12
Introdução à nova perspectiva Paulina: um ensaio 27/11/2012 16:15:07 3 Comentário(s) Imprimir artigo INTRODUÇÃO Nos últimos trinta anos, um novo debate na academia foi introduzido. Trata-se de trazer para o centro do debate cristão o tema da Justificação. Porém, longe do conceito sistematizado e defendido pelos Reformadores, a nova abordagem reformula o conceito tradicional para uma nova perspectiva. Nesta nova abordagem, a Carta de Paulo aos Gálatas, bem como Romanos, passam por outra investigação histórica e exame do comportamento teológico dos judeus do primeiro século da Era Cristã. Segundo esta concepção, o Judaísmo que Paulo tão tenazmente combateu não possuía uma visão auto- justificante nem legalista. Paulo não estava refutando a justificação pelas "obras da lei" , mas apenas debatendo a posição e a relação entre Judeus e Gentios na Igreja Cristã. Esta abordagem tem sido chamada de Nova Perspectiva sobre Paulo (NPP) ou Teologia da Nova Perspectiva e recentes estudiosos têm adotado esta visão 1 . Em matéria na Christianity Today 2 , após parafrasear o título da obra de N.T. Wright, 3 o subtítulo já deixava claro o objetivo da NPP: "Eruditos da Nova Perspectiva argumentam que precisamos, com justiça, uma nova perspectiva sobre a justificação pela fé". De fato, trata-se de uma reinvenção de Paulo. 4 Na verdade, o objetivo da NPP é reinterpretar a relação de Paulo com a Lei de Moisés para os gentios e reacender o debate acerca do lugar da Lei na Nova Aliança. O centro da questão, portanto, se dá em torno de dois pontos: 1) o que Paulo queria dizer com a expressão "obras da Lei" e; 2) o que Paulo queria dizer por "justificados pela fé". Estes dois pontos, portanto, relacionam-se com a natureza do judaísmo do primeiro século e com os atos missionários de Paulo aos gentios. O que está em jogo é nada mais do que a doutrina da justificação especialmente como entendida pelos Reformadores, principalmente Lutero. Este não é, portanto, um debate arcaico acerca de uma doutrina de somenos importância. Antes, "nunca será demais insistir no caráter polêmico da doutrina paulina da justificação. Ela desaparece quando é enfraquecida ou quando se elimina o seu caráter antitético". 5 Trata-se de um pilar do cristianismo. Como bem alertou o Dr. Joel Beeke: A relevância e urgência desta doutrina dizem respeito à identidade, a essência da Teologia Cristã, a proclamação do Evangelho, bem como o fundamento experimental

Introdução à Nova Perspectiva Paulina

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Texto sobre nova hermenêutica em Paulo

Citation preview

Introduo nova perspectiva Paulina: um ensaio27/11/2012 16:15:073 Comentrio(s)Imprimir artigo

INTRODUONos ltimos trinta anos, um novo debate na academia foi introduzido. Trata-se de trazer para o centro do debate cristo o tema da Justificao. Porm, longe do conceito sistematizado e defendido pelos Reformadores, a nova abordagem reformula o conceito tradicional para uma nova perspectiva. Nesta nova abordagem, a Carta de Paulo aos Glatas, bem como Romanos, passam por outra investigao histrica e exame do comportamento teolgico dos judeus do primeiro sculo da Era Crist. Segundo esta concepo, o Judasmo que Paulo to tenazmente combateu no possua uma viso auto-justificante nem legalista. Paulo no estava refutando a justificao pelas "obras da lei", mas apenas debatendo a posio e a relao entre Judeus e Gentios na Igreja Crist.

Esta abordagem tem sido chamada de Nova Perspectiva sobre Paulo (NPP) ou Teologia da Nova Perspectiva e recentes estudiosos tm adotado esta viso1. Em matria naChristianity Today2, aps parafrasear o ttulo da obra de N.T. Wright,3o subttulo j deixava claro o objetivo da NPP: "Eruditos da Nova Perspectiva argumentam que precisamos, com justia, uma nova perspectiva sobre a justificao pela f". De fato, trata-se de uma reinveno de Paulo.4

Na verdade, o objetivo da NPP reinterpretar a relao de Paulo com a Lei de Moiss para os gentios e reacender o debate acerca do lugar da Lei na Nova Aliana. O centro da questo, portanto, se d em torno de dois pontos: 1) o que Paulo queria dizer com a expresso "obras da Lei" e; 2) o que Paulo queria dizer por "justificados pela f". Estes dois pontos, portanto, relacionam-se com a natureza do judasmo do primeiro sculo e com os atos missionrios de Paulo aos gentios.

O que est em jogo nada mais do que a doutrina da justificao especialmente como entendida pelos Reformadores, principalmente Lutero. Este no , portanto, um debate arcaico acerca de uma doutrina de somenos importncia. Antes, "nunca ser demais insistir no carter polmico da doutrina paulina da justificao. Ela desaparece quando enfraquecida ou quando se elimina o seu carter antittico".5Trata-se de um pilar do cristianismo. Como bem alertou o Dr. Joel Beeke:

A relevncia e urgncia desta doutrina dizem respeito identidade, a essncia da Teologia Crist, a proclamao do Evangelho, bem como o fundamento experimental escritural da F Crist para cada um de ns. A Justificao pela F no mais apenas, nas palavras de Lutero, "o artigo pela qual a igreja fica de p ou cai" (articulus stantis et cadentis ecclesiae), mas por esta doutrina cada um de ns pessoalmente ficar de p ou cair na presena de Deus.6Neste artigo, portanto, desejamos introduzir os leitores ao tema em questo - Nova Perspectiva Paulina - abordando, neste primeiro artigo,7sua histria, seus principais proponentes e suas ideias, e os pressupostos subjacentes NPP.

