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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM SAÚDE PÚBLICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA PACIENTES ONCOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE PELOTAS / RS JULIETA CARRICONDE FRIPP Pelotas, RS. 2009

INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

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Page 1: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM SAÚDE PÚBLICA

BASEADA EM EVIDÊNCIAS

INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS

PARA PACIENTES ONCOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE

PELOTAS / RS

JULIETA CARRICONDE FRIPP

Pelotas, RS.

2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM SAÚDE PÚBLICA

BASEADA EM EVIDÊNCIAS

INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS

PARA PACIENTES ONCOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE

PELOTAS / RS

JULIETA CARRICONDE FRIPP

Pelotas, RS.

2009

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Epidemiologia junto a

Universidade Federal de Pelotas como

requisito parcial para a obtenção de Título de

Mestre em Saúde Publica Baseada em

Evidências.

Orientador: Luis Augusto Facchini

Co-Orientadora: Suele Manjourany

Silva

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3

FICHA CATALOGRÁFICA

F915i Fripp, Julieta Carriconde

Internação domiciliar e cuidados paliativos para pacientes oncológicos

no município de Pelotas/RS / Julieta Carriconde Fripp; orientador Luiz

Augusto Facchini. – Pelotas: UFPel, 2009.

127 f. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pelotas;

Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, 2009.

1. Epidemiologia 2. Serviços de Assistência Domiciliar I. Título.

CDD 614.4

Ficha catalográfica: M. Fátima S. Maia CRB 10/1347

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4

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃ O EM

EPIDEMIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PA RA

OBTENÇÃO DE TÍTULO DE MESTRE

Banca examinadora:

Prof. Dr. Luis Augusto Facchini (Orientador) Universidade Federal de Pelotas

Prof. Dra. Elaine Tomasi Universidade Católica de Pelotas

Prof. Dra. Maria Cecília Formoso Assunção Universidade Federal de Pelotas

Pelotas, Dezembro de 2009.

Page 5: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

5

Às minhas filhinhas Julia e Laura, ao

meu marido e grande companheiro

Florismar, quero sempre viver ao

lado de vocês.

Page 6: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

6

AGRADECIMENTOS

“Você é meu amorzinho, você é meu amorzão, você é o tijolinho que faltava na minha

construção...” Há sete anos, quando a minha filha Julia tinha 2 anos, ficava paralisada

contemplando na TV esta melodia. A cena era sempre a mesma, ela largava tudo e corria para

cantar a música. Quando penso em agradecer às pessoas, no passado, no presente e no futuro,

esta música infantil e trivial representa a contribuição de cada um na construção da minha

formação e da minha vida.

Em primeiro lugar quero agradecer às minhas filhas Julia e Laura, pela oportunidade

curtir o sentimento gigantesco de ser mãe. Elas sempre serão prioridade na minha vida.

Ao meu esposo Florismar, grande cara, que sempre incentivou o meu crescimento

acadêmico e profissional. Muitas vezes assumindo a função de pai e mãe das nossas filhas nas

minhas ausências. Não consigo imaginar a minha vida sem estar ao seu lado. Obrigada pela

contribuição na formatação desse volume.

Agradeço o privilegio da minha existência ao meu pai Mario (in memoriam) e a minha

mãe Zilah, que defende a teoria de que nada é impossível, melhora o meu astral em momentos

de desanimo.

À minha irmã Jeanine, que acompanhou o meu crescimento desde a infância, e apesar

de muito jovem, sempre tinha claro que estudar era prioridade, garantindo todo o suporte

necessário durante a minha formação. Grande confidente e fortaleza.

Um agradecimento especial ao meu tio Celerino e tia Diana, que me acolheram no

momento de divisor de águas da minha vida, aos 18 anos. Aquele apoio foi fundamental para

a minha formação acadêmica, profissional e política. Foram pioneiros da saúde como um

direito de todos, voltada aos aspectos bio-psico-sociais do ser humano. Tio Celerino é o meu

pai do coração.

Page 7: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

7

À minha irmã Regina, sempre parceira nas festas de família intermináveis,

favorecendo os momentos hilários. Aos meus irmãos Dirce e Juliano, cada um dando uma

pitada da sua experiência de vida para maninha mais nova.

Aos meus sobrinhos, Frantchesca, Eduardo, Desirée, Thais e Sasha, jovens que vi

nascer e crescer. Souberam aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereceu e, hoje, são

donos do seu próprio nariz. Sei que posso contar com eles, inclusive com Juninho, caçula.

Ao meu avô Guilherme e minha tia Edília já falecidos, que contribuíram para que a

minha infância fosse mais feliz, abastecendo em mim os princípios da verdade, simplicidade e

generosidade.

Ao meu amigo e orientador Facchini, homem muito ocupado e de grandes projetos que

contribuem com a saúde pública do nosso país. Trabalhei com ele na gestão da saúde do

município de Pelotas, onde demonstrou grande capacidade de articulação em todos os níveis

de atenção, nunca nos deixando na mão. Apesar da dificuldade de tempo, cada minuto de

orientação, resultou em muitos saltos de qualidade na minha dissertação.

À Suele minha co-orientadora, sempre querida e atenciosa, fez o link perfeito com o

orientador, demonstrando conhecimento e desatando os nós apertados das análises.

À Fátima Maia, grande amiga, obrigada por todo apoio nas referências, sempre que

precisares podes contar comigo.

À Margarete, Mercedes, Olga, Alessander e Pablo, atenciosos e facilitadoras às

minhas demandas.

Ao Vicente Aquino, que pela sua sensibilidade de gestor, facilitou a implantação do

PIDI, motivo desta pesquisa, no Hospital Escola da FAU.

Aos alunos da Liga de Oncologia da medicina UFPel, em especial Jajá, Aline,

Andréas, Elmara, Larissa, Artur e Graciela. Às bolsistas Bianca e Patricia, às minhas

Page 8: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

8

sobrinhas Sasha e Thais acadêmicas de enfermagem e odontologia, obrigada pelo excelente

desempenho durante o trabalho de campo.

Aos profissionais e chefias de setores dos serviços que necessitei coletar os dados

secundários: Regina, Meri, Carla e Mozar (SAME FAU), Elsio e Altair (Radio FAMED),

Neuza e Cleuza (SAME Santa Casa), Gilca (SAME Beneficência), Luiz Antonio (Radio

CERON), Fabio (SAME HUSFP), obrigada pela paciência e acolhimento.

Especial agradecimento à minha recente família, os membros do PIDI: Isabel, Eliana,

Patrícia, Maralize, Marilaine, Simone, Adelar, Adão e Zé. Todos fazem parte de um mesmo

projeto de vida, oferecendo cada um ao seu estilo, momentos de conforto e felicidade aos

pacientes e familiares que sofrem em situações de terminalidade. Quero em especial agradecer

ao Mateus, sempre a postos para ajudar de forma organizada às demandas permanentes da

pesquisa.

Enfim, me sinto uma pessoa privilegiada por ter conhecido e me relacionado com

todas essas pessoas. Agradeço a Deus pela oportunidade de estar concluindo mais uma etapa

da minha vida.

Page 9: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

9

SUMÁRIO

I - PROJETO DE PESQUISA.................................................................................................. 13

RESUMO ................................................................................................................................. 15

DEFINIÇÃO DE TERMOS..................................................................................................... 16

1. Introdução............................................................................................................................. 19

1.1. Magnitude do Câncer ................................................................................................................. 19

1.2. Cuidados paliativos e internação domiciliar em oncologia........................................................ 21

2. Justificativa........................................................................................................................... 24

3. Revisão Bibliográfica........................................................................................................... 25

3.1. Busca de trabalhos...................................................................................................................... 25

3.2. Magnitude Global do Câncer ..................................................................................................... 30

3.3. Magnitude do Câncer no Brasil.................................................................................................. 31

3.4. Magnitude do Câncer no Rio Grande do Sul.............................................................................. 34

3.5. Cuidados Paliativos: uma necessidade ....................................................................................... 35

3.6. Cuidados Paliativos: aspectos éticos .......................................................................................... 41

3.7. Internação Domiciliar e a Continuidade dos Cuidados .............................................................. 43

3.8. Cuidados Paliativos no Domicílio: uma estratégia de cuidado integral ..................................... 49

3.9. Cuidador de indivíduos em situação de terminalidade............................................................... 52

4. Objetivos .............................................................................................................................. 54

4.1. Objetivo Geral ............................................................................................................................ 54

4.2. Objetivos específicos.................................................................................................................. 54

5. Hipóteses .............................................................................................................................. 55

6. Metas .................................................................................................................................... 55

7. Metodologia ......................................................................................................................... 56

7.1. Delineamento: ............................................................................................................................ 56

7.2. Definição de Desfechos.............................................................................................................. 57

7.3 Quadro de variáveis:.................................................................................................................... 58

Page 10: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

10

7.4. Instrumentos:.............................................................................................................................. 59

7.5. Logística..................................................................................................................................... 59

7.6. Análise dos dados....................................................................................................................... 62

8. Resultados Esperados........................................................................................................... 62

9. Impactos esperados .............................................................................................................. 62

10. Aspectos Éticos .................................................................................................................. 63

11. Cronograma........................................................................................................................ 64

12. Orçamento .......................................................................................................................... 65

13. Referências bibliográficas .................................................................................................. 66

II - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA......................................................................... 70

III - RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO................................................................. 72

1. Introdução......................................................................................................................... 73

2. Instrumento de coleta de dados ........................................................................................ 73

Formulários ....................................................................................................................................... 73

3. Manual de instruções........................................................................................................ 73

4. Seleção de pessoal ............................................................................................................ 74

Treinamento dos coletadores............................................................................................................. 74

5. Logística do trabalho de campo ....................................................................................... 75

Coleta de dados ................................................................................................................................. 75

Acompanhamento do trabalho de campo .......................................................................................... 75

Codificação, entrega e revisão dos questionários.............................................................................. 75

Controle de qualidade........................................................................................................................ 76

Digitação e processamento dos dados ............................................................................................... 76

6. Apresentação de resultados ............ ................................................................................. 76

IV - ARTIGO CIENTÍFICO.................................................................................................... 77

V – COMUNICAÇÃO À IMPRENSA.................................................................................. 103

VI - ANEXOS ........................................................................................................................ 106

ANEXO A – Formulário Quimioterapia................................................................................ 107

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11

ANEXO B – Formulário de Radioterapia .............................................................................. 109

ANEXO C – Formulário Hospital.......................................................................................... 111

ANEXO D – Formulário PIDI ............................................................................................... 113

ANEXO E – Questionário PIDI ............................................................................................. 116

ANEXO F – Manual de Instruções ........................................................................................ 117

ANEXO G – Ofício aos Serviços para Acesso aos Prontuários ............................................ 119

ANEXO H – Normas para Publicação................................................................................... 120

Page 12: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

PROJETO DE PESQUISA Figura 1. Total de internações hospitalares e óbitos por câncer em Pelotas, RS, 2004 a 2007.................................................................................................................................................. 21 Figura 2. Distribuição proporcional das causas de mortalidade no Brasil, 2004.................... 31 Figura 3. Principais causas de mortalidade por câncer em homens, ao longo do tempo, Brasil, 2004.......................................................................................................................................... 33 Figura 4. Principais causas de mortalidade por câncer em mulheres, ao longo do tempo, Brasil, 2004 .............................................................................................................................. 33 Figura 5. Mapa da estruturação de Cuidados Paliativos no mundo. ....................................... 36 Figura 6. St. Christopher´s Hospice de Londres, fundado em 1967 ....................................... 38

ARTIGO CIENTÍFICO Figura 1. Desfecho dos Pacientes ......................................................................................... 102

TABELAS

PROJETO DE PESQUISA Tabela 1. Internações por neoplasias malignas em Pelotas, RS, 2004 a 2007 ........................ 20 Tabela 2. Estimativa de incidência de câncer por região e sexo. Brasil, 2008........................ 31 Tabela 3. Distribuição proporcional das causas de mortalidade no Rio Grande do Sul, Brasil, 2006.......................................................................................................................................... 34 Tabela 4. Total e proporção de óbitos por neoplasia segundo Coordenadoria Regional de Saúde. Rio Grande do Sul, Brasil, 2006................................................................................... 35 ARTIGO CIENTÍFICO Tabela 1. Descrição dos pacientes por sexo conforme local do câncer, estadiamento e metástases, PIDI/UFPel, Pelotas, RS .................................................................................... 100 Tabela 2. Descrição dos pacientes por local do câncer conforme estadiamento, motivo de internação, dor, analgesia e estratégia terapêutica, PIDI/UFPel/FAU, Pelotas, RS.............. 101

QUADROS

Quadro 1. Principais referências ............................................................................................. 27 Quadro 2. Taxas de incidência de neoplasias malignas, por 100 mil homens, segundo Unidade da Federação, Brasil, 2006......................................................................................... 32 Quadro 3. Taxas de incidência de neoplasias malignas, por 100 mil mulheres, segundo região, Brasil, 2006. ................................................................................................................. 32

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I - PROJETO DE PESQUISA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA

Mestrado Profissionalizante em Saúde Pública Baseada em Evidências

PROJETO DE PESQUISA

INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA

PACIENTES ONCOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE PELOTAS / RS

MESTRANDA: Julieta Carriconde Fripp

ORIENTADOR: Luiz Augusto Facchini

CO–ORIENTADORA: Suele Manjourany Silva

Pelotas, Outubro de 2008

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RESUMO

Introdução: No Brasil e no mundo, estamos vivenciando uma transição epidemiológica, com

o crescente aumento da população idosa resultando na elevação dos óbitos por doenças

crônicas. As neoplasias representam a segunda causa de morte no Brasil. Os pacientes com

câncer, durante a evolução da doença, apresentam inúmeras complicações, e os indivíduos

que recebem o diagnóstico quando já não existe possibilidade de cura necessitam de cuidados

paliativos, voltados aos aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais. Cuidados

paliativos em ambiente domiciliar favorecem uma melhor resposta ao tratamento e alívio dos

sintomas, mantendo uma relação muito próxima com a família e cuidadores informais.

Objetivos: 1. Estimar a prevalência de pacientes com câncer em fase de cuidados paliativos

atendidos em diferentes estratégias terapêuticas pelo SUS no município de Pelotas no período

de 2005 a 2008. 2. Avaliar o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) para

pacientes oncológicos no município de Pelotas, no período de 2005 a 2008. 3. Caracterizar o

perfil dos usuários com diagnóstico de câncer em fase de cuidados paliativos, cujo tratamento

se desenvolve em ambientes ambulatorial, hospitalar e domiciliar. 4. Descrever as

características do PIDI em termos de infraestrutura material, recursos humanos, insumos para

o cuidado domiciliar, instrumentos de avaliação de pacientes e cuidadores. 5. Caracterizar a

sintomatologia dos usuários do PIDI e as intervenções interdisciplinares estabelecidas, a partir

da utilização de escalas de avaliação. 6. Examinar a associação entre internação domiciliar e

redução do número de internações hospitalares no SUS em Pelotas, no mesmo período.

Métodos: O delineamento proposto é o de um estudo transversal de base de serviço de saúde

no município de Pelotas/RS. A população-alvo do estudo é constituída por indivíduos adultos

com câncer registrados nos SUS em Pelotas, em ambiente ambulatorial (radioterapia,

quimioterapia), hospitalar (quatro hospitais) e domiciliar (PIDI), no período de 2005 a 2008.

Page 16: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

16

Relevância: Os resultados do estudo poderão contribuir para a avaliação dos serviços

prestados atualmente no município, e também para o planejamento e a implementação de

serviços de cuidados paliativos na rede de saúde pública, principalmente no âmbito da atenção

domiciliar.

DEFINIÇÃO DE TERMOS

1. Acolhimento: dispositivo organizacional dos processos de trabalho para receber a todos

que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e pactuando respostas mais

adequadas às demandas1.

2. Assistência domiciliar: conjunto de atividades de caráter ambulatorial, programadas e

continuadas, desenvolvidas em domicílio2. A OMS define Assistência Domiciliar como “a

provisão de serviços de saúde por prestadores formais e informais com o objetivo de

promover, restaurar e manter o conforto, a função e a saúde das pessoas num nível

máximo, incluindo cuidados para uma morte digna. Serviços de assistência domiciliar

podem ser classificados nas categorias de preventivos, terapêuticos, reabilitadores,

acompanhamento por longo tempo e cuidados paliativos”. Neste trabalho, o termo cuidado

domiciliar será 1 utilizado com o mesmo significado de assistência domiciliar.

3. Atenção domiciliar: termo genérico que envolve ações de promoção à saúde, prevenção,

tratamento de doenças e reabilitação desenvolvidas em domicílio2. Integra as modalidades

específicas de assistência e internação domiciliar1.

4. Autonomia: definida como autogoverno, autodeterminação e liberdade do indivíduo para

agir e tomar decisões1.

5. Câncer: Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em

comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos,

podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente,

Page 17: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

17

estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação das

neoplasias malignas3. Resulta de muitas alterações genéticas, promovidas por um sem

número de agentes carcinogênicos. Os genes danificados mudam a estabilidade do DNA,

levando ao crescimento celular desordenado. Estes danos se acumulam e podem ser

herdados ou adquiridos do meio ambiente através de agentes químicos, biológicos e

físicos.

6. Cuidador: indivíduo que presta cuidados à pessoa idosa com alguma incapacidade

funcional, independente de remuneração e vínculo familiar4.

7. Cuidados paliativos: definido como o cuidado ativo total de pacientes cuja doença não

responde mais ao tratamento curativo, com o adequado controle da dor e de outros

sintomas físicos e problemas de ordem psicológica, social e espiritual. Através de equipe

interdisciplinar, busca a melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares5, 6.

8. Equipe multiprofissional de atenção domiciliar: profissionais vinculados a serviços e

programas de saúde que prestam assistência clínico-terapêutica e psicossocial ao

indivíduo em seu domicílio.

9. Hospice: considerada uma filosofia de cuidados paliativos, centrada no alívio de sintomas

físicos, psicológicos, sociais e espirituais em ambientes humanizados, com equipe

multiprofissional, fora do ambiente hospitalar. Tem preocupação com a qualidade de vida

dos pacientes em situação de terminalidade.

10. Interdisciplinaridade em saúde: envolve profissionais das várias áreas da saúde, com

objetivo de atender às necessidades dos pacientes que se encontram em ambiente

domiciliar ou hospitalar, utilizando a socialização do conhecimento, para garantir o alívio

de sintomas apresentados pelos usuários.

11. Internação domiciliar: conjunto de atividades prestadas no domicílio a indivíduos

clinicamente estáveis que exijam intensidade e possam ser mantidos em casa, por equipe

Page 18: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

18

exclusiva para este fim, transferindo para o domicílio parte da estrutura empregada num

hospital, em circunstâncias e condições ideais para a continuidade do tratamento sem

perda de qualidade e efetividade2.

12. Paliar: a palavra paliar vem do latim pallium e significa manto ou proteção. Seja qual for

a doença, de situação avançada , seja qual forem os tratamentos que já foram dados, existe

sempre algo que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida dos pacientes7.

13. Sofrimento: sentimento de ansiedade associada a eventos que ameaçam a integridade

física, social, emocional, cultural e espiritual dos indivíduos7.

Page 19: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

19

1. Introdução

1.1. Magnitude do Câncer

No Brasil e no mundo, estamos vivenciando uma transição epidemiológica, com o

crescente aumento da população idosa resultando na elevação de morbidade e mortalidade por

doenças crônicas.

As neoplasias representam a segunda causa de morte na maioria dos países

desenvolvidos e em muitos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. A Organização

Mundial da Saúde estima que 84 milhões de indivíduos devem morrer por câncer nos

próximos 10 anos, sendo atualmente responsável por cerca de 12% de todas as mortes no

mundo5. Com relação aos locais do câncer, pulmão(17,8%), estômago(10,4%) e

fígado(8,8%) são os de mortalidade mais frequente5.

Nos países onde os recursos disponíveis para prevenção, diagnóstico e tratamento do

câncer são limitados ou inexistentes, ocorre maior número de casos de câncer, e muitas vezes

com detecção tardia, quando já não existe possibilidade de cura8.

No Brasil, o câncer representa a segunda maior causa de mortalidade geral,

representando 13,7% de todos os óbitos registrados no país, ficando atrás apenas das doenças

cardiovasculares.

No Rio Grande do Sul, no ano de 2006, a mortalidade por neoplasias representou

21,1% do total de óbitos.9, 10

O Ministério da Saúde, através da Portaria 2439/2005 GM/MS, estabeleceu a Política

Nacional de Atenção Oncológica, incluindo promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento,

reabilitação e cuidados paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas,

Page 20: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

20

respeitadas as competências das três esferas de gestão. O Instituto Nacional do Câncer

(INCA) representa a instância oficial que regulamenta as políticas públicas relacionadas ao

câncer no âmbito do SUS. Assim, os serviços de alta complexidade em oncologia deverão

garantir também atenção integral aos pacientes, através de estrutura ambulatorial, hospitalar

ou domiciliar11.

O município de Pelotas, localizado na região sul do estado do Rio Grande do Sul,

possui uma população em torno de 380 mil habitantes, está em gestão plena da saúde, sendo

referência em saúde para 21 municípios da região. Não dispõe de Registro de Câncer de Base

Populacional (RCPB). As informações sobre câncer no município são provenientes do

Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Sistema de Internações Hospitalares (SIH-

SUS) e dos registros de Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) para

realização de quimioterapia e radioterapia, disponíveis nos serviços de referência para o SUS.

O número total de óbitos por neoplasias em Pelotas no período de 2004 a 2006 ficou

praticamente estável, (2006 = 529, 2005 = 525 e 2004 = 529) (SIM/DATASUS e SES),

enquanto o número de internações Hospitalares por neoplasias malignas mostrou tendência à

diminuição no período de 2004 a 2007, conforme a Tabela 5 e Figura 4.

Tabela 1. Internações por neoplasias malignas em Pelotas, RS, 2004 a 2007

Ano

2004 2005 2006 2007

Internações 3485 3609 2937 2402 Fonte: SIH / SUS

Page 21: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

21

Figura 1. Total de internações hospitalares e óbitos por câncer em Pelotas, RS, 2004 a 2007

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2004 2005 2006 2007

tempo

núm

eros

abs

olut

os

obitos

internaçao

Fonte: SIH/SIM/DATASUS, 2007

No campo da atenção oncológica, em Pelotas, a prevenção e o diagnóstico de

câncer acontecem na atenção primária, secundária e terciária, enquanto os tratamentos

específicos, através de quimioterapia, radioterapia e cirurgia são realizados em dois hospitais

da cidade, o Hospital Escola da UFPel e a Santa Casa de Misericórdia. Estes serviços

também recebem pacientes de municípios vizinhos.

