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Director: Joaquim Rocha da Cunha | Setembro/Outubro de 2008 | Ano V | Número 30 | Mensal | 1,50 euros CONCURSO EUROPEU Prémio para reduzir a burocracia Grupo de peritos europeus, que integra vice-presidente da PME-Portugal, lança con- curso para estimular formas inovadoras que reduzam a burocracia. Página 4 ESTUDO Quem são os empreendedores portugueses Maioritariamente homens, ainda jovens, com cada vez maior nível de habilitações académicas. Em traços ge- rais é este o perfil do empre- endedor português. Páginas 20 e 21 INTERNACIONALIZAÇÃO IDEIA ATLÂNTICO abre centro de negócios em Angola Nova infra-estrutura, instala- da em Luanda, tem oferta de serviços idêntica à exis- tente em Portugal. Páginas 18 a 21 É uma alternativa com viabilidade. Contando já com mais de 600 promotores, o movimento “IVA com Recibo” vem lembrar que, actualmente, a maioria das em- presas portuguesas ficam sujei- tas a pagamento de IVA assim que emitem facturas. Para o caso não interessa se esta é paga ou não atempadamente. Certo é que, no caso das mesmas não serem pagas dentro dos prazos acordados, as empresas “aca- bam por sofrer fortes problemas de liquidez e de solvência”. O JORNAL DAS PME entrevistou Sofia Santos, uma das promoto- ras deste movimento, que expli- ca porque é que faz sentido fa- lar-se em “IVA com recibo“. Páginas 8 a 10

INTERNACIONALIZAÇÃO IDEIA ATLÂNTICO abre segurança social em mercados de alto ris-co e em off-shores, vem agora condenar esses mercados. Com que coerência? Com que objectivo,

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Director: Joaquim Rocha da Cunha | Setembro/Outubro de 2008 | Ano V | Número 30 | Mensal | 1,50 euros

CONCURSO EUROPEU

Prémio para reduzir a burocraciaGrupo de peritos europeus,que integra vice-presidenteda PME-Portugal, lança con-curso para estimular formasinovadoras que reduzama burocracia.

Página 4

ESTUDO

Quem são osempreendedoresportuguesesMaioritariamente homens,ainda jovens, com cada vezmaior nível de habilitaçõesacadémicas. Em traços ge-rais é este o perfil do empre-endedor português.

Páginas 20 e 21

INTERNACIONALIZAÇÃO

IDEIA ATLÂNTICO abrecentro de negóciosem AngolaNova infra-estrutura, instala-da em Luanda, tem ofertade serviços idêntica à exis-tente em Portugal.

Páginas 18 a 21

É uma alternativa com viabilidade.Contando já com mais de 600promotores, o movimento “IVAcom Recibo” vem lembrar que,

actualmente, a maioria das em-presas portuguesas ficam sujei-tas a pagamento de IVA assim

que emitem facturas. Para o casonão interessa se esta é paga ou

não atempadamente. Certo éque, no caso das mesmas nãoserem pagas dentro dos prazos

acordados, as empresas “aca-bam por sofrer fortes problemas

de liquidez e de solvência”.O JORNAL DAS PME entrevistou

Sofia Santos, uma das promoto-ras deste movimento, que expli-ca porque é que faz sentido fa-

lar-se em “IVA com recibo“.Páginas 8 a 10

ficha técnicaDirector: Joaquim Rocha da Cunha | Edição, Redacção e Departamento Comercial: Avalanche d’Ideias - Rua André Soares Nº 755, 1º Esq., Sala 7, 4715-035 Braga | Telefone: 253 609

988 | Fax: 253 206 432 | email: [email protected]| Grafismo e Produção: Cunh@ | Impressão: Naveprinter | Tiragem: 40000 exemplares| Depósito Legal 225578/05

| Registo ICS: 124583 | Distribuição gratuíta aos associados da PME-Portugal | Preço de capa: 1,50 euros

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ABERTURA

Página 2 | Setembro/Outubro de 2007

SOBE & DESCEJOAQUIM ROCHA DA CUNHA, DIRECTOR DO JORNAL DAS PME

Quando escrevo este editorial, rezono meu íntimo para quando elesair, ainda exista economia. Desde

há pelos duas semanas, que os sinais de ter-mos uma recessão e uma grande depressãocomo a de 1929, que lentamente faliu quasetodo o mundo e colocou os populistas nopoder. Hitler é um resultado dessa recessãoe da hiperinflação alemã da época.

Só que em mercados totalmente frenéti-cos, interligados e hiper-voláteis, a cada si-nal negativo caem cotações e abram falên-cia os pilares do sistema, os bancos e segu-radoras estouram num overnightimpensável.

A economia real não pode nem vai esca-par. Por cá, alguns julgam estarmos imunes,e discutem-se décimas no crescimento. EmEspanha antecipa-se a assume-se a inevitá-vel recessão e desemprego. São hábitos,feitios e costumes, posturas de Estado dife-rentes.

Perorar o capitalismo selvagem, dizerque estamos à margem dos EUA, era umairresponsabilidade europeia até há umasemana. Mas entretanto começaram-se anacionalizar bancos tão pequenos como oFORTIS do Benelux, e a superioridademoral das autoridades do euro estreme-ceu. Afinal também era com eles! Por cáopta-se por incendiar essa onda populista,e o mesmo Estado que aplica dinheiro da

segurança social em mercados de alto ris-co e em off-shores, vem agora condenaresses mercados. Com que coerência?Com que objectivo, que não seja o ime-diatismo de curto prazo, de conquistar ovoto ignorante de esquerda? Como se porcá não se privilegiasse o pior do capitalis-mo selvagem dos grandes grupos, ou co-mo se houvesse no mundo outro sistemaalternativo. Será que o Coronel Chavez,além da mandioca que diz ser “uma gran-de oportunidade para os portugueses”,também inventou um sistema económicodiferente, para trocar com o plano tecno-lógico?

Esta falta de cultura de Estado, reflecte-se naquilo que há muito não temos. Ou quedevíamos ter. Como aquilo que se vê nosEUA ou em Espanha. Não ignorar a crise.Olhar de frente os problemas. Ter planos deemergência exequíveis. Resolver passoapós passo os graves e incontornáveis es-trangulamentos da economia portuguesa. Enão ter que viver de estatísticas de empregoe de crescimento, que são tão fiáveis comoaquelas notícias que nos chegam de Cuba.Não ter medo de assumir os erros e encon-trar soluções credíveis.

Por cá este Jornal continua ser o porta-voz das PME. PME que enfrentam um de-safio contínuo à beira do abismo. Longedos prometidos apoios, fora das comitivas,

sem apoios públicos e usurpadas por líderesassociativos fora de prazo.

Porque será que apenas uma associaçãoempresarial apoiou o movimento “IVACOM RECIBO” a que damos grande desta-que nesta edição? Porque será que o 3º QCAnão está encerrado e imensas empresas nãoreceberam subsídios a que tinham direito,antes recebendo cartas de rescisão de incen-tivo, mas ninguém disso fala? Porque seráque fecham fábricas atrás de fábricas? Por-que têm as pessoas e os empresários medode se exprimir? Porque cada vez mais em-presários e quadros emigram para Espanha,Angola, Brasil, ou qualquer outro lado onde

possam criar e gerar riqueza sem serem inti-midados, perseguidos e atropelados?

O que se passa em Portugal de facto in-teressa apenas ao clube dos 100. As fábri-cas e a realidade estão muito longe do Ter-reiro do Paço. Os Governos actuam numrotativismo idêntico ao do final da monar-quia ou da primeira República. A confiançadesceu, o investimento também, e irão con-tinuar a descer. As empresas não vivem deanúncios mas de realidades estáveis. Aspessoas não comem propaganda, precisamde ganhar a vida. E ganhá-la honestamentee sem depender da política é cada vez maisimpossível em Portugal. Será que a emigra-ção será o novo desígnio estratégico? É quea desertificação empresarial já o é.

1929? SOBE

AUTORIDADES NORTE-AMERICANASO sistema Americano pode ter muitos defei-

tos. Houve muitas falhas da AdministraçãoBush. Como houve dos reguladores. Ou da ban-ca. Mas não demoram meses a fazer e tentaraprovar planos. Por isso são a potência quesão. Á Europa não basta parecer. Tem que seractuar. Onde está a liderança europeia?

ANGOLAOs Angolanos queriam dar um exemplo, não

apenas a África mas ao mundo. Eleições livresdepois de uma guerra que matou milhão emeio de pessoas e destruiu o país, é sempreuma grande vitória. Quase manchada por umasdeclarações inaceitavelmente precipitadas dachefe dos observadores da União Europeia, aSenhora Vice-Presidente do Parlamento Euro-peu. Quando ganhará a Europa juízo?

IGUAL

BCEO ditatorial Banco Central Europeu, actua no

meio da crise como se nada se passasse nazona euro. Desemprego, recessão, falta de li-quidez, nada connosco meus senhores. Nãopor acaso os Ingleses ficaram de fora. Ditadurasgermânicas inflexíveis matam o doente com amedicação.

BAIXOS

SISTEMA FINANCEIRODepois de anos a ganhar lucros milionários

á custa da economia real, depois de todo o ti-po de hedging, resseguro, sindicação e securiti-zação, os bancos esqueceram-se de avaliarrealmente onde punham o dinheiro. Como emPortugal, onde a banca engordava e dava li-ções de moral ao resto da economia real, des-truindo-a. Agora vamos recuar para a bancaconservadora. Ainda bem, mas pelo caminho,muito agente económico se destruiu em nomeda alavancagem.

QCA / QRENUm espectáculo degradante. O Estado portu-

guês em nome da convergência e da ditadurado défice, não paga as comparticipações na-cionais e quer encerrar o terceiro QCA rescindin-do milhares de contratos com agentes econó-micos, designadamente via IAPMEI e IFAP. Eainda quer que eles invistam no QREN! Este co-meça tarde e mal, e sujeito a uma legislaçãonacional confusa e extensa, que deixa osagentes económicos á mercê das discriciona-riedade do decisor. Por exemplo, porque seráque o regulamento português das ajudas euro-peias á agricultura, tardiamente publicado, tem,só e apenas, 400 artigos! Quase um código ci-vil, ou talvez para fazer de cada agricultor umjurista! Se o regulamento homólogo Espanholtiver meia dúzia, serão muito artigos. Por issoas coisas são muito diferentes do lado de lá.

Contrariamente ao vulgo “Spam” (men-sagens indesejadas), para podermos fa-lar em e-marke-

ting terá de haver, emprimeiro lugar, consen-timento do cliente. Porexemplo, quando esteexplicitamente solicita obter infor-mações dos produtos, serviços ou no-vidades, subscrevendo a e-newsletterda empresa. Ou mesmo implicitamente, com ocliente a aceder a determinado sítio na Internetonde decorre a campanha de e-marketing daempresa.

Cumpridos os princípios éticos, as empresasadoptam maioritariamente o e-Marketing querpara dar conhecimento de produtos e serviços epromoções, quer para alerta de campanhas defidelização, pesquisas de satisfação, cartões co-memorativos, entre outros. Mas também é cor-recta a sua utilização para envio de informativosperiódicos (as conhecidíssimas e-newsletters),com notícias, artigos e comunicados internos, epara a organização de eventos (distribuindoconvites, solicitando confirmação de presençaou agradecendo a participação).

Certo é que, à semelhança de qualquer acçãode marketing directo (mala directa, catálogos,telemarketing e e-marketing), deverá haver lu-gar ao planeamento para que o sucesso seja ga-rantido. Por isso, se está a pensar em iniciaruma campanha de e-marketing deverá seguir asseguintes etapas:

1ª Diagnóstico – perceber as necessidadesantes de iniciar a campanha de e-marketing;

2ª Objectivos – definir os objectivos, seja aconquista de novos clientes, a venda, a fideliza-ção, etc.;

3ª Público-alvo – definir quem se pretendeatingir, em que quantidade, qual a segmentaçãoe que mailing a utilizar. Conhecer o público-al-vo o mais profundamente possível é absoluta-mente crucial;

4ª Oferta – enquadrar muito bem o que sepretende oferecer ao cliente. Desde o produtoe/ou serviço em questão, até à informação pro-mocional, o preço, as condições de comerciali-zação, passando, caso existam, pelos brindes,prémios, amostras. Não esquecer também dosprazos de entrega, custos de transporte e garan-tias.

5ª Comunicação e Media – no primeiro ca-so, o contexto que se insere a acção e o que sepretende comunicar. No caso dos media, quaisos veículos a utilizar para atingir o público-al-vo;

6ª Canais de resposta – garantir meios deresposta e/ou de compra ao público-alvo;

7ª Definir o momento de iniciar a acção eabordar o cliente;

8ª Cálculo do “break-even point” (ponto deequilíbrio);

9ª Mensurar os resultados esperados;

10ª Garantir as actividades necessárias parao atendimento de um pedido gerado pela cam-panha de e-marketing;

11ª Acompanhamento e controlo.

Embora possa recorrer a serviços em regime

de outsourcing para desenvolver a sua campa-nha de e-marketing, abrir um novo canal de ven-das ou de comunicação online implicará semprealterações estruturais na sua empresa. Para saberse a sua empresa está preparada para avançarcom a estratégia de e-marketing, procure res-ponder às seguintes questões:

• Disponho de software de gestão de uma ba-se de dados?

• Posso integrar o meu sítio na Internet, cana-lizando toda a informação para o sistema de in-formação da empresa da forma mais adequada?

• Tenho recursos humanos suficientes nestaárea, com tempo e conhecimentos para abraçara comunicação on-line?

• Quais os meios que necessito para dar res-posta aos clientes e garantir a entrega dos produ-tos e/ou serviços?

• Quais os meios de pagamento existentes equais os mais convenientes para a empresa?

