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INVESTIGAÇÃO DA BRUCELOSE EM BOVINOS E EM CONSUMIDORES HUMANOS DO LEITE * Ayrton Pinheiro de Souza ** Djalma de Carvalho Moreira Filho *** Manildo Fávero **** RSPU-B/355 SOUZA, A. P. de et al. Investigação da bracelose em bovinos e em consumidores humanos do leite. Rev. Saúde públ., S. Paulo 11:238-47, 1977. RESUMO : O uso do leite "in natura" por certos consumidores, tem se cons- tituído num sério problema de Saúde Pública. Desta forma, foi efetuado um levantamento da situação dos rebanhos bovinos na região de Ribeirão Preto, SP (Brasil) para se verificar a prevalência de brucelose. A partir da detecção de um rebanho leiteiro brucélico foram investigados os consumidores humanos do leite suspeito, segundo algumas características, tais como: sexo, cor, idade, ocupa- ção, estado civil, tempo de residência na área, tempo de uso do leite suspeito, tipo de leite ingerido, quantidade de ingestão diária do leite, condições de saúde, uso de medicamentos e morbidades referidas na época do estudo. Foram feitas provas sorológicas para diagnóstico de brucelose no rebanho leiteiro e na popu- lação humana consumidora do leite. Observou-se que cerca de 8% das vacas em lactação na época do levantamento foram consideradas brucélicas. Entre os consumidores não se observou casos de sorologia positiva para brucelose. Con- cluiu-se que: apesar da importância da brucelose como zoonose, ela continua endêmica no nosso meio criatório; a fervura do leite é uma medida eficaz e deve ser preconizada nas regiões onde o leite é consumido "in natura", como medida de escolha em saúde pública. UNITERMOS: Brucelose. Brucelose bovina. Leite "in natura". INTRODUÇÃO Das zoonoses que afetam o homem, a brucelose é uma das mais disseminadas. O número de infecções humanas que ocor- rem em todo o mundo é da ordem de cen- tenas de milhares 6 . A brucelose pode ser transmitida direta ou indiretamente do animal ao homem e do ponto de vista da Saúde Pública deve ser considerada não só como causa de enfer- midade, de incapacidade para o trabalho e * Trabalho realizado no Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP — Ribeirão Preto, SP. Ex-Médico Veterinário da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo Casa da Agricultura de Ribeirão Preto — In memorian. *** Do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Campinas, SP — Brasil e do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP — Rua Bernardino de Campos, 1000 Ribeirão Preto, SP — Brasil. **** Do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP Campinas, SP Brasil.

INVESTIGAÇÃO DA BRUCELOSE EM BOVINOS E EM … no rebanho bovino de 1965 a 1967 foram ... levantamento sorológico do gado para imu- ... Os derivados do leite, mormente os prepa-Cited

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INVESTIGAÇÃO DA BRUCELOSE EM BOVINOS E EMCONSUMIDORES HUMANOS DO LEITE *

Ayrton Pinheiro de Souza **

Djalma de Carvalho Moreira Filho ***

Manildo Fávero ****

RSPU-B/355

SOUZA, A. P. de et al. Investigação da bracelose em bovinos e em consumidoreshumanos do leite. Rev. Saúde públ., S. Paulo 11:238-47, 1977.

RESUMO : O uso do leite "in natura" por certos consumidores, tem se cons-tituído num sério problema de Saúde Pública. Desta forma, foi efetuado umlevantamento da situação dos rebanhos bovinos na região de Ribeirão Preto,SP (Brasil) para se verificar a prevalência de brucelose. A partir da detecçãode um rebanho leiteiro brucélico foram investigados os consumidores humanos doleite suspeito, segundo algumas características, tais como: sexo, cor, idade, ocupa-ção, estado civil, tempo de residência na área, tempo de uso do leite suspeito,tipo de leite ingerido, quantidade de ingestão diária do leite, condições de saúde,uso de medicamentos e morbidades referidas na época do estudo. Foram feitasprovas sorológicas para diagnóstico de brucelose no rebanho leiteiro e na popu-lação humana consumidora do leite. Observou-se que cerca de 8% das vacasem lactação na época do levantamento foram consideradas brucélicas. Entre osconsumidores não se observou casos de sorologia positiva para brucelose. Con-cluiu-se que: apesar da importância da brucelose como zoonose, ela continuaendêmica no nosso meio criatório; a fervura do leite é uma medida eficaz e deveser preconizada nas regiões onde o leite é consumido "in natura", como medidade escolha em saúde pública.

