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Interiorização do ensino superior: a formação de administradores para o desenvolvimento sustentável Autoria: Rezilda Rodrigues Oliveira, Gleide de Fátima Gonçalves Guerra, Silze Anne Gonçalves Lins Resumo O artigo faz uma análise da dinâmica e problemática da implantação do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, da Universidade de Pernambuco (UPE), ministrado no Agreste Central de Pernambuco, desde 2007. Interliga-se educação e desenvolvimento sustentável, focalizando universidade, atores locais e ações que vinculem conhecimento, políticas e ações integrativas das necessidades do mundo real. Foi levantada a visão de discentes e docentes do Curso acerca da possível contribuição que trará para o desenvolvimento sustentável do Pólo de Confecções. De caráter descritivo-explicativo, o trabalho reúne pesquisa documental, bibliográfica e de campo, cujos dados foram tratados mediante análise de conteúdo e processo de triangulação dos dados. Destaca-se o caráter inovador e interdisciplinar do Projeto Político e Pedagógico do Curso, principalmente a adoção de projetos experimentais e as exigências de interação com o meio local, tanto público como privado, por meio de parcerias, produção e troca de conhecimento. Pela natureza formativa do trabalho, espera-se subsidiar o aperfeiçoamento da proposta do Curso, ainda sem egressos e ora passando por ajustes em seu processo de formação de administradores qualificados. 1. Introdução Este artigo focaliza uma experiência promovida pela Universidade de Pernambuco (UPE), no âmbito de uma estratégia calcada na busca do desenvolvimento sustentável, em que se insere a formação de administradores como expressão concreta de uma política pública de interiorização do ensino superior. Assim, discute-se a dinâmica e problemática da implantação do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda no Agreste Central de Pernambuco. Deve-se ressaltar que os resultados obtidos integram parte de um projeto de pesquisa mais amplo, ainda em andamento. Para tanto, foi examinada a atuação da UPE no campus de Caruaru, onde desponta o setor de confecções, que se mostra estratégico para o desenvolvimento não só desse município mas também dos que estão no seu entorno, conforme apontam pesquisas socioeconômicas realizadas por entidades do governo estadual, como a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (CONDEPE/FIDEM) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que fizeram a caracterização econômica do Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco (SEBRAE, 2003). Com este trabalho, pode-se igualmente invocar o papel que as universidades devem desempenhar na adoção de práticas inovadoras de ensino, compatíveis com a ambiência relativa à economia do aprendizado. Efetivamente, trata-se de estimular políticas na área de desenvolvimento de capital humano, bem como dar força à mudança organizacional, em meio à formação de redes e ao acoplamento da indústria aos serviços de conhecimento intensivo, até porque elas, apesar de serem detentoras e produtoras de conhecimento, nem sempre são hábeis em se integrar ao sistema produtivo (LUNDVALL, 2000). Na próxima seção, apresenta-se a contextualização do tema, seguida pela exploração do referencial teórico utilizado, intrinsecamente ligado à educação e ao desenvolvimento sustentável. Na sequência, procura-se fazer uma abordagem centrada na análise do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, inclusive com os procedimentos metodológicos adotados no

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Interiorização do ensino superior: a formação de administradores para o

desenvolvimento sustentável

Autoria: Rezilda Rodrigues Oliveira, Gleide de Fátima Gonçalves Guerra, Silze Anne Gonçalves Lins

Resumo O artigo faz uma análise da dinâmica e problemática da implantação do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, da Universidade de Pernambuco (UPE), ministrado no Agreste Central de Pernambuco, desde 2007. Interliga-se educação e desenvolvimento sustentável, focalizando universidade, atores locais e ações que vinculem conhecimento, políticas e ações integrativas das necessidades do mundo real. Foi levantada a visão de discentes e docentes do Curso acerca da possível contribuição que trará para o desenvolvimento sustentável do Pólo de Confecções. De caráter descritivo-explicativo, o trabalho reúne pesquisa documental, bibliográfica e de campo, cujos dados foram tratados mediante análise de conteúdo e processo de triangulação dos dados. Destaca-se o caráter inovador e interdisciplinar do Projeto Político e Pedagógico do Curso, principalmente a adoção de projetos experimentais e as exigências de interação com o meio local, tanto público como privado, por meio de parcerias, produção e troca de conhecimento. Pela natureza formativa do trabalho, espera-se subsidiar o aperfeiçoamento da proposta do Curso, ainda sem egressos e ora passando por ajustes em seu processo de formação de administradores qualificados. 1. Introdução

Este artigo focaliza uma experiência promovida pela Universidade de Pernambuco (UPE), no âmbito de uma estratégia calcada na busca do desenvolvimento sustentável, em que se insere a formação de administradores como expressão concreta de uma política pública de interiorização do ensino superior. Assim, discute-se a dinâmica e problemática da implantação do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda no Agreste Central de Pernambuco. Deve-se ressaltar que os resultados obtidos integram parte de um projeto de pesquisa mais amplo, ainda em andamento.

Para tanto, foi examinada a atuação da UPE no campus de Caruaru, onde desponta o setor de confecções, que se mostra estratégico para o desenvolvimento não só desse município mas também dos que estão no seu entorno, conforme apontam pesquisas socioeconômicas realizadas por entidades do governo estadual, como a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (CONDEPE/FIDEM) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que fizeram a caracterização econômica do Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco (SEBRAE, 2003).

Com este trabalho, pode-se igualmente invocar o papel que as universidades devem desempenhar na adoção de práticas inovadoras de ensino, compatíveis com a ambiência relativa à economia do aprendizado. Efetivamente, trata-se de estimular políticas na área de desenvolvimento de capital humano, bem como dar força à mudança organizacional, em meio à formação de redes e ao acoplamento da indústria aos serviços de conhecimento intensivo, até porque elas, apesar de serem detentoras e produtoras de conhecimento, nem sempre são hábeis em se integrar ao sistema produtivo (LUNDVALL, 2000).

