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Mercados Chile Estabelecimento de Empresas Outubro 2017 informação regulamentar

Mercados - AICEP Portugal Global · 2017-10-02 · mercados, incluindo a utilização de canais digitais e privilegiando os mercados/segmentos não tradicionais. Esta tipologia de

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Mercados

Chile Estabelecimento de Empresas

Outubro 2017

informação regulamentar

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Chile – Estabelecimento de Empresas (outubro 2017)

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Índice

1. Internacionalização das Empresas Portuguesas 3

2. Ambiente de Negócios no Chile 4

3. Regime de Investimento Estrangeiro no Chile 6

3. 1. Quadro Legal de Investimento Estrangeiro 6

3. 2. Constituição de Empresas 7

3. 3. Sistema Laboral e de Segurança Social 16

3. 4. Sistema Fiscal 17

3. 5. Incentivos ao Investimento 18

3. 6. Acordos Bilaterais Portugal / Chile 19

4. Fontes e Informações Complementares 20

5. Contactos Úteis 22

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1. Internacionalização das Empresas Portuguesas

Potenciar a competitividade empresarial pela via da internacionalização, constitui um desafio e uma

consequência natural da interdependência das economias e do processo de globalização.

No entanto, a abordagem dos mercados externos deve ser efetuada com cautelas e com base em

informações técnicas seguras para evitar riscos e eventuais dificuldades na tomada de decisão sobre

investir no estrangeiro.

Com vista a apoiar as empresas portuguesas no esforço de internacionalização, a AICEP

disponibiliza no seu site aicep Portugal Global informação geral relevante, cuja consulta se

recomenda, nomeadamente:

• Guia da Internacionalização;

• Aspetos a Acautelar num Processo de IDPE (Investimento Direto Português no Estrangeiro).

No que se refere ao novo quadro de apoio Portugal 2020, o mesmo assenta em quatro eixos

temáticos essenciais: competitividade e internacionalização; inclusão social e emprego; capital

humano; e sustentabilidade e eficiência no uso de recursos.

No âmbito dos apoios diretos à internacionalização das PME são apoiadas operações nas seguintes

tipologias de ação:

• Projetos conjuntos que promovam a presença internacional com sucesso das PME: ações de

promoção e marketing internacional e ações que visem o conhecimento e acesso a novos

mercados, incluindo a utilização de canais digitais e privilegiando os mercados/segmentos não

tradicionais. Esta tipologia de projetos permite que as empresas se capacitem para a

internacionalização, pelo que os principais beneficiários são as empresas diretamente

participantes;

• Projetos individuais: ações que visem o conhecimento e a prospeção dos mercados;

• Projetos simplificados de internacionalização: apoio à aquisição de serviços de consultoria na

área de prospeção de mercado.

No seu processo de internacionalização as empresas podem recorrer ao Seguro de Investimento

Português no Estrangeiro da COSEC.

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2. Ambiente de Negócios no Chile

No âmbito da internacionalização empresarial, o acesso a novos mercados surge, simultaneamente,

como uma necessidade e uma oportunidade para os agentes económicos. O modo como se

processa essa abordagem varia muito, consoante a motivação, os objetivos visados e o estádio do

processo em que as empresas se encontrem. A fase mais avançada, ou o modo de entrada com o

maior nível de comprometimento de recursos, o Investimento Direto Estrangeiro (IDE), requer, por

parte dos atores intervenientes, uma análise de viabilidade que pondere, entre outros fatores, o

enquadramento legal inerente à constituição de um estabelecimento/empresa no país de destino.

De facto, a existência de condições de contexto favoráveis e facilitadoras do exercício da atividade

empresarial em matéria da envolvente legislativa e regulamentar (por exemplo um ordenamento

jurídico aberto à iniciativa privada; regulamentação laboral flexível; política fiscal estável,

transparente e “amiga” do investidor; bom funcionamento do sistema judicial) é um vetor fundamental

para o sucesso de uma estratégia de competitividade e inovação que passe pela decisão de apostar

na realização de operações de investimento privado no estrangeiro.

Para o enquadramento deste nosso trabalho sobre o estabelecimento de empresas no Chile,

considerámos que seria relevante apresentarmos alguns indicadores relativos ao ambiente de

negócios neste país. Para tal recorremos à metodologia Doing Business, proposta pelo World Bank.

Esta metodologia permite analisar, classificar e comparar o quadro regulamentar aplicável às

empresas, e o seu cumprimento, em 190 economias e cidades selecionadas, pelo grau de facilidade

de se fazer negócios, sendo que a 1ª posição significa que o quadro legal em vigor no país é o mais

aberto e propício ao exercício e desenvolvimento das atividades económicas por parte de pequenas

e médias empresas e que as posições próximas do fim da tabela refletem, ao contrário, um ambiente

regulador obstrutivo e complexo, não favorável à dinamização da iniciativa privada, nomeadamente

no que respeita ao estabelecimento e desenvolvimento empresarial nesses países.

O Chile encontra-se na 57ª posição do Doing Business’ 2017, tendo descido dois lugares em relação

ao ano transato, sendo esta posição determinada de acordo com a classificação obtida em 10

critérios de ponderação (topics)1 contendo, cada um deles, vários indicadores quantitativos de

avaliação. De acordo com o Relatório Doing Business in Chile’ 2017, do World Bank, apresentamos

de seguida o posicionamento do Chile, com base num conjunto de critérios de avaliação, tendo

também por referência os casos de Portugal e da Nova Zelândia (país que lidera em 2017 este

ranking).

1 Constituição de sociedades, obtenção de alvará de construção, obtenção de eletricidade, registo de propriedade, acesso ao

crédito, proteção dos investidores minoritários, pagamento de impostos, comércio entre fronteiras, execução de contratos e resolução de processos de insolvência.

