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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA MESTRADO PROFISSIONAL EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE NA REGIÃO LESTE DO RIO DE JANEIRO BIANCA OVÍDIO DE ÁVILA Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ Rio de Janeiro Junho/2013

Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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Page 1: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA

MESTRADO PROFISSIONAL EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE NA

REGIÃO LESTE DO RIO DE JANEIRO

BIANCA OVÍDIO DE ÁVILA

Internação e óbito por desnutrição em idosos nos

Municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e

Itaboraí/RJ

Rio de Janeiro

Junho/2013

Page 2: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios

de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ

BIANCA OVÍDIO DE ÁVILA

Rio de Janeiro

Junho/2013

Dissertação apresentada à Escola

Nacional de Saúde Pública da Fundação

Oswaldo Cruz como requisito para

obtenção do título de Mestre em Saúde

Pública, na modalidade de Mestrado

Profissional.

Orientadora: Profª Drª Denise Cavalcante

de Barros

Page 3: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

2

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver

os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo.”

(Albert Einstein)

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3

Dedico esta obra, com todo meu carinho,

aos meus amados pais Tácito e Vilma.

Page 5: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por iluminar o meu caminho com sabedoria para

enfrentar os momentos mais solitários e difíceis.

Aos meus amados pais Tácito e Vilma, por todo zelo e dedicação à família, pelo apoio

incondicional hoje e sempre, pela permanente preocupação com meu bem-estar.

Aos meus queridos irmãos Daniela e Júnior, queridas tias Joana e Lulu, pelas

constantes palavras de motivação.

Ao meu grande amor, meu noivo Rafael, pela compreensão e paciência. Por ser um

dos maiores incentivadores dessa caminhada, meu porto seguro nos momentos de angústia.

À minha orientadora Denise Barros, pela atenção, pelos grandes ensinamentos e por

acreditar no meu potencial.

Às professoras Sonia Bittencourt e Alessandra Veggi, pelas valiosas contribuições.

Ao geógrafo Jefferson Caldas, pela imensa parceria, pela ajuda essencial na confecção

dos mapas e conclusão deste trabalho. À mestre Raquel Torres, pelas precisas dicas.

Aos profissionais do Projeto de Monitoramento do COMPERJ, em especial Sheila

Fasca, por intermediar o acesso aos dados.

Aos doutores, mestres e funcionários administrativos do Mestrado Profissional em

Vigilância em Saúde na Região Leste do Rio de Janeiro/ ENSP- FIOCRUZ por contribuírem

para o meu crescimento profissional e pessoal.

Aos colegas de turma, em especial, Cristina, Mário, Carlos, Cecília, Carolina, Aline,

Elis e Júnior, pelo companheirismo e união, pela amizade construída.

Aos queridos e verdadeiros amigos, por compreenderem meus momentos de ausência.

Enfim, a todos que torceram pelo sucesso deste trabalho... meus sinceros

agradecimentos!

Page 6: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

5

Ávila, B,O, 2013. Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ. Dissertação de Mestrado. Rio de

Janeiro: Escola de Saúde Pública/ FIOCRUZ.

RESUMO

Introdução: Considerando que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e a

desnutrição em idosos um problema de Saúde Pública, coloca-se como importante desafio a

criação de condições para que a população envelheça de maneira saudável. Objetivo:

Analisar a morbimortalidade hospitalar por desnutrição em idosos residentes numa região no

Leste do Estado do Rio de Janeiro buscando identificar a distribuição espaço-temporal das

hospitalizações. Métodos: Foram estudados 1299 internações e 123 óbitos por desnutrição

ocorridos em indivíduos com 60 anos ou mais residentes nos municípios de Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ, no período de 2006 a 2010. A evolução temporal das

internações e óbitos foi descrita no período de 2000 a 2010. Os dados secundários foram

provenientes do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), Sistema de Informações sobre

Mortalidade (SIM) e Censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a

distribuição espacial das hospitalizações, dados de endereço da SIH foram geoprocessados.

Resultados: Das internações, 818 (63%) ocorreram em homens e 481 (37%), em mulheres.

Em Itaboraí, houve declínio no risco de internação por desnutrição, de forma mais expressiva

no sexo feminino quando comparado ao masculino. Nos três municípios estudados, observou-

se que as taxas de internação alcançaram seu valor máximo nos idosos acima de 80 anos, em

ambos os sexos. Apenas 11% (136) das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs)

apresentaram registro de diagnóstico secundário, sendo que a neoplasia representou quase

40% (54) dos casos sendo as mais importantes: esôfago, estômago, pulmões, bexiga e mama,

seguidas de pâncreas, próstata e reto. Das AIHs cujos campos de diagnóstico foram

preenchidos com a causa desnutrição, apenas 3,7% (49) apontavam esse evento como

diagnóstico secundário. Destas, 18,4% o diagnóstico principal correspondia a septicemias

estreptocócicas (infecções), 16,3% a pneumonias. Em relação aos óbitos por desnutrição entre

idosos, Guapimirim apresentou quase 90% dos casos. O tempo médio de permanência

hospitalar foi de 7,9 dias em Cachoeiras de Macacu, 10 dias em Guapimirim e 8,5 dias em

Itaboraí, médias superiores às encontradas para população geral (7,7 dias). Quanto à mediana

(6 dias), não foi observada diferença significante. A proporção de mortalidade hospitalar foi

de 11,5, 26,2 e 7,6 óbitos por 100 internações, respectivamente. Os resultados revelam

Guapimirim com maior período de hospitalização e risco de desfecho em óbito, refletindo,

assim, maior vulnerabilidade dos idosos internados por desnutrição. A análise da série

temporal, de 2000 a 2010, mostrou uma leve tendência ao aumento de óbitos por desnutrição

nos idosos em Itaboraí, o que pode ser um importante indicador da piora das condições de

vida da população. Para os demais municípios, as tendências apresentam-se estáveis. Quanto à

internação, Cachoeiras de Macacu e Itaboraí apresentaram tendência à queda e Guapimirim,

instabilidade no período. Conclusão: Torna-se essencial fortalecer práticas da atenção básica,

especialmente quanto ao monitoramento do estado nutricional em idosos. Buscar resolver

desordens nutricionais a nível primário, evitando alcançar o grau mais grave que exija

internação deve integrar a rotina dos profissionais envolvidos na Estratégia Saúde da Família

(ESF). Neste sentido, os municípios estudados, assim como os demais, precisam priorizar

ações a nível local. A atenção hospitalar deve contemplar cuidados na avaliação e

acompanhamento nutricional pela equipe multidisciplinar. É imprescindível que se crie um

compromisso entre os gestores para definição de políticas públicas sobre o tema.

Palavras-chaves: Desnutrição, Hospitalização, Idosos

Page 7: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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Ávila, B,O, 2013. Hospitalization and death from malnutrition in the elderly in the cities

of Cachoeiras de Macacu, Guapimirim and Itaboraí /RJ. Master's Thesis. Rio de Janeiro:

School of Public Health / FIOCRUZ.

ABSTRACT

Introduction: Considering that population aging is a global phenomenon and malnutrition in

the elderly is a problem of public health, poses an important challenge is the creation of

conditions for the population to age in a healthy way. Objective: To analyze hospital

morbidity and mortality due to malnutrition in the elderly living in a region in the east of the

State of Rio de Janeiro in order to identify the spatio-temporal distribution of hospitalizations.

Method: A total of 1299 hospitalizations and 123 deaths from malnutrition occurring in

individuals aged 60 or over resident in the counties of Cachoeiras de Macacu, Guapimirim

and Itaboraí / RJ in the period 2006-2010. The temporal evolution of hospitalizations and

deaths was reported in the period 2000-2010. Secondary data were from the Hospital

Information System (HIS), Mortality System Information and national demographic census

from Institute of Geography and Statistics. For the spatial distribution of hospitalizations,

address data from HIS were geoprocessed. Results: Of the admissions, 818 (63%) were men

and 481 (37%) in women. In Itaboraí, there was a decrease in the risk of hospitalization for

malnutrition, more significantly in females compared to males. In the three counties studied,

we found that admission rates reached their maximum value in the elderly over 80 years in

both sexes. Only 11% (136) of the Hospitalization Authorization (AIH) had record secondary

diagnosis, and the cancer accounted for nearly 40% (54) of the cases being the most

important: the esophagus, stomach, lung, bladder and breast, followed by pancreas, prostate

and rectum. The diagnosis of AIH whose fields were filled with the cause malnutrition, only

3.7% (49) indicated that event as a secondary diagnosis. Of these, 18.4% corresponded to the

principal diagnosis streptococcal septicemia (infection), 16.3% to pneumonia. In relation to

deaths from malnutrition in the elderly, Guapimirim showed almost 90% of cases. The mean

hospital stay was 7.9 days in Cachoeiras de Macacu 10 days in Guapimirim and 8.5 days in

Itaboraí average higher than those for the general population (7.7 days). The median (6 days),

no significant difference was observed. The proportion of in-hospital mortality was 11.5, 26.2

and 7.6 deaths per 100 admissions, respectively. The results reveal Guapimirim with

prolonged hospitalization and risk of outcome in death, so reflect greater vulnerability of

elderly hospitalized for malnutrition. The analysis of time series, from 2000 to 2010, showed

a slight tendency to increased deaths from malnutrition in the elderly in Itaboraí, which can be

an important indicator of the worsening of the living conditions of the population. For other

counties, the trends are stable. Regarding hospitalization, in Cachoeiras de Macacu and

Itaboraí tended to fall and Guapimirim, instability in the period. Conclusion: It is essential to

strengthen primary care practices, particularly with regard to monitoring of nutritional status

in the elderly. Seek to address nutritional disorders at primary level, avoiding to grade more

serious requiring hospitalization should be a routine part of the professionals involved in the

Family Health Strategy (ESF). In this sense, the municipalities studied, as well as others, need

to prioritize actions at the local level. The hospital care should include care assessment and

nutritional counseling by a multidisciplinary team. It is essential to create a compromise

between the managers to define policies on the subject.

Keywords: Malnutrition, Hospitalization, Elderly.

Page 8: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Quadro de referência dos determinantes da morbimortalidade da

desnutrição..................................................................................................... 23

Mapa 1 Municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí e limites

municipais...................................................................................................... 40

Mapa 2 Distribuição das internações por desnutrição em idosos na região de 2006

a 2010............................................................................................................. 55

Mapa 3 Distribuição das internações por desnutrição em idosos em Itaboraí, por

bairro, de 2006 a 2010................................................................................... 57

Mapa 4 Distribuição das internações por desnutrição em idosos em Guapimirim,

por bairro, de 2006 a 2010............................................................................. 59

Mapa 5 Distribuição das internações por desnutrição em idosos em Cachoeiras de

Macacu, por bairro, de 2006 a 2010.............................................................. 61

Page 9: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro1 Dados demográficos dos três municípios estudados, referentes ao ano de

2010................................................................................................................... 35

Quadro2 População idosa por sexo segundo faixa etária, ano de

2010................................................................................................................... 36

Quadro3 Síntese metodológica das etapas do estudo...................................................... 41

Tabela 1 Frequência relativa de internação em residentes idosos, segundo causa

(capítulo da CID10), por ordem de importância no período de 2006 a 2010... 44

Tabela 2 Frequência absoluta e proporção de internações por doenças do Capítulo IV

(CID10) em idosos. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ),

2006 a 2010...................................................................................................... 45

Tabela 3 Frequência absoluta e proporção de internações por desnutrição segundo

faixa etária. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a

2010................................................................................................................... 46

Tabela 4 Frequência absoluta e relativa de internação por desnutrição (diagnóstico

secundário) em idosos de ambos sexos, segundo diagnóstico principal, 2006

a 2010 na região................................................................................................ 49

Tabela 5 Frequência absoluta e relativa de internação por desnutrição (diagnóstico

principal) em idosos de ambos sexos, segundo diagnóstico secundário, 2006

a 2010 na região................................................................................................ 49

Tabela 6 Período (em dias) de permanência hospitalar por desnutrição em idosos e

não idosos. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), de 2006 a

2010................................................................................................................... 50

Tabela 7 Frequência relativa de óbitos em residentes idosos, segundo causa (capítulo

da CID10), por ordem de importância no período de 2006 a 2010.................. 51

Tabela 8 Frequência absoluta e proporção de óbitos por desnutrição segundo faixa

etária. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010........ 51

Page 10: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Distribuição da população idosa segundo área de residência, ano 2010.......... 36

Gráfico 2 Proporção de internação por desnutrição em idosos, segundo sexo.

Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.................. 46

Gráfico 3 Taxa de internação por desnutrição em idosos, segundo sexo. Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010......................................... 47

Gráfico 4 Taxa de internação em idosos por desnutrição, segundo sexo e faixa etária.

Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.................. 48

Gráfico 5 Tendência dos óbitos por desnutrição em idosos. Cachoeiras de Macacu,

Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2000 a 2010......................................................... 52

Gráfico 6 Tendência das internações por desnutrição em idosos. Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2000 a 2010.......................................... 53

Page 11: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 11

2. OBJETIVOS........................................................................................................ 17

2.1. Objetivo Geral....................................................................................................... 17

2.2. Objetivos Específicos............................................................................................ 17

3. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 18

4. MÉTODOS........................................................................................................... 35

4.1 Desenho de Estudo................................................................................................ 35

4.2. Descrição da área de estudo.................................................................................. 35

4.3. Fontes de dados e Procedimentos Metodológicos................................................. 41

4.3.1. Caracterizar o perfil dos idosos internados por desnutrição.................................. 41

4.3.2. Analisar a mortalidade por desnutrição em idosos................................................ 42

4.3.3. Descrever a evolução temporal das internações e óbitos por desnutrição em

idosos..................................................................................................................... 42

4.3.4. Conhecer a distribuição espacial das internações por desnutrição em idosos....... 42

4.4. Aspectos éticos...................................................................................................... 43

5. RESULTADOS.................................................................................................... 44

5.1. Caracterização do perfil dos idosos internados por desnutrição........................... 44

5.2. Análise da mortalidade por desnutrição em idosos............................................... 50

5.3. Descrição da evolução temporal das internações e óbitos por desnutrição em

idosos..................................................................................................................... 52

5.4. Distribuição espacial das internações por desnutrição em idosos......................... 53

6. DISCUSSÃO........................................................................................................ 62

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 70

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 72

ANEXOS.............................................................................................................. 80

Page 12: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

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1. INTRODUÇÃO

A partir das últimas décadas do século passado, seguindo a tendência mundial,

observa-se no Brasil um processo denominado “Transição Demográfica”. Este caracteriza-se

pela significativa diminuição das taxas de fecundidade e natalidade, aliada ao aumento da

expectativa de vida e à redução da mortalidade. Como resultado, verifica-se progressivo

aumento da proporção de idosos em relação aos demais grupos etários, ou seja, o

envelhecimento populacional (Brasil, 2005).

Do ponto de vista demográfico, envelhecimento é caracterizado pelo aumento na

proporção da população a partir de 60 anos, para países em desenvolvimento, e de 65 anos,

para os desenvolvidos, em relação à população total (Nogueira et al, 2008).

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os idosos representavam, em

2005, 10,4% da população mundial, e projeções revelam que, até 2050, esse valor será

superior a 20%. Paralelamente, o percentual de crianças reduzirá de 30% para 21%, no

mesmo período (Nogueira et al, 2008). Estima-se que estas tendências populacionais terão, no

futuro, um impacto significante no cuidado da saúde e outros serviços.

Além disso, a proporção da população “mais idosa”, a de 80 anos e mais, também está

crescendo, alterando a composição etária dentro do próprio grupo. A população considerada

idosa também está envelhecendo, mostrando-se um segmento bastante heterogêneo (Veras et

al, 2005).

Nos países desenvolvidos, ao longo de mais de cem anos, a transição demográfica

ocorreu lentamente. Alguns desses países, hoje, apresentam um crescimento negativo da sua

população, revelando taxas de nascimentos mais baixa que as de mortalidade. A transição

vem também acompanhada da elevação da qualidade de vida das populações urbanas e rurais,

como resultado da adequada inserção das pessoas no mercado de trabalho e de oportunidades

educacionais mais favoráveis, além de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais

e de moradia (Brasil, 1999; OPAS, 2009).

