Upload
duongthuan
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
citação
“As escolas podem ter um impacto tremendo nos níveis de realização dos alunos,
desde que sigam as directrizes sugeridas pela investigação. Para o provar, (…)
apresento evidências, baseadas nos meus esforços para sintetizar a investigação
produzida nos últimos 35 anos, e que, defendo, propiciam uma clareza de visão sem
precedentes sobre a natureza do processo educativo.”
1
Pequena síntese em 10 linhas
Na obra (título escolhido), Robert J. Marzano defende a perspectiva de que a
educação pública se encontra na alvorada do “melhor dos tempos”. A fim de sustentar
a sua tese, o autor recorre aos múltiplos e inequívocos dados de 35 anos de
investigação sobre eficácia educativa, que, globalmente, evidenciam o impacte, por
vezes substancial, que as escolas têm na realização escolar dos seus alunos. Afirma,
ainda, que tal é possível sem que, para isso, sejam necessários recursos exorbitantes.
Basta, apenas, que os vários agentes intervenientes no processo educativo se
mostrem disponíveis para irem ao encontro das várias direcções apontadas pelo
actual corpo de conhecimentos teóricos e empíricos, sobre uma educação eficaz.
Demonstra-o, clara e sistematicamente, através de uma análise crítica dos resultados
da investigação sobre três grandes factores, consensualmente identificados como
influentes na realização escolar dos alunos, a saber, os aspectos relativos à escola
(fruto das políticas, decisões e iniciativas educativas), aos professores
(especificamente, todos os aspectos do processo de ensino-aprendizagem
directamente sob o seu controlo) e aos alunos (todos os factores habitualmente
associados aos seus contextos socioculturais de origem).
2
Os pontos de vista, ideologicamente contaminados em graus variáveis, sobre a
Questão da Educação têm sofrido variações nas últimas décadas, o que, não raras
vezes, coloca os profissionais, gestores, decisores políticos e a opinião pública em
situação de hesitação, se não, de confusão ou de desencanto. Sem excluir os níveis
de análise estrutural macro, isto é, o resultado de decisões de políticas de
educação-formação que definem o figurino e o respectivo fluxograma; e micro, quando
se centram, por vezes de modo obsessivo, em análises organizacionais e em modelos
de gestão das escolas , Robert J. Marzano salienta o papel decisivo que a
investigação pode desempenhar, quando contextualmente reflectida, para a melhoria
(um processo nunca acabado) dos resultados sociais produzidos pela escola. Em
confluência com perspectivas recentes que acentuam a concepção e a acção do
professor como um profissional autónomo, de nível superior, capaz de interrogar as
suas práticas à luz de uma competência e atitude investigativas, atento à singularidade
de cada aluno, situação e contexto, não se confundindo com as representações da
mediania da cultura do senso-comum ou na reprodução repetitiva de soluções ou
“pacotes” disponíveis, mesmo que apresentados sob a etiqueta de “boas práticas”. O
contributo desta obra pode, assim, legitimamente, criar expectativas para um salto
qualitativo sobre a compreensão e intervenção das práticas de educação escolar no
nosso País, para além de reforçar características distintivas da nossa profissionalidade
docente.
Joaquim Luís Coimbra
3
O que faz as escolas funcionarem
Da investigação às práticas
Robert J. Marzano
4
O que faz as escolas funcionaremDa investigação às práticas
1. Introdução ao melhor dos tempos
Secção I: Factores Relativos à Escola2. Os factores relativos à escola
3. Um Currículo essencial e viável
4. Objectivos desafiantes e um retorno efectivo
5. Envolvimento dos pais e da comunidade
6. Ambiente seguro e disciplinado
7. Corporativismo e profissionalismo
Secção II: Factores Relativos aos Professores8. Os factores relativos aos professores
9. Estratégias educativas
10. Gestão da sala de aula
11. Plano curricular concretizado em situação de aula
Secção III: Factores Relativos aos Alunos12. Os factores relativos aos alunos
13. Ambiente familiar
14. Inteligência aprendida e conhecimentos de base
15. Motivação dos alunos
Secção IV: Implementação16. Implementar o modelo
17. Utilizar o modelo
18. O papel crítico da liderança
Anexo
Notas Técnicas
Referências bibliográficas
Índice remissivo
Sobre o Autor
5
Lista de figuras no Capítulo 1
1.1. Reinterpretação dos resultados de Coleman utilizando o BESD p.
1.2. Escolas eficazes versus escolas ineficazes, assumir 20% de variância p.
1.3. A eficácia das escolas em contínuo p.
1.4. Factores que influenciam a realização escolar dos alunos p.
6
1. Introdução ao melhor dos tempos1
Hoje por hoje, talvez mais do que nunca, a citação de Um conto de duas
cidades, de Charles Dickens, consubstancia a situação da educação pública: “Foi o
melhor dos tempos, foi o pior dos tempos”. Actualmente, dadas as apreciações
desfavoráveis de que a educação pública é objecto, algumas das quais referindo-se
1 Relativamente ao nosso país, Licínio Lima (1996), em “Construindo um objecto: Para uma análise crítica da investigação portuguesa sobre a escola”, capítulo incluído no livro de João Barroso (org.), O estudo da escola (pp. 15-39), publicado pela Porto Editora, começa por reconhecer que, por cá, no âmbito das Ciências da Educação, “a escola enquanto objecto autónomo, nível de análise, organização e contexto específico, tem frequentemente sido ignorada, ou apenas subentendida” (p. 19), pelo menos até finais da década de oitenta. Opinião, de resto partilhada por vários outros investigadores de relevo no panorama educativo nacional (e.g., António Esteves, António Nóvoa, José Alberto Correia, Stephen Stoer). Na origem de tal ausência encontram-se, por um lado, razões de ordem histórica, política e institucionais, na base da emergência da investigação em educação, sobretudo depois de Abril de 1974, e, por outro, aspectos de carácter teórico e metodológico, que levaram a que, entre nós, predominasse uma tradição de estudos empíricos mais sobre a educação do que em educação (ibid.). Todavia, desde finais da década de 80, as coisas têm vindo a modificar-se. Pese embora ainda não haja uma quantidade de trabalhos de investigação sobre a escola, muitos menos esforços de síntese para Lima (1996), o que existe, até à data, caracteriza-se pela seu carácter, disperso, fragmentado e, em regra, por ser pouco conhecido ou inventariado , nos últimos, 20 anos, tem-se assistido a um esforço gradual de construção da escola enquanto objecto de estudo. O autor prossegue, afirmando que esse esforço de reconceptualização da escola tem vindo a ser mais e mais visível no trabalho de alguns investigadores nacionais, podendo destacar-se, a título ilustrativo, Ana Benavente e colegas (debruçam-se, entre outros aspectos, sobre a contextualização do estudo de processos de mudança nas práticas escolares da primária, do insucesso escolar e relações com a comunidade, do abandono escolar a partir das representações de vários agentes e actores educativos); João Barroso (a propósito, por exemplo, das práticas de gestão escolar, modos de gestão pedagógica ou organização pedagógica e administração de liceus); Rui Canário (sobre as problemáticas do estabelecimento de ensino no contexto local, das relações entre a escola e comunidade ou da inovação e do projecto educativo de escola). (Para aprofundar a discussão, ver obra acima mencionada). À semelhança de Robert J, Marzano, Licínio Lima também salienta a importância de se proceder a revisões exaustivas e sistemáticas da investigação neste domínio enquanto uma forma de viabilizar e dar conhecer, não apenas o que vem sendo feito mas também de apontar caminhos que possibilitem responder às ausências e fragilidades identificadas, assim como ir de encontro a eventuais pressões políticas de legitimação das respectivas orientações estratégicas. Por sua vez, Rui Canário (1994, Julho), numa comunicação, publicada na revista Colóquio/Educação e Sociedade, intitulada “O professor e a produção de inovações” (pp. 97-121), defende a ideia de que, as várias tentativas de reforma que vêm sendo desenvolvidas, assentam numa lógica “vertical e autoritária (…), para lá da sua reconhecida ineficácia, esta estratégia de imposição de mudanças a partir do exterior tem ainda o efeito, não desejado nem previsto, de contribuir para reduzir a liberdade e autonomia profissionais dos professores” (p. 101). Procurando, até certo ponto, dar resposta à mesma pergunta formulada por Robert J, Marzano como tornar eficaz uma reforma da escola/educação Canário aponta também, na mesma direcção genérica: “a reforma (…) supõe a emergência de uma lógica instituinte de mudança que exige a produção de novas práticas individuais e colectivas, pelos actores sociais em contexto” (p. 105). Para isso, importa, designadamente, considerar o professor como agente de mudança e de inovação, reconhecendo o estabelecimento de ensino como a unidade crucial para a definição e concretização do processo de mudança. Tal evolução deve, ainda, adoptar uma abordagem de continuidade, holística e não analítica da transformação, cujos objectos são o professor e a
7
especificamente aos níveis de ensino entre o K (pré-escolar) e o 12 (12.º ano)2, poder-
se-á argumentar que a única parte relevante é a referente ao “foi o pior dos tempos”.
Todavia, este livro centra-se na possibilidade, concretamente, na possibilidade de, se
assim o quisermos, a educação K-123 se encontrar na iminência do melhor dos
tempos. A minha premissa é a de que, se seguirmos a orientação oferecida por 35
anos de investigação, podemos entrar numa era de eficácia sem precedentes no
exercício da educação pública era em que a vasta maioria das escolas pode ser
altamente eficaz na promoção da aprendizagem dos seus alunos. Tal como é
escola na sua totalidade, pois, apenas desse modo, se conseguirá implantar uma capacidade e uma dinâmica de permanente recriação e aperfeiçoamento de objectivos e modalidades de acção. Define três eixos estratégicos de intervenção, a saber, a inovação enquanto (a) um modo diferente de organizar os recursos existentes, (b) uma ruptura com as invariantes organizacionais, em concreto, com a lógica prevalecente de compartimentação estandardizada dos tempos, espaços e das formas de agrupamento dos alunos e dos saberes, (c) uma forma de conceber a actuação educativa como um território que compreende a escola na sua globalidade, a sua articulação com outros estabelecimentos de ensino, a fim de serem constituídas redes favoráveis ao desenvolvimento de acções concertadas, a sua integração e participação/interacção na comunidade local. Ainda de acordo com o autor, tal visão do processo de mudança permite “colocar em evidência o facto de cada inovação particular ter de ser encarada como um ponto de entrada para uma intervenção sistémica na escola. O que supõe uma acção concertada e colectiva dos professores, bem como a capacidade destes para pensar e agir à escala do estabelecimento de ensino” (p. 114). Porque se trata de mudar dinâmicas de interacção social (e não somente posturas individuais) importa igualmente referir que os alunos não devem ser encarados como meros destinatários da intervenção, mas como recursos a serem considerados e utilizados. Acrescenta também que, a fim de ser possível sustentar tal transformação, é necessário que a investigação científica repense o seu papel. Neste contexto, quais são, então, as possibilidades de inovação no seio dos estabelecimentos de ensino? Qual o espaço que, nos nossos dias, as escolas portuguesas têm para assumir uma autonomia e identidade próprias? Para Rui Manuel Moura (2000), em “A organização escolar: Desigualdades e inovação” (pp. 179-196), artigo publicado na revista Inovação, 13, (2/3), a resposta a essas perguntas, atendendo ao modo como se encontram legalmente organizados os vários níveis de funcionamento e estruturas do nosso sistema educativo, encontra-se na oportunidade, dada às escolas, de construírem o seu projecto educativo. Segundo o autor, esse será o caminho para a identificação de repostas originais e, ao mesmo tempo, significativas, que contemplem tanto as suas potencialidade como as limitações, e que permitam a delineação de um percurso particular, ajustado às suas necessidades e características específicas. (N. dos T.)
2 No original, K trough 12. Se se estabelecer uma correspondência com o sistema educativo nacional, a expressão deve ser traduzida como do pré-escolar ao 12.º ano. De resto, a própria estrutura do sistema de ensino americano permite tal equiparação. K designa Kindergarten (jardim de infância), local em que as crianças permanecem dos 4 (idade de entrada) aos 5/6 anos (idade de saída). O Kindergarte” pode ser precedido pelas Nursery Schools ou nível PK (Pre Kindergarten), para o qual as crianças são admitidas aos 3 anos de idade. Findo o Kindergarten, as crianças transitam para as Elementary (or Primary) Schools (escolas elementares ou primárias), em que iniciam o ano 1 da sua escolaridade. Adaptando à situação portuguesa, evidencia-se uma paridade com 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico. O nível 12, à semelhança do que sucede em Portugal, corresponde ao último ano da Secondary Educatio” (ensino secundário), logo, ao 12.º ano. A este respeito importa pedir a atenção para o facto de o sistema americano, contrariamente ao que vigora no nosso país, entre a entrada para as Elementary (or Primary) Schools e a conclusão do ano 12, contemplar a possibilidade de os alunos construírem o seu percurso educativo com base na frequência de diferentes tipos de escolas. Isso leva a que os vários anos de escolaridade se encontrem agrupados segundo níveis também distintos, embora totalizando sempre 12 anos de ensino pós Kindergartn” (jardim de infância). Apesar das eventuais diferenças nos modos de organizar os vários anos
8
pormenorizado nos capítulos subsequentes, qualquer escola nos Estados Unidos
(EUA.) pode operar com elevados níveis de eficácia desde que esteja disponível
para implementar o que se conhece sobre a eficácia na educação. Contudo, antes de
examinar esta possibilidade, vamo-nos debruçar sobre as críticas que vêm sendo
feitas ao sistema de ensino nos EUA o argumento do pior dos tempos.
O argumento do pior dos tempos
São numerosas as admoestações de que foi objecto a história da educação
pública, em particular durante o século XX (Tyack, 1974; Tyack & Tobin, 1994). Logo
no seu início, sob a égide da Fundação Carnegie para o Progresso do Ensino4,
encetou-se um esforço maciço para melhorar a educação K-12. A instituição da
“unidade de Carnegie”5, como um critério uniforme para a determinação do nível de
escolaridade atingido pelos alunos, avulta como o aspecto mais saliente desse esforço
reformador.
As críticas à educação pública e respectivos esforços de reforma continuaram
a florescer ao longo das cinco primeiras décadas do século XX, sendo, no entanto, as
críticas e reformas ocorridas na segunda metade desse século as que, hoje em dia,
mais profundamente nos afectam. As primeiras advertências sugiram em 1957,
aquando do lançamento do Sputnik. Chocado com o evento, o público norte-
americano começou a questionar o rigor e a viabilidade das suas escolas. Figuras
de escolaridade por níveis de ensino, é possível estabelecer uma relação directa entre o ano do sistema educativo americano e o seu correspondente português. Em concreto, ao ano 1 do sistema americano corresponde o 1.º ano do ensino básico nacional e assim sucessivamente. (N. dos T.)3 Fórmula utilizada em alternativa à expressão “K trough 12”. (N. dos T.)4 No original, Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching. A Fundação Carnegie para o Progresso do Ensino é um reconhecido centro independente de estudo da profissão de professor, no domínio das políticas e da investigação. Foi criada, em 1905, por Andrew Carnegie e reconhecida e legalizada pelo Congresso Americano em 1906. Tem como missão a abordagem dos problemas mais complicados enfrentados pelos professores na sua actividade profissional, seja nas escolas públicas, colégios ou universidades por outras palavras, procura responder, entre outros aspectos, às seguintes perguntas, como conseguir ser um professor bem sucedido na sala de aula, como promover aprendizagens escolares duradouras nos alunos ou, ainda, como avaliar o impacto das actividades educativas nos alunos. (N. dos T.)5 A “unidade de Carnegie” foi desenvolvida em 1906, para uso interno da Fundação Carnegie, e generalizou-se quando outros grupos, de reconhecida influência no panorama educativo dos EUA, a adoptaram e definiram como critério uniforme para reconhecer o nível de escolaridade atingido pelos alunos. Baseia-se num sistema de contabilização do tempo por eles dispendido no estudo de uma dada matéria, a fim de transformar esse total em unidades de crédito que, mediante um valor global pré-estabelecido, permitem aferir o nível de escolaridade concluído ou em frequência. A sua criação deve-se ao aparecimento das escolas secundárias, fenómeno que, na época, em virtude da sua novidade, se caracterizava por alguma heterogeneidade relativamente aos cursos ministrados, ao número de horas lectivas preconizadas ou, ainda, à quantidade de trabalho para casa requerido, aos alunos, pelas instituições de ensino.
9
influentes como o Almirante Hymann Ryckover6 (1959) deram a conhecer a sua
posição, segundo a qual a educação pública vinha enfraquecendo a capacidade
intelectual dos alunos americanos. No seu livro, Education and freedom, Ryckover,
relacionou directamente a segurança da nação com a qualidade da educação.
Esta corrente de duras censuras não conheceu qualquer hiato na década de
60. Muito pelo contrário, foi, justamente, nos anos 60 que teve lugar o estudo que, sem
dúvida, produziu o maior número de provas concretas quanto às falhas ou
inadequações da educação pública. No âmbito da “guerra à pobreza”, iniciativa
preconizada pelo Presidente Johnson, foi emitida a Lei dos Direitos Civis7 de 1964, um
dos pilares da iniciativa presidencial, onde se especificava que o Comissário para a
Educação8 deveria conduzir um inquérito a nível nacional sobre a eficácia das
oportunidades educativas. O esforço levado a cabo foi impressionante, mesmo para os
padrões actuais. Mais de 640.000 alunos nos anos 1, 3, 6, 9 e 12 foram submetidos a
testes que avaliaram os seus níveis de realização e de aptidão. Foram ainda
categorizados em seis grupos étnicos e culturais. Sessenta mil professores, em 4.000
escolas, completaram questionários sobre a sua formação e contextos socioculturais
de origem. O relatório produzido, Equality in educational opportunity, foi publicado em
Julho de 1966 e, embora proviesse do trabalho de uma equipa de investigadores
(Coleman, Campbell, Hobson, McPartland, Mood, Weinfield, & York, 1966), ficou
conhecido como o “relatório Coleman”, em deferência ao seu autor sénior, James
Coleman. As conclusões aí apresentadas pintam um quadro, no mínimo, pouco
lisonjeiro da educação pública americana,
Se se olhar para estes resultados no seu conjunto, uma ilação se
sobrepõe às demais: as escolas, em relação a tudo o que seja
independente das histórias e contextos sociocuturais de origem, pouco
acrescentam ao nível de realização de uma criança; essa ausência de
um efeito independente acaba por significar que as desigualdades,
impostas às crianças pelas suas casas, vizinhanças e contexto de
pares, se arrastam no tempo, perpetuando-se nas desigualdades com
que irão encarar a vida no final da escolaridade. (p. 325).
O relatório teve um profundo impacto nas percepções do público relativamente
à educação escolar nos EUA (Madaus, Airasian, & Kellaghan, 1980; Madaus, 6 O Almirante Hyman Rickover, figura de proa da marinha dos EUA, é considerado o “Pai da Marinha Nuclear”. A partir de 1955, foi responsável pela superintendência de todos os aspectos relativos à construção e operacionalização da frota nuclear americana. Reforma-se em 1982, tendo sido, dois anos antes, condecorado pelo Presidente Jimmy Carter com a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honra não militar dos EUA, em reconhecimento dos seus contributos para a paz mundial. (N. dos T.)7 No original, Civil Rights Act. (N dos T.)8 No original, Commissioner for Education. (N. dos T.)
10
Kellaghan, Rakow, & King, 1979), pois constituiu um golpe verdadeiramente mortal na
crença generalizada de que as escolas teriam a capacidade de se suplantar às
histórias e contextos de origem dos alunos. A sua conclusão mais publicitada foi, muito
provavelmente, a de que as escolas são responsáveis por apenas 10 por cento da
variância na realização escolar dos alunos os restantes 90 por cento seriam
explicados pelas características dos seus ambientes de origem.
As conclusões do relatório Coleman foram, mais tarde, corroboradas quando
Christopher Jencks e colegas publicaram Inequality: A reassessment of the effects of
family and schooloing in America, obra que se baseou na reanálise dos dados da
investigação coordenada por Coleman (Jencks et al., 1972). Dos resultados
apresentados no âmbito dessa investigação, enumeram-se os seguintes:
As escolas pouco fazem para diminuir o desfasamento entre alunos ricos e
pobres.
As escolas pouco fazem para diminuir o desfasamento entre alunos mais e
menos capazes.
O nível de realização de um aluno é, na essência, função de um factor o
seu contexto sociocultural de origem.
São poucas as evidências de que as reformas educativas podem melhorar
a influência da escola nos níveis de realização dos alunos.
Estas conclusões, enunciadas e inferidas com base nas pesquisas de Coleman
e de Jencks, traçam um quadro bastante sombrio da educação nos EUA. Se, de facto,
as escolas têm poucas hipóteses de superar a influência das características dos
contextos socioculturais de origem dos alunos, de que serve investir em reformas
educativas?
Embora a percepção, vigente nas décadas de 60 e 70, sobre educação pública,
fosse bastante pobre, os anos 80 acabaram por ser tempos ainda mais tenebrosos.
Peter Dow (1991), no seu livro Schoolhouse politics: Lessons from the Sputnik era,
declara-o, afirmando:
Em 1983, os educadores e o público em geral foram presenteados
com a maior torrente de críticas às escolas da nação de que há
memória, as quais acabaram, mesmo, por eclipsar os queixumes do
início da década de 50. Cerca de cinquenta relatórios, totalizando mais
de seis mil páginas, deram voz a uma nova vaga de preocupação
nacional com o perturbado estado da educação americana. Falavam
da fragmentação do currículo escolar, do insucesso na definição de
um corpo de aprendizagens coerente e aceite, da ênfase excessiva no
ensino de factos isolados e da pouca atenção dada a conceitos e
11
competências mais complexos. Apelavam a uma maior
individualização do processo de ensino, ao desenvolvimento de uma
relação mais próxima entre professores e alunos e a metodologias que
encorajassem a participação activa do aluno no processo de
aprendizagem. (p. 243)
De novo, um único relatório erigiu os alicerces para este caudal de críticas. A
nation at risk: The imperative for educational reform, publicado pela Comissão
Nacional para a Excelência na Educação9, foi, sem dúvida, considerado a prova de
que a educação K-12 tinha sucumbido a um irreparável estado de deterioração. No
relatório afirmava-se que “presentemente, os alicerces educativos da nossa sociedade
vêm sendo corroídos por uma maré crescente de mediocridade, que ameaça o nosso
futuro enquanto nação e pessoas” (National Commission on Excellence in Education,
1983, p. 5). A fim de realçar a importância da mensagem sobre a educação pública, o
relatório alegava que “de facto, temos vindo a cometer um acto de desarmamento
irreflectido e unilateral” (p. 5).
As consequências do relatório foram profundas, circunstância a que não é, de
todo, alheia a ideia de que, ao seu conteúdo, corresponderia a visão endossada pela
própria Casa Branca. Tal como David Berliner e Bruce Biddle referem no seu livro, A
manufactured crisis: Myths, frauds, and the attack on America’s public schools
(Berliner & Biddle, 1995),
... em 1983, no meio de muita ostentação, a Casa Branca publicou um
documento incendiário, altamente crítico das oportunidades educativas
oferecidas pelo sistema de ensino americano. Intitulado A nation a risk,
esse trabalho foi preparado por um prestigiado comité, sob a
coordenação do Secretário da Educação Terrell Bell, e endossado pelo
presidente Ronald Reagan, num dos seus discursos. (p. 3)
Os efeitos do relatório A Nation at risk prolongaram-se pelos anos 90, havendo,
inclusive, autores (Bennett, 1992; Finn, 1991) que o apontam como uma das principais
fontes comprovativas do declínio da educação pública.
Apesar de, por si só, A Nation at risk ter sido capaz lançar uma nuvem de
negatividade sobre a educação, que se prolongou por toda a década de 90, os
resultados de uma outra investigação, o Terceiro Estudo Internacional da Matemática
9 No original, National Commission on Excellence in Education. A Comissão Nacional para a Excelência na Educação é o organismo responsável por aconselhar e fazer recomendações, à nação e ao Secretário da Educação (equivalente governamental americano ao Ministro da Educação português), sobre tudo o que diga respeito às orientações estratégicas a serem adoptadas pelas políticas educativas nos EUA. (N. dos T.)
12
e das Ciências10 (TIMSS), acabaram por funcionar como a validação da ineficácia do
sistema de ensino nos EUA. O TIMSS envolveu uma comparação transnacional, em
grande escala, dos sistemas educativos de 41 países. Os investigadores avaliaram os
currículos escolares da matemática e das ciências, práticas educativas, assim como,
entre outros, factores sociais relativos à escola. No geral, os alunos do 4.º ano de
escolaridade, nos EUA, demonstraram ter um nível de desempenho moderado
quando comparados com outros estudantes, de idades similares, noutros países; os
do 8.º ano menos; e o desempenho dos do 12.º ano11 foi bastante pobre. Ambos os
relatórios técnicos do TIMSS (Schmidt, McNight, & Raizen, 1996; U.S. Department of
Education, National Center for Educational Statisitics12, 1998), bem como os
comentários de que foi alvo (Stevenson & Stigler, 1992; Stiegler & Hiebert, 1999),
encararam tais resultados como um sinal inequívoco da enorme necessidade de
reforma na educação pública. Indo um pouco mais além, Chester Finn (1998), num
artigo bastante provocador, publicado no Wall Street Journal e intitulado “Why
America has the World’s Dimmest Bright Kids?”13, comentava as conclusões do estudo
do seguinte modo:
Hoje, o Departamento da Educação dos EUA divulgou oficialmente os
dados condenatórios oriundos do Terceiro Estudo Internacional da
Matemática e das Ciências, um conjunto de testes administrados a
meio milhão de jovens de 41 países, em 1995. Mas os seus resultados
apenas foram conhecidos a conta-gotas. Soubemos que os nossos
quarto anistas se saíram bastante bem, quando comparados com o
resto do mundo, e que os oitavo anistas ocupam uma posição entre o
10 No original, Third International Mathematics and Science Study (TIMSS). Tal como o próprio nome indica, o Terceiro Estudo Internacional da Matemática e das Ciências consistiu num estudo internacional de grandes dimensões, realizado entre 1994 e 1995. Contou com a participação de mais de 40 países e implicou a avaliação dos níveis de realização escolar de alunos em cinco anos distintos de escolaridade os equivalentes ao terceiro, quarto, sétimo, oitavo e décimo segundo anos portugueses. Aferiram-se os seus conhecimentos a matemática e a ciências, assim como se recolheu, junto de alunos, professores e directores de escolas, de uma forma extensiva, informação sobre os modos de aprender e ensinar estas duas disciplinas. (N. dos T.)11 cf. nota I, onde se explica a correspondência entre os anos de escolaridade no sistema educativo americano e nacional. (N. dos T.)12 No original, U.S. Department of Education. O Departamento da Educação é a instituição governamental que, nos EUA e em termos nacionais, assume a seu cargo a definição e condução genérica das políticas educativas. Aqui, importa pedir a atenção para o facto de, nos EUA, as políticas educativas não se encontrarem exclusivamente dependentes de um enquadramento nacional, cabendo às instâncias de decisão estadual, distrital e local um importante papel a esse nível. O National Centre for Educational Statistcs (Centro Nacional para as Estatísticas da Educação), na dependência do Departamento da Educação, é o principal organismo federal responsável pela recolha e análise dos dados relativos à educação. (N. dos T.)13 O título deste artigo, em português, seria “Porque é que a América tem os miúdos menos brilhantemente inteligentes do mundo?”. (N. dos T.)
13
mediano e o medíocre. Hoje, sabemos que os nossos 12.º anistas têm
direito ao porão internacional. Isso, sem contar com países asiáticos
como Singapura, Coreia ou Japão, que aniquilaram os nossos miúdos
nos primeiros anos de escolaridade. Esses, decidiram não participar
neste estudo. (p. 22).
O incremento registado nas críticas à educação pública, em especial na última
metade do século passado, leva à conclusão de que, aqueles que acreditam que nos
encontramos a vivenciar o pior dos tempos da educação pública, facilmente
encontram provas que sustentem a sua posição. Torna-se, portanto, difícil imaginar a
possibilidade de uma argumentação sólida, que defenda a ideia de que, o nosso, pode
ser o melhor dos tempos para a educação pública.
O argumento do melhor dos tempos
Advogar, como faço, a perspectiva de que a educação pública se encontra na
alvorada do melhor dos tempos, não passa necessariamente pela refutação dos
relatórios mencionados. Outros já o fizeram e, no seu raciocínio, tomaram em linha de
conta as conclusões de A Nation at risk e, em certa medida, do TIMSS. Dos vários
argumentos sugeridos, os mais pertinentes talvez sejam os propostos por David
Berliner e Bruce Biddle (1995), em A manufactured crisis: Myths, frauds, and the
attack on America’s public schools, e por Gerald Bracey (1997), em Setting the record
straight: Responses to misconceptions about public education in the United States.
Obras defensoras de uma posição algo agressiva, onde se afirma que a investigação
anterior foi ou enganosa ou mal interpretada, razões pelas quais retratava um quadro
injustificadamente negativo da educação nos EUA. Embora não partilhe inteiramente
dessa visão, ambos os trabalhos oferecem argumentos poderosos e exprimem
convicções que deveriam ser conhecidas de todos os educadores.
Fundamento a minha posição numa ideia muito simples: as escolas podem ter
um impacto tremendo nos níveis de realização dos alunos, desde que sigam as
directrizes sugeridas pela investigação. Para o provar, não vou recorrer a exemplos de
escolas específicas, simplesmente porque outros também já o fizeram (vd. Darling-
Hammond, 1997a; Reeves, 2002; Scmoker, 1999, 2001). O número impressionante
de escolas que “bateram todas as expectativas”14, compilado pelo Fundo para a
Educação15 (Barth e tal., 1999), constitui, provavelmente, a evidência mais forte desta
14 No original, “beat the odds”. (N. dos T.)15 No original, Education Trust. O Fundo para a Educação, criado em 1990, é uma organização independente, sem fins lucrativos, cuja missão é a de apoiar esforços de reforma ao nível da educação K-12, levando a educação aí proporcionada seja de qualidade e para todos os
14
linha de argumentação. A designação escolas que “bateram todas as expectativas”
aplica-se às instituições educativas que, atendendo às características socioculturais
dos seus alunos, à partida, não deixariam prever níveis tão impressionantes de
realização escolar como os, por si, exibidos. Em vez de apontar exemplos concretos,
apresento evidências, baseadas nos meus esforços para sintetizar a investigação
produzida nos últimos 35 anos, e que, defendo, propiciam uma clareza de visão sem
precedentes sobre a natureza do processo educativo. Já apresentei, em várias
publicações, descrições técnicas e não-técnicas de tais esforços (Marzano, 1998a,
2000a; Marzano, Pickering, & Pollock, 2001). De imediato, vou apresentar três das
asserções básicas que sustentam todo o meu raciocínio, ainda que apenas o
pormenorize nos capítulos que se seguem.
Asserção 1: Mesmo as investigações que foram interpretadas como uma evidência de que as escolas não afectam significativamente os níveis de realização escolar dos alunos, acabam por, na realidade, apoiar o potencial impacto das escolas, quando devidamente interpretados.
O relatório Coleman foi, sem dúvida, o primeiro estudo de grande visibilidade,
durante a segunda metade do século XX, a avançar a ideia de que as escolas teriam
pouco impacto nos níveis de realização escolar alcançados pelos alunos. Recordem o
seu principal resultado, de que as escolas apenas explicariam 10 por cento da
variância nos níveis de realização dos alunos conclusão validada posteriormente
por Jencks e colaboradores (1972). Compreender os problemas colocados pela
utilização da percentagem de variância16, enquanto medida de aferição do impacto da
escola, é a chave para perceber o modo como estes resultados podem vir a apoiar a
ideia de que as escolas fazem a diferença. (Para uma discussão técnica dos aspectos
relativos à percentagem de variância, ver Nota Técnica 1, pp. 187-188).
Em termos não estatísticos, resultados como os do relatório Coleman são
frequentemente interpretados da seguinte maneira: assuma que está a examinar o
nível de realização escolar de um grupo de 1.000 alunos do ano 8 de escolaridade,
que frequentam cinco escolas intermédias17 diferentes 200 por escola. Assuma
jovens. (N. dos T.)16 O cálculo da percentagem de variância baseia-se na premissa de que a percentagem de variância explicada por uma dada variável (preditora ou independente) relativamente a outra (a predita ou dependente) reflecte a robustez da associação estabelecida entre ambas. (N. dos T.)17 No original, middle schools (escolas intermédias). As Middle Schools são uma das alternativas de construção do percurso escolar oferecidas, ao aluno, pelo sistema educativo americano. Na prática, e a fim de concluírem a escolaridade K-12, aqueles que optarem pela frequência de uma Middle School fazem a seguinte trajectória: depois de completar os 4 anos previstos para as Elementary (or Primary) Schools, ingressam numa MIddle School, onde
15
também que esses alunos variam nos seus resultados escolares uns têm notas
muito altas, outros têm notas muito baixas e muitos têm notas próximas da média.
Fazendo apenas uma análise com base no valor nominal dos dados apresentados
pelo relatório Coleman, torna-se possível concluir que as diferenças nas notas, de
aluno para aluno (mais precisamente, as diferenças quadradas), são função da
qualidade das escolas que esses alunos frequentam. Por outras palavras, ir para a
melhor das cinco escolas ou, por oposição, ir para a pior das cinco escolas apenas
gera cerca de 10 por cento das diferenças nas notas dos alunos. O que explica os
outros 90 por cento dessas diferenças? Coleman e colegas (1966) concluíram que
seriam os factores relativos aos contextos socioculturais de origem dos alunos.
Como podem estes resultados ser interpretados como um sinal de que as
escolas podem ter uma influência positiva e significativa nos níveis de realização dos
alunos? Algum tempo após a publicação do relatório Coleman, os estatísticos
concluíram que, utilizar a percentagem de variância como um indicador da importância
de um factor, não é a melhor maneira de se proceder à interpretação de dados de
pesquisa sobre a realização escolar. Mais ainda, verificaram que, tal como sucede no
relatório Coleman, o recurso à percentagem de variância pode induzir a descrição de
um quadro, desnecessariamente negro, dos possíveis efeitos das escolas sobre os
níveis de realização dos alunos.
Os investigadores Robert Rosenthal e Donald Rubin (1982) conceberam um
modo mais útil para a interpretação dos dados de pesquisa, do que a sua
apresentação sob a forma de percentagem de variância, usualmente designada
Binomial Effect Size Display ou BESD18. (Para uma discussão técnica e mais
pormenorizada dos aspectos relativos ao BESD, ver Nota Técnica 2, pp. 189-190). Na
Figura 1.1. encontra-se uma aplicação do BESD, tal como o propuseram Rosenthal e
Rubin, em que se utilizam os resultados do relatório Coleman, especificamente, os
relativos ao facto de as escolas apenas explicarem 10 por cento da variância nos
níveis de realização escolar dos alunos.
FIGURA 1.1.
permanecem por mais 4 anos e, por último, estudam outros 4 anos numa High School (escola secundária), completando, assim, os doze anos da educação K-12. (N. dos T.)18 O BESD ou Binomial Effect Size Display, em português, pode ser traduzido como Efeito Binomial de Magnitude. É uma medida estatística que permite avaliar o potencial efeito cumulativo de diferenças entre grupos, em particular quando os valores da percentagem de variância explicada são diminutos, apesar de estatisticamente significativos i.e., com uma probabilidade reduzida (igual ou inferior a 1 ou 5%) de serem devidos ao acaso. Para isso, é importante que a variável que vamos utilizar como preditora seja dicotomizável em dois grupos distintos, sendo esses grupos os termos da comparação que nos vão permitir avaliar a magnitude dos efeitos. (N. dos T.)
16
Reinterpretação dos resultados de Coleman utilizando o BESD
Grupo Resultado
Percentagem de alunos que
passa no teste
Percentagem de alunos que
reprova no teste
Escolas Eficazes 65,8% 34,2%
Escolas Ineficazes 34,2% 65,8%
BESD = Efeito Binomial de Magnitude
Dispor as escolas num contínuo, das altamente eficazes às altamente
ineficazes, é, sem dúvida, a opção que melhor representa o que se passa neste
universo. Contudo, o procedimento estatístico desenvolvido por Rosenthal e Rubin
requer a sua distribuição em duas grandes categorias dito de outro modo, a escola
é classificada como eficaz ou como ineficaz. Este procedimento exige, ainda, que se
assuma que, tanto os alunos das escolas eficazes como os das escolas ineficazes,
são submetidos a um teste em que, por norma, se espera que metade passe e a outra
metade não. Com base em tais asserções, é-nos agora possível interpretar a Figura
1.1. As colunas na Figura 1.1. têm a legenda “percentagem de alunos que passa no
teste” e “percentagem de alunos que reprova no teste”. Em geral, nas escolas
efectivas, 65,8 por cento dos alunos passam no teste e, apenas 34,2 por cento
reprova. Pelo contrário, nas escolas ineficazes apenas 34,2 por cento dos alunos é
aprovado, sendo os restantes 65,8 por cento objecto de uma reprovação.
Adoptar esta abordagem, leva-nos a percepcionar um quadro bastante
diferente do sugerido pelos resultados do relatório Coleman. Nas escolas eficazes,
uma percentagem quase duas vezes superior de alunos é capaz de passar no teste
(sendo que, se espera que metade passe e metade reprove), em comparação com o
previsto para as escolas ineficazes. A conclusão lógica a retirar do relatório Coleman
é, então, que as escolas eficazes, na verdade, fazem a diferença ao nível da
realização escolar dos alunos.
Asserção 2: A investigação sobre a eficácia das escolas, considerada no seu todo, dá uma imagem bastante positiva, no que se refere ao seu impacto na realização escolar dos alunos.
O relatório Coleman e o estudo de Jencks, que lhe deu seguimento, foram as
primeiras, numa série de pesquisas, a explorar o impacto das escolas no desempenho
escolar dos alunos. Posteriormente, o assunto foi alvo de inúmeras investigações.
Numa revisão de alguma dessa investigação, Charles Teddlie, David Reynolds e
17
Pamm Sammons (2000) referem que, muitos estudos, apontam para o facto de a
escola ser responsável por uma variância maior, nos níveis de realização escolar dos
alunos, que os magros 10 por cento referidos por Coleman. Também eu sistematizei
muita dessa pesquisa (Marzano, 2000a). Analisei os resultados de 10 estudos de
grande visibilidade (Bosker, 1992; Byrk & Raudenbush, 1992; Coleman et tal, 1966;
Creemers, 1994; Jencks et al., 1972; Luyten, 1994; Scheerens & Bosker, 1997;
Stringfield & Teddlie, 1989) e descobri que, em média, eles apontavam para uma
influência na casa dos 20 por cento da escola nos níveis de realização escolar dos
alunos o dobro da relatada por Coleman. Porque razão os resultados obtidos por
Coleman foram tão baixos? George Madaus e colegas (1979, assim como Berliner e
Biddle (1995), discutiram-no em pormenor. Muito brevemente, embora Coleman e
colaboradores tenham tido acesso aos resultados dos alunos em testes
estandardizados de realização escolar, optaram por utilizar uma medida genérica de
aptidão verbal (centrada no conhecimento de vocabulário) como o seu principal
indicador. Acabou por se criar uma situação em que, quase por definição, as
características inerentes às origens dos alunos se encontravam altamente
correlacionadas com os níveis de realização por eles evidenciados. Madaus e colegas
(1979) explicam,
... o constructo “competência verbal”, no estudo de Coleman, foi
equiparado a “realização escolar” e os resultados generalizados ao
agora popular mito de que as condições, recursos, pessoal e currículos
das escolas não têm um efeito, grande e independente, no
aproveitamento. Os resultados de Coleman foram interpretados no seu
sentido mais lato e mais prejudicial. (...) Afirmar que as escolas acabam
por ter uma influência diminuta na capacidade verbal de uma criança, a
qual é independente do seu contexto de origem e história, não é o
mesmo que asseverar que as escolas têm pouca influência no que se
refere à realização escolar, num curso específico de preparação para a
faculdade em física. (...) O facto de as variáveis familiares serem, de
longe, mais influentes na explicação da capacidade verbal, não deveria
obstar ou nublar quaisquer expectativas de que as escolas têm um
efeito independente em algumas áreas curriculares tradicionais, que
são sistemática e explicitamente tratadas como uma parte do processo
educativo. (p. 210)
O uso da competência verbal, por parte dos investigadores do grupo Coleman,
como a principal medida dependente, determinou uma subestimação do efeito das
escolas nos níveis de realização dos alunos.
18
O que é que muda na interpretação dos resultados se, em vez dos tradicionais
10 por cento, se usar a estimativa, mais actual, dos 20 por cento? A fim de responder
à pergunta há que, de novo, recorrer ao procedimento proposto por Rosenthal e
Rubin, o BESD, descrito na Figura 1.2.
FIGURA 1.2.Escolas eficazes Versus escolas ineficazes, assumir 20 por cento na variância
Grupo Resultado
Percentagem de alunos que
passa no teste
Percentagem de alunos que
reprova no teste
Escolas Eficazes 72,4% 27,6%
Escolas Ineficazes 27,6% 72,4%
Pesquisas mais recentes, de acordo com o ilustrado na Figura 1.2., apontam
para que as escolas eficazes tenham um impacto bastante substancial nos níveis de
realização dos alunos. Em concreto, se um teste, em que, por norma, se espera que
metade dos alunos passe e metade reprove, for aplicado numa escola eficaz, 72,4 por
cento desses alunos passa e o resto não. Nas escolas ineficazes, pelo contrário,
apenas 27,6 por cento dos alunos conseguem ser aprovados no referido teste. No seu
conjunto, a investigação indica que as escolas, quando geridas eficazmente,
produzem uma enorme diferença nos níveis de realização dos alunos. De novo,
citando Madaus e colegas (1979), os resultados dos estudos que utilizam medidas
adequadas de realização escolar “proporcionam fortes evidências quanto ao efeito
diferencial da eficácia das escolas; diferenças nas características das escolas
contribuem para diferenças na realização.” (p.223)
Asserção 3: As escolas altamente eficazes produzem resultados que, quase por completo, superam os contextos socioculturais de origem dos alunos.
As asserções 1 e 2 baseiam-se na convenção de classificar as escolas em
duas categorias genericamente pré-definidas escolas eficazes e escolas ineficazes.
Visto haver cerca de 92.000 escolas públicas nos EUA (National Center for
Educational Statisitics, 2002), leva-nos a assumir que, no que se refere à sua eficácia,
as escolas apresentam uma distribuição normal19, tal como se descreve na Figura 1.3.
19 A distribuição de uma variável é designada normal quando tem uma forma em “curva de sino” curva simétrica e com dois pontos de inflexão localizados exactamente à mesma distância da média (ponto central máximo). Princípio esse que se aplica aos demais os valores registados pela distribuição, pois todos são equidistantes do seu ponto central máximo.
19
FIGURA 1.3.A eficácia das escolas em contínuo
Percentil 99
(inserir gráfico)
21,4 13,59 34,13 34,13 13,59 21,4
Totalmente ineficazes Totalmente eficazes
Consideremos as escolas que, na Figura 1.3., se localizam no extremo direito
da distribuição escolas que, dada a sua eficácia, se situam no percentil 99. Qual o
seu efeito nos níveis de realização dos alunos? Utilizando o BESD, apercebemo-nos
que, independentemente do seu contexto sociocultural de origem, 84,7 por cento dos
alunos dessas escolas passariam no teste, em que, por norma, se espera que metade
dos alunos tenha aprovação e a outra metade não. (Aspecto explicado na Nota
Técnica 3, p. 190). Aquilo que distingue estas escolas, é a concepção de intervenções
especificamente pensadas para superar as características socioculturais de origem
dos seus alunos, em particular as que poderiam entravar ou retardar a aprendizagem.
Visto tais Intervenções serem pormenorizadas na Secção III do livro, por enquanto,
basta apontá-las como uma excelente alternativa susceptível de dar grandes
esperanças à educação pública.
A investigação dos últimos 35 anos demonstra que as escolas eficazes podem
ter um impacto profundo nos níveis de realização dos alunos. Os capítulos que se
seguem articulam as orientações gerais fornecidas por essa mesma investigação.
Todavia, antes de discutirmos e relacionarmos tais directrizes, há que considerar uma
outra perspectiva: apesar de a pesquisa oferecer uma orientação clara, relativamente
ao que é necessário que aconteça para a educação poder ser eficaz, estará o sistema
de ensino americano apto a enfrentar o desafio?
Estarão as escolas públicas americanas aptas a enfrentar o desafio de uma reforma alicerçada na investigação?
20
Em 1990, John Chubb e Terry Moe escreveram um influente livro intitulado
Politics, markets and America’s schools (Chubb & Moe, 1990). Depois de terem
conduzido um estudo, que envolveu mais de 400 escolas secundárias20 e 10.000
professores do ensino secundário, os autores concluíram algumas das mesmas
coisas que eu:
Se se admitir uma situação de igualdade, numa escola secundária, nos
seus dois últimos anos, um aluno que frequente uma escola
eficazmente organizada completar, pelo menos, mais meio ano do que
um aluno numa escola ineficazmente organizada. Caso essa diferença
seja extrapolada para a experiência normal de quatro anos de
frequência de uma escola secundária, uma escola eficazmente
organizada pode melhorar o desempenho dos seus alunos em mais de
um ano. As escolas têm, com efeito, um impacto substancial. (p.140)
Embora este livro defenda que os agentes da educação pública se encontram à
altura do desafio de pôr em prática o que sabemos sobre escolas eficazes, Chubb e
Moe chamam a atenção para o facto de, a estrutura altamente burocratizada das
escolas públicas, condenar ao insucesso qualquer tentativa de reforma,
... apenas podemos acreditar que, a actual “revolução” na educação
pública americana, virá a provar-se uma desilusão. Poderia ter sido
bem sucedida, caso tivesse sido, realmente, uma revolução, no
entanto, e apesar da eloquente retórica, tal nunca foi o pretendido.
(p.228).
Acabam por concluir que a escolha de escolas (presumivelmente sob a forma
de certificados) constitui o único caminho viável para a concretização dos dados da
investigação.
São inequívocas as evidências oferecidas por Chubb e Moe. Muito brevemente,
demonstram que, um controle centralizado ao nível do distrito escolar21 ou os
20 No original, high schools (escolas secundárias). As High Schools são uma das alternativas de construção do percurso escolar oferecidas, ao aluno, pelo sistema educativo americano. Normalmente, os alunos ingressam numa High School após terem frequentado uma Middle School (cf. nota XVIII). Em regra, às High Schools correspondem os 4 últimos anos da escolaridade K-12. (N. dos T.)21 No original, school district level. Nos EUA, os condados e municípios encontram-se organizados em distritos administrativos fixos, com poderes governativos, ao nível local. Os school districts (distritos escolares) são governados por Boards of Education (Conselhos de Administração Escolar) compostos por cidadãos eleitos, que cumprem mandatos e podem vir a ser reeleitos. O poder atribuído aos vários distritos locais e Conselhos de Administração Escolar varia consoante as leis estaduais. No entanto, a maior parte dos Conselhos de Administração tem autoridade para, directamente, contratar pessoal para as escolas, atribuir verbas, definir políticas operacionais, aprovar novos projectos e empreender novas parcerias e acordos negociais. Os aspectos relativos à definição dos currículos e dos critérios escolares são determinados, em maior ou menor grau, pelas autoridades estaduais. (N. dos T.)
21
constrangimentos impostos à escola, tornam menos provável a opção por uma
organização eficaz. De acordo com os autores, o controle centralizado sobre o
pessoal pode ser particularmente debilitante para a eficácia de uma escola:
De entre as razões que levam a que o controle externo directo possa
interferir com o desenvolvimento de uma escola eficaz, talvez a mais
importante seja a influência potencialmente debilitante desse controle
externo sobre o pessoal. Se os directores das escolas têm pouco ou
nenhum controle sobre quem ensina na sua escola, é provável que
acabem lotados com alguns ou, até, muitos professores que
consideram pouco adequados. Numa organização que funciona
melhor com base em processos de tomada de decisão partilhados
sic e de delegação de autoridade, um pessoal que está em conflito,
com o seu líder e consigo próprio, constitui um sério problema. (...) As
políticas de pessoal que promovem tal conflito, provavelmente, são o
ónus externo mais pesado que as escolas enfrentam. (p.152)
Daqui, à necessidade de emissão de certificados e de escolas por contrato22, é
um pequeno passo. Em grande medida, a argumentação de Chubb e de Moe foi
criticada como sendo “ideologicamente orientada” (Berliner & Biddle, 1995, p. 75), por
oposição à objectivamente orientada por dados da investigação, embora eu ache a
sua visão do problema bastante realista. Na verdade, encontramo-nos numa
encruzilhada vamos implementar os dados da investigação de modo a
conseguirmos escolas, não apenas que funcionem mas que funcionem
espectacularmente bem? Fazê-lo, requer um vigoroso investimento na mudança do
actual estado das coisas.
Como este livro se encontra organizado
A fim de seguir o esquema de categorização utilizado por muitos investigadores
(Carroll, 1963; Cotton, 1995; Creemers, 1994; Elberts & Stone, 1988; Goldstein, 1997;
Raudenbush & Byrk, 1988; Raudenbush & Willms, 1995; Rowe, Hill, & Holmes-Smith,
1995; Scheerens, 1992; Scheerens & Bosker, 1997; van der Werf, 1997; Walberg,
1984; Wright, Horn, & Sanders, 1997), organizei os resultados da investigação em três
grandes grupos, todos com influência nos níveis de realização escolar dos alunos, são
22 No original, charter schools (escolas por contrato). As escolas por contrato são estabelecimentos de ensino públicos, cuja gestão foi entregue a grupos de pais ou a outros elementos da comunidade, que, mediante a atribuição de uma licença se responsabilizam pela operacionalização e sucesso da iniciativa. As escolas por contrato bem sucedidas conseguem evitar a maior parte das regulamentações administrativas locais e estaduais, ao mesmo tempo que têm a liberdade de experimentar novos currículos ou abordagens educativas. (N. dos T.)
22
eles os (1) factores relativos à escola, (2) factores relativos aos professores e (3)
factores relativos aos alunos.
Os factores relativos à escola são, na essência, fruto das políticas escolares,
assim como das decisões e iniciativas tomadas a esse nível (um currículo essencial e
viável, objectivos desafiantes e um retorno efectivo, envolvimento dos pais e da
comunidade, ambiente seguro e disciplinado, corporativismo e profissionalismo).
Os factores relativos aos professores encontram-se, fundamentalmente, sob
o controle de cada um dos professores (estratégias educativas específicas, técnicas
de gestão da sala de aula e plano curricular concretizado em situação de aula). Os
factores relativos aos alunos são, geralmente, associados aos seus contextos
socioculturais de origem (ambiente familiar, inteligência aprendida e conhecimento de
base, motivação). Na Figura 1.4., descreve-se o modelo.
A ideia de que a escola (por oposição ao distrito escolar) é o foco indicado para
as reformas, subjaz ao proposto na Figura 1.4.. Ilação que é consistente com o que
sugerido pela literatura que tem como referência a investigação (Scheerens & Bosker,
1997; Reynolds & Teddlie, 2000; Wang, Haertel, & Walberg, 1993). Pese embora
partilhe a preocupação evidenciada por Chubb e Moe de que uma administração
centralizada ao nível distrital pode, por vezes, impedir a reforma das escolas, acredito
que a actual estrutura da educação pública é flexível o suficiente, para poder
beneficiar das mudanças recomendadas neste livro.
Manter a estrutura sugerida na Figura 1.4., legitima a divisão do livro em
grandes secções. A Secção I diz respeito aos cinco factores relativos à escola, na
Secção II são abordados os 3 factores relativos aos professores e, na Secção III,
focam-se os 3 factores relativos aos alunos. Finalmente, a Secção IV aborda os
modos como a escola pode utilizar a informação dos três capítulos anteriores, para
promover mudanças significativas.
FIGURA 1.4.Factores que influenciam a realização escolar dos alunos
Factor Exemplo
Escola Currículo essencial e viável
Objectivos desafiantes e um retorno efectivo
Envolvimento dos pais e da comunidade
Ambiente seguro e disciplinado
Corporativismo e profissionalismo
Professor Estratégias educativas
Gestão da sala de aula
23
Plano curricular concretizado em situação de aula
Aluno Ambiente familiar
Inteligência aprendida e conhecimento de base
Motivação
Resumo
Trinta e cinco anos de pesquisa oferecem um conjunto de directrizes
notavelmente claras, quanto aos passos a serem dados por uma escola que pretenda
ser altamente eficaz na melhoria dos níveis de realização dos seus alunos. Apesar de
tais orientações serem precisas, os investigadores e o público continuam a debater se
a educação pública é ou não capaz de as adoptar. À semelhança de outros estudos,
organizei os dados da investigação em três categorias genéricas, factores relativos à
escola, aos professores e aos alunos.
Secção IFACTORES RELATIVOS À ESCOLA
24
Lista de figuras na Secção I
2.1. Ordenação dos factores relativos à escola com base em Schereens e Bosker
p.
2.2. Ordenação dos factores relativos à escola com base em Marzano, 2000a
p.
2.3. Comparação, entre investigadores, dos factores relativos à escola p.
3.1. Conceitos matemáticos considerados essenciais para todos os diplomados do
ensino secundário p.
3.2. Tópicos de matemática por intervalos de níveis de escolaridade p.
4.1. Pesquisa sobre a importância do estabelecimento de objectivos p.
4.2. Pesquisa sobre a importância de um retorno efectivo p.
4.3. Modelo das categorias de desempenho em função dos padrões estaduais
p.
4.4. Amostra de um boletim de avaliação p.
4.5. Amostra de um relatório p.
6.1. Correlação entre indicadores de mau comportamento no 6º ano de escolaridade e
comportamento violento no 8º p.
7.1. Relação entre tipos de interacção com o professor e níveis de realização dos
alunos p.
7.2. Percentagem da variância, nos níveis de realização dos alunos, explicada por
vários factores p.
25
2. Os factores relativos à escola
A nossa discussão inicia-se com uma exploração dos cinco factores relativos à
escola apresentados na Figura 1.4. (p. 10). Refiro-os como factores relativos à escola
porque, na sua maioria, encontram-se sob a jurisdição da escola no seu todo, pelo
que, as mudanças aí introduzidas, normalmente, se devem a decisões, formais ou
informais, no âmbito das respectivas políticas.
Quem conhece a investigação dos, últimos 35 anos, sobre a eficácia nas
escolas está familiarizado com as várias propostas de sistematização dos factores
relativos à escola desenvolvidas. No presente capítulo, agrupei-as segundo cinco
grandes factores:
1. Um currículo essencial e viável
2. Objectivos desafiantes e um retorno efectivo
3. Envolvimento dos pais e da comunidade
4. Ambiente seguro e disicplinado
5. Corporativismo e profissionalismo
Estas categorias traduzem o pensamento actual sobre os factores relativos à escola,
ao mesmo tempo que a sua ordem de apresentação reflecte o respectivo grau de
influência no aproveitamento dos alunos. Concretamente, um currículo essencial e
viável assoma como o factor com mais impacto nos níveis de realização dos alunos,
seguindo-se objectivos desafiantes e um retorno efectivo e, assim, sucessivamente. A
fim de sustentar a minha opção por esta proposta, recorro aos resultados de cinco
ensaios anteriores de sistematização da pesquisa sobre os factores relativos à escola
(embora outras propostas pudessem ser incluídas com os mesmos resultados). Para
mais aprofundadamente divisar o que se tem debatido sobre tais esforços de
sistematização, ver Good e Brophy (1986), Marzano (2000a), Scheerens e Bosker
(1997), Reynolds e Teddlie (2000). Ao construir os meus cinco factores relativos à
escola, considerei apenas aqueles cuja tematização não implicaria, obrigatoriamente,
uma adição drástica de recursos. Quer isso dizer que, por definição, todas as
intervenções que requeiram um aumento significativo no tempo passado na escola
(e.g.,. prolongamento do ano escolar, implementação de programas em regime
extracurricular), um aumento do corpo docente (e.g., diminuição nos rácios
professor/aluno, disponibilização de tutores23 para todos os alunos) ou equipamento
não imediatamente disponível (e.g., disponibilização de um computador por aluno) não 23 O professor-tutor é uma figura de referência nos sistemas educativos de origem anglo-saxónica, cujo perfil defendido comporta quer uma componente pedagógica quer uma componente humana de apoio/orientação (tutoring) dos alunos. (N. dos T.)
26
são mencionadas neste livro. Apesar de tais intervenções terem, potencialmente, um
impacto considerável nos níveis de realização dos alunos, a minha ênfase vai para os
esforços de reforma escolar exequíveis no âmbito dos recursos disponíveis.
Factores relativos à escola: Comparação entre investigadores
A mais famosa proposta de sistematização dos factores relativos à escola resultou da
investigação produzida, na década de 70, sobre eficácia das escolas. (Para uma
revisão do tema, consulte Good & Brophy, 1986; Marzano, 2000a.) Enquanto alguns
dos mais conceituados investigadores da época, destacam-se Ron Edmonds
(Edmonds, 1979a, 1979b, 1979c, 1981a, 1981b), Michael Rutter (Rutter, Maughan,
Mortimore, Ouston & Smith, 1979) e Wilbur Brookover (Brookover, Schweitzer,
Schneider, Beady, Flood, Schweitzer & Wisenbaker, 1978; Brookover, Beady, Flood,
Schweitzer & Wisenbaker, 1979), cabendo, no entanto, a Edmonds o papel de figura
de proa do movimento. A esse respeito Good & Brophy (1986) referem:
Até à sua prematura morte, em 1983 [Edmonds], persistiu como uma
das figuras chave do movimento da eficácia nas escolas... Edmonds,
mais do que ninguém, foi responsável pela divulgação da crença de
que as escolas podem e, de facto, fazem a diferença. (p. 582)
Em seguida, apresentam-se os tais factores relativos à escola, que não podem ser
dissociados do movimento sobre a eficácia nas escolas da década de 70:
liderança administrativa forte,
ênfase na aquisição de competências básicas,
expectativas elevadas quanto aos níveis de realização dos alunos,
ambiente seguro e disciplinado, propício à aprendizagem e
monitorização frequente dos progressos dos alunos.
Embora se assista a ligeiras variações de investigador para investigador (para
aprofundar, veja Purkey & Smith, 1982), estes cinco “correlacionados” da eficácia
escolar (assim designados devido à sua forte correlação com os níveis de realização
escolar dos alunos) tornaram-se o fulcro das reformas efectuadas ao longo da década
de 70 e inícios da década de 80. Pese embora seja mais preciso atribuir estes
correlacionados à globalidade do movimento sobre a eficácia nas escolas, a fim de
facilitar a sua abordagem, vou atribuí-los a Edmonds, tanto aqui como nos capítulos
subsequentes.
Largamente utilizada foi também a proposta de sistematização dos factores
relativos à escola desenvolvida por Daniel Levine e Lawrence Lezotte (1990). Na sua
revisão da literatura, os autores recorreram sobretudo a estudos que assentavam
27
numa metodologia de estudo baseada em outliers24, em que, por exemplo, se focavam
as características das escolas localizadas nos 25 por cento superiores, por oposição
às 25 por cento inferiores. A sua análise originou os seguintes factores:
ambiente e cultura produtivos,
focalização da aprendizagem em competências nucleares,
monitorização adequada,
desenvolvimento do pessoal orientado para a prática,
liderança forte,
manifesto envolvimento parental,
expectativas e requisitos elevados.
Devo referir que a proposta de sistematização desenvolvida por Levine e Lezotte
incluía, ainda, a combinação e implementação educativa eficiente, que, na presente
discussão, constitui um dos factores relativos aos professores.
Pam Sammons e colaboradores (Sammons, 1999; Sammons, Hillman &
Mortimore, 1995) levaram a cabo uma análise similar à efectuada por Levine e Lezotte
(1990), contudo, basearam-se menos em dados de estudos de caso e mais em
estudos quantitativos como o Projecto British Junior School (Mortimore et al., 1988). A
sua revisão da literatura originou os seguintes factores relativos à escola:
liderança profissional,
atenção ao ensino e à aprendizagem,
visão e objectivos partilhados,
ambiente facilitador das aprendizagens,
expectativas elevadas,
reforço positivo,
monitorização dos progressos,
direitos e expectativas dos alunos,
parceria escola-família,
uma organização direccionada para a aprendizagem.
De novo, a proposta completa contempla ainda o ensino direccionado como outro dos
aspectos a considerar, por mim classificado como um dos factores relativos aos
professores.
Se se adoptar uma perspectiva quantitativa, então, uma das revisões mais
rigorosas da literatura, no que se refere aos factores relativos à escola, foi a
conduzida por Jaap Scheerens e Roel Bosker (Schereens & Bosker, 1997;
Schereens, 1992; Bosker, 1992; Bosker & Witzier, 1995, 1996). Identificaram oito 24 Outliers é a expressão estatística utilizada para designar todos os casos com valores de tal modo extremos que, numa variável ou combinação de variáveis, acabam por distorcer os resultados obtidos. (N. dos T.)
28
factores relativos à escola. Talvez o seu maior contributo, relativamente à
investigação até então produzida, tenha sido o facto de terem conseguido ordenar
esses factores em termos do seu impacto nos níveis de realização dos alunos (ver
figura 2.1.).
FIGURA 2.1.Ordenação dos factores relativos à escola com base em Schereens e Bosker
Ordem Factor
1 Tempo
2 Monitorização
3 Pressão para a Realização
4 Envolvimento Parental
5 Clima da Escola
6 Abrangência dos Conteúdos
7 Liderança na Escola
8 Cooperação
Nota: Schereens e Bosker incluíram um nono factor na sua proposta de sistematização –
trabalho de casa, que, no contexto da presente discussão se afigura mais como um factor
relativo aos professores do que à escola. Para a sua discussão, veja Marzano, 2000a.
Fonte: Schereens, J. & Bosker, R. (1997). The foundations of educational effectiveness. New
York: Elsiever.
A escala de Schereens e Bosker, a primeira do género, aumentou significativamente a
nossa compreensão dos factores relativos à escola associados a um elevado nível de
realização escolar.
A última revisão da literatura, na origem dos cinco factores relativos à escola
aqui referidos, foi efectuada por mim (Marzano, 2000a) e consistiu, essencialmente,
na reanálise e actualização da revisão levada a cabo por Schereens e Bosker. Os
seus resultados são apresentados na Figura 2.2. (p. 18).
No fundo, aquilo que diferencia as duas propostas (a da Figura 2.1. e a da Figura 2.2.)
é o facto de a abrangência dos conteúdos, tal como Schereens e Bosker a
designaram, ser, por mim, denominada “oportunidade para aprender”. Houve
igualmente um acerto na sua ordenação, tendo passado do sexto para o primeiro
lugar. Mudança que, tal como explicarei no Capítulo 3, não é de todo trivial, visto a
investigação que vem sendo produzida sobre a oportunidade para aprender
demonstrar a sua primazia no que se refere aos níveis de realização dos alunos.
FIGURA 2.2.
29
Ordenação dos factores relativos à escola com base em Marzano, 2000a
Ordem Factor
1 Oportunidade para Aprender
2 Tempo
3 Monitorização
4 Pressão para a Realização
5 Envolvimento Parental
6 Clima da Escola
7 Liderança na Escola
8 Cooperação
Fonte: Marzano, R.J. (2000a). A new era of school reform: Going where the research takes us.
Aurora, CO: Mid-continent Research for Education and Learning. (ERIC Document
Reproduction Service No. ED454255)
À primeira vista, pode parecer que as cinco propostas de sistematização dos
factores relativos à escola são algo díspares, porém uma análise mais cuidada revela
que, à excepção de diferenças nas designações escolhidas, no fundo, são referidos
sempre os mesmos aspectos básicos. Na Figura 2.3. são retratadas as semelhanças
existentes entre as várias propostas, ao mesmo tempo que é explicitada o seu
agrupamento nos cinco factores tematizados em cada um dos cinco capítulos
subsequentes.
