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Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia de Coimbra SIMUTRACS SIMULATOR FOR URBAN TRAFFIC CONTROL STRATEGIES Rodolfo Nogueira Dinis de Matos Neto Projecto para obtenção do Grau de Mestre em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia COIMBRA 2012

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Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

SIMUTRACS SIMULATOR FOR URBAN TRAFFIC CONTROL STRATEGIES

Rodolfo Nogueira Dinis de Matos Neto

Projecto para obtenção do Grau de Mestre em

Automação e Comunicações em Sistemas de Energia

COIMBRA

2012

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Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

SIMUTRACS SIMULATOR FOR URBAN TRAFFIC CONTROL STRATEGIES

Orientador:

Dr. Nuno Ferreira

ISEC

Rodolfo Nogueira Dinis de Matos Neto

Projecto para obtenção do Grau de Mestre em

Automação e Comunicações em Sistemas de Energia

COIMBRA

2012

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Agradecimentos

A realização deste trabalho apenas foi possível devido à dedicação e apoio de algumas

pessoas.

O meu orientador, Dr. Nuno Ferreira, pelo apoio, incentivo e constante disponibilidade.

Aos meus pais, pelo seu apoio e compreensão.

A alguns colegas de curso, pelo apoio e ajuda.

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Resumo

A simulação é hoje em dia uma ferramenta muito usada para analisar uma grande

variedade de problemas dinâmicos. O tráfego rodoviário é um exemplo de tais problemas. O

tráfego rodoviário constitui um problema de dinâmica associada a processos complexos. Estes

processos são caracterizados pela interacção dos elementos do sistema: os condutores, as

infra-estruturas e os operadores. O tráfego pode ser considerado como um problema de oferta

e procura cuja dificuldade se baseia em dois problemas opostos, ou seja, a oferta de espaço é

pequena e a procura é sempre crescente.

Nesta tese é apresentado o simulador de tráfego rodoviário SIMUTRACS - Simulator

for Urban Traffic Control Strategies, que foi desenvolvido com o objectivo de testar novas

estratégias de controlo de tráfego rodoviário em cidades. Essas estratégias podem variar da

simples análise do comportamento do tráfego nas cidades, da alteração do mapa de estradas e

também pelo controlo dos semáforos em cruzamentos individuais utilizando para isso várias

estratégias de controlo, controlo com temporização constante e também com controlo difuso.

Nesta tese apresenta-se também uma síntese do estado da arte de alguns dos

simuladores mais importantes existentes hoje em dia.

Desenvolveu-se ainda um controlador difuso para controlar os semáforos.

Através dos resultados obtidos comprova-se a eficiência do controlador difuso quando

comparado com um controlador com temporizações fixas.

É ainda apresentado um anexo com todos os passos necessários para a instalação e

utilização do simulador.

Palavras chave: SIMUTRACS, Simulador Tráfego Rodoviário, Controlo, Lógica Difusa.

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Abstract

Simulation is nowadays a tool used to analyze a wide variety of dynamic problems. Road

traffic is an example of such problems. Road traffic is a dynamic problem associated with

complex processes. These processes are characterized by the interaction of system

components: drivers, infrastructure and operators. Road Traffic can be regarded as a problem

of supply and demand whose difficulty is based on two issues, namely, the provision of space

is small and demand is ever-growing.

This thesis presents the road traffic simulator SIMUTRACS - Simulator for Urban

Traffic Control Strategies, this simulator was developed to address new strategies to control

road traffic in cities. These strategies can range from simple analysis of the behavior of traffic

in cities, from the amendment of the road map, and also by the control of traffic lights at

crossings using several individual control strategies, fixed traffic light timers and fuzzy logic

control.

In addition it was made a summary of the state of the art of some of the most important

simulators available today.

It was also developed a fuzzy controller to control the traffic lights.

Through the results obtained it can be proved the efficiency of the fuzzy controller when

compared with a controller with fixed timings.

It´s also presented an attachment with all the steps required for installation and operation

of the simulator.

Keywords: SIMUTRACS, Road Traffic Simulator, Control, Fuzzy Logic.

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Índice

Agradecimentos iii

Resumo v

Abstract viii

Índice x

Lista de Tabelas xiv

Lista de Equações xvi

Lista de Acrónimos xviii

1 Introdução 1

1.1 Introdução 1

1.2 Motivação e Objectivos 1

1.3 Simulação de Tráfego 2

1.4 Contribuições Científicas 2

1.5 Estrutura e Organização do Relatório 3

2 Sistemas de Transporte Rodoviário 5

2.1 Introdução 5

2.2 Teoria de Tráfego 5

2.2.1 Correntes de Tráfego – Conceitos e Grandezas 5

2.2.2 Cruzamentos Semafóricos 9

2.2.3 Coordenação de Cruzamentos 12

2.3 Sistemas Inteligentes de Transportes 14

2.4 Modelação e Simulação 18

2.4.1 Estado da Arte 19

2.4.2 Modelos Desenvolvidos pelo Consórcio “The Smartest Project” 21

3 Controlo 29

3.1 Introdução 29

3.2 Lógica Difusa 29

3.2.1 Fundamentos da Lógica Difusa e dos Conjuntos Difusos 30

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3.2.2 Propriedades dos Conjuntos Difusos 33

3.2.3 Raciocínio Aproximado 34

3.2.4 Variáveis Linguísticas 34

3.2.5 Proposições Difusas 35

3.2.6 Expressões Difusas Se - Então 35

3.2.7 Controlador Difuso 36

3.2.8 Análise e Projecto de Controladores Difusos 38

3.2.9 Controlador Difuso Desenvolvido para o SIMUTRACS 40

4 SIMUTRACS 43

4.1 Introdução 43

4.2 SIMUTRACS 43

4.3 Construção de Mapas no SIMUTRACS 46

5 Resultados 49

5.1 Introdução 49

5.2 Resultados obtidos sem controlo por lógica difusa 49

6 Conclusões 59

Referências 61

ANEXO 1: Instalação e Utilização do SIMUTRACS 63

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Lista de Figuras Figura 1: Cruzamento com duas fases de operação dos semáforos. ........................................ 11 Figura 2: Possível Diagrama de ciclo para o cruzamento representado na Figura 1. .............. 11 Figura 3: Possibilidades de coordenação semafórica. .............................................................. 12 Figura 4: Representação gráfica de uma onda verde. .............................................................. 13 Figura 5: Esquema de um SAGT. ............................................................................................ 16 Figura 6: Esquema de um SOVC. ............................................................................................ 17 Figura 7: Simulador AIMSUN2. .............................................................................................. 22 Figura 8: Simulador DRACULA. ............................................................................................ 27 Figura 9: Simulador SITRA B+. .............................................................................................. 28 Figura 10: Conjunto crespo. ..................................................................................................... 31 Figura 11: Conjunto difuso. ..................................................................................................... 31

Figura 12: Função de pertença triangular. ............................................................................... 32 Figura 13: Função de pertença trapezoidal. ............................................................................. 32 Figura 14: Função de pertença radial. ...................................................................................... 32 Figura 15: Núcleo, suporte e altura de uma função pertença trapezoidal. ............................... 34 Figura 16: Estrutura de um controlador Difuso. ...................................................................... 36 Figura 17: Controlador difuso como único controlador na malha de controlo. ....................... 38 Figura 18: Controlador difuso e controlador convencional. .................................................... 39 Figura 19: Controlador difuso corrigindo o controlador convencional. .................................. 39 Figura 20: Controlador difuso como supervisor. ..................................................................... 40 Figura 21: Estados possíveis para cada veículo ao longo da simulação. ................................. 44 Figura 22: Cruzamento............................................................................................................. 46 Figura 23: Nada. ....................................................................................................................... 46 Figura 24: Recta Horizontal ..................................................................................................... 46

Figura 25: Recta Vertical. ........................................................................................................ 46 Figura 26: Curva 1. .................................................................................................................. 46 Figura 27: Curva 3. .................................................................................................................. 46 Figura 28: Curva 2. .................................................................................................................. 46 Figura 29: Curva 4 ................................................................................................................... 46 Figura 30: T 2. .......................................................................................................................... 46 Figura 31: T 1 ........................................................................................................................... 46 Figura 32: T 4. .......................................................................................................................... 46 Figura 33: T 3. .......................................................................................................................... 46

Figura 34: Menu CREATE MAP............................................................................................. 47 Figura 36: Mapa com 2 cruzamentos. ...................................................................................... 49 Figura 35: Mapa com 1 cruzamento. ....................................................................................... 49 Figura 37: Mapa com 4 cruzamentos. ...................................................................................... 49

Figura 38: Variação temporal do tempo entre entrada de carros no mapa. ............................. 50 Figura 39: Velocidade de circulação média dos carros e número de carros para o mapa com 1 cruzamento. .............................................................................................................................. 50

Figura 40: Velocidade de circulação média dos carros e número de carros para o mapa com 2 cruzamentos. ............................................................................................................................ 51 Figura 41: Velocidade de circulação média dos carros e número de carros para o mapa com 4 cruzamentos. ............................................................................................................................ 51 Figura 42: Número de carros ao longo tempo variando o mapa. ............................................. 52

Figura 43: Número de carros ao longo tempo variando o mapa. ............................................. 52 Figura 44: Mapa usado para as simulações seguintes. ............................................................. 53 Figura 45: Tempo a verde para a direção Oeste – Este sem controlo aplicado aos semáforos.54

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Figura 46: Tempo a verde para a direção Oeste – Este com controlo difuso aplicado aos semáforos. ................................................................................................................................. 54 Figura 47: Nº de carros no mapa ao longo do tempo sem controlo aplicado aos semáforos. .. 55 Figura 48: Nº de carros no mapa ao longo do tempo com controlo difuso aplicado aos semáforos. ................................................................................................................................. 55 Figura 49: Tempos de circulação totais dos carros no mapa ao longo do tempo sem controlo aplicado aos semáforos. ............................................................................................................ 56 Figura 50: Tempos de circulação totais dos carros no mapa ao longo do tempo com controlo difuso aplicado aos semáforos. ................................................................................................. 56 Figura 51: Tempos de paragem totais dos carros no mapa ao longo do tempo sem controlo aplicado aos semáforos. ............................................................................................................ 57 Figura 52: Tempos de paragem totais dos carros no mapa ao longo do tempo com controlo difuso aplicado aos semáforos. ................................................................................................. 57 Figura 53: Capa do SIMUTRACS. .......................................................................................... 63

Figura 54: Menu OPTIONS. .................................................................................................... 64 Figura 55: Menu CREATE MAP. ............................................................................................ 64 Figura 56: Menu CONTROLS. ................................................................................................ 65 Figura 57: Janela de Simulação. ............................................................................................... 66 Figura 58: Menu INFO. ............................................................................................................ 66 Figura 59: Janela RESULTS. ................................................................................................... 67

