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  • Superior Tribunal de Justia

    RECURSO ESPECIAL N 1.218.270 - PR (2010/0195660-9) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMORECORRENTE : CAIXA ECONMICA FEDERAL - CEF ADVOGADO : HELOISA SABEDOTTI E OUTRO(S)RECORRENTE : EDIFICADORA PARANAENSE LTDA ADVOGADO : JOSE CID CAMPELO E OUTRO(S)RECORRIDO : OS MESMOS

    EMENTAPROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUO DE SENTENA. INCONSTITUCIONALIDADE DO TTULO EXECUTIVO POR NULIDADE DA PERCIA. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INEXIGIBILIDADE DO TTULO POR NO IMPLEMENTO DE CONDIO. EXECUO DA PARTE LQUIDA DA CONDENAO. COMPENSAO DE CRDITOS CEDIDOS. POSSIBILIDADE. NO OCORRNCIA DE SUBSTITUIO PROCESSUAL. CESSO DE CRDITOS. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAO. VIOLAO DO ART. 535 DO CPC NO CONFIGURADA. EMBARGOS EXECUO. PEDIDO DE COMPENSAO DO VALOR EXEQUENDO COM CRDITOS DA EMBARGANTE OBJETO DE EXECUES CONTRA A EMBARGADA. POSSIBILIDADE. HONORRIOS. SUCUMBNCIA RECPROCA. SMULA 7 DO STJ.

    1. O requisito do prequestionamento indispensvel, por isso invivel a apreciao, em sede de recurso especial, de matria sobre a qual no se pronunciou o Tribunal de origem, incidindo, por analogia, o bice das Smulas 282 e 356 do STF.

    2. O cerne da responsabilizao civil da CEF no diz respeito cobrana de juros maiores que os pactuados - o que constitui a parte ilquida da condenao -, mas ao descumprimento do contrato, que teve seu ponto culminante no no repasse dos valores relativos s parcelas do cronograma de desembolso contratualmente previsto, acarretando inmeros contratempos e perdas financeiras Edificadora. Assim, essas perdas constituram a parte lquida da condenao, que o objeto exclusivo da presente execuo, razo pela qual se mostra impertinente o argumento da recorrente no sentido de que necessria a comprovao do efetivo pagamento dos juros captados no mercado financeiro como condio para a ocorrncia do dano consubstanciado no excesso de pagamento em relao aos juros pactuados.

    3. O art. 567 do Cdigo de Processo Civil prev a possibilidade de o cessionrio executar, de forma originria ou superveniente, os crditos que receber em razo de negcio jurdico inter vivos. No caso, tendo sido cedidos crditos pela CEF EMGEA, desta a legitimidade para execut-los. Precedente da Corte Especial.

    4. A compensao, como fato jurdico que extingue parcial ou Documento: 1227095 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 04/06/2013 Pgina 1 de 19

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    integralmente a obrigao, se ocorrida antes ou por ocasio do processo cognitivo, no pode ser alegada como exceo nos embargos execuo, porquanto estar preclusa a questo por incompatibilidade com a sentena que a afasta de forma definitiva, nos termos do art. 474 c/c o art. 475-L do Cdigo de Processo Civil. No obstante, a situao ftica retratada nos autos diversa, porquanto no se alega a compensao como defesa. Ao revs, solicita-se a compensao entre os crditos da Edificadora - objeto desta execuo - e os crditos da Caixa Econmica Federal - objeto das demandas executivas 93.00.13820-0 e 97.00.15249-9.

    5. Nos moldes dos arts. 368 e 369 do Cdigo Civil c/c o art. 586 do CPC, as referidas dvidas so: (i) recprocas, uma vez que h identidade subjetiva dos titulares dos crditos e dbitos; (ii) lquidas, visto que seus objetos so certos e determinados; (iii) vencidas, pois se trata de crditos objeto de execues aparelhadas; (iv) fungveis, haja vista ostentarem natureza pecuniria. Assim, bice no h compensao pleiteada.

    6. A verificao da ocorrncia ou no de sucumbncia recproca defesa a este Tribunal Superior, em virtude do bice contido na Smula 7 do STJ.

    7. Recursos especiais a que se nega provimento.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justia acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigrficas a seguir, por unanimidade, negar provimento aos recursos especiais, nos termos do voto do Senhor Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Arajo Filho, Maria Isabel Gallotti e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Impedido o Sr. Ministro Antonio Carlos Ferreira.

    Braslia (DF), 18 de abril de 2013(Data do Julgamento)

    MINISTRO LUIS FELIPE SALOMO

    Relator

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    RECURSO ESPECIAL N 1.218.270 - PR (2010/0195660-9) RECORRENTE : CAIXA ECONMICA FEDERAL - CEF ADVOGADO : HELOISA SABEDOTTI E OUTRO(S)RECORRENTE : EDIFICADORA PARANAENSE LTDA ADVOGADO : JOSE CID CAMPELO E OUTRO(S)RECORRIDO : OS MESMOS

    RELATRIO

    O SENHOR MINISTRO LUIS FELIPE SALOMO (Relator):

    1. Trata-se de embargos execuo ajuizados pela Caixa Econmica Federal - CEF em face de Edificadora Paranaense Ltda., aps o trnsito em julgado de deciso prolatada em ao indenizatria decorrente de inadimplemento contratual - contrato de financiamento de construo de edifcio residencial com verbas oriundas do FGTS, entabulado nos moldes do Plano Empresrio Popular.

    A Caixa Econmica Federal alegou que o ttulo judicial inexigvel, uma vez que no fora demonstrado o implemento da condio nele contida, porquanto somente com a prova do pagamento dos emprstimos tomados pela embargada que se configuraria a existncia de juros maiores que os pactuados e devidos pelo muturio.

