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PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E SEGURANÇA DO TRABALHO I I N N T T R R O O D D U U Ç Ç Ã Ã O O A A S S E E G G U U R R A A N N Ç Ç A A D D O O T T R R A A B B A A L L H H O O Cuiabá MT Fevereiro / 2011

INTRODUÇÃO A SEG DO TRABALHO - IMPMT

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PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E SEGURANÇA DO TRABALHO

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Cuiabá – MT Fevereiro / 2011

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1.INTRODUÇÃO Imperfeito como é o mundo onde vivemos, alguns acidentes são indubitavelmente inevitáveis, mas muitos outros não teriam necessidade de ocorrer. Particularmente, no local de trabalho, não deveriam ocorrer quaisquer acidentes de trabalho. Se esta visão pertence a um mundo ideal, como alguns poderão referir, um objetivo mais realista seria, pelo menos, a redução drástica do número de acidentes de trabalho. Essa é, pelo menos, a intenção dos estudos voltados para a Segurança e Saúde do Trabalho, especialmente concebidos para serem utilizados nas atividades formativas e educativas. A saúde e a segurança no trabalho consistem numa disciplina de âmbito alargado, que envolve muitas áreas de especialização. Num sentido mais abrangente, deverá ter os seguintes objetivos:

A promoção e a manutenção dos mais elevados níveis de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores de todos os sectores de atividade.;

A prevenção para os trabalhadores de efeitos adversos para a saúde decorrentes das suas condições de trabalho;

A proteção dos trabalhadores no seu emprego perante os riscos resultantes de condições prejudiciais à saúde;

A colocação e a manutenção de trabalhadores num ambiente de trabalho ajustado às suas necessidades físicas e mentais;

A adaptação do trabalho ao homem. Por outras palavras, a saúde e a segurança no trabalho englobam o bem-estar social, mental e físico dos trabalhadores, ou seja, da “pessoa no seu todo”. Para serem bem sucedidas, as medidas de saúde e de segurança no trabalho, exigem a colaboração e a participação tanto de empregadores como dos trabalhadores nos programas de saúde e segurança, obrigando a equacionar questões relacionadas com a medicina do trabalho, a higiene no trabalho, a toxicologia, a educação,a formação, a engenharia de segurança, a ergonomia, a psicologia, etc. O presente Módulo fornece aos alunos informações gerais sobre a saúde e segurança no trabalho, a dimensão, importância e variedade dos problemas de saúde e de segurança a nível mundial, explicando o papel do representante dos trabalhadores no âmbito da saúde e segurança.

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2.EVOLUÇÃO DO HOMEM E DO TRABALHO Ao analisarmos os aspectos atinentes a formação do Universo, verificamos que alguns dos seres resultantes de todas as modificações decorridas dos milhões e milhões de anos de evolução apenas agregaram em si a capacidade de reter informações, o que levou a maior eficiência de respostas ao meio. Em um destes seres, num processo que levou apenas alguns "milhões" de anos, a sua parte especializada em percepção e apreensão do mundo deu um salto no sentido de uma nova etapa cósmica, de organização da matéria: a consciência, ou seja, saber que aprender, saber que sabe e inclusive saber como aprender. Algumas conseqüências aparecem: a modificação da natureza (trabalho) e a sociedade. Ambas são complementares e quase indissociáveis. "O homem, ser social, trabalha" Pode parecer estranho, mas provavelmente as primeiras fogueiras devem ter provocado algumas intoxicações por monóxido de carbono em cavernas sem ventilação e também algumas queimaduras. A invenção da agricultura gerou uma série de problemas para a espécie, pois os desmatamentos trouxeram para o homens o contato com microorganismos e parasitas que antes habitavam apenas as copas das árvores. E as habitações em tomo das plantações causaram problemas de lixos e dejetos com suas conseqüências sanitárias conhecidas até hoje. Podemos progressivamente, junto com outros homens realizar nossas potencialidades e modificar a natureza, possibilitando a sobrevivência expansão e evolução da espécie. Representar um nível mais elevado de complexidade organizativa no qual os homens dotados de intencionalidade, constroem a sociedade e as suas contradições. Também a evolução do processo de trabalho, se por um lado contém inovações que possibilitam a produção de bens cada vez mais sofisticados, em grande escala, e a redução de algumas cargas de trabalho, por outro lado tem trazido muitos problemas, que podem colocar em questionamento o próprio sentido do trabalho. Inicialmente o trabalho era desenvolvido de maneira completamente individual, pois não dispunha o homem pré-histórico do senso de cooperação mútua, tornando - se assim preza fácil dos predadores naturais, bem como de suas limitações físicas. Bastou que apenas um deles compreendesse o efeito altamente produtivo da cooperação para que ali se iniciasse de uma forma elementar uma pequena comunidade prestadora de serviços, sendo assim uma das teorias de desenvolvimento. Pois com a somatória das habilidades pessoais de cada elemento, as comunidades começaram o processo de desenvolvimento laboral, assegurando a estas, melhores condições de sobrevivência e conseqüentemente o domínio sobre as demais. É evidente que o poder da força física prevaleceu inicialmente sobre os demais conhecimentos, fazendo com que comunidades mais poderosas fisicamente (numero maior

