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INSTITUTO DE PÓS- GRADUAÇÃO FACULDADE ATENEU Pós-Graduação em Direito do Trabalho, Tributário e Previdenciário Gilvan Medeiros Lopes A DESAPOSENTAÇÃO DO TRABALHADOR INSERIDO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E A BUSCA POR UMA APOSENTADORIA MAIS JUSTA Fortaleza-CE Novembro, 2011

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INSTITUTO DE PÓS- GRADUAÇÃO FACULDADE ATENEU

Pós-Graduação em Direito do Trabalho, Tributário e Previdenciário

Gilvan Medeiros Lopes

A DESAPOSENTAÇÃO DO TRABALHADOR INSERIDO NO REGIME

GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E A BUSCA POR UMA

APOSENTADORIA MAIS JUSTA

Fortaleza-CE

Novembro, 2011

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GILVAN MEDEIROS LOPES

A DESAPOSENTAÇÃO DO TRABALHADOR INSERIDO NO REGIME

GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E A BUSCA POR UMA

APOSENTADORIA MAIS JUSTA.

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade Ateneu – FATE como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Direito do Trabalho, Tributário e Previdenciário, sob a orientação do Professor Esp. Afonso Paulo Mendonça de Albuquerque.

Fortaleza-CE

2011

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Título: A desaposentação do Trabalhador inserido no regime geral de

previdência social e a busca por uma aposentadoria mais justa.

Autor: Gilvan Medeiros Lopes

Data da defesa em ____/____/____ Nota: _________

Monografia apresentada à banca examinadora e à Coordenação da Faculdade Ateneu - FATE, adequada e aprovada para suprir exigência parcial inerente à obtenção do título de Especialista em Direito do Trabalho, Tributário e Previdenciário.

_______________________________________ Afonso Paulo Mendonça Albuquerque, Esp.

Professor Orientador

______________________________________ Henrique Castelo Branco, Esp.

Professor Examinador

Fortaleza-CE

Dezembro, 2011

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A todos os aposentados, principalmente aos que mesmo em idade avançada continuam trabalhando para complementar a sua renda e prover o seu sustento.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dado forças e saúde para fazer este curso

aos sábados enquanto poderia estar em uma praia ou em algum outro lazer,

também por me ofertar sabedoria e conhecimento que possam ser compartilhados

com os mais fracos para equilibrar algumas desigualdades na busca pela Justiça.

Meus agradecimentos especiais ao Professor Afonso Paulo Mendonça pela

paciência, confiança, e atenção que me foi dedicada durante a orientação desta

monografia e ao professor Henrique Castelo Branco, por sua dedicação, amizade e

por ter aceitado participar de minha banca examinadora.

A todos os meus professores e à Faculdade Ateneu, pela excelente formação que me proporcionaram.

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“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?”

Charles Chaplin

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RESUMO

A importância desta monografia cujo tema é “a desaposentação do trabalhador inserido no regime geral de previdência social e a busca por uma aposentadoria mais justa”, está na falta de legalização desse novo benefício aos segurados que buscam por uma aposentadoria mais justa e que mantenha a dignidade do trabalhador enquanto pessoa humana, garantida principalmente pela Constituição Federal de 1988 na medida em que há um desrespeito aos direitos fundamentais e sociais. Há uma grande divergência em relação à concessão da desaposentação aos segurados, alguns doutrinadores, em consonância com o INSS, entendem que a aposentadoria por ser um ato juridicamente perfeito não pode ser desfeita, tendo em vista a segurança jurídica e os prejuízos financeiros que esse novo benefício iria trazer e caso haja a renúncia por parte do segurado aposentado para a busca deste novo benefício o segurado deve devolver os valores até então recebidos, alegam ainda, que os segurados aposentados que continuam a exercer atividade remunerada têm a obrigação de contribuir em respeito ao princípio da solidariedade, de outra forma outros doutrinadores entendem que é possível a desaposentação do segurado para que este obtenha um novo benefício mais justo e que este benefício não se dará de forma cumulativa ou gratuita, tendo em vista que o segurado irá renunciar ao benefício atual para obter um novo benefício e, para tanto, continuou contribuindo de forma compulsória, ademais, ao suscitar o princípio da solidariedade estão esquecendo-se de respeitar o princípio da contrapartida. Não há que se falar em insegurança jurídica, pois a segurança jurídica é a manutenção de uma garantia sem que esta seja prejudicada ou diminuída e o que se busca e melhorar a condição de vida do trabalhador que ao aposentar-se, na maioria das vezes, tem uma vida indigna, o que fere os direitos fundamentais contidos na Constituição Federal do Brasil de 1988. Também, não há que se falar em devolução dos valores recebidos a título de aposentadoria tendo em vista que o benefício foi regularmente concedido, sem vícios, além de ter caráter alimentar. Sabe-se que não existe direito absoluto e que a Constituição não tem o objetivo de prejudicar o trabalhador e sim protegê-lo e desta forma a Constituição deve ser usada a favor do segurado e não contra ele. Palavras-chave: Previdência Social. Aposentadoria. Renúncia. Desaposetação.

Dignidade.

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ABSTRACT

The importance of this monograph whose theme is "the desaposentação worker inserted in the general social security system and the search for a retirement more fair", is the lack of legalization of this new benefit to insured persons who are looking for a retirement more just and to maintain the dignity of the worker as a person, primarily guaranteed by the Federal Constitution of 1988 in that there is a disregard for fundamental and social rights. There is a great divergence in relation to the granting of desaposentação to insured persons, some doutrinadores, in line with the INSS, understand that retirement by being an act legally perfect cannot be undone, with a view to legal security and the financial losses that this new benefit would bring and if there is a waiver by the insured retired to the search for this new benefit the insured must pay back the values up to then received, allege that the insured retired who continue to exercise remunerated activity has the obligation to contribute in respect to the principle of solidarity, in another way other doutrinadores understand that it is possible to desaposentação of insured for that he gets a new benefit more fair and This benefit will not be cumulative or free, having in mind that the insured will waive the benefit current to obtain a new benefit, and to be so, continued contributing so compulsory, moreover, to raise the principle of solidarity are forgetting to respect the principle of contrast. There will be no need to talk to legal uncertainty, because the legal certainty and the maintenance of a security without which it is to be impaired or reduced and the search for and improve the condition of life of the worker to retire, most of the times, it has a life unworthy, which violates the fundamental rights contained in the Federal Constitution of Brazil in 1988. Also, we should not speak on reimbursement of the amounts received by way of retirement with a view that the benefit was regularly granted, without vices, in addition to having character food. It is known that there is no absolute right and that the Constitution does not have the objective of undermining the worker, but protects it and this is the way the Constitution has to be used in favor of the insured and not against him.

KeyWords: Social Security. Retirement. Resignation. Desaposentação. Dignity.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

1. SISTEMA DA SEGURIDADE SOCIAL 15

1.1. Subsistema contributivo: previdência social 16

1.2. Sistema não-contributivo: assistência social e saúde 17

1.3. Financiamento da Seguridade Social 20

2. REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 21

2.1. Regimes Próprios de previdência social – RPPS 21

2.2. RGPS – Regime Geral de Previdência Social 22

2.2.1 Beneficiários do RGPS 22

2.2.1.1. Segurados obrigatórios 24

2.2.1.2. Segurados facultativos 24

2.3. Regime de Previdência Complementar 25

3. ESPÉCIES DE APOSENTADORIA DO RGPS 27

3.1. Aposentadoria por idade 27

3.2. Aposentadoria por tempo de contribuição 28

3.3. Aposentadoria especial 30

3.4. Aposentadoria por invalidez 32

4. DESAPOSENTAÇÃO 34

4.1. Conceito 34

4.2. Diferença entre Renúncia e Desaposentação 36

4.3. Diferença entre Desaposentação e Revisão de Benefícios 37

4.4. As modalidades de desaposentação e seus objetivos 38

4.5 A legalidade da desaposentação e a dignidade da pessoa humana 41

4.6 Entendimentos e Posicionamentos sobre a desaposentação 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS 51

REFERÊNCIAS 54

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INTRODUÇÃO

Nesta monografia objetiva-se falar da desaposentação do trabalhador inserido

no regime geral de previdência social, trazendo seu conceito, seu objetivo, quem

pode requerer esse novo benefício, quais os riscos e vantagens dessa opção, bem

como os posicionamentos de doutrinadores e tribunais sobre o assunto.

Entende-se por desaposentação a possibilidade que o segurado tem de

renunciar a aposentadoria atual com o objetivo de obter um benefício mais justo e

mais vantajoso financeiramente no regime em que se encontra ou em outro regime

previdenciário.

Esse tema é muito relevante, pois não afeta somente ao aposentado que se

sente injustiçado e quer uma aposentadoria mais justa financeiramente, mas

àqueles que ingressaram em um serviço público através de concurso, por exemplo,

que de certa forma lhe trará mais vantagens e deseja sair do atual regime e após um

determinado tempo de contribuição nesse novo regime decide optar por uma nova

aposentadoria, em outro regime, bem como àqueles que se aposentaram de forma

proporcional ou tiveram algum prejuízo financeiro no cálculo de sua aposentadoria.

A desaposentação é um instituto novo no ordenamento jurídico, que ocorre

por vontade do segurado em obter uma nova aposentadoria, que pode ser: uma

nova aposentadoria se submetendo às regras atuais; uma aposentadoria para o

futuro; ou seja, continua trabalhando e vai se aposentar em data futura; ou uma

aposentadoria com retroação da data de início do benefício – DIB, por algum erro

ocorrido no cálculo de seu benefício quando de sua concessão, ou seja, uma nova

aposentadoria com revisão de uma data pretérita, porém este instituto vem sendo

constantemente negado pelo INSS, devido esse órgão entender que se trata de um

ato jurídico perfeito, além de não ter previsão legal sobre o assunto.

O Poder Judiciário vem permitindo a desaposentação e concedendo

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simultaneamente uma nova aposentadoria aos que buscam o judiciário.