    Alegou, outrossim, a necessidade de compensao de crditos, uma vez que credora da embargada no tocante aos emprstimos cobrados em outros dois processos (fls. 5-24).

    Sobreveio sentena de parcial procedncia dos embargos para reconhecer o direito da embargante de efetuar a compensao entre os crditos e dbitos, na forma do art. 368 do CC (fls. 615-624). Diante da sucumbncia recproca, determinou que cada parte arcasse com os honorrios de seu patrono.

    Opostos embargos de declarao pelas partes, foram rejeitados (fls. 722-728).

    O Tribunal deu parcial provimento apelao da Edificadora Paranaense, apenas para excluir da compensao o crdito cedido pela CEF EMGEA, e negou provimento da CEF, nos seguintes termos (fls. 1.007-1.012):

    EMBARGOS EXECUO. INEXIGIBILIDADE DO TTULO. COMPENSAO DE VALORES COM DVIDAS DA EMBARGADA. LIQUIDEZ E CERTEZA. LEGITIMIDADE DA EXEQENTE FACE A CESSO DOS CRDITOS.

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    A liquidez dos ttulos judiciais resta atendido no s quando este for determinado, porm, tambm quando determinvel por meras operaes aritmticas.Cabvel a compensao, tendo como marco para a alegao no a ao indenizatria, mas o momento em que houve o ttulo constitudo e foi proposta a execuo da sentena, quando a Caixa pde argir a compensao, e o fez.Quanto ao crdito cedido EMGEA, com razo a embargada, pois a cesso de crdito torna obrigatria a alterao da legitimidade, no alterando apenas o direito.

    Opostos embargos declaratrios (fls. 1.014-1.019), foram rejeitados (fls. 1.020-1.023).

    Nas razes do recurso especial interposto com base na alnea "a" do permissivo constitucional, a Edificadora sustentou violao aos seguintes artigos: a) 535, do CPC, uma vez que o Tribunal no se pronunciou acerca do pedido de fixao do prazo de at um ano para que os crditos da CEF fossem definitivamente julgados, sob pena de prosseguimento do feito sem a realizao da compensao; b) 741, VI, do CPC (atual 475-L), 300 e 474 do CPC, porquanto os crditos ora pleiteados no podem ser objeto de compensao, haja vista a ausncia de requerimento no processo de conhecimento, fazendo eclodir o efeito preclusivo da coisa julgada material, mormente porque a possibilidade de deduo da compensao em sede executiva limita-se s questes ocorridas aps a sentena, sendo certo que o crdito da entidade financeira -lhe anterior; c) 265, 5, 791, II e 475-R, todos do CPC, tendo em vista que o Tribunal ignorou a necessidade de suspenso do processo pelo prazo de at um ano para julgamento definitivo dos crditos a serem compensados, sob pena de a recorrente ter que esperar vrios anos para obter o resultado prtico desta execuo, na qual credora; d) 21 do CPC, uma vez que no houve sucumbncia recproca, mas sim sua sucumbncia mnima - mxime com a excluso dos crditos cedidos EMGEA -, razo pela qual se impe a fixao de honorrios advocatcios em seu favor (fls. 1.025-1.064).

    A CEF, por seu turno, com fundamento nas alneas "a" e "c" do permissivo constitucional, alegou violao dos arts. 618, I e 743, V, do CPC, uma vez que a execuo foi instaurada antes de verificada a condio prevista no ttulo, qual seja, a no comprovao pelo credor do efetivo pagamento dos juros pactuados nos emprstimos bancrios tomados no mercado financeiro, haja vista que a indenizao a que fora condenada deveria compreender a diferena entre os juros contratualmente avenados e os efetivamente pagos pela exequente (juros captados no mercado financeiro).

    Sustenta que, no obstante tal condio no figure no dispositivo, certo que a coisa julgada alcana tambm o fato constitutivo do pedido.

    Outrossim, aduziu a inconstitucionalidade do ttulo executivo decorrente da Documento: 1227095 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 04/06/2013 Pgina 4 de 19

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    condenao ao pagamento de lucros cessantes calculados com base em percia nula por falta de habilitao tcnica, porquanto, ao invs de ter sido realizada por perito-contador - que est habilitado para apurar perdas financeiras e analisar balanos -, foi um engenheiro civil que produziu o laudo, gerando grande disparidade nos valores a serem pagos (violao ao art. 741, pargrafo nico).

    Apontou, ainda, afronta aos arts. 42 do CPC e 368 do CC, em virtude de ter o acrdo recorrido excludo da compensao os crditos cedidos EMGEA pela suposta substituio do polo ativo, sendo que a prpria Edificadora Paranaense ops-se medida, conforme documentado nos autos.

    Suscitou dissdio jurisprudencial quanto possibilidade de compensao de crditos cedidos EMGEA, mormente por tratar-se de empresa pblica que atua mediante sua prestadora de servios de administrao e cobrana, a CEF (fls. 1.089-1.107).

    Foram apresentadas contrarrazes a ambos os recursos (fls. 1.126-1.160 e 1.162-1.160), que foram admitidos na instncia originria (fls. 1.178-1.181).

    o relatrio.

