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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA SEÇÂO DE FORTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA MRS LOGÍSTICA - VALE FERNANDA DE MORAES CARNEIRO SIMULAÇÃO DO CIRCUITO DE MINÉRIO DO TERMINAL FERROVIÁRIO DE PONTA DA MADEIRA (TFPM) RIO DE JANEIRO 2008

INSTITUTO MILITAR SEÇÂO DE ESPECIALIZAÇÃO MRS … · modelos operacionais, além de alterações no layout do terminal. 11 ... que exclusivamente da evolução das economias emergentes,

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

SEÇÂO DE FORTIFICAÇÃO E CONSTRUÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA

MRS LOGÍSTICA - VALE

FERNANDA DE MORAES CARNEIRO

SIMULAÇÃO DO CIRCUITO DE MINÉRIO DO TERMINAL FERROVIÁRIO DE

PONTA DA MADEIRA (TFPM)

RIO DE JANEIRO

2008

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGA

FERNANDA DE MORAES CARNEIRO

SIMULAÇÃO DO CIRCUITO DE MINÉRIO DO TERMINAL FERROV IÁRIO DE

PONTA DA MADEIRA (TFPM)

Monografia apresentada ao curso de Especialização

em Transporte Ferroviário de Carga do Instituto

Militar de Engenharia, como requisito para

diplomação.

ORIENTADOR: Prof. Luiz Antonio Silveira Lopes

TUTOR: Charles Jonas Acácio Rodrigues

RIO DE JANEIRO

2008

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XXXX Carneiro, Fernanda de Moraes

Simulação do Circuito de Minério do Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira

(TFPM) / Fernanda de Moraes Carneiro – Rio de Janeiro: Instituto Militar de

Engenharia, 2008.

XX f.: il., graf., tab.: - cm.

Monografia (Pós-graduação) – Instituto Militar de Engenharia, 2008

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia e da VALE,

que poderão incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou

adotar qualquer forma de arquivamento.

São permitidas a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que seja

ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que

sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e do

orientador.

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

FERNANDA DE MORAES CARNEIRO

SIMULAÇÃO DO CIRCUITO DE MINÉRIO DO TERMINAL FERROVIÁRIO DE

PONTA DA MADEIRA (TFPM)

Monografia apresentada ao curso de Especialização em Transporte Ferroviário

de Carga do Instituto Militar de Engenharia, como requisito para diplomação.

ORIENTADOR: Prof. Luiz Antonio Silveira Lopes

TUTOR: Charles Rodrigues

Aprovada em 14 de Outubro de 2008 pela seguinte Banca Examinadora:

Prof. Luiz Antonio Silveira Lopes

Prof. Altair dos Santos Ferreira Filho

Manoel Ferreira Mendes

Charles Jonas Acácio Rodrigues

Rio de Janeiro

2008

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a VALE pelo incentivo ao crescimento, especialmente aos colegas e

amigos que me ajudaram na elaboração deste trabalho: Charles Rodrigues, Mário

Nardelli, João Cantanhede, Ernesto Saboya, Marlon Tadeu, Daniel Novo e José

Raimundo Silva.

À Sabrina Veloso, pela providencial ajuda nas horas de desespero.

Aos professores, pelos conhecimentos transmitidos nas disciplinas cursadas e

em especial ao Prof. Luiz Antonio Silveira Lopes e Prof ª Cristina Sinay.

Ao coordenador Manoel Ferreira Mendes, sempre disposto a ajudar.

E à minha família e namorado, pelo incentivo e paciência.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1 OBJETIVO ....................................................................................................... 14

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 14

1.3 ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA .......................................................... 15

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 16

2.1 SIMULAÇÃO .................................................................................................. 16

2.1.1 PARTES DE UM MODELO DE SIMULAÇÃO ........................................... 17

2.1.2 SIMULAÇÃO APLICADA À FERROVIA .................................................... 18

2.1.3 O SOFTWARE ARENA ................................................................................ 19

2.2 O ESCOAMENTO DE MINÉRIO NO SISTEMA NORTE ............................ 21

2.2.1 OPERAÇÃO FERROVIÁRIA NO TFPM ..................................................... 22

2.2.2 MODELO DE OPERAÇÃO NO CIRCUITO DE MINÉRIO ....................... 24

3 MÉTODO ................................................................................................................ 33

4 MODELO DE SIMULAÇÃO E RESULTADOS ............................................... 35

4.1 MODELO CONCEITUAL .............................................................................. 35

4.2 DADOS DE ENTRADA .................................................................................. 37

4.2.1 CHEGADA DE TRENS ................................................................................ 38

4.2.2 RECEPÇÃO ................................................................................................. 40

4.2.3 APROXIMAÇÃO DO VIRADOR ................................................................. 40

4.2.4 DESCARGA .................................................................................................. 41

4.2.5 CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................ 44

4.2.6 FORMAÇÃO ................................................................................................ 45

4.2.7 RESUMO DOS DADOS DE ENTRADA ...................................................... 45

4.3 MODELO VALIDADO E DESCRIÇÃO DOS CENÁRIOS ........................... 46

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................... 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 52

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LISTA DE FIGURAS

FIG. 1.1 - Sistema Norte ........................................................................................... 13

FIG. 2.1 - Visão da tela inicial do Arena 12.0 ........................................................... 19

FIG. 2.2 - Exemplos de templates do Arena ............................................................. 20

FIG. 2.3 - Sistema de escoamento do minério de Carajás. ...................................... 22

FIG. 2.4 - Vista aérea do TFPM (Fonte: GOOGLE EARTH, 2008) ........................... 23

FIG. 2.5 - Layout do TFPM ....................................................................................... 24

FIG. 2.6 – Chegada de trem carregado. ................................................................... 25

FIG. 2.7 - Modelo do trem de minério com tração distribuída. .................................. 25

FIG. 2.8 - Posicionamento no pátio de recepção e separação em três lotes. .......... 26

FIG. 2.9 – Posicionamento de lotes nos viradores. .................................................. 27

FIG. 2.10 - Virador vira uma dupla de vagões por vez. ............................................ 28

FIG. 2.11 - Identificação de vagões para manutenção. ............................................ 28

FIG. 2.12 - Manobra de classificação de vagões. ..................................................... 29

FIG. 2.13 - Formação de trens. ................................................................................ 30

FIG. 2.14 - Partida de trem de minério vazio. ........................................................... 31

