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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Fisioterapia
Barbara Eduarda Berthelli Cabbaz
Valdirene Trisch Melo
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM
PACIENTES PORTADORES DE ENXAQUECA
Lins – SP
2016
Barbara Eduarda Berthelli Cabbaz
Valdirene Trisch Melo
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE
ENXAQUECA
Trabalho de Conclusão de curso apresentado a Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Fisioterapia, sob a orientação do Profº Me Marco Aurélio Gabanela Schiavon e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS - SP
2016
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE
ENXAQUECA
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do titulo de Fisioterapeuta.
Aprovada em: __/__/____
Banca Examinadora:
Profº Orientador: Marco Aurélio Gabanela Schiavon
Titulação: Mestre em ensino em saúde pela Famema
Assinatura: ___________________________________________
1º Prof (a): ______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: ___________________________________________
2º Prof (a): ______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: ___________________________________________
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado saúde e muita força para
continuar, ter por mantido a mim e a minha querida família firmes para nunca
desistir, mesmo com tantos obstáculos nesta jornada, hoje posso dizer com total certeza
que vencemos, vencemos família, mãe, vó, irmã e padrasto, que hoje carinhosamente te
digo: pai você sim foi o meu pai presente, que nesses cincos anos abriu mão de tantas
coisas, tantos sonhos por mim.
Hoje posso dizer que tudo valeu a pena, me manter firme na oportunidade que me
deram de hoje ser uma fisioterapeuta. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que
vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (provérbios 4:18), se estamos caminhando
com Deus podemos ter certeza de que Ele mesmo iluminará a nossa vida. Se a vida esta
dando mil motivos para desanimar, não chute o balde, pois o Senhor ainda esta conosco.
Muito mais que me tornar uma pessoa agradecida, os anos que se passaram me
fizeram ser alguém melhor, e conquistar amigos que espero manter sempre muito perto.
Tenho muita admiração pelos profissionais que todos se tornaram.
Quero agradecer especialmente a minha amiga Paula Arrotheia, que sempre esteve
ao meu lado me apoiando em todas as horas. Paula obrigada por me suportar todos esses
anos, fazendo de mim uma pessoa melhor e espero ter sempre a sua amizade.
Minha eterna gratidão a todos vocês.
Bárbara Eduarda Berthelli Cabbaz
AGRADECIMENTOS
Senhor desta vez não quero pedir, estou aqui somente para agradecer por tudo que
me proporcionou!
Obrigada por ser meu amigo fiel, estando sempre ao meu lado em todas as horas.
Foram cinco anos de alegrias, lutas, de barreiras que considerei indestrutíveis, mas que com
a sua mão me aparentando consegui superar, mas acima de tudo foram anos de muito
aprendizado.
Senhor só quero lhe dizer o quanto sou grata pelo seu amor e lhe falar que por mais
que eu não demonstre o meu amor muitas vezes, eu amo o Senhor mais que tudo.
Obrigada Deus por todas as minhas conquistas, pois sei que se não tivesse sob suas
bênçãos nada seria capaz.
Não tenho nem palavras para agradecer o presente que o Senhor me deu como esposo.
Meu amor, meu parceiro de todas as horas, sejam elas boas ou ruins, amigo, companheiro,
confidente, que muito me ajudou e me entendeu em todos esses anos e tenho certeza que por
muitos e muitos que ainda estão por vir pela frente.
Quero agradecer também as pessoas que me foram enviadas para me ensinar muito
no decorrer da minha vida.
Obrigada Cristo por abençoar minhas mãos, para que na minha profissão de
fisioterapeuta eu possa com elas tirar as dores dos meus pacientes, obrigada por abençoar os
meus ouvidos para que eu possa sempre ouvir quem precisa de atenção, obrigada pela
possibilidade de falar para que eu sempre possa dar uma palavra de conforta aos que dela
necessitam.
Sobre as dificuldades que passei, sei que muitas vezes eu não quis entender, sei
também que me ajudou em todas elas, foram através delas que me tornei uma pessoa melhor.
Obrigada Pai por me ajudar sempre, me amparando e consolando.
Sei que muitas vezes me esqueço de agradecer pelas conquistas diárias, talvez por
cansaço, talvez por distração, mas peço desculpas de todo o coração.
Obrigada Jesus Cristo por tudo, pela vida que me deste, por meus pais, pela força e
garra que tenho, pela família que me ama, te agradeço por saber que sou sua filha e que
sempre cuidarás de mim.
Amém!
Valdirene Trisch Melo
RESUMO
A enxaqueca ou migrânea é um dos tipos mais frequentes de dor de cabeça, fonte de muitos estudos por ocasionar uma série de comportamentos de evitamento que desencadeiam consequências sociais, físicas e psicológicas nos indivíduos afetados. Evidências indicam que a enxaqueca é uma doença neurológica que tem origem na intimidade do sistema nervoso, com bases genéticas, porém sua fisiopatologia ainda é considerada mal compreendida. Pode-se dizer que as maiores causas da migrânea que acomete indivíduos hoje, com maior frequência, ocorrem devido ao estresse e a vida agitada. O objetivo desse estudo foi verificar a eficácia da intervenção fisioterapêutica em portadores de enxaqueca, para isso foi utilizado à aplicação de um protocolo elaborado que inclui: respiração diafragmática, terapia manual e alongamento, além disso, houve ainda utilização de dois tipos de questionários, o de triagem e o HIT-6 (Headache Impact Test – versão 6) aplicado antes e após o final das sessões para análise do impacto da dor de cabeça no intervalo de 30 dias. Também foi utilizada a NRS (Escala de Estimativa Numérica) para quantificar a dor dos pacientes numa escala de 0 a 10, sendo as informações colhidas na primeira, quarta e oitava sessão. Foram recrutadas dez pessoas do sexo feminino, devido ao índice de prevalência ser maior entre as mulheres, sendo que das quais, após seleção por questionário, somente quatro se enquadravam nos parâmetros determinados. O estudo mostrou que a eficácia do tratamento não é de caráter rápido, sendo levado em consideração que em apenas quatro sessões pode-se observar na NRS o valor p=0,14 para a melhora da dor e em oito sessões os resultados mostraram um p=0,001 o que mostra que o tratamento proposto foi eficaz considerando para análise do efeito de significância foi utilizado o valor de p≤0,05. O protocolo de tratamento fisioterapêutico teve eficácia para a melhora do quadro da dor e consequentemente benefícios na qualidade da vida social, psicológica e mental nas portadoras de enxaqueca participantes do estudo com grande significância dentro do proposto.
Palavras Chave: Fisioterapia. Enxaqueca. Migrânea. Tratamento.
ABSTRACT
Migraine or migraine is one of the most frequent types of headache, the source of many studies because it causes a series of avoidance behaviors that trigger social, physical and psychological consequences in affected individuals. Evidence indicates that migraine is a neurological disease that originates in the intimacy of the nervous system, with genetic basis, but its pathophysiology is still considered poorly understood. It can be said that the major causes of migraine that affect individuals today, more often, occur due to stress and hectic life. The objective of this study was to verify the efficacy of the physiotherapeutic intervention in migraine patients, for this it was used to the application of an elaborated protocol that includes: diaphragmatic breathing, manual therapy and stretching, in addition, there were also two types of questionnaires, the screening and HIT-6 (Headache Impact Test - version 6) applied before and after the end of sessions to analyze the impact of headache within 30 days. The NRS (Number Estimation Scale) was also used to quantify patients' pain on a scale of 0 to 10, and information was collected at the first, fourth and eighth sessions. Ten female participants were recruited, due to a higher prevalence rate among women, of which, after selecting by questionnaire, only four fit the parameters. The study showed that the efficacy of the treatment is not of a rapid character considering that in only four sessions can be observed in the NRS scale the value p = 0.14 for the improvement of pain and in eight sessions the results showed a P = 0.001, which shows that the proposed treatment was effective considering that the value of p≤0.05. Was used for the analysis of the effect of significance. The protocol of physical therapy treatment was effective for the improvement of the pain picture and consequently benefits in quality of life Social, psychological and mental impairment in the migraine carriers participating in the study with great significance within the proposed study.