Procurar-se-á, durante o capítulo 1, estabelecer qual a importância da

seguridade social, enquanto sistema contributivo e a quem se destina, em seguida

se verificará como funciona a assistência social e a saúde, enquanto um subsistema

não-contributivo, com base na Constituição Federal do Brasil de 1988, observando

quais os principais benefícios e beneficiários deste subsistema não-contributivo e

como se dá o custeio da previdência social.

No capítulo 2, se discutirá os regimes de previdência social, dando ênfase

principal ao RGPS, onde se verificarão quais os beneficiários e dependentes de

regime, como ocorre a filiação a este sistema, quais os principais benefícios

oferecidos e em seguida, de forma sucinta, se verificará o funcionamento e a quem

se destinam os regimes próprios e complementares de previdência social.

No capítulo 3, se verificará as espécies de aposentadoria do RGPS,

identificando a quem se destinam, quais a principais características de cada espécie

e quais os requisitos para sua obtenção.

Finalmente no capítulo 4, tratará da desaposentação, momento em que será

estudado o seu conceito, quando é possível, qual a sua finalidade e tipos de

desaposentação de acordo com os objetivos do segurado, estabelecendo a

diferença entre desaposentação, renúncia e revisão de benefícios, trazendo-se os

posicionamentos e jurisprudências sobre o tema e verificando até que ponto a

negativa à desaposentação fere a dignidade da pessoa humana, bem como quais os

tipos de aposentadoria podem ser renunciadas para se pleitear uma nova

aposentadoria.

Deve-se levar em consideração que por ser um assunto novo e não ter

previsão legal o INSS vem constantemente negando os pedidos de desaposentação

que lhe são enviados administrativamente alegando que se trata de um ato jurídico

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perfeito e, portanto, irreversível, porém os Tribunais vêm concedendo essa

desaposentação e simultaneamente concedendo uma nova aposentadoria mais

justa financeiramente.

Esse posicionamento do INSS também é defendido por alguns autores como

Hely Lopes Meireles e Martinez que defendem que a aposentadoria é um ato jurídico

perfeito, irreversível e irrenunciável e caso esse ato seja desfeito o segurado deve

devolver o valor já recebido a título de aposentadoria , mas outros autores como

Ladenthin, Viviane Masotti, Eduardo Rocha Dias entendem que por se tratar de

natureza patrimonial e alimentar os valores não devem ser devolvidos, ademais, os

segurados que buscam uma nova aposentadoria, na maioria das vezes, continuaram

trabalhando e contribuindo para a previdência social, então esse novo benefício não

seria gratuito, muito menos cumulativo, mas apenas recalculado com base nas

novas contribuições de uma forma mais justa.

Para o desenvolvimento desta monografia foi necessário um estudo profundo

sobre a desaposentação, buscando-se vários posicionamentos, doutrinas, decisões

e jurisprudências, a fim de se responder aos seguintes questionamentos: O

trabalhador inserido no RGPS que continuou trabalhando e contribuindo para a

Previdência Social tem direito de obter um novo benefício com base nessas novas

contribuições? Haverá algum prejuízo financeiro para o INSS se este novo benefício

for concedido? Uma negativa do INSS à concessão desse novo benefício não

estará diminuindo a dignidade humana e, portanto, afrontando à Constituição

Federal do Brasil de 1988 que prevê respeito à dignidade humana? Qual a posição

dos doutrinadores e aplicadores do direito sobre a desaposentação e a concessão

de um novo benéfico mais justo?

A pesquisa foi realizada com fundamentação na Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, na Lei 8.213/91, Decreto 3.048, no Estatuto do Idoso,

e diversas doutrinas e jurisprudências que tratam do assunto, nos quais se buscou

identificar o direito a um benefício de aposentadoria mais justo, a posição dos

doutrinadores e dos operadores do direito sobre o assunto, sem se esquecer de

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tratar da dignidade do trabalhador.

Não se pretende defender que novos benefícios sejam concedidos, de forma

cumulativa, indiscriminada e sem que o segurado tenha continuado contribuindo

junto a previdência social para obter esse novo benefício, mas que é um direito de

todos os segurados buscarem a proteção do judiciário para defender seus direitos e

corrigir injustiças. Bem como, não se pretende trazer uma insegurança jurídica para

os atos jurídicos já concluídos e, portanto perfeitos, violando-se a Constituição

Federal do Brasil de 1988, mas identificar o que é melhor para o aposentado e que a

Constituição não foi criada para dificultar a vida das pessoas, mas para proteger e

garantir a dignidade destas.

O objetivo principal deste trabalho é fazer uma análise sobre a

desaposentação, verificando em que condições esta irá trazer mais vantagens para

o segurado, bem como quais os cuidados que o segurado deve ter ao pedir a

desaposentação e requerer um novo benefício.

Os aspectos metodológicos utilizados nesta monografia foram por meio de

pesquisas do tipo bibliográfica, da análise de obras já publicadas, doutrinas, artigos

científicos e periódicos, que abordam o tema. No que diz respeito à tipologia da

pesquisa, quanto à utilização de resultados é pura, haja vista que busca aumentar o

conhecimento do pesquisador para uma nova tomada de posição; quanto à

abordagem, é qualitativa, pois procura na pesquisa subjetiva um maior

conhecimento a respeito do tema; quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva,

porque busca uma explicação para a desaposentação de acordo com os objetivos

do segurado, bem como os cuidados que este deve ter, com base em interpretação

dos fatos, visto que também se descreverão os fenômenos e suas características, e

também exploratória, considerando que foram definidos os objetivos na busca de

maiores informações sobre o tema.

Para fins didáticos, a presente monografia foi dividida em quatro capítulos,

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distribuídos da seguinte forma: O primeiro capítulo, intitulado “Sistema da

Seguridade Social”, que vai abordar a saúde e assistência social como um dever do

Estado e um direito universal de todos; a previdência social e sua forma de custeio.

O segundo capítulo, intitulado “Regimes de Previdência Social”, no qual serão

discutidos os diferentes regimes de previdência com maior ênfase no RGPS, no

qual, também, serão analisados os beneficiários e seus dependentes, e de forma

mais sucinta o RPPS e Regime Complementar.

O terceiro capítulo, intitulado de “Espécies de Aposentadoria”, vai abordar os

diferentes tipos de aposentadoria, condições e requisitos para concessão de cada

uma delas.

O quarto e último capítulo, intitulado de “Desaposentação”, vai abordar o

conceito de desaposentação, a diferença entre renúncia, revisão e desaposentação,

as vantagens e desvantagens de uma desaposentação e a dignidade do trabalhador

em relação a uma negativa de desaposentação.

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1. SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL

De acordo com a Constituição Federal do Brasil de 1988 (art. 22, XXIII),

compete privativamente à União legislar sobre seguridade social sendo que, de

acordo com o parágrafo único do artigo supracitado, lei complementar poderá

autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas da seguridade social.

Compete, então, à União, Estados e ao Distrito Federal legislar

concorrentemente sobre previdência social, proteção e defesa da saúde, nos termos

do art. 24 da atual Constituição brasileira. Observa-se que a União irá se limitar a

estabelecer normas gerais (CF, art. 24,§1º).

Embora não se fale em competência legislativa em relação aos municípios no

art. 24 da CF/88, os municípios são dotados de competência legislativa suplementar

em matéria de previdência social e saúde, tendo em vista a previsão constitucional

constante no art. 30, I e II, em que estabelece que os municípios podem legislar

sobre assuntos de interesse local e complementar a legislação federal e estadual no

que couber.

A Constituição Federal do Brasil de 1988 já em seu preâmbulo indica o tipo de

Estado e suas finalidades, o que já assegura aos hipossuficientes, ao povo em geral

aqui no que se refere à proteção à saúde, bem como aos trabalhadores e seus

dependentes uma proteção, assistência e manutenção de uma qualidade de vida

digna na forma da lei.

Nós representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o Bem-Estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista, e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.

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Já o artigo 193 da CF/88 estabelece que a ordem social, tem como base o

primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social.

Neste sentido pode-se observar que é uma obrigação do Estado amparar as

pessoas que não têm capacidade de ter uma vida digna, e um dos meios do Estado

atingir os seus objetivos, ou seja, manter o bem-estar social é através do Sistema da

Seguridade Social, sistema esse que buscaria suprir as necessidades dos

desamparados.

O artigo 194 da CF/88 define Seguridade Social como sendo um conjunto

integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

A partir dessa definição Constitucional pode-se dizer que o Sistema da

Seguridade Social se subdivide em dois subsistemas: o contributivo e o não-

contributivo, que são formados pela previdência social, saúde e assistência social,

através de ações integradas dos poderes públicos e da sociedade.

1.1. O subsistema contributivo

O subsistema contributivo é formado pela previdência social, também

chamada de seguro social, que é uma técnica de proteção, contra as contingências

sociais, que são eventos que afetam a capacidade de subsistência do segurado ou

aumentam seus encargos.

A proteção se materializa em prestações que podem se benefícios, como por

exemplo, uma aposentadoria, uma pensão por morte do segurado, ou pode se

materializar na prestação de um serviço, como a reabilitação profissional. Neste

sentido a previdência social é um sistema de proteção, com o objetivo de assegurar

ao trabalhador benefícios e serviços quando o mesmo é atingido por uma

contingência social, mediante contribuição, ou seja, solidariedade social.

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1.2. O subsistema não-contributivo

O sistema não-contributivo formado pela assistência social e saúde.

O art. 3º do Decreto 3.048 define assistência social como sendo a política

social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à

família, à maternidade, a infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de

deficiência, independente de contribuição à previdência social.

A assistência social é uma forma de concessão aos hipossuficintes de meios

que satisfaçam suas necessidades vitais sem a contraprestação do assistido, ou

seja, tem por finalidade amparar quem se encontra em estado de necessidade,

como por exemplo, “o bolsa família’’ que é um programa assistencial do governo

federal voltado para pessoas carentes e em estado de necessidade. A Lei 8.742, de

07 de dezembro de 1993 (LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social), que dispõe

sobre a assistência social, estabelece que: é um direito do cidadão e uma obrigação

do Estado, sendo política de seguridade social não contributiva, que prevê os

mínimos sociais, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa

pública e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas (art.

