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Introdução aos
métodos
E x e g é t i c o s
SEMINÁRIO TEOLÓGICO NAZARENO
Rev. Sila Rabello
Introdução
Fundamentação:
A Bíblia carece ser interpretada por duas razões básicas: o
fato de existir movimentos doutrinários sem embasamentos
escriturísticos e por requerer qualidade da vida cristã e suas
implicações éticas no contexto social.
Como cristãos imersos neste mundo necessitamos de
ferramentas, a fim de relacionarmos a nossa realidade com
os princípios bíblicos de nossa fé, recebidas através do estudo
das Escrituras.
Como membros de uma parte específica do Corpo de Cristo,
temos a responsabilidade de pregar e ensinar a Palavra de
Deus como realmente ela é, vinculada a uma teologia
genuína.
Como pastores e ministros do evangelho carecemos de ter
um quadro completo das implicações do nosso conhecer de
Deus, do nosso desenvolvimento pessoal, da nossa fé, do
nosso serviço ao próximo e da nossa sociedade em diferentes
expressões. (Fonte: Silabo da matéria)
PROGRAMA
I – TIPOS DE LEITURA BÍBLICA
II – PRESSUPOSTOS A UMA EXEGESE ESCRITURÍSTICA
III- ATITUDES ERRADAS FRENTE À BÍBLIA
IV – O MÉTODO GRAMATICAL HISTÓRICO
V – O MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO
VI – OS ABISMOS DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
Tarefa I
VII – O PROCESSO HERMENÊUTICO DENTRO DA HISTÓRIA
TAREFA II
VIII – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE EXEGESE
IX – INICIANDO UM TRABALHO EXEGÉTICO
EXERCÍCIOS
Apêndice: Liberalismo Teológico
Definições:
EXEGESE: do Grego εξηγησιs − exégesis ek+egéomai,
penso, interpreto, arranco para fora do texto.É tirar significado
do texto.
EISEGESE: É impor significado ao texto.
Vejamos o que diz Carson: “A exegese relaciona-se à real
interpretação de um texto, enquanto a hermenêutica diz respeito
à natureza do processo interpretativo. A exegese termina
dizendo: “Esta passagem significa isto e aquilo;” a hermenêutica
conclui assim: “Este processo interpretativo constitui-se das
seguintes técnicas e pressuposições.” Obviamente as duas estão
relacionadas. A hermenêutica serve à exegese.” (CARSON.D.A. os
Perigos da Interpretação Bíblica.Ed.Vida Nova.SP.2001.p.23)
A interpretação está relacionada à exegese (expor
claramente o significado) Os princípios de interpretação dirigem
o trabalho da exegese.
Os termos exegese e hermenêutica são, etimilogicamente,
semelhantes. O que muda é o tipo de leitura que se faz do texto.
Tipos de Leitura:
Leitura Devocional – Visa ser alimento espiritual. É
espontânea, onde se busca ouvir a voz de Deus, respostas para os
anseios e luz para as decisões. Um estágio mais avançado neste
tipo de leitura é a meditação, memorização e compartilhamento
com outras pessoas.
Leitura Litúrgica – Leitura Comunitária. Os vários textos
lidos numa celebração nos levam ao contato com Deus e à
reflexão. O culto tem momentos temáticos diferenciados que
exigem leituras apropriadas. Ex: Abertura, chamada à adoração,
momento de contrição, confissão, oração, contribuição, louvor e
adoração, etc. Há cultos temáticos que exigem leituras
temáticas.
Leitura Catequética ou de Discipulado – Dirigida ao
aprendizado. Exige do leitor uma base de conhecimento teológico
das doutrinas fundamentais onde ele procura entender para
ensinar a outrem. Essa leitura ajuda a formar a fé, cria os
fundamentos para construir a fé.
Leitura teológica – É sistematizada. É um nível de leitura
que não visa apenas formar a fé, mas articular uma reflexão mais
aprofundada. A fé deve estar já formada. A leitura, agora, é
questionadora e reflexiva. Pressupõe e requer instrumentais de
base para a reflexão crítica da fé e dos dogmas, tais como:
Filosofia, História, Geografia, Ciências da Linguagem, etc.
Leitura Exegética – Aplicação científica de métodos.
Busca-se neste nível compreender o texto bíblico em si mesmo
retroagindo à época em que foi produzido, auscultando as idéias,
intenções, forma literária, extraindo do texto o sentido e
atualizando-o para aplicá-lo no presente. Recorre-se aos textos
originais e aos métodos desenvolvidos através da história da
interpretação.
PRESSUPOSTOS A UMA EXEGESE ESCRITURÍSTICA
Pr. Antonio P. Da C.Junior
A existência de
Deus Criador.
Deus existe e atua na história. Milagres e profecia são possíveis. Portanto, podemos
interpretar os relatos da atividade sobrenatural de Deus como história e não mito.
Se há um Criador, há um agente moral.
Revelação
Progressiva
Deus se revelou progressivamente. A revelação não foi dada de uma única vez.
Portanto, devo ler o texto bíblico comparando as suas diferentes partes
considerando a unidade.
Inspiração e
Autoridade
Os escritores bíblicos foram movidos pelo Espírito, de tal forma que seus escritos são
inspirados por Deus. Portanto, são autoritativos e infalíveis.
História da
Redenção
A Bíblia deve ser lida como o registro dos atos redentores de Deus na história.
Portanto, a Bíblia deve ser lida, não como um manual de ciências, astronomia,
geografia ou física, mas como um livro teológico.
Cristo Devemos ler a Bíblia sabendo antecipadamente que Cristo é a substância de todos os
tipos e símbolos do AT, do pacto da graça e de todas as promessas. Cristo, portanto,
é a própria substância, centro, escopo e alma das Escrituras.
Cânon O cânon protestante das Escrituras é a coleção feita pela Igreja de livros que ela
reconheceu que foram dados pela inspiração de Deus. Cada livro deve ser lido e
entendido dentro deste contexto canônico, que é o contexto apropriado para a
interpretação.
ATITUDES ERRADAS FRENTE À BÍBLIA
O RACIONALISMO – Coloca a mente humana acima da revelação divina.
Submete a Revelação ao tribunal da razão. Tira tudo o que é tido como
sobrenatural, como os milagres.
O MISTICISMO – Coloca os sentimentos ou a experiência humana acima da
revelação de Deus. O neo-pentecostalismo extremado, por exemplo, aceita as
“novas revelações” em detrimento das Escrituras.
O ROMANISMO – Põe a igreja acima da Bíblia. A tradição e as declarações
papais “ex cátedra”, tem a mesma autoridade da Bíblia.
AS SEITAS – Elevam os escritos de seus fundadores acima das Escrituras. Ex:
Mormonismo, Adventismo, Testemunhas de Jeová etc.
A ALTA CRÍTICA – Coloca as pressuposições do crítico liberal acima da
Bíblia. Coloca as Escrituras em pé de igualdade com qualquer outro livro. Ou a
Bíblia está acima de qualquer livro ou não é o livro de Deus.
A NEO-ORTODOXIA – Diz que a Bíblia não é a Palavra de Deus, senão que
se transforma em Palavra de Deus quando fala ao coração do leitor. De maneira
sutil, transmite-se assim a autoridade das Escrituras ao leitor, onde à luz de “seu
coração”, Deus fala ou não.
OUTRAS “ESCRITURAS” – Com freqüência se diz que a Bíblia é só mais
um livro sagrado. Afirma-se que as outras religiões também têm suas escrituras
autoritativas. É evidente que nenhuma destas «escrituras», com exceção do
Alcorão, pretende ser uma revelação de Deus.
O MÉTODO GRAMATICAL-HISTÓRICO
Qual o método interpretativo mais usado na Igreja Cristã?
É o “MÉTODO GRAMATICAL-HISTÓRICO” presente no período
patrístico e que voltou logo após a Reforma Protestante. Grandes
pregadores, avivalistas e pastores usaram e usam este método e
muitos seminários confessionais. Porém, nas academias mais
eruditas , desde o advento do Iluminismo, usa-se o “MÉTODO
HISTÓRICO CRÍTICO”. Várias abordagens nasceram do método
crítico tais como: Crítica das Fontes, Crítica da Forma, Crítica da
Redação e da Tradição.