Na próxima seção, apresenta-se a contextualização do tema, seguida pela exploração do referencial teórico utilizado, intrinsecamente ligado à educação e ao desenvolvimento sustentável. Na sequência, procura-se fazer uma abordagem centrada na análise do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, inclusive com os procedimentos metodológicos adotados no

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estudo. É feita, então, a discussão dos resultados obtidos, concluindo com a reflexão realizada em função dos temas abordados. 2. Contextualização

A delimitação histórica do trabalho está associada ao desenho institucional levado a efeito no tocante à Política Estadual de Ciência & Tecnologia (C&T), cujos marcos remetem à primeira e à segunda gestão do governo de Jarbas Vasconcelos (1999-2002 e 2003-2006), em especial no que se refere à agenda de ação de dois Planos Plurianuais do Estado de Pernambuco: (2000-2003) Mudança e Desenvolvimento e (2004-2007) Desenvolvimento com Inclusão Social, os quais foram elaborados para efetivar uma proposta de gestão pública com base no modelo de desconcentração e descentralização do território de Pernambuco, de modo a interiorizar a ação governamental (MACIEL, 2006).

Pelo que foi visto, essa política tem continuidade no governo de Eduardo Campos, iniciado em 2007, apontando para estratégias voltadas para a superação dos entraves à promoção da inovação em Pernambuco, delineando-se o surgimento de um modelo de C&T no estado, cuja arquitetura institucional expressa a intenção de agregar interesses de segmentos considerados capazes de promover novos patamares de desenvolvimento.

Com efeito, no Programa de Governo de Eduardo Campos, a idéia de transposição do conhecimento está relacionada com as ações a serem realizadas visando à interiorização e à melhoria da distribuição regional do desenvolvimento. Em destaque, sobressai toda a ação que envolva e estimule a descentralização das entidades públicas, estaduais e federais, com o objetivo de apoiar a transferência para o setor produtivo do conhecimento gerado nessas instituições e nos centros de pesquisa localizados na região (FRENTE POPULAR DE PERNAMBUCO, 2007).

Mais recentemente, o discurso governamental tem se voltado para a configuração de Centros de Inovação e Difusão de Tecnologias (CidTecs), os quais estão sendo concebidos para operar em rede, objetivando articular e mobilizar competências, organizadas em estruturas leves, ágeis e flexíveis, compatíveis com as especificidades do setor econômico e da base institucional de educação, bem como a tecnologia da sub-região onde estes se instalem. As Figuras 1(2), 2(2) e 3(2) expõem a idéia básica dos três tipos ora mencionados. Figura 2(2) - CidTec Tipo 1 Fonte: Adaptado de Pernambuco (2007, p. 32)

Núcleos Avançados (IES e ICT)

Centro Tipo 1 Assistência

Técnica

Treinamento e ensino Médio/Profissional (CEFET, EAF, SENAI, SENAR)

Demandas Técnicas

Demandas de Competências

Informações

Respostas técnicas (encaminhamentos)

Demandas (problemas técnicos)

Setor produtivo

RH Qualificado (nível Médio/Técnico)

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Figura 2(2) - CidTec Tipo 2 Fonte: Adaptado de Pernambuco (2007, p. 32) Figura 3(2) - CidTec Tipo 3 Fonte: Adaptado de Pernambuco (2007, p. 32)

No caso dos CidTecs foi estabelecido um ordenamento envolvendo as demais instituições existentes, conforme níveis estipulados pelo Programa de Ciência, Tecnologia & Inovação (C, T & I) do governo. Tais níveis levaram em conta classificação decorrente do estágio vigente da atividade econômica onde o CidTec esteja localizado, além da dinâmica e perspectivas de crescimento em médio e longo prazo, ou seja, “(tipo 1. localizados em pequenos centros urbanos, tipo 2, em centros urbanos de maior centralidade na rede urbana estadual, e tipo 3 nos centros nodais de maior área de influência e onde estão presentes instituições científicas e tecnológicas)” (PERNAMBUCO, 2007, p. 31).

Instituições de Educação Superior

Centro Tipo três

RH Qualificado (PG)

Instituições de P&D

Demandas de Competências

Problemas tecnológicos

Demandas (problemas tecnológicos)

Setor produtivo

P&D (p/ o mercado)

P&D p/ o mercado e serviços avançados (Metrologia)

Inovação

Capacitação (PG)

Instituições de Educação Superior

Centro Tipo 2

RH Qualificado

Instituições de P&D

Demandas de Competências

Problemas tecnológicos

Assistência técnica e capacitação

Demandas (problemas tecnológicos)

Setor produtivo

Soluções tecnológicas

Extensão

RH Qualificado

RH Qualificado

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Deve-se assinalar o diagnóstico de que a base de C&T pernambucana, apesar de consolidada e reconhecida nacionalmente, encontra-se concentrada no Recife e nas suas instituições científicas e tecnológicas públicas, principalmente na UFPE, com poucas articulações com o setor produtivo (PERNAMBUCO, 2007). Na capital estão dez das 11 instituições de pesquisa de Pernambuco, constantes da base Lattes do CNPq, o que conduz ao entendimento de que a concentração é também territorial, cabendo olhar de outra maneira para o processo de interiorização, de tal sorte que o modelo de gestão contemple o aproveitamento do potencial e dos recursos locais. Isto recomenda que se leve em consideração o formato do CidTec, pois, de acordo com o tipo que está sendo modelado, às instituições de educação superior está reservada grande responsabilidade na implementação da política de C, T & I.

Seguindo esse raciocínio, o assunto tratado na próxima seção, estabelece a interface entre o desenvolvimento sustentável e a educação superior, sobretudo para saber como as instituições encarregadas de promovê-las fazem opções e escolhas comprometidas com a sustentabilidade. 3. Referencial 3.1 A questão da interiorização

Para Veiga (2006), foi há cerca de 70 anos que surgiu a proposta de intervenção deliberada do poder público para induzir a localização de atividades, como ocorre nos anos mais recentes. O autor identifica pelo menos quatro fatores que explicam a volta do território ao domínio da ação pública:

1. ele está no centro das estratégias que visam a competitividade e a atratividade econômicas; 2. é nele que pode ser reforçada a coesão social; 3. é o melhor instrumento de modernização das políticas públicas, já que impõe abertura e transversalidade; 4. apesar de nele estarem ancoradas as instituições locais, permanece um domínio de ação de instâncias hierárquicas superiores, cujos graus de liberdade são cada vez mais condicionados pelo processo de globalização e pela construção de acordos regionais supranacionais (VEIGA, 2006, p. 20).

