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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA FABIANA DA SILVA KAUARK DESVENDANDO OS LABORATÓRIOS DE ENSINO DE CIÊNCIAS: INVESTIGAÇÃO SOBRE SUAS CARACTERÍSTICAS E ATIVIDADES Vitória 2015

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E

MATEMÁTICA

FABIANA DA SILVA KAUARK

DESVENDANDO OS LABORATÓRIOS DE ENSINO DE CIÊNCIAS:

INVESTIGAÇÃO SOBRE SUAS CARACTERÍSTICAS E ATIVIDADES

Vitória

2015

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FABIANA DA SILVA KAUARK

DESVENDANDO OS LABORATÓRIOS DE ENSINO DE CIÊNCIAS:

INVESTIGAÇÃO SOBRE SUAS CARACTERÍSTICAS E ATIVIDADES

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática do Campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Matemática. Orientadora: Profa. Dra. Michele Waltz Comarú

Vitória

2015

(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

K21d Kauark, Fabiana da Silva.

Desvendando os laboratórios de ensino de ciências : investigação

sobre suas características e atividades / Fabiana da Silva Kauark. –

2016.

96 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo,

Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática,

Vitória, 2016.

1. Ciência – Estudo e ensino. 2. Professores – Formação. 3.

Laboratórios. 4. Prática de ensino. I. Comarú, Michele Waltz. II.

Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

CDD: 507

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS VITÓRIA

Avenida Vitória, 1729 – Bairro Jucutuquara – 29040-780 – Vitória – ES 27 3331-2110

RESUMO

No âmbito dos cursos de licenciatura em ciências busca-se formar o professor com

perfil crítico reflexivo, com atitudes ativas, que desenvolva novas práticas

pedagógicas. E para que essa formação efetivamente ocorra torna-se necessária

uma renovação nas metodologias e nos espaços para ensinar a ensinar ciências.

Diferentes pesquisas debatem e defendem a utilização do laboratório de ciências

como recurso facilitador de “ensinagem” das ciências articulada pela

experimentação. Portanto, esta pesquisa visou identificar as contribuições dos

laboratórios de ensino de ciências para os cursos de formação de professores. Além

de apresentar características gerais de seis laboratórios de ensino de ciências de

universidades brasileiras, contar suas histórias e das pessoas que neles trabalham

nos âmbitos da pesquisa, do ensino e da extensão. Os laboratórios investigados

foram: “Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas – UFG”,

“Laboratório de estágio supervisionado e ensino de ciências – UFG”, ”Laboratório de

pesquisa e ensino de Química – UnB”, “Laboratório de pesquisa em Ensino de

química e tecnologias educativas – USP”, “Laboratório Aberto do grupo de pesquisa

em educação química – USP” e “Laboratório de Ensino de Ciências – UESC/BA”.

Por meio de visitas técnicas in loco, utilizando como instrumentos de coleta de

dados entrevistas, registros fotográficos e diários de bordo, foi possível identificar

características gerais dos laboratórios, especialmente no que tange a formação

inicial de professores e o forte vínculo que se estabelece entre teoria e prática

docente nesses espaços de formação; A prática extensionista que envolve

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atividades do Pibid e atividades voltadas para iniciação científica e divulgação

científica (incluindo o atendimento à escolas); A relação direta desses laboratórios

com os cursos de licenciatura e; As histórias de suas implementações muito

relacionadas com a motivação de um indivíduo - ou uma equipe - impulsionadas

fortemente pela vontade de fazer uma formação de professores em ciências

comprometida com a experimentação, a contextualização dos conteúdos científicos

e com ênfase na pesquisa em ensino. Como produto educacional, essa pesquisa

deu origem a um livro chamado “LAPEC – Laboratório de práticas de ensino de

ciências: Um lugar onde se aprende a ensinar...” que serve de registro histórico do

caminho percorrido em dois anos para a implementação do laboratório de ensino do

campus Vila Velha.

Palavras-chave: Ensino de Ciências. Educação. Laboratório de Ensino.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS VITÓRIA

Avenida Vitória, 1729 – Bairro Jucutuquara – 29040-780 – Vitória – ES 27 3331-2110

ABSTRACT

As part of degree courses seeking to form the science teacher with reflective critical

profile, with active attitudes, to develop new pedagogical practices. And for that

training to occur effectively becomes necessary a renewal in methodologies and

teaching spaces for teaching sciences. Different research discuss and advocate the

use of science as a facilitator resource laboratory "teaching and learning" of science

articulated by experimentation. Therefore, this study aimed to identify the

contributions of teaching science labs for teacher training courses. In addition to

presenting general characteristics of six teaching laboratories of Brazilian universities

sciences, tell their stories and persons working in the areas of research, teaching and

extension. The investigated laboratories were "Chemistry Education Laboratory,

Science and playful Activities - UFG", "Supervised training laboratory and science

education - UFG", "Research Lab and Chemistry teaching - UNB", "Research

Laboratory in Education chemistry and educational technologies - USP", " Open

Laboratory of the research group in chemical education – USP" and "Science

Teaching Laboratory - UESC / BA". Through technical visits on the spot, using as

interviews data collection instruments, photographic and daily logs board, it was

possible to identify general characteristics of laboratories, especially with respect to

initial teacher education and the strong bond established between theory and

teaching practice in these areas of training; The extension practice that involves Pibid

activities and activities focused on science and science communication initiation

(including compliance with schools); The direct relationship of these laboratories to

the degree courses; The stories of their closely related implementations with the

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motivation of an individual - or a team - strongly driven by the will to make a

committed teacher training in science through experimentation, contextualization of

scientific content and emphasis on research in education. As an educational product,

this research resulted in a book called "LAPEC - science teaching practices

Laboratory: A place where one learns to teach ..." which serves as a historical record

of the path taken in two years for the implementation of laboratory campus Vila Velha

teaching.

Keywords: Science Teaching. Education. Teaching Laboratory.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Descrição das etapas da pesquisa................................................................. 37

Figura 2 - Estrutura do Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas – LEQUAL - Universidade Federal de Goiânia...........................................................................................................

50

Figura 3 - Estrutura do Laboratório de Estágio Supervisionado e Ensino de ciências - LESEC - Universidade Federal de Goiânia.........................................................................................................

57

Figura 4 - Laboratório de pesquisa e ensino de Química – LEPEQ - Universidade Federal de Brasília – UnB/DF........................................................................................................

64

Figura 5 -: Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química e tecnologias educativas – LAPEQ -Universidade de São Paulo – USP/SP.......................................................................................................

68

Figura 6 - Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química – LAPEQ - Universidade de São Paulo – USP/SP.......................................................................................................

73

Figura 7 - Laboratório de Ensino de Ciências e Matemática – LECM - Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/BA.....................................................................................................

77

Figura 8 - Cronologia de criação dos LEC´s investigados........................................... 80

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Lista dos LEC’s onde foram realizadas as visitas técnicas.................. 39

Tabela 2 - Estrutura dos itens observados por meio do Diário de Bordo.............. 41

Tabela 3 - Laboratórios de Ensino de ciências encontrados e seus respectivos caminhos de busca..............................................................................

44

Tabela 4 - Dados coletados por meio da classificação realizada pelos responsáveis por cada laboratório, relacionados à estrutura física dos LEC´s (A- Apropriado; PA – Parcialmente apropriado; I – Inapropriado).......................................................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Perfis de atuação das equipes dos Laboratórios investigados quanto às suas linhas de pesquisa...............................................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................14

1.1 MEMORIAL..................................................................................................14

1.2 APRESENTANDO A PESQUISA................................................................18

1.3 PERGUNTA.................................................................................................20

1.4 HIPÓTESES DA PESQUISA.......................................................................20

1.5 OBJETIVOS.................................................................................................21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................22

2.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS E A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES

PRÁTICAS..................................................................................................23

2.2 CONCEITUANDO LABORATÓRIO DE ENSINO DE CIÊNCIAS...............29

2.3 LABORATÓRIO ESCOLAR DE ENSINO: DIFERENÇAS E

CARACTERÍSTICAS..................................................................................33

3 METODOLOGIA........................................................................................37

3.1 ETAPA I: PESQUISA EXPLORATÓRIA SOBRE LABORATÓRIOS DE

ENSINO DE CIÊNCIAS (LEC’S)................................................................38

3.2 ETAPA II: PESQUISA DE CAMPO EM LEC’S..........................................39

3.2.1 Diário de bordo.........................................................................................40

3.2.2 Registros fotográficos.............................................................................41

3.2.3 Entrevista Semi-estruturada...................................................................42

3.3 ETAPA III: ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NOS LEC´S

PESQUISADOS E DISCUSSÃO SOBRE O PERFIL DE FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE CIÊNCIAS FORMADO NESSES LEC´S......................43

4 RESULTADOS..........................................................................................44

4.1 ETAPA I: PESQUISA SOBRE LABORATÓRIOS DE ENSINO DE

CIÊNCIAS (LEC’S)....................................................................................44

4.2 ETAPA II: PESQUISA DE CAMPO EM LEC’S..........................................45

4.2.1 Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas –

LEQUAL - Universidade Federal de Goiânia – UFG/GO.......................46

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4.2.2 Laboratório de estágio supervisionado e ensino de ciências – LESEC -

Universidade Federal de Goiânia – UFG/GO...........................................54

4.2.3 Laboratório de pesquisa e ensino de Química – LEPEQ - Universidade

Federal de Brasília – UnB/DF....................................................................59

4.2.4 Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química e tecnologias

educativas – LAPEQ -Universidade de São Paulo – USP/SP................65

4.2.5 Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química –

LAPEQ - Universidade de São Paulo – USP/SP.....................................69

4.2.6 Laboratório de Ensino de Ciências e Matemática – LECM - Universidade

Estadual de Santa Cruz – UESC/BA........................................................74

4.3 ANÁLISE COMPARATIVA DOS LEC´S INVESTIGADOS.........................78

5 PRODUTO EDUCACIONAL......................................................................81

6 DISCUSSÃO..............................................................................................83

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................87

REFERÊNCIAS..........................................................................................90

ANEXO A ...................................................................................................92

ANEXO B ...................................................................................................95

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1 INTRODUÇÃO

1.1 MEMORIAL

Vivências e Experiências: o lugar das indagações !!!

Começo me perguntando: como me fiz professora? Essa questão me faz refletir

sobre o princípio de alteridade bakhtiniano, ou seja, a construção da identidade que

ocorre por meio das relações estabelecidas entre o eu e o outro num processo de

comunicação interativa. Certamente o fato de substituir minha madrasta na escola

da educação básica, ser filha de professora, marcou minha opção profissional. E a

cada ida e vinda naquela escola chamada Grupo Escolar Vicentino, situada na

cidade de Itabuna, no Bairro Pontalzinho na Bahia, sentia-me tão orgulhosa em

acolher em sala de aula os considerados “melhores” só porque tinham as maiores

notas os “piores” alunos da escola, os “repetentes” e que passavam anos sentados

nos bancos escolares e “mal” aprendiam a escrever o próprio nome. Nas

rememorações desses episódios sempre a interrogava dizendo: o que todos ali

naquela escola faziam para dar conta de ensinar a essas crianças a ler e escrever?

E pude perceber que era mais pela satisfação pessoal do que financeira (...) tudo

aquilo ali naquela escola me contagiava e, com muita paciência, os ensinava a ler e

escrever.

Os relatos daquelas professoras falam-me profundamente do modo como somos

significados e de como significamos o outro nos diferentes tempos e espaços de

nossa vida. Filha de pais separados sempre tive que ir em busca dos meus sonhos,

administrando as dificuldades de convivência com a mulher de meu pai bem como

de sobrevivência financeira. Em decorrência, aprendi que a minha única saída era

estudar e ganhar uns trocados substituindo a minha madrasta na escola ajudando-a

com os alunos mais “atrasados”. Fui uma espécie de monitora ou quase uma

professora em miniatura!

Anos mais tarde, ao findar a 8ª série do Ensino Fundamental, precisei decidir se

cursaria no 2º grau: magistério (como minha madrasta), ou fazer o ensino médio e,

mais tarde tentar o vestibular. As vivências e experiências daquelas professoras e o

mercado de trabalho para quem tinha a formação em magistério apesar da pouca

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ressignificação social da profissão me seduziram a optar pelo magistério. Mas,

lembro-me também de algumas falas “não se adentre na carreira do magistério

porque para ser professora, é preciso gostar...”. Incontáveis vezes respondi que

queria ser professora por paixão, desejava estar na escola e abraçar a questão do

processo de aprendizagem. Nessa época, não tinha consciência das pedras que

haveria no meio do caminho, ou, conforme aponta Kramer (2006), das armas e dos

sonhos personificados no cotidiano da escola.

Nos três anos em que cursei o magistério aprendi a planejar as aulas; a manejar os

recursos didáticos; a nunca sair da sala, após o término da aula, sem apagar o

quadro negro; a construir o quadro valor de lugar (Q.V.L.) para ensinar as crianças

unidades, dezenas e centenas; a utilizar o flanelógrafo para contar histórias e a

confeccionar os personagens; a construir jogos com caixinhas de fósforos, caixas de

ovos, papelões usados, isso porque as professoras diziam que precisávamos ser

criativos e aproveitar todo tipo de material. Foi um período de muitas aprendizagens

para a prática pedagógica.

No que tange a leitura, minhas vivências, nesse período, nunca foram de se

constituir como sujeito no processo de produção de sentidos que se efetiva entre

autores, leitores e outros sujeitos que se fazem presentes nos textos, e sim de

recuperar as informações deixadas pelo autor na superfície dos textos. Sou filha de

pai que só cursou até a quarta série do ensino fundamental, e mãe que fez um curso

técnico em Ciências contábeis, mas, apesar da pouca formação cientifica deles e do

pouco incentivo para a leitura, eu escutava muito essa fala: “estuda filha pra você

ser gente”... E assim fui sendo influenciada e com muita vontade de continuar... e

virar “gente”.

Desejosa de continuar estudando e aprofundar conhecimentos sobre formação de

professores, prestei vestibular na UESC-BA e ingressei no curso de Pedagogia.

Nesta época, as discussões se centravam na teoria construtivista e na pesquisa de

Ferreiro e Teberosky, formação de professores, Libâneo, Saviane entre outros. O

compromisso com os estudos e o anseio de ser uma “boa” professora e conhecer

mais a dinâmica escola-comunidade; professores e alunos; gestão escolar, me levou

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a ler com afinco os textos e livros de grandes mestres interessada no determinado

período sócio-histórico em que viveram, de onde surgiam os textos, com qual

finalidade..., tão somente adentrei nesse modismo educacional e como tantos outros

professores me proclamei construtivista. Acredito que esta minha intenção estava

calcada no anseio de superar a unilateralidade dos métodos tradicionais de ensino

voltados para o professor e, assim, construir propostas de trabalho pedagógicos que

culminassem no sucesso escolar.

Foi quando passei no concurso público da Rede Municipal de Ensino de Itajuipe - BA

para o cargo de professora das séries iniciais do Ensino Fundamental e comecei a

trabalhar em Serqueiro Grande, um distrito dessa mesma cidade, com uma turma de

primeira série do ensino fundamental I, lugar carente e de pessoas de coração

grande. No ano seguinte já era pedagoga na secretaria de educação, construindo

oficinas para a formação de professores tanto da zona rural, quanto urbana. Foi

muito significativo trabalhar nessa cidade, entretanto ficava à quarenta minutos da

minha cidade de origem e assim passaram-se dois anos entre idas e vindas na BR

101, entre as robustas fazendas da cacau, até então denominadas de frutos de ouro.

Todavia, naquele mesma época, prestei concurso público para pedagoga no

município de Itabuna – BA e dividia-me entre os dois municípios. As indagações

eram muitas, e relacionar teoria e prática tornou-se um grande desafio.

Escrever, hoje, aspectos de minha própria história exercitando o ser professora me

faz refletir sobre os modismos educacionais dos quais nos apropriamos nos

diferentes espaços escolares que freqüentamos. E com quantos “modelos”

significamos e aprisionamos o outro e a nós mesmos (...) a partir desse momento

pude perceber que a minha contribuição naquele contexto ainda era pouca e que

precisa fazer mais e foquei na formação inicial de professores. E qual era o

caminho? Ensinar no Ensino Superior, que por hora parecia algo muito distante, mas

não impossível. O dia tão sonhado chegou e passei para a vaga de professora

substituta da cadeira Didática na UESC-BA, e mas uma vez o momento foi marcado

por grandes reencontros afinal antigas professoras naquele momento passaram a

ser colegas de trabalho... quanto orgulho trocando a aprendendo novamente com as

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minhas antigas e novas referências.