O Método Gramático-Histórico – Parte do pressuposto que
a Bíblia é a Palavra de Deus e é nfalível. Quando há algum
pensamento conflitante, ele procura harmonizá-lo. Deus usou
homens de épocas e culturas diferentes e se revelou em
determinadas épocas da história. A Escritura é divina e é humana
no sentido que usou as linguas humanas da época.
Porque o Método Gramático Histórico é bom:
1- Mantém em equilibrio a tensão entre oração e labuta no
estudo da Bíblia. Equilibrio entre espiritualidade, erudição e
labor teológico. É o antigo binômio: “Orare et Labutare”. Orare –
porque a Bíblia é divina. Labutare- Porque a Bíblia é humana.
A interpretação alegórica neo-mística descuida do labutare.
O Método Histórico-crítico anula o orare. As novas
hermenêuticas tendem a esquecer as duas coisas.
2- Evita a alegorização desenfreada e nociva. Exemplo: “A
parábola do Bom Samaritano”. Devemos buscar primeiro o sentido
pretendido pelo autor. Rejeitar o conceito de que o texto tem
multiplos sentidos, sendo o mais importante o sentido oculto,
visto apenas pelo “maduros” na fé. O texto tem um só sentido,
ainda que possa ter diversas aplicações.
3 – Preserva a objetividade na interpretação – O método G-
H. Parte do princípio que Deus se revelou proposicionalmente nas
Escrituras e que esta revelação pode ser endendida, sintetizada
e transmitida. Os reformadores e grandes pregadores honraram
a Bíblia e sua perspicuidade. (clareza)
O método G-H procura interpretações que sejam naturais,
óbvias e ao alcance de todos.
4 – Impede o retorno de uma casta eclesiástica que se
arrogava “Guardiã dos mistérios de Deus”.
A nova hermenêutica acaba por sugerir que somente os
conhecedores de linguística, epistemologia, teorias da linguagem,
estruturalismo, desconstrucionismo, macro e sóciolinguística é
que podem entender o sentido de um texto.
Conclusão:
Na busca do “Sentido” – O que o texto quis dizer. Na busca
de “Significado” – O que o texto me diz hoje, é essencial a oração
e a dependência do Espírito Santo. Ele nos guiará a toda verdade!
Os livros atuais produzidos sobre o tema “Exegese” são
técnicos e complicados, dirigidos a estudiosos familirizados com
os idiomas originais e apoiando o método Histórico-crítico.
Falaremos mais adiante das regras do metodo G-H.
O MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO
Esse método nasceu no iluminismo, aliado ao ceticismo francês e o
deísmo inglês. Os precursores da pesquisa crítica no século XVII e XIX
foram Johann Salomo Semler (1725-91), passando por George Hegel,
F.C.Bauer, Julius Wellhausen. O filósofo Baruque Spinoza advogava que os
fatos narrados nas escrituras tinham que ser provados pela história.
Com advento da teologia liberal na Alemanha, esse método ganhou
forças e atingiu as escolas teológicas por todo o mundo. É famoso pelas
teorias da fonte de J. Wellhausen em que o Pentateuco foi escrito ao longo
da história e é dividido por 4 fontes (J - javista, E - Elohista, D -
deuteronomista, P - priest, sacerdotal)
Durante o século dezoito, emergiu o Método Histórico-Crítico,
fundamentado nas premissas filosóficas do racionalismo, naturalismo,
evolucionismo e deísmo. Nessa época, o mundo ocidental sofria profundas
transformações. Surgiu o Iluminismo, exaltando a razão humana como norma
absoluta para determinar a veracidade e relevância de qualquer tipo de
conhecimento. Ademais, as descobertas científicas e a era industrial
levaram o ser humano a confiar plenamente em suas potencialidades, e a
razão humana começou a ocupar o lugar de Deus.
De acordo com as pressuposições do Método Histórico-Crítico, a
Bíblia é um livro igual a qualquer outro e deve ser investigada como qualquer
outro documento antigo. Em termos bem resumidos, pode-se afirmar que o
método histórico-crítico se fundamenta em três princípios básicos:
correlação, analogia e crítica.
De acordo com o princípio da correlação, a história é um círculo
fechado de causa e efeito. Não há lugar para a intervenção sobrenatural de
Deus na história humana. As causas dos eventos históricos devem ser
buscadas dentro da própria história.
Segundo o princípio da analogia, o presente é a chave do passado.
Acontecimentos descritos na Bíblia que não se repetem no presente devem
ter sua autenticidade ou historicidade rejeitada.
Quanto ao princípio da crítica, o mesmo implica uma atitude cética
para com as afirmações e reivindicações das Escrituras. Um método crítico
de interpretação da Bíblia, só pode produzir proposições críticas à Bíblia. O
“Crítico” é que foi o motor e o acelerador do movimento.
Com base nas considerações acima, percebe-se o impacto de tal
método na autoridade da Bíblia, e particularmente no livro de Gênesis. Deve
ser notado que, ao rejeitar a historicidade de importantes eventos bíblicos
– especialmente os de caráter sobrenatural, como o relato a Criação nos
dois primeiros capítulos de Gênesis – o Método Histórico-Crítico destrói a
base das Escrituras e abre as portas para a teoria da evolução.
Sabemos que a maneira mais rápida de demolir um edifício é golpear
sua fundação. Se uma pessoa for persuadida a arrancar as primeiras páginas
da Bíblia, as demais páginas cairão naturalmente. Atualmente, o Método
Histórico-Crítico domina os estudos acadêmicos da Bíblia em universidades
seculares e confessionais e seminários liberais. Muitas denominações
evangélicas têm adotado esta metodologia no preparo de seus ministros, o
que as tem levado à adoção de práticas religiosas incompatíveis com a Bíblia.
A Igreja Católica Romana aceitou oficialmente o método Histórico-
Crítico em 1943, com a encíclica Divino Afflante Spiritu de Pio XII.
O método histórico-crítico, surgido ao final do século 17, partindo de
suas pressuposições racionalistas, reduziu a Bíblia ao registro da fé de
Israel e dos primeiros cristãos, negando sua inspiração e infalibilidade. O
método faz da mente do interprete o critério para decidir os valores reais
deste ou daquele texto, tira as Escrituras de seu lugar de autoridade na
igreja, colocando o leitor como o juiz. O homem tornou-se o centro do
universo, e sua mente é o critério ultimo de valor pelo qual tudo deve ser
julgado e avaliado. Tudo o que é incompatível com a racionalidade humana
deve ser desconsiderado.
Os pressupostos desta escola crítica estão firmados no anti-
sobrenaturalismo de seus críticos. Esta é a premissa sobre a qual se apoiam
quando intentam levar a cabo suas pesquisas.
O erudito liberal, ao efetuar suas pesquisas, parte necessariamente do
pressuposto de que não existe nada de sobrenatural na Bíblia. Tudo que se
refere a milagres na Bíblia é relegado a meras histórias míticas.
Em 1974, o dr.Gerhard Maier, de Tubingen, Alemanha, lançou um livro
cujo titulo traduzido é “ O Fim do Método Histórico-Crítico”, apontando
os efeitos desse método na vida cristã do povo alemão. Maier diz: “ A
crítica Bíblica por 200 anos tem provado ser um fardo intolerável às
congregações[...] ela impede a nós, a igreja protestante, de
testificarmos ao mundo como deveríamos fazer. Hoje como no passado
ela continua jogando um balde de água fria no entusiasmo missionário
dos jovens estudantes de teologia...”
Charles H. Spurgeon foi um forte opositor ao método crítico. O texto
a seguir foi produzido por ele: “ olhem para as igrejas da Europa[...] esse
método é incapaz de servir de consolo para alguém num leito no hospital ou
para alguém com crises existenciais. Disse ainda , num palestra para
pastores antes de sua morte em 1892, que esse método relativiza as
verdades bíblicas e dizem não haver verdades.
(Sugestão: leitura de "O combate da fé" de Spurgeon , editado pela
Shedd publicações, palestra de encorajamento aos pastores em 1891, um
ano antes da morte de Spurgeon.) Quando a União Batista na Inglaterra
adotou esse método e colocou em sua declaração doutrinária, em 1888, que
não era mais necessário o pastor batista crer na inerrância bíblica e que a
declaração doutrinária não cria. Spurgeon heroicamente desligou sua igreja
dessa Associação de Igrejas.