No entanto, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, esse processo foi rápido

e desvinculado de uma política social favorável, sem melhora concomitante na qualidade de

vida da população idosa. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população, e a

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12

maior parte apresenta doenças crônicas não transmissíveis e limitações funcionais (Nogueira

et al, 2008).

À semelhança de outros países latino-americanos, o envelhecimento no Brasil é um

fenômeno predominantemente urbano, resultado sobretudo do intenso movimento migratório

iniciado na década de 60, motivado pela industrialização desencadeada pelas políticas

desenvolvimentistas. Esse processo de urbanização propiciou um maior acesso da população a

serviços de saúde e saneamento, o que colaborou para a queda verificada na mortalidade. Por

outro lado, o maior acesso a programas de planejamento familiar e a métodos

anticoncepcionais, contribuiu para uma significativa redução da fecundidade (Brasil, 1999).

Embora grande parte das populações ainda viva na pobreza, nos países menos

desenvolvidos, certas conquistas tecnológicas da medicina moderna, verificadas nos últimos

60 anos – assepsia, vacinas, antibióticos, quimioterápicos e exames complementares de

diagnóstico, entre outros – favoreceram a adoção de meios capazes de prevenir ou curar

muitas doenças que resultavam em morte precoce. O conjunto dessas medidas provocou uma

queda da mortalidade infantil e, consequentemente, um aumento da expectativa de vida ao

nascer (Brasil, 2006a).

Segundo Harris (2002), a expectativa de vida representa a extensão de tempo que pode

se esperar que uma pessoa viva, com base em certas variáveis sujeitas às influências

ambientais (Harris, 2002). Para um brasileiro nascido em 2009 esta expectativa alcançou 73,2

anos e no ano seguinte, 73,5 anos, segundo a pesquisa de Tábuas de Mortalidade (IBGE,

2010). Ao longo de 29 anos, esse indicador teve um crescimento médio anual de 4 meses e 12

dias e, segundo projeções, poderá chegar a 81,29 anos em 2050.

Outro indicador que mostra o processo de envelhecimento da população brasileira é o

índice de envelhecimento (razão entre a população com 60 anos e mais de idade e a população

jovem, menor de 15 anos). Em 1991, era igual a 21, alcançou 31,7 em 2001 e cresceu para

44,8 em 2010, ou seja, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos, havia 44,8 idosos de

60 anos ou mais (IBGE, 2010).

Os processos responsáveis pelo aumento da longevidade resultam não apenas de

avanços tecnológicos, mas também de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo

Estado. No entanto, consequências deste processo têm sido, em geral, vistas com

preocupação, por acarretarem pressões para a transferência de recursos na sociedade,

apresentando desafios para o Estado, os setores produtivos e as famílias (Veras et al, 2005).

Page 14: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

13

Com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 é

possível traçar um breve perfil socioeconômico deste segmento populacional. As mulheres

são a maioria (55,8%), assim como os brancos (55,4%) e 64,1% ocupavam a posição de

pessoa de referência no domicílio. A escolaridade dos idosos brasileiros é ainda considerada

baixa: 30,7% tinham menos de um ano de instrução. Pouco menos de 12,0% viviam com

renda domiciliar per capita de até 1/2 salário mínimo e cerca de 66% já se encontravam

aposentados (IBGE, 2010).

Reconhece-se, no entanto, que o envelhecimento traz vulnerabilidades decorrentes de

perdas biológicas, que são diferenciadas por gênero, idade, grupo social, raça e regiões

geográficas, entre outros. Políticas públicas e processos sociais podem ter papel fundamental

na redução ou no aumento do seu impacto sobre o indivíduo e a sociedade (Veras et al, 2005).

De modo concomitante a transição demográfica, os países têm experimentado

importantes mudanças no perfil de morbimortalidade da população, sendo este processo

denominado “Transição Epidemiológica”. No Brasil, esta transição ocorre de modo particular

em decorrência das diversidades regionais resultantes das diferenças socioeconômicas e de

acesso aos serviços de saúde. Nesse modelo de transição, as Doenças Crônicas Não

Transmissíveis (DCNT) passaram a liderar as causas de óbito no país, ultrapassando as taxas

de mortalidade por Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) na década de 80 (Brasil, 2005).

O cenário epidemiológico brasileiro é complexo. Em 1930, as doenças infecciosas

respondiam por cerca de 46% das mortes em capitais brasileiras, sofrendo no decorrer dos

anos uma redução progressiva, chegando a responder por cerca de 5% dos casos em 2003. Por

outro lado, as doenças cardiovasculares, que representavam apenas 12% na década de 30, são,

atualmente, as principais causas de morte em todas as regiões brasileiras, respondendo por

quase um terço dos óbitos. Em segundo lugar, seguem-se os cânceres e, em terceiro, as mortes

ocasionadas por acidentes e violência (Brasil, 2005).

A modificação no perfil de saúde da população, caracterizada pelo aumento das

doenças crônicas e suas complicações merece destaque nas agendas públicas, uma vez que

sua prevenção tem sido o maior desafio para a saúde pública no mundo. Entre a população

idosa no Brasil, as doenças que têm maior prevalência são as cardiovasculares, as neoplásicas,

as cerebrovasculares e o diabetes mellitus (Lessa, 1998 apud Lígia, 2006).

Esse quadro aponta para a importância de um maior conhecimento do processo de

envelhecimento da população e suas repercussões sobre o sistema de saúde brasileiro. As

Page 15: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

14

ações de promoção da saúde têm sido priorizadas na tentativa de minimizar as demandas e o

possível impacto que o envelhecimento pode causar ao sistema de saúde. Um dos fatores

relacionados ao envelhecimento sadio é a boa nutrição durante toda a vida. A manutenção de

estado nutricional adequado não significa, necessariamente, maior sobrevida, mas interfere

positivamente influenciando maior número de pessoas a se aproximarem do seu ciclo máximo

de vida (Campos et al, 2006).

Segundo Monteiro (1995), desnutrição é manifestação clínica decorrente da adoção de

dieta inadequada ou de patologias que impedem o aproveitamento biológico adequado da

alimentação consumida. Estudos apontam que o distúrbio nutricional mais importante

observado nos idosos é a desnutrição proteico-calórica (DPC), e que esta contribui para o

agravamento das doenças em atividade, sendo associada ao aumento da mortalidade, a maior

susceptibilidade às infecções e à redução da qualidade de vida (Harris, 2002; Sousa &

Guariento, 2009; Rezende et al, 2010). Entretanto, a DPC frequentemente é ignorada sendo

vista, erroneamente, como parte do processo normal de envelhecimento (Harris, 2002).

Ressalta-se, ainda, a presença de um grande obstáculo para a aproximação da extensão

do papel da desnutrição nas estatísticas oficiais de saúde, destacado desde a década de 60: a

qualidade do preenchimento dos registros, que implica, sobretudo, na subnotificação dos

casos (Bittencourt, 2009).

A determinação do estado nutricional de idosos abrange uma complexa rede de

fatores, além das questões econômicas e alimentares. Entre esses fatores, temos: o isolamento

social, que pode determinar um aporte nutricional inadequado; as deficiências físicas que

incluem dentição precária, diminuição do olfato, do paladar e disfagia; as causas psicossociais

que determinam anorexia, como a depressão, o uso crônico de drogas e a deficiência

cognitiva. As restrições financeiras também contribuem para a adoção de uma dieta monótona

e insuficiente em nutrientes essenciais para o idoso (Otero, 2001).

Neste contexto, principalmente no âmbito hospitalar, vale ressaltar a associação com

outras patologias. As causas secundárias de desnutrição incluem anorexia, má absorção

secundária a disfunção gastrointestinal, maior necessidade de nutrientes como resultado de

lesão ou doença, interações de drogas e nutrientes que resultam da administração de muitos

fármacos.

No Brasil, são raras as referências de pesquisas com esta temática. Dados nacionais da

Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) mostram que a prevalência de desnutrição em idosos

Page 16: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

15

no período de 2008-2009, foi de 3,2%, para o grupo de 65 a 74 anos e 4,4% para 75 anos ou

mais, com maior prevalência no sexo feminino (IBGE, 2010). No Brasil, estimativas do

início da década passada, mostraram uma proporção de baixo peso entre homens idosos em

torno de 20,7%, e de 17% para as mulheres na mesma faixa etária. Em números absolutos, o

país tinha, nesse período, cerca de 1.300.000 idosos com baixo peso (Coitinho et al., 1991).

Dados recentes apontam para uma prevalência de desnutrição em idosos variando de 1% a

15%, para os residentes em domicílios; entre 35% e 65%, para aqueles internados em

hospitais; e entre 25% a 60%, para os institucionalizados (Omran & Morley, 2000 apud

Souza & Guariento, 2009). Otero (2001) encontrou uma maior proporção de óbitos por

desnutrição em indivíduos de 70 anos ou mais do que em indivíduos na faixa etária de 60 a 69

anos, independente do sexo.

A distribuição da prevalência da desnutrição em idosos varia entre as regiões do Brasil

e está relacionada às características socioeconômicas da população. A magreza, em ambos os

sexos, é menos frequente à medida que há melhorias na renda domiciliar, grau de escolaridade

e condições de moradia (Tavares, 1997 apud Otero, 2001).

De acordo com estudo multicêntrico de desnutrição hospitalar feito no Brasil em 2001,

o IBRANUTRI (Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar) (2001), a

prevalência de desnutrição é maior nas regiões Norte e Nordeste do país. No Pará, 78,8% dos

pacientes internados encontram-se desnutridos. Já em Salvador (BA), verifica-se uma

prevalência de 76% de pacientes internados desnutridos e em Natal (RN) esse percentual

chega a 67,6%. Na região Sul, a prevalência de desnutrição entre os internados é de 38,9% e

na região Centro-Oeste, que inclui o Distrito Federal, há 34,8% de desnutridos. Associa-se o

menor número de desnutrido nas regiões Sul e Sudeste à melhor oferta de cuidados adequados

na área da Saúde (Waitzberg et al, 2001 apud Souza & Guariento, 2009).

Estudos realizados pelo Plano de monitoramento epidemiológico do processo de

implantação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ),

coordenado pela Fiocruz, apontaram os principais problemas de saúde nos três municípios da

área de abrangência do projeto. No período de 2006 a 2010, tanto no município de Itaboraí,

quanto em Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, foi observado que a maior proporção de

internações por desnutrição ocorreu na faixa etária de 60 anos e mais. Tal fato reflete a

necessidade de cuidados adicionais direcionados a este grupo populacional (Toledo &

Sabroza, 2011).

Page 17: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

16

Alguns autores referem que a ocorrência da desnutrição em idosos é multifatorial,

envolvendo aspectos sociais, fisiológicos, econômicos e ambientais (Otero, 2001; Harris,

2002). Neste contexto, indicadores socioeconômicos podem refletir situação de

vulnerabilidade e indicadores ambientais representam a presença do Estado, contemplando

condições essenciais para garantir cidadania e qualidade de vida.

Neste sentido, o presente estudo pretende conhecer o perfil de morbimortalidade de

idosos internados por desnutrição, residentes numa região do Leste Fluminense do Estado do

Rio de Janeiro, buscando identificar as áreas mais críticas de concentração dessa população

vulnerável.

Considerando que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e a

desnutrição em idosos um problema de Saúde Pública, coloca-se como importante desafio a

criação de condições para que a população envelheça de maneira saudável. Diante da

relevância do assunto, o estudo contribuirá com a formulação de políticas e planejamento das

ações e serviços de saúde com observações mais precisas das necessidades da população

idosa.

Page 18: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

17

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral:

Conhecer o perfil de morbimortalidade de idosos internados por desnutrição,

residentes nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ, buscando

identificar as áreas mais críticas de concentração dessa população vulnerável.

2.2. Objetivos Específicos:

Caracterizar os idosos internados por desnutrição nos municípios estudados,

segundo faixa etária, gênero e doenças associadas;

Analisar a mortalidade por desnutrição em idosos, nos municípios pesquisados;

Descrever a evolução temporal das internações e óbitos por desnutrição em

idosos, nos municípios avaliados;

Conhecer a distribuição espacial das internações por desnutrição em idosos,

nos municípios analisados.

Page 19: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

18

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Envelhecimento

O envelhecimento é um processo pelo qual todos os indivíduos e organismos passam e

é caracterizado por um conjunto de alterações que ocorrem em ritmo e momentos diferentes.

Os vários sistemas orgânicos sofrem uma diminuição gradativa da capacidade de realizar suas

funções de maneira eficaz. Assim, é possível encontrar idade cronológica - extensão do tempo

de existência do indivíduo e idade biológica - caracterizada pelos estágios de envelhecimento

biológico (Silva et al, 2008). A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005) tem o seguinte

sistema de classificação de idade cronológica: meia idade (45-59 anos), idoso (60-74 anos),

velho (75-90 anos) e muito velho (acima de 90 anos).

O ser humano atinge o máximo das suas funções orgânicas por volta dos 30 a 40 anos.

Entre os 40 e 50 anos há uma estabilização e, a partir daí, um declínio progressivo, com a

perda funcional global de 1% ao ano. Portanto, quanto maior a reserva funcional, menor será

a repercussão do declínio considerado fisiológico.

O envelhecimento biológico é inexorável, dinâmico e irreversível, pode ser fisiológico

(senescência) ou patológico (senilidade). O fisiológico pode subdivide-se em dois tipos: bem-

sucedido e usual. No bem-sucedido, o organismo mantém todas as funções fisiológicas de

forma robusta, semelhante à idade adulta. No usual, observa-se uma perda funcional

lentamente progressiva, que não provoca incapacidade, mas que traz alguma limitação a

pessoa. Ainda dentro do envelhecimento fisiológico, podemos encontrar idosos com

alterações fisiológicas mais expressivas, o que caracteriza a síndrome da fragilidade

(FIOCRUZ, 2008).

Caracteriza-se pela maior vulnerabilidade às agressões do meio interno e externo e por

uma maior suscetibilidade nos níveis celular, tecidual e de órgãos/aparelhos/sistemas.

Portanto, senilidade não é diagnóstico e não significa adoecer, pois em condições basais, o

organismo do idoso funciona tão bem quanto o de um jovem. A diferença se manifesta nas

situações em que se torna necessária a utilização das reservas homeostáticas (de equilíbrio)

que, no idoso, são mais frágeis. Além disso, cada órgão ou sistema envelhece de forma

diferenciada e esta variação fica cada vez maior à medida que envelhecemos (FIOCRUZ,

2008).

Page 20: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

19

Quanto ao uso dos serviços de saúde, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD), realizada no ano de 2003, comprovam os resultados de outros estudos,

que apontam as mulheres idosas procurando atendimento médico em maior proporção do que

os homens, independentemente do nível socioeconômico (IBGE, 2009b). Como consequência

da sobremortalidade masculina, as mulheres predominam entre os idosos, resultando na

feminilização do envelhecimento. No Brasil, em 2003, a proporção era de 55,9% para idosas e

44,1% para idosos. Vale ressaltar que a esperança de vida feminina é superior à masculina,

em 2010, era de 77,3 anos para mulheres e 69,7 anos para homens (IBGE, 2010).

A tendência das mulheres sobreviverem aos homens, exibindo uma mortalidade menor

que a masculina, ocorre em todo o mundo, mas isso não significa que desfrutem de melhor

condição de saúde (IBGE, 2009). Estudos apontam que as mulheres apresentam uma chance

maior do que os homens de experimentar doenças típicas da última fase da vida, tais como

artrite, diabetes, hipertensão, doenças do coração e depressão. Assim como de contrair

incapacidades que afetam as atividades do cotidiano (Camarano, 2002).

A PNAD (2003) mostrou que as mulheres idosas declararam um estado de saúde pior

do que os homens, exceto entre os idosos de 80 anos ou mais, onde a tendência se inverte.

Também foram observados diferenciais na autopercepção da saúde dos idosos em relação ao

rendimento médio mensal familiar per capita: os idosos mais pobres (até 1 salário-mínimo

per capita) declararam saúde ruim/muito ruim em maior proporção do que os idosos dos

estratos de rendimentos mais elevados (IBGE, 2009b).

