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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PEDRO BATAGINI BALIEIRO MIRALDO INTERVENÇÕES EM FAVELAS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO O caso da subprefeitura Vila Mariana São Paulo 2009

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PEDRO BATAGINI BALIEIRO MIRALDO

INTERVENÇÕES EM FAVELAS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

O caso da subprefeitura Vila Mariana

São Paulo

2009

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PEDRO BATAGINI BALIEIRO MIRALDO

INTERVENÇÕES EM FAVELAS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO:

O caso da subprefeitura Vila Mariana

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Augusta Justi Pisani

São Paulo

2009

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M671i Miraldo, Pedro Batagini Balieiro. Intervençıes em favelas no município de Săo Paulo: o caso da subprefeitura Vila Mariana / Pedro Batagini Balieiro Miraldo – 2010. 190 f.: il.: 30 cm. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010. Bibliografia: f. 131-136. 1. Favelas. 2. Intervenção (Urbanismo). 3. Políticas públicas. I. Título. CDD 728.1

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DEDICATÓRIA

Aos novos e jovens pesquisadores.

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AGRADECIMENTOS

à Maria Augusta Justi Pisani, por toda atenção

e dedicação durante a orientação;

ao João Sette Whitaker Ferreira e à Maria

Lucia Refinetti Martins, pelos comentários e

sugestões que possibilitaram a evolução do

trabalho após a qualificação e pela presença,

tão importante, na banca final;

aos professores e funcionários do Mackenzie,

pelos excelentes serviços prestados;

aos funcionários das bibliotecas consultadas,

principalmente aos do Mackenzie, da FAU-

Maranhão e de HABI-SEHAB-PMSP;

aos meus pais, por tudo;

àqueles que se interessaram ou ajudaram

neste trabalho, de alguma forma;

e à Amanda, minha eterna companheira, pela

compreensão e ajuda sempre presentes.RAFE

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O objetivo a alcançar a longo prazo deve ser uma reforma de estruturas visando a retomar o processo de construção [...] A estratégia a ser seguida requer ação em três frentes. A primeira visa a reverter o processo de concentração patrimonial e de renda que está na raiz das malformações sociais que se observam no Brasil. Nosso país se singulariza por dispor de considerável potencial de solos aráveis não aproveitados, fontes de energia e mão-de-obra subutilizadas, elementos que dificilmente se encontram reunidos em outras partes do planeta. Por outro lado, abriga dezenas de milhões de pessoas subnutridas e mesmo famintas. A solução para este problema é de natureza política, antes de ser econômica [...] (FURTADO, 1999, p.32).

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RESUMO

Este trabalho estuda as favelas da subprefeitura Vila Mariana, analisando este

recorte físico bem definido através de um amplo recorte temporal. Após uma breve

exposição do panorama mundial, apresentam-se as relações da história da cidade

de São Paulo com a formação das favelas na Vila Mariana e seu crescimento nas

décadas seguintes. Discorre sobre alguns conceitos de favelas para então

apresentar as favelas da subprefeitura Vila Mariana, retomando sua história,

baseado em antigos cadastros de favelas e relatórios de outras gestões municipais.

Exibe também a situação atual destas favelas e expõe uma projeção para seu futuro

através de informações do sistema atual de cadastro de favelas da prefeitura. Três

estudos de caso são realizados configurando a análise mais próxima das favelas da

Vila Mariana. Por fim, discute os resultados apresentados estabelecendo relações

entre informações de seções anteriores e termina com algumas considerações.

Palavras-chave: favelas; intervenção; políticas públicas.

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ABSTRACT

This work studies the Vila Mariana slums, analyzing this physical cut well-defined

through a broad segment of time. After a brief overview of the world situation, shows

the relationships of the history of the city of Sao Paulo with the formation of slums in

Vila Mariana and it growth in later decades. It discusses some concepts of slums and

then submit the slums of Vila Mariana, resuming his story, based on old entries of

slums and reports of other municipal administrations. It also displays the current

status of these slums and presents a forecast for its future through information of the

current system of registration of slums in the city. Three case studies are done

configuring the analysis closer to the slums of Vila Mariana. Finally, discusses the

results presented correlating information from previous sections and concludes with

some considerations.

Keywords: slums; intervention; public policy.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 30 Evolução da densidade demográfica na RMSP 1950 a 2000

Figura 1.2 32 Taxa de Crescimento Populacional 1991-2000 Distritos do Município de São Paulo

Figura 1.3 61 Distribuição das Favelas no Município de São Paulo, 2008

Figura 1.4 65 Subprefeituras e distritos do município de São Paulo

Figura 2.1 69 Subprefeitura Vila Mariana

Figura 3.1 98 Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo do cadastro de 1987

Figura 3.2 99 Foto aérea da favela Miguel Estéfano Prover cadastrada no Habisp

Figura 3.3 102 Localização e planta de implantação do empreendimento Miguel Stefano

Figura 3.4 103 Área não disponível para implantação do bloco 5

Figura 3.5 104 Vista dos blocos de 1 a 4 concluídos

Figura 3.6 104 Vista dos blocos de 1 a 4 concluídos ao lado da Avenida Miguel Estéfano

Figura 3.7 105 Vista posterior dos blocos de 1 a 4

Figura 3.8 106 Em execução a via de acesso dos blocos de 1 a 4

Figura 3.9 107 Foto aérea atual do núcleo urbanizado Miguel Estéfano Prover

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Figura 3.10 110 Croquis da área da favela São Judas do cadastro de 1987

Figura 3.11 110 Montagem de fotos da favela São Judas em 1995

Figura 3.12 111 Montagem de fotos da favela São Judas em 1995

Figura 3.13 112 Planta de implantação da obra São Judas, lote II

Figura 3.14 112 Planta da obra São Judas, lote II

Figura 3.15 113 Planta de implantação: fase 2 - lote II São Judas (José Paulino dos Santos - 1ª etapa)

Figura 3.16 114 Foto aérea atual da área da antiga favela São Judas

Figura 3.17 116 Croquis da área da favela Mauro II do cadastro de 1987

Figura 3.18 117 Foto aérea atual da área da favela Mauro

Figura 3.19 119 Croquis da favela Mauro realizado durante a primeira visita

Figuras 3.20 e 3.21 120 Fotos da favela Mauro

Figuras 3.22 e 3.23 121 Fotos da favela Mauro

Figuras 3.24 e 3.25 122 Fotos da favela Mauro

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 26 Percentual de domicílios alugados no município de São Paulo

Tabela 1.2 31 População Recenseada e Estimada 1950-2010

Tabela 1.3 33 População e domicílios em favelas na cidade de São Paulo 1987-2008

Tabela 1.4 36 Evolução do déficit habitacional total e do percentual em relação aos domicílios

Tabela 1.5 59 Variação do número de favelas cadastradas no Habisp entre abril e dezembro de 2009

Tabela 1.6 62 Dez maiores favelas da cidade de São Paulo segundo número de domicílios

Tabela 1.7 63 As sete favelas mais antigas da cidade de São Paulo, ainda ativas

Tabela 1.8 66 Distribuição e porcentagem das favelas no município de São Paulo, por subprefeitura, 2008

Tabela 2.1 73 Modelo de ficha de cadastro de favelas de 1987

Tabela 2.2 76 Primeiro comparativo entre as 21 favelas

Tabela 2.3 77 Segundo comparativo entre as 21 favelas

Tabela 2.4 80 Modelo de ficha de cadastro de favelas do Habisp Tabela 2.5 81 Correspondência entre as 6 favelas e os 4 núcleos urbanizados atuais e as favelas do cadastro de 1987

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Tabela 2.6 83 Comparativo entre as 6 favelas e os 4 núcleos urbanizados

Tabela 2.7 85 Infra-estrutura urbana das favelas da subprefeitura Vila Mariana

Tabela 2.8 86 Influência de ZEIS nas favelas da subprefeitura Vila Mariana

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AEIS Área Especial de Interesse Social AIUs Áreas de Intervenção Urbana APA Área de Proteção Ambiental APM Área de Proteção aos Mananciais BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BNH Banco Nacional de Habitação CASMU Comissão de Assistência ao Município CMTC Companhia Municipal de Transportes Coletivos COBES Coordenadoria de Bem Estar Social COHAB Companhia Metropolitana de Habitação FABES Secretaria da Família e Bem Estar Social FAUUSP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas FUNAPS Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitações Sub-Normais HABI (1966) Departamento de Habitação e Trabalho HABI (atual) Superintendência de Habitação Popular IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INTE Departamento de Integração Social LABHAB Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAUUSP MUD Movimento Universitário de Desfavelamento

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ONU Organização das Nações Unidas PDE Plano Diretor Estratégico PMSP Prefeitura do Município de São Paulo PROFILURB Programa de Financiamentos de Lotes Urbanizados PROMORAR Programa de Erradicação da Sub-habitação PROVER Programa de Verticalização e Urbanização de Favelas REME Atividade de Remoção de Favelas RMSP Região Metropolitana de São Paulo SATHS Supervisão de Atendimento à População Moradora em Habitação Sub-Normal SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados SEBES Secretaria do Bem Estar Social SEHAB (1987) Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano SEHAB (atual) Secretaria de Habitação SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento SFH Sistema Financeiro de Habitação SHP Serviço de Habitação Popular UNFPA Fundo de População das Nações Unidas ZEIS Zona Especial de Interesse Social

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 07

LISTA DE TABELAS 09

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 11

SUMÁRIO 13

INTRODUÇÃO 15

CAPÍTULO 1 HISTÓRICO 18

1.1 Crescimento da população urbana mundial e

seu reflexo no Brasil e em São Paulo 19

1.2 Cenário nacional do século XX 22

1.2.1 Surgimento das favelas 23

1.2.2 Crescimento das favelas 29

1.3 Déficit habitacional em São Paulo 35

1.4 Intervenções em favelas 37

1.4.1 Antes de 1960 37

1.4.2 1960 - 1971 38

1.4.3 1972 - 1979 39

1.4.4 1979 - 1985 40

1.4.5 1986 - 1988 42

1.4.6 1989 - 1992 43

1.4.7 1993 - 2000 45

1.4.8 2001 - 2004 48

1.4.9 2005 - 2009 50

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1.5 Favelas 53

CAPÍTULO 2 AS FAVELAS DA SUBPREFEITURA VILA MARIANA 68

2.1 Passado: cadastro de favelas do município de São Paulo de 1987 72

2.2 Presente: favelas e núcleos urbanizados cadastrados no Habisp 79

2.3 Futuro: prioridade de urbanização dada pelo Habisp a estas favelas 87

CAPÍTULO 3 ESTUDOS DE CASO 94

3.1 Favela Miguel Estéfano 96

3.2 Favela São Judas 108

3.3 Favela Mauro 115

CAPÍTULO 4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 123

CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 127

CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 131

APÊNDICE A FICHAS CADASTRAIS DAS FAVELAS

DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE 1987 137

APÊNDICE B FICHAS CADASTRAIS DAS FAVELAS

DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE 2009 180

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é estudar as favelas, mas a extensão do tema e suas

incontáveis possibilidades levam o olhar a limitar-se sobre determinada região.

Assim sendo, o foco do trabalho volta-se para a cidade de São Paulo e debruça-se

sobre as favelas da subprefeitura Vila Mariana, investigando seu passado,

apontando suas transformações, analisando a situação atual e inclusive traçando

uma projeção para seu futuro.

A escolha da subprefeitura Vila Mariana como área de análise, ao invés de outra

subprefeitura da cidade se deve ao conhecimento prévio e a familiaridade que o

autor tem com esta região político-administrativa.

Enquanto os limites espaciais, geográficos, administrativos e políticos do objeto de

análise estão bem definidos sobre a área da subprefeitura Vila Mariana, os limites

temporais são bem mais abrangentes, uma vez que propõe o estudo das favelas da

subprefeitura Vila Mariana desde os motivos de sua formação histórica, passando

pela situação atual e até mostrando uma projeção para seu futuro.

Para que se possa ter uma leitura mais completa da trajetória e da situação das

favelas da subprefeitura Vila Mariana, este trabalho as abordará de três formas

diferentes: a primeira apresenta o necessário da história das favelas em geral para

que se entenda como chegamos à condição atual e o que foi feito para reverter este

quadro (foco macro); a segunda apresenta as favelas da subprefeitura Vila Mariana

em três momentos diferentes (foco médio) e a terceira apresenta uma análise mais

detalhada das três destas favelas que tem ou tiveram as trajetórias mais distintas

(foco micro). As três formas de abordar as favelas da subprefeitura Vila Mariana

estão relacionadas respectivamente aos capítulos 1, 2 e 3.

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Sendo assim, esta dissertação se desenvolve da seguinte forma: o primeiro capítulo

aborda as questões históricas que precederam a formação de favelas na cidade de

São Paulo, assim como também aborda os fatos que sustentaram seu crescimento

durante mais de seis décadas chegando à situação atual. Este capítulo também

mostra o crescimento da população urbana mundial, evento que está diretamente

ligado ao crescimento das favelas e também ao déficit habitacional. A seguir,

discorre sobre os programas de intervenção realizados nas favelas da cidade pelo

poder público e apresenta a mutação dos setores e repartições da prefeitura

responsáveis pela habitação social e pelas favelas da cidade. Mostra-os divididos

em períodos de tempo onde se assemelhavam as análises, as soluções e os

problemas gerados pela questão das favelas. O histórico é finalizado com uma

apresentação de favelas em geral, com definições do termo, relação com áreas

geograficamente impróprias, semelhanças entre favelas e outras ocupações

irregulares, produção de moradias em favelas e seu valor de mercado, idéia de

favelas como “solução” e não como “problema” e dados da situação atual das

favelas no município de São Paulo com mapas e tabelas explicativas.

Dentro do objetivo principal deste trabalho, que é estudar a trajetória das favelas da

subprefeitura Vila Mariana, o capítulo 1 se mostra necessário ao apresentar as

origens e a história por trás destas favelas. História esta que, inevitavelmente, é

indissociável da história de outras favelas mais antigas da cidade. Esta característica

faz a narrativa do primeiro capítulo ser mais abrangente, apresentando uma visão

mais ampla, em comparação aos capítulos seguintes.

O segundo capítulo aborda as favelas da subprefeitura Vila Mariana, expondo-as em

três momentos diferentes. Seu passado é abordado diante do segundo cadastro de

favelas realizado no município de São Paulo, no ano 1987. Seu presente é abordado

segundo o cadastro de favelas do sistema Habisp, atual instrumento de consulta

sobre habitações irregulares da gestão municipal. E, por fim, seu futuro é projetado a

partir de informações obtidas no índice de priorização do Habisp, uma ferramenta do

sistema baseada em indicadores que organiza as favelas da capital em ordem a

serem atendidas pelos programas de intervenção públicos. A consulta a dados

primários, como as fichas cadastrais das favelas do município de São Paulo do

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cadastro de 1987 e as informações colhidas no Habisp e em entrevistas realizadas

em HABI/SEHAB, enriquece a discussão durante o capítulo.

No terceiro capítulo buscou-se nas favelas apresentadas nos capítulos anteriores,

aquelas que apareceram em todos os períodos estudados e também que tivessem

sofrido intervenções públicas, constituindo, assim, exemplos significativos para

serem analisados com estudos de caso. Este capítulo constitui a visão mais próxima

do objeto de pesquisa, as favelas da subprefeitura Vila Mariana.

O quarto capítulo trata de discutir os resultados das informações apresentadas nos

capítulos anteriores, realizando uma síntese da condição das favelas da

subprefeitura Vila Mariana de seu início, na década de 1940, até maio de 2009.

As considerações finais iluminam os pontos mais relevantes do trabalho e criam uma

síntese da questão central, a situação das favelas da subprefeitura Vila Mariana.

As referências bibliográficas e os apêndices são de grande importância para o

trabalho, pois embasam toda a discussão sobre as favelas da subprefeitura Vila

Mariana e apresentam informações das fichas cadastrais das épocas

correspondentes.

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CAPÍTULO 1

HISTÓRICO

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Neste capítulo serão respondidas questões como: Quando e por que surgiram

favelas em São Paulo e, conseqüentemente, na Vila Mariana? Como as favelas

cresceram até os níveis atuais? O que foi feito pelas gestões municipais para

reverter este quadro? Como se compara a situação de São Paulo ao resto do

mundo? Entre outras.

1.1 Crescimento da população urbana mundial e seu reflexo no Brasil e em

São Paulo

No livro Planeta Favela, lançado em 2006, o autor Mike Davis começa seu texto

imaginando possíveis fatos isolados de êxodo rural que, segundo ele, dali a um ou

dois anos marcariam uma grande mudança, enquanto fato histórico, no panorama

mundial. Isto ocorreu de fato e foi bastante noticiado pela mídia. Baseado em

relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o jornal Folha de

São Paulo exibiu em 27 de junho de 2007 a manchete: “Metade da população

mundial viverá em metrópoles até 2008”. Ou seja, Davis (2006) tinha razão: hoje

mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas.

Esse crescimento populacional urbano não parou e segundo projeção da ONU, dar-

se-á principalmente nos países subdesenvolvidos onde em 2030 viverão 80% da

população das cidades (METADE..., 2007).

Ao contrário do crescimento populacional urbano ocorrido na Europa do século XIX,

que teve origem no êxodo rural que buscava trabalho nas cidades da nova

industrialização, o crescimento urbano previsto para as próximas décadas se dará

pelo próprio aumento das populações que já vivem nas áreas urbanas. O cenário de

concentração do crescimento urbano em cidades do mundo em desenvolvimento fez

o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alertar para a conseqüente

explosão das favelas. Atualmente, 1 bilhão de pessoas vive em favelas, 90% das

quais estão nos países em desenvolvimento e 40% na Índia ou na China

(METADE..., 2007).

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O fato de a população mundial urbana ter ultrapassado o limite de 50%, ganha

destaque na mídia enquanto fato histórico, uma vez que os repórteres, historiadores,

sociólogos, urbanistas, etc. precisam de referências para marcar a história, como

linha cronológica, mas não podemos esquecer que este crescimento vem de longa

data, influenciado por inúmeros fatores em diferentes partes do mundo e como

muitas cidades não tem planos urbanos ou infra-estrutura para abrigar esta

população crescente adequadamente, também crescem os números de habitações

precárias e sub-humanas, instaladas em favelas e assentamentos irregulares.

Nos países desenvolvidos a população que vive em favelas corresponde a 6% da

população urbana, já nos países menos desenvolvidos constituem 78,2% dos

habitantes urbanos, o que corresponde a pelo menos um terço da população urbana

mundial (DAVIS, 2006).

Os maiores percentuais de favelados do mundo estão na Etiópia, correspondendo a

99,4% da população urbana, Tchade também com 99,4%, Afeganistão com 98,5% e

Nepal com 92%. Mumbai é considerada a capital global dos favelados seguida por

Cidade do México e Daca, depois Lagos, Cairo, Karachi, Kinshasa- Brazzaville, São

Paulo, Xangai e Délhi (UN-HABITAT, 2003 apud DAVIS, 2006).

O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking dos países com maiores populações

faveladas, possuindo 51,7 milhões de pessoas vivendo em favelas, ou seja, 36,6%

da população nacional, atrás apenas de China (193,8 milhões) e Índia (158,4

milhões) (DAVIS, 2006).

O crescimento das favelas ultrapassou a urbanização em todo o hemisfério sul a

partir de 1970. Na década de 1990, as favelas de São Paulo cresceram num ritmo

explosivo de 16,4% ao ano (IMPARATO e RUSTER, 2003 apud DAVIS, 2006). A

cidade legal, de produção capitalista, está cada vez mais dando espaço à cidade

informal. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

complementam o que foi apresentado ao indicar em seu “mapa de pobreza e

desigualdade” uma incidência de pobreza de 28,09% na capital paulistana (IBGE,

2003).

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Villaça (2001, p. 27) afirma, ao abordar as relações, ou mediações, entre as grandes

transformações socioeconômicas nacionais ou planetárias e as intra-urbanas1, que

tais mediações passam fundamentalmente pelos traços nacionais definidores da estrutura e dos conflitos de classe e, ainda, pela dominação política e econômica através do espaço intra-urbano. Tais traços se manifestam na estrutura espacial intra-urbana por meio da segregação, que passa a ser então o processo central definidor dessa estrutura.

Sendo assim, nota-se que, mesmo dentro do panorama mundial, a situação nacional

e da cidade de São Paulo é grave e projeções mostram que pode piorar, caso outras

medidas não sejam tomadas. Mas, antes de abordar a situação atual, vamos

entender como as favelas da cidade e da subprefeitura Vila Mariana chegaram a

esta situação.

1 Para “espaço intra-urbano”, ver VILLAÇA, 2001.

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1.2 Cenário nacional do século XX

Para entender a situação das favelas da subprefeitura Vila Mariana foi necessário,

inicialmente, pesquisar sua origem. Assim, notou-se que as raízes de segregação

social são antigas e nos levaram a séculos atrás.

No ano de 1554, colonizadores já haviam fundado a Vila de Santo André da Borda

do Campo em 1553 e um grupo deles, padres da companhia de Jesus, da qual

faziam parte, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, atravessaram a serra do mar

guiados por índios tupi-guaranis e chagaram ao planalto de Piratininga onde

encontraram clima e terras parecidos com os da Espanha. Então, seguindo o modelo

Português de ocupação e exploração, fundaram um colégio no topo de uma de suas

colinas, ao redor do qual foram erguidas as primeiras casas de taipa e assim deram

início ao povoado de São Paulo de Piratininga (ROLNIK, 2002 e DPH, 2009).

Em 1560, o povoado ganhou foros de Vila e pelourinho mas a distância do litoral, o isolamento comercial e o solo inadequado ao cultivo de produtos de exportação, condenou a Vila a ocupar uma posição insignificante durante séculos na América Portuguesa (DPH, 2009, p. 1).

De 1500 até o século XVIII a economia do país era centrada no nordeste e daí até

meados do século XIX passou para o eixo Rio de Janeiro – Minas Gerais. Até então

a cidade não tinha muita importância no cenário econômico. A Vila de São Paulo,

desde o século XVII, concentrava expedições de exploração do território onde a

escravização de índios, a tomada de posse de terras e a procura por minérios eram

os principais objetivos, as famosas “entradas e bandeiras” (ROLNIK, 2002).

São Paulo é assim, “desde sua fundação a marca da cidade é sua fronteira aberta,

por onde entram os forasteiros do país e do mundo e de onde se sai para conquistar

territórios” (ROLNIK, 2002, p. 14-15).

O problema é que esta característica histórica da cidade: “por onde entram os

forasteiros do país e do mundo”, quando negligenciada gerou problemas de fixação

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desta nova parcela da população, uma vez que a cidade não suportou o êxodo

ocorrido sem as devidas intervenções urbanísticas e sociais.

A seguir é mostrado como e porque as favelas surgiram e cresceram na Vila

Mariana, assim como na cidade de São Paulo. Mas não se pode esquecer que antes

deste momento já havia moradias precárias, ou melhor, não houve um momento na

história de São Paulo que não houvesse algum tipo de moradia precária. Baseado

na sua formação colonial, a cidade se desenvolveu dessa forma naturalmente e

seria utopia acreditar que em algum momento toda a população da cidade habitava

de maneira digna e com toda a infraestrutura possível à época.

1.2.1 Surgimento das Favelas

Então, quando foi que estas habitações precárias passaram a ser consideradas um

problema pelas autoridades? Isto se deu em meados da década de 1880 (CANO,

1979 apud BONDUKI, 2004) quando o cultivo do café começava a se instalar na

região de São Paulo e junto dele vinha a necessidade de alojar uma multidão de

trabalhadores, principalmente imigrantes, que então, representavam uma ameaça à

saúde pública.

O crescimento resultante deste deslocamento populacional levou a cidade de São

Paulo do ano de 1886 com 44.030 habitantes ao ano de 1900 com 239.820

habitantes (MORSE, 1970). A cidade então enfrentava problemas como falta de

água, falta de calçamento nas vias públicas, ineficiência do transporte coletivo, falta

de redes de coleta de esgotos, resultando em condições higiênicas inadequadas,

levando as autoridades a se preocuparem quase que exclusivamente com esse

problema (BONDUKI, 2004).

