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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLIMA E AMBIENTE CLIAMB MÉTODOS DE AMOSTRAGENS DE SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO NO RIO SOLIMÕES: ESTUDO DE CASO NA ESTAÇÃO DE MANACAPURU FRANCISCA PAULIANE RIBEIRO SAMPAIO Manaus, Amazonas Outubro, 2016

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLIMA E AMBIENTE – CLIAMB

MÉTODOS DE AMOSTRAGENS DE SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO NO RIO

SOLIMÕES: ESTUDO DE CASO NA ESTAÇÃO DE MANACAPURU

FRANCISCA PAULIANE RIBEIRO SAMPAIO

Manaus, Amazonas

Outubro, 2016

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II

FRANCISCA PAULIANE RIBEIRO SAMPAIO

MÉTODOS DE AMOSTRAGENS DE SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO NO RIO

SOLIMÕES: ESTUDO DE CASO NA ESTAÇÃO DE MANACAPURU

Orientador: Naziano Pantoja Filizola Jr., Phd.

Co-orientadora: Elisa Natalia Armijos

Fonte Financiadora: FAPEAM

Manaus, Amazonas

Outubro, 2016

Dissertação apresentada ao

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em

Clima e ambiente, do convênio

INPA/UEA.

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III

BANCA AVALIADORA

Professores Doutores Instituição de vínculo Conceito

Naziano Pantoja Filizola Jr. UFAM Aprovado

Henrique Llacer Roig UNB Aprovado

Jean-Michel Martinez UNB e IRD Aprovado

Data da defesa: 11 de Novembro de 2016

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IV

Sinopse:

Estudou-se as metodologias utilizadas na amostragem de

sedimentos na Amazônia, fazendo comparação através de

analises de incertezas dos métodos Pontual e Integrado, com

amostras coletadas na estação de Manacapuru, Amazonas.

Palavras-chave: Sedimentos, Amazônia, Amostragens.

S192 Sampaio, Francisca Pauliane Ribeiro

Métodos de amostragens de sedimentos em suspensão no Rio

Solimões: Estudo de caso na estação de Manacapuru / Francisca

Pauliane Ribeiro Sampaio. Manaus: [s.n.], 2017. 53 f.: il.

Dissertação (Mestrado) INPA, Manaus, 2017.

Orientador: Naziano Pantoja Filizola Jr.

Coorientadora: Elisa Natalia Armijos.

Área de concentração: Clima e ambiente.

1. Amostragem de sedimentos. 2. Método Pontual. 3. Método

Integrado. I. Título.

CDD 551.483

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V

AGRADECIMENTOS

Acredito fielmente que iniciar é bem mais difícil do que concluir. O início da

caminhada, o primeiro passo, as primeiras palavras transcritas. O caminho é longo, porém,

acompanhado das pessoas certas, as distâncias tornam-se imperceptíveis.

Meus agradecimentos, destinam-se inicialmente ao Programa de pós-graduação em

Clima e Ambiente, que através do financiamento recebido pela Fundação de Amparo à

Pesquisa do Amazonas (FAPEAM) me possibilitou o desenvolvimento desta pesquisa.

Agradeço às instituições que apoiaram esta pesquisa, através da disponibilidade

recursos humanos e financeiros: Agência Nacional de Águas (ANA) em especial aos Srs.

Walszon Terllizzie Eurides de Oliveira e Fabricio Alves; Serviço Geológico do Brasil

(CPRM) através dos engenheiros André Martinelli e Luna Gripe, assim como ao

Superintendente Marco Oliveira; ao IRD através do Observatório SO-HYBAM, pela pessoa

do pesquisador Pascal Fraizy, e do Dr. Jean Michel Martinez (coordenador HYBAM no

Brasil); e à Universidade Federal do Amazonas (UFAM) através do Grupo de Pesquisa

Hidrossistemas e o Homem na Amazônia (H2A).

Agradeço com enorme gratidão, ao professor Naziano Filizola pela orientação que se

estende desde a iniciação científica. Foram anos de aprendizado que eu levarei para a vida

toda.

À minha co-orientadora Elisa Armijos, pela orientação que sem sombras de dúvidas

extrapolam os limites acadêmicos, a quem posso chamar de amiga.

Aos companheiros de pesquisa, das salas de aula, e laboratórios. Em especial Lorena,

Diego, Amarílis, Bruna, Luciana, Paula, Robson, Janaína, Delano e muito outros que

merecem meu agradecimento.

À minhas amigas Fernanda e Elisângela, que nunca deixaram a amizade se perder,

mesmo com todas as dificuldades e correrias do dia a dia, eis aqui um Ciclo sem fim.

Ao meu esposo Rodrigo e minha filha Cecíle, que são meus maiores bens já alcançados

nesta vida. Paciência, amor e sabedoria sempre.

Finalmente, agradeço à minha mãe Verônica Sampaio, que mesmo de longe, sempre

esteve por perto, auxiliando em todos os momentos de angustia e felicidade, assim como

meus irmãos Emanuela e Carlos Patrick.

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VI

RESUMO

A bacia hidrográfica Amazônica é uma importante fonte de sedimentos para o Oceano

Atlântico, sendo produzidos em sua maioria pela cordilheira dos Andes, e pelos processos

locais de erosão e ressuspensão, cumprindo um importante papel na riqueza e biodiversidade

aquática da região. Nesse sentindo, a quantificação da Concentração dos Sedimentos em

Suspensão (CSS) é o ponto de partida para qualquer análise que envolva a temática. Na

Amazônia, as metodologias de medição utilizados atualmente são o Pontual e o Integrado, no

entanto, observou-se que dados divulgados por instituições de pesquisa da região se

mostraram incoerentes, apresentando diferenças significativas em amostragens realizadas na

mesma estação, motivando-nos a compreender qual das duas metodologias é mais viável para

a obtenção da CSS. Objetivou-se, portanto, comparar tais metodologias através das análises

de incertezas, enfocando-se nas principais fontes de contribuição, a citar: amostragem,

filtração e laboratório. As amostragens foram realizadas na estação de Manacapuru (rio

Solimões), resultando em uma incerteza padrão combinada de 15% para o método Pontual, e

9% para o método Integrado, sendo a Amostragem a principal fonte de contribuição em

ambos os métodos. A concentração média da seção obtida com o Pontual foi 29% maior em

relação ao Integrador, porém, observando-se as concentrações por verticais essa diferença é

ainda maior, chegando à 51%. Observou-se ainda, que o método Integrado apresentou um

erro de 64%, que é consequência da não ingestão de areias durante a amostragem, sendo

reafirmado pela ausência de partículas de areias durante os testes granulométricos. Conclui-se,

que o método Pontual é o mais adaptado para a Amazônia, levando-se em consideração todas

as condições ambientais, de logística operacional, e de qualidade amostral, o qual induz à uma

amostragem mais fidedigna de rios de grande porte como o Solimões-Amazonas

Palavras-chave: Amostragem de sedimentos, Método Pontual, Método Integrado, Amazônia.

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VII

ABSTRACT

The Amazon basin is an important source of sediments to the Atlantic Ocean, most of

this are produced by the Andes mountains, as well as by the local processes of erosion and

resuspension. Sediments play an important role in the aquatic richness and biodiversity of the

region. In this regard, the starting point for analysis that involves the theme, require the

quantification of the Suspended Sediment Concentration (SSC, dry weight of sediment from a

known volume of water-sediment mixture, mg l-1). In the Amazon, the Point and Integrated

methods are methodologies currently used, however, the data published are inconsistent,

presenting significant differences in sampling at the same station. We asked: Which of twice

methodologies is more feasible to obtain SCC. We compared these methodologies through the

analysis of uncertainties, we focused on the main sources of contribution: sampling, filtration

and laboratory. Samples were achieved at the Manacapuru station (Solimões River), resulting

in a combined standard uncertainty of 15% for the Point method and 9% for the Integrated

method, with sampling being the main source of contribution in both methods. The average

concentration of the section obtained with Point method was 29% higher in relation to the

Integrated method, nevertheless, observing the concentrations by verticals this difference is

greater, reaching 51%. We observed that the Integrated method presented a 64% error,

consequence of no sampling sand during the take the samples, being reaffirmed by the

absence of sand particles during the granulometric tests. Considering all environmental

conditions, operational logistics, and sample quality, we concluded that the Point method is

the most adapted to quantification of sediments in larges rivers in the Amazonas region such

as Solimões and Amazonas rivers.

Keywords: Sediment sampling, Point Method, Integrated Method, Amazon.

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VIII

SUMÁRIO

1 Introdução ........................................................................................................................ 11

2 Fundamentação Teórica ................................................................................................. 15

2.1 Amostragens sedimentométricas ................................................................................ 15

2.1.1 Método por Integração........................................................................................ 15

2.1.2 Método Pontual instantâneo ............................................................................... 19

2.1.3 Condições para obtenção da descarga sólida ...................................................... 19

2.2 Análise estatística dos dados: avaliação das incertezas .............................................. 20

3 Materiais e Métodos ........................................................................................................ 26

3.1 Área de estudo ............................................................................................................ 26

3.2 Abordagem metodológica .......................................................................................... 27

3.2.1 Protocolos a comparar ........................................................................................ 29

I. Método por Integração........................................................................................ 29

II. Método Pontual Instantâneo ............................................................................... 31

3.3 Análises estatística dos dados..................................................................................... 33

4 Resultados ........................................................................................................................ 35

4.1 Avaliação de sedimentos na seção ............................................................................. 35

4.2 Avaliação de incertezas dos métodos de amostragem ................................................ 37

5 Discussão .......................................................................................................................... 39

6 Conclusão ......................................................................................................................... 44

7 Bibliografia ....................................................................................................................... 46

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 50

APÊNDICE B .......................................................................................................................... 51

APÊNDICE C ......................................................................................................................... 52

APÊNDICE D ......................................................................................................................... 53

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IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Comparação das CSS obtidas com os dois métodos. Dados oficiais das instituições

de pesquisa. ........................................................................................................................................ 13

Figura 2 – Modelos de amostradores aceitáveis para amostragem na Amazônia. ............................ 15

Figura 3 – Integrador do tipo saca, modelo nacional AMS-8 ........................................................... 16

Figura 4 - Tempo necessário para a coleta de 1 litro de amostra para dada velocidade da

corrente.. ............................................................................................................................................ 17

Figura 5 – Histogramas de distribuição normal, com valor médio igual a 10,0 e diferentes

variâncias Fonte: (Lima Junior, 2012). .............................................................................................. 23

Figura 6 – Distribuição de probabilidade Retangular ........................................................................ 23

Figura 7 – Distribuição de probabilidade Triangular. ....................................................................... 23

Figura 8 - Localização da seção de medição de Manacapuru ........................................................... 26

Figura 9 – Perfil transversal da seção de Manacapuru, dia: 21/03/2015 as 18:00 horas. .................. 27

Figura 10 – Velocidades da seção transversal, em 26/04/2016.. ....................................................... 28

Figura 11 – Procedimento para coleta de sedimentos em suspensão utilizando Integrador de

saca. ................................................................................................................................................... 29

Figura 12 – Rampa de cadinhos de Gooch, aparato utilizado para filtração. .................................... 29

Figura 13 - Esquema do procedimento de Filtração com uso de Cadinho de Gooch. ...................... 30

Figura 14 - Amostrador, peneiramento do material grosseiro e filtração ......................................... 31

Figura 15 – Procedimento para coleta de sedimentos em suspensão com Pontual horizontal. ......... 31

Figura 16 – Procedimento de filtração com a utilização de rampa horizontal. ................................. 32

Figura 17 - Diagrama da metodologia adotada durante a pesquisa. .................................................. 33

Figura 18 – Diagrama de causa-efeito das fontes de incertezas dos métodos de medição da

CSS .................................................................................................................................................... 33

Figura 19 – Perfil transversal da seção de Manacapuru e distribuição das amostras coletadas ........ 35

Figura 20 – Vazão sólida (QS) das verticais amostradas e Vazão líquida (Q). ................................. 36

Figura 21 – Incertezas totais dos métodos de amostragens. .............................................................. 38

Figura 22 – Granulometria das amostras.. ......................................................................................... 41

Figura 23 – Comparação da concentração de sedimentos em suspensão (CSS) obtida com os

dois métodos. As CSS do método Pontual foram ponderadas pela vazão líquida das verticais. ...... 39

Figura 24 - Concentração de sedimentos nas verticais amostradas Pontualmente ............................ 40

Figura 25 – Síntese das incertezas dos métodos Pontual e Integrador. ............................................. 44

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valor do fator de abrangência k, para uma distribuição normal ..................................... 25

Tabela 2 - Atividades de campo realizadas para coletas de dados. .................................................. 27

Tabela 3 - Descrição metodológica das avaliações de incertezas. .................................................... 34

Tabela 4 – Informações gerais da amostragem com o método Pontual. ........................................... 35

Tabela 5 – Informações gerais da amostragem com o método Integrado ......................................... 36

Tabela 6 – Tabela resumo de cálculos das incertezas da CSS .......................................................... 37

Tabela 7 – Testes do tempo de decantação das amostras. ................................................................. 38

Tabela 8 – Qs de Manacapuru e determinação do erro de amostragem das areias. .......................... 40

Tabela 9 – Tempo gasto na amostragem e filtração .......................................................................... 43

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11

1 INTRODUÇÃO

Partículas derivadas da fragmentação de rochas por processos físicos, químicos e biológicos,

que podem ser transportadas por diversos agentes, em especial o ar e a água, são definidos como

sedimentos, onde a sedimentologia é a ciência que estuda os depósitos sedimentares e suas origens

(Suguio, 2003). No leito fluvial o transporte pode ocorrer em suspensão e por arraste, ou ainda por

saltito. Na bacia Amazônica, que drena uma superfície de 5.961.000km2 (Callède, et al., 2010), as

partículas são originárias principalmente da erosão ocorrida na cordilheira dos Andes, e percorrem

áreas de países como Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, além do Brasil

(Filizola e Guyot, 2007).

