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ISBN:978-85-5971-123-3 - ANAIS EPLIS II
A CONSTRUÇÃO DE SINAIS-TERMOS EM LIBRAS DE CONCEITOS
DA ÁREA DE MINERAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DA BAHIA, CAMPUS DE
JACOBINA.
Daniel Neves dos Santos Neto1
Eliene Maria Sales Santos2
Agda Medrado Cortes3
Érica Alves de Souza Silva Lima4
Eixo temático: Aspectos Linguísticos da Língua de Sinais.
RESUMO
Este artigo tem por objetivo relatar a experiência relacionada à construção de sinais-termos em
Libras da área de geologia no curso técnico integrado em mineração do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus Jacobina. Essa atividade compôs
uma das ações realizadas por meio de um Projeto de Incentivo à Aprendizagem (PINA) do
Programa de Apoio e Assistência ao Estudante (PAAE) que teve como título “Videoteca saberes
em Libras: a construção visual da aprendizagem”, desenvolvido neste campus do IFBA no
período de julho de 2018 a março de 2019. Trata-se de um projeto que teve como objetivo
principal disponibilizar em Libras, de modo acessível, informações referentes ao curso técnico
em Mineração. Participaram das atividades deste projeto dois estudantes bolsistas dos cursos
integrados deste campus, uma pedagoga, duas intérpretes de Libras e uma docente da área
técnica de mineração. A estudante surda matriculada no curso técnico integrado em Mineração
também colaborou no projeto. Por meio deste, foram construídos sinais-termos da área da
geologia, uma matéria técnica que compõe o currículo do 1º ano do curso técnico em mineração
deste campus e que se constitui na base para outras matérias e outros saberes da área técnica
que se desdobrarão no prosseguimento aos estudos. As ações deste projeto favoreceram a
atuação das profissionais Tradutores/as e Intérpretes de Libras e promovem a acessibilidade
linguístico-comunicacional à estudante surda, contribuindo para sua aprendizagem.
Palavras-chave: Língua Brasileira de Sinais. Sinais-termos. Geologia. Mineração.
1 Mestre em Educação e Diversidade (UNEB). Especialista em Educação Especial e Inclusiva (UNINTER).
Licenciado em Letras – Língua Brasileira de Sinais (UFPB). Técnico em Assuntos Educacionais no Instituto
Federal de Educação da Bahia, Campus de Jacobina. E-mail: [email protected].
2 Mestre em Educação e Diversidade (UNEB). Especialista em Psicopedagogia (UESB). Licenciada em Pedagogia
(UESB). Pedagoga no Instituto Federal de Educação da Bahia, Campus de Jacobina. E-mail:
3 Graduanda em Letras – Língua Brasileira de Sinais (UNIASSELVI). Tradutora e Intérprete de Libras no Instituto
Federal de Educação da Bahia, Campus de Jacobina. E-mail: [email protected].
4 Tradutora e Intérprete de Libras no Instituto Federal de Educação da Bahia, Campus de Jacobina. E-mail:
3
1 INTRODUÇÃO
Este artigo relata a experiência de construção de sinais-termos referentes aos conceitos
relacionados ao componente curricular de geologia – matéria técnica que compõe a formação
básica e inicial dos cursos técnicos em mineração (formas integrada e subsequente) do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), campus de Jacobina. Tal
experiência seu deu a partir do Projeto de Incentivo à Aprendizagem (PINA) intitulado
“Videoteca saberes em Libras: a construção visual da aprendizagem”. Por meio deste buscou-
se contribuir com a educação das pessoas surdas no âmbito desta instituição, nos termos da
Resolução nº 30/2017 (IFBA, 2017), cujas determinações visam garantir não apenas o acesso
deste público ao sistema de ensino, mas também a sua permanência na escola com êxito durante
o seu processo formativo.