Keywords: Physiotherapy. Migraine. Migranea. Treatment.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- comparativo da voluntária 1 pré e pós atendimento ............................... 31
Quadro 2- comparativo da voluntária 2 pré e pós atendimento ................................ 31
Quadro 3- comparativo da voluntária 3 pré e pós atendimento ................................ 32
Quadro 4- comparativo da voluntária 4 pré e pós atendimento ................................ 32
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Escala de Estimativa Numérica (NRS) ..................................................... 30
Tabela 2- comparativo de pontos obtidos com as respostas adquiridas do
questionário hit-6 nas pacientes voluntárias do estudo, respondido antes e após
o tratamento fisioterapêutico ..................................................................................... 33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADM: Amplitude de movimento
HIS: The International Headache Society
HIT-6: Headache Impact Test – versão 6
ICHD: Classificação internacional de cefaleias
ICHD-3 Beta: The International Classification of Headache Disorders - 3 Beta
NRS: Numeric Rating Scale
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
CONCEITOS PRELIMINARES ................................................................................. 14
1 Enxaqueca ....................................................................................................... 14
1.1 Incidências da enxaqueca ................................................................................ 15
1.1.1 Quadro clínico .................................................................................................. 15
1.1.1.1 Diagnóstico ................................................................................................... 16
1.2 Estratégias de tratamento ................................................................................ 17
1.2.1 Treinamento respiratório do diafragma ............................................................ 17
1.2.2 Alongamento passivo dos músculos do pescoço ............................................. 18
1.2.3 Compressão digital em pontos de gatilho muscular ......................................... 21
1.2.4 Massoterapia e liberação miofascial ................................................................ 23
1.2.5 Mobilizações e tração de cervical .................................................................... 24
O EXPERIMENTO .................................................................................................... 25
2 Metodologia do trabalho................................................................................... 25
2.1 Recrutamento .................................................................................................. 26
2.1.2 Instrumentos e procedimentos ......................................................................... 26
2.1.3 Descrições gerais dos questionários .............................................................. 26
2.1.3.1 Questionário de recrutamento ....................................................................... 27
2.1.3.2 Questionário pré e pós atendimento ............................................................. 27
2.1.4 Escala visual analógica .................................................................................... 29
2.2 Resultados ....................................................................................................... 30
2.2.1 NRS ................................................................................................................. 30
2.2.2 HIT-6 ................................................................................................................ 31
2.3 Discussão ........................................................................................................ 33
2.4 Conclusões ...................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 36
APÊNDICES - ........................................................................................................... 39
ANEXOS -................................................................................................................. 42
11
INTRODUÇÃO
Têm-se relatos a mais de dois mil anos do mal da enxaqueca estar
presente em todas as gerações do homem moderno, no entanto, é de
consentimento tanto pelas pessoas leigas quanto pelos profissionais da área
da saúde que pouco se sabe sobre a enxaqueca e que menos ainda se sabe
sobre o que fazer em relação a esta doença. Somente em 1970 foi criada a
primeira clinica na cidade de Londres onde se era destinado exclusivamente ao
tratamento de enxaqueca. (SACKS,1996).
Conforme Vincent (1998), o grau de importância das cefaleias tem
aumentado quando comparados aos grandes temas neurológicos por ter uma
prevalência elevada com consequências para o bem estar do indivíduo e a
produtividade que ele vem a exercer em empresas, comunidades e nações.
De acordo com Sacks (1996), a enxaqueca afeta uma significativa
minoria da população, ocorrendo em todo o mundo e tem sido examinada
desde os primórdios da história escrita. Ter a enxaqueca como um fato
cotidiano é frequente na vida de milhões de enxaquecosos anônimos que
sofrem na sua vida pessoal e em silêncio, fato esse que pode vir a ser um
tormento ou um incentivo.
Poucas pessoas sabem, mas existe mais de 150 tipos de dores de
cabeça descrito em Headache Classification Committee of the International
Headache Society, entre elas esta a enxaqueca ou migrânea. (IHS, 2016)
Conforme Sacks (1996), é verdade que a enxaqueca é descrita em
alguns livros didáticos de medicina, mais comum nos de neurologia, mas em
geral é descrito muito sucintamente. Muitas vezes relacionadas à cefaleia
deixando a enxaqueca descrita como mais uma forma de dor de cabeça.
Conforme Clay e Pounds (2003), a técnica de respiração diafragmática
tem por benefícios a estabilização do sistema nervoso, diminuição da pressão
arterial, aumento da função pulmonar, do sistema de imunidade, fluxo de
sangue e linfa, melhora da digestão, da qualidade e padrão do sono e aumento
do bem estar biopsicossocial e qualidade de vida.
Norteando o trabalho faz-se necessária a apresentação da seguinte
pergunta problema: Terapia manual, manobras de alongamento e tração de
12
cervical, realizados duas vezes por semana nos pacientes portadores de
enxaqueca tensional diminuem a duração e a frequência das crises de
enxaqueca? Com essa pergunta problema e como hipótese descreveu-se que
a fisioterapia com suas técnicas manuais (alongamentos e tração cervical) têm
sim condições de tratar um paciente com enxaqueca com a possibilidade de
diminuir as crises e sua duração.
Os objetivos específicos desse trabalho foram: recrutar pessoas que se
enquadram no diagnóstico de enxaqueca e realizar a intervenção
fisioterapêutica com técnicas de terapia manual, manobras de alongamento e
tração de cervical.
O questionário de triagem foi elaborado com base nos critérios
estabelecidos pela The International Headache Society (IHS), a sociedade
internacional de cefaleia que estabelece os requisitos para diagnóstico de
enxaqueca para adultos. Foi ainda incluída uma questão que se relacionava a
possível dor na nuca para diagnóstico de rigidez muscular por tensão e/ou
estresse.
A existência de mais de cinco crises de dor que duram entre quatro a
setenta e duas horas, com critérios de localização, intensidade de dor e
presença mínima de dois fatores como náuseas, vômitos, fonofobia e fotofobia
são os pré-requisitos para o diagnóstico de enxaqueca. (HEADACHE
CLASSIFICATION SUBCOMMITTEE OF THE INTERNATIONAL HEADACHE
SOCIETY, 2004).
Em relação à Fonofobia, Fotofobia, náuseas e vômito foram estipulados
o mínimo de dois desses fatores para inclusão no projeto.
A localização da dor em quadros álgicos de enxaqueca é sempre
unilateral, podendo ser em algumas vezes do lado esquerdo e outros do lado
direito alternadamente, o paciente sente dor de moderado a severa do tipo
pulsátil, que pode ser descrito como uma dor latejante relatada por algumas
pessoas como que se o coração estivesse batendo na cabeça. (SACKS, 1996).
Outros dois fatores que também se encontram no questionário de
triagem é a interferência da dor na prática de exercícios físicos durante a crise
de enxaqueca e a presença de dor na nuca, que pode ter relação à presença
de estresse, que foi estipulado à resposta sim como pré-requisito para inclusão
da pesquisa.
13
O HIT-6 questionário de impacto da dor de cabeça é utilizado neste
estudo antes do início da aplicação das sessões e após a oitava sessão. Com
este método poderemos quantificar e qualificar se ocorreu ou não melhora no
quadro de enxaqueca das voluntárias. Ele é composto por seis questões que
tem como resposta as seguintes: nunca, raramente, às vezes, com muita
frequência e sempre. O respondente é instruído a assinalar apenas uma
alternativa.
O HIT-6 também mede a incapacidade causada pelas dores de cabeça,
porém em um período de 30 dias. Ele está disponível em 22 idiomas, incluindo
o português, e é composto por 6 questões que avaliam a gravidade da dor de
cabeça e a frequência em que essa dor promove cansaço, alterações
cognitivas e de humor e limitações na capacidade laboral e realização de
atividades sociais (KOSINSKI et al., 2001; COSTA, 2007).
Outro método utilizado foi a Escala de Estimativa Numérica (NRS) que
segundo Rigotti e Ferreira (2005) é uma escala onde o paciente é instruído a
selecionar um numero de 0 (zero) a 10 (dez), que melhor representa sua dor no
momento, onde zero representa “nenhuma dor” e 10 indica “a pior dor
imaginável”.
Conforme Gonçalves et al. (2012), técnicas de terapia manual como
massagem, alongamento e compressão progressiva podem beneficiar
pacientes com enxaqueca. Essas técnicas alteram o fluxo sanguíneo pela
mobilização de tecidos superficiais com relação a estruturas mais profundas
gerando então um alivio na tensão muscular.
Foi realizado um protocolo com técnicas que incluíam terapias manuais,
alongamento e tração de cervical com duração de quatro semanas, sendo dois
atendimentos semanais totalizando oito sessões.