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    RECURSO ESPECIAL N 1.218.270 - PR (2010/0195660-9) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMORECORRENTE : CAIXA ECONMICA FEDERAL - CEF ADVOGADO : HELOISA SABEDOTTI E OUTRO(S)RECORRENTE : EDIFICADORA PARANAENSE LTDA ADVOGADO : JOSE CID CAMPELO E OUTRO(S)RECORRIDO : OS MESMOS

    EMENTA

    PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUO DE SENTENA. INCONSTITUCIONALIDADE DO TTULO EXECUTIVO POR NULIDADE DA PERCIA. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INEXIGIBILIDADE DO TTULO POR NO IMPLEMENTO DE CONDIO. EXECUO DA PARTE LQUIDA DA CONDENAO. COMPENSAO DE CRDITOS CEDIDOS. POSSIBILIDADE. NO OCORRNCIA DE SUBSTITUIO PROCESSUAL. CESSO DE CRDITOS. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAO. VIOLAO DO ART. 535 DO CPC NO CONFIGURADA. EMBARGOS EXECUO. PEDIDO DE COMPENSAO DO VALOR EXEQUENDO COM CRDITOS DA EMBARGANTE OBJETO DE EXECUES CONTRA A EMBARGADA. POSSIBILIDADE. HONORRIOS. SUCUMBNCIA RECPROCA. SMULA 7 DO STJ.

    1. O requisito do prequestionamento indispensvel, por isso invivel a apreciao, em sede de recurso especial, de matria sobre a qual no se pronunciou o Tribunal de origem, incidindo, por analogia, o bice das Smulas 282 e 356 do STF.

    2. O cerne da responsabilizao civil da CEF no diz respeito cobrana de juros maiores que os pactuados - o que constitui a parte ilquida da condenao -, mas ao descumprimento do contrato, que teve seu ponto culminante no no repasse dos valores relativos s parcelas do cronograma de desembolso contratualmente previsto, acarretando inmeros contratempos e perdas financeiras Edificadora. Assim, essas perdas constituram a parte lquida da condenao, que o objeto exclusivo da presente execuo, razo pela qual se mostra impertinente o argumento da recorrente no sentido de que necessria a comprovao do efetivo pagamento dos juros captados no mercado financeiro como condio para a ocorrncia do dano consubstanciado no excesso de pagamento em relao aos juros pactuados.

    3. O art. 567 do Cdigo de Processo Civil prev a possibilidade de o cessionrio executar, de forma originria ou superveniente, os crditos que receber em razo de negcio jurdico inter vivos. No caso, tendo

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    sido cedidos crditos pela CEF EMGEA, desta a legitimidade para execut-los. Precedente da Corte Especial.

    4. A compensao, como fato jurdico que extingue parcial ou integralmente a obrigao, se ocorrida antes ou por ocasio do processo cognitivo, no pode ser alegada como exceo nos embargos execuo, porquanto estar preclusa a questo por incompatibilidade com a sentena que a afasta de forma definitiva, nos termos do art. 474 c/c o art. 475-L do Cdigo de Processo Civil. No obstante, a situao ftica retratada nos autos diversa, porquanto no se alega a compensao como defesa. Ao revs, solicita-se a compensao entre os crditos da Edificadora - objeto desta execuo - e os crditos da Caixa Econmica Federal - objeto das demandas executivas 93.00.13820-0 e 97.00.15249-9.

    5. Nos moldes dos arts. 368 e 369 do Cdigo Civil c/c o art. 586 do CPC, as referidas dvidas so: (i) recprocas, uma vez que h identidade subjetiva dos titulares dos crditos e dbitos; (ii) lquidas, visto que seus objetos so certos e determinados; (iii) vencidas, pois se trata de crditos objeto de execues aparelhadas; (iv) fungveis, haja vista ostentarem natureza pecuniria. Assim, bice no h compensao pleiteada.

    6. A verificao da ocorrncia ou no de sucumbncia recproca defesa a este Tribunal Superior, em virtude do bice contido na Smula 7 do STJ.

    7. Recursos especiais a que se nega provimento.

    VOTO

    O SENHOR MINISTRO LUIS FELIPE SALOMO (Relator):

    2. Edificadora Paranaense Ltda. ajuizou demanda visando percepo de indenizao por inadimplemento contratual contra a Caixa Econmica Federal, aos seguintes argumentos, consoante relatrio da sentena (fl. 71):

    [...] a Autora sustenta que firmou contrato de mtuo com garantia fidejussria e hipotecria com o fito de receber recursos oriundos do FGTS, os quais seriam aplicados na construo de edifcio de apartamentos na cidade de Foz do Iguau-PR. Aduz, em sntese, em vista do no cumprimento do contrato por parte da CEF, que deixou de fazer oportunamente os repasses das verbas, e vendo seus recursos esgotados, a depreciao da obra e o atraso no cronograma, a Autora foi levada a contratar outros emprstimos, junto prpria Caixa e a outras instituies bancrias, porm, com ndices muito acima dos praticados no contrato de empreendimento. Diante destas circunstncias, a requerente no teria conseguido arcar com o pagamento da

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    dvida constituda, vendo-se obrigada a firmar contrato de renegociao, com valor exorbitante, propiciando, inclusive, o enriquecimento ilcito da requerida. Assim, a empresa teve seu patrimnio todo gravado e sua credibilidade abalada no mercado, resultando, por fim, a excessiva onerao e a dificuldade de concluso da obra.

    A deciso transitada em julgado reconheceu a responsabilidade civil da CEF, definindo o montante da indenizao da seguinte forma (fl. 617):

    a) o pagamento das diferenas entre os juros captados no mercado financeiro pela embargada e aqueles contratualmente avenados com a embargante, calculados sobre o montante de 44.277,32 UPF's (fl. 81);b) o pagamento da diferena de correo monetria havida entre a data de correo de cada parcela (dia 1) e a data do efetivo creditamento (fl. 101);c) o pagamento de juros (0,5% a.a.) em decorrncia do atraso no creditamento das parcelas liberadas em favor da embargada entre o dia 1 de cada ms e a data do efetivo creditamento (fl. 101);d) danos por furtos e deteriorao, no patamar de R$ 680.814,05, com posio em agosto/1997 (fls. 81 e 103/104);e) perdas relativas ao pagamento de juros e multas das obrigaes que a autora contraiu com terceiros, em decorrncia da obra, no total de R$ 3.592,09 (fl. 1660), com posio em agosto/1997 (fl. 81);f) lucros cessantes no valor de R$ 15.124.505,66, com posio em agosto/1997 (fls. 104/108);

    Foi ajuizada a presente execuo com vistas ao recebimento da parcela lquida da condenao, a qual alcanava, em novembro de 2004, o montante de R$ 37.493.096,11 (fl. 1.007).