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Tabela de coeficientes das proporções de volume de tráfego. ................................... 6 Tabela 2: Volumes de tráfego observados. ................................................................................ 7 Tabela 3: Lista de projectos avaliados no “The Smartest Project ”. ........................................ 20 Tabela 4: Variáveis de veículos em fila de espera. .................................................................. 40 Tabela 5: Variáveis dos veículos a chegar. .............................................................................. 40 Tabela 6: Tabela de Regras. ..................................................................................................... 41

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Lista de Equações

Equação 1: Volume horário de ponta numa direção. ................................................................. 6 Equação 2: Factor de Ponta Horário. ......................................................................................... 7 Equação 3: Densidade. ............................................................................................................... 8 Equação 4: Velocidade média no tempo. ................................................................................... 8 Equação 5: Velocidade média no espaço. .................................................................................. 9 Equação 6: Relação fundamental do Tráfego Rodoviário. ........................................................ 9

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Lista de Acrónimos

ABS – Antilock Braking System

FLC – Fuzzy Logic Controller

FPH – Fator de Ponta Horário

GPS – Global Positioning System

GSM – Global System for Mobile Communications

O/D – Origem/Destino

SAGT – Sistemas Avançados de Gestão de Tráfego

SACV – Sistemas Avançados de Controlo de Veículos

SAIV – Sistemas Avançados de Informação para Viajantes

SATP – Sistemas Avançados de Transportes Públicos

SIT – Sistemas Inteligentes de Transporte

SOVC – Sistemas de Operação de Veículos Comerciais

TMD – Tráfego Médio Diário

TMDA – Tráfego Médio Diário Anual

VHP – Volume Horário de Ponta

VHPd – Volume Horário de Ponta numa direção

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1 Introdução

1.1 Introdução

Este capítulo pretende enquadrar o tema da tese, ou seja, simuladores de tráfego

rodoviário, de modo a fornecer uma visão geral do que foi abordado. Este está estruturado da

seguinte forma: na secção 1.2 apresenta-se a motivação e os objectivos do projecto, na secção

1.3 é feita uma breve introdução ao tema da tese, na secção 1.4 referenciam-se as

contribuições científicas resultantes deste trabalho. Por fim na secção 1.5 faz-se uma

descrição da estrutura do relatório.

1.2 Motivação e Objectivos

A motivação deste trabalho resultou do interesse pessoal do aluno em explorar novas

potencialidades na área do controlo. Aplicar sistemas alternativos ao controlo de sistemas de

transporte recaiu essencialmente no impacto que os Sistemas Inteligentes de Transportes (SIT)

têm atualmente nas redes de tráfego rodoviário e consequentemente nos benefícios que eles

provocam direta e indiretamente na qualidade de vida das populações. Sendo uma aplicação

útil para aplicar as técnicas de controlo e otimização enunciadas.

Assim os objectivos principais deste trabalho são apresentados nos seguintes pontos:

Fazer um estudo prévio do estado da arte de simuladores de tráfego rodoviário,

bem como as suas principais características.

Desenvolver um simulador de tráfego rodoviário bastante versátil, para que

fosse possível simular várias topologias de rede de estradas.

Aplicar técnicas de controlo essencialmente nos semáforos dos cruzamentos,

devido a serem zonas críticas em qualquer rede de estradas.

Extrair resultados relevantes que permitissem comprovar os benefícios

resultantes da aplicação destas técnicas.

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1.3 Simulação de Tráfego

A simulação é hoje em dia uma ferramenta muito usada para analisar uma grande

variedade de problemas dinâmicos. O tráfego rodoviário é um exemplo de tais problemas. O

tráfego rodoviário constitui um problema de dinâmica associada a processos complexos. Estes

processos são caracterizados pela interacção dos elementos do sistema: os condutores, as

infra-estruturas e os operadores. O tráfego pode ser considerado como um problema de oferta

e procura cuja dificuldade se baseia em dois problemas opostos, ou seja, a oferta de espaço é

pequena e a procura é sempre crescente. A oferta responde a uma utilização colectiva: a rede

rodoviária é dimensionada para permitir um fluxo determinado. A procura é individual: cada

condutor deseja viajar nas suas condições. Portanto, os sistemas de tráfego possuem

características muito complexas e contêm grandes limitações para a modelação do sistema.

Existem muitos tipos diferentes de modelos de simulação de tráfego. De acordo com a sua

dimensão, um modelo de simulação pode ser macroscópica ou microscópica. Um modelo

macroscópico descreve correntes de tráfego que geralmente são representados pelo volume de

tráfego, densidade e velocidade. Um modelo microscópico considera todos os veículos como

elementos individuais da rede e as interacções entre eles são geralmente modeladas

matematicamente. Todos os modelos de tráfego descrevem o tráfego em formato estatístico.

Outro tipo de modelo é o chamado modelo mesoscópico que pode-se considerar um tipo

intermédio entre os dois anteriores.

1.4 Contribuições Científicas

O trabalho desenvolvido e apresentado nesta tese teve como finalidade atingir os

objectivos enunciados na secção 1.2. Este trabalho permite que seja possível de uma forma

simples e eficaz realizar análises do comportamento do tráfego rodoviário e dos sistemas de

controlo associados. Permite aplicar novas metodologias de análise e controlo de tráfego

rodoviário, como a aplicação de controlo por lógica difusa e tem um enorme potencial para

futuros desenvolvimentos, tanto a nível do desenho do simulador mas também a nível das

estratégias de controlo possíveis de implementar.

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1.5 Estrutura e Organização do Relatório

Este relatório encontra-se organizado em seis capítulos.

No capítulo 2, Sistemas de Transporte Rodoviário, é feita uma introdução à teoria de

tráfego rodoviário, é feita uma análise ao conceito de Sistemas Inteligentes de Transportes e

também é dada uma panorâmica geral do estado da arte associado à modelação e simulação de

tráfego rodoviário.

No capítulo 3, Controlo, são abordados os fundamentos das estratégias de controlo e

otimização utilizadas, exibem-se também os vários tipos de controlo desenvolvidos presentes

no simulador.

No capítulo 4, SIMUTRACS, é feita uma apresentação do simulador desenvolvido, bem

como as suas características e potencialidades.

No capítulo 5, Resultados, mostram-se todos os resultados obtidos da dinâmica do

tráfego e principalmente da sua resposta às estratégias de controlo implementadas.

No capítulo 6, Conclusões, são descritas as conclusões do aluno sobre este trabalho bem

como algumas reflexões ao trabalho desenvolvido, sendo ainda expostas algumas perspectivas

para desenvolvimentos futuros.

No anexo 1 estão dexcritos os procedimentos para a instalação e a utilização do

simulador.

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2 Sistemas de Transporte Rodoviário

2.1 Introdução

Neste capítulo apresentam-se alguns conceitos fundamentais presentes na teoria de

tráfego. É feita uma introdução aos SIT (Sistemas Inteligentes de Transporte), às suas

subcategorias principais e mais concretamente em que áreas de transporte são aplicadas. Por

fim mostra-se o estado da arte atual dos conceitos de modelação e simulação de tráfego

rodoviário.

2.2 Teoria de Tráfego

2.2.1 Correntes de Tráfego – Conceitos e Grandezas

Os fluxos rodoviários são constituídos pelos veículos interagindo entre si, bem como

outros elementos da via e do ambiente em redor.

As interacções entre os veículos envolvem restrições físicas e também características

comportamentais humanas bastante complexas.

Os parâmetros geralmente usados para caracterizar os fluxos rodoviários[1] são

classificados em duas categorias, parâmetros macroscópicos e parâmetros microscópicos. Os

parâmetros macroscópicos são usados para quantificar os fluxos de tráfego como um conjunto

de dados, por exemplo características médias. Os parâmetros microscópicos são usados para

caracterizar veículos e condutores individualmente.

Os principais parâmetros usados para caracterizar correntes de tráfego estão naturalmente

inseridos na categoria dos parâmetros macroscópicos. Podem-se definir como:

Volume de tráfego

Densidade

Velocidade

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Volume de Tráfego

O volume ou fluxo de tráfego define-se como o número de veículos que atravessam uma

secção de via durante um determinado intervalo de tempo, esta variável geralmente define-se

em número de veículos por unidade de tempo.

Com base neste conceito podem-se definir muitas outras variáveis importantes, tais

como:

- TMDA - Tráfego Médio Diário Anual [nº veic./dia]

- TMD – Tráfego Médio Diário [nº veic./dia]

- VHP – Volume Horário de Ponta [nº veic./hora]

- VHPd – Volume Horário de Ponta numa direção [nº veic./hora]

- v – Débitos [nº veic./hora]

Pode-se estimar o VHPd através da seguinte equação

DKTMDAVHPd

Equação 1: Volume horário de ponta numa direção.

Onde D é a proporção do volume de tráfego na direção principal durante o volume

horário de ponta e K é a proporção do volume de tráfego na ponta horária em relação ao

tráfego diário.

Os factores de proporção K e D estão geralmente incluídos nos intervalos descritos na

tabela seguinte.

Tabela 1: Tabela de coeficientes das proporções de volume de tráfego.

Tipo de Via K D

Rural 0,15 – 0,25 0,65 – 0,80

Suburbana 0,12 – 0,15 0,55 – 0,65

Urbana

Via Radial 0,07 – 0,12 0,55 – 0,60

Via Circular 0,07 – 0,12 0,50 – 0,55

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Para se compreender melhor, considere-se uma estrada rural onde se estima que daqui a

20 anos circulem cerca de 30000 veículos por dia. Como a estrada é rural, usa-se um factor K

de 0.2 que significa que o volume de tráfego no horário de ponta é 20% superior ao volume de

tráfego da média diária e usa-se um factor D de 0.7 que significa que 70% do volume do

tráfego do VHP circula na direção que nos interessa estimar. Então:

horaveícVHPd /.420070.020.030000

O débito v define-se como uma estimação do número de veículos numa hora baseando-se

em intervalos temporais inferiores. Por exemplo pode-se estimar que uma via tem um débito

de 4200 veic./hora porque num intervalo de 15 min. foram observados 1050 veículos. Para tal

usa-se a seguinte notação:

horaveicV /.420015

Ou seja, para intervalos temporais iguais, mas em instantes temporais diferentes obtêm-

se sempre valores diferentes de débito. Pode visualizar isto na tabela seguinte.

Tabela 2: Volumes de tráfego observados. Horário de observação Volume de tráfego

observado

Débito nesse Horário

(veíc./hora)

17:00 – 17:15 1000 4000

17:15 – 17:30 1100 4400

17:30 – 17:45 1200 4800

17:45 – 18:00 900 3600

Pode-se definir um outro factor, designado por FPH – Fator de Ponta Horário. Este

factor calcula-se através da seguinte expressão:

15VqFPH Equação 2: Factor de Ponta Horário.

onde q é o Volume de tráfego horário (veic./hora) e V15 é o volume máximo para

observações em 15 minutos, re-escalado para uma hora (veic./hora).

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Densidade

A densidade k define-se como o número de veículos presentes numa determinada

extensão de estrada. Calcula-se através da seguinte equação:

Lnk Equação 3: Densidade.