• Os meus recursos humanos necessitam deformação para se adaptarem às no-

vas metodologias de trabalho?• Quais os custos e o tempo

de implementação e manuten-ção necessários?• Qual o retorno de investimen-

to esperado e dentro de que prazo?• Haverá necessidade de estabelecer

parcerias?Se não descurar nenhum dos pontos que aqui

lhe apresentamos, correrão menos riscos de ha-ver falhas, garantindo a boa imagem e o bomfuncionamento da sua empresa.

O mundo do e-marketing não se esgota nes-tas linhas, exigindo uma actualização constantedo que no mercado vai surgindo. Até porque aInternet encontra-se em permanente mutação eé preciso estar-se atento às mais recentes novi-dades e às alterações de comportamentos doconsumidor online.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

SAIBA COMO

Setembro/Outubro de 2008 | Página 3

ALERTAMOS PARA ALGUNS ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA BOA COMUNICAÇÃO ONLINE DA SUA EMPRESA

Já preparou a sua campanhade e-marketing?

QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS?

Proactividade: ao invés de esperar que o cliente

demonstre interesse, a empresa vai ao seu

encontro;

Interactividade: o cliente interage imediatamente ao

receber a mensagem;

Segmentação: a empresa pode direccionar a sua

mensagem, personalizando-a para uma determinada

faixa etária, sexo ou mesmo localidade, entre outros;

Mensuração: o retorno da acção é acompanhado em

tempo real;

Economia: a comunicação digital reduz os custos

e o tempo, contrariamente a outras acções de

marketing, para além de ser mais rápida, dado que

no relacionamento com o cliente apenas é neces-

sário, por exemplo, o seu endereço de e-mail para

a mensagem chegar até ele.

QUAIS SÃO OS INSTRUMENTOS DE E-MAR-KETING DISPONÍVEIS?

Sítio na Internet: onde assenta toda a estratégia da

comunicação on-line, quer se trate de um “site” institu-

cional ou comercial;

E-mail: que permite personalizar a 100% o contacto

com o cliente e possibilita entre variadíssimas coisas: re-

cepção de questões/sugestões, envio de publicidade e

promoções; envio de newsletter, gestão de mailing lists

(listas de e-mail temáticas para troca de informação);

Newsgroups: semelhante às mailing lists, mas recor-

rendo a um programa/aplicação;

Motores de busca;

Banners;

Affiliate programs: recorrendo a banners ou links que, por in-

termédio de acordos com determinados “sites”, se colocam

em locais estratégicos, recebendo-se uma percentagem dos

resultados gerados com o envio de tráfego;

Pop-up: janela com imagem e mensagem publicitária que

abre automaticamente no “site” acedido;

Chat: espaço num “site” para comunicar online em tempo

real;

IRC (Internet Relay Chat): permite conversação online em

tempo real, mas em que os utilizadores de dividem por temas

de interesse em cada sala onde decorrem os diálogos.

Quem é que ainda não ouviu falar em e-Marketing? Esta será talvez uma das ferramentas de marketing directo mais utili-zadas actualmente, ou não fosse uma das melhores e mais directas formas das empresas se relacionarem com os seus clien-tes. Nas próximas linhas deixamos algumas dicas para uma utilização bem sucedida do e-mail marketing (e-Marketing).

Este prémio visa estimular formas ino-vadoras de reduzir a burocracia resul-tante da aplicação do direito comuni-

tário. Isto porque, sendo obrigadas a menosformalidades administrativas, as empresaspodem consagrar mais tempo às suas activi-dades principais e mais recursos à investiga-ção, à inovação e ao crescimento.

Assim, através deste concurso, pretende-se inspirar novas ideias que a Comi-ssão Europeia possa ter em considera-ção para integrar no seu programa de acçãopara a redução dos encargos administrativos.

Por isso, se tem boas ideias, chegou a ho-ra de as revelar e ajudar a União Europeia aatingir o objectivo de reduzir, até 2012, osencargos administrativos resultantes da le-gislação comunitária.

Este prémio foi criado por iniciativa do Grupo de Alto Nível das Partes

Interessadas Independentes sobre os Encargos Administrativos, presidido por Ed-mund Stoiber, ex-governador da Baviera.Grupo de peritos europeus que tem tambémentre os seus membros (alguns dos quais ac-tuais ou ex-membros de países que integrama União Europeia) o português Gabriel Gou-cha, vice-presidente da Associação PME-Portugal e, mais recentemente eleito, vice-presidente da ESBA (European Small Busi-ness Alliance).

O “Prémio para a Melhor Ideia para Re-duzir a Burocracia” vem completar o “Red Tape Reduction Award” – uma das cinco categorias dos prémios europeusdas empresas (European EnterpriseAwards) que recompensa as entidades públicas que adoptaram medidas de redu-ção da burocracia a nível local, regional ounacional.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ACTUALIDADE

Página 4 | Setembro/Outubro de 2008

PRÉMIO PARA A MELHOR IDEIA PARA REDUZIR A BUROCRACIA

Quer contribuir para a reduçãoda burocracia na Europa?

NOVO SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Alterações de CAEmais facilitadas

A decisão foi tomada em sede de Conselho de Minis-tros e facilitará a vida aos empresários portugueses sempreque estes tenham de comunicar a alteração da actividadedas suas empresas. Trata-se da criação do Sistema de In-formação da Classificação Portuguesa de Actividades Eco-nómicas (SICAE), que integra a informação sobre o códi-go da Classificação Portuguesa das Actividades Económi-cas (CAE) das pessoas colectivas e entidades equiparadas.

Contribuindo para uma informação permanentementeactualizada e harmonizada do código CAE das empresas, oSICAE apresenta duas vantagens para as empresas. A pri-meira prende-se com o facto de constituir um canal únicode comunicação com diversas entidades públicas no querespeita às alterações de CAE. Deste modo, as empresasdeixam de ter de comunicar a diferentes organismos, pordiferentes vias, as suas mudanças de actividade – designa-damente ao Instituto dos Registos e do Notariado, ao Insti-tuto Nacional de Estatística e à Direcção-Geral dos Impos-tos –, passando a fazê-lo uma única vez, por via electróni-ca.

A outra vantagem deve-se ao facto de permitir a con-sulta, a todo o tempo e de forma permanentemente actuali-zada, do código CAE de qualquer entidade.

VIDA DAS EMPRESAS MAIS SIMPLES

Governo lança cartãode empresa

Com o objectivo de simplificar a vida das empresas, o Go-verno português aprovou um Decreto-Lei que cria e regula oCartão da Empresa. Este permitirá eliminar o cartão de pessoacolectiva e o cartão de contribuinte das empresas, emitidos pordois serviços distintos da Administração Publica (o IRN e aDGCI) para dois fins diferenciados (um para efeitos de registoda pessoa colectiva e outro para efeitos fiscais), apesar de conte-rem exactamente o mesmo número de identificação.

De acordo com o Executivo, a emissão do Cartão da Empre-sa conduzirá a uma poupança de 64%, já que as empresas deixa-rão de pagar 33,20€ (14,00€ pelo cartão de pessoa colectiva,mais 19,20€ pelo cartão de contribuinte), passando a desembol-sar apenas 14,00€ por um único cartão. Para além da emissãodo Cartão da Empresa em suporte físico, prevê-se igualmente adisponibilização, em suporte desmaterializado e de forma gra-tuita, do correspondente cartão electrónico da empresa. Disponí-vel no sítio da Internet, mediante a inserção de um código deacesso automaticamente atribuído, o cartão electrónico da em-presa permite a visualização, de forma permanentemente actua-lizada, dos elementos relevantes para a respectiva identificação.No entanto, as empresas não vão ser obrigadas a substituir os ac-tuais cartões. O Cartão de Empresa é facultativo e começará aser emitido no último trimestre do corrente ano por todo o país.

EM BENEFÍCIO DOS EMPREENDEDORES

Empresa na horaapresenta novidades

Um novo Decreto-Lei, recentemente anunciado, irá per-mitir adoptar novas medidas de simplificação da vida dasempresas, através do alargamento do regime da Empresa naHora que passa a possibilitar a criação de empresas atravésdeste procedimento simplificado em duas novas situações.

Uma dessas situações é sempre que sejam necessáriasautorizações especiais para a constituição da empresa (ban-cos, seguradoras, empresas de consultores de investimento,etc.). Por exemplo, uma empresa que pretenda desenvolveruma actividade como seguradora tem sempre de obter umaautorização prévia. Após essa autorização, é frequentementenecessário constituir uma empresa. A partir de agora, essesinvestidores também passam a poder utilizar a Empresa naHora.

A outra das situações está relacionada quando se tratar desociedades cujo capital seja realizado através de entradasem espécie (imóveis, equipamentos da empresa, patentes,marcas, etc.). A título de exemplo, dois sócios pretendemabrir um negócio e constituir uma empresa para comerciali-zar um novo produto. Um entra com o capital. O outro entracom o novo produto patenteado. A partir de agora, passam apoder utilizar a Empresa na Hora para criar a sociedade co-mercial.

COMO PARTICIPAR?O concurso encontra-se aberto até 31 de Janeiro de 2009 e podem

participar todos aqueles que tenham uma boa ideia: particulares,

empresas, associações profissionais, entidades públicas, organiza-

ções sem fins lucrativos, entre outros.

Para participar basta preencher o formulário da consulta em linha sobre a re-

dução dos encargos administrativos (www.best-idea-award.eu) e assina-

lar a casa correspondente ao concurso.

O júri seleccionará as três melhores ideias, uma das quais recebe-

rá o prémio. Os três concorrentes com as melhores ideias serão

convidados a participar na cerimónia European Enterprise Awards

que se realiza a 13 de Maio de 2009, em Praga, onde será

anunciado o vencedor do concurso. Este terá a oportunidade de

se apresentar e expor a sua ideia neste evento internacional.

Serão publicadas informações sobre os concorrentes nomeados e

as respectivas ideias no sítio da Internet em questão.

Sabe qual a melhor forma para simplificar a vida administrativa das empresas? Tem ideias para reduzir os encargos administra-tivos das empresas? Então, de que está à espera? A Comissão Europeia, através do Grupo de Alto Nível das Partes Interessadas In-dependentes sobre os Encargos Administrativos, lançou o concurso “Prémio para a Melhor Ideia para Reduzir a Burocracia”.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

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Setembro/Outubro de 2008 | Página 5

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

MERCADO IBÉRICO

Página 6 | Setembro/Outubro de 2008

ESPÍRITO EMPREENDEDOR E BUSCA PELA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL SÃO FACTORES-CHAVE

De investigador a empresárioO início de qualquer actividade envolve sempre risco e gera ansiedade nos seus promotores. No entanto, a inovação e empenhoque incutem no trabalho que desenvolvem é uma mais-valia que, na maior parte dos casos conduz ao sucesso. O JORNAL DASPME foi à procura de pessoas com espírito empreendedor que não baixam os braços e que, acima de tudo, querem alcançar asua realização profissional e contribuírem para o desenvolvimento da competitividade empresarial no nosso país. A ION – Bu-siness Consulting e a EDS – Engenharia, Desenvolvimento e Suporte são exemplo disso mesmo. Embora ainda recentes, já queiniciaram a actividade apenas em 2008, estas duas empresas estão já a dar provas no mercado da sua capacidade.

O vasto currículo profissional de CláudiaSil permitiu-lhe dar o salto para a constitui-ção da ION. “Inovação e oportunidades denegócio”. Este poderá ser o lema da empresaque desenvolve a actividade de consultoria naárea ambiental, aliada à económico-financei-ra. Uma aposta bastante válida já que, com atransposição da Directiva europeia para a le-gislação portuguesa, desde 29 de Junho pas-sado, as empresas nacionais encontram-seobrigadas à responsabilidade ambiental.

Assim, “já que são obrigadas ao cumpri-mento da nova legislação, pelo menos retiremvantagem económico-financeira disso mes-mo”. E a ION acaba por surgir neste contex-to, não só para a prestação de consultoria emquestões ambientais, mas simultaneamentefazer essa ligação com o lado da viabilidadeeconómico-financeira.

Cláudia Sil cria a ION no seguimento dasua carreira profissional. Especialista em ges-tão ambiental, sempre desenvolveu o seu tra-balho quer em empresas ou fazendo consulto-ria, quer realizando trabalhos de investiga-ção.

Optou por criar a ION porque sentiu queeste era o momento no qual fazia todo o sen-

tido dar mais este passo. “É uma oportunida-de de negócio”, sustenta a empresária. E ofacto de ter escolhido o IDEIAATLÂNTICO,

em Braga, para abrir o escritório da ION, de-veu-se essencialmente à possibilidade de po-der “colocar” a empresa tanto em Braga, Por-

to, Lisboa ou até mesmo Vigo, usufruindo darede de centros de negócios e dos serviçosque disponibiliza às empresas.

ION – Business Consulting

Igualmente instalada no IDEIA ATLÂN-TICO encontra-se a EDS, empresa que de-senvolve toda a sua actividade na área da en-genharia e desenvolvimento do produto,apostando essencialmente no conceito “cha-ve-na-mão”.

Nas palavras de Rui Gomes, a EDS ofere-ce um serviço integrado de projectos de pe-ças” que vão desde “a escolha do material aodimensionamento mecânico”. Em estreita li-gação com a indústria de injecção de plásti-cos, a EDS “consegue, a partir de um dese-nho, desenvolver um modelo virtual que per-mite obter peças reais”.

A EDS surge, assim, com o objectivo de“colmatar as necessidades industriais de-monstradas ao nível do desenvolvimento doproduto, nomeadamente na indústria dosplásticos”. Dar uma resposta de forma criati-va a problemas propostos, quer sob o pontode vista de concepção e engenharia, quer sobo ponto de vista da industrialização, é a mis-são da EDS.

