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PARTIDOS POLÍTICOS E REFORMA ELEITORAL POLITICAL ORGANIZATION AND POLITICAL REFORM Ricardo Miguel Sobral RESUMO A crise política mundial e, principalmente a brasileira, provocou a descrença de toda sociedade nos seus dirigentes públicos. A partir disso, diversos mecanismos são analisados para melhoria da representação através dos mandatos eletivos. A reforma política e o desenvolvimento da ideologia e da fidelidade partidária são essências ao aprimoramento das instituições representativas, principalmente aos mandatários. Os agentes públicos eleitos devem ter responsabilidade com a ideologia que defenderam durante o pleito, permanecendo próximo aos seus eleitores durante todo tempo de seus mandatos, permitindo, assim, que o eleitor se identifique com determinada ideologia partidária e exerça função fiscalizadora sobre seus representantes. PALAVRAS-CHAVES: direito eleitoral; processo eleitoral; fidelidade partidária; perda de mandato; reforma política; partidos políticos ABSTRACT The world political crisis, mainly the Brazilian's crisis, had as a consequence the societies disbelief in its public leaders. From this point of view, many mechanisms are analyzes for the improvement of the representation through the election vote. The political reformation and the development of the ideology and the loyalty political organization are the essential to the improvement of the representatives institutions, mainly the governors. The publics elected agents must have the responsibilities with the ideology in which they defend during the election, remaining close to their people during the time he is in his position allows the people to identify with the specific ideology and execute the function of control about their representatives. KEYWORDS: election rights, election process, loyalty political organization, position's loss, political reform, political organization INTRODUÇÃO A atividade político-partidária vem a cada dia aumentando a sua participação e importância na vida das pessoas e em todo o desenvolvimento da sociedade. As decisões adotadas pelos partidos políticos e seus representantes interferem, direta e indiretamente, na vida de todas as pessoas, que sofrem os efeitos da tutela de seu sistema legal. A Constituição Federal de 1988, após anos sob o controle de governo militar e de leis restritivas, ainda mais brutalmente no que tange aos direito individuais, como exemplo maior o AI-5 de 1969, tentou abolir ao máximo qualquer forma de entrave, principalmente na regulamentação dos partidos políticos. A liberdade quanto à criação de novos partidos desencadeou na multiplicação das siglas e acabou gerando a perda do idealismo e de posicionamentos mais claros frente a toda a população; na atual democracia * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 7216

INTRODUÇÃO - publicadireito.com.br · designação dos governantes é indispensável para a própria sobrevivência do Estado, e que se confia ao povo essa atribuição, chega-se

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PARTIDOS POLÍTICOS E REFORMA ELEITORAL

POLITICAL ORGANIZATION AND POLITICAL REFORM

Ricardo Miguel Sobral

RESUMOA crise política mundial e, principalmente a brasileira, provocou a descrença de toda sociedade nos seusdirigentes públicos. A partir disso, diversos mecanismos são analisados para melhoria da representação atravésdos mandatos eletivos. A reforma política e o desenvolvimento da ideologia e da fidelidade partidária sãoessências ao aprimoramento das instituições representativas, principalmente aos mandatários. Os agentespúblicos eleitos devem ter responsabilidade com a ideologia que defenderam durante o pleito, permanecendopróximo aos seus eleitores durante todo tempo de seus mandatos, permitindo, assim, que o eleitor seidentifique com determinada ideologia partidária e exerça função fiscalizadora sobre seus representantes.PALAVRAS-CHAVES: direito eleitoral; processo eleitoral; fidelidade partidária; perda de mandato; reformapolítica; partidos políticos

ABSTRACTThe world political crisis, mainly the Brazilian's crisis, had as a consequence the societies disbelief in its publicleaders. From this point of view, many mechanisms are analyzes for the improvement of the representationthrough the election vote. The political reformation and the development of the ideology and the loyaltypolitical organization are the essential to the improvement of the representatives institutions, mainly thegovernors. The publics elected agents must have the responsibilities with the ideology in which they defendduring the election, remaining close to their people during the time he is in his position allows the people toidentify with the specific ideology and execute the function of control about their representatives.KEYWORDS: election rights, election process, loyalty political organization, position's loss, political reform,political organization

INTRODUÇÃO

A atividade político-partidária vem a cada dia aumentando a sua participação e importância na vida

das pessoas e em todo o desenvolvimento da sociedade. As decisões adotadas pelos partidos políticos e seus

representantes interferem, direta e indiretamente, na vida de todas as pessoas, que sofrem os efeitos da tutela

de seu sistema legal.

A Constituição Federal de 1988, após anos sob o controle de governo militar e de leis restritivas,

ainda mais brutalmente no que tange aos direito individuais, como exemplo maior o AI-5 de 1969, tentou

abolir ao máximo qualquer forma de entrave, principalmente na regulamentação dos partidos políticos.

A liberdade quanto à criação de novos partidos desencadeou na multiplicação das siglas e acabou

gerando a perda do idealismo e de posicionamentos mais claros frente a toda a população; na atual democracia

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brasileira não há identificação ideológica dos partidos políticos.

Portanto, faz-se necessária uma discussão aprimorada, principalmente no sistema de eleições

proporcionais. Neste sistema, a representatividade popular é feito por coligações que obtêm, nas urnas, o

número mínimo de votos para ocupar uma cadeira no legislativo – o quociente eleitoral.

Para o entendimento adequado sobre o assunto, deve-se primeiro entender o sistema eleitoral

proporcional brasileiro, como são formadas as coligações, o que acontece com a coligação após o pleito

eleitoral, o entendimento jurisprudencial atual e as perspectivas futuras, evidenciando principalmente os

entendimentos recentes do Tribunal Superior Eleitoral.

A discussão sobre o tema permite que novas regras sejam criadas e que a democracia eleitoral seja

mantida após as eleições, evidenciando a todos que o voto dado a determinado candidato a qualquer cargo

proporcional, ou mesmo majoritário, na verdade, consiste no voto em toda a coligação da qual faz parte.

Permite, por fim, que a representatividade popular seja feita de forma correta e que a classe política

legislativa e executiva, reflita corretamente os interesses de seus representados.

1. AS ELEIÇÕES NO BRASIL – DA COLÔNIA AO VOTOELETRÔNICO

1.1 As eleições e o sufrágio

Primeiramente, é preciso discorrer sobre os sistemas de escolha ou mesmo de democracia dos quais osistema eleitoral evoluiu. Dalari, diz que:

O governo do Estado, mesmo quando se afirme um governo de idéias, não deixa de sernecessariamente um governo de homens. No Estado Democrático, um dos fundamentos é asupremacia da vontade popular, assegurando-se ao povo o autogoverno. Entretanto, pelaimpossibilidade prática de se confiar ao povo a prática direta dos atos de governo, éindispensável proceder à escolha dos que irão praticar tais atos em nome do povo. Váriosforam os critérios utilizados através do tempo para a escolha de governantes, desde o critérioda força física, usado nas sociedades primitivas, confiando-se o governo ao que se mostrassefisicamente mais apto, até outros critérios como o de sorteio, o de sucessão hereditária e,finalmente, o de eleição, que é o característico do Estado Democrático. Por mais imperfeitoque seja o sistema eleitoral, a escolha por eleição é a que mais se aproxima da expressãodireta da vontade popular, além do que é sempre mais justo que os próximos governadosescolham livremente os que irão governá-los. Tendo em vista, por outro lado, que adesignação dos governantes é indispensável para a própria sobrevivência do Estado, e que seconfia ao povo essa atribuição, chega-se a conclusão de que o povo, quando atua comocorpo eleitoral, é um verdadeiro órgão do Estado[1].

A classificação doutrinária, na obra citada acima, exemplifica situações restritivas de sufrágio: a) Por

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motivo de idade; b) Por motivo de ordem econômica; c) Por motivo de sexo; d) Por deficiência de instrução; e)

Por deficiência física ou mental; f) Por condenação criminal; g) Por engajamento no serviço militar.

Durante o período colonial, eram realizadas eleições locais para a escolha de juízes e vereadores das

Câmaras Municipais, também denominadas Senado da Câmara, órgãos de administração local de funções hoje

atribuídas às prefeituras.

Participavam das eleições para juízes e vereadores somente os colonos que comprovadamente fossem

proprietários de terra e de escravos, isto é, os membros da aristocracia rural chamados de homens bons[2].