FIG. 2.15 - Chegada de trem de passageiro ............................................................ 32

FIG. 4.1 - Fluxograma da operação no circuito de minério – parte I. ........................ 35

FIG. 4.2 - Fluxograma da operação no circuito de minério – parte II. ....................... 36

FIG. 4.3- Resultado da análise da taxa de chegada de trens de minério com Input

Analyser (valores em min) ................................................................................. 39

FIG. 4.4 - Resultado da análise da interferência dos trens de passageiro com Input

Analyser (valores em min) ................................................................................. 39

FIG. 4.5 - Carta X-AM do virador 1 ........................................................................... 41

FIG. 4.6 - Carta X-AM do virador 2 ........................................................................... 42

FIG. 4.7 - Carta X-AM do virador 3 ........................................................................... 42

FIG. 4.8 - Resultado da análise do TMD do virador 1 com Input Analyser (valores em

min) ................................................................................................................... 43

FIG. 4.9 - Resultado da análise do TMD do virador 2 com Input Analyser (valores em

min) ................................................................................................................... 43

FIG. 4.10 - Resultado da análise do TMD do virador 3 com Input Analyser (valores

em min) ............................................................................................................. 44

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FIG. 4.11 - Modelo em Arena – Parte I ..................................................................... 47

FIG. 4.12 - Modelo em Arena - Parte II .................................................................... 48

FIG. 4.13- Gráfico do tempo de ciclo por área do TFPM .......................................... 50

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LISTA DE TABELAS

TAB. 4.1 - Relatório de ajuste dos dados às curvas ................................................. 38

TAB. 4.2 - Descrição dos dados de entrada para o cenário atual ............................ 46

TAB. 4.3 - Comparação entre dados do modelo e valores reais .............................. 48

TAB. 4.4 - Descrição dos cenários ........................................................................... 49

TAB. 4.5 - Resultados da simulação – Utilização das áreas do TFPM ..................... 49

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LISTA DE SIGLAS

CCO - Centro de Controle Operacional

CFN - Companhia Ferroviária do Nordeste

CL - Classificação

EFC - Estrada de Ferro Carajás

FO - Formação

GDOD - Gráfico Diário de Operação de Descarga

MTPA - Milhões de toneladas por ano

RC - Recepção

TFCJ - Terminal Ferroviário de Carajás

TFPM - Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira

TPPM - Terminal Portuário de Ponta da Madeira

VF - Viaduto F

VV - Virador de Vagão

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RESUMO

O sistema de escoamento do minério de Carajás é formado por um terminal de

carregamento na mina (Terminal Ferroviário de Carajás - TFCJ), um terminal de

descarga e um porto em São Luís (Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira -

TFPM) e uma ferrovia interligando a mina ao porto (Estrada de Ferro Carajás - EFC),

todos operados pela Vale. Com o aumento de produção de minério previsto para os

próximos anos, o TFPM tem papel importante no escoamento deste produto, já que

nele que se processam inúmeras atividades, como a descarga e manutenção de

vagões, o abastecimento e manutenção de locomotivas e a formação dos trens com

vagões vazios para carregamento no TFCJ. Este estudo apresenta os resultados de

um modelo de simulação em ARENA para o circuito de minério do TFPM. Estes

resultados permitiram avaliar o impacto de diferentes cenários de produção e de

modelos operacionais, além de alterações no layout do terminal.

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ABSTRACT

The Carajás iron ore complex is composed by a loading terminal at the mine

(Terminal Ferroviário de Carajás - TFCJ), an unloading and port terminal in São Luís

(Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira - TFPM) and the railroad connecting the

mine to the port terminal (Estrada de Ferro Carajás – EFC), all managed by Vale.

Considering the iron ore’s planned production increase for the next years, TFPM has

an important role in this system. It is responsible for several activities, like wagons

unloading and maintenance, locomotives fueling and maintenance and also the

train’s formation to TFCJ. This study presents the results of a simulation model with

ARENA to the TFPM’s iron ore circuit. These results allowed evaluating the impact of

different production and operational model scenarios, beyond infrastructure changes

on the terminal.

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1 INTRODUÇÃO

A demanda global por minério de ferro tem aumentado nos últimos anos, sendo

impulsionada pelo crescimento da China, Índia e outros países emergentes.

“Como a experiência desta década tem demonstrado, a expansão do consumo global de minérios e metais continuará a depender quase que exclusivamente da evolução das economias emergentes, justamente porque são as que estão passando por importantes transformações estruturais associadas ao desenvolvimento econômico de longo prazo. A industrialização, urbanização e os investimentos em infra-estrutura, movimentos integrantes dessas mudanças estruturais, são processos intensivos na utilização de minérios e metais e responsáveis pela forte expansão de seu consumo.

(...) Estima-se que os investimentos em infra-estrutura nas economias emergentes deverão demandar recursos de no mínimo US$ 5 trilhões nos próximos 10 anos, o que corresponde a aproximadamente 20% de seu PIB1 atual. Tais investimentos terão impacto relevante sobre a demanda por aço e suas matérias primas – minério de ferro, carvão metalúrgico e ferro ligas – cobre, alumínio e níquel.” (VALE, 2008, p. 3-4)

Neste cenário, a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, está

promovendo inúmeras ações para explorar as oportunidades oferecidas por essas

tendências, dentre elas a expansão da capacidade de produção do melhor minério

de ferro do mundo, proveniente da mina de Carajás.

O sistema de escoamento do minério de Carajás, também chamado de Sistema

Norte, é formado pelo Terminal Ferroviário de Carajás (TFCJ), pela Estrada de Ferro

Carajás (EFC), pelo Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira (TFPM) e pelo

Terminal Portuário de Ponta da Madeira (TPPM)(FIG. 1.1).

1 PIB medido a taxas de câmbio de acordo com a paridade do poder de compra.

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FIG. 1.1 - Sistema Norte

Batista (2006, p. 19) comenta em seu trabalho que a capacidade de transporte

de um corredor ferroviário (e, por conseguinte, a capacidade de embarque de um

porto interligada a este corredor) é função direta da capacidade de carga e descarga

dos pátios e terminais que o compõe, ou seja, estes pátios e terminais devem operar

de forma a não comprometer a capacidade de transporte da linha.

