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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES EMERGENTES: O CASO BRASILEIRO ANDRÉ GUSTAVO DIAS MACHADO ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ ALBERTO NASCIMENTO CAMPOS FILHO Rio de Janeiro, 16 de junho de 2011.

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · resumo Este trabalho procura lançar luz sobre o processo de

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES EMERGENTES: O CASO

BRASILEIRO

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OORRIIEENNTTAADDOORR:: PROF. DR. LUIZ ALBERTO NASCIMENTO CAMPOS FILHO

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2011.

“INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES EMERGENTES: O CASO

BRASILEIRO.”

ANDRÉ GUSTAVO DIAS MACHADO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia Internacional

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ ALBERTO NASCIMENTO CAMPOS FILHO

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2011.

“INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES EMERGENTES: O CASO

BRASILEIRO.”

ANDRÉ GUSTAVO DIAS MACHADO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia Internacional

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor LUIZ ALBERTO NASCIMENTO CAMPOS FILHO (Orientador) Instituição: IBMEC-RJ _____________________________________________________

Professor ALEXANDRE B. CUNHA Instituição: IBMEC-RJ _____________________________________________________

Professor AMÉRICO DA COSTA RAMOS FILHO Instituição: Petróleo Brasileiro S.A.

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2011.

FICHA CATALOGRÁFICA

M 658

M 213s

Machado, André Gustavo Dias.

Internacionalização de Empresas de países Emergentes: O Caso Brasileiro / André Gustavo Dias Machado – Rio de Janeiro: Faculdade IBMEC,2011.

P. 112

Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Administração como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração e Finanças.

Área de concentração: Estratégia Internacional

ORIENTADOR: Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho

1.Empresas - Países Emergentes. I. Machado, André Gustavo Dias . II. Prof. Dr. Campos Filho, Luiz Alberto Nascimento. III. Internacionalização de Empresas de Países Emergentes: O caso Brasileiro.

1

2

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos amores da minha vida: minhas filhas, Amanda e Lara, e minha esposa Vanuza. Dedico também à minha mãe, Neli e meu avô, Dalmo, exemplos para toda a minha vida.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, de quem tomei um tempo precioso, para realizar o projeto de um

mestrado tardio. Reconheço que, durantes estes dois anos, fiz de suas noites e fins de semana

algo muito menos prazeroso, para não dizer tedioso.

Agradeço aos exemplos de meus pais, Neli e Toninho, de honestidade, trabalho honrado e

estímulo à educação; da minha avó Nira, de compreensão, busca pela harmonia e

perseverança nas dificuldades; do meu avô Dalmo, de eterna curiosidade e amor pela análise e

busca da compreensão.

4

RESUMO

Este trabalho procura lançar luz sobre o processo de internacionalização de empresas de

países emergentes, em especial, empresas brasileiras. Com base no levantamento de dados das

12 empresas nacionais mais internacionalizadas, traçou-se um quadro que permitiu perceber:

a) os modos de entrada preferenciais destas empresas em mercados internacionais, b) que

países compõem estes mercados-alvo; e c) localizar no tempo quando este esforço foi

realizado. Assim foi possível comparar a trajetória de cada empresa com os modelos teóricos

mais utilizados no estudo de processos de internacionalização e avaliar sua aderência a estes

modelos. Concluiu-se que, algumas empresas seguiram muito de perto o modelo proposto

pela Escola de Uppsala, outras desenvolveram processos mais próximos ao modelo do

Paradigma Eclético e uma das empresas, após ser adquirida, comportou-se como uma Born

global. Mas praticamente em todas as empresas se observou um comportamento misto,

reforçando a ideia de que os modelos propostos não são excludentes. Em síntese, não é

possível afirmar que algum dos modelos utilizados, sozinho, explique de forma completa este

fenômeno recente da economia brasileira.

Palavras Chave: internacionalização, processos, empresas brasileiras, Uppsala, Paradigma

Eclético, Born global, países emergentes.

5

ABSTRACT

This work objective is to shed light over the emerging countries firms’ internationalization

process, in special, over Brazilian firms’. Based on a data survey from the 12 more

internationalized national companies, it was possible to draw up a framework that enable one

to identify: a) the preferred modes of entry of these companies in the international market; b)

the preferred target countries; and c) the historical moment when this effort was carried out.

Thus it was possible to compare each firm’s trajectory with the most used theoretical models

in the international business studies to analyze those processes and assess their adherence to

these models. It was concluded that some companies have followed very closely the model

proposed by the Uppsala School, others have developed processes closer to the model of the

Eclectic Paradigm and a specific firm, after being acquired, behaved as a born global. But

almost all companies had a mixed behavior, reinforcing the idea that the proposed models are

not mutually exclusive. In summary, it is not possible to say that some of the models used,

alone, full explain this recent phenomenon of Brazilian economy.

Key Words: internationalization processes, Brazilian companies, Uppsala, Eclectic Paradigm,

born global, emerging countries.

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Quadro comparativo do esforço de internacionalização das empresas em relação aos modelos teóricos ............................................................................................................... 13

Figura 2- Abordagens de entrada em mercados estrangeiros ................................................... 18 Figura 3- Modelo de Tabela para registro da evolução do processo de internacionalização ... 34 Figura 4- Modelo de quadro comparativo do esforço de internacionalização das empresas em

relação aos modelos teóricos ............................................................................................ 34 Figura 5- Modelo para identificação dos Esforços de Internacionalização por Região ........... 35 Figura 6- Modelo para identificação dos Esforços de Internacionalização por Período .......... 35 Figura 7- Quadro comparativo do esforço de internacionalização das empresas em relação aos

modelos teóricos ............................................................................................................... 38 Figura 8- Esforços de Internacionalização por Região ............................................................. 53 Figura 9- Esforços de Internacionalização por Período............................................................ 53

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Empresas do BRIC presentes no ranking FORTUNE GLOBAL 500 .................... 12 Tabela 2 – Ranking combinado das empresas brasileiras mais internacionalizadas ................ 33 Tabela 3 – Esforços de Internacionalização por Região .......................................................... 53 Tabela 4 – Esforços de Internacionalização por Período ......................................................... 53 Tabela 5 – Evolução do Processo de Internacionalização da JBS-Friboi ................................ 71 Tabela 6 – Evolução do Processo de Internacionalização da Gerdau ...................................... 75 Tabela 7 – Evolução do Processo de Internacionalização da Odebrecht ................................. 80 Tabela 8 – Evolução do Processo de Internacionalização da Metalfrio ................................... 84 Tabela 9 – Evolução do Processo de Internacionalização da MARFRIG ................................ 87 Tabela 10 – Evolução do Processo de Internacionalização da Vale......................................... 90 Tabela 11 – Evolução do Processo de Internacionalização da Sabó ........................................ 93 Tabela 12 – Evolução do Processo de Internacionalização da Marcopolo............................... 94 Tabela 13 – Evolução do Processo de Internacionalização da Artecola .................................. 97 Tabela 14 – Evolução do Processo de Internacionalização da Lupatech ............................... 100 Tabela 15 – Evolução do Processo de Internacionalização da Camargo Corrêa.................... 103 Tabela 16 – Evolução do Processo de Internacionalização da WEG ..................................... 107

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LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADR American Depositary Receipts

AIB Academy of International Business

EMPD Empresas Multinacionais de Países Desenvolvidos

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

BCG Boston Consulting Group

EMPE Empresas Multinacionais de Países Emergentes

EBSCO Elton B. Stephens Company (fornecedora da base de dados Business Source

Complete)

IED Investimento Estrangeiro Direto

IF Impact Factor

IB International Business

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development

WIR World Investment Report

9

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ........................................................................................................... 2

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 3

RESUMO..................................................................................................................... 4

ABSTRACT ................................................................................................................. 5

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 6

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 7

LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... 8

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

1.1 RELEVÂNCIA DO TEMA ....................................................................................................................... 11

1.2 Objetivo do estudo ..................................................................................................................................... 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 14

2.1 VISÃO GERAL DOS MODELOS DE PROCESSOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO .................. 14 2.1.1 Paradigma Eclético (Modelo OLI) ..................................................................................................... 15 2.1.2 Modelo de UPPSALA ........................................................................................................................ 17 2.1.3 Nascidas globais (Born Globals) ........................................................................................................ 19

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES EMERGENTES .................................... 21 2.2.1 Velocidade de Internacionalização ..................................................................................................... 25 2.2.2 Escolha de mercado ............................................................................................................................ 26 2.2.3 Modos de entrada ............................................................................................................................... 27

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 28

3.1 MAPEAMENTO DA LITERATURA ..................................................................................................... 29

10

3.2 MÉTODO QUALITATIVO ..................................................................................................................... 30

3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS MAIS INTERNACIONALIZADAS ............ 31 3.3.1 Ranking das Transnacionais Brasileiras 2010 .................................................................................... 31 3.3.2 Valor Multinacionais Brasileiras 2010 ............................................................................................... 32

3.4 TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ......................................................................... 33

3.5 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA .................................................................................................... 36

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 38

4.1 JBS-FRIBOI ............................................................................................................................................... 39

4.2 GERDAU .................................................................................................................................................... 40

4.3 ODEBRECHT ............................................................................................................................................ 42

4.4 METALFRIO ............................................................................................................................................. 43

4.5 MARFRIG .................................................................................................................................................. 43

4.6 VALE .......................................................................................................................................................... 44

4.7 SABÓ .......................................................................................................................................................... 45

4.8 MARCOPOLO ........................................................................................................................................... 46

4.9 ARTECOLA ............................................................................................................................................... 48

4.10 LUPATECH ............................................................................................................................................... 49

4.11 CAMARGO CORRÊA .............................................................................................................................. 50

4.12 WEG............................................................................................................................................................ 51

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 52

5.1 VISÃO GERAL .......................................................................................................................................... 52

5.2 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ............................................................................................................... 54

5.3 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS ............................................................................................................ 54

APÊNDICE A ............................................................................................................ 67

ANEXO A .................................................................................................................. 69

ANEXO B .................................................................................................................. 70

ANEXO C ................................................................................................................ 108

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA DO TEMA

Apesar de não ser um fenômeno recente, conforme pode ser percebida pela citação de

abertura do editorial de Aulakh (2007), atribuída à Heenan e Keegan (1979, p.109), a

internacionalização de empresas oriundas de países de economias emergentes é um assunto

que capturou a atenção de pesquisadores, instituições, consultorias e da imprensa de negócios,

nestes últimos dez anos.

Este movimento estimulou uma série de trabalhos, relatórios e matérias jornalísticas. Em

diversas de suas edições, a revista inglesa The Economist (2006, 2007, 2008 e 2010) publicou

artigos sobre este tema. Empresas de consultoria de estratégia e gestão apresentaram estudos,

como no caso do Boston Consulting Group (2006 e 2009) e da PricewaterhouseCoopers

(2010), onde empresas de diversas economias emergentes eram apontadas como os novos

desafiantes no mercado globalizado. Periódicos científicos, como o Journal of International

Management (2007, volume 13) e Latin American Business Research (2009, volume 10),

dedicaram edições especiais ao assunto. Até a United Nations Conference on Trade and

Development (UNCTAD) dedicou a edição de 2006 do World Investment Report (WIR) a

explorar este tema. De uma forma geral, estes trabalhos sugerem se tratar de um processo

diferente em relação ao movimento da década de 70 (AULAKH, 2007), e procuram apontar

quais as razões deste fenômeno.

A importância deste movimento pode ser inferida pelo crescimento de quase 150%, entre

2000 e 2009, do Investimento Estrangeiro Direto (IED) de empresas oriundas de economias

12

em desenvolvimento, chegando a 25% do total global. Deste total, uma parte importante é de

responsabilidade dos países do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), através de

fusões e aquisições internacionais. Neste período, empresas indianas foram responsáveis por

812 negócios, empresas chinesas por 450, as russas por 436 e as brasileiras por 190, com

alguns deles ultrapassando a cifra de US$ 1 bilhão. O estoque de investimento no exterior

destes quatro países ultrapassa U$S 700 bilhões. Destes, US$ 150 bilhões são brasileiros

(UNCTAD, 2010).

A tabela a seguir apresenta a evolução do número de empresas de cada país do BRIC entre as

500 maiores empresas globais (FORTUNE, 2005 e 2010). Verifica-se que todos os países

aumentaram sua participação, mas destaca-se o crescimento vertiginoso das empresas

chinesas e o excelente desempenho das brasileiras, com crescimentos de aproximadamente

190% e 170% respectivamente.

2005 2010 Brasil 3 8 Rússia 3 6 Índia 5 8 China 16 46

TOTAL 27 68 Fonte: Fortune – CNNMoney.com

Tabela 1 – Empresas do BRIC presentes no ranking FORTUNE GLOBAL 500

Dentro deste cenário, a constatação de que algumas destas companhias multinacionais de

países emergentes, empresas brasileiras entre elas, vêm assumindo a liderança global em seus

mercados é uma boa razão para buscar um aprofundamento no estudo deste processo.

1.2 OBJETIVO DO ESTUDO

Este trabalho foi inspirado por um painel proposto por Cuervo-Cazurra (2010) na reunião da

Academy of International Business (AIB) 2010 no Rio de Janeiro. Neste painel o autor,

contando com a participação de alguns dos principais pesquisadores da teoria de negócios

internacionais (Preet Aulakh, Jean-François Hennart, Tarun Khanna, Klaus Meyer e Ravi

Ramamurti) questionava como o estudo de empresas multinacionais de países em

desenvolvimento (EMPE), em oposição às empresas multinacionais de países desenvolvidos

(EMPD), poderia ajudar no desenvolvimento desta teoria.

13

Durante o painel, foram colocadas posições pró e contra a necessidade do desenvolvimento de

uma nova teoria de negócios internacionais a partir do surgimento das EMPEs. Da discussão

emergiu um argumento, trazido por Cuervo-Cazurra, que sugeria que talvez, se fossem

revistos os pressupostos de trabalhos tradicionais deste tema, tais como o Modelo de Uppsala

de Johanson e Vahlne (1977) ou o Paradigma Eclético de Dunning (1988); algumas respostas

poderiam ser dadas às questões levantadas pelo sucesso relativo de diversas EMPEs em seus

processos de internacionalização.

Entre os países de economia em desenvolvimento encontra-se o Brasil e diversas de suas

empresas envolveram-se em processos de internacionalização. Algumas delas atingiram o

status de desafiantes globais, conforme nomenclatura dada pelo BCG (2009).

Este trabalho buscou responder a pergunta: As empresas brasileiras seguem os processos de

internacionalização previstos pelas teorias tradicionais de negócios internacionais?

Através do estudo de caso das 12 empresas brasileiras mais internacionalizadas segundo os

rankings publicados pela Fundação Dom Cabral e pelo jornal Valor Econômico em 2010.

Os resultados apontaram que, de um modo geral pode-se dizer que é possível identificar na

internacionalização das empresas brasileiras as características estabelecidas pelos modelos

teóricos para os processos de internacionalização, porém, como apresentado na Figura 1, a

seguir, eles não se aplicam de forma pura e completa.

Figura 1- Quadro comparativo do esforço de internacionalização das empresas em relação aos modelos teóricos

14

2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo apresenta o referencial teórico utilizado no estudo do processo de

internacionalização de empresas. Utiliza-se neste trabalho o conceito de Papadopoulos e

Martín (2010) para internacionalização, ou seja, considera-se internacionalização todo o

processo de expansão internacional da firma. E, para todos os efeitos deste texto, as

expressões: país emergente, país em desenvolvimento, economia emergente, economia em

transição, mercado emergente, são sinônimos e se referem, conforme a definição do Banco

Mundial (2006) apud Ramsey, Resende e Almeida (2009), aos países não pertencentes a

OCDE com renda per capta média (entre US$ 950 e US$ 10.725).

Em 1995 a UNCTAD (2008, p.28 e 35) estabeleceu uma métrica para medir

internacionalização. Trata-se da média aritmética simples de três razões: ativos no exterior

pelo total de ativos; vendas no exterior pelas vendas totais; e número de funcionários no

exterior pelo total de funcionários. Segundo a UNCTAD (2008) os princípios envolvidos

neste cálculo auxiliam a identificação do grau de atividades e de comprometimento das

empresas em suas atividades local e internacionalmente.

2.1 VISÃO GERAL DOS MODELOS DE PROCESSOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Os processos de internacionalização vêm sendo alvo de estudos por parte da academia há

muito tempo. Hymer (1960) apud Kogut e Singh (1988), já abordava o assunto do

investimento estrangeiro direto (IED). Trabalhos foram feitos com o objetivo de se identificar

taxonomias que agrupassem os fatos observados e assim possibilitar a proposição de modelos

ou teorias que pudessem ser utilizados para analisar os processos de internacionalização

(JOHANSON e VAHLNE, 1977; DUNNING, 1988; OVIATT e MCDOUGALL, 1994).

15

Segundo Weisfelder (2001) e Datta, Hermann e Rasheed (2002) apud Stal (2007), estas

teorias de internacionalização podem ser divididas em três grandes correntes: a

comportamental (p.ex. modelo de Uppsala e redes); a econômica (p. ex. custo de transação e

paradigma eclético); e a estratégica (p. ex. a abordagem da visão baseada em recursos – RBV

e das nascidas globais – Born globals).

Serão abordados nesta dissertação os trabalhos mais referenciados de cada uma destas

correntes:

2.1.1 Paradigma Eclético (Modelo OLI)

Dunning, em apresentação no Simpósio Nobel de 1976 em Estocolmo, posteriormente

detalhado em Dunning (1988), lançou as bases de um modelo extremamente utilizado para a

compreensão do processo de internacionalização. Trata-se do Paradigma Eclético de produção

internacional, também chamado de Modelo OLI, em referência as iniciais das palavras:

ownership (propriedade) location (localização) e internalization (internalização). Dunning

afirma que a decisão de internacionalização e a forma como a empresa estrutura sua atividade

produtiva internacional dependem da interação de três conjuntos de vantagens percebidas:

vantagens de propriedade, vantagens de localização e vantagens de internalização. Isto

explicaria, por exemplo, a decisão de evoluir de um estágio inicial de exportações para a

instalação de subsidiárias no exterior (CUERVO-CAZURRA, 2008).