O trabalho foi dividido em conceitos preliminares, onde serão
apresentadas as informações básicas do referencial teórico com relação à
enxaqueca e as principais modalidades de tratamento, seguido pela descrição
da metodologia da pesquisa e consequentemente os resultados, discussão e
conclusão.
CONCEITOS PRELIMINARES
14
1 Enxaqueca
Vincent (1998) relata que ainda é completamente desconhecido o
mecanismo fisiopatológico da enxaqueca, com muitas hipóteses, mecanismos
e causas relacionadas, tais como alimentos, alergias, alterações sistêmicas,
desordens plaquetárias, menstrual, ou origem psicogênica. Evidências indicam
que a enxaqueca é uma doença neurológica que tem origem na intimidade do
sistema nervoso, com bases genéticas.
Puccini e Bresolin (2003) descrevem a enxaqueca ou migrânea com
características de manifestação álgica de moderada/forte intensidade,
frequentemente interferindo nas atividades cotidianas, podendo ser
acompanhada por sintomas gastrointestinais (náuseas e vômitos), fotofobia,
fonofobia e, ocasionalmente, por manifestações neurológicas transitórias como,
por exemplo, perda parcial ou total de visão em um ou em ambos os olhos,
paresia e ataxia, estas que caracterizam a aura.
Segundo Martins et al. (2010), os pacientes com enxaqueca tem que
tomar decisões acerca de empregos, vem a evitar situações sociais ou festas
em que possam desencadear crises, o que indica que a enxaqueca diminui
significativamente a qualidade de vida não somente durante os ataques, como
também em períodos Intercríticos, quando a ansiedade, medo e incerteza
contribuem para que ocorra uma constante retirada dos contatos sociais
evitando saídas do lar do indivíduo.
Morais e Benseñor (2009) classificam a migrânea como uma cefaleia
primária, pois a dor por si só é o sintoma principal. Essa dor acarreta, além do
sofrimento individual, prejuízo social, econômico de custo direto (como com
atendimento médico e com medicamentos) e indireto (redução de produtividade
e faltas ao trabalho).
Conforme Gonçalves et al. (2012) os limiares reduzidos de dor a pressão
e presença de pontos gatilhos musculares são frequentes em pacientes com
enxaqueca e a fisioterapia costuma ser útil para esses pacientes.
1.1 Incidências da enxaqueca
15
Segundo Kansaon (apud SANTOS, 2014), a enxaqueca acomete
principalmente mulheres, que se queixam de dores unilaterais da cabeça. A
intensidade vai de moderada a intensa; o caráter pode ser pulsátil, na maioria a
dor se inicia na região occipital e cervical, irradiando-se anteriormente no
mesmo lado. Náuseas e vômitos, fonofobia e fotofobia podem ocorrer, os
ataques são provocados por movimentação do pescoço ou digito pressão.
De acordo com Vincent (1997), a enxaqueca, quando acompanhada da
presença de aura, tem influência genética, talvez autossômica recessiva, onde
o estudo com gêmeos tem confirmado a importância da influência genética na
enxaqueca.
Conforme Morais e Benseñor (2009), a enxaqueca é uma doença
neurológica crônica que acomete estimativamente 15% da população em geral
e provoca um grande impacto socioeconômico e consequências na qualidade
de vida do indivíduo.
1.1.1 Quadro clínico
Sacks (1996) descreve a dor de cabeça de enxaqueca como uma dor
violenta e latejante em uma têmpora. Ela não é específica em apenas um local,
uma qualidade ou intensidade constante. Pois é encontrado todas as
variedades e fórmulas de dor de cabeça no contexto da enxaqueca. Pode-se
afirmar que na maioria das vezes a dor de cabeça de enxaqueca é unilateral no
início, embora pode se alastrar em sua distribuição com o avanço do acesso.
Em geral um dos lados será afetado preferencialmente, em alguns pacientes
podendo apresentar a dor alternando entre o lado esquerdo e o direito ao longo
da vida do indivíduo.
Os principais sintomas que a enxaqueca apresenta são dores de cabeça
e náuseas. Juntamente, pode haver uma grande variedade de outros sintomas
importantes, junto a pequenos desarranjos e alterações fisiológicas que
passam a ser inexistentes ou despercebidas pelo paciente. Segundo Reymond
(apud SACKS, 1996), “uma sensação generalizada de desordem”, pode ser
percebido fisicamente ou emocionalmente prejudicando e causando frustações
para o paciente.
16
Conforme Sacks (1996), a qualidade da cefaléia na enxaqueca é de
mesmo modo variável. O latejo acontece em menos da metade dos casos,
assim se consegue caracterizar a dor de cabeça no seu início. Quando
acontece o latejo, é sincronizado com a pulsação arterial, podendo ser
acompanhado de pulsação visível das artérias extracranianas.
Vincent (1998) relata que a enxaqueca não é caracterizada pela
presença da dor de cabeça, mas pela susceptibilidade constante que tem um
indivíduo com enxaqueca onde o mesmo permanece sujeito a ter uma crise,
mediante os fatores desencadeantes. Para que o fator provocador possa vir a
motivar uma crise (que nem sempre é obrigatório que o faça), é necessária a
pré-existência da susceptibilidade enxaquecosa comum a todos os doentes.
De acordo com Martins et al. (2010), quando pacientes com enxaqueca
são comparados a outros tipos de pacientes com condições crônicas como por
exemplo osteoartrose, depressão ou diabetes melittus, os enxaquecosos
obtiveram os piores escores de qualidade de vida, juntamente com os
portadores de depressão.
1.1.1.1 Diagnóstico
O diagnóstico de enxaqueca para adultos prevê a ocorrência de mais de
cinco crises, com duração entre quatro e setenta duas horas, e de duas horas
para os menores de quinze anos, além de critérios relativos à localização,
intensidade da dor e presença de náuseas ou vômitos, fotofobia e fonofobia. A
enxaqueca ainda pode ser classificada em enxaqueca com ou sem aura.
(HEADACHE CLASSIFICATION SUBCOMMITTEE OF THE INTERNATIONAL
HEADACHE SOCIETY, 2004).
De acordo com Clay e Pounds (2003), a observação clínica confirma que
muitas das cefaleias originam-se em pontos-gatilho dos músculos cervicais.
Elas podem ser amenizadas em frequência e intensidade, quando da
eliminação total ou parcial dos pontos-gatilhos.
Devido à cabeça ser bem pesada Clay e Pounds (2003), destaca a
importância da mobilidade da cabeça para a utilização dos sentidos
(principalmente da visão), os músculos da cervical, são numerosos e na sua
maioria espessas e fortes, todos suscetíveis a dor e à disfunção.
17
De acordo com Martins et al. (2010), um estudo neuropsicológico sobre
migrânea foi constatado que pessoas com enxaqueca tem tendência a
apresentarem um pior desempenho em tarefas que exigem habilidades de
memoria verbal, velocidades de processamento visio-motor e função de
execução rápida, quando comparados a pessoas sem migrânea.
De acordo com Gonçalves et al. (2012), a palpação de pontos de gatilho
costumam iniciar ou piorar as cefaleias. Pacientes com migrânea costumam
apresentar limiares mais baixos de dor a pressão nos músculos craniocervicais,
além da posição da cabeça projetada para frente, sobretudo também
costumam ter vários pontos gatilhos miofasciais ativos na região craniocervical.
1.2 Estratégias de tratamento
Krymchantowski (apud MARTINS et al. 2010) relata que o tratamento
agudo da enxaqueca tem como objetivo restaurar a função normal do paciente
de forma rápida, eficiente e consistente, também levando em conta o alivio ou
eliminação da dor e seus sintomas associados para então permitir um alivio
sustentado da crise e evitar seu retorno antes de 24 horas do tratamento.
Conforme Gonçalves et Al. (2012), técnicas de terapia manual como
massagem, alongamento e compressão progressiva podem beneficiar
pacientes com enxaqueca. Essas técnicas alteram o fluxo sanguíneo pela
mobilização de tecidos superficiais com relação a estruturas mais profundas
gerando então um alívio na tensão muscular e consequentemente uma
melhora na dor.
1.2.1 Treinamento respiratório do diafragma
Segundo Bevilaqua-Grossi et al. (2015), a técnica de treinamento
respiratório diafragmático liso deve ter duração de quinze minutos para
relaxamento, com movimentos suaves realizados pelo paciente, onde o mesmo
deve puxar para baixo suas costelas superiores ao realizar a expiração.