Isto é confirmado no relatório com os resultados do segundo trimestre de 2008

emitido pela Vale. Nele é apontado que os custos de demurrage2 totalizaram R$ 131

milhões, representando R$ 1,98 por tonelada métrica de minério de ferro

embarcada, contra R$ 1,50 por tonelada métrica no mesmo período de 2007.

“A elevação dos custos com demurrage reflete a pressão exercida pelo contínuo crescimento da demanda por minério de ferro sobre a infra-estrutura de logística. A expansão de nossa produção de minério de ferro, implicando na movimentação adicional de 135 milhões de toneladas anuais entre 2003 e 2007, tem sido acompanhada por consideráveis investimentos em logística, buscando a ampliação de sua eficiência e de sua capacidade de movimentação de carga. No momento temos em curso dois grandes projetos (...), cujo objetivo é a ampliação da capacidade de nossas ferrovias e portos.

Neste ano, (...) tivemos aumento de filas de navios em Ponta da Madeira determinado pelo descompasso transitório entre o volume

2 Multas pagas pelo atraso de carregamento de navios nos terminais marítimos.

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de embarques e a capacidade da EFC. (...) significativos progressos estão sendo registrados nos investimentos em logística no Sistema Norte, como a conclusão da expansão de 57 pátios de manobras e início da operação de trens com 330 vagões na EFC, que conduzirão à progressiva redução dos custos com demurrage.” (VALE, 2008, p. 9).

Como o TFPM tem papel importante no escoamento do minério de Carajás, será

objeto de estudo deste trabalho, no qual será estudada a capacidade de

atendimento ao crescimento da demanda prevista para os próximos anos.

1.1 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo avaliar a operação ferroviária no circuito de

minério do TFPM (gargalos e ociosidades) através de simulação computacional,

considerando-se as características operacionais e infra-estrutura atuais, bem como

cenários alternativos.

1.2 JUSTIFICATIVA

Como os custos de transporte correspondem a mais da metade dos custos

logísticos, que de acordo com Coeli (2004, p. 1) representam entre 7 e 10% dos

custos totais, o sistema de logística também é um dos fatores-chave para a alta

competitividade das operações de minério de ferro.

Com a crescente demanda por minério de ferro no cenário mundial, o TFPM tem

papel importante no escoamento deste produto, já que nele que se processam

inúmeras atividades, como a descarga e manutenção de vagões, o abastecimento e

manutenção de locomotivas e a formação dos trens com vagões vazios para

carregamento no TFCJ.

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Utilizar a simulação para avaliar operações ferroviárias é vantajoso porque nos

permite avaliar, planejar e otimizar cenários antes de implementá-los.

1.3 ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA

Esta monografia está dividida em cinco capítulos:

− O capítulo 1 apresenta a introdução, com um breve relato sobre demanda

global por minério de ferro e a importância do TFPM no contexto de

escoamento deste produto, bem como o objetivo e a justificativa do

trabalho;

− O capítulo 2 trata da revisão da literatura, apresentando a simulação, sua

utilização em problemas ferroviários e a ferramenta Arena, bem como

uma descrição da operação ferroviária no circuito de minério do TFPM;

− No capítulo 3 descreve-se o método utilizado para modelagem e como

será feita a análise dos cenários estudados;

− O capítulo 4 traz o modelo e a validação do cenário atual e os resultados

dos testes dos cenários alternativos. Ainda, é realizada uma interpretação

dos resultados, com discussão sobre seus impactos e significados;

− No capítulo 5 são apresentadas as considerações finais, com

recomendações para novas pesquisas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SIMULAÇÃO

A simulação é uma das técnicas da Pesquisa Operacional3 que através de um

modelo descreve um processo ou um sistema e usualmente inclui parâmetros que

permitem que o modelo seja configurável de forma a representar diferentes

configurações. É utilizada “para analisar sistemas que são complicados demais para

serem atacados via métodos analíticos, como cálculo, probabilidade e estatística ou

teoria das filas”. (GOLDSMAN, 2007, p. 26).

De acordo com Kelton et. al (2002, p. 8), a simulação tem se tornado uma das

mais populares ferramentas de pesquisa operacional devido a:

− Habilidade para lidar com modelos complexos, tornando-a uma

ferramenta versátil e poderosa;

− Melhora na performance e preço de computadores;

− Avanços nos softwares de simulação (flexibilidade e facilidade de

programação).

Carson II (2004, p. 11) e Filho (2008) apontam ainda outras vantagens, como a

possibilidade de experimentar com um modelo do sistema, sem causar interrupções

ou provocar riscos, de identificar problemas e gargalos antes de se modificar ou

construir um sistema, de comparar inúmeras alternativas de desenhos e regras de

operação antes de comprometer recursos e investimentos para um projeto, de

permitir avaliação mesmo que os dados de entrada estejam ainda na forma de

esquemas ou rascunhos, de permitir análise de praticamente qualquer medida

concebível e de controlar, comprimir ou expandir o tempo, permitindo a reprodução

dos fenômenos num ritmo mais adequado ao estudo.

3 A Pesquisa Operacional compreende um conjunto de modelos e técnicas para resolver

problemas complexos. De maneira geral, se apóia em quatro ciências fundamentais: Economia,

Matemática, Estatística e Informática.

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Entretanto, os sistemas reais possuem natureza dinâmica e aleatória e pode não

ser possível representá-los em sua totalidade, sendo necessárias algumas

simplificações. Neste caso, deve-se atentar na construção de modelos, para que

estas simplificações continuem a representar o sistema de maneira válida,

produzindo resultados confiáveis.

Além disso, a interpretação dos resultados da simulação não é trivial. Muitas

vezes, é difícil determinar se certo resultado é devido a alguma significante relação

num sistema ou se é oriundo de uma aleatoriedade construída no modelo (FILHO,

2008).

De maneira resumida, a simulação possui algumas restrições:

− Não fornece resultados precisos se os dados forem imprecisos;

− Somente descreve características do sistema que forem explicitamente

modeladas;

− Não propõe alternativas de ação (somente testa alternativas sugeridas);

− Não otimiza os resultados (apenas fornece respostas a perguntas do tipo

“O que acontece se...?”).