Em síntese, pode-se definir assim cada uma destas vantagens:

- Vantagens de propriedade: são vantagens endógenas. Elas estão associadas às

habilidades da empresa em gerar inovações de produtos e processos, construir

relacionamentos privilegiados com fornecedores e consumidores, bem como

desenvolver inteligência gerencial nas áreas de produção, recursos humanos,

marketing e finanças. Compreendem direitos de propriedade e/ou ativos intangíveis,

como marcas e patentes, e acesso privilegiado a recursos que confiram maior

competitividade à empresa, como é o caso de depósitos minerais e redes e canais de

distribuição. Conferem sustentação à atuação competitiva internacional da empresa

16

em face dos produtores locais e de outros competidores internacionais (DUNNING,

1988 e 2006).

- Vantagens de localização: são vantagens exógenas e estão associadas ao mercado

estrangeiro selecionado para a internacionalização. Para Dunning (1988) são dois os

grupos de fatores relevantes para essa categoria:

o Distorções estruturais de mercado – diferenças nas condições de produção

em diferentes países, por exemplo: condições favoráveis de preço, qualidade e

produtividade dos insumos (mão-de-obra, energia e matérias-primas);

abundância de recursos naturais, incentivos ao investimento, barreiras

artificiais de importação e condições de infraestrutura.

o Ganhos de transação – oriundos de atividades dispersas geograficamente

geridas por uma única empresa. São exemplos: possibilidades de ganhos via

transferência de preços, oportunidades de arbitragem e de alavancagem,

redução dos riscos de câmbio, bem como os ganhos derivados da coordenação

das decisões financeiras.

- Vantagens de internalização: decorrem do reconhecimento quanto à existência de

falhas de mercado e, consequentemente, de custos de transação. As imperfeições de

mercado geram os custos de agência, devido ao comportamento oportunista de

agentes econômicos e a assimetria de informações. Assim a precificação adequada

dos ativos fica comprometida fazendo com que o mercado internacional não seja a

melhor alternativa para transacionar bens ou serviços intermediários. Seguindo a

lógica apontada por Coase (1937), diante dessa realidade, os gestores preferem

“internalizar” esse mercado, assumindo algumas de suas funções e transferindo

internacionalmente seus ativos para filiais, em vez de simplesmente vender os direitos

de uso para companhias estrangeiras. A exploração das vantagens competitivas da

produção internacional é proporcional ao custo de transação decorrentes das falhas de

mercado. São exemplos de vantagens de internalização: a eliminação de barreiras

comerciais (cotas e tarifas) decorrentes de intervenção governamental; redução de

17

custos de negociação; além de permitir a proteção de tecnologias, de contratos, da

reputação da empresa e da qualidade dos produtos.

Outra grande contribuição de Dunning (1988) é a classificação proposta para os tipos de

produção internacional:

- Busca de mercado (market seeking);

- Busca de recursos (resource seeking);

- Otimização de retornos do negócio (efficiency seeking).

Essa classificação reflete a interação de duas premissas fundamentais do modelo: os altos

custos de transação derivados de utilizar o mercado como modelo de transação; e a alta

eficiência das multinacionais como coordenadoras de atividades internacionais

geograficamente dispersas. Aulakh (2007) afirma que este processo é um processo de

transferência internacional de conhecimento. As empresas, uma vez possuidoras da tecnologia

e conhecimento relacionados ao produto, adotariam a estratégia de internacionalização como

forma de otimizar a exploração desse estoque de conhecimento existente.

2.1.2 Modelo de UPPSALA

A internacionalização como um processo de expansão internacional da firma, pode ocorrer de

diferentes maneiras e intensidades. Johanson e Vahlne (1977) estabeleceram que este

processo envolve a obtenção gradual de conhecimento do mercado. Afirmam que o aumento

do comprometimento da firma é decorrente do aumento do seu entendimento sobre a

dinâmica do mercado alvo estrangeiro. Tido por seus pares como a principal referência dessa

abordagem, apresenta uma perspectiva racional e evolutiva, para o processo de

internacionalização, pois este seria o produto de uma série de decisões incrementais de

investimento, na medida em que a aprendizagem adquirida do novo mercado com o resultado

de cada investimento diminui a percepção de risco da firma. Os passos típicos deste processo,

associados ao nível de comprometimento de recursos (BARTLETT E BEAMISH, 2011), são

apresentados na Figura 2.

18

Johanson e Vahlne (1977) desenvolveram o modelo a partir de observações dos processos de

internacionalização de algumas empresas suecas no início da década de 70. Eles perceberam

um fato recorrente nestes processos: as empresas desenvolviam suas operações internacionais

através do comprometimento gradual e crescente.

No modelo proposto, um aspecto importante diz respeito ao fato que parecia existir uma

relação entre a velocidade do processo de internacionalização e distância psíquica. A distância

psíquica é definida no artigo como a soma dos fatores que dificultam o fluxo de informação

de e para um respectivo mercado, e tem como exemplos: diferenças de idiomas, educação,

práticas de negócios, cultura e estágio de desenvolvimento industrial.

Fonte: Bartlett e Beamish (2011, p.10)

Figura 2- Abordagens de entrada em mercados estrangeiros

O Modelo de Uppsala defende que a escolha de modos de entrada envolveria modos de menor

comprometimento, como por exemplo: exportação indireta. Em razão do aumento da

compreensão das realidades deste novo mercado, a empresa poderia experimentar um

pequeno acréscimo no seu comprometimento, através do licenciamento para produção ou o

estabelecimento de agentes ou a contratação de distribuidores locais. Com o contínuo

aumento da familiaridade a empresa pode se sentir confiante para adquirir ou estabelecer uma

19

estrutura própria de distribuição; ou estabelecer uma rede de franqueados. Este processo de

aumento da compreensão do modus operandi do novo mercado e a consequente queda na

percepção dos riscos ou aumento na confiança em sua mensuração, levando à decisão de

aumento do investimento na operação, é contínuo. Podendo levar ao estabelecimento de

subsidiárias de controle integral, com produção e até pesquisa e desenvolvimento. E assim a

firma poderia se mover para países mais distantes psicologicamente.

Apesar da fragilidade estatística inicial (JOHANSON e VAHLNE, 1977, p. 24), a descrição

do processo de internacionalização proposta no Modelo de Uppsala foi identificada em um

grande número de estudos posteriores, gerando evidência empírica suficiente para opor sua

racionalidade de minimização de risco através de um processo incremental de

comprometimento da firma com o novo mercado à racionalidade da decisão para alocação

ótima de capital entre os países. Nesse sentido, os autores apresentaram uma alternativa à

visão até então predominante, defendida pelos teóricos do custo de transação (BARRETO e

DA ROCHA, 2003).

2.1.3 Nascidas globais (Born Globals)

Algumas empresas não seguem este padrão tradicional de internacionalização por estágios,

desafiando as teorias baseadas comportamentais baseadas em estágios. Algumas destas

empresas têm por objetivo atuar nos mercados internacionais ou até mesmo no mercado

global desde sua fundação. Madsen e Servais (1997) apontam que há indicações de que o

fenômeno das empresas nascidas globais tenha se iniciado com as firmas estabelecidas depois

da 2ª Guerra Mundial, o sucesso de suas atividades levou-as a exportar mais rapidamente do

que organizações estabelecidas antes da guerra.

Oviatt e McDougall (1994) afirmam que as empresas nascidas globais, conhecidas na

literatura de Negócios Internacionais como born globals, são um fenômeno importante. Seus

estudos indicam a formação desse tipo de organização em mais de dez países em todas as

partes do mundo, sugerindo que as forças globais podem estar promovendo o

desenvolvimento dessas firmas. Os empreendimentos estudados estavam presentes em

negócios de alta tecnologia, serviços e até mesmo em culturas aquáticas, fator que sugere que

empresas nascidas globais estejam representadas em diversos setores industriais.

20

Madsen e Servais (1997) identificaram três fatores principais que explicariam o surgimento

das born globals: i) novas condições de mercado; ii) desenvolvimento tecnológicos nas áreas

de produção, transporte e comunicação; e iii) capacitações mais elaboradas das pessoas,

incluindo o fundador / empreendedor que inicia uma empresa desse gênero.

A empresa nascida global é definida por Oviatt e McDougall (1994) como uma organização

que desde sua concepção procurar criar vantagens competitivas significativas do uso de

recursos e comercialização em múltiplos países. A característica distintiva de tais

organizações é que suas origens são internacionais, demonstrável por um comprometimento

de recursos significativo e verificável em mais de um país. Põe-se o foco na idade com a qual

a empresa se torna internacional e não em seu tamanho. Ao contrário das empresas que

evoluem gradualmente de uma atuação do ambiente doméstico para o internacional, esses

empreendimentos possuem uma estratégia internacional proativa. Contudo, o investimento

direto no exterior não é um requisito. Alianças estratégicas podem ser estabelecidas para

utilizar recursos estrangeiros tais como capacidade fabril ou marketing.

Em estudos sobre firmas australianas, europeias e norte-americanas, as seguintes

características foram definidas como as principais para as empresas nascidas globais (Knight

et al., 1996):

- São pequenas em quantidade de funcionários (menos de quinhentos) e em vendas

anuais (menores do que US$ 100 milhões).

- Empregam tecnologia avançada em inovação e desenvolvimento de produtos

diferenciados, na maior parte das vezes com uso industrial.

- São conduzidas por empresários visionários, que vislumbram um mercado em que as

fronteiras nacionais inexistem desde os primórdios da organização.

- Exportam pelo menos 25% do total produzido, geralmente em um prazo de até dois

anos a partir de sua criação.

21

As vantagens competitivas das empresas nascidas globais estão embutidas em seus

conhecimentos sobre suas indústrias. A habilidade de recombinar conhecimento atual para

desenvolver novos produtos torna a base de conhecimentos dessas empresas dependente de

suas redes de relacionamentos, codificada e difícil de imitar (SHARMA e BLOMSTERMO,

2003). Isto condiciona a forma como são selecionados os mercados estrangeiros de interesse.

Essas organizações avaliam cada proposição individualmente e entram em alianças e

empreendimentos cooperativos para atender estes mercados.

Sharma e Blomstermo (2003) afirmam que ligações fracas fornecem a essas empresas um

conhecimento que é heterogêneo e as leva a considerar um processo de busca e avaliação do

conhecimento que se baseia no improviso. As oportunidades são avaliadas em seus próprios

méritos e isso as faculta adaptarem-se às necessidades de seus clientes. A adaptação se torna

possível, pois as empresas nascidas globais não estão presas a conhecimentos específicos e

experiências de decisões bem-sucedidas tomadas no passado.

Hashai, e Almor (2004) apresentam um estudo realizado com empresas israelenses intensivas

em conhecimento, no qual se constatou que o processo de internacionalização de firmas

nascidas globais pode ser caracterizado pelo comprometimento gradual com mercados

estrangeiros, embora não necessariamente esteja de acordo com a teoria clássica de estágios.

O estudo afirma que essencialmente a diferenças mais relevantes entre o processo de

internacionalização das empresas nascidas globais intensivas em conhecimentos e das grandes

EMPEs reside na importância de seus respectivos mercados de origem e da velocidade

relativa de internacionalização. De acordo com a teoria de estágios, o comprometimento com

os mercados estrangeiros das EMPEs em seus primórdios é muito baixo. Esse

comprometimento aumenta no decorrer do tempo. Por outro lado, o comprometimento com

mercados estrangeiros das empresas nascidas globais se inicia desde a concepção dessas

organizações e é muito mais rápido.

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE PAÍSES EMERGENTES

Segundo Cuervo-Cazurra et al. (2010) a recente literatura sobre empresas multinacionais de

países em desenvolvimento (EMPE) revela que, apesar de serem empresas desconhecidas ou

pouco conhecidas fora de seus países de origem, muitas atingiram um nível de

22

multinacionalização e porte significativo relativamente rápido, algumas inclusive se tornaram

líderes em suas indústrias. A literatura também aponta que, a despeito de variações específicas

entre empresas e países, podem-se distinguir alguns pontos em comum entre EMPE e suas

contrapartes dos países desenvolvidos (EMPD):

- Domínio do mercado local – o que confere economia de escala e recursos econômicos

para o esforço de internacionalização;

- Alavancagem sobre vantagens específicas do país de origem;

- A transição de grande empresa para multinacional ocorre quando o país de origem

desenvolve reformas em direção de economia de mercado e promove o enfrentamento

com concorrentes internacionais;

- A melhoria tecnológica necessária inicialmente é obtida via parceiras e alianças com

empresas estrangeiras, ou na forma de subcontratação OEM1;

- Outra forma típica de obtenção de tecnologia é a aquisição de empresas em países

desenvolvidos;

- Em razão da concentração da propriedade (muitas são empresas estatais, familiares ou

com um pequeno grupo de controle) são agressivas e rápidas na tomada de decisão;

- A experiência de operar em ambiente institucional pouco desenvolvido se transforma

em vantagem competitiva quando do seu movimento para países com estrutura

institucional semelhante.

Aulakh (2007) afirma que, embora o nível adequado para análise deste fenômeno seja o

contexto institucional do país ou da firma, na análise das EMPEs o nível dos conglomerados

ou grupos econômicos, outra característica destas empresas, permite uma melhor

compreensão dos fatos, o que demandaria a construção de novo referencial teórico. 1 OEM - Contrato de fabricação autorizada de produto original, normalmente associado à transferência de tecnologia (Original Equipment Manufacturer)

23

Cuervo-Cazurra (2008), em acordo com Aulakh (2007), questiona que as condições do país de

origem (ambiente institucional) afetam a aplicabilidade das teorias desenvolvidas para

EMPDs no estudo das empresas oriundas de países emergentes, em razão dos seus

pressupostos e de novas ideias surgidas após o desenvolvimento destas teorias.

Hennart (2009) afirma que o fenômeno das EMPEs aflora as limitações do modelo OLI de

Dunning (1988) e da forma tradicional do modelo de internacionalização de Johanson e

Vahlne (1977). O autor preconiza que uma visão menos industrial ou tecnocêntrica lançaria

mais luz sobre este fenômeno. Em seu raciocínio o sucesso de uma empresa em qualquer

mercado depende do empacotamento de intangíveis como: novas tecnologias, modelos de

negócios, reputação, marcas; com ativos como: trabalho, capacidade de gestão, terra,

autorizações, inteligência de mercado, sistemas de distribuição e outros. O modelo OLI

explica o investimento internacional através das imperfeições dos mercados de intangíveis, de

propriedade das EMPDs (vantagens específica da empresa), enquanto assume que os recursos

complementares locais que elas necessitam possam ser adquiridos em um mercado perfeito e

livremente disponível. O autor reconhece que as grandes empresas de países emergentes têm

uma posição privilegiada com relação ao acesso a estes recursos complementares e podem

competir de igual para igual com estas empresas internacionais. O desafio para a empresa

local passa a ser obter acesso aos intangíveis, e Hennart afirma que é isto que elas vêm

fazendo de forma crescente.

A visão de Khanna e Palepu (2010) é a de que as EMPEs possuem vantagens específicas

apesar de terem que lidar com as desvantagens de operar a partir de seus países de origem

(KHANNA 2009). Os autores afirmam que as EMPEs estão melhores equipadas para atuarem

em outros países emergentes, pois se desenvolveram em mercados que não dispõem da

infraestrutura necessária ao seu bom funcionamento. Elas floresceram em países onde há a

ausência de intermediários especializados, de sistemas regulatórios, de mecanismos de

garantia de cumprimento de contratos e de um mercado de profissionais qualificados; ou seja,

em um ambiente institucional (NORTH, 1990) que não cria condições para que possam

operar mais eficientemente. Além disto, uma vez que tenham demostrado certo grau de

sucesso, estas empresas passam a poder acessar mercados de capitais e de talentos dos países

desenvolvidos. E, uma vez que tenham desenvolvido a qualidade de seus produtos e serviços,

elas passam a estar aptas, tanto para atenderem melhor seus clientes em casa, quanto em

24

países desenvolvidos, reproduzindo o fenômeno da inovação disruptiva (CHRISTENSEN,

2001).

Meyer (2001) propõe que o tratamento teórico das EMPES pode ser feito através do retorno

às bases que guiam a pesquisa empírica contemporânea. Pelo seu raciocínio, o entendimento

do comportamento de uma empresa requer que se compreenda o uso que faz de seus recursos.

O desenvolvimento dos recursos é dependente do ambiente de operação, segundo a teoria da

visão baseada em recursos. O investimento estrangeiro direto implica na combinação dos

recursos próprios (vantagens de propriedade, segundo modelo OLI de DUNNING, 1977) com

os recursos do local (vantagens de localização, também conforme modelo OLI). Quando

recursos substantivos adquiridos externamente este movimento é classificado como IED para

acesso a recursos estratégicos e este pode ser o caso de acesso a mercados. Assim, enquanto a

EMPD, quando entra em uma economia em desenvolvimento, combina a tecnologia que

possui com o mercado local, a EMPE já tem este acesso a mercado local, e busca combiná-lo

com recursos tecnológicos trazidos do exterior. Admitindo o princípio que uma empresa

multinacional deva combinar os recursos para gerar valor, ambos os processos tratam-se do

mesmo fenômeno.

Ramamurti (2009) reconhece que existem significantes diferenças entre países em

desenvolvimento e desenvolvidos e estas impactam nos chamados efeitos de país de origem.

Assim, questiona que o aprofundamento dos estudos sobre as EMPEs apresenta valor teórico,

pois enriquece e estende os limites das teorias de internacionalização, em especial na sua

forma. Ramamurti e Singh (2009) afirmam que as teorias sobre internacionalização são

“pesadamente influenciadas” pelas características dos países desenvolvidos, e ressalta que

aspectos do contexto no processo de internacionalização não são bem reconhecidos pela

literatura, tais como “estágio de internacionalização” e “contexto do ambiente global”. Eles

sustentam que estes aspectos condicionam os custos deste processo, e falhas neste

reconhecimento pode levar a se superestimar os efeitos de país de origem e a se exagerar na

singularidade das EMPEs em relação às EMPDs.

Embora o recente processo de internacionalização das empresas de países emergentes

aconteça simultaneamente em diversos países, segundo Da Silva et al. (2009), estas empresas

não constituem um grupo homogêneo. Sugerem que o processo de internacionalização pode

25

diferir em razão da origem – países ricos ou pobres em recursos – das empresas, e apontam

que outros estudos demonstraram que nacionalidade e cultura podem afetar aspectos

estratégicos do processo de decisões que envolvam modo de propriedade, estrutura de capital

e desempenho.

Da Silva et al. (2009) sustentam que, as principais correntes da literatura não apresentam

evidência empírica suficiente para a compreensão do fenômeno da internacionalização das

EMPE, nem exista uma teoria dominante, algumas proposições, ainda que não testadas,

parecem serem comuns. Os autores listam nove dimensões como sendo as mais citadas na

literatura de IB. São eles:

- Tempo de existência da empresa;

- Momento da primeira iniciativa internacional;

- Momento do primeiro IED;

- Tipo de indústria;

- Vantagens competitivas;

- Velocidade de internacionalização;

- Motivos para internacionalização;

- Escolha de mercados e

- Modos de entrada.

