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39 MANUAL TÉCNICO, 39 ISSN 1983-5671 RIO RURAL CAPIM VETIVER PRODUÇÃO DE MUDAS E USO NO CONTROLE DA EROSÃO E NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

ISSN 1983-5671 39 - Empresa de Pesquisa Agropecuária do ... · erosão e na recuperação de áreas degradadas/Tiago de Andrade Chaves, Aluísio Granato de Andrade. -- Niterói:

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39MANUAL TÉCNICO, 39

ISSN 1983-5671

RIORURAL

CAPIM

VETIVERPRODUÇÃO DE MUDAS E USO

NO CONTROLE DA EROSÃO

E NA RECUPERAÇÃO DE

ÁREAS DEGRADADAS

MANUAL TÉCNICO, 39ISSN 1983-5671

Tiago de Andrade Chaves

Aluísio Granato de Andrade

Niterói-RJ 2013

PROGRAMA RIO RURAL

Secretaria de Estado de Agricultura e PecuáriaSuperintendência de Desenvolvimento Sustentável

Alameda São Boaventura, 770 - Fonseca - 24120-191 - Niterói - RJTelefones: (21) 3607-6003 e (21) 3607-5398E-mail: [email protected]

Governador do Estado do Rio de Janeiro

Sérgio Cabral

Secretário de Estado de Agricultura e Pecuária

Christino Áureo da Silva

Superintendente deDesenvolvimento Sustentável

Nelson Teixeira Alves Filho

Chaves, Tiago de Andrade

Capim Vetiver (Vetiveria zizanioides): Produção de mudas e uso no controle daerosão e na recuperação de áreas degradadas/Tiago de Andrade Chaves, AluísioGranato de Andrade. -- Niterói: Programa Rio Rural, 2013.

16 p.; 30cm. - (Programa Rio Rural. Manual Técnico; 39)

Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficasdo Estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Agricultura e Pecuária.

Projeto: Gerenciamento Integrado em Microbacias Hidrográficas do Norte-Noroeste Fluminense.

ISSN 1983-5671

1. Erosão do solo - Controle. 2. Área degradada. 3. Capim Vetiver - Produçãode mudas. I. Andrade, Aluísio Granato de. II. Série. III. Título

CDD 631.45

Editoração:

Coordenadoria de Difusão de Tecnologia

CDT/Pesagro-Rio

Sumário

1 - Introdução....................................................................................................4

2 - Caracterização do capim Vetiver....................................................................5

Origem e classificação sistemática.............................................................5

Características morfológicas......................................................................6

Características fisiológicas........................................................................6

3 - Produção de mudas.......................................................................................6

Formação do viveiro..................................................................................6

Escolha do local........................................................................................7

Preparo do solo.........................................................................................7

Época de plantio.......................................................................................7

Espaçamento............................................................................................8

Adubação e calagem.................................................................................9

Pragas e doenças......................................................................................9

4 - Métodos de propagação...............................................................................10

Separação de brotos da touceira.............................................................10

Seccionamento do colmo.........................................................................11

5 - Comercialização de mudas..........................................................................11

6 - Controle da erosão e recuperação de áreas degradadas...............................13

7 - Outros usos para o capim Vetiver............................................................... 15

Extração do óleo.....................................................................................15

Construção e artesanato.........................................................................15

8 - Referências.................................................................................................16

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CAPIM VETIVERProdução de mudas e uso no controle da erosão

e na recuperação de áreas degradadas

Tiago de Andrade Chaves1

Aluísio Granato de Andrade 2

1. Introdução

A cada ano, a erosão arrasta toneladas de solo, causando graves prejuízoseconômicos e ambientais e, até mesmo, a perda de vidas humanas. Além decomprometer a capacidade de produção vegetativa do solo, a erosão provoca,também, o assoreamento e a contaminação dos recursos hídricos, acarretandoêxodo rural, enchentes, redução da capacidade de geração de energiahidroelétrica, aumento do custo para o tratamento da água e perda debiodiversidade terrestre e aquática. Historicamente, a erosão vem causandoperdas e inúmeros prejuízos à sociedade. Bertoni e Lombardi Neto (2006)lembram que estudos arqueológicos apoiam a teoria de que o Império Maia teveque migrar do seu território original após suas terras serem destruídas pelaerosão e sedimentação.

As ações de controle da erosão têm seus princípios no uso de práticasconservacionistas, que visam proteger o solo da ação direta do sol, do vento e dachuva. Essas práticas podem ser divididas em:

Edáficas - visam à recuperação e/ou melhoria das propriedades físicas,químicas e biológicas dos solos e/ou dos substratos das áreas.