Ainda segundo informações da pesquisa, a proporção de idosos que declararam ter

doença crônica diminuiu, de 78,7% em 1998 para 75,5% em 2003, embora ficasse

evidenciada característica de múltiplas patologias entre aqueles que declararam alguma

doença crônica: 64,4% tinham mais de uma patologia. Ademais, este estudo revelou que o

rendimento não parece ter efeito importante no aumento ou na diminuição da carga de doença

crônica na população idosa. Isso não ocorre quando se analisa o indicador de capacidade

funcional visto que os resultados mostram que a renda está associada com a incapacidade

funcional de forma inversa – aumento da renda e diminuição da incapacidade funcional

(IBGE, 2009b). Uma possível explicação para essa diferenciação reside no fato de que

maiores níveis de renda permitem aquisição de melhores serviços de acompanhamento,

equipamentos de apoio e uma inserção social mais ativa (IBGE, 2010)

Page 21: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

20

A PNAD 2008 revelou que a proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade com

incapacidade funcional (não conseguiam ou tinham grande dificuldade de caminhar 100

metros) variou de 12% em 2003 para 14% em 2008. Estes resultados confirmam o obervado

em outros estudos, à medida que os índices de esperança de vida crescem, há uma tendência

de aumento da incapacidade funcional da população idosa. De fato, a maior frequência de

declaração de incapacidade funcional foi verificada entre idosos de 75 anos ou mais de idade

(27%) (IBGE, 2010).

É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem as idades

avançadas com o melhor estado de saúde possível. O envelhecimento ativo e saudável é o

grande objetivo nesse processo. Se considerarmos saúde de forma ampliada torna-se

necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e

cultural mais favorável para população idosa.

Estratégia Saúde da Família

Com relação ao tema saúde, cabe mencionar que as estratégias das políticas no Brasil

passaram por uma importante reorientação no início da década de 1990, com a implementação

de ações de prevenção e promoção de saúde. Em 1994, foi lançado o Programa Saúde da

Família (PSF), que, além das ações de prevenção, inclui a recuperação, reabilitação de

doenças e agravos mais frequentes realizadas por equipes multiprofissionais em unidades

básicas de saúde que acompanham um número definido de famílias, localizadas em uma área

geográfica delimitada (IBGE, 2010). Atualmente, é denominado Estratégia Saúde da Família

(ESF) por não se tratar mais apenas de um programa, consiste numa estratégia prioritária para

a organização da Atenção Básica e estruturação do sistema de saúde.

No trabalho das equipes da Atenção Básica/Saúde da Família, as ações coletivas na

comunidade, as atividades de grupo, a participação das redes sociais dos usuários são alguns

dos recursos indispensáveis para atuação nas dimensões cultural e social.

A Saúde da Família trabalha com práticas interdisciplinares desenvolvidas por equipes

que se responsabilizam pela saúde da população a ela adscrita e na perspectiva de uma

atenção integral humanizada, considerando a realidade local e valorizando as diferentes

necessidades dos grupos populacionais.

Page 22: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

21

A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, também é um instrumento valioso que

auxiliará na identificação das pessoas idosas frágeis ou em risco de fragilização. Para os

profissionais de saúde, possibilita o planejamento, organização das ações e um melhor

acompanhamento do estado de saúde dessa população. Para as pessoas idosas é um

instrumento de cidadania, onde terá em mãos informações relevantes para o melhor

acompanhamento de sua saúde. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa e o Caderno de

Atenção Básica Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa representam dois importantes

instrumentos de fortalecimento da atenção básica.

A Atenção à Saúde da pessoa idosa na Atenção Básica/Saúde da Família, quer por

demanda espontânea, quer por busca ativa – que é identificada por meio de visitas

domiciliares, deve consistir em um processo diagnóstico multidimensional. Esse diagnóstico é

influenciado por diversos fatores, tais como o ambiente onde o idoso vive, a relação

profissional de saúde/pessoa idosa e profissional de saúde/ familiares, a história clínica -

aspectos biológicos, psíquicos, funcionais e sociais - e o exame físico.

Essa atividade confere, também, maior conforto, tranquilidade e segurança aos

familiares no acompanhamento da pessoa idosa, além de ser, no primeiro momento de

reconhecimento do território, uma importante ferramenta na detecção de idosos em situações

de abandono ou outras situações que apontem que seus direitos estão negligenciados.

Por meio de treinamento busca-se melhorar a formação e as atitudes dos profissionais

de saúde de modo que possam avaliar e tratar as condições que afligem pessoas idosas

fornecendo ferramentas e fortalecendo-as na direção de um envelhecimento saudável.

Segundo o Ministério da Saúde, a associação das políticas previdenciárias e de

assistência social aos programas específicos para a população idosa, em conjunto com a

expansão e qualificação da ESF têm contribuído para uma perspectiva de vida futura melhor

da população com 60 anos e mais. Destaca ainda que o maior acesso aos serviços de saúde,

acesso a educação e melhoria da renda, tem modificado sobremaneira a própria imagem do

abandono associada à velhice (Brasil, 2006b).

No ano de 2008, a PNAD investigou se os domicílios estavam cadastrados na ESF e se

as pessoas tinham plano de saúde e encontrou um número expressivo de idosos (33%) cujos

domicílios não tinham cadastro no ESF, nem tinham plano de saúde particular. Essa situação

de desproteção não se altera até o rendimento domiciliar per capita de até 2 salários mínimos,

perfazendo 2⁄3 de idosos sem qualquer cobertura de saúde pública pelo programa, ou privada,

Page 23: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

22

via plano de saúde. Chama atenção que, no Estado do Rio de Janeiro, 49% estavam nessa

situação, ou seja, quase a metade (IBGE, 2010).

Ainda segundo os dados da PNAD 2008, 49% dos idosos viviam em domicílios

cadastrados pela ESF, sendo 63% com renda domiciliar per capita de até 1/2 salário mínimo,

que constitui sua população-alvo. Na Região Nordeste, 68% dos idosos em geral e quase 75%

dos mais pobres estavam cobertos pela ESF. Na Região Sudeste, esta proporção é um pouco

inferior a 50%.

Fatores determinantes da morbimortalidade por desnutrição na população idosa

Na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), códigos

frequentemente usados para classificar a desnutrição estão contidos no capítulo IV – Doenças

endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E90) e apresentam as seguintes especificações:

Kwashiorkor (E40)

Marasmo nutricional (E41)

Kwashiorkor marasmático (E42)

Desnutrição protéico-calórica grave não especificada (E43)

Desnutrição protéico-calórica de graus moderado e leve (E44)

Atraso do desenvolvimento devido à desnutrição protéico-calórica (E45) – não se

aplica à idosos

Desnutrição protéico-calórica não especificada (E46)

Os pacientes desnutridos exigem atenção nutricional específica para melhorar seus

resultados clínicos e a resposta às demais terapias. Comumente, doença pulmonar,

gastrointestinal, endócrina, mental e câncer podem levar à desnutrição como um fator de co-

morbidade.

No entanto, é importante buscar compreender o desenvolvimento do quadro clínico de

um paciente com internação hospitalar por desnutrição. Em sua história pregressa há que se

considerar um conjunto de determinantes sociais e de saúde que atuaram de modo

desfavorável em sua vida e culminaram a situação extrema de internação hospitalar.

Page 24: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

23

A Figura 1 apresentada no artigo de Paes-Souza e colaboradores (2003) corresponde a

um quadro de referência para o entendimento da relação dos determinantes do ambiente

físico, socioeconômicos e proximais da desnutrição e suas consequências funcionais. Este

quadro foi adaptado a partir do modelo desenvolvido por Steckel & Floud (1997) para o

estudo dos relacionamentos da estatura dos indivíduos e com os padrões de vida adotados.

Figura 1 - Quadro de referência dos determinantes da morbimortalidade da

desnutrição

Adaptado de Steckel (1997).

O grau e a distribuição da desnutrição em uma população idosa dependem de fatores

como: situação política e econômica, nível de educação e sanitização, produção de alimentos,

prevalência de doenças infecciosas, existência e efetividade de programas nutricionais e

disponibilidade e qualidade dos serviços de saúde.

Page 25: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

24

Segundo Santos e colaboradores (2008), apesar da melhoria das condições nutricionais

das crianças no Brasil, a desnutrição tem ocorrido de forma muito desigual e o problema

ainda é muito preocupante em outras faixas etárias, em especial nos idosos.

Neste contexto, estudos epidemiológicos brasileiros mostram que dois padrões

distintos de mortalidade e índice de hospitalização por desnutrição são observados em relação

à idade. Enquanto que, no Norte e no Nordeste, predominam aqueles que acometem os

menores de 1 ano; no Sudeste e Sul, a predominância se dá entre os que possuem 75 ou mais

anos. Assim, a maior concentração de óbitos dentre os municípios com menor grau de

alfabetização ocorre entre o grupo de crianças menores de dois anos, sendo no sentido inverso

entre as populações com maior grau de alfabetização (Paes-Souza et al, 2003).

Paes-Souza e colaboradores (2003) identificaram as áreas geográficas de maior

intensidade de taxas de mortalidade por desnutrição em idosos, essas microrregiões estão

situadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, compreendendo um total de

145 municípios.

Explicações para o excesso de hospitalização, em geral, são múltiplas e complexas,

podendo abranger desde problemas de ordem social, econômica e cultural da família até a

inadequada cobertura e a escassa resolutividade dos serviços de saúde no nível primário

(Casanova et al, 1995 apud Bittencourt, 2002).

Geralmente, a desnutrição protéico-calórica não é detectada neste grupo etário, em

razão das modificações fisiológicas associadas ao envelhecimento, que, comumente

mascaram deficiências nutricionais. Sabe-se que a desnutrição está relacionada ao aumento

das complicações, do tempo de permanência hospitalar e da morbimortalidade. Assim sendo,

quanto mais cedo for diagnosticada e mais precoce for a intervenção nutricional, melhor

poderá ser o prognóstico do paciente (Perreira, 2005).

Manter um bom estado nutricional no idoso é uma tarefa difícil, pois eles possuem

doenças crônicas associadas e consomem muitos medicamentos que interferem no apetite e

biodisponibilidade dos nutrientes. Além disso, ocorrem modificações fisiológicas que

interferem no apetite, consumo, digestão e absorção de nutrientes. Dentre estas modificações

estão: perda da dentição, aumento da viscosidade salivar, diminuição da sensibilidade

gustativa e olfativa. Outros fatores que interferem na ingestão alimentar dos idosos são a

perda do poder aquisitivo devido à aposentadoria, isolamento familiar e depressão (Pereira,

2005).

Page 26: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

25

De acordo com Harris (2002), os subgrupos dentro da população em envelhecimento

estão em risco de desnutrição por uma variedade de razões, conforme descritas abaixo:

Depressão ou sensações de inutilidade;

Doenças que reduzem o apetite, diminuem a absorção ou utilização de

nutrientes ou aumentam as necessidades de nutrientes;

Perda de renda, pobreza;

Isolamento social, perda de pessoas amadas, solidão;

Consumo de vários medicamentos que afetem o apetite, a ingestão de

alimentos ou a absorção, utilização ou excreção de nutrientes;

Ausência de educação apropriada sobre nutrição;

Problemas dentais ou gengivais;

Problemas mentais ou demência;

Diminuição da habilidade funcional;

Abuso de substâncias.

Ainda neste contexto, Freitas (2002) propõe os 10Ds como principais causas de

emagrecimento em idosos (Oliveira & Oliveira, 2005).

Dentição

Disgesia

Disfagia

Diarréia

Drogas

Doenças crônicas

Doenças neoplásicas

Demência

Depressão

Disfunção social

A caquexia relacionada ao câncer é responsável por cerca de 50% das causas de

desnutrição em idosos institucionalizados. As úlceras de pressão, particularmente nas pessoas

que não caminham, aumentam as necessidades e podem significar uma série ameaça (Harris,

2002).

Page 27: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

26

Segundo Paes-Souza e colaboradores (2003), para grande parte dos idosos de grandes

centros urbanos, a questão central não é a garantia de acesso aos alimentos, mas a

implementação de políticas específicas de provisão de alimentos. Os idosos que vivem

apartados da família podem ter sua alimentação comprometida pela ausência de dentes, falta

de disposição física para comprar e preparar os alimentos e doenças, sendo antes vítimas do

abandono social do que da falta de acesso aos alimentos. Otero e colaboradores (2002), em

estudo sobre a mortalidade de idosos por desnutrição no sudeste brasileiro, destacaram que a

renda destes em famílias mais pobres pode estar sendo rateada entre os membros do grupo

familiar. Dessa forma, os idosos estariam submetidos a um acesso restrito aos alimentos

adequados ao seu padrão etário.

Os pesquisadores sugerem que estrutura etária polarizada encontrada parece indicar

dois padrões distintos de desnutrição: desnutrição carencial e desnutrição de abandono. O

primeiro caso estaria associado às populações empobrecidas que apresentam dificuldades

quanto ao acesso aos alimentos, tanto no tocante à quantidade, quanto à qualidade. O segundo

caso, nos remeteria às populações de idosos que, embora tenham condições financeiras para

aquisição de alimentos, não os obtém devido a outros fatores.

A alimentação e nutrição estão presentes na legislação recente do Estado Brasileiro,

com destaque para a Lei 8080, de 19/09/1990 (Brasil, 1990), que entende a alimentação como

um fator condicionante e determinante da saúde. Determina que as ações de alimentação e

nutrição devam ser desempenhadas de forma transversal às ações de saúde, em caráter

complementar e com formulação, execução e avaliação dentro das atividades e

responsabilidades do sistema de saúde.

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada em 1999, integra os

esforços do Estado Brasileiro que por meio de um conjunto de políticas públicas propõe

respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação. Dentre as

sete diretrizes programáticas, destaca-se o monitoramento da situação alimentar e nutricional

mediante ampliação e aperfeiçoamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

(SISVAN), visando agilizar os seus procedimentos e a estender sua cobertura a todo o País

(Brasil, 2012).

A atuação do Sisvan compreende a descrição contínua e predição de tendências das

condições de alimentação e nutrição da população e seus fatores determinantes. Deve ser

considerada a partir de um enfoque ampliado que incorpore a vigilância nos serviços de saúde

Page 28: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

27

e a integração de informações derivadas de sistemas de informação em saúde, dos inquéritos

populacionais, das chamadas nutricionais e da produção científica.

É sistema responsável por fornecer dados desagregados para os distintos âmbitos

geográficos, categorias de gênero, idade, raça/etnia, populações específicas e outras de

interesse para um amplo entendimento da diversidade e dinâmicas nutricional e alimentar da

população brasileira. Um das prioridades consiste no mapeamento das endemias carenciais, de

modo a evidenciar a sua distribuição espacial e a indicar a magnitude da ocorrência da

desnutrição energético-protéica, da anemia, da hipovitaminose A e da deficiência de iodo

(Brasil, 2012).

A população brasileira, nas últimas décadas, experimentou grandes transformações

sociais que resultaram em mudanças no seu padrão de saúde e consumo alimentar. Essas

transformações acarretaram impacto na diminuição da pobreza e exclusão social e,

consequentemente, da fome e desnutrição. No entanto, os avanços são desiguais. Ainda

persistem altas prevalências de desnutrição crônica em grupos vulneráveis da população

(Brasil, 2012).

A desnutrição está associada à maior morbidade e mortalidade, assim como uma

qualidade de vida precária. Como é mais difícil corrigir o estado nutricional, uma vez que os

seus efeitos deletérios ao corpo são quase sempre irreversíveis, é importante que a sua

prevenção e diagnóstico seja o mais precoce possível e as intervenções realizadas por meio de

técnicas de avaliação apropriadas (Harris, 2002).

Sendo assim, para a avaliação nutricional de idosos devem-se levar em conta as

particularidades neste grupo, não existe um padrão-ouro mas é essencial inseri-la na rotina de

internação hospitalar (Pereira, 2005).