Higienistas, médicos e engenheiros já pediam por uma legislação que focasse nesta

questão, assim como havia na Europa, que promulgara leis sanitárias como

conseqüência à insalubridade existente em seus centros urbanos resultante do

êxodo rural causado pelo intenso processo de urbanização e industrialização.

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As primeiras medidas governamentais para controlar as condições sanitárias e

impedir a propagação de epidemias foram a criação da Diretoria de Higiene, a

promulgação de uma legislação de controle sanitário e de produção das habitações,

o Código Sanitário de 1894 e a participação do Estado na gestão de obras de

saneamento e de abastecimento de água e de coleta de esgotos (BONDUKI, 2004),

assim como laboratórios, hospitais, desinfectórios e delegacias sanitárias e

inspetores, fiscais, desinfectores, delegados e policiais sanitários. Ainda que

basicamente sob o olhar higienista, nota-se nas medidas adotadas uma legislação

que abordava a produção de habitações.

Na nova legislação proposta havia uma evidente intenção de eliminar os cortiços do

centro da cidade, moradia da população pobre e trabalhadora, “e, com isso, acelerar

o processo de segregação por meio da intervenção pública” (BONDUKI, 2004, p.

33).

Datam destes últimos quinze anos do século XIX, habitações classificadas pelos

higienistas como “hotel-cortiço”, “casa de cômodos”, cortiços improvisados, “cortiço-

pátio”, “casinha”, “rancho de palha”, etc. (BONDUKI, 2004, passim).

Sobre as políticas saneadoras, como as adotadas pelos higienistas, Maricato (1995,

p. 13) mostra que “se ocuparam concretamente, desde o começo do século XX, em

retirá-los [moradores de favelas e cortiços] das áreas mais valorizadas pelo mercado

imobiliário, sem nunca apresentar qualquer eficácia em relação à questão social”.

Bonduki (2004) também comenta que na década de 1910 as intervenções

urbanísticas na área central de São Paulo expulsavam moradores e demoliam seus

cortiços para afastá-los do centro da cidade.

Pelo menos até meados da década de 1920, a fiscalização e a polícia sanitária mantiveram-se ativas e vigilantes. Embora incapazes de impedir a proliferação de cortiços e habitações precárias, dificultavam a construção de moradias clandestinas, exercendo uma ação repressora (BONDUKI, 2004, p. 39).

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Pensando na situação dos cortiços devido à sua insalubridade, diversas leis foram

promulgadas, regulamentando sua edificação, seu gabarito, desenho, dimensões,

cubagem, equipamentos sanitários, etc., como o Código de Posturas do Município

de São Paulo de 1886. Já o Código Sanitário de 1894 proibia terminantemente a

construção de cortiços e à administração municipal era atribuída a responsabilidade

de fechar os existentes.

“Embora existam inúmeras referências à demolição de habitações tidas como

insalubres, nunca o poder público pôde levar a lei ao pé da letra, pois isto significaria

deixar ao desabrigo boa parte dos trabalhadores urbanos” (BONDUKI, 2004, p.39).

Surgia então a necessidade da municipalidade incentivar a produção habitacional.

Até a década de 1930 as formas mais significativas de intervenção do Estado no

setor da habitação foram os estímulos à iniciativa privada, uma vez que eram bem

aceitos por higienistas, pois era a oportunidade de difundir o padrão de habitação

recomendável, por empreendedores, pois aumentariam seus lucros e pelo poder

público, pois era uma forma de mostrar uma iniciativa em favor da melhoria da

habitação dos pobres. Sendo assim, várias leis foram propostas como estímulo à

construção de vilas operárias, as quais eram o modelo de habitação econômica e

higiênica, uma vez que eram compostas de unidades unifamiliares (BONDUKI,

2004).

Os estímulos públicos dados à iniciativa privada fizeram com que esta produzisse

diversas modalidades de moradia para abrigar as classes baixa e média da

sociedade até a década de 1930 e a forma que esta população se fixava em tal

produção habitacional era, em sua maioria, por meio dos aluguéis.

Durante a ditadura Vargas, de 1930 a 1945, o peso do discurso higienista diminuiu

dentro da discussão habitacional, mas esta foi debatida como jamais fora

anteriormente, firmando “de forma quase consensual que a iniciativa privada não

tem condições de equacionar o problema da moradia dos trabalhadores,

requerendo-se a intervenção do Estado” (BONDUKI, 2004, p.15). Também foi

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concordado nos debates da época que o acesso à casa própria deveria ser

estimulado de todas as formas possíveis.

Dentro deste contexto, o governo promulgou em 1942 a Lei do Inquilinato, num

cenário onde a maioria da população operária e trabalhadores de baixa renda

moravam em habitações de aluguel. A Lei do Inquilinato, ao congelar todos os

aluguéis, desestimulou a produção de habitações para aluguel deixando que o

Estado ou os próprios trabalhadores se encarregassem de construir suas moradias.

Ao longo do tempo o aluguel passou a não ser mais tão interessante para os

proprietários, que tentaram, então, de diversas maneiras o despejo dos inquilinos,

fosse por ações legais ou por ameaças verbais ou físicas. Entre o início de janeiro

de 1945 e o fim de janeiro de 1947 houve 8226 ações que resultaram em despejos,

além daqueles realizados de maneira informal. Os proprietários passaram, também,

a cobrar luvas ao alugar imóveis a novos inquilinos (BONDUKI, 2004).

Tabela 1.1 Percentual de domicílios alugados no município de São Paulo

Ano Percentual 1940 67,72 1950 59,31 1960 52,60 1970 38,50 1980 40,43

Fonte: IBGE - Censos demográficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980 apud Taschner (1990, p. 4).

A legislação determinava que antes de despejar os inquilinos com a justificativa de

vender os imóveis ou transformar os edifícios com imóveis de aluguel em

condomínios com imóveis a venda o inquilino fosse priorizado na compra do imóvel

que ocupava, mas grande parte dos trabalhadores não havia acumulado capital

suficiente para se tornar proprietário de sua moradia, pois constituíam uma classe

recente, fruto da política de imigração, que resultou numa São Paulo que havia

passado de 1890 com 40 mil habitantes para 1934 com 1 milhão de habitantes

(BONDUKI, 2004).

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A Lei do Inquilinato estimulava a difusão da casa própria, idéia que era vendida,

como símbolo de progresso material para o trabalhador urbano, pelas elites e pelo

Estado a fim de acomodar a população despejada e principalmente aquela que

morava em cortiços na área central da capital paulista. Esta idéia era vendida junto

com a educação da população para poupar o que ganhava para que conseguisse

juntar a quantia necessária para adquirir ou edificar uma casa.

O discurso de obtenção da casa própria unifamiliar carregava a idéia de que era

fundamental que a população trabalhadora tivesse uma moradia destas, uma vez

que na habitação unifamiliar a imagem da família como célula mater da sociedade

representava a possibilidade de reproduzir a ordem e a moral e difundir as normas

do bom comportamento. Ao contrário do que ocorria nos cortiços e outras habitações

coletivas, devido às tentações, infidelidade, delinqüência e maus hábitos.

Possibilitar a obtenção da casa própria individual virou obsessão entre aqueles que

debatiam o assunto. Até mesmo a antiga preocupação com a salubridade das

moradias e com as formas coletivas de morar seriam resolvidas dessa forma.

Segundo Viola (2004), o Estado não tomou nenhuma precaução após a crise

habitacional que veio como conseqüência da Lei do Inquilinato, levando a população

a comprar moradias dentro de suas possibilidades, resultando assim no afastamento

desta parcela da população do centro da cidade, uma vez que não possuíam

condições financeiras para fixar-se ali.

A ocupação da chamada zona rural da cidade de São Paulo foi uma das soluções

adotadas a fim de facilitar o acesso à casa própria. Para isto, propostas de isenção

fiscal favoreciam os loteadores da periferia. Mas a falta de transportes coletivos era

um obstáculo para que esta ocupação ocorresse. O sistema de transportes coletivos

passava por uma crise, em que a Light pretendia abandonar o sistema de bondes e

o serviço de ônibus era explorado por particulares de maneira caótica. Mas em 1947

foi criada a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) que centralizou

todo o sistema de transportes coletivos e iniciou uma reforma neste setor com a

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progressiva substituição dos bondes por ônibus. Ação fundamental para a ocupação

da periferia (BONDUKI, 2004).

Ao mesmo tempo em que esta expansão horizontal consolidava a periferia como

uma das saídas para obtenção da casa própria das classes baixas, contribuía para

que as classes média e alta buscassem morar em condomínios verticais próximos

ao centro ou nos antigos bairros residenciais (BONDUKI, 2004), intensificando a

segregação social.

Quando [...] o quadro imobiliário do centro de nossas cidades foi totalmente renovado com a demolição do colonial e a implantação do neoclássico e do ecletismo, não houve alteração na estrutura urbana, pois esses centros não perderam sua importância, sua posição, sua natureza nem localização. No entanto, houve transformação do espaço urbano e intensa atividade imobiliária (VILLAÇA, 2001, p. 33, grifo do autor).

Além desta parcela da população que buscou se fixar onde podia pagar, na periferia,

existia outra parcela que resistiu em deixar os bairros centrais realizando invasões

que resultaram em ocupações organizadas ou espontâneas em terrenos baldios.

Assim, a seqüência de eventos apresentada neste item culminou no surgimento das

primeiras favelas na cidade de São Paulo, bem como no surgimento das primeiras

favelas na região da atual subprefeitura Vila Mariana.

O cadastro de favelas realizado em 1987 mostra favelas na Vila Mariana que tiveram

sua ocupação iniciada em 1943 (José do Patrocínio), 1947 (Mauro I e Ricardo Jafet

I), 1956 (Altino Arantes), 1957 (Coronel Luis Alves). Mas além destas favelas, pode-

se imaginar seguramente que houve favelas que se formaram durante a crise

habitacional, conseqüência da Lei do Inquilinato (1942), e em 1987 já não existiam

mais (SÃO PAULO, 1987).

Nabil Bonduki (2004) apresenta levantamento realizado pelo Sagmacs em 1957 que

revela a existência de 141 núcleos de favelas, com 8.500 barracos e 50 mil pessoas

para a cidade de São Paulo.

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1.2.2 Crescimento das Favelas

A partir da metade do século XX, o crescimento da população urbana brasileira,

passou de 31,3% dos habitantes em 1940 para 81,2% dos habitantes em 2000

(SPITZ, 2007). Em São Paulo, o processo de urbanização que se instaurou baseou-

se no embelezamento da cidade, afastando, assim, as camadas mais pobres da

população para as áreas mais periféricas da capital.

Em todas as grandes cidades a expansão da área urbana assumiu características

semelhantes, ocorrendo de maneira acelerada, sem interferência do Governo, que

por outro lado não procurou impedir nem controlar esse crescimento, através de

planos que direcionassem ou orientassem as ocupações, o que causou certa

deterioração nas condições de vida de sua população carente, e fez com que

habitassem em formas alternativas de moradia, como os loteamentos ilegais, as

favelas, as casas auto construídas e os distantes conjuntos habitacionais populares.

Esse crescimento populacional ocorreu em virtude do modelo econômico implantado

pelos governos nessas cidades. A partir dos anos 30, o padrão econômico

disseminado baseou-se totalmente na expansão industrial, através dos

investimentos maciços do Estado em infra-estrutura, que beneficiou exclusivamente

o setor industrial, visando à substituição das importações. Foi a partir desse período

até a década de 70 que São Paulo e outras cidades de grande importância no

cenário nacional passaram a sediar muitas indústrias, que atraíram um grande

contingente populacional para suas áreas urbanas.

Na cidade de São Paulo, para absorver esse fluxo de trabalhadores, muitos

loteamentos foram abertos em praticamente todas as áreas da cidade, todos

vinculados à iniciativa privada. O poder público não exercia nenhuma influência ou

controle sobre as configurações dos loteamentos ou sobre suas implantações e

regularizações. No período de maior crescimento (400 a 500 mil pessoas por ano), o

setor imobiliário respondeu a essa demanda sem nenhuma intervenção dos setores

responsáveis pelo controle do uso do solo (TANAKA, 1993). Esses lotes, que eram

comprados pela população mais carente, muitas vezes eram desconectados da

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cidade formal. Muitos loteamentos não seguiam as exigências mínimas: possuíam

vias estreitas e muito inclinadas, as áreas destinadas à construção de equipamentos

urbanos eram inaproveitáveis, não havia projeto de implantação e muito menos de

terraplanagem, o que acabava por baratear o empreendimento.

Após este período, uma política assumida de descentralização incentivou a mudança

de algumas indústrias para o interior do estado e gerou o início da diminuição do

crescimento demográfico na capital.

Figura 1.1 Evolução da densidade demográfica na RMSP 1950 a 2000

Fonte: MEYER; GROSTEIN; BIDERMAN, 2004, p. 61.

A partir da década de 80, no município de São Paulo, o crescimento da população

urbana diminuiu bastante, chegando a apresentar saldo negativo, que se acentuou

na década de 90. Essa queda ocorreu devido às medidas econômicas adotadas pelo

governo Federal a fim de combater o desequilíbrio externo e a inflação, que

acabaram por reduzir substancialmente a oferta de emprego, gerando uma

instabilidade econômica e ampliando o problema da desigualdade social. A queda no

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crescimento demográfico paulistano foi reforçada pelo atrativo gerado por grandes

capitais do nordeste do país, onde a mão-de-obra acompanhou a industrialização.

Tabela 1.2

População recenseada e estimada 1950-2010

Ano Município de São Paulo

Subprefeitura Vila Mariana

Distrito Vila Mariana

Distrito Saúde

Distrito Moema

1950 2.151.313 117.436 54.437 29.011 33.988 1960 3.667.899 201.477 88.718 63.139 49.620 1970 5.924.615 278.005 115.758 104.872 57.375 1980 8.493.226 351.605 143.222 136.221 72.162 1991 9.646.185 336.758 132.822 126.596 77.340 2000 10.434.252 313.036 123.683 118.077 71.276 2001 10.525.697 312.876 123.428 118.142 71.306 2002 10.617.943 313.159 123.374 118.412 71.373 2003 10.710.997 313.554 123.359 118.690 71.505 2004 10.804.867 314.225 123.349 119.218 71.658 2005 10.899.560 314.511 123.260 119.500 71.751 2006 10.995.082 314.786 123.167 119.778 71.841 2007 11.091.442 315.051 123.070 120.052 71.929 2008 11.188.646 315.303 122.967 120.322 72.013 2009 11.286.702 315.542 122.859 120.588 72.095 2010 11.385.617 315.767 122.746 120.848 72.173

Fonte: INFOCIDADE, 2009.

A tabela 1.2 mostra uma queda no crescimento a partir da década de 1980 para o

município de São Paulo. A subprefeitura Vila Mariana e os três distritos que a

compõe, também aparecem na tabela e neste caso exemplificam o parágrafo

anterior apresentando saldo negativo entre 1980 e 1991 para os distritos Vila

Mariana e Saúde e entre 1991 e 2000 para o distrito Moema.

No entanto é possível observar que a cidade, ainda que em um ritmo menor,

continuou crescendo mesmo que algumas regiões tenham apresentado saldo

negativo para o crescimento demográfico a partir da década de 1980. Isto justifica o

grande aumento populacional que sofreu a periferia da cidade, como mostra a figura

1.2.

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Figura 1.2 Taxa de crescimento populacional 1991-2000 Distritos do Município de São Paulo

Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censos Demográficos, 1991 e 2000; Secretaria Municipal de Planejamento – Sempla / Departamento de Estatística e Produção de Informação – Dipro. apud INFOCIDADE (2009).

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A figura 1.2 mostra em azul os distritos que sofreram crescimento demográfico

negativo ou igual a zero entre 1991 e 2000 e em marrom escuro, distritos que

sofreram crescimento demográfico de até 13,38% no mesmo período. Estes, todos

longe do centro da cidade.

Conseqüências da crise econômica da década de 1980 colaboraram para o

surgimento de muitos movimentos pela conquista de moradia. Sem opção para

resolver o problema de abrigo individualmente, a organização coletiva tornou-se a

alternativa para milhares de trabalhadores com o objetivo de encontrar uma saída

para a questão da moradia.

Estes movimentos pró-moradia foram encarados de diferentes formas pelas

administrações municipais que se seguiram e serão apresentados mais à frente,

onde são discutidas as intervenções realizadas na cidade de São Paulo ao longo do

tempo.

Após este período as favelas continuaram crescendo, como mostra a tabela 1.3:

Tabela 1.3 População e domicílios em favelas na cidade de São Paulo

1987-2008

Favelas Ano

População Domicílios 1987 815.450 150.452 1991 891.679 196.394 2000 1.160.590 286.952 2008 não disponível 382.296

Fonte: INFOCIDADE, 2009.

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Apesar da informação não disponível quanto ao número da população para 2008, ao

realizar-se uma regra de três com os dados de 2000, tem-se mais de um milhão e

meio de pessoas vivendo em favelas nesse ano.

Enfim, este histórico demonstra que os problemas habitacionais da cidade de São

Paulo são antigos e que as raízes da segregação social são mais antigas ainda na

principal das cidades brasileiras, as quais

são hoje a expressão urbana de uma sociedade que nunca conseguiu superar sua herança colonial para construir uma nação que distribuísse de forma mais eqüitativa suas riquezas e, mais recentemente, viu sobrepor-se a essa matriz arcaica uma nova roupagem de modernidade “global” que só fez exacerbar suas dramáticas injustiças (FERREIRA, 2005, p. 1).

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1.3 Déficit habitacional em São Paulo

Para discorrer sobre a questão habitacional do município de São Paulo, da forma

que esta se apresenta hoje, não se pode deixar de falar do déficit habitacional

presente na cidade.

Até a década de 80 a determinação do déficit habitacional de uma região ainda

prendia-se somente na quantificação de unidades habitacionais faltantes

necessárias para a substituição das moradias consideradas inadequadas, o que

contribuía mais para consolidar o mercado de construção, do que para resolver os

problemas de moradia (AMARAL, 2002).

Nos anos 90, um novo conceito de dimensionamento das necessidades habitacionais foi formulado. Os trabalhos desenvolvidos pela FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (1993) e pela Fundação João Pinheiro (1995) calcularam as necessidades habitacionais considerando não só a produção de unidades novas mas também a qualificação, isto é, a melhoria das existentes, criando uma nova metodologia para dimensionar o problema no Brasil (INSTITUTO CIDADANIA, 2000, p. 28).

Considerar a falta de moradias e ainda a inadequação do estoque urbano de

moradias acabou por realizar essa mudança na interpretação do déficit, que só

aconteceu em razão da atuação dos movimentos reivindicatórios de conquista pela

moradia e melhorias de condições de habitabilidade nas áreas carentes e trouxe

uma modificação na postura do Estado, que passou a aceitar a existência de

habitações precárias e a propor planos de intervenção para a melhoria da qualidade

das moradias e da qualidade de vida da população.

A Fundação João Pinheiro, instituição pública estadual vinculada à Secretaria de

Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, responsável por realizar estudos

sobre o déficit habitacional no Brasil, publicou os seguintes dados:

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Tabela 1.4 Evolução do déficit habitacional total e do percentual em relação aos domicílios

Déficit Habitacional Total

Percentual em Relação aos Domicílios Especificação 2000 2004 2005 2006

Brasil 7.222.645

16,1% 7.804.619

15,1% 7.902.699

14,9% 7.934.719

14,5%

Total das RMs ¹ 1.836.282

13,0% 2.243.847

13,8% 2.285.462

13,7% 2.262.698

13,1%

Região Sudeste 2.341.698

11,6% 2.835.495

12,2% 2.898.928

12,2% 2.935.266

12,0%

Estado de São Paulo 1.096.840

10,6% 1.510.431

12,8% 1.510.463

12,4% 1.478.495

11,7%

RMSP ² 529.202 10,6%

772.835 13,8%

738.334 12,7%

723.936 12,1%

(1) Inclui as regiões metropolitanas de Belém, PA; Fortaleza, CE; Recife, PE; Salvador, BA; Belo Horizonte, MG; Rio de Janeiro, RJ; São Paulo, SP; Curitiba, PR e Porto Alegre, RS. (2) Região Metropolitana de São Paulo Fonte: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2008.

Nota-se que no período entre 2000 e 2006 apesar do déficit habitacional brasileiro

ter aumentado 9,86%, o percentual do déficit em relação aos domicílios diminuiu

9,94%, o que mostra que o problema da falta de moradias está diminuindo apesar do

crescimento demográfico. Já na região metropolitana de São Paulo, no mesmo

período, o déficit habitacional aumentou 36,80% enquanto o percentual do déficit em

relação aos domicílios aumentou 14,15%, expondo um cenário contrário ao nacional

e evidenciando, possivelmente, o que foi dito no item 1.1, sobre as projeções do

crescimento populacional urbano, o qual se dará principalmente nas metrópoles pelo

crescimento da sua própria população e não como aconteceu em São Paulo no

início do século XX, com a migração e a imigração advinda de outras regiões.

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1.4 Intervenções em favelas

As políticas habitacionais de intervenção em favelas na cidade de São Paulo e suas

características conforme as gestões municipais serão abordadas agora, em ordem

cronológica, assim como fatos do cenário nacional de significância para o município

e as transformações dos órgãos públicos responsáveis por esta área. O texto está

separado por datas onde em cada intervalo se tinha uma concepção diferente sobre

o “problema” habitacional e suas soluções.

1.4.1 Antes de 1960

No cenário nacional, as primeiras intervenções governamentais no campo da

habitação popular não tiveram muito sucesso, sendo que uma das mais relevantes

foi a Fundação da Casa Popular, fruto de pressões sociais para que o governo se

encarregasse da produção habitacional (BONDUKI, 2004), surgiu em 1946 e em 14

anos de existência construiu em torno de 20 mil unidades habitacionais (informação

verbal)2 nos 12 Estados da Federação que atuava, entre eles São Paulo. O caráter

dessas intervenções era de erradicação, ou seja, era realizada a transferência da

população para conjuntos habitacionais construídos geralmente afastados do centro

da cidade.

Já na cidade de São Paulo, o primeiro órgão encarregado formalmente pela

execução de programas de bem estar social, pela administração municipal, foi a

Comissão de Assistência ao Município (CASMU), a qual era ligada diretamente ao

gabinete do prefeito. Criada em 1951, a CASMU não atuou no campo da habitação

de interesse social, durante o seu período e em 1955 foi criado o Serviço de

Habitação Popular (SHP) que fazia parte da Divisão de Serviço Social, subordinada

diretamente ao gabinete do prefeito. O SHP dava orientação técnica ao Movimento

Universitário de Desfavelamento (MUD) e existiu até 1966 (SÃO PAULO, 1992?c).

2 Informação fornecida pelo Prof. Pós Dr. Paulo J. V. Bruna durante o seminário “Habitação social no Brasil, América e Europa” no PROCAD - Programa de Cooperação Acadêmica da CAPES / MINC PROJETO PROPAR FAUFRGS / PPG FAU USP / PPG AU UPM realizado na sede do programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP nos dias 11 e 12 de maio de 2009.

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1.4.2 1960 - 1971

Na década de 1960, durante os governos municipais dos prefeitos Francisco Prestes

Maia (1961-1965), José Vicente Faria Lima (1965-1969) e Paulo Salim Maluf (1969-

1971) as favelas eram vistas como “doença” da cidade, antro de crimes e os

favelados eram vistos como um grupo marginal. A solução adotada neste período

era de extirpação do tecido urbano e era aplicado o conceito de remoção, onde os

favelados eram reinstalados em conjuntos habitacionais longe das áreas dotadas de

infra-estrutura (TASCHNER, 1997).

Em 1964 foi fundado o Banco Nacional de Habitação (BNH) e criado o Sistema

Financeiro de Habitação (SFH) pelo regime militar (1964-1984), que contou com os

recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), fundado em 1966.

Caracterizou-se por financiamentos voltados à classe média e a obras de infra-

estrutura das cidades. “Primava por um modelo de financiamentos à produção e não

ao usuário, o que levou à exclusão de amplas parcelas da demanda que não

dispunham de renda mínima para entrar no sistema” (AMARAL, 2002, p. 10).

O BNH tinha como propósito estimular a indústria da construção civil, absorvendo

um significativo número de trabalhadores não especializados, o que revelou a falta

de preocupação do governo com a qualidade da produção de moradias adequadas à

população.