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de membros), se apoderassem dos produtos conseguidos pelo trabalho das comunidades mais fracas. Porem o próprio conhecimento adquirido funcionou como arma para o controle das comunidades, pois quem tinha o conhecimento técnico, controlava aos demais. Fechando nossos olhos podemos dar asas a nossa imaginação e criar-nos primórdios dos tempos a primeira empresa produtiva: Um homem pré-histórico ao precisar de ajuda para caçar algum animal, ao solicitar a ajuda de alguém da sua comunidade, poderia ter oferecido a este parte da caça como recompensa pelo esforço. Naturalmente ali se criou o primeiro ato de troca pelo trabalho elaborado, criando assim o conceito básico de qualquer indústria, conceito este que prevalece ate os dias de hoje. Aristóteles tinha razão ao dizer que o homem é um ser social por natureza e que não consegue viver isolado. A inteligência do homem levou-o a agrupar-se para viver melhor, uma vez que agrupado pôde mais facilmente vencer os desafios da natureza quanto ao trabalho, alimentação, defesa, etc. Ao agrupar-se o homem percebeu que seu grupo precisava organizar-se para progredir. Verificou também que somente mediante uma estrutura adequada às necessidades do momento seu grupo sobreviveria e conseguiria atingir os objetivos propostos. Pode-se, pois, concluir que desde as épocas mais remotas existiu a organização, que o homem sempre procurou racionalizar, aperfeiçoar e simplificar suas ações com o objetivo de conseguir maior rendimento e máximo bem-estar com mínimo esforço. Esse objetivo é o princípio básico e o objetivo final da organização. Encontram-se nos murais das antigas civilizações processos de produção e trabalho. Neles verifica-se que a cada indivíduo é atribuído uma função (divisão do trabalho), bem como aparece demonstrado o ciclo completo das atividades produtoras, divididas e colocadas em posições adequadas por meio de fases (coordenação). Neles são indicadas, ainda, limitações e verificações do processo de produção (controle). Durante o período que abrange de 1400 até aproximadamente 1700 a civilização moderna viveu sua primeira revolução econômica. A Revolução Comercial eliminou a economia semi-estática da Idade Média, substituindo-a por um capitalismo dinâmico dominado por comerciantes, banqueiros e armadores de navios. A Revolução Comercial, no entanto, não foi mais que o ponto de partida para rápidas e decisivas mudanças no campo econômico. Pouco depois surgiu a Revolução Industrial que, embora se houvesse iniciado em 1760, não adquiriu todo o seu ímpeto antes do século XIX. A Revolução Comercial provocou o aparecimento de uma classe de capitalistas que procuravam constantemente novas oportunidades de investimento para o seu excesso de riqueza. A princípio essa riqueza era absorvida pelo comércio, pelos empreendimentos de mineração, pelas especulações bancarias ou pelas construções navais, mas com o correr do tempo as oportunidades em tais campos se tomaram bastante limitadas. Conseqüentemente, havia disponibilidade crescente de capitais para o desenvolvimento da manufatura.

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Com as manufaturas, o capital cada vez mais se concentrou nas mãos da minoria burguesa, enquanto crescia o número de trabalhadores, despossuídos de instrumentos de trabalho, cuja qualidade de vida decresceu sensivelmente. De acordo com o historiador inglês Eric Hobsbawn, “as transformações levadas a efeito pela Revolução Industrial inglesa foram muito mais sociais que técnicas, tendo em vista que é nessa fase que se consubstancia a diferença crescente entre ricos e pobres” As condições subumanas de trabalho, as horas excessivas de atividade e a baixa remuneração foram a causa de violentas manifestações por parte das operários que tentavam destruir as máquinas das fábricas, identificadas como causa de sua existência miserável. Até o final do século XVII, os trabalhadores tiveram que suportar sem nenhum amparo, as conseqüências dos acidentes e das moléstias profissionais. No início do século XVIII, foram dados os principais passos para protegê-los e aliviá-los dessa pesada carga. Assim, em 1802 o Parlamento Britânico após longa e tenaz luta conseguiu que fosse aprovada a primeira lei de proteção aos trabalhadores: A “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes da fábrica duas vezes por ano e tornava obrigatória a ventilação desta. Em 1.830, o médico Robert Baker foi nomeado pelo governo como Inspetor Médico de Fábricas, e em 1.833 foi promulgada o "Factory Act" que foi a primeira lei eficiente no campo da Proteção aos Trabalhadores, cujo conteúdo era:

Proibir o trabalho de menores de 18 anos no período noturno

Jornada de trabalho de 12 horas e 69 horas semanais

As empresas eram obrigadas a ter escolas para menores de 13 anos (normalmente eram contratados aos 9 anos de idade)

Um médico devia atestar o desenvolvimento físico da criança. A expansão da Revolução Industrial, no resto da Europa, resultou, também, no aparecimento progressivo dos serviços de saúde ocupacional em diversos países, sendo que, em alguns deles, foi dada tal importância a esses serviços, que a sua existência deixou de ser voluntária, como na Grã – Bretanha, para tornar-se obrigatória. Na França, a Lei de 11 de Outubro de 1946, substituído pelo Decreto de 27 de Novembro de 1952 e Circular Ministerial de 18 de Dezembro de 1952, tornam obrigatória a existência de serviços de saúde ocupacional em estabelecimentos, tanto industriais como comerciais, de qualquer tamanho (inclusive naqueles onde trabalham no mínimo de dez pessoas). Em Junho de 1.959, realizou-se a 430 Conferência Internacional do Trabalho, na qual ocorreu a primeira participação do Brasil no evento. Finalmente chegamos ao Brasil, onde os dados recolhidos a respeito de doenças profissionais e principalmente de acidentes do trabalho eram tão alarmantes que o Governo Federal, integrando o Plano de Valorização do Trabalhador, baixou a Portaria 3237 (27 de

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Junho de 1972), que torna obrigatória a existência de serviços de medicina do trabalho e de engenharia de segurança do trabalho em todas as empresas com um ou mais trabalhadores. Cria-se, assim, nova era no Brasil, que, fiel aos seus compromissos internacionais, e seguindo o exemplo dos países altamente industrializados, dispõe-se a dar aos seus trabalhadores a devida proteção que eles têm direito.

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3.IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO E SEUS CUSTOS O trabalho desempenha um papel fulcral nas vidas das pessoas, considerando que a maioria dos trabalhadores passa pelo menos oito horas por dia no local de trabalho, quer seja numa plantação, num escritório, numa fábrica, etc. Desta forma, os ambientes laborais devem ser seguros e saudáveis. Mas na verdade, não é essa a situação para muitos trabalhadores. Todos os dias, trabalhadores de todo o mundo são expostos a múltiplos riscos para a saúde, Infelizmente, alguns empregadores assumem poucas responsabilidades relativamente à proteção da saúde e da segurança dos seus trabalhadores. De fato, os empregadores, em algumas situações nem sequer têm conhecimento de que têm responsabilidades, muitas vezes, legal, de proteger os trabalhadores. Como resultado dos perigos e da falta dessa responsabilização com a saúde e segurança dos trabalhadores,( que deverá ser entendida como uma prioridade), os acidentes e as doenças profissionais são freqüentes em todo o mundo. Mas quanto custa uma doença ou um acidente de trabalho? Os acidentes ou as doenças profissionais acarretam custos muito elevados, podendo provocar múltiplos efeitos graves, diretos ou indiretos, nas vidas dos trabalhadores e das suas famílias. Para os trabalhadores, alguns dos custos diretos de um acidente ou de uma doença, são:

a dor e o sofrimento provocado pelo acidente ou doença;

a perda de rendimentos;

a possível perda de um emprego;

os custos com os cuidados de saúde. Foram feitas estimativas no sentido de calcular os custos indiretos de um acidente ou de uma doença, concluindo-se que podem ser quatro a dez vezes superiores em relação aos custos diretos, ou até mais. Uma doença ou um acidente de trabalho podem representar grandes custos indiretos aos trabalhadores, que são muitas vezes difíceis de quantificar. Um dos custos indiretos mais óbvios consiste no sofrimento humano provocado ao próprio e às famílias dos trabalhadores, que não pode ser compensado com dinheiro. Os custos relacionados com doenças ou acidentes de trabalho para os empregadores estimam-se igualmente como sendo avultados. Para uma pequena empresa, o custo de um acidente poderá constituir um desastre financeiro. Para os empregadores, alguns dos custos diretos são:

Remunerações de trabalho não realizado;

Despesas médicas e indenizações ;

Reparação ou substituição de máquinas ou de equipamento danificado;

Redução ou paragem temporária de produção;

Acréscimo de despesas de formação e de custos administrativos;

Possível redução na qualidade de trabalho;

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Efeitos negativos na motivação dos outros trabalhadores. Para os empregadores, alguns dos custos indiretos são:

A necessidade de substituição do trabalhador acidentado/doente;

A formação e o tempo de adaptação necessários para um novo trabalhador;

O período de tempo até que um novo trabalhador tenha o mesmo nível de produção do trabalhador anterior;

O tempo dedicado às investigações necessárias, à execução de relatórios e ao preenchimento de formulários;

O fato de os acidentes afetarem muitas vezes os colegas de trabalho, preocupando-os, influenciando negativamente as relações de trabalho;

O possível enfraquecimento e deterioração das relações com os fornecedores, clientes e entidades públicas face às deficientes condições de saúde e segurança no local de trabalho.