Durante algum tempo investigador daUniversidade do Minho, Rui Gomes não dei-xou de agarrar a oportunidade que lhe surgiu

“em trabalhar numa área que gosto e para aqual me preparei”.

“Pelo prestígio da instituição e pelos ser-viços que oferece”, Rui Gomes mudou a sede

da empresa para o centro de negócios IDEIAATLÂNTICO, em Braga.

EDS – Engenharia, Desenvolvimento e Suporte

Cláudia Sil

Rui Gomes

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

MERCADO IBÉRICO

Setembro/Outubro de 2008 | Página 7

Vigo irá converter-se no centro deoperações da Euroregião, que se in-titula como “ a terceira comunida-

de” da Península em termos de importânciademográfica e económica, ao abarcar umapopulação superior a 6,5 milhões de pessoase um PIB de 90.000 milhões de euros. Assimo afirmou o Presidente da Junta da Galiza,Emílio Pérez Touriño, que assegura que a re-cente iniciativa da AECT “ abre uma novaetapa na colaboração com o país vizinho”.

Segundo a Junta, a principal vantagemdeste instrumento de cooperação, criado re-centemente no ordenamento jurídico daUnião Europeia, é a de permitir à regiãoNorte de Portugal dotar-se de um organismocom personalidade jurídica própria, algo deque carece no sistema constitucional luso eque os responsáveis da acção exterior galegatêm procurado desde há muito tempo.

Touriño destaca que um dos objectivosdo agrupamento é “conseguir que a Galiza eo Norte de Portugal funcionem como umterritório partilhado” e avança que o orga-nismo será o responsável pela gestão do

plano estratégico de coopera-ção, que conta com um orça-mento de 100 milhões de eu-ros.

A AECT permitirá a am-bos os territórios superar omarco da Comunidade deTrabalho, criada em 1991,dentro da qual se têm vindo asituar as suas iniciativas decooperação ao longo da fron-teira. Além disso, segundofontes da Junta, o agrupa-mento trará a possibilidadede consolidar a relação com oNorte de Portugal quando seacabarem os fundos europeus de coopera-ção, ao solucionar definitivamente as difi-culdades derivadas da natureza centralizadado Estado português.

A nova entidade, que dota de personali-dade jurídica própria a Euroregião, facilitaráa captação e gestão de fundos públicos e pri-vados para financiar projectos e serviços deinteresse comum e irá promover outras ac-

ções específicas de cooperação territorialsem contribuição financeira da União Euro-peia.

O agrupamento de coope-ração territorial terá um orça-mento inicial de 200.000 eu-ros financiado a 50% pela Ga-liza e pela região Norte dePortugal. A sede estará em Vi-go, na antiga reitoria da Uni-versidade. Ali encontrar-se-ãoa trabalhar um director e umsubdirector (o primeiro é por-tuguês e o segundo é de ori-gem espanhola). O governoda entidade estará integradopor uma assembleia paritáriagalego/portuguesa cuja presi-dência será rotativa a cada

dois anos. O chefe de Governo da Galiza e omáximo responsável da Região Norte alter-nar-se-ão na direcção do agrupamento.

VIGO CONSTITUI-SE COMO CENTRO DE OPERAÇÕES DA JÁ INTITULADA “TERCEIRA COMUNIDADE” DA PENÍNSULA IBÉRICA

A Euroregião em “ponto de caramelo”A criação da Euroregião Galiza-Norte de Portugal está ao virar da esquina. Desde Setembro que a união entre a comunidadegalega e a Região Norte de Portugal é já uma realidade, graças à constituição do Agrupamento Europeu de Cooperação Terri-torial (AECT), uma entidade pioneira em Espanha e somente com duas referências de âmbito europeu: o agrupamento França-Bélgica, com sede em Lille, e o agrupamento formado pela Hungria e Eslováquia, localizada na cidade húngara de Esztergom.

PROJECTO IBERMOBILITAS FOMENTA COMPETITIVIDADE

Mobilidade laboraltransfronteiriça

Com o objectivo de favorecer o movimentode trabalhadores entre Espanha e Portugal, oprojecto prevê realizar acções como a análise domercado laboral transfronteiriço com identifica-ção de oportunidades de emprego, a formaçãoconjunta das pessoas para poder trabalhar emambos os lados da fronteira e o trabalho conjun-to dos escritórios e centros de emprego de am-bos os países.

O Executivo da Extremadura assegura que jáexistem projectos formativos comuns, mas queeste projecto significa um passo à frente, ao arti-cular os escritórios de emprego da zona. “Gra-ças à colocação em marcha desta iniciativa, evi-

tar-se-ão problemas de desinformação numaárea que partilha certas características demográ-ficas e laborais”, assegura o Executivo da Extre-madura. O objectivo é articularem entre si os es-critórios e os centros de emprego de Espanha ePortugal para ajudar a cobrir as ofertas de em-prego que possam ser de interesse a ambos os la-dos da fronteira.

O projecto Iberomobilitas foi apresentado aoPrograma Operacional de Cooperação Trans-fronteiriço Espanha-Portugal 2007/2013, no seueixo de cooperação e gestão conjunta e comocooperação pluri regional para o fomento dacompetitividade e promoção do emprego.

Fomentar a competitividade e o emprego entre Espanha ePortugal, é esse o objectivo do projecto Ibermobilitas. Umainiciativa de cooperação elaborada pela Junta da Extremadu-ra e pelos executivos autónomos de Andaluzia, Galiza, Casti-lha e Leon, que juntamente com o Governo de Portugal uni-ram esforços com a intenção de eliminar as barreiras que difi-cultam a mobilidade laboral entre as regiões vizinhas.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ACTUALIDADE

Página 8 | Setembro/Outubro de 2008

ESPECIALISTAS EM FISCALIDADE DÃO LUZ VERDE

Alteração defendida tem viabilidadeSublinhando que não têm quaisquer aspi-

rações políticas, os promotores do movi-mento “IVA com Recibo” acrescentam não terem qualquer ligação a partidos políticos, entidades religiosas, grupos eco-nómicos ou organizações sem fins lucrati-vos. Inclusivamente obtiveram opinião técnica na área fiscal sobre a viabilidadedesta alteração no enquadramento tributárioportuguês, tendo-lhes sido transmitido pelo fiscalista Afonso Arnaldo, partner daDeloitte:

• “O artigo 66º da Directiva Comunitáriado IVA estabelece que os Estados-Membrospodem prever que, em relação a certas ope-rações ou a certas categorias de sujeitos pas-sivos, o imposto se torne exigível num de 3momentos, sendo um deles aquele em que opagamento é recebido;

• É possível alterar a data de exigibilida-de que actualmente existe para a maioria

das empresas, ou seja, é possível que a Assembleia da República introduza na legislação portuguesa a regra de exigibilida-de do IVA por parte do Estado apenas nomomento em que o mesmo seja recebido docliente;

• Esta alternativa deve ser sempre anali-sada de forma séria e ponderada, tendo emvista assegurar que a sua possível imple-mentação é acompanhada das necessáriasmedidas de controlo por parte do Estado;

• Este é um dos temas que crescentemen-te mais se discute no seio da União Euro-peia, como medida de prevenção da fraudefiscal no IVA, sendo defendida principal-mente pela Alemanha e a Áustria;

• Estamos perante um mecanismo queimplica, de forma genérica, que as facturasemitidas entre empresas deixem de conterIVA, cabendo a sua liquidação às empresasadquirentes dos bens e serviços e não às em-presas que os transmitem ou prestam;

• Ainda que se trate de uma medida quegera bastante polémica, pois revolucio-naria o sistema actual do IVA (devendo, por isso, ser analisada de forma cuidada), a mesma enquadra-se na Directiva Comuni-tária, uma vez que esta prevê a possibili-dade de se autorizar os Estados-Membros a introduzirem medidas especiais para sim-plificar a cobrança do imposto ou para evitara fraude ou a evasão fiscal (argumentos quetêm sido utilizados pela Alemanha e pelaÁustria).”

MOVIMENTO RECLAMA NOVO ENQUADRAMENTO FISCAL

IVA com recibo?Este é, certamente, um movimento cívico que promete dar muito que falar nos próximos tempos e que vem tocar numa das prin-cipais feridas das empresas portuguesas– o pagamento de IVA. Evocando uma sociedade mais produtiva, lucrativa e justa, o mo-vimento “IVA com Recibo” pretende levar à discussão pública e parlamentar os problemas que o actual sistema de pagamento deIVA acarreta para as Pequenas e Médias Empresas (PME) que, por si só, representam 99,6% do tecido empresarial português.

Contando já com mais de 600 promo-tores, o movimento “IVA com Reci-bo” vem lembrar que, actualmente, a

maioria das empresas portuguesas ficam su-jeitas a pagamento de IVA assim que emitemfacturas. Para o caso não interessa se esta épaga ou não atempadamente. Certo é que, nocaso das mesmas não serem pagas dentro dosprazos acordados, as empresas “acabam porsofrer fortes problemas de liquidez e de sol-vência”.

Ora, acrescentam os promotores deste mo-vimento, “muitas vezes, uma PME tem pri-meiro uma despesa e só depois (mais tarde)um proveito, uma vez que, em muitos casos,o pagamento do IVA ocorre mais rapidamen-te do que o pagamento da referida factura”.

É contra este actual cenário que foi criadoeste movimento cívico que, assim, pretenderecolher 4000 assinaturas para levar o debatedesta questão crucial à Assembleia da Repú-blica.

Embora apresente já algumas propostasnesta petição, o movimento encontra-se aber-to a outras soluções. Por enquanto, para evitareste estrangulamento imposto às PME, o mo-vimento sugere que o IVA seja pago quandose emite um recibo, isto é, que o imposto sejapago apenas quando a factura seja efectiva-mente paga.

E que, pode cada dia de atraso do paga-mento dessa factura, exista uma taxa de juroobrigatória por Lei nacional e de implementa-ção automática, revertendo para o Estadouma grande parte desse juro.

CALENDÁRIODE ACÇÕES23 Setembro 2008Colocação online do texto da proposta

de petição;

30 Setembro 2008Seminário em Lisboa, com a apresenta-

ção de um estudo económico e fiscal so-

bre a situação em Portugal, com espaço

de discussão pública em relação à peti-

ção proposta

Outubro 2008Início da recolha de assinaturas para a

petição

Novembro 2008Entrega da petição na Assembleia da Re-

pública

CONTACTOSwww.ivacomrecibo.com

Sofia Santos

Telemóvel: 918 870 280

E-mail: [email protected]

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Setembro/Outubro de 2008 | Página 9

SOFIA SANTOS, EMPRESÁRIA E PRINCIPAL PROMOTORA DO MOVIMENTO IVA COM RECIBO

“As coisas podemde facto mudar”À semelhança de muitos empresários, em Portugal, SofiaSantos sente na pele a injustiça de adiantar IVA ao Estadopor uma facturação ainda não recebida. E considera que es-te é o momento de se fazer alguma coisa no sentido de con-trariar este cenário no nosso país. Nasce assim o Movimen-to IVA com Recibo. Em entrevista ao JORNAL DAS PME, So-fia Santos explica as razões para a criação deste movimento.

Jornal das PME – Como surgiu esteMovimento? E quais as principais razõesque estiveram na base da sua criação?

Sofia Santos – Sendo empresária e res-ponsável por oito colaboradores, senti napele os constrangimentos que a obrigaçãode pagar IVA quando as facturas ainda nãotinham sido pagas, traz para as empresas.Pagar o IVA na data correcta é algo que to-das as PME tentam fazer, nem que para issorecorram a empréstimos, atrasem os salá-rios, contratualizem factoring, contas cau-cionadas, etc. Sentia que tudo isto era defacto injusto, principalmente quando se tele-fonava para os clientes a solicitar pagamen-to, e a resposta do outro lado era “só fala-mos com fornecedores às quintas-feiras”,“está para aprovação”, “não sabemos quan-do vamos pagar”, “não é uma prioridade”,etc. O trabalho já estava feito, o cliente nãotinha pago e nós tínhamos de adiantar IVAao Estado, por uma facturação ainda não re-cebida.

Esta situação era partilhada por váriosamigos meus, também micro empresários.Como vivi em Inglaterra, sabia que o siste-ma lá era diferente, e comecei a pensar quetambém em Portugal se poderia mudar a le-gislação. Durante um ano fui questionandodiferentes pessoas com esta possibilidade,em jantares, almoços de negócios, amigos,desconhecidos, e a abertura era evidente.

JPME – Trata-se de um problema bas-tante comum no nosso país…

Sofia Santos – Este problema é vividopor todas as PME em Portugal. Dada a nos-sa história, muitas pessoas “esquecem-se”que as leis se mudam, e que as coisas podemde factor mudar, quando há fundamentoseconómicos e sociais que os justificam. Na

realidade, pensei que, ao desenvolver estemovimento, poderia ser útil ao país. Em par-ticular, ser útil a 96,6% do tecido empresa-rial português que são as PME.

Este movimento surge assim de uma ini-ciativa de pequenos empresários que que-rem cumprir com as suas obrigações fiscais,mas que se sentem asfixiados pelo facto de aactual data de exigibilidade do IVA consti-tuir um forte estrangulamento na gestão diá-ria das empresas.

São empresários que querem gerar em-prego, riqueza, crescer as suas actividades,mas que as actuais injustiças relativamenteà exigência do pagamento de IVA de factu-ras emitidas a privados e a entidades públi-cas mesmo antes destas serem efectivamen-te pagas, conseguem diminuir fortemente aprodutividade e a capacidade competitiva.

Este movimento que começou em Agos-to, tem hoje cerca de 500 promotores.

JPME – Qual tem sido a receptividadea esta iniciativa?