1º), as necessidades básicas a que esta Lei se refere trata-se da proteção à família,

à infância, à adolescência, à velhice e a pessoa portadora de deficiência,

independente de contribuição à seguridade social.

A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS garante um valor assistencial,

correspondente a um salário mínimo, destinado a idosos, aqui considerados os

maiores de 65 (sessenta e cinco) anos, independente do sexo, e aos portadores de

alguma deficiência que limite sua capacidade para o trabalho, independente da

idade do assistido. Essas pessoas devem apresentar os requisitos para concessão

do benefício.

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No mesmo sentido o art. 4º da Lei 8212/91, também define assistência social

como a política que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em

proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa

portadora de deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social .

A Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003, Estatuto do Idoso, em seu parágrafo

único do art. 34 estabelece que o benefício já concedido a qualquer membro da

família, considerado idoso, não será computado para os fins do calculo da renda

familiar per capita a que se refere a Lei 8.742/93, esta Lei estabelece que a renda

per capita familiar para concessão do Benefício de Prestação Continuada -

BPC/LOAS não pode ser superior a ¼ do salário mínimo. Pode-se observar que em

obediência ao Estatuto do Idoso essa limitação não se aplica à família que tenha

mais de um idoso com a percepção do benefício assistencial.

O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC-LOAS, é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, pago pelo Governo Federal, cuja a operacionaliização do reconhecimento do direito é do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna. QUEM TEM DIREITO AO BPC-LOAS: - Pessoa Idosa - IDOSO: deverá comprovar que possui 65 anos de idade ou mais, que não recebe nenhum benefício previdenciário, ou de outro regime de previdência e que a renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente. - Pessoa com Deficiência - PcD: deverá comprovar que a renda mensal do grupo familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo, deverá também ser avaliado se a sua deficiência o incapacita para a vida independente e para o trabalho, e esta avaliação é realizada pelo Serviço Social e pela Pericia Médica do INSS. Para cálculo da renda familiar é considerado o número de pessoas que vivem na mesma casa: assim entendido: o requerente, cônjuge, companheiro(a), o filho não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido, pais, e irmãos não emancipados, menores de 21 anos e inválidos. O enteado e menor tutelado equiparam-se a filho mediante a comprovação de dependência econômica e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação. O benefício assistencial pode ser pago a mais de um membro da família desde que comprovadas todas a condições exigidas. Nesse caso, o valor do benefício concedido anteriormente será incluído no cálculo da renda familiar. O benefício deixará de ser pago quando houver superação das condições que deram origem a concessão do benefício ou pelo falecimento do beneficiário. O benefício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão aos dependentes. (www.previdencia.gov.br acesso 25.07.2011)

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Observa-se que há uma divergência entre os critérios de concessão do

benefício BPC/LOAS aos idosos de acordo com as regras da previdência e o de

2003, em seu parágrafo único do art. 34 estabelece que o benefício já concedido a

qualquer membro da família, considerado idoso, não será computado para os fins do

calculo da renda familiar per capita a que se refere a Lei 8.742/93, esta Lei por sua

vez estabelece que a renda per capita familiar para concessão do BPC/LOAS não

pode ser superior a ¼ do salário mínimo. Pode-se observar que em obediência ao

Estatuto do Idoso essa limitação não se aplica à família que tenha mais de um idoso

com a percepção do benefício assistencial, porém o INSS entende que essa

limitação de renda também se aplica ao idoso.

O Sistema não-contributivo também prevê a assistência à saúde da

população de forma gratuita e universal.

A saúde é um direito universal garantido pela Constituição Federal de 1988,

em seus artigos196 a 200, sendo um direito de todos e um dever do Estado.

Cabe ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre a prestação do serviço

de saúde à população, bem como sua regulamentação, fiscalização e controle,

devendo estabelecer como esse serviço vai ser oferecido aos necessitados, se

diretamente ou por intermédio de terceiros.

A política nacional de saúde é regulada pela Lei 8.142 de 28 de dezembro de

1990.

Aqui se pode observar que a assistência à saúde independe de condições

financeiras, devendo estar à disposição de quem dela necessite. Muitas vezes

pessoas quem têm condições financeiras, até mesmo um bom plano de saúde

procuram o serviço público de saúde e por este são atendidos, pois este

atendimento por ser universal e gratuito não lhes pode ser negado. Observa-se,

todavia, que mesmo sendo um direito universal garantido pela Constituição Federal

de 1988, o Estado poderia criar meios de ressarcimento ou compensação para que

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os que têm poder aquisitivo e plano de saúde utilizem o serviço público de saúde,

mas de forma compensatória, desta forma os hipossuficientes poderiam utilizar

melhor o serviço de saúde sem a atual demora e superlotação que ocorre no serviço

público de saúde atualmente.

1.3. Financiamento da Seguridade Social

O custeio da Seguridade Social se dá por meio de contribuições. Tem como

segurados obrigatórios o trabalhador.

O art. 201 da Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece que a

previdência social seja organizada sob a forma de regime geral, de caráter

contributivo e filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial.

No mesmo sentido e referindo-se aos regimes próprios o artigo 40 da

Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece que aos servidores titulares de

cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

incluídas suas autarquias e fundações é assegurado o regime de previdência e

caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos

servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem

o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

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2. REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Existem diversos regimes de previdência social com regras diferenciadas e

proteções estabelecidas de acordo com o regime em que o trabalhador está inserido

e a atividade exercida.

Existe o regime de previdência privada e o regime de previdência pública. A

previdência privada está definida no art. 202 da Constituição Federal e se organiza

de forma autônoma e também é chamada de previdência complementar e não é

obrigatória, podendo ser aberta ou fechada.

O regime de previdência pública por sua vez, conhecida como previdência

social, se subdivide em dois regimes: o RGPS – regime geral de previdência social;

e RPPS – regime próprio de previdência social destinado aos servidores públicos

ocupante de cargos efetivos.

2.1. Regimes Próprios de Previdência Social

O regime próprio de previdência social está disciplinado no art. 40 da

Constituição Federal, destinando-se apenas aos servidores de cargo efetivo, pois os

servidores ocupantes de cargos comissionados, bem como os temporários ou

empregados públicos estão sujeitos aos RGPS.

O art. 40 da Constituição Federal estabelece que aos servidores titulares de

cargo efetivo da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, incluindo suas

autarquias e fundações, é assegurado o regime próprio de previdência social,

todavia os servidores efetivos não amparados por regime próprio de previdência

social por não ter o ente público este sistema de amparo pertencerão ao regime

geral de previdência social.

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2.2. Regime Geral de Previdência Social – RGPS

O regime geral de previdência social abrange obrigatoriamente todos os

trabalhadores da iniciativa privada, sendo regido pela Lei 8.213 de 1991, visando a

cobertura através de meios de subsistência e benefícios da perda da capacidade do

trabalhador.

Esse regime é composto por segurados obrigatórios e facultativos.

Segundo Castro (2005, p. 102):

O RGPS tem filiação compulsória e automática para os segurados

obrigatórios, permitindo, ainda, que pessoas que não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regimes próprios de previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando também a serem filiados ao RGPS. É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade de atendimento – art. 194, I, da Constituição.

Desta forma se pode observar que suas principais características são: filiação

obrigatória e automática para os segurados obrigatórios; aberta à participação de

segurados facultativos, obedecendo ao princípio da universalidade e aos requisitos

para esta modalidade de segurado; regime público de repartição simples, ou seja, os

trabalhadores ativos contribuem para o atendimento dos inativos, cumprindo o

princípio da solidariedade.

É importante lembrar que para pessoas que queiram se inscrever como

segurado facultativo no RGPS essa pessoa não pode fazer parte ou ser filiado em

nenhum regime próprio de previdência.

2.2.1. Beneficiários do RGPS

Beneficiário é o gênero que comporta duas espécies: segurado e dependente.

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Os segurados por sua vez se dividem em obrigatórios e facultativos. São

segurados obrigatórios todos aqueles que exercem atividade remunerada como o

empregado, o empregado doméstico, o avulso, o contribuinte individual e o segurado

especial; são considerados segurados facultativos aqueles que mesmo não

exercendo uma atividade remunerada, tem a opção de se tornar, mediante

contribuições, segurados da previdência social.

Todas as pessoas naturais que exercem atividades remuneradas lícitas são

obrigadas a contribuir para a Previdência Social, já as que exercem atividade não

remunerada não são obrigadas a contribuir, mas se quiserem podem contribuir na

condição de facultativo.

Desta forma, tanto os trabalhadores quanto as pessoas maiores de dezesseis

anos de idade podem ser segurados da previdência social o que lhes dará direito em

caso de uma contingência social que lhe traga uma incapacidade para o trabalho ou

lhe reduza esta condição, como por exemplo, uma doença, invalidez, velhice, morte

entre outras contingências a dispor de um benefício previdenciário que o mantenha

financeiramente.

Os dependentes por sua vez, são todas aquelas pessoas que vivem sob a

dependência econômica do segurado.

Neste sentido Felipe (1999, p. 44), define dependência econômica como

sendo: “a situação pela qual os dependentes vivem a expensas dos segurados, de

modo que na falta dos rendimentos dos últimos, o benefício previdenciário venha a

amparar os primeiros”.

No mesmo sentido Castro (2005, p. 190), complementa que:

Os dependentes são pessoas que, embora não contribuindo para a Seguridade Social, a Lei de Benefícios elenca como possíveis beneficiários

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do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, fazendo jus às seguintes prestações: pensão por morte, auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação profissional.

2.2.1.1. Segurados obrigatórios

São segurados obrigatórios, nos termos do art. 9º do Dec. 3.048, todos os

trabalhadores urbanos e rurais que exercem atividade remunerada incluída no

Regime Geral da Previdência Social, que são classificados como:

Empregados;

Empregado doméstico;

Contribuinte individual;

Trabalhador Avulso;

Segurado Especial.

