvea,

face adaxial glabra, face abaxial glabra e esparssamente glanduloso-pontuada. Sinflorescência

paniculiforme, heterotética, levemente serícea. Capítulos numerosos, pedúnculos 0,4-10 cm

compr., receptáculo cônico (levemente côncavo nos capítulos masculinos), alveolado, glabro;

brácteas 2-3 mm compr., lanceoladas, uninérveas, margem ciliada. Capítulo masculino

campanulado, ca. 3 mm compr., sem páleas; brácteas involucrais 3-seriadas, externas 1,5-2 x

0,5-1 mm, internas 2,8-3 x 0,8-1 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, ápice agudo, ciliado,

margem hialina. Flores ca. 30; corola infundibuliforme, 2,5-3 mm compr., serícea, 5-lobada,

lobos ca. 1 mm compr., lanceolados, glabros; estilete ca. 3 mm compr., ramos triangulares,

denso-papilosos. Capítulo feminino campanulado, ca. 5 mm compr., páleas ca. 4,5 mm,

glabras, ápice acuminado, ciliado, margem hialina; brácteas involucrais 2-seriadas, externas

1-1,5 x 0,6-0,8 mm, internas 2-3 x 0,6-1 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, ápice agudo,

ciliado, margem hialina. Flores ca. 18; corola ca. 3 mm compr., levemente serícea, com

tricomas concentrados na base e próximo ao ápice, 5-lobada, lobos triangulares, diminutos;

estilete ca. 4 mm compr., ramos lanceolados, curto-papilosos. Papilho 2,5-3 mm compr.,

persistente, estramíneo, cerdas com ápice agudo nas flores femininas e longo-barbelado nas

masculinas. Cipsela 1-1,3 mm compr., cilíndrica, achatada, 5 a 7-angulosa, serícea, ápice

truncado, carpopódio desenvolvido.

Material examinado: Minas Gerais: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: trecho da

praia do Ribeirão à Ponte de Pedra, 1.300-1.500 m alt., 30.IX.1970, D. Sucre 7231 (RB);

idem, 30.VIII.1987, J.R. Stehmann & A.R. Oliveira 1027 (BHCB); Cachoeira dos Macacos,

1.214 m alt., 9.VIII.2005, R.F. Monteiro et al. 57 (RB); idem, 29.VI.2006, R. Borges et al.

145 (RB).

18

Distribuição geográfica: Venezuela, Guiana Inglesa e Brasil: Bahia, Goiás, Distrito Federal,

Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado, mata atlântica e campos

sulinos. No Parque foi observada na orla de mata ciliar; fértil durante o ano todo. Phillipi

(1891 apud Aristeguieta 1964) e Cabrera (1944) criaram respectivamente os gêneros Psila e

Pseudobaccharis, baseados na presença de páleas nos capítulos femininos, combinando B.

ligustrina nos respectivos gêneros novos. No entanto, o uso desta característica para

segregação do gênero Baccharis é questionável, sendo aqui utilizado o nome mais antigo para

a espécie.

5. Baccharis lychnophora Gardner, J. Bot. (Hooker) 7: 85. 1848.

Fig. 2 a-e, 8 C

Arbusto a arvoreta, 1,5-5 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, cicatricosos,

pubérulos, alvos a gríseos. Folhas alternas, espiraladas; pecíolo 0,5-2 cm compr., pubérulo;

lâmina (3) 4-7 (13) x (1) 1,5-2,5 (3,8) cm, elíptica a oblanceolada, ápice agudo, base cuneada,

decorrente, margem inteira, coriácea, peninérvea, face adaxial glabra, cerosa, face abaxial

alva a gríseo-lanosa. Sinflorescência duplo-paniculada, heterotética, alvo-lanosa. Capítulos

numerosos, pedúnculos 0,5-1,5 cm compr.; receptáculo plano, alveolado, longo-fimbriado,

glabro; brácteas 0,1-1,5 cm compr., lanceoladas, alvo-lanosas em ambas faces. Capítulo

masculino campanulado, ca. 3 mm compr.; brácteas involucrais 3-seriadas, externas 1,5-2 x 1

mm, internas 2-2,3 x 0,5-0,8 mm, persistentes, lanceoladas, esparso glandulosas, alvo-lanosas,

ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 23, corola infundibuliforme, ca. 2 mm

compr., 5-lobada, glabra; lobos ca. 1 mm compr., lanceolados, com extremidade curto-

papilosa. estilete ca. 2,5 mm compr., ramos triangulares, denso e longo-papilosos. Capítulo

feminino cilíndrico, 4-5 mm compr.; brácteas involucrais 3-4 seriadas, externas 2-2,5 x 1-1,3

19

mm, internas 3-4 x 1-1,5 mm, persistentes, lanceoladas, esparso glandulosas, alvo-lanosas,

ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 10-15; corola 2-2,5 mm compr., com poucos

tricomas concentrados no ápice, 5-lobada, lobos triangulares, papilosos. estilete ca. 3 mm

compr., ramos triangulares, curto-papilosos. Papilho 2-3 mm compr., persistente, estramíneo,

cerdas com ápice agudo, longo-barbelado. Cipsela 1,8-2 mm compr., convexa, 5 a 7-angulosa,

glandulosa, ápice truncado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 13.V.1970, L.

Krieger s.n. (CESJ 8.534, RB); 1.X.1970, U. Confúcio s.n. (CESJ 9459); 8.II.2001, F.S.

Araújo 9 (CESJ); 25.III.2001, R.M. Castro 216 (CESJ); Pico do Pião, 1.580 – 1.600 m alt.,

13.V.1970, D. Sucre et al. s.n. (RB 166.050); idem, 16.V.2006, M.M. Saavedra et al. 282,

283 (RB); próximo à Gruta do Cruzeiro, 31.III.2004, R.C. Forzza et al. 3341 (RB); Lombada,

20.I.2005, R.C. Forzza et al. 3961 (RB); idem, 7.III.2006, F.M. Ferreira 968 (CESJ).

Distribuição geográfica: Brasil: Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais) e Planalto do Itatiaia

(Minas Gerais e Rio de Janeiro).

Encontrada em campo rupestre e campo de altitude. No Parque foi observada em

vertente inclinada de campo rupestre, junto a vegetação arbustiva e em borda de mata

estacional; fértil durante o ano todo. Com distribuição semelhante a de B. itatiaiae, o táxon é

diferenciado dos demais abordados no estudo pelo indumento pubérulo associado ao capítulo

feminino cilíndrico e flores masculinas com corola infundibuliforme. A espécie foi

classificada como ameaçada de extinção na categoria “criticamente em perigo” para a flora de

Minas Gerais (Mendonça & Lins 2000), porém não consta entre as espécies da flora brasileira

ameaçada (Nakajima 2007).

6. Baccharis microdonta DC., Prodr. 5: 416. 1836. Iconografia: Cabrera (1978).

Fig. 3 f-g

20

Arvoreta, 4 m alt., ereta, ramificada. Ramos cilíndricos, estriados, resinosos. Folhas,

alternas, dísticas, algumas vezes opostas; pecíolo 4-7 mm, resinoso, glanduloso-pontuado;

lâmina (1) 2,5-3,5 (4) x 0,5-1 cm, elíptica a lanceolada, ápice agudo, base cuneada,

decorrente, margem curta e irregularmente serreada, papirácea, trinérvea, face adaxial glabra,

resinosa, face abaxial glabra, glanduloso-pontuada. Sinflorescência diplobotrióide homotética,

de florescências estaquióides inseridas na axila de bráctea foliácea. Capítulos numerosos,

sésseis, receptáculo plano, alveolado, fimbriado, glabro; bráctea 0,5-1 cm compr., linear-

lanceolada, margem inteira, algumas vezes denteada, resinosa. Capítulo masculino

campanulado, ca. 3 mm compr.; brácteas involucrais 4-seriadas, externas 1-2 x 0,5-1 mm,

internas 2,5-3,5 x 1 mm, persistentes, elípticas a lanceoladas, glabras, levemente glandulosas;

ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores 10-12; corola infundibuliforme, ca. 4-4,5 mm

compr., tomentosa, glandulosa, 5-lobada, lobos ca. 1 mm compr., levemente tomentosos,

revolutos; estilete ca. 5 mm compr., ramos triangulares, denso-papilosos. Capítulo feminino

cilíndrico, ca. 5 mm compr.; brácteas involucrais 4 a 5-seriadas, externas 1-2,5 x 1 mm,

internas 3-4,5 x 1 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, glandulosas; ápice agudo, ciliado,

margem hialina. Flores ca. 15; corola ca. 3 mm compr., glabra, com tricomas concentrados na

base e ápice; ápice irregularmente 5-lobado; estilete 4-4,5 mm compr., ramos lanceolados,

curto-papilosos. Papilho ca. 4 mm compr., caduco, estramíneo, cerdas com ápice agudo nas

flores femininas e espessado nas masculinas. Cipsela ca. 1 mm compr., cilíndrica a convexa,

10 a 12-angulosa, glabra, glandulosa.

Material examinado: Minas Gerais: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: trilha

interditada próximo ao alojamento novo, 1.326 m alt., 18.V.2006, M.M. Saavedra et al. 316

(RB).

Material adicional: Minas Gerais. Poços de Caldas: Véu das Noivas, 24.II.1965, O. Roppa

587 (RB).

21

Distribuição geográfica: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil: Minas Gerais, Rio

de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, mata atlântica, restinga e campos

sulinos. No Parque foi observada em borda de mata estacional, local de drenagem pluvial;

fértil durante o ano todo. Posicionada na série Cylindricae, se distingue das demais espécies

estudadas pelas características da sinflorescência e margem foliar.

7. Baccharis myriocephala DC., Prodr. 5: 426. 1836.

Fig. 5 j-n; 8 E

Subarbusto, ca. 30 cm alt., ereto, ramificado. Ramos áfilos, 3-alados; alas 0,1-1,2 cm,

planas, levemente onduladas, interrompidas. Sinflorescência diplobótrio estaquióide,

heterotética. Capítulos numerosos, em grupos de 3-5, sésseis; receptáculo plano, alveolado,

fimbriado, glabro. Capítulo masculino campanulado, ca. 3-4 mm compr.; brácteas involucrais

3 a 4-seriadas, externas 1,5-2,5 x 0,8-1 mm, internas 3-4,3 x 0,7-1 mm, persistentes, elípticas

a lanceoladas, glandulosas, ápice agudo, margem hialina. Flores 20-25; corola

infundibuliforme, ca. 3,5 mm compr., glandulosa, 5-lobada, lobos ca. 1,5 mm compr.,

lanceolados, glabros, levemente seríceo na base; estilete ca. 4 mm compr., ramos lanceolados,

papilosos. Capítulo feminino cilíndrico, 4-5 mm compr.; brácteas involucrais 3 a 4-seriadas,

externas 2-3 x 0,7-1 mm, internas 3,8-5 x 0,4-0,7 mm, persistentes, elípticas a lanceoladas,

glandulosas, ápice agudo a acuminado, margem hialina. Flores 32-114; corola ligulada, ca.

3,5 mm compr., glandulosa; estilete 4,5-5 mm compr., ramos lanceolados, curto-papilosos.

Papilho 3,5-4 mm compr., persistente, cerdoso, barbelado, estramíneo, cerdas com ápice

agudo nas flores femininas e longo-barbelado nas masculinas. Cipsela ca. 1 mm compr.,

convexa, 15 a 17-angulosa, hirsuta, com tricomas curtos, carpopódio desenvolvido.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 14.V.1970, L.

Krieger s.n. (CESJ 8.525, RB); 20.IX.1971, L. Krieger s.n. (CESJ 10.779); 18.VI.1994, M.

22

Garcia et al. 5 (CESJ); VII.1998, L.G. Rodela s.n. (CESJ 40622); 8.II.2001, M. Heluey et al.

33 (CESJ); 24.III.2001, M. Heluey 80 (CESJ); 19.V.2001, M. Heluey 127 (CESJ);

22.VI.2001, M. Heluey 142 (CESJ); Pico do Pião, 15.V.1970, D. Sucre et al. 6864 (RB);

trilha para o Monjolinho, 25.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3474 (RB); idem, 19.IX.2006, R.

Borges et al. 257 (RB); trilha Monjolinho - Pico do Pião, 31.V.2007, R. Borges 873 (RB).

Distribuição geográfica: Paraguai e Brasil. No Brasil: Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro,

São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, restinga, cerrado e nos campos

sulinos. No Parque está geralmente associada à vegetação herbácea densa; fértil durante o ano

todo. B. myriocephala é semelhante a B. trimera e geralmente confundido com este nas

coleções, devido ao considerável número de exsicatas apresentarem apenas florescências

parciais, uma vez que a principal diferença entre os dois táxons está no tamanho e conjunto da

sinflorescência. Müller (2006) considera ambos como sinônimos nomenclaturais de B.

genistelloides subsp. crispa (Sprengel) Joch. Müller, propondo dessa forma a existência de

uma única espécie com distribuição do Peru até a Argentina. Tal critério não foi adotado no

presente trabalho devido à presença de características distintivas entre as duas espécies, como

o número de flores por capítulo. Além disso, grande variação morfológica observada nas

coleções de herbário e no campo, resultantes provavelmente de plasticidade fenotípica aos

diferentes ambientes onde ocorre (Silvertown 1998) e/ou à formação de híbridos (Knobloch

1959, Hellwig 1990, Zanowiak 1991, Müller 2006) com espécies simpátricas da seção

Caulopterae. A espécie também possui propriedades medicinais e é utilizada na medicina

popular (Castro et al. 1999).

8. Baccharis oblongifolia (Ruiz & Pav.) Pers., Syn. pl. 2: 424.1807. Iconografia: Cuatrecasas

(1967), Müller (2006).

23

≡ Molina oblongifolia Ruiz & Pav., Syst. veg. fl. peruv. chil. 203. 1798.

= Baccharis brachylaenoides DC., Prodr. 5: 421. 1836.

Fig. 4 m-n

Arbusto, ca. 2 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, cicatricosos, hirsutos. Folhas

alternas, espiraladas, pecíolo ca. 6 mm compr., glabro; lâmina (4,5) 5,5-6,5 (7) x (1,5) 2-2,5

cm, oblonga, ápice curtamente mucronado, base atenuada, decorrente, margem inteira,

revoluta, papirácea, peninérvea, ambas faces glabras, face abaxial brilhante. Sinflorescência

duplo-paniculada, heterotética. Capítulos numerosos, pedúnculos 0,4-1,4 mm compr.;

receptáculo cônico, alveolado, glanduloso, fimbriado; brácteas 0,4-2,8 cm compr.,

semelhantes às folhas, bractéolas 2-3 mm compr., lanceoladas, glandulosas, margem ciliada.

Capítulo masculino campanulado, ca. 2 mm compr., sem páleas; brácteas involucrais 2-

seriadas, externas 1-2 x 0,5-1 mm, internas 2,2-3 x 0,5-1 mm, persistentes, elípticas,

glandulosas; ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores 20-25; corola infundibuliforme, ca.

2,5 mm compr., glandulosa, 5-lobada, lobos ca. 0,5 mm compr., lanceolados, glandulosos,

tomentosos na base; estilete 2,5-3 mm compr., ramos triangulares, denso-papilosos. Capítulo

feminino campanulado, ca. 5 mm compr., páleas ca. 5 mm compr., lanceoladas, glandulosas,

ápice acuminado, ciliado, margem hialina; brácteas involucrais 3-seriadas, externas 2-3,5 x 1-

1,3 mm, internas 4-5 x 0,7-1,2 mm, persistentes, elípticas a lanceoladas, glabras, glandulosas;

ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores 15-20; corola 3-3,5 mm compr., glanduloso-

tomentosa na região médio-superior, 5-lobada, lobos triangulares, diminutos; estilete 4-4,5

mm compr., ramos lanceolados, papilosos. Papilho 2-4 mm compr., persistente, estramíneo,

cerdas com ápice agudo. Cipsela ca. 2 mm compr., convexa, levemente achatada, 6-angulosa,

tomentosa, glandulosa, ápice truncado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 13.IX.1940,

M. Magalhães 449 (BHCB); 30.IX.1970, U. Confúcio s.n. (CESJ 9425); 30.IX.1970, 1.550-

24

1.630 m alt., D. Sucre et al. 7210 (RB); 6.III.2006, F.R.G. Salimena 1327 (CESJ); Gruta dos

Viajantes, 25.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3483 (RB).

Material adicional: Rio de Janeiro. Nova Friburgo: morro da Caledônia, 15.VI.2004, R.

Mello-Silva et al. 2608 (RB, SPF).

Distribuição geográfica: Venezuela, Guiana Inglesa, Colômbia, Bolívia, Brasil e Argentina.

No Brasil: Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado, mata atlântica, campos

sulinos e restinga. No Parque foi observada em borda de matas nebulares e capões arbustivos

em pequenos afloramentos; fértil de fevereiro a novembro. Diferencia-se de B. ligustrina

pelas folhas mais largas, e pelas sinflorescências e cipselas maiores. Devido sua ampla

distribuição, vários táxons específicos e infra-específicos foram criados para esta espécie; nas

exsicatas provenientes do Brasil, Argentina, Colômbia e Guiana Inglesa, o sinônimo

normalmente utilizado é B. brachylaenoides e os epítetos infra-específicos deste. Apenas

recentemente o conceito mais amplo de B. oblongifolia tem sido adotado (Müller 2006,

Oliveira et al. 2006).

