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INVENTÁRIO DAS TERRAS EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS Microbacia: PEDRA BRANCA Município: MATOS COSTA-SC

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INVENTÁRIO DAS TERRAS

EM

MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

Microbacia: PEDRA BRANCA

Município: MATOS COSTA-SC

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EPAGRI - EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E

EXTENSÃO RURAL DE S.C.

CIRAM - CENTRO INTEGRADO DE INFORMAÇÕES DE

RECURSOS AMBIENTAIS DE S.C.

UCLMS- UNIDADE CENTRAL DE LEVANTAMENTO E

MAPEAMENTO DE SOLOS

INVENTÁRIO DAS TERRAS EM MICROBACIAS

HIDROGRÁFICAS

MICROBACIA PEDRA BRANCA

(MATOS COSTA/SC)

Florianópolis, maio de 1997.

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EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E DIFUSÃO DE

TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA S.A - EPAGRI

CENTRO INTEGRADO DE INFORMAÇÕES DE RECURSOS

AMBIENTAIS DE SANTA CATARINA- CIRAM

UNIDADE CENTRAL DE LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO

DE SOLOS -(UCLMS)

RESPONSABILIDADE TÉCNICA:

eng. agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon - EPAGRI-UCLMS-Florianópolis SC

eng. agr. José Augusto Laus Neto - EPAGRI-UCLMS-Florianópolis SC

Interpretação de Fotos Aéreas e Elaboração de Mapas: eng. agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon

Paulo Henrique Rigo-Acadêmico do Curso de Agronomia - UFSC -Florianópolis/SC

eng. agr. Gilberto de Melo Mosimann - EPAGRI-UCLMS-Florianópolis SC

Fisiografia, Solos, Aptidão de Uso, Uso da Terra: eng. agr. José Augusto Laus Neto

Sócio-Economia: eng. agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon

Téc. em Agropecuária - Vivaldino Radin - EPAGRI - Matos Costas - SC

Hidrografia: eng. agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon

Acadêmico Paulo Henrique Rigo

Execução dos Trabalhos de Campo: eng. agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon

eng. agr. José Augusto Laus Neto

eng. agr. M.Sc Amador Tomazelli - EPAGRI - Caçador - SC Téc. em Agropecuária - Vivaldino Radin

Climatologia:

eng. agr. Augusto Carlos Pola - EPAGRI - Urussanga - SC

Revisor Técnico:

eng. agr. Gilberto Tassinari - EPAGRI- Florianópolis - SC

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APRESENTAÇÃO

Dando continuidade ao compromisso firmado entre a Secretaria de

Desenvolvimento Rural e Agricultura / Projeto Microbacias / BIRD e EPAGRI, através da Gerência de Recursos Naturais (GRN), especificamente a Unidade Central de Levantamento e Mapeamento de Solos (UCLMS), apresenta o Relatório Técnico referente ao Inventário das Terras da Microbacia Hidrográfica Pedra Branca, localizada no Município de Matos Costa /SC.

Este documento tem por objetivo auxiliar os agentes da Assistência Técnica e Extensão Rural no planejamento físico-conservacionista e outras atividades desenvolvidas em microbacias hidrográficas, permitindo a racionalização no uso dos seus recursos naturais, na busca do incremento sustentável da produtividade e da renda.

Os Autores

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

2. SITUAÇÃO REGIONAL .......................................................................................... 9 2.1 Aspectos históricos ............................................................................................... 9 2.2 Aspectos físicos e geográficos do município de Matos Costa .............................. 9 2.3 Estrutura econômica de Matos Costa ....... 11 2.3.1 Setor primário ................................................................................................... 11 2.3.2 Setor secundário ............................................................................................. 13 2.3.3 Setor terciário ................................................................................................... 13

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 14 3.1 Caracterização sócio-econômica e ambiental da microbacia ............................. 14 3.2 Caracterização climática da microbacia .............................................................. 14 3.2.1 Parâmetros climatológicos básicos ................................................................. 43 3.2.2 Parâmetros relacionados com o potencial hídrico da região ........................... 15 3.2.3 Relação Terra-sol ........................................................................................... 15 3.3 Características físicas da microbacia ................................................................. 15 3.3.1 Área de drenagem .......................................................................................... 15 3.3.2 Forma da microbacia....................................................................................... 16 3.3.3 Sistema de drenagem ..................................................................................... 17 3.3.4 Declividade da microbacia .............................................................................. 19 3.3.5 Hipsometria ..................................................................................................... 20 3.3.6 Elevação média da microbacia ....................................................................... 20 3.3.7 Tempo de concentração ................................................................................. 21 3.4 Aptidão agroclimática ......................................................................................... 21 3.5 Caracterização das Terras .................................................................................. 21 Levantamento, interpretação de dados e produção de mapas temáticos ................................................................................................................... 22 3.5.2 Etapas desenvolvidas na realização do trabalho ............................................ 26

4.0 - DESCRIÇÃO GERAL DA MICROBACIA PEDRA BRANCA ........................... 28 4.1 Aspectos geográficos .......................................................................................... 28 4.2 Situação sócio-econômica e ambiental ............................................................. 29 4.2.1 Aspectos sócio-econômicos ............................................................................ 29 4.2.2 Aspectos ambientais ....................................................................................... 30 4.3 Caracterização climática, física e hidrológica ..................................................... 31 4.3.1 Dados bioclimáticos ....................................................................................... 31 4.3.2 Características Físicas da Microbacia Pedra Branca ...................................... 38 4.3.3 Aptidão agroclimática ..................................................................................... 42

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5- CARACTERIZAÇÃO DAS TERRAS ..................................................................... 43 5.1 - Província climática e vegetação original ........................................................... 43 5.2 - Grande Paisagem (geomorfologia) ................................................................... 44 5.3 - Paisagem (Geologia) ........................................................................................ 45 5.3.1 - Formação Geológica Serra Geral .................................................................. 45

6 - SOLOS DOMINANTES ........................................................................................ 62 6.1 - Terra Bruna-Estruturada ................................................................................... 62 6.2 - Terra Bruna-Roxa Estruturada .......................................................................... 62 6.3 - Cambissolo ...................................................................................................... 63

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 64

8 - BIBLIOGRAFIA CITADA ..................................................................................... 66

9 - ANEXOS .............................................................................................................. 68 9.1 - DEMONSTRATIVO DE ÁREA X PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO .................. 69 9.2 - Legenda Fisiográfica ......................................................................................... 73 9.3 - Ilustrações Fotográficas .................................................................................... 74

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização geográfica do município de Matos Costa .............................. 10 Figura 2- Parâmetros determinantes para o cálculo da declividade da microbacia. . 20 Figura 3 - Localização geográfica da microbacia Pedra Branca ............................... 28 Temperaturas máximas absolutas, mínimas absolutas, temperatura média e média das temperaturas máximas e mínimas (

oC) na região da microbacia Rio Gabiroba. 23

Figura 4 - Temperaturas máximas absolutas, mínimas absolutas, temperatura média e média das temperaturas máximas e mínimas (

oC) na região de Matos Costa ...... 33

Figura 5 - Aspectos relacionados ao frio da região de Matos Costa ......................... 35 Figura 6 - Umidade relativa do ar (%), freqüência de ocorrência de estiagem, precipitação (mm) e evapotranspiração (mm) na região de Matos Costa. ................ 36 Figura 7 - Radiação solar (%) e insolação (horas) incidentes na região de Matos Costa. ........................................................................................................................ 38 Figura 8 - Forma e ordem da microbacia Pedra Branca. .......................................... 40 Figura 9 - Curva hipsométrica da microbacia Pedra Branca. .................................... 41

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Estrutura fundiária de Matos Costa ......................................................... 11 Tabela 2 – Principais Culturas de Matos Costa ........................................................ 12 Tabela 3 – Produtos pecuários mais representativos do município .......................... 12 Tabela 4 – Guia para avaliação da aptidão de uso das terras .................................. 24 Tabela 5 – Estrutura fundiária das microbacias ........................................................ 29 Tabela 6 – Normais climatológicas para a região da microbacia Rio Gabiroba ........ 32 Tabela 7 – Características físicas da microbacia Pedra Branca ............................... 39 Tabela 8 – Declividade média da microbacia Pedra Branca ..................................... 40 Tabela 9 – Cálculos da curva hipsométrica da microbacia Pedra Branca ................ 41

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1. INTRODUÇÃO

O planejamento e execução de ações em busca do desenvolvimento

sustentado em microbacias hidrográficas esbarra periodicamente em problemas de difícil solução como a falta de recursos financeiros e principalmente metodológicos, dificultando sobremaneira a disponibilidade de informações que fundamentem as tomadas de decisão que se façam necessárias. É portanto indispensável o conhecimento da situação, tanto do ponto de vista sócio-econômico como dos recursos naturais disponíveis, na área em que se pretende atuar.

Neste documento técnico (relatório descritivo e mapas temáticos) estão contidas informações referentes a área hidrográfica denominada Microbacia Pedra Branca, localizada no município de Matos Costa.

Este trabalho foi realizado primeiramente através do levantamento de dados primários e secundários de maneira a estabelecer uma caracterização dos aspectos físicos, bioclimáticos e sócio-econômicos da área estudada. Posteriormente à análise destas informações, permitiu fazer-se algumas conclusões com relação a utilização dos recursos naturais identificados e algumas sugestões, de forma generalizada, de possíveis ações a serem adotadas.

O objetivo deste trabalho é de fornecer subsídios técnicos aos profissionais e autoridades envolvidas no planejamento e execução de ações na microbacia estudada, de maneira a orientar o uso racional da terra, objetivando o aumento da produtividade agrícola, mantendo entretanto, a capacidade produtiva de suas terras.

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2. SITUAÇÃO REGIONAL

2.1 Aspectos históricos

De acordo com a periodização histórica feita pelo PIDSE - Programa Integrado de Desenvolvimento Sócio- Econômico, em 1875, já havia nas margens do rio Iguaçu, o primeiro porto de navegação, com o nome de Porto Amazonas.

José Cordeiro, habitante do local, com espírito aventureiro, planejou uma viagem pelo caudaloso Rio Iguaçú. Partiu levando consigo, apenas, uma família e um bugre, para auxiliá-lo na defesa contra os índios.

Depois de alguns dias, penetrou nos sertões defrontando-se com terras de campos que, mais tarde, receberam o nome de São João dos Pobres.

Após seis meses de viagem, retornou a Porto Amazonas, contando sua aventura, e, logo, parentes e amigos interessaram-se na obtenção das terras, como a família de Manoel Lourenço de Araújo, que fundou a fazenda de Campo Alto.

Com a construção da estrada de ferro, o progresso da região foi impulsionado de modo notável, facilitando a vida dos novos colonizadores.

Em 1912, fanáticos chefiados pelo Major José Maria começaram a saquear as povoações existentes. As localidades que mais sofreram foram as de São João dos Pobres, atual cidade de Matos Costa, e a vila de Calmon.

Com a construção da nova estrada ferroviária, o então distrito de São João dos Pobres, criado em 1917, numa homenagem ao heróico Capitão João Teixeira de Matos Costa, morto em emboscada armada pelos fanáticos na revolução de 1914, recebeu o nome de Matos Costa.

Matos Costa foi elevado a Município, em 1962, sendo instalado no mesmo ano. O gentílico é chamado de Matoscostense (Santa Catarina, 1990).

2.2 Aspectos físicos e geográficos do município de Matos Costa

O município de Matos Costa possui uma área de 550 Km² e está situado no

Alto Rio do Peixe a uma latitude de 26º 28’ 23” Sul, e a uma longitude de 51º 08’ 54” Oeste de Greenwich e numa altitude de 1009 m (Figura 1).

O relevo é constituído de um planalto de superfícies planas, onduladas, forte onduladas e montanhosas, - Planalto Meridional de formação basáltica, cujo solo possui média e baixa fertilidade, argila de atividade baixa e de textura normalmente argilosa.

Quanto à hidrografia, Matos Costa é banhado pelos rios Jangada, Timbó, Preto, do Peixe, dos Pardos e Cachoeira.

De acordo com o Mapa Político de Santa Catarina publicado em 1997, Matos Costa tem como limites territoriais os municípios:

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- ao norte, Porto União; - ao sul, Calmon; - a leste, Porto União, e - a oeste, Estado do Paraná.

FIGURA 1 - Localização Geográfica do Município de Matos Costa

Para efeito de planejamento estadual, Matos Costa integra a Microrregião do Alto Rio do Peixe, composta de dez municípios, cujo centro polarizador é Caçador, e faz parte da AMVAC- Associação dos Municípios do Vale do Canoinhas.

Matos Costa dista 504 km da capital do estado, sendo que a principal via de acesso é a SC- 302 até Caçador e Lebon Régis que se liga até a BR 116, onde esta cruza a BR 470 que dá acesso a capital. O município possui em torno de 460 Km de estradas municipais não pavimentadas, sendo deste total apenas 30% cascalhadas. Estas estradas foram abertas sem obedecer critérios técnicos, o que ocasionam grandes problemas de erosão.

A população de Matos Costa é de 3.455 habitantes sendo que 1.916 destes representando 55,45 % estão na zona rural e 1539 pessoas representando 44,55 % estão na zona urbana.

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2.3 Estrutura econômica de Matos Costa

Principalmente nos anos 70/80, observou-se grande evasão das populações

rurais para os setores urbanos, provocado principalmente pela pouca eficiência econômica nas áreas rurais e pela atração que as áreas urbanas exerciam, em função das atividades industriais e comerciais notadamente nos centros de maior importância econômica. Tais movimentos econômicos e migratórios são percebidos ainda nos dias atuais.

Seguindo o comportamento dos demais municípios da região constata-se que a população do município esta diminuindo em função da emigração para outros centros mais industrializados. segundo Santa Catarina 1990, tal fato se deve ao desemprego.

Da população economicamente ativa 49% dos trabalhadores estão envolvidos com atividades agropecuárias, que se constitui na base econômica do município juntamente com a exploração da madeira, 20% estão alocados no setor secundário e 31% da mão-de-obra é absorvida pelo setor terciário.

Deve-se levar em conta, entretanto, que em função dos assentamentos que estão em processo no município os dados podem apresentar algumas diferenças.

2.3.1 Setor primário

O desenvolvimento de uma grande parcela dos municípios de Santa

Catarina está diretamente relacionado ao setor primário. Desta forma esse setor se caracteriza pela ocupação de uma parcela significativa da população economicamente ativa e pela geração de excedentes absorvidos pelas agroindústrias

Este setor de acordo com seu histórico foi responsável pelo início do processo de desenvolvimento do município de Matos Costa. No princípio as atividades agropecuárias objetivavam a subsistência, porém, com o tempo, os excedentes produzidos passaram a serem comercializados com outros municípios da microrregião.

A estrutura fundiária de Matos Costa segundo a Tabela 1 constitui-se de 472 estabelecimentos que, somados ocupam uma área aproximada de 68.241 ha.. Cerca de 67% das propriedades são minifúndios possuindo menos de 50 hectares, e utilizam somente 8% da área total. Entretanto, 92% da área total agricultável é ocupado pelas propriedades com mais de 50 ha.