As poucas respostas que encontrava para os desafios que se apresentavam

cotidianamente na prática educativa em sala de aula me encorajaram a fazer a

inscrição na seleção para o Mestrado em Educação, na linha de pesquisa Formação

de Professores, na Universidad Autónoma de Asunción (UAA – PY). Ter sido

aprovada e poder cursar o Mestrado foi um dos períodos mais gloriosos da minha

vida, apesar de todo investimento financeiro, físico e moral. Aqui, eu conheci o

mundo acadêmico e por ele fiquei fascinada.

Inicialmente, percebi que “nada” sabia. Digo “nada”, porque o que eu sabia perto de

tudo o que tinha para aprender era como um grão de mostarda. Foram dois anos e

meio de muitas (des)construções, de embates teóricos, de estudos exaustivos, de

dores, mas, acima de tudo, de muitas apropriações de conhecimentos, de

participação em congressos, de compra e leitura de livros e livros e mais livros..., de

novas amizades e, finalmente, de choro de alegria pela etapa vencida. Aqui nesse

momento dois livros meus juntamente com outras autoras Iana Muniz e Josanne

Morais, foram lançados intitulados: “Professor e aluno motivado: faz a diferença” e

“Motivação no Ensino e na Aprendizagem: competências e criatividade na prática

pedagógica”.

No curso de Doutorado em Educação, continuei a minha pesquisa com foco mais

voltado para a Educação Básica, ainda tinha uma longa trajetória a percorrer, muitas

histórias a rememorar e muitos conhecimentos a apropriar. Finalizei o doutoramento

em 2011 e além da construção da tese, outros dois livros foram lançados intitulados:

“Qualidade é na Educação Básica” e “Metodologia da pesquisa: um guia prático”.

Mais tarde, outra oportunidade de concurso surge para professor nos institutos

federais da Bahia, fui aprovada indo trabalhar no IFBA, campus Porto Seguro, feliz e

triste pois, nessa mesma época fiquei viúva e com um filho de 13 anos. Minha vida

vira de cabeça para baixo, e sou tomada por outros desafios e muitas decisões.

Consigo remoção para o IFES de Cachoeiro de Itapemirim, morando em Guarapari,

novamente entre idas e vindas, trabalhei na licenciatura de matemática durante um

ano com as disciplinas pedagógicas, mas ficou muito cansativo tendo que cuidar do

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filho sem família nenhuma no estado. Então, a transferência para o campus do IFES

de Vila Velha foi inevitável, ministrando aulas das disciplinas pedagógicas no curso

de licenciatura em Química. Foi nesse momento que senti a necessidade de

conhecer e de me apropriar dos conhecimentos do universo do ensino de ciências.

Ao me integrar a equipe ainda em formação do campus Vila Velha, fui desafiada

junto aos colegas a montar e colocar em atividade o Laboratório de Práticas de

Ensino de Ciências – LAPEC. Esse projeto desafiador me estimulou a buscar na

literatura as condições para atender ao que se propunha o Projeto Pedagógico do

curso de Licenciatura. Nesse documento havia a previsão de que o LAPEC

funcionasse como campo de trabalho das disciplinas de Didática, Estágio

Supervisionado, Instrumentação para o Ensino de Ciências e Práticas Pedagógicas,

numa tentativa de ser o lugar de articulação entre o conteúdo ensinado e a prática

efetiva. Na busca por esse referencial de identidade para o LAPEC é que surgiu o

objeto de investigação dessa dissertação. Participei, então, da seleção para

mestrado em Ensino de Ciências e com o objetivo de aprofundar as pesquisas sobre

Laboratórios de Ensino de Ciências.

1.2 APRESENTANDO A PESQUISA

No âmbito dos cursos de licenciaturas é preciso haver uma renovação nas

metodologias e nos espaços para ensinar a ensinar ciências. É preciso que o

laboratório contribua no processo de ensino de ciências por meio de intercâmbios

múltiplos de diversos saberes vividos pelo aluno e professor durante as

experimentações, em que as trocas de experiências se transformem em novos

conhecimentos. Ou seja, usar o laboratório de ciências e todo seu aporte

metodológico como estratégias intencionais para aprender ciências. Criando

diferentes meios de experimentos desenvolvidos em laboratórios de ciências como

forma dos alunos obterem uma melhor aproximação e compreensão dos

conhecimentos. Efetivando uma concepção crítica ancorada na convergência entre

educação e ensino é que se pretende formar docentes que compreendam a

natureza da ciência e que, na atuação na escola, possam ocupar com desenvoltura

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o espaço do laboratório de ciências, tendo a exemplificação e a contextualização

como norteadoras na sua prática de ensino.

Desse modo cabe estabelecer processos de aprendizagem que incluam atitudes

pedagógicas de práticas onde os professores percebam a utilidade das práticas

experimentais como peça-chave do ensino de ciências. Aproximando a teoria da

prática desde a formação inicial dos licenciados em ciências, conduz-se a formação

de professores no sentido do sentindo reflexivo onde, no decorrer do preparo de

aulas, há o cuidado para que estas estejam voltadas à construção e reconstrução de

significados dos conceitos científicos.

Diferentes pesquisas debatem e defendem a utilização do laboratório de ciências

como recurso facilitador de “ensinagem” das ciências articulada pela

experimentação. Portanto, esta pesquisa visa identificar as contribuições dos

laboratórios de ensino de ciências para os cursos de formação de professores. Além

de ampliar uma percepção em vista de compreender melhor a ideia de laboratório

para além da observação, mas o laboratório com a função de mediar a maneira

como se ensina a ensinar ciências.

Nesse sentido, uma reflexão sobre essa problemática constitui o foco desta

pesquisa em uma tentativa de se estabelecer quais seriam as características dos

laboratórios de ensino de ciências e sua importância para a formação de

licenciados. Quais são as práticas desenvolvidas nos laboratórios vinculados aos

cursos de licenciatura em física, química e biologia que refletiriam em melhorias do

ensino das ciências?

Portanto, para melhor apresentação/compreensão dessa dissertação, optou-se pela

seguinte disposição de tópicos:

(1) Revisão bibliográfica, organizada no capítulo “Referencial Teórico” assim

apresentado pelos subitens: “O ensino de ciências e a importância da

experimentação”; “Conceituando laboratório de ENSINO DE ciências” e “Laboratório

ESCOLAR de ensino: Diferenças e características”;

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(2) Pesquisa exploratória sobre laboratórios de ensino de ciências, apresentada no

início do capítulo “Resultados”, que consistiu em mapear, por meio de uma busca

sistemática quais são e onde se localizam os laboratórios de ensino nas instituições

de ensino superior (IES) no Brasil;

(3) Pesquisa de Campo; subsidiada por diversos instrumentos de coleta, entre eles

diários de bordo e relatórios de entrevistas, entre outros, cujos dados estão

apresentados na parte final do capítulo “Resultados” e distribuídos em: Aspectos

descritivos de cada laboratório visitado e análise comparativa dos laboratórios

investigados.

Ao final buscou-se aprofundar a discussão teórica baseada nos dados levantados

sobre a essência do trabalho desenvolvido nos laboratórios de formação de

professores e foram apresentados as perspectivas e conflitos ainda pertinentes ao

tema.

Como parte integrante dessa pesquisa, encontra-se o produto educacional,

resultante das contribuições que as experiências coletadas nos deram para a

implantação do Laboratório de ensino do campus Vila Velha. Um material

bibliográfico, intitulado “LAPEC - Laboratório de Práticas de Ensino de ciências: Um

lugar onde se aprende a aprender...” foi então gerado e encontra-se como apêndice

dessa dissertação.

1.3 PERGUNTA

Quais as características dos Laboratórios de Ensino vinculados aos cursos de

licenciatura em Ciências de IES brasileiras e como essas características podem

contribuir para as mudanças necessárias de perfil dos egressos desses cursos –

professores de ciências?

1.4 HIPÓTESES DA PESQUISA

Acredita-se que as atividades de diversas naturezas (ensino, pesquisa e extensão)

desenvolvidas nos laboratórios de ensino de ciências possibilitam a construção de

saberes necessários aos alunos dos cursos de licenciatura. Assim, conhecendo as

21

características gerais dos laboratórios de ensino, pode-se entender a importância

desses nos cursos de licenciatura especialmente na formação de um perfil de

professor capaz de articular teoria e prática de sala de aula.

1.5 OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é conhecer as características dos laboratórios de

ensino vinculados aos cursos de licenciatura em ciências e como elas podem

contribuir para as mudanças necessárias de perfil dos egressos desses cursos.

Objetivos específicos

Realizar um levantamento das IES (Instituições de Ensino Superior)

que possuem laboratórios de ensino de ciências.

Verificar in loco as IES e relacionar as características dos laboratórios

de ensino de ciências.

Identificar as práticas pedagógicas desenvolvidas nos laboratórios de

ensino de ciências.

Descrever os recursos dos laboratórios de ensino de ciências utilizados

nas práticas formativas em cursos de licenciatura em IES.

Descrever perfis dos profissionais em atuação nos laboratórios de

ensino de ciências.

Discutir similaridades e diferenças encontradas nos laboratórios

investigados;

Relatar o processo de implementação e as atividades desenvolvidas

no Laboratório de ensino do campus Vila Velha (produto educacional).

22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Numa perspectiva geral educação em ciências tem como objetivo fazer com que o

aluno aprenda a compartilhar significados naturais no contexto da ciência, ou seja,

interpretar o mundo a partir do ponto de vista científico (MOREIRA, 2004). Dessa

forma, a educação em ciências é aquela que promove a divulgação do

conhecimento científico e, com isso leva a impactos positivos na qualidade de vida

da sociedade como um todo, ou seja, que faz a mediação entre o conhecimento

científico e escolar. Portanto, a atividade do profissional/educador de ensino de

ciências é bastante complexa e exige uma formação específica. O profissional de

ensino de ciências é aquele que promove a integração entre o conteúdo específico e

o conteúdo pedagógico, proporcionando assim a aproximação entre os saberes

científico, escolar e popular (ARAÚJO-JORGE et al., 2006).

A área de ensino de ciências é fundamentalmente interdisciplinar. Seus focos de

investigação contemplam conceitos da área de educação, na medida que assuntos

como métodos, avaliações, recursos pedagógicos e muitos outros estão presentes

nas discussões da área. Da mesma maneira, a área de psicologia também contribui

para os estudos de ensino de ciências quando são analisadas formas de apreensão

de conteúdos, de assimilação, de apropriação de conhecimento pelos indivíduos,

suas bagagens culturais e sócio-antropológicas. Igualmente importantes são as

contribuições de conteúdos das ciências (física, biologia, química, etc) entendendo-

se que, além de se saber como e para quem se ensina, é fundamental saber o que

se ensina (CACHAPUZ e cols., 2004). Segundo Mortimer (2002) o ensino de

ciências se configura numa área de investigação relativamente recente. Na

educação em ciências o conhecimento científico é simbólico e socialmente

negociado. Objetos são construções desenvolvidas pela comunidade científica, ou

seja, são interpretações da natureza. Dessa forma dificilmente os conceitos da

ciência serão descobertos empiricamente. É preciso ser iniciado na comunidade

científica, e é nesse momento em que o professor de ciências atua como mediador

entre o conhecimento científico e os aprendizes (DRIVER e cols., 1999). Para os

pesquisadores da área de ensino de ciências, ensinar corretamente não é o mesmo

que apresentar o significado cientificamente validado de um determinado conteúdo.

23

Ensinar adequadamente implica conceber a prática pedagógica como um espaço de

criação e reflexão no qual o conhecimento (de quem ensina e de quem aprende)

evolui num processo dinâmico. Além disso, a área assume que o ensino pode

acontecer nos âmbitos formal (dentro da sala de aula) e não formal (como em

museus, praças e espaços interativos) como uma ação intencional na qual um

sujeito (na maioria das vezes, o professor) procura ajudar outros sujeitos a

aprenderem significativamente alguma coisa e, para tanto, considera essencial que

esta ação seja subsidiada pela relação explícita entre conteúdo específico e

conteúdo pedagógico (ARAÚJO-JORGE e cols, 2006). Aprender significativamente,

segundo Ausubel e cols. (1980) quer dizer aprender por mecanismos experimentais

cognitivos, afetivos e psicomotores que nos levam ao engrandecimento como

indivíduo. A aprendizagem significativa é, portanto, um processo por meio do qual

uma nova informação é apresentada ao aprendiz, ancorando-se em conceitos ou

preposições relevantes, pré-existentes na estrutura cognitiva deste e, a partir daí, se

torna parte de uma estrutura hierárquica de conceitos que são representações de

experiências sensoriais do indivíduo. Em outras palavras, quando o aprendiz

consegue conectar um novo corpo de informações aos seus conhecimentos prévios,

ele consegue construir significados próprios que serão verdadeiramente percepções

substantivas da informação apresentada.

2.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS E A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PRÁTICAS

Há que se debruçar com maior atenção e devida revisão sobre a ideia (equivocada)

de que as atividades experimentais em laboratórios escolares de ciências devem

servir somente para a ilustração da teoria. O laboratório de ciências, por meio da

inquietação diante do desconhecido, propicia localizar explicações lógicas e

criativas, que estimulem pessoas aprendentes a desenvolver posturas críticas;

realizar julgamentos e tomar decisões fundamentadas em critérios científicos

compartilhados por comunidade escolarizada – um currículo (HODSON, 1988).

Nessa perspectiva práticas experimentais podem fomentar ações organizadas, ao se

transformarem em oportunidades para os estudantes desconstruírem o

conhecimento pronto e acabado, ou seja, o conhecimento prévio, na busca de

24

formular diferentes respostas para um mesmo tema associado à realidade

emergente.

Em laboratórios de ciências pode-se efetivar a tarefa formativa, ao desafiar, explorar,

redescobrir desenvolver oportunidades de aprender diante de uma serie de

formulações de experimentação a indagações em diferentes prismas de respostas

em questões acerca da natureza e propósitos da ciência. De acordo com Borges

(2007),

(frequentemente)... os estudantes não são desafiados a explorar, desenvolver e avaliar as suas próprias ideias e os currículos de ciências não oferecem oportunidades para abordagem de questões acerca da natureza e propósitos da ciência e da investigação científica (BORGES, 2007, p. 65).

A partir desse raciocínio, o uso do laboratório para ensinar ciências nos dias atuais

propicia orientações em meios eficazes para a iniciação a pesquisa. Além dos

estudantes terem a oportunidade de relacionar conhecimentos científicos aos fatos

de sua realidade. Considera-se também que os conceitos abstratos influenciam de

forma direta na formação atual e futura do aprendente que interferirá nas atitudes de

reconhecer os fatos cientificamente em situações do seu cotidiano.

A experimentação nos laboratórios de ciências deve ser um ponto de partida, para

desenvolver no educando atitude investigativa de pesquisar, processo autônomo

para seu desenvolvimento de aprendizagem. O educando é incitado a sair da

postura passiva para então começar a perceber e a agir sobre seu objeto de estudo,

tecendo relações entre os acontecimentos do experimento para chegar a uma

explicação causal acerca dos resultados de suas ações e/ou interações. A

aprendizagem e o desenvolvimento acontecem, na medida em que o sujeito age

sobre o objeto e na medida em que possui estruturas previamente construídas ou

em processo de construção.

Para Driver et al. (1999):

Para que os aprendizes tenham acesso aos sistemas de conhecimento da ciência, o processo de construção do conhecimento tem que ultrapassar a investigação empírica pessoal. Quem aprende precisa ter acesso não apenas às experiências físicas, mas também aos conceitos e modelos da ciência convencional. O desafio está em ajudar os aprendizes a se apropriarem desses modelos, a reconhecerem seus domínios de aplicabilidade e, dentro desses domínios, a serem capazes de usá-los. Se

25

ensinar é levar os estudantes às ideias convencionais da ciência, então, a intervenção do professor é essencial, tanto para fornecer evidências experimentais apropriadas como para disponibilizar para os alunos as ferramentas e convenções culturais da comunidade científica (DRIVER et. al., 1999: 34).

Dentro desta abordagem percebemos que a experimentação em laboratório não

deve ser uma ação limitada à simples observação ou manipulação de materiais; dos

conceitos, leis e teorias compreender e saber utilizar as leis e os modelos com uma

finalidade prática; e as diferentes linguagens e simbolismos das ciências naturais o

educando é incitado a migrar do mundo dos conceitos para o mundo das linguagens

oportunidade de relaciona esses dois mundos para tomar decisões na investigação

do problema e na discussão dos resultados.

Atividades experimentais com características investigativas são importantes na

construção do conhecimento, na medida em que a interação com o fenômeno e com

os sujeitos auxiliam na promoção da reflexão de seus conceitos prévios, com o

objetivo de adequar sua estrutura cognitiva para prover um sentido ao que se

observa. Hofstein & Mamlok-Naaman (2007) afirmam que pesquisas laboratoriais

podem desenvolver no educando algumas habilidades, dentre as quais destacam-

se: formulação de hipótese, comunicar e defender argumentos científicos e formular

questões cientificamente orientadas. Segundo Borges (2007), a experimentação

dentro da ótica construtivista pressupõe os seguintes atributos:

1. Uso do conhecimento prévio dos alunos – parte do pressuposto que os alunos já

tenham certo conhecimento sobre o tema e, assim, iniciar as discussões.