9. Baccharis platypoda DC., Prodr. 5: 409. 1836. Iconografia: Baker (1882), Müller (2006).

Fig. 2 o-p; 8 G-G’’

Arbusto, 1-2 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

resinosos. Folhas alternas, espiraladas, algumas vezes opostas; pecíolo ca. 6 mm compr.,

glanduloso-pontuado; lâmina (3) 5-7 (8) x (0,8) 2-4 (5) cm, obovada a oblongo-elíptica, ápice

agudo a obtuso, base cuneada, decorrente, margem superior denteada, coriácea, peninérvea,

ambas faces densamente glanduloso-pontuadas. Plantas femininas com sinflorescência

glomerular, homotética e plantas masculinas com sinflorescência corimbiforme de

25

florescências glomerulares, heterotética. Capítulos numerosos, sésseis; receptáculo plano,

alveolado, glabro; brácteas 1-3 mm compr., oblongas, resinosas. Capítulo masculino

campanulado, 4-5 mm compr.; brácteas involucrais 3 a 4-seriadas, externas 2-3 x 0,8-1 mm,

internas 3-4 x 0,8-1 mm, persistentes, lanceoladas, resinosas; ápice agudo, ciliado, margem

hialina. Flores 20-25; corola infundibuliforme, ca. 4 mm compr., levemente serícea; 5-lobada,

lobos ca. 1 mm compr., lanceolados; estilete ca. 4,5-5 mm compr., ramos triangulares, denso-

papilosos. Capítulo feminino cilíndrico, ca. 6 mm compr.; brácteas involucrais 4 a 5-seriadas,

externas 3-4 x 1,5-2 mm, internas 5-7 x 1-2 mm, persistentes, lanceoladas, glandulosas; ápice

agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 25; corola 4-4,5 mm compr., levemente serícea; 5-

lobada, lobos ca. 0,5 mm compr., lanceolados; estilete 5-6 mm compr., ramos lanceolados,

curto-papilosos. Papilho ca. 4-5 mm compr., creme, caduco e com ápice agudo nas flores

femininas, persistente e com ápice longo-barbelado nas masculinas. Cipsela 2,5-3 mm compr.,

cilíndrica a convexa, 10 a 12-angulosa, glabra, costelas glandulosas.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 11.V.1970, L.

Krieger & D. Sucre (CESJ 8571); 11.V.1970, D. Sucre 6675 (RB); 5.V.1987, H.C. Souza s.n.

(BHCB 9816); 27.IV.1988, P.M. Andrade 1173 (BHCB); 11.II.1996, L.G. Rodela s.n. (CESJ

29534); 24.III.2001, M. Heluey et al. 87 (CESJ); Pico do Pião, 1.580-1.600 m alt., 12.V.1970,

D. Sucre & L. Krieger 6705 (RB, SP), 6717 (RB); trilha Monjolinho - Gruta dos Viajantes,

25.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3491 (RB); idem, 16.V.2006, M.M. Saavedra et al. 273 (RB);

Gruta dos Três Arcos, 1.670 m alt., 26.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3525 (RB); trilha para

Ponte de Pedra, 26.V.2005, M.M. Saavedra et al. 222 (RB).

Distribuição geográfica: Peru, Bolívia e Brasil: Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Janeiro, São Paulo.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude e restinga. No Parque foi observada

em afloramentos rochosos, campos hidromórficos e borda de matas nebulares; fértil durante o

26

ano todo. O táxon é facilmente reconhecido por apresentar folhas peninérveas densamente

glandulosas e sinflorescências distintas nas plantas masculinas e femininas. Giuliano (2005)

considera B. platypoda e B. condensata Rusby distintas e exclusivas da seção Agglomeratae.

Por sua vez, Müller (2006) sinonimiza B. condensata em B. platypoda, desconsidera a seção

proposta anteriormente e posiciona o último táxon no subgênero Baccharis.

10. Baccharis reticularia DC., Prodr. 5: 429. 1836.

Fig. 6 a-g; 8 J

Arbusto, 1-2 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

glabros, resinosos. Folhas alternas, espiraladas; pecíolo 1-4 mm compr., resinoso; lâmina (1)

1,5-3 (3,5) x 0,5-1 (1,5) cm, oboval a oblanceolada, ápice agudo a obtuso, base cuneada,

decorrente, margem inteira a denteada na porção superior, papirácea, trinérvea, ambas faces

glanduloso-pontuadas. Sinflorescência diplobótrio, homotética. Capítulos numerosos, os

femininos sésseis e os masculinos com pedúnculos 2-5 mm compr.; receptáculo convexo,

alveolado, glabro; brácteas 0,5-1,5 cm compr., oblanceoladas, semelhantes às folhas. Capítulo

feminino cilíndrico, ca. 5 mm compr.; brácteas involucrais 4 a 5-seriadas, externas 1-3 x 1

mm, internas 4-5 x 1-1,5 mm, persistentes, elípticas a lanceoladas, glabras, glandulosas;

ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 4; corola ca. 2,5 mm compr., levemente

serícea, com tricomas esparsos, 5-lobada, lobos triangulares, glabros; estilete ca. 3 mm

compr., ramos lanceolados, curto-papilosos. Capítulo masculino campanulado, ca. 3 mm

compr.; brácteas involucrais 4 a 5-seriadas, externas 1-2 x 0,7-1 mm, internas 2,5-3 x 1 mm,

persistentes, elípticas a lanceoladas, glabras, glandulosas, ápice agudo, ciliado, margem

hialina. Flores 10-15; corola infundibuliforme, ca. 2,5 mm compr., glandulosa, 5-lobada,

lobos ca. 1 mm compr., lanceolados, glandulosos, com tricomas curtos na base; estilete 2,5

mm compr., ramos triangulares, papilosos. Papilho 2-3 mm compr., estramíneo, caduco e com

27

cerdas de ápice agudo nas flores femininas, persistente e longo barbelado nas masculinas.

Cipsela 1,5-2 mm compr., convexa, 12-angulosa, glandulosa.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: campo

rupestre ao lado da portaria, 4.II.2004, B.R. Silva et al. 1326 (RB); trilha restaurante - Prainha,

9.III.2004, R.C. Forzza et al. 3080 (RB); idem, 17.V.2006, M.M. Saavedra et al. 300, 301

(RB); idem, 29.VI.2006, R. Borges et al. 149, 150, 151, 152 (RB); trilha Gruta do Fugitivo -

Cascatinha, 11.III.2004, R.C. Forzza et al. 3195 (RB); trilha Lombada - Cruzeiro, 17.V.2006,

M.M. Saavedra et al. 307, 308 (RB); trilha Prainha - Lago dos Espelhos, 29.VI.2006, R.

Borges et al. 139, 140 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil: Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo,

Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado, mata atlântica e restinga. No

Parque foi observada em afloramentos rochosos, borda de matas nebulares e de galeria, e em

campo com vegetação arbustiva; fértil durante o ano todo. Foi observada uma grande variação

morfológica foliar nas populações do PEIB, assim como nas coleções de outras localidades.

No entanto, a morfologia das sinflorescências, flores e cipsela, e a composição dos capítulos

apresentam-se estáveis, o que é confirmado em outros estudos em que o táxon foi estudado

(Barroso 1976, Hind 1995, Oliveira & Marchiori 2006). Barroso (1976) posiciona B.

reticularia no “grupo Axilaris”. No entanto a classificação proposta por Giuliano (2005), que

considera B. reticularia na série Cylindricae, confere melhor relação morfológica com as

demais espécies presentes na seção.

11. Baccharis rufidula (Spreng.) Joch. Müller, Syst. Bot. Monogr. 76: 306. 2006.

≡ Conyza rufidula Spreng., Neue Entdeck. Pflanzenk. 2: 141. 1821.

= Baccharis vernonioides DC., Prodr. 5: 422. 1836.

28

Fig. 4 a-e; 8 H

Arbusto a arvoreta, 1,5-3 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados,

ferrugíneo-tomentosos, glandulosos. Folhas alternas, espiraladas, pecíolo ca. 4 mm compr.;

lâmina (2) 4,5-7 (8) x (1) 1,5-2,3 (3) cm, elíptica a lanceolada, ápice agudo, base obtusa,

margem inteira, cartácea, peninérvea, ambas faces ferrugíneo-tomentosas. Sinflorescência

duplo-paniculada, heterotética. Capítulos numerosos, pedúnculos 1,5-2 cm compr.;

receptáculo cônico, alveolado, fimbriado, glanduloso; brácteas 3-6 mm, lanceoladas,

ferrugíneo-tomentosas. Capítulo masculino campanulado, ca. 2,5 mm compr., sem páleas;

brácteas involucrais 2 a 3-seriadas, externas 1-1,5 x 1 mm, internas 2-2,3 x 0,5-1 mm,

persistentes, elípticas a lanceoladas, glandulosas, glabras, algumas vezes as externas

tomentosas; ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 30; corola infundibuliforme, ca.

2,5 mm compr., serícea, 5-lobada, lobos ca. 0,5 mm compr., lanceolados, glabros; estilete 2,5-

3 mm compr., ramos triangulares, papilosos; ovário rudimentar ca. 0,5 mm compr., seríceo,

glanduloso. Capítulo feminino campanulado, ca. 5 mm compr., páleas ca. 5 mm compr.,

glabras, ápice acuminado, ciliado, margem hialina; brácteas involucrais 3 a 4-seriadas,

externas 2-3 x 1-1,5 mm, persistentes, internas 4-5 x 0,7-1 mm, caducas, elípticas a

lanceoladas, glandulosas, glabras, algumas vezes as externas tomentosas, ápice agudo, ciliado,

margem hialina. Flores ca. 20; corola ca. 4 mm compr., com tricomas formando um anel

acima da metade superior, 5-lobada, lobos diminutos, lanceolados; estilete ca. 5 mm compr.,

ramos lanceolados, curto-papilosos. Papilho 2-5 mm compr., persistente, estramíneo, cerdas

com ápice agudo. Cipsela ca. 2 mm compr., convexa, 5 a 7-angulosa, tomentosa, glandulosa.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: trilha para a

Ponte de Pedra, 10.VIII.2005, R.C. Forzza et al. 4144 (RB); borda da mata, entre Mata

Grande e Matinha, 25.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3465 (RB); trilha para o Monjolinho, 1.460

29

m alt., 25.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3483 (RB); idem, 1.VII.2006, R. Borges et al. 162, 163

(RB); trilha interditada próxima ao alojamento novo, 29.VI.2006, R. Borges et al. 148 (RB);

Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude e mata atlântica. No Parque foi

observada em campo rupestre, mata de candeia, em borda de mata nebular e de galeria; fértil

de junho a setembro. Espécie facilmente reconhecida pelo indumento ferrugíneo-tomentoso e

sinflorescência duplo-paniculada. Baker (1882) indica Conyza rufidula Spreng. como

sinônimo de B. vernonioides DC., apesar do primeiro táxon ter sido publicado anteriormente.

Barroso (1976) não faz essa observação, nem comenta a categorização feita por Baker (1882),

utilizando também o nome proposto por De Candolle. Somente a partir de Müller (2006), a

prioridade de C. rufidula foi reconhecida e a nova combinação para o gênero Baccharis

realizada.

12. Baccharis salzmanii DC., Prodr. 5: 409. 1836.

Fig. 7 a-e; 8 K

Arbusto, 1,5-2,5 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

glabros, resinosos. Folhas alternas, espiraladas algumas vezes subopostas; pecíolo 0,5-0,8 mm

compr., glabro, resinoso; lâmina 1,5-5 (5,5) x 0,5-2,7 (3) cm, oboval, oblanceolada ou

elíptica, ápice agudo a obtuso, base atenuada, decorrente, margem irregularmente denteada na

porção superior, coriácea, trinérvea, ambas faces glabras, resinosas, face abaxial glanduloso-

pontuada. Sinflorescência diplobótrio, heterotética. Capítulos numerosos, sésseis ou com

pedúnculos 0,4-1,7 mm compr., inseridos na axila das folhas; receptáculo plano, alveolado,

glabro; brácteas 0,7-1,5 cm compr., oblanceoladas, ambas faces glabras, resinosas. Capítulo

masculino campanulado, ca. 5 mm compr.; brácteas involucrais 5 a 6-seriadas, externas 2-3 x

1-1,5 mm, internas 4-5,5 x 1-1,5 mm, persistentes, elípticas a lanceoladas, glabras,

30

glandulosas, ápice agudo, margem hialina. Flores 10-20; corola infundibuliforme, 4-4,5 mm

compr., glandulosa, levemente serícea, 5-lobada, lobos 1-1,3 mm compr., lanceolados,

glabros, estilete ca. 5,5 mm compr., ramos lanceolados, papilosos. Capítulo feminino

cilíndrico, 8-9 mm compr.; brácteas involucrais 5 a 6-seriadas, externas 2,5-3,5 x 1,5 mm,

internas 5-7,5 x 1,5 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, glandulosas, ápice agudo, margem

hialina. Flores 5-7; corola ca. 4 mm compr., levemente serícea, com tricomas esparsos, 5-

lobada, lobos triangulares, diminutos, estilete ca. 5,5 mm compr., ramos lanceolados, curto-

papilosos. Papilho 4-4,5 mm compr., estramíneo, caduco e com cerdas de ápice agudo nas

flores femininas, persistente e com cerdas de ápice longo-barbelado nas masculinas. Cipsela

2-3 mm compr., cilíndrica a levemente convexa, 10 a 12-angulosa, glabra.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 25.V.1988,

P.M. Andrade 1201 (BHCB); 6.II.1996, L.G. Rodela s.n. (CESJ 28981); Pico do Pião, 1.450

m alt., 14.V.1970, D. Sucre 6830 (RB); idem, L. Krieger s.n. (CESJ 8586); trilha para o

Monjolinho, 25.VII.2004, R.C. Forzza et al. 3473 (RB); idem, 9.VIII.2005, R.C. Forzza et al.

4123 (RB); idem, 30.VI.2006, R. Borges et al. 168, 169 (RB); mata de candeia na trilha para

Ponte de Pedra, 17.V.2006, M.M. Saavedra et al. 298, 299 (RB); trilha Prainha - Lago dos

Espelhos, 16.V.2006, M.M. Saavedra et al. 254, 255 (RB); idem, R. Borges et al. 137, 138

(RB); trilha interditada próxima ao alojamento novo, 18.V.2006, M.M. Saavedra et al. 317,

318 (RB); idem, 29.VI.2006, R. Borges et al. 146, 147 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil: Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e

Paraná.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado e restinga. No Parque

apresenta grandes populações, sendo observada em campo rupestre graminoso ou com

vegetação arbustiva densa, em meio a mata de candeia e em borda de mata estacional e

ombrófila; fértil durante o ano todo. Assim como B. reticularia, a espécie apresenta folhas

31

com grande variação morfológica, porém a morfologia dos capítulos, flores e cipsela permite

reconhecê-la dentre as demais espécies (Barroso 1976, Hind 1995). Além desta variação, foi

também observada a presença de capítulos masculinos e femininos na mesma planta, fato que

será abordado em estudos futuros. O táxon é morfologicamente próximo de B.

pseudomyriocephala Teodoro, diferenciando-se este último pelos capítulos menores e folhas

obovais, de margem curto-denteada e base longo-atenuada. Barroso (1976) identificou coletas

provenientes do PEIB como B. pseudomyriocephala, no entanto, apesar da semelhança foliar

presente no material estudado pela autora, a análise das estruturas reprodutivas permitiu a

identificação correta de B. salzmanii. Devido a difícil distinção entre os dois táxons e a grande

variação morfológica observada, constatamos a necessidade de um estudo que aborde mais

profundamente a identidade de ambos.

13. Baccharis schultzii Baker, in Mart. & Eichler, Fl. bras. 6(3): 78. 1882.

Fig. 7 f-k

Arbusto, ca. 2 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

glandulosos. Folhas alternas, espiraladas pecíolo 7-8 mm compr., glabro, glanduloso; lâmina

(2,5) 3,5-4 (4,5) x (0,5) 1 cm, elíptica a oblonga, ápice agudo a obtuso, base longamente

cuneada, decorrente, margem denteada, papirácea, trinérvea, ambas faces glabras,

glandulosas. Sinflorescência diplobotrióide, homotética, de florescências glomeruliformes.

Capítulos numerosos, pedúnculos 0,5-1,2 cm compr., originados na axila das folhas e não

ultrapassando o comprimento destas; receptáculo plano, alveolado, glabro, glanduloso;

brácteas 0,5-2,2 cm, oblanceoladas, semelhante às folhas. Capítulo masculino campanulado,

ca. 6 mm compr.; brácteas involucrais 4-seriadas, externas 3-4 x 1,5-2 mm, internas 5-5,5 x

1,5-2 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, glandulosas; ápice agudo, margem hialina.

Flores ca. 10; corola infundibuliforme, ca. 4,5-5 mm compr., levemente serícea, 5-lobada,

32

lobos ca. 1 mm compr., lanceolados, revolutos; estilete ca. 6 mm compr., ramos lanceolados,

longo-papilosos. Capítulo feminino cilíndrico, ca. 1 cm compr.; brácteas involucrais 5 a 6-

seriadas, externas 2-5 x 1-1,5 mm, internas 6-7,5 x 1-1,5 mm, persistentes, lanceoladas,

glabras, glandulosas, ápice agudo, margem hialina. Flores 5-7; corola 4,5-5,5 mm compr.,

levemente serícea, 5-lobada, lobos ca. 0,5 mm compr., lanceolados, estilete 6-7 mm compr.,

ramos lanceolados, papilosos. Papilho 4-5 mm compr., estramíneo, caduco e com cerdas de

ápice agudo nas flores femininas, persistente e cerdas com ápice longo-barbelado nas

masculinas. Cipsela ca. 2,5 mm compr., cilíndrica, 10 a 12-angulosa, glabra, ápice truncado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 21.III.1996,

L.G. Rodela s.n. (CESJ 36535); mata ao lado da Potaria do Parque, 23.I.2007, M.M. Saavedra

et al. 340 (RB).

Material adicional: Rio de Janeiro. Teresópolis: Posse, morro das antenas de televisão,

10.II.1968, D. Sucre 2335 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude e mata atlântica. No Parque, foi

observada em campo rupestre e borda de mata estacional; fértil de janeiro a junho. Espécie

próxima de B. salzmanii, diferenciando-se desta principalmente pela sinflorescência

composta, formada por florescências glomeruliformes. Barroso (1976) posicionou o táxon no

“grupo Cassiniaefolia”, baseada na morfologia das florescências. Entretanto, a classificação

proposta por Giuliano (2005) situa B. schultzii na série Cylindricae, relacionando melhor a

espécie com as outras do gênero.