Ainda assim, o BNH e a Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB), criada

em 1965, colaboraram para uma mudança na abordagem anterior da problemática

habitacional, “que passou a receber um tratamento mais abrangente, procurando

adotar soluções coletivas” (SÃO PAULO, 1992?c, p. 37). Em 1966 a Secretaria do

Bem Estar Social (SEBES) foi criada, da qual fazia parte o Departamento de

Habitação e Trabalho (HABI) e o Departamento de Integração Social (INTE). Entre

1966 e 1970, a atuação de HABI consistia basicamente na remoção de famílias

residentes em favelas localizadas em áreas destinadas a obras públicas. Segundo a

Prefeitura do Município de São Paulo (SÃO PAULO, 1992?c), utilizava, para isso, as

seguintes alternativas de atendimento:

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- compra de casa em conjunto da COHAB;

- compra de terreno e construção de casa;

- construção de casa em terreno próprio;

- aluguel de casa ou quarto;

- retorno ao local de origem.

1.4.3 1972 - 1979

Na década de 1970, durante os governos municipais dos prefeitos José Carlos de

Figueiredo Ferraz (1972-1973), Miguel Colasuono (1973-1975) e Olavo Egidio

Setúbal (1975-1979) as favelas eram vistas como “trampolim” para a cidade, como

um momento transitório necessário para a integração e os favelados eram

considerados migrantes. Projetos visando o encurtamento da estadia na favela,

como vilas de habitação provisória, eram soluções aplicadas neste período

(TASCHNER, 1997).

Entre 1971 e 1975 a atuação de HABI foi definida a partir de duas linhas de ação,

uma de âmbito restrito, visando contribuir para a solução de um determinado

problema habitacional com a proposição e implantação de projetos específicos e

outra, de aspecto amplo, a qual procurava definir políticas de ação a fim de atuar

efetivamente na área a partir do diagnóstico da problemática habitacional. Mas sua

atuação restringiu-se a “remoção de famílias moradoras em favelas em situação de

emergência ou com obra pública para alojamentos provisórios construídos em áreas

municipais [...] e construção de casas por mutirão (41 casas)” (SÃO PAULO, 1992?c,

p. 39).

Em 1973 foi realizado o primeiro cadastro de favelas do município e em 1975,

realizada uma pesquisa amostral sobre cortiços.

Em meados da década de 70, o SFH inverte a tradição da construção de casas para

venda e cria novos programas: o Programa de Financiamentos de Lotes

Urbanizados (PROFILURB) em 1975, que permitia ao trabalhador de baixa renda

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adquirir uma parcela de terra já servida pela infra-estrutura básica; e o Programa de

erradicação da sub-habitação (PROMORAR), em 1979, que propunha a substituição

dos barracos por casas de alvenaria na mesma área onde se encontrava a favela,

além da regularização de posse da terra. Mas essas iniciativas não tiveram muito

sucesso. No Brasil, o PROMORAR, em 5 anos financiou aproximadamente 206 mil

unidades, “quase três vezes mais unidades do que o Profilurb, mas ainda muito

pouco diante da demanda existente” (BUENO, 2000, p. 31).

Em 1977, a SEBES foi transformada na Coordenadoria de Bem Estar Social

(COBES), a qual era subordinada à Secretaria das Administrações Regionais. No

mesmo momento a Atividade de Remoção de Favelas (REME) foi extinta e foi criada

a Supervisão de Remoção de Favelas. Ao fim de 1978 a produtividade da

Supervisão foi baixa e práticas como retorno ao local de origem e mudança para

outra favela com área disponível eram predominantes nas alternativas habitacionais

utilizadas nos trabalhos de remoção de favelas, constituindo-se como atendimento

não adequado à população. Já “a auto-construção de casas de alvenaria em terreno

próprio foi uma solução pouco utilizada” (SÃO PAULO, 1992?c, p. 39).

1.4.4 1979 - 1985

No período de 1979 a 1985, durante os governos municipais dos prefeitos Reynaldo

Emygdio de Barros (1979-1982), Antonio Salim Curiati (1982-1983) e Mario Covas

(1983-1985) as favelas eram vistas como expressão física das contradições

urbanas. Nesse período houve a percepção da persistência na favela e os favelados

agora eram vistos como trabalhadores. As soluções adotadas neste período eram de

construção em larga escala, cooperação, auto-ajuda e auto-construção, havia

tolerância com as invasões e buscavam a urbanização e recuperação das favelas.

Neste período também houve tentativas de solucionar o problema da terra

(TASCHNER, 1997).

Em 1979 foi criado o Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitações

Sub-Normais (FUNAPS), que gerou uma mudança de atitude da Administração

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superior em relação ao problema habitacional e criou um maior empenho em

deslocar recursos para esse atendimento. Segundo o relatório de gestão 1989-1992

(SÃO PAULO, 1992?c), entre 1979 e 1982 mudanças significativas na linha do

atendimento habitacional passaram a nortear as ações do período, como:

- fornecer as condições de fixação da população no local de moradia;

- priorizar a provisão de habitação como solução efetiva da problemática

habitacional;

- desenvolver programas de melhorias de condições de habitabilidade em

favelas;

- priorizar o atendimento coletivo no uso do FUNAPS;

- criar condições de participação da população nas soluções habitacionais.

Datam deste período reivindicações de água e luz nas favelas, cujas pressões

populares por melhores condições de habitabilidade geraram como conseqüência os

programas Pró-água e Pró-luz.

Neste período a execução dos programas Promorar e Profavela foram passadas

para a administração indireta. “O Profavela, que era desenvolvido pela EMURB,

consistia na execução de obras de infra-estrutura em favelas custeadas com

recursos do FUNAPS” (SÃO PAULO, 1992?c, p. 40), já o Promorar visava à

construção de conjuntos habitacionais, compostos por embriões, para a população

de renda equivalente a dos moradores em favela e era desenvolvido pela EMURB e

pela COHAB com recursos do SFH. Em 1982 a COBES foi substituída pela

Secretaria da Família e Bem Estar Social (FABES), um órgão com mais autonomia.

Para o período entre 1983 e 1985 foi elaborado um plano habitacional para o

município, de forma conjunta entre FABES, SEHAB e a Secretaria Municipal de

Planejamento (SEMPLA), sendo considerado um fato novo, pois subordinava a

atuação do Poder Público a diretrizes de uma política habitacional. Segundo SÃO

PAULO (1992?c), as principais mudanças presentes no plano e que ampliaram a

linha de ação de HABI eram no seguinte sentido:

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- procura da regularização jurídica da posse de terra de maneira a permitir a

urbanização de favelas como provisão de habitação, embora não tenha sido

concretizada no período;

- utilização do FUNAPS como mecanismo de financiamento subsidiado

possibilitando o retorno e a utilização de parte do recurso despendido;

- aquisição de glebas, com financiamento direto à população, de forma a

permitir a execução de programas de provisão de habitação para atendimento

coletivo;

- experiências-piloto de atuação em cortiço.

1.4.5 1986 - 1988

Durante o governo do prefeito Jânio da Silva Quadros (1986-1988) se pensava em

garantir a construção civil. Isto gerava a necessidade de recuperar terrenos

urbanizados para “boom” imobiliário e os favelados eram vistos como pobres a

segregar. A solução prevista para as favelas durante seu governo era de remoção, e

então, construção de conjuntos populares por iniciativa privada contra concessões

do poder público (TASCHNER, 1997).

Em janeiro de 1986 a FABES é extinta e uma de suas divisões, a Supervisão de

Atendimento à População Moradora em Habitação Sub-Normal (SATHS) é

transferida para a SEHAB e também o FUNAPS vincula-se a esta. Em junho de

1986 a SATHS é transformada em HABI dentro da SEHAB e em dezembro de 1986

fica estabelecida a habitação de interesse social como área de atuação de HABI,

dentro de uma SEHAB agora reestruturada. O processo de construção por

empreiteira passou a ser adotado a partir deste momento, “diminuindo a incidência

do processo de autoconstrução utilizado em maior escala até o momento” (SÃO

PAULO, 1992?c, p. 42).

Com a crise econômica na década de 80, o SFH perde força e em 1986 o BNH é

extinto. Com isso

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houve uma dispersão das políticas de habitação e saneamento. Suas atribuições foram fragmentadas, distribuídas entre a Caixa Econômica Federal, o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional, que assumiram distintas responsabilidades relacionadas ao Sistema Financeiro da Habitação. Por um lado, seguiu-se um período bastante confuso de transição e desarticulação institucional, caracterizado pela criação de programas habitacionais de curta duração, com recursos do FGTS e do orçamento geral da União (AMARAL, 2002, p. 43).

Entre 1986 e 1988 o desfavelamento voltou a ser priorizado, mas como não era

política da HABI, foi executado pela Secretaria de Negócios Extraordinários, para

aquisição de casas da COHAB, com recursos orçamentários alocados no gabinete

do Secretário da SEHAB repassados ao FUNAPS. “A atuação de HABI, no período,

se deu pela implementação dos programas: urbanização de favelas, provisão de

terra e moradia e melhorias em favelas” (SÃO PAULO, 1992?c, p. 43). Em 1987

ainda realizou-se de forma sistemática o segundo cadastro de favelas do município.

1.4.6 1989 - 1992

MARTINS (1997, p. 1) mostra que

Luiza Erundina de Sousa assumiu a Prefeitura de São Paulo em 1989 ao final de uma campanha que fortemente ressaltou a democratização do poder, a participação popular e o papel dos Movimentos Sociais Urbanos na orientação de Políticas Públicas. Vereadora e Deputada pelo Partido dos Trabalhadores, oriunda de Movimentos Populares, colocava com ênfase a proposta dos Conselhos Populares como forma de aproximar o cidadão das definições sobre os destinos de sua cidade.

Seu governo (1989-1992) pensava a questão das favelas e sua população como

pobres a integrar na cidade legal. Nesta gestão o Estado Provedor entra em falência

e percebe que é impossível responder satisfatoriamente à demanda habitacional

sozinho, então entende que é possível melhorar as condições de moradia levando

as pessoas à casa própria com assistência técnica e financeira. Taschner (1997)

mostra que outras importantes idéias surgiram neste momento, mesmo que algumas

delas só viessem a se concretizar após algumas gestões, como o “planejamento

participativo e descentralizado da política de decisões”, o combate à segregação, a

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“introdução do conceito de risco ambiental”, a “introdução do conceito de função

social da propriedade com restrições ao seu direito pleno” e a “tentativa de aumentar

a oferta de terra urbana”.

Eleita em meio ao fortalecimento dos movimentos populares sua gestão buscou

solucionar a questão habitacional com ações que incluíam a “desburocratização e

simplificação das normas da construção” com o novo código de obras, a

“organização da população, escolhendo movimentos de moradores como

interlocutores privilegiados”, a “construção de moradias e infra-estrutura por mutirões

co-gestionados” pela prefeitura e pelos moradores, a “urbanização de favelas,

priorizando as de risco ambiental com problemas geomorfológicos”, a apresentação

de um Projeto de Lei que aprovasse a “concessão do direito real de uso de terra

para favelas em terrenos públicos”, a intervenção em cortiços, “projetos piloto de

desapropriações e novas construções, fixando os moradores na região central”, a

“continuação da parceria com o setor privado, através de operações interligadas”, a

“continuação da construção de unidades habitacionais novas” em torno de 33 mil,

parte iniciadas na gestão anterior e a “utilização do imposto sobre terrenos para

aumentar a oferta de lotes” (TASCHNER, 1997, p. 81).

Apesar de trazerem o direito à terra, à arquitetura e à cidadania para muitas

pessoas, as soluções adotadas para resolver a questão habitacional gerou alguns

problemas. Entre estes, Taschner (1997, p. 81) destaca a “transformação dos

movimentos populares em máquinas políticas” com a criação de um “coronelismo

urbano” [sic] das associações comunitárias, a “continuidade de formação de novas

favelas e adensamento das existentes”, o “aumento do mercado especulativo nas

favelas urbanizadas”, o fato de que “o padrão diferenciado de urbanização e a

identificação das favelas com o ambiente de criminalidade não diminui a segregação

dos seus moradores”, a “morosidade do processo de autoconstrução co-gerenciada”

com apenas 10.000 casas e as “discussões teóricas sobre o mutirão: super-

exploração da força de trabalho ou produção simples de mercadorias”.

Os novos programas desenvolvidos e executados prezavam pela qualidade das moradias, conjuntos e obras, procurando valorizar o projeto arquitetônico e urbanístico. O objetivo era promover soluções originais, de custos mais baixos e diferenciadas, tanto do ponto de

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vista estético, quanto da implantação urbanística, dos processos construtivos, das tipologias e da escolha de materiais. Priorizaram-se intervenções em vazios urbanos, por meio de desapropriação de terrenos, visando à produção de conjuntos menores, inseridos na malha urbana. Foram realizados concursos para a elaboração de projetos arquitetônicos, como no caso do conjunto São Francisco, setor VIII, ampliando a atuação profissional e melhorando significativamente a qualidade dos espaços construídos. Novos padrões urbanísticos foram discutidos, para reduzir o custo das unidades produzidas e garantir qualidade e conforto (AMARAL, 2002, p. 21).

Informações de relatórios da gestão da prefeita Erundina mostram que já existia a

preocupação com a criação de Zonas Especiais de Interesse Social, na época

pensada “em áreas vazias, com potencial de destinação de habitações populares ou

equipamentos sociais” (SÃO PAULO, 1992?b, p. 32) e com a função social da

propriedade, assim como, com o usucapião urbano em áreas particulares. Todos,

instrumentos que foram instituídos legalmente anos depois com o Estatuto da

Cidade e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.

Ao fim da gestão os números divulgados no Relatório Final de Governo mostravam a

conclusão de 35.843 casas populares e a garantia de “continuidade do programa

habitacional, com terra suficiente para mais 55 mil moradias” (SÃO PAULO, 1992?d,

p. 13). Além da urbanização de 130 favelas, beneficiando 40 mil pessoas e da

regularização fundiária de 186 loteamentos, levando benefícios a 60 mil pessoas,

deixando outros 46 aguardando decisão do Judiciário e ainda centenas em processo

de regularização (SÃO PAULO, 1992?d).

1.4.7 1993 - 2000

Nas administrações seguintes, de Paulo Salim Maluf (1993-1996) e Celso Pitta

(1997-2000), os moradores das favelas eram vistos de forma semelhante às gestões

anteriores, como trabalhadores pobres a integrar. Taschner (1997) mostra que neste

momento as favelas crescem de forma acelerada, chegando a 20% da população da

cidade, nota-se a permanência dos moradores nas favelas por bastante tempo,

inclusive por gerações, passa a ocorrer a “favelização de segmentos populacionais

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com renda menos baixa”, assim como o adensamento das favelas, constata-se o

aumento de moradias erguidas em alvenaria e a expansão dos serviços públicos

dentro das favelas, tem-se “dificuldade de enfrentar a remoção de grandes parcelas

populacionais em casa de alvenaria com infra-estrutura” e aumentam o desemprego

e a violência urbana.

As soluções adotadas para a resolução do problema habitacional incluíam a criação

do Conselho Municipal de Habitação, a “continuação da parceria com o setor

privado, através das operações interligadas e empresas de capital misto”,

empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a prioridade dada

à solução das favelas, em face do “adiamento dos programas de melhoria de

cortiços e dos mutirões auto-gestionados” (TASCHNER, 1997, p. 82).

Estas gestões acabaram paralisando a maioria das intervenções no campo da

habitação. Nesse período houve um grande crescimento das favelas nas periferias e

os movimentos de moradias foram abandonados pelo governo, sendo que a única

intervenção nesse sentido foi o Programa de Verticalização e Urbanização de

Favelas (PROVER), o Projeto Cingapura. Taschner (1997) cita como diretrizes deste

Projeto a não transferência dos moradores para outra área, a verticalização com

edifícios de 5 a 11 pavimentos, a execução por empreiteiras e a rapidez na

execução. O Projeto Cingapura tinha como princípio dar visibilidade ao próprio

projeto. Para confirmar esta afirmação pode-se perceber que todas as áreas que

sofreram intervenção localizavam-se em locais de grande circulação de veículos e

as moradias eram sempre implantadas nos locais mais visíveis de cada favela. “Sua

intervenção não se dava a partir de critérios técnicos ou da gravidade da situação de

cada lugar e tampouco abria espaço para a discussão e participação dos moradores

das favelas” (AMARAL, 2002, p. 29). Ao fim do período entre 1993 e 1997 foram

entregues 9.000 unidades, ou seja, apenas 2,25% da população favelada

(TASCHNER, 1997).

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Amaral faz uma severa colocação sobre a política municipal de habitação da gestão

de Maluf, porem prossegue com informações que justificam sua posição. Amaral

(2002, p. 27) descreve que

a administração de Maluf destruiu a política municipal de habitação. [...] Cerca de 124 empreendimentos foram paralisados e se deterioraram, acarretando um criminoso desperdício de recursos públicos. Foram interrompidos os programas de cortiços e de assistência jurídica. As favelas multiplicaram-se e foram cortados os canais de diálogo com os movimentos de moradia. Os moradores de alojamentos provisórios lá permaneceram, em situação extremamente precária. A falta de uma política de habitação, no período, contribuiu para que as condições de vida de um número significativo de pessoas se deteriorassem.

Apesar desses obstáculos nas políticas habitacionais, um dos programas da gestão

Erundina que teve continuidade nas administrações seguintes foi o Programa de

Mutirões, pois estes se mantiveram organizados e articulados de maneira

independente.

As medidas adotadas neste período apresentavam problemas, mencionados por

Taschner (1997), como a “não participação popular em nenhuma instância”; o custo

alto de “cerca de 18 mil dólares por apartamento em prédio de até 5 andares”, em

prédios com elevador o custo era de 18,8 mil dólares, comparado à unidade de

padrão pequeno com 42m²; o custo das prestações de R$ 57,00, do condomínio

sem elevador, R$ 17,00, do condomínio com elevador, R$ 27,00, além do

pagamentos de água e luz a tarifas normais; unidade habitacional de arquitetura

padronizada e não extensível; dificuldades em legalizar a propriedade; projetos

exclusivamente residenciais sem previsão de áreas para comércio e serviços e um

marketing agressivo e custoso (TASCHNER, 1997).

Enfim, as gestões de Maluf e Pitta demonstraram um claro desinteresse social na

questão habitacional, deixando de dar continuidade a importantes instrumentos e

programas conquistados na gestão anterior.

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1.4.8 2001 - 2004

A gestão da prefeita Marta Suplicy (2001-2004) tinha como principal programa de

intervenção urbana o Programa Bairro Legal, uma iniciativa

da Sehab para atuar na urbanização e regularização de favelas, na regularização fundiária e urbanização em loteamentos clandestinos e irregulares, na qualificação de conjuntos habitacionais já existentes, na melhoria de moradias autoconstruídas, na produção de novas moradias (tanto por meios convencionais como por meio de mutirões), na instalação de infra-estrutura urbana, melhoria do acesso aos serviços e equipamentos públicos, etc (SÃO PAULO, 2004?, p. 44).

O Programa Bairro Legal incluía também a recuperação e preservação

socioambiental das áreas de proteção dos reservatórios Guarapiranga e Billings.

Além deste programa, ainda realizou-se o Morar no Centro e o PROVER.

Sobre o Programa de Urbanização de Favelas, dentro do Programa Bairro Legal, o

Balanço Qualitativo de Gestão 2001-2004 informa que foram realizadas “29

intervenções em 24 áreas, contemplando 67.721 famílias beneficiadas, o que

representa[va] 23% do universo total de domicílios em favelas do município” (SÃO

PAULO, 2004?, p. 47).

Nesta gestão foi aprovada a Lei 10.257/2001, conhecida como o Estatuto da Cidade,

que instituiu um número considerável de instrumentos que possibilitassem “aos

poderes públicos o cumprimento das disposições constitucionais, principalmente no

que diz respeito à observância da função social da propriedade” (SÃO PAULO,

2008b, p. 14).

Foi também nesta gestão que apareceu o Plano Diretor Estratégico do Município de

São Paulo. Aprovado em setembro de 2002, o Plano Diretor Estratégico (PDE)

vigente, fixa as diretrizes gerais da política de desenvolvimento e de expansão

urbana no Município de São Paulo. Instrumento básico, obrigatório para cidades com

mais de 20 mil habitantes, o PDE exerce um papel importante na questão das

favelas da cidade, pois regulamenta, entre outros, a outorga onerosa, a transferência

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do direito de construir, a instituição de Áreas de Intervenção Urbana (AIUs) e as

zonas especiais de interesse social (ZEIS). Zonas de relevante importância para

este trabalho, pois metade das favelas da subprefeitura Vila Mariana encontram-se

total ou parcialmente em ZEIS.

A partir dos anos 80, e como produto, sobretudo da luta dos assentamentos irregulares pela não remoção, pela melhoria das condições urbanísticas e regularização fundiária, um novo instrumento urbanístico começou a ser desenhado, em várias prefeituras do país: as Zonas de Especial Interesse Social (ZEIS), ou Áreas de Especial Interesse Social (AEIS) (ROLNIK, 20--?, p. 1).

No Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo encontra-se no Título III,

Capítulo II, Seção IV a Subseção IV que trata da Zona Especial de Interesse Social.

Nesta subseção as ZEIS são definidas como

porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação urbanística, à regularização fundiária e produção de Habitações de Interesse Social - HIS ou do Mercado Popular - HMP (...), incluindo a recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local (SÃO PAULO, 2002).

Tendo em vista a variedade de ocupações existentes na cidade, as ZEIS são bem

sucedidas ao “incluir no zoneamento da cidade uma categoria que permita, mediante

um plano específico de urbanização, estabelecer padrões urbanísticos próprios para

determinados assentamentos” (ROLNIK, 20--?, p. 1) legalizando assim o direito de

moradia e conseqüentemente de cidadania aos seus moradores.

No ano 2004 também foi aprovada a Lei 13.885/04 que estabelece normas

complementares ao PDE, instituindo os Planos Regionais Estratégicos das

Subprefeituras e regulamentando o parcelamento, disciplina e ordenação do Uso e

Ocupação do Solo do Município (SÃO PAULO, 2004?).

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50

1.4.9 2005 - 2009

A gestão dos prefeitos José Serra (2005-2006) e Gilberto Kassab (2006-2008) e,

reeleito, Gilberto Kassab (2009), definiu duas frentes para sua política habitacional.

Uma dá continuidade, retoma e finaliza ações iniciadas em governos anteriores,

assim como dá inicio a novos programas. Segundo o livro Urbanização de favelas

(SÃO PAULO, 2008b, p. 14-15),

estão em andamento os programas de urbanização de favelas, regularização de loteamentos irregulares, construção de unidades habitacionais por mutirões e empreendimentos na área central para fins de locação social e empreendimentos habitacionais para fins de moradia.

O Programa de Urbanização de Favelas da gestão atual resulta do conceito de

urbanização de favelas como parte componente estrutural das políticas habitacionais

consolidado após a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos

Humanos - Habitat II, realizada em Istambul, Turquia, em 1996 e tem como

conceitos centrais a permanência da maioria dos moradores e a garantia de

continuidade dos investimentos na construção da moradia, buscando assim, “a

qualificação dos espaços públicos, de forma a permitir sua integração [da favela] às

áreas vizinhas e seu reconhecimento na condição de novo bairro” (SÃO PAULO,

2008b, p. 19). Este programa

tem por pressupostos: melhoria das condições de habitabilidade do núcleo; prevenção e eliminação de riscos e acidentes causados por fatores geotécnicos e por inundação, sempre potencializados pela ocupação desordenada; melhoria das condições ambientais das favelas e da sua vizinhança; melhoria das condições de salubridade e de saúde da população; ampliação do comprometimento da população na conservação das melhorias físicas conquistadas com o fortalecimento da organização comunitária; e combate sistemático à ocupação irregular de áreas protegidas (SÃO PAULO, 2006?, p. 8).

Dentro da Sehab, a Superintendência de Habitação Popular (HABI) é “responsável

pelo desenvolvimento e implantação dos programas e dos projetos habitacionais

voltados à população residente em moradia subnormal” (HABI, 2009, p. 1).