A realização deste projeto PINA fora motivada pela entrada de uma estudante surda no
curso técnico integrado em mineração neste campus do IFBA no ano de 2018. O ingresso dessa
estudante na instituição gerou uma preocupação dos/as servidores (docentes e técnicos-
administrativos) acerca do processo de ensino e de aprendizagem, levando-os/as a interrogar as
práticas que contemplariam suas diferenças linguísticas, culturais e identitárias. A chegada
dessa estudante nesse campus tornou imperativo o desenvolvimento de ações que favorecessem
a sua acessibilidade linguística e comunicacional, tais como a construção de sinais-termos que
possibilitassem a essa discente acessar os conteúdos curriculares em sua primeira língua, a
Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A busca pelo atendimento às necessidades linguísticas da estudante surda em questão
fundamenta-se também no Decreto nº 5.626 (BRASIL, 2005) que regulamenta a Lei de Libras
nº 10.436 (BRASIL, 2002) - lei que reconhece a Libras como meio de comunicação da
comunidade surda do Brasil. A partir dessa legislação, a difusão desta língua tornou-se elemento
indispensável a fim de possibilitar a inclusão e a comunicação com as pessoas surdas
sinalizantes nos diversos espaços públicos, tais como as instituições de ensino. Tal arcabouço
legal possibilita a estas pessoas a acessibilidade comunicacional em sua primeira língua (L1) –
a Libras - garantindo-lhes seus direitos linguísticos ao mesmo tempo em que cria as bases para
o fomento de políticas públicas educacionais pautadas pelo viés da educação bilíngue que
impactam diretamente tanto no ingresso quanto na permanência desse público estudantil nas
instituições escolares.
Segundo Teixeira e Baalbaki (2014) a educação de surdos no Brasil:
4
[...] passou por várias etapas que, em geral, desprestigiaram sua primeira língua, a
língua brasileira de sinais (Libras). Após a promulgação da Lei nº 10.436, de 24 de
abril de 2002 – que reconhece a Libras como meio de comunicação da comunidade
surda e de instrução para aprendizado de conteúdos escolares e da língua portuguesa
(LP), na modalidade escrita, como segunda língua – constata-se uma necessária
mudança no processo educacional do aluno surdo. Ela deve estar pautada tanto do
ponto de vista da qualidade do ensino quanto em relação ao quantitativo de alunos
surdos a serem beneficiados com novas metodologias de ensino, visto que, embora
não seja possível contar com um levantamento estatístico preciso, estima-se que 1,5%
da população brasileira seja surda em algum grau. (TEIXEIRA; BAALBAKI, 2014,
p. 25)
Desta forma, para que a inclusão da pessoa surda seja efetivada no contexto escolar, faz-
se necessário implementar uma série de ações que promovam a acessibilidade comunicacional
e o conforto linguístico a esse público, tais como: disponibilizar conteúdos escolares acessíveis
em Libras; garantir a presença de tradutores/as e intérpretes de Libras em sala de aula (e fora
dela), bem como de docentes bilíngues; planejar e executar adaptações curriculares visando a
construção do currículo inclusivo; difundir a Libras no contexto escolar; dentre outras.
Em se tratando do IFBA – campus de Jacobina, o ingresso de uma estudante surda no
curso técnico em Mineração revelou a existência de uma área do conhecimento (Geologia) cujos
conceitos não possuíam correlação com o léxico da Libras. Assim, evidenciou-se a dificuldade
em se traduzir para a Libras expressões, conceitos e ideias próprias deste campo do
conhecimento – uma dificuldade para a atuação das profissionais intérpretes de Libras que
ressoou nas dificuldades da própria estudante surda em compreender os conteúdos relacionados
a uma matéria do eixo de formação técnica do curso que se constitui na base para as demais
matérias técnicas a serem estudadas ao longo da formação profissional. Tal problemática gerou
a necessidade de se pesquisar sinais da Libras e de outras línguas de sinais que pudessem
favorecer o processo de tradução e interpretação envolvendo essa área. Contudo, quando tais
sinais não foram possíveis de serem encontrados, tornou-se necessário construir tais sinais,
conforme será apresentado nas seções seguintes.
2 METODOLOGIA
O estudo e a criação dos sinais-termos da área de geologia aconteceram durante o
momento de atendimento com a professora deste componente curricular e em momentos de
estudos envolvendo as intérpretes de Libras do campus, a estudante surda matriculada no curso
técnico integrado em mineração em colaboração com outros/as profissionais do Núcleo de
5
Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas - NAPNE5. Os sinais-termos criados compõem
o glossário6 da área de conhecimento de mineração, no qual constam também outros sinais-
termos construídos para esta área do conhecimento (envolvendo o componente de geologia e
de outras matérias da área técnica de mineração). Este glossário foi criado com o objetivo de
difundir os sinais-termos criados, possibilitando a outras pessoas (da área da Libras ou do
campo de estudos da mineração) acessar e fazer uso em seus processos de comunicação
sinalizada. Tal ação se torna relevante considerando que existem cerca de mais de quatro mil
minerais catalogados, sendo necessário, quando inexistentes, a criação de sinais-termos na
Libras para representar tais minerais e os demais conceitos referentes ao campo da geologia e
da mineração, conforme já apontados.