A antropometria é muito útil para o diagnóstico nutricional dos idosos. É um método

simples, rápido, de baixo custo e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e

incapacidade funcional, podendo ser usada como triagem inicial, tanto para diagnóstico

quanto para o monitoramento de doenças. Nos procedimentos de diagnóstico e

acompanhamento do estado nutricional de idosos, o Sisvan utilizará como critério prioritário a

classificação do Índice de Massa Corporal (IMC), recomendado pela Organização Mundial de

Saúde (OMS), considerando os pontos de corte diferentes daqueles utilizados para adultos.

Page 29: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

28

Essa diferença deve-se às alterações fisiológicas nos idosos:

O declínio da altura é observado com o avançar da idade, em decorrência da

compressão vertebral, mudanças nos discos intervertebrais, perda do tônus

muscular e alterações posturais;

O peso pode diminuir com a idade, porém, com variações segundo o sexo. Essa

diminuição está relacionada à redução do conteúdo da água corporal e da massa

muscular, sendo mais evidente no sexo masculino;

Alterações ósseas em decorrência da osteoporose;

Mudança na quantidade e distribuição do tecido adiposo subcutâneo;

Redução da massa muscular devida à sua transformação em gordura intramuscular,

o que leva à alteração na elasticidade e na capacidade de compressão dos tecidos.

Essas peculiaridades relacionadas ao processo de envelhecimento devem ser avaliadas

criteriosamente, para que se possa distingui-las da desnutrição. A população idosa é

particularmente propensa à alterações nutricionais devido a fatores relacionados às

modificações fisiológicas e sociais, ocorrência de doenças crônicas, uso de diversas

medicações, dificuldades com a alimentação, depressão e alterações da mobilidade com

dependência funcional. Estas alterações podem comprometer a ingestão dos alimentos e

aproveitamento dos nutrientes, podendo levar à desnutrição. De acordo com a Norma Técnica

do SISVAN, recomenda-se que o registro das medidas antropométricas na Caderneta do Idoso

e/ou no prontuário seja semestral, permitindo o monitoramento de seu estado nutricional e a

determinação de tendências de aumento ou perda de peso, associando possíveis variações às

demais condições de saúde da pessoa idosa (Pereira, 2005).

IMC= Peso (kg)

Altura2 (m)

Pontos de corte do IMC estabelecidos para idosos:

IMC (kg/m2) Diagnóstico nutricional

≤ 22 Baixo peso

> 22 e < 27 Adequado ou eutrófico

≥ 27 Sobrepeso

Page 30: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

29

Em relação à alimentação da pessoa idosa, é importante que o profissional esteja

atento para alguns aspectos:

Perda da autonomia para comprar os alimentos, inclusive financeira;

Perda da capacidade/autonomia para preparar os alimentos e para alimentar-se;

Perda de apetite e diminuição da sensação de sede e da percepção da temperatura dos

alimentos;

Perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, preparo e consumo dos

alimentos;

Perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo no seu apetite;

Algum motivo que a faça restringir determinados tipos de alimentos, como dietas para

perda de peso, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia;

Alterações de peso recentes;

Dificuldade de mastigação por lesão oral, uso de prótese dentária ou problemas

digestivos.

Se for detectado que esses aspectos estão influenciando sensivelmente o estado

nutricional do idoso, deve ser feita uma avaliação mais aprofundada, incluindo outras medidas

antropométricas, avaliação dietética detalhada e avaliação de exames bioquímicos.

Refere perda de peso ou apresenta IMC alterado nos extremos (desnutrição ou

obesidade). Encaminhar ao nutricionista para a avaliação nutricional detalhada

No Brasil, existe uma tendência para subestimar a desnutrição como causa de doença e

morte. Um estudo sobre a determinação da causa básica de óbitos infantis, realizado na

Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mostrou a importância relativa da desnutrição que,

após a revisão da história clínica, passou de 13,2% para 26,5% como causa básica. A escolha

de apenas uma única causa de doença e morte, como norma estatística adotada

internacionalmente, também colabora para a subestimação do papel da desnutrição na

morbimortalidade da população brasileira (Bittencourt & Magalhães, 1995 apud Otero, 2001).

Os óbitos por desnutrição em idosos, assim como os óbitos infantis, surgem mais

como causa associada, do que como causa básica. Nos EUA, o enfoque de causa múltipla,

revelou que a desnutrição ocupou o 10º lugar, entre as causas notificadas de óbitos em idosos.

Outro ponto relevante que contribui para a subnotificação da desnutrição decorre do seu forte

Page 31: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

30

componente social, que a torna não reconhecida como causa de morte e adoecimento, e

contribui para a ausência de diagnóstico (Bittencourt & Magalhães, 1995 apud Otero, 2001).

Em estudos relacionados à situação de saúde de idosos, há uma significativa redução

do número de pesquisas, concentradas em sua maioria em países da Europa. Dentre estes,

destacam-se os estudos de Huisman e colaboradores (2004) que analisaram a associação entre

a mortalidade de idosos e a condição socioeconômica dos mesmos, representada por nível de

escolaridade e condição de habitação em grupos de países europeus. Na América Latina,

Noronha & Andrade (2005) realizaram estudo sobre as desigualdades sociais em saúde entre

idosos das cidades de Buenos Aires, São Paulo, Santiago, Havana, Cidade do México e

Montevidéu (Silva et al, 2008).

Lima-Costa e colaboradores (2011), baseados em dados da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD, 1998, 2003 e 2008), avaliaram a associação entre indicadores

de saúde, de mobilidade física e uso de serviços de saúde, referidos por idosos brasileiros e

sua situação socioeconômica, caracterizada pela variável renda.

Em relação à associação entre mortalidade da população idosa e condição

socioeconômica, não foram encontrados muitos estudos realizados no Brasil. No entanto, há

uma significativa produção de pesquisas brasileiras que buscam tal associação com a

mortalidade do adulto (Silva et al, 2008).

Nestes estudos, a condição socioeconômica foi mensurada de acordo com indicadores

e metodologias diversas, sendo esta uma importante limitação quando se deseja realizar

comparações interregionais. No entanto, é consenso entre as pesquisas que os indicadores de

mortalidade variam de acordo com diferenciais sociais e econômicos, a maioria destes

indicadores apresenta valores mais elevados em áreas de piores condições socioambientais.

A alimentação e nutrição estão presentes na legislação recente do Estado Brasileiro,

com destaque para a Lei 8080, de 19/09/1990 (Brasil, 1990), que entende a alimentação como

um fator condicionante e determinante da saúde. Determina que as ações de alimentação e

nutrição devam ser desempenhadas de forma transversal às ações de saúde, em caráter

complementar e com formulação, execução e avaliação dentro das atividades e

responsabilidades do sistema de saúde.

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada em 1999, integra os

esforços do Estado Brasileiro que por meio de um conjunto de políticas públicas propõe

respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação. Dentre as

Page 32: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

31

sete diretrizes programáticas, destaca-se o monitoramento da situação alimentar e nutricional

mediante ampliação e aperfeiçoamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

(Sisvan), visando agilizar os seus procedimentos e a estender sua cobertura a todo o País

(Brasil, 2012).

A atuação do Sisvan compreende a descrição contínua e predição de tendências das

condições de alimentação e nutrição da população e seus fatores determinantes. Deve ser

considerada a partir de um enfoque ampliado que incorpore a vigilância nos serviços de saúde

e a integração de informações derivadas de sistemas de informação em saúde, dos inquéritos

populacionais, das chamadas nutricionais e da produção científica.

É sistema responsável por fornecer dados desagregados para os distintos âmbitos

geográficos, categorias de gênero, idade, raça/etnia, populações específicas e outras de

interesse para um amplo entendimento da diversidade e dinâmicas nutricional e alimentar da

população brasileira. Um das prioridades consiste no mapeamento das endemias carenciais, de

modo a evidenciar a sua distribuição espacial e a indicar a magnitude da ocorrência da

desnutrição energético-protéica, da anemia, da hipovitaminose A e da deficiência de iodo

(Brasil, 2012).

A população brasileira, nas últimas décadas, experimentou grandes transformações

sociais que resultaram em mudanças no seu padrão de saúde e consumo alimentar. Essas

transformações acarretaram impacto na diminuição da pobreza e exclusão social e,

consequentemente, da fome e desnutrição. No entanto, os avanços são desiguais. Ainda

persistem altas prevalências de desnutrição crônica em grupos vulneráveis da população.

Silva et al. (2008) trazem dados de um estudo comparativo entre mortalidade em

idosos e adultos jovens realizado em países europeus por Huisman e colaboradores (2004),

que forneceu evidências de que as desigualdades socioeconômicas persistem na mortalidade

entre populações idosas da Europa, um grande número de mortes adicionais que ocorre entre

os grupos socioeconômicos mais baixos é um importante problema de saúde pública.

Rezende e colaboradores (2010) utilizaram o Sistema de Informações sobre

Mortalidade (SIM) para analisar os óbitos de idosos residentes na cidade de Belo Horizonte,

(Minas Gerais), que tinham a desnutrição como uma das causas múltiplas de morte. A

pesquisa mostrou sobremortalidade feminina, maior concentração de mortes na raça branca,

em viúvos e em idosos com baixa escolaridade. Foram estabelecidos dez perfis de

Page 33: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

32

mortalidade e a desnutrição foi evidenciada cerca de cinco vezes mais pelo enfoque das

causas múltiplas.

Neste contexto, estudos de mapeamento territorial que contribuam para identificar a

vulnerabilidade que envolve o processo de adoecer, podem indicar quais e onde estão os

grupos populacionais mais expostos.

Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e Sistema de Informações sobre Mortalidade

(SIM): potencialidades e limitações

O Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) é uma das

fontes de informações existentes na área da saúde no nível nacional e refere à produção de

serviços hospitalares dos estabelecimentos conveniados ao SUS.

Em 1976, foi implantada no Brasil, a primeira iniciativa para o controle de

pagamentos de contas hospitalares, o denominado Sistema Nacional de Controle de

Pagamento de Contas Hospitalares (SNCPCH), que se caracterizava pelo pagamento de atos

médicos. A ausência de um sistema eficiente de controle dos gastos médicos e as frequentes

denúncias de fraudes tornou o sistema insustentável. Em 1983, institui-se uma nova forma de

pagamento, com remuneração fixa por procedimento conformando o que se denominou de

Sistema de Assistência Médico Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS). O sistema,

fundamentado na estimativa de custos médios, atribuía uma valor pré-determinado a cada tipo

de procedimento hospitalar, com o pressuposto de que os pacientes apresentam características

homogêneas quanto às variáveis demográficas, sociais e clínicas. Os principais instrumentos

usados eram uma tabela de procedimentos e um formulário denominado Autorização de

Internação Hospitalar – AIH.

Em 1991, com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), o SAMPHS foi

renomeado para Sistema de Informação Hospitalar (SIH). A principal mudança ocorrida foi à

inclusão dos hospitais públicos, municipais, estaduais e federais, pois, em relação aos

formulários de entrada de dados e o fluxo de documentos, não ocorreram mudanças

significativas. O processamento dos dados manteve-se sob a responsabilidade do mesmo

órgão federal, hoje denominado DATASUS (Carvalho, 1997 apud Bittencourt, 2006).

Page 34: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

33

Apesar do SIH/SUS ter sido desenhado sob perspectiva contábil, apresenta um

importante potencial epidemiológico, por conter informações diagnóstica, assistencial,

demográfica e geográfica para cada internação (Bittencourt et al., 2006). No entanto, não é

um sistema de informação universal, cobrindo apenas as internações realizadas no âmbito do

SUS.

Segundo Bittencourt e colaboradores (2009), é um sistema que, embora cubra,

aproximadamente 70% do total de internações do país ainda é pouco empregado e

considerado de baixa confiabilidade, pois as informações por ele fornecidas podem sofrer

distorções por motivos que vão desde sua não universalidade, deficiências em matéria de

equidade e acesso aos serviços, até a existência de fraudes pela natureza contábil do sistema.

Outro aspecto que deve ser considerado nas análises dos dados do SIH se refere a não

distinção das reinternações, pois a cada internação é gerada uma nova AIH, portanto um novo

registro. Este problema poderia ser verificado a partir da análise dos dados do SIH/SUS com

informação nominal dos pacientes, porém, esta informação é sigilosa e não é de acesso

público, o que requer uma série de procedimentos que demandam muito tempo (Torres,

2011).

Neste contexto, utilizar como unidade de análise do sistema a internação e não o

indivíduo favorece múltiplas internações por um mesmo agravo que podem levar a

superestimativa da magnitude do problema de saúde, como também impedir a avaliação das

taxas de reinternação. Além disso, o fato da AIH conter informações de apenas duas

condições diagnósticas pode ser um problema quando se usam os dados do SIH para estudar

condições que são sub-registradas ou as comorbidades e complicações, sobretudo entre os

idosos. Apesar das limitações, a SIH é considerada uma importante ferramenta para subsidiar

o monitoramento da assistência hospitalar (Bittencourt et al., 2006).

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foi criado pelo DATASUS para a

obtenção regular de dados sobre mortalidade no país. A partir da criação do SIM foi possível

a captação de dados sobre mortalidade, de forma abrangente, para subsidiar as diversas

esferas de gestão na saúde pública. Com base nessas informações é possível traçar o perfil

epidemiológico de uma população, realizar análises de situação, planejamento e avaliação das

ações e programas na área.

Constitui uma fonte de dados importante, sendo a cobertura universal uma das

vantagens do seu uso (Coeli et al, 2002). Por outro lado, uma de suas limitações é a

Page 35: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

34

divulgação rotineira apenas da causa básica de óbito, o que dificulta a avaliação da real

importância de algumas causas, estando a desnutrição incluída nesse grupo. Este problema é

maior quando se estuda o grupo de idosos, já que uma das características marcantes desse

estrato populacional é a convivência com múltiplos problemas de saúde.

Page 36: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

35

4. MÉTODOS

4.1. Desenho de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo do tipo ecológico sobre a ocorrência de internações e

óbitos por desnutrição em indivíduos com 60 anos ou mais residentes nos municípios de

Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí/RJ, no período de 2006 a 2010.

4.2. Descrição da área de Estudo

Os municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí localizam-se na

região Leste Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, juntamente com os municípios de Rio

Bonito, Tanguá, Silva Jardim, São Gonçalo, Maricá, Casimiro de Abreu e Magé.

Itaboraí é o município que apresenta a maior população, Guapimirim e Cachoeiras de

Macacu possuem populações em torno de um quarto dele aproximadamente, conforme quadro

a seguir.

Quadro 1 - Dados demográficos dos três municípios estudados, referentes ao ano de 2010.

Cachoeiras de

Macacu

Guapimirim Itaboraí

Área (km²) 955,806 360,766 430,373

População (habitantes) 54.273 51.483 218.008

População idosa (hab) 6.444(12%) 5.220 (9,5%) 22.409 (10%)

Índice de envelhecimento* 52 38 44

População rural (hab) 7.355 1.730 2.587

População urbana (hab) 47.015 49.757 215.503

Domicílios 23.172 21.339 82.519

Taxa de urbanização 86,5% 96,6% 98,8%

Densidade demográfica

(hab/km²)

56,9 142,7 506,56

*razão entre a população com 60 anos e mais de idade e a população jovem, menor de 15 anos. Fonte: Censo/ IBGE (2010)

Page 37: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

36

Quadro 2 – População idosa por sexo segundo faixa etária, ano de 2010.

Cachoeiras de Macacu Guapimirim Itaboraí

Faixa etária/ Sexo Masc Fem Masc Fem Masc Fem

60 a 64 anos 1.057 1.029 868 891 3.863 4.142

65 a 69 anos 706 799 612 659 2.518 2.909

70 a 74 anos 558 581 455 486 1.839 2.114

75 a 79 anos 365 443 297 334 1.070 1.430

80 anos e mais 378 528 239 379 923 1.601

Total 3.064 3.380 2.471 2.749 10.213 12.196

% 48 52 47 53 46 54

Fonte: Censo/ IBGE (2010)

Gráfico 1 – Distribuição da população idosa segundo área de residência, ano 2010.