Onde n é o número de veículos presentes no troço de estrada e L é a extensão desse troço.

Velocidade

A velocidade define-se como a distância percorrida numa unidade de tempo.

Nos estudos de tráfego rodoviário a velocidade mais relevante é a velocidade média de

um veículo em particular, ou ainda mais importante, a velocidade média de um conjunto de

veículos.

Podem-se definir dois tipos de velocidades médias, a velocidade média no tempo e a

velocidade média no espaço.

A velocidade média no tempo define-se como a velocidade média de todos os veículos

que atravessam um ponto da via num determinado período. Pode-se calcular através da

seguinte equação:

n

iit v

nv

1

1 Equação 4: Velocidade média no tempo.

Onde n é o número de veículos e vi é a velocidade de cada um dos veículos.

A velocidade média no espaço define-se como a velocidade média de todos os veículos

que percorrem uma secção de via num determinado período. Pode-se calcular através da

seguinte equação:

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9

n

ii

s

t

nLv

1

Equação 5: Velocidade média no espaço.

Onde n é o número de veículos, L é a soma das distâncias percorridas de cada veículo e ti

é o tempo gasto por cada veículo a percorrer a sua distância.

A velocidade média no tempo é uma medida pontual enquanto que a velocidade média

no espaço é uma grandeza que se define para uma dada extensão da via.

A partir de todas estas definições chega-se à Relação Fundamental do Tráfego

Rodoviário, que se define pela seguinte equação:

kSq Equação 6: Relação fundamental do

Tráfego Rodoviário.

Ou seja, o volume de tráfego para um determinado intervalo de tempo é sempre igual à

média das velocidades (no espaço ou no tempo) dos veículos nesse intervalo de tempo vezes a

densidade média nesse intervalo de tempo.

2.2.2 Cruzamentos Semafóricos

Os cruzamentos sempre foram áreas críticas das redes viárias, devido à questão da

segurança rodoviária, devido à necessidade de rápido escoamento dos veículos e devido à

multiplicidade e complexidade das interacções entre os condutores, portanto necessitam de

uma gestão eficiente.

À medida que os volumes de tráfego crescem torna-se impossível gerir os cruzamentos

através de regras simples como por exemplo a da prioridade à direita. Uma hipótese de

contornar o problema era adoptar soluções de vias desniveladas que nunca se cruzassem num

mesmo nível, mas esta solução é irrealista devido à escassez de espaço, principalmente nas

cidades e principalmente devido aos avultados investimentos financeiros necessários.

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O recurso à sinalização luminosa nos cruzamentos passou a ser utilizado desde que se

começaram a verificar os primeiros congestionamentos nas grandes cidades do mundo. É um

método de gestão de tráfego cujo custo de instalação e manutenção é relativamente baixo e

apresenta níveis de eficácia elevados. Intervém na dimensão espacial e também na dimensão

temporal promovendo o avanço dos condutores em períodos de tempo distintos e portanto

racionaliza o uso do espaço do cruzamento. Consegue-se assim indirectamente uma redução

de possíveis situações de acidente.

A sinalização luminosa em cruzamentos surge pela primeira vez em Londres em 1868

funcionando manualmente e os semáforos funcionavam com recurso a sistemas de gás. Os

sistemas luminosos com lâmpadas a três cores só surgiram em Nova Iorque em 1918 e o

controlo automático só foi aplicado pela primeira vez em 1928 em Wolverhamptom no Reino

Unido. Já nesta altura foram testados semáforos com temporizações diferentes ao longo do

dia. A partir de 1930 começaram a ser testados semáforos que reagiam às variações de

tráfego.

Os mecanismos de controlo dos semáforos podem ser, manuais, eletromecânicos os

eletrónicos. Hoje em dia os mecanismos manuais já não se usam, os electromecânicos e

eletrónicos podem ser de dois tipos diferentes. O primeiro classifica-se como sendo de “tempo

fixo”, é o mais usado e pode ter vários planos diferentes, ou seja, os tempos dos ciclos das

luzes são projectados de acordo com os históricos dos fluxos de tráfego na localização onde

serão aplicados. O segundo tipo é o chamado “comandado pelo tráfego”, como o próprio

nome indica recebe indicações do tráfego para alterar os tempos dos ciclos das luzes.

Diagramas de Ciclo

A representação da semaforização num cruzamento faz-se através dos diagramas de

ciclo.

Um diagrama de ciclo pode representar os tempos reais (tempos de cada cor num

semáforo) ou os tempos efetivos (tempos representados somente por vermelho e verde). Na

Figura 1 seguinte mostra-se um exemplo de um cruzamento com duas fases para operação

dos semáforos, na Figura 2 mostra-se um possível diagrama de ciclo.

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Figura 1: Cruzamento com duas fases de operação dos semáforos.

Figura 2: Possível Diagrama de ciclo para o cruzamento representado na Figura 1.

Define-se teoricamente um diagrama de ciclo pelas seguintes definições:

Ciclo – Sequência total de indicações de um semáforo.

Tempo de ciclo - Tempo necessário para completar um ciclo, medido em segundos.

Fase – Parte do ciclo destinado a qualquer combinação de movimentos que recebem

permissão para avançar.

Intervalo – Período de tempo em que todos os sinais se mantêm constantes.

Tudo-vermelho – Intervalo em que a luz vermelha se encontra acesa para todas as fases.

Tempo de mudança – Soma dos tempos de amarelo e tudo-vermelho que ocorrem entre

fases e que existem para permitir a limpeza do cruzamento,

medido em segundos.

Tempo de verde – Tempo em que durante uma dada fase a luz verde está ligada, medido

em segundos.

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Tempo de verde efetivo – Tempo durante uma fase, que efetivamente é utilizado para permitir

os movimentos, geralmente é igual ao tempo de verde mais o

intervalo de mudança menos o tempo perdido para a fase i,

medido em segundos.

Rácio de verde – Relação entre o tempo de verde efetivo e o tempo de ciclo.

Tempo de vermelho efetivo – Tempo durante um ciclo em que um movimento (ou conjunto

de movimentos) não tem permissão para avançar. É medido

em segundos.

2.2.3 Coordenação de Cruzamentos

Inicialmente só foram aplicados sistemas de semáforos em cruzamentos isolados, mas à

medida que as cidades cresciam o número de veículos aumentava e o número de cruzamentos

também aumentava, então tornou-se necessário definir algum tipo de coordenação entre os

cruzamentos.

Hoje em dia podem-se definir três tipos de organização semafórica:

Cruzamento isolado (sem coordenação)

Coordenação por artérias (onda verde)

Coordenação por zonas

Estão represntados na Figura 3 estes três tipos de coordenação semafórica.

Figura 3: Possibilidades de coordenação semafórica.

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Cruzamento isolado

Este tipo de cruzamento não tem qualquer coordenação com outro cruzamento isolado

bem como com qualquer grupo de cruzamentos com coordenação. É a forma mais básica de

organização semafórica.

Coordenação por artérias (onda verde)

A coordenação por artérias implica a utilização de uma técnica designada por onda

verde. Esta técnica permite sincronizar os cruzamentos ao longo de um itinerário, assim

proporciona-se a possibilidade a grupos compactos de veículos de se deslocarem a uma

determinada velocidade. Na Figura 4 mostra-se um gráfico representativo do efeito de uma

onda verde ao longo de uma artéria.

Figura 4: Representação gráfica de uma onda verde.

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Coordenação por zonas

A coordenação por zonas envolve a ligação dos cruzamentos numa rede em que o

comando de cada um deles é centralizado. Um sistema baseado neste conceito e

presentemente em funcionamento em toda a Europa e no resto do mundo é o sistema

GERTRUDE (Gestion Electronique de Régulacion en Temps Réel pour l’Urbanisme, les

Déplacement et l’Environnement)[2].

Este sistema está presentemente em funcionamento em Lisboa e no Porto e o objectivo

principal deste sistema é gerir em tempo real e de uma forma centralizada sistemas de tráfego

urbano. É um sistema composto por pacotes de software em que o modo de operação e gestão

de dados é desenvolvido à medida para cada cidade. Gere cada semáforo em cada cruzamento

em função de dados recolhidos por milhares de sensores de volume de tráfego espalhados

pelas cidades. Permite alterar os ciclos semafóricos a partir da central de controlo quando for

necessário. Os objectivos principais deste sistema são; reduzir os engarrafamentos no centro

das cidades, dar prioridade a veículos de emergência, permitir um correcto funcionamento dos

transportes públicos e diminuir a poluição.

2.3 Sistemas Inteligentes de Transportes

Os sistemas de transporte têm hoje em dia muitos problemas, relacionados

principalmente com os congestionamentos de tráfego nas cidades, estes congestionamentos

devem-se ao aumento do número de veículos, aumento do número de edifícios nas cidades e

também ao crescimento e mudanças nas densidades populacionais das cidades. Destes

congestionamentos resultam imediatamente consequências para as pessoas, tais como, demora

em chegar ao seu destino, aumento das emissões poluentes e aumento do consumo de

combustível. Existem algumas formas de lidar com estes problemas, uma delas é tentar limitar

de várias formas o nível de tráfego dentro das cidades, outra é tentar através da tecnologia

otimizar os sistemas de gestão de tráfego nas cidades, concretamente os semáforos. O tema

desta tese pode-se incluir nos SIT, que usam sistemas avançados de comunicação, de

informação e eletrónicos, para atingir estes objetivos. Pode-se dizer que os objetivos básicos

dos SIT são criar estradas, veículos mais inteligentes e condutores mais informados.

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O desenvolvimento dos SIT não seria possível sem plataformas de simulação adequadas.

As vantagens dos modelos de simulação são muitas, tais como, teste de diferentes sistemas de

controlo de tráfego, possibilidade de alterar inúmeros parâmetros até se obter um resultado

satisfatório, testar novas abordagens, treino de pessoas e testes de vários aspectos de

segurança.

Os SIT envolvem a aplicação de tecnologias avançadas ligadas às áreas das tecnologias

de informação. Essas tecnologias envolvem áreas muito distintas mas com objectivos em

comum. Esses objectivos podem resumir-se à resolução de três grandes problemas dos

sistemas de transporte observados atualmente, que são, segurança, poluição atmosférica e

congestionamentos. Essa resolução nunca será total mas pode ser significativamente

diminuída.

Essas tecnologias podem envolver, automação de auto-estradas, sistemas automáticos de

cobrança de portagem, GPS, sistemas de informação ao condutor e dispositivos inteligentes

de controlo presentes tanto nos veículos como nas infra-estruturas.

Os SIT são uma designação muito genérica de um vasto conjunto de possibilidades de

aplicações tecnológicas diferentes, portanto definem-se na literatura subcategorias sobre este

assunto[3].

Sistemas Avançados de Gestão de Tráfego (SAGT)

Sistemas Avançados de Informação para Viajantes (SAIV)

Sistemas de Operação de Veículos Comerciais (SOVC)

Sistemas Avançados de Transportes Públicos (SATP)

Sistemas Avançados de Controlo de Veículos (SACV)

O principal objectivo dos SAGT é que os recursos da rede viária sejam aproveitados o

melhor possível, para tal estes sistemas necessitam de bastantes meios humanos e técnicos.