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A HABI desenvolve os programas de urbanização e regularização de favelas e

desde o início da gestão atual foi dividida em cinco regionais: norte, sul, leste, centro

e sudeste. Esta última é a regional de HABI responsável pelas favelas da

subprefeitura Vila Mariana.

A outra frente buscou a elaboração do Plano Estratégico para Habitação de

Interesse Social, um projeto iniciado em dezembro de 2005 e com duração de 30

meses e preparado em parceria e com recursos financeiros da Cities Alliance

(Aliança de Cidades). Este trabalho teve como ponto de partida

um detalhado diagnóstico da situação atual, apoiado em uma série de estudos subsidiários que permitem estabelecer critérios de elegibilidade e priorização dos investimentos no setor habitacional, tendo em vista uma série de indicadores que observam as carências relacionadas à falta de infra-estrutura, às áreas de risco existentes, às condições de vulnerabilidade social e aos índices de problemas de saúde vinculadas à falta de infra-estrutura (SÃO PAULO, 2008b, p. 16).

É ai que entra uma novidade no campo da gestão de informações de habitação de

interesse social, que vem da tecnologia informática que possibilitou a criação de um

sistema virtual de dados e disponibilizou seu acesso pela rede mundial a qualquer

cidadão interessado. Este é o Habisp, um sistema de informações implantado para

monitorar e gerenciar as ações programáticas da Secretaria Municipal da Habitação

(Sehab).

Segundo informações presentes no documento Instrumentos para gestão da

habitação social na cidade de São Paulo (SÃO PAULO, 2008a), antes do Habisp o

cenário de HABI era de informações centralizadas, bancos de dados individuais para

favelas e loteamentos irregulares, sobreposição de demandas de favelas e

loteamentos e com a dificuldade de traçar um perfil sobre a demanda total de

assentamentos precários.

Então as diretrizes do sistema Habisp foram de democratização do acesso à

informação, integração de informações de fontes diversas, controle estratégico das

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informações, facilidade e rapidez no acesso às informações e inclusão de usuários

de níveis diversos de conhecimentos de informática (SÃO PAULO, 2008a).

Foi criado no Habisp um sistema que elege e prioriza as áreas a receberem algum

tipo de melhoramento através de um índice de priorização. Antes deste sistema de

elegibilidade e priorização ser concluído, para a

escolha das áreas de intervenção, foram consideradas aquelas que já possuíam projetos de urbanização em fase de finalização ou já concluídos; áreas vinculadas a programas financiados com recursos externos; e áreas cuja prioridade se dá pela emergência das péssimas condições urbanísticas e fundiárias (SÃO PAULO, 2006?, p. 8).

O sistema de elegibilidade e priorização será mais bem explicado no item “2.3”.

O Habisp, que pode ser acessado pelo endereço eletrônico www.habisp.inf.br,

concentra informações de favelas, loteamentos, cortiços, núcleos urbanizados e

conjuntos habitacionais e é atualizado constantemente, mostrando assim o

panorama real da situação destes assentamentos na cidade de São Paulo.

Apesar de parecer um banco de dados, o Habisp não é passivo como um, servindo

apenas para consultas. O Habisp é um instrumento em constante atualização e

ativo, pois gera o índice de priorização das áreas cadastradas, que servirão de base

para decisões de intervenções urbanas. E planeja-se que em um futuro próximo o

Habisp reúna todas as informações necessárias durante os processos de

intervenção realizados nas áreas carentes, desde seu primeiro cadastro, passando

por dados do arrolamento de cada área a se urbanizar e até a emissão de títulos de

propriedade após a regularização destas áreas.

Embora a atual gestão tenha criado o Habisp e suas ferramentas e estar realizando

atualizações nos cadastros habitacionais, a criação deste sistema foi possível graças

ao trabalho realizado em muitas das gestões anteriores através do cadastramento

de favelas em outros sistemas de informação e armazenamento de dados.

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Agora, após ter-se abordado a parcela da história paulistana que teve de alguma

forma influência nas favelas da subprefeitura Vila Mariana, serão vistos alguns

conceitos básicos sobre favelas, para depois se falar diretamente sobre as favelas

do recorte.

1.5 Favelas

As favelas ainda são vistas de forma negativa por uma parcela da população

paulistana, possivelmente pela falta de conhecimento sobre o tema, assim como por

resquícios históricos de políticas públicas que já foram comentadas e difundiam esta

imagem das favelas, ou ainda pelo racismo que tem sua irracional história paralela à

história das favelas, mas tem raízes mais antigas que infelizmente não poderão ser

abordadas nesta dissertação. Outros motivos ainda podem existir, mas para essa

população excedente, as favelas não são um problema, mas sim, a solução

encontrada para o problema da falta de moradia que enfrentam.

Para analisar a situação das favelas, primeiramente é preciso defini-las e para isto

não é possível acreditar que diante da complexidade de cada favela e de suas

diferenças, possamos achar uma definição única e completamente satisfatória para

elas. Portanto as definições que se seguem não serão julgadas melhores ou piores

nem corretas ou erradas, pois todas vêm de fontes reconhecidas, fruto de um olhar

específico em uma época específica e sendo assim serão somente expostas, com o

intuito de soma e não de comparação.

Segundo SEADE (2008, p. 3), favela é um

assentamento precário em área pública ou particular de terceiro, cuja ocupação foi feita a margem da legislação urbanística e edilícia. Trata-se de ocupação predominantemente desordenada, com precariedade de infraestrutura, maior opção por autoconstrução de moradias que apresentam diferentes graus de precariedade. A população residente caracteriza-se por famílias de baixa renda e socialmente vulneráveis.

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Já a Grande Enciclopédia Larousse Cultural (1995, p. 2369) define favela como

“núcleo de habitações rústicas e improvisadas nas áreas urbanas e suburbanas, em

locais sem melhoramentos públicos, sobre terrenos de propriedade alheia (privada

ou estatal), ou de posse não definida”. Hoje nota-se que o termo “melhoramentos

públicos” é uma definição ultrapassada.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística utiliza o conceito de que

favela e setores assemelhados são considerados do tipo ‘setor especial de aglomerado subnormal’, definido como aglomerado de, no mínimo, 51 unidades habitacionais em terreno alheio, dispostas, em geral, de forma desordenada, e carentes da maioria dos serviços essenciais (INFOCIDADE, 2009, p. 1).

O Sistema Municipal de Habitação adotou uma conceituação um pouco diferente em

1972, utilizada também em 1987 no Censo de Favelas e pela pesquisa contratada à

FIPE em 1993, ambos levantamentos a cargo da Superintendência de Habitação

Popular da Secretaria de Habitação (HABI/SEHAB). Favelas foram então definidas

como

aglomerados de moradias de reduzidas dimensões, construídas com materiais inadequados (madeira velha, zinco, latas e até papelão) distribuídos irregularmente em terrenos quase sempre desprovidos de serviços e de equipamentos urbanos e sociais, compondo um complexo de ordem social, econômica, sanitária, educacional e urbanística (INFOCIDADE, 2009, p. 1).

Tendo em vista as definições apresentadas, pode-se iluminar três conceitos

fundamentais presentes na situação da favela: constituem-se de zonas ocupadas

ilegalmente, públicas ou privadas, apresentam baixos índices de infra-estrutura

básica, equipamentos e serviços públicos e fixam-se sobre “padrões de ocupação e

parcelamento incompatíveis com os parâmetros legais (usualmente classificado

como ‘desordenado’)” (DENALDI, 2003 apud FILARDO Jr., 2004). Porém, são áreas

onde a população de baixa renda busca uma maneira de se fixar, extremamente

precária, mas que acaba sendo umas das poucas saídas para seu problema de

moradia.

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Algumas vezes, por estarem localizadas em beiras de córregos ou em outros pontos

mais baixos da cidade, como encostas e fundo de vales, as favelas interferem nos

sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem das

cidades, por serem áreas onde, justamente deveria passar as estruturas de

drenagem de um bairro, além das tubulações de esgoto doméstico. Além de serem

naturalmente áreas “associadas a acidentes naturais como enchentes, erosões e

escorregamentos” (PISANI et al, 2007, p. 11). Este é o caso de algumas favelas da

subprefeitura Vila Mariana, como será visto nos próximos capítulos, ou como se

pode ver nos apêndices.

A ocupação destas áreas, da maneira que se apresenta, data do período pós-guerra.

Em algumas das cidades mais populosas, as classes mais baixas encontraram

nestes locais a oportunidade de se fixar, porém isto aconteceu de forma arriscada,

com edificações de formas, materiais e técnicas impróprias, a partir de

desmatamentos, cortes e aterros, sem implantação de redes de drenagem de águas

servidas e pluviais, etc. o que muitas vezes afetava o equilíbrio físico gerando

acidentes. A partir de 1960 estes acidentes passam a ser registrados com maior

frequência (PISANI et al, 2007).

Como mostra Pisani et al (2007, p. 11) “os desastres naturais se tornaram um dos

maiores problemas públicos nas cidades de grande porte, em todo o mundo”, a partir

da década de 1980.

Nas encostas das cidades brasileiras, a urbanização sem critérios, que atenda às especificidades dessas áreas, vem acumulando impactos ambientais há décadas. Estes impactos são responsáveis pelos acidentes cada vez maiores, tanto em extensão quanto em perdas socioeconômicas, e, também, pela formação de paisagens urbanas deterioradas e impróprias para o desenvolvimento das redes de infra-estrutura (PISANI et al, 2007, p. 12).

Além da situação de muitas favelas paulistanas em áreas de risco, existem também

muitas favelas estabelecidas em áreas de proteção ambiental (APA) e áreas de

proteção aos mananciais (APM), protegidas por Lei, que quando ocupadas, geram

riscos ambientais para a população invasora e para a população do entorno e em

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alguns casos de poluição e contaminação, para a população da própria cidade.

MARTINS (2002, p. 6) mostra que

a ausência de alternativa habitacional para a maioria da população pobre nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas duas últimas décadas, teve como uma das consequências, a ocupação irregular e predatória ao meio ambiente urbano. Os loteamentos irregulares, as ocupações informais e as favelas proliferam justamente nas áreas ambientalmente mais frágeis, protegidos por lei (através de fortes restrições ao uso) - e conseqüentemente desprezadas pelo mercado imobiliário.

Para o caso da bacia do Guarapiranga, área protegida por Lei e bastante ocupada

por favelas e loteamentos irregulares, na região sul da cidade de São Paulo, foi

criado o Programa de Recuperação Urbana e Saneamento Ambiental da Bacia

Hidrográfica do Guarapiranga. O Programa Guarapiranga, como é mais conhecido, é

um trabalho conjunto entre o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura do

Município de São Paulo, conta com recursos do Banco Internacional para

Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e tem por “objetivo recuperar a qualidade

da água da Bacia do Guarapiranga, responsável pelo abastecimento de 3 milhões de

paulistanos da região sul da cidade, e de melhorar a condição de vida dos

moradores que vivem nesta área” (SÃO PAULO, 2009, p. 1).

Cerca de 1/3 da área total da Bacia do Guarapiranga está ocupada por aproximadamente 200 loteamentos irregulares e 176 favelas, responsáveis pela grande quantidade de esgoto e lixo carreada para os córregos, comprometendo a qualidade das águas da Bacia e colocando em risco a Guarapiranga como fonte de abastecimento da população. O problema é ainda agravado pela precariedade das condições de moradia destas famílias, que permanentemente estão sujeitas a desabamentos e inundações e transmissão de doenças, devido à falta de saneamento básico (SÃO PAULO, 2009, p. 1).

Foram concluídas obras em 14 favelas, com 142 unidades habitacionais construídas

e 2.809 famílias atendidas. Outras 129 favelas estão em obras, levando benefícios a

20.735 famílias (SÃO PAULO, 2009).

Além de muitas vezes as favelas estarem em locais impróprios para a habitação,

também é difícil distinguir com precisão loteamentos, favelas e invasões.

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A precariedade da estrutura urbana da periferia da cidade, a supercompartimentação da terra, a utilização dos mesmos materiais construtivos, a inexistência de vazios urbanos e a carência comum de equipamentos sociais transformaram as nossas periferias em uma paisagem contínua e semelhante (TANAKA, 1993, p. 41).

Nem mesmo a posse da terra diferencia a favela do loteamento periférico, pois na

maioria dos casos, essas ocupações são irregulares. Não há muita diferença nem se

for comparada a densidade populacional entre os dois tipos de assentamentos

(TASCHNER, 2001).

Em relação à infra-estrutura, Taschner (2001) apresenta dados importantes sobre o

fornecimento dos serviços públicos às favelas da Região Metropolitana de São Paulo

(RMSP). O fornecimento de energia elétrica abrange grande parte das casas, mas

ainda é feito de forma ilegal através de ligações diretas com a rede pública sem a

presença de medidores; em relação ao abastecimento de água encanada, de acordo

com dados do Censo de 1991, 89,6% das casas eram favorecidas, já a coleta de

esgoto era muito precária, abrangendo apenas 26% das habitações; a coleta de lixo

atendia a 63,8% das casas, demonstrando ainda muita precariedade nos serviços

públicos, que não tinham como chegar a todas as habitações por dificuldades físicas

dos terrenos ou por impedimentos causados pelas grandes densidades.

É interessante observar a análise da configuração espacial das favelas feita por

Taschner (2001): nela, a autora cita alguns elementos característicos dessas

ocupações como a presença de sobrados, que podem chegar a ter 3 andares,

dependendo das necessidades de ampliação da casa para abrigar novos membros

da família; a localização dos sanitários e os tanques que na maioria dos casos

encontram-se fora da unidade habitacional; além disso, nota-se a presença de

muitos bens industrializados no interior das moradias.

Outro aspecto importante refere-se à produção da moradia e ao seu valor de

mercado, uma vez que dentro de uma sociedade capitalista, mesmo uma habitação

em favela tem seu valor como mercadoria.

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A construção de unidades habitacionais não fica apenas a cargo de seus moradores,

mas, muitas vezes, contratam-se pedreiros/construtores para realizar tal serviço. Há,

portanto, uma geração de empregos tanto no setor da construção, como nos

serviços relacionados à locação das unidades. Sendo assim, “a construção das

casas em terreno invadido liga-se ao mercado formal tanto na compra de material de

construção como no uso – ainda restrito – de mão de obra paga” (TASCHNER,

2001, p. 76).

Mas, apesar de se ligar ao mercado formal, as favelas têm como uma de suas

origens a impossibilidade financeira de seus moradores de acessar o mercado

imobiliário ou a terra urbana dotada de infra-estrutura como mostra Raquel Rolnik,

que

na maioria das cidades – diante dos enormes níveis de desigualdade social, concentração de renda e pobreza urbana – os próprios padrões mínimos de ocupação levam a terra urbana infraestruturada a atingir preços altos demais para o poder de compra de grande parte da população. As camadas mais pobres se vêem obrigadas a ocupar terras à margem da legislação, originando loteamentos clandestinos, ocupações e favelas (ROLNIK, 20--?, p. 1).

Mesmo apresentando muitos pontos prejudiciais à qualidade de vida, a favela é

considerada por seus moradores um espaço do qual se sentem donos, pois existe

um apego ao que construíram e acumularam (TASCHNER, 2001). Remover as

famílias de suas casas e transferi-las para outros locais nem sempre é a melhor

opção, pois muitas vezes os favelados removidos acabam construindo barracos em

outras favelas existentes. É preciso pensar na permanência da população em seus

bairros originais como um princípio para as decisões de intervenção.

Ferreira, ao desconstruir a imagem da cidade de São Paulo como cidade-global,

levanta ainda outros fatores, que influenciam a extrema diferença entre classes

sociais paulistanas e reforçam a posição da população favelada na precariedade de

sua situação:

A metrópole de São Paulo expressa hoje a marginalidade social de um país que combina o atraso com o moderno, e uma abissal diferença entre os patamares extremos de renda. Sobre uma matriz arcaica de uma sociedade que sequer se livrou de sua herança colonial, sobre a qual aplicaram-se reiteradamente modelos de

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“modernização” que nada mais fizeram do que exacerbar o desequilíbrio social interno, tenta-se impor mais uma vez um novo modelo econômico “modernizador”, ideologicamente propagandeado como “entrada” para o Primeiro Mundo, mas que na verdade representa a continuidade da imposição do capitalismo hegemônico, tanto no que tange à dependência internacional quanto à hegemonia interna exercida por nossas elites (FERREIRA, 2007, p. 219).

No contexto atual, a urbanização de favelas é um tema que vem ganhando destaque

entre os setores do Governo, entidades não governamentais e instituições de

ensino. Na cidade de São Paulo, a população que morava em favelas no ano 2000

correspondia a 11,12% e atualmente em escala nacional, pode-se notar que essas

ocupações abrigam mais de um terço da população brasileira. A melhoria das

condições de vida da população que vive nesse tipo de assentamento é uma

questão primordial, pois consiste na garantia da conquista da cidadania.

Atualmente um sistema de informações da prefeitura da cidade de São Paulo, o

Habisp (www.habisp.inf.br), monitora e atualiza o cadastro das favelas da capital

constantemente. A tabela 1.5 mostra quantas favelas estavam cadastradas neste

sistema nas respectivas datas.

Tabela 1.5 Variação do número de favelas cadastradas no

Habisp entre abril e dezembro de 2009

Data Número de Favelas 27 de abril 1601 07 de maio 1602 18 de maio 1601 29 de maio 1605 10 de junho 1607 01 de julho 1610 17 de julho 1627

06 de agosto 1635 24 de setembro 1642 03 de outubro 1642

10 de novembro 1636 10 de dezembro 1635

Fonte: HABISP, 2009.

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Esta variação no número de favelas cadastradas acontece, pois a equipe técnica do

Habisp vem realizando no último ano uma atualização no sistema, excluindo

cadastros duplos para uma mesma favela, conferindo os perímetros das favelas,

verificando favelas já cadastradas, etc. Além destes, existem os motivos comuns de

alteração do número de favelas cadastradas, que são o cadastro de novas favelas, a

fusão de duas ou mais favelas em uma favela maior ou ainda a exclusão de favelas

do cadastro, uma vez que tenham terminado o processo de urbanização ou

regularização fundiária.

A distribuição das favelas na cidade de São Paulo ainda apresenta reflexos das

conseqüências da crise da habitação da década de 1940, aglomerando-se

principalmente na periferia da cidade.

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Figura 1.3 Distribuição das favelas no Município de São Paulo, 2008

Fonte: Secretaria Municipal de Habitação Elaboração: Secretaria Municipal de Planejamento – Sempla / Departamento de Estatística e Produção de Informação – Dipro. apud INFOCIDADE (2009).

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Tabela 1.6 Dez maiores favelas da cidade de São Paulo segundo número de domicílios

Favela Distrito Subprefeitura Propriedade Área (m²)

Heliópolis Sacomã Ipiranga Particular / Municipal

710.456,332

Paraisópolis V. Andrade Campo Limpo Particular 798.695,546

Pantanal 2 V. Jacuí São Miguel Estadual 725.839,471

São Francisco Global São Rafael São Mateus Municipal 542.530,828

Nova Jaguaré Jaguaré Lapa Municipal 168.359,911

Recanto do Paraíso Perus Perus Municipal 246.235,074

Sinhá Sapopemba V. Prudente / Sapopemba

Particular / Municipal

177.803,551

Jardim Colombo V. Sônia Butantã

Particular / Municipal

142.816,608

Campo dos Ferreiras I Capão Redondo Campo Limpo

Particular / Municipal

107.469,739

Recanto dos Humildes Perus Perus Municipal 241.524,950

(continuação)

Favela Ano de

Ocupação Número de Imóveis

Índice de Infra-estrutura Urbana

Renda Média* (R$)

Heliópolis 1972 18.080 0,75 478,94

Paraisópolis 1960 17.159 0,44 614,43

Pantanal 2 1987 6.800 0,21 305,91

São Francisco Global

1992 4.102 0,62 360,22

Nova Jaguaré 1965 4.000 0,25 435,68

Recanto do Paraíso

1992 4.000 0,50 399,38

Sinhá 1967 3.500 0,43 455,99

Jardim Colombo

1942 3.244 0,48 1.075,81

Campo dos Ferreiras I

1970 3.000 0,65 446,33

Recanto dos Humildes

1981 2.800 0,83 401,14

* Renda média do bairro e não da favela. Fonte: HABISP, 2009.

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A tabela 1.6 mostra informações das maiores favelas da cidade. Já a tabela 1.7

mostra informações das favelas mais antigas da cidade, ainda ativas, segundo o

sistema Habisp, onde em torno de 80 favelas permanecem sem ano de ocupação

definido.

Tabela 1.7 As sete favelas mais antigas da cidade de São Paulo, ainda ativas

Favela Distrito Subprefeitura Propriedade Área (m²)

Palmas do Tremembé

Tucuruvi Santana / Tucuruvi

Municipal 3.544,840

Pau Queimado Tatuapé Moóca Particular 25.180,604

Guaicuri I Pedreira Cidade Ademar Particular 90.921,991

Jardim Colombo

V. Sônia Butantã Particular / Municipal

142.816,608

Coronel Luis Alves

V. Mariana V. Mariana Particular / Municipal

3.163,367

Canão Campo Belo Santo Amaro Particular 538,732

Mimosa Jaçanã Tremembé /

Jaçanã Particular /

Federal 1.887,514

(continuação)

Favela Ano de

Ocupação Número de Imóveis

Índice de Infra-estrutura Urbana

Renda Média* (R$)

Palmas do Tremembé 1934 15 0,85 3.297,37

Pau Queimado 1940 300 0,32 1.063,75

Guaicuri I 1942 715 0,20 387,49

Jardim Colombo 1942 3.244 0,48 1.075,81

Coronel Luis Alves 1945 50 0,27 6.641,68

Canão 1946 17 0,80 4.193,37

Mimosa 1946 70 0,33 300,53

* Renda média do bairro e não da favela. Fonte: HABISP, 2009.

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As tabelas apresentadas mostram informações sobre suas localizações em São

Paulo nos itens “distrito” e “subprefeitura”. Conhecer a localização das favelas na

cidade é importante, uma vez que o histórico tratou de favelas formadas por uma

parcela da população que migrou para a periferia e tratou de outras favelas

formadas por pessoas que não quiseram se afastar do centro da cidade. Sendo

assim, a figura 1.4 ajudará na localização destes limites políticos-administrativos.

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Figura 1.4 Subprefeituras e distritos do município de São Paulo

Fontes: Secretaria Municipal de Planejamento – Sempla / Departamento de Estatística e Produção de Informação apud INFOCIDADE (2009).

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Tabela 1.8 Distribuição e porcentagem das favelas no

município de São Paulo, por subprefeitura, 2008

Unidade Territorial Número de Favelas

Porcentagem

Município de São Paulo 1.565 100

Número na Figura 1.4

Subprefeitura Número de Favelas

Porcentagem

26 Aricanduva / Formosa / Carrão 16 1,02 10 Butantã 66 4,22 17 Campo Limpo 188 12,01 19 Capela do Socorro 116 7,41 04 Casa Verde / Cachoeirinha 42 2,68 16 Cidade Ademar 129 8,24 31 Cidade Tiradentes 16 1,02 22 Ermelino Matarazzo 29 1,85 03 Freguesia / Brasilândia 82 5,24 28 Guaianases 44 2,81 13 Ipiranga 36 2,30 24 Itaim Paulista 34 2,17 27 Itaquera 55 3,51 15 Jabaquara 62 3,96 06 Jaçanã / Tremembé 42 2,68 08 Lapa 22 1,41 18 M’Boi Mirim 168 10,73 25 Mooca 05 0,32 20 Parelheiros 37 2,36 21 Penha 35 2,24 01 Perus 28 1,79 11 Pinheiros 5 0,32 02 Pirituba 91 5,81 05 Santana / Tucuruvi 13 0,83 14 Santo Amaro 39 2,49 30 São Mateus 40 2,56 23 São Miguel 36 2,30 09 Sé 02 0,13 07 Vila Maria / Vila Guilherme 35 2,24 12 Vila Mariana 06 0,38

29 Vila Prudente / Sapopemba 46 2,94

Fonte: Listagem de Favelas do Município de São Paulo - SEHAB / HABI, 2008. Elaboração: Sempla / Dipro. apud INFOCIDADE (2009).

