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Interacção em chat: que futuro em sala de aula de língua estrangeira? Sílvia MELO Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa Universidade de Aveiro Ida REBELO Departamento de Letras - Português para Estrangeiros Pontifícia Universidade Católica Rio de Janeiro

Interacção em chat: que futuro em sala de aula de língua estrangeira?

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Interacção em chat: que futuro em sala de aula de língua

estrangeira?

Sílvia MELO Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa

Universidade de Aveiro

Ida REBELO Departamento de Letras - Português para Estrangeiros

Pontifícia Universidade Católica Rio de Janeiro

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Interacção verbal e aprendizagem de línguas

Dupla hipótese (Nonnon: 1999):– as trocas verbais intervêm de forma central nas aprendizagens, através

do seu dinamismo constitutivo e como lugar onde se desenvolvem os processos intelectuais e os conhecimentos

– as trocas verbais, como processo e produto sociais, contribuem para o desenvolvimento identitário, sócio-afectivo e intelectual dos sujeitos

“Aprendemos para comunicar e comunicamos para aprender”, já que a interacção é um instrumento ao serviço da aprendizagem e, ao mesmo tempo, o saber a adquirir em LE

“rien ne vient réfuter l’hypothèse que l’interaction, dans la mesure où elle donne lieu à des mouvements d’auto- et d’hétéro-structuration, est un des lieux dans lesquels il peut y avoir construction de connaissances” (M. Matthey: 1996, 55).

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Interacção verbal em chat

Nível enunciativo

• conversas virtuais, quase sincrónicas, não presenciais, sem possibilidades de interrupção dos interlocutores• capacidade de admitir um número sempre variável de intervenientes de diferentes localizações geográficas e temporais• constante reconfiguração dos sujeitos on-line• opacidade identitária e contextual, favorecedora de ambiguidades, de indeterminações e de incertezas discursivas• intervenções não lineares• coerências ao nível textual construídas à posteriori• rapidez e brevidade das interacções - netiquette• frequentes dispersões temáticas (“topic migration”, CRYSTAL: 2001)

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Nível discursivo-textual

• origem colectiva e fragmentária das interacções, dos temas, dos conteúdos e dos sentidos (texto polifónico, no sentido de BAKTHINE)

• situado em diferentes continuum:. entre o registo oral e escrito. entre o monólogo e o poliálogo

• integrador de momentos de narração, descrição, argumentação e explicação

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Nível de uso das linguagens

• uso específico das linguagens disponíveis para:

• abreviar o processo de escrita (símbolos @, abreviaturas TC e acrónimos LOL, escrita fonética K)• compensar a inexistência de elementos prosódicos e para verbais (smileys, maiúsculas, repetições, exclamações, interrogações, interjeições)• favorecer o sentimento de pertença a uma comunid@de (estrangeirismos, neologismos)

• reescrita de normas de leitura e escrita ao nível da pontuação, da acentuação, do uso das maiúsculas, …• uso deliberadamente lúdico, informal, económico e criativo das línguas e das linguagens

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O nosso estudo

Público - 28 alunos de Mestrado em Didáctica de Línguas (ESE de Setúbal) e em Educação em Línguas no 1º Ciclo do Ensino Básico (Univ. de Aveiro) - 2004/2005.

Instrumento de recolha de dados - inquérito por questionário com

. um conjunto de questões fechadas (“Os chats são…”)

. uma questão aberta (“Avanço uma definição de chat.”)

Como analisámos os dados?

. quantificação das questões fechadas

. análise de conteúdo da questão aberta

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Principais resultados

Os chats são… sim não nãosei

ind

Desorganizados 4 12 10 1

Pouco coerentes 4 14 9 1

Divert idos 25 1 2 -

Um per igo para o correcto uso da norma l inguís tica 6 14 5 3

Uma forma de c omunicação 28 - - -

Uma forma de s ocia liz ação 27 - 1 -

Uma forma de af irmação de ident idade(s) 16 2 8 2

Uma forma de inventar nova(s) identidade(s) 22 1 3 2

Um per igo para o envolvimento da vida rea l, pelaal ienação que podem provoc ar

7 10 9 2

Uma perda de tempo - 22 3 3

Uma c onfusão 4 14 5 5

Redutores do uso da l íngua 6 19 3 -

Um potenc ia l de aprendizagem 20 2 6 -

Um vício / um mau hábi to 7 17 2 2

Um problema na sala de aula 1 20 6 1

Um est ím ulo à cr ia tiv idade 23 2 3 -

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Outros:– potencial perigo à segurança das crianças– económico– pode levar à confusão de objectivos– uma forma de aprender línguas– uma forma de brincar– um lugar de liberdade– um lugar de imaginação– um novo tipo de linguagem– uma mistura entre o registo oral e escrito– um vício bom

