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John Cage (1912-1992) já na década de 1940 representava uma ruptura tão mar- cante na criação musi- cal - que até ali já avan- çara enormes passos em relação à própria música moderna - cujo alcance ainda não pode ser de todo avaliado. Seus conceitos re- volucionários de indeterminação e interpe- netração que evoluíram radicalmente sobre tudo o que já se intuíra e se experimentara até ele, foram adotados com êxito absoluto em suas composições pianísticas, as quais executava genialmente. Cage ampliou as fronteiras e o universo de pesquisa dos fronts de vanguarda, em todas as expressões de arte. Sintonizou seus processos criativos a partir de essências poéticas, plásticas e sonoras que enriqueceriam as práticas laboratoriais das demais artes e dariam os alicerces de uma arte concreta, espacial, relativista, em que se combinam o som e o silêncio, a matéria e o vazio, em conceituações novas e revitalizadoras das memórias mais remotas do saber humano, rebuscadas inclusive na decifração mnemônica dos signos tidos como indecifráveis da pré-história. Sua obra é cheia de luz, de beleza, de graça e sofisticado humor de liberdade. Cage veio duas vezes ao Brasil e era entusiasmado com a nossa vitalidade rítmica e artística, de que era grande admirador. Sua influência introduz elementos valiosos aos trabalhos dos mais prolíficos artistas e estudiosos no país. Entre os estudos mais importantes, destacam-se o da compositora e pianista Vera Terra, que publicou um volume sobre a indeterminação na poética musical de Cage (e Boulez), e a tradução de trechos da sua poética literária (escritos e conferências) por Rogério Duprat, revista por Augusto de Campos. Isadora Duncan (1878-1927) não é só a bailarina revolucionária do início do século 20, como em geral é conhecida. O processo de ruptura que ela desen- cadeou contra as formas prontas da dança clássica era substanciado por uma atitude de pesquisadora séria e por uma inqui- etação de artista e intelectual sintonizada com as vanguardas de sua época. A diferença é que, nela, a dança se manifestava pela primeira vez como arte maior e contributiva, e colocava na pauta das mais elevadas cogitações do pensamento universal a questão dos movimentos livres e naturais do corpo humano. Na aplicação de suas idéias valeu-se do enorme talento de bailarina de que era dotada, assumindo-se como precursora de suas próprias teses renovadoras. Desenvolveu assim, na teoria e na prática, os conceitos modernos da arte da dança em interação com poetas, músicos, escritores, artistas plásticos, dramartugos e filósofos e fundamentou-os na estética da Grécia antiga, chamando a atenção para os valores da liberdade, da beleza e da graça que lá se cultivaram ao nível da adoração religiosa. Suas criações se inspiravam também nos elementos e ritmos da natureza, nos movimentos indeterminados das ondas do mar, dos ventos e das luzes. Isadora veio ao Brasil em 1917, em turnê histórica, soube admirar e valorizar o nosso país e a nossa arte, tendo deixado forte presença em apresentações deslumbrantes e, em especial, nos espíritos de Oswald de Andrade e João do Rio, que viriam a ser pilares da nossa revolução modernista. Isadora / Cage do moderno ao contemporâneo na dança da arte Belo Horizonte / Rio de Janeiro - Ano I Nº 1 jan/abr / 2005 Isadora/Cage Espetáculo incentivado pela Lei 8.313/91, alterada pela Lei 9.874/99, autorizado para captação pela portaria nº 18, da Secretaria Executiva do MinC, publicada no Diário Oficial da União em 17/01/2005. PRONAC nº 04 6858. Boletim Informativo da Companhia Aquarela de Dança Isadora Duncan John Cage Isadora / Cage um espetáculo de arte brasileira Uma viagem no tempo! Talvez, melhor: um salto no espaço-tempo relativista da criação artística no século 20. Uma vivência inédita para as atuais platéias brasileiras; Isadora e Cage nunca foram encenados por elencos brasileiros de dança. O embrião desta ousadia é o próprio corpo de Izabel Costa, bailarina, coreógrafa e diretora do espetáculo. Em 1987, ela coreografou e dançou She’s asleeping, de Cage, fazendo o papel de Isadora numa peça performática que envolvia artes plásticas, teatro, música e dança, levada na Grande Galeria do Palácio das Artes, de Belo Horizonte. Vera Terra, compositora e um dos maiores intérpretes da obra de Cage no Brasil, assumirá a direção musical. Waltércio Caldas, artista plástico consagrado nos movimentos internacionais de vanguarda, assinará cenários e figurinos. O roteiro, escrito por Mario Drumond, aposta no impacto dos contrastes entre as estéticas de Isadora e de Cage, como a força da encenação, enquanto roteiro. Para o elenco, o espetáculo já conta com os talentos da cantora lírica Gabriela Geluda e das bailarinas Carolina Brant e Carolina Padilha. O programa trará três coreografias originais de Isadora Duncan, resgatadas pela coreógrafa, e algumas das mais importantes partituras de Cage da década de 1940. É projetado para grandes palcos e dividido em duas partes: a primeira, dedicada a Isadora, terá musica gravada sob a direção de Vera Terra. A segunda, dedicada a Cage, com música ao vivo, interpretada pela própria Vera (piano) e por Gabriela (voz). O elenco de dança, com oito bailarinos, incluindo solos de Izabel Costa e as estrelas já citadas, se completará com bailarinos convidados pela coreógrafa. Terá uma duração em torno de 70 minutos e uma versão para palcos menores, sem música ao vivo, para atender a localidades que não dispõem da infra- estrutura de grandes teatros. Veja os resumos curriculares dos artistas e o programa projetado para o espetáculo nas páginas seguintes.