TABELA 1 - Estrutura Fundiária de Matos Costa

GRUPO DE Nº DE ESTABELECIMENTO ÁREA TOTAL ÁREA (ha) 1970 1980 1985 1970 1980 1985

ATÉ 20 37 141 206 427 1.377 1.654 20 A 50 114 134 111 3.759 4.461 3.691 50 A 100 77 62 44 5.668 4.524 3.109 100 A 500 123 89 76 29.511 20.195 17.583 500 OU MAIS 34 37 35 40.167 38.104 42.204 TOTAL 385 463 472 79.532 68.661 68.241

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No que diz respeito a utilização das terras, constata-se a diminuição da área agricultável, principalmente pela acidez existente do solo, como também pela dificuldade de escoamento da produção . Porém, apesar desses entraves, o seu desenvolvimento pode ser considerado relevante quando comparado com outros municípios do Alto Vale do Rio do Peixe.

Em termos de participação no valor bruto da produção, os produtos agrícolas mais importantes são o milho, o feijão, o arroz e o fumo, segundo dados colhidos pelo extensionista municipal em maio de 1997 (ver Tabela 2).

TABELA 2 - Principais Culturas de Matos Costa

CULTURAS ÁREA (Ha)

PRODUTIVIDADE (Kg/Ha)

PRODUÇÃO (t)

MILHO 3.850 2.400 9.240 FEIJÃO SAFRA + SAFRINHA

1.540 1.100 1.694

ARROZ 360 2.000 720 FUMO 22 1.600 35,2 TOMATE 01 75.000 70

Embora a produção agropecuária tenha aumentado nos últimos anos,

principalmente a agricultura em função dos assentamentos ocorridos, o município apresenta poucos produtos que se destacam a nível de microrregião, como o caso do milho que ocupa a primeira posição.

Além do crédito outros problemas se somam ao generalizado descontentamento e desestímulo dos agricultores rurais, como a política agrícola dos últimos anos resultando no deslocamento de famílias do meio rural para centros urbanos.

A produção pecuária existe em todas as propriedades, em algumas, porém, como atividade complementar à agricultura. Segundo dados coletados pelo extensionista municipal a produção obtida com essa atividade é quase que na sua totalidade exportada para os mercados de Caçador, Videira, Canoinhas, Porto União e União da Vitória, o restante da produção é destinada ao consumo familiar (Tabela 3).

TABELA 3 - Produtos Pecuários Mais Representativos do Município.

CRIAÇÃO Nº DE CABEÇAS BOVINO/LEITE 350 BOVINO CORTE 5.500 SUÍNOS 2.700 OVINOS 500 EQÜINOS -- AVES --

A produção de aves e suínos do município é comercializada integralmente

através das Coopercanoinhas. Para o consumo local o município conta com abatedouros que fornecem produtos sem inspeção sanitária e frigoríficos da região. Os dados sobre eqüinos e aves não foram disponibilizados.

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A estrutura de apoio ao setor primário em Matos Costas conta com uma Secretaria Municipal de Agricultura. A assistência técnica oficial é prestada pela EPAGRI e CIDASC, que juntamente com a Prefeitura Municipal contam com um Médico Veterinário, dois Técnicos em Agropecuária e dois Inseminadores. Este efetivo é reforçado pelos técnicos de empresas privadas e cooperativas locais.

Existe ainda, o Sindicato dos Trabalhadores, que oferece um atendimento precário aos seus associados restringindo-se mais ao atendimento médico e odontológico e a algumas ações trabalhistas. Outras organizações como a Comissão de Microbacias Hidrográficas tratam dos interesses específicos.

2.3.2 Setor secundário

Para uma eficiente utilização dos recursos locais, os planos de

desenvolvimento industrial não podem estar desvinculados dos planos de desenvolvimento do setor rural. A indústria e a agricultura devem caminhar juntas, orientando a produção de insumos industriais e dando ênfase ao plantio de lavouras condizentes com a aptidão agrícola dos solos.

Em Matos Costa o setor industrial ainda embrionário apresenta uma linha de produtos pouco diversificada e com diferenciados padrões de qualidade. Neste sentido, o município deve-se estruturar para absorver as matérias primas produzidas no setor primário, gerando desta forma mais empregos e melhorando o poder econômico da sua população. Comparando-se o número de estabelecimentos e o efetivo de trabalhadores, pode-se afirmar que predominam as micro e pequenas empresas.

Pode-se destacar, que o gênero tradicional (exploração da madeira ), foi o que caracterizou a indústria do município nestes 20 anos, pois o mesmo, emprega mão-de-obra pouco qualificada, que consequentemente proporciona uma baixa renda ao trabalhador limitando o desenvolvimento de novas atividades empreendedoras.

2.3.3 Setor terciário Por suas características, o setor terciário desempenha um importante papel

na economia, pois além de ser gerador de empregos, participa de inúmeras operações integradas entre a produção e a distribuição final dos bens de serviços.

Entretanto, a crise econômica que assola o País, com a escassez de recursos financeiros caracterizada pela elevação das taxas de juros e pelo baixo poder aquisitivo da população local é um dos elementos inibidores da modernização e dos investimentos no setor terciário do município.

Não obstante, esse setor caracteriza-se por ser o mais dinâmico da atividade econômica, uma vez que é responsável pela articulação dos demais setores.

De acordo com os dados fornecidos pelo extensionista municipal em maio de 1997, o comércio local é razoavelmente diversificado, sendo que a maioria dos estabelecimentos poderiam utilizar melhor suas instalações, utilizando-se de técnicas de vendas tais como promoções, liquidações, entre outras, para atrair os consumidores locais.

Além da evasão de compras para outros municípios, outro fator limitativo do crescimento do setor terciário, decorre da ação dos intermediários na comercialização dos produtos agrícolas.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Caracterização sócio- econômica e ambiental da microbacia

Baseia-se nas informações fornecidas pelo extensionista de microbacias

local, através de respostas a um questionário elaborado conforme Metodologia para o Inventário das Terras em Microbacias Hidrográficas (Panichi et al, 1994).

3.2 Caracterização climática da microbacia

3.2.1 Parâmetros climatológicos básicos

Para a caracterização climática da microbacia "Pedra Branca" foram

utilizados dados da estação agrometeorológica de Caçador- SC ( Lat. = 26o 46' S;

Long. = 51o 01' W. Grw.; Alt. = 960 metros) de 1961 a 1991 constantes dos arquivos

da EPAGRI. Foram utilizados os dados meteorológicos de Caçador para descrever climaticamente a microbacia em razão de sua relativa proximidade e altitude. Os dados de precipitação são provenientes do posto pluviométrico do DNAEE (Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica) de Porto União, de 1940 a 1984, com as seguintes coordenadas: Lat. = 26

o 14' S; Long. = 51

o 04' W. Grw.; Alt.

= 797 metros. Os dados utilizados e apresentados são os seguintes (totais e médias

mensais e anuais): - temperatura média; - temperatura máxima absoluta; - temperatura mínima absoluta; - média das temperaturas máximas; - média das temperaturas mínimas; - precipitação total (1970 a 1992); - precipitação máxima em 24 horas (1970 a 1992); - dias de chuva (1970 a 1992); - umidade relativa do ar; - velocidade do vento; - número de dias com geada; - insolação; - horas de frio abaixo de 7,2

o C.

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3.2.2 Parâmetros relacionados com o potencial hídrico da região Os dados de precipitação são provenientes do posto pluviométrico do DNAEE

(Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica) de Porto União, de 1940 a 1984, com as seguintes coordenadas: Lat. = 26

o 14' S; Long. = 51

o 04' W. Grw.; Alt.

= 797 metros. As probabilidades (P) de ocorrência de estiagens em um determinado mês

foram calculadas por P = n/m, onde n = número de meses em que ocorreram estiagens e m = número total de meses considerados. As probabilidades de ocorrência de geadas foram calculadas da mesma forma, considerando como geada a ocorrência de temperatura do ar, no abrigo meteorológico, abaixo de 0,0 oC.

A evapotranspiração potencial foi estimada pelo método de Thornthwaite, modificado por Camargo (OMETTO, 1981).

3.2.3 Relação Terra-sol

É apresentada graficamente a insolação (número médio mensal de horas de

brilho solar) para a região. Foram também determinados os totais de radiação solar máxima possível para o 15

o dia de cada mês, incidentes em terrenos horizontais e

em terrenos com declividade de 18 % voltados para o norte e para o sul, de acordo com SILVA & BRAGA (1987). Estes valores foram convertidos em percentuais, tendo como referência a radiação incidente no dia 15 de dezembro.

3.3 Características físicas da microbacia

As características físicas de uma microbacia hidrográfica são elementos

auxiliares para uma avaliação do comportamento hidrológico e suas relações com os processos erosivos e riscos de enchentes.

3.3.1 Área de drenagem

É a representação plana da área limitada pelos divisores topográficos. A área

é um dado fundamental para definir a potencialidade hídrica da microbacia hidrográfica, porque seu valor multiplicado pela lâmina de chuva precipitada define o volume de água recebido pela microbacia. Por isso considera-se como a área da microbacia hidrográfica a sua área projetada verticalmente.

Uma vez definidos os contornos da microbacia, a sua área foi obtida por planimetria direta da base cartográfica ampliada para a escala 1:25.000.

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3.3.2 Forma da microbacia

Está relacionada com o tempo de concentração, isto é, o tempo necessário

para que a chuva que cai nos limites da microbacia alcance um ponto determinado, neste caso, a foz da mesma. Em geral as bacias hidrográficas dos grandes rios apresentam a forma de uma pera ou de um leque, mas as pequenas bacias variam muito no formato, dependendo da estrutura geológica do terreno. A forma da microbacia pode ser avaliada de diversas maneiras, neste estudo utilizou-se apenas as seguintes:

a) Coeficiente de compacidade ou Índice de Gravelius (Kc): relaciona o perímetro da microbacia a um círculo de área igual à mesma (VILLELA & MATTOS, 1975). Quanto mais irregular for a forma da microbacia maior deverá ser este índice. Um coeficiente mínimo igual à unidade corresponderia a uma bacia circular. Se os outros fatores forem iguais, a tendência para maiores enchentes é tanto mais acentuada quanto mais próximo da unidade for o valor desse coeficiente .

KcP

A 0 28,

Onde: Kc = Coeficiente de compacidade; P = Perímetro da microbacia (km); A = Área da microbacia (km

2).

b) Fator de forma (Kf): constitui outro índice indicativo da maior ou menor tendência para enchentes de uma microbacia. Um fator de forma baixo, indica que a microbacia está menos sujeita a enchentes que outra de mesmo tamanho porém

com maior fator de forma. O Kf foi obtido dividindo-se a área pelo comprimento axial da microbacia, conforme VILLELA & MATTOS (1975).

KfA

La

2

Onde: Kf = Fator de forma; A = Área de drenagem (km

2);

La = Comprimento axial da microbacia (km).

Obs.: O comprimento axial da microbacia é obtido quando se mede o curso d’água mais longo desde a desembocadura até a cabeceira mais distante.

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3.3.3 Sistema de drenagem É constituído pelo rio principal e seus tributários. O estudo das ramificações e

do desenvolvimento do sistema indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a microbacia hidrográfica.

a) Ordem dos cursos d'água: é uma classificação que reflete o grau de ramificação ou bifurcação do curso d’água principal de uma microbacia. Para a classificação, adotou-se os critério de STRAHLER (1957), citado por TUCCI, 1993, que considera de primeira ordem os canais que não possuem tributários, mesmo sendo nascentes dos rios principais e afluentes. Os canais de segunda ordem são os que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem; os canais de terceira ordem originam-se da confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e de primeira ordens sucessivamente. Utilizou-se para tal determinação o mapa hidrográfico da microbacia onde estão incluídos todos os canais perenes, intermitentes ou efêmeros,compatíveis com a escala de trabalho.

b) Densidade de drenagem: este índice é expresso pela relação entre o comprimento total dos cursos d'água (sejam eles efêmeros, intermitentes ou perenes) de uma microbacia e a sua área total. Cabe-se salientar que o nível de detalhamento é um reflexo da escala de trabalho utilizada.

A densidade de drenagem reflete a topografia, a litologia e algumas características dos solos de uma microbacia. Em rochas onde a infiltração da água é mais difícil, há um acréscimo no escoamento superficial, proporcionando uma maior esculturação dos canais. A densidade de drenagem está numa relação inversa à extensão do escoamento superficial e, portanto, fornece uma indicação da eficiência da drenagem da microbacia VILLELA & MATTOS, 1975).

DdLt

A

Onde: Dd = Densidade de drenagem (km/km

2 );

Lt = Comprimento total dos cursos de água (km); A = Área de drenagem da microbacia (km

2).

Tem-se que este índice varia de 0,5 km/km² para microbacias com drenagem

pobre e 3,5km/km² ou mais, para microbacias excepcionalmente bem drenadas.

c) Extensão média do escoamento superficial: é definida como sendo a distância média que a água da chuva teria que escoar sobre os terrenos de uma microbacia, caso o escoamento se desse em linha reta desde onde a chuva caiu até o ponto mais próximo no leito de um curso d’água qualquer da microbacia.

Considerando que uma microbacia de área A, tendo um curso d’água de extensão Lt passando pelo seu centro, possa ser representada por uma área de drenagem retangular, a extensão do escoamento superficial l será dada pela expressão:

lA

Lt

4

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19

Onde: l = Extensão média do escoamento superficial (km); A = Área da bacia (km

2);

Lt = Comprimento total dos cursos d'água (km). Embora a extensão do escoamento superficial que efetivamente ocorre sobre

os terrenos possa ser bastante diferente dos valores determinados pela equação, devido a diversos fatores de influência, este índice constitui uma indicação da distância média do escoamento superficial.

d) Índice de sinuosidade do curso d'água: é definido pela relação existente entre o comprimento do canal principal da nascente até a desembocadura e a distância mais curta, em linha reta, entre a nascente e a desembocadura, do rio (CHRISTOFOLETTI, 1981).

IsL D

L

100( )

Onde: Is = Índice de sinuosidade ; L = Comprimento do curso d’água (km); D = Distância mais curta entre a nascente e desembocadura (km). Este índice adaptado de MANSIKKANIEMI (1972), citado por

CHRISTOFOLETTI, (1981), dá uma noção da homogeneidade do embasamento rochoso e do grau de resistência das rochas. Pode-se ter uma idéia geral do nível de equilíbrio erosão- deposição, com base em valores percentuais, estabelecidos em 5 classes quanto à sinuosidade:

CLASSE Is%

Muito reto < 20,0% Reto 20,0 - 29,9% Divagante 30,0 - 39,9% Sinuoso 40,0 - 49,9% Muito sinuoso > 50,0%

3.3.4 Declividade da microbacia A declividade dos terrenos de uma bacia, controla em boa parte a velocidade

com que se dá o escoamento superficial, afetando, portanto, o tempo que leva a água da chuva para concentrar-se nos leitos fluviais que constituem a rede de drenagem das bacias. Afeta o tempo de concentração, a magnitude dos picos das enchentes, a maior ou menor oportunidade de infiltração e a suscetibilidade à erosão dos solos, que dependem da rapidez com que ocorre o escoamento sobre os terrenos da bacia.