1. OS PRINCIPAIS PROPONENTES DA NOVA PERSPECTIVAAs crticas abordagem tradicional acerca da Justificao foram iniciadas por Krister Stendahl e Werner Kmmel.8Stendahl considerava que a antiga perspectiva sobre a justificao era lida pelas lentes luteranas, atravs de Agostinho e chegando a Bultmann.9Segundo ele, a interpretao luterana da viso de Paulo da justia pela f era historicamente errada, pois o centro da teologia paulina seria a "histria da salvao" descrita especialmente em Romanos captulos 9 a 11.3.10

Werner Kmmel questionou o "Eu" Paulino em Romanos 7.7-25, afirmando que aquele "eu" no era autobiogrfico de uma poca pr-crist ou pr-converso de Paulo. Para Kmmel, o "eu" era um dispositivo retrico significando "algum" ou "qualquer um" separado de Cristo11. Porm, trs nomes atuais se destacam quando se fala de NPP: Ed Parish Sanders, James D. G. Dunn e Nicholas Thomas Wright.

1. 1. Ed Parish SandersSe, na atualidade, pode-se vincular a NPP a um destes nomes, sem dvidas que E. P. Sanders se destaca como "o mais influente erudito sobre Paulo nos ltimos vinte e cinco anos",12embora no seja o originador da NPP.13Seu livro,Paul and Palestinian Judaism a comparision of patterns of Religion,de 1977, deu um novo e decisivo mpeto nos estudos paulinos desde ento,14seguida da obra, da mesma pena,Paul, the Law and the Jewish people(1983).15

Segundo Sanders, preciso contestar a persistente viso de que o Judasmo Rabnico do primeiro sculo era legalista e que buscava a justia pelas obras.16Para esta contestao, Sanders se vale de obras rabnicas do perodo do Judasmo Palestinense (200 a.C - 200 d.C), tais como a LiteraturaTannatica,os Rolos do Mar Morto, Apcrifos e Pseudo-epgrafos de Ben-Siraque, 1 Enoque, Jubileus, Salmos de Salomo, 4 Esdras. Na verdade, diante do vastocorpum litteratum,Sanders foi bastante seletivo, pois outras obras importantes foram deixadas de lado - Testamento dos Doze Patriarcas e 2 Baruque (Apocalipse de Baruque) e, principalmente, o Targum Aramaico17, sob a alegao de falta de tempo ou espao para examin-las ou interpolaes crists em alguns documentos.18

O objetivo de Sanders, comparando aquela literatura com as Cartas de Paulo, ir "atrs da terminologia para determinar se Paulo e os Rabinos (por exemplo) tinham ou no o mesmo tipo de religio".19A concluso de Sanders que no Judasmo Palestinense a "obedincia[da lei]mantm a posio de algum no pacto, mas no ganha a graa de Deus como tal. Ela simplesmente guarda um indivduo no grupo que recipiente da graa de Deus"20. Enfim, possvel resumir a posio de Sanders acerca do Judasmo dos anos 200 a.C a 200 d.C com suas palavras, naquilo que ele chama de "nomismo pactual":

O 'modelo' ou 'estrutura' do nomismo pactual (covenantal nomism) este: (1) Deus escolheu Israel e (2) deu a lei. A lei implica na (3) promessa de Deus em manter a eleio e (4) requerer obedincia. (5) Deus recompensa a obedincia e pune a transgresso. (6) A lei fornece os meios para expiao, e a expiao resulta em (7) proteo ou restabelecimento da relao pactual. (8) Todos aqueles que so mantidos no pacto pela obedincia, expiao e misericrdia de Deus pertencem ao grupo que sero salvos.21Onde Paulo entra nesta histria? Paulo apenas transferiu aterminologia do Judasmopara o Cristianismo22, mas que no fim Paulo "apresentaum tipo de religio essencialmente diferente de qualquer encontrada na literatura judaica palestinense"23. A justia no Judasmo era para obedecer aos mandamentos e arrependimento dos pecados. Nisto reside a maior mudana de Paulo,

Pois ser justo na literatura judaica significava obedecer a Torah e arrepender-se da transgresso, mas em Paulo isto quer dizer ser salvo por Cristo. Mais sucintamente, justia no judasmo um termo que implica amanuteno do statusentre o grupo de eleito; em Paulo umtermo transferido.24Em outras palavras, nesta NPP, a justia em Paulo era para "entrar", enquanto no Judasmo era para "permanecer" no pacto. Enfim, Sanders conclui desaprovando o pensamento paulino ao afirmar:

Paulo parece ignorar (e por consequncia negar) a graa de Deus para Israel como evidenciada pela eleio e pelo pacto. Mas, isto nem por causa da ignorncia do significado do pacto dentro do pensamento judaico, nem por causa do legado da concepo do pacto no judasmo tardio.Paulo, na realidade, explicitamente nega que o pacto judaico possa ser efetivo para salvao, negando, desse modo, conscientemente a base do judasmo[...]. Em resumo, isto o que Paulo encontrou de errado no Judasmo: ele no eraCristianismo.251. 2. James Douglas Grant DunnDepois de Sander, James D. G. Dunn o erudito em evidncia no momento, sendo tambm o responsvel por cunhar o nome "Nova Perspectiva Paulina", alm de popularizar e defender a "nova" abordagem26. J. Dunn iniciou seus estudos em Cristologia e Pneumatologia, especialmente em obras comoBaptism in the Holy Spirit(1970) eJesus and the Spirit(1975) eChristology in the Making(1980/89). Porm, como ele mesmo diz, estes escritos j visavam um objetivo proposto h quarenta anos.

