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INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO - USP · 2005-08-15 · Introdução 4 Estudos experimentais (TRUDINGER et al., 1987) em animais cronicamente instrumentalizados, demonstram que as alterações dopplervelocimétricas

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INTRODUÇÃO

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Introdução2

A insuficiência placentária representa condição de grande interesse

para a Perinatologia. O desenvolvimento e aprimoramento dos métodos

propedêuticos para o diagnóstico das anormalidades placentárias e de

suas conseqüências sobre o feto têm sido extraordinários. Com isso

observam-se, progressivamente, decréscimos significativos nas taxas de

mortalidade perinatal e morbidade pós-natal, em função da adoção de

medidas preventivas e terapêuticas estabelecida de forma mais ostensiva e

acertada.

O diagnóstico da insuficiência placentária tornou-se mais factível,

seguro e objetivo com o advento da dopplervelocimetria de vasos do

território placentário. A ausência de velocidade de fluxo sangüíneo e o fluxo

reverso no final da diástole no sonograma das artérias umbilicais (AU), ou

seja, a diástole zero (DZ), ou a reversa (DR) caracterizam, indubitavelmente,

sob o aspecto dopplervelocimétrico, a insuficiência placentária grave

(ROCHELSON et al., 1987).

A incidência dessas alterações em gestações de alto risco tem sido

relatada em torno de 1 a 15% (JOHNSTONE et al., 1988; TRUDINGER et al.,

1991), e relaciona-se a alta mortalidade perinatal, entre 23 e 100% dos casos

(FARINE et al., 1993 e BRAR; PLATT, 1998). Na Clínica Obstétrica do Hospital

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Introdução3

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

(HCFMUSP), MIYADAHIRA et al. (1997a) observam óbito perinatal em 49

(34,26%) de 143 casos estudados.

O alto risco imposto ao produto conceptual torna muito tênue a

segurança do clínico quanto à sua vitalidade, e por isso a vigilância

freqüente e cuidadosa desses fetos é imperiosa para se obterem melhores

resultados perinatais. Portanto, dentro de limites estreitos, os testes de

avaliação da vitalidade fetal têm permitido que, assegurado o bem-estar

fetal, essas gestações caminhem até idades gestacionais mais avançadas

com melhor prognóstico neonatal. É oportuno lembrar que nesses casos, a

doença materna assume papel muito importante na etiopatogenia das

lesões placentárias (WENSTROM et al., 1991), determinando-lhes sérias

avarias, sendo esta a razão fundamental para se instituir terapêutica

materna eficaz, para o êxito da assistência global dirigida a esses sujeitos.

Sob a influência de fatores maternos ainda não esclarecidos, a

insuficiência placentária caracteriza-se, sob o aspecto fluxométrico, pelo

aumento da resistência vascular placentária durante o segundo ou terceiro

trimestres da gestação. Esse aumento pode ser causado tanto por

obliteração das arteríolas no sistema viloso terciário, como por redução no

número de arteríolas na placenta, resultantes de placentação inadequada

(invasão trofoblástica anormal), acarretando processo crônico de isquemia

placentária, com expressão máxima na DZ e DR, com graves

conseqüências ao produto conceptual.

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Introdução4

Estudos experimentais (TRUDINGER et al., 1987) em animais

cronicamente instrumentalizados, demonstram que as alterações

dopplervelocimétricas tornam-se detectáveis quando, por injeção de

microesferas pelas artérias umbilicais, mais de 50% das arteríolas dos troncos

vilosos são obstruídas. A ausência de fluxo no final da diástole ocorre

quando 90% ou mais dessas arteríolas estão obstruídas. Esses experimentos

demonstram a verdadeira dimensão do que representa a DZ e DR no que

concerne à gravidade da insuficiência placentária, estimulando a

realização de pesquisas com escopo de buscar conhecimentos sobre os

fatores etiopatogênicos ainda não esclarecidos.

Para tal finalidade, e evidentemente, por ser a placenta, órgão muito

complexo, são imprescindíveis técnicas sofisticadas e laboriosas para se

obter informações sobre as múltiplas anormalidades que podem acometê-

la.

O HC-FMUSP, por ser hospital terciário, recebe considerável

contingente de gestantes com essas anormalidades, dando a

oportunidade de se efetuar numerosos estudos acerca desse grupo

especial de pacientes e estabelecer condutas clínicas bem estruturadas.

Diversos aspectos foram estudados em forma de teses e publicações em

revistas científicas ou eventos médicos, porém sem detalhar a importância

da histopatologia placentária.

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Introdução5

Alguns autores descrevem que alterações funcionais placentárias

estão associadas com lesões histológicas intensas, como infartos e

deposição perivilosa maciça de fibrina (MACARA et al., 1995, KREBS et al.,

1996 e MONTENEGRO et al., 1997). Entretanto, nota-se muita superficialidade

nesses estudos, permanecendo inúmeras indagações e lacunas a respeito

dos diversos relatos. Além disso, observa-se na literatura nacional ausência

de estudo abordando a placenta gravemente insuficiente sob a análise

histopatológica.

Tendo-se em vista as lesões placentárias, o presente estudo enfatizou

a descrição e a análise comparativa dos achados microscópicos entre os

casos de DZ e DR, classificando-os segundo a provável etiopatogenia.

Espera-se que com ele seja possível contribuir para um maior

conhecimento das alterações histopatológicas dessas placentas, o que

poderá trazer novos substratos para melhor compreensão da fisiopatologia

dos achados dopplervelocimétricos, com perspectivas de facilitar o

desenvolvimento, no futuro, de terapêutica eficaz nas gestações com DZ e

DR.

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PROPOSIÇÃO

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Proposição7

O presente estudo propõe a análise histológica de placentas oriundas

de gestações que evoluíram com DZ ou DR à dopplervelocimetria das

artérias umbilicais, com os seguintes objetivos:

1. Descrição dos achados histopatológicos e sua freqüência;

2. Correlação dos achados, de acordo com os grupos etiopatogênicos,

com variáveis clínicas relevantes: idade gestacional (IG) no momento

do parto, peso do recém-nascido (RN) no nascimento e sua

adequação à idade gestacional, e peso da placenta;

3. Análise comparativa das lesões histopatológicas e seus grupos

etiopatogênicos de acordo com a gravidade da insuficiência

placentária (DZ versus DR).

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REVISÃO DE LITERATURA

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Revisão de Literatura9

3.1. Placenta normal

3.1.1. Desenvolvimento

A placenta é um órgão específico da gestação, e tem por função

promover trocas de nutrientes, gases e metabólitos entre os organismos fetal

e materno (MOSSMAN, 1965 apud KULAY JÚNIOR, 2000).

O desenvolvimento placentário se inicia a partir da implantação,

assim que o blastocisto começa a invasão do endométrio, ou seja, no sexto

dia após a concepção (KAUFMANN; SCHEFFEN,1992). (Figura 1).

FIGURA 1 –

IMPLANTAÇÃO – 6O DIA apud KULAY JUNIOR et a

APÓS CONCEPÇÃO (HERTIG, 1956l., 2000)

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Revisão de Literatura10

A invasão endometrial se dá pela interação do trofoblasto com o

epitélio uterino, de modo que as microvilosidades do citotrofoblasto do pólo

embrionário interdigitam-se com as microvilosidades do epitélio colunar do

endométrio. Essa interação depende da ação de enzimas proteolíticas,

que digerem os componentes intercelulares, como a matriz glicoprotéica, a

elastina e o colágeno (GLASS, 1983).

Gradativamente, as membranas celulares do citotrofoblasto invasor

vão desaparecendo, originando o sinciciotrofoblasto primitivo, que é uma

massa citoplasmática com núcleos em seu interior. Ao mesmo tempo,

células bem definidas, o citotrofoblasto primitivo, recobrem o embrioblasto.

Ao fim da primeira semana após a concepção, o zigoto já passou

pelas fases de mórula e blastocisto, além de já ter ocorrido a implantação

na mucosa uterina.

No oitavo dia após a concepção, o blastocisto está parcialmente

incluído no estroma, de modo que no pólo embrionário, o embrioblasto

ainda é revestido pelo trofoblasto da seguinte forma: uma camada mais

externa, constituída por massa compacta multinucleada e sem figuras de

mitose, denominada sinciciotrofoblasto; outra camada mais interna,

formada por células cubóides e com várias figuras de mitose, denominada

citotrofoblasto. Esse quadro histológico do sincício, denso e compacto,

marca o final do estado pré-colar do período pré-viloso da placentação

(WIMSATT, 1950). (Figura 2).

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Revisão de Literatura11

FIGURA 2 – FINAL DO ESTADO PRÉ-COLAR DO PERÍODO PRÉ-VILOSO –8O DIA (HERTIG, 1956 apud KULAY JÚNIOR et al., 2000)

A partir do nono dia, já houve uma penetração maior do blastocisto

no endométrio, notando-se também o aparecimento de pequenos

vacúolos no sinciciotrofoblasto que aumentam rapidamente, e se fundem,

originando as lacunas. Tal fato marca o início do estado lacunar do período

pré-viloso (Figura 3).

FIGURA 3 – INÍCIO DO ESTADO LACUNAR DO PERÍODO PRÉ-VILOSO –9O DIA (HERTIG, 1956 apud KULAY JÚNIOR et al., 2000)

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Revisão de Literatura12

Nos dias subseqüentes, o blastocisto continua sua penetração,

enquanto que o epitélio colunar do endométrio vai reparando a solução de

continuidade criada. As lacunas se ampliam cada vez mais, passando a se

intercomunicar, e são delimitadas, agora, por delgadas traves de

sinciciotrofoblasto. Ao mesmo tempo, o blastocisto vai se deslocando em

direção aos capilares sinusóides maternos, iniciando a corrosão de suas

paredes, por ação angioclástica, e estabelecendo continuidades de seus

endotélios (HAMILTON; BOYD, 1970).

A partir daí, o interior das lacunas passa a ser ocupado pelo sangue

materno, e o sincício continua a se aprofundar, alcançando vasos maiores

e estabelecendo assim, as primeiras relações circulatórias uteroplacentárias.

Dessa forma, os 12o e 13o dias marcam o final do período de nutrição

histiotrófica e o início da nutrição hemotrófica, e, além disso, encerra-se o

estado lacunar do período pré-viloso (Figura 4).

FIGURA 4 - FINAL DO ESTADO LACUNAR DO PERÍODO PRÉ-VILOSO –12O/13O DIAS (HERTIG, 1956 apud KULAY JÚNIOR et al.,2000)

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Revisão de Literatura13

O quadro histológico do endométrio, constituído de células

poliédricas repleta de lípides e glicogênio, além de edema e elementos

extravasados dos capilares maternos, é denominado de reação decidual

(REZENDE; MONTENEGRO, 1992).

Ao término da segunda semana, observa-se no trofoblasto, um

adelgaçamento progressivo das traves de sincício primitivo, que em alguns

pontos, passam a ser invadidas pelo citotrofoblasto primitivo, dando origem

às vilosidades primárias. Com o aparecimento das vilosidades primárias, o

sistema lacunar passa a ser denominado de espaço interviloso, iniciando

assim, o período viloso, estado de elaboração, que se estenderá até o

quarto mês (Figura 5).

FIGURA 5 – INÍCIO DO PERÍODO VILOSO, ESTADO DE ELABORAÇÃO –14O DIA (HERTIG, 1956 apud KULAY JÚNIOR et al., 2000)

No decorrer da terceira semana, as vilosidades primárias são

invadidas pelo mesoderma extra-embrionário, formando assim as

vilosidades secundárias. No corte transversal, esses vilos demonstram eixo de

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Revisão de Literatura14

tecido conjuntivo frouxo, contendo fibroblastos envolvidos por fibras

colágenas e histiócitos (células de Hofbauer), coberto por uma camada

única de citotrofoblasto e revestimento de sinciciotrofoblasto (HERTIG, 1935

apud KULAY JÚNIOR, 2000).

No 20o dia, começam a aparecer os primeiros capilares fetais

derivados de células hemangioblásticas, que iniciam assim, a formação de

sangue dentro dos capilares fetais, e inauguram a formação das vilosidades

terciárias (Figura 6). O sistema capilar vilositário, encontrado em toda a

superfície do cório a partir da quarta semana, é formado pela

multiplicação, conexão e extensão das vilosidades terciárias (WISLOCKI;

STREETER, 1938 apud KULAY JÚNIOR, 2000; HAMILTON; BOYD, 1960 apud

KULAY JÚNIOR, 2000).

