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Int1 Civil Pablo Aula26 160109 Camillaf Material 2

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INTENSIVO I Disciplina: Direito Civil Tema: Aula 26 Prof.: Pablo Stolze Data: 16/01/2009

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Índice do Material A) Apostila 01 - Introdução ao Direito das Sucessões 1. Conceito 2. Sistemas Sucessórios 3. Espécies 4. Lei no Tempo e no Espaço 5. Princípio da Saisine 6. Aceitação da Herança 7. Renúncia da Herança 8. Legitimados para Suceder

A) Apostila 01 - Introdução ao Direito das Sucessões

Prof.: Pablo Stolze Gagliano www.novodireitocivil.com.br

NOTÍCIA IMPORTANTE: Querido (a) aluno (a), Aqui, no Intensivo I, de acordo com a grade em vigor, coube-nos apenas a Introdução ao Direito Sucessório, de maneira que os outros temas do Direito das Sucessões – incluindo sucessão legítima, testamentária, inventário e partilha etc. - serão tratados nas grades seguintes do LFG. 1. Conceito CLÓVIS BEVILÁQUA, em sua clássica obra dedicada à matéria, afirma que o Direito das Sucessões “é o complexo dos princípios, segundo os quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém para depois da sua morte”.1 O seu fundamento constitucional (direito à herança) encontra-se no art. 5°, XXX da CF. 2. Sistemas Sucessórios Segundo ORLANDO GOMES (Sucessões, Forense), existem três sistemas sucessórios no mundo: a) concentração obrigatória – pelo qual a herança é transmitida a determinada pessoa, especial-mente o primogênito; b) divisão necessária – a herança é cindida entre os parentes mais próximos, afetando-se uma par-te para determinados herdeiros; c) liberdade testamentária – não há herdeiro necessário, de maneira que o autor da herança pode dispor livremente a respeitos dos seus bens. O nosso sistema é o da divisão necessária, eis que, havendo herdeiros necessários, o autor da he-rança não poderá afastá-los (direito à herança). Em nosso pensar, a obrigatoriedade da legítima tal como disciplinada em nosso sistema, é um equí-voco, consoante observamos na obra “O Contrato de Doação – Análise Crítica do Atual Sistema Jurí-dico e os seus Efeitos no Direito de Família e das Sucessões” (Saraiva):

1 Esta referência também é feita pela culta professora M.H. Diniz, em sua bela obra Curso de Direito Civil Brasi-leiro - Direito das Sucessões (vol. VI, 22ª ed., Saraiva, p. 03), concluindo: “ Consiste, portanto, no complexo de disposições jurídicas que regem a transmissão de bens ou valores e dívidas do falecido...”.

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“De nossa parte, temos sinceras dúvidas a respeito da eficácia social e justiça dessa norma (preser-vadora da legítima), a qual, na grande maioria das vezes, acaba por incentivar intermináveis con-tendas judiciais, quando não a própria discórdia entre parentes ou até mesmo a indolência. Poderia, talvez, o legislador resguardar a necessidade da preservação da legítima apenas enquanto os herdeiros fossem menores, ou caso padecessem de alguma causa de incapacidade, situações que justificariam a restrição à faculdade de disposição do autor da herança2. Mas estender a proteção patrimonial a pessoas maiores e capazes é, no nosso entendimento, a sub-versão do razoável. Essa restrição ao direito do testador, como dito, se já encontrou justificativa em sociedades antigas, em que a maior riqueza de uma família era a fundiária, não se explica mais nos dias que correm. Pelo contrário. A preservação da legítima culmina por suscitar, como dito, discórdias e desavenças familiares, im-pedindo, ademais, o de cujus de dispor do seu patrimônio amealhado como bem entendesse. Ade-mais, se quisesse beneficiar um descendente seu ou a esposa, que mais lhe dedicou afeto, especi-almente nos últimos anos da sua vida, poderia fazê-lo por testamento, sem que isso, em nosso sen-tir, significasse injustiça ou desigualdade, uma vez que o direcionamento do seu patrimônio deve ter por norte especialmente a afetividade. Ressalvamos apenas a hipótese de concorrerem à sua heran-ça filhos menores ou inválidos, caso em que se deveria preservar-lhes, por imperativo de solidarie-dade familiar, necessariamente, parte da herança. Ademais, essa restrição ao direito do testador implicaria também em afronta ao direito constitucio-nal de propriedade, o qual, como se sabe, por ser considerado de natureza complexa, é composto pelas faculdades de usar, gozar/fruir, dispor, e reivindicar a coisa. Ora, tal limitação, sem sombra de dúvida, entraria em rota de colisão com a faculdade real de disposição, afigurando-se completamen-te injustificada. Se o que justifica o benefício patrimonial post mortem é o vínculo afetivo que une o testador aos seus herdeiros, nada impediria que aquele beneficiasse os últimos por testamento, de acordo com a sua livre manifestação de vontade. Por essas razões, seguindo a vereda do pensamento de FRANCISCO CAHALI, reputamos injustifi-cada a mantença da reserva da legítima”. De qualquer maneira, como dissemos, o Direito Brasileiro ainda preserva, em amplos termos, a o-brigatoriedade da preservação da legítima, consoante podemos verificar nos seguintes artigos: Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. 3. Espécies A sucessão mortis causa, objeto de nossa análise, poderá ser: a) Legítima (a transferência patrimonial é regulada pela lei); b) Testamentária (a transferência patrimonial é regulada pelo testamento). Muito mais freqüente, no Brasil, é a sucessão legítima, caso em que a transferência do patrimônio dá-se na forma da lei, segundo a vontade presumida do autor da herança: Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