Diversos fatores intensificam o desprendimento das partículas, e estão ligados à temperatura,

à intensidade de chuvas e ao escoamento superficial, que influenciam na desagregação dos solos e

na cobertura vegetal (Suguio, 2003). Portanto, a precipitação intensifica a erosão, e o escoamento

realiza o transporte do material (Laguionie, 2006; Czuba, et al., 2011). Os processos de erosão, de

transporte e de sedimentação são sensíveis às mudanças climáticas globais (Aalto, et al., 2003).

Os sedimentos, estão presentes nos processos que modulam a geomorfologia dos canais

fluviais (Constantine, et al., 2014), modificam ecossistemas aquáticos (Pouilly, et al., 2014), e

influenciarem nas diversas ações antrópicas, especialmente obras de engenharia (Tundisi, 2007).

Paradoxalmente, os sedimentos são benéficos e maléficos aos ecossistemas e à sociedade, pois

carregam os nutrientes e poluentes rumo à planície fluvial, até atingir o oceano (Czuba, 2011).

São um importante recurso para a manutenção das praias, deltas e outros habitats costeiros

que sustentam ecossistemas, vegetação, animais e pessoas. Por outro lado, sedimentos em excesso

provocam stress sobre uma variedade de espécies e habitats, e uma vez que contaminantes estejam

neles presentes, podem ser ingeridos por peixes e demais seres vivos tornando-se tóxicos para o

consumo humano. Portanto, quantificar o fluxo de sedimentos em um curso d’água, bem como

determinar sua dinâmica (processos de erosão, transporte ou sedimentação) através desses dados é

tarefa importante para caracterizar bem um ambiente fluvial.

Atualmente, com os avanços tecnológicos em agrimensura, sensoriamento remoto e

fotometria, é possível obter informações com melhor resolução espaço-temporal sobre os processos

erosivos de uma bacia. No entanto, Collins e Walling (2004) enfatizam que tais avanços são

dependentes dos dados coletados localmente, pois servem para dar validade aos modelos já

desenvolvidos. Também destacam ainda, que a obtenção dos dados de Concentração dos

Sedimentos em Suspensão (CSS) transportados pelos rios são altamente problemáticos, primeiro

pela dificuldade de monitoramento que por vezes não é representativo para uma bacia de grande

escala, e segundo pelas técnicas de amostragens utilizadas.

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12

O levantamento de dados de CSS envolve um custo operacional bastante elevado, pois, faz-se

necessário realizar amostragens no canal dos rios, para posterior análises em laboratório, assim

como adotar algumas metodologias de cálculo. Além disso, são necessários técnicos devidamente

treinados, capazes de desenvolverem as atividades corretamente, tanto em campo, quanto em

laboratório.

Assim, o presente estudo se detém sobre o tema da determinação da concentração de

sedimentos em suspensão ou CSS e de forma mais detalhada nas técnicas e equipamentos de

amostragem com o intuito de avaliar os procedimentos mais adequados à realidade Amazônica.

As técnicas e equipamentos de amostragem de CSS são os mais diversos, e seu uso depende

das características de cada rio ou bacia, assim como da necessidade de informação que se deseja

obter. A literatura disponível aponta que as metodologias consagradas de amostragem (Integração e

Pontual) são adequadas aos grandes rios, porém, são escassas as avaliações que permitam um

entendimento mais profundo dos prós e contras, de forma a gerar informações concisas que possam

ser utilizadas em um programa de monitoramento regular, fazendo uso de um protocolo padrão.

O método por integração, pode ser executado com amostradores ditos Integradores, dos quais

vários modelos existem. Dentre eles merece destaque, face à capacidade de trabalho em rios e

grande porte, o modelo de saca, que realiza a amostragem por acumulação contínua da água com

sedimento, movendo-se verticalmente, com velocidade constante, entre a superfície e o leito. Este

modelo já foi utilizado na amostragem de rios como Mississipi (Moody e Meade, 1994), Orinoco

(Nordin, et al., 1983) e também no rio Amazonas (Nordin, et al., 1983), (Meade, 1985) e (Richey, et

al., 1986), este último, no escopo dos projetos ALPHA-HELIX e CAMREX (Carbon in the Amazon

River Experiment).

O método Pontual instantâneo, pode ser executado com um amostrador do tipo cilindro

horizontal, no qual é mantido um maior controle no momento da manipulação, devido ao sistema de

funcionamento que, se fecha no ponto desejado (Guyot, et al., 1996), permitindo a obtenção de um

gradiente vertical da CSS (Filizola e Guyot, 2004). Esse modelo vem sendo utilizado amplamente

pelo observatório SO-HYBAM (Serviço de Observação - Hidrologia e Geoquímica da Bacia

Amazônica) desde de 1995, possibilitando a obtenção de uma base de dados concisa sobre os

principais rios da bacia, servindo de suporte para diversos trabalhos, tais como: Filizola e Guyot,

(2011); Armijos, et al., (2013); Espinoza, et al., (2013), dentre outros. Existem também, amostras

pontuais coletadas com amostrador isocinético com solenoide, pela United States Geological Survey

(USGS) e pelo corpo de engenheiros dos Estados Unidos da América (USA) no rio Mississipi.

Vale ressaltar que ambos os métodos envolvem técnicas de filtração, no entanto, um leva em

consideração a decantação da amostra coletada para posterior filtração em cadinho de gooch

(Integração), enquanto que o outro faz uso da filtração da amostra devidamente homogeneizada em

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rampa horizontal (Pontual). Todas as amostras foram tratadas no Laboratório de

Hidrossedimentologia do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), seguindo os protocolos adotados

pela Agência Nacional de águas (ANA) e pelo SO-HYBAM.

Observando a Figura 1, que é resultado da comparação feita com os dados de CSS da Estação

de Manacapuru, obtidos por duas renomadas instituições de pesquisa (ANA e SO-HYBAM), pôde-

se perceber as diferenças existentes entre os métodos, de forma que, a CSS obtida com pela ANA

foi através do método Integrado, e pelo SO-HYBAM utilizou-se do método Pontual. Elencou-se os

anos onde as CSS foram obtidas em amostragens de datas aproximadas, e que apresentavam vazões

semelhantes.

Figura 1 – Comparação das CSS obtidas com o método Integrado (Site da ANA: http://www.snirh.gov.br/hidroweb/)

e com o método Pontual (site do SO-HYBAM: http://www.ore-HYBAM.org/).

Esses são os métodos utilizados na Amazônia, no entanto, quando são comparados dados de

concentrações da Estação de Manacapuru observa-se grandes diferenças em diversos períodos do

ano. Os métodos apresentam resultados destoantes, onde, em termos gerais, o Pontual resulta em

maiores CSS. Em fevereiro de 2011, por exemplo, as amostragens que ocorreram no mesmo dia

resultaram em CSS 50% maior com o Pontual, sendo essa diferença ainda mais expressivas em

2012, em um período de pico de sedimentos (Filizola e Guyot, 2011).

Uma comparação entre as descargas sólidas obtidas através desses dois equipamentos de

amostragem já foi realizada por Filizola e Guyot (2004) na estação de Óbidos, e identificaram uma

diferença de ≈ 4% entre os amostradores. No entanto, não realizaram as análises de incertezas, não

levando em consideração as repetitividades amostrais, sendo essa a principal contribuição deste

estudo, focalizadas na concentração dos sedimentos e não na descarga sólida.

Tal incoerência nos dados indica que existe uma disparidade que pode estar relacionada com

as metodologias utilizadas para a coleta e filtração desses sedimentos, e é nessa inquietude que a

presente pesquisa trouxe como proposta prática, a avaliação das incertezas de ambos os métodos,

0

150

300

450

600

mai/98 nov/99 nov/01 fev/02 jun/02 jun/10 fev/11 dez/11 mar/12

CS

S (

mg/l

)

CSS de Manacapuru (rio Solimões)

Pontual Integrador

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14

afim de identificar as condições mais favoráveis para o estudo da dinâmica sedimentar em grandes

rios.

Desta forma a pesquisa teve como objetivos:

Geral: Realizar a comparação das metodologias de amostragem de sedimentos em suspensão

(Integração e Pontual) e de filtração das amostras (Cadinho de Gooch e Rampa horizontal),

utilizadas para a determinação da concentração de sedimentos em suspensão.

Específicos:

Determinar as possíveis incertezas referentes a cada protocolo;

Destacar as vantagens e desvantagens dos diferentes métodos face aos desafios do

monitoramento do tema nos rios Amazônicos.

Possibilitou ainda, avaliar as necessidades de cada método, tais como: i) tempo necessário

para a realização das coletas; ii) quantidade necessária de pessoal treinado; e iii) logística operativa

envolvida, etc.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Amostragens sedimentométricas

A medida da descarga em suspensão continua sendo a fase predominante das investigações

sedimentométricas. O guia padrão para amostragem de sedimentos, (ASTM, D4411-03, 2014),

assim como Edwards e Glysson (1999), estabelecem que a escolha dos equipamentos depende do

objetivo da amostragem, assim como das características físicas e hidráulicas do local, tais como as

condições de fluxo e da granulometria do sedimento que está sendo transportado. Estas condições

podem ser generalizadas para quatro tipos de situações:

1º - Velocidade baixas (v < 0,60 m s-1) com pouca ou nenhuma partícula de areia.

2º - Velocidade altas (0,60 < v < 3,70 m s-1) e profundidades menores do que 4,60 m.

3º - Velocidades altas (0,60 < v < 3,70 m s-1) e profundidades maiores do que 4,60 m.

4º - Velocidades muito altas (v > 3,70 m s-1).

A Amazônia se enquadra no 3º tipo, por apresentar velocidades altas (0,60 < v < 3,70 m s-1) e

profundidades maiores do que 4,60 m. Nessas condições, somente é possível realizar amostragens

com Integradores de saca compressíveis e/ou amostradores Pontuais (Edwards e Glysson, 1999;

Diplas et al., 2008). Á exemplos, tem-se os modelos de Integradores US D-96, US D-99, AMS-08 e

Pontual Callède, apresentados na Figura 2. Utiliza-se na Amazônia o Integrador de saca AMS-08 e

o Pontual instantâneo modelo Callède, que serão detalhados a seguir.

Figura 2 – Modelos de amostradores aceitáveis para amostragem na Amazônia.