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A tabela 1.8 aliada à figura 1.4 fornece a leitura da situação atual das favelas na

cidade de São Paulo. As subprefeituras vizinhas de M’Boi Mirim e Campo Limpo e a

subprefeitura próxima de Cidade Ademar são as únicas que possuem mais de 100

favelas e nenhuma delas faz parte da região central da cidade. Outras subprefeituras

com número elevado de favelas como Pirituba e Freguesia / Brasilândia também

estão na periferia da cidade. Todas as subprefeituras possuem favelas, sendo

assim, todas merecem atenção em relação aos esforços e medidas tomadas com

objetivo de melhorar a situação habitacional de sua população. A subprefeitura Vila

Mariana está mais perto da região central de São Paulo e possui apenas 0,38% das

favelas da cidade, mas isto representa 809 domicílios (HABISP, 2009) e

naturalmente um número maior de famílias. Usando um dado das Tabulações

Especiais do Censo de 1991 (TASCHNER, 2001), onde é de 4,84 o número médio

de pessoas por domicílio em favelas, tem-se uma estimativa aproximada de 3.915

moradores em favelas na subprefeitura Vila Mariana, atualmente.

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CAPÍTULO 2

AS FAVELAS DA

SUBPREFEITURA

VILA MARIANA

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A subprefeitura Vila Mariana é composta por três distritos, Vila Mariana, Saúde e

Moema, como mostra a figura, 2.1 e este capítulo vai abordar a história de suas

favelas.

Figura 2.1 Subprefeitura Vila Mariana

Fonte: INFOCIDADE, 2009.

Para apresentar as histórias destas favelas foi necessário buscar marcos históricos,

para que pudessem mostrar informações do passado que servissem de base de

comparação para avaliarmos a situação atual. Então, foi decidido apresentar um

marco histórico para o passado, um marco histórico atual, para o presente e ainda

que fosse, de alguma maneira científica, traçada uma projeção para o futuro destas

histórias.

O marco histórico escolhido para o passado foi a data de publicação do segundo

cadastro de favelas do município de São Paulo realizado em 1987. O marco histórico

escolhido para o presente foi o atual sistema de cadastramento de favelas da

prefeitura de São Paulo, o sistema virtual Habisp e para o futuro, foi escolhido um

mecanismo da gestão municipal que pudesse traçar uma projeção para o futuro

destas favelas. Este é o próprio sistema Habisp, onde gera por meio de indicadores

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uma lista com a ordem das favelas por prioridade de urbanização, dentre as favelas

da cidade de São Paulo.

Existe ainda a possibilidade de terem existido favelas que se formaram após o

cadastro de 1987 e desapareceram antes do cadastro atual, situando-se em um

período que não é atingido pelos marcos históricos escolhidos. Sendo assim, o

trabalho vai abordar mais profundamente somente as favelas que aparecem nestes

marcos, com o objetivo de ter uma base de comparação entre as favelas da mesma

época e tendo a possibilidade de recriar a história de cada uma delas através do

tempo.

Já as favelas que se encontram entre os marcos históricos escolhidos não aparecem

em nenhum cadastro estudado, portanto, não foi possível reunir informações

suficientes sobre elas a ponto de compará-las com as favelas dos cadastros. Estas

favelas apenas são citadas em relatórios de gestão da prefeitura com poucas

informações anexas, uma vez que não era este o objetivo de elas estarem nestes

relatórios. Sendo assim, elas serão citadas abaixo, fora da ordem do trabalho, que

tem no item 2.1 o ano de 1987 e no item 2.2 o período atual, para não atrapalharem

a transferência de informações entre estes dois itens que, naturalmente, serão

comparados.

Um dos relatórios de gestão do governo da prefeita Erundina, o relatório das

administrações regionais do Ipiranga e Vila Mariana cita algumas destas favelas em

três diferentes capítulos (SÃO PAULO, 1992?a), todas na subprefeitura Vila

Mariana. São elas:

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Favela Cidade Azul

Favela Gastão da Cunha

Favela Nova Minas Gerais

Favela Dinamarca

Favela Nova Divinéia

Favela Manoel A. Mesquita

Favela Santo Estevão

Favela Francisco Alvarenga

Favela Pantaleão

Favela Alfaia Rodrigues

Favela Arco Verde

Favela Nossa Senhora Aparecida

Este relatório também traz informações sobre as favelas São Judas, Mauro I e

Mauro II, mas como estas aparecem nos cadastros escolhidos para marcos

históricos, suas informações serão apresentadas nos capítulos correspondentes.

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2.1 Passado: cadastro de favelas do município de São Paulo de 1987

Dados da biblioteca da Superintendência de Habitação Popular (HABI) dentro da

Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sehab) da Prefeitura da Cidade

de São Paulo revelaram 21 favelas cadastradas em 1987, para a subprefeitura Vila

Mariana, que na época era Administração Regional da Vila Mariana. As favelas

aparecem abaixo e nas seguintes tabelas sempre em ordem alfabética:

01 - Altino Arantes

02 - Araguari

03 - Ascendino Reis

04 - Clementino, Vila

05 - Coronel Luís Alves

06 - Graciliano Ramos

07 - Inhambu

08 - José do Patrocínio

09 - Mario Cardim

10 - Mauro I

11 - Mauro II

12 - Miguel Stefano / Palermo

13 - Onze de Junho / São Francisco

14 - Ricardo Jafet I / Aurélio

15 - Ricardo Jafet II / Saioá Bom Preço

16 - Ricardo Jafet III

17 - São Judas

18 - Sousa Ramos

19 - Tintas

20 - Tuim

21 - Uberabinha

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As visitas de técnicos realizadas a estas favelas no ano de 1987 resultaram em uma

ficha de cadastro para cada favela com informações diversas. Estas fichas foram

consultadas e transcritas para este trabalho devido a sua importância como base

deste item (2.1) e encontram-se no “Apêndice A”.

Seguem listadas abaixo as informações que constavam para preenchimento nas

fichas de cada favela cadastrada no ano de 1987, constituindo, não pela disposição,

mas pelo conteúdo, um modelo de ficha cadastral.

Tabela 2.1 Modelo de ficha de cadastro de favelas de 1987

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO SUPERINTENDÊNCIA DE HABITAÇÃO POPULAR - HABI FICHA CADASTRAL DAS FAVELAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Identificação Número: Nome: Endereço: Bairro: Sub-distrito: URAH: MOF/MOC: Setor: Quadra: Número de domicílios: Número de domicílios em alvenaria: Ano de ocupação: Forma de ocupação: Propriedade: Área do terreno: Data: Características Físicas Topografia: Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: Enchentes: Erosão: Domicílios em risco: Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: Localizada junto ao sistema viário: Existência de espaço livre/comunitário: Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: Serviços Públicos Iluminação pública no arruamento interno: Iluminação pública nas ruas lindeiras: Coleta de esgotos: Coleta de lixo: Luz domiciliar:

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Abastecimento de água: Telefone público: Transporte coletivo: Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou

EMEI 1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela No Bairro

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial Igreja,

Templo, etc. Na Favela No Bairro

Comércio Na favela: No bairro: Organização Associação de moradores: Associação esportiva/recreativa: Outras associações: Liderança reconhecida: Intervenções Realizadas: Previstas: Observações

Fonte: SÃO PAULO, 1987.

O último item deste modelo de ficha de cadastro, “observações”, era usado para se

anotar as atualizações realizadas no cadastro de cada favela realizados nos anos

posteriores.

Com estas informações das vinte e uma favelas cadastradas é possível recriar um

panorama geral de sua situação na época.

Começando com a localização, as fichas das favelas mostram que a maioria delas

estava no distrito Vila Mariana, que concentrava nove favelas ou 43% do total da

subprefeitura. Já no distrito Saúde estavam oito favelas ou 38% do total e no distrito

Moema, quatro favelas ou 19% do total.

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Quanto ao ano de ocupação, a tabela a 2.2 mostra que em 1987 ainda restavam três

favelas da década de 1940, apenas duas da década de 1950, seis da década de

1960, seis da década de 1970 e apenas quatro da década de 1980. A tabela 2.2

mostra também a situação fundiária destas favelas, onde 14 delas encontravam-se

total ou parcialmente em terrenos particulares, 8 delas estavam total ou parcialmente

em terrenos municipais, uma delas encontrava-se parcialmente em terreno estadual

e uma delas estava totalmente em terreno federal. A tabela 2.2 mostra ainda que em

1987 a subprefeitura Vila Mariana possuía 636 domicílios em favelas e destes,

16,5% eram de alvenaria, ou seja, 105 domicílios. Dados de um relatório de

pesquisa do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LABHAB) da

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP)

mostram que seis anos depois, em 1993, o percentual de unidades de alvenaria no

município de São Paulo era de 74,2% (MARICATO et al, 1999) o que indica uma

grande consolidação nestes assentamentos, ou seja, é nesse momento que se

verifica que os moradores de favelas vêem rebaixada a possibilidade de serem

expulsos e então investem mais em suas moradias, consolidando assim sua

permanência.

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Tabela 2.2 Primeiro comparativo entre as 21 favelas

Favela Ano de

Ocupação Propriedade

Número de Domicílios

Número de Domicílios

em Alvenaria

Altino Arantes 1956 Particular 04 01

Araguari 1984 Particular Municipal

11 11

Ascendino Reis 1962 Municipal 05 05

Vila Clementino 1963 Particular 30 04

Coronel Luís Alves 1957 Municipal 02 00

Graciliano Ramos 1977 Particular 10 00

Inhambu 1961 Particular 05 00

Mario Cardim 1972 Federal 120 15

Mauro I 1947 Particular 51 19

Mauro II 1972 Particular 116 00

Miguel Stefano / Palermo 1979 Municipal 11 03

José do Patrocínio 1943 Particular 10 01

Onze de Junho / São Francisco

1969 Particular 31 01

Ricardo Jafet I / Aurélio 1947 Particular 04 03

Ricardo Jafet II / Saioá Bom Preço

1980 Particular Municipal

90 02

Ricardo Jafet III 1980 Municipal 30 00

São Judas 1978 Municipal Estadual

57 04

Sousa Ramos 1985 Particular 04 00

Tintas 1979 Particular 05 05

Tuim 1967 Particular 02 02

Uberabinha 1965 Municipal 38 29

Fonte: SÃO PAULO, 1987.

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Tabela 2.3 Segundo comparativo entre as 21 favelas

Favela Coleta de Esgotos Abastecimento

de Água

Altino Arantes Rede Pública Rede Pública

Araguari Canalização Precária Rede Pública

Ascendino Reis Rede Pública Rede Pública

Vila Clementino Precária Rede Pública

Coronel Luís Alves Fossa Mina

Graciliano Ramos Rede Pública Rede Pública

Inhambu Precária e a Céu Aberto Rede Pública

Mario Cardim Precária e Fossa Rede Pública

Mauro I Rede Pública Rede Pública (parcialmente)

Mauro II Canalização Precária Rede Pública (parcialmente)

Miguel Stefano / Palermo A Céu Aberto e Fossa Rede Pública

José do Patrocínio Canalização Precária Rede Pública

Onze de Junho / São Francisco

Rede Pública Rede Pública

Ricardo Jafet I / Aurélio A Céu Aberto Rede Pública

e Mina Ricardo Jafet II / Saioá Bom

Preço A Céu Aberto e Fossa Rede Pública

Ricardo Jafet III Canalização Precária Rede Pública

São Judas Rede Pública Rede Pública

Sousa Ramos Fossa Rede Pública

Tintas Canalização Precária Rede Pública

Tuim Precária e a Céu Aberto Rede Pública

Uberabinha Precária e a Céu Aberto Rede Pública

Fonte: SÃO PAULO, 1987.

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A questão dos serviços públicos, ao que mostra o cadastro de 1987, encontrava

todas as favelas da Subprefeitura Vila Mariana com 100% de coleta de lixo e 100%

de luz domiciliar, ainda que parcialmente instalada de forma irregular. Das 21 favelas

cadastradas, apenas 4 (as favelas Mauro I, Ricardo Jafet II/Saioá/Bom Preço, São

Judas e Uberabinha) não possuíam iluminação pública nas ruas lindeiras e apenas 5

(as favelas Mario Cardim, Mauro I, Ricardo Jafet II/Saioá/Bom Preço, Ricardo Jafet

III e Uberabinha) possuíam parcialmente iluminação pública no arruamento interno,

mas isto está diretamente relacionado com o tamanho destas favelas que nestes

casos possuíam de 30 a 120 domicílios cada, tendo assim a necessidade de

arruamento interno ou vielas. As outras favelas com 30 ou mais domicílios não

possuíam iluminação pública no arruamento interno, que é o caso da favela Vila

Clementino, com 30 domicílios e da favela Mauro II, com 116 domicílios.

Neste cadastro, apenas uma favela da Subprefeitura Vila Mariana possuía

associação de moradores, a favela Mauro II e nenhuma delas havia passado por

intervenções públicas. A favela Mauro II estava com obras viárias em andamento,

mas no momento do cadastro estas estavam paralisadas. Outras quatro favelas

também tinham previsão de obras viárias, as favelas Araguari, Inhambú, Tuim e

Uberabinha, mas nenhuma das 21 favelas tinha previsão de outras obras como

urbanização ou infra-estrutura.

Nota-se que todas as favelas tinham acesso ao transporte público e isso acontecia

porque o recorte escolhido, a subprefeitura Vila Mariana, já era um bairro antigo e

consolidado na época, além de sua localização, não longe do centro, favorecê-lo

neste sentido.

Enfim, os dados apresentados sobre as favelas cadastradas na Vila Mariana em

1987 mostram 21 favelas com diversos problemas, entre eles: ilegalidade da

ocupação e carência de infra-estrutura urbana básica, equipamentos e serviços

públicos.

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2.2 Presente: favelas e núcleos urbanizados cadastrados no Habisp

No sistema Habisp é possível pesquisar por favelas, loteamentos, cortiços, núcleos

urbanizados, alojamentos e conjuntos habitacionais. Ainda é possível colocar filtros

nestas pesquisas, como por exemplo, o utilizado, que foi o filtro “subprefeitura Vila

Mariana”. Utilizando este filtro foram pesquisadas favelas e também núcleos

urbanizados e conjuntos habitacionais, pois estes poderiam ser antigas favelas.

Estas consultas no sistema Habisp resultaram em 6 favelas e 4 núcleos urbanizados

cadastrados em 6 de março de 2009, para a subprefeitura Vila Mariana. O conceito

de “núcleo urbanizado”, segundo SEADE (2008), é “’Categoria’ de favela com 100%

de infra-estrutura urbana instalada, mas ainda sem regularização fundiária”. O

encontrado aparece abaixo e nas seguintes tabelas sempre na ordem disposta no

Habisp:

Favelas da Subprefeitura Vila Mariana:

01 - Mario Cardim

02 - Mauro

03 - Mauro II

04 - Coronel Luis Alves

05 - Neide Aparecida Solito

06 - Buracão

Núcleos Urbanizados da Subprefeitura Vila Mariana:

01 - Miguel Estéfano Prover

02 - Souza Ramos

03 - Ascendino Reis

04 - Ceci

Este cadastro foi consultado e as informações de cada favela e núcleo urbanizado

foram transcritas para este trabalho devido a sua importância como base deste item

(2.2) e encontram-se no “Apêndice B”.

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Seguem listadas abaixo as informações que constam para preenchimento nas fichas

de cada favela cadastrada atualmente (março 2009) no Habisp, constituindo, não

pela disposição, mas pelo conteúdo, um modelo de ficha cadastral.

Tabela 2.4 Modelo de ficha de cadastro de favelas do Habisp

Dados Básicos Nome principal: Nome secundário: Endereço: Ano do início da ocupação: Total de domicílios: Propriedade do terreno: Renda média (R$): Conselho Gestor: Condições de Ocupação Alça de acesso: Embaixo de ponte ou viaduto: Rotatória ou ilha de trânsito: Aterro sanitário ou lixão: Embaixo de rede de alta tensão: Sobre oleoduto ou gasoduto: Sobre área não edificante ou leito de curso de água: Áreas contaminadas: Área de sistema viário ativo: Área de sistema ferroviário ativo: Infra-estrutura Urbana Abastecimento de água: Esgotamento sanitário: Rede elétrica domiciliar: Iluminação pública: Drenagem pluvial: Vias pavimentadas: Coleta de lixo: Índice de infra-estrutura urbana: Regularização Fundiária Regularização fundiária: Marcação para Exclusão Marcada para exclusão: Motivo da exclusão: Caracterização: outros dados Favela ativa: Latitude: Longitude: Nome oficial: Fusão de Perímetro: favelas-mães (ás quais esta se fundirá)

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Fusão de Perímetro: favelas-filhas (que se fundirão a esta) Análise Espacial Área total: Risco: Vulnerabilidade social: Saúde: Mananciais: ZEIS: Distrito: Subprefeitura: Regional:

Fonte: HABISP, 2009.

Com estas informações das seis favelas e dos quatro núcleos urbanizados

cadastrados é possível entender melhor a situação atual destas habitações. Mas

antes é necessário saber exatamente quais das favelas cadastradas em 1987 são as

mesmas dentre as favelas atuais.

Tabela 2.5 Correspondência entre as 6 favelas e os 4 núcleos urbanizados atuais

e as favelas do cadastro de 1987.

Cadastro Atual Cadastro de 1987

Favela Mario Cardim Favela Mario Cardim

Favela Mauro Favela Mauro II

Favela Mauro II Favela Mauro I

Favela Coronel Luis Alves Favela Coronel Luís Alves

Favela Neide Aparecida Solito Favela Vila Clementino

Favela Buracão ---

Núcleo Urbanizado Miguel Estéfano Prover

Favela Miguel Stefano / Palermo

Núcleo Urbanizado Souza Ramos ---

Núcleo Urbanizado Ascendino Reis Favela Ascendino Reis

Núcleo Urbanizado Ceci ---

Fonte: SÃO PAULO, 1987 e HABISP, 2009.

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As favelas Mario Cardim, Coronel Luis Alves e Ascendino Reis não apresentaram

problemas para serem identificadas como as mesmas favelas nos dois cadastros. As

favelas Mauro I e Mauro II apresentam nomes invertidos nos dois cadastros e isto foi

constatado através do estudo dos croquis da área e foto aérea presentes nos

cadastros e pelos endereços cadastrados. A favela cadastrada como Vila

Clementino em 1987 hoje está cadastrada como Neide Aparecida Solito, também

confirmada através do estudo dos croquis da área e foto aérea presentes nos

cadastros e pelos endereços cadastrados, além do ano de ocupação. A favela

Miguel Stefano / Palermo está atualmente cadastrada como Miguel Estéfano Prover

devido à intervenção sofrida pelo projeto Cingapura/PROVER. O cadastro de 1987

apresenta uma favela Souza Ramos, como o cadastro atual, mas através do estudo

dos croquis da área e foto aérea presentes nos cadastros e pelos endereços

cadastrados foi possível ver que são favelas diferentes e que a atual favela Souza

Ramos corresponde a uma favela cadastrada em 1997 como favela Souza Ramos II.

Já a favela Buracão e o núcleo urbanizado Ceci não possuem favelas

correspondentes no cadastro de favelas de 1987.

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Tabela 2.6 Comparativo entre as 6 favelas e os 4 núcleos urbanizados

Favela / Núcleo

Urbanizado Distrito

Proprie-dade

Área (m²)

Ano de Ocupação

Imóveis Infra-

estrutura Urbana

Renda Média* (R$)

Mario Cardim

Vila Mariana

Federal 7.339,68 1972 250 0,51 1.332,57

Mauro Saúde Particular Municipal

6.129,09 1966 250 0,36 684,03

Mauro II Saúde Particular Municipal

6.686,37 1950 200 0,61 2.040,64

Coronel Luis Alves

Vila Mariana

Particular Municipal

3.163,37 1945 50 0,27 6.641,68

Neide Aparecida

Solito

Vila Mariana

Particular 1.196,88 1963 40 0,87 4.830,83

Buracão Vila

Mariana Particular Municipal

468,22 1986 19 0,31 1.852,17

Miguel Estéfano Prover

Saúde Municipal 4.076,45 1990 80 1,00 2.843,74

Souza Ramos

Vila Mariana

Municipal 2.547,02 1949 65 1,00 6.481,62

Ascendino Reis

Saúde Particular Municipal

1.653,51 1962 42 1,00 8.552,27

Ceci Saúde Municipal 1.106,87 1996 25 1,00 2.384,39

* Renda média do bairro e não da favela. Fonte: HABISP, 2009.

Assim como mostra o cadastro de favelas de 1987, o cadastro atual aponta os

distritos Vila Mariana e Saúde com o maior número de favelas e atualmente para o

distrito Moema nenhuma está cadastrada.

Quanto ao ano de ocupação, surgem algumas divergências em relação aos

cadastros anteriores, como nos casos da atual favela Mauro, que aparece no

cadastro de 1987 com o ano de ocupação como 1972, da atual favela Mauro II, que

aparece no mesmo cadastro com o ano de ocupação como 1947, da favela Coronel

Luis Alves, que aparece com o ano de ocupação como 1957 e do núcleo urbanizado

Miguel Estéfano Prover que aparece com o ano de ocupação como 1979. Nestes

casos a divergência não é tão grande como no caso do núcleo urbanizado Souza

Ramos que tem sua ficha cadastrada em 1997 com ano de ocupação como 1990. A

tabela 2.6 mostra também a situação fundiária destas favelas, onde 8 delas ocupam

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solo municipal e 6 ocupam solo particular e assim como no cadastro de 1987,

apenas a favela Mario Cardim ocupa um terreno federal.

Já as informações referentes à renda média do bairro mostram o contraste que pode

haver entre estas ocupações e as moradias do bairro que ocupam.

A tabela 2.6 mostra ainda que atualmente a subprefeitura Vila Mariana possui 809

domicílios em favelas e 212 domicílios em núcleos urbanizados. Em 1987 havia 636

domicílios em favelas na mesma área. Baseado em SEADE (2008) que considera

que núcleos urbanizados ainda estão na categoria “favelas”, pode-se somar os

números, obtendo um total de 1021 domicílios o que representa um crescimento de

60,53% de 1987 até hoje. Mesmo se os números não forem somados o crescimento

no número de domicílios em favelas na subprefeitura Vila Mariana ainda será de

27,20% nestes 22 anos. Tal crescimento contrasta com a diminuição do número de

favela de 21 para 6 favelas e 4 núcleos urbanizados evidenciando ainda mais o

crescimento interno das favelas da subprefeitura Vila Mariana.

Sobre infra-estrutura urbana, a tabela 2.7 apresenta informações que compõe o

índice de infra-estrutura das favelas da subprefeitura Vila Mariana. Como os núcleos

urbanizados recebem esta denominação justamente por possuírem índice de infra-

estrutura urbana 1,00, não aparecem nesta tabela.

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Tabela 2.7 Infra-estrutura urbana das favelas da subprefeitura Vila Mariana

Favela Abasteci-mento de Água

Esgota-mento

Sanitário

Rede Elétrica

Domiciliar

Ilumi-nação Pública

Drena-gem

Pluvial

Vias Pavi-

mentadas

Coleta de Lixo

Mario Cardim

20 % 10 % 90 % 50 % Parcial 100 % Total

Mauro 30 % 10 % 90 % 10 % Parcial 10 % Total

Mauro II 95 % 0 % 95 % 70 % Nenhum 100 % Total

Coronel Luis Alves

20 % 0 % 20 % 0 % Nenhum 100 % Total

Neide Aparecida

Solito 100 % 70 % 100 % 100 % Parcial 100 % Total

Buracão 30 % 0 % 50 % 10 % Nenhum 80 % Total

Fonte: HABISP, 2009.

Nota-se que a favela Neide Aparecida Solito é uma exceção entre as favelas da

subprefeitura Vila Mariana, aproximando-se da condição de núcleo urbanizado. Já a

favela Mauro II, poderia assemelhar-se a favela Neide Aparecida Solito, mas

apresenta nenhuma drenagem pluvial e 0% de esgotamento sanitário, que, aliás, é o

menor índice para todas as favelas.

Sobre as ZEIS, encontra-se sua influência em metade das favelas da subprefeitura

Vila Mariana, mas apenas uma é totalmente atingida.