2.1.1 PARTES DE UM MODELO DE SIMULAÇÃO

Alguns autores, como Prado (2004), Landa apud BANKS e CARSON II (1984) e

Kelton et. al. (2002) definiram os elementos básicos de uma simulação. A seguir, os

principais componentes:

− Entidades e atributos: entidades são os objetos dinâmicos na simulação,

que mudam seu status, afetam e são afetadas por outras entidades e pelo

estado do sistema, ocupam recursos e filas e afetam os resultados das

medidas de performance; já os atributos são características comuns a

todas as entidades, mas com um valor específico que pode ser diferente

de uma entidade para a outra, individualizando-as. Fazendo uma analogia

com a programação computacional tradicional, os atributos são variáveis

locais;

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− Variáveis: são informações que refletem algumas características do

sistema. Também chamadas de variáveis globais, são acessíveis a

qualquer entidade e podem ser modificadas por elas;

− Recursos: são elementos estacionários de um sistema que podem ser

alocados a entidades. Possuem capacidade de ocupação e estados

definidos, que podem ser alterados durante a simulação. Possuem fila

associada para manter as entidades que tentam ocupá-los quando estão

indisponíveis;

− Filas: são espaços de espera para entidades cujo movimento através do

modelo foi suspenso devido a um status do sistema (por exemplo, recurso

ocupado). As entidades entram e saem das filas com base na mudança

de estado do elemento do sistema associado à fila;

− Eventos: são acontecimentos de um instante de tempo simulado que

provocam alterações em atributos, variáveis ou estatísticas. São

exemplos de eventos a chegada e partida de trens.

2.1.2 SIMULAÇÃO APLICADA À FERROVIA

O trabalho de Krueger (2000) aponta algumas utilizações de ferramentas de

simulação em operações ferroviárias, como despacho de trens, distribuição de

recursos (locomotivas, vagões e equipagens), manutenção da via, operação de

trens, capacidade de linha e terminais, avaliação da rede (tráfego e serviços) e

interface com atividades não ferroviárias (por exemplo, terminais intermodais).

Diversos trabalhos de simulação têm sido desenvolvidos no Brasil e no mundo

para estudar o ambiente ferroviário. Como exemplos podem ser citados trabalhos

relacionados à movimentação de trens na malha [Franzese et. al. (2003), Fioroni et.

al. (2005), Fioroni (2007)], à distribuição de equipagem [Guttkuhn et. al. (2003)] e à

distribuição de locomotivas de auxílio [Landa (2007)], sendo que alguns trabalhos

são aplicações em ferrovias específicas [Hooghiemstra e Teunisse (1998), Dalal e

Jensen (2001)].

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De acordo com Leilich (1998), as peças chaves de qualquer simulação de

operação ferroviária seriam a definição dos objetivos do estudo, a obtenção de

dados confiáveis, a calibração e validação do cenário base com dados reais (se

possível), a identificação das alternativas a serem avaliadas e a conversão do

desempenho em medidas de capacidade, de serviço e econômicas.

2.1.3 O SOFTWARE ARENA

Arena é um software de simulação da Rockwell Automation que em um

ambiente engloba recursos para modelagem de processos, animação e ferramentas

de análise estatística e de resultados. Ele foi lançado em 1993 e a última versão

disponível é a 12.0.

FIG. 2.1 - Visão da tela inicial do Arena 12.0

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Kelton et. al. (2002, p. 9) classifica os modelos de simulação em três dimensões:

estáticos ou dinâmicos (no segundo, o estado do sistema muda com o tempo),

contínuos ou discretos (no primeiro o estado do sistema pode mudar continuamente

no tempo, enquanto que no segundo as mudanças ocorrem somente em tempos

específicos) e determinísticos ou estocásticos (em modelos estocásticos as entradas

são randômicas). O Arena pode trabalhar com todos estes tipos de modelos.

O diferencial do Arena são os templates, que são objetos e ferramentas de

modelagem agrupados em painéis que permitem a descrição de comportamentos de

processos de maneira visual, interativa e organizada. Pela seleção de painéis, pode-

se obter acesso a um conjunto de módulos e na maioria dos casos módulos de

diferentes painéis podem ser combinados no mesmo modelo (FIG. 2.2).

FIG. 2.2 - Exemplos de templates do Arena

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Os módulos são compostos por elementos da linguagem de programação

SIMAN e ainda é permitido ao usuário criar seus próprios módulos e templates.

Cada módulo possui parâmetros que são configurados de acordo com o modelo em

estudo.

Adicionalmente, o Arena disponibiliza ferramentas auxiliares, como o Input

Analyzer, o Output Analyzer, o Process Analyzer e o OptQuest.

O Input Analyzer ajusta dados de entrada reais (como por exemplo, a taxa de

chegada de trens a um terminal) a uma distribuição de probabilidade. Neste caso

tem-se duas opções: selecionar a distribuição desejada ou ajustar algumas

distribuições aos dados e selecionar o mais apropriado. Em ambos os casos, o Input

Analyzer retorna com estimativas de parâmetros e uma expressão que pode ser

copiada e colada ao modelo em estudo.

O Output Analyzer permite analisar estatisticamente os resultados da simulação,

o Process Analyzer compara as saídas de um modelo quando se alteram as

entradas e o OptQuest permite a busca por soluções ótimas para o modelo de

simulação.

2.2 O ESCOAMENTO DE MINÉRIO NO SISTEMA NORTE

Da mina de Carajás, no Pará, o minério extraído segue para o Terminal

Ferroviário de Carajás (TFCJ), no qual os vagões são carregados e o trem é

formado. De lá, o trem segue pelos 892 km da Estrada de Ferro Carajás (EFC) até o

Terminal Ferroviário de Ponta da Madeira (TFPM), em São Luis-MA, onde os vagões

são descarregados no Terminal Portuário de Ponta da Madeira (TPPM). O minério

segue então para empilhamento em pátios de estocagem, para posterior embarque

nos navios (FIG. 2.3).

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22

FIG. 2.3 - Sistema de escoamento do minério de Cara jás.

Embora o pátio ferroviário e a linha principal sejam de propriedade da Vale, a

companhia é obrigada pelo governo a permitir que o serviço de transporte de

passageiro utilize suas linhas. Trens de passageiro chegam e partem do TFPM três

vezes por semana, com linha de acesso à estação de passageiro através da área de

recepção no circuito do minério. A carga geral é exportada através de um circuito

separado no TFPM.

2.2.1 OPERAÇÃO FERROVIÁRIA NO TFPM

O TFPM ocupa uma área de 1817 hectares, sendo composto por um conjunto de

104 km de linhas (FIG. 2.4). Com o objetivo de compor e recompor trens, é um

terminal complexo, que pode ser dividido em três circuitos básicos: de cargas, de

minério e de manutenção.