Entre estas dimensões, para os fins deste trabalho, três serão detalhadas: velocidade de

internacionalização, escolha de mercados e modos de entrada; por serem dimensões que

demandam maior esclarecimento, enquanto as outras são de entendimento direto.

2.2.1 Velocidade de Internacionalização

Um dos principais aspectos para o entendimento de padrões de internacionalização é a sua

velocidade. Após 1990 foi observada uma mudança na velocidade típica das empresas jovens

(HASHAI e ALMOR, 2004; MOEN, 2002; MADSEN e SERVAIS, 1997). Estas empresas

iniciam o processo de internacionalização mais cedo e em velocidade mais alta, inclusive

26

saltando etapas do processo identificado pelo Modelo de Uppsala (MADSEN e SERVAIS,

1997).

Knight e Cavusgil, (1996) apud Da Silva et al. (2009) acreditam que este fenômeno pode ser

explicado pelo aumento da tolerância a risco decorrente do fenômeno da globalização, e

parece ocorrer tanto com empresas de países emergentes como de desenvolvidos, embora,

como notaram Dominguinhos e Simões (2004) apud Da Silva et al. (2009), a maioria das

evidências coletas são de empresas europeias.

Uma consequência imediata desta mudança de velocidade é o crescimento. Empresas que

assumem este padrão de comportamento tipicamente crescem mais rápido que as empresas

que adotam o “padrão tradicional” (BONAGLIA, GOLDSTEIN e MATHEWS, 2007).

2.2.2 Escolha de mercado

Rugman (2005 e 2008) reconhece que o fenômeno da concentração regional é comum tanto

em EMPD quanto EMPE. Porém Beausang (2003) apresentou opinião diversa de Rugman

(2005) por afirmar que, embora o mesmo fenômeno da concentração regional se repita

independente da origem da empresa, eles têm natureza diferente. Dunning, Kim e Park (2008)

também propuseram que este fenômeno da concentração regional também se daria com as

EMPEs.

As razões por trás deste regionalismo incluem a menor distância psíquica e vantagens

específicas da firma desenvolvidas a partir de sinergias e similaridades intra-regionais

(RUGMAN e VERBEKE, 2005).

Este mesmo padrão é percebido na América Latina e, mas particularmente, no Brasil. Del Sol

(2004) em seu trabalho realizado entre 1990 e 2000, encontrou que mais de 84% do IED

chileno teve como destino um país latino-americano. Um estudo realizado para o mercado

brasileiro por Iglesias e Motta Veiga (2002) identificou que 73% das filiais de empresas

brasileiras estão localizadas nos Estados Unidos e na Argentina, e 94% nas Américas.

Barretto e Da Rocha (2001) perceberam o mesmo padrão.

27

Este padrão não parece ser a regra para as chamadas born globals. Oviatt e McDougall (1994)

advogam que estas empresas, em razão de seus modelos de internacionalização acelerada, não

são tão conservadoras assim na escolha dos mercados-alvo.

2.2.3 Modos de entrada

Os modos de entrada em novos mercados a disposição das EMPEs são dependentes de: tipo

de indústria e nível de desenvolvimento do país-alvo. Tipicamente empresas de indústrias

maduras ao buscarem mercados desenvolvidos têm preferência pela aquisição, pois é a forma

mais rápida de se ganhar mercado. Empresas que orientadas para a busca de recursos (asset

seeking) também optam pela aquisição como forma de garantir o acesso ao conhecimento

proprietário da empresa adquirida. Já empresas que atuam com distribuição ou escritórios

comerciais parecem preferir investimentos iniciais (greenfield). Barretto e Da Rocha (2001)

identificaram que empresas brasileiras preferem a propriedade e modos de entrada que levem

às subsidiárias de controle geral (76% dos casos com 30 das maiores empresas brasileiras).

28

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa, do ponto de vista metodológico, trata-se de um estudo de múltiplos casos, cujos

dados foram obtidos a partir de fontes secundárias, periódicos, internet, site das empresas e

seus relatórios anuais e apresentações para investidores. As empresas escolhidas para o estudo

são as 12 empresas melhores colocadas numa lista formada pela média aritmética entre as

suas posições nos dois rankings de nível de internacionalização divulgados no Brasil. São

eles: Ranking das Transnacionais Brasileiras 2010 da Fundação Dom Cabral e o apresentado

na publicação Valor Multinacionais Brasileiras 2010 do jornal Valor Econômico.

Segundo Vergara (2000), os critérios básicos de uma pesquisa podem ser quanto aos fins e

quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser: exploratória; descritiva; explicativa;

metodológica; aplicada ou intervencionista. Quanto aos meios de investigação, pode ser:

pesquisa de campo; pesquisa de laboratório; documental; bibliográfica; experimental; ex post

facto; participante; pesquisa-ação ou estudo de caso.

Tendo em vista que o objetivo do presente estudo é identificar e analisar o processo de

internacionalização das empresas brasileiras, a pesquisa descritiva se mostrou a mais

adequada por ter a finalidade de expor as características de determinada população ou de

determinado fenômeno. O meio adotado foi o método de Estudo de Casos múltiplos a partir

de dados secundários.

Este capítulo apresenta a metodologia utilizada no presente trabalho. Na primeira seção é

explicado como foi realizado o mapeamento das bases teóricas de Negócios Internacionais

adequadas à análise pretendida. Na segunda seção é explicado o método de coletada de dados.

Na terceira é apresentada como foi realizada escolha da amostra. Na quarta o procedimento de

29

tratamento e interpretação dos dados. E na quinta, apresentam-se as limitações da

metodologia.

3.1 MAPEAMENTO DA LITERATURA

O estudo foi sistematizado e desenvolvido com base em material publicado em trabalhos

acadêmicos e jornais científicos. A pesquisa buscou identificar trabalhos que pudessem servir

de base para as análises do processo de internacionalização de empresas. Foi realizado um

mapeamento em 20 publicações científicas entre os anos de 1975 e 2011, utilizando como

chaves de pesquisa as expressões internationalization process e entry mode, para

identificação dos artigos mais citados.

As publicações utilizadas foram os 20 periódicos acadêmicos melhores colocados nas

categorias Business e Management, segundo o fator de impacto (IF - Impact Factor), no

Journal of Citation Reports (JCR) de 2009, base de dados publicada pelo Institute for

Scientific Information (ISI) (Anexo A).

O IF é considerado como medida de representatividade acadêmica e é a razão do total de

citações, no ano analisado, de artigos publicados nos dois anos anteriores pelo total de artigos

publicados nos dois anos anteriores.

Na identificação dos artigos mais citados foi utilizada a base de dados Business Source

Complete, fornecida pela Elton B. Stephens Company (EBSCO). A análise compreende toda a

contribuição acadêmica gerada pelos artigos publicados em cada número de cada periódico

selecionado.

A seleção dos artigos foi feita usando como chave de pesquisa expressões de referência que

permitissem identificar o tema no título e no resumo (abstract) dos artigos, que fizessem

referência aos assuntos: processo de internacionalização de empresas e os modos de entrada.

Desta forma, todos os artigos que continham em seus títulos e resumos as expressões

internationalization process e entry mode foram selecionados para compor a base de dados a

30

ser utilizada no estudo. Desta forma foram identificados 47 artigos em nove periódicos para o

primeiro critério, e 52 em 10 periódicos que atendiam ao segundo critério.

Utilizando a ferramenta disponível na EBSCO, times cited in this base ou “tempos citados

nesta base”, foram identificados os artigos que possuíam o maior número de citações. Os

artigos de Johanson e Vahlne (1977), Dunning (1988) e Oviatt e McDougall (1994) foram os

que satisfizeram os critérios de maior citação e que identificassem teorias distintas do

processo de internacionalização.

3.2 MÉTODO QUALITATIVO

O método qualitativo foi adotado para o presente estudo, tendo em vista que, segundo Cooper

e Schindler (2003), se aplica ao estudo da história, das relações e dos processos. Optou-se por

realizar uma pesquisa qualitativa sobre o assunto, desenvolvendo um estudo longitudinal que

acompanhasse a evolução das empresas, identificando processos, estruturas e eventos que

marcaram a sua internacionalização. Devido à complexidade e ao caráter temporal deste

estudo, o método escolhido foi o estudo de casos múltiplos com o levantamento de dados

secundários.

Uma fonte de dados é dita secundária quando as especificações de seus dados, a coleta destes

e seu registro são feitos por pessoas outras que não o usuário. O uso de dados secundários

possui vantagens e desvantagens (COOPER e SCHINDLER, 2003). Os benefícios advêm da

rapidez e do menor custo, quando comparados aos dados primários. Uma vantagem adicional

decorre do fato de que, muitas vezes, os pesquisadores não conseguiriam ter acesso ao

conjunto de dados obtidos por fonte primária, como no caso de dados históricos.

Ainda, segundo Cooper e Schindler (2003), entre as desvantagens do uso de dados de fonte

secundária está o fato de que os dados geralmente foram coletados com outro propósito e sob

uma forma que não seria necessariamente considerada a ideal para a pesquisa. Os objetivos e

a natureza dos métodos usados para coletar os dados podem não ter sido adequados à situação

de seu atual emprego. Muitas vezes, os pesquisadores também não sabem como os dados

foram obtidos, nem têm qualquer controle sobre estes. Assim, é possível que dados

secundários não sejam exatos, não estejam atualizados ou que não sejam confiáveis.

31

Segundo Yin (2005), “embora todos os projetos possam levar a estudos de caso bem

sucedidos, quando você tiver escolha (e recursos), é melhor preferir projetos de casos

múltiplos a projetos de caso único”. A vantagem ao se utilizar o estudo de casos múltiplos é a

de que, além de permitir a realização de comparação, produz-se um estudo mais global e mais

robusto, tornando-o assim mais convincente.

Assim foi realizada pesquisa nos sites das empresas na internet em busca de

3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS MAIS

INTERNACIONALIZADAS

As metodologias de cada publicação para determinação do nível de internacionalização de

cada empresa são apresentadas suscintamente a seguir:

3.3.1 Ranking das Transnacionais Brasileiras 2010

Utilizou-se a mesma metodologia de edições anteriores, mantendo critérios rígidos e de modo

a possibilitar comparações com os rankings anteriores e com pesquisas realizadas por outros

países emergentes. Foram considerados os grandes grupos empresariais, em vez de empresas

individuais. Enquanto essa medida dificulta a comparação de unidades empresariais do

mesmo setor, alinha a pesquisa com os rankings produzidos por instituições de outros países.

Foram listados os grupos empresariais, incluindo as sociedades anônimas listadas ou não na

Bovespa e as empresas limitadas, num total de quase 71, com alguma forma de atuação

internacional (a partir de escritório comercial), considerados como potenciais para a pesquisa.

Tal amostra foi então contatada por uma equipe de pesquisadores da Fundação Dom Cabral e

solicitada a responder um questionário com informações sobre suas atividades internacionais

referentes ao ano de 2009, com um retorno de 41 questionários válidos.

Utilizou-se a metodologia da United Nations Conference on Trade and Development

(UNCTAD) para a determinação do índice de internacionalidade. O índice consiste na

avaliação de três indicadores empresariais, que, agregados, compõem o grau de

internacionalização das empresas brasileiras:

32

- Receitas/Vendas: Receita bruta de subsidiárias no exterior/receitas totais.

- Ativos: Valor dos ativos no exterior/valor total dos ativos da empresa.

- Funcionários: Número de funcionários no exterior/número de funcionários total.

Para cada um dos três indicadores utilizados, é calculado um índice que reflete a proporção do

exterior sobre o total. Posteriormente, calcula-se a média dos três índices para se compor o

índice geral de transnacionalidade de cada empresa.

A multidimensionalidade do índice é adequada também para realizar comparações entre

grupos de setores distintos, uma vez que cada setor demanda formas de inserção no exterior

diferentes. Por exemplo, em geral, empresas de serviços possuem grande quantidade de

funcionários do exterior, mas baixo índice de ativos. Por outro lado, empresas manufatureiras

podem auferir elevadas receitas no exterior, sem necessariamente ter enormes quantidades de

funcionários. Sendo assim, a utilização dos três indicadores equilibra as diversas formas de

internacionalização e valoriza as atuações globais de empresas de todos os setores.

3.3.2 Valor Multinacionais Brasileiras 2010

O levantamento foi preparado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas

Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), parceira do Valor, de acordo com os

critérios da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O

índice de internacionalização utilizado para a classificação é resultado da média aritmética

simples da participação de número de empregos, valor de ativos e totais das receitas no

exterior em relação aos totais das empresas.

Para chegar às mais internacionalizadas, a Sobeet selecionou inicialmente um universo de 160

companhias com presença no exterior. Todas as empresas mencionadas apresentam mais de

10% do capital de filiais e investimento direto superior a US$ 10 milhões, conforme critérios

do Banco Central. Os números apresentados foram obtidos por meio de respostas a

questionário, balanços ou estimativas com base neles.

33

Para determinação do universo da pesquisa foi realizada a média aritmética das posições das

primeiras 40 empresas nos dois rankings (Apêndice A), reordenadas em ordem crescente e

identificadas a 12 primeiras colocadas identificadas a seguir.

# Empresa Média 1 JBS-Friboi 1,5 2 Gerdau 2,5 3 Odebrecht 3 4 Metalfrio 4 5 Marfrig 8 6 Vale 10 7 Sabó 10 8 Marcopolo 13 9 Artecola 13

10 Lupatech 14 11 Camargo Corrêa 16 12 WEG 16,5

Tabela 2 – Ranking combinado das empresas brasileiras mais internacionalizadas

3.4 TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

O tratamento dos resultados e a interpretação dos mesmos devem ser significativos e válidos.

Os analistas, tendo a sua disposição resultados significativos e fiéis, podem então propor

inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos ou que digam respeito

a outras descobertas inesperadas (BARDIN, 2004).

Foi desenvolvida uma tabela (Figura 3) para que servisse como repositório comum entre as

empresas para registro de cada iniciativa do processo de internacionalização. A partir da

leitura da documentação levantada, foi se registrando, um a um, os movimentos realizados por

cada empresa, apontando o país envolvido e o ano do acontecimento. Dividida entre: ações

internas, àquelas que são desenvolvidas pela empresa em seu próprio país; e ações externas,

àquelas desenvolvidas nos países-alvo; a tabela conta com duas dimensões: na vertical,

aponta-se a ação com o nível de comprometimento crescente, conforme sugerido pelo modelo

de Uppsala, e na horizontal, pelo tipo de estrutura envolvida. Desta forma, em um único

instrumento, pode-se capturar uma série de características do processo de internacionalização.

34

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual Aquisição Investimento Direto

Figura 3- Modelo de Tabela para registro da evolução do processo de internacionalização

Com os dados lançados pode-se depreender:

- Quais as alternativas estratégicas de entrada cada empresa;

- Em que velocidade o processo de internacionalização se deu;

- Quais os mercados escolhidos.

Para sintetizar o resultado obtido, utilizou-se o modelo abaixo (Figura 4), onde foram

plotadas as empresas de acordo com a proximidade de seu processo de

internacionalização e os modelos teóricos utilizados no estudo.

Uppsala

Paradigma

Eclético

Born

Global

Figura 4- Modelo de quadro comparativo do esforço de internacionalização das empresas em relação aos modelos teóricos

35

Além das tabelas de Evolução do Processo de Internacionalização de cada empresa, dois

estudos de incidência foram realizados a partir do conjunto de dados obtidos. Isto foi feito

para verificar se existiam tendências e preferências das empresas brasileiras em seus esforços

de internacionalização.

O primeiro envolveu o par de dados de Ações Externas versus Regiões de Aplicação dos

Investimentos (Figura 5). A partir da plotagem de todos os pares de dados, e de sua

organização decrescente, pode-se identificar a existência de preferências em para o tipo e

localização destes esforços.

Am

éric

as d

o Su

l e

Cen

tral

Am

éric

a do

Nor

te

Eur

opa

Áfr

ica

Ási

a

Oce

ania

Ori

ente

Méd

io

Escritório Comercial

Distribuição

Montagem / Serviços

Produção

P&D

Figura 5- Modelo para identificação dos Esforços de Internacionalização por Região

Já o segundo par de dados envolveu o Tipo de Investimento e Momento no Tempo de sua

realização (Figura 6). Aqui o objetivo era identificar se houve momentos onde este processo

se intensificou e qual a preferência do empresariado brasileiro quanto ao tipo de investimento

externo.

Déc

ada

de 4

0

Déc

ada

de 5

0

Déc

ada

de 6

0

Déc

ada

de 7

0

1980

– 1

985

1985

– 1

989

1990

– 1

994

1995

– 1

999

2000

– 2

004

2005

– 2

009

2010

– 2

011

Exportação/Licenciamento

Associação contratual

Aquisição

Investimento Direto

Figura 6- Modelo para identificação dos Esforços de Internacionalização por Período

36

Em ambos os casos utilizou-se do recurso do programa Microsoft Excel de formatação

condicionada, para que, quanto maior a incidência de um par de dados, mais a coloração da

célula tende ao vermelho, e quanto menor, mais a coloração da célula tende para o azul. Este

recurso permitiu identificação de tendências mais facilmente.

3.5 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA

Esta metodologia apresenta limitações que precisam ser consideradas:

Embora só a coleta de dados de fontes secundárias pudesse permitir a realização do presente

estudo, isto impôs sérias limitações quanto à integralidade da informação. Mesmo utilizando

dados das próprias empresas, ficou claro que não se pode afirmar que todos os movimentos de

internacionalização foram registrados e identificados. Muitas informações de locais onde as

empresas têm algum investimento não vinham associadas ao momento quando ele iniciou.

Outras vezes se informava o esforço e seu momento, mas não o seu destino, ou ainda

informava-se genericamente.

Também é necessário registrar que, como são dados históricos mantidos pelas empresas, os

mesmos podem ter sidos editados para atender seus objetivos de comunicação atuais. Há

também a possibilidade de mudanças de propriedade, fusões e aquisições, que acabam por

aumentar a chance de perda ou distorção da informação. Em alguns casos, os fatos

aconteceram há bastante tempo e a acurácia da informação pode ter sido comprometida.

Nestes casos, até a coleta primária poderia ser impossível, dada a inexistência de testemunhas.