UNITERMOS: Brucelose. Brucelose bovina. Leite "in natura".

I N T R O D U Ç Ã O

Das zoonoses que afe tam o homem, abrucelose é uma das mais disseminadas.O número de infecções humanas que ocor-rem em todo o mundo é da ordem de cen-tenas de milhares 6.

A brucelose pode ser t ransmit ida d i re taou indiretamente do animal ao homem e doponto de vista da Saúde Pública deve serconsiderada não só como causa de enfer-midade, de incapacidade para o trabalho e

* Trabalho real izado no Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina deRibeirão Preto da USP — Ribeirão Preto, SP.

Ex-Médico Veterinário da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo — Casa daAgricultura de Ribeirão Preto — In memorian.*** Do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas daUNICAMP — Campinas, SP — Brasil e do Departamento de Medicina Social da Faculdadede Medicina de Ribeirão Preto da USP — Rua Bernardino de Campos, 1000 — RibeirãoPreto, SP — Brasil.**** Do Departamento de Medicina Prevent iva e Social da Faculdade de Ciências Médicas daUNICAMP — Campinas, SP — Brasil .

de diminuição do rendimento, mas tambémcomo fator nocivo para a produção de ali-mentos, principalmente de proteínas de ori-gem animal que são indispensáveis para asaúde e bem estar5.

Na vaca, a brucelose provoca redução daprodução leiteira entre 20 a 25%; abortosde 20 a 30%; mortalidade de bezerros (de0 a 12 meses) de 20 a 25%; esterilidadede 10 a 20% e perda de peso de 10 a15% 10.

Como a brucelose não se transmite habi-tualmente de um ser humano a outro, aprofilaxia no homem se atem ao combatee à eliminação da doença nos animais. Umavaca brucélica pode eliminar quantidadesde Brucellas suficientes para contaminartodo o rebanho de uma região, seja atravésdas membranas fetais, dos corrimentospuerperais ou do leite 10. Os meios de con-taminação mais freqüentes para o homemsão: (a) os produtos alimentícios prepa-rados do leite cru de animais infectados;(b) legumes crus contaminados por excre-mentos de animais infectados; (c) as více-ras, medula espinhal e gânglios linfáticosde carnes infectadas, nas quais a Brucellapode permanecer viável por mais de ummês após o abate, e mais tempo ainda secongelada ou refrigeradas; e (d) a águade cisternas e poços contaminados por excre-mentos de animais doentes 6 ,5.

Todavia, graças ao controle efetivo dadoença em animais, principalmente entre osbovinos, nos EUA, por exemplo, foi possí-vel reduzir a brucelose humana de 6.321casos em 1947 para 231 em 19694. Nestemesmo período o número de reatores bovi-nos declinou de 5% para menos de 0,1% 11.

A brucelose tanto pelo número e enfer-mos que causa, como pelas importantesperdas econômicas que provoca, constituium grave motivo de preocupação. NoEstado de São Paulo, por exemplo, asperdas econômicas causadas pela bruceloseno rebanho bovino de 1965 a 1967 foramda monta de US$ 158.407,00 13.

A transmissão de Brucella ao homem pelaingestão e/ou manipulação do leite conta-

minado, e seus derivados, está bem com-provada, e sabe-se que as três espéciesprincipais de Brucella (B. abortus; B. suis eB. melitensis) podem ser transmitidas peloleite 6 , 5 , 1 4 .

O objetivo deste trabalho é investigar apresença de brucelose em um rebanholeiteiro e a possível ocorrência da doençaem consumidores do leite "in natura" prove-niente deste rebanho.

MATERIAL E MÉTODOS

No início do segundo semestre de 1975foi tomado conhecimento da possível exis-tência de brucelose num rebanho bovino deuma propriedade rural localizada no muni-cípio de Dumont, Estado de São Paulo.Soube-se, também, que o leite provenientedesse rebanho vinha sendo fornecido a umgrupo de famílias do município, sendo queparte dele era também vendido a usinas deindustrialização de leite.

