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IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 873 GRUPO ESCOLAR DR. THOMAS MINDELLO: SÍMBOLO DE MODERNIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NA PARAHYBA DO NORTE Rosângela Chrystina Fontes de Lima 1 [email protected] (UFPB) Resumo O estudo aqui apresentado objetivou investigar sobre uma significativa instituição escolar, que foi inovadora, criada no início do período republicano o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, no contexto do processo de modernização do ensino da cidade da Parahyba e posteriormente João Pessoa, no período de 1916 a 1935. Adotamos uma metodologia que manteve durante toda a sua narrativa o entendimento da relação entre o geral e o particular, seja nos aspectos relativos ao movimento da história da educação brasileira, seja na especificidade paraibana. A análise e a interpretação das fontes documentais coletadas e a conseqüente construção do conhecimento acerca da instituição escolar e suas singularidades, e, conseqüentemente, de uma parcela significativa da nossa história educacional, fundamentaramse em uma perspectiva crítica e problematizadora, aportados na abordagem teórica concebida no âmbito do que os historiadores passaram a denominar de História Social, tomando por empréstimo os referenciais propugnados por Hobsbawm. O corpus documental foi composto de fontes secundárias (bibliografias concernentes à temática) e primárias coletadas no Arquivo Histórico da Paraíba, da Fundação Espaço Cultural FUNESC; no setor de obras raras da Biblioteca Central da UFPB; no Arquivo das Escolas Extintas, referente à 1ª Região de Ensino, e no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP). Toda a documentação consultada nos apontou para o entendimento de que o referido Grupo Escolar se constituiu em um núcleo disseminador das novas práticas escolares, e um modelo que deveria ser seguido pelas demais instituições de ensino primário na Parahyba do Norte. Ao adentrarmos na discussão em torno das iniciativas empreendidas pela Diretoria do Ensino para difundir as novas práticas pedagógicas, baseadas nos pressupostos da Escola Ativa, considerando, por conseguinte, a história do referido grupo escolar, verificamos que esse foi marcado por ser uma instituição disseminadora da pedagogia renovada, visto que nele se instalaram as instituições auxiliares de ensino Palavraschave: Grupo escolar. Modernidade. Escola Ativa. Instituições Auxiliares de ensino. Introdução Esse artigo é resultante de um recorte da dissertação de Mestrado intitulada “Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello e a cidade: espaços de difusão dos ideais modernos (19161935), defendida em 2010 no Programa de PósGraduação em Educação – PPGE/UFPB. Inicialmente, o interesse em investigar o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello 2 surgiu de reflexões, questionamentos e recortes revelados no transcorrer da Pesquisa de Iniciação Científica 1 Mestre em Educação (2010), Doutoranda em Educação PPGE/UFPB.

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 IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”

Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5

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GRUPO ESCOLAR DR. THOMAS MINDELLO:  SÍMBOLO DE MODERNIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NA PARAHYBA DO NORTE 

 

Rosângela Chrystina Fontes de Lima1 [email protected] 

 (UFPB)   

Resumo  

O estudo aqui apresentado objetivou  investigar sobre uma significativa  instituição escolar, que foi  inovadora, criada no início do período republicano ‐ o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, no contexto do processo de modernização do ensino da cidade da Parahyba e posteriormente João Pessoa, no período de 1916 a 1935. Adotamos uma metodologia que manteve durante toda a sua narrativa o entendimento da relação entre o geral e o particular, seja nos aspectos relativos  ao  movimento  da  história  da  educação  brasileira,  seja  na  especificidade  paraibana.  A  análise  e  a interpretação das fontes documentais coletadas e a conseqüente construção do conhecimento acerca da  instituição escolar  e  suas  singularidades,  e,  conseqüentemente,  de  uma  parcela  significativa  da  nossa  história  educacional, fundamentaram‐se em uma perspectiva crítica e problematizadora, aportados na abordagem  teórica concebida no âmbito do que os historiadores passaram a denominar de História Social, tomando por empréstimo os  referenciais propugnados por Hobsbawm. O corpus documental foi composto de fontes secundárias (bibliografias concernentes à temática) e primárias coletadas no Arquivo Histórico da Paraíba, da Fundação Espaço Cultural ‐ FUNESC; no setor de obras  raras da Biblioteca Central da UFPB; no Arquivo das Escolas Extintas,  referente à 1ª Região de Ensino, e no Instituto  Histórico  e  Geográfico  Paraibano  (IHGP).  Toda  a  documentação  consultada  nos  apontou  para  o entendimento de que o referido Grupo Escolar se constituiu em um núcleo disseminador das novas práticas escolares, e  um modelo  que  deveria  ser  seguido  pelas  demais  instituições  de  ensino  primário  na  Parahyba  do  Norte.  Ao adentrarmos na discussão  em  torno  das  iniciativas  empreendidas pela Diretoria  do  Ensino para  difundir  as  novas práticas  pedagógicas,  baseadas  nos  pressupostos  da  Escola  Ativa,  considerando,  por  conseguinte,  a  história  do referido  grupo  escolar,  verificamos  que  esse  foi  marcado  por  ser  uma  instituição  disseminadora  da  pedagogia renovada, visto que nele se instalaram as instituições auxiliares de ensino  Palavras‐chave: Grupo escolar. Modernidade. Escola Ativa. Instituições Auxiliares de ensino.  

 

Introdução 

 

Esse  artigo  é  resultante de  um  recorte  da  dissertação  de Mestrado  intitulada  “Grupo 

Escolar Dr.  Thomas Mindello e a  cidade: espaços de difusão dos  ideais modernos  (1916‐1935), 

defendida em 2010 no Programa de Pós‐Graduação em Educação – PPGE/UFPB. 