Também, através desta metodologia, não se pode inferir as intenções estratégicas reais por

detrás de cada investimento, de cada aquisição, de cada joint venture. Tão pouco é fácil

identificar desinvestimentos, pois muitas vezes são omitidos nas comunicações corporativas.

Outro ponto a destacar é o fato de que, no grupo de empresas estudado algumas delas são de

capital fechado, ou agem como se ainda o fossem; o que dificultou a obtenção das

informações. Muitas vezes foi necessário utilizar fontes secundárias de outra origem para que

isto fosse possível. Neste caso, a informação adquirida foi confrontada com mais de uma

37

fonte, dando-se preferência a artigos publicados em periódicos acadêmicos internacional ou

nacionalmente reconhecidos, artigos de seminários ou congressos de instituições renomadas e,

por fim, teses e dissertações.

38

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados dos processos de internacionalização das

12 empresas mais internacionalizadas do Brasil e confrontam-se estes resultados com o

objetivo da dissertação. No Anexo B pode-se encontrar as tabelas de registro dos processos de

internacionalização de cada empresa junto com os comentários das observações feitas.

Para sintetizar o resultado obtido, utilizou-se o modelo abaixo (Figura 7), onde foram plotadas

as empresas de acordo com a proximidade de seu processo de internacionalização e os

modelos teóricos utilizados no estudo.

Figura 7- Quadro comparativo do esforço de internacionalização das empresas em relação aos modelos teóricos

39

A seguir, as considerações sobre o processo de cada uma das empresas estudadas:

4.1 JBS-FRIBOI

Embora a empresa tenha sido pioneira no setor na busca do mercado externo através de

exportações, o processo de internacionalização se deu muito concentradamente quase 10 anos

depois. Os dados informam que a empresa tinha escritórios comerciais em diversos países,

mas não foi possível identificar o tipo de investimento ou de relação existente. Entre 2005 e

2009 a empresa causou uma revolução no mercado mundial, preferindo fazer aquisições

sempre que possível. Inicia-se o processo no mercado argentino em 2005, o que aponta para

uma menor distância psíquica e, portanto, sinaliza um modelo de internacionalização que

segue a escola de Uppsala. Porém a sequência contínua de investimentos de grandes

proporções que se seguiu, aliado aos destinos escolhidos, Estados Unidos, Austrália e Europa,

faz com o processo de internacionalização se aproxime do comportamento descrito por

Dunning (1988), onde a JBS se aproveita de sua vantagem de propriedade, dada a alta

produtividade da indústria frigorífica nacional relacionada ao clima, disponibilidade de terra e

pasto, o que garante escala sem igual no planeta, e tecnologia pecuária desenvolvida pelas

EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e outras instituições de pesquisa

ligadas ao setor; aliada a vantagem de localização, pois os destinos escolhidos são

reconhecidos por serem grandes detentores de tecnologia na área, têm perfil exportador e,

importantes mercados internos.

Outro ponto que está relacionado ao paradigma eclético é a prática deste mercado da

verticalização do processo produtivo, e a consequente redução dos custos de transação, o

aumento de sua competitividade. A internacionalização também atende duas razões

estratégicas: Criar um “hedge” sanitário, pois o Brasil frequentemente apresenta graves

40

problemas sanitários; e apresentar uma alternativa à lenta evolução das negociações

multilaterais de Doha e Copenhague, o que faz com que: europeus, americanos e japoneses

permaneçam protegendo fortemente seus mercados com barreiras técnicas e tarifárias.

Algo que precisa ser aprofundado no processo de internacionalização do JBS-FRIBOI é como

ele foi financiado. O governo brasileiro, através do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) apoiou o Grupo com empréstimos e compra de posições, que

permitiram a criação deste campeão nacional.

4.2 GERDAU

O início do processo de internacionalização pela aquisição da LAIZA do Uruguai é

consistente com o Modelo de Uppsala, uma vez que, por razões geográficas e culturais, o

mercado deste país é muito semelhante ao brasileiro.

A empresa pulou as etapas sugeridas ao passar de exportadora para compradora de empresas

em outros países. Dessa forma, o crescimento e o envolvimento internacional da empresa não

ficam claramente evidenciados numa possível relação entre o grau de conhecimento e a

experiência incremental que ela foi obtendo fora da sua base de origem. Por outro lado,

desconsiderando o foco único do aspecto comportamental, a teoria do paradigma eclético da

produção (DUNNING, 1988) afirma que, para internacionalizar, as empresas devem possuir

certos tipos de vantagens sobre os seus competidores. Assim, o investimento externo é

justificável e sustentável em termos da competitividade no país hospedeiro. Uma das

vantagens apontadas pelo modelo de Dunning e classificada como vantagem de propriedade,

está relacionada ao conhecimento que a empresa detém sobre técnicas de produção mais

eficientes e acessos vantajosos a melhores fontes de matérias-primas.

41

A estratégia da Gerdau, um caso típico de internacionalização via expansão produtiva, difere

da grande maioria das multinacionais brasileiras que procuram a internacionalização para

implantar atividades comerciais e de distribuição. O modelo de negócio da Gerdau associado

à excelência técnica, estabeleceu um patamar diferenciado de desempenho em suas usinas,

pela proximidade com a matéria-prima, critérios de logística e práticas de gestão alinhadas às

melhores do mundo

No início do processo de internacionalização a Gerdau preferia aquisição à associação. Dessa

forma, a Gerdau tornou-se extremamente eficaz na condução de turnarounds, ou seja, na

reestruturação gerencial, tecnológica e mercadológica de várias empresas, sendo essa uma

marca do seu crescimento no mercado brasileiro e internacional. Neste caso sinalizando o

oposto ao apontado pelo modelo de Uppsala. Neste modelo, a percepção de risco está

associada à perda do investimento. No caso Gerdau a percepção de risco parecia estar mais

associada à perda do controle das operações. A empresa aceitava o trade-off de aumentar seu

comprometimento para garantir o controle da operação.

No início do século XXI percebe-se que a empresa parece aceitar melhor as associações, o

que demonstra certo amadurecimento nas relações institucionais.

Trata-se um processo mais gradual quando comparado ao da JBS-FRIBOI, porém também se

mostra concentrado na primeira década do século XXI. Os destinos das iniciativas da Gerdau

estão mais associados ao continente americano, com o primeiro movimento para fora das

Américas tendo como destino um país latino, Espanha em 2005. Inicia-se com uma joint

venture e é seguido de aquisições no ano seguinte. Só em 2007 o Grupo se associa a uma

empresa local para explorar o mercado indiano. Estes resultados claramente apontam para um

42

processo gradual de aprendizado e comprometimento, o que volta a estar alinhado com o

modelo de Uppsala.

4.3 ODEBRECHT

A empresa tem um dos processos de internacionalização mais precoces da amostra, no sentido

de ter iniciado antes. Embora existam investimentos feitos antes e depois, a maioria dos

movimentos foi feita na década de 1990. Por se tratar majoritariamente de prestação de

serviços e não produção, a Odebrecht realmente foi visionária em sua iniciativa.

O modelo proposto pela Escola de Uppsala se aplica bem à Odebrecht. Mesmo com uma

abrangência impressionante; a empresa tem presença em quatro continentes; o processo de

internacionalização foi gradual e se iniciou em países mais “parecidos” com o Brasil, quer

pela proximidade física, quer pelo idioma e histórico de colonização comum (América Latina

e África Portuguesa).

Em grandes obras de infraestrutura sempre há uma boa dose de relacionamento com

governos, seus órgãos e agências, o que exige grande competência diplomática. Um canteiro

de obra é sempre muito parecido e os relacionamentos no seu interior diferem pouco de país

para país. E, mesmo onde esta diferença pode ser acentuada, a empresa licitante normalmente

pode operar com um grande contingente de pessoal do seu país de origem, o que faz com que

a operação destes projetos seja muito semelhante. Isto reduz a percepção de risco.

A forma de organização da empresa, a forte cultura organizacional e a tecnologia de gestão da

empresa certamente tiveram um papel importante no processo. Isto, associado ao longo

histórico de projetos no exterior, faz da Odebrecht uma verdadeira empresa global.

43

4.4 METALFRIO

O processo de internacionalização da Metalfrio é bastante concentrado e resultado de uma

oportunidade de mercado: A aquisição de um concorrente europeu, que possuía ativos em

outros países, além de marcas já reconhecidas. Esta ação transformou a empresa em um

contendor internacional em um único movimento.

Neste caso, o modelo teórico que é mais bem aplicado é o de Born Global. Apesar de a

empresa ter sido fundada em 1960, todas as transformações pelas quais passou a prepararam

para este momento. Um fato determinante foi a compra da empresa pelo grupo Artésia. A

visão de negócios dos sócios, impregnada pela cultura do Banco Garantia, de alta tolerância

ao risco, de ousadia comercial, de eficiência operacional, de obsessão por cortes de custo e

inovação, refundou a empresa. Foram menos de dois anos entre a compra da Metalfrio e a

aquisição do Grupo Caravell/Derby; e em três anos a empresa já se posicionava como player

global.

4.5 MARFRIG

Seguindo os passos de internacionalização do JBS-FRIBOI, mas seguindo uma estratégia

bastante diferente. Em vez da eficiência operacional, o MARFRIG busca um posicionamento

competitivo de diferenciação. O processo de internacionalização foi mais tardio, porém

também baseado em aquisições. Não se identificou neste processo o gradualismo proposto por

Johanson e Vahlne (1977). Novamente a vantagem de propriedade (DUNNING, 1988),

decorrente das características do agronegócio brasileiro, tem grande impacto neste processo.

Esta vantagem, associada à disponibilidade de capitais baratos, estabilidade da economia

brasileira e a sofisticação crescente do sistema bancário e do mercado de capitais, permitiram

44

que o grupo fizessem 22 aquisições de indústrias e estruturas logísticas em 5 anos, fora as

associações.

A alternativa de classificar o MARFRIG como born global não se sustenta pois o processo

não reúne as características de um negócio pensado global. Embora o posicionamento

estratégico esteja bem definido, não foi devido à rede de relacionamentos, nem ao

conhecimento específico para coordenação de capacidade espalhadas pelo mundo. O que se

percebe é um comportamento oportunístico, dada à janela de condições propícias, aliada às

vantagens de propriedade, de localização e de internalização; em que as aquisições seguiram a

classificação proposta por Dunning (1988), algumas voltadas para a busca de mercado, como

foi o caso dos EUA, Europa e China, outras voltadas para a busca de recursos, como nos

casos de Argentina, Uruguai e Austrália; e todas, de alguma maneira, contribuindo para a

otimização de retornos do negócio.

4.6 VALE

A história da internacionalização da Vale é muito diferente das demais. O setor de mineração

é um negócio tipicamente global. A empresa foi criada voltada para atender o mercado

externo. A longa lista de destinos de exportação, bem como as datas de início de atividades

são provas evidentes.

Outro fato na história da Vale digno de nota é a privatização da empresa em 1997. Trata-se de

um marco divisório na forma de conduzir o negócio. Ainda assim, embora a empresa tenha

sido responsável pelo maior investimento direto estrangeiro de uma empresa brasileira, com a

compra da canadense INCO em 2007, não se pode dizer que a empresa empreende um esforço

intencional e contínuo de internacionalização. Por uma questão de escala, a Vale busca

45

clientes espalhados pelo globo, mas, enquanto a estratégia da empresa for a exploração de

commodities, falar de um processo de internacionalização não faz muito sentido.

O modo de pensar (mind set) internacionalizado já faz parte da gestão de grandes

mineradoras. A busca de oportunidade é uma atividade contínua e o conceito de fronteira é

algo tênue neste mercado. A associação, como forma mitigadora de risco em

empreendimentos deste tipo, também é uma prática típica.

Ainda assim é possível ver que a Vale, seguindo o Paradigma Eclético, faz uso de suas

vantagens de propriedades; quer de recursos naturais, quer de competência técnica, quer de

capacidade financeira; para se posicionar no mercado. Boa parte das grandes jazidas

brasileiras de minérios foi identificada durante o monopólio da Vale, a época Companhia

Vale do Rio Doce. E este capital de conhecimento é usado pela empresa até hoje.

4.7 SABÓ

A internacionalização da Sabó parece ter sido realizada em dois tempos. O primeiro envolveu

uma estratégia ousada, ainda que defensiva, para neutralizar o risco de aquisição por parte de

concorrentes estrangeiros, e se deu na década de 90. O segundo, a partir do aumento do

conhecimento de operações internacionais, do aprendizado gerencial que este tipo de ação

implica; envolve a aproximação a grandes mercados.

Assim observa-se um misto do gradualismo baseado na aquisição de conhecimento do

mercado-investimento, proposto pelo modelo de Uppsala; e a utilização de vantagens de

propriedade ligadas a excelência tecnológica, para o desenvolvimento de um processo de

internacionalização orientado à busca de mercado, no caso de Argentina, EUA e China,

46

orientado a busca de racionalização da produção, explorando economias de especialização e

localização no caso da Alemanha. Já a escolha pela Áustria e Hungria pode ser classificada

como busca por recursos através da exploração de vantagens em custo de mão-de-obra.

O resultado deste esforço de internacionalização foi o reconhecimento mundial da excelência

de seus produtos, presentes em praticamente em todas as marcas de veículos fabricadas no

mundo. Outro aspecto é poder balancear o volume de produção de suas unidades de acordo

com as taxas de câmbio. Também a vantagem almejada de se posicionar como uma empresa

de produtos diferenciados e assim proteger suas margens também foi obtida.

Os centros técnicos da empresa localizados na Austrália, Inglaterra, Itália, França e Japão são

os responsáveis por introduzir conhecimentos e tecnologia dos produtos e processos junto às

montadoras localizadas nestes países. Os técnicos dos centros atuam no sentido de atenderem

as solicitações de pós-venda e de desenvolverem peças e componentes adequados aos

produtos específicos destas montadoras. O trabalho nos centros permite antecipar tendências e

ter acesso a projetos; e esta proximidade é um fator determinante no fechamento de contratos

de fornecimento, muitas vezes, globais.

4.8 MARCOPOLO

Do ponto de vista da teoria comportamental, a experiência exportadora, o assessoramento

técnico proporcionado aos importadores de kits CKD para sua montagem, e a proximidade

psíquica parecem ter influenciado na escolha dos países onde foram realizados investimentos

diretos. Por exemplo, a primeira fábrica a ser instalada no exterior foi em Portugal, onde o

idioma é o mesmo e existe uma afinidade cultural com o Brasil. A seguir, foram instaladas

fábricas na Argentina, no México e na Colômbia, todos eles países latino-americanos,

47

geográfica e culturalmente próximos. A partir de 2001, foram escolhidos mercados mais

distantes, como os da África do Sul, da China, da Índia e da Rússia, depois de a empresa ter

ampliado a experiência com mercados mais distantes através de exportações e com fábricas já

instaladas no exterior.

Os modos de entrada em mercados externos também obedecem à sequência gradual e

progressiva prevista na teoria comportamental, onde as empresas iniciam com as operações de

menor comprometimento. A Marcopolo iniciou com exportações em 1961 e, a seguir,

aumentou seu comprometimento através da nomeação de representantes. Dez anos mais tarde,

fechou contratos de licença e assistência técnica e, finalmente, foi abrindo subsidiárias no

exterior. Exceto na fábrica argentina, em todos os outros países onde a empresa instalou

fábricas houve, anteriormente, acordos de produção, joint-ventures com empresas locais, ou

aquisição de encarroçadora já existente no mercado, o que facilitou a instalação, mas a

orientação estratégica da direção da empresa também exerceu um papel fundamental na

aceleração do processo.

O paradigma eclético também pode ser utilizado para analisar o processo de

internacionalização da empresa. A Marcopolo possui os três tipos de vantagens consideradas

fundamentais por essa teoria: as vantagens de propriedade, as de internalização e as de

localização. As primeiras estão relacionadas ao domínio tecnológico de produtos e processos.

Que, no caso da empresa, se trata de tecnologia de ponta, à disponibilidade de uma linha de

produtos completa, às economias de escala na produção de componentes e à marca

mundialmente reconhecida.

As vantagens de internalização decorrem da preocupação de transferir suas vantagens de

propriedade através da própria organização, instalando fábricas no exterior, no lugar do

48

licenciamento de tecnologia. Desse modo, evita-se o risco de perder o poder sobre sua

tecnologia. Entretanto uma mudança recente está tendo um efeito contrário ao da

internalização: em decorrência da valorização do câmbio, a empresa está acelerando o

fornecimento global (global sourcing), montando uma cadeia mundial de fornecedores. As

vantagens da localização estão relacionadas com a dispersão geográfica de suas fábricas no

exterior, que facilita o acesso a terceiros mercados, além de permitir contornar as barreiras

protecionistas impostas por alguns países e facilitar o acesso a insumos.

Em síntese, tanto a teoria comportamental como o paradigma eclético contribuem para

interpretar o processo de internacionalização da Marcopolo: a primeira, através da hipótese

gradualista e da influência da distância psíquica no comportamento da empresa, o segundo,

pela influência das vantagens de propriedade, de internalização e de localização e da evolução

destas no tempo.

4.9 ARTECOLA

A Artecola desenvolve um processo de internacionalização contínuo e gradual, seguindo bem

proximamente o modelo proposto Johanson e Vahlne (1977). O que é evidente neste esforço é

a regionalização. Curiosamente, segundo os registros, começou através de greenfield,

associando estrutura produtiva com distribuição. Este tipo de ação é típico de empresa de

pequeno porte. Trata-se de um comportamento oportunístico realizado em um país

geograficamente e culturalmente bem próximo do sul brasileiro. Em 1997 a situação

econômica no Brasil era estável e a Argentina vivia um bom momento em sua economia.

49

Esta iniciativa acabou sendo a escola necessária para que os próximos passos fossem resolutos

na direção de uma empresa internacionalizada. Porém, provavelmente dado a seu porte, os

países-alvo desta iniciativa estão no entorno brasileiro.

4.10 LUPATECH

Como quase todas as empresas desta amostra, o processo de internacionalização da Lupatech

começou pela a Argentina. É um passo que sempre pode ser visto como gradual e de baixo

risco, pois o país vizinho, principalmente depois do estabelecimento do Mercosul, possui

muitos aspectos similares ao Brasil, a cultura regional gaúcha é semelhante em ambos os

lados da fronteira e o idioma espanhol tem tanta semelhança ao português que permite o

entendimento entre os povos dos dois países.

A abrangência de seus investimentos envolve países americanos e a única iniciativa fora da

região é na Espanha, e a empresa tanto faz uso de joint ventures como de aquisições. Todas as

ações são: ou voltadas ao mercado de óleo e gás, ou complementadoras da oferta no mercado

de válvulas. Desta forma pode-se dizer que o processo de internacionalização da Lupatech

segue o modelo de Uppsala.