2.1.1 Método por Integração

Procedimentos de amostragem em campo

O método por integração é definido como a coleta da mistura de água-sedimentos acumulada

continuamente em um amostrador, que se move verticalmente em uma velocidade de trânsito

praticamente constante, entre a superfície e um ponto a poucos centímetros acima do leito, entrando

a mistura numa velocidade quase igual à velocidade instantânea da corrente em cada ponto na

vertical, através de um bico de admissão graduado (ASTM, D4411-03, 2014).

O Integrador de saca vem sendo utilizado desde a década de 1970 (Stevens et al., 1980) tendo

sido amplamente testado no Rio Orinoco em oito estações que mostraram a aplicabilidade desse

tipo de equipamento para maiores profundidades (Nordin et al., 1983). Nos rios

US D-96 US D-99 AMS-08 Callède

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16

Solimões/Amazonas foram realizadas medições nos anos de 1982-1984 (Meade et al. 1985), as

quais, foram sintetizadas através do projeto CAMREX por Richey et al., (1986).

São diversos os Integradores de saca já desenvolvidos. O modelo brasileiro, o AMS-8 (Figura

3) sofreu modificações, que consistem na utilização de sacas de plástico especialmente

desenvolvidas para esta finalidade, enquanto que, a versão Americana foi planejada para o uso de

sacas comuns, desde que sejam fortes para suportar o peso da água.

Figura 3 – Integrador do tipo saca, modelo nacional AMS-8

O AMS-8 tem capacidade aproximada de 5 litros. É composto por um recipiente de alumínio

perfurado no fundo, para circulação livre da água, de uma armação de ferro com cabeçote semi-

esférico de alumínio, bicos de admissão de 1/8”, 3/16” e 1/4”, de leme hidrodinâmico, haste de

sustentação do instrumento e do lastro, e de um saco plástico posicionado no interior do recipiente

de alumínio perfurado.

O bico de admissão de água do dispositivo de amostragem deve ser isocinético, ou seja, a

velocidade na entrada do injetor deve ser igual ou muito próxima da velocidade ambiente (Yang,

2003), para que isso aconteça é, necessário que o bico fique na horizontal, isto é, o amostrador deve

se movimentar sem haver inclinação (Carvalho et al., 2000).

A escolha correta do bico deve ser feita de acordo com seu diâmetro e a velocidade da

corrente. Para isso, estudos em laboratório concluíram que os bicos apresentam diferentes

constantes de proporcionalidade, conforme equações 1 e 2:

Bico de 1/8”: vt = 0,2*vm (1)

Bicos de 3/16” e ¼”: vt = 0,4*vm (2)

sendo que:

vt - velocidade máxima de trânsito ou de percurso do amostrador (m s-1); e

vm - velocidade média da corrente na vertical de amostragem (m s-1)

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Primeiramente, calcula-se o tempo mínimo (tmin) para realizar a amostragem, sendo este,

inversamente proporcional à velocidade de trânsito do amostrador, equação (3):

tmin = 2∗𝑝

𝑣𝑡 (3)

sendo que:

tmin - tempo mínimo para amostragem (s);

p - profundidade amostrada (m);

2 - multiplicador referente à distância percorrida na descida e subida do amostrador;

vt - velocidade máxima de trânsito ou de percurso do amostrador (m s-1).

Substituindo a equação (3), e considerando uma profundidade de 10 m, para encontrar o

tempo mínimo necessário de uma amostragem, teremos:

Bico de 1/8”: tmin = 2∗𝑝

𝑣𝑡=

2∗10 𝑚

0,2∗2 𝑚 𝑠−¹ ; tmin = 50 segundos

Bicos de 3/16” e ¼”: tmin = 2∗𝑝

𝑣𝑡=

2∗10 𝑚

0,4∗2 𝑚 𝑠−¹ ; tmin = 25 segundos

sendo que:

tmin - tempo mínimo para amostragem (s);

p - profundidade amostrada (m);

2 - multiplicador referente à distância percorrida na descida e subida do amostrador;

vt - velocidade máxima de trânsito ou de percurso do amostrador (m s-1).

0,2 e 0,4 - constantes de proporcionalidade

Através da Figura 4, verifica-se que, para a velocidade de 2 m s-1, o bico de 1/8” coleta 1 litro

a cada 62 segundos, sendo que em 50 segundos coletará 0,8 litros; o bico de 1/4" coleta 1 litro a

cada 16 segundos, logo em 25 segundos coletará 1,6 litros. O bico de 3/16” coleta 1 litro a cada 28

segundos, logo em 25 segundos coletará 1,1 litros (Carvalho N. O., 2008).

Figura 4 - Tempo necessário para a coleta de 1 litro de amostra para dada velocidade da corrente. Fonte: Nordin

(1981), adaptado por Carvalho (2008).

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Dessa forma, a escolha do bico está relacionada à quantidade de amostra necessária, assim

como à profundidade da vertical a ser amostrada. A maneira de avaliar se a amostragem foi

isocinética, é através do cálculo de Eficiência de entrada (EI) de água no amostrador, que é definida

pela razão entre a velocidade de entrada da amostra (Ve) pela velocidade da corrente (V), ambas

dadas em m s-1 (4).

EI = 𝑉𝑒

𝑉 (4)

Onde, a velocidade de entrada é obtida através da razão entre o volume amostrado (Vol) e o

tempo de amostragem (t). Assim sendo, EI é encontrada pela equação 5.

EI = K × 𝑉𝑜𝑙

𝑡⁄

𝑉 (5)

sendo que:

EI - Eficiência Isocinética;

K - Coeficiente de conversão referente ao diâmetro de cada bico (1/8 pol. K = 0,20; 3/16 e 1/4 pol. K = 0,40)

vol - volume amostrado na vertical, em ml;

t - tempo total usado na amostragem, em segundos;

V - velocidade da corrente de água na vertical amostrada, em m s-1;

O desempenho isocinético do amostrador influencia diretamente na CSS obtida (U.S.

Geological Survey., 2013), desta forma:

Fluxo de entrada da amostra sem aceleração gera EI <1, sub-eficiente - CSS alta

Fluxo de entrada da amostra com aceleração gera EI > 1, super-eficiente - CSS baixa

Portanto, quanto menor a eficiência, maior será a quantidade de sedimentos que entra no

Integrador, gerando assim uma superestimação da concentração (Sabol e Topping, 2012).

Eficiências entre 0.75<EI<1.25 são os limites aceitáveis em uma amostragem, gerando um erro de

+10% na concentração (U.S. Geological Survey., 2013).

Procedimentos de análise laboratorial – Filtração em cadinho de Gooch

A filtração é um tipo de análise utilizado para determinar a concentração total de determinada

amostras, no qual, o material sedimentado fica retido no filtro da unidade filtrante, passando a água

e os sais dissolvidos (Carvalho N. O., 2008). O cadinho de Gooch é um dos instrumentos utilizados

para esta atividade, sendo indicado para uso no protocolo laboratorial estabelecido pelo Laboratório

de Análises Minerais (LAMIN) da CPRM.

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2.1.2 Método Pontual instantâneo

Procedimentos de amostragem em campo

Este método é caracterizado pela coleta instantânea de amostras segmentadas em toda a seção,

através de pontos dispersos na vertical, de forma que se obtenha representações desde o fundo até a

superfície. O número de pontos amostrados pode variar de acordo com a profundidade do rio e o

tamanho da partícula em suspensão. É comum a amostragem em cinco pontos numa mesma

vertical, isto é, nas profundidades relativas: 0, 0,2, 0,6, 0,8 e 1,0 (Yang, 2003), sendo 3 o número

mínimo de verticais utilizadas por seção (a 25%, 50% e 75% da largura total da seção).

O modelo utilizado no Brasil pela equipe SO-HYBAM (www.ore-hybam.org) e também no

presente estudo (Figura 2), foi batizado com o nome de Callède em homenagem a seu projetista e

idealizador. O amostrador apresenta formato hidrodinâmico exercendo pouco cisalhamento local e

tem capacidade para coletar aproximadamente 5 litros de água. (Guyot, et al., 1996).

Procedimentos de análise laboratorial – Filtração em rampa horizontal

Em laboratório, segue-se o procedimento das normas ASTM da rede GEMS/Water (2004) do

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que determinam os passos à serem

seguidos para a filtração das amostras em rampa horizontal.

2.1.3 Condições para obtenção da descarga sólida

Para a determinação da descarga sólida são aplicados métodos indiretos, caracterizados pela

coleta de sedimento por amostragem da mistura água-sedimento, análise de concentração e cálculos

posteriores da descarga sólida. Em geral, as amostragens são feitas levando em consideração dois

métodos que são: Igual Incremento de Largura (IIL) e Igual Incremento de Descarga (IID), ambos

precisam de conhecimentos prévios da seção, tais como velocidades e distribuição da vazão.

No primeiro método IIL a seção transversal é dividida numa série de segmentos de igual

largura, para a obtenção de subamostras, sendo a velocidade de trânsito em cada vertical a mesma

usada nas outras verticais, utilizando o mesmo bico para admissão de água no amostrador,

resultando em amostras de volumes diferentes, sendo o volume maior nas verticais de maiores

velocidades (Edwards e Glysson, 1999).

No método IID a seção transversal é dividida em subseções que apresentam a mesma porção

de vazão, sendo a amostra obtida por integração na posição do centroide do segmento. Neste caso,

em cada seção individual uma velocidade de trânsito é determinada a fim de permitir um volume de

amostras, para a vertical. Dessa forma, as amostras obtidas são proporcionais aos fluxos do

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segmento de influência da vertical, resultando em volumes de água-sedimento iguais em todas as

verticais (Carvalho N. O., 2008).

Atualmente, com o advento da hidrometria Doppler, Acoustic Doppler Current Profiler

(ADCP), a mensuração da descarga líquida é realizada com maior rapidez e precisão, por meio de

perfis de corrente obtidos sucessivas em tempo real (Filizola N. , et al., 2009), tornando o método

de Igual Incremento de Descarga (IID) o preferido no momento da amostragem.

2.2 Análise estatística dos dados: avaliação das incertezas

No geral, quando não se conhece o valor verdadeiro de um mensurando, qualquer medição

realizada será apenas uma aproximação ou estimativa do valor em questão. Para se obter uma

representação completa, deve-se incluir a dúvida deste resultado. Essa “dúvida” é expressa pela

“incerteza”.

Incerteza de um mensurando, é definida aqui como “o parâmetro associado com o resultado

de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos

ao mensurando” (Ramsey e Ellison, 2007). Portanto, a incerteza reflete a falta de conhecimento

exato do valor de uma grandeza (GUM, 2008).

Esta definição envolve alguns conceitos que são definidos a seguir, os quais, foram tomados

do Guia EURACHEM:

- O “parâmetro”, pode ser um desvio padrão, um intervalo de confiança, ou a dispersão com

um relativo desvio padrão de cada medida. Quando a incerteza é expressada através do desvio

padrão, ela é conhecida como incerteza padrão, geralmente simbolizada com “u”.

- A incerteza é “associada a” cada resultado da medição. Em uma medição completa, seu

resultado inclui tipicamente uma indicação da incerteza na forma x ± u, em que “x” é o resultado da

medição e “u” uma indicação da incerteza. Desta forma, o resultado indica o nível de confiabilidade

que se pode atribuir a ele, situando-o dentro de um intervalo de variabilidade admitido após

avaliação qualificada em função de erros que podem ser atribuídos aos equipamentos e/ou, métodos

utilizados e que podem ter gerado algum grau de incerteza.

- O termo "valor do mensurando", está intimamente relacionado com o conceito tradicional

de "valor verdadeiro" na terminologia estatística clássica.

- A ‘dispersão dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao mesurando’. Este

indica que, com a incerteza associada com um resultado de medição, o intervalo citado deve incidir

sobre o possível intervalo de valores para o mensurando. A dispersão se dá por uma distribuição de

probabilidade, definida como um “modelo matemático que estabelece a forma como os valores de

uma variável aleatória se distribuem no respectivo espaço amostral” (Ramsey e Ellison, 2007).

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Existem diversos tipos de distribuições que auxiliam na determinação da incerteza, porém, as mais

utilizadas na pesquisa, são: normal, retangular (uniforme) e triangular.