2 Posição defendida pelo Prof. Dr. Francisco José Cahali em uma das suas fecundas aulas ministradas no Mes-trado em Direito Civil da PUC-SP, disciplina Direito das Sucessões II, no segundo semestre de 2004.

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Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento3, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a suces-são legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. MARIA HELENA DINIZ, em sua obra Direito das Sucessões (citada, pág. 21), lembra que a sucessão será “a título universal”, quando “houver transferência da totalidade ou de parte indeterminada da herança”, em favor do herdeiro; por outro lado, será “a título singular”, “quando o testado transfere ao beneficiário apenas objetos certos e determinados”, figurando como favorecido, neste caso, o legatário. OBS.: O art. 426 do Código Civil proíbe contrato que tenha por objeto “herança de pessoa viva”. Trata-se do chamado “pacta corvina”, vedado pelo sistema jurídico brasileiro.

4. Lei no Tempo e no Espaço A lei que regula a sucessão é a do tempo da sua abertura (morte): Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura da-quela. É esta regra material, pois, que deverá ser observada no inventário. No STJ, vale conferir: Direito civil. Sucessão. Companheira. Sobrinhos do de cujus. Lei aplicável. I. - No direito das sucessões aplica-se a lei vigente ao tempo da abertura da sucessão. Antes da Lei nº 8.971, de 29/12/1994, a companheira não podia se habilitar como herdeira em detrimento de sobrinhos do de cujus. II. - Recurso especial não conhecido. (REsp 205.517/SP, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 01.04.2003, DJ 19.05.2003 p. 222) Direito civil e processual civil. Recurso especial. Família. Adoção de menor. Lei vigente. Aplicabilida-de. Sucessão. Ordem de vocação hereditária. Legitimidade dos irmãos. - Nas questões que versam acerca de direito sucessório, aplica-se a lei vigente ao tempo da abertu-ra da sucessão. - As adoções constituídas sob a égide dos arts. 376 e 378 do CC/16 não afastam o parentesco natu-ral, resultante da consangüinidade, estabelecendo um novo vínculo de parentesco civil tão-somente entre adotante(s) e adotado. - Tem, portanto, legitimidade ativa para instaurar procedimento de arrolamento sumário de bens, o parente consangüíneo em 2º grau na linha colateral (irmão natural), notadamente quando, pela or-dem de vocação hereditária, ausentes descendentes, ascendentes (naturais e civis), ou cônjuge do falecido. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 740.127/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11.10.2005, DJ 13.02.2006 p. 799) Já a competência para o procedimento do inventário, vem prevista no art. 1.785 do CC: Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. No STJ, recentemente, proferiram-se importantes decisões:

3 “ab intestato”.