    A CEF requereu, nos presentes embargos, a compensao dos valores exequendos com os crditos postulados em duas execues que move contra a embargada, as quais foram assim delineadas pelo Juzo de piso (fl. 618):

    Consoante certido de fls. 168/169, a parte embargante credora da parte embargada de um total de R$ 289.812.297,21, com posio em maio/2000, cujo montante objeto dos autos de execuo n 93.00.13820-0, em trmite na 8 Vara Federal de Curitiba.Em referida execuo foram opostos embargos execuo n 93.00.15545-8, que foram julgados parcialmente procedentes (fls. 528/549), a fim de determinar o reclculo da dvida com os parmetros fixados pelo Juzo. Referidos autos encontram-se atualmente no E. Tribunal Regional Federal da 4 Regio, onde aguarda o julgamento do recurso de apelao interposto.Ainda, consoante certido de fl. 176, a parte embargante tambm credora da parte embargada do valor de R$ 5.507.173,69, com posio em outubro/2004, cujo montante objeto dos autos de execuo n 97.00.15249-9, em trmite na 4 Vara Federal de Curitiba, onde foram opostos os embargos execuo n 99.00.20792-0 e n 99.00.018107-7, ambos ainda pendentes de julgamento definitivo. (Grifos no original)

    3. Assim, cinge-se a controvrsia ao exame das seguintes questes: a) violao ao art. 535 do CPC por omisso quanto ao pedido de suspenso da execuo Documento: 1227095 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 04/06/2013 Pgina 8 de 19

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    pelo prazo de at um ano com vistas ao julgamento definitivo das execues ajuizadas pela CEF e, aps esse perodo, o prosseguimento do feito sem a realizao das compensaes; b) impossibilidade de compensao, sob pena de malferimento coisa julgada; c) necessidade de suspenso do processo pelo prazo de at um ano para julgamento definitivo dos crditos a serem compensados; d) fixao de honorrios advocatcios em decorrncia da sucumbncia mnima da Edificadora; e) no ocorrncia da condio prevista no ttulo - comprovao do pagamento de juros captados no mercado financeiro -, inviabilizando a propositura da execuo; f) inconstitucionalidade do ttulo executivo decorrente da condenao ao pagamento de lucros cessantes calculados com base em percia nula; g) no ocorrncia de substituio processual da CEF pela EMGEA, implicando a compensao tambm dos crditos cedidos.

    Por primeiro, analiso o recurso interposto pela Caixa Econmica Federal.

    3.1. No que tange questo relativa inconstitucionalidade do ttulo em virtude da nulidade da percia, verifica-se que sua anlise desborda dos contornos traados pela instncia ordinria, ensejando a manifesta ausncia de prequestionamento e, desse modo, impedindo o conhecimento do recurso. Inteligncia das Smulas 282 e 356 do STF.

    O Tribunal a quo limitou-se a uma genrica aluso matria, sem nada mencionar acerca de irregularidades na percia, consoante se dessume do seguinte excerto do voto condutor (fl. 1.009):

    [...] a questo da inconstitucionalidade levantada na apelao da Caixa tambm no h como ser reconhecida, porque o ttulo lquido, exigvel, o montante j foi apurado e j no cabe mais neste momento essa arguio de que supera aquilo que foi despendido, que custou em relao ao edifcio que foi construdo. Ento, afasto as alegaes recursais da Caixa no sentido de que no vejo nenhuma inconstitucionalidade, nenhum vcio formal na constituio desse crdito.

    Ademais, tratando-se de matria de ndole constitucional, a competncia para sua apreciao seria do STF.

    3.2. Quanto suposta inexigibilidade do ttulo em virtude da no implementao da condio, qual seja, a comprovao do efetivo pagamento dos juros captados no mercado, sem o que no se configuraria o prejuzo a ser indenizado, no merece prosperar o recurso.

    bem de ver que o cerne da responsabilizao civil da CEF no diz respeito cobrana de juros maiores que os pactuados - que constitui a parte ilquida da condenao -, mas ao descumprimento do contrato, que tem seu ponto culminante no no repasse dos valores relativos s parcelas do cronograma de desembolso

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    contratualmente previsto.

    Confiram-se excertos do acrdo exequendo (fls. 96-99):

    Pelo contrato firmado (clusula terceira, fls. 25), a CEF assumiu a obrigao de, consoante o "cronograma de desembolso", repassar valores Edificadora. Tal obrigao que restou inadimplida, concluso esta que restou exaustivamente comprovada nos autos [...]De outro lado, de se frisar, como o fez o juiz na sentena, que a Edificadora bem cumpriu com suas obrigaes, no dando ensejo a qualquer rompimento contratual (fls. 1694).Ora, considerando os expressivos valores em questo e uma vez apurado o descumprimento contratual dado causa exclusivamente pela CEF, por bvio, h que se verificar quais foram as consequncias e a extenso dos prejuzos sofridos e amargados pela empresa.[...]Analisando os autos, se verifica que as dificuldades financeiras da Autora-apelante se deram a partir dos atrasos nos repasses dos valores, tanto que o Sr. Perito apontou s fls. 395, a existncia do nexo causal entre a inadimplncia e a queda de produo da autora, que dera origem aos danos reclamados: [...]