Para que haja possibilidade da comparação de resultados nas diversas situações, é necessário a

adoção de um procedimento universal para a estimativa da incerteza dos resultados de medição,

sem o qual os resultados não poderiam ser comparados. O documento de consenso adotado

internacionalmente como referência para o estabelecimento da incerteza de um resultado de

medição é o ”Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement” (GUM, 2008), que

estabelece os seguintes passos:

a) Definição do mensurando;

b) Diagrama de causa e efeito;

c) Avaliação das incertezas das fontes de entrada;

d) Cálculo das componentes de incerteza;

e) Combinação das componentes;

f) Cálculo dos graus de liberdade efetivo;

g) Determinação do fator de abrangência;

h) Estimativa da incerteza expandida.

a) Definição do mensurando

Geralmente o mensurando não é medido diretamente, mas determinado a partir de “n”

grandezas de entrada, através de uma relação funcional, conforme a equação (6).

𝑦 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, 𝑥3, … , 𝑥𝑛) (6)

Onde x1, x2,.., xn são as grandezas cujos valores e respectivas incertezas são diretamente

determinados durante a medição, como por exemplo: repetitividade, homogeneização, temperatura

ambiente, umidade, etc. Existem também outras grandezas cujos valores e incertezas provêm de

fontes externas, tais como: certificados de padrões, materiais de referência, etc., (GUM, 2008).

Um bom entendimento do mensurando possibilita a dedução de uma equação que de alguma

maneira tenha uma abrangência, onde todas as suas possíveis grandezas de base e fontes de

incertezas sejam contempladas na estimativa da incerteza de medição (INMETRO, 2008).

b) Diagrama de causa-efeito

O diagrama de causa-efeito é uma ferramenta que ajuda a representar graficamente a incerteza

de medição do Mensurando. Nele, devem ser expressas as diversas grandezas de entrada com suas

respectivas componentes que contribuem para a incerteza.

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c) Avaliação das incertezas das fontes de entrada

Fontes de entrada são os grupos mais significativos para as incertezas do mensurando. A

avaliação da incerteza-padrão, pode ser dada por duas formas de análise, às quais dependem dos

dados de entrada. Podendo ser do Tipo A ou Tipo B.

I. Avaliação Tipo A da incerteza-padrão

Definido como o método de avaliação de incerteza que faz uso de análise estatística de séries

de observações (GUM, 2008). Sua incerteza corresponde ao desvio padrão experimental da média

do número de observações, e é dada pelas equações (7), (8) e (9), respectivamente a média

aritmética, a variância e o desvio padrão experimental da média.

𝑥 ̅ = 1

𝑛 ∑ 𝑥𝑖

𝑛

𝑖=1

(7)

𝑠2(𝑥𝑖) = ∑(𝑥𝑖 − �̅�)²

(𝑛 − 1)

𝑛

𝑖=1

(8)

𝑠(�̅�) = √𝑠2(𝑥𝑖)

𝑛

(9)

Onde:

x ̅ = média aritmética;

n = número de observações;

xi = observações individuais;

s2(xi) = variância; e

s(x̅) = desvio padrão experimental da média.

Uma vez conhecida a média das observações (𝑥 ̅), que é o resultado da soma de todos os dados

obtidos, dividida pelo número de dados, pode-se obter a variância s2(xi), que é também uma medida de

dispersão, e mostra quão distantes os valores estão da média. Por fim, o desvio padrão experimental

da média s(�̅�), é calculado pela raiz quadrada positiva da variância.

O desvio padrão é uma maneira de medir a variabilidade de um conjunto de dados. No

exemplo da Figura 5, é possível perceber que, o histograma da direita é mais estreito, portanto, a

variabilidade dos seus dados é menor. Dessa forma, quanto maior for a flutuação estatística dos

dados, quanto maior for sua imprecisão, maior será o desvio padrão.

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Figura 5 – Histogramas de distribuição normal, com valor médio igual a 10,0 e diferentes variâncias Fonte: (Lima

Junior, 2012).

II. Avaliação Tipo B da incerteza-padrão

São avaliações deste tipo, aquelas que não contam com uma série de observações repetidas,

embasando-se em: i) Informação dada pelo fabricante, ii) características próprias do equipamento,

iii) experiência e conhecimento do técnico, iv) pequenas séries de repetições e v) dados de

referência.

Este tipo de avaliação pode ser calculado a partir de uma distribuição assumida e um intervalo

de dispersão. As mais usuais são: Retangular e Triangular. Assumindo-se uma distribuição

retangular (Figura 5) num intervalo simétrico “±a” a estimativa de incerteza-padrão Tipo B, u(xi),

será obtida pela equação (10):

Figura 6 – Distribuição de probabilidade Retangular. Fonte: (Lima Junior, 2012)

Agora, assumindo que u(xi) possui uma distribuição triangular (Figura 6) num intervalo, ±a, a

estimativa da incerteza padrão será dada pela equação (11):

𝒖(𝒙𝒊) = 𝒂

√𝟔 (11)

Figura 7 – Distribuição de probabilidade Triangular. Fonte: (Lima Junior, 2012)

sendo que:

u(xi) – incerteza padrão individual;

a – valor de entrada da componente avaliada.

𝒖(𝒙𝒊) = 𝒂

√𝟑 (10)

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Se compararmos duas distribuições da mesma largura, sendo uma retangular e outra

triangular, a distribuição triangular está mais concentrada (menos dispersa) em torno do seu valor

médio, o que significa que o seu desvio padrão deve ser menor. Dessa forma, escolher uma

distribuição triangular em detrimento de uma distribuição retangular significa que temos motivos

para acreditar que a confiabilidade do dado que estamos obtendo é maior (Lima Junior, 2012).

d) Componentes de incerteza

Nessa etapa são avaliadas todas as componentes envolvidas. Ou seja, todas variáveis que

podem gerar alguma interferência no mensurando. É importante quantificá-las separadamente para

saber qual componente pode estar gerando maior grau de incerteza.

e) Combinação das componentes de incertezas

A incerteza padrão combinada (uc) é obtida a partir da combinação das incertezas-padrão de

cada uma das componentes individuais (𝑢𝑥𝑖). O cálculo se dá pela equação (12) do guia de

incertezas.

𝑢𝑐 = √∑(𝑢𝑥𝑖

𝑁

𝑖=1

(𝑥))² (12)

sendo que:

uc – Incerteza padrão combinada;

u(xi) – Incerteza padrão individual.

f) Cálculo dos graus de liberdade efetivo

Para realizar a expansão da incerteza combinada utilizando a distribuição-t, com o

determinado nível de confiança desejado, deve-se encontrar o número efetivo de graus de liberdade

(veff) obtido da fórmula de Welch-Satterthwaite, equação (13) (GUM, 2008). Se veff apresentar

números decimais, deve-se considerar apenas a parte inteira do número. Em avaliações do tipo B o

veff é considerado como infinito.

𝑣𝑒𝑓𝑓 = 𝑢𝑐

4(𝑦)

∑𝑢𝑖

4(𝑦)

𝑣𝑖

𝑛𝑖=1

=𝑢𝑐

4(𝑦)

∑(𝑢(𝑥𝑖).𝑐𝑖(𝑥𝑖)

𝑣𝑖

𝑛𝑖=1

(13)

Sendo que:

N = número de fontes de entrada;

νi = graus de liberdade de cada fonte de entrada;

ui (y) = incerteza-padrão de cada fonte de entrada na unidade do mensurando;

u (xi) = incerteza-padrão de cada fonte de entrada;

ci (xi) = coeficiente de sensibilidade do mensurando em relação a cada fonte de entrada (ci = Y/Xi)

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g) Determinação do fator de abrangência

O número de graus de liberdade efetivo da incerteza padrão combinada, visto no item

anterior, é necessário para identificar o fator de abrangência “k” que é definido a partir da

distribuição t de student, com seus respectivos intervalos de confiança, apresentados na Tabela 1.

Dessa forma, o fator de abrangência possibilita produzir um intervalo em torno do resultado da

medição, através do qual se espera abranger uma grande fração especificada da distribuição de

valores que poderiam, razoavelmente, ser atribuídos ao mensurando (GUM, 2008).

Tabela 1 – Valor do fator de abrangência k que produz um intervalo tendo nível de confiança p, para uma

distribuição normal. Fonte: (GUM, 2008).

h) Estimativa da incerteza expandida

Para satisfazer as necessidades de algumas aplicações industriais e comerciais, assim como

para atender a requisitos nas áreas de saúde e segurança, pode ser obtida uma incerteza expandida

(U) pela multiplicação da incerteza-padrão combinada uc por um fator de abrangência k (GUM,

2008). A finalidade pretendida para U é fornecer um intervalo em torno do resultado de uma

medição com o qual se espera abranger uma grande fração da distribuição de valores que poderiam

razoavelmente ser atribuídos ao mensurando. U pode ser expressa na mesma unidade do

mensurando ou em forma relativa (%, ppm, ppb, etc.), e é calculada pela equação (14).

𝑈 = 𝑘 . 𝑢𝑐(𝑦) (14)

sendo que:

U – incerteza expandida;

k – fator de abrangência;

Uc (y) – incerteza padrão combinada dos mensurando.

A resolução do valor da incerteza expandida estabelece a resolução do valor mais provável do

mensurando. O resultado de uma medição é então, convenientemente expresso como Y = y ± U.

Pode-se, no entanto, assumir um fator de abrangência = 2, que representa uma incerteza expandida

com intervalor de 95,45% de confiança (Tabela 1). Nessas condições, desconsideramos os cálculos

de graus de liberdade, uma vez que não se faz necessária tamanha precisão.

Nível de confiança p (%) Fator de abrangência k

68,27 1

90 1,645

95 1,960

95,45 2

99 2,576

99,73 3

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

A localidade escolhida para a realização das amostragens foi a estação hidrométrica de

Manacapuru (Figura 8), situada no Estado do Amazonas, que notadamente, é um dos principais

locais de coleta de dados hidrológicos da bacia do rio Solimões, o qual, neste ponto, drena uma área

de 2.242.400 km².

A estação vem sendo monitorada desde o ano de 1973, sendo um ponto crucial na rede

hidrometeorologica nacional, pertencente à ANA, operada pela CPRM. Nela é possível monitorar

as contribuições do rio Solimões em um ponto anterior à entrada do rio Negro, próximo à cidade de

Manaus, a partir de onde o rio é renomeado de Amazonas.

Na estação de Manacapuru, o rio Solimões tem um comportamento denominado de regime

equatorial, que se caracteriza por apresentar picos de cheia no meio do ano (Molinier et al., 1996),

enquanto que o período de águas baixas, ocorre de outubro a dezembro (Filizola e Guyot, 2011).

Figura 8 - Localização da seção de medição de Manacapuru. As setas em vermelho no hidrograma indicam os meses

que foram realizadas as amostragens.

A seção transversal de medição (Figura 9) localiza-se nas coordenadas 3°29.784128'(S) e

60°47.708166'(W), situada a 28 km à montante da cidade de Manacapuru. Controla praticamente a

totalidade das contribuições de sedimentos em suspensão oriundos do Equador, Peru e Colômbia,

com descarga líquida média de 103.000 m³/s (Filizola, et al., 2009).

Segundo Strasser (2008), nesta seção se observa que a movimentação do leito é de até dois

metros proveniente do deslocamento das dunas que podem chegar à até 2 metros de altura, logo,

intensificando a ressuspensão de sedimentos localmente.

Seção

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Figura 9 – Perfil transversal da seção de Manacapuru, dia: 21/03/2015 às 18:00 horas.

3.2 Abordagem metodológica

Para a obtenção dos dados foram realizadas duas atividades de campo, sendo a primeira nos

dias 10 e 11 de junho de 2015, e a segunda nos dias 25 e 26 de abril de 2016. Nas duas atividades

mensurou-se a vazão da seção com o ADCP e as coletas de sedimentos foram feitas pelos métodos

de Integração e Pontual, como apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Atividades de campo realizadas para coletas de dados.