Inicialmente, o  interesse em  investigar o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello2 surgiu de 

reflexões, questionamentos e recortes revelados no transcorrer da Pesquisa de Iniciação Científica 

                                                           1 Mestre em Educação (2010), Doutoranda em Educação PPGE/UFPB. 

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– PIBIC  (pesquisa  financiada pelo CNPq), do qual participei na condição de bolsista. Tal pesquisa 

intitula‐se:  “Grupos  Escolares  na  Paraíba  (1916  –  1929):  subsídios  históricos  para proposta  de 

tombamento”, que ocorreu no período de agosto de 2004  a  agosto de 2006. Daí  surgiu nosso 

primeiro contato com a temática acerca dos grupos escolares, despertando‐nos especial interesse 

pela supracitada Instituição. 

Assim, a pesquisa que resultou neste trabalho é recorte da dissertação de Mestrado em 

andamento,  intitulado  provisóriamente:  Grupo  Escolar  “Dr.  Thomas  Mindello”  e  a  Cidade: 

compassos e descompassos entre a  tradição e a modernidade, de caráter histórico documental, 

baseada em fontes primárias e secundárias que nos possibilitaram revelar alguns traços da história 

dos  grupos  escolares  e  o  contexto  sócio‐político,  econômico  e  cultural  da  época  em  estudo  e 

particularmente, a criação do primeiro Grupo Escolar paraibano. 

Sendo  assim,  constituiu‐se  fundamental  o  levantamento  e  análise de  fontes primárias 

coletadas  no  arquivo  público  do  Estado  da  Paraíba,  localizado  na  Fundação  Espaço  Cultural  – 

FUNESC e no  Instituo Histórico e Geográfico da Paraíba  ‐  IHGP. Sendo que no primeiro Arquivo, 

nos detemos particularmente nos periódicos do Jornal “A União”, imprensa oficial3 do Estado. No 

IHGP,  focamos  a  nossa  atenção  nos  periódicos  do  Jornal  Diário  do  Estado,  que  circulou 

prioritariamente na Capital do Estado da Parahyba do Norte. Ainda no IHGP, encontramos alguns 

exemplares do Jornal “O Educador”, que possuiu curta circulação, apenas no ano de 1922. 

Em  síntese, entre  idas e vindas aos  arquivos, podemos  assegurar que o  trabalho neles 

desenvolvidos, 

[...] é, de  fato,  interessante, e  todo historiador que entra por essa seara não se cansa de repetir como os momentos passados em arquivos são agradáveis. [...] O abnegado  historiador  encanta‐se  ao  ler os  testemunhos  [...]  Com o  passar  dos dias, ganha‐se  familiaridade, ou mesmo  certa  intimidade,  com  [...] personagens que se repetem nos papeis.  [...] Os personagens parecem ganhar corpo, e é com tristeza que, muitas vezes, percebe‐se que o horário do arquivo está encerrado, 

                                                                                                                                                                                                  2 Na documentação consultada constatamos que a nomenclatura do referido grupo escolar apresenta gráfia diversa, podendo se apresentar como: Dr. Thomas Mindello; Dr. Thomás Mindello; Dr. Thomaz Mindello. Em virtude dessa panáceia  (o  nome  Thomas  ora  apresenta  o  uso  do  s,  ora  do  z,  sendo  acentuada  ou  não)  achamos  por  bem padronizar no nosso trabalho a gráfia do grupo escolar utilizando como critério de escolha a forma empregada na fachada original do grupo escolar, sendo: Grupo Escolar “Dr. Thomas Mindello”. 

3 O termo oficial é utilizado aqui para designar os documentos e instituições provenientes do poder público. 

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que precisamos fechar os documentos e partir [...] essa é a vida da pesquisa: dura, cansativa, longa, mas gratificante acima de tudo (BARCELLAR, 2008, p. 24).  

Assim, a construção do conhecimento histórico do Grupo Escolar “Dr. Thomas Mindello” 

que  aqui empreendemos está  assentada numa perspectiva  analítica que  leva em  consideração 

tanto  as  informações que  foram obtidas nas mais variadas  fontes, quanto  às  leituras e análises 

produzidas pela historiografia recente. 

 

 Antecedentes da criação do primeiro grupo escolar paraibano 

 

Antes  de  adentrarmos  na  análise  mais  aprofundada  dos  antecedentes  da  criação  e 

posterior  inauguração do primeiro grupo escolar paraibano cabe aqui  tecermos algumas breves 

considerações acerca do surgimento desse novo modelo escolar. Assim, a escola graduada/ e ou 

grupo  escolar  surgiu  na  Europa  seguindo  um  movimento  de  modernização  educacional  que 

conferia identidade própria para a escola, bem como, conferia as cidades que abrigavam essa nova 

instituição escolar um ar de modernidade que se  refletia na construção de grandes edifícios. No 

Brasil, essa nova organização escolar, surgiu primeiramente no Estado de São Paulo, no ano de 

1894. 

A escola primária, ainda sob égide do modelo organizacional das escolas e/ou cadeiras 

isoladas,  trazia  em  si  uma  feição  antiga,  que  remontava  ao  período  imperial.  Logo, dentro do 

projeto educacional republicano, fazia‐se necessário demover da memória quaisquer vestígios do 

antigo regime, imputando a este, todos os malefícios e atrasos dos quais sofrera nossa educação, 

ou seja, era necessário apagar o passado ou, quando não possível, ao menos descreditá‐lo. Assim, 

era necessário que o “novo” se estabelecesse, favorecendo ao mesmo tempo a definição da ideia 

de nacionalidade, conseqüentemente a construção da nossa “brasilidade”, e nada mais concreto e 

sólido que o grupo escolar, uma vez que na sua grande maioria esses grupos  foram projetados 

com beleza e monumentalidade. 

Criar um grupo escolar tinha um significado simbólico muito maior que a criação de uma escola  isolada, cuja precariedade mais se assemelhava às condições das escolas públicas do passado  imperial  com o qual o novo  regime queria romper. Em  certo  sentido, o grupo escolar, pela  sua arquitetura, sua organização e suas finalidades aliava‐se às grandes forças míticas que compunham o imaginário social 

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naquele período, isto é, a crença no progresso, na ciência e na civilização (SOUZA, 1998, p. 91).  