    Assim, o atraso nos repasses, consoante discriminado no laudo pericial transcrito no referido acrdo (fl. 99), consubstanciou a gnese das dificuldades financeiras por que passou a Edificadora. Esses problemas financeiros, por sua vez, refletiram-se na necessidade de busca de outras fontes de recurso para adimplir o compromisso celebrado com terceiros, culminando com a paralisao de suas atividades. Esse quadro ocasionou a: resciso dos contratos firmados com futuros proprietrios dos imveis em construo; restituio das importncias recebidas a ttulo de parcelamento; inadimplncia geral perante o comrcio, as instituies bancrias e as obrigaes trabalhistas e tributrias; perda indireta do valor patrimonial de bens imveis, ante a necessidade de venda a qualquer valor para saldar dvidas; bem como os lucros cessantes relativos venda das unidades residenciais, queda e posterior paralisao das suas atividades, entre outras perdas aferidas pelo perito judicial.

    Dessarte, a condenao da CEF extrapolou a questo da diferena entre os juros pagos nos emprstimos (captados no mercado financeiro) e os juros contratados, estendendo-se a indenizao a outros contratempos sofridos pela Edificadora, consoante consignado pelo Juzo da execuo (fls. 617-618):

    Com efeito, o ttulo executivo transitado em julgado (cpia s fls. 65/82 e 84/110) reconheceu que a responsabilidade civil da Caixa Econmica Federal se deu em razo de sua inadimplncia contratual. No que tange ao montante da indenizao - cuja parte lquida objeto da ao executiva n 2005.70.00.010517-0, ora embargada - foi determinado:a) o pagamento das diferenas entre os juros captados no mercado financeiro pela embargada e aqueles contratualmente avenados com a embargante, calculados sobre o montante de 44.277,32 UPF's (fl. 81);

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    b) o pagamento da diferena de correo monetria havida entre a data de correo de cada parcela (dia 1) e a data do efetivo creditamento (fl. 101);c) o pagamento de juros (0,5% a.a.) em decorrncia do atraso no creditamento das parcelas liberadas em favor da embargada entre o dia 1 de cada ms e a data do efetivo creditamento (fl. 101);d) danos por furtos e deteriorao, no patamar de R$ 680.814,05, com posio em agosto/1997 (fls. 81 e 103/104);e) perdas relativas ao pagamento de juros e multas das obrigaes que a autora contraiu com terceiros, em decorrncia da obra, no total de R$ 3.592,09 (fl. 1660), com posio em agosto/1997 (fl. 81);f) lucros cessantes no valor de R$ 15.124.505,66, com posio em agosto/1997 (fls. 104/108);Em nenhum momento o ttulo judicial estabeleceu condies para o recebimento da indenizao pela parte exequente, ora embargada. Ademais, a cobrana de valores relativos ao inadimplemento da parte embargada para com a parte embargante deve se dar por intermdio de ao prpria (como, de fato, a pretenso da Caixa Econmica Federal deduzida nos autos ns 93.00.13820-0 e 97.00.15249-9).

    Ainda, corroborando as informaes do douto Juzo, verifica-se que o objeto da execuo (fls. 30-37) cinge-se to somente s parcelas lquidas da condenao, quais sejam, os danos imediatos pelo atraso no repasse, ou seja, (itens "c" e "e"); os danos por furtos e deteriorao (item "d"); e os lucros cessantes (item "f").

    Dessa forma, ainda que necessria a comprovao do efetivo pagamento dos juros captados no mercado financeiro como condio para a ocorrncia do dano consubstanciado no excesso de pagamento em relao aos juros pactuados, ressoa inequvoca a impertinncia do argumento da recorrente, uma vez que a execuo no abarca esse ponto da condenao (item "a" acima transcrito).

    Nos embargos execuo, o Juzo singular reiterou, em sede de aclaratrios, o que ora se aponta (fl. 727):

    A execuo embargada versa exclusivamente sobre a parte lquida da condenao. A parte ilquida, relativa diferena de juros, objeto de outra execuo, motivo pelo qual no poderia a sentena apreciar tal discusso.[...]Ora, a execuo objeto dos embargos exclusivamente da parte lquida, representada pelos itens c a f, da relao acima. A diferena de juros e de correo monetria (itens a e b) esto sendo objeto de outra execuo.

    3.3. No que tange possibilidade de compensao dos crditos cedidos pela CEF EMGEA, tambm no assiste razo recorrente.

    O Juzo de piso asseverou, em sede de embargos declaratrios (fl. 724):

    Insurge-se a embargante [Edificadora Paranaense] contra a compensao entre os crditos da Caixa com os valores executados, sob o fundamento de que houve a transferncia daqueles em favor da EMGEA.No assiste razo embargante.

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    Primeiro porque no h prova de que tenha ocorrido a substituio processual nos autos de execuo.Segundo, porque a parte contrria comprovou que, apesar do pedido, este no foi deferido em face da oposio manifestada pela prpria embargante naqueles autos (fls. 609/611).Terceiro, porque a cesso de crdito particular, sem homologao judicial e anuncia da parte contrria, relao jurdica que no interfere, permanecendo o crdito discutido em juzo sob a titularidade da Caixa Econmica Federal.

    Com efeito, a sucesso processual fenmeno decorrente da substituio dos sujeitos que compem os polos da demanda, sendo certo que a anuncia da parte adversa -lhe condio imprescindvel, consoante disposto no art. 42 do CPC:

    Art. 42. A alienao da coisa ou do direito litigioso, a ttulo particular, por ato entre vivos, no altera a legitimidade das partes. 1o O adquirente ou o cessionrio no poder ingressar em juzo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrria.

