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INTRODUÇÃO - enfoc.org.br · o combate a todas as formas de desigualdades e discriminação, em especial de gênero, geração, raça e etnia, são princípios fundamentais deste

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INTRODUÇÃO

84. AhistóriadoBrasil émarcadaporummodelodedesenvolvimentoconservador,excludenteeconcentradordaterraedarenda,queresultouemproblemas sociais, econômicoseambientaisparaopaís.Apartirde1945,períodopós-guerra,foramintroduzidosnotrabalhoda lavouraagrotóxicos,máquinaseimplementosqueperderamsuautilidade,eraolixotecnológicodaguerra.Nadécadade1990omodeloneoliberalcausouumprocessodereestruturaçãodocapitalismo,baseadonaespeculaçãofinanceira,aindahojeemcursonocampoenacidade,quefezampliaraexclusãoeaprofundarasdesigualdadessociais.Aocontráriodocrescimentoeconômicoquesempreanunciou, essemodelo concentrou terra e renda, gerou pobreza, destruiuoportunidades de trabalho, atentou contra as identidades e a diversidadeculturaleprovocouaevasãodapopulaçãodocampo.

85. ParacontraporaessemodelooMovimentoSindicaldosTrabalhadorese Trabalhadoras Rurais – MSTTR - concebeu o Projeto Alternativo deDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário–PADRSS.ComessainiciativaoMSTTRafirmaparaasociedadeaimportânciasocialeeconômicadomeiorural para o desenvolvimento sustentável e solidário, o que só é possívelcomgenteno campoemcondiçõesdeproduzir, comercializar e viver comdignidade.Portanto,desenvolvimentoruralsustentávelesolidárioseefetivaseconstruídocomaparticipaçãodos trabalhadorese trabalhadoras rurais,paraoqueéessencialademocratizaçãodoacessoàterra,políticaspúblicascomigualdadedeoportunidadeseexercícioplenodacidadania–acessoàsaúde,educação,lazer,cultura,habitação,segurança, etc.Semessascondiçõespermaneceamigraçãodehomensemulheresparaascidades,sobretudodajuventude,indicandoafaltadealternativasparaseguirvivendonocampo.

86. Esta falta de condições revela as adversidades que pesam sobrehomens,mulheres,jovenseterceiraidadedomeioruralque,normalmente,seestendeàvidanascidadesondepassamasofrercomafaltadetrabalho,lazer,habitaçãoeaviolência.Transformaressarealidadesóépossívelcomalternativasdedesenvolvimentoque invistamnaspotencialidadesdomeioruraldemodosustentávelesolidário,capazdesemanteredesereproduziremlongoprazo.

87. Sustentável no PADRSS significa a articulação dinâmica entrecrescimentoeconômico, respeitoàbiodiversidade,aopatrimôniogenético,ao meio ambiente, às tradições, relações, culturas e saberes, organizaçãoeparticipaçãopolíticadospovosdocampo,daflorestaedaságuas. Indicaumdesenvolvimentocapazdesemanteredesereproduziremlongoprazo.

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Portantogarantindooequilíbrioentreaspessoasquealivivem,oambiente,anatureza,aproduçãocomresultadostransformandoemambienteagradáveleatrativo.

88. Solidariedade refere-se aos modos de interagir e de se relacionarna família, na comunidade e nos diversos espaços da vida social. Refere-se a novas práticas baseadas no respeito às individualidades e diferenças,capazes de fortalecer a cooperação entre pessoas, grupos e povos, paraconstruiralternativasdeprodução,consumo,comércioformasdebemviver.Asolidariedadeseconstróicomalternativasdeconvivênciaeorganizaçãonosdiversosespaçosdavidacotidiana,dotrabalhoedaprodução,daculturaedolazereimplicanocombateatodasasformasdedesigualdades,emespecialasdesigualdadesdegênero,degeração,deraçaedeetnia.

89. AimplementaçãodoPADRSSdesencadeiaaçõesmassivasdecombateàs conseqüências perversas do atual modelo de desenvolvimento e dereivindicaçãodepolíticaspúblicasesociaisquevisamconstruirumasociedadejusta e solidária, que assegure qualidade de vida, combata a pobreza esupere as desigualdades.O projeto tempor princípio a realização de umaamplaemassivareformaagrária,ampliação,valorizaçãoefortalecimentodaagriculturafamiliar.

90. A atuação política do MSTTR na implementação do PADRSS édesafiadoraumavezqueexigeaçõesepolíticasestruturantesqueasseguremumprocessodemobilização,organizaçãoecapacitaçãopermanentes.Implica,portanto,naintervençãoarticuladaequalificadanosníveislocal,estadualenacionalparaavançarnalutaenasconquistasdaclassetrabalhadora.

91. Aatuaçãosindicalseefetivaemvárias frentes,comonosprocessospolíticoseleitorais,noparlamento,nosespaçosde construçãoegestãodepolíticaspúblicasesociais(conselhos,fóruns,gruposdetrabalhos,comissões,)emobilizaçõescomooGritodaTerraBrasil,MarchadasMargaridas,Festivalda Juventude, além de ocupações de terras, trancamento de estradase acampamentos, quando as reivindicações não avançam por meio danegociação.

92. AoconstruiressatrajetóriadelutasoMSTTRconsolidaoPADRSScomooprojetopolíticodacategoriaquesetraduznadiversidadedaagendapolíticaenaspautasdereivindicaçõesdoGritodaTerraBrasilrealizadoanualmente,na Marcha das Margaridas, a cada três anos, e no Festival Nacional daJuventudeRural,permanentementenosespaçosdeelaboraçãodepolíticaspúblicas,comoConselhos,CâmarasTécnicas,dentreoutros.Assim,ocaráterreivindicativo e reativo às políticas governamentais e à ação parlamentar

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que sempre orientou as ações sindicais se amplia tornando-se propositivoenegociadordepolíticaspúblicasesociaisnecessáriasparaaefetivaçãodoPADRSS.

93. Umanovadinâmicavemsendoconstruída,ampliandoefortalecendoas formas organizativas do movimento sindical (regionais da CONTAG,secretarias,comissões,coletivos,pólossindicais),diversificandoequalificandoas bandeiras de lutas, de modo a possibilitar que os trabalhadores etrabalhadorasruraisassumamopapelativonaspolíticasdedesenvolvimento.Emdecorrênciaregistram-seconquistasimportantescomooPlanoNacionaldeReformaAgrária–PNRA,PRONAFemsuasdiversaslinhas,oPronafMulhereoPronafJovem(quefoiumaconquista,masaindaexistemmuitasbarreirasquedificultamoacessoaessa linhadecrédito);Habitaçãorural,ProgramaNacionaldeCréditoFundiário;aLeidaAgriculturaFamiliar;amanutençãodostrabalhadoresetrabalhadorasruraisnoregimegeraldaPrevidênciaSocial;aconstruçãodeumaPolíticadeEducaçãodoCampo,dentreoutras.

94. Tais conquistas, embora importantes, não dão conta de superaras consequências originárias do modelo de desenvolvimento neoliberalimplementado no Brasil. Este continua fortemente arraigado ao padrãocentrado no crescimento econômico baseado no capital financeiro, nofortalecimentodoagronegócioqueproduzparaexportação,concentraterraerenda,destróiadiversidadeeomeioambiente.

95. OPADRSSdessaformaseapresentacomtrêsaspectosqueconformamsuaunidadepolíticanaconstruçãodeumcampoambientalmenteprodutivo,culturalmente dinâmico, socialmente justo, potencialmente viável esustentável. Sãoessesaspectos:aefetivaçãodepolíticaspúblicase sociaisque garantam vida digna; a configuração de novas relações sociais, entrepessoasedestascomomeiosocialeacapacidadeorganizativadoMSTTR.

96. Essesaspectosconstituemdesafiospermanentesparaatransformaçãodasrelaçõesepráticasentreaspessoas,nosespaçosdevidaemilitância,paraoexercíciodademocraciaeoprotagonismopolíticodosdiversossujeitosdocampoedafloresta–agricultores/asfamiliares;assalariados/as;acampados/as; assentados/as, extrativistas, quilombolas e ribeirinhos, comodatário,arrendatário,posseirosemeeiros.Esseprocessodetransformaçãodeveserefletirnaspolíticaspúblicasesociaisdemodoadinamizarocampoeproveras necessidades dos sujeitos, respeitando a diversidade social, cultural epolíticaeassegurandooplenoexercíciodesuacidadania.

97. O PADRSS articula e confere unidade às diversas frentes de lutas -porumareformaagrária,ampla,massiva,dequalidadeeparticipativa;pela

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ampliação e fortalecimento da agricultura familiar; pelo fim do trabalhoescravo;pelaproteçãoinfanto-juvenil;porumaeducaçãodocampopúblicaegratuita;porpolíticasdeassistênciaàsaúdeintegralparaospovosdocampoedafloresta;porumapolíticadeassistênciatécnicadiferenciadaeeficiente,públicaegratuita;pelaampliaçãodasoportunidadesdeemprego,trabalhoerendacomigualdadedegênero,geração,raçaeetnia.EssasfrentescompõemaagendapolíticaeosplanosdelutadoMSTTRcomestratégiasdeaçãoquepromovamademocratizaçãoefortalecimentodasorganizaçõescomgestõestransparentesedemocráticas.

98. DiferentesdesafiosseapresentamaoMSTTRparaquepossarealizaros princípios que orientamo PADRSS.O enfrentamento dos desafios devearticular ações que ampliem a democracia interna domovimento sindical,com dinamismo e inter-relação das suas organizações, fortalecendo a suacapacidade de mobilização e de enfrentamento das questões estruturaisdo campobrasileiro.O combateaosprocessosde reconcentraçãoda terrae da renda; de destruição da biodiversidade pela ação das transnacionaise do agronegócio; de degeneração das condições de vida e trabalho dosassalariadoseassalariadasrurais,sãoessenciaisparaconstruirvidadignanocampo.

99. Até omomento o PADRSS tem se centrado em relacionar todas aspolíticaspúblicas,controleambientalereconhecimentodaspessoasquealivivem levandoemconsideraçãoacultura local,oaprendizado jáexistente,produção,beneficiamento,comercializaçãoentreoutroseporfimoconceitode territórios.Nada disto terá sucesso se deixar de agir no pensamento econsolidaçãodoplanejamentointegraldapropriedade,garantindotodososprincípiosdoPADRSS. Issosignificadesenvolveroprojetodoqualcabeemcadapropriedade familiar e sua viabilidadeeconômica, social, ambiental epolítica,apartirdestepatamarincluindo-setodasasdemaisações,sobpenademultiplicarmososistemajáexistente.

100. Algumasbandeirasde luta requeremaçõesespecíficasdacategoriae outras necessitam de articulação com outras organizações do campo esegmentosdasociedade.OdesenvolvimentoquesealmejanoPADRSSsóépossíveldeseconcretizarplenamentesearticuladoamudançasnasociedadebrasileira,queimplicaemsuperaraoposiçãoentrecampoecidade.Ambososespaçoscompõemumadinâmicasocialqueconfiguraoperfilsócioeconômicoepolíticodopaís.Assim,bandeirasdelutacomoareformaagrária,soberaniaalimentar e segurança alimentar e nutricional, interessam diretamente aocampoeàcidadeporsuaampladimensãosocial.

101. A soberania e segurança alimentar e nutricional passa pela

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democratizaçãodoacessoàterra(aexemplodosbancosdesementescrioulascomoformadesegurançaalimentar),peladiversidadeprodutivadequesóaagricultura familiarpodeefetivamentedarconta.Necessitanãosomentedepolíticaspúblicas intersetoriais que atendamaosprojetosdasunidadesfamiliaresedas cadeiasprodutivas,masquegarantammercadose formasde abastecimento, possíveis se houver práticas efetivamente solidárias noesforço de construir um país justo, democrático e soberano. Para tanto, omovimentosindicaldevesercapazdeavançaremsuaspolíticasdealiançaeparcerias.

POLÍTICAS QUE ESTRUTURAM A AÇÃO SINDICAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PADRSS

102. PropostopeloMovimentoSindicaldosTrabalhadoreseTrabalhadorasRurais,oPADRSSdepende,paraasuaconcretização,dasaçõesedapráticadesenvolvidapelaCONTAG,FETAGseSTTRs.Éfundamental,portanto,queaorganizaçãoeestruturadoMSTTRestejavoltadaparaarealizaçãodepolíticassindicais que valorizem o espaço rural, a diversidade interna da categoriatrabalhadora rural e combata as discriminações e desigualdades baseadasemgênero,geração,raçaeetnia,sendonecessárioqueoMSTTRamplieasparceriasparasuaefetivaimplementação..

SUJEITOS POLÍTICOS

103. O PADRSS está fundamentado numa concepção focada no serhumano, na sua inserção social, cultural, política e econômica. Para oMSTTR,odesenvolvimentoruralsustentávelesolidáriosefortalecequandoconstruídoeimplementadoporpessoasquefazemdomeioruralseulugardevida,trabalho,culturaederelaçõessociais.Assimorespeitoàsdiferençaseocombateatodasasformasdedesigualdadesediscriminação,emespecialdegênero,geração,raçaeetnia,sãoprincípiosfundamentaisdesteProjeto.

104. Odesenvolvimentoquequeremos reconheceaspessoasdo campoedafloresta,comosujeitospolíticosquemobilizam,articulamedinamizama ação sindical para transformar as relações sociais e construir condiçõesdignasdevida.Ocampoéumespaçocomplexodevidaederiquezacultural,mas tambémde conflitos e contradições, caracterizado pela diversidade eporrelaçõesdepoderpresentesemtodososespaçossociais,nafamília,nacomunidade,noterritórioenasorganizações.

105. O PADRSS visa superar a visão de campo referenciada no padrãoagropecuário, focado exclusivamente na propriedade, na produtividade e

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narelaçãocomomercadoequenãoconsidereaspessoas,ossujeitos. Ocampobrasileiro, emespecial da agricultura familiar, temque ser local dealegria,prazereatratividade,paraqueasfamíliasaliexistentes,emespecial,osjovenspermaneçamegostemdesteespaço

106. UmelementoimportantedesteprocessoforamospassosdadospeloMSTTRquandodeixoudeladooconceitode“pequenoprodutor”atribuídopelo segmento dominante, e incorporou a concepção de “agriculturafamiliar”, que reconhece o campo em sua pluriatividade, abrangendo umconjunto diverso de ações e relações de trabalho que envolve os diversossujeitos políticos. São homens e mulheres, jovens e pessoas da terceiraidade, trabalhadores e trabalhadoras rurais, sejam eles (elas) agricultorese agricultoras familiares, assalariados e assalariadas rurais, assentadose assentadas, acampados e acampados da reforma agrária, sem terra,ribeirinhos quilombolas, comodatário, arrendatário, posseiros, pecuaristasfamiliares,meeiroseextrativistas,docampoedafloresta.

107. OPADRSSemseuspilares,comoareformaagráriacomdemocratizaçãodoacessoàterra,oprotagonismodeassalariadoseassalariadaseaampliaçãoefortalecimentodaagriculturafamiliar,secaracterizaporrelaçõesemodosdeproduzir,paraosquaisenvolvemtodososmembrosdafamília.Nolugardeumrepresentanteúnico,geralmenteidentificadocomo“chefedefamília”aabordagemdaagriculturafamiliarrevelaadiversidadedeintegrantesemumadinâmicaderelações,contradiçõeseconflitos.Integramessadinâmica,mulheresehomensemdiferentesfasesdavida(adultos,jovens,criançasepessoasdaterceiraidade).

108. Issoimplicaemreconhecercontradiçõesedesigualdadescombinadascom aquelas próprias das relações de classe. Dizem respeito às questõessociaisdegênero,geração,raçaeetnia,quearticuladascompõemumquadromarcadoporrelaçõesdesiguaisdepoderqueprecisamsersuperadasparaaconstruçãododesenvolvimentosustentávelesolidário.

109. AabordagemdegêneronoPADRSStempossibilitadoacompreensãodalógicapresentenasrelaçõesnaunidadefamiliardeproduçãoecomissobuscasuperarasdesigualdadesentrehomensemulheres,tambémpresentesemnossasinstituições.Adesvalorizaçãodotrabalhodamulhersereproduzemoutras relações,noscontratosdeparceria,geralmentefirmadoscomohomem,semconsiderarosdemaismembrosdafamília;nasdiversasformasde trabalho assalariado, nos quais as mulheres são consideradas menosprodutivas e recebem salários menores para o mesmo tipo de trabalhorealizadopeloshomens,alémdenãoteremosdireitossociaisenormasdeproteçãoparasieseusfilhosdevidamentecumpridos.

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110. O foco na agricultura familiar busca, entre outras dimensões,reconheceropapeldaspessoasnafamília,valorizarotrabalhoereconhecera atuação produtiva das mulheres em toda a sua pluralidade, inclusivesuperandoainvisibilidadedotrabalhodomésticoedaduplajornada.

111. As mulheres trabalhadoras rurais têm ampliado e fortalecido suaorganizaçãoparaconstruiroPADRSS,nalutapelareconfiguraçãodasrelaçõesentrehomensemulheresenocombateatodasasformasdediscriminaçãoedesigualdades.Oalvodasualutasãoasrelaçõesqueseestabelecemapartirdoqueseconvencionouserprópriodofemininoeprópriodomasculino.EsseenfoqueassumidopeloMSTTR,noseuconjunto,associagêneroàclassesocialereconheceoutrasformasdediscriminaçãoedesigualdadeaelasarticuladascomoasdegeração,raçaeetnia.