Na Parahyba do Norte, a implantação do primeiro grupo escolar, objeto particular deste 

trabalho, de acordo com Pinheiro  (2002),  foi  idealizado como instituição autônoma, que  remete 

ao  ano  de  1908,  ano  em  que  o  presidente  do  Estado,  em mensagem  enviada  à  Assembléia 

Legislativa,  ressaltou a necessidade de se  realizar uma  reforma na instrução pública. Apontando 

assim, a importância da criação dos grupos escolares para a “moderna educação”: 

Seria  [...] de grande  vantagem e  faço votos para que o meu honrado  successor adopte  o mais  depressa  possivel  a  recommendada  e  utilissima  instituição  dos grupos escolares, reforma que tão  largos e fundos beneficios tem produsido nos Estados que a  introdusiram, como o mais proveitoso dos systemas de ensino até hoje conhecido. (Parahyba do Norte, Estado da. Mensagem de 1908, p. 13).  

Também  em  1909,  o mesmo  presidente  já  propunha  para  a  Parahyba  do Norte  uma 

contínua  substituição  das  “[...]  escolas  comuns  estaduaes  pelos  grupos  escolares  que  são 

instituições mais perfeitas e efficazes para a educação primária”.4 

O  discurso  da  elite paraibana  sobre  a necessidade  da  criação  de  grupos  escolares  no 

Estado  reportava‐se  ao  fato  de  outros  Estados  do  Brasil  já  terem,  há  alguns  anos,  iniciado  o 

processo  de  implantação  e  expansão  dessas  unidades  escolares,  consideradas  instituições  de 

ensino mais úteis, 5 por ser “[...] incontestavel a superioridade que decorre desses institutos sobre 

as escolas isoladas, na diffusão do ensino popular”6. 

O  desconforto  com  tal  situação pode  ser  observado  no  relatório  do  Diretor  Geral  da 

instrução pública enviado ao Presidente do Estado: 

Como  fiz  sentir  com meu  relatorio  anterior, a  instituição  dos  grupos  escolares, embora  com  organização  modesta,  conformadas  ás  condições  financeiras  do Estado, será de maior utilidade para o ensino popular do que as escolas isoladas. Nesses  institutos  em  que  terão  de  funccionar  três  ou mais  escolas  com  um  só prédio,  conforme a população escolar da  localidade, os respectivos professores serão mais estimulados no desempenho de seus deveres, pelo contacto  interino em que  se acham. A direcção e  fiscalização  serão mais  fáceis e efficazes, assim aggrupadas todas as escolas. 

                                                           4‐ Ver, na Mensagem de 1909, a  lei nº 313, de 18 de outubro de 1909, que autorizou o poder executivo a  instituir grupos escolares nos municípios (p.22). 

5‐ Id., Ibid., p. 23. 6‐ Ver Mensagem de 1910, p. 17‐18. 

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Esses  institutos  estão  sendo  estabelecidos,  reconhecida  sua  incontável superioridade, em diversos estados do paiz, nomeadamente o do Rio Grande do Norte,  onde  já  funccionam  creio  que  dez,  nos moldes  do  typo  adaptados  na precitada lei nº 313. 7  

Afinal, no estado vizinho, Rio Grande do Norte, como afirmava o então Diretor Geral da 

Instrução Pública,  as municipalidades eram precursoras na  construção de prédios e  adoção de 

material escolar adequado, enquanto que a Parahyba encontrava‐se à margem da modernidade 

escolar,  contando  com um  sistema  arcaico de ensino. Para ele, o  indispensável para  a  regular 

instalação  dos  grupos  escolares  seria  prédios  apropriados,  isto  é,  construções  não 

necessariamente suntuosas, mas simplesmente cômodos com boas condições de higiene. 

Nesse sentido, a pesquisa sobre a gênese e a história dos grupos escolares, verdadeiras 

“vitrines” da República no Brasil, vêm mostrando como a reunião de escolas isoladas foi aclamada 

como uma  fórmula mágica para  resolver os problemas do ensino primário  (SOUZA, 1998, p. 39). 

No início, as escolas isoladas deveriam ceder lugar, tanto na memória como na realidade espacial, 

para os grupos escolares, mais racionais e abrangentes (FARIA FILHO, 1998). 

 

 A instalação do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello 

 

O primeiro  grupo escolar paraibano  foi  criado em 1916, pelo decreto nº 778 de 19 de 

julho.  Recebeu  o  nome  do  intelectual  e  político  paraibano  Dr.  Thomas  de  Aquino  Mindello, 

professor  conceituado  pela  elite  e  apontado  pela  imprensa  local  como  sendo  o  principal 

reformador do “Lyceu Parahybano”, fato este que, justificou a homenagem prestada pelo governo 

ao estado da Paraíba, em sugerir seu nome como patrono do novo estabelecimento de ensino. 

O  sr.  dr. Thomáz Mindello  referiu  haver‐se  sinceramente  excusado  a  consentir que o seu nome patrocinasse o referido grupo, lembrando, em diversas ocasiões, em substituição, os de Eugenio Toscano, Cardoso Vieira, Gama e Mello, Epitácio Pessôa,  Álvaro  Machado,  etc.,  além  de  outros,  capazes  da  distinção,  por merecimentos  intrínsecos  e  serviços  à  Parahyba  [...]  como  justificativa  da homenagem,  a  remodelação  praticada  no  Lyceu  Parahybano,  a  qual,  porém, declarou, modestamente,  ser devido ao  sr.  dr.  Castro  Pinto,  que  lhe  dera mão forte para sua execução (A UNIÃO, 10/07/1916). 

                                                           7‐ Documento do Arquivo Histórico da Paraíba ‐ FUNESC, caixa 009, 1910. 