Sofia Santos – Um óptimo feedback.Comecei a dinamizar este movimento naprimeira semana de Agosto. Propositada-mente um mês calmo, para poder ir receben-do comentários. Hoje, a dia 25 de Setembroexistem perto de 600 promotores. Sinto-meresponsável em ir ao encontro das expectati-vas destas 600 pessoas que acreditam nacausa. Recebemos e-mails fantásticos deapoio e incentivo à continuação deste traba-lho. Recebo telefonemas, sms, a apoiar ainiciativa... Existem PME que me telefonama desabafar em relação às suas dificuldades.

O Movimento IVA com Recibo está vas-tamente divulgado no Google através deportais para empresas, associações empresa-riais, como a Associação PME-Portugal e a

ANJE, meios de comunicação nacionais eregionais, blogues, entre outros. É de realçaraqui o papel activo que os meios de comuni-cação regional têm tido, uma vez que metêm contactado com frequência na busca demais informação e que é transmitida aosseus ouvintes e leitores. A receptividade porparte dos diferentes grupos parlamentaresem conhecer o movimento e a proposta es-pecífica da petição, tem também sido positi-va.

JPME – Tem encontrado vozes contraou menos receptivas?

Sofia Santos – Recebi cerca de quatro e-mails a discordar com a causa! E cerca de

500 a concordar e a incentivar. O principalproblema levantado tem que ver com a for-ma como se poderá provar que a empresarecebeu de facto o dinheiro da factura. Ouseja, as objecções estão muito ligadas a as-pectos operacionais e não de princípio. Noentanto, como existem outros países já comestes mecanismos, e porque também acredi-to que estamos a entrar numa nova geraçãode empresários que querem ser transparen-tes em relação às suas contabilidades e aosseus cumprimentos fiscais, estou convictade que é possível encontrar procedimentosque permitam garantir ao Estado que poten-ciais fugas fiscais relativas a esta alteração,não irão ocorrer.

30 DE SETEMBRODE 2008Movimento IVA com Recibo realiza, em

Lisboa, um seminário com apresenta-

ção do Estudo Económico e Fiscal so-

bre a alteração da data de pagamento

do IVA e discussão pública do texto da

petição.

FOTOLEGENDA

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Página 10 | Setembro/Outubro de 2008

ESTUDO DA UNIÃO EUROPEIA COMPROVA PROBLEMA DAS PME PORTUGUESAS

Portugal é dos paísesque mais demoraa pagar as facturasPortugal é um dos países que, dentro da União Europeia, mais tempo demora apagar as suas facturas. Um enquadramento macroeconómico que causa gra-ves problemas de liquidez às PME portuguesas, já que para além do nosso paísregistar dos mais elevados índices de pagamentos realizados com maior atra-so, têm, muitas vezes, de pagar IVA de facturas que ainda não foram pagas.

REVELA ESTUDO ECONÓMICO

Entidades públicasportuguesas sãoos piores pagadoresda Europa

JPME – Quais os principais pontos que gostaria de realçardo Estudo Económico e Fiscal sobre PME e o IVA em Portu-gal que apresentou no passado dia 30 de Setembro, em Lis-boa?

Sofia Santos – Realço as seguintes conclusões e propostas:

• O crescimento da economia Portuguesa assenta no dinamismodas PME:

- São responsáveis por 75% dos postos de trabalho;- A sua actividade representa 44% do volume de vendas de

todas as empresas em Portugal;- Poderão contribuir aproximadamente em cerca de 40% pa-

ra o Valor Acrescentado;- Em particular as micro-empresas contribuem com cerca de

20% para o total do VAB; Ou seja, que só as micro-empresascontribuem com metade do VAB gerado pelas grandes empre-sas;

- Estima-se que a contribuição das micro-empresas para o to-tal do IRC recolhido pelo Estado esteja dentro de um intervalode19% a 31%.

• Entre 2000 e 2005 as PME:- Tiveram uma taxa de crescimento médio anual de emprego

de 5,6%;- O volume de negócio aumentou 3,6% em média por ano;- A taxa média anual de criação de emprego pelas PME foi

de 7%.

• Entre 2000 e 2005 as PME não conseguiram criar postos de tra-balho líquidos.

• No entanto, combinando os dados do crescimento do empregocom o crescimento do volume de negócios, pode-se deduzir queas PME estão com problemas ao nível da sua eficiência e produ-tividade.

• Portugal é o país europeu com maior risco decorrente dos paga-mentos em atraso. Em média, uma factura demora 88 dias a serpaga em Portugal. A seguir à Grécia, Chipre e Itália, surge Portugalcomo o país que mais tempo demora a pagar as suas facturas.

• Entidades públicas portuguesas são os piores pagadores da Eu-ropa – em média 152 dias.

• Um estudo realizado em 2008 pela AIP concluiu que 75% dasempresas portuguesas refere ter problemas nos atrasos de paga-mento.

• Em 2007, um outro realizado estudo pelo CESOP identificou que,para 83% das PME, o pagamento de IVA deveria estar associado àemissão do recibo.

• O relatório de Primavera de 2007 da Intrum Justitia EuropeanPayment Index, afirma que “cerca de 60% das empresas portu-guesas inquiridas afirmam que os pagamentos em atraso lhes co-locam grandes problemas de tesouraria. 13% reconhecem que asobrevivência da empresa está posta em causa devido aos mausprincípios de pagamento”.

• Para se implantar um sistema destes em Portugal é necessáriodesenvolver-se sistemas de controlo. Seria eventualmente neces-sário neste âmbito a introdução de regimes especiais de factura-ção (emissão de recibo) e/ou contabilísticos que permitissem umarápida aferição das situações.

• Uma eventual solução para estes casos seria a introdução deum estatuto especial atribuível a agentes económicos considera-dos “fiáveis” que garantissem assim a existência de controlosmais próximos por parte das entidades estaduais.

No entanto, de forma a ultra-passar cenários como o queencontramos em Portugal,

há países europeus com regimes deIVA específicos em que, de acordocom determinadas condições, o IVAé exigível apenas após o recebimen-to. Falamos de nações como a Ingla-terra, a Irlanda, a França, a Alema-nha, a Bélgica e a Itália. Por exem-plo:

• Inglaterra: as empresas cujo vo-lume de vendas anual vá até cerca de1 milhão de euros, podem optar porpagar o IVA após recebimento;

• Irlanda: as empresas cujo volu-me de vendas anual vá até cerca de 1milhão de euros, podem optar por pa-gar o IVA apenas após recebimento;

• França: pagar o IVA após recebi-mento do valor da factura é a regraexistente para as actividades de pres-

tação de serviços, não existindo valorde facturação de referência.

O problema dos pagamentos ematraso para as PME, em particular asportuguesas, encontra-se bem paten-te num estudo desenvolvido para aUnião Europeia, em 2006, que podeser consultado no site www.ivacom-recibo.pt, de onde retiramos algunsgráficos que ilustram bem o cenárioportuguês.

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Setembro/Outubro de 2008 | Página 11

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Página 12 | Setembro/Outubro de 2008

APESAR DA ESTABILIZAÇÃO DO SECTOR PETROLÍFERO, ECONOMIA É COMPENSADA PELA DINÂMICA DOS DEMAIS SECTORES

Angola mantém forte ritmo de expansão“Embora desacelerando relativamente a 2007 – ano em que o PIB aumentou 21,1% – a economia angolana deverá em 2008prosseguir com um forte ritmo de expansão, apresentando uma taxa de crescimento do PIB não muito inferior a 17%”. Estaé uma das conclusões que se podem ler no boletim elaborado pelo Banco BAI Europa, dedicado ao acompanhamento da eco-nomia angolana, e ao qual o JORNAL DAS PME teve acesso.

De acordo com o mesmo documen-to, “a tendência para a estabiliza-ção na produção de petróleo tem

vindo a ser compensada por uma actividademais dinâmica de outros sectores da econo-mia”. É o caso da construção civil e obraspúblicas, de algumas indústrias transforma-doras e extractivas, mas também do sectorfinanceiro.

De realçar que é a referida estabilizaçãona produção do petróleo que explica algumabrandamento verificado no índice de cres-

cimento, numa economia em que a produ-ção petrolífera ainda não deixou de ser do-minante.

Relativamente à evolução dos preços do consumidor, o BAI Europa sublinha não serem de esperar “grandes progressosrelativamente ao valor observado em 2007 (+11,8%), considerando o forte dina-mismo da actividade, o aumento do rendi-mento disponível das famílias e a relativaineficiência dos mecanismos de distribui-ção de bens de consumo, que só gradual-

mente se vão adaptando às necessidades deum mercado consumidor em forte expan-são”.

Neste contexto, a taxa de inflação em2008 deverá situar-se na ordem dos 12%, oque não divergirá muito do calor observadono ano transacto.

Por outro lado, “um significativo au-mento das receitas fiscais, conjugado com ahabitual dificuldade em executar plena-mente o programa de investimentos públi-cos orçamentado (taxas de execução não

superiores a 50%, em 2006 e 2007), deveráconcorrer para que o superavit orçamentalde 2008 venha a ser bastante mais elevadodo que o registado em 2007” e que foi de2,2% do PIB.

O BAI Europa destaca ainda o facto de abalança de pagamentos correntes deverapresentar “um forte excedente, superior aodo ano passado (e que foi de 11% do PIB),beneficiando do preço do barril do petróleoe também da melhor resposta das indústriaslocais à procura de bens de consumo”.

PROJECTO PRETENDE CONSTRUIR UMA SOCIEDADE INFORMADA

Angola lança portaldo conhecimentoTome nota deste endereço de Internet: www.portalconheci-mento.gov.ao. Numa iniciativa do ministério angolano daCiência e Tecnologia foram recentemente lançados os Portaisde Conhecimento e do Investigador, bem como apresentado oMapa Etno-Escultural de Angola.

A implementação do Portal do Conheci-mento, que possui sistemas que permitem o re-gisto de trabalhos de investigação e a divulga-ção de trabalhos de fim curso, teses de licencia-turas, doutoramentos, permitirá aos estudantesobter informações académicas e científicas eestará ligado a especialistas do ramo de ciênciae tecnologia.

Trata-se de um projecto de integração doGoverno com o objectivo de se construir umasociedade informada, bem como aproximar osinvestigadores entre si, independentemente dasua localização geográfica, criando um fórumde discussão.

Segundo o ministro da Ciência e Tecnolo-gia, João Baptista Ngadagina, o Mapa Etno-Es-

cultural abrange um conjunto sócio esculturaldas figurais dos povos de Angola, caracterizadopela distribuição desequilibrada dos seus ob-jectos esculturais.

Entre as prioridades deste ministério encon-tra-se a contribuição para o combate à fome e aredução da pobreza, com a criação, no país, delaboratórios de referência no domínio da saúdee controlo dos alimentos.

Vai ainda ser proposta a criação do fundo dedesenvolvimento científico e tecnológico e acriação do prémio de investigação científica. Oministério vai também estabelecer e assinarprotocolos de colaboração científica com asuniversidades existentes no país e com algunsinstitutos de investigação científica.

VENDA DE 49,9% DO MILLENNIUM ANGOLA

BCP E SONANGOLFIRMAM ACORDOO recente anúncio da assinatura com a Sonan-gol do acordo final do BCP para Angola apre-senta-se como um dos principais passos para oavanço do banco português no caminho da in-ternacionalização.Um acordo que veio cimentar as relações coma petrolífera angolana, abrindo o potencial decrescimento do BCP num mercado bancário emexpansão. Segundo fonte do BCP, o objectivo éabrir 130 balcões, num período de três a cincoanos.

MOXICO APOIA ACÇÕESE REQUALIFICA

INCENTIVOAO TURISMOA Direcção Provincial da Indústria, Comércio, Ho-telaria e Turismo no Moxico vai apoiar acçõesque visem incentivar o desenvolvimento do ra-mo de hotelaria e turismo nesta província ango-lana. O director provincial para este sector com-prometeu-se igualmente a realizar inspecçõesperiódicas às unidades hoteleiras que operamna província. O objectivo é fiscalizar o nível decumprimento da legislação angolana vigente.Álvaro Coutinho acrescentou que esta fiscaliza-ção é necessária para prevenir eventuais irregu-laridades registadas no exercício da actividadehoteleira, bem como corrigir e superar algumasdificuldades a identificar.Às instituições do sector que insistirem em in-cumprir as orientações superiores serão aplica-das medidas punitivas que vão até a sua des-qualificação.Por seu turno, a maior atenção será prestada àsiniciativas do sector privado, direccionadas aodesenvolvimento da actividade hoteleira e turís-tica na região, com vista a mudar o actual qua-dro.A direcção do comércio no Moxico pretendeainda, a curto prazo, a reabilitação e requalifica-ção das infra-estruturas hoteleiras e turísticaspara prestação de um serviço aceitável às po-pulações, com vista a mudar o quadro que osector vive actualmente.

COMÉRCIO ENTRE PORTOSDE LEIXÕES E ANGOLA

CRESCIMENTOESPECTACULAREntre os vários países da CPLP (Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa), a evolução do co-mércio entre os portos de Leixões (em Portugal)e Angola regista um lugar de destaque. Segun-do o presidente da Administração dos Portos doDouro e Leixões, Matos Fernandes, regista-semesmo um “crescimento espectacular”.Sublinhando que “Leixões tem uma relaçãomuito profunda e profícua com a maior partedos portos dos países da CPLP, quer do pontode vista institucional, quer comercial”, Matos Fer-nandes acrescentou, à margem do I Encontrode Portos da CPLP realizado recentemente, queo comércio com Angola, para onde Leixões pos-sui três ligações semanais contínuas, se destacapelo seu “crescimento espectacular”. Já que au-mentou quase 12 vezes mais nos últimos oitoanos, de 4000 para 47000 TEUS (contentorespequenos).Uma realidade que se destaca ainda mais pelofacto de com os restantes países da CPLP, ocontacto portuário não ser “tão intenso” comocom o que se verifica com Angola.