2. Uso intensivo de diálogo e reflexão – o diálogo possibilita o contato com o

conhecimento, fazer acompanhamento e a avaliação dos alunos ao longo do

processo experimental. Já a reflexão possibilita a superação de conhecimentos

prévios e/ou sua reformulação, visando à compreensão.

3. Proposição das atividades em forma de problema – a problematização permite a

utilização dos conhecimentos prévios e possibilita ao aluno investir no processo

reflexivo.

26

4. Proposição de atividades interdisciplinares relacionadas ao cotidiano – a

formulação de problemas relacionados ao cotidiano possibilita discussões e

atividades interdisciplinares. Temas amplos costumam ser mais adequados para

esse tipo de atividades.

Borges (2007) destaca, ainda, cinco atitudes ou valores que o experimento

construtivista possibilita:

1. Valorizar a compreensão;

2. Incentivar as atitudes questionadoras;

3. Promover a autonomia dos alunos;

4. Valorizar a cooperação e o trabalho em grupo;

5. Promover a atitude de pesquisa.

Portanto percebe-se que uso do laboratório para o ensino das ciências com aulas

práticas tem o intuito de desenvolver no educando a capacidade de observação,

critica e argumentação como é apontado por alguns autores como Hodson (1988),

Gil-Perez e colaboradores (1999), e por muitos professores como relata Galiazzi e

colaboradores (2011). Segundo eles o desenvolvimento de tais características é

fundamental a um sujeito critico e atuante na sociedade. Cabe ao educador

estimular as habilidades do educando a utilizar-se de seus pensamentos criativos

para levantar hipóteses e chegar a conclusões, inclusive, discutir testá-las com seus

colegas. Por isso, no ato do ensinar em laboratório de ciências cabe o seguinte

questionamento: como e por que uma dada maneira é utilizada para interpretar

fenômenos? Vale salientar, que ao utilizar materiais concretos deve-se fazer uma

escolha cuidadosa para que não haja exagero na concretização, de modo que se

evitem manipulações óbvias levando o aprendente ao desinteresse. As inovações

sugeridas nas aulas práticas de ciências em laboratórios torna-se fator determinante

e imprescindível para a compreensão dos alunos sobre os fenômenos da natureza.

Para Krasilchik (2000), atividades práticas são essenciais por representar a

possibilidade de observação direta dos fenômenos e da coleta e interpretação de

27

dados pelos alunos. Entretanto, aulas práticas são cada vez mais raras

principalmente no ensino médio e, quando ocorrem, principalmente nos ambientes

dos laboratórios de ciências, resumem na participação do aluno à manipulação dos

materiais para à obtenção de dados. Ocorre como parte dos experimentos e se

destina a comprovar as teorias, o professor apresenta o problema juntamente com

as hipóteses a serem verificadas. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN´s) para o ensino de ciências.

[...]... A aprendizagem de concepções científicas atualizadas do mundo físico e natural e o desenvolvimento de estratégias de trabalho centradas na solução de problemas é finalidade da área, de forma a aproximar o educando do trabalho de investigação científica e tecnológica, como atividades institucionalizadas de produção de conhecimentos, bens e serviços. (BRASIL, 1998, p.21)

Para os PCNs os educadores devem elaborar estratégias de ensino que

desenvolvam um trabalho de investigação no ambiente dos laboratórios de ciências,

onde a teoria será confrontada com a prática, colaborando para a construção de

conhecimento e saberes a partir da resolução de problemas. A experimentação em

laboratórios, pela natureza investigativa, auxiliará no aprendizado atual e futuro de

conceitos e fórmulas, despertando interesse do aluno, principalmente quando este é

incentivado a manipular e controlar materiais a fim de obter resultados distintos

daquele ensinado pelo professor. Mas para que essas ações se concretizem os

envolvidos - professores e alunos - precisam fazer a sua parte. Reconhecer a

importância das aulas práticas e atividades experimentais constitui um bom começo,

contudo é chegada a hora de assumir o compromisso de implementar efetivamente

as práticas pedagógicos, com o uso do laboratório. Pesquisa realizada por Giordan e

cols. (1999) verificou, na observação in loco que as aulas nos laboratórios de

ciências biológicas de algumas instituições estudadas ainda são influenciadas pelo

modelo de ensino tradicional com característica e concepções já ultrapassadas. As

atividades práticas são realizadas tipo receita, ou seja, o aluno segue ao pé da letra

as instruções na realização do experimento.

[...] notamos que muitas propostas de ensino de ciências ainda desafiam a contribuição dos empiristas para a elaboração do conhecimento, ignorando a experimentação, ainda como uma espécie de observação natural, como um dos eixos estruturadores das práticas escolares. A elaboração do conhecimento científico apresenta-se dependente de uma abordagem experimental, não tanto pelos temas do seu objeto de estudo, os fenômenos

28

naturais, mas fundamentalmente porque a organização desse conhecimento ocorre preferencialmente nos entremeios da investigação. Tomar a experimentação como parte de um processo pleno de investigação é uma necessidade, reconhecida entre aqueles que pensam e fazem o Ensino de Ciências, pois a formação do pensamento e das atitudes do sujeito deve se dar preferencialmente nos entremeios de atividades investigativas. (GIORDAN, 1999, p. 2).

Freire (1997), afirma que para compreender a teoria é preciso experienciá-la.

Portanto as realizações de experimentos nos laboratórios de ciências representam

uma excelente ferramenta para o educando realizar experimentos com os conteúdos

apreendidos e ensinados além de estabelecer uma dinâmica e indissociável entre

teoria e prática.

Ao discorrer sobre uma tendência da experimentação, entende-se como um

processo de aprendizagem nos ambientes dos laboratórios de ensino de ciências. E

Bazin (1987) corrobora,

uma experiência de ensino não formal de Ciências, aposta na maior significância desta metodologia em relação à simples memorização da informação, método tradicionalmente empregado nas salas de aula (BAZIN, 1987).

Para Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) é importante que as aulas

experimentais sejam conduzidas de forma agradável para que não se torne uma

competição entre os grupos e, sim, uma troca de ideias e conceitos ao serem

discutidos e redescobertos os resultados. As experimentações científicas ainda são

pouco acessíveis à maioria das pessoas escolarizadas e, por isso, passíveis de uso

e compreensão acríticos e ingênuos, evocando a necessidade de um ensino de

ciências que possibilite os estudantes incorporarem no seu universo a ciência como

cultura.

Barberá e Valdés (1996 apud GALIAZZI et al 2001, p. 254) afirmam que as

“atividades experimentais deveriam desenvolver atitudes e destrezas cognitivas

de alto nível intelectual e não só destrezas manuais ou técnicas instrumentais”.

Os professores polivalentes que atuam nas quatro primeiras séries do ensino

fundamental têm poucas oportunidades de se aprofundar no conhecimento científico

e na metodologia de ensino específica da área, tanto quando sua formação ocorre

em cursos de magistério como em cursos de Pedagogia (BIZZO, 2002, p. 65). Esse

29

problema apontado por Bizzo, se reflete na iniciação prematura da retirada das aulas

experimentais das aulas de ciências, que perpassa todas as séries do fundamental e

ganha ápice – total ausência – no ensino médio.

A maioria dos pesquisadores defende as atividades experimentais com o objetivo de

promover interações sociais que tornem as explicações mais acessíveis e eficientes

no ensino de ciências, dentre eles: Giordan (1999), Dourado (2001), Silva e Neves

(2006), Caamaño (2007), Ataide (2010) e outros. O ensino pela experimentação em

laboratório com o uso prático possibilita ao educando relacionar o conhecimento

cientifico com aspectos de sua vivência, facilitando assim a elaboração de

significados dos conteúdos ministrados. Além da rica interação social, dos

questionamentos devido à quantidade de informações a serem discutidas, estimula a

curiosidade do aprendente. A participação do educando em atividades experimentais

possibilita a observação direta e imediata sobre as informações cientificas

elaborando respostas e argumentos autônomos sobre eventos da natureza.

2.2 CONCEITUANDO LABORATÓRIO DE ENSINO DE CIÊNCIAS

Falando de formação inicial de professores de ciências...

O laboratório de ensino de ciências, vinculado aos cursos de licenciatura, consiste

no lugar onde se pretende proporcionar aos licenciandos-estudantes uma formação

inicial que subsidie sua prática profissional futura com aulas que funcionem como

um contraponto das aulas teóricas, na desconstrução de hipóteses prévias, como

catalisador de novas descobertas no processo de aquisição de novos

conhecimentos, a partir de experimentos que unam a teoria, que organiza os fatos, à

pratica na tentativa de explicar os fatos empiricamente.

A realização de experimentos didáticos pode ser uma estratégia importante de

criação de situações reais, nas quais os conhecimentos adquiridos em sala de aula

se aplicam. Além disso, como já foi dito, práticas experimentais estimulam o

questionamento investigativo (GUIMARÃES, 2009). O laboratório de ensino de

ciências se caracteriza como o espaço onde o aluno-licenciando realiza

simulações reais do cotidiano escolar, expandindo o conceito também para

ambientes nos quais o aluno está cotidianamente inserido, mas que poderiam ser

30

úteis para realização de atividades experimentais. Assim, a cozinha, o jardim, a sala

de aula e a biblioteca da escola passam a ser ambientes férteis para o desen-

volvimento de experimentos que propelem nos educandos o caráter investigativo

(SILVA et al., 2010). Segundo Moreira (2005), a aprendizagem efetiva (significativa)

ocorre sempre que o aluno consegue relacionar conhecimentos da sua cultura

prévia com os novos conteúdos aprendidos na escola. Corroborando à essa ideia,

Zanon e Paliarini (1995) discutem que os conteúdos descontextualizados tornam-se

cada vez mais distantes, vazios e abstratos, ou seja, o ensino sem a realização de

experimentos pode tornar-se desmotivante.

A experimentação é indispensável na formação inicial do licenciado para a

compreensão e construção do saber científico e para o contato direto com material

químico/físico/biológico e os fenômenos naturais, incentivando o envolvimento, a

participação e o trabalho em equipe. As atividades experimentais práticas

normalmente desenvolvidas com materiais que são próprios dos laboratórios de

ciências, também podem ser realizados com materiais alternativos para as

simulações experimentais, visando inserir conceitos de sustentabilidade,

biossegurança, entre outros. Sabe-se que o sucesso do experimento depende do

planejamento e do bom preparo do professor na intervenção do ensino

aprendizagem. Portanto, defende-se o uso do laboratório de ensino de ciências

como ambiente propicio para ensinar ao licenciando-aluno a inovar e produzir

práticas docentes problematizadoras que vão além da manipulação de materiais, e

utilize também a produção de materiais alternativos, leitura, escrita e a fala como

recursos para a discussão conceitual dos experimentos. Dessa forma, o que se

espera desenvolver nos LEC´s é o ensino que motiva, desafia, desperta o interesse

promove alegria e autoconfiança para dar explicações. Carvalho (2007) explica

como se desenvolvem as etapas formativas nesse processo:

[...] primeiramente, criar condições em sala de aula para que os alunos consigam “fazer”, isto é, resolver o problema experimentalmente; depois, que eles compreendam o que fizeram, isto é, que busquem, agora em pensamento, o “como” conseguiram resolver o problema e o “por que” de ele ter dado certo (p. 22).

Percebe-se, portanto, que o saber científico trabalhado no laboratório de ensino de

ciências desafia o licenciando-aluno utilizando o laboratório como elemento formador

31

de práticas inovadoras para o ensino de ciências criando novas estratégias,

dinâmicas para ensinar ciências no ensino fundamental e médio. As atividades

experimentais no laboratório de ciências estimulam o ensino por redescoberta,

aprender e reaprender o fazer docente, dinamizar o ato de ensinar os conceitos das

ciências, ensinar por projetos no espaço do laboratório, dentre outras metodologias

na busca de lograr melhorias no Ensino de Ciências.

A falta de infraestrutura adequada para realização de experimentos é apontada por

diversos estudos como uma barreira intransponível no ensino de ciências. Porém

acredita-se também que, mesmo com a infraestrutura disponível, muitos professores

optam por não utilizar laboratórios escolares de ciências, por insegurança

metodológica, consequência, muitas das vezes, de uma formação inicial deficiente.

Desse modo, um laboratório de ensino vinculado à curso de licenciatura pode, por

exemplo, simular situações onde experimentos que sejam adequados à realidade

das escolas brasileiras e contextualizados, favoreçam a aprendizagem significativa

de conceitos científicos, o desenvolvimento nos alunos de uma atitude crítica,

colaborativa e investigativa, já que estes passam a entender que a ciência é

acessível e faz parte do dia a dia (VALADARES, 2001).

Contextualização e experimentação em ciências desmistifica a ideia da ciência

distante do cotidiano. Desse modo, aprender no laboratório de ensino desperta o

interesse do licenciando pela pratica investigativa escolar para que ele se sinta

seguro e leve esse conhecimento para a sua prática profissional no futuro.

Desse modo, a prática dos professores formadores dos licenciandos-estudantes

deve primar por estratégias experimentais que ensine a ensinar. Porque esses

licenciandos-estudantes serão os mediadores futuros do ensino de ciências, lá nos

níveis médio, fundamental I e II. Sendo assim, define-se aqui o conceito de

Laboratório de ENSINO de ciências (LEC) como sendo o lugar onde ocorre o

processo do “ensinar a ensinar” em ciências. É um lugar próprio do curso de

licenciatura e onde se aprende, entre outras coisas, a utilizar a experimentação já

defendida no capítulo anterior como metodologia fundamental para o ensino de

ciências.

32

Aprender no laboratório de ciências por meio de experiências práticas leva o

aprendiz a novas descobertas, a um aprender ciências investigando e criando

diferentes estratégias de ensinar conceitos quando ingressam na carreira docente.

Destaque para a assunção de atitudes inovadoras em investigação; interpretação e

formulação do próprio aprender a ensinar, cuja oportunidade essencial de unir teoria

e prática (de ensino) encontra condição favorável. Então, o laboratório de ciência

torna-se um ambiente de fortalecimento para a defesa das atividades experimentais

que pode, inclusive, combinar fortemente com a ação e reflexão dialógica da

pesquisa exploratória.

A importância do trabalho prático é inquestionável na Ciência e deveria ocupar lugar central no seu ensino. No entanto, o aspecto formativo das atividades práticas experimentais tem sido negligenciado, muitas vezes, em caráter superficial, mecânico e repetitivo em detrimentos a aprendizados teórico-práticos dinâmicos, processuais e significativos (SILVA & ZANON, 2000).

Pelo exposto, uma prática aprendida num LEC pode mediar a conexão entre um

licenciando estudante com as áreas especificas que ele gosta e melhor se

desenvolve. E daí, no exercício da profissão, ele terá a experimentação como base

da aprendizagem significativa pelos educandos transformando assim.

Além de unir a teoria com a prática, no LEC espera-se que o estudante aprenda a

encontrar os seus próprios caminhos e ter uma visão mais conectada com a

realidade atuando assim como um facilitador que estimula e desperta a curiosidade

do seu aluno em conhecer porque e como aquele determinado fenômeno natural

acontece, associando novas informações aos conhecimentos anteriores.

Cabe aos educadores (professores da graduação) no uso do LEC, ao ensinar

ciências, dois papéis importantes dentro da ótica construtivista. O primeiro é o de

educador tutor no qual o docente é um guia de aprendizagem e assume uma função

intermediária entre uma ação totalmente dirigida pelo professor e uma atividade

autodirigida pelo aluno. O segundo é o de educador assessor, que assume muito

mais a função de questionar do que de dar respostas; provoca, ainda, a reflexão e a

solução autônoma de problemas que possam surgir na realização de projetos que os

alunos proponham realizar. O educador não conhece o caminho a ser seguido pelo

aluno, mas precisa saber auxiliar na sua construção (BORGES, 2007).

33

Na contemporaneidade nota-se uma dinâmica política constantemente mutável de

novos – por vezes não tão novos - ideais relativos ao modo de conceber a relação

entre experimento e a teoria. A separação entre ambos não é desejável.

Dividir/separar teoria em um espaço e a experimentação em outro, resulta em algo

desfavorável - além de ser fisicamente ruim, se transforma em um obstáculo na para

aprendizagem do educando (DELIZOICOV, et al., 2011).

Nesse contexto, um LEC deve ser um ambiente integrador da teoria para prática que

vem subsidiar o licenciando em formação inicial ao realizar experimentos a partir de

conhecimentos prévios - o referencial que esse estudante traz, e deles construir

novos e diferentes conhecimentos sobre os fenômenos e leis naturais existentes no

cotidiano.