A nível geral, os custos da maioria dos acidentes ou das doenças profissionais para os trabalhadores, para as suas famílias e empregadores, são extremamente elevados. Numa escala nacional, os custos aproximados dos acidentes e das doenças profissionais podem ser tão elevados como três a quatro por cento do produto interno bruto de um país. Na realidade, ninguém sabe realmente quais os custos totais dos acidentes ou das doenças profissionais, porque estes representam uma multiplicidade de custos indiretos, que são muitas vezes difíceis de quantificar, para além dos custos diretos mais evidentes e quantificáveis. Por todos os motivos acima referidos, é vital que os empregadores, os trabalhadores e os sindicatos ponham um forte investimento e envolvimento nas questões de saúde e na segurança, para que:

Os riscos no local de trabalho sejam controlados – sempre que possível, na origem;

Sejam mantidos todos os registros de qualquer exposição, durante muitos anos;

Os trabalhadores e os empregadores estejam informados sobre os riscos de saúde e de segurança no local de trabalho;

Exista uma comissão para a saúde e segurança, ativo e eficaz, que inclua os trabalhadores e os órgãos de gestão;

Os esforços para a melhoria da saúde e a segurança do trabalhador sejam contínuos. Programas eficazes de saúde e segurança no local de trabalho podem ajudar a salvar as vidas dos trabalhadores, através da eliminação ou redução dos riscos e das suas conseqüências. Os programas de saúde e segurança têm igualmente efeitos positivos, quer no estado de espírito, quer na produtividade do trabalhador, constituindo benefícios importantes. Ao mesmo tempo, um programa eficaz poderá poupar imenso dinheiro aos empregadores.

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4.O PAPEL E AS RESPONSABILIDADES DO ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO Um dos elos mais importantes no processo de melhoria dos ambientes laborais é o Engenheiro de Segurança do Trabalho, profissional que após ter completado o curso de graduação em qualquer uma das áreas da engenharia ou o curso de arquitetura, habilita-se através de um curso de pós-graduação em nível de especialização, a desenvolver as várias atividades prevencionistas na área de segurança e saúde do trabalho. Este profissional poderá atuar na área de consultoria às empresas, ser perito judicial e/ou assistente nas questões trabalhistas, fazer parte do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, ser professor, etc. Apesar dos conhecimentos adquiridos na graduação e na pós-graduação, bem como do arcabouço legal existente, a Engenharia de Segurança do Trabalho não tem obtido completo êxito na melhoria dos ambientes e das condições de trabalho. Os Engenheiros de Segurança do Trabalho, além das limitações decorrentes da estruturação de sua formação acadêmica, também encontram dificuldades dentro das próprias empresas, que impõem restrições de tempo e orçamento, contribuindo para análises superficiais dos problemas (Garrigou, 1999). Assunção e Lima (2003), definem quatro limites à prática da segurança do trabalho:

Supremacia da produção e do lucro a curto prazo em relação à segurança;

Limitações da legislação e da normatização para garantir uma melhoria contínua da segurança dos sistemas produtivos;

Ineficácia das prescrições de comportamentos e de procedimentos seguros, como tentativa de evitar os ditos “erros humanos”;

Ação meramente corretiva quando se trata de “acidentes normais” e de riscos latentes inerentes aos sistemas complexos

Se a segurança do trabalho não atinge seus objetivos nas empresas obrigadas a manter serviços de segurança, que são as empresas maiores e mais estruturadas, há que se imaginar que nas pequenas empresas o quadro é ainda menos promissor. Normalmente, estas pequenas empresas limitam-se ao atendimento da legislação básica, muitas vezes em função de sofrerem fiscalização por parte dos órgãos governamentais.

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5.ASPECTOS LEGAIS A vida em sociedade exige regras de comportamento fundamentais para sua sobrevivência. Assim, as regras do Direito são necessárias para assegurar a convivência e a paz social. No mundo do trabalho, os acidentes e doenças, além de provocarem elevados custos, agridem a integridade física e mental do homem e conduzem à desarmonia social. O acidente e a doença do trabalho podem gerar responsabilidade penal, civil, administrativa, acidentária do trabalho e trabalhista, sendo independentes as responsabilidades civil e criminal das outras. Na visão jurídica, os acidentes e doenças decorrentes do trabalho, em sua maioria, ocorrem devido à culpa. Culpa é uma conduta, ação ou omissão de alguém que não quer que o dano aconteça, mas ele ocorre pela falta de previsão daquilo que é perfeitamente previsível. O ato culposo é aquele praticado por negligência, imprudência ou imperícia.