Para o cálculo da declividade, determinou-se na base cartográfica 1:25.000 com o auxílio de um planímetro, a área entre curvas de nível e o comprimento das projeções destas curvas de nível. A Figura 2 ilustra os parâmetros utilizados para o cálculo da declividade da microbacia, feito através da aplicação das seguintes fórmulas, adaptadas de VILLELA & MATTOS (1975):

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20

aL L

p1 2

2

pa

L L

2

1 2

DN

p 100

Onde: a = Área entre as curvas de nível (área projetada), determinada com auxílio de planímetro(m

2);

N = Diferença de nível entre curvas (m); D = Declividade da área considerada (%) p = Afastamento médio entre curvas de nível, determ. algebricamente (m); L1 = Comp. da curva de nível superior (m); L2 = Comp. da curva de nível inferior (m); A declividade média da microbacia foi determinada pela relação entre o

somatório das declividades individuais de cada área considerada e o número de declividades individuais, este cálculo pode ser realizado a partir da seguinte equação:

Dm

Di

n

i

i n

1

Onde: Dm = Declividade média da microbacia (%) Di = Declividade da área considerada (%) n = número de declividades individuais

p

L1

L2

a

N

Figura 2 - Parâmetros determinantes para o cálculo da declividade da microbacia

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3.3.5 Hipsometria

É o estudo das medidas altimétricas de uma determinada área. A curva

hipsométrica representa graficamente a variação da elevação dos vários terrenos da microbacia com referência ao nível do mar. Demonstra a percentagem da área de drenagem que existe acima ou abaixo de uma determinada altitude (VILLELA & MATTOS, 1975). A curva foi determinada planimetrando-se as áreas entre as curvas de nível.

3.3.6 Elevação média da microbacia

As variações da altitude e da elevação média são importantes pela influência

que exercem principalmente sobre a precipitação, perdas de água por evaporação e transpiração e, consequentemente, sobre o deflúvio médio. Grandes variações da altitude em uma bacia acarretam diferenças significativas na temperatura média, a qual por sua vez, causa variações na evapotranspiração. Mais significativas, porém, são as possíveis variações de precipitação anual com a elevação (VILLELA & MATTOS, 1975). A elevação média foi determinada por meio da equação abaixo:

Eea

A

Onde: E = Elevação média da microbacia (m); e = Elevação média entre duas curvas de nível consecutivas (m); a = Área entre as curvas de nível (m); A = Área da microbacia (m

2).

3.3.7 Tempo de concentração

Definido por VILLELA E MATTOS (1975), como sendo o tempo que a chuva,

que cai no ponto mais distante da secção considerada de uma bacia, leva para atingir esta secção. Mede o tempo para que toda a microbacia contribua para o escoamento superficial na secção considerada, a partir do início da chuva.

O tempo de concentração pode ser estimado de diferentes maneiras. Neste inventário foi determinado segundo EUCLYDES, 1987, aplicando-se a fórmula de Giandotti, apresentada a seguir:

TcA Lw

Hm Ho

4 15

0 8

,

,

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Onde: Tc = Tempo de concentração (h); A = Área da microbacia ( km

2);

Lw = Comprimento do talvegue (km). Hm = Altitude média (m); Ho = Altitude final do trecho (m).

3.4 Aptidão agroclimática

No delineamento da aptidão agroclimática foram consultados o Zoneamento

Agroclimático do Estado de Santa Catarina (EMPASC, 1978 e IDE et al., 1980, a Recomendação de Cultivares para o Estado de Santa Catarina (EPAGRI, 1996) e o Zoneamento para Plantios Florestais no Estado de Santa Catarina (EMBRAPA, 1988).

Não foram consideradas as culturas definidas como de aptidão moderada para a região, ou seja, foram citadas apenas aquelas constantes como preferenciais nos referidos zoneamentos.

3.5 Caracterização das Terras

As terras da Microbacia Pedra Branca foram caracterizadas de acordo com a

sua fisiografia, aptidão de uso, uso e conflitos de uso, bem como, com os solos dominantes ocorrentes na área.

3.5.1 Levantamento, interpretação de dados e produção de mapas temáticos Utilizou-se como material básico aerofotos pancromáticas em escala

aproximada 1:25.000 (vôo realizado pela Cruzeiro do Sul - Levantamentos Aerofotogramétricos, de 1977 a 1979) e como base cartográfica foi utilizada as folhas topográficas Matos Costa (SG-22-Y-B-II- 4), elaboradas pelo Ministério do Exército, em escala 1:50.000 ampliadas para 1:25.000, adotada para este trabalho.

Após a fotointerpretação definitiva, os “overlays” sofreram ajustes de escala para 1:25.000, permitindo a transferência dos temas interpretados para a base cartográfica. Estes ajustes foram feitos por fotocopiadora após a determinação dos fatores de correção de escala. Os fatores, que definiram a ampliação ou redução dos “overlays”, foram determinados por comparação de no mínimo três segmentos de retas comuns às aerofotos e à base cartográfica.

3.5.1.1 Mapa planialtimétrico :

Foi obtido por compilação da folha topográfica Matos Costa elaboradas pelo

MI, ampliadas de 1:50.000 para 1:25.000 pelo processo de fototransferência, servindo como base cartográfica para este trabalho.

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3.5.1.2 Mapa hidrográfico e rodoviário Este mapa é de grande importância como instrumento que permite uma

melhor localização dentro da área de estudo. Apresenta também informações que auxiliam na caracterização fisiográfica (padrões de drenagem, densidade de drenagem, localização de falhas geológicas, entre outras). Foi obtido por atualização e complementação da base cartográfica em termos de estradas, caminhos e rede de drenagem.

3.5.1.3 Análise Fisiográfica Na análise fisiográfica da microbacia utilizou-se a metodologia proposta pelo

Agrólogo Pedro Botero aos técnicos da UCLMS, através de consultoria do ITC/Projeto Microbacias BIRD. Consiste na classificação e correlação das características climáticas, de vegetação, geomorfológicas, geológicas e de elementos modificadores (declividade, profundidade efetiva, suscetibilidade à erosão, fertilidade, condições de drenagem e pedregosidade), chegando-se a unidades fisiográficas homogêneas. Foi possível, desta forma, aprofundar o estudo de solos e de aptidão de uso das terras. A delimitação destas características é representada pelo mapa fisiográfico.

3.5.1.4 Solos dominantes As classes de solos dominantes foram identificadas a partir de informações

disponíveis, trabalho de campo e análises laboratoriais. Foram feitas coletas e análises morfológicas, físicas e químicas dos horizontes A e B, em 8 perfis completos selecionados com a finalidade de caracterizar os solos dominantes.

3.5.1.5 Determinação da aptidão de uso das terras

A caracterização da aptidão de uso das terras, foi obtida a partir da

classificação interpretativa das informações originadas na análise fisiográfica. Na determinação das classes de aptidão de uso foi utilizada a "Metodologia

para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa Catarina (UBERTI et al, 1991), que estabelece cinco classes, a saber:

• Classe 1 - Aptidão boa para culturas anuais climaticamente adaptadas. • Classe 2 - Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas. • Classe 3 - Aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas; aptidão regular para fruticultura e boa para pastagens e reflorestamento. • Classe 4 - Aptidão com restrições para fruticultura e regular para pastagens e re florestamento. • Classe 5 - Preservação permanente.

Para a determinação destas classes foram considerados os seguintes fatores

de avaliação (UBERTI et al.,1991):

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. (pr) = Profundidade efetiva (cm)

. (d) = Declividade (%)

. (e) = Susceptibilidade à erosão

. (f) = Fertilidade (t/ha calcáreo)

. (h) = Drenagem

. (p) = Pedregosidade A Tabela 4 é usada como guia para a avaliação das classes de aptidão de

uso das erras.

Tabela 4 - Guia para avaliação da aptidão de uso das terras

CLASSE DE

APTIDÃO

DECLIVI DADE

(d)

PROFUNDIDADE

EFETIVA (pr)

PEDREGOSIDADE

(p)

SUSCETIBILIDADE A EROSÃO

(e)

FERTILI- DADE

(ton/ha/cal) (f)

DRENAGEM (h)

1a/

0 a 8 > 100 não pedregosa

nula a ligeira 0-6 bem drenada

2 8-20 50-100 moderada moderada 6-12 bem a imperfeitamente

drenada 3

b/ 20-45 < 50 pedregosa a

muito pedregosa

forte > 12 qualquer

4c/

45-75 qualquer muito pedregosa

muito forte qualquer qualquer

5 > 75 qualquer extremamente

pedregosa

qualquer qualquer qualquer

FONTE: UBERTI et al, 1991.

a/Para o cultivo do arroz irrigado, apesar da pouca profundidade

efetiva e da má drenagem, podem enquadrar-se na classe 1 os solos com horizonte Glei (hidromórficos) e parte dos Solos Orgânicos, desde que satisfaçam os demais critérios da classe e que sejam observadas as práticas adequadas de manejo do lençol freático. Nestes casos sua representação será 1g (Glei) e 1o (Orgânico).

b/

Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação muito fina, com horizonte A Moderado e horizonte C de coloração vermelho-amarelada e de média fertilidade natural. Neste caso sua representação será 3a.

c/

Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação fina e média, com horizonte A Fraco, horizonte C cinza-claro e baixa fertilidade natural e as Areias Quartzosas Hidromórficas. Neste caso sua representação será 4a.

Esta classificação das terras de acordo com sua aptidão agrícola é dinâmica,

uma vez corrigido o fator limitante, as terras poderão ser enquadradas numa classe superior (ex: calagem) ou inferior caso passe a ter limitações maiores.

A interpretação dos dados assim obtidos, foi representada cartograficamente, originando o mapa de aptidão de uso das terras.

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3.5.1.6 Identificação do uso das terras

Foi feita tomando-se como base a cobertura aerofotogramétrica existente e

atualizações através dos levantamentos de campo e, posteriormente, representada cartograficamente no mapa de uso das terras. A classificação do uso das terras da área de estudo, foi feita com base em sete classes de uso, a saber:

Capoeira (Cpo); Reflorestamento (Fr); Campo (Cam); Culturas anuais (Ca); Floresta Nativa(F); Fruticultura(Cp);e Área urbanizada (H).

A classe denominada por floresta nativa, abrange a cobertura vegetal

predominantemente arbórea (florestas primárias e secundárias), incluindo-se os capoeirões. A denominada campo (Cam), inclui a vegetação rasteira (herbácea), pastagens nativas e cultivadas, perenes. Dentro da classe culturas anuais, também foram incluídas as pastagens de ciclo anual. Na classe capoeiras (Cpo), foram consideradas as áreas com predominância de coberturas arbustivas.

3.5.1.7 Identificação dos conflitos de uso das terras

O mapa de identificação dos conflitos de uso das terras, foi obtido por meio

da sobreposição das informações dos mapas de aptidão e de uso das terras. Os conflitos de uso, foram organizados em quatro classes, a saber:

SUBUTILIZAÇÃO: enquadram-se nesta classe, as terras que poderiam ser utilizadas mais intensivamente, sem prejuízos à conservação das terras, salvaguardando a questão econômica e ambiental. Apresenta-se com onze subclasses:

Cam/1 - campo em classe 1 Cam/2 - campo em classe 2 Cp/1 - fruticultura em classe 1 Fr/1 - reflorestamento em classe 1 Fr/2 - reflorestamento em classe 2 F/1 - floresta nativa em classe 1 F/2 - floresta nativa em classe 2 F/3 - floresta nativa em classe 3 Cpo/1 capoeira em classe 1 Cpo/2 capoeira em classe 2 Cpo/3 capoeira em classe 3

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USO COM RESTRIÇÕES: são terras que estão sendo utilizadas de acordo com sua aptidão de uso mas apresentam risco de degradação, necessitando intensas medidas de manejo e conservação do solo. Apresenta-se com seis subclasses:

Fr/4 - reflorestamento em classe 4 Ca/2 - cultura anual em classe 2 Ca/3 - cultura anual em classe 3 Cam/4 - campo em classe 4 Cp/3 - fruticultura em classe 3 Cp/4 - fruticultura em classe 4

CONFLITOS DE USO: contempla as terras que estão sendo utilizadas com atividades agropecuárias fora da vocação natural das terras e, se mantidas, comprometem a conservação da água e do solo. Apresenta-se com cinco subclasses:

Ca/4 - cultura anual em classe 4 Ca/5 - cultura anual em classe 5 Fr/5 - reflorestamento em classe 5 Cam/5 - campo em classe 5 Cp/5 - fruticultura em classe 5

USO SEM RESTRIÇÕES: enquadram-se nesta classe, as terras que estão sendo utilizadas conforme a sua vocação natural. São oito subclasses:

Ca/1 - cultura anual em classe 1 Cp/2 - fruticultura em classe 2 Cam/3 campo em classe 3 Fr/3 - reflorestamento em classe 3 F/4 - floresta nativa em classe 4 F/5 - floresta nativa em classe 5 Cpo/4 - capoeira em classe 4 Cpo/5 - capoeira em classe 5

3.5.2 Etapas desenvolvidas na realização do trabalho

a) Setorização da microbacia e ampliação da base cartográfica para escala 1:25.000.

b) Seleção e preparo das aerofotos e delimitação da área da microbacia.

c) Revisão bibliográfica enfocando aspectos de geologia, geomorfologia, solos, vegetação, uso da terra e clima.

d) Fotointerpretação e confecção das legendas preliminares, analisando-se a fisiografia, as classes de aptidão de uso e de uso das terras, e seleção de possíveis pontos de amostragem de solos. Nesta etapa, foi feita também a complementação e atualização preliminar da rede de drenagem e da malha viária.

e) Reambulação executada por caminhamento, consistindo de: - atualização do uso das terras e verificação da fisiografia e da aptidão de

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uso, efetuando-se os ajustes necessários para correção das informações obtidas na fotointerpretação preliminar;

- coleta de amostras de solos em locais representativos de cada subpaisagem.

f) Interpretação dos resultados, analisando-se todas as informações originadas nos trabalhos de escritório e de campo e dos resultados de laboratório das análises de solos.

g) Elaboração dos mapas temáticos e cálculo das áreas.(na determinação de áreas, usa-se os métodos da grade de pontos para áreas menores e do planímetro para as maiores).

h) Apresentação dos resultados: elaboração do relatório descritivo, que contém aspectos que caracterizam a área estudada e arte final, com os seguintes mapas temáticos apresentados em anexo):

Mapa planialtimétrico (compilado da folha topográfica Matos Costa);

Mapa hidrográfico e rodoviário;

Mapa fisiográfico;

Mapa de aptidão de uso das terras;

Mapa de uso das terras (elaborado em maio de 1997);

Mapa de identificação dos conflitos de uso das terras.

