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INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS PROFª: ANA PAULA BARBOSA-FOHRMANN Todas as referências bibliográficas desta Aula constam do Programa de Curso desta disciplina. Estes slides são para USO EXCLUSIVO dos alunos de 2º período da Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo vedada a sua utilização para qualquer outro fim sem permissão da autora.

INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

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INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

PROFª: ANA PAULA BARBOSA-FOHRMANN

Todas as referências bibliográficas desta Aula constam do Programa

de Curso desta disciplina.

Estes slides são para USO EXCLUSIVO dos alunos de 2º período da Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, sendo vedada a sua utilização para

qualquer outro fim sem permissão da autora.

I. QUESTÃO

TERMINOLÓGICA E

SUA POSITIVAÇÃO

NO DIREITO

INTERNO

QUESTÃO TERMINOLÓGICA: direitos humanos = direitosfundamentais, individuais, civis e de liberdade e sociais eeconômicos?

DIREITOS HUMANOS = GÊNERO

Todos os homens, sem distinção e de maneira geral, sãotitulares desses direitos.

Suas CARACTERÍSTICAS são (José Afonso da Silva):

a IMPRESCRITIBILIDADE (= NÃO HÁ INTERCORRÊNCIATEMPORAL DE NÃO EXERCÍCIO QUE FUNDAMENTE A PERDADA EXIGIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO)

a INALIENABILIDADE (= São direitos INTRANSFERÍVEIS,INEGOCIÁVEIS, porque não são de conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos,deles não se pode desfazer, porque SÃO INDISPONÍVEIS,

a IRRENUNCIABILIDADE ( = Alguns deles PODEM ATÉ NÃOSER EXERCIDOS, pode-se deixar de exercê-los, MAS NÃO SEADMITE SEJAM RENUNCIADOS)

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

a INVIOLABILIDADE,

a UNIVERSALIDADE = os Direitos Humanos têm um

SENTIDO UNIVERSAL. Flexibilizam as noções de

soberania nacional e de jurisdição doméstica, ao

consagrar um parâmetro internacional mínimo

relativo à sua proteção – (Flavia Piovesan)

a INTERDEPENDÊNCIA /COMPLEMENTARIDADE = os

direitos humanos NÃO EXCLUEM UNS AOS OUTROS

e se COMPLEMENTAM numa perspectiva de

EVOLUÇÃO HISTÓRICA CONTÍNUA. Ex.: Os direitos

civis e políticos não excluem os sociais,

econômicos e culturais e vice-versa (APB).

Quando POSITIVADOS no DIREITO INTERNO e

passam a fazer parte de um CATÁLOGO DE

DIREITOS de um determinado Estado, então, eles

se transformam em DIREITOS FUNDAMENTAIS e

deles podem ser tanto TITULARES OS HOMENS DE

FORMA GERAL como os CIDADÃOS DE UM

DETERMINADO ESTADO.

Por exemplo: direito de igualdade geral, direito

de incolumidade física (direito de todos), mas

direito à liberdade de reunião, de associação (só

os nacionais) – DIREITO ALEMÃO.

DIREITO BRASILEIRO: BRASILEIROS E ESTRANGEIROS

RESIDENTES NO BRASIL têm assegurados todos os

direitos fundamentais elencados no art. 5º da

CF/88 c/c Art. 95 do Estatuto do Estrangeiro (Lei

6.815/1980).

O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os

direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos

da Constituição e das leis.

Mas: Art. 107. O estrangeiro admitido no território

nacional NÃO PODE EXERCER ATIVIDADE DE

NATUREZA POLÍTICA, nem se imiscuir, direta ou

indiretamente, nos negócios públicos do Brasil,

nem se reunir ou se associar com este fim.

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

II. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DOS

DIREITOS HUMANOS E DOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS

Os DIREITOS INDIVIDUAIS, CIVIS E POLÍTICOS, que seoriginaram nos séculos XVII/XVIII, com o ILUMINISMO DELOCKE, HOBBES E ROUSSEAU, e a consequenteVALORIZAÇÃO DO INDIVÍDUO E DA RAZÃO FRENTE AOESTADO NACIONAL, surgiram e se desenvolveram naINGLATERRA, com a MAGNA CARTA DE 1215, PETIÇÃODE DIREITOS DE 1628 E O BILL OF RIGHTS DE 1689.

Nos Estados Unidos, o individualismo que marca osdireitos civis e políticos não resultou da Constituição de1787, mas com as DEZ PRIMEIRAS EMENDAS ÀCONSTITUIÇÃO A PARTIR DE 1789, que compõem ochamado BILL OF RIGHTS.

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

Por exemplo: os direitos naturais de liberdade e de

propriedade, incluindo a liberdade expressão, de

imprensa, de reunião, de associação e o direito do

povo de possuir e usar armas.