112. No casodos jovensasdiscriminaçõesexpressam relaçõesdepoderentre gerações, que pesam mais sobre as mulheres. Os jovens, muitasvezes, são desconsiderados quanto à sua autonomia e condições paradesenvolveremprojetos que viabilizem suapermanência no campo.Nessesentido, é imprescindível a criação de políticas específicas para os jovensagricultores(as)familiares,comoobjetivodevalorizarsuaatuaçãonomeioruralemantê-losnocampo.

113. Osprocessossucessóriosdaagriculturafamiliaraindasãoinfluenciadosculturalmente pela permanência dos filhos homens, favorecendo tambéma re-concentração de terras. As mulheres jovens frequentemente são asque mais migram para as áreas urbanas em busca de oportunidades detrabalho,geralmentepela faltadecondiçõesdecontinuarnocampoenãonecessariamenteporumaopçãopelavidanacidade.Essarealidadesomadaàcondiçãosubalternadamulhernasrelaçõesfamiliarescomdesvalorizaçãodas atividades que desempenham, ao exaustivo trabalho doméstico semreconhecimento, e mais ao pouco espaço que elas ocupam no processode comercialização dos produtos agrícolas, contribui para sua saída econsequentementeparaa“masculinizaçãodocampo”.

114. Em relação à 3ª idade e idosos há discriminações diferenciadas, enão há devido reconhecimento à sua participação na unidade familiar deprodução. As mulheres têm dificuldades para comprovar sua atividadeprodutiva para obterem a aposentadoria. Mas o fato é que contribuemefetivamenteparaasustentaçãodaagriculturafamiliar,paraaperpetuaçãoevalorizaçãodegrandepartedastradiçõesculturaispresentesnocampo,degeraçãoàgeração,sobretudoatravésdaexpressãoverbal/oral.Portanto,faz-senecessáriaareafirmaçãodaprofissãonasdiversasdocumentações.

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115. É significativa a renda advinda dos direitos previdenciários, quecomprovadamente dinamizam a economia dos municípios. A atuação doMSTTR junto a esse segmento representa o devido reconhecimento à suaimportânciasocial,econômica,culturalepolítica.

116. A agenda política do MSTTR tem revelado múltiplas trajetóriasque mulheres e homens, jovens e pessoas da 3ª idade têm construído,principalmente no processo de implementação do PADRSS. As lutas pelodireitoaseassociaraosindicato,peloreconhecimentocomotrabalhadorasrurais, pela aposentadoria, pelo auxílio-doença e salário maternidade edemaisbenefícios,peladocumentaçãociviletrabalhista,peloacessoàterra,poreducação,habitaçãoruraldescenteesaúdetransformaramaagendaeoperfildosindicalismoruralbrasileiro.

117. Como consequência do protagonismo dos sujeitos políticos docampo,aconstituiçãodasCoordenaçõesNacionaiseEstaduaisdeMulheresTrabalhadorasRurais,deJovensTrabalhadoreseTrabalhadorasRuraisemaisrecentemente, a criação da Coordenação Nacional da 3ª Idade e Idosos,representagrandeavançonaestruturaorganizativadoMSTTR.Sãoelementosque têmcontribuído coma consolidaçãodeações coletivas cada vezmaisorganizadaseparticipativas,cujoprotagonismosocialepolíticodesencadeiamumnovoquadroderelaçõesnoMSTTR,oquecomprovaqueaconsolidaçãodoPADRSSexigeoutramaneiradepensarefazermobilização,organizaçãoepolíticaspúblicasnocampo.

118. Homensemulheresdocampo(sejamadultos,jovensouda3ªidade),agricultoreseagricultorasfamiliares,assalariadoseassalariadasrurais,semterra,assentadoseassentadas,acampadoseacampadasdareformaagrária,ribeirinhos, comodatários, arrendatários,posseiros,meeiroseextrativistas,compõem um cenário de diversidade econômica, social, política, culturalterritorialeambiental,econtribuemnodiaadiadoMSTTRcomascondiçõesnecessáriasparaumdesenvolvimentosustentávelesolidário.

119. Aculturacampesinaéimportanteparapreservaçãodaculturalocal,comoriquezaimprescindíveldospovosquehabitamocampobrasileiro.Noâmbitodaagriculturafamiliartradicional,quilombolas,indígenaseribeirinhos,tantonosprojetosdeassentamentodereformaagrária,quantonofundodepasto,entreoutras,existeumgrandeacervodepráticasevivênciasculturais,naculinária,notrabalho,nadança,nocanto,nasbrincadeiras,manifestaçõesreligiosas,entreoutrastradiçõesenriquecidaspeladiferençasregionais.Dessaforma,julgamosdefundamentalimportânciaqueoMSTTRpasseaperceberevalorizarnoseudia-a-diaessaculturaatécomoformadegeraçãoderendaparaasfamílias,interagindocomoturismoruralsustentável.Paraissosefaz

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necessárioqueaculturapopulardocamposejavistacomoinstrumentodeformaçãoeafirmaçãodasfamíliascamponesas,emespecialos jovenseascrianças.Comissoocampopassaráaservistonãoapenascomoumespaçode produção, mas também como um lugar de efervescência cultural, devivênciasdiferenciadasegentedeidentidade.

120. Ressalta-sequetambémfazempartedaAgriculturaFamiliardiversascomunidades tradicionais como Quilombolas e Indígenas, assim tambémos povos de fundo de pasto, atingidos por barragens, entre outros, quedemandampolíticaspúblicasespeciais.Comissofortaleceremosodeverdoestadobrasileirocomaefetivaçãoeauniversalizaçãodareparaçãosocial.

121. Nesse processo novos desafios vão sendo gerados que exigem aatualizaçãopermanentedeestratégiasparaqualificar seupotencialeaçãotransformadora. Dentre eles destaca-se o tratamento às relações étnico-raciaisestabelecidasnasociedade(sobretudo,nascomunidades,nosSTTRs,nas FETAGs e na CONTAG). Precisamos aprofundar o debate em relaçãoaosnegros e indígenas e seuefetivoprotagonismona construção cultural,simbólica,organizativaeprodutivadaagriculturafamiliar.

122. É importante também, abordar a vida e identidade étnica racialalemã,italiana,polonesa,dospovosasiáticos,africanos,dentreoutras,quedesdefinaisdoséculo19chegamaoBrasiltrazendoumjeitoprópriodeseorganizar,delidarcomaterra,cultura,língua,religiosidadeeancestralidade,fortalecendoeconsolidandoaagriculturaepecuáriafamiliarnoPaís.

123. Enfim, MSTTR precisa ampliar também esse debate na agendasindical,reafirmandoevalorizandoessasculturas,quesobrevivemaindaporserem preservadas e transmitidas oralmente de pais para filhos. Valorizara pluralidade e diversidade dessas expressões étnico-raciais é, também,valorizar as “identidades” constitutivasdos sujeitospolíticosda agriculturafamiliarbrasileira.

124. As iniciativasdeconstruçãode interfacesentreasdiversasáreasdeatuação do MSTTR e dessas com as comissões de mulheres, jovens e da3ª Idade constituem-se em passos efetivos para o enfrentamento dessesdesafios. Esses referenciais e estratégias de atuação devem, efetivamente,serarticuladosearticuladoresdatransversalidadedegênero,geração,raçaeetnia.

125. A destacada capacidade de intervir para mudar, seja no interiordomovimento sindical, seja para fora, na interlocução com o executivo elegislativo,noâmbitodaspolíticaspúblicas,dosespaçosdecontrolesocialenosespaçosdeexercíciopolíticopodesercontabilizadacomoumagrande

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conquistaecomoperspectivademudançasefetivasnarealidadedocampobrasileiro.

126. Ainda que sejam inúmeros os desafios para se alcançar odesenvolvimentoruralsustentávelesolidárioeparaavançarnasconquistas,éprecisoreconhecereregistrarosavançosqueosdiversossujeitospolíticostêmpromovidocomsuaaçãoorganizadanoMSTTR,nabuscacotidianadefortalecimento de nossa identidade e do sentimento de pertencimento aocampo.

BASES DA POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DO MSTTR

127. Os sujeitos políticos do campo exigem uma formação ampla ediversificada de conteúdos e abordagens, estratégias e metodologias quevalorizem e os considerem na sua totalidade. Homens e mulheres, nasdiferentes fases da vida, demandam políticas diferenciadas, estabelecemrelaçõesdiversase,sobretudo,desejamconstruirum“bemviver”embasessociaisdecentes.

128. OMSTTRsempreestevesintonizadocomasnecessidadesdeseinvestirnaformaçãodesuaslideranças.Noentanto,aformaçãofoisetornandocadavezmaisespecializadaemtemaspresentesnaordemdodiadaaçãosindical,assumindopor vezes dimensões temáticas e técnicas, alémde seu caráterpontual.

129. Ao fazer essa leitura, e considerando a importância histórica daconstrução do conhecimento para a qualificação da intervenção, oMSTTRretomou a formação político-sindical classista, onde fosse possível discutirelementoshistóricos,conceituaisedeconcepçãodosindicalismonocampo,somando-seàformaçãotemática.

130. Essa estratégia se reafirmou na medida em que a construção daPolíticadeFormaçãovemcumprindoumpapelfundamentalaosereferenciarnapráticasindical,promovendoareflexãoereorientaçõesnecessáriasparao seu fortalecimento e capacidade para implementar o PADRSS. Assim, asaçõesformativasencontramnoPADRSSoseufundamentoeseconstituemem instrumento estratégico para que trabalhadores e trabalhadoras ruraisrealizemaconquistadocampoquequeremos.

131. A implementação do PADRSS demanda lideranças com capacidadecrítica e mobilizadora para intervir nos padrões de desenvolvimentoimplantadossecularmentenoBrasil;proporpolíticaspúblicasesociaisqueatendamàsnecessidadesdagentedocampoe,ainda,atuarnosespaçosde

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gestãodessaspolíticas.OMSTTRconsideraessademandaessencialparaumaaçãosindicaltransformadora,queéassumidapormeiodaPolíticaNacionaldeFormação–PNF.

132. A formação, enquanto espaço de construção de conhecimentos,favorece a troca de saberes e práticas, a reflexão, potencialização eredimensionamento da ação sindical, na perspectiva de obter respostasefetivasàsdemandasgeraisdostrabalhadoresetrabalhadorasrurais.Buscafortalecerestratégiasquevislumbremumhorizontedemudançasnospadrõessociais,econômicos,produtivosenasrelaçõessociais.

133. AsaçõeseosespaçoscompotencialformativotêmexigidodoMSTTRadefiniçãodereferenciaiscomunsearticulados.Aconcepçãoeformulaçãoda Política Nacional de Formação vêm suprir essa lacuna, orientando asaçõesformativas,indicandoarticulaçõeseestratégiasaseremadotadaspeloMSTTR.

134. Formação para uma ação transformadora de realidades requerultrapassarosespaçosdereflexãoteóricaeidentificareestimularaconstruçãodealternativasaosproblemasdocotidianodostrabalhadoresetrabalhadorasruraisecontribuirparaqueaspessoastenhamacapacidadedetransformarsuapráticapolítica,paraqualificarefazeravançaraorganizaçãoealutanomovimento sindical. Este pressuposto define as modalidades formativas,orientaasações,defineconteúdoseabordagensmetodológicas.

135. Compreende-se, portanto, que a formação no MSTTR deve sercontinuada, sendo o PADRSS seu eixo estruturante, evidenciando suacontraposição aoprojetopredominantena sociedade.Deve recusar visõesúnicaseverdadespré-estabelecidas,fundamentando-sepelapluralidadedeidéias,pelacríticaepelacriatividade.Requeramotivaçãodeumaleituraampladouniversorural,suasdinâmicas,demandasenecessidades,deveestimularavivênciadepráticasindividuaisecoletivas,capazesdeconstruiroequilíbrioentretrabalho-natureza-produção.Esseprocessocontribuiefetivamenteparaasustentabilidadedaspessoasedoplaneta.

136. Referimo-nosaumprocessoqueconsideraevalorizaasdimensõesdotrabalhoprodutivoereprodutivo,oacolhimento,aafetividade,eoutrosaspectosfortalecedoresdasidentidadesindividuaisecoletivas.Umaformaçãocapazdeolharoserhumanonasuatotalidadeenasrelaçõesqueestabelececomomundodotrabalho,nafamíliaecomasociedade.Umaformaçãoquepassa necessariamente pela construção de saberes a partir da articulaçãoentreconhecimentossobreocampoesuadiversidade,sobreaaçãosindicaleseusdesafios.

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137. APolíticaNacionaldeFormação-PNFcontribuiestrategicamenteparaadinamizaçãoefortalecimentodasorganizaçõessindicais,paraoprotagonismodossujeitospolíticoseparaofimdopreconceitoediscriminaçãoemrelaçãoaos povos do campoe dafloresta. Com isso, a PNF afirmao potencial, ascapacidades e possibilidades reais de transformação do campo, além dereconhecerosespaçosplurais,alimentarasaçõesformativasnaperspectivadefortalecimentodoseucarátertransformador,paraoqualdesafiaoconjuntodoMSTTRemváriosaspectos:

138. Narelaçãoformação-organizaçãoquedeveseconstituireseconsolidarcomo espaço e instrumento que evidenciem a organicidade (interação eintegração)entreas instâncias (CONTAG,FetagseSTTRs),estimulandonostrabalhadores e trabalhadoras rurais, o sentimento de pertencimento auma coletividade com capacidades e habilidades para ensinar, aprender eprotagonizaralutasindical.

139. A formação para a ação sindical deve ampliar a capacidade deelaboração,reflexãocríticaepropositivadossujeitospolíticos,considerandoasdimensõesdegênero,geração,raçaeetniaealimentandoasperspectivasdemudançasdasatitudes,valoresedoscomportamentos.

140. AimplementaçãodoPADRSSexigeprocessosformativosearticuladoscapazesdecontribuirnofortalecimentodasaçõeseparaoaprimoramentoe atualização de sua agenda política. Dessa forma as ações demassa sãoreconhecidas em seu potencial formador se previamente planejadas, comintencionalidade formativa, reivindicativa, propositiva e de negociação. Ostrabalhadoresetrabalhadorasqueparticipamdessasaçõesdevemterclarezapolíticasobresuasdemandas,desejoseaspirações.

141. Esse desafio relaciona-se com o desafio de dinamizar os espaçosformativos e a construção de interfaces entre as diversas Secretarias quecoordenamaspolíticassetoriaisedefinemaçõesestratégicasparaatuaçãodoMSTTR.Aconjugaçãodeesforçospararealizartaisaçõeseumaestratégiaviávelparaumagestãopolíticaeficiente,democráticaetransparente.

142. As Secretarias, Comissões e Coletivos do MSTTR têm papelfundamentalnaformaçãodossujeitosaoconstruiroportunidadesdediálogoparaaqualificaçãodaspolíticas.Esseprocessoformativoacontecepormeiodeprojetoseprogramasespecíficoseprogramaçõescoletivas.

143. Comoprogramaçõescoletivasdestacam-seasreuniõesdascomissõesde Jovens, deMulheres e Comissão da 3ª idade; os coletivos políticos deAgrária e Meio Ambiente, de Política Agrícola, Assalariados, de PolíticasSociais,deFinançasedeFormaçãoeOrganizaçãoSindical,dentreoutros.

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144. APNF temumpapelestratégicodearticularasáreasde formação,fomentandoaslinhaspolítico-sindical,temáticaseaauto-formação,demodoa superar a fragmentação e superposição de ações formativas, reforçandoa identidadepolíticaepedagógicade todasas iniciativasdoMSTTRcomo:Programa JovemSaber– formaçãoàdistância comeixonaação sindical edesenvolvimento; Consócio Social da Juventude com eixo na formaçãoprofissional e geração de renda; Sistema CONTAG de Organização daProdução–SISCOPcomeixonocooperativismodecrédito,assistênciatécnica,produção e mercado, habitação; Saúde, Diretos Sexuais e Reprodutivoscomeixos no controle social e acesso a direitos;NegociaçõesColetivas deTrabalhocomeixosnosacordoseconvençõesdetrabalho;Desenvolvimento,TerritorialidadeeEducaçãodoCampocomeixonoprotagonismosindicalnaconcepção,gestãoecontrolesocialdepolíticaspúblicasdedesenvolvimento;ProgramaNacionaldeFortalecimentodasEntidadesSindicais–PNEFScomeixonagestãosindicaleseusdesafiosnaimplementaçãodoPADRSS.

145. Taisaçõesformativasguardamsimilaridadesquantoàsuafinalidade,comdiferençasnosconteúdoseabordagens.Todasvisamqualificarossujeitospolíticosparaatuarnaspolíticaspúblicasesociais,negociadasporocasiãodosGritosdaTerraBrasil,MarchadasMargaridas,ocupações,jornadasefestivais,bemcomofortaleceroPADRRSeaprópriaaçãosindical.

146. AENFOC–EscolaNacionaldeFormaçãoPolíticoSindicaldaCONTAGé responsável por articular e promover as condições necessárias para aimplementaçãodaPNF,numamplodiálogocomasdiversasáreasdeatuaçãodoMSTTR. Para realizar essa tarefa política desafiadora a ENFOCdeve sercapazdecombinaro caráterdeorganicidadeaoMSTTRcomacapacidadedeexercíciocrítico,condiçãoessencialpararealizarplenamenteoseupapelestratégico.