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4.0 DESCRIÇÃO GERAL DA MICROBACIA PEDRA BRANCA

4.1 Aspectos geográficos

A hidrografia da área em estudo aqui denominada de Microbacia Pedra

Branca é formada pelas nascentes do Arroio do Pedro e Arroio Pedra Branca, que após se juntarem continua com a denominação de Rio do Pedro, constituindo-se a partir daí na drenagem principal, indo desaguar no Rio Liso.

Tanto o Arroio do Pedro como o Arroio Pedra Branca tem suas nascentes nas encostas erosionais pertencentes a porção sul da microbacia.

A união destes cursos de água, denominada neste trabalho de Microbacia Pedra Branca localizam-se entre as coordenadas 26º 58’e 27º 02’ latitude sul e 52º 45’e 52º 50’ oeste de Greenwich, numa altitude que varia de 300 a 673 metros conforme mostra a Figura 3. Pertence a região hidrográfica VIII em relação a setorização do Projeto Microbacias/BIRD, mais especificamente na bacia do Rio Iguaçu.

FIGURA 3 - Localização geográfica da microbacia Pedra Branca

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Os parâmetros que definiram esta microbacia como prioritária a ser trabalhada no município se deve principalmente a forte declividade de suas encostas, ao potencial para irrigação, piscicultura e abastecimento de água potável. Também se deve aos problemas que a microbacia apresenta em relação ao manejo do solo, destino dos dejetos humanos e animais, águas servidas e desmatamento.

4.2 Situação sócio-econômica e ambiental

4.2.1 Aspectos sócio-econômicos As estradas vicinais, internas à microbacia recebem manutenção, entretanto

apresentam alguns problemas de erosão devido ao escoamento das águas pluviais, principalmente aquelas internas às propriedades.

A microbacia é trabalhada pela extensão rural é composta de 115 propriedades, com um tamanho médio de 30 ha, onde vivem 111 famílias de etnia predominantemente portuguesa e alemã. Das 111 famílias (vivem exclusivamente da atividade agropecuária) 104 são proprietárias e, somente 07 são arrendatárias, conforme dados fornecidos pelo extensionista municipal em maio de 1997 (ver Tabela 5). Observa-se entretanto um sensível êxodo do campo para a cidade. Tal quadro se deve ao abandono das atividades agrícolas e dos estudos logo que os jovens completam o primeiro grau, ocasião em que buscam emprego nas principais cidades da região.

TABELA 5 - Estrutura fundiária das microbacias

CLASSES (Ha) PROPRIEDADE (Nº) % 0 - 10 04 3,5

10 - 20 25 21,7 20 - 50 80 69,5

50 - 100 05 4,4 100 - 200 01 0,9 TOTAL 115 100

Os agricultores, de um modo geral, utilizam baixa tecnologia e dependem

exclusivamente do cultivo do milho, do feijão e do fumo. Possuem moradias em bom estado, mas normalmente com problemas de saneamento, porém, todos os agricultores possuem energia elétrica e refrigerador em suas propriedades. Os automóveis possuem uma média de vida de 10 anos e, somente 15 propriedades possuem trator. Este fato explica-se devido ao reduzido tamanho das propriedades e a acentuada declividade das encostas que inviabilizam o custo operacional de um trator.

A prefeitura dispõe de dois tratores para auxiliar no preparo das terras, o que acontece em todas as propriedades entretanto como complemento 60% os agricultores utilizam também, a tração animal.

O lazer na microbacia se restringe nas festas organizadas pela comunidade, além de campeonatos de futebol, que ocorrem entre comunidades de vários locais. A falta de lazer se constitui hoje, em um importante fator de influência na migração de jovens do campo para as cidades.

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As principais culturas nas microbacias, são o milho, o feijão e o fumo. O nível tecnológico dos agricultores da microbacia pode ser considerado baixa. Essa constatação se retira do estande inadequado das lavouras, da adubação sem critérios técnicos e da baixa produtividade.

O armazenamento da produção é feita sem critérios técnicos na maioria das propriedades, ocasionando perdas consideráveis. Entretanto, existe na microbacia em estudo, um condomínio com 19 agricultores associados que secam e limpam os cereais para posterior comercialização.

A comercialização da produção é feita de dois modos: parte dos agricultores vendem seus produtos nas cooperativas ou agroindústrias nas quais estão integrados, os demais negociam seus produtos com os comerciantes da região.

Os insumos são adquiridos nas diversas casas agropecuárias da região, ou no caso de associados e/ou integrados nas respectivas instituições. Os demais agricultores fazem troca x troca com comerciantes locais evitando o empréstimo feito pelos bancos. Entretanto 20 produtores ainda financiam suas lavouras no Banco do Brasil.

Em relação à pecuária, destaca-se a criação de bovinos de corte e em menor escala a criação de bovinos de leite. A produção de leite é comercializada através de intermediários e de cooperativas de laticínios de Curitiba (CLAC). O restante da produção agropecuária é comercializada através de abatedouros regionais e locais ou ainda consumida na propriedade.

Como complemento alimentar para o gado são cultivados anualmente, na microbacia, cerca de 350 hectares de pastagens de inverno, 60 hectares de pastagens de verão e 30 hectares de capineiras. Poucas propriedades possuem paióis para armazenagem de grãos ou silos para silagem das capineiras.

A mão-de-obra é essencialmente familiar, concentrada principalmente na atividade pecuária leiteira (o ano todo) e no plantio e colheita do milho, feijão e fumo, mais especificamente de dezembro a fevereiro. No caso de silagens é comum os agricultores trocarem horas de trabalho em forma de mutirões.

As estradas municipais que passam na microbacia, estão em bom estado de conservação, porém merecem cuidados em relação à condução das águas pluviais. As demais estradas internas à microbacia foram abertas sem obedecer os critérios técnicos apresentando problemas de trafegabilidade em dias de chuva, além de causarem erosão em algumas lavouras.

Existem na microbacia, duas escolas que atendem os alunos da 1º a 4º série. Entretanto, grande parte das pessoas com mais de 20 anos tem o primeiro grau incompleto, porém já é uma exigência do mercado de trabalho o 2º grau completo, o que está influenciando os jovens a completá-lo.

4.2.2 Aspectos ambientais Alguns parâmetros que influenciam o meio ambiente também foram

responsáveis pela priorização da Microbacia, entre eles a degradação ambiental através do uso indiscriminado de agrotóxicos, o desmatamento e o destino incorreto dos dejetos animais.

A cobertura florestal, na Microbacia Pedra Branca, era originalmente constituída, na sua maior parte, por espécies pantropicais, que apresentam condições hormonais de perderem as folhas, não em virtude da seca originada pela falta de água, mas pelo frio do inverno. Entretanto, encontra-se descaracterizada pela ação antrópica que desde a colonização vem sendo feita, principalmente através da exploração descontrolada das florestas para a extração

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de madeiras, formação de pastagens e instalação de lavouras. Atualmente encontra-se na microbacia uma boa área de remanescentes da

vegetação original, que devido ao porte, é confundida com a vegetação secundária. Deve-se ressaltar no entanto, que nos cumes e encostas erosionais pode-se observar, ainda, boa concentração de floresta original, reunindo um bom potencial de germoplasma de espécies arbóreas nativas.

Em toda microbacia observa-se 1103,15 hectares de remanescentes florestais e 710,93 hectares de capoeira, representando 44,51 % e 28,69 % respectivamente.

A concentração da floresta está nos cumes, que devido a sua forma dificulta a atividade agrícola, nas encostas erosionais por terem declividades muito fortes, e cobrindo ainda, pequena parte das encosta erosionais e coluviais. Observa-se pequenas áreas de reflorestamento com eucaliptos, e principalmente pinus.

Com essa cobertura florestal pode-se facilmente observar um grande número de espécies de animais como: graxains, raposas, lebres, preás, tatus, ratão do banhado, ouriço, lagarto, lebre, gato-do-mato, e cobras. As aves mais encontradas são: sabiás, canários, chupins, bem-te-vis, beija-flores, corujas, periquitos, pica-paus, saracuras, tucanos, jacus, joões-de-barro, gralhas, anús, nambus, quero-queros, pombos, etc.

As principais fontes de poluição ficam por conta dos abatedouros, e das pocilgas que não apresentam dispositivos de tratamento dos dejetos animais e do mau manejo dos agrotóxicos que contaminam as águas superficiais e por vezes os lençóis freáticos, especialmente aqueles utilizados na cultura do fumo e nas pastagens.

Geralmente, as casas apresentam fossas para onde se destinam os dejetos humanos. As águas servidas, por sua vez, são jogadas sobre o solo ou em drenagens. Parte do lixo doméstico é reciclado ou aproveitado nas lavouras, o restante é enterrado.

Somente 10,66 % da área da microbacia é utilizada com culturas anuais e 13,49 % com pastagens intensamente pastejadas pelo gado leiteiro, o que implica num alto potencial de ocorrência de erosão. Cabe ressaltar neste caso a necessidade da utilização de práticas de conservação do solo.

4.3 Caracterização climática, física e hidrológica

4.3.1 Dados bioclimáticos

A classificação climática do município de Matos Costa, segundo a

metodologia proposta por Köeppen, é Cfb (clima temperado úmido). É classificado como temperado, por esta classificação, em razão da temperatura média do mês mais quente ser inferior a 22

oC.

A Tabela 6 apresenta as normais climatológicas para a região da microbacia.

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TABELA 6 - Normais climatológicas para a região da microbacia “Pedra Branca”.

MES TEMP MEDI

A (oC)

TEMP Mx Abs (OC)

TEMP Mn Abs (OC)

MEDIA

TEMP Mx

MEDIA

TEMP Mn

PREC TOTA

L (mm)

PREC Mx 24

h (mm)

DIAS DE

CHUVA

UR (%)

INSOL (horas)

veloc vento (Km/h

)

ETP (mm)

JAN. 20,7 35,0 4,0 26,4 15,5 134,6 94,0 9,8 78 191 6,8 106

FEV. 20,6 33,4 2,2 26,3 15,7 144,8 100,5 11,0 80 172 6,7 92

MAR 19,4 31,6 0,8 25,2 14,3 123,3 68,4 9,8 81 178 6,4 85

ABR. 16,4 30,2 -3,0 22,4 11,1 92,5 90,6 7,6 80 201 6,3 58

MAI 13,5 27,8 -5,8 19,9 7,7 113,9 147,1 7,3 81 175 6,2 42

JUN. 11,8 28,0 -7,8 18,3 6,3 107,3 132,0 6,6 81 150 6,5 31

JUL. 11,9 27,6 -7,0 18,4 6,3 109,1 152,5 7,8 79 171 7,1 33

AGO. 13,3 31,4 -10,4 19,8 7,5 105,4 100,1 7,3 78 170 7,4 44

SET. 14,8 32,2 -7,0 20,8 9,4 134,7 118,6 8,1 77 146 7,6 54

OUT. 16,8 32,2 -2,0 22,7 11,3 149,1 73,7 10,1 76 178 7,7 69

NOV. 18,6 36,2 -1,8 24,5 12,7 119,9 82,2 10,1 74 198 7,8 84

DEZ 20,0 34,2 1,6 25,7 14,6 144,1 77,2 12,2 76 193 7,6 100

16,5 36,2 -10,4 22,5 11,0 1479,0 152,5 9,0 78,0 176 7,0 797,9

4.3.1.1 Parâmetros climatológicos básicos

A temperatura média anual da região é de 16,5

oC, sendo janeiro e fevereiro

os meses mais quentes e junho e julho os mais frios. A temperatura mais alta registrada na região foi de 36,2

oC em novembro de 1985. A mais baixa foi de -10,4

oC em agosto de 1963. Valores mensais e anuais de temperatura média, máxima

absoluta, mínima absoluta, média das temperaturas máximas e média das temperaturas mínimas são apresentadas na Tabela 6 e Figura 4.

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33

TEMPERATURAS MÁXIMAS ABSOLUTAS

25

27

29

31

33

35

37

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

TEMPERATURAS MÍNIMAS ABSOLUTAS

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

TEMPERATURA MÉDIA E MÉDIA DAS

TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS

5

10

15

20

25

30

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

FIGURA 4 - Temperaturas máximas absolutas, mínimas absolutas, temperatura média e média das temperaturas máximas e mínimas (

oC) na região de Matos

Costa. A temperatura máxima diária ocorre em torno das 14-15 horas e a mínima

quando do nascer do sol. Entretanto, ocasionalmente podem ocorrer temperaturas mínimas e máximas diárias fora destes horários.

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A geada é comumente definida como a ocorrência de temperatura do ar abaixo de 0,0

oC. De acordo com o seu efeito visual é denominada de geada branca

ou negra. As geadas mais comuns na região são as geadas de irradiação, que se formam em noites frias, com ar calmo e o céu descoberto.

Existem muitos métodos de proteção (controle) contra as geadas, podendo-se citar a utilização de diversos materiais em cobertura, como o plástico, e o uso da irrigação por aspersão, aquecedores e nebulizadores. Na grande maioria dos casos tais técnicas apresentam-se inviáveis economicamente. Existem para algumas situações a utilização de métodos preventivos, como plantar em encostas orientadas para o norte (recebem, desta forma, uma maior quantidade de radiação solar), evitar o cultivo em baixadas (o ar frio tende a se concentrar em locais mais baixos), utilização de quebra-ventos, além do planejamento da época de plantio para culturas anuais. A EPAGRI fornece previsões de curto prazo (72 horas ) para a ocorrência de geadas em Santa Catarina.

Na região, o período com maior probabilidade de ocorrência de geadas é de abril a outubro, com as seguintes probabilidades: abr=0.3, mai=0.7, jun=0.9, jul=0.8, ago=0.7, set=0.7 e out=0.3 (POLA, 1993). O número médio mensal de ocorrência de geadas na região é apresentado na Figura 5.

Na Figura 5 também é apresentado o número de horas de frio, abaixo de 7,2 OC, acumulados de abril a outubro. Na região podem ser plantadas uma grande

variedade de espécies e cultivares de frutíferas de clima temperado.

HORAS DE FRIO ACUMULADAS

0

100

200

300

400

500

600

700

ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

GEADAS

(número mensal)

0

1

2

3

4

5

6

7

ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT

FIGURA 5 - Aspectos relacionados ao frio da região de Matos Costa.

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4.3.1.2 Parâmetros relacionados ao potencial hídrico da região

A precipitação total anual média da região é de 1479 mm, com a seguinte

distribuição: 29,0 % no verão (dez-jan-fev), 22,0 % no outono (mar-abr-mai), 22,0 % no inverno (jun-jul-ago) e 27,0 % na primavera (set-out-nov) (Tabela 6). Ocasionalmente ocorrem meses secos com prejuízos para a produção.