1.2. Cuidados paliativos e internação domiciliar em oncologia

A Organização Mundial da Saúde define cuidados paliativos como uma abordagem

que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, na presença de problemas

associados a doenças sem possibilidade de cura e que ameaçam a vida, mediante prevenção e

alívio de sofrimento pela detecção precoce e tratamento de dor ou outros problemas físicos,

psicológicos, sociais e espirituais, estendendo inclusive à fase de luto8.

Os cuidados contínuos em domicilio vêm ao encontro e favorecem os princípios dos

cuidados paliativos, que afirmam a vida e reconhecem a morte como um processo natural,

sem antecipá-la ou retardá-la, providenciam alívio da dor e de outros sintomas físicos,

Page 22: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

22

integram os aspectos psicológicos, espirituais e sociais do cuidado ao paciente, oferecem um

sistema de suporte para ajudar os pacientes a viver o mais ativamente possível, oferecem

suporte para auxiliar a família a cooperar durante a doença e trabalhar o luto e a perda13.

Pacientes com câncer fora de possibilidade de cura devem receber cuidados paliativos

desde o momento do diagnóstico. Observamos que isso acontece de forma sistemática

somente em países desenvolvidos. Na grande maioria dos países restantes não existe oferta

pública de cuidados paliativos ou há serviços pontuais, com baixa cobertura das necessidades

da população.12

No Brasil, existe uma oferta fragmentada e pequena de tratamento paliativo aos

pacientes, a maioria localizada em hospitais. O INCA possui estrutura de excelência em

cuidados paliativos aos pacientes com câncer e seus familiares, incluindo atendimento

ambulatorial, hospitalização e internação domiciliar14. Apesar da Portaria 2439/2005 GM/MS

prever cuidados paliativos como parte do cuidado integral aos pacientes com câncer, a

maioria dos hospitais que possuem os Centros de Alta Complexidade em Oncologia

(CACON) ou as Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) não oferece

cuidados paliativos de rotina nas suas estruturas, investindo prioritariamente em diagnóstico e

tratamento do câncer.

A atenção referente aos cuidados paliativos requer coordenação entre os sistemas de

saúde, principalmente do sistema de internação hospitalar, no qual se encontra a maioria dos

pacientes com neoplasias em estágio avançado, com o sistema de atenção domiciliar,

permitindo, assim, a continuidade dos cuidados, mantendo o acolhimento dos pacientes e

familiares também em ambiente domiciliar15.

As neoplasias são responsáveis pelo elevado grau de sofrimento dos pacientes e de

seus familiares. Esta situação se verifica especialmente na fase terminal destas enfermidades.

Page 23: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

23

A maioria dos pacientes com enfermidades em fase terminal deseja morrer em seus próprios

domicílios e não recebe uma atenção adequada para controle de sintomas16.

A internação domiciliar no Brasil é recente e ocorre tanto no setor privado quanto no

setor público4. Esta modalidade de prestação de serviços compreende um conjunto de

atividades prestadas no domicílio a indivíduos clinicamente estáveis que exijam intensidade

de cuidados de menor complexidade que no ambiente hospitalar2.

Com relação à internação domiciliar e aos cuidados paliativos, devido à limitação de

estudos realizados no Brasil, pouco sabemos sobre as vantagens desta modalidade de cuidado

para pacientes com câncer em nosso país.

Pacientes do município de Pelotas, vinculados ao SUS, com diagnóstico de câncer sem

possibilidade de cura e que necessitam de cuidados paliativos com equipe interdisciplinar,

recebem este tipo de cuidado através do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar

(PIDI) do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas.

Implantado há cerca de três anos, o PIDI realiza internação domiciliar de pacientes

adultos com neoplasias malignas, que apresentam intercorrências inerentes ao tratamento ou à

evolução da doença e demandam suporte e cuidados para controle de sintomas físicos,

psicológicos, sociais e espirituais.

As visitas domiciliares são realizadas duas vezes ao dia por equipe composta de

médica, enfermeira, técnicas de enfermagem e motorista. Os pacientes também recebem

cuidados de equipe matricial de suporte, que inclui assistente social, nutricionista,

fisioterapeuta e psicóloga, duas a três vezes por semana.

Por ser o único serviço que realiza cuidados paliativos no município, e por possuir

somente uma equipe, o PIDI não consegue acolher todas as demandas de pacientes

encaminhados ao serviço. Muitos usuários que necessitam de cuidados paliativos aguardam a

Page 24: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

24

oportunidade de ingressar no programa em outros serviços, como pronto-socorro e hospitais,

e até mesmo em domicílio.

2. Justificativa

A mortalidade geral por câncer no Brasil tem elevada prevalência, os pacientes com

diagnóstico de câncer apresentam inúmeras complicações inerentes à doença e ao tratamento,

e muitos recebem o diagnóstico de câncer quando já não existe mais a possibilidade de cura.

Pacientes com câncer que se encontram em fase de cuidados paliativos apresentam

muitas intercorrências relacionadas à progressão da doença, levando a internações

hospitalares repetidas.

A assistência ou internação domiciliar tem sido considerada uma estratégia inovadora

e efetiva1 nos cuidados com estes pacientes, substituindo com vantagem a internação

hospitalar. Além de oferecer suporte interdisciplinar para proporcionar o alívio de sofrimento

físico, emocional, social e espiritual, esta estratégia tem a vantagem de estabelecer uma

profunda interação com os familiares e cuidadores informais, responsáveis por complementar

a atenção no ambiente domiciliar. Este processo humaniza as relações da equipe de saúde com

a família e o doente, fortalecendo os vínculos entre os participantes na atenção a pacientes em

fase de cuidados paliativos.

Apesar de algumas evidências favoráveis à atenção domiciliar de pacientes

oncológicos, ainda são escassos os estudos que avaliam o desempenho e as características

desta estratégia, tanto no país quanto em nosso meio18.

Nesta perspectiva, o presente estudo caracterizará os pacientes com câncer que se

encontram em fase de cuidados paliativos no município de Pelotas e descreverá as atividades

desenvolvidas pelo Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) da UFPel,

Page 25: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

25

contribuindo para a formulação de cuidados diferenciados e permanentes aos pacientes,

familiares e cuidadores, no âmbito das políticas de saúde. O estudo também poderá verificar a

associação da internação domiciliar com a redução do número de internações hospitalares no

SUS em Pelotas.

3. Revisão Bibliográfica

3.1. Busca de trabalhos

O objetivo da revisão de literatura foi encontrar trabalhos científicos sobre cuidados

paliativos e internação domiciliar em sistemas de saúde. As buscas foram realizadas nas bases

de dados referenciais PubMed, Cochrane e Lilacs , Google Acadêmico, portal de revistas on-

line Scielo, sites na Internet como os do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional do Câncer,

de hospices, da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Pan-americana de

Saúde (OPAS) e também teses e dissertações sobre os temas. Além disso, ainda foram

consultados livros sobre cuidados paliativos e internação domiciliar. Por fim, através da leitura

dos artigos na íntegra e das referências bibliográficas de cada um, novos trabalhos foram

selecionados.

Para localizar estudos relevantes nas bases de dados bibliográficas, utilizou-se o

recurso limite: período de 10 anos (1997-2007); idiomas espanhol, inglês e português; e

estudos que enfocassem indivíduos adultos.

Para a busca de cuidados paliativos foram incluídos somente estudos com adultos, o

que não ocorreu com os termos relacionados à internação domiciliar. Os termos utilizados

foram: palliative care, home care, cancer, caregiver, internação domiciliar, assistência

domiciliar, cuidados paliativos, assistência paliativa, terminalidade, hospice, cuidados

domiciliares, cuidadores.

Page 26: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

26

Ao final das buscas, reuniu-se um total de 760 trabalhos, incluindo artigos, livros e

teses. Foram recuperados 180 trabalhos na íntegra. Os mais relevantes estão descritos no

Quadro 1.

Page 27: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

27

Quadro 1. Principais referências

Internação Domiciliar Título Autor(s) País / ano Amostra Delineamento Principais resultados Internação domiciliar no Sistema único de Saúde

Silva KL, Sena R, Leite JCA, Seixas CT, Gonçalves AM.

Brasil / 2005 Descritivo- exploratório

Os achados permitem afirmar a importância do serviço de Internação Domiciliar como estratégia para desospitalização e humanização do cuidado.

Hospital at home versus in-patient hospital care

Shepperd S, Iliffe S

England / 2005 22 estudos foram revisados

Meta-análise Favorável aos questionamentos crescente da internação domiciliar como uma alternativa mais barata, esta revisão fornece evidência suficiente do benefício econômico aos pacientes idosos e aqueles que se recuperam de cirurgias eletivas

Servicios destinados a reducir la duración de la atención en el hospital de los pacientes con accidente cerebrovascular agudo

Cochrane England / 2004 11 estudos com 1597 pacientes

Meta-análise O estudo demonstra que o grupo terapêutico incluiu equipe mista, fisioterapia e terapia ocupacional, itens ausentes no grupo controle. Com relação à mortalidade, re-internações e qualidade de vida dos cuidadores não houve diferença entre os grupos. Entretanto, com relação às atividades da vida diária, atividades instrumentais da vida diária e a estado emocional dos pacientes, o grupo de tratamento apresentou melhores resultados

Cuidador A Randomized, Controlled Trial of a Patient/Caregiver Symptom Control Intervention: Effects on Depressive Symptomatology of Caregivers of Cancer Patients

Kurtz, M. E.;Kurtz, J. C. Given, C. W.; Given, B

2007 237: 118 intervenção e 119 controles

Controlado Randomizado

O estudo conclui, após 20 semanas que a intervenção de enfermagem clínica isolada não tem efeito benéfico sobre os cuidadores com depressão e que devido a complexidade apresentada, sugere que sejam realizados mais estudos para avaliar outras formas de apoio ao contexto do cuidador e do paciente com câncer

Depressão e ansiedade nos cuidadores de mulheres em fase terminal de câncer de mama e ginecológicogico

Vera Lucia Rezende, Sophie Françoise Mauricette Derchain, Neury José Botega, Luis Otávio Sarian, Daniela Landulfo Vial5, Sirlei Siani Morais

Brasil/ 2005 133 cuidadores Transversal O processo de cuidar de paciente na fase terminal levou a altas taxas de ansiedade e depressão. Os homens e maridos despontaram neste estudo como cuidadores menos ansiosos.

Page 28: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

28

Cuidados Paliativos Increased satisfaction with care and lower costs: results of a randomized trial of in-home palliative care

Brumley, R. Enguidanos, S. Jamison, P. Seitz, R. Morgenstern, N. Saito, S. McIlwane, J. Hillary, K. Gonzalez, J.

EUA / 2007 298 Controlado randomizado

Cuidados paliativos em domicílio aumentaram significativamente a satisfação dos pacientes, reduzindo ao mesmo tempo da utilização de serviços médicos e os custos da assistência no final da vida. Este estudo, embora modesto no seu âmbito, apresenta fortes indícios da necessidade de rever os cuidados paliativos no final de vida

Changes in symptoms and pain intensity of cancer patients after enrollment in palliative care at home

Dumitrescu L, van den Heuvel-Olaroiu M, van den Heuvel WJ.

Romênia / 2007

102 Transversal Os pacientes que vivem em áreas urbanas e com baixa condição sócio-econômica particularmente são mais acometidos de sintomas. Doentes com câncer necessitam de cuidados paliativos e se beneficiaram significativamente quando tratados em domicílio por serviços de cuidados paliativos.

The impact of palliative care on cancer deaths in Hong Kong: a retrospective study of 494 cancer deaths

Tse, D. M. Chan, K. S. Lam, W. M. Leu, K. Lam, P.T.

Hong Kong / 2007

494 pacientes Retrospectivo O estudo conclui que os serviços de cuidados paliativos apresentam papel fundamental na melhora da qualidade de vida dos pacientes terminais

Validade da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão em Pacientes com Dor Crônica

Martha Castro; Lucas Quarantini; Susana Batista-Neves; Durval Campos Kraychete, TSA; Carla Daltro; Ângela Miranda-Scippa

Brasil / 2006 91 pacientes Descritivo Transversal A escala HAD mostrou boa sensibilidade para avaliar sintomas de ansiedade e depressão, porém não evidenciou boa especificidade para diagnósticos de depressão e ansiedade.

longitudinal study of palliative care: patient-evaluated outcome and impact of attrition

Stromgren, A.S. Sjogren, P. G. Petersen, M. A. Pedersen L, Hoermann. L

England / 2005 267 pacientes Longitudinal O estudo observou que a intensidade dos sintomas iniciais como dor, falta de apetite, náuseas / vômitos, insônia, constipação apresenta melhora significativa ao longo do tempo em que os pacientes que recebem tratamento em programas de cuidados paliativos

Page 29: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

29

Cuidados Paliativos

Descentralização do atendimento a pacientes com câncer avançado sem possibilidade de cura

Koseki, Nancy Mineko

Brasil / 2002 Descritivo – qualitativo

O reconhecimento da descentralização dos serviços de saúde no processo na organização do Sistema Único de Saúde coloca os municípios como parceiros privilegiados e, ao mesmo tempo, obrigatórios na descentralização das ações de cuidados paliativos para pacientes com câncer incurável.

A palliative-care intervention and death at home: a cluster randomised trial

Jordhoy, M. S. Fayers, P. Saltnes, T. Ahlner-Elmqvist, M. Jannert, M. Kaasa, S

Noruega / 2000

434: total 235: intervenção 199: convencional

Ensaio randomizado Os cuidados paliativos permitiram que mais pacientes pudessem morrer em casa com qualidade, no entanto mais recursos para a prestação de cuidados no domicílio (cuidados paliativos com formação de pessoal) e uma maior atenção aos domicílios (cuidadores) seria necessária para aumentar o tempo em casa e reduzindo internações hospitalares.

Age is not the crucial factor in determining how the palliative care needs of people who die from cancer differ from those of people who die from other causes

Addington-Hall, J. M. Karlsen, S.

England / 1999 3533 pacientes 2062: c/ câncer 1471: s/ câncer

Retrospectivo Conclui que o debate dos cuidados paliativos deve considerar situações como idade, diferenças entre os doentes com câncer ou com outras patologias,apresenta formas de melhorar e organizar os serviços de cuidados paliativos, satisfazendo as necessidades individuais dos pacientes

Assessment of quality of life in palliative care--psychometric properties of a short questionnaire

Axelsson, B. Sjoden, P. O.

Suíça / 1998 Grupo A: 30 pac. Grupo B: 28 pac. Grupo C: 13 pac.

Transversal Os resultados sugerem que AQEL são válidos para cuidados paliativos, mas são necessárias novas investigações para verificar tais conclusões.

Page 30: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

30

3.2. Magnitude Global do Câncer

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 7,6 milhões de pessoas morreram por

câncer em 2005 e se não forem tomadas as medidas necessárias, 84 milhões de indivíduos

devem morrer por câncer nos próximos 10 anos. Mais de 70% dos óbitos por câncer ocorrem

em países em desenvolvimento, onde os recursos disponíveis para prevenção, diagnóstico e

tratamento do câncer são limitados ou inexistentes. Os grupos desfavorecidos são geralmente

mais expostos a fatores de risco de câncer, como tabagismo, alcoolismo e agentes infecciosos,

além de possuírem menos acesso aos serviços de saúde5.

Nas estatísticas mundiais, pulmão, mama e cólon/reto são os locais mais incidentes de

câncer, com exceção dos tumores de pele não melanocíticos, correspondendo,

respectivamente, a cerca de 12, 10 e 9% de todos tipos de câncer. Com relação aos locais do

câncer, pulmão (17,8%), estômago (10,4%) e fígado (8,8%) são os de mortalidade mais

frequente6.

O câncer é responsável por cerca 12% de todas as mortes no mundo e a maioria dos

indivíduos com câncer apresenta doença avançada e incurável no momento do diagnóstico.

Além de provocar transtornos aos indivíduos, através da perda de equilíbrio físico, emocional,

social e espiritual, o câncer também onera o Estado, com elevados custos no processo de

diagnóstico, tratamento e controle de sintomas durante a evolução da doença, além daqueles

decorrentes da perda ou redução da capacidade produtiva. Um estudo publicado em 1996

estimou os custos diretos nos cuidados com o câncer nos EUA em 27,5 bilhões de dólares, e

os custos indiretos com a mortalidade prematura em torno de 59 bilhões de dólares8.

Page 31: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

31

3.3. Magnitude do Câncer no Brasil

No Brasil, o câncer representa a segunda maior causa de mortalidade geral, perdendo

apenas para as doenças cardiovasculares. A mortalidade proporcional por neoplasias no país

cresceu consideravelmente ao longo das últimas décadas, acompanhando o crescimento da

mortalidade relacionada às doenças do aparelho circulatório e por causas externas, ao mesmo

tempo em que diminuíram as mortes por doenças infecto-parasitárias14. Em 2004, a

mortalidade por câncer representou 13,7% de todos os óbitos registrados no país, ficando

atrás apenas das doenças cardiovasculares, cujo percentual chegou a 27,9 (Figura 1).

Figura 2. Distribuição proporcional das causas de mortalidade no Brasil, 2004.

A previsão do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de que o Brasil terá mais de 450

mil casos novos de câncer em 200814, com concentração predominante nas regiões Sudeste e

Sul (Tabela 2).

Tabela 2. Estimativa de incidência de câncer por região e sexo. Brasil, 2008.

Fonte: MS/SVS/DASIS/SIM.

Estimativa dos Casos Novos Região Masculino Feminino Total

Norte 8.470 9.150 17.620 Nordeste 36.600 42.360 78.960 Centro-Oeste 14.460 14.050 28.510 Sul 52.000 47.580 99.580 Sudeste 120.330 121.730 242.060 BRASIL 231.860 234.870 466.730

Page 32: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

32

Observa-se entre os homens um crescimento das taxas ajustadas para câncer de

pulmão, próstata e intestino e, nas mulheres, observa-se crescimento das taxas ajustadas para

câncer de mama, pulmão e intestino. A mortalidade por câncer do colo do útero permanece

estável no período e destaca-se o crescimento da mortalidade por câncer de pulmão, hoje em

segundo lugar, um reflexo do aumento do tabagismo entre as mulheres nas últimas décadas,

conforme os Quadros 2 e 3 e as Figuras 3 e 4 14.

Quadro 2. Taxas de incidência de neoplasias malignas, por 100 mil homens, segundo Unidade da Federação, Brasil, 2006.

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil 1º

Próstata (22,0)

Próstata (34,5)

Próstata (46,0)

Próstata (66,3)

Próstata (68,1)

Próstata (51,4)

2º Estômago (10,7)

Estômago (9,1)

Pulmão (15,5)

Pulmão (23,6)

Pulmão (37,0)

Pulmão (19,4)

3º Pulmão (8,0)

Pulmão (8,1)

Estômago (13,3)

Estômago (20,3)

Estômago (20,0)

Estômago (16,3)

4º Leucemias (3,9)

Cav. oral (5,5)

Cólon e reto (9,6)

Cólon e reto (16,9)

Cólon e reto (21,5)

Cólon e reto (12,4)

5º Cav. Oral (3,1)

Cólon e reto (4,1)

Cav. oral (7,3)

Cav. oral (15,3)

Esôfago (17,4)

Cav. oral (10,9)

Fonte: MS/INCA

Quadro 3. Taxas de incidência de neoplasias malignas, por 100 mil mulheres, segundo região, Brasil, 2006.

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil 1º

Colo útero (21,8)

Mama (27,2)

Mama (38,0)

Mama (70,5)

Mama (69,0)

Mama (51,7)

2º Mama (15,2)

Colo útero (16,7)

Colo útero (21,4)

Colon e reto (21,1)

Colo útero (27,8)

Colo útero (20,3)

3º Estômago (5,8)

Colon e reto (5,4)

Colon e reto (10,3)

Colo útero (19,6)

Colon e reto (21,8)

Colon e reto (14,7)

4º Pulmão (5,0)

Estômago (5,2)

Pulmão (8,6)

Pulmão (11,9)

Pulmão (16,2)

Pulmão (9,8)

5º Cólon e reto (3,7)

Pulmão (4,9)

Estômago (6,5)

Estômago (10,8)

Estômago (11,4)

Estômago (8,7)

Fonte: MS/INCA

Page 33: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

33

Figura 3. Principais causas de mortalidade por câncer em homens, ao longo do tempo, Brasil, 2004

Figura 4. Principais causas de mortalidade por câncer em mulheres, ao longo do tempo, Brasil, 2004

Page 34: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

34

3.4. Magnitude do Câncer no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, no ano de 2006, a mortalidade por neoplasias alcançou um

total de 15.168 indivíduos, representando 21,1% do total de óbitos no estado, sendo 8402

homens e 6766 mulheres9, 10.

Com relação à evolução da mortalidade proporcional no estado, definida pela CID 10,

observa-se o aumento importante da mortalidade por neoplasias nos últimos 16 anos, como

mostra a tabela abaixo10:

Tabela 3. Distribuição proporcional das causas de mortalidade no Rio Grande do Sul, Brasil, 2006

Causas de óbito 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2006 Aparelho circulatório 34,6 35,5 34,9 34,3 33,7 30,1 30,0 Neoplasias 14,0 15,7 16,2 17,3 19,2 20,8 21,1 Aparelho respiratório 10,1 10,1 12,1 12,6 12,0 11,9 11,9 Causas externas 9,6 10,3 11,1 10,5 9,6 9,6 9,5 Endócrinas/imunitárias 2,5 2,9 3,1 4,7 4,7 5,4 5,2 Mal definidas 10,2 9,0 8,0 6,1 4,4 5,4 5,1 Aparelho digestivo 3,7 3,9 4,3 4,8 5,1 4,7 4,9 Infecto-parasitarias 4,7 3,5 2,8 2,5 3,7 4,1 4,2 Sistema nervoso 1,3 1,0 0,9 1,1 1,4 2,1 2,3 Perinatais 4,9 4,3 3,0 2,6 2,1 1,6 1,5

Fonte: SES/RS, 2006

O Rio Grande do Sul possui 19 coordenadorias regionais de saúde, o município de

Pelotas está localizado na 3a Coordenadoria, juntamente com outros 21 municípios. Não

foram apresentadas diferenças proporcionais de óbitos por neoplasias no ano de 2006 em

relação às outras coordenadorias do estado, conforme tabelas 4. Pelotas é uma cidade-pólo da

região sul do estado, sendo referência no diagnóstico e tratamento de patologias que

necessitam de procedimentos de alta complexidade para os demais 21 municípios

Page 35: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

35

Tabela 4. Total e proporção de óbitos por neoplasia segundo Coordenadoria Regional de Saúde. Rio Grande do Sul, Brasil, 2006.

