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Introdução Antoni Gaudí: vida, obra e sua relação com o modernismo. Antoni Placid Gaudí i Cornet, nasceu em 25 de junho de 1852, na cidade de Réus, província de Tarragona. Filho de Francisco Gaudí Serra um artesão, batedor de cobre, e de Antonia Cornet Bertran, não era de família abastada. Em 1869 mudou- se para Barcelona, juntamente com o irmão Francisco nascido em 1851, a fim de cursarem arquitetura e medicina respectivamente. Para se manter na cidade, onde inicialmente não conhecia ninguém logo procurou trabalho entre os arquitetos da cidade. Foi com o arquiteto municipal José Fontserè Domènech e com seus filhos, mestres de obras, que Gaudí iniciou contatos com alguns profissionais. Trabalhou para Fontserè nos projetos do parque da Ciudadela e no mercado del Borne. Trabalhou paralelamente ao curso de arquitetura no qual se formou em 1878. Uma de suas primeiras obras de destaque de Gaudí foi a Casa Vicens, projetada para o banqueiro Manuel Vicens. O projeto foi construído entre 1883 e 1888, e tem inspiração mudéjar, o gótico semi-islâmico espanhol. Gaudí tornou-se um dos símbolos da cidade, devido à suas obras arquitetônicas intimamente ligadas à uma nova concepção plástica, sendo considerado um dos principais representantes do modernismo catalão (variante da Art Nouveau). Era considerado um fervoroso nacionalista catalão, participante do Movimento Nacionalista da Catalunha quando jovem e com posições críticas à igreja, no entanto, em seus últimos anos devotou-se à igreja católica e a construção da Sagrada Família, que não chegou a ser concluída. Teve como principal cliente e parceiro Eusebi Güell, um industrial bem sucedido de Barcelona, conhecido por grande admirador de arte e como alguém que

Introdução - Gaudi

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Page 1: Introdução - Gaudi

Introdução

Antoni Gaudí: vida, obra e sua relação com o modernismo.

Antoni Placid Gaudí i Cornet, nasceu em 25 de junho de 1852, na cidade de Réus, província de Tarragona. Filho de Francisco Gaudí Serra um artesão, batedor de cobre, e de Antonia Cornet Bertran, não era de família abastada. Em 1869 mudou-se para Barcelona, juntamente com o irmão Francisco nascido em 1851, a fim de cursarem arquitetura e medicina respectivamente.

Para se manter na cidade, onde inicialmente não conhecia ninguém logo procurou trabalho entre os arquitetos da cidade. Foi com o arquiteto municipal José Fontserè Domènech e com seus filhos, mestres de obras, que Gaudí iniciou contatos com alguns profissionais. Trabalhou para Fontserè nos projetos do parque da Ciudadela e no mercado del Borne. Trabalhou paralelamente ao curso de arquitetura no qual se formou em 1878.

Uma de suas primeiras obras de destaque de Gaudí foi a Casa Vicens, projetada para o banqueiro Manuel Vicens. O projeto foi construído entre 1883 e 1888, e tem inspiração mudéjar, o gótico semi-islâmico espanhol.

Gaudí tornou-se um dos símbolos da cidade, devido à suas obras arquitetônicas intimamente ligadas à uma nova concepção plástica, sendo considerado um dos principais representantes do modernismo catalão (variante da Art Nouveau). Era considerado um fervoroso nacionalista catalão, participante do Movimento Nacionalista da Catalunha quando jovem e com posições críticas à igreja, no entanto, em seus últimos anos devotou-se à igreja católica e a construção da Sagrada Família, que não chegou a ser concluída.

Teve como principal cliente e parceiro Eusebi Güell, um industrial bem sucedido de Barcelona, conhecido por grande admirador de arte e como alguém que

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sempre apostou em soluções inovadoras. Para Eusebi, Gaudí projetou e construiu o Palau Güell, Parque Güell e a Colônia Güell, entre outras.