Para verificar quais os meses com maior freqüência de ocorrência de estiagens, avaliou-se a série histórica de precipitação na região, comparando a precipitação (PRE) mensal com a evapotranspiração potencial (ETP) média mensal da região. Considerou-se mês seco aquele com ETP > PRE. Na Figura 6 são apresentadas as freqüências mensais de ocorrência de estiagens na região. O mês em que mais ocorre estiagem é janeiro, com 27 % de probabilidade, seguido pelos meses de março e dezembro, com aproximadamente 30 %.

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36

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)

73

74

75

76

77

78

79

80

81

82

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

ESTIAGENS

Frequência (%)

0

10

20

30

40

JAN MAR MAI JUL SET NOV

PRECIPITAÇÃO (BARRA) E EVAPOTRANSPIRAÇÃO

(LINHA)

20

40

60

80

100

120

140

160

JAN MAR MAI JUL SET NOV

FIGURA 6 - Umidade relativa do ar (%), freqüência de ocorrência de estiagens, precipitação (mm) e evapotranspiração (mm) na região de Matos Costa.

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Segundo o trabalho de Veiga et al. (1992), na região de Matos Costa os meses que apresentam maior índice de erosividade são setembro, outubro, dezembro, janeiro e fevereiro. Nessa região, no mês de outubro, grande parte do solo encontra-se descoberto, por estar sendo preparado para a semeadura das culturas anuais de verão, ou as culturas estão em fase inicial de crescimento, o que resulta em grande risco de erosão. Portanto, devem ser tomados cuidados com o manejo do solo principalmente nesta época. Entretanto, em qualquer mês podem ocorrer chuvas fortes. De maneira geral, o correto manejo da cobertura do solo é a prática mais eficiente para reduzir os riscos de erosão. Sistemas conservacionistas de cultivo como o plantio direto, preparo reduzido (com o uso de escarificador, por exemplo) e o cultivo mínimo, que mantém grande parte dos resíduos na superfície, reduzem os riscos de erosão. Outra prática que reduz a erosão é o uso de espécies vegetais para a proteção do solo quando não são plantadas culturas comerciais (VEIGA et al., 1992).

A média anual da umidade relativa da microbacia é de 78,0 %. Os maiores valores ocorrem a noite, quando se aproxima de 100 % e os menores em torno das 14:00 horas (Figura 6).

4.3.1.3 Relações Terra- sol

Radiação solar é a energia recebida pela Terra, na forma de ondas

eletromagnéticas, provenientes do sol. Radiação solar global (RSG) é o conjunto da radiação solar direta mais a difusa que atinge uma superfície. A RSG é dependente da insolação ocorrente em um determinado período.

Entretanto, superfícies com orientações e inclinações diferentes recebem quantidades diferentes de RSG em comparação com uma superfície horizontal, em uma mesma localidade e época do ano. A importância deste fato é que a produção de matéria vegetal é condicionada pela disponibilidade de energia solar. Na Figura 7 é apresentada a relação entre a energia em uma superfície horizontal com aquela incidente em encostas norte e sul com inclinação de 18 %.

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INSOLAÇÃO

(horas)

140

150

160

170

180

190

200

210

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

RADIAÇÃO

(%)

30

40

50

60

70

80

90

100

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

HORIZ NORTE SUL

FIGURA 7 - Radiação solar (%) e insolação (horas) incidentes na região de Matos

Assim, para o aproveitamento máximo da radiação solar é importante a

orientação e inclinação da superfície coletora, como por exemplo, para a orientação de telhados. Assim, em junho e julho uma inclinação norte de aproximadamente 60

o

permitiria o máximo aproveitamento de energia solar, enquanto que em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro as superfícies horizontais ( 0

o ) receberiam mais

energia. r consideradas

superfícies norte recebem porcentualmente mais RSG nos meses de inverno. Por outro lado, superfícies sul recebem menos RSG, sendo o efeito diretamente proporcional ao aumento da inclinação da superfície e mais pronunciado no inverno (TUBELIS & NASCIMENTO, 1984).

Superfícies que possuem orientações leste ou oeste terão menores durações diárias da insolação, devido a um adiantamento do momento do por do sol para terrenos leste e atraso do nascer do sol para terrenos oeste. A RSG será a mesma para ambas as orientações na mesma inclinação. Nas superfícies de orientação leste e oeste, inclinações menores que 20

o não influenciam muito o total de RSG ao

longo de todo o ano. No verão os efeitos são pouco pronunciados, mas no inverno

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as inclinações superiores a 20o

afetam sensivelmente o recebimento de energia solar.

4.3.2 Características Físicas da Microbacia Pedra Branca

Utiliza-se neste item alguns parâmetros que possibilitam a verificação do

comportamento hidrológico da microbacia e indicações do potencial erosivo das suas encostas. Além da dinâmica da área, são estudadas ainda, a forma, o tamanho e os indicativos sobre as unidades de solos possíveis de serem encontrados na microbacia (Tabela 7 ).

TABELA 7 - Características Físicas da Microbacia Pedra Branca ATRIBUTOS MEDIDAS

Área de drenagem (A) 24, 78 km² Perímetro da bacia 22, 8 Km

Comprimento ret. do rio principal 6, 6 Km Comprimento Axial (Lh) 7, 5 Km

Comprimento total dos rios 51, 1 Km Comprimento do rio principal (L) 7, 8 Km Comprimento do Talvegue (LW) 7, 4 Km Coeficiente de compacidade (Kc) 1, 28

Fator de forma (Kf) 0, 44 Densidade de drenagem (d) 2, 06 Km/ km²

Sinuosidade do canal principal (Is) 15, 38 % Extensão média do escoamento superficial 0, 121 Km

Ordem da microbacia 5º Tempo de concentração (Tc) 2,55 h

Altitude máxima 1.286 m Altitude média 1.121, 66 m Altitude mínima 890 m

Declividade média da bacia 19, 97

4.3.2.1 - Inferências sobre o Comportamento hidrológico da Microbacia Pedra

Branca

Neste ítem faremos um estudo da microbacia para verificarmos o

comportamento hidrológico, observando ainda, possíveis indicações sobre tipos de solos. A Microbacia Pedra Branca possui uma área de 24,78 Km² equivalentes a 2.478 hectares. Apresenta uma forma triangular, (figura 8) parâmetro que somado ao fator de forma (Kf) e ao coeficiente de compacidade (Kc), indicam que esta microbacia é pouco sujeita à enchentes.

A Microbacia Pedra Branca apresenta uma drenagem subparalela com o rio principal muito reto de 5ª ordem indicando com isto, uma boa ramificação. Este dado não retrata fielmente o real número de drenagens existentes, uma vez que a pequena extensão dos canais e a escala do estudo dificulta a observação de um maior número de ramificação.

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FIGURA 8 - Forma e Ordem da Microbacia Pedra Branca.

A densidade de drenagem da duas microbacias é boa considerando-se a

quantidade de rios por Km². Para reforçar este parâmetro a distância média de escoamento superficial de 121 metros, indica que a distância percorrida pelas águas pluviais é relativamente pequena, sinalizando que a potencialidade de erosão neste caso é pequena.

A Microbacia Pedra Branca apresenta uma declividade média de 19,97 % conforme a Tabela 8. Grande parte da área apresenta um relevo forte ondulado e ondulado, diminuindo a declividade, entretanto, a partir das encostas erosionais e coluviais até encontrar-se com os vales.

Tabela 8 - Declividade Média da Microbacia Pedra Branca

cotas área entre área relativa

afastamento declividade col. 2 x 5

(m) curvas(ha)

(%) médio PH(m) (%)

1286 - 1240 148,44 5,99 296,88 15,49 2300,00

1240 - 1180 518,75 20,93 349,33 17,18 8910,00

1180 - 1120 654,68 26,42 287,14 20,90 13680,00

1120 - 1060 612,52 24,72 292,37 20,52 12570,00

1060 - 1000 309,37 12,48 246,51 24,34 7530,00

1000 - 940 196,87 7,94 320,11 18,74 3690,00

940 - 890 37,50 1,51 234,38 21,33 800,00

TOTAL 2478,13 100,00 49480,00

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A grande declividade que a microbacia apresenta é mais por influência das encostas íngremes (Encostas erosionais) e da dissecação provocada pelas drenagens. A curva hipsométrica (Figura 9), mostram as porcentagens de áreas e a sua distribuição no perfil da microbacia, permitindo algumas conclusões sobre o comportamento das suas subpaisagens.

Microbacia PEDRA BRANCA

Curva Hipsométrica

850

900

950

1000

1050

1100

1150

1200

1250

1300

0 2 0 4 0 6 0 8 0 100

Area Relativa Acumulada(%)

Alt

itu

de (

m)

FIGURA 9 - Curva Hipsométrica da Microbacia Pedra Branca

A tabela 9 mostra os parâmetros utilizados para o cálculo da curvas

hipsométricas da Microbacia em estudo, onde pode-se observar as altitudes mínima, média e máxima, além das áreas acumuladas entre determinadas cotas.

Tabela 9 - Cálculos da Curva Hipsométrica da Microbacia Pedra Branca

Cotas pto.médio área área acum.

área rel. coluna

1286 - 1240 1263,00 148,44 148,44 5,99 187479,72

1240 - 1180 1210,00 518,75 667,19 26,92 627687,50

1180 - 1120 1150,00 654,68 1321,87 53,34 752882,00

1120 - 1060 1090,00 612,52 1934,39 78,06 667646,80

1060 - 1000 1030,00 309,37 2243,76 90,54 318651,10

1000 - 940 970,00 196,87 2440,63 98,49 190963,90

940 - 890 915,00 37,50 2478,13 100,00 34312,50

TOTAL 2478,13 2779623,52

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4.3.3 Aptidão agroclimática

A análise climática onde se insere as microbacias Lajeado

Taquaruçu/Cambuí, no município de Nova Itaberaba/SC, permite a recomendação para plantio das espécies abaixo, devendo a definição de cultivares atender às características de adaptabilidade à região, exigências de mercado, sazonalidade, disponibilidade de semente, etc.

- Alho - Aveia branca - Batata-semente - Cebola - Ervilha - Feijão - Maçã - Milho - Pêssego - Tomate - Trigo - Triticale - Uva Olerícolas diversas - Espécies florestais Eucalyptus dunnii Eucalyptus grandis Eucalyptus saligna Pinus taeda Pinus elliottii var elliottii Espécies exóticas recomendadas para reflorestamento: Acacia longifolia (acácia-trinervis) Acacia mearrnsii (acácia-negra) Casuarina equisetifolia (casuarina) Grevilea robusta (grevilea) Hovenia dulcis (uva-do-japão) Taxodium distichum (pinheiro-do-brejo) Espécies nativas recomendadas para reflorestamento: Araucária angustifolia (pinheiro-do-Paraná) Ilex paraguariensis (erva-mate)

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5- CARACTERIZAÇÃO DAS TERRAS

As terras pertencentes à Microbacia Pedra Branca foram caracterizadas de

acordo com sua fisiografia, aptidão de uso, uso e conflitos de uso das terras, bem como, através dos solos dominantes ocorrentes na área.

A Fisiografia estuda os fenômenos que determinam a aparência e as características de uma paisagem, levando em conta os aspectos físicos da terra (Tabela n.º 12). Pode ser entendida como sendo a geografia de solos, porque enfoca os estudos das características externas de uma paisagem e as influências que elas exercem sobre as características pedológicas (Botero, 1987).

Para uma análise fisiográfica aplicada ao estudo de solos, delimita-se, classifica-se e correlaciona-se as diferentes formas de relevo, de acordo com as características geomorfológicas, geológicas e de uso da terra, podendo-se a partir dessas variáveis, aprofundar o estudo da aptidão de uso das terras.

Tabela 12 - Relação entre as categorias de análise fisiográfica e os fatores de formação dos solos.

CATEGORIA DE ANÁLISES FISIOGRÁFICAS - FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS REGIÃO CLIMÁTICA Clima Organismos GRANDE PAISAGEM Processos geomorfológicos

que determinam relevo e material de origem

PAISAGEM Material de origem, tempo e formas de relevo SUBPAISAGEM Grau e forma das pendentes; erosão e

condições de drenagem ELEMENTO DA PAISAGEM Influência humana

5.1 - Província climática e vegetação original

As mudanças de clima produzem as primeiras divisões importantes para a

análise fisiográfica. Considera-se que a influência do clima é muito importante não somente sobre o solo, mas também sobre os demais fatores formadores dos solos.

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A região climática onde está inserida a Microbacia Pedra Branca, de acordo

com a classificação de Koeppen pertence ao clima temperado úmido (Cfb ), onde o mês mais frio (julho ) apresentam temperaturas médias inferior a 18º centígrados e superior a 3º centígrados. O verão é suave e o mês mais quente apresenta temperatura inferior a 22º centígrados. É um clima úmido com precipitações regulares em todos os meses, sem estação seca.

A cobertura vegetal original da região foi, na sua maior parte, decaracterizada pela ação antrópica, que desde a colonização vinha sendo feita, principalmente, através de exploração descontrolada das florestas para a extração de madeiras, bem como pela implantação de culturas anuais, além da formação de pastagens “naturalizadas” para a criação extensiva do gado bovino.

Na área em questão, outrora florestal, ocorrem apenas remanescentes da vegetação original, que não raro, devido ao porte, são confundidos com a vegetação secundária. Esta devastação sem precedentes causou um profundo desequilíbrio nos ecossistemas com conseqüências futuras imprevisíveis.

A vegetação natural da área era constituída pela Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Pinheiros) que ocupava grande parte do Planalto do Estado de Santa Catarina, situada em altitudes acima de 500m, em clima sem período seco.

Trata-se de floresta particularmente restrita ao planalto, caracterizada por gregarismo como acontece com o pinheiro-do-paraná (Araucária angustifólia) no estrato emergente, imprimindo assim à floresta um aspecto de floresta de coníferas. Esta árvore dominante é acompanhada no estrato arbóreo dominado pela imbuia (Ocotea porosa), a canela-lajeana (Ocotea pulchella) e a canela-amarela entre as Lauráceas; o camboatá-branco (Matayba elaeagnoides) e o camboatá-vermelho (Cupania vernalis) entre as Sapindáceas; a bracatinga (Mimosa scabrella), o rabo de mico (Lonchocarpus leucanthus) e o angico vermelho (Paraptadenia rigida) entre as leguminosas; a sapopema (Sloanea lasiocoma) entre as Eleocarpáceas, bem como, outros representantes das famílias das Mirtáceas, Compostas, Meliáceas e outras.

No estrato das arvoretas predomina em grandes áreas o mate ou erva-mate (Ilex paraguariensis) acompanhada da guaçatunga (Casearia decandra), do vacunzeiro (Allophylus guaraniticos) e de outros.

Atualmente, face aos desmatamentos para implantação de culturas cíclicas, pastagens e retirada de madeiras, pouco ainda resta dessa formação, a não ser pequenas áreas isoladas ainda preservadas.