Em função desta suspeita foi proposto umlevantamento sorológico do gado para imu-nodiagnóstico de brucelose pelo método desoroaglutinação rápida em câmara deHuddleson 9. Este teste foi o escolhido dadaas suas características de exequibilidade emcampo.

Foi colhido sangue de todos animais commais de um ano de vida que pertenciamao rebanho, confirmando-se elevada percen-tagem de positividade, inclusive entre asvacas em lactação.

Diante deste fato foi planejado um levan-tamento dentre os consumidores do leitecom o objetivo de se detectar possíveisinfecções por Brucella.

Neste sentido, decidiu-se coletar informa-ções sobre as características das pessoasexpostas ao risco, tais como: idade, sexo,cor, estado civil, ocupação (profissão) enaturalidade, que pudessem ser relacionadasà possível ocorrência da doença.

Em vista da contaminação poder ter ocor-rido em outra oportunidade, foi decidido que

se levantaria o tempo de residência nomunicípio, bem como a residência anterior,com o objetivo de se detectar possíveisfocos da contaminação em outras regiões.

A fonte de fornecimento de leite a umafamíl ia , geralmente não é única, por isso sedecidiu investigar os diferentes tipos deleite usados.

É sabidamente conhecido que a pasteuri-zação e mesmo a fe rvura adequada previnea infecção pela destruição da Brucella14 .Os derivados do leite, mormente os prepa-rados do leite cru, se constituem em impor-tante fonte de infecção 6. Por estes motivosforam investigados também estes aspectos,relacionando-os com a procedência do leite,a duração do uso e a quant idade de inges-tão diária de leite.

Embora a brucelose humana seja de difí-cil diagnóstico através da história clínica edo exame físico, foi decidido investigaralguns aspectos relacionados ao estado desaúde das pessoas estudadas que pudes-sem oferecer algum subsídio em relação àpresença da doença.

O uso indiscriminado de antibióticos delargo expectro pode mascarar o quadro debrucelose6 , por isso, foi considerado queesta informação fosse também de impor-tância.

Finalmente, como são os exames labora-toriais as únicas provas de certeza para odiagnóstico de brucelose, já que os sinaise sintomas da doença são inespecíf icos 1 2 ,coletou-se sangue da população exposta aorisco para imunodiagnósticos.

Decidiu-se que duas provas seriam fei tas;uma no sentido de se detectar os possíveiscasos agudos e outra mais específica paraas fases crônicas da doença 2 . Para diag-nóstico da fase aguda foram fei tas reaçõesde aglutinação lenta em tubo com antígenode Brucella abortus; para o diagnóstico dedoentes crônicos foram feitas reações defixação de complemento para bruce lose l .Todos os soros foram submetidos às duasprovas.

As informações foram coletadas atravésdo preenchimento de formulár io próprio,com previsão para codificação e transcriçãoem cartões IBM para processamento eletrô-nico dos dados.

As diferenças estatísticas encontradasforam testadas pelo método do qui qua-drado3 .

R E S U L T A D O S

Descrição dos animais

Dada a importância do sexo do animalna cadeia epidemiológica da brucelose 8, naTabela 1 é apresentada a distribuição dorebanho segundo sexo e resultado da reaçãode soroaglutinação para brucelose.

Na Tabela 2 estão apresentados os resul-tados da reação de soroaglutinação segundoa presença de lactação das vacas durante aépoca do levantamento.

População exposta ao risco

Os consumidores do leite provenientedo rebanho em questão são apresentadosna Tabela 3, segundo sexo, cor e idade porgrupo etário de acordo com a recomen-dação da Organização Mundial da Saúde 7

A ocupação (ou profissão) reflete dealguma maneira as condições sócio-econô-micas dos indivíduos, as quais interferemno estado sanitário e, portanto, nas condi-ções de saúde de grupos populacionais.Com o objetivo de avaliar este aspecto, apopulação exposta é apresentada na Tabela4 segundo a ocupação (ou profissão) eestado c iv i l .

Alguns consumidores poderiam ter adqui-rido a doença em outras regiões onde resi-diam anteriormente, uma vez que 94,48%deles mencionaram o uso de leite "in natu-ra" em alguma época da vida. Por outrolado, o tempo de uso do leite contaminadoaumenta o risco de contrair a infecção, porisso são apresentados na Tabela 5 os consu-midores segundo estas duas particularidades.