2.2.1.2. Segurados facultativos

De acordo com o art. 11 do Decreto 3.048, considera-se segurados

facultativos aqueles que tenham mais de dezesseis anos deidade, que não exerçam

atividade remunerada que o classifique como segurado obrigatório, e que de livre e

espontânea vontade decida filiar-se ao RGPS, mediante contribuição. Podem filiar-

se ao RGPS facultativamente, além de outros:

A dona de casa;

O síndico de condomínio, quando não remunerado;

O estudante;

Aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;

O bolsista e o estagiário que prestam serviços às empresas, nos

termos da Lei 6.494 de 1977;

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O bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de

especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou

no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de

previdência social;

O presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja

vinculado a qualquer regime da previdência social.

É proibida a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de

pessoa participante de regime próprio da previdência social, exceto em caso de

afastamento sem vencimento.

A filiação ao RGPS na qualidade de segurado facultativo é um ato de vontade,

não obrigatório, gerando efeito somente após a inscrição e pagamento da primeira

contribuição.

2.3. Regime de Previdência Complementar

A previdência complementar é regulada pela Lei nº 109/2001, que estabelece

em seu art. 1º, os mesmos princípios do art. 202 da Constituição Federal de 1988,

quais sejam, o caráter complementar do regime privado e autonomia deste em

relação ao regime geral previdenciário, assim como a facultatividade no ingresso e a

necessidade de contribuição de reservas que garantam a concessão de benefícios.

Castro (2005, p. 104), entende por entidade de previdência privada: “as que

têm por objetivo principal instituir e executar planos privados de benefícios de

caráter previdenciário”, devendo esta ter autorização governamental prévia para seu

funcionamento nos termos dos artigos 33, I e 38, I da Lei 109/2001”.

A previdência complementar pode ser aberta ou fechada.

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Ela é fechada quando se destina a empregados de uma determinada

empresa, associados ou entidades de classe, cujo custeio é feito pelos participantes

e o patrocinador. Como, por exemplo, a OABprev destinada aos advogados, o

Postalprev, destinado aos empregados dos Correios.

Já a previdência complementar aberta é aquela disponibilizada por

instituições financeiras, sob a forma de renda continuada ou pagamento único para

interessados que mediante contribuição mensal. A previdência pode ser contratada

por qualquer pessoa sem limitação de acesso.

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3. ESPÉCIES DE APOSENTADORIA DO RGPS

As espécies de aposentadoria do regime geral da previdência social são as

seguintes: aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição,

aposentadoria especial e aposentadoria por invalidez.

3.1. Aposentadoria por idade

Desde que cumprida a carência exigida, que em regra é de 180 (cento e

oitenta) contribuições mensais, a aposentadoria por idade será devida ao segurado

urbano que completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, ou 60

(sessenta) anos, se mulher.

Aos trabalhadores rurais é devida ao homem aos 60 (sessenta) anos e à

mulher aos 55 (cinqüenta e cinco) anos.

Essa modalidade de aposentadoria se dará de forma compulsória em ambos

os casos aos 70 (setenta) anos se homem e 65 (sessenta e cinco) anos se mulher.

A aposentadoria por idade será devida ao segurado empregado, inclusive o

doméstico a partir do desligamento do emprego, quando requerida até noventa dias

após esse desligamento, ou a partir da DER – data de entrada requerimento,

quando não houver desligamento do emprego ou for requerido após os 90 (noventa)

dias de afastamento do emprego.

Para os demais segurados a aposentadoria por idade será devida a partir da

DER.

A aposentadoria por idade poderá ser decorrente da transformação de uma

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aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, desde que cumprida a carência e

requerida pelo segurado.

A página da Previdência Social, na internet, explica detalhadamente as

condições e requisitos para que se obtenha a aposentadoria por idade.

Aposentadoria por idade

Têm direito ao benefício os trabalhadores urbanos do sexo masculino a partir dos 65 anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais podem pedir aposentadoria por idade com cinco anos a menos: a partir dos 60 anos, homens, e a partir dos 55 anos, mulheres. Para solicitar o benefício, os trabalhadores urbanos inscritos na Previdência Social a partir de 25 de julho de 1991 precisam comprovar 180 contribuições mensais. Os rurais têm de provar, com documentos, 180 meses de atividade rural. Os segurados urbanos filiados até 24 de julho de 1991, devem comprovar o número de contribuições exigidas de acordo com o ano em que implementaram as condições para requerer o benefício, conforme tabela abaixo. Para os trabalhadores rurais, filiados até 24 de julho de 1991, será exigida a comprovação de atividade rural no mesmo número de meses constantes na tabela. Além disso, o segurado deverá estar exercendo a atividade rural na data de entrada do requerimento ou na data em que implementou todas as condições exigidas para o benefício, ou seja, idade mínima e carência. Observação: O trabalhador rural (empregado e contribuinte individual), enquadrado como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário-mínimo, até 31 de dezembro de 2010, desde que comprove o efetivo exercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, em número de meses igual à carência exigida. Para o segurado especial não há limite de data. Segundo a Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de aposentadoria por idade, desde que o trabalhador tenha cumprido o tempo mínimo de contribuição exigido. Nesse caso, o valor do benefício será de um salário mínimo, se não houver contribuições depois de julho de 1994. Nota: A aposentadoria por idade é irreversível e irrenunciável: depois que receber o primeiro pagamento, ou sacar o PIS e/ou o Fundo de Garantia (o que ocorrer primeiro), o segurado não poderá desistir do benefício. O trabalhador não precisa sair do emprego para requerer a aposentadoria. (www.previdencia.gov.br Acesso: 25. Jul. 2011.)

3.2. Aposentadoria por tempo de contribuição

A aposentadoria por tempo de contribuição é assegurada aos trabalhadores

do RGPS após 35 anos de contribuição, no caso de homem, e após 30 anos de

anos de contribuição se mulher. É importante lembrar que o professor que

comprovar tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação

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infantil e no ensino fundamental e médio terá o tempo de contribuição reduzido em

05 (cinco) anos, devendo o homem se aposentar com 30 anos de contribuição na

função efetiva de professor e a mulher com 25 anos de contribuição na função

efetiva de professora, conforme estabelece o art. 201 da CF/88 (com redação dada

pela EC 20/98).

O tempo de contribuição é espaço de tempo que ocorre desde a data de

admissão ou exercício de atividade remunerada pelo segurado obrigatório ou da

inscrição e pagamento da primeira contribuição, em se tratando segurado facultativo.

São contados como tempo de contribuição:

O período de exercício de atividade remunerada abrangida pela previdência

social; o período em que o segurado esteve recebendo auxílio doença ou

aposentadoria por invalidez, intercalado entre períodos de atividade; o tempo de

serviço militar, desde que esse tempo não seja contado para a inatividade

remunerada no serviço militar; o período em que a gestante estava recebendo

salário-maternidade; o período de contribuição como segurado facultativo; o período

de afastamento da atividade de segurado anistiado; o período em o segurado esteve

recebendo benefício por acidente de trabalho, intercalado ou não; o tempo de

serviço do segurado trabalhador rural anterior a novembro de 1991; entre outros nos

termos da lei.

A página da Previdência Social, na internet, explica detalhadamente as

condições e requisitos para que se obtenha a aposentadoria por tempo de

contribuição, bem como deve proceder o segurado para requerer este tipo de

aposentadoria:

Aposentadoria por tempo de contribuição Pode ser integral ou proporcional. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher, 30 anos. Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador tem que combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima. Os homens podem requerer aposentadoria proporcional aos 53 anos de

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idade e 30 anos de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição. As mulheres têm direito à proporcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 25 anos de contribuição. Para ter direito à aposentadoria integral ou proporcional, é necessário também o cumprimento do período de carência, que corresponde ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício. Os inscritos a partir de 25 de julho de 1991 devem ter, pelo menos, 180 contribuições mensais. Os filiados antes dessa data têm de seguir a tabela progressiva. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. Nota: a aposentadoriaia por tempo de contribuição é irreversível e irrenunciável: depois que receber o primeiro pagamento, sacar o PIS ou o Fundo de Garantia (o que ocorrer primeiro), o segurado não poderá desistir do benefício. O trabalhador não precisa sair do emprego para requerer a aposentadoria. Como requerer aposentadoria por tempo de contribuição O benefício pode ser solicitado por meio de agendamento prévio pela Central 135, pelo portal da Previdência Social na Internet ou nas Agências da Previdência Social, mediante o cumprimento das exigências legais. De acordo com o Decreto 6.722, de 30 de dezembro de 2008, os dados constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS valem para todos os efeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço ou de contribuição e salários-de-contribuição, podendo, em caso de dúvida, ser exigida pelo INSS a apresentação dos documentos que serviram de base à anotação. Da mesma forma, o segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a inclusão, exclusão ou retificação das informações constantes do CNIS com a apresentação de documentos comprobatórios dos dados divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS. As informações sobre seus dados no CNIS poderão ser obtidas na Agência Eletrônica de Serviços aos Segurados no portal da Previdência Social, na opção “Extrato de Informações Previdenciárias" mediante senha de acesso obtida através de agendamento do serviço pelo telefone 135 ou na Agência

da Previdência Social de sua preferência. (www.previdencia.gov.br Acesso: 25. Jul. 2011.)

3.3. Aposentadoria especial

A aposentadoria especial será devida ao segurado empregado, trabalhador

avulso e ao contribuinte individual (participante de cooperativa de trabalho ou

produção) que tenha trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco)

anos, sujeitos a condições especiais que prejudiquem sua saúde ou integridade

física, de acordo com o grau de exposição aos agentes nocivos estabelecidos na Lei

8213/91, ou a estes equiparados, de modo habitual e permanente.

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A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será

feita mediante a emissão, pela empresa, do perfil profissiográfico previdenciário,

com base em laudo técnico de condições ambientais e trabalho expedido por médico

do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

A página da Previdência Social, na internet, explica detalhadamente as

condições e requisitos para que o segurado obtenha a aposentadoria na modalidade

especial.