Um SAGT é geralmente composto por equipas de pessoas que recolhem informação da

rede viária e sistemas de suporte para os operadores dos sistemas de controlo de tráfego em

tempo real.

As equipas de recolha de informação e os sistemas de suporte enviam a informação para

os operadores do sistema e então é feito o controlo em tempo real dos elementos da rede

viária, que são por exemplo, semáforos, painéis informativos, etc.

Na Figura 5 mostra-se um esquema ilustrativo deste sistema.

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Figura 5: Esquema de um SAGT.

Os SAIV têm o objectivo de fornecer informações aos passageiros e podem ser

controlados a partir dos SAGT, ou seja, a informação presente nos centros de controlo de

tráfego pode ser difundida para os SAIV. Essa informação pode ser difundida para os

viajantes de várias formas como, sistemas rádio, internet, sistemas integrados nos veículos

que disponibilizem informações de mapas da localização do veículo, condições do tráfego na

zona em que o veículo se encontra e eventualmente sobre acidentes.

Os SOVC são sistemas geralmente aplicados em frotas de mercadorias, distribuição e

logística, transportes colectivos de passageiros, táxis, transportes de valores, etc.

Cada veículo está equipado com um dispositivo receptor de GPS e envia a sua

localização entre outras informações, para o centro de controlo, a comunicação pode ser feita

pela rede GSM ou por redes de satélite como a Inmarsat C. Na Figura 6 encontra-se ilustrada

um SOVC.

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Figura 6: Esquema de um SOVC.

Os SATP são sistemas aplicados em transportes públicos e podem usar as tecnologias

SAGT, SAIV e SOVC simultaneamente. Os SATP podem incluir sistemas de informação aos

passageiros, sistemas de localização de frotas, sistemas que controlem os semáforos que

permitam prioridades nas redes viárias para os transportes públicos e, por exemplo, sistemas

que permitam um fácil e rápido método de pagamento ou controlo de utilização, como por

exemplo cartões magnéticos.

Os SACV são sistemas que podem incluir sensores e unidades de processamento tanto

nos veículos como nas infra-estruturas das redes viárias com a intenção de alertar o condutor

sobre alguma situação anormal na via ou intervir directamente na condução do veículo,

conseguindo assim melhorar a segurança do condutor e dos passageiros. Um exemplo de um

sistema que intervém directamente no veículo é o conhecido ABS.

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2.4 Modelação e Simulação

Um dos primeiros trabalhos na área de simulação de tráfego rodoviário foi a tese de

doutoramento de D. L. Gerlough com o título “Simulation of freeway traffic on a general

purpose discrete variable computer” em 1955[4].

Um dos modelos mais antigos é o seguidor de veículos proposto pela primeira vez por

Chandler et al.. em 1958.

Em 1959 foi realizado o primeiro simpósio internacional sobre a teoria de tráfego nos

laboratórios de pesquisa da General Motors. Nos anos mais recentes os modelos de simulação

têm vindo a ser desenvolvidos para apoiar a análise em quase todas as áreas dos SIT,

nomeadamente nos sistemas avançados de informação para o viajante e sistemas avançados

de gestão de tráfego.

Os modelos de simulação de tráfego são geralmente classificados de acordo com o nível

de detalhe. A esse nível de detalhe associam-se três tipos de modelos, modelo microscópico,

modelo mesoscópico e modelo macroscópico. A simulação num modelo macroscópico

funciona por secções de áreas em vêz de seguir veículos individuais. Por outras palavras os

simuladores macroscópicos lidam com correntes de tráfego como um conjunto, não modelam

o movimento de cada veículo individualmente na rede, é geralmente usado quando se

pretende cobrir uma área muito grande, outra característica importante é a velocidade de

simulação que geralmente é muito maior que a velocidade de outros simuladores, visto não

funcionar em tempo real.

Os modelos de simulação microscópicos foram desenvolvidos para representarem

sistemas de transporte com grande precisão ao nível de cada veículo. Simulam o movimento

individual dos veículos através das teorias de seguimento de veículos (car following) e

mudança de via.

Os modelos de simulação mesoscópicos são a nova geração de ferramentas de simulação

e modelação de tráfego. Estas ferramentas evoluíram devido à necessidade de um nível

intermédio de análise, disponibilizam mais detalhe que os modelos macroscópicos mas

também não disponibilizam tanta fidelidade como os modelos microscópicos. Os modelos

mesoscópicos tendem a representar relativamente a corrente de veículos numa linha de rede,

mas não representam as vias individualmente. No entanto a grande maioria dos modelos

desenvolvidos são microscópicos. Há um grande número de modelos diferentes existentes

hoje em dia.

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2.4.1 Estado da Arte

A melhor fonte de informação relativamente aos modelos microscópicos existentes é o

“The Smartest (Simulation Modelling Applied to Road Transport European Scheme Tests)

Project”, que foi um programa financiado pela directoria geral dos transportes da União

Europeia e teve como parceiros várias universidades, institutos politécnicos e centros de

investigação de toda a Europa, esses parceiros foram, Universidade de Leeds no Reino Unido

(coordenadores do projecto), CERT e SODIT de França, UPC de Espanha, CTS e Transek da

Suécia e Mizar e Softeco de Itália. O projecto teve como principais objectivos, analisar

modelos de micro-simulação já existentes para que fossem identificadas falhas no que tinha

sido desenvolvido até à altura. Investigar de que modo é que esses modelos poderiam ser

melhorados para que essas falhas fossem eliminadas, melhorando assim o estado da arte. Por

fim pretendia-se juntar toda a informação adquirida e desenvolvida num manual de estado da

arte e difundir depois toda essa informação para que pudesse ser usada da melhor forma por

empresas, centros de investigação, instituições académicas, etc, com o objectivo de melhorar

as actuais condições de mobilidade rodoviária na Europa[5].

Este projeto melhorou alguns modelos que eram considerados na altura e ainda hoje os

melhores. Desses modelos podem-se destacar, o AIMSUN2, o NEMIS, o SPEACS, o

DRACULA e o SITR-B+.

Um dos modelos mais conhecidos mundialmente e na altura melhorado pelo consórcio “The

Smartest Project” é o AIMSUN2 (Advanced Interactive Microscopic Simulator for Urban and

Non Urban Networks) foi desenvolvido inicialmente pela Universidade Politécnica da

Catalunha e é uma ferramenta de software capaz de simular condições reais de tráfego em

áreas urbanas e não urbanas. É um simulador microscópico e disponibiliza modelação

detalhada da rede de tráfego, distinguindo entre diferentes tipos de veículos e condutores,

permite construir uma rede de estradas com um vasto leque de possibilidades, pode também

modelar incidentes e manobras.

Outro modelo desenvolvido foi o NEMIS, este modelo tem como objectivo principal

realizar testes em ruas. Tem uma grande capacidade para modelar redes urbanas com detalhe

microscópico, ou seja, lida individualmente com veículos, cruzamentos e estradas, tornando-o

importante para testar estratégias de controlo.

O NEMIS é um software que desde a sua criação tem sido usado principalmente por

investigadores que trabalham na área de estratégias de controlo de tráfego. Para além destes

dois modelos enunciados, o “The Smartest Project” desenvolveu ainda mais três modelos, o

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SPEACS mais virado para as simulações em auto-estradas, o DRACULA (Dynamic Route

Assignment Combining User Learning and Micro-simulation), introduziu novos conceitos

como, acidentes, avarias, mudanças climatéricas, etc. É conhecido como o supermodelo

porque inclui imensas características que fazem com que o modelo se aproxime bastante com

a realidade. Foi também desenvolvido o SITRA B+ que permite a simulação de topologias

complexas de cruzamentos e intersecções. Uma outra característica importante deste modelo é

a possibilidade de os veículos receberem indicações da melhor rota possível de acordo com as

condições da via.

No próximo subcapítulo dá-se uma visão mais alargada das capacidades destes

modelos.

Na Tabela 3 estão representados todos os modelos avaliados pelo projecto Smartest[6].

Tabela 3: Lista de projectos avaliados no “The Smartest Project ”.

AIMSUN2 Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona

ANATOLL ISIS and Centre d'Etudes Techniques de l'Equipement

AUTOBAHN Benz Consult – GmbH

CASIMIR Institut National de Recherche sur les Transports et la Sécurité

CORSIM Federal Highway Administration

DRACULA Institute for Transport Studies, University of Leeds

FLEXSYT II Ministry of Transport

FREEVU University of Waterloo, Department of Civil Engineering

FRESIM Federal Highway Administration

HUTSIM Helsinki University of Technology

INTEGRATION Queen's University, Transportation Research Group

MELROSE Mitsubishi Electric Corporation

MICROSIM Centre of parallel computing (ZPR), University of Cologne

MICSTRAN National Research Institute of Police Science

MITSIM Massachusetts Institute of Technology

MIXIC Netherlands Organisation for Applied Scientific Research - TNO

NEMIS Mizar Automazione, Turin

NETSIM Federal Highway Administration

PADSIM Nottingham Trent University – NTU

PARAMICS The Edinburgh Parallel Computing Centre and Quadstone Ltd

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PHAROS Institute for simulation and training

PLANSIM-T Centre of parallel computing (ZPR), University of Cologne

SHIVA Robotics Institute – CMU

SIGSIM University of Newcastle

SIMDAC ONERA - Centre d'Etudes et de Recherche de Toulouse

SIMNET Technical University Berlin

SISTM Transport Research Laboratory, Crowthorne

SITRA B+ ONERA - Centre d'Etudes et de Recherche de Toulouse

SITRAS University of New South Wales, School of Civil Engineering

TRANSIMS Los Alamos National Laboratory

THOREAU The MITRE Corporation

VISSIM PTV System Software and Consulting GMBH

2.4.2 Modelos Desenvolvidos pelo Consórcio “The Smartest Project”

AIMSUN2:

O AIMSUN2 é uma ferramenta de software capaz de reproduzir as condições reais de

tráfego numa rede. É baseado na abordagem de simulação microscópica. O comportamento de

cada veículo é modelado continuamente durante o período de amostragem de simulação, de

acordo com diversos modelos de comportamento do condutor (car following, lane changing,

gap acceptance). O AIMSUN2 é um simulador discreto – contínuo combinado: alguns

elementos do sistema de transporte (veículos, sensores) mudam continuamente de estado ao

longo do período de simulação, enquanto há outros elementos (semáforos, pontos de entrada),

cujo estado muda discretamente em pontos específicos durante o tempo da simulação. Ele

fornece uma modelação muito detalhada da rede de tráfego: distingue entre diferentes tipos de

veículos e motoristas, pode lidar com uma ampla variedade de geometrias de rede, mas

também pode modelar acidentes e manobras perigosas.