O dilogo com a teologia de Paulo tornou-se cada vez mais srio em meados de 70 e incio de 80. Minhas obras sobreJesus and the Spirit(1975),Unity and Diversity in the New Testament(1977) eChristology in the Making(1980), todas foraram a encontrar o pensamento de Paulo em nvel cada vez mais profundo27.Paulo torna-se o maior foco nas obras posteriores de Dunn, em especial quando o assunto acerca da Lei em Paulo e o Judasmo28. J. Dunn est convicto de que no pretende "refutar" a "antiga perspectiva",29embora reconhea que a nova abordagem, de fato, contrape-se antiga ao dizer que, logo aps o incio de seu curso avanado em histria primitiva do Cristianismo, tenha ficado

...confuso com o ensino de Paulo sobre a justificao pela f, oupor meiof, como eu brevemente comecei a corrigir-me. Isto era to fundamental para o evangelho, e to central dentro das tradies Reformadas e Evanglicas, nas quais meu prprio despertar teolgico e desenvolvimento anterior tinham comeado. Mas, era bvio de qualquer estudo das principais passagens paulinas que, em seu ensino sobre justificao atravs da f, Paulo estava reagindo contra algum outro ensino - 'pela f,aparte das obrasda lei'(Rom 3.28), 'da f em Cristo eno das obras da lei'(Gal 2.16). A que Paulo estava contra-reagindo?30Numa primeira impresso, Dunn parece confirmar a posio tradicional, isto , a contraposio entre a existncia, naquela poca, de dois modos excludentes de justificao diante de Deus: pela f x pelas obras. Ento, em que Dunn se distancia da tradio reformada?

Dunn se distancia da tradio Reformada no seu entendimento acerca da "justia de Deus" que, para ele, a frase-chave do ensino Paulino sobre justificao31. Segundo ele, a "justia de Deus" o ato eletivo de Deus num conceitorelacional32, e no jurdico.

'Justia' era um conceito relacional, e era para ser entendida 'como encontrando a exigncia de um relacionamento'. O mesmo aplicado "justia de Deus": pressupe a relao pactual feita com o homem por iniciativa de Deus; Deus justo quando ele recebe a exigncia da relao pactual. [...] Se 'a justia de Deus' refere-se ao justificadora de Deus, como, ento, isto se correlaciona com a viso tradicional que Paulo estava reagindo contra uma viso que ensinava que a justificao tinha que ser merecida? Se "a justia de Deus" pressupe a divina eleiodee expressava fidelidade divinaparae sustentaodeum povo fiel, ento, onde o pensamento da justificaomerecidapela obras entrou no quadro? [...] Alguma coisa deu errado em algum lugar, mas onde?33O erro, ou melhor, o "mau entendimento da justificao",34explcitonos escritos de Dunn sobre NPP, encontra-se no fato de que Lutero avaliou a sua converso luz da converso paulina; ou seja, elesupsque Paulo estava escrevendo acerca da mesma experincia a qual ele mesmo havia experimentado;35mas que, na verdade, Paulo no estava escrevendo nada sobre isso, mas "o ensinamento de Paulo sobre a justificao uma expresso de sua misso aos Gentios e, desse modo, envolvia um protesto contra a presuno nacional ou tnica e desprezo quanto aos Gentios".36

Enfim, Dunn no entende "obras da lei" como anttese, e sim apenas aquilo que distinguia ocarter distintivo da religio judaica, no havendo, de fato, diferena substancial entre o Judasmo e o Cristianismo. A linguagem usada por Paulo para falar sobre justificao ou justia de Deus no uma "transferncia de terminologia". "Ser justo em Paulo no pode, ento, ser tratado simplesmente como uma frmula de entrada ou iniciao; no possvel traar uma clara linha de distino entre o uso de Paulo e o uso pactual tipicamente Judaico".37

1. 3. Nicholas Thomas WrightPor fim, N.T. Wright, que declaradamente considera-se um "telogo ortodoxo"38e, por esta considerao, suas obras tm penetrados os crculos evanglicos. Seus livros, principalmente oJustification39eWhat Saint Paul really Said,40especialmente este ltimo, esto na vanguarda do debate acerca da NPP, pelo menos nos crculos reformados.41

A premissa bsica de Wright a doutrina da Justificao, mas no no aspecto soteriolgico. Segundo Wright, Paulo pretendeu ensinar sobre a Justificao do ponto de vistaeclesiolgico.

'Justificao' no primeiro sculo no era sobre como algum podia estabelecer um relacionamento com Deus. Era sobre definio escatolgica de Deus, futura e presente, de quem era, de fato, um membro de seu povo [... ] Na linguagem crist teolgica padro, ela no era tanto soteriolgica como eclesiolgica; no tanto sobre salvao quanto acerca da igreja42.Neste sentido, a teologia forense da justificao, defendida desde o perodo ps-agostiniano e, especialmente, pelos Reformadores, considerada por Wright como um equvoco por parte daqueles que no percebem as implicaes da terminologia do primeiro sculo e querem insistir na doutrina forense. Diz ele: "Ironicamente, estas implicaes tm se perdido muitas vezes pelos prprios telogos que tentam insistir na natureza forense (tribunal de justia) da doutrina".43

Embora Wright venha a discordar parcialmente da posio de Sanders, ele considera seu ponto bsico como estabelecido e abraa a tese principal de Sanders de que o quadro do judasmo presumido por muitos leitores protestantes de Paulo historicamente inexato e teologicamente equivocado.44Mas sua viso acerca da Justificao no menos problemtica. Ele sugere que na Doutrina da Justificao em Paulo encontram-se quatro temas, estes ignorados pelos Reformadores e por Calvino:451) Que a doutrina em Paulo tem a ver comas obras de Jesus como Messias de Israel;2) Que a doutrina da Justificao sobre o Pacto com Abrao para o chamado de Deus a todas as famlias e para permanncia neste pacto; 3) a imagem judicial sobre a Justificao no " como voc se torna Cristo, mas como voc pode falar que um membro da famlia do pacto"46; 4) A justificao escatolgica e corporativa, no individual e imediata.