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CARTA ROGATÓRIA. AGRAVO REGIMENTAL. ADJUCAÇÃO DE BEM IMÓVEL. ART. 89 DO CPC. HIPÓ-TESE DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA JUSTIÇA BRASILEIRA. – Nos termos do art. 89, incisos I e II, do Código de Processo Civil, a competência para "conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil" e "proceder a inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional" é exclusiva da Justiça brasileira, com exclusão de qualquer outra. – Diante disso, nega-se o exequatur a pedido rogatório de inscrição de adjudicação de bem imóvel situado em território brasileiro. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg nos EDcl na CR 2.894/MX, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, CORTE ESPECIAL, julgado em 13.03.2008, DJ 03.04.2008 p. 1) HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. REQUISITOS DESATENDIDOS. INVENTÁRIO E PAR-TILHA. RECONHECIMENTO DE HERDEIRA. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE BRASILEIRA. PRECEDENTE DESTA CORTE. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. 1. Não providenciou a requerente a anuência dos demais interessados, tampouco indicou o respon-sável pelas custas da Carta Rogatória de citação. 2. Ainda que assim não fosse, estando a homologação arrimada em ato relacionado a inventário e partilha de bens situados no Brasil, a competência para tal é da autoridade judiciária brasileira, con-soante art. 89, II do CPC. 3. Pedido de homologação indeferido. (SEC 1.032/EX, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 19.12.2007, DJ 13.03.2008 p. 1) 5. Princípio da Saisine Segundo o princípio da saisine, com a morte, a herança é transmitida desde logo aos herdeiros legí-timos ou testamentários. Quer-se, com isso, evitar que o patrimônio do falecido fique, ainda que temporariamente, sem titu-lar: Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testa-mentários. Trata-se, segundo FRANCISCO CAHALI, de uma “ficção jurídica”, para impedir que as relações patrimoniais travadas pelo falecido fiquem sem titular (cf. Curso Avançado de Direito Civil – Direito das Sucessões, RT) 6. Aceitação da Herança Primeiramente, precisamos fixar que a herança é o patrimônio deixado pelo falecido, consistindo em uma “universalidade”.

OBS.: Sucessão mortis causa, pois, em um sentido “objetivo”, seria esta universalidade de bens.4 Enquanto o inventário ou arrolamento não se ultima, a herança é considerada uma massa única de bens, nos termos do art. 1791:

4 M. HELENA DINIZ, ob. cit., pág. 14.

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Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Cada herdeiro, pois, é titular de uma fração ideal, atuando como condômino... Interessante é o entendimento do STJ, no acórdão abaixo mencionado, no sentido de que o herdeiro que ocupa, com exclusividade, bem do inventário deverá pagar aluguel aos demais herdeiros: Direito civil. Recurso especial. Cobrança de aluguel. Herdeiros. Utilização exclusiva do imóvel. Oposi-ção necessária. Termo inicial. - Aquele que ocupa exclusivamente imóvel deixado pelo falecido deverá pagar aos demais herdeiros valores a título de aluguel proporcional, quando demonstrada oposição à sua ocupação exclusiva. - Nesta hipótese, o termo inicial para o pagamento dos valores deve coincidir com a efetiva oposi-ção, judicial ou extrajudicial, dos demais herdeiros. Recurso especial parcialmente conhecido e provido. (REsp 570.723/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27.03.2007, DJ 20.08.2007 p. 268) Nessa linha, pois, uma outra importante pergunta deverá ser feita: o que seria a “aceitação da herança”? Cuida-se de um ato jurídico por meio do qual o sucessor confirma o recebimento da herança (ver RUGGIERO, Roberto, Instituições de Direito Civil, Ed. Bookseller). Pode ser expressa, tácita ou presumida (arts. 1805 e 1807), mas não admite condição, termo ou encargo. Lembre-se, finalmente, que, ao aceitar, os herdeiros não poderão assumir dívidas que ultrapassem as forças da herança (ultra vires hereditatis): Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. Sobre a transmissibilidade dos bens da herança, confirmada pelo ato de aceitação, veja este interes-sante julgado do STJ: RESP 537611 / MA; RECURSO ESPECIAL 2003/0051041-8 Relatora: Ministra NANCY ANDRIGHI (1118) Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento: 05/08/2004 Data da Publicação/Fonte: DJ 23.08.2004 p. 230 Ementa Direito empresarial e processual civil. Inventário. Cessão de quotas causa mortis. Estado de sócio. Administração da sociedade empresária. - A transmissão da herança não implica a transmissão do estado de sócio. - A solução de controvérsias a respeito dos efeitos da cessão mortis causa de quotas na administra-ção da sociedade empresária é matéria estranha ao Juízo do inventário. Recurso especial conhecido e provido. OBS.: IMPORTANTE!