O AIMSUN2 precisa de três tipos de dados de entrada: a descrição da rede, os planos

de controlo dos sinais de tráfego e as condições de tráfego. A descrição da rede contém

informações sobre a geometria da rede, movimentos de mudança de direção, mapa de ligações

do mapa, de entroncamentos e de localização de sensores. Os planos de controlo de tráfego

definem as fases das luzes e a sua duração para cruzamentos controlados por semáforos e

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definem as prioridades para cruzamentos sem sinalização. As entradas essenciais para o

simulador são os fluxos de tráfego para as ligações de entrada, as proporções de viragem em

cruzamentos e o estado inicial da rede.

Recentemente o AIMSUN2 foi interligado com o sistema SCOOT UTC [7] do Reino

Unido. O AIMSUN2 passa detalhes dos fluxos de veículos da rede para o SCOOT e o

SCOOT usa esses dados dos fluxos de veículos para calcular as temporizações dos semáforos

que têm como objectivo minimizar a quantidade de tempo de espera dos veículos na rede.

Essas temporizações são passadas ao AIMSUN2 onde são implementadas.

As saídas disponibilizadas pelo AIMSUN2 incluem uma animação gráfica contínua

que representa a rede de tráfego, incluem também dados estatísticos (fluxos de tráfego,

velocidades, tempos de viagem, tempos de espera, paragens, consumo de combustível,

emissões poluentes) e dados recolhidos pelos detectores da simulação (contagens, ocupações,

velocidades, comprimentos de filas).

O AIMSUN2 é integrado no ambiente de simulação GETRAM (Generic Environment

for Traffic Analysis and Modelling), que consiste num editor gráfico de redes de tráfego,

contém bases de dados da rede, modelos estatísticos, modelos de simulação temporais e um

módulo para guardar e apresentar resultados.

Na Figura 7 encontra-se representado o simulador AIMSUN2.

Figura 7: Simulador AIMSUN2.

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NEMIS

O NEMIS foi projetado como uma solução específica para a análise de problemas

existentes em ruas urbanas, concretamente cidades. A sua capacidade para modelar redes

urbanas a um detalhe microscópico (veículos individuais, cruzamentos individuais ou secções

de estrada) torna-o uma boa ferramenta para testar estratégias e técnicas de controlo de

tráfego em níveis localizados ou de área.

O NEMIS é um pacote de software científico e desde a sua criação tem sido usado

principalmente para trabalhos de pesquisa e desenvolvimento e para testes de estratégias de

controlo. Foi desenvolvido para a micro simulação de tráfego urbano (privado e público) em

redes de larga escala. Tem a capacidade de modelar redes urbanas e os comportamentos de

cada veículo com um detalhe considerável e é bem estruturado para responder a uma grande

variedade de tipos de aplicações diferentes. A sua utilidade foi demonstrada para as seguintes

tarefas:

Análise dos defeitos da regulação e modificações da rede para a mobilidade de

tráfego.

Avaliação de diferentes estratégias de controlo de semáforos.

Testes de técnicas de encaminhamento de tráfego.

Simulação e avaliação de estratégias de encaminhamentos por rotas e sistemas de

informação ao condutor.

Avaliação dos efeitos das melhorias das estruturas de transportes públicos nos fluxos

de tráfego dentro das cidades.

Testes da eficiência de sistemas de gestão de estacionamento.

Desenvolvimento de estratégias com o objectivo de reduzir o consumo de

combustível e emissões poluentes.

Uma característica fundamental do NEMIS é a sua capacidade para modelar cada veículo

individualmente na rede urbana. Os veículos podem pertencer a duas categorias: privados e

públicos. Atualmente estão presentes seis classes de veículos privados e duas classes de

veículos públicos. Os veículos privados podem ter uma rota fixa, origem e destinos fixos ou

flutuantes, ou seja, veículos que são usados para estratégias de encaminhamento inteligente.

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As informações principais presentes para cada veículo são:

Tipo (rota fixa, O/D, flutuantes, autocarros, eléctricos)

Classe (público, privado)

Origem

Destino

Curva desejada na próxima intersecção

Faixa atual

Próxima faixa

Estado de acordo com a regulação do cruzamento

Posição na faixa atual

Velocidade

Veículo de trás

Veículo da frente

Tempo de entrada na rede

Tempo de entrada na área atual

Tempo de início desde a última paragem (só veículos públicos)

O movimento dentro da rede é determinado por:

A regra do seguimento do carro da frente

As manobras possíveis dentro de cada zona

A escolha de viragem no próximo cruzamento

Regulação atual dos semáforos

Estratégias de controlo implementadas

A simulação funciona com incrementos de um segundo. Os outputs de dados incluem

emissões poluentes e o consumo de combustível produzido pelos veículos.

Foi desenvolvido um programa para interligar o NEMIS ao sistema SCOOT UTC, permitindo

que eles interajam. O NEMIS consegue receber, em tempo real, strings de controlo para

semáforos e enviar as contagens de veículos localizados na rede simulada num formato

compatível com o sistema SCOOT.

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SPEACS

O SPEACS é um micro simulador de auto-estradas. Foi inicialmente desenvolvido

através do programa PROMETHEUS (Program for European Traffic with Efficiency and

Unprecedented Safety) e desde então tem sido expandido e melhorado, de tal forma que a

versão atual disponibiliza movimentações de veículos em estradas de três vias, consegue

simular o comportamento dos veículos quando têm informações relevantes na auto-estrada.

A cada conjunto condutor – veículo são caracterizados parâmetros como, velocidade

máxima, aceleração, velocidade desejada, atitude do condutor, etc.

O veículo move-se de acordo com uma lei empírica de seguimento do carro da frente

baseada num modelo proposto por Gipps[8], mas melhorado para disponibilizar mais

semelhanças com as características dos atuais fluxos de tráfego. São usadas regras de

comportamento e decisões para simular manobras de ultrapassagem, mudanças de faixa, etc.

Estas regras tomam em consideração as características dos pares condutor – veículo e dos

comportamentos dos veículos vizinhos.

É possível seguir a evolução das condições do tráfego através de uma interface gráfica

interactiva que disponibiliza informação imediata de um qualquer veículo ou troço da auto-

estrada. A informação é disponibilizada em forma de tabelas, histogramas ou representação

visual de troços. A interface também permite a introdução de acidentes no decorrer da

simulação.

O SPEACS foi usado para desenvolver estratégias de controlo de velocidade para o

sistema EASY DRIVER na auto-estrada Padova-Mestre em Itália [9], foi também usado nos

projetos PROMETHEUS e DRIVE(Dedicated Infraestructure for Vehicle Safety in Europe).

DRACULA

O DRACULA (Dynamic Route Assignement Combining User Learning and Micro-

Simulation) é um simulador microscópico de redes de tráfego, desenvolvido no Institute for

Transportation Studies (ITS) na Universidade de Leeds ao longo de um período de cinco anos.

É parte do conjunto de programas SATURN desenvolvidos no ITS . O desenvolvimento, teste

e validação do modelo foi financiado pela “UK Engeneering and Physical Sciences Research

Council”, no entanto inicialmente o modelo foi financiado pelo programa “EC’s DRIVE II

Telematic”. Algumas aplicações deste modelo incluem o estudo do congestionamento

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baseado nas taxas de circulação, controlo de sinais de trânsito em tempo real,

encaminhamento dinâmico, desenho de circuitos de transportes públicos, medidas de

evacuação de emergência (por exemplo, explosões ou cheias).

O DRACULA é considerado como um supermodelo porque inclui um vasto conjunto

de possibilidades e níveis de detalhe que podem ser seleccionados pelo utilizador dependendo

dos objectivos do estudo. Por exemplo as escolhas do condutor podem ser modeladas ao nível

de um veículo individual ou a um nível agregado.

O DRACULA difere dos modelos tradicionais porque modela explicitamente a

evolução dinâmica diária do comportamento do condutor e condições de tráfego com um

processo estocástico de tempo discreto.

No seu nível mais detalhado o DRACULA tem a seguinte estrutura:

1-Inicializações - Para cada potencial viajante na rede assume custos de viagem para cada

entrada da rede. Atualiza o contador de dias a k=0.

2 – Configuração O/D – Incrementa o contador de dias k=k+1. Gera o conjunto de viajantes

que vão de facto fazer a viagem no dia k.

3 – Escolha do percurso – Cada indivíduo que viaja no dia k escolhe um horário de saída e

escolhe a rota baseado nos custos da viagem.

4 – Variações – Simula as variações das características do modelo, para simular chuva, neve,

acidentes, veículos estacionados, avarias, etc.

5 – Modelo de Tráfego – Carrega as escolhas da viagem do passo 3 na rede com o modelo de

simulação em incrementos de um segundo, registando sempre o trajecto de viagem de cada

veículo. Ao longo desta fase podem ocorrer alterações das rotas inicialmente previstas.

6 – Aprendizagem – Através de um mecanismo de aprendizagem, cada indivíduo toma

consciência da estrada e no dia seguinte terá um comportamento diferente.

Esta técnica de aprendizagem estocástica vai executar as variações comportamentais

dos condutores ao longo do tempo.

De um ponto de vista prático a representação dos comportamentos dos condutores e

dos fluxos de tráfego no dia a dia é a chave para a enorme flexibilidade e variedade de

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hipóteses que podem incorporar, tornando o DRACULA altamente adequado para futuros

desenvolvimentos.

É possível simular eventos especiais como, acidentes, avarias, condições atmosféricas

adversas e consequentemente disponibilizar estas informações aos condutores, por exemplo,

via rádio, ou outros dispositivos eletrónicos presentes nos veículos. O DRACULA modela

ainda os comportamentos dos condutores de acordo com a situação de cada um deles no

mapa, tendo em consideração as suas experiências (guardadas nos ficheiros de histórico).

Figura 8: Simulador DRACULA.

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SITRA B+ O SITRA B+ foi desenvolvido pelo CERT, tem a capacidade de modelar áreas

urbanas de tamanho médio, incluindo topologias de cruzamentos complexas e é

particularmente adequado para a avaliação de estratégias em tempo real incluindo prioridades

para transportes públicos e estratégias de orientação de rotas.

O SITRA B+ é uma ferramenta de simulação para avaliação de controlo de tráfego e

estratégias de orientação de rotas (os veículos estão equipados com dispositivos de

comunicação e podem receber informações do melhor trajecto a efectuar).

A simulação é microscópica, ou seja, cada veículo é uma entidade individual. A lei

entre os veículos é a combinação linear da velocidade relativa e a distância entre o próprio

veículo e o que o precede.

A versão mais recente do SITRA B+ foi programada em C++.

O SITRA B+ permite a modelação de cruzamentos complexos, qualquer tipo de

veículo, estacionamentos, sensores, etc.

A gestão dos semáforos e as estratégias de orientação das rotas são independentes do

simulador. Existe um protocolo de sincronização que gere a comunicação dos dados medidos

pelos sensores do SITRA B+ com as estratégias externas de controlo.

A interface gráfica e a organização dos dados em ficheiros são sob o ponto de vista do

utilizador duas vantagens da ferramenta porque facilitam o trabalho. São disponibilizados

resultados estatísticos ao longo e no fim de cada simulação permitindo assim a correcta

avaliação das estratégias desenvolvidas.