2.3 LABORATÓRIO ESCOLAR DE ENSINO: DIFERENÇAS E CARACTERÍSTICAS

O laboratório escolar de ensino é entendido pela maioria dos professores como

espaço de apoio pedagógico. É lá o único espaço onde as crianças e adolescentes

começam a ter contato com as ciências, interagindo com os materiais (às vezes

escassos) que a escola dispõe. Neste laboratório são feitas as análises das

repercussões dos conteúdos estudados e expostos nas aulas de Ciências, dentro da

visão de seus professores. Porém, as poucas práticas experimentais realizadas no

ensino das ciências na educação básica com o uso de laboratório quase sempre

ocorrem sem formulação de problema e sem um planejamento de pesquisa para as

atividades que serão ensinadas. Quando existem, destinam-se apenas a atender às

demandas burocráticas da escola como projetos pontuais da instituição ou do curso

(KRASILCHIK, 2000). A ação docente e as atitudes de aprendizagem dos

educandos perpassam sem diretrizes pré-estabelecidas para o desenvolvimento

cientifico dos conteúdos. Assim, o educador trabalha quase sempre com objetivos

de ensino pouco claros e implícitos do que vai ser experimentado no ambiente de

laboratório. Nesta vivencia, o educando não percebe outros propósitos para as

atividades práticas da biologia, química e física, limitando-se a um comportamento

apenas de verificar e comprovar fatos e leis científicas.

34

Percebe-se que os poucos educadores que ainda realizam experimentos são

aqueles que, de uma forma ou de outra, vivenciaram aulas práticas na sua formação

inicial do curso de licenciatura, enquanto alunos, ou em cursos de formação

(especialização) para professores.

Para que essa realidade se modifique faz-se necessário que o curso de licenciatura

assuma a prática experimental como prioritária para a formação de novos

professores e que a integração da teoria com a prática não se concentre apenas nos

laboratórios em seus aspectos desejados, mas incluir também espaços não formais

a partir de um planejamento cuidadoso que considere as ideias prévias do educando

a respeito do conteúdo que será pesquisado, o tempo necessário para completar a

atividade, as habilidades requeridas e aspectos ligados à segurança e outros.

Hodson (1988) afirma “o professor ao desenvolver tais atividades, deve ter em

mente que o que qualquer pessoa observa depende fortemente de seu

conhecimento prévio e de suas expectativas”. Nos laboratórios de ensino escolares

observados – no trabalho de Hodson - as atividades realizadas seguiam roteiros sob

a orientação do professor que era fornecido a todos os membros do grupo para

observarem um mesmo fenômeno. Percebe-se aqui, segundo o autor em suas

conclusões, que todos interpretavam da mesma forma ou aceitavam a validade e

legitimidade das observações. É necessário que o ensino de ciências a partir de

práticas experimentais pré e pós-laboratórios permita com que os educandos

explicitem suas ideias e expectativas, e discutam o significado de suas observações

e interpretações. Antes de realizar a atividade prática experimental, deve-se discutir

com eles a situação ou fenômeno que será tratado. Pode-se pedir que escrevessem

no portfólio suas previsões sobre o que deve acontecer e justificá-las. Na fase pós-

atividade, faz-se a discussão das observações, resultados e interpretações obtidos,

tentando reconciliá-las com as previsões feitas. Aqui é o momento de se discutir as

falhas e limitações da atividade prática.

Estudos sobre ensino-aprendizagem de ciências produzem evidências de que as

crianças trazem para a escola um conjunto de concepções sobre vários aspectos do

mundo, mesmo antes de qualquer introdução à ciência escolar. Essas concepções

alternativas são adquiridas a partir de sua inserção na cultura comum e da

35

experiência cotidiana com fenômenos e eventos, e, frequentemente, interferem com

a aprendizagem das ideias científicas. O que se percebe é que o laboratório de

ensino escolar tem sido um ambiente de práticas genéricas. É ingênuo pensar que

esse modelo estabelecido nas escolas pode contribuir significativamente para a

aprendizagem escolar de ciências.

Ensinar ciências no laboratório escolar deve ter seu fundamento na ideia de que os

processos de ensino devem respeitar e favorecer práticas experimentais em que o

educando, deve ser estimulado a ocupar centro do processo da aprendizagem.

A tarefa de ensinar recai hoje, na busca de situações que permitam aos educandos

reconstruírem, progressivamente, os conhecimentos prévios sobre determinado

fenômeno. A partir disso, as aulas práticas experimentais servem de estratégias que

podem auxiliar o educador a retomar um assunto já abordado, construindo com seus

educandos uma nova visão sobre um mesmo tema, no qual as aulas práticas

experimentais com o uso do laboratório não constituem mera confirmação dos

fenômenos ensinados na teoria, mas que seja um dos meios que desafiem o

educando a relacionar novas informações para o dado fenômeno (DOURADO,

2006).

Os objectivos que o Trabalho laboratorial pode permitir alcançar podem ser agrupados em objectivos: do domínio das atitudes (por exemplo: motivar os alunos; estimular a cooperação entre os alunos); do domínio procedimental (por exemplo: desenvolver capacidades de observação; dominar técnicas laboratoriais); do domínio conceptual (por exemplo: adquirir conceitos; explicar fenómenos); e do domínio da metodologia científica (por exemplo: resolver problemas). (DOURADO, 2006)

Portanto o ensino no laboratório pode ser organizado de diversas maneiras, desde

demonstrações até atividades prático-experimentais dirigidas diretamente pelo

educador ou indiretamente, através de um roteiro autônomo em que o educando

com atitudes autônomas organiza, utiliza da informação científica para encontrar

respostas que explicam hipóteses do problema investigado, transformando a

aprendizagem por descoberta em que o ato de experimentar no Laboratório de

Ciências possa estimular o potencial criativo e imaginário do educando que poderá

contribui para desenvolver competências em aprender a conhecer pelo caminho da

pesquisa. De acordo com Schwahn & Oaigen (2008):

36

O método da descoberta favorece a construção do conhecimento científico mediante o exercício de atividades mais ou menos direcionadas que estimulam o fazer e o pensar, isto é, proporcionam o envolvimento dos alunos em atividades de manipulação de materiais e, além disso, promovem a ocorrência de momentos para reflexão, tomada de decisões e chegada a conclusões. (SCHWAHN & OAIGEN, p. 160-161, 2008)

Quanto à estrutura física de um laboratório escolar de ciências, de acordo com

Weissmann (1998), é fundamental que a sala tenha boas condições de iluminação,

presença de pias e torneiras, cujo número deve variar de acordo com a quantidade

de alunos. As mesas devem ter cobertura de um material com boa resistência

química. Não podem ser mesas fixas, sendo o tamanho de 50 x 80 cm o ideal. Pias

e bancadas utilizadas para preparar os materiais a serem usados na aula prática

devem ficar em paredes laterais e também são requisitados bicos de gás, tomadas

elétricas, dois tanques para lavagem de materiais, e um local para depositar as

experiências que ainda estão em andamento. Para complementar, a mesma autora

cita que é preciso que a sala de aula possua um armário com chave para guardar

materiais frágeis, perigosos ou de valor. De acordo com Krasilchik (2004), os

laboratórios escolares devem estar situados no térreo das escolas, por causa de

questões de segurança, como saídas de emergência, por exemplo.

Ainda assim, a ausência de um espaço físico adequado não deve ser visto como um

impedimento intransponível para o desenvolvimento de atividades experimentais nas

escolas – dada a relevância de tais práticas já anteriormente apresentada.

Alternativas seguras e dinâmicas, econômicas e com preocupação com a

sustentabilidade, com o uso de materiais de baixo custo e fácil acesso, podem ser

desenvolvidas na própria sala de aula e são amplamente comunicadas nas revistas

científicas voltadas para o público docente (ex: Química Nova na escola, Nova

escola, Revista Brasileira de ensino de bioquímica, etc ).

37

3 METODOLOGIA

A metodologia deve ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação

científica, mas principalmente seu próprio processo, pois suas exigências não são

de submissão estrita a procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na

produção dos resultados (BRUYNE, 1991 p. 29).

Segundo Gil (2008), essa pesquisa pode ser classificada como téorica-empírica, do

tipo pesquisa de campo de caráter analítico qualitativo. A fundamentação teórica-

empírica desta pesquisa aborda as estruturas e como se dá o funcionamento das

pesquisas desenvolvidas nos laboratórios de ensino de Ciências.

Para fins de compreensão o processo de desenvolvimento da pesquisa foi dividido

em 3 etapas subsequentes, como mostra a Figura 1.

Figura 1 – Descrição das etapas da pesquisa.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

38

3.1 ETAPA I: PESQUISA EXPLORATÓRIA SOBRE LABORATÓRIOS DE ENSINO

DE CIÊNCIAS (LEC’S):

Uma pesquisa exploratória segundo Gil (2008), é aquela em que o pesquisador

coleta dados, conhece, participa de novas experiências, avalia a qualidade das

informações, para familiarizar-se com o que até então não é conhecido por ele.

Nesta pesquisa foi realizada busca por laboratórios de ensino de ciências já

estabelecidos em instituições de ensino superior (IES) nas diversas regiões do país.

O levantamento desses laboratórios se deu inicialmente por meio de uma pesquisa

sistemática em sítios eletrônicos gerais de busca – portais (Google, p.e.), durante o

período de julho a setembro de 2013, utilizando termos específicos (descritores)

entre aspas, para que os resultados levassem aos sítios institucionais dos

laboratórios. Os termos descritores usados foram: “Laboratório de ensino”,

“Laboratório de ensino de ciências”, “Laboratório de ensino de química” e

“Laboratório de ensino de ciências e química”. Em seguida, os resultados foram

inspecionados e somente foram selecionados aqueles que pertenciam a IES

públicas e que tivessem caráter institucional, ou seja, reportagens e citações foram

excluídas da busca.

O segundo momento de pesquisa bibliográfica se deu entre setembro e dezembro

de 2013 por meio de busca sistemática no portal do Conselho Nacional de

desenvolvimento científico e tecnológico – CNPq, especificamente no Diretório de

Grupos de Pesquisa no Brasil. Novamente os termos descritores foram utilizados

para se chegar ao resultado. Os termos descritores foram: “laboratório de ensino de

ciências”, “laboratório, ensino e formação”, “experimento, ensino e laboratório”,

“experimentação, ensino e curso”, “experimentação, formação e laboratório”,

“experimentação, ciência e formação”, “laboratório, ciências e formação”,

“laboratório, aprendizagem e ciências”, “aprendizado, laboratório e formação”,

“experimento, ensino e laboratório”, “experimentação, ensino e química”,

“experimentação, educação e química”, “hipótese, experiência e científica”, etc. Os

critérios de inclusão adotados seguiram o mesmo padrão anterior.

39

Além desses dois percursos metodológicos acrescenta-se a indicação de LEC’s por

meio de conversas com pesquisadores da comunidade científica. A participação em

eventos científicos permitiu o contato com membros das sociedades acadêmico-

científicas e a investigação de outros LEC’s ainda não detectados por meio dos

recursos anteriormente executados.

O uso de três caminhos para encontrar laboratórios de ensino de ciências se justifica

na medida em que, metodologicamente, o uso de mais de uma fonte de dados

aumenta a probabilidade de que se estabeleça uma busca mais vasta e

fornecimento de dados mais precisos.

3.2 ETAPA II: PESQUISA DE CAMPO EM LEC’S:

Segundo Gil (2008) pesquisa de campo é aquela onde ocorre a observação de fatos,

de episódios do mesmo modo como acontece na realidade, à coleta de dados

relativa aos mesmos, por fim, à investigação e compreensão desses dados com

base em uma forte sustentação teórica.

Nessa etapa da pesquisa, no período de janeiro a novembro de 2014, foram

realizados contatos telefônicos e via correio eletrônico com os LEC’s tendo como

base aqueles localizados por meio do relatório de busca realizado na etapa anterior,

a fim de solicitar um agendamento para uma visita técnica, o que caracteriza uma

pesquisa in loco. A carta de solicitação de tal visita consta no Anexo I desse trabalho.

Aqueles LEC’s que se pronunciaram receptivos após o contato estabelecido foram

visitados e estão descritos na tabela 1.

Como instrumentos de coleta de dados nas visitas técnicas foram utilizados: Diário

de bordo, registros fotográficos e entrevistas semi-estruturadas com os responsáveis

pelos LEC’s visitados.

Tabela 1 – Lista dos LEC’s onde foram realizadas as visitas técnicas.

Laboratórios Região Data da Visita

técnica

Universidade Federal de Goiânia –

Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas - LEQUAL

Centro-oeste

01/09/2014

40

UFG/GO Laboratório de estágio supervisionado e ensino de ciências – LESEC

01/09/2014

Universidade de Brasília – UnB/DF

Laboratório de pesquisa e ensino de Química - LEPEQ

Centro-oeste

02/09/2014

Universidade de São Paulo – USP/SP

Laboratório de pesquisa em Ensino de química e tecnologias educativas - LAPEQ

Sudeste

08/08/2014

Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química - LAPEC

07/08/2014

Universidade Estadual de Santa Cruz –UESC/BA

Laboratório de Ensino de Ciências e Matemática - LECM

Nordeste 05/09/2014

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

3.2.1 Diário de bordo

Um diário de bordo se caracteriza como um caderno ou pasta onde o(s) estudante(s)

registra(m) as etapas que realiza(m) para desenvolver o projeto, registrando

detalhada e precisamente (indicando respectivas datas e locais) todos os fatos,

passos, descobertas e indagações, investigações, entrevistas, testes, resultados e

respectivas análises. (FEBRACE, 2004).

O diário de bordo é muito utilizado dentro dos ambientes de educação, com o

objetivo de uma aprendizagem construtivista, onde os dados são coletados e

sistematizados para análise.

Os itens que constam no roteiro de registro dos diários de bordo elaborados nessa

pesquisa constam na Tabela 2. Para cada item buscou-se para além de uma

descrição detalhada, buscou-se uma forma de se estabelecer um critério de

classificação em (A) Apropriado; (PA) Parcialmente apropriado, ou (I) Inapropriado.

Para tal classificação levou-se em consideração o ponto de vista de cada

pesquisador/professor responsável pelo laboratório. Ou seja, coube ao responsável

determinar a classificação de cada item investigado por essa pesquisa.

41

Tabela 2 – Estrutura dos itens observados por meio do Diário de Bordo.

Item Descrição

1 Pisos

2 Janelas

3 Portas

4 Iluminação

5 Instalação Elétrica

6 Instalação Hidráulica

7 Gases

8 Capela(s)

9 Almoxarifado

10 Sala dos prof./técnicos

11 Organização dos recursos pedagógicos

12 Acessibilidade

13 Disposição dos assentos/ bancadas

14 Vidrarias

15 Sala de Aparelhos Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

3.2.2 Registros fotográficos

A imagem vem sendo há muito tempo uma ferramenta usada para registrar os

objetos de investigação, estáticos – por meio da fotografia – ou em movimento – por

meio de videogravação. Torna-se, assim, um instrumento para captar o objeto de

estudo, pois reduz questões da seletividade do pesquisador e configura a

reprodutividade e estabilidade do estudo. A principal vantagem deste método é que

outros pesquisadores ou colaboradores (juízes) também podem fazer uso do

material coletado (BELEI, 2008).

Os registros fotográficos tinham como objetivo subsidiar as análises descritivas

sobre características físicas dos LEC’s pesquisados assim como das atividades

realizadas nos mesmos, não sendo necessárias fotografias com qualidade técnica

para reprodução gráfica profissional, sendo portanto realizadas com aparelho de

telefone celular, com autorização dos responsáveis pelos LEC’s estabelecida por

meio de Termo de consentimento Livre e esclarecido (Anexo I).

42

3.2.3 Entrevista Semi-estruturada

Triviños (1987, apud Manzini, 2004) afirma que a entrevista semiestruturada é

caracterizada por ser constituída de questionamentos simples, apoiados em teorias

e hipóteses que possuem relação com a pesquisa. Em adição Manzini (1991),

descreve que se caracteriza uma entrevista semiestruturada quando se tem como

foco um objetivo sobre o qual é formulado um roteiro com perguntas principais e

complementadas por outras questões que podem surgir no decorrer da entrevista.

Esse recurso metodológico foi eleito pois permite investigar questões pontuais e ao

mesmo tempo permite que o entrevistado discorra sobre o assunto perguntado.

Foram sujeitos da entrevista os responsáveis por cada LEC visitado. As entrevistas

foram gravadas em áudio e, a análise de seus conteúdos foi realizada por meio do

método de Análise textual discursiva descrito por Moraes (2006), descrita como um

processo que se inicia com uma unitarização em que os textos são separados em

unidades de significado. O roteiro semi-estruturado da entrevista continha as

seguintes perguntas:

Roteiro de Entrevista:

I – Quando foi criado e com quais objetivos iniciais?

II – Quais são as especializações dos profissionais envolvidos no laboratório?