Sob esse ponto de vista, as políticas de interiorização fogem ao padrão tradicional de desenvolvimento, dado que sua estratégia é orientada para a participação e descentralização, de forma que se compartilhe informações favorecendo o surgimento de um significado comum, bem como o aproveitamento e disseminação do conhecimento para as ações de desenvolvimento (OLIVEIRA et al, 2007).

Como visto na Figura 4(3), a localização do Pólo de Confecções mostra um segmento econômico situado na parte central do Agreste de Pernambuco, onde está situado um dos arranjos produtivos de grande significado para a economia local e regional. Ele está representado pela cidade de Caruaru, em torno da qual se localizam dois municípios, já no Agreste Setentrional: Toritama, com sua produção de jeans; e Santa Cruz do Capibaribe, com malharia. Ambos, junto com Caruaru, que assume importância como produtor de vestuário em geral, além de alguns outros de menor expressão, constituem o que é chamado “rota da moda” (BALTAR; PINCOVSKY, 2006).

Historicamente falando, sabe-se que o Pólo de Confecções do Agreste surgiu da vocação para o comércio das cidades da região, evidenciadas pelas tradicionais feiras de gado, verduras e de artesanato, até mais recentemente com o que se denominava Feira da Sulanca, na qual aproximadamente 12.000 varejistas vendem confecções produzidas através de micro e pequenas empresas, formais e informais da região (UPE, 2006).

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FIGURA 4(3) – Localização do Pólo de Confecções de Pernambuco

Nele, nota-se forte dinamismo das empresas que o integram, embora seja grande a necessidade de consolidação do que já foi feito, para que o estado retome a posição de destaque que já teve, em fases anteriores de sua trajetória. É o que está previsto no Relatório Síntese do Projeto: A Economia de Pernambuco: Uma contribuição para o futuro, elaborado em 2006, na gestão do então governador, José Mendonça Filho (PERNAMBUCO, 2006). De acordo ainda com esse documento, a importância estratégica do Pólo de Confecções do Agreste justificou a concentração de investimentos públicos realizados recentemente, sobretudo em municípios do Agreste Central (PERNAMBUCO, 2006), destacando-se os seguintes pontos:

a duplicação da BR-232 até São Caetano (R$ 360 milhões); a restauração e a pavimentação da PE 160; a adoção do regime especial para os setores têxtil e de confecções; a implantação do Centro Tecnológico da Moda, em Caruaru (R$ 1,1

milhão); a implantação do Sistema de Jucazinho (R$ 26 milhões); a implantação dos sistemas simplificados de abastecimento de água de

Toritama e Santa Cruz do Capibaribe (Projeto Alvorada); a reforma do Terminal Rodoviário de Caruaru; a reforma e ampliação do aeroporto de Caruaru (R$ 7,5 milhões); a recuperação dos hospitais de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe.

Esses investimentos podem ser considerados de caráter estruturante para a região onde se situa o Pólo de Confecções. Deverão eles propiciar seu desenvolvimento e expansão, dando margem a que a iniciativa da UPE, com a interiorização do ensino, ao oferecer o Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, possa favorecer o incremento de novos conhecimentos e agregar valor à cadeia produtiva dessa atividade socioeconômica, fundamentado nos princípios da sustentabilidade.

Aliás, o planejamento desta ação governamental, em apoio ao desenvolvimento da região, considerou as competências das diversas instituições engajadas. Assim, no tocante à capacitação em moda, foi prevista uma atuação coordenada e integrada do SEBRAE, SENAI, ITEP, UFPE e UPE, abrangendo todo o ciclo da moda, que compreende a criação, produção e comercialização dos produtos. Em face desse arranjo institucional, coube, deste modo, à UPE, a formação de administradores com a competência em Marketing de Moda (UPE, 2006).

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3.2 A iniciativa da UPE

A UPE foi criada através da Lei Estadual nº. 5.736, de 25 de novembro de 1965, sob a denominação de Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (FESP), como mantenedora de um grupo de antigas e tradicionais unidades de ensino superior preexistentes no Estado, inclusive no interior. A UPE já nasceu interiorizada. Em 1990, foi extinta a FESP, sendo criada em seu lugar, pela Lei Estadual nº. 10.518, de 29 de novembro de 1990, a Fundação Universidade de Pernambuco, instituição de direito público, que passou a ser a mantenedora da nova Universidade de Pernambuco (UPE), reconhecida pela Portaria Ministerial nº. 964, de 12 de junho de 1991. Integrante da Administração Indireta do Poder Executivo Estadual, a UPE atua como Fundação Pública, vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, através da Lei Complementar nº. 49, de 31 de janeiro de 2003. Dois aspectos lhe são peculiares: é a única universidade estadual do País que tem como parte do seu autofinanciamento as mensalidades dos alunos, ao mesmo tempo em que é também a única universidade multicampi do Estado de Pernambuco, conforme a Figura 5(3), abrangendo o litoral, a Zona da Mata, o Agreste e o Sertão. São 14 unidades, distribuídas em seis campi nas áreas de saúde e ensino, tendo a Reitoria como órgão executivo superior, na capital.

FIGURA 5(3) – VISÃO DO CAMPUS DA UPE NO ESTADO

Fonte: UPE (2007)

É interessante notar que a instalação do campus de Caruaru, em 2006, foi proveniente de uma demanda da sociedade local, provocada por diferentes manifestações de muitos de seus representantes, que evidenciaram a importância da vinda da UPE para o desenvolvimento da região (UPE, 2006). O que efetivamente aconteceu, com a concepção do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, visando promover ações identificadas com a geração de conhecimentos que preferencialmente venham a se incorporar ao Pólo de Confecções, como forma de incrementá-lo, respeitando os princípios do desenvolvimento local e sustentável.