5.2 - Grande Paisagem (geomorfologia)

5.2.1 - Formação Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais

Esta unidade apresenta-se distribuída em blocos de relevos isolados pela

Unidade Geomorfológica Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai. O Planalto dos Campos Gerais funciona, em seus compartimentos, como

área divisora de drenagem. Os rios maiores presentes (Pelotas, Canoas e Chapecó), ao drenarem áreas nesta unidade, mostram geralmente vales encaixados com patamares dissimulados nas encostas e cursos tortuosos, com algumas curvas meândricas. Estes rios apresentam, com muita freqüência, corredeiras e pequenas cachoeiras resultantes das diferenças internas nos derrames das rochas efusivas.

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5.3 - Paisagem (Geologia)

5.3.1 - Formação Geológica Serra Geral A litologia da área pertence na sua totalidade à Unidade Litoestratigráfica

Grupo São Bento e Formação Serra Geral. De acordo com Silva & BORTOLUZZI (1987), constitui-se por rochas vulcânicas em derrames basálticos de textura afanítica (rochas de granulação fina, cujos constituintes individuais não são visíveis a olho nu), amigdaloidal no topo dos derrames, coloração cinza escura à negra, com intercalação de arenitos intertrapeanos.

As rochas da Formação Serra Geral são da idade Cretácea Inferior, época que constitui a fase principal de atividade vulcânica (Santa Catarina, 1975).

Os derrames apresentam normalmente um zoneamento que é explicado pelas condições de resfriamento do magma, formando-se da base do topo do derrame, a saber:

zona vítrea: apresenta basalto não cristalizado (textura vítrea), o que facilita a alteração a minerais argilosos.

zona de fraturamento horizontal: apresenta textura microcristalina e intenso fraturamento horizontal;

zona de fraturamento vertical: é a mais espessa, representa o centro do derrame, com textura mais grosseira e intenso fraturamento vertical, resultando em boa permeabilidade da rocha com infiltração.

zona amigdalóide: é a parte superior do derrame, onde gases represados deram origem a cavidades, normalmente preenchidas por minerais como zeólitos, calcedônea, calcita e quartzo entre outros. Este zoneamento explica a morfologia em degraus (TRAPP) nos vales

formados sobre basalto (Santa Catarina, 1986). Os basaltos são essencialmente constituídos por plagioclásios cálcicos e

piroxênios, minerais com estabilidade bastante baixa, por este motivo alteram-se quase que totalmente a minerais argilosos com liberação de grande quantidade de óxidos, especialmente de ferro, dando origem a solos argilosos (caulinita ou montmorilonita), dependente da drenagem. (Santa Catarina, 1986).

Uma característica marcante do basalto é a relativa facilidade de intemperização que, dependendo de outros fatores de formação do solo (principalmente relevo), dá origem a solos profundos a muito profundos..

A microbacia em estudo localiza-se em uma área de contato entre rochas efusivas básicas, ácidas e intermediárias da Formação Serra Geral. As rochas efusivas ácidas, denominadas geologicamente de dacitos, riodacitos e riolitos são dominantes na microbacia dando origem a solos ácidos e com baixa fertilidade natural, se constituindo no topo do pacote basáltico da Formação Serra Geral. Na seqüência, como subdominância, encontra-se rochas efusivas intermediárias (tranquiandesitos porfiríticos) da mesma Formação Geológica que em conseqüência, originam solos com menores índices de acidez que os originados das rochas efusivas ácidas, e se localizam em áreas declivosas da microbacia.

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Secundariamente, ocorre inclusões de basalto, normalmente, localizados nas áreas de maiores declividades, nas encostas. O resultado é a ocorrência de solos com alta fertilidade natural e baixa acidez.

Esta paisagem foi dividida em 8 subpaisagens: Cumes Erosionais

subarredondados; Cumes Erosionais planos; Encostas Erosionais; Encostas

Erosionais e Coluviais; Encostas em Patamar; Encostas Coluviais e

Erosionais; Fundo de Vales Coluviais planos e Fundo de Vales Erosionais em

“V” aberto.

5.3.1.1 - Cumes Erosionais subarredondados com larguras de 50 a 350m - (C4)

Representam as áreas de maiores altitudes e se localizam nas bordas

externas da microbacia constituindo os divisores de água e separando as drenagens internas constituídas pelos rios do Pedro e Pedra Branca e seus afluentes.

Possuem forma subarredondada, apresentando instabilidade de relevo traduzido pela presença de solos com indícios de perda de horizonte A.

São cumes de base estreita, larguras variáveis (50-350m), não apresentando contribuição coluvial, uma vez que não se encontram áreas suprajacentes com maiores altitudes. Dessa forma, os processos erosivos (perdas) são dominantes e atuam com mais freqüência, com conseqüente enriquecimento das partes menos declivosas nos limites da própria subpaisagem

O relevo é suave ondulado e ondulado (5-10%), porém, a fertilidade natural se constitui em limitação para a utilização com agricultura, na medida em que, os valores de alumínio são altos (álico) e a fertilidade natural muito baixa.

Os solos dominantes são representados por Terras Bruna-Roxas Estruturadas álicas (item 6.2), apresentando horizonte A moderado, dominantemente. Esse horizonte está mais caracterizado nos solos presentes em áreas cultivadas, uma vez que o uso intensivo propiciou um decréscimo dos teores de matéria orgânica nesse horizonte.

São solos minerais, com seqüência de horizontes A, Bt, C, pouco profundos a profundos, bem drenados, argilosos a muito argilosos.

Os valores de matéria orgânica são médios a altos nos horizontes superficiais, porém, o uso intensivo com culturas anuais tende a diminuir esses valores. Dessa forma, práticas agrícolas adequadas são necessárias para a recomposição da matéria orgânica. O fósforo, potássio, cálcio e magnésio se apresentam com índices muito baixos, necessitando recomposições periódicas. Por serem altos os teores de alumínio, há necessidade de correção da acidez para utilização com agricultura.

Se por um lado o relevo plano e as boas características físicas propiciam condições para uso intensivo, por outro lado, essas terras apresentam problemas de baixa fertilidade e alta acidez. Face a isso, de acordo com UBERTI et al, 1991, essas terras foram enquadradas em classe 2df (classe 2 por declividade e fertilidade) dominantemente, portanto, do ponto de vista conservacionista apresentam aptidão regular ao uso com culturas anuais.

Quanto ao uso atual da terra, não tem sido utilizadas com culturas anuais de valor econômico para a região, tendo a pastagem e a capoeira como usos preferenciais.

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Não foi detectado conflito de uso na subpaisagem, porém, em se tratando de áreas de classe 2, do ponto de vista conservacionista se enquadram em uso regular para culturas anuais.

As recomendações de uso se referem, principalmente, ao controle da erosão laminar e melhoria das condições das pastagens através da introdução de variedades mais produtivas e resistentes às condições de alta acidez do solo.

Nesta subpaisagem foi coletado um perfil completo contendo 4 amostras, descrito a seguir:

Descrição do Ponto de Coleta Nº 4 SOLO: Terra Bruna-Roxa Estruturada Álica Amoderado argilosa/muito argilosa SUBPAISAGEM: Cume erosional subarredondado ALTITUDE: 1070m MATERIAL DE ORIGEM: dacitos RELEVO DOMINANTE: ondulado DECLIVIDADE: 9% PROFUNDIDADE EFETIVA: profundo SUSCET. EROSÃO: moderada PEDREGOSIDADE: moderadamente pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: alto DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: pastagem e capoeira

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 4

HORIZ ESPESSURA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA

A 0-20 10YR 3/3 mod. peq. média granular e mod.

peq. bl. subangulares

ausente friável

BA 20-35 10YR 3/5 forte peq. méd. grande bl.

subangulares

ausente friável

Bt1 35-58 10YR 3/6 forte peq. méd. grande bl.

subangulares

fraca e pouca friável a firme

Bt2 58-120 10YR 3/6 forte peq. méd. grande bl.

subangulares

pouca e comum

friável a firme

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 4

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE /

ARGILA

A 60.70 39.30 0.00 0.00 0.65

AB 63.00 34.90 1.80 0.30 1.2 0.55

Bt1 69.80 28.20 1.70 0.30 0.40

Bt2 76.60 21.80 1.20 0.40 0.28

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ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 4

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 4.1 4.0 5 122 5.1 2.93 5.4 1.2 21.7 1.51 23.21 6.52 78.12 3.8 3.9 2 65 4.2 2.41 6.2 0.0 23.7 0.17 23.87 0.70 97.38 4.0 4.0 1 47 4.1 2.35 6.2 0.0 21.7 0.12 21.82 0.55 98.09 4.2 4.7 1 22 2.2 1.26 3.5 0.0 11.5 0.06 11.56 0.49 98.41

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: nº 4

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

<21 xxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 1 1

Fósforo médio limitante

Potássio alto baixo

Matéria orgânica alto médio

Ca + Mg baixo baixo

Soma de bases (S ) baixo baixo

CTC alto alto

V % baixo baixo

Saturação com Alumínio alta alta

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxx baixa

Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os

Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

5.3.1.2 - Cumes Erosionais planos com larguras de 75 a 850m - (C5)

Diferem dos anteriormente descritos (item 5.3.1.1), no que tange à forma e

declividade. A forma plana caracteriza declividades mais amenas (2 a 10%) e, por conseguinte, menor suscetibilidade à erosão, porém os solos são pouco profundos e com maiores restrições ao uso intensivo, na medida em que, a presença de diaclasamento horizontal da rocha (lajes de pedra próximo à superfície do solo), impede a percolação natural da água de drenagem, ocasionando áreas de drenagem deficiente, com ocorrência de várzeas. Justamente nesse local há a presença de um açude de grandes proporções.

Não foram coletadas amostras de solos nesta Subpaisagem em razão do pouco valor econômico e dificuldade de acesso.

5.3.1.3 - Encostas Erosionais com larguras de 25 a 275m - (E1) Localizam-se, preferencialmente, logo após os Cumes e em contato direto

com os Fundos de Vale, se constituindo nas áreas de maiores declividades da microbacia.

São áreas tipicamente erosionais (perda de material), apresentando rampas curtas e íngremes com declividades entre 45 e 75 %), em relevo montanhoso.

Visualmente podem ser observados nesta subpaisagem, afloramentos de rocha e cicatrizes de desbarrancamentos nas áreas desmatadas, em função do mau

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uso dado ao solo. As fortes declividades conferem à subpaisagem forte suscetibilidade à erosão o que, praticamente, inviabilizam essas áreas para uso com culturas anuais.

Os solos são representados por uma associação de Cambissolos (item 6.3) e Terra Bruna-Roxa Estruturada (item 6.2). Ambos são solos minerais, com seqüência de horizontes A, Bi, C e A, Bt, R, respectivamente.

A ação dos processos erosivos e a proximidade da rocha matriz à superfície condicionaram a pouca profundidade na maioria dos solos e presença constante de afloramento de rochas e pedregosidade.

O uso intensivo dos solos em parte dessas áreas, sem a adoção de práticas conservacionistas, propiciaram a perda por erosão de parte do horizonte A e decréscimo dos teores de matéria orgânica nesse horizonte. Em condições naturais, os teores de matéria orgânica nos horizontes superficiais são altos.

Face às fortes limitações como a declividade, profundidade, suscetibilidade à erosão e a fertilidade, essas terras foram enquadradas em classe 4d (classe 4 por declividade), portanto, impróprias para uso com culturas anuais, aptidão com restrições para fruticultura e aptidão regular para pastagem e reflorestamento. (UBERTI et al, 1991) .

O uso atual dessas terras se restringe, basicamente, a pastagens e capoeirões, porém, algumas pequenas áreas em classe 4 se encontram sob cultivo de culturas anuais. Essas pequenas áreas se encontram em conflito de uso. O bom senso indica para a preservação permanente de toda a subpaisagem e florestamento das áreas ocupadas com culturas anuais como forma de minimizar os problemas oriundos com o mau uso do solo. As perdas de solo por erosão podem se tornar irreversíveis caso essas áreas sejam utilizadas com uso intensivo.

O manejo adequado do solo e adoção de práticas conservacionistas devem ser adotados como forma de minimizar os efeitos da erosão nos locais utilizados com culturas anuais. Recomenda-se a substituição dessas áreas por uso menos intensivo, dando ênfase ao florestamento e reflorestamento.

Foram coletados 2 perfis representativos da área contendo 7 amostras, conforme descritos a seguir :

Descrição do Ponto de Coleta Nº 5 SOLO: Terra Bruna-Roxa Estruturada Eutrófica A moderado média/argilosa SUBPAISAGEM: Encosta erosional ALTITUDE: 1010m MATERIAL DE ORIGEM: Basalto RELEVO DOMINANTE: montanhoso DECLIVIDADE: 55% PROFUNDIDADE EFETIVA: pouco profundo a profundo SUSCET. EROSÃO: muito forte PEDREGOSIDADE: moderadamente pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: médio DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: pastagem, capoeira e cultura anual

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CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 5

HORIZON

TE

ESPES

SURA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA

A 0-10 5YR 3/2 --- --- ---

BA 10-25 5YR 3/4 --- --- ---

Bt1 25-60 4YR 3/4 --- --- ---

Bt2 60-100 4YR 3/4 --- --- ---

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 5

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE /

ARGILA

A 27.6 64.4 7.7 0.4 2.33

BA 37.6 56.6 5.3 0.4 1.51

Bt1 64.6 31.1 4.1 0.3 1.8 0.48

Bt2 51.8 42.3 5.4 0.4 0.82

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 5

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 5.5 6.3 7 402 4.9 2.81 0.00 15.8 2.7 16.83 19.53 86018 0.00 5.5 6.1 4 345 2.0 1.15 0.00 8.0 3.0 8.88 11.88 74076 0.00 5.3 5.9 3 200 1.7 0.98 1.70 4.9 2.9 5.41 8.31 65011 23.90 5.0 5.7 2 276 1.8 1.03 0.40 5.2 4.7 5.91 10.61 55.69 6.34

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: nº 5 INDICADOR HORIZONTE

A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

1.2 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 3 Fósforo baixo muito baixo Potássio alto alto Matéria orgânica médio baixo Ca + Mg alto alto Soma de bases (S ) alto médio CTC alto alto V % alta alta Saturação com Alumínio baixa baixa Atividade da argila Xxxxxxxxxxxx

baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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Descrição do Ponto de Coleta nº 7 SOLO: Terra Bruna-Roxa Eutrófica A moderado média/argilosa SUBPAISAGEM: Encosta erosional ALTITUDE: 980m MATERIAL DE ORIGEM: Basalto RELEVO DOMINANTE: montanhoso DECLIVIDADE: 60% PROFUNDIDADE EFETIVA: pouco profundo SUSCET. EROSÃO: muito forte PEDREGOSIDADE: moderadamente pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: baixo DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: pastagem, capoeira e cultura anual

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 7

HORIZ ESPES

SURA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA

A 0-15 5R 3/3 --- --- ---

BA 15-45 5R 3/4 --- --- ---

Bi 4-60 5R 3/4 --- --- ---

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 7

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE / ARGILA

A 28.4 64.7 6.7 0.2 2.28

BA 40.0 52.8 7.0 0.2 1.5 1.32

Bi 43.3 49.8 6.7 0.2 1.15

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 7

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 6.1 6.2 10 510 6.1 3.50 0.00 21.1 3.0 22.41 25.41 88.19 0.0 5.7 6.1 3 117 2.8 1.61 0.00 13.9 3.3 14.20 17.5 81.14 0.0 5.6 6.2 3 144 2.4 1.38 0.00 10.4 3.0 10.77 13.77 78.21 0.0

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: nº 7

INDICADOR HORIZONTE

A

HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

1.7 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 2

Fósforo médio muito baixo

Potássio alto alto

Matéria orgânica alto médio

Ca + Mg alto alto

Soma de bases (S ) alta alta

CTC alta alta

V % alta alta

Saturação com Alumínio baixa baixa

Atividade da argila Xxxxxxxxxxxxxxxxx baixa

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* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados

do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

5.3.1.4 - Encostas Erosional - Coluviais com larguras de 100 a 625m - (E4)

Os processos erosivos (perdas ) e coluviais (acúmulo ) que se processaram na área é que determinaram a feição atual desta subpaisagem.

