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  Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS Nº 117.678 - RS (2008/0220689 -8) RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA IMPETRANTE : JUSSARA TEREZA OSÓRIO DA ROCHA - DEFENSORA PÚBLICA IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PACIENTE : JOSÉ CARLOS ERTHAL EMENTA  HA BE AS CORPUS .  NULIDADE DO PROCESSO POR INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. UTILIZAÇÃO DAS PROVAS ALI PRODUZIDAS. IMPOSSIBILIDADE. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DETERMINADAS POR OUTRO JUIZ EVENTUALMENTE COMPETENTE. ELEMENTOS COLHIDOS QUE  NÃO SE ENQUADRAM NA CONSIDERAÇÃO DE PROVA DERIVADA. A prova produzida a partir de medida cautelar de interceptação telefônica deferida no bojo de investigação policial tida ocasionalmente como legal,  porquanto competente, àquela altura, o Juízo da Comarca que a compreendia, não deve ser desconsiderad a pela vertente da teoria dos frutos da árvore envenenada, porquanto se apresenta para o processo como diligência independente e autônoma. A prova que se colheu no âmbito da ação penal eivada de nulidade, por incompetência absoluta do Juízo  processante, não pode ser aceita por qualquer fundamento, não se mostrando necessário o seu desentranhamento dos autos do processo no Juízo considerado competente. Ordem denegada. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por maioria, denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Vencido o Sr. Ministro Nilson Naves. " Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP) e Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) votaram com a Sra. Ministra Relatora. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves. Brasília, 24 de agosto de 2009(Data do Julgamento) Ministra Maria Thereza de Assis Moura Relatora Documento: 906416 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/10/2009 Página 1 de 13

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HABEAS CORPUS Nº 117.678 - RS (2008/0220689-8)

RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURAIMPETRANTE : JUSSARA TEREZA OSÓRIO DA ROCHA - DEFENSORA

PÚBLICAIMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SULPACIENTE : JOSÉ CARLOS ERTHAL

EMENTA

  HABEAS CORPUS. NULIDADE DO PROCESSO PORINCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. UTILIZAÇÃO DAS PROVAS ALIPRODUZIDAS. IMPOSSIBILIDADE. INTERCEPTAÇÕESTELEFÔNICAS DETERMINADAS POR OUTRO JUIZEVENTUALMENTE COMPETENTE. ELEMENTOS COLHIDOS QUENÃO SE ENQUADRAM NA CONSIDERAÇÃO DE PROVADERIVADA.A prova produzida a partir de medida cautelar de interceptação telefônicadeferida no bojo de investigação policial tida ocasionalmente como legal,porquanto competente, àquela altura, o Juízo da Comarca que acompreendia, não deve ser desconsiderada pela vertente da teoria dos frutosda árvore envenenada, porquanto se apresenta para o processo comodiligência independente e autônoma.A prova que se colheu no âmbito da ação penal eivada de nulidade, porincompetência absoluta do Juízo processante, não pode ser aceita por

qualquer fundamento, não se mostrando necessário o seu desentranhamentodos autos do processo no Juízo considerado competente.Ordem denegada.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, pormaioria, denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.Vencido o Sr. Ministro Nilson Naves. " Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso Limongi

(Desembargador convocado do TJ/SP) e Haroldo Rodrigues (Desembargador convocadodo TJ/CE) votaram com a Sra. Ministra Relatora.Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

Brasília, 24 de agosto de 2009(Data do Julgamento)

Ministra Maria Thereza de Assis MouraRelatora

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HABEAS CORPUS Nº 117.678 - RS (2008/0220689-8) RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURAIMPETRANTE : JUSSARA TEREZA OSÓRIO DA ROCHA - DEFENSORA

PÚBLICAIMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DO RIOGRANDE DO SUL

PACIENTE : JOSÉ CARLOS ERTHAL

RELATÓRIO

MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): 

Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, impetrado em

favor de JOSÉ CARLOS ERTHAL, apontando como autoridade coatora o Tribunal de

Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul.