Neste campo de estudo, inclusive, há grandes lacunas teórico-empíricas a respeito da relação entre educação e desenvolvimento local sustentável, sobretudo na área de administração, sendo o tema quase inexplorado. Deve-se observar, ainda, que esse fenômeno é recente em Pernambuco, razão pela qual o estudo realizado ganha certa relevância e interesse em termos da avaliação de políticas públicas.

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Com isto, espera-se poder subsidiar vários segmentos da opinião pública para uma melhor análise da informação e das políticas locais, nacionais e internacionais, ligadas aos desequilíbrios mundiais, bem como à necessidade de mudanças dos comportamentos sociais, individuais e/ou grupais, de maneira que as propostas de ação estejam norteadas por preocupações de sustentabilidade dos processos de desenvolvimento (TENERELLI; SILVA; PAIVA, 2006). O foco nessa temática suscita uma advertência para os que querem se aventurar em projetos como os propostos pela UPE, como será examinado a seguir. 3.3 A educação em face da luta pela sustentabilidade

Na interface entre educação e desenvolvimento, o ponto de convergência reside na capacidade social para aprender como um requisito para que a sociedade possa abordar os problemas globais complexos com que se defronta e superar o gap observado entre a complexidade dos problemas criados pela sociedade e a sua capacidade para encontrar soluções (CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2005).

Para se transpor esses obstáculos colocados pelo desenvolvimento sustentável é preciso entender que sua abordagem é um processo intensivo em competências, as quais requerem produção e apropriação do conhecimento, sobretudo àquele vinculado à resolução de problemas societais veiculados pelo desenvolvimento sustentável. Desse modo, a criação de um sistema de conhecimento para a sustentabilidade apresenta-se como um desafio mais complexo do que a criação de uma mera capacidade científica e tecnológica, pois reclama a sua integração com outras fontes de conhecimento e atores envolvidos na produção, distribuição e uso do conhecimento (CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2005).

Com efeito, torna-se imperativa a definição de uma agenda direcionada para o alcance da sustentabilidade do desenvolvimento, com elevada utilidade e relevância social, cuja consecução leva ao manejo da interdisciplinaridade, ao lado da busca de respostas para as necessidades e prioridades locais, para se obter êxito. Como assinalam Carrizo, Prieto e Klein (2003), a visão disciplinar clássica é insuficiente para dar conta da complexidade do mundo, de modo que dois movimentos integrativos devem se fazer presentes nesse processo: a) a conjunção de disciplinas, para além das fronteiras de cada departamento, objetos, teorias e métodos até hoje utilizados; b) a inclusão de novos atores no ciclo de conhecimento, principalmente os de fora do âmbito acadêmico.

Não há dúvida de que se trata de um paradigma considerado inovador. Independentemente de sua denominação, ou seja, se é sistêmico, ecológico ou paradigma da complexidade (MORIN, 2001). É certo que ele traz como enfoque a visão da totalidade, de rede, de teia, de conexão e de inter-relacionamento, de superação da visão fragmentada do universo e da busca da reaproximação das partes para reconstruir o todo nas variadas áreas do conhecimento (MORAES, 2004). De maneira propositiva, Morin (2001) defende a proposta de incorporar os problemas cotidianos ao currículo e à interligação dos saberes. 3.4 O Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda da UPE

A concepção do Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda partiu da orientação da UPE, no sentido de privilegiar as necessidades decorrentes das vocações e potencialidades das regiões onde estão sendo instalados os seus campi, como apoio ao desenvolvimento socioeconômico, aos municípios pernambucanos (UPE, 2006). Procurou-se, então, estimular, desde o início,

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a formação do aluno, de modo que este possa associar a teoria disseminada no Curso à prática cotidiana, considerando que esta é umas das competências requeridas pelo mercado globalizado de trabalho, reconhecido na atualidade como bastante competitivo.

Para tanto, faz-se necessário a realização de atividade de formação profissional pelas universidades em parceria com o governo e o próprio mercado, de maneira que, além de contribuir para o desenvolvimento local sustentável, sejam criadas oportunidades para a inserção profissional dos futuros egressos da universidade. Com efeito, não há dúvida de que, cada vez mais,

a interação da "Universidade com o mercado de trabalho" vem sendo vista como uma das ações competitivas para aumentar a employability dos graduados; e, de outro lado, constitui-se numa forma efetiva para aumentar e socializar os conhecimentos gerados pela Universidade, propiciando junto ao mercado, a geração de inovações que possibilitem a promoção do crescimento econômico sustentado (INFANTE, 1999, p. 3).

No caso da UPE, evidencia-se uma estratégia política e pedagógica voltada para a abordagem interdisciplinar dos conteúdos programáticos, assim como para a realização de Projetos Experimentais (PExs) como opção ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na perspectiva justamente de possibilitar ao aluno a capacidade de integrar e aplicar a teoria disseminada ao longo dos semestres letivos. Em sua essência, os projetos experimentais consistem em trabalhos teórico-práticos desenvolvidos pelos alunos como forma de demonstrarem o seu nível de aprendizagem articulando a capacidade de experimentar, desenvolver e empreender uma pesquisa aplicada a temas e assuntos pertinentes no caso deste estudo, isto é, a área de administração (SENA, s.d.).

Do ponto de vista normativo, essa orientação está em conformidade com a legislação vigente, em especial as Diretrizes Curriculares estabelecidas através da Resolução nº 4, do Conselho Nacional de Educação (CNE), de 13 de Julho de 2007, permeando, acompanhando e orientando todo o desenvolvimento das disciplinas a serem ministradas em todos os seus semestres letivos. Da mesma forma, com as novas diretrizes curriculares não há mais a obrigatoriedade da monografia nem do trabalho de finalização da graduação em administração. O TCC passou a ter várias versões, a critério de cada curso e instituição de ensino, sendo opcional na sua realização. É o que se estabelece nas diretrizes:

Art. 9º Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é um componente curricular opcional da instituição que, se o adotar, poderá ser desenvolvido nas modalidades de monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em áreas teórico-práticas e de formação profissional relacionados com o curso, na forma disposta em regulamento próprio (BRASIL, 2005, p. 26-27)

Entretanto, não há um senso comum quanto aos efeitos dessas práticas com vistas à complementação da formação profissional dos futuros egressos, constituindo a tentativa de integrar, a teoria e a prática, um problema a ser solucionado no campo acadêmico mundial (MORAES, 2004). Por isso é que se recorre, nos cursos de graduação em Administração, à atividades de estágio curricular supervisionado e outras complementares, principalmente de trabalhos de conclusão de curso (CUNHA, TAKAHASHI; PEREIRA, 2007).