Fonte: Censo/ IBGE (2010)

Em estudo realizado por Santos e colaboradores (2011), observou-se que o

crescimento da mancha urbana na região estudada se apresentou de forma diferenciada tanto

no percentual quanto na área total. Os três municípios tiveram um grande crescimento no

período de 1974 a 1984. Destaca-se Itaboraí, que obteve um crescimento de 4.256,7% de sua

área urbana, seguido de Guapimirim que passou de uma área urbana insignificante para 12

Km² em 1984. Apesar dos 285% de crescimento da área urbana em Cachoeiras de Macacu ser

relevante, o mesmo não foi explosivo como nos outros dois municípios.

No período de 1984 a 1994 os três municípios tiveram crescimentos mais moderados

sendo Guapimirim com o maior percentual chegando a 29,4% seguido de Itaboraí com 20,5%

e de Cachoeiras de Macacu com 15,2%. Entre 1994 e 2009 os crescimentos voltam a acelerar

tendo em Cachoeiras de Macacu o município com maior percentual, aproximadamente

Page 38: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

37

142,5%, seguidos de Itaboraí com 86,9% e Guapimirim que obteve 58,1%. Deve-se destacar,

porém que o fato de Cachoeiras de Macacu ter apresentado maior crescimento neste último

período se justifica pelo fato de que crescer percentualmente sobre uma base menor torna-se

mais fácil do que crescer sobre uma base maior. Podemos citar o fato de, no mesmo período,

Itaboraí ter adicionada à sua mancha urbana quase 40 Km² enquanto Cachoeiras de Macacu

adicionou algo em torno de 8 Km² (Santos et al, 2011).

Um dos pontos mais sensíveis de cidades que cresceram desordenadamente e sem

planejamento são as suas estruturas sanitária e habitacional. Esses dois aspectos sofrem muito

com a falta de um planejamento, já que com o crescimento acelerado o poder público não

consegue suprir o município de infra-estrutura básica de água, esgoto e lixo de forma

satisfatória. Além de não conseguir dar condições de moradia dignas à população em geral

principalmente de baixa renda, tornando-as mais vulneráveis social e ambientalmente (Santos

et al, 2011).

Município de Cachoeiras de Macacu

O município pertence à Região das Baixadas Litorâneas, faz limite com os municípios

de Teresópolis e Nova Friburgo (norte), Itaboraí, Tanguá e Rio Bonito (sul), Guapimirim

(leste) e Silva Jardim (oeste). É atravessado pelo Rio Macacu, o maior rio que deságua na

Baía de Guanabara, tanto em extensão quanto em volume d'água. Sua economia baseia-se na

agricultura (principalmente coco, goiaba, inhame, aipim e milho) e na pecuária bovina.

Duas rodovias estaduais cortam o município: a RJ-116 no sentido norte-sul, que acessa

Nova Friburgo e Itaboraí; e a RJ-122 que alcança Guapimirim, a leste. Importante eixo

rodoviário do interior do estado, a RJ -116 sai de Itaboraí e segue por Cachoeiras de Macacu,

Nova Friburgo, Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Macuco, São Sebastião do Alto,

Itaocara, Aperibé, Santo Antônio de Pádua, Miracema, Laje do Muriaé e conecta com a BR-

356 a noroeste de Itaperuna, na localidade de Comendador Venâncio.

Até o ano de 1930, além da lavoura de subsistência o município dependia diretamente

da oficina de reparos da Estrada de Ferro Leopoldina. Além da referida oficina existia no

município uma importante estação ferroviária para aqueles que desejavam subir a serra rumo

a Friburgo. No início da década de 1940 o município sofre uma mudança significativa em sua

Page 39: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

38

estrutura populacional, a partir da distribuição de terras para assentamento de colonos

deslocados das áreas de citricultura da baixada fluminense (Toledo & Sabroza, 2009).

De acordo com IBGE (2009), o município possui: 34 estabelecimentos de saúde,

sendo 29 públicos, 3 privados conveniados ao SUS e 2 privados; um único estabelecimento de

saúde com internação, de gestão pública, chamado Hospital Municipal Dr. Celso Martins.

Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam 54% da população coberta pela Estratégia de

Saúde da Família (ESF), em 2010, representada por 9 equipes (MS/DAB, 2010).

Firmando-se na atividade agropecuária, o município de Cachoeiras de Macacu, hoje já

começa a sofrer os efeitos do avanço da metrópole, na medida em que suas terras passam a ser

procuradas como área de Sítios de lazer, bem como já se esboça a expansão de loteamentos

nos limites com Itaboraí. Atualmente, é constituído de 3 distritos: Cachoeiras de Macacu,

Japuíba e Subaio.

Município de Guapimirim

Juntamente com os municípios de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, Magé, São José

do Vale do Rio Preto, Três Rios, Comendador Levy Gasparian, Areal e Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim compõe a região turística do Rio de Janeiro chamada Serra Verde

Imperial.

Guapimirim se emancipou do município de Magé em plebiscito realizado no dia 25 de

novembro de 1990, data festiva em que o município comemora sua emancipação política.

Encontra-se localizado num vale formado pela base do Pico Dedo de Deus – Serra dos

Órgãos, e faz limite com os municípios de Teresópolis e Petrópolis (norte), Itaboraí (sul),

Cachoeiras de Macacu (leste) e Magé e fundos da Baía de Guanabara (oeste). Destaca-se que

70% de seu território estão em área de proteção ambiental.

Os primeiros registros de ocupação datam de 1674, existindo relatos de um povoado

que habitava às margens do rio Guapimirim, local de passagem de tropas rumos as Minas

Gerais. As últimas décadas do século XIX foram especialmente marcantes para o município

principalmente devido à construção da Estrada de Ferro Teresópolis e posteriormente pela

construção da rodovia BR-116. Estes dois marcos históricos foram determinantes para a

mudança do padrão de ocupação do solo com surgimento de casas de veraneio e condomínios

residenciais de elevado padrão (Toledo & Sabroza, 2009).

Page 40: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

39

Quanto à produtividade econômica, destaca-se a atividade primária com produção de

leite, hortifrutigranjeiro, além da floricultura, piscicultura e apicultura. No setor secundário,

destacam-se duas fábricas de papel reciclado ao lado de pequenas indústrias. Quanto ao setor

terciário, verifica-se uma forte vocação turística e crescimento do setor hoteleiro.

De acordo com IBGE (2009), o município possui: 16 estabelecimentos de saúde,

sendo 10 públicos, 1 privado conveniado ao SUS e 5 privados; um único estabelecimento de

saúde com internação, de gestão pública, chamado Hospital Municipal José Rabello de Mello.

Dados do MS apontam 28% da população coberta pela ESF, em 2010, representada por 4

equipes (MS/DAB, 2010). Atualmente, é constituído somente de 1 distrito: Guapimirim.

Município de Itaboraí

O município pertence à Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, seus

limites municipais são: Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Tanguá, Maricá, São Gonçalo e

Baía de Guanabara (IBGE, 2010).

Entre as principais rodovias que passam pelo município, destacam-se: BR-101; BR-

493; RJ-104, também conhecida como Rodovia Niterói-Manilha, que liga Itaboraí ao

município de Niterói; RJ-114, que liga Itaboraí ao município de Maricá e dentro do perímetro

urbano de Itaboraí recebe outras denominações; RJ-116, que liga Itaboraí ao município de

Itaperuna, passando por Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu. Outra via importante é a

Avenida Vinte e Dois de Maio que faz parte do perímetro urbano de Itaboraí, é a principal via

da cidade, na qual se concentra a área comercial do município.

A partir do crescimento populacional, intensificado após a inauguração da Ponte Rio-

Niterói em 1974, o município passou por profundas alterações, deixando as características

predominantemente agrárias para se integrar ao eixo metropolitano. Na década de 1990 foi

um dos municípios da região metropolitana com os índices mais expressivos de crescimento

populacional, ocupando 4º lugar com 3,34%. As áreas de maior índice de ocupação

desenvolveram-se próximo às rodovias (Prefeitura Municipal de Itaboraí, 2008 apud Torres,

2011).

A constituição do município em 8 distritos é datada de 1997, porém sofreu

modificações até 2006, quando a Lei Municipal nº 1984 aprovou os limites intermunicipais,

Page 41: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

40

limites interdistritais e o abairramento do município em 79 bairros, estabelecendo assim a

configuração atual. Sendo os seguintes distritos: Itaboraí, Porto das Caixas, Itambi,

Sambaetiba, Visconde de Itaboraí, Cabuçu, Manilha e Pachecos.

As áreas do município com maior índice de ocupação das últimas décadas

acompanharam os eixos das principais rodovias, sobretudo a BR-101. Os distritos de Itaboraí

e Manilha são os que apresentam as maiores concentrações populacionais, demonstrando a

disparidade em relação à ocupação existente em Itaboraí (Prefeitura Municipal de Itaboraí,

2006 apud Torres, 2011).

De acordo com IBGE (2009), o município possui: 84 estabelecimentos de saúde,

sendo 50 públicos, 12 privados conveniados ao SUS e 22 privados; 5 estabelecimentos de

saúde com internação, sendo 3 de gestão pública – Hospital Municipal Desembargador Leal

Júnior, Hospital Estadual Tavares Macedo e Hospital Estadual Prefeito João Batista Cáffaro -

e 2 de gestão privada – Clínica São João Batista e Casa de Saúde São Judas Tadeu, fechada

recentemente. Dados do MS apontam 66% da população coberta pela ESF, em 2010,

representada por 44 equipes (MS/DAB, 2010).

Mapa 1 – Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí e limites municipais

Fonte: IBGE (2008)

Page 42: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

41

4.3. Fontes de dados e Procedimentos Metodológicos

Como fontes de informação, foram utilizados dados secundários de Sistema de

Informação em Saúde: Sistema de Informações Hospitalares (SIH), Sistema de Informações

sobre Mortalidade (SIM) obtidos através do DATASUS/ Ministério da Saúde

(http://www.datasus.gov.br) e dados demográficos a partir dos Censos do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) (http://www.ibge.gov.br). Estimativas preliminares para os

anos intercensitários dos totais populacionais, estratificadas por idade e sexo calculadas pelo

MS/SGEP/Datasus (Secretaria de Gestão Estratégia e Participativa) e divulgadas pelo IBGE.

Levando em conta que os dados do SIH registram apenas os procedimentos que geram

pagamento pelo SUS, foi necessário aplicar um fator de correção de 25% considerando a

proporção da população coberta por plano de saúde privado. Este dado é fornecido pelo

Sistema de Informações de Beneficiários/Agência Nacional de Saúde (ANS)/MS.

Quadro 3 – Síntese metodológica das etapas do estudo

Objetivos Específicos Unidade de

Análise

Fonte Período

Caracterizar os idosos internados por desnutrição Município

SIH

IBGE 2006-2010

Analisar a mortalidade por desnutrição em idosos Município SIM

IBGE 2006-2010

Descrever a evolução temporal das internações e

óbitos por desnutrição em idosos

Município SIH

SIM 2000-2010

Conhecer a distribuição espacial das internações

por desnutrição em idosos

Bairro

Distrito

SIH

IBGE 2006-2010

4.3.1. Caracterizar o perfil dos idosos internados por desnutrição

A partir de dados disponíveis no SIH, foi calculada a frequência relativa de

internações por grupos de causa de acordo com a Classificação Internacional de Doenças da

Page 43: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

42

OMS, 10ª Revisão (CID-10), durante o período de 2006 a 2010. A proporção, taxa de

internação por desnutrição em idosos foi descrita segundo faixa etária (60 a 69 anos, 70 a 79

anos e acima de 80 anos) e sexo, no mesmo período.

Também foram analisados o tempo de permanência hospitalar e a frequência de

patologias registradas como diagnóstico principal tendo a desnutrição como secundário, assim

como o registro de patologias como diagnóstico secundário considerando a desnutrição como

principal.

4.3.2. Analisar a mortalidade por desnutrição em idosos

A partir de dados disponíveis no SIM, foi calculada a frequência relativa de óbitos por

grupos de causa de acordo com CID-10, durante o período de 2006 a 2010. A proporção e

taxa dos óbitos por desnutrição em idosos foi descrita segundo faixa etária (60 a 69 anos, 70 a

79 anos e acima de 80 anos) e sexo, no mesmo período.

4.3.3. Descrever a evolução temporal das internações e óbitos por desnutrição em idosos

As freqüências absolutas de internações e óbitos foram selecionadas a partir dos

códigos da CID-10 correspondentes a desnutrição (E40 a E46). Serviram como fontes de

informação o SIH e SIM, de acesso público pela internet, para o período de 2000 a 2010 por

município.

Para avaliar a tendência, foi utilizado Coeficiente de Determinação (R²) que mede a

correlação linear entre as variáveis. Varia entre 0 e 1, indicando, em percentagem, o quanto o

modelo consegue explicar os valores observados. Quanto maior o R², mais explicativo é

modelo, melhor ele se ajusta à amostra (Mann, 2006).

4.3.4. Conhecer a distribuição espacial das internações por desnutrição em idosos

Foram utilizadas as bases de dados do SIH dos municípios com informações de

endereço de residência, no período de 2006 a 2010, obtidas pelo Projeto de Pesquisa Plano de

Monitoramento Epidemiológico do Processo de Implantação do COMPERJ (ENSP/Fiocruz)

Page 44: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

43

através de documento de autorização cedida pela Secretaria Municipal de Saúde e Defesa

Civil de cada município estudado.

Para a distribuição espacial, foram construídos mapas com bairro de residência como

unidade de análise. O Mapa de Kernel permite identificar regiões com maior concentração

dos casos, sem estabelecer limites territoriais. Este método tem como parâmetro básico um

raio de influência que define a vizinhança, optou-se por adotar um raio de 2500m. Já o Mapa

Temático mostra a concentração de forma gradual, segundo unidade de análise determinada.

Nesta etapa, foi utilizado o aplicativo de geoprocessamento Arc Gis (versão 9.3).

Para análise dos dados das etapas anteriores, foram utilizados o Software Excel

(versão 2007) e aplicativo para realização de tabulações Tabnet.

4.4. Aspectos éticos

O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado segundo o parecer nº 141.047 do

Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

(FIOCRUZ) em 07/11/2012, considerando-se a atenção a todos os aspectos éticos que

envolvem a pesquisa com seres humanos, de acordo com Resolução nº 196/96 do Conselho

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Page 45: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

44

5. RESULTADOS

5.1. Caracterização do perfil dos idosos internados por desnutrição

Os três municípios juntos totalizaram 93.565 internações no período de 2006 a 2010,

sendo 23.630 (25,3%) em indivíduos com 60 anos ou mais. A avaliação do conjunto das

causas de internação na população idosa na região revelou como principais as doenças do

aparelho circulatório e respiratório, seguidas de doenças do aparelho digestivo e doenças

endócrinas, nutricionais e metabólicas (Tabela 1). Estas últimas merecem destaque, ocupando

o terceiro posto em Itaboraí (14,6%) e Guapimirim (10,5%) e quarto posto em Cachoeiras de

Macacu (9,0%), no período de 2006 a 2010.

Tabela 1 - Frequência relativa de internação em residentes idosos, segundo causa (capítulo da

CID10), por ordem de importância no período de 2006 a 2010.

Itaboraí Guapimirim Cachoeiras de Macacu

Posto Causa % Causa % Causa %

1º Circulatório 39,1 Circulatório 28,5 Circulatório 29,5

2º Respiratório 16,8 Respiratório 14,6 Respiratório 15,5

3º Endócrinas 14,6 Endócrinas 10,5 Digestivo 10,0

4º Digestivo 6,2 Oculares 9,4 Endócrinas 9,0

5º Infecciosas 5,9 Digestivo 8,8 Geniturinário 8,7

6º Neoplasias 4,6 Infecciosas 6,1 Neoplasias 8,1

7º Externas 3,7 Geniturinário 5,7 Externas 5,8

8º Geniturinário 3,6 Neoplasias 5,6 Dermatológico 2,8

Outros 5,6 Outros 10,8 Outros 10,5

Total 100,0 Total 100,0 Total 100,0

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

Do total das internações por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas em idosos

(n=2.988) entre 2006 e 2010 nos três municípios, 42,7% (n=1.299) corresponde à desnutrição.