Noticiam os autos que o paciente foi denunciado, juntamente com mais 4

co-réus, como incurso nas sanções do artigo 157, § 2º, incisos I e II, e artigo 288, parágrafo

único, combinados com o artigo 61, alínea "g", todos do Código Penal. A exordial

acusatória foi recebida pelo Juízo de Direito da Comarca de Esteio/RS, e, após regular

processamento da ação penal, foi proferida sentença condenatória em desfavor do paciente,

condenando-o à pena de 7 anos, 9 meses e 10 dias de reclusão, no regime inicial

semi-aberto, imposta pela prática do crime de roubo circunstanciado.

Contra esta decisão a defesa se insurgiu por meio de recurso de apelação, ao

qual foi dado parcial provimento pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul,

para reconhecer a incompetência da Justiça Comum para o julgamento do paciente com

relação ao crime de roubo qualificado, atribuindo-o à competência da Justiça Militar.

No tocante ao crime de quadrilha armada, negou-se provimento ao recurso,

mantendo-se a sentença monocrática.

Por esta razão, nova denúncia foi oferecida perante a Justiça Militar do

Estado do Rio Grande do Sul, dando o paciente, juntamente com dois dos co-réus, tambémmilitares, como incurso nas sanções do artigo 242, § 2º, incisos I, II e IV (roubo

qualificado), combinado com o artigo 53 (co-autoria), ambos do Código Penal Militar.

Em sede de prévio writ aviado perante o Tribunal de Justiça Castrense, foi a

pretensão heróica denegada por acórdão assim sumariado (fl. 1208):

“INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS.Autorização concedida pela Justiça Comum, então competente para asinvestigações policiais.

Réus condenados pela Justiça Comum. Anulação do processo quanto aoroubo e remessa dos autos à Justiça Militar, em que corre o processo

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regular.Impetração para o desentranhamento dos autos da interceptação

telefônica. Precedentes do STF e STJ.Ordem denegada. Unânime.”

Daí este novo mandamus , em que a Impetrante sustenta serem as escutas

telefônicas, realizadas nas investigações autorizadas pela Justiça Comum,

reconhecidamente incompetente para processar e julgar o ilícito atribuído ao paciente,

razão pela qual devem ser reputadas nulas as provas daí derivadas, por violação ao

princípio do juiz natural.

Nesse passo, pretende-se, liminarmente, a suspensão do trâmite da Ação

Penal n. 343/06, da 2ª Auditoria da Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul, até o

  julgamento do mérito deste writ , e, no mérito, pugna pela determinação de

desentranhamento das degravações referentes às escutas telefônicas autorizadas pelo  juízo

incompetente, bem como da cópia do processo que tramitou perante a Justiça Comum.

A liminar restou indeferida, conforme decisão de fls. 1220/1222.

O M. Público Federal opinou pela denegação da ordem, em parecer assim

sumariado (fl. 1257):

“  HABEAS CORPUS. PACIENTE INVESTIGADO E CONDENADONA JUSTIÇA COMUM COMO INCURSO NAS PENAS DOS ARTS. 157,§ 2º, INCS. I E II, E ART. 288, PARÁGRAFO ÚNICO INTERCEPTAÇÃO

TELEFÔNICA DECRETADA NA FASE DE INVESTIGAÇÃO.DECLARAÇÃO DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR QUANTOCRIME DE ROUBO. PLEITO DE DESENTRANHAMENTO DASPROVAS ORIGINADAS DA MEDIDA CAUTELAR DOS AUTOSPROCESSUAIS ATUALMENTE EM TRÂMITE NA JUSTIÇACASTRENSE. IMPOSSIBILIDADE. JUÍZO COMUMAPARENTEMENTE COMPETENTE PARA PROCESSO EJULGAMENTO DA CAUSA. DILIGÊNCIA REGULARMENTEPRODUZIDA E DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. PRECEDENTEDO STF. PARECER PELO INDEFERIMENTO DA ORDEM.”

Em pedido de reconsideração do indeferimento da liminar, encartado às fls.1268/1271, assinado pelo próprio Paciente, reafirma-se a postulação pela nulidade das

provas colhidas pelo Juízo Estadual Comum, asseverando, também, que o acórdão

proferido na apelação julgada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul   já trazia a

determinação de nulidade do processo desde a peça acusatória, não podendo tais atos fazer

parte do novo processamento.