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Chile – Facilidade de Realizar Negócios

Notas: (*) De acordo com o Doing Business in Chile’ 2017, o Chile introduziu reformas na envolvente regulamentar empresarial com

vista a melhorar o ambiente de negócios, facilitando a tramitação dos processos de insolvência, ao adotar medidas de

simplificação, recuperação dos devedores e criação de tribunais de competência especializada.

(**) Posições mais altas refletem um quadro jurídico mais adequado para a concessão de empréstimos.

(***) Valores mais altos indiciam maior proteção e transparência dos direitos dos acionistas/investidores minoritários.

(****) Posições mais altas evidenciam uma estrutura judicial mais robusta, eficiente e eficaz.

Fonte: World Bank

2 Informação mais pormenorizada, nomeadamente no que respeita aos indicadores de avaliação de cada critério de ponderação (topics), poderá ser consultada no Relatório alargado: Doing Business 2017 – Measuring Regulatory Quality and Efficiency / Economic Profile Chile;

3 Doing Business in Portugal 2017 (World Bank);

4 Doing Business in New Zealand 2017 (World Bank).

Critérios de Avaliação

2

Chile

(ranking – 57ª)

Portugal

3

(ranking – 25ª)

Nova

Zelândia4

(ranking – 1ª)

Constituição de sociedades

Prazo (dias)

5,5

4,5

0,5

Obtenção de alvará de construção

Prazo (dias) *

152

113

93

Obtenção de eletricidade

Prazo (dias)

43

41

58

Registo de propriedade

Prazo (dias)

28,5

1

1

Acesso ao crédito

Índice de segurança dos direitos legais (0-12) **

4

2

12

Proteção dos investidores minoritários

Índice da força de proteção do investidor minoritário (0-10) ***

6,5

5,7

8,3

Pagamento de impostos

Taxa da tributação total (% sobre o lucro)

30,5

39,8

34,3

Comércio entre fronteiras

Prazo para exportar: despacho alfandegário (horas)

60

1

3

Execução de contratos

Prazo (dias)

Índice da qualidade do processo judicial (0-18) ****

480

9

547 12,5

216 11

Resolução de processos de insolvência

Prazo (anos)

3,2

2

1,3

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3. Regime de Investimento Estrangeiro no Chile

3.1. Quadro Legal de Investimento Estrangeiro

No âmbito da reforma tributária em curso no país (SII - Servicio de Impuestos Internos), a concluir em

2018, foi promulgada e publicada (em junho de 2015) a Ley n.º 20.848 (Establece Marco para la

Inversión Extranjera Directa en Chile y Crea la Institucionalidad Respectiva), que consagra um novo

quadro legal de investimento estrangeiro no país e prevê a revogação do Decreto-Lei n.º 600, de

1974 (anterior regime jurídico sobre a matéria / Estatuto de la Inversión Extranjera, que se

consubstancia na celebração de um contrato entre o promotor externo e o Estado chileno, que não

pode ser alterado unilateralmente, e no qual são fixados direitos e deveres a cumprir pelas partes).

A nova legislação viu o início da sua vigência diferido e condicionado ao começo da atividade da

Agencia de Promoción de la Inversión Extranjera (APIE), sucessora do Comité de Inversiones

Extranjeras (CIE), o que aconteceu em 21 de janeiro de 2016.

Entre as principais características do novo regime legal destacam-se:

• Fixação pelo Presidente, em assessoria com o Conselho de Ministros, de uma estratégia para a

promoção e desenvolvimento do investimento externo;

• Criação da nova Agência de Promoção do Investimento Estrangeiro, com o objetivo de

implementar uma política proativa de atração de investimento estrangeiro definida pelo Estado,

de modo a captar capital externo para o país, atuando em coordenação com as autoridades

governamentais regionais;

• Definição de investimento direto estrangeiro como tratando-se da transferência de capital ou

bens por investidor estrangeiro, de montante igual ou superior a USD 5.000.000 ou montante

equivalente noutras moedas (materializada através de transferências de divisas, bens físicos,

tecnologia, reinvestimento de lucros ou juros de capitalização) e da aquisição de participações

sociais chilenas que proporcionem ao promotor deter pelo menos 10% dos votos societários ou

10% do capital (caso não se trate de Sociedade por Ações) e/ou controlo do património social;

• Aposta na atração do investimento em áreas prioritárias como: energia; infraestruturas; turismo;

setor agroalimentar; e serviços para a indústria mineira;

• Permissão de acesso dos investidores ao mercado cambiário, através da possibilidade de

compra ou venda de moeda estrangeira necessária ao seu investimento;

• Livre repatriamento, pelos promotores, do capital e bens, depois de cumpridas as respetivas

obrigações fiscais;

• Isenção de imposto sobre o consumo (IVA) nas importações de bens ou serviços destinados à

atividade do investidor, preenchidos os requisitos legais;

• Manutenção da aplicação do Decreto-Lei n.º 600 apenas em relação aos contratos de

investimento já em vigor e aos assinados até à entrada em vigor da nova lei, por todo o seu

período de vigência;

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• Possibilidade de, durante quatro anos após a entrada em vigor da nova lei, puderem ser ainda

apresentados pedidos de autorização de investimento nos termos do Decreto-Lei n.º 600, com os

direitos e obrigações aí previstos, ainda que sujeitos à tributação fixa de 44,45% (e já não de

42%);

• Sujeição dos investidores às condições tributárias dos demais contribuintes, sem quaisquer

garantias de estabilidade ou invariabilidade de taxa.

O novo quadro jurídico e institucional pretende atualizar e reformar a disciplina legal relativa ao

investimento externo, nomeadamente no que respeita à estrutura organizacional, de modo a atrair de

forma proativa e mais eficaz os melhores projetos do ponto de vista do acréscimo da produtividade,

inovação, diversificação e valor acrescentado. O Governo elege, deste modo, o investimento

estrangeiro como motor essencial do desenvolvimento do país.