O processo de internacionalização faz parte de um projeto mais amplo de se tornar um

provedor forte da indústria brasileira de petróleo, mais especificadamente, da Petrobras. A

Lupatech buscou na sua estratégia de financiamento uma forma acelerada de agregar

competências através de aquisições. Em paralelo ao esforço internacional, um bom número de

aquisições no mercado nacional. Embora se possa inferir que o processo também siga o

proposto por Dunning (1988), de uma estratégia orientada à busca de recursos, e utiliza

principalmente da vantagem de localização de sua matriz, onde está o mercado que ela

50

procura atender, o efeito do gradualismo e das escolhas de localização aproxima este processo

de internacionalização da escola de Uppsala.

Esta estratégia tem trazido problemas à empresa. Embora esteja bem posicionada e tenha

muitos contratos firmados com a Petrobras, o atraso nos projetos de investimento da

operadora de petróleo tem causado problemas de caixa à Lupatech.

4.11 CAMARGO CORRÊA

A Camargo Corrêa, inicialmente uma empreiteira ligada a grandes obras, passa por um

processo importante de diversificação de negócios. Além da construção pesada, dentro do seu

portfólio estão empresas de diversas concessões de serviços públicos, produtos de consumo,

cimenteiras e estaleiros.

Cada uma destas organizações têm interesses e planos estratégicos distintos, porém é notável

que a aquisição do grupo cimenteiro português Cimpor, de um só fôlego, estendeu a ação da

Camargo Corrêa a 12 países em três continentes. Outro fato também digno de nota é a grande

concentração de iniciativas realizadas no ano de 2010. Assim, embora a internacionalização

do grupo tenha começado em 1983, um salto muito grande foi percebido entre o primeiro e

segundo investimento no exterior. Provavelmente isto aponta para a falta de registros nos

documentos disponíveis. A Camargo Corrêa, apesar de ser uma S.A., ainda tem espírito de

companhia de capital fechado e não disponibiliza uma comunicação adequada ao público

interessado.

Contrariando esta visão conservadora, a Alpargatas, empresa do grupo, é a proprietária da

marca Havaianas. Um case de sucesso de reposicionamento de marca iniciado em 1994. A

51

empresa passou por um processo de transformação, saindo de um produto popular de

abrangência nacional, para uma marca de reconhecimento internacional e posicionado para a

classe B/A. Esta informação também não pode ser capturada pela metodologia escolhida.

Assim, a análise do processo de internacionalização do grupo é prejudicada, quer pela

diversidade dos projetos de cada linha de negócios, quer pela falta de informação. Porém há

uma empresa do grupo, a A-Project, joint venture com uma empresa suíça e outra chilena,

voltada a administração de concessões e prestação de serviços aeroportuários, que parece ter o

espírito dos born globals, justamente articulando em uma rede as diversas especialidades de

cada sócio, para entrar em um mercado global. Com dois anos de existência a empresa já

conta com 4 aeroportos sob sua administração.

4.12 WEG

A WEG iniciou um processo de internacionalização precoce com o objetivo de apoiar suas

iniciativas comerciais. Boa parte das iniciativas foi visando criar condições para que os

produtos produzidos no Brasil chegassem a clientes em todo o mundo, inicialmente através de

exportação direta, passando pela constituição de representantes em 60 países, depois o

estabelecimento se escritórios comerciais com suporte logístico, joint venture de uma unidade

de produção na Argentina, para só então se aventurar em aquisições de unidades industriais,

preservando e promovendo a marca WEG, até que, em 2010, anuncia um investimento

greenfield na Índia. Este processo segue ipsis literis o modelo da Escola de Uppsala, ainda

que a empresa faça bom uso de suas vantagens de propriedade e tenha um comportamento

orientado à busca de mercado.

52

5 CONCLUSÃO

5.1 VISÃO GERAL

De um modo geral pode-se dizer que é possível identificar características estabelecidas pelos

modelos teóricos para os processos de internacionalização das empresas brasileiras, porém

são poucos os casos em que eles se aplicam de forma pura e completa.

A partir da plotagem de todos os pares de dados Data, País colhidos nesta pesquisa, em uma

planilha Excel com o recurso de formatação condicionada pelo valor da célula, pode se ver o

desenho do agregado do esforço de internacionalização das empresas brasileiras (Anexo C).

Algumas conclusões foram possíveis:

- Como pode ser observado claramente no extrato obtido pela condensação dos dados,

apresentados na Tabela 3, o processo de internacionalização levado a cabo pelas

empresas brasileiras é um fenômeno principalmente regional.

Vemos que mais de 1 em cada 3 esforços de internacionalização ocorreram em países

das Américas do Sul e Central, e mais de 50% das vezes em países americanos.

Quando as empresas buscaram se aventurar para fora das Américas, o destino

preferencial foi a Europa, especialmente para países onde existe grande relação

cultural.

- Verifica nos resultados de frequência apresentados na Tabela 3, que existe uma clara

preferência pelos investimentos em Produção, representando quase 50% dos esforços.

- Também é notável que investimentos em P&D ainda sejam pouco frequentes.

53

Am

éric

as d

o Su

l e

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Am

éric

a do

Nor

te

Eur

opa

Áfr

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Ási

a

Oce

ania

Ori

ente

Méd

io

Produção 19,2% 13,2% 6,4% 4,1% 3,8% 1,1% 0,0% 47,7%

Distribuição 5,6% 3,8% 5,3% 1,9% 2,3% 0,4% 0,8% 19,9%

Montagem / Serviços 8,3% 2,6% 1,9% 4,1% 1,9% 0,4% 0,4% 19,5%

Escritório Comercial 1,5% 3,4% 2,6% 1,1% 1,5% 0,4% 0,8% 11,3%

P&D 0,0% 0,4% 0,4% 0,8% 0,0% 0,0% 0,0% 1,5%

34,6% 23,3% 16,5% 12,0% 9,4% 2,3% 1,9%

Tabela 3 – Esforços de Internacionalização por Região

- Outro resultado expressivo e impactante, conforme se vê na Tabela 4, o fenômeno de

internacionalização das empresas brasileiras é recente, localizado no tempo em épocas

específicas. Percebem-se concentrações próximas ao lançamento do Plano Real, plano

econômico lançado pelo governo brasileiro em junho de 1994, que trouxe estabilidade

à economia do país; e no quinquênio 2005-2009 por se tratar do último período de

exuberância econômica mundial antes da crise de 2008.

Infere-se que a razão do atraso das empresas nacionais, quando comparado com a

internacionalização de empresas de outros países emergentes, tem razões tanto

econômicas quanto culturais, e, como uma interfere na outra, dificilmente será

possível identificar qual das influências prevaleceu.

Déc

ada

de 4

0

Déc

ada

de 5

0

Déc

ada

de 6

0

Déc

ada

de 7

0

1980

– 1

985

1985

– 1

989

1990

– 1

994

1995

– 1

999

2000

– 2

004

2005

– 2

009

2010

– 2

011

Exportação/Licenciamento 1,9% 2,9% 2,9% 1,3% 0,0% 0,0% 0,0% 2,3% 2,6% 0,0% 0,0% 13,9%

Associação contratual 0,0% 0,0% 0,3% 1,0% 1,0% 0,0% 0,6% 1,3% 2,6% 7,4% 1,3% 15,5%

Aquisição 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,3% 0,6% 1,9% 1,0% 3,6% 26,5% 6,8% 40,8%

Investimento Direto 0,0% 0,0% 0,3% 0,6% 1,0% 0,6% 10,4% 2,3% 2,3% 9,7% 2,6% 29,8%

1,9% 2,9% 3,6% 2,9% 2,3% 1,3% 12,9% 6,8% 11,0% 43,7% 10,7%

Tabela 4 – Esforços de Internacionalização por Período

54

- Os dados da Tabela 4 também demonstram clara preferencia das empresas brasileiras

por processos de aquisição.

5.2 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS

Este trabalho mostrou um quadro da economia brasileira pouco conhecido. Ele trouxe luz,

tanto de forma detalhada, como agregada, sobre quais os passos seguidos pelas empresas

brasileiras líderes em processos de internacionalização.

Ele pode servir ao empresariado brasileiro como um instrumento orientador e despertador de

insights para seus planos de internacionalização, além de, através de análise das

circunstâncias e cenários enfrentados por cada uma delas, auxiliar nas suas escolhas

estratégicas.

Pode-se inferir que as empresas brasileiras passam por um acelerado processo de

amadurecimento em suas iniciativas de internacionalização, e aos poucos se sentem mais à

vontade para transpor distâncias logísticas, culturais e institucionais cada vez maiores.

5.3 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS

Do ponto de vista acadêmico, a contribuição deste estudo de casos múltiplos ao estudo das

empresas, suas estratégias e processos de internacionalização, está em permitir uma visão

panorâmica de um conjunto economicamente importante do mercado nacional. Mergulhar nos

processos das empresas brasileiras mais internacionalizadas permitiu identificar tendências,

preferências e características que poderão despertar interpretações que gerem modelos

55

teóricos mais adequados à realidade das empresas multinacionais de origem em países

emergentes, em especial o Brasil.

Alguns pontos e questões que se pode destacar do resultado deste trabalho e que poderiam ser

alvo de aprofundamento são:

- É notável a alta incidência de empresas do sul do Brasil ou com controladores

descendentes de europeus no universo da amostra. Isto pode suscitar o que a cultura

empresarial brasileira chama de Dilema de Tostines, empresas do sul ou com gestores

descendentes de europeus são mais bem sucedidas em seus processos de

internacionalização, ou o sucesso de algumas empresas com esta origem incentivaram

outras na mesma direção;

- O fundador /empreendedor tem papel importante no processo de internacionalização,

apesar da maioria ser de empresas de capital aberto;

- O processo, ainda que tardio, de internacionalização das empresas brasileiras está

nitidamente associado à estabilidade econômica brasileira, à grande disponibilidade

internacional de capitais na primeira década do século XXI, aos juros globais em

níveis mínimos históricos;

- Será que esta concentração de iniciativas internacionais na última década um

indicativo do amadurecimento da gestão brasileira?

56

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67

APÊNDICE A

Ranking Valor Multinacionais Brasileiras

Ranking das Transnacionais Brasileiras FDC 2010

1 Odebrecht 1 JBS-Friboi 2 JBS-Friboi 2 Gerdau 3 Gerdau 3 Ibope 4 Metalfrio 4 Metalfrio 5 Andrade Gutierrez 5 Odebrecht 6 Ibope 6 Marfrig 7 Coteminas 7 Vale 8 AmBev 8 Sabó 9 Magnesita 9 Tigre

10 Marfrig 10 Suzano 11 Marcopolo 11 Artecola 12 Sabó 12 Lupatech 13 Vale 13 Camargo Corrêa 14 Indústrias Romi 14 Ci&T 15 Artecola 15 Marcopolo 16 Lupatech 16 WEG 17 WEG 17 Stefanini IT Solutions 18 Embraer 18 Votorantim 19 Camargo Corrêa 19 ALL 20 TAM 20 TAM 21 Stefanini IT Solutions 21 Embraer 22 Itautec 22 Natura 23 Votorantim 23 Petrobras 24 Minerva 24 Bematech 25 Ci&T Software 25 Alusa 26 Natura 26 Spoleto 27 ALL 27 Andrade Gutierrez 28 Ultrapar 28 Itaúsa 29 Tupy 29 Totvs 30 Petrobras 30 DHB

68

Ranking Valor Multinacionais Brasileiras

Ranking das Transnacionais Brasileiras FDC 2010

31 Agrale 31 EscolasFisk 32 Itaú Unibanco 32 Ultrapar 33 Iochpe-Maxion 33 Politec 34 G Brasil 34 Localiza 35 Portobello 35 Randon 36 Módulo 36 Cia Providência 37 BR Foods 37 BR Foods 38 Bematech 38 Marisol 39 Suzano 39 Cemig 40 DHB 40 Eletrobrás

69

ANEXO A

Classificação Periódico Fator de Impacto

JCR 2009

1 Academy of Management Review 7,867

2 Academy of Management Journal 6,483

3 Journal of Consumer Psychology 5,352

4 Journal of Retailing 4,567

5 MIS Quarterly 4,485

6 Strategic Management Journal 4,464

7 Journal of Management 4,429

8 Research in Organizational Behavior 4,375

9 Personnel Psychology 4,264

10 Strategic Organization 4,059

11 Administrative Science Quarterly 3,842

12 Journal of Marketing 3,779

13 Journal of International Business Studies 3,766

14 Journal of Operations Management 3,238

15 Organization Science 3,126

16 International Journal of Management Sciences 3,101

17 Journal of Marketing Research 3,099

18 Journal of Consumer Research 3,021

19 Journal of Management Studies 2,805

20 Journal of World Business 2,627

70

ANEXO B

B.1 JBS-FRIBOI

Em 1953 José Batista Sobrinho funda em Anápolis, Goiás, a empresa que viria a ser a JBS-

Friboi. Nas primeiras décadas a empresa cresceu explorando frigoríficos, criação e abate de

animais, usando a marca Friboi. Muda de nome para JBS em 2006 (TEIXEIRA et al., 2010).

A JBS, um colosso com negócios nas áreas de alimentos, couro, produtos para animais

domésticos, biodiesel, colágeno e embalagens. Líder mundial na produção de carnes bovina,

ovina e couro, e segundo maior produtor mundial de carne de frango; encerrou 2010 com

receita líquida superior a R$ 55 bilhões e margem EBITDA de 7%, 125.000 colaboradores

pelo mundo e 134 unidades de produção em cinco continentes (JBS, 2011).

Exportadora desde 1998, seu processo de internacionalização se inicia com a compra da

unidade da Swift Armour na Argentina em 2005 e segue com a incorporação da Swift nos

EUA e 50% da Inalca (Europa) em 2007. Ainda em 2007 compra Smithfield Beef (EUA),

uma das maiores distribuidoras de carne industrializada dos EUA e suas subsidiárias Tupman

Thurlow, Astro Sales Internacional e Austral Foods (MACHADO, 2009) e Tasman Smithfield

Group (Austrália) em 2008 (JBS, 2009a e 2010).

71

Em 2009 a companhia inicia a consolidação da sua plataforma mundial de proteína

(TEIXEIRA et al., 2010), compra a Pilgrim’s Pride (64%) do EUA e incorpora o Grupo

Bertin S/A. (JBS, 2009), segunda maior empresa brasileira do setor, adquirindo acesso aos

mercados de lácteos, alimentos para animais domésticos e biodiesel. Segundo Veja, apud

Teixeira et al. (2010), tornou-se a maior companhia de produtos de origem animal do mundo e

a terceira maior companhia do Brasil, apenas menor que a Petrobras e Vale.

Em 2010, continua a consolidação adquirindo a Rockdale Beef e Tatiara Meat Company

(TMC) da Austrália (JBS, 2011).

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta 1998 Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem / Serviços

Produção P&D

Associação contratual Itália 2007

Aquisição EUA 2007

Argentina 2005, 2006 e 2007

EUA 2007, 2008 e 2009

Austrália 2007 e 2008 Paraguai Uruguai México Porto Rico

Investimento Direto

Argentina EUA México Egito Argélia Austrália China Japão Rússia Inglaterra

Argentina EUA Canadá Chile Egito Rússia Inglaterra

China

Tabela 5 – Evolução do Processo de Internacionalização da JBS-Friboi

72

B.2 GERDAU

A Gerdau, empresa com 110 anos cumpridos em 2011, é líder na produção de aços longos nas

Américas e uma das maiores fornecedoras de aços longos especiais no mundo. Emprega 40

mil colaboradores e tem presença industrial em 14 países, com operações nas Américas, na

Europa e na Ásia. Fechou 2010 com receita líquida de R$ 31,4 bilhões e margem EBITDA de

16,5%. É a maior recicladora da América Latina. Com cerca de 140 mil acionistas, a Gerdau

está listada nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque e Madri. No Brasil, possui

operações em quase todos os Estados, que produzem aços longos comuns, especiais e planos.

Seus produtos, comercializados nos cinco continentes, atendem os setores da construção civil,

indústria e agropecuária (GERDAU, 2011b).

O processo de internacionalização da Gerdau se inicia em 1980 com a aquisição da Laisa,

siderúrgica uruguaia. Este processo só é retomado em 1998, quando a empresa se associa a

Sipar Aceros S/A da Argentina, e em 2005, adquire seu controle. Em 1999 lança ações na

Bolsa de Nova York, EUA e em 2002 na Latibex (Madri, Espanha). Em 2002 a Gerdau se

associa a Co-Steel e funda a Gerdau Ameristeel Co., com ativos no Canadá e EUA; e, em

2004 lança ações na NYSE, com captação da ordem de US$ 330 milhões. Em 2007 a Gerdau

S/A recebe o grau de investimento das agências Fitch Ratings e Standard & Poors (GERDAU,

2011a).

Em 2004, após adquirir posição acionária da Diaco e da Siderúrgica del Pacífico da

Colômbia, inicia um processo de compra escalonada de seus ativos (GERDAU, 2011a).

Em 2006 estabelece uma joint venture com a Pacific Coast Steel, formando a PCS, uma das

maiores fornecedoras de aço dobrado e cortado para construção civil dos EUA. Também nos

73

EUA, a Gerdau dá seu primeiro passo na diversificação de portfólio através da aquisição, em

2007, da Enco Materials, Inc., líder no mercado americano de materiais de construção

comercial. E ainda neste mesmo ano, através da aquisição da Macsteel, se posiciona como

líder mundial na produção de aços especiais para a indústria automotiva. Em 2008 a Gerdau

aumenta sua participação acionária na PCS para 84% (GERDAU, 2011a).

Em 2005 entra no mercado europeu através da associação com a Corpoación Sidenor S/A,

principal produtora de aços especiais, forjados e fundidos da Espanha, que em 2006 assume o

controle da GSB, fornecedora de aços especiais para indústria automotiva. Em 2008, após a

aquisição de mais 20% do capital social da Sidenor, a Gerdau assume o controle com uma

participação de 60% (GERDAU, 2011a).

Em 2007 entra na República Dominicana através de uma aliança estratégica com a INCA,

considerada a melhor laminadora do Caribe; e chega a Ásia através de uma joint venture com

o Grupo Kalyani, dando origem à Kalyani Gerdau, com ativos siderúrgicos no valor de US$

170 milhões. Em 2009 a empresa comunica grande investimento na ampliação de sua

capacidade (GERDAU, 2011a).