FIGURA 6 – EVOLUÇÃO DAS VILOSIDADES A PARTIR DO 15O DIA: (A)VILOSIDADE PRIMÁRIA; (B) VILOSIDADE SECUNDÁRIA; (C)VILOSIDADE TERCIÁRIA (HERTIG, 1956 apud KULAY JÚNIORet al., 2000)

Ainda na terceira semana, sabe-se que o citotrofoblasto vilositário

continua sua proliferação na parte distal das vilosidades, de forma a

constituir colunas celulares compactas, recobertas por sincício, na direção

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Revisão de Literatura15

da câmara vilosa, formando as colunas citotrofoblásticas (DELASCIO;

GUARIENTO, 1994). O citotrofoblasto dessas colunas, ao chegar nos tecidos

maternos, propaga-se em todas as direções, formando, ao redor do ovo,

uma carapaça de citotrofoblasto. Posteriormente, essa carapaça delamina

o sinciciotrofoblasto primitivo, em sinciciotrofoblasto definitivo e

sinciciotrofoblasto periférico. As colunas citotrofoblásticas rígidas que se

continuam com a carapaça de citotrofoblasto, passam a ser chamadas de

vilosidades tampões; e aquelas vilosidades que flutuam no espaço

interviloso, são chamadas de vilosidades livres (Figura 7).

FIGURA 7 – ESQUEMA DE EVOLUÇÃO DA PLACENTA – 9O AO 21O DIA(WILKIN, 1965)

O sincício definitivo, no processo de proliferação na superfície das

vilosidades, e emitindo brotos sinciciais, que também acabam sendo

invadidos por citotrofoblasto e tecido conjuntivo, dão origem às vilosidades

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Revisão de Literatura16

filhas. A repetição contínua desse processo resulta no aumento considerável

da área vilositária.

O sincício periférico também produz brotos multinucleados (nós

sinciciais) que atravessam a camada fibrinóide descontínua de Nitabuch

demonstrada na Figura 7 (JOHNSTONE, 1914 apud KULAY JÚNIOR, 2000), que

é a linha divisória entre os elementos fetais e as células deciduais maternas;

e ali acabam se misturando com células endometriais e algumas até se

transformam em células deciduais.

Concomitantemente à formação de capilares nas vilosidades

terciárias, processo semelhante ocorre no pedúnculo de conexão ou futuro

cordão umbilical e também no saco vitelino definitivo, promovendo o

aparecimento de extensa rede de vasos embrionários.

A partir da quarta semana, quando se inicia o funcionamento do

aparelho cardiovascular embrionário, com o batimento cardíaco, o sistema

intra-embrionário já estará conectado ao extra-embrionário (pedúnculo,

saco vitelino e vilosidades); e o embrião passa a receber os nutrientes do

sangue materno proveniente das artérias espiraladas (denominadas

uteroplacentárias), encerrando o período de nutrição por difusão e

iniciando o período de nutrição hemotrófica (KULAY JÚNIOR, 2000).

Após o aparecimento das vilosidades terciárias, o sangue materno

entra em contato com o sangue fetal através da chamada barreira

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Revisão de Literatura17

placentária (KULAY JÚNIOR, 2000), que é representada pelas seguintes

estruturas: camada contínua de sinciciotrofoblasto; camada inicialmente

completa de citotrofoblasto (que paulatinamente se torna descontínua a

partir do segundo trimestre); lâmina trofoblástica basal; tecido conjuntivo

derivado do mesotélio extra-embrionário; e endotélio capilar fetal.

Ao final do segundo mês, devido às condições desfavoráveis da

circulação materna, as vilosidades situadas na caduca reflexa se

degeneram, deixando o cório avascular; passando a se chamar cório liso.

As vilosidades da caduca basal, ao contrário, crescem, e passam a ser

denominadas cório frondoso, correspondendo à placenta propriamente

dita (DELASCIO; GUARIENTO, 1994) (Figura 8).

FIGURA 8 – RELAÇÕES ÚTERO-PLACENTÁRIAS (LANGMAN, 1977)

No término do terceiro mês, a placenta já se apresenta de forma

discóide, fixada na parede uterina pela face materna (placa basal), e sua

face fetal (placa corial), estende-se a partir das bordas da circunferência

placentária.

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Revisão de Literatura18

Após a formação do cório liso, um número reduzido de pedículos

vilositários (de 20 a 40), ainda se mantém no cório frondoso (CRAWFORD,

1959; WILKIN, 1954). Esses pedículos nascem na placa corial e dirigem-se

para a placa basal placentária, sendo denominadas vilosidades tampões.

As vilosidade-filhas livres, que são em torno de 25 a 50 para cada vilosidade-

mãe, desenvolvem-se radialmente em todas as direções, sendo que a

maior parte se dirige para a placa basal.

A porção de cada vilosidade terciária primitiva, situada na placa

corial, hipertrofia-se, formando o tronco vilositário de primeira ordem

(WILKIN, 1965). Este se dicotomiza, originando os troncos vilositários de

segunda ordem; estes, por sua vez, tornam a se dicotomizar e se fixam ao

citotrofoblasto da placa basal, originando os troncos vilositários de terceira

ordem. Ao conjunto de troncos vilositários dependentes entre si denomina-

se cotilédone fetal (Figura 9).

FIGURA 9 – ESQUEMA DE UM COTILÉDONE FETAL (WILKIN, 1965)

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Revisão de Literatura19

Existem aproximadamente 20 a 40 cotilédones, que se mantém

estáveis ao longo da gestação, sendo que o crescimento da placenta só

pode ser efetuado por hipertrofia dos cotilédones.

Com o crescimento da placenta, há um distanciamento dos troncos

vilositários de terceira ordem entre si, passando a formar o chamado

“sistema tambor”, ou seja, a disposição simétrica dos troncos vilositários em

torno de um eixo mediano (WILKIN, 1954). Os cotilédones de pequeno porte

(periféricos) são constituídos por um só sistema tambor, enquanto que os

cotilédones de grande porte (centrais) podem compreender até cinco

desses sistemas.

A arborização dos sistemas tambores se dá pelo aparecimento de

múltiplas ramificações, constituídas por dezenas de vilosidades partindo em

ângulo agudo dos troncos vilositários de segunda e terceira ordens,

projetando-se para a periferia.

As vilosidades coriais da placenta podem ser caracterizadas em

alguns tipos, dependendo do estágio evolutivo, da posição dos vasos fetais

e da estrutura do tecido conjuntivo conforme demonstrado na Figura 10

(KAUFMANN, 1985). São eles:

! Troncos vilositários, localizados na região central, apresentam-se

constituídos por artéria e veia centrais, estroma rico em fibras e

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Revisão de Literatura20

capilares pouco desenvolvidos. Constituem um terço de todos os

vilos e são responsáveis pela estabilidade mecânica do sistema.

FIGURA 10 – TIPOS DE VILOSIDADES CORIAIS (KAUFMANN, 1985)

! Vilosidades intermediárias maduras, formadas por vasos (capilares

fetais), em meio a tecido conectivo frouxo, pobre em fibras e células.

Constituem 95% dos vilos terminais, e são responsáveis por sei

crescimento e diferenciação.

! Vilosidades terminais, representam ramificações finais da árvore

vilositária e são intensamente vascularizadas, apresentando a mínima

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Revisão de Literatura21

distância de difusão feto-materna. Constituem 30 a 40% da árvore

vilosa, e são o maior local de difusão.

! Vilosidades intermediárias imaturas, que contém arteríolas, vênulas e

delgados capilares, além de grande quantidade de tecido

conjuntivo reticular e células de Hofbauer, sendo, porém pobres em

fibras. Está localizada no centro da árvore vilosa (SCHUHMAN, 1981

apud KULAY JÚNIOR, 2000), e prevalece na placenta imatura.

! Vilosidades mesenquimais, representam estágio transitório na

diferenciação das vilosidades intermediárias imaturas em troncos

vilositários. São pobres em capilares fetais, e com tecido conjuntivo

contendo numerosas células de Langhans e escassos feixes de fibras.

Ainda no período viloso – estado de elaboração, ocorrem outras

modificações. O citotrofoblasto corial interrompe sua proliferação e

apresenta sinais de degeneração, sendo que aquele situado nas

vilosidades, vai se rarefazendo gradualmente, deixando o sincício subsistir

isolado e cada vez mais acolado ao endotélio capilar (membrana sincício

capilar). Apesar disso, nessa fase, pode-se observar o aparecimento de

novos elementos, as ilhotas citotrofoblásticas, que são aglomerados de

células pequenas e arredondadas, porém avasculares. Essas ilhotas limitam,

na periferia, os sistemas tambores cotiledonares, e se confluem de modo a

formar, a partir do quarto mês, tabiques celulares descontínuos ao redor dos

cotilédones fetais. Com o espessamento progressivo da placenta, parte da

placa basal pode se incorporar à base dos tabiques celulares, constituindo

os septos intercotiledonares (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995a), que são

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Revisão de Literatura22

formados por elementos de origem materna e fetal (HAMILTON; BOYD,

1970), e dividem o lago sangüíneo da câmara intervilosa em número

variável de cavidades cotiledonares, que se comunicam por um lago

sangüíneo subcorial contínuo.

A partir do quarto mês até o termo (período de estado), a placenta

conserva a estrutura geral elaborada até então, conforme demonstrado na

figura 11.

FIGURA 11 - PERÍODO DE ESTADO – A PARTIR DO 4O MÊS (WILKIN, 1965)

Na gestação de termo, a placenta tem as seguintes características

(DELASCIO; GUARIENTO, 1994):

! Forma discoidal, com diâmetro oscilando entre 15 e 20 cm e

espessura aproximada de 1,5 a 2cm.

! Peso em torno de 500g, ou, aproximadamente 1/6 do peso

fetal.

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Revisão de Literatura23

! Face materna com tonalidade vinhosa, depósitos de cálcio, e

apresenta 15 a 20 cotilédones separados entre si por septos

intercotiledonares.

! Face fetal lisa, brilhante e nacarada, com superfície interna

recoberta por âmnio, e cordão umbilical geralmente inserido

na região paracentral.

! Área de superfície de trocas de aproximadamente 67,02m2

(TEASDALE; JEAN-JACQUES, 1985).

! Extensão linear da rede capilar das vilosidades avaliada em

50km.

3.1.2. Circulação

O sangue fetal chega à placenta através das duas artérias

umbilicais, desoxigenado e transportando metabólitos. Os vasos se

ramificam inúmeras vezes, formando extensa rede capilar em suas

extremidades. Ali ocorrem as trocas entre o compartimento materno e o

fetal. O sangue retorna, então, com teor elevado de oxigênio e nutrientes,

até atingir a veia umbilical.

A irrigação sangüínea do útero se faz pelas artérias uterinas e

ovarianas. A artéria uterina, ao penetrar na base do ligamento largo,

divide-se em dois ramos; a artéria cervicovaginal, que irriga a porção

inferior da cérvice e superior da vagina; e um ramo maior, ascendente, que

se subdivide em ramos menores (9 a 14), que penetram no miométrio. Cada

um desses ramos se dicotomiza em duas artérias arqueadas (anterior e

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Revisão de Literatura24

posterior), e destas, partem em ângulo reto as artérias radiais, que ao

atingirem o endométrio voltam a se dividir, dando origem às artérias basais

(irrigam o terço basal do endométrio), e às artérias espiraladas (que se

estendem até a superfície da mucosa uterina) (Figura 12).

FIGURA 12 – ESQUEMA DA IRRIGAÇÃO UTERINA (DELASCIO;GUARIENTO, 1994)

Após a erosão pelo trofoblasto (ondas de invasão trofoblástica), as

artérias espiraladas passam a se chamar artérias uteroplacentárias (WILKIN,

1960 apud KULAY JÚNIOR, 2000), sendo que na camada basal perdem

parte da musculatura e seu endotélio também se degenera.

A partir do segundo mês, as artérias uteroplacentárias são invadidas

por células do citotrofoblasto (BOYD, 1956; BOYD; HAMILTON, 1956; WILKIN,

1960 apud KULAY JÚNIOR, 2000), determinando estreitamento da luz arterial,

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Revisão de Literatura25

o que visa proteger a câmara vilosa das variações de pressão sangüínea

(BOYD; HAMILTON, 1956).

3.2. Placenta na DZ e DR à dopplervelocimetria das artérias umbilicais

Nota-se escassez de dados na literatura a respeito da histopatologia

de placentas provenientes de gestações com dopplervelocimetria anormal,

e, mesmo os encontrados, em sua maioria, tratam a histologia placentária

dos casos de DZ e DR numa situação específica, que é a restrição do

crescimento fetal (RCF).

Desde as primeiras publicações sobre o tema, já se cogitava que as

alterações de fluxo à dopplervelocimetria na DZ e DR devem ser resultado

do aumento da resistência vascular placentária.

GILES et al. (1985), corroborando essa hipótese, delineiam estudo no

qual, através da microscopia óptica, a resistência vascular placentária é

estimada pela contagem do número de arteríolas musculares (com

diâmetro inferior a 90 micra) do sistema viloso terciário por

aproximadamente 18,5 campos de cada placenta estudada. Como já era

esperado, encontra-se número de arteríolas significativamente menor no

grupo com relação S/D elevada, quando comparado aos grupos normal e

controle.