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FIG. 2.4 - Vista aérea do TFPM (Fonte: GOOGLE EARTH , 2008)

O circuito de cargas é um conjunto de linhas por onde passam os trens de carga

geral, compreendendo ainda o trecho da CFN (Companhia Ferroviária do Nordeste);

o circuito de manutenção é compreendido pelos pátios das oficinas de manutenção

de vagões e locomotivas, e o circuito de minério é composto pela pêra ferroviária do

minério, pelo pátio de recepção, pelo circuito dos viradores de vagões, pelo pátio de

classificação e pelo pátio de formação (FIG. 2.5.

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FIG. 2.5 - Layout do TFPM

2.2.2 MODELO DE OPERAÇÃO NO CIRCUITO DE MINÉRIO

O circuito do minério foi construído nos anos 80 com dois viradores de vagões.

Em 2005 o terceiro virador foi adicionado sobre a linha que anteriormente era uma

linha de escape.

Os principais processos desempenhados atualmente no circuito do minério do

TFPM estão descritos a seguir:

a. Chegada de trens carregados:

Os trens entram no circuito do minério através de uma linha singela, que é

uma seção da linha principal adjacente ao pátio sinalizada e sob controle do

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CCO, o que significa que a entrada e a saída dos trens não podem ocorrer

simultaneamente. Após o Km00, ainda sob controle do CCO há uma seção

de 500 m até o início do pátio de recepção.

FIG. 2.6 – Chegada de trem carregado.

A configuração atual do trem de minério utiliza tração distribuída, no modelo

2 locomotivas + 110 vagões GDT + 2 locomotivas + 220 vagões GDT, vazio e

carregado.

FIG. 2.7 - Modelo do trem de minério com tração dis tribuída.

b. Fila de trens carregados e divisão em lotes:

Os trens carregados são divididos em lotes de 110 vagões antes de serem

descarregados. Quando o caminho para o virador destino está livre, os trens

param com seu primeiro lote no virador e dividem os demais lotes na área de

recepção. Se o virador destino está em uso, os trens param dentro da área

de recepção e são separados em lotes (FIG. 2.8).

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FIG. 2.8 - Posicionamento no pátio de recepção e se paração em três lotes.

Atualmente existem cinco linhas na área de recepção, sendo duas com

capacidade de 330 vagões e três com capacidade de 220 vagões. A linha

periférica da recepção (linha 6) é utilizada para o acesso de trens de

passageiro à estação de passageiros e assim é dada uma menor prioridade

para a recepção de trens carregados. Os lotes são geralmente levados para

descarga por ordem de chegada, tão logo os viradores estejam disponíveis.

c. Posicionamento para descarga:

Um lote deve iniciar sua aproximação de um virador quando restarem para

serem descarregados 18 vagões ou menos do lote a frente. O primeiro lote

de um trem normalmente é posicionado no virador pelas locomotivas do trem,

o segundo pela tração remota do trem e o terceiro pela locomotiva de

manobra.

Locomotivas de manobra são atribuídas para esta operação e circulam

através dos viradores e área de classificação. Antes de iniciar a descarga, o

ar do encanamento geral dos vagões é drenado (para evitar aplicação de

freio no virador). Depois do posicionamento do primeiro lote do trem, as

locomotivas do trem são desacopladas e seguem para manutenção via área

de classificação. As locomotivas de manobras que posicionaram os lotes

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subseqüentes ficam aguardando a descarga na área de classificação a uma

distância de comprimento de um lote.

FIG. 2.9 – Posicionamento de lotes nos viradores.

Existem três linhas na área de aproximação do virador, as quais podem ser

acessadas por qualquer uma das cinco linhas de recepção através de

travessões posicionados no início da área de aproximação. As linhas de

aproximação do virador têm tamanho suficiente para acomodar blocos de

110 vagões depois dos travessões.

d. Descarga:

Os vagões são descarregados em duplas e a taxa de descarga varia devido

a atrasos de vários tipos.

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FIG. 2.10 - Virador vira uma dupla de vagões por ve z.

Cada dupla de vagões é inspecionada visualmente assim que deixa o virador

e caso um vagão necessite de manutenção (seja por troca de sapata ou por

manutenção corretiva), ele é identificado com uma placa. Depois que a

descarga é completada, o lote é puxado por uma locomotiva de manobra

cerca de 100m para frente e o ar no sistema de freios é restaurado enquanto

o próximo lote é posicionado no virador.

FIG. 2.11 - Identificação de vagões para manutenção .

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e. Retirada de vagões avariados:

Os lotes são levados para a área de classificação por locomotivas de

manobra. Os vagões identificados como avariados são removidos do lote

através de manobras e colocados em uma das linhas de desvio da área de

classificação (também chamadas de linhas mortas, com capacidade de 30

vagões cada). Uma vez por dia os vagões desviados nas linhas mortas são

levados para a oficina com o auxílio de locomotivas de manobra.

FIG. 2.12 - Manobra de classificação de vagões.

Cada uma das três linhas de classificação pode acomodar um lote de 110

vagões.

f. Formação de lotes:

A maioria dos lotes é recomposta no viaduto depois da classificação (viaduto

F, que contém duas linhas). Na minoria dos casos um lote simples é levado

da classificação para a área de formação para ser recombinado, ação por

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vezes realizada para evitar a formação de filas na classificação, que possam

interferir na descarga.

g. Manutenção antes da partida e formação de trens:

A área de formação possui três linhas, sendo que duas têm capacidade para

330 vagões e uma tem capacidade para 220 vagões (nesta última ficam

estacionados os vagões para recomposição de lote).

Vagões reparados são adicionados para formar o trem com 330 vagões e as

locomotivas são distribuídas aos lotes para formação do trem. Nesta área

também são realizados a troca de sapatas dos vagões e o teste de cauda.

FIG. 2.13 - Formação de trens.

h. Saída do terminal:

Os trens formados com vagões vazios saem do terminal certificando-se que

não existe nenhum trem carregado não esteja usando a linha de

aproximação do terminal.