Figura 9: Simulador SITRA B+.

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3 Controlo

3.1 Introdução

Neste capítulo apresentam-se teoricamente os conceitos fundamentais das estratégias de

controlo implementadas no simulador SIMUTRACS e também é explicado em detalhe o

controlo que foi desenvolvido baseado nos conceitos que são aqui enunciados[10].

3.2 Lógica Difusa

A lógica difusa e a teoria dos conjuntos difusos constituem um meio eficiente para lidar

com a incerteza e imprecisão associadas ao conhecimento humano, permitindo captar e

representar esse conhecimento de uma forma linguística, bem mais próxima das linguagens

naturais. Apesar de relativamente recente, a lógica difusa tem vindo a afirmar-se em várias

áreas do conhecimento, podendo-se encontrar atualmente um elevado número de aplicações

com base nesta tecnologia.

O controlo difuso, ao permitir a utilização de conhecimento fornecido por um perito ou

um operador experiente permite incorporar alguma inteligência na malha de controlo. Um

aspecto relevante na metodologia difusa é que para controlar um processo não é necessário

um modelo matemático do processo, como nas metodologias clássicas de controlo, desde que

exista informação suficiente acerca do processo que possa ser expressa duma forma

linguística. Apesar do sucesso e dos avanços significativos ocorridos nos últimos anos na área do

controlo difuso, existem ainda algumas limitações que não permitem uma maior exploração

por parte da indústria de todo o potencial do controlo difuso. Alguns problemas subsistem,

como por exemplo o da escolha apropriada dos parâmetros de um controlador difuso, ou o da

previsão da influência dos parâmetros do controlador sobre o desempenho do sistema de

controlo. São pois necessárias metodologias de análise e projecto mais sistematizadas de

forma a eliminar alguma da subjectividade e empirismo ainda presentes.

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3.2.1 Fundamentos da Lógica Difusa e dos Conjuntos Difusos

A lógica difusa foi proposta em 1965 por Lotfi A. Zadeh[11] num artigo intitulado

"Fuzzy Sets"[12]. A lógica difusa é basicamente uma lógica multivalor que permite definir

valores intermédios quando se avalia uma afirmação. Foi criada com o intuito de permitir

captar e representar o conhecimento humano, nomeadamente a incerteza inerente ao próprio

conhecimento e gerar decisões baseadas nesse conhecimento, segundo uma forma linguística

ou verbal.

A lógica difusa permite representar duma forma mais natural a realidade. Uma afirmação

ou propriedade pode ser verdadeira para vários graus de verdade, desde completamente

verdadeira até completamente falsa, ao contrário da lógica tradicional em que uma afirmação

ou é completamente verdadeira ou completamente falsa.

Seja X o universo de todas as pessoas de uma comunidade. Considere-se a seguinte

propriedade:

A ={Conjunto das pessoas altas da comunidade X}

O grau de pertença de um elemento de X ao conjunto A será 1 se o elemento pertence

completamente a A, 0 se não pertence a A e entre 0 e 1 se o elemento pertencer aos limites de

A. Quanto mais um elemento é característico de A, mais próximo de 1 está o seu grau de

pertença. Daqui resultam três aspectos fundamentais a ter em conta: não existem graus de

pertença exactos; os graus de pertença não são definidos de uma forma absoluta, na maioria

dos casos dependem do contexto; a incerteza difere da imprecisão.

A incerteza duma propriedade assenta na ausência de limites bem definidos para o

conjunto de objectos aos quais esta propriedade se aplica. A imprecisão diz respeito à

ausência de conhecimento acerca de um valor ou parâmetro num dado intervalo.

Na teoria dos conjuntos difusos, os conjuntos normais designam-se por conjuntos

"crespos" de forma a distingui-los dos conjuntos difusos. Para um conjunto "crespo" C no

universo X, qualquer elemento x ou pertence a C ou não pertence a C. É possível definir a

seguinte função característica

C : X ->{0;1} , isto é,

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CxseCxse

xuc 01

)(

De seguida mostra-se o exemplo de um conjunto crespo e um conjunto difuso:

Figura 10: Conjunto crespo.

Figura 11: Conjunto difuso.

Uma função de pertença pode ser definida através da enumeração dos elementos do

universo X conjuntamente com os respectivos graus de pertença. Outra forma consiste na

utilização de uma função geral que para cada elemento x do universo X fornece o seu grau de

pertença μ(x). As funções de pertença mais comuns são triangulares, trapezoidais e radiais. A

função de pertença triangular, Λ : X →[0;1] é uma função com três parâmetros definida por:

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x

xx

xxx

x

0

0

),,,;(

Figura 12: Função de pertença triangular.

A função de pertença trapezoidal, Π: X →[0;1] é uma função com quatro parâmetros

definida através de

x

xxx

xxx

x

0

1

0

),,,;(

Figura 13: Função de pertença trapezoidal.

A função de pertença trapezoidal pode ser utilizada para descrever as funções de pertença

triangulares, que são casos particulares da primeira.

A função de pertença radial, Ω: X →[0;1] é uma função com dois parâmetros definida

por:

2

2

2)(exp),;(

xx

Figura 14: Função de pertença radial.

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3.2.2 Propriedades dos Conjuntos Difusos

Seja A um conjunto difuso definido no universo X. O suporte de um conjunto difuso A é

definido por:

0)(:)(suporte xuXxA A

Quando se lida com conjuntos difusos convexos, como é no caso da teoria do

controlo difuso, o suporte de um conjunto difuso é um intervalo. Por esse motivo o termo

largura de um conjunto difuso é também usado. A largura de um conjunto difuso convexo A é

definida por:

largura(A) = sup(suporte(A))− inf(suporte(A))

Se o conjunto suporte(A) é limitado, como é usual no controlo difuso, supremo (sup) e

ínfimo (inf) podem ser substituídos por máximo (max) e mínimo (min).

O núcleo de um conjunto difuso A é definido por:

1)(:)( xuXxAnucleo A

Se apenas existir um ponto com grau de pertença igual a 1, então este ponto designa-se

por fuzzy singleton (singular difuso).

A altura de um conjunto difuso A em X, denotada por altura(A), é definida através de:

)(sup)( xuAaltura AXx

Um conjunto difuso A diz-se normalizado se altura (A)= 1.

Na Figura 15 está represntado o núcleo, o suporte e a altura de uma função trapezoidal.

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Figura 15: Núcleo, suporte e altura de uma função pertença trapezoidal.

3.2.3 Raciocínio Aproximado

Raciocínio aproximado é a forma mais bem conhecida de lógica difusa que inclui um

conjunto de regras de inferência que estão em claro contraste relativamente à inferência na

lógica clássica. No raciocínio aproximado a consequência de um dado conjunto de

proposições difusas depende de forma essencial do significado ligado a estas proposições

difusas, de modo que, a inferência é determinada com conjuntos difusos que representam o

significado de um certo conjunto de proposições difusas.

3.2.4 Variáveis Linguísticas

A unidade fundamental para a representação de conhecimento no raciocínio aproximado

é a variável linguística. Zadeh afirma o seguinte acerca da sua definição:

"By a linguistic variable we mean a variable whose values are words or sentences in a

natural or artificial language. For example, Age is a linguistic variable if its values are

linguistic rather than numerical, i.e., young, not young, very young, quite young, old, not very

old and not very young, etc., rather than 20, 21, 22, 23, ..."

Uma variável linguística é pois uma variável cujos valores não são números mas sim

palavras ou expressões numa linguagem natural ou artificial.

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3.2.5 Proposições Difusas

O raciocínio aproximado é utilizado para representar e raciocinar com conhecimento

expresso em primitivas atómicas, as quais são expressas em forma de uma linguagem natural,

por exemplo:

"Erro tem o valor Negativo Grande"

A tradução simbólica desta expressão (em linguagem natural) em termos de variáveis

linguísticas é feita da seguinte maneira:

I. o símbolo E é escolhido para indicar a variável linguística erro;

II. o símbolo NG é escolhido para indicar o valor particular do erro, negativo grande;

III. a expressão em linguagem natural é reescrita da seguinte maneira:

"Erro tem a propriedade de ser negativo grande"

IV. a representação simbólica da expressão anterior é dada por:

E é NG

3.2.6 Expressões Difusas Se - Então

Uma regra condicional difusa ou uma regra Se-então é expressa simbolicamente por:

Se (proposição difusa) então (proposição difusa).

em que (proposição difusa) é uma proposição difusa atómica ou composta. Num

controlador difuso, uma regra Se-então descreve a relação causal entre o estado do processo e

as variáveis da saída do controlo, ou seja, se (condição) então (acção).

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3.2.7 Controlador Difuso

A estrutura de um controlador difuso é apresentada na figura seguinte:

Figura 16: Estrutura de um controlador Difuso.

Um controlador lógico difuso (FLC) é constituído por quatro elementos principais que

são o módulo de fuzificação ou fuzificador, a base de conhecimento, o mecanismo de

inferência e o módulo de desfuzificação ou desfuzificador.

A seguir é feita uma breve descrição de cada um dos elementos da estrutura do

controlador lógico difuso.

Módulo de fuzificação:

O módulo de fuzificação permite converter um valor crespo num conjunto difuso, de

modo a torná-lo compatível com a representação interna do controlador. Se o domínio de

discurso não é normalizado este módulo deverá fazer também uma transformação de escala

num universo de discurso normalizado.

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Base de conhecimento:

A base de conhecimento de um controlador difuso consiste numa base de dados e numa

base de regras. A base de dados tem por função fornecer a informação necessária para o

funcionamento adequado do módulo de fuzificação, base de regras e módulo de

desfuzificação. Esta informação inclui as funções de pertença que representam o significado

dos valores linguísticos das variáveis do controlador, bem como os domínios físicos e

normalizados juntamente com os factores de escala.

A função básica da base de regras é representar, de modo estruturado, a estratégia de

controlo de um operador de processos experiente e/ou de um engenheiro de controlo através

de um conjunto de regras.

Mecanismo de inferência:

A função básica do mecanismo de inferência é calcular o valor global da saída do

controlador com base nas contribuições individuais de cada regra. Cada contribuição

individual representa os valores da saída do controlador como se fosse calculada para uma

única regra. A saída do módulo de fuzificação, representando os valores crespos correntes das

variáveis de estado do processo, são comparados com o antecedente de cada regra de forma a

determinar a intensidade com que a regra dispara. Com base nesta informação o conjunto

difuso representando o valor difuso da variável de saída do controlador é determinado. O

conjunto de todos os valores resultantes das regras que dispararam representa o valor difuso

global da saída do controlador.

Módulo de desfuzificação:

As funções do módulo de desfuzificação consistem em realizar a operação de

desfuzificação, isto é, converter a saída difusa do controlador num único valor crespo e levar a

cabo a "desnormalização" da saída que mapeia o valor crespo da saída do controlador no seu

domínio físico. Se não se utilizarem domínios normalizados esta operação não é necessária.