Para a obtenção de informação adicional sobre o atual regime jurídico do investimento estrangeiro no

Chile, os interessados podem consultar o Guía del Inversionista (Agencia de Promoción de la

Inversión Extranjera – APIE).

Para além do novo quadro legal, o promotor externo pode optar, também, pelo mecanismo previsto

no Capítulo XIV do Compendio de Normas de Cambios Internacionales do Banco Central de Chile –

sistema de registo de caráter administrativo, que opera através dos bancos comerciais, onde o

montante mínimo de investimento exigido é de USD 10.000, em divisas ou créditos. Neste

mecanismo não é assinado qualquer contrato com o Estado chileno.

Ao investidor estrangeiro é conferido o mesmo tratamento que o concedido aos nacionais, tendo livre

acesso a todas as atividades económicas, com exceção de algumas áreas muito específicas onde

existem certas restrições, como por exemplo, a navegação em cabotagem, o transporte aéreo e os

meios de comunicação. As empresas podem ser detidas, na sua totalidade, por capital externo.

3.2. Constituição de Empresas

Para abrir uma empresa no Chile os interessados necessitam de constituir uma sociedade, o que

implica a escolha de uma forma jurídica de acordo com o direito local, a elaboração dos respetivos

Estatutos ou Contrato Social e o registo da sociedade recém-criada, entre outras formalidades.

Tipos de Sociedades

A lei chilena prevê a existência de várias formas societárias, semelhantes às do direito português,

sendo que os tipos de sociedades mais comuns são a Sociedad Anónima, a Sociedad de

Responsabilidad Limitada e a Sociedad por Acciones.

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Sociedad Anónima (Sociedade Anónima)

Nesta forma jurídica cada acionista limita a sua responsabilidade ao valor das ações que subscreveu,

sendo que a gestão da sociedade é conferida a um Conselho de Administração formado por, pelo

menos, três Administradores, que poderão, ou não, ser acionistas.

A Sociedade Anónima constitui-se com ou sem apelo à subscrição pública de ações. Na primeira

situação estamos perante a Sociedade Anónima aberta e na segunda perante a Sociedade Anónima

fechada.

No que respeita à forma, o contrato de sociedade está sujeito a escritura pública, a qual deve conter,

no mínimo, os seguintes elementos:

Nomes, profissões e moradas dos acionistas fundadores;

Nome e domicílio da sociedade;

Razão social;

Duração da sociedade, que, caso não esteja mencionada, presume-se ser indefinida;

Capital da sociedade e número de ações, referindo casos especiais que incidam sobre as

mesmas;

Formação e controlo da administração da sociedade;

Fecho do exercício financeiro da sociedade e periodicidade de reuniões gerais de acionistas;

Forma de distribuição dos dividendos;

Formação e extinção da sociedade;

Modo de resolução de eventuais diferendos entre acionistas ou entre os acionistas e a

sociedade (em caso de omissão nos Estatutos, presume-se que as diferenças sejam

dirimidas via arbitragem);

Nome dos primeiros Diretores.

A Sociedade Anónima aberta (oferta de ações à subscrição pública) está submetida a um processo

mais complexo de constituição, reservado às sociedades que necessitem de obter capital alheio

considerável.

Características:

As ações (ou outros valores da sociedade) estão inscritas numa bolsa ou são oferecidas ao

público em geral;

Número de acionistas superior a 500;

Pelo menos 10% do total do capital sobrescrito pertence a mais de 100 acionistas;

Submissão à regulação da sociedade anónima aberta e ao controlo da Superintendência de

Valores y Seguros, devendo estar registada no Registro de Valores.

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A escritura pública deverá ser inscrita no Registro de Comercio e publicado um extrato da mesma no

Diario Oficial (equivalente ao Diário da República) num prazo de 60 dias, a partir da data de

assinatura.

Sociedad de Responsabilidad Limitada (Sociedade de Responsabilidade Limitada)

Forma social em que a responsabilidade de cada sócio se limita ao montante investido ou a um

montante superior, desde que seja especificado na escritura da sociedade. A gestão da sociedade é

efetuada pelos sócios, individualmente ou através de um representante.

Constitui-se mediante escritura pública, da qual devem constar os mesmos elementos requeridos

para a escritura da Sociedade Coletiva.

A denominação da Sociedade de Responsabilidade Limitada pode conter o nome de um ou mais

sócios ou uma referência à razão social, terminando com a palavra “Limitada” (ou a abreviatura

Ltda.). Caso contrário, cada sócio é responsável de forma ilimitada pelas obrigações da sociedade.

Para constituir este tipo de sociedade é necessário uma escritura pública, devendo um extrato da

mesma ser inscrito no Registro de Comercio no prazo de 60 dias.

Sociedad por Acciones (Sociedade por Ações)

Este tipo de sociedade foi implementado no Chile a partir da publicação da Lei n.º 20.190, de junho

de 2007, como uma forma simplificada de Sociedad Anónima (SA) e pensada originalmente para

fomentar o capital de risco e continuar o processo de modernização do mercado de capitais. Hoje em

dia é bastante utilizada por empresas estrangeiras, sobretudo PME, que investem no Chile nos mais

diversos setores de atividade.

O respetivo capital social está dividido em ações e diferencia-se das Sociedades Anónimas pelo

facto de permitir que a sociedade possa ter um acionista único e uma forma bastante flexível de

administração, uma vez que não necessita ter obrigatoriamente um Conselho de Administração.

A denominação da Sociedad por Acciones pode conter o nome de um ou mais sócios ou uma

referência ao objeto social, terminando com a abreviatura “SpA”.