Isadora / Cage · 2018. 4. 5. · escritores, artistas plásticos, dramartugos e filósofos e fundamentou-os na estética da Grécia antiga, chamando a atenção para os valores da

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Page 1: Isadora / Cage · 2018. 4. 5. · escritores, artistas plásticos, dramartugos e filósofos e fundamentou-os na estética da Grécia antiga, chamando a atenção para os valores da

John Cage (1912-1992) já na década de1940 representava uma ruptura tão mar-cante na criação musi-cal - que até ali já avan-çara enormes passosem relação à própriamúsica moderna - cujoalcance ainda não podeser de todo avaliado. Seus conceitos re-volucionários de indeterminação e interpe-netração que evoluíram radicalmente sobretudo o que já se intuíra e se experimentaraaté ele, foram adotados com êxito absolutoem suas composições pianísticas, as quaisexecutava genialmente. Cage ampliou asfronteiras e o universo de pesquisa dos frontsde vanguarda, em todas as expressões de arte.Sintonizou seus processos criativos a partirde essências poéticas, plásticas e sonoras queenriqueceriam as práticas laboratoriais dasdemais artes e dariam os alicerces de umaarte concreta, espacial, relativista, em quese combinam o som e o silêncio, a matéria eo vazio, em conceituações novas erevitalizadoras das memórias mais remotasdo saber humano, rebuscadas inclusive nadecifração mnemônica dos signos tidos comoindecifráveis da pré-história. Sua obra écheia de luz, de beleza, de graça e sofisticadohumor de liberdade. Cage veio duas vezesao Brasil e era entusiasmado com a nossavitalidade rítmica e artística, de que eragrande admirador. Sua influência introduzelementos valiosos aos trabalhos dos maisprolíficos artistas e estudiosos no país. Entreos estudos mais importantes, destacam-se oda compositora e pianista Vera Terra, quepublicou um volume sobre a indeterminaçãona poética musical de Cage (e Boulez), e atradução de trechos da sua poética literária(escritos e conferências) por Rogério Duprat,revista por Augusto de Campos.