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3.2.8 Análise e Projecto de Controladores Difusos

Um controlador pode ser utilizado em tarefas específicas distintas tais como

monitorização, controlo, diagnóstico ou planeamento. Neste trabalho está-se particularmente

interessado na tarefa específica de controlo, podendo neste caso o controlador difuso assumir

diferentes formas numa malha de controlo. Frequentemente é utilizado para substituir

controladores convencionais. Isso fica a dever-se ao facto de geralmente não existir um

modelo analítico do processo, ou o modelo ser inadequado, não obstante os operadores de

processos conseguirem controlar manualmente o processo com um desempenho satisfatório.

O controlador difuso permite incorporar a estratégia de controlo utilizada por um operador

humano através de uma base de regras que determina a acção de controlo a fornecer ao

processo, utilizando como informação do processo, por exemplo, o erro e a variação do erro.

O controlador difuso pode ser também utilizado nas malhas de controlo juntamente com

o controlador convencional, Figura 18, ou ainda para corrigir a ação de controlo produzida

pelo controlador convencional, Figura 19. No primeiro caso as acções de controlo são

adicionadas, sendo a saída do controlador difuso nula em condições normais de operação,

ficando apenas o controlador convencional a controlar o processo. Só no caso do controlador

difuso detectar condições anormais de operação, como uma perturbação forte, é que intervém.

No segundo caso o controlador difuso utiliza a informação proveniente do controlador

convencional cabendo-lhe, no entanto, a decisão final acerca do valor a fornecer ao processo.

Saída Refª Processo Controlador Difuso

Figura 17: Controlador difuso como único controlador na malha de controlo.

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Figura 19: Controlador difuso corrigindo o controlador convencional.

É também frequente a utilização do controlador difuso para atuar como supervisor, neste

caso, complementando e não substituindo o controlador convencional, como se pode ver na

Figura 20. O controlador convencional implementa a lei de controlo cabendo ao controlador

difuso decidir quando e como a lei de controlo deve ser modificada. O papel supervisor do

controlador difuso tem por objectivo alargar a gama de operação do controlador convencional

através da utilização de uma representação explícita do conhecimento geral da estratégia de

controlo, auto-sintonização e heurísticas de adaptação. Neste caso o controlador baseado em

conhecimento incorpora o conhecimento e perícia do engenheiro de controlo em vez do

conhecimento associado ao operador de processos. O objectivo da utilização de um

controlador difuso como controlador supervisor é permitir codificar a representação de

conhecimento e capacidades de raciocínio que permitem a tomada de decisões inteligentes e

recomendações de forma automática, em vez de pré programar antecipada e explicitamente

cada situação problemática que possa ocorrer.

Saída Refª Processo

Controlador convencional

Controlador Difuso

Saída Refª Processo

Controlador convencional

Controlador Difuso

Figura 18: Controlador difuso e controlador convencional.

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3.2.9 Controlador Difuso Desenvolvido para o SIMUTRACS

O controlador difuso desenvolvido para o SIMUTRACS funciona com base em duas variáveis,

número de veículos em fila de espera e número de veículos a chegar, como cada variável tem 5

estados possíveis implica que se gere uma tabela de 25 regras, tal como se pode observar na tabela 6.

Tabela 4: Variáveis de veículos em fila de espera.

Variáveis de veículos em fila de espera Nº de veículos em fila de espera

MP 0-2 P 3-6 M 7-10 G 11-14

MG >15

Tabela 5: Variáveis dos veículos a chegar.

Variáveis dos veículos a chegar Nº de veículos em fila de espera

MP 0-2 P 3-5 M 6-8 G 9-11

MG >12

Saída Refª Processo Controlador convencional

Controlador Difuso

Figura 20: Controlador difuso como supervisor.

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Tabela 6: Tabela de Regras.

Fila de espera

Fila

a c

hega

r MP P M G MG MP -1 -1 -1 0 1 P -1 0 0 1 2 M -1 0 1 2 3 G 0 1 2 3 3

MG 1 2 2 3 3

NOTA: Os valores de -1 a 3 representados na Tabela 6 representam o tempo em

segundos adicionado ou retirado ao tempo a verde dos semáforos que controlam uma

determinada direção num cruzamento.

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4 SIMUTRACS

4.1 Introdução

Neste capítulo apresenta-se o simulador desenvolvido, concretamente apresentam-se

as suas características, potencialidades e modo de funcionamento.

4.2 SIMUTRACS

O SIMUTRACS é uma ferramenta de software baseada em modelos microscópicos que

tem como principal função ser usada no desenvolvimento de estratégias de controlo para

ambientes urbanos. É um software que permite construir um vasto conjunto de geometrias de

estradas.

Sendo o desenvolvimento de novas estratégias de controlo, o seu principal objetivo, foi

desenvolvido um controlador baseado em lógica difusa que possibilita otimizar o desempenho

de todos os semáforos presentes no mapa criado pelo utilizador.

O SIMUTRACS modela cada veículo como uma entidade individual da rede. Neste

modelo cada veículo tem um estado possível para cada período de amostragem.

A circulação dos veículos pelo mapa funciona segundo o regime car-following, que

consiste na opção de cada condutor seguir sempre o carro da frente se estiver a uma

determinada distância mínima. Quando os veículos não têm qualquer carro à sua frente

circulam segundo o regime free-flow que consiste em o veículo acelerar até sua velocidade

máxima estipulada ou velocidade de cruzeiro.

Cada carro entra no mapa de acordo com uma lógica aleatória, bem como a direção que

tomam em cruzamentos ou interseções.

Cada veículo só tem um de quatro estados possíveis de operação em cada iteração, 1:

parado, 2:acelerar; 3:travar e 4:velocidade cruzeiro, como se pode ver na Figura 21.

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Travar

Acelerar

Parado

Velocidade

Cruzeiro

Figura 21: Estados possíveis para cada veículo ao longo da simulação.

Como é possível verificar, algumas transições não são possíveis, tais como Travar->Vel.

Cruzeiro, Vel. Cruzeiro ->Parado, Parado ->Travar e Vel. Cruzeiro-> Acelerar.

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Portanto, existem várias situações possíveis em que um veículo é chamado a acelerar:

Se estiver parado na estrada com um carro à frente, acelera se a distância mínima

para o carro da frente se verificar.

Se estiver parado num cruzamento, acelera se o sinal correspondente ao seu

sentido estiver a verde e se a distância mínima para o carro da frente se verificar.

Se estiver a sair de uma curva ou entroncamento.

Se estiver a deslocar-se e não tiver nenhum carro à frente acelera até à sua

velocidade máxima estipulada, ou seja, free-flow.

Se estiver a deslocar-se e tiver um carro à frente acelera até à velocidade do carro

da frente.

Em relação à acção de travagem existem também várias situações diferentes:

Se estiver a deslocar-se e a distância para o veículo da frente for menor que a

distância mínima estipulada.

Se estiver a aproximar-se de um cruzamento e o sinal correspondente ao sentido

estiver vermelho.

Se estiver numa curva ou num entroncamento.

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4.3 Construção de Mapas no SIMUTRACS

O SIMUTRACS permite que o utilizador construa os seus próprios mapas, esses

mapas são construídos por secções. O SIMUTRACS permite construir mapas até 140 secções.

Estas secções são preenchidas com troços de estrada como se podem ver nas Figuras 22 a 33.

Troços de Estrada:

Figura 29: Curva 4.

NOTA: Os T nas Figuras 30 a 33 significam entroncamentos.

Figura 22: Cruzamento.

Figura 23: Nada.

Figura 25: Recta Vertical.

Figura 24: Recta Horizontal.

Figura 26: Curva 1.

Figura 28: Curva 2.

Figura 27: Curva 3.

Figura 31: T 1 Figura 30: T 2. Figura 33: T 3. Figura 32: T 4.

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É no menu CREATE MAP que o utilizador vai construir o mapa, na Figura 34 pode

visualizar-se este menu.

Figura 34: Menu CREATE MAP.

NOTA: Os procedimentos de instalação e utilização do SIMUTRACS estão decritos no Anexo 1.

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5 Resultados

5.1 Introdução

Neste capítulo apresentam-se alguns resultados relevantes obtidos. Principalmente

apresentam-se os resultados que comprovam que o controlo difuso aplicado aos semáforos

diminui os tempos de circulação dos carros e diminui os tempos em que os carros estão

parados nas filas.

5.2 Resultados obtidos sem controlo por lógica difusa

Os gráficos seguintes foram obtidos utilizando 3 mapas diferentes. Os mapas usados

são muito simples, com apenas 1, 2 e 4 cruzamentos, eles estão representados nas Figuras 35,

36 e 37 respectivamente.

Figura 36: Mapa com 2 cruzamentos.

Figura 37: Mapa com 4 cruzamentos.

Figura 35: Mapa com 1 cruzamento.

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Outra característica comum a todas as simulações é a variação do tempo de entrada entre

cada carro no mapa. Esta variação está representada na Figura 38.

Figura 38: Variação temporal do tempo entre entrada de carros no mapa.

Nas Figuras 39, 40 e 41 estão representadas as velocidades de circulação médias dos

carros no mapa e também o número de carros no mapa ao longo da simulação, utilizando 1, 2

e 4 cruzamentos respectivamente.

Figura 39: Velocidade de circulação média dos carros e número de carros para o mapa com 1

cruzamento.

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Figura 40: Velocidade de circulação média dos carros e número de carros para o mapa com 2

cruzamentos.

Figura 41: Velocidade de circulação média dos carros e número de carros para o mapa com 4

cruzamentos.

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Na Figura 42 está representada a comparação da variação do número de carros durante a

simulação utilizando os mapas de 1, 2 e 4 cruzamentos.

Figura 42: Número de carros ao longo tempo variando o mapa.

Na Figura 43 está representada a variação da velocidade de circulação média dos carros

durante a simulação utilizando os mapas de 1, 2 e 4 cruzamentos.

Figura 43: Número de carros ao longo tempo variando o mapa.

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5.3 Resultados obtidos usando controlo por lógica difusa

Os resultados seguintes foram obtidos apenas para um cruzamento, com um tempo de

simulação de 30 minutos e com uma taxa de carros a entrar variável.

Essa taxa varia entre 1 segundo entre a entrada de cada carro, passa para 4 segundos e volta

depois a diminuir para 1 segundo entre cada carro.

Nas simulações consideraram-se dois fluxos de trânsito distintos, direção Norte - Sul e

direção Este – Oeste, de uma forma em que um carro tem uma probabilidade de 80% de entrar

nas entradas Este e Oeste e 20% para entrar nas entradas Norte e Sul.

A seguir apresenta-se uma imagem do mapa criado para estas simulações.

Figura 44: Mapa usado para as simulações seguintes.

As curvas a vermelho nas figuras seguintes representam a variação da taxa de entrada de

carros no mapa, foi usada sempre a mesma curva em que os limites são [1seg-4seg-1seg].

