Upload
others
View
9
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
• Introdução:
No Brasil e de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno exclusivo deve ser realizado até o 6º mês de vida do bebê, sendo complementado até os 2 anos ou além- conforme o desejo da mãe. De acordo com o desenvolvimento da criança, novos tipos de alimentos são introduzidos na dieta a partir do sexto mês de vida.
Porém, quais são as vitaminas e sais minerais mais importantes às funções orgânicas na alimentação infantil, suas funções e fontes alimentares?
• Vitaminas:
- Vitamina A (retinol)
Desempenha a função de manutenção das células epiteliais, das mucosas, de crescimento e é responsável pela formação dos pigmentos receptores de luz (como os melanócitos). Podemos encontrar a vitamina A na manteiga, leite, ovos e fígado.
No leite materno, sua concentração é variável conforme a dieta da mãe. Com isso, se recomenda pela OMS e pelo Ministério da Saúde, o Programa de Suplementação de vitamina A, em regiões de comprovada deficiência de vitamina A.
O objetivo do Programa de Suplementação é reduzir e controlar a deficiência dessa vitamina em crianças de 6 a 59 meses e em mulheres no pós-parto, residentes em áreas de risco. Nestes casos, ocorre a utilização de uma mega dose a cada 6 meses, conforme a faixa etária (dos 6 aos 59 meses). Assim, para lactentes até os 6 meses e em aleitamento materno: 50.000 UI; lactentes de 6 a 11 meses: 100.000 UI; e para crianças de 12-59 meses: 200.000 UI.
- Vitamina D (D2 – ergocalciferol; D3 - colecalciferol)
Desempenha função da regulação de mais de 1.000 genes, na regulação
da absorção de cálcio e fósforo intestinal e nos seus metabolismos, além de ações extraesqueléticas. A deficiência de vitamina D é um dos distúrbios nutricionais mais frequentes em todo o mundo, estimando-se que 1 bilhão de pessoas sofram de insuficiência ou deficiência dessa vitamina. Mesmo no Brasil, onde a maioria da população reside em regiões de adequada exposição solar, a hipovitaminose D é um problema comum em lactentes, crianças e adolescentes.
A dose universal preventiva da vitamina D é de 400 UI para lactentes de 0-12 meses e 600 UI para os maiores de 1 ano, até o 2º ano de vida. Se recomenda a prescrição isolada de vitamina D para titulação da dose. Ela também pode ser encontrada em leites fortificados e óleo de peixe – porém, sua síntese ocorre pela exposição da pele aos raios ultravioletas do sol.
- Vitamina E (tocoferol)
A vitamina E é o nome para duas classes de moléculas (tocoferois e tocotrienois) que não são produzidas pelo organismo e devem ser obtidas por meio da dieta ou de suplementação. É um antioxidante lipossolúvel com ação protetora contra a atividade danosa dos radicais livres. Dessa forma, está relacionada com a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (como câncer de pele e de mama), estimulação do sistema imune e modulação dos processos degenerativos relacionados ao envelhecimento. Pode ser encontrada nos óleos vegetais (girassol, palma, milho, soja, oliva), gérmen de trigo, folhas verdes, grãos integrais, semente de girassol, kiwi, peixe e leite de cabra.
Conforme a OMS, se recomenda a ingestão diária aceitável de vitamina E entre 0,15 e 2 mg de alfatocoferol/kg de peso. Em casos de tratamento da deficiência, as doses utilizadas são de 50 a 200 mg/dia, via oral. Doses proporcionalmente maiores, medicamentosas e dietéticas, são preconizadas em quadros disabsortivos e hepatopatias.
No caso dos prematuros, mesmo sendo alimentados pelo leite materno, alguns especialistas recomendam a suplementação diária de 5 mg.
- Vitamina K
Também representa um grupo de componentes responsáveis pela
ativação de proteínas importantes na coagulação sanguínea (fatores II, VII, IX, X, proteína C e proteína S).
A principal substância, a vitamina K1 (filoquinona), é encontrada sobretudo em vegetais verdes folhosos. Porém, a vitamina K pode ser encontrada em diversos alimentos, como vegetais verdes, fígado, gema de ovo, além de ser sintetizada pela flora intestinal presente na porção distal do intestino delgado e no cólon (vitamina K2 – menaquinona, absorvida em menor grau).