John Piper47, num livro em que polemiza com Wright, est entristecido porque Wright desvia-se da concepo antiga, em especial dos Reformadores, sobre a Justificao. Diz ele que

N.T. Wright est claramente animado por descobrir uma "nova" e "recente" interpretao de Paulo. Masalgum no encontra em Wright uma apreciao e celebrao das percepes da mais antiga interpretaoque produziu semelhante exuberncia. discreto ouvi-lo dizer, por exemplo, que "as discusses acerca da justificao na maior parte da histria da igreja, certamente desde Agostinho, comeou errada ao menos quanto ao modo de entender Paulo e tm permanecido assim desde ento".48De fato, at mesmo o ttulo do livro de Wright,What Saint Paul really said: was Paul of Tarsus the real founder of Christianity? sugere que at o surgimento da NPP,ningumsabia o que Paulo dissera sobre o assunto. Numa analogia aplicada por Wright, ele sente-se como estando no meio de uma escalada e que, olhando para baixo (trs?) v muita neblina; olhando para cima (frente?), ainda tem muito que escalar (descobrir?).49

Porm, a pesquisa de Wright sobre a NPP fortemente embasada nos princpios do crtico Ferdinand Baur, em especial sua concepo do Cnon Paulino (Hauptbriefe), ou seja, nas cartas no disputadas de Paulo. Wright limita-se s "cartas indiscutveis, particularmente Romanos, as duas cartas aos Corntios, Glatas e Filipenses. Alm disso, considera Colossenses como obviamente [escrita] por Paulo, e Efsios, como mais probabilidade por ele do que por um imitador"50

A concluso desta pressuposio de Wright e sua defesa da NPP no apenas atingem o Cnon ortodoxo do NT, mas tambm o impele ignorar passagens evidentes que no apiam sua posio.51

2. O PRESSUPOSTO DA NOVA PERSPECTIVA PAULINANenhum exegeta umatabularasa. Os intrpretes da NPP so fortemente influenciados pelobackgroundHistrico-Crtico52. A reinterpretao da Teologia Paulina, especialmente esposada pelos Reformadores, revela-se como eivada de pressupostos contrrios histria da Igreja ou, principalmente aotota scriptura. A comear pela busca das fontes rabnicas, bem como a seletividade de Wrigth acerca das Cartas Paulinas. Nota-se que o objetivo no encontrar o fundamento da teologia de Paulo, mas reinterpretar aquela j consagrada nas fontes primrias do Novo Testamento, e especialmente o Antigo Testamento.

Robert L. Thomas53observa que esta mudana na leitura das Cartas de Paulo afetar as leituras de Agostinho e Lutero e far com que o Judasmo do primeiro sculo seja tambm revisto. Diz ele:

As propostas da Nova Perspectiva oferecem um clssico exemplo de um efeito drstico de pr-entendimento sobre a interpretao da literatura paulina, assim como no restante do Novo Testamento. O impacto deste princpio hermenutico sobre os estudiosos da NPP visvel em duas reas: repensar as interpretaes de Agostinho e Lutero e repensar a natureza do judasmo do primeiro sculo.Tal pressuposto hermenutico resulta num "cnon dentro do cnon" nos Escritos Paulinos, com consequncia em doutrinas com a soteriologia de Paulo. Peter Stuhlmacher54diz que a NPP, ao ver o judasmo do primeiro sculo como uma religio de graa desfavorece, inclusive, a doutrina da expiao por meio de Cristo. Donaldo A. Hagner55afirma que a NPP faz com que a Justificao em Paulo seja vista apenas como "ttica pragmtica para facilitar a misso aos gentios", caso a ideia de que o judasmo do primeiro sculo seja uma religio de graa for concebida.

Na verdade, a NPP nos faz pensar se a teologia paulina , de fato, uma teologiacrist, visto que, conforme pretendem os proponentes da NPP, ao examinar no Novo Testamento (as Cartas de Paulo) luz dos escritos rabnicos do primeiro sculo, no seria uma revelao acerca da primeira aliana, mas apenas uma extenso da teologia encontrada nos escritos rabnicos, como se o Judasmo fosse a religio do Antigo Testamento. Ou seja, a novidade da graa em Cristo seria que a ela se estendeapenasaos Gentios, no aos Judaizantes que j a possuam. Esta pressuposio leva Sanders a chamar a declarao paulina de "justificao pela f", no "pelas obras" de "aberrante". Diz ele:56"Se existe qualquer passagem em Paulo que aberrante, Rm 2.12-16, mas no por causa da meno ao julgamento com base nas obras. A curiosidade , sim, a meno dajustiapelas obras, que Paulo, de outra forma, insiste que deve ser pela f e no pelas obras".

Isto nos leva a compreender que para a NPP o centro da teologia paulina no , portanto, a "justificao pela f" para Judeus e Gentios, mas uma espcie de "evangelho" diferenciado para ambos os grupos: o nomismo para os Judeus; e o evangelho livre deste nomismo para os Gentios, numa implicao de que h duas alianas e dois povos.57Que isto no assim possvel ver a partir da fonte da teologia de Paulo.

Robert Thomas insiste em dizer que "os proponentes da Nova Perspectiva parecem ter perdidos de vista que o Judasmo dos dias de Jesus no era a religio do Antigo Testamento".58Porm, decerto que a fonte primria para a Teologia Paulina no deveria ser os "escritos rabnicos do primeiro sculo", mas asEscrituras Cannicasusadas no Sculo I, isto , o Antigo Testamento.59Isto se depreende at mesmo da formao farisaica de Paulo, onde aprendeu o valor do Antigo Testamento. Segundo Herman Ridderbos60e Leonhard Goppelt61, isto faz do AT o fundamento dateologiaPaulina. Isto quer dizer que no se deve buscar entend-la por meio do helenismo ou do rabinismo judaico, mas "procurar no conhecimento de Deus no Antigo Testamento que Paulo usou como fonte at mesmo para a formulao de sua proclamao".62Isto fica demonstrado pelo uso que Paulo faz de "frmula judaicas costumeiras"63para introduzir suas citaes tais como "est escrito" (Rm 1. 15; 2. 24; 3. 4,10; etc); "a Escritura diz" (Rm 4. 3; 9. 17; 10. 11; Gl 4. 30; 1Tm 5. 18, etc); "Davi diz" (Rm 3. 19; 1Co 14. 34); "Isaas diz" (Rm 10. 16 - 20); "Moiss diz"(Rm 10.19).

Mas, o que torna os pressupostos da NPP ocultos? Sem dvida a sua hermenuticada suspeita, ou seja, presume-se que as Cartas Paulinas - pelo menos na medida em que eles consideram como sendo de Paulo devem ser tratadas da mesma maneira que outros livros e escritos religiosos e que contm erros histricos e informaes equivocadas ou contraditrias sobre os assuntos nelas tratadas.