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Revisão de Literatura26

BRACERO et al. (1989) e KRECZY et al (1995), também realizam

estudos semelhantes, com resultados concordantes aos anteriores.

Da mesma forma, alguns autores também acreditam existir diferença

consistente na morfologia macroscópica placentária no grupo com

aumento significativo da relação S/D à dopplervelocimetria das artérias

umbilicais, com alterações marcantes principalmente na redução do peso

e da espessura placentária (NORDENVALL et al., 1991; KRECZY et al., 1995).

Em 1992, surgem os primeiros estudos mais sofisticados

correlacionando os parâmetros de fluxo dopplervelocimétrico com

achados histomorfológicos placentários.

ARABIN et al. (1992) relatam elevada incidência de infartos vilosos,

bem como de alterações angiopáticas nos casos com Índice de Resistência

(RI) elevado nas artérias umbilicais, demonstrando que o caráter obstrutivo,

com baixo fluxo na circulação fetoplacentária, é que reflete de forma mais

direta nas alterações dopplervelocimétricas.

Num estudo igualmente pioneiro, VOIGT et al. (1992) demonstram

alta acurácia da dopplervelocimetria da circulação uteroplacentária com

relação aos resultados histomorfológicos placentários.

De forma semelhante, HITSCHOLD et al. (1993), detendo-se aos casos

de RN pequenos para a idade gestacional (PIG), definem a

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Revisão de Literatura27

dopplervelocimetria das artérias umbilicais como preditivo de lesão vascular

placentária.

KARSDORP et al. (1996), examinando nove placentas de gestações

com DZ ou DR, pareados com seus controles de acordo com a idade

gestacional, encontram dois resultados significativos; primeiro que, após 30

semanas de gestação, a superfície de corte dos vilos principais é

significativamente menor que no grupo controle, e, segundo, que nesse

grupo ocorre aceleração na maturação dos vilos terminais, pelo provável

efeito da hipoxia crônica.

Estudos experimentais também demonstram que a hipoxia crônica

apresenta efeito estimulador sobre a proliferação do citotrofoblasto, mas

tem ação inibitória sobre a invasão trofoblástica (KINGDOM; KAUFMANN,

1997).

Sabendo-se que a RCF é uma das conseqüências mais típicas e

incidentes da insuficiência placentária, devido ao déficit de oxigenação e

nutricional evidentes conseqüentes ao caráter oclusivo das lesões

placentárias, principalmente em capilares não musculares da periferia dos

vilos (MACARA et al., 1995), e que está comumente associado com

aumento do risco perinatal e morbidade em longo prazo (SALAFIA, 1997),

começam a surgir estudos, nos quais o maior foco de atenção é a

detecção das lesões placentárias mais significantes para esse grupo de

gestações.

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Revisão de Literatura28

Seguindo essa linha de raciocínio, LAURINI et al. em 1994,

demonstram por meio de estudo prospectivo de 37 placentas, que somente

a presença de infarto placentário estava significativamente associada com

RCF e com o achado de fluxo sangüíneo anormal à dopplervelocimetria

das artérias umbilicais e da aorta descendente fetal, definindo essa lesão

como valioso marcador da patologia vascular uteroplacentária, nesses

casos.

Com o prosseguimento desses estudos, MACARA et al. (1996),

examinando 16 placentas de gestações com DZ ou DR que cursaram com

RCF, pela microscopia eletrônica e imunohistoquímica, encontram achados

consistentes com a provável etiopatogenia dessa alteração, como por

exemplo, diminuição do diâmetro dos vilos terminais, aumento dos nós

sinciciais, redução dos núcleos citotrofoblásticos, aumento da deposição

estromal de colágeno e laminina (imunohistoquímica), redução da

proliferação citotrofoblástica, espessamento da lâmina basal, e aumento

da congestão capilar nos vilos terminais, sendo que essas duas últimas

parecem ser preditivas para a limitação da transferência de oxigênio do

espaço interviloso para o feto.

Ainda no mesmo ano, KREBS et al. (1996), realizam pesquisa

semelhante em 10 placentas com as mesmas características clínicas do

estudo anterior, porém detendo-se à análise ultraestrutural da árvore vilosa

terminal e de seus capilares, após fixação com solução de glutaraldeído e

injeção de resina plástica em artérias selecionadas da placa coriônica.

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Revisão de Literatura29

Como resultado, foi evidenciado desenvolvimento inadequado do

compartimento viloso terminal nesses casos, comprovado por achados

como: menor densidade e ramificações das alças capilares, que também

se encontraram mais longas e desenroladas em sua maioria; além de

superfície trofoblástica rugosa e com áreas recobertas por fibrina.

Com relação, ainda, à RCF, confrontada às alterações

dopplervelocimétricas que indicam insuficiência placentária, dois estudos

muito bem elaborados, foram definitivos na elucidação fisiopatológica

desses casos e na evidenciação da importância da presença de RCF na

caracterização dos casos com DZ e DR:

a) SALAFIA et al. (1995), que realizam estudo retrospectivo de 420

placentas, provenientes de gestações únicas, sem malformações fetais e

com partos ocorridos até 32 semanas de gestação. A análise da placenta

foi realizada por patologista que desconhecia os dados clínicos de cada

caso, de acordo com a presença e gravidade das lesões. Desses casos, 32

tinham RCF assimétrico, e 48 RCF simétrico. Notou-se que a maior parte dos

casos com RCF tinha lesões de insuficiência uteroplacentária (p<0,001) ou

vilosite crônica (p<0,02), quando comparada aos casos com crescimento

adequado; além disso, os casos com RCF assimétrico tenderam a

concentrar a maior parte das lesões. Os fatores preditivos independentes

significantes para o crescimento fetal foram: necrose fibrinóide

uteroplacentária, presença de eritrócitos nucleados circulantes, vilos

terminais avasculares e infarto viloso. Quando a pré-eclâmpsia foi

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Revisão de Literatura30

adicionada como variável, os fatores preditivos independentes foram

fibrose vilosa, vilos avasculares e infarto viloso.

Conclui-se então que a relação estatística da maioria das lesões

placentárias de casos de RCF é dependente da presença ou não de pré-

eclâmpsia.

b) SALAFIA et al. (1997) que publicam outro estudo, onde 54

placentas de gestações em que as condições clínicas de DZ/DR à

dopplervelocimetria de AU e RCF estavam presentes, são analisadas.

Usando os casos de RCF como população controle, encontrou-se que os

casos de DZ apresentam significativamente mais hiperplasia da camada

média e obliteração luminal dos vasos principais, e os casos com DR

apresentam maior freqüência de vilos terminais pobremente vascularizados,

hemorragia estromal, endovasculite hemorrágica e adelgaçamento

anormal nas paredes dos vasos principais fetais.

Com isso, conclui-se que, na presença de RCF, as duas alterações

mais graves na dopplervelocimetria das AU, DZ e DR, não demonstram

uniformidade nas lesões placentárias, de maneira que à DR corresponde

uma histopatologia placentária de maior gravidade comparando-se à DZ.

Percebeu-se que no primeiro caso, predominam lesões com

remodelação vascular e/ou danos por condições patológicas envolvendo

fluxo intraplacentário, enquanto que no segundo caso, as lesões oclusivas

da vasculatura intraplacentária são mais relevantes.

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Revisão de Literatura31

Subseqüentemente a esses dois trabalhos, vários autores continuaram

investigando as bases anatômicas e/ou vasomotoras da DZ e DR em fetos

com RCF grave.

Nesse sentido, BIAGIOTTI et al. (1999), observam redução significante

na proporção de tecido viloso ocupado pelos vilos periféricos, consistente

com a teoria de que a ocorrência de falha no desenvolvimento normal dos

vilos terminais é a grande responsável pelo aumento da resistência vascular

em casos de gestações com RCF e DZ/DR.

SAGOL et al. (2002), quantificando a vascularização do sistema viloso

terciário e da árvore vilosa terminal por método estereológico, concluem

que, apesar de os vilos placentários apresentarem vascularização reduzida

nas gestações que cursam com RCF, os índices dopplervelocimétricos

podem permanecer em valores normais. Verifica-se que essa situação está

relacionada com menores taxas de complicações. Desse modo, os índices

dopplervelocimétricos mostraram ser parâmetros importantes na predição

das complicações perinatais.

Por último, MADAZLI et al. (2003), avaliando a histomorfometria da

placenta e do leito placentário de 47 gestações complicadas com RCF,

concluem que esses parâmetros são refletidos, respectivamente, por

anormalidades dopplervelocimétricas nas artérias umbilicais e uterinas; e

que as situações clínicas mais graves, além das taxas de mortalidade

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Revisão de Literatura32

perinatal mais altas, ocorrem na presença concomitante de ambas

alterações de territórios placentários.

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CASUÍSTICA E MÉTODO

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Casuística e Método34

4.1. Casuística

Este estudo, de caráter observacional e retrospectivo (FLETCHER et

al., 1996), avaliou, na Divisão de Anatomia Patológica do Departamento de

Patologia – HCFMUSP, lâminas contendo cortes histológicos placentários de

140 gestantes com DZ ou DR à dopplervelocimetria das artérias umbilicais

acompanhadas no Setor de Avaliação da Vitalidade Fetal da Clínica

Obstétrica do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do HCFMUSP no

período de maio de 1992 a agosto de 2000.

4.2. Método

4.2.1. Seleção das pacientes

4.2.1.1. Critérios de Inclusão

Selecionaram-se placentas de pacientes que preencheram os

seguintes critérios:

! DZ ou DR à dopplervelocimetria das AU;

! IG superior a 18 semanas no momento do diagnóstico de DZ ou DR;

! Gestação única;

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Casuística e Método35

! Ausência de anormalidades anatômicas e/ou cromossômicas do

produto conceptual detectadas pela ultra-sonografia ou por avaliação

neonatal;

! Ausência de alterações anatômicas nos vasos umbilicais (como por

exemplo, artéria umbilical única);

! Ausência de infecções maternas como: Toxoplasmose, Sífilis, HIV,

Rubéola, Hepatites B e C;

! Parto realizado na Clínica Obstétrica - HCFMUSP.

4.2.2. Coleta de dados

As gestantes de alto risco para insuficiência placentária foram

encaminhadas pelas Unidades de atendimento Pré-Natal para avaliação

da vitalidade fetal, dentro da rotina na Clínica Obstétrica do HCFMUSP.

Em caso de observação de DZ ou DR à dopplervelocimetria das AU,

seguindo rotina do Serviço relativa à detecção de DZ ou DR (MIYADAHIRA;

YAMAMOTO, 1997c), programou-se a internação hospitalar da paciente até

o parto.

No dia da internação, a paciente era entrevistada para caracterizá-

la quanto à idade, cor, paridade, antecedentes obstétricos, doenças

diagnosticadas previamente à gestação e intercorrências médicas na

gravidez vigente. Realizou-se também a avaliação do bem-estar fetal por

meio de testes específicos, de acordo com a IG até que se configurasse

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Casuística e Método36

motivo para a interrupção da gestação (MIYADAHIRA; YAMAMOTO, 1997b).

Para a interrupção da gravidez, considerou-se necessária a presença de ao

menos uma das seguintes indicações:

• Maturidade fetal intermediária ou completa (KONDO, 1997),

pesquisada com IG entre 28 e 33 semanas e seis dias;

• IG igual ou superior a 34 semanas de gestação;

• Doença(s) materna(s) grave(s) em que a manutenção da

gravidez pudesse ser prejudicial à gestante;

• Presença de desacelerações tardias à cardiotocografia

anteparto (ZUGAIB; BEHLE, 1981, MIYADAHIRA; ZUGAIB, 1993);

• Índice de Líquido Amniótico (ILA) inferior a 3 (PHELAN et al., 1987);

• Perfil Biofísico Fetal Modificado (PBFM) de valor inferior a 6

(MANNING et al., 1980, MANNING et al., 1990, MIYADAHIRA;

YAMAMOTO, 1997b).

No momento do parto, foram registrados dados pertinentes, de

acordo com rotina específica. A placenta, após ser pesada a fresco no

próprio Centro Obstétrico, era acondicionada em recipiente adequado,

imersa em solução de formalina, para ser encaminhada, em seguida, à

Divisão de Anatomia Patológica.

Após o parto, foram obtidos os resultados neonatais imediatos de

interesse, ou seja, IG no momento do parto, índices de Apgar de 1º, 5º e 10º

minutos (APGAR, 1953), pH de AU (FRANCISCO, 1998 e 2002), peso do RN e

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Casuística e Método37

identificação dos classificados como pequenos para a idade gestacional

(PIG).