Para a construção dos sinais-termos, seguiu-se as seguintes etapas metodológicas:
• Mapeamento dos principais conceitos do campo da geologia e da mineração que seriam
estudados ao longo do curso técnico em mineração no IFBA – campus de Jacobina;
• Pesquisas de sinais-termos já existentes na área em glossários e dicionários, tais como
o dicionário Capovilla (et al, 2017) e outros;
• Seleção dos sinais-termos que seriam criados a partir das atividades do projeto e após a
sua conclusão;
• Estudo dos conceitos que seriam a base para a criação dos sinais-termos nos horários de
atendimento com uma professora de geologia atuante no curso técnico em mineração e
em momentos de estudos envolvendo as intérpretes de Libras, a estudante surda e
profissionais do NAPNE;
• Organização e registro dos sinais-termos em vídeos e fotografias;
• Validação dos sinais-termos pela comunidade interna (estudante surda; intérpretes de
Libras; pedagogos/as; professora de geologia);
• Divulgação dos sinais-termos por meio de um glossário técnico;
• Registro escrito dos sinais-termos criados por meio do sistema SignWriting na
Plataforma Web SignPuddle Online7 (em processo).
5 Informações sobre o funcionamento deste núcleo no IFBA - Campus Jacobina podem ser encontradas no link
<https://portal.ifba.edu.br/jacobina/ensino/nucleo-de-atendimento-as-pessoas-com-necessidades-educacionais-
especificas-napne>.
6 Disponível em <https://napneifba.wixsite.com/napneifbajacobina/mineracao>.
7 Disponível em < http://www.signbank.org/signpuddle2.0/index.php?ui=12&sgn=46>.
6
Até o momento, neste percurso, foram criados 37 sinais-termos da área de mineração, dos
quais consta registrado neste artigo o processo de criação de quatro destes sinais. Outros
conceitos estão em processo de estudo para criação e posterior registro no glossário.
3 RELATO DA EXPERIÊNCIA
As conquistas alcançadas no campo da Libras são reconhecidas, o que inclusive tem
auxiliado na divulgação desta língua. Contudo, ainda notamos a carência de mais sinais para
representar diferentes áreas em que essa Língua pode ser aplicada (SILVA; SANTOS; LIMA,
2017), a exemplo da área de mineração. Assim, decidiu-se trabalhar no desenvolvimento de
sinais específicos por se observar as dificuldades enfrentadas por sinalizantes de Libras,
intérpretes de Libras, educadores/as que trabalham com surdos/as e pela própria estudante surda
que estuda em curso desta área.
Durante o processo de criação dos sinais-termos buscou-se contemplar os parâmetros
fonológicos da Libras - configurações de mãos, pontos de articulação, movimentos, orientação,
expressões não-manuais (QUADROS; KARNOOP, 2004) - em sua relação com os elementos
icônicos/visuais que compõem a Libras, de modo a garantir com que tais sinais criados
guardassem referências icônicas do significante com seu significado, facilitando assim sua
memorização e incorporação ao vocabulário nas práticas de comunicação e interação nesta
língua.
O primeiro sinal-termo criado foi para o conceito de “cristalografia” que, segundo a
Unesco (2014), é a ciência que classifica e descreve os cristais em suas estruturas, formas e nas
leis que presidem seu processo de formação, conforme pode ser observado nas figuras 01, 02 e
03 a seguir:
FIGURA 01: REPRESENTAÇÃO VISUAL DO CONCEITO “CRISTALOGRAFIA”
Fonte: Gomes, 2004.
7
FIGURA 02: SINAL-TERMO CRIADO PARA “CRISTALOGRAFIA”
FIGURA 03: SINAL DE “CRISTALOGRAFIA” ESCRITO POR MEIO DO SISTEMA
SIGNWRITING
A ideia para esse sinal surgiu da junção do sinal já existente para “cristal”, ao qual foi
acrescentado o movimento das mãos em “L” representando visualmente as diversas formas de
cristais que lembram figuras geométricas, tais como o retângulo, o quadrado, o triângulo, o
losango, etc. Essa forma escrita (figura 03) lê-se: indica sinal realizado com ambas as mãos
configuradas com punhos fechados na posição horizontal, mão direita com palma para baixo
(representada pelo símbolo / /), mão esquerda com palma para cima (representada pelo
símbolo / /), ambas as mãos tocando levemente uma com a outra (toque representado pelo
símbolo de contato / /); indica sinal realizado com ambas as mãos configuradas
com punhos fechados (na posição vertical) e três dedos estendidos para cima (mão direita com
palma para trás e mão esquerda com palma para frente representados respectivamente pelos
símbolos / / e / /) girando com movimentos curtos semicirculares concomitantes dos pulsos
01 02
03 04
8
(representados pelos símbolos / / e / /) e com estes esfregando levemente um com o outro
(representadas pelo símbolo de contato / /); indica sinal realizado com ambas as
mãos configuradas com punhos fechados e dedos polegar e indicador estendidos (mãos em “L”
com palma esquerda para cima e palma direita para baixo, ambas no plano horizontal,
representadas respectivamente pelos símbolos / / e / /) que se tocam levemente (toque
representado pelo símbolo de contato / /); em seguida as mãos se afastam com movimentos
tremidos do antebraço (representados pelos símbolos / / e / /); sinal realizado no espaço neutro
em frente ao corpo. O registro da forma escrita por meio do sistema SignWriting dos sinais-
termos criados e analisados neste artigo é baseada em Klimsa, Sampaio e Klimsa (2013) e
Klimsa e Klimsa (2013).