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FIG. 2.14 - Partida de trem de minério vazio.

i. Influência do trem de passageiros:

Na operação atual, o trem de passageiro tem prioridade sobre o trem de

minério. Ele chega e parte do terminal em estudo 3 vezes por semana,

conforme listado abaixo:

Trem 1 - sai do TFPM às terças-feiras, às 8h e chega nas sextas-feiras, às

22h;

Trem 2 - sai do TFPM aos sábados, às 8h e chega aos domingos, às 22h;

Trem 3 - sai do TFPM às segundas, às 8h e chega às terças-feiras, às 22h.

Quando chega e parte do terminal em estudo, o trem de passageiros utiliza

as linhas 1 e 6, fazendo-as temporariamente inacessíveis para outros trens.

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FIG. 2.15 - Chegada de trem de passageiro

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3 MÉTODO

O trabalho caracteriza-se pela elaboração de um modelo para simular a

operação do circuito de minério do TFPM, desde a recepção dos trens com vagões

carregados até a formação dos trens com vagões vazios, fazendo uma comparação

entre alguns cenários e avaliando os impactos dessas alterações.

Utiliza-se neste trabalho a metodologia sugerida por Carson II (2004) e Pedgen

et. al. (1995) para a condução de um estudo de simulação, cujas fases podem ser

assim resumidas:

− Formulação do modelo conceitual e análise (modelo preliminar);

− Preparação dos dados de entrada (identificação e coleta);

− Desenvolvimento do modelo;

− Verificação e validação do modelo;

− Desenho do experimento (parâmetros de entrada a serem variados,

tempo de execução e número de replicações);

− Execução do experimento e análise dos resultados (medição do

desempenho do sistema) e

− Implantação e documentação do processo.

Seguindo ainda a orientação de Carson II (2004) de que os modelos devem ser

desenvolvidos em um pacote de simulação que seja aplicável e disponível

comercialmente, neste trabalho escolheu-se o Arena (versão 10.0).

Como premissas, admitem-se:

− O modelo considera lotes (e não vagões);

− Os trens têm tamanho de 330 vagões, sendo desmembrados e

formados em três lotes de 110 vagões;

− Assume-se média de 102 toneladas/vagão para o propósito de se

calcular a capacidade de descarga;

− As locomotivas serão consideradas como recurso abundante;

− Serão consideradas as paradas para manutenção programada nos

viradores de vagões;

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− O tempo médio de descarga já considera as paralisações por

manutenção corretiva;

− Cada trem, para prosseguir no circuito, deve antes avaliar se a área

subseqüente está disponível e pode ser alocada por ele.

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4 MODELO DE SIMULAÇÃO E RESULTADOS

Nesta seção apresenta-se um modelo preliminar com a definição dos

componentes e da lógica do sistema a ser simulado.

4.1 MODELO CONCEITUAL

O modelo conceitual foi desenvolvido em forma de fluxograma (FIG. 4.1 e FIG.

4.2) e foi baseado nas atividades do circuito de minério descritas no item 2.2.2.

FIG. 4.1 - Fluxograma da operação no circuito de mi nério – parte I.

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FIG. 4.2 - Fluxograma da operação no circuito de mi nério – parte II.

De acordo com o modelo conceitual, os dados de entrada para a simulação são:

− Tempo de circulação da entrada do pátio (KM 0) ao início do pátio de

recepção;

− Capacidade da entrada do pátio;

− Tempo de circulação do início ao final do pátio de recepção;

− Capacidade do pátio de recepção;

− Tempo de circulação do final da recepção até os viradores, incluindo

dreno e corte de tração (lotes 1, 2 e 3);

− Capacidade das linhas de aproximação do virador;

− Tempo médio de descarga nos viradores (TMD);

− Capacidade dos viradores;

− Tempo de manutenção preventiva dos viradores;

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− Tempo circulação do virador até pátio de classificação, incluindo tempo de

manobra de acoplamento de locomotiva e restauração do ar no sistema

freios;

− Capacidade das linhas de classificação;

− Tempo de classificação (posicionamento e manobra para retirada de

vagões avariados);

− Capacidade das linhas de formação;

− Tempo de circulação do pátio de classificação até o final do pátio de

formação;

− Tempo troca de sapata;

− Tempo de link e teste de cauda;

− Tempo de circulação do final do pátio de formação até a saída do pátio.

Ao final da simulação, o modelo deve apresentar como saída:

− Tempo de ciclo na recepção, nos viradores, na classificação e na

formação;

− Tempo de permanência no terminal.

Estas informações serão úteis para a análise comparativa entre os cenários.

4.2 DADOS DE ENTRADA

Uma das grandes dificuldades no desenvolvimento de modelos é a obtenção de

dados representativos confiáveis.

Buscaram-se nos sistemas de controle utilizados pela ferrovia as informações de

entrada necessárias, respeitando o período de Junho/08 a Setembro/08, já que em

meados de Maio/08 é que foram implantados os trens de 330 vagões (antes disso,

os trens eram compostos por 208 vagões, divididos em dois blocos de 104 vagões).

Contudo, percebeu-se que a maioria das informações incluía o tempo em fila, não

sendo úteis para a modelagem do problema, mas sim na validação dele. Para estes

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casos, foram atribuídos valores baseados na experiência dos profissionais que

operam o terminal, obtidos através de sessões de entrevista.

4.2.1 CHEGADA DE TRENS

Para os cenários atual e alternativos, os trens de minério possuem 330 vagões.

Por simplificação, a entrada e saída do pátio foram simuladas como sendo

independentes, não sendo medida, portanto, a influência da linha singela de entrada.

Para a taxa de chegada de trens de minério e de passageiros, cujas

variabilidades foram consideradas necessárias para a representatividade do sistema

real, retiraram-se dados históricos e após análise preliminar, procederam-se os

ajustes destes dados a distribuições estatísticas utilizando-se o Input Analyzer.

No caso da taxa de chegada de trens de minério, em que se utilizou o período

de Junho a Agosto/08, a distribuição que mais se ajustou aos dados foi a Weibull,

com o menor erro quadrado.

TAB. 4.1 - Relatório de ajuste dos dados às curvas

Função Erro quadrado

Weibull 0.00161

Erlang 0.00165

Gamma 0.00235

Beta 0.00258

Normal 0.00465

Triangular 0.0124

Lognormal 0.0147

Exponencial 0.0335

Uniforme 0.0355

Fonte: Autor

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Para a distribuição Weibull a expressão que se ajusta aos dados históricos é

-0.001 + WEIB(175, 1.94).