CONJUNTO DE PROJECTOS DE INFRA-ESTRUTURAS

IRMÃOS CAVACOINVESTEMNum investimento global na ordem dos 700 mi-lhões de euros, a construtora portuguesa IrmãosCavaco firmou a promoção de um conjunto deprojectos de infra-estruturas em Angola.De acordo com notícia publicada pelo Jornal deNegócios, conquistado o apoio do Governo an-golano, o plano deverá arrancar assim que oacordo público-privado seja ratificado pela equi-pa ministerial saída das recentes eleições ango-lanas.António Cavaco, presidente desta construtora,com sede em Santa Maria da Feira, apenasconfirma que “juntamente com um grupo finan-ceiro internacional, iremos promover um conjun-to de infra-estruturas em Angola no valor de al-gumas centenas de milhões de dólares”.

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Setembro/Outubro de 2008 | Página 13

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Página 14 | Setembro/Outubro de 2008

CONTRARIAMENTE AO RESTO DO MUNDO, EM ANGOLA RESPIRA-SE CONFIANÇA E ÂNIMO

Um mundo, dois sistemasO Mundo vive desde meados do ano de 2007 uma crise financeira, para uns como não há memória, para outros como há pou-cas conhecidas. O fenómeno designado como “crise do crédito subprime” que se iniciou nos Estados Unidos da América no ve-rão do ano transacto, depressa alastrou através de um “efeito dominó”, principalmente à Europa mas também à Ásia e Extre-mo Oriente. Este “efeito dominó” é nada mais do que o grau de interdependência e inter - relação existente entre os sistemas fi-nanceiros dos vários Continentes, dentro destes, entre os vários países e depois ainda entre todos os bancos que os compõem.

Com crises constantes e crescentes de li-quidez e falta de confiança entre as ins-tituições europeias, temos assistido

com frequência desde o início desta crise, a ac-ções de socorro prestadas pelo Banco CentralEuropeu (BCE) o qual, ao emprestar avultadosmontantes em fundos a curto prazo, tem ajuda-do a resolver as dificuldades financeiras exis-

tentes em muitos dos principais bancos euro-peus. Ainda há poucos dias assistimos a duas in-jecções de capital por parte do BCE no sistemabancário europeu, as quais somaram 100 milmilhões de euros em empréstimos a curto pra-zo. E o que sabemos é que pouco sabemos ain-da da profundidade e longevidade desta crise.

Mas não tem sido apenas o BCE a prestarsocorro às instituições financeiras europeias.São conhecidas as intervenções do tesouroamericano na solvência e salvação de gran-des instituições como a Fannie Mãe e Fred-die Mac ou a seguradora AIG, intervençõesestas já destinadas à recuperação total destasinstituições. No Reino Unido, a nacionaliza-ção do Northern Rock e a aquisição doHBOS pelo Lloyds TSB, ou no caso da Di-namarca o socorro dado pelo Banco Centralcom mais 100 instituições ao Roskilde ou aopequeno Ebh Bank, são exemplos da profun-didade desta crise. Ao mesmo tempo que es-crevo estas linhas tomamos conhecimentoda intervenção conjunta dos governos daBélgica, Holanda e Luxemburgo na salvaçãodo Fortis Bank.

Nenhuma instituição financeira (bancá-ria ou seguradora) poderá dizer que está in-cólume a esta crise financeira e à instabili-dade do sistema financeiro mundial. Todosos bancos emprestam dinheiro a outros erecebem de outros empréstimos. Todos osbancos aplicam algures os seus fundos eexcedentes de liquidez. Ainda que acreditena transparência do sistema, sabemos que,em muitos casos, o dinheiro recebido é de-pois reaplicado ou canalizado para produ-tos de maior complexidade. De qualquerforma é minha convicção que os governos,os bancos centrais e as instituições finan-ceiras saudáveis, em articulação uns comos outros, não deixarão de intervir e de pôra funcionar os mecanismos de salvaguardaque evitem um aprofundamento dramáticodesta crise. É preciso confiança no merca-do, mas ao mesmo tempo é necessária umadose de serenidade, bom senso e sanguefrio para analisar os problemas e aplicar ascuras respectivas. Nem que o sistema fi-nanceiro mundial tenha que se reposicionarem relação às linhas de orientação estraté-

gicas do passado. A maturidade do sistemaassim o obriga.

Mas ao mesmo tempo que assistimos à faltade liquidez de alguns dos bancos europeus eamericanos, ao clima de algum pessimismo, de-pressão e “cinzentismo” vivido nos mercadosocidentais, podemos olhar para o sistema finan-ceiro angolano com outras lentes e observar adinâmica de crescimento, o brilho da confiançae a robustez da intervenção das instituições fi-nanceiras deste país. Por lá podemos observarque se respira confiança e ânimo. Os bancoscom um bom nível de liquidez (a taxa de pou-pança em Angola muito perto dos 50% - valorestimado para 2008) que permitirá potencial-mente financiar os investimentos há muito es-perados. Os excedentes comerciais positivosque representarão este ano, pensa-se, cerca de20% do PIB, com a consequente acumulação dereservas líquidas a atingir cerca de 20 mil mi-lhões de USD em 2008, são razões de sobra pa-ra este optimismo. Os resultados das institui-ções bancárias angolanas e a dinâmica das maisrecentes posições accionistas dizem o resto so-bre a alegria que se vive no sistema.

ASSINADA EM LUANDA HÁ QUASE CINCO ANOS PODE ACABAR COM INCERTEZA EM MATÉRIA DE SEGURANÇA SOCIAL

AICCOPN defende ratificação de convenção

Mário de JesusEconomista e Membro do FRES

- Fórum de Reflexão Económica e Social

Membro do Conselho Nacional Consultivo

da PME-Portugal

Em carta enviada ao Ministro dosNegócios Estrangeiros, Luís Amado,com conhecimento aos Ministros doTrabalho e da Solidariedade Social e aodas Obras Públicas, a AICCOPN lembraa “importância estratégica do mercadoangolano para a internacionalização dasempresas portuguesas do sector”, sa-lientando as dificuldades burocráticasque subsistem em matéria de concessãode vistos de trabalho a estrangeiros porparte das autoridades consulares ango-lanas”. Na missiva, esta associação su-blinha ainda os “sérios constrangimen-tos e dúvidas no que concerne ao enqua-dramento legal aplicável, em matéria desegurança social, às remunerações pa-gas aos seus colaboradores que se en-contram deslocados em Angola”.

Ora, no entender da AICCOPN, “es-ta situação incompreensível, já que foiassinada por Portugal e Angola, a 27 deOutubro de 2003, em Luanda, uma Con-venção sobre Segurança Social, a qual

foi posteriormente aprovada pelo De-creto n.º 32/2004,de 29 de Outubro, do-cumento que consagra o princípio daigualdade de tratamento dos nacionaisdos dois Estados e a garantia de recipro-cidade no que respeita às respectivas le-gislações, dando orientações concretasquanto às regras de segurança social aadoptar”.

Considerando lamentável que, de-corrido todos estes anos, as empresasportuguesas e angolanas continuem“privadas de invocar o que ficou acor-dado na Convenção”, a AICCOPN soli-cita também ao Ministro dos NegóciosEstrangeiros que “desencadeie os meca-nismos necessários, tanto a nível nacio-nal, como junto da diplomacia angola-na, para que a Convenção possa entrarem vigor, pondo assim fim à incertezaquanto ao regime aplicável em matériade segurança social aos trabalhadoresportugueses destacados em Angola e vi-ce-versa.

A Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) entende que os governos de Portugal e Ango-la devem dar os passos necessários à ratificação da Convenção sobre Segurança Social assinada pelos dois países em 2003.Este será o caminho para “pôr cobro à incerteza quanto ao regime aplicável em matéria de segurança social aos trabalha-dores portugueses destacados em Angola”.

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ANGOLA

Setembro/Outubro de 2008 | Página 15

SEGUNDO GOMES CARDOSO, OS NOVOS CENTROS DE LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO VÃO REESTRUTURAR ACTIVIDADES GROSSISTA E RETALHISTA

Presild moderniza comércio em AngolaO director nacional do Comércio, Gomes Cardoso, na qualidade de coordenador do subgrupo técnico operativo de infra-es-truturas físicas, encontra-se a coordenar a reestruturação e construção de Centros de Logística e Distribuição (CLODIS) nasprovíncias de Luanda, Huambo, Benguela e Malanje. Trata-se de um projecto desenvolvido no âmbito do Presild – progra-ma governamental para a Reestruturação do Sistema de Logística e Distribuição de Produtos Essenciais à População.

Criado pelo Governo angolano com oobjectivo de organizar e modernizara actividade comercial em todo o ter-

ritório nacional, de forma a ampliar a ofertade produtos essenciais à população, o Presildabrange mudanças estratégicas que vão desdea actualização do quadro legal vigente nopaís à construção de infra-estruturas para ocomércio grossista e retalhista.

O objectivo prático de controlo da distri-buição alimentar já está a dar resultados coma abertura da rede de supermercados “NossoSuper”.

Neste contexto, e a título de exemplo, coma reparação das estradas, pontes e passagenshidráulicas das vias que dão acesso aos muni-cípios na província de Malanje, regista-se jáum crescimento da actividade comercial.Sendo os mais de 2700 estabelecimentos co-

merciais controlados pela Direcção Provin-cial do Comércio, Indústria, Hotelaria e Tu-rismo, há já três anos.

Entre 2000 e 2005, o mesmo organismo

controlava apenas pouco mais de 1300 esta-belecimentos comerciais que apenas exer-ciam actividade económica em pequena esca-la. Daí que se considere satisfatório o nível de

crescimento do sector comercial em Malanje,fruto de um plano pedagógico de esclareci-mento sobre a nova Lei Comercial que estaDirecção Provincial tem vindo a desenvolverjunto dos agentes económicos da região.

Além disso, através do Presild, numa pri-meira fase, Malanje vai contar com cinco su-permercados “Nosso Super” que estão a sererguidos nos municípios de Caculama, Cacu-so, Kiwaba Nzoji, Quela e Calandula.

O mercado grossista, segundo GomesCardoso, em declarações à imprensa, está es-truturado em plataforma de logística e de dis-tribuição, tendo sido já identificadas noveprovíncias que beneficiarão dessas infra-es-truturas comerciais. Gomes Cardoso acres-centa que estas infra-estruturas visam o es-coamento, beneficiação, embalagem e valori-zação da produção nacional.

PORTUGAL PREMIADO NA FILDAPortugal ganhou o prémio de melhor representaçãoestrangeira na 25ª edição da Filda – Feira Internacio-nal de Luanda que decorreu em Julho passado. O pavilhão português, que foi reconhecido com osprémios “Melhor Representação Oficial Estrangeira” e“Maior Representação Oficial Estrangeira”, contou coma presença de 104 empresas e esteve organizado pe-las áreas temáticas Comunicar, Viver, Desenvolver, Mo-ver, Construir e Curar.

HUÍLA CAPTAINVESTIMENTOSA província da Huíla está a aumentar a captação deinvestimentos estrangeiros. Segundo dados de um re-latório recentemente divulgado pela Direcção Provin-cial de Comércio e Indústria, entre 2002 e Junho de2008, foram investidos na província 133 milhões deUSD, dos quais 83 milhões em projectos agro-alimen-tares.No mesmo período em análise, registaram-se igual-mente investimentos significativos no ramos da indús-tria ligeira e pesada.

BOLSA EM REGIME EXPERIMENTALA Bolsa de Valores e Derivados de Angola (BVDA) já seencontra a funcionar em regime experimental comempresas virtuais criadas no sistema.Até as empresas virtuais serem substituídas por em-presas reais, a Comissão de Mercados de Capitais deLuanda está a desenvolver um grande esforço nosentido de adaptar o sistema utilizado pelas suascongéneres internacionais à realidade angolana, bemcomo na formação de quadros locais.

PORTUGUESES INVESTEMO grupo imobiliário português Bascol investiu já mais

de 300 milhões USD em três grandes empreendimen-tos residenciais em Luanda. Construção que está acargo da Soares da Costa e cuja comercialização serárealizada pelas empresas Propri Casa e P6W Imóveis.Por seu turno, a empresa portuguesa Inosat apresen-tou, em Luanda, as suas novas propostas de localiza-ção de pessoas e bens – Child Locator e Car Locator.

STANDARD BANK EM LUANDAO Standard Bank, da África do Sul, anunciou a abertu-ra de uma representação em Luanda, a ocorrer aolongo do último trimestre de 2008. Inicialmente comum capital de 25 milhões USD que aumentará maistarde para os 50 milhões.Este banco sul-africano está representado em 16 paí-ses e emprega mais de 47 mil pessoas, tendo omaior banco chinês – o Industrial and CommerceBank of China – adquirido recentemente 20% do ca-pital social do Standard Bank.

ÚLTIMAS• A Unicer viu aprovado o seu investimentonuma fábrica de cerveja SuperBock em An-gola, envolvendo também sócios locais.• A ocorrer ainda durante 2008, está previstoo início da obra de construção do novo Portode Luanda, na baía do Dandem com umacapacidade de atracção de 32 postos.• A Sonangol anunciou um programa de in-vestimentos de 100 milhões USD, ao longodos próximos 5 a 7 anos, para a abertura de100 poços de petróleo e outros investimentosna refinação, na rede de distribuição e naconstrução e melhoramento de diversas in-fra-estruturas.• O Governo angolano deverá legislar breve-mente a criação dos dois primeiros fundosde investimento imobiliários em Angola. Aautorização da constituição deste novo tipode entidade financeira será da competênciada Comissão do Mercado de Capitais.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

OPINIÃO

Página 16 | Setembro/Outubro de 2008

OS NEGÓCIOS NÃO SÃO COMO DANTES! É ALTURA DE REFLECTIR E PENSAR EM...