De todo modo, a adoção de ações metodológicas para uma prática interdisciplinar “pressupõe que exista intercâmbio, integração e a complementação das disciplinas e dos participantes do processo ensino-aprendizagem (professores e alunos) em prol do tema a ser investigado” (LIMA, 2006, p. 152). Neste ponto, sabe-se que não se trata apenas de ministrar e integrar disciplinas mas também de possibilitar a pesquisa e a extensão.

Assim, a implementação de proposta com tais concepções constitui um dos desafios reconhecidos por alunos e professores do Curso em questão, principalmente no desenvolvimento dos PExs, os quais deverão ser direcionados preferencialmente às

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micro e pequenas empresas que constituem o Pólo de Confecções do Agreste Central. Na próxima seção, essa discussão se aprofunda, incorporando a visão de discentes e docentes acerca dessa problemática, em que a análise dos dados empíricos é precedida pela apresentação dos procedimentos metodológicos adotados. 4. Discutindo a problemática 4.1 Foco, orientações e procedimentos metodológicos adotados

O foco dado à problemática discutida nesta seção foi grandemente determinado por Carrizo (2003), que oferece sugestivas idéias acerca de como se estudar a temática da universidade em relação aos modos de produção de conhecimento, seja em termos estritos do saber científico e acadêmico, integrando o ator social nesse processo, seja ao lado de ações que vinculem conhecimento, políticas e ações integrativas das necessidades do mundo real. Aqui, cabe lembrar que este trabalho tem em vista uma experiência promovida pela UPE, no âmbito de uma estratégia calcada na busca do desenvolvimento sustentável, em que se insere a formação de administradores como expressão concreta de uma política pública de interiorização do ensino superior. Ante os inúmeros questionamentos surgidos nesse amplo panorama, um enfoque tornou-se dominante no estudo, isto é, saber como pensam duas categorias de atores envolvidos no processo de interiorização do ensino superior: alunos e professores.

Neste sentido, deve-se destacar que a prevalência de categorias como professores, estudantes, currículos e tipos de escola, quando juntas, mostra, entre outros aspectos, que se está diante de uma linha institucionalista de análise de seus conteúdos (MELO; OLIVEIRA, 2005). Um dos núcleos de sentido denota que o cerne interpretativo reside no desafio da aproximação entre universidades e empresas, como fonte propulsora de mudança, dentro de uma nova ordem institucional, ou seja, a do desenvolvimento sustentável.

O trabalho tem caráter descritivo-explicativo, reunindo pesquisa documental, bibliográfica e de campo, predominando a análise de conteúdo dos dados coletados, que passaram por um processo de triangulação. Em paralelo, também se realizou conversações formais e informais junto à autoridades e órgãos da UPE, com visitas ao campus de Caruaru. Em algumas dessas oportunidades houve participação em reuniões em que foram discutidos assuntos pertinentes ao Curso, como a necessidade de se realizar parcerias UPE-Empresas. Nelas, estavam presentes alunos, professores, pró-reitores e representantes do meio empresarial e do município. As visitas foram realizadas em junho de 2007, e no decorrer do primeiro semestre de 2008. Com base nessa ativa interação, buscou-se chegar ao entendimento da forma como alunos e professores interpretam e dão sentido às suas experiências, de acordo com um dado contexto pedagógico e social, em meio a um processo dinâmico e mutante.

Como produto, configurou-se um estudo de caso, por tratar-se de uma situação particular, ou seja, um dos cursos oferecidos pela UPE. De acordo com Gil (2007, p. 54), “o estudo de caso é uma modalidade de pesquisa que consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”.

Foram utilizados dois tipos de coleta de informações: entrevistas semi-estruturadas com o corpo docente e a aplicação de dois tipos de questionários junto a representantes do corpo discente. Os critérios utilizados para a seleção de discentes e docentes visando à abordagem, foram intencionais, tendo em vista questões de custos, tempo e acessibilidade. A todos foi garantida a privacidade na identificação do respondente. Dados obtidos mediante gravação, transcrições, anotações e e-mails foram codificados.

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Em relação ao corpo discente do Curso, vale dizer que este é constituído por aproximadamente 187 alunos, que prestaram vestibular nos anos de 2006 e 2007. Para a realização da pesquisa, foram feitos contatos com seis alunos, dentre estes aqueles que tanto já estivessem inseridos no mercado de trabalho, inclusive como empreendedores, como os que ainda não estivessem trabalhando. Também foi selecionado um que tivesse participação em órgão de representação estudantil do Curso.

Dos dez docentes do Curso foram entrevistados cinco, sendo todos vinculados ao campus de Caruaru, tendo sido sete deles admitidos mediante concurso público, realizado em 2007 e três por seleção pública simplificada realizada em 2007 e 2008. Dos entrevistados, um já havia exercido a função de coordenador do Curso. Também foi entrevistada a atual coordenadora. Ambos também atuam como docentes. Dos cinco entrevistados, três integram o grupo que está promovendo ajustes no Projeto Político e Pedagógico do Curso, sobre os quais serão feitos outros comentários mais adiante. Adicionalmente, um sexto docente foi entrevistado, por ser justamente um dos responsáveis pela elaboração do Projeto Político e Pedagógico do Curso, bem como por sua implantação, iniciada em 2007. Desde então, esse docente vem fazendo o acompanhamento do processo de implementação, feito a partir do campus do Recife, de onde ele é oriundo, significando dizer que, embora não faça parte do grupo de professores do Curso, sua presença tem sido marcante.