( Um estudo bem elaborado sobre o tema pode ser visto no livro: “Entendes o Que
Lês? a: Gordon D.Fee e Douglas Stuart. Edições Vida Nova.SP.2004. pp. 237-288 )
Uma organização educacional nazarena não pode usar este
método, pois contraría os artigos de fé. (Art.4) do Manual sobre
as Escrituras Sagradas.
Recomendo a leitura dos livros da Dra. Eta Linnemann. Esta
professôra da Universidade Philipps, Marburg,Alemanha, foi
discipula de Rudolf Bultmann, vindo mais tarde a se converter a
Cristo. Tem escrito livros combatendo o Método Histório Crítico.
No Brasil, a Editora Cultura Cristã editou dois de seus livros: “
Crítica Histórica da Bíblia” e “A Crítica Bíblica em Julgamento.”
Leia no apêndice: Liberalismo Teológico.
Os Abismos da Interpretação Bíblica ou Distanciamentos
1- O abismo Cronológico ou Temporal - Um dos motivos porque a Bíblia é um
livro difícil de entender, é o fato de ser antigo. Os cinco primeiros livros do Antigo
Testamento foram escritos por Moisés a 1400 anos a.C., o Apocalipse, o último livro da
Bíblia, foi escrito pelo apóstolo João por volta de 90 d.C.
Portanto, alguns dos livros foram escritos há mais ou menos 3.400 anos, sendo
que o último deles há 1.900 anos. Isto mostra que precisamos tentar transpor vários
“abismos” que se apresentam pelo fato de termos em mãos um livro tão antigo.
Devido à gigantesca lacuna temporal, um abismo enorme separa- nos dos
autores e dos primeiros leitores da Bíblia. Como não estávamos lá, não podemos
conversar com os autores e com os primeiro ouvintes e leitores para descobrir de
primeira mão o significado do que escreveram.
2. O abismo geográfico
Hoje a maioria dos leitores da Bíblia vive a milhares de km. de distância dos
países onde se deram os fatos bíblicos . Foi no Oriente Médio, no Egito, e nas Nações
mediterrâneas Meridionais da Europa de hoje que as personagens bíblicas viveram e
peregrinaram.
A área estende-se desde a Babilônia, no que é hoje o Iraque, até Roma. Essas
distâncias geográficas deixam-nos em desvantagem.
3. O abismo cultural
Existem grandes diferenças entre a maneira de agir e pensar dos ocidentais e o
das personagens das terras bíblicas. (cosmovisão) Portanto, é importante conhecer as
culturas e os costumes dos povos dos tempos bíblicos. Por falta de tal conhecimento,
podemos interpretar erroneamente a Bíblia.
4. O abismo Linguístico
Existe uma enorme diferença entre a nossa forma de falar e escrever e a dos
povos bíblicos. A Bíblia foi escrita em três idiomas: Hebraico, Aramaico e Grego.
Ex: No Hebraico e no Aramaico só havia consoantes, as vogais estavam
subentendidas, portanto não eram escritas.
Tanto o Hebraico quanto o Aramaico são lidos da direita para esquerda. Não
havia separação entres as palavras. As palavras escritas nessas três línguas bíblicas
emendavam-se umas as outras.
5. O abismo da escrita. (literário).
Existem diferenças entre os estilos e as formas de escrita dos tempos bíblicos e
os do mundo Ocidental Moderno. Dificilmente nos expressamos com provérbios ou
parábolas, no entanto grande parte da Bíblia foi escrita em linguagem proverbial ou
parabólica. A linguagem figurada, que era usada com frequência, ás vezes, dificulta a
nossa compreensão.
“Ex: Jesus disse: “Eu sou a porta;” Eu sou o bom pastor” Jesus não quis dizer
que era literalmente feito de madeira com dobradiças, nem que possuía ovelhas de
verdade e as apascentava no campo.
6. O abismo contextual – Os livros da Bíblia foram escritos em várias situações
diferentes.
TAREFA I
Aluno: ______________________________________________
Texto: ENTENDES O QUE LÊS? Páginas 19-25
A: Gordon D.Fee e Douglas Stuart – Edições Vida Nova. SP. 2004
1- Como os autores definem exegese?
2- Os autores sugerem dois hábitos que auxiliarão os interpretes das
Escrituras. Relacione-os.
3- Quais habilidades se requerem dos peritos em exegese que atuam num
nível mais alto de pesquisa?
4- O que os autores sinalizam como “A Chave da boa Exegese?”
5- Quais perguntas básicas o exegeta deve fazer ao texto que analisa?
6- Explique o que está subtendido em perguntas de contexto histórico.
7- Explique o que se entende por “Contexto Literário.”
8- Nas perguntas que o estudioso faz ao texto, as de “Conteúdo” têm a ver
com o quê?
Obs. Entregar em folha separada.
O processo Hermenêutico dentro da História.
Quando você está dirigindo um carro, precisa ficar atento a toda a
sinalização rodoviária, algumas placas servem para “Advertir “ aclives,
curvas, lombadas ou pista irregular. Outras mostram a “direção”: Siga em
frente ou vire à esquerda, proibida virar à direita. Outras placas são
“informativas”: com a velocidade máxima permitida ou proibido estacionar.
De forma semelhante, o entendimento de como pessoas e grupos
interpretaram a Bíblia, pode funcionar para nós como uma espécie
“Sinalização”: advertindo, conduzindo e informando. Como placa de
advertência, o estudo da História da interpretação Bíblica pode ajudar-nos a
enxergar os erros que outros cometeram no passado e suas consequências,
alertando-nos assim para evitarmos que se repitam.
A Interpretação Judaica:
Desde Esdras até Cristo, os escribas não só ensinavam as Escrituras,
mas também a copiavam. Eles tinham grande reverência pelos textos do Antigo
Testamento, mas essa veneração logo caiu em exagero. Por exemplo, o
Rabino Akiba, afirmava que toda repetição, figura, paralelismo, palavra, letras,
partículas, etc. “Possuíam um significado oculto".
Akiba ensinava que “assim como martelo que trabalha ao fogo provoca
muitas fagulhas, cada versículo das Escrituras possui muitas explicações”. Ele
afirmava que cada monossílabo Bíblico tinha vários significados.
Alegorização Judaica: Alegorizar é procurar um sentido oculto ou obscuro que se acha além
do significado mais evidente do texto. Em outras palavras, o sentido literal é
uma espécie de código que precisa ser decifrado para revelar o sentido mais
importante e oculto. Segundo este método, o literal é superficial, é o alegórico
que representa o verdadeiro significado. A alegorização judaica sofreu
influência da alegorização grega.
A Interpretação do V.T. por Jesus
Jesus afirmou a inspiração das Escrituras, todavia não teve o
conceito petrificado de interpretar literalmente cada palavra e aplicar os
preceitos sem considerar as circunstancias. Não considerou que a lealdade
à Lei devesse estar acima do bem-estar humano.
Jesus uniu-se aos seus contemporâneos em citar as Escrituras e
dizer: “Está escrito”. Jesus não exaltou a Lei acima dos Profetas ou dos
Escritos, mas exaltou porções religiosas do V.T. acima das prescrições
litúrgicas menos valiosas. A excusa ao trabalho no Sábado não
quebrantava a Lei se fosse para auxiliar alguém extremamente
necessitado. Jesus preferia misericórdia ao sacrifício. (Mt.9:13)
Observações litúrgicas externas não podiam substituir o genuíno culto e
serviço a Deus. “Este povo me honra com seus lábios, mas seu coração
está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos de homens...” (Mc.7:6 )
Jesus podia resumir e interpretar o total dos 613 mandamentos da
Lei por duas declarações: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo. (Mc.12:30)
No Sermão do Monte, Jesus afirmou que suas leis iam além das leis
do V.T., incluindo um sentido mais profundo, que penetrava nas atitudes
do coração. Não bastava retrair-se do adultério ou do crime; o homem
deve abster-se da cobiça e da raiva.
Jesus enfatizou as secções de Isaías sobre o servo sofredor; os
Fariseus e escribas enfatizavam as promessas a respeito da glória da
nação. Ele engrandeceu a presença do Reino de Deus em vez da lei. Ele
identificou-se como o cumprimento da profecia, em vez de apontar a
vinda do Messias.
Era Cristã: Orígenes (+ 254) foi o primeiro na história da
igreja a expor uma teoria de interpretação bíblica, incluindo uma
teoria hermenêutica completa. Pode-se chamar o seu método de
alegórico.