Vegetativas - a vegetação pode ser utilizada para proteger o solo doimpacto direto das gotas de chuva, melhorar a infiltração da água diminuindo oescoamento superficial, aumentar a estabilidade do terreno e formar barreirapara reduzir a velocidade da enxurrada e/ou conduzir a mesma de forma segura.

Mecânicas - consistem na formação de estruturas artificiais, que podemser usadas para reduzir a velocidade da enxurrada, aumentando sua infiltração,ou desviá-la de pontos críticos já existentes, conduzindo-a de forma segura paraáreas mais estáveis e com menor risco de erosão.

1 Eng. Agrônomo, Consultor do Programa Rio Rural/Pesagro-Rio/Centro Estadual de Pesquisa em AgriculturaOrgânica. BR 465, km 7 - 23851-970 - Seropédica - RJ. E-mail: [email protected]

2 Eng. Agrônomo, D. Sc., Pesquisador da Embrapa Solos. Rua Jardim Botânico, 1.024 - Jardim Botânico -22460-000 - Rio de Janeiro - RJ.

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É importante ressaltar que as três práticas devem ser aplicadas emconjunto, pois a aplicação isolada de uma delas não terá efeito sobre todos osagentes causadores da erosão, não sendo eficaz no seu controle.

O presente manual tem por objetivo apresentar os procedimentos para aprodução de mudas e para o plantio do capim Vetiver para o controle da erosão epara a recuperação de áreas degradadas.

2. Caracterização do capim Vetiver

Origem e classificação sistemática

A espécie é originária da Índia, onde é cultivada há séculos, porém já estápresente em mais de 120 países, sendo empregado em diversas áreas e paradiversos fins, como artesanato, perfumaria, construções e tratamentosterapêuticos, entre outros.

O capim Vetiver pertence à família Poaceae (ant. Gramineae) e foiclassificado inicialmente como uma das espécies do gênero Vetiveria, ficandoentão conhecido como Vetiveria zizanioides (L.) Nash, porém recentemente foireclassificado como Chrysopogon zizanioide (L.) Roberty, gênero com mais de 40espécies identificadas (Fig. 1).

Figura 1: Planta de capim Vetiver (Vetiveria zizanioides).

Foto: Tiago de Andrade Chaves

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Muitos autores renomados no mundo científico ainda utilizam a suaprimeira classificação, que é a nomenclatura mais popular para o capim Vetiver,embora a classificação de Roberty também seja aceita.

Características morfológicas

É uma planta perene que, quando adulta, mede entre 1,5 e 2,0 metros dealtura, possuindo colmos eretos e resistentes.

Sua coroa fica abaixo da superfície do solo, dando ao Vetiver grandecapacidade de resistir ao fogo, geadas ou pisoteio de animais.

Uma de suas características mais marcantes é o fato de não produzirrizomas ou estolões e, apesar de produzir inflorescências, suas sementes sãoestéreis, o que a torna uma planta não invasora, característica que possibilita asua utilização em diferentes biomas sem a preocupação de se tornar praga.

Outra característica relevante para o uso de capim Vetiver em cordões devegetação permanente são suas raízes, que podem atingir até 5 metros deprofundidade, dependendo do substrato em que for plantado.

Características fisiológicas

O capim Vetiver é uma planta do tipo C4 e seu desenvolvimento máximose dá em condições de maior exposição solar, não resistindo ao sombreamentoexcessivo.

Segundo Troung et al. (2008), possui grande tolerância a secasprolongadas, inundações e a temperaturas que variam desde -15° C a +55° C,sendo também tolerante a uma faixa de pH no solo que vai de 3,3 a 12,5.

Os autores ressaltam, ainda, a sua alta tolerância a Al, Mn e a metaispesados, como As, Cd, Cr, Ni, Pb, Hg, Se e Zn, suportando, também, solossalinos e sódicos e com alto índice de Manganês.

Outras características citadas pelos autores são a sua tolerância aherbicidas e pesticidas e a eficiência em absorver N, P, Hg, Cd e Pb dissolvidosem corpos hídricos, podendo, assim, ser usado em técnicas de biorremediação.

3. Produção de mudas

Formação do viveiro

Para iniciar o viveiro, as mudas podem ser adquiridas com raiz nua ou emsacos plásticos.

As mudas com raízes nuas têm valor menor, quando comparadas àsmudas vendidas em sacos plásticos, porém a taxa de sobrevivência também émenor, principalmente se os tratos iniciais não forem feitos adequadamente.