Estação Rio Data Vazão (m³/s) Nº de amostras

Pontual Integrador

Manacapuru Solimões

10/06/2015 145.600 25 14

11/06/2015 - 15 09

25/04/2016 125.873 15 05

26/04/2016 127.156 25 08

O primeiro campo (junho 2015) focou-se em testes das diversas componentes de incertezas

analisadas, avaliando-se a repetitividade e reprodutibilidade das amostras, homogeneização, volume

da amostra, etc. As amostras foram coletadas em uma vertical distante à aproximadamente 490 m

da margem do rio, não havendo amostragem em toda a seção. No primeiro dia, foram realizadas 25

amostras com o Pontual, sendo 5 repetições em cada um dos 5 pontos da vertical. Com o Integrador

foram realizadas 14 amostras na mesma vertical, sendo: 4 amostras separadas em volumes de

aproximadamente 100 ml + 5 amostras completas filtradas em cadinho + 5 amostras completas

filtradas em rampa horizontal. No segundo dia, amostrou-se em outra vertical, sendo possível

coletar 15 amostras com o Pontual, 3 repetições em cada um dos 5 pontos, e 9 amostras com o

Integrador que não foram utilizadas nos cálculos de incerteza por apresentarem problemas durante a

amostragem, tais como: Ângulo de arrasto superior à 22º, decorrente da velocidade da corrente

igual à 1.5 m/s e lastro de 70 kg que não estabilizava o amostrador.

Distância [m]

Pro

fun

did

ad

e [m

]

Velocidade da seção [m/s] (Ref: GGA)

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O segundo campo (abril 2016) teve como objetivo complementar as demais componentes de

incertezas, tomando-se amostras para avaliar a decantação, tempo de permanência em estufa, etc.

Na oportunidade, realizou-se a amostragem na seção completa, obtendo-se a vazão sólida, com os

dois métodos. Utilizou-se o método de Igual Incremento de Descarga (IID), dividindo a seção em 5

verticais (Figura 10), com vazão média por vertical de 25.000 m³/s. Alcançou-se profundidades de

aproximadamente 40 metros, e velocidade média de 1,75 m s-1, sendo superiores à 2,5 m s-1 em

alguns pontos do canal, com uma vazão média de 126.000 m³/s.

Figura 10 – Velocidades da seção transversal, em 26/04/2016. As linhas em magenta representam as 5 verticais

amostradas, denominadas como V1, V2, V3, V4 e V5, da margem direita para a esquerda.

Foi realizado ainda, uma comparação com ambos os métodos em uma profundidade segura,

pouco abaixo da superfície, realizando-se na profundidade de 5 metros testes de repetição das

amostragens, no mesmo ponto, no intuito de verificar o quão preciso seriam os dados coletados em

uma profundidade que não tem a influência do ângulo de arrasto. Dessa forma, foram tomadas 5

amostras com o Pontual e 5 amostras com o Integrador

Para comparar as CSS obtidas nas verticais, fez-se necessária a ponderação das amostras do

Pontual, que consiste nos seguintes passos:

1) Obtenção da vazão sólida dos pontos da vertical, através da multiplicação da CCS do

ponto pela vazão da mesma área correspondente ao ponto.

2) Soma das vazões sólidas de todos os pontos da vertical e posterior divisão pela vazão

média da vertical.

Dessa forma, retorna-se à CSS com unidade de mg/l, porém, ponderada pela vazão, onde cada

ponto assume um peso diferenciado. Essa ponderação foi realizada no Hidromesad, que é um

programa desenvolvido pelo observatório SO-HYBAM, e que se encontra disponível em:

http://www.ore-hybam.org/index.php/eng/Software.

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29

3.2.1 Protocolos a comparar

Utilizou-se o protocolo estabelecido ANA e adotado pela CPRM para as amostragens do

Integrador com filtração em cadinho, e foram seguidas as recomendações do observatório SO-

HYBAM para as amostragens com o Pontual e filtração em rampa horizontal. Ambos os

procedimentos serão apresentados a seguir.

I. Método por Integração

Amostragem

Realizou-se a amostragem com o Integrador de saca modelo AMS-8 que tem capacidade de 5

litros, com os bicos de admissão de 3/16” e 1/4”, ideal para as características encontradas. Fez uso

de um lastro de 100 kg para proporcionar estabilidade ao Integrador, reduzindo o ângulo de arrasto.

A coleta seguiu os passos da Figura 11, em que, após descer e subir o Integrador, com

velocidade constante, a amostra é transferida para um balde onde é homogeneizada e armazenada

em garrafas enviadas para decantação em laboratório, onde ocorre o processo de filtração.

Figura 11 – Procedimento para coleta de sedimentos em suspensão utilizando o Integrador de saca.

Laboratório

As amostras coletadas e enviadas ao laboratório passaram primeiramente pela mensuração do

seu peso, que se deu pela diferença de pesagem das garrafas, cheias e secas. Após um período de 24

a 48 horas de decantação fez-se a redução da amostra com a retirada da água sobrenadante,

tomando o cuidado de evitar o revolvimento do material assentado no fundo. O restante da amostra,

já reduzida, devidamente agitada e transferida para o cadinho de Gooch, (Figura 12), que tem

capacidade máxima de 25 cm³, foi filtrada em membrana de celulose com porosidade de 1,5 µm

(Guy, 1969). Essa operação deve ser acelerada com o uso de bomba de vácuo de pequena potência,

adaptadas ao recipiente coletor do material filtrado, sobre o qual foi montado o cadinho de Gooch.

Figura 12 – Rampa de cadinhos de Gooch, aparato utilizado para filtração.

Amostra Total HomogeneizaçãoSeparação em

garrafaDecantação

Filtração em Cadinho

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O resíduo da filtragem, retido no cadinho, foi levado à estufa para secar, onde permaneceu em

temperatura ≈ 105ºC, por aproximadamente 4 horas. O material foi transferido da estufa para o

dessecador à vácuo até atingirem a temperatura de 1ºC acima da temperatura ambiente,

permanecendo por um pernoite (Pinto e Magalhães, 2016). Na sequência, foi feita a pesagem dos

frascos em uma balança analítica. Por simples dedução, entre o peso determinado e a tara de cada

frasco, obtém-se o peso do material sólido amostrado. Na Figura 13 são apresentadas as etapas

referentes ao procedimento de filtração.

Figura 13 - Esquema do procedimento de Filtração com uso de Cadinho de Gooch.

Cálculos da CSS

Calcula-se a CSS utilizando a equação (15) detalhada em Guy (1969), que é o resultado do

produto entre as massas do sedimento pela amostra:

CSS = fc [mS

mA] x 1.000.000 (15)

sendo que:

CSS = Concentração do sedimento em suspensão, mg/l;

Fc = Fator de conversão de CSS de mg/kg para mg/l;

mS = Massa do sedimento seco (peso do cadinho com amostra – peso do cadinho), g;

mA = Massa da amostra, que é a mistura de água e sedimento coletada (peso da garrafa com amostra – peso

da garrafa sem amostra), g; e

1000 = Fator de conversão de g/g para mg/kg.

Registrar as amostras

PesarRepouso

(24 horas)

Filtrar (Filtro 934 HA 1,5

µm)

Secar(Estufa, 105 ±5 ºC, 4 horas)

Pesar o sedimento

seco

Esfriar(Dessecador, um pernoite)

Cálculos [CSS]

Remover o sobrenadante

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II. Método Pontual Instantâneo

Amostragem e filtração

Utilizou-se um amostrador de grande volume e cilindro horizontal, modelo Callède com

capacidade de 5 litros, lastro de 70 kg para que sua posição se mantenha a mais vertical possível

evitando modificações no real posicionamento em relação ao fundo, GPS para a correta precisão

dos pontos, e amostragem em deriva.

O amostrador submerge com suas extremidades abertas até a posição desejada sendo fechado

por tampas de PVC acionadas por dispositivo (gatilho) disparado por mensageiro (peso) conduzido

pelo cabo de sustentação. Deste modo, retém em seu interior a amostra coletada na profundidade

específica onde se posiciona naquele instante, sendo controlada por sistema mecânico de contagem.

Após a coleta a amostra foi transferida para um balde, e iniciou-se o processo de separação

das areias e do material fino. Toda a amostra coletada passou por uma peneira com diâmetro de

63µm (Figura 14 B e C), de forma que, o material retido na peneira foi em seguida depositado em

um dos copos da rampa de filtração (Figura 14 E), que possui um filtro de acetato de celulose

(porosidade de 0,45µm) previamente pesado. Feito isso, foi separado apenas 1 litro da amostra que

já passou pela peneira, em que 500 ml foram usados para a filtração do material particulado também

passando por filtros pré-pesados (Figura 14 D). Para agilizar o processo, faz-se uso de uma bomba

de vácuo, que conectada a rampa de filtração e a um garrafão de aproximadamente 5 litros, cria um

ambiente de sucção que ao final do processo deixa apenas os sedimentos retidos com tamanho

inferior ao da malha do filtro utilizado. Na sequência, os filtros são retirados da rampa e colocados

em recipientes plásticos (petri slides), onde ficam armazenados até o término das atividades de

campo, conforme esquematizado na Figura 15.

Figura 14 - Amostrador, peneiramento do material grosseiro e filtração do material grosseiro/fino.

Figura 15 – Procedimento para coleta de sedimentos em suspensão com Pontual horizontal.

Amostra de 5 litros Balde para

Homogeneizar Passar pela peneira de

63µm

Filtrar Finos (500 ml)

Filtro Milipore, Ha 0,45 µm

Filtrar Grosseiros

Filtro Milipore, Ha 0,45 µm

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Laboratório

Os filtros usados são levados à estufa para secagem durante duas horas, à uma temperatura

105ºC, seguindo-se pelo esfriamento em dessecador e a pesagem em uma balança analítica.

Procedimento sintetizado na Figura 16.

Figura 16 – Procedimento de filtração com a utilização de rampa horizontal.

Cálculos da CSS

Calcula-se a CSS por diferença dos pesos, relativo ao volume filtrado, tanto para materiais

finos quanto para grossos (Guyot, 1993; Filizola, 2003, Filizola e Guyot, 2009 e Filizola e Guyot,

2011), expressos na equação (16)

CSS = [Pi − Pf

V] x 1.000.000 (16)

sendo que:

CSS = Concentração do sedimento em suspensão, mg/l;

Pi = Peso inicial do filtro, sem o sedimento, g;

Pf = Peso final do filtro, com o sedimento, g;

V = Volume, ml; e

1.000.000 = Fator de conversão de g/g para mg/kg.

Secar (Estufa, 105 ± 5 ºC, 2 horas)

Pesar o sedimento seco

Esfriar(Dessecador, 1 hora)

Cálculos [CSS]

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3.3 Análises estatística dos dados

Toda a metodologia desta pesquisa esteve baseada nas recomendações de GUM (2008).

Identificou-se as categorias das fontes de incerteza mais significativas, que são: Amostragem,

Laboratório e Filtração. As amostragens realizadas estiveram em função das incertezas destas

fontes, possibilitando uma comparação e avaliação fidedigna entre os métodos (Figura 17).

Figura 17 - Diagrama da metodologia adotada durante a pesquisa.

O diagrama de causa-efeito apresentado na Figura 18, foi obtido a partir dos dados dos dois

campos realizados no escopo desta pesquisa, no qual, mostra todas as componentes de incerteza das

principais fontes de entrada. A quantidade de componentes não é exatamente igual para os dois

métodos, uma vez que são protocolos com procedimentos diferentes.

Figura 18 – Diagrama de causa-efeito das fontes de incertezas dos métodos de medição da CSS

A metodologia detalhada para os dois métodos está descrita na Tabela 3, com suas respectivas

fontes e cada uma das componentes, o número de amostras utilizadas para estimar a incerteza

isoladamente, e o tipo de avaliação estatística que foi adotado. Todos os dados e cálculos que foram

processados para obter as incertezas estão apresentados nas Apêndices A, B, C e D.

Método Integrado

Incertezas

Amostragem

Laboratório

Filtração

Método Pontual

u' CSS

LaboratórioAmostragem

Tempo de estufa

Tempo de decantação

Balança

Temperatura Ambiente

Repetitividade da Amostra

Profundidade Amostrada

Velocidade do Rio

Filtração

Volume filtrado

Repetitividade

Reprodutibilidade

Amostragem

Posição do barco

Repetitividade de Finos

Repetitividade de Areias

Volume da amostra

Profundidade amostrada

Temperatura Ambiente

Velocidade do Rio

Laboratório Filtração

Tempo de resfriamento

Balança

Reprodutibilidade

Tempo de estufa

Volume filtrado

Homogeneização

Repetitividade

Reprodutibilidade

Mét

odo P

on

tual

Mét

odo I

nte

gra

do

Comparação e

Avaliação

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Tabela 3 - Descrição metodológica das avaliações de incertezas.