Do roteiro que norteou a condução das entrevistas realizadas com os professores, bem como dos questionários aplicados aos alunos, constaram os seguintes temas: Sustentabilidade, Interiorização, interdisciplinaridade, Projeto Político e Pedagógico do Curso, desenvolvimento local, Pólo de Confecções, Projeto Experimental, Centro Empreendedor, parcerias Universidade - Empresas, proposta do Curso direcionada a vocação local, conhecimento teórico e aplicado. 4.2 Análise dos resultados

Começando pelo conceito de sustentabilidade, observa-se que ele ainda está submetido a polêmicas diversas, começando pela falta de consenso em torno de sua problemática. O entendimento é de que o conceito se mostra como algo ainda não acabado e difícil de ser aquilatado. O que não implica também inferir que seja completa a ausência de aspectos convergentes na visão dos entrevistados. O que preocupa é o fato de que, muito ainda do que está sendo alertado e proposto, encontra-se posicionado mais no discurso do que de fato nas práticas instituídas.

Neste sentido, foi percebido que a problemática do desenvolvimento sustentável considera o conhecimento como recurso indispensável para a implementação dos seus princípios, implicando ser este o contexto no qual a educação superior, como atividade social e humana, realizada pelas universidades como instituições, está sendo chamada a contribuir, significando superar a deficiência de pessoal qualificado, conforme pesquisa que serviu de base para a concepção do Curso. Os depoentes acreditam que a UPE está cumprindo seu papel ao procurar atender a estas exigências.

Aliás, parece claro a noção de que a educação superior, a que este estudo se refere, não se coaduna com o de práticas conservadoras, nas quais se pressuponha a adaptação passiva do educando a uma realidade cristalizada. O estudo ora realizado mostra que se está diante de iniciativa inovadora, afirmando que é possível contribuir para a adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável, com pessoas cientes da realidade que as cerca, através de atitudes reflexivas associadas ao seu modo de agir.

É nesta perspectiva que se insere a proposta do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, da UPE, submetido a forte expectativa quanto à relação ensino-aprendizagem, de acordo com o disposto em seu Projeto Político e Pedagógico. Outro ponto, que não deve ser esquecido, consiste na razão de estar direcionado a apoiar

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o desenvolvimento local da cidade de Caruaru e dos municípios do seu entorno. Como núcleo desse processo se ressalta a adoção e o desenvolvimento dos PExs, notadamente com o viés da contribuição para o desenvolvimento local sustentável e como prática pedagógica facilitadora da associação teoria-prática, presente na formação do administrador.

Como se insere a questão do Curso estudado neste contexto? Para tanto, teve-se que considerar as esferas espaciais, temporais, políticas, culturais e institucionais, as quais devem ser contempladas para se entender que o Curso, e a experiência que está desenvolvendo, tem como principal desafio a construção de sua identidade, em meio á formação de seus alunos.

Aqui, salienta-se a forma ainda fragmentada com que as disciplinas do Curso estão sendo conduzidas, tendo em vista os três semestres de funcionamento, concomitante com a implementação do Projeto Político e Pedagógico, que vem ocorrendo desde 2007. Nesse ínterim, problemas de coordenação foram observados, todos relacionados com questões pedagógicas e operacionais, sendo natural a inquietação do porquê alguns dos anseios não se tornam realidade. Assim, um dado relevante vem a ser o fato de, em curto período de tempo, já ter havido mudança de coordenador, denotando descontinuidade na condução de um processo que requer liderança estratégica para se obter boas respostas às cobranças que estão sendo feitas.

Uma das constatações reside no desafio do Curso para contar com condições que abracem as expectativas de alunos e professores, especialmente quanto ao equacionamento de problemas relativos ao processo de implementação dos PExs, que vão desde a própria compreensão acerca de seu significado até àqueles condizentes com o relacionamento direto com o meio local, considerado fonte de tensão, pois ainda estão sendo articulados os contatos e o acesso às bases aplicativas desses projetos. Por parte dos alunos, pode-se fazer referência a alguns relatos:

Sinto que há uma dificuldade de compreensão, pela grande maioria dos universitários sobre o que seria de fato o “Projeto Experimental”. Devemos levar em consideração que o “Projeto Experimental” trata-se de algo novo, e tudo o que é novo, de certa forma deixa alguns apreensivos (Aluno n. 1). A perspectiva é grande e de fato vai conseguir chegar em um patamar de alta qualidade, mas acredito que será a longo prazo, devido a grande falta de informação (Aluno n. 3). È muito importante, mas acredito que ainda deve ser melhorado bastante o método que é aplicado ao estudante, pois influirá bastante no seu resultado final. Assim mesmo, ele trás um diferencial que deve ser estimulado a todos (Aluno n. 4). Infelizmente, apesar de existirem projetos bem interessantes, a cultura do empresariado local ainda é muito fechada para as mudanças. No entanto, creio que os projetos implementados terão sucesso e trarão efeitos muito positivos para a economia local (Aluno n. 5).

Neste sentido, entende-se que a educação para o desenvolvimento, particularmente neste Curso, como já foi mencionado, ocupa um papel que transcende a mera difusão de conhecimentos e práticas sustentáveis. Ele requer dos alunos e professores uma demonstração real de que isto foi internalizado, quando dos estudos da disciplina matriz, ou seja, Projeto Experimental, que dá partida ao desenvolvimento dos PExs, por cada aluno, os quais devem ser portadores de idéias e soluções que propiciem a sustentabilidade das empresas que compõem o Pólo de Confecções. Uma prioridade prontamente se revelou, considerando a imediata necessidade de se abrir canais de comunicação junto ao empresariado local, a fim de que seja assegurado um espaço para o desenvolvimento e a aplicação dos PExs. Assim, os alunos se posicionaram sobre esta questão:

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No momento não vejo nenhuma empresa se pronunciar, ainda há um número enorme de alunos querendo oportunidade de mostrar suas idéias, conhecimentos (Aluno n. 3). A esperança é que futuramente eles absorvam estudantes no mercado (Aluno n. 4). Devido ao grande número de empresas situadas no Pólo de Confecções e a grande carência de profissionais qualificados, será uma absorção a longo prazo, talvez por meio de conscientização (Aluno n. 5). Por mais interesse que os futuros administradores formados pela UPE tenham em implantar seus projetos. Por questões culturais, ainda encontrarão barreiras quanto a aceitação de tais projetos (Aluno n. 6).