A classificação dos RN, segundo a adequação do peso no

nascimento à IG, valeu-se das curvas de normalidade de RAMOS (1983 –

Anexo A) a partir de 31 semanas. Abaixo dessa IG, a adequação do peso

era classificada por inferência da própria Curva de Ramos (no período

anterior a 2000). Foram considerados PIG os RN de peso inferior ao 100

percentil da curva utilizada, conforme a IG (BATAGLIA; LUBCHENCO, 1967).

As lâminas contendo os cortes histológicos dos casos de interesse

(arquivadas na Divisão de Anatomia Patológica), foram posteriormente

revisadas, mantendo-se nesse momento, desconhecimento dos dados

clínicos de cada caso, com intuito de se evitar a influência deles sobre a

busca e interpretação das lesões.

4.2.3. Dopplervelocimetria das artérias umbilicais

O estudo da circulação feto-placentária e do perfil hemodinâmico

fetal empregou aparelho de ultra-sonografia que dispunha de dispositivo

Doppler (com mapeamento colorido do fluxo sangüíneo) e de transdutor

convexo de 3,5 MHz (da marca ATL, modelo ULTRAMARK 9 HDI e da marca

Toshiba modelo ECCO-CEE). Fixou-se o denominado filtro de janela no valor

de 50 Hz, que proporciona adequada redução de ruídos causados por

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Casuística e Método38

movimentos teciduais, sem ocasionar perda da informação do sonograma

analisado.

Verificada a ausência de movimentação corpórea e respiratória

fetal, pelas imagens em tempo real, para assegurar a obtenção de

sonograma adequado, acionou-se o mapeamento a cores do fluxo

sangüíneo. Obteve-se, assim, identificação precisa dos vasos a serem

estudados, que foram avaliados utilizando-se do dispositivo Doppler, com o

necessário ajuste do volume de amostra para cada vaso.

O sonograma foi considerado adequado quando exibiu pelo menos

três ondas de velocidade de fluxo consecutivas semelhantes, com índices

similares em três diferentes medidas, tendo sido computado o seu valor

médio. A interpretação dos sonogramas de AU foi efetuada pelo Índice de

Pulsatilidade (PI), descrito por GOSLING; KING (1975).

O estudo de ambas as AU foi sempre realizado em região que

distasse de 3 a 5 centímetros da inserção do cordão umbilical na placenta.

A escolha dessa área para a referida avaliação teve a finalidade de

padronizar a execução das medidas efetuadas nos vários fetos, a despeito

das diferenças nos comprimentos dos cordões umbilicais (ABRAMOWICZ et

al., 1989, MEHALEK et al., 1989). Para a validação do diagnóstico de fluxo

ausente ou reverso foi necessário confirmá-lo em pelo menos três

sonogramas das AU. A seguir, foram realizadas as medidas do Índice de

Pulsatilidade (PI) nestas artérias.

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Casuística e Método39

FIG

se

Pa

KA

a

ma

me

co

pa

ma

ár

A

URA 13 - SONOGRAMA DA ARTÉRIA ZERO (A) E DIÁSTOLE REVER

4.2.4. Avaliação da placenta

A avaliação macro e microsc

gundo técnica padrão preestabe

tológica do Departamento de P

UFMANN, 1995a e 1995b; FOX, 1997a

Segundo esta técnica, a placen

10% por 24 a 48 horas, sendo então e

croscópica, a placenta fixada

mbranas e cordão umbilical, tend

nsiderado para fins analíticos. Ap

ralelos em toda a sua extensão, par

croscópicas. São retirados fragmen

eas consideradas normais e das

B

UMBILICAL APRESENTANDO DIÁSTOLESA (B)

ópica das placentas foi realizada

lecida pela Divisão de Anatomia

atologia – HCFMUSP (BENIRSCHKE;

e 1997c).

ta é fixada em formalina tamponada

xaminada externamente. Na análise

é pesada após a retirada das

o sido este o parâmetro de peso

ós isso, são feitos cortes verticais

a a identificação de eventuais lesões

tos, para análise histológica, de três

lesões identificadas. Também são

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Casuística e Método40

retirados dois fragmentos do cordão e da região da membrana próxima à

rotura. Os fragmentos são processados, emblocados em parafina e corados

pela hematoxilina-eosina (HE).

4.2.4.1. Definição das lesões histológicas

Os seguintes itens foram analisados à microscopia óptica por ocasião do

exame rotineiro da placenta e foram revisados e documentados:

! Trombose intervilosa – foco nodular de sangue coagulado no espaço

interviloso (Figura 14). À macroscopia, visualiza-se lesão arredondada

ou oval, ocorrendo em qualquer parte da placenta, em pontos

únicos ou múltiplos, variando de um a dois centímetros. Visualiza-se o

trombo fresco de coloração vermelho claro à escuro, podendo com

o tempo tornar-se progressivamente marrom, amarelo e branco,

devido à degeneração e progressivo depósito de fibrina. À

microscopia, observam-se as células vermelhas do trombo, dispostas

em aspecto laminar (FOX, 1997b; FOX, 1997d).

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Casuística e Método41

FIGURA 14 – CORTE HISTOLÓGICO DE VILO PLACENTÁRIOEVIDENCIANDO TROMBOSE INTERVILOSA – HE – 100X

! Trombose de ramo vascular na placa vilosa – trombo sangüíneo em

ramo vascular de placa vilosa (FOX, 1997b; FOX, 1997d).

! Trombose vascular do cordão – trombo sangüíneo em vasos do

cordão umbilical (FOX, 1997b; FOX, 1997d).

! Endarterite obliterante – caracterizado por processo inflamatório no

endotélio vascular, que acaba criando solução de continuidade

local, e como conseqüência imediata, a formação de trombos que

levam a processo obstrutivo no vaso acometido (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995f).

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Casuística e Método42

! Endovasculite hemorrágica – identificada em vasos coriônicos, fetais,

ou capilares em vilos terminais. Consiste na presença de eritrócitos

fragmentados extravasados no estroma extravascular (SALAFIA et al.

1997).

! Hipertrofia da camada média em troncos vilosos – identificada

quando a redução ou ausência da área luminal ocorre em

associação ao aumento da espessura mural dos vasos fetais (SALAFIA

et al. 1997).

! Vilos avasculares – ausência de capilares vilosos, com denso estroma

eosinofílico e hipocelularidade vilosa (SALAFIA et al. 1997).

! Infartos vilosos – representados por tecido viloso necrótico (Figuras 15

e 16), proveniente da deficiência da circulação materna, sendo que

envolvem mais freqüentemente a base e as bordas placentárias

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995g). Dependendo do intervalo de

tempo entre o aparecimento da lesão intra-uterina e o parto, os

achados anatomopatológicos são diferentes. Infartos agudos ou

recentes apresentam macroscopia de lesões vermelhas, compostos

microscopicamente por áreas de congestão vilosa, com extensa

dilatação de vasos, estreitamento do espaço interviloso e discreta

necrose sincicial. Infartos antigos são de coloração amarelo-

esbranquiçados à macroscopia, e apresentam-se à microscopia

como áreas de necrose vilosa, contornada por fibrina, conhecida

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Casuística e Método43

como áreas “ghost-like vili” (FOX, 1997d; BENIRSCHKE; KAUFMANN,

1995f).

FIGURA 15 – CORTE HISTOLÓGICO DE VILO PLACENTÁRIO COM INFARTOSVILOSOS – HE – 200X

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Casuística e Método44

FIGURA 16 – CORTE HISTOLÓGICO DE VILO PLACENTÁRIOEVIDENCIANDO INFARTOS VILOSOS – HE – 200 X

! Microinfartos – representado por tecido viloso necrótico, identificado

apenas à microscopia.

! Fibrose estromal – representada pelo espessamento do tecido

conjuntivo placentário em decorrência do aumento da proliferação

de seus elementos (colágeno, laminina, etc.) (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995f).

! Nós ou botões sinciciais – representam a picnose e extrusão dos

núcleos celulares devido à regeneração citotrofoblástica diminuída

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Casuística e Método45

do sinciciotrofoblasto (Figura 17) (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995e e

1995g).

FIGURA 17 – CORTE HISTOLÓGICO MOSTRANDO VILOS HIPERMADUROSCOM NÓS SINCICIAIS – HE – 400X

! Aterose aguda – consiste na deposição de placas ateromatosas na

superfície endotelial arteriolar, caracterizada por placas

“manchadas” e eosinofílicas, com ou sem células “espumosas”

(SALAFIA et al. 1997; BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995g).

! Fibrina perivilosa – caracterizada por deposição excessiva de fibrina

perivilosa na superfície trofoblástica (Figura 18), e é diagnosticada

quando pelo menos 10% dos vilos são cobertos circunferencialmente

pela fibrina (SALAFIA et al. 1997). O depósito de fibrina é mais

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Casuística e Método46

comumente um achado microscópico, sendo que, para ser visível

macroscopicamente, deve ser suficientemente extenso, sendo então

visibilizado na forma de placas de coloração branco-amareladas,

bem delimitadas do parênquima placentário restante, de coloração

habitual. Localizam-se freqüentemente na periferia da face fetal da

placenta, próximo ao ângulo marginal, com aspecto

freqüentemente granular, mas pode, algumas vezes, apresentar

aspecto liso. Na microscopia, é visto como uma placa bem definida,

contendo o vilo circundado de fibrina, obliterando o espaço

interviloso (FOX, 1997c; FOX, 1997d; BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

FIGURA 18 – CORTE HISTOLÓGICO DE VILO PLACENTÁRIO COM EXCESSODE FIBRINA PERIVILOSA – HE – 200X

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Casuística e Método47

! Hematoma retroplacentário – coleção sanguínea de volume variável

(microscópica ou não). Quando recente, nenhuma alteração

histológica é visível. O hematoma antigo, por sua vez, tende a

comprimir o tecido viloso e é mais fácil de ser identificado

microscopicamente, através de alterações como: presença de

eritrócitos degenerados, fibrina laminada, macrófagos pigmentados

(observados após alguns dias), e degeneração da decídua basal,

que freqüentemente é substituída pelo hematoma (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995f).

! Onfalite aguda – caracterizada por processo inflamatório agudo em

cordão umbilical, com predominância de infiltrado polimorfonuclear

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

! Corioamnionite aguda - infiltrado inflamatório agudo envolvendo

âmnio e córion da placa e/ou das membranas extraplacentárias.

Pode haver ou não vasculite polimorfonuclear nas artérias ramos dos

vasos umbilicais (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f; FOX, 1997d).

! Vilosite crônica – caracterizada por processo inflamatório crônico em

placa vilosa, com predominância de infiltrado mononuclear

perivascular (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

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Casuística e Método48

! Vilosite isquêmica – processo de vilosite crônica associada com

presença de patologias envolvendo isquemia placentária

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

! Deciduite crônica – caracterizada por processo inflamatório crônico

em decídua, com predominância de infiltrado mononuclear

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

! Espessamento de membrana basal vilosa – indica alteração da

atividade trofoblástica, com aumento da secreção de produtos

trofoblásticos e redução do turnover das moléculas da lâmina basal

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f; SALAFIA et al. 1997).

! Edema viloso – reconhecido pela presença de “espaços abertos ou

vazios” em região intersticial do vilo. Pode ser classificada como leve,

moderada ou grave, e como focal ou multifocal (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995f; SALAFIA et al. 1997).

! Imaturidade vilosa – caracterizada por revestimento trofoblástico

espesso, ausência de camada epitelial, presença de células de

Langhans abaixo do sincício em mais de 50% da superfície vilosa, e

de estroma reticular contendo lacunas ocupadas por células de

Hofbauer (macrófagos) suspensas em pequena quantidade de

fluido. Os vasos fetais, juntos com bandas escassas de fibras

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Casuística e Método49

colágenas estão posicionados entre essas lacunas estromais

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995c e 1995d).

! Hipermaturidade vilosa – é caracterizada por vilos numerosos, longos,

ramificados e tortuosos, que ocultam largamente os vilos

intermediários maduros centrais (Figura 19) (BENIRSCHKE; KAUFMANN,

1995d e 1995e).

FIGURA 19 – CORTE HISTOLÓGICO DEMONSTRANDOHIPERMATURIDADE VILOSA – HE – 200X

! Corangiose – caracterizada como aumento numérico (10 ou mais)

dos capilares nos vilos placentários periféricos, caracterizando-os

como vilos hipervasculares. Essa anormalidade deve ocorrer em 10

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Casuística e Método50

vilos por campo de médio aumento, em 10 campos, longe de áreas

de infarto (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

! Malformação vilosa – caracterizada pela presença de vilos

irregulares, de tamanho variado, com vasos dispostos

aleatoriamente, por vezes com paredes espessadas e estroma

frouxo.