Na Tabela 6 é apresentada a distribuiçãosegundo a quantidade média de ingestãodiária do leite, bem como os tipos de leiteusados, uma vez que algumas famílias utili-zam-no de mais de uma fonte, o que podeinterfer ir no aparecimento da doença.

As condições de saúde da populaçãoexposta, bem como o tratamento medica-mentoso, em especial a antibioticoterapia,são apresentadas na Tabela 7.

A distribuição de freqüência das princi-pais morbidades específicas mencionadaspela população exposta ao risco é apresen-tada na Tabela 8.

É necessário salientar que a grande maio-

ria dos consumidores — 95,45% — revelouferver criteriosamente o leite antes do uso;1,52% da população fervia irregularmenteo leite e 3,03%, apenas, não fazia qualquertratamento do leite antes do uso.

Os derivados do leite (manteiga, queijo,coalhada, etc.) não são uti l izados pela popu-lação.

Dos 71 consumidores humanos do leite,foram colhidas amostras de sangue paraas reações sorológicas de 69 (97,18%)tendo sido excluídas duas crianças comidade inferior a 3 meses e que só usavamleite materno ou leite em pó. Das 69 amos-tras colhidas nenhuma foi positiva sorolo-gicamente.

D I S C U S S Ã O

Segundo Hobson 6 a taxa de infecção porbrucelose entre os bovinos varia de 1 a 30%nas diversas regiões do mundo. No rebanhoestudado esta percentagem foi de 16,67%

de positivos e 9,26% de suspeitos, perfa-zendo um total de 25,9% (Tabela 1) quese aproxima do limite superior acima men-cionado.

De acordo com Valente & Amaral13, naregião de Ribeirão Preto, da qual o muni-cípio de Dumont faz parte, existia 9,7% deanimais com sorologia positiva e 7,1% comsorologia duvidosa (suspeitos) para bruce-lose no período de 1965 a 1967. Estes dadossugerem maior prevalência da doença norebanho estudado em 1975 do que aquelada região. Pressupondo independência entreestas populações de animais, em virtude dadefasagem cronológica, as diferenças mos-traram-se estatisticamente significantes peloteste de qui quadrado. (p = 0,02090).

Analisando-se a Tabela 2, observa-se quena época do levantamento, 9,38% das vacasem lactação apresentaram sorologia positivapara brucelose e 15,63% eram suspeitasperfazendo um total de 25%. Entre as nãolactantes esta percentagem era maior —26,03% — principalmente para aquelaspositivas 20,55%. Como o leite foi forne-cido durante um longo período (9 anos oumais — Tabela 5), seguramente houveparticipação da maioria das vacas brucé-licas na produção do leite fornecido à popu-lação humana em estudo. Isto leva aconcluir, com certa segurança, que o forne-

cimento de leite contaminado ocorreu porlargo espaço de tempo, oferecendo condi-ções da transmissão da doença aos consu-midores, caso outras medidas não tenhamsido tomadas.

A análise da Tabela 3 demonstra inexis-tência de diferença quantitativa relacionadaao sexo dos indivíduos expostos ao consu-mo de leite, e que a maioria das pessoasé menor de 45 anos, embora existam pessoasde todos os grupos etários.

Os resultados dos exames laboratoriaispara diagnóstico sorológico da brucelose(fixação de complemento e soroaglutina-ção) foram negativos para todas as pessoasexaminadas. Respeitando-se nas limitaçõesbiológicas de qualquer reação sorológica,pode-se concluir que esta população mesmoresidindo por longo tempo na área efazendo uso constante do leite contaminado(Tabela 5) não adquiriu brucelose. Corro-borando este fato, embora a história clínicada brucelose seja inespecífica, o levanta-mento das morbidades específicas referidaspela população estudada não revelou um sócaso que pudesse levar a suspeita da bruce-lose, apesar de 16,90% das pessoas apre-sentarem algum tipo de doença aguda e15,49% apresentarem doença crônica, comopode ser observado na Tabela 7.

Na Tabela 8 são apresentadas as morbi-dades específicas referidas pelos entrevis-tados e observa-se que algumas queixascomo artralgia (2 casos), reumatismo (1caso), etc. embora pudessem levar a sus-peita de brucelose, longe estão de permitiro diagnóstico da doença diante dos resul-tados sorológicos negativos.