É digno de nota o papel dos PEXs como um estímulo à prática interdisciplinar, como uma tentativa para que os professores estabeleçam uma aproximação entre si, bem como com alunos e empresários, uma troca de saberes, em torno de uma mesma problemática a ser superada, a ser encarada. Na visão de dois dos entrevistados,

Agora é a hora da verdade. Nós comentamos muito que o conhecimento que existe na Universidade não é usado pela sociedade, então vamos testar isso, uma iniciativa elaborada por um aluno do Curso superior que forma um profissional, entendido como aquele que sabe fazer aquilo que se propõe, orientado por um professor que a universidade reconhece como conhecedor profundo, tem que ter importância, porque se ele for aproveitado 30%, isso quer dizer que o que nós estamos ensinando só tem importância relativa 30%. Se esse Curso daqui a três anos não emplacar os PExs, o Curso falhou (Docente n. 1). Um dos desafios para a elaboração dos PExs é conseguir interagir com o empresariado local e trabalhar a interdisciplinaridade. As limitações se referem especialmente a questão de trabalharmos em horários corridos e de termos um alunado bastante inativo, com pouco tempo dedicado aos estudos e as ações da universidade. Quanto aos alunos, o maior desafio é conseguir a motivação para continuar os estudos, compreendendo a importância de sua atuação de modo mais pró-ativo, visando a construção de uma universidade melhor. É fundamental a participação do corpo discente na melhoria das ações de PEx, cabendo a estes enxergar o projeto como uma oportunidade de obtenção de prática administrativa. A maior limitação que percebo é o fato de grande parte dos alunos trabalharem e também de não compreenderem a proposta do Curso (Docente n. 5).

Como se notou, é senso comum, entre os docentes, que os PExs são o grande diferencial, as principais citações giram em torno da forma crítica pela qual eles são vistos e podem ser objeto de melhoria. De acordo com uma das entrevistas, a disciplina, de mesmo nome, tem um peso significativo no Projeto do Curso, apesar de que ela sozinha não é tudo, mas tem a sua importância porque, por seu intermédio, o PEx do aluno é construído, articulando os conhecimentos das outras disciplinas (Docente n. 2). Outra entrevista se refere ao PEx como algo em construção, ressaltando que toda inovação requer disponibilidade de abertura tanto por parte do professor quanto do aluno, entendendo que, como não está ainda devidamente formatado, é uma limitação (Docente n. 3).

Neste momento, a percepção é de que ainda não há a devida integração de disciplinas e mesmo o envolvimento de alunos nessa prática. Ao que parece, não está se mostrando tarefa fácil instituir novas práticas metodológicas, que digam respeito a alunos e professores organizados em disciplinas e um mesmo projeto de pesquisa, como proposto pelo Projeto Político e Pedagógico do Curso (UPE, 2006). Pelo que foi visto, as lacunas existentes podem ser atribuídas à responsabilidade que cabe aos docentes nesse processo, que leva em conta condições de trabalho, carga horária a que estão submetidos, motivação e dedicação. Ao domínio das idéias do projeto.

Ademais, foi percebido que não se pode perder de vista que a proposta da UPE deve mostrar-se pertinente com o profissional que o mercado globalizado exige, ou seja,

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que os egressos deste Curso sejam preparados para entender o local dentro de um contexto maior, global, e, para tanto, não se pode admitir analisar problemas do cotidiano sob a ótica ou o domínio em uma área do conhecimento específico. Seria “reconhecer os limites de seu saber para acolher contribuições das outras disciplinas - toda ciência seria complemento de uma outra” (FAZENDA, 1996, apud ARAÚJO, 2004, p. 32).

Neste aspecto, surgem os ajustes que estão sendo promovidos, cuidando para que não sejam modificadas demasiadamente as suas feições, considerando que isto implica redirecionamento de escolhas já feitas, até àquelas relativas aos pressupostos do Curso, ante indicativos de quão cruciais são as alterações a serem introduzidas, respeitando a interdisciplinaridade, o processo de incorporação de docentes e a adesão ao Projeto Político e Pedagógico do Curso, indo até a inclusão de parceiros na discussão.

Questões operacionais também não devem ser relegadas, pois se percebeu a necessidade de esforço concentrado para que professores e orientadores possam de fato, acompanhar os alunos nas ações a serem levadas a cabo. Para isto acontecer, junto com os ajustes que se fazem necessários, torna-se preciso existir espaço físico adequado para reunir os alunos em local apropriado, de modo que elaborem seus projetos individuais. Esse espaço, hoje improvisado, deverá ser disponibilizado quando a UPE contar com seu campus definitivo em Caruaru, uma vez que suas instalações atuais são provisórias.

Por outro lado, não deve ser esquecida a recomendação de Sena (s.d), de que no processo de elaboração dos projetos experimentais, os conteúdos ministrados em sala de aula, sejam constantemente atualizados, além da oferta aos alunos de espaços e fóruns próprios para que, desde o início, fiquem próximos de sua realidade.

A conjuntura captada pela pesquisa, como já assinalado, indica predisposição para reformulação relacionada ao desenvolvimento desses projetos, cujo formato deveria ser trabalhado ao longo do Curso, a cada semestre, tanto quanto à parte de estruturação como a parte teórica. A indicação é de que isto, na prática, não funcionou a contento, conforme explicou um dos entrevistados:

Nós tivemos uma reviravolta estrutural no Projeto Experimental. A disciplina de PEx contempla tanto a construção do TCC, que no nosso caso, é o PEx, quanto à construção desse conhecimento conceitual que enfoca a moda enquanto um objeto maior de estudo. No decorrer dos módulos havia uma divisão de acordo com o contexto do módulo e seguia toda uma estrutura, no início, isso era feito, tinha o PEX 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07 e 08. Cada semestre eu via a parte conceitual e construía o PEX. Acontece que a disciplina PEX só tem 30 horas, apesar de ser considerada como a espinha dorsal do Curso, a carga horária é reduzida. Desde o começo do Curso eu não consigo orientar os meninos em sala de aula e passar o conteúdo do semestre em 30 horas (Docente n. 2).