14. Baccharis serrula Sch. Bip. ex Baker, in Mart. & Eichler, Fl. bras. 6(3): 70. 1882.

Fig. 3 a-e

33

Subarbusto, 0,5-1 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, cicatricosos,

glabros. Folhas alternas, espiraladas, sésseis; lâmina (0,5) 1-1,5 x 0,3-0,4 cm, lanceolada a

oblanceolada, ápice agudo a obtuso, base atenuada, margem curto-serreada na metade

superior, coriácea, uninérvea, ambas faces glabras, glandulosas. Sinflorescência botrióide de

florescências glomerulares, homotética. Capítulos numerosos, sésseis, desenvolvidos na axila

das folhas; receptáculo plano, alveolado, glabro. Capítulo masculino campanulado, 3-4 mm

compr.; brácteas involucrais 3-seriadas, externas 1,5-2,3 x 1-1,5 mm, internas 3-3,5 x 1-1,5

mm, persistentes, elípticas a lanceoladas, glandulosas, ápice agudo, margem hialina. Flores 5-

6; corola infundibuliforme, ca. 3 mm compr., com tricomas curtos concentrados abaixo dos

lobos, 5-lobada, lobos ca. 1 mm compr., lanceolados, glabros; estilete ca. 3,5 mm compr.,

ramos triangulares, papilosos. Capítulo feminino cilíndrico, ca. 0,5 mm compr.; brácteas

involucrais 3 a 4-seriadas, externas 1,5-2,8 x 0,7-1,3 mm, internas 4-5 x 0,5-1,3 mm,

persistentes, lanceoladas, glabras, glandulosas, ápice agudo, margem hialina. Flores

geralmente 1; corola 4-4,8 mm compr., levemente serícea, com tricomas concentrados na

base, 5-lobada, lobos ca. 0,5 mm compr., lanceolados, glabros, estilete ca. 5 mm compr.,

ramos lanceolados, curto-papilosos. Papilho ca. 3,5 mm compr., creme, caduco e com cerdas

de ápice agudo nas flores femininas, persistente e com cerdas de ápice longo-barbelado nas

masculinas. Cipsela 1,5-2 mm compr., cilíndrica, ca. 20-angulosa, glabra, ápice truncado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: Pico do Pião,

1.580-1.600 m alt., 12.V.1970, D. Sucre 6693 (RB).

Material adicional: Minas Gerais. Serro: Alto Pico do Itambé, 5.V.1942, M. Magalhães 1622

(RB).

Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais e São Paulo.

Encontrada em campo rupestre e campo de altitude; fértil de maio a julho. B. serrula é

reconhecido principalmente pela morfologia das folhas, capítulos e sinflorescência. Apresenta

34

semelhança com B. parvidentata Teodoro, diferenciando-se desta pelos capítulos menores,

número de flores menor e cipsela com mais ângulos. O táxon também foi situado no “grupo

Axilaris” por Barroso (1976), apesar da proximidade e melhor posicionamento desta com as

espécies da série Axillares (Giuliano 2005). Durante o trabalho de campo a espécie não foi

observada em nenhuma localidade do PEIB.

15. Baccharis serrulata (Lam.) Pers., Syn. Plant. 2: 423. 1807.

≡ Conyza serrulata Lam., Encycl. 2(1): 85. 1786.

Fig. 3 j-n; 8 F

Arbusto, 1-1,5 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, estriados, seríceos. Folhas

alternas, espiraladas; pecíolo 0,7-1,3 mm compr., glanduloso, denso-seríceo; lâmina (1) 3,5-

6,5 (8) x 0,7-1,5 (2) cm, lanceolada, ápice agudo, base levemente cuneada, decorrente,

margem serreada, papirácea, trinérvea, face adaxial seríceo-glandulosa, face abaxial

glandulosa, brilhante, com tricomas dispostos nas nervuras principais. Sinflorescência

corimbosa de florescências paniculares, heterotética. Capítulos numerosos, pedúnculos 3-5

mm compr.; receptáculo plano, alveolado, glabro; brácteas 5-8 mm compr., lineares, seríceo-

glandulosas. Capítulo masculino campanulado, ca. 2 mm compr.; brácteas involucrais 3-

seriadas, externas 1-1,5 x 0,5 mm, internas 2,0 x 0,5 mm, persistentes, lanceoladas, glabras;

ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 20; corola hipocrateriforme, ca. 2 mm

compr., 5-lobada, levemente serícea, lobos ca. 0,5 mm compr., lanceolados, patentes; estilete

2-2,3 mm compr., ramos lanceolados, curtos, denso-papilosos. Capítulo feminino

campanulado, ca. 3 mm compr.; brácteas involucrais 3-4 seriadas, externas 1,5-2 x 0,5-0,7

mm, internas 2-2,5 x 0,3-0,5 mm, persistentes, lanceoladas, glabras, ápice agudo, ciliado,

margem hialina. Flores ca. 50; corola 1-1,5 mm compr., glandulosa, truncada, com tricomas

concentrados no ápice e base; estilete ca. 2 mm compr., ramos lanceolados, curto-papilosos.

35

Papilho ca. 2 mm compr., persistente, estramíneo, cerdas com ápice agudo nas flores

femininas e longo-barbelado nas masculinas. Cipsela 0,5-1 mm compr., convexa, 8 a 10-

angulosa, hirsuta, com tricomas curtos, ápice truncado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 28.IX.1970,

P.I.S. Braga 1881 (RB); 30.IX.1970, P.I.S. Braga 1904 (RB); 3.XI.2000, M.A. Heluey et al. 3

(CESJ); Pico do Pião, 1.580-1.600 m alt., 12.V.1970, D. Sucre et al. 6693 (RB); próximo ao

Rio do Salto, 1.200 m alt., 9.III.2004, R.C. Forzza et al. 3037 (RB); trilha Monjolinho - Gruta

dos Viajantes, 25.VII. 2004, R.C. Forzza et al. 3485 (RB); Gruta dos Três Arcos, 1.IX.2004,

M.M. Saavedra et al. 215 (RB); mata do Cruzeiro, 27.V.2005, M.M. Saavedra et al. 233

(RB); 27.V.2005, M.M. Saavedra et al. 238 (RB); trilha restaurante - Prainha, 16.V.2006,

M.M. Saavedra et al. 249, 250 (RB); mata atrás do alojamento, 20.XI.2006, M.M. Saavedra

et al. 327 (RB); mata ao lado da portaria do Parque, 23.I.2007, M.M. Saavedra et al. 342

(RB).

Distribuição geográfica: Paraguai e Brasil: Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo,

Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado, mata atlântica, restinga e

campos sulinos. No Parque foi observada em afloramento rochoso, orla de mata estacional,

nebular e de galeria e em área perturbada; fértil durante o ano todo. Apresenta grandes

populações no PEIB, característica que também é mencionada em estudos anteriores (Barroso

1976, Hind 1995, 2003a). É facilmente reconhecida pelas folhas lanceoladas, trinérveas e de

margem serreada, e pela sinflorescência corimbosa.

16. Baccharis tarchonanthoides DC., Prodr. 5: 414. 1836. Iconografia: Baker (1882).

Fig. 6 h-i

36

Arbusto, 1-2 m alt., ereto, ramificado. Ramos cilíndricos, cicatricosos, pubérulos, alvos.

Folhas alternas, espiraladas; pecíolo ca. 5 mm compr., pubérulo; lâmina (2,6) 3-7 (8,5) x (0,5)

1,5-2 (2) cm, oblanceolada, ápice agudo, base atenuada, decorrente, margem denteada na

metade superior, coriácea, peninérvea, face adaxial glandulosa, face abaxial alvo-lanosa.

Sinflorescência duplo-paniculada heterotética, eixo alvo-lanoso. Capítulos numerosos,

pedúnculo 3-8 mm compr.; receptáculo plano, alveolado, glabro; brácteas 2-5 mm compr.,

lineares a lanceoladas, alvo-lanosas abaxialmente. Capítulo masculino campanulado, 3-4 mm

compr.; brácteas involucrais 2-seriadas, externas 2-3 x 0,6-1 mm, internas 3-3,2 x 0,7-1 mm,

persistentes, lanceoladas, alvo-lanosas, resinosas, ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores

ca. 30; corola hipocrateriforme, ca. 3 mm compr., levemente serícea, 5-lobada, lobos ca. 1,5

mm compr., lanceolados, glabros, revolutos; estilete ca. 3-3,3 mm compr., ramos lanceolados,

papilosos. Capítulo feminino campanulado, 4-5 mm compr.; brácteas involucrais 3-seriadas,

externas 2-3,5 x 0,8-1 mm, internas 4-4,2 x 0,6-1 mm, persistentes, lanceoladas, alvo-lanosas,

resinosas, ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores ca. 40; corola 2,5-3,8 mm compr.,

levemente serícea; 5-lobada, lobos triangulares, papilosos, com tricomas longos, esparsos;

estilete 3-3,5 mm compr., ramos lanceolados, curto-papilosos. Papilho 2-3,3 mm compr.,

estramíneo, persistente e com cerdas de ápice agudo nas flores femininas, caduco e com

cerdas de ápice longo-barbelado nas masculinas. Cipsela 1-1,2 mm compr., cilíndrica a

levemente convexa, 5 a 7-angulosa, glandulosa, coberta por espessa secreção.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 13.IX.1940,

M. Magalhães 517 (BHCB, SP, RB); 27.IX.1970, L. Krieger s.n. (CESJ 9284, RB 151.303);

1.X.1970, U. Confúcio s.n. (CESJ 9459, RB 151.294); IX.1987, M. Sobral 5594 (BHCB);

trilha do Monjolinho, 19.IX.2006, R. Borges et al. 259 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

37

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado e mata atlântica. No Parque

foi observada em campo rupestre junto a vegetação arbustiva e próximo a campo

hidromórfico; fértil durante o ano todo. Semelhante a B. lychnophora pelo indumento, porém

distingui-se facilmente pelas folhas denteadas, capítulo feminino campanulado, flores

masculinas com corola hipocrateriforme e papilho caduco.

17. Baccharis varians Gardner, J. Bot. (Hooker) 7: 84. 1848.

Fig. 4 h-l; 8 L

Subarbusto, 0,5-1 m alt., ereto, ramificado, xilopodífero. Ramos cilíndricos, estriados,

cicatricosos, glabros, glandulosos. Folhas alternas, espiraladas, sésseis; lâmina (0,5) 1-3 x 0,2-

0,5 cm; oblanceolada a linear, ápice agudo, base cuneada a atenuada, margem geralmente

tridentada na metade superior, papirácea, uninérvea, ambas faces glabras. Sinflorescência

diplobótrio, heterotética. Capítulos numerosos, pedúnculo 0,5-2,5 cm compr., desenvolvido

na axila das folhas; receptáculo plano, alveolado, fimbriado, glanduloso; brácteas 5-7 mm

compr., lineares, glabras, glandulosas. Capítulo masculino cilíndrico, ca. 3 mm compr.;

brácteas involucrais 4 a 5-seriadas, externas 1-2 x 0,8-1 mm, internas 2,5-3 x 0,5-1 mm,

persistentes, elípticas a lanceoladas, glandulosas; ápice agudo, margem hialina. Flores ca. 10;

corola infundibuliforme, ca. 3,5 mm compr., glabra, glandulosa, 5-lobada, lobos ca. 1 mm

compr., lanceolados, glabros; estilete ca. 4 mm compr., ramos triangulares, longo-papilosos.

Capítulo feminino cilíndrico, ca. 3,5 mm compr.; brácteas involucrais 3 a 4-seriadas, externas

1-2,5 x 0,5-1 mm, internas 3-3,5 x 0,5-0,7 mm, persistentes, lanceoladas, glabras,

glandulosas, ápice agudo, ciliado, margem hialina. Flores 8-10; corola 2,5 mm compr.,

levemente serícea, com tricomas próximos aos lobos, 5-lobada, com dois lobos maiores que

os demais, lanceolados, glabros, estilete ca. 3,5 mm compr., ramos lanceolados, curto-

papilosos. Papilho ca. 3 mm compr., estramíneo, caduco e com cerdas de ápice agudo nas

38

flores femininas, persistente e com cerdas de ápice longo-barbelado nas masculinas. Cipsela

ca. 1 mm compr., convexa, ca. 10-angulosa, glabra, glandulosa.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: Pico do Pião,

1.350-1.450 m alt., 14.V.1970, D. Sucre 6841 (RB); L. Krieger s.n. (CESJ 8551); trilha Lago

dos Espelhos - Monjolinho, 9.VIII.2005, R.C. Forzza et al. 4116 (RB); idem, 16.V.2006,

M.M. Saavedra et al. 271, 272 (RB); idem, 1.VII.2006, R.Borges et al. 166, 167 (RB).

Distribuição geográfica: Guiana Inglesa, Suriname, Brasil: Bahia, Goiás, Distrito Federal,

Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude e cerrado. No Parque foi observada

em campo rupestre com vegetação arbustiva esparsa; fértil durante o ano todo. A espécie

possui características marcantes como hábito subarbustivo, xilopódio, capítulos com ca. 10

flores e corola das flores femininas com 2 lobos maiores que os demais. Posicionado no

“grupo Rufescens” por Barroso (1976), na série Cylindricae por Giuliano (2005) e no “grupo

Baccharis linearifolia” por Müller (2006), o táxon apresenta maior semelhança com as

espécies posicionadas no agrupamento de Barroso (1976). Segundo Hind (1995), a espécie faz

parte do complexo B. linearifolia, no entanto Müller (2006) adota um conceito amplo para as

espécies morfologicamente relacionadas a esta, propondo a sinonímia de B. varians e demais

espécies relacionadas em B. linearifolia. No presente trabalho não adotamos o conceito

proposto pelo último autor devido à complexidade taxonômica que envolve o grupo.

Acreditamos que sejam necessários estudos específicos das espécies envolvidas, que

compreendam hipóteses relativas à história evolutiva destas (e.g. análises filogeográficas),

não se restringindo apenas à análise de coleções de herbário para a proposição de extensas

sinonímias.

Em sua revisão Barroso (1976) reconhece através da análise dos síntipos, que Gardner

indica duas espécies distintas no protólogo de B. varians. O síntipo Gardner 3839 é

39

identificado pela autora como B. leptocephala DC., porém corresponde a B. linearifolia

(Lam.) Pers. E o síntipo Gardner 4913 foi então reconhecido como o lectótipo (designado

como holótipo na obra) do táxon e indicado no emendavit feito pela autora, que agiu

corretamente segundo os artigos 9.2, 9.9 e 9.10 do CINB (McNeill et al. 2007).

Conyza Less., Syn. Gen. Compos. 203-204. 1832

Gênero com 60-100 espécies, que possui distribuição pantropical (América do Sul e

África) (Nesom & Robinson 2007). A divisão infragenérica de Conyza reflete a semelhança

entre as características morfológicas e biogeográficas das espécies (Nesom 1994a). No

entanto, a sistemática de Conyza apresenta problemas quanto às relações e aos limites

taxonômicos com o gênero Erigeron L. Noyes (2000) indica que as espécies ocorrentes na

América são polifiléticas e possuem os processos de especiação vinculados a Erigeron.

Nome-popular: buva, cauda-de-raposa, erva-lanceta, voadeira (Pio-Corrêa 1984a,b,

Neto & Morais 2003).

18. Conyza monorchis (Griseb.) Cabrera, Man. Fl. Alrededores Buenos Aires, 480. 1953.

Iconografia: Baker (1882).

≡ Erigeron monorchis Griseb., Symb. Fl. Argent. 175. 1879.

Fig. 5 h-i

Erva, 0,5 – 1,5 m alt., perene, acaule, tuberosa. Folhas da base rosuladas, sésseis; lâmina

(3,5) 4-6 (7) x (0,6) 0,8-1 cm, oblanceolada, ápice agudo, mucronado, base atenuada, margem

denteada, papirácea, peninérvea, face adaxial glandulosa, ápice e margens híspidas, face

abaxial glanduloso-pontuada; folhas do eixo sésseis, (1,8) 3-3,5 (4) cm, oblanceoladas, ápice

agudo, mucronado, base atenuada, margem denteada, papiráceas, peninérveas, híspidas.

40

Sinflorescência paniculiforme de florescências botrióides, heterotética; eixo fistuloso,

estriado, glabro; bractéolas 3-7 mm compr., oblanceoladas, híspidas. Capítulos disciformes,

numerosos, pedúnculos 1,2-4,8 cm compr., campanulados, ca. 5 mm compr.; brácteas

involucrais 2-seriadas, externas 2-3 x 0,3-0,7 mm, internas 4-5 x 0,4-0,9 mm, persistentes,

lanceoladas, seríceas, glandulosas, ápice agudo, ciliado, margem hialina; receptáculo

convexo, alveolado. Flores centrais hermafroditas, ca. 10; corola infundibuliforme, ca. 4,5

mm compr., glandulosa, levemente serícea abaixo dos lobos, 5-lobada; lobos ca. 0,5 mm,

glandulosos, levemente seríceos; anteras com apêndice lanceolado, base obtusa; estilete ca. 5

mm compr., com ramos lanceolados, papilosos. Flores marginais femininas, ca. 35; corola

curto-ligulada, ca. 4 mm compr., glandulosa, levemente serícea abaixo do ápice; limbo ca. 0,5

mm compr., 2-lobado, glanduloso; estilete ca. 4 mm compr., ramos lanceolados, curto-

papilosos. Papilho 4-4,5 mm compr., caduco, cerdoso, barbelado, estramíneo, cerdas com

ápice agudo. Cipsela ca. 2 mm compr., oblonga, achatada, com 2-angulosa, serícea, ápice

truncado, carpopódio desenvolvido.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: trilha

Monjolinho - Pico do Peão, 1.500 m alt., 31.V.2007, R. Borges 878 (RB).