147. OMSTTRcomseuamploediversificadolequedeatuaçãorealizaaçõesformativas que se apresentammuitas vezes como atividades sobrepostas,gerando sobrecarga e excesso de trabalho. O desafio está em reafirmar aimportância da construção coletiva, das diferentes estratégias formativase sistematizar, aomesmo tempo, a PolíticaNacional de Formação em suaestratégiaarticuladorade fundamentos,princípiosefinalidadepolíticaqueconsideremasdiferentesdemandaseosdiversossujeitosemsuaintegralidade.

148. ImplementaraPNFcomessaperspectivasignificaabraçarosdesafiosdesomaresforços,articularestratégias,conjugarsaberesefazeres,potencializarespaços, constituir outros, e construir novos significados para os espaçosespecíficos da formação (coletivos e secretarias). Trata-se de aprimorar osinstrumentoseas condiçõesdaENFOCparaassumirplenamenteamissão

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dedesencadear processos de formaçãodinâmicos e articulados para fazeravançaraimplementaçãodoPADRSS.

149. Em virtude de o PADRSS se constituir no elemento norteador daspolíticas doMSTTR, todas as instâncias domovimento devem continuar asuaimplantação,visando,emespecial,asensibilizaçãodosnovosdirigentessindicais.

SINDICALISMO

150. A implementação do Projeto Alternativo deDesenvolvimento RuralSustentáveleSolidário–PADRSSsedáemumambientesocialdefortedisputa,comumacorrelaçãodeforçasgeralmentedesfavorávelaostrabalhadoresetrabalhadoras rurais.Nesta conjuntura, é a ação sindical quepossibilita osavançosetransformaçõesnecessáriosàconcretizaçãodoprojeto.Estaaçãosindicalsetraduznasmobilizaçõeseempráticascotidianascoerentescomos princípios do projeto, em permanente diálogo com as necessidades ereivindicaçõesdacategoria.

151. A força doMSTTR depende da sua capacidade demanter-se ágil eatuantefrenteàsmudançascadavezmaisintensaserápidasqueacontecemnomundodotrabalho,nomeioruralenasociedadeemgeral,emassegurarapluralidadenodebate internoeaunidadeemsuasações.AopropornoPADRSSumasociedademais justae solidária, commelhoriadascondiçõesde vida para todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais, o MSTTR fezumaopçãoclassista,democráticaesolidária,mantendoasuaautonomiaeindependênciadoEstado,dosgovernos,dospartidosedasreligiões.

152. No estágio atual do MSTTR destaca-se fortemente a opção derepresentaçãodacategoriatrabalhadoraruralemumaestruturaorganizativadeformaconfederativa.Essaopçãovemseconsolidandonumaconstruçãopolítica entre as diversas concepções sindicais existentes no MSTTR,possibilitando a composição e recomposição, de forma plural, colocandoa CONTAG, Fetags e STTRs, entre as maiores organizações confederativascamponesasdomundo.Essaestruturafoidiscutidaeaprovadaemsucessivasdeliberações de congressos articulando a unicidade sindical, liberdade eautonomiasindicaleumsindicalismoclassista.

153. OsavançosalcançadospeloMSTTRapartirdoPADRSSsãosignificativos.A democracia interna tem se consolidado, com as eleições da CONTAG edas FETAGs sendo realizadas em Congressos, constituição das secretariasespecíficas,asdisposiçõesestatutáriasqueasseguramarenovaçãode30%nas diretorias e a criação das Regionais da CONTAG. Foram reconhecidas

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asnecessidadesorganizativasedemandasespecíficasdosdiversos sujeitospolíticos que atuam no MSTTR, através da criação das Coordenações deMulheres,JovenseTerceiraIdadeeoestabelecimentodaspolíticasdecotas,denomínimo,30%demulherese20%dejovens,oestabelecimentodeumprojetodesustentabilidadepolíticaefinanceiraempermanentediálogocomoprojetopolíticodasentidades,dentreoutros.

154. Aparticipaçãoda juventudeedasmulheresvemcontribuindoparaqualificar aspolíticasdoMSTTRe issoocorredevidoaos espaçospolíticosconquistados. Esta participação reafirma o protagonismo de mulheres ejovens na estrutura sindical, resultando em uma ampla participação e naefetivaimplementaçãodapolíticadecotas.

155. Mesmo como avançoda inserçãodos jovens emulheres nosmaisdiversosespaçosdoMSTTRaindaéprecisomaisincentivoseoportunidades,pois em nível de Brasil ainda temos muitas realidades que restringem aparticipaçãodestesgrupos.

156. A construção de uma ação sindical que seja capaz de realizar aimplementaçãodoPADRSSdeveseranalisadasobdoisaspectos:ointerno,que trabalhe as questões da organização, da sustentabilidade política efinanceira, da democracia interna e da comunicação; e o externo, voltadopara as relações com outras organizações rurais, com a sociedade civil eparceirosecomoutrascategoriasdetrabalhadoresetrabalhadorasurbanoseasCentrais.

Ambiente Interno

157. Este é um campo de atuação em que as lideranças sindicais têmgovernabilidade, ou seja, capacidade para decidir e implementar ações.Atualizar a ação sindical depende quase exclusivamente de fazer oconvencimentopolíticoeadisposiçãodeagir,nosentidodeaperfeiçoá-laaosinteressesdacategoria.

158. ÉumprincípiofundamentaldoMovimentoSindicaldosTrabalhadoreseTrabalhadorasRurais–MSTTR,ademocraciainterna,imprescindívelparaaconstruçãodeumaverdadeiraeforteunidadepolíticaemtornodoPADRSS.Estaproporcionaumaamplaparticipaçãodabasenaconstruçãodaspolíticasde nossas entidades, dando maior credibilidade às nossas reivindicaçõese propostas nos diversos espaços de negociação e assegura também orespaldoeorespeitoparacomasdecisõestomadaseocompromissocomasmobilizações.

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159. A democracia interna acontece na implementação das decisõesaprovadas em fóruns (assembléias, conselhos deliberativos e congressos).Exemplo maior é a política de cotas para mulheres e jovens, que foiimplementada na CONTAG, na maioria das FETAGs e em vários STTRs,precisando,ainda,chegaratodasasentidades.

160. OsEstatutosdasentidadessindicais,discutidoseaprovados,tornam-seuminstrumentoimportanteparaoexercíciodademocraciasindical.Éprecisoatualizar os estatutos a partir de princípios políticos comuns, construídoscoletivamente.Osregimentoseleitoraisdevemsertransparentesediscutidoscom os trabalhadores e trabalhadoras rurais, buscando a ampliação daparticipaçãoeofortalecimentodademocraciadasnossasinstâncias.

161. Portalrazão,noscasosemqueosdirigentessindicaispraticamoanti-sindicalismo,ouseja,nãocumpremosestatutossociaisdosindicatooudasentidadesdegrausuperior,nemasdeliberaçõescongressuaiseprincipalmenteosquenãoprestamcontaaosseusassociadosenãorealizameleiçõessindicaisdeformademocráticaetransparente,caberáàsinstânciassuperioresintervirnainstituição,afastandoodirigente.Quandoosdemaismembrosdadiretoriaefetivanãoestiverememnúmerosuficiente,promover-se-áeleiçãodejuntagovernativae,posteriormente,novaseleiçõessindicais.

162. Aindabuscandoatransparêncianapráticasindical,faz-seimprescindívelconcederumamaiorautonomiaàsFETAGseàCONTAG,afimdequepossamincluir em seus estatutos o poder de intervenção nos STTRs que praticamatos ilícitos contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais, assalariados/ase agricultores/as familiares, na defesa dos direitos da categoria, comoporexemplo, nos acordos e convenções coletivas de trabalho firmados comvaloresjáestabelecidospelopisosalariale/oucláusulaseconômicasesociaisinferioresàsjágarantidasemlei.Essaatuaçãodealgunsdirigentessindicaisdesmobilizaacategoriaeenfraqueceomovimentosindical.

163. A implementação da renovação de 30% das direções e a reeleiçãoapenasumaveznomesmocargoaindanãochegouàmaioriadosSTTRsealgumasFETAGs.Ocumprimentodessasdeliberações(dos8ºe9ºCongressoNacional de Trabalhadores de Trabalhadoras Rurais) é importante paraasseguraracoerênciacomosprincípiospolíticosexpressosnoPADRSSeparaanecessária renovaçãodas lideranças sindicais, superandoantigaspráticasexistentes, ampliando a organicidade e a unidade entre os diversos níveisorganizativosdoMSTTR.

164. ÉnecessárioqueseintensifiqueotrabalhodeconvencimentoporpartedasdireçõesdasFETAGseSTTRsparaquehajaoefetivocumprimentodas

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decisõesaprovadasnoscongressos,comoestabelecimentodemecanismosdepuniçãoparaasdireçõesquenãocumpramcomasdeliberaçõescongressuais,bemcomoaperfeiçoarosinstrumentosexistentes,queestimulemumapráticasindicalcoerentecomoPADRSS.

165. Aampliaçãodosmandatosdasdireçõesdetrêsparaquatroanos,comumaplenáriadeavaliaçãoapósosdoisprimeirosanos,semostrouacertada.Énecessárioaperfeiçoarepotencializarasplenáriasparaquesejamumespaçodeavaliaçãoeconstruçãodepolíticassindicaisqueorientemagestão.

166. AcriaçãodassecretariasespecíficasnaCONTAG,edepoisnasFETAGs,foiumpassoimportantepararesponderàsnovasexigênciasdecorrentesdaaçãosindicaleaformulaçãodepolíticaspúblicasparaacategoriatrabalhadorarural.Estainiciativaproporcionoumaiorvisibilidadeparaasaçõesespecíficase uma maior capacidade de enfrentamento com o setor patronal nasnegociaçõessalariais.

167. No entanto, essa experiência de organização enfrenta dificuldadesna sua implementação em algumas FETAGs e emmuitos STTRs. É precisoassegurar condições políticas e financeiras aos diretores e diretoras pararealizaremasaçõesemsuaáreadeatuação,evitandooacúmulodefunções,contribuindoparaoefetivoencaminhamentodaspolíticasespecíficas.

168. As secretarias não podem se constituir em ilhas políticas dentrodas entidades sindicais, fragmentando a ação e comprometendo odesenvolvimentodepolíticasarticuladascomoprojetopolíticodoMSTTR.É preciso desenvolver uma gestão política compartilhada que proporcionea integraçãoentreassecretarias,alémdepromoverumamaior integraçãoentreasaçõesdosSTTRs,FETAGseCONTAG,assegurandoaunidadeeeficácianasaçõesdasentidades.Oplanejamentoestratégicoéumdosinstrumentosparaasseguraraintegraçãodaspolíticasnassecretarias.

169. A realização de congresso temático eleitoral na CONTAG a partirdo5ºCongresso,em1991, foiumgrandeavanço.EsseavançotambémfoiadotadopelamaioriadasFETAGs,sendoquealgumasestãoexperimentandoaseparaçãoentreocongressotemáticoeeleitoral.EssaexperiênciaprecisaserdebatidapeloMSTTRemseusfórunsdeformaçãoedeliberação,visandoaperfeiçoarademocraciasindical.

170. O MSTTR vem dinamizando suas estruturas organizativas paraaperfeiçoar a ação sindical.Nas FETAGs, os Pólos e/ou regionais adquiremimportância política e estratégica para a execução das políticas estaduais.NosSTTRsosconselhosdebaseeasdelegaciasarticulamasdemandasdostrabalhadoresetrabalhadorasrurais.

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171. Acertadamente a CONTAG, vem implementando a política deregionalização com o objetivo de potencializar as políticas regionais,respeitando suas diversidades. Essa regionalização favorece a construçãodepautasarticuladaseaçõesespecíficasparacadaregiãodoPaís.AmpliaapresençadasFETAGsjuntoàCONTAGcontribuindonaformulaçãodepolíticaspúblicas e na ação sindical. No momento, as cinco Regionais estão emfuncionamento.Noentanto,énecessárioaperfeiçoaraorganicidadeentreasRegionaiseaCONTAG,inclusivecomaprevisãoestatutáriadopapelpolíticoaserporelasdesempenhado.

172. Os STTRs, FETAGs e a CONTAG são instrumentos de luta dostrabalhadoresetrabalhadorasrurais.Arealizaçãodemobilizaçõesnacionais,comooGritodaTerraBrasileaMarchadasMargaridaseoFestivaldaJuventude,dentre outras, tem assegurado unidade política e inúmeras conquistasnacionais.Noentanto, éprecisoqueessaunidadepolíticae as conquistastenham repercussão nos estados e municípios. Por isso, é fundamentala realização de mobilizações e ações regionais, estaduais, municipais eterritoriais. Essas ações devem ser encaradas como uma continuidade dasmobilizaçõesnacionais, comoobjetivodegarantiraplena implementaçãodasconquistas. ArealizaçãodosGritosdaTerraEstaduaiséfundamentalparaobtençãodeconquistasestaduaiseregionais,bemcomoparaasseguraraspolíticasnegociadasnoGritodaTerraBrasil,MarchadasMargaridaseFestivalNacionaldaJuventudeRural.

173. Nosmunicípios e territórios, onde sedá a implantaçãodoPADRSS,os STTRs desempenham um papel importante. São responsáveis peloacompanhamento dos Conselhos Municipais e Territoriais, participam nacomprovação da atividade rural, fornecimento da Declaração de Aptidãoao Pronaf - DAP, acompanhamentos de projetos junto aos Bancos, daslutas pela reforma agrária, ocupações de terras, trancamento de rodovias,campanhassalariais,greves,habitação,dentreoutras.Osconselhossãoumespaçoprivilegiadodeatuaçãoparagarantiraexecuçãodaspolíticaspúblicasnegociadas nacionalmente, como educação do campo, saúde, crédito,habitação,etc.Essaatuaçãodeveserpropositivaemobilizadora,visandoocumprimentodaspolíticasnegociadasnacionalmente,bemcomoformulandoereivindicandopolíticasespecíficasdeâmbitolocal.

174. TodasasaçõesnaspolíticaspúblicasnegociadasnosGTBseMarchasdas Margaridas são ações pontuais e focalizadas. De fato não atendem àgrandedemandadasnecessidadesdapopulaçãodocampo.OMSTTRdeverácontinuarassumindooseupapelreivindicativo,propositivoededefesadosinteressesdoshomensemulheresdocampoe fortalecerocontrole social

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naspolíticasparaqueasmesmassetornemeficazeseeficientesdeformaachegarparatodosetodas.

175. Os STTRs são os principais responsáveis para que essa estruturaorganizativa funcione politicamente. É necessária especial atenção para asituação organizativa de cada um. Avançamosmuito na regularização dosSTTRs,masaindaháumcontingenteexpressivoquecontinuacompendências,principalmente junto aoMinistério do Trabalho e Emprego. É preciso umamobilizaçãodessesSTTRs,comoacompanhamentodasFETAGsedaCONTAGparaquetodasasentidadesdoMSTTRpossamcumprirplenamenteseupapelderepresentaçãodacategoria.OsSTTRs,FETAGseaCONTAGdevemmanteratualizadooCadastroNacionaldeEntidadesSindicais -CNESdoMinistériodoTrabalhoeEmprego,semprequehouvermudançasestatutárias,debaseterritorialedediretoria,paraoplenoexercíciodarepresentaçãosindicaleevitarqueoutrasestruturasvenhamameaçaromovimentosindicalrural.

176. A situação regular junto ao Ministério do Trabalho de grandeparte dos STTRs está comprometida, além da demora e da dificuldade deacompanhamentojuntoaoMinistériodoTrabalhoeEmpregodosprocessosde regularização.Para tantodevemos fazer campanhaeacompanhamentona regularização da totalidade dos nossos STTRs e com acompanhamentopermanentenatramitaçãodosprocessosjuntoaoMinistério.

177. Reafirmamosamanutençãodaunicidade sindical eda classificaçãodecategoriadostrabalhadoresetrabalhadorasrurais,assimcompreendidospor:agricultoreseagricultorasfamiliares;assalariadoseassalariadasrurais;aposentadosepensionistaseosenquadradosnaLei11.326/2006.

178. DefendemosarevogaçãodasalíenasbecdoincisoIIdoDecretoLei1166/1971,comaredaçãodadapelaLei9.701/1998.

179. Outropilarimportantedenossaaçãosindicaléasustentaçãopolíticaefinanceira.Semrecursosfinanceiros,astarefaseaçõesficamprejudicadase,muitasvezes,inviabilizadas.

180. OMSTTRutilizaaexpressão“sustentabilidadepolíticaefinanceira”,porquea condiçãode sustentável,noâmbitodasfinançasdoMSTTR,estáligada a uma visão de longo prazo e a uma gestão sindical e financeirademocrática,transparenteeeficienteemdefesadosinteressesdacategoria.O foco central é o fortalecimento da ação política das entidades sindicais,paraaefetivaconsolidaçãodoProjetoAlternativodeDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário-PADRSS.

181. UmadasalternativasparaqueoMSTTRavancena“sustentabilidade

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política e financeira” é adotar umapostura firmequanto ao cumprimentodaobrigatoriedadelegaldascontribuições.Paraqueistoaconteçaéprecisoquesejafeitaumaamplaemassivadivulgaçãonosmaisdiversosmeiosdecomunicação,principalmentenorádio.