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0 5 10 15 20 25 300

5

10

15

20

25

30

35

Time[min]

Te

mp

o a

Ve

rde

Tempo a Verde

Taxa de entrada de carros

Figura 45: Tempo a verde para a direção Oeste – Este sem controlo aplicado aos semáforos.

0 5 10 15 20 25 300

5

10

15

20

25

30

35

Time[min]

Te

mp

o a

Ve

rde

Tempo a Verde

Taxa de entrada de carros

Figura 46: Tempo a verde para a direção Oeste – Este com controlo difuso aplicado aos

semáforos.

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0 5 10 15 20 25 300

10

20

30

40

50

60

70

Time[min]

carr

os

Nº carros

taxa de entrada de carros

Figura 47: Nº de carros no mapa ao longo do tempo sem controlo aplicado aos semáforos.

0 5 10 15 20 25 300

10

20

30

40

50

60

70

Time[min]

ca

rro

s

Nº carros

taxa de entrada de carros

Figura 48: Nº de carros no mapa ao longo do tempo com controlo difuso aplicado aos

semáforos. Através da observação das Figuras 47 e 48 comprova-se que o controlo difuso influenciou o tráfego e assim permitiu que os carros abandonassem o mapa mais rapidamente porque aumentou o tempo a verde das vias mais congestionadas.

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0 5 10 15 20 25 300

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Time[min]

Te

mp

os d

e c

ircu

laçã

o

Tempos de circulação

0 5 10 15 20 25 300

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Time[min]

Te

mp

os d

e c

ircu

laçã

o

Tempos de circulação

Figura 49: Tempos de circulação totais dos carros no mapa ao longo do tempo sem

controlo aplicado aos semáforos.

Figura 50: Tempos de circulação totais dos carros no mapa ao longo do tempo com controlo difuso aplicado aos semáforos.

Através da observação das Figuras 49 e 50 comprova-se que o controlo difuso ao fazer aumentar o tempo a verde nos semáforos das vias mais congestionadas fez diminuir o tempo que os carros demoram a concluir o seu trajecto no mapa.

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0 5 10 15 20 25 300

500

1000

1500

2000

2500

3000

Time[min]

Te

mp

os d

e p

ara

ge

m

Tempos de paragem

Figura 51: Tempos de paragem totais dos carros no mapa ao longo do tempo sem controlo

aplicado aos semáforos.

0 5 10 15 20 25 300

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Time[min]

Te

mp

os d

e p

ara

ge

m

Tempos de paragem

Figura 52: Tempos de paragem totais dos carros no mapa ao longo do tempo com controlo

difuso aplicado aos semáforos. Observando as Figuras 51 e 52 comprova-se que o controlador difuso aplicado aos semáforos nas vias mais congestionadas fez diminuir o tempo de espera dos carros no mapa, ou seja, permitiu que os condutores fizessem o trajecto mais rapidamente.

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6 Conclusões

Durante a pesquisa que efetuada durante o desenvolvimento do SIMUTRACS

constatou-se que hoje em dia há muitos simuladores de tráfego rodoviário, cada um com suas

características e objectivos de aplicação diferentes.

Conclui-se que o desenvolvimento de um simulador é bastante difícil e trabalhoso

porque necessita de muito tempo de pesquisa por informação específica, concretamente da

dinâmica dos fluxos de tráfego e também porque necessita de um bom planeamento do

software a desenvolver.

Conclui-se também que o controlo por lógica difusa é muito eficiente em sistemas

muito diferentes porque o conceito é o mesmo.

Conclui-se ainda que os sistemas inteligentes de transporte não são uma ideia abstrata

para o futuro porque já hoje as nossas estradas estão equipadas com sensores interligados a

sistemas de coordenação semafórica e sistemas de vigilância que ajudam a gerir com muita

eficiência os fluxos de tráfego nas cidades e nas auto-estradas. Individualmente os novos

carros também já vêm equipados com tecnologia que aumenta significativamente a segurança

dos ocupantes e diminui as hipóteses de furto.

Considera-se que os objetivos do trabalho foram atingidos. Foi desenvolvido um

simulador que serviu como base de trabalho necessária para comprovar a eficiência do

controlador de lógica difusa aplicado aos semáforos. Ficou provada a eficiência deste

controlador.

Considera-se ainda que o SIMUTRACS é uma ferramenta com muito potencial de

crescimento no nível visual, de funcionamento e de otimização de processamento, mas

principalmente ao nível da aplicação de novas estratégias de controlo.

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Referências

[1] “Gestão de Tráfego Rodoviário”, Licenciatura em Engenharia Civil, Intituto Superior Técnico, Março de 2006 [2] Manuel Augusto Vieira “Melhoria da Velocidade dos Transportes Públicos de Superfície em Lisboa por Regulamentação da Admissão de Trânsito”, Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Janeiro de 2004 [3] Lino Figueiredo, Isabel Jesus, J. A. Tenreiro Machado, José Rui Ferreira “Sistemas Inteligentes de Transporte”, Ingenium, 2ª Série, Nº 71, Nov/Dez 2002 [4] D.L. Gerlough, "Simulation of Freeway Traffic on a General-Purpose Discrete Variable Computer”, PhD dissertation, Univ. of California, Los Angeles, 1955 [5] “Final Report for Publication SMARTEST - Contract No: RO-97-SC.1059”, ITS University of Leeds, Leeds, 13 January 2000 [6] Staffan Algers, Eric Bernauer, Marco Boero, Laurent Breheret, Carlo Di Taranto, Mark Dougherty, Ken Fox and Jean-François Gabard “Smartest - A Review of Micro-Simulation Models ”, Institute for Transport Studies, University of Leeds, 9 March 1998

[7] “The “SCOOT” Urban Traffic Control System”, Traffic Advisory Leaflet 7/99, April 1999 [8] Gipps, P.G. “A behavioural car-following model for computer simulation”, Transportation Research Part B: Methodological - An International Journal, April 1981

[9] Lorenzo Mussone “Collision Avoidance Systems to Reduce Congestion on Motorways”, Politecnico di Torino, Torino, 2000 [10] J. Coelho, R. Neto, “HeliS – Simulador de Helicópteros”, Projeto de Licenciatura, ISEC, Coimbra, 2008 [11] T. S. Perry “Lofti A. Zadeh, The inventor of fuzzy logic", IEEE Spectrum, June 1995 [12] Zadeh, L.A. "Fuzzy sets", Information and Control 8, 338–353, 1965

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ANEXO 1: Instalação e Utilização do SIMUTRACS

1. Introdução Este anexo descreve o processo de instalação e utilização do SIMUTRACS. 2. Instalação do SIMUTRACS O SIMUTRACS tem que ser instalado numa máquina com um sistema operativo Windows XP, Vista ou 7. O SIMUTRACS foi criado e testado através do Borland Delphi v6 e para funcionar correctamente necessita deste software previamente instalado. 3. Utilização do SIMUTRACS Para que o SIMUTRACS funcione correctamente deve abrir o Delphi e executar o ficheiro SIMUTRACS.dpr. Assim que executar o ficheiro SIMUTRACS.dpr vai abrir a capa do simulador, como se pode ver na Figura 53, para entrar clique no botão Begin.

Figura 53: Capa do SIMUTRACS. Depois de carregar em Begin entra no menu OPTIONS, como se pode ver na Figura 54.

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Figura 54: Menu OPTIONS. Neste menu tem duas opções, ou abre um mapa já previamente criado ou cria um mapa novo. Para abrir um mapa já criado, seleccione um mapa da lista Choose Map, para criar um mapa novo, clique no botão Create Map e assim entra no menu CREATE MAP, como se pode ver na Figura 55.

Figura 55: Menu CREATE MAP.

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Neste menu pode ir sequencialmente criando o seu mapa da esquerda para a direita e de cima para baixo, bastando para isso carregar em cima da imagem que indica o troço de estrada pretendido. Se se enganar a inserir um troço de estrada pode corrigir o erro clicando em cima do troço a alterar e depois clicar na imagem que indica o troço que pretende substituir. Neste menu pode também carregar no Botão Clear Map para limpar tudo o que foi desenhado. Depois de ter desenhado o mapa pretendido tem que guardar o mapa, para o fazer clique no botão Save Map, dê um nome ao mapa e no fim carregue em Enter. Quando carregar em Enter o mapa está guardado. Para iniciar a simulação com o mapa que desenhou clique no botão Return para voltar ao menu OPTIONS, seleccione o mapa que acabou de criar na lista Choose Map e clique no botão Start Simulation. Quando iniciar a simulação, para além do mapa criado e dos carros a circular aparece no topo o menu CONTROLS, como se pode ver Figura 56.

Figura 56: Menu CONTROLS. Este menu disponibiliza ao utilizador informação variada da simulação bem como alguns controlos que vão afectar em tempo real a simulação. A seguir faz-se uma descrição de cada um deles:

Iteration Number – Mostra o número atual da iteração da simulação. Number of cars – Número de carros neste momento no mapa Total number of cars – Número total de carros simulados desde o início da simulação. Temporal gap between cars – Tempo em milissegundos entre a entrada de cada novo

carro no mapa. Simulation Speed – Velocidade da Simulação. Fuzzy Control – Se o mapa tiver cruzamentos clique nesta opção para activar o

sistema inteligente de controlo dos semáforos, se esta opção estiver desabilitada funciona com tempos fixos.

Save Data – Se quiser guardar os dados resultantes da simulação para ficheiros Excel active esta opção e no fim da simulação os ficheiros criados estão na pasta Dados_excel.

Trend of car entry – Tendência de entrada dos carros no mapa, Cima, Esquerda, Direita ou de Baixo, por exemplo, se rodar a barra Up para a direita a probabilidade de entrarem carros de cima passa a ser de 70% e apenas 10% para cada uma das outras possibilidades, se mantiver todas as barras para a esquerda as probabilidades são de 25% para cada possibilidade.

Pause/Continue – Pausa e continua a simulação a qualquer momento. End Simulation – Termina a simulação.

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O menu CONTROLS é activado assim que a simulação se inicia mas pode ser fechado a qualquer momento durante a simulação, para isso basta fechar normalmente no X. Se quiser reactivá-lo pode fazê-lo clicando no botão Controls na janela de simulação. É também possível obter alguma informação sobre os carros no mapa, para isso tem que clicar no botão Info na janela de simulação. A Figura 57 mostra a janela de simulação com os botões Controls e Info. A Figura 58 mostra o menu INFO.

Figura 57: Janela de Simulação.

Figura 58: Menu INFO.

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Quando clicar no botão End Simulation do menu CONTROLS, o SIMUTRACS vai abrir uma janela RESULTS, que exibe alguns gráficos com dado relevantes da simulação. A Figura 59 mostra a janela RESULTS.

Figura 59: Janela RESULTS. Os gráficos exibem a variação:

Do número de carros no mapa ao longo da simulação. Da velocidade média dos carros no mapa em cada iteração. Da média do tempo de circulação dos carros desde que entraram no mapa. Da média do tempo parado dos carros desde que entraram no mapa.