Tal hermenutica conduz a uma diversidade interpretativa nos proponentes da NPP, o que causa confuso, pois aparenta complementaridade64, quando, na verdade, somltiplas interpretaese conflitantes. Farnell65afirma que o criticismo histrico e a tendncia subjetiva da abordagem hermenutica da NPP contribuem diretamente para a sua falta de uniformidade, coisa que, no Protestantismo Luterano e Reformado evitado pelo entendimento e aplicao de princpios histrico-gramatical, que promove certa objetividade. Por isso, a Nova Perspectiva deveria ser chamada deNovas Perspectivas.

Por exemplo, para Sanders a justificao encontra-se nonomismo pactual do Judaismo do Segundo Templo, presumidocomo um bloco monoltico. Porm, para Wright encontra-se noretrabalhar o significado de"Povo de Deus", sendo preciso falar em judasmos, no plural.66

Ento, preciso inclusive reformar a hermenutica adotada pelos Reformadores, no vendo os Escritos Paulinos luz do Antigo Testamento, mas luz dos escritos do Segundo Templo, onde as concluses diferem daquelas encontradas especialmente no xodo67. Isto , sem dvida, uma mudana radical na Teologia e no Paradigma dos estudos sobre o Apstolo Paulo68.

3. A NOVA PERSPECTIVA SUFICIENTE PARA UMA NOVA REFORMA?Temos visto que as ideias por trs da NPP so problemticas para um entendimento da relao entre o pecador e um Deus justo. A fim de poder comparecer perante um Deus santo, o pecador precisa ser inocentado. O que nos resta saber comoisto acontece. As propostas da NPP colocam em xeque nada menos do que o Evangelho de Cristo por meio do qual o pecador justificado. Alis, foi exatamente este discurso de Paulo em Antioquia da Pisdia, ao dizer: "Seja-vos, pois, notrio, homens irmos, que por este [Jesus] se vos anuncia a remisso dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moiss, no pudeste ser justificado, por ele justificado todo aquele que cr"(At 13.37, 38).

No h dvida de que a o tema da "justificao pela f" no perifrico nas Cartas de Paulo e que ele aparece muitas passagens importantes (Rm 3.20, 24, 28; 5.1; Gl 2.16).69Ao mesmo tempo, se a NPP estiver correta em sua abordagem no temos como responder a pergunta: como o homem se apresentar diante de Deus ou como Deus se revelou em Jesus Cristo. Considerando que a NPP v a justificao apenas na relao eclesiolgica, ento a eleio e o pacto de graa ficam sem suporte em Deus e concentra-se no prprio homem em seu atonomista.

Porm, a NPP no suficiente para responder quela pergunta. Primeiro, porque a NPP parte de uma baseex scripturaepara examinar a teologia paulina. As Cartas de Paulo so examinadas por pressupostos estranhos a Paulo, ou seja, dentro do judasmo do Segundo Templo, cuja teologia estava mais para uma viso "sinergista", num "semi-pelagianismo" fora de poca.Numa anlise completa dos dados pertinentes, Friedrich Avemarie demonstra que a soteriologia rabnica contm dois modelos diferentes -alis, contrrios - um, baseado na eleio de Israel e outro, nos feitos do indivduo [...] Estudiosos mais antigos do judasmo estavam dispostos a admitir a nfase muito grande nas obras entre os rabinos. Solomon Schechter cita o famoso paradoxo atribudo a R[abbi] Akiba (Aboth 3.20): 'o mundo julgado pela graa; mesmo assim, tudo se d pela quantidade de obras'70De acordo com o Novo Testamento, especialmente em Paulo, o homem justificadopor meioda f "sem as obras da lei"(- Rm 3.28).71

Outro ponto a considerar da insuficincia da NPP por desprezar o conceito veterotestamentrio de "justificao". O que Paulo certamente quer dizer com justificar, e nesse sentido que ele usa, "declarar justo", "justificar", "inocentar", visto ser esse o sentido usado na teologia do Antigo Testamento. Para que se seja inocente ou receba a declarao de justo deve-se estar em conformidade com a Lei. Assim se expressa o DITAT72: "Na lei do A[ntigo] T[estamento] ser inocente e ser justo eram a mesma coisa. A ideia de manter a retido , muitas vezes, expressa pelo grau hifil.Esta construodesigna a idia de tornar justo ou declarar justo". Ora, o que consta nesta declarao exatamente o aspecto forense. Quem declarado justo, perante o tribunal divino, est livre da culpa (Rm 5.1). Desta forma, a noo forense est implcita e explcita em toda compreenso da justia e , portanto, a noo mais apropriada para compreender Paulo.

Segundo Francis Turrentin73o sentido judicial com base nas seguintes razes: a) Que as passagens que nos falam de processos judiciais nos falam em termos de acusao da Lei, acusando a pessoa de que ela culpada (Rm 3.19) e de que a Lei constitui um escrito de dvida contra ns (Cl. 2. 14); b) Os termos denotam a idia de um Juiz pronunciando sentenas (Rm 3. 20); c) Porque se acusao e condenao ocorrem apenas em um Tribunal. Esse o motivo pelo qual Paulo enfatiza que o homem no pode ser justificado pela lei, pois, o homem transgressor da mesma. Ele no pode se manter em p diante de Deus, pois a Lei do Senhor mostra o quanto ele transgressor. Ele pecador; comete pecado e o que pecado se no a transgresso da lei? (1Jo. 3.4). Enquanto Deus requer satisfao perfeita dao homem (contrrio lei)! A concluso que "como Deus abomina a iniquidade o pecador no pode achar graa em sua presena enquanto pecador, e enquanto tido com tal".74

Por fim, a NPP insuficiente, pois anula a segurana do perdo dos pecados por Cristo Jesus, a justia de Deus. estranho notar a ausncia do aspecto pastoral na literatura da NPP. Isto foi observado por Ligon Duncan.75Segundo o autor, a NPP tende a ser reducionista ou minimalista em sua natureza, enfraquecendo a segurana dos crentes em relao mensagem do Evangelho. Isto porque na NPP justia tem a ver com "fidelidade de Deus", no como justificar pecadores. Vejamos as palavras de Duncan e quo srias so as implicaes para a pregao do Evangelho a adoo da NPP:

Observe como a NPP diminui a nfase do Novo Testamento sobre a importncia do problema do pecado e seu perdo em relao ao Evangelho. Na NPP, 'justia' primariamente sobre a fidelidade de Deus (no lado divino), e nosso estado de membro na comunidade do pacto (no lado humano); no [] Deus tratando conosco em estrita justia atravs da expiao de Cristo (no lado divino, veja Romanos 1.16 - 18; 3.21 - 28) e em sermos absorvidos de nossos pecados por Deus e justificado por Deus atravs da transferncia da justia de Cristo (no lado humano).76Poderiam ser apresentadas outras razes da insuficincia da NPP. No entanto, acredito que a NPP no substitui altura a "antiga" perspectiva: Deus salva pecadores pela justia de Cristo imputada a todos que crerem.CONCLUSOVimos neste primeiro artigo um breve histrico, os principais proponentes e o pressuposto hermenutico da corrente de estudos paulinos conhecida como "Nova Perspectiva sobre Paulo". No h nada de novo na tentativa de corrigir a viso teolgica encontrada na Reforma Protestante, seja Luterana, seja Calvinista. At agora, a doutrina da justificao continua de p, no s porque apenas uma doutrina revelada igreja, mas porque nenhuma proposta at hoje (e acreditamos que assim continuar), foi suficiente para responder aos questionamentos acerca da relao do homem com Deus em termos de Deus santo x homem pecador.

BIBLIOGRAFIABEEKE, Joel.Justification by Faith Alone- The Relation between of Fatih to Jsutifcation. Disponvel em: . Acesso: 30 de abr. de 2003.BUSENITZ, Nathan.A Brief Overview of the New Perspective. Disponvel em: . Acesso: 30 jul. 2009.CALVINO, Juan. Insttuicion de la Religion Cristiana. Vol. 1. Rijswijk (Z.H) - Paises Bajos: FELIRE, 1999.CARSON, D.A. A Nova Perspectiva em Paulo. 25a Conferncia Fiel para Jovens, 2009, MP3 [1:04:15]. Disponvel em:.COENEN, Lothar & BROWN, Colin.Dicionrio Internacional de Teologia do Novo Testamento. 2vol. 2aed. So Paulo: Edies Vida Nova, 2000.DUNCAN, J. Ligon.The Attractions of the New Perspective(s) on Paul.Disponvel em: . Acesso em: 25 de maio de 2009.DUNN, James D. G; SUGGATE, Alan M.The Justice of God: a fresh look at the old doctrine of justification by faith. Grand Rapids, Michigan: W. B. Eerdmans Publishing Company, 1993.DUNN, James D. G.Jesus, Paul and Law studies in Mark and Galatians. Louisville, KY: Westminster John Knox Press, 1990..The Theology of Paul the Apostle. Grand Rapids, Michigan/Cambridge, UK: W.B. Eerdmans Publishing Company, 1998..The New Perspective on Paul.Ed. Revisada. Grand Rapids, Michingan/Cambridge, UK: W. B. Eerdmans Publishing Company, 2005.