A observação da Figura 2.3. permite ilustrar o modo como os diferentes
investigadores utilizam termos ligeiramente diferentes para se referirem aos mesmos
factores. Por exemplo, encare como formulações alternativas a “objectivos desafiantes
e um retorno efectivo” as seguintes expressões:
“Expectativas elevadas quanto aos níveis de realização dos alunos” e
“monitorização frequente dos progressos dos alunos” de Edmonds
“Monitorização adequada e “expectativas e requisitos elevados” de Levine e
Lezotte
“Expectativas elevadas” e “monitorização dos progressos” de Sammons
“Monitorização” e “pressão para a realização” de Schereens e Bosker
“Monitorização” e “pressão a realização” de Marzano
Qualquer um destes exemplos reporta-se à definição de objectivos académicos para
todos os alunos, que não subestimem o seu potencial e forneçam um retorno
FIGURA 2.3.Comparação, entre investigadores, dos factores relativos à escola
Factores Ordem* Marzano Schereerens e Sammons Levine e Edmonds
30
Relativos à
Escola
Bosker Lezotte
Currículo
Essencial e
Viável
1 Oportunidade
para aprender
Abrangência
dos conteúdos
Atenção ao
Ensino e à
Aprendizagem
Focalização da
Aprendizagem
em
Competências
Nucleares
Ênfase na
Aquisição de
Competências
Básicas
Tempo Tempo
Objectivos
Desafiantes e
um Retorno
Efectivo
2 Monitorização Monitorização Expectativas
elevadas
Expectativas e
Requisitos
Elevados
Expectativas
Elevadas
quanto aos
Níveis de
Realização dos
Alunos
Pressão para a
Realização
Pressão para a
Realização
Monitorização
dos
Progressos
Monitorização
Adequada
Monitorização
Frequente dos
Progressos
dos Alunos
Envolvimento
dos Pais e da
Comunidade
3 Envolvimento
dos Pais
Envolvimento
dos Pais
Parceria
Escola-Família
Manifesto
Envolvimento
Parental
Ambiente
Seguro e
Pacífico
4 Clima da
Escola
Clima da
Escola
Ambiente
Facilitador das
Aprendizagens
Ambiente e
Cultura
Produtivos
Ambiente
Seguro e
Disciplinado,
Propício à
Aprendizagem
Reforço
Positivo
Direitos e
Expectativas
dos Alunos
Corporativismo
e
Profissionalism
o
5 Liderança Liderança Liderança
Profissional
Liderança forte Liderança
Administrativa
ForteVisão e
Objectivos
Partilhados
Cooperação Cooperação Uma
Organização
Direccionada
para a
Aprendizagem
Desenvolvimen
to do Pessoal
Orientado para
a Prática
* O Autor ordenou estes factores em função do seu impacto nos níveis de realização dos
alunos.
relativamente aos seus progressos, pelo que os organizei numa única categoria,
“objectivos desafiantes e um retorno efectivo”. Assim sendo, a Figura 2.3. acaba por
não deixar transparecer a profundidade ou complexidade dos factores identificados
pelos demais investigadores. A título ilustrativo posso referir o facto de, na Figura 2.3.,
ter englobado o “reforço positivo” de Sammons nos aspectos relativos a um ambiente
31
seguro e pacífico, que, por sua vez, é um dos meus cinco factores relativos à escola.
Sammons define-o como requerendo a presença de uma disciplina justa e
transparente, assim como um retorno, o que leva a que, pelo menos em parte, esse
factor que, na autora, diz respeito ao reforço positivo recair, na minha categorização,
em objectivos desafiantes e um retorno de eficácia. Em suma, na Figura 2.3. não se
encontra uma correlação precisa entre o trabalho dos outros e os meus cinco factores
relativos à escola, embora transmita uma mensagem básica os factores relativos à
escola identificados por outros investigadores, geralmente, agrupam-se em cinco
grandes categorias.
Os meus cinco factores relativos à escola encontram-se ordenados em função
do seu impacto nos níveis de realização dos alunos, que derivam categorização
elaborada em A new era of school reform: Going where the research takes us,
Marzano (2000a). Especificamente, o primeiro factor relativo à escola um currículo
essencial e viável resulta da conjugação de “oportunidades para aprender” e
“tempo”, posicionados, respectivamente, em primeiro e segundo lugar da minha
sistematização. O segundo factor objectivos desafiantes e um retorno efectivo é
constituído por “monitorização” e “pressão para a realização”, os terceiro e quarto
factores considerados.
Pese embora esteja fortemente convicto da ordenação apresentada, não
pretendo, de modo algum, sugerir que os factores colocados nas posições menos
elevadas são menos importantes para uma gestão eficaz da escola. Os factores com
uma relação estatisticamente menos forte com o nível de realização escolar dos
alunos, até certo ponto, também o influenciam. Tais relações são normalmente
designadas de não-lineares, tal como Good e Brophy (1986) explicam, “Muitas das
variáveis relativas aos efeitos da escola, provavelmente, têm uma relação não-linear
com os resultados” (p. 588). Tome-se como exemplo o corporativismo e o
profissionalismo, ordenado como o último dos factores relativos à escola. Perante o
seu posicionamento, poder-se-ia concluir que essa seria uma dimensão pouco crítica
para os níveis de realização escolar dos alunos. No entanto, a presença de uma
relação não-linear com os níveis de realização, pode indicar uma relação
extremamente importante, pelo menos, até ao ponto em que a sua força diminui.
Hipótese que faz sentido, não só de um ponto de vista estatístico como também do
senso comum. Assim, a existência de uma atmosfera de corporativismo e
profissionalismo, entre professores e administradores da escola, pode, de facto, ser
uma condição necessária para a realização escolar, todavia, só até que determinado
nível de corporativismo e profissionalismo seja atingido. Qualquer aumento no factor,
para além desse ponto, deixa de ter a capacidade de influenciar a realização.
32
Não é por omissão que a “liderança” se encontra ausente da minha
sistematização de factores relativos à escola, embora seja explicitamente mencionada
nas outras cinco propostas. Sucede que todas as definições da liderança eram,
virtualmente, demasiado restritas ou demasiado abrangentes, ao ponto de englobarem
a generalidade das outras categorias. Nomeadamente, na revisão conduzida por
Schereens e Bosker (1997), a liderança foi focada de um modo bastante limitado,
reportando-se quase em exclusivo ao que se poderá denominar como controle de
qualidade. Tal definição, provavelmente, explica a posição que lhe é atribuída na
referida análise, quase em último lugar. Em contraste, Levine e Lezotte (1990) definem
a liderança com base nos seguintes elementos: elevado dispêndio de tempo e energia
no melhoramento da escola; excelente liderança educativa; monitorização pessoal e
frequente das actividades da escola e dos sentidos construídos25; aquisição de
recursos. Uma definição igualmente ampla de liderança caracteriza as interpretações
de Sammons e Edmonds, por isso, decidi excluir a liderança da lista de factores
relativos à escola. O lugar que melhor se lhe adequa é o de variável circunvagante,
com influência na eficaz implementação dos factores relativos à escola, aos
professores e os aos alunos. Veja o Capítulo 18, para uma informação mais
pormenorizada sobre o papel crítico da liderança na reforma das escolas.
Cada um dos próximos cinco capítulos desta secção aborda um factor relativo à
escola. Em cada capítulo, em primeiro lugar, realiza-se uma revisão e discussão da
investigação que lhe é pertinente para, de imediato, ser sugerido um conjunto de
“medidas a seguir”, as quais serão descritas e exemplificadas.
Resumo
Neste capítulo, foram apresentados os cinco factores relativos à escola. Além de os
relacionar com os resultados de cinco esforços prévios de sistematização da
investigação, também providenciei um racional teórico de apoio à minha proposta de
ordenação do seu impacto nos níveis de realização escolar dos alunos.
25 No original, sense-making. Expressão que aponta para o processo de construção de sentido ou significado a partir dos acontecimentos. Eventualmente, remete para as ilações retiradas a partir das actividades realizadas. (N. dos T.)
33
3. Um currículo essencial e viável26
O primeiro factor relativo à escola denomina-se um “currículo essencial e
viável”. Coloco-o em primeiro lugar da ordenação por ser o que maior impacto tem ao
nível da realização escolar. De acordo com o indicado na Figura 2.3. (p.19), um
currículo essencial e viável é, na essência, uma combinação dos factores
“oportunidade para aprender” e “tempo” (Marzano, 2000a). Ambos apresentam fortes
correlações com a realização escolar, no entanto, são tão interdependentes que
assomam como um só factor.
Oportunidade para aprender
A dimensão oportunidade para aprender (OTL)27 apresenta a relação mais forte com
os níveis de realização escolar dos alunos, comparativamente com os demais factores
relativos à escola identificados por Marzano (2000a). Foi introduzida, pela primeira
vez, na literatura de investigação há mais de 30 anos pela Associação Internacional
para a Avaliação do Realização Escolar28 (Wilkins, 1997), altura em que apareceu
como uma componente do Primeiro e, posteriormente, Segundo Estudo Internacional
da Matemática (FIMS e SIMS, respectivamente)29 (Burstein, 1992; Husen, 1967a,
1967b). Aparentemente, a OTL emergir como um aspecto de reflexão a posteriori no 26 Nos EUA, ao governo federal, apenas compete fixar, genericamente, os conhecimentos e competências que é suposto que os alunos, de um dado ano de escolaridade e em determinada disciplina, aprendam. A especificação desses princípios gerais em critérios e objectivos curriculares a serem concretizados, nos diferentes níveis de organização do sistema, cabe aos estados e distritos escolares, devendo as escolas sob a sua jurisdição aplicar as linhas orientadoras das políticas aí delineadas. Contudo, as várias escolas de cada estado/distrito escolar podem ainda ter alguma margem de manobra (maior ou menor conforme o previsto pelas respectivas legislações), tomando mais algumas decisões sobre os conteúdos particulares, a serem leccionados, que irão constituir os programas das disciplinas. (N. dos T.)27 No original, Opportunity to Learn (OTL). (N. dos T.)28 No original, International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA). A Associação Internacional para a Avaliação da Realização Escolar, fundada em 1958, é uma cooperativa internacional independente, que agrega instituições de investigação nacionais e agências governamentais também ligadas à investigação. O seu objectivo fundamental prende-se com a condução de estudos comparativos, em grande escala, sobre a realização escolar, a fim de se desenvolver um conhecimento mais aprofundado dos efeitos das políticas e das práticas no interior e transversalmente aos vários sistemas educativos. O Terceiro Estudo Internacional da Matemática e das Ciências (cf. nota IX do capítulo 1) é apenas um entre muitos exemplos dos estudos que vêm sendo conduzidos sob a égide este organismo. (N dos T.)29 No original, First International Mathematics Study (FIMS) e Second Mathematics International Study (SIMS). Incluem-se no grupo dos estudos comparativos transnacionais, em grande escala, que, desde a década de 60, vêm sendo realizados, nomeadamente pela Associação Internacional para a Avaliação da Realização Escolar (cf. nota II). Tal como o próprio nome indica, estes estudos centram-se na avaliação comparativa de uma multiplicidade de dimensões relacionadas com o ensino e a aprendizagem da Matemática. (N. dos T.)
34
FIMS, à medida que os investigadores se foram preocupando com a possibilidade de
nem todos os alunos terem tido acesso a uma igualdade de oportunidades para
aprender itens utilizados para avaliar a realização na matemática (Wilkins, 1997).
Consequentemente, foram desenvolvidas várias medidas para a OTL e a sua relação
com a realização na matemática avaliada. Os resultados, que assomam como
evidentes por si só, foram de, algum modo, uma surpresa para os investigadores do
FIMS, tal como o indica a seguinte citação do relatório técnico do FIMS (Husen,
1967b):
Quando se avalia a realização, um dos factores com influência nos
resultados diz respeito ao facto de os alunos terem, ou não, tido a
oportunidade de estudar um determinado assunto ou de aprender a
resolver um tipo particular de exercício apresentado no teste. (pp. 162–
163)
Num curto espaço de tempo e de um modo semelhante, a OTL produziu um
profundo impacto no modo de pensar de investigadores e professores. De acordo com
Jesse Wilkins (1997), “a OTL, enquanto ideia nova, mudou o curso da investigação
educativa” (p.13).
Não obstante o facto de a OTL ter sido introduzida no decurso do FIMS, três
tipos de currículo foram identificados no âmbito do SIMS: o currículo enunciado, o
currículo implementado e o currículo adquirido ou aprendido. O conteúdo do currículo
enunciado, para um determinado curso ou ano de escolaridade, é especificado pelo
estado, distrito escolar ou escola30. O currículo implementado diz respeito ao currículo
que, efectivamente, é concretizado pelo professor, e, por sua vez, o currículo
adquirido diz respeito ao conteúdo que, de facto, é apreendido pelos alunos. A
discrepância entre o currículo enunciado e o implementado transforma a OTL num
factor proeminente para a realização escolar dos alunos factor que, desde o SIMS,
tem vindo a demonstrar uma forte relação com a realização escolar (Brewer & Stacz,
1996; Herman, Klein & Abedi, 2000; Robitaille, 1993).
Esta eventual discrepância entre currículo enunciado e implementado
surpreendeu por igual, tanto os educadores como os que o não são. Provavelmente,
esta surpresa deve-se ao facto de a educação pública se encontrar recheada de
indicações concretas quanto aos critérios de conteúdos a considerar em cursos e
30 Contrariamente ao que sucede em Portugal, nos EUA, as decisões políticas (educativas), designadamente as relativas aos objectivos, estrutura e organização dos currículos (i.e., currículo enunciado) podem ser tomadas e sucessivamente especificadas em diferentes instâncias de funcionamento do sistema. Assim, para além do nível estadual (relativo aos vários estados que compõem os EUA), há ainda que considerar as instâncias de decisão dos distritos escolares (cf. nota XX do capítulo 1) e a autonomia que cada escola vai tendo ao nível da definição da estrutura e modos de organização dos seus currículos escolares. (N. dos T.)
35
anos de escolaridades específicos. A existência de directrizes estandardizadas
estaduais ou de guias curriculares para os distritos escolares ou escolas, não
constitui, por si só, uma garantia de similitude entre currículo enunciado e
implementado. E.D. Hirsch em The schools we need and why we don’t have them
(1996), refere:
Claro que sabemos não existir nenhum currículo nacional, mas,
bastante razoavelmente, acabamos por assumir que, ao nível local, se
conseguiu chegar a um acordo quanto ao que deve ser leccionado em
cada ano de escolaridade se não no seio do distrito escolar, pelo
menos, dentro de cada escola... A ideia de que existe um plano
coerente de ensino dentro de cada distrito escolar ou, mesmo, no
interior de cada escola, não passa de um mito altamente enganador.
(p. 26)
Para Hirsch, a noção de um currículo implementado coerente é encarado, pela
maioria dos educadores, como uma questão de fé. Conclusão a que, todos aqueles
que nisso acreditam, chegam após alguma ponderação. A fim de o ilustrar, Hirsch
conta a seguinte história:
Recentemente, um superintendente distrital31 disse-me que, durante
vinte anos, erroneamente assumiu que cada uma das escolas sob a
sua supervisão determinava o que se deveria ensinar às crianças
de cada ano de escolaridade, mas ficou chocado ao saber que,
essa suposição, era inteiramente falsa; descobriu que nenhum
director de escola no seu distrito sabia dizer-lhe, com exactidão,
quais os conteúdos mínimos do programa que os vários alunos dos
diferentes anos de escolaridade deveriam aprender. (pp. 26-27)
Apesar de considerar imperfeita a solução de Hisch para este problema (ver Marzano,
Rendall & Gaddy, 1999), concordo veemente com o enquadramento que faz do
problema, sobretudo porque a investigação apoia as suas asserções. Por exemplo, há
estudos que apontam para o facto de (Doyle, 1992; Stodolsky, 1989; Yoon, Burnstein
31 No original, district superintendent. O superintendente distrital é responsável pela prestação de um conjunto de serviços de âmbito educativo e de apoio à gestão escolar, ao nível do distrito escolar (cf. nota XX, capítulo 1). Entre outros aspectos é sua função servir como elemento de ligação (designadamente, é um representante do Comissário da Educação; interpreta e clarifica os regulamentos e legislação, assim como outras iniciativas estaduais com influência na educação; facilita a comunicação entre distritos escolares e o Departamento de Estado para a Educação ou outros agências com responsabilidades nas políticas educativas, públicas ou privadas), como elemento de apoio (por exemplo, pode auxiliar os Conselhos de Administração Escolar no processo de selecção e/ou contratação de pessoal administrativo para as escolas ou de um novo superintendente) ou como consultor (nomeadamente, no que se refere às questões relativas à melhoria das escolas, à sua gestão e planeamento ou reorganização e fusão, bem como à definição de critérios para o pessoal). (N. dos T.)
36
& Gold, s.d.), mesmo quando são utilizados manuais escolares altamente
estruturados como a base para o currículo, é habitual os professores tomarem
decisões independentes e idiossincráticas quanto à extensão e tipo de conteúdos a
serem abordados. Esta prática, com frequência, cria enormes buracos na
continuidade dos conteúdos. No seu livro, The learning gap, Stevenson e Stigler
(1992) demonstram-no:
Desanimados com a extensão de muitos manuais escolares e
sabendo que os futuros professores das crianças regressarão ao
material, os professores americanos, com frequência, omitem alguns
temas. Temas diferentes são omitidos por professores também
diferentes, o que impossibilita os professores que se lhes seguem,
saberem qual a matéria dada em anos anteriores não conseguem
ter certezas relativamente ao que os alunos aprenderam ou não. (p.
140)
O conceito de OTL é, então, algo de simples e, em simultâneo, poderoso se os
alunos não tiverem a oportunidade de aprender os conteúdos programáticos
previstos, são poucas as hipóteses de o virem a fazer mais tarde. A OTL refere-se ao
grau em que o currículo numa escola é “seguro”, ou seja, que os estados e os distritos
escolares dão aos professores directrizes claras quanto aos conteúdos programáticos
a serem abordados em determinados cursos e anos de escolaridade. Significa
igualmente que os professores, por si só, não têm a opção de descartar ou substituir
os conteúdos definidos.
Tempo e viabilidade
Um currículo viável é inatingível sem o benefício do tempo. Os conteúdos
programáticos, que se espera que os professores cubram, devem poder ser dados no
tempo disponível para o efeito. Afirmação que soa a algo de óbvio, podendo-se
assumir que os conteúdos identificados nos documentos com os critérios definidos
estadualmente e os guias elaborados ao nível dos distritos escolares e das escolas
se encaixam perfeitamente num dia lectivo. Todavia, isso não é o que acontece.
Demonstraram-no os investigadores da Mid-continent Research for Education and
Learning (McREL)32 que, em documentos nacionais e estaduais, para 14 disciplinas
diferentes, identificaram alguns 200 critérios e 3.093 objectivos (Kendall & Marzano,
32 A MId-continent Research for Education and Learning (McREL) é uma organização americana, privada e sem fins lucrativos, que se dedica à melhoria da educação para todos, tanto através da investigação aplicada como do desenvolvimento de produtos e de serviços. (N. dos T.)
37
2000). Em seguida, professores no activo estimaram que a quantidade de tempo
necessária para adequadamente leccionar os conteúdos articulados nesses
documentos seria de 15.465 horas. (Marzano, Kendall & Gaddy, 1999).
Qual a quantidade de tempo efectivamente disponível para a instrução?
Em geral, as escolas dos níveis de ensino K-12 dispõem de um ano escolar
com 180 dias33. Porém, existem algumas variações assinaláveis. Karweit (1983)
constatou que o número de dias lectivos previstos pelas calendarizações, nos E.U.A.,
varia entre os 175 e os 184, sendo a média de 179. O estudo Prisioneiros do Tempo34
(National Commission on Time and Learning, 1994), mostrou que, desde 1994, 11
estados permitiam 175 ou menos dias escolares e apenas um estado exigia mais de
180 dias.
O tempo de um dia escolar está, de longe, menos estandardizado. Reuter
(1963) descobriu que a sua duração oscilava entre as quatro e as seis horas35. Nos
finais dos anos 70, um estudo de grandes dimensões conhecido como Estudo de
Avaliação dos Professores em Início de Carreira (BTES)36 verificou que os alunos do
segundo ano de escolaridade tinham 5,5 horas de aulas por dia, enquanto que os do
quinto ano permaneciam na escola 6,0 horas (Fischer et al., 1978). Um outro estudo
determinou, inclusive, que a duração de um dia lectivo, no mesmo distrito escolar,
podia variar até 45 minutos (Harnischfeger & Wiley, 1978). O estudo de 1994,
Prisioneiros do Tempo, reportou que, em média, as escolas ofereciam um dia com
seis períodos lectivos, cuja duração rondava as 5,6 horas de aulas.
Se assumirmos que 5,6 horas por dia são dedicadas às aulas e 180 são os
dias, por ano, passados na escola, então, os alunos no K-12 passam cerca de 13.104
horas em aulas (13 anos de ensino 1.008 horas por ano). Assim sendo, os
33 Em Portugal, o número total de dias lectivos, previstos pela calendarização do Ministério da Educação e que todas as escolas devem cumprir, é de 180 (N. dos T.)34 No original, Prisioners of Time. O estudo, da responsabilidade da National Education Commission on Time and Learning (Comissão Nacional da Educação sobre o Tempo e a Aprendizagem), assumia o tempo como um elemento fundamental para a melhoria da qualidade da aprendizagem. Nas suas conclusões são apresentadas algumas propostas que visam superar várias das limitações identificadas (e.g., o facto de os alunos americanos dispenderem cerca de metade do tempo dos de outros países na aprendizagem de conteúdos curriculares nucleares), nomeadamente, a necessidade de as escolas se reinventarem em torno da aprendizagem e não do tempo ou a necessidade de se utilizar o tempo de novas e diferentes maneiras. (N. dos T.)35 Em Portugal, um dia escolar comporta, no máximo quatro períodos lectivos de noventa minutos cada, totalizando de seis horas de aulas. (N. dos T.)36 No original, Beginning Teachers Evaluation Study (BTES). Tal como o próprio nome indica, o Estudo de Avaliação dos Professores em Início de Carreira consiste num programa de apoio e de desenvolvimento profissional para professores em início de carreira, proporcionando-lhes orientação, sessões em grupo e auxílio na resolução de problemas, assim como critérios para avaliarem as suas práticas de ensino-aprendizagem. A avaliação da eficácia do Estudo mostra uma diminuição significativa nos índices de desgaste dos professores participantes. (N. dos T.)
38
professores têm, no máximo, 13.104 horas para leccionarem os 200 critérios e 3.093
objectivos identificados pelos investigadores da McREL.
Nem todo o tempo disponível na sala de aula é, de facto, utilizado para a
instrução. Interrupções, confraternização, paragens informais e outras actividades não
instrutivas absorvem algum do tempo destinado à sala de aula. As estimativas de
quanto tempo é realmente dedicado à instrução variam desde uns meros 21 por cento
até a um valor na casa dos 69 por cento (Conant, 1973; Marzano & Riley, 1984;
National Commission on Time and Learning, 1994; Park, 1976). Adoptar a estimativa
mais elevada, de 69 por cento, como o limite superior, leva-nos a concluir que das
13.104 horas teoricamente disponíveis para a instrução, apenas 9.042 são de facto
utilizadas para esse fim. Portanto, ficamos com cerca de 695,5 horas por ano (9.042 :
3 anos de escola) ou cerca de 3,9 horas por dia (695,5 horas : 180 dias).
Agora, já temos uma base quantitativa com que responder à pergunta: podem
os 200 critérios e os 3.093 objectivos ser ensinados no tempo realmente disponível
para a instrução? A resposta é um retumbante não! Obviamente, 15.465 horas de
critérios não encaixam nas 9.042 horas de tempo útil de instrução.
Estes cálculos dão uma nova face no conceito de viabilidade. Na era actual, de
um currículo orientado por objectivos ou critérios, a viabilidade implica assegurar que
os conteúdos curriculares articulados para um determinado curso ou ano de
escolaridade podem ser adequadamente abarcados no tempo disponível. No entanto,
o movimento dos objectivos, tal como vem sendo implementado, criou uma situação
que viola o preceito da viabilidade.
Em suma, o primeiro factor relativo à escola é claro: implemente um currículo
simultaneamente seguro e viável. Não obstante, pô-lo em prática é um dos desafios
mais significativos que as escolas norte-americanas actualmente enfrentam.
Medidas a seguir
Recomendo cinco medidas cuja concretização possibilita a existência de um currículo
seguro e viável.
Medida 1: Identifique e transmita os conteúdos considerados essenciais para todos os alunos versus aqueles considerados suplementares ou somente necessários para quem pretender prosseguir estudos a um nível superior.
A discussão precedente demonstra, dramaticamente, que o tempo disponível para, no
actual sistema, abranger todos os conteúdos, incluídos nos critérios e objectivos dos
39
documentos estaduais, não é suficiente. Uma solução óbvia passa pelo aumento do
número de horas lectivas. Na realidade; desde o início do movimento dos critérios37,
profissionais ligados às várias disciplinas escolares perfilharam a ideia de que seria
necessário mais tempo para o ensino. A título de exemplo pode mencionar-se que,
durante audições levadas a cabo pela Comissão Nacional da Educação sobre Tempo
e Aprendizagem (1994)38, relativamente ao tempo necessário para implementar os
vários critérios definidos a nível estadual, os representantes das várias disciplinas
escolares referiram:
Artes: “Estou aqui para me bater por 15 por cento de tempo escolar
dedicado ao ensino das artes”, declarou Paul Lehman do União das
Associações Nacionais do Ensino das Artes39.
Inglês: “Estes padrões vão requerer uma enorme quantidade de tempo,
quer para os alunos quer para os professores”, disse à Comissão Miles
Myers do Conselho Nacional dos Professores de Inglês40.
Geografia: “Implementar os nossos critérios vai exigir mais tempo. A
Geografia quase não é ensinada nas escolas americanas de hoje”,
concluiu Anthony DeSouza da National Geographic Society
37 No original, standards movement. O “movimento dos critérios” baseia-se na ideia de que uma boa educação implica que todos os alunos recebam uma experiência escolar rigorosa, a partir de um currículo pré-estabelecido para todos, independentemente de pretenderem ou não prosseguir estudos a nível superior (um pouco à semelhança do que sucede no nosso País). As propostas avançadas pelos defensores deste movimento, desde os seus primórdios, têm sido altamente contestadas, em especial, pelos defensores de um currículo aberto, que diferencie conteúdos nucleares de outros tidos como suplementares ou não obrigatórios. Debate que, ainda, se encontra em aberto na sociedade americana, apesar de a segunda corrente mencionada ser a que actualmente vigora nos currículos da educação K-12. (N. dos T.)38 No original, National Education Commission on Time and Learning. A Comissão Nacional para a Educação sobre o Tempo e a Aprendizagem foi criada, por decreto governamental, em 1991, como um organismo de consultoria, independente, cujo objectivo seria o de proceder a uma revisão exaustiva e compreensiva das relações entre o tempo e a aprendizagem nas escolas americanas. Os resultados desta pesquisa foram apresentados sob a forma de relatório em Abril de 1994, sob o título genérico de Prisioners of Time (Prisioneiros do Tempo; cf. nota VIII). (N. dos T.)39 No original, Consortium of National Arts Association. A União das Associações Nacionais para o Ensino das Artes, organização educativa sem fins lucrativos, foi fundada em 1947 e resulta da união das várias associações regionais para o ensino das artes americanas com a respectiva associação nacional, englobando ainda todas as instituições que se interessem e promovam as artes (e.g., museus). A sua esfera de influência, para além de 50 estados nos EUA, estende-se à maioria das províncias do Canadá, às bases militares americanas espalhadas pelo mundo, além de cerca de 25 outros países. A sua missão prende-se com tudo aquilo que se relacione com a promoção da educação das artes. (N. dos T.)40 No original, National Council of Teachers of English. Tal como o próprio nome indica, o Conselho Nacional dos Professores de Inglês consiste na associação profissional dos educadores no domínio das artes linguísticas do Inglês, em todas as suas áreas e níveis de ensino. (N. dos T.)
40
Ciências: “Prevalece a visão consensual de que novos critérios vão
reclamar mais tempo”, disse David Florio da Academia Nacional das
Ciências41 (p. 21)
Realmente, esta opção assoma de sobremaneira lógica, em especial quando se
compara a quantidade de tempo que os estudantes norte-americanos gastam na
escola em relação aos alunos de países como o Japão, a Alemanha e a França. Ao
comentar tal disparidade, o estudo Prisioneiros do Tempo (National Education
Commission on Time and Learning) refere:
Não importa como são modificadas as suposições em que assenta o
modelo, o resultado é sempre o mesmo no estrangeiro, é exigido aos
alunos que trabalhem, pelo menos, o dobro do tempo (que os alunos
americanos) nos conteúdos das disciplinas. (p. 25)
A investigação geralmente apoia o impacto positivo do aumento da quantidade de
tempo lectivo dedicado ao ensino. Por exemplo, Herbert Walberg (1997) encontrou
uma correlação positiva entre o aumento do tempo de instrução e a aprendizagem,
em 97 por cento dos 130 estudos realizados.
Embora o aumento da quantidade de tempo de ensino pareça ser uma solução
óbvia, não deixa de ser uma alternativa impraticável nas escolas dos EUA, pelo
menos no momento actual. A fim de o ilustrar, recordo que os critérios identificados
para 14 disciplinas escolares, exigiam 15.465 horas para poderem ser
adequadamente abordados, mas, de momento, apenas estão disponíveis 9.042 horas
de ensino. Quer isso dizer que as escolas teriam de aumentar o seu tempo lectivo em
cerca de 71 por cento. Tal como se encontra organizado o calendário escolar
actualmente em vigor, a educação escolar teria de ser alongada do jardim-de-infância
aos 21 ou 22 anos, a fim de acomodar todos os critérios e objectivos mencionados
nos documentos nacionais. Por outras palavras, a mudança necessária é impraticável,
se não mesmo impossível concretizar, especialmente se se atender ao custo extremo
do acrescento de, somente, alguns dias ao calendário escolar (Walberg, 1997).
Mesmo que fosse possível alongar o calendário escolar, poderá não ser
sensato ensinar todos os conteúdos identificados nos documentos de critérios
nacionais e estaduais. Situação dramaticamente ilustrada no Terceiro Estudo
41 No original, National Academy of Sciences. A Academia Nacional das Ciências, nos EUA, é uma sociedade privada, sem fins lucrativos e auto-perpetuada, constituída por membros da comunidade científica no domínio das ciências e da engenharia, que se dedica ao avanço da ciência e da tecnologia, assim como à sua utilização em prol do bem comum. Em 1863, o Congresso mandatou-a como conselheira oficial do governo federal para os assuntos científicos e tecnológicos. (N. dos T.)
41
Internacional da Matemática e das Ciências (TIMSS). Especificamente, entre outros
aspectos, o TIMSS concluiu que se esperava que os professores americanos
cobrissem muitos mais conteúdos que os professores de outros países. Por exemplo,
nos EUA, os manuais escolares de matemática, do 4º, 8º e 12º anos, cobrem entre 50
a 65 temas, enquanto os manuais no Japão abrangem entre 5 e 15 temas e os da
Alemanha cerca de 7 (pelo menos, no que se refere ao 8.º ano). Em suma, o estudo
de TIMSS indica que, nos EUA, os manuais escolares de matemática abrangem mais
175 por cento de temas que os alemães e 350 por cento mais que os japoneses. Os
manuais de ciências utilizados nos Estados Unidos cobrem mais de nove vezes os
conteúdos dos manuais alemães e mais de quatro vezes os temas dos manuais
escolares japoneses. Todavia, os alunos alemães e japoneses apresentam um
desempenho significativamente superior ao dos estudantes norte-americanos, na
matemática e nas ciências (Schmidt, McKnight & Raizen, 1996).
O que poderá, então, uma escola fazer visto não poder alongar o calendário
escolar nem dever tentar ensinar todos os conteúdos definidos pelos critérios? A
resposta é óbvia: as escolas deveriam reduzir drasticamente a extensão dos
conteúdos programáticos a serem leccionados pelos professores. A fim de melhor
compreender como isso pode ser conseguido, veja-se o estudo que se segue, da
minha responsabilidade, relativo aos conteúdos programáticos da matemática
(Marzano, 2002).
O meu primeiro passo consistiu em "desempacotar" as declarações relativas aos
objectivos nos documentos dos critérios, o que se justifica pelo facto de a maioria
dessas afirmações se referir a múltiplos tipos de conhecimentos e competências. O
objectivo que se segue, referente aos critérios da matemática, publicado pelo
Conselho Nacional dos Professores de Matemática (NCTM)42 (2000) caracteriza o que
os alunos devem saber e o que devem ser capazes de fazer no final do 5º ano:
Desenvolver fluência na adição, subtracção, multiplicação e divisão de
números inteiros. (p. 392)
Este objectivo contém pelo menos quatro elementos que poderiam ser o foco de um
conjunto unificado de aulas: a adição de números inteiros, a subtracção de números
inteiros, a multiplicação de números inteiros e a divisão de números inteiros. Quando
procedi a este "desempacotamento" dos critérios da matemática e respectivos
objectivos, identifiquei 741 "conceitos educativos".
42 No original, National Council of Teachers of Mathematics (NCTM). O Conselho Nacional dos Professores de Matemática, fundado em 1920, é a maior organização mundial para o ensino da matemática. A sua voz faz-se ouvir sempre que assuntos relacionados com o desenvolvimento profissional e o apoio aos professores de matemática, procurando garantir um ensino e uma aprendizagem de altíssima qualidade. (N. dos T.)
42
O que, em si mesmo, é bastante interessante. Há apenas 241 declarações de
objectivos enunciados nos documentos dos critérios do NCTM (2000, pp. 392-402)
um número, à partida, fácil de gerir, dadas as 9.042 horas de tempo lectivo realmente
disponível. Porém, esse é um número enganoso, visto haver mais de três vezes o
número de conceitos educativos que, logicamente, dão corpo a conjuntos individuais
de aulas. Padrão que se repete em virtualmente todos os documentos estaduais e
nacionais de critérios que analisei. Embora a porção de objectivos enunciados seja
diminuto, o número real de conceitos educativos aí contidos é bastante grande.
O meu próximo passo, foi apresentar os 741 conceitos educativos a 10
professores de matemática. (Uma escola ou distrito escolar que executasse o mesmo
procedimento usaria, indubitavelmente um leque maior de professores. Para
aprofundar o modo como um distrito escolar realiza um inquérito a todos os membros
da sua comunidade, veja Marzano & Kendall, 1996). A pergunta que fiz aos
professores foi bastante simples: quais, de entre estes 741 conceitos educativos, são
essenciais para os alunos, independentemente de pretenderem, ou não, ir para a
faculdade? Os resultados são descritos na Figura 3.1., p. 28.
A interpretação da Figura 3.1., passa, antes de mais, por uma observação da
sua primeira linha, onde se indica que 299 conceitos (coluna 2) foram identificados
como essenciais por 10 educadores (coluna 1), para todos os diplomados do ensino
secundário. A percentagem de conceitos considerados essenciais (299 em 741
conceitos potenciais) é de 40,4 por cento.
A linha 2 apresenta 17 outros conceitos matemáticos que foram reconhecidos,
por 9 professores, como fundamentais para os diplomados do ensino secundário. Se
combinarmos os resultados de linha 1 e 2, constatamos que 316 conceitos foram
definidos como essenciais por 9 ou mais professores (219+ 17+316). A coluna 4
apresenta-o sob a forma de um valor cumulativo dos conceitos identificados como
essenciais por um dado número de professores (9 ou mais pedagogos reconheceram
316 conceitos como essenciais).
Os resultados do inquérito são interessantes, na medida em que indicam que
não haver muito acordo sobre quais os conceitos essenciais. Claro que, o critério,
relativo à percentagem de professores de matemática que consideram um dado
conceito educativo como fundamental, é arbitrário. Todavia, se se aceitar o critério,
intuitivamente apelativo, da " maioria de professores de matemática” (i.e., seis ou mais
no contexto do meu estudo), então, torna-se importante que 404 dos 741 conceitos
educativos sejam conhecidos pelos diplomados do ensino secundário (ver Figura 3.1.,
coluna 4).
43
FIGURA 3.1.Conceitos matemáticos considerados essenciais para todos os diplomados do ensino
secundário
Número de
educadores que
considerou um dado
conceito como
essencial
Número de conceitos
em que houve
acordo
Percentagem Grau de acordo
cumulativo
10 299 40,4
9 17 2,3
9 ou mais
316
8 39 5,3
8 ou mais
355
7 26 3,5
7 ou mais
381
6 23 3,1
6 ou mais
404
5 69 9,3
5 ou mais
473
4 53 7,2
4 ou mais
526
3 8 1,4
3 ou mais
534
2 23 3,1
2 ou mais
598
1 41 5,5
0 143 19,3
Qualquer que seja o critério escolhido, os resultados apontam para o facto de
nem todos os conteúdos dos critérios da matemática serem considerados essenciais.
Na verdade, 143 ou 19,3 por cento dos conceitos educativos não foram definidos, por
qualquer um dos professores de matemática inquiridos, como essenciais (ver última
linha da Figura 3.1.). De novo, este dado sublinha o problema inerente ao actual
movimento dos critérios nos EUA simplesmente, os conteúdos a serem ensinados
são em demasia, para isso suceda da maneira mais adequada.
Assim, as escolas deveriam proporcionar uma delineação clara dos conteúdos
essenciais por oposição ao que lhes é suplementar ou destinado a todos aqueles que
tencionam prosseguir estudos a nível superior.
44
Medida 2. Assegure-se de que o conteúdo essencial pode ser ensinado no tempo lectivo realmente disponível.
O modo mais directo para visar este assunto consiste, simplesmente, em perguntar
aos professores quanto tempo demoraria dar adequadamente um conteúdo essencial.
Num estudo conduzido pela McREL (Marzano, 1998b), 350 professores foram
inquiridos sobre o número de horas que demorariam a, adequadamente, focar cada
objectivo articulado para uma variedade de critérios e disciplinas escolares. (Se os
objectivos forem “desempacotados” como sugeri, é melhor pedir aos professores um
comentário sobre cada conceito educativo). Em média, o número de horas para cada
objectivo, assomou como a estimativa mais estável do tempo que levaria a abranger
um conteúdo. Outros investigadores usaram este processo como um meio de
obtenção de estimativas viáveis do tempo necessário para tematizar um dado
conteúdo programático (Florian, 1999).
Fenwick English (2000) propõe outra abordagem, também útil. O seu método
exige que os professores calculem quantos "períodos de aulas" são necessários para
os alunos dominarem cada um dos conceitos educativos enunciados. Divulga-as,
denominando-as como a "menor quantidade de tempo" e a "maior quantidade de
tempo." De acordo com English, a estimativa da menor quantidade de tempo traduz
um ideal, isto é, "quando tudo corre bem" (p.55). A estimativa da maior quantidade de
tempo “deve de ser encarada, essencialmente, em termos da Lei de Murphy; ou seja,
dada a probabilidade de tudo correr mal, na verdade, tudo acaba por correr mal!"
(pág. 55).
Obviamente, o tempo necessário para ensinar os critérios de conteúdos não
deverá exceder o tempo lectivo disponível. Recorrendo à sua técnica, English
observa:
Quando a coluna referente à "menor quantidade de tempo" é somada,
o número total de períodos lectivos não deverá exceder o montante
possível num quadrimestre, semestre, ou ano escolar (qualquer que
seja a duração oficial de tempo lectivo) ou, então, há muito currículo
para o tempo real disponível. (ênfase do autor) (pág. 55)
A fim de determinar a quantidade de tempo disponível para o ensino, a escola deveria
empreender uma “auditoria de tempo” formal, processo descrito por Marzano, Kendall
& Gaddy (1999). A um nível menos formal, uma escola pode determinar simplesmente
quanto tempo por dia de aulas é, verdadeiramente, dedicado à instrução. A escola
calcula, então, quanto tempo de aula é geralmente ocupado por situações não-
45
instrutivas, a saber, fazer a chamada, transições entre actividades, recolha ou
distribuição de material, socialização e imposição de disciplina.
Armada com estas estimativas de tempo, a escola poder ser tentada a assumir
que tudo está bem, caso o tempo de ensino for menor que o tempo lectivo disponível
na sala de aula. A título de exemplo, refira-se o que sucedeu numa escola intermédia,
em que se calculou que, num período de três anos, poderiam contam com cerca de
2.200 horas de tempo lectivo na sala de aula, enquanto que os conteúdos essenciais
demorariam aproximadamente 2.000 horas a serem adequadamente focados. À
primeira vista, o assunto parecia resolvido. Contudo, os professores envolvidos no
estudo depressa se aperceberam de que o conteúdo essencial requeria perto de 91
por cento do tempo lectivo disponível, o que significava que sobrava muito pouco
tempo para se dedicarem a temas de carácter acidental, mas cuja relevância era
inegável (por exemplo, a Guerra ao Terrorismo), mesmo implicando um desvio ao
previsto no currículo enunciado. Os professores decidiram que queriam manter, pelo
menos, 30 por cento do seu tempo lectivo em sala de aula livre para tais
eventualidades. Voltaram-se, então, para a tarefa de apagar mais "conteúdos
essenciais", de maneira a conseguirem arranjar espaço para estes temas de carácter
acidental. No fundo, o que importa ter em atenção é o facto de as escolas deverem
considerar cuidadosamente o montante de tempo lectivo, na sala de aula, que
desejam preencher com conteúdos essenciais.
Medida 3. Sequencie e organize o conteúdo essencial de modo a que os alunos tenham uma oportunidade para o aprender ampla.
Antes de mais, definem-se, de maneira exequível, os conteúdos essenciais, depois,
são organizados e sequenciados de forma a optimizar a experiência de
aprendizagem, sendo útil adoptar o princípio curricular básico defendido pelo NCTM
(2000): “as grandes ideias em confronto numa variedade de contextos devem de ser
cuidadosamente determinadas, emergindo como elementos importantes desse
processo a terminologia, as definições, as anotações, os conceitos e as
competências" (pág. 15). A mensagem é a de que, para organizar os conceitos
educativos essenciais, devem constituir-se categorias segundo uma sequência
realista e lógica felizmente, muito deste trabalho já foi efectuado por John Kendall
(Kendall, 2000) que, juntamente com outros investigadores da McREL, organizaram o
conteúdo de 14 disciplinas diferentes em categorias, por si denomianadas como
"tópicos."
46
Entender a natureza de um tópico (i.e., a "grande ideia" do NCTM), implica
considerar os seguintes conceitos educativos por mim identificados, no estudo da
matemática (Marzano, 2002):
diferenças entre unidades;
unidades padronizadas versus unidades não padronizadas;
unidades cúbicas;
unidades lineares;
unidades quadradas;
dimensão das unidades, e
análise das unidades.
Estes conceitos educativos podem ser, bastante logicamente, organizados num único
tópico ou categoria com o título genérico de unidades. No meu estudo, organizei os
741 conceitos educativos em 52 tópicos que, posteriormente, sequenciei em quatro
intervalos de níveis de escolaridade: K-2, 3-5, 6-8, 9-12, descritos na Figura 3.2. (pp.
32-33).
De acordo com o indicado na Figura 3.2., alguns tópicos (como a
probabilidade) figuram em todos intervalos de níveis de escolaridade; outros (como a
direcção, posicionamento, localização) apenas são inseridos no K-2; outros, ainda,
(como o teorema de Pitágoras) só se encontram no intervalo relativo aos anos 9-12.
Obviamente, uma escola ou distrito escolar poderia articular um leque e
sequência muito diferentes dos descritos na Figura 3.2.. O que importa salientar é o
facto de uma escola ou distrito escolar ter o tempo necessário para (1) identificar os
conceitos educativos essenciais, (2) organizá-los em "grandes ideias" ou “tópicos”, e
(3) dar-lhes uma sequência.
Medida 4. Assegure-se de que os professores abordam os conteúdos essenciais.
Garantir que os professores tematizam os conteúdos nucleares é imprescindível à
concretização de um currículo essencial e viável. Conforme vem sendo discutido, não
é invulgar os professores tomarem decisões idiossincráticas relativamente ao que
ensinam e ao que omitem, mesmo no contexto de um currículo altamente estruturado.
A implementação deste critério, requer, dos administradores, uma
monitorização dos conteúdos essenciais abordados. Não se conclua que se espera
que os administradores passem, de facto, a "observar" o ensino real dos conteúdos.
Isso seria tão intensamente trabalhoso, que, na prática, se torna impossível. No
entanto, qualquer administrador escolar pode pedir aos professores elementos
47
relativos aos conteúdos tematizados, sob a forma de planificações de aulas, unidades,
ou de ambas. Os administradores também podem reunir com os professores, numa
base quadrimestral ou semestral, com o intuito de criarem plataformas para a
discussão frutífera, não apenas em relação aos conteúdos essenciais focados mas
também sobre as práticas educativas eficazes e experiências de aprendizagem
interessantes dos e com os alunos. Monitorizar não pode ser uma acção policial,
antes deve ser encarada como uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento
profissional, posta em prática de acordo com o que Jo Blase e Joseph Blase (1998)
designam de espírito de "supervisão reflexiva", em que compete ao administrador
escolar fazer perguntas que ajudem os professores reflectir sobre as suas decisões
educativas.
Medida 5. Defenda o tempo lectivo disponível.
Alongar o calendário escolar ou o dia lectivo é, provavelmente, pouco prático dados
os actuais constrangimentos dos recursos afectos ao ensino público. Por conseguinte,
tenho (parcialmente) discutido este assunto do tempo, recomendando uma redução
nos conteúdos considerados nucleares. As escolas também podem proteger o tempo
lectivo disponível diminuindo a porção tempo previamente definido como não
educativo, o que implica, ser o mais eficiente possível em relação ao almoço, ao
recreio, aos intervalos entre aulas e aos avisos. As escolas deveriam empenhar-se o
mais possível em fazer passar a mensagem de que o tempo de aulas é sagrado e só
deverá ser interrompido por razões ou acontecimentos importantes, mensagem
comummente veiculada em outros países. No seu livro, The teaching gap, James
Stigler e James Hiebert (1999) relatam o seguinte incidente ocorrido quando um grupo
de professores japoneses visionava, em vídeo, uma aula do 8º ano de escolaridade,
de matemática, nos EUA:
O professor no vídeo estava, em pé, de frente para o quadro, no meio
da demonstração de um procedimento, quando se ouviu uma voz no
sistema informativo interno da escola: "Peço a vossa atenção, por
favor. A todos os alunos que utilizam o autocarro trinta e um, hoje,
apanhá-lo-ão nas traseiras da escola e não na frente, como habitual.
Os professores, por favor, tomem nota e lembrem os alunos."
Um membro japonês da nossa equipa, esticou-se e carregou no STOP
do vídeo. "O que foi aquilo? " perguntou. "Oh, nada", replicámos ao
carregarmos no botão PLAY. "Esperem", protestou o nosso colega
japonês. "O que quer dizer com nada?" À medida que, pacientemente,
48
lhe explicámos que era um aviso, ficou ainda mais incrédulo.
Estávamos nós a insinuar que era normal interromper uma aula? Como
é que isso era sequer possível? Tais interrupções por completo o fluxo
da aula.
FIGURA 3.2.Tópicos de Matemática por Intervalos de Níveis de Escolaridade
Tópico Intervalos de Níveis de Escolaridade
K-2 3-5 6-8 9-12
Adição
Área
Tendência central e variabilidade
Tabelas e gráficos
Computação (geral)
Sistemas coordenados
Recolha de dados e amostragem
Distribuição dos dados
Decimais
Direcção, posicionamento e localização
Divisão
Equações e desigualddes
Estimativas
Experiências
Expoentes, logaritmos e raízes
Expressões
Factores, múltiplos primos
Figuras e formas
Fracções
Funções
Comprimento, largura, altura
Linhas e ângulos
Razões matemáticas
Matrizes e vectores
Medição
Sistema métrico
Dinheiro
Geometria das deslocações
Multiplicação
Números e sistemas de números
49
Padrões
Perímetro e circunferência
Polinomiais
Precisão e exactidão
Probabilidade
Estratégias de resolução de problemas
Prova
Teorema de Pitágoras
Ordem e velocidade
Rácio, proporção e percentagem
Regressão e correlação
Escala
Sequências e séries
Similitude e congruência
Estatística
Subtracção
Temperatura
Tempo
Trigonometria
Unidades
Volume, massa, capacidade
Peso
Fonte: R. J. Marzano. (2002). Identifying the Primary Instructional Concepts in Mathematics: A
Linguistic Approach. Englewood, CO: Marzano & Associates. Copyright © 2002, Marzano &
Associates, reproduzido com permissão
Embora Stigler e Hiebert advirtam para o perigo de tirar conclusões a partir de
exemplos únicos como o citado, os autores verificaram que as aulas, nos EUA, eram
mais frequentemente interrompidas que as aulas no Japão: "tal como reivindicou o
nosso colega japonês, tal nunca sucederia numa aula japonesa. Contudo acontece
em...33 por cento das aulas americanas" (pág. 62).
A inviolabilidade do tempo educativo pode ser transmitido através de múltiplas
maneiras. Eis alguns dos mais criativos métodos para preservar o tempo lectivo (1)
dando aos professores um símbolo a ser colocado do lado de fora da porta, sempre
que desejarem não ser interrompidos, (2) diminuindo ou eliminando os avisos
internos, e (3) destacando determinados momentos da aula como "tempo de
aprendizagem escolar", para que os alunos percebam a diferença relativamente a
outros momentos da aula e lhes dediquem mais atenção.
50
Resumo
Um currículo essencial e viável é, em grande medida, composto por OTL e tempo.
Embora este factor relativo à escola seja o que detém o maior impacto nos níveis de
realização escolar dos alunos, provavelmente é também o mais difícil de implementar,
especialmente no âmbito do movimento dos critérios. As escolas têm que definir
conteúdos programáticos essenciais e garantir que esses conteúdos nucleares são
devidamente sequenciados e podem ser adequadamente ensinados no tempo lectivo
disponível para o efeito. As escolas devem ainda procurar assegurar que os
professores tematizam esses conteúdos essenciais e defendem o tempo lectivo à sua
disposição.
51
4. Objectivos desafiantes e um retorno efectivo
O segundo factor relativo à escola designa-se “objectivos desafiantes um retorno
efectivo”. Dimensão que resulta, fundamentalmente, da combinação daquilo que
outros investigadores denominaram de "expectativas elevadas" (ou "monitorização
eficaz" tal como é referida por Marzano, 2000a) e "pressão para a realização" (ver
Figura 2.3., p.19). Segundo a minha terminologia, expectativas elevadas e pressão
para a realização dizem respeito ao estabelecimento de objectivos desafiantes para os
alunos. Monitorizar é relativa ao retorno efectivo permitindo verificar o grau de
concretização dos objectivos definidos. Atendendo ao facto de que estes aspectos se
encontravam em terceiro e quarto lugar, respectivamente, na ordenação por mim
apresentada no estudo anterior (Marzano, 2000a), agrupei-os e classifiquei-os em
segundo na sistematização dos cinco factores relativos à escola.
Pressão para a realização: Definir objectivos escolares
Rever a investigação relativa a este factor, implica que, primeiro, consideremos o
impacto académico do estabelecimento de objectivos. A Figura 4.1. (pág. 36) oferece
um levantamento sumário dessa mesma pesquisa. Em concreto, aí é apresentada a
investigação baseada na métrica dos efeitos de magnitude (ES)43, traduzidos em
ganhos de percentil. (Para uma explicação detalhada do efeito de magnitude, ver a
nota técnica 4, pp. 190-191). Mark Lipsey e David Wilson (1993) examinaram 204
estudos diferentes, tendo concluído que, em média, o acto de estabelecer objectivos
académicos tinha um efeito de magnitude de 0,55. Dito de outro modo, os níveis de
realização nas aulas, em que foram definidos objectivos de aprendizagem claros,
foram 0,55 desvios-padrão mais elevados que nas aulas esses mesmos objectivos
43 No original, effect sizes. O efeito de magnitude é um dos indicadores (estatísticos) mais frequentemente utilizado para observar a magnitude do impacto de uma variável independente numa variável dependente, sendo o termo aplicável a uma variável de índices, designadamente, o da correlação (permite avaliar a relação existente entre duas variáveis), da regressão múltipla (permite avaliar ou predizer o valor de uma variável a partir do conhecimento da outra, desde que essas duas variáveis estejam significativamente correlacionadas entre si) ou da percentagem de variância (cf. nota XV do capítulo 1). No entanto, tal como é usada neste livro, o efeito de magnitude traduz as diferenças encontradas nas médias dos grupos experimentais e de controle, a dividir pela estimativa dos desvios-padrão (medida de variabilidade ou de dispersão da população em torno de um valor médio, que só pode assumir valores não negativos; quanto maior for o desvio-padrão na distribuição da população de uma amostra, maior será também a dispersão dos respectivos dados) da população de referência. (N. dos T.)
52
não foram tão nitidamente estabelecidos. Diferencial que se traduz numa diferença de
21 pontos percentuais nos níveis de realização escolar dos alunos. Considerados no
seu conjunto, os resultados apresentados na Figura 4.1. não deixam margem para
dúvidas, em especial no que se refere ao impacto do estabelecimento de objectivos na
realização escolar variam entre um valor mínimo, localizado no percentil 18, e um
máximo, relativo ao percentil 41.
FIGURA 4.1.Investigação sobre a importância do estabelecimento de objectivos
Estudos de
sistematização
Número de efeitos de
magnitude
Média dos efeitos de
magnitude Ganhos de percentil
Wise & Okey, 1983*
3
25
1,37
0,48
41
18
Walberg, 1999 21 0,46 18
Lipsey & Wilson, 1993 204 0,55 21
*São referenciados dois efeitos de magnitude, dado o modo como os autores os apresentam.
Os leitores devem consultar o estudo para mais pormenores.
Além do seu impacto na realização, Mike Schmoker (1999) constata que o
estabelecimento de objectivos académicos para a escola como um todo tem um efeito
poderoso, aglutinante nos professores e administradores: “os objectivos, em si
mesmos, não apenas conduzem ao sucesso como à eficácia e coesão de uma equipa"
(pág. 24). Judith Little (1990) corrobora a opinião de Schmoker, afirmando que a
responsabilidade partilhada por objectivos comuns acaba por ser mais importante na
consecução do corporativismo do que as amizades. Infelizmente, os objectivos
partilhados não parecem ser uma norma nas escolas do país (Little, 1990; Lortie,
1975). No seu comentário sobre a pesquisa de Susan Rosenholtz (1991), Schmoker
(1999) declara:
A existência de objectivos comuns nas escolas era…rara e essa falta
de um acordo quanto aos objectivos torna as escolas únicas entre as
organizações. Concluiu haver um consenso diminuto em torno dos
objectivos concordância colectiva sobre o caminho a seguir
53
embora os resultados dos seus estudos revelassem que esse era o
elemento-chave para o progresso e o sucesso. (pág. 25)
O acto de estabelecer objectivos académicos vê-se, assim, fortemente apoiado
enquanto variável importante para uma educação eficaz. Adicionalmente, há que
tomar em linha de conta um outro aspecto crítico do estabelecimento de objectivos
académicos que, embora importante, é menos óbvio os objectivos académicos
deveriam ser desafiantes para todos os alunos. Condição vinda directamente da
investigação sobre as expectativas.
Ron Edmonds, um ícone do movimento da eficácia nas escolas dos anos 70,
acreditou que uma escola deve desafiar todos os alunos, se pretender ser
verdadeiramente eficaz. Mais precisamente, observou que as escolas têm que
procurar diminuir o desfasamento nos níveis de realização verificados entre os alunos
provenientes de níveis socioeconómicos (NSE) mais baixos e os originários de NSE
elevados. Na realidade, expectativas elevadas para os alunos, particularmente os
procedentes de um NSE baixo, são um dos pilares da investigação sobre a eficácia
das escolas. David Reynolds e Charles Teddlie (2000) comentam a natureza ubíqua
desse achado:
FIGURA 4.2.Investigação sobre a importância de um retorno efectivo
Estudos de
sistematização
Número de efeitos de
magnitude
Média dos efeitos de
magnitude Ganhos de percentil
Walberg, 1999 20 0,94 33
Bloom, 1976 7 0,54 21
Schereens & Bosker, 1997 1,09 36
Kumar, 1991 5 1,35 41
Haller, Child & Walberg, 1988 20 0,71 26
Expectativas elevadas dos alunos é um dos resultados mais
consistentes da literatura... Virtualmente todas revisões do tema
mencionam a importância desse factor, independentemente de serem
britânicas … holandesas... ou americanas. (pág. 148)
54
Reynolds e Teddlie adiantam, ainda, que os professores deveriam transmitir
directamente aos alunos expectativas elevadas, o que requer a presença de
objectivos claramente definidos para todos.
Monitorização: A necessidade de um retorno
Como saber se os objectivos estabelecidos foram ou não atingidos, se o retorno de
eficácia não se encontra a funcionar? Tal como sucede com os objectivos a serem
definidos, uma base forte e ampla de investigação fundamento os efeitos do retorno
de eficácia. Na Figure 4.2. mostram-se alguns dos resultados obtidos por vários
estudos de sistematização que o comprovam.
De novo, estes são resultados impressionantes. O impacto de um retorno
efectivo na realização varia entre um valor mínimo de 21 pontos de percentil para um
máximo de 41. Ambos indicam que a realização escolar nas aulas em que se observa
a presença de um retorno efectivo, aos alunos, é consideravelmente superior à
realização onde isso não sucede. Uma revisão de quase 8.000 estudos impeliu John
Hattie (1992) a afirmar, "a única modificação, também a mais poderosa, que melhora
a realização é o retorno. A mais simples prescrição para o progresso da educação
passa por “pilhas de retorno”." (p.9)
Todavia, é possível identificar alguns resultados da investigação, relativos ao retorno,
que podem temperar o entusiasmo de Hatti, pois, para que possa influenciar a
realização escolar, o retorno tem que ter duas características específicas.
Primeiro, deve ser oportuno. Os alunos têm que receber um retorno ao longo
do processo de aprendizagem idealmente, múltiplas vezes no decurso do ano
escolar (Bangert-Drown, Kulik, Kulik & Morgan, 1991). A um retorno oportuno,
ocorrido no seio de uma experiência de aprendizagem, dá-se o nome de avaliação
“formativa” (em contraponto à avaliação “sumativa”, que apenas acontece no final de
uma experiência de aprendizagem) (Airasian, 1994; McMillan, 2000). Há, mesmo,
alguns investigadores que defendem que o uso apropriado e sistemático da avaliação
formativa poderá melhorar drasticamente a realização escolar dos alunos norte-
americanos. Numa extensa revisão da pesquisa sobre avaliação, Paul Black e Dylan
Wiliam (1998) declararam:
A investigação aqui apresentada mostra, conclusivamente, que a
avaliação formativa, de facto, melhora a aprendizagem. Tudo indica
55
que os ganhos nos níveis de realização escolar são consideráveis e, de
acordo com o anteriormente mencionado, dos maiores algumas
referidos para as intervenções educativas. Para ilustrar a dimensão
desses ganhos, um efeito de magnitude de 0,7, se pudesse ser
alcançado no âmbito nacional, seria equivalente ao aumento dos níveis
de realização na matemática de um país "médio", como a Inglaterra, a
Nova Zelândia ou os Estados Unidos, para um outro, no "top cinco",
logo após os países da ala do Pacífico, Singapura, Coreia, Japão e
Hong-Kong. (pág. 61)
Estes resultados e conclusões colocaram as escolas num dilema, que dependem
sobretudo de testes estaduais ou de testes estandardizados externos como veículo
principal para a obtenção de um retorno. Por definição, tal retorno é sumativo.
Segundo, um retorno efectivo deve ser específico relativamente ao conteúdo
ensinado (Bangart-Drown, et al., 1991). George Madaus e colaboradores constataram
que os testes não especificamente pensados para avaliar o currículo de uma
determinada escola, com frequência, subestimam a verdadeira aprendizagem
realizada pelos alunos (Madaus, Kellaghan, Rakow & King, 1979; Madaus, Airasian &
Kellaghan, 1980). Segundo Maddaus et al. (1979):
Vários dos nossos resultados indicam claramente que o que nós
chamamos de medidas sensíveis ao currículo são-no, justamente.
Comparando-as com os testes padronizados convencionais, são
claramente mais dependentes das características das escolas e do que
nelas acontece. (pp. 223-224)
A mensagem é clara. A menos que uma escola empregue medidas de avaliação
realmente ajustadas ao currículo aí ensinado, não pode, com precisão, determinar
quão bem os seus alunos aprendem.
Hoje, muitas escolas confiam nos resultados dos testes estaduais
estandardizados para avaliar a aprendizagem dos alunos. Embora seja verdade que
testes estaduais reflectem, mais precisamente, os conteúdos julgados importantes por
cada um dos estados, continuam a ser problemáticos, na medida em que os itens que
os constituem são, antes de mais, uma amostra dos critérios que compõem os
respectivos documentos de aferição do currículo. Proceder a uma amostragem dos
conteúdos definidos para uma disciplina concreta assoma como a base de qualquer
avaliação em grande escala. Num relatório sobre a natureza e função dos testes
56
estaduais e estandardizados, o Conselho Nacional para a Investigação44 (1999)
observou
Nenhum teste pode englobar todos os conceitos e processos presentes
numa disciplina escolar... Ao invés, os marcadores dos testes dão
origem a uma amostra de todos os temas abordados pela disciplina,
designados por domínio. As amostras escolhidas por diferentes
marcadores de testes, também diferem substancialmente entre si.
Assim, torna-se possível concluir que, não só existem os complexos de
domínios (várias disciplinas escolares) como há muitos objectivos e
subconjuntos de elementos num teste … que pode ser usado para os
avaliar. (pág. 67)
Os testes estaduais são igualmente problemáticos devido ao uso de categorias de
desempenho muito gerais, as quais frequentemente oferecem um reduzido retorno
sobre os conhecimentos específicos e as competências aprendidas (Cizek, 2001;
Hambleton, 2001). Por exemplo, os critérios estaduais apresentados na Figura 4.3.,
p.39, são modelados a partir das descrições de um desempenho de iniciado,
aprendiz, e proficiente na matemática do 8º ano de escolaridade.
As descrições dos três níveis de desempenho, na Figura 4.3., são demasiado
amplas para proporcionarem um retorno eficaz dos conhecimentos e competências
específicas. Por exemplo, qual a diferença entre demonstrar uma compreensão
mínima de conceitos e competências rudimentares (o iniciado) e apresentar um
entendimento parcial de conceitos e competências básicos (o aprendiz)? A figura 4.3.
não passa de uma organização produzida apenas para efeitos de ilustração, contudo,
frequentemente, as escolas confiam somente nos testes estaduais, com níveis de
desempenho semelhantes aos mencionados, como seu mecanismo primário de
retorno da sua eficácia.
Medidas a seguir
Sugiro três medidas para implementar objectivos desafiantes um retorno de eficácia.
44 No original, National Research Council. O Conselho Nacional para a Investigação é parte integrante das National Academies (Academias Nacionais), que funciona como uma instituição privada, sem fins lucrativos, mandatada pelo Congresso como conselheiras oficiais do governo federal no domínio das políticas públicas das ciências, tecnologias e saúde. O Conselho Nacional para a Investigação foi fundado em 1916. (N. dos T.)
57
Medida 1. Implemente um sistema de avaliação que proporcione um retorno oportuno dos conhecimentos e competências de alunos específicos.
Um retorno efectivo é, por natureza, específico e formativo. Certamente, um retorno
anual, baseado nos resultados de um teste estadual ou estandardizado45, fica
bastante abaixo do nível mínimo da frequência. Na pior das situações, os alunos
deveriam receber um retorno quadrimestral do seu desempenho escolar. Por
conseguinte, as escolas devem procurar estabelecer um sistema de avaliação que
ofereça um retorno dos conhecimentos e competências específicos, pelo menos cada
nove semanas. Automaticamente, testes baseados em critérios estadualmente
definidos, bem como qualquer outro tipo de testes padronizados ou, ainda, a
conjugação dos dois, acabam por deixar de fazer sentido. Na prática, as escolas
acabam por ter duas opções essenciais.
A primeira diz respeito à construção de uma série de testes quadrimestrais,
especificamente projectados para avaliar competência dos alunos nos conteúdos
essenciais identificados pela escola (ver medidas 1 e 2 do Capítulo 3). Embora seja
viável (para discussão, ver McMillan, 1997), normalmente, essa é uma escolha cara,
pois a maioria das escolas e distritos escolares não tem o tempo ou os peritos
residentes necessários para os construir, acabando por depender de empresas nisso
especializadas.
Uma segunda e, de longe, melhor alternativa passa por redesenhar os boletins de
avaliação e as práticas de atribuição de notas, de modo a que reflictam o nível de
desempenho do aluno num dado domínio específico de conhecimentos e
competências. Pormenorizei as implicações de tal opção em Transforming classroom
grading (Marzano, 2000b), pelo que aqui apenas o focarei ao de leve. Na Figura 4.4. é
descrito um boletim de avaliação que proporciona esse tipo de retorno.
FIGURA 4.3.