No leite humano (seja no colostro ou no leite maduro) sua concentração é insuficiente, independentemente da dieta materna, sendo recomendada pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) a sua suplementação ao nascimento com 1 mg de vitamina K, por via intramuscular, a fim de prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido. Ademais, nos primeiros anos de vida, a flora intestinal ainda não está desenvolvida – não havendo produção no segmento intestinal de vitamina K, pelo recém-nascido.
- Vitamina B1 (tiamina)
Age como uma coenzima para liberação de energia pelos carboidratos,
gorduras e proteínas. Atua na formação da ribose para o DNA e RNA. É essencial para o sistema nervoso. Podemos encontrá-la na carne de porco, cereais integrais, fígados e legumes. Lembrando que a papa salgada é introduzida a partir dos 6 meses de vida do lactente.
O quadro clínico da sua deficiência se manifesta com sinais de fadiga, irritabilidade, falta de concentração, fraqueza e parestesia nos membros inferiores. São apresentações clínicas clássicas: Beribéri (infantil - acomete crianças entre 2 a 3 meses, desnutridas ou amamentadas por mães carentes de tiamina; seco – polineuropatia com perda de massa muscular; úmido – edema, anorexia, fraqueza muscular, confusão mental e insuficiência cardíaca); e Síndrome de Wernicke-Korsakoff (forma aguda – encefalopatia que evolui
com oftalmoplegia, confusão, diminuição do nível de consciência e perda de memória).
Em lactentes e crianças, as necessidades diárias variam 0,2 a 0,6 mg. Nos adolescentes e adultos, variam de 0,9 a 1,4 mg. Em casos de tratamentos de deficiências, as doses dependem do grau e dos sintomas apresentados, variando de 10 a 50 mg/dia, via oral.
- Vitamina B2 (riboflavina)
É uma coenzima do metabolismo energético e atua na conversão do
triptofano à niacina. Participa estimulando a produção de sangue e ajuda na manutenção do organismo. É encontrada no leite e seus derivados, fígado, carne bovina, peixes, aves, ovos, grãos integrais e cereais.
Não é comum a sua deficiência, com exceção em regiões onde há consumo sobretudo de arroz polido (branco – quando sua casca é removida). No entanto, pacientes com diarreia crônica ou doença hepática, podem apresentar deficiência de B2.
Em lactentes e crianças, as necessidades diárias são de 0,3 a 0,6 mg. Em adolescentes e adultos, 0,9 a 1,6 mg. No caso de hipovitaminose, podem ser necessários de 3 a 10 mg/dia, via oral.
- Vitamina B3 (niacina ou ácido nicotínico)
Participa como coenzima no metabolismo energético, na reparação do DNA e na síntese de ácidos graxos. Encontramos na carne bovina, de peixe, de frango, nos ovos, grãos inteiros e cereais.
- Vitamina B5 (ácido pantotênico)
Atua na liberação de energia dos carboidratos, gorduras e proteínas, na síntese
de colesterol e dos ácidos graxos. Encontramos nas vísceras animais e cereais.
- Vitamina B6 (piridoxina)
É coenzima no metabolismo dos ácidos graxos, favorece a atuação do
sistema imune, síntese de hemoglobina, degradação do glicogênio, além de ajudar na diminuição da retenção de líquidos. Tem como fontes as carnes de boi, aves, peixes, cereais e vegetais verdes.
Neonatos que apresentam crises convulsivas nas primeiras horas de vida, de causa desconhecida e refratárias ao tratamento medicamentoso convencional, devem ser submetidos ao teste terapêutico com piridoxina (100 mg, endovenoso, a cada 5 a 15 minutos até um máximo de 500 mg). Caso a crise cesse, o diagnóstico provável é de epilepsia por dependência de piridoxina (piridoxina-dependente) – que é causada por um erro inato do metabolismo.
- Vitamina B8 (biotina)
Tem a função de coenzima na carboxilação, atuando na liberação de energia dos carboidratos, gorduras e proteínas, na síntese de purinas e ácidos graxos. Atua na formação da pele, unhas e cabelos. Encontramos na gema de ovo, leite, vísceras, legumes e é sintetizada pelas bactérias intestinais.