FARNELL, F. David.The New Perspective On Paul: Its Basic Tenets, History, And Presuppositions.THE MASTER'S SEMINARY JOURNAL. vol 16, n. 2, 2005, pp. 189 243.GAGER, John G.ReiventingPaul. New York - NY: Oxford University Press, 2000, 208p.GARLINGTON, Donald B.The New Perspective on Paul- an appraisal two decades later. In: CRISWELL THEOLOGICAL REVIEW. vol 2, n. 2, 2005, pp. 17 38.GATHERCOLE, Simon.What Did Paul Really Mean? CHRISTIANITY TODAY. Vol. 51, n.8. Disponvel em: . Acesso: 29 de jul 2009.GOPPELT, Leonhard.Teologia do Novo Testamento. 3a ed. So Paulo: Ed. Teolgica, 2002.HARRIS, R. Laird; ARCHER JR., Gleason L; WALTKE, Bruce.Dicionrio Internacional de Teologia do Antigo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 1998.JOHN, Piper.The Future of Justification: a response to N.T.Wright. Wheaton, Illinois: Crossway Books, 2007.JOHNSON, Phil.What's Wrong with Wright: Examining the New Perspective on Paul.Disponvel em: . Acesso em: 13 jul. de 2009.KSEMANN, Ernst.Perspectivas Paulinas. 2aed. So Paulo: Editora Teolgica, 2003.LONGENECKER, Richard.Studies in Paul exegetical and theological. Sheffield Phoenix Press, 2004.LOPES, Augustus Nicodemus.A Nova Perspectiva sobre Paulo: um estudo sobre as "Obras da Lei" em Glatas. In.FIDES REFORMATA. Vol XI, n. 1, 2006, pp.83 94.McGRATH, Alister.IusticiaDei A history of the Christian Doctrine of Justification. 3ed. USA New York: Cambridge University Press, 2005..Teologia sistemtica, histrica e filosfica uma introduo teologia crist.So Paulo: Shedd Publicaes, 2005.MARSHALL, I. Howard.Teologia do Novo Testamento: diversos testemunhos, um s evangelho. So Paulo: Ed. Vida Nova, 2007.PORTER, Stanley E (ed).Dictionary of biblical criticism and interpretation.London/New York: Routledge, 2007.. (ed). Paul and His Theology. Leiden, Boston: BRILL, 2006.RIDDERBOS, Herman.A Teologia do Apstolo Paulo.So Paulo: Editora Cultura Crist, 2004.SANDERS, E.P.Paul and Palestinian Judaism:A Comparison of Patterns of Religion. Minneapolis, MN: Fortress Press, 1977.SOUZA, Gaspar de.A Relevncia do Antigo Testamento para a Igreja Contempornea. Recife: SPN, 2006. Monografia no publicada.STUHLMCHER, Peter.Lei e Graa e Paulo uma reafirmao da doutrina da justificao. So Paulo: Ed. Vida Nova, 2002.SWANSON, Dennis M.Bibliography of works on the New Perspective on Paul. THE MASTER'S SEMINARY JOURNAL. Vol 16, n.1, 2000, pp. 317 324.TENNEY, Merril C. (Ed.).The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible:Pradis Software. Grand Rapides, Michigan: Zondervan Publishing House, 2002.THOMAS, Robert L.Hermeneutics of the New Perspective on Paul.THE MASTER'S SEMINARY JOURNAL. Vol. 16, n.2, pp. 293 316.TURRENTIN, Francis.Forensic Justification.Disponvel em: . Acesso em: 16 maio de 2003WRIGHT, Nicholas Thomas.What Saint Paul Really Said:Was Paul of Tarsus the Real Founder of Christianity? Grand Rapids: Eerdmans, 1997, 192p..Paul:In Fresh Perspective. Minneapolis: Fortress Press, 2005.. Justification God's Plan and Paul's Vision. Dowers Grover, Illinoes: Intervarsity Press Academic, 2009, 279p.. Paulo Novas Perspectivas. So Paulo: Loyola, 2009, 229p.____________1SWANSON, Dennis M.Bibliography of works on the New Perspective on Paul. THE MASTER'SSEMINARY JOURNAL. Vol 16, n.1, 2000, pp. 317 - 324. (A menos que haja outra indicao, toda traduofoi realizada pelo autor). D. A. Carson afirma que j est fenecendo tal debate nos EUA e que ainda nochegou ao Brasil (CARSON, D.A.A Nova Perspectiva em Paulo. 25a Conferncia Fiel para Jovens, 2009,MP3[1:04:15]. Disco Rgido. Tambm acessvel em: . Talvez Carson no saiba mas algumas das principais obras sobre NPP foram traduzidas para o portugus, bem como o fato de que alguns seminrios j adotam a NPP como ferramenta hermenutica para os estudos paulinos. Vide: . Tambm em Disco Rgido.2GATHERCOLE, Simon.What Did Paul Really Mean?CHRISTIANITY TODAY. Vol. 51, n.8. Disponvelem: . Acesso: 29 de jul 2009.3WRIGHT, Nicholas Thomas.What Saint Paul Really Said: Was Paul of Tarsus the Real Founder of Christianity?Grand Rapids: Eerdmans, 1997, 192p.4GAGER, John G.Reinventing Paul. New York - NY: Oxford University Press, 2000, 208p.5KSEMANN, Ernst.Perspectivas Paulinas. 2aed. So Paulo: Editora Teolgica, 2003, p. 117.6BEEKE, Joel.Justification by Faith Alone- The Relation between of Fatih to Justifcation. Disponvel em: . Acesso: 30 de abr de 2003.7Um segundo artigo trata do exame da Carta aos Glatas em sua estrutura e semntica, que ter como ttulo A Nova Perspectiva Paulina Uma Abordagem Introdutria Teologia de Paulo na Carta aos Glatas e Sua Relao Com as Obras da Lei (no prelo).8LOPES, Augustus Nicodemus.A Nova Perspectiva sobre Paulo: um estudo sobre as "Obras da Lei" em Glatas. In.FIDES REFORMATA. Vol XI, n. 1, 2006, pp.83 - 94.9KSEMANN, op. cit. p. 101;10SANDERS, E.P.Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion. Minneapolis, MN: Fortress Press, 1977, p. 437.11LONGENECKER, Richard.Studies in Paul exegetical and theological. Sheffield Phoenix Press, 2004,p. 5. Longenecker refere-se ao artigo"Romer 7 und die Bekehrung des Paulus", publicado em 1928 emLeipzig.12FARNELL, F. David.The New Perspective On Paul: Its Basic Tenets, History, And Presuppositions. THE MASTER'S SEMINARY JOURNAL. vol 16, n. 2, 2005, pp. 189 - 243. Itlico no original.13HAGNER, Donald A.Paulo e o Judasmo- testando a nova perspectiva. In: STUHLMACHER, Peter. LEI E GRAA EM PAULO. So Paulo: Vida Nova, 2002, pp. 93 - 133.14McGRATH, Alister.Iusticia Dei A history of the Christian Doctrine of Justification. 