Kisner e Colby (2009) descrevem a respiração como um termo geral
usado para as trocas gasosas dentro do corpo, e define a ventilação, no que se
refere ao sistema respiratório, como a troca maciça de ar para dentro e para
18
fora do corpo durante a inspiração e a expiração. Por se tratar de um processo
cíclico exige com que os movimentos dos músculos ventilatórios e movimento
da caixa torácica e estrutura sejam coordenados.
Conforme Clay e Pounds (2003), a respiração diafragmática deve ser
ensinado ao paciente, onde o mesmo deve sentir a expansão da parte inferior
da caixa torácica e do abdome.
Segundo Kisner e Colby (2009), quando o diafragma esta exercendo
verdadeiramente seu papel de músculo primário da inspiração, a ventilação é
eficiente e o consumo de oxigênio dos músculos da respiração é baixo durante
a respiração relaxada. O diafragma em geral controla a respiração no nível
involuntário, embora possa ser realizada de forma consciente pelo paciente
após ser ensinado a forma de como realizar.
Conforme Alves, Coelho e Brunette (2005), a respiração diafragmática
tem o objetivo de diminuir a dispneia, pois aumenta a eficiência dos músculos
respiratórios.
De acordo com Kisner e Colby (2009), as técnicas de respiração
controlada, com ênfase na respiração diafragmática, são elaboradas para
melhorar a eficiência da ventilação, diminuir o trabalho da respiração, aumentar
o movimento do diafragma, melhorar a troca gasosa e a oxigenação, promover
o relaxamento e aliviar o estresse.
1.2.2 Alongamento passivo dos músculos do pescoço
Segundo Kisner e Colby (2009), alongamento é uma definição para
descrever qualquer manobra fisioterapêutica elaborada para aumentar a
extensibilidade dos tecidos moles fazendo com que melhore a flexibilidade com
o aumento do tamanho das estruturas que, de forma a se adaptarem,
encurtaram-se e tornaram-se hipomóveis com o decorrer do tempo.
De acordo com Bevilaqua-Grossi et al. (2015), o alongamento passivo
deve ser realizado após o paciente se sentar confortavelmente em uma cadeira
com os dois pés ao solo, tornozelos, joelhos e quadris a noventa graus, costas
apoiadas ao encosto da cadeira e braços relaxados sobre os joelhos. Os
movimentos a serem realizados devem ser flexão frontal, extensão, flexão
lateral (inclinação) para a direita e para a esquerda e rotação bilateral. Todos
19
os movimentos devem ser realizados por três vezes para flexão de pescoço e
rotação associado com as direções de flexão ipsilaterais, usando uma força
moderada, dentro dos limites da dor do paciente, e mantida por trinta
segundos.
Segundo Kisner e Colby (2009), muitas intervenções terapêuticas são
elaboradas para melhorar a mobilidade dos tecidos moles, ganhar amplitude de
movimento e a flexibilidade. O alongamento passivo é uma força de
alongamento externa no final da amplitude de movimento, mantida ou
intermitente, aplicada com uma pressão adicional e por meio do contato com as
mãos em uma unidade musculotendínea encurtada e os tecidos conjuntivos
periarticulares, onde vai mover a articulação limitada um pouco além da
amplitude de movimento disponível.
De acordo com Kisner e Colby (2009), as técnicas de
mobilização/manipulação de tecidos moles têm por finalidade melhorar a
extensibilidade muscular e envolvem a aplicação de forças manuais específicas
e progressivas para realizar a mudança nas estruturas miofasciais que podem
se ligar aos tecidos moles e comprometer a mobilidade. As técnicas, incluindo
massagem transversa, liberação miofascial, acupressão e terapia em pontos-
gatilho, são elaboradas para melhorar a mobilidade dos tecidos utilizando a
manipulação e mobilização dos tecidos conjuntivos que se ligam aos tecidos
moles.
De acordo com Allsen (2001), flexibilidade pode ser alcançada com o
uso adequado de exercícios de alongamento. Esses exercícios podem afetar o
tecido muscular, ligamentos, tendões e outros que limitam o movimento
articular. As técnicas de alongamento podem ser de natureza balística
(movimento rápido, intenso) ou estática (movimento lento, sustentado).
Kisner e Colby (2009) descrevem que o corpo tem a habilidade de
mover-se livremente sem restrições e com domínio durante atividades
funcionais, mas que dependem da mobilidade passiva dos tecidos moles e do
controle neuromuscular ativo. Mobilidade esta que é fundamental para a saúde
dos tecidos do corpo. Os tecidos moles que podem se tornar restritos, e
comprometerem a mobilidade, são os músculos, estes possuem elementos
contráteis e não contráteis, e vários tipos de tecidos conjuntivos (tendões,
ligamentos, cápsulas articulares, fáscias, pele).
20
Segundo Rosa et al. (2006), o alongamento passivo representa menor
perigo de dano tecidual quando realizado, tem maior demanda energética e
consegue aliviar a tensão e a dor muscular.
O alongamento quando aplicado em tecidos moles tem como resposta a
mudança de direção, velocidade, intensidade (magnitude), duração e
frequência da força de alongamento, bem como a temperatura do tecido.
(KISNER; COLBY, 2009)
Segundo Kisner e Colby (2009), ao se realizar um alongamento nos
tecidos moles ocorrem alterações elásticas (tecido mole retorna ao seu
comprimento de repouso assim que retirada a força de alongamento), visco
elásticas (somente tecidos conjuntivos tem essa propriedade onde inicialmente
resistem à deformação, mas se a força é mantida sofrem o alongamento) e
plásticas (tecidos moles contráteis ou não, adotam um comprimento novo e
maior após a remoção da força de alongamento).
A intensidade de uma força de alongamento é determinada pela carga
colocada sobre o tecido mole para alongá-lo. Após vários estudos, há um
consenso dos pesquisadores de que o alongamento deve ser aplicado com
baixa intensidade e com uma carga leve. O alongamento de baixa intensidade
torna a manobra mais confortável para quem a recebe, minimizando a defesa
muscular voluntária ou involuntária, em comparação ao alongamento de alta
intensidade, deixando o paciente com a possibilidade de se manter relaxado ou
auxiliar na manobra de alongamento. (KISNER; COLBY, 2009)
É de importante relevância lembrar que o alongamento e exercícios de
ADM (amplitude de movimento) não são termos sinônimos. O alongamento
leva as estruturas de tecidos moles além do seu comprimento disponível para
aumentar a ADM, já os exercícios de ADM permanecem dentro dos limites de
extensibilidade do tecido para manter o comprimento do tecido. (KISNER;
COLBY, 2009)
Segundo Kisner e Colby (2009), em um alongamento manual deve-se
exercer uma força externa em um determinado segmento levemente além do
ponto de resistência do tecido e da ADM disponível. O fisioterapeuta tem o
controle, quando este alongamento é realizado de forma passiva, sobre a
direção, velocidade, intensidade e a duração do alongamento.
21
1.2.3 Compressão digital em pontos de gatilho muscular
Os dois médicos que mais pesquisaram a respeito de ponto-gatilho,
dando uma grande contribuição na compreensão a respeito dos mesmos,
foram Janet Travell e David Simons. Em 1992 Simons relacionou o ponto-
gatilho à ausência significativa de oxigênio no centro do mesmo, Travell
confere a permanência e aumento do ponto-gatilho a vários fatores: deficiência
nutricional de vitaminas C, complexo B e ferro, desiquilíbrio hormonal (período
pré-menstrual, tiroide baixa e/ou menopausa), infecções (bactéria, fungo e
vírus), alergias (principalmente a lácteos e trigo) e baixa oxigenação dos
tecidos que são agravadas por tensão, estresse, inatividade e respiração
insatisfatória. (CHAITOW, 2001)
Segundo Bevilaqua-Grossi et al. (2015), a compressão digital deve durar
90 segundos em pontos-gatilhos identificados, devendo ter como limite a
compressão de oito pontos-gatilhos dos músculos craniocervical por sessão.
Dentro do ponto-gatilho, em seu núcleo, esta um fuso muscular
problemático. Imagine um fuso como um filamento de fios em um suéter
tricotado, após um aumento de temperatura no ponto-gatilho ocorre uma crise
metabólica fazendo que ocorra um encurtamento no sarcômero, que é uma
parte minúscula do músculo, como se fosse puxado um fio do suéter imaginado
anteriormente, e isto provoca uma redução do suprimento de oxigênio e
nutrientes para o ponto-gatilho. (SIMONS apud CHAITOW, 2001).
