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INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS REF: INDICAÇÃO N°. 081/04 - ANTEPROJETO DE LEI SOBRE A ARRECADAÇÃO E A DISTRIBUIÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS RELATIVOS À EXECUÇÃO PÚBLICA DE OBRAS MUSICAIS OU LITEROMUSICAIS E OUTRAS PROVIDÊNCIAS VOTO-VISTA EMENTA:Anteprojeto de lei que descentraliza a arrecadação e a distribuição de direitos autorais relativos à execução pública de obras musicais ou literomusicais, hoje centralizada no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição Musical (ECAD). o Anteprojeto de lei, em sua linha mestra, não contraria a Constituição Federal, estando conforme a mesma ao respeitar o Princípio Fundamental da Federação (art. 1 ° da CRFB), permitindo que os criadores de obras musicais e seus intérpretes se organizarem em associações regionais de arrecadação e distribuição autoral, de modo que não exista mais de uma entidade arrecadadora por estado. A manifestação cultural é um fenômeno regional/ local, sendo lídima a organização da cobrança e a arrecadação dos direitos autorais nas respectivas regiões, de forma descentralizada, de modo a possibilitar ao artista local a fiscalização e o controle do aproveitamento econômico de suas obras, como lhe é garantido pelo art. 5°, inciso XXvm, alínea "b" da CRFB. o artigo 99 da Lei 9.610/98, ao manter a atual estrutura centralizadora do ECAD, atenta contra o princípio federalista, emanado da Constituição fn:;: que diretriz a toda estrutura associativa 1

INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROSdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/voto_vista_di... · na música, no folclore e nas festas do Brasil, principalmente nas regiões

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INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS

REF: INDICAÇÃO N°. 081/04 - ANTEPROJETO DE LEISOBRE A ARRECADAÇÃO E A DISTRIBUIÇÃO DE DIREITOSAUTORAIS RELATIVOS À EXECUÇÃO PÚBLICA DE OBRASMUSICAIS OU LITEROMUSICAIS E DÁ OUTRASPROVIDÊNCIAS

VOTO-VISTA

EMENTA:Anteprojeto de lei que descentraliza aarrecadação e a distribuição de direitos autoraisrelativos à execução pública de obras musicais ouliteromusicais, hoje centralizada no Escritório Centralde Arrecadação e DistribuiçãoMusical (ECAD).

o Anteprojeto de lei, em sua linha mestra, nãocontraria a Constituição Federal, estando conforme amesma ao respeitar o Princípio Fundamental daFederação (art. 1° da CRFB), permitindo que oscriadores de obras musicais e seus intérpretes seorganizarem em associações regionais dearrecadação e distribuição autoral, de modo que nãoexista mais de uma entidade arrecadadora porestado.

A manifestação cultural é um fenômenoregional/ local, sendo lídima a organização dacobrança e a arrecadação dos direitos autorais nasrespectivas regiões, de forma descentralizada, demodo a possibilitar ao artista local a fiscalização e ocontrole do aproveitamento econômico de suas obras,como lhe é garantido pelo art. 5°, inciso XXvm,alínea "b" da CRFB.

o artigo 99 da Lei 9.610/98, ao manter a atualestrutura centralizadora do ECAD, atenta contra oprincípio federalista, emanado da Constituição

fn:;: que dá diretriz a toda estrutura associativa

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Io Anteprojeto de Lei

A indicação em questão objetiva a análise do anteprojetode lei que estabelece normas gerais sobre a arrecadação e adistribuição dos direitos autorais relativos à execução públicade obras musicais ou literomusicais e propõe a revogação dosartigos 97 a 100 da Lei9.610/98, que dispõem a respeito dasassociações de titulares de direitos de autor e titulares dedireitos conexos.

Na verdade, o anteprojeto se coloca contrário àexistência de um único escritório central para arrecadação edistribuição dos direitos relativos à execução das obras a quese refere, no modelo atual em vigor, exercidopelo ECAD.