Assim, a maioria da sociedade ficava alijada da única forma de manifestação político-eleitoral existente no

período colonial.Compunha-se o Senado da Câmara de um juiz presidente que era chamado juiz ordinárioquando eleito com os demais membros da Câmara, ou juiz-de-fora quando nomeado pelaCoroa, geralmente de um letrado da metrópole. Os juízes ordinários eram sempre dois, queexerciam alternadamente suas funções, mudando de mês em mês, durante o ano para o qualhaviam sido eleitos. Diversamente dos juízes-de-fora, exerciam o cargo sem remuneração,como os demais membros da Câmara. Os juízes, ordinário ou de-fora, além de suas funçõescomo membro e presidente da Câmara tinham atribuições próprias como julgar e darsentenças, resolvendo litígios entre partes desavindas e agindo como executores dasprovidências da administração central. Os outros membros da Câmara eram os oficiais: trêsvereadores e um procurador. Onde havia juiz-de-fora, acontecia em geral de não seremeleitos, mas também nomeados pelo poder central. Nas vilas em que ocorriam eleições, elaseram populares, ou melhor, votado apenas o povo qualificado, os homens bons. Preparavam-se listas qualificando os que tinham direito de voto, às vezes chamados republicanos, cujocritério era fundamentalmente ser proprietário de terras e de escravos. Não foi pequena aresistência oposta por estes à participação na Câmara de homens ligados a outras atividadesque não a exploração de grande propriedade agrícola. Todo um período de nossa históriacolonial está permeado de conflitos entre os grandes proprietários e os comerciantes, reinóisna maior parte, em que os primeiros recusavam a estes últimos o direito de participação naseleições, obviamente também de serem eleitos, para as Câmaras Municipais.[3]

Fica evidenciado então, que não se podia distinguir, naquele momento, capacidade eleitoral ativa e

passiva, consistindo a primeira no direito de voto e a segunda no de ser votado, já que suas as condições

ficavam restritas ao seguimento das camadas proprietárias. Portanto, percebe-se que houve equiparação entres

as cidadanias, sendo as condições idênticas para os eleitores e os eleitos.

A primeira eleição que saiu da esfera municipal dentro do período colonial, deu-se no ano de 1821.

Naquele pleito foram escolhidos deputados que representaram o Brasil na Corte (Parlamento) de Lisboa.

Naquele momento, em meio á chamada Revolução Liberal do Porto, os deputados redigiriam uma

Constituição para o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. As Instruções que regularam as eleições dos

deputados foram definidas por uma Junta Preparatória das Cortes. Tudo em Portugal, a então metrópole do

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Brasil.

No Brasil as eleições foram realizadas no mês de março de 1821.O sistema eleitoral adotado era o mesmo que havia sido utilizado em Portugal, em dezembrode 1820. “A população livre seria representada à base de um deputado para cada 30.000cidadãos; o número destes, para esse efeito, era calculado pelo ano da chegada da corte ...cerca de 2.300.000; o que dava ao Brasil uma representação aproximada de 70 deputados(uns 50 chegaram a exercer o mandato) contra 130 de Portugal, posição decisivamenteminoritária. O sistema eleitoral era o de quatro graus: os moradores de cada freguesiaelegiam compromissários que por sua vez escolhiam os eleitos paroquiais; estes, os decomarca, os quais na capital da província, procediam a eleição final. Os dois últimosescrutínios eram secretos. Vários dos mais importantes líderes do Brasil independente, ediversos revoltos de 1817, foram escolhidos nessas eleições de 1821, as primeiras arealizarem-se no país.[4]

Logo depois de concluir o processo da Independência do Brasil, o então imperador D. Pedro I

outorgou aquela que foi a primeira Constituição da história do Brasil. Os poderes de Estado foram divididos

em: executivo, legislativo, judiciário e moderador. A Carta definia eleições em dois graus: paroquial e

provincial. Na Constituição do Império podiam votar apenas a população masculina e adulta, maiores de 21

anos de idade. O voto era censitário (de acordo com a renda) e descoberto, o que permitia o conhecimento de

cada voto e controle através da força.

As eleições eram indiretas e para votar e ser votado deveria obedecer às regras abaixo: a) eleitores da

paróquia, 100 mil réis; b) eleitores da província, 200 mil réis; c) deputados e senadores, 400 e 800 mil réis,

respectivamente.

No Brasil, inicia-se o período de eleições a partir do ano de 1828, conforme demonstra o museu do

TSE:Até 1828, as eleições para os governos municipais obedeceram às chamadas ordenações doreino, que eram as determinações legais emanadas do rei e adotadas em todas as regiões sobo domínio de Portugal. No princípio, o voto era livre, todo o povo votava. Com o tempo,porém, ele passou a ser direito exclusivo dos que detinham maior poder aquisitivo, entreoutras prerrogativas. A idade mínima para votar era 25 anos. Escravos, mulheres, índios eassalariados não podiam escolher representantes nem governantes[5].

A primeira lei eleitoral data do ano de 1824, que convocou eleições de senadores e deputados e dos

membros dos conselhos gerais da província. O sistema eleitoral da votação foi feito através de lista assinada,

sendo o voto obrigatório e podendo, ainda, ser feito por procuração, situação que perdurou até o ano de 1842,

quando se deu a criação das juntas de alistamento, que eram formadas por um juiz de paz do distrito,

presidente, um pároco e um fiscal.

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No ano de 1835, nos meses de junho e julho, realizaram-se eleições para a escolha de uma regência

uma. O pleito foi o primeiro de âmbito nacional no Brasil independente e votaram apenas os chamados

eleitores privilegiados, grupo de cidadãos contemplados nas exigências da Constituição de 1824. Pelos

números finais pode-se deduzir concluir a pequena representatividade dos eleitos, visto que o Padre Diogo

Feijó, vitorioso no pleito, obteve somente 2.826 votos e seu oponente Holanda Calvacanti 2.251.[6]

Ainda dentro do império, foram elaborados outras normas eleitorais, no ano de 1855, através da Lei

dos Círculos, que instituiu o voto distrital, e, em 1875, através da Lei do Terço “(que tem seu nome derivado

do fato de que o eleitor votava em dois terços do número total dos que deveriam ser eleitos)”[7], quando houve

a fiscalização feita pela justiça comum e o registro da criação do título de eleitor.

Naquela época viu-se uma grande quantidade de denúncias quanto à fraude nas votações e no sistema

eleitoral como um todo, sendo necessário a alteração do processo eleitoral e da legislação em vigor, alterando a

responsabilidade, retirando o poder das mãos da igreja e determinando a inserção da magistratura, conforme

texto do TSE:A legislação vigente durante o Império possibilitou à opinião pública exigir eleições diretase criticar os abusos e as fraudes. O novo quadro eleitoral levou o Conselheiro Saraiva areformá-la, encarregando Ruy Barbosa de redigir o projeto da nova lei, de nº 3.029/81, queficou conhecida como Lei Saraiva. Ela aboliu as eleições indiretas e confiou o alistamento àmagistratura, extinguindo as juntas paroquiais de qualificação[8].

No início da República, com o advento da Constituição de 1891, foi mantido o voto distrital, sendo

eleito para cada distrito três deputados. Além disso, o sufrágio foi estendido, decretando-se o fim da renda

como critério de voto (voto censitário). O eleitor foi obrigado a assinar a sua cédula eleitoral mas, ainda havia

algumas restrições: os analfabetos, as mulheres, os mendigos, alguns membros eclesiais e militares de baixa

patente (soldados da pré), não tinham direito ao voto.

A regulamentação das eleições federais era de competência do Congresso Nacional (Comissão

Verificadoras de Poderes), enquanto as eleições estaduais e municipais eram de competência das Assembléias

Estaduais.

Durante toda a República Velha não houve grandes alterações, já que a Constituição de 1891 vigorou

durante todo o período e suas determinações atendiam aos interesses das oligarquias cafeeiras.

As mudanças intensificaram-se de forma abrupta no início da era Vargas, após o golpe de Estado

(Revolução de 30). Getúlio Vargas havia participado das eleições de 1930, apresentando um amplo programa

eleitoral cuja abrangência atendia aos interesses do mais diferentes segmentos sociais, onde se incluíam Leis

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Trabalhistas, voto secreto, voto feminino, dentre outros. As diversas reivindicações sociais, aliadas à

Revolução Constitucionalista de 1932, culminaram na elaboração do Código Eleitoral de 1932, que

padronizou as regras e possibilitou a criação da Justiça Eleitoral e da Constituição de 1934.

As principais alterações nas regras eleitorais foram: a instituição do voto secreto, que dificultou o

“voto de cabresto”, arma política efetivamente usada no coronelismo brasileiro e que determinava vencedores

em quase todas as eleições; voto obrigatório para maiores de dezoito anos; e o voto feminino. Pode-se

considerar, portanto, que desde então houve ampliação significativa no direito de participação política da

sociedade – conceito de cidadania.