Posteriormente e em oposição a Orígenes, surgiu a escola de
Antioquia, onde o sentido literal tinha a primazia e era dele que
deviam tiradas lições morais. Os sentidos tipológicos e alegóricos
não foram excluídos, mas tornaram-se secundários. Via de regra o
sistema alegórico prevaleceu até à Idade Média onde a Bíblia era
interpretada buscando-se alguns sentidos; a chamada “QUADRIGA
Medieval” ou quádruplo sentido de um texto:
Histórico-literal – O que aconteceu ensina.
Alegórico – O que deves crer – O que chama à fé.
Moral – O que deves fazer – O que governa a conduta.
Anagógico – Para onde vais. Que diz sobre o destino final do
fiel.
A REFORMA PROTESTANTE
Objetivava romper com o clericalismo na interpretação bíblica
e colocar a Bíblia ao alcance do povo comum através de
explicações simples, observando o sentido primário do texto. A
Bíblia deveria ser compreensível a todos que a interpretassem
histórica e gramaticalmente. “Sola Scriptura” se tornou um dos
lemas da Reforma.
Calvino também aplicou o princípio Histórico-gramatical à
interpretação bíblica. A pós-reforma forçosamente conduziu a
interpretação aos catecismos, confissões e credos e acabou ficando
refém do denominacionalismo.
Como resposta à aridez espiritual da época, surgiu na
Inglaterra o chamado “Pietismo” dando ênfase muito maior na
pessoa do intérprete e na sua espiritualidade. O maior exegeta
desse movimento foi Johann A. Bengel. Estabeleceu sete passos
na interpretação:
a) Estabelecimento do texto. b) Elucidação do sentido das
palavras. c) Contexto. d) Contexto bíblico. e) Luz que pode advir do
transfundo histórico. f) O sentido do texto como um todo. G) A
aplicação homilética.
Exegese Católica:
Na exegese católica, partia-se dos escritos dos pais da Igreja
para a Bíblia. Para a cristandade defensora dessa exegese, a Bíblia
dizia aquilo que os pais da Igreja já haviam dito. Hugo de São Vítor
chegou a dizer: “aprende primeiro o que deves crer e então vai à
Bíblia para encontrares a confirmação”. Principalmente na idade
média, a exegese esteve de mãos atadas pelas tradições e pela
autoridade dos concílios. A regra era apegar-se ao máximo aos
métodos tradicionais de interpretação valorizando mais a tradição e
menos a Bíblia.
O Século XX
O Século XX abriga muitas correntes de interpretação bíblica.
O Liberalismo deu continuidade a uma parcela da abordagem
racionalista e mais crítica do século XIX.
O Liberalismo, que teve grande influência no século XIX, entrou pelo
século XX. Nele, a Bíblia é vista como um livro humano e não dado pela
inspiração divina. Ela argumenta que os elementos sobrenaturais das
Escrituras podem ser explicados de forma racional. As doutrinas do pecado,
depravação e inferno ofendem a sensibilidade moral dos liberais, daí o fato de
a rejeitarem.
O liberalismo era de muitas maneiras, um fruto do iluminismo,
movimento surgido no início do século XVIII que tinha em seu âmago uma
revolta contra o poder da religião institucionalizada e contra a religião em
geral. As pressuposições filosóficas do movimento eram, em primeiro lugar, o
racionalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz que elevaram a razão e
afrontaram a crença na revelação objetiva da Bíblia, e o *empirismo de Locke,
Berkeley e Hume, *( Empirismo= doutrina que atribui a origem do
conhecimento exclusivamente à experiência.) Os efeitos combinados
dessas duas filosofias , que, mesmo sendo teoricamente contrárias entre si,
concordavam que Deus tem que ficar de fora do conhecimento humano ,
produziu profundo impacto na teologia cristã.
Em muitas universidades cristãs, seminários e igrejas da Europa (e,
posteriormente, nos Estados Unidos), as ideias racionalistas começaram a
ganhar larga aceitação. Não é que os teólogos se tornaram ateus ou
agnósticos, mas sim, que procuraram compatibilizar a crença em Deus com os
postulados do racionalismo. Muitos teólogos passaram a afirmar a existência
de Deus, mas negavam sua intervenção na História humana, quer através de
revelação, quer através de milagres ou da providência.
Como resultado da invasão do racionalismo na teologia, chegou-se à
conclusão de que o sobrenatural não invade a história. A história passou a
ser vista como simplesmente uma relação natural de causas e efeitos. O
conceito de que Deus se revela ao homem e de que intervém e atua na história
humana foram excluídos “de cara”. Como consequência, os relatos bíblicos
envolvendo a atuação miraculosa de Deus na História, como a criação do
mundo, os milagres de Moisés e os milagres de Jesus, passaram a ser
desacreditados. Segundo esta linha de pensamento, já que milagres não
existem, segue-se que esses relatos são fabricações do povo de Israel e,
depois, da Igreja, que atribuiu a Jesus atos sobrenaturais que nunca
aconteceram historicamente.
Para se interpretar corretamente a Bíblia, seria necessária uma
abordagem “não religiosa”, desprovida de conceitos do tipo “Deus se revela”;
ou: “A Bíblia é a revelação infalível de Deus”; ou ainda: “A Bíblia não pode
errar”. Teólogos protestantes que adotaram essa abordagem crítica (que
consideravam como “neutra”) justificavam-se afirmando que a Igreja Cristã,
pelos seus dogmas e decretos, havia obscurecido a verdadeira mensagem das
Escrituras. No caso dos Evangelhos, os dogmas dos grandes concílios
ecumênicos acerca da divindade de Jesus haviam obscurecido sua figura
humana e tornou impossível, durante muito tempo, uma reconstrução histórica
da sua vida. Esta impossibilidade, eles afirmavam, tornou-se ainda maior após
a Reforma, quando a exegese dos Evangelhos e da Bíblia em geral passou a
ser controlada pelas confissões de fé e pela teologia sistemática.
Os estudiosos críticos argumentaram ainda que, para que se pudesse
chegar aos fatos por trás do surgimento da religião de Israel e do cristianismo,
seria necessário deixar para trás dogmas e teologia sistemática, e tentar
entender e reconstruir os fatos daquela época. O principal critério a ser
empregado nessa empreitada seria a razão, que os racionalistas entendiam
como sendo a medida suprema da verdade. As ferramentas a serem usadas
seriam aquelas produzidas pela crítica bíblica, como crítica da forma, crítica
literária, entre outras. Assim, muitos pastores e teólogos que criam que a
Bíblia era a Palavra de Deus, influenciados pela filosofia da época, tentaram
criar um sistema de interpretação da Bíblia que usasse como critério o que
fosse racional ao homem moderno, dando origem ao chamado “método
histórico-crítico” de interpretação bíblica.
Os estudiosos responsáveis pelo surgimento e desenvolvimento inicial
do método crítico defendiam que o “dogma da inspiração divina da Bíblia”
deveria ser deixado fora da exegese para que ela pudesse ser feita de forma
“neutra”. Seguiu-se a separação entre Palavra de Deus e Escritura Sagrada,
rejeitando-se o conceito da inspiração e infalibilidade da Bíblia. Surge a ideia
de “mito” na Bíblia, que era a maneira pela qual a raça humana, em tempos
primitivos, articulava aquilo que não conseguia compreender. Segundo os
exegetas críticos, as fontes que os autores bíblicos usaram estavam revestidas
de “mitos”, ou lendas criadas por Israel e pela Igreja apostólica.
O surgimento da dialética de Hegel marcou esta fase. Hegel oferecia
uma visão da História sem Deus, explicando os acontecimentos não em termos
da intervenção divina, mas em termos de um movimento, conjunto do
pensamento, fazendo sínteses entre os movimentos contraditórios (tese e
antítese). Uma opção do homem.
A tentativa de unir o racionalismo com a exegese bíblica não produziu
um resultado satisfatório. Ficou-se com uma Bíblia que deixou de ser a Palavra
de Deus para se tornar o testemunho de fé do povo de Israel e da Igreja
Primitiva. Como resultado, surgiu um movimento dentro do cristianismo que se
chamou liberalismo teológico, o qual rapidamente influenciou as igrejas
cristãs na Europa, e de lá, seguiu para os Estados Unidos, onde defendia os
seguintes pontos:
1. O caráter de Deus é de puro amor, sem padrões morais. Todos os
homens são seus filhos e o pecado não separa ninguém do amor de Deus. A paternidade de Deus e a filiação divina são universais.