FIG. 4.3- Resultado da análise da taxa de chegada d e trens de minério com Input Analyser

(valores em min)

Para inserir a interferência de trens de passageiros, utilizou-se os tabela de

horários de chegada e partida, cujos dados se ajustaram uma curva Beta, com

expressão 600 + 1.68e+003 * BETA(0.112, 0.112), com erro quadrado de 0,0564.

FIG. 4.4 - Resultado da análise da interferência do s trens de passageiro com Input

Analyser (valores em min)

No modelo, esta interferência foi inserida como uma interrupção programada na

linha de entrada e na linha de recepção por onde circula o trem de passageiro.

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O tempo de circulação da entrada do pátio até início do pátio de recepção foi

modelado como uma curva triangular com mínimo de 5,28 min, valor mais provável

de 6,28 min e máximo de 16,28 min. Esta distribuição de probabilidade foi baseada

em descrições verbais do processo.

4.2.2 RECEPÇÃO

O tempo de circulação do início ao final do pátio de recepção foi modelado como

uma curva triangular com mínimo de 12,7 min, valor mais provável de 13,7 min e

máximo de 23,7 min. Esta distribuição de probabilidade foi baseada em descrições

verbais do processo.

Existem cinco linhas na área de recepção, mas como possuem capacidades

diferentes (duas linhas para três lotes e três linhas para dois lotes, totalizando uma

capacidade total de 12 lotes), consideram-se quatro linhas para três lotes, sendo que

a quarta linha é utilizada para o acesso de trens de passageiro à estação.

Na simulação, os trens são separados em lotes na recepção, após ser verificada

a disponibilidade de virador livre. O tempo para a separação em blocos está incluído

no tempo de aproximação dos viradores.

4.2.3 APROXIMAÇÃO DO VIRADOR

No modelo, um lote inicia sua aproximação de um virador quando este estiver

livre.

O tempo de posicionamento varia com a posição do lote no trem e os valores

adotados foram extraídos de um documento técnico elaborado pela VALE. Segundo

Vale 2 (2007, p. 12), o tempo médio de posicionamento do lote 1 é de 20 min, do

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lote 2 de 31 min e do lote 3 de 51 min, os quais já incluem o tempo para drenagem

do ar do encanamento geral dos vagões e desacoplamento de locomotivas.

4.2.4 DESCARGA

Na simulação foi utilizado o tempo médio de descarga (TMD), ou seja, incluindo

as paradas por manutenção corretiva. Os dados de utilização dos viradores4 foram

analisados através de cartas de controle X-AM, retirando-se da amostra os valores

fora dos limites da média ± 3 desvios padrões. Esta análise foi feita de forma

individual para cada virador (FIG. 4.5 a FIG. 4.7).

FIG. 4.5 - Carta X-AM do virador 1

4 Dados retirados do Gráfico Diário de Descarga (GDOD) do período de Junho a Setembro/08.

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FIG. 4.6 - Carta X-AM do virador 2

FIG. 4.7 - Carta X-AM do virador 3

Após análise, os dados foram ajustados a distribuições estatísticas utilizando-se

o Input Analyzer.

Para o virador 1, os dados se ajustaram a uma distribuição Erlang, com

expressão 92 + ERLA(12.5, 3) (vide FIG. 4.8).

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FIG. 4.8 - Resultado da análise do TMD do virador 1 com Input Analyser (valores em min)

Para o virador 2, os dados se ajustaram a uma distribuição Weibull, cuja

expressão foi 99 + WEIB(37.1, 1.7) (vide FIG. 4.09).

FIG. 4.9 - Resultado da análise do TMD do virador 2 com Input Analyser (valores em min)

Para o virador 3, os dados se ajustaram a uma distribuição Erlang, com

expressão 100 + ERLA(13.5, 3) (vide FIG. 4.10).

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FIG. 4.10 - Resultado da análise do TMD do virador 3 com Input Analyser (valores em min)

As paradas para manutenção preventiva foram modeladas conforme o

orçamento da VALE, que é baseado em tempo (5% das horas de calendário para

cada virador). Para cada virador foram modeladas três paradas de 12 horas a cada

10 dias.

Após a descarga, os lotes são movimentados das linhas pós-virador até o início

da área de classificação segundo distribuição normal de média 15 e desvio padrão

2. Esta distribuição de probabilidade foi baseada em descrições verbais do

processo.

4.2.5 CLASSIFICAÇÃO

Os tempos de movimentação e manobras de classificação foram baseados em

descrições verbais dos processos.

O tempo de movimentação de um lote desde a entrada até o final da área de

classificação segue distribuição normal de média 15 e desvio padrão 2.

Manobras para retirada de vagões avariados seguem distribuição triangular com

mínimo de 0 min, valor mais provável de 20 min e máximo de 75 min.

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O modelo assume que todos os lotes são recombinados no viaduto F e são

processados em ordem de chegada.

4.2.6 FORMAÇÃO

A área de formação foi considerada com duas linhas, já que a terceira é utilizada

para estacionamento de vagões para recomposição de lote.

Os lotes liberados da classificação são posicionados na linha com maior número

de lotes já estacionados, para a formação do trem. Por falta de dados, a distribuição

de probabilidade para o tempo de circulação de um lote do final do pátio de

classificação até o pátio de formação foi baseada em descrições verbais do

processo (distribuição normal, com média 20 e desvio padrão 3).

Assume-se que depois de formado, o trem passa pelos processos de troca de

sapata (média de 30 min), link das locomotivas e teste de cauda (distribuição normal

de média 60 min e desvio padrão de 10 min). Depois disso, está pronto para partir,

seguindo uma distribuição normal de média 7 e desvio padrão 2, no tempo de

circulação do final do pátio de formação até a saída do TFPM.

4.2.7 RESUMO DOS DADOS DE ENTRADA

Um resumo dos dados de entrada para o cenário atual é apresentado na TAB.

4.2.

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TAB. 4.2 - Descrição dos dados de entrada para o ce nário atual

Fonte: Autor

4.3 MODELO VALIDADO E DESCRIÇÃO DOS CENÁRIOS

O modelo construído em Arena se assemelha a um fluxograma e é apresentado

nas figuras a seguir.

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FIG. 4.11 - Modelo em Arena – Parte I

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FIG. 4.12 - Modelo em Arena - Parte II

Comparando os resultados de tempo total de ciclo simulado com o tempo de

ciclo médio dos meses de Junho, Julho e Agosto/08, verifica-se que o modelo

apresenta valor 7% maior que o real. Neste caso, considera-se que com os

resultados do modelo, podemos inferir sobre o sistema real.