    Todavia, esse dispositivo legal tem sua aplicao circunscrita ao processo de conhecimento, incidindo, em sede de execuo, o art. 567, II, do CPC, que prev a possibilidade de o cessionrio executar, de forma originria ou superveniente, os crditos que receber em razo de negcio jurdico inter vivos.

    Esse o entendimento albergado pela Corte Especial:

    PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGNCIA. AUSNCIA DE IDENTIDADE FTICO-JURDICA. SUBSTITUIO PROCESSUAL. EXECUO. CESSO DE CRDITO.[...]4. Acerca do prosseguimento na execuo pelo cessionrio, cujo direito resulta de ttulo executivo transferido por ato entre vivos art. 567, inciso II do Cdigo de Processo Civil , esta Corte j se manifestou, no sentido de que a norma inserta no referido dispositivo deve ser aplicada independentemente do prescrito pelo art. 42, 1 do mesmo CPC, porquanto as regras do processo de conhecimento somente podem ser aplicadas ao processo de execuo quando no h norma especfica regulando o assunto. Precedentes.5. Agravos regimentais no providos.(AgRg nos EREsp 354569/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, CORTE ESPECIAL, julgado em 29/06/2010, DJe 13/08/2010)

    O acrdo recorrido, de forma escorreita, decidiu no sentido do afastamento da compensao dos crditos constantes no processo executivo 97.00.15249-9, em virtude de sua cesso EMGEA (fl. 1.009).

    4. Passo anlise do recurso interposto pela Edificadora.

    4.1. No se verifica a alegada violao do art. 535 do CPC, uma vez que o Tribunal de origem pronunciou-se de forma clara e suficiente sobre a questo posta nos

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    autos, quanto mais porque o magistrado no est obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a deciso.

    A recorrente insiste na necessidade de suspenso do processo pelo prazo mximo de um ano, de modo a aguardar o julgamento definitivo das execues contra si propostas, sob pena do prosseguimento do feito sem a realizao das compensaes, citando, como respaldo legal, os arts. 265, 5, 791, II, e 475-R, do CPC.

    De fato, o Tribunal no fez aluso ao ponto, mas isso por entend-lo irrelevante para o deslinde da controvrsia, consoante se dessume do seguinte excerto do voto dos embargos de declarao (fls. 1.021):

    Os embargos prestam-se a esclarecer, se existentes, obscuridades, omisses ou contradies no julgado, e no para que se ajuste a deciso ao entendimento do embargante.

    No caso em tela, consta no relatrio o pedido que a embargante alega no analisado, como se pode ver do pargrafo abaixo transcrito, tendo sido, portanto, levado anlise o pedido ali veiculado:Apela a embargada, irresignando-se com a compensao dos valores, alternativamente, querendo a excluso de crdito cedido pela CEF EMGEA, da compensao em virtude da referida cesso, ou ainda, fixao do prazo de um ano para que os processos se achem definitivamente julgados, sem o que, dever ser ordenado o prosseguimento da execuo sem compensao.(...)

    Nessa linha, no se verifica nenhuma violao ao art. 535 do CPC.

    4.2. A suspenso do processo executivo providncia obrigatria nas hipteses arroladas no art. 791 do CPC:

    Art. 791. Suspende-se a execuo:I - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos execuo (art. 739-A); II - nas hipteses previstas no art. 265, I a III;III - quando o devedor no possuir bens penhorveis.

    O art. 265, por seu turno, no que importa ao processo executivo, prev a suspenso quando h: a) morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; b) conveno das partes; e c) oposio de exceo de incompetncia, suspeio ou impedimento do juiz.

    H, ainda, outras situaes que remetem suspenso obrigatria e que no se encontram encartadas no art. 791, tais como: a concesso de liminar em embargos de terceiro (arts. 1.051 e 1.052 do CPC); a execuo de prestaes recprocas (art. 582 do CPC); a alienao de bem imvel de incapaz (art. 701, caput ); e por motivo de fora maior (art. 265, V) (ALVIM, Arruda e ASSIS, Araken de. Comentrios ao Cdigo de Documento: 1227095 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 04/06/2013 Pgina 1 3 de 19

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    Processo Civil. Rio de Janeiro: GZ Editores, 2012, p. 792).

    Em casos como tais, que, por indicao do art. 598 do Codex processual, aplica-se execuo, de forma subsidiria, os dispositivos referentes ao processo de conhecimento.

    Com efeito, a suspenso processual tem carter excepcional e, ressalvadas as hipteses de compulsoriedade, d-se ope judicis , ou seja, ao alvedrio do Juzo, o qual, no caso dos autos, tendo em vista a no ocorrncia das hipteses legais, entendeu pela irrelevncia da medida.

    4.3. Quanto suposta impossibilidade de compensao em sede de embargos execuo, melhor sorte no assiste recorrente.

    O art. 475-L do CPC preconiza:

    Art. 475-L. A impugnao somente poder versar sobre: [...]VI qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigao, como pagamento, novao, compensao, transao ou prescrio, desde que superveniente sentena.

    A norma que emana do referido dispositivo clara ao prever que somente podem ser alegadas na impugnao sentena as causas impeditivas, modificativas ou extintivas da obrigao que tenham ocorrido supervenientemente sentena.

    A compensao, como fato jurdico que extingue parcial ou integralmente a obrigao, se ocorrida antes ou por ocasio do processo cognitivo, no pode ser alegada como exceo nos embargos execuo, porquanto estar preclusa a questo por incompatibilidade com a sentena que a afasta de forma definitiva, nos termos do art. 474 do CPC:

    Art. 474. Passada em julgado a sentena de mrito, reputar-se-o deduzidas e repelidas todas as alegaes e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como rejeio do pedido.