A participação da empresa no México é ampliada, em 2008, com a aquisição de 49% da Corsa

Controladora, dona da Aceros Corsa, localizada na região metropolitana da cidade do México.

Neste ano, a associação das empresas lançou a pedra fundamental de uma nova usina na

cidade de Hidalgo, também no México (GERDAU, 2011a).

Através da aliança estratégica com a guatemalteca Corporación Centroamericana del Acero,

adquirindo 30% da empresa em 2008, a Gerdau atinge boa parte da América Central, além da

Guatemala; Honduras, El Salvador, Nicarágua e Belize (GERDAU, 2011a).

74

O ímpeto pelo crescimento só não é maior porque o grupo evita adquirir ativos que ameacem

não garantir a remuneração do investimento. Também optou pela manutenção de um patamar

conservador de endividamento, que mesmo no longo prazo não pode superar uma vez o

patrimônio líquido. As dívidas em dólar contraídas no Brasil também não podem ser maiores

do que o valor de três meses de exportação (STAL, 2007).

A estratégia da Gerdau está focada na produção descentralizada de aços longos. Cerca de

90% capacidade de produção da empresa está concentrada nas usinas semi-integradas ou

mini-mills, estas plantas são dimensionadas de forma a atender aos mercados locais e permitir

o acesso eficiente aos clientes. Esta estratégia é baseada na dimensão geográfica dos

territórios do Brasil e dos Estados Unidos, que têm implicações em termos de transporte e

altos custos de frete. Dessa forma, a Gerdau está habilitada a atender seus clientes e a adquirir

matérias-primas localmente. A empresa tem participação destacada na produção mundial de

aço graças a essa estratégia, que permite à empresa operar com custos competitivos, desde a

aquisição de insumos; utilizando a sucata principalmente, juntamente com o ferro gusa e ferro

esponja como matéria-prima; passando por produção e logística para o cliente (GIÃO et al.,

2008).

75

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual Guatemala 2008

EUA 2006

Argentina 1998 Canadá 2002 Colômbia 2004 Espanha 2005 EUA 2006 República Dominicana 2007 Índia 2007 México 2008 Guatemala 2008

Aquisição EUA 2004, 2007

EUA 2006 (3x)

Uruguai 1980 Canadá 1989, 1995 Chile 1992 EUA 1999, 2002, 2004 (2x), 2006 (3x), 2007 (2x), 2008, 2010 Argentina 2005 Peru 2006 Espanha 2006 (2x) México 2007, 2008 Venezuela 2007 Espanha 2008

Investimento Direto Chile 1999

Tabela 6 – Evolução do Processo de Internacionalização da Gerdau

B.3 ODEBRECHT

Em 1944, o engenheiro Norberto Odebrecht, filho de Emil Odebrecht, imigrante alemão,

criou na Bahia uma empresa que foi responsável por transformações importantes nos

processos construtivos na época na região. Esta empresa viria a se transformar na Construtora

Norberto Odebrecht. Em razão de obras marcantes, ao final dos anos 50 a construtora, já uma

das empresas mais importantes do estado, contava com reputação bem estabelecida e tinha na

76

Petrobras um cliente fiel. Segundo Soares et al. (2008) a “relação entre as duas empresas se

consolidou ao longo de mais de cinco décadas e inclui a construção e montagem de refinarias

e plataformas, estradas, prédios, portos e a perfuração de 140 poços no mar.”

No ano de 1979 a empresa inicia o processo de diversificação de negócios, cria a Odebrecht

Perfurações Ltda. (OPL), para perfuração de poços em terra e no mar, lançamento de

oleodutos e serviços complementares e realiza os primeiros investimentos no setor

petroquímico, com a aquisição de um terço do capital votante da Companhia Petroquímica

Camaçari – CPC. Em 1981 altera sua razão social para Odebrecht S/A “tendo como objetivo a

preservação das Concepções Filosóficas e a definição do direcionamento negocial da

Organização” (ODEBRECHT, 2011).

Em 1983, o documento interno Sobreviver, Crescer e Perpetuar sistematizou o que se decidiu

chamar Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), contribuindo para a disseminação dos

princípios, conceitos e critérios adotados desde as origens da organização e para a prática do

trabalho com base nos Planos e Programas de Ação (ODEBRECHT, 2011b).

As aquisições da CBPO (Companhia Brasileira de Projetos e Obras) em 1980, e da

TENENGE (Técnica Nacional de Engenharia), em 1986, ampliaram a base de conhecimento

da empresa por conta de suas especialidades. A CBPO é especializada em obras pesadas com

grandes obras no sul do país. Já a TENENGE, especializada no segmento de construção

industrial, foi a responsável por 40 % do parque siderúrgico e 30% do parque hidrelétrico

nacionais (SOARES et al., 2008). Também em 1986 são adquiridas participações nas

empresas Unipar – União de Indústrias Petroquímicas S.A., Poliolefinas S.A. e PPH –

Companhia Industrial de Polipropileno.

77

O fundador deixa a presidência executiva em 1991 a seu filho Emílio, mantendo a presidência

do Conselho de Administração. Neste ano a empresa já contava com 45 mil funcionários,

presença em 4 continentes e receita superior R$ 6 bilhões anuais.

Na década de 90 a Odebrecht alcançou a liderança das empresas petroquímicas nas quais

participava, trazendo para esse setor um atributo que a qualifica historicamente: a capacitação

para o empresariamento, a partir de um conjunto integrado de concepções filosóficas,

sistematizadas na Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). No final da década o grupo

concentrou-se nos negócios de: Engenharia e Construção, a qual estava subordinado o

negócio de perfuração petrolífera, e Química e Petroquímica; e em participações: na área de

infraestrutura e serviços públicos no Brasil e em Portugal; e em empreendimentos de Papel e

Celulose, Turismo e Óleo e Gás (ODEBRECHT, 2011a).

Norberto Odebrecht transfere a presidência do Conselho de Administração a Emílio

Odebrecht em 1998. E em 2002, Emílio Odebrecht passa a presidência executiva da

Odebrecht S.A. a Pedro Novis e volta-se integralmente ao Conselho de Administração.

Marcelo Odebrecht sucede Renato Baiardi como Líder Empresarial do negócio Engenharia e

Construção e José Carlos Grubisich substitui Álvaro Cunha como Líder Empresarial do

negócio Química e Petroquímica. Neste ano a Odebrecht, junto com seus sócios, constitui a

Braskem , a maior empresa petroquímica da América Latina.

Em 2008, a empresa se posicionava como a maior construtora da América Latina e uma das

25 maiores construtoras internacionais por faturamento fora do seu país de origem, segundo a

ENR (Engineering News-Record) (SOARES et al., 2008).

78

O primeiro movimento de internacionalização, ainda embrionária, se dá 1979, conforme

Odebrecht (2011). Neste ano são assinados os primeiros contratos internacionais: no Peru,

para a construção da Hidrelétrica Charcani V e, no Chile, para o desvio do Rio Maule para a

Hidrelétrica Colbún Machicura (Chile). Os executivos da empresa escolheram estes países em

razão das características similares as enfrentadas pela empresa no Brasil, estar relativamente

próximo ao território nacional além de não constituir uma barreira cultural e linguística muito

significante (SOARES et al., 2008).

No final da década de 80 a Odebrecht estava madura para enfrentar o desafio de se

internacionalizar. A iniciativa partiu de seu presidente, com sua visão empreendedora de

mercado. Essa decisão ocorreu num momento de grandes investimentos em infraestrutura por

parte do governo brasileiro, sendo, portanto, uma decisão visionária e proativa (GASPAR et

al., 2007). No planejamento da companhia a década de 70 foi da visão da Grande Empresa

Nacional; a década de 80 foi a da Grande Organização Empresarial Brasileira e a de 90 seria a

da Organização Internacional.

A empresa toma a decisão de internacionalização, estabelecendo dois grupos com

responsabilidade no processo de internacionalização: um com a responsabilidade da

conceituação da estratégia e o outro responsável pela identificação de projetos,

comercialização e atendimento de contratos. Claramente sua estratégia foi a de explorar

imperfeições dos mercados, escolhendo países que, em razão da ausência de concorrentes de

maior envergadura, aceitam práticas oligopolistas (SOARES et al., 2008).

A Odebrecht inicia, em 1987, sua atuação no Equador, com a construção do projeto de

irrigação Santa Elena, na região de Guayaquil, e na Argentina, com a construção da

Hidrelétrica de Pichí-Picún-Leufú, na Patagônia. No ano seguinte começa a atuar em

79

Portugal, ao adquirir a empresa portuguesa José Bento Pedroso & Filhos, rebatizada de BPC –

Bento Pedroso Construções (ODEBRECHT, 2011).

Em 1991 dá início a sua atuação na Inglaterra, com a aquisição da SLP Engineering Ltd., e

nos Estados Unidos, torna-se a primeira empresa brasileira a vencer uma concorrência pública

no país para a construção do Metromover, Miami, FL. Em 1992 inicia sua atuação no México,

com a construção da Barragem Los Huites para controlar as cheias do Rio Fuerte. Abre um

escritório em Pequim, na China e conquista o primeiro contrato em regime de concessão fora

do Brasil – para construir a autopista de acesso oeste a Buenos Aires – e cria a Odebrecht Bau

para atuar na Alemanha e no Leste Europeu em 1993.

Com a experiência adquirida no início da década de 90, a empresa desenvolveu um modelo

próprio de internacionalização, baseado na TEO e na autonomia de cada subsidiária tem para

se adaptar às demandas e aos costumes do país hospedeiro. O modelo é chamado de

Delegação Planejada, e nele estão contidos os valores e missão da empresa: o respeito ao

cliente e ao investidor, além do compromisso com a qualidade e com os resultados

(GASPAR, 2007).

Em 1993, a ação da Odebrecht se estendia a 19 países: Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia,

Brasil, Chile, China, Cingapura, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Inglaterra,

México, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. Foi ampliada em 1995, com o início

de operações na Malásia e em outros países do Sudeste Asiático. No ano de 2003 a

Construtora Norberto Odebrecht realizou obras simultaneamente em 15 países enquanto que a

Braskem exportou produtos para mais de 50 países.

80

Com a chegada do século XXI a visão do grupo foi atualizada. A década de 2000 passou a ser

da Organização Global. O objetivo era atender, ao mesmo tempo, às necessidades dos clientes

em cada canteiro de obras – o componente local – e alavancar recursos estratégicos,

tecnológicos, financeiros e políticos, onde quer que tais recursos estivessem – o componente

global.

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem / Serviços Produção P&D

Associação contratual

Congo 1982 Gabão 1982

Índia 1982 Espanha 1996 Malásia 1996

Cingapura 1998

Emirados Árabes Unidos 2006

Líbia 2008

Portugal 2009

Aquisição Portugal 1988 Inglaterra 1991

Investimento Direto China 2009

Chile 1979 Peru 1979 Paraguai 1980

Angola 1984 Argentina 1986 Equador 1988 EUA 1991 Colômbia 1992 México 1992 Uruguai 1992 Venezuela 1992

Alemanha 1993 Bolívia 1993 China 1993

Costa Rica 1993 África do Sul 1994 Moçambique 1995 Botsuana 1996 República Dominicana 2002 Panamá 2004 Djibuti 2007 Iraque Kuwait Libéria Rússia

Tabela 7 – Evolução do Processo de Internacionalização da Odebrecht

81

B.4 METALFRIO

A Metalfrio Solutions S.A é uma multinacional de origem brasileira e um dos maiores

fabricantes mundiais de equipamentos de refrigeração comercial do tipo Plug-In. Trata-se da

empresa é líder de mercado na América Latina - segundo pesquisa do Freedonia Group e, com

base na pesquisa da Oxygen Trade de 2007, seus produtos estão presentes em 90% dos

estabelecimentos brasileiros que possuem equipamentos do tipo Plug-In, constituindo 38,4%,

de todas as unidades de refrigeradores comerciais instaladas no Brasil (METALFRIO, 2011b).

Os produtos da Metalfrio são utilizados como ferramentas de merchandising, constituindo,

portanto, parte da estratégia de marketing das indústrias de bebidas e sorvetes. Por essa razão,

a maior parte dos produtos possui design diferenciado e customizado para divulgação visual

da logomarca de cada cliente.

Por meio de venda direta ou através de seus distribuidores e representantes comerciais,

localizados em 74 países nos cinco continentes. A Metalfrio opera cinco unidades industriais,

sendo duas localizadas no Brasil, uma na Turquia, uma na Rússia e uma no México, além de

um centro de distribuição próprio nos Estados Unidos da América.

A empresa encerrou 2010 com faturamento de R$ 783,5 milhões, 71,3 % nas Américas e

28,7% na Europa, com margem EBITDA de 12,5% e Lucro Líquido 9,0% (METALFRIO,

2011a).

A empresa foi criada em 1960 para produzir componentes de sistemas de refrigeração, mas

mudou seu foco para atender à demanda específica de fabricantes de bebidas e sorvetes, que

até então fabricavam cada qual seus próprios equipamentos. Em 1989, a fabricante de

82

eletrodomésticos Continental 2001 adquire participação majoritária na Metalfrio e, em 1991, a

Continental 2001 é comprada pelo grupo alemão Bosch Siemens Hausgerate (BSH). Nesta

ocasião a BSH compra o restante da participação no capital social da Metalfrio, que passa a

ser uma de suas divisões. A BSH fez importantes investimentos para torná-la a primeira

unidade industrial ecologicamente projetada em seu setor na América Latina.

Em 2001, a BSH decidiu transformar a Metalfrio em uma empresa independente e em janeiro

de 2004, a Metalfrio foi vendida ao grupo Artésia, empresa de gestão de recursos comandada

pelos sócios: Marcelo Faria de Lima e Márcio Camargo, ambos oriundos do Banco Garantia.

Os novos acionistas estabeleceram o objetivo de tornar a companhia uma das líderes mundiais

do setor de refrigeração comercial Plug-In até 2010, iniciaram um processo de crescimento

acelerado, focado na ampliação das margens de rentabilidade com incentivos apropriados para

os funcionários, na redução de custos, aumento da eficiência da cadeia de valor e inovação de

produtos, na aceleração do crescimento, internacionalização do grupo e na aplicação de

melhores práticas de governança corporativa. O crescimento nos resultados foi obtido através

do direcionamento dos negócios para produtos e clientes de maior rentabilidade.

Em julho de 2006, a Metalfrio adquiriu do Grupo Caravell/Derby, com ativos localizados na

Dinamarca e Rússia, as patentes e marcas (Caravell, Derby, Gram, e Esta, todas de renome

internacional). A aquisição a transformou na terceira maior companhia de refrigeração

comercial no mundo, com um faturamento estimado em R$ 400 milhões.

O Grupo Caravell/Derby desenvolveu tecnologia de ponta e uma rede de 111 distribuidores

nos cinco continentes. A marca Caravell possuía reconhecimento global pela qualidade,

design e tecnologia de seus produtos com forte presença na Europa e EUA, além de posição

83

de destaque na Rússia, Leste Europeu e Austrália. Em dezembro do mesmo ano, a Metalfrio

adquiriu ativos da Coldmotion (produtos de refrigeração), ativos da Caravell USA (incluindo

um centro de distribuição localizado no Estado do Texas, EUA, e a marca Caravell USA) e

ativos da RPS, que oferece serviços de manutenção de refrigeradores comerciais nos EUA,

agregando relacionamentos com clientes e estrutura de distribuição e de serviços de suporte e

pós-venda.

Também em 2006 a Metalfrio realiza uma joint venture com o grupo OzLider para se

beneficiar da ausência de barreiras comerciais entre a Turquia e o mercado europeu, bem

como de sua localização estratégica, além do grande número de fornecedores presentes na

região e dos custos competitivos de mão-de-obra, componentes, matéria-prima e frete.

No ano de 2007 o foco das aquisições se voltou para o México. Adquiriu 100% do capital

social da Refrigeración Nieto, uma tradicional empresa de refrigeração comercial mexicana, e

o direito do uso das marcas Nieto e Silverfox por 36 meses; 83,3% do capital social da

Enerfreezer (hoje subsidiária da Refrigeración Nieto). A Metalfrio unificou as operações

mexicanas em 2008, centralizadas em sua unidade industrial na cidade de Celaya

Em 2008 adquiriu 71% do total do capital social da Senocak, holding do grupo de fabricação

e comercialização de equipamentos de refrigeração comercial na Turquia, Ucrânia e Rússia.

Esta aquisição permitiu à Metalfrio a integração das suas operações na Rússia, Dinamarca e

na Turquia, visando o aproveitamento de sinergias, à otimização das operações fabris e à

maximização da estrutura comercial. Atendendo uma exigência normativa do mercado turco,

em 2009 realiza a aquisição da Klimasan (Companhia aberta turca), controlada pela Senocak.

84

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual

Aquisição Dinamarca 2006

Ucrânia 2008 EUA 2006

Dinamarca 2006

Rússia 2006, 2008 México 2007 (2x) Turquia 2007, 2008

Investimento Direto

Tabela 8 – Evolução do Processo de Internacionalização da Metalfrio

B.5 MARFRIG

A Marfrig Alimentos S.A. é uma companhia de alimentos com atividades nos segmentos de

processamento e distribuição de produtos de carne bovina, suína, ovina e avícola In natura,

Processadas e Industrializadas a clientes no Brasil e no exterior, além da distribuição de

outros produtos alimentícios (batata pré-cozida congelada, legumes, embutidos, pescados,

pratos prontos e massas). A base operacional, diversificada e flexível, inclui 151 unidades

produtivas, localizadas em 22 países, nos 5 continentes (MARFRIG, 2011c).

O Grupo realizou 40 aquisições nos três últimos anos (entre 2008 e 2010), a maior parte delas

no exterior. Seus produtos são exportados para mais de 100 localidades globais (MARFRIG,

2011b).

A Marfrig foi fundada em 1986 por Marcos Molina, atual diretor-presidente do grupo, como

uma empresa de distribuição de cortes bovinos, suínos, aves, pescados e vegetais congelados

importados (MARFRIG, 2011b).

85

Companhia aberta desde 2007, negociada no Novo Mercado, o grupo encerrou 2010 com um

faturamento de R$ 15,9 Bi com 9,5 % de EBITDA, mais de 90 mil funcionários e 150

unidades de produção, comerciais e de distribuição (64% localizadas no exterior)

(MARFRIG, 2011d).