Algumas de seus primeiros trabalhos possuem traços da arquitetura gótica, guardando, no entanto características da arquitetura catalã tradicional. Um dos grandes influenciadores de Gaudí no início de sua carreira foi o arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, passando com o tempo a criar obras de caráter bastante peculiar, com muita personalidade, e muitas vezes bem complexas visualmente. Alguns exemplos nesse sentido são a Casa Milà, Casa Batlló, e o templo da Sagrada Família.

Suas obras surgem como destaque em Barcelona, principalmente por não seguir os padrões visuais de uma cidade em pleno desenvolvimento industrial, um ambiente meramente funcional.

Gaudí não seguia métodos de trabalho muito ortodoxos, o modo como construía o arco parabólico catenário, freqüente em suas obras, era bem incomum. Mas em diversos momentos seguiu o tradicionalismo catalão, como por exemplo, no uso de peças cerâmicas quebradas na composição de superfícies (trencadis). Teve o auxílio de diversos outros arquitetos, ceramistas, vidraceiros, carpinteiros, pintores, escultores, decoradores, etc, na missão de tornar realidade suas complexas edificações. Considerado perfeccionista, a ponto de supervisionar de perto o andamento das obras, e de tempos em tempos ordenar que certos trabalhos fossem repetidos, visto que à seus olhos ainda não estavam elaborados o suficiente.

Nunca foi muito fácil classificar o estilo de Antoni Gaudí, visto que os traços de suas obras sempre foram muito pessoais e rebuscados. E certo que ele pode ser considerado um artista que de fato se encaixou na estética de seu tempo, e talvez o maior artífice do modernismo catalão. No entanto, na maioria das vezes diversas bibliografias o classificam como participante da Art Nouveau, como já fora citado anteriormente. Faz sentido, visto que é um movimento ligado de certa forma ao curso da 2ª Revolução Industrial que ocorria na Europa, com a exploração de

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materiais como vidro e ferro, que foram muito disseminados nas construções do período segundo a nova estética.

Claramente na obra de Gaudí estão formas orgânicas de caráter quase artesanal e em diversos momentos ligados à natureza, item bastante ligado a essa tendência. O arquiteto rejeitava linhas retas e formas ortogonais, sendo que usava as formas da natureza como uma forma de refletir visual e fisicamente o que considerava divino, como forma de fazer voltar às raízes o que outrora fora considerado pura e simples construção civil.

Ainda dentro do que é considerado modernismo e coerente em sua classificação, mesmo não sendo totalmente coerente rotular Antoni Gaudí como um modernista nato, e possível afirmar que ele seguiu a cartilha da sua época, porém adicionou seu toque pessoal e o equilíbrio entre soluções visuais comuns, e técnicas estruturais arrojadas, assim como um uso ainda não imaginado para materiais comuns, tais como cerâmicas e metais. Muitas vezes soluções de vanguarda. Exemplo disso é a Casa Milà, conhecida como La Pedrera, que já dispunha de garagem subterrânea com acesso por rampa, muito antes de os automóveis serem fabricados em série, fato ocorrido apenas a partir de 1907.

Suas soluções inovadoras, contudo nem sempre foram compreendidas ou bem aceitas. A mesma Casa Milà com suas fachadas sinuosas e surpreendentes, causou reações polêmicas por parte da população, tendo inclusive uma caricatura do edifício publicada em uma revista da época. Outro fato ocorrido nesse sentido fora sobre um hotel projetado para a cidade de Nova York, que já sendo maior do que o Empire State, causou impacto tão forte que nunca chegou a ser construído.

A intenção do arquiteto pode ser percebida como a expressão da emoção sem, entretanto se desvencilhar do rigor técnico. Apesar de certos desencontros de opiniões quanto à obra de Gaudí na sua contemporaneidade, é certo hoje dizer que sua produção arquitetônica, assim como historicamente é dito em algumas definições de arquitetura, é além de sua própria identidade, a imagem de seu povo.