Material adicional: São Paulo. Bocaina, campo a oeste do acampamento, 1.600 m alt.,

7.XII.1952, Markgraf. & App. 10292 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil, Argentina e Uruguai. No Brasil: Minas Gerais, Rio de

Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado e campos sulinos. No Parque

foi observada em campo rupestre próximo a mata nebular; fértil de novembro a março. A

espécie pode ser distinguida das demais estudadas principalmente pela presença de pequeno

tubérculo e capítulos disciformes com flores femininas dispostas em várias séries e poucas

flores hermafroditas no centro. C. monorchis é próxima de C. blanchetii Baker pelo tipo de

41

sinflorescência e morfologia do capítulo, porém a última não possui tubérculos e as folhas são

estreito-lanceoladas e de margem inteira.

Inulopsis (DC.) O. Hoffman, in Engler & Prantl, Nat. Pflanzenfam. 4(5): 145, 149. 1890.

Gênero composto de quatro espécies, distribuídas em vegetação campestre do Brasil,

Bolívia e Paraguai (Nesom 1994b, Nesom & Robinson 2007). No presente estudo

reconhecemos apenas três espécies, pois I. phoenix G.L. Nesom é considerado sinônimo de I.

camporum (Gardner) G.L. Nesom (Teles com. pess.).

Nome-popular: quebra-frasco (Pio-Corrêa 1984c).

19. Inulopsis scaposa (DC.) O.Hoffm., in Engler & Prantl, Nat. Pflanzenfam. 4(5): 149.

1894.

≡ Haplopappus scaposus DC., Prodr. 5: 350. 1836.

Fig. 5 a-e; 8 I

Erva, 15- 50 cm alt., perene, acaule. Folhas rosuladas, sésseis; lâmina (2) 3,5 - 10,5 (20)

x (0,7) 1,1 - 1,7 cm, oboval-elíptica a oboval-lanceolada, ápice agudo a obtuso, mucronado,

base longo-cuneada, margem curto-denteada, papirácea, peninérvea, ambas as faces

glanduloso-pontuadas, híspidas, com tricomas esparsos ou densos nas folhas mais jovens.

Sinflorescência escaposa; escapo 9-40 cm compr., estriado, glabro; brácteas ca. 2 mm compr.,

lineares, uninérveas, ciliadas. Capítulo radiado, solitário, campanulado, 6-7 mm compr.;

brácteas involucrais 3-seriadas, externas 5-5,5 x 0,4-1 mm, internas 4-5,1 x 0,7-1 mm,

persistentes, linear-lanceoladas, glandulosas, ápice agudo, margem hialina; receptáculo

convexo, alveolado, fimbriado, glabro. Flores do raio femininas, ca. 70; corola ligulada,

creme, 6,7-7,1 mm compr., tubo 1,8-2,3 mm compr., seríceo, limbo curtamente 2 a 3-lobado,

glabro; estilete 3,3-4,7 mm compr., ramos triangulares, curto-papilosos. Flores do disco

42

funcionalmente masculinas, ca. 95; corola infundibuliforme, ca. 4 mm compr., 5-lobada,

glandulosa, serícea, tubo 1,5-1,8 mm compr., limbo 2,2-2,5 mm compr., lobos triangulares;

anteras com apêndice lanceolado, base obtusa; estilete 5-5,2 mm compr., ramos triangulares,

longo-papilosos. Papilho 2,7-3,5 mm compr., persistente, cerdoso, barbelado, creme, cerdas

com ápice agudo. Cipsela 1,6-2 mm compr., oboval-oblonga, achatada, com 2 costelas

laterais, tomentosa.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 26.IX.1970,

D. Sucre 7110 (RB); 10.II.2001, M.C. Heluey et al. 48 (CESJ, BHCB); trilha Monjolinho -

Lagoa Seca, 30.III.2004, F.M. Ferreira et al. 707 (RB); idem, 16.V.2006, M.M. Saavedra et

al. 266 (RB); base do Pico do Pião, 18.I.2005, R.C. Forzza et al. 3936 (RB).

Distribuição geográfica: Paraguai e Brasil: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,

Paraná e Santa Catarina.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado e campos sulinos. No Parque

foi observada em campo rupestre com vegetação herbácea densa; fértil durante o ano todo. I.

scaposa é facilmente distinta das demais espécies estudadas pela sinflorescência escaposa e

capítulo solitário. Dentre as espécies do gênero se assemelha a I. stenophylla Dúsen, porém a

última se distingue prontamente pela presença de folhas lineares e sem glândulas.

Leptostelma D. Don, in Sweet, Brit. Fl. Gard. Ser. 2. 1831.

Gênero que apresenta seis espécies encontradas no Brasil, Argentina, Paraguai e

Uruguai (Teles com. pess.). O gênero foi descrito em 1831 e posteriormente tratado como

seção de Erigeron (Bentham & Hooker 1873), sendo mantido nesta categoria nos estudos

taxonômicos subseqüentes (Baker 1882, Solbrig 1960, 1962, Nesom 1989). Apenas

recentemente Hind & Nesom (2002) reconheceram novamente Leptostelma na categoria

genérica.

43

Nomes populares: margarida-do-banhado, margarida-do-brejo (Solbrig 1962, Pio-

Corrêa 1984c).

20. Leptostelma maxima D. Don, in Sweet, Brit. Fl. Gard. Ser. 2. t. 38. 1831. Iconografia:

Baker (1882), Solbrig (1962).

≡ Erigeron maximus (D.Don) Otto ex DC, Prodr. 5: 284. 1836.

Fig. 5 f-g; 8 A

Erva, 0,6 - 1,5 m alt., perene, acaule. Folhas da base rosuladas, sésseis; lâmina 13- 35 x

(1,2) 2,5-6 cm, oblongas a lanceoladas, ápice agudo, base longo-cuneada, margem curto-

serreada, irregular, denso-serícea, membranácea, peninérvea, face adaxial glanduloso-

pontuada, híspida, com tricomas concentrados próximo às margens e ápice, face abaxial

glabra, com tricomas esparsos sobre a nervura central, densamente serícea nas folhas jovens.

Folhas do eixo sésseis e amplexas, (2,4) 3,5-17 (21,2) x (0,5) 0,8-2 (3) cm, lanceoladas, ápice

agudo, base levemente arredondada, margem curto-serreada, irregular, denso-serícea,

membranácea, peninérvea, nervuras secundárias fracamente impressas, face adaxial seríceo-

glandulosa, face abaxial glandulosa. Sinflorescência corimbiforme; eixo lenhoso, fistuloso,

estriado-sulcado, seríceo-glanduloso; bractéolas 0,4-1 mm compr., oblongas, ápice

acuminado, margem inteira, face adaxial glabra, face abaxial glandulosa. Capítulos radiados,

numerosos, terminais, campanulados, 6-7 mm compr., pedúnculos 2,4-12,5 cm; brácteas

involucrais 3-seriadas, externas 5,5-7,5 x 1,1-1,8 mm, internas 7,2-7,8 x 1,3-1,8 mm,

persistentes, elíptico-lanceoladas, glandulosas, ápice acuminado, margem hialina.

Receptáculo plano a convexo, alveolado, fimbriado, glabro. Flores do raio femininas, ca. 110;

corola ligulada, alva, ca. 11 mm compr., tubo 2,7-3 mm compr., esparssamente seríceo, limbo

44

curtamente 2 a 3-lobado, glabro; estilete 3-3,4 mm compr., ramos triangulares, obtusos,

papilosos. Flores do disco hermafroditas, ca. 240; corola infundibuliforme, 4,7-5,2 mm

compr., 5-lobada, esparssamente serícea, tubo 1,5-1,8 mm compr., lobos 3,2-4 mm compr.,

triangulares, papilosos. Anteras com apêndice lanceolado, base obtusa; estilete 4-4,5 mm

compr., ramos triangulares, longo-papilosos, alargados, base espessa. Papilho 4,2-4,5 mm

compr.; persistente, cerdoso, barbelado, estramíneo, cerdas com ápice agudo. Cipsela 2-2,2

mm compr., oblongo-elíptica, achatada, com 2-angulosa, glabra, ápice levemente atenuado.

Material examinado: Minas Gerais. Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca: 14.V.1970, L.

Krieger s.n. (CESJ 8558); 12.XI.1987, H.C. Souza s.n. (BHCB 13907); 10.II.2001, F.S.

Araújo 25 (CESJ); trilha Monjolinho - Lagoa Seca, 30.III.2004, F.M. Ferreira et al. 725

(RB); base do Pico do Pião, 16.V.2006, M.M. Saavedra et al. 287 (RB); trilha Lombada -

Gruta dos Três Arcos, 18.V.2006, M.M. Saavedra et al. 310 (RB); trilha Gruta dos Viajantes -

Pico do Pião, 10.III.2004, R.C. Forzza et al. 3119 (RB).

Distribuição geográfica: Brasil, Argentina, Paraguai. No Brasil: Mato Grosso, Goiás, Minas

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do

Sul.

Encontrada em campo rupestre, campo de altitude, cerrado e campos sulinos. No Parque

foi observada em campo rupestre com afloramento rochoso e próximo a mata nebular, nos

locais com solo encharcado ou úmido; fértil durante o ano todo. Os capítulos radiados e a

corola das flores femininas com lígula bem desenvolvida tornam a espécie distinta das demais

abordadas no trabalho. L. maxima apresenta a maior distribuição geográfica entre as espécies

do gênero, sendo observada também uma grande variação morfológica das folhas e do eixo da

sinflorescência.

45

Referências

ALENCAR, S.M., AGUIAR, C.L., PAREDES-GUZMÁN, J., PARK, Y.K. 2005.

Composição química de Baccharis dracunculifolia, fonte botânica das própolis dos

estados de São Paulo e Minas Gerais. Ciência Rural 35(4): 909-915.

ANDRADE, P. M. & SOUSA, H. C. 1995. Contribuição ao conhecimento da vegetação do

Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, Minas Gerais. Rev. Árvore 19(2): 249-261.

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny

Group classification for the orders and families of flowering plants. Bot. Journ. Linn.

Soc. 141: 399-436.

ARISTEGUIETA, L. 1964. Flora de Venezuela – Compositae, Instituto Botanico, Ministerio

de Agricultura y Cria, Caracas, vol. 10, parte1, p. 319-331.

BAKER, J.G. 1882. Compositae III Asteroideae, Inuloideae. In: C.F.P. Martius & A.W.

Eichler (eds), Flora brasiliensis, Frid. Fleischer. Leipzig, vol 6, pars 3, p. 1-134.

BARROSO, G. M. 1976. Compositae – Subtribo Baccharidinae Hoffman – Estudo das

espécies ocorrentes no Brasil. Rodriguésia 27(40): 3-273.

BENTHAM, G. 1873. Notes on the classification, history and geographical distribution of the

Compositae. Bot. Journ. Linn. Soc. 13: 335-577.

BENTHAM, G. & HOOKER, J.D. 1873. Genera Plantarum. Lovell Reeve, London, vol.

2(1), p.163-533.

BOGGAN, J., CREMERS, G., FEUILLET, C., FUNK, V.A., HOFF, M. & KELLOFF, C.

1997. Checklist of the Plants of the Guianas (Guyana, Surinam and French Guyana).

Smithsonian Institution,Washington, 2 ed., p. 58-61.

BREMER, K. 1987. Tribal interrelationships of Asteraceae. Cladistics 3: 210-253.

BREMER, K. 1994. Asteraceae Cladistics and Classification. Timber Press, Portland.

46

CABRERA, A.L. 1944. Compuestas Sudamericanas nuevas o criticas. Notas Mus. La Plata,

Bot. 9(46): 249-254.

CABRERA, A. L. 1978. Flora de la Provincia de Jujuy – Compositae. INTA, Buenos Aires,

vol. 10, p. 207-247.

CASTRO, H.G., CASALI, V.W.D., BARBOSA, L.C.A. & CECON, P.R. 1999. Rendimento

de tanino em dois acessos de carqueja (Baccharis myriocephala DC.), em diferentes

épocas de colheita em Viçosa – MG. Rev. Bras. Pl. Med. 1(2): 29-33.

CETEC. 1983. Diagnóstico ambiental de Minas Gerais. Belo Horizonte.

CROSS, E.W., QUINN, C.J. & WAGSTAFF, S.J. 2002. Molecular evidence for the

polyphyly of Olearia (Astereae: Asteraceae). Pl. Syst. Evol. 235:99-120.

CUATRECASAS, J. 1967. Revision de las espécies colombianas del gênero Baccharis. Rev.

Acad. Colomb. Cienc. Exact. Fis. Nat. 13(49): 5-102.

De CANDOLLE, A. P. 1836. Compositae: Baccharis. Prodromus Systematis Naturalis Regni

Vegetabilis. Treuttel & Wurtz, Paris, vol 5, p. 398-430.

FERREIRA, M.B. & MAGALHÃES, G.M. 1977. Contribuição para o conhecimento da

vegetação da Serra do Espinhaço em Minas Gerais (Serras de Grão Mogol e da

Ibitipoca). Anais do XXVI Congresso Nacional de Botânica. Rio de Janeiro, p. 189-202.

FREIRE, S.E., URTUBEY, E., GIULIANO, D. 2007. Epidermal characters of Baccharis

(Asteraceae) species used in traditional medicine. Caldasia 29(1): 23-38.

FUNK, V.A., BAYER, R.J., KEELEY, S., CHAN, R., WATSON, L., GEMEINHOLZER, B.,

SCHILLING, E., PANERO, J.L., BALDWIN, B.G., GARCIA-JACAS, N., SUSANNA,

A. & JANSEN, R.K. 2005. Everywhere but Antarctica: Using a supertree to understand

the diversity and distribution of the Compositae. Biol. Skr. 55: 343-374.

GIULIANO, D.A. 2005. New Infragenera in Baccharis (Asteraceae, Astereae). Novon 15:

534-541.

47

GIULIETTI, A.M; MENEZES, N.L; PIRANI, J.R; MEGURO, M.L. & WANDERLEY, M.G

L. 1987. Flora da Serra do Cipó: Caracterização e lista de espécies. Bol. Bot. Univ. São

Paulo 9: 1-152.

GIULIETTI, A.M. & PIRANI, J.R. 1988. Patterns of Geographic Distribution of some Plant

Species from the Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil. Proceedings of a Workshop

on Neotropical Biodiversity Distribution Patterns. Academia Brasileira de Ciências, Rio

de Janeiro, p. 39-69.

GRAU, J. 1977. Astereae-systematic review. In V.H Heywood & J.B. Harborne (eds) The

Biology and Chemistry of the Compositae. London Academic Press, p. 539-565.

GUSTAFSSON, M.H. & BREMER, K. 1995. Morphology and phylogenetic

interrelationships of the Asteraceae, Calyceraceae, Campanulaceae, Goodeniaceae and

related families (Asterales). Amer. J. Bot. 82(2): 250-265.

HARLEY, R.M. 1995. Introdução. In: Stannard, B.L. Flora of the Pico das Almas, Chapada

Diamantina, Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew. pp. 1-42.

HATSCHBACH, G., GUARÇONI, E.A.E., SARTORI, M.A., RIBAS, O.S. 2006. Aspectos

fisionômicos da vegetação da Serra do Cabral – Minas Gerais – Brasil. Bol. Mus. Bot.

Mun., Curitiba 67: 1-33.

HELLWIG, F. H. 1990. Die Gattung Baccharis L. (Compositae-Astereae) in Chile. Mitt. Bot.

Staatssamml. München 29: 1-456.

HIND, D.J.N. 1995. Compositae. In B.L. Stannard (ed) Flora of the Pico das Almas,

Chapada Diamantina, Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew. p. 175-278.

HIND, D.J.N. 2003a. Flora of Grão-Mogol, Minas Gerais: Compositae (Asteraceae). Bol.

Bot. Univ. São Paulo 21(1): 179-234.

HIND, D.J.N. 2003b. Compositae. In D.C. Zappi, E. Lucas, B.L. Stannard, E.N. Lughadha,

J.R. Pirani, L.P. Queiroz, S. Atkins, D.J.N. Hind, A.M. Giulietti, R.M. Harley & A.M.

48

Carvalho (eds). Lista das Plantas Vasculares de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia,

Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo. 21(2): 345- 398.

HIND, D.J.N. & NESOM, G.L. 2002. A new combination in Leptostelma D.Don

(Compositae: Astereae). Kew Bull. 57: 478.

HOLMGREN P.K, HOLMGREN, N.H. & BARNETT, L.C. 1990. Index Herbariorum. Part

I: The Herbaria Of The World. New York Botanical Garden, New York.

JEFFREY, C. 2007. Compositae. Introduction with key to tribes. In J.W. Kadereit, C. Jeffrey

(eds) The Families and Genera of Vascular Plants. K. Kubitzki (series editor)

Flowering Plants. Eudicots: Asterales. Springer-Verlag. Berlin, vol. 8, p. 61-87.

JUDD, W.S., CAMPBELL, C.S., KELLOG, E.A., STEVENS, P.F. 1999. Plant Systematics:

A phylogenetic approach. Sinauer Associates, Sunderland, p. 396-401.

KIM, K.J., JANSEN, R.K., WALLACE, R.S., MICHAELS, H.J. & PALMER, J.D. 1992.

Phylogenetic implications of rbcL sequence variation in the Asteraceae. Ann. Miss. Bot.

Gard. 79(2): 428-445.

KNOBLOCH, I.W. 1959. A preliminary estimate of the importance of hybridization in

speciation. Bul. Torrey Bot. Club 86(5): 296-299.

KUMAZAWA, S., YONEDA, M., SHIBATA, I., KANAEDA, J., HAMASAKA, T. &

NAKAYAMA, T. 2003. Direct evidence for the plant origin of brazilian propolis by the

observation of honeybee behavior and phytochemical analysis. Chem. Pharm. Bull.

51(6): 740-742.

LUIS, I.T. 1952. Index Baccharidinarum (Compositae). Contr. Inst. Geobiol. 2: 1-55.