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O  período  entre  a  criação  oficial  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  e  a  sua 

inauguração ocorreu em um curto espaço de tempo, uma vez que, aguardou‐se apenas o período 

necessário para a entrega do edifício à Diretoria Geral da Instrução Pública.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 01: Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello após a reforma e ampliação em 1931. Fonte: Stuckert Filho, 2004, p 169. 

 O grupo escolar foi instalado no prédio construído pelo arquiteto italiano Pascoal Fiorillo 

e foi adquirido na administração do Coronel Antonio da Silva Pessôa, 1º vice‐presidente do Estado. 

Verifica‐se, porém, que há divergências quanto à compra do prédio e a sua adequação 

para o funcionamento do grupo escolar. Há registros de jornais que elogiavam a compra do imóvel 

e  outros  que  levantaram  uma  série  de  críticas  e  denuncias  à  administração  e  idoneidade  do 

governo do Cel. Antonio da Silva Pessoa. 

Foi muito  caro  o  prédio  para  o Grupo  Escolar  Thomáz Mindello. É  tamanha  a miséria  de  prédios  públicos  para  as  escolas  nesta  capital  e  no  interior,  que estávamos quase a elogiar a compra feita pelo governo do novo edifício da praça Pedro Américo, para nele ser  instalado o Grupo Escolar Thomáz Mindello. Mas o prédio  não  vale mais  de  40  contos  de  réis,  e  foi  comprado por  52  contos.  Foi carissimo.  [...]  Parabéns  ao  operoso  arquiteto,  Sr.  Paschoal  Fiorillo  por  ter encontrado quem advogasse, maneirosamente, esse negócio da China, juntos aos próceres situacionaistas. Pena é que não vão as algibeiras do Sr. Paschoal os bons lucros dessa  compra. Não queremos dizer que o Sr. Antonio Pessoa  também  vá comer qualquer coisa, mas podemos garantir que foi explorada a boa vontade de 

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s. exc. para a fundação do primeiro grupo escolar paraibano (DIÁRIO DO ESTADO, 23/07/1916).  

Contrariando  a  informação  citada  acima,  outro  jornal  da  capital,  apresentou  versão 

diferente sobre o fato, isto é, que o estado economizou a quantia de quatro contos de réis para os 

cofres públicos. 

O  sr.  Presidente,  completando  o  seu  pensamento  de  homenagear  ao  sr.  dr. Thomáz Mindello,  colocando  o  novo  instituto  sob  o  patrocínio  do  seu  nome, decidiu ontem a aquisição para o Estado do prédio do sr. Paschoal Fiorillo, sito à praça do Thesouro. Firmando‐se no  laudo dos peritos nomeados que estimaram em  cinqüenta  e  seis  contos  aquella  construção,  o  sr.  cel.  Antonio  Pessôa contractou a  compra por  cincoenta e dois e  já expediu para  se  lavrar hoje, no contencioso do Thesouro, o respectivo contracto. (A UNIÃO, 22/07/1916).  

Percebe‐se,  portanto  a  controvérsia  acerca  da  compra  do  imóvel  no  qual  passou  a 

funcionar  o  primeiro  grupo  escolar  paraibano.  Enquanto  um  jornal,  provavelmente,  crítico  ao 

governo denunciava que os  cofres públicos perdera aproximadamente 12  contos de  réis, outro 

ressaltava que o estado havia, economizado 4 contos de réis. No entanto, é preciso destacar que, 

o Sr. Manuel Tavares Cavalcanti, então Diretor Geral da  Instrução Pública era,  também,  redator 

chefe  do  Jornal  A  UNIÃO.  Nesse  sentido,  essa  polêmica  fortalece  a  crítica  elaborada  por 

historiadores de que não há neutralidade nas fontes. Conforme Carr (1978, p. 18): 

Nenhum documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava − o que  ele  pensava  que  havia  acontecido,  o  que  devia  acontecer  ou  o  que aconteceria, ou talvez apenas o que ele queria que os outros pensassem que ele pensava,  ou mesmo  apenas  o  que  ele  próprio  pensava  pensar.  [...]  Os  fatos, mesmo  se encontrados em documentos, ou não, ainda  têm de ser processados pelo historiador antes que se possa fazer qualquer uso deles [...].  

O  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas Mindello  deveria  sobremaneira  servir  de modelo  a  ser 

seguido para  as demais  instituições de ensino primário, entretanto,  segundo o  Jornal Diário do 

Estado (23/07/1916) o edifício não atendia: 

[...]  as  necessárias  condições  de  capacidade  para  preencher  as  exigências  da higiene exalar,  trata‐se de uma  construção que de nenhum modo  se presta ao funcionamento de uma escola e, muito principalmente, de um grupo que deve conter maior número de alunos. Assim não se justifica, de nenhuma forma, o sacrifício do Tesouro, adquirindo, por tão  alto  preço  uma  casa  imprópria  para  servir  de modelo  as  demais  escolas primárias do Estado (DIÁRIO DO ESTADO, 23/07/1916). 

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A má  impressão demonstrada na nota acima, com  relação ao prédio do primeiro grupo 

escolar paraibano e  sua  inadaptabilidade  ao  fim que  se destinava  também pode  ser  conferida 

indiretamente na imprensa oficial do Estado, na qual, divulgou em suas páginas (Parte oficial que 

corresponde  hoje  ao  Diário  Oficial)  a  necessidade  de  cumprimento  de  contrato  do  arquiteto 

responsável, no caso Pascoal Fiorillo, no tocante ao termino de algumas adaptações pendentes no 

edifício do grupo escolar: 

Expediente do govêrno do dia 18 de maio de 1917. Officios: Ao Sr. Dr. director das obras publicas. Remettendo‐vos,  com a  representação do Sr. Dr. director do grupo escolar  “Dr. Thomáz Mindello” o  incluso officio sob. Nº. 180, datado de 14 do corrente mez, dirigido a  esta  Presidencia pelo  Sr.  José  Francisco  de Moura,  director  geral  da Instrucção Publica, e da Escola Normal recommendando‐vos que providencies no sentido  do  architecto  Pascoal  Fiorillo,  realizar  o  serviço  de  que  trata  o mencionado officio, visto o mesmo profissional se ter obrigado a fazel‐o quando vendeu  ao  govêrno  do  Estado,  o  prédio  em  que  funcciona  o  alludido  grupo. (Jornal A União, 20/05/1917, p. 3).  