Simons apud Chaitow (2001) descreve que durante o processo descrito
anteriormente, há um afluxo de cálcio, e o fuso muscular não possui energia
suficiente para bombear e expulsar o cálcio para fora da célula, que é onde o
mesmo deveria estar. Desse modo, um círculo vicioso se estabelece,
impedindo o afrouxamento do fuso muscular e o relaxamento do músculo
afetado.
De acordo com Chaitow (2001), a maior parte dos pontos-gatilho ativos
são os da região do pescoço e do ombro, que também agem como músculos
respiratórios suplementares, particularmente os músculos escalenos. Em
situações de grande ansiedade e fadiga crônica podem surgir sintomas
secundários como dores de cabeça, pescoço, ombro e braço, tontura,
palpitações, desmaio e estresse.
22
Segundo Simons e travell (1976), um ponto gatilho é uma área
localizada de disfunção somática, que se comporta de um modo que envolve
facilitação, ou seja, esse ponto se amplifica e é afetado por qualquer forma de
estresse imposto ao indivíduo, quer seja de natureza física, química ou
emocional.
Conforme Silva e Mejia (2010), os pontos-gatilhos são classificados
como ativo quando produz dor mesmo sem compressão digital e são muito
sensíveis à palpação, também podem ser latente quando assintomático, mas
sensível à palpação, ou de caráter satélite que são os que se desenvolvem no
mesmo músculo que o ponto-gatilho primário, em músculos como dor referida
ou músculos sinergéticos, os ditos central são os localizados no centro da fibra
muscular e os de junção quando ocorre na junção musculotendinosa e/ou na
inserção óssea do músculo.
Conforme Simons e travell (1976), um ponto-gatilho pode ser percebido
à palpação como uma área rígida, localizada e dolorosa, envolvendo uma área
de referência para a qual a dor ou outros sintomas são referidos.
Para a terapia dos pontos-gatilho terem eficiência ela deve ser seguida
de exercícios de alongamento miofascial. O alongamento é diferente do
alongamento comum, ele é específico para o músculo em tratamento e precisa
de uma amplitude terapêutica estreita. (SIMONS E TRAVELL, 2005).
A sequência de aplicação sugerida por Simons e Travell (2005) para
alongamento miofascial é a seguinte: primeiramente deve-se colocar o músculo
a ser alongado em uma posição em que seja sentida tensão, no extremo da
amplitude de movimentos; durante a expiração, permita que o músculo relaxe,
de maneira que se alongue, aumentando seu comprimento; mantenha a nova
posição durante a inspiração; consiga um comprimento maior em cada
expiração sucessiva durante 20 a 45 segundos, podendo ter o ganho de 3 a 4
mm/s, permitindo que o músculo relaxe em extensão, sem esforço.
O tratamento inicial do ponto-gatilho tem que ter como finalidade o foco
de inibir a hiperatividade neurológica do mesmo, para isso, requer que o
músculo onde esta o ponto-gatilho tenha a capacidade de alcançar seu
comprimento normal de repouso, caso isso não aconteça, o ponto-gatilho se
reativará rapidamente. (TRAVELL E SIMONS apud CHAITOW, 2001).
23
1.2.4 Massoterapia e liberação miofascial
Bevilaqua-Grossi et al. (2015), descreve que a massoterapia e a
liberação miofascial deve ter duração de quinze minutos com a realização
conjunta de massagem profunda sobre os músculos craniocervicais.
O procedimento inicial para o alívio da dor com a utilização de
massoterapia é a abertura de canais, que por estarem bloqueados perdem
suas funções normais e apresentam diversos distúrbios no corpo como, por
exemplo, a dor. De forma organizada e coordenada a abertura será realizada
com o paciente deitado de forma confortável e se fará o pressionamento de
pontos na cabeça e pescoço com força eficaz. Os canais se encontram sempre
em pares, um de cada lado do corpo e os dois pontos devem ser apertados.
(SHEN, 1999)
O primeiro ponto a ser comprimido é o Zanzhu, fica localizado na
extremidade interna de cada sobrancelha, com o dedo polegar e o médio
massageie os pontos por durante 20 vezes. Após um ponto localizado entre a
linha média das orelhas no alto da cabeça, este ponto é conhecido como Baihui
pela acupuntura e deve ser massageado 20 vezes pelo polegar.
Posteriormente alise a sobrancelha da extremidade interna para a externa com
os dedos médios, com movimentos suaves e constantes por 10 vezes. (SHEN,
1999)
Segundo Shen (1999), nas têmporas (na linha entre o olho e a
extremidade superior da orelha) fica o ponto Taiyang que deve ser pressionado
e amassado por 20 vezes, assim como o Touwei (localizado na linha capilar, no
ângulo da testa), esses são os dois pontos que tem ligação direta de aplicação
com a enxaqueca. Logo após na parte posterior da cabeça, na base do crânio
na depressão da linha capilar fica o ponto Fengchi e um pouco mais
internamente e mais para baixo o ponto Tianzhu localizado meia polegada do
ponto anterior, tanto para o lado quanto para baixo, ambos devem ser
pressionados por 20 vezes. Ainda seguindo o roteiro de Shen, e para finalizar,
com as pontas dos dedos faça movimentos no couro cabeludo como que a
pentear, começando na linha capilar da testa indo em direção à parte posterior,
repetindo por 20 vezes.
24
Segundo Kisner e Colby (2009), o relaxamento muscular local pode ser
aumentado através da massagem. Em situações de estresse, ansiedade ou dor
as técnicas leves devem ser feitas durante o processo de relaxamento. A
massagem aumenta a circulação para os músculos e diminui o espasmo
muscular, vindo a auxiliar os exercícios de alongamento. Com a massagem
miofascial as forças do alongamento serão aplicadas através das fáscias ou
entre os músculos e os septos.
Conforme Silva e Mejia (2010), a massagem miofascial é qualquer tipo
de massagem que tem o foco a unidade miofascial, incluindo músculo, tecido
conjuntivo e a junção neuromuscular. O tecido visado pode incluir áreas de
ligação de tecido conjuntivo, onde acabam os músculos, onde ser formam
tendões ou ligamentos.
1.2.5 Mobilizações e tração de cervical
Segundo Kisner e Colby (2009), manipulação e mobilização são duas
palavras com o mesmo significado e, portanto, podem ser usadas como
sinônimos. São técnicas de terapia manual passiva que demandam destreza, e
que podem ser usadas em articulações e em tecidos moles ligados a
velocidades e ADM variadas, com movimentos fisiológicos ou acessórios com
fins terapêuticos.
Bevilaqua-Grossi et al. (2015), descreve a técnica de mobilização que
deve ocorrer de forma lenta e progressiva, com alongamento regular do tecido
mole, devendo o fisioterapeuta posicionar as mãos sobrepostas de forma que
descansem na região suboccipital do paciente, seguidos por tração da coluna
cervical, enquanto o paciente continua a respiração diafragmática.
Conforme Kisner e Colby (2009), o conceito de Brain Mulligan de
mobilização com movimento é a continuação do progresso natural de
desenvolvimento da fisioterapia manual, dos exercícios ativos de alongamento
para o movimento fisiológico passivo aplicado pela fisioterapia.
25
O EXPERIMENTO
2 METODOLOGIA DO TRABALHO
O trabalho trata-se de uma intervenção fisioterapêutica realizada com
alunas do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium localizado na Rua
nove de Julho, nº 1010 Centro da cidade de Lins, estado de São Paulo.
Consistia na realização da aplicação de um protocolo (APÊNDICE A)
que contém técnicas de terapia manual, alongamento e respiração
diafragmática.
A duração do tratamento onde as voluntárias recebiam a intervenção
fisioterapêutica foi de quatro semanas, divididas em dois atendimentos por
semana totalizando oito sessões.
As sessões foram realizadas com as voluntárias primeiramente
sentadas, posteriormente em decúbito ventral e em seguida em decúbito
dorsal, e o protocolo foi o mesmo para todos os pacientes e também realizado
da mesma forma em todos os atendimentos.
Anteriormente ao início das sessões foi realizado o recrutamento das
alunas que tinham o quadro de enxaqueca em sala de aula passando por um
questionário de triagem (ANEXO A) e as que vieram a se enquadrar no perfil
requerido para o projeto responderam ao questionário HIT-6 (ANEXO B) que foi
aplicado antes do início das sessões e após a oitava, no término do
experimento.