4.2.4.2. Classificação das lesões segundo a etiopatogenia

Para facilitar a compreensão das lesões histológicas, optou-se por

dividi-las em quatro grupos primários e um não classificado, de acordo com

a provável etiopatogenia uteroplacentária (SALAFIA et al., 1995, SALAFIA et

al., 1997):

• GRUPO 1 (G1) – Lesões vaso-oclusivas intraplacentárias:

! Trombose vascular de cordão umbilical

! Trombose de ramo vascular da placa vilosa

! Endarterite obliterante

! Endovasculite hemorrágica

! Hipertrofia da camada média de troncos

! Vilos avasculares

• GRUPO 2 (G2) – Lesões envolvendo patologia vascular

uteroplacentária e dano em vilosidades secundárias:

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Casuística e Método51

! Infartos vilosos

! Microinfartos

! Fibrose estromal

! Aumento da concentração de nós sinciciais

! Aterose aguda em artérias espiraladas maternas

! Espessamento da membrana basal vilosa

• GRUPO 3 (G3) – Lesões envolvendo coagulação:

! Trombose vascular de cordão umbilical

! Trombose de ramo vascular da placa vilosa

! Trombose intervilosa

! Fibrina perivilosa

! Hematoma retroplacentário

• GRUPO 4 (G4) – Lesões inflamatórias:

! Onfalite

! Corioamnionite

! Vilosite isquêmica

! Vilosite crônica

! Deciduite crônica

• GRUPO 5 (G5) – Lesões não classificadas:

! Edema viloso

! Imaturidade vilosa

! Hipermaturidade vilosa

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Casuística e Método52

! Malformação vilosa

! Corangiose

4.2.5. Recursos Humanos

A pesquisadora deste estudo acompanhou a revisão microscópica

das placentas, realizada pela Dra. Regina Schultz, membro da Divisão de

Anatomia Patológica do Departamento de Patologia – HCFMUSP.

Os exames dopplervelocimétricos das pacientes cujas placentas

foram estudadas, foram realizados por membros do Setor de Avaliação da

Vitalidade Fetal da Clínica Obstétrica do Departamento de Obstetrícia e

Ginecologia do HCFMUSP.

4.3. Análise Estatística

4.3.1. Análise descritiva

Para variáveis quantitativas, a análise foi realizada através da

observação dos valores mínimos e máximos, e do cálculo de médias e

desvios-padrão.

Para variáveis qualitativas (presença ou não de determinado

parâmetro), foram calculadas freqüências absolutas e relativas.

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Casuística e Método53

4.3.2. Análise comparativa

! Teste Qui-Quadrado

Utilizado em variáveis classificatórias para testar a homogeneidade de

proporções em relação aos grupos estudados (ROSNER, 1986; BOX et al.,

1978).

! Teste exato de Fisher

Também utilizado em variáveis classificatórias para testar a

homogeneidade das proporções, quando caselas de respostas apresentam

freqüências esperadas menores que cinco (ROSNER, 1986; BOX et al., 1978).

! Teste t de Student

Utilizado para a comparação entre médias de dois grupos de amostras

independentes (ROSNER, 1986).

Adotou-se a probabilidade de significância (p) de 0,05.

4.4. Aspectos éticos em pesquisa

O projeto de pesquisa do presente trabalho foi aprovado pela

Comissão de Ética para a Análise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq) da

Diretoria Clínica do HCFMUSP (Anexo B).

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RESULTADOS

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Resultados55

5.1. Resultados Descritivos

5.1.1. Características antenatais

5.1.1.1. Distribuição segundo a presença de DZ e DR:

⇒ DZ: 96 (68,6%)

⇒ DR: 44 (31,4%)

As 140 placentas foram classificadas, segundo a presença de diástole

zero ou reversa à dopplervelocimetria das artérias umbilicais, em dois

grupos, conforme demonstrado no Gráfico 1.

GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO A PRESENÇA DEDIÁSTOLE ZERO OU REVERSA – HCFMUSP –1992 A 2000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Zero Reversa

Diástole

%

n = 96

n = 44

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Resultados56

5.1.1.2. Intercorrências clínicas associadas à gestação:

As síndromes hipertensivas, caracterizadas por hipertensão arterial

crônica (HAC), doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG),

síndrome HELLP, eclâmpsia (e iminência de eclâmpsia) foram as

intercorrências mais freqüentes, observadas em 123 (87,9%) casos. As outras

intercorrências e suas freqüências, podem ser observadas no Gráfico 2.

GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO ASINTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS MATERNAS – HCFMUSP –1992 A 2000

RCF: Restrição do crescimento fetalMPO: Mau passado obstétrico

5.1.1.3. Idade gestacional no diagnóstico de DZ:

⇒ Média: 28,87 sem

⇒ Desvio-Padrão (DP): 4,05 sem

⇒ Mediana: 29,28 sem

⇒ Mínimo: 18,85 sem

⇒ Máximo: 36 sem

87,9%

15,7% 10,7% 10,7% 9,3% 7,1% 3,6% 12,6%

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Resultados57

5.1.1.4. Intervalo de tempo entre o diagnóstico de DZ e o parto:

⇒ Média: 8,62 dias

⇒ DP: 14,08 dias

⇒ Mediana: 3 dias

⇒ Mínimo: 0 dias

⇒ Máximo: 77 dias

5.1.2. Características neonatais e do parto

5.1.2.1. Tipo de parto:

⇒ Cesárea: 112 (81,8%)

⇒ Normal: 25 (18,2%)

⇒ Sem dados: 3 (2,1%)

Deve ser salientado que todos os partos normais foram de casos de

óbito fetal (espontâneo ou induzido).

GRÁFICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO O TIPO DEPARTO REALIZADO – HCFMUSP –1992 A 2000

80%

18% 2%

Cesárea

Normal

Sem dados

5.1.2.2. Idade gestacional no momento do parto:

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Resultados58

⇒ Média: 30,09 sem

⇒ DP: 3,31 sem

⇒ Mediana: 30 sem

⇒ Mínimo: 20,72 sem

⇒ Máximo: 36 sem

5.1.2.3. Peso do RN:

⇒ Média: 1015g

⇒ DP: 411,04g

⇒ Mediana: 1000g

⇒ Mínimo: 95g

⇒ Máximo: 2340g

5.1.2.4. Adequação do peso do RN:

⇒ Adequado para a idade gestacional (AIG): 65 (46,4%)

⇒ Pequeno para a idade gestacional (PIG): 75 (53,6%)

5.1.2.5. Ocorrência de óbito fetal ou neonatal:

⇒ Nascidos vivos: 106 (75,7%)

• Óbitos neonatais: 32 (30,2%)

o Óbitos neonatais precoces (ONP) – até 7 dias: 19 (59,3%)

o Óbitos neonatais tardios (ONT) – após 7 dias: 9 (28,1%)

o Sem dados: 4 (12,5%)

• Vivos: 74 (69,8%)

⇒ Óbitos fetais: 28 (20%)

⇒ Sem dados: 6 (4,3%)

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Resultados59

GRÁFICO 4 – DISTRIBUIÇÃO SEGUNDO A OCORRÊNCIA DE ÓBITO (A)NA POPULAÇÃO GERAL; (B) ENTRE OS NASCIDOS VIVOS -HCFMUSP – 1992 A 2000

76%

20%4%

Nascidos vivos

Óbitos fetais

Sem dados

59%28%

13%ONP

ONT

Sem dados

5.1.3. Características anatomopatológicas:

5.1.3.1. Peso da placenta:

⇒ Média: 219,2g

⇒ DP: 81,8g

⇒ Mediana: 215g

⇒ Mínimo: 20g

⇒ Máximo: 480g

5.1.3.2. Tipos de lesões histopatológicas:

A

B

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Resultados60

O infarto viloso foi o tipo de lesão mais freqüente, observada em 77

(55%) casos (Tabela 1). Note-se que a mesma placenta pode apresentar

vários tipos de lesões.

TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO O TIPO DELESÃO HISTOPATOLÓGICA – HCFMUSP –1992 A 2000

TOTALTIPOS DE LESÃO

n %

Infarto viloso 77 55Imaturidade vilosa 59 42,1Trombose intervilosa 27 19,3Fibrina perivilosa 25 17,9Nós sinciciais 22 15,7Hipertrofia da média 20 14,3Microinfartos 20 14,3Endarterite obliterante 18 12,9Deciduite crônica 16 11,4Fibrose estromal 12 8,6Hipermaturidade vilosa 12 8,6Hematoma retroplacentário 11 7,9Trombose de ramo viloso 10 7,1Vilosite crônica 8 5,7Vilos avasculares 7 5Endovasculite hemorrágica 6 4,3Edema viloso 4 2,9Vilosite isquêmica 3 2,1Onfalite aguda 2 1,4Trombose vascular do cordão 2 1,4Corangiose 2 1,4Espessamento da membrana basal 2 1,4Aterose aguda 0 0

5.1.3.3. Grupos etiopatogênicos:

A fim de facilitar a compreensão das lesões histológicas, optou-se por

dividi-las em 4 grupos primários e 1 não classificado, de acordo com a

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Resultados61

possível etiopatogenia, conforme já descrito no capítulo anterior. Dessa

forma, verificou-se que o GRUPO 2 (G2) – Lesões envolvendo patologia

vascular uteroplacentária e dano em vilosidades secundárias, foi o mais

freqüente na população geral, totalizando 96 (68,6%) casos (Gráfico 5).

Ressalta-se aqui que pode haver concomitância de grupos numa mesma

placenta avaliada.

GRÁFICO 5 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO GRUPOSETIOPATOGÊNICOS DAS LESÕES PLACENTÁRIAS – HCFMUSP –1992 A 2000

68,60%

51,40%42,10%

26,40%17,10%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

G2 G5 G3 G1 G4

5.2. Resultados analíticos

5.2.1. Comparação dos grupos DZ e DR quanto à:

5.2.1.1. Idade gestacional média no momento do parto:

A idade gestacional média no momento do parto apresentou

diferença estatisticamente significante entre os grupos DZ e DR (p= 0,002),

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Resultados62

sendo que se mostrou mais baixa no grupo DR (28,85 + 2,91 semanas), em

relação ao grupo DZ (30,66 + 3,34 semanas) (Tabela 2).

5.2.1.2. Peso do RN:

O peso do RN também apresentou diferença estatisticamente

significante entre os dois grupos (p<0,001), mostrando-se menor no grupo DR

(801,28 + 303,96 g), em relação ao grupo DZ (1110,26 + 418,02 g) (Tabela 2).

5.2.1.3. Peso da placenta:

O peso da placenta também diferiu de forma estatisticamente

significante entre os dois grupos (p<0,001), de modo que no grupo DR

(184,29 + 69,7 g), sua média se mostrou inferior ao grupo DZ (235,56 + 82,25

g) (Tabela 2).

5.2.1.4. Adequação do peso do RN:

Com relação à adequação do peso do RN, não houve diferença

estatisticamente significante na proporção de RN PIG entre os dois grupos

estudados (p= 0,876) (Tabela 2).

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Resultados63

TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO A IG NO PARTO, PESO DORN E DA PLACENTA, ADEQUAÇÃO DO PESO DO RN, EOCORRÊNCIA DE DZ OU DR – HCFMUSP –1992 A 2000

VARIÁVEL DIÁSTOLE ZERO DIÁSTOLE REVERSA p

Idade gestacional 30,66 + 3,34 28,85 + 2,91 0,002 (1)

Peso do RN 1110,26 + 418,02 801,28 + 303,96 < 0,001(1)

Peso da placenta 235,56 + 82,25 184,29 + 69,7 < 0,001(1)

Presença de PIG 51 (53,1%) 24 (54,6%) 0,876(2)

(1) nível descritivo de probabilidade do teste t de Student(2) nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadrado

5.2.1.5. Presença de óbito fetal:

Observou-se freqüência significativamente maior de óbitos fetais no

grupo DR, comparado ao grupo DZ, conforme demonstrado na Tabela 3.

TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO A FREQÜÊNCIADE ÓBITOS FETAIS OU NASCIDOS VIVOS, E DZ OU DR –HCFMUSP – 1992 A 2000

DIÁSTOLE ZEROn=96

DIÁSTOLE REVERSAn=44

n % n %p*

Óbito fetal 14 14,6 14 31,8 0,018Nascidos vivos 82 85,4 30 68,2 0,018

* nível descritivo de probabilidade do teste Qui-Quadrado

5.2.1.6. Intercorrências clínicas associadas à gestação:

As diferentes intercorrências clínicas associadas às gestações que

evoluíram com DZ ou DR à dopplervelocimetria das artérias umbilicais estão

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Resultados64

demonstradas na tabela 4, não havendo diferenças estatisticamente

significantes entre os dois grupos estudados.