A empresa tem o crescimento no mercado internacional como meta estratégica, buscando

aumento de participação nos mercados onde atua, focando em produtos de maior valor

agregado. Em sua estratégia está definido que ampliará capacidades das unidades existentes,

mantendo o faturamento balanceado em suas linhas de produto, buscará ativamente

oportunidades de investimento e aquisições. O foco desta ação é voltado para a América do

Sul em razão do ambiente propício para consolidação dos produtores, replicando movimento

já ocorrido na América do Norte e Europa, e os objetivos primordiais são: acrescentar

mercado, adicionar novos produtos, ofereçam ganhos de escala e captura de sinergias

operacionais. Existe também uma ação sobre o portfólio de marcas do grupo de modo a se

arquitetar uma estrutura que seja reconhecida como sinônimo de qualidade superior e

confiança, que permita a política de preços diferenciada. O plano também identifica muitas

oportunidades para crescimento nos mais de 100 mercados que atende através da introdução

de outros produtos do portfólio ainda não explorados nestes mercados. Outra fonte de

crescimento é o atendimento do mercado de food-service onde a empresa aproxima seu

relacionamento com o cliente e captura margens maiores. (MARFRIG, 2011d)

Como uma de suas competências diferenciadas, a Marfrig possui um histórico de sucesso na

integração das empresas adquiridas no Brasil e exterior. Realizando estes processos de forma

rápida e captando sinergias. Entre 2008 e 2010 foram 38 aquisições e integrações

(MARFRIG, 2011c).

86

Em 2006 a empresa faz seu primeiro acesso ao Mercado de Capitais através de emissão de

BONDS. Já em 2007faz a oferta pública inicial de ações no Novo Mercado da Bovespa. Neste

mesmo ano a Marfrig entra no Uruguai com a aquisição de 3 empresas, visando à captura de

tecnologia de última geração; e na Argentina, com aquisição de empresa líder no mercado

interno e se aproveitando da credibilidade do alto controle sanitário do país que o autorizava a

ter cota de exportação para a Comunidade Europeia quase 6 vezes maior que a do Brasil.

Em 2007, com a aquisição do Frigorífico Patagônia no Chile, a Marfrig passou a contar com a

possibilidade fornecer produtos Kosher para mercados de consumo que seguem a orientação

judaica.

Adquire, em 2009, a totalidade do negócio brasileiro de proteínas animais (aves, suínos e

industrializados) da Cargill Inc, representado pela Seara Alimentos S.A. e por afiliadas na

Europa e na Ásia, incluindo a marca SEARA no Brasil e no Exterior, 12 plantas no segmento

de produtos processados de valor adicionado e industrializados de aves e suínos e um terminal

portuário.

Nova aquisição de impacto ocorre em 2010, desta vez foi a Keystone Foods, empresa de

atuação global, maior fornecedor de hambúrgueres para a rede mundial do McDonald’s, que

representa 90% de suas receitas. A empresa possui 54 unidades de abate, industrialização e

distribuição espalhadas pela América do Norte, Europa, Oriente Médio, Ásia, Austrália e

Nova Zelândia. Esta aquisição gerou preocupação dos analistas do mercado com o nível de

endividamento após a onda de aquisições da empresa, sua capacidade de integrar esta

operação e entregar resultados aos acionistas. As ações da companhia caíram quase 4 % nos

dois após o anúncio desta aquisição (MARFRIG, 2011a).

87

Com este negócio e a consolidação de uma plataforma global de operações, o presidente do

grupo afirmou que seria o fim do ciclo de crescimento por aquisições, e voltar seu foco para a

geração de receita.

No início de 201,1a Keystone Foods, subsidiária da Marfrig na China, anuncia a criação de 2

joint ventures como objetivo de explorar oportunidades de fornecimento de alimentos. Uma

voltada para logística multi-temperatura e distribuição, com a COFCO, empresa com grande

conhecimento do mercado local. A segunda JV se dá com a Chinwhiz focada no mercado de

produtos industrializados de aves, através de uma solução completa de integração vertical e

cadeia de fornecimento.

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta 2001 Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual Chile 2006 China 2011

Chile 2006, 2007 Argentina 2007 China 2011

Aquisição

Argentina 2009 México2009 EUA 2009 Alemanha 2009 África do Sul 2009 Chile 2009 Hong Kong 2009 China 2009

Chile 2007 (2x)

Reino Unido 2008, 2010 França 2010

Oriente Médio 2010

Argentina 2006, 2007(2x) Uruguai 2006 (4x), 2007, 2009 EUA 2007, 2010

Europa 2008, 2009, 2010 Ásia 2009, 2010

Oceania 2010

Investimento Direto Chile 2006

Tabela 9 – Evolução do Processo de Internacionalização da MARFRIG

88

B.6 VALE

A Vale foi fundada pelo governo brasileiro em 1942 através do encampação da Companhia

Brasileira de Mineração e Siderurgia e da Companhia Itabira de Mineração. (VALE, 2011a)

Vale nasceu voltada para o mercado externo, na tentativa de atender a uma demanda

específica por matéria prima durante a Segunda Guerra Mundial. Portanto, parte de seu capital

inicial (incorporação de empresas via acordo), parte dos recursos necessários para sua

constituição (empréstimos internacionais e investimentos do governo brasileiro) e o

crescimento inicial deveram-se à demanda de minério de ferro por Inglaterra e EUA na

conjuntura da guerra. A Vale tornou-se uma empresa criada por interesses internacionais

acoplados aos nacionais e para vender um produto específico do qual o Brasil é um grande

produtor, no mercado internacional. (DALLA COSTA, 2009)

Em 1974 a Vale se torna a maior exportadora de minério de ferro do mundo e em 1975 faz o

primeiro lançamento de debêntures no mercado internacional. Em 1989 o Plano Estratégico

1989-2000 o foco da empresa é posto na internacionalização e 1994 a Vale lança seu

programa de American Depositary Receipts (ADR) negociáveis no mercado de balcão nos

Estados Unidos. Incluída no Programa Nacional de Desestatização em 1995 ela é privatizada

em 1997. Já nos dois anos seguintes à privatização os resultados são impressionantes. No

primeiro ano a empresa cresce 46% e no segundo seu lucro ultrapassa R$ 1 Bi, recorde até

então. Em 2003 os negócios com as ações da Vale na Bolsa de Nova York já representam o

dobro dos realizados na Bovespa.

As vésperas de completar setenta anos a Vale detém a liderança mundial na produção e

exportação de minério de ferro e pelotas, importante produtora níquel, cobre, carvão, bauxita,

89

alumina, alumínio, potássio, caulim, manganês, ferro-ligas, cobalto, metais do grupo de

platina e metais preciosos. Além disso, atua nos segmentos de logística, energia e siderurgia.

Hoje a Vale é uma empresa global, presente em 38 países, com faturamento em 2010 de R$

85,3 Bi e margem EBITDA de 48,7%. Possui mais de 119 mil empregados diretos, além de

outros 54 mil envolvidos em projetos da companhia.

Trata-se da segunda empresa mineradora do mundo e a maior das Américas, baseada em

capitalização de mercado. É a maior produtora mundial de minério de ferro e pelotas e a

segunda maior produtora global de níquel. Uma dos maiores produtoras mundiais de

manganês e ferro ligas. Para sustentar esta estratégia de crescimento, participa ativamente da

exploração mineral em 24 países. Opera um grande sistema de logística no Brasil, incluindo

ferrovias, terminais e um porto marítimo, integrados às operações de mineração. Diretamente

e por intermédio de afiliadas e de joint ventures, possui importantes investimentos no setor

energético e do aço. (VALE, 2011b).

90

AÇÕES INTERNAS Início

Exportação direta

Inglaterra 1943; EUA 1948; Canadá 1948; Holanda 1948; Bélgica 1948;

França 1949; Alemanha 1950,1962 (longo prazo); Áustria 1952;

Tchecoslováquia 1954; Polônia 1954; Itália 1954; Hungria 1957; Suíça 1957; Finlândia 1957; Japão 1962 (longo prazo); Argentina 1962; China 1974; Espanha 1966; Iugoslávia 1961; Luxemburgo 1962;México 1967;

Portugal 1965; Romênia 1961; Turquia 1970

Agente / Representante Japão 1953 Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição / Logística

Produção Exploração P&D

Associação contratual Bahrain 2000

Bahamas 1967 Brasil/Japão 2003 Malauí

Brasil/China 2007 China Taiwan Coréia do Sul Japão

Brasil/EUA 1970 (Carajás) Brasil/Canadá 1972 Moçambique 2009 Guiné 2010

Zâmbia Congo China Cazaquistão Austrália

Brasil/EUA 1972 (Carajás) Moçambique 2004 África/Japão 2008 (JOGMEC)

Aquisição Canadá 2006

Austrália 2007 Colômbia 2009

Gabão

Investimento Direto

Omã 2009

Angola África do Sul Dubai Índia China Tailândia Japão Filipina Cingapura Nova Caledônia

Libéria 1966, 2010 Omã 2009

Malásia Indonésia

Omã 2009

Indonésia

Moçambique 2006 Angola Índia Mongólia Filipinas Indonésia Nova Caledônia

Tabela 10 – Evolução do Processo de Internacionalização da Vale

B.7 SABÓ

A Sabó foi fundada em 1939 e é o legítimo sobrevivente do mercado nacional de autopeças

após a onda de aquisições por parte das grandes empresas estrangeiras que assolou o Brasil no

início da década de 1990. A empresa faturou em 2010 R$ 568 milhões e planeja crescer 15%

nos próximos cinco anos. Em 2010 o Brasil representou 57,5% deste faturamento, mas a

91

empresa projeta uma queda nesta participação com o aumento das receitas das operações no

exterior (BESSA, 2011)

Como um dos líderes mundiais no desenvolvimento de soluções em vedação e condução para

a Indústria Automobilística Mundial, a Sabó investe cerca de 6% do seu faturamento em

P&D, e já conquistou mais de 200 prêmios de qualidade. É uma multinacional brasileira, de

capital fechado e controle familiar, com plantas, escritórios e quase 4.000 funcionários,

distribuídos estrategicamente juntos aos principais centros de desenvolvimento de tecnologia.

Com atuação global e integrada, possui plantas no Brasil, Argentina, Estados Unidos,

Alemanha, Áustria, China e Hungria; e escritórios técnico-comercias na França, Inglaterra e

Japão. Seus produtos chegam a mais de 70 países (SABÓ, 2011a).

A estratégia da empresa, apoiada em sua forte capacidade de pesquisa e desenvolvimento, e

da crença de que uma empresa de autopeças precisa participar da fase de desenvolvimento dos

novos modelos; foi de se aproximar dos fornecedores líderes da indústria automotiva na

Alemanha, nos Estados Unidos e no Japão, que constituíam o epicentro desta indústria. Assim

a Sabó iniciou seu processo de internacionalização para evitar que, com operações apenas no

Brasil, no longo prazo terminasse na categoria dos fornecedores de margens reduzidas

(GALLINA et al., 2006).

O processo de internacionalização se iniciou pela Argentina aproveitando as perspectivas do

Mercosul ainda em formação. Em 1992 a empresa adquiriu duas plantas industriais e as

consolidou em uma única unidade. Com este movimento a Sabó consegui unir a liderança de

mercado de peças de reposição de uma delas com a exclusividade de vendas diretas às

montadoras da outra, tornando-se assim a líder na América Latina no fornecimento de

retentores.

92

O próximo movimento foi a aquisição da Kaco, empresa alemã de 90 anos e com 1.200

empregados. A opção pela a Alemanha neste processo foi em razão da sua reconhecida

excelência em pesquisa e desenvolvimento de plásticos e elastômeros, matérias-primas

essenciais dos produtos da empresa. Tal movimento foi tão ousado que as autoridades alemãs

chegaram a devolver seguidamente a documentação da transação alegando que era necessário

corrigir o erro, pois pensavam que a Kaco é que estava adquirindo a Sabó.

Este movimento permitiu que a empresa conseguisse financiamento subsidiado pelo governo

alemão para a construção da primeira unidade fabril na Hungria. Esta planta se aproveitava da

mão-de-obra mais barata que a alemã e da sua proximidade. A Sabó desenvolveu um modelo

que integrava ambas as operações. Os produtos eram fabricados na Hungria e em seguida

enviados para a Alemanha onde passavam por um processo de acabamento e só então

vendidos para o mundo todo. Movimento idêntico foi feito na Áustria. A força de trabalho das

linhas de produção destas unidades era composta por 90% de mulheres.

Com o salto de US$ 4 milhões para US$ 44 milhões em quatro anos de suas exportações para

os EUA, a Sabó decidiu pela construção de uma planta local, inaugurada em 2007. Com a

unidade americana a empresa ampliou de 10 para 38 o número de clientes locais. Este

investimento foi suportado pela a inserção de uma nova tecnologia patenteada e premiada de

sistema de vedação, diferencial tecnológico que definiu a conquista dos novos clientes.

93

AÇÕES INTERNAS Início

Exportação direta Alemanha 1975

Japão Agente / Representante Licenciamento / Franquia Alemanha 1975

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual

Aquisição Argentina 1992 (2x) Alemanha 1993

Alemanha 1993

Investimento Direto

EUA 1994

Itália 1997

Reino Unido 1997 França Japão

Austrália

Áustria 1993

Hungria 1997, 2001 Argentina 2002 EUA 2007 China 2009

EUA 1994

Tabela 11 – Evolução do Processo de Internacionalização da Sabó

B.8 MARCOPOLO

Fundada em 1949, a Marcopolo é uma fabricante de carrocerias, veículos comerciais leves e

componentes plásticos. É uma sociedade anônima de capital aberto, sediada em Caxias do

Sul, Rio Grande do Sul. O grupo inclui unidades fabris no Brasil e em mais 6 países,

participações relevantes em outras quatro empresas brasileiras, o controle integral do Banco

Moneo S/A, constituído para dar suporte ao financiamento dos produtos Marcopolo

(MARCOPOLO, 2011a).

A empresa estreia na Bovespa em 1978, institui um programa de ADR em 1992 e aderiu ao

Nível 2 de governança corporativa da bolsa brasileira em 2002. Em 1986 a Marcopolo decide

iniciar um processo de implantação do modelo de gestão japonês em suas unidades fabris.

A linha de produtos abrange uma ampla variedade de modelos, composta pelos grupos de

rodoviários, urbanos, micros e minis, além da família Volare (ônibus completo, com chassi e

carroceria). Líder do mercado brasileiro (46,3 % de participação de mercado) e um dos mais

importantes fabricantes mundiais, seus produtos chegam a 103 países.

94

Obteve em 2010 a receita líquida de R$ 2,96 bilhões, com margem EBITDA de 13,4%. Neste

ano a empresa atingiu um ROE de 40%, o mais elevado da história. Cerca de 40% de toda

produção é realizada no exterior. Emprega um total de pouco mais de 20 mil pessoas, sendo

que cerca de 1/5 deste total em suas controladas fora do Brasil (MARCOPOLO, 2011b).

O processo de internacionalização se iniciou por Portugal em 1991. Foi uma forma de ter

acesso à avançada tecnologia de ônibus europeia. Na segunda metade da década de 90, após a

abertura da economia Brasileira e do Plano real de estabilização financeira, os esforços de

internacionalização da empresa se aceleraram. A estratégia era inserir-se em países-membros

de blocos econômicos regionais.

Na Índia, a associação com a Tata Motors, permitiu à Marcopolo se concentrar em seu core

business – montagem de carrocerias; enquanto à Tata ficou a responsabilidade de prover os

chassis e servir de canal de comercialização. Este arranjo também permitiu à Marcopolo

driblar as altas tarifas de importação impostas a fabricantes estrangeiros (MACADAR, 2009).

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Uruguai 1961 Agente / Representante Licenciamento / Franquia / Transferência Tecnológica

China 2001

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual

Argentina 1998 Colômbia 2000

Índia 2006 Rússia 2006 Egito 2008

Aquisição

Investimento Direto

Portugal 1991 México 1999 África do Sul 2000

Tabela 12 – Evolução do Processo de Internacionalização da Marcopolo

95

B.9 ARTECOLA

A Artecola, uma fábrica de colas e tintas, foi fundada em 1948 por Francisco Xavier Kunst e

Albano Adams em Campo Bom, Rio Grande do Sul, para se tornar uma alternativa aos

fabricantes de calçados da região, aos fornecedores de tintas e colas de São Paulo.

Descapitalizados, tiveram com a entrada na sociedade de Ignácio Algayer, em 1954, o folego

necessário para competir no mercado. Em 1959, Algayer deixa a sociedade e a empresa passa

a ser chamada F. Xavier Kunst & Cia. Neste ano o filho de Francisco, Sebaldo Kunst, e seu

genro, Fernando Rauber, entram no quadro societário. A partir desse momento, a trajetória de

crescimento é uma constante, associado a grande expansão do polo calçadista da região de

Novo Hamburgo (SOUZA et al., 2008).

Em 1989 introduz o conceito de unidades de negócios (UEN) e cria a UEN Laminados, com o

conceito de autonomia comercial e mercadológica. Com o crescimento de um polo calçadista

no nordeste brasileiro, em oposição à estagnação dos negócios na sua região de origem, a

Artecola adquire uma planta industrial em Campina Grande, Paraíba, especializada em

adesivos para calçados, e em 1996, adquire uma planta de laminados para calçados em Tatuí,

São Paulo. Atualmente a empresa se divide em quatro UEN: Laminados, Adesivos, Calçados

e MVC (joint venture com a Marcopolo).

A empresa surpreende pela celeridade com que fez aquisições em outros países de

companhias líderes locais na América Latina, alvo inicial do processo de internacionalização

em 2006, e que a levaram a ter sete plantas no exterior. Também chamam atenção as elevadas

taxas de crescimento da Artecola a partir de uma série de acordos comerciais e de

transferência de tecnologia fechados com empresas europeias para acelerar o

desenvolvimento tecnológico de seus produtos (MACADAR, 2009).

96

Já na terceira geração de executivos da família Kunst, a empresa, que fabrica de adesivos a

laminados, plásticos de engenharia e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), tem a

trajetória marcada pela inovação e aplicação de recursos tecnológicos. Por exemplo: de 2004

a 2008, 979 inovações geradas internamente foram implementadas e a receita oriunda de

produtos novos saltou de 22 para 27% no mesmo período, valor muito próximo dos 30%

considerados pela empresa como benchmarking em inovação. Encerrou 2010 com um

faturamento de R$ 391 milhões, conta com 16 unidades industriais, sendo: 9 no Brasil, duas

na Argentina, uma no Chile, uma na Colômbia, duas no México e uma no Peru, um centro de

distribuição em Franca, São Paulo; e seu quadro de funcionários é composto de 1.500

colaboradores, com 33% deles no exterior.