45 De acordo com a legislação actualmente em vigor nos EUA, cada Estado deverá ter definido um plano anual de avaliação dos seus alunos, pelo menos no domínio da matemática, leitura e artes linguísticas, assim como medidas relativas à complexidade raciocínio e compreensão. Essa avaliação constitui o principal elemento de aferição do desempenho anual das várias agências e instituições escolares em funcionamento no Estado, servindo os critérios educativos enunciados nos respectivos documentos oficiais de base à sua construção. O objectivo de tais avaliações é o de conseguir que, até ao ano lectivo de 2013-14, todos os alunos sejam proficientes, nas várias áreas avaliadas. São, igualmente, uma forma de responsabilizar as escolas e os distritos escolares pelos níveis de realização dos seus alunos, levando-os a procurar soluções que possibilitem melhorar o seu desempenho. (N. dos T.)
58
Modelo das categorias de desempenho segundo os padrões estaduais
Iniciado Demonstra uma compreensão mínima de conceitos e competências
rudimentares.
Ocasionalmente, estabelece relações óbvias entre ideias, dando um conjunto
mínimo de elementos que apoiam as inferências e soluções.
Tem dificuldade em aplicar conhecimentos e competências básicas.
Comunica de uma maneira ineficaz.
Aprendiz Demonstra uma compreensão parcial de conceitos e competências.
Estabelece relações simples ou elementares entre ideias, dando um conjunto
limitado de elementos que apoiam as inferências e soluções.
Aplica conceitos e competências em situações rotineiras de resolução de
problemas.
Comunica de uma maneira limitada.
Proficiente Demonstra uma compreensão geral de conceitos e competências.
Estabelece relações significativas e múltiplas entre ideias importantes ou
conceitos, dando um conjunto de elementos que apoiam as inferências e de
justificações para as soluções.
Aplica conceitos e competências para resolver problemas, usando estratégias
apropriadas.
Comunica eficazmente.
A secção no topo do boletim de avaliação na Figura 4.4. afigura-se como
bastante tradicional, visto apresentar as notas globais por disciplina. Claro que as
notas globais não oferecem qualquer retorno específico. (A fim de explorar grelhas de
avaliação sem classificações gerais, ver Marzano, 2000b) A secção em baixo contém
informação sobre o desempenho do aluno em tópicos e competências específicos. O
exemplo aqui incluído emprega uma escala com 100 pontos para cada tópico da
matéria da disciplina, assim como para dimensões não académicas, como a
participação, os trabalhos, trabalhar em grupo e cumprimento de regras.
Muitos outros esquemas alternativos podem ser utilizados. Uma escala com
quatro pontos pode ser usada, tanto para as dimensões não académicas como para
os tópicos focados pelas várias disciplinas e as dimensões não académicas (para
uma ilustração de tais boletins escolares, ver Marzano, 2000b). A Figura 4.4 indica
que a aluna, Cecília Haystead, se encontra relativamente bem nos tópicos
59
matemáticos relativos, quer aos quadros e gráficos quer às estratégias de resolução
de problemas, mas que não tão bem nas funções. Resultados que surgem na
sequência de um conjunto de avaliações formativas recolhidas ao longo de um
período de nove semanas. Assim, o boletim de avaliação resume as conclusões de
um sistema de avaliação baseado no desempenho em sala de aula, que é
simultaneamente específico e formativo.
As informações constantes num boletim de avaliação de nove semanas, tal
como o descrito pela Figura 4.4., podem perfeitamente ser agrupadas numa grelha
tipo relatório, exemplificada na Figura 4.5., pp. 43-45.
A Figura 4.5. apresenta as notas em tópicos, obtidas no âmbito de avaliações
formativas, realizadas ao longo de três anos para o 6º, 7.º e 8.º. O relatório exibe o
retorno numa ampla variedade de tópicos de matemática e de ciências. O mais
importante neste relatório é o facto de apenas pedir aos professores que se
mantenham ao corrente do aproveitamento dos seus alunos em cerca de seis tópicos
por quadrimestre. A título de exemplo, são indicados 38 tópicos de matemática na
Figura 4.5., alguns dos quais têm duas avaliações ou notas, enquanto outros apenas
têm uma. Um professor realizou essa avaliação no final de período de nove semanas.
Ao todo, foram feitas 69 avaliações dos 38 tópicos de matemática. Dado que o
relatório abrange um período de três anos (o 6.º, o 7.º e o 8.º), os tópicos de
matemática, foram avaliados quatro vezes num ano ou doze vezes em três anos. Se
os professores atribuírem notas a seis tópicos de matemática cada quadrimestre,
realizar-se-iam 72 (i.e., 6 12) avaliações em três anos. Obviamente que, quando
são os computadores a calcular as classificações dos alunos, esse trabalho é bem
menos laborioso e requer um menor dispêndio de tempo. Na verdade, geralmente
digo às escolas para se familiarizarem com os vários sistemas de classificação
computorizados e com os boletins de avaliação, antes de começarem a desenvolver o
seu próprio sistema de registo e divulgação das avaçliações. (Para uma discussão
aprofundada sobre os sistemas computorizados de avaliação, ver Marzano, 2000b)
Medida 2. Estabeleça objectivos de realização específicos e desafiantes, que considerem a escola como um todo.
Logo que exista um sistema eficaz de avaliação, objectivos de realização podem ser
definidos para a escola como um todo. Mike Schmoker (1999, 2001) dá-nos uma
orientação clara sobre como estabelecer e utilizar objectivos fixados para a escola na
60
sua globalidade, sendo fundamental não estipular, à partida, muitos. Ao comentar a
pesquisa de Michael Fullan e Andy Hargreaves, refere: "muitas escolas, anualmente,
agarram-se apenas a um ou dois objectivos de realização, a fim de evitarem a
sobrecarga, tão claramente inimiga da melhoria" (2001, p. 37).
FIGURA 4.4.
Amostra de um boletim de avaliação
Aluna: Cecelia HaysteadAno: 8.ºDirector de Turma: Ms. Becker
Matemática: 79,7 C Participação: 90,8 BCiências: 79,4 C Tarefas: 87,6 BArtes Liguísticas: 93,8 A Trabalho de Grupo: 78,2 CHistória/ Geografia: 82,9 C Cumprimento der Regras: 87,1 BArtes: 97,7 AEducação Cívica: 85,4 B
MatemáticaTendência Central e VariabilidadeTabelas e GráficosRecolha de Dados & AmostragemFunçõesEstratégias de Resolução de Problemas
76,587,278,268,388,2
94,282,170,578,4
(inserir gráfico de barras)
ParticipaçãoTarefasTrabalhos de GrupoCumprimento de Regras
CiênciasRotação da Terra/LuaEnergia no Sistema TerrestreO Sistema SolarO UniversoEstações/Tempo/Clima
71,082,379,183,980,7
90,284,771,582,4
(inserir gráfico de barras)
ParticipaçãoTarefasTrabalhos de GrupoCumprimento de Regras
Artes LinguísticasEscrita:O Processo da EscritaOrganização e DesenvolvimentoDicçãoEstiloLeitura:Compreensão da LeituraLeitura CríticaCompreensão do Género
94,795,089,995,2
92,695,893,8
97,194,787,292,9
(inserir gráfico de barras)
ParticipaçãoTarefasTrabalhos de GrupoCumprimento de Regras
61
História/ GeografiaColónias e ColonialismoImpérios e ImperialismosAdaptação ao AmbienteTipos de Regiões
88,377,979,583,484,9
77,475,169,888,1
(inserir gráfico de barras)
ParticipaçãoTarefasTrabalhos de GrupoCumprimento de Regras
ArtesObjectivos da ArteCompetências ArtísticasArte e Cultura
98.597.796.9
92.499.389.296.0
(inserir gráfico de barras)
ParticipaçãoTarefasTrabalhos de GrupoCumprimento de Regras
Educação CívicaDireitos Humanos e de CidadaniaRepresentação GovernamentalResponsabilidade Pessoal
85.381.689.4
90.589.781.284.8
(inserir gráfico de barras)
ParticipaçãoTarefasTrabalhos de GrupoCumprimento de Regras
FIGURA 4.5.
Amostra de um relatório de matemática
MatemáticaClassificação Média
Número deClassificaç
ões
Classificação maisRecente
Classificação mais
Alta
Classificação maisBaixa
Área 81,9 2 82,7 82,7 81,0Tendência central e variabilidade 78,0 2 76,5 79,5 76,5Tabelas e gráficos 86,1 2 87,2 87,2 84,9Computação (geral) 88,8 2 94,1 94,1 82,7Sistemas coordenados 91,2 1 91,2 91,2 91,2Recolha de dados e amostragem 77,7 2 78,2 78,2 77,2Distribuição dos dados 82,1 2 81,6 82,9 81,6Decimais 86,7 2 85,9 87,4 85,9Divisão 88,1 2 91,4 91,4 85,6Equações e desigualdades 79,9 1 79,9 79,9 79,9Estimativas 86,9 2 82,3 91,5 82,3Experiências 84,1 1 84,1 84,1 84,1Expoentes, raízes e logaritmos 80,7 2 79,1 82,2 79,1Expressões 85,5 1 85,5 85,5 85,5Figuras e formas 85,4 2 87,1 87,1 83,7Fracções 81,1 2 78,2 84,0 78,2
62
Comprimento, largura, altura 69,7 2 68,3 71,0 68,3Linhas e ângulos 75,2 1 75,2 75,2 75,2Razões matemáticas 83,0 2 82,2 83,8 82,2Medição 85,7 2 84,7 86,6 84,7Sistema Métrico 81,0 2 79,2 84,7 79,1Geometria das deslocações 85,2 2 85,5 85,5 84,9Multiplicação 82,2 1 82,2 82,2 82,2Números e Sistemas de números 75,6 2 74,1 77,0 74,1Padrões 76,2 2 77,1 77,1 75,2Perímetro, circunferência 77,1 2 81,0 81,0 75,2Probabilidade 74,0 2 72,1 75,8 72,1Estratégias de resolução de problemas 69,4 2 70,0 70,0 68,8Prova 87,1 1 87,1 87,1 87,1Ordem e velocidade 81,9 2 79,2 84,7 79,0Rácio, proporção, percentagem 81,0 2 77,1 84,9 77,1Escala 83,3 2 81,7 84,9 81,7Sequências e séries 86,7 2 89,1 89,1 84,2Similitude e congruências 80,9 2 80,7 81,1 80,7Estatística 47,0 2 44,9 51,2 44,9Unidades 84,9 1 84,9 84,9 84,9Volume, massa, capacidade 68,5 2 71,9 71,9 65,1Total na Matemática 80,7 80,6 82,3 77,1
Amostra de um relatório de ciências
CiênciasClassificação Média
Número deClassificaç
ões
Classificação maisRecente
Classificação mais
Alta
Classificação maisBaixa
Átomos e moléculas 75,4 2 71,9 78,8 71,9Características dos organismos 74,1 1 74,1 74,1 74,1Reacções químicas 69,2 1 69,2 69,2 69,2Classes de organismos 69,0 3 70,9 70,9 68,7Conservação da matéria, energia 77,9 3 77,8 81,7 74,3Sistemas terrestres 75,9 3 77,7 77,9 72,1Atmosfera terrestre 70,2 3 68,5 73,9 68,3História da Terra 71,5 2 71,1 71,8 71,1Características da superfície terrestre 79,0 3 78,7 82,1 76,2Energia no Sistema Solar 81,0 3 82,3 82,3 77,0Forças e movimento 64,6 1 64,6 64,6 64,6Formas de energia 71,8 1 71,8 71,8 71,8Gravidade 73,6 2 74,9 74,9 72,2Ciclos da vida 80,8 3 81,4 81,8 79,2Movimento da Terra, Lua 75,2 3 71,0 79,2 75,7Organismos e ambiente 66,8 1 66,8 66,8 66,8Posição e movimento 41,2 1 41,2 41,2 41,2Reprodução 74,5 2 71,8 77,2 71,8Ciclo das rochas 85,5 3 91,7 91,7 81,6Rochas, minerais, solo 74,9 3 71,9 79,9 71,9Estações, tempo, clima 80,5 3 80,7 80,7 80,0Dados científicos 68,5 2 69,9 69,9 67,1Explicações científicas 72,6 2 74,2 74,2 71,0Investigação científica 76,7 2 74,3 79,0 74,3Sistema solar 80,3 3 79,1 84,1 77,7O universo 83,4 3 83,9 87,2 79,1Vibrações e ondas 90,1 1 90,1 90,1 90,0
63
Água 87,8 3 89,1 89,1 84,2Água no sistema terrestre 83,0 3 82,4 85,7 81,0Total nas Ciências 75 74,9 72,9 72,2
Schmoker identifica uma segunda característica que designa como o princípio dos
"resultados rápidos" (Schmoker, 1999). Pese embora não advogue, necessariamente,
uma visão a curto prazo da reforma escolar, defende que a obtenção de resultados no
primeiro ano constitui um alicerce indispensável para o futuro. As suas sugestões são
lógicas e práticas – assim como funcionam. Schmoker (1999, p. 57) enumera, entre
outros, os seguintes exemplos de escolas que alcançaram resultados observáveis
num ano ou menos:
Entre 1997 e 1998, a Escola Elementar de Bessemer, em Pueblo, Colorado,
aumentou, de 12 por cento para 64 por cento, o número de alunos que lêem a
um nível equivalente ou superior ao esperado para o seu ano de escolaridade.
A Escola Profissional e Técnica George Washington46, no centro da cidade
Nova Iorque, reduziu o número de alunos que reprovavam a todas as
disciplinas, de 151 para 11, num semestre.
A Escola Intermédia Amphitheater circunscreveu o número de avaliações
negativas de 250 para 95, no período de um ano.
Tal como estes exemplos indicam, os objectivos que abrangem a escola na sua
globalidade podem ser bastante variados. Estabelecer somente alguns objectivos,
exequíveis num curto espaço de tempo, pode ser, de tal modo poderoso, que
Schmoker (1999) se lhe refere como uma "estratégia de ruptura" (pág. 56).
Medida 3. Estabeleça objectivos específicos para cada aluno, individualmente.
Estabelecer objectivos para cada aluno, individualmente, afigura-se como uma
medida, talvez, mais vigorosa que a definição de finalidades para a globalidade da
escola. Os objectivos individuais, há décadas, que são os elementos-chave da
educação especial, normalmente formalizados como Planos Educacativos
Individualizados.
Martin Covington (1992) sustenta que, a elaboração de objectivos
individualizados, é mais eficaz sempre que os alunos são chamados a participar na
sua determinação. A inclusão de finalidades para a escola no seu todo é indiscutível,
todavia esse é um processo que, normalmente, se traduz numa percentagem de
46 No original, George Washington Vocational and Technical School. (N. dos T.)
64
alunos que exibe um certo nível de aproveitamento em determinada área ou domínio
de aprendizagem. Designadamente, uma escola poderia esforçar-se para atingir os 90
por cento de alunos que, no espaço de um ano, conseguem níveis de realização na
leitura iguais ou superiores aos esperados em função do seu ano de escolaridade.
Então e os 10 por cento de alunos que não atinge esse objectivo? Determinar
objectivos para a escola na sua globalidade apenas contribui para perpetuar os riscos
de exclusão de um sector da população que se vê sistematicamente marginalizada
pelos poderosos efeitos de definição de objectivos e monitorização dos progressos. O
recurso a um boletim de avaliação e a uma grelha tipo relatório, tal como os propostos
na Figura 4.4. e Figuram 4.5., os alunos, com ajuda de psicólogo ou do director de
turma, pode definir objectivos de realização quadrimestrais, para determinados
tópicos específicos de certas disciplinas.
Resumo
Dois elementos-chave são exigidos, para implementar objectivos desafiantes e um
retorno efectivo: primeiro, devem ser estabelecidas metas desafiantes para todos os
alunos; segundo, o retorno efectivo deve ser específico e formativo. Proponho três
medidas, a fim de concretizar um sistema de avaliação que oferece um retorno em
tópicos específicos, a cada aluno, por quadrimestre. Daí que sugira a criação de
avaliação escolar inovadores, baseados na avaliação formativa, em sala de aula.
Depois de implantada esse sistema, objectivos ao nível da escola e individualizados,
para cada aluno, podem ser definidos e monitorizados.
65
5. Envolvimento dos pais e da comunidade
O terceiro factor relativo à escola diz respeito ao “envolvimento dos pais e da
comunidade”, relativo ao grau em que os pais (em particular) e a comunidade em
sentido amplo (no geral) apoiam e se envolvem com a escola. Na maioria das
tentativas de sistematização da investigação sobre educação eficaz, um ou os dois
grupos são mencionados. O envolvimento dos pais e da comunidade é explicitamente
referido em quatro das cinco sistematizações dos factores relativos à escola,
compiladas na Figura 2.3., p. 19. (Edmonds exclui-os aos dois.)
Nem todos os tipos de envolvimento parental ou da comunidade são benéficos
para uma gestão escolar eficaz. Relativamente à participação dos pais, em particular,
David Reynolds e Charles Teddlie (2000) declaram
Naturalmente, o envolvimento dos pais em aspectos como a crítica à
escola ou a realização de visitas apenas com o intuito de se queixarem,
então, é provável que isso gere uma eficácia negativa a (um) nível da
escola… Por outro lado, são muitas as evidências que corroboram os
efeitos positivos da participação dos pais na vida da escola… (p. 151)
Apesar de o envolvimento da comunidade não ser tão frequentemente referido pela
investigação como o envolvimento dos pais, usualmente, o primeiro emerge como
algo implícito nas descrições mais amplas do segundo. Por exemplo, Charles Teddlie,
Sam Stringfield e David Reynolds (2000) observam que, muitos dos estudos que
relativos ao impacto do participação dos pais na vida escolar, geralmente incluírem
aspectos referentes ao envolvimento da comunidade. Sandra Tangri e Oliver Moles
(1987) concluem o mesmo. Além do mais, os critérios nacionais dos Programas para
o Envolvimento dos Pais/Família47, estabelecidos pelo Associação de Pais e
47 No original, Parent/Family Involvement Programs. Os critérios nacionais dos Programas para o Envolvimento dos Pais/Família são um conjunto de princípios genéricos orientam a acção dos responsáveis por instituições em que se encontram a funcionar programas que dão apoio aos pais e às famílias, que se pretendem com significado, bem planeados e duradouros. Desenvolvidos em 1997, os critérios foram concebidos como um instrumento de avaliação da eficácia dos efeitos a longo prazo dos esforços de reforma escolar que envolvem as famílias na educação dos seus filhos. (N. dos T.)
66
Professores48 (1997), apontam explicitamente para a necessidade do envolvimento
dos pais e da comunidade.
Três características definem uma participação efectiva dos pais e da comunidade na
vida da escola: comunicação, participação e gestão.
Comunicação
Uma boa comunicação, tudo o indica, constitui uma das características basilares na
definição de um real envolvimento dos pais e da comunidade na vida da escola
(Antunez, 2000) das escolas para os pais e comunidade ou vice-versa. Não se
depreenda daqui que as escolas deveriam convidar abertamente os pais e a
comunidade a criticarem a política escolar, dinâmica com efeitos sobretudo negativos
(Brookover & Lezotte, 1979; Hallinger & Murphy, 1986; Teddlie & Stringfield, 1993).
A comunicação entre a família e a escola, em particular, pode ser delimitada
através de várias medidas, nomeadamente, pelos regulamentos legais, pelas políticas
distritais ou pela história. A Associação Nacional para a Educação49 (1982) chamou a
atenção para o facto de os pais não terem qualquer obrigação em comunicarem com
a escola, sendo, portanto, responsabilidade da última iniciar essa comunicação e criar
uma atmosfera facilitadora do aparecimento dessa vontade nos primeiros. Sucede
que, num estudo realizado por quatro programas federais de educação, se chegou à
conclusão que os mecanismos, mais frequentemente usados pelas escolas para
chegarem aos pais, consistiam em boletins informativos, revistas, panfletos, que
praticamente não proporcionam oportunidades para o envolvimento activo dos seus
destinatários (Melaragno, Keesling, Lyons, Robbins & Smith, 1981).
48 No original, Parent Teacher Association (PTA). A Associação de Pais e Professores é a maior organização voluntária, que, nos EUA, se dedica à defesa da criança. É uma associação sem fins lucrativos de pais, educadores, estudantes e outros cidadãos activos nas suas escolas e comunidades que (a) se dedica ao apoio e à defesa dos interesses das crianças e dos jovens nas escolas, na comunidade e face a organismos governamentais ou outras organizações, (b) apoia os pais no desenvolvimento das competências necessárias para a educação e protecção dos seus filhos e (c) encoraja o envolvimento dos pais e da comunidade em geral nas escolas públicas. (N. dos T.)49 No original, National Education Association (NEA). A Associação Nacional para a Educação é a mais importante e antiga organização que, nos EUA, se dedica ao progresso da demanda da educação pública. Fundada em 1857, a NEA tem como missão investir na promoção da qualidade da educação publica e no avanço das profissões no âmbito da educação, expandir os direitos e aprofundar os interesses dos educadores, bem como advogar os direitos humans, civis e económicos para todos. (N. dos T.)
67
Participação
O envolvimento na gestão quotidiana da escola, designadamente como ajudantes dos
professores ou conferencistas convidados, constitui a segunda característica inerente
à participação efectiva dos pais e da comunidade (Comer, 1984, 1988; Epstein, 1991;
Epstein & Becker, 1982; Paulsen, 1984a, 1984b). Quando envolvidos, os pais sentem
que a escola dá valor e boas-vindas, não só às suas ideias mas também à sua
participação física. O envolvimento dos pais e da comunidade, enquanto um bebefício
acrescido, pode representar um aumento significativo na base de recursos de uma
escola. De acordo com Tangri e Moles (1987), os benefícios incluem:
ampliação nos conhecimentos e competências específicas em
determinados tópicos e disciplinas escolares,
expansão dos contactos mantidos por professores e administradores
com os recursos disponíveis na comunidade,
contribuições financeiras directas resultantes do apoio empresarial, e
doação de equipamentos por empresas.
Finalmente, as escolas que envolvem os pais e a comunidade no seu
quotidiano, têm vindo a reportar taxas mais baixas de absentismo, faltas e
abandono escolar (Bucknam, 1976), testemunhando um eventual efeito de
“propagação”50 para o ambiente de casa.
Gestão
A gestão reclama o estabelecimento de estruturas específicas que permitam aos pais
e à comunidade ter alguma voz activa nas decisões-chave da vida da escola. Sandra
Tangri e Oliver Moles (1987) expõem o racional que suporta o envolvimento dos pais
(e por extensão, da comunidade) na gestão escolar:
O conceito referente à participação dos pais nos processos de tomada
de decisão educativos encontra-se intimamente ligado aos ideais
democráticos relativos à participação dos cidadãos nos assuntos
governativos, defendido tanto no plano prático como ideológico. O
racional ideológico que lhe subjaz é o de que as pessoas a quem as
decisões se dirigem devem envolver-se na sua elaboração. O prático,
diz respeito ao facto de as mudanças duradouras e positivas serem
50 No original, spill over. (N. dos T.)
68
mais prováveis quando as pessoas afectadas são envolvidas no
planeamento e nos processos de tomada de decisão. (p. 520)
A participação pública na gestão escolar sofreu um grande impulso na década de 60 e
princípios dos anos 70, com normativos federais prescrevendo a formação de
assembleias de aconselhamento parental (PACs)51, no âmbito do Capítulo I da Lei
para o Ensino Básico e Secundário52, Avanço53, Continuar54 e da Lei da Educação
para Todas as Crianças com Deficiência55. Embora a obrigatoriedade da existência
dos PACs tenha sido levantada, no ensino público, os seus efeitos ainda se fazem
sentir.
Quão interessados estarão os pais e as comunidades em tomar este tipo de
decisões? Um estudo de grandes dimensões, sobre os pais em seis estados do
sudoeste americano (Stallworth & Williams, 1982), apenas identificou um interesse
residual relativamente às decisões de contratação e despedimento de professores ou
directores da escola. Porém, os pais mostraram-se muito interessados em todas as
decisões referentes a programas e práticas com influência directa no aproveitamento
dos seus filhos.
Medidas a seguir
51 No original, Parent Advisory Councils (PACs). As Assembleias de Aconselhamento Parental funcionam com um órgão de cariz consultivo e de aconselhamento para o pessoal e administração da escola. Os pais são encorajados a tomarem conhecimento de todas as facetas do sistema educativo e, em especial, da escola frequentada pelo(s) seu(s) filho(s). Em cada escola, existe uma PAC, que reúne regularmente, tendo em vista o estabelecimento de uma interacção e de um planeamento cooperativo entre os pais e a administração e pessoal escolar. No início de cada ano lectivo, os pais são informados do plano de actividades da respectiva PAC. (N. dos T.)52 No original, Title I of the Elementary and Secondary Education Act. (N. dos T.)53 No original, Head Start. O Avanço é um programa inclusivo que visa o desenvolvimento das crianças, desde o nascimento até os cinco anos de idade, podendo igualmente abranger grávidas e as suas famílias. O seu objectivo geral prende-se com o aumento da disponibilidade para a escola de crianças oriundas de famílias com rendimentos baixos. (N. dos T.)54 No original, Follow Through (FT). O Projecto Continuar é, ainda hoje a maior experiência educativa alguma vez levada a cabo. Iniciou-se em 1967, no âmbito do programa de Guerra à Pobreza do Presidente Johnson, e prolongou-se até ao Verão de 1995. O seu objectivo residia na interrupção do ciclo da pobreza através de uma melhor educação. O FT pretendia avaliar se as escolas mais pobres dos EUS, tanto ao nível económico como académico, poderiam ser alvo de melhorias que as colocassem numa situação comparável às da maioria dos estabelecimentos de ensino do país. Os níveis de realização dos alunos foram os indicadores de sucesso escolhidos. Um dos seus aspectos mais curiosos relaciona-se com o facto de terem sido as Assembleias de Aconselhamento Parental (nas quais participaram os administradores da escola) quem escolheu os modelos de ensino a serem implementados. Embora a generalidade dos autores que se debruçaram sobre o Projecto o tenham encarado como um falhanço, outros afirmam que o FT permitiu perceber quais os modelos educativos que, de facto, funcionam e os que não são tão eficazes. (N. dos T.)55 No original, Education for All Handicapped Children Act. (N. dos T.)
69
Proponho três medidas que visam a promoção de um efectivo envolvimento dos pais
e da comunidade na vida das escolas.
Medida 1. Estabeleça mecanismos de comunicação entre as escolas e os pais, assim como com as comunidades.
A comunicação não acontece de forma automática. Pelo contrário, devem ser
estabelecidos mecanismos específicos facilitadores do fluxo de informação da e para
a escola. Beth Antunez (2000) considera as políticas definidas pelo Distrito Escolar
Unificado de São Francisco (SFUSD)56 como um exemplo a seguir. Segundo a autora,
as directrizes produzidas pelo SFUSD obrigavam todas as escolas, desde a pré-
primária ao ensino secundário, a desenvolver um plano a longo prazo que permitisse
reforçar a comunicação entre a instituição escolar e os pais, designadamente:
Todos os elementos de comunicação da escola com as famílias e a
comunidade devem ser produzidos nos principais idiomas que dão corpo à
diversidade linguística que caracteriza os alunos.
Todas as reuniões públicas devem ser traduzidas do inglês para os principais
idiomas, que dão corpo à diversidade linguística que caracteriza os alunos. As
reuniões públicas devem realizar-se regularmente, recorrendo aos idiomas dos
pais e sendo, posteriormente, traduzidas para inglês.
Um dos aspectos mais importantes da iniciativa do SFUDS é que o facto de não se
limitar a enumerar os modos como a escola pode ampliar o fluxo de informação, na
medida em que também contempla aquela que, provavelmente, é a característica
mais importante dessa comunicação tornar a informação fácil e imediatamente
disponível.
Há já algum tempo que se encontram a operar linhas específicas de
comunicação por parte das escola, particularmente com pais, podendo destacar-se os
telefonemas, a Internet, as visitas domiciliárias e as reuniões dos pais com os
professores.
Estudos indicam que os telefonemas aos pais pelos directores da escola são
particularmente eficazes no combate às faltas e ao absentismo (Parker & McCoy,
1977; Sheats & Dunkleberger, 1979). O seu principal problema advém do facto de
que eles consumirem muito tempo e de exigirem um grande esforço (National
56 No original, Unified School District of San Francisco. (N. dos T.)
70
Education Association, 1982). A gravação de mensagens telefónicas tem sido usada,
com eficiência, para informar os pais das actividades escolares (Bittle, 1975).
Na última década, a Internet expandiu, em muito, as opções disponíveis para
a interacção entre os pais e a escola. Algumas escolas possibilitam um acesso diário
ou, mesmo, semanal à informação. Nos dias que correm, as escolas têm a
capacidade para criarem os seus próprios sítios, nos quais se encontra informação
dirigida aos pais e à comunidade em geral.
As visitas domiciliárias são comuns, embora exijam um grande esforço por
parte dos professores, ao mesmo tempo que apresentam resultados inconsistentes
em termos quer de mudanças no comportamento dos alunos quer no que se refere à
melhoria do seu aproveitamento (Tangri & Moles, 1987). As evidências apontam para
o facto de as visitas domiciliárias comportarem benefícios a longo prazo (Olmsted,
1983).
Finalmente, a veneranda reunião entre pais e professor, amplamente
utilizada. Protocolos, desenvolvidos com o objectivo de conseguir reuniões eficazes
entre pais e professores, incluem normalmente sugestões quanto à atitude geral do
professor, a saber, o calor humano, atenção e responsividade (Rotter & Robinson,
1982), bem como sugestões sobre como controlar a resistência dos pais à recepção
de informação negativa (Losen & Diament, 1978).
Medida 2. Defina múltiplas maneiras de envolvimento dos pais e da comunidade na gestão diária da escola.
Os investigadores salientam o facto de o envolvimento em actividades escolares
quotidianas ser um elemento poderoso, no que respeita o desenvolvimento de um
sentido de posse (Antunez, 2000; Center for Community Education, 1989; Onikama,
Hammond & Koki, 1998; Parent Teacher Association, 1997), sendo o recurso a
voluntários o mecanismo mais comum para este tipo de participação (Tangri & Moles,
1987). Há estudos que estimam uma utilização de voluntários, independentemente da
actividade desenvolvida, em 79 por cento dos distritos escolares públicos do país
(Thomas, s.d.).
Os voluntários são usados com múltiplas funções, concretamente:
elementos de apoio na sala de aula,
monitores nos corredores, cantina e recreios,
assistentes administrativos e
71
conferencistas convidados e apresentadores.
De acordo com Tangri e Moles (1987), alguns dos factores críticos para o sucesso de
um programa de voluntariado são
recrutamento e formação adequados,
workshops de orientação,
formação do pessoal para um uso apropriado do voluntário, e
atenção aos aspectos legais e financeiros dos programas de voluntariado.
Alguns programas de voluntariado são projectados especificamente com o intuito de
envolver empresas, em consonância com os modelos, por vezes, denominados
"adoptar uma escola"57, que permitem à empresa patrocinadora de "levar os alunos
em excursões à empresa, deixá-los experimentar os equipamentos, demonstrar
aplicações das novas tecnologias e efectuar mini-cursos" (Tangri & Moles, 1987, p.
541). Programas específicos projectados para envolver a comunidade empresarial em
operações escolares incluem A Comunidade como uma Sala de Aula, A Comunidade
como um Manual Escolar e Aprender com o Voluntariado e Outros Papéis58 (Gonder,
1981).
Medida 3. Estabeleça mecanismos de gestão que permitam o envolvimento dos pais e outros membros da comunidade.
As estruturas de gestão são os mecanismos que mais formalizam o envolvimento dos
pais e da comunidade na vida escolar. O trabalho de James Comer (1984, 1988) é o
mais reconhecido e que melhor se debruçou sobre o tema. O Programa de
Desenvolvimento da Escola de Comer (SDP)59 foi, pela primeira vez, implementado
57 No original, adopt-a-school. (N. dos T.)58 No original, The Community as a Classroom, The Community as a Textbook e Learning from Volunteering and Other Roles. Os Programas A Comunidade como uma Sala de Aula, A Comunidade como um Manual Escolar e Aprender com o voluntariado e Outros Papéis assentam em parcerias entre as escolas e a comunidade envolvente, prevendo o estabelecimento de fortes redes de cooperação e de envolvimento recíproco nas actividades de ambas (da escola na comunidade e da comunidade na escola). (N. dos T.)59 No original, School Development Program. É missão do Programa de Desenvolvimento da Escola investir no desenvolvimento global de todas as crianças através da criação de um ambiente de aprendizagem que a apoie a todos os níveis (físico, cognitivo, psicológico, linguístico, social e ético). Baseia-se no Processo de Comer (investigador responsável pela sua concepção), que faculta tanto uma estrutura como um processo para a mobilização dos adultos na promoção da aprendizagem e do desenvolvimento global dos alunos. Constitui uma abordagem diferente, na medida em que, entre outros aspectos, substitui a organização e a gestão escolares tradicionais por um sistema operativo que trabalha para as escolas e os alunos que serve. À semelhança de um sistema operativo de um computador que torna possível ao software realizar o seu trabalho, também o Processo de Comer proporciona um enquadramento organizativo, de administração e de comunicação para o planeamento e gestão
72
em duas escolas elementares de New Haven, no Connecticut, funcionando, agora, em
mais de 700 (American Institute for Research, 1999).
No cerne do modelo de Comer encontram-se três "mecanismos" – A Equipa
de Gestão e de Planeamento Escolar, a Equipa de Apoio aos Alunos e Pessoal, e a
Equipa dos Pais. Todas lidam com as questões relativas à administração da escola;
duas envolvem os pais ou membros da comunidade.
Dirigida pelo director, a Equipa de Gestão e de Planeamento Escolar é
composta, aproximadamente, por uma dúzia de professores, pais, profissionais do
pessoal de apoio (por exemplo, o psicólogo da escola, a assistente social) e pessoal
paraprofissional (por exemplo, secretárias, zeladores, técnicos de acção educativa).
São finalidades desta equipa
definir as políticas que influenciam o currículo, o ambiente geral da escola e o
desenvolvimento do pessoal;
concretizar o plano de actividades escolar delineado, implementar programas
e avaliar a eficácia das iniciativas que abrangem a escola no seu todo;
coordenar as actividades desenvolvidas pelos vários grupos em
funcionamento na escola e
cooperar com os pais e a comunidade, a fim de elaborada a calendarização
das actividades sociais e informativas.
A Equipa de Apoio aos Alunos e Pessoal não envolve explicitamente os pais ou
outros elementos da comunidade, embora integre professores, psicólogos, assistentes
sociais, professores do ensino especial e outro pessoal de apoio da escola. É função
da equipa pôr a Equipa de Planeamento e de Gestão Escolar ao corrente das
necessidades desenvolvimentais e de aprendizagem, bem como dos esforços dos
professores para trabalharem com alunos que evidenciam tanto mau comportamento
como qualquer outro tipo de problemas.
de todas as actividades da escola, tendo como ponto de partida as necessidades desenvolvimentais dos alunos. A operar em pleno, o processo acarreta um clima bastante positivo, assim como uma estabilidade e um foco educativo na base de todos os currículos implementados na escola e respectivos esforços de renovação. (N. dos T.)
73
Por definição, a Equipa dos Pais direcciona-se, manifestamente, para o
envolvimento dos pais. Tal como observa o Instituto Americano para a Investigação60
(1999):
Há níveis diferentes de participação, pelo que os pais podem escolher o
grau em que desejam envolver-se. Todos os pais são encorajados a
participar nas várias actividades patrocinadas pela escola em cada ano
lectivo, nomeadamente uma viagem de estudo ou a visita a um museu.
Tais actividades permitem que os pais conheçam o pessoal da escola,
sentindo-se, assim, mais confortáveis. Os pais que desejem ter uma
participação mais activa são encorajados a desempenhar funções
como assistentes na sala de aula, tutores ou ajudantes. Finalmente,
pais que evidenciam elevados índices de envolvimento podem ser
chamados a integrar a Equipa de Planeamento e de Gestão Escolar.
(pp. 111-112)
Naturalmente, existem muitos tipos de estruturas de gestão que envolvem os pais e
outros membros da comunidade, para além abarcados pelo modelo de Comer. Por
exemplo, o Programa para a Gestão Baseda na Escola/Comunidade (SCBM)61
(Onikama, e tal, 1998) usa uma aproximação de administração mais localmente
baseada. Tal como o SDP de Comer, o SCBM recorre a estruturas de específicas de
gestão, as quais implicam a participação activa dos pais e da comunidade. Segundo
Onikama e colaboradores:
Uma avaliação ao SCBM, conduzida pelo laboratório do Far West
(agora, WestEd), revelou que o programa tem um impacto significativo
nas práticas tomada de decisão escolar. Também mostrou que os
60 No original, American Institute for Research (AIR). O Instituto Americano para a Investigação, fundado em 1946, é uma organização sem fins lucrativos que se dedica à investigação nas áreas do trabalho, educação, saúde, desempenho humano e qualidade de vida. Especificamente, no domínio da educação, o AIR procura responder, de forma eficiente, a problemas e desafios concretos, como, por exemplo, o acesso das raparigas à educação, a melhoria da aprendizagem dos alunos, o aperfeiçoamento dos currículos e da formação de professores, assim como o desenvolvimento e a disseminação de metodologias avançadas de avaliação dos alunos. (N. dos T.)61 No original, School/Community-Based Management Program. O Programa para a Gestão Baseada na Escola/Comunidade assenta num sistema democrático de gestão da escola, que lhe permite ter uma maior flexibilidade e participação de todos os directamente afectados pelas suas decisões. Reconhece o direito e a obrigação, da comunidade em que a escola se insere, em participar activamente, através de um diálogo, activo, no processo de apresentação, discussão, definição e resolução dos assuntos, pelo que requer o envolvimento de todos (director da escola e demais pessoal, professores, alunos, pais e restantes elementos da comunidade). Espera-se, assim, conseguir uma maior responsabilização de todos os que compõem a comunidade escolar pelas decisões aí tomadas. (N. dos T.)
74
processos de tomada de decisão e as relações escola/comunidade se
encontram fortemente ligadas entre si. (p. 16)
Resumo
Se, por um lado, a importância do envolvimento parental na vida escolar é
abertamente focada pela investigação, por outro, a importância da participação da
comunidade, é-o de um modo mais implícito. Três aspectos deste terceiro factor
relativo à escola são importantes para os níveis de realização escolar dos alunos: os
mecanismos de comunicação, o envolvimento na gestão quotidiana da escola e o
recurso a estruturas de gestão. Propus três medidas que focam esses três aspectos e
que permitem promover o eficaz envolvimento dos pais e da comunidade nas escolas.
75
6. Ambiente seguro e disciplinado
O quarto factor relativo à escola consiste num “ambiente seguro e disciplinado”. A sua
importância é evidente. Se professores e alunos não se sentirem seguros, não terão a
necessária energia psicológica para ensinar e aprender. A colocação deste factor em
quarto lugar, na escala dos cinco factores relativos à escola, não significa que não é
importante. Sem um nível mínimo de segurança e ordem, a escola tem poucas
oportunidades de, positivamente, influenciar os níveis de realização escolar.
Segurança e ordem (por outras palavras) são abrangidas pelos cinco estudos
revistos no Capítulo 2. Edmonds designa-os de "ambiente seguro e disciplinado,
propício à aprendizagem"; Levine e Lezotte usam "ambiente e cultura produtivos".
Sammons chama os "ambiente facilitador das aprendizagens", "reforço positivo", e
"direitos e expectativas dos alunos"; Bosker e Schereens usam o termo “clima da
escola".
Muitos outros estudos destacaram um ambiente seguro e disciplinado como
uma dimensão crítica do aproveitamento escolar (Chubb & Moe, 1990; Mayer,
Mullens, Moore & Ralph, 2000), reconhecida, inclusive, ao nível federal. Por exemplo,
Objectivos 2000: Lei da Educação da América62 (National Education Goals Panel,
1994) declarou que antes do ano 2000, todas as escolas "proporcionarão um ambiente
disciplinado conducente à aprendizagem" (p. 13).
Existe igualmente um elevado número de evidências que apontam para o facto
de a segurança nas escolas ser uma das preocupações primordiais dos pais (Coldron
& Bolton, 1996), visto as sondagens locais e nacionais, consistentemente,
demonstram que o público em geral identifica a segurança como um assunto essencial
(Sewall & Chamberlin, 1997). Para Pedro Noguera (1995)
Em muitos distritos escolares [,] as preocupações com a violência
chegaram, mesmo, a ultrapassar os níveis de realização escolar
tradicionalmente, o tema mais persistente na agenda da nação como
a mais alta prioridade de reforma e intervenção. (p. 189)
62 No original, Goals 2000: Educate América Act. O Objectivos 2000: Lei para a Educação da América foi homologada em 1994 e, posteriormente emendada em 1996. Representa uma abordagem ampla para o aperfeiçoamento da aprendizagem através de experiências, a longo prazo e de largo espectro, que visam a introdução de melhorias, coerentes e coordenadas, no sistema educativo, tanto ao nível nacional como estadual e local. Definiram-se critérios, claros e rigorosos, sobre o que cada aluno deveria saber e ser capaz de fazer, assim como foram desenvolvidos esforços abrangentes, ao nível estadual e do distrito escolar, no que se refere ao seu planeamento e concretização. (N. dos T.)
76
As percepções relativas à falta de segurança nas escolas dos EUA podem ir para
além da própria realidade. Por exemplo, Leal (1994), relativamente à segurança nas
escolas públicas de San Antonio, no Texas, afirma:
Ao ler o jornal mais distribuído pela cidade, uma pessoa poderia ficar
com a impressão de que muitas crianças em idade escolar se
encontram envolvidas com o crime e as drogas. Contudo, a realidade é
muito diferente. (p. 39)
A Phi Delta Kappa63 e a organização Gallup64 chamam a atenção para o facto de, as
percepções de violência, se deverem mais à excessiva cobertura dos media do que a
verdadeiros incidentes de violência nas escolas (Miller, 1994). Noguera (1995)
declara: "em termos relativos, os jovens, na realidade, estão de longe mais seguros
na escola do que nos seus bairros e vizinhanças ou, a esse propósito, nos parques,
pistas de gelo ou, até, em suas casas" (p. 191).
Alguns dados apontam para o facto de a preocupação pública com a violência
escolar vir sendo utilizada como uma ferramenta política. Sewall e Chamberlin (1997)
ilustram-no:
Houve, ainda, quem sugerisse que a percepção sobre a violência
escolar foi politizada. À medida que a atitude do público foi ficando
mais intransigente, no que se refere à incidência de crimes e ao não
cumprimento das leis, em geral, assistiu-se, por parte dos funcionários
eleitos e dos conselhos de administração escolar, a uma tendência
para adoptar políticas de "endurecimento"65 que convençam o público
de que acções adequadas à situação estão a ser levadas a cabo. (p. 4)
Não obstante, os dados relativos à violência escolar estão a ficar mais moderados, na
medida em que, nos finais dos anos 90, um porta-voz para a Federação Americana de
Professores66 divulgou que, um em cada 11 professores, foi assaltado e que, um em
63 A Phi Delta Kappa é uma associação internacional para educadores profissionais, cuja missão consiste na promoção de uma educação de qualidade, enquanto um elemento essencial ao desenvolvimento e manutenção de um estilo de vida democrático. Sob a sua égide, vêm sendo criados programas inovadores, desenvolvida investigação relevante, assim como uma liderança visionária e um serviço de dedicado à causa da educação. (N. dos T.)64 A organização Gallup, fundada por George Gallup, um dos pioneiros na arte das sondagens, ganhou forma mesmo antes da Segunda Guerra Mundial. Com a ajuda de um grupo de académicos notáveis, Gallup edificou aquilo que, com o tempo, se transformou numa associação de organizações independentes de sondagens, representando cerca de 50 países. Esta é uma organização que preza acima de tudo a independência e a objectividade, trabalhando essencialmente em colaboração com os meios de comunicação social e, por vezes, com associações mundiais ou instituições académicas. (N. dos T.)65 No original, get tough. (N. dos T.)66 No original, American Federation of Teachers (AFT). A Federação Americana de Professores tem como missão melhorar as vidas dos seus membros e respectivas famílias, dar voz às suas
77
cada quatro alunos, foi vítima de violência nas escolas americanas. O director
executivo do Centro Nacional para a Segurança na Escola67 estimou que, por mês,
são assaltados 5.000 professores. Desses, aproximadamente 1.000 são feridos ao
ponto de necessitarem de cuidados médicos (Ward, 1998).
Dados obtidos com base nos e sobre os alunos são igualmente sóbrios. Num
inquérito a 2.066 alunos do 9.º ano, em Lexington, no Kentucky, 43 por respondeu que
tinha batido num colega, nos últimos seis meses. Oito por cento relatou que tinha
batido num professor e 16 por cento declarou ir armado para a escola (Kingery,
McCoy-Simandle & Clayton, 1997). Num inquérito a uma amostra representativa de
alunos de uma escola secundária, em Seattle, 6,6 por cento afirmou que, numa dada
altura, já tinha levado uma arma de fogo para a escola (Callahan & Rivera, 1992).
O impacto negativo da violência e da desordem nas escolas encontra-se bem
documentado, mesmo sendo o número de incidentes inferior a anos anteriores. Num
estudo, onde foram controladas as características relativas aos contextos de origem
dos alunos, a saber, a raça, a etnia e o estatuto socioeconómico, verificou-se que os
alunos das escolas com níveis altos de violência tiveram notas 0,20 do desvio-padrão
mais baixas a matemática e tinham uma probabilidade 5,7 por cento menor de acabar
o liceu (Grogger, 1997).
Pese embora, geralmente, não se associe as faltas à violência, esse parece ser um
factor contributivo de relevo. Existe uma relação forte entre as faltas e actividade de
criminal relação que David Gullatt e Dwayne Lemoine (1997) designaram de
"evolução de faltoso para criminoso"68 (p. 7). Resultados semelhantes foram obtidos
por Judith Levine (1992), que encontrou uma correlação negativa de -0,33 entre o
absentismo e os níveis de realização escolar.
aspirações profissionais, económicas e sociais legítimas, fortalecer as instituições em que opera, melhorar a qualidade dos serviços por si oferecidos, aproximar todos os seus membros, assim como promover a democracia, os direitos humanos e a liberdade. Representa cerca de um milhão de professores, pessoal de apoio nos estabelecimentos de ensino, tanto do nível superior como não superior, profissionais da saúde e funcionários municipais e estaduais. (N. dos T.)67 No original, National School Safety Center (NSSC). O Centro Nacional para a Segurança na Escola funciona como um advogado, a nível mundial, das escolas seguras, sem perigo e pacíficas, bem como um catalizador da prevenção do crime e da violência. O NSSC disponibiliza às comunidades escolares e seus parceiros, no domínio da segurança, informação de qualidade, recursos, consultoria e formação. O NSSC também identifica e promove estratégias, práticas promissoras e programas que apoiem escolas seguras para todos os alunos, enquanto elemento integrante da missão académica na sua globalidade. (N. dos T.)68 No original, truant-to-criminal evolution. (N. dos T.)
78
Em suma, um ambiente seguro e disciplinado emerge como um aspecto crítico
de uma educação eficaz. Uma escola que o descure arrisca-se a arruinar qualquer
outra tentativa de melhoria.
Medidas a seguir
Sugiro cinco medidas que permitem o estabelecimento de um ambiente seguro e
disciplinado nas escolas.
Medida 1. Estabeleça regras e procedimentos para problemas comportamentais que possam ter como causa as características físicas ou as rotinas da escola.
Há um velho ditado segundo o qual "uma onça de prevenção vale mais do que uma
libra de cura"69, perfeitamente aplicável à definição de um ambiente seguro e
disciplinado. As regras e os procedimentos simplesmente minoram as oportunidades
de disrupção e violência. J. Ron Nelson, Ron Martella e Benita Galand (1998)
denominam tais regras e procedimentos como "intervenções ecológicas." Num estudo
de quatro anos, envolvendo 600 alunos entre o primeiro e o sexto ano de
escolaridade, constataram o seguinte:
... ter alunos de anos próximos, em simultâneo, no recreio criou
problemas de congestionamento, pois os alunos da mesma idade
tendem a participar nas mesmas actividades. Isso conduziu a
interacções sociais mais físicas e indesejáveis entre eles. Misturar
alunos de diferentes anos de escolaridade no intervalo reduziu esses
problemas de aglomeração. (p. 155)
Intervenções ecológicas dizem respeito às regras e procedimentos que contrariam as
possíveis consequências negativas das características físicas de uma escola (por
exemplo, corredores estreitos, acesso limitado a e de certas áreas) ou dos seus
horários (por exemplo, períodos de almoço sobrepostos, horários alternados). A fim
de implementar uma intervenção ecológica, a escola deve avaliar a sua estrutura
física e rotinas, de forma a antecipar eventuais problemas. As intervenções ecológicas
recomendadas por Nelson e colaboradores implicam
reduzir a densidade da multidão, usando todas as entradas e saídas de
uma dada área,
69 Uma onça corresponde à 12.ª parte da libra que, por sua vez, equivale a cerca de 0,459 gramas. (N. dos T.)
79
manter um tempo de espera mínimo de entrada e saída das áreas
comuns,
diminuir o tempo de viagem e as distâncias entre actividades e
acontecimentos,
utilizar sinais que marcam as transições de espaços menos controlados
para espaços mais controlados,
usar sinais relativos a expectativas comportamentais nas áreas comuns
e
sequenciar os acontecimentos nas áreas comuns, de forma a evitar um
potencial excesso de multidão.
Nelson recomenda uma abordagem em três fases, com o intuito de ensinar e reforçar
as regras e procedimentos subjacentes às intervenções ecológicas. No decurso da
primeira fase, cuja duração ronda as duas/três semanas, ensinam-se as regras e
procedimentos, aos alunos, relativos às áreas comuns. Na segunda fase, com uma
permanência de dois a três meses, são realizadas revisões periódicas, junto dos
alunos, dessas regras e procedimentos. Na terceira fase, os alunos fazem revisões ou
são alvo de sessões "reforçadoras"70, sempre que necessário.
Medida 2. Estabeleça, ao nível da escola, regras e procedimentos, gerais e claros, de comportamento.
Geralmente, compete aos professores, individualmente, o estabelecimento de regras
e de procedimentos comportamentais a serem observados na sala de aula. As
escolas deveriam também estabelecer regras e procedimentos para o comportamento
esperado fora da sala de aula. Uma lista abrangente de comportamentos (Urso, 1998;
Billings & Enger, 1995; Verde & Barnes, 1993), para os quais as regras e os
procedimentos são geralmente estabelecidos, inclui
tiranizar,
agressão verbal,
uso de drogas,
linguagem e gestos obscenos,
comportamentos de bando ou gang,
assédio sexual
disrupções repetitivas das aulas,
70 No original, “booster” sessions. (N. dos T.)
80
desrespeito pela segurança alheia,
lutar,
roubo e
faltas.
As regras e procedimentos relativos aos comportamentos esperados deveriam ser
claramente comunicados aos alunos e, também, afixados em locais bem visíveis. As
abordagens mais comuns deste tipo de medidas prendem-se com uma revisão das
regras e procedimentos, da escola, no início do ano lectivo, talvez sob a forma de
assembleia, oferecendo a alunos e pais uma cópia em papel. A escola também
poderia programar uma noite aberta, com o objectivo de responder às perguntas dos
pais.
Medida 3. Estabeleça e reforce consequências apropriadas para quem violar as regras e procedimentos.
As sanções negativas, inerentes à violação das regras e procedimentos, devem ser
aplicadas de forma justa e consistente. A investigação aponta para o facto de os tipos
de sanções, a que os administradores escolares recorrem, serem notavelmente
consistentes. James Green e Donald Barnes (1993) entrevistaram 100
administradores de escolas intermédias e 100 de escolas secundárias, representando
quatro escolas de dimensões distintas e quatro tipos diferentes de comunidades.
Concluíram que "acções levadas a cabo em resposta aos agravos, são consistentes
nos quatro tipos de escolas e de comunidades" (p. 7).
As medidas a que os administradores mais frequentemente recorrem são
reprimenda verbal
avisos disciplinares enviados aos pais,
reuniões,
detenção após o horário lectivo,
suspensão à escola e
expulsão.
Esta lista é bastante parecida com a que Ward Billings e John Enger (1995)
produziram, em consequência do seu estudo:
reprimenda verbal,
detenção,
suspensão na escola,
81
suspensão à escola e
expulsão.
Embora se encontrem razoavelmente bem definidas as consequências à violação de
regras e procedimentos escolares, a sua eficácia não o é. Designadamente, é
reduzida a investigação referente à eficácia da reprimenda verbal em comparação
com a detenção.
John Winborn (1992), todavia, documenta decréscimos importantes nas
suspensões e expulsões em consequência da "Escola ao Sábado", em que os alunos
do ensino secundário se viam ocupados com actividades, como sejam as de formação
para a melhoria do comportamento ou de escrita sobre a disciplina. Kube e Ratigan
(1992) descrevem um programa para as faltas injustificadas, que inclui uma aula ao
sábado de manhã, das 8h00 às 11h30, durante a qual se exige aos alunos que
concluam as tarefas que, anteriormente, não realizaram. Caso não as voltem a
completar, é-lhes marcada outra aula ao sábado.
David Gullatt e Dwayne Lemoine (1997) referem o impacto de um programa
para as faltas, que pode ser considerado particularmente severo para os pais e
encarregados de educação:
Nos três primeiros anos da sua implementação, mais de 600 casos
foram processados, resultando em 300 condenações, em que um pai
ou encarregado de educação foi multado ou recebeu algum tipo de
apoio psicológico. Desde o seu início, em 1989, assistiu-se a uma
diminuição de 45 por cento nas taxas de abandono escolar, com um
custo aproximadamente de zero para o distrito escolar. Ao manter mais
800 alunos inscritos, receberam cerca de $3.000 em reembolsos
estaduais e locais, por cada aluno, com base na frequência média
diária do distrito escolar. Observou-se que, em cada 200 casos levados
a tribunal, mais de 400 voltaram para a escola. (p. 7)
Aparentemente, existe algum consenso em relação às consequências gerais das
violações às normas, sendo, no entanto, pouca a pesquisa que diferencia o impacto
dos vários tipos de sanções negativas. As escolas deveriam considerar uma avaliação
da eficácia das consequências por si empregues.
Medida 4. Estabeleça um programa que ensine a auto-disciplina e a responsabilidade aos alunos.
82
Alguns teóricos reagem de um modo bastante negativamente às propostas
contempladas pelas medidas 2 e 3. Num artigo intitulado "Discipline: The great false
hope"71, Raymond Wlodkowski (1982) comenta
Geralmente, a disciplina é aplicada como um controle, transforma-se,
para o aluno, numa forma directa ou implícita de ameaça. Na essência,
dizemos-lhe "se não fizeres o que eu penso que é melhor para ti, torno-
te difícil a vida nesta sala de aula." (p. 8)
Jim Larson (1998) partilha este sentimento, quando assinala que "os procedimentos
disciplinares nas escolas... tendencialmente, dependem mais de intervenções
administrativas reactivas, como as suspensões e expulsões …" (p. 284). No entanto,
Larson apresenta uma solução que implica os alunos no planeamento e execução das
políticas disciplinares relativas à globalidade da escola:
Um código disciplinar especifica quais as condutas escolares
apropriadas e atenuaria as controvérsias inerentes a uma imposição
arbitrária das regras... Ao contrário dos velhos modelos legalistas de
código, enfatizando autoritariamente as regras e os castigos, um código
moderno de disciplina deveria ser desenvolvido "de baixo para cima",
colaborando na sua elaboração alunos, professores, pessoal de apoio
e pais, assim como frequentemente revisto tendo em vista a sua
modificação. (p. 285)
Larson explica que o envolvimento dos alunos acaba por se traduzir em autodisciplina
e responsabilidade, que, no fundo, constitui o benefício mais importante da proposta.
George Bear (1998) concorda:
A autodisciplina denota uma motivação interna em relação ao próprio
comportamento, a internalização dos ideais democráticos, sendo muito
evidente na ausência de elementos externos reguladores do
comportamento. (p. 16)
Muito do trabalho de William Glasser (1969; 1986; 1990) é altamente pertinente para a
presente discussão. Segundo o autor, dever-se-ia demonstrar aos alunos o
comportamento apropriado (e não descrevê-lo), conseguindo, assim, a sua
cooperação no planeamento de um programa disciplinar relativo à globalidade da
escola. O trabalho de Thomas Gordon também visa a promoção da autodisciplina e
da responsabilidade (Gordon, 1970, 1974). As características chave do seu modelo
dele dizem respeito ao estabelecimento de acordos, com os alunos, em que "ninguém
71 Em português, o artigo intitular-se-ia “Disciplina: A Falsa Grande Esperança”. (N. dos T.)
83
perde" em assuntos problemáticos, a saber, o que fazer em relação às lutas na
cantina. As soluções seriam encontradas, conjuntamente, por alunos e pessoal de
escola.
Medida 5. Estabeleça um sistema que permita uma detecção precoce de alunos com um grande potencial de violência e de comportamentos extremos.
Tary Tobin e George Sugai (1999) demonstraram, num estudo longitudinal
envolvendo 526 alunos, as vantagens de se recorrer e o impacto da identificação
precoce de tais alunos. Depois de analisarem os registos de alunos no 6.º ano de
escolaridade para predizer os seus índices de violência no 8.º ano, verificaram o
seguinte:
Os resultados sugerem que uma admonição disciplinar no 6.º ano,
devido a um comportamento violento ou não, deveria incitar
educadores e pais a intervirem, embora com um plano de apoio
comportamental positivo, facilitador da mudança na trajectória prevista
de manutenção continuada de comportamentos anti-sociais. Mesmo
algumas admoestações disciplinares no 6.º ano e, nalguns casos, a
existência de apenas uma, deveria ser reconhecida como uma
advertência em relação a problemas futuros, logo, como uma
necessidade da elaboração e implementação de intervenções
preventivas. (p. 47)
Na Figura 6.1. são descritas as correlações encontradas pelo seu estudo, entre
comportamento violento no 8.º ano e certos tipos advertência no 6.º ano. A figura
enumera quatro tipos de mau comportamento e indicadores de mau comportamento,
luta violenta, assédio violento, mau comportamento não violento e suspensão à escola
(ao invés de suspensão na escola, aplicada sempre que o mau comportamento não é
considerado grave ou habitual). Dado que as correlações nas ciências sociais
raramente são maiores que 0,50 (Cohen, 1988), as apresentadas na Figura 6.1.
acabam por ser bastante elevadas, indiciando que certos comportamentos, como lutar
com violência, assédio violento ou mau comportamento não violento, são bons
preditores de um futuro comportamento violento. Em resumo, deveriam ser usados
dados como estes para ajudar a identificar os alunos com elevado potencial para o
mau comportamento extremo. Porém, também é importante notar que estes dados
não deveriam ser usados para excluir os alunos, mas identificar aqueles que poderiam
84
precisar de apoio extra ou ajudar a evitar potenciais consequências negativas de
tendências comportamental.
FIGURA 6.1.Correlação entre indicadores de mau comportamento no 6.ºano de escolaridade e
comportamento violento no 8.º
Tipos de Mau Comportamento no 6.º ano Incidentes Violentos no 8.º ano
Lutas Violentas
Assédio Violento
Mau Comportamento Não Violento
Suspensão à Escola
Raparigas
0,61 (n=142)
0,43 (n=142)
0,34 (n=142)
0,33 (n=142)
Rapazes
0,50 (n=209)
0,33 (n=209)
0,35 (n=209)
0,32 (n=209)
Resumo
Este capítulo dedicou-se ao quarto factor relativo à escola um ambiente seguro e
disciplinado, considerado necessário mas não condição suficiente para garantir o
aproveitamento escolar dos alunos. Propus cinco medidas, cuja implementação
permitem conseguir um ambiente seguro e disciplinado. Essas medidas passam pelo
estabelecimento de intervenções ecológicas; pela definição de regras e
procedimentos para a escola, na sua globalidade, bem como de sanções negativas,
aplicáveis sempre que alguém os violar; pela constituição de programas que visem
aumentar autodisciplina e a responsabilidade dos alunos e, por fim, pela execução de
um sistema para a detecção precoce de alunos em risco de se tornarem violentos ou
de exibirem comportamentos de risco.
85
7. Corporativismo e profissionalismo
O quinto factor relativo à escola intitula-se "corporativismo e profissionalismo",
referindo-se, por um lado, aos tipos de interacção adoptados pelos elementos que
integram o pessoal da escola e, por outro, ao profissionalismo com que desempenham
as suas funções. Tal como se evidencia na Figura 2.3. (p. 19), os investigadores
recorrem a uma variedade de termos para o descrever. Edmonds emprega a
expressão "liderança administrativa forte"; Levine e Lezotte chamam-lhe "liderança
forte" e "desenvolvimento do pessoal orientado para a prática ". Sammons designa-o
como "liderança profissional", "visão e objectivos partilhados" e "uma organização
direccionada para a aprendizagem"; por fim, Bosker e Schereens, assim como
Marzano denominam-no como "liderança" e "cooperação."
As primeiras discussões relativas ao tema do corporativismo e do
profissionalismo nas escolas, apareceram no contexto dos debates sobre "clima da
escola" nos anos 70, do século passado. Para alguns investigadores, o clima da
escola surgia como um guarda-chuva explicativo da eficácia na educação. Wilbur
Brookover e colaborados, indubitavelmente, fazem parte desse grupo (Brookover &
Lezotte, 1979; Brookover & Schneider, 1975; Brookover, et al., 1978; Brookover et al.,
1979). Na sua análise sobre as características das escolas eficazes versus as das
escolas ineficazes (aí definidas pelos níveis de realização escolar dos alunos oriundos
de níveis socioeconómicos mais baixos), Brookover e colaboradores (1978) afirmam
... acreditamos que as diferenças no clima da escola clarificam muitas
das diferenças nos níveis de realização académica, entre escolas,
normalmente atribuídas à sua constituição. (p. 303)
As descrições de alguns investigadores sobre o clima da escola são de tal modo
amplas, que abarcam uma grande variedade de factores relativos à escola,
designadamente, a liderança, as metodologias de ensino-aprendizagem em situação
de aula, a gestão na sala de aula, o ambiente físico, bem como a natureza e tom das
relações aí estabelecidas (Anderson, 1982; Gottsfredson, Hybl, Gottsfredson &
Castaneda, 1986).
Quando me refiro ao corporativismo e profissionalismo, provavelmente, estou
mais próximo da concepção de "clima organizacional", avançada por Deal e Kennedy
(1983), que consideram que
86
O clima organizacional numa escola vem sendo definido como a sua
personalidade colectiva, assente numa atmosfera que se diferencia
segundo os tipos de interacções sociais e profissionais dos indivíduos
que compõem a escola. (Deal e Kennedy, 1983, p. 14)
Optei pela expressão "corporativismo e profissionalismo", em detrimento da locução
clima organizacional, por duas razões. Primeiro, realça com mais precisão aspectos
que, estudos anteriores, revelam possuir fortes conexões com os níveis de realização
escolar dos alunos. Dito de outro modo, há dados da investigação, sobre o
corporativismo e profissionalismo nas escolas, que apontam para a existência de uma
relação estatisticamente significativa entre o clima e os níveis de realização dos
alunos. Segundo, evita confundir elementos do clima da escola, no geral, com o clima
na sala de aula, em particular. Alguns investigadores acreditam que o clima da escola,
no geral, pouco mais é do que o somatório dos vários ambientes em cada uma das
respectivas salas de aula (Johnson & Johnson, 1979). Porém, são muitas as
evidências empíricas, assim como a literatura, que sustenta o princípio da separação
do clima da escola, no geral, do clima individual de cada sala de aula (Fraser, 1986).
A fim de melhor se entender o impacto do corporativismo e do
profissionalismo, nos níveis de realização escolar dos alunos, há que os analisar
individualmente.
Corporativismo
As especificidades deste quinto factor relativo à escola iniciam-se com o
corporativismo a maneira como os professores interagem uns como os outros. De
acordo com Christine Villani (1996)
Comportamentos corporativistas são manifestados pelos professores,
que se apoiam uns aos outros. Desfrutam abertamente das suas
interacções profissionais, respeitam-se e são cordiais em relação às
necessidades uns dos outros. (p. 44)
Fullan e Hargreaves (1996) advertem para o facto de o corporativismo não se
“conseguir” impondo-se aos professores o planeamento ou deliberação em
conjunto, o envolvimento no treino dos seus pares, entre outros aspectos. Pelo
contrário, o corporativismo resulta de interacções autênticas e profissionais, por
natureza. Para Fullan e Hargreaves esses comportamentos implicam
partilhar abertamente erros e fracassos,
87
demonstrar respeito para com os outros e
analisar e criticar, construtivamente, práticas e procedimentos.