III – Quais são os recursos que o laboratório utiliza para o seu funcionamento?

IV – As atividades desenvolvidas no laboratório de ensino estão ligadas a alguma

disciplina do curso de Licenciatura?

V – Quais são as linhas de pesquisas com as quais o laboratório trabalha e como

elas estão relacionadas aos alunos licenciandos?

VI – Como os licenciandos podem observar e ou executam, o processo de Ensino-

Aprendizagem (Metodologia) durante a aplicação das atividades dentro do

laboratório de ensino?

43

VII – Os resultados obtidos das pesquisas têm alguma repercussão na sociedade?

VIII – Os objetivos das pesquisas são alcançados com êxito ou há algum empecilho?

IX – Quais os ganhos para os alunos dos cursos de Licenciatura ao desenvolverem

atividades no laboratório de ensino, bem como observar seu desenvolvimento?

3.3 ETAPA III: ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NOS LEC´S

PESQUISADOS E DISCUSSÃO SOBRE O PERFIL DE FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE CIÊNCIAS FORMADO NESSES LEC´S.

De acordo com os dados levantados foram estabelecidos eixos de significado que

serviram de apoio para que se realizassem associações comparativas.

Metodologicamente é importante ressaltar que associações comparativas não são

comparações diretas e cruas, tampouco funcionam como juízo de valor qualitativo. A

saber: Não foi objetivo de análise atribuir caracterizações como “melhor/pior”, “mais

eficiente/menos eficiente”, etc. O método proposto denota a busca por similaridades

e diferenças a respeito de âmbitos de atuação dos laboratórios, de formação dos

membros da equipe, de caminho histórico percorrido, de estrutura física, etc, que

ajudam no encaminhamento de conclusões acerca das características comuns e

específicas do grupo (amostra) investigado.

44

4 RESULTADOS

4.1 ETAPA I: PESQUISA SOBRE LABORATÓRIOS DE ENSINO DE CIÊNCIAS

(LEC’S):

De acordo com o protocolo metodológico descrito anteriormente, foram utilizados

nessa etapa três mecanismos de busca por Laboratórios de ensino de ciências

(LEC´s). São eles: (1) Pesquisa sistemática em sítios eletrônicos gerais de busca –

portais (Google, p.e.), (2) Busca sistemática no portal do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq no Diretório de Grupos de

Pesquisa; e (3) Indicação de LEC’s por meio de conversas com pesquisadores da

comunidade científica. A tabela 3 apresenta os dados obtidos.

Foram encontrados 16 LEC´s distribuídos por diversas regiões do país, sendo a

região sudeste é aquela que abriga a maior parte deles, 7. Na região centro-oeste

foram encontrados 4 laboratórios, na região sul e na região norte, 2 laboratórios

cada; e na região nordeste somente 1. Somente 4 LEC´s foram detectados por meio

de busca geral em portais de livre acesso, o que sugere que as páginas

institucionais dos outros LEC´s ainda são de difícil acesso ou inexistentes (levando-

se em consideração as limitações metodológicas dos termos descritores usados). A

maior parte dos LEC´s foram encontrados por meio de seus cadastros no Portal de

grupos de pesquisa do CNPq.

Tabela 3 – Laboratórios de Ensino de ciências encontrados e seus respectivos caminhos de busca

Laboratório de ensino encontrado

Instituição Estado Mecanismo de busca

1 Laboratório de Ensino de ciências

Universidade Federal de Rondônia

RO Diretório de Pesquisa - CNPq

2 Laboratório interdisciplinar de pesquisa e estratégias no ensino de ciências – LIPEEC

Instituto Federal Goiano

GO Diretório de Pesquisa - CNPq

3 Ensino de ciências e Biologia Instituto Federal de São Paulo

SP Diretório de Pesquisa - CNPq

4 Grupo de pesquisa em ensino de ciências e Matemática

Universidade estadual de Londrina

PR Diretório de Pesquisa - CNPq

5 Laboratório de estudos em Universidade RR Diretório de

45

Ensino de Química Estadual de Roraima Pesquisa - CNPq

6 Laboratório de pesquisa em Ensino de Química e tecnologias educativas

Universidade de São Paulo

SP Diretório de Pesquisa - CNPq

7 Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas LEQUAL

Universidade Federal de Goiânia

GO Diretório de Pesquisa - CNPq

8 INOVA (R) Universidade Federal de Minas Gerais

MG Diretório de Pesquisa - CNPq

9 Laboratório de ensino de ciências de Goioerê

Universidade Estadual de Maringá

PR Google

10 Laboratório de ensino de ciências e biologia

Universidade Federal de Uberlândia

MG Google

11 Laboratório de ensino de ciências - Núcleo de educação científica NEC- BIO

Universidade de Brasília

DF Google

12 Laboratório de ensino de ciências e tecnologias

Universidade de São Paulo

SP Google

13 Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química

Universidade de São Paulo

SP Diretório de Pesquisa - CNPq

14 Laboratório de ensino de ciências e matemática

Universidade estadual de Santa Cruz

BA Indicação

15 Laboratório de Currículo e Ensino – NUTES

Universidade Federal do Rio de Janeiro

RJ Diretório de Pesquisa - CNPq

16 Laboratório de estágio supervisionado em ensino de ciências – LESEC

Universidade Federal de Goiânia

GO Indicação

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

4.2 ETAPA II: PESQUISA DE CAMPO EM LEC’S

A pesquisa de campo foi conduzida de acordo com a reciprocidade dos

responsáveis pelos LEC´s aos contatos realizados (conforme descrito na

metodologia) quanto à possibilidade de funcionarem como objeto/campo/sujeitos de

estudo. A tabela 1 (repetida aqui para fins de compreensão) mostra os seis LEC´s

investigados.

46

Tabela 1 – Lista dos LEC’s onde foram realizadas as visitas técnicas

Laboratórios Região Data da Visita

técnica

Universidade Federal de Goiânia – UFG/GO

Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas - LEQUAL Centro-

oeste

01/09/2014

Laboratório de estágio supervisionado e ensino de ciências – LESEC

01/09/2014

Universidade de Brasília – UnB/DF

Laboratório de pesquisa e ensino de Química - LEPEQ

Centro-oeste

02/09/2014

Universidade de São Paulo – USP/SP

Laboratório de pesquisa em Ensino de química e tecnologias educativas - LAPEQ

Sudeste

08/08/2014

Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química - LAPEC

07/08/2014

Universidade Estadual de Santa Cruz –UESC/BA

Laboratório de Ensino de Ciências e Matemática - LECM

Nordeste 05/09/2014

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

A seguir serão apresentados os dados de cada laboratório coletados por meio da

aplicação dos três instrumentos de coleta utilizados nas visitas técnicas, a saber:

Diário de bordo, registros fotográficos e entrevistas semi-estruturadas com os

responsáveis pelos LEC’s visitados. Optou-se aqui por uma apresentação de texto

corrido para que fluência na leitura ajudasse à compreensão de tópicos relacionados

ao histórico dos laboratórios apresentados, sua estrutura física, linhas de pesquisa,

e desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão.

4.2.1 Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas

LEQUAL - Universidade Federal de Goiânia – UFG/GO

Professor responsável: Marlon Soares;

Universidade: Universidade Federal de Goiânia – UFG/GO

Descrição e histórico do laboratório: O laboratório de educação Química, Ciências e

atividades lúdicas (LEQUAL) foi criado em 2004, após a defesa de doutorado do

47

professor Marlon Soares, cujos objetos de pesquisa foram “jogos de ensino de

química”.

Em seguida o laboratório - e sua equipe - foi cadastrado no grupo de pesquisa da

universidade e no grupo de pesquisa do CNPq a fim de continuar investigando,

pesquisando na área de ensino com jogos potencializando ainda mais as

publicações de artigos, comunicações em eventos científicos entre outros. Nesta

perspectiva, a divulgação e popularização de suas pesquisas resultaram em outros

trabalhos que são desenvolvidos em outros laboratórios de ensino nos dias atuais.

Além do professor Marlon que é o coordenador e líder do grupo, a equipe do

laboratório conta com a professora Nyuara Mesquita que também atua como

coordenadora, desenvolvendo pesquisa na área de formação de professores em

ciências/química. O laboratório também conta com a colaboração de outros

professores que não fazem parte do Instituto de Química, e que atuam em outras

universidades mantendo uma ligação com o laboratório de Educação Química e

Atividades Lúdicas, destacando um ex-estudante do curso de doutorado que

atualmente leciona no Campus avançado de Jataí; um outro ex-estudante do curso

de mestrado, que hoje é professor do campus da cidade de Goiás; um professor do

Instituto Federal de Anápolis, mas que ainda mantém um vínculo com o laboratório

e; por último, um docente na UNIBE que está montando um laboratório de ensino

nessa universidade, mas ainda mantém sua ligação com o laboratório.

Até o final de 2008 e começo de 2009 os alunos envolvidos com as atividades do

laboratório eram licenciados em Química, pois esses profissionais eram orientados

pelo professor Marlon no curso de mestrado em Química da universidade. De 2009

em diante o professor começou a orientar outros alunos de mestrado em Ciências e,

com isso, além dos alunos do mestrado de Química o laboratório começou a atender

alunos que estão cursando a licenciatura em Física, em Matemática, em Biologia e

outros do curso de bacharelado que também frequentam o laboratório.

Os recursos utilizados, segundo observado, para o desenvolvimento das atividades

são, sempre que possível, prioritariamente de baixo custo. Outros equipamentos

encontrados relacionados à infra-estrutura são: ar condicionado, armários (onde são

48

distribuídos os livros), computadores, impressoras, filmadoras, gravadores (recursos

necessários para desenvolver pesquisa), e Kit básico para robótica cujo custo varia

entre 150 e 250 reais.

Não há separação estrutural/física entre o espaço destinado às aulas e àquele

destinado ao desenvolvimento das pesquisas, uma vez que os professores que

fazem parte do grupo que compõe o laboratório conseguiram adaptar esse espaço

também para ministrar aulas, desenvolvendo assim a relação teoria e prática.

As linhas de pesquisas desenvolvidas no laboratório são três: a primeira é sobre

jogos e atividades lúdicas em ensino de Química e Ciências, a segunda trata de

Robótica educacional em Ensino de Ciências, e a terceira linha de pesquisa

desenvolve estudos sobre Políticas públicas e o currículo. Dentro dessas linhas de

pesquisa, existem ramificações. Essas ramificações são: os trabalhos com os jogos

e as atividades lúdicas, em que determinado momento foi destinado à produção e o

desenvolvimento de jogos. Logo depois esse trabalho evoluiu da parte de criação e

desenvolvimento até a parte de análise da eficácia dos jogos, em termos de ensino e

aprendizagem. E hoje além das questões relacionadas ao ensino e aprendizagem,

os jogos estão sendo caracterizados no ensino de Química, relacionando-os com o

processo de ensino e aprendizagem, e também com as questões relacionadas à

avaliação. Vale ressaltar ainda que, como os jogos já passaram pelo processo de

desenvolvimento e foram construídos, o foco principal agora passou a ser analisar

em que nível esses jogos ensinam? Como ensinam? Por que ensinam? E qual a

relação desses aspectos com algumas teorias de aprendizagem e de avaliação.

A pesquisa voltada para o desenvolvimento da robótica no laboratório surgiu em

2011. Essa linha surgiu exatamente porque esses profissionais queriam evoluir em

suas pesquisas. A pesquisa em robótica desenvolvida no laboratório tem como alvos

a parte lúdica, a parte instrumental, e uma parte de tecnologia.

A linha de pesquisa desenvolvida pela professora Nyuara Mesquita está mais

voltada para o currículo, avaliação e políticas públicas, e trabalha com a formação

de professores e sua relação com o currículo, aprendizagem do professor, formação

do professor pela pesquisa.

49

Em suas aulas, os professores que atuam como docentes no LEQUAL priorizam a

manipulação feita pelos alunos (atividades práticas), por exemplo, a parte de

experimentação é trabalhada com conceitos básicos, como densidade a partir de

uma atividade investigativa, onde o próprio aluno tem que manipular o experimento e

tirar suas conclusões a partir do que ele observou, e para concluir a aula é realizado

um debate sobre a conclusão final do experimento, mesmo o experimento dando

certo ou errado. Também são trabalhadas formas de produção do conhecimento,

sendo que o professor divide a turma: uma parte trabalha com o desenvolvimento do

experimento, e a outra parte trabalha com o desenvolvimento de um robô para

ensinar um conceito químico.

Todas as pesquisas desenvolvidas no laboratório tem se convertido em publicações

de livros e artigos e também publicações em revistas, com isso a divulgação dos

resultados das pesquisas é alcançada com êxito.

Segundo o professor coordenador, o laboratório de educação está sempre em

movimento. As pessoas que trabalham no laboratório são comprometidas, e o

próprio convívio entre esses profissionais é excelente.

ESTRUTURA FÍSICA: O LEQUAL funcionava, no momento da visita técnica, num

ambiente único dividido em dois por divisórias móveis. Numa das áreas (a maior) se

estabeleciam sala de vivências, estação de atividades práticas, as estações de

computador, pia e capela. Na outra (menor) e também subdividida por divisórias

funcionava os gabinetes individuais dos professores.

Vale aqui um destaque importante: essas instalações descritas são provisórias uma

vez que um novo prédio em fase final de construção abrigaria tão logo finalizado, as

atividades do LEQUAL.

Na figura 2 seguem os registros fotográficos da estrutura do Laboratório. Para

melhor visualização e compreensão das imagens, decidiu-se por legendar

individualmente cada foto com sua descrição. Todas as fotos são de autoria própria.

50

Figura 2 – Estrutura do Laboratório de Educação Química, Ciências e Atividades Lúdicas – LEQUAL -

Universidade Federal de Goiânia

A - Rall de entrada do campus da UFG B – Rall de entrada do Instituto de Química -

UFG

C – Corredor de acesso D – Sala central do LEQUAL

51

E – Gabinete dos professores F – Profa Nyuara Mesquita

G – Estações de trabalho dos alunos H – Bancada e pia para experimentos

52

I – Capela para atividades experimentais J – Armário de reagentes

K – Armário de vidrarias L – Bancada para realização de atividades

53

M – Protótipos no Laboratório N – Protótipos do Laboratório

O – Protótipos do Laboratório P – Futuras instalações do LEQUAL

54

Q – Futuro auditório R – Futuro LEQUAL

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

4.2.2 Laboratório de estágio supervisionado e ensino de ciências – LESEC -

Universidade Federal de Goiânia – UFG/GO

Professora responsável: Simone Guimarães

Universidade: Universidade Federal de Goiânia – UFG;

O Laboratório de Estágio Supervisionado em Ensino de Ciências (LESEC),

localizado na Universidade Federal de Goiânia, surgiu através da submissão da

proposta a um edital que foi lançado no ano de 1999 destinado a docência, para

consolidação dos núcleos de pesquisa e laboratórios de ensino. Nesse edital um

professor da área enviou o projeto e conseguiu recursos para a reforma do espaço

já existente, e também para a compra de alguns materiais iniciais. Em 2010, quando

a professora Simone Guimarães iniciou seu trabalho como docente na universidade,

o laboratório foi consolidado através da escolha do nome, da decisão sobre o que

55

funcionaria em cada espaço destinado ao laboratório, e como seriam feitas as

reformas.

A equipe permanente é formada por três profissionais que trabalham no laboratório:

A professora Simone Guimarães (Licenciada em Biologia, Mestre e Doutora em

Educação); E mais dois colegas (uma professora licenciada em Biologia, Mestre em

Microbiologia, e doutora em Ensino de Ciências, e outro com formação em

Educação, Ciências e Matemática). Os alunos que frequentam o laboratório são

graduandos em Ciências Biológicas, e mestrandos do programa de educação em

Ciências e Matemática.

Alguns recursos disponíveis e usados pelo LESEC são: projetor, máquinas

fotográficas, gravadores, materiais didáticos diversos, jogos, poucas vidrarias. A

estrutura física conta com o espaço que é uma sala com 30 carteiras, duas

bancadas, pia, material de escritório, utilizados para a confecção de cartazes, e três

computadores.

Os recursos financeiros chegam via departamento. O LESEC está subordinado ao

departamento de Educação em Ciências e Matemática que pertence ao Instituto de

Ciências Biológicas. Com esses recursos, distribuídos anualmente, é que são

comprados os materiais que são utilizados no laboratório. O laboratório também

recebe recursos vindos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência -

PIBID, que tanto serve para o LESEC quanto para as práticas do PIBID.

As atividades desenvolvidas no laboratório estão ligadas às disciplinas de Estágio

supervisionado I e II, às disciplinas do Ensino de Ciências, e às disciplinas de Ensino

de Biologia.

As linhas de pesquisas desenvolvidas no laboratório são duas: (1) formação de

professores em Biologia, e (2) Metodologias em Ensino de Ciências e Biologia.