Coordenadorias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Óbitos n absolutos

4885 962 1469 845 1425 822 318 331 200 818

Óbitos % 20,8 19,4 21,3 20,7 23,8 22,2 22 19,7 20,9 21,0 Coordenadorias

11 12 13 14 15 16 17 18 19 Óbitos n absolutos

312 305 462 332 208 487 344 380 263

Óbitos % 23,3 19,7 20,1 20,6 20,8 20,8 23,1 17,5 19,7 Fonte: SES/NIS/RS, 2006

3.5. Cuidados Paliativos: uma necessidade

Na primeira definição da OMS para cuidados paliativos, estes eram categorizados

como o último estágio de cuidado, sendo os cuidados oferecidos por uma equipe

interdisciplinar, voltados para pacientes com doença em fase avançada, ativa, em progressão,

cujo prognóstico é reservado e o foco da atenção é a qualidade de vida19. A seguir, a OMS,

considerando que os cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos o mais cedo possível

no curso de qualquer doença crônica potencialmente fatal, definiu que os cuidados paliativos

deveriam ser considerados como uma abordagem que melhora a qualidade de vida de

pacientes e suas famílias, na presença de problemas associados a doenças que ameaçam a

vida, mediante prevenção e alívio de sofrimento pela detecção precoce e tratamento de dor ou

outros problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais, estendendo inclusive à fase de

luto8.

Atualmente, cuidados paliativos são considerados a quarta diretriz estabelecida pela

OMS5 para o tratamento do câncer, associada a prevenção, diagnóstico e tratamento. Apesar

dos dados apontarem para uma maior necessidade de cuidados paliativos nos países

economicamente menos desenvolvidos, a maioria das pesquisas e das iniciativas em cuidados

paliativos tem ocorrido nos países economicamente desenvolvidos. Naqueles países, o

crescimento dos movimentos de “hospice” demonstra o reconhecimento da necessidade de

Page 36: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

36

oferecer acolhimento adequado aos pacientes em fase de cuidados paliativos em situação de

terminalidade20. Na Espanha, Inglaterra e Estados Unidos os programas de cuidados

paliativos em hospitais e domicílios se destacam como sistemas de saúde estruturados21.

O Observatório Internacional sobre Cuidados de Final da Vida (IOELC) apresenta o

mapa da situação dos cuidados paliativos no mundo com a categorização de hospices e

cuidados paliativos desenvolvidos nos países, a fim de facilitar a comparação internacional22.

Demonstra claramente, através da figura 5, que os países em desenvolvimento não apresentam

atividade ou estão em processo incipiente de estruturação de cuidados paliativos. O Brasil se

encontra no rol dos países que apresentam serviços pontuais de cuidados paliativos. Nossos

vizinhos, Chile e Argentina, assim como a Europa, EUA e Canadá, oferecem cobertura mais

ampliada aos pacientes que necessitam de cuidados paliativos12.

Figura 5. Mapa da estruturação de Cuidados Paliativos no mundo.

Em alguns países da América do Sul, como Chile e Argentina, os Programas

Nacionais de Cuidados Paliativos são muito efetivos, visam a controlar a dor e outros

Page 37: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

37

sintomas físicos, psicológicos, espirituais e sociais, proporcionando aos pacientes e familiares

uma melhor qualidade de vida.

No Brasil, existe uma oferta fragmentada de tratamento paliativo aos pacientes, em

poucos serviços, a maioria localizada em hospitais, oferecendo rotineiramente cuidado

integral e humanizado aos usuários do SUS. O INCA possui estrutura de excelência em

cuidados paliativos aos pacientes com câncer e seus familiares, incluindo atendimento

ambulatorial, hospitalização e internação domiciliar14.

O Ministério da Saúde, através da Portaria 2439/2005 GM/MS, estabeleceu a Política

Nacional de Atenção Oncológica, incluindo promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento,

reabilitação e cuidados paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas,

respeitadas as competências das três esferas de gestão. Assim, os serviços de alta

complexidade em oncologia deverão garantir também atenção integral aos pacientes fora de

possibilidades de cura, seja através de estrutura ambulatorial, hospitalar ou domiciliar11.

A essência dos cuidados paliativos, estabelecida a partir da filosofia moderna de

hospice, pela pioneira Cicely Saunders, cujas bases e objetivos foram discutidos no grupo de

trabalho do St. Christopher´s Hospice de Londres (figura 3), consiste em promover o ajuste

do paciente e de sua família a uma nova realidade, para facilitar um melhor enfrentamento

possível da situação de enfermidade terminal. A nova filosofia dos cuidados paliativos se

difundiu ao resto do mundo, desenvolvendo novos modelos assistenciais, adaptados aos

sistemas sanitário, político, econômico, financeiro e cultural de cada país23

Page 38: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

38

Figura 6. St. Christopher´s Hospice de Londres, fundado em 1967

A National Hospice Organization (NHO), criada na década de 70, ampliou o conceito

de hospice, definindo como um programa de cuidados paliativos e de serviços de suporte que

proporciona cuidados físicos, psicológicos, sociais e espirituais a pessoas que se encontram

em fase terminal da doença, e também a seus familiares. Nos Estados Unidos, há quatro

modelos básicos de hospice: 1. Cuidados domiciliares, com base na comunidade; 2. Consultas

de pacientes, com base hospitalar e cuidados domiciliares; 3. Consultas de pacientes com base

hospitalar e cuidados domiciliares, com uma pequena unidade de cuidados paliativos para

internação; 4. Instituição autônoma de cuidados paliativos. O elemento-chave de todos estes

modelos é a equipe interdisciplinar e habilitada para o cuidado do paciente e de sua família,

em domicílio, inclusive após o óbito 24.

Os cuidados paliativos se caracterizam como uma urgente necessidade humanitária

mundial, para as pessoas com câncer e outras doenças crônicas fatais, sendo especialmente

necessários em locais onde existe grande quantidade de pacientes com doenças sem

possibilidade de cura e em condições sócio-econômicas precárias. Apesar dos recentes

avanços do tratamento do câncer, muitos pacientes ainda morrem da doença, portanto o livre

Page 39: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

39

acesso aos serviços de cuidados paliativos deveria ser uma realidade, como direito humano

fundamental. Felizmente, na atualidade há um aumento de estruturas necessárias,

principalmente em países desenvolvidos25.

Idealmente, os cuidados paliativos deveriam ser prestados a partir do diagnóstico da

doença com risco de morte, sendo adaptados para as crescentes necessidades dos doentes e

dos seus familiares, à medida que a doença progride. Os princípios dos cuidados paliativos

incluem o respeito à vida, considerando a morte como processo natural, sem a intenção de

apressá-la ou adiá-la, oferecendo um sistema de apoio para que os pacientes possam viver

bem, sem sofrimento físico, emocional e espiritual, até a sua morte5. Além disso, a assistência

fornecida durante as últimas horas de vida e o apoio à família após a morte do paciente

representam a chamada assistência global dos cuidados paliativos26.

Outro aspecto de fundamental importância para o sucesso dos cuidados paliativos é a

boa comunicação entre os profissionais envolvidos nos cuidados e os pacientes, assim como a

facilitação da comunicação entre os pacientes e seus familiares, sem omitir as informações de

desfecho da doença sempre que forem solicitadas27.

A essência dos cuidados paliativos consiste em promover o reajuste do paciente e sua

família a uma nova realidade, buscando um melhor enfrentamento da situação de enfermidade

terminal, passando pelo bom controle da dor e outros sintomas, o apoio psico-social e o

trabalho em equipe28.

A idade dos pacientes com diagnóstico de câncer não deve influenciar na dedicação e

estruturação de unidades de cuidados paliativos, pois a doença acomete todas as faixas etárias

e os serviços hospitalares ou domiciliares devem estar preparados para acolher toda a

demanda de necessidades manifestadas por pacientes e familiares29. A maioria dos hospitais

não oferece estrutura para pacientes que sofrem em situação de terminalidade e muitas vezes,

Page 40: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

40

devido à falta de comunicação adequada, os pacientes são submetidos a reanimação e

prolongamento da vida através de meios artificiais em ambiente de terapia intensiva, longe

dos seus familiares, indo contra ao principio ético da não-maleficência30.

Estudo retrospectivo realizado em Hong Kong avaliou a utilização dos cuidados

paliativos na rede pública em pacientes com câncer avançado nos seus últimos seis meses,

incluindo as duas últimas semanas de vida. Foram 494 mortes por câncer em quatro hospitais

públicos no ano de 2005. Os pacientes foram divididos em três grupos: o primeiro grupo (n=

247) recebeu cuidados paliativos e morreu em serviço de cuidados paliativos, o segundo

grupo (n=86) recebeu cuidados paliativos nos últimos seis meses de vida, mas morreu em

enfermaria comum, e o terceiro grupo (n= 161) nunca recebeu e morreu sem cuidados

paliativos. Resultados encontrados: durante os últimos seis meses de vida o grupo 1 teve

menos admissões hospitalares (p=0,012) e menor tempo de internação (p=0,003). Nas últimas

duas semanas de vida, o grupo 1 tinha menos intervenções (P <0,001), o maior número de

sintomas documentados no registro do paciente (P <0,001), e a maior probabilidade de

receber analgésicos (P <0,001) , analgésicos adjuvantes (P <0,001) e sedativos (P <0,001).

Também foi demonstrado que no grupo 1 os doentes eram fisicamente mais dependentes nas

duas últimas semanas de vida (P <0,001), mas mentalmente mais alerta nas 72 horas antes da

morte (P <0,001). O grupo 3 apresentou maior número de ressuscitações cardio-pulmonares.

Conclui o estudo que os serviços de cuidados paliativos apresentam papel fundamental na

melhora da qualidade de vida dos pacientes terminais31.

A aplicação de escalas de avaliação aos pacientes que recebem cuidados paliativos

permite demonstrar a melhora dos sintomas relacionados à doença, tais como dor, dispneia,

anorexia, depressão, bem-estar e outros32. Além disso, protocolos que buscam fortalecer as

atividades de profissionais que trabalham com pacientes terminais em ambiente hospitalar ou

domiciliar foram desenvolvidos e devem ser utilizados inclusive na atenção básica,

Page 41: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

41

favorecendo o acompanhamento continuado das queixas e a pronta adequação terapêutica33.

Instrumentos como o AQEL (avaliação da qualidade de vida no final da vida) pontuam

situações como dor, insônia, depressão, anorexia, ansiedade, perda de memória, restrição ao

leito, rede de apoio, entre outras manifestações que geram insatisfação ou satisfação dos

pacientes, permitindo ajustes no tratamento diário34. O sistema de avaliação de sintomas

Edmonton é outra ferramenta que pesquisa sintomas clínicos para a atenção da equipe de

cuidados paliativos e ajuda na obtenção de uma ampla visão sobre os problemas apresentados

pelos pacientes.Estudo realizado na Finlândia demonstrou que a aplicação da escala de

Edmonton em 203 pacientes com câncer em fase de cuidados paliativos permitiu identificar a

prevalência de sintomas mais frequentes referidos pelos pacientes, tais como: fadiga (50,8%),

dor (71,5 %), insônia (71,1%) e depressão (50,9%). Em torno de 75% dos pacientes tinham

mais de cinco sintomas relatados35

Os cuidados contínuos ampliam a atenção integral aos pacientes e seus familiares.

Iniciam desde o momento do diagnóstico e continuam ao longo do processo evolutivo, com

especial ênfase às fases avançadas ou finais da doença, sendo um componente essencial no

tratamento do câncer. Para êxito do trabalho, são necessárias a coordenação dos distintos

níveis assistenciais e a construção de um objetivo comum. A atuação dos cuidados contínuos

possui muitos cenários, como domicílio, hospital, atenção básica, emergências e outros,

sempre buscando atender às necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais dos

usuários15.

3.6. Cuidados Paliativos: aspectos éticos

A sociedade ocidental construiu, nos últimos séculos, a cultura de evitar a morte a todo

custo, em especial a morte por doença natural, isolando-a, de modo progressivo, de nossa

convivência cotidiana36.

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42

Considerando os indivíduos que se encontram com a saúde afetada, padecendo em

hospitais, decorrente de câncer avançado, quer numa enfermaria ou no setor de cuidados

intensivos, já em condições de irreversibilidade de cura, nos cabe perguntar se estaremos

cuidando da sua vida ou prolongando a agonia que vai levá-lo à sua morte? As medidas

extraordinárias, como a introdução de novas drogas ou procedimentos invasivos, oferecem

somente quantidade e não qualidade de vida37.

Os cuidados críticos e a medicina de alta tecnologia estão marcados pelo "paradigma

da cura". As ações voltadas para o "cuidar", no mundo tecnológico da medicina, ficam em

segundo plano, quando as habilidades técnicas da modernidade não vencem ou falham. Estas

técnicas modernas que buscam o prolongamento da vida a todo custo, quando a morte é

situação inevitável, caracterizam a distanásia. A medicina orientada para o alívio do

sofrimento, através de cuidados paliativos, está mais preocupada com a pessoa doente do que

com a doença da pessoa38.

Os Códigos de Ética Médica de 1984 e de 1988, na abordagem dos direitos do

paciente terminal, orientam que os pacientes não devem ter seu tratamento complicado, com

alívio da dor, e não devendo ser morto pelo médico. Entra numa nova fase com o surgimento

de novos elementos, em grande parte trazidos pelo progresso da tecnociência. A valorização

da vida tende a se traduzir numa preocupação com a máxima prolongação da quantidade de

vida e no desvio de atenção da questão da qualidade da vida prolongada, sempre com ênfase

na vida biológica39.

O tratamento do câncer aumentou a esperança de vida dos pacientes, aumentando as

taxas de sobrevivência. Câncer não é mais considerada uma doença mortal a curto prazo, mas

sim uma doença crônica. Mais pacientes sobrevivem, por mais tempo, mesmo que não exista

possibilidade de cura, aumentando a necessidade de cuidados. A American Cancer Society

notificou, em 1992, nos EUA, mais de 8 milhões de pessoas que sobreviveram entre 4 e 5

Page 43: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

43

anos. Isto produz tanto um desafio para a ética médica, quanto para o tratamento de pacientes

com câncer40.

Os cuidados paliativos domiciliares permitem tornar práticos os princípios bioéticos da

beneficência, não-maleficência, autonomia, justiça e equidade15, na medida em que aborda os

sintomas físicos, psicológicos, sociais e espirituais, considerando as experiências vividas

pelas pessoas, respeitando a individualidade de cada ser humano39. Este caráter ético é

reforçado através de cuidados domiciliares interdisciplinares41 que, mediante uma ação

compartilhada, com linguagem e objetivos comuns, reconhece as diferenças existentes, os

domínios dos conteúdos específicos de cada um dos participantes e elabora uma síntese

complementar41. Uma equipe interdisciplinar bem estruturada favorece a padronização dos

cuidados, sem causar danos aos pacientes e seus familiares.

3.7. Internação Domiciliar e a Continuidade dos Cuidados

Os indivíduos em situação de fragilidade, nos momentos de adoecimento, buscam a

atenção hospitalar para reduzirem o seu sofrimento, e o hospital responde a certo grupo de

problemas, oferecendo tecnologias que permitem garantir o “acolhimento” necessário à

demanda. Por outro lado, existem riscos desnecessários, inerentes ao ambiente hospitalar, que

precisam ser evitados. Nesse sentido, inúmeras instituições de saúde buscam a construção e a

operação de práticas voltadas a uma assistência com intensidades variáveis de cuidados, tendo

como característica comum realizar a intervenção terapêutica no interior do domicílio do

usuário14.

Entretanto, o crescimento do atendimento domiciliar no Brasil é recente, esta

modalidade de prestação de serviços ocorre tanto no setor privado, quanto no setor público,

fazendo parte da pauta de discussão das políticas de saúde que, pressionadas pelos altos

custos das internações hospitalares, buscam saídas para uma melhor utilização dos recursos

Page 44: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

44

financeiros4. A internação domiciliar compreende o conjunto de atividades prestadas no

domicílio a indivíduos clinicamente estáveis que exijam intensidade de cuidados de menor

complexidade que no ambiente hospitalar2. Está inserida no contexto da atenção domiciliar

que inclui também a assistência domiciliária. Em abril de 2002, foi sancionada, pelo

Ministério da Saúde, a Lei nº 10.424, como subsistema da Lei nº 8.080, que estabelece, no

âmbito do SUS, a assistência e a internação domiciliar. Esta lei inclui os procedimentos

médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social necessários ao

cuidado integral dos usuários em seu domicílio, por equipe exclusiva para este fim42.

A Portaria 2529/SAS, de outubro de 2006, que institui a Internação Domiciliar no

âmbito do SUS, define como Internação Domiciliar, o conjunto de atividades prestadas no

domicílio a pessoas clinicamente estáveis, que exijam intensidade de cuidados acima das

modalidades ambulatoriais, mas que possam ser mantidas em casa, por equipe exclusiva para

este fim, composta por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, na assistência direta,

e por equipes matriciais de apoio, compostas por outros profissionais, que poderão atuar

conforme as necessidades e protocolos dos serviços, como por exemplo, assistentes sociais,

psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas. Esta portaria ainda não foi regulamentada, mas

representa um importante avanço no que diz respeito às doenças crônicas e incapacitantes. Ela

está integrada à Política Nacional do Idoso e inclui os cuidados interdisciplinares aos

pacientes portadores de patologias como o câncer em fase de cuidados paliativos1.

A internação domiciliar proporciona assistência humanizada e integral, contribuindo

para a otimização dos leitos hospitalares e reintegrando o paciente em seu núcleo familiar e de

apoio, por meio de uma maior aproximação da equipe de saúde com a família, promovendo

educação em saúde. Com relação ao idoso, a internação domiciliar preserva ao máximo sua

autonomia, buscando a recuperação de sua independência funcional36.

Page 45: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

45

A internação domiciliar pode servir de “elo” entre o nível hospitalar e a atenção

básica, fortalecendo o sistema e, particularmente, as Estratégias de Saúde da Família,

reconhecendo as competências de cada instância. O estabelecimento de responsabilidade

compartilhada entre níveis distintos da rede de serviços de saúde torna-se imprescindível a

fim de garantir a continuidade indispensável ao atendimento das necessidades de grupos

vulneráveis, como os usuários portadores de incapacidade funcional em processos de

adoecimento1.

Uma meta-análise publicada pela biblioteca Cochrane43 avaliou serviços de

reabilitação baseados em terapias para pacientes com acidente vascular cerebral que vivem

em domicílios. O grupo terapêutico incluiu equipe mista, fisioterapia e terapia ocupacional,

itens ausentes no grupo controle. Com relação à mortalidade, re-internações e qualidade de

vida dos cuidadores, não houve diferença entre os grupos. Entretanto, com relação às

atividades da vida diária, atividades instrumentais da vida diária e estado emocional dos

pacientes, o grupo de tratamento apresentou melhores resultados. Em outra meta-análise, que

compara atenção domiciliar com atenção hospitalar para pacientes adultos, foram incluídos 22

estudos, avaliando o reingresso no hospital. O grupo de internação domiciliar sugere proteção,

ou seja, reduz as re-internações hospitalares. Com relação aos idosos com doença crônica, nos

grupos DPOC e AVC houve menos re-internações, quando tratados em domicílio. O tempo de

internação em pós-operatório também sugere benefício no grupo em regime de internação

domiciliar44.

A atenção domiciliar vem apontando um potencial de se concretizar como uma

modalidade substitutiva de cuidado, envolvendo todo o contexto domiciliar do usuário,

possibilitando a produção de um cuidado mais próximo, individualizado e menos tecnicista do

que no hospital. Não se trata de uma desospitalização irresponsável e prematura, mas da

Page 46: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

46

possibilidade de reestruturar o modo de operar o cuidado no espaço físico e nas estratégias de

cuidado45.

Esse modo de cuidado no domicílio se fazia presente nas práticas da medicina de

séculos passados, o atendimento médico era realizado na casa do paciente por meio de uma

espécie de médico de família. O hospital não tinha caráter terapêutico e de cura, surgiu como

instituição religiosa, filantrópica, de caridade, de assistência aos pobres e desamparados, que

tinha a função de promover aos seus “hóspedes” uma boa transição entre a vida e a morte,

proporcionando a salvação espiritual. Mais do que essa função de “morredouro”, essa

instituição tinha a missão de “limpar” as cidades de suas mazelas, varrendo das cidades os

pobres, loucos, leprosos, prostitutas e desabrigados, hospedando-os no hospital. A exclusão e

a segregação eram uma forte característica dessa instituição até o século XVIII. Sendo assim,

o hospital não era uma instituição médica e a medicina não era uma prática hospitalar46.

Estudo de análise de custo realizado em três municípios confirma que a internação

domiciliar tem redução de custos em comparação à internação hospitalar, contudo as análises

não contemplam os custos gerados para as famílias. Apesar das lacunas, os PID constituem

um espaço para construção de uma modalidade de atenção com ênfase no trabalho em equipe,

na utilização de tecnologias que permitem a criação de vínculos, a integralidade e a

sistematização das ações, visando, sobretudo, à prestação de uma assistência de qualidade18.

Em pesquisa realizada pelo grupo Micropolítica do Trabalho e o Cuidado em Saúde

para subsidiar a “Implantação de Atenção Domiciliar no Âmbito do SUS”, foram avaliados

quatro municípios que realizam internação domiciliar no Brasil, com objetivo de apresentar os

custos dos programas. Os perfis dos serviços foram bastante heterogêneos, destacando-se o

perfil PSF (visitas programadas não diariamente), o perfil internação (desospitalização ou

liberação precoce de leitos), perfil pré-hospitalar (evitar hospitalização) e perfil misto (vários

modos de internação). O estudo conclui que existem muitas dificuldades para definir custos,

Page 47: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

47

pois a maioria os serviços disponibiliza somente gastos com relação a insumos, combustível e

recursos humanos, sendo este o de maior peso nos programas avaliados. Todas as diretrizes

dos programas analisados (captadas seja por documentos oficiais, seja pelas falas dos

gestores) denotam uma percepção das bondades que devem ter impulsionado as decisões: a

humanização, a melhor utilização dos recursos hospitalares, a redução de custos. Valores

como a satisfação do usuário, ganho na qualidade de vida, recuperação de autonomia e

dignidade, inclusão social, entre tantos outros, foram considerados como exemplos de vieses

para quaisquer tentativas de avaliação econômica em se tratando de saúde, constituindo um

campo específico de estudo, não abordado nesta ocasião47.

No Brasil, existem alguns serviços de Atenção Domiciliar (AD) já estruturados cabem

alguns destaques:

SID: Sistema de Internação Domiciliar do Município de Londrina – PR

Implantado em 1996. Apresenta quatro modalidades de atenção domiciliar: cuidados

paliativos para usuários com câncer, cuidados aos portadores de AIDS, internação domiciliar

(definida pela utilização de medicação endovenosa) e assistência domiciliar (definida como

cuidados a usuários com problemas crônicos, como portadores de feridas, doença pulmonar

obstrutiva crônica, sequelados de acidentes vascular cerebral, traumas medulares etc. A

manutenção financeira das equipes, na sua quase totalidade, é dada pelo município. Todas as

equipes contam com médico, enfermeiro e auxiliar/técnico de enfermagem. Há uma equipe de

apoio composta por nutricionista, duas fisioterapeutas, duas assistentes sociais e duas

psicólogas, que apoia matricialmente todas as equipes de campo. As visitas são programadas

conforme o perfil das equipes e as necessidades dos pacientes48.