Verificamos,  que mesmo  a  Imprensa  oficial  do  Estado  se  viu  obrigada  a  divulgar  as 

pendências de ordem estrutural do edifício escolar, o que legitima as denúncias anteriores feitas 

quanto a real condição do edifício para abrigar um grupo escolar. 

Inicialmente, o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello foi constituído com três cadeiras e/ou 

escolas,  sendo:  uma mista  (para  ambos  os  sexos),  e  as  outras  duas,  para  o  sexo masculino  e 

feminino. A mista ficou a cargo de dona Julita Ribeiro, a do sexo masculino sob a responsabilidade 

do Sr. Sizenando Costa e a do sexo feminino com dona Maria Isabel Dantas. A direção do primeiro 

grupo escolar da Paraíba  coube  ao Dr.  João Alcides Bezerra, que  também exercia  a  função de 

Inspetor Geral do Ensino. 

 

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Naquele momento histórico educacional, ser professor de grupo escolar configurava‐se 

referente  ao  ensino  primário  como  uma  verdadeira  ascensão  na  carreira  do  magistério, 

comparando‐se em termos comparativos ao status de ser professor do ensino secundário tanto do 

Lyceu  Parahybano  e  da  Escola  Normal. Nesse  sentido,  os  professores  que  atuaram  no  grupo 

escolar eram considerados autoridades de ensino. Além disso, alguns intelectuais paraibanos que 

Figura  2:  Julita  Ribeiro,  Professora Fundadora  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas Mindello.  Fonte: FREIRE, 1982, p. 191.  

Figura  3:  Professora Maria  Isabel  Ramos (D. Maroquinha). Foi uma das fundadoras do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello e do Instituto São José. Fonte: A União, 4 fev. 1940, p. 8 

Figura  4:  João Alcides Bezerra  Cavalcanti,  1º Diretor  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas Mindello, e Diretor Geral da Instrução Pública entre  1916  e  1921.  Fonte:  Jornal  “O EDUCADOR”, 01 nov. 1921, s/p. 

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se destacaram pela forte atuação na educação e na política local/nacional no início da década de 

1910 até fins da década de 1920, foram alunos do grupo escolar. 

 

A solene inauguração do primeiro grupo escolar paraibano 

 

Quanto à  festividade de inauguração do primeiro grupo escolar paraibano, ocorrida em 

09 de setembro de 1916, foi amplamente divulgada pela imprensa local, merecendo destaque as 

presenças  do  presidente  em  exercício  do  Estado,  Cel.  Antonio  Pessôa;  do  Arcebispo 

Metropolitano, o Exmo. Sr. D. Adaucto, que fez a bênção do edifício e se fez acompanhar dos Srs. 

Monsenhor Odilon Coutinho e padre João Bezerril; contou também com a presença do Dr. Manuel 

Tavares  Cavalcanti,  diretor  geral  da  instrução  pública,  bem  como  de  muitos  professores, 

professoras e intelectuais da sociedade paraibana. 

A  solenidade  teve  selecto e numeroso  comparecimento dos  corpos docentes e discentes, em quasi a sua totalidade, da Escola Normal, do grupo annexo a esse estabelecimento  e  do  Lyceu  Parahybano,  estiveram  presentes  senhoras  e senhoritas de nossa melhor sociedade, altas auctoridades professores públicos e particulares,  magistrados,  médicos,  advogados,  jornalistas,  etc.  (A  UNIÃO, 10/07/1916).  

A inauguração contou ainda com a execução de uma programação, na qual, todas as suas 

partes  foram cuidadosamente ensaiadas e, com sucesso  realizado pelas professoras e alunos da 

Escola Normal e grupo escolar modelo2 anexo ao supracitado estabelecimento de ensino. Toda a 

organização do programa  intitulado:  “Bênção do edifício”  foi  supervisionada e minuciosamente 

elaborada pelo diretor geral da  instrução pública, Dr. Manuel Tavares Cavalcanti. Na seqüência, 

após  a bênção do edifício e do magistral discurso do diretor da  instrução pública,  seguiu‐se o 

programa,  iniciado com o hasteamento da bandeira nacional e concluído com o hino nacional3, 

                                                           2  Nesta data, que não é a de sua fundação, o “Grupo Escolar Modelo” que funcionava como anexo a Escola Normal já existia e tinha por objetivo servir de espaço para o exercício das atividades pedagógicas dos alunos que estavam se preparando para o magistério. Apesar da nomenclatura de “Grupo Escolar”, este não  se configurava como escola graduada, visto não possuir os elementos de seriação, graduação e hierarquização, bem como, por não se tratar de uma instituição autônoma, requisitos básicos que configuravam e caracterizavam um grupo escolar. Sendo assim, foi apenas em 1916 que se instituiu e se inaugurou o primeiro grupo escolar paraibano, Dr. Thomas Mindello. 

3  Aspectos como o hasteamento da bandeira nacional e canção do hino nacional presentes na programação, revela a perspectiva a qual os historiadores denominam de nacionalismo‐patriótico, conforme Pinheiro (2002).  

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toda a execução do programa contou ainda com a banda de música da Força Policial, que  tocou 

peças do seu repertório. 