Aposentadoria Especial Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos). A aposentadoria especial será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção. Além disso, a exposição aos agentes nocivos deverá ter ocorrido de modo habitual e permanente, não ocasional nem intermitente. Para ter direito à aposentadoria especial, é necessário também o cumprimento da carência, que corresponde ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício. Os inscritos a partir de 25 de julho de 1991 devem ter, pelo menos, 180 contribuições mensais. Os filiados antes dessa data têm de seguir a tabela progressiva. A perda da qualidade de segurado não será considerada para concessão de aposentadoria especial, segundo a Lei nº 10.666/03. A comprovação de exposição aos agentes nocivos será feita por formulário denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa ou seu preposto, com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. O que é perfil profissiografico previdenciário – PPP? O PPP é o documento histórico-laboral do trabalhador que reúne dados administrativos, registros ambientais e resultados de monitoração biológica, entre outras informações, durante todo o período em que este exerceu suas atividades. Deverá ser emitido e mantido atualizado pela empresa empregadora, no caso de empregado; pela cooperativa de trabalho ou de produção, no caso de cooperado filiado; pelo Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO), no caso de trabalhador avulso portuário e pelo sindicato da categoria, no caso de trabalhador avulso não portuário. O sindicato da categoria ou OGMO estão autorizados a emitir o PPP somente para trabalhadores avulsos a eles vinculados. Os antigos formulários para requerimento de aposentadoria especial (SB-40, DISES-BE 5235, DSS-8030 e DIRBEN 8030) somente serão aceitos pelo INSS para períodos laborados até 31/12/2003 e desde que emitidos até esta data, segundo os respectivos períodos de vigência. Para os períodos trabalhados a partir de 1º/1/2004 ou formulários emitidos após esta data, será aceito apenas o PPP. O PPP poderá conter informações de todo o período trabalhado, ainda que exercido anteriormente a 1º/1/2004. trabalhador em caso de rescisão do contrato de trabalho ou de desfiliação da cooperativa, sindicato ou Órgão Gestor de Mão-de-Obra.

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O segurado que tiver exercido sucessivamente duas ou mais atividades em condições prejudiciais à saúde ou integridade física, sem completar em qualquer delas o prazo mínimo para aposentadoria especial, poderá somar os referidos períodos seguindo a seguinte tabela de conversão, considerada a atividade preponderante. (www.previdencia.gov.br Acesso: 25. Jul. 2011.)

3.4. Aposentadoria por invalidez

A aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que, estando ou não em

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e não tenha condições de ser

reabilitado para exercer outras atividades que lhe garantam a subsistência (art. 42

da Lei 8.213/91).

É um benefício devido ao segurado a partir do dia seguinte ao da cessação

do auxílio-doença e caso não seja precedido de auxílio-doença, onde a perícia de

pronto conclua pela incapacidade total do segurado, a partir do 16º dia de

afastamento para o segurado empregado e a partir da data de início da

incapacidade para os demais segurados.

Deve ser cumprida a carência exigida, porém quando se tratar de invalidez de

natureza acidentária essa carência não é exigida.

A comprovação da incapacidade será feita através de perícia médica sob a

responsabilidade da previdência social, que após concluir a perícia médica verificar

que existe a incapacidade total e definitiva para o trabalho concederá a

aposentadoria por invalidez, esse benefício será pago enquanto o segurado

permanecer nesta condição.

A aposentadoria por invalidez será devida ao segurado empregado a partir do

16º dia de afastamento do trabalho; já para o segurado empregado doméstico,

contribuinte individual, trabalhador avulso, segurado especial ou facultativo a

aposentadoria por invalidez será concedida a contar da data da incapacidade. Em

ambos os casos, se o processo de concessão demorar mais de trinta dias a

concessão será a partir da data de entrada do requerimento (DER).

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O segurado aposentado por invalidez fica obrigado a fazer exames médicos

periódicos, a cada dois anos, a cargo da previdência social sob pena de suspensão

do benefício.

A página da Previdência Social, na internet, explica detalhadamente as

condições e requisitos para que o segurado obtenha a aposentadoria por invalidez.

Aposentadoria por invalidez Benefício concedido aos trabalhadores que, por doença ou acidente, forem considerados pela perícia médica da Previdência Social incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento. Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resultar no agravamento da enfermidade. Quem recebe aposentadoria por invalidez tem que passar por perícia médica de dois em dois anos, se não, o benefício é suspenso. A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recupera a capacidade e volta ao trabalho. Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem que contribuir para a Previdência Social por no mínimo 12 meses, no caso de doença. Se for acidente, esse prazo de carência não é exigido, mas é preciso estar inscrito na Previdência Social. (www.previdencia.gov.br. Acesso: 25. Jul. 2011.)

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4. DESAPOSENTAÇÃO

4.1. Conceito

É a possibilidade do segurado do RGPS ou de outro regime, uma vez

aposentado, abdicar temporariamente aos proventos de sua aposentadoria, para

pleitear uma nova aposentadoria mais vantajosa financeiramente, incluindo o tempo

dessa aposentadoria atual no cômputo para a nova aposentadoria.

Nesse sentido Ibrahim (2005, p. 35) define desaposentação, como: “a

possibilidade do segurado renunciar à aposentadoria com o propósito de obter

benefício mais vantajoso, no RGPS ou RPPS, mediante a utilização de seu tempo

de contribuição, como objetivo de melhoria do status financeiro do aposentado”.

No mesmo sentido Ladenthin (2010, p. 60) conceitua a desaposentação

como: “a renúncia ao benefício concedido para que o tempo de contribuição

vinculado a este ato de concessão possa ser liberado, permitindo o seu cômputo em

um novo benefício, mais vantajoso”.

A partir destes conceitos, pode-se observar que ao renunciar à aposentadoria,

o ato administrativo de aposentação é desfeito e conseqüentemente, o que se

espera, é que o tempo de serviço que estava vinculado a este ato fique liberado para

que seja calculada uma nova aposentadoria.

O objetivo da desaposentação é obter uma aposentadoria mais justa, ou seja,

mais vantajosa financeiramente, utilizando na contagem desse novo benefício as

contribuições anteriormente já calculadas e as contribuições vertidas ao sistema

enquanto o segurado já se encontrava aposentado.

Entende Ladenthin (2010, p. 73-74) que:

Essa busca pela desaposentação é a busca por um melhor benefício previdenciário, e ocorre quando o valor do benefício recebido pelo aposentado já não é mais suficiente para que este mantenha o padrão de vida que tinha quando o benefício foi concedido, condizente com o valor dos salários de contribuição vertidos ao sistema; posteriormente, com a sua continuidade no mercado de trabalho.

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A desaposentação deve ser requerida pelo segurado que após aposenta-se

continuou trabalhando por vários anos e contribuindo conforme é previsto no artigo

12, parágrafo 4º, da Lei 8.213/91, sem que essas contribuições gerassem algum

acréscimo em seu benefício.

Porém não existe previsão legal para este instituto na Lei 8.213/1991, nem no

Decreto 3.048/1999 que dispõe em seu artigo 181-B que as aposentadorias por

idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela Previdência Social, na

forma deste regulamento são irreversíveis e irrenunciáveis. Motivo pela qual é

negada pelos órgãos administrativos.

Essa impossibilidade aqui estabelecida, no artigo 181-B do Decreto 3.048/91,

não pode prevalecer, como será analisado no decorrer de capítulo, uma vez que a

aposentadoria é um direito patrimonial e como tal é renunciável, ademais, o artigo

201 da Constituição Federal de 1988, estabelece que a previdência social organiza-

se em caráter contributivo e de filiação obrigatória, assim o justo é que o

aposentado, que continua trabalhando e contribuindo, tenha o direito de buscar uma

aposentadoria mais favorável com base nesses novos recolhimentos à previdência

social. Ademais, não se pode generalizar e estender essa proibição de renúncia e

reversão ao benefício da aposentadoria se aplique a todos os tipos de

aposentadoria, até porque um decreto não pode ter força de lei e estabelecer uma

norma não prevista em lei, pois não existe lei proibindo que o segurado renuncie a

sua aposentadoria.

O INSS argumenta também que haveria uma quebra do princípio do equilíbrio

financeiro e atuarial, mas o segurado não irá acumular um novo benefício e sim

estará renunciando ao existente para pleitear um mais vantajoso e mais justo, porém

para isso ele continuou contribuindo e mesmo que essa nova aposentadoria fosse

pleiteada em outro regime de previdência existe entre os diferentes regimes de

previdência o sistema da compensação financeira.

É importante observar que até 15 de abril de 1994 os aposentados que

continuavam em atividade remunerada, contribuindo ao RGPS, por força da

obrigatoriedade de filiação pelo exercício de atividade remunerada, tinham o direito

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de receber em devolução o pecúlio, que era o montante em espécie referente às

suas contribuições vertidas ao RGPS após aposentado. Já a Lei 8.870/94 isentava

os aposentados de contribuição previdenciária, porém a Lei 9.032/95 determinou

que o aposentado que retornasse a exercer atividade remunerada deveria contribuir

com a Previdência Social sem ter direito a devolução das contribuições a título de

pecúlio.

As decisões da Jurisprudência são majoritárias no sentido de que essas

contribuições dos aposentados não devem ser a estes devolvidas tendo por

fundamento o princípio da solidariedade.

Observa-se que suscitam o princípio da solidariedade, mas se esquecem do

princípio da contrapartida. Então, já que não se pode devolver, que revertam essas

contribuições em benefício dos aposentados para que se faça justiça e corrija

distorções que existem em muitos benefícios de aposentadoria, ademais isso, como

se pode observar, não se daria de forma gratuita.

4.2. Diferença entre Renúncia e Desaposentação

Existe uma grande diferença entre renúncia e desaposentação, na renúncia o

segurado faz a opção de não mais receber os proventos de aposentadoria, bem

como não tem a intenção de contar o tempo de contribuição para a obtenção de um

novo benefício, já na desaposentação o segurado abdica apenas dos proventos de

aposentadoria, mas não de utilizar os períodos de trabalhos anteriores à

aposentação para somá-los aos períodos posteriores.