É o relatório.

 

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HABEAS CORPUS Nº 117.678 - RS (2008/0220689-8) 

EMENTA

 HABEAS CORPUS . NULIDADE DO PROCESSO PORINCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. UTILIZAÇÃO DAS PROVAS ALIPRODUZIDAS. IMPOSSIBILIDADE. INTERCEPTAÇÕESTELEFÔNICAS DETERMINADAS POR OUTRO JUIZEVENTUALMENTE COMPETENTE. ELEMENTOS COLHIDOS QUENÃO SE ENQUADRAM NA CONSIDERAÇÃO DE PROVADERIVADA.A prova produzida a partir de medida cautelar de interceptação telefônicadeferida no bojo de investigação policial tida ocasionalmente como legal,porquanto competente, àquela altura, o Juízo da Comarca que acompreendia, não deve ser desconsiderada pela vertente da teoria dos frutosda árvore envenenada, porquanto se apresenta para o processo comodiligência independente e autônoma.A prova que se colheu no âmbito da ação penal eivada de nulidade, porincompetência absoluta do Juízo processante, não pode ser aceita porqualquer fundamento, não se mostrando necessário o seu desentranhamentodos autos do processo no Juízo considerado competente.Ordem denegada. 

VOTO

MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): 

A questão que se debate neste momento diz respeito ao aproveitamento de

prova produzida a partir de determinações de outra sede de jurisdição que não a que veio a

se anular por decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que, ao

 julgar a Apelação n.º 70017136177, entendeu ser a Justiça Comum Estadual incompetente

para ação penal iniciada contra o Paciente pelo crime do artigo 157, § 2º, incisos I e II, do

Código Penal.

Veja-se o resumo do acórdão:

“ROUBO PRATICADO POR POLICIAIS MILITARES, COMVIATURA DA CORPORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE RÁDIO HT PARAMONITORAR A AÇÃO DA BRIGADA MILITAR, DANDOCOBERTURA AO ILÍCITO. CRIME MILITAR. ANULAÇÃO DOPROCESSO DESDE A DENÚNCIA. DELITO DE FORMAÇÃO DEQUADRILHA OU BANDO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUMESTADUAL ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ABSOLVIÇÃOMANTIDA. 1. Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar ospoliciais militares pelo delito de roubo quando o policial militar, mesmoabandonando seu posto, utiliza-se da viatura da corporação à prática dasubtração. Aplica-se ao co-réu, a mesma situação, embora não tenha

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suscitado a incompetência da Justiça Comum, por ter utilizado rádio, namesma freqüência do veículo da Brigada Militar, com o intuito de monitorara ação de outros policiais, dando, ¿cobertura¿ ao ilícito. 2. Embora o artigo567 do Código de Processo Penal preceitue a nulidade somente dos atos

decisórios, com a remessa dos autos ao juízo competente, a garantia do juiznatural, do artigo 5º, LIII, da Constituição Federal, determina a nulidade doprocesso a partir da peça acusatória, inclusive, mormente em se tratando decompetência constitucional (artigo 124 da Constituição Federal). 3. Para aconfiguração do elemento subjetivo do tipo do artigo 288 do Código Penal,exige-se consciência e vontade de associar-se para a prática de crimes, o quevai além da mera co-autoria. Ademais, no caso dos autos, não ficoucomprovada a associação de mais de três pessoas para prática do delito emcaráter não eventual. Desaparecendo o elemento objetivo do tipo “mais detrês”, portanto, a absolvição se impõe. APELO DEFENSIVOPARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO MINISTERIALDESPROVIDO.” (Apelação Crime Nº 70017136177, Sétima Câmara

Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nereu José Giacomolli,Julgado em 09/11/2006)

Segundo defende a impetração, o constrangimento ilegal estaria no fato de

que a Juíza da 2ª Auditoria Militar de Porto Alegre solicitou ao Juízo da Comarca de

Esteio, RS, o encaminhamento de cópia dos autos da Ação Penal n.º 014/2.05.0002560-1,

a mesma anulada pela decisão do TJRS, tudo para instruir a ação penal a correr na

 jurisdição militar.