11O Parecer da Comissão

Encaminhada a indicação à Comissão Permanente deDireito de Propriedade Intelectual do Instituto, na sessão de14 de março de 2007 foi lido parecer que, em síntese, seposicionou pela rejeição do referido anteprojeto, sob oargumento de que a proposta representaria um retrocesso àatual sistemática de arrecadação centralizada, exercida peloECAD.

Como defendido no parecer, a gestão coletiva unificadados direitos autorais foi a forma encontrada para evitar amultiplicidade de cobranças.

Porém, o parecer critica a proposta descentralizadorasob a alegação de que a criação de um órgão de arrecadaçãopor região, como consta no anteprojeto de lei, "denota umaproposta cartorial inaceitável" (sic).

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A Arrecadação e a Distribuição Descentralizada

o ponto essencial da questão reside em saber se amanutenção de um único escritório central de arrecadação,com9 previsto no artigo 99 da Lei 9.610/98, atende aosr

l~

interesses da categoria artístico-musical espalhada por todo oBrasil, uma vez que o anteprojeto apresenta uma formadescentralizadora, que colide com o modelo atual, este sim,exercidode maneira cartorial pelo ECAD.

IVA Justificativa do Anteprojeto de Lei

Antes de prosseguir com o enfrentamento da questãoacima, considero fundamental ler para os senhores asjustificativas que deram origem ao referido anteprojeto de lei,o que lhes possibilitará uma compreensão da aflição porquepassa a categoria artística brasileira, formada, na suamaioria, por artistas de expressão regional, que não contamcom o patrocínio das grandes gravadoras estrangeiras, asquais controlam o ECAD, segundo revelado nos autos daADIN 2.054-4/DF.

Peço vênia, assim, e passo à leitura de parte damencionada justificativa, que se encontra anexa à indicação:

«A CPI do ECAD revelou o total descalabro dosistema de arrecadação e distribuição dos direitosautorais de execução musical. Tal sistema, aolongo dos anos, constituiu-se em criminosamáquina de expropriação dos direitos dosverdadeiros criadores de obras musicais, tudo istosob a orquestração de multinacionais do mercadofonográfico.

(u.)

A pretexto de proteger os direitos conexos doprodutor fonográfico, tal como na lei anterior,permanece na nova lei a promiscuidade depessoas físicas (autores) e pessoas jurídicas(produtoras de fonogramas) que, lado a lado,integram as chamadas associações de autores.Graças à dificuldade de articulação dos autores,somada ao poderio econômico das grandesgravadoras, estas dominam o sistema de forma

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absoluta, apropriando-se dos direitos daqueles.(...)

É absolutamente necessano romper com acentralização do sistema, evitando o vaivém doscréditos que, a par de tomar a liquidação muitomorosa, propicia a expropriação dos valores.Entretanto, não se pode voltar ao caos do sistemaanterior à Lei 5.988/73, com várias entidadesarrecadadoras operando na mesma áreageográfica. Isto seria retrocesso. A solução éregionalizar totalmente a arrecadação eparcialmente a distribuição, centralizando apenaso necessário.

Ou seja, em cada unidade federativa haveráapenas u.ma arrecadadora que, 11lensalmente,dÍstribuirá os créditos de seus associados} bemcomo os créditos que pertençam a titulares fiNadosa entidades conveniadas} e depositará os demaiscréditos em uma conta separada} colocando-os àdisposição de seus respectivos titulares. Estespoderão reclamar seus créditos pessoalmente ouatravés de suas associações ou editoras.

Para a completa integração do sistema, asassociações deverão interligar-se em redeínformatízada, criando, para tanto, o CentroUnificado de Informátíca do Direito Autoral ­CUIDA, uma entidade civil de segundo grau queterá como objetivo controlar o fluxo de informaçõesde modo a garantir completa transparência dosistema no que se refere ao cadastro geral deobras e autores, localização de créditos eTnovimentaçãofinanceira e contábil das diversasassociações regionais.

Será um grande banco de dados autorais aacessível livremente, tanto pelas associaçõesquanto pelas editoras ou pelos próprios titulares dedireitos autoraÍs.