TABELA 4 – DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO A INTERCORRÊNCIA CLÍNICAMATERNA ASSOCIADA À GESTAÇÃO E A OCORRÊNCIA DE DZ OUDR – HCFMUSP – 1992 A 2000

DIÁSTOLEZERO

DIÁSTOLEREVERSA TOTALPATOLOGIAS

n % n % n %

p

SíndromesHipertensivas

84 87,5 39 88,6 123 87,9 0,848(2)

RCF 19 19,8 3 6,8 22 15,7 0,050(2)

Cardiopatias 13 13,5 2 4,6 15 10,7 0,145(1)

Endocrinopatias 12 12,5 3 6,9 15 10,7 0,243(1)

MPO 10 10,4 3 6,8 13 9,3 0,755(1)

Colagenoses 6 6,3 4 9,1 10 7,1 0,725(1)

Nefropatias 2 2,1 3 6,8 5 3,6 0,179(1)

Outras 11 11,1 7 16,1 18 12,6 0,465(2)

(1) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher(2) nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadradoonde: RCF: Restrição do Crescimento Fetal MPO: Mau passado obstétrico

5.2.1.7. Tipos de lesões histopatológicas placentárias:

Observamos que a DR apresentou maior freqüência (estatisticamente

significante) de infartos vilosos e trombose intervilosa (Tabela 5).

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Resultados65

TABELA 5 – DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO OS TIPOS DE LESÕESHISTOPATOLÓGICAS E A OCORRÊNCIA DE DZ OU DR –HCFMUSP –1992 A 2000

DIÁSTOLEZERO

(n=96)

DIÁSTOLEREVERSA(n=44)

TOTALTIPOS DE LESÃO

n % n % n %

p

Infarto viloso 46 47,9 31 70,5 77 55,0 0,013(2)

Imaturidade vilosa 39 40,6 20 45,5 59 42,1 0,591(2)

Trombose intervilosa 14 14,6 13 29,5 27 19,3 0,037(2)

Fibrina perivilosa 15 15,6 10 22,7 25 17,9 0,308(2)

Nós sinciciais 17 17,7 5 11,4 22 15,7 0,338(2)

Hipertrofia da média de troncos 12 12,5 8 18,2 20 14,3 0,372(2)

Microinfartos 16 16,7 4 9,1 20 14,3 0,234(2)

Endarterite obliterante 12 12,5 6 13,6 18 12,9 0,852(2)

Deciduite crônica 14 14,6 2 4,5 16 11,4 0,083(2)

Fibrose estromal 10 10,4 2 4,5 12 8,6 0,340(2)

Hipermaturidade vilosa 9 9,4 3 6,8 12 8,6 0,753(1)

Hematoma retroplacentário 8 8,3 3 6,8 11 7,9 1,000(1)

Trombose de ramo vascular na placa vilosa 6 6,3 4 9,1 10 7,1 0,725(1)

Vilosite crônica 6 6,3 2 4,5 8 5,7 1,000(1)

Vilos avasculares 6 6,3 1 2,3 7 5,0 0,433(1)

Endovasculite hemorrágica 4 4,2 2 4,5 6 4,3 1,000(1)

Edema Viloso 2 2,1 2 4,5 4 2,9 0,590(1)

Vilosite isquêmica 3 3,1 0 0,0 3 2,1 0,552(1)

Onfalite aguda 1 1,0 1 2,3 2 1,4 0,531(1)

Trombose vascular do cordão 1 1,0 1 2,3 2 1,4 0,531(1)

Corangiose 1 1,0 1 2,3 2 1,4 0,531(1)

Espessamento de membrana basal 2 2,1 0 0,0 2 1,4 1,000(1)

Aterose aguda 0 0,0 0 0,0 0 0,0 -(1) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher(2) nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadrado

5.2.1.8. Grupos etiopatogênicos das lesões placentárias:

A distribuição dos grupos etiopatogênicos segundo a presença de DZ

ou DR mostrou diferença significativa no G3 (lesões envolvendo

coagulação), ou seja, 54,6% na DR, contra 36,5% na DZ (p=0,044). Os demais

grupos não apresentaram diferença estatisticamente significante (Tabela 6).

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Resultados66

TABELA 6 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO SEGUNDO ACLASSIFICAÇÃO ETIOPATOGÊNICA DAS LESÕES EOCORRÊNCIA DE DZ OU DR – HCFMUSP –1992 A 2000

GRUPOS ETIOPATOGÊNICOS DIÁSTOLEZERO

(n=96)

DIÁSTOLEREVERSA(n=44)

p*

Lesões vaso-oclusivas intraplacentárias 25(26,0%)

12(27,3%) 0,878

Lesões envolvendo patologia vascularuteroplacentária e dano em vilosidades

secundárias

61(65,3%)

35(79,6%) 0,058

Lesões envolvendo coagulação 35(36,5%)

24(54,6%)

0,044

Lesões inflamatórias 20(20,8%)

4(9,1%) 0,087

Lesões não classificadas 49(51,0%)

23(52,3%) 0,892

*nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadrado

5.2.2. Comparação entre os grupos Óbito fetal e Nascidos vivos quanto

aos tipos de lesões histopatológicas placentárias

Observamos que o grupo Óbito Fetal apresentou maior freqüência

(estatisticamente significante) de imaturidade vilosa, trombose intervilosa,

endarterite obliterante e edema viloso, quando comparado ao grupo

Nascidos vivos (Tabela 7)

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Resultados67

TABELA 7 – DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO OS TIPOS DE LESÕESHISTOPATOLÓGICAS E OCORRÊNCIA DE ÓBITO FETAL OUNASCIDOS VIVOS – HCFMUSP –1992 A 2000

TIPOS DE LESÃO Óbito fetal

n=28Nascidos vivos

n=106 n % n %

p

Infarto viloso 18 64,3 55 51,9 0,241(2)

Imaturidade vilosa 18 64,3 40 37,7 0,011(2)

Trombose intervilosa 9 32,1 16 15,1 0,039(2)

Fibrina perivilosa 2 7,1 22 20,8 0,095(2)

Nós sinciciais 2 7,1 20 18,9 0,110(1)

Hipertrofia da média detroncos 3 10,7 16 15,1 0,404(1)

Microinfartos 2 7,1 17 16 0,188(1)

Endarterite obliterante 7 25 10 9,4 0,036(1)

Deciduite crônica 4 14,3 10 9,4 0,329(1)

Fibrose estromal 3 10,7 9 8,5 0,477(1)

Hipermaturidade vilosa 2 7,1 10 9,4 0,523(1)

Hematomaretroplacentário 2 7,1 8 7,5 0,652(1)

Trombose de ramovascular na placa vilosa 3 10,7 6 5,7 0,282(1)

Vilosite crônica 0 0 8 7,5 0,145(1)

Vilos avasculares 2 7,1 5 4,7 0,450(1)

Endovasculitehemorrágica 3 10,7 3 2,8 0,105(1)

Edema Viloso 3 10,7 1 0,9 0,029(1)

Vilosite isquêmica 2 7,1 2 1,9 0,192(1)

Onfalite aguda 1 3,6 0 0 0,209(1)

Trombose vascular docordão 1 3,6 0 0 0,209(1)

Corangiose 1 3,6 1 0,9 0,375(1)

Espessamento demembrana basal 0 0 1 0,9 0,791(1)

Aterose aguda 0 0 0 0 -(1) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher(2) nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadrado

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Resultados68

5.2.3. Análise comparativa dos grupos etiopatogênicos com:

5.2.3.1. Faixas de idade gestacional ao nascimento:

Os grupos etiopatogênicos foram distribuídos segundo faixas de IG no

momento do parto (< 26; 26-30; 30-34; >34 semanas), não apresentando

diferenças estatisticamente significativas entre elas, em cada grupos

analisado, conforme demonstrado na tabela 8.

TABELA 8 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO OS GRUPOSETIOPATOGÊNICOS E FAIXAS DE IDADE GESTACIONAL NONASCIMENTO – HCFMUSP – 1992 A 2000

IDADE GESTACIONALGRUPOSETIOPATOGÊNICOS < 26 26 - 30 30 - 34 > 34 p

G1 6(30,0%)

14(26,9%)

14(25,5%)

3(23,1%)

0,971(2)

G2 15(75,0%)

36(69,2%)

37(67,3%)

8(61,5%)

0,865(2)

G3 8(40,0%)

24(46,2%)

23(41,8%)

4(30,8%)

0,784(2)

G4 3(15,0%)

7(13,5%)

10(18,2%)

4(30,8%)

0,514(1)

G5 15(75,0%)

23(44,2%)

28(50,9%)

6(46,2%)

0,128(2)

(1) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher(2) nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadradoonde: G1 = lesões vaso-oclusivas G2 = lesões envolvendo patologia vascular uteroplacentária e dano em

vilosidades secundárias G3 = lesões envolvendo coagulação G4 = lesões inflamatórias G5 = lesões não classificadas

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Resultados69

5.2.3.2. Faixas de peso do RN:

Os grupos etiopatogênicos também foram distribuídos segundo faixas

de peso fetal ao nascimento (<500g; 500-1000g; 1000-1500g; >1500g), não

apresentando diferenças estatisticamente significantes entre elas, conforme

demonstrado na tabela 9.

TABELA 9 – DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO OS GRUPOSETIOPATOGÊNICOS E FAIXAS DE PESO DO RN – HCFMUSP –1992 A 2000

PESO AO NASCIMENTOGRUPOS

ETIOPATOGÊNICOS < 500 500 - 1000 1000 - 1500 > 1500p

G1 4(28,6%)

17(28,3%)

8(16,3%)

8(47,1%)

0,091(1)

G2 9(64,3%)

44(73,3%)

32(65,2%)

11(64,7%)

0,774(2)

G3 4(28,6%)

30 (50,0%)

21(42,9%)

4(23,5%)

0,172(2)

G4 2(14,3%)

9(15,0%)

6(12,2%)

7(41,2%)

0,068(1)

G5 11(78,6%)

31(51,7%)

22(44,9%)

8(47,1%)

0,165(2)

(1) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher(2) nível descritivo de probabilidade do teste Qui-quadradoonde: G1 = lesões vaso-oclusivas G2 = lesões envolvendo patologia vascular uteroplacentária e dano em

vilosidades secundárias G3 = lesões envolvendo coagulação G4 = lesões inflamatórias G5 = lesões não classificadas

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Resultados70

5.2.4. Análise das variáveis de interesse segundo a classificação

etiopatogênica das lesões placentárias:

Conforme demonstrado na Tabela 10, podemos observar no G3

(lesões envolvendo coagulação), um percentual significativamente menor

de diástole zero do que quando as lesões não estão inseridas nesse grupo.

Observa-se também que, no G5 (lesões não classificadas), o peso da

placenta é significativamente menor do que na ausência de lesões desse

grupo; e que no G4 (lesões inflamatórias), o peso da placenta é

significativamente maior do que quando as lesões não são desse grupo.

TABELA 10 – DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃOETIOPATOGÊNICA DAS LESÕES PLACENTÁRIAS E AS VARIÁVEISDE INTERESSE – HCFMUSP – 1992 A 2000

PRESENÇA DEDIÁSTOLE

ZERO

PRESENÇA DERCF

IDADEGESTACIONAL

PESODO RN

PESODA PLACENTAGRUPO

ETIOPATOGÊNICO PRESENTE nn % n % Média + d.p. Média + d.p. Média + d.p.

Não 103 71 68,9 56 54,4 30,24 + 3,21 1014,95 + 377,55 221,53 + 82,38

Sim 37 25 67,6 19 51,4 29,68 + 3,61 1013,92 + 497,75 213,38 + 81,10G1p 0,878 0,752 0,381 0,991 0,609

Não 44 35 79,6 24 54,6 30,30 + 3,49 1054,77 + 479,55 219,39 + 94,09

Sim 96 61 63,5 51 53,1 30,00 + 3,24 996,11 + 376,49 219,18 + 76,19G2p 0,058 0,876 0,627 0,477 0,989

Não 81 61 75,3 43 53,1 30,24 + 3,52 1060,38 + 451,73 214,73 + 87,28

Sim 59 35 59,3 32 54,2 29,89 + 3,02 952,71 + 342,45 225,18 + 74,32G3p 0,044 0,893 0,542 0,112 0,470

Não 116 76 65,5 61 52,6 29,91 + 3,33 985,26 + 390,76 212,22 + 80,75

Sim 24 20 83,3 14 58,3 30,99 + 3,16 1155,63 + 481,53 250,80 + 80,62G4p 0,087 0,607 0,144 0,065 0,036

Não 68 47 69,1 40 58,8 30,75 + 3,05 1069,04 + 414,78 234,17 + 86,76

Sim 72 49 68,1 35 48,6 29,64 + 3,50 962,61 + 403,48 204,32 + 74,19G5p 0,892 0,226 0,096 0,127 0,036

Para a presença de diástole zero e a presença de RCF foi aplicado teste Qui-quadrado.Para a idade gestacional, peso do RN e peso da placenta foi aplicado o teste t de Student.

onde: G1 = lesões vaso-oclusivas G2 = lesões envolvendo patologia vascular uteroplacentária e dano em

vilosidades secundárias G3 = lesões envolvendo coagulação G4 = lesões inflamatórias G5 = lesões não classificadas

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DISCUSSÃO

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Discussão72

6.1. Considerações Preliminares

A placenta consiste em órgão de importância fundamental para o

desenvolvimento do concepto por ser responsável pela transferência de

nutrientes, pela excreção de metabólitos e pelas trocas de gases entre os

dois organismos. Constitui, portanto, elo de ligação indiscutível entre o

binômio gestante-feto. O conhecimento de sua fisiologia, desenvolvimento

normal e das lesões que podem acometê-la, são imprescindíveis para a

melhor compreensão da insuficiência placentária e de seus determinantes.