Negligência: é a omissão voluntária de diligência ou cuidado - falta de atenção. Imprudência: consiste na falta involuntária de observância das medidas de precauções e segurança, de conseqüência previsível, que se faziam necessárias no momento para evitar um mal ou a infração da lei -excesso de confiança. Imperícia: é a falta de aptidão especial, habilidade, experiência, ou de previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício.

As principais legislações referentes à Saúde e Segurança do Trabalho que devem ser observadas são:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1988 – Brasil;

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – CLT – Brasil;

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DA OIT – M.T.E.;

NORMAS REGULAMENTADORAS (NR´s) de SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – Brasil;

Resolução do CONFEA nº 359 de 31/07/1991 - Dispõe sobre o Engenheiro de Segurança do Trabalho

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6.ACIDENTES: CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO Inúmeros fatores contribuem para a ocorrência de acidentes e doenças nos locais de trabalho. Geralmente, adotam-se concepções simples e erradas para aquilo que causou os acidentes ou doenças, buscando-se, desta forma, o consolo para os infortúnios através da alegação de que foi coisa do destino, má sorte, obra do acaso, castigo de Deus. Na verdade, todos os acidentes podem ser evitados se providências forem adotadas com antecedência e de maneira compromissada e responsável. Definição legal: É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade do trabalho. São também considerados acidentes de trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência (excesso de confiança), de negligência (falta de atenção) ou de imperícia (inabilitação) de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão, por exemplo, o louco; e e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos (quedas de raios) ou decorrentes de força maior (enchentes); III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. IV - o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhorar capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; e d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado;

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V - nos períodos destinados à refeição ou ao descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Estudos nacionais e internacionais informam que a maioria dos acidentes e doenças decorrentes do trabalho ocorrem, principalmente, por:

Falta de planejamento e gestão gerencial compromissada com o assunto;

Descumprimento da legislação;

Desconhecimento dos riscos existentes no local de trabalho;

Inexistência de orientação, ordem de serviço ou treinamento adequado;

Falta de arrumação e limpeza;

Utilização de drogas no ambiente de trabalho;

Inexistência de avisos, ou sinalização sonora ou visual sobre os riscos;

Prática do improviso (jeitinho brasileiro) e pressa;

Utilização de máquinas e equipamentos ultrapassados ou defeituosos;

Utilização de ferramentas gastas ou inadequadas;

Iluminação deficiente ou inexistente;

Utilização de escadas, rampas e acessos sem proteção coletiva adequada;

Falta de boa ventilação ou exaustão de ar contaminado;

Existência de radiação prejudicial à saúde;

Utilização de instalações elétricas precárias ou defeituosas;

Presença de ruídos, vibrações, calor ou frio excessivos; e

Umidade excessiva ou deficitária.

Os acidentes do trabalho são classificados em 3 (três) tipos:

a) acidente típico (tipo 1), que é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa; b) doença profissional ou do trabalho (tipo 2); c) acidente de trajeto (tipo 3), que é aquele que ocorre no percurso do local de residência para o de trabalho ou desse para aquele, considerando a distância e o tempo de deslocamento compatíveis com o percurso do referido trajeto. Os acidentes de trabalho, quanto ao tipo de afastamento do empregado que provocam, podem ser classificados:

Acidentes sem afastamento é o acidente em que o acidentado pode exercer sua função normal, no mesmo dia do acidente ou no dia seguinte, no horário normal. Entretanto, não entra nos cálculos de taxa de freqüência e gravidade.

Acidente com afastamento é o acidente que provoca a incapacidade temporária, incapacidade permanente ou morte do acidentado.

Quanto a incapacidade provocada pelo acidente de trabalho, podemos ter as seguintes classificações:

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Incapacidade temporária é aquele que o acidentado, depois de algum tempo afastado do serviço devido ao acidente volta ao mesmo executando suas funções normalmente como fazia antes do acidente.

Incapacidade parcial e permanente é a diminuição por toda vida, da capacidade de trabalho que sofre redução parcial ou permanente.

Incapacidade total ou permanente é a invalidez incurável para o trabalho, quando o acidentado perde a capacidade total para o trabalho.