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vo Princípio Fundamental da Federação

Dito isso, saliente-se que o anteprojeto de lei, ao propora criação de escritórios regionais de arrecadação, nãocontraria à Constituição Federal, seja no que se refere àproteção individual dos direitos autorais, previstos no art. 5°,inciso XXVII1 OU quanto ao direito dos artistas de fiscalizaremo aproveitamento econômicode suas obras, como asseguradono art. 5°, inciso XXVIII,alínea "b"2.

Além de respeitar os direitos individuais dos artistas, oanteprojeto, em sua linha mestra, não contraria aConstituição Federal, respeitando e ratificando o princípiofundamental da Federação (art. 1° cj c art. 5°, § 2° daCRFB).

Por se tratar a Federação de princípio fundamental,previsto no preâmbulo e no artigo 1.0 da ConstituiçãoFederal, deve prevalecer sobre qualquer outro3, estando todaa estrutura jurídica nacional apoiada na descentralização depoder, contraposta à centralização.

VIA Inconstitucionalidade do Artia:o99

da Lei 9.610/98

Nesse ponto, é importante dizer que o art. 99 da Lei9.610/984, ao manter a atual estrutura centralizadora do

1 "XXVI L Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar,"

2 "XXVIII. São assegurados, nos tennos da lei:( ...)b)o direitos de fiscalização do aproveiLamclltoeconômico das obras que criarem ou de que participaremaos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;"

3 Segundo a henncnêutica do STF, manifestada nojulgamento da medida cautelar da ADI n.o2.054-4/DF:"os princípios têm um peso diferente nos casos concretos c o princípio de maior peso é o queprepondera". No caso, o princípio da descentralizaçâo, que tem suas bases na federação, devepreponderar, no exame da questão, ao princípio da centralização de poder exercido pelo ECAD.

~"Aft. 99. As assodaçõcs manterão um Único escritório central para a arrecadação e distribuição, emcomnm, dos direitos relativos à execução pÚblicà das obras musicais c literomusicais e de fonogramas,inclusive por meio dc radioduu5<'loelIallsmissão por qualquer modalidade, e da exibiçilo de obras

yvi,run,"

ECAD, atenta contra o princípio federalista, que emana daConstituição Federal e dá diretriz a toda estrutura associativano país.

A propósito, esclarece-se que, na ADIN.2.054-DF, o STFlimitou-se a analisar a constitucionalidade do art. 99 da Lei9.610/98 quanto aos incisos XVII5e XX6 do art. 5° da CRFBde 1988.

o Supremo Tribunal Federal, naquele julgamento,entendeu somente que a lei não impõe a associaçãocompulsória, pois a não-filiação ao ECAD das associaçõesconstituídas pelos autores e titulares dos direitos conexosapenas os priva de participar da gestão coletiva daarrecadação e distribuição de direitos autorais, sem prejuízode que o próprio titular defenda judicial ouextrajudicialmente seu direito autoral.

Naquela ação, não foi suscitada pelo autor, o PartidoSocial Trabalhista, pelos amigos da ação nem pelosjulgadores, a questão jurídica da centralização de poder peloECAD em contraposição ao princípio constitucional dadescentralização, de cunho federativo, que norteia o direitoconstitucional nacional.

Isto se verifica, por exemplo, na organização sindical,tanto da classe patronal como da classe trabalhadora, que seassenta, dentro da estrutura federativa do país, por meio desindicatos, federações e confederações.

Em igual sentido os partidos políticos, que estãoorganizados nacionalmente (art. 17, I da CRFB), mas comatuação descentralizada por Estados e Municípios da

~eraçãO'

5 "XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vetada a de caráter paramilitar;"

6 "XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;"

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VII

A CulturaComo Fenômeno Regional

o modelo atual centralizador do ECAD, além de estarem desacordo com princípio fundamental da Constituição,atenta também contra a lógicamaterial do fenômeno cultural,que se manifesta como acontecimento regional, local.