Fonte ComponenteQtd. de

amostras

Distribuição

estatísticaDescrição metodológica

Repetitividade de areias 25 Normal 5 repetições nos 5 pontos da mesma vertical. Avaliado o desvio padrão das concentrações de areias.

Repetitividade de finos 25 Normal 5 repetições nos 5 pontos da mesma vertical. Avaliado o desvio padrão das concentrações de finos.

Profundidade amostrada Retangular Assumindo uma variação de 0,5 metros (não amostrado), com distribuição divisível por raiz de 3.

Posição do barco (Pontual) Retangular Assumindo uma variação de 10 metros (de imprecisão em relação ao ponto amostrado), com distribuição divisível por raiz de 3.

Temperatura ambiente Retângular Assumindo a temperatura de 27º com variação de 1ºC, com distribuição divisível por raiz de 3.

Volume da amostra 35 Normal Amostras coletadas na seção completa. Avaliado o desvio padrão dos volumes coletados.

Velocidade do rio Triangular Considerando a velocidade média de 1.75 m/s, e assumindo uma variação de 0.5 m/s, com distribuição divisível por raiz de 6.

Tempo de estufa 4 NormalAmostras da supercície coletadas no mesmo ponto, homogeneizada e filtrados 500 ml em rampa, com tempos diferentes de permanência na estufa: 50,

60, 70 e 80 min. Avaliado o desvio padrão da variação encontrada nas CSS.

Tempo de resfriamento 7 NormalAmostras de supercície do mesmo ponto, homogeneizadas e filtrados 500 ml em rampa, com tempos diferentes de resfriamento: 50, 60, 70 e 80 min.

Avaliado o desvio padrão da variação encontrada nas CSS.

Reprodutibilidade Normal 1 filtro de celulose, pesado 20 vezes seguidas, por dois operadores laboratoriais. Avaliado o desvio padrão do peso do filtro.

Balança Retangular Especificação de fábrica de ≈ 0.001 g, divisivel por raiz de 3

Homogeneização 20 NormalAmostra de superficie coletadas no mesmo ponto, homogeneizada e repetida por 20 vezes a filtração de 300 ml, em rampa. Avaliado o desvio padrão

das CSS.

Repetitividade 5 NormalAmostras coletadas à 5 metros de profundidade do mesmo ponto, nas mesmas condiçoes ambientais. Filtrados em rampa (grosseiros + 500 ml de

finhos), no laboratório. Avaliado o desvio padrão das CSS.

Reprodutibilidade 10 Normal

Amostras coletadas à 5 metros de profundidade do mesmo ponto, nas mesmas condiçoes ambientais. Filtrados em rampa (grosseiros + 500 ml de

finos), porém 5 foram feitas em laboratório e 5 em campo. Avaliada a capacidade de reprodutibilidade dos métodos filtrantes em diferentes ambientes,

através do desvio padão das CSS.

Volume filtrado Retangular Avaliação da incerteza gerada pela proveta ao medir o volume. Especificação de fábrica ≈ 0.10 ml divisivel por raiz de 3.

Velocidade do rio Triangular Considerando a velocidade média de 1.75 m/s, e assumindo uma variação de 0.5 m/s, com distribuição divisível por raiz de 6.

Temperatura ambiente Retangular Assumindo a temperatura de 27º com variação de 1ºC, com distribuição divisível por raiz de 3.

Repetividade das amostras 5 Normal Amostras coletadas na mesma vertical, com as mesmas condições ambientais, filtradas em cadinho. Avaliado o desvio padrão da CSS.

Profundidade amostrada Avaliada e corrigida em função do ângulo de arrasto que foi gerado.

Tempo de decantação 4 NormalAmostras de superficie do mesmo ponto, com tempos diferentes de decantação: 24, 48, 72h e 1 semana. Avaliada a variação final da concentração,

atraves do desvio padrão.

Tempo de estufa Triangular Assumindo-se que a amostra permaça por mais 2hrs dentro da estufa até a sua retirada, usa-se uma distribuição divisível por 6.

Balança Retangular Especificação de fábrica de ≈ 0.001 g, divisivel por raiz de 3

Volume filtrado 8 Normal Amostras completas da saca, coletadas na mesma vertical. Avaliado o desvio padrão dos diferentes volumes.

Repetitividade 10 Normal Amostras coletadas no mesmo ponto da superficie, de ≈ 550 ml, homogeneizadas e filtradas em cadinho. Avaliado o desvio padrão da CSS obtida.

Reprodutibilidade 5 Normal Amostras completas da saca, coletadas nas mesmas condições ambientais, porém, filtradas em rampa. Avaliado o desvio padrão das CSS.

Amostragem

ME

TO

DO

PO

NT

UA

L

Laboratório

ME

TO

DO

IN

TE

GR

AD

O

Amostragem

Laboratório

Filtração

Filtração

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35

4 RESULTADOS

4.1 Avaliação de sedimentos na seção

O campo de abril teve por objetivo avaliar a concentração média da seção, através da

amostragem em 5 verticais. Com o Integrador a CSS foi de 219 mg/l, sendo 89 mg/l à menos que o

Pontual (308 mg/l), representando uma diferença de 29%.

Pode ser observado na Figura 19 a distribuição das CSS nas verticais e, na Tabela 4, os

resultados obtidos em campo com o método Pontual. Nota-se uma variação de concentrações entre

as verticais, em que as verticais V2 e V3 apresentam gradiente vertical positivo, com menores

concentrações na superfície e maiores no fundo, sendo até 4 vezes maiores. Vale observar ainda,

que os pontos de superfície das verticais V1 e V2 apresentam concentrações mais elevadas.

Figura 19 – Perfil transversal da seção de Manacapuru e distribuição das amostras coletadas

Tabela 4 – Informações gerais da amostragem com o método Pontual na estação de Manacapuru. Data:26/04/16.

Ainda nas amostras coletadas com o método Pontual, observa-se que as verticais V1, V4 e

V5, apresentam um comportamento deformado das parábolas de concentração, as quais não

definem um perfil logarítmico. Esse comportamento se dá pela presença de altas concentrações em

pontos acima do fundo, que são influenciados tanto pela erosão das margens, no caso das verticais

177

256

558

419

568

131

199

293

371

415

72

167

283

374

667

71

176

439

423

515

67

159

333

1087

230

-45

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Pro

fun

did

ad

e (m

)

Distância (m)

Manacapuru em 26/04/2016

Perfil transversal

Amostras

V1 30 487 25.137 409

V2 36 943 26.022 260

V3 34 1373 24.430 258

V4 40 1679 30.136 301

V5 27 2222 20.045 313

VerticalProf.

total (m)

Distância

média (m)

Vazão média

(m³/s)

CSS ponderada

(mg/l)

V1 V3 V3 V4 V5

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de 1 e 5, quanto por fatores hidrométricos como as altas velocidades (≈ 2 m s-1) e vazão líquida (Q)

da área (Figura 20), que provocam a ressuspensão de sedimentos nesses pontos.

Figura 20 – Vazão sólida (QS) das verticais amostradas e Vazão líquida (Q).

Sintetiza-se na Tabela 5 os resultados da amostragem de abril com o método Integrado,

identificando-se as condições de realização da coleta. Observa-se diferenças nas concentrações das

verticais, porém, com um comportamento homogêneo.

Tabela 5 – Informações gerais da amostragem com o método Integrado, na estação de Manacapuru. Data: 26/04/16.

Pode-se verificar que as verticais V2, V3 e V4 apresentam uma eficiência de ≈ 72%,

justificando-se pelo bico de ingestão de água no Integrador de diâmetro 3/16 que foi utilizado, uma

vez que nestas verticais as profundidades estão entre 34 e 40 m. A diferença nas verticais V1 e V5

em que a eficiência esteve ᵙ 77% está relacionado ao bico de diâmetro ¼.

Segundo Sabol e Topping (2012) com uma menor eficiência pode-se ter uma maior

quantidade de sedimentos entrando. Observou-se neste campo que as maiores concentrações são

encontradas nas verticais com menor eficiência. A eficiência média da amostragem é de 74%,

estando no limite aceitável em uma amostragem, sendo previsto um erro de +10% na concentração

(U.S. Geological Survey., 2013)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 200 400 600

Pro

fun

did

ade

(m)

Qs *10^3 (t/dia)Qs

V1V2V3V4V5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 5000 10000

Pro

fun

did

ade

(m)

Q (m³/s)Q

V1V2V3V4V5

V1 30 26.6 420 1.75 25.200 1/4 77 183

V2 37 29.2 861 1.70 25.200 3/16 70 197

V3 34 27.6 1282 1.98 25.200 3/16 73 279

V4 40 27.4 1616 2.13 25.200 3/16 71 251

V5 27 25.3 2085 1.10 25.200 1/4 77 186

Tipo de

bicoVertical

Prof. total

(m)

Distância

média (m)

Vel. média

(m/s)

Prof. real

(m)

Vazão

(m³/s)

Eficiência

(%)

CSS

(mg/l)

Método Integrado

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4.2 Avaliação de incertezas dos métodos de amostragem

A Tabela 6 mostra os resultados das incertezas para todas as componentes dos métodos

Pontual e Integrado, de suas respectivas fontes encontradas: amostragem, laboratório e filtração.

Observa-se que a maior contribuição de incertezas em ambos os métodos está relacionada à

fonte de Amostragem. No método Pontual esta incerteza se faz maior, justificando-se pelo

posicionamento do barco que por estar em deriva seu deslocamento não permite chegar exatamente

no mesmo ponto para amostragem, além disso, as amostras de fundo apresentam grande variação

pela presença de dunas que podem chegar à até 2 metros de altura (Strasser, 2008). Existe de um

gradiente positivo da superfície ao fundo, para as areias, com presença acentuada a partir dos 75%

de profundidade da seção.

Tabela 6 – Tabela resumo de cálculos das incertezas da CSS

Fonte Componentes Unidades Distribuição Tipo Valor Desvio Padrão Repetições Divisor u

Repetitividade de Areias mg/l Normal A 130 45 5 20.14

Repetitividade de Finos mg/l Normal A 54 3 5 1.45

Profundidade amostrada m Retangular B 40 1 1.7 0.29

Posição do barco m Retangular B 0 10 1.7 5.77

Temperatura ambiente ºC Retangular B 27 1 1.7 0.58

Volume da amostra L Normal A 5 0 35 0.06

Velocidade do rio m/s Triangular B 2 1 2.4 0.20

21

Tempo de estufa mg/l Normal A 94 10 4 4.95

Tempo de resfriamento mg/l Normal A 44 1 5 0.43

Reprodutibilidade mg/l Normal A 0 0 20 0.00

Balança g Retangular B 0 1.7 0.01

5

Homogeneização mg/l Normal A 19 1 20 0.27

Repetitividade mg/l Normal A 192 14 5 6.12

Reprodutibilidade mg/l Normal A 189 16 10 4.99

Volume Filtrado (proveta) L Retangular B 0 1.7 0.06

8

23

Velocidade do rio m/s Triangular B 2 1 2.4 0.20

Temperatura ambiente ºC Retangular B 27 1 1.7 0.58

Repetitividade das amostras mg/l Normal A 97 16 5 7.19

Profundidade amostrada m Retangular B 30 1 1.7 0.58

7

Tempo de decantação mg/l Normal A 120 13 4 6.73

Tempo de estufa ºC Triangular B 4 1 2.4 0.41

Balança g Retangular B 0 1.7 0.01

7

Volume filtrado L Normal A 4 1 8 0.39

Repetitividade mg/l Normal A 31 6 10 1.94

Reprodutibilidade mg/l Normal A 79 4 5 1.85

2

10

Grandeza

unidadesValor Estimado CSS

Incerteza padrão

combinada

Fator de

abrangência

Y y u c (y ) k (95,45%)

Pontual* mg/L 308 23 2

Integrado mg/L 219 10 2

* CSS média, ponderada pela vazão

7

5

ME

TO

DO

PO

NT

UA

L

u Combinada do Pontual

9

15

CVE

Incerteza

expandida

relativa %

Incerteza padrão relativa

%

RSD = CV

Método

Incerteza

expandida

U (y )

46

20

Soma

ME

TO

DO

IN

TE

GR

AD

O

Soma

Filtração

(F)

Laboratório

(L)

u Combinada do Integrado

Soma

Amostragem

(A)

Filtração

(F)

Laboratório

(L)

Amostragem

(A)

Soma

Soma

Soma

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Nas incertezas do Laboratório, o método Integrado foi maior que o Pontual, sendo 7 e 5

mg/l, respectivamente. Os resultados indicam que a maior contribuição desta fonte, no método

Integrado, foi o tempo de decantação das amostras, chegando-se ao valor de 6,7 mg/l,

enquanto que, no método Pontual esteve relacionado ao tempo de permanência das amostras

na estufa utilizada, gerando uma incerteza de 4,9 mg/l.