Isadora Duncan (1878-1927) não é só abailarina revolucionária do início do século20, como em geral é conhecida. O processo

de ruptura que ela desen-cadeou contra as formasprontas da dança clássicaera substanciado por umaatitude de pesquisadoraséria e por uma inqui-

etação de artista e intelectual sintonizadacom as vanguardas de sua época. A diferençaé que, nela, a dança se manifestava pelaprimeira vez como arte maior e contributiva,e colocava na pauta das mais elevadascogitações do pensamento universal aquestão dos movimentos livres e naturais docorpo humano. Na aplicação de suas idéiasvaleu-se do enorme talento de bailarina deque era dotada, assumindo-se comoprecursora de suas próprias tesesrenovadoras. Desenvolveu assim, na teoriae na prática, os conceitos modernos da arteda dança em interação com poetas, músicos,escritores, artistas plásticos, dramartugos efilósofos e fundamentou-os na estética daGrécia antiga, chamando a atenção para osvalores da liberdade, da beleza e da graçaque lá se cultivaram ao nível da adoraçãoreligiosa. Suas criações se inspiravamtambém nos elementos e ritmos da natureza,nos movimentos indeterminados das ondasdo mar, dos ventos e das luzes. Isadora veioao Brasil em 1917, em turnê histórica,soube admirar e valorizar o nosso país e anossa arte, tendo deixado forte presença emapresentações deslumbrantes e, em especial,nos espíritos de Oswald de Andrade e Joãodo Rio, que viriam a ser pilares da nossarevolução modernista.

I s a d o r a / C a g edo moderno ao contemporâneo

na dança da arte

Belo Horizonte / Rio de Janeiro - Ano I Nº 1 jan/abr / 2005

Isadora/CageEspetáculo incentivado pela Lei 8.313/91, alteradapela Lei 9.874/99, autorizado para captação pelaportaria nº 18, da Secretaria Executiva do MinC,

publicada no Diário Oficial da União em17/01/2005. PRONAC nº 04 6858.

Boletim Informativo da Companhia Aquarela de Dança

Isadora Duncan John CageIsadora / Cageum espetáculo de

arte brasileiraUma viagem no tempo! Talvez, melhor: umsalto no espaço-tempo relativista da criaçãoartística no século 20. Uma vivência inéditapara as atuais platéias brasileiras; Isadora eCage nunca foram encenados por elencosbrasileiros de dança. O embrião destaousadia é o próprio corpo de Izabel Costa,bailarina, coreógrafa e diretora doespetáculo. Em 1987, ela coreografou edançou She’s asleeping, de Cage, fazendo opapel de Isadora numa peça performáticaque envolvia artes plásticas, teatro, músicae dança, levada na Grande Galeria do Paláciodas Artes, de Belo Horizonte. Vera Terra,compositora e um dos maiores intérpretesda obra de Cage no Brasil, assumirá a direçãomusical. Waltércio Caldas, artista plásticoconsagrado nos movimentos internacionaisde vanguarda, assinará cenários e figurinos.O roteiro, escrito por Mario Drumond,aposta no impacto dos contrastes entre asestéticas de Isadora e de Cage, como a forçada encenação, enquanto roteiro. Para oelenco, o espetáculo já conta com os talentosda cantora lírica Gabriela Geluda e dasbailarinas Carolina Brant e CarolinaPadilha. O programa trará três coreografiasoriginais de Isadora Duncan, resgatadas pelacoreógrafa, e algumas das mais importantespartituras de Cage da década de 1940. Éprojetado para grandes palcos e dividido emduas partes: a primeira, dedicada a Isadora,terá musica gravada sob a direção de VeraTerra. A segunda, dedicada a Cage, commúsica ao vivo, interpretada pela própriaVera (piano) e por Gabriela (voz). O elencode dança, com oito bailarinos, incluindosolos de Izabel Costa e as estrelas já citadas,se completará com bailarinos convidadospela coreógrafa. Terá uma duração em tornode 70 minutos e uma versão para palcosmenores, sem música ao vivo, para atendera localidades que não dispõem da infra-estrutura de grandes teatros.

Veja os resumos curriculares dos artistase o programa projetado para o espetáculo

nas páginas seguintes.