Aduz, portanto, que tudo o que tratava o processo originário foi consideradonulo, razão por que não poderia ser utilizado na nova persecução.

A pretensão, no entanto, foi solvida pela Corte a quo , conforme julgamento

do writ originário, de que ora se cuida, da seguinte forma:

"A dra. Defensora Pública, na impetração, entendeu que deviam serdesentranhados do processo os autos da interceptação telefônica autorizadapela Justiça Comum e realizada durante a investigação criminal, procedidapela Polícia Civil. Desta investigação resultou denúncia contra o paciente naComarca de Esteio, em que foi condenado. Por ocasião do recurso, em

preliminar requerida pelo ora paciente, o Tribunal de Justiça do Estado doRio Grande do Sul, por sua Câmara Criminal (fls. 37 a 50), anulou o feito,desde a denúncia, remetendo-o à Justiça Militar. Presentemente, o pacienteresponde ao processo junto à 2ª Auditoria da Justiça Militar.

Embora a dra. Defensora Pública, além dos seus argumentos, tenha juntado cópia de decisões do STJ que abonariam a sua tese, o fato é que, nasmencionadas decisões que anularam os respectivos feitos e a provailicitamente colhida, os juízos eram, desde a origem, incompetentes, o quenão se dá no caso concreto de que ora se trata.

O Juiz de Direito, que determinou a interceptação telefônica, era ocompetente, naquele momento, para examinar o pedido do Delegado de

Polícia. A partir dessa decisão, com a escuta das ligações, é que sedescobriu a participação dos policiais Militares nos crimes de formação dequadrilha e roubo, pelos quais foi denunciado e condenado o ora paciente,

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 junto com outros. E apenas quanto ao roubo é que foi declinada acompetência, com o que permanecia a da Justiça Comum quanto ao outrocrime.

Portanto, adota-se o parecer do Dr. Roberto Rudolfo Cardoso Eilert

acerca da matéria ora discutida (fls. 1.217 a 1.222):'(...)Verifica-se que houve cisão processual na Justiça comum, em

decorrência do reconhecimento da incompetência daquele juízo para o crimemilitar, permanecendo competente para o crime previsto no art. 288 doCódigo Penal.

O pedido de quebra do sigilo telefônico do acusado e seus comparsas,ocorreu ainda em fase investigatória, sem a possibilidade de fixaçãodefinitiva de competência, restando a prova produzida para todos os crimes,roubo e formação de quadrilha ou bando.

A incompetência de juízo gera somente a nulidade de atos decisórios enão dos instrutórios e, no caso, a prova é de ser aproveitada, até porque

produzida em fase na qual a competência não está definida.(...)A prova foi regularmente produzida, durante a fase de investigação

policial, não gerando qualquer nulidade ou prejuízo ao paciente, visto que asdiligências durante o período de interceptação telefônica observaram ospreceitos legais e constitucionais.'

(...)Em face do exposto, acordam os Juízes do Tribunal de Justiça Militar, à

unanimidade, em denegar a ordem." (fls. 1.210/1.213.)

Para elucidação do postulado na impetração, faz-se necessário aclarar todos

os caminhos da persecução penal, desde o seu nascedouro. Para tanto, sirvo-me do quebem descreveu a Juíza da 2ª Auditoria Militar de Porto Alegre, verbis :

“No que concerne à primeira interceptação telefônica realizada (e queconsta dos autos do Processo-Crime n.º 343.06.02-02/2 – 2ª Auditoria daJustiça Militar Estadual), necessário informar que tal medida investigativase originou em decisão  judicial proferida no seio do Inquérito Policial n.2942/05, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Cachoeirinha. Consta que essefeito fora iniciado para investigar roubo cometido a estabelecimentocomercial naquele Município. Aliás, existência de decisão judicial deferindo

a providência interceptadora, na ocasião, foi expressamente mencionada noOfício n.º 1443/05, subscrito pelo Delegado de Polícia da 1ª DP deCachoeirinha, em que pese não conste a sua cópia nesses autos, o que seexplica porquanto realizada naquele Inquérito Policial n. 2942/05.