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Tabela 2.8 Influência de ZEIS nas favelas da subprefeitura Vila Mariana

Favela /

Núcleo Urbanizado Porcentagem de Àrea em ZEIS

Mario Cardim 82,29

Mauro 82,17

Mauro II 55,56

Coronel Luis Alves 0,0

Neide Aparecida Solito 0,0

Buracão 0,0

Miguel Estéfano Prover 38,13

Souza Ramos 0,0

Ascendino Reis 99,99

Ceci 0,0

Fonte: HABISP, 2009.

Enfim, os dados apresentados sobre as favelas cadastradas na subprefeitura Vila

Mariana atualmente mostram favelas diferentes das favelas cadastradas em 1987,

porém os conceitos de definição permanecem: ilegalidade da ocupação e carência

de infra-estrutura urbana básica, equipamentos e serviços públicos, além de padrões

desordenados de ocupação e parcelamento (DENALDI, 2003 apud FILARDO Jr.,

2004).

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2.3 Futuro: prioridade de urbanização dada pelo Habisp a estas favelas

O Habisp, apresentado anteriormente, possui uma base de dados que sustenta, a

partir de indicadores, um índice de priorização responsável por embasar as decisões

de que área deverá ser atendida primeiro dentre os assentamentos precários do

setor habitacional.

Este índice de priorização busca ser o mais objetivo e realista possível, pois conta

com dados atuais das favelas logo que estes são cadastrados no sistema, evitando

que deliberações subjetivas baseiem as decisões de intervenção urbana, como já

aconteceu historicamente na cidade, por exemplo, quando áreas carentes que

possuíam movimentos sociais mais organizados eram priorizadas nos atendimentos

ou ainda quando áreas foram beneficiadas devido a interesses políticos. Entretanto

esta visão imparcial das intervenções atuais é a divulgada pelo HABISP, por seus

técnicos e pelo material publicado que aborda o sistema, porém este trabalho não

possui embasamento em nenhum dado empírico que comprove ou negue esta

posição, nem foi encontrada uma bibliografia que analisasse o Habisp de modo

crítico e imparcial. Sendo assim, como tal fato não interfere no resultado proposto

por este item, serão usadas as informações encontradas nas referências utilizadas.

Enfim, após dados de identificação, condições de ocupação, infra-estrutura urbana,

social e jurídica serem inseridos no sistema, este calcula novos dados, a partir,

inclusive, do desenho da favela, baseado em informações de outros mapas

cadastrados.

Entre outros dados produzidos por análises geográficas podemos citar os indicadores de risco, vulnerabilidade social, saúde, renda, meio ambiente e zoneamento. Além disso, gera novos indicadores de condições de ocupação e infra-estrutura urbana usando mapas do sistema viário, hidrografia e saneamento. Com esse volume de dados, o sistema aplica um conjunto de regras a fim de identificar as favelas mais carentes para atendimento prioritário nos programas apropriados (SÃO PAULO, 2008b, p. 91).

O índice de priorização é o resultado final de uma seqüência de ações concebidas

com o objetivo de traçar uma linha condutora para o planejamento do atendimento a

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estas áreas. Esta seqüência de ações é composta por quatro fases, cada uma com

seu objetivo.

A primeira fase, “caracterização”, é responsável por caracterizar os assentamentos

precários da cidade a partir de informações básicas, informações sobre as condições

de ocupação e informações sobre a situação fundiária e registrária. A finalidade

desta fase é “formar uma imagem global dos assentamentos [...]. Além disso, as

várias classes de favelas e loteamentos definidas introduzem um conceito de

evolução gradativa” (SÃO PAULO, 2008b, p. 93) possibilitando que estas áreas

mudem de classe na medida em que forem realizadas melhorias, até que estejam

completamente regularizadas e urbanizadas. As classes da primeira fase para

favelas são: “núcleo habitacional regularizado - favelas urbanizadas e regularizadas,

núcleo habitacional - favelas urbanizadas e não regularizadas, favelas urbanizáveis

e favelas não urbanizáveis e nem regularizáveis” (SÃO PAULO, 2006?, p. 4).

A segunda fase, “classificação”, distribui estas áreas em grupos que apontem o tipo

de intervenção necessária.

A terceira fase, “elegibilidade”, seleciona as áreas que sofrerão intervenção. Esta

fase “consiste na primeira seleção de áreas para atendimento. Nela, cada área, ou

classe de área, é indicada para uma ou mais linhas de atuação, como: urbanização,

remoção e regularização fundiária” (SÃO PAULO, 2008b, p. 93).

Na quarta fase, “priorização”, o objetivo é definir o “índice de priorização”, que será

uma referência para apoiar decisões quanto à ordem de atendimento das áreas

elegidas na terceira fase.

O índice de priorização é construído a partir de uma estratégia que busca

incorporar índices já existentes e adotados por instituições, visando, principalmente, à integração de conhecimentos já produzidos, à sustentabilidade do trabalho e à relação com outros órgãos e secretarias municipais. Os critérios a serem utilizados estão firmados em dois princípios:

- a proteção da vida da população e a melhoria das condições de habitabilidade para patamares mínimos aceitáveis;

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- a proteção à população socialmente mais vulnerável (SÃO PAULO, 2008b, p. 94).

Além destas premissas também foi incorporado recentemente ao Habisp o conceito

de sub-bacias hidrográficas. Este conceito levou à busca pelo atendimento das

áreas carentes de cada da sub-bacia como um todo, pois entende que se uma área

for urbanizada ou passar por melhorias poderá deixar de contribuir com a poluição

gerada que atinge os cursos d’água, principalmente na questão das redes de coleta

de esgoto, porém se outra área próxima não for tratada também, não serão gerados

benefícios reais à sub-bacia e consequentemente a toda população de sua área.

Já o índice de priorização, assim como outras seções do Habisp, não pode ser

acessado pelo público, pois, mesmo numa gestão que se diz com transparência e

tem no Habisp um instrumento de livre acesso a informações antes restritas, não é

interessante liberar tais informações, pois estas geralmente estão em constante

mudança. Em um exemplo simplificado, imagina-se que fosse divulgado que a favela

A estivesse em primeiro lugar para ser atendida pelo Programa de Urbanização,

assim que terminasse uma urbanização em andamento ou fossem liberadas mais

verbas. Isto geraria uma expectativa que poderia ser frustrada caso antes de ser

atendida fosse analisado em uma visita a campo que a situação da favela B piorou e

esta agora é a primeira da lista do índice de priorização.

O ponto a ser provado é que o índice de priorização é dinâmico, uma vez que é

baseado nas informações coletadas das favelas e estas informações podem mudar

assim que uma atualização de rotina é realizada. Portanto não pode ser

disponibilizado para o acesso da população. Os responsáveis pelo sistema

preocupam-se em divulgar apenas aquilo que é certo.

Sendo assim, após autorização da superintendente de habitação popular do

município de São Paulo, Elisabete França, foi possível acessar, com auxílio de

técnicos de HABI, algumas informações restritas referentes às favelas da

subprefeitura Vila Mariana e sua situação no índice de priorização do Habisp, fato

que incrementou os dados da pesquisa.

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Antes de entrar diretamente na questão do futuro destas favelas é necessário saber

que o sistema naturalmente classifica as favelas em sua segunda etapa baseado na

caracterização da primeira etapa, onde favelas caracterizadas como não

urbanizáveis nem regularizáveis devem ser encaminhadas para uma linha de

atuação que inclua a devida remoção. Favelas deste tipo podem estar em áreas de

risco como áreas inundáveis, sob linhas de transmissão de rede elétrica ou em parte

do sistema viário ativo, etc., fazendo com que não possam ser eleitas para

urbanização ou regularização fundiária. Já áreas caracterizadas como urbanizáveis

são direcionadas a linhas de atuação do Programa de Urbanização e áreas já

caracterizadas como núcleos urbanizados e regularizáveis, para o Programa de

Regularização Fundiária.

Estas são as duas principais vertentes do sistema na etapa de classificação:

urbanização e regularização. Mas estes dois programas utilizam o índice gerado na

quarta etapa de maneiras opostas. Funciona assim: para cada favela é gerado um

índice como foi explicado previamente, então no fim do processo cada favela possui

um número de 0 (zero) a 1 (um) e são organizadas em listas pela ordem destes

números. Os números podem variar sempre que é feita uma atualização no cadastro

de uma favela, alterando assim a ordem da lista do índice de priorização. Estes

índices, para facilitar a organização e individualizar mais cada favela, possuem

quatro dígitos após a vírgula. Por exemplo, uma favela para a qual foi gerado o

índice 0,3784 esta em uma situação pior do que outra que tenha o índice 0,8735.

Então, para as favelas encaminhadas para o Programa de Urbanização, é

considerada a mais necessitada aquela que possuir o menor índice, pois isto

significa que está em uma situação mais difícil que as outras, e assim, deve ser

atendida primeiro. Já para as favelas encaminhadas para o Programa de

Regularização Fundiária, é considerada a mais indicada aquela que possuir o maior

índice, pois isto significa que está em uma situação de urbanização completa e que

seus moradores já podem receber seus títulos de proprietários incluindo finalmente a

área na cidade legal. Porém a área só deixa o cadastro do Habisp quando o

processo de regularização estiver completo.

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Ainda pode-se lembrar que o índice de priorização é uma ferramenta do Habisp

sobre a qual são tomadas as decisões e este organiza as favelas de toda a cidade

de São Paulo em listas de priorização dentro de cada linha de atuação dos

programas de intervenção. Porém isto não quer dizer que estas listas serão

respeitadas diretamente, pois dependem dos recursos públicos disponíveis e estes

recursos são repassados proporcionalmente a cada regional de HABI. O que quer

dizer que os recursos totais serão aplicados proporcionalmente dentro de cada uma

das regionais, baseados no índice de priorização das favelas de toda cidade.

Finalmente, será apresentada a situação de cada favela da subprefeitura Vila

Mariana, lembrando que esta situação pode variar ao longo do tempo conforme

forem sendo constatadas transformações nestas favelas. Portanto é necessário

registrar que esta foi a situação encontrada no Habisp no dia 29 de maio de 2009.

As favelas direcionadas ao Programa de Urbanização foram:

1º - Mauro

2º - Mario Cardim

3º - Coronel Luis Alves

4º - Mauro II

5º - Neide Aparecida Solito

E nesta ordem foram encontradas dentro da lista da subprefeitura Vila Mariana. Já

na lista da regional sudeste a ordem naturalmente foi mantida, porém as posições

encontradas foram as seguintes:

38º - Mauro

64º - Mario Cardim

100º - Coronel Luis Alves

139º - Mauro II

161º - Neide Aparecida Solito

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Já na lista da cidade, a primeira delas, a favela Mauro, ficou na 391ª posição e as

demais em posições tão além que, pelo pouco tempo de entrevista, não foi possível

localizá-las no sistema.

Agora, as favelas direcionadas ao Programa de Regularização Fundiária foram:

1º - Ceci

2º - Souza Ramos

3º - Miguel Estéfano Prover

Estas favelas, na verdade já cadastradas como núcleos habitacionais ou núcleos

urbanizados por possuírem o índice máximo de infra-estrutura (1,00), foram

encontradas nesta ordem e nestas posições na lista da subprefeitura Vila Mariana e

também na lista da regional sudeste. Já na lista da cidade a situação encontrada foi

a seguinte:

1º - Ceci

2º - Souza Ramos

14º - Miguel Estéfano Prover

Portanto, se a situação não se alterar, as duas próximas favelas da cidade de São

Paulo a virarem parte integrante do bairro em que se localizam são da subprefeitura

Vila Mariana. Inclusive, é possível reparar no “apêndice B” que o cadastro do núcleo

urbanizado Ceci no Habisp é o único entre os apresentados que tem o item

“regularização fundiária” respondido com a expressão “em processo”, enquanto os

demais continuam irregulares.

As favelas não encontradas no Programa de Urbanização nem no Programa de

Regularização Fundiária foram direcionadas a outro programa de intervenção devido

à sua caracterização.

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A partir destas informações deve-se concluir apenas que estas são as posições

atuais (29 de maio de 2009) das favelas da subprefeitura Vila Mariana dentro das

listas ordenadas por seus índices de priorização. Não é possível estimar quanto

tempo levará para que cada uma delas seja atendida, visto que os índices são

variáveis e que além deles, fatores externos ainda podem interferir no futuro destas

favelas.

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CAPÍTULO 3

ESTUDOS DE CASO

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Neste capítulo seriam analisadas as favelas que apareceram em todos os períodos

estudados e também aquelas que sofreram intervenções públicas, constituindo,

assim, exemplos significativos para serem analisados com estudos de caso. Porém

apenas a favela Miguel Stefano / Palermo se encaixa nestas premissas. Sendo

assim, buscando enriquecer o trabalho, os estudos de caso serão apresentados da

seguinte maneira: o primeiro com a favela Miguel Stefano / Palermo, pois aparece no

cadastro de 1987, sofreu um processo de urbanização e ainda aparece no cadastro

atual do Habisp como núcleo urbanizado. O segundo estudo de caso buscou uma

favela que também aparecesse nos dois cadastros e que também tivesse sofrido

urbanização, porém nenhuma favela que tenha sofrido urbanização ainda aparece

no cadastro atual além da Miguel Estéfano. Deste modo o segundo estudo de caso

dividiu-se em dois, pois foram escolhidas duas outras favelas do cadastro de 1987,

uma que não aparecesse mais nos cadastros de favelas, a favela São Judas, e outra

que não apresentasse urbanização, mas ao menos alguma intervenção urbana da

gestão municipal, a favela Mauro II.

Após utilizar um foco macro sobre a situação das favelas na cidade de São Paulo e

um foco intermediário nas favelas da subprefeitura Vila Mariana, utiliza-se agora um

foco micro com o objetivo de apresentar por completo a história e os fatos ocorridos

com as favelas que se encaixaram melhor na descrição do parágrafo anterior.

Os estudos de caso também são baseados nas fichas das favelas cadastradas em

1987 e atualmente no Habisp e o restante das informações ficou por conta da

investigação científica.

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3.1 Favela Miguel Estéfano

Além das informações sobre a favela já apresentadas no capítulo anterior e de suas

fichas de cadastro presentes nos apêndices A e B aborda-se aqui os fatos ocorridos

após o cadastro de 1987 e registrados posteriormente em sua ficha cadastral.

O conteúdo das seguintes informações foi retirado da seção “observações” da ficha

de cadastro de 1987 da favela Miguel Stefano / Palermo (SÃO PAULO, 1987).

- Atualização na ficha da favela em outubro de 1993 a indica como parte do

projeto Cingapura (fase I). Informa também que HABI 3 mediu a área da

favela totalizando 4.034,45 m².

- Atualização na ficha da favela em 1994 informa que HABI 2 fez arrolamento,

contando 87 famílias.

- Atualização na ficha da favela em maio de 1998 informa que o projeto

Cingapura (fase I a fase IV) foi concluído com 80 unidades habitacionais.

- Cópia de reportagem de autoria de Fernando do Valle, sem referência, fonte

ou data, anexa à ficha da favela, informa que o projeto Cingapura deixaria 70

famílias desalojadas. Segundo a reportagem, Caio Luís Costa Góes, membro

da comissão de moradores da favela, afirmava que nela moravam 137

famílias e que destas, cerca de 70 não tinham vaga no alojamento da

prefeitura (para o período de construção) e posteriormente no Cingapura.

Ainda segundo a reportagem, a Secretaria Municipal da Habitação afirmava

que apenas 67 famílias estavam cadastradas no projeto.

As informações acima, atualizações da ficha da favela, apresentam algumas

contradições. Segundo a ficha de cadastro, a favela ocupada em 1979, tinha em

1987 onze domicílios sendo três de alvenaria. A atualização de 1994 indicava 87

famílias e a atualização de 1998, mostra que foram entregues 80 unidades

habitacionais, 7 a menos do que as arroladas em 1994. Além disso, a reportagem

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anexa à ficha cadastral mostra que a Sehab apontava apenas 67 famílias

cadastradas no projeto, 20 a menos do que as arroladas em 1994 e 13 a menos do

que o número de unidades entregues, e que, segundo um morador, ali moravam 137

famílias. Esta última informação pode ser explicada pelo fato do adensamento

populacional intenso que geralmente ocorre quando é divulgada a urbanização de

uma área e para evitar o arrolamento de pessoas que não moram realmente na

favela é realizado um cadastro da população residente anteriormente, o que pode,

neste caso, não ter impedido esta migração.

Agora é necessário confirmar se a área da favela cadastrada em 1987 como Miguel

Stefano / Palermo corresponde à área da favela cadastrada atualmente como núcleo

urbanizado Miguel Estéfano Prover e entender, caso esta informação se confirme,

porque uma favela urbanizada pelo Projeto Cingapura aparece cadastrada

atualmente como núcleo urbanizado no Habisp.

O croqui da favela existente em sua ficha de cadastro de 1987 a localiza na Rua

Palermo, esquina com a Avenida Professor Abraão de Moraes e tangente a ela está

a Avenida Miguel Stefano.

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Figura 3.1 Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo do cadastro de 1987

Fonte: SÃO PAULO, 1987.

No Habisp é possível visualizar um mapa da cidade de São Paulo e escolher quais

camadas deixar visíveis sobre o mapa, como a camada escolhida para a figura 3.2:

núcleos urbanizados, em que a localização da favela é a mesma que no cadastro de

1987.

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Figura 3.2 Foto aérea da favela Miguel Estéfano Prover cadastrada no Habisp

Fonte: HABISP, 2009.

As ruas presentes na figura 3.2 são exatamente as mesmas ruas do croquis da

favela de 1987 e na mesma posição.

Os edifícios do Projeto Cingapura do outro lado da Avenida Abraão de Moraes

pertencem ao núcleo urbanizado Imigrantes Prover e estão localizados no distrito

Cursino, subprefeitura Ipiranga, uma vez que a avenida divide as duas

subprefeituras.

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Segundo SÃO PAULO (1996), a situação encontrada na favela Miguel Stefano /

Palermo durante o arrolamento realizado em janeiro de 1994 era a seguinte:

- Número de pessoas = 349

- Número de famílias = 87

- Número de domicílios = 83

- Número de domicílios com banheiro = 29

- Número de domicílios bons = 50

- Conservação não informada = 33 domicílios

- Condição de ocupação

- Própria = 30 famílias

- Alugada = 00 famílias

- Cedida = 05 famílias

- Não informado = 52 famílias

- Número de cômodos

- 1 cômodo = 62 domicílios

- 2 cômodos = 06 domicílios

- 3 cômodos = 08 domicílios

- mais que 3 cômodos = 03 domicílios

- não informado = 04 domicílios

- Taxa de ocupação = 3,14 pessoas/cômodo

- Faixa etária

- Mais de 60 anos = 03 pessoas

- De 18 a 60 anos = 171 pessoas

- De 12 a 17 anos = 35 pessoas

- De 0 a 12 anos = 140 pessoas

- Total de deficientes = 03 pessoas

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- Total de sobrados = 0 sobrados

- Comércio

- Simples = 0 domicílios

- Com moradia = 2 domicílios

- Tipo de construção

- Alvenaria = 56 domicílios

- Madeira = 20 domicílios

- Híbrido = 01 domicílios

- Não informado = 06 domicílios

- Número de pessoas/domicílio

- De 1 a 4 pessoas = 47 domicílios

- De 5 a 8 pessoas = 29 domicílios

- Acima de 8 pessoas = 05 domicílios

- Não informado = 02 domicílios

- Número de pessoas/família

- De 1 a 4 pessoas/família = 51 famílias

- De 5 a 8 pessoas/família = 31 famílias

- Acima de 8 pessoas/família = 03 famílias

- Não informado ou comércio = 02 famílias

- Número de famílias/domicílio

- 1 família = 79 domicílios

- 2 famílias = 04 domicílios

- 3 famílias = 00 domicílios

- Acima de 3 famílias = 00 domicílios

- Taxa de ocupação da favela = 0,09 pessoas/m²

- Área total da favela = 4.034, 45m²

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Sobre a construção do Projeto Cingapura Miguel Estéfano, foram desenhados cinco

blocos habitacionais, mas apenas quatro foram implantados.

Figura 3.3 Localização e planta de implantação do empreendimento Miguel Stefano

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

No Relatório Fotográfico de Obras da 1ª Fase e 2ª Fase de 14 de março de 1996,

anexo à ficha da favela cadastrada em 1987, a seguinte foto aparece como

justificativa da não implantação do 5º Bloco.

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Figura 3.4 Área não disponível para implantação do bloco 5

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

Logicamente as áreas ocupadas por favelas não estão disponíveis para implantação

de blocos de conjuntos habitacionais de programas de urbanização, mas áreas

como esta devem receber as ações adequadas para que sua população tenha uma

moradia provisória até que se concluam as obras de intervenção. No caso dos

blocos 1 a 4 as moradias provisórias foram realizadas em alojamentos próximos ao

local da favela. Sendo assim não foi possível determinar o real motivo da não

construção do bloco 5.

As próximas quatro figuras foram retiradas dos Relatórios Fotográficos de Obras da

1ª Fase e 2ª Fase de 15 de fevereiro de 1996 e de 14 de março de 1996 anexos à

ficha de cadastro de 1987 da favela Miguel Stefano / Palermo.

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Figura 3.5 Vista dos blocos de 1 a 4 concluídos

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

Figura 3.6 Vista dos blocos de 1 a 4 concluídos ao lado da Avenida Miguel Estéfano

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

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Figura 3.7 Vista posterior dos blocos de 1 a 4

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

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Figura 3.8 Em execução a via de acesso dos blocos de 1 a 4

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

Atualmente, ao contrário de outros conjuntos habitacionais do Projeto Cingapura3, o

núcleo urbanizado Miguel Estéfano Prover não apresenta ocupação da área de seu

térreo por outros barracos, como pode ser visto parcialmente na imagem 3.9.

3 Ramos (2004) apresenta informações de favelização em conjuntos habitacionais do Projeto Cingapura.

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Figura 3.9 Foto aérea atual do núcleo urbanizado Miguel Estéfano Prover

Fonte: GOOGLE EARTH, 2009.

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3.2 Favela São Judas

Além das informações sobre a favela já apresentadas no capítulo anterior e de suas

fichas de cadastro presentes nos apêndices A e B aborda-se aqui os fatos ocorridos

após o cadastro de 1987 e registrados posteriormente em sua ficha cadastral.

O conteúdo das seguintes informações foi retirado da seção “observações” da ficha

de cadastro de 1987 da favela São Judas (SÃO PAULO, 1987).

- Documento de abril de 1988, anexado à ficha da favela, solicita promover

cadastramento urgente com vistas à remoção das favelas da Avenida José

Maria Whitaker.

- Atualização da ficha da favela realizada em 1992 mostra que o número total

de domicílios aumentou para 80, mas o número de domicílios em alvenaria

permaneceu o mesmo.

- Atualização na ficha da favela de dezembro de 1993 lembra a solicitação de

remoção da favela, tendo como interessado a Escola Estadual de 1º Grau Rui

Bloem, pois a favela ocupava a área onde seria construída a quadra esportiva

da escola, mas conclui que como já havia passado “um longo tempo”, uma

vez que esta solicitação era de 1984, tudo indicava que o problema já havia

sido solucionado.

- Atualização na ficha da favela de maio de 1994 informa que esta foi indicada

para o projeto PROVER (Programa de Verticalização e Urbanização de

Favelas). Informa ainda que a área foi medida totalizando 2.981 m².

- Atualização na ficha da favela de fevereiro de 1995 informa que esta faz

parte do projeto Cingapura - 2ª etapa.

- Atualização na ficha da favela de setembro de 1995 informa que foi realizado

arrolamento, contando 105 domicílios e 119 famílias.

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- Atualização na ficha da favela de 1997 informa remoção total da favela e que

as famílias foram reassentadas no Conjunto Habitacional José Paulino dos

Santos do Projeto Cingapura, no Jardim Clímax.

- Atualização na ficha da favela de dezembro de 1999 confirma desafetação

da área.

As observações encontradas em sua ficha de cadastro de 1987 mostram que apesar

da seqüência de atualizações de 1994 e 1995, a população da favela foi removida e

a área foi desocupada. Mas antes disto tudo acontecer, a favela passou por algumas

melhorias durante a gestão da prefeita Erundina como escadas e tampas de

inspeção executadas beneficiando 70 famílias (SÃO PAULO, 1992?a).