LUIS, I.T. 1958. Novum Index Baccharidinarum (Compositae). Contr. Inst. Geobiol. 9: 1-35.

MATZENBACHER N.I. & SOBRAL, M. 1996. Duas novas espécies de Hysterionica Willd.

(Asteraceae – Astereae) no sul do Brasil. Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. – PUCRS. Sér.

Bot. 2(1): 3-14.

49

McNEILL, J., BARRIE, F.R., BURDET, H.M., DEMOULIN, V., HAWKSWORTH, D.L.,

MARHOLD, K., NICOLSON, D.H., PRADO, J. SILVA, P.C., SKOG, J.E.,

WIERSEMA, J.H., TURLAND, N.J. (eds.) 2006. Código Internacional de

Nomenclatura Botânica (Código de Viena). Gantner Verlag, Liechtenstein, p. 14-16.

MENDONÇA, M.P. & LINS, L.V. (org.). 2000. Lista Vermelha das espécies ameaçadas de

extinção da flora de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Fundação Zôo-Botânica de

Belo Horizonte.

MENINI NETO, L., ALVES, R.J.V., BARROS, F. & FORZZA, R.C. 2007a. Orchidaceae do

Parque Estadual de Ibitipoca, MG, Brasil. Acta bot. bras. 21(3): 687-696.

MENINI NETO, L., ALVES, R.J.V. & FORZZA, R.C. 2007b. A subtribo Pleurothallidinae

(Orchidaceae) no Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Bol. Bot. Univ.

São Paulo 25(2): 253-278.

MUNHOZ, C.B.R. & PROENÇA, C.E.B. 1998. Composição florística do município de Alto

Paraíso de Goiás na Chapada dos Veadeiros. Bol. Herb. Ezechias Paulo Heringer 3:102-

150.

MÜLLER, J. 2006. Systematics of Baccharis (Compositae-Astereae) in Bolívia, including an

overview of the genus. Systematic Botany Monographs. The American Society of Plant

Taxonomists. vol. 76, p. 1-341.

NAKAJIMA, J. N. 2001. A família Asteraceae no Parque Nacional da Serra da Canastra,

Minas Gerais, Brasil. Revista Bras. Bot. 24(4): 471-478.

NAKAJIMA, J.N. (coord) 2007. Euasterídeas II. In: C.S. Martins, G.M. Drummond, M.P.

Mendonça (orgs). Lista das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção segundo

os critérios da IUCN, versão 3.1. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte.

NESOM, G.L. 1989. Infrageneric taxonomy of new world Erigeron (Compositae: Astereae).

Phytologia 67(1): 67-93.

50

NESOM, G.L. 1994a. Subtribal classification of the Astereae (Asteraceae) Phytologia 76:

193-274.

NESOM, G.L. 1994b. Inulopsis synopsis (Asteraceae: Astereae). Phytologia 76(2): 115-124.

NESOM, G.L. & ROBINSON, H. 2007. Astereae. In J.W. Kadereit, C. Jeffrey (eds) The

Families and Genera of Vascular Plants. K. Kubitzki (series editor) Flowering Plants.

Eudicots: Asterales. Springer-Verlag. Berlin, vol. 8, p.284-342.

NETO, G.G. & MORAIS, R.G. 2003. Recursos medicinais de espécies do cerrado de Mato

Grosso: um estudo bibliográfico. Acta bot. bras. 17(4): 561-584.

NOYES, R.D. 2000. Biogeographical and evolutionary insights on Erigeron and allies

(Asteraceae) from ITS sequence data. Pl. Syst. Evol. 220: 93-114.

OLIVEIRA, A.S. & MARCHIORI, J.N.C. 2005. O gênero Baccharis L., seção

Oblongifolieae DC. (Asteraceae - Astereae) no sul do Brasil. Balduinia 5: 6-15.

OLIVEIRA, A.S. & MARCHIORI, J.N.C. 2006. O gênero Baccharis L. (Asteraceae -

Astereae) no sul do Brasil 1. Seção Cylindricae Heering, série Cylindricae (Heering)

Giuliano. Balduinia 7: 1-36.

OLIVEIRA, A.S., DEBLE, L.P., SCHNEIDER, A.A. & MARCHIORI, J.N.C. 2006.

Checklist do gênero Baccharis para o Brasil (Asteraceae, Astereae). Balduinia 9: 17-27.

PIO-CORRÊA, M. 1984a. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das exóticas cultivadas.

Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, vol. 2.

PIO-CORRÊA, M. 1984b. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das exóticas cultivadas.

Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, vol. 4.

PIO-CORRÊA, M. 1984c. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das exóticas cultivadas.

Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, vol. 5.

PIRANI, J.R., MELLO-SILVA, R. & GIULIETTI, A.M. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas

Gerais, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo 21(1): 1-24.

51

PRANCE, G.T., BEENTJE, H., DRANSFIELD, J. & JOHNS, R. 2000. The tropical flora

remains undercollected. Ann. Miss. Bot. Gard. 87: 67-71.

RADFORD, A. E. 1974. Vascular plants systematics. Harper & Row, New York.

ROQUE, N. & PIRANI, J.R. 1997. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Compositae –

Barnadesieae e Mutisieae. Bol. Bot. Univ. São Paulo 16: 151-185.

ROMERO, R. 2002. Diversidade dos campos rupestres de Goiás, sudoeste e sul de Minas

Gerais. In E.L. Araújo, A.N. Moura, E.V. Sampaio, L.M.S. Gestinari, & J.M.T. Carneiro

(eds) Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável da Flora do Brasil. UFRPE -

Imprensa Universitária, Recife, p. 81-86.

SILVERTOWN, J. 1998. Plant phenotypic plasticity and non-cognitive behaviour. Trends

Ecol. Evol. 13: 255–256.

SOLBRIG, O.T. 1960. The South American sections of Erigeron and their relation to

Celmisia. Contr. Gray Herb. 188: 65-85.

SOLBRIG, O.T. 1962. The south american species of Erigeron. Contr. Gray Herb. 191: 3-79.

STEARN, W.T. 1992. Botanical Latin. David & Charles Book, England, p.303-532.

WEBERLING, F. 1989. Morphology of flowers and inflorescences. Cambridge University

Press, Cambridge.

ZANOWIAK, D.J. 1991. An analysis of systematic and phyletic relationships within the

Baccharidinae (Asteraceae: Astereae). PhD thesis, A&M University, Texas.

ZAPPI, D.C., LUCAS, E., STANNARD, B.L., LUGHADHA, E.N., PIRANI, J.R.,

QUEIROZ, L.P., ATKINS, S., HIND, D.J.N., GIULIETTI, A.M., HARLEY, R.M. &

CARVALHO, A.M. (eds) 2003. Lista das Plantas Vasculares de Catolés, Chapada

Diamantina, Bahia, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo. 21(2): 345- 398.

ZHANG, X. & BREMER, K. 1993. A cladistic analysis of the tribe Astereae (Asteraceae) with

notes on their evolution and a revised subtribal classification. Pl. Syst. Evol. 184: 259-283.

52

A B C D E1

E2 F G H

I J K

L M N

53

Fig. 1. Sinflorescências presentes nas espécies de Astereae do Parque Estadual do Ibitipoca, MG: a –

espiciforme; b – escaposa; c – corimbifrme heterotética; d – paniculiforme heterotética de florescências

botrióides; e1 – corimbiforme heterotética de florescências glomerulares; e2 – glomerular homotética; f –

paniculiforme heterotética; g – diplobótrio heterotético; h – duplo-corimbosa heterotética; i – diplobótrio

homotético; j – duplo-paniculada heterotética; k - diplobotrióide homotética de florescências estaquióides

inseridas na axila de bráctea foliácea; l – botrióide homotética de florescências glomerulares; m – diplobotrióide

homotética de florescências glomerulares; n – corimbosa homotética de florescências paniculadas.

54

Fig. 2: Baccharis lychnophora: a – ramo florífero, b – capítulo masculino, c – flor masculina d – capítulo

feminino, e – flor feminina (R.C. Forzza et al. 3961); B. aphylla: f – capítulo feminino, g – flor feminina, h -

pálea (R. Borges et al. 259); B. itatiaiae: i – ramo florífero, j - capítulo feminino, k – flor feminina, l – cipsela, m

– capítulo masculino, n – flor masculina (M.M. Saavedra 314); B. platypoda: o – capítulo feminino, p – flor

feminina (R.C. Forzza et al. 3491).

55

Fig. 3: Baccharis serrula: a – ramo florífero, b – capítulo feminino, c – flor feminina, d – capítulo masculino, e –

flor masculina (D. Sucre 6693); B. microdonta: f - capítulo feminino, g – folha (M.M. Saavedra 316); B.

dracunculifolia: h - capítulo feminino, i – folha (R. Borges 883); B. serrulata: j – ramo florífero, k – capítulo

masculino, l – flor masculina, m – capítulo feminino, n – flor feminina (R.C. Forzza 3485, M.M. Saavedra 249).

56

Fig. 4: Baccharis rufidula: a – ramo florífero, b – capítulo feminino, c – flor feminina, d – capítulo masculino, e

– flor masculina (R.C. Forzza et al. 3483, R. Borges et al. 148); B. ligustrina: f - capítulo masculino, g – flor

feminina (R.F. Monteiro 57, R. Borges 145); B. varians: h - hábito, i – capítulo feminino, j – flor feminina, k –

capítulo masculino, l – flor masculina (R. Borges et al. 166, 167); B. oblongifolia: m – capítulo masculino, n –

flor feminina (R.C. Forzza et al. 3492).

57

Fig. 5: Inulopsis scaposa: a – hábito, b – capítulo, c – flor do disco, d – flor do raio, e – receptáculo (F.M.

Ferreira et al. 707); Leptostelma máxima: f – capítulo, g – flor do raio (M.M. Saavedra et al. 287, R.C. Forzza

et al. 3119); Conyza monorchis: h – capítulo, i – flor marginal (R. Borges 878); Baccharis myriocephala: j –

ramo florífero, k – capítulo masculino, l – flor masculina, m - capítulo feminino, n – flor feminina (R. Borges et

al. 257, R. Borges 873).

58

Fig. 6. Baccharis reticularia: a – ramo florífero (planta masculina), b – capítulo masculino, c – flor masculina, d

– ramo florífero (planta feminina), e – capítulo feminino, f - flor feminina, g – receptáculo (R. Borges et al. 149,

150); B. tarchonanthoides: h - capítulo feminino, i – flor masculina (R. Borges et al. 263).

59

Fig. 7: Baccharis salzmanii: a – ramo florífero, b – capítulo feminino, c – flor feminina, d – capítulo masculino,

e – flor masculina (R. Borges et al. 169); B. schultzii: f - ramo florífero, g – capítulo masculino, h - flor

masculina, i - capítulo feminino, j – flor feminina, k - receptáculo (M.M. Saavedra et al. 340).

60

Fig. 8: Espécies da tribo Astereae no Parque Estadual do Ibitipoca, MG. A – Leptostelma maxima; B – Baccharis ligustrina; C – B. lychnophora; D – B. itatiaiae; E – B. myriocephala; F – B. serrulata; G – B. platypoda, G’ sinflorescência feminina, G’’ sinflorescência masculina; H – B. rufidula; I – Inulopsis scaposa; J – B. reticularia; K – B. salzmanii; L – B. varians.

61

Capítulo II: Análise florística de Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca,

Minas Gerais, Brasil

62

Abstract – [Floristic analyses of the Asteraceae of Ibitipoca State Park, Minas Gerais,

Brazil]. This work presents a checklist for Asteraceae of Ibitipoca State Park (PEIB), with a

geographic distribution analyses among nine Brazilian mountain fields. We found 12 tribes,

50 genera and 111 species. Eupatorieae, Vernonieae, Astereae, Baccharis, Mikania and

Lessingianthus were the most diverse tribes and genera, respectively. PEIB flora was more

similar with Itatiaia, and than with Serra da Canastra and Serra do Cipó. Cluster analyses

indicated that vegetation matrix and geoclimatic factors were very important to determine

local composition. Nevertheless, relationships among mid areas were shown only in

ordination analyses, that expressed strong connections among mountains, represented by

remote (Serra do Ibitipoca, Serra da Canastra and Serra de Grão-Mogol) and central (Serra do

Cipó) campos rupestres. Besides local factors, historical biogeography elements are essential

to understand Asteraceae flora distribution.

Key words: Atlantic forest, campo rupestre, distribution, diversity, flora.

Resumo – [Análise florística de Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais,

Brasil]. O presente estudo apresenta a lista de espécies de Asteraceae do Parque Estadual do

Ibitipoca (PEIB) e uma análise da distribuição geográfica da família em nove localidades de

formações serranas do Brasil. Foram registradas 12 tribos, 50 gêneros e 111 espécies, sendo

uma maior diversidade encontrada em Eupatorieae, Vernonieae e Astereae (tribos);

Baccharis, Mikania e Lessingianthus (gêneros). O PEIB apresenta maior similaridade

florística com o Itatiaia e com as Serras da Canastra e do Cipó, respectivamente. O

dendrograma obtido pela análise de agrupamento permite inferir que a matriz de vegetação

dominante e características geoclimáticas são fatores que explicam a composição local. No

entanto as relações entre as áreas intermediárias não foram demonstradas, ao contrário do

gráfico resultante da análise de ordenação. Nesta última foram detectadas fortes conexões

entre os campos, que são representadas pelas floras de campos rupestres periféricos (Serra do

Ibitipoca, Serra da Canastra e Serra de Grão-Mogol.) e central (Serra do Cipó). Além dos

fatores locais, elementos biogeográficos históricos são fundamentais no entendimento das

relações encontradas.

Palavras-chave: campo rupestre, distribuição, diversidade, flora, floresta atlântica.

63

Introdução

Levantamentos biológicos e revisões taxonômicas são fundamentais para o

desenvolvimento de estudos ecológicos e evolutivos. O conhecimento da flora tem auxiliado

no entendimento dos padrões fitogeográficos das espécies e de organização espacial das

comunidades vegetais (e.g. Gentry 1982, Prance 1982, Crisci et al. 1991, 2006, Nekola &

White 1999, Qian 1999, Sklénar & Jorgensen 1999, Almeida et al. 2004, Kelloff & Funk

2004, Quijano-Abril et al. 2006, Menini-Neto et al. 2007a, Moreira-Muñoz & Muñoz-Schick

2007, Safford 2007). Da mesma forma, hipóteses biogeográficas envolvendo a caracterização

de centros de diversidade e endemismo, assim como estratégias para a conservação de

espécies vegetais, são exemplos de desdobramentos da análise de dados resultante de

trabalhos florísticos (Morin et al. 1988, Clarke & Funk 2005, Funk 2006).

Asteraceae possui ampla distribuição geográfica, sendo melhor representada em

fisionomias campestres e menos freqüentes nos ambientes florestais de baixa altitude (Jeffrey

2006). Nas serras e campos do Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina, assim como

nos Andes e montanhas da Venezuela e Guianas, a família tem um elevado número de

espécies sendo considerável a ocorrência de endemismos e novidades taxonômicas (Giulietti

& Pirani 1988, Martinelli & Bandeira 1989, Hind 1995, 2003a,b, Holmes 1995, Boggan et al.

1997, Romero & Nakajima 1999, Safford 1999, Zuloaga & Morrone 1999, Romero 2002,

Vitta 2002, Young et al. 2002, Giulietti et al. 2005). Aliado a este fato, também foi observada

uma conexão fitogeográfica destas áreas, principalmente devido à grande semelhança entre

táxons, formas de vida e fisionomias (Rambo 1951, 1953, Brade 1956, Smith 1962, Giulietti

& Pirani 1988, Harley 1995, Luteyn 2002, López 2003, Safford 1999, 2007).

Em áreas serranas do Brasil, destacam-se os trabalhos fitogegráficos dos campos

rupestres da Cadeia do Espinhaço e disjunções, presentes em Minas Gerais e Bahia (Giulietti

& Pirani 1988, Harley 1995) e dos campos de altitude da região sudeste (Safford 1999).

64

Estudos que abordaram a distribuição de Asteraceae nas serras da região central e sudeste do

Brasil são praticamente inexistentes (Nakajima 2000, Almeida et al. 2004). Além disso, no

estado de Minas Gerais, os trabalhos taxonômicos relativos à família estão concentrados nas

serras da Cadeia do Espinhaço (e.g. Giulietti et al. 1987, Roque 1997, Hind 2003a) com

exceção do estudo relizado por Nakajima (2001) na Serra da Canastra, havendo dessa forma a

necessidade de se catalogar o restante do estado. Assim, o estudo apresenta o levantamento da

flora de Asteraceae do Parque Estadual do Ibitipoca e uma análise da distribuição da família

em diferentes áreas serranas do Brasil.

Material e Métodos

Área de estudo

O Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB) nos municípios de Santa Rita do Ibitipoca e

Lima Duarte, Minas Gerais. A Serra de Ibitipoca, pertence ao complexo da Mantiqueira, com

altitudes compreendidas entre 1.200 a 1.800 m. Segundo classificação de Koppen, o clima da

região é Cwb, mesotérmico úmido, com verões amenos e invernos secos. A precipitação anual

média é de 1.532 mm e a temperatura média é de 18,9ºC (CETEC 1983). A área estudada

caracteriza-se pela presença de diferentes ambientes e tipos vegetacionais, onde ocorrem

variações de formas campestres como os campos rupestres com afloramentos, campos com

predomínio de comunidade arbustiva e campos com predomínio de “candeia” (Eremanthus

erythropappus); e florestais como as florestas semidecíduas, de galeria, nebulares e ombrófila.

Informações completas sobre a caracterização do PEIB encontram-se em Menini-Neto et al.

(2007 a,b) e referências contidas neste.

Levantamento dos dados e análises estatísticas

Foram realizadas excursões ao PEIB no período de março de 2004 a maio de 2007.

Todas as coletas foram depositadas no herbário RB. Os dados sobre composição florística das

demais áreas (Tab.1) foram obtidos através de consulta bibliográfica (Baker 1873, 1876,

65

1882, 1884, Rizzini 1954, Brade 1956, Solbrig 1962, Barroso 1957, 1976, Giulietti et al.