Por outro lado, seguem, anexos, cópia do Ofício 1268/05, no qualrequerida, ao Juiz de Direito da Vara Criminal de Cachoeirinha, em 23 desetembro de 2005, a interceptação telefônica e o mandado judicial expedidodeterminando o seu cumprimento, subscrito pelo Juiz de Direito Dr. ÂngeloFurlanetto Ponzoni.

Esclareça-se que o  ofício lavrado pelo De1egado de Cachoeirinha, denúmero 1443/05, fora dirigido ao colega da Delegacia de Esteio, eis que lheremetia parte das transcrições das conversas telefônicas legalmente

interceptadas, nas quais extraídas úteis revelações sobre envolvimentodaque1es mesmos investigados, porém em roubo praticado em Esteio, a um

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Bingo. E, referentemente a esse roubo ao Bingo,  já estava em curso oInquérito Policial 1464/05-100522-A, na DP de Esteio.

O Ofício 1443/05, é importante informar,  já naquela ocasião fezexpressa referência ao nome de um dos investigados como sendo o  policial

militar Dinarte Roger Silveira Pereira, lotado no 15° BPM, e supostamenteenvolvido nos roubos.Esclareça-se que o  Inquérito Policial n. 1464/05-100522-A, da

Delegacia de Esteio, foi instaurado para apuração do crime de rouboperpetrado ao Bingo Gold Games, na Av.

Presidente Vargas, 1841, em Esteio, na madrugada de 13 de outubro de2005, com a participação de vários indivíduos armados, dentre os quais, o 

auxilio policiais militares. Dito Inquérito, aliás, foi instaurado, é bom frisar,antes de o  Sr. Delegado ter acesso (através do Ofício 1443, de 26.10.2005,De1egado da 1ª  DP de Cachoeirinha) ao conteúdo das interceptaçõesrealizadas naquele Município de Cachoeirinha. Tal é o que se depreende daleitura da Representação por Prisão Preventiva e do Relat6rio de

Investigação, ambos elaborados na De1egacia de Polícia de Esteio (anexos).Neste último, ao final das investigações, autoridade policial apontou oenvolvimento dos Sd José Carlos Erthal, Sd Dinarte Pereira e Sd PauloRoberto de Jesus, ambos lotados no 34° BPM, no delito apurado.

Em razão das apurações feitas durante o IP 1464/05-100522-A, houve acomunicação do envolvimento dos militares à  Brigada Militar, nestaCapital, em virtude da qual, em 22 de novembro de 2005, mediante aPortaria 3338/05, o Comando de Policiamento Metropolitano, na pessoa doComandante Cel Paulo Roberto Mendes Rodrigues, determinou ainstauração de Inquérito Policial Militar para continuação das investigações,dadas as peças  já existentes, inclusive cópias de mandados de prisão

expedidos contra os mesmos militares, por decisão proferida pela Comarcade Esteio.Informe-se que o Inquérito Policial n. 1464/05- Esteio, culminou com o

oferecimento de denúncia perante a 2ª  Vara da Comarca de Esteio, em19.12.2005, originando o Processo Criminal n. 014/02.05.0002560/1, emque denunciados dois civis e os três policiais militares suprarreferidos, porincursos no art. 157, parágrafo 2º, incisos I e II, e art. 288, parágrafo único,c/c o art. 61, inciso II, alínea g, todos do C6digo Penal Brasileiro. O feito,porém, seguiu seu curso apenas em re1acão aos réus militares, devido à cisão processual pela não localização dos civis. Ao encerramento, a sentençaprolatada pe1a Juíza, Dra. Cleciana Lara Pech, em 26.07.2006,  julgouparcialmente procedente a denúncia apenas contra o Sd Dinarte Roger

Pereira e Sd José Carlos Erthal, condenando-os pelo crime do art. 157,parágrafo 2º, inciso I e II e art. 61, inciso 2º, alínea g do CPB.