Page 2: Isadora / Cage · 2018. 4. 5. · escritores, artistas plásticos, dramartugos e filósofos e fundamentou-os na estética da Grécia antiga, chamando a atenção para os valores da

Isadora / Cage um espetáculo de arte brasileira

Incentivado pela Lei Federal de Cultura PRONAC nº 04 6858 de 17/01/2005

Criada em 1993 para as pesquisas, trabalhose produções de Izabel Costa, interagindocom artistas das diversas expressões dopensamento de vanguarda (vanguardacomo a pesquisa que avança e abrecaminhos), estendeu seus propósitos paraa formação e o aprimoramento de novostalentos de dança, fazendo-se plataforma delançamento destes no mercado de trabalhoe de valorização de suas individualidadesenquanto artistas. Assim, não se pretendeum “grupo”, e nem se aceita como tal, como

também não objetiva formar corpos es-táveis ou estruturas burocráticas de pro-

dução. Opera por projetos de espetáculos,pesquisas, laboratórios e experimentos, reu-nindo artistas que possam com eles contri-buir e viabilizá-los. A primeira realização foio espetáculo Sete Danças para Villa-Lobos,no Teatro Municipal do RJ. Desde então,vem desenvolvendo pesquisas de dançasbrasileiras e contemporâneas, que dariam,entre outras, em Viva Isadora!, Brasileiri-nhas, e a fase experimental de Isadora/Cage.

Clóvis Salgado (Palácio dasArtes). Atualmente, fazaulas e aprimora o seutalento sob a direção deIzabel Costa, integrando aCompanhia Aquarela deDança, pela qual atua comosolista em Viva Isadora! ,Brasileirnhas e participa dafase experimental de Isadora/Cage. Na foto, como solistade Jongo, de Lorenzo Fernandes, emBrasileirinhas (coreog. Izabel Costa).

Drama (Londres), onderesidiu de 1996 a 2001.Estudou com ElianeSampaio no Brasil e Jes-sica Cash no exterior.Na Inglaterra, partici-pou de masterclassescom as sopranos EmmaKirkby, Nancy Argenta,Suzy Le Blanc e Evelyn Tubb e do Dar-tington Summer School. Foi a vencedorado Portallion Chamber Music Prize (1998),foi Prosepina e Ninfa na ópera Orfeo deMonteverdi no Barber Institute (Bir-mingham), integrou o Mercurius Companyem concertos por toda Inglaterra e deurecitais no Bolivar Hall, Bourgh House eSaint Martin in the Fields (Londres).

Um dos artistas brasileiros maisimportantes da atualidade, desde osanos 60 atua como artista gráfico,cenógrafo e artista plástico, parti-cipando de jornais, ilustrando eeditando livros de arte, realizandoindividuais e coletivas nos principaiscentros de arte brasileira . Em 1977,renunciou à sua indicação para a Bienal deVeneza, por questão político-cultural, o quenão impediu seu trabalho de conquistarespaços até ultrapassar, na década de 90, asfronteiras nacionais e ganhar o reconhe-cimento mundial. Em 1997, representou oBrasil na Bienal de Veneza e hoje seustrabalhos integram acervos de museus dearte e ao ar livre de cidades e centros culturaisde vários países da Europa, América Latinae América do Norte.

Alguns momentos:1965 - estuda com Ivan Serpa; 1970 -cenografia de A Lição, Ionesco, Conserva-tório Nacional de Teatro; 1973 - 1ª indi-vidual, MAM/RJ; 1975 - editaMalasartes; ilustra A Guerrados Mundos. 1ª individualem SP, A Natureza dosJogos, MASP; 1976 a 1980- assina, com outros artistas, o

estadia do compositor no Brasil; 1987,1989, 1996 - Bienal de Música Con-temporânea, S. Cecília Meireles, MAM/RJ,Teatro Municipal de Santos; 1991 - RioArteContemporânea,Recital Vera Terra, Esp. Cul-tural Sergio Porto; 2001 - Luz, Cores eSons: a nova paleta impressionista, Prelúdiosde Debussy, Casa de Artes Paquetá; 2002 -Fiat lux! Fiat vox...; e 2003 - Sonâncias,RioArte; Pesquisas: 1980 a 1982 - NovasPerspectivas para o Piano, CNPq; 1982-1983 - Corpo e Objeto na Arte Contemporâ-nea, CNPq; 1995 - O tênue e tenso fio deAriane, Festival Internacional de MulheresCompositoras, SP; 1999 - Música e ima-gem: o papel da música na narrativa cine-matográfica, Ateliê da Imagem, RJ; 2000 -Acaso e aleatório na música: um estudo daindeterminação nas poéticas de Cage e Boulez,mestrado em Comunicação e Semiótica,PUC-SP, CAPES, EDUC/FAPESP (fotoabaixo: capa do livro); 2002 - A música dofilme Descobrimento do Brasil, 1º CongressoInternacional Villa-Lobos, Instituto Finlan-dês, em Paris. Espetáculos: 1984 - As bruxasestão soltas, música e dire-ção musical, peça teatralde Ísis Baião, Petit Stu-dio; 1987 - O anarquistacoroado, música e direçãomusical, peça teatral deCarlos Henrique de Esco-bar, baseada em Artaud.