Além destas melhorias a gestão da prefeita Erundina incluiu a favela São Judas em

seu Programa Habitacional de Interesse Social e planejava a construção de 110

apartamentos por empreiteira perto do fim da gestão, mas não foram encontrados

registros de continuidade nos documentos da gestão seguinte, de Paulo Maluf. A

administração de Erundina deixou registrado (SÃO PAULO, 1992?a) que ao fim da

gestão o empreendimento Favela São Judas estava “em fase de definições de

diretrizes, não estando ainda sob gerenciamento de nenhuma empresa” e que a

área média da unidade habitacional seria de 49,90 m² e a área total a ser construída

seria de 4.500,00 m². O mesmo documento mostra ainda que a favela São Judas

estava no Projeto de Lei 51/90 na Câmara para desafetação e concessão de direito

de uso (SÃO PAULO, 1992?a).

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Figura 3.10 Croquis da área da favela São Judas do cadastro de 1987

Fonte: SÃO PAULO, 1987.

Figura 3.11 Montagem de fotos da favela São Judas em 1995

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

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Figura 3.12 Montagem de fotos da favela São Judas em 1995

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

Desenhos gráficos de maio de 1995 mostram que havia um projeto do Cingapura

para a área da favela, mas não foi encontrado o motivo pelo qual este projeto não foi

realizado tendo em troca a construção do Conjunto Habitacional José Paulino dos

Santos, no Jardim Clímax, pelo Projeto Cingapura, local ao qual se destinou a

população da favela São Judas.

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Figura 3.13 Planta de implantação da obra São Judas, lote II

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

A situação do conjunto, na esquina das avenidas José Maria Whitaker e Senador

Casemiro da Rocha, indica que seria implantado no mesmo local da favela.

Figura 3.14 Planta da obra São Judas, lote II

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

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A figura 3.15 mostra a implantação final prevista durante a fase 2 do processo de

construção do Conjunto Habitacional José Paulino dos Santos, no Jardim Clímax.

Figura 3.15 Planta de implantação: fase 2 - lote II São Judas (José Paulino dos Santos - 1ª etapa)

Fonte: SÃO PAULO, 1996.

Enfim, os moradores da favela São Judas, que haviam morado na área desde 1978,

foram transferidos para um bairro distante e possivelmente desconhecido para eles,

com o qual não existiam vínculos. Hoje a área da favela dá lugar a uma área verde

linear.

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Figura 3.16 Foto aérea atual da área da antiga favela São Judas

Fonte: GOOGLE EARTH, 2009.

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3.3 Favela Mauro

Talvez seja interessante lembrar que a favela a ser analisada neste estudo de caso

é aquela cadastrada como Mauro II em 1987, porém, cadastrada atualmente como

Mauro no Habisp.

Além das informações sobre a favela já apresentadas no capítulo anterior e de suas

fichas de cadastro presentes nos apêndices A e B aborda-se aqui os fatos ocorridos

após o cadastro de 1987 e registrados posteriormente em sua ficha cadastral.

O conteúdo das seguintes informações foi retirado da seção “observações” da ficha

de cadastro de 1987 da favela Mauro II (SÃO PAULO, 1987).

- Atualização feita na ficha da favela em junho de 1994 solicitava a inclusão

desta no projeto Cingapura.

- Atualização feita na ficha da favela em outubro de 1994 solicitava a remoção

da favela a fim de priorizar as obras de prolongamento da Avenida José Maria

Whitaker.

A situação atual da favela, como se vê mais adiante, mostra que nenhuma destas

duas solicitações foi atendida até hoje.

Em um relatório da gestão da prefeita Erundina consta no capítulo “Pequenas

Melhorias em Favelas” a pavimentação das vielas da favela Mauro II beneficiando 51

famílias (SÃO PAULO, 1992?a) e no caso desta favela, esta pavimentação tem um

papel importante pois a viela principal da favela está localizada exatamente acima do

córrego Paraguai e antes da pavimentação o córrego era transposto sobre tábuas e

chapas de madeira, representando grande risco à vida da população.

O croqui da área da favela de 1987 indica que nesta data ainda não havia sido

implantado o trecho da Avenida José Maria Whitaker que apareceria no croqui, pois

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em seu lugar aparece ainda o córrego Paraguai, sobre o qual foi implantada a

avenida e onde nasceu a favela.

Figura 3.17 Croquis da área da favela Mauro II do cadastro de 1987

Fonte: SÃO PAULO, 1987.

A foto aérea atual mostra que a favela ainda ocupa a área destinada a construção do

prolongamento da Avenida José Maria Whitaker e também é possível observar o

crescimento ocorrido se comparada ao croqui de 1987, que agora engloba toda a

quadra. Pode-se notar a área da favela pelas coberturas desordenadas na quadra

ao centro da imagem, contrastando com o padrão de ocupação do bairro.

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Figura 3.18 Foto aérea atual da área da favela Mauro

Fonte: GOOGLE EARTH, 2009.

A favela Mauro, hoje, é a ocupação irregular mais complicada presente na

subprefeitura Vila Mariana. Complicada, pois apresenta, na média, as piores

condições de habitabilidade cadastradas, o que lhe rendeu a primeira posição pelo

índice de priorização na lista da subprefeitura do Programa de Urbanização de

Favelas.

Sendo a favela Mauro o exemplo mais indicado para um estudo de caso mais

aprofundado, algumas visitas in loco foram realizadas.

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O problema que a favela enfrenta com o tráfico de drogas limita e controla qualquer

acesso de pessoas e automóveis desconhecidos às ruas da favela. Agentes do

tráfico de drogas vigiam as ruas e existem placas com textos como “você está sendo

filmado” nas esquinas das quadras que levam à favela. Sendo assim, era necessário

que fosse estabelecido um contato com alguém de dentro da favela que pudesse

pedir permissão ao chefe do tráfico e aos líderes comunitários para agendar a

primeira visita. Após algumas pesquisas foi descoberta uma moradora da favela que

trabalhava como cozinheira em uma creche (Lar São José) próxima à favela. O Lar

São José localiza-se na Rua Apotribú a quatro quadras da favela e promove todo

mês um evento beneficente para arrecadação de fundos para suprir as

necessidades das crianças que abriga, algumas destas, moradoras da favela.

Neusa, a cozinheira, cujos três filhos eram atendidos pelo Lar São José se dispôs

com enorme satisfação a ajudar, quando consultada.

Esta pediu autorização para a associação de moradores e para o chefe do tráfico e

ambos concordaram em aceitar a visita uma vez que se tratava de um trabalho

acadêmico. No dia marcado Neusa acompanhou a visita à favela. O trajeto iniciou-se

pela Rua Mauro sentido sul e seguiu por toda sua extensão. Algumas fachadas dos

barracos da Rua Mauro eram de alvenaria até o terceiro andar e eventualmente

passava um quarto andar de madeira, papelão e outras placas e plásticos. No fim da

Rua Mauro virou-se a direita na alameda dos Tupinas e no meio da quadra havia

uma viela estreita que revelou que apenas as fachadas dos barracos e algumas

partes estruturais não eram de madeira. Todo o resto era, vedações, divisórias, tetos

e forros, inclusive o chão de alguns barracos que situavam-se sobre eventuais

fossas, poços e sobre o córrego Paraguai que seguia canalizado por baixo da

Avenida José Maria Whitaker e entrava na quadra por baixo dessa viela. A viela

principal. Esta desemboca no encontro com a rua Itavurú e nesse encontro existe

uma padaria. No andar superior da padaria, um casal de líderes comunitários e mais

alguns voluntários instalaram a associação de moradores da favela, que promove

eventos sociais, palestras sobre drogas, álcool e de educação sexual. Nesse local

esperavam Vera e Acelino, o casal líder da comunidade. Após uma conversa, Vera e

Neusa apresentaram o restante da favela, a linha de transmissão que atravessa a

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área, o FUNDACENTRO, que é parte do limite norte da favela, e o começo da

Avenida José Maria Whitaker que se mistura com a favela na sua primeira quadra.

Figura 3.19 Croquis da favela Mauro realizado durante a primeira visita

Fonte: MIRALDO, 2009.

Voltando para o Lar São José, Neusa disse que durante a passagem pela rua

Mauro, na entrada na favela, agentes armados do tráfico vigiavam e contou que de

vez em quando os moradores da favela têm que seguir o “toque de recolher”

estipulado pelo tráfico. Quem não chega na favela a tempo tem que arrumar um

lugar pra dormir ou dorme na rua e só volta pra favela de manhã. Contou também

um pouco sobre a discriminação que os moradores sofrem no bairro, como uma

jovem que foi despedida de um supermercado na Avenida Jabaquara depois que

descobriram que ela morava na favela, e sobre os abaixo assinados que a

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população do entorno já mandou para a prefeitura pedindo que a favela fosse

removida de seu lugar atual.

Além do problema habitacional existem muitos outros problemas a serem

solucionados na favela Mauro e no seu entorno, como infra-estrutura urbana com

mobiliário e equipamentos urbanos carentes na região, tráfico de drogas e violência,

e até a falta de consciência da população que vive ao seu redor, que não entende

que além das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas, a grande maioria da

população da favela é igual à população do entorno, só que com menor poder

aquisitivo e sem grandes possibilidades de melhora.

Após essa primeira visita, outras visitas foram realizadas com a companhia da Vera.

Seguem algumas imagens dessas visitas.

Figuras 3.20 e 3.21 Fotos da favela Mauro

Fonte: MIRALDO, 2009.

Na figura 3.20 pode-se ver ligações diretas desencapadas em uma das vielas e na

figura 3.21, barreiras contra enchentes nas portas dos barracos.

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Figuras 3.22 e 3.23 Fotos da favela Mauro

Fonte: MIRALDO, 2009.

A figura 3.22 mostra barracos de madeira sobre barracos de alvenaria. Outros

materiais também podem ser identificados. Já na figura 3.23 aparecem detalhes do

forro, paredes e chão da viela principal, todos em madeira. Sob essa viela passa o

córrego Paraguai, descanalizado, mas coberto.

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Figuras 3.24 e 3.25 Fotos da favela Mauro

Fonte: MIRALDO, 2009.

As figuras 3.24 e 3.25 apresentam o interior de alguns barracos, onde ambientes

multifuncionais os resumem muitas vezes a único cômodo. Durante a visita a estes

dois barracos pôde-se notar, como na viela principal, um som oco abaixo do piso,

enquanto se andava, evidenciando que, além de uma estrutura simples, não havia

nada entre o piso e o solo, que neste ponto seria uma de suas margens ou o próprio

córrego Paraguai.

As fotos apresentadas mostram apenas uma parcela dos problemas enfrentados por

esta população. Para reverter este quadro o esforço, a atenção e a qualidade

necessários deverão ser, pelo menos, iguais ao que foi utilizado durante o que foi

construído e acumulado por estes moradores durante os 37 anos de existência da

favela.

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CAPÍTULO 4

DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

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Tendo conhecimento dos dados fornecidos até então, entre eles: o perfil de atuação

de cada gestão municipal, as informações encontradas nos cadastros de favelas e o

histórico apresentado inicialmente, pode-se cruzar algumas informações no intuito

de entender melhor como as favelas da subprefeitura Vila Mariana chagaram até a

situação atual.

Portanto, nota-se que as primeiras favelas fixadas na área onde hoje é a

subprefeitura Vila Mariana são, provavelmente, conseqüências diretas da Lei do

Inquilinato de 1942, como discutido no item 1.2, como as favelas José do Patrocínio

datada de 1943, Mauro I de 1947 e Ricardo Jafet I / Aurélio também de 1947. Apesar

da dificuldade de encontrar informações fiéis sobre esta época e local, é possível

afirmar que a população destas favelas não conseguiu se fixar em casas próprias

estimuladas e difundidas à época como símbolo de progresso material para o

trabalhador urbano.

O número de favelas da subprefeitura Vila Mariana continuou crescendo como

mostram os anos de ocupação do cadastro de favelas de 1987, sem falar nas

favelas que, possivelmente, se formaram nesta época, mas em 1987 já não existiam

mais, das quais não foram encontrados registros. Como foi dito no item 1.1, no

hemisfério sul o crescimento das favelas ultrapassou a urbanização a partir de 1970

e sendo São Paulo uma das maiores cidades deste hemisfério, com certeza

colaborou para a formação deste cenário.

Durante o período entre o cadastro de 1987 e os dias atuais pode-se perceber que

muitas das favelas cadastradas em propriedade particular deixaram de existir, mas

isto não significa que as pessoas que nelas moravam passaram a habitar moradias

dignas ou que estas favelas tenham passado por um processo de urbanização, pois

não foram encontrados registros de intervenções públicas nestas áreas, levando a

crer, como geralmente acontece, que estas áreas passaram por um processo de

reintegração de posse, uma vez que fica provado o direito à propriedade do dono

legal do terreno, esta população é desalojada. Passado isto, fica difícil rastrear para

onde esta população migrou, deixando, assim, algumas lacunas na história, mas é

possível supor que parte desta população mudou para outras favelas, inclusive para

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favelas próximas que ainda existem atualmente. Dados que colaboram neste sentido

são o grande aumento no número de moradores de cada favela que resta

atualmente e a grande diminuição no número total de favelas na subprefeitura, como

se pode ver nas tabelas do capítulo 2.

Sobre a questão da infra-estrutura nas favelas da subprefeitura Vila Mariana nos

dois momentos principais relatados neste trabalho, é difícil de compará-los, pois em

1987 o cadastro de infra-estrutura foi realizado definindo qual era a tipologia

(canalização precária, fossa, a céu aberto, rede pública, etc.) encontrada nas favelas

para cada um de seus aspectos (abastecimento de água, esgotamento, rede

elétrica, iluminação, drenagem pluvial, vias pavimentadas, coleta de lixo, etc.). Já no

cadastro atual, os aspectos da infra-estrutura são computados em relação à suas

porcentagens presentes nas favelas. Ainda assim pode-se notar que em 1987 todas

as 21 favelas apresentavam coleta de lixo e luz domiciliar cadastradas como

completas e atualmente a coleta de lixo continua cadastrada como “total” para as 6

favelas, porém a rede elétrica domiciliar varia entre índices de 100%, 95%, 90%,

50% e 20%. Esta queda no índice de rede elétrica domiciliar pode ser explicada pelo

grande adensamento e consolidação que estas favelas sofreram de 1987 até hoje na

subprefeitura Vila Mariana, obviamente não em número de favelas, mas no tamanho

e densidade de cada favela. Porém estes números se referem apenas à rede elétrica

domiciliar regularizada, pois é seguro afirmar que praticamente a totalidade das

moradias em favelas na Vila Mariana possui ligação regular ou irregular com a rede

elétrica.

A evolução no perfil de atuação das gestões municipais (e nesse caso usa-se

“evolução” de propósito, ao invés de transformação, mutação, variação ou alteração)

ocorreu de forma lenta e sempre atrasada em relação às necessidades da

população carente, mas testou e somou conhecimentos ano após ano e, apesar de

algumas ações descartáveis ao decorrer do tempo, atualmente apresenta

mecanismos de intervenção mais eficientes e eficazes.

Sobre o futuro das favelas da subprefeitura Vila Mariana, assim como das demais

favelas da cidade de São Paulo, nota-se ao estudar o sistema Habisp e seu índice

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de priorização, que atualmente as decisões sobre qual favela se urbanizar,

regularizar ou remover, são divulgadas como decisões tomadas de forma imparcial,

transparente e baseadas em informações técnicas e que levam em consideração

aspectos importantes como os índices de saúde e vulnerabilidade social e a questão

das sub-bacias hidrográficas. Ao contrário de intervenções em favelas como as

realizadas na metade do século XX, que tinham como principal objetivo a remoção

da população favelada da área central, reforçando assim a segregação social e

como as intervenções das gestões de Paulo Maluf e Celso Pitta, na década de 1990,

onde os projetos Cingapura não permitiam a participação popular em suas decisões

e buscavam sobretudo engrandecer o próprio projeto e conseqüentemente a própria

gestão. Este trabalho não pôde se estender para a verificação da imparcialidade

anunciada pelos técnicos do HABISP quanto à tomada de decisões e levou em

consideração apenas os dados presentes no sistema.

Enfim, pode-se concluir que, apesar da diminuição do déficit habitacional, da

aparente evolução do sistema de cadastro de favelas, das conquistas apresentadas

em legislações recentes referentes à questão social da habitação, etc., ainda há

muito a fazer pela maior cidade de um país que possui 36,6% (DAVIS, 2006) de sua

população, favelada.

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CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

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Pôde-se notar que um instrumento da atual gestão municipal foi de grande

importância para a realização deste trabalho. O Habisp. Porém as consultas e

entrevistas nele realizadas devem-se simplesmente ao fato de que este é o atual e

oficial sistema de cadastro das habitações irregulares de cidade de São Paulo.

Portanto, este trabalho limitou-se a consultar o Habisp e extrair as informações

desejadas e quando necessário a explicar o funcionamento de determinada

ferramenta do sistema. As divergências e interesses políticos envolvidos na criação

do Habisp e em seu desenvolvimento não foram abordadas neste trabalho.

O conteúdo apresentado buscou proporcionar uma visão ampla e cronológica da

formação das favelas da subprefeitura Vila Mariana, começando por mostrar uma

cidade que, sem grande relevância no cenário nacional até o século XVIII, passou a

ser notada com as grandes incursões territoriais exploratórias e a partir do final do

século XIX atraiu uma parcela de população migrante, para a qual não estava

preparada, através das possibilidades de trabalho no cultivo do café. A este

crescimento demográfico foi adicionado uma população maior ainda, razão da

política de imigração adotada pelo Estado. Boa parte desta nova população

paulistana encontrou nos cortiços a melhor maneira de se alojar, mas estes

representavam um perigo à saúde pública, originando ações contrárias dos

higienistas. Até que, com as conseqüências da promulgação da Lei do Inquilinato em

1942, muitos que moravam de aluguel se viram sem moradia e obrigados a

encontrar alternativas, as quais auxiliaram na ocupação da periferia com

loteamentos, muitos irregulares, e resultaram no surgimento das favelas.

Nas décadas seguintes, as favelas foram influenciadas por diversos fatores que

acarretaram sua multiplicação e seu crescimento. Entre estes está o crescimento da

população urbana brasileira a partir da metade do século XX, a industrialização que

atraiu mão de obra durante décadas, gerando um grande êxodo em direção à capital

e a crise econômica da década de 1980, que apresentou em alguns locais da capital

paulista, crescimento demográfico negativo, mas mesmo assim contribuiu para o

adensamento da periferia e das favelas.

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O trabalho discutiu sobre o déficit habitacional e expôs um histórico das intervenções

realizadas em favelas iluminando a concepção de favela, as soluções adotadas, os

problemas enfrentados e os órgãos responsáveis de cada período das

administrações municipais até que abordou as favelas em suas várias formas e

relações.

O trabalho buscou também encontrar na subprefeitura Vila Mariana um exemplo que

expusesse a transformação pelas quais suas favelas passaram ao longo de sua

formação e até onde foi possível projetar, apresentando e analisando a situação em

cada época.

Além do texto principal é possível consultar os apêndices, que reúnem as

informações das favelas da subprefeitura Vila Mariana presentes nas fichas

cadastrais de 1987 e nas atuais. Tais informações embasaram uma parte da

discussão sobre estas favelas.

Enfim, nota-se que as administrações municipais, antigamente despreparadas e

ociosas frente a grandes crescimentos demográficos e problemas habitacionais, há

algumas gestões tentam reverter décadas acumuladas de déficit habitacional,

problemas de infra-estrutura urbana, habitações irregulares e precárias, loteamentos

clandestinos, segregação social, riscos ambientais e pessoais, entre tantos outros

fatores a serem vencidos e que atrasam tanto a ascensão e a melhora da vida de

cidadãos como os moradores das favelas da subprefeitura Vila Mariana e tantos

outros que dependem de intervenções políticas, visto que é responsabilidade do

governo interferir, auxiliar e liderar o setor habitacional, principalmente em sua

questão social, como parte da legislação mais recente já confirma.

O recorte físico utilizado como exemplo poderia ter sido outro, outra subprefeitura ou

região, mas trabalhos com uma estrutura semelhante a esta, que analisa a história e

as transformações das favelas de uma subprefeitura específica, ainda podem ser

realizados, completando com novas peças um quebra-cabeça paulistano antes que

estas informações não sejam mais acessíveis ou estejam demais esquecidas.

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O trabalho alcançou os objetivos propostos ao abordar as favelas da subprefeitura

Vila Mariana durante toda sua história. Mostrou os motivos de sua formação

histórica, apresentou as respostas dadas pelas diversas gestões municipais, estudou

a situação atual e até apontou uma projeção para seu futuro.

Por fim, o trabalho procurou apresentar uma leitura completa sobre a questão das

favelas em uma das 31 subprefeituras da cidade de São Paulo.

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CAPÍTULO 6

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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AMARAL, Ângela de Arruda Camargo. Habitação na cidade de São Paulo. São Paulo, Pólis/ PUC-SP, 2002. Observatório dos Direitos do Cidadão: acompanhamento e análise das políticas públicas da cidade de São Paulo, 4. Disponível em: <http://www.polis.org.br/obras/ arquivo_118.pdf>. Acesso em: 15 maio 2009. BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. BUENO, Laura. Projeto e favela: metodologias para projetos de urbanização. 2000. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. DPH. A cidade de São Paulo e sua história. Prefeitura da Cidade de São Paulo, Departamento do Patrimônio Histórico. Não paginado. Disponível em: <http://www.prodam. sp.gov.br/dph/historia/>. Acesso em: 27 abr. 2009. DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006. FERREIRA, João Sette Whitaker. A cidade para poucos: breve história da propriedade urbana no Brasil. In: ANAIS do Simpósio Interfaces das representações urbanas em tempos de globalização, UNESP Bauru e SESC Bauru, 2005. FERREIRA, João Sette Whitaker. O mito da cidade-global: o papel da ideologia na produção do espaço urbano. Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo, SP: Editora Unesp; Salvador, BA: Anpur, 2007. FILARDO Jr., Ângelo S. Externalidade e gestão dos valores do ambiente: considerações teóricas e uma aplicação ao caso do Programa Guarapiranga (1991-2000). 2004. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit Habitacional no Brasil 2006. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação. Belo Horizonte, mar. 2008. FURTADO, Celso. O longo amanhecer: reflexões sobre a formação do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. GOOGLE EARTH. Version 5.0.11733.9347. Maio 2009. HABI. Prefeitura da Cidade de São Paulo, Superintendência de Habitação Popular (Habi). Disponível em: <http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/habitacao/departamentos/habi/ 0001>. Acesso em: 15 abr. 2009.

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HABISP. Prefeitura da Cidade de São Paulo, Secretaria de Habitação do Município de São Paulo. Disponível em: <http://www.habisp.inf.br>. Acesso em: fev./dez. 2009. IBGE. Mapa de Pobreza e Desigualdade - Municípios Brasileiros 2003. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2003. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow. htm?1> Acesso em: 10 nov. 2009. INFOCIDADE. Prefeitura da Cidade de São Paulo, Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla). Disponível em: <http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/infocidade/>. Acesso em: 15 abr. 2009. INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Moradia. São Paulo, maio 2000. Disponível em: <http://www.pt-pr.org.br/documentos/pt_pag/PAG%202004/URBANISMO/Projeto%20Moradi a.PDF>. Acesso em: 22 maio 2009. LAROUSSE CULTURAL, Grande Enciclopédia. [S. I.]: Editora Nova Cultural, v. 10. 1995. MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade, desigualdade e violência. São Paulo, jul. 1995. Disponível em: <http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/ biblioteca/textos/maricato_metrperif.pdf>. Acesso em: 25 maio 2009. MARICATO, Ermínia et al. Parâmetros técnicos para a urbanização de favelas. São Paulo: LABHAB - FAUUSP - FUPAM, FINEP/CEF, 1999. Disponível em: <http://www.usp.br/fau/ depprojeto/labhab/biblioteca/produtos/paramtecnicos_urbafavelas.pdf>. Acesso em: 25 maio 2009. MARTINS, Maria Lúcia Refinetti. Descentralização e subprefeituras em São Paulo: experiência da gestão 1989-1992: Prefeita Luiza Erundina de Sousa. São Paulo, nov. 1997. Disponível em: <http://www.usp.br/fau/depprojeto/labhab/biblioteca/textos/martins_descen tralizaerundina.pdf>. Acesso em: 25 maio 2009. MARTINS, Maria Lúcia Refinetti. Meio ambiente e moradia social nos países do Mercosul. In: MUSCAR; BRANDIS (org.). Los desequilibrios ambientales globales, regionales y locales. Madrid: TIByMA, 2002. p. 303-331. Disponível em: <http://www.usp.br/fau/depprojeto/ labhab/biblioteca/textos/martins_meioambientemoradiamercosul.pdf >. Acesso em: 25 maio 2009. METADE da população mundial viverá em metrópoles até 2008. Folha Online, São Paulo, 27 jun. 2007. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u307602.sht ml>. Acesso em: 17 maio 2008. MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora; BIDERMAN, Ciro. São Paulo metrópole. São Paulo: EdUSP, 2004. p. 61.