Seu modelo estratégico de crescimento é embasado pelo desempenho regional, América

Latina, conectado a parceiros internacionais: Forbo, grupo químico suíço; Renolit-GOR,

empresa italiana pioneira e líder mundial na produção de chapas termomoldáveis; e

Protechnic, um dos principais fabricantes franceses de adesivos de filmes, webs e nets;

criando uma rede global.

O crescimento de participação das receitas no exterior no resultado da companhia cresceu

continuamente de 21% em 1999 até 45% em 2008, e vem se mantendo neste nível. Em 2010 a

empresa fechou com a FINEP (Financiadora de Projetos do Ministério de Ciência e

Tecnologia) o primeiro projeto de internacionalização da inovação. Foram liberados R$ 16,33

milhões, 49% deste valor para serem aplicados nas unidades dos cinco países ontem tem

plantas industriais. Após 3 projetos executados em parceria com a financiadora, com

resultados consistentes como a linha de produtos Ecofibra, premiada nacionalmente, a

Artecola se qualificou para o desenvolvimento deste projeto.

97

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual México 2000

Aquisição

Argentina 2002, 2007 Colômbia 2004

Chile 2007

Peru 2007

México 2007, 2008

Investimento Direto

Argentina 1997 Chile 2001 México 2003

Peru 2003

Argentina 1997

Chile 2000

Tabela 13 – Evolução do Processo de Internacionalização da Artecola

B.10 LUPATECH

A Lupatech S.A. é um grupo empresarial composto por empresas voltadas principalmente ao

setor de petróleo e gás, fornecendo equipamentos e serviços para a etapa de produção, além de

possuir liderança no Mercosul na fabricação de válvulas industriais e posição de destaque na

produção de componentes para a cadeia automotiva.

Fundada em 1980 como Microinox, que produzia peças para válvulas pelo processo de

microfusão, na cidade de Caxias do Sul no Rio Grande do Sul por Nestor Perirni e outros

sócios; em 1984 a empresa cria a Valmicro em Veranópolis também no Rio Grande do Sul,

para a produção de válvulas manuais e automatizadas para controle de processo. Só em 1993,

quando a Valmicro adquire a Microinox, que a empresa resultante passa a ter a denominação

atual: Lupatech S/A. A empresa continua sua estratégia de abrir novas empresas e, em 1995,

cria a Steelinject, que produz peças para válvulas através do processo de injeção de pós

metálicos e cerâmicos (LUPATECH, 2011).

98

De fundação até 2005 a empresa adotou a estratégia de financiamentos via private equity,

realizando a primeira rodada em 1987, a segunda 1995, a terceira em 2003 e a última em

2005. Após a segunda rodada a empresa faz sua primeira aquisição em 2000: MNA (que

inicialmente produzia rodas e peças fundidas para a indústria automobilística e tornou-se uma

das principais fabricantes de válvulas do país) na cidade de Americana, São Paulo; e após a

quarta, quando a empresa admite como sócios o GP Investimentos e o BNDESPar, a Lupatech

adquire a Carbonox, que produz peças microfundidas para válvulas.

Em 2006 faz seu lançamento de ações na Bovespa, captando R$ 450 milhões, 64% deste

valor, que correspondia a 45% do capital social à época, vinha de investidores estrangeiros e

as ações da companhia negociadas no Novo Mercado. Como resultado desta captação, a

empresa empregou 88% deste valor numa série de 15 aquisições entre 2006 e 2008.

Em 2008 adota uma nova estrutura e organiza as empresas do grupo em três linhas de

negócios:

- Energy Products: Aspro, Lupatech CSL, Lupatech Esferomatic, Lupatech

Fiberware, Lupatech MNA, Lupatech Monitoring Systems, Lupatech Oil and Gas

Services, Lupatech Oil Field Services - HS, Lupatech Oil Tools, Lupatech Tecval,

Lupatech Tubular Services, Norpatagonica e Senergás.

- Flow Control: Jefferson, Lupatech Mipel, Lupatech Valmicro e Valbol;

- Metalurgia: ITASA, Microinox e Steelinject.

Em 2010 a empresa contava com: 3.560 funcionários, 29% nas operações internacionais; 22

plantas industriais, situadas no Brasil, Argentina e Colômbia; receitas de R$ 581,6 milhões e

margem EBITDA de 11,7%.

99

Em 2006 a empresa faz sua primeira aquisição internacional. A Lupatech adquire a totalidade

das ações da Itasa, empresa argentina. Com a aquisição a empresa teve acesso à tecnologia

desenvolvida pela Itasa e se reforçou no mercado latino-americano no setor de válvulas de

esfera de alta resistência à corrosão. Ainda em 2006, a Lupatech adquire duas outras empresas

argentinas, ambas ligadas ao negócio de válvulas de esfera de alta tecnologia, com

certificações internacionais, voltada para o mercado de óleo e gás (FRANCESCHINI, 2009).

Em 2007 foi a vez da aquisição da produtora argentina de válvulas solenoides Jefferson

Sudamericana S/A, com escritórios comerciais nos EUA, México e Brasil. Os produtos desta

empresa já eram comercializados em mais de 20 países. Também em 2007 a Lupatech

anuncia a compra de 50% do capital da Aspro, produtora de equipamentos e sistemas de

compressão de gás natural veicular. A empresa argentina era líder mundial, com 25% do

mercado e seus produtos eram exportados para cerca de 30 países.

Um acordo comercial com o grupo espanhol Vicinay para a exploração conjunta de

oportunidades de mercado para cabos de poliéster e amarras para ancoragem de plataformas

petrolíferas foi assinado em 2008. O grupo é líder mundial na produção de amarras para

plataformas, sócio da empresa brasileira Brasilamarras e tem sinergia com a Cordoaria São

Leopoldo (CSL), empresa da Lupatech, adquirida em 2007.

A prestadora de serviços petroleiros e intervenção em poços argentina Norpatagonica foi

adquirida também em 2008, mas o processo de aquisição só foi encerrado em 2009.

Estas aquisições atendiam o objetivo de complementação da linha de produtos e serviços para

clientes do setor de óleo e gás.

100

Em 2010 a companhia anuncia a aquisição da HS, empresa colombiana de serviços de

aquisição de dados de poços e reservatórios, e operações de poços de petróleo.Com a compra

da HS, a Lupatech planeja prestar serviços para empresas que exploram e produzem petróleo

na Colômbia. A HS possuía contratos de prestação de serviços com a Petrobras. A estratégia

do grupo é não limitar a operação de poços de petróleo apenas à Colômbia, mas também

operar no Brasil e em outras partes do mundo por meio da subsidiária Lupatech Oilfield

Services, joint venture entre a Lupatech, que detém 85% do capital total da companhia, e a

Penta, empresa brasileira de serviços do setor criada em 2009.

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual EUA 2002 Espanha 2008

Colômbia 2010 Argentina 1992, 2007

Aquisição EUA 2007 México 2007

Argentina 2009 Argentina 2006 (3x), 2007

Investimento Direto

Tabela 14 – Evolução do Processo de Internacionalização da Lupatech

B.11 CAMARGO CORRÊA

O grupo Camargo Corrêa, composto por 30 empresas, atua em engenharia e construção,

cimento, indústrias de calçados esportivos e têxteis, siderurgia, gestão ambiental e concessões

de serviços nas áreas de energia e transporte.

O Grupo encerrou 2010 com receita líquida consolidada de R$ 17,9 bilhões com margem

EBITDA de 17,7%. São 61,5 mil profissionais, 17% atuando nos 10 países estrangeiros onde

a empresa mantém operações (CAMARGO CORRÊA, 2011).

101

Atuando oficialmente como construtora desde 1939, como Camargo, Corrêa e Cia. Ltda.,

tendo como sócios: Sebastião Ferraz de Camargo Penteado, Sylvio Brand Corrêa e Mauro

Marcondes Calasans. Em 1946 adota o nome Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A.

Em 1949 funda a Companhia Jauense Industrial, empresa de fiação, em 1956 adquire a

Companhia Auxiliar de Viação e Obras (CAVO) e em 1968 funda a Camargo Corrêa

Industrial, futura Camargo Corrêa Cimentos. Em 82 e 84 o grupo se torna acionista da

Alpargatas e Alcoa, respectivamente. No ano de 1996 a empresa obtém concessões de

diversas vias rodoviárias importantes, constitui a holding Camargo Corrêa S/A e passa a fazer

parte do grupo controlador da Usiminas. 1997 é o ano em que o Grupo adquire participação

na Companhia Paulista de Força e Luz (SOARES et al., 2008).

O século XXI marca a reestruturação do Grupo e consolida a estratégia de diversificação:

Para administrar suas concessões a empresa cria a Companhia de Concessões Rodoviárias –

CCR; obtém o controle da Alpargatas em 2002; constitui o Estaleiro Atlântico Sul em 2005;

inicia negociação das ações da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário na Bovespa em

2007; e assume 100% do capital da VBC.

A execução de projetos no exterior se inicia com a construção da usina hidrelétrica de Guri na

Venezuela, finalizada em 1983. O ano de 2005 marca algumas iniciativas importantes do

processo de internacionalização do Grupo: aquisição da cimenteira argentina Loma Negra,

conquista da obra da Rodovia Interoceânica no Peru e da Hidrelétrica Porce III na Colômbia.

Em 2008 o Grupo adquire a Alpargatas Argentina, e em 2009 estabelece a A-Port, uma joint

venture com Flughafen Zürich AG (Suíça) e com a Gestión e Ingeniería S.A.-IDC (Chile).

Neste mesmo ano, compra 51% do Aeroporto de Curaçao. Também em 2009, a Camargo

Corrêa inicia as obras da Mina de Carvão Moatize em Moçambique.

102

Em 2010 o Grupo passa a ser o maior acionista do grupo cimenteiro de origem portuguesa

Cimpor, que está entre os maiores no ranking mundial. Suas atividades se estendem por

diversos países como Portugal, Espanha, Moçambique, Marrocos, Brasil, Tunísia, Egito,

África do Sul, Cabo Verde, Turquia, China, Peru e Índia. A Cimpor também atua nas áreas de

produção e comercialização de cal hidráulica, concreto e agregado, pré-fabricação de concreto

e argamassas.

A Alpargatas abre a primeira loja exclusiva das Havaianas no EUA em julho de 2010. E neste

mesmo mês a Camargo Corrêa Cimentos inicia a construção da fábrica de cimentos Yguazú

no Paraguai. Neste ano a divisão de Engenharia e Construção realizou 9 projetos em 6 países:

Peru, Venezuela, Colômbia, Moçambique, Angola e Argentina.

A A-Port, ao longo de 2010, assume a concessão de 3 aeroportos no Chile e opera contratos

de serviços em um aeroporto na Colômbia e 3 em Honduras (CAMARGO CORRÊA, 2010).

103

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta Agente / Representante Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual Suíça/Chile 2007

Aquisição Curaçao 2009

Argentina 2005

Portugal 2010

Espanha 2010 Moçambique 2010 Marrocos 2010 Tunísia 2010 Egito 2010 África do Sul 2010 Cabo Verde 2010 Turquia 2010 China 2010 Peru 2010 Índia 2010

Investimento Direto

Venezuela 1983 Peru 2005

Colômbia 2005

Moçambique 2009 Argentina 2010

Angola 2010 Chile 2010 (3x)

Paraguai 2010

Tabela 15 – Evolução do Processo de Internacionalização da Camargo Corrêa

B.12 WEG

A WEG iniciou suas atividades em 1961, na cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.

Inicialmente se denominava Eletromotores Jaraguá Ltda. A marca WEG, que em alemão quer

dizer caminho; vem das iniciais de seus fundadores, o eletricista Werner Ricardo Voigt, o

administrador de empresas Eggon João da Silva e o mecânico Geraldo Werninghaus. criaram

a marca WEG com as iniciais dos seus nomes (PREDEBON, 2010).

104

Partindo de uma estratégia baseada em confiabilidade técnica, desde a sua fundação, procurou

desenvolver uma rede de assistência técnica altamente qualificada, iniciando o

credenciamento dos primeiros assistentes técnicos ainda nos anos 1960.

O Grupo WEG figura entre os maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, a

WEG atua nas áreas de comando e proteção, variação de velocidade, automação de processos

industriais, geração e distribuição de energia e tintas e vernizes industriais, tendo fechado o

ano de 2010 com um faturamento consolidado de R$ 5,3 bilhões, com margem EBITDA de

18%, 22,2 mil funcionários (WEG, 2011).

O grupo tem sua sede e principais unidades industriais em Jaraguá do Sul e mais 10

espalhadas pelo Brasil. No exterior, a WEG possui unidades fabris na Argentina, México,

Portugal, África do Sul, China e Índia, além de instalações de distribuição e comercialização

nos EUA, Venezuela, Colômbia, Chile, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, França, Espanha,

Itália, Suécia, Austrália, Japão, Cingapura, Índia, Rússia e nos Emirados Árabes Unidos.

Produzindo inicialmente motores elétricos, a WEG começou a ampliar suas atividades a partir

da década de 80, com a produção de componentes eletroeletrônicos, produtos para automação

industrial, transformadores de força e distribuição, tintas líquidas e em pó, e vernizes

eletroisolantes. Cada vez mais a empresa está se consolidando não só como fabricante de

motores, mas como fornecedor de sistemas elétricos industriais completos.

Já em 1965 a empresa foi transformada em sociedade anônima e em 1971, as ações da

Companhia passaram a ser negociadas em bolsa de valores.

105

A atuação no mercado externo teve início em 1970, com a exportação de motores elétricos

para países do continente latino-americano. Inicialmente, sua estratégia foi utilizar uma rede

ampla de representantes comerciais e distribuidores, que lhes permitiu atingir rapidamente

mais de 60 países com os seus produtos.

Em 1972 iniciou a ampliação de sua capacidade fabril, para atender a crescente demanda, e a

integração vertical com o desenvolvimento de capacidade própria de fundição em busca da

autossuficiência na produção das carcaças de motores, máquinas para usinagem e

ferramentaria. Em setembro de 1975, atingiu a marca de 1 milhão de motores elétricos

produzidos, consolidando a marca WEG e tornando-se o maior fabricante de motores elétricos

da América Latina e o líder das exportações brasileiras deste produto.

A diversificação das atividades veio no início da década de 1980 com a constituição da WEG

Máquinas S.A, para produzir máquinas elétricas girantes de grande porte e motores de

corrente contínua e de média e alta potência, além de geradores de energia; e WEG

Acionamentos S.A. cujo objetivo era produzir componentes eletroeletrônicos e desenvolver

engenharia de aplicação para sistemas industriais, proteção de motores e informática

industrial, desenvolvendo controladores programáveis, destinados ao comando e controle de

processos industriais.

Neste processo de verticalização, a WEG: adquire, em 1981, a Ecemic Indústria de

Transformadores, formando a WEG Transformadores S.A.; e as Tintas Michigan S.A., em

1983, fabricante de tintas industriais e eletroisolantes, localizada em Guaramirim em Santa

Catarina, renomeada para WEG Química S.A.; constitui, no ano de 1986, a WEG Automação

S.A; adquire os controles da Trafo Equipamentos Elétricos S.A e da HISA Hidráulica

Industrial S.A. em 2007; e assume o controle da Instrutech, em 2010.

106

O processo de internacionalização tem novo fôlego em 1991 e 1992. Para apoiar as

exportações foram criadas as primeiras estruturas próprias de distribuição dos seus produtos

no exterior por meio de subsidiarias. Essa estratégia permitiu dar novo impulso aos seus

negócios internacionais, que não mais dependiam, nos principais mercados, da capacidade

financeira e do desempenho dos representantes e distribuidores no exterior. Atualmente, conta

com mais de 20 distribuidores e comercializadores próprios fora do Brasil, em países das

Américas, Europa, Ásia e Oceania, além de continuar utilizando representantes e

distribuidores em diversos outros mercados.

Em sua primeira iniciativa de produzir no exterior e buscando atende de forma mais proativa

o mercado argentino, a WEG estabeleceu uma joint venture com um produtor local em 1994.

Por conta da falência deste parceiro a empresa se viu envolvida em um processo trabalhista.

Este fato foi determinante na estratégia futura da companhia, que passou a preferir a aquisição

de empresas argentinas ao invés de parcerias.

Com o objetivo de melhorar as condições de competitividade mercado internacional, adotou,

a partir de 2000, a estratégia de adquirir e/ou implantar unidades de produção no exterior.

Neste mesmo ano adquiriu uma fábrica de motores elétricos e outra de disjuntores na

Argentina e uma fábrica de motores elétricos de baixa tensão no México. Adicionalmente,

adquiriu fábricas de motores elétricos em Portugal em 2002 e na China ao final de 2004. Esta

última aquisição se mostrou um desafio. A empresa adquirida era uma estatal e sua equipe de

profissionais não tinham a cultura de empresa com concorrentes. A WEG, por dois anos

manteve a marca da empresa adquirida, usando este tempo como aprendizado.

107

Em maio de 2006, adquiriu participação no capital da Voltran, uma empresa constituída no

México, fabricante de transformadores elétricos e constituiu, em parceria com a Voltran, a

WEG Transformadores México.

Finalmente, em 2010, adquiriu o controle da ZEST, empresa sul-africana líder de mercado na

distribuição e na integração de sistemas e produtos eletroeletrônicos para uso industrial. Foi

também negociada a aquisição adicional de 30% do capital social da fabricante mexicana de

transformadores Voltran. Ainda em 2010 o Grupo constrói o novo parque fabril da WEG na

Índia (WEG, 2011b).

AÇÕES INTERNAS Início Exportação direta América Latina 1970 Agente / Representante 60 países 1970/1980 Licenciamento / Franquia

AÇÕES EXTERNAS Escritório Comercial

Distribuição Montagem /

Serviços Produção P&D

Associação contratual Argentina 1994 México 2006

Aquisição África do Sul 2010

Argentina 2000 México 2000, 2010 Portugal 2002 China 2004

Investimento Direto

1991/1992 EUA Venezuela Colômbia Chile Alemanha Inglaterra Bélgica França Espanha Itália Suécia Austrália Japão Cingapura Índia Rússia Emirados Árabes Unidos

Índia 2010

Tabela 16 – Evolução do Processo de Internacionalização da WEG

108

AN

EX

O C

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

Américas do Sul e Central

América do Norte

Europa

Oriente Médio

África

Ásia

Oceania

24

81

45

11

23

31

33

12

11

13

41

61

14

15

53

13

31

13

92

23

41

49

38

19

21

31

04

64

51

10

61

Expo

rtação4

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2010 - 2011

Asso

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