O corporativismo, com efeito, define-se pelas normas tácitas de comportamento
profissional (Deal & Peterson, 1990; Lortie, 1975).
Um aspecto importante da definição de comportamento corporativista prende-
se com o que aí não é incluído. Usualmente, o corporativismo é interpretado de forma
a agregar as interacções sociais e as relações de amizade explícita entre professores.
Noah Friedkin e Michael Slater (1994) estudaram 17 escolas elementares, com o
intuito de avaliarem a relação entre os níveis de realização dos alunos e o grau em
que os professores debatiam assuntos profissionais, procuravam conselhos nesse
domínio e interagiam como amigos. Na Figura 7.1. apresentam-se as correlações
entre esses tipos de interacções e o aproveitamento dos alunos.
FIGURA 7.1.Relação entre tipos de interacção com o professor e níveis de realização dos alunos
Tipo de Interacção Correlação
Discussão 0,326
Conselho 0,222
Amizade -0,252
Note que estas são correlações de classificação com um n=17
Correlações de classificação descrevem a força da relação entre a ordenação efectuada pelo
professor, quanto à sua importância, com a ordenação levada a cabo pelos directores, para
os mesmos factores.
Fonte: Friedkin, N.E. & Slater, M.R. (1994). School Leadership and Performance: A Social Network Approach.
Sociology of Education, 67, 139-157
O resultado mais impressionante prende-se com a correlação negativa que
existe entre os níveis de realização escolar dos alunos e as interacções de "amizade"
entre os professores quanto mais interacções de amizade, mais baixos é o
aproveitamento académico. Naturalmente que, resultados baseados em correlações
(calculadas a partir de um reduzido número de casos), devem ser interpretados com
cautela, embora lancem algumas dúvidas relativamente à percepção de que os
88
professores devam ser amigos ou de que se devem envolver em interacções sociais,
para que a escola seja eficaz. Referindo-se, por um lado, à amizade e às interacções
sociais entre professores como "coesão da rede"72 e, por outro, à liderança do director
da escola como "centralidade dos pareceres"73, Friedkin e Slater observam
Os nossos dados não apoiam a conclusão de que a coesão de rede dos
professores tem um efeito forte no desempenho escolar e independente
da centralidade dos pareceres do director. (p. 151)
Profissionalismo
Seguramente, a sensação de eficácia, por parte de professores, não pode ser
dissociada do profissionalismo. Kent Peterson (1994) considera que, entre outros
aspectos, tal impressão se fundamenta na representação, que os professores têm, da
sua capacidade para introduzir mudanças nas escolas. Para o fazerem, devem sentir-
se valorizados e integrados, enquanto elementos vitais para o processo de
determinação dos mecanismos orientadores das politicas escolares.
Outra das dimensões do profissionalismo que vem sendo amplamente
investigada diz respeito ao grau de experiência dos professores. Ronald Ferguson
(1991) foi responsável por um dos estudos mais vezes citado, sobre os efeitos da
experiência dos docente nos níveis de realização dos alunos. A esse respeito, Linda
Darling-Hammond (1997a) declara:
Ao analisar 900 distritos escolares do Texas, Ronald Ferguson
apercebeu-se de que a experiência docente do professor medida
que avalia os resultados em exames de licenciatura, graus de mestrado
e experiência explicava cerca de 40 por cento da variância nos níveis
de realização dos alunos, na leitura e na matemática, desde o 1.º até
ao 11.º anos de escolaridade, mais do que qualquer outro factor
considerado. (p. 8)
Os resultados do estudo de Ferguson (tal como são relatados por Darling-Hammond)
encontram-se descritos na Figura 7.2..
As proporções aí descritas parecem contradizer o modelo basilar do Capítulo
1, onde defendi que as características dos contextos de origem dos alunos são
responsáveis por, aproximadamente, 80 por cento da variância nos níveis de
realização, enquanto o ensino explicaria os restantes 20 por cento. Como podem as
72 No original, network cohesion. (N. dos T.)73 No original, advice centrality. (N. dos T.)
89
escolas, no geral, ser responsáveis por apenas 20 por cento da variância nos níveis
de realização escolar, quando, só por si, as qualificações dos professores explicam 43
por cento dessa variância? Assunto que é discutido com alguma profundidade na
Nota Técnica 5, p. 191, embora, aqui, o aborde mais superficialmente.
FIGURA 7.2.Percentagem da variância, nos níveis de realização dos alunos, explicada por vários
factores
Factor Percentagem de Variância Explicada nos Níveis de Realização Escolar
Casa e Família 49%
Qualificações do Professor 43%
Dimensão da Turma 8%Fonte: Darling-Hammond, L. (1997a). Doing What Matters Most: Investing In Quality Teaching. NY: National
Commission on Teaching and America's Future.
Ferguson, no seu estudo, elegeu os níveis médios de realização escolar de
uma escola ou distrito como a principal variável dependente74, pelo que examinou a
relação entre o aproveitamento médio de um distrito e os resultados médios, por
distrito, relativamente às qualificações dos professores, obtendo uma correlação bem
mais elevada do que se tivesse usado os dados individuais de alunos e professores.
Aqui, importa salientar o facto de esta metodologia de agregação dos dados, em
regra, produzir correlações artificialmente altas. Se se observarem as precauções
antes mencionadas, será útil apurar quais os aspectos específicos que, nessa
pesquisa, se referem à experiência do professor e influenciam os níveis de realização
dos alunos.
A longevidade e a certificação são, recorrentemente, apontados como factores
experienciais com impacto no aproveitamento académico. Um estudo que comparou
escolas com baixos e elevados níveis de realização, na cidade de Nova Iorque, cujos
74 Por definição, uma variável é dependente sempre que aparece ou muda, quando o investigador aplica, suprime ou modifica outra(s) variável(is), designada(s) de independente(s). (N. dos T.)
90
alunos poderiam ser considerados demograficamente semelhantes, pôs em evidência
o facto de os anos de experiência e os níveis de certificação explicarem 90 por cento
da variância no aproveitamento dos alunos, ao nível da escola (Armour-Thomas, Clay,
Domanico, Bruno & Allen, 1989). A licenciatura dos professores parece,
decididamente, justificada. Num relatório marcante, intitulado What matters most:
Teaching for America’s future (National Commission on Teaching for America’s
Future, 1998), a licenciatura aparece como um de três factores essenciais para o
desenvolvimento de professores eficientes. O relatório usou a metáfora "banco de três
pernas"75 como garantia da qualidade:
O banco de três pernas como garantia da qualidade acreditação do
programa de educação para professores, formação inicial de
professores e certificação profissional avançada ou contínua tem
vindo a ficar mais robusto, atendendo ao aperfeiçoamento contínuo de
padrões que orientam o professor no processo de aprendizagem ao
longo da carreira. (p. 29)
O domínio patenteado pelo professor, em relação às matérias da disciplina, é outro
dos factores regularmente citados, a propósito da sua importância para o
aproveitamento escolar (Andrews, Blackmon & Mackey, 1980; Haney, Madaus &
Kreitzer, 1987; Schalok, 1979; Soar, Medley & Coker, 1983). No relatório What
matters most, surge, de resto, como uma das conclusões mais importantes. Todavia,
a relação que mantém com os níveis de realização escolar não é tão linear quanto, à
partida, se poderia pensar. Por norma, as revisões da investigação apontam para a
existência de uma relação pouco clara entre o conhecimento do professor sobre as
matérias da disciplina e o aproveitamento. Byrne (1983) concluiu que, em 31 estudos,
apenas 17 revelavam uma relação positiva entre essas duas dimensões. Por sua vez,
Ashton & Crocker (1987) verificaram que isso sucedia somente em 5 de14 estudos
analisados. Dados corroborados por Monk (1994), que afirma que o domínio
evidenciado pelo professor relativamente às matérias que lecciona se relaciona, só,
até certo ponto, com os níveis de realização escolar dos alunos. Por outras palavras,
embora um nível mínimo de conhecimentos sobre as matérias da disciplina seja um
dos pré-requisitos para um ensino eficaz, a verdade é que, para além de um dado
limiar, qualquer aumento nessa variável deixa de se traduzir em melhorias na outra.
Tudo indica, portanto, que não será correcto assumir que, quanto mais um professor
sabe sobre a disciplina, melhor será o seu desempenho. De novo, importa pedir a
75 No original, three-legged stool. (N. dos T.)
91
atenção para o facto de um nível crítico mínimo ser indispensável, contudo, além
desse ponto começa a esmorecer a relação entre o domínio das matérias da
disciplina, por parte do professor, e o aproveitamento dos alunos. Além do mais, é
razoável assumir que esse nível crítico de conhecimentos varia conforme os anos de
escolaridade, pois as exigências do ensino a um 5.º ano de matemática são,
certamente, diferentes das da trigonometria do 12.º.
Competência pedagógica
Se não é possível estabelecer uma relação consistente entre os conhecimentos do
professor sobre as matérias da disciplina e os níveis de realização dos alunos, o
mesmo não sucede com a competência pedagógica. Como é notado por Darling-
Hammond (2000):
Pode dar-se o caso de os efeitos positivos do domínio das matérias da
disciplina serem melhorados ou compensados pelo conhecimento dos
modos de ensinar os temas aos vários tipos de alunos. Quer isso dizer
que o grau de competência pedagógica pode interagir com
conhecimento sobre as matérias da disciplina, amortecendo ou
reduzindo o desempenho do professor. (p. 6)
A importância da relação entre a competência pedagógica e o aproveitamento escolar
é, também, discutida por outros investigadores (Brown, Smith & Stein, 1995; Byrne,
1983; Cohen & Hill, 1997; Wiley & Yoon, 1995). Nesse mesmo sentido, Ferguson e
Womack (1993) conduziram um estudo com 200 professores, tendo constatado que o
número de cursos por eles frequentados, sobre metodologias de ensino-
aprendizagem, explicava quatro vezes mais a variância ao nível do desempenho do
professor do que o domínio das matérias da disciplina. De igual modo, num estudo
envolvendo 7.500 alunos do 8.º ano, Harold Weglinsky (2000) verificou que a
participação do professor em actividades de desenvolvimento profissional ajudava a
compreender valores importantes na variância do aproveitamento escolar, na
matemática e nas ciências. Na realidade, a experiência do professor e o seu
envolvimento em actividades de desenvolvimento profissional têm uma influência
aproximada equivalente à dos contextos de origem do aluno, nos níveis de realização
escolar. O profissionalismo diz, então, respeito a um determinado nível de
conhecimento sobre as matérias de ensino, mas, talvez mais importante do que isso,
92
seja a sua competência pedagógica, sobre como melhor ensinar os conteúdos da
disciplina.
Medidas a seguir
Sugiro três medidas, tendo em vista o fortalecimento do corporativismo e do
profissionalismo do pessoal da escola.
Medida 1. Estabeleça normas de conduta e comportamentos favoráveis ao corporativismo e profissionalismo.
Muitos investigadores e teóricos consideram o estabelecimento, explícito ou implícito,
de normas de conduta para os professores e administradores escolares (Blase &
Blase, 2001; Blase & Kirby, 2000; Dickman & Stanford-Blair, 2002; Fullan, 1993;
Sergiovanni, 1992). Eis alguns dos tópicos vulgarmente mencionados, a propósito da
necessidade de se fixarem regras
como deve o pessoal lidar com os conflitos,
como deve o pessoal abordar e resolver os problemas profissionais,
como deve o pessoal partilhar a informação sobre os alunos,
como deve o pessoal comunicar a terceiros informações sobre outros
membros da equipa e
Como deve o pessoal comportar-se durante as actividades de natureza
profissional (e.g., reuniões de pessoal, workshops).
Idealmente, a determinação dessas normas deverá resultar de consensos entre
professores e administradores da escola. Uma vez estabelecidas, esses princípios
devem ser bem visíveis (por exemplo, como uma nota prévia nas reuniões de pessoal
ou claramente expostos no manual do pessoal).
Medida 2. Estabeleça estruturas de gestão facilitadoras do envolvimento dos professores nos processos de tomada de decisão e de definição de políticas da escola.
O desenvolvimento de um sentimento de eficácia, por parte dos professores, passa
pela sua representação nas estruturas de gestão da escola, nas quais são traçadas
as direcções e políticas a seguir. Uma vez mais, Comer, no seu Programa de
93
Desenvolvimento da Escola, dá-nos um protótipo digno de referência. Recorde-se que
o modelo de Comer requer três mecanismos de gestão da escola: (1) a Equipa de
Gestão e Planeamento Escolar, (2) a Equipa de Apoio aos Alunos e Pessoal e (3) a
Equipa dos Pais, duas das quais implicam directamente os professores. A Equipa de
Gestão e Planeamento Escolar é encabeçada pelo director da escola e integra
professores, profissionais específicos de apoio que fazem parte do pessoal e
paraprofissionais. A equipa é responsável pela fixação das principais políticas e
direcções a adoptar pela escola. A Equipa de Apoio aos Alunos e Pessoal é composta
por professores, psicólogos, assistentes sociais, professores do ensino especial,
consultores e outro pessoal dos serviços de apoio da escola. Contribui directamente
para o trabalho desenvolvido pela Equipa de Gestão e Planeamento Escolar, sendo
sua incumbência assegurar um ambiente facilitador da aprendizagem e apoiante em
relação às preocupações individuais dos professores, na sala de aula.
Medida 3. Envolva os professores em actividades de desenvolvimento do pessoal significativas.
Provavelmente, o modo mais óbvio de focar o profissionalismo seja o de ocupar os
professores em actividades de desenvolvimento do pessoal significativas. Pese
embora muitas escolas programem, com regularidade, sessões de desenvolvimento
do pessoal, muito do que é aí discutido não é necessariamente significante ou útil, no
que se refere ao seu impacto no aproveitamento escolar. Como é referido por Judith
Little
Muito do desenvolvimento, em serviço, do pessoal transmite uma visão
relativamente empobrecida dos professores, do ensino e do
desenvolvimento do professor. Comparado com a complexidade,
subtileza e incerteza da sala de aula, o desenvolvimento profissional é,
frequentemente, um empreendimento marcado por uma considerável
falta de intensidade. Exige pouco, no que respeita ao desafio intelectual
ou compromisso emocional, abordando superficialmente as histórias e
ocorrências do quotidiano dos professores. Comparado com a
complexidade e ambiguidade das reformas mais ambiciosas, o
desenvolvimento profissional surge, em regras, como algo
substancialmente mais fraco e politicamente marginalizado… O
desenvolvimento profissional deve ser construído de maneira a permitir
94
uma aprofundamento da discussão, a criação de debates e o
enriquecimento do leque de alternativas de acção. (p. 14)
O Michael Garet e colaboradores (Garet, Porter, Desmone, Birman & Yoon, 2001)
realizaram um dos mais exaustivos estudos sobre os efeitos das actividades de
desenvolvimento do pessoal. A avaliação, efectuada junto de 1.000 educadores,
revelou que as características de desenvolvimento de pessoal que mais fortemente se
relacionam com mudanças no comportamento do professor são (1) enfoque no
domínio dos conteúdos, (2) oportunidades para uma aprendizagem activa e (3)
coerência global das actividades de desenvolvimento do pessoal.
O enfoque no domínio dos conteúdos refere-se ao grau em que as
actividades de desenvolvimento do pessoal se debruçam sobre estratégias
particulares de ensino em áreas de estudo também específicas. Não se depreenda,
por isso, que as actividades de desenvolvimento do pessoal se devem direccionar
para determinados temas em especial (nomeadamente, para o desenvolvimento do
pessoal no domínio da matemática ou o desenvolvimento do pessoal na área das
ciências), embora seja, sem dúvida, uma opção válida. No mínimo, a competência
pedagógica deve ser introduzida aos professores, no âmbito específico das suas
disciplinas. Actividades de desenvolvimento do pessoal que proponham estratégias
gerais e que não contemplem a sua aplicação em situação de aula, provavelmente,
não serão muito eficazes, no que se refere à sua capacidade para mudar o
comportamento dos professores.
As oportunidades para uma aprendizagem activa advêm da noção de que
os professores são capazes de aplicar as competências pedagógicas aprendidas,
sendo a concretização, na prática, de uma dada estratégia de ensino-aprendizagem, a
melhor tarefa de que podem ser incumbidos. Significa isso que regressam às suas
salas de aula e, de facto, utilizam a estratégia numa dinâmica de investigação-acção76
ambiente em que, informalmente, avaliam o real impacto das várias estratégias de
ensino-aprendizagem nos níveis de realização dos alunos.
A coerência global das actividades de desenvolvimento do pessoal indica
que o programa de desenvolvimento do pessoal é percebido como um todo coerente
e integrado, desenrolando-se os "dias de desenvolvimento do pessoal" uns por 76 A metodologia de investigação-acção caracteriza-se pela produção de um conhecimento útil e específico, que permita aos profissionais tornarem-se auto-reflexivos (disponíveis para examinar, de forma crítica e sistemática, a sua própria prática profissional). Assim, como objectivo da intervenção emerge a prática dos próprios profissionais envolvidos, ou seja os problemas que os preocupam e relativamente aos quais desejam encontrar alternativas de resolução, na medida em que toma como objecto o conhecimento das práticas desenvolvidas, numa determinada situação, pelos intervenientes no processo. (N. dos T.)
95
relação aos outros. A duração e a quantidade de actividades de desenvolvimento do
pessoal apresenta uma correlação positiva com as mudanças no comportamento dos
professores. Assim, quanto maior for o acesso a actividades de desenvolvimento do
pessoal, maior será a mudança registada nos comportamentos do professor.
É fácil desanimar face aos esforços de desenvolvimento do pessoal levados a
cabo pela maioria das escolas. De acordo com a minha experiência, a maioria das
escolas e distritos viola virtualmente todo princípios enunciados por Garet (1)
dinamizando sessões de desenvolvimento do pessoal não orientadas para áreas de
conteúdo específicas, (2) não dando oportunidade a que os professores transponham
as estratégias gerais, aí aprendidas, para o contexto das áreas particulares de ensino,
(3) não contemplando a possibilidade de os professores testarem, no terreno, as
estratégias focadas durante os dias dedicados ao desenvolvimento do pessoal e (4)
oferecendo apenas alguns dias de desenvolvimento do pessoal, isolados e
desconexos entre si.
O padrão de desenvolvimento do pessoal praticado nos Estados Unidos
contrasta fortemente com o do Japão. Stevenson e Stigler (1992) notam: "segundo a
lei japonesa, os professores em início de carreira têm de frequentar um mínimo de
vinte dias de formação, no decurso do seu primeiro ano de serviço" (p. 159).
Adicionalmente, as actividades de desenvolvimento do pessoal no Japão, recorrem a
esforços colectivos para modificar lições e unidades específicas. Stigler e Hiebert
(1999) observam que tal é concretizado no contexto daquilo que os japoneses
designam como "estudo da lição" ou jugyou kenkyuu, um dos aspectos do
kounaikenshuu, um conjunto abrangente de actividades que dão corpo ao elemento
crucial progresso escolar. Ao participarem no kounaikenshuu, os professores
trabalham juntos, em equipas, desempenhando vários papéis e funções:
Uma das componentes mais usuais do kounaikenshuu é o estudo da
lição (jugyou kenkyuu). No estudo da lição, grupos de professores
reúnem-se regularmente, por longos períodos de tempo (desde vários
meses até a um ano), a fim de trabalharem o planeamento,
implementação, testagem e aperfeiçoamento de uma ou várias “lições
de investigação” (kenkyuu jugyou). Pelo que tudo indica, o estudo da
lição é extremamente popular e altamente valorizado pelos professores
japoneses, em particular ao nível do ensino elementar. É a cavilha de
segurança de todo o processo de evolução. (p. 110-111)
96
Será, provavelmente, difícil executar uma transposição directa de do estudo da lição,
tal como praticado pelos educadores japoneses, para o sistema norte-americano,
apesar de, desde já, ser possível identificar algumas características facilmente
importáveis. Stigler e Hiebert recomendam que, ao fazê-lo, os professores se
organizem em equipas baseadas em interesses ou assuntos comuns relacionados
com ensino das suas disciplinas. Aí, empregam, sistematicamente, técnicas
específicas, no âmbito de lições particulares, e observam-se uns aos outros. Em
seguida, dão um retorno aos colegas daquilo que melhor funcionou e sobre o que
poderá ser melhorado pelos ensaios. Finalmente, captam e arquivam um
conhecimento colectivo, conquistado através desses esforços, e que outros poderá vir
a utilizar como ponto de partida.
Resumo
As características definidoras de corporativismo e profissionalismo dizem respeito ao
modo como os professores interagem uns com os outros, assim como à natureza,
abrangência e sequência das actividades de desenvolvimento profissional. O
corporativismo e o profissionalismo implicam interacções, entre professores,
cooperantes e adequadas.
Secção IIFactores relativos aos professores
97
Lista de figuras na Secção II
8.1. Diferenças nos níveis de realização dos alunos, em função dos professores
p.
8.2. Efeitos cumulativos entre alunos com professores menos eficazes versus
professores mais eficazes, no espaço de três anos p.
8.3. Efeitos nos níveis de realização, em função da eficácia da escola e do professor,
em alunos que entram para a escola no percentil 50 p.
8.4 Comparação, entre investigadores, dos factores relativos aos professores p.
9.1. Estratégias educativas identificadas por John Hattie p.
9.2. Categorias de estratégias educativas com influência nos níveis de realização dos
alunos p.
9.3. Categorias educativas organizadas em comportamentos específicos p.
9.4 Elementos para o planeamento de uma aula p.
10.1. Efeitos das técnicas disciplinares no comportamento em sala de aula p.
10.2. Efeitos da disciplina em diferentes níveis de escolaridade p.
10.3. Tipos de alunos, características e comportamentos p.
11.1. Elementos de um tema a focar pelo processo de ensino-aprendizagem p.
11.2. Efeitos de diferentes tipos de experiências de aprendizagem p.
11.3. Efeitos de diferentes tipos de experiências de aprendizagem, na correcção das
más interpretações dos alunos, quanto aos conteúdos programáticos p.
11.4. Planificação de perguntas para a identificação de conhecimentos importantes
num determinado tema p.
11.5. Elementos formais de um argumento p.
98
8. Os factores relativos aos professores
Chegou o momento de nos debruçarmos sobre aqueles factores que, individualmente,
na sala de aula, influenciam os alunos o impacto, independente, que um professor
pode ter nos níveis de realização escolar. Naturalmente, todos os professores devem
procurar actuar em consonância com as decisões tomadas ao nível da escola
(decisões relativas a um currículo essencial e viável, objectivos desafiantes e retorno
efectivo). Porém, os factores relativos aos professores aqui focados resultam
primordialmente das escolhas efectuadas por cada um dos professores, a título
pessoal, compreendendo as estratégias educativas, a gestão da sala de aula e o plano
curricular concretizado em situação de aula.
Até meados da década de 80, do século passado, os estudos sobre a educação eficaz
tendiam a olhar apenas para os factores relativos à escola, ou seja, encaravam a
escola como tendo um impacto uno e consistente no aproveitamento dos alunos. Good
e Brophy advertiram sobre as consequências dessa visão:
Estudos com amostras grandes de escolas, produzem perfis
importantes sobre as escolas mais e menos bem sucedidas, contudo,
essas são médias de grupo [ênfase original], que podem ou não
descrever o modo como um professor eficiente, singular, se comporta
numa determinada escola eficaz. Quem recorre à investigação para
orientar as práticas, por vezes, pressupõe que o comportamento de
todos os professores reflicta a média de grupo. Um pensamento de tal
modo simplista, facilmente leva a que a literatura seja ampla e
inapropriadamente aplicada. (p. 588)
Será, então, mais útil que, todos os que desejam perceber quais os factores
responsáveis pela melhoria do aproveitamento dos alunos, perguntem: Qual a real
influência de um professor, por si só, para além daquilo que é feito pela escola?
O efeito de cada professor, individualmente
Pese embora a maioria das tentativas de resposta à presente pergunta chegue a
estimativas quantitativas ligeiramente diferentes, a globalidade dos investigadores
concorda que o impacto de decisões tomadas, individualmente, por cada professor é,
99
de longe, maior que a influência das decisões tomadas ao nível da escola. Ao
relatarem os resultados da sua análise, em termos de pontuação quanto ao
aproveitamento obtido em cinco disciplinas diferentes (matemática, leitura, artes
linguísticas, estudos sociais e ciências), por 60.000 alunos do 3.º ao 5.º ano, S. Paul
Wright, Sandra Horn, e William Sanders (1997) notam
Os resultados deste estudo vão documentar o facto de o professor
constituir o factor com maior impacto na aprendizagem dos alunos.
Além do mais, os resultados mostram uma grande variação nos níveis
de eficácia exibidos pelos diversos professores. A implicação imediata
e objectiva de tal achado é a de que, tudo o indica, investir no aumento
da eficácia dos professores, mais do que qualquer outro factor
particular, pode conduzir a melhorias na educação. Os professores
eficazes parecem ser eficientes com os alunos que se enquadram em
todos os níveis de realização, independentemente da heterogeneidade
FIGURA 8.1.Diferenças nos níveis de realização dos alunos, em função dos professores
Professor
Ganhos na Realização Escolar do Aluno
num Ano
Menos Eficaz 14 pontos percentuais
Mais Eficaz 53 pontos percentuais
Nota: Sanders identificou professores “mais eficazes” versus “menos eficazes”, ordenando-os
em termos dos ganhos conseguidos nos níveis de realização escolar dos alunos e,
posteriormente, através da formação de cinco categorias ou quintos. Os professores “mais
eficazes” foram enquadrados na categoria mais alta (1.º quinto); os “menos eficazes” foram
colocados na categoria mais baixa (5.º quinto).
Para uma discussão técnica, ver Haycock, 1998.Adaptado de
Sanders, W.L. & Horn, S.P. (1994). The Tennessee value-added assessment system (TVAAS): Mixed-model
methodology in educational assessment. Journal of Personnel Evaluation in Education, 8, 299-311.
Wright, S.P., Horn, S.P. & Sanders, W.L. (1997). Teacher and classroom context on student achievement:
Implications for teacher evaluation. Journal of Personnel Evaluation in Education, 11, 57-67.
100
da turma [ênfase original]. Se o professor for ineficaz, os alunos sob a
sua tutela apresentarão um progresso académico inadequado,
independentemente das semelhanças ou diferenças que, à partida,
marcam o seu aproveitamento. (p. 63)
Este, e outros, estudos conduzidos por William Sanders e colaboradores (Sanders &
Horn, 1994; Wright, Horn & Sanders, 1997) ilustram, de um modo bastante dramático,
o profundo impacto que um único professor pode ter nos níveis de realização escolar
dos alunos. Kati Haycock (1998) considera os resultados de Sanders muito úteis para
a determinação de diferenças, ao nível do aproveitamento, entre alunos que passam
um ano com um professor altamente eficaz, por oposição àqueles que são tutelados
por docente menos eficiente. Diferença apresentada na Figura 8.1.. Em média, os
professores mais eficazes produzem, no espaço de um ano, ganhos de cerca de 53
pontos percentuais nos níveis de realização dos alunos, enquanto que as melhorias
conseguidas por professores menos eficazes, também no espaço de uma não,
rondam os 14 pontos percentuais. A fim de se compreender os resultados, importa
tomar em linha de conta o facto de os investigadores estimarem que, tipicamente,
durante um ano lectivo, se observam aumentos no aproveitamento na ordem dos 34
pontos de percentil (ver Glass, McGraw & Smith, 1981). Dito de outro modo, um aluno
que, na matemática, se localize no percentil 50, em Setembro, ter-se-á deslocado
para o percentil 84, usando exactamente o mesmo teste que em Maio. Os resultados
apresentados na Figura 8.1. indicam que, durante um ano, alunos de turmas com
professores mais eficazes terão um aproveitamento superior ao previsto (i.e., de 53
pontos de percentil em vez dos esperados 34 pontos de percentil). Contudo, alunos
de turmas com professores menos eficazes conseguirão ganhos menores nos seus
níveis de realização, relativamente ao aguardado (i.e., 14 pontos de percentil em vez
de 34). Tais resultados afiguram-se ainda mais assombrosos se admitirmos, como
sugerem alguns investigadores, que, simplesmente, ao envelhecerem mais um ano e
ao adquirirem novos conhecimentos e informação, na vida quotidiana, os alunos
avançam cerca de 6 pontos percentuais (Hattie, 1992; Cahen & Davis, 1977). Assim
sendo, podemos afirmar que os professores menos eficazes pouco acrescentam ao
conhecimento dos alunos, em relação ao que seria esperado em função de um ano de
maturação.
Se o efeito de frequência das aulas de um professor menos eficaz, ao longo de
um ano, não for, por si só, suficientemente debilitante, o efeito cumulativo pode ser
devastador. Para o elucidar, analise a Figura 8.2., uma vez mais, construída a partir
101
dos dados divulgados por Sanders e colaboradores (e conforme os reporta Haycock,
1998).
A Figura 8.2. aponta para uma discrepância de 54 pontos de percentil nos
ganhos, ao nível da realização, obtidos por alunos com professores menos eficazes,
quando comparados com colegas, acompanhados por professores considerados
eficazes 29 pontos percentuais versus 83 pontos percentuais, respectivamente, no
espaço de três anos. Ao comentar tal disparidade, Haycock (1998) declara:
Diferenças desta magnitude 50 pontos de percentil são
atordoantes. Como todos muito bem sabemos, podem representar a
diferença entre ser colocado num percurso escolar "mediano",
"acelerado" ou, mesmo, "dotado". Podem ser a diferença entre a
entrada para uma faculdade selectiva e toda uma vida no McDonald’s.
(p. 4)
Sanders e colaboradores recolheram os seus dados junto de alunos do primeiro ciclo
do ensino básico, no Tennessee, todavia, não são os únicos a encontrar esse tipo de
disparidades nos níveis de realização escolar. Haycock (1998) reporta resultados
semelhantes de estudos levados a cabo em Dallas e Boston.
FIGURA 8.2.Efeitos cumulativos entre alunos com professores menos eficazes versus professores
mais eficazes, no espaço de três anos
Professor mais eficaz ganhos de 83 pontos de percentil
Professor menos eficaz ganhos de 29 pontos de percentil
Recorri a uma abordagem ligeiramente diferente e cheguei às mesmas
conclusões. Os estudos realizados no Tennessee, Dallas, e Boston basearam-se em
dados sobre os alunos, recolhidos ao longo do tempo. Dei início aos meus cálculos,
com base numa suposição inspirada pela literatura – a instrução explica,
aproximadamente, 20 por cento das discrepâncias no aproveitamento dos alunos (ver
a discussão no Capítulo 1). Porém, no decurso da sistematização da investigação por
mim efectuada, também me apercebi que, cerca de 67 por cento desse efeito se deve
ao impacto individual, de cada professor. Por outras palavras, perto de 13 por cento
das diferenças nos níveis de realização dos alunos, numa determinada disciplina,
102
devem-se ao que é feito pela docente e, mais ou menos, 7 por cento são explicados
pela acção da escola (Bosker, 1992; Luyten, 1994; Madaus et al., 1979; Marzano,
2000a; Stringfield & Teddlie, 1989). As implicações da minha análise são
documentadas pels Figura 8.3. Para uma discussão pormenorizada de como a Figura
8.3. foi originada, ver a Nota Técnica 6, pp. 191-192.
FIGURA 8.3.Efeitos nos níveis de realização, em função da eficácia da escola e do professor, em
alunos que entram para a escola no percentil 50
Cenários da Escola e do Professor Aproveitamento, em percentis, ao fim de dois anos
Escola Mediana e Professor Mediano 50.º
Escola Menos Eficaz e Professor Menos Eficaz 3.º
Escola Mais Eficaz e Professor Menos Eficaz 37.º
Escola Menos Eficaz e Professor Mais Eficaz 63.º
Escola Mais Eficaz e Professor Mais Eficaz 96.º
Escola Mais Eficaz e Professor Mediano 78.º
Ver Nota Técnica 6, pp. 191-192, para determinar como foram definidas as escolas e os professores medianos, menos
e mais eficazes.
Adaptado de Marzano, R.J. (2000a). A New Era of School Reform: Going Where The Research Takes Us. Aurora, CO:
Mid-continent Research for Education and Learning (ERIC Document Reproduction Service No. ED 454255)
As seis situações apresentadas na Figura 8.3. mostram os efeitos no
aproveitamento escolar das várias combinações de eficácia, tanto da escola como do
professor, assumindo-se sempre que o aluno entra na escola ao nível do percentil 50.
Se, por exemplo, na matemática, um aluno começa o ano no percentil 50, frequenta
uma escola mediana e tem um professor mediano, então, os seus níveis de realização
permanecerão no percentil 50 ao fim de aproximadamente dois anos (como se
descreve no primeiro cenário, Figura 8.3.). Agora, consideremos o segundo cenário
proposto, onde o mesmo aluno vai para uma escola menos eficaz e é tutelado por
professor, também, notado como um dos menos eficazes. Após dois anos, o aluno
caiu do percentil 50 para o percentil 3. No terceiro panorama, o aluno encontra-se
numa escola considerada como uma das mais eficazes, mas tem um professor
avaliado como um do menos eficazes. Embora inicie o ano lectivo no percentil 50, o
dois anos mais tarde, abandona-a no percentil 37. Na quarta condição, o aluno é
103
integrado numa escola ponderada como uma das menos eficazes, sendo ensinado
por professor altamente eficaz. O estudante termina as aulas no percentil 63 13
pontos percentuais acima do nível de entrada. A quinta conjuntura é a mais optimista
de todas. O aluno não apenas vai para uma escola qualificada como uma das mais
eficazes mas também é apoiado por um dos professores mais eficientes. Inicia o seu
percurso no percentil 50 e conclui-o no percentil 96. No sexto e último cenário, o aluno
depara-se com uma escola das mais eficazes e com um professor mediano, subindo,
ao fim de dois anos, do percentil 50 para o 78.
Independentemente do ponto de partida assumido pela pesquisa, é por de
mais evidente a profunda influência dos professores eficazes no aproveitamento
escolar dos alunos, por oposição ao impacto dos professores ineficazes. Na realidade,
os últimos poderão, mesmo, constituir obstáculos à aprendizagem. Quais são, então,
as características de um professor eficaz?
Características de um professor eficaz
Conclui que os quase 3.000.000 de professores neste país (National Center for
Educational Statistics, 2002), provavelmente, se encontram normalmente distribuídos,
em termos da sua eficácia, tal como é definida por relação ao seu impacto nos níveis
de realização escolar. Em consonância com as características da curva normal ou em
sino77, a maioria dos professores localiza-se no ponto correspondente à média da
distribuição, ou, pelo menos, não muito longe. Alguns situar-se-ão no extremo positivo
e, outros, no extremo negativo, o que significa que a maioria dos professores está, ou
um pouco abaixo ou um pouco acima da média, no que se refere à sua influência no
aproveitamento dos alunos. Colocaria os professores do extremo positivo na categoria
dos mais eficazes e, os do limite negativo, na categoria dos menos eficazes. Um
professor que domine os três factores por mim identificados não seria,
necessariamente, colocada na categoria dos mais eficazes. Pelo contrário, acredito
que a mestria nos três factores relativos ao professor torná-lo-á um docente, no
mínimo, mediano (e provavelmente bem acima da média). Os professores medianos,
em termos da sua eficácia, podem, ainda, ter um poderoso impacto nos níveis de
realização dos alunos, de acordo com o ilustrado pela sexta condição da Figura 8.3..
Especificamente, este cenário demonstra que se os professores manifestam
um desempenho mediano e uma escola está disposta a fazer tudo aquilo que está ao
77 Para uma explicação, ver nota XVIII do Capítulo 1. (N. dos T.)
104
seu alcance para ser muito eficaz, então, os seus alunos conseguirão apresentar
ganhos notáveis. Muitos directores escolares revelaram-se não possuir a liberdade ou
os recursos para contratarem os docentes mais experiente ou talentosos. A presente
argumentação advoga que, tal talento e experiência, não são pré-requisitos da
eficiência. Se uma escola estiver disposta a fazer tudo o que possa e, se todos os
professores aí colocados forem, pelo menos, competentes na sua profissão, então a
esse estabelecimento de ensino pode ter uma influência extraordinária no
aproveitamento dos seus alunos.
Factores relativos ao professor: Uma comparação entre investigadores
Os meus três factores relativos ao professor não são o único modo de organizar a
pesquisa sobre a eficácia dos docentes. Na realidade, os investigadores identificaram
muitas variáveis consigo correlacionadas. Kathleen Cotton (1995) aponta para mais
de 150 variáveis que dão corpo à eficácia do professor. Barry Fraser e colaboradores
(Fraser, Walberg, Welch & Hattie, 1987) enumeram umas 30 dimensões.
Sistematizações que foram organizadas das mais variadas maneiras. Por exemplo,
Jere Brophy (1996) emprega as seguintes categorias:
instrução,
gestão da sala de aula,
interacções disciplinares e
socialização dos alunos
Bert Creemers (1994) considera três níveis: currículo, procedimentos de agregação e
os comportamentos do professor. Finalmente, Cotton (1995) desenvolve o sistema
seguinte, a fim de organizar as 150 variáveis por si apontadas:
planeamento,
estabelecer objectivos
gestão e organização da sala de aula,
instrução,
interacções entre o professor e os alunos,
equidade e
avaliação
À semelhança do sucedido com os factores relativos à escola, os meus três factores
relativos ao professor são, na maioria dos casos, simplesmente, uma reorganização
105
do trabalho de outros investigadores. Veja a Figura 8.4., para um esclarecimento mais
explícito.
FIGURA 8.4.Comparação, entre investigadores, dos factores relativos aos professores
Marzano (2000a) Brophy (1996) Creemers (1994) Cotton (1995)
Estratégias
Educativas
Instrução Procedimentos de
agregação/comportamentos
do professor
Planear
Estabelecer
objectivos
Instrução
Gestão da sala de
aula
Gestão da sala de
aula
Intervenções
disciplinares
Socialização dos
alunos
Comportamento do professor Gestão e
organização da sala
de aula
Interacções entre o
professor e os
alunos
Equidade
Plano curricular
concretizado em
situação de aula
Currículo Avaliação
A fim de derivar os meus três factores, coloquei duas ou mais categorias de outro
investigador numa única condição ou, em alternativa, dispus as componentes
atribuídas por um colega a apenas uma situação, em duas das minhas. Em concreto,
agrupei três dos elementos de Cotton num único nível, visto o autor as descrever de
uma forma quase sinónima àquilo que designei como “gestão da sala de aula”. Por
razões semelhantes, coloquei a categoria de Creemer, "comportamento do professor",
naquilo que denominei de "estratégias educativas" e "gestão da sala de aula".
Os três capítulos que se seguem abordam cada um dos três factores relativos ao
professor. O Capítulo 9, explora as estratégias educativas, o Capítulo 10, foca a
gestão da sala de aula e o Capítulo 11, aborda o plano curricular concretizado em
situação de aula.
Apesar de serem discutidos isoladamente, os vários factores relativos
ao professor não são assim tão independentes entre si. De facto, os estudos
106
que tentaram identificar os efeitos únicos ou independentes das estratégias
educativas versus a gestão versus o plano curricular concretizado em situação
de aula, não foram lá muito bem sucedidos (Levy, Wubbles, Bekelmans &
Morganfield, 1997). O acto de ensinar é um empreendimento holístico. Os
professores eficientes empregam estratégias educativas, técnicas de gestão
da sala de aula e o plano curricular concretizado em situação de sala de aula,
de uma forma espontânea e contínua. Vários investigadores apoiam essa
conclusão (Leinhardt & Greens, 1986; Brooks & Hawke, 1985). No seu artigo
"In pursuit of the expert pedagogue"78, David Berliner (1986) compara um
professor experiente a um mestre de xadrez, capaz de, em simultâneo, ver
muitas coisas e de fazer julgamentos, com aparente fluidez e facilidade.
A interdependência entre os três factores respeitantes ao professor,
sublinha a sua diferença relativamente aos cinco factores referentes à escola.
Os primeiros, foram apresentados em função do nível correspondente de
impacto no aproveitamento dos alunos, o que não é o caso, para os segundos.
Embora possa haver investigação, disponível ou em curso, que permita tal
esboço, ainda não a encontrei.
Resumo
Neste capítulo são apresentados os três factores relativos aos professores:
estratégias educativas, gestão da sala de aula, e plano curricular concretizado
em situação de aula. Apesar de serem discutidos separadamente, não podem
ser isolados, no que se refere à sua aplicação na sala de aula ou à sua
influência nos níveis de realização dos alunos. Adicionalmente, o impacto
individual, de cada professor, na sala de aula, no aproveitamento dos alunos,
pode ser superior ao efeito combinado dos cinco factores relativos à escola.
78 Em português, o artigo intitular-se-ia “Em busca do pedagogo perito”. (N. dos T.)
107
9. Estratégias educativas
As “estratégias educativas” são dos factores relativos aos professores que influenciam
os níveis de realização escolar dos alunos, sendo, naturalmente, evidente que
docentes mais eficientes recorrem a metodologias de ensino-aprendizagem também
mais eficazes. Provavelmente, dá-se igualmente o caso de serem aqueles que
dispõem de um maior conjunto de opções, quando se trata de ensinar.
Os mestres do xadrez, desde meados do século XX, que se configuram como
um tema fascinante para os psicólogos (deGroot, 1946; Chase & Simon, 1973; Simon,
1980). No geral, foi possível constatar que, com o passar do tempo, esses indivíduos
aprenderam a reconhecer milhares de combinações alternativas para as peças de
xadrez, assim como os respectivos contra-movimentos. Com base numa estimativa, foi
possível concluir que um mestre de xadrez é capaz de arrecadar 50.000 fragmentos
de informação (ver Anderson, 1995). Transpondo para a analogia de David Berliner
(1986), poderíamos argumentar que um professor experiente adquire um vasto leque
de estratégias educativas, ao mesmo tempo que desenvolve o seu conhecimento em
termos da adequabilidade da sua aplicação.
Quais são, então, as estratégias educativas que provaram ser eficazes?
Estratégias educativas que funcionam
William Bennett, um antigo Secretário da Educação79, encabeçou uma entre muitas
tentativas de identificação de estratégias educativas, com um claro impacto no
aumento dos níveis de aproveitamento escolar. Na introdução do seu livro, What
works: Research about teaching and learning (1986), Bennett defendeu a importância
de se definir uma lista bem articulada de metodologias de ensino-aprendizagem
baseadas na investigação:
Desde o dia em que, há um ano atrás, prestei juramento como
Secretário da Educação, tenho em mente a elaboração deste relatório.
79 No original, Secretary of Education. O Secretário da Educação, nos EUA, é o responsável máximo, ao nível do governo federal, pela determinação execução das linhas orientadoras das políticas educativas a serem seguidas pelo Departamento da Educação. Assim, compete-lhe liderar o debate nacional em torno da melhoria da educação, bem como administrar um vasto conjunto de programas, abrangendo os mais variados domínios no âmbito da educação, desde o início do pré-escolar até ao nível pós-doutoral. (N. dos T.)
108
Nas minhas primeiras declarações oficiais, disse "não nos podemos
esquecer que a educação não é uma ciência obscura. Na investigação
educativa, há, obviamente, ainda muito para descobrir, o que, pese
embora as várias tentativas nesse sentido, não transforma a educação
em algo de essencialmente misterioso. (p. v)
Bennett, um pouco impetuosamente, argumenta que o ensino eficaz não é tão
misterioso quanto algumas pessoas possam pensar, sendo obrigação da investigação
proporcionar uma orientação mais clara quanto às suas especificidades.
Os esforços de Bennet originaram uma sistematização com mais de 40
práticas derivadas da pesquisa. Essas práticas, na sua maioria especificamente
direccionadas para as metodologias de ensino-aprendizagem em situação de sala de
aula compreendem
o recurso a experiências,
estratégias de apreciação pelo professor,
expectativas do professor
reforço do esforço,
gestão do tempo na sala de aula,
instrução directa,
memorização,
fazer perguntas,
trabalhos de casa e
avaliação na sala de aula.
Outros investigadores chegaram a conclusões semelhantes. Bert Creemers (1994)
identificou as seguintes estratégias educativas:
organizadores avançados,
avaliação,
retorno,
esclarecimento de correcção,
mestria da aprendizagem,
capacidade para agrupar,
trabalhos de casa,
clareza da apresentação e
fazer perguntas.
A partir da revisão da literatura por si efectuada, John Hattie (1992; também descrita
em Fraser et al., 1987) construiu a tabela apresentada na Figura 9.1..
109
O trabalho de Hattie diferencia-se do de Bennett e Creemers pelo facto de
considerar os efeitos de magnitude de cada tipo de estratégias educativas. Os efeitos
de magnitude indicam quantos desvios padrões a média dos resultados do grupo
experimental (o grupo que emprega a estratégia educativa) se encontra acima da
média dos resultados do grupo de controle (o grupo que não utilizou essa
metodologia). Em consonância com a Figura 9.1., a orientação tem um efeito de
magnitude mediano (com base nos 125 estudos analisados por Hattie), de 0,50.
Mantendo as demais condições, um aluno típico, objecto de orientação, conseguirá
resultados no aproveitamento de 0,50 desvios padrão acima dos de qualquer outro
aluno que, embora nas mesmas circunstâncias, não recebe a referida orientação. Na
prática, observam-se ganhos na ordem dos 19 pontos de percentil. (Ver a Nota
Técnica 4, pp. 190-191, para uma explicação pormenorizada dos efeitos de
magnitude).
FIGURA 9.1..Estratégias educativas identificadas por John Hattie
Estratégia Número de estudos examinados
Efeito de magnitude
Ganhos de percentil
Individualização 630 0,14 6
Simulação e jogos 111 0,34 13
Ensino apoiado por computadores
566 0,31 12
Orientação 125 0,50 19
Hierarquias de aprendizagem 25 0,19 8
Mestria da aprendizagem 104 0,50 19
Trabalhos de Casa 110 0,43 17
Média educativa 4421 0,30 12
Fonte: Hattie, J. A (1992). Measuring the effects of schooling. Australian Journal of Education, 36, (1), 5-13
Juntamente com alguns colegas, desenvolvi uma diligência similar (Marzano,
1998a; Marzano, Gaddy & Dean, 2000; Marzano, Pickering & Pollock, 2001),
encontrando-se os resultados expostos na Figura 9.2.. Antes de mais, importa
comentar os comparativamente elevados efeitos de magnitude aí revelados. Os
110
efeitos de magnitude médios parecem bastante grandes, sobretudo, quando
comparados com os comummente relatados para os factores relativos à escola. A fim
de o elucidar, reveja a ordenação proposta por Schereens e Bosker (1997) dos
factores relativos à escola, descrita na Figura 2.1. (p. 17). O tempo aparece como o
factor de topo, sendo o respectivo efeito de magnitude de 0,39. Por sua vez, o menor
efeito de magnitude, na Figura 9.2., é de 0,59 e diz respeito ao item "questões, pistas,
e organizadores avançados." Por que razão será o menor efeito de magnitude, obtido
em função das estratégias educativas, superior ao maior dos efeitos de magnitude
conseguido pelos factores relativos à escola? Essencialmente, porque os estudos a
partir dos quais foram computados os efeitos de magnitude da Figura 9.2.,
dependerem, no geral, de medidas de avaliação específicas aos conteúdos ensinados
por intermédio de uma determinada estratégia educativa. Por exemplo, um estudo que
procure examinar o impacto de um organizador avançado particular na compreensão
dos alunos sobre a informação apresentada numa célula, empregaria um teste
especialmente pensado para avaliar os níveis de realização escolar nesses mesmos
conteúdos. Tais avaliações designam-se como " sensíveis ao currículo".
Os estudos sobre os factores relativos à escola, usualmente, recorrem à
utilização de escalas padronizadas, por natureza, mais genéricas que as
mencionadas avaliações sensíveis ao currículo. Sempre que se opta pelo emprego de
medidas genéricas, por oposição às sensíveis ao currículo, os efeitos de magnitude,
por definição, serão muito menores. A esse respeito, George Madaus e colaboradores
(1979) observam: "…aquilo que denominamos como medidas sensíveis ao currículo
são-no, precisamente. Quando comparadas com os testes estandardizados
convencionais, afiguram-se como claramente mais dependentes das características
das escolas e do que nelas acontece " (pp. 223-224).
Desde a publicação de Classroom instruction that works: Research-based
strategies for increasing student achievement (Marzano, Pickering & Pollock, 2001),
as nove categorias de estratégias educativas enumeradas na Figura 9.2. foram alvo
de muito estudo e discussão, por parte de milhares de professores. Apercebi-me que
essas categorias poderiam ser ainda mais úteis, caso as organizasse por
comportamentos específicos. Aspecto que não deixa de fazer sentido, sobretudo se
se atender ao facto de que, a minha proposta, resulta da combinação de metodologias
de ensino-aprendizagem com características semelhantes. Concretamente,
comportamentos educativos específicos, envolvendo tarefas de comparação e de
classificação, metáforas e analogias, foram todos incluídos na condição "identificar
111
semelhanças e diferenças". No total, as nove categorias educativas globais repartem-
se por 34 comportamentos particulares, tal como é ilustrado pela Figura 9.3.. (p. 82).
FIGURA 9.2..Categorias de estratégias educativas com influência nos níveis de realização dos
alunos
Categoria Efeito de magnitude Mediano
Ganhos em percentil
Número de efeitos de magnitude
Desvio padrão
Identificar semelhanças e diferenças 1,61 45 31 0,31
Sumariar e tirar apontamentos 1 34 179 0,5
Reforçar o esforço e reconhecimento 0,8 29 21 0,35
Trabalhos de casa e prática 0,77 28 134 0,36
Representações não linguísticas 0,75 27 246 0,4
Aprendizagem cooperativa 0,73 27 122 0,4
Estabelecer objectivos e dar um
retorno 0,61 23 408 0,28
Elaborar e testar hipóteses 0,61 23 63 0,79
Questões, pistas e organizadores
avançados 0,59 22 1251 0,26
Fontes:
Marzano, R.J. (1998a). A theory-based meta-analysis of research on instruction. Aurora, CO: Mid-continent
Research for Education and Learning. (ERIC Document Reproduction No. 427 087)
Marzano, R.J., Gaddy, B.B. & Dean, C. (2000). What works in classroom instruction? Aurora, CO: Mid-continent
Research for Education and Learning.
Marzano, R.J., Pickering, D.J. & Pollack, J.E. (2001). Classroom instruction that works: Research-based strategies
for increasing student achievement. Alexandria, VA: Association for Supervision and Currículo Development.
Sistematizações de estratégias de ensino, como a proposta na Figura 9.3..,
pese embora apresentem um conjunto de sugestões úteis para os professores,
112
acabam por não os ajudar grandemente quando se trata de planificar intervenções
eficientes. Bem mais útil será organizá-las, de modo a que permitam contextualizar a
elaboração de metodologias de ensino-aprendizagem eficazes. Madeline Hunter
(1984) é a investigadora a quem se deve o desenvolvimento do “plano de aula”, um
dos quadros conceptuais mais amplamente divulgados, embora outros pudessem ser
nomeados (Reigeluth, 1983; Good & Grouws, 1983). Descrevem-se as componentes
principais do modelo de Hunter, na Figura 9.4..
Historicamente, o plano de aula induziu à conclusão, não premeditada, de que
todas as lições deveriam também incluir todas as componentes aí consideradas, o
que nunca foi a intenção de Hunter. Na verdade, a autora chamou, em particular, a
atenção para os riscos de tal atitude:
Um dos erros mais típicos nas supervisões diz respeito ao pressuposto
de que "todas as coisas boas devem ser incluídas em todas as aulas."
Cada elemento deve ser pensado pelo professor, devendo a sua
exclusão ser encarada como uma questão de escolha profissional e
não por defeito… Se essa decisão for pensada e fundamentada na
teoria… então, o professor actua como um profissional. (p. 176)
FIGURA 9.3.Categorias organizadas em comportamentos específicos
Categoria educativa global Comportamentos específicos
Identificar semelhanças e
diferenças
Atribuir tarefas, na aula e como trabalho para casa, que envolvam
comparação e classificação
Atribuir tarefas, na aula e como trabalho de casa, que envolvam metáforas e
analogias
Sumariar e tirar apontamentos Pedir, aos alunos, para produzirem sumários verbais
Pedir, aos alunos, para produzirem sumários escritos
Pedir, aos alunos, para tirarem apontamentos
Pedir, aos alunos, para reverem os seus apontamentos, corrigirem os erros e
adicionarem informação
Reforçar o esforço e
reconhecimento
Reconhecer e elogiar progressos em objectivos da aprendizagem, numa
unidade
Reconhecer e reforçar a importância do esforço
Reconhecer e elogiar progressos em objectivos de aprendizagem, no final de
cada unidade
Trabalhos de casa e prática Dar um retorno de todos os trabalhos de casa distribuídos
Marcar trabalhos de casa com o objectivo de levar os alunos a praticar
113
competências e procedimentos focados pela instrução
Representações não linguísticas Pedir, aos alunos, a construção de imagens mentais que representem os
conteúdos
Pedir, aos alunos, para desenharem imagens ou pictogramas
Pedir, aos alunos, para construírem organizadores gráficos que representem
os conteúdos
Pedir, aos alunos, que evidenciem os conteúdos
Pedir, aos alunos, que construam modelos físicos a partir dos conteúdos
Pedir, aos alunos, que façam revisões das suas imagens mentais,
representações, pictogramas, organizadores gráficos e modelos físicos
Aprendizagem cooperativa Organizar os alunos em grupos cooperativos, sempre que apropriado
Organizar os alunos em grupos, consoante as suas capacidades, sempre que
apropriado
Estabelecer objectivos e dar um
retorno
Estabelecer objectivos específicos para a aprendizagem, no início da unidade
Pedir, aos alunos, para definirem os seus próprios objectivos, no início da
unidade
Dar um retorno dos objectivos de aprendizagem, ao longo da unidade
Pedir, aos alunos, para monitorizarem o seu próprio progresso nos objectivos
da aprendizagem
Dar um retorno sumativo, no final de uma unidade
Pedir aos alunos para se auto-avaliarem, no final de uma unidade
Elaborar e testar hipóteses Envolver os alunos em projectos que impliquem a elaboração e a testagem de
hipóteses, através de tarefas de resolução de problemas
Envolver os alunos em projectos que impliquem a elaboração e a testagem de
hipóteses, através de tarefas de tomada de decisões
Envolver os alunos em projectos que impliquem a elaboração e a testagem de
hipóteses, através de tarefas de investigação
Envolver os alunos em projectos que impliquem a elaboração e a testagem de
hipóteses, através de tarefas de carácter experimental
Envolver os alunos em projectos que impliquem a elaboração e a testagem de
hipóteses, através de tarefas de análise de sistemas
Envolver os alunos em projectos que impliquem a elaboração e a testagem de
hipóteses, através de tarefas de invenção
Questões, pistas e organizadores
avançados
Antes de apresentar um novo conteúdo, fazer perguntas que os ajudem a
recordar-se de tudo o que possam já saber sobre ele
Antes de apresentar um novo conteúdo, relacioná-lo directamente com temas
anteriormente aprendidos
Antes de apresentar um novo conteúdo, ajudar os alunos a encontrarem
formas de organizar ou pensar sobre ele
Fonte: Marzano, R. J., Pickering, D. J. & Pollack, J. E. (2001). Classroom instruction that works: Research-based
strategies for increasing student achievement. Alexandria, VA: Association for Supervision and Currículo Development.
114
Apesar das advertências de Hunter, o seu quadro conceptual foi, frequentemente,
empregue de um modo rígido, levando os professores a incluírem todas as
componentes nos seus planos de aula (Costa, 1984).
A fim de evitar constranger a flexibilidade necessária em cada lição, poder-se-
á, em alternativa, considerar a organização das estratégias educativas, derivadas da
investigação, segundo um modelo de planificação de unidades, abordagem que, sem
dúvida, se configura mais robusta. Benjamin Bloom foi, provavelmente, o primeiro a
validar a "unidade" enquanto elemento básico do ensino. Bloom (1976) constatou que,
durante um ano lectivo, os alunos deparam-se com cerca de 150 "unidades de
aprendizagem" independentes, representando cada perto de sete horas de trabalho
escolar. Assumir que um dia lectivo se encontra dividido em cinco tempos lectivos
distintos, implica reconhecer que, ao longo do ano escolar, o número de unidades de
aprendizagem por disciplina com que os alunos se confrontam ronda os 30 (ou
aproximadamente 15 unidades de aprendizagem, se se tratar de um curso semestral).
Balizar as estratégias educativas, sob a forma de unidades, representa, então,
uma alternativa viável ao plano de aula, na medida em que orienta os professores no
sentido de uma utilização mais adequada das metodologias de ensino-aprendizagem,
baseadas na investigação, sem os constrangimentos inerentes à planificação
quotidiana das lições.
FIGURA 9.4.Elementos para o planeamento de uma aula
Elemento Descrição
Cenário de
antecipação
Um cenário mental que obriga os alunos a se centrarem no que vai ser
aprendido. Também lhes poderá dar prática, ajudando-os a aprender e dando
elementos de avaliação ao professor. Exemplo: "Olhem para o parágrafo
escrito no quadro. Qual julgam ser a parte mais importante e que deve a ser
retida?
Metas e objectivos Não só os alunos aprendem mais eficazmente, quando sabem o que é
suposto que aprendam e porquê, como os professores ensinam com maior
eficiência quando possuem essa mesma informação. Exemplo:
"Frequentemente, as pessoas têm dificuldades em se recordarem do que é
importante. Por vezes, sentem que estudam muito, mas não conseguem
evocar algumas das coisas principais. Hoje, vamos aprender a identificar o
115
que é importante, para, em seguida, praticarmos maneiras de as lembrarmos."
Novas aprendizagens
(inputs)
Os alunos devem adquirir novas informações sobre o conhecimento,
processos ou competências que terão alcançar. A concepção da fase dos
contributos da aula, para que um resultado positivo seja previsível, o professor
deverá ter analisado o objectivo final, com o intuito de identificar
conhecimentos e competências necessárias à sua aprendizagem.
Modelar "Ver" o que se pretende é uma importante acrescento à aprendizagem. Para
evitar reprimir a criatividade, é importante mostrar vários exemplos do
processo ou produtos que se espera que os alunos adquiram ou desenvolvam.
Verificar a
compreensão
Antes de esperar que os alunos façam alguma coisa, o professor deve
determinar o que eles compreendem, o que é suposto que façam e se têm ou
não o imprescindível conjunto mínimo de competências
Prática orientada Os alunos praticam o seu novo conhecimento ou competência sob a
supervisão directa do professor. Uma nova aprendizagem assemelha-se ao
cimento fresco; facilmente se estraga. Um erro no início da aprendizagem
pode, facilmente, “consolidar-se”, pelo que a sua correcção numa fase
posterior se torna mais difícil do que no imediato.
Prática independente A prática independente é atribuída, somente, quando o professor tem a
certeza que os alunos não cometerão erros graves. Depois de uma primeira
aula, os alunos, com frequência, não se encontram preparados para
praticarem independentemente, tendo o professor cometido um erro
pedagógico se procurar incrementar uma prática não supervisionada.
Fonte: Adaptado de Hunter, M. (1984). "nowing, teaching and Supervising. In P. Hosford (Ed.), Using What We Know
About Teaching (pp. 169-192). Alexandria, VA: Association for Supervision and Currículo Development.
Medidas a seguir
Proponho apenas uma medida, cuja adopção possibilitará a implementação, bem
sucedida, de estratégias educativas baseadas na investigação.
Medida 1. Faculte aos professores um modelo educativo, sob a forma de unidades, baseado em estratégias derivadas da investigação.
116
Acredito que os comportamentos específicos patenteados na Figura 9.3. (pp. 82-83)
podem ser organizados de múltiplas maneiras, tendo em vista a criação de um modelo
conceptual, sob a forma de unidades, para as estratégias educativas. A opção, por
parte das escolas, em definirem os seus próprios quadros de referência, faz todo o
sentido, visto permitir o desenvolvimento de abordagens mais ajustadas aos vários
tipos de alunos e de professores. É um facto que, constantemente, encorajo as
escolas com que trabalho a, elas mesmas, assumirem o controle desse processo
construir um modelo educativo, sob a forma de unidades, que lhes é específico. Dessa
forma, descobri que as escolas consideram bastante úteis as estratégias educativas e
os comportamentos apresentados na Figura 9.3., em particular, se globalmente
organizados em três categorias: (1) os relativos aos objectivos de aprendizagem para
cada unidade, repartidos por intervalos regulares; (2) os focalizados em experiências
que se traduzem em novas aprendizagens (inputs), nos conteúdos da unidade; e (3)
os que lidam com a revisão, a prática e a aplicação de conteúdos.
Unidades divididas em intervalos regulares
Estabeleça claramente os objectivos, no começo de cada unidade, identificando, com
precisão, metas para a aprendizagem e comunique-as aos alunos; peça, também, aos
alunos que determinem os seus próprios limites relativamente aos conteúdos de uma
unidade.
Monitorize o progresso, equilibre o trabalho individual com o trabalho em grupo,
reforce o esforço e elogie o sucesso, ao longo da unidade, sempre que:
colocar os alunos a trabalhar individualmente,
colocar os alunos a trabalhar em grupos de aprendizagem cooperativa,
colocar os alunos a trabalhar em grupos formados a partir dos seus
conhecimento e competências num tema específico,
dar aos alunos um retorno periódico, para cada um dos objectivos de
aprendizagem,
pedir aos alunos para monitorizarem o seu progresso nos objectivos de
aprendizagem,
regularmente, elogiar progressos genuínos nos objectivos de
aprendizagem e
salientar e reforçar exemplos de esforço.
117
Avalie os objectivos atingidos no final de cada unidade e elogie o sucesso,
procurando:
dar aos alunos avaliações claras dos seus progressos em cada
objectivo de aprendizagem,
levar os alunos a se auto-avaliarem no final de cada objectivo de
aprendizagem, assim como comparar as suas avaliações com a do
professor e
salientar e reforçar a realização de objectivos específicos em alunos
específicos.
Experiências que se traduzem em novas aprendizagens (inputs)
Pese embora a sua relativa ausência dos manuais de apoio às práticas de ensino,
facilitar aos alunos novas aprendizagens (inputs) relativas aos conteúdos de uma
unidade, assoma como um aspecto crítico do processo educativo. John Anderson e
colaboradores (Anderson, Reder & Simon, 1995) defendem que essa é uma das
funções basilares do professor. De facto, Madeline Hunter (1984) contemplou esses
contributos como uma componente específica do plano de aula (ver Figura 9.4, p. 84).
Aqui, consideramos as estratégias educativas susceptíveis de garantir novas
aprendizagens efectivas, independentemente da forma por elas assumida. Essas
"estratégias orientadas para as novas aprendizagens"80, dividem-se entre as que se
empregam imediatamente antes do acréscimo de conteúdos ocorrer ou logo depois.
"Prepare"81 os alunos para a experiência de aprendizagem, antes de dar início a uma
actividade de input (i.e., que se traduza na aquisição de novos conteúdos):
faça perguntas que ajudem os alunos a identificar o que já sabem
sobre os conteúdos,
estabeleça relações directas entre os novos e os conteúdos
programáticos anteriormente abordados e
apoie-os no processo de organização ou de pensamento sobre os
novos conteúdos.
Ao longo e no fim da experiência de aprendizagem, os alunos ocupam-se da síntese
do conhecimento tanto de modo linguístico (por exemplo, resumir, tomar notas) como
80 No original, input oriented strategies. (N. dos T.)81 No original, prime, expressão que comporta o duplo sentido de “prepare” e “instrua”. (N. dos T.)
118
não-linguísticos (por exemplo, figuras, símbolos). Ajude os alunos a sintetizar nova
informação:
pedir aos alunos para tirarem apontamentos dos conteúdos
tematizados,
pedir aos alunos a elaboração de sumários escritos e verbais dos
conteúdos focados,
pedir aos alunos que representem os conteúdo em imagens,
pictogramas, símbolos, gráficos, modelos físicos ou dramatizações e
pedir aos alunos a construção de imagens mentais dos conteúdos.