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MORSE, Richard. Formação histórica de São Paulo: de comunidade à metrópole. São Paulo: Difusão Européia do Livro, ago. 1970. PISANI, Maria Augusta Justi et al. Arquitetura e construção em áreas de encostas. Relatório de pesquisa. Mack Pesquisa. São Paulo, jan. 2007. RAMOS, Victor. Barracos e puxadinhos invadem Cingapuras. Folha de São Paulo, São Paulo, 14 ago. 2004. Cotidiano. ROLNIK, Raquel. São Paulo. São Paulo: Publifolha, 2002. Coleção Folha explica. ROLNIK, Raquel. Zona Especial de Interesse Social. [S.l.: s.n.], [20--?]. Disponível em: <http://www.fag.edu.br/professores/deniseschuler/1%BA%20SEM%202008/PUR%20II/Trabalho%202%BA%20bimestre/Textos%20de%20apoio/ZONA%20ESPECIAL%20DE%20INTERESSE%20SOCIAL.pdf>. Acesso em: 11 maio 2009. SÃO PAULO (município). Balanço qualitativo de gestão 2001-2004. Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo (SEHAB), Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB). São Paulo, [2004?]. SÃO PAULO (município). Fichas cadastrais das favelas do Município de São Paulo. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Superintendência de Habitação Popular (HABI). 1987. Conjunto de fichas cadastradas durante o segundo cadastro de favelas realizado no município de São Paulo, localizadas na biblioteca de HABI. SÃO PAULO (município). Fichas cadastrais das favelas do Município de São Paulo. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Superintendência de Habitação Popular (HABI). 1996. Atualização de SÃO PAULO, 1987. SÃO PAULO (município). Instrumentos para gestão da habitação social na cidade de São Paulo: sistema de informações, atualização de assentamento e sistema de elegibilidade e priorização. Prefeitura da Cidade de São Paulo. São Paulo, [2008a]. Disponível em: <http://www.habisp.inf.br>. Acesso em: 15 fev. 2009. SÃO PAULO (município). Lei nº 13.430, de 13 de setembro 2002. Plano Diretor Estratégico. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://www6.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/planejamento /plano_diretor/0004>. Acesso em: 11 maio 2009. SÃO PAULO (município). Programa Guarapiranga. Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.prodam.sp.gov.br/invfut/guara2/index.htm>. Acesso em: 17 jun. 2009.

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SÃO PAULO (município). Relatório de atividades 2006. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria da Habitação (SEHAB), Superintendência de Habitação Popular. São Paulo, [2006?]. SÃO PAULO (município). Relatório de gestão 1989-1992: Programa Habitacional de Interesse Social. Administrações Regionais: Ipiranga e Vila Mariana. Volume VII. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEHAB), Superintendência de Habitação Popular (HABI). São Paulo, [1992?a]. SÃO PAULO (município). Relatório de gestão 1989-1992: Programa Habitacional de Interesse Social. Apêndice A. Volume XIII. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEHAB), Superintendência de Habitação Popular (HABI). São Paulo, [1992?b]. SÃO PAULO (município). Relatório de gestão 1989-1992: Programa Habitacional de Interesse Social. Balanço da atuação de HABI. Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEHAB), Superintendência de Habitação Popular (HABI). São Paulo, [1992?c]. SÃO PAULO (município). Relatório final de governo 1989-1992. Prefeitura do Município de São Paulo. São Paulo, [1992?d]. SÃO PAULO (município). Urbanização de favelas: a experiência de São Paulo. Prefeitura da Cidade de São Paulo, Secretaria de Habitação. São Paulo, [2008b]. SEADE. Atualização de dados censitários de favelas e loteamentos irregulares no município de São Paulo 2007. SEADE, Prefeitura da Cidade de São Paulo, Aliança de Cidades. São Paulo, 2008. Disponível em <http://www.habisp.inf.br>. Acesso em: 15 fev. 2009. SPITZ, Clarice. População urbana vai de 31% para 81% em 60 anos, aponta IBGE. Folha Online. [S.I.], 25 mai. 2007. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ ult95u135796.shtml>. Acesso em: 14 abr. 2009. TANAKA, Marta Maria Soban. Favela e periferia: estudos de recomposição urbana. 1993. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo)-Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993. TASCHNER, Suzana Pasternak. Desenhando os espaços da pobreza. 2001. Concurso a professora livre-docente. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. TASCHNER, Suzana Pasternak. Favelas e cortiços no Brasil: 20 anos de pesquisas e políticas. FAUUSP, Cadernos de Pesquisa do LAP, n°18. São Paulo, mar./abr. 1997. TASCHNER, Suzana Pasternak. Habitação e demografia intra-urbana em São Paulo. Revista Brasileira de Estudos da População. São Paulo, jan./jun. 1990. p. 03-34.

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VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 2001. VIOLA, Assunta. A formação da paisagem na periferia da cidade de São Paulo. São Paulo: Arquitextos nº 88, set. 2004. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/ esp434.asp>. Acesso em: 10 jun. 2009.

OUTRAS REFERÊNCIAS

MIRALDO, Pedro Batagini Balieiro. Acervo particular. 2009.

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APÊNDICE A

FICHAS CADASTRAIS

DAS FAVELAS DO

MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO DE 1987

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Favela Altino Arantes

Identificação

Número: 591.01

Endereço: Av. Dr. Altino Arantes, 1344.

Bairro: Mirandópolis

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 04

Número de domicílios em alvenaria: 01

Ano de ocupação: 1956

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: sim, rede pública

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim Sim Não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica e espírita

No Bairro Não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim, Maria Máxima

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Em novembro de 1997 uma vistoria ao local constatou que a favela não existia mais.

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Favela Araguari

Identificação

Número: 582.02

Endereço: Trav. Part. da Rua Araguari

Bairro: Indianópolis

Sub-distrito: Moema

Número de domicílios: 11

Número de domicílios em alvenaria: 11

Ano de ocupação: 1984

Propriedade: particular/municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego Uberaba

Enchentes: sujeita a enchentes

Erosão: sim, pouco acentuada

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: canalização precária

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: não

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim, Edmar Dias

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: obra viária

Observações

Ficha de atualização, sem data, mostra que segundo informação da área, essa

favela foi removida.

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Favela Ascendino Reis

Identificação

Número: 590.01

Endereço: Rua Prof. Ascendino Reis

Bairro: Vila Clementino

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 05

Número de domicílios em alvenaria: 05

Ano de ocupação: 1962

Propriedade: Municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via principal

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: sim, rede pública

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim sem inform.

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim não n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

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Favela Vila Clementino

Identificação

Número: 585.02

Endereço: Rua Dra. Neide Aparecida Sollitto

Bairro: Vila Clementino

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 30

Número de domicílios em alvenaria: 04

Ano de ocupação: 1963

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: precária

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

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145

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica,

evangélica e espírita

No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: bar

No bairro: venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim, Ivanete

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Ficha atualizada em 1992: número de domicílios em alvenaria passa para 15

(número total de domicílios sem alteração).

Em 1997 um ofício de HABI-1 informa que até esta data ainda não havia previsão de

algum projeto para a favela.

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Favela Coronel Luís Alves

Identificação

Número: 586.01

Endereço: Rua Coronel Luís Alves

Bairro: Vila Afonso Celso

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 02

Número de domicílios em alvenaria: 00

Ano de ocupação: 1957

Propriedade: Municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: Plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: sim, contíguo à favela

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: mina

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

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Favela Graciliano Ramos

Identificação

Número: 587.02

Endereço: Praça Graciliano Ramos, 5.

Bairro: Vila Afonso Celso

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 10

Número de domicílios em alvenaria: 00

Ano de ocupação: 1977

Propriedade: Particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: sim, rede pública

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 151: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

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Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim sim

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Page 152: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

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Favela Inhambu

Identificação

Número: 583.01

Endereço: Rua Inhambu, 218.

Bairro: Indianópolis

Sub-distrito: Moema

Número de domicílios: 05

Número de domicílios em alvenaria: 00

Ano de ocupação: 1961

Propriedade: Particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego Uberaba

Enchentes: sujeita a enchentes

Erosão: sim, pouco acentuada

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: precária e a céu aberto

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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151

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: obra viária

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152

Favela Mario Cardim

Identificação

Número: 584.04

Endereço: Rua Dr. Mario Cardim / Rua Botucatu

Bairro: Vila Clementino

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 120

Número de domicílios em alvenaria: 15

Ano de ocupação: 1972

Propriedade: Federal (INSS)

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: sujeita a enchentes

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: sim, no interior da favela

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: sim

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: parcial

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: precária e fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública em parte dos domicílios e mina

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

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153

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica e metodista

No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: sim, comissão de moradores

Liderança reconhecida: sim, Madalena

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Um ofício de maio de 2000 relata que o número de domicílios aumentou atingindo

250 famílias, sendo que quase a totalidade destes domicílios é de alvenaria. Tal

ofício também informa que a área do Instituto Nacional de Seguro Social ocupada é

de 3.630,00 m².

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154

Favela Mauro I

Identificação

Número: 671.03

Endereço: Rua Mauro, 226 / Rua Franklim Sampaio

Bairro: Mirandópolis

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 51

Número de domicílios em alvenaria: 19

Ano de ocupação: 1947

Propriedade: Particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego Paraguai

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: parcial

Iluminação pública nas ruas lindeiras: não

Coleta de esgotos: sim, rede pública em parte dos domicílios e fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública em parte dos domicílios

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 157: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

155

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim sim

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros.

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim, Otavio Floriano da Silva

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

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156

Favela Mauro II

Identificação

Número: 672.04

Endereço: Rua Mauro, 680

Bairro: Mirandópolis

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 116

Número de domicílios em alvenaria: 00

Ano de ocupação: 1972

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego Paraguai

Enchentes: não

Erosão: sim, pouco acentuada

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: sim, canalização precária

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública em parte dos domicílios

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

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157

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela sim n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro n.c. sim sim sim sim

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. sim n.c. n.c. católica No Bairro sim n.c. sim sim n.c.

Comércio

Na favela: bar, venda

No bairro: farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: sim

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: obra viária em andamento (paralisada)

Observações

Ver item 3.3.

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158

Favela Miguel Stefano / Palermo

Identificação

Número: 669.02

Endereço: Rua Palermo / Avenida Professor Abraão de Morais

Bairro: Bosque da Saúde

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 11

Número de domicílios em alvenaria: 03

Ano de ocupação: 1979

Propriedade: municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via principal

Existência de espaço livre/comunitário: sim, no interior da favela

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: a céu aberto e fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 161: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

159

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. não No Bairro não sim sim não n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Ver item 3.1.

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160

Favela José do Patrocínio

Identificação

Número: 527.02

Endereço: Rua José do Patrocínio

Bairro: Aclimação

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 10

Número de domicílios em alvenaria: 01

Ano de ocupação: 1943

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego (sem nome)

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: sim, canalização precária

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 163: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

161

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

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162

Favela Onze de Junho / São Francisco

Identificação

Número: 589.02

Endereço: Avenida Onze de Junho

Bairro: Vila Clementino

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 31

Número de domicílios em alvenaria: 01

Ano de ocupação: 1969

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: sim, rede pública em parte dos domicílios e fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 165: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

163

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim sim

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Page 166: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

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Favela Ricardo Jafet I / Aurélio

Identificação

Número: 674.01

Endereço: Rua Auguste Clésinger, 172

Bairro: Parque Imperial

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 04

Número de domicílios em alvenaria: 03

Ano de ocupação: 1947

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego (próximo)

Enchentes: sujeito a enchentes

Erosão: sim, pouco acentuada

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: a céu aberto

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública em parte dos domicílios e mina

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 167: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

165

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim não sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. não No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: não

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

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166

Favela Ricardo Jafet II / Saioá Bom Preço

Identificação

Número: 593.03

Endereço: Avenida Doutor Ricardo Jafet, 1900 / Rua Vergueiro

Bairro: Vila Mariana

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 90

Número de domicílios em alvenaria: 02

Ano de ocupação: 1980

Propriedade: particular / municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via principal

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: sim

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: parcial

Iluminação pública nas ruas lindeiras: não

Coleta de esgotos: precária, a céu aberto e fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

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167

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro não sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro não não sim sim n.c.

Comércio

Na favela: bar

No bairro: venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim, Antonio Eduardo

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Atualização da ficha da favela realizada em 1992 mostra que o número total de

domicílios aumentou para 120, mas o número de domicílios em alvenaria

permaneceu o mesmo.

Informações de um ofício de maio de 1996 mostram que a favela foi removida em

abril do mesmo ano para o alojamento no conjunto Jardim São Francisco e

aguardava atendimento do projeto Cingapura.

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168

Favela Ricardo Jafet III

Identificação

Número: 592.02

Endereço: Rua Jacques Callot

Bairro: Jardim Aurélia

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 30

Número de domicílios em alvenaria: 00

Ano de ocupação: 1980

Propriedade: municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: parcial

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: canalização precária

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

Page 171: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

169

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim não n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Atualização, sem data, da ficha da favela mostra que segundo informação da área, a

favela foi removida.

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170

Favela São Judas

Identificação

Número: 670.03

Endereço: Avenida José Maria Whitaker

Bairro: Planalto Paulista

Sub-distrito: Saúde

Número de domicílios: 57

Número de domicílios em alvenaria: 04

Ano de ocupação: 1978

Propriedade: municipal / estadual

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via expressa

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: sim

Iluminação pública nas ruas lindeiras: não

Coleta de esgotos: sim, rede pública

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

Page 173: Intervenções em Favelas no Município de São Paulo: o caso ...tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/457/1/Pedro Batagini... · Croquis da área da favela Miguel Stefano / Palermo

171

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim sim

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Ver item 3.2.

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172

Favela Sousa Ramos

Identificação

Número: 588.01

Endereço: Rua Sousa Ramos, 517

Bairro: Vila Afonso Celso

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 04

Número de domicílios em alvenaria: 00

Ano de ocupação: 1985

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade elevada

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: fossa

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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173

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. igreja No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

Observações

Atualização na ficha da favela em dezembro de 1997, informa que vistoria ao local

constatou que este não é mais ocupado por favela.

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174

Favela Tintas

Identificação

Número: 526.01

Endereço: Rua Machado de Assis, 830

Bairro: Vila Mariana

Sub-distrito: Vila Mariana

Número de domicílios: 05

Número de domicílios em alvenaria: 05

Ano de ocupação: 1979

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: não

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: canalização precária

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

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175

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro sim sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: não

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176

Favela Tuim

Identificação

Número: 581.01

Endereço: Rua Tuim / Avenida Juriti

Bairro: Indianópolis

Sub-distrito: Moema

Número de domicílios: 02

Número de domicílios em alvenaria: 02

Ano de ocupação: 1967

Propriedade: particular

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: plano

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego Uberaba

Enchentes: não

Erosão: não

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: não

Iluminação pública nas ruas lindeiras: sim

Coleta de esgotos: precária e a céu aberto

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: sim, orelhão

Transporte coletivo: sim

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Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: não

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: obra viária

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Favela Uberabinha

Identificação

Número: 580.02

Endereço: Rua Sampaio Góis

Bairro: Vila Uberabinha

Sub-distrito: Moema

Número de domicílios: 38

Número de domicílios em alvenaria: 29

Ano de ocupação: 1965

Propriedade: Municipal

Área do terreno: não consta

Características Físicas

Topografia: declividade média

Situada à margem de córrego, rio, represa, etc.: sim, córrego Uberaba

Enchentes: sujeita a enchentes

Erosão: sim, pouco acentuada

Domicílios em risco: não consta

Localizada sob ou sobre ponte, viaduto, aterro, lixão, linha de transmissão, etc.: não

Localizada junto ao sistema viário: sim, via secundária

Existência de espaço livre/comunitário: não

Existência de vias internas com 4 metros ou mais de largura: não

Serviços Públicos

Iluminação pública no arruamento interno: parcial

Iluminação pública nas ruas lindeiras: não

Coleta de esgotos: precária e a céu aberto

Coleta de lixo: sim

Luz domiciliar: sim

Abastecimento de água: sim, rede pública

Telefone público: comunitário

Transporte coletivo: sim

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179

Equipamentos e Serviços Sociais

--- Creche Pque INF. ou EMEI

1º Grau 2º Grau OSEM

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. n.c. No Bairro sim sim sim sim não

--- Curso

Profissional Educação Adultos

Posto de Saúde

Posto Policial

Igreja, Templo, etc.

Na Favela n.c. n.c. n.c. n.c. católica No Bairro não sim sim sim n.c.

Comércio

Na favela: não consta

No bairro: bar, venda, farmácia, açougue, supermercado, feira livre e outros

Organização

Associação de moradores: não

Associação esportiva/recreativa: sim, no bairro

Outras associações: não

Liderança reconhecida: sim, D. Zilda

Intervenções

Realizadas: não

Previstas: obra viária

Observações

Atualização na ficha da favela em 1992 mostra que o número total de domicílios

passou para 60, mas o número de domicílios em alvenaria não teve alteração.

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APÊNDICE B

FICHAS CADASTRAIS

DAS FAVELAS DO

MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO DE 2009 As favelas e os núcleos urbanizados presentes neste apêndice e suas

informações foram coletadas no HABISP no dia 06 de março de 2009.

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Favela Mario Cardim

Dados Básicos

Endereço: Rua Dr. Mario Cardim / Rua Botucatu

Distrito: Vila Mariana

Ano do início da ocupação: 1972

Total de domicílios: 250

Propriedade do terreno: federal

Renda média (R$): 1.322,57

Condições de Ocupação

Sobre área não edificante ou leito de curso de água: parcial

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 20,00

Esgotamento sanitário: 10,00

Rede elétrica domiciliar: 90,00

Iluminação pública: 50,00

Drenagem pluvial: parcial

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 0,51

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 7.339,685 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,99

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Favela Mauro

Dados Básicos

Nome secundário: Whitaker

Endereço: Avenida José Maria Whitaker, 2480

Distrito: Saúde

Ano do início da ocupação: 1966

Total de domicílios: 250

Propriedade do terreno: particular / municipal

Renda média (R$): 684,03

Condições de Ocupação

Embaixo de rede de alta tensão: parcial

Sobre área não edificante ou leito de curso de água: parcial

Área do sistema viário ativo: parcial

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 30,00

Esgotamento sanitário: 10,00

Rede elétrica domiciliar: 90,00

Iluminação pública: 10,00

Drenagem pluvial: parcial

Vias pavimentadas: 10,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 0,36

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 6.129,090 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,97

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183

Favela Mauro II

Dados Básicos

Nome secundário: Maria Screpante

Endereço: Rua Mauro, 226 / Rua Franklin Sampaio

Distrito: Saúde

Ano do início da ocupação: 1950

Total de domicílios: 200

Propriedade do terreno: particular / municipal

Renda média (R$): 2.040,64

Condições de Ocupação

Sobre área não edificante ou leito de curso de água: parcial

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 95,00

Esgotamento sanitário: 0,00

Rede elétrica domiciliar: 95,00

Iluminação pública: 70,00

Drenagem pluvial: nenhum

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 0,61

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 6.686,374 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,49

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184

Favela Coronel Luis Alves

Dados Básicos

Nome secundário: Unidos da Vila Mariana

Endereço: Rua Coronel Luis Alves / Rua Souza Ramos

Distrito: Vila Mariana

Ano do início da ocupação: 1945

Total de domicílios: 50

Propriedade do terreno: particular / municipal

Renda média (R$): 6.641,68

Condições de Ocupação

Área de sistema viário ativo: parcial

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 20,00

Esgotamento sanitário: 0,00

Rede elétrica domiciliar: 20,00

Iluminação pública: 0,00

Drenagem pluvial: nenhum

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 0,27

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 3.163,367 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,17

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185

Favela Neide Aparecida Solito

Dados Básicos

Endereço: Rua Neide Aparecida Solito, 250

Distrito: Vila Mariana

Ano do início da ocupação: 1963

Total de domicílios: 40

Propriedade do terreno: particular

Renda média (R$): 4.830,83

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 100,00

Esgotamento sanitário: 70,00

Rede elétrica domiciliar: 100,00

Iluminação pública: 100,00

Drenagem pluvial: parcial

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 0,87

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 1.196,880 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,33

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186

Favela Buracão

Dados Básicos

Nome secundário: Rua Projetada

Endereço: Rua Paula Nei / Rua Projetada

Distrito: Vila Mariana

Ano do início da ocupação: 1986

Total de domicílios: 19

Propriedade do terreno: particular / municipal

Renda média (R$): 1.852,17

Condições de Ocupação

Área de sistema viário ativo: total

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 30,00

Esgotamento sanitário: 0,00

Rede elétrica domiciliar: 50,00

Iluminação pública: 10,00

Drenagem pluvial: nenhum

Vias pavimentadas: 80,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 0,31

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 468,221 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,50

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187

Núcleo urbanizado Miguel Estéfano Prover

Dados Básicos

Endereço: Rua Miguel Estéfano / Avenida Professor Abraão de Morais

Distrito: Saúde

Ano do início da ocupação: 1990

Total de domicílios: 80

Propriedade do terreno: municipal

Renda média (R$): 2.843,74

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 100,00

Esgotamento sanitário: 100,00

Rede elétrica domiciliar: 100,00

Iluminação pública: 100,00

Drenagem pluvial: total

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 1,00

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 4.076,447 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,47

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188

Núcleo urbanizado Souza Ramos

Dados Básicos

Endereço: Rua Souza Ramos, 518

Distrito: Vila Mariana

Ano do início da ocupação: 1949

Total de domicílios: 65

Propriedade do terreno: municipal

Renda média (R$): 6.481,62

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 100,00

Esgotamento sanitário: 100,00

Rede elétrica domiciliar: 100,00

Iluminação pública: 100,00

Drenagem pluvial: total

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 1,00

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 2.547,023 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,17

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189

Núcleo urbanizado Ascendino Reis

Dados Básicos

Nome secundário: Casa Grande – Onze de Junho

Endereço: Rua Professor Ascendino Reis / Rua Onze de Junho

Distrito: Saúde

Ano do início da ocupação: 1962

Total de domicílios: 42

Propriedade do terreno: particular / municipal

Renda média (R$): 8.552,27

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 100,00

Esgotamento sanitário: 100,00

Rede elétrica domiciliar: 100,00

Iluminação pública: 100,00

Drenagem pluvial: total

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 1,00

Regularização Fundiária

Irregular

Análise Espacial

Área total: 1.653,514 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,17

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190

Núcleo urbanizado Ceci

Dados Básicos

Nome secundário: Bandeirantes

Endereço: Avenida dos Bandeirantes / Avenida Jabaquara

Distrito: Saúde

Ano do início da ocupação: 1996

Total de domicílios: 25

Propriedade do terreno: municipal

Renda média (R$): 2.384,39

Infra-estrutura Urbana

Abastecimento de água: 100,00

Esgotamento sanitário: 100,00

Rede elétrica domiciliar: 100,00

Iluminação pública: 100,00

Drenagem pluvial: total

Vias pavimentadas: 100,00

Coleta de lixo: total

Índice de infra-estrutura urbana: 1,00

Regularização Fundiária

Em processo

Análise Espacial

Área total: 1.106,876 m²

Índice de vulnerabilidade social: 0,17