A Constituição de 1937, conhecida como Polaca, a mais autoritária da República, no que tange ao

direito eleitoral, alterou o mandato do Presidente da República que passou a ser de seis anos e as eleições

voltaram a ser indiretas. Determinando, ainda, que os Prefeitos Municipais seriam indicados pelos

Interventores Estaduais que eram, por sua vez, indicados pelo Presidente da República.Uma leitura superficial da Carta de 1937 não nos daria a chave do Estado novo. Seu corpocontinha muitos dispositivos que nunca foram aplicados. O segredo estava “disposiçõesfinais e transitórias”. O presidente da República aí recebia poderes para confirmar ou não omandato dos governadores eleitos, nomeando interventores no caso de não-confirmação. AConstituição entrava em vigor imediatamente e devia ser submetida a um plebiscitonacional. O Parlamento, as Assembléias estaduais e as Câmaras Municipais eramdissolvidas, devendo realizar-se eleições para o Parlamento somente depois do plebiscito.Enquanto isso, o presidente tinha o poder de expedir decretos-leis em todas as matérias deresponsabilidade do governo federal. O artigo 186 das “disposições finais e transitórias”declarava em todo o país o estado de emergência, suspendendo assim as liberdades civisgarantidas formalmente pela própria Carta constitucional. Outro preceito transitório, maistarde prolongado indefinidamente, autoriza o governo a aposentar seus funcionários civis emilitares, “no interesse do serviço público ou por conveniência do regime.Na realidade, o presidente ficaria durante todo o Estado Novo com o poder de governaratravés dos decretos-leis, pois não se realizaram nem o plebiscito nem as eleições para oParlamento. Os governadores de Estado se transformaram em interventores, e na maioria doscasos foram substituídos. O estado de emergência não foi revogado.[9]

A Constituição de 1946 estabeleceu que a restrição ao voto que era secreto e universal seria apenas

aos analfabetos, cabos e soldados. O Presidente da República, com mandato de cinco anos não poderia ser

reeleito, enquanto os deputados, com mandato de quatro anos, poderiam ser reconduzidos

indeterminadamente, conjuntamente com as alterações políticas importantes que se mantém até os dias atuais,

como exemplo, a restauração das garantias individuais dos cidadãos, fim da censura e da pena de morte e

divisão em três poderes independentes.

Para o período de 1946-1985 deve-se considerar o contexto histórico mundial – pós-Segunda Guerra.

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O quadro da chamada Guerra Fria pressionava os Estados Nacionais do mundo ocidental para que esses

fossem liderados por governos mais democráticos, instituindo em seus ordenamentos jurídicos ferramentas

com este objetivo.

Entretanto, a partir de meados da década de 1950, momento em que recrudesciam movimentos

populares em todo o subcontinente latino-americano, o governo dos Estados Unidos da América, através de

sua Agência Central de Inteligência (CIA), estimulou movimentos políticos que desestabilizaram os governos

democráticos e levaram ao poder governos militares que contrariavam ideais que norteavam os preceitos

constitucionais de 1946.

O temor à expansão do socialismo na América Latina culminou, no Brasil, com o golpe militar de

1964.

Apesar de manter a Constituição de 1946, o primeiro presidente do novo regime, Humberto de

Alencar Castelo Branco, passou a editar Emendas Constitucionais e Atos Institucionais, no que foi seguido por

seus sucessores. Um verdadeiro “arsenal” de leis, atos e decretos que na prática criavam um regime ditatorial,

restringindo sobretudo a cidadania passiva dos políticos ou qualquer cidadão que afrontasse o governo militar.

O fim do regime militar, após longa crise política e econômica, deu-se em 1985, com a eleição

indireta do Presidente Tancredo Neves.

Antes mesmo do final da ditadura, em 1982, realizaram-se eleições diretas para governadores de

Estado, prefeitos de capitais e de cidades consideradas áreas de segurança nacional, o que não acontecia desde

1964.

A chamada Nova República, caracterizava-se pelo processo de redemocratização e pela volta do

Estado Democrático de Direito expresso na Constituição de 1988, que dentre outras coisas definia ainda mais a

amplitude do voto, permitindo que analfabetos e jovens entre dezesseis e dezoito anos de idade, exercessem

em parte sua cidadania, tendo direito ao voto.

2. PARTIDOS POLÍTICOS2.1 Conceito

A fidelidade partidária versa justamente sobre o alinhamento das idéias e da ideologia fixada pelospartidos políticos, firmada na sua fundação e desenvolvida em conjunto com o interesse social daquele grupofrente aos anseios da sociedade ao longo do tempo, com as ações de seus filiados, principalmente os queocupam as funções de dirigentes partidários e de cargos públicos eletivos ou não.

Para melhor entendimento, necessário se faz aprimorar o conhecimento sobre o conceito de partidopolítico, em sua desenvoltura diante da recente democracia e história política brasileira.

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Partido político é a organização de parte ou parcela do povo, segundo os mesmos ideaispolíticos, com o objetivo de desenvolver uma ação voltada ao exercício dos negóciosdo governo. Sua finalidade é a tomada do poder pelos meios democráticos. É umasociedade civil de direito privado, mas com a finalidade de prestar serviços de interessepúblico em benéfico de todo grupo social[10].

Portanto, conclui-se que partido político, de forma sucinta, é um grupo de pessoas que se unem emtorno de um ideal comum, com o fim de tomar o poder em busca do bem social.

Apesar do caráter ideológico da filosofia da agremiação partidária, a realidade brasileira demonstra ointeresse eleitoreiro significativamente superior ao ideal. Na definição de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, ospartidos brasileiros "não passam de conglomerados decorrentes de exigências eleitorais, sem programadefinido e, o que é muito pior, sem vida própria". Diz mais: "a autenticidade dos partidos é outra das condiçõesda democracia pelos partidos”[11].

No Brasil, essa autenticidade parece ser em face da experiência do passado e do presente um sonhoremoto, utópico. Traço inegável do caráter nacional brasileiro é a falta de inclinação para a vida cívica eassociativa.

Além do desenvolvimento do conceito de partido, faz-ce mister, para a análise da conjuntura atual, oestudo do desenvolvimento dessas agremiações desde o início da história política do país.

2.2 Fases PartidáriasA evolução dos partidos políticos no Brasil é dividida pelo Tribunal Superior Eleitoral[12] em sete

fases. São elas: Monárquica (1822 – 1889); Primeira República (1889 – 1930); Segunda República (1930 –1937); Terceira República (1937 – 1945) e Quarta República (1945 – 1964); Golpe Militar – Bipartidarismo(1964 – 1979); Imitação do Sistema Alemão (1979 – 1985); Sistema Atual (1985 – 2009).

2.2.1 Monárquica (1822 – 1889);

A sociedade brasileira ainda não tinha a idéia de participação político-partidária e os grupos eram

formados por poucos membros da aristocracia, do governo e dos militares. O controle restrito tambémdemonstra características da democracia da época, que evidenciou, devido às restrições constitucionais(Constituição de 1891), a baixa participação da população.

A concentração da força política nacional nos Estados de São Paulo e Minas Gerais fez a Repúblicaser chamada de “Café-com-Leite”, devido à força econômica de São Paulo (cafeicultura) e do número deeleitores que fazia do Estado de Minas Gerais o maior colégio eleitoral do país. Assim, a estrutura políticaacabou regionalizada, sem que houvesse grandes forças nacionais, capaz de competir com a sinergia da forçados dois Estados, ou mesmo pelo fato de não haver interesses ideológicos divergentes que abrangessem todoterritório nacional.

A segunda fase partidária, na Primeira República, de 1889 a 1930, conheceu partidosestaduais. Foram frustradas as tentativas de organização de partidos nacionais, entre estas ade Francisco Glicério, com o partido Republicano Federal, e a de Pinheiro Machado, com oPartido Republicano Conservador[13].

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A política regionalizada da época culminou em partidos políticos também regionais, não havendo,pela falta de necessidade de aglutinamento eleitoral nacionalizado, nenhuma ideologia que identificasse ascorrentes regionais dispersas por todo o país.

2.2.3 Segunda República (1930 – 1937);A estruturação de partidos políticos estaduais se manteve extremamente forte dentro da república

velha, mas, no ano de 1929, com o desentendimento entre os dois Estados mais fortes da federação aliado àsgrandes transformações econômicas e sociais pelas quais o país passou na década de 1920, abriram-sepossibilidades de que novas forças nascessem na ordem política nacional e, conseqüentemente, na estruturaçãopartidária nacional.