Martinez (2008, p. 41) entende que: “previdenciariamente, renúncia é a

abdicação de um direito pessoal disponível se não causar prejuízos a terceiros. Não

é sinônimo de desaposentação que exige uma nova aposentadoria”.

Há entendimentos de que a renúncia teria efeitos ex nunc e a

desaposentação teria o efeito ex tunc, obrigando o autor a devolver os valores

recebidos enquanto aposentado.

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Pode-se observar que a desaposentação é uma renúncia parcial e que tanto

na renúncia parcial quanto na total o efeito deve ser ex nunc, ou seja, não retroagir,

não impondo ao segurado a obrigação de devolver a quantia que ele recebeu, pois o

ato administrativo em ambas as situações foi válido, eficaz e perfeito.

Bandeira de Melo (1997, p. 272), afirma que: “o ato administrativo é perfeito

quando esgotadas as fases necessárias à sua produção. Portanto, o ato perfeito é o

que completou o ciclo necessário à sua formação. Perfeição, pois, é a situação cujo

processo está concluído”.

Neste sentido observa-se, segundo Bandeira de Melo, que o ato jurídico

perfeito é imodificável, objetivando resguardar os direitos individuais e coletivos e

manter a segurança jurídica, mas o ato jurídico perfeito e a segurança jurídica não

podem servir como impedimentos ao princípio da liberdade, ou seja, impedir ao livre

exercício de um direito, pois os princípios constitucionais e suas garantias devem

proteger os direitos dos aposentados e não prejudicá-los, desta forma e com base

nestes termos os segurados podem e devem renunciar à sua aposentadoria atual

para pleitear uma aposentadoria mais benéfica, sem esquecer que essa nova

aposentadoria que estão buscando não será gratuita, pois estes continuaram

contribuindo na forma da lei.

4.3. Diferença entre Desaposentação e Revisão de Benefícios

Muitos segurados confundem a desaposentação com a revisão de

aposentadoria, mas estes institutos são distintos. A principal diferença entre estes

institutos se apresenta da seguinte forma: na revisão de aposentadoria o objetivo é

consertar uma situação já existente, enquanto na desaposentação se constitui uma

situação nova, ou seja, busca desconstituir a situação jurídica existente para

constituir uma nova situação, autônoma e independente da situação existente.

A revisão de aposentadoria tem por objetivo aumentar o valor do benefício

recebido pelo segurando corrigindo algum erro material ou de direito, cometido

durante a concessão ou manutenção do benefício.

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Desta forma, a revisão busca corrigir uma irregularidade no benefício

concedido, enquanto a desaposentação busca a renúncia ao benefício concedido

para obtenção de um benefício novo, mais vantajoso, mais justo, porém deve haver

alguma alteração nas condições de elegibilidade e financiamento do segurando, tais

como: o segurado ter continuado a trabalhar, ter ingressado em concurso público e

ter continuado a contribuir para um dos regimes de previdência e esta contribuição

lhe permita uma aposentadoria mais vantajosa financeiramente.

4.4. As modalidades de desaposentação e seus objetivos

A desaposentação pode ter diferentes objetivos como obter um novo

benefício pelas regras atuais; obter benefício no futuro ou obter novo benéfico com a

alteração da data de início do benefício - DIB, para tempo pretérito.

De qualquer forma o objeto da desaposentação é obter um benefício mais

vantajoso em relação ao benefício atual, porém o segurado que busca um novo

beneficio através da desaposentação será submetido ao regime jurídico atual e este

segurado deve verificar, através de cálculos prévios, se a desaposentação

realmente lhe trará um benefício mais vantajoso.

Por exemplo, um segurado que se aposentou em 1992 e nesse momento o

seu benefício foi calculado com base a média dos últimos 36 salários de

contribuição, porém ao se desaposentar e buscar uma nova aposentadoria terá o

salário de benefício calculado pela média de 80% das maiores contribuições desde a

competência de julho de 1994, multiplicado pelo fator previdenciário. Desta forma,

devido à incidência do fator previdenciário o segurado poderá ter uma aposentadoria

com benefício superior, igual ou menor ao atualmente recebido.

Todo esse procedimento geraria um novo benefício para o segurando, o que

classificaria a desaposentação com o objetivo de obter um novo benefício pelas

regras atuais, porém como se trata de um direito patrimonial o segurado poderia,

também, simplesmente renunciar ao benefício atual recebido para se aposentar em

outro momento oportuno, supondo-se, por exemplo, que este tenha sido aprovado

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em um concurso público, independente do regime de previdência desse novo

vínculo empregatício, e este segurado quer continuar trabalhando, sendo que o

salário de contribuição desse novo trabalho seja bem maior do que o anterior, o que

no futuro lhe traria uma aposentadoria bem mais vantajosa, o que classificaria essa

desaposentação como desaposentação para obter um novo benefício no futuro.

No mesmo sentido estabelece Ladenthin (2010, p. 79) que: “assim como é

possível se desaposentar para obter benefício futuro, é possível se desaposentar

para obter benefício em data pretérita. É a chamada retroação da DIB (data de início

do benefício).”

Neste caso a autora entende que não se trata de desaposentação e sim de

um pedido de revisão do ato de concessão, também não se trata de renúncia, mas

de mero ajuste ao melhor momento para solicitar a aposentadoria.

É muito importante calcular previamente o valor da nova aposentadoria para

saber se esta será realmente mais vantajosa.

Desta forma o segurado deve ficar atento para as seguintes situações:

I. Se o segurado continuou a trabalhar com remuneração igual ou

superior a que vinha recebendo, isso indica que a desaposentação

será vantajosa; caso contrário, ou seja, continuou a trabalhar mais

ganhando menos ou deixou de trabalhar por um longo período de

tempo, ou ainda tem idade baixa, provavelmente seu benefício será

menor, pois pelas regras atuais o salário benefício é calculado pela

média das 80% maiores contribuições, multiplicada pelo fator

previdenciário.

II. É importe ter atenção no caso do segurado ter um plano de

previdência complementar, pois como ocorre com as entidades

fechadas de previdência complementar, como, por exemplo, a

PREVI do Banco do Brasil, onde o aposentado recebe a

aposentadoria do RGPS e recebe ainda a complementação por

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parte da PREVI, não havendo, portanto, nenhum prejuízo financeiro

para o segurado. Observando que antes esta complementação era

vinculada ao RGPS nos termos da Lei 6.435/77. Porém, caso o

segurado busque a desaposentação, poderá ter também cessada a

previdência complementar, caso o plano entenda que o segurado

aos se desvincular do RGPS se desvincula do plano de

previdência, como vinculava a Lei 6.435.

Hoje a Lei Complementar 109/2001, em seu artigo 1º e a CF/88, em seu art.

201 estabelecem que o regime de previdência privada de caráter complementar,

está organizado de forma autônoma em ralação ao RGPS.

Os Tribunais entendem que a retroação da DIB é possível, uma vez que é um

dever do INSS garantir ao segurado o benefício mais vantajoso e orientá-lo neste

sentido, conforme está previsto no enunciado 05 do Conselho de Recursos da

Previdência Social. Além de ser um direito adquirido garantido pela Constituição

Federal do Brasil de 1988.

A desaposentação pode ocorrer nas seguintes modalidades:

a) Entre o mesmo regime: de RGPS para RGPS ou RPPS para RPPS;

b) Entre regimes diferentes: de RGPS para RPPS ou RPPS para RGPS.

Segundo Ladenthin (2010, p. 84):

O que ocorre com mais frequência entre regimes distintos é a desaposentação do regime geral para o regime próprio, como o exemplo citado anteriormente, um segurado que se aposentou no RGPS e passou em concurso público e deseja renunciar à aposentadoria atual para obter um benefício mais vantajoso no RPPS. O pedido principal, segundo a autora, é o deferimento da renúncia com a finalidade de se expedir-se certidão de tempo de contribuição com o tempo trabalhado no RGPS para

que este seja averbado no RPPS.

Observa-se que a desaposentação entre o mesmo regime, RGPS para

RGPS, geralmente ocorre quando o segurado se aposentou com valores inferiores

ou proporcionalmente e continuou contribuindo. O pedido principal neste caso é a

renúncia para permitir nova contagem de tempo posterior à aposentação, com a

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imediata concessão de uma nova aposentação. O ato seria contínuo e o segurado

não ficaria em nenhum momento sem seu benefício.

4.5. A legalidade da desaposentação e a dignidade da pessoa humana

Em tese o que não é proibido é permitido. Então, como não existe qualquer

impedimento constitucional ou legal que impeça o segurado de renunciar à sua

aposentadoria atual para obter uma nova aposentadoria mais vantajosa e mais justa

financeiramente, o segurado pode e deve requerer essa nova aposentadoria

incluindo a contribuição de todo o tempo trabalhado, inclusive somando com as

novas contribuições para a obtenção do novo benefício previdenciário.

É importante lembrar que é um direito do trabalhador e segurado ter uma

aposentadoria digna, à medida que este busca essa aposentadoria mais justa e

vantajosa financeiramente. Vantagem esta que só será gerada porque o segurado

continuou a trabalhar e a contribuir na forma da lei.

A própria Constituição tem como direito fundamental o valor social do

trabalho, que aparece em diferentes momentos na Constituição Federal do Brasil de

1988 que busca reconhecer e valorizar o trabalhador brasileiro, da seguinte forma:

Art. 1º, IV em que o valor do trabalho e a dignidade da pessoa humana

aparecem como princípios fundamentais;

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união

indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,

constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como

fundamentos:

(...)

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

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Art. 6º, dos Direitos e Garantias Fundamentais;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,

o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência

social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 170, “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano...

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a

todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,

observados os seguintes princípios:

(...)

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

Art. 193, que trata a valorização do trabalho como um sustentáculo para a

ordem social e para se alcançar a justiça.

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho,

e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.

Neste sentido Silva (2005, p. 183) diz que:

Os direitos sociais, como dimensões dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos; direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais.