1987, Hind 1995, 2003a,b, Munhoz & Proença 1998, Nakajima 2001) e a partir do acervo dos

herbários BHCB, CESJ, RB, SP e SPF (acrônimos segundo Holmgren et al. 1990) (Tab.1,

Fig. 1).

Os nomes foram uniformizados através da exclusão dos sinônimos nomenclaturais e da

padronização dos gêneros de Eupatorieae, Senecioneae e Vernonieae segundo King &

Robinson (1987), Hind (1993) e Robinson (1999), respectivamente.

A similaridade entre as áreas foi calculada através do índice de Jaccard (McCune &

Grace 2002) e as relações destas foram expressas através de análises de agrupamento e

ordenação. O agrupamento foi obtido pelo método de médias não ponderadas (UPGMA)

através do programa FITOPAC (Shepherd 1996) e a ordenação foi realizada pelo método de

escala multi-dimensional (MDS) (McCune & Grace 2002), desenvolvida no pacote estatístico

XLSTAT do Microsoft® Excel 2002.

Resultados

No PEIB foram registradas 12 tribos, 50 gêneros e 111 espécies de Asteraceae (Tab. 2),

que correspondem a aproximadamente 12% do total estimado de 900 espécies de

angiospermas registradas na área (Forzza com. pess.). Destas, Lessingianthus sp. e Trixis sp.

são espécies novas para a ciência, e Mikania capricorni consta na lista das espécies da flora

brasileira ameaçada de extinção, sendo classificada como vulnerável (Nakajima 2007).

Ageratum fastigiatum, Heterocondylus alatus, Achyrocline satureioides e Baccharis

ligustrina possuem a maior amplitude de distribuição nas áreas amostradas reflexo da

ampla distribuição geográfica destes. Pelo contrário, Austrocritonia angulicaulis, Baccharis

serrula, Graphistylis dichroa, Gyptidium trichobasis, Heterocondylus jaraguensis, H.

pumilus, Lepidaploa helophila, Lessingianthus rubricaulis, Lessingianthus sp., Mikania

capricorni, M. testudinaria, M. vismiaefolia, Stevia lundiana, Trixis sp. e Verbesina

66

floribunda foram registradas somente no PEIB (Tab. 2). Com exceção das duas novas

espécies, esses táxons também ocorrem em outras áreas de campos rupestres da Cadeia do

Espinhaço, como as serras de Ouro Preto, Ouro Branco, Diamantina e Contendas do Sincorá,

além de formações campestres da região Sul e de cerrados de outras regiões do Brasil.

Os gêneros mais diversos no Parque foram Baccharis e Mikania, com 17 espécies cada,

e Lessingianthus com oito espécies (Tab.2). As Serras do Cipó, da Canastra e Catolés

apresentaram maior riqueza para os mesmos gêneros. Dentre as outras áreas de estudo,

Lychnophora (Grão-Mogol), Agrianthus (Pico das Almas), Calea (Chapada dos Veadeiros),

Senecio (Itatiaia) e Piptocarpha (Serra dos Órgãos) possuem maior riqueza do que pelo

menos um dos três gêneros mais diversos no PEIB.

No PEIB, as tribos que apresentaram maior riqueza foram Eupatorieae com 43 espécies

(cerca de 40% do total), Vernonieae e Astereae com 21 e 20 espécies, respectivamente

(aproximadamente 18% cada uma) (Tab.3). Estas porcentagens também foram observadas nos

campos de altitude do Rio de Janeiro. Nos campos rupestres do Espinhaço de Minas Gerais,

as tribos Vernonieae e Eupatorieae apresentaram pequena diferença entre o número de

espécies (30-35% do total), sendo uma maior riqueza encontrada para Vernonieae, exceto em

Grão-Mogol. Na Chapada dos Veadeiros, a tribo Vernonieae também foi a mais diversa (35%

do total), seguida por Eupatorieae e Heliantheae. Já nas serras da Chapada Diamantina, a tribo

Eupatorieae possui o maior número de espécies (34-37% do total), seguida por Vernonieae.

Considerando-se todas as áreas abordadas neste estudo, observamos que Astereae,

Gnaphalieae e Senecioneae são distintamente mais diversas nos campos de altitude do Rio de

Janeiro, enquanto as tribos Heliantheae e Neurolaeneae são mais diversas nos campos

rupestres da Chapada dos Veadeiros e Serra da Canastra. Mutiseae e Barnadesieae por sua vez

são mais diversificadas nos campos de altitude, Serra do Cipó, Canastra e Catolés. Por outro

lado, Venonieae e Eupatorieae são as tribos com alta diversidade em todas as áreas

67

campestres abordadas.

Foi registrado um total de 879 espécies nas nove áreas analisadas, sendo as maiores

similaridades específicas encontradas nos campos rupestres da Bahia (0,39) nos campos de

altitude do Rio de Janeiro (0,30). O PEIB possui maior similaridade com o Itatiaia (0,22) e

menor com a Chapada dos Veadeiros (0,05) (Tab. 4). Tais relações também foram observadas

na análise de ordenação, através dos valores de distância entre as áreas, com exceção às

proximidades encontradas entre Serra dos Órgãos – Catolés, Serra da Canastra – Chapada dos

Veadeiros e Serra de Grão-Mogol – Chapada dos Veadeiros (Tab. 5).

A análise de agrupamento mostrou que a Serra de Ibitipoca está associada à Serra da

Canastra e ambos formam um grupo com a Serra do Cipó. Este grupo está relacionado a um

segundo, formado pela Serra dos Órgãos e Itatiaia, estando os dois grupos ligados a um

terceiro composto pela Serra de Grão-Mogol, Pico das Almas e Catolés. A Chapada dos

Veadeiros forma um quarto grupo disposto externamente às demais áreas (Fig. 2). Na análise

multidimensional, as relações das distâncias entre as localidades foram semelhantes àquelas

observadas para os valores de similaridade (Fig.3).

Discussão

Apesar do PEIB possuir a menor área entre as serras abordadas neste estudo (Tab.1), a

riqueza de espécies apresentada em Asteraceae é elevada, fato também reportado para

Orchidaceae (Menini-Neto et al. 2007a). O grande número de espécies encontrado para a

família no PEIB pode ser explicado pela presença de diferentes geoambientes (Dias et al.

2002), o que também foi verificado na Serra da Canastra (Nakajima 2000). Tal característica

está presente em outras formações montanhosas do Brasil (Harley & Simmons 1986, Giulietti

& Pirani 1988, Harley 1995, Munhoz & Proença 1998, Safford 1999, Vitta 2002, Pirani et al.

2003, Zappi et al. 2003). Conceição & Pirani (2005, 2007) mostraram que os diversos habitats

dos campos rupestres da Chapada Diamantina, em uma escala local, apresentaram

68

composição florística distinta e com distribuição restrita, embora a riqueza de espécies não

seja significativamente diferente entre estes.

Além do conjunto de variados ambientes, a diversidade de Asteraceae também está

ligada ao fato da Serra de Ibitipoca ser um campo rupestre disjunto (Giulietti & Pirani 1988,

Romero 2002), situado sobre um maciço periférico a noroeste da Serra da Mantiqueira e ao

sul da Cadeia do Espinhaço, onde é observada uma confluência vegetacional em que

predomina a floresta atlântica (CETEC 1983). Em sete dos oito geoambientes caracterizados

no PEIB (Dias et al. 2002) desenvolvem-se diversos tipos vegetacionais, sendo predominante

o campo rupestre, que por sua vez difere daquele caracterizado para as áreas centrais da

Cadeia do Espinhaço, a exemplo da Serra da Canastra e Chapada dos Veadeiros (Giulietti &

Pirani 1988, Harley 1995, Romero 2002, Menini-Neto et al. 2007a).

Baccharis, Mikania e Lessingianthus compreendem um elevado número de espécies da

família Asteraceae. Estes gêneros posuem a América do Sul como um dos principais centros

de diversidade, especificamente a região central e o leste do Brasil, razão pela qual se observa

uma elevada riqueza no PEIB (Barroso 1976, King & Robinson 1987, Bremer 1994, Holmes

1995, Robinson 1999, Giuliano 2001, Funk et al. 2005, Dematteis 2006, Jeffrey 2006, Müller

2006).

A presença de formações florestais na área do Parque também condiciona a alta

diversidade de espécies lianescentes de Mikania (Holmes 1995, Ritter & Waechter 2004), que

também conta com espécies arbustivas nos ambientes campestres. Em Baccharis, a presença

conjunta de espécies tipicamente dos campos de altitude e dos campos rupestres confere uma

grande diversidade do gênero na área (Giulietti et al. 1987, Nakajima 2001, Safford 1999,

2007). As espécies de Baccharis predominam em vegetações abertas e grande parte destas

ocupam rapidamente diferentes tipos de habitat (Barroso 1976, Müller 2006). No PEIB, são

encontradas em mata ciliar, bordas de mata estacional e ombrófila, e principalmente nas

69

formações de campo.

Os campos de altitude possuem dominância de espécies de Astereae, Gnaphalieae e

Senecioneae (Safford 1999) advinda da conexão florística com os Andes através dos campos

sulinos (Mondin & Baptista 1996, Safford 2007). Já a maior riqueza observada em

Heliantheae e Neurolaeneae nos campos rupestres da Chapada dos Veadeiros e Serra da

Canastra deve-se em consequência da alta diversidade destas tribos nas áreas savânicas e

montanas neotropicais, que incluem os cerrados do planalto central brasileiro. Tal relação é

verificada principalmente para as subtribos Ecliptinae e Helianthinae (Robinson 1981,

Schiling & Panero 2002), por exemplo, nos gêneros Calea (Urbatsch et al. 1986)

Dimerostemma (Moraes et al. 2007) e Aspilia (Santos 2001).

De forma geral, a organização do dendrograma pode ser interpretada segundo a

vegetação dominante e características geoclimáticas locais. Porém, os grupos formados não

correspondem aos valores máximos de similaridade para as áreas de composição florística e

localização geográfica intermediária, que é uma distorção própria da análise (Clarke &

Warmick 1994). Já a ordenação dos dados permite inferir processos que corroboram padrões

de distribuição geográfica descritos para campos rupestres e de altitude (Giulietti & Pirani

1988, Harley 1995, Safford 1999).

A análise também permite indicar a Serra do Cipó como uma região geográfica de

conexão central entre as floras dos diferentes campos rupestres, que estão sob influência dos

respectivos biomas em que se encontram (Caatinga, Cerrado ou Mata Atlântica). Da mesma

forma, foram verificadas regiões geográficas de conexão periférica: a Serra de Ibitipoca

estabelece uma passagem para os campos de altitude; a Serra da Canastra ao sul e a Serra de

Grão-Mogol ao norte fazem a comunicação com a flora dos campos rupestres de Goiás e com

os campos rupestres da Bahia, respectivamente.

A maior similaridade florística do PEIB com o Itatiaia pode ser explicada por fatores

70

como condições geoclimáticas similares, distância geográfica (Nekola & White 1999) e

influência da vegetação. A porção central da Mantiqueira surgiu posteriormente à formação

da porção sul e do Caparaó (Safford 1999), ou seja, os maciços do Itatiaia e Passa Quatro

(porção central) apresentam uma dinâmica vegetacional semelhante a que ocorreu nos campos

rupestres do sul do Espinhaço. O registro no PEIB de Baccharis itatiaiae, Chromolaena

ascendens, Dasyphyllum flagellare, Hypochaeris lutea, Inulopsis scaposa, Lessingianthus

linearis, Mikania acuminata, Piptocarpha leprosa, Senecio colpodes e Vernonanthura

westiniana exemplifica a flora compartilhada entre estas duas serras, padrão também

detectado em Almeida et al. (2004) para áreas da Mantiqueira e Espinhaço. Vale destacar que

a relação campo rupestre/campo de altitude não foi expressa nos trabalhos de Giulietti &

Pirani (1988), Harley (1995), Safford (1999, 2007) e Nakajima (2000).

Aliado aos fatores ambientais acima citados, os eventos biogeográficos históricos são

fundamentais para o entendimento da distribuição das espécies em escalas mais amplas

(Nekola & White 1999). As relações verificadas entre a flora de Asteraceae dos campos

rupestres e campos de altitude são também decorrentes de prováveis eventos de dispersão,

vicariância e hibridação, que resultaram em especiações e extinções através do tempo (Vitta

2002). Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço apresentam padrões de distribuição

similares para diferentes famílias, entre as quais supostamente se inclui Asteraceae, o que

indica uma seqüência de eventos históricos em comum a partir da estabilização geológica

desta no Cretáceo (Giulietti & Pirani 1988). Neste mesmo período geológico houve o

soerguimento da região central da Mantiqueira, que se tornou estável no Quaternário (Safford

1999). Segundo Harley (1995), os elementos florísticos dos campos rupestres datam do

Terciário inferior, porém novos elementos chegaram continuamente até estes durante o

Quaternário período em que os campos de altitude ocuparam grandes extensões das serras

do sudeste brasileiro (Safford 1999). A Serra da Canastra e a Chapada dos Veadeiros

71

estiveram supostamente ligadas a estas formações durante as flutuações climáticas deste

último período geológico, quando as vegetações savânicas formaram extensos corredores

ligando o Brasil Central às Guianas e Venezuela (Bigarella et al. 1975). Tal fato é

corroborado pela presença de várias espécies na Serra da Canastra, que antes se acreditava ter

distribuição disjunta entre os campos rupestres de Goiás e Minas Gerais (Nakajima 2000,

Romero 2002).

Finalmente, mesmo apresentando a menor área em relação aos demais parques estaduais

de Minas Gerais (Vitta 2002), o PEIB é a quinta Unidade de Conservação mais visitada do

Brasil recebendo cerca de 40.000 turistas por ano (Menini-Neto et al. 2007a). A visitação

intensa em determinados locais do Parque tem fragilizado os diversos ambientes peculiares a

este. A presença de espécies exóticas e/ou ruderais como Sonchus oleraceus, Galinsoga

parviflora e algumas da família Poaceae (Ferreira 2007, Dias-Melo 2007) são ameaças diretas às

comunidades originais.

Além de Mikania capricorni, seis espécies de Orchidaceae e quatro de Bromeliaceae registradas

no PEIB estão ameaçadas de extinção (Nakajima 2007, Menini-Neto et al. 2007a, Monteiro &

Forzza 2008), havendo dessa forma a necessidade de ações que minimizem os impactos causados

pela visitação. Adicionalmente às 111 espécies de Asteraceae registradas para o PEIB, foram

encontradas no entorno mais 19 diferentes espécies, que estão susceptíveis ao desaparecimento da

região com o desenvolvimento de atividades impactantes no local.

Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que os trabalhos taxonômicos e

levantamentos florísticos, mesmo atualmente relegados a segundo plano em virtude do

“impedimento taxonômico” (Funk 2006), são fundamentais para o desenvolvimento de teorias

e padrões em biodiversidade, assim como representam fontes primárias de informação para

ações conservacionistas (Funk & Richardson 2002, Funk 2006). O reduzido número de

inventários de longo prazo e que não contam com a participação de taxonomistas ─ a exemplo

do levantamento de Andrade & Sousa (1995) que indicaram apenas 16 gêneros e 23 espécies

72

de Asteraceae para o PEIB ─ têm dificultado o avanço científico em várias áreas do

conhecimento, principalmente nos estudos biogeográficos históricos e ecológicos.

Referências

ALMEIDA, A.M., PRADO, P.I. & LEWINSOHN, T.M. 2004. Geographical distribution of

Eupatorieae (Asteraceae) in south-eastern and south brazilian mountain ranges. Plant

Ecology 174: 163–181.

ANDRADE, P. M. & SOUSA, H. C. Contribuição ao conhecimento da vegetação do Parque

Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, Minas Gerais. R. Árvore 19(2): 249-261.

BAKER, J.G. 1873. Compositae I Vernoniaceae. In: C.F.P. Martius & A.W. Eichler, Flora

brasiliensis, Frid. Fleischer. Leipzig, vol 6, pars 2, p. 1-179.

BAKER, J.G. 1876. Compositae II Eupatoriaceae. In: C.F.P. Martius & A.W. Eichler, Flora

brasiliensis, Frid. Fleischer. Leipzig, vol 6, pars 2, p. 181-374.

BAKER, J.G. 1882. Compositae III Asteroideae, Inuloideae. In: C.F.P. Martius & A.W.

Eichler, Flora brasiliensis, Frid. Fleischer. Leipzig, vol 6, pars 3, p. 1-134.

BAKER, J.G. 1884. Compositae IV Helianthoideae-Mutisiaceae. In: C.F.P. Martius & A.W.

Eichler, Flora brasiliensis, Frid. Fleischer. Leipzig, vol 6, pars 3, p. 138-398.

BARROSO G.M. 1957. Flora do Itatiaia I – Compositae. Rodriguésia 20: 175–241.

BARROSO, G.M. 1976. Compositae – Subtribo Baccharidinae Hoffman – Estudo das

espécies ocorrentes no Brasil. Rodriguésia 27(40): 3-273.

BIGARELLA, J.J., ANDRADE-LIMA, D. & RIEHS, P.J. 1975. Considerações a respeito das

mudanças paleoambientais na distribuição de algumas espécies vegetais e animais no

Brasil. Anais da Academia Brasileira de Ciências 47: 411-464 (suplemento).

BOGGAN, J., CREMERS, G., FEUILLET, C., FUNK, V.A., HOFF, M. & KELLOFF, C.

1997. Checklist of the Plants of the Guianas (Guyana, Surinam and French Guyana).

Smithsonian Institution,Washington, D.C., 2nd edition, pp. 58-61.

73

BRADE, A.C. 1956. A flora do Parque Nacional do Itatiaia. Boletim do Parque Nacional do

Itatiaia 5: 1–112.

BREMER, K. 1994. Asteraceae Cladistics and Classification. Timber Press, Portland.