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Portanto, deve-se avaliar bem na hora da compra qual a melhor opção,levando-se em consideração as condições a que as mudas vão ser expostas,principalmente no primeiro mês após o plantio.

No Estado do Rio de Janeiro, já existem pequenos produtores oferecendo ocapim Vetiver para venda. A Pesagro-Rio, através do Centro Estadual dePesquisa em Agricultura Orgânica, em Seropédica, dispõe de área demultiplicação do capim para fornecimento, sob encomenda, a produtoresinteressados.

Escolha do local

Deve-se dar preferência a solos mais arenosos e profundos, para facilitar acolheita e diminuir o risco de alagamento; uma leve inclinação do terrenotambém é importante para evitar que o excesso de água não fique na área deplantio e prejudique o estabelecimento e desenvolvimento das mudas jovens.

É importante que a área escolhida para o plantio receba bastanteincidência luminosa, pois o excesso de sombreamento pode prejudicar e atémesmo impossibilitar a formação do viveiro de mudas.

Preparo do solo

Recomenda-se que o preparo do solo, quando necessário, seja feito emnível, com o mínimo de revolvimento do solo, através de um cultivo mínimo.

Sempre que possível, deverá ser feito apenas o controle químico e/oumecânico das ervas invasoras e realizar o plantio direto das mudas de capimVetiver, mobilizando o solo somente nas covas ou sulcos de plantio.

É importante manter o solo sempre coberto com resíduos vegetais, seja deculturas produzidas anteriormente na área ou provenientes do controle deplantas espontâneas antes do plantio.

Época de plantio

O plantio deverá ser feito logo após o início da estação chuvosa. Noprimeiro mês após o plantio, é importante que não falte água para oestabelecimento inicial das mudas e, consequentemente, para que se obtenhaalta taxa de sobrevivência e pouca ou nenhuma perda de mudas.

No Estado do Rio de Janeiro, a melhor época de plantio vai de outubro adezembro, quando normalmente já se iniciou o período de chuvas e anecessidade de água poderá ser suprida com as precipitações que se estendematé meados de março a abril, o que reduz ou torna desnecessário o uso deirrigação.

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Espaçamento

Para a escolha do espaçamento de plantio, deve-se levar em consideraçãose os tratos culturais serão feitos de forma mecanizada ou manual, ajustando-seo espaçamento de acordo com as características dos tratores e implementosdisponíveis. Outro fator a ser considerado é a fertilidade natural do solo,utilizando espaçamento maior quanto mais pobre em nutrientes e mais arenosofor o solo, diminuindo, assim, a competição por água e elementos essenciais aodesenvolvimento vegetal.

O tamanho da área disponível para o viveiro também deve ser levado emconta. Caso a área seja pequena e a demanda de mudas seja grande, pode-sedeixar um espaçamento menor, lembrando que assim o controle de plantasespontâneas deverá ser feito de forma manual, e a necessidade de adubação erega será maior.

Dessa forma, os espaçamentos podem variar de 0,50 a 1,20 m entrelinhas e 0,30 a 0,50 m entre plantas (Fig. 2).

A estimativa é de que uma touceira de capim Vetiver com um ano de idadetenha de 50 a 80 perfilhos, ou seja, novas mudas. Esse número poderá ser aindamaior sempre que o plantio for feito em áreas de clima mais quente e/ou quandoos tratos culturais forem bem aplicados.

Figura 2: Viveiro de plantas de capim Vetiver (Vetiveria zizanioides).

Foto: Tiago de Andrade Chaves

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Adubação e calagem

É importante que, antes do plantio, seja feita a análise química do solo,para que a recomendação dos adubos se faça de maneira correta.

De acordo com Almeida et al. (1988), para o cultivo de gramíneasperenes, como é o caso do capim Vetiver, uma adubação orgânica com o uso de10 toneladas de esterco de curral no sulco de plantio e de 4 a 8 t/ha emcobertura, duas vezes por ano, substituem a adubação mineral.

O autor indica também como deve ser feita a adubação mineral, de acordocom o resultado da análise:

Teor de fósforono solo (ppm)

Dose de P2O5(kg/ha)

Teor de potássiono solo (ppm)

Dose de K2O(kg/ha)

0-10 80 0-45 40

11-20 60 46-90 20

21-30 30 >90 0

>30 0

Sendo o fósforo aplicado com 30% proveniente de fonte solúvel e 70% naforma de fosfato de rocha.