Nos 58% restantes predominam o diabetes mellitus. A Tabela 2 destaca que Guapimirim

(75,1%) apresentou mais que o dobro da proporção de casos quando comparado a Cachoeiras

de Macacu (31,4%).

Page 46: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

45

Tabela 2 - Frequência absoluta e proporção de internações por doenças endócrinas,

nutricionais. e metabólicas (CID 10) em idosos. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí

(RJ), 2006 a 2010.

2006 a 2010 C. Macacu Guapimirim Itaboraí Total

Doenças n % n % n % n %

Transtornos tireoidianos 0 0 0 0 8 0,3 8 0,3

Diabetes mellitus 214 55,2 60 22,3 1339 56,2 1613 53,1

Desnutrição 122 31,4 202 75,1 975 41,0 1299 42,7

Obesidade 1 0,3 0 0,0 2 0,1 3 0,1

Depleção volume 13 3,4 6 2,2 46 2,0 65 2,2

Outros 38 9,8 1 0,4 10 0,4 49 1,6

Total 388 100,0 269 100,0 2382 100,0 3037 100,0

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

No mesmo período, ocorreram 2.394 internações por desnutrição na região estudada

em todas as faixas etárias, sendo observado um predomínio de casos em idosos, seguido de

adultos e por último, crianças. Entre os idosos o predomínio foi maior entre aqueles com 80

anos ou mais, com exceção de Itaboraí que apresentou predomínio entre 50 e 59 anos seguido

de 70 a 79 anos (Tabela 3).

Nota-se ainda, na Tabela 3, que nos três municípios estudados, mais de 50% das

internações por desnutrição ocorreram em idosos. Destaque para Cachoeiras de Macacu com

quase 70%, caracterizando a vulnerabilidade deste grupo etário.

Page 47: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

46

Tabela 3 - Frequência absoluta e proporção de internações por desnutrição segundo faixa

etária. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.

Faixa Etária C. Macacu Guapimirim Itaboraí Total

n % n % n % n %

Menor 5 anos 1 0,6 5 1,3 27 1,4 32 1,3

5 a 9 anos 0 0,0 2 0,5 4 0,2 5 0,2

10 a 14 anos 0 0,0 1 0,3 8 0,4 10 0,4

15 a 19 anos 2 1,1 1 0,3 23 1,2 27 1,1

20 a 29 anos 5 2,8 10 2,7 53 2,8 68 2,8

30 a 39 anos 8 4,5 29 7,8 150 7,9 186 7,6

40 a 49 anos 13 7,3 53 14,3 316 16,7 381 15,6

50 a 59 anos 28 15,6 67 18,1 364 19,2 459 18,8

60 a 69 anos 39 21,8 54 14,6 331 17,5 425 17,4

70 a 79 anos 40 22,3 65 17,6 348 18,4 452 18,5

80 anos e mais 43 24,0 83 22,4 271 14,3 398 16,3

Total 179 100,0 370 100,0 1894 100,0 2443 100

Total idosos 122 68,0 202 55,0 975 51,5 1299 53,2

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

Das 1.299 internações por desnutrição em idosos, 818 (63%) ocorreram em homens e

481 (37%), em mulheres. O Gráfico 2 mostra este padrão nos três municípios, com destaque

para uma maior diferença entre os sexos em Itaboraí.

Gráfico 2 - Proporção de internação por desnutrição em idosos, segundo sexo. Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

Page 48: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

47

Em relação às taxas, o Gráfico 3 evidencia que, no período estudado, houve declínio

no risco de internação por desnutrição em Itaboraí, de forma mais expressiva no sexo

feminino quando comparado ao masculino. Em Cachoeiras de Macacu observa-se um

comportamento semelhante para ambos sexos, com pouca oscilação. Já em Guapimirim, a

oscilação foi expressiva, principalmente no sexo feminino.

Gráfico 3 - Taxa* de internação por desnutrição em idosos, segundo sexo. Cachoeiras de

Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

* Por 1.000 habitantes, excluídos os usuários de plano de saúde privado.

Nos três municípios estudados, observa-se que as taxas de internação alcançaram seu

valor máximo nos idosos mais velhos (acima de 80 anos) em ambos os sexos, porém notam-se

algumas particularidades. O Gráfico 4 mostra que em Cachoeiras de Macacu, este predomínio

apresentou-se de forma mais expressiva até o ano de 2007, a partir de 2008 as taxas

acompanharam os demais grupos etários. No município de Guapimirim, manteve-se durante

todo período de 2006 a 2010. Em Itaboraí, especialmente no ano de 2009, o comportamento

foi muito semelhante nos três grupos etários do sexo feminino.

Page 49: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

48

Gráfico 4 - Taxa* de internação em idosos por desnutrição, segundo sexo e faixa etária.

Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012)

* Por 1.000 habitantes, excluídos os usuários de plano de saúde privado

Nas AIHs que tinham os campos de diagnóstico preenchidos com a causa desnutrição,

apenas 3,7% (n=49) apontavam esse evento como diagnóstico secundário. Dessas, 18,4%

(n=9) o diagnóstico principal correspondia a septicemias estreptocócicas (infecções), 16,3%

Page 50: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

49

(n=8) a pneumonias e mais 16,3% (n=8) a doenças pulmonares (Tabela 4), indicando um

importante grau de subnotificação.

Tabela 4 - Frequência absoluta e relativa de internação por desnutrição (diagnóstico

secundário) em idosos de ambos sexos, segundo diagnóstico principal, 2006 a 2010 na região.

Patologias n %

Outras infecções 9 18,4

Pneumonia 8 16,3

Doenças pulmonares 8 16,3

Acidente vascular encefálico 6 12,2

Doença cardíaca 4 8,2

Desidratação 3 6,1

Outras doenças 11 22,4

Total 49 100,0

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

Das 1.250 AIHs que tinham a desnutrição como diagnóstico principal, apenas 11%

(136) apresentaram registro de diagnóstico secundário. A Tabela 5 identifica as neoplasias

como diagnóstico secundário mais frequente representando quase 40% (54) dos casos. Para

efeito de apresentação, as categorias por localização foram agrupadas, sendo as mais

importantes: esôfago, estômago, pulmões, bexiga e mama, seguidas de pâncreas, próstata e

reto. A desidratação também merece destaque, corresponde a 10,3% (14).

Tabela 5 - Frequência absoluta e relativa de internação por desnutrição (diagnóstico

principal) em idosos de ambos sexos, segundo diagnóstico secundário, 2006 a 2010 na região.

Patologias n %

Neoplasias 54 39,7

Desidratação 14 10,3

Anemia 6 4,4

Pneumonia 5 3,7

Acidente vascular encefálico 5 3,7

Úlcera de decúbito 4 2,9

Outras infecções 6 4,4

Outras doenças 42 30,9

Total 136 100,0

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

Page 51: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

50

A Tabela 6 mostra que para os idosos, o tempo médio de permanência hospitalar por

desnutrição foi de 7,9 dias em Cachoeiras de Macacu, 10 dias em Guapimirim e 8,5 dias em

Itaboraí. Quanto à mediana (6 dias), não foi observada diferença significante entre os

municípios. A proporção de mortalidade hospitalar foi de 11,5, 26,2 e 7,6 óbitos por 100

internações, respectivamente.

Tabela 6 – Tempo de permanência hospitalar (em dias) por desnutrição em idosos e não

idosos. Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), de 2006 a 2010.

Tempo ≥ 60 anos < 60 anos

C. Macacu Guapimirim Itaboraí C. Macacu Guapimirim Itaboraí

Valor máximo 38 80 88 18 98 79

Média 7,9 10 8,7 6,6 8,3 8,2

Mediana 6 7 6 6 6 6

Valor mínimo 1 1 1 2 1 1

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

5.2. Análise da mortalidade por desnutrição em idosos

A avaliação do conjunto das causas de óbito na população idosa na região revelou

como principais as doenças do aparelho circulatório e respiratório, seguidas de neoplasias

(Tabela 7). As doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas merecem destaque, ocupando o

quinto posto (12,2%) em Itaboraí e quarto posto em Guapimirim (11,7%) e Cachoeiras de

Macacu (10,5%), no período de 2006 a 2010.

Page 52: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

51

Tabela 7 - Frequência relativa de óbitos em residentes idosos, segundo causa (capítulo da

CID10), por ordem de importância no período de 2006 a 2010.

Itaboraí Guapimirim Cachoeiras de Macacu

Posto Causa % Causa % Causa %

1º Circulatório 31,1 Circulatório 38,9 Circulatório 37,3

2º Ex clínicos lab. 13,7 Respiratório 13,7 Respiratório 13,9

3º Neoplasias 13,2 Neoplasias 12,2 Neoplasias 13,0

4º Respiratório 12,6 Endócrinas 11,7 Endócrinas 10,5

5º Endócrinas 12,2 Ex clínicos lab. 6,8 Ex clínicos lab. 9,6

6º Digestivo 3,9 Digestivo 4,9 Digestivo 3,7

7º Infecciosas 3,8 Geniturinário 4,4 Geniturinário 3,4

8º Externas 3,7 Geniturinário 2,9 Geniturinário 3,0

Outros 5,7 Outros 4,5 Outros 5,6

Total 100,0 Total 100,0 Total 100,0

Fonte: SIM/SUS (Datasus, 2012).

Do total de 165 registros de desnutrição como causa básica de óbito, no período de

2006 a 2010 na região, 74,5% (123) ocorreram em idosos, predominantemente entre aqueles

com 80 anos ou mais. No entanto, ressalta-se Cachoeiras de Macacu que apresentou

frequência considerável nos adultos entre 50 e 59 anos (Tabela 8).

Tabela 8 - Frequência absoluta e proporção de óbitos por desnutrição segundo faixa etária.

Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2006 a 2010.

Faixa Etária Itaboraí Guapimirim C. Macacu Total

n % N % n % n %

Menor 9 anos 0 0 0 0 0 0 0 0

10 a 14 anos 0 0 0 0 2 6,1 2 1,2

15 a 19 anos 0 0 0 0 2 6,1 2 1,2

20 a 29 anos 2 1,8 0 0 3 9,1 5 3,0

30 a 39 anos 3 2,7 0 0 2 6,1 5 3,0

40 a 49 anos 8 7,1 0 0 1 3 9 5,5

50 a 59 anos 10 8,8 2 10,5 7 21,2 19 11,5

60 a 69 anos 15 13,3 4 21,1 3 9,1 22 13,3

70 a 79 anos 26 23 5 26,3 2 6,1 33 20

80 anos e mais 49 43,4 8 42,1 11 33,3 68 41,2

Total 113 100 19 100 33 100 165 100

Total idosos 90 79,6 17 89,5 16 48,5 123 74,5

Fonte: SIM)/SUS (Datasus, 2012).

Page 53: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

52

Apesar do município de Guapimirim ter apresentado uma proporção de quase 90% dos

óbitos em idosos, a maior taxa de mortalidade, no período, foi em Itaboraí (12,0 óbitos por 10

mil habitantes). Seguido por Guapimirim e Cachoeiras de Macacu (9,9 e 7,2 óbitos por 10 mil

habitantes), respectivamente.

5.3. Descrição da evolução temporal das internações e óbitos por desnutrição em idosos

Na análise da série temporal em 11 anos (Gráfico 5), observa-se uma leve tendência

ao aumento no número de óbitos por desnutrição em idosos no município de Itaboraí. Para os

outros municípios, as tendências apresentam-se estáveis quando se compara todo período

analisado.

Gráfico 5 – Série temporal dos óbitos por desnutrição em idosos. Cachoeiras de Macacu,

Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2000 a 2010.

Fonte: SIM/SUS (Datasus, 2012).

Quanto à internação por desnutrição em idosos na série temporal de 2000 a 2010, o

Gráfico 6 mostra que Cachoeiras de Macacu e Itaboraí apresentaram tendência à queda. No

Page 54: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

53

entanto, o mesmo não pode ser observado para Guapimirim uma vez que a linha de tendência

apresentou instabilidade no período.

Gráfico 6 – Série temporal das internações por desnutrição em idosos. Cachoeiras de Macacu,

Guapimirim e Itaboraí (RJ), 2000 a 2010.

Fonte: SIH/SUS (Datasus, 2012).

5.4. A distribuição espacial das internações por desnutrição em idosos

Na base de dados do SIH com informações de endereço de residência, durante o

período de 2006 a 2010, foram excluídos 14 registros (11,5%) em Cachoeiras de Macacu, 22

registros (11%) em Guapimirim e 116 registros (12,5%) em Itaboraí devido ao preenchimento

inadequado do campo e/ou duplicidade de endereço. Vale ressaltar que estes municípios

denominam muitas ruas a partir de números ou letras e em diversos bairros diferentes,

comprometendo a identificação. Deste modo, justifica-se a perda de 152 registros dos 1250

casos, correspondendo a 12% da amostra, sendo ao final deste estudo 1098 casos (88%)

geoprocessados na região.

O Mapa 2 representa a distribuição do número absoluto das internações por

desnutrição em idosos a nível regional, por análise de Kernel (2,5km). No município de

Page 55: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

54

Itaboraí, as regiões centrais foram as de maior risco para este agravo. Duas áreas de risco

intermediário foram identificadas, em bairros limítrofes ao município de São Gonçalo e nas

proximidades da região central de Itaboraí. Nos municípios de Cachoeiras de Macacu e

Guapimirim foram identificadas somente áreas de baixo risco.

Ressalta-se que os mapas não foram confeccionados a partir da densidade

populacional, portanto, particularidades demográficas devem ser consideradas. Neste sentido,

vale destacar Itaboraí como o município mais populoso da região e a importante cobertura

vegetal observada em Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, principalmente.

Page 56: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

55

Mapa 2 - Distribuição das internações por desnutrição em idosos na região de 2006 a 2010.

Page 57: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

56

O Mapa 3 mostra a distribuição, por bairro, dos casos de hospitalização por

desnutrição em idosos no município de Itaboraí, no período de 2006 a 2010 segundo pontos

de corte. Observa-se que as áreas com maior concentração de casos localizam-se em bairros

mais populosos, próximos a Rodovia BR-101, destacando-se em ordem de importância:

Ampliação, Venda das Pedras, Marambaia, Retiro São Joaquim, Esperança e Calundu.

Page 58: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

57

Mapa 3 - Distribuição das internações por desnutrição em idosos em Itaboraí, por bairro, de

2006 a 2010.

Page 59: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

58

O Mapa 4 mostra a maior concentração dos casos na periferia urbana do município de

Guapimirim, distante do centro urbano. Destacam-se os bairros localizados no limítrofe ao

município de Magé: Vila Olímpia e Vale das Pedrinhas. Também foram encontrados focos

importantes nos bairros Centro, Bananal, Parada Modelo e Várzea Alegre.

Page 60: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

59

Mapa 4 - Distribuição das internações por desnutrição em idosos em Guapimirim, por bairro,

de 2006 a 2010.

Page 61: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

60

No Mapa 5, nota-se, que os casos concentram-se na área urbana de Cachoeiras de

Macacu, principalmente no bairro centro, seguidos de bairros na proximidade: Campo do

Prado e Boa Vista. Também observam-se focos importantes na área periurbana, bairros mais

distantes da região central: Papucaia e Parque Ribeira.

Page 62: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

61

Mapa 5 - Distribuição das internações por desnutrição em idosos em Cachoeiras de Macacu,

por bairro, de 2006 a 2010.

Page 63: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

62

6. DISCUSSÃO

A revisão de literatura revelou que os idosos brasileiros estão vivendo mais e em

melhores condições em decorrência da ação conjunta de três fatores: ampliação da cobertura

previdênciária, maior acesso aos serviços de saúde e crescimento da tecnologia médica

(Camarano, 2002, IBGE, 2009b). Apesar das evidências recentes de redução dos índices de

desnutrição no Brasil, os achados aqui apresentados mostram a importância de um olhar

especial para este agravo na população acima de 60 anos. Ainda são escassas as abordagens

sobre o tema, optando-se no presente estudo a realizar análises comparativas com trabalhos

que pesquisaram outras patologias em idosos ou em outros grupos etários.