O segundo sinal-termo criado foi para o conceito de “rocha ígnea vulcânica/extrusiva”
que, segundo Branco (2015), constitui-se na rocha magmática originada em altas temperaturas
que se formou pela solidificação do material expelido pelas erupções vulcânicas, conforme
pode ser observado nas figuras 04, 05 e 06 a seguir:
FIGURA O4: REPRESENTAÇÃO VISUAL DO CONCEITO DE “ROCHA
ÍGNEA VULCÂNICA/EXTRUSIVA”
Fonte: Disponível em: <http://blog.geografando.com/2013/12/rochas-igneas-magmaticas.html>. Acesso em: 15
set. 2019.
FIGURA 05: SINAL-TERMO CRIADO PARA “ROCHA ÍGNEA
VULCÂNICA/EXTRUSIVA”
01 02 03
9
FIGURA 06: SINAL DE “ROCHA ÍGNEA VULCÂNICA/EXTRUSIVA” ESCRITO
POR MEIO DO SISTEMA SIGNWRITING
Essa forma escrita (figura 06) lê-se: / / indica mão esquerda com configuração em “C”
horizontal e palma para a medial; / / indica mão direita com punho fechado (no plano horizontal)
e três dedos estendidos (configuração em “M”) com palma para baixo e dedos movimentando-
se alternadamente com articulação proximal (movimento representado pelo símbolo / /),
passando de baixo para cima entre a mão com configuração em “C” (/ /),
seguindo para a direita e parando com movimentação em curva à direita e ligeiramente abaixo
na direção do antebraço esquerdo (movimentos da mão direita representados respectivamente
pelos símbolos / /, / / e / /). Este sinal é realizado no espaço neutro em frente ao corpo.
Visto que este conceito se refere à criação de rochas a partir de material expelido da crosta
terrestre assim como um vulcão, criamos o sinal-termo que fizesse referência visual ao evento
do magma saindo do vulcão, no qual a mão configurada em “M” (/ /) representa esse elemento
geológico (o magma) e a mão configurada em “C” (/ /) representa o vulcão. O sinal- termo se
encerra com movimento à direita, representando o material que se solidifica em seu processo
final de transformação em rocha.
O terceiro sinal-termo criado foi o de “rocha ígnea intrusiva”, que, segundo Branco
(2015), é formada a partir do arrefecimento do magma no interior da crosta, nas partes
profundas da litosfera, abaixo ou próximo à superfície, mas sem contato com esta, conforme
pode ser observado nas figuras 07, 08 e 09 a seguir:
FIGURA 07: REPRESENTAÇÃO VISUAL DE “ROCHA ÍGNEA INTRUSIVA”
Fonte: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/CristinaVianaPedro/minerais-e-rochas-magmticas-5691277>.
Acesso em: 15 set. 2019.
10
FIGURA 08: SINAL-TERMO CRIADO PARA “ROCHA ÍGNEA INTRUSIVA”
FIGURA 09: SINAL DE “ROCHA ÍGNEA INTRUSIVA” ESCRITO POR MEIO DO
SISTEMA SIGNWRITING
Essa forma escrita (figura 09) lê-se: / / indica mão esquerda com configuração em “C”
horizontal e palma para a medial; / / indica mão direita no plano horizontal com todos os
dedos estendidos localizada abaixo da mão esquerda; / / indica movimento de dedos oscilando
alternadamente com articulação proximal; / / indica movimento reto da mão direita para cima
e ligeiramente à direita; / / indica configuração final da mão direita no plano horizontal com
todos os dedos fechados. Esse sinal foi motivado iconicamente a partir do processo em que o
material da crosta terrestre (magma) se solidifica em um determinado ponto, formando rochas
metamórficas no interior da crosta.