Como todo trabalho científico as participantes deste projeto assinaram
antes do início das sessões a carta de informação ao participante de pesquisa
(ANEXO C) onde se é explicado, de forma clara e objetiva, com a descrição do
tratamento para ciência do participante.
Também foi entregue e explicado ao participante para a sua assinatura o
Termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO D) onde a voluntária após
ciência do mesmo concorda com os procedimentos a serem realizados, uso
científico e didático dos dados com total preservação de identidade por sigilo
profissional conforme resolução 466/2012 e também que a qualquer momento
a mesma poderia solicitar a sua exclusão da pesquisa.
26
2.1 RECRUTAMENTO
Foram selecionadas dez alunas que tinham o quadro de enxaqueca
através de convite em sala de aula para assim ser aplicado o questionário de
triagem.
A triagem foi realizada através das respostas obtidas nas perguntas do
questionário de recrutamento aplicado, estes tinham múltiplas alternativas, com
caráter de livre resposta, sem interferência ou influência de qualquer pessoa
para a possível resposta das questões.
Das dez convidadas a participar do estudo somente quatro se
encaixaram nos pré requisitos para a pesquisa que eram ocorrência de mais de
cinco crises nas últimas quatro semanas anteriores a resposta do questionário,
com duração entre quatro e setenta duas horas, além de critérios relativos à
localização, intensidade da dor e presença de no mínimo dois fatores de
náuseas ou vômitos, fotofobia e fonofobia.
Também foram levadas em conta as respostas das questões que
indagavam a presença de dor na região da nuca e o empecilho de se realizar
atividades físicas que tinham como critério de inclusão a resposta positiva.
2.1.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
O presente estudo foi realizado dentro da clinica de Fisioterapia do
Centro de Reabilitação Física Dom Bosco de Lins.
Foi utilizado dois tipos de questionários para a pesquisa. O questionário
de triagem (ANEXO A) e o questionário HIT 6 – Teste de impacto da dor de
cabeça. (ANEXO B)
O protocolo foi realizado do inicio ao final sempre pelo mesmo
profissional nas voluntárias, não ocorrendo troca de fisioterapeutas entre as
voluntárias. As duas graduandas atenderam cada uma duas voluntárias, sendo
então, um número de voluntárias no total de quatro.
27
2.1.3 DESCRIÇÕES GERAIS DOS QUESTIONÁRIOS
Os questionários são ferramentas extremamente úteis para colher
informações e dados sobre um determinado tema destinado a um público-alvo,
formulado a partir de critérios pré-estabelecidos de resposta. Não se tem um
número específico de perguntas como critério para a criação de um
questionário, mas é de fundamental importância a elaboração eficaz do
mesmo. (NOGUEIRA, 2002).
Outro fator relevante dos questionários é que atingem um número
elevado de pessoas num espaço de tempo relativamente curto.
Todo questionário deve ter linguagem simples e direta, sendo de fácil
compreensão ao respondente.
2.1.3.1 QUESTIONÁRIO DE RECRUTAMENTO
O questionário foi elaborado pensando nos critérios estabelecidos pela
The International Headache Society (IHS), a sociedade internacional de
cefaleia que estabelece os requisitos para diagnóstico de enxaqueca para
adultos e ainda foi incluída a questão que indagava a possível dor a nuca para
diagnóstico de rigidez muscular por tensão e/ou estresse.
A existência de mais de cinco crises de dor, com duração entre quatro a
setenta e duas horas, e de duas horas para os menores de quinze anos, além
de critérios relativos à localização, intensidade da dor e presença de náuseas
ou vômitos, fotofobia e fonofobia são os pré-requisitos para diagnóstico de
migrânea. (HEADACHE CLASSIFICATION SUBCOMMITTEE OF THE
INTERNATIONAL HEADACHE SOCIETY, 2004).
A localização da dor em quadros álgicos de enxaqueca é sempre
unilateral, podendo ser em algumas vezes do lado esquerdo e outros do lado
direito alternadamente, o paciente sente dor de moderado a severa do tipo
pulsátil, que pode ser descrito como uma dor latejante relatada por algumas
pessoas como que se o coração estive batendo na cabeça.
28
2.1.3.2 QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-ATENDIMENTO
O HIT-6 é um questionário validado que mede o impacto da dor de
cabeça, ele foi utilizado antes do início da aplicação deste estudo e após a
oitava sessão. Com este método poderemos quantificar e qualificar se ocorreu
ou não melhora no quadro de enxaqueca das voluntárias.
O HIT-6 é uma ferramenta utilizada para quantificar a dor de cabeça e o
quanto a mesma vem a interferir em atividades diárias, sejam no trabalho,
estudos, em casa ou na vida social. Este questionário foi elaborado por uma
equipe internacional de especialistas em dor de cabeça, a equipe era formada
por neurologistas e clínicos gerais.
Para calcular o resultado do HIT-6 é necessário realizar a soma de todas
as respostas sendo que cada uma tem um valor correspondente conforme
descrito abaixo:
a) Nunca: seis pontos cada
b) Raramente: oito pontos cada
c) Ás vezes: 10 pontos cada
d) Com muita frequência: 11 pontos cada
e) Sempre: 13 pontos cada
Quanto mais alto o total de pontos maior é o impacto da dor de cabeça
na vida do indivíduo. O escore total do HIT-6 varia de trinta e seis a setenta e
oito pontos e através do mesmo pode-se caracterizar quatro níveis de impacto
da cefaleia.
a) Pouco ou nenhum impacto: 38 a 49 pontos
b) Algum impacto: 50 a 55 pontos
c) Impacto substancial: 56 a 59 pontos
d) Impacto muito severo: 60 ou mais pontos
Neste questionário também é encontrado, em uma segunda folha, as
respostas para a soma de valores:
29
a) Até 60 pontos ou mais: suas dores de cabeça estão causando um
impacto muito severo em sua vida. Você pode estar
experimentando dor incapacitante ou outros sintomas que são
mais graves do que aqueles experimentados por outras pessoas
que sofrem com dores de cabeça. Não permita que suas dores de
cabeça impeçam-no de aproveitar as coisas importantes de sua
vida, como sua família, trabalho, estudo ou atividades sociais.
b) Entre 56 e 59 pontos: suas dores de cabeça estão causando um
impacto substancial em sua vida. Como resultado você pode estar
sofrendo fortes dores e outros sintomas, que fazem com que você
perca tempo que estaria dedicando a sua família, trabalho,
estudos ou atividades sociais.
c) Entre 50 e 55 pontos: suas dores de cabeça parecem estar
causando algum impacto em sua vida. Suas dores de cabeça,
porém, não fazem com que você perca tempo que estaria
dedicando a sua família, trabalho, estudos ou atividades sociais.
d) 49 pontos ou menos: suas dores de cabeça parecem estar
causando, atualmente, pouco ou nenhum impacto em sua vida.
Sugerimos que você faça o HIT-6 mensalmente e continue a
verificar como suas dores de cabeça afetam sua vida.
2.1.4 ESCALA DE ESTIMATIVA NUMÉRICA
Na Escala de Estimativa Numérica (Numeric Rating Scale - NRS), os
pacientes são instruídos a selecionar o um número, de 0 a 10, que melhor
representa a intensidade de sua dor, com o zero representando “nenhuma dor”
e 10 indicando “a pior dor imaginável”.
Sua utilização é de uso frequente em situações clínicas nas quais se
deseja mensurar a intensidade da dor como resultado de um tratamento,
validado e de fácil compreensão, sendo fácil de administrar e marcar.
(RIGOTTI; FERREIRA, 2005).
Neste estudo foi utilizada a NRS para as quatro voluntárias, com a
indagação de qual o grau de dor no dia da primeira, quarta e oitava sessão de
atendimento.
30
2.2 RESULTADOS
Os resultados serão apresentados a partir desse momento. O primeiro
item a ser descrito é a caracterização da dor, pelos pacientes, através de
Escala de Estimativa Numérica (NRS).
2.2.1 NRS
Observa-se que a quantificação da dor pelos pacientes mostra uma
melhora clínica com diminuição de escala numérica em alta incidência.
Tabela 1: Escala de dor referida (NRS) pelas pacientes no dia da primeira, quarta e
oitava sessão de atendimento.