Rever, praticar e aplicar os conteúdos
Prepare os alunos para a introdução de mudanças, acréscimos e correcções da sua
compreensão inicial dos conteúdos, assim como para o seu aprofundamento,
nomeadamente:
pedindo-lhes que revejam os seus apontamentos, corrigindo erros e
adicionando pormenores,
pedindo-lhe que revejam as suas imagens, pictogramas, símbolos,
gráficos e modelos físicos, corrigindo erros e adicionando pormenores,
pedindo-lhes que revejam as suas imagens mentais, corrigindo erros e
adicionando pormenores,
distribuir trabalho de casa e actividades na aula que requeira a pratica
de perícia e processos dos alunos,
atribuindo-lhes trabalhos de casa e actividades na aula que exijam a
comparação,
atribuindo-lhes trabalhos de casa e actividades na aula que exijam a
classificação dos conteúdos,
atribuindo-lhes trabalhos de casa e actividades na aula que exijam o
recurso a metáforas baseadas nos conteúdos,
atribuindo-lhes trabalhos de casa e actividades na aula que exijam o
recurso a analogias baseadas nos conteúdos,
ocupando-os com projectos que impliquem a elaboração e testagem de
hipóteses, através de tarefas de resolução de problemas,
ocupando-os com projectos que impliquem a elaboração e a testagem
de hipóteses, através de tarefas de investigação,
119
ocupando-os com projectos que impliquem a elaboração e a testagem
de hipóteses, através de tarefas de carácter experimental,
ocupando-os com projectos que impliquem a elaboração e a testagem
de hipóteses, através de tarefas de análise de sistemas
ocupando-os com projectos que impliquem a elaboração e a testagem
de hipóteses, através de tarefas de invenção.
Este conjunto de actividades educativas é eficaz, pois ajuda os alunos a reanalisarem
e aplicarem os seus conhecimentos.
Resumo
O professor perito recorre a um maior número de estratégias educativas que um
docente ineficaz. Após as ter enumerado, sugiro uma medida, que visa a sua
concretização bem sucedida: facultar aos professores um modelo educativo, sob a
forma de unidades, baseado em estratégias derivadas da investigação.
120
10. Gestão da sala de aula
A gestão da sala de aula, outro dos factores relativos aos professores, é mencionada,
sob uma qualquer forma, virtualmente todos grandes estudos sobre as variáveis com
influência no aproveitamento dos alunos. O seu endosso mais veemente decorre de
um extensivo estudo efectuado por Margaret Wang, Genebra Haertel e Herbert
Walberg (1993), no qual combinaram os resultados de três investigações muito
amplas. Analisaram o conteúdo de 86 capítulos publicados em revisões anuais da
literatura, 44 capítulos de manuais, 20 relatórios governamentais e de comissões e 11
artigos de revistas científicas, tendo produzido uma lista com 228 variáveis
impactantes nos níveis de realização escolar dos alunos. Em seguida, pediram, a 134
peritos em educação, que as ordenassem em função da sua preponderância. Os
peritos, com base nessa volumosa revisão, acabaram por categorizar a gestão da sala
de aula como a primeira variável da lista, o que, intuitivamente, faz sentido uma sala
de aula caótica em consequência de uma gestão pobre, não apenas não aumenta o
aproveitamento como pode, inclusive, inibi-lo.
Embora a importância da gestão da sala de aula seja largamente reconhecida,
a sua definição permanece fugidia. Walter Doyle (1986) considera que a gestão da
sala de aula "cobre uma extensa gama de obrigações do professor, desde a
distribuição de recursos aos alunos, a responsabilização pela frequência, às aulas, dos
alunos e manutenção dos materiais da escola, até à imposição regras e
procedimentos de agregação dos alunos, tendo em vista a sua instrução…" (p. 394).
Daniel Duke (1979) define a gestão da sala de aula como as "providências e
procedimentos necessários ao estabelecimento e manutenção de um ambiente em
que o ensino e a aprendizagem podem acontecer" (p. xii). Jere Brophy (1996) encara
a gestão da sala de aula como "…acções concretizados com o intuito de criar e
sustentar um ambiente de aprendizagem, conducente a uma educação bem sucedida
(organizar o ambiente físico da sala de aula, determinar regras e procedimentos,
garantir a atenção às aulas e o envolvimento em actividades académicas" (p. 5).
Interpreto a gestão da sala de aula como a confluência das acções do
professor em quatro áreas distintas: (1) estabelecimento e cumprimento das regras e
procedimentos, (2) concretização de acções disciplinares, (3) manutenção de
interacções eficazes entre o professor e os alunos e (4) manutenção de um estado
mental adequado à gestão. Uma sala de aula é eficazmente gerida quando são
121
implementadas e trabalhadas em articulação práticas efectivas nesses quatro
domínios.
Estabelecer e cumprir regras e procedimentos
Carolyn Evertson e colaboradores (Evertson, Emmer, Clements, Sanford & Worsham,
1984) atestam a necessidade se fixarem e seguirem regras e procedimentos:
Regras e procedimentos variam consoante as salas de aula, contudo
não é possível encontrar uma sala de aula eficientemente gerida que,
sem eles, consiga operar. Unicamente, um professor não é capaz de
ensinar as crianças a trabalharem produtivamente, na ausência de
directrizes relativas à maneira como se devem comportar, movimentar
e sentar na sala ou se o interrompem frequentemente e fazem a tanto
barulho quanto o que lhes apetece. (p. 17)
Não obstante o facto de Evertson e colaboradores dirigirem os seus comentários a
professores do (primeiro ciclo do) ensino básico, os proferidos por Edmund Emmer e
colaboradores (Emmer, Evertson, Sanford, Clements & Worsham, 1984), destinados a
professores do ensino secundário, são em tudo semelhantes (pp. 17-18). Decretar e
executar regras e procedimentos aparece como pré-requisito indispensável à
educação eficaz em todas as salas de aula do K-12.
Tanto as regras como os procedimentos, se referem às expectativas
abertamente declaradas para o comportamento. Enquanto a regra identifica
expectativas gerais ou padrões, o procedimento espelha expectativas para
comportamentos específicos (Evertson et al., 1984; Emmer et al., 1984). Por exemplo,
um professor pode fixar a regra "respeite os outros e os seus pertences", o que
abarca um grande leque de comportamentos esperados. O mesmo professor pode,
ainda, estabelecer procedimentos para a recolha de tarefas, entrega de trabalhos fora
do prazo ou para a participação em discussões na turma. Por definição, os
procedimentos gozam de uma natureza bastante particular.
Salas de aula diferentes terão regras e procedimentos distintos, dependendo
das necessidades e temperamento de professor e alunos. Em geral, porém, as regras
e os procedimentos são determinados tendo em atenção os seguintes domínios:
expectativas gerais para o comportamento,
iniciar e terminar a aula,
transições e interrupções,
122
materiais e equipamento,
trabalho em grupo, e
trabalho no lugar e actividades lideradas pelo professor.
Qualquer um destes aspectos, relativos às regras e procedimentos, será discutido
com mais pormenor na secção relativa às Medidas a seguir.
Concretizar acções disciplinares
Um das vertentes mais calorosamente debatidas, sobre a gestão da sala de aula, diz
respeito a disciplina. Alguns autores defendem que as acções disciplinares, seja qual
for a sua forma, não apenas são ineficazes como contraproducentes, em termos dos
níveis de realização escolar dos alunos. Alfie Kohn verbalizou-o numa série de
trabalhos (Kohn, 1993, 1996), designadamente ao exprimir os seus sentimentos em
relação às várias alternativas de castigo para crianças e adolescentes:
Como castigamos as crianças? Contemos as maneiras. Enclausuramo-
os: são enviadas para os seus quartos, os adolescentes são
“encalhados”82 e proibidos de sair de casa, os alunos são enviados
para a "detenção" e todos podem ser isolado à força através de
procedimentos chamados de "pausa"83 (1993, p. 165)
Conquanto Kohn e outros pensadores da mesma corrente apresentem alguns
argumentos relevantes (ver Wlodkowski, 1982) sobre o recurso inadequado e
excessivo da disciplina e do castigo, a sua rejeição categórica, simplesmente não
encontra qualquer fundamento na pesquisa. Muito pelo contrário, a investigação apoia
veementemente uma abordagem equilibrada, assente numa variedade de técnicas.
A meta-análise levada a cabo por Scott Stage e David Quiroz (1997) cobriu
mais de 99 estudos, 200 comparações experimentais e 5.000 alunos. Globalmente,
verificaram que as "intervenções analisadas no âmbito do estudo, em média,
comportaram uma redução do comportamento disruptivo na sala de aula próxima dos
78 por cento, em qualquer dos assuntos examinados" (p. 256). Quatro das categorias
de técnicas disciplinares por eles identificadas são particularmente pertinentes: (1)
82 No original, grounded. A opção pelo termo “encalhar” deve-se ao facto de essa ser uma expressão usualmente escolhida para designar o que acontece aos barcos, quando dão em seco e ficam parados, sem a possibilidade de se movimentarem pelos seus próprios meios. (N. dos T.)83 No original time-out, termo que, em português, literalmente, significa “tempo fora”. Utiliza-se, por exemplo, no desporto, sempre que se pretende “forçar” uma pausa ou intervalo, para descanso ou reflexão, a fim de contrariar o rumo (menos desejável) dos acontecimentos. (N. dos T.)
123
reforço, (2) castigo, (3) ausência de consequências imediatas e (4) combinação do
castigo e do reforço.
As técnicas disciplinares que caem no grupo do reforço implicam algum tipo
de reconhecimento ou recompensa dos comportamentos positivos ou, ainda, a
cessação oportuna de um comportamento negativo. As práticas qualificadas de
castigo envolvem um qualquer tipo de consequências negativas (por exemplo, perda
de privilégios, pausa/time-out) para comportamentos menos ajustados. Intervenções
classificadas como ausência de consequências imediatas não estipulam
consequências imediatas para comportamentos impróprios, embora exijam uma
chamada de atenção sempre que algum comportamento menos adequado se afigura
iminente. Por exemplo, o professor deverá avisar, aquele aluno que normalmente se
exibe nos intervalos, de que não deverá ultrapassar determinados limites. Finalmente,
a condição relativa à combinação do castigo e do reforço, que passa aplicação
conjunta do reconhecimento ou recompensa com as consequências de um
comportamento inoportuno. Na Figura 10.1. descrevem-se os efeitos de magnitude,
médias e decréscimos no comportamento disruptivo, para cada uma das categorias
mencionadas. Assinale-se que os efeitos de magnitude aí apresentados são
interpretados como uma "diminuição" do comportamento disruptivo, enquanto que, em
capítulos anteriores foram dissecados na qualidade de ganhos no aproveitamento
escolar. A título ilustrativo refira-se que o efeito de magnitude de 0,78, da Figura 10.1.,
para o castigo, indica que, em média, o número de comportamentos disruptivos, nas
aulas em que se recorre a essa medida, é de 0,78 desvios-padrão e de 28 pontos de
percentil abaixo do número médio de comportamentos disruptivos em aulas em que o
castigo está ausente.
São três os factos a reter dos dados mostrados na Figura 10.1.. Primeiro, as
intervenções que não implicam qualquer consequência imediata positiva ou
negativa são as que têm uma média mais baixa nos efeitos de magnitude (0,64). O
que faz sentido, pois os seres humanos precisam de um retorno que os ajude a
distinguir os comportamentos apropriados dos que não o são. Segundo, as
intervenções que compreendem a combinação do reforço e do castigo ou um retorno
negativo e positivo, apresentam a média mais elevada nos efeitos de magnitude. À
mesma conclusão chegaram Andy Miller, Eamon Ferguson e Rachel Simpson (1998):
"claramente, tais resultados deveriam permitir às escolas chegar…a um ‘equilíbrio
saudável’ entre recompensas e castigos" (p. 56).
124
Finalmente, contrariando todos os que rejeitam qualquer forma de punição, o
efeito médio de magnitude identificado para esse tipo de intervenções, assoma como
bastante respeitável (0,78). Não se deve, no entanto, considerar os resultados
relativos ao castigo como um sinal de que, qualquer que seja a sua forma, essa é uma
medida viável. Na verdade, na sua revisão da literatura, George Bear (1998) adverte
fortemente para o facto de a investigação só apoiar a eficácia de tipos moderados de
castigo.
FIGURA 10.1.Efeitos das técnicas disciplinares no comportamento em sala de aula
Técnica disciplinar Média dos efeitos de
magnitude
Número de efeitos de
magnitude
Diminuição em percentis
dos comportamentos
disruptivos
Reforço 0,86 101 31
Castigo 0,78 40 25
Ausência de
consequências imediatas
0,64 70 24
castigo e reforço 0,97 12 33
Fonte: Stage, S.A. & Quiroz, D.R. (1997). A meta-analysis of interventions to decrease disruptive classroom behavior
in public education settings. School Pschology Review, 26, (3), 333-368.
Outro dos dados marcantes, obtidos pelo estudo de Stage e Quiroz, é relatado
na Figura 10.2. (p. 92). Aí podem ver-se os resultados globais por diferentes níveis de
escolaridade. À excepção do grau elementar superior, os efeitos de magnitude, em
todos os grupos, são bastante consistentes e substanciais. Se se assumir que o baixo
efeito de magnitude, alvitrado para o nível elementar superior, constitui uma anomalia,
torna-se possível concluir que as técnicas disciplinares são úteis em todos os graus
(ou anos) de escolaridade.
Os resultados deste estudo apontam claramente para a eficácia das técnicas
disciplinares, levando Stage e Quiroz (1997) a comentar:
Em suma, esta meta-análise demonstra que as intervenções que visam
reduzir os comportamentos disruptivos, nas escolas públicas,
funcionam... Esperamos é que tais resultados sirvam para dissolver o
mito de que os comportamentos disruptivos na sala de aula não podem
125
ser geridos eficazmente, fora da realidade das intervenções aí
profusamente utilizadas, as quais, de facto, contribuem para a sua
redução. (pp. 361-362)
Interacções entre professor e alunos
A existência de uma relação efectiva entre professor e alunos surge como o terceiro
aspecto a considerar, a propósito da gestão eficaz da sala de aula, constituindo, de
resto, uma das pedras angulares de todo o processo de ensino-aprendizagem. Uma
boa relação entre professor e alunos facilita a aceitação, pelos segundos, das regras,
procedimentos e acções disciplinares levadas a cabo pelo primeiro. O contrário é
igualmente verdade: na ausência de tal relação, os alunos, com maior facilidade,
contestam as determinações disciplinares do professor, o que, uma vez mais,
intuitivamente, faz todo o sentido. Uma relação eficaz entre professor e alunos
consiste, então, no quê?
FIGURA 10.2.Efeitos da disciplina em diferentes níveis de escolaridade
Níveis de escolaridade84 Efeito de magnitude Número de efeitos de
magnitude
Diminuição em percentis
dos comportamentos
disruptivos
Elementar 0,91 76 32
Elementar Superior 0,64 85 24
Intermédio 0,82 19 29
Secundário 0,86 17 31
84 A opção por uma tradução directa das expressões originais (primary, upper elementary, middle school e high school) prende-se com a impossibilidade de se estabelecer uma correspondência linear e inequívoca, entre os anos considerados por cada um desses níveis de escolaridade e os patamares que constituem o sistema educativo nacional. Nos EUA, os alunos iniciam o seu percurso escolar no grau elementar (Elementary Education) que, consoante os estados ou distritos escolares, pode ir do ano 1 ao ano 4, 5 ou 6. Por sua vez, o nível superior do grau elementar (Upper Elementary) acaba por, frequentemente, se constituir como uma unidade independente, de nível intermédio (Middle School), que tem o seu começo no ano 4, 5 ou 6 e termina no ano 6, 7 ou 8. Do mesmo modo, os níveis iniciais do ensino secundário (anos 7, 8, ou 9, de novo, conforme os estados ou distritos escolares) podem aparecer como um patamar isolado, denominado Júnior High School. O ensino secundário regular ou High School, pelas mesmas razões, pode iniciar-se no ano 8, 9 ou 10 e finda, sempre, com a conclusão do ano 12. (N. dos T.)
126
Fonte: Stage, S.A. & Quiroz, D. R. (1997). A meta-analysis of interventions to decrease disruptive classroom
behavior in public education settings. School Pschology Review, 26, (3), 333-368.
Foram vários os investigadores que procuraram identificar as características
gerais de atractibilidade de um professor e, por conseguinte, que aumentam as
probabilidades do estabelecimento e manutenção de boas relações com os alunos
(Barr, 1958; Good & Brophy, 1995). Verificaram que aspectos como a consideração, a
ascendência e a paciência são importantes, embora não tenham explorado a
dinâmica intrínseca das relações mantidas entre professores e alunos. Pelo menos
dois grandes projectos de investigação dedicaram-se à compreensão, directa ou
indirecta, dessa dinâmica.
Theo Wubbels e colaboradores são responsáveis por uma destas experiências
(Wubbels, Brekelmans, van Tartwijk & Admiral, 1999; Wubbels & Levy, 1993;
Brekelmans, Wubbels & Creton, 1990). A partir do trabalho inicial de Timothy Leary
(1957), Wubbels (Wubbels & Levy, 1993; Wubbels et al., 1999) articulou dois
contínuos, cujas interacções definem a relação entre professor e alunos: elevado
domínio versus submissão elevada e cooperação elevada versus elevada oposição.
Um domínio forte caracteriza-se por uma clareza nas intenções e uma
direcção evidente. O professor sente-se seguro dos seus objectivos e proporciona
uma orientação escolar e comportamental firme. Não obstante essas sejam
características positivas, importa pedir a atenção para o facto de um grande domínio
também compreender a falta de preocupação pela opinião ou necessidades dos
alunos. O extremo oposto desse contínuo elevada submissão distingue-se pela
falta de clareza, objectivos ou direcção. Nenhuma das situações pode ser encarada
como uma relação óptima entre professor e alunos.
A cooperação elevada particulariza-se por uma preocupação com as
necessidades e opiniões dos outros, bem como por um desejo em trabalhar como
membro de uma equipa. De novo, trata-se de atributos positivos, contudo, a opção por
uma forte cooperação também se singularizar por uma inabilidade ou falta de
determinação em liderar. Por oposição, o outro lado do mesmo contínuo oposição
elevada – caracteriza-se por um antagonismo activo relativamente aos outros, assim
como pelo desejo de contrariar os seus objectivos e desejos. De igual modo, nenhum
dos opostos pode ser percepcionado como o tipo de relação professor/aluno
conducente à aprendizagem. A combinação mais indicada de domínio moderado
(não, domínio elevado) e cooperação moderada (não, cooperação elevada),
127
possibilita uma relação de aprendizagem óptima, entre professor e alunos. A esse
respeito, Wubbels et al. (1999) assinalam
Concisamente, os professores deveriam ser tanto instrutores e
conferencistas eficazes como amigáveis, apoiantes e adequados.
Devem ser capazes de empatizar com os alunos, entender o seu
mundo e escutá-los. Os bons professores não são indecisos, inseguros
ou pouco claros no modo como comunicam com os alunos. Não são
enfadonhos, apagados, insatisfeitos, agressivos, sarcásticos ou
irascíveis. Devem conseguir estabelecer padrões e manter o controle,
ao mesmo tempo que consentem aos alunos a responsabilidade e a
liberdade para aprenderem. (p. 167)
Curiosamente, quando os professores começam a ensinar, apresentam com prontidão
comportamentos facilmente assinaláveis como elevada cooperação. Dada a sua falta
de experiência em posições de liderança, acabam por não ser muito eficazes na
manifestação de comportamentos de domínio elevado (Wubbels & Levy, 1993). Ao fim
de seis a dez anos de experiência de ensino, tornam-se bastante competentes no que
se refere ao comportamento dominante. Infelizmente, também ficam bem menos
cooperativos. Para Wubbels e colaboradores (1999): "tudo indica que os professores
declinam nos comportamentos cooperativos e ascendem nos comportamentos de
oposição, uma mudança que influencia negativamente as atitudes dos alunos" (p.
166).
Uma segunda linha de investigação relativa à relação professor/aluno toma em
linha de conta as necessidades de diferentes tipos de alunos. Jere Brophy efectuou
aquele que é o estudo mais ambicioso nesse domínio, geralmente apelidado como
Estudo sobre a Estratégia na Sala de Aula85 (Brophy, 1996; Brophy & McClasin,
1992). Realizaram-se entrevistas extensivas a e observações de 98 professores,
sendo alguns apelidados de gestores eficazes e outros não. Na essência, o estudo
prendia-se com a apresentação, aos professores, de vinhetas descrevendo vários
tipos de alunos (por exemplo, alunos hostil-agressivos, passivo-agressivos,
hiperactivos), em situações concretas. De entre os muitos resultados, destaca-se o
facto de os gestores eficazes da sala de aula tenderam a empregar tipos distintos de
estratégias com tipos diferentes de alunos. O mesmo não sucedeu com os
85 No original, Classroom Strategy Study. O Estudo sobre a Estratégia na Sala de Aula foi, à data da sua realização, um dos maiores estudos alguma conduzidos sobre a gestão da sala de aula. Apesar de o estudo se debruçar sobre uma variedade de comportamentos do professor, as suas conclusões aponta indubitavelmente, para a importância crítica da gestão na sala de aula como um dos aspectos nucleares de um ensino eficaz. (N. dos T.)
128
professores/gestores menos eficazes. Embora Brophy não tenha expresso os
resultados em termos da interacção entre professor e alunos, a relação afigura-se
óbvia. Gestores eficazes não tratam os alunos todos do mesmo modo, principalmente
em situações que envolvem problemas de comportamento. Enquanto alguns alunos
carecem de encorajamento, outros necessitam de uma chamada de atenção mais
suave e outros, ainda, precisam uma reprimenda firme. Brophy (1996) recomendou-
lhes, veementemente, o desenvolvimento de um conjunto de "competência de apoio",
a serem empregues com os mais variados tipos de alunos.
Manter um estado mental adequado
O último ponto a ter em atenção a propósito de uma gestão eficaz da sala de aula diz
respeito à manutenção de um estado mental adequado. Para um professor, na sala de
aula, um estado mental apropriado caracteriza-se por dois aspectos essenciais e
distintivos: (1) “withitness” ou vigilância86 e (2) objectividade emocional. A expressão
"withitness" foi inventada por Jacob Kounin, usualmente, visto como o primeiro
investigador a estudar, de um modo sistemático, as características dos gestores
eficazes de salas de aula. Kounin (1983) começou por comparar o comportamento dos
gestores eficazes e ineficazes na sala de aula, concluindo que aquilo que
primariamente os distinguia não tinha tanto a ver com a maneira como lidavam com os
comportamentos disruptivos, mas mais com a sua capacidade para, depressa e com
precisão, identificar comportamentos problemáticos e, sobre eles, agir. Kounin referiu-
se-lhe como vigilância:
A gestão da sala de aula não se relaciona com a forma como lida com
o mau comportamento, assim como o modo como lida com o mau
comportamento não se relaciona com a quantidade de maus
comportamentos que vai encontrar. Há uma excepção. Por exemplo,
dois rapazes estão sentados na parte de trás sala, durante uma aula de
aritmética. Um deles agarra o papel de um colega que, por sua vez,
apanha o seu. Em seguida, o primeiro jocosamente belisca o segundo
no ombro e vice-versa, começam a perseguir-se em volta da mesa,
86 No inglês, withitness não é uma palavra ou, sequer, uma expressão usual, mas sim a criação de um termo para exprimir, com precisão, uma ideia. Withitness resulta da junção de duas palavras “with it” (“com isso”), transformadas num advérbio pelo sufixo “ness”. A opção por, em português, a denominar de “vigilância” prende-se com o facto de a descrição apresentada pelo autor remeter para um estado de alerta e uma capacidade permanentes de antecipação de situações menos favoráveis ao desenrolar de uma aula, por parte do professor, permitindo-lhe manter-se sempre no controle do que aí acontece. (N. dos T.)
129
rindo, e, depois, um tira a camisa ao outro fora, fazendo-lhe o outro o
mesmo. Então, o primeiro abre a braguilha ao segundo, que lhe abre a
dele, dizendo-lhes o professor, “Meninos, parem!“ Afirmamos que agiu
demasiado tarde. Não foi a forma como disse "parem" ou o facto de se
ter aproximado mais ou menos. Ou, sequer, se os ameaçou ou não. Foi
porque não demonstrou à turma que sabia o que se estava a passar,
como se tivesse olhos atrás da cabeça. Não foi se intercedeu
imediatamente, mas sim se intercedeu antes de alguma coisa
acontecer ou ficar mais séria. Atribuímos-lhe a designação técnica de
“withitness” (vigilância). Sendo esse o único aspecto que apresentou
uma correlação positiva com uma gestão de sucesso. (p. 7)
Brophy (1996) descreve a vigilância em termos mais técnicos e menos humorísticos:
Estar sempre “com isso”87 (atento ao que, a todo o momento, acontece
em todas os locais da sala de aula), passando a sala de aula
continuamente em revista, mesmo quando se trabalha com pequenos
grupos ou indivíduos. Também demonstrar essa vigilância, aos alunos,
através de intervenções prontas e precisas, sempre que um
comportamento inadequado ameace tornar-se disruptivo. Isso minimiza
erros de tempo (não se aperceber e intervir apenas quando um
incidente já se tornou disruptivo) e erros de alvo (enganos ao identificar
os alunos responsáveis pelo problema). (p. 11)
A segunda característica emblemática de um estado mental apropriado é a
"objectividade emocional". Um gestor da sala de aula eficaz concebe e põe em prática
regras e procedimentos, executa acções disciplinares e cultiva relações eficazes com
os alunos, sem se aborrecer com a sua violação, com reacções negativas às suas
intervenções ou com a ausência de resposta às tentativas por si efectuadas de, com
eles, criar relações. Ron Nelson, Ron Martella e Benita Galand (1998) defendem que
a objectividade emocional permite ao professor tematizar assuntos disciplinares de
uma maneira "não emotiva, casual" (p. 156). Robert e Ruth Soar (1979) também
enfatizam a importância da objectividade emocional.
Alguns professores reagiram negativamente, declarando que, se o professor
for objectivo, então, por definição, está a impor uma distância entre si e os seus
alunos, o que retira parte da "dimensão pessoal", própria desse tipo de interacções.
Se, por um lado, manter uma certa distância psicológica dos alunos é útil e, até,
87 No original, with it (ver nota V). (N. dos T.)
130
necessário para uma gestão eficaz, por outro, isso não tem de, necessariamente, se
traduzir em indiferença. Significa, apenas, concretizar os vários aspectos relativos à
gestão da sala de aula, sem se envolver emocionalmente ou personalizar as acções
dos alunos. Algo muito difícil de fazer, visto que a reacção humana normal, à
desobediência do aluno ou à sua falta de resposta, é a mágoa ou, mesmo, a irritação.
Tais estados altamente emotivos, não constituem uma boa base para implementar
regras, executar acções disciplinares ou estabelecer relações.
Medidas a seguir
Aponto sete medidas que visam promover uma gestão eficaz da sala de aula. Cada
uma das medidas propostas é categorizada em função dos vários elementos
discutidos .
Regras e procedimentos
Medida 1. Deixe que os professores definam e executem um conjunto abrangente de regras e procedimentos para a sala de aula.
Professores dos níveis básico e secundário devem dispor de um leque de regras e
procedimentos, claro e abrangente. É, provavelmente, útil e importante analisar cada
um dos grupos de regras e procedimentos abaixo enunciados.
Comportamento geral na sala de aulaAo nível do básico, as regras e procedimentos para o comportamento em sala de aula,
normalmente, focam as seguintes áreas (Doyle, 1986; Evertson, et al., 1984; Brophy,
1996):
ser educado e prestável na relação com os outros,
respeitar a propriedade dos outros,
interromper o professor ou outros e
bater ou empurrar os outros.
Relativamente ao secundário, as regras e procedimentos, por norma, centram-se nos
seguintes domínios:
trazer o material para a aula,
sentar-se no lugar que lhe foi atribuído, mal a aula se inicia,
131
respeitar e ser educado com os outros,
falar ou não, em consonância com as situações,
deixar o lugar que lhe foi atribído e
respeitar a propriedade dos outros.
Começar o dia e o tempo de aulasNo que se refere ao ensino básico, as regras e procedimentos habitualmente
mencionados abordam (Evertson et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
começar o dia de aulas com determinado tipo de actividades sociais
(e.g.,. aniversários, eventos importantes nas vidas dos alunos),
começar o dia com o hino nacional,
resolver actividades administrativas (e.g. assiduidade, dinheiro para o
almoço),
terminar o dia com a limpeza da sala e das mesas individuais e
terminar o dia com a arrumação dos materiais.
No ensino secundário, as regras e procedimentos geralmente dizem respeito a
(Emmer, et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
assiduidade,
dar atenção aos alunos que, por ausência, falharam o trabalho do dia
anterior,
lidar com os alunos mais vagarosos e
determinar claramente quais as expectativas para os trabalhos de casa.
Transições e interrupçõesPara o ensino básico, as regras e procedimentos a adoptar são relativas a (Evertson,
et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
deixar a sala,
regressar à sala,
utilizar a casa de banho,
utilizar a cantina e o bar,
utilizar a biblioteca e a sala de recursos,
utilizar o recreio,
como proceder numa simulação de fogo ou de acidente e
agir como ajudantes na sala de aula.
132
No que respeita ao ensino secundário, as regras e procedimentos contemplam os
seguintes domínios (Emmer, et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
deixar a sala,
voltar para a sala,
comportamento durante uma simulação de fogo ou acidente e
comportamento durante o intervalo para almoço.
Uso de materiais e equipamentosEm relação ao ensino básico, as regras e procedimentos usualmente envolvem
(Evertson et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
distribuir materiais,
recolher materiais,
arrumar materiais comuns,
utilizar a mesa e áreas de arrumo do professor,
utilizar a mesa e áreas de arrumo dos alunos e
utilizar o bebedouro da água, o lavatório e o apara-lápis88.
Ao nível do ensino secundário, as regras e procedimentos habitualmente dizem
respeito à (Emmer, et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
distribuição de materiais,
recolha de materiais e
arrumação de materiais comuns.
Trabalho em grupoNo ensino básico, as regras e procedimentos, em geral, abordam as seguintes áreas
(Evertson, et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
movimentar-se dentro e fora do grupo,
comportar-se dentro do grupo,
comportar-se fora do grupo e
comunicar com o professor
As regras e procedimentos, para o ensino secundário, por norma, referem-se a
(Emmer, et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
movimentar-se dentro e fora do grupo,
agir como líder do grupo (e outros papéis do grupo),
88 Nos Estados Unidos, é vulgar a existência, nas escolas, de um grande apara-lápis, que funciona à manivela ou eléctrico, preso num lugar, por exemplo uma mesa ou banca, e destinado ao uso colectivo. (N. dos T.)
133
relacionar-se como um grupo com o resto na turma ou com outros grupos
dentro da turma e
comunicar com o professor.
Trabalho no lugar e actividades lideradas pelo professorRegras e procedimentos, ao nível do ensino básico, comummente centram-se em
(Evertson, et al., 1984; Doyle, 1986; Brophy, 1996):
prestar atenção durante as apresentações,
participar,
falar com os colegas,
obter ajuda,
como se comportar fora do lugar e
como se comportar depois de concluir o trabalho.
Regras e procedimentos, no ensino secundário, focam o (Emmer, et al., 1984; Doyle,
1986; Brophy, 1996):
prestar atenção durante as apresentações,
participar,
falar com os colegas,
obter ajuda,
como se comportar fora do lugar e
como se comportar depois de concluir o trabalho.
Intervenções Disciplinares
Medida 2. Leve os professores a empregarem estratégias específicas, que reforcem o comportamento apropriado e identifiquem e penalizem o comportamento inadequado.
Os professores podem usar várias estratégias disciplinares para concretizarem as
necessárias intervenções disciplinares. As escolas devem-lhes disponibilizar formação
no uso dessas estratégias, para que, cada um, possa melhor seleccionar aquelas com
que se sente mais confortável.
Um dos procedimentos disciplinares mais simples em sala de aula consiste em
manifestar uma desaprovação não verbal. Geralmente, basta uma simples
expressão facial, dirigida ao aluno que se porta mal. Pode, igualmente, assumir a
134
forma de um gesto físico, previamente comunicado aos alunos como uma indicação
de desaprovação. A simples desaprovação não verbal tem provas dadas enquanto
estratégia de diminuição do mau comportamento dos alunos (Madsen, Becker &
Thomas, 1968).
A economia de fichas implica o reforço de um comportamento adequado ou
evitamento de uma conduta menos própria, através de um qualquer tipo de prova (por
exemplo, pontos, vales). A investigação sobre a economia de fichas, anteriormente,
direccionava-se só para a melhoria dos comportamentos positivos (O'Leary, Beckers,
Evans & Saudargas, 1969). Porém, há dados concretos que indicam que as fichas
podem ser muito eficazes, se atribuídas a comportamentos positivos e retiradas nos
comportamentos negativos (Kaufman & O'Leary, 1972).
Isolamento para pausa (time-out) passa pelo envio do aluno para uma sala
ou local reservado a alunos disruptivos. Embora seja uma estratégia originalmente
pensada para contextos de ensino especial, com alunos com problemas
comportamentais graves (Drabman & Spitalnik, 1973), tem vindo a ser usada, com
sucesso, na educação regular (Zabel, 1986). Abusa-se com facilidade do tempo de
isolamento, caso os professores optem por, simplesmente, se libertarem de um
problema comportamental, em vez de o resolverem (Harris, 1985).
A sobrecorrecção emprega-se sempre que a conduta de um aluno leva à
destruição ou alteração de alguma característica física da sala de aula. Exige-se,
então, ao que ponha a sala novamente no seu estado original e que ponha em prática
o comportamento apropriado, que teria evitado o dano (Foxx, 1978).
O reforço diferencial exige que, antes de mais, os professores fixem um
limite para um tipo particular de disrupções. Uma vez excedido esse limite, o aluno é
alvo de uma consequência negativa. O reforço também pode ser usado para fazer
sobressair comportamentos positivos. Uma vez mais, o professor pré-estabelece um
objectivo como sendo um comportamento positivo (e.g., o aluno levantar a mão antes
de fazer uma pergunta). Quando o objectivo é alcançada, alguma forma de
recompensa ou de reconhecimento é oferecida (Deitz & Repp, 1973; Irvin &
Lundervold, 1988).
As técnicas de contingências em grupo assemelham-se às economias de
fichas, apenas se dirigem a um grupo pré-definido de alunos. As técnicas
interdependentes de contingências em grupo requerem que, para que ganhem
créditos, todos os elementos devem atingir os critérios comportamentais definidos
para o grupo. As técnicas dependentes de contingências em grupo apenas exigem
135
que, um determinado indivíduo alcance os critérios comportamentais fixados para o
grupo, para que os créditos sejam conquistados (Litow & Pumroy, 1975).
Finalmente, os sinais de estímulo implicam que se dê, ao aluno uma
indicação, antes de a conduta indesejável ocorrer (Carr & Durand, 1985; Lobitz,
1974). Por exemplo, um professor observa que um dado aluno, normalmente, começa
por falar com os colegas à sua volta, antes de iniciar um comportamento disruptivo
mais grave. Com base na identificação do padrão comportamental e sua comunicação
ao aluno, o professor pode decidir fazer uma marca no quadro, de todas as vezes que
o aluno começar a falar com colegas, dando-lhe a pista ou informação de que está
prestes a iniciar uma actividade com consequências negativas para si.
Medida 3. Institua uma abordagem, ampliada a toda a escola, relativa à disciplina.
Uma política disciplinar englobando toda a escola, não impede que os professores
recorram a algumas das estratégias individuais descritas no Medida 2. Porém, essa é
uma opção que, poderosamente, comunica, a alunos e pais, que os professores falam
a uma só voz, sempre que se trata de assuntos de natureza disciplinar. Nesta secção,
somente um de muitos programas úteis é descrito (para explorar revisões de outros
programas eficazes de intervenção que abrangem a totalidade da escola, ver Bear,
1998; Brophy, 1996; Nelson, Martella & Galand, 1998). Tempo para Pensar89 é um
programa disciplinar proposto por Ron Nelson e Beth Carr (1999), que
prevê consequências consistentes, transversais a todos os professores
da escola, sempre que um aluno tem um comportamento disruptivo;
proporciona aos aluno um retorno do seu comportamento disruptivo e
permite evitar futuros incidentes relacionados com esse mesmo
comportamento e
permite, a professores e alunos, eliminar interacções sociais negativas
e iniciar positivas.
89 No original, Think Time. O Tempo para Pensar é um programa de intervenção, pensado sobretudo para alunos entre o pré-escolar o 9.º ano, que ajuda a minorar muitos dos problemas associados a uma gestão tradicional da sala de aula. A sua execução requer o trabalho em equipa de dois ou mais professores, com o intuito de, precocemente, apanharem e mudarem comportamentos disruptivos. Os alunos são enviados, durante algum tempo, para sala de Tempo para Pensar, localizada numa zona isenta de distracções. Antes de regressar à sua sala, o aluno, sob a supervisão do professor, reflecte sobre o sucedido (preenchendo um formulário de relatório), tendo em vista evitar que a situação se repita, bem como a sua modificação. (N. dos T.)
136
Para uma síntese da investigação sobre o Tempo para Pensar, ver Sugai & Colvin,
1996. A execução do Tempo para Pensar compreende as seguintes componentes
básicas.
Apanhar o comportamento disruptivoOs professores assinalam, de imediato, o comportamento inadequado do aluno. Caso
ele o reconheça, a aula continua sem qualquer outra acção disciplinar. Contudo, caso
não cesse essa conduta, o aluno é enviado para a Sala do Tempo para Pensar ou
Sala TP.
Aceder à sala do Tempo para PensarNa maioria dos tipos de comportamentos disruptivos, os alunos deslocam-se sozinhos
para a Sala do Tempo para Pensar, sendo a duração da deslocação controlada. Se
houver qualquer problema, poderá ser enviada uma escolta.
Relatar o Tempo para PensarUm relatório escrito sobre o comportamento na origem do envio para a Sala TP é
fundamental para a globalidade do processo. O professor na Sala TP orienta o
relatório conforme lhe parecer mais adequado. Missão que, usualmente, implica pedir
aos alunos que reconheçam
o comportamento inapropriado por si manifestado,
o que precisam modificar quando regressarem à sala de aula (e.g.
identificar comportamentos alternativos) e
se se consideram capazes executar os comportamentos de
substituição.
O recurso a um processo "pictórico" com os alunos mais jovens não é, de todo,
incomum.
Conferir o formulário do relatórioAntes de dispensar o aluno, o professor encarregue pela Sala TP verifica o formulário
do relatório. Se o preencheu correctamente, então pode regressar à sua sala de aula.
Regressar à sala de aula normal
137
Os alunos, quando regressam à sua sala de aula, esperam à porta. O respectivo
professor confere, então, o preenchimento do formulário do relatório. Se, na sua
ausência, o aluno deixou de fazer algum trabalho, um dos seus colegas é nomeado
para o ajudar a actualizar-se.
O Tempo para Pensar (TP) é uma abordagem disciplinar bastante exigente,
visto requerer, quer uma sala de aula independente quer a colocação de um
professor, em cada período do dia, recursos nem sempre prontamente disponíveis.
Na realidade, as maioria das abordagens disciplinares que englobam a escola no seu
todo, envolvem recursos e compromissos semelhantes. No entanto, um programa
aplicado na totalidade da escola, comunica um forte sentido de solidariedade, entre o
pessoal da escola, relativamente à disciplina. Muitos outros programas existem, com
bases de investigação igualmente credíveis, designadamente a Disciplina Assertiva90
(Canter & Canter, 1976, 1992), Skillstreaming91 (Goldstein, Sprafkin, Gershaw & Klein,
1980), Projecto para a Melhoria da Consciência Social e para a Resolução de
Problemas Sociais92 (Elias & Clabby, 1989; Elias & Tobian, 1996), Programa para a
Resolução de Problemas Sociais (Weissberg, Jackson & Shriver, 1993), o Programa
Cognitivo para a Resolução de Problemas Interpessoais93 (Shure, 1992) e Disciplina
Cooperativa94 (Albert, 1989).
90 No original, Assertive Discipline. Na base da Disciplina Assertiva encontra-se a ideia de que de deve reconhecer e apoiar os alunos, sempre que se portam bem, assim como dar-lhes a conhecer o facto de que se reconhece e aprecia esse comportamento positivo de uma forma consistente. O autor, Lee Canter, defendia que os alunos cumprem as regras porque lhes traz algum proveito ou, pelo contrário, compreendem as consequências por as não respeitar. (N. dos T.)91 Skillstreaming, é um termo cuja tradução portuguesa (“Corrente de Competências”) não reflecte a riqueza simbólica do original, daí a opção por manter a designação inglesa.92 No original, Improving Social Awareness and Social Problem-Solving Project. O Projecto para a Melhoria da Consciência Social e para a Resolução de Problemas Sociais desenvolve-se a partir de uma estratégia em oito etapas, que conjuga a tomada de decisão social com a prática e a aplicação dessas competências, em situações reais do quotidiano e em áreas-problema académicas. (N. dos T.)93 No original, Social Problem-Solving Program e Interpersonal Cognitive Problem-Solving Program, respectivamente. Qualquer um dos dois programas (Programa para a Resolução de Problemas Sociais ou Programa Cognitivo para a Resolução de Problemas Interpessoais), à semelhança do que sucede com o Skillstreaming, assume um referencial teórico defensor da ideia da existência de um conjunto de competências cognitivas, imprescindíveis à resolução de problemas interpessoais. Todas as pessoas que apresentem défices a esse nível, com facilidade, vêem-se envolvidas em situações problemáticas na relação com os outros. Pelo contrário, todas aquelas que conseguem conceptualizar uma variedade de soluções, antecipar potenciais consequências para as suas acções, assim como perceber as causas e as consequências de situações interpessoais, menos provavelmente sofrem a frustração do fracasso repetido e de eventuais problemas comportamentais que a acompanham. É objectivo desses programas ensinar as crianças e os adolescentes a interagir com os outros, ao mesmo tempo que contribuem para a redução do número de comportamentos disruptivos. (N. dos T.)94 No original, Cooperative Discipline. A Disciplina Cooperativa assenta nos seguintes princípios genéricos: há que (a) trabalhar com os pais e com os alunos, para que os últimos se liguem,
138
Relações professor/aluno
Medida 4. Ajude os professores a encontrar um equilíbrio entre o domínio moderado e a cooperação moderada, na maneira como lidam com os alunos.
No âmago de um relacionamento eficaz, entre professor e alunos, encontra-se o
equilíbrio saudável do domínio com a cooperação. Uma das principais dificuldades
que se levante ao estabelecimento de tal equilíbrio prende-se com o facto de os
alunos dependerem, acima de tudo, dos comportamentos do professor para a
indicação de directividade ou cooperação. Como explicam Theo Wubbels, Mieke
Brekelmans, Jan van Tartwijk e Wilfred Admiral (1999)
Encaramos todo o comportamento, que alguém exibe na presença de
outra pessoa, como uma comunicação, pelo que assumimos que, na
presença de outrem, não se pode não [ênfase original] comunicar…
Independentemente das intenções de uma pessoa, todos os outros
envolvidos na comunicação derivarão um significado do seu
comportamento. Se, por exemplo, os professores ignorarem as
perguntas dos alunos, talvez por não as ouvirem, é provável que os
alunos não apenas se apercebam dessa desatenção como deduzam
que o professor está muito ocupado ou pensa que o aluno é demasiado
lento para o entender ou que as suas perguntas não têm importância. A
mensagem que os alunos retiram da negação do professor pode
divergir em relação à sua intenção…(p. 154)
Importa, portanto, que os professores reconheçam os comportamentos por si
evidenciados, que transmitem um nível de domínio equilibrado por um grau
apropriado de cooperação.
Os comportamentos reveladores de atitudes adequadas de domínio encerram
muitas das metodologias de ensino-aprendizagem focadas no Capítulo 9,
particularmente as que lidam com o estabelecimento de objectivos educativos claros.
Assim, um professor comunica uma impressão de domínio apropriado quando:
estabelece objectivos de aprendizagem no início de cada unidade,
dá um retorno desses objectivos,
contribuam e sintam capazes, (b) desenvolver um código de conduta facilitador de um clima favorável ao ensino e à aprendizagem e (c) influenciar os alunos através do encorajamento, da intervenção e da colaboração.
139
revê os objectivos, continuada e sistematicamente, e
disponibiliza um retorno sumativo em relação aos objectivos.
Também se pode falar de um domínio apropriado, sempre que os alunos têm
acesso a uma compreensão clara dos níveis de desempenho específicos a
determinados objectivos de aprendizagem. As rubricas ou notas são, desse
ponto de vista, uma ferramenta excelente. Assuma que o professor identificou
"compreensão e utilização de fracções" como um dos objectivos de
aprendizagem de uma unidade. Nesse caso, poderia apresentar aos alunos os
pontos que se seguem, a fim de orientar as expectativas de desempenho:
4 Entender tanto as características das fracções como os seus diferentes
tipos. Ser capaz de descrever, com precisão, as relações existentes entre
fracções e decimais e percentagens. Conseguir converter fracções em
decimais, assim como explicar esse processo.
3 Entender as características básicas das fracções. Saber quais as relações
estabelecidas entre as fracções e os decimais e as percentagens. Conseguir
converter fracções em decimais.
2 Mostrar uma compreensão básica do que se segue, embora cometendo
pequenos enganos, num ou vários desses aspectos: as características das
fracções, a relação entre fracções, decimais e percentagens, a conversão das
fracções em decimais.
1 Evidenciar alguns problemas e enganos sérios em um ou mais dos
conteúdos seguintes: características das fracções, relação entre fracções,
decimais e percentagens, conversão de fracções em decimais.
Os comportamentos relativos aos objectivos de aprendizagem podem, igualmente,
traduzir níveis ajustados de cooperação. Permitir que os alunos definam alguns dos
seus próprios objectivos de aprendizagem, no começo de uma unidade, ou perguntar-
lhes o que gostariam de aprender, é revelador de um certo sentido de cooperação.
Demonstrar um interesse pessoal por cada aluno da turma, também exterioriza
cooperação (McCombs & Whisler, 1997; Combs, 1982). Os comportamentos que o
comunicam englobam:
140
falar informalmente com os alunos antes, durante e depois das aulas
sobre os seus interesses;
cumprimentar os alunos fora da escola, nomeadamente em eventos
extracurriculares ou em lojas;
destacar, por dia, alguns alunos na cantina e conversar com eles;
estar atento a e discutir assuntos importantes na vida dos alunos,
como, por exemplo, a sua participação no desporto, no teatro ou em
qualquer outra actividade de natureza extracurricular;
elogiar os alunos em realizações importantes, dentro e fora da escola;
incluir os alunos no processo de planeamento das actividades da sala
de aula, solicitando as suas ideias e dando atenção aos seus
interesses e
receber os alunos à porta, enquanto entram para a sala de aula e
saudá-los, um a um, pelo nome.
Na sala de aula, mostrar comportamentos equitativos e positivos, é outra das formas
de transmitir níveis adequados de cooperação (Kerman, Kimball & Martin, 1980;
Sadker & Sadker, 1994; Grayson & Martin, 1985). Tais comportamentos incluem:
manter contacto ocular com cada um dos alunos presentes na sala,
movendo-se livremente de um lado para o outro e passando, a sala em
revista enquanto fala;
aproximar-se e dirigir-se deliberadamente para junto de cada aluno;
atribuir as ideias aos alunos que despoletaram (por exemplo, “o Dennis
acabou de continuar a ideia da Mary, ao dizer...”);
permitir e encorajar todos os alunos a participarem nas discussões e
interacções na turma e
aplicar um «tempo de espera» apropriado para todos os alunos, sem
tomar em linha de conta o seu desempenho anterior ou a percepção
que possa ter sobre as suas capacidades.
Por fim, outro dos comportamentos que exprimem graus oportunos de cooperação
são os relativos à forma como os professores respondem a soluções incorrectas ou à
ausência de resposta (Hunter, 1969). Comportamentos úteis em tais circunstâncias
incluem:
enfatizar o que estava exacto numa resposta incorrecta;
encorajar a colaboração entre os alunos;
141
reformular a pergunta e dar tempo aos alunos para pensarem antes de
responderem;
reformular a pergunta de modo a possibilitar um melhor compreensão;
dar pistas e sugestões;
dar a resposta e pedir uma elaboração (pedindo-lhe que responda por
palavras suas ou que use outro exemplo como resposta) e
respeitar a opção do aluno por não responder, sempre que apropriado.
Medida 5. Ajude os professores a tomarem consciência das necessidades dos diferentes tipos de alunos, assim como das várias maneiras de lhes dar resposta.
Os gestores eficazes de uma sala de aula estão atentos a importantes diferenças
entre os alunos. Reconhecer essas diferenças ajuda-os a melhor entender cada um
dos alunos, levando os últimos a acreditar que o professor tem neles um interesse
pessoal. Jere Brophy (1996) e Brenda Freeman (1994) identificaram várias categorias
de tipos de alunos e respectivas necessidades. Numa tentativa de tornarem a
pesquisa e a teoria, que outros vêm desenvolvendo, mais aplicável à sala de aula,
Marzano e Marzano (em preparação) consolidaram-na, constituindo cinco grandes
grupos de alunos e as acções mais úteis para cada um deles. Na Figura 10.3. (pp.
103-105), define-se a origem do mau comportamento do aluno, oferecem-se as
características gerais da sua personalidade e dão-se sugestões, com vista a melhorar
as relações entre o professor e os alunos.
Estado mental adequado à gestão da sala de aula
Medida 6. Peça aos professores para empregarem estratégias específicas, que visem manter ou melhorar a sua consciência relativamente às acções dos alunos presentes nas suas aulas (vigilância).
A vigilância pode ser encarada como uma característica que não se presta ao
desenvolvimento. Ou se é um professor “com isso” (vigilante) ou não se é. No entanto,
há, pelo menos, um aspecto dessa atitude que pode ser praticada e cultivada. Quase
todos exemplos de vigilância referem explicitamente que os professores com “com
isso”, com frequência, perscrutam a sala de aula, em particular, quando trabalham
142
com um grupo pequeno de alunos ou um só indivíduo (Berliner, 1986; Brophy, 1996;
Kounin, 1983). Sempre que qualquer coisa menos própria acontece, o professor, de
imediato, centra aí a sua atenção. Professores com baixos limiares de consciência no
que respeita as acções dos seus alunos, podem praticar o simples comportamento de,
frequente e periodicamente, dar uma olhada em redor da sala à procura de indícios de
disrupções.
Alguns aspectos da vigilância são bem mais subtis. Professores experientes
que já desenvolveram consideravelmente essa perspicácia, poderiam visitar as salas
de aula de outros que ainda não o conseguiram fazer. No final, o professor-tutor pode
assinalar incidentes comportamentais que deveriam ter sido reconhecidos e
evidenciados. O professor menos experiente também pode visitar a sala de aula do
professor-tutor, a fim de assimilar comportamentos associados com a vigilância.
Medida 7. Garanta, por parte dos professores, a utilização de estratégias específicas, que os ajudem a manter uma objectividade emocional saudável na relação com os seus alunos.
Manter uma objectividade emocional saudável com os alunos poderá, eventualmente,
assomar como algo não permeável a estratégias comportamentais. Não obstante,
algo tão simples quanto o procurar compreender as reacções ao mau comportamento,
pode ajudar os professores a fixarem e manterem uma objectividade saudável. O mau
comportamento do aluno, em geral, nada tem a ver com um professor em particular
(Dreikurs, 1968; Dreikurs, Grunwald & Pepper, 1982). Logo que o professor o
perceba, começa a ser capaz de melhor lidar com esse tipo de condutas como algum
coisa de impessoal. Quando um determinado aluno se porta mal, o professor pode
explicitamente identificar as razões que o levaram a fazê-lo, sem que isso seja
encarado como um desrespeito ou agressão para com o professor. Estratégia que
não é senão uma simples variante de uma veneranda proposta da psicologia clínica
chamada "reenquadrar” (Ellis, 1977; Meichenbaum, 1977).
Os professores também podem monitorizar as suas próprias atitudes
relativamente a alunos específicos (Good, 1982; Rosenshine, 1983; Rosenthal &
Jacobson, 1968). A maioria dos professores está consciente de que, quando exibe
uma atitude positiva em relação a um dado aluno, consegue lidar com ele de uma
forma objectiva. No entanto, muitos professores não têm consciência da medida em
que as suas atitudes negativas, no que respeita a certos alunos, interferem na
143
objectividade da relação que com eles mantêm. A fim de contrariar esse viés, sugeriu-
se o seguinte processo (Marzano, Pickering, Arredondo, Blackburn, Brandt, Moffet,
Paynter, Pollock & Whisler, 1997):
reveja mentalmente os seus alunos, antes da aula, assinalando
aqueles com que antecipa vir a ter problemas (quer académicos quer
comportamentais);
imagine esses alunos-“problema” a serem capazes de se envolverem
ou de apresentarem comportamentos positivos na aula e
tenha em mente as suas expectativas positivas, quando interagir com
esses alunos.
FIGURA 10.3.Tipos de alunos, características e comportamentos
Brophy Freeman Marzano & Marzano Definições e Origem Características Sugestões
tímido/
retraído
Invisível
passivo
medo
das
relações
medo do
insucess
o
Comportamento
estruturado de modo a
evitar o domínio dos outros
ou o sofrimento de
experiências negativas. A
criança procura proteger o
seu self da crítica,
ridicularização ou rejeição.
É uma reacção possível,
em consequência de
abusos e negligência.
Pode ter uma origem
bioquímica, como, por
exemplo, a ansiedade
Evita a ligação
aos outros, é
tímida, não inicia
conversas, tenta
ser invisível, tem
um discurso
negativo sobre si
própria.
Proporcione
interacções
seguras com
os adultos e
os pares e
proteja-a de
pessoas
agressivas.
Treine-o em
assertividad
e na
produção de
um discurso
positivo
sobre si
próprio.
Recompens
e pequenos
sucessos
rapidamente
. Sustenha
as críticas.
sindroma
do
insucess
o
alienado/
sub
empreen
dedor
Pouco
empreen
dedor
conformi
sta
Desiste
facilmente, está
convencida de
que não é capaz
de ter sucesso,
sente-se
facilmente
frustrada, tem
um discurso
negativo sobre si
própria.
pouco
empreen
dedor
hostil-
agressiv
o agressivo
hostil Comportamento
estruturado de modo a se
sobrepor, dominar, magoar
ou controlar outros, sem
qualquer atenção pelo seu
Enraivece-se,
ameaça ou
intimida os
outros. Pode
verbal e
Descreva o
comportame
nto do aluno
com clareza.
Negoceie,
144
Alienado
desinvest
idor
bem-estar. Ocorrência de
poucas experiências reais
de sucesso. A criança,
frequentemente, modela o
comportamento de outras
pessoas agressivas. Têm-
lhe sido impostos poucos
ou ineficazes limites. É
uma reacção possível, em
consequência de abusso e
negligência. Pode ter uma
origem bioquímica, como,
por exemplo, a depressão.
fisicamente
violento com
pessoas,
animais ou
objectos.
com ele,
recompensa
s para
comportame
ntos
adequados
e castigos
para
comportame
ntos
desajustado
s. Seja
consistente
e
proporcione
recompensa
s e castigos
imediatos.
Encoraje e
reconheça
actividades
extracuricula
res, dentro e
fora da
escola.
Responsabili
ze-o por
tarefas
como ajudar
o professor
ou outros
alunos, de
modo a que
tenha
experiências
de sucesso.
provocad
or
de
oposição
Faz o contrário
do que lhe
pedem. Exige
que os outros
concordem ou
se submetam.
Resiste verbal
ou não-
verbalmente.
passivo-
agressiv
o
Dissimul
ado
Aparenta
concordar,
embora depois
faça o contrário
do que lhe
pedem. Com
frequência, faz-
se de inocente
enquanto cria
problemas aos
outros.
hiperacti
vo
problemas de atenção
hiperacti
vo
desatent
o
Comportamento que
reflecte uma dificuldade
motora ou de atenção, em
consequência de uma
desordem neurológica. Os
sintomas da criança
podem ser exacerbados
por factores familiares ou
sociais, assim como por
outras situações de origem
bioquímica, como a
Apresenta
dificuldades ao
nível do controle
motor, tanto
físico como
verbal. Treme,
deixa o lugar,
interrompe e
fala
frequentemente.
Negocie
com o aluno
formas de
gerir o seu
comportame
nto. Ensine-
lhe
competência
s básicas de
concentraçã
o, estudo e
145
distraído ansiedade, depressão ou
desordem bipolar.
Apresenta
dificuldades em
se concentrar e
em dar
continuidade aos
projectos.
Apresenta
dificuldades ao
nível da escuta,
memorização e
organização.
raciocínio.
Isole-o
numa área
de trabalho
tranquila.
Ajude-o a
enumerar
todas as
fases de
uma tarefa.
Recompens
e os
sucessos,
nomeie tutor
entre os
seus pares
perfeccio
nista
perfeccio
nista
perfeccionistaComportamento
direccionado para o
evitamento do embaraço e
da vergonha em assumir
os erros cometidos. A
criança tem medo do que
lhe poderá acontecer, caso
os seus erros sejam
descobertos. Tem
expectativas
irrealistamente elevadas
de si mesma.
Possivelmente, foi objecto
de criticas ou de pouca
aceitação quando cometeu
erros no decurso do
processo de
aprendizagem.
Centra-se em
demasiada nos
pequenos
pormenores.
Evita projectos
se não se sentir
segura dos
resultados.
Centra-se nos
resultados e não
nas relações. É
auto-critica.
Peça ao
aluno para,
propositada
mente,
cometer
erros e,
depois,
manifeste
aceitação.
Coloque-o a
tutorar
outros
alunos.
rejeitado
pelos
pares
rejeitado socialmente Comportamento baseado
na má interpretação dos
sinais não-verbais de
outros. A criança interpreta
mal as expressões faciais
e linguagem corporal. Não
recebeu um treino
apropriado nestas áreas,
sendo pobres os modelos
à sua disposição.
Tenta fazer
amigos, mas é
inapta e nada
bem sucedida.
Vê-se forçada a
estar sozinha. É,
com frequência,
gozada por ter
um
comportamento
fora do habitual,
pela sua
Ensine o
aluno a
manter, com
os outros,
uma
distância
física
apropriada.
Ensine-lhe o
significado
de
expressões
146
aparência ou
pela falta de
competências
sociais.
faciais, tais
como de
raiva ou dor.
Dê-lhe
instruções
quanto à
entoação e
volume de
voz
adequados.
Faça
sugestões
relativas à
higiene,
vestuário,
maneirismos
e posturas.
Fontes:
Brophy, J. E. (1996). Teaching problem students. New York: Guilford
Freeman, B. (1994). Power motivation and youth: analysis of troubled students and student leaders. Journal of
Counseling and Development, 72, (6), 661-671
Marzano, R. J. & Marzano, J. S. (em preparação). Classroom management that works.
Resumo
A gestão da sala de aula, embora figure em quase todas as listas de factores
associados aos níveis de realização escolar dos alunos, não pode ser
considerada um constructo simples. Identificaram-se quatro aspectos nela
icluídos: estabelecer e fazer cumprir uma lista abrangente de regras e
procedimentos; utilizar intervenções disciplinares que equilibrem o reforço
positivo, para os comportamentos apropriados, com as consequências
negativas para os que o não são; estabelecer relações, concertando
adequadamente o domínio e a cooperação e, por fim, desenvolver uma atitude
mental geral de vigilância e uma objectividade emocional para com os alunos.
Propus medidas de acção, a fim de tematizar estes quatro aspectos da gestão
da sala de aula.
147
11. Plano curricular concretizado em situação de aula
O terceiro factor relativo ao professor diz respeito ao "plano curricular concretizado em
situação de aula", sendo, provavelmente, dos três, o aspecto menos vezes focado. Tal
inatenção é infeliz por duas razões. Primeiro, há uma forte e extensa base de pesquisa
sobre o tema, prontamente transportável para sugestões práticas e protocolos
relativos à construção de um currículo a ser implementado na sala de aula. Segundo,
muitas das falhas na aprendizagem dos alunos podem dever-se a um plano curricular
concretizado em situação de aula pobre.
Antes de discutir os pormenores do plano curricular a concretizar em situação
de sala de aula, debrucemo-nos, rapidamente, sobre a natureza do currículo em geral.
As definições que se seguem são uma amostra representativa das que foram usadas
ao longo do século XX:
O currículo refere-se a todas as experiências tidas, pelas crianças, sob
a supervisão de um professor. (Caswell & Campbell, 1935, p. 7)
O currículo engloba todas as oportunidades de aprendizagem
oferecidas pela escola (Saylor & Alexander, 1974, p. 25)
O currículo (é) um plano ou programa de experiências com que o aluno
se confronta, sob a orientação da escola. (Olivia, 1982)
Tal como é ilustrado por estes exemplos, o termo é tão amplamente usado que, em
alguns casos, acaba por ser difícil fazê-lo convergir num único significado. Larry
Cuban (1992) comenta: "escreveram-se mais de 1.100 livros sobre o currículo desde
a viragem do século (XX), propondo, cada, uma versão diferente do significado de
“currículo" (p. 221). Defino o plano curricular concretizado em situação de aula como a
sequência e o ritmo dos conteúdos, juntamente com as então experiências
vivenciadas pelos alunos. O recurso ao qualificador situação de aula é importante. Por
definição, estou a considerar as decisões relativas à sequência, ritmo e experiências
vividas sob a esfera de acção do professor. Alguns aspectos do plano curricular
concretizado em situação de aula são tematizados ao nível da escola, caso essa
possua um currículo essencial e viável. Independentemente da direcção apontada
pela escola (ou distrito escolar), cada professor tem, ainda, de tomar algumas
148
decisões quanto ao currículo que irá, de facto, implementar na sala de aula,
atendendo às características únicas dos seus alunos. Numa meta-análise, envolvendo
22 estudos, Ellen Whitener (1989) encontrou uma forte correlação entre os
conhecimentos e experiências dos alunos e os conteúdos e ritmo imprescindíveis à
aprendizagem daquele conteúdo.
Infelizmente, os professores, com alguma frequência, não decidem como
sequenciar e ritmar os conteúdos programáticos a serem abordados nas suas aulas
ou unidades. Pelo contrário, confiam e guiam-se pelas planificações dos manuais.
Roger Farr e colaboradores alegam que essa é uma prática comum, tanto ao nível do
ensino básico como do secundário (Farr, Tulley & Rayford, 1984). Um dos principais
resultados do Terceiro Estudo Internacional da Matemática e das Ciências (TIMSS)
apontava para o facto de os professores, nos Estados Unidos, dependerem em
demasia dos manuais escolares, no que se refere às decisões sobre os conteúdos e
ritmo da aprendizagem (Stevenson & Stigler, 1992; Stigler & Hiebert, 1999). Se os
manuais escolares se encontrassem organizados de maneiras consistentes com os
princípios gerais da aprendizagem, isso não seria assim tão mau. Lamentavelmente,
esse não parece ser o caso (Venesky, 1992). A título de exemplo refera-se o facto de
os manuais de ciências terem sido descritos como dicionários bem ilustrados e não
como veículos eficazes para a aprendizagem escolar (Rothman, 1988). É óbvio que
os professores, em situação de aula, se vêem na necessidade de tomar decisões
sobre a sequência e apresentação dos conteúdos. Quais os princípios que deveriam
orientar tais decisões? Desde já, importa pedir a atenção para dois movimentos
educativos da actualidade que, se incorrectamente concretizados, trabalham contra a
implementação de um plano eficaz em situação de aula. Esses movimentos são
comummente apelidados de "construtivismo" e "educação baseada no cérebro."
Publicaram-se múltiplos livros e relatórios, na última década, tentando adaptar,
à educação K-12, a teoria construtivista e a investigação sobre o cérebro (Berman,
2001; Brandt, 1998; Brooks & Brooks, 1999, 2001; Caine & Caine, 1991, 1997; Sousa,
2001; Sylwester, 2000; Sylwester & Margulies, 1998; Wolfe, 2001). Os meus
comentários não devem ser interpretados como uma crítica à intenção ou sabedoria
dos investigadores. Nalguns casos, porém, os educadores do K-12 apropriaram-se
erradamente das suas sugestões ou, ainda mais grave, ignoraram práticas com
provas dadas, em nome do construtivismo ou da educação baseada no cérebro.
Embora proporcionem uma boa compreensão da dinâmica subjacente ao processo de
ensino-aprendizagem, qualquer das teorias, deve ser usada com precaução e sem
149
exageros, sobretudo quando em detrimento de práticas sólidas e bem pesquisadas.
Tais precauções são pormenorizadas no trabalho de John Bruer (Bruer, 1993, 1997) e
de John Anderson e colaboradores (Anderson, Reder & Simon, 1995, 1996;
Anderson, Greeno, Reder & Simon, 2000). Baseio-me fortemente no seu trabalho
para a presente discussão.