Bailarina, coreógrafa e professora de dança,com experiência internacional e importan-tes premiações. Criou efundou o Grupo Corpoem 1975, assumindo adireção da empresa e opapel principal do primei-ro espetáculo do grupo,Maria Maria (coreog.Oscar Araiz), no qualatuou em mais de 700 a-presentações nas turnês nacio-nais (todos os estados) e inter-nacionais (14 países), incluindotemporada de três meses noTeatro de La Ville, de Paris. Em1984, desligou-se do grupo, por razõesideológicas, e mudou-se para São Paulo,onde realizou pesquisas para o CNPq, soba coordenação do mestre de danças KlaussVianna, e sob a sua direção atuou ao ladode Duda Costilles e Zélia Monteiro noespetáculo Dã Dá, apresentado em SãoPaulo e Belo Horizonte. Em 1990, foi parao Rio de Janeiro e, com o apoio do Prof.Antonio Houaiss, nomeado Ministro daCultura em 1993, montou, dirigiu e atuouno papel principal do espetáculo Sete Dançaspara Villa-Lobos, que estreou no Teatro Mu-nicipal do RJ. Com a demissão do Ministro,justo na época da estréia, as turnês previstasnão se realizaram. Em 1996, retorna a BeloHorizonte onde dá sequência aos trabalhosde bailarina e coreógrafa, com váriasrealizações até o atual projeto Isadora/Cage.

Alguns momentos (série fotográfica):1966 - 1º solo no Studio Anna Pavlova;1975 a 1984 - criação, fundação e con-solidação do Grupo Corpo, como diretora eestrela principal de Maria Maria em maisde 700 apresentações no Brasil e no exte-rior; 1986 - Palimpsestos (coreog. KlaussVianna), Galeria do C. C. Candido Mendes,RJ, vernissage da exposição do artista plásticoFernando Tavares; 1985 a 1987 - Dã Dá(coreog. Klauss Vianna), pesquisa e espe-táculo no Teatro Cultura Artística (SP) eGrande Teatro Palácio das Artes (BH) (nafoto central, pas-de-deux com Duda Cos-tilles); 1993 - Sete Danças para Villa-Lobos(coreog. Oscar Araiz), com recursos doFNC-MinC, no Teatro Municipal do RJ;1996 - Dança Brasileira, de Camargo Guar-nieri (coreog. da artista), para o filme 35mmEncantamento, de José Sette; 2000 a 2003- Viva Isadora! (coreog. da artista), pesquisapara o espetáculo Isadora/Cage (1ª parte)com apresentações no Grande Teatro Paláciodas Artes (evento de homenagem a NoraEsteves), no Teatro SESC Venda Nova e

Izabel CostaDireção, coreografiae bailarina solista

no Teatro Municipal de Sabará. Fotos aba-ixo: 1997 - Roteiro das Minas (pesquisa,estudos para Aleijadinho, direção e coreog.da artista), performance da Oficina deDança do I Festival de Inverno de Con-gonhas, MG, com música ao vivo, nosespaços externos da Basílica do S. BomJesus de Congonhas do Campo.