Primeiro atendimento Quarto atendimento Oitavo atendimento
Paciente 1 8 7 0
Paciente 2 7 5 0
Paciente 3 4 2 0
Paciente 4 7 0 2
Fonte: elaborado pelos autores, 2016
Realizando análise estatística dos dados apresentados acima foi
comprovada a eficácia do tratamento. Para comprovar o protocolo estabelecido
foi proposto a realização do teste t de student presumindo variâncias diferentes
comparando a primeira sessão com a oitava sessão, ou seja, início e final de
tratamento.
Conforme Silva (2014), o teste t-Student ou somente teste t é um teste
de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese
nula quando a estatística de teste segue uma distribuição t-Student.
Os resultados mostraram um p=0,001 o que mostra que o tratamento
proposto foi eficaz considerando a escala utilizada.
Porém realizando o mesmo teste comparando a primeira sessão com a
quarta (médio do tratamento) observou-se o valor p=0,14 o que não refere
31
eficácia do tratamento nesse intervalo de sessões. Para análise do efeito de
significância foi utilizado o valor de p≤0,05.
2.2.2 HIT-6
Os próximos quatro quadros demonstram os dados coletados nos
questionários HIT-6 pré e pós-atendimento realizados pelas quatro voluntárias
para comparação do impacto da dor de cabeça.
Quadro 1: Comparativo da voluntária 1 pré e pós atendimento.
Respostas questionário pré-
atendimento
Respostas questionário pós-
atendimento
Pergunta 1 Sempre Com muita frequência
Pergunta 2 Sempre Às vezes
Pergunta 3 Sempre Sempre
Pergunta 4 Com muita frequência Às vezes
Pergunta 5 Com muita frequência Às vezes
Pergunta 6 Sempre Às vezes
Total de pontos: 74 pontos 67 pontos
Fonte: elaborado pelos autores, 2016
Pode-se observar que a voluntária intitulada 1 (Hum) teve uma queda na
pontuação de sete pontos na somatória final com melhora em praticamente
todas as perguntas, somente na pergunta número três manteve a resposta
inicial assim sendo considerado um valor igual para a contagem de pontos e
nas demais ocorreu melhora em seu score.
Quadro 2: Comparativo da voluntária 2 pré e pós atendimento.
Respostas questionário pré-
atendimento
Respostas questionário pós-
atendimento
Pergunta 1 Sempre Às vezes
Pergunta 2 Com muita frequência Às vezes
Pergunta 3 Sempre Às vezes
Pergunta 4 Com muita frequência Raramente
Pergunta 5 Com muita frequência Às vezes
32
Pergunta 6 Com muita frequência Às vezes
Total de pontos: 70 pontos 58 pontos
Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
Verifica-se neste quadro número 2, que a voluntária aqui chamada como
número dois, ao término das oito sessões respondeu no questionário HIT-6 que
ocorreu diminuição no quadro de dor em todas as perguntas diminuindo a
somatória para doze pontos.
Quadro 3: comparativo da voluntária 3 pré e pós atendimento.
Respostas questionário pré-
atendimento
Respostas questionário pós-
atendimento
Pergunta 1 Sempre Raramente
Pergunta 2 Às vezes Raramente
Pergunta 3 Com muita frequência Nunca
Pergunta 4 Com muita frequência Nunca
Pergunta 5 Com muita frequência Nunca
Pergunta 6 Às vezes Nunca
Total de pontos: 66 pontos 40 pontos
Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
A voluntária chamada aqui como número 3 foi a que mais teve melhora
em pontuação sendo que diminuiu 26 pontos na somatória final onde ocorreu
melhora em todas as respostas do questionário HIT-6 no final das oito sessões,
sendo que em três perguntas (3, 4 e 5) o grau diminui de com muita frequência
para nunca o que indica que o quadro álgico quase que não ocorreu
efetivamente nas quatro semanas da aplicação do protocolo.
Quadro 4: comparativo da voluntária 4 pré e pós atendimento.
Respostas questionário pré-
atendimento
Respostas questionário pós-
atendimento
Pergunta 1 Sempre Às vezes
Pergunta 2 Com muita frequência Às vezes
Pergunta 3 Sempre Sempre
Pergunta 4 Com muita frequência Nunca
33
Pergunta 5 Com muita frequência Raramente
Pergunta 6 Com muita frequência Raramente
Total de pontos: 70 pontos 55 pontos
Fonte: elaborado pelos autores, 2016.
Para finalizar observamos que a voluntária denominada número 4
também diminuiu sua pontuação em quinze pontos na somatória total, mas
pode-se notar que a pergunta 3 teve sua resposta igualada em ambas as
etapas.
Após aplicação do HIT-6 no final das sessões e em comparação ao
aplicado antes do tratamento foi elaborado a seguinte tabela que encontra-se
abaixo (tabela 2) onde pode-se verificar melhora no quadro álgico de todas as
voluntárias ao se comparar a pontuação inicial com a final.
Tabela 2: Comparativo de pontos obtidos com as respostas adquiridas do questionário
HIT-6 nas pacientes voluntárias do estudo, respondido antes e após o tratamento
fisioterapêutico.
Pontos antes do
tratamento
Pontos após o
tratamento
Paciente 1 74 67
Paciente 2 70 58
Paciente 3 66 40
Paciente 4 70 55
Fonte: elaborado pelos autores, 2016
2.3 DISCUSSÃO
Segundo Rossi et al. (2009), a enxaqueca é considerada como cefaleia
primária, tendo seu destaque devido ao alto índice de prevalência, onde cerca
de 15% da população em geral sofre de migrânea. As crises começam
geralmente antes dos vinte anos de idade com predomínio no sexo feminino.
O mal da enxaqueca tem relatos de mais de dois mil anos e é até hoje
presente em todas as gerações do homem moderno. No entanto, é de
consentimento tanto de pessoas leigas até mesmo dos profissionais da área de
34
saúde que pouco se sabe sobre a enxaqueca e que menos ainda se sabe
sobre o que se fazer em relação ao tratamento da doença. (SACKS, 1996)
Poucas pessoas sabem, mas existe mais de 150 tipos de dores de
cabeça, entre estas esta a enxaqueca ou migrânea. (THE INTERNATIONAL
CLASSIFICATION OF HEADACHE DISORDERS, 3RD EDITION.
CEPHALALGIA, 2013).
A realização do recrutamento através da aplicação de questionário de
triagem, a partir de pré-requisitos onde incluam o diagnóstico de uma
enxaqueca, elaborado nos critérios estabelecidos pela IHS (The Internacional
Headache Society), a Sociedade Internacional de cefaleia com a inclusão das
questões que incluem rigidez muscular com dor na nuca para determinar um
possível diagnóstico de tensão e/ou estresse foi substancial devido ao alto
índice de pessoas estressadas nos dias atuais.
Segundo Vincent (1997), a enxaqueca não é a dor apresentada na
região da cabeça, mas sim a sensibilidade a crises que incluem vários
sintomas que podem então incluir a cefaleia. As causas dessa dor são simples
fatores desencadeantes que dependem de o indivíduo ter a pré-disposição
para então desencadear a crise de enxaqueca.
Devido à cabeça ser bem pesada, Clay e Pounds (2003), destacam a
importância da mobilidade da cabeça para a utilização dos sentidos
(principalmente da visão), os músculos da cervical são numerosos e na sua
maioria espessos e fortes, todos suscetíveis a dor e à disfunção.
Conforme Vincent (1997), quando ocorre uma alteração genética de um
canal de cálcio cerebral específico vai gerar uma excitabilidade elevada no
sistema nervoso central fazendo com que estímulos externos (como por
exemplo, luz ou alimentos) ou internos (estresse ou abalos emocionais)
venham a desencadear uma enxaqueca e tendo como sintomas dor, náuseas e
vômitos.
Segundo Shen (2009), são inúmeras as causas das dores de cabeça, de
todos os fatores, o mais comum é o estresse, ele vem a gerar uma tensão nos
ombros, no pescoço e na cabeça. Outras causas que podem ser citadas são
pressão alta, insônia, sinusite, ansiedade, fadiga, anemia, visão comprometida,
ressaca e enxaqueca.
35
De acordo com Lipp e Malagris (2001), o estresse emocional é um dos
principais desencadeadores da enxaqueca, sendo responsável também pela
sua duração e piora das crises.