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Vale lembrar que a transmissibilidade do direito de aceitar vem prevista no art. 1809 do CC: Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não veri-ficada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que con-cordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. 7. Renúncia da Herança Para o adequado entendimento deste tópico, veja, antes, caro (a) amigo (a), os arts. 1851 a 1856, que cuidam do direito de representação5. A renúncia é uma declaração de vontade abdicativa do direito à herança, com eficácia ex tunc, que exclui o sucessor (e os seus herdeiros) como se nunca o houvesse sido. A renúncia é sempre expressa, não admitindo condição, termo ou encargo (art. 1806, CC), nem simples “promessa”: RESP 431695 / SP; RECURSO ESPECIAL 2002/0049944-5 Ministro ARI PARGENDLER (1104) Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento: 21/05/2002 Data da Publicação/Fonte: DJ 05.08.2002 p. 339 RSTJ vol. 163 p. 321 Ementa CIVIL. HERANÇA. RENÚNCIA. A renúncia à herança depende de ato solene, a saber, escritura públi-ca ou termo nos autos de inventário; petição manifestando a renúncia, com a promessa de assinatu-ra do termo judicial, não produz efeitos sem que essa formalidade seja ultimada. Recurso especial não conhecido. Ademais, a renúncia, por ser um ato solene, deverá constar expressamente de instrumento público ou termo judicial (art. 1806). A denominada “renúncia translativa”, outrossim, traduz, em verdade, uma cessão de direitos he-reditários (Ex.: “renuncio à herança, em favor do meu irmão João”. Ora, havendo outros herdeiros, o suposto “renunciante” estará, em verdade, aceitando a sua quota e transmitindo a João. Ocor-rerá, inclusive, neste caso, dupla incidência tributária: mortis causa e inter vivos). Sobre a cessão de direitos hereditários, leiam-se os seguintes artigos: Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. § 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. § 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. § 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.

5 O direito de representação visa a mitigar a regra de que o parente mais próximo exclui o mais remoto, evi-tando, assim, injustiças.

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Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias. Questões Especiais de Concurso: 1 - Existe necessidade de autorização conjugal para renúncia? Respeitável parcela da doutrina reputa necessária a outorga uxória (ou a autorização marital), se o renunciante não for casado em regime de separação de bens (art. 1647), pois se trata de cessão de direito imobiliário (art. 1647 c/c art. 80, II, CC) (veja, a respeito o excelente e recomendado: Curso Avançado de Direito das Sucessões, CAHALI e HIRONAKA, RT). 2 – Os credores do renunciante podem se opor ao ato de renúncia? O sistema jurídico brasileiro admite que os credores, prejudicados pela renúncia, possam pedir ao juiz a suspensão dos seus efeitos, visando a se pagarem, e, caso haja remanescente, retornará este ao monte partível: Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. § 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. § 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será de-volvido aos demais herdeiros. Dispensa-se, pois, com isso, o ajuizamento de ação pauliana. Quanto aos efeitos da renúncia, estes se operam retroativamente, de maneira que o renunciante é considerado como se herdeiro nunca houvesse sido, acrescendo a sua cota aos demais herdeiros:6 Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente. E, por conta desta eficácia retroativa, lembramos que os sucessores do renunciante não her-dam por direito de representação (art. 1811)!! Finalmente, registre-se que são irrevogáveis a aceitação e a renúncia da herança (art. 1812). 8. Legitimados para Suceder A legitimidade para receber a herança tem a sua sede (regra geral) no art. 1798 do CC: Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas (nascituro) no momento da abertura da sucessão. 7 (referência nossa) OBS.: Como ficam os filhos nascidos de inseminação artificial homóloga post mortem (art. 1597, III, CC)? Trata-se de questão polêmica. Lendo o art. 1798, tem-se a impressão de que somente poderiam ser beneficiados por testamento (art. 1799, I), respeitado o “pra-zo de espera” para a concepção, nos termos do art. 1800, § 4o ).

6 Na sucessão testamentária, salvo direito de acrescer ou do substituto, a cota vai para os herdeiros legítimos. 7 Os embriões (concebidos em laboratório) mereceram referencia no “Enunciado 267 – Art. 1.798: A regra do art. 1.798 do Código Civil deve ser estendida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a nascer cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição da herança”.

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O art. 1799, por sua vez, complementa o rol, ao estabelecer que, na sucessão testamentária, poderão ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos (prole eventual), de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; (referência nossa) II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. No caso do inciso I, contempla-se a prole eventual, com os temperamentos do art. 1800: Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. § 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775. § 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposi-ções concernentes à curatela dos incapazes, no que couber. § 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendi-mentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. § 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. Finalmente, vale lembrar as pessoas que estão impedidas de serem herdeiras ou legatárias: Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do côn-juge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. (ver: S. 447 do STF, no mesmo sentido)

Meu amigo (a), Foi uma alegria ter você como aluno este semestre.

Tenha certeza de que cada aula foi preparada com muita dedicação, ministrada com a mente, mas, principalmente, guiada pelo coração.

Deus fique na companhia de todos! Um abraço,

Até a próxima! Pablo.

Revisado.2008.2. C.D.S.