Alguns achados podem just i f icar estesresultados. Em primeiro lugar, 95,45% dosconsumidores fervem criteriosamente o leiteantes do uso. Como se sabe, no leite aBrucella é prontamente destruída pela manu-tenção em alta temperatura ( l00°C) 1 4 ;além disto apenas 43,66% da populaçãoexposta usa somente o leite "in natura", os

demais fazem uso de outras apresentaçõeslácteas como: leite pasteurizado, leite empó, etc. (Tabela 6).

A disseminação do uso de antibióticostem concorrido para o bloqueio da multipli-cação da Brucella e do desenvolvimento detítulos significativos de anticorpos 6. Comose observa na Tabela 7, 22,55% dos entre-vistados fizeram uso de antibiótico noperíodo de exposição ao risco da doença,mesmo aqueles que se encontravam em boascondições de saúde (9,86%).

Os derivados do leite cru são conside-rados como vias de extrema importância natransmissão da infecção (1 e 10), entre-tanto, a população exposta não tinha ohábito de utilizar estes derivados do leitecontaminado.

Finalmente, ao se analisar a Tabela 4pode-se observar que os membros da popu-lação possuem profissões relativamente dife-renciadas, que por si só podem indicarmaiores precauções em relação a transmis-são da Brucelose.

C O N C L U S Õ E S

1. O rebanho bovino estudado apre-sentou, à soroaglutinação para bru-celose, uma percentagem de 16,67%de positivos e 9,26% de suspeitos,perfazendo um total de 25,9%.

2. Das vacas em lactação, 9,38% apre-sentaram sorologia positiva parabrucelose, enquanto 15,63% foramclassificadas como suspeitas. Entreas não lactantes a percentagem depositivas foi de 20,55% e de suspeitasde 5,48%.

3. O leite do rebanho foi fornecidodurante um longo período (9 anos oumais), havendo, assim, participaçãoda maioria das vacas na produção doleite fornecido à população humanaestudada.

4. A população mesmo residindo porlongo tempo na área e fazendo usoconstante do leite não adquiriubrucelose. (Os exames laboratoriaispara diagnóstico sorológico da bruce-lose humana foram todos negativos).

5. Uma das explicações para o não apa-recimento da doença entre os consu-midores é a fervura criteriosa do leiteantes do uso. (94,45% das pessoasin fo rmaram tomar esta providnêcia).

A G R A D E C I M E N T O S

Ao Prof . Dr. José Oliveira de Almeida,Professor Catedrático do Departamento deMicrobiologia, Imunologia e Parasitologiada Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto— USP, pelos resultados dos exames desoroaglutinação e fixação de complemento,e ao Sr. Oswaldo de Campos Borelli peloauxílio no trabalho de campo jun to àpopulação.

RSPU-B/355

SOUZA, A. P. de et al. [Investigation on Brucellosis in cattle and human consumersof milk.] Rev. Saúde públ., S. Paulo, 11:238-47, 1977.

ABSTRACT: The use of "in natura" milk by some communities became a seriousproblem in Public Health. A revision on the Brucellosis situation in bovine herdsin the county of Ribeirão Preto was understaken. From the detection of Brucellicmilk producer bovine herd, the human consumers of the suspected milk wereinvestigated according to some characteristics, such as: sex, colour, occupation,marital status, time residence in the area, time of use of the suspected milk, kindof ingested milk, average amount of daily milk ingestion, health conditions, useof drugs and referred morbidity at the time of the study. Serological diagnostictests for Brucellosis in the milk producer bovine herd and in the milk were alsoperformed. It could be stressed that about 8 per cent of the cows in lactationby the time of the survey were Brucellic. Among the consumers no positive sero-logical test were found for Brucellosis. Is was concluded that: despite theimportance of Brucellosis as a zoonosis, it persists endemic in our breeding envi-ronment; the boiling of the milk is an efficient measure. It should be recom-mended in areas where "in natura" milk is consumed.

U N I T E R M S : Brucellosis. Brucellosis, bovine. Milk "in natura".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido para publicação em 8/11/1976

Aprovado para publicação em 17/12/1976