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7.RISCOS NOS AMBIENTES DE TRABALHO Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes físicos, químicos, biológicos, situações de deficiência ergonômica ou riscos de acidentes, podem comprometer a do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. É importante salientar que a presença de produtos ou agentes nocivos nos locais de trabalho não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde. Isso vai depender da combinação ou inter-relação de diversos fatores, como a concentração e a forma do contaminante no ambiente de trabalho, o nível de toxicidade e o tempo de exposição da pessoa. Entretanto, na visão da prevenção, não existem micro ou pequenos riscos, o que existem são micro ou pequenas empresas. Desta forma, em qualquer tipo de atividade laboral, torna-se imprescindível a necessidade de investigar o ambiente de trabalho para conhecer os riscos a que estão expostos os trabalhadores Avaliar os riscos é o processo de estimar a magnitude dos riscos existentes no ambiente e decidir se um risco é ou não tolerável. Para investigar os locais de trabalho na busca de eliminar ou neutralizar os riscos ambientais, existem duas modalidades básicas de avaliação. A avaliação qualitativa, conhecida como preliminar, e a avaliação quantitativa, para medir, comparar e estabelecer medidas de eliminação, neutralização ou controle dos riscos. A mais simples forma de avaliação ambiental é a qualitativa. Na avaliação qualitativa, utiliza-se apenas a sensibilidade do avaliador para identificar o risco existente no local de trabalho. Na avaliação quantitativa, são necessários o uso de um método científico e a utilização de instrumentos e equipamentos destinados à quantificação do risco. Os RISCOS AMBIENTAIS são classificados tecnicamente como: Riscos físicos: são representados por fatores ou agentes existentes no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores, como: ruídos, vibrações, radiações, frio, calor, pressões anormais e umidade;

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Riscos químicos: são identificados pelo grande número de substâncias que podem contaminar o ambiente de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores, a exemplo de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou outros produtos químicos;

Riscos biológicos: estão associados ao contato do homem com vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos e outras espécies de microorganismos;

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Riscos ergonômicos: estão ligados à execução de tarefas, à organização e às relações de trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas, controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia, repetitividade e situações causadoras de estresse;

Riscos de mecânicos ou de acidentes: são muito diversificados e estão presentes no arranjo físico inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria-prima fora de especificação, máquina e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou defeituosas, iluminação excessiva ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.

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8. MAPA DE RISCO O Mapa de Riscos é uma das modalidades mais simples de avaliação qualitativa dos riscos existentes nos locais de trabalho. É a representação gráfica dos riscos por meio de círculos de diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil elaboração e visualização. É um instrumento participativo, elaborado pelos próprios trabalhadores e de conformidade com as suas sensibilidades. O Mapa de Riscos está baseado no conceito filosófico de que quem faz o trabalho é quem conhece o trabalho. Ninguém conhece melhor a máquina do que o seu operador. As informações e queixas partem dos trabalhadores, que deverão opinar discutir e elaborar o Mapa de Riscos e divulgá-lo ao conjunto dos trabalhadores da empresa através da fixação e exposição em local visível. Serve como um instrumento de levantamento preliminar de riscos, de informação para os demais empregados e visitantes, e de planejamento para as ações preventivas que serão adotadas pela empresa. O objetivo do Mapa de Risco é reunir as informações básicas necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação da segurança e saúde no trabalho na empresa, e possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e a divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção. Os benefícios da adoção do Mapa de Riscos são:

Identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores poderão estar expostos;

Conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

Redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição de trabalhadores e danos patrimoniais;

Facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança interna e externa; e

Melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e lucratividade.

Como elaborar o mapa de riscos? São utilizadas cores para identificar o tipo de risco, conforme a tabela de classificação dos riscos ambientais. A gravidade é representada pelo tamanho dos círculos:

Círculo Pequeno: risco pequeno por sua essência ou por ser risco médio já protegido;

Círculo Médio: risco que gera relativo incômodo mas que pode ser controlado;

Círculo Grande: risco que pode matar, mutilar, gerar doenças e que não dispõe de mecanismo para redução, neutralização ou controle.

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Etapas de elaboração do Mapa de Riscos 1º. Conhecer o processo de trabalho do local avaliado:

Os trabalhadores - número, sexo, idade, queixas de saúde, jornada, treinamento recebido;

Os equipamentos, instrumentos e materiais de trabalho;

As atividades exercidas; e

O ambiente. 2º. Identificar os agentes de riscos existentes no local avaliado, conforme a tabela de classificação dos riscos ambientais. 3º. Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia referente a:

Proteção coletiva;

Organização do trabalho;

Proteção individual; e

higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouros, refeitórios, área de lazer.

4º. Identificar os indicadores de saúde:

Queixas mais freqüentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos;

Acidentes de trabalho ocorridos;

Doenças profissionais diagnosticadas; e

Causas mais freqüentes de ausência ao trabalho. 5º.Elaborar o Mapa de Riscos, sobre uma planta ou desenho do local de trabalho, indicando através do círculo:

O grupo a que pertence o risco, conforme as cores classificadas;

O número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro do círculo;

A especificação do agente (por exemplo: amônia, ácido clorídrico; ou ergonômico - repetitividade, ritmo excessivo) que deve ser anotado também dentro do círculo; e

A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos.