A postura de avanço da cabeça onde o indivíduo a projeta para frente da
linha média sagital faz com que sejam ativados os pontos-gatilho miofasciais e
os sobrecarregando, causando uma contração crônica sem períodos de
relaxamento. (SIMONS apud CLAY; POUNDS, 2003).
Lipp e Malagris (2001) relatam que atualmente o estresse é considerado
um dos principais distúrbios contemporâneos vindo a atingir um grande
contingente, geralmente associado a outras patologias. Pequenos
aborrecimentos juntamente com situações de estresse alto com interferência
de diferenças ambientais, orgânicas e psicológicas fazem um efeito cumulativo
no organismo.
2.4 CONCLUSÃO
A aplicação do protocolo proposto vem a trazer bons resultados na
melhora do quadro da dor dos voluntários com diagnóstico de enxaqueca ao
longo de quatro semanas. É evidente a melhora no impacto da vida social,
familiar e no trabalho, pois a dor que impossibilita muitas vezes a realização de
tarefas e convívio social e familiar tem seu grau diminuído.
Concluindo pode-se dizer que os portadores de enxaqueca que fizeram
parte da amostra deste estudo apresentaram melhora no quadro álgico e
melhora na pontuação do questionário HIT-6 que sugere melhoras nas áreas
sociais, físicas, mental e psicológica das voluntárias. Sugere-se a realização de
outros estudos, com um número maior de voluntários.
36
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41
APÊNDICE A - PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
1. Quinze minutos de treinamento respiratória do diafragma
Período de relaxamento incluindo respiração diafragmática lisa com
vencimentos suaves deve-se instruir os pacientes de como realizar a
respiração e puxar para baixo suas costelas superiores durante a expiração.
2. O alongamento passivo dos músculos do pescoço
O alongamento passivo deve ser feito três vezes para flexão do pescoço
e rotação associado com as direções de flexão ipsilaterais usando moderada
força dentro dos limites da dor do paciente e mantida durante trinta segundos.
O alongamento de cervicaldeve ser realizado com o paciente sentado.
Fazer movimentos de forma lenta e continua até o máximo suportado não
ultrapassando o limite do músculo.
Flexionar (três vezes)
Extender (três vezes)
Rotação para direita e rotação para a esquerda (três vezes de cada
lado)
Inclinação lateral para esquerda e direita (três vezes de cada Lado)
3. Seis minutos de compressão digital em pontos de gatilho muscular
Quando um ponto de disparo for identificado de acordo com Simons e
Travell, a compressão digital deve ser realizada durante noventa segundos.
Considerar oito pontos de gatilho no músculo craniocervical como limite para o
tratamento em cada sessão.
4. Quinze minutos de massoterapia e liberação miofascial
O fisioterapeuta realizara massagem profunda e miofascial sobre os
músculos craniocervicais.
42
5. Cinco minutos de mobilização cervical e tração
Com o paciente deitado, em local estável e seguro, o fisioterapeuta deve
realizar uma técnica de mobilização e de tração de cervical com a mãos
sobrepostas e que descansam na região suboccipital, de forma lenta e
progressiva, puxando em sua direção, fazendo o alongamento regular do tecido
mole, enquanto o paciente continua a respiração diafragmática.
44
ANEXO A
QUESTIONÁRIO DE TRIAGEM
QUESTIONÁRIO SOBRE CEFALEIA
Nome:
Data:
1- No ultimo mês, quantos dias você teve dor de cabeça?
( ) 0 ( ) 1-2 ( ) 3-4 ( ) 5-6 ( ) 7-8 ( ) mais vezes
2- Quanto tempo dura, usualmente, sua dor de cabeça, se você não toma
remédio ou se ele não funciona?
( ) menos de 30 min
( ) de 30 min a 4 horas
( ) entre 4h e 24horas
( ) entre 24 h e 72 horas
( ) entre 3 a 7 dias
( ) mais de 7 dias
3- Qual a sua localização usual?
( )somente do lado direito da cabeça
( )somente do lado esquerdo
( )sempre bilateral
( )alternadamente bilateral e unilateral
( )alternadamente no lado direito e esquerdo
( )varia muito
4- Qual dos seguintes tipos de dor descreve melhor a sua dor de cabeça?
( ) dor pulsátil ( ) pressão em aperto ( ) dor em facada
5- A sua dor de cabeça lhe impede de realizar atividades físicas?
( ) sim ( ) não
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6- A sua dor de cabeça é acompanhada por um dos seguintes sintomas
abaixo:
- náuseas ( ) sim ( ) não
- Vômito ( ) sim ( ) não
- a luz lhe incomoda ( ) sim ( ) não
- barulho lhe incomoda ( ) sim ( ) não
7- Sua dor de cabeça é acompanhada de dor na região no pescoço
( ) sim ( ) não
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ANEXO B
HIT-6 Questionário do impacto da dor de cabeça
Nome:
1- Quando você tem dor de cabeça, com que frequência a dor é forte?
( ) nunca ( ) raramente ( ) as vezes ( ) com muita frequência ( ) sempre
2- Com que frequência as dores de cabeça de cabeça limitam sua
capacidade de realizar as atividades diárias habituais, incluindo cuidar
da casa, trabalho, estudos, ou outras atividades sociais?
( ) nunca ( ) raramente ( ) as vezes ( ) com muita frequência ( ) sempre
3- Quando você tem dor de cabeça, com que frequência você gostaria de
poder se deitar para descansar?
( ) nunca ( ) raramente ( ) as vezes ( ) com muita frequência ( ) sempre
4- Durante as ultimas 4 semanas, com que frequência você se sentiu
cansado (a) demais para trabalhar ou para realizar suas atividades
diárias, por causa de suas dores de cabeça?
( ) nunca ( ) raramente ( ) as vezes ( ) com muita frequência ( ) sempre
5- Durante as ultimas 4 semanas , com que frequência você sentiu que não
estava mais aguentando ou se sentiu irritado (a) por causa de suas
dores de cabeça?
( ) nunca ( ) raramente ( ) as vezes ( ) com muita frequência ( ) sempre
6- Durante as ultimas 4 semanas , com que frequência suas dores de
cabeça limitaram sua capacidade de se concentrar em seu trabalho ou
em suas atividades diárias?
( ) nunca ( ) raramente ( ) as vezes ( ) com muita frequência ( ) sempre
47
ANEXO C
CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DE PESQUISA
Esta pesquisa tem por objetivo a análise da intervenção fisioterapêutica
em pacientes portadores de enxaqueca onde os participantes serão
submetidos às técnicas de terapia manual, alongamento e tração de cervical
durante de 50 minutos para cada sessão, estas técnicas serão realizadas duas
vezes por semana durante quatro semanas totalizando oito sessões.
Com esta pesquisa buscamos a confirmação de que estas técnicas irão
trazer somente benefícios a quem as realiza.
Faça a leitura atenciosa desta carta e das instruções oferecidas pela
Equipe e/ou pesquisador e, caso concorde com os termos e condições
apresentadas, uma vez que os dados obtidos serão utilizados para pesquisa e
ensino (respeitando sempre sua identidade), você ou seu representante legal
deve assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e esta Carta de
Informação ao Participante da Pesquisa, ressaltando que você tem total
liberdade para solicitar sua exclusão da pesquisa a qualquer momento, sem
ônus ou prejuízo algum.
Por estarem entendidos, assinam o presente termo.
Local, ............. de ............... de 20.....
________________________________ _____________________
Assinatura do Participante da Pesquisa Pesquisador Responsável
48
ANEXO D
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO (T.C.L.E.)
Eu ............................................................................................................. ,
portador do RG n°. ............................................................, atualmente com
.............anos, residindo na .................................................................................. ,
após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DA
PESQUISA, devidamente explicada pela pesquisadora Valdirene Trisch Melo
apresento meu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em participar da
pesquisa proposta, e concordo com os procedimentos a serem realizados para
alcançar os objetivos da pesquisa.
Concordo também com o uso científico e didático dos dados,
preservando a minha identidade.
Fui informado sobre e tenho acesso a Resolução 466/2012 e, estou
ciente de que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial
guardada por força do sigilo profissional e que a qualquer momento, posso
solicitar a minha exclusão da pesquisa.
Ciente do conteúdo, assino o presente termo.
Local, ............. de ............... de 2016
.............................................................
Assinatura do Participante da Pesquisa
.............................................................
Marco Aurelio Gabanela Schiavon
Pesquisador Responsável
Endereço: Rua dos Botocudos, 320
Telefone: 14-997670165