A insuficiência placentária, por sua vez, acarreta aumento da

morbidade e mortalidade perinatais, que são sempre motivos de angústia

para a paciente e também para o médico que a assiste.

Em função desses aspectos, a propedêutica obstétrica deve priorizar

os recursos disponíveis para a avaliação da função placentária, para que,

com a detecção precisa e oportuna dos seus mais diversos graus de

acometimento, sejam instituídas estratégias de seguimento e tratamento

mais adequadas para cada caso, com o intuito de melhorar o prognóstico

neonatal.

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Discussão73

O diagnóstico da insuficiência placentária tem sido amplamente

discutido e exaustivamente estudado. Numerosas pesquisas realizadas em

vários países, inclusive no Brasil, têm demonstrado a capacidade irrefutável

da dopplervelocimetria das AU para tal fim. Dessa forma, a ausência de

fluxo (DZ) ou o fluxo reverso (DR) na diástole, verificados no sonograma das

AU, caracterizam de forma consensual, falência placentária de extrema

gravidade (TRUDINGER et al., 1987, GAGNON et al., 1996).

6.2. A amostra estudada

Ao se eleger como amostra populacional gestantes com DZ ou DR à

dopplervelocimetria das AU, esta pesquisa buscou a homogeneização da

casuística, pois, nesses casos, o diagnóstico de insuficiência placentária está

plenamente estabelecido (TRUDINGER; GILES, 1989, MORROW et al., 1989).

Da mesma forma, o limite inferior de IG (18 semanas) fixada para o

momento do diagnóstico de DZ e DR, deve-se ao fato de que a

dopplervelocimetria, em idades gestacionais precoces, pode apresentar

fisiologicamente, diminuição do fluxo diastólico e, até mesmo, fluxo

diastólico ausente ou reverso nas AU (TRUDINGER; GILES, 1989, GAGNON et

al., 1996).

A necessidade da ausência de anormalidades anatômicas e/ou

cromossômicas do feto, bem como ausência de infecções maternas e

anormalidades anatômicas dos vasos umbilicais é justificada pelo fato de

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Discussão74

que, nessas situações, podem ocorrer alterações placentárias indistinguíveis

das lesões da placenta gravemente insuficiente, objetos deste estudo.

Para viabilizar o acesso à análise anatomopatológica das placentas,

foi primordial incluir somente os casos cujos partos foram realizados na

Clínica Obstétrica – HCFMUSP.

Com relação ao parto, excetuando-se os casos de trabalho de parto

espontâneo ou induzido (em casos de OF), para a interrupção da gestação

devido à doença materna grave ou à maturidade fetal, não há

dificuldades. Assim, a probabilidade de elas causarem resolução obstétrica

desnecessária ou inoportuna é menor do que na suspeita de sofrimento

fetal, pois o denominado padrão-ouro para o diagnóstico da depressão

fetal é a presença de acidose metabólica ao nascimento (pH<7,2)

(FRANCISCO, 1998).

6.3. A avaliação histopatológica

A análise das placentas, sob o aspecto histológico, foi realizada

apenas em caráter qualitativo, ou seja, presença ou ausência de cada

lesão estudada. Seria extremamente interessante a quantificação dessas

lesões (em porcentagem de área acometida), mas o número de cortes

histológicos em cada lâmina revisada era variável, decorrente

possivelmente de mudanças na técnica padrão estabelecidas no decorrer

dos anos (1992 a 2000). Este fato impossibilitou a quantificação das lesões,

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Discussão75

frustrando um eventual confronto com a gravidade dos parâmetros

dopplervelocimétricos.

Por outro lado, optou-se pela revisão das lâminas histológicas, e não

simplesmente pela coleta de dados da avaliação inicial por meio de

consulta em terminal de computador vinculado à Divisão de Anatomia

Patológica, pelas seguintes razões:

- Necessidade de avaliação uniforme feita por um único examinador, que

no caso, tratou-se de membro experiente da Divisão de Anatomia

Patológica – HCFMUSP, com a finalidade de eliminar o eventual viés

decorrente da variabilidade da análise interobservador.

- Necessidade de reanálise das lâminas histológicas orientada por critérios

específicos e mais atualizados, de acordo com lista de lesões de

interesse elaborada previamente (descritas no item 4.2.4.1.), para se

obter a validação interna deste estudo (FLETCHER et al., 1996).

Quanto à classificação das lesões histológicas segundo a

etiopatogenia, optou-se por essa forma de organizá-las a fim de facilitar a

compreensão das mesmas, principalmente porque o público-alvo deste

estudo abrange primariamente toco-ginecologistas, que não estão

plenamente familiarizados com os termos e as definições envolvendo

histologia.

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Discussão76

A classificação de acordo com os critérios de SALAFIA et al., 1995 e

1997, foi escolhida por já ter sido consagrada, e com reprodutibilidade

amplamente testado por esses autores, de renome internacional.

6.4. Os resultados

Partindo para a análise dos resultados do presente trabalho,

observou-se que 68,6% dos casos correspondem a pacientes com DZ, em

contraposição a 31,4% de DR (Gráfico 1). Este fato ocorre, evidentemente,

porque a DR corresponde a uma piora da condição de DZ, e muitas vezes

indicadora de resolução da gestação.

Com relação às intercorrências clínicas maternas associadas à

gestação, houve homogeneidade (p> 0,05) entre os grupos DZ e DR (Tabela

4). As síndromes hipertensivas foram as que mais se relacionaram com a DZ

e DR (Gráfico 2), presentes em 87,9% dos casos. BATAGLIA et al. (1993),

relatam essas síndromes em 65% das gestantes e BELL et al. (1992), referem-

nas em 56% dos casos de DZ ou DR. A ocorrência mais elevada dessa

intercorrência clínica na presente casuística pode ser justificada por ser o

HCFMUSP serviço médico de referência de portadores dessas doenças,

inclusive das gestantes.

A média da IG no diagnóstico de DZ foi de 28,87 semanas, resultado

semelhante ao encontrado por KURKINEN-RÄTY et al. (1997), que descrevem

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Discussão77

como sendo de 30 semanas, e por MCPARLAND et al (1990), que referem IG

de 27,1 semanas.

Quanto ao intervalo de tempo decorrido entre o diagnóstico de DZ e

o parto, neste estudo, a média observada foi de 8,62 dias, o que se

assemelha ao descrito na literatura médica, que apresenta médias

variando de 7 a 8,3 dias (BELL et al., 1992, KURKINEN-RÄTY et al., 1997).

Alguns autores, como WOO et al. (1987), defendem que, ao se

detectar a DZ ou DR, o parto deva ser realizado imediatamente. Porém, a

observação de que essa detecção pode preceder em semanas a

ocorrência de alterações nos testes de avaliação da vitalidade fetal, que

indiquem a resolução da gestação, conclui-se que a interrupção precoce

da gestação não constitui ato adequado, e sim iatrogênico (ROCHELSON,

1989).

A IG média no momento do parto foi de 30,09 semanas. Resultados

semelhantes são relatados por BATAGLIA et al. (1993) e KURKINEN-RÄTY et al

(1997), que descrevem média de 29,1 e 31,7 semanas.

Observou-se diferença estatisticamente significante quanto à IG

média no momento do parto entre os grupos DZ e DR (Tabela 2), apesar de

abranger maioria absoluta de partos prematuros; diferença essa que pode

ser explicada pela gravidade da condição associada à necessidade de

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Discussão78

interrupção imediata nos casos de detecção de DR em IG que indique

viabilidade fetal.

Quanto ao tipo de parto realizado, salienta-se que partos normais só

ocorreram na vigência de óbito fetal. Neste estudo, 80% da casuística foi

submetida à cesárea (Gráfico 3). Este fato demonstra a necessidade de

conduta ativa, com objetivo de proteger o feto, invariavelmente com baixa

reserva de oxigênio, do stress que o trabalho de parto pode acarretar.

A média do peso dos RN foi 1015g, em conformidade com dados

disponíveis na literatura médica, que revelam peso ao nascimento variando

entre 682g e 1581g, em casos de DZ ou DR (REED et al., 1987, ROCHELSON,

1989, PATTINSON et al., 1993, BATAGLIA et al., 1993, KURKINEN-RÄTY et al.,

1997, BASCHAT et al., 2000).

Quanto ao peso dos RN nos grupos DZ e DR, notou-se diferença

estatisticamente significante entre eles (Tabela 2), o que pode ser

decorrente do fato de também ter havido diferença significativa na IG

média no momento do parto, conforme comentado anteriormente.

Quanto à adequação do peso do RN, notou-se maioria de PIG

(53,6%), porém sem diferença significativa nos grupos DZ e DR (Tabela 2).

Essa média se manteve um pouco abaixo da observada pelos trabalhos

disponíveis na literatura, que relatam alta porcentagem de RN classificados

como PIG, variando de 60 a 100% dos casos (WOO et al., 1987, ARABIN et

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Discussão79

al., 1988, MONTENEGRO et al., 1988, BELL et al., 1992, KURKINEN-RÄTY et al.,

1997), o que confirma o déficit nutricional fetal decorrente da insuficiência

placentária.

Observou-se ocorrência de óbito fetal em 20% dos casos, resultado

semelhante ao obtido por NOMURA et al. (2001) e SILVA et al. (2001a),

sendo que essa condição foi significativamente mais freqüente no grupo DR

(Tabela 3), fato que pode ser explicado pela gravidade da insuficiência

placentária nesses casos.

O óbito neonatal, por sua vez, ocorreu em 30,2% dos casos,

concordante com as taxas referidas por MCPARLAND et al. (1990) e

KARSDORP et al. (1994), que relatam 28,12% e 32%, respectivamente.

Quanto às características anatomopatológicas, observou-se que o

peso da placenta variou entre 20g e 480g, com média de 219,2g,

concordante com dados de literatura médica (NORDENVALL et al., 1991,

KRECZY et al., 1995, SILVA, 2000), e justificando-se, possivelmente, pelas altas

taxas de prematuridade observadas nos casos de DZ e DR, conforme

discutido anteriormente.

A média do peso da placenta diferiu de forma significativa entre os

grupos DZ e DR (Tabela 2), presumivelmente em decorrência de este último

grupo indicar maior gravidade, não obstante também ter apresentado

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Discussão80

médias de IG no nascimento e peso do RN menores que no grupo DZ

(Tabela 2).

Com relação às lesões histopatológicas, observou-se que o infarto

viloso foi o tipo de lesão mais freqüente, observado em 55% dos casos

(Tabela 1), dado concordante com vários autores (ARABIN et al., 1992,

LAURINI et al., 1994, MACARA et al., 1995, KREBS et al., 1996, MONTENEGRO

et al., 1997, SILVA et al., 2001b).

De acordo com FOX (1997d), pequenos infartos podem ser

encontrados em aproximadamente 25% das placentas em gestações de

termo não complicadas. Já REIS (2003), notou freqüência de 18,5% em

casuística sem doença materna e com placenta de aspecto normal à ultra-

sonografia.

Gestações sem alterações maternas ou fetais, geralmente

apresentam infartos que acometem uma pequena área da placenta e são

de localização periférica. Infartos extensos, denominados de “infartos

verdadeiros”, comprometendo mais de 10% da área placentária e

localizados na área central da placenta, associam-se, freqüentemente, à

gestações com síndromes hipertensivas, RCF ou associadas a maior

morbiletalidade fetal. A extensão dessa lesão está associada com a

gravidade da doença materna (FOX, 1997d).

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Discussão81

Pode-se conjecturar que, o fato de esta lesão histopatológica ter

apresentado freqüência significativamente maior no grupo DR (Tabela 5),

associa-se com maior gravidade da insuficiência placentária, refletida nesse

parâmetro dopplervelocimétrico.

O segundo tipo de alteração mais freqüente, foi a imaturidade vilosa,

observada em 42,1% dos casos (Tabela 1), e sem diferença estatisticamente

significante entre os grupos DZ e DR (Tabela 5). A grande freqüência desse

tipo de alteração pode ser explicada pelos altos índices de prematuridade

observados nos casos de DZ e DR.