As normas estabelecem que as amostras filtradas em cadinho fiquem 48h em

decantação, no entanto, as análises em laboratório mostraram que há uma perda de 24 mg/l

em relação à mesma amostra que permaneceu em decantação por uma semana, sendo

encontradas as concentrações de 112 mg/l (24h) e 136 mg/l (1 semana). Portanto, há uma

perda real de 18% da CSS, como pode ser observado na Tabela 7.

Tabela 7 – Testes do tempo de decantação das amostras.

As incertezas provenientes da Filtração foram maiores no método Pontual, com o

valor de 8 mg/l, enquanto que com o Integrador foi de 2 mg/l. Em ambos os métodos as

maiores contribuições estiveram relacionadas à repetitividade e reprodutibilidade.

Em resumo, Figura 21, o método Pontual apresentou maior incerteza. Em relação às

componentes, a Amostragem foi a maior fonte em ambos os métodos, com os valores de 21

mg/l (Pontual) e 7 mg/l (Integrador). A incerteza expandida para o Pontual foi de 46 mg/l, que

equivale à ≈ 15% da CSS, enquanto que, com o Integrador, a expandida foi de 20 mg/l,

equivalente à ≈ 9% da CSS total.

Figura 21 – Incertezas totais dos métodos de amostragens. A = amostragem, L = laboratório, F = filtração.

Tempo (h) Vol (l) CSS (mg/l)

24 5 106.4

48 5 112.6

72 5 124.9

96 5 136.7

Teste de decantação

8

5

21

0 5 10 15 20

Incerteza (mg/l)

Fo

nte

pa

ra u

(Css

)

Incerteza Padrão - Pontual

A

L

F2

7

7

0 2 4 6 8 10

Incerteza (mg/l)

Fo

nte

para

u(C

ss)

Incerteza padrão - Integrado

A

L

F

20

46

0 20 40

Incerteza (mg/l)

Incerteza padrão expandida

Pontual

Integrado

8

5

21

0 5 10 15 20

Incerteza (mg/l)

Fo

nte

pa

ra u

(Css

)

Incerteza Padrão - Pontual

A

L

F2

7

7

0 2 4 6 8 10

Incerteza (mg/l)

Fon

te p

ara

u(C

ss)

Incerteza padrão - Integrado

A

L

F

20

46

0 20 40

Incerteza (mg/l)

Incerteza padrão expandida

Pontual

Integrado

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39

5 DISCUSSÃO

Como já visto, o método Pontual apresentou o maior valor de incerteza padrão

combinada (23 mg/l), em que, a maior contribuição para ambos os métodos esteve

diretamente relacionada à amostragem. São vários procedimentos envolvidos na coleta das

amostras, como a homogeneização, condições ambientais, repetitividade, etc., que tornam esta

fonte mais propensa a ter maior contribuição das incertezas.

Analisando as concentrações obtidas sob a perspectiva das verticais, os resultados

apresentados na Figura 22 mostram que as diferenças nas CSS entre os dois métodos chegam

à 55% na vertical V1, e à 41% na vertical V5. A alta CSS nestas verticais do Pontual pode ser

justificada pela influência do fenômeno de borda, por estarem mais próximas às margens onde

a produção de sedimentos é maior, especialmente no período de enchente devido à erosão

intensificada (Picouet, 1999).

Figura 22 – Comparação da concentração de sedimentos em suspensão (CSS) obtida com os dois métodos. As

CSS do método Pontual foram ponderadas pela vazão líquida das verticais.

Percebe-se, portanto, que o método Pontual apesar de ter uma maior incerteza, apresenta

a vantagem de conseguir realizar melhor a amostragem de fundo, onde prevalecem as areias,

influenciando diretamente no aumento da CSS da vertical amostrada e, possibilitando ainda,

um melhor entendimento do gradiente de concentrações, em suas frações granulométricas,

como apresentado na Figura 23.

55%

24%

-8%

17%41%

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1 2 3 4 5

CS

S [

mg/l

]

Vertical

Diferenças entre as CSS Manacapuru (26/04/2016)

Integrador

Pontual

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40

Figura 23 - Concentração de sedimentos nas verticais amostradas Pontualmente

Ao analisar a Vazão Sólida (Qs) das verticais para os dois métodos, apresentada na

Tabela 8Tabela 8, percebe-se que o QS do Pontual é 28% maior que o QS do

Integrador. Na maioria das verticais o Qs finos tem valor aproximado ao Qs do Integrador, o

que nos permite a suposição de que é apenas a fração de finos que está sendo amostrada.

Tabela 8 – Qs de Manacapuru com os dois métodos e determinação do erro de amostragem das areias.

Ainda, se considerarmos a hipótese de que a concentração de finos é mais estável e

homogênea na seção, como exposto por Armijos et al., (2016) para este período do ano

hidrológico, então os dois métodos conseguiriam medir as mesmas concentrações, de maneira

que, as diferenças seriam o teor de areia não capturado pelo integrador, resultando em um erro

dessa não captura, da ordem de 64%.

Tal consideração nos permite observar que, a componente do método Pontual que avalia

as areias (repetitividade de areias), apresenta-se como a maior contribuição entre todas as

incertezas. No método Integrado, por sua vez, essa incerteza não é quantificada, uma vez que

não há a captura significativa das areias, com erro já mencionado acima de 64%.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 200 400 600

Pro

fund

idad

e (m

)CSS (mg/l)

Grosseiros

V1

V2

V3

V4

V5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 200 400 600 800

Pro

fund

idad

e (m

)

CSS (mg/l)Finos

V1

V2

V3

V4

V5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 500 1000 1500

Pro

fund

idad

e (m

)

CSS (mg/l)Total

V1

V2

V3

V4

V5

V1 V2 V3 V4 V5 Média

Qs Pontual [*103 ton/dia] 889 585 545 784 543 669

Qs_areias [*103 ton/dia] 460 230 272 388 242 318

Qs_finos [*103 ton/dia] 399 403 388 458 408 411

Qs Integrador [*103 ton/dia] 396 442 589 654 321 481

Qs Integrador - Qs finos [*103 ton/dia] 3 39 201 196 87 105

Erro das areias no Integrador 99% 83% 26% 49% 64% 64%

Vazão Sólida de Manacapuru e erro da amostragem de areias

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Outro indicio de que as areias exercem forte influência nas incertezas, são os resultados

obtidos através das amostras coletadas à cinco metros de profundidade com os dois métodos,

as quais apresentaram pouca diferença nas concentrações obtidas, da ordem de 13 mg/l (7%),

indicando que, com essa profundidade não há problemas nas amostragens, uma vez que é

baixa a presença das areias, como pode ser observado na granulometria da Figura 24 A, que

apresenta percentuais volumétricos aproximados de partículas finas. As diferenças são

percebidas de fato, nas amostras que necessitam chegar próximo ao fundo do rio, onde a

predominância é de areias que tem sua produção intensificada pela movimentação das dunas

(Strasser, 2008). À exemplo, na granulometria das amostras da vertical 4 (Figura 24 B)

percebe-se que no Pontual o D50 = 22 µm e no Integrador o D50 = 14µm, mostrando-se a

ausência de partículas mais grosas. O Pontual apresenta um pico acentuado de areias no

diâmetro de 138 µm, que representa quase 50% do percentual volumétrico da amostra. O

mesmo pico de areias não é identificado nas amostras do Integrador, indicando que ele não foi

capaz de amostrá-las.

Figura 24 – Granulometria das amostras. a) amostra coletada a 5 metros de profundidade, b) amostra

coletada em toda a vertical 4.

Para enriquecer ainda mais tal discussão, serão pontuados a seguir, alguns tópicos

entendidos como importantes, uma vez que influenciam na operacionalização de cada método

para a obtenção das concentrações:

Infraestrutura para amostragem

Para ambos os métodos é necessária uma estrutura de grande porte para realizar as

amostragens. Fala-se da necessidade de um barco regional, guincho hidrométrico, lastro e etc.

Com o que se dispõe hoje na Amazônia, é possível realizar a amostragem em segurança com

0

1

2

3

4

5

6

0.01 0.10 1.00 10.00 100.00 1000.00 10000.00

Vo

lum

e (%

)

Diâmetro das partículas (µm)

Vertical 4Integrador

Pontual

0

1

2

3

4

5

6

0.01 0.10 1.00 10.00 100.00 1000.00 10000.00

Vo

lum

e (%

)

Diâmetro das partículas (µm)

5 m ProfundidadeIntegrador

Pontual

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o amostrador Pontual, uma vez que este é feito em deriva. O mesmo não pode ser afirmado

para o Integrador, pois necessita de uma infraestrutura ainda mais pesada, capaz de sustentar o

barco ancorado e um peso do lastro maior a 100 kg

Hidrodinâmica dos equipamentos

Faz-se necessário um estudo mais detalhado com essa finalidade, no entanto, a

conclusão que obtivemos ao observar a influência da hidrodinâmica dos equipamentos

durante a amostragem é:

Amostrador Pontual: apresenta formato tubular, dessa forma, sua entrada na água é

menos brusca, uma vez que o líquido continua seguindo seu curso, passando por dentro do

amostrador. O revolvimento provocado visualmente é baixo.

Integrador de saca: apresenta formato arredondado, além de possuir um peso maior. Isso

faz com que a perturbação local seja visivelmente intensa, desviando o curso da água e

provocando revolvimento.

Fatores de risco durante a amostragem

Ângulo de arrasto do Integrador

Com a velocidade da corrente d’água pode superar os 2 m/s, associado ao ancoramento

do barco para a amostragem com o Integrador, gera-se um ângulo de arrasto superior aos 20º,

impedindo que a amostragem seja completamente na vertical, como deveria ser, provocando

um tensionamento da estrutura do barco. Essa característica impede que o Integrador atinja

seu objetivo se fazer uma amostragem integralmente na vertical.

Guincho e cabo de sustentação

Durante a amostragem com o Integrador, percebe-se que o guincho hidrométrico

disponível acaba sendo forçado demais, uma vez que o peso do equipamento associado ao

peso do lastro é de aproximadamente 150 kg. Por vezes o cabo de sustentação de desprende

da roldana gerando um risco elevado. A frenagem do equipamento não acontecia com

eficácia, de forma que, o equipamento continuava descendo mais alguns centímetros até

conseguir parar por completo, correndo o risco de perda de controle na descida.

Tempo gasto na amostragem e filtração

No método Pontual, o tempo gasto na operação é de aproximadamente 3 horas para se

ter uma amostragem completa da seção. Além do tempo necessário para a filtração das areias

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e finos ainda in situ, que depende muito da quantidade de sedimentos que está diluído na

amostra. Inclui-se ainda, o tempo de estufa, resfriamento e a repetição dos processos em caso

de muitas amostras.

Com o método Integrado, leva-se aproximadamente 2 minutos para amostrar uma

vertical completa, sendo que o mais demorado é apenas o tempo de deslocamento de uma

vertical à outra. É possível, portanto, amostrar toda a seção transversal em no máximo 2

horas, podendo-se fazer várias repetições nas verticais, caso necessário. O processo de

filtração das amostras coletadas com o Integrador requer mais tempo para o tratamento.