Se houver na empresa uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, esta deverá auxiliar os trabalhadores na elaboração do Mapa de Riscos. 9. MEDIDAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA Para prevenir os acidentes e as doenças decorrentes do trabalho, a ciência e as tecnologias colocam à nossa disposição uma série de medidas e equipamentos de proteção coletiva e individual.

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As medidas e os equipamentos de proteção coletiva visam, além proteger muitos trabalhadores ao mesmo tempo, à otimização dos ambientes de trabalho, destacando-se por serem mais rentáveis e duráveis para a empresa. Exemplos:

Limpeza e organização dos locais de trabalho.

Sistema de exaustão colocado em um ambiente de trabalho onde há poluição.

Isolamento ou afastamento de máquina muito ruidosa.

Colocação de aterramento elétrico nas máquinas e equipamentos.

Proteção nas escadas através de corrimão, rodapé e pastilha antiderrapante.

Instalação de avisos, alarmes e sensores nas máquinas, nos equipamentos e elevadores.

Limpeza ou substituição de filtros e tubulações de ar-condicionado.

Instalação de pára-raios.

Iluminação adequada.

Colocação de plataforma de proteção em todo o perímetro da face externa dos prédios nas obras de construção, demolição e reparos.

Isolamento de áreas internas ou externas com sinalização vertical e horizontal. Mas afinal, qual a diferença entre Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamentos de Proteção Individual (EPI)? Equipamento de proteção coletiva (EPC): é toda medida ou dispositivo, sinal, imagem, som, instrumento ou equipamento destinado à proteção de uma ou mais pessoas.

Equipamento de proteção individual (EPI): é todo dispositivo de uso individual, destinado à proteção de uma pessoa. Devemos usar os EPI´s nas seguintes situação:

Quando não for possível eliminar o risco por outras medidas ou equipamentos de proteção coletiva.

Quando for necessário complementar a proteção coletiva.

Em trabalhos eventuais ou emergenciais.

Em exposição de curto período.

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Os equipamentos de proteção individual são classificados de conformidade com a parte do em corpo que deve ser protegida. Cabeça: protetores para o crânio e para o rosto. Para o crânio, usam se diversos tipos de capacetes ou chapéus, e para o rosto utilizam-se protetores faciais;

Olhos e nariz: óculos e máscaras;

Ouvidos: protetores auditivos tipo concha ou plugs de inserção;

Braços, mãos e dedos: luvas, mangotes e pomadas protetoras;

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Tronco: aventais e vestimentas especiais;

Pernas e pés: perneiras, botas ou sapatos de segurança;

Corpo inteiro: cintos de segurança contra quedas ou impactos.

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Com relação às obrigações legais referente aos EPI´s devemos observar o que segue. Cabe ao empregador:

Adquirir o tipo adequado à atividade do empregado;

Fornecer gratuitamente ao empregado somente EPI aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego através do Certificado de Aprovação - CA;

Orientar o trabalhador sobre o seu uso;

Tornar obrigatório o uso;

Substituí-lo, imediatamente, quando danificado ou extraviado; e

Responsabilizar-se pela sua higienização e manutenção periódica. Cabe ao empregado:

Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina;

Responsabilizar-se por sua guarda e conservação; e

Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso.

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10. PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DENTRO DOS AMBIENTES DE TRABALHO O capital humano é a base de qualquer organização, sendo assim merece um cuidado especial. É importante que a indústria, os órgãos institucionais brasileiros e mundiais se preocupem com a promoção de iniciativas que possibilitem a redução de potenciais riscos (BORGES; LIMA, 2000). O trabalho educativo de conscientização seria uma alternativa para a redução de perdas, danos à saúde do trabalhador e danos materiais ao empregador (BORGES; LIMA, 2000). Investindo em prevenção, haverá uma redução na incidência de acidentes, conseqüentemente acarretará na diminuição de despesas com tratamento médico, indenizações, multas. Contando ainda com um aumento da produção, uma vez que as atividades não serão paralisadas (BRUZON; ESCORSIM; PAITC; BUENO, 2005). Então, os gestores de empresas necessitam compreender que investir em segurança não é um custo alto, em vista de tantos outros custos que irão surgir decorrentes de anormalidades no local de trabalho. Assim, Bruzon, Escorsim, Paitch e Bueno (2005, p. 7), discorrem que “A segurança dentro da empresa tem seus“gastos”, porém seus investimentos, muito retornáveis pois fazem com que seus funcionários, tendo qualidade de vida dentro da empresa, transmitam tal qualidade para o processo de produção”. Ainda nessa linha de pensamento Lucena Neto, Torres e Torres (2006, p. 02) afirmam que: “faz-se necessário que o empregador compreenda que ele terá maiores lucros e menores prejuízos econômicos e sociais se favorecer um ambiente de trabalho confortável e seguro, isto é ergonômico”. Ainda os autores discorrem que devem ser desenvolvidas, na organização, ações conjuntas integrando todos os colaboradores. Os gestores podem utilizar a visão das pessoas que estão em contato direto com os riscos e perigos, para a formulação de medidas preventivas, programas, porque estes estão envolvidos diariamente com os riscos eminentes do local de trabalho. Estes programas devem ser desenvolvidos nos ambientes de trabalho com o objetivo de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. No quadro abaixo serão apresentados alguns programas que são obrigatórios nas empresas e devem ocorrer paralelamente ao processo de conscientização. Os programas citados no quadro abaixo são imprescindíveis para um ambiente de trabalho saudável e a preservação da saúde dos colaboradores. O PPRA é obrigatório, integra um conjunto mais amplo de iniciativas da empresa, devendo estar articulado conforme o disposto nas demais NR’s, em especial com o PCMSO, atuando na preservação da saúde e da integridade dos colaboradores, por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da possibilidade de ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente (NR 9).

