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Marketing
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Itambé Empresarial – O que é o marketing One-to-One?
André Almeida - O marketing One to One é uma estratégia de negócio que direciona o foco da empresa para os clientes, em vez de voltá-lo
somente para os produtos ou serviços que a empresa oferece. Marketing 1to1®, também conhecido como CRM (Customer Relationship
Management) ou Gestão do Cliente, marca registrada pelo Peppers and Rogers Group, é a metodologia consistente, desenvolvida pelos
fundadores do grupo, que orienta todas as etapas do relacionamento com o cliente � Metodologia IDIP (Identificação, Diferenciação, Interação
e Personalização). Para ser considerada uma empresa One-to-One, esta deve ser capaz de identificar o cliente a partir de qualquer ponto de
contato que ele escolha, diferenciar os clientes pelo valor que têm para a empresa (valor real e valor potencial) e por necessidades, interagir
com os clientes utilizando os canais de preferência do mesmo, para aprender sobre ele, e, finalmente, personalizar produtos, serviço e suas
comunicações, com base no conhecimento adquirido sobre o cliente, de tal maneira que seja impossível que a concorrência se relacione com
ele de forma semelhante.
IE – Quais os benefícios do marketing One-to-One?
André Almeida - O marketing One-to-One permite um relacionamento individual com o cliente, tornando possível �tratar clientes diferentes de formas diferentes �. Ao diferenciar os clientes, a empresa pode decidir com quem ela deseja desenvolver uma relação duradoura, oferecendo
serviços personalizados, para esse grupo seleto, que seriam impossíveis de oferecer a todos os clientes. Embora o One-to-One não deva
necessariamente ser utilizado para todos os clientes, por motivo de custos, isso não quer dizer, de maneira alguma, que a empresa passará a
tratar mal aos outros clientes. Diferenciar não significa discriminar. A estratégia apenas permite tornar a experiência de realizar negócios com
a empresa cada vez mais conveniente para os clientes mais lucrativos ou com maior potencial de se tornarem lucrativos. Para os clientes
atendidos pelo One-to-One (responsáveis por grande parte do lucro da empresa), será muito inconveniente mudar para a concorrência.
IE – Qualquer empresa (tipo/tamanho/produtos/serviços) pode implantar o Marketing One-to-One?
André Almeida - Sim. O One-to-One é indicado para todas as empresas que queiram aprender sobre os clientes e relacionar-se melhor com
seus �melhores clientes �. Embora seja útil em todos os ramos de negócio, existem empresas que podem sofrer prejuízos maiores se abrirem
mão da estratégia One-to-One. Quanto maior a variedade de necessidades que a empresa atende e maior o número de �níveis de valor� em que
os clientes podem ser classificados, mais necessária é uma estratégia de relacionamento. Em uma companhia aérea, por exemplo, a
necessidade é basicamente a mesma, mas os clientes apresentam grande variação de valor. Já em uma rede de supermercados, os clientes
têm tanto necessidades quanto valores diferentes. À medida que a diferenciação dos clientes se torna uma tarefa complexa, o marketing One-
to-One oferece maiores oportunidades da empresa ganhar vantagem competitiva por meio do relacionamento com clientes.
IE – Como saber se a empresa está preparada para isso? Afinal, é preciso disposição para encarar a mudança no modo como trata o cliente.
André Almeida - A conscientização da necessidade do marketing One-to-One é o primeiro passo. A empresa precisa entender que ignorar as
diferenças entre os clientes não fará com que estas desapareçam. O próximo passo é conseguir o comprometimento da alta direção da
empresa. Como acontece com qualquer projeto de grande porte, o envolvimento de executivos de alto nível, como diretores e vice-
presidentes, é um dos fatores de sucesso mais importantes na iniciativa One-to-One. Por ser um projeto corporativo, que irá alterar diversos
processos operacionais, é necessário que eles apóiem a estratégia como algo definitivo, contribuindo com as mudanças culturais e
organizacionais.
Com esses dois pré-requisitos satisfeitos, a empresa estará pronta e as novas tarefas já farão parte do projeto One-to-One.
IE – Se a empresa estiver realmente disposta a implantar o One-to-One, por onde ela deve começar?
André Almeida - O modelo de negócios One-to-One leva tempo para ser implementado, mas é importante lembrar que ele não será utilizado
para todos os clientes e que as mudanças na empresa ocorrerão de forma gradual. Dessa maneira, os líderes do projeto podem começar
tomando as medidas mais fáceis, no curto prazo, para demonstrar alguns resultados imediatos. Esses resultados ajudarão a financiar o projeto
e conquistarão credibilidade para o empreendimento.
A empresa poderia começar, por exemplo, selecionando alguns dos clientes mais importantes para se relacionar com eles de acordo com
o One-to-One. Existem vários resultados mensuráveis de curto prazo: o aumento de cross-selling (venda cruzada) e up-selling (venda de
atualização, complementos, aperfeiçoamentos), redução dos custos do processamento das transações, redução da perda de clientes, maior
velocidade no processamento das compras e outras transações, maior satisfação do cliente, de maneira geral.
Paralelamente, outras medidas mais complexas seriam tomadas, como a mudança cultural da empresa, o desenho dos novos processos
operacionais, a definição da tecnologia de informação a ser utilizada, o investimento de capital.
IE – Quais informações a empresa deve ter sobre cada cliente e como obtê-las?
André Almeida - Em primeiro lugar, a empresa deve ser capaz de identificar os clientes em todas as transações, portanto, são necessárias
informações de cadastro e a utilização de um código identificador, que sirva para todos os canais. Para diferenciar os clientes e personalizar os
serviços, são necessários dados sobre a receita acumulada pelo cliente, sobre seu comportamento de consumo dentro e fora da empresa, sobre
suas necessidades e preferências de produtos, serviços e canais de atendimento.