TAB. 4.3 - Comparação entre dados do modelo e valor es reais

Recepção Viradores Classificação Formação Total Média Real 5,1 2,7 1,7 2,7 12,1 Simulação 5,9 2,9 2,0 2,2 12,9

Fonte: Autor

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Os cenários a serem avaliados diferem do cenário atual apenas na taxa de

chegada de trens de minério, ou seja, o layout e as operações do pátio continuam

sendo os mesmos.

Para o cálculo da taxa de chegada, além das premissas já definidas

anteriormente, definem-se 348 dias operacionais no ano (12 meses com 29 dias).

Desta maneira, a taxa de chegada de trens, em horas, pode ser calculada pela

expressão:

Volume

tremnolotesdeNúmerolotedoTamanhovagãodomédioPesoisoperacionaDias ***

Para estes cenários alternativos, considerar-se-á que a taxa de chegada segue

uma distribuição exponencial (TAB. 4.4).

TAB. 4.4 - Descrição dos cenários

Volume (Mtpa) Trens/dia Taxa de chegada (min)

130 12 131 150 13 112

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O tempo de aquecimento na simulação foi de 30 dias e foram feitas 12

replicações de 29 dias.

Os resultados das simulações do cenário atual e dos cenários alternativos são

apresentados na tabela a seguir.

TAB. 4.5 - Resultados da simulação – Utilização das áreas do TFPM

Utilização Volume (MTPA) RC VV CL e VF FO

Atual 92% 91% 24% 32% 130 94% 95% 25% 36% 150 96% 96% 26% 37%

Fonte: Autor

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Para a análise da utilização, vamos considerar que valores acima de 90%

referem-se à alta utilização, valores entre 85% e 90% referem-se à média utilização

e valores abaixo de 85% referem-se à baixa utilização.

Os cenários atual, 130MTPA e 150MTPA indicam que o TFPM está com alta

utilização no pátio de recepção, bem como nos viradores. Eles são o gargalo dos

cenários estudados.

No caso dos viradores é interessante manter-se com alta sua utilização,

entretanto, é recomendável que eles cheguem no máximo até 91%, faixa

ultrapassada para os cenários 130 MTPA e 150 MTPA.

A utilização das áreas de formação, classificação e viaduto F têm os mais baixos

níveis de utilização, indicando que o quantitativo de linhas está adequado.

Acerca dos tempos de ciclo no TFPM, percebe-se com o layout e operação

atual, mas aumentando a taxa de chegada de trens, o ciclo do TFPM tende a

aumentar, principalmente na recepção e viradores (FIG. 4.13).

FIG. 4.13- Gráfico do tempo de ciclo por área do TF PM

Este aumento de ciclo do TFPM impacta no ciclo total dos vagões de minério,

impactando negativamente no cumprimento do programa de transporte deste fluxo.

Em resumo, para os cenários estudados, os quais representam perspectivas da

Vale para os próximos anos, há que se aumentar o número de recursos na recepção

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e nos viradores (neste caso, englobam-se aqui também as linhas antes e após os

viradores), já que se encontram com alta taxa de utilização.

Para a definição do número de recursos e layout em que as taxas de utilização

fiquem dentro da faixa de 85% a 90% sugerem-se estudos mais detalhados,

analisando o sistema de escoamento de Carajás como um todo. Assim, com estes

cenários alternativos pode-se então calcular o retorno financeiro de cada opção.

De qualquer maneira, o modelo indica que se continuarmos com o modelo atual,

que já está saturado, o ciclo do trem de minério será aumentado no TFPM,

reduzindo o giro dos vagões e comprometendo o acréscimo de volumes futuros .

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crescimento da demanda dos países emergentes por minério de ferro têm

pressionado a infra-estrutura logística da Vale, que para garantir sua posição no

mercado está expandindo a capacidade de produção do melhor minério de ferro do

mundo, proveniente da mina de Carajás. Neste cenário o TFPM tem papel de

destaque, já que ele faz parte do circuito de escoamento do minério de Carajás e

nele são processadas as operações de descarga de minério para embarque no

Terminal Portuário de Ponta da Madeira e formação de trens com vagões vazios

para carregamento no TFCJ.

Entender o funcionamento do TFPM e identificar suas ociosidades e gargalos

(atuais ou provenientes de cenários futuros) para tratamento não é tarefa fácil, mas

a simulação computacional é uma ferramenta que auxilia muito neste trabalho.

Com a modelagem do circuito de minério do TFPM em Arena foi possível

verificar que para o cenário atual a utilização das linhas do pátio de recepção e do

complexo dos viradores (linhas de aproximação do virador, viradores e linhas pós-

viradores) já está acima de 90%, o que é considerado alto, e para volumes de

130MTPA e 150 MTPA a situação só piora, indicando a necessidade de aumento do

número destes recursos para que não seja comprometido o programa de volume de

descarga.

Sugere-se que para a determinação do quantitativo dos recursos, layout e

operações do TFPM seja feita uma análise integrada do sistema, incluindo o

carregamento no TFCJ, o sistema de transporte (linha tronco, pátios de cruzamento,

número de vagões e locomotivas e as janelas para manutenção da linha tronco) e

detalhando algumas operações no TFPM, o que garantirá resultados mais precisos.

É importante ressaltar que para que o modelo seja válido, além do cuidado com

as simplificações do processo, que podem alterar o funcionamento do modelo, os

dados de entrada devem ser confiáveis. Por falta de dados, muitas vezes utilizam-se

valores médios ou empíricos, que não representam a aleatoriedade que existe no

modelo real e podem não apontar possíveis filas e gargalos.

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A verificação e validação do modelo foi uma das fases mais importantes e

difíceis do processo de simulação e foram responsáveis por garantir que o modelo

está implementado corretamente no computador (parâmetros de entrada e estrutura

lógica) e o grau de precisão da representação com o sistema real.

Por fim, conclui-se que o modelo desenvolvido para esta monografia é um ponto

de partida para trabalhos mais elaborados e com maior número de detalhes. Para

trabalhos futuros, sugere-se, além da modelagem do sistema integrado, desde o

carregamento até a descarga no TFPM, a inserção de detalhamento de recursos

como locomotivas, vagões e equipagem, e de obtenção de outras métricas,

permitindo uma análise mais ampla do terminal.

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