A esta forma societária é possível acrescentar novos acionistas, nomeadamente outras sociedades

ou entidades com personalidade jurídica, que poderão ser sócios de capital ou destinados a

determinado negócio.

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A responsabilidade de cada acionista é limitada ao montante investido e não necessita de

autorização dos restantes acionistas para determinados atos, como por exemplo a venda de ações

ou o aumento de capital.

Características:

As ações são nominativas;

Número de acionistas inferior a 500;

Pelo menos 10% do total do capital sobrescrito pertencente a 99 acionistas.

Para constituir este tipo de sociedade é necessária escritura pública, devendo um extrato da mesma

ser inscrito no Registro de Comercio no prazo de 60 dias.

Sociedad Colectiva (Sociedade Coletiva)

Tipo social na qual todos os sócios gerem a sociedade individualmente ou através de representante

e respondem pessoal, solidária e ilimitadamente pelas dívidas e obrigações da sociedade.

Constitui-se mediante escritura pública, assinada pelos sócios ou representantes legais, que deve

indicar, no mínimo, os seguintes elementos:

Nomes, profissões e moradas dos sócios;

Denominação da sociedade, que deverá ser o nome de um ou mais sócios, seguidos de "y

Compañía";

Sócio ou os sócios que irão administrar a sociedade e que podem utilizar o nome desta;

Capital líquido ou outro investido por cada um dos sócios;

Razão social;

Forma de distribuição dos dividendos ou prejuízos entre os sócios;

Formação e extinção da sociedade;

Montantes anuais que os sócios podem retirar para gastos pessoais;

Forma de liquidação da sociedade e distribuição dos ativos entre os sócios;

Mecanismos de resolução de litígios entre os sócios.

A escritura pública deverá ser inscrita no Registro de Comercio e publicado um extrato da mesma no

Diario Oficial num prazo de 60 dias a partir da data de assinatura.

Sociedad en Comandita (Sociedade em Comandita)

Forma de sociedade em que coexistem dois tipos de sócios:

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Comanditários: Gozam de responsabilidade limitada aos montantes das contribuições

investidas;

Comanditados: sócios administradores ou gerais que respondem, pessoal e ilimitadamente,

pelas dívidas da sociedade.

Se o capital social realizado pelos sócios com responsabilidade limitada está representado em

ações, a sociedade adquire a forma de Comandita por Ações.

Os requisitos para constituir uma Sociedade em Comandita são similares aos de uma Sociedade

Coletiva, incluindo a escritura pública e a inscrição no Registro de Comercio.

Empresa Individual de Responsabilidad Limitada (Estabelecimento Individual de

Responsabilidade Limitada)

A Lei 19.857, de 11 de Janeiro de 2003 veio permitir às pessoas singulares (a qualquer indivíduo

com capacidade de exercer ou participar em atividades económicas) a constituição de uma

sociedade sem necessidade de contar com um sócio parceiro e com uma responsabilidade limitada

ao património da sociedade.

Esta novidade pressupõe a adaptação da legislação às mudanças verificadas no mundo dos

negócios, possibilitando que o Chile se situe a par de outros países que contam com este tipo de

normativo há já alguns anos.

É assim viável a todas as pessoas singulares (e só a estas) criarem Empresas Individuales de

Responsabilidad Limitada (EIRL), que se constituem como uma pessoa jurídica com património

próprio diferente do seu titular, com caráter comercial e submetida ao Código do Comércio. Podem

realizar todo o tipo de operações civis e comerciais, excetuando as reservadas por lei às sociedades

anónimas.

Constitui-se por escritura pública, devendo o respetivo extrato ser inscrito no Registro de Comercio e

publicado no Diario Oficial no prazo de 60 dias a contar da data da escritura.

A gestão do EIRL é da responsabilidade do titular da empresa, se bem que a administração deva

estar a cargo de uma pessoa devidamente qualificada para tal ou de um diretor geral com

capacidades de gestão e que terá todos os poderes de administrador, com exceção das devidamente

mencionadas na escritura pública.

Asociación o Cuentas en Participación (Associação ou Contas em Participação)

Esta forma consubstancia-se num contrato entre dois ou mais comerciantes (ou empresas) para

partilha de uma ou mais transações comerciais, as quais deverão ser realizadas por um deles em

nome próprio. Este sócio (gestor) é o único responsável perante terceiros.

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Não existem requisitos legais a observar para a sua constituição.

Representação de Investidor Não Residente

Através de um agente, o estabelecimento de uma empresa pode, igualmente, assumir as seguintes

formas:

Representante

Um representante atua com base num mandato, definido num contrato, que o investidor estrangeiro

não residente confere a uma pessoa ou entidade residente. O representante atua por conta e risco

do investidor estrangeiro na realização de uma ou mais transações/negócios. O mandatário e

representante são livres de decidir se este último será ou não remunerado.

Sucursal ou Agência Chilena de uma Sociedade Estrangeira

Neste caso, a sociedade estrangeira deve designar um representante legal para constituir a sucursal,

através de procuração, e a quem cabe legalizar os seguintes documentos que, por sua vez, devem

estar redigidos na língua oficial do país estrangeiro e traduzidos para Castelhano:

Os relativos a eventual situação de declaração de falência dolosa ou fraudulenta;

Comprovativo de que a sociedade está legalmente constituída no estrangeiro;

Certificado que atesta a existência da sociedade;

Cópia autenticada dos estatutos vigentes da sociedade;

Procuração passada pela sociedade estrangeira ao representante legal no Chile, que deverá

estabelecer claramente que este atua sob a responsabilidade direta daquela e que tem

poderes suficientes para o efeito.