O “Café-com-Leite” significou o revezamento político entre o Partido Republicano Paulista (PRP), deSão Paulo, e o Partido Republicano Mineiro (PRM), de Minas. Naquela época, a divisão política nacionalorbitava somente entre as oligarquias destes dois Estados, tendo como funcionamento orgânico umprocedimento simples: ao término de seu mandato, os presidentes de um partido anunciavam como candidatodo governo um nome do outro partido Tal procedimento durante anos sagrou-se vencedor. Esse sistema sofreuuma cisão em 1929, quando findava o governo do presidente Washington Luís Pereira de Sousa. O PRMindicou para suceder Washington Luís o nome de Antônio Carlos de Andrada (descendente direto de JoséBonifácio de Andrada e Silva), então governador de Minas Gerais. Todavia, por razões de ordem política eeconômica, o presidente da República indicou o paulista Júlio Prestes, que defenderia a oligarquia cafeeirafrente à crise mundial provocada pela grande Depressão de 1929. O partido mineiro, encabeçado por AntônioCarlos, liderou a organização de uma frente política chamada Aliança Liberal que recebeu o apoio imediato dogovernador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, e do da Paraíba, João Pessoa. A frente lançou o nome deGetúlio Vargas para as eleições de 1930.[14]

Derrotada nas eleições pelo candidato oficial Júlio Prestes, a Aliança Liberal respaldou-se no seuamplo programa eleitoral para desfechar um golpe contra o presidente Washington Luís, que foi destituído dopoder, e Júlio Prestes foi impedido de ser empossado na presidência. Com amplo apoio de políticos e dasociedade, Getúlio Vargas fez-se presidente, iniciando a chamada “Era Vargas”.

No período de 1930 a 1937, refletindo o quadro político europeu foram criados duas forças políticasque representavam as tendências ideológicas conflitantes no velho mundo: a Aliança Nacional Libertadora(ANL) uma frente política de caráter anti-fascista e que tinha como presidente de honra o comunista LuísCarlos Prestes, e a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido político dirigido pelo escritor Plínio Salgado, quedefendia a instituição de um fascismo brasileiro.[15]

O ponto que merece destaque e que altera todo o sistema eleitoral é o modo de indicação doscandidatos, que, da mesma forma que é feito atualmente, passou a ser feito pelos partidos políticos ou poralianças partidárias, criando, naquele momento, o conceito de coligação nos pleitos eleitorais. As coligaçõesdeveriam, pelo menos em tese, alinhar partidos com ideologias semelhantes em busca de um plano de poder.

2.2.4 Terceira República (1937 – 1945) e Quarta República (1945 – 1964);A terceira república compreende o Estado Novo, época mais autoritária do governo Vargas. Pela

Constituição de 1937, conhecida como “Polaca”, pela semelhança com a carta magna do governo polonês, a

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liberdade partidária foi suprimida, o Congresso Nacional fechado, foram criados o Tribunal de SegurançaNacional, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), as regras do federalismo e o sistema harmônico eindependente entre os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – foram desrespeitados. O populismodo governo Getulista suprimiu instituições e direitos democráticos, mesmo que o país registrasse crescimentoeconômico e desenvolvimento social significativo.

O ano de 1945 marcou a queda do Estado Novo, em 29 de outubro, e, em 02 de dezembro, foramrealizadas eleições “livres” _ todos os cidadãos com direito a voto escolheram um novo presidente daRepública e o Parlamento, com a obrigatoriedade da indicação dos candidatos pelo partido político, nascendonesse momento o conceito em que se baseia a discussão da fidelidade partidária dos dias atuais.

A Fundação Getúlio Vargas, em sua coletânea sobre a era Vargas, diz que;Foi na conjuntura final do Estado Novo que foram criados os principais partidos políticosbrasileiros atuantes das décadas de 1940 à de 1960: a União Democrática Nacional (UDN),o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A lei eleitoralde maio de 1945, elaborada sob a supervisão do ministro da Justiça Agamenon Magalhães,determinou a constituição de partidos de caráter nacional, o que rompia com a tradiçãoregionalista da política partidária brasileira[16].

A constituição de 1946, inspirada em ideais liberais, quebra a barreira de limitação dos partidospolíticos, disseminando a criação de 13 (treze) legendas.

2.2.5 Golpe Militar – Bipartidarismo (1964 – 1979);O Golpe Militar de 1964, estimulado pelo governo norte-americano e auxiliado por sua Agência de

Inteligência (CIA), marca o início de uma fase extremamente autoritária da República brasileira. A estruturapartidária foi reduzida a dois partidos políticos - MDB e ARENA.

Todos os outros partidos foram desfeitos e os membros contrários ao governo foram caçados,exilados, torturados e mortos durante os anos da ditadura.

A Aliança Renovadora Nacional – ARENA, partido governista, criado em 04 de abril de 1966,abrigava grande parte dos correligionários do golpe militar, ressaltando que todos os presidentes até a eleiçãode Tancredo Neves eram a ele filiados, bem como, todos os governadores de Estado, com apenas duasexceções, uma no Estado da Guanabara e outra no Estado do Rio de Janeiro, ambas com Chagas Freitas.

Por outro lado, o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, que em tese abrigaria os oposicionistas,era, na verdade, um partido de oposição autorizada, já que apesar de em determinados pontos não concordaremcom o Governo Militar, não o afrontavam, criando a falsa idéia do bipartidarismo democrático, consideradopelos aliados do governo mais democrático do que o sistema de partido único que existiu em outras ditaduras.

A conceituação de partido único emanada por Dalari reflete o que acontecia à época.Sistemas de partido único, caracterizados pela existência de um só partido no Estado. Emtais sistemas pretende-se que os debates políticos sejam travados dentro do partido, nãohavendo, assim, um caráter necessariamente antidemocrático nos sistemas unipartidários.Na prática, porém, o que se verifica é que o partido único se prende a princípios rígidos eimutáveis, só havendo debates quanto aos aspectos secundários, ainda que às vezes estestambém sejam importantes. Um ponto importante a observar na consideração de cadasistema unipartidário, são os antecedentes, havendo casos em que ocorreu a sufocação deum pluripartidarismo anterior, enquanto que em outros o unipartidarismo representou oprimeiro passo o oferecimento de opções políticas. Outro ponto fundamental é a tendênciado sistema, uma vez que, em condições no Estado. Por último, é necessário ter-se em conta

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que um sistema aparentemente pluripartidário, mas onde na realidade um só partido temcondições para prevalecer, mantendo constantemente o seu predomínio, não passa de umsistema unipartidário disfarçado.Sistemas bipartidários, que se caracterizam pela existência de dois grandes partidos que sealternam no governo do Estado. Não se excluem outros partidos, os quais, porém, pormotivos diversos, e sem qualquer interferência do Estado, permanecem pouco expressivos,embora possam ganhar maior significação sob o impacto de algum novo fator social. Ossistemas bipartidários típicos são o da Inglaterra e o dos Estados Unidos da América, ondese tem verificado a alternância, no comando do Estado, de duas grandes agremiaçõespartidárias. Dois pontos são básicos para caracterizar o sistema: em primeiro lugar apredominância de dois grandes partidos, sem exclusão de outros; em segundo, aautenticidade do sistema que devem decorrer de circunstancias históricas, em função dasquais a maioria do eleitorado se concentra em duas grandes correntes de opinião.Evidentemente o próprio sistema eleitoral pode favorecer essa tendência, o que não seconfunde com a criação de obstáculos legais ao aparecimento de outros partidos.[17]

2.2.6 Imitação do Sistema Alemão (1979 – 1985);

A crise do governo militar, após os piores anos no início da década de 1970, culminou em algumasaberturas políticas e econômicas, o governo do General Figueiredo demonstra aceitabilidade aos movimentosde oposição.

Os partidos políticos puderam ser criados, desde que com representação mínima, imitando o sistemaadotado pela Constituição Alemã.

Nessa época grandes movimentos políticos e populares foram constatados, ressaltando o movimentodas diretas já, no ano 1984, coordenado por diversas personalidades que dirigem as atividades político-partidárias da história recente até os dias atuais, dentre eles Ulisses Guimarães, Tancredo Neves (Avô de AécioNeves, atual Governador de Minas Gerais), Mário Covas (ex-governador do Estado de São Paulo, FernandoHenrique Cardoso (presidente da república 1995/2002), Luis Inácio Lula da Silva (atual Presidente daRepública eleito nas eleições de 2002 e reeleito no pleito de 2006).

Os grandes partidos nacionais foram criados ressaltando-se o PMDB, PTB, PDT e PT, nessa ordem,conforme está demonstrado na tabela 1.