182. UmpassoimportantenaconstruçãodasustentabilidadefinanceiradoMSTTRfoiacriaçãodoProgramaNacionaldeFortalecimentodasEntidadesSindicais (PNFES). Seus objetivos são fortalecer as entidades sindicais pormeiodeumagestãoqueestejaaserviçodoprojetopolíticoeaconstruçãodeumapolíticadefinançasqueatendaàsnecessidadesdetodososníveisdaorganizaçãosindical.

183. Nesta compreensão, a sindicalização não é vista apenas comoumaformadearrecadaçãode recursos,mas sim, comoumaestratégiapolítica,formativa e democrática, onde os sindicalizados e sindicalizadas passam aenxergarosindicatocomoseuprincipalcanaldeparticipaçãonaconstruçãodepolíticaspúblicas,demobilizaçãoelutasqueirãocontribuirparamelhoriadasuavida,dasuafamíliaedasuacomunidade,queéoobjetivodoProjetoAlternativodeDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário–PADRSS.

184. Outra área quemerece atenção é a comunicação.No ambiente dedisputa em que se dá a implementação do PADRSS, a comunicação é umimportante instrumento de luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.A democratização da informação é essencial para a divulgação das açõese conquistas do MSTTR, bem como para mobilizar os trabalhadores etrabalhadorasruraisemdefesadenossasreivindicações,alémdebarrarasinvestidascontraasconquistasdoMovimento.

185. A informação correta sobre a realidade dos trabalhadores etrabalhadoras rurais e das ações do MSTTR é essencial para combater adesinformaçãoqueosgrandesveículosdecomunicaçãoproduzemtentandoseduziredespolitizarapopulaçãoedesqualificaraslutasdostrabalhadorese trabalhadoras rurais. Amesma também é um instrumento poderoso naconquistadealiadosecontribuiparatrazermaistrabalhadoresetrabalhadorasparaMSTTRedarelementosdeformaçãoedivulgaçãodoPADRSS.

186. Ofimdasantenastransmissorasdetelevisãoeaentradadeantenasparabólicas no interior, fizeram com que os programas locais de televisãonão estejamdisponíveis aos agricultores familiares, provocando a inserçãodeprogramasnacionaisedasgrandescapitais,comprogramasquesequerincluem informações desejáveis aos povos do interior. Portanto é precisoretornarasrepetidoraslocaisdetelevisão.

187. OMSTTRdesenvolveacomunicaçãopormeiodediferentesveículos:

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oJornaldaCONTAG,osjornaisqueestãosendoproduzidosporváriasFETAGs,aspáginasdaCONTAG,FETAGseSTTRsnaInternet,programasderádio,comoAVozdaCONTAG,eascentenasdeprogramasderádiosveículadosemrádioscomerciais,comunitáriaseoutros.

188. Ousoderecursostecnológicoscomoatelefoniaeainformáticaaindaérestritonomeiorural,muitoemfunçãodosaltoscustosdessastecnologiasnocampo.Énecessáriolutarporpolíticasqueestabeleçampolíticaspúblicasquepossibilitemoacessodaspopulaçõesruraisabenseserviçosdessanatureza,senão,aocontráriodabuscadainter-relaçãoentreosmeiosruraleurbano,assistiremosaumcrescentedesníveltecnológicoentreessesespaços.

189. Épreciso,noentanto,criarumSistemadeComunicaçãodaCONTAG,que integre todos esses veículos, inclusive um programa na TV em redenacionalepotencializeoseualcance,poisacomunicaçãodoMSTTRaindaéfragmentadaedispersa.AlémdecriarumaRededenívelnacionalquesejaalimentada pelos Estados e municípios com informações relativas à baseprodutiva.Paratanto,éprecisoqueoColetivoNacionaldeComunicaçãotenhaumfuncionamentoregularecrieumambientefavorávelaessaintegração.

190. OMSTTR,peloseutamanhoeimportânciapolítica,temanecessidadeeodeverdeaperfeiçoarosinstrumentosdecomunicaçãoexistenteseinvestiremoutrosaindapoucoutilizados.Alguns,comafinalidademaisespecíficadeaprofundarosconteúdosemdiscussãonoMSTTR,comoacriaçãodeumarevista da CONTAG.Outros como objetivo de agilizar e ampliar o alcancedasinformações,comoacriaçãodenovasrádioscomunitárias,lutandopeloestabelecimentode condiçõesque facilitemo seu reconhecimento legal, eumautilizaçãomaisintensivadaInternet.

191. Em razão da importância do MSTTR e de sua representatividadenum País de dimensão continental como o Brasil, a CONTAG devemanterum programa de televisão, ou pelo menos incluir a inserção de textosperiodicamente na programação televisiva, em especial nas épocas depagamentodecontribuiçõesdevidasaoMSTTR.Osconteúdosdasinserçõesdevemsereferiràsatividadeseaçõesdesenvolvidaspelomovimentosindical,aexemplodoGritodaTerra,daMarchadasMargaridas,entreoutros.

Ambiente Externo

192. OProjetoAlternativodeDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário-PADRSSéfrutodasdemandas,aspiraçõesedaaçãosindicaldoMovimentoSindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR. Apenas aatuaçãodoMSTTRnãoésuficienteparaqueoprojetopossaservitorioso.É

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umequívocoacreditarquetodasasaçõesnecessáriasàimplementaçãodomesmoserãoexecutadasexclusivamentepelasentidadesdoMSTTR.Épormeiodeparceriasealianças,queoMovimentoconseguiráampliarassuasforçaspolíticaseasuacapacidadeoperativa.

193. Além disso, por buscar solucionar os problemas da categoriatrabalhadora rural, o PADRSS apenas tem propostas de desenvolvimentosustentávelparaomeiorural.Éprecisoqueoutrossetoresseincorporemàpropostaparaqueomesmoadquiraaqualidadedeumprojetodemudançadetodaasociedade.

194. OMSTTR não é a única organização existente no campo brasileiro,emborasejaaúnicadecarátersindical.Existeumgrandenúmerodeentidadesqueatuamcomabasedacategoriarural,apartirdeperspectivasorganizativasepolíticasdiferentes,indodesdeaorganizaçãodaprodução,emassociaçõesecooperativas,atéosdiversosmovimentosdelutapelaterra.

195. A participação da CONTAG em espaços como o Fórum Nacionalde Reforma Agrária e Justiça no Campo, que congrega entidades como aComissãoPastoral da Terra –CPT,Movimentodos SemTerra –MST, entreoutras, apresentaram pontos positivos, com a realização de diversasatividades conjuntas, entre as quais pode ser destacado o acampamentopela reformaagrária realizadodurante aMarchapelaReformaAgrária em2003,aConferênciadaOrganizaçãodasNaçõesUnidasparaaAlimentaçãoeAgricultura-FAO-emBrasília,em2008,eaparticipaçãonaConfederaçãoInternacional de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul -COPROFAM,naRedeBrasileiraapelaIntegraçãodosPovos-REBRIP,MarchaMundialdeMulheres,RededeMulheresRuraisdaAméricaLatinaeCaribe-RedeLAC,entreoutras,apontamparaumainserçãocrescentedaCONTAGnosespaçosdeelaboraçõesedecisõespolíticassobreocampo.

196. Arelaçãocomasdemaisentidadesnãoé,contudo,sempretranquilaepacífica.Algumasdessasentidadesdisputamarepresentaçãodacategoriaou se colocam frontalmente contrárias às propostas doMSTTR.Mas fugirdo debate não ajuda na solução do problema, apenas favorece a quemdele participa. Precisamos continuar presentes e atuantes em todos estesespaços,buscandopormeiodaconstruçãodepropostasedaaçãosindical,compartilhando da direção dasmesmas e assegurando uma atuaçãomaisfortedosetorruralnasociedade.

197. Épreciso,ainda,implementarumapolíticamaisefetivadeparceriasparaoGritodaTerraBrasil, emnívelnacionale regional,queenvolvanãoapenas a incorporação de reivindicações de mais setores do campo, mas

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um compromisso em torno da elaboração e construção de propostas,participaçãonasmobilizaçõesenosprocessosdenegociação.Nocasodasparceriasregionais,essasdevemsercoordenadaspelasequipesdasregionaisdaCONTAG.

198. O MSTTR coerente com as propostas do PADRSS deve buscarestabelecerparcerias constantescomoutros segmentosda sociedadecivil.OMSTTRnãopodeseisolarnalutapelaimplantaçãodoProjeto,tambéménecessário sensibilizaroutros setores, comoasuniversidades,organizaçõesestudantiseorganizaçõesnão-governamentais,entreoutras,paraoPADRSS.Comoos cursosuniversitários especialmentedestinados aos trabalhadoresetrabalhadorasruraiseasváriasentidadesqueseengajaramnarealizaçãodaMarchadasMargaridas,quesãopontospositivosedemonstramoutrosavançosquepodemseralcançadosnocampodasparcerias.

199. As parcerias, por mais trabalhosas que possam parecer, sãofundamentaisparaoacúmulodeforçasemtornodoPADRSS,paraaagregaçãode informações e conhecimentos produzidos por outras organizações epara o próprio arejamento das ideias doMSTTR. A apropriação de novosconhecimentos e novas tecnologias é fundamental para a implantação doprojeto.Atuarsozinhopodepassarumaideiadeforçaeimportância,porém,nolongoprazoesseisolamentoreduzaforçapolíticaeprejudicaoprojeto.

200. AimplantaçãodoPADRSStrazbenefíciosnãoapenasaoshabitantesdocampo,masatodasociedade.Asuaconstruçãodemandaasuapopularização,compreensão e apoio por parte da população brasileira. Nesta tarefa, asCentraisSindicaisseconstituememespaçosprivilegiadosparaodebateentreoMSTReascategoriastrabalhadorasurbanas,permitindoaampliaçãodasnossasreivindicaçõesenossaslutas.

201. A construção de uma Central Sindical que unificasse as lutas dostrabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade faz parte de toda ahistóriadaCONTAG.Éprecisoressaltarqueessabuscasemprefoiemtornodacriaçãodeumaúnicacentral.Noentanto,aconjunturaeasdivergênciaspolíticasexistentesno interiordomovimentosindicalbrasileironãoderamcondiçõesparaaexistênciadeapenasumaCentral.Hoje temos6Centraisreconhecidaslegalmente.

202. ACONTAGsempreestevepresentenadiscussãoearticulaçãodocampocomacidadeparaaconstruçãodeumaCentralSindical,comouminstrumentoquegarantisseoavançodas lutasdos trabalhadorese trabalhadoras ruraise urbanos. Logo após a sua fundação, a CONTAGparticipoudadireçãodoComando Geral dos Trabalhadores em 1964, foi a única Confederação

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presentena1ª.ConferênciaNacionaldaClasseTrabalhadora–Conclat–em1981,participouda1ªe2ª,Pró-CUTeintegrouadireçãodaCentralGeraldosTrabalhadores,em1984.

203. ApósumamplodebatequeculminoucomafiliaçãoàCUTduranteo6ºCNTTR,em1995,foiexecutadooProjetodePesquisaeFormaçãoCUT/CONTAG,quefezumdiagnósticodasatividadesruraisefoiumdosprincipaisinstrumentosparaaelaboraçãodoProjetoAlternativodeDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário.

204. Esses 14 anos de filiação à CUT contribuíram muito para que aCONTAGconquistassecredibilidadeerespeitodomovimentosindicalurbano,por sua história de luta e suas propostas em defesa dos trabalhadores etrabalhadorasruraisenadivulgaçãodoPADRSS.ACUTapoiouesesolidarizoucomasprincipaisaçõesemobilizaçõesdoMSTTR,comoosGritosdaTerraBrasil,asMarchasdasMargaridas,aMarchapelaReformaAgrária,FestivaldaJuventude,entreoutras.

205. OMSTTRporsuavezparticipoudetodasasmobilizaçõesconjuntasemdefesadosdireitosdostrabalhadoresetrabalhadorasruraiseurbanos,comofoinoprocessodereformadaprevidência,em1996;nasmarchasemdefesado saláriomínimo, contra as reformas trabalhistas, etc. Do ponto de vistainstitucional,ampliamosaparticipaçãodoMSTTRnosCongressosePlenáriasdaCUT,enosespaçosdedireção.Hojetemos17FETAGsdeTrabalhadoresRuraisfiliadasedoisdiretoresnaexecutivanacionaldaCUT,entreelesavice-presidência.

206. Em 2007, foi fundada a Central dos Trabalhadores e Trabalhadorasdo Brasil - CTB, a partir da união de sindicalistas que se encontravamindependentes comaqueles quedecidiram sair daCUT.Desde sua criaçãoaCTBtemparticipadoativamentedetodasasmobilizaçõesdoMSTTR,bemcomo das realizadas conjuntamente pelas Centrais. Hoje temos 6 FETAGsdeTrabalhadoresRuraisquefiliaram-seàCTBe5diretoresfazempartedaexecutivanacional,entreelesovice-presidenteeotesoureiro.

207. A relação da CONTAG com a CUT tem enfrentado dois problemasbásicos. O primeiro é a divergência existente em torno da concepção daestruturasindical.HistoricamenteaCUTsempredefendeuaamplaliberdadede organização sindical, com a possibilidade da criação de mais de umaentidade representante da categoria em umamesma base. OMSTTR, poroutrolado,temreiteradoemtodososseusforosdedeliberaçãoamanutençãodo princípio da unicidade sindical como fundamental para assegurar ofortalecimentodaestruturasindical.

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208. Osegundopontoéainsistênciadealgunssetorescutistasemapoiareme incentivarem a constituição de outras estruturas sindicais no campo, aexemplodaFeraespe,especialmente,daFetraf.Essessetoresdesrespeitamadeliberaçãodo6º.CongressodaCUT,em2.000,quereafirmouaCONTAGcomoaentidadequerepresentaosrurais.EstesdoisproblemastêmprovocadopermanentesconflitosentreasentidadesdoMSTTReaCentral.

209. A direção da CONTAG e as FETAGs filiadas à CUT sempre fizeramdurascríticasaposiçãodessegrupodentrodaCentral,quetentadividirostrabalhadoresetrabalhadorasruraiseaprópriaCUT.EssaposturadaCONTAGedasFETAGsgarantiuqueaFetraf-BrasileváriasFetrafsestaduaisnãofossemreconhecidasoficialmentepelaCUT,emboraessesgrupos,desrespeitandoasdeliberações da Central, continuem se apresentando como representantesdaCUTnocampo.EssadiscussãointernadaCUTaindanãoestáterminada,masdeveráterumdesfechonopróximoCongressodaCUTqueserárealizadoemagostode2009, onde serádeliberadodefinitivamente a estratégia e aorganizaçãodosruraisnointeriordacentral.

210. Existem hoje duas Centrais cujas propostas e atuação política seaproximam daquelas defendidas pela grande maioria das entidades quecompõe oMSTTR: a CUT e a CTB. Cabe à CONTAG, nos próximos quatroanos,desenvolverumarelaçãoativaepropositivacomestasduasCentrais,fundadanarealizaçãodeaçõeseentendimentosconjuntos,queauxiliemaatingiroobjetivocomumatodos:umsindicalismoclassista, independente,autônomo,democrático,unitárioesolidárioeaconstruçãodeumasociedadedemocrática,justaesolidária.

211. Pela importância que desempenham as Centrais na construção doPADRSS,énecessárioquesefaçaumaprofundadiscussãosobreopapeldelasetambémumprocessodeavaliaçãonospróximosdoisanosdessasrelações,coordenado pela direção da CONTAG, até a próxima PlenáriaNacional, deondetiraremososindicativosparao11º.CNTTR.

212. ExisteumaclaradivergêncianoMSTTRsobreoencaminhamentonasrelaçõesentreaCONTAGeaCUT.

213. Um primeiro posicionamento defende a manutenção da filiaçãoàCUT como fundamental para aCONTAG,por entenderqueexistemmaisconvergênciasdoquedivergênciasentreosprincípiospolíticoseaatuaçãoda CUT e da CONTAG; pelo histórico de lutas construído em conjunto epor acreditar que a desfiliação deixaria o espaço livre para que as outrasorganizaçõessetornassemaúnicareferênciadaCUTnocampo.

214. OsegundoposicionamentodefendeadesfiliaçãodaCONTAGàCUT,

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por compreender que neste momento tal filiação não mais se justifica,emfunçãodasdivergênciasquantoàunicidadesindicaleaoapoiodadoàFETRAFqueinviabilizamotrabalhoemcomum.Tambémapóiamadesfiliaçãodaqueles que defendem um posicionamento totalmente independente daCONTAGemrelaçãoaqualquerCentral.

215. Combasenestesegundoposicionamento,osdelegadosedelegadasdo10ºCNTTRdecidiram,pormaioria,desfiliaraCONTAGdaCUT.

POLÍTICAS ESTRUTURANTES DO PADRSS

216. OPADRSSestáestruturadonumconjuntodepolíticasquenascemdasdemandas e organização dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, da suaaçãoemobilizaçãosindical,queseprojetamempolíticasjáimplementadaspeloEstadoeoutrasqueestãoemprocessodeconstruçãoouqueaindaestãoporseremconstruídas,tendoemvistaaexistênciadedemandasaindanãoatendidas.Poroutrolado,algumaspolíticaspúblicasqueestãoasseguradasconstitucionalmenteepor legislaçõesespecíficas,contribuemparaavançarnaestruturaçãodoPADRSS.Outras,noentanto,negamoudificultamoacessodaspessoasaosseusdireitos.