Paralelamente, o representante legal deverá proceder à escritura pública da sociedade, na qual

devem ser incluídas as seguintes informações:

Declaração a afirmar que a sociedade irá manter no Chile ativos (realizáveis) que cumpram

com as obrigações chilenas;

Capital líquido para a agência ou sucursal chilena e forma e datas nas quais o capital entrará

no país;

Indicação do domicílio da agência ou da principal sucursal no Chile.

A escritura pública deverá ser inscrita no Registro de Comercio e publicado um extrato da mesma no

Diário Oficial no prazo de 60 dias.

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Formalidades Adicionais

Os futuros investidores deverão atuar através de um representante com residência no Chile, o qual

deve atestar essa representação mediante mandato concedido no estrangeiro, assinado pelos

Serviços Consulares chilenos no país de origem (ou por quem represente o Chile nesse país), e

legalizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chileno.

Caso o registo como empresa ou agência se efetue no Chile, deverão ser carimbados todos os

documentos e registos tributários (em formato físico) relativos à atividade a exercer. Estes serão os

mesmos que os utilizados por empresas estabelecidas no Chile (formulário n.º 3230). Também

deverão ser carimbados as faturas, recibos (boletas), guias de despacho, cadernos contabilísticos

(libros contables) e notas de Débito e crédito.

Existem, ainda, outros documentos adicionais que dependerão da atividade a exercer ou do tipo de

contribuinte.

Constituição Acelerada de Empresas

O Chile criou em 2013, através da Lei n.º 20.659, o Registro de Empresas y Sociedades (RES), que

é um registo eletrónico público, administrado pelo Ministério de Economia, Fomento e Turismo, que

por via de um Regime Simplificado permite, de forma mais acessível e também gratuita, constituir,

modificar, transformar, dividir, fundir e dissolver empresas.

O RES permite constituir uma empresa de forma acelerada através de formulário eletrónico, onde se

inserem os dados da Sociedade e dos Sócios/Acionistas e se assina digitalmente com recurso à

Firma Electrónica Avanzada (FEA), obtida através de fornecedores de Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) especializados ou de Notário (apresentando neste o Número de Atención emitido

pelo portal). Em ambas as situações a empresa ficará imediatamente constituída e com o Rol Único

Tributario (RUT) atribuído nesse mesmo ato.

Este Regime Simplificado coexiste com o Regime Tradicional (que se baseia na realização de

Escrituras perante Notário, Registo Comercial, publicação no Diário Oficial e solicitação de RUT nos

Servicios de Impuestos Internos – SII), permitindo-se que as empresas possam migrar de um sistema

para o outro.

Os tipos de sociedades abrangidos pelo RES são a Sociedade de Responsabilidade Limitada, a

Sociedade por Ações, a Sociedade Coletiva, a Sociedade em Comandita e o Estabelecimento

Individual de Responsabilidade Limitada, bem como, desde junho de 2016, Sociedades Anónimas

fechadas e as Sociedades Anónimas de Garantia Recíproca.

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Outras

Uma vez a empresa constituída e legalizada como contribuinte, o início de atividade comercial ou

industrial dependerá, em regra, da obtenção de uma série de licenças outorgadas por diferentes

entidades, de acordo com o objeto de negócio da sociedade.

Há que ter em conta um conjunto de requisitos, que contemplam aspetos como o lugar físico onde

vai operar a empresa, o cumprimento de condições estruturais, sanitárias e ambientais necessárias,

entre outros.

Estes requisitos estão regulados por lei e são indispensáveis para obter a licença de operação

(Patente Comercial).

Como exemplos de documentos de licenciamento (municipal), temos: Certificado de Informaciones

Previa, Certificado de Calificación Técnica, Autorización Sanitaria, Certificado de Calificación de

Actividad Industrial, Patente Comercial. Podem ser necessárias, igualmente, licenças/autorizações

adicionais por parte dos respetivos serviços competentes, para determinadas atividades.

Estabelecimento de uma Sociedade Comercial (resumo)

Na eventualidade de ser uma pessoa estrangeira encarregue de constituir a sociedade, é necessário

contratar um representante legal local. Nesse sentido, poderá nomear um representante provisório

ou, em alternativa, obter um visto sujeito a contrato de trabalho, de forma a poder constituir-se como

representante legal. Para simplificar este processo recomenda-se designar como representante

provisório um advogado que preste assessoria com vista à constituição da sociedade.

Transferência do Montante a Investir

Se for através do simples registo no Banco Central do Chile (isto é, para montantes inferiores

a 1 milhão de USD), os encargos são de aproximadamente 520 a 600 Euros. Caso seja

através do Decreto-Lei n.º 600 (montantes superiores a USD 5.000.000), os encargos

oscilam entre 2.900 e 3.500 Euros (aproximadamente).

Escritura Pública

A redação da escritura pública da empresa pode ser efetuada por um advogado (que cobra

geralmente 1% do capital social da empresa a constituir, a título de honorários) ou por

notário, cujo custo ronda os 70.000 Pesos Chilenos (110 Euros aproximadamente).

Publicação da Constituição da Sociedade

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O processo de publicação no Diario Oficial pode demorar entre 3 e 10 dias úteis, envolvendo

uma despesa aproximada de 80.000 Pesos Chilenos (126 Euros aproximadamente), sendo a

cobrança efetuada por caracter ou letra.

Inscrição da Empresa

A inscrição no Registro de Comercio pode custar entre 5.500 Pesos (9 Euros

aproximadamente) mais 0,2 % do capital social até um máximo legal de 300.000 Pesos

Chilenos (475 Euros, aproximadamente).

Outras Despesas

Aos custos referidos devem adicionar-se os honorários do advogado que tratará da

tramitação. Estas despesas são muito variáveis e dependem da dimensão da empresa e da

dificuldade do processo, sendo que, no mínimo, rondarão os 320 Euros, podendo ultrapassar

os 5.800 Euros.