O quarto e último sinal-termo criado e aqui apresentado é o de “silício” - um semimetal
encontrado na crosta terrestre (o 2º elemento químico mais abundante na Terra) em composição
com outros minerais, sendo que, à temperatura ambiente, se constitui num “sólido duro, de cor
cinza escuro, apresentando um certo brilho metálico. Sua estrutura cristalina é semelhante à do
diamante [...] [e] é encontrado em praticamente todas as rochas, areias, barros e solos”
(PEIXOTO, 2001, p. 01). Observe nas figuras 10, 11 e 12 a seguir:
01 02
11
FIGURA 10: REGISTRO FOTOGRÁFICO DE FRAGMENTO DO SILÍCIO EM
TEMPERATURA AMBIENTE
Fonte: Disponível em <https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/05/silicio.jpg>. Acesso em: 15 set.
2019.
FIGURA 11: SINAL-TERMO CRIADO PARA “SILÍCIO”
FIGURA 12: SINAL DE “SILÍCIO” ESCRITO POR MEIO DO SISTEMA
SIGNWRITING
Essa forma escrita (figura 12) lê-se: / / indica mão esquerda no plano vertical com
configuração em “C” e palma para a medial; / / indica mão direita no plano horizontal com
configuração em “R” e palma para baixo; / / indica contato de escovar, no qual a mão direita (/
/) se arrasta levemente sobre a parte interna da mão esquerda (/ /); / / indica movimento reto
da mão direita (/ /) da esquerda para a direita; / /indica movimento reto do punho direito
da esquerda para a direita com giro do antebraço para cima. O sinal-termo é articulado no
espaço-neutro em frente ao corpo. A motivação para a criação deste sinal baseou-se no fato do
mineral silício ser encontrado na crosta terrestre em composição com outros minerais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
12
A criação de sinais-termos na educação profissional busca atender à necessidade se ter
disponível no léxico da Libras sinais que possibilitem aos/às estudantes surdos/as acessar em
sua L1 os diversos conceitos estudados em sua formação técnica. Busca ainda superar lacunas
desta língua quanto à não existência de sinais de áreas específicas do conhecimento – tais como
a geologia e a mineração – nas quais as pessoas surdas têm adentrado apenas recentemente a
partir das políticas de inclusão social e educacional que têm reverberado no mundo do trabalho.
Atende também às necessidades dos/as profissionais tradutores/as e intérpretes de Libras que
precisam de um léxico variado desta língua de modo a transmitir com a máxima fidelidade
tradutória possível os conteúdos escolares que são ensinados nos momentos didático-
pedagógicos ocorridos nas salas de aulas, nos laboratórios, nos atendimentos com docentes, etc.
Tais ações precisam ser potencializadas, pois assim possibilitar-se-á aos/às surdos/as
acompanhar os conceitos técnicos dessa e de outras áreas do conhecimento em sua L1 – a Libras
– de uma forma acessível, o que ressoará positivamente em uma melhor qualidade do ensino
no que se diz respeito ao conhecimento aplicado à formação na educação técnica profissional a
partir da Língua Brasileira de Sinais. Desta forma, cumpre reafirmar a necessidade de se
continuar na pesquisa de sinais referentes aos conceitos de áreas específicas do conhecimento,
tais como o campo de conhecimento da mineração, consultando-se dicionários e glossários na
própria Libras, bem como em outras línguas de sinais. E quando essa pesquisa evidenciar a
inexistência de tais sinais, desenvolver metodologias éticas, rigorosas e responsáveis de criação
dos sinais-termos que atendam às exigências postas pela situação comunicacional.
Por fim, apontamos que as ações desenvolvidas no Projeto PINA “Videoteca saberes
em Libras: a construção visual da aprendizagem” favoreceram a inclusão da discente surda no
IFBA campus de Jacobina, pois não apenas promoveu a disseminação da Libras no espaço
escolar, mas também envolveu docentes, estudantes ouvintes, técnicos-administrativos,
funcionários terceirizados e a própria estudante surda numa ação colaborativa que contribuiu
tanto para a valorização da pessoa surda em suas diferenças linguísticas quanto para a sua
aprendizagem de forma significativa a partir de conteúdos acessíveis que serão a base para sua
formação na educação profissional.
REFERÊNCIAS
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<http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-
Ametista/Rochas-1107.html>. Acesso em: 15 set. 2019.
13
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Libras e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 15 set. 2019.
. Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de
abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº
10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso
em: 15 set. 2019.
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