3ed. USA - New York: Cambridge University Press, 2005, p. 315McGRATH, Alister.Teologia sistemtica, histrica e filosfica uma introduo teologia crist. So Paulo: Shedd Publicaes, 2005, p. 528.16SANDERS. op.cit., p. 3317Idem,op. cit. pp. 24 - 29.18Idem,op. cit. p. 2519Idem,op. cit. p. 19. Itlicos no original.20Idem,op. cit. p. 420. Itlico no original.21Idem,op. cit. p. 42222Idem,op. cit. p. 54423Idem,op. cit. p. 543. Itlico no original.24Idem,op. cit. p. 54425Idem,op. cit. p. 552. Itlico no original.26GARLINGTON, Donald B.The New Perspective on Paul an appraisal two decades later. In: CRISWELL THEOLOGICAL REVIEW. vol 2, n. 2, 2005, pp. 17 38. FARNELL, F. David.The New Perspective On Paul: Its Basic Tenets, History, And Presuppositions. THE MASTERS SEMINARY JOURNAL. vol 16, n. 2, 2005, pp. 189 243.27DUNN, James D. G.The Theology of Paul the Apostle. Grand Rapids, Michigan/Cambridge, UK - W.B. Eerdmans Publishing Company, 1998, p. xv28PORTER, Stanley E(ed).Dictionary of biblical criticism and interpretation. London/New York: Routledge, 2007, p. 76.29DUNN, James D. G.The New Perspective on Paul. Ed. Revisada. Grand Rapids, Michingan/Cambridge, UK: W. B. Eerdmans Publishing Company, 2005, pp. xi, 21.30Idem,op. cit. p. 1. Itlico no original.31idem,op. cit. p. 2.32idem,op. cit. p. 2, 3.33Ibdem.(os trs primeiros grifos so meus; o ltimo do original ingls)34DUNN, James D. G; SUGGATE, Alan M.The Justice of God: a fresh look at the old doctrine of justification by faith. Grand Rapids, Michigan: W. B. Eerdmans Publishing Company, 1993, p. 2.35Idem, op. cit. p. 1336DUNN,The New Perspective on Paul, p. 21.37DUNN, James D. G.Jesus, Paul and Law- studies in Mark and Galatians. Louisville, KY: WestminsterJohn Knox Press, 1990, p. 190.38FARNELL,op. cit., p. 217. Em termos gerais, Wright, de fato, demonstra ser ortodoxo em pilares do Cristianismo como a historicidade de Jesus Cristo, sua ressurreio e que Ele levou os pecados dos crentes (Johnson, Phil. What's Wrong with Wright: Examining the New Perspective on Paul. Disponvel em: Acesso em: 13 jul de 2009.).39WRIGHT, N.T.Justification- God's Plan and Paul's Vision. Dowers Grover, Illinoes: Intervarsity PressAcademic, 2009, 279p.40WRIGHT, N.T.What Saint Paul really said: was Paul of Tarsus the real founder of Christianity? Grand Rapids, Michigan: W.B. Eerdmans Publishing Company, 1997, 192p.41BUSENITZ, Nathan.A Brief Overview of the New Perspective. Disponvel em: . Acesso: 30 jul. 2009.42WRIGHT, N.T.What Saint Paul really said: was Paul of Tarsus the real founder of Christianity? GrandRapids, Michigan: W.B. Eerdmans Publishing Company, 1997, 192p.43Ibidem.44idem, 2009, p. 20.45WRIGHT, 2009, pp. 11 - 13.46WRIGHT, 1997, p. 122.47JOHN, Piper.The Future of Justification: a response to N.T. Wright. Wheaton, Illinois: Crossway Books,2007.48Idem, p. 37. (grifos meus) A citao entre aspas provm de WRIGHT, N.T., 1997, p. 115. A traduo entre aspas foi sugerida pelo tradutor Marcos Vasconcelos ([email protected]).49WRIGHT, 1997, p. 6. "Eu mesmo tenho uma considervel escalada ainda a fazer". Ainda assim, encontrase acima do que j foi dito pelos antigos, a comear por Agostinho.50WRIGHT, 2009, p. 8.51FARNELL, op. cit, p. 218.52FARNELL, op. cit, p. 197.53THOMAS, Robert L.Hermeneutics of the New Perspective on Paul. THE MASTER'S SEMINARY JOURNAL. Vol. 16, n.2, pp. 293 - 316.54STUHLMCHER, Peter.Lei e Graa e Paulo- uma reafirmao da doutrina da justificao. So Paulo: Ed.Vida Nova, 2002, p.48ss55HAGNER, Donald A. Paulo e o Judasmo. In: STUHLMCHER, Peter.Lei e Graa e Paulo uma reafirmao da doutrina da justificao. So Paulo: Ed. Vida Nova, 2002, pp. 93 133.56SANDERS, op.cit, p. 516. Itlicos no original.57HAGNER, op.cit. p. 103. A doutrina das "duas alianas" no adotada por Sanders e Dunn, que resistem concluso acima.58THOMAS, Robert L.Hermeneutics of the New Perspective on Paul. THE MASTER'S SEMINARY JOURNAL. Vol. 16, n.2, p. 301.59Este pargrafo adaptado de minha monografia, "A Relevncia do Antigo Testamento para a Igreja Contempornea". Recife: SPN, 2006, pp. 36, 37.60RIDDERBOS, Herman.A Teologia do Apstolo Paulo. So Paulo: Editora Cultura Crist, 2004, p. 33, 52 - 54.61GOPPELT, Leonhard.Teologia do Novo Testamento. 3aEd. So Paulo: Ed. Teolgica, 2002, pp. 302 -310.62RIDDERBOS, idem, p. 33.63GOPPELT, idem, p. 305.64De fato, em alguns aspectos h consenso entre os proponentes da NPP. Veja o artigoThe Attractions of the New Perspective(s) on Paul, de J. Ligon Duncan, disponvel em:http://alliancenet.org/CC/CDA/Content_Blocks/CC_Printer_Friendly_Version_Utility/1PTID307086|CHID560462|CIID1660662,00.html>. Acesso em 25 de maio de 2009.65FARNELL, idem, p. 202.66WRIGTH, N.T. Paul: In Fresh Perspective. Minneapolis: Fortress Press, 2005. Na pgina 109, Wrigth afirma que a crena da eleio de Israel tem respaldo evidente no AT e na Literatura do Segundo Templo. O recontardestahistriareforavaeste status e isto ficou mais intenso no Segundo Templo, adquirindo uma perspectivaescatolgica. "Porque Israel era um povo de um Deus criador, este Deus em breve agiria para defender Israel por libert-lo de seus inimigos"(idem, p. 110). Assim, o nomismo pactual de Sanders ampliado para saber como se povo de Deus: "o sentido da passagem (Gl 2.11 - 21) ajusta-se melhor se ns vemos o significado de 'justificado', no como uma declarao sobre como algum torna-se um cristo, mas como uma declarao sobrequem pertencem ao povo de Deus, e como voc pode saber disso naquelemomento"(idem, p. 112. Grifos no original).67Idem, p. 110.68FARNELL, idem, p. 190, 197.69PORTER, Stanley (ed).Paul and His Theology. Leiden, Boston: BRILL, 2006, p. 11.70HAGNER, idem, p. 108.71O uso da preposio cwri.j, um marcador de caso negativo, ou seja,disjuntivo, implica que a justificao de algum independeousem o auxliodas obras da lei.72HARRIS, R. Laird; ARCHER JR., Gleason L; WALTKE, Bruce.Dicionrio Internacional de Teologia do Antigo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1263.Grau do verbo hebraico que expressa uma ao causativa ativa.73TURRENTIN, Francis.Forensic Justification. Disponvel em:. Acesso em: 16 de maio de 200374CALVINO, Juan.Insttuicion de la Religion Cristiana. Vol. 1. Rijswijk (Z.H) - Paises Bajos: FELIRE, 1999, p. 55775DUNCAN, idem.76DUNCAN, idem.