De um modo geral, o preço médio para constituir uma sociedade ronda os 390.000 – 680.000

Pesos Chilenos (600 – 1.000 Euros, aproximadamente).

Prazo de Constituição

A duração do processo de constituição de uma empresa no Chile é de cerca de 3-4

semanas, embora o prazo possa variar muito em função da “destreza” do advogado

contratado.

Mais informação sobre esta matéria poderá ser consultada nos seguintes links: Cómo Iniciar un

Negocio en Chile? / Trámites en Línea / Guía del Inversionista (Agencia de Promoción de la Inversión

Extranjera – APIE) / Registro de Comercio (Conservador de Bienes Raíces de Santiago).

De destacar que para facilitar e agilizar o investimento estrangeiro, sobretudo no que respeita ao

processo de constituição de empresas, assim como no acesso ao mercado das Compras Públicas,

entrou em vigor no Chile em 2016 a figura da “Apostila”, nos termos da “Convenção Relativa à

Supressão da Exigência da Legalização dos Atos Públicos Estrangeiros” (112.º Estado Contraente).

O Chile passou, assim, a aceitar a apostila emitida em Portugal pela Procuradoria-Geral da

República (PGR) e entidades por si delegadas (que certifica formalmente a autenticidade de diversos

atos públicos emitidos por vários organismos portugueses), o que eliminará diversos passos de

sucessivos reconhecimentos de documentos perante as autoridades nacionais (Ministério dos

Negócios Estrangeiro, por exemplo) e chilenas (ex.: Consulados; Ministérios).

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De referir que não obstante a informação prestada pela AICEP (ou por outras entidades) e a

contratação de assessoria de advogado, os promotores também podem recorrer aos serviços de

escritórios virtuais/temporários – Smart Offices, pelo qual se disponibilizam, por meio de

arrendamento, escritórios temporários, já previamente mobilados e preparados do ponto de vista

operacional.

3.3. Sistema Laboral e de Segurança Social

A relação entre trabalhadores e entidades patronais está regulada pelo Código do Trabalho e demais

legislação complementar, sendo que o mais recente normativo, resultante da reforma laboral, veio

rever matérias como a cessação da relação laboral, a negociação coletiva e a organização sindical,

resultando num reforço do poder de negociação dos trabalhadores, mantendo, porém, a flexibilidade

do mercado laboral. A Constituição chilena estabelece o direito de todos os cidadãos à segurança

social, que o Estado deverá garantir, seja através de instituições públicas ou privadas.

Os estrangeiros que trabalhem no Chile estão sujeitos às mesmas leis que os trabalhadores

chilenos, com algumas exceções (por exemplo, podem optar por descontar para sistemas de

segurança social no seu país de origem) e devem obter um visto de “residente sujeito a contrato”

junto da autoridade competente, neste caso o Departamento de Extranjería y Migración, do Ministerio

del Interior y Seguridad Pública.

Para mais informações sobre como iniciar um negócio, questões laborais e de segurança social,

sugere-se a consulta dos seguintes sites: Normativa laboral / Guía del Inversionista (Agencia de

Promoción de la Inversión Extranjera – APIE) / Ministerio del Trabajo e Previsión Social / Dictámenes

y Normativa (Gobierno de Chile).

Trabalhar no estrangeiro / Destacamento de Trabalhadores por Empresa Sediada em Portugal

Em Portugal, os interessados devem obter esclarecimentos sobre o trabalho no estrangeiro no site

da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP), Portal das Comunidades

Portuguesas, assim como junto dos organismos/serviços indicados no site deste organismo.

Pesquisar, igualmente, os seguintes temas:

• Conselhos aos Viajantes (Chile);

• Perguntas Frequentes (FAQ).

No site da Segurança Social as empresas podem consultar entre outra informação:

Destacamento de Trabalhadores no e do Território de Estados Vinculados a Portugal por

Acordo ou Convenção Bilateral de Segurança Social (como é o caso do Chile);

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Guia Prático – Destacamento de Trabalhadores de Portugal para Outros Países.

O site da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) portuguesa também fornece informações

sobre o Destacamento de Trabalhadores para o estrangeiro.

3.4. Sistema Fiscal

Neste domínio há a considerar a existência de um vasto rol de impostos, como sejam: Impostos

sobre o rendimento das pessoas coletivas (taxa de 25% no regime de “Renta Atribuida” e de 25,5%

no sistema “Semi-integrado”, que será de 27% em 2018) e taxas progressivas sobre o rendimento

das pessoas singulares (entre 0% e 35%); IVA (taxa única de 19%); Impostos Especiais sobre o

Consumo de certos produtos (ex.: bebidas alcoólicas e produtos de luxo); Impostos Específicos (ex.:

tabaco e combustíveis); Impostos sobre Actos Jurídicos (ex.: selo); Contribuições Prediais; Heranças

e Doações; Impostos Municipais; e Taxas Alfandegárias.

A 29 de setembro de 2014 foi publicada a Ley 20.780, que procedeu a uma profunda reforma

tributária no país, nomeadamente ao nível da tributação dos investidores estrangeiros no país.

Informação mais pormenorizada relativa ao sistema fiscal pode ser consultada nos seguintes links:

Ley 20.780 – Texto Comparado / Registro Tributario de Inversionistas / Tax Information for Foreign

Investors / Tax Structure / Impuestos Directos / Impuestos Indirectos / Guia del Emprendedor

(Servicio de Impuestos Internos) / Guía del Inversionista (Agencia de Promoción de la Inversión

Extranjera – APIE); e Mapa de la Reforma Tributaria (Gobierno de Chile).