As  festas de  inauguração dos grupos escolares que ocupavam muito tempo com as preparações 

(desde a  elaboração até  a  execução  do  cronograma  de  atividades proposto no programa).  É  o  caso da 

inauguração do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, na qual, todas as partes de elaboração e execução do 

programa  de  instalação  do  novo  edifício  escolar  foram minuciosamente  cuidadas  pelos  professores  e 

alunos da escola Normal, sob a supervisão do Dr. Manuel Tavares Cavalcanti, Diretor da  Instrução Pública 

do Estado. O jornal “A União”, divulgou amplamente a inauguração do primeiro grupo escolar da Paraíba, 

transcrevendo na integra o seu programa: 

  Programa “Benção do Edifício” Instalação do grupo – Alocução análoga ao ato pelo diretor da Instrução Pública. Hasteamento  da  Bandeira  Nacional  –  sendo  entoado  o  hino  pelos  alunos  das Escolas Normal, Modelo e Grupo. Hino dos livros – pelos alunos do 1º grau da Escola Modelo. A cidade da luz – de Luiz Delfino, por Isaurina de Mattos Dourado. A boneca – cançoneta – por Zilda Teixeira. Saudação  ao  grupo  recém  instalado –  pela  senhorita Noemia  Ribeiro,  aluna  da Escola Normal. A Escola – Recitativo – por Avany Fonseca. A  Professora  –  Comedia  – por  Clívia  Carneiro, Maria  Luiza Mouraes, Maria  da Penha Vinagre e Maria de Lourdes Coelho. Os Dois Edifícios – de Valentim Magalhães por Heloysa Almeida. Alocução de Agradecimento – pelo Diretor do Grupo. As Flores – Canto – pelos alunos do 1º grau da Escola Modelo. Um dia de anos – Monologo – por Maria de Lourdes Coelho. As duas lagrimas – Recitativo – por Isaurina de Mattos Dourado. Saudação ao Patrono do Grupo – pelo aluno Augusto da Silveira Paulo. O Gaturamo – Canto – por Jenay Tavares Bonevides. Hino Nacional – pelos alunos da Escola Normal, Modelo e Grupo.8  

As festas escolares conforme podemos inferir a partir da programação acima explicitada, 

marcaram ritos de passagem e a difusão de costumes, envolvendo em determinados seguimentos 

sociais o espírito cívico, ou seja, as  festas escolares se configuraram num acontecimento público 

que reunia no mesmo evento a comunidade escolar, as famílias dos alunos, políticos, intelectuais e                                                            8 Esta programação foi também publicada no Jornal Diário do Estado em 23 de  julho de 1916 e encontra‐se no texto de Pinheiro (2006, p.114). 

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a  imprensa  de  modo  geral.  Faziam‐se  discursos,  cantavam‐se,  representavam‐se,  tudo  com 

preparação prévia visando mostrar a disciplina e a excelência pedagógica do estabelecimento de 

ensino e da educação nele ministrada. Por conseqüência aspectos da modernidade educacional 

era  transmitida através das mudanças  cotidianas da escola, dentro e  fora dela,  com  seus  ritos, 

hinos e passeatas, difundindo assim os princípios republicanos. 

 

Funcionalidade do espaço físico do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello. 

 

 

A escola graduada inaugurou um novo tipo de relação entre a escola e a cidade, uma vez 

que aprofundou as atividades de comunicação e de cultura com a comunidade, proporcionando 

momentos de integração entre corpo docente, discente e pais dos alunos. Ainda no grupo escolar 

eram oferecidos  cursos, palestras e oficinas que  favoreciam o  “engrandecimento educacional e 

social”. 

À escola foi delegada, historicamente, a função de formação das novas gerações, ou seja, 

a  escola  se  constituiu  no  locus  privilegiado.  Assim,  os  constantes  processos  de  urbanização 

parecem  ter  destacado  a  escola,  transformando‐a  em  um  espaço  social  privilegiado  tanto  de 

educação quanto de convivência social, e, portanto, em ponto de referência fundamental para a 

constituição das identidades dos sujeitos que margeiam este espaço, ou seja, numa dialética entre 

o interno e o externo, entre a cidade e a escola. 

Monarcha (1999, p. 230) afirma que, no início no século XX: “Os edifícios dos grupos são 

marcos arquitetônicos na paisagem urbana da capital e das cidades do  interior  [...] Apresentam 

um padrão arquitetônico definido – criados por arquitetos famosos [...].” 

Na  figura 5, a seguir, observamos em primeiro plano a  imagem aérea do Grupo Escolar 

Dr. Thomas Mindello, e sua peculiar composição em “V”, ocupando na extensão do seu terreno, 

todo um quarteirão: (1) Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, (2) Comando da Polícia, (3) Correios e 

Telégrafos, (4) Quartel de Policia e (5) Teatro Santa Roza. 

 

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 Figura 5: Foto aérea, de 1934, onde podemos observar o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello e o seu entorno 

urbanístico. Fonte: Stuckert Filho, 2004; p. 06. 

 Na Paraíba do Norte, o seu primeiro grupo escolar encontrava‐se fora dos padrões usuais 

para edificações escolares, apesar de assinado por um renomado arquiteto – Pascoal Fiorillo ‐, o 

fato é que o prédio onde se instalou o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello não foi projetado para 

este fim. 

Salvo essa particularidade quanto  à  arquitetura  singular desse  grupo escolar, notamos 

que a utilização das suas dependências  físicas excedia para além da sala de aula, para além das 

funções didático‐pedagógicas, sendo um importante centro de cultura e administração pedagógica 

do ensino primério, muito provavelmente por sua localização privilegiada, no coração da Capital 

paraibana, próxima as principais esferas de poder e cultura, como é possível observar na figura 5. 

A utilização do espaço físico do grupo escolar Dr. Thomas Mindello esteve além de suas 

funções pedagógicas, como podemos constatar ao observar em sentido horário o gráfico a seguir:  

 

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GRÁFICO I 

Utilização do espaço físico do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello 

 

 

 

Certamente  o  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas Mindello  contava  com  conforto  e  higiene,  e 

também pelo status social que a ele  foi atribuído de modo geral. Diversos eventos,  festividades 

cívicas,  reuniões  e  conferências  tomavam por  empréstimo  as  dependências  físicas  do  referido 

grupo escolar. Assim, podemos aqui enumerar algumas delas. 