217. Compreendemos que as políticas públicas são consequências dosprocessos de disputas e da correlação de forças presentes na sociedade.Os interesses em questão definem as políticas e suas diretrizes e pautama atuação e intervenção do poder público. A implantação destas políticasdependedeumconjuntodefatoresrelacionadosàeconomia,àsarticulaçõessociaise,emespecial,àcapacidadedeatuação,mobilizaçãoe intervençãodosmovimentoseorganizaçõessociais.Definindoasaçõesdeformaconjuntaentreosdiferentesmovimentos

218. AconsolidaçãodoPADRSSpeloMSTTRapontaparaaimportânciaqueaspolíticaspúblicas,enquantoinstrumentoessencialparaconstruçãodeumasociedadeigualitária,solidáriaejusta,têmnumprojetodedesenvolvimento.Inclusive,queoEstadodesempenhaumpapelfundamentalcomoindutordodesenvolvimentoedeterminanteparadelimitarquesetores serãomaisoumenosbeneficiadoscomomesmo.Estaidéiacontrapõe-seaoentendimentoneoliberaldeEstadomínimoedeumcampodestituídodepolíticaspúblicas.

219. Discutir políticas públicas não tem sentido se, conjuntamente, nãose enfrentar a questão do seu custeio. Assim, o MSTTR deve continuaratuandoemdoiscampos:oprimeiroéexigirqueoprocessodetributaçãoseja justo e solidário. Considere que as grandes fortunas, os latifúndios equeopagamentodeimpostospelaspessoasfísicasejurídicastenhacaráter

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progressivo, de modo que, quem ganha mais contribua commais para obemestardasociedade.Alémdisso,queassegurecritériosquegarantamaaplicaçãoeficientedosimpostosarrecadados,compolíticasquepromovamamelhoriadascondiçõesdevidadetodaapopulaçãodeformaigualitária.

220. Osegundocampo,éfortaleceraaçãosindicalparaatuardiretamentesobreasdefiniçõesorçamentárias,emnívelnacional,estadualemunicipal,poisénoorçamentoondesedáaalocaçãodosrecursosemgrandeescalae se constrói a lógica dos gastos públicos. Depois do orçamento públicoaprovado, as transferências dos recursos são insuficientes para assegurarpolíticaspúblicasnecessáriaseefetivasparaodesenvolvimentodocampo.

221. Aspolíticaspúblicasdevemestarintegradasearticuladas,considerandoarealidadedocampoeasnecessidadesdossujeitos,paraqueoPADRSSseefetive.Taispolíticas são fundamentaisparaasseguraraos trabalhadoresetrabalhadoras rurais o acesso à terra, assistência técnica, crédito, trabalhodigno, previdência e assistência social, educação, saúde, moradia, lazer,transporte,segurançaalimentar,políticasdeproteçãoinfantojuvenil,etc.

222. Aspolíticassãoconstruídaseexecutadaspelastrêsesferas(Federal,Estadual e Municipal), geralmente sem considerar as reais demandasda população interessada. Além disso, existem várias políticas que sãoconstituídasetêmseufinanciamentovinculadoaoâmbitoFederal,massuaexecução sedáatravésdosEstadose,principalmente,pelosMunicípios.Aausência de articulaçãodessas políticas nos três níveis temdificultadoummaior acesso dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. OMSTTR deve tero papel de articulador destas políticas nestas três esferas, principalmentequandohádificuldadesderepassederecursosdoâmbitofederaleestadualparaosmunicípios.

223. O MSTTR avalia, por exemplo, que o Programa de Aceleração doCrescimento–PACnãosepropôsaconstruirodesenvolvimentonamesmadireçãoqueoPADRSS,nãoatendeudiretamenteaosanseiosdapopulaçãorural,nãopreviuqueseassegurassemcontrapartidassociaisenãoarticulouarelaçãoentrecrescimentoeconômicoedesenvolvimentosocial.OMSTTRdevelutarpelagarantiadepercentuaisespecíficosderecursosdoPACparaomeiorural.

224. Por outro lado, o Programa Territórios Rurais e da Cidadaniarepresentam um esforço do governo federal em ampliar e fortalecer aspolíticas públicas nos espaços territoriais, inicialmente desenvolvidasapenas pelo MDA/SDT (Ministério do Desenvolvimento Agrário/SecretariadeDesenvolvimentoTerritorial) articulandoaçõesde aproximadamente19

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Ministérios, ampliando recursos, buscando articular ações estratégias paraocampo,bemcomofomentandoprocessodeparticipação local,municipaleregionaldasorganizaçõesemovimentossociaisdeclasseepopulareseopoderpúblico.Noentanto,essaestratégiaapresentadificuldadesdeexecução,emborasereconheçaaimportânciadanecessidadedeampliarefortaleceraatuaçãopolíticadoMSTTRnestecenário.

225. As dificuldades de execução do Programa estão relacionadas àbaixa inserção da agricultura familiar no processo, à abrangência regional,poucosresultadoseadesarticulaçãoentreoscolegiados,alémdapráticadedirecionamento de recursos para grupos ou estados vinculados a algumasideologias ou tendências políticas. Portanto, o MSTTR deve qualificar suaintervenção nesse processo lutando pela aplicação correta dos recursos,exigindo a garantia de que a formação dos territórios seja definida porestudostécnicosenãoporquestõespolíticasequeaexecuçõesdaspolíticasdegovernosejamdescentralizadas.

226. Embora a implantação dos territórios traga novos conceitos parao desenvolvimento rural, ainda falta em sua estratégia de planejamentoconsiderar a propriedade como parte essencial do desenvolvimento, paraincluiraspolíticaspúblicasdegovernotambémparaasunidadesprodutivas,garantindosuasustentabilidadeeaviabilidadedosterritórios.

227. Entretanto, o MSTTR reconhece que algumas políticas, aindaque de forma limitada, vem sendo implementadas e contribuem para odesenvolvimento do campo e para a permanência das pessoas no espaçorural.Exemplosdessaspolíticassão:oPronaf,asaçõesdeReformaAgrária,deCréditoFundiário,ahabitaçãorural,oprogramanacionalterritóriosruraisedacidadania,apolíticanacionaldeassistênciatécnica,oreconhecimentodasexperiênciasdaeconomiasolidária,aeducaçãodocampo,aprevidênciasocial,entreoutras.

228. AaçãosindicaldoMSTTRdeveatuarnaconstrução,monitoramentoegestãodestaspolíticas,de formaarticuladaparagarantiraconcretizaçãodaspolíticasconquistadas.IssojávemsendorealizadoporalgumasFETAGsnosGritosdaTerranosEstadoseporalgunsSTTRsnoâmbitomunicipal.Noentanto, esse compromisso precisa ser ampliado efetivamente por todasasFETAGseSTTRsdemodoqueaspolíticaspúblicaspossibilitemmelhorescondiçõesdevidaaostrabalhadores,efetivandoassimseusdireitos.

229. Osconselhosmunicipais,estaduaisenacionaissãoespaçosestratégicosdeparticipaçãoparaaefetivaçãodaspolíticaspúblicas.Osforos,gruposdetrabalho,comitês,colegiadosestaduaiseterritoriais,dentreoutros,também

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sãoespaçosprivilegiadosparaaaçãosindical.ÉfundamentalqueoMSTTRassumaoscompromissosquelhecompete,amplie,qualifiqueeintensifiquesuaparticipaçãonessesespaços,deformaarticuladacomoutrossegmentossociais,considerandoaimportânciadosmesmosnatomadadedecisõesparaaconsolidaçãoeampliaçãodaspolíticaspúblicasnocampo.

230. O MSTTR tem afirmado que a implementação de um projeto dedesenvolvimento justo, solidário e sustentável assegura a existência decondiçõesdignasdevidanocampo,igualdadedeoportunidadesecondiçõessociais,assistenciais,previdenciárias,trabalhistas,educacionais,econômicase culturais, ampliando as possibilidades de permanência das pessoas nocampo. Ou seja, um desenvolvimento que permita aos sujeitos fazer umaescolhaeteropçõesdepermanecernocampocomvidadigna.

POLÍTICAS PARA A REFORMA AGRÁRIA

231. A realização da reforma agrária ampla, massiva, de qualidade eparticipativa é a base principal do PADRSS, pois é uma medida políticaessencialpararompercomopadrãoconservadordedesenvolvimentoruralpautadonaconcentraçãodaterraerenda,exclusãosocialenadegradaçãoambiental,representadopeloagronegócio.Semdemocratizarodireitoàterra,tambémparaasmulhereseos jovens,nãosepromoveodesenvolvimentorural sustentável e solidário com inclusão social e produtiva e respeito àbiodiversidade.Tambéménecessáriogarantirpolíticaspúblicasorganizadas,articuladasemonitoradasparaodesenvolvimentosustentáveldosprojetosdeassentamento,paraqueestespotencializemofortalecimentodaagriculturafamiliar.

232. Para se configurar como uma alternativa efetiva ao padrão dedesenvolvimentodoagronegócio,ademocratizaçãodoacessoàterrapormeiodareformaagráriatemumaimportânciaquevaialémdadestinaçãodeumespaçoprodutivoparaostrabalhadoresetrabalhadorasrurais,significandoumdireitodospovos,comunidadesepaísesaomododeviver,deproduziredeconservarabiodiversidade.Nestesentido,oacessoàterradevepartirdagarantiada sua função socioambiental, reconhecendoos recursos naturaiscomofontesindispensáveisdevidaedefesadosdireitoshumanos.

233. Paratanto,éprecisoaprimorarosinstrumentoslegaisqueassegurema capacidadedoEstadode intervirnaestrutura fundiáriaparaassegurarademocratizaçãodaterra.Adesapropriaçãoporinteressesocialprecisagarantiroefetivoacessoàterraeincorporaraosseuscritériosolimitedapropriedadeem até 35 módulos fiscais. O Estado deve, também, ampliar o direito de

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expropriarimóveisrurais,efetivararegularizaçãofundiáriaeaarrecadaçãodasterraspúblicasequalificarasformascomplementaresdeacessoàsterrasquenãopossamserdesapropriadas,principalmentepormeiodoProgramaNacionaldeCréditoFundiário.

234. Nessesentido,hánecessidadededisponibilizarrecursosparaoPNCFemquantidadesuficienteecomprioridadedeatendimentoaosassalariados(as)ruraisqueperdemseusempregoscomaintensificaçãodousodenovastecnologias,aexemplodemáquinasdecortarcana.Complementariamente,osrecursosfinanceirosdevemcontemplaraindaacapacitação,pormeiodecursos profissionalizantes destinados a formar os trabalhadores (as) paraoutrasatividades.

235. A luta pela democratização da propriedade da terra é histórica econflituosa.Nestesentido,oEstadodevereconhecerqueasaçõesdereformaagráriapautam-senalutasocialpelodireitoàterradetodosossujeitospolíticosqueasprotagonizam.Issopassapelorespeitoaodireitodeorganizaçãodostrabalhadoresetrabalhadorasruraisedesuasformasdiferenciadasdelutaepressãocontraolatifúndioeopadrãodedesenvolvimentoruralexcludenteequenegaosdireitoshumanos.ÉprecisoqueoMSTTRseenvolvadeformamais ousada nas ações de pressão organizadas nos estados e municípios,como ocupações de terras/acampamentos, manifestações nos grandescentros,estimulandoprincipalmenteocréditofundiário,entreoutras.Porqueé principalmente no âmbito local onde se consolida o poder econômico epolíticodaquelesqueseopõemàreformaagrária.

236. Somado ao acesso à terra, se faz necessário assegurar maioresinvestimentos e a garantia de políticas públicas inclusivas que atendam àsdemandas e diversidades dos povos do campo e da floresta, promovendoo desenvolvimento sustentável dos Projetos de Assentamento de reformaagrária, nas suas variadas formas (projetos agroextrativistas, projetos dedesenvolvimento sustentável – PDS, entre outros). As ações devem estarpautadasnumplanejamentoconstruídoapartirdozoneamentoagroecológicodo território, em processos articulados e integrados que atendam àsespecificidadesdasregiõesegarantamasustentabilidadeeconômica,socialeambientaldasáreasdeassentamentodereformaagráriaenasunidadesprodutivasdoProgramaNacionaldeCréditoFundiário.

237. Odesafioéassegurarcondiçõesparaqueasunidadesfamiliarespossamampliarasuacapacidadedeproduçãoereproduçãodavidanocampocomoreconhecimentodeseusdiversosintegrantesesuasdinâmicasdiferenciadasdevida,trabalhoeorganização.Issodevesignificarmaisdoqueexperiênciasexitosas,masabaseefetivadeconsolidaçãodopadrãodedesenvolvimento

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ruralalternativoaoagronegócio,comconservaçãoepreservaçãoambiental,produção de alimentos e organização social. Neste sentido, as políticaspúblicasdestinadasaosprojetosdeassentamentodevemseguiraestratégiadefortaleceraagriculturafamiliar,ampliandoabasedasunidadesfamiliaresdeproduçãoparaseconsolidaremcomoaestruturaprodutivaqueprotagonizaodesenvolvimentoruralsustentávelesolidário, respeitandoasvocações,asespecificidadesculturaiseassegurandoassistênciatécnicaqualificada.

238. Énecessárioqueo INCRAamplie afiscalizaçãonos assentamentos,sobreautilizaçãodeverbaspúblicaseapermanênciaefetivadoassentadonoimóvel.

POLÍTICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR

239. Para que a agricultura familiar seja, efetivamente, protagonista dodesenvolvimentoruralsustentávelesolidário,eladeveestaramparadaemcondiçõesquegarantamqualidadedevida, trabalhoe rendanasunidadesfamiliares de produção e nas comunidades. Na perspectiva de ampliar efortalecerabasedaagricultura familiarparaestruturarodesenvolvimentorural,aspolíticaspúblicasdevempartirdademocratizaçãodoacessoàterraeàágua, eseguircomofomentoaodesenvolvimentodasunidadesfamiliaresde produção, estejam elas nos assentamentos de reforma agrária ou emoutrasáreas.

240. Aspolíticaspúblicasdevemassegurarcondiçõesparaqueaagriculturafamiliarseestruturedeformaalternativaaoagronegócio,queéummodeloprodutivo que não assegura a sustentabilidade ambiental, econômica ouprodutivaeadotaumalógicacompletamentediversadaquelascaracterísticasdasunidadesfamiliares.

241. Neste sentido, é estratégico que a agricultura familiar adote comoprioridade a luta pelo direito de produzir alimentos saudáveis de modosustentável, como forma de garantir a soberania e a segurança alimentarenutricionaldapopulação.Para tanto,devebuscarquea suaorganizaçãoprodutiva esteja pautada em sistemas preferencialmente agroecológicos ena cooperação, como princípios básicos e fundamentais paramelhoria daqualidadedevida,eficiênciaprodutivaerenda.

242. Dessa forma, é possível operar mudanças efetivas no modo deproduzireserelacionarnaagriculturafamiliarcomrespeitoaosecossistemaseàpráticadagestãocompartilhadaportodososmembrosdafamília. Issoimplica na superação de padrões tradicionais de produção, bem comoda subordinaçãodemulheres e jovens às famílias.Nessa perspectiva, têm

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importânciafundamentalavalorizaçãodossabereseaconstruçãocoletivadoconhecimentonosprocessosprodutivosdaAgriculturaFamiliar.

243. É necessário reconhecer a multifuncionalidade das unidades deprodução familiar comomedida garantidora dos valores sociais e culturaisdapopulação rural.Dar visibilidadee valorizaçãodo trabalhodosdiversosmembrosdogrupofamiliaredageraçãoderendanapropriedade.Alémdisso,deve-seestabelecer a combinaçãopositivaentreos aspectos ambientais eprodutivosdasunidadesfamiliares,assumindoarecuperaçãoepreservaçãodos recursos naturais, conforme as necessidades e a geração de serviçosambientaisnaspropriedadesfamiliares.

244. Aampliaçãoeofortalecimentodaagriculturafamiliar,necessariamente,devemterporbaseumnovopadrão tecnológicoquesejacompatível coma produção familiar. Isto demandará a construção ou adaptação da atualmatriz tecnológica, o incremento e o estímulo a pesquisas científicas quedialoguem com os interesses da sustentabilidade. Damesma forma, deveser universalizado o acesso à assistência técnica tendo como referência aviabilidade social e econômica da unidade familiar e a qualificação para oacessoàspolíticaspúblicas,incluindoaspolíticasespecíficasparamulheres,jovenseterceiraidade.

245. A adoção de nova matriz tecnológica exige a efetiva incorporaçãode princípios agroecológicos em diferentes âmbitos: as políticas públicasdestinadasàagriculturafamiliar,emespecialocréditorural,devemprivilegiaros sistemasprodutivosbaseadosna agrobiodiversidade.Damesma forma,políticasdeassistênciatécnicaeextensãoruraleprogramasdepesquisadevemserorientadospelalógicadasustentabilidade,contemplandoasdimensõessociais, ambientais e econômicas, de forma a verdadeiramente incorporara sustentabilidade na prática dos sujeitos, sejam eles/as trabalhadores etrabalhadorasoutécnicos/as.

246. Nesse contexto, sistemas produtivos sustentáveis, como oagroecológico, devem ser apoiados, estimulados e tornados visíveis,evidenciandoque,defato,épossívelconstruirodesenvolvimentosustentávelesolidário.

247. Paratanto,éimprescindívelqueasinstituiçõesdeensinoformal,emespecialasdeensinosuperior,quedesempenhampapelchavenadisseminaçãodemodelostecnológicos,adotemprincípiosevaloresdesustentabilidade,oqueexigereformulaçõesdesuamatrizcurricular.