Relativamente ao exercício de uma atividade económica, o empresário estrangeiro interessado

deverá respeitar os procedimentos legais, como qualquer contribuinte chileno, apresentando o

formulário n.º 4415 para o início de atividade e cumprindo com os requisitos exigidos. Os

procedimentos devem ser realizados junto do Servicio de Impuestos Internos – SII da área do seu

domicílio, nomeadamente:

Solicitar o Rol Único Tributario (RUT). Formalidade a observar, entre outras, pelas

sociedades constituídas no estrangeiro que realizem investimentos no Chile (participação

como sócios de empresas, compradores de bens imobiliários, entre outras), que, para além

da obrigação de inscrição no RUT, têm que designar um representante com poderes

suficientes para exercer funções de gestão, apresentar as declarações necessárias junto do

SII e para ser por este notificado em nome da sociedade.

Regime Geral

Existem duas situações possíveis, no momento de iniciar a atividade:

O contribuinte dispõe de Cédula de Identidad de estrangeiro, sendo inscrito no RUT com

esse número;

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O contribuinte ainda não possui o bilhete de identidade de estrangeiro, pelo que terá de ser

inscrito no RUT usando um número especial concedido pelo SII.

Procedimento Simplificado para Obtenção de RUT

Estão abrangidas todas as pessoas singulares, coletivas ou outras entidades jurídicas que

invistam no Chile para obter rendimentos resultantes de operações em bolsa pela compra e

venda de ações de Sociedades Anónimas Abertas, de instrumentos de rendimento fixos, de

intermediação financeira, de quotas de fundos de investimento, entre outros. O número de

RUT, necessário para desenvolver os investimentos mencionados, poderá ser obtido através

de instituições que operem como “custódia”, corretores de bolsa chilenos acreditados ou via

instituições intermediárias com as que operem no Chile.

Existem, ainda, requisitos específicos a cumprir para a obtenção de RUT por estrangeiros

que realizem investimentos no Chile: Bilhete de Identidade de estrangeiro (obtido no Chile),

Passaporte ou Bilhete de Identidade do país de origem e preenchimento do formulário n.º

4415 (só é necessário preencher o quadro de identificação do contribuinte).

Declaração de Início de Atividade. Estão obrigados a declarar o início da atividade, regra

geral, as pessoas coletivas estrangeiras e os cidadãos estrangeiros que realizem atividades

ou negócios suscetíveis de rendimento (agrícola, comercial, industrial, mineiro, construção,

serviços, profissionais independentes, entre outros).

3.5. Incentivos ao Investimento

O Chile não prevê benefícios tributários específicos para atrair capital estrangeiro, sendo que os

apoios disponibilizados aplicam-se sem distinção da origem do investimento.

Assim, existem incentivos regionais (aplicáveis a projetos a desenvolver em certas zonas isoladas do

país) à inovação empresarial (novas tecnologias e energias renováveis), bem como na importação de

bens de equipamento nas zonas francas que se destinem ao fabrico de produtos para exportação.

A entidade governamental encarregue da criação de mecanismos de incentivo que visem o

desenvolvimento produtivo nacional e uma maior competitividade é a Corporación de Fomento de la

Producción (CORFO), que dispõe de um conjunto alargado de programas de apoio. Mais informação

pode ser consultada na página – Programas y Convocatorias.

Com o objetivo de promover o Chile como plataforma de investimento, entrou em vigor a 23 de

novembro de 2002 a Lei n.º 19.840, que estabelece normas tributárias para que as empresas com

capital estrangeiro possam efetuar operações de investimento no exterior. Assim, ao abrigo desta lei,

uma empresa que se estabeleça no Chile com o fim exclusivo de operar em outros países da região,

não é tributada relativamente aos dividendos dos acionistas obtidos fora do país.

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Com este quadro legal é possível ultrapassar os problemas fiscais resultantes da operação em vários

países, aproveitando a estabilidade política, económica e social, bem como as boas infraestruturas

do Chile para chegar a outros destinos da região.

Ao incentivar as parcerias e joint-ventures com empresas locais, esta lei permite, ainda, a empresas

com investimentos na zona, transferir os seus centros de operações para o Chile, sem os custos de

transação envolvidos normalmente na venda e compra de bens. É importante frisar que esta lei não

se aplica a empresas estrangeiras cujos acionistas residam em paraísos fiscais.

Por sua vez, em 2014, com vista à modernização da economia do país, o Governo apresentou a

Agenda de Productividad, Innovación y Crecimiento, que incorpora 47 medidas (11 projetos de lei e

36 medidas administrativas), com um investimento de USD 1.500 milhões entre 2014 e 2018. Com a

definição desta Agenda pretendeu-se atingir uma transformação produtiva que permita diversificar a

economia chilena, produzindo novos bens e serviços, desenvolvendo novas indústrias e gerando

novos polos de inovação, com base em quatro objetivos estratégicos:

• Promover a diversificação produtiva;

• Incentivar setores com grande potencial de crescimento;

• Aumentar a produtividade e competitividade das empresas chilenas;

• Impulsionar as exportações.

De referir, ainda, que o Chile dispõe de duas zonas francas comerciais, uma a norte na cidade de

Iquique (Zona Franca de Iquique – ZOFRI) e outra a sul em Punta Arenas (Zona Franca de Punta

Arenas – ZonAustral), que disponibilizam modernas instalações de fabrico, embalagem e exportação,

sendo a mais utilizada a ZOFRI (Iquique).

Nesta matéria sugerimos a consulta da informação constante do Guía del Inversionista (Agencia de

Promoción de la Inversión Extranjera – APIE).

De salientar, também, pela sua importância, a existência do Programa Start-up Chile, gerido pela

Corporación de Fomento de la Producción de Chile (CORFO), especialmente vocacionado para o

encorajamento do empreendorismo e inovação, de modo a melhorar a produtividade no Chile.