CETEC. 1983. Diagnóstico Ambiental de Minas Gerais. Belo Horizonte.

CLARKE, H.D. & FUNK, V.A. 2005. Using checklists and collections data to investigate

plant diversity: II. An analysis of five florulas from northeastern South America. Proc.

Acad. Nat. Sci. Philadelphia 154:29-37.

CLARKE, K.R. & WARWICK, R.M. 1994. Change in marine communities: an approach to

statistical analysis and interpretation. Plymouth Marine Laboratory, Plymouth.

CONCEIÇÃO, A.A. & PIRANI, J. R. 2005. Delimitação de habitats em campos rupestres na

Chapada Diamantina: substratos, composiçãoflorística e aspectos estruturais. Bol. Bot.

Univ. São Paulo 23(1): 85-111.

CONCEIÇÃO, A.A. & PIRANI, J. R. 2007. Diversidade em quatro áreas de campos rupestres

na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil: espécies distintas, mas riquezas similares.

Rodriguésia 58 (1): 193-206.

CRISCI, J.V., CIGLIANO, M.M., MORRONE, J.J., ROIG-JUNET, S. 1991. Historical

biogeography of southern South America. Syst. Zool. 40 (2): 152-171.

CRISCI, J.V., SALAS, O.E., KATINAS, L. & POSADAS, P. 2006. Bridging historical and

ecological approaches in biogeography. Australian Systematic Botany 19: 1-10.

DEMATTEIS, M. 2006. Two new species of Lessingianthus (Vernonieae, Asteraceae) from

the Brazilian highlands. Bot. Journ. Linn. Soc. 150, 487–493.

DIAS, H.C.T., FERNANDES FILHO, E.I., SCHAEFER, C.E.G.R., FONTES, L.E.F. &

VENTORIM, L.B. 2002. Geoambientes do Parque Estadual do Ibitipoca, município de

Lima Duarte-MG. R. Árvore 26(6): 777-786.

74

DIAS-MELO, R. 2007. A subfamília Panicoideae (Poaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca,

Minas Gerais, Brasil. Dissertação de mestrado, Escola Nacional de Botânica Tropical –

JBRJ, Rio de Janeiro.

FERREIRA, F.M. 2007. Subfamílias Aristidoideae, Bambusoideae, Chloridoideae,

Danthonioideae e Pooideae (Poaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais,

Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

FUNK, V.A. & RICHARDSON, K.S. 2002. Systematic data in biodiversity studies: use it or

lose it. Syst. Biol. 51(2): 303–316.

FUNK, V.A., BAYER, R.J., KEELEY, S., CHAN, R., WATSON, L., GEMEINHOLZER, B.,

SCHILLING, E., PANERO, J.L., BALDWIN, B.G., GARCIA-JACAS, N., SUSANNA,

A. & JANSEN, R.K. 2005. Everywhere but Antarctica: Using a supertree to understand

the diversity and distribution of the Compositae. Biol. Skr. 55: 343-374.

FUNK, V.A. 2006. Floras: a model for biodiversity studies or a thing of the past? Taxon

55(3): 581-588.

GENTRY, A. H. 1982. Neotropical floristic diversity: phytogeographical connections

between Central and South America, Pleistocene climatic fluctuations, or an accident of

the andean orogeny? Ann. Miss. Bot. Gard. 69(3): 557-593.

GIULIANO, D.A. 2001. Clasificación infragenérica de las especies argentinas de Baccharis

(Asteraceae, Astereae). Darwiniana 39(1-2): 131-154.

GIULIETTI, A.M, MENEZES, N.L, PIRANI, J.R, MEGURO, M.L. & WANDERLEY, M.G

L. 1987. Flora da Serra do Cipó: Caracterização e lista de espécies. Bol. Bot. Univ. São

Paulo 9: 1-152.

GIULIETTI, A.M. & PIRANI, J.R. 1988. Patterns of Geographic Distribution of some Plant

Species from the Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil. In: Proceedings of a

Workshop on Neotropical Biodiversity Distribution Patterns. Academia Brasileira de

75

Ciências, Rio de Janeiro, pp. 39-69.

GIULIETTI, A.M., HARLEY, R.M., QUEIROZ, L.P., WANDERLEY, M.G.L. & VAN DEN

BERG, C. 2005. Biodiversity and conservation of plants in Brazil. Conservation

Biology 19(3): 632-639.

HARLEY, R.M. & SIMMONS, N.A. 1986. Florula of Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia,

Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew.

HARLEY, R.M. 1995. Introdução. In: Stannard, B.L. Flora of the Pico das Almas, Chapada

Diamantina, Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew. pp. 1-42.

HIND, D.J.N. 1993. A checklist of the brazilian Senecioneae (Compositae). Kew Bull. 48(2):

279-295.

HIND, D.J.N. 1995. Compositae. In: Stannard, B.L. Flora of the Pico das Almas, Chapada

Diamantina, Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew. pp. 175-278.

HIND, D.J.N. 2003a. Flora of Grão-Mogol, Minas Gerais: Compositae (Asteraceae). Bol.

Bot. Univ. São Paulo 21(1): 179-234.

HIND, D.J.N. 2003b. Compositae. In D.C. ZAPPI, E. LUCAS, B.L. STANNARD, E.N.

LUGHADHA, J.R. PIRANI, L.P. QUEIROZ, S. ATKINS, D.J.N. HIND, A.M.

GIULIETTI, R.M. HARLEY & A.M. CARVALHO (eds.). Lista das Plantas Vasculares

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo. 21(2): 345-

398.

HOLMES, W.C. 1995. Review preparatory to an infrageneric classification of Mikania

(Tribe: Eupatorieae). In: D.J.N. HIND, C. JEFFREY & G.V. POPE (eds.). Advances in

Compositae Systematics, Royal Botanic Gardens, Kew, pp. 239-254.

HOLMGREN P.K, HOLMGREN, N.H. & BARNETT, L.C. 1990. Index Herbariorum. Part

I. The Herbaria Of The World. 8th ed. The New York Botanical Garden, New York.

JEFFREY, C. 2006. Compositae. Introduction with key to tribes. In: K. KUBITZKI (ed.);

76

J.W. KADEREIT & C. JEFFREY (vol. eds.). The Families and Genera of Vascular

Plants. Flowering Plants. Eudicots: Asterales. Springer-Verlag. Berlin, vol. 8, p. 61-87.

KELLOFF C.L. & FUNK, V.A. 2004. Phytogeography of the Kaieteur Falls, Potaro Plateau,

Guyana: floral distributions and affinities. J. Biogeogr. 31: 501–513.

KING, R.M. & ROBINSON, H. 1987. The genera of the Eupatorieae (Asteraceae).

Monographs in Systematic Botany, vol. 22. Misssouri Botanical Garden. St. Louis.

LÓPEZ, R.P. 2003. Phytogeographical relations of the andean dry valleys of Bolivia. J.

Biogeog. 30: 1659-1668.

LUTEYN, J.L. 2002. Diversity, adaptation and endemism in neotropical Ericaceae:

biogeographical patterns in the Vaccinieae. The Botanical Review 68(1): 55-87.

MARTINELLI, G. & BANDEIRA, J. 1989. Campos de altitude. Editora Index, Rio de

Janeiro.

McCUNE, B. & GRACE, J.B. 2002. Analysis of ecological communities. MjM Software

Design, Oregon.

MENINI-NETO, L., ALVES, R.J.V., BARROS, F. & FORZZA, R.C. 2007a. Orchidaceae do

Parque Estadual de Ibitipoca, MG, Brasil. Acta bot. bras. 21(3): 687-696.

MENINI NETO, L., ALVES, R.J.V. & FORZZA, R.C. 2007b. A subtribo Pleurothallidinae

(Orchidaceae) no Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Bol. Bot. Univ.

São Paulo 25(2): 253-278.

MONDIN, C.A. & BAPTISTA, L.R.M. 1996. Relações biogeográficas da tribo Mutisieae

(Asteraceae), sensu Cabrera, no Rio Grande do Sul. Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. –

PUCRS. Sér. Bot. 2(1): 49-152.

MONTEIRO, R.F. & FORZZA, R.C. 2008. A família Bromeliaceae no Parque Estadual de

Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo (no prelo).

MORAES, M.D., PANERO, J.L. & SEMIR, J. 2007. New combinations in Dimerostemma

77

(Asteraceae: Heliantheae – Ecliptinae), Phytologia 89(1): 115-120.

MOREIRA-MUÑOZ, A. & MUÑOZ-SCHICK, M. 2007. Classification, diversity, and

distribution of Chilean Asteraceae: implications for biogeography and conservation.

Diversity Distrib. 13(6): 818-828.

MORIN, N.R., WHETSTONE, R.D., WILKEN, D., TOMLINSON, K.L. 1988. Floristics for

the 21st century. Monographs in Systematic Botany, vol. 28. Missouri Botanical Garden.

St. Louis.

MÜLLER, J. 2006. Systematics of Baccharis (Compositae-Astereae) in Bolívia, including an

overview of the genus. Systematic Botany Monographs. The American Society of Plant

Taxonomists. vol. 76, p. 1-341.

MUNHOZ, C.B.R. & PROENÇA, C.E.B. 1998. Composição florística do município de Alto

Paraíso de Goiás na Chapada dos Veadeiros. Bol. Herb. Ezechias Paulo Heringer 3:102-

150.

NAKAJIMA, J.N. 2000. A família Asteraceae no Parque Nacional da Serra da Canastra,

Minas Gerais, Brasil. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas.

NAKAJIMA, J.N. 2001. A família Asteraceae no Parque Nacional da Serra da Canastra,

Minas Gerais, Brasil. Revista Bras. Bot. 24(4): 471-478.

NAKAJIMA, J.N. (coord) 2007. Euasterídeas II. In: C.S. Martins, G.M. Drummond, M.P.

Mendonça (orgs). Lista das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção segundo

os critérios da IUCN, versão 3.1. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte.

NEKOLA, J.C. & WHITE, P.S. 1999. The distance decay of similarity in biogeography and

ecology. J. Biogeogr. 26: 867–878.

PIRANI, J.R., MELLO-SILVA, R. & GIULIETTI, A.M. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas

Gerais, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo 21(1): 1-24.

PRANCE, G. T. 1982. A review of the phytogeographic evidences for Pleistocene climate

78

changes in the Neotropics. Ann. Miss. Bot. Gard. 69(3): 594-624.

QIAN, H. 1999. Floristic analysis of vascular plant genera of North America north of Mexico:

characteristics of phytogeography. J. Biogeogr. 26: 1307–1321.

QUIJANO-ABRIL, M.A., CALLEJAS-POSADA, R. & MIRANDA-ESQUIVEL, D.R. 2006.

Areas of endemism and distribution patterns for neotropical Piper species (Piperaceae).

J. Biogeogr. 33: 1266–1278.

RAMBO, B. 1951. O elemento andino no pinhal rio-grandense. Anais Botânicos do Herbário

Barbosa Rodriguez 3: 7–39.

RAMBO, B. 1953. A história da flora do planalto rio-grandense. Anais Botânicos do

Herbário Barbosa Rodriguez 5: 185–232.

RITTER, M.R. & WAECHTER, J.L. 2004. Biogeografia do gênero Mikania Willd.

(Asteraceae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta bot. bras. 18(3): 643-652.

RIZZINI, C.T. 1954. Flora Organensis. Arq. Jardim Bot. Rio de Janeiro, 13: 118-243.

ROBINSON, H. 1981. A revision of the tribal and subtribal limits of the Heliantheae

(Asteraceae). Smithsonian Contrib. Bot. 51: 1–102.

ROBINSON, H., 1999. Generic and subribal classification of American Vernonieae.

Smithsonian Contrib. Bot. 89: 1–116.

ROMERO, R. & NAKAJIMA, J.N. 1999. Espécies endêmicas do Parque Nacional da Serra

da Canastra, Minas Gerais. Revista Brasil. Bot. 22(2): 259-265 (suplemento).

ROMERO, R. 2002. Diversidade dos campos rupestres de Goiás, sudoeste e sul de Minas

Gerais. In: E.L. ARAÚJO, A.N. MOURA, E.V. SAMPAIO, L.M.S. GESTINARI, &

J.M.T. CARNEIRO (eds.) Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável da Flora do

Brasil. UFRPE - Imprensa Universitária, Recife, pp. 81-86.

ROQUE, N. & PIRANI, J.R. 1997. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Compositae –

Barnadesieae e Mutisieae. Bol. Bot. Univ. São Paulo 16: 151-185.

79

SAFFORD, H.F. 1999. Brazilian Páramos I. An introduction to the physical environment and

vegetation of the campos de altitude. J. Biogeogr. 26:693-712.

SAFFORD, H.F. 2007. Brazilian Páramos IV. Phytogeography of the campos de altitude. J.

Biogeogr. 34(10): 1701-1722.

SCHILLING, E.E. & PANERO, J.L.. 2002. A revised classification of subtribe Helianthinae

(Asteraceae: Heliantheae). I. Basal lineages. Bot. Journ. Linn. Soc. 140: 65–76.

SANTOS, J.U.M. 2001. O gênero Aspilia Thou. (Asteraceae-Heliantheae) no Brasil. Coleção

Adolpho Ducke, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém.

SHEPHERD, G.J. 1996. FITOPAC I ─ Manual do usuário. Departamento de Botânica,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 96 p.

SKLENÁR, P. & JØRGENSEN, P.M. 1999. Distribution patterns of páramo plants in

Ecuador. J. Biogeogr. 26: 681–691.

SMITH, L.B. 1962. Origins of the flora of southern Brazil. Contrib.US Nat. Herb. 35: 215-249.

SOLBRIG, O.T. 1962. The south american species of Erigeron. Contr. Gray Herb. 191: 3-79.

URBATSCH, L.E., ZLOTSKY, A., PRUSKI, J.F. 1986. Revision of Calea sect. Lemmatium

(Asteraceae: Heliantheae) from Brazil. Syst. Bot. 11(4): 501-514.

VITTA, F. A. 2002. Diversidade e conservação da flora nos campos rupestres da Cadeia do

Espinhaço em Minas Gerais. In: E.L. ARAÚJO, A.N. MOURA, E.V. SAMPAIO,

L.M.S. GESTINARI, & J.M.T. CARNEIRO (eds.) Biodiversidade, Conservação e Uso

Sustentável da Flora do Brasil. UFRPE - Imprensa Universitária, Recife, pp. 90-94.

YOUNG, K.R., ULLOA, C.U., LUTEYN, J.L. & KNAPP, S. 2002. Plant evolution and

endemism in South America: An introduction. The Botanical Review 68(1): 4-21.

ZAPPI, D.C., LUCAS, E., STANNARD, B.L., LUGHADHA, E.N., PIRANI, J.R.,

QUEIROZ, L.P., ATKINS, S., HIND, D.J.N., GIULIETTI, A.M., HARLEY, R.M. &

CARVALHO, A.M. (eds) 2003. Lista das Plantas Vasculares de Catolés, Chapada

80

Diamantina, Bahia, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo. 21(2): 345- 398.

ZULOAGA, F.O. & MORRONE, O. (org.) 1999. Catálogo de plantas vasculares de la

República Argentina II. Acanthaceae – Euphorbiaceae (Dicotyledonae). Monographs in

Systematic Botany. vol. 74. Missouri Botanical Garden. St. Louis.

81

Tabela 1. Códigos, coordenadas geográficas e área das localidades analisadas. Estados: MG (Minas Gerais), BA (Bahia), RJ (Rio de Janeiro) e GO (Goiás).C ód igo L oc ali dad e E sta do Mu nic íp io L atitud e (S ) Lo ng itu de (W ) Á rea (h a) Tá xon s R e fe rênc ia sC ip S erra do C ipó M G S an ta na do R iac ho 1 9º 2 5 ’ 43 º 2 7’ 33 80 0 15 5 G iu liet t i et a l. 1 98 7G m G rã o M o gol M G G rão M o go l 1 6º 3 0 ’ 42 º 8 0’ 33 32 4 81 H in d 20 03 aC an S erra da C an as tra M G S ão R oq ue d e M ina s 2 0º 2 0 ’ 46 º 8 5’ 70 52 5 21 5 N a kajima 20 01Ib i S er ra do Ib it ipo ca M G Lim a D u ar te 2 1º 4 2 ’ 43 º 5 3’ 19 23 11 1 pre se nte tra ba lhoP a P ico d as A lma s B A R io d e C on tas 1 3º 3 3 ’ 41 º 5 7’ 17 00 0 13 2 H in d 19 95C at C ato lé s B A C atol és 1 3º 2 0 ’ 41 º 4 5’ 25 10 00 17 9 H in d 20 03 bIta I ta t ia ia R J Ita tia ia 2 2º 2 5 ’ 44 º 3 5’ 28 15 5 20 8 B a rro so 1 95 7O rg S erra do s Ó rgã os R J Te re só po lis 2 2º 3 0 ’ 43 º 0 1’ 10 52 7 15 4 R iz zin i 1 95 4V ea C ha pa da d os V ea de iro sG O A lto P ara ís o 4 7º 3 0 ' 13 º 4 6' 25 94 00 12 0 M un ho z & P roe nç a 19 98

82

Tabela 2. Lista das espécies de Asteraceae registradas no PEIB e suas ocorrências nas demais áreas análisadas. Os materiais testemunho estão sob o número de coleta de Bruno Silva (BS), Dimitri Sucre (DS), Fabrício Ferreira (FF), Luiz Giordano (LG), Mariana Saavedra (MS), Rafael Augusto (RA), Rafaela Forzza (RF) (para as siglas vide Tabela 1).

Táxons Coletor Cip Can Gm Pa Cat Ita Org Vea

ASTEREAE (4 gen.; 20 spp.)