Page 48: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

48

PROIID: Programa de Internação Domiciliar de Marília – SP

Implantado em 1999, tendo como objetivos: garantir a continuidade da assistência no

domicílio, reduzindo o tempo de internação hospitalar, as re-internações e, consequentemente,

os riscos impostos aos usuários, família e cuidador, contribuindo para a formação e

aperfeiçoamento de trabalhadores na área da saúde. Compreende a Atenção Domiciliar como

toda assistência realizada por equipe de saúde no domicílio e Internação Domiciliar como

atenção respaldada pelos critérios de internação, como processo contínuo de acompanhar

pessoas em seus domicílios. A modalidade que estrutura a atenção domiciliar no município é

a internação domiciliar. O programa tem capacidade operacional de atender 20 usuários em

regime domiciliar de segunda a sexta-feira, no período das 7 às 17 horas. No período noturno,

finais de semana e feriados não há cobertura pelo PROIID, mas há uma articulação com as

equipes de saúde da família e hospitais em esquema de cobertura para o período noturno,

feriados e finais de semana. A equipe é composta por enfermeira, auxiliares de enfermagem,

nutricionista, médica, fisioterapeuta, escriturária, assistente social, psicóloga, cirurgiã

dentista, fonoaudióloga e motorista. Todos os trabalhadores do programa realizam pelo menos

uma visita semanal aos usuários, a fim de avaliar o quadro clínico e orientar o cuidador

quanto às necessidades do paciente. A construção do projeto terapêutico é realizada entre os

trabalhadores. A média de permanência dos usuários foi de 35,9 dias e a taxa de ocupação do

programa fica em torno de 67,62%. A integração com as equipes de saúde da família se dá no

momento da referência, da contra-referência e em situações nas quais o usuário necessita de

cuidado nos finais de semana, período noturno e feriados. Há um pacto com as ESF para

assumir o cuidado junto ao usuário, e a mesma coisa acontece com as equipes dos hospitais,

que encaminham para este serviço49.

Page 49: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

49

PAD: Programa de Atenção Domiciliar de Belo Horizonte – MG

Implantado em 1999. Atualmente, o município apresenta cinco modalidades de

atenção domiciliar, para pacientes portadores de comprometimentos físicos pós-trauma,

pacientes com distrofia muscular, atendimento neonatal, pacientes com HIV e equipe mista

para adultos e crianças. A maioria das equipes está vinculada a hospitais. Percebe-se a

necessidade de se assumir a AD, tanto pelo gestor quanto pelos próprios serviços, como

modalidade substitutiva de cuidado e não apenas como uma forma de desospitalização, de

extensão de cobertura e de redução dos gastos hospitalares. Quanto à composição e ao

trabalho das equipes, nota-se a reprodução das relações e a utilização das tecnologias

hospitalares no domicílio, ocorrendo a “transferência” do espaço do cuidado e permanecendo

a lógica do modelo de atenção hegemônico, centrada nos procedimentos e nas patologias ou

nas sequelas50.

A busca de autonomia para “andar a própria vida” deve servir de guia central para

qualquer projeto de internação domiciliar, evitando restrições da autonomia, assegurando

processos de ganho contínuo dos usuários em ambiente favorável e com equipe de

profissionais comprometida com a busca de alívio de sintomas resultando na maior

independência dos pacientes em seu próprio território17.

3.8. Cuidados Paliativos no Domicílio: uma estratégia de cuidado integral

O envelhecimento da população resulta no aumento da incidência e prevalência de

enfermidades debilitantes progressivas. Dentro destas enfermidades, as causas

neurodegenerativas e as neoplasias ocupam lugar de destaque, sendo responsáveis pelo

elevado grau de sofrimento dos pacientes e de seus familiares. Esta situação se verifica

especialmente na fase terminal destas enfermidades. A maioria dos pacientes com

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50

enfermidades em fase terminal deseja morrer em seus próprios domicílios e não recebe uma

atenção adequada para controle de sintomas16.

A proposta da OMS (1990) sobre os cuidados paliativos reconhece a necessidade de

favorecer que o paciente seja cuidado em seu domicílio, sem a redução da qualidade dos

cuidados.

A conjugação de cuidados paliativos com internação domiciliar é uma tarefa que

requer vocação de serviço, organização de sistema de saúde e conhecimentos científicos. Os

pacientes escolhem o domicílio como lugar preferencial para receber os cuidados quando não

existe mais possibilidade de cura da sua doença51. A internação domiciliar oferece vantagens

não somente aos pacientes, mas também à família e ao sistema de saúde, através da redução

de custos. Em geral, os pacientes, quando questionados, referem que receberam assistência

satisfatória no hospital, mas que preferiam receber tratamento no domicílio, pelo conforto e

pela rede familiar mais abrangente.

A equipe de saúde é de fundamental importância para garantir o sucesso de cuidados

integrais e acolhimento dos usuários e seus familiares, cada profissional tem o seu papel.

Médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e outros

compartilham diariamente das necessidades manifestadas pelos usuários em ambiente

domiciliar, atuando com objetivo de aliviar o sofrimento físico, emocional, social e espiritual

das pessoas que se encontram em situação de terminalidade.

A equipe que realiza cuidados paliativos em domicílio produz “trabalho vivo em ato”.

Não são vários profissionais, mas várias pessoas habitando o mesmo ser, como mãe, filha,

profissional, amigo, parente, o que cuida e é cuidado. Realizam proteção sem distanciamento

do outro. Essas pessoas expõem-se aos sentimentos, às reflexões, ao sofrimento, à dor do

outro, vivem e percebem a transferência e a fragilidade52.

Page 51: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

51

Os cuidados paliativos e as relações desenvolvidas em domicílio podem se configurar

como o melhor exemplo de tecnologia leve (tecnologias de relações com produção de vínculo,

autonomia, acolhimento, cumplicidade), associada a técnicas que visam alívio de sofrimento

dos pacientes e familiares, longe da tecnologia dura (equipamentos tecnológicos do tipo

máquinas, normas, estruturas organizacionais), comum no ambiente hospitalar17.

A assistência paliativa, em casa, requer que o paciente permita e participe dos

cuidados, com apoio da família. A comunicação contínua entre o paciente, a família e a

equipe facilita a realização dos cuidados sem objetivo de cura, mas sim de conforto e alívio de

sofrimento53.

Estudo romeno descreve as atividades e as intervenções para pacientes com câncer

avançado tratados em domicílio por equipe de cuidados paliativos, analisando as mudanças

que ocorreram nos sintomas físicos, principalmente dor. O número de sintomas físicos

reduziu consideravelmente após a inclusão dos pacientes no programa de cuidados paliativos,

particularmente daqueles com condição sócio-econômica menos favorável54.

Em ensaio clínico randomizado realizado na Noruega, foram incluídos pacientes com

doença maligna incurável e sobrevida de 3 a 9 meses. Num total de 434 pacientes , os grupos

foram divididos de forma aleatória. O grupo de intervenção foi aquele que recebeu cuidados

paliativos por equipe especializada, os resultados encontrados com relação ao local da morte

demonstraram que 25% dos pacientes do grupo de intervenção morreram em casa, enquanto

que somente 15% pacientes do grupo controle faleceram em domicílio (p‹ 0,05). O estudo

conclui que os cuidados paliativos favorecem o óbito dos pacientes terminais em casa,

reduzindo as internações hospitalares desnecessárias55.

Outro estudo randomizado, realizado na Califórnia/EUA, buscou avaliar a satisfação

com relação aos cuidados, à utilização de serviços médicos, ao local da morte, e aos custos

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52

dos cuidados em saúde, sendo o grupo de intervenção os pacientes que receberam cuidados

paliativos em domicílio, enquanto que o grupo de controle recebeu tratamento tradicional. Os

participantes do estudo foram doentes terminais (N= 298) com sobrevida de cerca de um ano

ou menos. O grupo de intervenção relatou maior satisfação em relação aos cuidados (p

<0,05), os pacientes obtiveram maior probabilidade de morrer em casa (p <0,001) e eram

menos propensos a buscar atendimento em serviços de emergência (p <0.01) ou internação

hospitalar (p <0.001). Os custos foram relativamente mais baixos na prestação de cuidados

em relação ao grupo controle (p <0.03). O estudo demonstra fortes indícios da necessidade de

ampliar o olhar e assistência à saúde dos pacientes em situação de terminalidade56.

Os cuidados contínuos em domicílio, vêm ao encontro e favorecem os princípios dos

cuidados paliativos, que afirmam a vida e reconhecem a morte como um processo natural,

sem antecipá-la ou retardadá-la, providenciam alívio da dor e de outros sintomas físicos,

integram os aspectos psicológicos, espirituais e sociais do cuidado ao paciente, oferecem um

sistema de suporte para ajudar os pacientes a viver o mais ativamente possível, oferecem

suporte para auxiliar a família a cooperar durante a doença e trabalhar o luto e a perda13.

A atenção referente aos cuidados paliativos requer coordenação entre os sistemas de

saúde, principalmente do sistema de internação hospitalar, no qual se encontra a maioria dos

pacientes com neoplasias em estágio avançado, com o sistema de atenção domiciliar,

permitindo, assim, a continuidade dos cuidados, mantendo o acolhimento dos pacientes e

familiares em ambiente domiciliar15.

3.9. Cuidador de indivíduos em situação de terminalidade

O câncer tem grande impacto na vida do paciente e de seu entorno, modificando a

estrutura e a dinâmica da família envolvida, com a aproximação ou o afastamento de seus

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53

membros, em especial quando há sobrecarga nesta família, como costuma ocorrer com a

intensificação dos sintomas e o avanço da doença36.

O cuidador, pelo tempo longo de exposição no curso de uma doença sem possibilidade

de cura, apresenta desgaste físico e sobrecarga emocional. O cuidador informal, em geral

familiar, apresenta além da sobrecarga objetiva e subjetiva, alterações na qualidade de vida.

Em estudo transversal realizado com pacientes internadas com câncer de mama ou

ginecológico sem possibilidade de cura, foram avaliadas as situações de depressão e

ansiedade em seus cuidadores. O estudo aplicou a Escala Hospitalar de Ansiedade e

Depressão (HAD), instrumento validado e que apresenta boa sensibilidade, apesar da sua

baixa especificidade, para pacientes com dor crônica. Os resultados demonstraram a presença

de depressão em 74% e ansiedade em 53% dos cuidadores57. O estudo conclui que o processo

de cuidar de um indivíduo em fase terminal gera conflitos emocionais intensos e sugere que

outras variáveis associadas ao impacto mental do cuidar necessitam ser investigadas58.

Durante a trajetória da doença, o comportamento físico e emocional do cuidador vai

sendo afetado, principalmente quando o número de sintomas do paciente aumenta, exigindo

maior dedicação, determinando com isso a falta de tempo para o descanso ou para outras

atividades sociais, aspectos associados com isolamento social e depressão dos cuidadores. Em

estudo randomizado realizado em Michigan/EUA, foi avaliada depressão em cuidadores de

pacientes com câncer, sendo o grupo de intervenção (n=118) aquele em que os cuidadores

receberam acompanhamento e apoio sistemático de enfermagem para facilitar os cuidados aos

pacientes. O grupo de controle (n=119) não recebeu tal suporte durante o processo de

cuidados. O estudo conclui, após 20 semanas, que a intervenção de enfermagem clínica

isolada não tem efeito benéfico sobre os cuidadores com depressão e devido à complexidade

apresentada, sugere que sejam realizados mais estudos para avaliar outras formas de apoio ao

contexto do cuidador e do paciente com câncer59

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54

Equipe de atenção domiciliar e cuidados paliativos bem preparados oferecem

condições para o alívio de sobrecarga dos cuidadores, estabelecendo cumplicidade e vínculos

muitas vezes ausentes em ambiente hospitalar. Esta relação pode ser decisiva para que estas

situações sejam enfrentadas da melhor maneira possível, tanto pelo paciente quanto pelo

cuidador19.

4. Objetivos

4.1. Objetivo Geral

• Estimar a prevalência de pacientes com câncer em fase de cuidados paliativos

atendidos em diferentes estratégias terapêuticas pelo SUS no município de Pelotas no

período de 2005 a 2008.

• Descrever o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) para pacientes

oncológicos no município de Pelotas, no período de 2005 a 2008.

4.2. Objetivos específicos

• Caracterizar o perfil dos usuários com diagnóstico de câncer em fase de cuidados

paliativos, cujo tratamento se desenvolve em ambientes ambulatorial, hospitalar e

domiciliar.

• Descrever as características do PIDI em termos de infraestrutura material, recursos

humanos, insumos para o cuidado domiciliar, instrumentos de avaliação de usuários e

cuidadores.

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55

• Caracterizar a sintomatologia dos usuários do PIDI e as intervenções interdisciplinares

estabelecidas, a partir da utilização de Escalas de Avaliação.

• Examinar em pacientes com internação domiciliar a evolução das internações

hospitalares no SUS em Pelotas, no mesmo período.

5. Hipóteses

• A prevalência de pacientes com câncer em fase de cuidados paliativos em Pelotas

encontra-se ao redor de 40%.

• A maioria dos pacientes com câncer em fase de cuidados paliativos são internados no

hospital mais de três vezes por ano.

• Pacientes com câncer em fase de cuidados paliativos assistidos em ambiente

domiciliar apresentam menos internações hospitalares por intercorrências clínicas.

• Pacientes em fase de cuidados paliativos internados no domicílio, em Pelotas, recebem

cuidados de equipe interdisciplinar.

• Pacientes e cuidadores do PIDI Pelotas recebem cuidados paliativos a partir da sua

avaliação com instrumentos específicos para controle de sintomas.

6. Metas

1. Estima-se encontrar cerca de 600 pacientes com câncer registrados a cada ano em APAC

em Pelotas, totalizando 1800 pacientes no período de abril de 2005 a abril de 2008.

2. Do total de pacientes com câncer registrados a cada ano, estima-se que cerca de 250 estarão

em fase de cuidados paliativos, totalizando 750 pessoas no período de estudo.

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56

3. Considerando os pacientes em fase de cuidados paliativos, estima-se identificar cerca de

2250 internações por intercorrências clínicas no período.

7. Metodologia

7.1. Delineamento:

Transversal de base de serviço de saúde

• População: pacientes com diagnóstico de câncer registrados no SUS e moradores de

Pelotas, que se encontram em fase de cuidados paliativos em serviços de atenção

ambulatorial, hospitalar e domiciliar.

População de estudo conforme as fontes de informação:

• Pacientes com câncer registrados no SUS em Pelotas através de autorização de

procedimentos de alta complexidade (APAC) nos serviços: Hospital Escola

(quimioterapia), Faculdade de Medicina UFPel (radioterapia) e CERON (radioterapia).

• Pacientes com câncer, que residem em Pelotas, registrados no SUS em Pelotas através

de APAC nos serviços: Hospital Escola (quimioterapia), Faculdade de Medicina

UFPel (radioterapia) e CERON (radioterapia).

• Pacientes com câncer, que residem em Pelotas, internados por intercorrência clínica,

registrados no SUS em Pelotas, através de autorização de internação hospitalar (AIH) e

prontuário, nos serviços: Hospital Escola, Santa Casa, Beneficência, HUSFP e PIDI.

• Pacientes com câncer, que residem em Pelotas, internados por intercorrência clínica e

em fase de cuidados paliativos, registrados no SUS em Pelotas, através de AIH e

prontuário, nos serviços: Hospital Escola, Santa Casa, Beneficência, HUSFP e PIDI.

Page 57: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

57

7.2. Definição de Desfechos

1. Cuidado Paliativo

Definição conceitual: Segundo a Organização Mundial da Saúde, Cuidados Paliativos

são cuidados apropriados para o paciente com uma enfermidade avançada e progressiva, para

controle da dor e de outros sintomas físicos, assim como aspectos psicológicos, sociais e

espirituais. O objetivo dos cuidados paliativos é oferecer melhor qualidade de vida para o

paciente e a sua família. A medicina paliativa afirma a vida e considera a morte como um

processo normal.

Definição Operacional: estará em situação ou fase de cuidados paliativos todo

paciente portador de câncer com doença avançada, incurável, progressiva e polissintomática.

A definição de câncer fora da possibilidade de cura é respaldada pelo Sistema TNM

para classificação de tumores malignos. O sistema TNM se divide em classificação clínica e

patológica, para determinar a extensão anatômica da doença, e está baseado em três

componentes:

T = extensão do tumor primário

N = ausência ou presença e extensão de metástase em linfonodos regionais

M = ausência ou presença de metástase à distância

Após definir as categorias T, N, M ou PT, pN e pM as neoplasias serão classificadas

por estadio. O estadio clínico é essencial para selecionar e avaliar o tratamento, enquanto o

estadio histopatológico fornece dados mais precisos para avaliar o prognóstico e calcular os

resultados finais.

Page 58: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

58

Nas Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC), estão descritos o

tipo de câncer, a classificação TNM, a indicação do tipo tratamento quimioterápico ou

radioterápico e o objetivo final, se curativo ou paliativo.

2. Intercorrências Clínicas de Paciente Oncológico

Definição Conceitual: pacientes com diagnóstico de câncer internados em ambiente

hospitalar ou domiciliar através de código de procedimento de AIH, apresentando alguma

intercorrência clínica no curso da sua doença de base, por exemplo, pacientes com câncer de

estômago que são hospitalizados por pneumonia ou desidratação após quimioterapia, ou

apresentando dor com necessidade de tratamento hospitalar.

Definição Operacional: a internação hospitalar ou domiciliar de paciente com

registro de tratamento nos serviços de quimioterapia e radioterapia no período de estudo será

considerada intercorrência clínica oncológica.

7.3 Quadro de variáveis:

Através de formulários específicos serão captadas informações disponíveis nas fontes de

dados secundários referidas na população de estudo, incluindo variáveis demográficas, sobre

diagnóstico, história clínica, exames, prescrição, evolução, sinais vitais, data e motivo da alta.

Page 59: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

59

Variáveis independentes:

Variável Características Tipo Sexo masculino/ feminino Categórica nominal Idade anos completos Numérica contínua Cor branca, preta, parda Categórica nominal Local do câncer pulmão, esôfago, estômago, intestino,

mama, cabeça e pescoço, ovário, pâncreas, colo uterino,outros

Categórica nominal

Estadio TNM I, II, III, IV Numérica ordinal Tempo diagnóstico Meses completos Numérica contínua Exames laboratório solicitados Quantidade de exames Numérica contínua Exames imagem solicitados Quantidade de exames Numérica contínua Uso de analgésico não opioide sim/não Categórica nominal Uso de analgésico opioide fraco sim/não Categórica nominal Uso de analgésico opioide forte sim/ não Categórica nominal Alimentação enteral (sondas) sim /não Categórica nominal Intercorrência clínica pneumonia, dor, desidratação, coma,

neutropenia, sepse, IRA, outros Categórica nominal

Tempo de internação em dias até 7, 8-10, 11-20, 21-30, 31-60, 61mais Numérica contínua Unidade internação clínica, cirurgia, gineco, pediatria Categórica nominal N internações hospitalares 2005 nenhuma, 1, 2-3, 4-5, 6 ou mais Numérica contínua N internações hospitalares 2006 nenhuma, 1, 2-3, 4-5, 6 ou mais Numérica contínua N internações hospitalares 2007 nenhuma, 1, 2-3, 4-5, 6 ou mais Numérica contínua N internações hospitalares 2008 nenhuma, 1, 2-3, 4-5, 6 ou mais Numérica contínua Registro de dor referida sim/não Categórica nominal Pontuação intensidade dor 1- 3, 4-7, 8-10 Numérica contínua

7.4. Instrumentos:

Formulários de coleta de dados nos serviços:

1. Radioterapia

2. Quimioterapia

3. Hospitais

4. PIDI

7.5. Logística

Localização da amostra e coleta de dados secundários

1. A partir de listagem fornecida pelos serviços de quimioterapia e radioterapia serão

identificados os pacientes com câncer residentes em Pelotas ou em município da região. Para

Page 60: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

60

cada paciente será preenchido um formulário detalhando o tratamento realizado nos

respectivos serviços.

2. A lista de pacientes com registro de tratamento nos serviços de quimioterapia e

radioterapia será encaminhada aos hospitais e ao PIDI do município, para identificação dos

pacientes que apresentaram internação no período de estudo. Para cada internação hospitalar

ou domiciliar realizada no período será preenchido um formulário detalhando as

características da intercorrência clínica.

Previamente ao início da coleta de dados e após a liberação do comitê de ética, serão

contatados os responsáveis pelos serviços elegíveis para o estudo. Obtida a autorização, os

dados secundários serão coletados em formulários específicos.

Cerca de 20 alunos, predominantemente do cursos de medicina, serão capacitados para

a aplicação dos formulários de coleta de dados. Após a apresentação do projeto de pesquisa,

será realizada leitura detalhada dos formulários e manual de instruções. Em seguida, os alunos

realizarão estudo piloto para avaliação dos formulários e identificação de dúvidas e problemas

na coleta de dados.

O início da coleta de dados está previsto para a segunda quinzena do mês de novembro

do corrente ano, após a realização do estudo piloto e correção de eventuais problemas nos

formulários e na logística do trabalho de campo. Estima-se uma dedicação diária de duas

horas de trabalho por aluno envolvido com a coleta de dados, durante cinco dias na semana.

Estima-se que cada coletador levará cerca de 15 minutos para preencher cada

formulário, totalizando cerca de 8 formulários por dia e 40 formulários por semana. Assim, os

20 coletadores produzirão cerca de 800 formulários por semana e 3200 formulários por mês.

Estima-se um total de 8000 registros, sendo cerca de 5000 provenientes dos serviços de

quimioterapia e radioterapia e 3000 de internações hospitalares e domiciliares. Em média cada

coletador preencherá cerca de 400 formulários. Assim, considerando uma produção de 40

Page 61: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

61

formulários por semana por coletador, serão necessárias 10 semanas para a conclusão da

coleta de dados. Prevendo eventuais atrasos, estima-se que o trabalho de campo estará

concluído em cerca de três meses.

Controle de qualidade

Serão refeitos pela mestranda, com o apoio de auxiliar de pesquisa, cerca de 5% dos

formulários preenchidos, a título de controle de qualidade e avaliação de repetibilidade das

informações coletadas.

Processamento de dados

Os formulários serão revisados pela mestranda com o apoio de auxiliar de pesquisa.

As questões abertas serão codificadas de forma padronizada. Será construído um banco de

dados no programa EPI-INFO 6.0 (Dean, 1995) para a digitação dos dados, com checagem

automática de amplitude e consistência. Serão realizadas duas digitações, a fim de que os

possíveis erros sejam prontamente identificados. O processamento incluirá as seguintes

etapas:

• Recepção e revisão dos instrumentos

• Constituição dos lotes

• Codificação de questões fechadas

• Tabulação de questões abertas

• Codificação de questões abertas

• Revisão final

• Digitação

Page 62: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

62

A primeira folha de cada questionário receberá um carimbo com a sequência de tarefas acima

citadas para registro de data e responsável.

