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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SANTA MARIA DA FEIRA 1/3 Grupo Municipal do Partido Socialista de Santa Maria da Feira . [email protected] Facebook/gm.ps.feira INTERVENÇÃO CONCESSÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO DE SANTA MARIA DA FEIRA O PS teve razão quando nas reuniões de Câmara realizadas nos dias 1 e 7 Abril de 1997 se recusou a participar na decisão da “empresarialização” da água e saneamento porque entendia que tal decisão deveria ser referendada pelos feirenses, permitindo a sua participação na decisão, atendendo ao que seguidamente se apresenta e consta das atas das referidas reuniões: 1. Que a empresarialização iria ditar um modelo com a duração de 35 anos ( à data) com investimento de milhões (a maior obra de sempre do Município de Santa Maria da Feira) e com impactos nos custos que teríamos de suportar; 2. Que não foram estudadas outras alternativas ao modelo de concessão apresentado que pudessem resultar num custo final menos oneroso para o município e para os feirenses. “Todas as sugestões e afloramentos no sentido de serem estudadas outras alternativas, outros modelos, outra calendarização do ritmo de concretização de obras foram desaproveitadas…concluindo-se que as reuniões existentes para discutir a matéria não visaram alargar a discussão, colher opiniões, mas apenas se tratavam de operações de marketing e cosmética” (acta 7/4). Infelizmente os factos deram-nos razão, o que justificou todos os pagamentos de reequilíbrios financeiros com vantagens apenas para a INDAQUA e prejuízo para o Município e para todos os feirenses consumidores. E se dúvidas houvessem foram completamente retiradas com a auditoria realizada pelo Tribunal de Contas. Na verdade o extenso relatório mostra-se particularmente demolidor em relação à concessão da água do nosso concelho à INDAQUA.

Intervenção: Concessão de Água e Saneamento de Santa Maria da Feira

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Na sessão de Abril de 2014, o GM/PS interveio fazendo valer a sua opinião e postura sobre a concessão em causa desde 1997.

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INTERVENÇÃO CONCESSÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO DE SANTA MARIA DA

FEIRA

O PS teve razão quando nas reuniões de Câmara realizadas nos dias 1 e 7 Abril de

1997 se recusou a participar na decisão da “empresarialização” da água e

saneamento porque entendia que tal decisão deveria ser referendada pelos

feirenses, permitindo a sua participação na decisão, atendendo ao que

seguidamente se apresenta e consta das atas das referidas reuniões:

1. Que a empresarialização iria ditar um modelo com a duração de 35 anos ( à

data) com investimento de milhões (a maior obra de sempre do Município de

Santa Maria da Feira) e com impactos nos custos que teríamos de suportar;

2. Que não foram estudadas outras alternativas ao modelo de concessão

apresentado que pudessem resultar num custo final menos oneroso para o

município e para os feirenses. “Todas as sugestões e afloramentos no sentido

de serem estudadas outras alternativas, outros modelos, outra calendarização

do ritmo de concretização de obras foram desaproveitadas…concluindo-se que

as reuniões existentes para discutir a matéria não visaram alargar a discussão,

colher opiniões, mas apenas se tratavam de operações de marketing e

cosmética” (acta 7/4).

Infelizmente os factos deram-nos razão, o que justificou todos os pagamentos de

reequilíbrios financeiros com vantagens apenas para a INDAQUA e prejuízo para o

Município e para todos os feirenses consumidores.

E se dúvidas houvessem foram completamente retiradas com a auditoria realizada

pelo Tribunal de Contas. Na verdade o extenso relatório mostra-se particularmente

demolidor em relação à concessão da água do nosso concelho à INDAQUA.

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Relativamente à segunda revisão em 2006, no relatório afirma-se que «não existe

um estudo que fundamente um prazo adicional de 15 anos de receitas

para a concessionaria» (ponto 1494) . O relatório resultante da auditoria

critica a Câmara quando escreve que «As projecções constantes do estudo de

viabilidade económica e financeira para a concessão, apesar de terem

sido validadas pelos técnicos do município, em articulação com as

assessorias jurídicas contratadas, foram demasiado optimistas e

revelaram-se desfasadas da actividade real da concessão» (ponto 1486).

Aliás, no relatório existe uma censura às pressões inaceitáveis que INDAQUA tem

feito sobre o município no processo de negociação, quando é dito que: «os

eventos reclamados pela [INDAQUA] para efeitos de reequilíbrio

económico e financeiro são inaceitáveis […] quer dentro do actual quadro

jurídico, quer em termos do próprio contrato de concessão» ( ponto 1487).

Contudo e apesar de todas estes reequilíbrios financeiros com vantagens para a

INDAQUA e prejuízos para os consumidores, o relatório refere que a concessão é

insatisfatória nos seguintes indicadores:[…] água não facturada […]

[deficiente] reabilitação das condutas; [deficiente] reabilitação de ramais

[…] cobertura do serviço» (ponto n 158 do Relatório), ou seja: apesar do

contrato ser económica e financeiramente desequilibrado, a concessão ainda assim

apresenta muitas debilidades, quase todas elas resultantes de falta de investimento

da concessionária.

Existe um processo de renegociação em curso nomeadamente para ajustamento

dos prazo de concessão á lei de 50 anos para 30 e redução da TIR ( taxa de

rendibilidade Interna – lucro) dos atuais 10.3 % para menos de 10%. No entanto

para nós tal não pode significar mais um inaceitável aumento de taxas e tarifas

para os consumidores como tem acontecido até aqui, até porque como é defendido

pelo Tribunal de Contas no seu relatório: «No actual processo de

Renegociação do Equilíbrio Financeiro da concessão [Feira] os riscos

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financeiros associados às actividades de financiamento deverão recair

sob a esfera da concessionária, sem o direito, por parte desta, a qualquer

compensação financeira do parceiro público [Câmara] ou à revisão da

trajectória tarifária» (Ponto nº 1488 do relatório). Acrescentado ainda que: «As

expectativas de remuneração inicial dos accionistas da concessionaria

devem ser revistas em baixa, em face das alterações de circunstâncias e

por razões fundamentadas de interesse público, em consonância com as

linhas de orientação prosseguidas ao nível das PPP/concessões

promovidas pela Administração Central e com o actual contexto

económico de esforço e sacrifício nacional de consolidação de contas

públicas» (Ponto nº 1492 do relatório).

No entanto, não podemos atalhar um mal com outro maior, com a revogação do

contrato de concessão, como proposto pelo BE, sem medirmos se esta solução não

sairá muito mais cara aos do costume, que somos todos nós consumidores. Apenas

quando tivermos em face de um estudo que meça os custos e benefícios dessa

decisão estaremos em condições de discutir essa decisão.

Santa Maria da Feira, 30-04-2014

A Líder do GM/PS

Margarida Gariso