Outros momentos a destacar:1974 – Viagem de Izabel (coreog. da artista),audiovisual do fotógrafo Juvenal Pereira;1978 – Cantares (coreog. Rodrigo Peder-neiras), música de Marco Antonio Araujo,apresentado na inauguração do Teatro Cor-po, BH. 1987 - Temporais do Tempo, eventode artes plásticas (Gilberto de Abreu), músi-ca, teatro e dança (coreog. da artista), nopapel de Isadora, dançando Cage; 1988 a1991 – Imagel, composição de Rufo Herrerapara bailarina-atriz, violoncelo e texto de

Mallarmé (coreog. da artista), apre-sentado em Festivais Internacionaisde Música Contemporânea e nos Tea-

tros Francisco Nunes,BH, e João Caetano,Rio de Janeiro; 2004- Brasileirinhas (coreog

da artista),espetáculorecém-es-treado noTeatro D.Silvério,de BH.

Vera TerraDireção musical e piano

Waltércio Caldas JúniorCenários e figurinos

Gabriela GeludaSoprano

Pianista e compositorade reconhecido talento,pesquisadora atuante emmovimentos de vanguar-da no Brasil e no exte-rior, já em 1975 compu-nha, dava recitais e par-ticipava das correntesmais avançadas da cria-

ção artística no país. Residente no Rio deJaneiro, sua obra permanece se realizandoem plena afinidade com as demais expressõesde arte contemporânea, criando, também,trilhas sonoras para filmes e peças teatrais,gravando para rádios e televisões, pesqui-sando e publicando seus estudos.

Alguns momentos:Recitais e concertos: 1975 - Fragmentos,d’aprés Erik Satie, integrando elementoscênicos à música, MAM/RJ; 1975 a 1985,série de recitais para a Sec. de Estado daCultura (TV Educativa RJ, Rádio CulturaSP, MASP, S. Cecília Meireles e Esp. Cul-tural Sérgio Porto); 1984 - Recital VeraTerra, Parque da Catacumba (na foto, execu-tando Cage p/ toy piano), 1985 - ConcertoJohn Cage, S. Cecília Meireles, durante a

polêmico artigo “O boom, o pós-boom,o dis-boom” no Opinião, faz ediçõesde livros, e várias novas exposições;1981 - disco-objeto sonoro, com AEntrada da Gruta de Maquiné (doartista) e Três músicas (SérgioAraujo); 1983 - Sala especial naXVII Bienal Internacional de SP;1984 - I Bienal de Havana, Cuba;

1985 - muda-se para Nova York por umano; 1986 a 1990 - obras em vídeo, novasexposições, e participa da XX Bienal de SP(1989); 1990 - 1ª individual na Europa,Pulitzer Art Gallery, Amsterdan; 1992 -Documenta 9, Kassel, AL, com exposiçãoem caráter permanente na Neue Galerie;1993 - O ar mais próximo, Museu Nacionalde Belas Artes, além de grandes coletivasinternacionais; 1994 - instala, em caráterpermanente, a escultura pública Omkring,em Leirfjord, Noruega; 1995 - individualno Centre d’Art Contemporain, Genebra,Suíça; 1996 - Anotações, Paço ImperialRJ; 1997 - XLVII Bienal de Veneza com a

célebre Série Veneza; 1999 -Livros, MAM/RJ; 2000 - editao múltiplo livro-esculturaVelásquez. Grande retrospec-tiva no C. C. Banco do Brasil,RJ. (foto: escultura de WCJ)

Sua trajetória como soprano tem forteligação entre música antiga e contempo-rânea. Desde 1994 vem trabalhando asóperas de Jocy de Oliveira (Illud Tempus, AsMalibrans, Canto e Raga, Estórias) comosolista de primeiras audições pelo Brasil (RJ,POA, BH, SP) e exterior (Berlim), alémde participar de bienais, mostras e festivais.Em 1995 gravou Illud Tempus em apre-sentação ao vivo na Haus de Kulturen derWelt (Berlim). Graduada em canto lírico pelaUniversidade do Rio de Janeiro, foi bolsistada CAPES na Pós Graduação em MúsicaAntiga na Guildhall School of Music and