- Vitamina B9 (folato ou ácido fólico)
O ácido fólico é importante na formação de proteínas estruturais, na síntese e reparo do DNA e da hemoglobina. A suplementação dessa vitamina na gestação deve ocorrer no período de 8 semanas antes da gravidez até a 15ª semana de período gestacional. O objetivo é prevenir defeitos na formação do tubo neural, que se dá no início da gravidez. Suas fontes são vegetais verde-escuros, nas sementes, fígado, rins e frutas. Lembrando que as frutas são introduzidas na dieta do lactente a partir do 6° mês, na forma de suco e papa.
- Vitamina B12 (cianocobalamina)
Junto com o folato, atua na síntese de aminoácidos, na manutenção do
metabolismo do sistema nervoso e na prevenção de anemias. Produzido pelas células parietais do estômago, o fator intrínseco se liga à vitamina B12 e garante sua melhor estabilidade e absorção. É encontrada em alimentos de origem animal: fígado e mariscos (maiores concentrações), laticínios, ovos e carne bovina.
Sua deficiência está relacionada à anemia perniciosa (presença de autoanticorpos anti-fator intrínseco), má absorção de cobalamina (devido ao uso de medicamentos, baixa acidez gástrica, disfunção pancreática, ressecção do íleo terminal), desordens genéticas e baixa ingesta (como dietas vegetarianas estritas). Seu quadro clínico se apresenta com anemia megalobástica, sinais neurológicos (parestesia, polineurite, ataxia, disfunção cognitiva) e fraqueza. Nas gestantes, pode haver defeitos na formação do tubo neural fetal.
- Vitamina C (ácido ascórbico)
É uma vitamina antioxidante, que possui atuação na síntese de colágeno,
facilita a absorção de ferro e sua incorporação à hemoglobina, participa do metabolismo dos aminoácidos e na ativação do folato. Sendo assim, confere resistência aos ossos, dentes, tendões e paredes dos vasos sanguíneos. Está presente nas frutas cítricas, tomate, batatas, repolho, pimentão, brócolis e espinafre.
Em algumas situações, como na gestação, lactação, tireotoxicose, inflamações, cirurgias e queimaduras, a demanda pela vitamina C é elevada e o risco da sua deficiência também.
Classicamente, sua deficiência gera o Escorbuto (dor generalizada, posição antálgica “em batráquio”, hemorragias petequiais e sangramento das mucosas).
• Minerais:
- Cálcio
Possui função na constituição dos ossos e dentes, atua na contratilidade muscular, na transmissão dos impulsos nervosos e na permeabilidade celular. Importante para o desenvolvimento osteomuscular da criança. É o sal mineral em maior quantidade no organismo. Encontramos no leite e seus derivados, soja, sardinha, legumes e vegetais verdes.
- Ferro
Participa da composição da hemoglobina, sendo fundamental para o funcionamento adequado das células, para a síntese de DNA e para o metabolismo energético. Suas fontes são as carnes, vísceras, ovos e grãos integrais.
No Brasil, a deficiência de ferro é a principal causa de anemia. Sendo assim, algumas medidas e recomendações foram tomadas, como o uso do leite de vaca a partir somente dos 12 meses de vida, bem como a suplementação de ferro e fortificação de farinhas.
Conforme a SBP, a suplementação de ferro deve ser iniciada aos 3 meses de vida e mantida até o 2ª ano, independente do regime de aleitamento.
- Fósforo
Têm papel fundamental na constituição dos ossos e dentes, auxiliando inclusive no metabolismo muscular e do sistema nervoso, atuando em muitos sistemas enzimáticos. Encontramos nas carnes, peixes, aves, ovos e legumes.
- Zinco
Participa do metabolismo dos lipídios, carboidratos e proteínas – dele depende a síntese proteica. É imprescindível para o bom funcionamento do sistema imunológico. Encontrado apenas em fontes externas e em produtos de origem animal, nosso organismo não o produz. Está presente nas carnes, alimentos marinhos, aves, ovos, queijo, leite, grãos integrais. Sua deficiência causa diarreia, queda de cabelo, dermatites, alteração nas unhas, infecções recorrentes e perda de peso.