248. A política de crédito deve estar voltada à garantia da produçãosustentável, estabelecendo subsídios que fomentem e apóiem a adoção

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de sistemas produtivos que rompam com o padrão tradicional. Devemser aprimorados os instrumentos de cobertura de seguros da produção,estabelecimentodepreçosmínimosdiferenciadosejustosefortalecimentodos processos de comercialização e de agregação de valor da produçãofamiliar.Apolíticadeseguroagrícoladeveabrangertodoosistemaprodutivodapropriedadeenão somenteumaououtra cultura.Aspolíticaspúblicasdeapoioàagricultura familiardevem levaremconsideraçãoagarantiaderendamínima, compatível comos custos de produçãomais ganho real de30%,conformeprevêoEstatutodaTerra.

249. O redirecionamento das políticas públicas voltadas para o campodemanda participação qualificada e articulação dos atores políticos nosespaços de elaboração e gestão das mesmas. Os conselhos estaduais emunicipaisdefinidoresdasaçõeslocaissãoespaçosestratégicosquedevemserocupadospeloMSTTR.Nestesespaçoséprecisodefenderaampliaçãoe adequação da infra-estrutura social e produtiva, os serviços públicos dequalidadequegarantamcondiçõesdevidaetrabalhoparaapopulaçãorural.O direcionamento dos investimentos públicos que assegure a educação,saúde, transporte,estrada,cultura,esporte, lazer,etc,nocampo,contribuiparaaampliaçãoeodesenvolvimentodaagriculturafamiliareconsolidaoPADRSS.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL E PRODUTIVA

250. ParacumprirasdeterminaçõesdoPADRSSdearticularproduçãodealimentos de forma sustentável, com preservação dos recursos naturais,geraçãodepostosdeocupaçõesprodutivascomgarantiaderendaegestãocompartilhada da produção, o MSTTR estimula e promove a organizaçãosocialeprodutivadaagriculturafamiliar.

251. NestaaçãooMSTTRtemcontribuídoparadarvisibilidadeàagriculturafamiliarqueéaprincipalresponsávelpelagarantiadasoberaniaesegurançaalimentar doBrasil.Mesmoocupando apenas 21%das terras agricultáveise com acesso demenos de 15% do volume de crédito rural disponível, aagriculturafamiliarrespondepor39%doProdutoInternoBruto–PIB,pormaisde80%dospostosdetrabalhoexistentesnocampoepor51%daproduçãodealimentosquechegamàmesadapopulaçãobrasileira.

252. Neste universo é possível identificar que a agricultura familiar secompõedevariáveisqueainfluenciasocialeeconomicamente,tantononívelinterno–organização,gestão,tecnologia,investimentos,renda,potencialdoambienteerespeitoàsdiferenças,quantononívelexterno-crédito,mercado,formaorganizacionalepolíticaspúblicas.

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253. Portanto, a unidade familiar de produção deve ser compreendidacomoolugaremquesedesenvolveagestãoparticipativadosbenseserviços,levando-seemconsideração todosos componentesda família, as relaçõesinternas e externas, tanto no âmbito do conhecimento, do emprego dastecnologiasedatomadadedecisões,quantonaparticipaçãodarenda.

254. Assim, no caminho da sustentabilidade, as unidades familiares deprodução devem adotar como estratégia a organização social e produtiva,a cooperação que potencializa e qualifica as atividades e a elevação daprodutividade do trabalho dos membros do grupo familiar. A organizaçãoproporciona a sistematização e o planejamento geral do estabelecimento,observando os aspectos sociais e ambientais, bem como articulando aproduçãoemcadeiaseredesprodutivas.

255. Agestãodasunidadesfamiliaresdeproduçãoedosempreendimentoscoletivosdeveseraprimoradapararesponderàsnecessidadesdeadequaçãodos padrões tecnológicos e do mercado, superando o modelo tradicionaldegestãocentralizada.Nestesentido,agestãoassociativadeveconsiderara participação democrática do coletivo com base em procedimentosadministrativosefinanceirostransparentes,compatíveiscomasuarealidadesocialeprodutiva.

O SISCOP

256. OMSTTRvemdesenvolvendoe implementandooSistemaCONTAGdeOrganizaçãodaProdução–Siscop,quebuscaarticularosprincipaisramosdoprocessoprodutivo:crédito(Creditag–CooperativasdeCréditoRuraldaAgricultura Familiar de Economia Solidária), assistência técnica (Sisater –SistemaSiscopdeAssistênciaTécnicaeExtensãoRural),ascadeiasprodutivaseacomercializaçãodaprodução.Essesistemabuscafortalecerosprocessosautônomos sustentáveis e solidários e articula com outras organizaçõescooperativasofortalecimentodaagriculturafamiliar.

257. Os instrumentosepolíticaspúblicasdevematuarnofortalecimentodos processos produtivos, garantindo condições de beneficiamento eagregaçãodevaloraosprodutos,facilitandoainstalaçãodeagroindústriasououtrasestruturasdebeneficiamentoparaosprodutosdaagriculturafamiliar.

258. Entretanto, o processo de agroindustrialização de produtos daagricultura familiar requer legislação sanitária específica para o segmento,ajustadaàsuarealidadeedeformaaatenderàssuasnecessidades,combasenaLeidaAgriculturaFamiliar(Leino11.326de24/07/2006).

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259. O SISCOP deve potencializar a inserção qualificada da agriculturafamiliar,reunindoelementosquecontribuamparaasuperaçãododomíniodosoligopóliossobreaproduçãoeacomercialização.Destaforma,aagriculturafamiliarpoderáatingirumnovopatamar,deixandodeserapenasfornecedoradematériaprimaparaastransnacionaisquedefinemcomoeoquesedeveproduzir.

260. O acesso amercados e a comercialização da produção familiar sãodesafios que se apresentam para oMSTTR e demandam a construção deestratégiasquearticulemaprodução,beneficiamentoecomercializaçãodaagriculturafamiliar.Nessecontexto,ocomérciojustoesolidáriorepresentaumaopçãoquepotencializaaagriculturafamiliarefavoreceaimplantaçãodeprocessoprodutivoeconômico,socialeambientalmentesustentável.

261. Dentreaspolíticaspúblicasaseremimplantadasparaaconsolidaçãoda agricultura familiar, a educação profissionalizante se constitui numcomponenteestrutural.Énecessáriaampliaçãodeescolastécnicasagrícolasacessíveisaosfilhosefilhasdeagricultores,nasdiferentesregiõesdoPaís,comobjetivodeprepararajuventudeparaogerenciamentoeaadministraçãodaunidadefamiliardeprodução.

262. Osistemadeintegraçãodaagriculturafamiliarcomasgrandesempresas,cada vezmais, atrofia e exclui os agricultores familiares pelas relações deutilizaçãoesubordinaçãodestes.Nessarelação,osbônus(resultados)ficamcomasempresaseosônus(prejuízoscomaprodução,problemasambientais,sanitários e de financiamento bancário, responsabilidades de contratos,entre outros) são assumidos pelos agricultores familiares. Deve, inclusive,seranalisadosetalrelaçãonãoseconfiguraemvínculotrabalhista,poisosintegradosnãosãodonosdoprodutofinal;disponibilizamtodaaestruturafísica, patrimonial e mão de obra; recebem um valor determinado pelaempresaparamanterecuidardoprodutodamesma;alémdasolidariedadedetodoosistemadesdeaimplantaçãoatéaproduçãofinal.Ointegradonãodeveassumirasresponsabilidadesqueseriamdasempresaspelosproblemasdaproduçãooucomercialização,cabendoinclusivedenúncianomercadodeexportação.

TRABALHO NO CAMPO COMO DINAMIZADOR DO DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E SOLIDÁRIO – DRSS

263. O Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável eSolidário–PADRSS-propõemudançasnasrelaçõessociaisqueestruturamasorganizaçõesequalificamaspolíticasquandoconsideraadiversidadedos

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sujeitosexistentesnocampo.Otrabalhocomovalorpositivo,promotordequalidadedevida,rendaecrescimentopessoal,nãocomosofrimento,deveserumdospilaresdoPADRSS.

264. Este elemento traz várias reflexões sobre o significado do trabalhocomoprincípioeducativo,paraosignificadodoqueéotrabalho,qualasuaimportância na construção das identidades, das relações sociais, e comoformadehumanização.Osvaloresatribuídosaotrabalhonãopodembasear-seapenaspelaexploração.Deveservistotambémdeformapositiva,capazdeconstruiridentidadesecontribuirparapromoverodesenvolvimentoruralsustentávelesolidário-DRSS.

265. Acapacidadequetemosdepensar,refletir,aprender,criar,construiretransformarodia-a-dia,noespaçoemquevivemos,chama-sedeatividadehumanadotrabalho.Otrabalhoésempreumaatividadesocialenãoisolada.Asociedadedecidesobrequemtrabalhaemquetrabalhaecomosedistribuiarendageradapelotrabalho.

266. O trabalho é o principal fator que determina a organização dasociedade, suas estruturas e funcionamento. A existência do trabalho estárelacionadaàexistênciadassociedades.Omesmonãoaconteceemrelaçãoaoemprego,pois,apesardeseinter-relacionados,trabalhoeempregonãosãoamesmacoisa,possuemsignificadosdiferentes.Otrabalhoétodaocupaçãohumanaqueatendeaumdeterminadofim,eexistedesdeomomentoemquesecomeçouatransformaranatureza.Oempregoécaracterizadopelaformalidade e relação de subordinação. Significa exercer função, cargo ouqualquerocupaçãoremunerada.

267. Compreender a diferença entre trabalho e emprego é importanteparamelhorentender como funcionamas regrasdomercadode trabalho.Porexemplo,naunidadefamiliardeprodução,todososmembrosdafamíliatrabalham,masnãotêmvínculoempregatício.Jáosassalariados(as)ruraistêmseutrabalhocaracterizadopelovínculoempregatício.

268. Existem diferentes formas de trabalho que envolvem os sujeitospolíticos do campo: assalariados (as) rurais, agricultores (as) familiares,assentados(as)eacampados(as)dareformaagrária,extrativistas,ribeirinhose pescadores artesanais. Esses sujeitos são importantes na construção dodesenvolvimentoedocampoquequeremos.Otrabalhonodesenvolvimentoconsideraessadiversidadeeemcomodistribuirobônus(inclusão)eminimizaroônus(exclusão).

269. Com a globalização e as estratégias neoliberais registraram-setransformações em grande escala, redefiniram-se a dinâmica do mercado

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de trabalho, da gestão das empresas, das condições de vida e trabalhodos trabalhadores e trabalhadoras. A precariedade e a vulnerabilidade doemprego e do trabalho também são responsáveis pela exclusão social. Oagronegócio se reproduz nesta lógica, utilizando um modelo degradantede desenvolvimento, onde o mesmo atua, porém reproduz o discurso dodesenvolvimentosustentável.

270. Precisamos ficar atentos a essas novas reorganizações do trabalho,pois, isto nada mais é do que uma tentativa do capitalismo continuarsobrevivendo.Noagronegócio,porexemplo,oassalariamento ruralpossuicaracterísticasdotrabalhoquesãoquasesempreinfluenciadasporumcenáriodeprecarização,rotatividadenoemprego,flexibilizaçãoderegrasedireitostrabalhistas.Aproliferaçãodecooperativasdemão-de-obra,diminuiçãodopoder aquisitivo dos salários, de casos de superexploração em virtude dotrabalho por produção, lacunas nas questões sobre segurança e saúde dotrabalhador(a)rural,descumprimentodeacordoseconvençõescoletivasdetrabalho, péssima distribuição pessoal da renda do trabalho, entre outros,geramrelaçõesdeconflitosnoprocessodetrabalho.

271. Algumasformasperversasdetrabalhoaindapermanecemnocampo,aexemplodotrabalhoescravoedegradantequeexploratorturaecerceiaaliberdadeedignidadedotrabalhador.Aaçãosindicalvoltadaparaocombateà informalidade no campo e estas formas de exploração, ainda presentesno meio rural, tem se intensificado nos últimos anos, pois essas práticasrepresentamimpassesparaodesenvolvimentoquebuscamosconstruir.

272. Destacam-se diversas conquistas e avanços como os processosdas campanhas salariais, negociações coletivas de trabalho, ampliação deconvençõeseacordoscoletivos,estabelecidos,pressãoporfiscalizaçãoefetivanaárearural,criaçãoeatuaçãodoGrupoMóveldeFiscalização,participaçãodo MSTTR no Planejamento para a ação fiscal no campo. Elaboração ecumprimento da Norma Regulamentadora – 31 (saúde e segurança notrabalho),ocombateàsuperexploraçãodotrabalhoporprodução,acampanhapelareduçãodajornadadetrabalhosemreduçãodosalário,entreoutros.

273. Porém, o cenário do assalariamento rural ainda não apresentauma visão positiva do campo enquanto espaço de qualidade de vida enão dá visibilidade aos trabalhadores/as assalariados/as rurais enquantoprotagonistasdoDRSS.

274. OMSTTRexercepapelimportanteaoorganizar,mobilizaredefenderosinteressesdostrabalhadoresetrabalhadorasruraisereivindicarmudançasnalógicadoassalariamentoruraldoagronegócio.

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275. O mercado de trabalho rural também está sendo afetado pelastransformaçõesdomundodotrabalho,quediversificamealteramasatividadeseasocupações.Emfunçãodoavançodaagroindústriaedofortalecimentodaagricultura familiar seránecessárioaumentaracontrataçãodemão-de-obra,evidenciando,assim,umatendênciadecrescimentodotrabalhotantoassalariadocomoodaagriculturafamiliar.

276. Aagriculturafamiliarocupatodososmembrosdafamíliaematividadesagrícolasenão-agrícolas.Aindaassim,pordecorrênciadoseufortalecimentoeexpansão,sefaznecessárioacontrataçãodetrabalhadores(as)assalariados(as)ruraisparadesenvolveratividadescomplementaresaotrabalhofamiliarnapropriedade.

277. Hojearealidadepreocupa,emboraaagriculturaepecuáriafamiliartenhamrelevânciasocialeeconômicaecapacidadederesponderàsmudançasdomercadodetrabalho.Apresençadaagriculturafamiliarnomercadodetrabalhodevemudaralógicadestemercado,agregandorenda,qualidadedevidaesolidariedade.

278. A utilização do trabalho assalariado na agricultura familiar deveter comoprincípioassegurarqualidadede trabalhoedevida, elevaçãodarenda, inclusão social e produtiva. A valorização dos assalariados/as ruraistambémdevesevalerdesseprincípio,oquedemandaumconjuntodeaçõesprioritáriasepolíticasespecíficasparaestesegmento.

279. Arelaçãoentreagricultores/asfamiliareseassalariados/asruraistendeaseintensificar,principalmenteemdecorrênciadoquadrodeenvelhecimentodocampo.Osproblemasexistentesdevemser resolvidosem igualdadedecondiçõesefetivandoodireitoàproteçãosocial,inclusivecomasalteraçõeslegaisquesãonecessárias,tantoparaosassalariados/asruraisquantoparaosagricultores/asfamiliares,fortalecendooconjuntoeaunidadedacategoriadetrabalhadoresetrabalhadorasrurais.

280. Osassentamentossãoimportantesnãoapenasporqueestimulamoacessoàterra,assegurandotrabalho,rendaequalidadedevida,ampliando,e fortalecendo a agricultura familiar, mas também como fomento para odesenvolvimento local.Os assalariados e assalariadas rurais sãopotenciaisbeneficiários da reforma agrária e devem ser desenvolvidas ações quefomentemoseuacessoàterra.

281. Emrelaçãoàproteçãoinfanto-juvenilnaagriculturafamiliar,anossalutadeveserpelaerradicaçãodaexploraçãodotrabalhoqueprejudiqueodesenvolvimento físico, psíquico, social, pessoal e cultural da criança e doadolescente. O desenvolvimento no campo que queremos deve assegurar

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a proteção integral, trabalho como princípio educativo, considerando asnecessidades de crianças e de adolescentes, com políticas públicas deeducação,saúde,cultura,esporteelazer.Aomesmotempoemquesomoscontráriosaexploraçãodotrabalhoinfantil,precisamosmudaradefiniçãonalegislaçãoquetratadetrabalhoinfantilporjovemaprendiz.

282. OtrabalhocomodinamizadordoDesenvolvimentoRuralSustentávele Solidário - DRSS - tem como princípio a garantia dos direitos humanosarticuladosàsestratégiasdereduçãodapobreza,depromoçãodotrabalhodecente,impulsionandoatransformaçãodavida,dotrabalhoedarenda.Aspolíticasdegeraçãodeempregoerendadevemasseguraraproteçãosociale inclusão social, criando as condições para que as populações rurais nãofiquem namarginalidade, reduzindo assim o abismo entre ricos e pobres,mulheresehomens,ruraiseurbanos.

283. O trabalho que queremos distribui renda, desenvolve o espaçolocal, diminui as desigualdades, promove oportunidades para mulheres ehomenscomdignidade,liberdade,igualdade,segurançaesolidariedade.Estetrabalhoreafirmaaidentidadeindividualecoletiva,reconheceasdiferenças,consideraosnossosvaloresequebraasbarreirasdainvisibilidade,permitindooreconhecimentodopotencialdostrabalhadoresetrabalhadorasruraisnadinâmicadoDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário-DRSS.