Vejamos a soma das horas por atividades, para os dois métodos na Tabela 9:

Tabela 9 – Tempo gasto na amostragem e filtração

Atividade Tempo no Pontual (h) Tempo no Integrador (h)

Amostragem 03 02

Decantação 0 48

Filtração 05 08

Secagem em estufa 02 04

Resfriamento em sílica 01 12

Repetição dos processos 04 0

Total 15 horas 74 horas

Dessa forma, todo o protocolo de coleta e filtração do método Pontual requer

aproximadamente 15 horas de trabalho, enquanto para o Integrador é preciso de 74 horas. O

tempo gasto pode ser maior, dependendo de fatores como a quantidade de amostras tomadas,

além da carga sedimentar que varia em função do período hidrológico.

Quantidade de pessoal

Em ambos os métodos, a quantidade de pessoas necessárias para operar a amostragem é

a mesma. Precisa-se basicamente de 4 pessoas, sendo: 1 Operador do GPS, para o

posicionamento correto do barco; 1 Responsável pela descida e subida do amostrador; 1

Responsável pela separação de amostras; 1 Controlador do guincho hidrométrico

No entanto, a montagem do Integrador no guincho hidrométrico requer a mobilização

de pelo menos 5 pessoas, pois, associado ao peso do equipamento têm-se o peso do lastro de

100 kg.

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6 CONCLUSÃO

Considerando os resultados das estimativas de incerteza padrão combinada, para a CSS

obtida neste trabalho, conclui-se que a incerteza de amostragem é a fonte de maior

contribuição para o mensurando, em ambos os métodos.

Obteve-se uma incerteza padrão expandida total, com intervalo de confiança de 95,45%

da ordem de U = ±46 mg/l para o Pontual e U = ±20 mg/l para o Integrador, que representam

em termos relativos 15 e 9%, respectivamente.

A concentração média da seção obtida com o Pontual foi 29% maior em relação ao

Integrador, porém, observando-se as CSS por verticais essa diferença é ainda maior, chegando

à 51%. Nesse sentido, a leitura final da concentração obtida com os dois métodos se dá da

seguinte forma: CSS Pontual = 308 ± 46 mg/l e CSS Integrador = 219 ± 20 mg/l, sintetizados

na Figura 25.

Figura 25 – Síntese das incertezas dos métodos Pontual e Integrador.

Dessa forma, sendo feitos os cálculos da descarga sólida (Qs) da seção de Manacapuru,

chega-se aos seguintes valores: Qs = 669 *103 t/dia com o Pontual e Qs = 481 *103 t/dia com

o Integrador, o que representa uma diferença de 28% à mais no método Pontual. Essa

diferença provém especialmente do erro da não ingestão das areias no Integrador, que

equivale à 64%.

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O método Integrado não se mostrou eficiente para as areias, dessa forma, a CSS total

acaba sendo subestimada, condição esta que é prejudicial ao monitoramento de uma bacia de

grande importância como a Amazônica.

Ambos os métodos puderam ser operados na estação de Manacapuru, no entanto, chega-

se à conclusão de que a logística atual, presente na Amazônia, é mais favorável para a

amostragem com o Pontual, por ser um equipamento hidrodinâmico de operação em deriva.

Para a operacionalização do Integrador em outras localidades da Amazônia, como em Óbidos

por exemplo, faz necessário de uma logística de maior porte, que a região ainda não possui,

somente desta forma será possível obter os resultados esperados em concentração e eficiência.

Portanto, levando-se em consideração todos os fatores pontuados a respeito do

Integrador, tais como: Ineficiência na amostragem de areias, subestimação da CSS total da

seção e difícil operacionalização, conclui-se que, apesar do Pontual apresentar maior

incerteza, ele representa uma amostragem mais confiável, com melhor descrição da vazão

sólida, sendo recomendado para o uso no monitoramento dos grandes rios Amazônicos,

justificando, portanto, as diferenças encontradas entre as duas bases de dados, ANA e SO-

HYBAM

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APÊNDICE A – Dados para obtenção de repetitividade de areias e finos (Pontual)

R = repetição da vertical. Logo, R1 é a primeira repetição realizada em todos os pontos da

vertical 1 (1.1; 2.1; 3.1; 4.1; 5.1) abrangendo todas as profundidades amostradas. E

assim por diante, com as 5 repetições realizadas na mesma vertical;

n = número de combinações de amostras, que resultam em uma vertical completa;

s = Desvio padrão da média das amostras;

u = incerteza padrão das componentes, mg/l.

Vol (L) CSSa Vol (ml) CSSf

1.1 39.5 4948.0 217 500 75.4 293

1.2 39.5 4972.0 434 500 84.6 519

1.3 39.5 4990.0 591 500 82.6 674

1.4 39.5 4956.0 588 500 100.6 689

1.5 39 4999.0 871 500 91.2 963

2.1 30 5011.0 68.5 500 74 143

2.2 30 5013.0 76.5 500 71.2 148

2.3 30 4974.0 61.4 500 56.4 118

2.4 30 4903.0 41.8 500 56 98

2.5 30 4986.0 68.5 500 68.4 137

3.1 20 4957.0 34.0 520 62.5 97

3.2 20 4946.0 69.3 500 61 130

3.3 20 4783.0 30.4 500 52.6 83

3.4 20 4922.0 22.0 500 48.4 70

3.5 20 4952.0 14.3 500 39.4 54

4.1 10 4948.0 14.6 500 52 67

4.2 10 4970.0 11.1 500 44.2 55

4.3 10 5018.6 9.5 500 34.2 44

4.4 10 4900.0 4.9 500 40.2 45

4.5 10 4954.6 7.4 500 38.4 46

5.1 sup 9574.0 0.4 500 23.2 24

5.2 sup 8713.6 0.3 500 22.8 23

5.3 sup 9863.0 1.9 500 20.2 22

5.4 sup 10154.6 0.3 500 24.4 25

5.5 sup 9673.0 1.4 500 36.6 38

Amostras coletadas com o Pontual (10/06/2015), estação de Manacapuru, vertical única

Vertical 1

Ponto/repetiçãoProf. (m)

CSS

Total

AREIAS FINOS

Repetição n Média s u Repetição n Média s u

R1 1 57 R1 1 67

R2 2 57 R2 2 118

R3 3 49 R3 3 139

R4 4 54 R4 4 132

R5 5 55 R5 5 193

54 3 1 130 45 20

Repetitividade de finos Repetitividade de areias

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APÊNDICE B – Dados e cálculos para obtenção de volume da amostra, repetitividade e

reprodutibilidade de filtração (Pontual).

Vertical Ponto Prof. (m) Vol (ml) CSSa CSSf CSS Total

1 1 5 4973.2 42.3 151 194

1 2 5 4966.9 27.1 118 145

1 3 5 4980.6 60.7 158 219

1 4 5 4948.2 37.6 169 207

1 5 5 4996.2 28.0 142 170

1 1 5 4930 34.9 153 188

1 2 5 5170 23.5 152 175

1 3 5 5000 47.6 166 213

1 4 5 5000 27.2 162 189

1 5 5 5000 32.0 162 194

1 1 28 5000 558.7 172 730

1 2 25 5000 128.7 141 270

1 3 15 5000 24.5 147 171

1 4 sup 10000 8.7 118 127

1 1 28 3000 381.9 186 568

1 2 25 5000 220.2 199 419

1 3 15 5000 358.8 199 558

1 4 5 5000 77.9 178 256

1 5 sup 10000 19.7 157 177

2 1 35 5000 209.2 206 415

2 2 30 5000 158.1 213 371

2 3 20 5000 95.0 198 293

2 4 10 5000 40.1 159 199

2 5 sup 10500 9.5 121 131

3 1 33 5000 380.1 286 667

3 2 28 5000 141.3 233 374

3 3 18 5000 99.4 183 283

3 4 9 5000 21.9 145 167

3 5 sup 7000 0.8 72 72

4 1 38 4500 313.5 201 515

4 2 34 4500 201.2 222 423

4 3 22 4500 205.4 234 439

4 4 10 4500 23.4 152 176

4 5 sup 5100 1.2 70 71

5 1 26.5 5000 117.6 112 230

5 2 23 5000 425.1 662 1087

5 3 18 5000 127.7 205 333

5 4 9 5000 27.9 131 159

5 5 sup 6200 0.3 67 67

Amostras coletadas com o Pontual em 25 e 26/04/2016

Média s u

Repetitividade de Filtração 192 14 6

Reprodutibilidade de Filtração 189 16 5

5 0.4 0.06

Incerteza (Pontual)

Volume da amostra

Reprodutibilidade

10 amostras

Reprodutibilidade

10 amostras

Repetitividade 5

amostras

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APÊNDICE C - Dados e cálculos para a obtenção de incertezas do Tempo de estufa,

tempo de resfriamento, reprodutibilidade do laboratório e homogeneização da

amostra (Pontual)

Obs.: Nesses testes, todas as amostras foram tomadas em superfície, isolando a atividade

avaliada do método de amostragem.

#Filtro Pi: 1º Operador Pi: 2º Operador

351 0.0766 0.0764

351 0.0766 0.0763

351 0.0765 0.0762

351 0.0765 0.0763

351 0.0766 0.0764

351 0.0765 0.0762

351 0.0765 0.076

351 0.0764 0.0763

351 0.0765 0.0762

351 0.0766 0.0763

352 0.0762 0.076

352 0.076 0.0759

352 0.0763 0.0761

352 0.0761 0.0761

352 0.0761 0.0764

352 0.0761 0.0759

352 0.0762 0.076

352 0.0763 0.076

352 0.0763 0.076

352 0.0762 0.0761

Média s u

0.0764 0.0002 0.00004

REPRODUTIBILIDADE LAB

#Filtro Tempo (min) vol CSS

1 50 500 101.2

2 60 500 82.4

3 70 500 97.2

4 80 500 107.0

Média s u

93.6 9.90 5.0

TEMPO DE ESTUFA

CSS Média s u

Filtro 1 52.36 1.01 0.45

Filtro 2 47.8 1.08 0.48

Filtro 3 38.96 1.02 0.46

Filtro 4 51.52 1.11 0.50

Filtro 5 43.92 0.95 0.43

Filtro 6 33.8 0.91 0.40

Filtro 7 39.96 0.68 0.31

44.05 0.97 0.43

TEMPO DE RESFRIAMENTO

Operador #Filtro Vol CSS

1 208 300 17.3

1 209 300 17.3

1 207 300 20.0

1 214 300 17.0

1 216 300 19.0

1 218 300 20.0

1 219 300 19.7

1 220 300 19.7

1 224 300 18.7

1 1076 300 17.3

2 212 300 17.3

2 213 300 18.0

2 211 300 16.7

2 210 300 19.3

2 215 300 20.7

2 222 300 18.3

2 223 300 19.0

2 221 300 20.0

2 225 300 17.7

2 1077 300 19.7

Média s u

18.63 1.22 0.27

HOMOGENEIZAÇÃO

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APÊNDICE D - Dados e cálculos para a obtenção de incertezas de distribuição normal,

tipo A (Integrador)

Repetição Vol (ml) CSS

1 584 25.7

2 573 22.3

3 527 26.2

4 521 23.2

5 571 36.0

6 515 35.9

7 544 35.9

8 590 33.2

9 526 36.5

10 502 37.6

Média s u

31.3 6.1 1.9

REPETITIVIDADE DA FILTRAÇÃO

Repetição Prof (m) CSS

1 38 121

2 41 80

3 41 88

4 41 91

5 41 104

Media s u

96.88 16.07 7.19

REPETITIVIDADE DAS AMOSTRAS

coletadas em 10/06/2015

Repetição CSS

1 79.4

2 74.6

3 83.8

4 74.2

5 80.8

Média s u

78.6 4.1 1.8

REPRODUTIBILIDADE DA FILTRAÇÃO

Coletadas em 10/06/15

Tempo (h) Vol (l) CSS (mg/l)

24 5 106.36

48 5 112.59

72 5 124.86

96 5 136.70

Média s u

120.1 13.5 6.7

TEMPO DE DECANTAÇÃO

Repetição Vol (ml) CSS

1 4573 183

2 2452 197

3 2788 279

4 3051 251

5 2555 186

6 4265 235

7 5016 181

8 4910 191

Média s u

3.70 1.10 0.39

Volume Filtrado (26/04/16)