Apesar de essas menções refletirem uma visão crítica do contexto vivido por discentes e docentes, alguns pontos a serem levantados permitem também entrever perspectivas otimistas, pois, ao lado dos limites, surgem possibilidades efetivas de contribuição. Uma delas diz respeito ao capital humano que está sendo formado pela UPE, através deste Curso, pois é com ele que se espera expressar a capacidade de se transferir o planejado para a ação.

Sem embargo, questionados sobre suas aspirações, os alunos posicionaram-se de forma coerente com as crenças de que, tendo os PExs de cada um oportunidade de serem implementados, eles poderão contribuir para um processo sustentado de crescimento das empresas que integram o Pólo de Confecções. Este sentimento está imbricado ao capital humano que está sendo formado pelo Curso e que, no entendimento dos alunos, vem a atender uma carência observada na região. Por outro lado, isto é reforçado pelo fato de os alunos se revelarem conscientes da necessidade de superar barreiras existentes relacionadas à cultura do empresariado local e a própria

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formatação do Curso, que tem no PEx o diferencial inovador como contribuição à vocação regional do Agreste Central.

Com isto, poderão também agregar valor, no gerenciamento dessas empresas, para que tenham visão de futuro e não apenas o foco imediatista de lucro, praticando preços baixos e sem um padrão de qualidade, como revelou o estudo do SEBRAE (2003). Paira também neste horizonte, a necessidade de vencer a barreira da informalidade, com a qual se choca a perspectiva de maior inserção de profissionais no mercado de trabalho, já que é majoritária a presença de empresas informais, estimadas em 90% (SEBRAE, 2003).

Sendo assim, há possibilidades de esse segmento produtivo receber contribuições do Curso, por seus administradores, com competência em marketing de moda, para melhor atrair e acompanhar os clientes dessas empresas, promovendo os seus produtos. Isto porque ao serem questionados quanto a necessidade de ajuda para explorar/identificar novos mercados, 65,2% dos empresários das empresas formais afirmaram que precisavam de ajuda enquanto para os informais este percentual é de 59% (SEBRAE, 2006).

Quanto ao corpo docente, a perspectiva também se mostra aderente ao desenvolvimento que o Curso poderá promover, embora seja reconhecido que muito há para ser feito. Os professores reconhecem que, no caso dos PExs, para eles contribuírem para o desenvolvimento sustentável do Pólo, compatível com a visão dos alunos, o investimento em capital humano qualificado é fundamental, tendo em vista o Pólo apresentar essa necessidade de se profissionalizar, e das empresas serem melhor geridas, de modo a consolidar o seu desenvolvimento, produzindo emprego e renda e a geração de impostos.

Em função desses resultados algumas conclusões podem ser apresentadas, ao lado de comentários finais tecidos em torno das temáticas do artigo.

5. Conclusões Este artigo faz uma análise da experiência promovida pela UPE, com base na iniciativa que esta desenvolve no Agreste Central de Pernambuco, ao iniciar mais uma de suas ações de interiorização no estado, desta feita com o Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda. Aqui, cabe referir o caráter inovador da proposta, cujo exame foi feito a partir da percepção de discentes e docentes que dele fazem parte,

Neste ponto, deve-se ressaltar que a pesquisa realizada integra uma discussão que tem como contexto de referência os arranjos político-institucionais ora promovidos em Pernambuco, no âmbito das mudanças que se busca introduzir na base local de C&T, em que nitidamente se pode visualizar a experiência da UPE na modelagem preconizada na Figura 2(2), qual seja a do CidTec Tipo 2. Em uma perspectiva mais ampla, essa configuração remete ao desenho das esferas institucionais do modelo da tríplice hélice (universidade, governo, indústria), visando discutir o papel das instituições e a dinâmica das inovações, o potencial cooperativo e de aprendizagem organizacional e social. Em verdade, conta-se que este trabalho esteja revelando o papel que está sendo desempenhado por um dos elos dessa corrente, ou seja, a universidade, com sua prática educativa e o compromisso em face da transformação social e do desenvolvimento sustentável, traduzida em uma experiência concreta de interação com seu meio circundante.

Nesse particular, como evidenciado no artigo, que recolhe apenas alguns dos elementos básicos obtidos na pesquisa, por razões de espaço e temática, considera-se que uma de seus resultados imediatos seja o desvendar do que está sendo feito por uma universidade pública para formar administradores qualificados na era da economia do

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aprendizado. O olhar crítico apóia-se no trajeto seguido pelo Projeto Político e Pedagógico do Curso de Administração com ênfase em Marketing de Moda, cuja operacionalização passa por um movimento constante de reflexão-ação-reflexão. Trata-se de um momento de revisão e ajuste, sobretudo pelo encaminhamento que deve ser dado aos projetos experimentais, providencialmente escolhidos como estratégia para que haja aproximação e relacionamento entre o meio empresarial e a universidade, de modo interdisciplinar. Vale dizer que não se trata somente de oferta de conhecimento e tecnologia, mas também de se poder interagir com pequenas e médias empresas integrantes do Pólo de Confecções, com perspectivas de empregabilidade, inclusive.

A análise aponta a emergência de ação intencional e compromisso coletivo, pelo pressuposto de lutas e demandas ligadas ao desenvolvimento sustentável, as quais exigem práticas de articulação, esforços e integração voltados para a formação de redes de relacionamento com o meio local, tanto público como privado, significando mais parcerias, mais produção e troca de conhecimento. Como visto, o trabalho foi realizado ante a dinâmica e problemática da implantação do Projeto Político e Pedagógico do Curso em questão, o qual ainda não tem egressos, razão pela qual a pesquisa tem caráter formativo, com propósito de contribuir para seu aperfeiçoamento e alinhamento com a promoção do desenvolvimento local sustentável.

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