2. Existe uma centelha divina em cada pessoa. Portanto, o homem, no
íntimo, é bom, e só precisa de encorajamento para fazer o que é certo.
3. Jesus Cristo é Salvador somente no sentido em que ele é o exemplo
perfeito do homem. Ele é Deus somente no sentido de que tinha
consciência perfeita e plena de Deus. Era um homem normal, não nasceu de uma virgem, não realizou milagres, não ressuscitou dos mortos.
4. O cristianismo só é diferente das demais religiões quantitativamente,
e não qualitativamente. Ou seja, todas as religiões são boas e levam a
Deus; o cristianismo é apenas a melhor delas.
5. A Bíblia não é o registro infalível e inspirado da revelação divina, mas
o testamento escrito da religião que os judeus e os cristãos praticavam. Ela não fala de Deus, mas do que criam sobre ele.
6. A doutrina ou as declarações proposicionais, como as que
encontramos nos credos e confissões da Igreja, não são essenciais ou básicas para o cristianismo, visto que o que molda e forma a religião é a experiência, e não a revelação. A única coisa permanente no cristianismo, e que serve de geração a geração, é o ensino moral de Cristo.
Nem todos os liberais abraçavam todos estes pontos, e havia diferentes
manifestações do liberalismo. Entretanto, todas elas estavam enraizadas no
racionalismo (só a ciência tem a verdade) e no naturalismo (negação da
intervenção criadora de Deus no mundo), e queriam adaptar as doutrinas do
cristianismo à moderna teoria científica e às filosofias da época.
. No largo espectro de ideias que a teologia liberal representa, são de salientar
as seguintes:
(1) A Bíblia dá testemunho de Deus, mas não é revelação direta de
Deus nem é, no sentido rigoroso do termo, a Palavra de Deus; e, como
tal, ela deve interpretar-se como obra literária em seu contexto
histórico, com base numa análise crítica fundada nos pressupostos
filosóficos da nossa cultura, e especialmente direcionada para as
afirmações de Jesus sobre paz, justiça, compaixão e amor.
(2) Os relatos bíblicos são primariamente simbólicos, não sendo
necessariamente credíveis do ponto de vista científico e histórico.
(3) A ciência moderna é também fonte de revelação no que respeita às
leis que governam o universo e a vida.
(4) A humanidade não herdou fisicamente o pecado original, e Satanás
não existe.
(5) O homem é obra de um Deus bom e permanece inerentemente bom
em progresso constante até à perfeição.
Uma das expressões mais radicais da teologia liberal surgiu
recentemente encarnada no movimento revisionista do chamado Jesus
Seminar, o qual questiona a autenticidade dos Evangelhos e rejeita quase
tudo o que os evangelhos afirmam que Jesus disse ou fez. Trata-se de uma
nova ideologia pagã onde não há mais lugar para Cristo, nem para o
evangelho de Cristo, nem sequer para a tradição cristã. As conclusões
deste grupo de críticos foram posteriormente divulgadas em vinte e uma
teses, das quais aqui destaco apenas doze:
(1) Não existe um deus exterior ao mundo material;
(2) O darwinismo matou de vez a doutrina de uma criação especial
conforme a narrativa bíblica;
(3) A desliteralização da narrativa bíblica das origens acabou de vez
com o dogma do pecado original;
(4) Os milagres de Jesus são uma afronta à justiça e integridade de
Deus;
(5) Jesus não é divino;
(6) A ideia de Jesus como redentor é fantasiosa e arcaica;
(7) Jesus não ressuscitou dos mortos;
(8) O nascimento virginal de Jesus é um insulto à inteligência moderna;
(9) Não existem mediadores entre Deus e o homem;
(10) O reino de Deus é uma viagem sem fim e uma perpétua odisseia;
(11) A Bíblia não contém modelos objetivos de conduta;
(12) As reconstruções da pessoa e obra de Jesus podem ser sempre
modificadas.
A Neo- Ortodoxia
Embora Karl Barth condenasse o liberalismo morto, ele, porém,
negava a inerrância e a infalibilidade da Bíblia. Ele interpretava a criação
do Universo, a criação do homem, a queda do homem, a ressurreição de
Cristo e Sua segunda vinda em termos mitológicos. Segundo ele, esses
acontecimentos se deram num nível histórico diferente, num nível
mitológico, e não na história de fato.
Rudolfo Bultmann (1884- 1976) ensinava que o Novo Testamento
deveria ser compreendido em “termos existenciais” pela Demitização, ou
seja, pela destruição de elementos mitológicos estranhos, tais como os
milagres, a ressurreição de Cristo, pois são inaceitáveis para o homem
moderno. Esses “mitos” representavam uma realidade para as pessoas
nos tempos da Bíblia, mas hoje esses elementos bíblicos não têm sentido
literal.
Influenciado pelo existencialismo do filósofo alemão Martin
Heidegger (1889- 1976), o bultmannismo adota uma perspectiva
existencialista da Bíblia. Isso significa que a preocupação dos líderes desse
movimento é alcançar o âmago da experiência religiosa das Escrituras.
Chamado de “Nova Hermenêutica”. Na Nova hermenêutica, o texto
bíblico pode ter o sentido que o leitor desejar. À semelhança da neo-
ortodoxia, a nova hermenêutica contesta as verdades proposicionais. A
verdade existe no campo existencial, ou seja, é uma experiência e não
uma proposição escrita. Assim sendo, a Hermenêutica é um processo de
entender a si mesmo. A Neo-ortodoxia foi substituída pela nova
hermenêutica de Bultmann.
TAREFA II
Baixar o livro “Princípios de Interpretação Bíblica” de Vilson Scholz
no site: www.nazarenopaulista.com.br e proceder cuidadosa leitura até à
página 23.
Perguntas para serem respondidas em casa.
1- Na relação Bíblia-intérprete, qual a forma mais segura para se
compreender a mensagem bíblica?
2- Descreva como se deu a formação do “Canon” do Velho e Novo
Testamentos até à escolha definitiva em 397 d.C.
3- Indique motivos porque os deuterocanônicos ou apócrifos não
foram listados como canônicos.
4- Leia I Co. 2:11 e I João 2:27 e fale do que você precisa para uma boa
compreensão da Bíblia.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE EXEGESE – Método G.H.
O estudo meticuloso da Escritura compreende 4 etapas:
Observação, interpretação,correlação e aplicação.
1- Observação – Que responde à pergunta: - Que vejo? Nela,
todos os pormenores devem ser analisados.
2- Interpretação – Que responde à pergunta: - Que significa?
Que significavam esses pormenores para as pessoas da época?
Qual a principal ideia?
3- Correlação – Que responde à pergunta; - Como isto se
relaciona com o restante daquilo que a Bíblia diz?
4- Aplicação – Que responde à pergunta: Que significa para
mim?
As regras de interpretação se dividem em Quatro
categorias: Gerais, Gramaticais, Históricas e Teológicas.
1- PRINCÍPIOS GERAIS. São universais em sua natureza. a) Interprete a partir do pressuposto: A Bíblia tem autoridade! Foi nos dada por Inspiração Divina. Segundo o testemunho da própria Escritura Sagrada, ela foi divinamente inspirada, útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, com o fim do homem de Deus ser perfeito, e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Numa palavra, a Escritura tem por objetivo fazer o homem “sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (II Tm.3.15,16).
Ela é o Supremo Tribunal de recursos e não a razão ou a tradição.