Posteriormente, em sede recursal, ao julgamento da Apelação Criminaln. 70017136177, em 09.11.2006, pela 7ª  Câmara Criminal do Tribunal deJustiça do Estado, da relatoria do Desembargador Nereu Giacomolli, foideclarada a competência da Justiça Militar apenas para apreciação daacusação relacionada ao roubo, não porém, à formação de quadrilha,anulando-se o feito.

A decisão em comento foi informada, via fax símile, a esta JustiçaMilitar, no mesmo dia (em 09 de novembro de 2006, fl. 575 dos autos, quesegue em anexo). Consigne-se que, quando este Juízo foi cientificado da

decisão colegiada,  já estava em curso a ação penal instaurada nesta IIAuditoria da Justiça Militar Estadual - Processo Criminal n. 343.06.02-02/2-, sendo o  recebimento da denúncia ofertada pelo Ministério Público em 13

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de setembro de 2006. A peça incoativa imputava aos policiais militares, SdDinarte Roger Pereira, Sd Paulo Roberto de Jesus e Sd Jose Carlos Erthal, o 

Crime militar de roubo ao Bingo Gold Games, ocorrido em 13 de outubro de2005, enquadrando-os no art. 242, parágrafo 2º, inciso I, II, e IV, c/c art. 53,

ambos do CPMilitar.Informo, por fim, que durante o  Inquérito Policial Militar (Portaria3338/05) que originou o  Processo Criminal n. 343/06 - II Auditoria,igualmente foram deferidas, por este Juízo Militar, novas interceptaçõestelefônicas, conforme o Pedido de Providência n. 764/05, apensado ao feito,realizado com a mesma finalidade de apurar o envolvimento dos policiais nodelito praticado ao Bingo Gold Games, no Município de Esteio.”

Da leitura da minuciosa exposição apresentada pela Ilustre magistrada da

Auditoria Militar de Porto Alegre, RS, a qual se confirma pelo relatório da autoridade

policial de Esteio, às fls. 66/69, resta induvidoso que as interceptações telefônicas ora

questionadas como ilícitas foram produzidas a partir de investigação realizada pela

Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, RS, autorizadas, naturalmente, pelo Juízo daquela

Comarca, em razão de roubo ocorrido no mesmo Município; delito diverso, inclusive, do

praticado em Esteio, RS.

Urge destacar que não há notícia nos autos de que tal autorização judicial e

dinâmica de investigação original foi motivo de enfrentamento ou mesmo de contestação

em outra oportunidade, cabendo destacar que, realizadas as interceptações, verificou-se a

existência, por parte da autoridade de Cachoeirinha, de conversas supostamente relativas a

outro crime cometido na municipalidade de Esteio, cuja autoridade policial veio a ser

informada e, por conseqüência, deu vazão a investigação própria, ocasionando o processo

analisado nesta ocasião.

Então, a pergunta a ser feita, neste momento, é se a investigação inicial,

empreendida pela autoridade de Cachoeirinha, RS, e da qual resultaram as interceptações,

deveria seguir a sorte do processo tramitado na Comarca de Esteio, ou seja, haveria de ser,

também, considerada nula, em face da incompetência do juízo comum.

Como visto, o Tribunal a quo reconheceu não ser possível a nulidade da

prova, porquanto realizada por autoridade, à época, competente.

A questão, no meu entender, traz duas ordens de consideração.

Primeira delas diz respeito à competência jurisdicional quando ainda diante

da fase investigatória.

Conforme se depreende dos autos, a fase investigatória empreendida pela

autoridade policial de Cachoeirinha, e isso não se questiona, iniciou-se por fatos

efetivamente ocorridos em seu território, resultando, por conseguinte, na fixação da

competência do Juízo daquela localidade, nos termos do art. 70 do CPP, isto é, em virtude

do lugar da infração, circunstância, por certo, eficiente para afastar a nulidade da prova aliproduzida.Documento: 906416 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/10/2009 Página 8 de 13

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 Superior Tribunal de Justiça 

E mesmo que se pudesse aventar de possível competência, já aquela altura

da Justiça Castrense, tema não discutido, é preciso delimitar que a hipótese corresponde ao

que já vem ressaltando esta Corte no sentido de que, na fase inicial da investigação, sem

elementos concretos da infração e de sua autoria, a delimitação da competência firma-sepor meio dos procedimentos em curso, em face dos quais a invocação jurisdicional é

possível, significando dizer que, se houve crime de roubo na localidade de Cachoeirinha,

cujos autores são desconhecidos, é natural preservar a competência da circunscrição na

qual os fatos ocorreram.