Informações cadastrais e transacionais podem ser obtidas de maneira mais fácil, consultando sistemas financeiros e cadastros da empresa.
Informações sobre comportamento e necessidades exigem processos bem elaborados de interação com o cliente e análise de dados, com
utilização de técnicas estatísticas e Business Inteligence.
IE – Após obter as informações necessárias, o próximo passo é avaliar cada cliente. O que considerar para saber se o cliente tem valor para
a empresa?
André Almeida - Conforme comentamos, a diferenciação dos clientes é um dos componentes da Metodologia IDIP (Identificar clientes,
Diferenciá-los, Interagir com eles e Personalizar produtos e serviços). Essa avaliação é feita por valor e por necessidades. A diferenciação por
valor inclui o valor real e o valor potencial. O valor real ou valor vitalício (LTV – Life Time Value) é o valor que pode ser projetado para o cliente
com base em seu histórico com a empresa (transações realizadas, indicações que se transformaram em vendas, etc.). Esse valor deve ser
projetado considerando o tempo que o cliente permanecerá com a empresa. O valor potencial é o valor total gasto pelo cliente no mercado
em que a empresa atua. O valor real dividido pelo valor potencial é a participação no cliente (Share of Customer).
IE – Depois de identificar os seus clientes individualmente; classificá-los por seu valor e diferenciá-los por sua necessidade a empresa deve,
então, focar suas ações/intenções com esses clientes. Como, na prática, isso deve ser feito, ou seja, que medidas a empresa deve adotar
para interagir mais com os clientes?
André Almeida - Existem as interações iniciadas pelo cliente e as iniciadas pela empresa. Nos contatos iniciados pelo cliente, há uma
oportunidade maior de aprendizado, pois a atenção dele estará totalmente voltada para a conversa e ele responderá perguntas mais
facilmente. Para interações iniciadas pela empresa, é interessante utilizar o canal de preferência do cliente, estar seguro da permissão dele
para realizar o contato, e interagir nos dias e horários mais adequados. É importante que o cliente não veja as interações como um incômodo.
Para ambos os tipos de interação recomendam-se: ter um objetivo claro; não pedir dados que a empresa já possui; ser sensível ao tempo do
cliente; assegurar que o cliente veja valor no diálogo; incentivar o uso de canais como 0800, website, caixas de sugestões; proteger a
privacidade do cliente.
IE – Como medir os resultados da estratégia One-to-One?
André Almeida - Comentamos um pouco sobre alguns resultados de curto prazo do One-to-One. Cada área da empresa que estiver envolvida
apresentará indicadores próprios da estratégia de relacionamento, pelos quais será possível medir as alterações operacionais. Os resultados
podem ser verificados por indicadores de relacionamento, como �melhor qualidade� dos clientes conquistados, índice de reconquista de clientes, alteração no churn (percentual de rotatividade da base de clientes), variação do ticket médio dos clientes, satisfação, aumento do
tempo médio de duração do relacionamento com os clientes. Também é possível trabalhar com indicadores financeiros como o ROI (Return on
Investment) e o ROC (Return on Customer), criado por Don Peppers & Martha Rogers, fundadores do Peppers & Rogers Group. O ROC permite
avaliar o impacto gerado, por uma ação da empresa, no valor da base de clientes (calculado a partir do LTV de cada cliente).
IE – Como as empresas brasileiras têm lidado com o One-to-One? Quais os principais erros cometidos e como evitá-los?
André Almeida - O número de empresas que estão buscando a estratégia One-to-One tem crescido bastante no Brasil. A concorrência entre as
empresas tem feito com que um plano de relacionamento com clientes seja considerado não só um diferencial competitivo, mas muitas vezes
um pré-requisito. Muitas empresas têm feito ações isoladas de marketing direto, mas ainda não são capazes de desenvolver um
relacionamento consistente com seus clientes. Existe redundância nas informações sobre os clientes, devido à falta de integração entre os
bancos de dados, e canais de atendimento. Algumas empresas, por exemplo, não conseguem identificar o cliente durante uma interação, para
alimentar a base de dados com novas descobertas.
Novamente, ressaltamos a importância do comprometimento da alta gestão da empresa com o projeto One-to-One, pois ele implicará em
mudanças organizacionais que ultrapassam as barreiras do departamento de marketing. Ao enxergarem a estratégia de relacionamento como
uma nova maneira de fazer negócios com o cliente, os erros operacionais tendem a diminuir, com o amadurecimento dos processos, pois o
foco da empresa permanecerá voltado para a nova direção a ser seguida.
André de Almeida F. Silva - É estudante do bacharelado em Sistemas de Informação (Foco em Planejamento Estratégico) na Universidade
Presbiteriana Mackenzie, onde desenvolveu projetos de pesquisa sobre a estratégia de CRM, incluindo estudos de casos em empresas de
diversos setores como Vivo, Magazine Luiza, Editora Abril, Reader �s Digest, Folha de São Paulo, Editora Globo, Brasilprev e Unibanco AIG, com
publicação de artigos em congressos do Mackenzie, FGV-SP, UFRRJ e na Revista Marketing Direto (ABEMD). Trabalhou no setor de Negócios da
Marsh Affinity, participando de projetos de vendas, relacionamento com segurados e cobrança de seguros massificados de empresas como
American Express, Banco Santander Banespa, Unibanco AIG e Rodobens. No Peppers & Rogers Group, atua na área de consultoria estratégica
em CRM.
Referência: Acesse o site e saiba mais sobre o Peppers & Rogers Group do Brasil¶
Créditos: Caroline Veiga