Dentro dessas duas surgem outras ramificações, destacando o Ensino nas Séries

Inicias que encontra-se dentro da linha de pesquisa de Ensino.

A dinâmica das disciplinas dentro do laboratório se dá por meio de aulas teóricas e

práticas, como, por exemplo, quando os alunos utilizam os materiais disponíveis

56

para confeccionar mapas conceituais sobre os assuntos que são discutidos na aula.

Além disso, produzem textos nos computadores, de acordo com os livros que os

professores trabalham com eles em sala de aula. Planejamento e construção dos

planos de aulas pelos alunos que cursam a disciplina Estágio Supervisionado

também são atividades desenvolvidas ali; e o laboratório também é utilizado por

bolsistas para preparar experimentos e desenvolver projetos (amostra de filmes

didáticos), etc.

De acordo com a professora Simone, o LESEC, através do PIBID, conta com a

participação de quatro professores supervisores, profissionais de uma escola pública

que fica próxima a UFG, sendo assim o LESEC funciona também como um

laboratório de apoio para esses profissionais que trabalham na Educação Básica.

Segundo a coordenadora, o laboratório não necessita de muitos recursos para

desenvolver suas atividades na área do Ensino, e assim acredita-se que as

pesquisas são alcançadas de forma satisfatória. O laboratório também serve como

um espaço catalisador, pois o tempo vago que os discentes possuem é usado para

trabalharem os experimentos, além de utilizar o espaço do laboratório para

cumprirem com as atividades propostas dentro das disciplinas e interagir e trocar

experiências com os alunos da pós-graduação.

Na figura 3, os registros fotográficos da visita ao LESEC:

57

Figura 3 – Estrutura do Laboratório de Estágio Supervisionado e Ensino de ciências - LESEC -

Universidade Federal de Goiânia

A – Espaço para aulas no LESEC B – Frase de Paulo Freire no quadro do LESEC

C – Mesa de trabalho no LESEC D – Espaço para aulas no LESEC

58

E – Bancada para atividades experimentais F – Materiais disponíveis

G – Livros e revistas disponíveis H – Árvore de idéias

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

59

4.2.3 Laboratório de pesquisa e ensino de Química – LEPEQ - Universidade

Federal de Brasília – UnB/DF

Professora responsável: Renata Razuck

Universidade: Universidade Federal de Brasília – UnB/DF

Segundo a professora Renata Razuck, o laboratório de pesquisa em ensino de

Química iniciou suas atividades com o projeto idealizado pelo professor Roberto

Ribeiro da Silva. A chegada do professor Roberto à Brasília ocorreu no ano de 1989.

Quando o professor chegou à universidade havia oferta de duas disciplinas da área

de ensino pelo departamento de Química para o curso de Licenciatura. As

disciplinas eram “Química para o ensino de segundo grau” e “Estágio

supervisionado”. As outras disciplinas relacionadas ao ensino eram ofertadas pelos

outros departamentos da universidade. O professor Roberto trouxe a proposta de

trabalho em ensino de Química com ênfase na formação de professores para o

departamento de química. Com essa demanda surgiu a necessidade da criação do

laboratório, que além de oferecer disciplinas para os cursos de licenciatura também

tinha o objetivo de auxiliar professores da secretaria de educação que procuravam o

auxílio da universidade a fim de aprender a trabalhar a Química em sala de aula com

os seus alunos.

Inicialmente o laboratório funcionava em um espaço não muito confortável, mas há

sete anos, uma nova estrutura foi construída que funciona até os dias atuais que

conta com um conjunto de dois grandes laboratórios, sala de preparo e sala de

estudos para os alunos (além dos gabinetes dos professores). Também há uma mini

biblioteca setorial com um grande acervo de livros voltados para os temas de

educação científica.

O professor Roberto também conhecido como “Bob” é considerado pelos

professores que compõem o laboratório como criador da divisão do ensino de

Química na Universidade e tem suas pesquisas voltadas para duas vertentes: uma

mais relacionada à extensão, e a outra mais relacionada às atividades de ensino.

60

Os materiais e equipamentos que fazem parte do laboratório são os mesmos que

eram utilizados na antiga estrutura onde funcionava o laboratório de pesquisa. Os

professores sempre tentam melhorar o espaço do laboratório, conseguir novos

materiais, e aperfeiçoar o espaço, com isso o laboratório está sempre em processo

de construção.

O LEPEQ surgiu juntamente com o curso de Licenciatura em Química. A professora

Renata, que hoje coordena o laboratório, foi aluna desse curso de Licenciatura da

universidade. A antiga discente, atual docente, teve aulas no LEPEQ, e relata que a

sua experiência foi gratificante, pois ela pôde aprender e continua aprendendo muito

nesse espaço.

Inicialmente o prédio que era conhecido como Instituto Central de Ciências foi

reformado, e parte do auditório foi destinado para o LEPEQ. O laboratório começou

a funcionar oficialmente em 1991, e então o professor se associou com o

departamento de psicologia. Através dessa associação foi criado o projeto

“Integração Universidade -Escola”.

O profissional que sempre esteve à frente do laboratório é o professor Bobi, que se

aposentou no ano de 2013, mas continua trabalhando como professor colaborador.

Com a aposentadoria dele a professora Renata assumiu a coordenação do

laboratório.

Outra profissional que atua no laboratório é a docente Patrícia Fernandes Machado,

que no momento da coleta de dados desta pesquisa encontrava-se afastada, pois

estava fazendo pós-doutorado nos Estados Unidos.

De acordo com a professora Renata, ela e os dois profissionais citados são os mais

envolvidos da divisão do ensino de Química com o LEPEQ. São eles os

responsáveis pelo atendimento que é feito aos professores da secretaria de

educação, à alunos da educação básica do Distrito Federal como um todo. Já os

outros professores do departamento utilizam o espaço do laboratório, mas não

possuem tanta responsabilidade como a dos três profissionais acima citados.

61

Alguns materiais do laboratório os professores conseguem obter com a própria

universidade, porém com a política atual a questão dos recursos se tornou mais

difícil, segundo os responsáveis. O laboratório também tem apoio financeiro através

dos recursos do PIBID, uma vez que a professora responsável pela coordenação do

laboratório é também responsável pela coordenação do PIBID no curso de

Licenciatura em Química, sendo assim, o laboratório também é utilizado pelos

alunos do PIBID. O laboratório também participa do Projeto Novos Talentos, ou seja,

para comprar outros tipos de materiais são utilizados os recursos disponibilizados

pelos editais da CAPES.

As atividades desenvolvidas no laboratório de ensino estão ligadas ao curso de

Licenciatura em Química. E as visitas, ou a ocupação feita por alunos de outros

cursos ocorrem de forma esporádica. Dentro do curso de Licenciatura em Química

várias disciplinas são desenvolvidas dentro do espaço do laboratório. Alunos de

outros cursos que estavam matriculados nas disciplinas do curso de Licenciatura em

Química, também já desenvolveram atividades ali.

O trabalho no laboratório está voltado principalmente para o desenvolvimento de

experimentos demonstrativos investigativos. Essa é uma das principais linhas de

pesquisa do grupo. Além disso, a professora Renata desenvolve pesquisas na área

de inclusão, com isso a professora utiliza o espaço do laboratório para atividades

inclusivas. É desenvolvido nos dias de sexta-feira à tarde um projeto no qual faz

parte uma aluna com baixa visão, então alguns materiais foram adaptados para

auxiliar não só a essa aluna, mais também a outros alunos que tenham baixa visão,

ou alunos cegos.

O processo de apropriação do laboratório pelos alunos se da por partes.

Primeiramente com o aluno que é ingressante no curso de Licenciatura, uma vez

que, para esse aluno iniciante a ideia de um curso de Química está vinculada

(caricaturada) à experimentos mirabolantes, e então esse aluno fica surpreso

quando em uma aula de “introdução ao curso de Química” ele vai para o laboratório

de ensino de Química e vê um laboratório diferente, pois é um laboratório que se

assemelha muito a uma sala ambiente. Então, logo no início, o aluno considera o

62

espaço do laboratório diferente. Com o passar dos dias, com o desenvolvimento das

disciplinas, o aluno consegue perceber o quanto essa estrutura do laboratório é

importante para sua formação e para o curso de Licenciatura.

O laboratório conta com a presença de quatro bolsistas de extensão, logo esse

espaço possui uma escala de trabalho para que cada aluno colabore para o

funcionamento do mesmo, já que o laboratório fica aberto todos os dias, para

atender às demandas dos alunos e dos professores que solicitam algum material.

Esses alunos que participam do projeto de extensão se responsabilizam pelo

espaço, eles têm a autonomia de emprestar materiais e até fazerem pequenas

doações de materiais que vão auxiliar nos experimentos.

Os alunos que participam do projeto de extensão têm a oportunidade de

acompanhar todos os projetos que são desenvolvidos no espaço. Os alunos do

PIBID que participam das reuniões semanais realizadas no laboratório de pesquisa,

também utilizam esse espaço para obter informações sobre experimentos, e também

o utilizam para obter empréstimos de materiais.

De acordo com a professora Renata, o laboratório é considerado uma sala

ambiente, porque mesmo o laboratório tendo bancadas e vidrarias para serem

utilizadas nas aulas experimentais, ele tem mesas e cadeiras, que são organizadas

conforme a atividade proposta pelo docente. Os produtos utilizados não são tóxicos

e nem possuem nenhum tipo de periculosidade, ou seja, entende-se o espaço como

sendo formador do profissional que vai atuar na Educação Básica.

O laboratório recebe por semana duas turmas de alunos da Educação Básica,

alunos do ensino médio, e também do nono ano do nível fundamental, em processo

de visitação. Muitos desses alunos retornam ao laboratório quando têm a intenção

de organizar uma feira de Ciências na escola onde estudam. Segundo a docente

Renata, o laboratório tem muita repercussão social, até mesmo dentro do espaço do

IQ.

As apresentações feitas no LEPEQ são adaptadas conforme a faixa etária dos

alunos da educação básica. Atualmente são trabalhados dois temas principais no

63

laboratório. Eles são: água e alimentos. Então, a princípio, se tem a seguinte

organização: o tema “alimentos” é apresentado para os alunos do 3° ano do ensino

médio, e “água” para os alunos do 9° ano, e também para alunos do 1° e 2° do

ensino médio.

O laboratório desenvolve atividades relacionadas à vários temas que foram criados

pela equipe, e a cada semestre são selecionados dois temas para serem

trabalhados. A apresentação é baseada primeiramente em observação

macroscópica, e em seguida a interpretação microscópica, ou seja, a explicação do

fenômeno visto, em alguns casos se chega à expressão representacional, que está

relacionada com o que foi visto no fenômeno.

Segundo a professora Renata, um dos problemas enfrentados, em alguns casos, é a

falta de recursos disponíveis para as escolas públicas levarem os alunos até a

universidade para visitação no LEPEQ, e em algumas situações a escola marca a

visita, mas acaba tendo que desmarcar devido à falta de recursos para alugar o

ônibus. Com isso, um dos anseios do laboratório de pesquisa é ter um ônibus a

disposição, que pudesse buscar esses alunos, porém no momento o laboratório não

dispõe de recursos financeiros para a obtenção do mesmo.

Por meio dos projetos desenvolvidos no laboratório, os alunos do curso de

Licenciatura têm a oportunidade de apresentar palestras de divulgação científica

para a comunidade, cumprindo o objetivo principal do laboratório que é trabalhar na

formação do licenciando.

Além disso, o laboratório sedia atividades relacionadas ao programa de pós-

graduação de ensino de Ciências, logo, esse local também supre as necessidades

dos alunos que estão na pós-graduação.

Na figura 4, os registros fotográficos da visita ao LEPEQ:

64

Figura 4 – Laboratório de pesquisa e ensino de Química – LEPEQ - Universidade Federal de Brasília

– UnB/DF

A - Rall de entrada do campus da UnB B – Rall de entrada do Instituto de Química - UnB

C – Laboratório de Práticas de ensino D – Armário de materiais das aulas experimentais

65

E – Boxs com os materiais separados por

atividade

F - Boxs com os materiais separados por

atividade

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

4.2.4 Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química e tecnologias educativas

– LAPEQ -Universidade de São Paulo – USP/SP

Professor responsável: Marcelo Giordan

Universidade: Universidade de São Paulo – USP/SP

O laboratório de pesquisa em Ensino de Química e tecnologias educativas tem como

coordenador o professor Marcelo Giordan, formado em Química com pós-doutorado

em educação. Os outros profissionais que também atuam no laboratório são: um

professor licenciado em Química e mestre na área de Ensino de Ciências e outro

professor também formado em Química com pós-doutorado em educação.

O Professor Marcelo Giordan, juntamente com outro professor do laboratório

ministram as disciplinas “Metodologias do Ensino de Química I e II”, e recentemente

66

também a disciplina de “Metodologia do Ensino de ciências” do curso de Pedagogia.

Esses profissionais contribuíram para a melhoria do ambiente e o processo

implementação de atividades de ensino no laboratório.

Quando o professor Giordan iniciou suas atividades no laboratório, a estrutura já

existia. O bloco onde estava localizado o laboratório frequentemente se encontrava

em reforma. Por isso o local era utilizado para armazenar alguns materiais de áudio

visual, porém o laboratório não era utilizado para desenvolver as atividades

pertinentes a um laboratório de ensino. O laboratório só começou a ser utilizado em

1996, quando o professor assumiu a coordenação e com isso o laboratório começou

a ser utilizado para aulas entre outras atividades da área de ensino.

A partir daí três linhas de pesquisa foram desenvolvidas no laboratório. A primeira

linha de pesquisa é “Aprendizagem de Química e Ciências, a partir de uma

perspectiva sociocultural”. A segunda linha de pesquisa é o “Uso de Tecnologias

Digitais Ensino de Ciências”, onde por sua vez, na opinião do professor, tem grande

relação com o ensino e aprendizagem, com o foco dirigido para a internet e os

recursos digitais. E uma terceira linha de pesquisa é “Formação de professores de

Ciências e de Química”.

Além das linhas de pesquisa o laboratório de Pesquisa em Ensino de Química e

Tecnologias Educativas, coloca em prática vários projetos internos que são mantidos

com recursos financeiros oferecidos pela universidade, e os projetos externos são

colocados em prática por meio de recursos de agências de fomento como, por

exemplo, a FAPESP, CNPq, CAPES (principalmente na forma de bolsas).

Os professores utilizam duas estratégias interessantes para desenvolver processos

de ensino-aprendizagem. A primeira ocorre no primeiro semestre. Os alunos têm a

oportunidade de ir até o laboratório e assistirem aos “episódios” (que são trechos de

aulas) e, com isso perceber que esses episódios foram criados no ambiente do

laboratório de ensino. Essas aulas envolvem outros licenciados vinculados a cursos

oferecidos pelo laboratório. E em seguida no segundo semestre, esses alunos

utilizam o espaço do laboratório para ministrar os minicursos oferecidos pelos os

alunos da graduação à alunos do ensino médio.

67

Os projetos de instrumentação para o ensino que já foram realizados no laboratório,

foram: produções de vídeos, produções de simulações e animações; todas criadas

no próprio laboratório. Os projetos que estão em andamento são: análises de

situações de ensino, onde são criados grupos de episódios que são compartilhados

com outros grupos.

O projeto “episódios”, recentemente desenvolvido com os alunos da licenciatura,

funciona da seguinte maneira: o professor participa de um minicurso, em que várias

aulas são demonstradas, e através dessas aulas o professor identifica os episódios.

Esses episódios são analisados com frequência com os alunos da graduação, onde

o professor demonstra várias situações para os alunos. Já os alunos de pós-

graduação identificam ou até mesmo criam episódios, sendo que a criação desses

episódios varia de acordo com cada projeto.

Os episódios ficam armazenados em um servidor (site) que é do laboratório, ao qual

os alunos da pós-graduação têm acesso por meio de login e senha, em que esses

episódios são compartilhados com esses alunos.

De acordo com o professor coordenador do laboratório de ensino, Marcelo Giordan,

os resultados obtidos são positivos, tendo repercussão na formação de seus alunos,

uma vez que estes vão atuar como docentes na Educação Básica. Entretanto uma

das maiores dificuldades encontradas é a aproximação do campo de estudo, no

caso as Escolas da Educação Básica. A perspectiva é estabelecer parceria com

essas escolas, tanto de nível médio quanto de fundamental.

Ele afirma ainda que os dados obtidos por meio de enquete realizada com os alunos

demonstram os ganhos que as atividades do laboratório de ensino trazem, pois

possibilitam novos olhares por parte dos discentes sobre o que é Ensino e Ciências

de um modo geral, e possibilitam também desenvolver novos instrumentos para

suas aulas. Desta maneira, os alunos dão ênfase à mudança através da observação

da aula quebrando velhos paradigmas acerca do ensino.