FRANÇA: os DIREITOS FUNDAMENTAIS, denominados de

LIBERDADES PÚBLICAS – individuais e políticas –

compõem a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E

DO CIDADÃO DE 1789. Reproduz, como pacto social, o

objetivo da felicidade geral dos norte-americanos, no

sentido de que os homens nascem livres e iguais em

direitos e os exercem em conformidade com a lei.

Na CONSTITUIÇÃO FRANCESA DE 1848, por exemplo,

prevê, em sua declaração de direitos, obrigações

positivas do Estado, obrigações de fazer.

Exemplos: direito à instrução, direito ao trabalho. Já na

CONSTITUIÇÃO DE 1946, após a Segunda Guerra

Mundial, a França passou, então, a incorporar em seu

texto a liberdade de associação sindical, o direito de

asilo, a nacionalização.

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

EM TERMOS INTERNACIONAIS, os DIREITOSHUMANOS, em virtude do genocídio da Segunda

Guerra Mundial, passam a ter papel de destaque

na DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS

HUMANOS DE 1948, na CONVENÇÃO EUROPEIA

DOS DIREITOS HUMANOS DE 1950, que serviu de

modelo para a CONVENÇÃO AMERICANA DOS

DIREITOS HUMANOS, O PACTO DE SÃO JOSÉ DA

COSTA RICA, DE 1969, além dos Pactos de Direitos

Civis e Políticos e Econômicos, Sociais e Culturais,

ambos de 1966.

III. FUNDAMENTAÇÃO

DOS DIREITOS

HUMANOS

(UNIVERSALISMO X RELATIVISMO)

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

FLÁVIA PIOVESAN, P. 207 S. DISCUSSÃO: O ALCANCE DAS

NORMAS DE DIREITOS HUMANOS TEM UM SENTIDO UNIVERSAL

OU SÃO CULTURALMENTE RELATIVAS?

Se os Direitos Humanos tiverem um SENTIDO UNIVERSAL, eles

vão, então, FLEXIBILIZAR as noções de SOBERANIA NACIONAL e

de jurisdição doméstica, ao consagrar um PARÂMETRO

INTERNACIONAL MÍNIMO RELATIVO À SUA PROTEÇÃO.

Ou os Direitos Humanos está estritamente relacionado ao

SISTEMA POLÍTICO, ECONÔMICO, CULTURAL, SOCIAL E MORAL

VIGENTE EM DETERMINADA SOCIEDADE. Para os relativistas o

PLURALISMO CULTURAL IMPEDE A FORMAÇÃO DE UMA MORAL

UNIVERSAL, tornando-se necessário que se respeitem as

DIFERENÇAS CULTURAIS APRESENTADAS POR CADA SOCIEDADE.

EXEMPLOS (FLÁVIA P.): DIFERENTES PADRÕES MORAIS E

CULTURAIS ENTRE O ISLAMISMO E O MUNDO OCIDENTAL no que

tange ao MOVIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS (PRÁTICA DE

CLITORECTOMIA E DA MUTILAÇÃOFEMININA)

o PRIMADO DA ÓTICA UNIVERSALISTA É O DO INDIVIDUALISMO

enquanto o DA ÓTICA RELATIVISTA, É O COLETIVISMO (A

COLETIVIDADE COM SUA IGUALDADE, SOLIDARIEDADE).

IV. A HISTÓRIA

CONSTITUCIONAL

BRASILEIRA E OS DIREITOS HUMANOS

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

Vamos analisar ainda, em caráter introdutório, A HISTÓRIA

CONSTITUCIONAL BRASILEIRA, tendo, como MATRIZES,

EXPERIÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EXTERNAS, com suas

QUATRO CONSTITUIÇÕES AUTOCRÁTICAS/DITATORIAIS E

QUATRO CONSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.

Como os DIREITOS HUMANOS conferem, em regra, LIMITES

ÀS CARTAS CONSTITUCIONAIS, vamos analisar COMO ELES

FORAM INTRODUZIDOS NAS LEIS MAGNAS INTERNAS AO

LONGO DA HISTÓRIA DO BRASIL E SE E ATÉ QUE PONTO

FORAM RESPEITADOS E PROTEGIDOS.

V. DIREITOS HUMANOS E ARTE

AULA 1: INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

Por último, vamos analisar algumas possíveisrelacionais entre direitos humanos e arte. Nesta aula,responderemos às seguintes perguntas:

Há uma relação entre direitos humanos e arte?

A arte é um direito humano?

Há um direito da arte?

Que direitos humanos importam para a arte?

Que arte importa para os direitos humanos?

A arte desempenha um papel na formação jurídica?

Analisaremos, ainda, alguns dilemas que seapresentam entre alguns direitos humanos e o direitohumano à liberdade de expressão artística.