7.6. Análise dos dados

A análise dos dados será realizada no programa estatístico Stata 9.0. Na análise inicial,

algumas variáveis serão transformadas em categóricas ordinais. A análise descritiva incluirá

cálculos de percentuais e intervalos de confiança de 95% para as variáveis categóricas; e média,

mediana e desvio-padrão para as variáveis numéricas.

8. Resultados Esperados

• Descrever os resultados esperados com ênfase na geração de produtos ou processos.

• Elaboração e publicação de artigo acadêmico em revista de primeira linha.

• Apresentação em eventos científicos.

• Divulgação dos achados do estudo para gestores e trabalhadores de saúde do SUS

local e do país.

• Contribuir para o conhecimento das potencialidades e dificuldades enfrentadas pelos

programas de internação domiciliar e cuidados paliativos no país.

9. Impactos esperados

• Apoio à formulação de políticas públicas na área de internação domiciliar e cuidados

paliativos.

• Humanização do atendimento de pacientes com câncer em fase terminal.

• Articulação/reforço de ações interdisciplinares no cuidado domiciliar de pacientes com

câncer.

Page 63: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

63

• Oportunizar que programas de internação domiciliar e cuidados paliativos se constituam

em espaço de inserção acadêmica e formação de profissionais de saúde

10. Aspectos Éticos

O protocolo do presente estudo será submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de

Medicina da UFPel para avaliação. O início do trabalho de campo acontecerá somente após a

aprovação deste projeto pelo Comitê. Os princípios éticos serão também assegurados através

do consentimento informado dos serviços nos quais serão coletados os dados (prontuários dos

pacientes).

Page 64: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

64

11. Cronograma

2008 2009

Ano/ Mês Etapa

Jan

eiro

Fev

erei

ro

Mar

ço

Ab

ril

Mai

o

Jun

ho

Julh

o

Ag

ost

o

Se

tem

bro

Ou

tub

ro

No

vem

bro

De

zem

bro

sem

estr

e

sem

estr

e

Revisão bibliográfica

Elaboração do projeto

Apresentação do projeto

Preparo dos instrumentos

Envio do projeto ao Comitê de Ética da UFPel

Seleção e treinamento da equipe de campo

Estudo piloto

Coleta e digitação dos dados

Análise dos dados

Redação do artigo

Defesa da tese

Page 65: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

65

12. Orçamento

Descrição Quantidade Valor unitário (R$)

Valor total (R$)

Material de consumo

Material de escritório 500,00

Cópias 10000 0,10 1000,00

Serviços

Digitador 2 1.500,00 3.000,00

Coletador por 2 meses 6 200 1200,00

Total 5.700,00

Page 66: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

66

13. Referências bibliográficas

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70

II - APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

Page 71: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

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III - RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO

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73

1. Introdução

O Programa de Pós- Graduação em Epidemiologia da UFPel, está gerenciando a

primeira turma do Mestrado Profissionalizante em Saúde Pública Baseada em Evidências,

em parceria com o Ministério da Saúde. A orientação dada aos mestrandos e seus

orientadores foi para que as pesquisas fossem realizadas preferencialmente com dados

secundários. Desta forma foram construídos formulários para coleta de dados nos

diferentes serviços com as fontes das informações necessárias para a realização da

pesquisa.

2. Instrumento de coleta de dados

Formulários

Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram quatro formulários

compostos por questões elaboradas pela pesquisadora e distribuídos da seguinte forma :

• Formulário Quimioterapia: composto por 34 questões. Aplicado no serviço de

quimioterapia do Hospital Escola UFPel.

• Formulário Radioterapia: composto por 34 questões. Aplicado nos serviço de

radioterapia da Faculdade de Medicina da UFPel e do Centro de Radioterapia e

Oncologia (CERON)

• Formulário Hospital: composto por 35 questões. Aplicado em quatro hospitais da

cidade: Hospital Escola / UFPel, Santa Casa de Misericórdia, Beneficência

Portuguesa, Hospital Universitário São Francisco de Paula / UCPel

• Formulário PIDI: composto por 54 questões. Aplicado no PIDI/HE/UFPEL/FAU

3. Manual de instruções

A fim de auxiliar os coletadores no trabalho de campo elaborou-se um manual de

instruções. Este manual apresentava explicações sobre a codificação dos formulários de

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74

quimioterapia, radioterapia, hospitais e PIDI, com instruções específicas para cada

questão.

4. Seleção de pessoal

Não houve processo de seleção formal. Foram incluídos na pesquisa 14 estudantes

membros da Liga de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFPel, 4 bolsistas CNPQ e 6

estudantes voluntários dos cursos de medicina, odontologia e enfermagem. Dois alunos foram

escolhidos para auxiliar na coleta e entrega do material.

Treinamento dos coletadores

O treinamento ocorreu entre os dias 4 e 8 do mês de novembro de 2009 em sala

de aula do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFPel. As

estudantes foram submetidas a um treinamento de 20 horas. Foram abordados os seguintes

assuntos:

• Apresentação sucinta do projeto de pesquisa

• Simulação de coleta de dados de prontuários

• Visita aos serviços de fonte dos dados secundários

• Situações comuns ao trabalho do coletador

• Ao longo dos dias, foi realizada a leitura do formulário e do manual de instruções,

realização de simulações de coleta de dados de formulários

• A prática consistiu na realização do estudo piloto em um dos serviços

correspondentes. Os alunos puderam realizar uma coleta completa sob supervisão, da

mestranda. Cada uma deveria obrigatoriamente aplicar um instrumento.

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75

5. Logística do trabalho de campo

Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu entre 15 de novembro de 2008 e 15 de março de 2009.

Acompanhamento do trabalho de campo

Cada coletador recebia uma planilha com nome e número de prontuário de cerca de

220 indivíduos. Deveriam então, se dirigir aos serviços (quimioterapia HE, radioterapia

FAMED, radioterapia CERON e quatro hospitais) a fim de encontrar os prontuários para a

coleta dos dados secundários solicitados nos formulários. Ao longo do trabalho de campo,

a mestranda e os auxiliares de pesquisa mantinham reuniões semanais com os coletadores

para a entrega e recebimento de formulários, discussão de potenciais perdas de prontuários

nos serviços, bem como conferência da produtividade de entrevistas. Ainda foram

realizadas reuniões extraordinárias próximo ao termino das coletas, para facilitar a

resolução de problemas encontrados pelos coletadores nos serviços, com o intuito de

esclarecer dúvidas surgidas com o desenvolvimento do trabalho e estipular metas para a

conclusão do campo.

Codificação, entrega e revisão dos formulários

O processo de codificação das questões fechadas do formulário era realizado pelos

próprios entrevistadores ao final de cada dia de trabalho. Semanalmente, na reunião com

a mestranda, os coletadores deveriam entregar todos os formulários. Os formulários eram

etiquetados, catalogados e armazenados em caixas. Cada serviço de fonte de dados

secundários possuía uma caixa.

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76

Controle de qualidade

Foi realizado um controle de qualidade das coletas, através de uma re-visita do

mestranda para aplicação da mesma versão formulário. Através deste procedimento foi

possível avaliar a concordância entre os coletadores.

Digitação e processamento dos dados

A digitação foi realizada ao final do trabalho de campo e foi encerrada no dia 30 de

maio de 2009. Utilizou-se o programa Epi-Info versão 6.04 para a dupla digitação de

dados. Para a verificação dos erros de digitação foi utilizado o comando Validate do

programa Epi-Info. Quando encontrado algum erro, o formulário era consultado.

6. Apresentação de resultados

Todas as etapas do projeto desde sua elaboração até a coleta e processamento dos

dados foram realizadas integralmente de acordo com o cronograma de trabalho.

A divulgação dos achados será realizada através da apresentação de dissertação ao

PPGE-UFPel, em eventos científicos e em de publicações em revistas de primeira linha. O

volume da dissertação inclui um artigo, que contempla o segundo objetivo do projeto.

A opção por apresentar um estudo descritivo sobre o PIDI, levou em conta a escassez

de publicações sobre as estratégias de internação domiciliar e cuidados paliativos em

nosso país. Desta maneira, a publicação será útil para instituições e profissionais

interessados em desenvolver e/ou replicar serviços com características similares ao PIDI.

Os demais objetivos serão abordados em futuros artigos a serem elaborados no transcurso

de 2010.

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77

IV - ARTIGO CIENTÍFICO

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78

CUIDADOS PALIATIVOS E INTERNAÇÃO DOMICILIAR: CONTRI BUIÇÃO À

ATENÇÃO INTEGRAL AOS USUÁRIOS COM CÂNCER NO SUS

PALLIATIVE CARE AND HOME CARE: CONTRIBUTION FOR COMPREHENSIVE

ATTENTION TO CANCER PATIENTS IN THE BRAZILIAN HEALTH SYSTEM

Este artigo será submetido à revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, revista do Sistema

Único de Saúde do Brasil.

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79

CUIDADOS PALIATIVOS E INTERNAÇÃO DOMICILIAR: CONTRI BUIÇÃO À

ATENÇÃO INTEGRAL AOS USUÁRIOS COM CÂNCER NO SUS

PALLIATIVE CARE AND HOME CARE: CONTRIBUTION FOR COMPREHENSIVE

ATTENTION TO CANCER PATIENTS IN THE BRAZILIAN HEALTH SYSTEM

Julieta Carriconde Fripp 1

Luiz Augusto Facchini 2

Suele Manjourany Silva 2

1 Programa de Pós – Graduação em Epidemiologia, Departamento de Medicina Social,

Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Pelotas, Hospital Escola / UFPel / FAU

2 Programa de Pós – Graduação em Epidemiologia, Departamento de Medicina Social,

Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Pelotas

Contato:

Julieta Carriconde Fripp

Rua Marechal Deodoro, 1160

Pelotas/ RS, Brasil

CEP: 96020-220

Fone: + 21 53 3284-4989

E-mail: [email protected]

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Resumo

Estudo descritivo do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), do Hospital

Escola da Universidade Federal de Pelotas (RS, Brasil). No período de 2005 a 2008,

analisaram-se dados de 213 usuários com câncer. Através de entrevista semi-estruturada com

profissionais, obtiveram-se informações sobre infra-estrutura e processo de trabalho. Dados

de prontuário, coletados através de formulário padronizado e pré-codificado caracterizaram o

perfil dos pacientes (idade, sexo, cor, renda familiar, escolaridade, aspectos sócio-

demográficos), local e estadiamento do câncer, tratamento ativo (quimioterapia, radioterapia,

cirurgia relacionada), tempo de diagnóstico, informações sobre internações, dor, dieta, acesso

venoso, analgesia e instrumentos de avaliação de sintomas. Os pacientes eram atendidos

diariamente no domicílio, recebendo os insumos necessários ao cuidado. Dos pacientes

avaliados, 92% estavam em estadio avançado da doença com metástases, mas 32% não

hospitalizaram durante o estudo. Os principais motivos de internação no PIDI foram anorexia,

dor e astenia. Metade dos pacientes evoluiu para óbito no domicilio.

Palavras - chave: câncer, cuidados paliativos, internação domiciliar; assistência domiciliar ,

interdisciplinar

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Palliative care and home care: contribution for comprehensive attention to cancer

patients in the Brazilian health system

Abstract

Evaluative study about the Home Care Interdisciplinary Program (PIDI) of the Federal

University of Pelotas Hospital (RS, Brazil). From 2005 to 2008, data of 213 users with cancer

were analyzed. Through semi-structured interviews with professionals, information on

infrastructure and work process was obtained. Patients record data, collected through a

standardized pre-coded form, characterized: the profile of patients (age, sex, skin color,

family income, education, socio-demographic aspects), location and staging of cancer, active

treatment (chemotherapy, radiotherapy, related surgery), time of diagnosis, information on

admissions, pain, diet, venous access, analgesia, and symptoms evaluation instruments.

Patients were seen daily at home, getting the supplies needed for care. Among the patients,

92% were in advanced stages of the disease, with metastases, but 32% were not hospitalized

during the study. The main reasons for admission in PIDI were anorexia, pain and asthenia.

Half of the patients died at home.

Key words: cancer; hospice care; palliative care; home care; interdisciplinary.

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Introdução

No Brasil, a mortalidade por câncer é elevada, ultrapassada apenas por doenças

cardiovasculares1. Os pacientes com diagnóstico de câncer apresentam inúmeras

complicações inerentes à doença e ao tratamento, e muitos recebem o diagnóstico quando já

não existe mais a possibilidade de cura2-5. Para o enfrentamento destes problemas, ganha

destaque na literatura a utilização de cuidados paliativos2, 6-10.

A Organização Mundial da Saúde define cuidados paliativos como uma abordagem

que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, na presença de problemas

associados a doenças sem possibilidade de cura e que ameaçam a vida, mediante prevenção e

alívio de sofrimento pela detecção precoce e tratamento de dor ou outros problemas físicos,

psicológicos, sociais e espirituais, alcançando inclusive a fase de luto10.

Pacientes com câncer fora de possibilidade de cura devem receber cuidados paliativos

desde o momento do diagnóstico11. A organização dos cuidados paliativos requer

coordenação entre as diferentes estratégias de assistência à saúde, principalmente entre a

internação hospitalar, situação em que se encontra a maioria dos pacientes com neoplasias em

estágio avançado, e a atenção domiciliar12. Esta coordenação oportuniza a continuidade dos

cuidados e o acolhimento dos pacientes e familiares em ambiente domiciliar13.

A grande maioria dos países não dispõe de oferta pública de cuidados paliativos ou

apresenta serviços pontuais com baixa cobertura das necessidades da população3. A

disponibilidade desse serviço ocorre de forma sistemática somente em países desenvolvidos.

No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer possui estrutura de excelência em cuidados

paliativos aos pacientes com câncer e seus familiares, incluindo atendimento ambulatorial,

hospitalização e internação domiciliar1. Entretanto, para o conjunto do país, a oferta de

tratamento paliativo é pequena e fragmentada, sendo a grande maioria localizada em

hospitais.

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A escassez de estudos sobre as experiências com cuidados paliativos e internação

domiciliar limita o conhecimento sobre as potencialidades desta modalidade na assistência a

pacientes com câncer em nosso país14-16.

Nesta perspectiva, o presente estudo descreve as atividades de cuidados paliativos

desenvolvidas no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) para pacientes

oncológicos, implantado em 2005, no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. A

avaliação aborda um período de 3 anos, destacando a infraestrutura material, os insumos e os

recursos humanos utilizados. Além disso, caracteriza a doença e a sintomatologia dos usuários

do PIDI e as intervenções interdisciplinares estabelecidas, a partir da utilização de

instrumentos de avaliação em cuidados paliativos.

Metodologia

O presente estudo apresenta delineamento transversal descritivo com base em um

serviço de saúde cuja amostra é composta por todos 213 pacientes com câncer, que internaram

período de abril de 2005 a abril de 2008, no Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar (PIDI) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

O trabalho de campo foi dividido em duas coletas de dados: uma mediante aplicação de

entrevista semi-estruturada com os responsáveis pelo PIDI, a fim de obter informações a

respeito da infraestrutura e processo de trabalho do programa; outra através de um formulário

padronizado e pré-codificado, preenchido com os dados secundários provenientes dos

prontuários dos pacientes internados no PIDI durante o período de estudo.

As variáveis utilizadas na análise do estudo foram: idade, sexo, cor, renda familiar e

escolaridade, para os aspectos sócio-demográficos. As demais, sobre situação de saúde,

tiveram relação direta com a internação e cuidados realizados no PIDI, incluindo: local do

câncer; estadiamento; tratamento oncológico ativo de quimioterapia, radioterapia e cirurgia

relacionada ao câncer; finalidade terapêutica no PIDI; tempo entre diagnóstico de câncer e

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internação no PIDI; tempo de internação no PIDI; motivos de internação; dieta e por qual via;

uso de oxigênio; necessidade de acesso venoso; registro de dor referida vinte e quatro horas

após internação; grau de intensidade da dor; uso de opióides fracos e fortes. Os instrumentos

de avaliação utilizados em cuidados paliativos e aplicados aos pacientes do PIDI foram

implantados em momentos diferentes no programa. As variáveis relativas à escala de

Edmonton, que avalia presença e controle de sintomas, foram coletadas a partir de agosto de

2007. A variável do genograma, instrumento gráfico que avalia a rede social e também a

história familiar de câncer, foi coletada a partir de novembro de 2007. A avaliação subjetiva

global percebida pelo paciente, que identifica a necessidade de intervenção nutricional,

quando a pontuação for maior que 9, foi coletada a partir de fevereiro de 2006. Com relação

ao desfecho dos pacientes no programa, foram identificadas a alta com melhora clinica,

transferência para outro serviço por piora clínica e o óbito no domicilio.

Após a coleta dos dados, feita por acadêmicos do curso de medicina da UFPel, os

formulários foram revisados pela supervisora do trabalho de campo, com o apoio de auxiliar

de pesquisa. As questões abertas foram codificadas de forma padronizada e foi construído um

banco de dados no programa EPI-INFO 6.0, foram realizadas duas digitações a fim de que os

possíveis erros fossem prontamente identificados, com checagem automática de amplitude e

consistência..

A análise dos dados foi realizada no programa estatístico Stata 9.0. Foram realizadas

análises descritivas e estratificadas.

O projeto foi submetido e aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal de Pelotas.

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Resultados

Os resultados apresentados sobre o Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar (PIDI) dizem respeito à estrutura do serviço, processo de trabalho e o perfil

dos 213 pacientes incluídos no estudo.

• Infraestrutura e Recursos Humanos

O PIDI foi implementado pela Fundação de Apoio Universitário em abril de 2005,

tendo sua estrutura contígua à do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. A sede

do programa conta com espaço de recepção, sala administrativa e sala de atividades

interdisciplinares profissionais e acadêmicas, com miniauditório equipado com projetor

multimídia e capacidade para acomodar cerca de 20 pessoas, em que são analisados os casos

clínicos e realizadas as reuniões com os cuidadores usuários do PIDI. O programa possui um

veículo de médio porte para o transporte da equipe que realiza as visitas domiciliares aos

pacientes.

Com relação aos recursos humanos, o programa conta com uma médica coordenadora

e um auxiliar administrativo na sede. A equipe assistencial direta é composta por médica,

enfermeira, assistente social, duas técnicas de enfermagem e dois motoristas. A equipe

matricial de suporte conta com uma nutricionista, uma psicóloga e um capelão.

• Processo de trabalho desenvolvido pelo PIDI

Os pacientes são incluídos no PIDI a partir de encaminhamentos provenientes dos

serviços que prestam atendimento a pacientes oncológicos nas unidades da Universidade

Federal de Pelotas: quimioterapia, radioterapia, hospital, ambulatório de oncologia e unidades

básicas de saúde. Após avaliação inicial da equipe do PIDI (médica e enfermeira) e

preenchendo os seguintes critérios de inclusão: ser morador zona urbana de Pelotas, ter

cuidador e condições domiciliares para receber os cuidados, apresentar condições clinicas que

exijam menos tecnologia especializada inerente ao ambiente hospitalar, estar em tratamento

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regular em unidade de saúde da UFPel. A atual estrutura do programa comporta no máximo

10 pacientes concomitantes, que recebem visitas diárias, duas vezes ao dia pela equipe

assistencial direta, composta de médica, enfermeira, técnicas de enfermagem e assistente

social. Os usuários são assistidos no domicílio pela equipe matricial de suporte –

nutricionista, psicólogo e capelão – duas a três vezes por semana. Após a abertura do

prontuário, os pacientes recebem diariamente todos os insumos necessários para o cuidado

domiciliar, como medicamentos de uso oral ou injetável, material para curativos e dietas

especiais.

Exames complementares de análises clínicas são realizados a partir da coleta (sangue,

urina, fezes) no próprio domicílio. Exames de imagem (radiografia, ultrassonografia e

tomografia computadorizada) são realizados nos serviços de radiologia do Hospital Escola e

da Santa de Misericórdia. As transfusões de hemoderivados, eletivas, são agendadas

previamente pela equipe do PIDI, no hemocentro do município. Os deslocamentos dos

pacientes para realização de exames, procedimentos eletivos e tratamento do câncer

(quimioterapia e radioterapia) ocorrem por conta do serviço de transporte da Secretaria

Municipal da Saúde ou por recursos próprios dos usuários.

Os pacientes do PIDI que apresentam intercorrências de maior gravidade são levados

para o Pronto-Socorro local pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU – 192)

e, quando retornam ao domicilio, permanecem sob os cuidados do PIDI . Os óbitos que

ocorrem em domicílio muitas vezes são acompanhados e constatados pela equipe do PIDI e,

quando os profissionais do serviço não estão presentes, a constatação é realizada pelo médico

do SAMU. Para os óbitos em domicílio, o atestado de óbito é fornecido pela médica do PIDI.

Semanalmente, todos os membros da equipe se reúnem para discutir o projeto

terapêutico de cada paciente. Estudantes de medicina, enfermagem, nutrição, serviço social e

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psicologia apresentam casos clínicos, periodicamente, utilizando a estrutura e os

equipamentos do próprio serviço.

A cada 15 dias, os usuários cuidadores e ex-cuidadores enlutados do PIDI participam de

reuniões de grupo, organizadas pela enfermeira, a assistente social e a psicóloga do serviço.

Além da educação permanente dos profissionais e estudantes do PIDI, através da

construção de protocolos e rotinas, o serviço realiza anualmente seminário interdisciplinar

voltado aos cuidados de pacientes oncológicos, dando ênfase aos temas internação domiciliar

e cuidados paliativos. Desde a implantação do PIDI, há quatro anos, já foram realizados cinco

seminários, tendo como público-alvo profissionais e estudantes das várias áreas da saúde. A

média de público por evento foi de duzentas e cinquenta pessoas.

• Perfil dos pacientes

Dos 213 pacientes internados no programa no período de estudo, cerca de 56% eram

do sexo masculino, 50% possuíam menos de 59 anos de idade e 41% estavam no intervalo

entre 60 e 70 anos. Quanto à cor da pele, 86% eram brancos. A maioria dos pacientes era

alfabetizada, sendo que 55% tinham estudo fundamental incompleto, 19% eram analfabetos e

somente 1,3% apresentavam ensino superior. Com relação à renda familiar, 44% recebiam até

1 salário mínimo e 40%, 2 salários mínimos.

O local que mais encaminhou pacientes ao PIDI foi o serviço de quimioterapia do

Hospital Escola/UFPel, correspondendo a 83%. Quanto à necessidade terapêutica no PIDI, a

maioria dos pacientes apresentava finalidade paliativa (95%).