A terceira lesão mais freqüente foi a trombose intervilosa, observada

em 19,3% dos casos (Tabela 1), sendo que se apresentou significativamente

mais no grupo DR (29,5%), quando comparado ao grupo DZ (14,6%) (Tabela

5), o que também pode ser explicado pela gravidade do acometimento

placentário nesses casos. Em pesquisa realizada no Serviço, REIS (2003),

observou freqüência de 3,7% de trombose intervilosa associada com

placentas normais em gestações não complicadas.

Sabe-se que o foco de sangue coagulado presente nesta lesão, é

conseqüente à penetração de células sanguíneas fetais no espaço

interviloso, o que resulta em vasodilatação e isquemia focal, com ruptura

da fina camada de trofoblasto que recobre o capilar viloso. Com isso, o

sangue fetal é reconhecido pelo materno como antígeno, e inicia-se

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Discussão82

coagulação em cascata, propiciando a formação do trombo, que

apresenta quantidade maior de sangue de origem materna (FOX, 1997d).

As outras lesões (Tabela 1), apresentaram freqüências menores e não

diferiram significativamente entre os grupos DZ e DR (Tabela 5). Porém,

tendo-se em vista que um dos objetivos deste estudo é a descrição das

lesões e sua freqüências, comentários adicionais sobre algumas delas são

cabíveis.

Assim, a fibrina perivilosa (17,9%), a despeito de sua freqüência nesta

casuística, não apresenta significado clínico importante, já que é vista em

22% das placentas de gestações de termo não complicadas (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995b, FOX, 1997d).

Os nós sinciciais (15,7%) somente indicam comprometimento

perfusional placentário quando mais de 30% dos vilos terciários os possuem,

especialmente na placenta prematura (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995e e

1995g).

A hipertrofia da camada média dos troncos vilosos (14,3%) é

decorrente da falha na segunda onda de invasão trofoblástica (SALAFIA et

al., 1997), e encontra-se associada às síndromes hipertensivas e RCF

(KAHHALE; ZUGAIB, 1995). REIS (2003), observou freqüência de 11,1% desta

lesão, associada às placentas de gestações não complicadas.

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Discussão83

A fibrose estromal (8,6%) é considerada achado anormal quando

excessiva e principalmente quando não está restrita ao sistema viloso

placentário. Pode ser encontrada em diversas condições como deficiência

de vilos terminais, RCF associado com DZ ou DR à dopplervelocimetria das

AU, em vilos avasculares e processos infecciosos, entre outras situações.

Especula-se que o aumento da pressão parcial do oxigênio intraviloso

estimula a síntese de colágeno na presença de placenta bem oxigenada

no lado materno e mal-perfundida no compartimento fetal (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995f).

O hematoma retroplacentário (7,9%) ocorre geralmente devido ao

descolamento prematuro de placenta (DPP), estando bastante associado

às síndromes hipertensivas (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

A vilosite crônica (5,7%) está associada com variadas patologias,

como infecções maternas e abortamentos de repetição. Quando

associada a fatores isquêmicos, como pré-eclâmpsia, RCF e doenças auto-

imunes (BARROS, 1997) é denominada vilosite isquêmica (2,1%)

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f).

A corangiose (1,4%) é indicador de hipoxia pré-natal crônica,

apresentando hipervascularidade capilar vilosa como mecanismo

compensatório dos níveis persistentemente diminuídos de oxigênio. É

freqüentemente observada em elevadas altitudes (BENIRSCHKE;

KAUFMANN, 1995f).

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Discussão84

O espessamento da membrana basal (1,4%) está associado com

diversas condições patológicas, como síndromes hipertensivas, diabete e

RCF com alterações dopplervelocimétricas (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f,

SALAFIA et al., 1997)

E por último, a aterose aguda, que apesar de não ter sido observada

na presente casuística, é considerada lesão precoce nas arteríolas

espiraladas maternas, sendo a causa primária dos infartos placentários

(BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995g, SALAFIA et al., 1997). Talvez o aspecto da

precocidade dessa lesão, justifique o fato de não ter sido encontrada neste

estudo, já que todos os casos avaliados apresentam placenta insuficiente

(DZ ou DR), demonstrando presença de lesões mais avançadas.

Com relação aos grupos etiopatogênicos, observou-se que o G2 –

Lesões envolvendo patologia vascular uteroplacentária e dano em

vilosidades secundárias, foi o mais freqüente na população geral,

totalizando 68,6% dos casos (Gráfico 5), o que provavelmente é resultado

do grande número de casos de infartos vilosos verificado nesta casuística.

Apesar disso, não foi encontrada diferença estatisticamente significante em

sua freqüência entre os grupos DZ e DR (Tabela 6).

O segundo grupo mais freqüente foi o G5, com 51,4%, que embora

englobe as lesões não classificadas (Gráfico 5), inclui a imaturidade vilosa,

que também foi a segunda alteração isolada mais encontrada na

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Discussão85

população geral. Nesse grupo não foi encontrada diferença significante

com relação a sua distribuição entre a DZ e DR (Tabela 6).

O G3 – Lesões envolvendo coagulação, foi o terceiro grupo mais

freqüente, atingindo 42,1% dos casos (Gráfico 5), o que também pode ser

explicado pela elevada ocorrência de trombose intervilosa na população,

conforme já discutido anteriormente. O mais interessante é observar que a

despeito de outros grupos, este apresentou freqüência significativamente

mais alta no grupo DR, com relação ao DZ (Tabela 6), evidenciando

correlação com a gravidade da insuficiência placentária.

Em outro modelo de investigação, as variáveis de interesse foram

analisadas segundo a classificação etiopatogênica das lesões (Tabela 10).

Observou-se que, na presença de lesões envolvendo coagulação (G3), a

freqüência de DZ foi significativamente menor do que a observada na

ausência dessas lesões, confirmando sua associação com a insuficiência

placentária de maior gravidade (Tabela 6).

Os dados obtidos no presente estudo não foram totalmente

concordantes com os de SALAFIA et al. (1997), que embora também

concluam que na presença de RCF, a DR é resultante de achados

histopatológicos mais graves e supostamente irreversíveis, demonstram que

na DZ, o grupo etiopatogênico mais incidente é o das lesões vaso-oclusivas

(G1), o que não foi observado nesta pesquisa.

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Discussão86

Vale ressaltar que não se observou diferença estatisticamente

significante na distribuição dos grupos etiopatogênicos de acordo com

faixas de IG no nascimento e de peso do RN (Tabelas 8 e 9), o que é

concordante com a hipótese de que o mais importante na determinação

da insuficiência placentária, é a ação deletéria de fatores que ocasionam

o aumento da resistência vascular placentária, o que parece ser

independente de seu desenvolvimento fisiológico.

Com relação à comparação da histopatologia placentária entre os

grupos de Óbito fetal e Nascidos vivos (Tabela 7), observou-se a mesma

tendência global dos infartos vilosos, imaturidade vilosa e trombose

intervilosa serem as lesões mais freqüentes, o que se mostrou concordante

com a literatura médica (SILVA et al., 2001a).

Notou-se, entretanto, que a imaturidade vilosa, trombose intervilosa,

endarterite obliterante, e edema viloso apresentaram freqüências

significativamente maiores no grupo que cursou com óbito fetal (Tabela 7).

A maior freqüência de trombose intervilosa pode ser explicada pela

associação dessa lesão com quadros mais graves de insuficiência

placentária, que pode, mais amiúde, ocasionar o óbito fetal. Da mesma

forma, a endarterite obliterante, apesar de ser classificada como lesão

vaso-oclusiva (porque é a conseqüência final), passa por uma etapa na

qual a formação de trombo é imprescindível, o que a aproxima, sob certo

aspecto, da gravidade demonstrada nas lesões que envolvem

coagulação. Já a maior freqüência de imaturidade vilosa pode ser

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Discussão87

justificada pela hipótese de que talvez os nascidos vivos tenham sido

submetidos por maior tempo às condições de hipoxia crônica, o que

favorece a maturação placentária (KINGDOM; KAUFMANN, 1997). O

edema viloso constitui lesão não classificada e inespecífica, sem significado

relevante nesta casuística.

Note-se que a literatura descreve incidência significativamente mais

elevada de vilos avasculares associada com RCF e óbito fetal de causa

desconhecida (BENIRSCHKE; KAUFMANN, 1995f), o que não foi observado no

presente estudo.

6.5. Considerações finais

Apesar das limitações deste estudo, já comentadas, a conclusão

mais marcante que se obteve foi a associação significativa da DR com o

G3 – Lesões envolvendo coagulação, podendo este grupo ser considerado

marcador de gravidade.

Esse fato abre um horizonte promissor para as pesquisas que se

direcionam à busca de inovações na esfera da terapêutica, visto que as

evidências reforçam a importância dos distúrbios da coagulação na

gênese das anormalidades ora enfocadas. Em conseqüência disso, torna-se

mandatório o questionamento sobre as trombofilias nos casos de

insuficiência placentária, e principalmente em sua variante mais grave, a

diástole reversa. Na literatura, um único estudo (KUPFERMINC et al, 2002)

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Discussão88

demonstra alta incidência de trombofilias (69%) nos casos de RCF grave no

segundo trimestre da gestação. De forma semelhante, também observa

altíssima freqüência de DZ (78%), nas gestantes com RCF e trombofilia

comprovada.

Inegavelmente, mais um caminho foi aberto no estudo da

insuficiência placentária, o que motivará o prosseguimento das pesquisas

nessa direção. Assim, uma das propostas, seria a realização de estudo

prospectivo, que teria como principal vantagem a possibilidade de

intervenção na amostra. Dessa forma, poderia ser realizada a quantificação

das lesões histopatológicas placentárias (em porcentagem de área

acometida), através de padronização do método, correlacionando-as, por

exemplo, com: a gravidade dos parâmetros dopplervelocimétricos (valores

da relação S/D, PI e RI nas artérias umbilicais); com a presença de

trombofilias; e também com a administração, talvez empírica, de

anticoagulantes (heparina de baixo peso molecular) após o diagnóstico de

DZ ou DR à dopplervelocimetria das artérias umbilicais.

Por outro lado, outras técnicas muito interessantes de análise

placentária poderiam ser propostas, como a análise ultraestrutural por meio

de microscopia eletrônica, e até mesmo pela injeção de resina plástica nas

artérias umbilicais, delineando toda a árvore vilosa placentária; modelos já

realizados por MACARA et al. (1996), e KREBS et al. (1996). Isso tornaria o

estudo fisiopatológico da insuficiência placentária bastante enriquecedor.

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Discussão89

Outro aspecto que merece atenção é a classificação das lesões

histológicas, que, neste estudo, conforme os motivos já comentados

anteriormente, foi realizada segundo a provável etiopatogenia

uteroplacentária. Poderíamos, porém, ousar, e tentar classificá-las de

acordo com outros fatores, obtendo grupos independentes, sem

intersecção entre si, e eliminando com isso, eventual viés de classificação.

Enfim, a cada novo estudo, incluindo-se estes, com o escopo

pautado na avaliação histopatológica placentária, avançamos no objetivo

de melhorar a assistência às gestações com grave disfunção placentária,

com o intuito de reduzir a mortalidade perinatal e minimizar ao máximo as

conseqüências advindas da hipoxemia intra-uterina.

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CONCLUSÕES

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Conclusões91

O presente estudo, que avalia as características histopatológicas

placentárias de gestações com diástole zero ou reversa à

dopplervelocimetria das artérias umbilicais, permitiu concluir que:

1. Quanto à freqüência dos achados histopatológicos:

a) O infarto viloso foi o tipo de lesão isolada mais freqüente;

b) O Grupo 2 – Lesões envolvendo patologia vascular uteroplacentária

e dano em vilosidades secundárias, foi o grupo etiopatogênico mais

freqüente.

2. Quanto à associação dos grupos etiopatogênicos das lesões

placentárias com os resultados da gestação:

a) Não houve correlação com IG no nascimento, RCF e média de peso

no nascimento;

b) Os casos com lesões classificadas no G4 – Lesões inflamatórias,

tiveram peso placentário maior;

c) Os casos com lesões não classificadas (G5), apresentaram peso

placentário menor.

3. Quanto à associação das lesões à gravidade da insuficiência

placentária:

a) O infarto viloso e trombose intervilosa foram significativamente mais

freqüentes nas placentas gravemente insuficientes (DR);

b) O Grupo 3 – Lesões envolvendo coagulação, foi significativamente

mais freqüente nas placentas gravemente insuficientes (DR),

podendo ser considerado marcador de gravidade.

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ANEXOS

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Anexos93

Anexo A

CURVA DE PESO (GRAMAS) DOS RECÉM-NASCIDOS DE ACORDO COM AIDADE GESTACIONAL (SEMANAS) (RAMOS, 1983)

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Anexos94

Anexo B

APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA DO PRESENTE TRABALHO NACAPPesq

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