O reconhecimento dos valores sociais do trabalho dignifica a pessoa humana,

à medida que se reconhece o esforço do trabalhador, sua capacidade, sua atividade

como pessoa produtiva e que contribui para o seu desenvolvimento e do país, não

só com impostos, mas com sua força produtiva. Esse reconhecimento deve ocorrer

através de recompensas, pois se o trabalhador faz seu trabalho deve receber salário

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por isso, da mesma forma se contribui com a previdência social deve ter por

recompensa uma prestação em forma de benefício por sua contribuição.

No mesmo sentido Ladenthin (2010, p. 93) diz que: “É o trabalho, portanto, a

maior riqueza do homem, capaz de lhe garantir a independência material, espiritual

e intelectual, retirando-o do estado de miséria para conduzi-lo ao bem-estar e à

justiça social”.

Lembra ainda a autora que não se pode deixar de mencionar outro

fundamento muito importante que é a dignidade da pessoa humana, inserida no

texto Constitucional, no capítulo que trata dos direitos fundamentais, sendo este

princípio de grande valor inerente à existência humana.

Afirma ainda, Ladenthin (2005, p. 94) que: “a dignidade da pessoa humana é

fundamento da República Federativa do Brasil e não se pode permitir que textos

constitucionais ou infraconstitucionais violem a dignidade da pessoa humana ou

qualquer outro princípio neles inseridos”.

No mesmo sentido, Santos (2004, p. 64) afirma que:

A dignidade da pessoa humana é fundamento do Estado Democrático de Direito, o que também configura um comando para o legislador infraconstitucional, e mesmo para o constituinte reformador, de legislar no sentido de busca a igualdade social.

O principio da legalidade estabelecido no art. 5º da CF/88 em seu inciso II,

lembra outro princípio que é o de direito de ação e petição aos poderes públicos na

defesa de seus direitos o que deve ser suscitado pelo segurado conforme

estabelece o art. 5º:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

(...)

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

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a) O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

Conforme exposto acima e considerando-se que não existe lei que proíba a

desaposentação, pode-se observar que a desaposentação é perfeitamente possível,

mas o INSS entende que por não haver previsão legal esse instituto não pode ser

aceito alegando-se, também, a existência do ato jurídico perfeito, além de um

desequilíbrio financeiro que essa concessão iria causar ao INSS e de outra forma

para que essa nova aposentadoria fosse concedida deve o segurado devolver o

valor recebido.

Por outro lado, o art. 37 da CF/88 estabelece que a Administração Pública só

possa fazer ou deixar de fazer aquilo que está disposto em lei, em obediência ao

princípio da legalidade, é por este motivo que deve haver a intervenção do judiciário

para a proteção do direito do segurado que é a parte mais fraca desta relação.

De outra forma, que respeito à dignidade humana seria esse que um

trabalhador segurado de uma previdência ao aposentar-se passa a receber menos

do que recebia enquanto pessoa ativa? Que respeito à dignidade humana seria esse

que o segurado se vendo em necessidade alimentar, após aposentado, se vê

obrigado a voltar a trabalhar e a lei lhe obriga a continuar contribuindo com a

previdência social e mesmo assim este não pode pleitear um novo benefício, mais

justo, com base nestas novas contribuições?

O que se observa é que existe uma afronta à dignidade da pessoa humana,

ao princípio da igualdade, pois os desiguais são tratados igualmente, não se faz um

equilíbrio para que as coisas sejam mais justas e isso também fere o princípio da

legalidade.

É correto que a aposentadoria concedida trata-se de um ato administrativo

válido e juridicamente perfeito, mas o segurado pode renunciar a esse benefício, por

ser este a parte interessada, e a segurança jurídica a ele se refere, pois se foi ele

quem requereu a eficácia desse ato jurídico e somente ele pode também solicitar ao

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judiciário que este seja desfeito, portanto os direitos e garantias individuais do art. 5º

da CF/88 devem ser usados a favor do segurado e não contra ele.

Percebe-se que a alegação de quebra da segurança jurídica, em relação ao

ato administrativo, juridicamente perfeito é relevante, porém o que se busca em

relação ao segurado não é diminuir o benefício do segurado e sim melhorá-lo.

Observa-se que uma Cláusula Pétrea não pode ser modificada, mas no

sentido prejudicial, quando se fala tendente a abolir, a reduzir, a diminuir direito

fundamental, mas o que se pretende em relação ao segurado é melhorar, é

aumentar e isso pode.

Um exemplo nesse sentido ocorreu com o advento da EC 45 que buscou a

reforma do judiciário e em uma de suas alterações acrescentou ao art. 5º da CF/88

mais um direito fundamental, do direito à celeridade processual. Então, emendar o

art. 5º é possível, o que não é possível é reduzir o direito já existente, e em relação à

desaposentação o raciocínio deve ser o mesmo.

4.6. Entendimentos e Posicionamentos sobre a desaposentação

A EC 20/98 introduziu a questão do desequilíbrio financeiro e atuarial, sendo

esse o maio problema alegado pela previdência social o que a faz restringir e negar

a desaposentação.

Os entendimentos nesse sentido são muito divergentes, pois alguns

entendem que como essa ação vai causar um desequilíbrio financeiro e atuarial o

valor recebido pelo segurado enquanto aposentado deve ser devolvido caso esse

venha a se desaposentar.

Ibrahim (2005, p. 54) entende que:

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Do ponto de vista atuarial a desaposenação seria plenamente justificável, pois se o segurado já goza de benefício, jubilado dentro das normas vigentes, atualmente definidas, presume-se que neste momento o sistema previdenciário somente fará desembolsos frente a este benefício, sem o recebimento de qualquer cotização, esta feita durante o período passado.

Observa-se que o autor defende que a nova desaposentação é possível, pois

o INSS não irá retroagir para corrigir o valor do benefício recebido no passado, ou

seja, essa correção só aplicará no novo benefício que se está pleiteando e de forma

não-cumulativa, mas o autor se esqueceu de dizer que esse valor só será maior

porque o segurado continuou contribuindo com a previdência social por obrigação

legal, portanto não que se pode falar em desequilíbrio financeiro e atuarial, pois este

só haveria se fosse uma concessão gratuita o que não é o caso.

No mesmo sentido Dias e Macedo (2008, p. 288-289) dizem que:

Os argumentos contra a possibilidade de desaposentação não nos convencem. Em primeiro lugar, o argumento da irrenunciabilidade da aposentadoria. Destarte, se é verdade que a previdência social tem caráter contributivo (art. 201 da Constituição Federal) também é verdade que esse caráter contributivo, como é próprio de toda relação sinalagmática, envolve, como contrapartida, o aspecto retributivo. Assim, é justo que o titular da aposentadoria, que continua trabalhando e contribuindo, tenha o direito de optar por uma nova aposentadoria mais favorável. O direito patrimonial da aposentadoria é perfeitamente renunciável na perspectiva de uma melhor proteção previdenciária. Um outro argumento seria o da quebra do princípio do equilíbrio financeiro e atuarial. Ora, o segurado está renunciando a um benefício a que tinha direito para fins de cômputo do respectivo tempo de contribuição para uma nova aposentadoria a que também teria direito. Não se está concedendo um benefício irregular ou graciosamente. E no caso de contagem do respectivo tempo de contribuição em outro regime, há a figura da compensação financeira a equacionar o equilíbrio financeiro e atuarial. (...) uma vez reconhecido o direito à desaposentação entendemos que não há obrigação de o segurado devolver os valores recebidos a título de aposentadoria. Em primeiro ligar porque o segurado recebeu o benefício regularmente, não havendo qualquer vício no ato de concessão e manutenção do benefício que justifique a devolução. Em segundo lugar em razão do caráter alimentar da aposentadoria percebida legalmente, situação

esta que lhe outorga o manto da irrepetibilidade.

No sentido contrário Martinez (2008, p.116) defende que: “deve haver a

restituição do status quo ante, observando-se os parâmetros atuariais

imprescindíveis”.

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Ocorre que a aposentadoria é um benefício previdenciário, que substituiu a

renda do trabalhador, portanto garante-lhe a subsistência e tem caráter alimentar,

não devendo, portanto, ser devolvido.

O STJ tem pacificado o entendimento acerca da não devolução dos valores

recebidos pelos segurados de boa-fé, fundamentados no caráter alimentar dos

benefícios previdenciários.

Agravo Regimental. Decisão Monocrática em Recurso Especial. Lastreada em Jurisprudência corrente. Devolução de Diferenças Relativas à Prestação Alimentar. Descabida.

Descabida a revisão de decisão monocrática, quando refletido nesta o corrente entendimento desta Corte. O caráter eminentemente alimentar dos benefícios previdenciários faz com que tais benefícios, quando recebidos a maior em boa-fé, não são passíveis de devolução.

Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgReg no REsp 722775/RS. 2005/0020069-5 – Rel. Min. Paulo Medina – 6ª T – DJ 07/11/2005)

Observa-se que não há que se falar em devolução dos valores recebidos pelo

segurado enquanto aposentado, pois o ato administrativo de concessão foi eficaz e

deve gerar seus efeitos enquanto este for este existir, efeitos estes que não se

desfazem com a renúncia ao benefício. Ademais, o benefício de aposentadoria tem

caráter alimentar que aliado ao princípio da irrepetibilidade dos alimentos não obriga

o segurado a devolvê-lo.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região já firmou entendimento de que a

renúncia à aposentadoria é um direito disponível do segurado aposentado do qual

este não pode ser licitamente privado, como demonstram os Acórdãos abaixo

mencionados:

Ementa: Previdenciário. Renúncia à Aposentadoria. I- O segurado tem direito de, a qualquer momento, renunciar à aposentadoria. II- Sendo legítimo o direito de renúncia, seus efeitos têm início partir de sua postulação. III- Apelação e remessa oficial improvidas.” (AC nº 1999.01.00.032520-4/MG – RELATOR: EXMO. JUIZ CARLOS OLAVO).