Exemplo: Doutrinas da igreja Católica Romana Ligadas à Maria.
b) A Bíblia interpreta a Bíblia – Compare Escritura com
Escritura dentro das referências bíblicas sobre o mesmo
assunto. A Bíblia interpreta a própria Bíblia. Este princípio vem da Reforma Protestante. O sentido mais claro e mais fácil de uma passagem explica outra com o sentido mais difícil e mais obscuro. A revelação é uma unidade ou um sistema de verdades. As partes devem interpretar-se de forma que estejam de acordo com o todo. Feita a exegese, se o resultado
obtido contrariar os princípios fundamentais da Bíblia, ele deve ser colocado de lado.
c) A fé salvadora e o Espírito Santo nos revelam as Escrituras – As pessoas rebeladas com Deus têm o entendimento embotado. (2 Co.4:4) “O deus deste século cegou...” “O homem natural não aceita...” não pode entendê-las... (I Co. 2:14) O Espírito Santo nos guiará a toda verdade.” (João 16:13) O trabalho de interpretação é científico e espiritual, por isso deve ser feito com isenção de ânimo e tentando-se desprender de qualquer preconceito. As Escrituras nos foram concedidas por inspiração do Espírito Santo, portanto Ele é o Hermeneuta e o Exegeta Supremo. É necessário, de nossa parte, que oremos reverentemente, para que Ele nos dê espírito de iluminação para interpretarmos e aplicarmos a Palavra. A letra, sem a motivação do Espírito, pode ficar velha, ultrapassada, caduca. (Rm. 7:6, 2 Co. 3:6) Um livro de fé não pode ser interpretado de maneira correta sem o Espírito que rege esta mesma fé. d) Interprete a experiência pessoal à luz da Escritura e não a Escritura à luz da experiência pessoal. Exemplo: Escolha a alternativa verta: [ ] O N.T. ensina que: “Porque Jesus ressuscitou, Ele é o Filho de Deus.” [ ] O N.T. ensina que: “Porque Jesus é o Filho de Deus, ele ressuscitou.” A experiência pessoal sempre deve atestar a validade da doutrina e não fazer a doutrina a partir dela. e) O propósito primário da Bíblia é o levar-nos a Deus e nos mudar. 2 Tm. 3: 16-17 “Toda Escritura...” Ter em mente a finalidade para a qual Deus nos deu a revelação. A Bíblia nos foi dada para propósitos práticos relacionados com o conhecimento de Deus e o conhecimento do próprio homem, além de pautar o caráter, o relacionamento com Deus e os homens e o destino eterno. O estudo bíblico será sempre mais proveitoso se estiver em harmonia com esses propósitos. f) Cada cristão tem o direito de investigar e interpretar pessoalmente a Bíblia. Isso traduz a perspicuidade das Escrituras e a ação do Espírito Santo. Foi um dos lemas da Reforma Protestante. Um exemplo bíblico: Os evangelizados de Bereia. (Atos 17:11)
g) A história da igreja é importante, mas não decisiva na interpretação. A igreja não determina o que a Bíblia deve ensinar; a Bíblia determina o que a igreja ensina.
PRINCÍPIOS GRAMATICAIS
Tratam das palavras do texto. Estabelecem regras básicas sobre os sentidos das palavras e o gênero de literatura. Interpretar lexicalmente: É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significados e o seu uso no texto sob consideração. Esta informação pode ser conseguida com a ajuda de bons dicionários. Interpretar sintaticamente: O intérprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito. Interpretar contextualmente. Deve-se ter em mente a inclinação do pensamento de todo o texto. Então se pode notar a “cor do pensamento”, que cerca a passagem que está sendo estudada. A divisão em versículos e capítulos facilita a procura e a leitura, mas não deve ser utilizada como guia para delimitação do pensamento do autor. a) Deve-se buscar primeiro o sentido literal. A menos que o texto reclame o sentido figurado. Aprenda a ler cuidadosamente o texto. Ter atenção com as vírgulas, pontos finais e parágrafos, pontos de exclamação e interrogação, dois pontos e ponto e vírgula. Ficar atento ao gênero literário que está estudando, se é poesia, lei, profecia, parábola, discurso, história, etc.
Interpretação Literal: O significado é o mais próximo possível ao
sentido das palavras do texto. Exemplo: Os relatos da criação e da queda
são em linguagem mitica, alegórica ou são narrativas históricas míticas?
b) Interprete as palavras no sentido que tinham no tempo do autor. Use bons dicionários bíblicos. Procure o sentido etimológico das palavras. Compare as traduções. Exemplo: “Já me assemelho a um odre na
fumaça.” (Sl.119: 83) Odre é uma vasilha de couro para guardar líquidos. Quando pendurado ao relento, ficava ressequido e inútil. c) Interprete considerando a sentença, o parágrafo e o contexto. Exemplo: A palavra fé. Gl. 1:23 Neste texto “fé” significa a doutrina do evangelho. Rm. 14:23 “Fé”, neste texto fala de convicção do que Deus quer que seja feito. Sempre ter em vista o contexto. Ler o que está antes e o que vem depois para concluir aquilo que o autor tinha em mente. d) Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição é figurada. Exemplo: João 6:35, 8:12, 10:7
Interpretação Figurada: Quando usamos um outro elemento para falar do
que queremos. Exemplo: João 6:48 usa o “Pão” para falar de Cristo.
Mateus 26: 26-27 Jesus usou os elementos “Pão e Cálice de vinho” e disse:
Isto é o meu corpo...Isto é o meu sangue...”
Interpretação Simbólica: Quando usamos elementos diversos, vivos ou
inanimados para explicar eventos atuais ou futuros. Exemplo: Daniel 2 e 7
Uso de metais, barro e animais para falar de eventos escatológicos.
e) princípio da perspicuidade. A Bíblia é clara. Cognoscível. Compreensível. O entendimento da bíblia é simples para o sábio. (Aquele que tem a instrução Professor, o Espírito Santo de Deus).
PRINCÍPIOS HISTÓRICOS
São os que tratam do substrato ou contexto em que os livros da Bíblia foram escritos. Situações culturais, políticas, religiosas e econômicas que ajudam a elucidar o texto. Interpretar historicamente: O intérprete deve conhecer as maneiras e costumes do povo no meio do qual o escrito foi produzido. A tarefa do interprete é, primeiro, entender o que foi dito lá aos destinatários
originais da mensagem, depois, tendo capitado a essência da revelação, contextualizá-la e aplicá-la ao homem atual. Jesus era um notável intérprete das Escrituras, frequentemente chamado de Mestre. É possível falhar ou torcer a interpretação? Sim. Exemplos: • O erro dos judeus quanto ao tipo de Messias que deviam esperar. • A crucificação de Jesus – Para os romanos era apenas um castigo a um agitador. Para os judeus era a punição a um blasfemo. Para Jesus e os apóstolos era um ato sacrificial de redenção. • Uso indevido do V.T. para justificar: Poligamia, escravidão, morte de feiticeiros, rogar pragas sobre os inimigos, etc. Se o pregador ou mestre falhar na interpretação das Escrituras, estará anulando a eficácia da mensagem. a) A Escritura é compreendida à luz da história. Podemos questionar: A quem foi escrito? Qual o quadro de fundo? O que motivou a produção do texto? Quem são os protagonistas? Exemplo: O concílio de Atos 15 em Jerusalém. Ex.: Interprete literalmente e sem contexto histórico o texto de Ec.11:1. b) Embora a revelação seja progressiva, tanto o V.T. quanto o N.T. formam uma unidade. O V.T. monta o cenário para a compreensão do N.T. Denomina-se princípio da unidade escriturística. Sob a inspiração divina a Bíblia não se contradiz em seus ensinos. Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia; Ex.: O livro aos “Hebreus” explica o significado das formas de culto da velha Aliança. Se o leitor não estiver familiarizado com o Tabernáculo, o Sacerdócio, os Sacrifícios e o que significa a “Nova Aliança”, terá dificuldade para entender. Algumas práticas do V.T. foram abolidas no N.T. porque têm seu cumprimento em Cristo. Ex.: sacrifício de animais.
PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS
A) Uma doutrina é bíblica quando está em harmonia com toda
a Escritura. Não se faz doutrina em texto isolado.
Jamais esquecer a Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia da Fé. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados. Vemos que os escritores bíblicos não escreveram cada versículo com sentido separado, mas coordenaram logicamente um pensamento ao outro. Cada versículo deve estar adequadamente relacionado com os que o rodeiam. Cada passagem deve ser estudada à luz do livro que a contém e cada livro deve ser examinado segundo a revelação total constante naquele testamento.
Ao preparar estudos tópicos ou temáticos, estuda-
se o maior número possível de passagens buscando-se:
• Paralelos de Palavras – Exemplo: Estudar a vida de Balaão.
Não se ater apenas a Nm. 22 a 24. O N.T. ajudará a avaliar
Balaão em textos como: 2 Pe.2:15, Judas 11, Ap. 2:14.
• Paralelos de ideias – Ex.: A ideia da “Redenção” por sangue
percorre toda a Bíblia, Velho e Novo Testamentos.
Gn. 3:21 “Fez Deus vestimentas de pele...” Gn. 22:2 “Toma
teu filho e oferece-o...” Hb. 9:22 “Sem derramamento de
sangue...”
• Paralelos doutrinários – Caminha-se das partes para o todo
até ao conjunto sistematizado das grandes doutrinas bíblicas.