2.2.7 Sistema Atual (1985 – 2010).O sistema atual é oriundo do pluripartidarismo do fim da ditadura militar. Após as eleições indiretas

de Tancredo Neves, filiado PMDB, mas que, devido a problemas de saúde, faleceu antes de se tornarPresidente da República, assumiu o governo, no ano de 1986, o vice, José Sarney, atual presidente do SenadoFederal (biênio 2009/2010).

No ano de 1988, foi promulgada a Carta Magna, elaborada por uma Assembléia NacionalConstituinte, a mais democrática da história brasileira por garantias diversos direitos fundamentais, decidadania, liberdade no direito voto, sob o comando do deputado Ulisses Guimarães, que expressa em seusartigos a liberdade partidária de associação através de partidos políticos.

Apesar da existência de vinte e sete partidos políticos registrados oficialmente, apenas dezenovepossuem representatividade na Câmara dos Deputados e apenas doze no Senado Federal.

Portanto, conclui-se que alguns partidos não possuem representatividade nacional, tornando de difícilcompreensão a sua ideologia partidária, ou ainda, impossível identificar seu posicionamento frente à

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sociedade, demonstrando que são apenas instrumentos de grupos econômicos ou políticos que os utilizamcomo ferramenta para a satisfação de suas vaidades ou na busca pelo poder a qualquer preço.

3. PONTOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA ATUAL3.1 Sistema majoritário

O sistema majoritário é o mais direto do sistema eleitoral pátrio. Consiste na eleição do candidato queindividualmente receber o maior número de votos.

A Constituição instituiu uma divisão no sistema majoritário, subdividindo-se em dois subsistemas,“No Sistema Majoritário podemos ainda dizer que existem duas subespécies ou subsistemas. São eles oSistema Majoritário Simples e o Sistema Majoritário de dois turnos.”[18]

O sistema majoritário se revela no Brasil nas seguintes hipóteses: eleição majoritária em umturno para Prefeitos e Vice-Prefeitos em municípios com menos de duzentos mil eleitores;Eleição majoritária em um turno para Senador; Eleição Majoritária em dois turnos para oscargos de Presidente da República, Vice-Presidente, Governadores e Vice-Governadores,prefeitos e Vice-Prefeitos em cidades com mais de duzentos mil eleitores, apenas se nenhumcandidato alcançar a maioria absoluta (mais de 50%) dos votos válidos do primeiroturno.[19]

O primeiro sistema é usado nas eleições de senadores, a única do legislativo que adota tal sistema enas eleições municipais nas cidades que detém colégios eleitorais inferiores a 200 mil eleitores, ou seja, naquase totalidade dos municípios.

Segundo o TSE, dos 5.563 municípios brasileiros nas eleições de 2008, apenas em 77 existiu apossibilidade de ocorrer segundo turno, caso nenhum dos candidatos atingisse a maioria absoluta dos votosválidos.

O segundo sistema acontece nas eleições para os cargos de Presidente da República, Governador deEstado e Prefeito Municipal, quando o número de eleitores ultrapassar duzentos mil. Isto se deve em razão daimportância dos governantes e dos Estados que governam, exigindo a concordância da maioria da populaçãovotante.

3.2 Sistema proporcional - Quociente eleitoral e cálculo da sobra

O sistema proporcional adotado no Brasil, a princípio no Código Eleitoral de 1932, recepcionado naConstituição de 1934 e ratificado na Lei 4.737 de 1965, consiste na ponderação da representatividade daslegendas coligadas.

A obtenção da vaga se dá primeiramente pela votação da coligação partidária e somente em segundoplano de acordo com a votação da lista aberta de candidatos. COÊLHO: “Ressalta-se que a coligação partidáriafunciona como partido político temporário, participando dos cálculos de quociente como se fosse um únicopartido, distribuindo em seu seio as vagas obtidas a partidos dos cálculos ora escritos.”[20]

O quociente eleitoral é o cálculo matemático usado para que haja a definição do número de cadeirasque cada partido ocupará durante aquela legislatura, ou seja, a distribuição do número de cargos de deputadosfederais, distritais, estaduais e vereadores a que cada partido tem direito.

A primeira regra é que somente tem direito de representatividade a coligação proporcional que atingir

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um número mínimo de votos definido exatamente pelo quociente de uma cadeira, sendo apurado pela divisãodo número de votos válidos para o respectivo cargo, excluindo brancos e nulos, pelo número total de cadeiras.

A representatividade política não está no candidato, podendo em alguns casos ser o mais votadodaquela eleição, mas, no entanto, se sua coligação não conseguir alcançar o número mínimo descrito acima,não será empossado para assumir a vaga.

Apenas participam da distribuição dos lugares os partidos ou as coligações que tiveremobtido quociente eleitoral – ou seja, alcançado o número mínimo de votos necessários esuficientes para a eleição de pelo menos um parlamentar. Em não sendo alcançado talquociente por nenhum partido ou coligação, serão considerados os candidatos mais votados,independente do quociente, consoante dispõe o art. 111 do Código Eleitoral.[21]

Por outro lado, quando candidatos conseguem de forma isolada angariar um número excessivo devotos, em alguns casos até cinco vezes o quociente, resulta que os correligionários possam assumir as vagas,mesmo que com apenas um voto. Casos assim têm acontecido com certa freqüência em nosso país, podendoser citados os casos dos deputados federais Dr. Enéas no pleito de 2002 e do deputado Clodovil Hernandes nopleito de 2006.

Além da dificuldade do cálculo do quociente eleitoral há, ainda, o mecanismo de divisão das sobras,tendo em vista que o número de cadeiras é diretamente relacionado apenas ao número inteiro do cálculo. Parase apurar o valor da sobra, a legislação normatiza que as câmaras ou assembléias serão completadas pelospartidos que obtiverem maior sobra, devendo ser apurada pela divisão do número total de votos pelo númerointeiro de cadeiras mais um.

Os métodos para a utilização dos votos restantes podem ser pela permuta das sobras para acircunscrição nacional ou na distribuição na limitação eleitoral, esta última, vale-se dastécnicas das maiores sobras, da maior média ou do divisor eleitoral. No Brasil a técnicaadotada pelo art. 109, I e II, do Código Eleitoral foi a de maior média (SP = número de votosválidos sob a mesma legenda/número de lugares obtidos + um). Os lugares não preenchidosserão distribuídos mediante cálculo das chamadas “Sobras Partidárias”. Tal operação se dámediante a divisão do número de válidos atribuídos a cada partido ou coligação pelo númerode lugares por eles obtidos, mais um, cabendo ao que apresentar a maior média um doslugares a preencher. Este cálculo será repetido até se efetuar a distribuição de todos oslugares.[22]

Os dados abaixo são hipotéticos para meros efeitos acadêmicos. Simulando um pleito eleitoral,apurados apenas os votos válidos para a disputa de 10 vagas, com 23 candidatos.

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Coligação candidatos Votos total por coligaçãoA 1 7000 28000 2 5500 3 7500 4 8000 B 5 4500 61500 6 8200 7 2800 8 6400 9 15000 10 4100 11 13000 12 7500 C 13 9000 11000 14 500 15 300 16 200 17 600 18 400 D 19 22000 23500 20 700 21 500 22 250 23 50 TOTAL 124000 124000

Segundo a distribuição dos votos, como exposto acima, o quociente e a distribuição culminariam no

seguinte resultado:

número de vagas 10 Votos 124000

quociente 12400

Cadeiras 1a sobra2a

sobra3a

sobra final decadeiras

A 2,26 9333 7000 5600 2B 4,96 12300 10250 8786 6C 0,89 0D 1,90 11750 7833 5875 2

total de inteiros 7 10

oitava vaganona vaga

décima vaga

O preenchimento da primeira cadeira remanescente não exclui o partido da próxima sobra, devendotão-somente acrescer mais uma unidade no divisor para obtenção de sua segunda sobra.

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Pode analisar que o partido “C”, não atingiu o quociente mínimo, por isso, segundo a regra eleitoralnão terá representante eleito, mesmo sendo o candidato “13” o quarto mais votado num total de dez vagas.

Por outro lado, o partido “D”, atingiu o número mínimo e conseguiu a nona vaga através de sua sobra,elegendo o décimo quinto candidato mais votado com apenas setecentos votos.

3.3 Perda de mandatoA perda de mandato no Brasil pode ocorrer em razão de diversas irregularidades, iniciando por

desincompatibilizações, necessidade de filiação, em regra um ano anterior ao pleito, abuso do podereconômico, captação ilícita de sufrágio ou, ainda, outra infração à formalidade eleitoral ou conduta queprovoque alteração potencial no resultado das urnas.