Na figura 5, os registros fotográficos da visita ao LAPEQ tecnologias:

68

Figura 5 – Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química e tecnologias educativas – LAPEQ -

Universidade de São Paulo – USP/SP

A - Rall de entrada do campus da USP

B – Unidades de trabalho dos alunos

69

C – Visão geral do laboratório D – Visão frontal do laboratório

E – Armário de reagentes F – Biblioteca setorial

Fonte: Arquivo pessoal, 2015

5.2.5 Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química – LAPEQ

- Universidade de São Paulo – USP/SP

Professor responsável: Maria Eunice Marcondes;

Universidade: Universidade de São Paulo – USP/SP

O grupo responsável pelo Laboratório Aberto é o grupo de pesquisa em Educação

Química, que desenvolve pesquisa e extensão. O projeto de extensão envolve tanto

os alunos da graduação, quanto os alunos de ensino médio, oferecendo atividades

para as escolas, sendo que essas atividades são agendadas por meio de visitas.

Com isso, as escolas comparecem uma vez por semana e são acompanhados pelos

monitores da graduação, para serem realizadas oficinas com os mesmos.

As atividades de pesquisa desenvolvidas no LAPEQ são: “Formação Continuada de

Professores” - Cursos de Extensão são oferecidos entre os meses janeiro e julho - e

também “Divulgação científica e alfabetização científica”.

70

O laboratório da instrumentação para o ensino foi criado na década de 70 (1970),

quando o curso de licenciatura passou a ter uma interface química-pedagogia, com

isso a disciplina de “instrumentação para o ensino de química” foi a primeira matéria

pedagógica a ser ministrada para os alunos do curso de química. Em consequência

desse fato é que se criou o laboratório, porque em uma das disciplinas os alunos

planejavam atividades instrumentais e até ofereciam essas atividades para as

escolas.

O uso do laboratório para a pesquisa se iniciou em 1984, devido às disciplinas de

instrumentação e também em função do interesse dos alunos da licenciatura.

Consequentemente surgiu o grupo GEPEC, e a partir disso o laboratório passou

também a ser utilizado nas atividades de extensão e de pesquisa.

A Profa Maria Eunice Marcondes, docente dos cursos de graduação e de pós-

graduação, é a responsável pelo laboratório e conta com a colaboração de mais um

professor (Coordenador das oficinas desenvolvidas no laboratório), um técnico e um

auxiliar de laboratório .

O laboratório Aberto do Grupo de Pesquisa em Educação Química dispõe de

recursos financeiros oriundos de duas naturezas: para a graduação, o instituto de

química fornece todos os recursos, sendo que duas vezes por ano a sessão de

compras pede a lista de materiais que o laboratório necessita. E outros recursos são

obtidos por meio das atividades de pesquisa, projetos e editais em que a equipe do

laboratório participa, ou seja, muitas vezes os materiais e reagentes são comprados

com dinheiro que vem das agências de fomento, tornando as atividades de pesquisa

essenciais para as atividades do laboratório.

O laboratório contém uma minibiblioteca e também a área laboratorial propriamente

dita, e os computadores, para que alunos e também os profissionais desse ambiente

utilizem como apoio para as pesquisas. Esses ambientes estão integrados, para que

o estudante tenha a possibilidade de elaborar seu próprio conhecimento teórico-

prático.

71

As atividades desenvolvidas no laboratório de ensino estão ligadas a disciplina de

“Instrumentação para o ensino II”, que é uma reflexão sobre o ensino experimental,

onde os alunos da graduação são convidados para dar aulas. Porém, professores de

outras disciplinas da graduação e da pós-graduação também utilizam eventualmente

esse espaço para desenvolver algumas atividades.

Os alunos que frequentam o laboratório têm acesso aos computadores, por isso

acabam tendo acesso à impressora, e aos outros recursos disponibilizados. Os

livros disponíveis na minibiblioteca são utilizados para consulta. Esse material

didático é especialmente voltado para o nível médio de ensino.

De acordo com a professora Maria Eunice, os alunos não só observam, mas sim

executam. Isso porque utilizam o espaço do laboratório para a preparação de aulas,

com isso esses alunos preparam as aulas, testam e discutem o assunto com os

professores, e depois esses alunos montam o laboratório para dar aula para cerca

de 40 alunos. A dinâmica geralmente envolve um grupo de três alunos que fica

responsável por uma aula, e os outros alunos da graduação permanecem como

observadores, sendo que esses mesmos alunos vão observar tanto a metodologia

que seus colegas utilizam, como também o comportamento dos alunos do ensino

médio.

Segundo a professora Maria Eunice, os momentos que os alunos da graduação

vivenciam no laboratório se apresentam como profissionalmente e emocionalmente

marcantes. Por exemplo, um ex-aluno, atualmente professor, declara sentir vontade

de voltar, de vivenciar novamente os momentos e experimentos ocorridos na

graduação (segundo depoimentos relatados por ela). Além disso, as atividades

desenvolvidas mudam a visão dos alunos diante da química em si, dos seus

conceitos. Muda a imagem de que a “química é a vilã”, ou seja, os alunos

conseguem perceber que a química faz parte do dia a dia.

Outro ponto forte apontado pela equipe do laboratório, é que a maioria dos

profissionais que se formaram no laboratório, acabou por se tornar professores nas

universidades em vários lugares do Brasil.

72

Outro ponto a se destacar é a relação do GEPEC com a secretaria de educação do

estado de São Paulo, em termos de políticas públicas, pois os profissionais que

compõe a equipe do laboratório participaram da elaboração do currículo do estado

de SP em 2008, para que o mesmo fosse implementado nas escolas. Da mesma

maneira, a equipe do laboratório tem participado da elaboração de materiais

didáticos para uso pelos professores e alunos, e também oferece cursos de

formação continuada para os professores e coordenadores.

Para os alunos da pós-graduação os objetivos de pesquisa, em sua maioria, estão

diretamente relacionados às atividades desenvolvidas no laboratório. Mas, como é

relatado pela professora Maria Eunice, por vezes o aluno se propõe a investigar

questões que ele mesmo tem, e isso move as linhas de pesquisa em diferentes

direções e torna os objetivos desafiadores.

Os ganhos são vários para os alunos da licenciatura, pois aprendem tanto a

desenvolver habilidades manipulativas (empíricas), técnicas de manuseio de

vidrarias e reagentes no laboratório, quanto aprendem a preparar do experimento

mais simples ao mais adequado, para uma turma de ensino médio.

Outro ganho para os alunos da licenciatura e da pós-graduação que fazem estágio

no laboratório está relacionado à parte de atividades de divulgação.

Os alunos vinculados à disciplina de estágio usam o laboratório para preparar

experimentos, orientar os alunos do ensino médio quanto ao que vai ocorrer no

decorrer da aula, e também observar o comportamento dos alunos do ensino médio.

Na figura 6, os registros fotográficos da visita ao LEPEQ aberto:

73

Figura 6 – Laboratório Aberto do grupo de pesquisa em educação química – LAPEQ - Universidade

de São Paulo – USP/SP

A - Rall de entrada do campus da USP B – Sala dos professores

C – Bancadas do laboratório

D – Armário com materiais para produção de aula

74

E – Biblioteca setorial F – Sala de aula anexa ao laboratório

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

4.2.6 Laboratório de Ensino de Ciências e Matemática – LECM -

Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/BA

Professor responsável: Maxwell Silva Ferreira

Universidade: Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/BA

Outro laboratório que foi encontrado durante a busca por laboratórios de ensino de

ciências já estabelecidos em instituições de ensino superior (IES), foi o Laboratório

de Ensino de Ciências, que foi implementado em 2007. Nesse período o laboratório

foi planejado e equipado, mas começou a ser utilizado somente em 2009.

A grande maioria dos profissionais que atuam no laboratório são doutores na área

de Ensino de Ciências. Os profissionais que não são doutores, são estudantes do

curso de doutorado.

75

Os recursos financeiros necessários ao desenvolvimento das atividades são

disponibilizados pela universidade, sendo o repasse realizado da seguinte forma: o

laboratório conta com o apoio administrativo de uma gerência, e à medida que se

necessita de recursos, esses recursos são solicitados pela equipe para a gerência

de laboratórios, e essas solicitações são atendidas conforme os recursos financeiros

disponíveis. Normalmente os materiais solicitados são para atividades didáticas, e

acabam sendo materiais de baixo custo, sendo que, uma vez solicitados os

materiais são entregues no dia seguinte. Porém os materiais permanentes, como por

exemplo, data show e ar condicionado, por serem de difícil acesso, já foram

solicitados, mas ainda não foram incorporados na estrutura do laboratório. Outros

recursos são provenientes de programas ou projetos que são desenvolvidos no

laboratório de ensino, como por exemplo, o projeto “Mão na massa” em parceria

com a USP, entre outros.

As atividades desenvolvidas no laboratório de ensino estão ligadas às disciplinas do

curso de Licenciatura, pois o espaço é utilizado pela área de ensino para

desenvolver pesquisa, ensino e extensão, mas as prioridades são as atividades de

ensino, ou seja, disciplinas sendo ministradas no laboratório de ensino, de

Matemática, de Química, de Física e até da Pedagogia.

As linhas de pesquisa com as quais o Laboratório trabalha são duas, sendo que a

primeira é voltada para a “Formação de Professores” e a segunda sobre “Ensino e

Aprendizagem”, só que essas duas linhas de pesquisas acabam sofrendo

ramificações em áreas específicas, como por exemplo, o projeto “Mão na massa”

que tem como foco o ensino e aprendizagem, mas também está voltado para a

formação de professores. Também existe outro projeto que é relacionado às

“Práticas freirianas”, que está voltado para o ensino e aprendizagem, mas em alguns

momentos dá ênfase à formação de professores.

Normalmente as atividades do laboratório estão relacionadas às disciplinas da

licenciatura ou aos projetos de extensão. Algumas vezes são feitas demonstrações

por meio de atividades práticas (experimentos) para serem discutidos conceitos

relacionados às disciplinas. Também são usados os episódios como estratégia nas

76

disciplinas de estágio para que seja analisado como decorreu o desenvolvimento de

uma dada atividade em uma turma de Ensino Médio. Com isso, são discutidos quais

os recursos que foram adequados e os que não foram no desenvolvimento da

atividade prática nessa turma.

De acordo com o professor responsável, foi observado que as escolas de educação

básica tem se aproximado com frequência da universidade através desses projetos

que são desenvolvidos no laboratório. Essa aproximação das escolas com a

universidade tem modificado a prática do professor em sala de aula.

A maior dificuldade vivenciada pela equipe do laboratório é a organização do

espaço, pois cerca de 30 docentes trabalham nesse laboratório, e a cada semestre

emerge uma necessidade, pois novas disciplinas surgem, então se torna complicado

manter tudo organizado de acordo com as necessidades que aparecem para que

todos os profissionais utilizem ao mesmo tempo, uma vez que o laboratório tem um

espaço físico pequeno.

Segundo o professor, é perceptível que o aluno da licenciatura que desenvolve

atividades no laboratório de ensino consegue vislumbrar que é possível levar um

experimento para o aluno da educação básica. O futuro professor consegue

perceber a importância de um espaço parecido com o espaço do laboratório de

ensino, nas escolas públicas de educação básica.

Na figura 7, os registros fotográficos da visita ao LECM:

77

Figura 7 – Laboratório de Ensino de Ciências e Matemática – LECM - Universidade Estadual de

Santa Cruz – UESC/BA

A – Bancada do laboratório B – Equipamentos do laboartório

C – Visão geral do laboratório

D – Material para montagem das aulas

78

E – Armário com material para montagem das

aulas F – Armário com material para montagem das aulas

Fonte: Arquivo pessoal, 2015.

4.3 ANÁLISE COMPARATIVA DOS LEC´S INVESTIGADOS

Mais do que descrever as características de cada LEC investigado, faz parte dos

objetivos dessa dissertação realizar análise comparativa dos dados levantados, a fim

de estabelecer padrões de correlação entre eles. Claramente, não há aqui o

compromisso de realizar juízos de valor, uma vez que as realidades históricas,

financeiras, sociais, institucionais, etc, são muito diferentes em cada campo

investigado. Porém, compreendendo que o próprio conceito de “Laboratório de

ensino de ciências” não está ainda totalmente consolidado, e é mutável, cabe aqui

uma tentativa de se estabelecer aqueles parâmetros de conexão entre os LEC´s

investigados. Como foi descrito na metodologia ficou a cargo de cada professor

responsável classificar os itens constantes no diário de bordo em (A) Apropriado,

(PA) Parcialmente apropriado ou (I) Inapropriado, usando seus próprios parâmetros.

Os dados coletados constam na tabela 4.

79

Os dados obtidos refletem a relação entre estrutura física e as atividades

desenvolvidas. Isso quer dizer que quando um professor aponta um item como

“apropriado” ele quer dizer que tal item atende às necessidades e demandas das

atividades desenvolvidas ali. Por essa razão, quando um determinado item é

classificado como “apropriado” por dois professores de LEC´s diferentes, não quer

dizer que ambos tem a mesma estrutura, e sim que a estrutura existente, mesmo

que diferente em cada LEC, atende às necessidades do mesmo.

Características identificadas como comuns a todos os LEC´s investigados:

Estão vinculados a grupos de pesquisa;

Todos são locais de aula de disciplinas da licenciatura;

Todos fornecem cursos de extensão de formação de professores.

Do ponto de vista das datas de implantação/criação dos LEC´s pode-se perceber

que três deles (LEQUAL – UFG, LESEC – UFG e LECM – UESC) são recentes,

sendo criados nos anos 2000. Já os outros três (LEPEQ – UnB, LAPEQ tecnologias

– USP e LAPEQ aberto – USP) são mais antigos, sendo criados, os dois primeiros

nos anos 90 e o último na década de 70. Uma melhor visualização pode ser feita na

Figura 8.

Tabela 4 – Dados coletados por meio da classificação realizada pelos responsáveis por cada laboratório, relacionados à estrutura física dos LEC´s

(A- Apropriado; PA – Parcialmente apropriado; I – Inapropriado)

Laboratórios de Ensino de Ciências X Indicadores

LEQUAL UFG

LESEC UFG

LPEQ UnB

LAPEQ USP

Aberto

LAPEQ USP

Tecnologias

LECM UESC

Pisos PA A A A A PA

Janelas PA A I A A A

Portas PA PA A A I PA

Iluminação A A A A A A

Ins. Elétrica A PA A A A PA

Ins. Hidráulica A A A A A A

Gases PA - A A A I

Capela(s) PA - A A - I

80

Almoxarifado I PA A A A I

Sala de Aparelhos I PA A A A I

Sala dos prof./técnicos I PA A A A I

Organização dos recursos pedagógicos

I I A A A I

Acessibilidade I I PA A A PA

Disposição dos assentos/ bancadas

I - A A A I

Vidrarias I - PA A A A

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Figura 8 – Cronologia de criação dos LEC´s investigados.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

1970

1991

1996

20042007

2010

1960

1970

1980

1990

2000

2010

LAPEQ Aberto (USP)

LEPEQ (UnB)

LAPEQ Tecn (USP)

LEQUAL (UFG)

LECM (UESC)

LESEC (UFG)

81

5 PRODUTO EDUCACIONAL

Como foi descrito na introdução, a ideia desse projeto de investigação surgiu quando

tornou-se necessário implementar no campus Vila Velha do Instituto Federal do

Espírito Santo - Ifes o “Laboratório de Práticas em Ensino de Ciências – LAPEC”,

previsto no Projeto pedagógico do curso de licenciatura em química. O curso passou

a existir em 2012, quando da inauguração campus, porém até 2014 ainda

encontrava-se desocupado. À medida que as turmas da licenciatura foram

avançando na grade curricular e que os projetos tanto de pesquisa quanto de

extensão foram se desenvolvendo pela equipe pedagógica do campus, surgiu a

iniciativa de se utilizar o LAPEC, porém não havia, até então, fontes de informação

sobre as características específicas de um laboratório dessa natureza, que nos

orientasse, por exemplo, sobre questões físicas de infra-estrutura, mobiliário,

recursos, etc.

Foi buscando tais características que a pesquisa investigativa sobre LEC´s de outras

instituições surgiu. Os resultados, na medida em que eram levantados, foram

auxiliando na concepção do LAPEC que hoje já está em atividade e abriga as

principais características que são discutidas nessa dissertação, resguardando

algumas características que lhe são peculiares.

Dessa forma, um material bibliográfico foi construído na intenção de registrar as

suas atividades e fazer um relato do processo histórico de implementação do

LAPEC, o que veio a se tornar o produto educacional proveniente do trabalho de

investigação dessa dissertação. De acordo com o documento da área de ensino

(2013) um produto educacional pode ser, por exemplo, uma sequência didática, um

aplicativo computacional, um jogo, um vídeo, um conjunto de vídeo-aulas, um

equipamento, um material bibliográfico, uma exposição, etc. (p.24).