INICIANDO UM TRABALHO EXEGÉTICO Segundo o autor Anderson de Oliveira Lima, em seu livro “Introdução à Exegese”, no trabalho exegético deve seguir alguns passos: 1- Escolher um texto bíblico para ser trabalhado. Quanto menor o texto, mais atenção se pode dedicar ao mesmo. Use somente a Bíblia ou diversas traduções da Bíblia sem comentários ou notas de rodapé. 2 – Delimitação de unidade textual – Onde o texto começa e onde termina. Os livros bíblicos não foram feitos numa produção contínua, mas reflete o ajuntamento de diversos textos. Esses fragmentos são chamados de PERÍCOPES. Não havia divisão de capítulos e versículos como temos hoje. Muitas destas perícopes estão interrompidas. Como identificar uma perícope? • Na mudança de personagens ou actantes. Ex. Mateus 3:1 O narrador deixa de falar de Jesus e passa a falar de João Batista. • Mudanças topográficas – De cidade ou região. Ex. Mt. 15. Jesus está em Genesaré . Há uma divisão de perícope exatamente no verso 21 quando deixa aquele lugar e vai para Tiro e Sidon. • Mudança de tempo – Quando as narrativas fazem saltos no tempo, passando de um dia para outro. Estas mudanças são indicadas por frases como: “Naqueles dias...” “Alguns dias depois...” “Depois destas coisas...” etc. Exemplo: Atos 2:1 “E ao se completar o dia de Pentecostes...” • Mudança de assunto – Quando uma história é concluída e um novo enredo tem início. Exemplo: Atos 12:19-23 trata da morte de Herodes. O verso 24 volta a falar da comunidade cristã e da Palavra de Deus. • Mudança de linguagem ou estilo – Quando de uma narrativa de milagres passamos a um discurso argumentativo ou de um hino de louvor a uma exortação pessoal. Podemos ver isto no Evangelho de Mateus que alterna narrativa sobre Jesus, geralmente na 3ª pessoas, para discursos de Jesus na 1ª pessoa. Capítulos 5 a 7 são discursos. Capítulos 8 a 9 são narrativas. (LIMA, Anderson de Oliveira. Introdução à Exegese. Fonte Editorial. SP. 2012. pp.15-27)
•Títulos internos – Como, por exemplo, em Is.21:1-3, Ap. 2:1,8,12, •Vocativos ou novos destinatários – I João 2:7, Gl. 3:1 Diatribe – Quando há um interlocutor fictício. Ex. Rm.8:31-32 No verso 31 há uma pergunta e logo a seguir o autor a responde.
3 – Aperceber-se do gênero literário – Se está trabalhando com texto narrativo, argumentativo, ou se é poesia, parábola, profecia, etc. O Texto Narrativo – Relata um acontecimento, uma ação e tem personagens que agem no tempo e no espaço. Estes textos normalmente respondem às perguntas: O Quê? Quem? Quando? Onde? Como? Se o texto responde às perguntas sem dificuldade, é narrativo. O Texto Argumentativo - Esse tipo de texto apresenta uma explicação, um argumento conclusivo. Ex.: Uma carta paulina, uma resposta de Jesus aos fariseus. Outros gêneros – Leis, Crônicas, Poesia, Literatura de Sabedoria, Literatura profética, etc. Após a escolha da perícope, você pode ainda observar as marcas antigas que estão nos textos que os massoretas anotaram e algumas versões modernas conservam. Exemplo: Bíblia ARA 2ª Ed.1996 – Gênesis 1: 1-9 Verso 1 a letra N está em negrito, é o início do texto. Os versos 3,6 e 9 também iniciam com maiúsculas em negrito. Significa que no original hebraico havia um sinal massorético indicando um novo parágrafo.
EXERCÍCIOS - Mãos à massa:
1- Examine a perícope que está em Mateus 16:13-20. Faça o trabalho hermenêutico e exegético. Orientação: Sabemos que um trabalho exegético deveria recorrer aos textos originais, porém isto não é possível neste curso. Vamos recorrer ao trabalho dos exegetas nas traduções e nos comentários. a) Leia o texto na Bíblia que possui. b) Compare com outras traduções. c) Anote qualquer palavra cujo sentido não lhe está claro. d) Sintetize a informação ou ensino de cada verso e) Use ferramentas da hermenêutica para dispor o texto visando favorecê-lo na exposição e facilitar a compreensão do ouvinte.
f) Por fim, faça a contextualização trazendo-o para a nossa realidade e aplicando-o hoje. 2- Examine os textos de II Sm. 7:12-13 e Amós 9:11 Proceda seguindo o mesmo roteiro do exercício 1. O que, literalmente, você entendeu? Conhecendo a história do Reino de Israel, o que você tem a comentar? Existe alguma interpretação além da que encontramos no texto? 3 – Leia Atos 15:12-21 e reexamine a interpretação e aplicação do exercício nº 1. 4 - Em Amós 4:1 está escrito: Ouvi esta palavra, vós vacas de Basã que estão no monte de Samaria, que oprimis os pobres, que esmagais os necessitados, que dizeis aos vossos maridos: Daí cá, e bebamos. a) Quando escreveu? b) Por que utilizou a expressão vacas de Basã?
5 - Que tipo de linguagem está sendo utilizado no texto de Mt. 26:27,29?
6 - Mt. 5:29. Se o teu olho direito te faz pecar arranca-o e lanço-o de ti.
Qual é o contexto? Qual o assunto que está sendo discutido? Qual o sentido da
linguagem?
7 - Leia os textos: Mt.19:23, Mc.10:23, Lc.18:24 O que Jesus quiz dizer
nesta argumentação?
8 - Estudar o texto de 2 Co. 5:16. Usar as seguintes traduções: ARA
(Almeida Revista e Atualizada) NVI (Nova Versão Internacional) BLH (Bíblia na
Linguagem de Hoje) e BJC (Bíblia Judaica Completa. Qual entendimento literal
temos deste texto?
9 - Assista às palestras conforme link abaixo:
Palestra Prof. Augustus Nicodemos- Método Gramático-histórico
http://www.youtube.com/watch?v=cKAkrTqp9nA
O Dilema do Método Histórico-Crítico:
http://www.youtube.com/watch?v=3zb7YWEplBw
APENDICE
LIBERALISMO TEOLÓGICO
O surgimento do liberalismo teológico
A melhor maneira de compreender a origem do termo “fundamentalista” é entender o
crescimento do liberalismo teológico radical nas principais denominações históricas
dos Estados Unidos no fim do século XIX e início do século XX. O liberalismo era de
muitas maneiras, um fruto do iluminismo, movimento surgido no início do século XVIII
que tinha em seu âmago uma revolta contra o poder da religião institucionalizada
e contra a religião em geral. As pressuposições filosóficas do movimento eram, em
primeiro lugar, o racionalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz que elevaram a razão
e afrontaram a crença na revelação objetiva da Bíblia, e o *empirismo de Locke,
Berkeley e Hume, *( Empirismo= doutrina que atribui a origem do conhecimento
exclusivamente à experiência.) Os efeitos combinados dessas duas filosofias , que,
mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, concordavam que Deus tem que ficar
de fora do conhecimento humano , produziu profundo impacto na teologia cristã.
Em muitas universidades cristãs, seminários e igrejas da Europa (e, posteriormente,
nos Estados Unidos), as ideias racionalistas começaram a ganhar larga aceitação.
Não é que os teólogos se tornaram ateus ou agnósticos, mas sim, que procuraram
compatibilizar a crença em Deus com os postulados do racionalismo. Muitos teólogos
passaram a afirmar a existência de Deus, mas negavam sua intervenção na História
humana, quer através de revelação, quer através de milagres ou da providência.
Como resultado da invasão do racionalismo na teologia, chegou-se à conclusão de
que o sobrenatural não invade a história. A história passou a ser vista como
simplesmente uma relação natural de causas e efeitos. O conceito de que Deus se
revela ao homem e de que intervém e atua na história humana foram excluídos “de
cara”. Como consequência, os relatos bíblicos envolvendo a atuação miraculosa de
Deus na História, como a criação do mundo, os milagres de Moisés e os milagres
de Jesus, passaram a ser desacreditados. Segundo esta linha de pensamento, já que
milagres não existem, segue-se que esses relatos são fabricações do povo de Israel e,
depois, da Igreja, que atribuiu a Jesus atos sobrenaturais que nunca aconteceram
historicamente.