Baccharis aphylla (Vell.) DC. RA 259 X XBaccharis dracunculifolia DC. RA 883 X X XBaccharis itatiaiae Wawra RF 3508 X XBaccharis ligustrina DC. RA 145 X X X X X X X XBaccharis lychnophora Gardner RF 3341 X XBaccharis microdonta DC. MS 316 X XBaccharis myriocephala DC. RA 257 X X X XBaccharis oblongifolia (Lam.) Pers. RF 3492 X X X X XBaccharis platypoda DC. RF 3491 X X X X XBaccharis reticularia DC. RA 149 XBaccharis rufidula (Spreng.) Joch. Mull. RF 3483 X XBaccharis salzmanii DC. RA 169 X XBaccharis schultzii Baker MS 340 X XBaccharis serrula Sch.Bip. ex Baker DS 6693Baccharis serrulata (Lam.) Pers. MS 249 X X X X X XBaccharis tarconanthoides DC. RA 263 X XBaccharis varians Gardner RA 166 X XConyza monorchis (Griseb.) Cabrera RA 878 XInulopsis scaposa (DC.) O. Hoffm. FF 707 X XLeptostelma maxima D.Don MS 287 X X X XBARNADESIEAE (1 gen.; 1 sp.)Dasyphyllum flagellare (Casar.) Cabrera RF 3493 X X XCICHORIEAE (2 gen.; 2 spp.)Hypochaeris lutea (Vell.) Britten MS 352 X X X XSonchus oleraceus L. MS 345 X XCOREOPSIDEAE (1 gen.; 1 sp.)Bidens segetum Mart. ex Colla MS 288 X X XEUPATORIEAE (17 gen.; 43 spp.)Ageratum fastigiatum (Gardner) R.M.King & H.Rob. RF 3472 X X X X X X

Austrocritonia angulicaulis (Sch.Bip. ex Baker) R.M.King & H.Rob. MS 344

Austroeupatorium inulaefolium (Kunth) R.M.King & H.Rob. RA 885 X X X

Ayapana amygdalina (Lam.) R.M.King & H.Rob. MS 200 X X X X X

Barrosoa organensis (Gardner) R.M.King & H.Rob. RF 3111 X

Campuloclinium parvulum (Glaz.) R.M.King & H.Rob. RA 876 X

83

Táxons Coletor Cip Can Gm Pa Cat Ita Org Vea

Chromolaena ascendens (Sch.Bip. ex Baker) R.M.King & H.Rob. MS 253 X X

Chromolaena barbacensis (Hieron.) R.M.King & H.Rob. RF 3471 X X X

Chromolaena decumbens Gardner MS 253 X XChromolaena laevigata (Lam.) R.M.King & H.Rob. MS 326 X X X X

Chromolaena maximiliani (Schrader ex DC.) R.M.King & H.Rob. RA 884 X X X

Chromolaena pedalis (Sch.Bip. ex Baker) R.M.King & H.Rob. RF 3081 X

Grazielia gaudichaudiana (DC.) R.M.King. & H.Rob. RA 877 X X X

Grazielia intermedia (DC.) R.M.King. & H.Rob. MS 302 X X

Gyptidium trichobasis (Baker) R.M.King. & H.Rob. MS 294

Heterocondylus alatus (Vell.) R.M.King & H.Rob. RF 4112 X X X X X

Heterocondylus amphidictyus (DC.) R.M.King. & H.Rob. MS 259 X

Heterocondylus jaraguensis (B.L. Rob.) R. M.King & H.Rob. MS 333

Heterocondylus pumilus (Gardner) R.M.King. & H.Rob. FF 701

Koanophyllon thysanolepis (B.L. Rob.) R.M.King. & H.Rob. MS 332 X

Mikania acuminata DC. RF 4126 X XMikania buddleiaefolia DC. RA 266 XMikania camporum B.L. Rob. FF 715 XMikania capricorni B.L. Rob. MS 216Mikania decumbens Malme MS 274 XMikania hoffmanniana Dúsen ex Malme RF 3475 XMikania lanuginosa DC. RF 4281 XMikania lasiandrae DC. MS 353 X X X XMikania lindbergii Baker RF 3486 X X XMikania microdonta DC. MS 227Mikania nummularia DC. RF 3543 X XMikania obtusata DC. CESJ 29832Mikania sessilifolia DC. MS 262 X X X X XMikania ternata (Vell.) B.L. Robinson RF 3256 X X XMikania testudinaria DC. RF 3545Mikania vismiaefolia DC. MS 189Mikania warmingii Sch. Bip. ex Baker RF 3208 XPraxelis kleinioides (Humb., Bonpl. & Kunth) Sch.Bip.

RF 3045 X X X X

Pseudobrickellia angustissima (Spreng. ex Baker) R.M.King. & H.Rob. RA 256 X X X

Stevia lundiana DC. FF 699

84

Táxons Coletor Cip Can Gm Pa Cat Ita Org Vea

Stevia urticaefolia Billb. RF 3082 XSymphyopappus decussatus Turcz. MS 258 X X XTrichogonia villosa Sch.Bip. ex Baker RF 3917 X X X XGNAPHALIEAE (4 gen.; 4 spp.)Achyrocline satureioides (Lam.) DC. RF 3557 X X X X X XChionolaena arbuscula DC. MS 329 XLucilia lycopodioides (Less.) S.E. Freire RF 4114 X X XStenophalium chionaeum (DC.) Anderberg MS 188 X XHELIANTHEAE s.s. (3 gen.; 3 spp.)Aspilia duarteana Santos RF 3271 XTilesia baccata (L.) Pruski MS 341 X XVerbesina floribunda Gardner RF 3066MILLERIEAE (1 gen.; 1 sp.)Galinsoga parviflora Cav. MS 347 X X X XMUTISIAE (3 gen.; 6 spp.)Gochnatia paniculata (Less.) Cabrera RF 3478 X XRichterago amplexifolia (Gardner) Kuntze RF 3490 XRichterago radiata (Vell.) Roque RF 2643 X XTrixis nobilis (Vell.) Katinas MS 278 XTrixis verbasciformis Less. RF 3319 XTrixis sp. RF 3518NEUROLAENEAE (1 gen.; 1 sp.)Calea clausseniana Baker MS 337 XSENECIONEAE (5 gen.; 8 spp.)Dendrophorbium pellucidinerve (Sch.Bip. ex Baker) C. Jeffrey MS 210 X

Erechtites valerianaefolia DC. CESJ26821 X X XGraphistylis dichroa (Bong.) D.J.N.Hind MS 315Pentacalia desiderabilis (Vell.) Cuatrec. MS 331 X XSenecio adamantinus Bong. RA 157 X X X X XSenecio brasiliensis (Spreng) Less. RF 2671 X X XSenecio colpodes Bong. MS 284 XSenecio emiliopsis C. Jeffrey FF 719 XVERNONIEAE (8 gen.; 21 spp.)Chresta plantaginifolia (Less.) Gardner MS 334 X XChrysolaena simplex (Less.) Dematteis CESJ 13230 X X X XEremanthus erythropappus (DC.) MacLeish MS 297 X X X X

Eremanthus incanus (Less.) Less. RF 4140 X X XHololepis pedunculata (DC. ex Pers.) DC. BS 1313 X XLepidaploa decumbens (Gardner) H.Rob. MS 280 XLepidaploa helophila (Mart. ex DC.) H.Rob. MS 241

Lessingianthus buddleifolius (Mart. ex DC.) H.Rob. MS 291 X X X

Lessingianthus linearis (Spreng) H.Rob. MS 269 X X X X XLessingianthus psilophyllus (DC.) H.Rob. MS 236 X X X

85

Táxons Coletor Cip Can Gm Pa Cat Ita Org Vea

Lessingianthus rosmarinifolius (Less.) H.Rob. LG 2418 X

Lessingianthus rubricaulis (Bonpl.) H.Rob. MS 270 X

Lessingianthus tomentellus (Mart. ex DC.) H.Rob. RF 3306 X X

Lessingianthus venosissimus (Sch.Bip. ex Baker) H.Rob. FF 698

Lessingianthus sp. RF 3962Piptocarpha leprosa (Less.) Baker RF 3709 XPiptocarpha macropoda (DC.) Baker RF 4276 X X X XStenocephalum megapotamicum (Spreng) Sch.Bip. FF 711 X X X

Vernonanthura diffusa (Less.) H.Rob. RF 4297 X XVernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. RA 879 X X X X

Vernonanthura westiniana (Less.) H.Rob. MS 292 X X

Tabela 3. Número de espécies das nove tribos mais diversas nas áreas estudadas (para as siglas vide Tabela 1).

Tribo Ibi Cip Can Gm Pa Cat Ita Org VeaAstereae 20 20 20 4 17 14 52 33 9

Eupatorieae 43 41 63 28 45 66 53 42 27Gnaphalieae 4 4 3 3 6 3 17 8 1Heliantheae 3 5 17 3 6 10 4 6 16Vernonieae 21 53 67 25 29 42 32 25 42Mutisieae 6 17 12 5 7 9 10 9 3

Barnadesieae 1 4 3 2 1 2 3 4 0Neurolaeneae 1 4 9 4 5 4 1 1 10Senecioneae 9 4 4 5 6 6 20 14 3

Total 108 152 198 79 122 156 192 142 111

86

Tabela 4. Matriz de similaridade florística representada pelos valores do índice de Jaccard (para as siglas vide Tabela 1).Ib i C ip C an G m Pa C at Ita O rg V ea

Ib i 1C ip 0,16 5 1C an 0,18 6 0 ,18 2 1G m 0,07 8 0 ,17 2 0 ,09 8 1Pa 0,08 4 0 ,09 8 0 ,08 8 0 ,1 38 1C at 0,08 5 0 ,10 8 0 ,07 2 0 ,1 31 0 ,3 94 1Ita 0,22 0 0 ,08 9 0 ,11 5 0 ,0 43 0 ,0 65 0 ,0 80 1O rg 0,14 7 0 ,05 1 0 ,07 9 0 ,0 44 0 ,0 59 0 ,0 73 0,3 05 1Vea 0,05 5 0 ,10 4 0 ,11 2 0 ,0 86 0 ,0 63 0 ,0 74 0,0 41 0,0 34 1

Tabela 5. Matriz de distâncias relativas à duas dimensões obtida pela análise MDS (para as siglas vide Tabela 1).Ib i C ip C an G m Pa C at Ita O rg V ea

Ib i 0C ip 0,61 0 0C an 0,44 1 0 ,48 4 0G m 1,13 5 0 ,53 2 0 ,97 3 0Pa 1,11 5 0 ,66 9 1 ,14 6 0 ,4 89 0C at 1,02 8 0 ,73 8 1 ,16 7 0 ,7 38 0 ,2 83 0Ita 0,40 5 0 ,75 2 0 ,80 7 1 ,1 90 0 ,9 97 0 ,8 17 0O rg 0,72 4 0 ,83 6 1 ,05 9 1 ,1 35 0 ,8 08 0 ,5 63 0,3 55 0Vea 0,94 4 0 ,46 8 0 ,58 6 0 ,5 80 0 ,9 74 1 ,1 35 1,1 91 1,3 04 0

87

Figura 1. Localização das nove áreas serranas amostradas no presente estudo (para as siglas

vide Tabela 1).

88

Figura 2. Dendrograma obtido pelo método de UPGMA (Correlação

Cofenética = 0,8990), resultante da análise de similaridade florística

entre as nove áreas (para as siglas vide Tabela 1).

89

Figura 3. Análise de escala multidimensional entre as nove

localidades obtida após 10.000 repetições (estresse = 0,284).

Os polígonos representam as supostas relações entre as áreas

e os triângulos as conexões florísticas (para as siglas vide

Tabela 1).

90

Conclusões Gerais

• Asteraceae é uma das maiores famílias no Parque Estadual do Ibitipoca (PEIB), sendo

constituída principalmente por táxons com distribuição tropical e encontrados em

formações montanhosas do continente sul-americano. Alguns táxons também ocorrem em

áreas de vegetação campestre, savânica e florestal.

• Da mesma forma, Astereae é uma das maiores tribos do PEIB, sendo Baccharis o gênero

mais representativo. A maioria das espécies da tribo presentes no Parque possui ampla

distribuição pelo Brasil, sendo que metade também ocorre em outros países da América

do Sul.

• Apesar de sua pequena área, o PEIB possui características peculiares que conferem a este

uma elevada riqueza, com a presença de espécies ameaçadas de extinção e outras descritas

recentemente para a Ciência. No entanto, a intensa visitação tem fragilizado os vários

ambientes do Parque, o que têm permitido o estabelecimento de espécies exóticas e/ou

ruderais.

• As floras de Asteraceae dos campos rupestres e de altitude são fortemente influenciadas:

pelo bioma e vegetação dominante em que as serras estão inseridas; pelas características

ambientais e geomorfológicas locais. Além disso, os eventos biogeográficos históricos são

fundamentais no entendimento das conexões existentes entre as áreas estudadas.

• O presente estudo reforça a idéia de que os trabalhos taxonômicos são fundamentais para

o desenvolvimento de teorias e padrões em biodiversidade, assim como são ferramentas

básicas para ações conservacionistas.

91

Referências Bibliográficas

CAMPOS, B.C. 2005. A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de altitude

do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG, Brasil. Dissertação de Mestrado,

Escola Nacional de Botânica Tropical - JBRJ, Rio de Janeiro.

CETEC. 1983. Diagnóstico ambiental de Minas Gerais. Belo Horizonte.

DIAS-MELO, R. 2007. A subfamília Panicoideae (Poaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca,

Minas Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado, Escola Nacional de Botânica Tropical -

JBRJ. Rio de Janeiro.

DONOGHUE, M.J. & ALVERSON, W.S. 2000. A new age of discovery. Ann. Missouri Bot.

Gard. 87: 110-126.

FERREIRA, F.M. 2007. Subfamílias Aristidoideae, Bambusoideae, Chloridoideae,

Danthonioideae e Pooideae (Poaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais,

Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro.

FUNK, V.A. & RICHARDSON, K.S. 2002. Systematic data in biodiversity studies: use it or

lose it. Syst. Biol. 51(2): 303–316.

FUNK, V.A. 2006. Floras: a model for biodiversity studies or a thing of the past? Taxon

55(3): 581-588.

GIULIETTI, A.M, MENEZES, N.L, PIRANI, J.R, MEGURO, M.L. & WANDERLEY, M.G

L. 1987. Flora da Serra do Cipó: Caracterização e lista de espécies. Bol. Bot. Univ. São

Paulo 9: 1-152.

GIULIETTI, A.M. & PIRANI, J.R. 1988. Patterns of Geographic Distribution of some Plant

Species from the Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil. In: Proceedings of a

Workshop on Neotropical Biodiversity Distribution Patterns. Academia Brasileira de

Ciências, Rio de Janeiro, pp. 39-69.

92

GIULIETTI, A.M., HARLEY, R.M., QUEIROZ, L.P., WANDERLEY, M.G.L. & VAN DEN

BERG, C. 2005. Biodiversity and conservation of plants in Brazil. Conservation

Biology 19(3): 632-639.

GOVAERTS, R. 2001. How many species of seed plants are there? Taxon 50: 1085–1090.

GOVAERTS, R. 2003. How many species of seed plants are there – a response. Taxon 52:

583–584.

HATSCHBACH, G., GUARÇONI, E.A.E., SARTORI, M.A., RIBAS, O.S. 2006. Aspectos

fisionômicos da vegetação da Serra do Cabral – Minas Gerais – Brasil. Bol. Mus. Bot.

Mun., Curitiba 67: 1-33.

HIND, D.J.N. 1995. Compositae. In: Stannard, B.L. Flora of the Pico das Almas, Chapada

Diamantina, Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew. pp. 175-278.

HIND, D.J.N. 2003a. Flora of Grão-Mogol, Minas Gerais: Compositae (Asteraceae). Bol.

Bot. Univ. São Paulo 21(1): 179-234.

HIND, D.J.N. 2003b. Compositae. In D.C. ZAPPI, E. LUCAS, B.L. STANNARD, E.N.

LUGHADHA, J.R. PIRANI, L.P. QUEIROZ, S. ATKINS, D.J.N. HIND, A.M.

GIULIETTI, R.M. HARLEY & A.M. CARVALHO (eds.). Lista das Plantas Vasculares

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo. 21(2): 345-

398.

MEDEIROS, E.S.S. 2006. Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil –

Família Piperaceae. Dissertação de Mestrado, Escola Nacional de Botânica Tropical -

JBRJ, Rio de Janeiro.

MENINI NETO, L., ALVES, R.J.V., BARROS, F. & FORZZA, R.C. 2007. Orchidaceae do

Parque Estadual de Ibitipoca, MG, Brasil. Acta bot. bras. 21(3): 687-696.

93

MILWARD-DE-AZEVEDO, M.A. 2007. Passifloraceae do Parque Estadual de Ibitipoca,

Minas Gerais. Bol. Bot. Univ. São Paulo 25(1): 71-79.

MONGUILHOTT, L. 2007. Apocynaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais,

Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo.

MONTEIRO, R.F. & FORZZA, R.C. 2008. A família Bromeliaceae no Parque Estadual de

Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo (no prelo).

NAKAJIMA, J. N. 2001. A família Asteraceae no Parque Nacional da Serra da Canastra,

Minas Gerais, Brasil. Revista Bras. Bot. 24(4): 471-478.

PRANCE, G.T., BEENTJE, H., DRANSFIELD, J. & JOHNS, R. 2000. The tropical flora

remains undercollected. Ann. Missouri Bot. Gard. 87:67-71.

ROMERO, R. 2002. Diversidade dos campos rupestres de Goiás, sudoeste e sul de Minas

Gerais. In: E.L. ARAÚJO, A.N. MOURA, E.V. SAMPAIO, L.M.S. GESTINARI, &

J.M.T. CARNEIRO (eds.) Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável da Flora do

Brasil. UFRPE - Imprensa Universitária, Recife, pp. 81-86.

ROQUE, N. & PIRANI, J.R. 1997. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Compositae –

Barnadesieae e Mutisieae. Bol. Bot. Univ. São Paulo 16: 151-185.

SILVA, D.B., FORZZA, R.C. & ALVES, M. Cyperaceae e Juncaceae no Parque Estadual de

Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. (em preparação).

94