Os locais de câncer mais encontrados na população estudada foram pulmão, com 18%,

e intestino, mama, cabeça e pescoço, com cerca de 10% cada. Quanto ao estadiamento, 60%

dos usuários estavam em estadio IV e 32%, em estadio III. Mais de 90% dos pacientes

apresentavam metástases, sendo 26% loco-regional, e 67% apresentavam uma ou mais

metástases à distância. A grande maioria dos pacientes, 98%, estava realizando ou realizou

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quimioterapia, 65% realizaram ou estavam em tratamento radioterápico e 49% haviam

realizado cirurgia prévia relacionada ao câncer. Em análise estratificada por sexo (tabela 1),

observou-se uma maior prevalência em homens internados no PIDI de câncer de pulmão

(24%), cabeça e pescoço (13%) e intestino (10%), enquanto nas mulheres os locais mais

prevalentes foram mama (22%), intestino (10%) e pulmão (9%). Quanto ao estadiamento,

95% dos homens e 86% das mulheres estavam em estadio III e IV respectivamente. Com

relação a presença de metástases à distância, 91% dos homens e 74% das mulheres

apresentavam até três sítios. Já a ocorrência de metástases em 4 sítios ou mais foi de 26% em

mulheres e 9% em homens.

Em analise estratificada por local do câncer (tabela 2), conforme estadiamento, 91%

dos cânceres de pulmão, 100% dos de esôfago, 73% dos de mama, 100% dos de estômago e

100% dos de cabeça e pescoço estavam nos estadios III e IV. Com relação ao tratamento

ativo, pacientes com mama (100%) e pulmão (95%) realizaram quimioterapia em maior

proporção. Radioterapia foi realizada em todos os pacientes com câncer de cabeça e pescoço,

seguido de mama (81%), esôfago(77%) e pulmão (76%). A ressecção tumoral cirúrgica foi

realizada em menor quantidade de pacientes, sendo mais frequente em câncer de mama

(76%), estômago (50%) e cabeça e pescoço (40%). Somente 15% dos pacientes com câncer

de pulmão foram submetidos a tratamento cirúrgico com intenção curativa.

Quanto ao tempo de diagnóstico no momento da internação no PIDI, observou-se que

a média foi de 23,8 meses com desvio padrão de 34 meses, e a mediana foi de 10,5 meses.

Os principais motivos e sintomas apresentados pelos pacientes no momento da

internação no PIDI foram anorexia (62%), dor (59%), astenia (49%), desidratação (30%),

náuseas e vômitos (30%), dispneia (13%) e anemia (10%). Apenas 15% dos pacientes

apresentaram um motivo de internação, enquanto 34% apresentaram dois e 42%, três ou mais

motivos. Em analise estratificada (tabela 2), anorexia foi o motivo mais frequente em câncer

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de esôfago (80%), seguido de cabeça e pescoço (71%), pulmão (70%) e mama (68%). Dor

esteve mais presente em câncer de estômago (70%), pulmão (53%) e mama (50%). Astenia

foi o terceiro sintoma mais frequente do total de pacientes, sendo mais prevalente em câncer

de estômago (62%), pulmão (55%) e esôfago (53%). Desidratação, náuseas e vômitos

obtiveram resultados semelhantes para o total de pacientes, mas apresentaram diferenças em

relação às neoplasias mais prevalentes. Desidratação foi mais frequente em câncer de cabeça e

pescoço (54%), estômago (54%) e esôfago (53%) e náuseas e vômitos em estômago (39%) e

mama (36%).

Quanto aos cuidados e necessidades gerais realizados aos pacientes no PIDI, 78%

estavam recebendo dieta por via oral e o restante através de sondas (SNE, gastrostomia e

jejunostomia). Somente um paciente necessitou de oxigênio domiciliar e 99% fizeram uso de

acesso venoso em algum momento da internação no PIDI.

Em avaliação realizada 24 horas após a internação, cerca de 65% dos pacientes

referiram dor e, destes, 90% relataram dor moderada a intensa. Do total de pacientes cerca de

78% necessitou de analgésicos opioides, sendo mais utilizados morfina (43%) e codeína

(26%). Em analise estratificada por local do câncer (tabela 2), foi referida dor moderada e

intensa em 95% daqueles com câncer de pulmão, em 90% dos com câncer de mama, em 87%

dos com câncer de cabeça e pescoço e em 75% dos com câncer de estômago. Quanto a

analgesia, a maioria dos usuários recebeu opioides, sendo aqueles com câncer de pulmão em

maior proporção, correspondendo a 85%, seguidos dos com câncer de mama com 73%,

cabeça e pescoço com 68%, estômago com 54% e esôfago com 52%.

A partir do segundo semestre de 2007, foram implantados instrumentos de avaliação

para o controle de sintomas em pacientes do PIDI. A escala de Edmonton (ESAS) foi aplicada

a 70% dos pacientes, do total de internados no período de agosto de 2007 a abril de 2008

(n=52). O Genograma foi aplicado a 28% dos pacientes, do total de internados no período de

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novembro de 2007 a abril de 2008 (n=35). A Avaliação Subjetiva Global foi aplicada a 83,4%

dos pacientes, do total de internados no período de fevereiro de 2006 a abril de 2008 (n=139),

e 82% dos pacientes no período apresentou pontuação maior do que nove.

Com relação às hospitalizações, 32,4% dos pacientes do PIDI não foram internados

durante o período de estudo e a média de internações por paciente foi de 1,8 (dp = 2). Dos

pacientes que foram internados (n=144), 35,4% foram hospitalizados uma vez, 22,2% duas

vezes, 15,9% três vezes, 9,7% quatro vezes, 10,4% cinco vezes e 1,4% seis vezes, enquanto

os 5% restantes, sete vezes ou mais.

Com relação ao desfecho dos pacientes internados no PIDI (figura 3), cerca de 23%

(n= 49) receberam alta com melhora clínica, 49%(n=104) evoluíram para óbito no próprio

domicílio e 28% (n=60) foram transferidos ao pronto socorro local ou para os hospitais do

município por apresentarem piora do quadro clinico. Todos os pacientes que foram

transferidos para outros serviços, evoluíram para óbito, 55% morreram em até 7 dias após a

transferência, 35% no período de 8 a 30 dias e 10% após 30 dias de transferência.

Discussão

A estrutura, os recursos humanos e o processo de trabalho observados no PIDI

apresentam semelhanças com alguns serviços que realizam internação domiciliar no Brasil16,

17 e no exterior13, 18-21, apesar de poucos contemplarem somente pacientes oncológicos. Em

Londrina, à semelhança do PIDI, a equipe responsável por cuidados paliativos domiciliares

era composta de médico, enfermeira, psicóloga, assistente social e nutricionista16. No Instituto

Nacional do Câncer (INCA), o Hospital do Câncer IV, que recebe pacientes com câncer sem

possibilidades de cura, a modalidade de internação domiciliar dispõe de equipes

interdisciplinares com formação em cuidados paliativos, como no PIDI15.

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Na Espanha, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos, há uma grande variedade de

serviços de cuidados paliativos, incluindo, além da assistência e internação domiciliar,

“hospices” (residências terapêuticas) e hospitais com estrutura, equipe e processo de trabalho

mais diversificados e complexos do que no Brasil. Estes países pertencem ao grupo com

melhor nível de desenvolvimento na área (grupo quatro), por apresentarem provisão suficiente

de serviços de cuidados paliativos, segundo o Observatório Internacional de Cuidados de

Final de Vida (IOELC), que estudou os níveis de cuidados paliativos, em todos os

continentes. A avaliação do IOELC de 2006 sobre o número de serviços de cuidados

paliativos nos países situava o Brasil no grupo três, com apenas 14 serviços em localizações

pontuais, contra 500 serviços no Canadá e 4000 nos EUA. Argentina e Chile, nossos vizinhos,

possuíam 80 e 21 serviços respectivamente, sendo os únicos países classificados no grupo

quatro na América Latina22. Segundo levantamento realizado pela Academia Nacional de

Cuidados Paliativos (ANCP), a maioria dos serviços do Brasil está localizada na região

Sudeste, com poucas unidades em outras regiões do país. Além disso, grande parte dos

serviços brasileiros realiza cuidados paliativos apenas em ambiente hospitalar23. Portanto,

temos poucas evidências no Brasil que possam ser comparadas com os resultados deste

estudo.

Em relação ao perfil sócio-demográfico dos usuários, cerca da metade apresentava

idade menor do que 60 anos, reforçando o achado de outros estudos sobre a relevância do

câncer em indivíduos adultos de todas as idades. Este achado indica a necessidade de prover o

controle de sintomas enfatizando o local do câncer e suas peculiaridades, centrando os

serviços nas necessidades individuais dos pacientes e familiares, mais do que na idade

propriamente dita24-26.

Não foi possível encontrar na literatura descrição de renda e escolaridade de usuários

com câncer em fase de cuidados paliativos. Neste estudo, a grande maioria dos usuários do

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PIDI possuía ensino fundamental incompleto, sendo muitos analfabetos e com uma renda

limitada a um ou dois salários mínimos. Este achado resgata a contribuição do PIDI para a

efetivação do princípio da equidade no Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a classificação internacional de tumores malignos27, a maioria dos pacientes,

no momento da internação no PIDI, se encontrava em estadios avançados da doença (mais de

90% com metástases). Este achado reforça a importância da estratégia paliativa do programa e

a necessidade de sua expansão, com vistas a garantir a universalidade e a integralidade dos

cuidados para doenças neoplásicas, que representam a segunda causa de óbito no país1.

Os locais de câncer observados com maior frequência nos pacientes do programa

foram diferentes para homens e mulheres. Apesar de a amostra ser pequena, segue a

estatística nacional de incidência de câncer, com exceção de câncer de cabeça e pescoço e

intestino, que se encontravam entre os mais prevalentes nos homens internados no PIDI no

período do estudo1. Em estudo romeno também foi encontrada similaridade quanto ao local de

câncer dos pacientes em fase de cuidados paliativos.28

Os motivos de internação mais frequentes no PIDI foram anorexia, dor e astenia,

acompanhando a literatura, os resultados foram semelhantes. Os pacientes do estudo

apresentaram, em sua maioria, mais de um motivo de internação, com sintomas sobrepostos, à

semelhança do referido na literatura28, 35.

Do total de pacientes, anorexia foi o motivo mais prevalente, este sintoma geralmente

está associado à síndrome anorexia/caquexia, podendo representar cerca de 80% dos casos de

câncer avançado29.

Dor foi o segundo motivo de internação mais encontrado nos pacientes do PIDI. Em

estudo inglês que avaliou pacientes com câncer, em que a maioria encontrava-se em estagio

avançado e internada em hospitais e “hospices”, encontrou-se dor como principal sintoma

(64%)30. A prevalência de dor 24 horas após internação no PIDI foi bastante elevada. A

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literatura reporta que pacientes com assistência paliativa adequada tendem a apresentar

melhora deste sintoma durante o período de sua internação28, 31. O presente estudo não avaliou

o comportamento de tal sintoma durante a internação. Morfina foi o opioide mais utilizado

nos pacientes com dor internados no PIDI. Considerando que este analgésico está indicado

nos casos de dor forte, no terceiro degrau da escada analgésica, o estudo indica que os

pacientes com dor já necessitavam de analgesia mais potente quando ingressavam no PIDI.

Artigo de revisão que avaliou o uso de morfina via oral em pacientes com câncer terminal

coloca a dor como o principal sintoma a ser controlado. Buscando facilitar a abordagem de

outros aspectos inerentes à doença, o artigo reforça o uso de morfina por via oral no manejo

de dor forte32. A morfina apresenta um custo baixo em relação a outros opioides e possui,

além da via oral, outras vias que facilitam o seu uso em situações de resgate, associação de

vias e rotação de opioides. O Ministério da Saúde aprovou protocolo clínico de controle da

dor crônica e a liberação de codeína, morfina e matadona para os estados e municípios,

devendo os mesmos estabelecerem protocolos e rotinas do uso das drogas aos portadores de

dor crônica, incluindo pacientes com câncer, podendo receber gratuitamente as medicações,

através de receita médica controlada33.

Fadiga ou astenia foi o terceiro motivo de internação mais frequente do estudo, este

sintoma apresentou grandes variações de prevalência em pacientes com câncer na literatura,

estando diretamente relacionada com o estágio em que se encontrava a doença. Em estudo

retrospectivo realizado no M.D. Anderson Cancer (EUA), com 100 pacientes em cuidados

paliativos, 95% deles apresentaram sintomas de astenia34. Em outro estudo retrospectivo,

realizado na Inglaterra com 400 pacientes, sendo 95% com câncer e 71% em fase avançada,

astenia esteve presente em 32% dos casos30.

O PIDI implantou algumas escalas e instrumentos validados para uso em pacientes

oncológicos em fase de cuidados paliativos, que contribuem para a definição objetiva das

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necessidades dos usuários, principalmente no momento de ingresso no programa. A escala de

avaliação de sintomas de Edmonton (ESAS), validada para cuidados paliativos, é utilizada em

serviços de vários países. Consiste na avaliação da intensidade de sintomas através de escala

analógica visual com pontuação de zero (melhor situação) a dez (pior situação), podendo ser

aplicada por médicos ou enfermeiros36-38. No PIDI, a ESAS é aplicada em dias alternados pela

enfermeira.

A avaliação subjetiva global produzida pelo paciente (ASG-PPP), aplicada pela

nutricionista, foi o primeiro instrumento validado a ser implantado no PIDI e, desde a sua

aplicação, a maioria dos pacientes obteve pontuação elevada, acima de 9, indicando a

necessidade de intervenção nutricional. Este instrumento pode ser utilizado na prática da

clínica oncológica nos vários estágios da doença. Na fase do tratamento ativo do câncer,

geralmente apresenta pontuação baixa, enquanto em pacientes em cuidados paliativos os

resultados costumam apontar valores elevados39.

A aplicação do genograma por assistente social a pacientes do PIDI orienta os

cuidados nas dimensões sociais e culturais dos usuários, permite visualizar a estrutura e as

relações familiares, através de gráficos, com a finalidade de conhecer, analisar, gerar

diagnósticos e planificar estratégias interdisciplinares. Seu uso é mais comum na atenção

básica, mas também pode ser útil em cuidados paliativos40, 41.

Quase metade dos pacientes do PIDI teve, no seu desfecho, óbito no próprio domicílio,

contando com o suporte da equipe do programa. Mais de um terço dos pacientes foram

transferidos para outros serviços quando apresentaram piora clínica. A transferência para

hospital ou pronto-socorro ocorre muitas vezes por falta de insumos no domicilio, mas

principalmente por insegurança dos familiares, associada a angustia do óbito no domicilio.

Recomendamos que o PIDI contemple os usuários, com oferta maior de insumos no domicilio

(oxigênio, hemoderivados e outros) para o controle de sintomas fisicos, reduzindo as

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transferências para outros serviços por intercorrência clinica, promovendo assim, a

aproximação definitiva dos usuários ao seu núcleo familiar, sem precisar abrir mão de um

suporte ativo às suas necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais, incluindo também

o óbito humanizado. À semelhança do relatado em outros serviços, a assistência paliativa

permite e facilita a ocorrência de uma maior proporção de óbitos fora do ambiente

hospitalar31, 42.

O estudo, por ser descritivo, não se propõe a estabelecer relações de causa-efeito e

tampouco a avaliar a efetividade do PIDI. Entretanto, oportuniza a divulgação de estratégias

de cuidado paliativo domiciliar com caráter humanizado em pacientes com câncer, em

situação de terminalidade, podendo subsidiar o delineamento e a implementação de políticas

públicas não apenas no município do estudo, mas em outros locais do país. Também poderá

ser útil para apoiar a regulamentação da Portaria GM/MS 2529 de 19 de outubro de 2006, que

incorpora a internação domiciliar no âmbito SUS43.

Cuidados paliativos estão incluídos nas determinações do Ministério da Saúde para

liberação dos Centros e das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia

(CACON e UNACON). No entanto, a maioria dos serviços habilitados negligencia esta

modalidade de cuidados a pacientes oncológicos, dando mais atenção ao tratamento ativo do

câncer. O presente estudo poderá auxiliar no fortalecimento da implantação de unidades de

cuidados paliativos vinculados às estruturas que possuem CACON e UNACON44.

A intervenção conjunta e precoce no manejo dos pacientes com câncer, contemplando

os tratamentos com intenção curativa e de suporte, associada à organização de serviços de

saúde baseada em modelos assistenciais coordenados conduz a um modelo de atenção

compartilhada, podendo o usuário receber seu tratamento em todos os níveis de atenção, sem

perder a continuidade dos cuidados.

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96

Agradecimentos

À equipe do PIDI, ao Ministério da Saúde, aos estudantes da Liga de Oncologia da

UFPel e às estudantes dos cursos de enfermagem, odontologia, nutrição e medicina da UFPel

que contribuíram voluntariamente no trabalho de campo da pesquisa

Referências

1 INCA (Instituto Nacional do Câncer). Dados populacionais de câncer no Brasil. Rio de

Janeiro: INCA 2007.

2 IARC (International Agency for Research on Cancer), WHO (World health

Organization). The Global Burden of Cancer. Lyon: IARC and WHO 2003.

3 Clark D, Wright M. The international observatory on end of life care: a global view of

palliative care development. Journal of Pain and Symptom Management. 2007;33(5):542-6.

4 IARC (International Agency for Research on Cancer). The global burden of cancer.

2003.

5 Amadori D, Tassinari D, Maltoni M. Palliative care in advanced cancer. Minerva

Chirurgica. 2005;60(4):205-16.

6 Clark D. From margins to centre: a review of the history of palliative care in cancer.

Lancet Oncology. 2007;8(5):430-8.

7 Bruera E, Lima L, eds. Cuidados paliativos: guía para el manejo clínico. 2 ed.

Washington: OPAS 2004.

8 Brennan F. Palliative care as an international human right. Journal of Pain and

Symptom Management. 2007;33(5):494-9.

9 Barnes EA, DeBoer G, Chow E. Symptom control and palliative care content of

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Support Care Cancer. 2004;12(2):91-4.

10 WHO (World health Organization). Cancer control: knowledge into action. WHO

guide for effective programmes. Geneva: WHO 2007.

11 WHO (World health Organization). National Cancer control Programmes: Policies

and managerial guidelines world. 2002.

12 Fornells HA. Cuidados paliativos en el domicilio. Acta Bioethica. 2000;6(1):63-75.

Page 97: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

97

13 Benitez MA, Castaneda P, Gimeno V, Gomez M, Duque A, Pascual L, et al.

Documento de consenso SECPAL-semFYC. Atencion al paciente con cancer en fase terminal

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14 Floriani CA, Schramm FR. Atendimento domiciliar ao idoso: problema ou solução.

Cad Saude Publica. 2004;20(4):986-94.

15 INCA (Instituto Nacional do Câncer). Assistência domiciliar a pacientes oncológicos.

Rio de Janeiro: INCA 2000.

16 Chagas MS. Cuidado Paliativo na Cidade de Londrina Trabalhando com vida no

território da morte. Rio de Janeiro: UFRJ 2006.

17 Silva KL, Sena R, Leite JCA, Seixas CT, Gonçalves AM. Internação domiciliar no

Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública. 2005;39(3):391-97.

18 Álvarez Echeverri T. Cuidados paliativos domiciliarios en pacientes con cáncer

cervicouterino. Revista Medunab. 2001;4(10):1-11.

e19 Appelin G, Bertero C. Patients' experiences of palliative care in the home: a

phenomenological study of a Swedish sample. Cancer Nursing. 2004;27(1):65-70.

20 Barbero Gutiérrez J, Díaz L, Navarra G. Diez cuestiones inquietantes en cuidados

paliativos. Anales del Sistema Sanitario de Navarra. 2007;30(3):71-86.

21 Smeenk FW, van Haastregt JC, de Witte LP, Crebolder HF. Effectiveness of home

care programmes for patients with incurable cancer on their quality of life and time spent in

hospital: systematic review. BMJ (Clinical research ed). 1998;316(7149):1939-44.

22 Wright M, Wood J, Lynch T, Clark D. Mapping levels of palliative care development:

a global view. Lancaster, UK: International Observatory on End of Life Care 2006.

23 Maciel M. Tratamento da dor nas unidades de cuidados paliativos do Brasil. São Paulo

2008. Disponível em: www.paliativo.org.br.

24 Addington-Hall JM, Karlsen S. Age is not the crucial factor in determining how the

palliative care needs of people who die from cancer differ from those of people who die from

other causes. Journal of Palliative Care. 1999;15(4):13-9.

25 Cleary JF, Carbone PP. Palliative medicine in the elderly. Cancer. 1997;80(7):1335-

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26 Duggleby W, Wright K. Elderly palliative care cancer patients' descriptions of hope-

fostering strategies. International Journal of Palliative Nursing. 2004;10(7):352-9.

27 INCA (Instituto Nacional do Câncer), Ministério da Saúde. Classificação de tumores

malignos. 4 ed. Brasília: Ministério da Saúde 2004.

Page 98: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

98

28 Dumitrescu L, van den Heuvel-Olaroiu M, van den Heuvel WJ. Changes in symptoms

and pain intensity of cancer patients after enrollment in palliative care at home. Journal of

Pain and Symptom Management. 2007;34(5):488-96.

29 Del Fabbro E, Dalal S, Bruera E. Symptom control in palliative care--Part II:

cachexia/anorexia and fatigue. Journal of Palliative Medicine. 2006;9(2):409-21.

30 Jean P, Hami F, Bryan T, Quigley C. Symptoms in 400 patients referred to palliative

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31 Tse DM, Chan KS, Lam WM, Leu K, Lam PT. The impact of palliative care on cancer

deaths in Hong Kong: a retrospective study of 494 cancer deaths. Palliative Medicine.

2007;21(5):425-33.

32 Teli M. Step III Pain Control with Oral Morphine in Terminally Sick Cancer Patients.

Journal of Medical Education & Research. 2008;10(3):112-15.

33 Ministério da Saúde. Portaria 859. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas: uso de

opiáceos no alivio da dor crônica(Codeína, Morfina, Metadona). Brasília: Ministério da Saúde

2002.

34 Jenkins C, FRCP M, Schulz M, Hanson J, Bruera E. Demographic, Symptom, and

Medication Profiles of Cancer Patients Seen by a Palliative Care Consult Team in a Tertiary

Referral Hospital. Journal of Pain and Symptom Management. 2000;19(3):174-84.

35 Braiteh F, Osta B, Palmer J, Reddy S, Bruera E. Characteristics, Findings, and

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Journal of Palliative Medicine. 2007;10(4):948-55.

36 Bruera E, Kuehn N, Miller M, Selmser P, Macmillan K. The Edmonton Symptom

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Journal of Palliative Care. 1991;7(2):6-9.

37 Stromgren AS, Sjogren PG, Petersen MA, Pedersen L HL. A longitudinal study of

palliative care: patient-evaluated outcome and impact of attrition. Cancer.

2005;15(103):1747-55.

38 Chang V, Hwang S, Feuerman M. Validation of the Edmonton Symptom Assessment

Scale. American Cancer Society. 2000;88:2164-71.