Para se interpretar corretamente a Bíblia, seria necessária uma abordagem “não
religiosa”, desprovida de conceitos do tipo “Deus se revela”; ou: “A Bíblia é a revelação
infalível de Deus”; ou ainda: “A Bíblia não pode errar”. Teólogos protestantes que
adotaram essa abordagem crítica (que consideravam como “neutra”) justificavam-se
afirmando que a Igreja Cristã, pelos seus dogmas e decretos, havia obscurecido a
verdadeira mensagem das Escrituras. No caso dos Evangelhos, os dogmas dos
grandes concílios ecumênicos acerca da divindade de Jesus haviam obscurecido sua
figura humana e tornaram impossível, durante muito tempo, uma reconstrução
histórica da sua vida. Esta impossibilidade, eles afirmavam, tornou-se ainda maior
após a Reforma, quando a exegese dos Evangelhos e da Bíblia em geral passou a ser
controlada pelas confissões de fé e pela teologia sistemática.
Os estudiosos críticos argumentaram ainda que, para que se pudesse chegar aos
fatos por trás do surgimento da religião de Israel e do cristianismo, seria necessário
deixar para trás dogmas e teologia sistemática, e tentar entender e reconstruir os fatos
daquela época. O principal critério a ser empregado nessa empreitada seria a razão,
que os racionalistas entendiam como sendo a medida suprema da verdade. As
ferramentas a serem usadas seriam aquelas produzidas pela crítica bíblica, como
crítica da forma, crítica literária, entre outras. Assim, muitos pastores e teólogos que
criam que a Bíblia era a Palavra de Deus, influenciados pela filosofia da época,
tentaram criar um sistema de interpretação da Bíblia que usasse como critério o que
fosse racional ao homem moderno, dando origem ao chamado “método histórico-
crítico” de interpretação bíblica.
Os estudiosos responsáveis pelo surgimento e desenvolvimento inicial do método
crítico defendiam que o “dogma” da inspiração divina da Bíblia deveria ser deixado
fora da exegese para que ela pudesse ser feita de forma “neutra”. Seguiu-se a
separação entre Palavra de Deus e Escritura Sagrada, rejeitando-se o conceito da
inspiração e infalibilidade da Bíblia. Surge a ideia de “mito” na Bíblia, que era a
maneira pela qual a raça humana, em tempos primitivos, articulava aquilo que não
conseguia compreender. Segundo os exegetas críticos, as fontes que os autores
bíblicos usaram estavam revestidas de “mitos”, ou lendas criadas por Israel e pela
Igreja apostólica. O surgimento da dialética de Hegel marcou esta fase. Hegel oferecia
uma visão da História sem Deus, explicando os acontecimentos não em termos da
intervenção divina, mas em termos de um movimento conjunto do pensamento,
fazendo sínteses entre os movimentos contraditórios (tese e antítese). Uma opção do
homem.
A tentativa de unir o racionalismo com a exegese bíblica não produziu um resultado
satisfatório. Ficou-se com uma Bíblia que deixou de ser a Palavra de Deus para se
tornar o testemunho de fé do povo de Israel e da Igreja Primitiva. Como resultado,
surgiu um movimento dentro do cristianismo que se chamou liberalismo, o qual
rapidamente influenciou as igrejas cristãs na Europa, e de lá, seguiu para os Estados
Unidos, onde defendia os seguintes pontos:
1. O caráter de Deus é de puro amor, sem padrões morais. Todos os homens são seus filhos e o pecado não separa ninguém do amor de Deus. A paternidade de Deus e a filiação divina são universais.
2. Existe uma centelha divina em cada pessoa. Portanto, o homem, no íntimo, é bom, e só precisa de encorajamento para fazer o que é certo.
3. Jesus Cristo é Salvador somente no sentido em que ele é o exemplo perfeito do homem. Ele é Deus somente no sentido de que tinha consciência perfeita e plena de Deus. Era um homem normal, não nasceu de uma virgem, não realizou milagres, não ressuscitou dos mortos.
4. O cristianismo só é diferente das demais religiões quantitativamente, e não qualitativamente. Ou seja, todas as religiões são boas e levam a Deus; o cristianismo é apenas a melhor delas.
5. A Bíblia não é o registro infalível e inspirado da revelação divina, mas o testamento escrito da religião que os judeus e os cristãos praticavam. Ela não fala de Deus, mas do que criam sobre ele.
6. A doutrina ou as declarações proposicionais, como as que encontramos nos credos e confissões da Igreja, não são essenciais ou básicas para o cristianismo, visto que o que molda e forma a religião é a experiência, e não a revelação. A única coisa permanente no cristianismo, e que serve de geração a geração, é o ensino moral de Cristo.
Nem todos os liberais abraçavam todos estes pontos, e havia diferentes
manifestações do liberalismo. Entretanto, todas elas estavam enraizadas no
racionalismo (só a ciência tem a verdade) e no naturalismo (negação da intervenção
criadora de Deus no mundo), e queriam adaptar as doutrinas do cristianismo à
moderna teoria científica e às filosofias da época.
. No largo espectro de ideias que a teologia liberal representa, são de salientar as
seguintes:
(1) A Bíblia dá testemunho de Deus, mas não é revelação direta de Deus nem é,
no sentido rigoroso do termo, a Palavra de Deus; e, como tal, ela deve
interpretar-se como obra literária em seu contexto histórico, com base numa
análise crítica fundada nos pressupostos filosóficos da nossa cultura, e
especialmente direcionada para as afirmações de Jesus sobre paz, justiça,
compaixão e amor.
(2) Os relatos bíblicos são primariamente simbólicos, não sendo
necessariamente credíveis do ponto de vista científico e histórico.
(3) A ciência moderna é, também ela, fonte de revelação no que respeita às leis
que governam o universo e a vida.
(4) A humanidade não herdou fisicamente o pecado original, e Satanás não
existe.
(5) O homem é obra de um Deus bom e permanece inerentemente bom em
progresso constante até à perfeição.
Uma das expressões mais radicais da teologia liberal surgiu recentemente encarnada
no movimento revisionista do chamado Jesus Seminar, o qual questiona a
autenticidade dos Evangelhos e rejeita quase tudo o que os evangelhos afirmam que
Jesus disse ou fez. Trata-se de uma nova ideologia pagã onde não há mais lugar para
Cristo, nem para o evangelho de Cristo, nem sequer para a tradição cristã. As
conclusões deste grupo de críticos foram posteriormente divulgadas em vinte e uma
teses, das quais aqui destaco apenas doze:
(1) Não existe um deus exterior ao mundo material;
(2) O darwinismo matou de vez a doutrina de uma criação especial conforme a
narrativa bíblica;
(3) A desliteralização da narrativa bíblica das origens acabou de vez com o
dogma do pecado original;
(4) Os milagres de Jesus são uma afronta à justiça e integridade de Deus;
(5) Jesus não é divino;
(6) A ideia de Jesus como redentor é fantasiosa e arcaica;
(7) Jesus não ressuscitou dos mortos;
(8) O nascimento virginal de Jesus é um insulto à inteligência moderna;
(9) Não existem mediadores entre Deus e o homem;
(10) O reino de Deus é uma viagem sem fim e uma perpétua odisseia;
(11) A Bíblia não contém modelos objetivos de conduta;
(12) As reconstruções da pessoa e obra de Jesus podem ser sempre
modificadas.
As variantes e sensibilidades cristãs das últimas décadas dentro de cada um destes
sistemas são cada vez mais acentuadas. A unidade deixou de existir quer no
liberalismo quer no conservadorismo. Há um mundo de diferença entre os que se
afirmaram fundamentalistas em 1909 e em sete anos produziram uma série de
manifestos sobre os princípios fundamentais de fé cristã, e alguns ditos
fundamentalistas de hoje. Muitos, porém, dos que assim são chamados permanecem
lúcida e equilibradamente fiéis aos mesmos princípios, valores e ideais por que se
bateram os fundadores deste movimento cristão, cujo único anseio foi mesmo o
regresso às origens.
Obs.: Agora, na pós-modernidade, estamos nos desfazendo, em parte, dos princípios
do iluminismo.
Contatos:
S. Rabello
BIBLIOGRAFIA
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ZABATIERO, Júlio. Manual de Exegese. Hagnos. 2007
Prof. Rev. Sila D.Rabello
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