De acordo com Anderson e colaboradores (1995), a visão construtivista da
aprendizagem é perfeitamente captada pela seguinte citação de Paul Cobb e
colaboradores (Cobb, Yackel & Wood, 1992), relativa à disciplina de matemática:
... encarar-se-ia o aprender como um processo activo e construtivo, no
qual os alunos experimentam resolver problemas surgidos à medida
que participam nas práticas matemáticas, na sala de aula. Tal visão
enfatiza a dimensão interactiva, por natureza, do processo de ensino-
aprendizagem e envolve a negociação, implícita e explícita, de
significados matemáticos. No decurso dessas negociações, professor e
alunos constroem a realidade matemática, percebida como algo
partilhado, na base da sua comunicação contínua. (p. 5)
Cobb e colaboradores (Cobb, Wood, Yackel, Nicholls, Wheatley, Trigatti & Perlwitz,
1991) exemplificam esta postura, descrevendo uma tentativa para ensinar, alunos do
2º ano de escolaridade, a contar às dezenas. Em vez de lhes ensinar o princípio, o
professor dá-lhes objectos agrupados em grupos de dez. Invariavelmente, os alunos
descobrem que contar às dezenas é mais eficiente que contar às unidades.
Evidentemente, são vários os aspectos louváveis no exemplo, tal como é assinalado
por Anderson, Reder & Simon (1995), "Pode-se concordar prontamente com uma
parte das reivindicações construtivistas: a aprendizagem deve ser um processo
activo” (p. 11). Todavia, Anderson e colaboradores advertem para o facto de esse ser
um princípio, vulgar e exageradamente, generalizado pela ideia de que os professores
raras vezes (se é que alguma vez) devem ensinar o conteúdo aos alunos.
Uma preocupação similar foi enunciada a propósito da, ampla e excessiva,
difusão da investigação baseada no cérebro. John Bruer (1997) defende que a
investigação sobre o cérebro ainda não é suficientemente conclusiva para constituir
fonte específica de orientação para os educadores do K-12:
Contudo, devíamos ser cautelosos em relação às reivindicações de que
as neurociências têm muito para nos dizer sobre a educação,
principalmente se essas reivindicações derivarem de argumentos das
próprias neurociências e educação. O trabalho que vem sendo
150
desenvolvido por essa linha de raciocínio procura relacionar a
aprendizagem, particularmente a que se dá no início da infância, com o
que as neurociências descobriram sobre o desenvolvimento neural e as
mudanças sinápticas. As neurociências descobriram imensas coisas
sobre os neurónios e as sinapses, mas não o suficiente para orientar as
prática educativas. Actualmente, a distância existente entre o cérebro e
a aprendizagem não podem apoiar tais reivindicações. Haver muitas a
avançar a passos largos nessa direcção pode ser perigoso. (p. 15)
A confusão gerada por aplicações bem intencionadas (e, nalguns casos, más
utilizações) do construtivismo e da investigação sobre o cérebro, é substantiva o
suficiente para tornar as sugestões incluídas no presente capítulo difíceis de defender.
É útil para identificar alguns princípios básicos sobre a natureza da aprendizagem e a
natureza do conteúdo (bem como as suas interacções) ou, ainda, comparar e
contrastar esses princípios com aplicações educacativas do construtivismo e da
investigação cerebral. Princípios que são derivados, principalmente, do mundo da
psicologia cognitiva o solo mais fértil para a reforma do ensino, nos dias que
correm. Como Bruer explica, quando a pesquisa sobre o cérebro atingir o ponto a
partir do qual é capaz de guiar a prática educativa, recorrerá aos fundamentos bem
definidos da psicologia cognitiva:
Existe uma ponte bem erigida, agora, com quase 50 anos, entre a
educação e a psicologia cognitiva. Existe uma segunda ponte, com,
apenas, cerca de 10 anos, entre a psicologia cognitiva e as
neurociências. Essa ponte mais recente permite-nos ver o modo como
as funções mentais se distribuem pelas estruturas cerebrais. Quando
as neurociências começarem, realmente, a disponibilizar
conhecimentos úteis sobre o ensino e a prática educativa, de tal
compreensão resultará um tráfego intenso sobre a segunda ponte
mencionada. A psicologia cognitiva oferece o único alicerce firme que
temos para ancorar essas pontes. Esse é o único caminho, se
quisermos, eventualmente, avançar rumo a uma aproximação entre
educação e cérebro. (p. 4)
Três princípios derivados da psicologia cognitiva apoiam as medidas, por mim,
indicadas a fim de implementar um plano curricular em situação de aula eficaz.
151
1.º princípio. A aprendizagem aumenta quando um professor identifica tipos específicos de conhecimentos, em torno dos quais uma unidade ou aula é construída.
Um dos temas correntes nos modelos de educação construtivistas e baseados no
cérebro, diz respeito ao facto de o conteúdo a ser aprendido constituir um bem flexível
e, às vezes, negociado. Pontos de vista vulgarmente designados como "autonomia do
aluno" (Brooks & Brooks, 2001), “currículos alternados" (Sylwester, 2000), ou
"aprendizagem convidativa" (Barrell, 2001). Ideias úteis, mas que podem ser
prejudiciais a um ensino eficaz, se daí se depreender que os professores não devem
ter objectivos de aprendizagem claros, comunicar esses fins aos alunos ou planificar o
processo de ensino-aprendizagem em seu redor. Mesmo quando um professor tem
objectivos de aprendizagem claros, os alunos podem não atingir os níveis de
conhecimento e de competências desejados. Graham Nuthall ilustrou dramaticamente
esse fenómeno bastante perturbante (Nuthall, 1999; Nuthall & Alton-Lee, 1993, 1995).
Seguiu o rastro a experiências de alunos do ensino básico, nas unidades de ciências
integradas e estudos sociais, no tema relativo à Antárctica. No geral, todos os alunos
se viram envolvidos nas mesmas experiências básicas de aprendizagem. Contudo,
três semanas mais tarde, os conteúdos recordados e entendidos variam bastante de
aluno para aluno. O mesmo sucedia ao fim de um ano. Por exemplo, enquanto alguns
alunos se recordavam, ao pormenor e com precisão, de um incidente específico
acontecido no Monte Erebus, na Antárctica, as lembranças de outros eram ou
incorrectas ou nenhumas. Razões para o ocorrido, comportam diferenças ao nível do
envolvimento com a tarefa, disparidades no número de tarefas concluídas e
discrepâncias no tipo de actividades opcionais escolhidas pelos alunos.
Uma implicação directa do trabalho de Nuthall prende-se com o facto de os
professores terem de identificar aspectos específicos dos conteúdos a tematizar e
necessitarem planear concordantemente as experiências de aprendizagem, o que não
é tão simples quanto aparenta, pois a maioria dos conteúdos é composta por muitos
potenciais elementos, foco do processo de ensino-aprendizagem. Assinaladamente,
alguns dos possíveis temas para o ensino das fracções incluem
a relação entre fracções e números inteiros,
a relação entre fracções e decimais,
a relação entre fracções e percentagens,
o processo de conversão de fracções em decimais e
152
as diferentes categorias ou tipos de fracções.
A natureza complexa de conteúdos educativos aparentemente simples, é bem
reconhecida pela investigação e literatura teórica (Kintsch, 1974, 1979; van Dijk, 1977,
1980; van Dijk & Kintsvh, 1983). Alguns dos aspectos mais salientes sobre um tema
educativo susceptível de constituir o foco do ensino encontram-se enumerados na
Figura 11.1. (pp. 110-111).
2.º princípio. Aprender requer comprometimento nas tarefas que são estruturadas ou suficientemente semelhante para permitir uma transferência eficaz de conhecimento.
Virtualmente todas as discussões sobre o construtivismo ou a educação baseada no
cérebro, enfatizam a necessidade dos alunos gerarem o seu próprio e único
significado, relativo ao conteúdo a ser aprendido. Porém, algumas das discussões das
abordagens construtivistas e baseadas no cérebro, não reconhecem a necessidade
FIGURA 11.1..Elementos de um tema a focar pelo processo de ensino-aprendizagem
Elemento do tema Explicação ou Exemplo
Categoria O tema relativo à governação não-constitucional inclui-se na categoria de governos
ilimitados, enquanto que o tema referente à governação constitucional se integra na
categoria de governos limitados.
Subcategoria Subcategorias de funções matemáticas incluem funções de grau, funções lineares e
funções curvilíneas.
Exemplos Enquanto exemplos contemporâneos do tema relativo à governação constitucional,
podem citar-se os seguintes países: Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Estados
Unidos.
Comparações associadas Para que compreendam, na totalidade, os rácios é importante que os alunos saibam
em que medida são comparáveis às fracções, decimais e percentagens.
Características associadas As características são importantes quando os temas envolvem tipos de pessoas,
lugares, seres vivos e não-vivos, acontecimentos e abstracções:
Tipos de pessoas: "São necessários, pelo menos, dois anos de formação para
se ser bombeiro."
Tipos de lugares: "Grandes cidades, normalmente, têm taxas de criminalidade
elevadas."
Tipos de seres vivos: "Os Golden Retrievers habitualmente são bons cães de
153
caça."
Tipos de seres não-vivos: "As armas de fogo são alvo de um caloroso debate."
Tipos de acontecimentos: "Os jogos de futebol envolvem duas equipas de 11
jogadores cada."
Tipos de abstracções: " O medo é uma das emoções humanas mais poderosas."
Causa e efeito associados ou
relações correlacionadas
Relações de causa e efeito identificam uma causa ou causas para um resultado
específico (e.g. "A tuberculose é causada pelo tuberculus bacillus."). Quando este
tipo de relação é evidenciado, espera-se que os alunos reconheçam os elementos
específicos na relação de causa e efeito e o modo como interagemA fim de
perceberem a relação de causa e efeito da tuberculose, os alunos devem ser
capazes de reconhecer a sequência de eventos que tem lugar, os elementos
envolvidos e o tipo e força da relação entre esses elementos. As relações de
correlação não são casuais, por natureza. Pelo contrário, mudanças num elemento
estão associadas a mudanças no outro (e.g. "O número de caribus no seu habitat, no
Ártico, é directamente proporcional ao número de lemúres em qualquer ano."). De
novo, quando este tipo de relação é destacada, espera-se que os alunos conheçam
os elementos envolvidos.
Episódios associados Os episódios incluem (1) um ambiente (e.g., um tempo ou lugar, em particular), (2)
participantes específicos, (3) uma dada duração, (4) uma sequência singular de
acontecimentos e (5) relações de causa e efeito próprias. Por exemplo, os alunos
deverão ser precavidos relativamente ao ambiente em concreto que envolveu a
invasão do Kuwait pelo Iraque.
Factos associados Os factos são importantes quando o tema se refere a uma determinada pessoa,
lugar, ser vivo ou ser não-vivo:
Pessoa específica: "Um dos livros mais conceituados de Charles Dickens foi Um
Conto de Duas Cidades."
Lugar específico: " O Denver é a capital do estado do Colorado."
Ser vivo específico: "O cavalo de corridas, Seattle Slew, foi um dos poucos
cavalos a alguma vez ganhar o triple crown95, nas corridas de cavalos."
Ser não-vivo específico: "O empire State Building tem mais de 100 andares."
Termos associados Os termos numerador e denominador são importantes para compreender o tema
relativo às fracções.
Competências associadas As competências são procedimentos que envolvem passos específicos,
normalmente, executados numa sequência determinada. A competência para
converter fracções em decimais é importante quando se trata de compreender o tema
referente às fracções. Quando os alunos aprendem a competência, conseguem
executar os passos com relativa fluência
Os processos são procedimentos que envolvem passos que não são executados
95 O triple crown é um circuito de corridas de cavalos muito popular nos EUA, tendo os animais que competir três vezes em cinco semanas, percorrendo, de cada vez, distâncias mais longas do que o habitual. Até à data, apenas onze cavalos ganharam o triple crown. (N. dos T.)
154
Processos associados numa sequência determinada. A ordem dos passos muda de acordo com as
situações em que o processo é utilizado. Utilizar o programa Word Perfect implica um
processo. Embora existam passos a seguir, eles acabam por variar conforme a
natureza da tarefa escrita.
Fonte: Workshop materials. Copyright 2001 R. J. Marzano.
dos professores estruturarem as tarefas da sala de aula, de modo a facilitarem o
processo de construção de significado. Alguns chegam mesmo a sugerir que a
estrutura inibe a aprendizagem. Leslie Hart foi um dos primeiros defensores dessa
perspectiva. As suas opiniões são patentes na seguinte citação do seu livro, Human
brain and human learning (1983):
Visto o cérebro ser, indiscutivelmente, um aparelho constituído por
múltiplos caminhos e multi-modal, a noção de sequências obrigatórias
ou, até, de qualquer ordem fixa, é insuportável. Cada um de nós
aprende de um modo pessoal, altamente individual, e, na essência,
fortuito, somando sempre a, ordenando e revendo toda a contribuição
oriunda dos professores ou de outro lugar qualquer que tivemos
até ao momento. Assim sendo, qualquer indução de grupo que tenha
sido, estrita e logicamente planeada, foi mal pensada para a maioria
dos elementos do grupo, [ênfase original] e, inevitavelmente, inibirá,
impedirá ou distorcerá a aprendizagem. (p. 55)
A tendência para subestimar a importância de uma progressão lógica no conteúdo e
nas tarefas é evidente em algumas das práticas baseadas no cérebro, tal como a
"imersão orquestrada" (Caine & Caine, 1991). Embora imersão orquestrada tenha
mérito, ultrapassa a sua utilidade sempre que a sua interpretação assume que
aprendizagem estruturada não é necessária.
A necessidade da estrutura é óbvia, em especial quando consideramos a
primazia do princípio psicológico da "semelhança"96. A importância da semelhança foi
reconhecida há mais de 100 anos, por William James, no livro Principles of
Psychology (1890; cit. in Campbell, 1986): "...a mente utiliza continuamente a
semelhança e, se dela privada, teria uma estrutura bem diferente da que tem" (p. 60).
A importância da semelhança também é proeminente nas discussões sobre a
transferência das aprendizagems. No livro Learning, remembering, believing:
Enhancing human performance, Daniel Druckman e Robert Bkork (1994) observam: 96 No original, sameness, termo habitualmente traduzida como uniformidade ou igualdade. No entanto, atendendo ao contexto da sua utilização no texto original, a expressão “semelhança” acaba por ser mais precisa. (N. dos T.)
155
"um dos princípios gerais da transferência parece ser o da necessidade da presença
de elementos idênticos" (p. 36). Finalmente, a importância da semelhança foi
demonstrada, recorrentemente, pelos trabalhos empíricos de Douglas Carnine e
Edward Kameenui (Carnine & Kameenui, 1992). Carnine (1992) argumenta:
Se a semelhança é a chave psicológica para a organização do
currículo, os conteúdos, em si mesmos, serão a fechadura. O
mecanismo que permite à fechadura funcionar é a organização dos
conteúdos, de modo a realçarem as semelhanças importantes. (p. 12)
De acordo com James Flavell (1971), a definição da aprendizagem estruturada, por si
só, compreende a apresentação de tarefas semelhantes:
Uma correcta aplicação do termo "estrutura" parece relacionar-se, no
mínimo, com na existência de um conjunto de dois ou mais de
elementos em conjugação com a presença de uma ou mais relações
que os encadeiam entre si. (p. 443)
Em suma, a aprendizagem aumenta, quando se apresentam aos alunos tarefas
suficientemente parecidas para que eles averiguem a sua semelhança. Por definição,
isso exige do professor uma estrutura para as experiências de aprendizagem.
3.º princípio. A aprendizagem requer múltiplas exposições a e complexas interacções com o conhecimento.
Dava, com certeza, bastante jeito se bastasse apenas uma exposição aos conteúdos
para os alunos os aprenderem. Sabemos que não é o caso. Piaget (1971) descreveu
dois tipos de aprendizagem: um em que o novo conhecimento é integrado na base de
conhecimento já existente no aluno (assimilação) e, outro, em que as existentes
estruturas de conhecimento mudam (acomodação). As múltiplas exposições ao
conhecimento, ao longo do tempo, são necessárias à assimilação, todavia, é a
interacção complexa com o conhecimento, que com a sua continuação, permite o
segundo e mais poderoso tipo de aprendizagem a acomodação.
A teoria dos esquemas oferece-nos outra perspectiva sobre a importância das
múltiplas exposições para e das interacções com os conteúdos. Os esquemas são os
invólucros básicos, onde o conhecimento é armazenado na memória permanente
(Anderson, 1994). O desenvolvimento de um esquema é, assim, sinónimo do
desenvolvimento do conhecimento. Existem três tipos de desenvolvimento de
156
esquemas: (1) acréscimo, (2) ajustamento e (3) reestruturação (Rumelhart & Norman,
1981).
O acréscimo e o ajustamento descrevem a acumulação gradual ou a adição
de conhecimento, que se dá com a passagem do tempo, assim como a sua expressão
sob formas mais parcimoniosas. A reestruturação envolve a reorganização do
conhecimento, de modo a que novas perspectivas sejam produzidas. O acréscimo e o
ajustamento reclamam múltiplas exposições aos conteúdos, enquanto a
reestruturação exige, além das múltiplas exposições, uma interacção complexa com
os conteúdos.
O referencial indubitável, proporcionado pela teoria de aprendizagem de Piaget
e pela teoria dos esquemas, relaciona-se com o facto de serem necessárias múltiplas
exposições ao conhecimento para a sua integração e retenção na memória
permanente. Uma interacção complexa com o conhecimento deve ter lugar, para que
um novo conhecimento possa mudar as nossas percepções básicas. A investigação
de Graham Nuthall dá-nos algumas indicações sobre como esses processos podem
ser transpostos para uma situação de aula.
Ao aprofundar a investigação de Carolyn Rovee-Collier (1995), Nuthall (1999)
descobriu que os alunos precisam de, aproximadamente, quatro exposições aos
conteúdos antes de os integrarem adequadamente na sua base já existente de
conhecimentos. Nuthall alega que tais exposições não deveriam ter um intervalo
superior a dois dias:
Verificamos que foi necessário um mínimo de três a quatro exposições,
com intervalos ou "janelas de tempo” não superiores a dois dias
(Rovee-Collier, 1995), para que essas experiências pudessem ser
integradas sob a forma de conhecimento novo. (p. 305)
O tipo de experiências que os alunos têm com os conteúdos deveria variar de
exposição para exposição. Na realidade, há indícios de que certos tipos de
experiências de aprendizagem produzem são mais eficazes do que outros. Considere
a Figura 11.2.. O aspecto mais notável dos resultados aí apresentados prende-se com
o impacto da instrução dramática, cujo efeito de magnitude é de 1,12, imediatamente
após a instrução, e de 0,80, doze meses mais tarde. Os outros dois tipos de
experiências, embora eficazes, não atingem esse nível de influência. A instrução
verbal implica falar com os alunos sobre os conteúdos ou pedir-lhes para os lerem. A
instrução visual passa pela utilização de fotografias e outras formas de
representações visuais. A instrução dramática leva a que os alunos se envolvam ou
157
observem alguma forma de representação dramática dos conteúdos. A “história”,
enquanto o seu formato mais simples, dramatiza a informação sem precisar de uma
preparação extensa. A propósito do uso de histórias, Nuthall (1999) observa:
Os nossos estudos sugerem que as narrativas oferecem estruturas
poderosas para a organização e armazenamento dos conteúdos
curriculares na memória... As histórias contêm, frequentemente, uma
rica variedade de informações suplementares e ligam-se a experiências
pessoais, assim como são integradas e unificadas por uma estrutura
familiar. (p. 337)
FIGURA 11.2..Efeitos de diferentes tipos de experiências de aprendizagem
Tipos de Experiências Efeito de magnitude imediatamente
após a aprendizagem
Efeito de magnitude 12 meses
depois
Instrução Verbal 0,74 0,64
Instrução Visual 0,90 0,74
Instrução Dramática 1,12 080
Fontes:
Nuthall, G. (1999). The way students learn: Acquiring knowledge from an integrated science and social studies unit.
The Elementary School Journal, 99, (4), 303-341.
Nuthal, G. & Alton-Lee, A. (1995). Assessing classroom learning: How students use their knowledge and experiences
to answer classroom achievement test questions in science and social studies. American Research Journal, 32, (1),
185-223.
Outros investigadores relataram conclusões semelhantes sobre o potencial educativo
das histórias (Barrel, 2001; Hicks, 1993; Schank, 1990).
Na Figura 11.3. (p. 114) encontra-se um modo alternativo de percepcionar os
efeitos de diferentes tipos de actividades educativas na aprendizagem dos conteúdos
programáticos. Os resultados baseiam-se nos dados recolhidos por Barbara Guzzetti,
Tonja Snyder e Gene Glass (Guzzetti, Snyder & Glass, 1993), que compararam a
eficácia de várias tipos de experiências de aprendizagem na correcção de más
interpretações dos alunos dos conteúdos. Tal como se pode ver na Figura 11.3.,
activar simplesmente um conhecimento prévio perguntar aos alunos o que sabem
sobre um tema ou o que sobre ele se recordam produz uma muito pequena
158
mudança conceptual. De facto, o efeito de magnitude médio para este tipo de
experiência, nos 14 estudos examinados por Guzzetti e colaboradores, era de apenas
0,08. Colocar os alunos a discutir o que eles sabem sobre um tema produz uma
mudança conceptual substancialmente maior, na medida em que lhes incute novas
perspectivas e ideias. Tem um efeito de magnitude médio de 0,51. A mudança
conceptual mais profunda dá-se quando os alunos se envolvem numa argumentação
defender uma posição relativamente aos conteúdos e fornecer provas que a
sustentem. O seu efeito médio de magnitude é de 0,80.
FIGURA 11.3.Efeitos de diferentes tipos de experiências de aprendizagem, na correcção das más
interpretações dos alunos, quanto aos conteúdos programáticos
Categoria Número de Efeitos de Magnitude Efeito de Magnitude Médio
Activar o Conhecimento Anterior do
Aluno
14 0,08
Discussão entre Alunos 11 0,51
Argumentação pelos Alunos 3 0,80
Fonte:
Guzzetti, B.J., Snyder, T.E. & Glass, G.V. (1993). Promoting conceptual change in science: A comparative meta-
analysis of instructional interventions from reading education and science education. Reading Research Quarterly, 28,
(2), 117-155.
Analisar, na sua totalidade, os dados da investigação, uma representação
lógica dos acontecimentos começa a aparecer. Quando, pela primeira vez, se expõe
os alunos aos conteúdos, idealmente, a aprendizagem deveria envolver o uso de
histórias ou outras formas de dramatização, bem como o recurso a representações
visuais da informação. Em exposições subsequentes, essas experiências de
aprendizagem devem implicar a discussão e (de preferência) tarefas que exijam, aos
alunos, a elaboração e a defesa de uma determinada linha de raciocínio.
Os psicólogos cognitivos habitualmente distinguem dois tipos de conhecimento
declarativo e processual (Anderson, 1982, 1983; Fitts & Posner, 1967). O
conhecimento declarativo se baseia mais na informação, o conhecimento processual
apela mais às competências ou aos processos. Por exemplo, o conhecimento das
159
características da Antárctica ou de eventos importantes, ocorridos no Monte Erebus, é
declarativo porque envolvem informação. Em contrapartida, o conhecimento, sobre
como efectuar grandes divisões ou as etapas necessárias ao fornecimento de um tipo
específico de provas, é processual pois recorre a processos.
A distinção entre os dois é importante, visto desenvolverem-se de modos
diferentes. Para que possa ser usado eficientemente, o conhecimento processual
deve ser aprendido até a um nível de automatismo ou de processamento controlado implicando pouco ou nenhum pensamento consciente. A título de
exemplo refira-se os procedimentos de descodificação de palavras que, geralmente,
são aprendidos a um nível de automatismo (Laberge & Samuels, 1974). Não
pensamos no processo, fazemo-lo sem que haja um pensamento consciente ou a
percepção de esforço. Outros procedimentos, designadamente, os que poderíamos
aplicar para equilibrar uma equação algébrica, não são aprendidos ao nível do
automatismo, mas, sim, em termos de um processamento controlado (Shiffrin &
Schneider, 1977). Temos que pensar na acção que vamos executar em seguida,
embora já conheçamos todos os passos à nossa disposição.
Independentemente do nível a que conhecimento processual é aprendido, a
prática assoma como um ingrediente necessário. Sem prática, são poucas as
possibilidades de, de facto, alcançar as condições requisitadas pela aprendizagem.
Anderson, Reder e Simon (1995) explicam-no: "negar o papel crítico da prática, leva a
que se retire às crianças, exactamente, aquilo que mais precisam para conseguirem a
verdadeira competência" (p. 7). No entanto, o papel fundamental da prática foi
ignorado e, mesmo, refutado por alguns autores. Nesse sentido, aparece a seguinte a
recomendação do Conselho Nacional dos Professores de Matemática (NCTM),
enunciada no seu documento de definição de critérios, Principles and standards for
school mathematics (2000):
O discurso e as interacções sociais, em sala de aula, podem ser
utilizados como recurso para a promoção do reconhecimento de
relações entre ideias e de reorganização do conhecimento... Levando
os alunos a falar sobre as suas estratégias informais, os professores
podem ajudá-los a consciencializarem-se do e construírem sobre o seu
conhecimento informal e implícito… Além do mais, nesses contextos, a
fluência processual e a compreensão conceptual podem ser
desenvolvidas através da resolução de problemas, do raciocínio, e da
argumentação [ênfase acrescentada]. (p. 21)
160
Esta recomendação, pelo menos em parte, enquadra-se no que vem sendo defendido
pela investigação em psicologia cognitiva. Contudo, se os alunos apenas discutirem e
argumentarem sobre as suas rotinas pessoais no que se refere, por exemplo, ao
procedimento da multiplicação e não se envolverem em qualquer forma de prática, as
suas possibilidades de execução de uma multiplicação, ao nível do automatismo ou
do processamento controlado, serão bastante reduzidas. Será que os estudiosos,
responsáveis pela elaboração dos padrões do NCTM, não estão familiarizados com a
investigação sobre a aprendizagem de conhecimentos processuais? É óbvio que
estão. Provavelmente, quem concebeu tal recomendação, nunca pretendeu que muito
do conhecimento processual expresso nos critérios fosse aprendido ao nível do
automatismo ou do processamento controlado. A presente declaração, constante no
documento dos padrões, atesta-o:
Adicionalmente, à medida que mudam os juízos sobre os factos ou
procedimentos não essenciais num mundo crescentemente
tecnológico, o desenvolvimento de uma compreensão conceptual torna-
se, mais e mais, importante. Por exemplo, a maioria dos procedimentos
aritméticos e algébricos, desde sempre percepcionados como o núcleo
do currículo escolar da matemática, podem, agora, ser executados por
máquinas calculadoras. Assim, mais atenção pode ser dada ao
entendimento dos conceitos de número e a procedimentos de
modelação utilizados na resolução de problemas. (p. 20)
Todos aqueles que subestimam a importância da prática, não alegam,
obrigatoriamente, que ela é um ingrediente desnecessário. Pelo contrário,
simplesmente acreditam que poucos procedimentos devem ser aprendidos ao nível
do automatismo ou do processamento controlado, dada a ajuda tecnológica, hoje por
hoje, disponível. Antes de haver máquinas calculadoras, os alunos tinham de
aprender a multiplicar e a dividir ao nível do automatismo. Nos dias que correm, este
pode não ser o caso. Quais (se alguns) os procedimentos que devem ser aprendidos
ao nível do automatismo ou do processamento controlado é, sem dúvida, um assunto
a ser debatido pelos respectivos especialistas. Todavia, se esse for um procedimento
que os alunos devem aprender ao do nível do automatismo ou do processamento
controlado, então, a prática emerge como uma necessidade absoluta.
A prática eficaz não consiste na execução irreflectida de um passo ou conjunto
de passos ou pela sua memorização de rotina. A prática eficaz implica "moldar" o
processo originalmente aprendido (Anderson, 1982, 1983; Fitts & Posner, 1967), o
161
que requer bastante raciocínio sobre o processo e, até, tentativas e erros que
possibilitem determinar modificações processuais. Em suma, a prática não é tão pária
quanto alguns acreditam. É um elemento indispensável à aprendizagem processual,
que implica níveis complexos de pensamentos de ordem superior.
Medidas a seguir
Proponho cinco medidas que permitem transpor estes princípios para um plano
curricular, concretizado em situação de aula, eficaz.
Medida 1. Faça com que os professores identifiquem os conhecimentos declarativos e processuais importantes para os temas a serem focados.
Charles Reigeluth e Faith Stein (1983) recomendaram as seguintes medidas:
(1) seleccionar um tipo de conteúdos como sendo o organizador
(conceitos, princípios ou procedimentos); (2) sistematizar todos os
conteúdos organizadores a serem ensinado no curso; (3) seleccionar
as ideias, mais básicas, simples e/ou fundamentais, dos conteúdos
organizadores; e (4) concretizá-las ao nível da aplicação, em vez de
optar por um nível mais superficial e abstracto de memorização. (p.
344)
Esta acção poderá não ser tão linear para professores quanto aparenta, pois, a
maioria dos temas, focados por uma unidade educativa, inclui conhecimentos de
natureza declarativa e processual. Designadamente, aspectos declarativos das
fracções, tais como, as relações que mantêm com os decimais, poderão constituir o
alvo da instrução. Em alternativa, poder-se-ia escolher elementos mais processuais
das fracções, tais como, a sua conversão em valores decimais, como a base para a
aprendizagem. Na Figura 11.4. expõe-se um conjunto útil de perguntas, susceptíveis
de serem usados por um professor, com o intuito de diferenciar os dois tipos de
conhecimento, derivados das características de um tema descritas na Figura 11.1.
(pp. 110-111).
Medida 2. Faça com que os professores apresentem múltiplas vezes um conteúdo novo, recorrendo a diversos meios de promoção de novas aprendizagens (inputs).
162
Tudo indica que, pelo menos, quatro experiências, separadas por não mais de dois
dias, são necessárias à aprendizagem adequada de um conhecimento declarativo
(Nuthall, 1999; Rovee-Collier, 1995). De igual modo, essas exposições devem
recorrer a diversos formas de promoção de novas aprendizagens.
FIGURA 11.4.Planificação de perguntas para a identificação de conhecimentos importantes num
determinado tema
Tema_______________________________________
Sobre os elementos declarativos deste tema, é importante para os alunos saibam a(s)
Categoria?
Subcategoria?
Exemplos?
Comparações associadas?
Características associadas?
Relações de causa e efeito associadas?
Relações de correlação associadas?
Episódios associados?
Factos associados (pessoas, lugares, seres vivos e
não vivos específicos)?
Termos associados?
Sobre os aspectos processuais deste tema, é importante que os alunos aprendam as competências ou
conhecimentos? É um(a)
Competência ou processo específico?
Passo ou fase específica de uma competência ou processo?
Pensar em termos de experiências directas versus experiências indirectas,
afigura-se como uma boa estratégia de promoção de novas aprendizagens.
As experiências directas implicam actividades reais ou a sua simulação no
concreto. Por exemplo, uma experiência directa para o tema da democracia passaria
por levar os alunos a participarem numa actividade democrática, a saber, recorrer ao
processo democrático, para tomar todas as decisões na sala de aula, durante um
período de duas semanas. Outro tipo de experiência directa seria a simulação do
aprender a conduzir, usando, para o efeito, um programa informático.
As experiências indirectas são aquelas em que os alunos não se vêm
fisicamente envolvidos. Demonstrações, filmes, leituras e conferências são tudo
163
exemplos de experiências indirectas. Formas indirectas de aprendizagem sobre a
hibernação poderiam incluir a observação, na sala de aula, de um animal de
estimação que hiberne durante o Inverno, assistir a um filme, ler ou escutar uma
palestra sobre o tema. As experiências indirectas variam conforme os modos de
apresentação da informação, narrativa ou expositiva.
Demonstrações, filmes, leituras e conferências ou palestras cabem em
qualquer uma destas formas de experiências. Consequentemente, o plano curricular
concretizado em situação de aula requer que se determine, à partida, se as
experiências de aprendizagem irão ser directas ou indirectas, assim como se as
respectivas informações serão apresentadas sob a forma narrativa ou expositiva.
Medida 3. Coloque os professores a fazer a distinção entre as perícias e processos que os alunos terão que conhecer perfeitamente versus aqueles que não.
Em termos educativos, alcançar o nível do automatismo ou do processamento
controlado designa-se, por vezes, como "mestria". Se se espera a mestria de um
qualquer procedimento, seja qual for o ano de escolaridade, os alunos devem ter a
oportunidade de praticar o suficiente.
O trabalho, provavelmente, mais pormenorizado sobre mestria através da
prática foi realizado no âmbito do "ensino de precisão", desenvolvido por Ogden
Lindsley (1972). As técnicas de Lindsley foram utilizadas em virtualmente todas as
disciplinas académicas. De natureza altamente comportamental, o ensino de precisão
compreende a avaliação periódica da velocidade e da precisão, dos alunos, quando
põem em prática uma competência ou um processo para, em seguida, verificar, num
quadro padronizado de comportamentos, os resultados obtidos em cada observação.
O ensino de precisão é pormenorizado e poderoso, mas a sua concretização
também exige demasiado tempo e é muito trabalhosa, para a maioria dos
professores. Porém, alguns dos seus aspectos podem, desde já, ser adaptados ao
ensino en sala de aula, nomeadamente, os que requerem a aplicação de
determinados objectivos específicos relacionados com a velocidade e a precisão.
Uma professora de San Diego, explicou-me, uma vez, como enfatizava a velocidade e
a precisão dos seus alunos, de cada vez que começavam a pôr em prática uma nova
competência. Proporcionava-lhes, periodicamente, problemas-tipo relativos à divisão
de fracções, para que eles os executassem, sozinhos, num dado período de tempo.
164
No fim, competia-lhes tabelarem a sua precisão e velocidade. Faziam-no entre quatro
a sete vezes, ao longo de duas semanas, acabando as tabelas por oferecer um
registo visual dos seus progressos. De novo, importa pedir a atenção para o facto de,
alguns educadores no domínio da matemática, poderem considerar que a divisão
através de fracções é um procedimento que os alunos não necessitam dominar
nesse caso, não se exigiria a prática continuada.
Medida 4. Faça com que os professores apresentem os conteúdos em grupos ou categorias, representativos das suas características essenciais.
Os professores devem estruturar um conteúdo de maneira a que se evidencia a sua
"semelhança." Douglas Carnine (1992) fornece alguns exemplos claros sobre como
proceder para obter tal organização. Considere o seguinte conjunto de fórmulas:
Prisma Rectangular: l × c × a = v
Cunha: 1/2× l × c × a = v
Pirâmide Triangular: 1/6 × l × c × a = v
Cilindro: π × r² × a= v
Pirâmide Rectangular: 1/3 × l × c × a = v
Cone: 1/3 × π × r² × a = v
Esfera: 4/3 × π × r³ = v
Todas as fórmulas apresentadas representam o volume. No entanto, se tomadas
isoladamente é diminuto o conhecimento que oferecem sobre a sua natureza. Carnine
declara que um professor com uma visão aprofundada do tema, pode-as organizar em
categorias que façam sobressair o elemento central de todas as fórmulas de volume,
isto é, que o volume é igual à base vezes a altura (v = b × a):
Prisma Rectangular Cunha Cilindro
b × a b × a b × a
Pirâmide Rectangular Pirâmide Triangular Cone
b × 1/3 × a b × 1/3 × a b × 1/3 × a
Esfera
b × 2/3 × a
165
No caso das figuras regulares prisma rectangular, cunha e cilindro o volume é o
produto da base pela altura. Nas figuras que culminam num ponto pirâmide
rectangular, pirâmide triangular e cone o volume é 1/3 de vezes o produto da base
pela altura. A esfera é um caso especial, sendo o seu volume de 2/3 de vezes o
produto da base pela altura. Como Carnine refere: "a análise da semelhança explicita
o conceito central de que o volume é igual à base vezes a altura. Conceito que é
obscurecido pelos manuais de matemática, que apresentam sete fórmulas diferentes"
(p. 14).
Diana Kinder e William Bursuck (1992) exemplificam com um tema dos
estudos sociais. Para os autores, a semelhança inerente a muitos acontecimentos
históricos pode ser realçada através do que designam como “análise do problema-
solução-efeito."
Defendemos que as pessoas e os governos estão a reagir aos
problemas, que as causas desses problemas são pequenas em
número e que há um também pequeno conjunto de soluções comuns
para esses mesmos problemas. Os resultados ou efeitos dessas
soluções, embora nem sempre claramente expressos nos manuais
escolares, podem, na realidade, traduzir-se noutros problemas. Essa
análise do problema-solução-efeito parece disponibilizar um modelo ou
esquema para muitos acontecimentos históricos. (p. 29)
Medida 5. Faça com que os professores atribuam, aos alunos, tarefas complexas, que lhes exijam uma abordagem original dos conteúdos.
Tarefas que envolvam, entre outras, a resolução de problemas, a tomada de
decisões, a análise de sistemas, a criação de metáforas ou analogias, são complexas
por natureza. Participar nelas, certamente, aumenta a compreensão dos alunos sobre
os conteúdos. É, no entanto, o acto de explicar e justificar as conclusões pessoais que
facilita a ocorrência de profundas mudanças conceituais (Guzzetti, Snyder & Glass,
1993). James Kinneavy (1991) pormenorizou o poderoso impacto, nos alunos, da
necessidade de defenderem e justificarem os seus raciocínios. Historicamente, os
argumentos formais englobam fundamentos, justificações, validações e qualificadores
(Toulmin, Rieke & Janik, 1981)., cuja descrição consta na Figura 11.5.. Poder-se-ia,
simplesmente, pedir aos alunos que, ao explicarem as suas conclusões,
mencionassem os seguintes elementos:
166
FIGURA 11.5.Elementos formais de um argumento
Elemento Descrição
1. Fundamentos Uma vez exposto o argumento, habitualmente, recorre a fundamentos.
Dependendo do tipo de argumento apresentado, os fundamentos poderão ser o
resultado de:
senso comum
opinião de perito
informação previamente determinada
observação experimental e
outras informações consideradas "factuais".
2. Justificações As justificações especificam ou interpretam a informação contida nos
fundamentos. Dito de outro modo, enquanto os fundamentos identificam a base
de apoio de um argumento e a sua natureza geral, as justificações
proporcionam uma análise pormenorizada da informação evidenciada pelos
fundamentos.
3. Validação A validação estabelece a legitimidade das justificações. Por outras palavras, as
justificações, sobre e em si mesmas, podem não ser muito fiáveis.
Consequentemente, é com frequência apropriada uma discussão da validade e
aceitação geral das justificações escolhidas.
4.Qualificadores Nem todas as justificações conduzem aos respectivos argumentos com o
mesmo grau de certeza. Assim sendo, os qualificadores enunciam o grau de
certeza para o argumento e/ou os seus qualificadores.
Fonte: Toulmin, S., Rieke, R & Janik, A. (1981). An introduction to reasoning. New York: Macmillan.
o argumento básico,
a prova que apoia esse argumento,
uma discussão sobre o porquê da sua prova ser considerada válida e
afirmações que identifiquem eventuais limitações do seu argumento,
prova ou respectiva validade.
Considere a seguinte tarefa de tomada de decisão, susceptível de atribuição a alunos
do terceiro ciclo do ensino básico.
Seleccione uma pessoa influente, do século XV ou XVI, cujas acções
se traduziram em importantes consequências. Determine os factores
que essa pessoa teve tomar em linha de conta, antes de levar a cabo
essas acções importantes. Quais as alternativas à sua disposição?
167
Determine os objectivos que a motivaram a decidir por essas acções e
os critérios que, provavelmente, a fim de tomar essa decisão. O que
mudaria, se em vez de uma opção se escolhesse outra? Quais os
riscos e as recompensas e como poderiam ser avaliadas? Sem o
benefício de a poder analisar a posteriori, teria feito a mesma escolha?
Explique porque sim ou porque não. Ao analisar essa decisão, reflicta
nos tipos de decisões históricas tomadas até aos nossos dias. Pode
apresentar as suas conclusões de forma oral ou escrita.
Pedir-se-ia aos alunos que articulassem a sua argumentação ou raciocínio básicos,
fornecessem provas que sustentassem o seu ponto de vista, explicassem a validade
das suas provas e descrevessem um qualquer qualificador relativo à informação
apresentada.
Resumo
Neste capítulo, foram discutidos os três princípios da psicologia cognitiva que
aclaram algumas das más interpretações e representações do construtivismo
e da educação baseada no cérebro. Esses princípios foram traduzidos em
cinco medidas, as quais se referem à necessidade dos professores
reconhecerem e articularem as especificidades dos conteúdos, garantirem a
exposição múltipla dos alunos ao conteúdo, identificarem procedimentos a ser
dominados, estruturarem o conteúdo e as tarefas baseados no princípio da
semelhança e atribuírem, aos alunos, tarefas complexas que lhes exijam uma
abordagem original dos conteúdos.
Secção IIIFACTORES RELATIVOS AOS ALUNOS
168
169
Lista de Figuras na Secção III
12.1. Comparação, entre investigadores, dos factores relativos aos alunos p.
13.1. Efeitos dos vários aspectos do estatuto socioeconómico nos níveis de realização
escolar p.
14.1. Correlação entre inteligência e níveis de realização escolar p.
14.2. Correlação entre conhecimentos prévios e níveis de realização escolar p.
15.1. Motivação e realização p.
15.2. Rubricas genéricas para os temas abordados na aula p.
15.3. A história de Todd p.
170
12. Os factores relativos aos alunos
Um dos principais truísmos da educação relaciona-se com o facto de as
características dos alunos e seus contextos de origem constituírem os determinantes
mais importantes dos níveis de realização escolar. De acordo com o discutido no
Capítulo 1, essa era um das conclusões nucleares dos estudos de Coleman e
colaboradores (1966), assim como do de Jencks e colaboradores (1972). Também se
assumiu que, implícita ou explicitamente, essas características de fundo acabam por
ser, em grande medida, impermeáveis à mudança. Em livros populares como Bias in
mental testing, de Arthur Jenson (1980), e The bell curve, de Richard Heurnstein e
Charles Murray (1994), é possível encontrar elaborados raciocínios estatísticos
favoráveis à ideia de que características pessoais, a inteligência em particular, têm
uma origem genética e que, portanto, a escola pouco ou nada pode fazer para as
mudar. Pelo contrário, acredito que a investigação mostra nitidamente que, mesmo
alguns dos aspectos mais negativos, dos antecedentes de um aluno, podem ser
mediados através de intervenções efectuadas ao nível da escola.
No Capítulo 1, forneci elementos comprovativos de que as escolas, em geral,
apenas são responsáveis por 20 por cento da variância nos níveis de realização dos
alunos e que, as suas características pessoais, respondem pelos restantes 80 por
cento. Mas, e se a escola pudesse fazer alguma coisa a respeito dessas
características pessoais? Nos próximos três capítulos, exploramos tanto os factores de
fundo, relativos aos alunos, que as escolas podem abordar como os recursos que,
para o efeito, tem à sua disposição. Quais são, então, as características dos alunos
que influenciam o seu aproveitamento escolar?
Factores relativos aos alunos: Uma comparação entre investigadores
São várias as sistematizações referentes aos factores relativos aos alunos. Em Human
characteristics and school learning, Benjamim Bloom (1976) identifica duas dessas
características básicas: (1) aspectos cognitivos e (2) aspectos afectivos. Em A
psychological theory of education productivity, Herbert Walberg (1980) nomeia três
outras dimensões salientes: (1) as capacidades ou os níveis de realização anteriores,
(2) o desenvolvimento, indexado pela idade ou estádio de maturação e (3) a motivação
ou auto-conceito. Barry Fraser, Herbert Walberg, Wayne Welch e John Hattie (1987)
171
apontam três variáveis: (1) as capacidades, (2) a motivação e (3) o ambiente familiar.
Na síntese por mim elaborada, em A New era of school reform: Going where the
research takes us (Marzano, 2000a), propus quatro factores: (1) ambiente familiar, (2)
conhecimentos anteriores, (3) as aptidões e (4) o interesse.
Combinei o meu trabalho com o de outros autores, tendo em vista a construção
do modelo aqui introduzido. Três factores relativos aos alunos são tematizados no
âmbito da presente secção:
1. Ambiente familiar
2. Inteligência aprendida e conhecimentos de base
3. Motivação
Na Figura 12.1. está patente a relação que mantêm, quer com meu trabalho anterior
quer com as propostas de outros investigadores. Aí, é possível verificar a unificação,
daquilo que anteriormente designei como "aptidão" e "conhecimento anterior", numa
única categoria intitulada"inteligência aprendida/conhecimentos de base". O título
desta categoria "inteligência aprendida" poderia parecer um contra-senso, mas não é.
Também, rebaptizai o "interesse" como "motivação", expressão bem mais robusta.
FIGURA 12.1.Comparação, entre investigadores, dos factores relativos aos alunos
Factores relativos
aos alunos
Bloom (1976) Walberg (1980) Fraser et al. (1987) Marzano (2000a)
Ambiente familiar
Ambiente familiar Ambiente familiar
Inteligência
aprendida ou
conhecimentos de
base
Características
cognitivas
Capacidade ou
aproveitamento
prévio ou
Desenvolvimento
Capacidade
Aptidão/
Conhecimento
anterior
Motivação Características
afectivas
Motivação ou auto-
conceito
Motivação Interesse
Embora utilizem denominações diferentes, não mudam os factores relativos
aos alunos referidos pelos vários estudiosos. A não inclusão, nas propostas de Bloom
(1976) e Walberg (1980), do ambiente familiar, deve-se unicamente a um artifício
subjacente aos seus esquemas de categorização. Na realidade, ambos consideram
172
que o ambiente familiar desempenha um papel crítico nos níveis de realização escolar
dos alunos.
Nos próximos três capítulos, que dão corpo à presente secção do Livro, cada
um dos factores relativos aos alunos, será alvo de reflexão. No Capítulo 13 aborda-se
o ambiente familiar, no Capítulo 14 a inteligência aprendida e os conhecimentos de
base e, no Capítulo 15, a motivação.
Resumo
Tanto a investigação como a teoria indicam que os factores relativos aos alunos são
responsáveis pela maior parte da variância nos níveis de realização escolar. Não
obstante, os seus efeitos negativos podem ser superados. Identificaram-se três
factores relativos aos alunos: o ambiente familiar, a inteligência aprendida e os
conhecimentos de base, a motivação.
173
13. Ambiente Familiar
Durante décadas, os investigadores da educação, educadores e o público em geral
assumiram o estatuto socioeconómico (ESE) como um dos mais fiáveis preditores dos
níveis de realização escolar. O relatório Coleman apoiou essa teoria. Segundo Karl
White (1982), o relatório Coleman serviu para os educadores confirmarem o que já
sabiam: "a existência de uma forte relação entre todos os tipos de variáveis relativas à
realização e o que acabou por ser conhecido como estatuto socioeconómico (ESE) "
(p. 46). White alega também que a crença nessa relação é de tal modo dominante,
que raramente foi questionada. As citações que se seguem, ilustram-no:
O estatuto socioeconómico (ESE) assoma como a característica
familiar mais poderosa na predição do desempenho escolar: quanto
mais elevado for o ESE da família do aluno, mais elevado será o seu
aproveitamento. Relação que se encontra documentada em inúmeros
estudos e se tem mostrado válida, independentemente da medida de
estatuto utilizada (profissão do chefe de família, vencimento familiar,
nível de escolaridade dos pais ou qualquer combinação dos anteriores).
(Boocock, 1972, p. 32)
Classificar os jovens em função da posição social ocupada pelos seus
pais significa ordená-los segundo o seu grau de participação e sucesso
no Sistema Educativo Americano. A investigação tem-no confirmado
constantemente, ao ponto de, agora, poder ser considerada como uma
lei empírica…o ESE prediz as notas, a realização e as pontuações nos
testes de inteligência, as retenções escolares, o insucesso, as faltas, as
suspensões, o abandono no ensino secundário, os planos para a
frequência de uma universidade, assim como o total de educação
forma a ser recebido por um aluno (Charters, 1963, pp. 739-740)
A associação positiva entre a conclusão da escola, o estatuto
socioeconómico da família e a avaliação das capacidades é bem
conhecida. (Welch, 1974, p. 32)
Apesar destes testemunhos relativos à força da relação entre o ESE e os níveis de
realização dos alunos, os reais resultados da investigação variam grandemente. Em
174
concreto, White descreve correlações entre o ESE e o aproveitamento tão elevadas
quanto 0,80 e tão baixas quanto 0,10.
White efectuou uma meta-análise a 101 relatórios que produziram 636
correlações. Constatou que, dependendo do modo como se definia ESE, a correlação
obtida com os níveis de realização escolar variava amplamente, conforme o descrito
pela Figura 13.1..
A figura documenta a força da relação entre quatro elementos geralmente
associado com o ESE e os níveis de realização escolar: o rendimento dos adultos
(e.g., pais), os níveis de escolaridade dos adultos, a profissão dos adultos e o
atmosfera em casa. A Figura 13.1. mostra que o ambiente familiar é a variável com a
mais forte relação com o aproveitamentos escolar dos alunos. Descoberta importante,
tal como é explicado por White:
O mais surpreendente, no entanto, é o facto de o ambiente familar ser
a variável mais fortemente correlacionada com os níveis de realização
escolar dos alunos, acima de qualquer outro indicador tradicional,
singular ou colectivo, de ESE. Recordando as declarações de Jencks et
al. (1972) anteriormente citadas, são muitas as diferenças nas famílias
que, potencialmente, podem influenciar os níveis de realização escolar
das crianças, além das diferenças nos níveis de escolaridade, profissão
e rendimento dos pais. Não é de todo impossível que, alguns pais com
um baixo ESE (definido em termos de rendimento, nível de
escolaridade e/ou tipo de profissão) sejam muito bons a criar um
ambiente familiar favorável à aprendizagem (e.g., lêem aos filhos,
ajudam-nos com os trabalhos de casa, encorajam-nos a ir para a
universidade e levam-nos à biblioteca ou a eventos culturais), enquanto
outros, na mesma categoria, não o são. (p. 471)
Historicamente, tal como White salienta, os efeitos de ESE têm sido considerados
como sendo extremamente amplos e imunes à mudança. Porém, White é fonte de
grandes esperanças, na medida em que o ambiente familiar assoma como o aspecto
mais evidente do ESE, em detrimento de dimensões como o nível de escolaridade ou
de rendimentos dos pais. Enquanto que a escola não é capaz de mudar os
rendimentos, nível de escolaridade ou profissão dos adultos em casa, pode ter um
impacto potencial na atmosfera familiar. Assim, um ambiente em casa, estruturado de
modos específicos, pode influenciar positivamente os níveis de realização escolar.
175
Quais as características do ambiente familiar com um impacto positivo no
aproveitamento escolar?
Xitao Fan e Michael Chen (2001) efectuaram uma meta-análise, envolvendo
mais de 90 correlações. Aperceberam-se de que, em média, as correlações entre o
ambiente familiar e os níveis de realização escolar eram de 0,33, indicando que, em
média, o ambiente familiar permite compreender 10,89 por cento da variância no
aproveitamento escolar. Todavia, o ambiente familiar não é um constructo
unidimensional. Pelo contrário, compõe-se em função de três elementos básicos: (1)
comunicação sobre a escola, (2) supervisão e (3) expectativas e estilos educativos
parentais.
FIGURA 13.1.Efeitos dos vários aspectos do estatuto socioeconómico nos níveis de realização
escolar
Indicador ESE Correlação Efeito de
Magnitude
Ganhos em
Percentil
Percentagem de
Variância Explicada
Rendimento
0,32 0,67 25 9,92
Nível de Escolaridade
0,19 0,38 24 3,24
Profissão
0,20 0,42 26 4,04
Atmosfera familiar apenas
0,58 1,42 42 33,29
Nota: Para uma discussão sobre a correlação, efeito de magnitude, ganho em percentil e percentagem de variância
explicada e suas relações, ver Notas Técnicas 1 e 4 (pp. 187-188, 190-191).
Fonte: White, K.R. (1982). The relationship between socioeconomic status and academic achievement.
Psychological Bulletin, 91, (3), 461-481.
Comunicação sobre a escola
A comunicação sobre escola refere-se ao interesse dos pais em e a comunicação
sobre os trabalhos da escola dos seus filhos. Elemento do ambiente familiar descrito
como "a estrutura do ambiente e o modo como o ambiente pode ser manipulado, com
o intuito de encorajar e apoiar a aprendizagem académica das crianças" (Christenson,
Rounds & Gorney, 1992, pp. 183-184). Na sua análise de 10 estudos, implicando
26.493 famílias, Fan e Chen verificaram que a correlação média entre essa dimensão
176
e os níveis de realização escolar é de 0,17. Muitos outros investigadores reportaram a
importância desse factor para a aprendizagem dos alunos (Bradshaw & Amundson,
1985; Chavkin & Williams, 1985; Cooper, 1989; Gonzalez & Blanco, 1991; Leler, 1983;
Peng & Wright, 1994; Radencich & Schumm, 1988; Yap & Enoki, 1995). Pese embora
os vários aspectos relativos à comunicação interajam de um modo complexo, os
geralmente mencionados incluem:
pais que, frequente e sistematicamente, conversam com os filhos sobre
o trabalho escolar,
pais que encorajam os filhos no que se refere ao trabalho escolar e
pais que oferecem aos filhos os recursos necessários à realização dos
trabalhos escolares.
Supervisão
A supervisão, usualmente, diz respeito ao grau em que os pais monitorizam e
controlam o comportamento dos seus filhos, tendo em vista a optimização do seu
aproveitamento escolar. Numa revisão de 12 estudos, abarcando 69.137 famílias,
Chen e Fan encontraram uma correlação média, entre esse aspecto do ambiente
familiar e os níveis de realização, na casa dos 0,13, a mais baixa correlação obtida
para um dos três factores relativos ao ambiente familiar. No entanto, Chen e Fan
(2001) alertam sobre eventuais deduções quanto à pouca importância da supervisão
parental. A aparentemente baixa correlação pode, apenas, significar que uma
supervisão intensa é mais utilizada por famílias em que os alunos não têm um
desempenho tão bom quanto o esperado. Como é, por eles, mencionado:
Os resultados acima referidos, contudo, não devem ser interpretados
de forma simplista, como se a supervisão em casa pouco tivesse para
oferecer em termos da melhoria da educação das crianças. Uma
explicação possível, para a fraca relação entre a supervisão familiar e a
realização académica, à semelhança do observado no estudo, pode ter
a ver com o facto de, em casa, ser implementada uma supervisão
parental mais vigilante porque, antes de mais, na escola, os alunos não
apresentam bons níveis de aproveitamento. Se for essa a situação,
então, a supervisão parental, em muitos casos, pode advir em
resultado de um baixo desempenho académico dos alunos. Por
conseguinte, a supervisão parental pode ter uma fraca ou até, mesmo,
177
uma relação (estatística) negativa com os níveis de realização dos
alunos. (pp. 13-14)
Comportamentos específicos normalmente associados com uma supervisão familiar
eficaz, incluem monitorizar o tempo dispendido no cumprimento dos trabalhos de casa
(Fehrmann, Keith & Reimers, 1987; Peng & Wright, 1994), o momento em que alunos
regressam a casa da escola e o que então fazem (Ho Sui-Chu & Willms, 1993), assim
como controlar o tempo que perdem a ver televisão (Parque, 1995).
Vários investigadores tentaram determinar a relação entre o tempo gasto a ver
televisão e o aproveitamento escolar (Neuman, 1980; Williams, Haertel, Haertel &
Walberg, 1982). Em geral, esses estudos apontam para a existência de uma
influência negativo do visionamento da televisão nos níveis de realização escolar.
Sandra Christensen, Theresa Rounds e Deborah Gorney (1992), contudo, declaram
que tal relação não é directa e deve ser interpretada com precaução, particularmente
tratando-se de elementos oriundos de diferentes categorias de ESE:
Em famílias de classe média ou baixa, ver televisão em quantidades
moderadas (2-4 horas por dia) correlaciona-se com um relativo
aumento no aproveitamento… Em geral, alunos que vêem muita
televisão (mais de 6 horas de televisão, por dia) apresentam níveis de
realização significativamente mais baixos ao nível da leitura, da escrita
e da matemática, que as crianças que assistem a menos de 6 horas
por dia… e quantidades pequenas de visionamento (2-3 horas por dia),
podem aumentar o aproveitamento de crianças desfavorecidas. (p.
186)
Podemos, assim, concluir o número de horas passado frente à televisão deve ser
moderado e monitorizado de perto pelos pais. Eliminar a televisão por completo, não
se afigura como uma medida infalível.
Expectativas e estilos educativos parentais
Expectativas e estilos educativos parentais são o terceiro e mais importante elemento
do ambiente familiar. Na sua análise de 10 estudos, englobando 24.826 famílias, Fan
e Chen (2001) identificaram uma correlação média de 0.,9 a maior das três
correlações consideradas. Fan e Chen centram-se na maneira e grau em que os pais
comunicam as suas aspirações académicas aos filhos. A relação entre essa dinâmica
e os níveis de realização escolar é bastante clara a comunicação, aos alunos, de
178
expectativas elevadas encontra-se associada um melhor aproveitamento (Boersma &
Chapman, 1982; Cohen, 1987; Marjoribanks, 1988; Scott-Jones, 1984). As
percepções dos alunos, relativamente às expectativas parentais, também estão
correlacionadas com os níveis de realização escolar (Gigliotti & Brookover, 1975;
Johnson, Brookover & Farnell, 1989). De facto, as percepções do aluno sobre as
expectativas dos pais podem, inclusive, ser mais importantes que as expectativas dos
últimos. Como Christensen et al. (1992) descrevem: "… não é claro, se são as
expectativas e crenças da própria criança ou se são as reais expectativas dos pais
que influenciam o aproveitamento" (p. 182).
Os estilos educativos parentais, utilizados para comunicar expectativas,
emergem como um elemento fundamental. Muitos dos estudos, incluídos por Fan e
Chen na sua discussão sobre as expectativas parentais, tematizam os estilos
educativos parentais (Hess, Holloway, Dickson & Price, 1984; Peng & Wright, 1994;
Voekl, 1993).
Em geral, os estilos educativos parentais encontram-se organizados em três
categorias autoritário, permissivo e democrático , originalmente designadas como
estilos disciplinares (Baumrind, 1978). Mais tarde, quando os investigadores se
aperceberam do papel imbuído da comunicação, denominaram-nos de estilos
educativos parentais (Baumrind, 1991). Os dois primeiros pouca ou nenhuma relação
mantêm com os níveis de realização escolar, o terceiro, contudo, é descrito como
tendo uma relação positiva e forte com essa dimensão (Christensen et al., 1992).
Um estilo autoritário é aquele em que os pais estabelecem e fazem cumprir
todas as regras da casa, sendo pouca ou nada discutidas com os filhos. As regras são
absolutas e a sua transgressão, com frequência, destaca-se pela aplicação pronta de
um castigo, acompanhado por emoções negativas dos pais. Os pais tomam a maior
parte das decisões pelos filhos, num largo espectro de actividades, nomeadamente,
as relativas ao desporto que praticam, aos amigos que lhes é permitido ter e aos tipos
de entretimento a que têm acesso. O estilo educativo parental autoritário, não se
define tanto pelos limites colocados à realização dessas actividades como pelo facto
de essas restrições serem impostas quase sem participação ou opinião dos filhos.
O estilo permissivo é a antítese do autoritário. Os pais estabelecem poucas,
se algumas, regras em casa e raramente castigam os comportamentos menos
adequados. Os filhos têm toda a liberdade para criarem as suas próprias regras de
conduta e, na maior parte dos casos, fica ao seu critério a decisão sobre
acontecimentos do quotidiano. Há poucas, se quaisquer, restrições quanto aos
179
desportos, amigos ou diversão. Embora possa parecer que presente abordagem
favorece a independência e a autonomia que, em contrapartida, aumentam os níveis
de realização escolar, não há nenhuma evidência nesse sentido. Na realidade, tudo
indica que um estilo educativo parental permissivo acaba por ser prejudicial ao
aproveitamento académico. Como Christensen e colaboradores (1992) referem: "são
mais benéficos os erros devidos a um controle parental excessivo do que a concessão
de autonomia muito cedo, dado que a última parece apresentar uma correlação
negativa com os feitos escolares" (p. 189).
Preferível, é o estilo democrático. Jennifer Rosenau (1998) caracteriza-o,
associando-lhe os seguintes aspectos, "calor parental, disciplina indutiva, práticas não
punitivas e consistência na sua educção…" (p. 12). Apesar de a família ter regras, a
sua definição, comummente, implica uma participação activa dos filhos. As
transgressões são encaradas com consequências, mas não são punitivas, por
natureza, ou executadas com qualquer tipo de emoção negativa. Finalmente, os pais
com um estilo educativo democrático emanam interesse pelas vidas quotidianas dos
seus filhos.
Medidas a seguir
Os três elementos relativos ao ambiente familiar não se prestam a uma intervenção
directa por parte da escola, que não pode (e não deve) entrar nas casas dos alunos e
sugerir técnicas específicas de comunicação sobre a escola, de supervisão dos filhos
ou relativas às expectativas e estilos educativos parentais. A escola pode oferecer
informação e formação sobre como construir um ambiente familiar conducente ao
sucesso académico. De facto, o segundo princípio definido no âmbito dos Critérios
Nacionais dos Programas para o Envolvimento dos Pais/Família97 (Parent Teacher
Association, 1997) apela à promoção de competências de parentalidade, por parte da
97 No original, National Standards for the Parent/Family Involvement Programs. Os Critérios Nacionais dos Programas para o Envolvimento dos Pais/Família resultam do reconhecimento da importância global da participação dos pais e da família para o sucesso escolar das crianças e jovens. O seu objectivo prende-se com a definição de um conjunto de princípios orientadores para esse tipo de programas, tendo em vista a sua qualidade e eficácia. São da responsabilidade da Associação Nacional de Pais e Professores (PTA), em colaboração com outros educadores e profissionais, devendo a sua utilização ser feita conjuntamente com outros padrões nacionais e iniciativas de reforma que visem apoiar o sucesso e a aprendizagem das crianças e jovens. Os critérios definidos relacionam-se com a comunicação, a promoção de competências de parentalidade e de apoio à aprendizagem, a participação activa nos diferentes níveis de funcionamento quotidiano da escola (desde o apoio aos professores até ao envolvimento na gestão e definição das políticas escolares) e a colaboração com a comunidade. (N. dos T.)
180
escola. Dado que as escolas estão um pouco limitadas na sua capacidade de
estabelecer um ambiente familiar apoiante, apenas irei sugerir uma medida.
Medida 1. Disponibilize, aos pais, formação e apoio, tendo em vista a melhoria da sua comunicação, com os filhos, sobre a escola, da sua capacidade para os supervisionar, assim como para lhes comunicar expectativas no contexto de um estilo educativo parental eficaz.
Normalmente, estas são medidas adoptadas sob a forma de um programa ou
programas de formação oferecidos pela escola. Quando abordado, sistemática e
ponderadamente, tal programa pode produzir uma mudança no ambiente familiar
(Onikama, Hammond & Koki, 1998; Tangri & Moles, 1987) que se traduz num também
melhor desempenho académico. Uma meta-análise de 29 estudos, monitorizados
durante um período de 10 anos, indicava que, em 91 por cento dos grupos com pais
envolvidos nos programas de formação, os níveis de realização escolar dos alunos
eram superiores aos dos elementos na condição de controle (Graue, Weinstein &
Walberg, 1983).
Algumas escolas e distritos escolares procuram fomentar a formação no
espaço dos seus esforços de reforma. Segundo Beth Antunez (2000), o Distrito
Escolar Unificado de São Francisco (SFUSD) definiu como princípio a elaboração, em
cada escola do pré-escolar ao ensino secundário , de um plano de envolvimento,
a longo prazo, dos pais. Entre outros aspectos, o modelo do SFUSD recomenda que
as escolas criem oportunidades para o desenvolvimento dos pais, designadamente
através de formação patrocinada pela escola.