Localizam-se logo abaixo das Encostas Erosionais, representando a maior porção em termos de área da microbacia.

Sua forma é bastante peculiar e ordenada face às intensas modificações ocorridas no decorrer da formação do relevo atual. As diferentes declividades, a alternância de áreas erosionais e coluviais associadas aos comprimentos de rampa variáveis, determinaram a forma e o comportamento desta subpaisagem.

Uma sucessão de formas convexas-côncavas denota claramente o comportamento erosional-coluvial, que propiciou a formação de pequenos patamares, normalmente, localizados nos terços médios das encostas e áreas deposicionais em contato direto com o Fundo dos Vales.

Esses patamares foram enriquecidos por material importado das áreas suprajacentes, por força da erosão pluvial, principalmente, propiciando a formação de um manto de material espesso, e por conseguinte, solos mais profundos e com maiores possibilidades de utilização do ponto de vista agrícola. As declividades são variáveis e as rampas variam de curtas a longas.

Convém salientar que o sentido das pendentes não é uniforme, variando de área para área, em função da declividade, estruturação da rocha matriz e sentido das drenagens.

Este é um aspecto importante a ser considerado quando do planejamento das propriedades, tendo-se cuidados especiais quanto às recomendações de uso e práticas conservacionistas a serem adotadas, uma vez que o comportamento dessas áreas são distintos entre si..

Nas áreas erosionais, face à remoção constante de material por força da erosão os solos se apresentam mais rasos representados por Cambissolos (item 6.3), ocorrendo pedregosidade superficial, abundante em alguns locais, principalmente nas áreas de uso intensivo com culturas anuais uma vez que, o uso intensivo sem a adoção de práticas agrícolas adequadas propiciou perdas de solo por erosão.

A maior estabilidade do relevo presente nas áreas coluviais, ocupadas pelos patamares naturais, possibilitou a deposição de material coluvial oriundo das áreas erosionais, dando formação a perfis de solos mais desenvolvidos representados por Terras Bruna-Roxas Estruturadas (item 6.2) e Terras Brunas Estruturadas (item 6.1) e, consequentemente, mais profundos que nas áreas erosionais. Pedregosidade superficial pode ser encontrada nessas áreas, porém, não interferindo no uso do solo. São áreas mecanizáveis e de alto potencial para uso agrícola. A ocorrência de Terras Bruna-Roxas e Terras Brunas na subpaisagem está condicionada pelo tipo do material de origem, sendo que as Terras Brunas são derivadas de rochas eruptivas ácidas (Dacitos e/ou Riodacitos), enquanto que as Terras Bruna-Roxas são derivadas de rochas eruptivas intermediárias e básicas.

Do ponto de vista químico, a maioria dos solos são álicos e apresentando saturação de bases (V% <50%) e baixa soma de bases.

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A aptidão de uso nesta subpaisagem tem o relevo e a fertilidade como fatores de maiores limitações, portanto, de acordo com UBERTI et al, 1991, esta subpaisagem se enquadra em classe 3d (classe 3 por declividade). São terras que apresentam alto risco de degradação ou limitações fortes para utilização com culturas anuais, necessitando intensas e complexas medidas de manejo e conservação do solo se utilizadas com essas culturas. Porém podem ser utilizadas com segurança com pastagens, fruticultura ou reflorestamento apenas com práticas simples de manejo e conservação do solo (UBERTI et al, 1991 )

Os usos preferenciais observados nessa subpaisagem foram com pastagem, capoeirões e reflorestamento, com algumas pequenas áreas cultivadas com culturas anuais.

Não foram observados conflitos de uso nessa subpaisagem, porém, culturas anuais possuem restrições de uso em classe 3. Pastagem e reflorestamento nesta classe indica uso sem restrições.

Nesta subpaisagem foram coletados 3 perfís, num total de 11 amostras, conforme descritos a seguir:

Descrição do Ponto de Coleta nº 1 SOLO: Terra Bruna-Roxa Estruturada Álica Epieutrófica A moderado argilosa/muito argilosa SUBPAISAGEM: Encosta erosional-coluvial ALTITUDE: 1020m MATERIAL DE ORIGEM: Basalto RELEVO DOMINANTE: forte ondulado DECLIVIDADE: 40% PROFUNDIDADE EFETIVA: pouco profundo SUSCET. EROSÃO: forte PEDREGOSIDADE: pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: médio DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: capoeirão e reflorestamento

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 1

HORIZON

TE

ESPESS

URA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA

A 0-18 5YR 3/3 mod. peq. méd. granular e bl. subangulares

ausente firme

BA 18-40 5YR 3/4 peq. méd. bl. subangulares

fraca e pouca firme

Bt1 40-80 5YR 4/3,5 forte grande méd. bl. subangulares

forte e comum firme

Bt2 80-100 5YR 4/3,5 forte grande méd. bl. subangulares

forte e comum firme a friável

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ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 1

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE /

ARGILA

A 44.8 53.1 1.9 0.2 1.19

BA 55.5 42.2 2.0 0.3 1.5 0.76

Bt1 70.8 27.1 2.0 0.1 0.38

Bt2 73.2 25.5 1.1 0.2 0.35

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 1

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 5.1 5.4 3 268 4.9 2.81 0.80 12.5 6.1 13.19 19.29 68.37 5.72 4.6 5.3 2 214 2.3 1.32 1.30 5.1 6.7 5.65 12.35 45.74 18.71 4.3 4.3 2 180 1.6 0.92 4.60 1.1 16.5 1.56 18.06 8.65 74.66 4.2 4.0 1 150 1.6 0.92 5.70 0.7 21.7 1.08 22.78 4.76 84.01

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: nº 1 INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

8.8 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 2 1 Fósforo muito baixo muito baixo Potássio alto alto Matéria orgânica médio baixo Ca + Mg alto médio Soma de bases (S ) alta baixa CTC alta alta V % alta baixa Saturação com Alumínio baixa alta Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados

do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

Descrição do Ponto de Coleta nº 2 SOLO: Terra Bruna-Roxa Estruturada Álica Epieutrófica A moderado argilosa/muito argilosa SUBPAISAGEM: Encosta erosional-coluvial ALTITUDE: 980m MATERIAL DE ORIGEM: Basalto RELEVO DOMINANTE: forte ondulado DECLIVIDADE: 42% PROFUNDIDADE EFETIVA: pouco profundo SUSCET. EROSÃO: forte PEDREGOSIDADE: pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: médio DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: capoeirão e reflorestamento

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55

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 2

HORIZON

TE

ESPESS

URA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCI

A

A 0-10 5YR 3/4 mod. peq. méd. granular e bl. subangulares

ausente friável

BA 10-22 5YR 3,5/4 mod. peq. granular e mod. peq. méd. bl. subangulares

ausente friável a firme

Bi 22-53 5R 4/6 mod. peq. méd. bl. subangulares

fraca e pouca friável a firme

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 2

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE /

ARGILA

A 43.8 49.7 6.3 0.3 1.13

BA 53.1 42.7 3.9 0.2 1.4 0.80

Bi 67.6 27.9 4.3 0.2 0.41

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 2

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 4.9 5.6 4 288 3.1 1.78 0.30 6.6 5.1 7.34 12.44 59.0 3.93 4.7 5.5 3 244 2.0 1.15 1.00 4.3 5.6 4.93 10.53 46.8 16.88 4.5 4.8 2 185 1.6 0.92 2.80 1.4 10.5 1.87 12.37 15.15 59.90

.

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: n.º 2

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

5.1 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 2 1

Fósforo baixo baixo

Potássio alto alto

Matéria orgânica médio baixo

Ca + Mg alto médio

Soma de bases (S ) alta média

CTC alta alta

V % alta baixa

Saturação com Alumínio baixa alta

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados

do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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56

Descrição do Ponto de Coleta nº 3 SOLO: Terra Bruna Estruturada Álica A moderado argilosa/ muito argilosa SUBPAISAGEM: Encosta erosional-coluvial ALTITUDE: 950m MATERIAL DE ORIGEM: dacitos RELEVO DOMINANTE: forte ondulado DECLIVIDADE: 22% PROFUNDIDADE EFETIVA: profundo SUSCET. EROSÃO: forte PEDREGOSIDADE: moderadamente pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: alto DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: pastagem

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 3

HORIZON

TE

ESPESS

URA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCI

A

A 0-10 10R 3/3 mod. peq. méd. granular e bl. subangulares

ausente friável

BA 10-40 8YR 3/4 mod. méd. pequena bl. angulares

fraca e pouca friável a firme

Bt1 40-90 8yR 3/4 mod. méd. pequena bl. angulares

fraca e pouca friável a firme

Bt2 90+ 10YR 4/4 mod. méd. pequena bl. angulares

fraca e pouca friável a firme

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 3

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE / ARGILA

A 49.4 45.8 4.3 0.5 0.93

BA 64.1 32.2 3.1 0.6 1.4 0.50

Bt1 71.1 24.7 3.9 0.3 0.35

Bt2 67.9 27.8 3.9 0.4 0.41

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 3

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 4.4 4.7 4 209 4.9 2.81 2.5 2.8 11.5 3.34 14.84 22.49 42.84 4.1 4.2 2 81 3.1 1.78 4.2 0.9 18.1 1.11 19.21 5.77 79.13 4.2 4.3 1 49 2.0 1.15 5.1 0.3 16.5 0.43 16.93 2.51 92.30 4.5 5.0 2 29 1.0 0.57 3.4 0.2 8.8 0.27 9.07 3.02 92.53

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57

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: n.º 3

INDICADOR HORIZONTE

A

HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

13.3 Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 2 1

Fósforo baixo Muito baixo

Potássio alto Médio

Matéria orgânica médio baixo

Ca + Mg médio baixo

Soma de bases (S ) baixa baixa

CTC alta alta

V % baixa baixa

Saturação com Alumínio alta alta

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxxx baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados

do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

5.3.1.5 - Encostas Estruturais em Patamar com larguras de 50 a 325m - (E3)

Esta subpaisagem representa uma das características da Unidade

Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais que responde pelo relevo da microbacia.

A presença destas Encostas em Patamar é conseqüência da diferenciação dos derrames e da variação interna dos mesmos.

Via de regra localizam-se entre duas encostas erosionais-coluviais. Assemelham-se a grandes degraus planos que se projetam de forma paralelo em relação aos divisores da microbacia e em direção aos fundos de vale.

Nos locais de ocorrência, estas encostas em patamares se comportam como se fossem grandes terraços de base larga se constituindo em áreas de controle da velocidade da água que percorre a microbacia, quer seja pela diminuição da velocidade de escorrimento, quer seja pelas maiores condições de drenagem, uma vez que, em presença de relevo plano a infiltração da água prevalece sobre o escorrimento.

O relevo dominante é suave ondulado, sendo que os processos erosionais prevalecem sobre os coluviais, o que pode ser comprovado através da presença dominante de solos pouco profundos. O fator preponderante que regula a profundidade dos solos nessas áreas, é a presença de diaclasamento horizontal da rocha, dificultando a penetração da água e impedindo a ação do intemperismo em profundidade.

Dessa forma, o mau uso e manejo inadequado dos solos nessas áreas podem ocasionar problemas de erosão, apesar da pouca declividade presente.

Os solos formados nessas áreas se encontram fortemente condicionados pela pouca profundidade se constituindo em solos pouco profundos, representados por Terras Estruturadas. Do ponto de vista químico, são de média fertilidade natural, sendo que os ions dominantes são o cálcio e o magnésio.

Apesar do relevo suave ondulado e ausência de limitações quanto a suscetibilidade a erosão e drenagem, a fertilidade se constituem em alguma limitação para uso com culturas anuais e uso de motomecanização.

Dessa forma de acordo com UBERTI et al, 1991, essa subpaisagem foi

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58

enquadrada em classe 2df (classe 2 por declividade e fertilidade). O uso preferencial nessas áreas tem sido com culturas anuais de valor

econômico para a região. Não foram detectados conflitos de uso na subpaisagem, porém, cultura anual

em classe 2 denota uso com restrições, necessitando manejo adequado do solo e práticas agrícolas simples para controle da erosão.

As recomendações ficam por conta da adoção de práticas agrícolas que visem o menor revolvimento do solo tais como: plantio direto e mínimo, cobertura permanente do solo e incorporação de matéria orgânica através de esterco animal e/ou de aves, uma vez que, o uso intensivo dado a essas áreas tende a diminuir os valores da matéria orgânica dos horizontes superficiais.

Foi coletado um perfil representativo contendo 4 amostras, conforme descrito à seguir:

Descrição do Ponto de Coleta nº 6

SOLO: Terra Bruna-Roxa Estruturada Álica Epieutrófica A moderado argilosa/ muito argilosa

SUBPAISAGEM: Encosta Estrutural e Patamar ALTITUDE: 820m MATERIAL DE ORIGEM: Basalto RELEVO DOMINANTE: ondulado DECLIVIDADE: 16% PROFUNDIDADE EFETIVA: pouco profundo SUSCET. EROSÃO: moderada PEDREGOSIDADE: moderadamente pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: médio DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: cultura anual

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 6

HORIZON

TE

ESPESS

URA

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA

A 0-25 5YR 3/2 mod. peq. méd. granular e bl. subangulares

ausente friável

BA 25-40 5YR 3/2,5 mod. peq. méd. bl. angulares

ausente friável

Bt1 40-70 5YR 3/3 mod. méd. grande bl. angulares

pouca e comum

friável

Bt2 70-90 4YR 3/4 mod. a forte pequena bl.

subangulares

pouca e comum

friável

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 6

HORIZONT

E

ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE /

ARGILA

A 37.0 56.70 5.7 0.6 1.53

BA 40.8 53.2 5.7 0.3 1.5 1.30

Bt1 65.5 29.9 4.2 0.4 0.46

Bt2 65.5 29.5 4.8 0.3 0.45

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59

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 6

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 5.5 5.8 3 96 3.5 2.01 0.0 12.5 4.5 12.75 17.25 73.91 0.0 5.2 5.7 2 71 2.7 1.55 0.2 9.1 4.7 9.28 13.98 66.39 2.11 4.8 5.4 4 71 1.6 0.92 1.5 4.7 6.1 4.88 10.98 44.45 23.50 4.7 4.7 3 56 1.4 0.80 2.3 2.0 9.6 2.14 11.74 18.25 51.76

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: nº 6

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

3.9 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 2 2

Fósforo muito baixo muito baixo

Potássio suficiente baixo

Matéria orgânica baixo baixo

Ca + Mg alto alto

Soma de bases (S ) alta média

CTC alta alta

V % alta baixa

Saturação com Alumínio baixa alta

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados

do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

5.3.1.6 - Fundo de Vale Coluvial com largura de 50 a 175m - (FV2)

Resume-se à áreas de menor declividade da microbacia restringindo-se a

uma pequena área na foz vale do rio do Pedro. Possui larguras variáveis (50 a 175m), em função do maior ou menor poder

erosivo dos rio que lhe deu formação. Sob o ponto de vista fisiográfico comportam-se como áreas coluviais. O

processo predominante e que lhes deu formação é coluvial. As enchentes que ocorrem na região não são suficientes para que haja uma sedimentação aluvial expressiva, uma vez que as águas dos rios voltam rapidamente aos leitos naturais assim que cessam as chuvas.