Nesse ponto, é importante destacar as palavras doSenhor Ministro de Estado da Cultura, ao dizer que "oconceito de diversidade cultural nos permite perceber que asidentidades culturais nacionais não são um conjuntomonolítico e único. Ao contrário, podemos e devemosreconhecer e valorizar as nossas diferenças culturais, comofator para a coexistência harmoniosa das várias formaspossíveis de brasilidade." (Gilberto Gil Moreira. DiversidadeCultural Brasileira, edições Casa de Ruy Barbosa, 2005, pág.7, sem grifosno original).

Com efeito, dadas as suas dimensões continentais, oBrasil apresenta uma rica e variada diversidade de culturas,que sintetizam as muitas etnias que formam o povobrasileiro.

Embora seja um país de colonização portuguesa, outrosgrupos étnicos deixaram influência na sua cultura,destacando-se os povos indígenas - originários da terra -, osafricanos, os italianos e os alemães.

As influências indígenas e africanas deixaram marcasna música, no folcloree nas festas do Brasil, principalmentenas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Já o europeu alemão eitaliano, em conseqüência do fluxo migratório do final doséculo XIX, influenciou a cultura da região Sul.

Por essa razão, não existe no país uma, mas vanasáreas culturais com características específicas por região.

Para ilustrar esta ampla variação cultural, apenas oEstado de Minas Gerais apresenta 46 macro-regiões e 10unidades culturais distintas, segundo o professor Saul

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Martins (Folcloreem Minas Gerais, 20a. ed., Editora UFMG:BeloHorizonte, 1991).

Com relação à música brasileira não poderia serdiferente, pois reflete a diversidade cultural do país. Mário deAndrade7 classificava a música nacional em três categorias:erudita ou clássica, popular ou folclórica,e popularesca. Estaé a mais divulgada em discos e pelas rádios, sendo escritacom objetivos comerciais, segundo Luís da Câmara Cascudo(Dicionário do Folclore Brasileiro, Global Editora, lIa ed,2005, p. 407 e 408).

Alguns gêneros musicais populares mais conhecidossão: o samba~o choro, o baião, o frevo, o forró, o maracatu, osertanejo, o brega e a lambada.

Estes gêneros musicais são próprios de determinadasregiões do Brasil: o samba e o choro são do tipo popularurbano do Sudeste.

o baião, o frevo e o maracatu são típicos da reglaoNordeste. A lambada e o brega são comuns na região Norte.

A música sertaneja, conhecida também como caipira, êcomum na região Centro-Oeste, parte de Minas Gerais e nointerior do Estado de São Paulo. Sem contar, no Rio Grandedo Sul, a tradicional música gaúcha dos pampas.

Todavia, o fato de alguns artistas destas regiões fazeremsucesso nacional~não significa que outros tenham a mesmarepercussão, tendo as suas músicas executadas apenas emsuas regiões.

Exemplo disso e da variação cultural na mUSlca,percebe-se no Estado do Amapá, no extremo norte do país,pois quem vai lá~como registra a professora Marlui Miranda,"tem a impressão que a maioria da população é compostade músicos atuando em vários gêneros: MPB, choro,regional, capoeira, brega, salsa, valsa, merengue, marabaixo,clássico, pop~ instrumental brega, lambada, tambores,

7 A mÚsica e a canção populares no Brasil apud Luiz da Câmara Cascudo. Dicionário do FolcloreBrasileiro, Glohallliitord, 11". edição, 2005, p. 405.

Y

atabaques, afropop, latina, caribenha, bregapop, coral,religiosa católica, batista, universal pop, folclórica e,frnalmente, a indígena, que só é praticada pelo pelosíndios. (...) No Amapá, os compositores locais participam docircuito musical amazônico, com produções pequenasfinanciadas, em geral, por iniciativas particulares,licenciadas às gravadoras da região ou por incentivocultural do Governo do Estado." (Ponte Entre Povos, SescSP, p. 39).

Desta maneira, não só os famosos, mas todos oscompositores, músicos e intérpretes regionais necessitam daproteção dos seus direitos autorais e conexos em suaspróprias localidades, como propõe o anteprojeto de lei emreferência.