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O PPR é implantado em organizações que ofereçam riscos as vias respiratórias dos colaboradores, realizando ações que protejam contra esse mal. Assim como o PCA é inserido em locais que tragam malefícios ao aparelho auditivo das pessoas que trabalham no local. Sendo através de prevenção, controle, uso de EPI’s, conscientização, realização de exames, entre outros. Uma campanha de saúde e segurança que as empresas podem investir é a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), de acordo com a NR 5 da portaria 3214/78. Na SIPAT são abordados temas relacionados com segurança para assim buscando a participação dos colaboradores envolvendo também os diretores, gerentes e familiares quando possível, sendo assim esta semana deve ser realizada como uma seqüência dos programas voltados à prevenção de acidentes e doenças. Complementando os programas citados, podem ser desenvolvidos treinamentos que transmitam práticas seguras de trabalho, criando hábitos seguros, fornecendo para os colaboradores subsídios que farão com que estes reconheçam os perigos e os riscos aos quais estão expostos. Vieira (2000, p. 262) diz que “é através do treinamento que a semente da responsabilidade, do respeito às normas e à conscientização para os riscos presentes nos ambientes de trabalho são plantadas”. Um ponto importante nesse processo de implantação de programas de prevenção e conscientização das pessoas é a formação de uma equipe multidisciplinar, vários profissionais trabalhando para a eliminação dos riscos no ambiente de trabalho. Torreira (1997, p. 66) frisa que “várias disciplinas e especialistas são necessários, trabalhando conjuntamente (Médicos do Trabalho e Engenheiros do Trabalho e outros profissionais), para minimizar ou eliminar os riscos”. É o conjunto de medidas que fará com que a incidência de acidentes de trabalho diminua, diminuindo também as despesas dos empregadores, que poderão investir cada vez mais no elemento humano, uma vez que é o principal fator na cadeia produtiva. O trabalhador tem direito de exercer sua profissão em local plenamente adequado, que não ofereça risco as seu bem estar físico e psicológico, uma vez que é obrigação das empresas não expor os seus funcionários aos riscos de doenças ou acidentes, para isso existem as NR’s que ditam limites de tolerância suportáveis. Sendo assim os gestores devem procurar soluções práticas e que venham a conscientizar da importância da prevenção. Algumas sugestões para uma vida mais saudável, dos colaboradores, no ambiente de trabalho, por meio da prevenção são a substituição de materiais, alterações de processos, isolamento ou fechamento de um determinado processo, a introdução de equipamentos de proteção, sistemas de ventilação mais eficientes, entre outras medidas simples que acarretam numa maior proteção dos colaboradores. Os gerentes e lideres, devem estar atentos às queixas, reclamações, devem ouvir os colaboradores, para assim poder tomar as devidas providências, assim como fornecer equipamentos adequados que se ajustem às características individuais (BOHLANDER; SNELL; SCHERMAN, 2003). Somente mediante a conscientização das pessoas e da prevenção de acidentes que poderão ser evitados inúmeros acontecimentos indesejáveis, o que refletirá na produtividade, no rendimento, motivação dos colaboradores e conseqüentemente nos lucros da empresa.

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Algumas medidas podem ser adotadas nas organizações com o intuito de diminuir estas ocorrências. Para Bohlander, Snell, Scherman (2003, p. 359), medidas como construir relacionamentos gratificantes com colegas, conversar francamente com gerentes, estabelecer prazos realistas, hábitos saudáveis, intervalos breves e saídas do local de trabalho, entre outros, podem ajudar a diminuir o estresse e doenças decorrentes do trabalho.

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