Os principais grupos de causa de internação entre idosos de 2006 a 2010 na região

estudada foram os das doenças do aparelho circulatório e respiratório, seguidos de doenças do

aparelho digestivo e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. Esta última ocupou a

terceira colocação em Itaboraí e Guapimirim e quarta posição em Cachoeiras de Macacu,

quase 42% correspondeu à desnutrição. Quanto à proporção de internação hospitalar por

desnutrição segundo grupo etário, ocorreu predominantemente entre os idosos, especialmente

com 80 anos ou mais. Em relação ao sexo, predominantemente, em homens.

Estes resultados são corroborados pelos dados nacionais de morbidade hospitalar de

idosos no SUS, no ano de 2006, que revelaram a insuficiência cardíaca (doença do aparelho

circulatório) como a primeira causa em todas as faixas etárias (60-69, 70-79, 80 e mais anos

de vida) e em ambos os sexos. Entre as mulheres, diabetes e hipertensão não apareceram nas

idosas de 80 anos ou mais. Já para os homens, foi encontrada uma taxa de 5,3‰ por

desnutrição nos idosos com 80 anos e mais, sendo a sexta causa de internação (IBGE, 2009b).

O perfil encontrado também está de acordo com pesquisa realizada com idosos no

Estado de São Paulo, conduzida por Mendes (2011). Ele observou que os três principais

grupos de causas de internação, em 2010, foram as doenças do aparelho circulatório (26,1%),

do aparelho respiratório (13,7%) e do aparelho digestivo (11,1%). Entre 2000 e 2010, houve

redução percentual dos dois primeiros e discreto aumento do terceiro. Foram seguidos pelas

neoplasias (10%), doenças do aparelho genitourinário (7,8%) e lesões (causas externas,

7,7%).

Neste contexto, Mathias e Jorge (2004) realizaram estudo para conhecer o

comportamento da morbimortalidade por diabetes mellitus (DM) em idosos residentes em

Page 64: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

63

Maringá (PR) e obtiveram resultados interessantes. Este conjunto de doenças representou

4,8%, 3,8% e 2,5% das internações ocupando a quinta, sétima e oitava colocações,

evidenciando queda nos anos de 1996, 1997 e 1998, respectivamente. Os pesquisadores

encontraram o risco maior de internação por DM para o sexo feminino. Durante os três anos

de análise, aproximadamente 70% das internações por doenças endócrinas e nutricionais

corresponderam ao DM para as mulheres e 50% para os homens.

Estes resultados são compatíveis com a literatura e diferem do encontrado no presente

estudo, que evidenciou maior proporção de casos no sexo masculino. Segundo Veras e

colaboradores (2005), embora as mulheres vivam mais do que os homens, elas passam por um

período maior de debilitação biológica antes da morte do que eles, trazendo consequências no

perfil epidemiológico dos idosos.

A PNAD 2003 revelou que as mulheres idosas procuram atendimento médico em

maior proporção do que os homens, independentemente do nível socioeconômico (IBGE,

2009b). Neste sentido, supõe-se que a evolução da desnutrição, em mulheres, geralmente não

alcance um nível tão grave que demande internação, diferentemente dos homens.

Observou-se, no período estudado, que houve declínio no risco de internação por

desnutrição em Itaboraí, de forma mais expressiva no sexo feminino quando comparado ao

masculino. Em Cachoeiras de Macacu observa-se um comportamento semelhante para ambos

sexos, com pouca oscilação. Já em Guapimirim, a oscilação foi expressiva, principalmente no

sexo feminino. Mathias e Jorge (2004) observaram padrão semelhante com declínio nos

coeficientes de internação em idosos por DM em ambos sexos, de 1996 a 1998.

Nos três municípios estudados, observa-se que as taxas de internação alcançam seu

valor máximo nos idosos mais velhos (acima de 80 anos) em ambos os sexos, porém notam-se

algumas particularidades. Em Cachoeiras de Macacu, este predomínio apresentou-se de forma

mais expressiva até o ano de 2007, a partir de 2008 as taxas acompanharam os demais grupos

etários. Principalmente nas idosas, observou-se uma brusca queda na frequência de

internações entre as mais velhas de 2006 a 2008, o mesmo foi verificado nos homens de 2007

para 2008. Neste sentido, supõe-se que problemas no registro de casos ou ações mais efetivas

da atenção básica possam justificar este comportamento.

Em contra partida, no município de Guapimirim, este predomínio manteve-se durante

todo período de 2006 a 2010. Em Itaboraí, especialmente no ano de 2009, o comportamento

foi muito semelhante nos três grupos etários do sexo feminino.

Page 65: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

64

No presente estudo, apenas 3,7% das AIH que tinham os campos de diagnóstico

preenchidos com a causa desnutrição, apontavam esse evento como diagnóstico secundário.

Dessas, 18,4% (n=9) o diagnóstico principal correspondia a septicemias estreptocócicas

(infecções), 16,3% (n=8) a pneumonias e mais 16,3% (n=8) a doenças pulmonares.

Bittencourt e colaboradores (2009), em pesquisa com crianças desnutridas, encontraram

apenas 5% de registro neste padrão. Estes resultados refletem um importante grau de sub-

registro dos casos. Mathias e Jorge (2004) destacam que, com relação às hospitalizações, a

análise dos dados através do diagnóstico principal subestima a real magnitude do DM, dado

que um paciente portador de DM pode ser internado por outra causa. Esta característica

também aplica-se a desnutrição.

Paes-Sousa e colaboradores (2003) relatam que a associação existente entre

desnutrição e infecção compromete a precisão na definição dos casos. No entanto,

independentemente da fisiopatologia, o problema das internações por desnutrição em idosos

traz à tona problemas sociais que podem estar relacionados à desigualdade de acesso à

alimentação em quantidade e qualidade satisfatórias e ao papel das políticas públicas.

Apenas 11% das internações que tinham a desnutrição como diagnóstico principal

apresentaram registro de diagnóstico secundário. Destes, as neoplasias representaram a

patologia mais frequente (quase 40% dos casos), sendo as mais importantes: esôfago,

estômago e pulmões. Em seu estudo, Mendes (2011) destaca a ampliação de 38% na taxa de

internação por neoplasias (84,4 para 116,6 por 10 mil idosos) no período de 2000 a 2010.

Com envelhecimento populacional ocorre um aumento da carga de doenças crônicas e

de incapacidades na população e um aumento correspondente do uso de serviços de saúde.

Pesquisas apontam que nos idosos, as internações hospitalares são mais frequentes e o tempo

de ocupação do leito é maior quando comparado a outras faixas etárias.

Segundo dados fornecidos pelo SUS, em 2002, 18,6% do total de internações apuradas

pelas AIHs foram registradas na faixa etária de 60 anos ou mais de idade, para uma população

de idosos de apenas 8,5%, em comparação com 20,9% de internações na faixa de 0 a 14 anos

para uma população de 29,6% e 60,5% de internações na faixa etária de 15 a 59 anos (61,8%

da população total) (Veras et al, 2005). Gawryszewski e colaboradores (2004), analisando a

morbimortalidade por causas externas em idosos no Brasil no ano de 2000, também

observaram que coeficiente de mortalidade (92,1/100.000) foi maior que o encontrado para a

população geral (69,3/100.000).

Page 66: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

65

A mesma situação pode ser observada no presente estudo que encontrou tempo médio

de permanência hospitalar por desnutrição de 7,9 dias em Cachoeiras de Macacu, 10 dias em

Guapimirim e 8,5 dias em Itaboraí, médias superiores às encontradas para população geral

(7,7 dias). Quanto à mediana (6 dias), não foi observada diferença significante. A proporção

de mortalidade hospitalar foi de 11,5, 26,2 e 7,6 óbitos por 100 internações, respectivamente.

Os resultados apontam Guapimirim como município com maior período de hospitalização e

maior risco de desfecho em óbito, refletindo, assim, maior vulnerabilidade dos pacientes

idosos internados por desnutrição.

Todavia, os resultados encontrados no estudo de Mathias e Jorge (2004), revelaram

queda na utilização de leitos hospitalares por DM, podendo sugerir que o processo de

municipalização com implantação de equipes de saúde da família e a política de atendimento

aos grupos mais frágeis da população esteja resultando em impacto positivo para a

manutenção da qualidade de vida.

A avaliação do conjunto das causas de óbito na população idosa na região revelou

como principais as doenças do aparelho circulatório e respiratório, seguidas de neoplasias.

Observou-se que 79% (123) dos óbitos por desnutrição ocorreram em idosos,

predominantemente entre aqueles com 80 anos ou mais. Os resultados comprovam dados da

literatura, segundo Lima-Costa (2003), em geral, as doenças cardiovasculares e as neoplasias

são as causas de morte predominantes, correspondendo a 51% dos óbitos na faixa etária de 60

ou mais anos.

Estudo realizado por Costa e colaboradores (2000) mostrou que as doenças do

aparelho circulatório foram a primeira causa de morte entre os idosos brasileiros em 1980,

1991 e 1996. As neoplasias constituíram o segundo grupo de causas de morte desta

população, seguidas por doenças do aparelho respiratório, doenças endócrinas, nutricionais e

metabólicas, doenças do aparelho digestivo, causas externas e doenças infecciosas e

parasitárias. A ordem de importância destas doenças não se alterou quando a análise global

para o Brasil foi feita excluindo-se as Regiões Norte e Nordeste. A pesquisa identificou que

diabetes mellitus e desnutrição foram as causas mais frequentes de morte por doenças

endócrinas, nutricionais e metabólicas em idosos no período entre 1995 e 1997.

Apesar do município de Guapimirim ter apresentado uma proporção de quase 90% dos

óbitos em idosos, a maior taxa de mortalidade, no período, foi em Itaboraí (1,2 óbitos por 10

mil habitantes).

Page 67: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

66

Em vários aspectos, as condições de saúde da população idosa brasileira não diferem

substancialmente do observado em outros países. A hipertensão arterial e a artrite são as

doenças mais frequentemente auto-referidas (44% e 38%, respectivamente) e, via de regra, as

mulheres idosas apresentam piores condições de saúde e uso mais frequente de serviços de

saúde do que os homens (Lima-Costa, 2003).

Entretanto, existem importantes particularidades. Com relação à mortalidade, entre as

doenças do aparelho circulatório persistem as doenças cerebrovasculares como principal

causa de óbito em ambos os sexos, indicando a precariedade do controle da hipertensão

arterial nessa população. Ao contrário do observado em sociedades que alcançaram um bom

nível de saúde pública, nas quais predominam as doenças isquêmicas do coração (Lima-

Costa, 2003; IBGE, 2009b).

A pesquisa de Nascimento e colaboradores (2011) ressalta o importante papel da

nutrição na identificação de fatores de risco para a mortalidade e desenvolvimento de diversas

doenças entre idosos. Como exemplo, o baixo peso, que tem sido associado ao aumento da

morbimortalidade por tuberculose, enfermidades pulmonares obstrutivas crônicas e câncer de

pulmão e estômago. Destacam-se, de forma menos pronunciada, os riscos de

morbimortalidade por doenças cerebrovasculares, cardiovasculares e diabetes mellitus

decorrentes de sobrepeso e obesidade.

No presente estudo, a análise da série temporal de óbitos por desnutrição em idosos, de

2000 a 2010, mostrou uma leve tendência ao aumento no número de óbitos por desnutrição

em idosos no município de Itaboraí, o que pode ser um importante indicador da piora das

condições de vida da população idosa. Para os outros municípios, as tendências apresentam-se

estáveis quando se compara todo período analisado. O mesmo perfil foi observado em estudo

brasileiro desenvolvido por Otero (2001). Nele, foi identificada a existência de tendência de

aumento nos casos de óbitos por desnutrição em idosos nas Regiões Metropolitanas do Estado

de São Paulo (RMSP) e Rio de Janeiro (RMRJ), entre 1980 e 1997.

Quanto à internação por desnutrição em idosos no período de 2000 a 2010, Cachoeiras

de Macacu e Itaboraí apresentaram tendência à queda. No entanto, o mesmo não pode ser

observado para Guapimirim uma vez que a linha de tendência apresentou instabilidade no

período. Comportamento semelhante é verificado no estudo de Mendes (2011), onde as taxas

de internação por doenças endócrinas e nutricionais reduziram entre 2000 e 2010 (de 71,5

para 47,3/ 10 mil idosos).

Page 68: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

67

Vale ressaltar algumas limitações do estudo: apesar da potencialidade do SIH para fins

epidemiológicos, há ausência de parâmetros que identifiquem as reinternações e de

padronização no preenchimento de dados da AIH, principalmente a variável endereço. Esta

última refletiu em grandes dificuldades no geoprocessamento dos casos. Especialmente em

idosos, a análise da mortalidade por desnutrição requer a apuração como causa associada ao

óbito, viável somente a partir das declarações originais. Portanto, a divulgação somente da

causa básica de óbito pelo SIM também configura uma limitação.

Em relação à distribuição espacial das internações por desnutrição em idosos a nível

regional, identificou-se uma área de alto risco compreendida por bairros centrais de Itaboraí,

município mais populoso da região. Estudo realizado por Torres (2011) também observou

maior concentração do número de internações por diarréia em crianças, no período de 2006 e

2009, nos bairros da região central de Itaboraí, que ficam no entorno das principais rodovias,

e naqueles que fazem limite com o município de São Gonçalo. Estes bairros apresentaram as

maiores concentrações populacionais, assim como melhores condições de vida, ou seja,

melhor infra-estrutura. Vale ressaltar que a região central concentra a maioria dos hospitais do

município, e assim, esta população teria mais facilidade de acesso a internação.

Entretanto, Torres (2011) destacou que, em geral, os bairros do município de Itaboraí

apresentaram baixas proporções de domicílios com saneamento adequado, mesmo nos

estratos com melhores condições de vida. O abastecimento de água por poço e esgotamento

via fossa séptica parece ser um recurso utilizado pelos moradores diante da baixa infra-

estrutura urbana. Desta forma, supõe-se que estas características talvez possam refletir os

resultados encontrados no presente estudo.

Vale ressaltar que o desordenado processo de urbanização possui ritmos diferenciados

dependendo do estágio de “desenvolvimento” de cada região. Esta nova dinâmica urbana

implica uma série de mudanças socioambientais que por sua vez influenciam a saúde e as

condições de vida. Parcelas das populações, em geral aqueles mais pobres residentes em áreas

degradadas e marginalizadas de serviços públicos são os mais expostos e vulneráveis aos

riscos ambientais típicos de um modelo de desenvolvimento iníquo na sua estrutura e

dinâmica (Santos et al, 2010).

De acordo com Santos (2010), há evidências de que Itaboraí se urbanizou de maneira

muito rápida, sem planejamento e ordenação, modelo semelhante ao de Guapimirim, porém

Page 69: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

68

numa escala menor. Cachoeiras de Macacu apresentou um crescimento mais gradual ao longo

do tempo o que possibilitou ao poder público atuar de maneira mais eficiente.

É sabido que a qualidade do processo de urbanização de um município e a qualidade

das condições de vida e saúde da população estão diretamente relacionadas. Essa relação pode

ser evidenciada através das consequências danosas que um crescimento desordenado causa ao

espaço urbano, afetando de modo mais imediato os grupos populacionais com as condições de

vida e saúde mais precárias.

Dados de um inquérito nacional de saúde correspondente à população com 65 ou mais

anos de idade mostraram que os 20% de idosos mais pobres (ou seja, cuja renda domiciliar

per capita situa-se no quintil inferior da distribuição de renda) apresentavam piores

indicadores da condição de saúde, mas procuravam e utilizavam com menos frequência

serviços médicos, em comparação aos idosos com renda familiar mais alta. Essas diferenças

eram independentes do sexo e da faixa etária (Lima-Costa, 2003). Por outro lado, as

hospitalizações independiam da situação socioeconômica do idoso.