Carolina BrantBailarina solista

Carolina PadilhaBailarina solista

Companhia Aquarela de Dança

Bailarina profissional, com experiência emdança clássica, moderna e contemporânea,além de cursos em outras modalidades(folclore, afro, sapateado), tem tambémestudos de piano, teoria musical, percussãoe técnica vocal. Integrou a CompanhiaMineira de Danças Clássicas, onde atuoucomo solista, e é formanda do cursoprofissionalizante de Dança da Fundação

Bailarina desde os quatroanos de idade, em 1993iniciou-se nos métodos daRoyal Academy of Dan-cing, de Londres (Maitre:Maria Clara Salles) e Cu-bano, (Maitres: Ofélia

Gonzalez e Mercedez Beltran). Integrou ocorpo de solistas da Companhia Mineira deDanças Clássicas, atuando em papéis

importantes em várias de suas apre-sentações. Em 2001, começou seus estudosde Dança Moderna e Contemporânea comIzabel Costa, e integra a CompanhiaAquarela de Dança como solista dos elencosde Viva Isadora!, Brasilerinhas e da faseexperimental de Isadora/Cage. Na foto, osolo Tico Tico no Fubá, de Zequinha deAbreu, do espetáculo Brasileirinhas (coreog.Izabel Costa).

Elenco Composto por sete bailarinas, um bailarino,cantora lírica e pianista. Além dos diretoresque participam, estão prometidos:

Page 3: Isadora / Cage · 2018. 4. 5. · escritores, artistas plásticos, dramartugos e filósofos e fundamentou-os na estética da Grécia antiga, chamando a atenção para os valores da

1ª parteSuite de Danças para Isadora Duncan

I - “Mazurka Cigana” - Solo(estréia - circa 1902)Coreografia de Isadora Duncan“Mazurka em lá menor”, op. 68, Chopin.

II - “Viva Isadora!” - 1º movimento -Conjunto de 7 bailarinas(d’après Isadora Duncan)“Andante”, 2º mov. “Trio in mi bemolmaior”, Schubert.

III - “Mãe” - Solo para bailarina(d’aprés Isadora Duncan - circa 1923)“Estudo nº 1 em dó sustenido menor”,opus 2, Scriabin.

IV - “Três Graças” - Trio (3 bailarinas)Coreografia de Isadora Duncan(estréia - circa 1905- 1907)Valsa de Shubert.

V - “Noturno” - Duo (2 bailarinas)Coreografia de Isadora Duncan (estréia -circa 1915)Noturno nº 2 em mi bemol maior, opus9, Chopin.

VI- “Viva Isadora!” - 2º movimento -Conjunto de 7 bailarinas(d’après Isadora Duncan)“Scherzando”, 3º mov. “Trio in mi bemolmaior”, Schubert.

Isadora / CagePrograma do Espetáculo*

2ª ParteSuite de Danças para John Cage

I - “Uma sala” - 1º movimento -Conjunto de 7 bailarinasMúsica ao vivo (piano solo): A room (Umasala), obra para piano de John Cage(1943)

II - “Ela está dormindo” - Duo(bailarina e bailarino)Música ao vivo (piano-preparado e vozfeminina): She’s asleeping (Ela estádormindo), obra para voz e pianopreparado de John Cage (1943)

III - “Uma sala” - 2º movimento -Conjunto de 7 bailarinasMúsica ao vivo (piano-preparado solo): Aroom (Uma sala), obra para pianopreparado de John Cage (1943)

IV - “Tabu” - Trio (2 bailarinas e 1bailarino)Música ao vivo (piano-preparado solo):Totem ancestor, obra para piano preparadode John Cage (1943)

V - “E a Terra deve de novo dar aluz...” - Conjunto de 7 bailarinas e 1bailarinoMúsica ao vivo (piano-preparado solo):And the earth shall bear again (E a Terradeve de novo dar a luz), obra para pianopreparado de John Cage (1942)