Business EmpowermentO Mundo vive desde meados do ano de 2007 uma crise financeira, para uns como não há memória, para outros como há pou-cas conhecidas. O fenómeno designado como “crise do crédito subprime” que se iniciou nos Estados Unidos da América no ve-rão do ano transacto, depressa alastrou através de um “efeito dominó”, principalmente à Europa mas também à Ásia e Extre-mo Oriente. Este “efeito dominó” é nada mais do que o grau de interdependência e inter - relação existente entre os sistemas fi-nanceiros dos vários Continentes, dentro destes, entre os vários países e depois ainda entre todos os bancos que os compõem.

Enquanto a China envia astronautaspara o espaço, os Estados Unidosenfrentam potenciais falências das

suas maiores instituições financeiras. AChina envolve-se numa acção de promoçãoalmejando tornar-se no próximo líder eco-nómico mundial, os Estados Unidos tentamproteger as grandes empresas com políticasde nacionalização dignas de terceiro mun-do.

Estes são os sintomas mais recentes queo mundo e a sua economia está a mudar!

Todos sabemos que vivemos numa ter-ceira vaga. Numa era onde tudo o que co-nhecemos antes vai transformar-se radical-mente! A probabilidade da China ser amaior potência económica do globo dentrode vinte anos é superior a 80%. A probabili-dade dos EUA conseguirem inverter a espi-ral descendente em que vivem não chegaaos 40%. Note-se que as crises americanassão cada vez mais próximas e frequentes(existiram em 1997, 2003 e agora em 2007)e cada vez mais profundas.

É a terceira vaga! Isso quer dizer que jáhouve uma primeira (revolução agrícola) euma segunda (revolução industrial)... Por-que será que muitos de nós (nações intei-ras), ainda somos apanhados de surpresa?

Existe uma maldição que diz: “que Deuste amaldiçoe vivendo numa grande era!”.Todos nós vivemos numa grande era, logo,fomos amaldiçoados!

O mais curioso é a origem desta maldi-ção: China!

Concordo com ela pois não deve existirnada mais frustrante que estar pávido e se-reno num mundo em constante mutação on-de grandes feitos acontecem e apesar de po-dermos ter contribuído de alguma forma pa-ra eles nada fizemos.

Como se costuma dizer, existem três ti-pos de pessoas: “as que observam as coisasacontecer, as que fazem as coisas acontecere as que perguntam: o que aconteceu?”

Não preciso de enfatizar ou pincelar osfactos com uma pequena dose de exagero.Os acontecimentos já são de tal forma gri-tantes que parecem mesmo exagero! Naverdade, a razão para serem tal forma gri-tantes é só uma: esta terceira vaga já vai ameio... ela começou na década de 70!

Se os negócios já não são como manda a tradição... como é que são?

Como costumo afirmar: quando sabemosdas mutações do mundo pelo telejornal oupelos diários económicos estamos na cate-goria dos que observam as coisas a aconte-cer, quando lemos livros de gestão sobre as

novas práticas pertencemos à categoria dosque perguntam o que aconteceu. Mas quan-do pesquisamos na Internet sobre como po-demos influenciar este novo mundo entãoestamos a entrar na categoria dos que fazemas coisas acontecer!

A primeira era foi a agrícola, nessa alturao poder voltou-se para quem tinha terras depreferência férteis. Tal riqueza parecia ina-balável (eram recursos naturais e limita-dos), até que surgiu a segunda era: a indus-trial. O poder e a riqueza mudaram de mãos.Os industriais tomaram controlo!

Se estas são as lições da história, facil-mente se descobre o que fazer quando en-tramos numa nova era: a da informação!

Tal como um famoso bancário afirmou:“dinheiro não é poder! A informação sobredinheiro é que é o poder propriamente di-to!”

Durante qualquer uma das eras anterio-res, praticamente todos os empresários dosparadigmas em vigor relativizaram as mu-danças! Sempre afirmaram que eram exage-ros dos pobres e menos afortunados.

Antes da revolução agrícola as socieda-des eram constituídas por tribos nómadas.Os líderes tribais relativizaram o evento daagricultura e continuou na sua forma de vi-da. Quem parou originando o sedentarismoforam os menos aptos para a caça e os maisfracos...

Aquando o evento da revolução indus-trial, os que abandonaram as terras e desen-volveram fábricas foram os parentes pobresdos grandes senhores feudais que, para nãose dividir a riqueza (leia-se: terras), somen-te o filho mais velho as herdava. Quando osirmãos mais novos moveram-se para as ci-dades para tentar a sorte numa indústriaemergente, o mais velho relativizava cha-mando-lhe de moda passageira!

Hoje, podemos citar múltiplos exemplossemelhantes, basta olhar que alguns dos ho-mens mais ricos do mundo são “nerds” deinformática. Empresas como a Google cujamaioria da população não consegue expli-

car donde vem a sua fortuna são hoje maio-res que as tradicionais e emblemáticas em-presas da era industrial tal como a Ford!

Lição número 1:nunca relativize!

Todos os dias surgem notícias sobre em-presas ou mesmo indústrias que caem por-que simplesmente os seus directores relati-vizaram as mudanças. O monstro do subpri-me é um exemplo: em tempos difíceis comoos que vivem os negócios tradicionais, agirde forma tradicional não gera bons resulta-dos a curto prazo. Face às dificuldades e àeconomia de excesso, as empresas optampor estratégias tradicionais e tentam factu-rar como podem: baixando preços, facili-tando nos créditos e alargados períodos pro-mocionais. Resultado: créditos mal paradose queda acentuada nos resultados.

Um exemplo frequentemente citado é oda indústria musical. Quando surgiu o mp3(ficheiro comprimido de música utilizadopara downloads via internet), toda a indús-tria musical relativizou o evento: afinal omp3 tinha qualidade inferior logo um ver-dadeiro apreciador de música nunca iria dedeixar de comprar o CD. Quando o mp3 co-meçou a ser um sucesso, a mesma indústriatentou estancar o fenómeno procurandoproteccionismo jurídico conseguindo ga-nhar batalhas como o encerramento doNapster. Apesar de algumas vitórias aparen-tes, a revolução da informação continuou eleis ou outros estratagemas típicos do para-digma tradicional não conseguiram impedirque esta indústria tivesse quedas em factu-ração na ordem de 30% num só ano! Contu-do, a maioria das editoras mantiveram-sefiéis aos paradigmas tradicionais. A Univer-sal desceu o preço de venda dos seus CD em30%. Nessa mesma altura, um “outsider”desta indústria: Steve Jobs da apple, lança oipod e o portal de mp3: itunes.

Hoje, o itunes, ipods e os múltiplos aces-sórios tornaram-se numa indústria que ren-

de mais de seis mil milhões de euros porano! As editoras, que não se adaptaram àsmudanças agradecem ao Steve Jobs pelosparcos cêntimos que recebem deste pelosdownloads daquele que é o maior site demúsica do mundo!

Simultaneamente, muitos músicos ques-tionam a “exploração” das editoras inovan-do os meios lançando álbuns via Internet ouassociando-se a outras entidades de mediapara lançamento de álbuns. Resultado: aseditoras perdem gradualmente mercado (ca-da vez mais se prefere o mp3 face ao CD) eperdem produtos (crescentemente os músi-cos abandonam as editoras). Trata-se do fimde uma indústria inteira... Pelo menos noseu formato tradicional!

Relativizar é um problema da maioriados gestores, educados a serem racionais enão passionais. Mas relativizar e racionali-zar são, nos dias que correm, maus negó-cios!

Lição número 2:pense em Business Empowerment

No exemplo anterior, a Apple salvou-seporque em vez de se manter fiel à sua acti-vidade tradicional (computadores), procu-rou mudar um sector inteiro!

Esta é uma lição de Business Empower-ment! A beleza da era da informação é que,tal como Morgan Friedman afirma: o mun-do está plano, ou seja, ao estar totalmenteligado existe uma igualdade de possibilida-des independentemente da sua localizaçãofísica, crença, raça ou cultura! Por isso de-sengane-se quem pensa que fenómenos co-mo YouTube, Google ou FaceBook só acon-tecem nos EUA. Numa cidade irrelevantepara o globo como Braga, uma empresa cu-jo principal produto é um site de backup pa-ra telemóveis tornou-se um dos principaisplayers mundiais seduzindo gigantes comoa Microsoft a despender verbas entre 25 a50 milhões para a adquirir! Casos de suces-so acontecem mesmo na porta ao lado! É anova era em acção!

Assim, se não deseja ser espectador ouvítima, mas sim um actor nesta era históricada humanidade, deve aprender a pensar soba perspectiva de Business Empowerment!

Basicamente, trata-se de uma reflexãosobre como deverá ser a sua indústria no fu-turo e desenvolver um caminho que trans-forme a sua organização sobre essa visão.

Verdade que é uma tarefa árdua e com-plexa, talvez por isso a maioria dos casosque poderemos apontar não são (r)evoluçãode empresas existentes mas sim novas orga-nizações!

Por essa razão, pensar em Business Em-powerment vai ser objecto da minha crónicae análise onde nas próximas edições anali-saremos com maior detalhe.

Jorge SaraivaExact Software

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ACTUALIDADE

Setembro/Outubro de 2008 | Página 17

Um dado que importa reteré o facto de as quedas dealturas se apresentarem

como uma das causas mais co-muns de acidentes mortais no lo-cal de trabalho. A construção é osector de actividade com maioresregistos, vitimando cerca de 1300pessoas por ano, em toda a Euro-pa. Um cenário que tem impactosnão só humanos, mas igualmentefinanceiros e económicos.

Para além das mortes, lesõesgraves ou toda uma série de limi-tações e incapacidades provoca-das nos trabalhadores, e que nes-tes últimos casos limitam a reinte-gração no mundo laboral,acarretando substanciais perdasde rendimentos, os acidentes po-dem igualmente contribuir para

denegrir a imagem dos sectoresem causa. Consequência? Torna-se mais difícil atrair os jovens econservar os trabalhadores maisvelhos para estas actividades.

Perante este cenário, reduzir asquedas de altura tornou-se um ob-jectivo essencial por parte dosresponsáveis europeus, cuja pros-secução requer, evidentemente, oenvolvimento de todos os secto-res em causa, em especial o daconstrução, cuja maioria das em-presas são PME, mas também osparceiros sociais, os poderes pú-blicos, as seguradoras, as caixasde previdência e instituições desegurança social e os serviços deinspecção do trabalho.

É neste sentido que este Guiaserve de base para a escolha do

equipamento de trabalho maisadequado à realização de traba-lhos temporários em altura, desig-nadamente pelas pequenas e mé-dias empresas. Deste modo, estasempresas podem melhorar a segu-rança dos respectivos trabalhado-res e controlar os custos de produ-ção.

O Guia de Trabalhos em Altu-ra oferece ainda aos responsáveispela prevenção de acidentes osmeios para aplicar eficazmente adirectiva, uma vez que reúne asmelhores práticas identificadaspor um grande número de peritoseuropeus.

Este Guia está acessível no sí-tio da Internet da Associação deEmpresas de Construção e ObrasPúblicas, em www.aecops.pt.

COMISSÃO EUROPEIA EDITA GUIA DE BOAS PRÁTICAS ÚTIL PARA AS EMPRESAS

Como evitarquedas em altura?“Guia de Trabalhos em Altura” é um documento editado pela Co-missão Europeia que, embora não vinculativo, pretende ser umguia de boas práticas para aplicação da Directiva nº 2001/45/CE,de 27 de Junho. O principal objectivo é orientar a escolha do equi-pamento de trabalho mais apropriado à execução de trabalhostemporários em altura, em particular pelas PME.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

INCENTIVOS

Página 18 | Setembro/Outubro de 2008

Um novo sistema de apoio ao financia-mento e partilha de risco da inovação foi jápublicado em Decreto-Lei. Trata-se do FI-NOVA – Fundo de Apoio ao Financiamentoà Inovação. Com a natureza de fundo autó-nomo, está vocacionado para a criação ou re-forço de instrumentos de financiamento deempresas, com particular destaque para asPequenas e Médias Empresas (PME) e osprojectos com maior grau de inovação.

É missão deste novo fundo “promover acompetitividade de empresas através da cria-ção ou reforço de instrumentos de financia-mento”, tendo como principais objectivos:

• Estimular a intervenção do capital derisco no apoio às PME, privilegiando as fa-ses iniciais do seu ciclo de vida e o investi-mento em projectos inovadores;

• Reforçar o sistema de garantia mútua epromover o alargamento da sua intervençãoàs empresas e projectos que, pelo seu risco ecariz inovador, apresentem maiores dificul-dades na obtenção de financiamento bancá-rio;

• Promover a contratualização, junto dosistema financeiro, de linhas de crédito comvista a facilitar o acesso ao financiamentopor parte das PME;

• Dinamizar a utilização de novos instru-mentos, nomeadamente os instrumentos con-vertíveis de capital e dívida e a titularização

de créditos destinados a potenciar o financia-mento de pequenos projectos de PME;

• Apoiar o financiamento da inovação nu-ma perspectiva integrada das componentesde capital e dívida;

• Incentivar o empreendedorismo, asse-gurando o capital e as capacidades de gestãorequeridas em iniciativas de maior risco;

• Incrementar o empreendedorismo jo-vem e o empreendedorismo feminino, en-quanto processo de mobilização dos jovens edas mulheres para a vida económica activa,bem como apoiar as iniciativas empresariaisparticularmente propícias à promoção dosfactores de igualdade entre homens e mulhe-res;

• Favorecer a implementação de “Estraté-gias de Eficiência Colectiva” definidas naAgenda da Competitividade do QREN: Pó-los de Competitividade e Tecnologia, OutrosClusters — Programas Valorização Econó-mica de Recursos Endógenos (PROVERE) eAcções de Regeneração e DesenvolvimentoUrbano;

• Incentivar a emergência de novos pólosde desenvolvimento de actividades com di-nâmicas de crescimento, nomeadamente, asindústrias criativas.