Alguns programas de formação para pais encontram-se imbuídos em esforços
de melhoria, em grande escala, da escala, implicando múltiplos estabelecimentos e
distritos escolares. A Parceria Pais/Professores para a Melhoria do Sucesso da
Escola98 (Swick, 1991) é um programa baseado na formação, que procura
desenvolver a autoconfiança dos pais criando condições favoráveis ao aparecimento
de um ambiente familiar conducente à aprendizagem. Implementado na Carolina do
Sul, o projecto resultou de um esforço de colaboração entre a Universidade da
98 No original, The Teacher-Parent Partnership for the Enhancement of School Success. No essencial, A Parceria Professores/Pais para a Melhoria do Sucesso da Escola tinha como objectivo a implementação de um programa destinado a crianças e baseado na família e na escola, que aumentasse o aproveitamento escolar e melhorasse as oportunidades educativas à sua disposição. A fim de concretizar essa finalidade, entre outros aspectos, o programa procurava trabalhar e incrementar uma maior auto-confiança nos pais, o apoio familiar à educação e o fortalecimento das relações entre o pessoal da escola e a família. (N. dos T.)
181
Carolina do Sul e 18 distritos escolares rurais. Não apenas incluía sessões de
formação para os pais como sessões para os professores, com o intuito de facilitar o
envolvimento dos pais com a escola. Outro programa, Começo Igual99, explicitou
como finalidade "a melhoria das oportunidades educativas oferecidas às crianças e
aos seus pais" (Center for Community Education, 1989). O projecto enfatiza o facto de
uma parentalidade eficaz requerer formação e apoio ao desempenho dos papéis
parentais, enquanto comunicadores, líderes, conselheiros e defensores.
Embora não haja nenhum formato pré-estabelecido para estes programas, as
características associadas à sua eficácia incluem (Filipczak, Lordeman & Friedman,
1977; Goodson & Hess, 1975; Graue, Weinstein & Walberg, 1983; Tangri & Moles,
1987):
sessões, de uma a duas horas, realizadas à noite,
frequência gratuita das sessões, por parte dos pais,
frequência semanal das sessões, embora a realização de uma única
sessão possa ser considerada,
centração das sessões em comportamentos específicos susceptíveis
de serem utilizados pelos pais e
utilização das sessões como veículos para o envolvimento parental
noutros aspectos da vida da escola.
As escolas que desejem abordar todos os aspectos do ambiente familiar, poderão
levar a cabo uma série de mini-cursos para pais. Um mini-curso abordaria o interesse
dos pais pelo trabalho escolar e maneiras de comunicar esse interesse, a fim de
melhorar os níveis de realização escolares. Um segundo mini-curso poderia focar
actividades a serem supervisionadas e técnicas de supervisão. Um terceiro mini-curso
poder-se-ia dirigir aos estilos educativos parentais e às técnicas de comunicação de
expectativas. A mensagem mais forte a ser transmitida aos pais refere-se ao facto de,
por um lado, o ambiente familiar ter um impacto profundo no aproveitamento
académico dos seus filhos e, por outro, de eles terem o poder para alterar o ambiente
familiar vivido em suas casas.
Resumo99 No original, Even Start. O Programa Começo Igual (para a Literacia da Família) foca as necessidades educativas básicas de crianças até aos oito anos, oriundas de famílias com baixos rendimentos, disponibilizando-lhes um programa unificado que contempla (1) programas de literacia ou de ensino, ao nível básico ou secundário, para pais, (2) assistência aos pais na promoção eficaz do desenvolvimento educativo dos filhos e (3) educação precoce para os seus filhos. Os projectos oferecem algum apoio directamente, sendo o restante esforço desenvolvido em colaboração com outras entidades de prestação de serviços. (N. dos T.)
182
O ambiente familiar distingue-se do estatuto socioeconómico enquanto um grupo de
comportamentos específicos e modificáveis, com uma muito mais sólida relação com
os níveis de realização escolar do que o rendimento, os níveis de escolaridade ou o
tipo de profissão. Discutiram-se três aspectos relativos ao ambiente familiar: a
comunicação sobre a escola, a supervisão e as expectativas e estilos educativos
parentais. Propus uma medida uma série de mini-cursos ou formação
disponibilizados, gratuitamente, aos pais.
183
14. Inteligência aprendida e conhecimentos de base
A inteligência aprendida, para alguns, será um contra-senso. A junção dessa
expressão com o factor conhecimentos de base não é, certamente, comum. Todavia,
pelo menos, um tipo de inteligência é aprendida; esse tipo de inteligência é, para todos
os efeitos, igual ao conhecimento de base.
Inteligência: Os dois tipos
Precedo a análise da investigação sobre a inteligência notando que algumas
abordagens distinguem entre inteligência e aptidão (Anastasi, 1982; Snow & Lohman,
1989). Por mais útil que se afigure, essa é uma diferenciação bastante técnica, que
não se enquadra nos objectivos do presente capítulo. Por conseguinte, nas páginas
que se seguem, os termos inteligência e aptidão serão usados alternadamente.
A asserção de que a inteligência e o aproveitamento escolar se encontram
fortemente relacionados tem, de um ponto de vista intuitivo, um toque de validade.
Quanto mais inteligentes somos, mais fácil é a aprendizagem e, na escola, trata-se
seguramente de aprender. São numerosos os estudos que documentam a força dessa
relação, encontrando-se resumidos alguns dos seus resultados na Figura 14.1., p.
134. Se se atender ao facto de, nas ciências sociais, serem raras as correlações com
um valor igual ou superior a 0,50 (e o respectivo efeito de magnitude) (Cohen, 1998),
os resultados expostos são impressionantes.
Os investigadores Arthur Jenson (1980), Richard Heurnstein e Charles Murray
(1994), afirmam que a inteligência é uma característica fixa e imutável. Uma avaliação
da natureza da aptidão, contudo, proporciona uma visão bem diferente, especialmente
diferenciam dois tipos de inteligência.
Raymond Cattel (1971/1987) foi quem, pela primeira vez, propôs uma distinção
elementar, que Phillip Ackerman (1996), posteriormente veio a aprofundar. Segundo
essa teoria, concebe-se a inteligência em função de dois constructos: a inteligência
como conhecimento (inteligência cristalizada) e a inteligência como processos
cognitivos (inteligência fluida). A inteligência cristalizada pode ser ilustrada através do
conhecimento de factos, generalizações e princípios. Procedimentos e faculdades
mentais, como, por exemplo, o raciocínio abstracto, a memória operante e a eficiência
da memória operante, concretizam a inteligência fluida. Se, por um lado, se assume
184
que a inteligência fluida é inata e não se encontra sujeita a alterações devidas a
factores ambientais, por outro, percepciona-se a inteligência cristalizada como
aprendida. Pressupõe-se, igualmente, que inteligência fluida é instrumental no
desenvolvimento da inteligência cristalizada. Assim, quanto mais inteligência fluida
temos, mais facilmente adquirimos inteligência cristalizada, enquanto interagimos com
o mundo.
FIGURA 14.1.Correlação entre inteligência e níveis de realização escolar
Estudo Empírico Correlação Efeito de Magnitude Ganho em Percentil Percentagem de
Variância Explicada
Fraser et al.
(1987)
0,40 0,88 31 16
Walberg (1984) 0,71 20,2 48 50
Bloom (1984) 0,60 1,50 43 36
Dochy, Segers &
Buehl (1999)
0,43 0,95 33 19
Bloom (1976) 0,63 1,62 45 40
Steinkamp &
Maehr (1983)
0,33 0,70 36 11
Boulanger (1981) 0,49 1,13 37 24
Nota: Para uma discussão sobre a correlação, efeito de magnitude, ganho em percentil e percentagem de variância
explicada e suas relações, ver Notas Técnicas 1 e 4 (pp. 187-188, 190-191).
Qual dos tipos de inteligência cristalizada ou fluida se encontra mais
fortemente relacionada com os níveis de realização escolar? Eric Rolfhus e Phillip
Ackerman (1999) administraram medidas de avaliação da inteligência a 141 adultos,
juntamente com medidas de aferição de conhecimentos em 20 áreas temáticas
diferentes. Em seguida, examinaram a relação entre as pontuações nas medidas das
disciplinas e da inteligência fluida versus cristalizada. Identificaram uma relação
pequena entre o conhecimento académico e a inteligência fluida, o mesmo não
sucedeu entre o conhecimento académico e a inteligência cristalizada, que se
185
mostraram fortemente relacionados entre si. Rolfhus e Ackerman (1999) declaram que
os seus resultados sugerem que o "conhecimento apresenta uma associação mais
elevada com as capacidades [cristalizadas] do que com as capacidades [fluidas]" (p.
520).
Conhecimento de base
A forte correlação, existente entre inteligência cristalizada e aproveitamento
académico, ajuda a explicar a também sólida relação encontrada entre o
conhecimento de base (ou "conhecimento anterior", em alguns estudos) e os níveis de
realização. Investigação tão omnipresente quanto a descoberta de que a aptidão se
com ela encontra inexoravelmente correlacionada. Na Figura 14.2. são expostos os
resultados de alguns destes estudos. Novamente, as correlações (e seus respectivos
efeitos de magnitude) aí apresentadas são bastante impressionantes em termos da
sua grandeza.
Filip Dochy, Mien Segers e Michelle Buehl (1999) efectuaram uma das
investigações mais extensas no domínio da relação entre o conhecimento de base e
os níveis de realização escolar. Na sua análise de 183 estudos, verificaram que em
91,5 por cento foram relatados efeitos positivos do conhecimento de base na
aprendizagem; todos aqueles em que isso não acontecia, tinham medido o
conhecimento de base de um modo indirecto, questionável ou, mesmo, inválida. Em
alguns desses estudos, perguntou-se, simplesmente, aos sujeitos, se estavam
familiarizados com os conteúdos, em vez de se avaliar se, na realidade, possuíam
esses conhecimentos.
Assomam algumas generalizações evidentes. Primeiro, a investigação apoia a
ideia de que a inteligência cristalizada, ao contrário da inteligência fluida ou inata, tem
correlação mais forte com o aproveitamento académico. Segundo, a inteligência
cristalizada e o conhecimento de base, para todos os efeitos, podem ser considerados
idênticos, pelo menos, no que se refere aos níveis de realização escolar. A inteligência
cristalizada consiste no conhecimento aprendido sobre o mundo; o conhecimento de
base resulta do conhecimento aprendido sobre um domínio específico. Aumentar o
conhecimento de base de um aluno é o mesmo que ampliar a sua inteligência
cristalizada, um dos mais fortes determinantes do aproveitamento académico.
186
FIGURA 14.2.Correlação entre conhecimento de base e níveis de realização escolar
Estudo Empírico Correlação Efeito de Magnitude Ganho em Percentil Percentagem de
Variância Explicada
Bloom (1976) 0,784 2,2a 48 55
Dochy (1992) (in
Dochy, Segers &
Buehl, 1999)
0,65 1,71 46 42
Tobias (1994) 0,66 1,76a 46 44
Alexander,
Kulikowich &
Schulze (1994)
0,46 1,04a 35 21
Dochy et al. (1999) 0,66 1,76a 46 44
Schiefele & Krapp
(1996)
0,21 0,43 16 4
Tamir (1996) 0,64 1,67 45 41
Boulanger (1981) 0,46 1,04 35 21
a = estimado com base em dados relatados
Nota: Para uma discussão sobre a correlação, efeito de magnitude, ganho em percentil e percentagem de variância
explicada e suas relações, ver Nota Técnica 1 e 4 (pp. 187-188, 190-191).
São múltiplas as situações que ajudam a explicar uma baixa inteligência
cristalizada. É, sem dúvida, verdade que os alunos com uma inteligência fluida
elevada e acesso a uma variedade de experiências, naturalmente, adquirirão uma
inteligência cristalizada substancial. Um aluno com baixa inteligência fluida, no mesmo
ambiente rico em experiências, terá uma inteligência cristalizada mais baixa. Daí até
considerar que uma mais baixa inteligência cristalizada se deve a uma baixa
inteligência fluida, vai uma grande distância. De facto, uma pessoa com uma
inteligência fluida elevada, sem acesso a várias experiências, também terá uma
inteligência cristalizado baixa, simplesmente devido à falta de oportunidade para a
adquirir. Uma pessoa com baixa inteligência fluida e acesso limitado a uma grande
amplitude de experiências está de mãos atadas, arcando, não apenas como uma
187
reduzida capacidade em adquirir inteligência cristalizada como também com a falta de
acesso à multiplicidade de vivências sobre a qual ela se constrói.
Somente, a confluência de uma elevada inteligência fluida com um suporte
experiencial rico, conduz a uma elevada inteligência cristalizada. Ocupar-se de
actividades com a finalidade de aumentar o conhecimento de base poderá, então,
comportar benefícios para um leque extenso de alunos. São duas as abordagens
essenciais à disposição das escolas abordagens directas e abordagens indirectas.
Abordagens directas de promoção da inteligência cristalizada: orientar
Por definição, uma abordagem directa significa aumentar a variedade e a profundidade
das experiências fora da aula, tais como, viagens de estudo a museus e galerias de
arte, viagens subvencionadas pela escola ou, ainda, programas de intercâmbio. Pese
embora a relevância dessas experiências, usualmente, as limitações financeiras das
escolas apenas tornam possível a concretização de um certo número de actividades
dessa natureza.
Uma alternativa viável passa pelo estabelecimento de relações de apoio ou
orientação com membros da comunidade. Em sentido lato, podem definir-se essas
relações como uma conexão, de um-para-um, entre um adulto que se preocupa e um
jovem necessitado de ajuda ou direcção. Embora as relações de apoio ou orientação
possam desenvolver-se naturalmente entre alunos e professores, parentes ou
treinadores, o seu planeamento leva a que, no âmbito de um programa estruturado, se
procure emparelhar um aluno com um mentor ou orientador (Brewster & Fager, 1998).
A construção de relações de confiança entre dois estranhos de grupos etários
distintos é, provavelmente, a chave do seu sucesso (Sipe, 1999). A confiança é
essencial, embora difícil de conseguir, em particular tratando-se de parceiros oriundos
de diferentes grupos de ESE ou étnicos. Apesar de não haver qualquer guião para o
estabelecimento de uma relação eficaz entre orientador e orientando, há algumas
atitudes que, desse ponto de vista, se têm vindo a revelar bastante úteis (Sipe, 1999):
manter uma presença sólida e consistente na vida do aluno,
assumir a responsabilidade de manter a relação viva e estar consciente
de que, talvez, a relação não seja recíproca,
deixar que o jovem participe nas decisões sobre como há-de passar o
tempo e respeitar as suas opiniões,
reconhecer a necessidade do jovem em se divertir e
188
familiarizar-se com a família do jovem.
Jean Grossman e Amy Johnson (2002) descrevem os resultados das avaliações de
dois programas de orientação populares: Irmãos e Irmãs Mais Velhos (BBBS)100 e
Pelo Futuro de Filadélfia Patrocine um Estudante (SAS)101. O BBBS junta um
voluntário adulto desconhecido com um aluno natural de uma família monoparental. O
voluntário e o aluno aceitam reunir-se duas a quatro vezes por mês, durante pelo
menos um ano, durando o encontro entre duas a quatro horas. Grossman e Johnson
comentam que o "BBBS não tem como finalidade melhorar problemas particulares ou
atingir determinadas metas, pelo contrário, pretende proporcionar, a um jovem, um
amigo adulto promotor de objectivos gerais de desenvolvimento dos jovens" (p. 8).
As metas do SAS são mais específicas. A sua principal missão consiste em
apoiar alunos das escolas públicas de Filadélfia a "chegarem" à faculdade. De acordo
com Grossman e Johnson: "procura-se consegui-lo através de uma série de serviços
de apoio, entre os quais é possível destacar a disponibilização de uma orientação a
longo prazo e o auxílio financeiro com as despesas relativas à faculdade" (p. 8). Os
alunos e respectivos mentores trabalham em conjunto durante cinco anos, desde o 9º
até ao 1.º ano da faculdade. Os orientadores monitorizam os progressos escolares do
jovem e apoiam-no no processo de candidatura à faculdade.
Embora o relato dos resultados, fornecido por Grossman e Johnson, se centre
em aspectos concretos das relações entre orientador e orientando (e.g., duração ou
frequência da relação), no geral, os dados relativos aos alunos que participaram
versus os que não participarem mostram:
GPAs102 mais elevadas no secundário,
maiores probabilidades de acesso ao ensino superior e
maiores probabilidades de permanência no ensino supeiror.
100 No original, Big Brothers Big Sisters (BBS). O programa Irmãos e Irmãs Mais Velhos destina-se a crianças e jovens em risco, com idades compreendidas entre os 6 e os 18 anos, e tem como objectivo ajudá-los a lidar, construtiva e adaptativamente, com os desafios que enfrentam no dia-a-dia, proporcionando-lhes relações de apoio e orientação com pessoas mais velhas. (N. dos T).101 No original, Philadelphia Futures’ Sponsor-A-Scholar (SAS). O programa Pelo Futuro de Filadélfia Patrocine um Estudante, foi fundado com o intuito de apoiar alunos do ensino público a permanecerem na escola e a melhorarem o seu aproveitamento para níveis de excelência, tendo em vista a prossecução dos estudos a nível superior. Destina-se a jovens em risco, oriundos de meios economicamente desfavorecidos, que se mostrem motivados e pretendam frequentar a universidade. O programa funciona através do emparelhamento desses jovens com mentores, com quem se reúnem regularmente (uma vez por semana) e que lhes disponibilizam apoio e orientação. (N. dos T.)102 A Grade Point Average (GPA) ou nota média em pontuação normalmente, são atribuídas todos os semestres e variam entre o 0,00 e o 4,00. São igualmente um dos critérios utilizados para o acesso ao ensino superior. (N. dos T.)
189
Abordagens directas de promoção da inteligência cristalizada: Vocabulário
O depósito de tudo o que jamais aprendemos intitula-se memória permanente todos
os conhecimento e competências. Pode-se, inclusive, considerá-la a residência oficial
da inteligência cristalizada. O modelo, comummente utilizado para descrever o modo
como a informação é representada na memória permanente, baseia-se na
organização modular. John Anderson (1995) refere-se a esses módulos como
"registos" de memória. Posteriormente, Alan Paivio (1990), com a sua teoria da
"codificação dual", expandiu ainda mais a nossa compreensão sobre a memória
permanente. Hipotetiza a existência de dois componentes primários, nos registos de
memória representações linguísticas e representações em imagens. Um dos
aspectos mais interessante desses registos de codificação dual na memória diz
respeito ao facto de serem guardados sob a égide de uma etiqueta ou rótulo. Por
exemplo, a palavra casa aparece como a etiqueta ou rótulo de um registo específico
de imagens, guarnecidas por informações linguísticas. À medida que vão tendo novas
experiências, os alunos armazenam-nas sob a forma de registos de memória. Quando
completamente constituídos, os registos de memória são acompanhados por uma
etiqueta ou rótulo associado. Quanto maior for o número de registos e respectivas
etiquetas ou rótulos, maior será a nossa inteligência cristalizada. O conhecimento de
vocabulário exibido por cada um de nós constitui, então, um bom indicador da nossa
inteligência cristalizada.
Seguramente, a inteligência cristalizada não pode ser encarada como
sinónimo de desenvolvimento de vocabulário, no entanto, o vocabulário é, por norma,
considerado como uma boa medida geral da inteligência (Chall, 1987). Coleman e
colaboradores (1966) usaram a competência verbal como a medida dependente
nuclear (ver Madaus et al., 1979). Sem grande surpresa, a relação entre o
conhecimento de vocabulário e os níveis de realização escolar encontra-se bem
documentada na literatura. Já em 1941, investigadores estimaram que, em medidas
estandardizadas, alunos do 4.º ao 12.º ano, situados entre o percentil 25 e 50,
apresentariam um desfasamento de aproximadamente 6.000 palavras (Nagy &
Herman, 1984). Através do recurso a um método mais avançado de cálculo da
extensão do vocabulário, William Nagy e Patricia Herman (1984), observaram uma
diferença algures entre as 4.500 e 5.400 palavras, entre alunos com baixo versus
elevado aproveitamento.
190
Há, ainda, dados que apontam para a existência de uma relação entre o
desenvolvimento de vocabulário e o acesso a uma variedade grande de experiências.
Nagy e Herman (1984) identificaram uma diferença consistente, no desenvolvimento
de vocabulário, entre grupos com diferentes estatutos socioeconómicos (ESE).
Calcularam uma discrepância de cerca de 4.700 palavras, quanto ao conhecimento de
vocabulário, entre alunos com um ESE alto e baixo. Do mesmo modo, verificaram que
os alunos no 1º ano, provenientes de um ESE médio sabem, em média, 50 por cento
mais palavras que os alunos procedentes de um baixo ESE. Michael Graves e Wayne
Slater (1987) revelaram que, alunos do 1º ano, vindos de contextos familiares com
rendimentos elevados, apresentam um vocabulário que quase duplica o evidenciado
por aqueles que são oriundos de contextos familiares com baixos rendimentos.
Embora diferentes investigadores utilizem estimativas também ligeiramente diferentes,
todos parecem concordar que existem enormes variações na quantidade de
vocabulário manifestado por alunos pertencentes a diferentes grupos sociais. Aqueles
que têm um amplo acesso a múltiplas experiências (geralmente) possuem um
vocabulário extenso, sendo o inverso igualmente verdade os que não têm o mesmo
acesso a esse tipo de oportunidades (normalmente) apresentam um vocabulário mais
reduzido.
O debate sobre o ensino de vocabulário
Como pode, então, uma escola contribuir para o aumento do vocabulário dos alunos?
Duas abordagens, até certo ponto, concorrentes prevalecem nos dias de hoje: (1)
leitura vasta e (2) ensino directo de vocabulário.
Leitura extensa
Ler, extensamente, para aumentar o vocabulário faz sentido, de um ponto de vista
intuitiva quanto mais os alunos lerem, mais novos rótulos ou etiquetas adquirem
para as experiências sobre as quais lêem. A esse respeito há, mesmo, alguns teóricos
que defendem a ideia de a leitura extensa é a única maneira viável de aumentar o
vocabulário. Um dos seus mais fortes argumentos, na controvérsia mantida com o
ensino directo de vocabulário, advém do reconhecimento de que as palavras a
aprender são, simplesmente, demasiadas. William Nagy e Richard Anderson (1984)
determinaram que o número de palavras "impressas em inglês escolar " (isto é, as
191
palavras que os alunos do K-12 podem encontram impressas) ronda os 85.000.
Obviamente, seria impossível ensinar tantas palavras, uma de cada vez. Steven Stahl
e Marilyn Fairbanks (1986) resumiram essa posição do seguinte modo:
Uma vez que os programas de ensino de vocabulário, em média,
abordam 10 a 12 palavras por semana ou, aproximadamente, 400
palavras por ano, das quais, talvez, 75 por cento ou 300 são
aprendidas, a instrução de vocabulário não é o meio mais adequado
para lidar com o volume de palavras novas que as crianças precisam
de aprender e aprendem, de facto, sem instrução. (p. 100)
Por seu turno, Nagy e Herman (1987) baseiam o seu raciocínio na seguinte linha de
argumentação:
Se os alunos dispenderem 25 minutos por dia a ler, a uma velocidade
de 200 palavras por minuto, num total de 200 dias, encontrariam,
anualmente, um milhão de palavras escritas. De acordo com as nossas
estimativas, com essa quantidade de leitura, as crianças deparar-se-
iam com cerca de 15.000 a 30.000 palavras pouco conhecidas. Se
uma, em 20 palavras, for aprendida, o ganho anual em vocabulário
será de 750 a 1.500 palavras. (p. 26)
Assim, se se tomar à letra as discussões anteriores, o ensino directo de vocabulário
pode não só ser uma medida desaconselhada como completamente tola. Realmente,
dar oportunidades, aos alunos, de leitura extensa, enquanto parte da sua educação
regular afigura-se lógico.
Há décadas que estão em vigor programas promotores de uma leitura extensa
(Hunt, 1970). Muitos desses programas intitulam-se genericamente como Leitura
Silenciosa Sustentada (SSR)103 ou recorrem a variantes semelhantes, a saber, Leitura
Livre e Voluntária (FVR)104, Leitura Silenciosa Sustentada e Ininterrupta (USSR)105 e
Resultados Positivos à Medida que se Divertem com a Leitura (POWER)106. Um
programa de Leitura Silenciosa Sustentada simples é aquele em que os alunos (e,
frequentemente, os professores) lêem livros à sua escolha, em silêncio, durante cerca
103 No original, Sustained Silent Reading (SSR). A Leitura Silenciosa Sustentada, assim como a Leitura Silenciosa Sustentada e Ininterrupta (USSR), a Leitura Livre e Voluntária e os Resultados Positivos à Medida que se Divertem com a Leitura (POWER) são programas que têm como objectivo promover o gosto pela leitura, tornando-a uma actividade agradável e atractiva. No geral, pretendem ajudar os alunos a desenvolver hábitos de leitura e a expandirem o seu vocabulário. (N. dos T.)104 No original, Free Voluntary Reading (FVR). (N. dos T.)105 No original, Uninterrupted Sustained Silent Reading (USSR). (N. dos T.)106 No original, Positive Outcomes While Enjoying Reading (POWER). (N. dos T.)
192
de 10 a 20 minutos. Como vimos, a lógica subjacente a essa abordagem radica no
aumento, não intencional, de vocabulário. Outro dos aspectos inerentes ao seu
racional diz respeito ao reconhecimento de que, para os alunos se tornarem leitores
independentes proficientes, devem ser capazes de romper com as actividades de
leitura organizadas e pesadamente estruturadas, que, em norma, integram o trabalho
de aula.
A investigação sobre a SSR tem produzido resultados ambíguos quanto à sua
eficácia, em termos das melhorias registadas ao nível da compreensão da leitura
(National Institute of Child Health and Human Development, 2000; Holt & O’Tuel,
1989; Pilgreen & Krashen, 1993). Uma explicação possível, reside no facto de os
professores e as escolas empregaram tantas variações, que as suas características
nucleares acabaram por de perder (Nagy, Campenni & Shaw, 2000). A leitura extensa
também tem mostrado ter um impacto positivo no desenvolvimento de vocabulário,
mas, de novo, os resultados são inconsistentes (Elley, 1989; Morrow, Pressley, Smith
& Smith, 1997; Pressley, 1998; Robbins & Ehri, 1994; Rosenhouse, Feitelson, Kita &
Goldstein, 1997).
Pese embora a leitura extensa seja fundamental para o desenvolvimento do
vocabulário, os dados recolhidos pela investigação, durante décadas, simplesmente,
não apoiam a posição de que a sua promoção seja, só por si, suficiente para garantir
o desenvolvimento de vocabulário. Como é explicado por Isabel Beck e Margaret
McKeown (1991): "a pesquisa, ao longo de várias décadas, não tem conseguido
demonstrar que os significados das palavras são, rotineiramente, adquiridos através
do contexto" (p. 799).
Joseph Jenkins, Marcy Stein e Katherine Wysocki (1984) conduziram um
estudo que não deixa grandes margens para dúvidas a esse respeito. Os autores
determinaram que, a aprendizagem adequada de uma palavra nova, em contexto
(sem ensino), requer, pelo menos, seis exposições, para que os alunos possam
acumular experiências suficientes, que lhes permitam apurar e recordar o seu
significado. Para além desse número, os ganhos observados são desprezíveis. Stahl
e Fairbanks (1986) chegaram a conclusões semelhantes, tendo verificado que
múltiplos confrontos com as palavras produziam uma melhor compreensão do seu
significado (embora Stahl e Fairbanks não tenham identificado um número óptimo de
apresentações).
Estes resultados permitem questionar, seriamente, a lógica da abordagem da
“leitura extensa” enquanto o único mecanismo eficaz para o desenvolvimento do
193
vocabulário. Uma vez mais, os seus defensores contrapõem com a ideia de que, à
medida que se deparam com as palavras, na leitura, os alunos vão descobrindo o seu
significado, assim como vão sendo capazes de as recordar. Argumento que não
reconhece o facto de os alunos encontrarem a maioria dessas novas palavras,
apenas, alguns vezes. De facto, os estudos sobre a frequência das palavras indicam
que, a maioria, não aparece com frequência nos documentos escritos. Mais de 90 por
cento das palavras que os alunos se deparam na leitura, surge menos de uma vez em
cada milhão de palavras por texto; cerca de metade, aparece menos de uma vez em
cada bilião de palavras (Nagy & Anderson, 1984). Assim, os encontros, dos alunos,
com novas palavras por intermédio da leitura constituem, na sua maior parte,
experiências isoladas e únicas, em quantidade insuficiente para produzir a
aprendizagem de novas palavras.
Ensino directo de vocabulário
O ensino directo não implica uma memorização aparatosa de definições. Um dos
elementos essenciais da estratégia refere-se ao facto de caber aos alunos a
responsabilidade de atribuir um significado às novas palavras. Dito de outro modo, o
aluno simplesmente “expande” a informação inicial que lhe foi dada sobre um palavra
(Pressley, 1998), o que, no fundo, acaba por ser a antítese da memorização de
definições.
Como é sugerido pelo trabalho de Allan Paivio, uma das maneiras mais
eficazes de construir sentido a partir de vocabulário recém-aprendido, passa pela
elaboração de representações do seu significado sob a forma imagens. Há dados
muitos fortes que apontam para um impacto bastante positivo da construção de
imagens na aprendizagem e recordação de novas palavras. Numa análise de 11
estudos experimentais, Glen Powell (1980) descobriu que as técnicas educativas que
recorrem a imagens produzem ganhos no aproveitamento, relativo ao conhecimento
de palavras, 34 pontos de percentil acima das técnicas que não o fazem.
Existe uma diferença nítida entre os efeitos resultantes do ensino de termos, a
partir de listas generalizadas de vocabulário, ou de palavras próprias de um
determinado tema. Muitos programas de desenvolvimento de vocabulário empregam
listas de palavras de elevada frequência i.e., palavras mais comuns ao nível da
linguagem escrita (Caroll, Davies & Richman, 1971; Harris & Jacobson, 1972). Essas
listas de palavras de elevada frequência, em geral, não se centram no vocabulário
194
específico das disciplinas escolares. Contudo, essas deveriam ser as palavras
estudadas no âmbito de um programa de desenvolvimento do vocabulário destinado a
aumentar os níveis de realização dos alunos. Numa meta-análise, Stahl e Fairbanks
(1986) constataram que o ensino de palavras de elevada frequência, como as
encontradas nessas listas, melhora a capacidade dos alunos, para compreenderem
um novo conteúdo, em 12 pontos percentuais. Porém, quando as palavras são
seleccionadas em função da sua importância para a aprendizagem de um dado tema
da matéria, o efeito obtido traduz-se um ganho de 33 pontos percentuais. Tal
diferença indica que o ensino directo de palavras inerentes aos conteúdos
programáticos pode ter um impacto profundo na capacidade de aprendizagem dos
alunos.
No seu conjunto, a pesquisa, sobre a leitura extensa e o ensino directo de
vocabulário directo pinta, dá-nos um quadro bastante evidente do que poderia ser um
programa abrangente de desenvolvimento de vocabulário. Por exemplo,
os alunos envolvem-se em actividades de leitura extensa dos
conteúdos das disciplinas e de temas à sua escolha;
os alunos são alvo de um ensino directo de palavras e expressões
essenciais à sua compreensão dos conteúdos programáticos;
os alunos são expostos múltiplas vezes a novas palavras e
os alunos são encorajados a desenvolver a sua compreensão de novas
palavras, através da utilização de imagens mentais, representações e
símbolos.
Medidas a seguir
Proponho três medidas para promover a promoção da inteligência aprendida dos
conhecimentos de base.
Medida 1. Envolva os alunos em programas que, directamente, aumentem a quantidade e a qualidade das suas experiências de vida.
Algumas das maneiras possíveis de o concretizar, incluem viagens de estudo a
galerias de arte, museus, empresas e a diferentes áreas da cidade. Se os recursos
forem limitados, uma alternativa viável passa pela disponibilização de apoio e
orientação, especificamente pensados para melhorar as experiências de vida. Algo de
195
particularmente importante para os alunos que não provêm de ambientes ricos em
experiências. Reilly (1992) enumera várias fontes susceptíveis de proporcionarem
mentores voluntários, nomeadamente:
empresas importantes,
outros programas escolares de voluntariado,
organizações de prestação de serviços e clubes,
instituições de educação pós-secundária,
meios de comunicação social (jornais, televisão ou rádio),
câmaras de comércio,
serviços responsáveis pela indicação/angariação de voluntários e
organizações locais, religiosas e culturais.
Gregory Clinton (2002) comenta que, além de recorrerem aos bons programas de
orientação existentes, como o BBBS e o SAS, as escolas também podem conceber os
seus próprios nesse domínio. A fim de as auxiliar nesse processo, Clinton recomenda
os passos enunciados por Jay Smink, director do Centro Nacional para a Prevenção
do Abandono Escolar107:
certifique-se quanto ao envolvimento da liderança distrital,
identifique e seleccione o pessoal para o programa,
estabeleça objectivos e metas para o programa (i.e., enriquecer as
experiências de vida dos alunos),
prescreva actividades e procedimentos,
identifique os alunos,
promova o programa e recrute mentores ou orientadores,
treine mentores e alunos,
emparelhe os orientadores com os alunos,
monitorize o programa e
avalie os casos em curso e os entretanto terminados.
Medida 2. Envolva os alunos em programas de leitura extensa, enfatizando o desenvolvimento de vocabulário.
107 No original, National Dropout Prevention Center. A missão do Centro Nacional para a Prevenção do Abandono Escolar prende-se com a concepção e concretização de iniciativas (de investigação, ao nível das práticas) que respondam às necessidades de jovens em risco, de modo a que tenham acesso quer a uma educação de qualidade quer a serviços que lhes permitam ter sucesso escolar e concluir o ensino secundário. (N. dos T.)
196
O planeamento de um programa de leitura extensa ao nível da escola pode ser
efectuado de vária maneiras. (Para uma discussão sobre como organizar e
administrar um programa de SSR, ver The SSR handbook: How to organize and
manage a sustained silent reading program, de Janice Pilgreen, 2000). As directrizes
geralmente observadas por um programa de leitura extensa incluem:
Reservar um período de tempo (e.g., 10 a 20 minutos), no dia escolar,
para que todos os alunos se envolvam na leitura silenciosa.
Determinar que os alunos devem trazer um livro (apropriado) de sua
escolha e que o leiam silenciosamente.
Os materiais de leitura são seleccionados fora do tempo que lhe está
reservado, a menos que o professor leve a turma à biblioteca para que
escolham o que vão ler.
Os professores são encorajados a reservar, na sua sala de aula, um
espaço seguro, onde os alunos devem deixar os respectivos livros.
Não é permitido, aos alunos, dormir ou fazer trabalhos de casa durante
o período de leitura.
O tempo de leitura não se deverá traduzir em trabalho extra para os
professores, em termos de avaliação dos alunos ou da manutenção de
registos.
Dois acrescentos deveriam ser feitos à abordagem típica da SSR: (1) pedir aos
alunos que identifiquem palavras interessantes e que tentem determinar o seu
significado e (2) encorajar os alunos a manterem um registo dessas palavras, num
caderno pessoal de vocabulário. No que se refere à aprendizagem de palavras a partir
do contexto, se a basearmos no que se sabe sobre o modo tem lugar, durante a
leitura (Pressley, 1998), poder-se-á implementar o seguinte processo:
Sempre que fizer uma leitura silenciosa, na aula ou em casa, identifique
novas palavras que lhe pareçam interessantes.
Escreva essas palavras num papel e marque a página em que as
encontrou.
Quando acabar de ler, volte atrás e tente perceber o seu significado,
através da informação ou pistas que a rodeiam. Se não tiver a certeza,
dê o seu melhor.
Escreva a palavra e o respectivo significado que pensa ter no seu
registo de vocabulário.
197
Depois, integre as palavras seleccionadas pelos alunos com outras, que lhes são
ensinadas de um modo directo.
Medida 3. Ensine directamente termos e expressões de vocabulário importantes para os conteúdos específicos das disciplinas.
Um programa de leitura silenciosa sustentada que enfatize o vocabulário corresponde,
apenas, a metade de uma intervenção abrangente para, indirectamente, promover a
inteligência aprendida. A outra parte resulta do ensino directo de palavras e
expressões, seleccionadas em função da sua importância para os conteúdos
programáticos.
Investigadores do Mid-continent Research for Education and Learning
(McREL)108 identificaram 6.700 termos essenciais à compreensão de assuntos
relativos 14 disciplinas diferentes (Marzano, Kendall & Gaddy, 1999). Considere
alguns dos termos e expressões matemáticas, englobados na categoria geral da
probabilidade, adequados a alunos do 6º ao 8º ano de escolaridade:
experiência,
probabilidades,
probabilidade teórica,
diagrama em árvore,
simulação e
probabilidade experimental.
A lista de vocabulário académico da McREL patenteia dois aspectos importantes.
Primeiro, o número de termos é pequeno o suficiente para que o ensino directo seja
exequível. Se os alunos aprendessem, aproximadamente, 18 palavras por semana no
decurso da escolaridade K-12, seriam expostos a todos as 6.700 expressões cobertas
pelas referidas 14 disciplinas. É óbvio que o número de palavras directamente
ensinadas pode ser reduzido, se apenas determinadas disciplinas forem
seleccionadas. Segundo, por definição, esses são os vocábulos que, com maior
probabilidade, os alunos irão encontrar nas aulas. Nesse sentido, as listas de termos
de cada disciplina acabam por se constituir como um novo fundamento para o
desenvolvimento de vocabulário com o potencial de promover o conhecimento
académico de base dos alunos.
108 Para mais informações, ver nota VI do Capítulo 3. (N. dos T.)
198
A partir do momento em que uma lista viável de expressão próprias da
disciplina é empregue, os professores podem ensiná-las, sistematicamente, como
uma parte regular do ensino em situação de aula, devendo os alunos adicioná-las aos
seus cadernos de vocabulário. A coordenação de esforços, entre professores e anos
de escolaridade, é importante. A fim de assegurarem que os alunos aprendem todos
os termos fundamentais, no tempo apropriado, os professores terão que fazer
planeamento transversal a vários anos de escolaridade.
A pesquisa indica que um processo sequencial é a melhor maneira de esses
vocábulos académicos serem aprendidos:
1. Apresentar o termo ao alunos, a partir de uma explicação descrição ou
demonstração breve e informal, pedindo-lhes, em seguida para descreveram
essa informação pelas suas próprias palavras.
2. Proporcionar aos alunos uma representação, sob a forma de imagens, do novo
termo.
3. Pedir aos alunos que, para o termo, criem representações próprias, sob a
forma de imagens.
4. Pedir aos alunos que construam significado sobre um termo, recorrendo
conexões com outras palavras.
5. Ao longo do tempo, pedir aos alunos que adicionem a nova informação à sua
compreensão dos termos e que apaguem ou modifiquem informações erradas.
Resumo
A inteligência cristalizada, quando comparada com a fluida, apresenta uma mais forte
relação com os níveis de realização escolar. O conhecimento de base e a inteligência
cristalizada são, para todos os efeitos, idênticos, em particular, no que se refere à
ligação que mantêm com o aproveitamento. Existe um elo sólido entre a inteligência
cristalizada e o conhecimento de vocabulário. De acordo com esse racional teórico, a
inteligência académica ou aprendida pode ser directamente melhorada, aprofundando
o leque de experiências dos alunos e, indirectamente amplificada, através de um
programa combinado de leitura extensa e de ensino directo de vocabulário. Sugeri
três medidas, tendo em vista a promoção da inteligência aprendida e do
conhecimento de base.
199
15. Motivação dos alunos
Entre motivação e níveis de realização escolar existe uma relação directa. Se os
alunos estão motivados para a aprendizagem dos conteúdos de uma determinada
disciplina, provavelmente, o seu aproveitamento será bom. Se os alunos não estão
motivados para a aprendizagem dos conteúdos, então, é bem possível que o seu
rendimento seja pequeno. A validade dessa relação é sustentada por um conjunto
relativamente amplo de estudos, alguns dos quais se encontram sistematizados na
Figura 15.1. À excepção dos dados relatados por Steinkamp e Maehr (1983), as
correlações (e os respectivos efeitos de magnitude) aí descritas são bastante sólidas,
testemunhando a influência da motivação na aprendizagem.
Não obstante a nitidez da relação entre motivação e aprendizagem, já
elucidada, a verdade é que a dinâmica da motivação ainda carece de clarificação.
Assim sendo, importa pedir a atenção para aquilo que a investigação e a teoria têm a
nos dizer sobre a natureza dessa dinâmica.
Investigação e teoria
Correndo o risco de simplificar em demasia um fenómeno complexo, tematizo cinco
linhas de investigação e teóricas que convergem no sentido de oferecerem um quadro
bastante consistente sobre a motivação: (1) teoria do impulso, (2) teoria de atribuição,
(3) teoria do valor próprio, (4) emoções e (5) sistema pessoal (ou self). (Para uma
discussão pormenorizada sobre a teoria e investigação subjacente à motivação, ver
Bandura, 1997; Covington, 1992; Harter, 1999). A um nível muito geral, o estudo da
motivação aborda as razões pelas quais fazemos as coisas. Martin Covington (1992)
explica-o:
Posta de uma forma simples, a motivação lida com o porquê do
comportamento: porque é que, por exemplo, os indivíduos escolhem
trabalhar numas tarefas e não noutras; porque é que se mostram mais
ou menos enérgicos na prossecução dessas tarefas e porque é que
algumas pessoas persistem até que a tarefa esteja completa, enquanto
outras desistem mesmo antes de a terem começado ou, em alguns
casos, procuram soluções mais elegantes, muito depois de respostas
perfeitamente sensatas se terem apresentado? (pp. 12-13)
200
FIGURA 15.1.Motivação e realização
Estudo Correlação Efeito de Magnitude Ganhos em
Percentil
Percentagem de
Variância Explicada
Schiefele, Krapp &
Winteler (1992)
0,30 0,63 24 9
Schiefele & Krapp
(1996)
0,35 0,75 27 12
Geisler-Brenstein
& Schmeck (1996)
0,42 0,93 32 18
Tobias (1994) 0,45 1,01 34 20
Bloom (1976) 0,30 0,63 24 9
Steinkamp &
Maehr (1983)
0,19 0,39 15 4
Willingham,
Pollack & Lewis
(2002)
0,63 1,62 45 37
Nota: Para uma discussão sobre a correlação, o efeito de magnitude, ganhos em percentil e percentagem de
variância explicada, bem como as suas relações, ver Nota Técnica 1 e 4 (pp. 187-188, 190-191).
Teoria do impulso
Muita da investigação e teoria actual, no domínio da motivação em sala de aula,
radica no trabalho de John Atkinson (Atkinson, 1957, 1964, 1987; Atkinson & Raynor,
1974). Os primeiros trabalhos de Atkinson foram amplificados e aplicados por David
McClelland (1965). Uma das premissas de Atkinson residia na crença de que a
dinâmica da motivação podia ser descrita em termos de duas forças concorrentes ou
impulsos a luta pelo sucesso e o medo do fracasso. Os dois impulsos operam em
simultâneo. Com o passar do tempo, as pessoas desenvolvem uma tendência clara
em termos da sua orientação para o sucesso ou para o evitamento do fracasso.
Quando essas tendências se transformam em hábitos, geralmente, assumem a forma
de um fundo emocional subjacente a qualquer nova tarefa.
201
Os alunos orientados para o sucesso são, normalmente, estão motivados para
o envolvimento com novas tarefas, devido às recompensas emocionais antecipadas.
Por sua vez, os alunos que evitam o fracasso não estão motivados para a
participação em novas tarefas, visto que o insucesso comporta efeitos negativos. Isso
torna bastante difícil a motivação em sala de aula, particularmente se o professor
procurar estabelecer padrões elevados. Em geral, os alunos orientados para o
sucesso sentem-se incentivados pelos desafios e, pelo contrário, os alunos que
evitam o fracasso, não. Na realidade, os últimos podem acabar por desenvolver
estratégias de auto-desvantajosas, que lhes garantem o insucesso por quaisquer
outras razões além da falta de capacidades. Essas estratégias auto-desvantajosas
incluem o adiamento (Rothblum, Solomon & Murakami, 1986; Soloman & Rothblum,
1984), o estabelecimento de metas inacessíveis e excessivamente elevadas (Snyder,
1984) e a admissão de pequenas falhas ou obstáculos que lhes dêem uma desculpa
para o insucesso (criam uma "perna de pau académica"109) (Covington, 1992;
Covington, Omelich & Schwarzer, 1986). Embora muitos dos elementos da teoria do
impulso possam ser encontrados nos quadros conceptuais modernos sobre a
motivação, o papel desempenhado, ainda hoje, pela teoria da atribuição não pode ser
ignorado.
Teoria da atribuição
Em consonância com Bernard Weiner (Weiner, 1972, 1974; Weiner, Frieze, Kulka,
Reed, Rest & Rosenbaum, 1971), a teoria da atribuição postula que, o modo como os
alunos percebem o sucesso ou o fracasso, é o melhor determinante da motivação e
persistência numa tarefa, e não a experiência de sucesso ou fracasso em si mesma.
Em regra, são quatro as causas atribuídas ao sucesso, pelos indivíduos: capacidades,
esforço, sorte e dificuldade da tarefa. Dessas, o esforço é a mais útil, uma vez que
uma forte crença no esforço enquanto fonte de sucesso, pode traduzir-se na vontade
de participar em tarefas complexas e nelas persistir, com o passar do tempo.
Covington (1992) explica:
Um das características mais importantes da teoria da atribuição é o seu
enfoque no papel do esforço no aproveitamento. Essa ênfase justifica-
se por variadas razões. Em primeiro lugar, se os alunos acreditam que
os seus fracassos se devem à falta de aplicação, então, é bem
109 No original “academic wooden leg”. (N. dos T.)
202
provável que consigam permanecer optimistas quanto a um possível
sucesso futuro. Além do mais, investir arduamente na concretização de
algo, sabe-se que aumenta o orgulho pelo sucesso e compensa
sentimentos de culpa pelo insucesso. E, talvez, ainda mais importante,
seja o facto de a ênfase no papel do esforço para a realização se
justificar, atendendo à crença generalizada de que os esforços dos
alunos são modificáveis pelas acções dos professores. (p. 16)
A teoria da atribuição ofereceu à teoria da motivação toda uma nova e potencialmente
poderosa perspectiva. De acordo com a presente concepção, a motivação não resulta
de um impulso pré-determinado. Segundo o trabalho de Martin Seligman (Seligman,
1975; Seligman, Maier & Geer, 1968; Seligman, Maier & Soloman, 1971), podemos,
inclusive, mudar a nossa motivação, através da compreensão das nossas atribuições.
Seligman postula que o modo como os indivíduos explicam o seu sucesso ou fracasso
constitui um traço aprendido. Sendo, provavelmente, mais famoso pelo seu conceito
de "estilo de atribuição", Seligman, à semelhança de Weiner, defende a ideia de que
os indivíduos aprendem a explicar o seu sucesso ou fracasso de determinadas
maneiras. Todavia, também têm o poder de mudar um estilo de atribuição negativo
(designado "desânimo aprendido") para um estilo mais orientado para o sucesso
("optimismo aprendido").
Teoria do valor próprio
A teoria do valor próprio baseia-se na premissa de que a procura de auto-aceitação
constitui uma das mais importantes prioridades humanas (Covington, 1984, 1985,
1987; Covington & Berry, 1976). A auto-aceitação, normalmente, manifesta-se através
da adopção, pelo indivíduo, de um estatuto na sua cultura imediata ou na dos seus
pares. Essa dinâmica transforma a sala de aula num lugar ameaçador para alguns
alunos. De novo, Covington (1992):
Na nossa sociedade assiste-se a uma tendência incisiva, para
equiparar a realização ao valor humano, ou, posto de uma forma mais
simples, considera-se que os indivíduos valem por aquilo que realizam.
Assim sendo, compreende-se porque, muitas vezes, os alunos
confundem capacidades com valor. Para alunos, à partida, inseguros,
ligar o sentimento de valor pessoal às capacidades torna-se arriscado,
pois as escolas podem-nas ameaçar. Isso deve-se ao facto de as
203
recompensas oferecidas pelas escolas, normalmente, não serem
suficientes para que todos os alunos disputem o sucesso. Pelo
contrário, muitas crianças têm que lutar para simplesmente evitarem o
fracasso. (p. 74)
A teoria do valor próprio acrescenta, ainda, outra dimensão à motivação em sala de
aula. Se o critério para a auto-aceitação, na sala de aula, for uma elevada realização
académica por comparação com os outros, então, por definição, apenas alguns
alunos, com elevados níveis de desempenho, conquistam esse sentimento de valor
próprio.
Emoções
Nas duas últimas décadas, vários investigadores debateram a importância das
emoções na motivação humana (Gazzaniga, 1992; LeDoux, 1994, 1996; Pinker, 1997;
Restak, 1994; Sylwester, 1995). Em The emotional brain: the mysterious
underpinnings of emotional life, Joseph LeDoux (1996) apresenta fortes argumentos a
favor da ideia de que as emoções têm um papel proeminente na motivação. Defende
que os seres humanos têm um controlo relativamente pequeno sobre as suas
emoções:
Qualquer pessoa que tenha tentado fingir uma emoção ou que tenha
sido receptor de uma emoção fingida, conhece muito bem a futilidade
de tal tentativa. Enquanto o controle consciente das emoções for fraco,
elas podem inundar a consciência. Isso acontece porque a rede
eléctrica do cérebro, no actual momento da nossa história evolutiva, se
encontra organizada de modo a que as conexões dos sistemas
emocionais para os sistemas cognitivos sejam mais fortes que as
conexões dos sistemas cognitivos para os sistemas emocionais. (p. 19)
Relativamente ao poder das emoções, assim que têm lugar, LeDoux esclarece
Mapeiam o curso da acção, de momento para momento, ao mesmo
tempo que definem uma navegação a longo prazo. Mas as nossas
emoções também nos podem colocar problemas. Quando o medo se
torna ansiedade, o desejo dá lugar à ganância ou o aborrecimento vira
zanga e a zanga, ódio, a amizade se transforma em invejar, o amor em
obsessão ou o prazer num vício, as nossas emoções começam a
trabalhar contra nós. A saúde mental mantém-se através da higiene
204
emocional, reflectindo os problemas mentais, em grande medida, uma
ruptura na ordem emocional. As emoções podem ter consequências
tanto úteis como patológicas. (pp. 19-20)
Para LeDoux, então, as emoções são os nossos motivadores primários, que, com
frequência, superam o sistema de valores e crenças, relacionados com a influência no
comportamento humano, de um indivíduo. Nisbett e Wilson (1977) constataram que
as pessoas constantemente se enganam quanto às causas internas dos seus
sentimentos. Concluíram que os seres humanos, desde sempre, encontram razões
para as suas emoções, contudo, quando não conseguem encontrar motivos racionais
e plausíveis para as suas acções, inventam-nos e acreditam neles.
Sistema pessoal (ou self)
O sistema pessoal engloba uma rede de objectivos interrelacionados (Markus &
Ruvulo, 1990; Harter, 1980), que nos ajudam a decidir se nos devemos ou não
envolver numa nova tarefa. Com efeito, muitas das dinâmicas, descritas pelas teorias
anteriores, encaixam na descrição do sistema pessoal ou "self". Mihaly
Csikszentmihalyi (1990) afirma a esse respeito:
O self não se resume a um vulgar fragmento de informação... Na
realidade, contém [quase] tudo … que passa pela consciência: todas as
memórias, acções, desejos, prazeres e dores estão aí incluídas. Acima
de tudo o resto, o self representa a hierarquia de objectivos, por nós
gradualmente construída, ao longo dos anos… Seja em que momento
for, apenas temos consciência de uma minúscula parte do que aí
acontece… (p. 34)
A característica nuclear do sistema pessoal é a de que alberga, quer as nossas
necessidades profundamente enraizadas quer as aspirações, organizadas sob a
forma de uma estrutura hierárquica. Dessa estrutura resulta um novo e poderoso
enquadramento para a motivação em sala de aula.
Abraham Maslow (1968, 1971) foi o primeiro psicólogo a popularizar a noção
de estrutura hierárquica das necessidades humanas. Postulou cinco níveis de
necessidades/aspirações:
1. necessidades básicas, relativas, por exemplo, à comida e água,
2. a necessidade de segurança pessoal,
3. necessidades sociais, nas quais se incluem o sentimento de pertença,
205
4. necessidades de afecto, referentes a sentimentos de respeito próprio e outros
e
5. realização pessoal, ou seja, a necessidade de um sentimento de realização
pessoal.
Embora haja quem critique a hierarquia de Maslow, considerando-a não científica e
sem fundamento (Wahba & Bridwell, 1976), ainda, assim, há que admitir que
consubstancia uma proposta que nos proporciona conhecimentos válidos sobre a
natureza da motivação humana. Como é notado por Covington (1992), "disponibiliza
um quadro de referência útil para a compreensão dos factores que activam os seres
humanos normais" (p. 19).
O nível mais elevado de necessidade estipulado por Maslow realização
pessoal acrescenta um elemento à motivação, não contemplado pelas teorias
anteriores. Por outras palavras, a teoria do impulso, a teoria do valor próprio, a teoria
da atribuição e o impacto das emoções sobre a motivação, todas, encaixam nos
primeiros quatro níveis da hierarquia de Maslow. No entanto, nenhuma dessas teorias
explica a motivação humana, em termos do quinto nível de Maslow. Covington (1992)
descreve esse tipo de motivação como a necessidade de certezas quanto ao facto de
"uma pessoa estar a atingir, na íntegra, aquilo que é capaz de ser" (p. 19).
O trabalho de Maslow sugere que os seres humanos albergam aspirações
que, de algum modo, os definem como entidades unas. Esses desejos,
aparentemente, diferem de indivíduo para indivíduo. Enquanto uma pessoa pode
procurar alguma realização física notável, como correr uma maratona, outra pode ter
como finalidade a concretização de algo intelectualmente significativo,
designadamente, escrever um livro campeão de vendas. A origem exacta de tais
aspirações, por enquanto, é apenas o resultado de mera especulação. Podem ser o
produto de uma combinação de factores, nomeadamente, o tipo de cultura em que
vivemos, o nosso ambiente familiar, a influência dos nossos pares ou o impacto dos
media.
Pese embora o relativo desconhecimento sobre a maneira como nascem os
ideais de realização pessoal do self, o mesmo não sucede quanto ao modo como tais
aspirações são fomentadas (Klausner, 1965). Csikszentmihalyi (1990) identificou, de
resto, quatro factores essenciais para a conclusão bem sucedida das experiências
realização pessoal do self, intitulando-os de "experiências de fluxo":
1. a liberdade para estabelecer objectivos claros, altamente significativos para o
individuo,
206
2. dispor dos recursos necessários à concretização dos objectivos deixar-se
imergir no acto de tentar realizá-los,
3. ter em atenção o que está a acontecer e, quando necessário, introduzir
mudanças e
4. desfrutar os sucessos imediatos, a curto prazo, sem perder de vista o objectivo
final.
O que é que as escolas podem aprender, a partir do extenso corpo teórico e empírico
existente sobre a motivação, tendo em vista a sua utilização junto dos alunos?
Afigura-se óbvio, por um lado, que os alunos desenvolvem impulsos para o sucesso
ou para o evitamento do fracasso e, por outro, que essas orientações influenciam a
sua disponibilidade para se envolverem em tarefas, na sala de aula. Para alguns
alunos, as actividades desafiantes não constituem qualquer obstáculo, dada a sua
forte orientação para o êxito; para outros, até, mesmo, coisas simples são bastante
ameaçadoras, devido à sua forte tendência para se defenderem do insucesso. Alinhar
o assunto é papel das emoções, assim como a necessidade inata de construção de
um sentimento de valor próprio que torna o aluno evitante do fracasso, muito difícil de
motivar. No entanto, essas tendências e orientações não estão gravadas na pedra.
São, pelo menos, parcialmente, função do modo como o aluno explica o sucesso e o
fracasso, no seu mundo. A compreensão do estilo de atribuição pessoal e a sua
importância para a disponibilidade para investir em tarefas desafiantes, pode
proporcionar, ao aluno algum, controle sobre a sua motivação. Finalmente, os alunos
cujas aspirações são atingidas, auferem de um sentimento de satisfação e realização
pessoal incomparáveis. O seu sucesso requer um nível elevado de liberdade, no que
respeita a definição de metas, e um trabalho que as permita alcançar.
Medidas a seguir
Sugiro quatro medidas, cuja adopção, por uma escola ou professor, pode conduzir a
melhorarias na motivação individual dos alunos.
Medida 1. Dê, aos alunos, um retorno relativamente aos seus progressos em termos de conhecimentos.
Só alguns poderão ter êxito, caso a opção seja a de definir o sucesso na sala de aula
em termos de um estatuto de competição com os outros. Contudo, se o critério
207
escolhido, para determinar o sucesso, for o crescimento individual, então, todos os
alunos ter êxito, independentemente do seu estatuto competitivo. A sua execução
exige dois ingredientes indispensáveis: (1) uma avaliação dos níveis de realização dos
alunos, quando iniciam um curso ou unidade educativa e (2) uma avaliação dos níveis
de realização dos alunos quando terminam esse curso ou unidade educativa. Se se
dispuser desses elementos, torna-se possível determinar os ganhos de conhecimento
conseguidos por cada um dos alunos.
Alguns professores fazem-no através da realização de testes, administrando
um no início do curso e outro no final. Caracteristicamente, esses testes são
classificados numa escala de 100 pontos. Prefiro utilizar rubricas gerais de avaliação
dos pré e pós-testes, tal como se encontram descritas na Figura 15.2. (p. 150), as
quais se enquadram na forma genérica de rubrica apresentada no Capítulo 10. A fim
de seguir o desempenho de um aluno, num dado tema, as rubricas incluídas na Figura
15.2. podem ser usadas. Por exemplo, um professor de matemática, do 5º ano,
poderia abordar os temas da probabilidade, distribuições e análise de dados numa só
unidade. O professor poderia avaliar o estatuto de cada aluno, em cada tema, no
princípio e final do curso ou unidade, por intermédio da rubricas da Figura 15.2..
Diferenças nas pontuações, por rubrica, indicariam a aprendizagem realizada por cada
um dos alunos.
FIGURA 15.2.Rubricas Genéricas para os tópicos abordados na curso
4. O aluno tem uma compreensão completa e pormenorizada da informação importante para o tema E o aluno pode
põe em prática as competências e processos principais, fluentemente e sem erros.
3. O aluno mostra uma compreensão da informação importante para o tema, mas não muito pormenorizada E o aluno
pode por em prática as competências e processos principais sem erros significativos.
2. O aluno evidencia alguns equívocos ou faltam-lhe algumas informações sobre o tema, mas ainda mostra uma
compreensão geral E/OU o aluno comete erros significativos quando põe em prática as competências e processos
principais, embora ainda o faça com base numa aproximação grosseira.
1. O aluno tem uma má compreensão ou faltam-lhe informações críticas sobre o tema E/OU o aluno não consegue
sequer aproximação grosseira às competências e processos importantes para o tema.
Há, evidentemente, outros modos de distinguir e sublinhar os ganhos nos
níveis de conhecimento e, por conseguinte, proporcionar a todos os alunos
oportunidades de desfrutarem o sucesso. Em concreto, já colaborei com professores
208
de uma escola, tomando a tradicional lista de honra110 como ponto de partida da minha
intervenção. Adicionalmente, instituíram um "na lista"111 quadrimestral, que visava
recompensar, pessoalmente, os alunos pelo seu crescimento académico.
Medida 2. Dê, aos alunos, a oportunidade de se envolverem em tarefas e actividades intrínsecamente estimulantes.
Thomas Malone (1981a, 1981b) afirma que à dinâmica da motivação humana, se
encontra inerente a ideia de que, algumas tarefas, são intrinsecamente atractivas. Tais
actividades gozam de três características. Primeiro, constituem desafios controláveis pelos alunos. De acordo com Covington (1992): "as tarefas são entusiasmantes o
bastante para desafiarem a actual capacidade do indivíduo, permitindo-lhe, ainda,
exercer algum controle sobre o grau do desafio a enfrentar" (p. 160). Segundo, esse
tipo de tarefas estimula a curiosidade. Isso consegue-se "proporcionando
complexidade suficiente, de modo a que os resultados não sejam sempre garantidos"
(Covington, 1992, p. 160). Finalmente, são acções que um implicam estímulo de fantasia. Covington (1992), uma vez mais, explica que o estímulo de fantasia não é
"um mero desejo ou conto de fadas desgarrado, mas, pelo contrário, consiste na
criação de circunstâncias imaginárias, facilitadoras do uso livre e não agrilhoado das
capacidades crescentes de uma pessoa" (p. 160).
Covington (1992) dá exemplos de uma variedade de tais tarefas, todas,
levadas a cabo num ambiente lúdico. Um desses jogos intitula-se Gambito Global112.
Para poder ser jogado, a turma é dividida em equipas que representam nações
diferentes. O contexto é uma conferência onde se visa discutir possíveis soluções para
o iminente aquecimento global. O professor, antes de o jogo ter início, dá aos alunos
informação sobre as possíveis consequências do aquecimento global, a saber, subida
dos níveis dos oceanos, ao ponto de submergirem Londres, e secas despoletadoras
de revoltas em Los Angeles. O tema em debate prende-se com a elaboração de um
plano que permita lidar com essas e outras eventualidades. Os países podem definir
projectos que protejam os seus interesses locais ou podem-se unir, para encontrar
soluções mais amplas, a nível regional ou mundial. Quaisquer que sejam os planos
engendrados, os países têm que considerar o seu impacto noutros locais do mundo.
110 No original, honour roll. A lista de honra tem como objectivo distinguir os alunos com melhor aproveitamento, divulgando o feito pela turma/escola. É algo de muito comum nas escolas (e não só) americanas. (N. dos T.)111 No original, on-a-roll. (N. dos T.)112 No original, Global Gambit. (N. dos T.)
209
Jogos didácticos como este, não só motivam intrinsecamente os alunos como
contribuem para a promoção de competências de auto-reflexão, comportamentos de
grupo eficazes, bem como competência essenciais de investigação (Engle & Ochoa,
1988).
Medida 3. Dê, aos alunos, a oportunidade de construírem e trabalharem em projectos, a longo prazo, da sua escolha.
Se pretendermos, de facto, elicitar a motivação proveniente daquilo Csikszentmihalyi
designa como uma experiência de fluxo, temos que nos envolver em tarefas
direccionadas para a quinta categoria de Maslow a realização pessoal. Essas
actividades podem despoletar um tipo de motivação superior a todos os outros (Deci &
Ryna, 1980, 1985). Para Covington (1992), elas trazem ao de cima "o desejo de ser
mais eficaz como pessoa ou de realizar acções em proveito próprio" (p. 157). Tais
tarefas superam as acções "intrinsecamente atractivas" descritas na Medida 2. São,
para os alunos, intensamente pessoais, no geral, relacionam-se com aspirações a
longo prazo. Dar-lhes a possibilidade de trabalharem em projectos, a longo prazo e da
sua própria escolha, estimula a motivação.
Introduzi a ideia de empenhar os alunos em projectos atractivos, a longo prazo
e de seu próprio desígnio, no livro A different kind of classroom (Marzano, 1992). Na
altura estava bastante impressionado por um exemplo pessoal, de um homem jovem
que mudou, por completo, o seu perfil académico ao definir uma meta específica,
relativa à sua realização pessoal. Esse jovem é o meu filho Todd. Em 1992, descrevi
essa transformação tal como se encontra exposta na Figura 15.3. (p. 152). A história
de Todd foi publicada em A different kind of classroom. Desde então, a narrativa
mudou consideravelmente. Todd concluiu a escola de candidatos a oficial em 1992 e
recebeu as suas "asas de ouro"113. Foi nomeado para voar F/A-18s114 e serviu o seu
país na operação Raposa do Deserto, no Iraque, e na Operação Liberdade Duradoura,
no Afeganistão, pelas quais recebeu duas medalhas de combate. Porém, a emoção
maior para Todd veio quando se formou do programa de treino Top Gun115 da Marinha,
em 1999. O filme, para ele, tornou-se realidade.
113 No original, wings of gold. Patente que assinala a conclusão de um programa especializado de formação para se ser piloto aviador. (N. dos T.)114 Tipo de avião da força aérea americana. (N. dos T.)115 Designação de um programa de formação especializado e avançado das forças armadas americanas, que prepara militares responsáveis pela pilotagem aviões colocados em navios porta-aviões. A expressão popularizou-se devido a um filme da década de 80, protagonizado pelo actor Tom Cruise. (N. dos T.)
210
Desde a publicação de A different kind of classroom, encontrei alguns
programas que envolvem os alunos em projectos que lhes permitem procurar as suas
paixões mais secretas. O Projecto Pathfinder116 (www.Pathfinderusa.com) pretende
despertar essas chamas, apresentando aos alunos histórias reais, como a de Todd.