3.6 Acordos Bilaterais Portugal / Chile

De forma a promover e a reforçar as relações de investimento entre os dois países, foram assinados

entre Portugal e o Chile o Acordo de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos, a

Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal e a Convenção sobre

Segurança Social (e respetivo Acordo Administrativo), todos em vigor.

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Igualmente, Portugal assinou a 23 de julho de 2012, o Acordo de Aplicação da Convenção

Multilateral Ibero-Americana de Segurança Social, que está em vigor e passou a produzir efeitos em

relação a Portugal a partir dessa data. A Convenção estabelece medidas destinadas à aplicação

coordenada das legislações dos Estados Ibero-Americanos (nomeadamente o Chile) em matéria de

segurança social e tem como objetivo o reforço da proteção social contínua e adequada das pessoas

que estejam ou tenham estado sujeitas às legislações desses Estados, promovendo a sua integração

nas sociedades de acolhimento.

Esta Convenção não revoga as disposições dos acordos bilaterais ou multilaterais já em vigor entre

os participantes, mas determina que sejam aplicáveis as disposições que se mostrem mais

favoráveis mediante a aplicação de uma ou outra Convenção.

Para aceder aos textos legais das Convenções de Dupla Tributação, os interessados podem,

também, consultar o Portal da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) portuguesa:

• Quadro das Convenções para Evitar a Dupla Tributação Celebradas por Portugal;

• Formulários para Acionar as Convenções para Evitar a Dupla Tributação Celebradas por

Portugal;

• Questões Colocadas com Frequência: Certificados e Certificações / Convenções e Diretivas /

Formulários / Reembolsos a Não Residentes.

Quanto aos aspetos práticos relativos à operacionalidade das Convenções, o contacto a estabelecer

pelas empresas em Portugal é com a Direção de Serviços das Relações Internacionais (DSRI) da AT

(em caso de dúvidas/esclarecimentos deverá ser utilizado o e-mail: [email protected]).

4. Fontes e Informações Complementares

AICEP:

De entre os vários documentos disponibilizados destacamos os seguintes:

• Chile – Condições Legais de Acesso ao Mercado;

• Chile – Sites Selecionados.

(Em caso de dificuldade no acesso a alguma informação, os utilizadores devem solicitá-la ao nosso Contact

Center, através do e-mail: [email protected]).

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OUTRAS:

Geral

• Guía del Emprendedor (Servicio de Impuestos Internos – SII);

• Doing Business in Chile 2017 (World Bank Group);

• Chile: Foreign Investment (September 2017, Santander Trade Portal);

• Doing Business in Chile 2016 (November 2016, Baker Tilly International);

• Nuevo Régimen Legal de la Inversión Extranjera en Chile (setembro 2016, Adade - Grupo

Asesor Internacional);

• New Rules for Foreign Investment in Chile (August 2015, Kluwer Arbitration Blog);

• Nuevo Marco para la Inversión Extranjera en Chile (mayo 2016, Alexandri, Attorneys at Law,

Latin Counsel);

• Nueva Ley sobre Inversión Extranjera Directa (2016, Carey y Cía. Ltda.);

• Chile: New Foreign Investment Law Enacted (June 2015, Global Legal Monitor, Library of

Congress);

• Propriedade Industrial: Marcas e Patentes: Chile (INPI).

Constituição de Empresas

• Asesoría para Franquiciar su Negocio (Franchising Chile);

• Lo que Necesita su Empresa para Funcionar, Permisos y Patentes (Innovacion);

• El Contrato de Franquicia (Franquicias de Chile);

• Escritórios virtuais/temporários (Smart offices); exemplos: Regus; TCI – Oficinas Temporales;

• Doing Business in Chile (October 2015, UK Government).

• Doing Business in Chile 2016 (November 2016, Baker Tilly International);

• Cuadro Comparativo de Sociedades en Chile (LegalProm).

Sistema Laboral e Segurança Social

• Doing Business in Chile 2016 (November 2016, Baker Tilly International);

Normativa Laboral;

Guía del Inversionista (Agencia de Promoción de la Inversión Extranjera – APIE);

Doing Business in Chile (October 2015, UK Government).

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Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. – Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 LISBOA

Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 [email protected] www.portugalglobal.pt

Capital Social – 114 927 980 Euros • Matrícula CRC Porto Nº 1 • NIPC 506 320 120

Sistema Fiscal

• Chile Highlights 2017 (Deloitte);

• Chile Income Tax (March 2017, KPMG);

• Chile Tax Summary 2017 (PWC);

• Chile Tax Guide 2016/2017 (PKF);

• 2017-18 Worldwide Tax Guide – Chile (PKF);

• Doing Business in Chile (October 2015, UK Government).

Incentivos ao Investimento

• Start-up Chile (WIPO Magazine);

• Chile – Corporate – Tax Credits and Incentives (June 2017, PWC);

• Doing Business in Chile (October 2015, UK Government).

Acordos Bilaterais Portugal / Chile

• Aplicação Prática das Convenções para Evitar a Dupla Tributação Internacional, junho 2011

(Dr. José Filipe Neves – DGCI – Sessão esclarecimentos AICEP).

5. Contactos Úteis

• AICEP Santiago do Chile;

• Embajada de Chile en Portugal / Consulado de Chile en Lisboa;

• COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, S.A.;

• Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) / Direção de Serviços das Relações Internacionais

(DSRI) / Av. Duarte Pacheco, n.º 28, 4.º, 1099-013 Lisboa, telefone: 217 206 707, fax: 213 834

414; CAT.: 217.206.707; Nota: Em caso de dúvidas / esclarecimentos deve ser utilizado o

seguinte e-mail: [email protected].

Nota:

A informação aqui prestada não reveste natureza de assessoria jurídica, recomendando-se

o recurso, sempre que necessário, a aconselhamento especializado, nomeadamente legal,

fiscal e contabilístico.