Para mais informações:http://www.pofc.qren.pt

Esta revisão do Código da Proprie-dade Industrial veio adequar al-g u n s

instrumentos de protecção às actuais exigências do mercado, procurando ir ao encontro das necessidades espe-cíficas dos cidadãos e das empresas,“criando soluções inovadoras ou suprimindo mecanismos que se revelarammenos ajustados ao longo do tempo”.

As novas medidas vêm, assim, facili-tar o acesso ao sistema, através da supressão de algumas exigências que se revelaram desnecessárias e da adequação de alguns dos instrumentos deprotecção às actuais exigências do mer-cado.

Mas também vêm garantir maior eficiência e rapidez na obtenção de protecção, reduzindo alguns prazos processuais, sem descurar, no entanto, a necessária segurança e solidez dos direitos atribuídos pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (IN-PI).

Deste modo, o sistema torna-se maiságil e simplificado, já que foram suprimi-das burocracias e exigências que onera-vam os cidadãos e as empresas. Reduzin-do, de igual modo, os custos associados àprotecção, que assim passam a poder serredireccionados para o investimento eminovação.

As novas medidas

• Deixa de ser obrigatória a cons-tituição de mandatário para que os interes-sados não estabelecidos ou domicilia-dos em Portugal possam agir junto do IN-PI;

• Deixa de ser obrigatória a aquisiçãodo título de registo (este documento passaa ser adquirido apenas por quem nele te-nha efectivo interesse);

• Deixa de ser exigida a apresentaçãoperiódica da declaração de intenção deuso nos registos de marca;

• Deixa de ser exigida a entrega de do-cumentos em duplicado;

• Deixa de ser exigida a entrega do cer-tificado negativo de firma;

• Deixa de ser exigida a entrega da cer-tidão do registo predial para que possa serincluída numa marca ou num logótipo areferência a uma propriedade rústica ouurbana;

• Deixa de ser necessária a apresenta-ção de uma autorização especial para in-cluir a bandeira nacional num registo, pas-sando o INPI a poder zelar pela dignidadedo símbolo nacional;

• Deixa de ser exigida a entrega de umadescrição do desenho ou modelo, que pas-sa a poder ser apresentada apenas volunta-riamente pelo requerente ou na sequênciade notificação do INPI.

Teve início no passado dia 1 de Outu-bro um novo período para apresentação deprojectos a financiamento no âmbito doSistemas de Incentivos à Investigação eDesenvolvimento Tecnológico (SI I&DT).Fase esta que se destina exclusivamenteaos Projectos Qualificados do aviso deabertura de candidaturas nº10/SI/2008 querespeita à Fase de Pré-qualificação de Pro-jectos de I&DT Colectiva.

Os projectos a apoiar neste âmbito, eque decorre até 14 de Novembro de 2008,deverão corresponder a projectos deI&DT que, sendo promovidos por associa-ções empresariais, resultam da identifica-ção de problemas e necessidades de I&DT

partilhados por um conjunto significativode empresas, designadamente ao nível deum determinado sector, cluster, pólo decompetitividade e tecnologia ou região.

Nesta fase de candidatura será avaliadocom particular atenção o enquadramento efundamentação das actividades de I&DT adesenvolver, bem como uma efectiva dis-seminação e endogeneização dos resulta-dos alcançados junto das empresas-alvo,abrangendo as Regiões Convergência dePortugal Continental (Norte, Centro eAlentejo).

Mais informações em www.incenti-vos.qren.pt

DESDE 1 DE OUTUBRO, NOVAS MEDIDAS PROMETEM SISTEMA MAIS SIMPLES

Novo código dapropriedade industrialentrou em vigor

ENTRE 1 DE OUTUBRO E 14 DE NOVEMBRO DE 2008

Incentivos à I&DTcom novo períodode candidaturas

Em 1 de Outubro passado entrou em vigor o Novo Códigoda Propriedade Industrial, cujas principais medidas foramcriadas com o objectivo de tornar a utilização do sistemade propriedade industrial ainda mais simples.

PME E PROJECTOS INOVADORES SÃO PRINCIPAIS BENEFICIÁRIOS

Finova reforça instrumentosde financiamento

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ACTUALIDADE

Página 20 | Setembro/Outubro de 2008

OBSERVATÓRIO DA CRIAÇÃO DE EMPRESAS REVELA AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Quem são os empreendedoresportugueses?Maioritariamente homens, ainda jovens, com cada vez maior nível de habilitações académicas. Em traços gerais é este operfil do empreendedor português apresentado pelo Observatório da Criação de Empresas – 2007, e do qual o JORNAL DASPME apresenta aqui algumas das principais conclusões.

Na sua maioria, os empreen-dedores portugueses aindasão homens (Gráfico 1),

sendo a proporção entre sexo masculino e feminino de aproxima-damente 2/3 para 1/3. Um rácio quese tem mantido nos anos mais re-centes.

Mas também são jovens os nos-sos empreendedores. A idade maisfrequente dos empreendedores é a de 30 anos, sendo a idade médiade 37 anos. Mais de metade dos novos empresários (52,4%) temmais de 35 anos ou menos e cerca de4/5 (79,1%) têm 45 anos ou menos.Empreendedores com 65 anos oumais representam apenas 1,7% dototal.

Na mesma análise constata-seque, embora jovens, os empreende-dores nacionais tendem a ser profis-sionais com grande experiência detrabalho (cerca de 2/3 têm mais de10 anos de tempo de trabalho). Da-do ao qual se alia um cada vez maiselevado nível de habilitações acadé-micas. Cenário demonstrado pelos40% que têm, pelo menos, frequên-cia universitária, sendo que perto de3/4 destes (72,2%) concluíram mes-mo a sua licenciatura. No mesmogrupo outros há que chegaram mes-mo a concluir estudos pós-gradua-dos, mestrados ou doutoramentos.

Por seu lado, não é de excluir queaproximadamente 1/3 dos empreen-dedores (32,8%) têm no máximo aescolaridade obrigatória.

Uma outra particularidade queimporta destacar prende-se com ofacto de, pese embora existirem sec-tores de actividade onde a propor-ção homem/mulher é muito seme-lhante (na maioria dos serviços, in-termediação financeira, actividadesimobiliárias, ensino e investigação esaúde e serviços sociais), outros háem que o predomínio masculino éconsideravelmente superior à mé-dia. É exemplo disso a construção,onde os homens ainda representammais de 85% dos empreendedores.

Outra curiosidade prende-se como facto de as empreendedoras apre-sentarem-se, na sua maioria, maisjovens do que os seus congéneresmasculinos. A idade média das em-preendedoras ronda os 35 anos, faceaos 38 dos homens, sendo que pertode metade dos empreendedores dogénero masculino tem 35 anos oumenos (48,8%). Percentagem essaque sobe para os 60,6% quando ana-lisamos as mulheres.

HABILITAÇÕES VERSUSSECTORES DE ACTIVIDADENa análise às habilitações académicas verifica-

se que as mesmas diferem entre os vários sec-

tores de actividade:

• Na área dos serviços constata-se que a maio-

ria dos empreendedores tem já, no mínimo, fre-

quência universitária;

• Nas novas empresas do sector financeiro essa

percentagem é de 45,5%;

• Subindo para os 54,7% no caso das activida-

des imobiliárias;

• E para os 58,5% nas empresas de informática

e similares;

• Nas áreas do ensino e investigação atinge os

61,9%;

• E ultrapassa os 70% nos serviços de consulto-

ria e serviços às empresas;

• Por fim, as áreas da saúde e serviços sociais al-

cançam os 75%.

Em contrapartida, verifica-se que os sectores on-

de os empreendedores têm menos habilitações

são os dos transportes e comunicações (57,9%

têm no máximo o 9º ano de escolaridade), se-

guindo-se a construção (com 55,2%), a indústria

transformadora (54,9%) e a hotelaria e restaura-

ção (47,4%).

FICHA TÉCNICAEm colaboração com a Rede Nacional de Cen-

tros de Formalidades das Empresas (CFE), o IAP-

MEI tem vindo a desenvolver o Observatório da

Criação de Empresas, cujos resultados de 2007

foram agora divulgados. O principal objectivo

deste estudo é dar a conhecer os novos empre-

sários e as novas sociedades, os seus pontos

fortes e as suas principais necessidades. Dados

que são analisados com base na recolha de in-

formações relevantes sobre os empreendedores

e as start-ups portuguesas.

Os resultados publicados pelo mais recente Ob-

servatório resultam da análise dos inquéritos re-

colhidos durante o ano de 2007 na Rede Nacio-

nal CFE, respeitando a 891 empresas e a 1518

empresários.

Gráfico IGénero dos Empreendedores

Feminino31,0%

Masculino69,0%

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ACTUALIDADE

Setembro/Outubro de 2008 | Página 21

QUANDO ANALISADA A CAPACIDADE EMPREENDEDORA

Percurso profissional não é relevanteO Observatório da Criação de Empresas revela que a situa-ção profissional não aparenta ser um factor determinanteda capacidade empreendedora. Isto porque constata-se queo número de empreendedores que já eram empresários naaltura da criação do projecto empresarial em análise é per-feitamente idêntico ao daqueles que exerciam uma profissãopor conta de outrem (Gráfico II). Cerca de 34% em qualquerdos casos, sendo que, no caso dos empresários, 2/3 seriamempresários noutra sociedade e 1/3 em nome individual.

Há, igualmente, novo equilíbrio quan-do comparamos os empreendedoresque já possuíam experiência empre-

sarial e os que estão perante a sua primeiraexperiência no mundo empresarial (46,5% e53,5%, respectivamente). Embo-ra, se deva sublinhar que entreaqueles que se encontravam a tra-balhar por conta de outrem, quan-do decidiram avançar com o seupróprio negócio, cerca de 1/4 jáhavia tido, no passado, algum tipode incursão no mundo dos negó-cios.

De registar também um outrogrupo de empreendedores com al-gum peso – o dos desempregados.Uma vez que 12,8% dos novosempresários se encontravam, à da-

ta da criação da sua empresa, em situação dedesemprego.

Por seu turno, a proporção de mulheres comexperiência empresarial prévia é consideravel-mente menor do que a de homens (Gráfico III).

Enquanto mais de metade (51,7%)dos empreendedores tiveram essaexperiência, apenas 34,2% de mu-lheres também a tiveram. Em conso-nância, há pouco menos de em-preendedoras que eram empresáriasdo que empreendedoras a exerceremessas funções (39,5% e 21,8%, res-pectivamente). Pelo contrário, é umpouco mais frequente encontrar-setrabalhadores por conta de outrem e

profissionais liberais entre as mulheres do queentre os homens (39,4% face a 31,7% e 10,5%face a 8,5%, respectivamente).

Por outro lado, constata-se que a falta deexperiência empresarial anterior possa ser co-mo que substituída pela experiência empresa-rial próxima por parte das empreendedoras,dado que mais de 2/3 têm empresários na fa-mília. Ou seja, 67,7% das mulheres têm fami-liares empresários, contra os 59,8% de ho-mens na mesma situação.

MOTIVAÇÕES ENTRE HOMENS E MULHERES SÃO MUITO SEMELHANTES

O desejo de enfrentar o riscoQuando questionados sobre o que

os motiva a seguir a via empreendedora, os portugueses apontam diversos motivos (Gráfico IV). Desde logo a possibilidade de ser criativo/inova-dor, aproveitar uma oportunidade, assegurar uma situação económica estávele poder ser independente. Estes são os fac-

tores que predominam em 40% das respos-tas.

Mas também a necessidade de rea-lização profissional ocupa lugar de destaque, em 32,4% dos casos. O desejo de enfrentar o risco ou um desafio e aproveitar o valor da ideia são também frequentemente focados (em mais de 1/4

dos casos), bem como num plano associa-do à estabilidade financeira, a necessi-dade ou desejo de assegurar o futuro dos fi-lhos.

Contrariamente, motivações como o de-sejo de reconhecimento social é uma dasmenos referidas (6,7%).

As motivações entre homens e mulheres

apresentam-se muito idênticas (Gráfico V).Embora as empreendedoras valorizem mais a possibilidade de independência, deestabilidade financeira e a realização pessoal, ao passo que eles perseguem maisa possibilidade de serem criativos ou ino-vadores ou de aproveitarem uma oportuni-dade.

Gráfico II

Gráfico IV - Gráfico V -

Gráfico III

Tudo o que interessa às PME’s de Portugal: www.pmeportugal.pt Mais informações: tel.: 707 50 1234

RTP08 Setembro 2008Declarações do presidente da PME-Portugal, Joaquim Rocha da Cunha.