Pode parecer estranho, mas, li Wilde depoisde Joyce e muito Wilde me esclareceu sobreJoyce. Já alguém me disse que ao ver FritzLang percebeu melhor Godard. LendoOswald conhecemos mais os nossos con-cretistas. É assim mesmo, uma revolução jáassimilada informa sobre a que está emandamento, mais ainda quando os espíritosestão em sintonia, mesmo que se realizemem linguagens diferentes e as conheçamosem ordem inversa no tempo. O conhecimen-to não se processa linearmente, é um eternoquebra-cabeças juntando peças produzidasou acontecidas em distâncias desiguais notempo, no espaço e na imaginação. ¶ Izabelcomeçou a pesquisar Cage bem antes demergulhar em Isadora. Mas Cage não saíado laboratório e Isadora rapidamente aflo-rou. Foi então que pintou o insight: a soluçãode Cage estava em Isadora (no espírito de).A dança de Cunningham na música de Cagenão satisfaz. Quanto a mim, vejo-a comouma desmotivação, pois ainda hoje quasenão se dança Cage. E Cage é pura dança! Oque une, em espírito, Isadora e Cage? Foi oque vi acontecendo nas experimentações deIzabel: a graça, a alegria, um humor requin-tado e, enfim, uma rara liberdade de seremradicalmente eles mesmos. É só estetica-mente que nos surgem como resultadosdiversos, e até opostos, mas é justo aí a forçadeste roteiro: o contraste, a ruptura - dialé-tica - entre as linguagens, e o impacto que adança como expressão de arte será capaz deconseguir. Isadora redescobre a Grécia e,nela, a modernidade (isto é mal ou bem assi-milado). Cage foi mais fundo, ele foi até apré-história e nos revela a contemporanei-dade (já isto...). § Para mim, roteirizar écomo paginar. O que demandará tempo deleitor/espectador é sempre roteiro. Roteirizaré dar (des)ordem nas “atrações” (Eisenstein).“Atrações” em geral ainda não prontas para“montar”, estão na cabeça do roteirista, emprojeto, às vezes, sequer visualizadas, talvezimaginadas. É o esqueleto do que se querfazer, sem ele não há começar, e não raro étê-lo por ponto de partida para um de che-gada muito diverso do que foi pensado (e émuito bom!): um livro, um filme, um espe-táculo... Roteiros, roteiros, roteiros...

Roteiros, roteiros,roteiros...

Aos patrocinadoresIsadora/Cage lhes é proposto não como pro-duto de mercado, mas como obra de arte.Como tal, não tem público-alvo e atributosde consumo; é seu público toda pessoa sen-sível que cultive o gosto pela arte, indepen-dente de classe social, raça, religião, etc.Seus atributos estão ligados à elevação cul-tural do povo, e o projeto se conduzirá a fimde fomentar cultura e educação, inclusivepor contato direto dos artistas com o público,em palestras, workshops e outros eventos.É, pois, por se propor assim, que estaprodução se considera legítima beneficiáriados incentivos que a Lei lhe consentiu, após

análise pelo Ministério da Cultura, conce-dendo aos seus patrocinadores o abatimentode 100% (cem por cento) dos valores finan-ceiros aportados a este espetáulo, de deter-minados compromissos fiscais que porven-tura tiverem com a União. Se vier a ser esteo caso de V.Sas, adiantamos que será umahonra conduzir a chancela que representamno percurso do êxito que almejamos, efaremos o melhor para que nossas relaçõesprosperem como uma parceriaeficaz e bem sucedida.

A Produção

Escritor, jornalista, artista gráfico e editor,atua na resistência cultural desde o iníciodos anos 70. Em 1974, fundou a EditoraCordel (livros e periódicos) e, em 1980, aOficina Goeldi (gravuras e edições de arte),prolíficas casas editoras que dirigiu até 1990,quando foram vítimas fatais do “confisco”.Por sua ação multidisciplinar, recebeu o Prê-mio Candango (Melhor Filme do Fest. deBrasília, 1981) e o Prêmio Jabuti (MelhorLivro de Arte, CBL/SP, 1984). É autor deroteiros de filmes e espetáculos premiadosno Brasil e no exterior. Desde 2002, colabo-ra com a revista Caros Amigos (São Paulo).

Mario Drumond - Roteiro

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abaixo: Viva Isadora!, Teatro Municipal de Sabará;ao lado: Próximos, objetos de Waltércio Caldas Jr.

(*) Do roteiro de Mario Drumond(programa-projeto)