39 Ottery F. Definition of standardized nutritional assessment and interventional

pathways in oncology. Nutrition. 1996;12(1):S15-S9.

40 Mertnof R. Abordagem clinica em cuidados paliativos - Curso Virtual. Buenos Aires:

Hospital das Clinicas - Universidad Buenos Aires 2006.

Page 99: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

99

41 Machado H, Soprano A, Machado C, Lustosa A, Lima M, Mota A. Identificação de

riscos na familia a partir do genograma. Família Saúde Desenvolvimento. 2005;7(2):149-57.

42 Singer P, Martin D, Kelner M. Quality end-of-life care. Patients perspectives. JAMA:

The Journal of the American Medical Association. 1999;282(2):163-8.

43 Ministério da Saúde. Portaria 2529: institui a internação domiciliar no âmbito do SUS

Ministério da Saúde; 2006.

44 Ministério da Saúde. Portaria 2439: Institui a Política Nacional de Atenção

Oncológica: Promoção, Prevenção,Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados

Paliativos,: Ministério da Saúde; 2005.

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100

Tabela 1. Descrição dos pacientes por sexo conforme local do câncer, estadiamento e metástases, PIDI/UFPel, Pelotas, RS

Sexo Variável Masculino Feminino

Total

N % N % N % Local do câncer Pulmão 28 24,3 9 10,2 37 18,2 Esôfago 10 8,7 5 5,7 15 7,4 Intestino 12 10,4 10 11,4 22 10,8 Mama - - 22 24,8 22 10,8 Estômago 8 7,0 5 5,7 13 6,4 Cabeça e pescoço 15 13,0 6 6,8 21 10,3 Pâncreas 3 2,6 6 6,8 9 4,4 Colo de útero - - 7 8,0 7 3,4 SNC 2 1,7 0 - 2 1,0 Próstata 10 8,7 0 - 10 4,9 Hematológico 4 3,5 3 3,4 7 3,4 Primário desconhecido 7 6,1 4 4,5 11 5,4 Ovário - - 7 7,7 7 3,4 Outro 14 12,2 6 6,8 20 3,4 Estadiamento* I 1 1,1 3 4,2 4 2,5 II 3 3,3 7 9,9 10 6,2 III 32 35,6 20 28,2 52 32,3 IV 54 60,0 41 57,7 95 59,0 Metástases à distância 1 10 10,1 3 4,3 13 7,7 2 31 31,3 12 17,1 43 25,4 3 43 49,5 37 52,9 86 50,9 4 8 8,1 18 25,7 26 15,4 5 1 1,0 - - 1 0,6 * Variável com maior número de missing (n = 161)

Page 101: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

101

Tabela 2. Descrição dos pacientes por local do câncer conforme estadiamento, motivo de internação, dor, analgesia e estratégia terapêutica, PIDI/UFPel/FAU, Pelotas, RS

Local do câncer Pulmão Esôfago Mama Estômago Cabeça e pescoço outros

Total

Estadiamento N % N % N % N % N % N % N % I - - - - 1 6,7 - - - 3 4,5 4 2,6 II 3 8,6 - - 3 20,0 - - 3 4,5 9 5,9 III 15 42,9 1 14,3 7 46,7 - - 6 30,0 22 32,8 51 33,6 IV 17 48,6 6 85,7 4 26,7 8 100,0 14 70,0 39 58,2 88 57,9 Motivo internação no PIDI

Anorexia 28 70,0 12 80,0 15 68,2 6 46,2 15 71,4 44 57,1 120 63,8 Dor 21 52,5 7 46,7 11 50,0 9 69,2 9 40,9 53 67,9 110 57,9 Astenia 22 55,0 8 53,3 10 45,5 8 61,5 9 40,9 38 48,7 95 50,0 Desidratação 11 27,5 8 53,3 4 18,2 7 53,8 12 54,5 22 28,2 64 33,7 Dispnéia 10 25,0 3 20,0 6 27,3 - - - - 3 3,8 22 11,6 Náuseas e vômitos 9 22,5 3 20,0 8 36,3 5 38,5 5 22,7 31 39,7 61 32,1 Dor 24 horas após internação

Leve 1 4,5 1 25,0 1 10,0 1 25,0 1 12,5 5 13,5 10 11,8 Moderada 13 59,1 1 25,0 5 50,0 1 25,0 4 50,0 12 32,4 36 42,4 Intensa 8 36,4 2 50,0 4 40,0 2 50,0 3 37,5 20 54,1 39 45,9 Analgesia Codeína 14 35,0 4 26,7 7 31,8 3 23,1 6 27,3 17 21,8 51 26,8 Morfina 16 40,0 4 26,7 8 36,4 4 30,8 9 40,9 41 52,6 82 43,2 Metadona 4 10,0 - 0,0 1 4,5 - - - - 8 10,3 13 6,8 Tratamento prévio câncer

Quimioterapia 37 97,4 11 84,6 21 100,0 10 83,3 20 90,9 62 84,9 161 89,9 Radioterapia 29 76,3 10 76,9 17 81,0 1 9,1 22 100,0 38 53,5 117 66,5 Cirurgia 5 15,2 4 26,7 16 76,2 6 50,0 8 40,0 40 55,6 79 47,7

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102

V – COMUNICAÇÃO À IMPRENSA

Figura 1.

DESFECHO DOS PACIENTES n=213

ALTA COM MELHORA n=49

ÓBITO NO DOMICÍLIO n=104

TRANSFERÊNCIA* (PS + HOSPITAIS) n=60

23% 49% 28%

Até 7 dias 8 a 30 dias Mais de 31 dias

55% 35% 10%

ÓBITO

* Transferência por piora

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103

V – COMUNICAÇÃO À IMPRENSA

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104

Cuidados Paliativos e Internação Domiciliar contribuindo na atenção integral aos

usuários com câncer no SUS

Foi realizado um estudo descritivo do Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar (PIDI), do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (RS, Brasil).

No período de 2005 a 2008, foram analisados os dados dos usuários com câncer que

internaram no programa, com a obtenção das informações sobre infra-estrutura e processo

de trabalho no PIDI, associado à caracterização do perfil dos pacientes, através dos dados

obtidos dos prontuários.

Cerca da metade apresentava idade menor do que 60 anos, reforçando o achado de

outros estudos sobre a relevância do câncer em indivíduos adultos de todas as idades Neste

estudo, a grande maioria dos usuários do PIDI possuía ensino fundamental incompleto,

sendo muitos analfabetos e com uma renda limitada a um ou dois salários mínimos. Este

achado resgata a contribuição do PIDI para a efetivação do princípio da equidade no

Sistema Único de Saúde (SUS).

A maioria dos pacientes, no momento da internação no PIDI, se encontrava em

estadios avançados da doença (mais de 90% com metástases). Este achado reforça a

importância da estratégia paliativa do programa. Os motivos de internação mais frequentes

no PIDI foram anorexia, dor e astenia.

Quase metade dos pacientes do PIDI evoluiu para óbito no próprio domicílio. À

semelhança do relatado em outros serviços, a assistência paliativa permite e facilita a

ocorrência de uma maior proporção de óbitos fora do ambiente hospitalar.

O estudo, por ser descritivo, não se propõe a estabelecer relações de causa-efeito e

tampouco a avaliar a efetividade do PIDI. Entretanto, oportuniza a divulgação de estratégias

de cuidado paliativo domiciliar com caráter humanizado em pacientes com câncer, em

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105

situação de terminalidade, podendo subsidiar as políticas públicas não apenas no município

do estudo, mas em outros locais do país. Também pode ser útil para apoiar a

regulamentação da Portaria GM/MS 2529 de 19 de outubro de 2006, que incorpora a

internação domiciliar no âmbito SUS.

O Observatório Internacional sobre Cuidados de Final da Vida (IOELC) refere que o

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está diretamente relacionado à presença de

estruturas e provisão de cuidados paliativos nos países, reforçando a forte associação entre

cuidados paliativos e IDH elevado. Internação domiciliar e cuidados paliativos melhoram a

qualidade de vida, com a aproximação definitiva dos usuários ao seu núcleo familiar, sem

precisar abrir mão de um suporte ativo às suas necessidades físicas, emocionais, sociais e

espirituais, no período de grande fragilidade que antecede a morte.

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VI - ANEXOS

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107

ANEXO A – Formulário Quimioterapia

ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO

FORMULÁRIO QUIMIOTERAPIA 1. Local tratamento (1) HE

LOCTRA ___

2. Número do prontuário ___ ___ ___ ___ ___

PRONT __ __ __ __ __

3. Data da coleta: __ __ / __ __ / __ __ __ __

DC __ __ / __ __ /__ __

4. Coletador (a): _____________________________________________________

COLE__ __

5. Nome paciente_______________________________________________________

6. Cartão SUS ____________________ CARSUS___________ 7. Data de nascimento: ____ ____ /___ ___/____ ___ DN __ __/__ __/__ __ 8. Sexo: (1) masculino (2) feminino SEXO ___ 9. Cor da pele: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Indígena (5) Parda (6) Outra COR ___ 10. Nome da mãe: _______________________________________________________ 11. Endereço: __________________________________________________________ 12. Bairro: ____________________________________________________________ 13. Município: _________________________________________________________ HISTÓRIA E EVOLUÇÃO CLÍNICA 14. Local do câncer (1) Pulmão (2)Esôfago (3) Intestino (4) Mama (5) Estômago (6)Cabeça e pescoço (7) Pâncreas (8) Colo Útero (9) Ovário (10) SNC (11) Próstata (12) Hematológico (13) Primário desconhecido (14) Sarcoma (15) Outros: _____________________

LOCACAN ___

15. Tipo histológico _____________________________________________________

16. Estádio (TNM) primeira APAC (1) I (2) II (3) III (4) IV (9) Ignorado

ESTPRI ___

17. Estádio (TNM) última APAC (1) I (2) II (3) III (4) IV (9) Ignorado ESTULT ___ 18. CID-10: ___________

CID10 ___

19. Tempo de diagnóstico antes inicio tratamento ________ meses (999) Ignorado

TEDIA ___ ___ ___

20. Metástases à distância (primeira APAC) (1) Não (2) loco - regional (3) um órgão (4) dois órgãos (5) três órgãos ou mais (9) Ignorado

METDIS ___

21. Inicio tratamento Quimioterapia ___ ___/ ___ ___ / ___ ___ (99/99/99) Ignorado

INTRAT __ __/__ __/__ __

22. Finalidade terapêutica primeira APAC (1) curativa (2) prévia (3) adjuvante (4) paliativa (5) controle

FINPRI ___

23. Finalidade terapêutica última APAC (1) curativa (2) prévia (3) adjuvante (4) paliativa (5) controle

FINULT ___

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108

24. Tratamento concluído (1) sim (2) não (9) Ignorado TRACON ___ 25. Tempo de tratamento ________ meses (999) Ignorado

TETRAT ___ ___ ___

26. Interrupção do tratamento (1) sim (2) não (9) ignorado

INTTRAT ___

27. Motivo interrupção tratamento (1) óbito (2) sem condições clínicas (3) decisão paciente/família (9) Ignorado (8) NSA

MOTINT___

28. Registro de Cirurgia (1) sim (2) não

CIR ___

29. Registro de dor referida (1) sim (2) não

REGDOR ___

30. Intensidade da dor (1) leve (2) moderada (3) intensa (9) ignorado (8) NSA

INTDOR ___

PRESCRIÇÃO MÉDICA

31. Analgesia – registrada no prontuário (1) sim (2) não ANALPRO ___

32. Analgesia prescrita 2005 Qual: ______________________________________________________ (8) NSA 33. Analgesia prescrita 2006 Qual: _______________________________________________________ (8) NSA 34. Analgesia prescrita 2007 Qual: _______________________________________________________ (8) NSA 34. Analgesia prescrita 2008 Qual: _______________________________________________________ (8) NSA Analgésicos (1) paracetamol (2) dipirona (3) AINE (4) codeína (5) tramadol (6) morfina (7) metadona (10) fentanil (8) NSA

ANAL05 ___ ANAL06 ___ ANAL07 ___ ANAL08 ___

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109

ANEXO B – Formulário de Radioterapia

ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO FORMULÁRIO RADIOTERAPIA 1. Local tratamento (1) FAMED (2) CERON

LOCTRA ___

2. Número do prontuário ___ ___ ___ ___ ___

PRONT __ __ __ __

3. Data da coleta: __ __ / __ __ / __ __ __ __

DC __ __ / __ __ /__ __

4. Coletador (a): _____________________________________________________

COLE__ __

5. Nome paciente _______________________________________________________

6. Cartão SUS ____________________ CARSUS____________ 7. Data de nascimento ___ ___/ ___ ___/ ___ ___ DANASCI ___ 8. Sexo: (1) masculino (2) feminino SEXO ___ 9. Cor da pele: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Indígena (5) Parda (6) Outra COR ___ 10. Nome da mãe: _______________________________________________________ 11. Endereço: __________________________________________________________ 12. Bairro: ____________________________________________________________ 13. Município: ________________________________________________________ HISTÓRIA E EVOLUÇÃO CLÍNICA 14. Motivo do atendimento (1) consulta oncológica (2) realizar biópsia (3) retirada de pontos (4) realizar radioterapia (5) outros (9) ignorado

MOTIATEN ___

15. Realizou radioterapia (APAC) (1) sim (2) não

RERADI___

16. Local do câncer (1) Pulmão (2)Esôfago (3) Intestino (4) Mama (5) Estômago (6)Cabeça e pescoço (7) Pâncreas (8) Colo Útero (9) Ovário (10) SNC (11)Próstata (12) Hematológico (13) Primário desconhecido (14) Outros: _____________________

LOCACAN ___

17.Tipo histológico____________________________________________________

18. Estádio (TNM) primeira APAC (1) I (2) II (3) II (4) IV (9) Ignorado ESTPRIM ___ 19. Estádio (TNM) última APAC (1) I (2) II (3) II (4) IV (9) Ignorado ESTULT ___ 20. CID – 10: ____________

CID _______

21. Tempo de diagnóstico antes do inicio tratamento _______ meses (999) Ignorado

TEDIA ___ ___ ___

22. Metástases à distância 1) Não (2) loco - regional (3) um órgão (4) dois órgãos (4) três órgãos ou mais (9) Ignorado

METDIS ___

23. Inicio tratamento radioterapia___ ___/ ___ ___ / ___ ___ (9) Ignorado (8) NSA

INTRAT __ __/__ __/__ __

24. Finalidade terapêutica primeira APAC (1) curativa (2) prévia (3) adjuvante (4) paliativa (5) controle (6) anti-algica (7) anti - hemorrágica

FINPRI ___

25. Finalidade terapêutica última APAC (1) curativa (2) prévia (3) adjuvante (4) paliativa (5) controle (6) anti-algica (7) anti - hemorrágica

FINULT ___

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26.Tratamento concluído (1) sim (2) não (9) Ignorado TRATCON ___ 27.Tempo de tratamento ________ meses (999) Ignorado TETRAT ___ ___ ___ 28. Interrupção tratamento (1) sim (2) não (9) ignorado

INTTRAT ___

29. Motivo interrupção tratamento (1) óbito (2) sem condições clínicas (3) decisão paciente/família (9) Ignorado (8) NSA

MOTINT___

30. Registro de cirurgia (1) sim (2) não

CIR ___

31. Registro de dor referida (1) sim (2) não

DORREF ___

32. Intensidade da dor (1) leve (2) moderada (3) intensa (9) ignorado (8) NSA

INTDOR ___

PRESCRIÇÃO MÉDICA 33. Analgesia registrada no prontuário (1) sim (2) não

ANAREG ___

34. Analgesia prescrita 2005 Qual: ______________________________________________________ (8) NSA 35. Analgesia prescrita 2006 Qual: _______________________________________________________ (8) NSA 36. Analgesia prescrita 2007 Qual: _______________________________________________________ (8) NSA 37. Analgesia prescrita 2008 Qual: _______________________________________________________ (8) NSA

Analgésicos (1) paracetamol (2) dipirona (3) AINE (4) codeína (5) tramadol (6) morfina (7) metadona (10) fentanil (8) NSA

ANAL05 ___ ANAL06 ___ ANAL07 ___ ANAL08 ___

Page 111: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

111

ANEXO C – Formulário Hospital

FORMULÁRIO HOSPITAL 1. Hospital: (1) HE (2) Santa Casa (3) HUSFP (4) Beneficência

LOCTRA ___

2. Local internação: Enfermaria (1) sim (2) não (9) ignorado UTI (1) sim (2) não (3) ignorado

ENFE ___ UTI ___

3. Número do prontuário ___ ___ ___ ___ ___

PRONT __ __ __ __

4.Data da coleta: __ __ / __ __ / __ __ __ __

DC __ __ / __ __ /__ __

5. Coletador (a): _____________________________________________________

COLE __ __

6. Nome paciente____________________________________________________

7. Idade __ __ __ anos completos IDADE __ __ __ 8. Cartão SUS ____________________ CARSUS______________ 9. Data de nascimento: ____ ____ /___ ___/ ___ ___ DN __ __ / __ __ / __ __ 10. Sexo: (1) masculino (2) feminino SEXO ___ 11. Cor da pele: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Indígena (5) Parda (6) Outra COR ___ 12. Nome da mãe: _______________________________________________________ 13. Endereço: __________________________________________________________ 14. Bairro: ____________________________________________________________ 15. Município: _________________________________________________________ MUNI ___ 16. Data internação ___ ___/ ___ ___/ ___ ___ DAINT __ __/ __ __/ __ __ 17. Desfecho: (1) óbito (2) alta (9) ignorado DESFE ___ 18. Data do desfecho (alta) ___ ___/___ ___/ ___ ___ (999999) Ignorado

DADESFE __ __ /__ __ / __ __

19. Tempo de Internação em dias: ___ ___ ___ TEMDIA ___ ___ ___ HISTÓRIA E EVOLUÇÃO CLÍNICA 20. Local do câncer (1) Pulmão (2)Esôfago (3) Intestino (4) Mama (5) Estômago (6)Cabeça e pescoço (7) Pâncreas (8) Colo Útero (9) Ovário (10) SNC (11) Próstata (12) Hematológico (14) Primário desconhecido (15) Outros: _____________

LOCACAN ___

21. Tipo histológico _______________________________ (9) ignorado 22. Estádio (TNM) (1) I (2) II (3) II (4) IV (9) Ignorado ESTAD ___ 23. CID-10 (câncer): ___________ 24. Tempo de diagnóstico ________ meses (999) Ignorado

TEDIA ___ ___ ___

25.Metástases à distância (0) não (1) loco-regional (linfonodo) (2) um órgão (3) dois órgão (4) três órgãos ou mais (9) Ignorado

METDIS ___

25.Cirurgia (relacionada ao câncer) (1) sim (2) não (9) Ignorado CIR ___ 26. Qual cirurgia ____________________________ (9) Ignorado (8) NSA

QUACIR ___

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27. Motivo da internação (intercorrência clínica)

Realizar Quimioterapia (1) sim (2) não Pneumonia (1) sim (2) não Desidratação (1) sim (2) não Dor (1) sim (2) não Hemorragia digestiva (1) sim (2) não Dispnéia (1) sim (2) não Insuficiência respiratória (1) sim (2) não Déficit motor (1) sim (2) não Insuficiência renal (1) sim (2) não Pancitopenia (1) sim (2) não Suboclusão intestinal (1) sim (2) não Náuseas e vômitos (1) sim (2) não Sepse (1) sim (2) não Hipertermia (1) sim (2) não Choque (1) sim (2) não Anemia (1) sim (2) não Outro (1) sim (2) não

29. Registro de dor referida (1) sim (2) não REGDOR ___ 30. Intensidade da dor (1) leve (2) moderada (3) intensa (9) ignorado (8) NSA

INTDOR ___

PRESCRIÇÃO MÉDICA 31. Analgesia

Paracetamol (1) sim (2) não Dipirona (1) sim (2) não AINE (1) sim (2) não Codeína (1) sim (2) não Tramadol (1) sim (2) não Morfina (1) sim (2) não Metadona (1) sim (2) não Fentanil (1) sim (2) não

32. Dieta (1) VO (2) SNE (3) jejunostomia (4) gastrostomia (5) sem dieta

DIETA ___

33. Outros

Acesso venoso (1) sim (2) não Oxigênio (1) sim (2) não

34. Uso de opióide fraco (1) não (2) fixo (3) se necessário (4) ignorado OPIFRA ___ 35. Uso de opióide forte (1) não (2) fixo (3) se necessário (4) ignorado

OPIFOR ___

ACVEN ___ OXIG ___

QUIM ___ PNEU ___ DESI ___ DOR ___ HEMO ___

PARA ___ DIPI ___ AINE ___ CODE ___ TRAMA ___ MORF ___ META ___ FENT ___

DISP___ INRES___ DEMOT ___ INREN ___ PANC ___ SUBOC___ NAVO ___ SEPSE ___ HIPE ___ CHOQ ___ ANE ___ OUT ___

Page 113: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

113

ANEXO D – Formulário PIDI

ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO FORMULÁRIO PIDI 1. Número do prontuário PIDI ___ ___ ___ ___

PRONT __ __ __ __

2. Data da coleta: __ __ / __ __ / __ __ __ __

DC __ __ / __ __ /__ __

3. Coletador (a): _____________________________________________________

COLE ___ ___

4. Nome paciente _________________________________________________

5. Idade __ __ __ anos completos IDADE __ __ __ 6. Cartão SUS ______________________________ (9) ignorado SUS __________________ 7. Data de nascimento: ____ ____ /___ ___/____ ___ DN __ __/__ __/__ __ 8. Sexo: (1) masculino (2) feminino SEXO ___ 9. Cor da pele: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Indígena (5) Parda (6) Outra COR ___ 10. Nome da mãe: _______________________________________________________ 11. Endereço: ____________________________________________________ 12. Bairro: ______________________________________________________ 13. Município: ___________________________________________________ 14. Escolaridade: (1) Analfabeto (2) Fundamental incompleto (3) Fundamental completo (4) Ensino médio incompleto (5) Ensino médio completo ¨(6) Superior (9) ignorado 15. Renda familiar: (1) Menos 1SM (2) 1 SM (3) 2-3 SM (4) mais 4 SM (9) Ignorado RENFAM ___ 16. Local do encaminhamento ao PIDI (1) Quimioterapia HE (2) Radioterapia FAMED (3) Radioterapia CERON (4) Hospital Escola (5) Santa Casa (9) Ignorado (7) Outros LOENCA ___ 17. Data solicitação internação no PIDI ___ ___ / ___ ___ / ____ ___ DASOLI __ __/__ __/__ __ 18. Data internação no PIDI ___ ___ / ___ ___ / ____ ___ DAINPI __ __/__ __/__ __ 19. Tempo de Internação em dias: ___ ___ ___ TEMDIA ___ ___ ___ 20. Desfecho: (1) óbito (2) alta DESFE ___ 21. Data do desfecho (alta) ___ ___/___ ___/ ___ ___ (999999) Ignorado