Após 45 dias do plantio, devem-se aplicar 20 kg/ha de nitrogênio.Apesar da resistência do capim Vetiver a altos índices de Al no solo e a

larga faixa de pH, é importante para a formação de um viveiro de mudas, casoseja necessário, fazer calagem para que se possa eliminar o Al tóxico e/ou elevaros níveis de Ca e Mg.

A calagem deve ser feita pelo menos dois meses antes do plantio, paraque as reações entre o material usado e o solo possam ser completas. Aquantidade e o tipo de material a ser usado como corretivo deve ser escolhido deacordo com o resultado das análises.

O uso de corretivos vai aumentar a sobrevivência das mudas na fase iniciale favorecer o seu desenvolvimento, possibilitando maior produção de mudas emmenor tempo e com maior vigor.

Pragas e doenças

O capim Vetiver tem grande resistência a pragas e doenças, não havendoa necessidade de controle das mesmas.

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4. Métodos de propagação

Nas regiões mais quentes, oito meses após o plantio, as touceiras decapim Vetiver já podem ser usadas para a produção das mudas. Existem váriosmétodos de propagação do capim Vetiver, porém serão citados apenas os doismais simples e de fácil execução.

Separação de brotos da touceira

A separação dos brotos da touceira é um método de produção que temótimos resultados e é o método mais utilizado para a produção de mudas comraiz nua (Fig. 3).

Consiste em retirar toda a touceira do solo e separar os brotos maduros,deixando cada muda com dois ou três brotos e parte da coroa. É importante queparte da raiz fique intacta, cerca de 5 cm são o bastante. A parte aérea deve sercortada até que fique com 15 a 20 cm, aproximadamente.

Figura 3: Separação dos brotos.

Foto: Tiago de Andrade Chaves

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Seccionamento do colmo

O uso dos colmos da planta para a produção de mudas também tem bonsresultados, porém o tempo até a muda estar pronta para uso é muito maior, jáque as mudas provenientes da separação da touceira podem ser usadas deimediato.

As folhas que recobrem os colmos devem ser retiradas e o corte do colmodeve ser feito em cada um de seus nós, deixando de 1 a 3 cm de entrenó paracima e para baixo do nó.

As partes cortadas são então plantadas em substrato com areia e matériaorgânica e devem ser irrigadas diariamente. Após a emissão dos primeiros brotose raízes, as mudas já podem ser transplantadas para sacos plásticos ou diretopara o campo (Fig. 4).

Figura 4: Corte dos colmos.

Foto: Tiago de Andrade Chaves

5. Comercialização de mudas

As mudas podem ser vendidas com raiz nua, sem a necessidade de seremtransplantadas para sacos plásticos, porém o valor de mercado é menor,chegando à metade do preço quando comparadas às mudas em sacos plásticos.

O plantio em sacos plásticos é alternativa para aumentar o valor de mercadodas mudas, além de produzir mudas de melhor qualidade, o que vai aumentar astaxas de sobrevivência, principalmente em áreas com pouca umidade.

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O substrato utilizado pode ser feito com a mistura de terra de subsolopeneirada, areia e esterco em proporções de 2:2:1, respectivamente; a correçãoda acidez da terra utilizada deve ser feita sempre que necessário, assim como acorreção dos níveis de fertilidade, principalmente de fósforo e potássio.

Os sacos plásticos devem ser pouco largos e com altura maior, 5,5 x 19cm; 11 x 22 cm; 10 x 20 cm são exemplos dos tamanhos recomendados.

A venda dessas mudas deve ser feita pelo menos um mês após o plantionos sacos plásticos, devendo ser feita de forma aleatória a retirada de uma ouduas mudas do saco plástico para verificar se as raízes já estão bemdesenvolvidas (Fig. 5).

Figura 5: Muda de capim Vetiver (Vetiveria zizanioides) em saco plástico.

Foto: Tiago de Andrade Chaves

Atualmente, os preços variam de R$0,70 a R$2,00, de acordo com aquantidade negociada, a localização geográfica do produtor e o tipo de muda(raiz nua ou em saco plástico).

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6. Controle da erosãoe recuperação de áreas degradadas

A proteção do solo por meio de cobertura viva, com uma sequência e/ouconsórcio de culturas e/ou com cobertura morta, utilizando resíduos orgânicos ourestos culturais são condições fundamentais para se evitar a desagregação dosolo devido ao impacto das gotas de chuva e, consequentemente, o avanço doprocesso erosivo. Entretanto, mesmo em áreas onde esse manejo é adotado, apartir de determinado comprimento de declive, a capacidade da cobertura dosolo em dissipar a energia erosiva da enxurrada é superada, facilitando o arrastede plantas, restos culturais e de partículas do solo. Para se garantir a eficiênciada cobertura do solo e reduzir a ação da enxurrada é necessário compartimentaro comprimento do declive em áreas menores, seja através de barreiras físicas,como terraços e valetas, seja com barreiras vivas, como o plantio em faixas e oscordões vegetados.