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“Ementa: - Administrativo - Mandado de Segurança – Servidor Público Celetiário Aposentado – Renúncia à Aposentadoria para Concessão de Nova, Paga pelo Tesouro Nacional – Possibilidade – Segurança Concedida. 1- Sendo a renúncia, em sentido jurídico, abandono ou desistência do direito, portanto, ato unilateral, independe da anuência de terceiro. 2- Lídimos a renúncia à aposentadoria previdenciária e o cômputo do tempo de serviço para obtenção da estatutária. 3- Apelação provida. 4-Sentença reformada. 5- Segurança concedida. (MAS Nº 95.01.30804-9/DF, Relator Exmo. Juiz Catão Alves, DJ 14.12.98, P. 71).

Outros entendimentos favoráveis à desaposentação:

Ementa: “Previdenciário. Processual Civil Natureza da Ação. Declaratória e Condenatória. Hipótese de observância do princípio da fungibilidade. Renúncia à Aposentadoria Previdenciária. Opção para fins de contagem de tempo de serviço no serviço público (art. 202, § 2º, da CF/88). Situação mais benéfica. Direito do segurado. (TRF 5ªR. AC n. 133529-CE.98.05.09283-6, Relator Juiz Araken Mariz, DJ 26.06.1998)

“É pacifico, no âmbito deste e. Superior Tribunal de Justiça, o entendimento segundo o qual é possível a renúncia da aposentadoria para fins de aproveitamento do tempo de contribuição e concessão de novo benefício, seja no mesmo regime, seja em regime diverso.

(STJ. Ag.Rg no Resp. 1.184.410 – SC, DJ 29.04.2010, Min. Felix Fischer)

Observa-se que a renúncia não pode ser obstada e que a renúncia é uma das

modalidades de desfazimento do ato administrativo, sendo perfeitamente possível o

desfazimento do ato administrativo de aposentadoria, desde que seja esta a vontade

segurado que é o titular do direito.

Porém, boa parte da doutrina e da jurisprudência ainda é desfavorável à

desaposentação, inclusive defendendo a posição de devolução dos valores

recebidos durante a aposentadoria em caso de concessão da desaposentação.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. REGIME DE FINANCIAMENTO DO SISTEMA. ARTIGO 18, § 2º DA LEI 8.213/91: CONSTITUCIONALIDADE. RENÚNCIA. POSSIBILIDADE. DIREITO DISPONÍVEL. DEVOLUÇÃO DE VALORES. EQUILÍBRIO ATUARIAL. PREJUÍZO AO ERÁRIO E DEMAIS SEGURADOS. 1. Dois são os regimes básicos de financiamento dos sistemas previdenciários: o de capitalização e o de repartição. A teor do que dispõe o

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artigo 195 da Constituição Federal, optou-se claramente pelo regime de repartição. 2. É constitucional o art. 18, § 2º da Lei nº 8.213/91 (com a redação dada pela Lei nº 9.528/97), ao proibir novos benefícios previdenciários pelo trabalho após a jubilação, mas não impede tal norma a renúncia à aposentadoria, desaparecendo daí a vedação legal. 3. É da natureza do direito patrimonial sua disponibilidade, o que se revela no benefício previdenciário inclusive porque necessário prévio requerimento do interessado. 4. As constitucionais garantias do direito adquirido e do ato jurídico perfeito existem em favor do cidadão, não podendo ser interpretado o direito como obstáculo prejudicial a esse cidadão. 5. Para utilização em novo benefício, do tempo de serviço e respectivas contribuições levadas a efeito após a jubilação originária, impõe-se a devolução de todos os valores percebidos, pena de manifesto prejuízo ao sistema previdenciário e demais segurados, com rompimento do equilíbrio atuarial que deve existir entre o valor das contribuições pagas pelo segurado e o valor dos benefícios a que ele tem direito. (TRF 4º; Rel. Juiz Néfi Cordeiro; Processo 2000.71.00001821-5; 6ª Turma; Data da decisão 07/08/2003)

Um dos argumentos utilizados para se negar a desaposentação refere-se à

previsão expressa no art. 181-B do Decreto 3.048/99 que diz que as aposentadorias

por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela previdência social são

irreversíveis e irrenunciáveis.

Ocorre que o Decreto 3.048/99, que é uma norma subsidiária, por não se

submeter ao processo legislativo formal, não pode ampliar os limites da lei, pois se a

lei nada disse sobre a impossibilidade da renúncia ou reversão dos benefícios

concedidos não pode um decreto assim fazê-lo.

O art. 18, § 2º da Lei 8.213/91 estabelece que o aposentado pelo regime geral

de previdência social – RGPS que permanecer em atividade sujeita a esse regime,

ou a ele retornar não fará jus a prestação alguma da previdência social em

decorrência dessa atividade, exceto o salário-família e a reabilitação profissional,

quando empregado.

Segundo esse artigo a desaposentação estaria expressamente proibida.

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Ocorre que esse artigo fere a dignidade do segurado que não está pedindo a

cumulação de benefícios, apenas renunciando ao benefício atual para obter um

benefício mais vantajoso financeiramente, com base nas contribuições que verteu à

previdência social enquanto continuou a exercer atividade remunerada.

Pode-se observar que o art. 18 se refere ao aposentado, porém quando este

renuncia à aposentadoria para obter uma nova aposentadoria ele deixa de ser

aposentado e este artigo a ele não se aplica.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aposentadoria é um direito de todo o trabalhador urbano ou rural que tenha

exercido atividade remunerada e contribuído por um determinado tempo para um

regime de previdência, seja ele: o regime geral de previdência social, o regime

próprio de previdência social ou um regime complementar de previdência, e, neste

regime tenha cumprido todos os requisitos para ter direito a esse benefício.

A desaposentação é também é um direito do trabalhador, independente do

regime, a abdicar temporariamente de seu benefício de aposentadoria para obter um

benefício mais vantajoso financeiramente, observando-se os critérios e os requesitos

para obtenção deste novo benefício.

Hoje o trabalhador se aposenta e continua exercendo atividade remunerada,

dentre os motivos identificados para que o segurado continue trabalhando podemos

citar: a necessidade de se sentir útil, muitas vezes porque o benefício de

aposentadoria que passou a receber não corresponde à renda que recebia quando

estava em atividade remunerada.

Ocorre, também, que quando o trabalhador vai ficando com a idade mais

avançada muitos problemas de saúde começam a surgir e este se vê obrigado a

custear medicamentos e planos de saúde que no Brasil não são baratos, e que

muitas vezes a empresa fornecia quando este estava em atividade e perdeu quando

se aposentou.

O pior de tudo é que o valor da aposentadoria, na maioria das vezes, é menor

do que o que o segurado ganhava quando em atividade e quanto mais à idade

desse segurado avança mais gastos este vai ter para se manter.

Desta forma, não resta outra opção ao segurado se não voltar a exercer outra

atividade remunerada para prover o seu sustento.

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Muitos se aposentam e continuam trabalhando na mesma empresa, ou seja,

nem pedem o desligamento já sabendo o que vão passar se houver esse

desligamento.

É compulsória a contribuição do segurado, mesmo aposentado, por força do

princípio da solidariedade e do art. 12 § 4º da Lei 8.212/91, porém não se respeita o

princípio da contrapartida, nem a dignidade da pessoa humana, garantida pela

Constituição Federal de 1988, à medida que se descarta um trabalhador e não lhe

assegura uma aposentadoria digna, justa, mesmo este tendo continuado a contribuir

e este direito lhe seja inerente.

Hoje no Brasil já existem projetos de amparo aos idosos, mais ainda tem

muito a melhorar, pois o idoso no Brasil ainda é tratado como um peso para

seguridade e para a sociedade. Os empresários, o INSS e o próprio Estado

esquecem o quanto este trabalhador, hoje idoso, produziu, contribui para o

desenvolvimento do país através da dedicação de anos de trabalho, produzindo e

recolhendo impostos.

É triste saber que um dia poderemos ser nós que estaremos nesta situação e

teremos o benefício da aposentadoria como única fonte de renda nossa e de nossa

família.

Desta forma, a possibilidade de se renunciar a um benefício de aposentadoria

que se está recebendo para optar por um benefício melhor e mais justo, para o qual

o segurado continuou compulsoriamente contribuindo, gera no aposentado uma

expectativa de uma vida digna através de uma aposentadoria justa que lhe garanta

as necessidades básicas para sua sobrevivência.

Não há que se falar em prejuízos, pois o segurado não está pleiteando mais

um benefício de forma cumulativa, pois o que se quer é renunciar, ou seja, deixar de

receber o benefício atual para se receber um novo benefício mais justo

financeiramente, através da inclusão do novo período de contribuições que

ocorreram quando este já estava aposentado. Ademais, não se pede que esse novo

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benefício seja retroativo aos benefícios anteriormente recebidos, ou seja, somente a

partir do novo benefício é que este terá um novo valor, mais justo.

Não existe lei regulamentando a matéria, da mesma forma que não existe lei

proibindo ao aposentado de renunciar à sua aposentadoria atual e buscar uma mais

justa. Sendo assim, é licito que o aposentado renuncie a aposentadoria atual e

busque uma mais justa para qual contribuiu financeiramente.

No mesmo sentido como não existe lei regulamentando a matéria não se

pode exigir que o aposentado ao buscar a desaposentação devolva os valores

recebidos a título de aposentadoria, até porque o benefício que o aposentado

recebeu até a renúncia foi regularmente concedido, sem vícios e tem natureza

alimentar, portanto, não se aplica a repetição de alimentos.

Embora ainda existam controvérsias é pacífico o entendimento do STJ,

diversos tribunais e a maioria dos doutrinadores de que o segurado pode renunciar à

aposentadoria, tendo em vista tratar-se de um direito patrimonial. E havendo essa

renúncia o art. 18 § 2º da Lei 8.213/91 não se aplicará mais ao segurado, pois este

deixou de ser aposentado e este artigo se refere somente ao aposentado.

É um direito do segurado que continuou a exercer atividade remunerada e

obrigatoriamente contribuindo para a previdência social obter um benefício mais

vantajoso e é um dever do Estado, em respeito ao princípio da legalidade e da

liberdade de ação, garantir que o aposentado tenha uma vida digna enquanto

pessoa humana.

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