    Antonio Carlos Marcato elucida o contedo subjacente dessa norma:

    Demonstrando a preocupao de nosso ordenamento com a estabilidade das relaes jurdicas e a importncia que conferimos ao fenmeno da coisa julgada material, o CPC, mais uma vez, assim como se comportou em alguns dos dispositivos j comentados, apresenta uma norma que faz presumir que todos os argumentos fticos e jurdicos que poderiam ser deduzidos pelas partes foram apresentados, mesmo que, na realidade prtica do quanto de fato tenha ocorrido nos autos, no tenham sido sequer cogitados.Assim, considerem-se os argumentos que poderiam ser trazidos pelo autor para o fortalecimento da matria apresentada como causa de pedir (prxima e remota), ou aqueles deduzidos pelo ru em sua defesa, deseja o art. 474 que se presuma, com o advento da coisa julgada material , a sua discusso e assim o advento da precluso em relao a eles. (Cdigo de Processo Civil

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    Interpretado. So Paulo: Editora Atlas, 2008, p. 1.533)

    No obstante, a situao ftica retratada nos autos diversa, ou seja, no se alega compensao como defesa - matria que estaria preclusa.

    Ao revs, solicita-se compensao entre crditos da Edificadora - objeto desta execuo -, e crditos da CEF - objeto das demandas executivas 93.00.13820-0 e 97.00.15249-9, em trmite, respectivamente, na 8 e na 4 Vara Federal de Curitiba.

    O art. 368 do CC dispe:

    Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigaes extinguem-se, at onde se compensarem.

    O art. 369, por seu turno, preconiza:

    Art. 369. A compensao efetua-se entre dvidas lquidas, vencidas e de coisas fungveis.

    E tambm o art. 586 do CPC:

    Art. 586. A execuo para cobrana de crdito fundar-se- sempre em ttulo de obrigao certa, lquida e exigvel.

    No caso dos autos, est-se diante de dvidas: (i) recprocas, uma vez que h identidade subjetiva dos titulares dos crditos e dbitos; (ii) lquidas, porquanto seus objetos so certos e determinados; (iii) vencidas, pois se trata de crditos objeto de execues aparelhadas; (iv) fungveis, haja vista ostentarem natureza pecuniria.

    Transcrevo, uma vez mais, o contexto ftico que engendrou o pedido de compensao (fl. 618):

    Consoante certido de fls. 168/169, a parte embargante credora da parte embargada de um total de R$ 289.812.297,21, com posio em maio/2000, cujo montante objeto dos autos de execuo n 93.00.13820-0, em trmite na 8 Vara Federal de Curitiba.Em referida execuo foram opostos embargos execuo n 93.00.15545-8, que foram julgados parcialmente procedentes (fls. 528/549), a fim de determinar o reclculo da dvida com os parmetros fixados pelo Juzo. Referidos autos encontram-se atualmente no E. Tribunal Regional Federal da 4 Regio, onde aguarda o julgamento do recurso de apelao interposto.Ainda, consoante certido de fl. 176, a parte embargante tambm credora da parte embargada do valor de R$ 5.507.173,69, com posio em outubro/2004, cujo montante objeto dos autos de execuo n 97.00.15249-9, em trmite na 4 Vara Federal de Curitiba, onde foram opostos os embargos execuo n 99.00.20792-0 e n 99.00.018107-7, ambos ainda pendentes de julgamento definitivo. (Grifos no original)

    Consoante assentado pelo Juzo de piso, a despeito dos crditos da CEF ainda aguardarem o julgamento definitivo dos respectivos embargos execuo, isso no lhes retira a liquidez, certeza e exigibilidade, uma vez que a ausncia desses Documento: 1227095 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 04/06/2013 Pgina 1 5 de 19

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    atributos impediria o prprio ajuizamento da execuo, sendo certo que a controvrsia quanto ao exato valor dos crditos ocorre no apenas em relao aos pertencentes CEF, mas tambm em relao aos ora discutidos (fl. 619).

    Deve-se ter em conta, ainda, que os crditos da CEF excedem, em muito, o montante de sua dvida para com a Edificadora - R$ 289.812.297,21, em valores de maio de 2000, e R$ 5.507.173,69, referentes a novembro de 2004, contra R$ 37.493.096,11, respectivamente.

    Doutrina abalizada defende a possibilidade de compensao entre os crditos e dbitos das partes em sede de execuo:

    A compensao com execuo aparelhada elimina a pretenso executria at onde opere a extino dos crditos recprocos. Pode ser, pois, matria de embargos, ou elidentes do pedido executrio - se igual ou maior o crdito do executado - ou modificativos, pela sua reduo ao saldo no compensado, se maior o crdito do exequente. (NEVES, Celso. Comentrios ao Cdigo de Processo Civil. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2000, v. VII, p. 208)

    Na mesma linha, Candido Rangel Dinamarco, ao analisar o art. 741, VI, do CPC:

    [...] no indispensvel que o embargante j haja aparelhado uma execuo com fundamento em seu crdito, i.e, que ele haja movido sua execuo em face daquele que aqui exequente-embargado, ou muito menos que a existncia de seu crdito j haja sido definitivamente reconhecida judicialmente; alegada a compensao nos embargos que opuser, no processo destes a existncia do crdito do embargante poder ser posta em ampla discusso, com todas as possibilidades de instruo inerentes ao processo dos embargos. O indispensvel , sempre, que o crdito alegado pelo embargante conste de um ttulo executivo. Os casos, requisitos e limites da compensao admissvel so regidos pelo direito substancial. (Instituies de Direito Processual Civil. So Paulo: Ed. Malheiros, 2005, v. IV, p. 662)

    a mesma lio preconizada por Araken de Assis e Arruda Alvim, em comentrio ao art. 475-L do CPC:

    A lei alude possibilidade de se alegar na impugnao a compensao, desde que existam os requisitos necessrios a que esta se opere, independentemente de ter, o executado, ajuizado a execuo do seu crdito. (Op. Cit., p. 720)

    A par disso, o Tribunal a quo traz percuciente fundamento adicional tese ora esposada (fl. 1.009):

    [...] entendo, sim, possvel a compensao, porque se deve ter como marco para a alegao no a ao de conhecimento, onde a edificadora buscou a indenizao. Momento no qual ela estava buscando uma indenizao e no tinha crdito, nem montante, que foram apurados durante a instruo do processo. No momento em que houve o ttulo constitudo e reconhecido o valor, e a Edificadora props a execuo dessa sentena, a sim era o

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    momento de a Caixa argir a compensao, e ela o fez. Tanto que o Juiz, ao proferir a sentena, reconheceu a possibilidade dessa compensao, at porque um dos processos em que a edificadora executada (ao de execuo n 93.00.13820-0) atinge, aparentemente, a monta em maio de 2000, de 289 milhes. Em outro processo (ao de execuo 97.00.15249-9), em outubro de 2004, atingiu cinco milhes e 507 mil reais.

    4.4. Quanto ao pedido de fixao dos honorrios por ter sucumbido em parte mnima do pedido, no assiste razo recorrente.

    A sentena de parcial procedncia dos embargos reconheceu o direito da embargante de efetuar a compensao entre os crditos e dbitos, na forma do art. 368 do CC, concluindo pela sucumbncia recproca. Na ocasio, determinou que as partes arcassem com os honorrios de seus respectivos patronos, na forma do art. 21, do CPC (fl. 623).

    Em sede de embargos declaratrios, reiterou o Juzo singular a determinao de compensao dos honorrios advocatcios nas diferentes execues e embargos que as partes movem reciprocamente (fl. 725).

    O acrdo recorrido, por sua vez, mesmo aps a reforma da sentena para excluir a compensao dos crditos cedidos, tambm concluiu pela ocorrncia da sucumbncia recproca, ao fundamento de que a alterao fora de pequena monta, mantendo a deciso do Juzo de piso quanto compensao da verba honorria (fl. 1.010).

    Dessarte, tendo assim decidido a instncia ordinria, com amplo conhecimento ftico da demanda, descabe a este Tribunal Superior infirmar a deciso recorrida na estreita via do recurso especial, em face do bice contido na Smula 7 do STJ.

    Nesse sentido:

    AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. VIOLAO AOS ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC. NO OCORRNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. DEVER DE INDENIZAR. SMULA 7/STJ. QUANTUM INDENIZATRIO RAZOVEL E SUCUMBNCIA RECPROCA. REEXAME DE MATRIA FTICO-PROBATRIA. SMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.[...]3. A reviso do julgado, no que toca verba indenizatria e sucumbncia recproca, tambm encontra bice na Smula 7/STJ.4. Agravo interno a que se nega provimento.(AgRg no Ag 1186548/SP, Rel. Ministro RAUL ARAJO, QUARTA TURMA, julgado em 19/02/2013, DJe 13/03/2013)

    PROCESSUAL CIVIL. ARTS. 22 E SEGUINTES DO ESTATUTO DA OAB. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SMULA 211 DO STJ. HONORRIOS ADVOCATCIOS. SUCUMBNCIA RECPROCA. REEXAME

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    DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SMULA 7 DO STJ.1. inadmissvel recurso especial quanto a questo no apreciada pelo Tribunal de origem, a despeito da oposio de Embargos Declaratrios. Incidncia da Smula 211/STJ.2. A jurisprudncia do STJ pacfica ao considerar que a apreciao do quantitativo em que autor e ru saram vencidos na demanda, bem como a verificao da existncia de sucumbncia mnima ou recproca, encontra inequvoco bice nos termos do enunciado 7 da Smula deste Tribunal, por revolver matria eminentemente fctica.Agravo regimental improvido.(AgRg no AREsp 232.304/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/10/2012, DJe 25/10/2012)

    5. Ante o exposto, nego provimento aos recursos especiais.

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    CERTIDO DE JULGAMENTOQUARTA TURMA

    Nmero Registro: 2010/0195660-9 PROCESSO ELETRNICO REsp 1.218.270 / PR

    Nmeros Origem: 200570000105170 200570000192910 200570000338394 200570000342270

    PAUTA: 18/04/2013 JULGADO: 18/04/2013

    RelatorExmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMO

    Ministro ImpedidoExmo. Sr. Ministro : ANTONIO CARLOS FERREIRA

    Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMO

    Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. HUGO GUEIROS BERNARDES FILHO

    SecretriaBela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

    AUTUAO

    RECORRENTE : CAIXA ECONMICA FEDERAL - CEFADVOGADO : HELOISA SABEDOTTI E OUTRO(S)RECORRENTE : EDIFICADORA PARANAENSE LTDAADVOGADO : JOSE CID CAMPELO E OUTRO(S)RECORRIDO : OS MESMOS

    ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigaes

    SUSTENTAO ORAL

    Dr(a). MARCELA PORTELA NUNES BRAGA, pela parte RECORRENTE: CAIXA ECONMICA FEDERAL - CEF

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento aos recursos especiais, nos termos do voto do Senhor Ministro Relator.

    Os Srs. Ministros Raul Arajo Filho, Maria Isabel Gallotti e Marco Buzzi votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Impedido o Sr. Ministro Antonio Carlos Ferreira.

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