Já no tocante à segunda ordem de fundamentação, diga-se que a

interceptação realizada inicialmente na Comarca de Cachoeirinha, embora tenha servido ao

intuito de comprovar os fatos criminosos ali praticados, também explicitou a participação

dos agentes investigados com outro fato ocorrido na Comarca de Esteio, o que gerou oenvio dos elementos indiciários colhidos para a autoridade daquela circunscrição,

convindo agora saber se essa situação deve ser abarcada pela nulidade do processo,

consoante determinação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.

Nesse ponto, tenho que o entendimento sufragado pela Corte Castrense, nos

termos acima colacionados, afigura-se irretocável.

Nada há que se possa fazer quanto às interceptações realizadas no Juízo de

Cachoeirinha, RS, porquanto consideradas, não havendo notícia em contrário,

absolutamente legais.

A   persecutio criminis iniciada, portanto, perante a Comarca de Esteio não

se prende e nem se liga à medida cautelar concretizada no Juízo de Cachoeirinha, em face

da qual foram colhidos os elementos de prova, o que, evidentemente, afasta a pecha da

nulidade pela teoria dos frutos da árvore envenenada.

Essa situação, de outro lado, não conduz ao entendimento da ilicitude da

prova só porque produzida no bojo de outra investigação.

Com efeito, de acordo com o que já consagrou o Supremo Tribunal Federal,

o fato de no âmbito de uma investigação se descobrir elementos de crimes de competência

diversa do Juízo que a possibilitou não implica inviabilizar os dados dali colhidos,

porquanto advindos ocasionalmente da jurisdicção estabelecida no momento da efetivação

da diligência.

E, como visto, uma vez de posse dos elementos de prova, a autoridade

policial encaminhou os dados à circunscrição que achou ser a competente.

Ao caso é de se aplicar o precedente da Suprema Corte citado no acórdão

vergastado, ou seja, o decorrente do julgamento do HC 81260, bem assim colacionar

alguns julgados desta Corte, verbis :

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. INTERCEPTAÇÃO

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TELEFÔNICA AUTORIZADA PELO JUÍZO FEDERAL. DECLINAÇÃODE COMPETÊNCIA PARA O JUÍZO ESTADUAL.

NÃO-INVALIDAÇÃO DA PROVA COLHIDA.1. Não se mostra ilícita a prova colhida mediante interceptação

telefônica, se evidenciado que, durante as investigações pela PolíciaFederal, quando se procedia à diligência de forma regular e em observânciaaos preceitos legais, foram obtidas provas suficientes para embasar aacusação contra os Pacientes, sendo certo que a posterior declinação decompetência do Juízo Federal para o Juízo Estadual não tem o condão de,por si só, invalidar a prova até então colhida. Precedentes do STF e do STJ.

2. Ordem denegada.” (HC 56.222/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ,QUINTA TURMA, julgado em 11/12/2007, DJ 07/02/2008 p. 1)

“HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES EASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. PRISÃO PREVENTIVA.AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS

DE AUTORIA. INOCORRÊNCIA. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PROVA ILÍCITA. NULIDADE.

INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.(...)7. O remédio heróico do habeas corpus, na sua angusta e restrita via,

não se presta a veicular questões que, como a sustentada negativa de autoria,demandam profunda incursão no conjunto fático-probatório.

8. Realizada a interceptação telefônica nos moldes estabelecidos pelaLei nº 9.296/96, ou seja, com autorização judicial, para fins de investigaçãocriminal e fundada em razoáveis indícios da participação do paciente emorganização criminosa e, ainda, na sua imprescindibilidade como meio de

prova, não há falar em prova ilícita.9. Ordem denegada.” (HC 50.365/SP, Rel. Ministro HAMILTONCARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 15/02/2007, DJ 19/03/2007p. 395)

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 159, §1º, DO CP.

INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS AUTORIZADASJUDICIALMENTE. LEGALIDADE.

DELAÇÃO PREMIADA. INOCORRÊNCIA.I - Não há que se invalidar o resultado obtido em decorrência de

interceptações telefônicas que foram realizadas mediante autorização

 judicial, nos termos da Lei nº 9.296/96. (Precedente) II - Para a aplicação dabenesse prevista no art. 159, § 4º, do Código Penal, deve-se preencher osrequisitos nela constantes.

(Precedente).Writ denegado.” (HC 50.319/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER,

QUINTA TURMA, julgado em 06/06/2006, DJ 01/08/2006 p. 476)

Por esse motivo, penso não ser o caso de aplicar-se a teoria da ilicitude da

prova derivada, já que a incompetência pressuposta no julgamento da Apelação n.º

70017136177 não alcançou as diligências determinadas pelo Juízo da Comarca de

Cachoeirinha, RS; pelo menos não há menção expressa de que a nulidade abrangiaaquelas.Documento: 906416 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 26/10/2009 Página 10 de 13

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Conquanto essa conclusão deva prevalecer ante a dinâmica dos fatos e a

origem das diligências, há outra ponta da irresignação que reclama discussão.

De fato, a interceptação telefônica determinada pelo Juízo de Cachoeirinha

não foi objeto da anulação do feito penal tramitado no Juízo de Esteio, todavia, o Tribunala quo, no julgamento da apelação criminal, expressamente determinou a nulidade do

processo penal desde o recebimento da denúncia, ou seja, tornou inviável a utilização pelo

Juízo a seguir considerado competente dos dados produzidos pela ação penal anulada.

Em face disso, assevera o Impetrante que a simples determinação do

traslado de cópias dos autos da Ação Penal n.º 02.05.0002560/1, tida por nula, para os

autos do processo em curso na Auditoria Militar, se mostra despropositado tendo em vista

o teor da decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que efetivamente anulou

toda a instrução realizada pelo denominado Juízo incompetente.Postula-se, por isso, sejam desentanhadas dos autos as referidas cópias.

Conquanto a nulidade da ação penal tenha constado da decisão da Corte

Estadual, não vejo qual a utilidade em se impedir a juntada, porquanto, repita-se, o Juízo

competente não poderá usar qualquer dos elementos de prova produzidos no processo

anulado.

Ademais, é preciso compreender, também, que o resultado das

interceptações telefônicas consideradas lídimas na hipótese, porque realizadas dentro da

exigência legal, consoante aferido acima, está encartado nos referidos autos da ação cujo

processo restou nulificado, cabendo ao Juiz agora competente separar o que pode e o que

não pode ser utilizado no novo procedimento, sob pena de perpetuar nova nulidade.

Ante o exposto, denego a ordem.

É o voto.

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HABEAS CORPUS Nº 117.678 - RS (2008/0220689-8) 

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO NILSON NAVES:  Srs. Ministros, o

habeas já está decidido, vou, no entanto, com a vênia da Relatora, no

ponto destacado, conceder a ordem a fim de que a Justiça Militar não

tome conhecimento das interceptações telefônicas autorizadas por outro

Juiz. Concedo, pois, em parte, a ordem.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

SEXTA TURMA

 

Número Registro: 2008/0220689-8 HC 117678 / RSMATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 20500025601 3432006 961 9612008

EM MESA JULGADO: 24/08/2009

RelatoraExma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro NILSON NAVES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO

SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

AUTUAÇÃO

IMPETRANTE : JUSSARA TEREZA OSÓRIO DA ROCHA - DEFENSORA PÚBLICAIMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPACIENTE : JOSÉ CARLOS ERTHAL

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes Militares

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessãorealizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por maioria, denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto da Sra.Ministra Relatora. Vencido o Sr. Ministro Nilson Naves. "

Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP) eHaroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

  Brasília, 24 de agosto de 2009

ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANASecretário

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