Nessa conjuntura, seja sob a ótica jurídica ou da lógicada manifestação cultural, é lídima a organização da cobrançae a arrecadação dos direitos autorais nas respectivas regiões,de forma descentralizada, como propõe o anteprojeto de leiem apreciação, de modo a possibilitar ao artista local afiscalização e o controle do aproveitamento econômico desuas obras, como lhe é garantido pelo art. 5°, inciso XXVIII,alínea "b" da CRFB.

Vê-se, então, que o anteprojeto não só preserva o direitoindividual do artista, mas, também, está alinhado com oprincípio fundamental da Federação, não visando, emmomento algum, à criação aleatória de vários órgãos dearrecadação, mas, sim, um por região ou Estado.

Portanto, na análise da questão, a norma dadescentralização, oriunda do princípio federativo, deveprevalecer sobre qualquer tentativa centralizadora de poder,como é a forma de arrecadação e distribuição dos direitosautorais exercida pelo ECAD, nos termos do art. 99 da Lei9.610/98.

o anteprojeto, ao pregar a regionalização da arrecadaçãoe descentralização do poder, atende aos pressupostos quebalizam a Federação, que é, repita-se, princípio fundamental

f República, sobrepondo-se à centralização de pOder~

própria de um Estado unitário, inexistente na ordem jurídicabrasileira.

VIIIO Poder de Fiscalizacão

Além disso, é importante realçar, que o Estado tem opoder-dever de fiscalizar qualquer entidade. Este poder nãose confunde com o de intervir em organização associativa, oque é vedado pela Constituição (art. 8°, inciso I, da CRFB),não sendo o caso do artigo 5°. do anteprojeto de lei, queapenas estabelece a fiscalização das referidas associaçõesregionais pelo Poder Público.

Por outro lado, conforme as atribuições previstas no art.129, inciso llI, da CRFB, nada impede que o MinistérioPúblico possa atuar, "como curador da propriedadeintelectual", como previsto nos artigos 6 a 8 do anteprojeto,uma vez que tais normas dizem respeito ao patrimôniocultural e artístico, portanto, correspondendo a interessesdifusos.

Isto porque o fenômeno cultural consiste no conjunto detradições, necessidades e aspirações de um povo, englobandoo folclore, que etimologicamente significa o modo decomportamento popular. Daí a importância da legitimação doMinistérioPúblico na tutela de tais direitos individuais.

É importante registrar ainda que o ECAD,seja na formaatual ou na proposta no anteprojeto de lei, tutela direitofundamental do artista, não tendo, deste modo, a liberdadepara agir como bem quiser, por ser entidade de direitoprivado.

Desta maneira, o ECAD, qualquer que seja a suaestrutura, deve obediência e respeito aos titulares dos direitosautorais, além de observar a situação de hipossuficiência deautores e intérpretes, na sua maioria desconhecidos,espalhados por todo o país.

A questão fundamental apresentadaextinguir o ECAD, mas possibilitar a sua

rnão foi deestru turação

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descentralizada nas diversas regiões do país, a [rm garantir osdireitos autorais dos artistas locais.

o anteprojeto de lei em exame objetiva superar umapolítica individualista, que atende apenas às grandesgravadoras e artistas de prestígio, substituindo-a por umaação norteada pela defesa do interesse da maioria que, naatual sistemática, é deixado de lado, na medida em que oefeito massificador da mídia unificada no Brasil, por meio daatual estrutura de arrecadação e distribuição dos direitosautorais e conexos existentes, valoriza e contribui com osartistas de sucesso e forte apelo popular, vinculados àscorporações musicais que os têm sob seu controle.

IXConclusão

Conclui-se, então, que a linha mestra traçada noanteprojeto está de acordo com a Constituição Federal,devendo o mesmo ser mantido e aperfeiçoado, no que fornecessário, ao longo do debate legislativo, ao contrário doparecer da Comissão de Direitode Propriedade Intelectual.

Rio d

Jorge Rubêh1Folena de OliveiraSócioEfetivo,carteira n°. 3.524

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