A  realização dos exames primários das escolas públicas da capital é constatada a partir 

dos  editais  publicados  por ordem  do  Diretor  Geral  da  Instrução  Pública,  Dr.  Eduardo  Pinto  de 

Medeiros, que, em 1919, afirmou: “[...]  faço sciente aos  interessados que os exames  finaes das 

escolas públicas primárias diurnas desta capital se  realizarão  [...] na séde do grupo escolar “Dr. 

Thomáz Mindello”. (A UNIÃO, 06 nov.1919, p. 3). 

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Assim,  em  data  previamente  escolhida  e  publicada  via  edital,  à  Diretoria  Geral  da 

Instrução Pública determinava que  todos os exames  finais das escolas e/ou cadeiras  isoladas da 

capital seriam  realizados no  referido grupo escolar. Posteriormente, os demais grupos escolares 

passaram a ceder suas dependências para este mesmo fim. 

O  Sr.  Dr.  inspector  geral  do  ensino  determinou  que  se  iniciassem  na  próxima sexta‐feira, nove do corrente, os exames primarios das escolas publicas da capital. Esses  exames  serão  procedidos no  grupo  escolar Dr. Thomas Mindello  [...] No referido  dia  nove  e  no  subsequente  se  effectuarão  os  do  grupo  escolar  Dr. Thomas Mindello. É  facultado  aos  Srs.  Professores  de  escolas  isoladas  levarem  para  alli  os  seus alumnos afim de prestarem exames conjunctamente com os do grupo (A UNIÃO, 08 out.1917, 1917, p. 2).  

No entanto, esta não era a única atribuição dada ou mesmo concedida aos edifícios dos 

grupos escolares. 

Ainda no Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello,  fundou‐se a primeira “Caixa‐Escolar” 9 da 

Parahyba do Norte, denominada de Caixa Escolar “Arruda Câmara”,  fundada em 16 de  junho de 

1917 e inaugurada em 6 de maio de 1919, por iniciativa da Sociedade dos Professores Primários da 

Parahyba.  

Além das sessões extraordinárias dos sócios da Sociedade dos Professores Primários da 

Parahyba  e  da  Caixa  Escolar  “Arruda  Câmara”,  funcionava  também  no  referido  grupo  escolar 

algumas escolas de ensino noturno.  

A  expansão desta modalidade  de  ensino,  como  observamos,  ocorreu de  forma acelerada na década de 1920. Este crescimento, entre outros motivos, se deu pela exigência  do mercado  de  trabalho  aos  adultos  que  almejassem  nele  entrar  e permanecer, e ao trabalho  infantil, pois crianças que trabalhavam durante o dia, não apresentavam  condições de matricularem‐se nas escolas diurnas da  capital, restando‐lhes assim, os cursos noturnos. No  entanto,  devido  à  precária  condição  financeira  dos  alunos  destes  cursos noturnos,  a  Sociedade  dos  Professores  Primários  da  Parahyba  disponibilizava mantimentos e roupas para o alunado por meio da Caixa Escolar Arruda Câmara, com  sede  no  Grupo  Escolar  Thomás Mindello  e  da  Caixa  Escolar  existente  no Grupo Escolar Isabel Maria das Neves (PAIVA; LIMA, 2008, p. 6).  

                                                           9 As Caixas Escolares que se fundaram no Estado foram regulamentadas no governo Camillo de Hollanda, através do decreto n.º 1.015, de 24 de abril de 1919.

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Ainda  sobre  o  ensino  noturno  e  sua  relação  direta  com  o  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas 

Mindello, o  Jornal A União  (1917, p. 2) publicou que Celso Affonso Pereira, a época Diretor do 

Ensino Noturno, determinou que:  “[...]  a directoria do ensino nocturno, a  seu  cargo, no  grupo 

escolar Dr. Thomáz Mindello,  [...] dá expediente e attende, das dezoito ás vinte e uma horas, as 

pessôas que lhe precisarem falar.” 

Nas  suas  dependências  físicas,  também  funcionou,  outra  importante  instancia 

organizacional do ensino público paraibano, qual seja, a Inspetoria do Ensino, como nos assegura a 

nota a seguir:  

Hoje, de 9 ás 11 horas, o Sr. inspector geral do ensino estará na sede da Inspectoria, no  grupo  escolar  Dr.  Thomáz  Mindello,  afim  de  fornecer  aos  Srs.  professores públicos desta capital os attestados de exercicio relativos ao proximo passado mez. Alli e não em  sua  residencia, deverá  ser procurado para esse  fim.  (A UNIÃO, 02 ago.1917; p. 1).  

Nesse  contexto  de  grandes  inovações  educacionais,  sob  orientação  das  idéias  do 

movimento escolanovista,  surgem  às  instituições de  auxilio  à  causa educativa,  como estas que 

foram fundadas na Parahyba do Norte: 

 

1 – Biblioteca Escola, 

2 – Caixas Escolares; 

3 – Cinema Educativo; 

4 – Círculo de Pais e Mestres; 

5 – Curso/ e ou Escola Complementar; 

6 – Clubes Agricolas Escolares; 

7 – Jardim da Infância; 

8 – Jornal Escolar; 

9 – Museu Escolar, 

10 – Rádio Educativo. 

 

Na  Parahyba  do  Norte,  não  podemos  deixar  de  dar  destaque  ao  Grupo  Escolar  Dr. 

Thomas Mindello, o qual pode  ser  apontado  como a principal  instituição disseminadora destas 

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instituições  auxiliares do ensino,  visto que neste estabelecimento de ensino eram processadas 

todas as  inovações pedagógicas ditas modernas,  tanto as de ação educativa quanto as de ação 

social. Desse modo, relacionamos os jardins de infância, jornais escolares, Museus, Rádio, Cinema 

educativo, Clubes  agrícolas, e Curso/ e ou Escola Complementar  como  sendo as  instituições de 

ação educativa. As de  ação social e de  assistência – Associações de Pais e Mestres e  as Caixas 

Escolares.  