Dentre as plantas utilizadas para a formação de cordões vegetados, ocapim Vetiver (Fig. 6) é considerado uma das mais eficientes por possuir sistemaradicular profundo, alta rusticidade e adaptabilidade a variadas condições de soloe clima e sementes estéreis sob as nossas condições, o que impede que se torneuma planta invasora.

Figura 6: Plantio do capim Vetiver (A) e seis meses após o plantio (B) no Morro do Radar - Aeroporto

Internacional do Rio de Janeiro – Galeão/Antônio Carlos Jobim.

Fotos: Aluísio Granato de Andrade

Os cordões de capim Vetiver são capazes de auxiliar na redução doescoamento superficial, retenção de sedimentos, estabilização de terraços,valetas e bacias de captação, bordadura e paredes de voçorocas; na proteçãodas margens de cursos d’água e, em consórcio com outras culturas, na proteçãoe melhora das propriedades do solo.

A aplicação do capim Vetiver para controle da erosão é uma das técnicasvegetativas que se utiliza para estabilizar encostas e taludes, fazendo o que sechama de grampeamento do solo, além de reter sedimentos arrastados pelaenxurrada e reduzir a velocidade da mesma, diminuindo seu poder erosivo,

A B

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porém outras técnicas devem ser associadas a esta para que o processo erosivopossa ser controlado com maior segurança.

Sua aplicação é feita com a formação de cordões de vegetaçãopermanente, que podem ser usados em nível ou em desnível, de acordo com anecessidade e a possibilidade de cada situação (Fig. 7).

Figura 7: Cordão de capim Vetiver em nível.

Foto: Tiago de Andrade Chaves

Os cordões devem ter espaçamento entre plantas de 15 a 30 cm, para quese feche o mais rapidamente. O espaçamento entre cordões será de acordo coma sua aplicação.

Para a aplicação em encostas e taludes, a escolha do espaçamento develevar em consideração a inclinação do terreno, o tipo de solo, o índice deprecipitação do local, a presença ou não de vegetação e o comprimento darampa.

De forma geral, o cálculo do espaçamento entre cordões pode ser feito damesma forma que para os terraços de base estreita.

As covas devem ter dimensões apropriadas para que o torrão da muda, nocaso de mudas produzidas em sacos plásticos, possa ficar intacto. Quando oplantio for feito com mudas de raiz nua, podem ser abertas valas para o plantio;nos dois casos, a adubação deve ser feita com o uso de esterco e fontes naturaisde fósforo e potássio (Fig. 8).

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Figura 8: Terraço de base estreita plantado com capim Vetiver.

Foto: Tiago de Andrade Chaves

7. Outros usos para o capim Vetiver

Extração do óleo

Uma das atividades mais lucrativas na produção do capim Vetiver é aextração do seu óleo, que é largamente utilizado na perfumaria mundial e emprodutos de beleza em geral, além do uso para fins medicinais e no controlealternativo de pragas.

Existem técnicas diferenciadas de plantio para a produção do capimVetiver quando a intenção é a extração do seu óleo.

Construção e artesanato

As folhagens de Vetiver são utilizadas como forros em construções rurais.Em alguns casos, pequenas cabanas são totalmente cobertas por folhas deVetiver. As fibras são utilizadas na fabricação de blocos de argila e cimento, umavez que diminuem as rachaduras e a condutividade térmica, promovendo melhorconforto em casas construídas com esses blocos (PEREIRA, 2006).

Folhas do Vetiver também são utilizadas na confecção de tapetes, cestos,bijuterias e variadas formas de artesanato.

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8. Referências

ALMEIDA, D. L. de. et al. Manual de adubação para o Estado do Rio deJaneiro. 2. ed. Itaguaí: Ed. UFRRJ, 1988. 212 p.

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 6. ed. São Paulo:Ícone, 2008 . 355 p.

PEREIRA, A. R. Uso do Vetiver na estabilização de taludes e encostas. BeloHorizonte: FAPI, 2006. 20 p. (Boletim Técnico Deflor, 3).

TROUNG, P.; VAN TAN, T.; P. E. Sistema de aplicação Vetiver: manual dereferência técnica. 2. ed. San Antonio, Texas: The Network International, 2008.116 p.

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