284. Os desafios são enormes frente a todas essas questões e aodesenvolvimentoquequeremos,comotrabalhocomoprincípioeducativo,como dimensão de cidadania, como formação humana, fortalecendo osdiversosespaçosdoDesenvolvimentoRuralSustentáveleSolidário-DRSSesecontrapondoàsdiversasformasdeexploraçãodotrabalho.Tudoistodevecontribuirparaaconstruçãodeummodelodedesenvolvimentodiferentedoquetemsidopreconizadopeloagronegócio.

POLÍTICAS SOCIAIS

285. Historicamente,apopulaçãoruralfoidesprovidadoacessoaosdireitossociais e o campo negado como lugar de cidadania. Isso ajuda a explicarporqueoespaçorural,durantemuitosanos, foimarcadopeloabandonoepelaprecariedadedaspolíticassociaisestruturantes.Essa,aliás,foiecontinuasendo também a estratégia do receituário neoliberal seguido por muitosgovernos,quesempreconsiderouapopulaçãoruralcomomerademandantede políticas de combate à pobreza, possíveis de serem asseguradas peloEstadoenquantoprovedordedireitossociais“mínimos”.

286. MesmocomosdireitosasseguradosnaConstituiçãoFederalde1988,

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ainda não foi possível uma articulação e uma eficiente concretização daspolíticas sociais integradas num Sistema de Proteção Social que assegurecondiçõesdignasdevidaequerespeiteasdemandasdossujeitoseasdistintasrealidadesemqueestesvivem.

287. As políticas sociais que vem sendo implementadas nosmunicípios,comoéocasodasaúdepública,educação,habitação,lazer,cultura,esporte,segurança,proteçãoàscriançasejovens,entreoutras,nemsempreatendemàs demandas específicas da população rural. Ainda prevalece uma culturapolíticacoronelistaeclientelistaquetransforma“direitossociais”e“controlesocial”emmerosinstrumentosdetrocaebarganhapolítica.

288. A luta pela universalização dos direitos sociais e por um SistemadeProteção Social tem sido fundamental, para se construir umpadrãodedesenvolvimentoquesejasustentável,comdistribuiçãoderendaecidadaniaplena.

289. Algumasmudançasnessesentidovêmocorrendonosúltimosanos,a exemplo da descentralização das políticas públicas na área social entreas três esferas de governos (União, Estados e Municípios). Essas políticasasseguram maior presença do poder público junto à população; maiortransparência nas informações, decisões e gestão dos bens públicos; alémde fortaleceraparticipaçãopopularnosespaçossociaispor intermédiodagestãoparticipativa.

290. Em resposta às reivindicações dos Movimentos Sociais e Sindical,o governo Lula investiu em algumas políticas sociais e adotou medidasimportantes, como a valorização do salário mínimo, estruturou o bolsa-família,instituiuoPROUNI(ProgramaUniversidadeparaTodos),oProJovem(Programa Nacional de Inclusão de Jovens), o Programa Luz para Todos,ampliouoacessoaocréditoparaascamadasdebaixarenda,entreoutras,o que tem contribuído para reduzir os índices de pobreza e melhorar ascondiçõesdevidadosmaisexcluídos.

291. OgovernotemdemonstradointeresseemnegociarcomoMSTTRnosentidoderepensar,formulareavançarnaimplementaçãodepolíticassociaisespecíficasparaaspopulaçõesrurais,aexemplodaspolíticasdeeducação,saúde,habitação,previdênciasocial,proteçãoinfanto-juvenil,etc.,ampliandoa compreensão sobre o papel que essas políticas têm na dinamização docampoenoprocessodedesenvolvimentosustentávelesolidário.Contudo,algumasdessaspolíticassãoextremamentedifíceisdeseremimplementadasnosmunicípioseestão longedebeneficiardiretamenteostrabalhadoresetrabalhadorasrurais.

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292. Portanto, se faz necessário que o MSTTR repense suas estratégiaspolíticas, amplie o campo de alianças com outros setores da sociedade equalifique a intervenção nos espaços de elaboração emonitoramento daspolíticassociais, taiscomo,conselhos,comitês,gruposdetrabalho, fóruns,etc.,sobretudonoâmbitolocaleterritorial.

MEIO AMBIENTE

293. OPADRSSestáfundamentadonasustentabilidade,asseguradapelasdimensões econômicas, políticas, sociais, culturais e ambientais, que sãointerligadas e articuladas. Do ponto de vista ambiental a sustentabilidadesignificaoprocessodedesenvolvimentoqueassegurearelaçãoharmônicae equilibrada da sociedade com os recursos naturais, de modo a nãocomprometerascapacidadesenecessidadesdapopulaçãoatualedasfuturasgerações.

294. Ahistóricarelaçãopredatóriadoserhumanocomomeioambienteprovocou sérios problemas que exigemalterações significativas e urgentesnosmodosdevidaenospadrõesdeproduçãoeconsumo.Nestecontexto,aagricultura,comoumsistemaprodutivointrinsecamentevinculadoànatureza,setransformaemumfortealvodasdemandasporprocessosprodutivosquenãodegrademanaturezaeasseguremasustentabilidade.

295. Essasdemandaspoderãorepresentarumpotencialdefortalecimentodaagriculturafamiliar,umavezque,majoritariamente,elaseestruturanumsistemacapazdeproduzirodesenvolvimentosustentávelnocampoegarantirasegurançaeasoberaniaalimentarenutricionaldapopulação.Diferentementedoagronegócio,asunidadefamiliaresgerampostosdetrabalhoeocupação,baseiando-senamultifuncionalidade,organização,diversificaçãodaproduçãoefetivaecomercializaçãodealimentos,comusodetecnologiasadequadasealtaprodutividade,atividadesquesecaracterizamcomomenosagressivasaomeioambiente.

296. Visando ampliar este potencial da agricultura familiar, o PADRSSassumecomoumadasestratégiasaseremadotadas, aagroecologia,comoum novo jeito de viver e produzir que incorpora os valores essenciais dasustentabilidade e que assegura renda. Um sistema agroecológico articulatecnologias adaptadas e práticas agrícolas sem o uso de agroquímicos ououtros contaminantes. Valoriza e reconhece a participação dos diferentessujeitos políticos, considerandoos aspectos ambientais, sociais, culturais eeconômicospresentesdosespaçosorganizativoseprodutivosedeveestarexpressaemformadeumselodaagriculturafamiliar.Portanto,édesejável

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queogovernoassumaaagroecologiacomoumapolíticapúblicaedesenvolvaprojetos que visem à busca de novas tecnologias, assistência técnica edivulgaçãodoalimentosaudável,produzidoecomercializadocomoselodaagriculturafamiliar.

297. Para assegurar que as unidades familiares de produção sejamefetivamenteagroecológicasesustentáveis,garantamrendaeproduçãodealimentos,énecessárioredirecionarosinstrumentoseaspolíticaspúblicas,comoporexemplo,acriaçãodepolíticadepagamentoporserviçosambientaise a garantia da certificação de produtos por meio do selo da agriculturafamiliar. A transição dosmodos tradicionais de produção para os sistemasagroecológicosnãopodedependerapenasdodesejoeesforçodeindivíduosoudegrupos,masdeveserumaopçãodossujeitospolíticosdaagriculturafamiliarque,emdiálogocomosdemaissegmentosdasociedade,ecomoEstado, devem buscar seu reconhecimento como garantidora de produtossaudáveisparaapopulação.Osprocessosprodutivosdeagregaçãodevaloredecomercializaçãodevemcontarcompolíticasdecréditoeapoiofinanceiro,capacitação, instrumentosnormativos, pesquisas, tecnologias e assessoriastécnicasespecializadaseadequadasquepromovamatransiçãosubsidiada,comapráticadepreçosdevendadiferenciadoselinhasdecréditoatrativasparaosprodutosagroecológicosatéaefetivatransiçãoeconsolidaçãodestesistemaentreosagricultoreseagricultorasfamiliares.Éimportantetambémgarantir a permanência do PAA – Programa de Aquisição de Alimentos,transformando-oemLei,deformaqueoprogramapasseacontribuirparaamelhoriadaqualidadedevida,sustentaçãoepermanênciadasfamíliasnocampo.

298. Em relação à legislação ambiental, o MSTTR defende o seuaprimoramento e flexibilização, principalmente para rever o tratamentouniformequeédadoàsdiferentesformasprodutivaseecossistemas,alémdoseucarátermuitomaispunitivodoqueeducativoeorientadordepráticassustentáveis. Esse caráter da legislação propicia, na maioria das vezes, oestabelecimentodeconflitoseaexclusãodostrabalhadoresetrabalhadorasruraisque,historicamente,consolidaramdiferentesformasdeorganizaçãoeproduçãonoespaçorural.

299. A Legislação ambiental deve ser regionalizada, a partir dasespecificidadeslocais,visandosalvaguardaraAgriculturafamiliar,permitidopráticasinteligentes,comoporexemplo,omanejosustentáveldabracatinga,dopinheirobrasileiroedopalmitonosuldoBrasil,contribuindodestaformacomadiversidadebiológicaegenética,alémdecontribuircomaconservaçãoambiental.OCódigo Florestal tambémdeverá ser adequadoemodificado,

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prevendo as regras e princípios gerais de proteção ambiental. Quanto àsespecificidadesambientaisdecadaestadodeverãoserprevistasnosCódigosestaduaisdemeioambiente,retirandotalpoderdoCONAMA,quehojedefineregraseregulamentos,papeldolegislativo.

300. IstonãoquerdizerqueoMSTTRdefendaaflexibilizaçãodosdireitose obrigações e nem a manutenção de formas produtivas predatórias quecomprometam os recursos naturais. O MSTTR tem construído esforçosparaquea legislaçãoambientalatendaàpluralidadeeespecificidadesdosecossistemas e assegure condições à agricultura familiar para estabelecerprocessos produtivos em equilíbrio com a preservação e conservaçãoambiental,assumindoaagroecologiacomopolíticapública.Paratanto,vemparticipando de vários colegiados, promovendo debates nacionais e nasregiões,searticulandocomoutrasorganizaçõesesetores,entreoutrasações,queprocuramdiagnosticarosprincipaisproblemasedemandas relativasàcadarealidadeeformularpropostasadequadas.

301. A garantia da sustentabilidade requer a preservação e conservaçãoambiental, principalmente das áreas de preservação permanentes (APP)e as áreas de reserva legal (RL). É importante que a sociedade e o Estadoreconheçam que a preservação e conservação destas áreas é um serviçoambiental prestadoquebeneficia não sóo espaçoondeelas se localizam,mas a população em geral. Neste contexto, o MSTTR vem construindopropostasedesenvolvendoaçõesemconjuntocomoutrasorganizaçõesquevisamremuneraraquelesqueprestamestesserviçosambientais,aexemplodoPROAMBIENTE,queéatualmenteumprogramagovernamental.Portantoéprecisobuscara imediataaprovaçãodeLeiqueremuneredeformajustaaquelesquepreservameconservamosrecursosnaturaisdasuapropriedadeedesenvolveboaspráticasagrícolas.

302. Ocódigoflorestaltambémprecisaserrevistoeregionalizado,levandoemconsideraçãoaspropostaseencaminhamentosdoMSTTRequesejamconsideradasasáreasdeAPPsparacomposiçãodareservalegal.

303. No entanto, estes experimentos e proposições precisam seraprimorados e ampliados para que, efetivamente, atendam ao conjuntodasunidades familiaresdeprodução,garantindoas condiçõesdeproteçãoambiental sem que isso comprometa as formas de produção e renda daspropriedades. Neste sentido, os instrumentos normativos e institucionaisdevemassegurarmelhorescondições,inclusiveoapoiotécnicoeeconômicoparaqueaagricultura familiarpromovaa recomposiçãodasAPPeRLquetenham sido degradadas ou alteradas. Existem propostas para que sejaefetivadaacompensaçãodestasáreascomoutrasáreas,desdequelocalizadas

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nomesmobioma,quandoforimpossívelaredefiniçãodeseuuso.AsáreasdeAPPedeReservaLegaldevemseadequaràsrealidadesregionaisparaquenãoinviabilizemasatividadessocioeconômicasdaagriculturafamiliar.

304. Alutapelasustentabilidadepressupõenãosóa implementaçãodaspolíticaspúblicas,masoexercíciodepráticassustentáveispeloconjuntodasociedade.OMSTTRdeve,portanto, investir juntoà suabaseparaadoçãode processos produtivos agroecológicos, como as diversas práticas demanejosustentável, sistemasagroflorestais,produçãodeorgânicos,dentreoutros.Damesma forma,deveassegurarmedidas internasqueestimulemcomportamentoseatitudescomo,porexemplo,aseparaçãoecoletaseletivadelixoeocombateaodesperdíciodepapeleenergianasentidades,dentreoutraspráticasqueexpressemoefetivocompromissocomasustentabilidade.

305. Nestesentido,éestratégicaaparticipaçãodoMSTTRnosespaçosdedebateeformulaçãodepolíticasdemeioambientenosmunicípioseestados.Portanto, se faz necessária a criaçãode secretarias demeio ambiente nosmunicípios. Para dar sustentação política a estas ações faz-se necessária acriaçãodasecretariademeioambientenaCONTAG,nasFETAGeSTTR,paraenfrentar os desafios impostos à sustentabilidade no campo, orientando edesenvolvendo ações específicas relativas ao meio ambiente que estejamarticuladasàsdemaisfrentesdelutadoPADRSS.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

306. Na implementação do PADRSS deve ser considerado tanto acorrelaçãodeforçasinternaquantoexterna,namedidaemqueaintegraçãodosmercados, as negociações e os acordos emnível internacional podemimpactardiretamenteaspolíticaspúblicasdesenvolvidasemnossoPaís.FoiocasodasnegociaçõesfracassadasdarodadadeDohadaOrganizaçãoMundialdo Comércio – OMC, que poderiam impor limites ao PRONAF e a outraspolíticasdeapoioàagriculturafamiliar.

307. A cada dia o comércio internacional ganha maior importância nomundo das economias globalizadas. Os Países buscam a ampliação ou aconquista de novosmercados para comercializar seus produtos.NegociamTratados de Livre Comércio - TLC - com o propósito de desregulamentarosmercados regionaisentrepaísesoublocosdepaíses.Damesma forma,buscam liberalizar o comércio internacional com acordos negociados noâmbitodaOrganizaçãoMundialdoComércio.

308. Ocomérciointernacional“nãoélivreenemconfiável”paraoconjunto

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dos países em desenvolvimento, principalmente, quando o Estado poucoregulaeédespreparadoparaenfrentarascrisesqueafetamapopulaçãomaispobre.Adinâmicadomercadointernacionalafetaocomércioeaproduçãolocale,porconseguinte,avidados/astrabalhadores/asrurais.

309. Centradasexclusivamentenoaspectoeconômico,estasnegociaçõesde comércio internacional em geral não levam em consideração odesenvolvimento sustentável e o bem-estar das populações envolvidase nãodiscutemas consequências sociais. É preciso identificar os impactosdecorrentes destes acordos e mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras,paraassegurarpropostasqueprotejamaproduçãoeotrabalhodoconjuntodostrabalhadoresetrabalhadorasrurais,doBrasiledosoutrospaíses.

310. Estudos realizados pela Oxfam (Organização Não-GovernamentalBritânica)epelaUniversidadedaCalifórniaapontammudançasprofundasnomundo rural reservandoenormesdesafiosparaosgovernantes, sobretudodospaísesmaispobres,depromoveremodesenvolvimentoequilibradodassuaseconomias,paraqueaagriculturaassegureasoberaniaeasegurançaalimentardasnações.

311. A população mundial continuará crescendo, as demandas básicaspor comida, água, habitação, energia, roupa das famílias, também.Mas aterradisponíveleagricultáveldoplanetacontinuarásendoamesma.Onovo“ciclo”daagriculturaaumentaráademandaeadisputapelaposseeusodosrecursosnaturais:terraeágua,enquantofatoresindispensáveisdeproduçãoegeraçãoderiqueza.Alémdestesfatores,estáapreocupaçãocomomeioambiente, que continuaráno centrodas atenções internacionais, impondolimitesnesteprocessodeprodução,afetando,principalmente,aproduçãodebasefamiliarquepoderánofuturopróximoserobrigadaaconverter-seemprestadoradeserviçosambientais.

312. A terra teránovos valores sociais eeconômicosapartirdoqueelapoderáproduzirdealimentosparaa segurançaalimentarou,dematérias-primasparaaproduçãodeenergiasquesãoouserãofuturascommodities(produtos padronizados e comercializados em grande escala no mercadomundial),sujeitasàsflutuaçõesdomercadointernacional.

313. AOrganizaçãodasNaçõesUnidasparaaAlimentaçãoeAgricultura-FAOsinalizaumnovo“ciclo”paraagriculturanoqualospreçosdasmatérias-primas (commodities) semanterão altos na próxima década. Isto impactasobreospaísesdemaneiradiversa.NoBrasil,porexemplo,representouumarecuperaçãodospreçosagrícolasqueseencontravamdepreciados.Emoutrospaísesestácomprometendooacessoàalimentaçãodemilharesdefamílias,

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aumentandoafomenomundo.Aaltadospreçosdosalimentosécausadaporváriosfatoresqueapontammuitomaisdoqueumsimplesdesajusteentreaofertaeademandadealimentos.Háumacrisedemodelodeproduçãoqueafetaoscomponentesdaproduçãoeabastecimentodealimentosnomundo.