A escola, como espaço de convivência social,  torna‐se um centro de  referência pessoal 

que marca os sujeitos que por ali passam, pelo simples  fato de estar nessa e não em qualquer 

outra, fruto de traços que a identificam, a tornam única. 

A escola, que deve ser o reflexo dos  ideaes e tendências da communidade, não póde manter‐se afastada da communidade, mas, ao contrario, deve formar parte della,  variando  com ella, e proporcionando egual opportunidade para  todos.  (A UNIÃO, 30 mar.1932, p. 1).  

Portanto,  ao  confrontarmos  nossas  fontes  frente  à  emergência  dos  demais  grupos 

escolares na capital paraibana, verifica‐se que, mesmo com a inauguração dessas novas unidades 

de ensino primário, o  status do Grupo  Escolar Dr.  Thomas Mindello permanecera  superior  aos 

demais grupos, levando‐se em conta a elevada ocorrência de eventos na sede desta instituição de 

ensino.  Talvez,  isto  se  deva  ao  fato  de  que  este  tenha  sido  o  primeiro  do  seu  gênero  a  ser 

implantado  na  Parahyba  do  Norte,  marcando  o  início  de  todo  um  complexo  processo  de 

reestruturação do ensino público primário paraibano. 

 

 

 Considerações finais 

 

De  acordo  com  a  análise  das  informações  coletadas,  os  indícios  nos  indicam  que  os 

grupos escolares ocasionaram diversas transformações na instrução pública primária do Estado da 

Parahyba do Norte. Houve, com a criação destes novos núcleos de ensino, uma reestruturação do 

espaço escolar, tanto em seu aspecto físico como em seu aspecto burocrático e pedagógico. Além 

disso,  se  percebe  que,  em  nenhuma  outra  época,  a  escola  primária  contribuiu,  de  forma  tão 

expressiva, para reforçar o imaginário da República. 

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A implantação do primeiro grupo escolar a partir de 1916, na cidade da Parahyba, atual 

João Pessoa, constituiu o novo espaço escolar da cidade, criado à luz do ideário positivista e das 

reformas educacionais propostas para aquele momento histórico. A sua instalação  foi  resultado 

das  aspirações  culturais  das  lideranças  políticas  e  de  alguns  intelectuais  que  se  tornaram 

importantes atores das relações e nos jogos de poder tanto de ordem econômica quanto política e 

cultural entre as esferas municipal, estadual e federal. 

Portanto,  essa  nova  modalidade  institucional  de  ensino  primário  marcou 

consideravelmente a história da educação, pois a escola era, naquele momento, uma  instituição 

em  construção.    Estava  deixando  as  casas e  as  igrejas para  ocupar um  espaço próprio.  Estava 

tornando‐se pública, no duplo sentido da palavra: deixava de ser coisa do mundo do privado (da 

casa e, portanto, da intimidade familiar), e, também, tornava‐se conhecida, reconhecida. 

Por  fim,  elencamos  algumas  contribuições  para  futuras  pesquisas,  uma  vez  que  a 

natureza desta investigação provocou o surgimento de questões pouco conhecidas, e de outras 

que até o momento não haviam sido exploradas, mas que poderão ser relativamente aclaradas em 

futuros  trabalhos. Afinal, é necessário, pois, analisar mais detidamente  tanto o conjunto dessas 

instituições, enquanto política pública  voltada  à melhoria do ensino primário, quanto  investigar 

cada uma delas  isoladamente,  identificando  suas particularidades,  seu  alcance  e  eficácia,  seus 

métodos,  suas práticas desenvolvidas dentro de uma perspectiva  inovadora da escola  ativa, e, 

acima de  tudo, analisar os  impactos que ocasionaram dentro e  fora do espaço escolar público 

primário.  

 

Referências 

CARR, E. H. Que é História? Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. 

BACELLAR,  Carlos.  Uso  e mau  uso  dos  arquivos.  In:  PINSKY,  Carla  Bassanezi  (org).  Fontes  Históricas.  São  Paulo; Contexto, 2005. 

MONARCHA, Carlos. A reinvenção da cidade e da multidão: dimensões da modernidade brasileira: a Escola Nova. São Paulo, Cortez; Autores Associados, 1989. (Coleção educação contemporânea. Serie memória da educação). 

FARIA  FILHO,  Luciano.  A  escola  no movimento  da  cidade:  os  grupos  escolares  em  Belo  Horizonte.  Educação  em Revista, Belo Horizonte. Nº. 26, dez / p. 89‐101; 1998. 

FREIRE, Carmem Coelho de Miranda. História da Paraíba (Para uso didático). João Pessoa – PB: A União, 4 ed.; 1982. 

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PINHEIRO, Antonio Carlos Ferreira. Da era das cadeiras isoladas à era dos grupos escolares na Paraíba. Campinas, SP: Autores Associados, São Paulo: Universidade São Francisco, 2002. (Coleção educação contemporânea). 

__________.  Grupos  Escolares  na  Paraíba:  iniciativas  de  modernização  escolar  (1916‐1922).  In:  VIDAL,  Diana Gonçalves  (org.).  Grupos  escolares  ‐  cultura  escolar  primária  e  escolarização  da  infância  no  Brasil  (1893‐1971). Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006. 

SOUZA, Rosa Fátima de. Templos de Civilização: a implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo (1890‐1910). São Paulo: UNESP, 1998. 

 

Fontes  

Jornal DIÁRIO DO ESTADO, ano II, Parahyba; 23/07/1916. 

Jornal A UNIÃO, ano XXIV, Parahyba, 1916. 

Jornal A UNIÃO, ano XXV, Parahyba, 1917. 

Jornal A UNIÃO, Paraíba, 04/02/1940, p. 8 

Jornal “O EDUCADOR”, Parahyba, Ano I; n. II; 07/11/1921.