Estudo realizado por Veras (2005) chama atenção para a grande dependência dos

idosos brasileiros do sistema público de saúde, tanto os mais pobres (95%) quanto os demais

(69%). Os resultados desse inquérito revelaram piores condições de saúde entre os idosos,

maior morbidade e menor uso de serviços de saúde, caracterizando uma situação preocupante

uma vez que esses são importantes indicadores da qualidade de vida. As desigualdades

socioeconômicas associadas ao uso de serviços pelos idosos indicam que a equidade, um dos

princípios constitucionais do sistema de saúde brasileiro, ainda não foi alcançada (Veras et al,

2005).

Dados do IBGE (2009b) mostram que no Brasil mais de 70% dos idosos não possuem

plano de saúde e utilizam apenas os serviços do SUS e, também, possuem um rendimento

domiciliar percapita de até 3 salários mínimos mensais. A mudança no perfil demográfico e

epidemiológico da população aumenta as despesas com tratamentos médico e hospitalar. O

idoso vem cada vez mais consumindo serviços de saúde e as internações hospitalares são mais

frequentes, sendo que o tempo de ocupação do leito é maior devido à multiplicidade de

patologias associadas, quando comparado a outras faixas etárias.

Embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população idosa seja avançada,

a prática ainda é insatisfatória. O Estatuto do Idoso garante acesso aos serviços de saúde e de

assistência social, atenção integral à saúde por intermédio do SUS, atendimento domiciliar

Page 70: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

69

e/ou internação ao idoso incapaz de se locomover e medicação gratuita, assim como outros

recursos relacionados ao tratamento (Brasil, 2003). O uso desse documento como instrumento

para a conquista de direitos dos idosos, a ampliação da Estratégia Saúde da Família que revela

a presença de idosos e famílias em situação de vulnerabilidade social tornaram imprescindível

a readequação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Brasil, 2006a).

Neste sentido, considerando que a análise da morbidade hospitalar reflete a ocorrência

de formas mais graves das doenças, os serviços de saúde devem estar organizados para

oferecer ações e práticas para proporcionar melhor qualidade de vida, reduzindo a sobrecarga

com internações. Para isso, é necessário que as ações de saúde dirigidas aos idosos objetivem,

entre outras coisas, mantê-los na comunidade, tendo a família como apoio, embasado no

modelo do cuidado domiciliar (Souza et al., 2009).

Sendo assim, sugerem-se novos estudos sobre condições socioeconômicas na região a

fim de analisar aspectos que podem influenciar no desenvolvimento e/ou agravamento dos

casos de desnutrição na população idosa. Paralelamente, dados estatísticos de hospitalizações

e óbitos devem ser melhor explorados, pois ao revelarem comportamentos dos agravos à

saúde em nível populacional podem direcionar políticas públicas.

Embora seja reconhecida a melhoria das condições de saúde e renda da população

idosa brasileira, há que se perceber que estas são muito dependentes das políticas de saúde, de

previdência e assistência social, que enfrentam sérios problemas de financiamento não só no

Brasil, mas em quase todo o mundo (Veras et al, 2005).

Vale ressaltar que o investimento em políticas de saúde é uma diretriz prioritária para

que o idoso possa usufruir a ampliação dos anos de vida, de forma autônoma, saudável e com

qualidade. No entanto, sabe-se que o custo da saúde é muito alto, apesar de ser um item de

fundamental importância para qualquer sociedade. Por esse motivo, as políticas precisam ser

eficientes, contemporâneas e elaboradas por profissionais qualificados e experientes (Veras et

al, 2005).

Page 71: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

70

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados neste estudo evidenciam a importância da utilização dos

dados estatísticos gerados pelos órgãos oficiais de atendimento à saúde tanto para o

conhecimento da situação de saúde da população como para subsidiar políticas públicas. No

entanto, ressalva-se a necessidade de aprimoramento dos sistemas de informação,

especialmente quanto à padronização do registro da residência do paciente a fim de favorecer

a construção de indicadores de saúde a nível local.

A redução do declínio funcional entre os idosos, evidenciada em estudos, pode estar

relacionado à maior universalização do acesso aos serviços públicos de saúde, com destaque

da ampliação da atenção básica e à melhoria no tratamento médico, no que diz respeito à

tecnologia. Outros fatores, como o aumento dos níveis de escolaridade da população, que vem

ocorrendo há algumas décadas, e mudanças comportamentais em relação a hábitos

alimentares, são, também, importantes.

Portanto, o aumento progressivo do número de idosos e a maior utilização dos serviços

de saúde, consequências da maior longevidade e das múltiplas patologias crônicas,

configuram-se como grandes desafios para o sistema de saúde. Sendo assim, recomenda-se

maior proximidade dos serviços com a comunidade e com a família que deve facilitar o

desenvolvimento de atividades de promoção à saúde para a população em geral e idosa em

particular.

Desta forma, torna-se essencial fortalecer práticas da atenção básica, especialmente

quanto ao monitoramento do estado nutricional em idosos. Buscar resolver as desordens

nutricionais a nível primário, evitando alcançar o grau mais grave que exija internação deve

integrar a rotina dos profissionais envolvidos na ESF. Neste sentido, os municípios estudados,

assim como os demais, precisam priorizar ações a nível local. Nos casos de desnutrição

primária ou secundária a outras patologias, a atenção hospitalar deve contemplar cuidados na

avaliação e acompanhamento nutricional pela equipe multidisciplinar.

Sem dúvida, uma das maiores conquistas da humanidade foi a ampliação do tempo de

vida, que se fez acompanhar de uma melhora substancial dos parâmetros de saúde das

populações. Ainda que essas conquistas estejam longe de se distribuir de forma equitativa nos

diferentes países e contexto socioeconômicos, o que antes era privilégio de poucos hoje passa

Page 72: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

71

a ser realidade, mesmo nos países mais pobres. Viver mais é uma aspiração natural de

qualquer sociedade, mas é importante que se consiga agregar qualidade a esses anos

adicionais de vida (Veras et al, 2005).

Cabe salientar, também, a obrigação do Estado em garantir ao idoso a proteção à vida

e à saúde, por meio de efetivação de políticas públicas que permitam o envelhecimento

saudável e em condições de dignidade, com uma vida mais confortável. A busca de soluções

adequadas exige que se adote prioritariamente uma visão interdisciplinar do envelhecimento

da população brasileira como um elemento fundamental nas investigações científicas do novo

milênio. Além disso, é imprescindível que se crie uma consciência e um compromisso entre

os gestores e definidores de políticas a respeito da importância da inclusão deste tema, como

prioridade para as próximas décadas, nas agendas econômicas, sociais e políticas do país.

Page 73: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

72

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Page 81: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

80

ANEXOS

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Anexo 1 – Mapa do município de Itaboraí com divisão por bairros, codificados.

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Anexo 2 - Frequência de internações por desnutrição em idosos por bairro. Itaboraí, 2006-10.

ITABORAÍ ITABORAÍ

COD BAIRRO n COD BAIRRO n

BITA1D04 AMPLIACAO 64 BITA1D25 ITABORAI CENTRO 5

BITA1D71 VENDA DAS PEDRAS 57 BITA3D22 GRANDE RIO 5

BITA7D35 MARAMBAIA 47 BITA1D50 PICOS 4

BITA1D58 RETIRO SAO JOAQUIM 46 BITA1D28 ITAVILLE 3

BITA1D20 ESPERANCA 45 BITA1D07 BADURECO 3

BITA1D12 CALUNDU 38 BITA1D67 SAPE 3

BITA1D06 AREAL 31 BITA1D41 NANCILANDIA 3

BITA3D27 ITAMBI 27 BITA7D73 VILA GABRIELA 3

BITA7D05 APOLO II 26 BITA7D43 NOVO HORIZONTE 3

BITA7D34 MANILHA CENTRO 26 BITA6D10 CABUCU CENTRO 3

BITA8D45 PACHECOS 24 BITA1D19 ENGENHO VELHO 2

BITA1D44 OUTEIRO DAS PEDRAS 23 BITA2D53 PORTO DAS CAIXAS CEN 2

BITA1D59 RIO VARZEA 21 BITA5D36 MARAVILHA 2

BITA1D33 JOAQUIM DE OLIVEIRA 20 BITA7D65 SAO MIGUEL 2

BITA1D42 NOVA CIDADE 19 BITA6D51 PITANGA 2

BITA2D52 PORTO DAS CAIXAS 15 BITA1D74 VILA RICA 1

BITA5D78 VISCONDE CENTRO 14 BITA5D76 VILA VISCONDE 1

BITA1D57 RETIRO 13 BITA5D79 VISCONDE DE ITABORAI 1

BITA3D13 CENTRO ITAMBI 13 BITA5D77 VILLAGE DO SOL 1

BITA1D16 CITY AREAL 12 BITA3D39 MORADA DO SOL II 1

BITA4D03 ALTO DO JACU 12 BITA3D38 MORADA DO SOL I 1

BITA4D60 SAMBAETIBA 12 BITA4D61 SAMBAETIBA CENTRO 1

BITA8D49 PEROBAS 12 BITA7D37 MONTE VERDE 1

BITA6D09 CABUCU 11 BITA6D75 VILA VERDE 1

BITA1D55 QUISSAMA 10 BITA1D15 CHACARAS IGUA 0

BITA7D62 SANTO ANTONIO 10 BITA1D17 COLONIA 0

BITA1D63 SANTO EXPEDITO 9 BITA2D40 N.S. DA CONCEICAO 0

BITA1D30 JARDIM IMPERIAL 9 BITA3D31 JARDIM ITAMBI 0

BITA1D69 SOSSEGO 9 BITA3D47 PARQUE AURORA 0

BITA6D64 SAO JOSE 9 BITA4D54 QUINTA DOS COLIBRIS 0

BITA1D70 TRES PONTES 8 BITA4D14 CHACARAS BELA VISTA 0

BITA1D08 BELA VISTA 8 BITA4D48 PARQUE NOVA FRIBURGO 0

BITA5D26 ITAMARATI 8 BITA4D68 SEM NOME 0

BITA7D72 VILA BRASIL 8 BITA7D23 GRANJAS CABUCU 0

BITA1D29 JARDIM FERMA 7 BITA6D56 RECANTO DOS MAGALHAE 0

BITA3D21 GEBARA 7 BITA6D66 SAO SEBASTIAO 0

BITA4D01 AGRO BRASIL 7 BITA6D18 CURUZU 0

BITA7D02 ALDEIA DA PRAIA 7 BITA8D46 PACHECOS CENTRO 0

BITA1D11 CALUGE 6 BITA8D24 GRANJAS MIRASSOL 0

BITA3D32 JOAO CAETANO 6 Total 810

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Anexo 3 – Mapa do município de Guapimirim com divisão por bairros, codificados.

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Anexo 4 - Frequência de internações por desnutrição em idosos por bairro. Guapimirim,

2006-2010.

GUAPIMIRIM

COD BAIRRO n

BGUA1D37 VILA OLIMPIA 30

BGUA1D34 VALE DAS PEDRINHAS 25

BGUA1D09 CENTRO 18

BGUA1D26 PARADA MODELO 17

BGUA1D03 BANANAL 16

BGUA1D13 ESPINHACO 13

BGUA1D29 PARQUE FREIXAL 9

BGUA1D31 PARQUE SANTA EUGENIA 7

BGUA1D08 CANTAGALO 7

BGUA1D07 CANECA FINA 6

BGUA1D10 CITROLANDIA 5

BGUA1D16 ICONHA 5

BGUA1D24 PAIOL 4

BGUA1D17 JARDIM GUAPIMIRIM 3

BGUA1D18 LIMOEIRO 3

BGUA1D21 NOVA MARILIA 2

BGUA1D25 PARADA IDEAL 2

BGUA1D06 CADETE FABRES 2

BGUA1D33 SEGREDO 2

BGUA1D32 PARQUE SILVESTRE 2

BGUA1D28 PARQUE DA AJUDA 1

BGUA1D35 VALE DO JEQUITIBA 1

BGUA1D02 APA GUAPIMIRIM 0

BGUA1D19 MIRO 0

BGUA1D05 BOA VISTA 0

BGUA1D30 PQ N.SENHORA DAJUDA 0

BGUA1D01 AMORINS 0

BGUA1D36 VARZEA ALEGRE 0

BGUA1D12 COTIA 0

BGUA1D11 CORUJAS 0

BGUA1D20 MONTE OLIVETTE 0

BGUA1D22 ORINDI 0

BGUA1D23 OURO 0

BGUA1D04 BARREIRAS 0

BGUA1D15 GARRAFAO 0

BGUA1D27 PARAISO 0

BGUA1D14 FOJO 0

Total 180

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85

Anexo 5 – Mapa do município de Cachoeiras de Macacu com divisão por bairros,

codificados.

Page 87: Internação e óbito por desnutrição em idosos nos Municípios de

86

Anexo 6 - Frequência de internações por desnutrição em idosos por bairro. Cachoeiras de

Macacu, 2006-2010.

CACHOEIRAS DE MACACU CACHOEIRAS DE MACACU

COD BAIRRO n COD BAIRRO n

BCM1D14 CENTRO CACHOEIRAS 15 BCM1D40 MEIO DA SERRA 0

BCM1D08 BOA VISTA 8 BCM1D48 PENA 0

BCM1D11 CAMPO DO PRADO 8 BCM1D09 BOCA DO MATO 0

BCM2D16 CENTRO PAPUCAI 8 BCM2D24 FARAO 0

BCM2D44 PARQUE RIBEIRA 7 BCM2D10 BOM JARDIM 0

BCM1D17 CIDADE ALTA 6 BCM2D06 BENGALA 0

BCM2D15 CENTRO JAPUIBA 5 BCM2D66 TABOADO 0

BCM1D57 SAO FRANCISCO DE ASSIS 4 BCM2D47 PATIS 0

BCM2D33 JARDIM RIBEIRA 4 BCM2D64 SOARINHO 0

BCM2D36 LOTEAMENTO VENEZA 3 BCM1D54 SANTA MARIA 0

BCM2D43 PAPUCAIA 3 BCM2D32 JAPUIBA 0

BCM3D29 GUAPIACU 3 BCM2D63 SETENTA 0

BCM1D13 CASTALIA 3 BCM2D51 RABELO 0

BCM1D56 SANTO ANTONIO 2 BCM2D25 FUNCHAL 0

BCM1D67 TUIM 2 BCM1D21 DUAS BARRAS 0

BCM2D19 COQUEIRAL 2 BCM3D29 GUAPIACU 0

BCM2D71 VIRA COPOS 2 BCM3D55 SANTO AMARO 0

BCM1D68 VALERIO 2 BCM3D42 N. SENHORA DO CARMO 0

BCM2D04 AREIA BRANCA 2 BCM3D39 MARUBAI 0

BCM2D07 BERTOUDO DUARTE 2 BCM2D28 GRANADA 0

BCM2D34 LOTEAMENTO PARQUE REAL 2 BCM2D20 DERRIBADA 0

BCM2D41 MORRO DO CEU 2 BCM3D58 SAO JOSE DA BOA MORTE 0

BCM2D01 AGRO BRASIL 2 BCM3D38 MARAPORA 0

BCM1D45 PARQUE SANTA LUIZA 1 BCM3D70 VECHI 0

BCM1D52 RASGO 1 BCM3D50 QUIZANGA 0

BCM2D23 EXPANSAO B 1 BCM3D65 SUBAIO 0

BCM2D37 LOTEAMENTO VILAGE 1 BCM3D60 SEBASTIANA 0

BCM2D12 CARDOSO JUNIOR 1 BCM3D02 ANIL 0

BCM2D05 BELEM DO TAUA 1 BCM3D62 SERRA QUEIMADA 0

BCM1D53 SANTA FE 1 BCM3D31 ILHA DO VECHI 0

BCM1D26 GANGURI DE BAIXO 1 BCM3D03 AREAL 0

BCM2D18 COLETIVO 1 BCM3D22 ESTREITO 0

BCM2D35 LOTEAMENTO SANTANA 1 Total 108

BCM2D59 SAO SEBASTIAO 1

BCM1D46 PARQUE VENEZA 0

BCM1D49 POCO VERDE 0

BCM1D69 VARZEA 0

BCM1D27 GANGURI DE CIMA 0

BCM2D30 GUARARAPES 0

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