As formas acima estão relacionadas com a conduta do agente político, durante o pleito incluindo suafase preparatória. Há, também, a perda do mandato em razão da conduta durante o exercício das atividadespolíticas, tanto no executivo quanto no legislativo. A destituição da classe política não vem ocorrendo comoesperado pela população, em razão da evidente falta de decoro dos parlamentares ou improbidadeadministrativa.

O corporativismo da classe política brasileira, conjuntamente com a cultura daqueles que usam docargo público eletivo como modo de vida, culmina em declarações dos representantes com sentido “de nãodarem a mínima importância para a opinião pública”, afirmando que mesmo os colegas, que tenham usadoirregularmente verbas públicas, serão absolvidos.

Para efeitos acadêmicos, a perda do mandato analisada é referente à derivada da desfiliação partidáriapelo político titular de cargo eletivo, ou de suplência do partido pelo qual disputou o pleito.

O Tribunal Superior Eleitoral, até o ano de 2007, não havia pacificado entendimento quanto aos casosde infidelidade partidária. Tal posicionamento foi alterado através da resolução 22.526 que respondeupositivamente a uma consulta partidária sobre a perda de mandato proporcional no caso de desfiliação, cujorelator foi Ministro Cesar Asfor Rocha.

A partir daquele momento, ou seja, do dia 27 de março de 2007, qualquer desfiliação desmotivadaseria considerada infidelidade partidária, gerando a perda de mandato eletivo como conseqüência.

O TSE fixou o dia da publicação como data limite de troca de partido, não atingindo as mudançasanteriores como forma de respeito ao princípio do direito adquirido.

As mudanças posteriores foram reconhecidas como ilegais e culminaram na perda dos mandatos dosdeputados.

Em relação aos cargos majoritários, o reconhecimento da infidelidade ocorreu alguns meses depois,através da resolução 22.600, respondendo à consulta 1407, afirmando a ocorrência também para esses casos,cuja data da publicação da decisão foi o dia 16 de outubro de 2007.

Portanto, tanto para os cargos proporcionais quanto para os majoritários, existe a possibilidade dedesfiliação partidária motivada, caso em que o agente político deverá comprovar o motivo que justifica o seudesligamento do partido. Dentre as causas, destaca-se o membro do partido incorporado por outro, mudançadrástica da ideologia partidária ou outras condutas subjetivas que justifiquem a sua saída.

Todas as demais desfiliações dos mandatários de cargo eletivo gerarão como conseqüência a perda domandato.

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3.4 Perpetuação da coligaçãoO ponto de grande importância é que, segundo as decisões do TSE, a coligação existe como partido

único somente durante o período eleitoral, não perdurando durante o mandato eletivo dos abrangidos por suarepresentatividade.

Segundo tal posicionamento, após a diplomação os partidos políticos quebram o acordo ideológicoque fundamentou tal coligação e os representantes estão obrigados apenas com a sigla partidária que o elegeu enão com os ideais defendidos pela coligação.

A resolução 22.817, que respondeu à consulta 1417, de autoria do Diretório Nacional do PartidoTrabalhista Brasileiro – PTB – de relatoria do Ministro Marcelo Ribeiro, demonstrou que a posição unânimedo plenário em considerar que a fidelidade existe tão-somente em relação ao partido político.

O candidato majoritário foi eleito por votos diretos em seu nome, no entanto, sua candidatura nãoocorreu apenas por um partido, mas sim pela unificação da força política e ideológica de todas as siglaspartidárias que compuseram a coligação.

Os políticos eleitos pelo sistema proporcional, pela característica intrínseca do sistema de quocienteeleitoral, representam os ideais de todos os eleitores que confiaram naquela coligação como mandatária de suacidadania. Essa delegação não ocorreu ao partido político e, sim, à coligação que formou a aliança vencedora.

A perpetuação da coligação se dá durante o prazo determinado do mandato eletivo para o qual foieleito o agente público. Isso demonstra o equívoco conceitual da Justiça Eleitoral, que em seus julgamentosconsidera infiel o político mesmo que se mantenha em partido membro de sua coligação nas eleições.

A estratégia das coligações, deste modo, evidencia claro oportunismo dos políticos, única eexclusivamente, no momento das eleições, para composição de suas coligações posto que tal unidadeideológica se extingue com as eleições.

4. REFORMA POLÍTICA

A reforma política é um ponto de difícil consenso na classe dirigente da política brasileira. Diversassugestões são apresentadas, dentre elas: a) lista fechada dos partidos; b) cláusula de barreira; c) verticalização;d) voto distrital; e) voto distrital misto; f) financiamento público de campanha

4.1 Lista fechada dos partidosA lista fechada de partidos consiste na atribuição do voto ao partido político. O eleitor não vota

nominalmente no candidato. Na verdade, escolhe a proposta de governo do partido político, semelhante aovoto de legenda existente no sistema atual.

O sistema de cálculo do número de cadeiras de cada partido mantém-se igual ao atual. A grandediferença está no modo de determinação dos eleitos. Nesse sistema, respeita-se a ordem pré-estabelecida pelosgrupos políticos de acordo com o registro das candidaturas partidárias na justiça eleitoral. Como seria aelaboração da lista pelos partidos políticos? Seria através de eleições internas? Os detentores de mandatoteriam preferência? Como seria o financiamento das campanhas?

São indagações que os políticos ainda não conseguiram responder. Os que dominam as máquinaspartidárias são favoráveis à lista fechada. Evidente que procuram garantir a própria sobrevivência. Os demais

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são contrários, também na defesa dos próprios interesses.Questão de suma importância, na aplicação da lista fechada, é a cultura dos nossos políticos.

Exemplificando: Se um partido político, através de pesquisa de opinião pública, verificar o número provávelde parlamentares a serem eleitos, os demais candidatos continuariam suas campanhas, mesmo sabendo ofuturo insucesso delas? Provavelmente não.

Em tese, a proposta de eleições em lista fechada reforça o sistema partidário. Mas, na estruturapartidária atual, seria a perpetuação dos que já estão no poder. Os partidos políticos brasileiros nãorepresentam, infelizmente, correntes de idéias e pensamentos. São assemelhados e se coligam por interesseseleitoreiros e não em torno de idéias. Talvez, preocupados com o descrédito dos políticos atuais, com apossibilidade de uma reação popular pela não reeleição dos que ocupam, principalmente, o CongressoNacional, os deputados federais e senadores acharam a forma de se manterem no poder, através da listafechada. É inquestionável o domínio que têm sobre os partidos. Seria um verdadeiro golpe na democracia.

4.2 Cláusula de barreira

Só é admitido o registro do estatuto do partido que tenha caráter nacional, considerando como talaquele que comprove o apoio de eleitores correspondente a, pelo menos, meio por cento dos votos dados naúltima eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados brancos e nulos, distribuídos por 1/3 (umterço) ou mais, dos Estados, com um mínimo de 1/10% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votadoem cada um deles.

O Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional o art. 13 da Lei n. 9.096/97, que estabeleciarestrições ao funcionamento parlamentar para os partidos políticos com baixo desempenho eleitoral,denominadas cláusulas de barreira. A decisão se deu no julgamento conjunto das ADIs 1351 e 1354, darelatoria do Ministro Marco Aurélio. Para os Ministros, a cláusula de barreira compromete o bomfuncionamento parlamentar, além de violar o princípio da igualdade e proporcionalidade entre os partidos.

Com a cláusula de barreira, mesmo os partidos políticos já existentes, teriam que atingir umaporcentagem mínima do eleitorado para sua sobrevivência.

Os defensores da cláusula de barreira afirmam de sua necessidade para expurgar da vida político-partidária os partidos nanicos, geralmente dominados por uma só liderança ou por um pequeno número depolíticos, utilizados para barganhas, sem conteúdo ideológico.

Os críticos dizem que, com a cláusula de barreira, as minorias não seriam representadas, o que feririatodo o regime democrático.

Na pratica, temos observado que os partidos políticos de pequeno porte (nanicos) têm feito coligaçõesdas mais variadas, sem respeito a qualquer posição ideológica, no interesse puro e pessoal de seus poucosdirigentes. Tal conduta gera o descrédito e fere a democracia.

4.3 Verticalização

A verticalização consiste na obrigatoriedade da adequação e alinhamento das coligações, em todos osníveis da federação, do mesmo pleito de acordo com os partidos que compuseram a base eleitoral do candidatoao cargo de Presidente da República.

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A partir do conceito genérico de verticalização, foi dividida em duas na história política recente doBrasil; a verticalização pura e a verticalização flexibilizada.