DADESFE __ __/__ __/ __ __

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO CLÍNICA 22. Local do câncer (1) Pulmão (2)Esôfago (3) Intestino (4) Mama (5) Estômago (6)Cabeça e pescoço (7) Pâncreas (8) Colo Útero (15) Ovário (10) SNC (11)Próstata (12) Hematológico (13) Primário desconhecido (14) Outros: ___________ (9) ignorado

LOCACAN ___

23. Tipo histológico________________________________________ _______ 24. Estadio (TNM) (1) I (2) II (3) III (4) IV (9) Ignorado ESTAD ___ 25. CID- 10: ___________ CID10 ___ 26. Tempo de diagnóstico ________ meses (999) Ignorado TEDIA ___ ___ ___ 27. Metástases à distância (1) Não (2) loco-regional (3)um órgão (3) dois órgãos (4) três órgãos ou mais (9) Ignorado

METDIS ___

28. Realizou quimioterapia (1) sim (2) não (9) ignorado

QUIMI ___

29. Realizou radioterapia (1) sim (2) não (9) ignorado RAD ___

Page 114: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

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30. Realizou Cirurgia (1) sim (2) não (9) Ignorado CIR ___ 31. Finalidade terapêutica PIDI (1) curativa (2) adjuvante (3) paliativa FINATE ___ 32. Motivo da internação PIDI

Pneumonia (1) sim (2) não Desidratação (1) sim (2) não Dor (1) sim (2) não Hemorragia digestiva (1) sim (2) não Dispnéia (1) sim (2) não Insuficiência respiratória (1) sim (2) não Déficit motor (1) sim (2) não Insuficiência renal (1) sim (2) não Pancitopenia (1) sim (2) não Suboclusão intestinal (1) sim (2) não Náuseas e vômitos (1) sim (2) não Realizar Quimioterapia (1) sim (2) não Sepse (1) sim (2) não Hipertermia (1) sim (2) não Choque (1) sim (2) não Anemia (1) sim (2) não Outro (1) sim _____________ (2) não

PRESCRIÇÃO MÉDICA 33. Analgesia

Paracetamol (1) sim (2) não Dipirona (1) sim (2) não AINE (1) sim (2) não Codeína (1) sim (2) não Morfina (1) sim (2) não Metadona (1) sim (2) não Fentanil (1) sim (2) não

34. Dieta (1) VO (2) SNG (3) jejunostomia (4) gastrostomia (5) sem dieta

DIETA ___

35.Oxigenioterapia (1) sim (2) não OXIGE ___ 36. Acesso venoso (1) sim (2) não ACEVENO ___ 37. Uso de opióide fraco (1) não (2) fixo (3) se necessário OPIFRA ___ 38. Qual opiode fraco (1) codeína (2) tramadol (3) outro ____________ (8) NSA QUAFRA ___ 39. Uso de opióide forte (1) não (2) fixo (3) se necessário OPIFOR ___ 40. Qual opióide forte (1) morfina (2) metadona (3) fentanil (4) outro ______ (8) NSA

QUAFOR ___

ESCALAS DE AVALIAÇÃO 41. Registro de dor referida (1) sim (2) não REGOR ___ 42. Intensidade da dor na internação (1) leve (2) moderada (3) intensa (9) ignorado (8) NSA

INTDOR ___

43. Aplicada escala de Edmonton (1) sim (2) não APLIED ___ 44. ESAS (Escala de Edmonton), NOTA PARA OS SÍNTOMAS: 0 - 10 Admissão Intermediária Alta

Dor

Náuseas

Dispnéia

Anorexia

Cansaço

Depressão

Sonolência

DORAD___ DORIN ___ DORAL ___ NAUAD ___ NAUIN___ NAUAL ___ DISAD ___ DISIN ___ DISAL ___ ANOAD___ ANOIN___ ANOAL___ CANAD___ CANIN___ CANAL ___ DEPAD____ DEPIN____ DEPAL____ SONAD ___ SONINT ___ SONAL ___

PNEU ___ DESI ___ DOR ___ HD ___ DISP ___ INRE ___ DEFMO ___ INREN ___ PANC ___ SUBO ___ NAUVO ___ QUIM ___ SEPS ___ HIPER ___ CHOQ ___ ANEM ___ OUT ___

PARA ___ DIPI ___ AINE ___ CODE ___ MORF ___ META ___ FENT ___

Page 115: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

115

Sonolência

Ansiedade

Bem Estar

45. Genograma (1) sim (2) não

GENO ___

46. Avaliação nutricional (ASG – PPP) (1) menor ou igual 9 (2) maior que 9

AVANUT ___

CUIDADOR 47. Cuidador principal: (1) Esposa (2) Esposo (3) Filha (4) Filho (5) Nora (6) Neta (7) Mãe (10) Pai (11) Cuidador formal (12) Sem cuidador (9) Ignorado (13) Outro ___________________

CUIPRI ___

48. Idade cuidador em anos (1) menor 18 (2) 19 a 30 (3) 31 a 40 (4) 41 a 50 (5) 51 a 60 (5) 61 a 70 (6) 71 ou mais (9) ignorado

IDACUI ___

49. Aplicada a escala de Zarit reduzida (sobrecarga do cuidador) (1) sim (2) não

APLIZAR ___

50. Sobrecarga registrada (1) sem sobrecarga (2) leve (3) moderada (4) intensa (9) ignorada (8) NSA

SOBREGI ___

51. Óbito (1) sim (2) não (9) ignorado

OBITO ___

52. Data do óbito ___/ ___/ ___ ___/ ___ ___ (9) ignorado (8) NSA DATAOBI ___ 53. Local do óbito (1) domicilio (2) pronto socorro (3) hospital (9) ignorado (8) NSA

LOCOBI ___

ANSAD ___ ANSIN ___ ANSAL ___ BEMAD ___ BEMIN ___ BEMAL ___

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ANEXO E – Questionário PIDI

QUESTIONARIO PIDI

Entrevista com Gestor do PIDI

Data entrevista: __ __/ __ __/ __ __ Entrevistador: __

Perguntas Abertas (utilizar gravador)

1. Quando o PIDI foi implantado no Hospital Escola da UFPel?

2. Qual a estrutura que o serviço possui para prestar assistência aos usuários?

3. Quantos profissionais estão inseridos no programa?

4. Qual (s) área (s) da saúde que pertencem os profissionais?

5. Como acontece o processo de trabalho no PIDI?

6. Existem atividades voltadas à formação permanente de profissionais e estudantes sobre os temas Internação Domiciliar e Cuidados Paliativos?

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ANEXO F – Manual de Instruções

Manual de Instruções FORMULÁRIOS RADIOTERAPIA E QUIMIOTERAPIA 1. Local tratamento (1) FAMED (2) CERON 2. Número do prontuário Número registrado na pasta do paciente 3. Data da coleta: Data que realizada a coleta e preenchimento do formulário 4. Coletador (a): Nome coletador, cada coletador terá um número a ser codificado 5. Nome paciente Nome completo do paciente 6. Cartão SUS: registro na pasta de todos os pacientes que possuem APAC, a partir de 2006, em 2005 não era um registro obrigatório, quando não houver, deixar o campo em branco 7. Data de nascimento Data de nascimento do paciente 8. Sexo: (1) masculino (2) feminino 9. Cor da pele: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Indígena (5) Parda (6) Outra Registro nos dados pessoais do paciente. Considerar cor parda quando houver o registro de cor mista 10. Nome da mãe Nome da mãe do paciente 11. Endereço Endereço registrado na pasta 12. Bairro Idem 11 13. Município Idem 11 14. Motivo do atendimento (1) consulta oncológica (2) realizar biópsia (3) retirada de pontos (4) realizar radioterapia (5) outros (9) ignorado Quando não houver APAC, observar no prontuário o motivo da consulta , definido pelo médico. Se não houver APAC e também ausência de registro médico, colocar ignorado 15. Realizou radioterapia (APAC) (1) sim (2) não Autorização de Procedimento de Alta Complexidade, contido sempre na pasta, quando houver tratamento de radio ou quimioterapia, a APAC será renovada a cada 3 meses, se houver continuidade do tratamento 16. Local do câncer (1) Pulmão (2) Esôfago (3) Intestino (4) Mama (5) Estômago (6)Cabeça e pescoço (7) Pâncreas (8) Colo Útero (9) Ovário (10) SNC (11)Próstata (12) Hematológico (13) Primário desconhecido (14) Outros: _____________________ Informação contida na APAC 17.Tipo histológico Informação contida na APAC 18. Estadio (TNM): Informação contida na APAC

19. CID – 10: Informação contida na APAC 20. Tempo de diagnóstico antes do inicio tratamento (em meses) Tempo de diagnóstico até o inicio do tratamento de quimio ou radio, ou seja a data da primeira APAC 21. Metástases à distância: Informação contida na APAC 22. Inicio tratamento radioterapia ou quimioterapia: Data da primeira APAC 23. Finalidade terapêutica Informação contida na APAC 24.Tratamento concluído: informação contida no prontuaria com registro médico, se nào houver registro colocar ignorado 25.Tempo de tratamento Contar o tempo da primeira até a última APAC do prontuário, em meses 26. Interrupção tratamento Informação registrada pelo médico, quando não houver colocar ignorado

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27. Motivo interrupção tratamento: quando a interrupção for ignorada, colocar ignorado como motivo, se o tratamento não for interrompido, marcar NSA 28. Registro de cirurgia Informação contida na APAC ou no prontuário médico, se não houver registro, colocar não 29. Registro de dor referida Informação contida no prontuário médico, quando não existir marcar ignorado 30. Intensidade da dor Informação contida no prontuário médico, quando não existir marcar ignorado 31. Analgesia registrada no prontuário Informação contida no prontuário médico

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119

ANEXO G – Ofício aos Serviços para Acesso aos Prontuários

Pelotas, dezembro de 2008

Direção (Serviços e Hospitais)

Sr Diretor

Venho por meio deste, solicitar a liberação de acesso aos prontuários de pacientes com

diagnóstico de câncer que foram atendidos e que possuem registro no SAME do serviço, no

período de abril de 2005 a abril de 2008.

As informações coletadas dos prontuários dos pacientes, serão utilizadas na pesquisa

de mestrado: Internação Domiciliar e Cuidados Paliativos para Pacientes Oncológicos no

Município de Pelotas / RS, realizada no Programa de Pós – Graduação em Epidemiologia da

Universidade Federal de Pelotas.

O Projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de

Medicina UFPel.

Atenciosamente

Julieta Carriconde Fripp

Mestranda responsável pela pesquisa

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120

ANEXO H – Normas para Publicação

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Introdução

A Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil é uma

publicação trimestral de caráter técnico-científico destinada aos profissionais dos serviços de

saúde e editada pela Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços

da Secretaria de Vigilância em Saúde (CGDEP/SVS), do Ministério da Saúde. Sua principal

missão é difundir o conhecimento epidemiológico visando ao aprimoramento dos serviços

oferecidos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Nela, também são divulgadas portarias,

regimentos e resoluções do Ministério da Saúde, bem como normas técnicas relativas aos

programas de prevenção e assistência, controle de doenças e vetores.

Modelos de trabalhos

O Corpo Editorial da revista acolhe manuscritos nas seguintes modalidades: (1) Artigos

originais nas diversas linhas temáticas – avaliação de situação de saúde; estudos etiológicos;

avaliação epidemiológica de serviços; programas e tecnologias; e avaliação da vigilância

epidemiológica (limite máximo; 20 laudas) –; (2) Artigos de revisão crítica – sobre tema

relevante para a Saúde Pública – ou de atualização em um tema controverso ou emergente

(limite máximo: 30 laudas); (3) Ensaios – interpretações formais, sistematizadas, bem

desenvolvidas e concludentes de dados e conceitos sobre assuntos de domínio público pouco

explorados (limite máximo: 15 laudas) –; (4) Relatórios de reuniões ou oficinas de trabalho

realizadas para discutir temas relevantes à Saúde Pública, suas conclusões e recomendações

(número máximo de 25 laudas); (5) Artigos de opinião – comentários curtos, abordando

temas específicos –; (6) Notas prévias; e (7) Republicação de textos considerados relevantes

Page 121: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

121

para os serviços de saúde, originalmente editados por outras fontes de divulgação técnico-

científica.

Apresentação dos trabalhos

Cada trabalho proposto para publicação deverá ser elaborado tendo por referência os

"Requisitos Uniformes para Manuscritos Submetidos a Periódicos Biomédicos"

[Epidemiologia e Serviços de Saúde 2006;15(1):7-34, disponíveis nas páginas eletrônicas da

Secretaria de Vigilância em Saúde do Instituto Evandro Chagas (IEC) de Belém, Estado do

Pará, vinculado à SVS/MS (www.iec.pa.gov.br, coluna Periódicos, link Pesquisa de títulos)].

O trabalho apresentado deverá ser acompanhado de uma carta de apresentação dirigida ao

Corpo Editorial da revista. Os autores de artigos originais, artigos de revisão e comentários

responsabilizar-se-ão pela veracidade e ineditismo do trabalho apresentado na carta de

encaminhamento, na qual constará que: a) o manuscrito ou trabalho semelhante não foi

publicado, parcial ou integralmente, tampouco submetido a publicação em outros periódicos;

b) nenhum autor tem associação comercial que possa configurar conflito de interesses com o

manuscrito; e c) todos os autores participaram na elaboração do seu conteúdo intelectual –

desenho e execução do projeto, análise e interpretação dos dados, redação ou revisão crítica e

aprovação da versão final. A carta deverá ser assinada por todos os autores.

Formato de um trabalho para publicação

O trabalho deverá ser digitado em português do Brasil, em espaço duplo, fonte Times New

Roman tamanho 12, no formato RTF (Rich Text Format); impresso em folha-padrão A4 com

margens de 3cm; e remetido em uma cópia impressa e gravação magnética (CD-ROM;

disquete), exclusivamente por correio. Tabelas, quadros, organogramas e fluxogramas apenas

serão aceitos quando elaborados em programas do Microsoft Office (Word ou Excel); e

figuras (gráficos, mapas, fotografias), se elaboradas nos formatos EPS (Encapsulated

PostScript), BMP (Bitmap/Windows) ou TIFF (Tag Image File Format), no modo de cor

Page 122: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

122

CMYK. Todas as páginas deverão ser numeradas, inclusive as das tabelas e figuras. Não

serão aceitas notas de texto de pé de página. Cada manuscrito, obrigatoriamente, deverá

contar com uma página de rosto em que aparecerão o título completo e resumido do estudo,

em português e inglês, nome do autor ou autores e instituições por extenso, resumo e

summary (versão em inglês do resumo) e rodapé –; e, nas páginas seguintes, o relatório

completo – Introdução; Metodologia, Resultados, Discussão, Agradecimentos, Referências

bibliográficas e tabelas e figuras que o ilustrem, nesta ordem. Cada um desses itens será

obrigatório para os artigos originais; as demais modalidades de artigos poderão dispor desse

ou de outro formato, à escolha do autor, sempre pautado na racionalidade, objetividade,

clareza e inteligibilidade. A seguir, apresenta-se o conteúdo a ser contemplado por cada um

desses itens:

Página de rosto

A página de rosto é composta do título do artigo – em português e inglês, em letras

maiúsculas – seguido do nome completo do(s) autor(es) e da(s) instituição(ões) a que

pertence(m), em letras minúsculas. É fundamental a indicação do título resumido, para

referência no cabeçalho das páginas da publicação. O Resumo do estudo, com número

máximo de 150 palavras, descreverá, sucinta e claramente, seu objetivo, metodologia,

resultados e conclusão, em um único parágrafo, em texto contínuo. Imediatamente após o

Resumo, serão listadas três ou quatro palavras-chave de acesso, contempladas na lista de

Descritores de Saúde definida pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em

Ciências da Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (Bireme/OPAS). O Summary

corresponde à versão em inglês do Resumo; como ele, será acompanhado pelas palavras-

chave (key words), igualmente em inglês. Ainda na Página de rosto, em seu rodapé, deverá

constar o endereço completo, telefone, fax e e-mail do autor principal, para contato, bem

Page 123: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

123

como do órgão financiador da pesquisa. A estrutura de um artigo original deverá respeitar a

seguinte seqüência, além dos tópicos da Página de rosto aqui descritos:

Introdução

Apresentação do problema, justificativa e objetivo(s) do estudo.

Metodologia

Descrição precisa da metodologia adotada e, quando necessário, dos procedimentos analíticos

utilizados. Considerações éticas do estudo deverão ser destacadas e apresentadas como

último parágrafo do item Metodologia, com menção às comissões éticas que aprovaram o

projeto original, desde que a questão seja pertinente ao artigo.

Resultados

Exposição dos resultados alcançados, podendo considerar tabelas e figuras, sempre auto

explicativas, se necessárias (ver o item Tabelas e figuras).

Discussão

Comentários sobre os resultados observados, suas implicações e limitações, e comparação do

estudo com outros de relevância para o tema e objetivos considerados.

Agradecimentos

Em havendo, devem-se limitar ao mínimo indispensável, localizando-se após a Discussão.

Referências bibliográficas

Cada uma das referências bibliográficas, listadas após a Discussão ou Agradecimentos, será

numerada por algarismo arábico, de acordo com sua ordem de citação no texto. Esse número

corresponderá ao número sobrescrito (sem parênteses) imediatamente após a passagem ou

passagens do texto nas quais é feita a referência. Títulos de periódicos, livros e editoras

deverão ser colocados por extenso. A quantidade de citações bibliográficas dever-se-á limitar

a 30, preferencialmente. Para artigos de revisão sistemática e metanálise, não há limite de

Page 124: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

124

citações.As referências também deverão obedecer aos “Requisitos Uniformes para

Manuscritos Submetidos a Periódicos Biomédicos”. Exemplos:

Anais de congresso

1. Wunsch Filho V, Setimi MM, Carmo JC. Vigilância em Saúde do Trabalhador. In: Anais

do III Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva; 1992; Porto Alegre, Brasil. Rio de Janeiro:

Abrasco; 1992.

Artigos de periódicos

2. Monteiro GTR, Koifman RJ, Koifman S. Confiabilidade e validade dos atestados de óbito

por neoplasias. II. Validação do câncer de estômago como causa básica dos atestados de óbito

no Município do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública 1997;13:53-65.

Autoria institucional

3. Fundação Nacional de Saúde. Plano Nacional de Controle da Tuberculose. Brasília:

Ministério da Saúde; 1999.

Livros

4. Fletcher RH, Fletcher SW, Wagner EH. Clinical Epidemiology. 2a ed. Baltimore: Williams

& Wilkins; 1988.

Livros, capítulos de

5. Opromolla DV. Hanseníase. In: Meira DA, Clínica de doenças tropicais e infecciosas. 1a

ed. Rio de Janeiro: Interlivros; 1991. p. 227-250.

Material não publicado

6. Leshner AI. Molecular mechanisms of cocaine addiction. New England Journal of

Medicine. No prelo 1996.

Portarias e Leis

Page 125: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

125

7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Portaria n. 212, de 11 de

maio de 1999. Altera a AIH e inclui o campo IH. Diário Oficial da União, Brasília, p.61, 12

maio. 1999. Seção 1.

8. Brasil. Lei n. 9.431, de 6 de janeiro de 1997. Decreta a obrigatoriedade do Programa de

Controle de Infecção Hospitalar em todos os hospitais brasileiros. Diário Oficial da União,

Brasília, p.165, 7 jan. 1997. Seção 1.

Referências eletrônicas

9. Ministério da Saúde. Informações de saúde [acessado durante o ano de 2002, para

informações de 1995 a 2001] [Monografia na internet] Disponível em

http://www.datasus.gov.br

10.Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerging Infectious Diseases

[Serial on the internet]; 1(1): 24 telas [acessado em 5 Jun.1996, para informações de Jan.-

Mar.1995]. Disponível em http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm

Teses

11.Waldman EA. Vigilância epidemiológica como prática de saúde pública [Tese de

Doutorado]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 1991.

Tabelas e figuras

As tabelas e figuras (gráficos, quadros, fotografias, desenhos, fluxogramas, organogramas

etc.), cada uma delas disposta em folha separada e numerada em algarismos arábicos, deverão

ser agrupadas ao final da apresentação do artigo, segundo sua ordem de citação no texto. Seu

título, além da concisão, deverá evitar o uso de abreviaturas ou siglas; quando estas forem

indispensáveis, serão traduzidas em legendas ao pé da própria tabela ou figura.

Uso de siglas

Siglas ou acrônimos com até três letras deverão ser escritos com todas as letras maiúsculas

(Ex: DOU; USP; OMS). Em sua primeira aparição no texto, acrônimos desconhecidos

Page 126: INTERNAÇÃO DOMICILIAR E CUIDADOS PALIATIVOS PARA …

126

deverão ser escritos por extenso e acompanhados da respectiva sigla entre parênteses. As

siglas e abreviaturas compostas por consoantes, exclusivamente, serão escritas em letras

maiúsculas. Siglas com quatro letras ou mais serão escritas com todas as letras maiúsculas, se

cada uma de suas letras for pronunciada separadamente (Ex: BNDES; INSS; IBGE). Siglas

com quatro letras ou mais que formarem uma palavra, ou seja, que incluírem vogais e

consoantes, serão escritas apenas com a inicial maiúscula (Ex: Sebrae; Camex; Funasa,

Vigisus, Datasus, Sinan). Siglas que incluírem letras maiúsculas e minúsculas originalmente,

como forma de diferenciação, serão escritas como foram criadas (Ex: MTb; CNPq; UnB).

Para siglas estrangeiras, recomenda-se a designação correspondente em português, se a forma

traduzida for largamente aceita; ou sua utilização na forma original, se não houver

correspondência em português, ainda que o nome por extenso em português não corresponda

à sigla. (Ex: OIT = Organização Internacional do Trabalho; UNESCO = Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura; MRPII = Manufacturing Resource

Planning). Entretanto, algumas siglas, por força da sua divulgação nos meios de comunicação,

acabaram por assumir um sentido além da representação da sigla; é o caso, por exemplo, de

AIDS = Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, sobre a qual o Conselho Nacional de Aids,

do Ministério da Saúde, decidiu recomendar, dada a vulgarização da sigla original, que os

documentos do Ministério reproduzissem-na como se tratasse do nome da doença, aids, em

letras minúsculas portanto. (Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Manual de editoração e

produção visual da Fundação Nacional de Saúde. Brasília: Funasa, 2004. 272p.)

Análise e aceitação dos trabalhos

Os trabalhos serão submetidos à revisão de pelo menos dois pareceristas externos (revisão por

pares) e serão aceitos para publicação desde que aprovados, finalmente, pelo Comitê Editorial

da Epidemiologia e Serviços de Saúde. Endereço para correspondência: Coordenação-Geral

de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços Epidemiologia e Serviços de Saúde:

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revista do Sistema Único de Saúde do Brasil SEPN, Av. W3 Norte, Quadra 511, Bloco C,

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