Título da peça de reportagem:”Associação PME-Portugal aplaude criação de linha de crédito para em-presas com projectos até um milhão de euros”

DIÁRIO DE NOTÍCIAS08 Setembro 2008Sobre a Linha de Crédito à Exportação para as PME

Os empresários dizem que todas as ajudas são bem-vindas. Mas consideram que os apoios ao financia-mento das PME "são fundamentais". "A redução da fiscalidade ajuda, mas os apoios ao financiamento éque são essenciais. Porque, se os tiverem, as empresas serão capazes de enfrentar as adversidades", afir-mou Paulo Peixoto, vice-presidente da PME-Portugal, que conta com cerca de 6 500 pequenas e médiasempresas associadas. Em declarações ao DN, sublinha que "não é por acaso que a linha de financia-mento que o Governo lançou em Julho, no montante de 750 milhões de euros, esgotou-se em menos deum mês. Por isso, a criação de uma nova linha de financiamento é uma boa medida, que só peca por de-feito. Porque 400 milhões de euros não chegam para satisfazer as necessidades das PME portuguesas".Paulo Peixoto revela que houve centenas de associados que concorreram a apoios no âmbito da última li-nha de financiamento do Governo e já não conseguiram obtê-los. E, alerta, "muitas das destas empresas,se não tiveram este apoio, poderão fechar as portas. Algumas delas já não abriram as portas depois dasférias"."Tenho a certeza que as nossas empresas estão a perder boas oportunidades em novos mercados que se-rão muito importantes no futuro", diz Paulo Peixoto. E porquê? “Por falta de liquidez, mas também de ca-pacidade para arriscar dos nossos empresários, sobretudo dos mais pequenos”, admite.

RÁDIO RENASCENÇA18 Setembro 2008Sobre as alterações do PEC

O presidente da Associação PME-Portugal defende que é necessária uma moratória fiscal imediata àisenção dos pagamentos à Segurança Social e em sede de IRC para que as empresas não fiquem aindamais descapitalizadas, neste momento crítico da economia mundial.“Se se tratar apenas de uma forma mais prestacional do Pagamento Especial por Conta não chega. O queé preciso fazer é uma moratória fiscal e uma isenção de pagamentos de determinados impostos das em-presas no imediato”, adianta Joaquim Rocha da Cunha.

RÁDIO RENASCENÇA24 Setembro 2008Sobre a crise financeira

A Associação das Pequenas e Médias Empresas revela que são as empresas que mais sentem os efeitosda crise financeira. A falta de liquidez no mercado está a provocar encerramentos.“Estão a fechar muitas empresas por causa da crise, fundamentalmente pela crise financeira da falta deliquidez dos mercados que não é só a que estoirou nos EUA, é uma crise incremental de falta de liqui-dez”, refere Carlos Neves, conselheiro nacional da PME-Portugal.A linha de crédito bonificado que entrará em vigor a partir de Outubro é bem recebida, mas não é solu-ção, revela Carlos Neves, que considera ser imperativo criar novas medidas que garantam a viabilidadedas pequenas e médias empresas.

RÁDIO RENASCENÇA29 Setembro 2008Sobre o investimento português na Venezuela

Segundo a imprensa venezuelana, o destaque dos negócios com Portugal passa pelo fornecimento de250 mil computadores Magalhães à Venezuela, mas as pequenas e médias empresas portuguesas nopaís sul-americano estão à margem destes negócios, lamenta Joaquim Rocha da Cunha, presidente daAssociação PME-Portugal.“Temos [na Venezuela] uma enorme comunidade empresarial, o que significa investimento português.Mas neste momento, há empresários portugueses a deixar a Venezuela porque são ameaçados, outrosquerem fazer investimentos noutros países e não conseguem expatriar capitais porque o Governo de Cha-véz já não deixa e há listas de nacionalizações previstas na Venezuela que incluem um grupo de empre-sas de capital português”, denuncia o presidente da Associação PME-Portugal.

clippingPME-Portugal integra Grupo de Peritosno combate à burocracia

PME portuguesasrepresentadas emconferência europeia

A Associação PME-Portugalparticipou na conferência “Re-duzir a burocracia para a Euro-pa”, que decorreu em Bruxelas,no Parlamento Europeu, numaorganização da Comissão Euro-peia. O vice-presidente da PME-Portugal, Gabriel Goucha, foi umdos oradores participantes, jáque a associação das PME por-tuguesas integra o Grupo de AltoNível de Partes Interessadas In-dependentes sobre os EncargosAdministrativos.

O enquadramento regula-mentar em que as empresasoperam influencia a sua compe-titividade, a capacidade de cres-cer e, por conseguinte, a criaçãode empregos. Ao reduzir a buro-cracia, a Comissão ajuda os em-presários a melhorarem a com-petitividade, tendo em mente odesenvolvimento sustentável eos direitos sociais. A Comissãoestá empenhada em desenvol-ver um melhor enquadramentoregulamentar das empresas,que seja simples, compreensí-

vel, eficaz e aplicável. Para atin-gir este objectivo, a Comissãoestá a realizar uma grande ope-ração para reduzir o tempo queas empresas gastam fornecendoinformações jurídicas a entida-des públicas ou particulares. Oseu Programa de Acção para aredução dos encargos adminis-trativos na União Europeia pre-tende reduzir 25% dos encargos(autorizações, estatísticas, etc.)em 2012.

As empresas são directa-mente afectadas pela legislaçãoe, por conseguinte, estão melhorposicionadas para comentar so-bre o modo como ela pode serfeita de modo menos oneroso,respeitando sempre os objecti-vos da política da legislação. Es-ta foi, aliás, a principal razão pe-la qual a conferência envolveuas empresas e outras partes in-teressadas nesta discussão.

Mais informações acerca desta conferência

podem ser consultadas em

www.cuttingredtape.eu

Soluções que rentabilizam os negócios

PME-Portugal lança serviçodirigido às empresas na hora

A Associação PME-Portugalestá a promover nos balcões Em-presa na Hora uma campanhaúnica dirigida especialmente àssociedades criadas através destesistema. Apresentando condiçõesmuito especiais às empresas aca-badas de criar, a PME-Portugaldisponibiliza cinco serviços: Pro-grama LER, Telefone na Hora, Es-tar Bem Informado, Jornal dasPME e Domiciliação Virtual.

Consciente da dificuldade dequalquer empresa em início de vi-da, a Associação PME-Portugalpretende, deste modo, ajudar es-tas empresas a adquirirem servi-ços úteis ao seu quotidiano, a pre-ços competitivos.

As empresas criadas atravésdo sistema Empresa na Hora parapoderem usufruir desta campa-

nha apenas terão de se tornar as-sociadas da PME-Portugal. Umaentidade de âmbito nacional, cria-da com o intuito de apoiar e pro-mover os interesses de todos osempresários em nome individuale de todas as empresas com esta-tuto de PME (pequena e médiaempresa), que exerçam uma acti-vidade económica em Portugal. APME-Portugal oferece aos seusassociados informação, formaçãoe apoio técnico, criando soluçõesinovadoras que rentabilizem o ne-gócio das PME.

Para mais informações, os in-teressados em conhecer melhore/ou aderir a esta campanha de-verão contactar a AssociaçãoPME-Portugal através da LinhaNacional de Apoio 707 50 1234ou do e-mail [email protected]

Especialistas abordaram estratégias de competitividade

PME-Portugal apoiou debate sobre TICNuma iniciativa da IDC, a PME-Portu-

gal associou-se ao evento “PME – Comoestão as Tecnologias de Informação e Co-municações (TIC) a contribuir para o au-mento da sua competitividade”, que de-correu no dia 24 de Setembro, no Centrode Congressos da Exponor, no Porto.

Entre diversos especialistas do sectordas tecnologias de informação, tais comoPier Francesco Manenti, EMEA ResearchDirector, que abordou as estratégias decompetitividade para as pequenas e mé-dias empresas industriais europeias, oseminário contou com intervenções deresponsáveis sectoriais, tais como JaimeQuesado (Programa Operacional da So-ciedade do Conhecimento) e Carlos Ne-ves, conselheiro nacional da AssociaçãoPME Portugal.

Em debate estiveram as estratégias deutilização das TI pelas PME. O mais re-cente estudo da IDC (PME – Sondagense Previsões; 2005 - 2010), sobre as PMEportuguesas, revelou que o investimentoem TI neste segmento vai continuar a

crescer a uma taxa média de 7,8% entre2005 e 2010, atingindo nesse ano os1331 milhões de euros.

A IDC estima que asPME representam 36% dadespesa total em TI em Por-tugal.

"Os nossos estudos maisrecentes sobre o mercado deTI em Portugal dão razões paraalgum optimismo. Apesar do climaeconómico incerto, o investimento emTI continua a crescer, fruto das necessi-dades de modernização e competitivida-de específicas deste segmento demercado", afirmou Gabriel Coimbra,Research & Consulting Director da IDCPortugal.

O Mercado das Tecnologias de Infor-mação para PME apresenta-se hoje co-mo um contexto de grande dinâmica eoportunidades, em que as tecnologias dainformação são hoje encaradas pelasPME portuguesas como uma alavanca daprodutividade e da competitividade.

PME-Portugal foi entidade oradora em iniciativa da autarquia local

Valongo debate empreendedorismoConfederação europeia elegeu dirigentes

PME-Portugal reforçaposição na ESBAA Associação PME-Portugal

foi uma das entidades oradoras,através do seu Conselheiro Na-cional, Jorge Mendes, na confe-rência “Projectos de Investimen-to Empresarial – como concebere avaliar um projecto” que de-correu em Valongo, no passadodia 2 de Outubro. Iniciativa en-quadrada no ciclo de conferên-cias 2008 “Empreender Valon-go”, promovido pela autarquialocal.

Considerando a PME-Portugal comouma associação “com um inequívoco reco-nhecimento no apoio e promoção ao em-

preendedorismo empresarial”, aCâmara Municipal de Valongo,através do seu Gabinete do Em-presário, lançou o repto à Asso-ciação das PME para dar o seucontributo ao tema em questão.

O Gabinete do Empresário domunicípio de Valongo encontra-se vocacionado para o apoio aoempreendedorismo e fomentoda actividade económica local.Razão mais do que suficiente

para promover iniciativas como a desta con-ferência, convidando para o seu debate eesclarecimento especialistas em matéria deempreendedorismo.

Joaquim Rocha da Cunha, presidenteda Associação das PME-Portugal, foireeleito vice-presidente sénior da Euro-pean Small Business Alliance (ESBA),em encontro recente desta confedera-ção europeia de pequenas e médias em-presas, que decorreu em Bruxelas.

A Associação das PME portuguesasintegra assim, uma vez mais, o órgãoexecutivo da ESBA, presidido pela ale-mã Tina Sommer, e que tem como priori-dade a internacionalização das PME,considerada crucial para o aumento dacompetitividade da União Europeia.

Além de Joaquim Cunha, foi eleito vi-ce-presidente da ESBA, Gabriel Goucha,igualmente vice-presidente da PME-Por-tugal. Da Direcção recém-eleita da ES-BA fazem ainda parte Dieter Ibielski, vi-ce-presidente, Brian Palm, presidentehonorário, Gustav Skulason, secretário,e Norman Mackel, tesoureiro.

A vice-presidência que a PME-Portu-gal ocupa na ESBA permite efectuaruma forte defesa dos interesses dasPME portuguesas em Bruxelas, bem co-mo agilizar contactos e negócios interna-cionais.

Poucos meses depois da sua abertura, oIDEIA ATLÂNTICO - Braga apresentajá uma ocupação muito próxima dos

100%. Um balanço “muito positivo” nas pala-vras de Hermenegildo Mota Campos, adminis-trador do IDEIA ATLÂNTICO, que em decla-rações ao JORNAL DAS PME, anuncia emprimeira mão a abertura de um novo projecto,desta feita em Luanda - Angola.

Actualmente a acolher um vasto número deempresas e empreendedores, essencialmente naárea das novas tecnologias, o IDEIA ATLÂN-TICO - Braga está em plena laboração, disponi-bilizando já a totalidade dos serviços previstosaquando da apresentação deste projecto.

Composto por um Centro de Negócios euma Incubadora de Empresas tecnológicas, oIDEIA ATLÂNTICO - Braga, que integra aREDE IDEIA Atlântico (Braga, Porto e Lis-boa) disponibiliza espaços para alojamentoempresarial e um conjunto integrado de servi-ços técnicos de apoio às empresas que elimi-

nam os custos de arranque num negócio, e re-duzem os encargos correntes da empresa. Ten-do recentemente recebido a Certificação daQualidade dos seus serviços prestados.

O IDEIA ATLÂNTICO prepara-se paraalargar a oferta de espaços no seu Centro deNegócios - Lisboa, dada a “enorme procurapor parte dos empresários”. “Iremos expandiras nossas instalações, já que actualmente a ta-

xa de ocupação é de 100%”, pelo que, paraalém da aposta no serviço “Escritórios Vir-tuais”, muito brevemente “teremos mais salasdisponíveis”.

Outra das novidades anunciadas pelo admi-nistrador do IDEIA ATLÂNTICO dá conta doalargamento da REDE, com a abertura doIDEIA ATLÂNTICO - Luanda. “Estamos jána fase de arranque do projecto”.

Segundo Hermenegildo Mota Campos, osserviços a disponibilizar em Luanda serão osmesmos que os empresários podem encontrarem Portugal, com o acréscimo de novos pro-positadamente criados dadas as especificida-des do “mercado angolano”. No IA - Luanda“estão reunidas condições únicas para o arran-que de qualquer negócio em Angola”, sublinhao administrador do IDEIAATLÂNTICO.

Com já vários clientes firmados, este espa-ço do IDEIAATLÂNTICO - Luanda será “umembrião de um espaço maior, que a médio pra-zo teremos, mas a qualidade da prestação dosnossos serviços será idêntica à que já habitua-mos os nossos clientes e parceiros em Portu-gal”.

A garantia de sucesso deste novo projecto éjá de 100%, até porque “rapidamente esgotare-mos a taxa de ocupação. As coisas estão aacontecer a uma velocidade muito grande e ointeresse por parte dos empresários tem sidoenorme”.

NOVA INFRA-ESTRUTURA FICARÁ INSTALADA EM LUANDA, COM OFERTA DE SERVIÇOS IDÊNTICA À REDE JÁ EXISTENTE EM PORTUGAL

IDEIA ATLÂNTICO abre centrode negócios em Angola