O TSE interpretando o artigo 6º da Lei dos Partidos Políticos, Lei nº 9.504/97, ao responder àconsulta nº 715 editou a Resolução 21.002, que vinculou a obrigatoriedade da manutenção da coligação, nãopodendo partidos políticos nos Estados apresentar mais de um candidato.

Editando a resolução 21.002, segundo a qual os partidos políticos que lançarem,isoladamente ou em coligação, candidato à eleição de presidente da República não poderãoformar coligações para eleição de governador de Estado ou do Distrito Federal, senador,deputado federal e deputado estadual ou distrital com partido político que tenha,isoladamente ou em aliança diversa, lançado candidato presidencial.[23]

Esse entendimento regulamentou as eleições conjuntas de 2002, sendo, para o pleito de 2006,

retificada tal entendimento, pela resolução de 22.244, por unanimidade dos ministros, em 08 de junho de 2006,decidindo afrouxar as regras das coligações e instituir a verticalização flexibilizada.

Assim, ficou acertado que os partidos com candidato à Presidência da República queestejam coligados nacionalmente, têm liberdade de se coligar nas bases com outros partidossem candidato à sucessão presidencial. É a chamada “verticalização flexibilizada”. Não seobriga a repetição nos Estados da coligação presidencial. Apenas fica proibida a coligaçãoentre partidos que tenham candidatos a presidente.[24]

A classe política contrária ao entendimento do TSE e, cumprindo sua função legislativa, publicou aEmenda Constitucional nº 52 que determinou o fim da verticalização, alterando o § 1º, do artigo 17, daConstituição Federal de 1988, ficando com a seguinte redação:

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardadosa soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais dapessoa humana e observados os seguintes preceitos:I - caráter nacional;II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros oude subordinação a estes;III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suascoligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas emâmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecernormas de disciplina e fidelidade partidária.§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito aorádio e à televisão, na forma da lei.§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. (grifo nosso)

Respeitando o princípio da anualidade, o TSE reconheceu a aplicabilidade da alteração legislativa

após um ano de sua publicação, ou seja, sua eficácia ocorreu no ano de 2007. Com isso, altera as regras decoligações para o pleito de 2010.

O mecanismo eficaz de identificação ideológica e de diminuição de acordos locais meramenteeleitoreiros foi excluído do ordenamento jurídico pela classe política que detém a competência legislativa. No

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caso, os legisladores preocuparam-se com os interesses próprios, em detrimento dos ideais ideológico-partidários

4.4 Voto distrital e voto distrital mistoO Brasil, em todo seu território, para as eleições dos deputados e vereadores, adota o modo

proporcional, através do cálculo do quociente eleitoral e da representatividade coligacional. A grande sugestãode alteração na reforma política quanto a este critério e suas injustiças da falta de proporcionalidade entre oseleitos é, com certeza, a de maiores conseqüências e dificuldades práticas.

No modelo proporcional o deputado eleito por São Paulo, maior colégio eleitoral, representaaproximadamente 300.000 votos, enquanto que deputados de Estados menores da federação, este número éreduzido em até três vezes.

O modelo de voto distrital, consiste na divisão eleitoral de distritos, formados pelo mesmo número dehabitantes, quanto forem as vagas a serem preenchidas. Por exemplo, no caso de 500 deputados, deveria o paísser dividido em 500 distritos eleitorais e o candidato mais votado, sagrar-se vitorioso.

Nesse sistema, a representatividade do eleitor se iguala, equacionando a balança de um homem, umvoto.

No sistema distrital, cada estado é dividido em um número de distritos equivalente ao decadeiras no Legislativo. Os partidos apresentam seus candidatos e ganha o mais votado emcada distrito. A condição básica para dividir o mapa é que cada área tenha um númeroequivalente de eleitores. Os distritos podem abranger vários municípios pequenos ougrandes municípios podem ser divididos em vários distritos[25]

Há ainda, a possibilidade do voto distrital misto, como um sistema intermediário do majoritário e doproporcional, em que uma parcela das vagas é preenchida por eleições majoritárias e a outra preenchida poreleições proporcionais, concedendo-se ao eleitor voto duplo.

Nesse modelo, os estados são divididos num número de distritos equivalente à metadedo número de vagas no Legislativo. Metade dos deputados é eleita pelos distritos emetade, por listas de candidatos feitas pelos partidos. Os nomes e a ordem depreferência na relação são definidos nas convenções de cada partido. Quanto maisvotos de legenda um partido tiver, mais vagas poderão preencher com os candidatoseleitos pelos distritos. Se eles forem insuficientes para preencher todas as vagas, chegaa vez dos que estiverem na lista.[26]

A principal dificuldade de implementação do voto distrital é a definição da circunscrição eleitoral decada distrito. No exemplo de São Paulo, como seria a divisão dos bairros? No caso de lugares isolados nointerior do país como seriam agrupados? Como equalizar tais diferenças?

A vantagem do voto distrital é o aumento do poder de fiscalização dos eleitores sobre osrepresentantes, pelo fato das regras atuais permitirem que políticos se reelejam usando de bases eleitoraisdiversas da que o conduziram no pleito anterior, devido principalmente a conchavos políticos e ou, até aacordos espúrios derivados do poder do cargo exercido. Os votos só poderiam ser do distrito em que estãoregistrados.

Além disso, o sistema atual faz com que os partidos procurem candidatos que tenham participaçãopopular em grandes áreas, normalmente representantes de categorias e grupos sociais que possuem interesses

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próprios desvinculados da ideologia do partido que o elegeu.O voto torna-se pessoal, diminuindo cada vez mais o caráter ideológico. A heterogeneidade dos

partidos e dos candidatos faz com que os votos sejam todos computados no cálculo do quociente. Com isso,um voto que foi dado a determinado candidato culmina na eleição de outro ideologicamente diverso.

No ano de 2009, com a morte do deputado Clodovil Hernandez, identificado com a classe doshomossexuais, assumiu a vaga partidária o Coronel Jairo Paes Lira, no dia 24 de março, da bancada do PTC-SP, que tem ideais e propostas políticas completamente antagônicas, demonstrando que o mandatário não maisse identifica com o eleitor que o conduziu.

O sistema proporcional com listas abertas, que enfraquece os partidos políticos, adotado pelo Brasil,só é usado na Finlândia. O quadro abaixo demonstra o modelo usado em outros países.

Como é o voto distrital em alguns países que adotam o sistema

Alemanha O sistema é misto. Os deputados são eleitos pelos distritos, onde ganha o maisvotado. Os eleitores também votam em listas dos partidos. O voto na legendaserve para calcular o espaço a que cada partido terá direito no Parlamento. Se umpartido eleger 30 deputados nos distritos, mas só tiver 25 cadeiras asseguradascom o voto de legenda, o Parlamento cresce para abrigar os outros 5. Se o númerode eleitos pelos distritos for inferior, as cadeiras são preenchidas com nomes daslistas dos partidos.

Itália Até 1993, o voto era proporcional, como no Brasil. Foi feita uma reforma queadotou modelo semelhante ao alemão. A diferença está nas listas dos partidos. NaAlemanha, há uma lista nacional para cada partido. Na Itália, há uma lista paracada uma das 26 circunscrições em que os distritos são organizados.

Estados Unidos A Câmara dos Representantes possui 435 membros, escolhidos pelo sistemadistrital puro. Cada distrito elege um deputado por maioria simples. Osparlamentares têm mandato de dois anos.

Reino Unido Os 651 membros do Parlamento britânico são eleitos por voto distrital com maioriasimples, como nos Estados Unidos. A diferença é que o mandato é maior (5 anos)e pode ser interrompido se o primeiro-ministro convocar eleições.

França O voto é distrital puro, mas há dois turnos na eleição dos deputados. No primeiro,ganha quem conseguir mais da metade dos votos, desde que a votação sejaequivalente a pelo menos 25% do eleitorado inscrito. No segundo turno, sóconcorre quem teve pelo menos 10% dos votos no primeiro e ganha o mais votado.

Quadro 7: Voto distrital pelo mundo Fonte: Política VozO voto distrital é a saída para a diminuição da personalização do político que não compartilha da

ideologia partidária, permite que o eleitor esteja bem mais próximo do eleito, com isso, a prestação de contasdo mandatário é constante, cria a proporcionalidade entre os eleitores, diminuindo suas desigualdades, ou seja,possui diversas características positivas.

Infelizmente, tal sistema deveria ser aprovado e regulamentado pelos atuais políticos que, comcerteza, perderiam força. Por isso, sua introdução no ordenamento eleitoral trata-se de pura utopia.