314. AposiçãodoMSTTRemnívelinternacionaltemporbaseosprincípiosqueorientamaimplementaçãodoPADRSS:regrasjustaseequilibradasparaocomérciointernacional,medianteautilizaçãodeinstrumentoscapazesdedisciplinarocomportamentopredatóriodasgrandesempresastransnacionaisqueatuamnocomérciointernacional;tratamentoespecialediferenciadoparaospaísesemdesenvolvimentoemtodososacordosdecomérciointernacional(multilateraloubilateral);soberaniaesegurançaalimentarenutricionaldetodosospovos;e,solidariedadedaclassetrabalhadoradetodosospaíses.

315. Emsuaatuaçãointernacional,oMSTTRdesenvolveaçõesconjuntascomoutrasentidadesdasociedadecivil.PodeserdestacadacomoexemploaarticulaçãoeparceriaemnívelinternacionalcomaUniãoInternacionaldosTrabalhadores da Alimentação, Agricultura, Hotéis, Restaurantes, TabacoseAfins -UITA,comodesenvolvimentodeváriasações importantesparaofortalecimentodaluta,dos(as)trabalhadores(as)rurais.Damesmaforma,comasorganizaçõesfiliadasdaConfederaçãoInternacionaldeOrganizaçõesdeProdutoresFamiliares,Campesinose IndígenasdoMercosulAmpliado -COPROFAM,ondeaCONTAG,atualmente,desempenhapapelestratégicodearticulaçãoecoordenaçãopolítica.Emnívelnacional, comasorganizaçõesque integram a Central Única dos Trabalhadores - CUT e a Rede Brasileirapela IntegraçãodosPovos–REBRIPemsuascomissõestemáticasegrupostécnicosquetratamdaagriculturafamiliaredosassalariadosnasnegociaçõesdeacordosdecomérciointernacionaleintegraçãoregional.

316. OMSTTRprecisaavançarmaisemsuapolíticaexterna,ampliandooseulequedealiançasedeparcerias,consolidando-secomoaprincipalreferênciadocampobrasileiroemnível internacional.Paraisso,éimportantetrazeratemáticainternacionalparaasdiscussõesinternasedesencadearumprocessodeformaçãoquepossibiliteacompreensãodadinâmicadaseconomiasedosacordosdecomércio internacionalquedeterminamomodelodeproduçãoagrícolanomundoeoutrostemascentraisquedesafiamaimplementaçãodoPADRSS,criandoumalegislaçãoquecontroleanecessidadedaimportaçãodealimentos.Destaca-sequeasbasesprecisamseapropriardestasinformaçõesenvolvendo a política e o mercado externo. O MSTTR precisa difundir asinformações,fazendocomqueasmesmascheguemàbase.

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PLANO DE LUTAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PADRSS

317. Propor e lutar pela construção e implementação de políticas quepromovamoPADRSS,compautasarticuladasemnívelnacional,estadualemunicipal,dialogandocomasociedadeeampliandoasaliançaseparcerias,earticulandoaspropostasdedesenvolvimentodocampocomasdacidade.

318. ParagarantirmaioroperacionalidadedasaçõesdoMSTTRénecessárioque seja feita a priorização de assuntos estratégicos para a categoria dostrabalhadores/as,queatendamdefatoàdemandadabase.Estapriorizaçãodevelevaremcontaaçõesurgentesdemédioelongoprazos.

319. Ampliar as ações de massa doMSTTR em nível nacional, estadualemunicipal, como legítimo instrumentodepressãoaopoderpúblicoparaatendimentodas reivindicaçõesdos trabalhadorese trabalhadoras rurais eparaestabelecerodiálogocomasociedadesobreoPADRSS.

320. RealizaraMarchadasMargaridasacada4anos.

321. Construirpolíticassindicaisqueasseguremumaorganizaçãosindicaldemocrática,classista,autônoma,transparenteeatuante,comaparticipaçãode todos os sujeitos políticos da categoria, em especial mulheres, jovens,pessoasda3ªidadeeidosas,comoincentivoparagarantiracontinuaçãodaparticipaçãodosaposentadosnosSTTRs.

322. Criar e fortalecer a Comissão Estadual dos Trabalhadores eTrabalhadorasRurais da 3ª Idadenas FETAGs, conformedeliberaçãodo9ºCongresso.

323. Asseguraro cumprimento,em todasas instânciasdasentidadesdoMSTTR(CONTAG,FETAGseSTTRs),dascotasdenomínimo30%demulheresede,nomínimo,20%dejovens,proibindoaparticipaçãodasentidadesquenão sigamestas orientações nas Plenárias e Congressos da CONTAGe dasFETAGs.

324. CombateronepotismonoMSTTRenosetorpúblico.

325. Garantir,nasdireções,igualdadedecondiçõesparaodesenvolvimentodastarefasnecessáriasaobomdesempenhodocargo,inclusivecomliberaçãoegratificação,paraCoordenaçõesdasComissõesdeMulheresedeJovens.

326. Garantir que o estatuto social de todas as entidades do MSTTR(CONTAG, FETAGs e STTRs) sigamosmesmosprincípios, especialmente noquedizrespeitoàscotasmínimasdeparticipaçãodemulheresedejovens,aotempodemandatodadiretoriaepossibilidadedereeleição,sendolimitada

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aumareeleiçãonomesmocargoeàobrigatoriedadedarenovaçãodepelomenos30%daDiretoria.

327. Alterar nos Estatutos do Movimento Sindical de Trabalhadorese Trabalhadoras Rurais, e imediatamente no Estatuto da CONTAG, asdenominações de Coordenação ou Diretoria da Comissão de MulheresTrabalhadorasRurais,deCoordenaçãoouDiretoriadaComissãode JovensTrabalhadores e Trabalhadoras Rurais e de Coordenação ou Diretoriada Comissão de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idadepara: Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais; Secretaria de JovensTrabalhadores e Trabalhadoras Rurais e Secretaria de Trabalhadores eTrabalhadoras Rurais da Terceira Idade, respectivamente, garantindo asmesmascondiçõesqueasdemaissecretarias.

328. Lutar para que as políticas públicas voltadas para os jovenstrabalhadores/as rurais sejam desburocratizadas, bem como, sejamaperfeiçoadososprogramasdecapacitaçãoetreinamentodestes/asjovens.

329. GarantiranãoacumulaçãodecargosnasdireçõesdasFETAGseSTTRs.

330. Garantirnosespaçosrepresentativosacotadejovensedemulheresseparadamente.

331. Implantarumapolíticadegarantiaderendamínimaparaagricultoressem renda, possibilitando a sucessão rural das pequenas propriedades deAgriculturaFamiliar.

332. Lutarparaaunificaçãoemtodalegislação(enquadramentosindical,previdência,etc.)doconceitodeagriculturafamiliar,combasenaLei11326/2006(LeidaAgriculturaFamiliar).

333. Lutar pela manutenção da unicidade sindical, atuando junto aoMinistériodoTrabalhoeEmpregoparaqueoMSTTRsejaoúnicorepresentantedacategoriatrabalhadorarural,buscando,ainda,uniformizaradefiniçãodenossacategoriaemtodaalegislação.

334. Defender, sistematicamente, a manutenção dos artigos 7º e 8º daConstituiçãoFederal,e lutarpelaregulamentaçãodoincisoIVdoartigo8º,quedispõe sobre custeiodo sistemaconfederativo,deixandoexplícitoqueacontribuiçãoseestendeatodacategoria,filiados/asounãoaoSTTR,umavezqueéoconjuntodacategoriaquesebeneficiacomosfrutosdalutadoMSTTR.

335. Lutar pela manutenção dos assalariados/as rurais e agricultores/asfamiliaresnamesmaestruturasindical.

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336. Lutar por políticas que atendam às demandas e especificidadesdos diversos sujeitos políticos do campo, combatendo todos e quaisquerpreconceitos,discriminaçõesedesigualdadesbaseadasemgênero,geração,raçaeetnia,quilombolas/indígenas,entreoutras.

337. Criarassessoriasespecíficasnas3instânciasdoMSTTR.

338. Criar grupos de discussão e construção de estratégias parareavivamentoepermanências.

339. Fortalecer as iniciativas já existentes que buscam manter vivas aspráticaseasmanifestaçõesculturaisdospovosdocampo.

340. Lutar paraque as políticaspúblicasde culturabeneficiemo campobrasileiro.

341. Incentivar e constituir grupos de trabalho que acompanhem eaperfeiçoemasaçõesdoMSTTRnadefesadasbandeirasdelutasdosdiversospovos do campo, como comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas,comunidadesdefundodepasto,atingidosporbarragens,etc.

342. Desencadear processos formativos, com metodologia similar aoPrograma de Desenvolvimento Local Sustentável – PDLS, como um dosinstrumentos de implementação do PADRSS, envolvendo o conjunto dacategoriatrabalhadorarural.

343. ConsolidaraPolíticaNacionaldeFormação–PNF-comoestratégiaformativa no Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural SustentávelSolidário.

344. GarantiracapacitaçãopolíticaparaasmulheresqueestãoingressandonoMSTTR,pormeiodaEnfoc.

345. Promover capacitação para as mulheres rurais, principalmente nasáreasdesaúde,educação,assistênciasocialeoutras.

346. Construir processos eleitorais do MSTTR de forma coletiva edemocrática,comaparticipaçãodehomensemulheres,semdiscriminaçãodefaixaetária.

347. ReformularereativarascomissãonacionaleascomissõesestaduaisdeÉticaeoCódigodeÉtica,paraassegurarapuniçãoparahomensemulheresquepratiquemaçõescontráriasaoMSTTReaosinteressesdacategoria,emespecial os que cometam algum tipo de violência contra as mulheres noMSTTR.

348. ImplementarnasFETAGsenosSTTRsadeliberaçãodo2ºCongresso

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Extraordinárioquelimitaaapenasumareeleiçãododirigenteparaomesmocargo,earenovaçãode,nomínimo,30%doscargosnadiretoria.

349. Buscaraunificaçãode todososestatutosdasentidadesdoMSTTR,devendotodososestatutosrespeitaremasdeliberaçõesdosCongressosdaCONTAG, estabelecendo critérios de punição para as entidades que não ofaçam.

350. EstruturaracomunicaçãonoMSTTRparaasseguraroacessodabasesindical às informações, encaminhamentos e deliberações da categoria,utilizando-sedetodososmeiosdecomunicação,emespecialainternet.

351. Melhorar a comunicação da CONTAG/FETAGs/STTRs, mantendoatualizadoositeparaatenderàsatuaisdemandasdoMSTTR,divulgandoasnossasbandeirasdelutaseconquistas.

352. Criar uma revista específica sobre as questões de gênero com oobjetivodeagilizareampliaroalcancedas informaçõesedebatessobrealutadasmulheresnoMSTTRenasociedadeemgeral.

353. Ampliar o debate sobre a implantação do PADRSS em todas asinstânciasdomovimentosindicalparaquesuaimplantaçãochegueàsbases,criandoalternativasparaaagriculturafamiliar.

354. Ampliar o Programa Nacional de Fortalecimento das EntidadesSindicais – PNFES, assegurando a sustentabilidade política e financeira dasentidadesdoMSTTRdeformaequilibrada.

355. OrientaroMSTTRa implantaroblocopadrãodecobrançaúnicodearrecadaçãodasmensalidadessociais,conformeaprovadono9ºCNTTR.

356. Realizar ampla campanha para que todas as entidades do MSTTRestejam regularizadas junto ao Cadastro Nacional de Entidades Sindicaisdo Ministério do Trabalho e Emprego, assegurando o permanenteacompanhamentoda tramitaçãodosprocessosdasentidades juntoaqueleMinistério.

357. Lutar para que as políticas públicas destinadas ao campo sejamparticipativas,permanentesearticuladas,considerandoasespecificidadesdaárearuraleasdiferençasregionaiseétnicas.

358. Lutar para que os recursos dos Territórios da Cidadania sejammunicipalizadosenãoregionalizados.

359. Avançar nas políticas sociais como instrumento de inclusão social,distribuiçãoderendaepromoçãododesenvolvimentojustoeigualitário.

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360. Fortalecer e ampliar a atuação doMSTTRna luta pela implantaçãodaReformaAgrária,comoinstrumentodeinclusãosocial,cidadãeprodutivapara o desenvolvimento sustentável e solidário, construindo parcerias esensibilizandoasociedadeparaasuaimportância.

361. Criaremanteratualizadoumcadastro,coordenadopelosSTTRs,paraagricultores/as interessados/as no acesso à terra, garantindo o acesso àsaçõesdereformaagráriaindependentedeestarounãoemacampamentoouocupaçãodeterra.

362. LutarparaqueaspolíticaspúblicasdestinadasàagriculturafamiliarsejaminstituídascomopolíticasdeEstado.

363. ConsolidaroSistemaCONTAGdeOrganizaçãodaProdução–SISCOP,como instrumento da organização social e produtiva dos trabalhadores etrabalhadoras rurais, através da construção de sistemas cooperativos nasáreasdeprodução,créditoeassistênciatécnica,parapráticassustentáveisesolidáriasnaagriculturafamiliar.

364. Lutarparaassegurar a valorizaçãoepromoçãodo trabalhodignoedecente, que assegure a redução da pobreza, a ampliação emelhorias deproteçãoedeinclusãosocial,impulsionandoamelhoriadavida,dotrabalhoedarendadacategoriatrabalhadorarural.

365. Desenvolvermaioresesforçosparafortalecerosassalariados/asruraisesefazercumprirasconvençõeseacordoscoletivosdetrabalho,buscandomelhorescondiçõesdevidaparaostrabalhadores/as.

366. Defenderummeioambienteecologicamenteequilibrado,combatendoautilizaçãopredatóriadosrecursosnaturaisefortalecendoasboaspráticasepolíticasambientais,informandoaosagricultoreseagricultorasdaimportânciadapreservaçãodomeioambiente(nãousarcoposdescartáveis,garrafaspet,sacolinhasplásticas,nãorealizarqueimadas,entreoutras).

367. Defender e fomentar a criação do selo verde para os produtos daagriculturafamiliar.

368. DefenderacriaçãodecomitêsgestoresdeAPA,comaparticipaçãodas entidades representativas dos agricultores e agricultoras familiaresenvolvidos.

369. Reivindicar que os órgãos de fiscalização ambiental desenvolvamatividadesde formação,orientaçãoe informaçãoambientaldestinadosaostrabalhadores/asrurais.

370. Combaterosimpactosnegativosdaexpansãodosagrocombustíveis,

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emespecialdosetorsucroalcooleiro,buscandoamelhorianascondiçõesdetrabalho,rendaevidadostrabalhadoresetrabalhadorasruraisenvolvidos,asoberaniaterritorial,aproteçãodomeioambienteeasegurançaesoberaniaalimentarenutricionaldoPaís.

371. Buscar e construir parcerias na implementação de projetos quegarantamasoberaniaalimentarenutricionalnaunidadeprodutiva.

372. Promover imediatamente o debate no MSTTR, com a participaçãode mulheres e jovens, sobre agrocombustíveis, levando em consideraçãoas diversidades regionais, na perspectiva de refletir sobre os impactosnegativosdamonoculturaedo setor sucroalcooleiro, que contrapõe-se aodesenvolvimentodaagriculturafamiliar.

373. Lutarcontraoarrendamentodaspropriedadesdaagriculturafamiliarpelasgrandesempresaseaconcessãodeflorestaspúblicas.

374. Buscar o estabelecimento de parcerias na implantação de projetosquegarantamasoberaniaalimentarenutricionaldoPaís,destacandoopapeldaAgriculturaFamiliar.

375. ProporelutarporpolíticaspúblicasqueampliemasensibilizaçãoeaparticipaçãodaagriculturafamiliarnoProgramaNacionaldeBiodiesel,comaumentodarenda,possibilitandoaosagricultoreseagricultorasaparticipaçãoemtodasasetapasdacadeiaprodutiva(fornecimentodematériaprima,deóleos vegetais e/ou biodiesel e sua comercialização), dando prioridade àdiversificaçãodaproduçãodealimentosdaagriculturafamiliar,bemcomoaorganizaçãodepequenascooperativasparaevitarosatravessadores.

376. Ampliarasparceriasealianças internacionais,para impediracordose negociações lesivas aos interesses das populações dos países, como porexemploaALCA, easseguraraproteçãoparaaproduçãoeo trabalhodoconjunto dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, do Brasil e dos outrospaíses.

377. Participardeformaorganizadaesistemáticanosprocessoseleitorais,no combate à corrupção eleitoral e na luta pela importância do votoconsciente e da ética na política, elegendo trabalhadores e trabalhadorasruraiseapoiandocandidaturascomprometidascomoPADRSSeoMSTTR.

378. LutarpelaampliaçãodoProgramadeAceleraçãodoCrescimento–PAC,discutido-ocomoMSTTR,reivindicandoquecaminhenamesmadireçãodoPADRSS, visandoodesenvolvimentoeconômico, social e sustentáveldaagricultura familiar, de forma que todos os municípios possam participarindependentementedonúmerodehabitantes.

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379. Criar nos STTR’s comissões municipais de meio ambiente, com aparticipaçãodasliderançasqueatuamnascomunidades.

380. Lutar para que o MSTTR tenha uma participação mais efetiva nasinstâncias e foros municipais (conselhos municipais de desenvolvimentorural).

381. Desenvolver, através da CONTAG, ações mais pontuais nas maisdiversasáreas,conformeasrealidadesespecíficasdasregiões.

382. Estabelecer tratamento diferenciado para a região norte, devido àdimensãogeográficadosestados.

383. Adotarumaposiçãocontráriaàssementestransgênicas,orientandoaos agricultores/as familiares a não utilização de sementes geneticamentemodificadas.