• Alguma ambivalência expressa nas respostas• Bastante indecisão e desconhecimento em relação a alguns aspectos • Um aparente consenso em relação à ludicidade e potencial de aprendizagem nos chats e até optimismo em relação ao uso da língua

MAS...

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As respostas dadas à pergunta aberta sobre uma definição de chat apontam para uma abertura teórico-metodológica que não pode ser detectada nas questões fechadas.

Os professores mostram uma excessiva preocupação com a perda de controle sobre o uso do canal e suas consequências tanto em termos pedagógicos como em termos sociais e de formação do indivíduo; nas respostas abertas há uma aparente sensibilização às possibilidades ligadas à expressão da criatividade do aluno e às possibilidades de interacção:

"lugar de liberdade""porta para a imaginação onde a palavra é o ingrediente""espaço de comunicação intensa""estimula a criatividade""facilitadora da comunicação""conversar escrevendo""número de falantes ilimitado e de experiências""local de interação""local de convívio""local onde um grupo de pessoas se exprime de forma livre""meio de socialização"

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Divergências em relação a outras experiências

Segundo Chun (1994), a interação síncrona pode ser usada com sucesso em grupos de estudantes iniciantes de LE para desenvolver suas habilidades comunicativas tanto na modalidade oral como escrita.

Blake, 2000 investiga a aprendizagem de Espanhol como LE em discussões síncronas entre estudantes e mostra a importância que esse material levantado em gravações de chat pode ter como uma janela para investigar a interlíngua.

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Smith, 2003. “os alunos usam estratégias de negociação de sentido e o tipo de tarefa influencia a maneira como os alunos se envolvem na resolução de problemas de compreensão.” (chat usado em aulas de Inglês como LM)

Griffiths, 2003, assim como Sotillo (2000), investiga grupos de estudantes de inglês como LE, só que em uma escola internacional e testa a utilização de estratégias variadas entre estudantes de diferentes línguas em imersão no inglês. As estratégias estudadas podem ser exemplificadas por: tolerância à ambigüidade, recurso aos diferentes sistemas lingüísticos em contato e outros recursos disponíveis.

Tudini, 2003, analisa a interacção em chat no que respeita a aprendizagem de línguas à distância e conclui que este meio é um potencial de “entraînement à l’expression oral pour les apprenats”.

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Kern, (2000:241) analisa o uso do chat em sala de aula de francês como LE e relaciona a mudança na estrutura de participação. Diferentemente das trocas orais que se dão linearmente, a interação escrita em um chat se dá de forma multilinear e associativa, e a troca e tomada de turnos não se dão de forma consecutiva, modificando as condições de atenção disponibilizada pelos interlocutores uns aos outros. Além disso, a estrutura de participação não é determinada pelo professor mas pelo grupo de forma colaborativa.

Andrade, Araújo e Sá & Melo (2002), depois de analisar chats plurilingues em LR, concluem que se trata de um meio que propicia o desenvolvimento da competência plurilingue. Araújo e Sá & Melo (2004) concluem que se trata de um meio com potencialidades de desenvolvimento da Language Awareness dos participantes.

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Interacção em chat: que futuro em sala de aula de LE?

• Professores aparentemente pouco despertos para a realidade chat• Crenças que identificam as TIC e os chats a instrumentos

potencialmente corruptores• Dificuldade de assumir, por escrito, posições contrárias às que

promovem o uso das TIC e dos chats

Prover formação voltada para a aplicação das TIC em sala de aula, em termos de literacia informática Propiciar o surgimento de comportamentos que pulverizem os preconceitos existentes em relação ao canal Promover sessões de formação contínua com vista à aplicação dos chats como tarefas de aprendizagem significativa.

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Sílvia MELO ([email protected])

Ida REBELO ([email protected])