4.5 Financiamento público de campanhaO financiamento público há muito é discutido na esfera política nacional. O sistema consiste na

igualdade de recursos financeiros, pelo menos teórica, entre todos os candidatos que disputam a mesma vaga.Os valores gastos seriam exatamente os mesmos e pagos pelo governo. Esse mecanismo permite que

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os políticos que defendem os grandes grupos econômicos perdessem sua influência derivada do aportefinanceiro.

Na prática, entretanto, seria um adendo ao financiamento particular. Para que o financiamento públicode campanha atingisse seus objetivos maiores, seria fundamental uma fiscalização severa quanto aos gastos decampanha, tanto por parte do Ministério Público, como por parte do Poder Judiciário, através da JustiçaEleitoral.

Questão interessante também é saber como as verbas seriam distribuídas. Caso fossem consideradasas bancadas de cada partido, como no fundo partidário, os partidos menores seriam prejudicados, embora como mesmo número de postulantes aos cargos eletivos. A falta de condição econômica, em comparação aosgrandes partidos, seria um óbice ao próprio crescimento.

Financiamento público de campanha, que somente seria exeqüível com lista fechada, é verdadeirautopia diante do comportamento generalizado da classe política. Para que a sua implementação seja umarealidade, com resultados positivos para a sociedade, é necessária uma verdadeira reforma moral, ética e socialda classe política. Isto não parece ser plausível a curto prazo.

CONCLUSÃOA classe política brasileira é vista como uma das mais corruptas do mundo. Tal visão é compartilhada

pela sociedade brasileira e internacional. O reconhecimento da corrupção como institucional provoca em todasociedade a descrença com a classe política.

Para o desenvolvimento eficaz e eficiente da sociedade é necessário que todos se empenhem namoralização. A cultura do comportamento ético precisa ser disseminada e o ponto inicial deve ser dado pelosgovernantes, ou seja, a classe política é a classe dirigente que norteia a conduta e o desenvolvimento dasociedade.

A reforma política é um instrumento que permite a redução dos mecanismos coronelistas que ditam apolítica brasileira desde o início da nossa história. A representatividade partidária, através da instalação decláusulas de barreira, para que os partidos tenham direito à participação no Fundo Partidário e obtenção detempo de rádio e televisão, certamente diminuiria o aparecimento de legendas de aluguel.

A obrigação de que os partidos possuam conteúdo ideológico de caráter nacional, bem como, númeromínimo de representantes e votos em cada pleito, diminuiria os interesses regionais dos “donos” dos partidos,obrigando-os a se identificarem com interesses da sociedade como um todo.

A verticalização constante obrigaria os partidos a se unirem coesamente, reduzindo significativamenteo leilão do poder que os governantes realizam em prol da governabilidade, com o objetivo de obtenção demaioria legislativa para a aprovação de seus projetos.

O voto distrital permite que o eleitor aumente seu poder de controle sobre o político e esteja maispróximo de seu representante.

A classe política deve criar uma identificação com o partido, mas principalmente com a ideologia queaquele partido dissemina.

A fusão das ideologias partidárias em uma única ideologia, justamente a expressa pela coligação epelo plano de governo vencedor, que ocorre durante o período eleitoral, gera o vínculo representativo entre opolítico e toda a coligação que o elegeu, com todos os seus ideais.

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A coligação assume a função e a ideologia de partido político, não somente durante o períodoeleitoral, como acontece atualmente, mas sim durante todo o mandato para o qual recebeu aqueles votos.

O eleitor delega seus direitos de cidadão, através de seu voto, a uma coligação representada por ummandatário que é o agente político eleito. Portanto a infidelidade deve ser em relação à coligação, que naquelemomento era um partido único, e não ao partido como ocorre no atual sistema eleitoral brasileiro.

Tais mudanças provocariam a diminuição do barganhismo político que ocorre no Brasil. A situaçãoprática da existência de grupos políticos seria oficializada, podendo identificar três ideologias: a de centro-esquerda, comandado pelo PT; a de centro-direita, comandada pela coalizão PSDB-DEM; e a de centro,comandada pelo PMDB que historicamente é ligada ao grupo que está no governo em troca de cargos e dopoder.

As alianças tornar-se-iam mais constantes e duradouras, permitindo que toda a sociedade seidentificasse com determinado grupo político em razão de sua filosofia, de linha de governo, de seus projetos alongo prazo, não de seus caciques que têm como finalidade a manutenção de seu status quo e de todo o poderque exercem.

A fidelidade partidária é o elemento essencial para a verdadeira reforma política. Mas a fidelidadepressupõe a existência de partidos ideológicos, com planos de governo e respeito aos seus estatutos. Não bastaa simples fidelidade partidária se os políticos não forem fiéis aos princípios éticos e morais exigidos peloseleitores. Devem representar, com fidelidade, os anseios daqueles que os designaram, através do voto, paraserem seus mandatários.

Ao atingir tal nível de fidelidade, as demais reformas, como voto distrital, lista fechada,financiamento público de campanha serão aceitas pela sociedade como imprescindíveis para o aprimoramentodemocrático.

Tais mudanças de comportamento se mostram extremamente necessárias, mormente quando seobserva que parcela considerável da população começa a dizer que o poder legislativo é caro, inútil edesnecessário. Isto coloca em risco a própria democracia, quando o povo não mais crê na instituição que orepresenta.

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/senadores_atual.asp?o=1&u=*&p=*>. Acesso em: 15 maio 2009.

[1] DALARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do Estado. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 155.[2] PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução política do Brasil, colônia e império. 18 ed. São Paulo: brasiliense, 1933. p. 29-32.[3] MENDES JÚNIOR, Antonio; RONCARI, Luiz; MARANHÃO, Ricardo. Brasil história – colônia, 6 ed. São Paulo: Hucitec, 1991,vol. I. p. 147[4] CUNHA, P. O. C. da. A fundação de um império liberal, história geral da civilização brasileira, São Paulo: Difel, 1970. Tomo II,v. I, p. 159-160 apud MENDES JÚNIOR, Antonio; RONCARI, Luiz; MARANHÃO, Ricardo. Brasil história – império, 6 ed. SãoPaulo: Hucitec, 1991. v. II, p. 146-147[5]A história das eleições no Brasil, Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: < http://www.tse.jus.br/institucional/biblioteca/site_novo/historia_das_eleicoes/capitulos/eleicoes_brasil/eleicoes.htm > Acesso em: 23 abr. 2009.[6] MENDES JÚNIOR, Antonio; RONCARI, Luiz; MARANHÃO, Ricardo. Op. cit. p. 218[7] Id., Ibid. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/institucional/biblioteca/site_novo/historia_das_eleicoes/capitulos/evolucao_sistema/evolucao.htm>[8]A história das eleições no Brasil, Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/institucional/biblioteca/site_novo/historia_das_eleicoes/capitulos/eleicoes_brasil/eleicoes.htm > Acesso em: 23 abr. 2009.[9] FAUSTO, Boris. História do Brasil, 2 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995. p. 365-366[10] COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. Direito eleitoral e processo eleitoral – direito penal eleitoral e direito político, Rio dejaneiro: Renovar, 2008. p. 198.[11] FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves, Os partidos políticos nas constituições democráticas, Belo Horizonte: RBEP, 1966, p.71.[12] A história das eleições no Brasil, Tribunal Superior Eleitoral, disponível em: <http://www.tse.gov.br/institucional/centro_memoria/historia_eleicoes_brasil/os_partidos_politicos/os-partidos-politicos.html> Acesso em: 23 abr. 2009.[13] A história das eleições no Brasil, Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: < http://www.tse.gov.br/institucional/centro_memoria/historia_eleicoes_brasil/os_partidos_politicos/os-partidos-politicos.html> Acesso em: 23 abr. 2009.[14] FAUSTO, Boris, op. cit. p. 415-149[15] FAUSTO, Boris. op. cit. p. 415-149[16] A Era Vargas, fundação Getúlio Vargas. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/anos37-45/ev_fim_ppn.htm>Acesso em: 24 abr. 2009.[17] DALARI, Dalmo de Abreu. Op. cit. p. 139-140[18] Bugalho, op. cit., p. 17[19] COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. ob. cit., p. 189.[20] COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. Op. cit., p. 194[21] Id., Ibid.[22] COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. Op cit, p. 193 e 194.[23] COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. Op cit, p. 204[24] Id., Ibid., p. 205[25] O voto distrital, Redação Política Voz. Disponível em: <http://www.politicavoz.com.br/reformapolitica/artigo _03.asp> Acessoem: 26 mai. 2009.[26] Id., Ibid.

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