Os solos são representados por Cambissolos (item 6.3) em sua maioria, porém, em alguns locais próximos ao leito do rio onde os processos de drenagem são dificultados pela presença do lençol freático muito próximo à superfície do solo ocorre inclusões de Solos Hidromórficos do tipo Glei. Em função da presença desses solos, alguns cuidados devem ser considerados quando do uso, uma vez que o excesso de umidade não é compatível com a grande maioria das culturas anuais.

De acordo com Uberti et al, 1991 essas terras foram enquadradas em classe 1, portanto, sem restrições para uso intensivo.

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60

A principal recomendação para essas áreas, devido principalmente, às suas características fisiográficas é a preservação permanente da mata ciliar e florestamento das áreas mais próximas ao leito do rio do Pedro como forma de preservação e melhoria da qualidade da água. Na maior parte da subpaisagem recomenda-se o plantio direto, cobertura do solo na maior parte do ano, adubação verde e recomposição da matéria orgânica através da incorporação de esterco animal.

Foi coletado um perfil na subpaisagem contendo 4 amostras, conforme descrito à seguir:

Descrição do Ponto de Coleta nº 8 SOLO: Cambissolo Álico Epieutrófico Tb A moderado argiloso SUBPAISAGEM: Fundo de Vale Coluvial ALTITUDE: 820m MATERIAL DE ORIGEM: Sedimentos de Basalto RELEVO DOMINANTE: plano DECLIVIDADE: 3% PROFUNDIDADE EFETIVA: profundo SUSCET. EROSÃO: ligeira PEDREGOSIDADE: não pedregoso GRAU LIMITAÇÃO POR FERTILIDADE: baixo DRENAGEM: bem drenado USO ATUAL: cultura anual

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO PONTO 8

HORIZ ESPESSUR

A

COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA

A 0-25 5YR 3/2 mod. peq. granular e bl. subangulares

ausente friável

AB 25-40 5YR 3/2 mod. peq. granular e bl. subangulares

ausente friável

Bi1 40-73 5YR 3/2 mod. peq. méd. bl. subangulares

ausente friável

Bi2 73-130+ 5YR 3/2 mod. peq. méd. bl. subangulares

ausente friável

ANÁLISES FÍSICAS DO PONTO 8

HORIZ ARGILA

%

SILTE

%

A. FINA

%

A. GROSSA

%

GRADIENTE

TEXTURAL

SILTE /

ARGILA

A 35.4 32.6 29.2 2.8 0.92

AB 41.4 27.5 27.2 3.9 1.2 0.66

Bi1 43.7 28.0 24.0 4.3 0.64

Bi2 51.0 19.9 23.8 5.3 0.39

ANÁLISES QUÍMICAS DO PONTO 8

ppm % me / 100gr % pH IND.

SMP P K MO C Al Ca + Mg H + Al S T V SAT.

AL 5.5 5.7 9 33 3.8 2.18 0.0 12.0 6.7 12.08 18.78 64.33 0.0 4.5 4.5 9 24 4.0 2.30 2.5 3.9 13.8 3.96 17.76 22.30 38.69 4.3 4.4 5 25 3.8 2.18 3.6 4.5 15.1 4.56 19.66 23.21 44.10 4.1 4.4 3 18 2.0 1.15 3.9 1.6 15.1 1.65 16.75 9.83 70.32

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61

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: n.º 8

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 6.0 (t/ha )

4.5 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 2 2

Fósforo médio baixo

Potássio muito baixo muito baixo

Matéria orgânica baixo muito baixo

Ca + Mg alto médio

Soma de bases (S ) alta baixa

CTC alta alta

V % alta baixa

Saturação com Alumínio baixa alta

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados

do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

5.3.1.7 - Fundo de Vales Erosionais em “V” aberto com larguras de 25 a 50m -

(FV1)

Resumem-se às áreas de menores declividades da microbacia restringindo-

se aos vales do rios do Pedro e Pedra Branca. São fundos de vale estreitos e de pouca expressão do ponto de vista

agrícola, uma vez que, os rios que lhes deram formação são estreitos e com pouca formação de várzeas aproveitáveis.

Possuem forma irregular e larguras variáveis 25 a 50m, em função do maior ou menor poder erosivo dos rios que lhe deram formação.

Sob o ponto de vista fisiográfico comportam-se como áreas erosionais, somente com pequenos indícios de contribuição coluvial nos locais onde o vale se alarga formando pequenas várzeas de influência direta dos rios.

Os solos são representados por Cambissolos (item 6.3) pouco profundos, álicos e com baixa fertilidade natural..

De acordo com Uberti el al, 1991, por se tratar de áreas de mata ciliar, esta subpaisagem está enquadrada em classe 5 (preservação permanente).

A principal recomendação para essas áreas, devido principalmente, às suas características fisiográficas tais como: pendentes curtas, pequenas larguras e pedregosidade é a preservação permanente da mata ciliar e florestamento das áreas desmatadas como forma de preservação e melhoria da qualidade da água .

Nesta subpaisagem não foram coletados perfis de solo devido ao pouco valor econômico e por se tratar de áreas em classe 5.

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62

6 - SOLOS DOMINANTES

6.1 - Terra Bruna-Estruturada

Constitui classe de solos minerais , não hidromórficos, com horizonte B

textural, argila de atividade baixa e com cores 7,5YR ou mais amarela, monocromático até o final de Bt, admitindo-se cor mais vermelha em BC, ocorrendo, normalmente, em altitudes acima de 700m.

Apresentam seqüência de horizontes A, Bt, C, sendo em geral profundos, com horizonte B de textura argilosa e muito argilosa, e, normalmente apresentam um horizonte de transição AB ou BA, com o B textural.

O horizonte Bt é normalmente pouco expresso em cerosidade e gradiente textural (< 1,3). Cerosidade maior que fraca e pouca, tendendo a desaparecer com o solo seco.

A estrutura geralmente é prismática composta de blocos subangulares de grau no mínimo fraco e moderado, apresentando fendilhamento em cortes expostos

São derivadas tanto de eruptivas básicas, como de intermediárias ou ácidas da Formação Serra Geral. Ocorrem em relevo ondulado e forte ondulado, profundos a pouco profundos, bem a moderadamente drenados, com horizonte A predominantemente do tipo proeminente.

A fertilidade natural é baixa, portanto com grau forte de limitação ao uso agrícola, com teores altos de alumínio, baixos teores de P, Ca e Mg, e baixos a médios de K.

A ocorrência de gradiente textural, a declividade e a estrutura granular pequena no horizonte A determinam a suscetibilidade moderada a forte à erosão.

6.2 - Terra Bruna-Roxa Estruturada

Constitui classe de solos minerais , não hidromórficos, com horizonte B

textural, argila de atividade baixa e com cor mais amarela que 4YR, bicromia dominante, avermelhando do topo para a base do horizonte.

Ocorrem, normalmente, em altitudes entre 600 e 900m. Apresentam seqüência de horizontes A, Bt, C, sendo em geral profundos,

com horizonte B de textura argilosa e muito argilosa, e, normalmente apresentam um horizonte de transição AB ou BA, com o B textural.

São solos profundos ou pouco profundos, bem drenados, com horizonte A proeminente, moderado ou chernozêmico, apresentando estrutura normalmente em blocos de grau no mínimo moderado e cerosidade no mínimo fraca e comum ou moderada e pouca.

A fertilidade natural é média a alta (eutrófico e distrófico), baixos a médios teores de Al e valores de pH médios e baixos.

A fertilidade natural é baixa e moderada, com teores baixos de P e médios de Ca e Mg.

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63

6.3 - Cambissolo

Constituídos por classes de solos minerais, não hidromórficos, com

horizonte B incipiente com as seguintes características: CTC maior que 13 me/100g de argila, descontada a CTC do carbono; relação silte/argila maior que 0,7; presença de minerais intemperizáveis no horizonte B como micas, feldspatos, augita, hornblenda, olivinas, etc.; gradiente textural ausente ou comumente inferior a 1,2.

Normalmente tem seqüência de horizontes A, Bi, C, constatando-se variações quanto à profundidade dos solos, estrutura, cor e textura.

Podem ser derivados de diferentes materiais de origem e encontrados em todas as fases de relevo.

Quando derivados de rochas eruptivas básicas, geralmente possuem alta fertilidade natural, argila de atividade alta, quase sempre pedregosos, situados em relevo ondulado e forte ondulado, o que lhes confere alta suscetibilidade à erosão.

Quando húmicos, possuem baixa fertilidade natural e alta acidez, ocorrendo em relevo plano, suave e ondulado.

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7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A microbacia Pedra Branca, localizada numa região econômica e

socialmente desenvolvida de Santa Catarina, não foge a regra quanto aos problemas de caráter ambiental, social e econômico encontrados em todo Estado, chegando em certas situações a ser preocupantes. O descaso com que vêm sendo tratados os recursos naturais tem causado danos irreversíveis aos solos da microbacia e região. O relevo acidentado associado a solos suceptíveis à erosão tem agravado este quadro;

Do ponto de vista químico as características dos solos são más, pois a maioria deles são álicos e estão entre aqueles de menor fertilidade natural do Estado.

Há necessidade de um trabalho intenso no uso de metodologia extensionista, associado a estratégia técnica e financeira do Projeto Microbacias/BIRD, visando elevar a adoção de práticas conservacionistas, com ênfase para as práticas relativas à correção dos solos.

A baixa fertilidade e alta acidez tem inviabilizado em parte o cultivo das terras da microbacia, na medida em que, os altos investimentos em insumos nem sempre se traduzem em produtividade. Há, portanto, necessidade de se pesquisar alternativas que venham a identificar a verdadeira vocação do município, que não passe obrigatoriamente pela exploração intensiva do solo. O grande número de famílias que gradativamente vem abandonando as atividades agrícolas e muitas vezes a posse da própria terra, são evidências que não podem e não devem ser desconsideradas pelas autoridades municipais. Algumas alternativas merecem estudo mais detalhado, principalmente com relação ao reflorestamento comercial e a exploração da apicultura nativa abundante na região, além da piscicultura que surge como atividade promissora, em função do alto potencial hídrico na microbacia, cujos rios são cristalinos e sem poluição.

A falta de uma política agrícola definida e que incentive os agricultores, provoca uma certa insegurança nos indivíduos adultos e a falta de perspectivas nos jovens do meio rural. Tal fato tem provocado nos últimos anos uma evasão do campo, principalmente de jovens;

A baixa fertilidade dos solos se constitui em limitação para uso intensivo, principalmente nas áreas com menores altitudes, onde a rocha que deu origem aos solos são muito ácidas. Os danos causados por erosão dos solos, principalmente nas encostas desmatadas e sob uso com culturas anuais, são evidenciados pela remoção total ou parcial do horizonte A;

O reflorestamento comercial nas áreas de encostas em classe 3, implantado de forma escalonada nas pequenas propriedades, visando a produção de “madeiras desdobradas e trabalhadas” surge como alternativa econômica;

A participação das agroindústrias atuantes na área é fundamental na medida em que sua manutenção e progresso estão diretamente associados à manutenção dos recursos naturais, principalmente o solo e a água;.

É de responsabilidade dos governos estadual e municipal a pesquisa agropecuária, a assistência técnica e extensão rural e, aos produtores, a manutenção e melhoria dos recursos naturais renováveis e não renováveis;

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O trabalho na microbacia somente terá sucesso se todos os segmentos da sociedade juntarem forças e objetivos que a prática já provou serem possíveis. Com isto pretende-se a melhoria das condições socioeconômicas das famílias rurais, aumentando a renda e o nível de educação, bem como as condições de lazer que todo ser humano almeja;

Quanto ao aspecto das condições de saúde, apesar do estudo atual não se aprofundar, as informações obtidas permitem afirmar que é necessário implementar programas visando o melhoramento na proteção de fontes e no destino dos dejetos humanos e águas servidas, entre outros;

Deve-se adequar o uso de agrotóxicos ao ambiente, eliminando-se excessos e buscando alternativas biológicas de combate a pragas, doenças e controle de ervas daninhas;

O recurso hídrico pode ser melhor aproveitado, principalmente para a piscicultura, uma vez que é incipiente a existência de açudes;

A criatividade dos agentes de extensão juntamente com as lideranças locais e o envolvimento de órgãos públicos e privados devem ser acionados visando a integração e o melhor uso dos recursos humanos e financeiros;

O extensionista rural deverá ser um elo de ligação entre a população rural e o poder político-administrativo, por meio do qual são canalizados os recursos humanos, materiais e financeiros

Por último, deve-se considerar a estratégia de trabalho do Projeto Microbacias/BIRD para que se possa reverter o atual quadro na microbacia. É importante que se tenha em mente a necessidade de uma mudança de mentalidade com o futuro dos recursos naturais, pois o trabalho somente terá êxito se for multidisciplinar, interinstitucional e com a participação efetiva de toda a comunidade.

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8 - BIBLIOGRAFIA CITADA

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9 - ANEXOS

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9.1 - DEMONSTRATIVO DE ÁREA X PERCENTUAL DE OCUPAÇÃO

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9.2 – Legenda Fisiográfica

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9.3 – Ilustrações Fotográficas

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Vista parcial da microbacia Caracterização fisiográfica e Uso da terra em Fundo de Vale Coluvial.

Uso da terra em Encosta Erosional Coluvial

Uso da terra em Encosta em Patamar

Perfil de cambissolo Húmico Álico Perfil de terra Bruna Estruturada Álica

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Caracterização Fisiográfica de Encosta Erosional-Coluvial

Caracterização Fisiográfica de Encosta em Patamar

Ao fundo, caracterização Fisiográfica de Cume Erosional agudo

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Diferentes usos da terra utilizados na microbacia