A concepção histórica do LAPEC, suas características, atividades desenvolvidas e

perspectivas estão descritas num encarte/livreto que tem por objetivo realizar um

registro histórico das características do laboratório e também funcional como um

material de consulta sobre o que é um laboratório de ensino segundo a ótica de

82

quem o constrói, quando em comparação à outras abordagens ainda pouco

específicas encontradas na literatura.

O livreto foi concebido com o título: “LAPEC - Laboratório de Práticas de Ensino

de Ciências do campus Vila Velha do Ifes: Um lugar onde se aprende a

ensinar...” e traz em seu sumário os seguintes itens: 1. Apresentação; 2. Onde

começa a nossa história; 3. O que é um laboratório de ensino; 4. Nosso lugar no

campus; 5. Atividades de Ensino; 6. Atividades de Extensão; 7. Atividades de

Pesquisa; 8. O que vem pela frente; e 9. Referências Bibliográficas.

A apresentação foi escrita pela atual diretora do campus, profa Denise Rocco de

Sena, que foi uma das idealizadoras do campus e do curso de licenciatura. Nela a

profa. Convida o leitor a conhecer as atividades do laboratório e ressalta o desafio

que foi conceber um laboratório de natureza questionadora e investigativa numa

instituição de origem histórica tecnicista.

Em seguida, se apresenta um breve apanhado histórico sobre a concepção do

campus, do curso de licenciatura em química e do LAPEC. Posteriormente um

capítulo discute de forma resumida o conceito de Laboratório de ensino que

definimos nessa dissertação a partir da coleta de dados realizada nos laboratórios

de outras instituições investigados.

Em seguida, as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no LAPEC

são detalhadas e um capítulo especial propões um conjunto de perspectivas para

tais atividades, uma vez que o LAPEC tem somente 1 ano de atividade e muito

ainda há para se construir.

O livreto possui poucas páginas (em torno de 20) e foi concebido para ser curto, de

fácil leitura, conter imagens ilustrativas reais e croquis do projeto inicial do LAPEC.

Um exemplar segue como apêndice dessa dissertação.

83

6 DISCUSSÃO

Os dados levantados nessa dissertação trazem componentes importantes para a

discussão da temática que envolve, não só a conceituação do que é um “laboratório

de ensino”, como também para que se observem com maior riqueza de detalhes os

diversos perfis e campos de atuação desses laboratórios. Pode-se observar

claramente que, diferentemente do que acontece com laboratórios experimentais de

outras áreas, os laboratórios de ensino conseguem sediar com muita propriedade

atividades de ensino, pesquisa e extensão, em proporções quase que equivalentes,

de forma que essas atividades por muitas vezes se misturam, o que confere um

caráter bem específico.

Os resultados descritos aqui nos itens relacionados a cada laboratório contam um

pouco da história de criação dos laboratórios, da trajetória profissional das pessoas

que trabalham nesses ambientes, dos alvos e resultados das atividades

desenvolvidas ali, sempre pela fala de quem conta, ou seja, das próprias pessoas

que construíram essa história. Isso foi uma opção dessa pesquisa. Estamos

realizando aqui (humildemente) uma tentativa de registro histórico, mesmo que

parcial, do panorama que se estabelece nas Instituições de ensino superior no Brasil

de 2015. São esses laboratórios apresentados, exemplares muito expressivos, de

lugares onde se realizam atividades de ensino, pesquisa e extensão na área de

ensino de ciências. A análise de cada texto descritivo apresentado nos permite, não

traçar comparações, mas perceber as características mais individuais de cada

grupo, cada laboratório, mas também, e principalmente, nos permite evidenciar o

que todos eles tem em comum e, assim, dar ao leitor uma conceituação de

Laboratório de ensino de ciências mais próxima do domínio do concreto-real.

Aprofundando o olhar, percebe-se em todos os laboratórios investigados, que a

atividade de ensino está fortemente vinculada aos cursos de licenciatura,

especialmente no tocante às disciplinas dos núcleos integradores (práticas de

ensino, instrumentação para o ensino, estágio supervisionado e suas variedades).

Vale aqui lembrar que desde 2006 quando as novas diretrizes dos cursos de

licenciatura foram redesenhadas, os cursos não possuem mais o chamado currículo

84

3+1, no qual o aluno cursava 75% da carga horária nos departamentos da área

específica de formação (áreas duras) e posteriormente cursava 25% no

departamento de educação, estudando conteúdos didático-pedagógicos. Dessa

maneira a formação pedagógica era completamente desvinculada da formação

específica. A consequência histórica da formação de professores com esse currículo

desconectado, conforme descreve Krasilchic (2000), foi uma realidade de aulas de

ciências com poucas práticas de laboratório que, quando aconteciam o eram sem

formulação de problemas ou sem um planejamento de pesquisa para atividades que

seriam ensinadas, ou seja, apenas para atender às demandas burocráticas da

escola. Com a mudança no currículo, além das disciplinas de caráter específico e de

caráter pedagógico, surge um novo grupo de componentes curriculares – o chamado

núcleo integrador. Não obstante, os lugares de formação integradora tiveram que ser

criados. Observando as datas de criação dos laboratórios estudados, percebe-se

que três deles são contemporâneos a esse período histórico e aqui, atribuímos essa

sincronia ao movimento histórico-político de mudança na formação do futuro

professor de ciências. Seria então a implantação dos laboratórios de ensino uma

consequência física da mudança curricular na licenciatura.

As atividades de simulação, desenvolvimento de metodologias e tecnologias

produzidas pelos alunos nos LEC´s investigados estão intimamente ligadas às

questões de associação entre teoria e prática, destacando-se as atividades de

experimentação. De acordo com Marandino (2009), a experimentação estabelece

uma ruptura com as metodologias “tradicionais”, assim como também funciona como

uma estratégia para o desenvolvimento do olhar científico (MARANDINO et al.,

2009). Essa é uma proposta que visa motivar os professores a uma possível

mobilização em direção a produção de sentidos para assunção de uma condição de

pesquisadores analíticos de aulas sob condução colaborativa de professores e

estudantes.

Ainda em relação às atividades de ensino, pode-se notar que todos os laboratórios

investigados também atendem aos cursos de pós-graduação na área de ensino de

ciências. Muitos deles, como foi o caso do LEQUAL/UFG e do LAPEQ tecn/USP,

funcionam como laboratório de experimentação e desenvolvimento de materiais

85

didáticos, protótipos e metodologias que virão a ser produtos de dissertações de

mestrado e teses de doutorado de alunos de cursos de pós-graduação. Os membros

das equipes responsáveis pelos laboratórios estão todos vinculados e são

professores de mestrados e doutorados. Os processos de orientação e a oferta das

disciplinas também acontecem nesses espaços.

Uma vez entendendo essa conexão com a pós-graduação, podemos então seguir a

discussão para as questões que relacionam laboratórios de ensino e atividades de

pesquisa. Todos os laboratórios investigados são sedes físicas de grupos de

pesquisa atuantes na área de ensino de ciências. Chama atenção para o número

crescente desses grupos cadastrados no Diretório de grupos de pesquisa do CNPq.

Obviamente a área de ensino está em expansão. Mais uma vez um processo

histórico, agora relacionado à criação da área de ensino pela CAPES e a expansão

da pós-graduação no Brasil, pode estar contribuindo para a implementação dos

laboratórios de ensino no país. Analisando por exemplo, o caso do LAPEQ

Aberto/USP, o mais antigo dos LEC’s estudados, que sedia um dos mais fortes e

representativos grupos de pesquisa da área de ensino – o GEPEC, desenvolve há

45 anos pesquisas voltadas à formação de professores e divulgação científica,

sendo de tal maneira respeitado que seus integrantes são frequentemente

consultados por órgãos governamentais quando novas políticas públicas nessas

áreas são desenhadas.

Ainda sobre as atividades de pesquisa vale ressaltar que as áreas de atuação e

linhas de pesquisa de atuação de cada LEC investigado são bastante variadas.

Cada laboratório possui focos de investigação próprios o que nos permite traçar um

perfil investigativo de cada um. Fizemos aqui um quadro com as principais linhas de

pesquisa de cada LEC investigado, inclusive do nosso LAPEC (quadro 1),

entendendo no entanto que esse movimento de apresentar perfis não se estabelece

como uma classificação dos LEC´s, uma vez que a pesquisa, assim como seus

alvos, estão em constante mudança. Ou seja, o que hoje é alvo de pesquisa num

laboratório, amanhã pode não ser mais, e passar a ser investigado por outro grupo.

Pelo fato, já anteriormente mencionado, de que todos os laboratórios estão

fortemente vinculados à cursos de licenciatura, era de se esperar que a principal

86

linha de pesquisa presente em todos os LECs investigados fosse a Formação de

Professores.

Quadro 1 – Perfis de atuação das equipes dos Laboratórios investigados quanto às suas linhas de

pesquisa

Laboratórios de Ensino Perfis de atuação (pesquisa)

LEQUAL UFG

Jogos pedagógicos

Robótica

Políticas públicas e currículo

LESEC UFG Formação de professores

Metodologias de ensino de ciências para as séries iniciais

LPEQ UnB

Experimentos demonstrativos-investigativos

Educação inclusiva

Divulgação científica

LAPEQ USP Aberto Formação de professores

Divulgação e Alfabetização científica

LAPEQ USP Tecnologias

TIC´s

CTSA

Formação de professores

LECM UESC Práticas freirianas

Formação de professores

LAPEC IFES

Produção de materiais didáticos

Educação inclusiva

Formação de professores

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Quanto às atividades de extensão, sem dúvida reside no Pibid a maior e mais

representativa atividade relatada nos depoimentos dos responsáveis por três

(LESEC – UFG; LEPEQ – UnB; LECM – UESC) dos seis laboratórios investigados.

Sem dúvida a iniciação à docência se estabelece como um importante campo de

formação para os futuros professores. Os LECs são sítios de preparo, planejamento,

e construção das atividades que serão desenvolvidas nas escolas. É um programa

que, ao mesmo tempo que envolve os alunos da universidade, também traz para o

movimento de melhoria do ensino de ciências o professor da escola púbica e seus

alunos. Os impactos positivos das atividades do Pibid são imediatos para os alunos

bolsistas, porém, ainda serão verificados à longo prazo nas políticas públicas e na

formação dos jovens alunos das escolas públicas atendidas.

87

Além do Pibid, as atividades de atendimento à comunidade, como a descrita no

laboratório da UnB, por exemplo, que recebe semanalmente alunos de escolas

públicas para atividades experimentais de caráter investigativo, com questões do

cotidiano, contextualizadas, sem dúvida têm contribuído muito para estimular o

professor da escola pública a promover um aprendizado realmente significativo de

conteúdos científicos. Corroborando a Moreira (2005), esse tipo de atividade permite

ao aluno conseguir relacionar conhecimentos de sua cultura prévia com os novos

conteúdos aprendidos na escola e isso torna essa aprendizagem significativa para

ele.

88

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa mostrou que é uma tendência os cursos de licenciatura promoverem a

implantação em suas IES, laboratórios de práticas pois possibilita aos alunos

desenvolverem atividades práticas pedagógicas potencializando os saberes

cognitivos a partir da relação teoria e pratica. Desta maneira, visitar seis laboratórios

de ensino em IES brasileiras, permitiu estabelecer aspectos comuns entre eles

destacando por exemplo atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como

conhecer os perfis dos responsáveis que atuam nos laboratórios de ensino de

ciências e seus processos históricos de construção.

Nessa perspectiva, após os dados coletados e juntamente com desenvolvimento do

projeto de criação e expansão do LAPEC (Laboratório de ensino de ciências) do Ifes

– campus Vila Velha, sentimos a necessidade de conhecer o conceito de laboratório

de ensino a fim de criarmos uma identificação bem singular ao LAPEC, já que tal

definição ainda aparece escassa na literatura científica, uma vez que o perfil de

formação de novos professores ainda é recente nas políticas públicas brasileiras –

vale lembrar que as DCN dos cursos de Licenciatura foram estabelecidas em 2003.

Dessa forma acreditamos que esse trabalho de investigação contribui para a

discussão e a consolidação de definições acerca do tema “Laboratório de Ensino de

Ciências” e ainda configura-se como um problema de investigação real e pertinente

para a atividade profissional da pesquisadora responsável por essa investigação,

como se espera de uma dissertação de um mestrado profissional.

Porém o assunto pesquisado não se encerra nesta dissertação, uma vez que os

LEC`s estando fortemente vinculados as diversas atividades, especialmente aos

cursos de licenciatura, ainda possuem grandes potencialidades a serem exploradas

e expandidas.

As pesquisas em ensino, assim como os cursos de licenciatura estão em constante

mutação. Logo, não seria surpresa se um novo trabalho investigativo como esse,

realizado daqui há uma década, trouxesse novas características atribuídas aos

LEC`s.

89

Buscou-se aqui realizar um recorte descritivo que sirva tanto como registro histórico,

como também base para caracterização do conceito de laboratório de ensino de

ciências. Assim, entendo juntos nossos rumos e campos de atuação,

potencialidades e desafios como formadores de professores de ciências podemos,

enfim, criar nossa identidade de grupo.

90

REFERÊNCIAS

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93

ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Vila Velha

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.

Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer

parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas

é sua e a outra é do pesquisador responsável.

Sendo assim, por meio do presente instrumento autorizo a pesquisadora a utilizar a

imagem deste laboratório de ensino de ciências , captada por meio de fotografias,

gravações de áudios e/ou filmagens de depoimentos, declarações, entrevistas e/ou

ações outras realizadas para produção e divulgação de materiais didáticos a serem

utilizados com fins educacionais.

Afirmo ter ciência que a transferência é concedida em caráter total, gratuito e não

exclusivo, não havendo impedimento para que o CEDENTE utilize o material

captado para fins de coleta de dados da pesquisa de mestrado, com direito de

utilização de forma ilimitada e por um prazo indefinido no que se refere à concessão

de direitos autorais, utilização e licenciamento a terceiros, para que façam uso, no

todo ou em parte, deste material ou de qualquer reprodução do mesmo em conexão

com o Educimat. Concordo não exigir qualquer indenização relacionada ao exercício

das autorizações concedidas por meio deste instrumento.

A cessão objeto deste Termo abrange o direito do CESSIONÁRIO de utilizar a

IMAGEM do laboratório, sob as modalidades existentes, tais como reprodução,

representação, tradução, distribuição, entre outras, sendo vedada qualquer

utilização com finalidade lucrativa.

A Cessão dos direitos autorais relativos à IMAGEM do CEDENTE é por prazo

indeterminado, a não ser que uma das partes notifique a outra, por escrito, com a

antecedência mínima de 90 (noventa dias). Em caso de recusa você não será

penalizado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar a

coordenação da disciplina de Monografia II, Campus Vila Velha – Instituto Federal

do Espírito Santo, localizado na Av. Ministro Salgado Filho, S/no, Bairro Soteco, Vila

Velha, ES. CEP 29106-010; Tel. (27) 3149-0700; E-mail: [email protected]

Assinatura do CEDENTE: ________________________________________________________ Local:_______________________________, data_____/_____/________.

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INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:

Título do Projeto:

DESVENDANDO OS LABORATÓRIOS DE ENSINO DE CIÊNCIAS: INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA SOBRE SUAS

CARACTERÍSTICAS E ATIVIDADES

Pesquisador Responsável: Fabiana da Silva Kauark

Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): (27) 98785503.

Pesquisadores participantes: Prof.ª Dr.ª Michele Waltz Comarú, orientadora da

pesquisa

Natureza da pesquisa:

O objetivo deste trabalho é investigar as características dos laboratórios dessa natureza localizados nas diversas IES do país e descrever as atividades neles desenvolvidas.

Durante a execução da pesquisa não haverá atividades que provoquem riscos ou

causem algum tipo de prejuízo aos envolvidos.

Após ler e receber explicações sobre a pesquisa, são meus direitos:

1. Receber resposta a qualquer pergunta e esclarecimento sobre os procedimentos,

riscos, benefícios e outros relacionados à pesquisa;

2. Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo;

3. Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações

relacionadas à privacidade.

___________________________________

Pesquisador responsável

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Ifes - Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Vila Velha

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu,__________________________________________________,

RG_________________ CPF_________________ abaixo assinado, concordo em

participar deste estudo, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pela

pesquisadora Fabiana da Silva kauark sobre a pesquisa, os procedimentos nela

envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha

participação. Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber

qualquer incentivo financeiro e com a finalidade exclusiva de colaborar para o

sucesso da pesquisa. Fui informado (a) dos objetivos estritamente acadêmicos do

estudo.

O (a) pesquisador (a) principal do estudo / pesquisa / programa me ofertou uma

cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Local e data:

____________________________________________________

Assinatura: _____________________________________________________

Pesquisador: ____________________________________________________

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ANEXO B – Carta de solicitação de visita