Estimulados por essas histórias inspiradoras, os alunos determinam metas a longo
prazo e da sua responsabilidade, sendo-lhes dado apoio para a sua prossecução. Um
programa como o Projecto Pathfinder pode ser facilmente instituído ao nível da escola.
Depois de concluírem os seus projectos, os alunos apresentam os seus feios e o que
aprenderam sobre si próprios.
Medida 4. Ensine, aos alunos, a dinâmica da motivação e a maneira como os influencia.
Esta última medida é talvez a mais directa na promoção da motivação dos alunos, na
medida em que lhes proporciona uma compreensão da sua dinâmica, tanto em termos
gerais como pessoais. As tentativas levadas a cabo com essa finalidade,
aparentemente, vêm obtendo sucesso. Gregory Andrews e Ray Debus (1978)
trabalharam com alunos do 6º ano, ajudando-os a compreender o impacto das suas
atribuições negativas na motivação e comportamento de cada um. Os alunos foram
aleatoriamente distribuídos pelo grupo de controle e experimental. Os pertencentes ao
grupo experimental receberam formação sobre a natureza das atribuições e reforço
sempre que imputavam os seus fracassos ao esforço (em detrimento das
capacidades). Os alunos anteriormente apontados como desanimados, passaram a
persistir por muito mais tempo nas tarefas escolares. Também foi evidente um
aumento da eficácia das suas estratégias de pensamento. Outros estudos relataram
resultados semelhantes (Chapin & Dyck, 1976; Dweck, 1975; Wilson & Linville, 1985;
Zoeller, Mahoney & Weiner, 1983).
O trabalho de Martin Seligman (1975, 1991) também é relevante. O seu modelo
dos estilos de atribuição do pessoal, denota que os "optimistas" diferem dos
"pessimistas" no modo como explicam o sucesso e o fracasso nas suas vidas (ver o
Capítulo 18, para mais informação). Assim, conhecer as nossas características
singulares, dá-nos poder sobre a nossa própria motivação. Embora o trabalho de
116 O Projecto Pathfinder, da responsabilidade de uma empresa privada, defende a ideia de que todos os alunos, independentemente do ano de escolaridade ou ambiente familiar, têm sonhos extraordinários que gostariam de concretizar. Os seus produtos e serviços foram concebidos, justamente, com o intuito de os ajudarem nesse processo, procurando capitalizar os seus interesses, objectivos e aspirações. (N. dos T.)
211
Seligman se oriente para os adultos, não existe nada que impeça a sua aplicação
junto dos alunos do ensino secundário.
FIGURA 15.3.A história de Todd
Embora não tenha sido um aluno assim tão mau no ensino secundário, Todd não estava,
seguramente, entre os melhores da sua turma. Assistiu ao mínimo indispensável de disciplinas
e o seu GPA de 3,00 resultava, essencialmente, de A’s a trabalhos com metal e educação
física e C’s a matemática e a ciências. A meio do seu ano como júnior117, decidiu que queria ir
para a faculdade. De acordo com o seu ponto de vista, não possuía qualquer orientação
académica (o que era verdade), não gostava de ir à escola (também verdade) e tinha jeito
para a mecânica (novamente verdade). Sendo o segundo filho de emigrantes italianos, que
enfatizavam a educação como o caminho para uma vida melhor, eu estava extremamente
preocupado. Claro que fiz muitos discursos não solicitados sobre a importância de ir para a
faculdade, assim como sobre os possíveis efeitos, para a sua vida, de não ir.
A dada altura, durante este período traumático, Todd foi ver o Top Gun, um filme sobre um
piloto aviador da marinha dos nossos dias. Imediatamente após ter visto o filme, anunciou que
queria ser piloto aviador. Isso desencorajou-me, porque acreditei que meu filho estava a
definir, para si, metas irreais. Uma feliz volta nos acontecimentos (na minha perspectiva) deu-
se quando o meu filho anunciou que ia para a faculdade, porque "tem que se ter uma
licenciatura para se ser piloto aviador". Pensei que, desde que se inscrevesse na faculdade,
fosse qual fosse a razão, logo, abandonaria a tolice de tentar ser piloto de aviões de combate,
dada a dureza dos assuntos académicos que teria de estudar. Uma vez que o Todd não se
tinha distinguido em ciências ou matemática, na escola secundária, como poderia dominar a
matemática avançada e as ciências necessárias para ser piloto aviador de aviões de
combate?
Para meu assombro absoluto, na faculdade, Todd atacou as disciplinas de ciências e de
matemática com um fervor que eu, até ao momento, não tinha tido a oportunidade de
testemunhar. Fez planos pormenorizados sobre como se transferir de uma faculdade
comunitária, de inscrição aberta (a única que ele poderia entrar), para um das melhores
escolas de engenharia do país. Geriu o seu tempo e dinheiro com tal minúcia, quase no limiar
da obsessão. Esforçou-se por exactidão, em todas suas disciplinas académicas, e com
certeza, trabalhou no limite, em vez de se centrar nas suas competências todos os dias. Ao
escrever este livro, posso, orgulhosamente, dar a informação que Todd está prestes a se
formar magna cum laude como engenheiro aeroespacial, na terceira melhor escola de
117 Referência ao grau de escolaridade que, nos EUA, corresponde aproximadamente ao 3.º ciclo do ensino básico nacional. (N. dos T.)
212
engenharia no país. Recentemente, foi aceite numa prestigiada fraternidade de engenharia.
Pelo caminho, conseguiu a licença de piloto aviador privado, recebendo uma pontuação de
100 no exame ministrado pela Administração de Aviação Federal118 (a primeira vez que, em
quinze anos, alguém da nossa região recebeu uma pontuação assim tão elevada). Finalmente
(e o mais importante para Todd), foi um, de apenas dois candidatos, do estado aceite no
Escola de Candidatos a Oficiais da Marinha dos Estados Unidos119, que é o primeiro e maior
passo para se tornar um piloto aviador nessa instituição militar. (pp. 140-141)
Fonte: Marzano, R. J. (1992) A different kind of classroom: Teaching with Dimensions of Learning. Alexandria, VA:
Association for Supervision and Curriculum Development.
Resumo
O corpo teórico e empírico, relativo à motivação dos alunos, foi sumariamente revisto,
enquanto um conjunto complexo de dinâmicas interagindo no sentido de disponibilizar
os alunos para apresentarem altos índices de motivação ou de resistência ao
envolvimento com uma nova tarefa. Essas dinâmicas incluem: a orientação do aluno
para o sucesso ou para o evitamento do fracasso, as suas atribuições do aluno, a
necessidade desenvolver um sentimento de valor próprio, a sua dinâmica emocional e
o funcionamento do sistema do seu sistema pessoal ou self. As quatro medidas a
serem seguidas incluem alterar a natureza competitiva do sucesso, na sala de aula,
envolver os alunos em projectos, a longo prazo, que estimulem as suas paixões mais
secretas e proporcionar-lhes informação sobre a motivação e formação em técnicas de
facilitadoras do seu controle.
118 No original, Federal Aviation Administration. A Administração Federal de Aviação é o organismo responsável por, nos EUA, garantir a existência de um sistema de espaço aéreo eficiente e seguro. Em Portugal o seu equivalente é o Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC). (N. dos T.)119 No original, Aviator’s Officer Candidate School of the United States Navy, instituição que, em Portugal, terá o seu equivalente mais aproximado na Academia da Força Aérea. (N. dos T.)
213
SECÇÃO IVIMPLEMENTAÇÃO
214
Lista de Figuras na Secção IV
17.1. Itens do inquérito aos factores relativos à escola p.
17.2. Respostas a cinco itens com as classificações médias mais baixas na pergunta 1
p.
17.3. Ganhos em resultados, por quadrimestre, em várias disciplinas p.
17.4. Ganhos médios para os anos 6, 7 e 8 p.
18.1. Factores de liderança com influência nos níveis de realização escolar p.
18.2. Perspectiva global das características associadas aos líderes eficazes p.
18.3. Comportamentos de liderança de directores eficazes versus ineficazes p.
18.4. Características dos optimistas p.
215
16. Implementar o modeloi
A validade do modelo aqui descrito depende, em última análise, do grau em que as
escolas o podem e, de facto, o usam para melhorar os níveis de realização escolar
dos alunos. Aspecto em plena consonância com a longa tradição da investigação
sobre a eficácia nas escolas. David Reynolds e colaboradores (Reynolds, Teddlie,
Hopkins & Stringfield, 2000) referem: "Os fundadores da investigação do movimento
sobre a eficácia das escolas nos Estados Unidos, Edmonds e Brookover …
envolveram-se explicitamente no trabalho que vem sendo realizado com o intuito de
aperfeiçoar as escolas" (p. 206). Na presente (e última) secção do livro, exponho um
conjunto de passos concretos, que visam ajudar as escolas a reconhecer aqueles
elementos do modelo que lhes são mais pertinentes, a identificar medidas específicas
a serem tomadas, a implementar essas acções e a determinar os seus efeitos. Esta é
uma secção sobre o processo de reforma da escola.
A natureza em mudança da reforma educativa
Qualquer pessoa familiarizada com a história da educação nos Estados Unidos, está
bem ciente de que se encontra repleta de esforços de reforma. O tipo particular de
reforma focado por este livro tem raízes históricas, que remontam aos anos 60.
Reynolds e colaboradores (2000) descrevem-no como o período relativo à primeira
fase do movimento sobre a melhoria das escolas, em que a ênfase se direccionava
para a adopção de materiais curriculares. Os materiais apresentavam uma qualidade,
em geral alta, porque, presumivelmente, se encontravam bem fundamentados e eram
produzidos por equipas de psicólogos e especialistas nas matérias das disciplinas.
A segunda fase, referente à era da documentação, aconteceu no início dos
anos 70. De acordo com o mencionado no Capítulo 2, efectuaram-se grandes esforços
com o objectivo de determinar o impacto exacto (ou, em consequência, a sua falta)
das escolas no aproveitamento dos alunos e respectivos factores contributivos.
A terceira fase que se prolongou pelas décadas de 70 e de 80, trouxe consigo
a implementação de uma grande variedade de modelos e projectos, nascidos na fase
precedente. Não obstante alguns dos sucessos assinaláveis que o marcam, esse foi
um período repleto de problemas. No global, os projectos não produziram os
resultados prometidos ou, sequer, apontados pela pesquisa, o que se deveu mais a
216
uma reduzida compreensão dos processos de mudança, do que à falta de qualidade
ou de validade dos estudos. Tal como é observado por Michael Fullan (1982),
descrições claras sobre o aspecto de uma escola bem sucedida, não dão qualquer
orientação sobre o modo como essa aparência pode ser conseguida. Fullan (1993)
chama, ainda, a atenção para o facto de o entendimento da natureza da mudança ser
soberano para a implementação da investigação sobre as escolas eficazes.
A nova era da reforma educativa
Acredito que a nova era da reforma educativa se alicerça em três princípios, que a
permitem diferençar distintamente das suas predecessoras.
Princípio 1. A nova era da reforma escolar baseia-se na constatação de que a reforma é um fenómeno altamente contextualizado.
Os esforços de reforma, de escola para escola, irão ser e deverão parecer
substancialmente diferentes (Hallinger & Murphy, 1985; Owens, 1987; Teddlie,
Stringfield, Wimpelberg & Kirby, 1989). Perspectiva também defendida por J. Douglas
Willms (1992): "duvido que outras duas décadas de investigação nos venham… ajudar
a especificar um modelo para todas as estações [ênfase original] um modelo
aplicável a todas as escolas, em todas as comunidades, a todo o momento" (p. 65).
Uma reforma contextualizada deverá ser interpretada, cautelosamente, de escola para
escola. Somente porque a investigação indica que um dado factor relativo à escola é
importante para os níveis de realização escolar dos alunos, isso não significa que é
determinante, seja qual for a escola. Como notam Reynolds e colaboradores (2000):
Por vezes, a adopção das ideias propostas pela investigação tem-se
realizado de uma forma algo acrítica; por exemplo, as numerosas
tentativas de aplicação de resultados de um contexto específico noutro
completamente diferente, apesar de, mais e mais, a investigação vir
comprovando a existência de diferenças contextuais significativas. (p.
216)
O mundo da educação não segue o mundo geral da (em particular, da sintetizada)
investigação tão de perto quanto os estudiosos gostariam. Assim sendo, na nova era
de reforma, as escolas olharão cuidadosamente para os dados da investigação,
217
embora seja da sua responsabilidade determinar quais os factores que se aplicam ao
seu próprio contexto.
Princípio 2. A nova era da reforma escolar caracteriza-se por uma forte ênfase na informação.
Uma das características que melhor define as escolas produtoras de ganhos sem
precedentes nos níveis de realização dos alunos (particularmente, com alunos
oriundos de contextos não favoráveis a tais ganhos) é o facto de confiarem nos dados,
a fim de identificarem possíveis intervenções de sucesso (Hopkins & Ainskow, 1993).
Também confiam nos dados para determinarem quão eficazes são essas
intervenções, depois de implementadas (Barth et al., 1999; Schmoker, 2001).
Relativamente ao Distrito Escolar de Oak Park120, em Detroit, Mike Schmoker (2001)
observa:
Se alguma coisa que podemos aprender com distritos como o de Oak
Park, é que organizações bem sucedidas não se limitam a recolher
dados, veneram-nos [ênfase original]. Não se sentem satisfeitas com
os dados, até eles tenham vida e significando para todos os
professores, todas as partes envolvidas. Utilizam os dados para criar e
assegurar uma realidade objectiva e partilhada por todos… O uso dos
dados permite discussões organizadas, simplificadas [ênfase original],
que se fundem para criar prioridades bem definidas e acções
produtivas. (p. 51)
Princípio 3. Na nova era da reforma escolar, a mudança é abordada numa lógica de concretização gradual.
Michael Fullan (1982) comenta
... a maioria dos teóricos e dos educadores concordam que as
mudanças significativas deveriam ser tentadas, embora devessem ser
concretizadas de um modo mais fomentado, em desenvolvimento...
Grandes planos e ideias vagas constituem uma combinação letal… A
mudança significativa pode ser conseguida recorrendo a uma
abordagem por etapas, introduzindo mais e mais componentes da
120 No original, Oak Park School District. (N. dos T.)
218
mudança, com o passar do tempo. Mudanças complexas podem ser
prosseguidas de um modo incremental, através do desenvolvimento de
um ou dois passos de cada vez. (p. 102)
Reynolds, Teddlie, Hopkins e Stringfield (2000) descrevem esta lógica de crescimento
gradual com base no processo escolhido por uma escola Barclay para adoptar os
programas e procedimentos empregues por outra escola Calvert. Segundo os
autores, "Barclay não tentou implementar a totalidade do currículo e programa
educativos de Calvert de uma vez só, fê-lo gradualmente, por anos de escolaridade.
Desse modo, foi possível preparar os professores, tendo em vista o próximo ano de
escolaridade, utilizando um modelo de cascata" (p. 223). Embora, nos primeiros dias
da reforma escolar nos EUA, se conhecessem os benefícios de uma abordagem
baseada numa lógica gradual de concretização, a verdade é que esse não era o
caminho usualmente escolhido. Administradores escolares e professores acabam,
pois, por, com frequência, se verem esmagados pela quantidade de mudanças que
são chamados a implementar, bem como pela quantidade de trabalho por elas exigido.
Esta secção, a derradeira do livro, inclui dois capítulos. O Capítulo 17 foca a
sequência específica de passos, que viabilizam a implementação do modelo aqui
proposto. O Capítulo 18 tematiza o papel crítico da liderança no decurso do processo
da reforma.
Resumo
Este capítulo introduziu a quarta e última secção do livro, relativa à implementação do
modelo. Argumentou-se que, nos EUA, o movimento da reforma educativa entrou
numa nova fase ou era, alicerçada nas etapas anteriores. Os três princípios que a
definem foram apresentados.
219
17. Utilizar o modelo
No Capítulo 16, expus as três directrizes orientadoras da nova era nova da reforma
educativa. A sua adopção poderá traduzir-se numa vaga de mudanças com um
potencial renovador sem precedentes. No presente capítulo, desenvolvo o processo a
ser seguido por uma escola que pretenda aplicar esses mesmos princípios, recorrendo
ao modelo aqui descrito. Poderá ser caracterizado como envolvendo quatro fases: (1)
tomar o pulso a uma escola, (2) identificar e implementar uma intervenção, (3) avaliar
os efeitos na realização e (4) passar ao próximo aspecto.
Fase I: Tome o pulso à sua escola
O primeiro passo implica a avaliação das práticas da escola relativamente aos factores
que lhe são específicos, aos aspectos respeitantes aos professores e às dimensões
próprias dos alunos. Tendo em mente esse objectivo, desenvolvi e testei, no campo,
um questionário, integralmente apresentado no Anexo (pp. 179-186). A fim de facilitar
a discussão que se segue, dispus os seus 21 primeiros itens (mostrando os cinco
factores relativos à escola) na Figura 17.1.. O questionário, no Anexo, inclui itens
semelhantes para os factores relativos aos professores e aos alunos.
O questionário destina-se a todo o pessoal envolvido no esforço de
reorganização (normalmente, todos os administradores escolares e os professores).
Disponibiliza o primeiro conjunto importante de dados a ser utilizado pela escola. É
óbvio que os elementos que, com base nele, forem recolhidos serão, por natureza,
perceptivos, quer isso dizer que os participantes respondem com base no modo como
percebem uma dada situação. A realidade pode ser diferente. As escolas que, até à
data, já usaram o questionário têm-no, não obstante, considerado útil, visto
proporcionar-lhes uma imagem instantânea do seu desempenho nos três grupos de
factores. A maioria refere, inclusive, que os dados obtidos têm validade suficiente para
que possam ser encarados como o ponto de partido de um esforço reformador
abrangente.
O questionário tem um total de 66 itens. Cada item abarca três perguntas:
1. Até que ponto adoptamos o comportamento ou abordamos o assunto?
2. Em que medida uma mudança nas nossas práticas, relativas ao item, se
traduzem numa melhoria dos níveis de realização escolar dos alunos?
220
3. Qual o esforço, de facto, necessário para modificar significativamente as
nossas práticas num domínio em particular?
FIGURA 17.1.Itens do inquérito aos factores relativos à escola
Excerto do Inquérito Rápido(ver Anexo)
Pergunta 1Até que ponto
adoptamos o
comportamento ou
abordamos o
assunto?
Pergunta 2Em que medida uma
mudança nas nossas
práticas, relativas ao
item, se traduzem
numa melhoria dos
níveis de realização
escolar dos alunos?
Pergunta 3Qual o esforço, de
facto, necessário
para modificar
significativamente as
nossas práticas num
domínio em
particular?
Qua
se
nada
Qua
se
tudo
Qua
se
nada
Qua
se
tudo
Qua
se
nada
Qua
se
tudo
NA MINHA ESCOLA… 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Currículo Essencial e Viável1. Os conteúdos programáticos
considerados essenciais para
todos os alunos, versus os
conteúdos considerados
suplementares, foram
identificados e comunicados
aos professores.
2. A totalidade dos elementos
que constituem o currículo
essencial pode ser abordada
no tempo lectivo disponível
para o efeito.
3. Os conteúdos programáticos
essenciais encontram-se
organizados e sequenciados de
modo a que os alunos tenham
amplas oportunidades para a
sua aprendizagem.
4. Alguém tem a
responsabilidade de verificar se
os professores abordam os
conteúdos essenciais.
5. O tempo lectivo disponível
221
está protegido, minimizando-se
as interrupções e evitando a
marcação de actividades não-
instrutivas.
Objectivos Desafiantes e um Retorno Efectivo6. Utiliza-se um sistema de
avaliação que proporciona um
retorno regular (e.g., pelo
menos todas as nove semanas)
sobre conhecimentos e
competências específicos, para
cada aluno.
7. Estabeleceram-se objectivos
de realização para a escola, no
seu todo.
8. Estabeleceram-se objectivos
de realização para os alunos,
individualmente.
9. O desempenho, nos
objectivos da escola e
individuais, serve como ponto
de partida para o planeamento
de acções futuras.
Envolvimento dos Pais e da Comunidade10. Estão montados
mecanismos eficazes de
comunicação entre a escola e a
família ou comunidade.
11. Estão montados
mecanismos eficazes de
comunicação entre a família ou
comunidade e a escola.
12. É dada a oportunidade, aos
pais e à comunidade, de se
envolverem nas actividades
quotidianas da vida da escola.
13. Estão montados
mecanismos que permitem aos
pais e à comunidade
participarem na gestão da
222
escola.
Ambiente Seguro e Disciplinado14. O ambiente físico e as
rotinas escolares foram
estruturados de modo a evitar o
caos e a promover o bom
comportamento.
15. Regras e procedimentos
claros, relativos ao
comportamento, foram
definidos ao nível da escola no
seu todo.
16. Definiram-se e são
concretizadas consequências
adequadas, ao nível da escola
no seu todo, para a violação de
regras e procedimentos.
17. Implementou-se um
programa que ensina e reforça
a auto-disciplina e a
responsabilidade dos alunos.
18. Implementou-se um
programa de detecção precoce
de alunos propensos à
violência.
Corporativismo e Profissionalismo19. Determinaram-se normas
de conduta, tendo em vista a
promoção do corporativismo e
do profissionalismo.
20. Definiram-se estruturas de
gestão que permitem a
participação dos professores
nas decisões e políticas
definidas ao nível da escola no
seu todo.
21.Os professores têm acesso
e participam em actividades de
desenvolvimento do pessoal
que abordam assuntos
específicos dos programas e
223
facilitam a experimentação e
avaliação prática de técnicas
específicas.
A pergunta 1 foca o quão bem a escola se encontra num determinado aspecto de um
factor relativo à escola, ao professor ou ao aluno. A título ilustrativo, considere o item 4
do questionário: " Na minha escola, alguém tem a responsabilidade de verificar se os
professores abordam os conteúdos essenciais ". Pontuações próximas do extremo
inferior da escala (1) indicam que a escola não adere a esse comportamento; uma
pontuação perto do limite superior da escala (4) mostra que a escola considera o
assunto adequadamente (ou, pelo menos, é essa a percepção aí dominante).
As respostas à pergunta 2 disponibilizam dados relativos à percepção existente
da medida em que as práticas presentemente utilizadas, em relação a um dado
assunto, contribuem, de facto, para a melhoria do aproveitamento dos alunos. Esses
elementos permitem qualificar as respostas obtidas para a pergunta 1, ao mesmo
tempo que dão alguma orientação sobre o modo como a escola deve abordar o tema,
enquanto eventual alvo de reforma. Por exemplo, as respostas à pergunta 1 poderiam
apontar para um fraco nível de desempenho no item 4 verificar, para se assegurar,
que os professores abordam os conteúdos essenciais. Se se olhar isoladamente para
esta resposta, poder-se-ia concluir que um determinado assunto ou prática constituiu
um bom foco para um esforço de reorganização escolar. No entanto, a resposta à
pergunta 2 poderia indicar que quem completou o questionário acredita uma alteração
desses comportamentos não se traduziria em melhorias significativas ao nível da
realização dos alunos.
Importa recordar que nem todos os factores ou os seus elementos são
aplicáveis em todas as escolas. Por conseguinte, uma escola poderá não ter um bom
desempenho, relativamente a um factor específico ou um aspecto particular desse
factor (e.g., "verificar se os professores abordam os conteúdos essenciais", no âmbito
do factor relativo à escola "um currículo seguro e viável"), apesar de poder vir a fazer
outras coisas, que compensem essa sua dificuldade em seguir uma prática
recomendada (e.g., os professores podem monitorizar informalmente a cobertura que
vão fazendo dos conteúdos). Embora o pessoal da escola acredite não estar a abordar
da melhor maneira um dado comportamento ou prática, pode igualmente estar
convicto de que, qualquer mudança nesse ponto, não comportará ganhos relevantes
em termos dos resultados escolares dos alunos.
224
Respostas à pergunta 3 fornecem dados referentes à percepção da quantidade
de esforço requerido para modificar as práticas actuais. Pontuações próximas do 1
apontam para uma relativa facilidade nessa transformação, ao invés, valores vizinhos
do 4 indicam que tais alterações seriam muito difíceis de serem conseguidas.
Recorde-se que a mudança deverá ser incremental, quer isso dizer que as escolas
deverão focalizar-se em práticas para as quais acreditam dispor de tempo, recursos e
energia. Tematizar um assunto percepcionado como importante, mas para o qual não
existe tempo, recursos ou energia, é meio caminho andado para o insucesso.
A análise conjunta das respostas dadas às três perguntas, para cada item do
questionário, permite identificar os assuntos que, professores e administradores
escolares, consideram (1) não estar executar bem e (2) poder contribuir para uma
melhoraria do aproveitamento dos alunos, se alterarem as suas práticas e (3) não
exigir um esforço demasiado grande, quando chegar a altura de levar a cabo essas
mudanças profundas. Tópicos que agregam as três características são o ponto de
partida para uma reforma educativa eficaz.
Na Figura 17.2. (p. 164) exemplifica-se o modo como as escolas utilizaram o
referido questionário, onde são descritos resultados semelhantes aos obtidos por uma
escola intermédia, onde ele foi administrado na sua totalidade (isto é, o padrão das
pontuações é idêntico ao da escola intermédia, embora as médias concretas aí
apresentadas não o sejam). Apenas se enumeram os cinco itens que obtiveram as
classificações médias mais baixas, na pergunta 1. Tenha em atenção que, para cada
item, é mostrada quer a pontuação média quer a pontuação modal (a mais comum). O
item com a classificação média mais baixa é o 6, seguido de perto pelo item 2. À
primeira vista, os resultados indicam que o desenvolvimento de um sistema de
avaliação, susceptível de oferecer um retorno oportuno (e.g., pelo menos, a cada nove
semanas), deveria ser o primeiro assunto a focar pela escola. O item 6 tem uma
pontuação média muito alta na pergunta 2, o que aponta para o facto de os níveis de
realização dos alunos poderem ser melhorados, caso a escola opte por abordar o
tema. Assim sendo, as respostas à pergunta 2 vão no mesmo sentido que as
identificadas para a pergunta 1, ou seja, apoiam o desenvolvimento de um sistema de
avaliação, oferecendo um retorno oportuno, como o foco inicial da reorganização
escolar. Todavia, a resposta média à pergunta 3 muda, por completo, esse quadro. A
sua pontuação média é de 3,74 e a pontuação modal de 4,0. Isso significa que os
respondentes acreditam que, abordar o assunto, lhes iria exigir mais energia e
recursos do que os que estão dispostos a investir. Por essa razão, a escola decidiu
225
não abordar o planeamento de um novo sistema de avaliação, como o ponto de
partida para a sua reestruturação. Antes, optaram por tematizar algo que não lhes
exigisse um esforço assim tão monumental. Chegaram, finalmente, a um acordo em
relação ao item 1 identificar o conteúdo essencial versus o suplementar. A sua
pontuação média de 1,72 (moda = 2), na pergunta 1, indica que os professores e os
administradores escolares, no seu conjunto, não consideram que a escola tenha um
desempenho particularmente positivo nesse domínio. A pontuação média de 3,11
(moda = 3), na pergunta 2, aponta para o facto de os professores e os administradores
escolares acreditarem que, a esse nível, um desempenho elevado aumentaria o
FIGURA 17.2.Respostas a cinco itens com classificações médias mais baixas na pergunta 1
Item Nº
Item Pergunta 1 Pergunta 2 Pergunta 3
Média Moda Média Moda Média Moda
14O ambiente físico e as rotinas
escolares foram estruturados
de modo a evitar o caos e a
promover o bom
comportamento.
1,92 2 2,34 2 2,24 2
1Os conteúdos programáticos
considerados essenciais para
todos os alunos, versus os
conteúdos considerados
suplementares, foram
identificados e comunicados
aos professores.
1,72 2 3,11 3 3,14 3
8Estabeleceram-se objectivos
de realização para os alunos,
individualmente.
1,52 2 2,13 2 2,47 2
2A totalidade dos elementos
que constituem o currículo
essencial pode ser abordada
no tempo lectivo disponível
para o efeito.
1,44 1 3,52 4 3,21 3
6Utiliza-se um sistema de
avaliação que proporciona um
retorno regular (e.g., pelo
menos todas as nove
semanas) sobre
conhecimentos e
1,36 1 3,81 4 3,74 4
226
competências específicos,
para cada aluno.
aproveitamento dos alunos. O elemento-chave foi a resposta à pergunta 3. A sua
pontuação média de 3,14 (moda = 3) indicia que, professores e administradores
escolares, acreditam que, sem dúvida, a sua abordagem lhes requereria algum
trabalho duro, mas não ao ponto de ser proibitivo. Em suma, ao usar o questionário no
Anexo, esta escola intermédia pôde identificar um enfoque para os seus esforços de
reforma, amplamente fundamentados.
Fase II: Identifique e implemente uma intervenção
A segunda etapa compreendida num esforço de reorganização escolar, consiste na
identificação e implementação de uma intervenção específica, direccionada para o
assunto identificado na fase I. Naturalmente, o mesmo assunto pode ser abordado de
diversas maneiras. Nalguns casos, a aquisição de programas e práticas já existentes
pode ser considerada. Por exemplo, no que respeita o item 6 (um sistema de
avaliação), a Northwest Evaluation Association121, localizada em Portland, Oregon,
desenvolveu medidas ajustadas aos critérios dos testes estaduais. Por outro lado, com
alguma regularidade, estabelece parcerias com as escolas e distritos escolares, tendo
em vista a elaboração de testes feitos por encomenda. Para quaisquer outros
assuntos, programas ou práticas formais não estão tão disponíveis. Tanto quanto sei,
não há, por exemplo, nenhum programa em concreto que se debruce sobre o item 14
(ambiente físico e percepções de segurança e disciplina). Uma escola teria de
construir determinações próprias sobre quais os aspectos relativos ao seu ambiente
físico e rotinas que deveriam ser modificados para, em seguida, proceder à
planificação autónoma dessas alterações.
Depois de sinalizada uma intervenção específica, a sua implementação deve
ser integral, caso a escola pretenda que tenha algum impacto nos níveis de realização
dos alunos. Consideração que pode parecer óbvia, no entanto, o trabalho de Eugene
Hall, Shirley Hord, Susan Loucks e colaboradores (Hall & Hord, 1987; Hall & Loucks,
1978; Hall, Loucks, Rutherford & Newlove, 1975; Hord, Rutherford, Huling-Austin &
Hall, 1987) mostrou que esse é um processo que percorre várias fases. Dar formação
numa nova intervenção ao pessoal de uma escola, não significa que eles a vão, de
121 A Northwest Evaluation Association é uma empresa especializada no desenvolvimento de recursos educativos. (N. dos T.)
227
facto, passar a usar. Infelizmente, muitas, se não a maioria, das intervenções não é
implementadas na sua totalidade. Não é todo incomum que uma intervenção seja
considerada ineficaz ou marginalmente eficaz quando, na realidade, foi imprópria ou
apenas parcialmente concretizada (Loucks, 1975; Hall & Hord, 1987).
Thomas Guskey (2000) sugere que a escola junte dados, a fim de determinar
se uma intervenção foi implementada ampla e correctamente. (Embora Guskey se
refira, em particular, às intervenções direccionadas para o desenvolvimento do
pessoal, as suas propostas são aplicáveis à globalidade dos aspectos da
reorganização escolar). Uma possibilidade consiste na utilização da escala
desenvolvida por Hall e Hord (1987), "Níveis de Uso"122, onde são descritos seis níveis
diferentes de implementação, que vão desde o não-usado pelos membros de pessoal
(e.g., os membros de pessoal não manifestam qualquer envolvimento com a
intervenção nem fazem nada para se envolverem) à renovação (o pessoal já
ultrapassaram o anterior nível de aplicação intencional da intervenção e procuram
modificá-la, tendo em vista melhorar o seu impacto). Foram desenvolvidos
instrumentos, com base nos Níveis de Uso, de utilização fácil e que podem ajudar a
seguir o patamar efectivo de concretização das propostas reformadoras.
Vários outros métodos, menos formais, permitem às escolas recolher dados
relativos ao grau de implementação de uma intervenção. Guskey recomenda, entre
outros, a observação directa, entrevistas aos participantes e questionários.
A observação directa é o método disponível, mais simples e imediato, para
juntar evidências. Requer a nomeação de um indivíduo ou indivíduos para a execução
de observações, baseadas nos indicadores críticos da intervenção. As entrevistas aos participantes recorrem a um qualquer tipo de amostragem. Por exemplo, uma
amostra representativa dos membros do pessoal poderia ser seleccionada, tendo em
vista a realização de uma entrevista. Para poupar tempo, essa entrevista poderia ser
gravada e, posteriormente, ouvida para se encontrar indícios das características
fundamentais da intervenção. Os questionários são o método mais popular de
recolha de dados informais. Guskey nota que podem ser usados para obter
informação sobre quase todos os aspectos do funcionamento de uma organização.
Porém, adverte:
Na interpretação dos resultados do questionário, importa igualmente ter
em atenção que as respostas aos seus itens reflectem as percepções
de um indivíduo [ênfase original], quanto ao apoio e mudanças
122 No original, Levels of Use. (N. dos T.)
228
organizacionais. Como tal, são medidas indirectas não evidências
directa. Embora as percepções dos indivíduos sejam indubitavelmente
importantes, por vezes, baseiam-se em conhecimentos ou experiências
limitados. Em consequência, podem reflectir uma perspectiva
enviesada. Ao mesmo tempo, os resultados de um questionário
representam uma valiosa fonte de dados que, desde que
cuidadosamente analisados, podem ajudar a fundamentar muitas
decisões de avaliação importantes. (p. 168)
Deve ter em consideração as advertências de Guskey, quando administrar e
interpretar os resultados do questionário constante do Anexo. Pese embora forneça
informação útil sobre o funcionamento de uma escola e possíveis direcções para o
futuro, apenas contempla informação relativa às percepções de quem o preenche.
Fase III: Examine o efeito no aproveitamento
A produção de resultados positivos nos níveis de realização escolar dos alunos, surge
como a meta de qualquer intervenção. Nesse sentido, não recolher dados relativos ao
seu aproveitamento (logo que haja indícios de que a intervenção foi implementada)
afigura-se como um erro crasso que, no final de contas, pode aniquilar o próprio
esforço de reestruturação da escola. Contudo, a recolha desses elementos é, com
regularidade, encarada como sendo de tal modo problemática, que raramente é
efectuada.
Acredito que isto se deve ao facto de os educadores do K-12 se encontrarem
constrangidos por expectativas irrealistas, quanto à natureza das evidências. A
maioria dos administradores escolares e dos professores, no âmbito das suas
formações académicas, frequentaram disciplinas sobre metodologia da investigação
e/ou avaliação em educação. As regras a serem cumpridas nesse domínio são
bastante estritas (como deveriam de ser). No entanto, apenas porque uma escola não
é capaz de cumprir tais critérios, isso não significa que nem sequer o vai tentar fazer.
De novo, Guskey tem algo de útil a dizer sobre o assunto:
Na maioria dos casos, simplesmente, não se conseguem obter provas
irrefutáveis (relativas ao impacto de uma intervenção no nos níveis de
realização dos alunos). Para tal, precisaria eliminar ou controlar todos
os outros factores susceptíveis de provocar essa mudança.
Procedimento que implica a distribuição aleatória dos alunos por
229
grupos, um experimental e outro de controle. O grupo experimental
seria envolvido [na intervenção] e o grupo de controle não. Medidas
comparáveis seriam recolhidas junto de cada um desses grupos e as
diferenças testadas… O problema, claro, é que quase todas
[intervenções] decorrem em contextos do mundo real, em que tais
condições experimentais são impossíveis de cumprir. (p. 87)
Acredito que há muitas maneiras das escolas poderem recolher dados relativos ao
impacto das intervenções nos resultados escolares dos alunos. Aqui, apresento uma
possibilidade. É uma medida de concretização fácil, pelas escolas, e que lhes pode
dar informação adequada sobre os níveis de realização escolar dos alunos, a partir
dos quais se torna possível proceder a uma determinação informal da eficácia de uma
intervenção.
A identificação do tipo de dados, relativos ao aproveitamento, a serem
utilizados como evidências, aparece como uma das primeiras coisas a fazer pela
escola. Descartar qualquer outro tipo de dados referentes aos resultados escolares
dos alunos, para além dos fornecidos pelos testes estaduais ou estandardizados,
assoma como uma tendência natural, tanto de educadores como de não educadores.
Embora seja inquestionável a relevância desse tipo de avaliações, há que reconhecer
que não constituem os mecanismos mais eficazes para a verificação da eficácia de
uma intervenção em especial ou de um grupo de intervenções. São várias as razões
que o justificam, podendo, desde já, destacar-se o facto de serem aferições que,
tradicionalmente, apenas ocorrem uma vez por ano.
Outras das razões pela qual os testes estaduais e estandardizados não
constituem um dos dispositivos mais eficazes para a avaliação das intervenções
prende-se com o facto de não serem pensados especificamente em função dos
conteúdos ensinados. Omissão salientada por muitos investigadores, nomeadamente,
Alfie Kohn (2000), James McMillan (1997) e James Propham (2001). George
Maddaus e colaboradores (Maddaus, Kelleghan, Rakow & King, 1979) conduziram um
produtivo estudo sobre o tema. Num universo de 52 escolas, constataram que um
quadro bem diferente, respeitante à aprendizagem dos alunos, seria conseguido se,
em vez de testes estandardizados, se utilizassem medidas "currículo-específicas"123
(avaliam os conteúdos específicos a um curso). Advertiram que qualquer tentativa,
para julgar a eficácia de uma escola (ou, neste contexto, a eficácia de uma
123 No original, curriculum-specific. (N. dos T.)
230
intervenção) por intermédio de testes estandardizados, poderia dar azo a conclusões
falaciosas:
Quando consideramos a tradição da investigação americana sobre a
eficácia das escolas, durante a última década, apercebemo-nos que os
procedimentos usados militaram, de várias maneiras, contra qualquer
efeito significativo das escolas. Primeiro, usaram-se testes
estandardizados como medidas avaliação do desempenho dos alunos.
Há razões muito válidas para tal: já estavam disponíveis, pensava-se
serem objectivos, foram populares durante mais de cinquenta anos e
eram úteis para fazer comparações entre escolas. As suas
desvantagens, no entanto, não receberam a adequada atenção. (p.
225)
Dadas as insuficiências dos testes estaduais e estandardizados, uma opção viável
para efeitos da realização de uma aferição informal, poderá ser a de pôr em prática
medidas concebidas pelo próprio professor. Por definição, tais avaliações são
sensíveis ao currículo, visto, naturalmente, os professores optarem por construir
testes que foquem os conteúdos que, na realidade, ensinaram.
Se uma escola decidir usar dados baseados em medidas da responsabilidade
dos professores, tem, então, que se debruçar sobre como analisar esses elementos
ou (mais tecnicamente) o tipo de tratamento de dados a ser empregue. Os
comentários de Guskey são, a esse propósito, ilustrativos, na medida sublinham o
facto de, os tipos de tratamentos de dados mais poderosos, serem aqueles que
possibilitam a comparação de um grupo de alunos envolvido na intervenção com outro
que não está. No mundo real, isto, por norma, não é possível. Em alternativa poder-
se-á optar por comparar classificações dos alunos antes e depois da intervenção. Os
educadores, por vezes, rejeitam esse tipo de tratamentos baseados em ganhos
"resultados obtidos", porque não advêm de planos experimentais genuínos, os
favoritos da literatura teórica e empírica sobre avaliação. Não obstante, a sua utilidade
e validade vem sendo severamente subavaliada, constituindo modos legítimos de
determinar aquilo que um aluno aprendeu (Rogosa, Brandt & Zimowskt, 1982; Willet,
1985, 1988).
A fim de utilizarem esta abordagem, os professores administrariam pré-testes
e pós-testes abarcando o mais possível os conteúdos focados ao longo de um
quadrimestre. Classificariam essas avaliações recorrendo a uma escala comum,
como, por exemplo, valores em percentagem. Assim sendo, os professores do 5º ano
231
de matemática administrariam um pré-teste no começo do primeiro quadrimestre
sobre os conteúdos a serem tematizados durante esse período e um pós-teste no seu
final. À partida, poderiam usar a mesma avaliação no pré-teste e o pós-teste,
atendendo à rapidez com que os alunos esquecem as respostas dadas em itens
específicos (Wilson & Putnam, 1982). Esses dados, obtidos sob a forma de
resultados, seriam recolhidos antes, durante, e depois da implementação da
intervenção. Na Figura 17.3. são ilustrados os resultados de um esforço dessa
natureza, apresentando dados hipotéticos para seis disciplinas.
Esta intervenção vinha sendo concretizada nos dois primeiros quadrimestres
do ano lectivo, período durante o qual a escola se concentrou na identificação e
definição de conteúdos programáticos essenciais e suplementares que, então, seria
comunicada aos professores. Claro que uma escola típica teria, seguramente, mais
turmas e disciplinas que as descritas, mas, para facilitar a discussão, mantive o
exemplo pequeno.
Na posse destes dados, a escola tem a possibilidade de determinar se os
ganhos na aprendizagem, depois da total implementação da intervenção, foram
maiores que os aumentos anteriormente observados. Os ganhos registados nos
resultados durante o segundo semestre representam, assim, aquilo que o aluno
aprendeu depois da intervenção. Se estivéssemos a levar a cabo uma avaliação
formal, executaríamos um teste, com o intuito de determinar se as melhorias ocorridas
FIGURA 17.3.Ganhos em resultados, por quadrimestre, em várias disciplinas
Ano Disciplina 1.º Quadrimestre
2.º Quadrimestre
3.º Quadrimestre
4.º Quadrimestre
6
Matemática 12,2 9,3 13,1 14,2
Ciências 9,30 8,3 12,4 11,3
Artes Linguísticas 12,5 12,1 13,2 12,8
História/Geografia 10,3 11,4 12,1 13,1
Artes 7,50 12,5 13,5 14,2
Educação Cívica 10,3 11,2 12,2 13,1
232
Média 10,35 10,8 12,75 13,12
7
Matemática 8,40 10,1 12,3 14,1
Ciências 10,2 9,4 11,4 12,5
Artes Linguísticas 8,50 9,7 10,9 11,2
História/Geografia 10,5 12,1 12,4 13,4
Artes 10,7 11,4 14,5 12,5
Educação Cívica 9,30 9,2 12,4 13,5
Média 9,60 10,32 12,32 12,87
8
Matemática 7,50 9,2 9,7 13,2
Ciências 8,70 8,0 10,1 9,8
Artes Linguísticas 9,20 9,4 12,9 11,4
História/Geografia 10,1 9,7 12,4 12,2
Artes 7,80 8,4 11,4 9,8
Educação Cívica 11,3 10,9 11,7 12,3
Média 9,10 9,27 11,37 11,45
Estado da Intervenção Em Implementação Totalmente Implementada
no segundo semestre são ou não significativamente diferentes das obtidas no primeiro
semestre. Porém, a escola não se encontra dependente das mesmas convenções,
indispensáveis uma avaliação ou estudo formais. Nesta situação, a escola poderia,
simplesmente, comparar, sob a forma de um gráfico, as diferenças ocorridas nos
ganhos em resultados, como se mostra na Figura 17.4. (p. 170). A figura descreve
diagramas com as pontuações médias dos aumentos observados durante o primeiro
semestre, comparando-os com os assinalados no decurso do segundo semestre.
Obviamente, algo mudou do primeiro para o segundo momento considerados. Os
ganhos no segundo semestre são maiores que os do primeiro. Se a escola pudesse
assumir que as melhorias seriam aproximadamente as mesmas de quadrimestre para
quadrimestre, então, o perfil descrito na Figura 17.4. poderia ser interpretado como
233
uma evidência de que a intervenção teve um impacto na aprendizagem dos alunos.
Se a escola não esperar ganhos em resultados idênticos de quadrimestre para
quadrimestre, pelo menos, consegue ter uma visão mais nítida sobre os padrões a
esperar a partir de quaisquer diferenças, poderia, ainda, determinar se o padrão
posterior à intervenção era, ou não, diferente do seu antecessor. Um padrão diferente
de resultados, depois da intervenção, seria um indicador de que teve efeito nos níveis
de realização dos alunos. Examinar os padrões dos resultados, antes e depois de
uma intervenção, faz parte de uma longa e honrada tradição de investigação. Se, por
sua vez, se conseguir um número suficiente de pontos relativos a dados, então, esses
padrões podem ser submetidos a testes estatísticos de significância124 (Glass, Willson
& Gottman, 1975, Mayer & Lewis, 1979).
A presente linha de raciocínio não deve ser encarada como um argumento
contra os planos experimentais, o uso de testes de significância ou o recurso a
avaliações formais, em favor dos testes concebidos pelos professores. Pelo contrário,
é seu objectivo levar a escola a recolher os melhores dados disponíveis, relativos ao
aproveitamento dos alunos, e a proceder à sua análise, da maneira mais abrangente
e rigorosa possível, tendo em vista a determinação da eficácia de uma dada
intervenção. De facto, mesmo sem dispor de testes formais, de planos experimentais,
ou da testagem estatística de hipóteses, a escola tem a possibilidade de recolher
dados que lhe oferecem elementos preciosos quanto ao real impacto dos seus
esforços.
FIGURA 17.4.Ganhos médios para os anos 6, 7, e 8
6. a
no d
e es
cola
ridad
e
15
12
9 10,25
12,75
10,80
13,12
124 Os testes estatísticos de significância permitem determinar se as amostras observadas diferem ou não, de um modo significativo, dos resultados esperados para a população geral de que foram retiradas. Permitem verificar a validade de determinadas suposições estatísticas (ou hipóteses) que, em geral, são afirmações relativas às distribuições de probabilidades das populações. Usualmente, os valores de referência para determinar a significância de uma da avaliação são 0,05 e 0,01, que nos indicam haver uma probabilidade de 95% ou de 99%, respectivamente, de os resultados obtidos não serem devidos ao acaso. (N. dos T.)
234
1.º 2.º 3.º 4.º
quadrimestre quadrimestre quadrimestre quadrimestre7.
ano
de
esco
larid
ade
15
12
9 9,60
12,32
10,32
12,87
1.º 2.º 3.º 4.º
quadrimestre quadrimestre quadrimestre quadrimestre
8.º a
no d
e es
cola
ridad
e
12
10
8 9,10
11,33
9,27
11,48
1.º 2.º 3.º 4.º
quadrimestre quadrimestre quadrimestre quadrimestre
Fase IV: Passe ao próximo aspecto
Depois de implementada e avaliada a intervenção, a escola deve passar a um novo
assunto, com tudo o que lhe está inerente. Inspirado por elementos concretos, que lhe
mostrem a eficácia da sua anterior intervenção, o pessoal poder-se-á arriscar mais,
escolhendo um tema mais difícil. Recorrendo, uma vez mais, ao exemplo da Figura
17.2. (p. 164), a escola poderia, agora, sentir-se pronta para tentar lidar com a
necessidade de elaboração de um sistema de avaliação mais eficaz (ver item 6).
A reforma escolar na nova era, afigura-se, assim, como um processo contínuo.
A escola está sempre à procura de um novo aspecto a focar, tendo em vista a
promoção dos níveis de realização escolar dos alunos. A excelência resulta, portanto,
desse processo contínuo de procura do aperfeiçoamento (Fullan, 1982; Joyce, Wolf &
Calhoun, 1993; Hord, Rutherford, Huling-Austin & Hall, 1987).
Resumo
235
Neste capítulo descreveram-se as quatro fases que uma escola pode experimentar ao
tentar implementar o modelo dos factores relativos à escola, aos professores e aos
alunos. Essas etapas são, respectivamente, a recolha de dados perceptivos sobre
elementos específicos aos factores; a identificação e implementação de uma
intervenção; a avaliação do impacto dessa intervenção no aproveitamento dos alunos
e, por fim, a transição para o próximo assunto. Defendeu-se a perspectiva de que,
mesmo, sem o recurso às técnicas de investigação ou de avaliação formal, uma
escola pode e deve concretizar todas estas fases.
236
18. O papel crítico da liderança
No Capítulo 2, aludi ao facto da liderança ser intencionalmente omitida do meu modelo
de factores associados aos níveis de realização escolar dos alunos. Não o fiz por
considerar a liderança como algo sem importância. Pelo contrário, a liderança poderá
ser considerada como o aspecto singular mais importante de uma reforma escolar
eficaz. É frequentemente mencionada nas investigações iniciais sobre a eficácia e das
escolas (Brookover et a.l, 1978, 1979; Edmonds, 1979a, 1979b, 1979c, 1981a, 1981b;
Purkey & Smith, 1982, 1983; Rutter et a.l, 1979), continuando, ainda hoje a ser um
marco para a pesquisa (Schereens & Bosker, 1997; Teddlie & Reynolds, 2000).
A razão que subjaz à sua separação dos demais factores contemplados pelo
modelo, reside no facto de, virtualmente, todos os aspectos que o constituem serem
por ela influenciados. A liderança é uma condição necessária a uma reforma eficaz no
que diz respeito tanto aos factores relativos à escola como aos professores ou, ainda,
aos alunos. A investigação aponta para o facto de a liderança manter uma forte
relação com (entre outros) os seguintes aspectos
a medida em que a escola tem uma missão e objectivos claros (Bamburg &
Andrews, 1990; Duke, 1982),
o clima geral da escola e o clima particular das salas de aula (Griffith, 2000;
Villani, 1996; Brookover et a.l, 1978, 1979; Brookover & Lezotte, 1979),
as atitudes dos professores (Brookover & Lezotte, 1979; Oakes, 1989; Purkey
& Smith, 1983; Rutter et a.l, 1979),
as práticas, em sala de aula, dos professores (Brookover et a.l, 1979,
Brookover & Lezotte, 1979; McDill, Rigsby & Myers, 1969; Miller & Sayre,
1986),
a organização do currículo e do ensino (Bossert et a.l, 1982; Cohen & Miller,
1980; Eberts & Stone, 1988; Glasman & Binianimou, 1981; Oakes, 1989) e
a oportunidade para os alunos aprenderem (Duke & Canady, 1991; Dwyer,
1986; Murphy & Hallinger, 1989).
Se se atender ao facto de a liderança, aparentemente, ser o alicerce da mudança a
todos os níveis, uma representação completa do modelo usado neste livro poderia ser
o proposto na Figura 18.1..
237
FIGURA 18.1.Factores de liderança com influência nos níveis de realização dos alunos
LIDERANÇA
LIDER
AN
ÇA
Factor Exemplo
LID
ERA
NÇ
A
Escola Currículo essencial e viável
Objectivos desafiantes e um retorno efectivo
Envolvimento dos pais e da comunidade
Ambiente seguro e disciplinado
Corporativismo e profissionalismo
Professor Estratégias educativas
Gestão da sala de aula
Plano curricular concretizado em situação de
aula
Aluno Ambiente familiar
Inteligência aprendida e conhecimentos de base
Motivação dos alunos
LIDERANÇA
Liderança para a mudança
Dado a sua importância para o processo de reorganização escolar, tenhamos em
atenção as características de uma liderança eficaz. Devo acautelar que o meu
tratamento do tema é, necessariamente, sumário e superficial. Os interessados numa
discussão mais aprofundada deverão consultar um, dos muitos bons livros, disponíveis
sobre o assunto (Blase & Kirby, 2000; Blase & Blase, 2001; Blumberg & Greenfield,
1986; Fullan, 1982; Hoy, Tarter & Kottkamp, 1991; Lipham, 1981; Sergiovanni, 1992).
Identificaram-se tantas características, que uma lista exaustiva é de difícil
manuseamento. A título ilustrativo, considere a Figura 18.2. (p. 174), onde se procura
mostrar o quão diversa uma lista exaustiva pode ser, fornecendo uma avaliação das
características de liderança resultantes de, apenas, cinco estudos.
Em vez de procurar acrescentar mais elementos a esta lista, identifiquei três
princípios de liderança para a mudança, que se relacionam especificamente com o uso
do modelo apresentado no livro. Embora esses princípios se baseiem na investigação,
a sua fonte primária radica na minha experiência de trabalho com escolas, um pouco
por toda a América do Norte, durante as últimas três décadas.
238
FIGURA 18.2.Perspectiva global das características associadas a líderes eficazes
Blum, Butler & Olson (1987)
Hallinger & Murphy (1987)
Neufeld & Freeman (1992)
Levine & Lezotte (1990)
Sammons, Hillman & Mortimore (1995)
tem uma visão
clara
comunica com
o pessoal
cria um
ambiente
seguro
sabe o que é
uma educação
de qualidade
monitoriza o
desempenho
da escola
contextualiza
os objectivos
comunica os
objectivos
coordena o
currículo
monitoriza os
progressos
protege o
tempo lectivo
mantém uma
visibilidade
elevada
oferece
incentivos aos
professores
selecciona e
participa em
actividades de
desenvolviment
o profissional
define
objectivos
académicos
explícitos
confia e trata os
professores
como
profissionais
cria um
ambiente de
trabalho não-
restritivo
não é
dogmático nem
autocrático
é receptivo a
perspectivas
divergentes da
sua
dá aos
professores
uma voz nítida
nas decisões
supervisiona a
prática
educativa
apoia os
professores
é enérgico
selecciona e
substitui os
professores,
sem hesitação
orienta-se para
os dissentes125
monitoriza as
actividades
escolares
adquire os
recursos
necessários
vêem-no como
o profissional
que lidera
utiliza
abordagem
baseada na
gestão
participada
é firme
direcciona-se
para objectivos
Princípio 1. A liderança para a mudança é mais eficaz quando levada a cabo por um grupo pequeno de educadores, funcionando director como uma forte força de coesão.
Um dos mais comuns equívocos sobre a liderança ao nível da escola, prende-se com
a concepção de que deveria situar-se num único indivíduo o director (Hallinger,
Bickman & Davis, 1996). Crença de tal modo difundida, que atravessa fronteiras de
nações e culturas (Caldwell, 1992; Cheng, 1994; Eckholm, 1992; Heck, 1993; Murphy
& Hallinger, 1992). Apesar de ser, certamente, verdade que uma liderança forte, por
125 No original, “maverick” orientation. A expressão “maverick” significa vitelo ou outra rês sem ferrete; dissidente. Em sentido figurado pode querer dizer apropriar-se ilegalmente de algo. (N. dos T.)
239
parte do director da escola, constituir uma força poderosa no sentido da
reestruturação, a ideia de que um só indivíduo pode influenciar a mudança, pela
simples força da sua vontade e personalidade, não é, de todo, confirmada pela
investigação. Na realidade, as evidências apoiam a afirmação de que uma iniciativa
substancial de mudança deve ser apoiada, tanto pelos administradores escolares
como pelos professores (Conley & Bacharach, 1990; Glickman, 1993, 1998; Maeroff,
1988; Schlechty, 1990). Tal como constataram Joseph Blase e Peggy Kirby (2000),
aqueles que trabalham com os alunos, numa base quotidiana designadamente, os
professores , devem ser envolvidos em decisões importantes, relativas às alterações
que vão afectar a sua vida de todos os dias.
O papel do director da escola é importante. A reforma exige um líder titular e
conceptual. Muita da pesquisa indica, inclusive, que ninguém, além do administrador
da escola, pode assumir, com facilidade, o papel de cabeça visível de um esforço de
reforma. Infelizmente, isso deve-se à cultura igualitária prevalecente nas escolas, em
que todos os professores são considerados iguais, independentemente da sua perícia
ou desempenho. Tentativas de reorganização da escola, levadas a cabo por um
professor ou grupo de professores, são, em regra, objecto de resistência (Feiman-
Nemser & Floden, 1986; Little, 1990; Lortie, 1975; Rosenholtz, 1989). Noah Friedkin e
Michael Slater (1994) descrevem o fenómeno:
O isolamento físico do professor, no que se refere à prossecução das
actividades educativas, assim como as suas normas de autonomia,
privacidade e equidade profissional, servem para inibir o aparecimento
de líderes fortes e informais de entre as suas hostes. (p. 14)
Resta-nos a opção, intuitivamente atraente, de um equipa de liderança forte: o director
da escola e outros administradores funcionando como elementos-chave e trabalhando
com um grupo dedicado de professores.
Princípio 2. A equipa de liderança deve funcionar de modo a oferecer uma forte orientação, enquanto demonstra respeito por aqueles que dela não fazem parte.
A existência de uma equipa de liderança forte não implica a falta de envolvimento dos
professores (ou administradores) que dela não fazem parte. De facto, a equipa de
liderança consegue actuar melhor, se se assegurar que as opiniões e preocupações
de todos os membros dos quadros da escola estão representadas nas suas
deliberações.
240
Uma função essencial da equipa de liderança consiste no envio, para os
elementos do quadro da escola que dela não fazem parte, uma mensagem de
valorização e respeito pelo seu valor profissional. Quer isso dizer que o director e a
equipa de liderança não deveriam tentar micro-administrar126 a gestão da escola. Noah
Friedkin e Michael Slater (1994) demonstram-no num estudo com 17 escolas
elementares da Califórnia. Determinaram quais as características dos directores da
escola que se encontravam estatisticamente associadas com uma liderança eficaz, por
comparação com as que o não eram. Um dos aspectos mais interessantes do seu
estudo diz respeito ao facto de a liderança eficaz ser definida em termos do
desempenho académico dos alunos, num período de quatro anos. Infelizmente, é raro
conseguir encontrar, na investigação sobre a liderança, estudos que tomem os níveis
de realização dos alunos como o critério para a eficácia. Alguns dos resultados do seu
estudo são expostos na Figura 18.3. (p. 176).
Os dados na Figura 18.3. apontam no sentido de um director eficaz não tentar
desempenhar um papel directo nas vidas quotidianas dos professores. Quando a
liderança é definida em termos de aproveitamento dos alunos, comportamentos, como,
por exemplo, comentar aulas específicas ou resolver problemas educativos
particulares, não prognosticam uma liderança eficaz. Antes, o director eficaz adopta
comportamentos mais indirectos em relação ao dia-a-dia escolar dos professores.
Esses comportamentos centram-se na gestão eficiente da escola, sem serem
intrusivos, no que se refere às rotinas e práticas dos professores, nas respectivas
salas de aula (embora os directores eficazes manifestem interessar-se por essas
rotinas e práticas). Philip Hallinger, Leonard Bickman e Ken Davis (1996) explicam
essa dinâmica:
Conceptualizações mais robustas da liderança pelo director, sugerem
que há uma maior probabilidade de os efeitos da sua liderança
ocorrerem indirectamente [ênfase não original], através dos seus
esforços para influenciar aqueles que entram em contacto directo com
os alunos, no contextos educativos. (p. 532)
Na análise final, Friedkin e Slater (1994) concluíram que o líder eficaz apresenta duas
características essenciais:
FIGURA 18.3.
126 No original, micro-manage. (N. dos T.)
241
Comportamentos de liderança de directores eficazes versus ineficazes
Comportamentos associados a um líder eficaz Comportamentos não associados a um líder eficaz
Faz observações formais
Está aberto à discussão de ideias
Procura a contribuição dos professores
em decisões-chave
Transmite confiança aos professores
Monitoriza a continuidade do currículo
Reúne frequentemente com o pessoal
Recompensa formalmente o bom ensino
Revê os planos de aulas dos professores
Ajuda a resolver problemas educativos
específicos
Dá retorno sobre aulas específicas
Fonte: Friedkin, N.E. & Slater, M.R. (1994) School leadership and performance: A social network approach. Sociology
of Education, 67, 139-157.
As nossas evidências sugerem a existência de duas dimensões-chave
para um director (eficaz) de escola, a saber: (1) acessibilidade e
atenção para com os assuntos que preocupem os professores e (2) a
adopção de uma postura de colaboração e de respeito mútuo, no que
respeita à resolução de problemas e à tomada de decisões sobre
assuntos educativos no contexto de respeito mútuo. A frequência das
transacções entre os directores e os professores não constituem uma
dimensão-chave [da eficácia]. As atitudes intrusivas de gestão
encontram-se negativamente associadas com [a eficácia do director] e
com o desempenho escolar. (p. 151)
As aplicações destes resultados são bastante directas. A equipa de liderança deve
estar atenta às preocupações dos professores, mostrar-se facilmente acessível e optar
por um processo de tomada de decisão e de resolução de problemas em colaboração
com os professores que não são membros da equipa. A equipa de liderança não deve
intrometer-se na vida quotidiana dos professores. Tudo isto deve ser feito numa
atmosfera de respeito mútuo.
Princípio 3. Uma liderança eficaz para a mudança caracteriza-se por comportamentos específicos, que melhoram os relacionamentos interpessoais.
Pese embora a liderança eficaz não envolva um tipo especial de personalidade, a
verdade é que os líderes eficazes, quer sejam administradores ou professores
242
membros da equipa, exibem comportamentos específicos, quando interagem com os
colegas. São esses comportamentos que ajudam a estabelecer relações pessoais,
críticas para o sucesso de qualquer esforço de reforma. Na sequência da sua
investigação, envolvendo mais de 1.200 professores do K-12, Blase e Kirby (2000)
assinalaram três características de um líder fundamentais à construção de relações
pessoais facilitadoras da concretização de esforços de reforma eficazes: (1) o
optimismo, (2) a honestidade e (3) a consideração.
Optimismo
O optimismo assoma como uma característica de liderança essencial para uma
reforma eficaz, na medida em que dá esperança nos tempos difíceis que,
inevitavelmente, acompanham qualquer mudança substantiva. Apesar do termo ser
empregue, no dia-a-dia, com diferentes significados, a investigação é bastante
específica na determinação das suas características. Martin Seligman (1991) definiu o
optimismo como o poder do pensamento não negativo. O optimista evita "catastrofizar"
nos momentos da adversidade. Dito de outro modo, não percepciona os obstáculos
como insuperáveis. Seligman nota que optimistas e pessimistas podem ser
comparadas em três dimensões distintas, descritas na Figura 18.4..
Blase e Kirby afirmam que a liderança optimista produz, nos professores, uma
subida nos seus níveis de auto-estima e de motivação. Considere a seguinte citação
de um dos professores participantes do seu estudo, quando comenta o impacto de um
administrador da escola particularmente optimista:
Ela tem um sentimento muito positivo sobre a nossa escola. Ela gosta
do seu trabalho e isso reflecte-se no resto dos professores … Ela
enfrenta cada dia que passa como um novo dia, com desafios novos.
Eu tento fazer o mesmo. Não me custa vir para a escola este ano.
Quando o despertador começa a tocar, fico logo pronta127, este ano (p.
108)
Honestidade
A honestidade é marcada pela veracidade e consistência entre palavras e acções.
Além do estudo por Blase e Kirby (2000), muitos outros identificaram a honestidade
127 No original, “up and at them”. Literalmente, a expressão significa “em pé e neles”, o que denota prontidão, disponibilidade imediata para acção. (N. dos T.)
243
como nuclear para um a liderança eficaz (Andrews in Brandt, 1987; Friedkin & Slater,
1994; Villani, 1996). Uma citação de um professor no estudo de Blase e Kirby, ilustra o
impacto da honestidade nos professores:
O nosso director é totalmente honesto na forma como lida com os
quadros da escola. Ele é directo em relação ao que pensa serem os
nossos pontos fortes e fraquezas e está sempre disposto a ajudar-nos
na resolução de qualquer problema que surja … [Isso] ajuda-me a
manter um espírito aberto na maneira como lido com os meus alunos
… e outras pessoas da escola. (p. 109)
FIGURA 18.4.Características dos optimistas
Dimensão Optimista versus Pessimista
Externas versus
internas
Os optimistas tendem a explicar a adversidade em função de causas
externas à escola (e.g., não existe dinheiro suficiente para patrocinar este
projecto); os pessimistas tendem a explicar a adversidade em função de
causas endémicas à escola (e.g., os nossos alunos, simplesmente, não são
lá muito espertos).
Específicas versus
difusas
Os optimistas tendem a explicar a adversidade em função de causas
específicas (e.g., o novo programa informático de avaliação que comprámos
acabou por não corresponder às nossas necessidades, mas outro poderá);
os pessimistas tendem a explicar a adversidade em função de causas
abrangentes e difusas (e.g., o nosso sistema de arquivo é inútil).
Temporárias versus
permanentes
Os optimistas tendem a explicar a adversidade em função de causas
temporárias (e.g., agora, não temos dinheiro suficiente para comprar o novo
programa informático de avaliação); os pessimistas tendem a explicar a
adversidade em função de causas permanentes (e.g., nunca teremos o
dinheiro necessário para comprar o programa informático de que
precisamos).
Fonte: Seligman, M. E. P. (1991). Learned optimism. New York: Knopf
A necessidade da honestidade é óbvia. A fim de sustentarem a corrente de energia
necessária à produção de uma mudança substantiva, os professores têm que sentir
que aquilo que lhes é dito é verdadeiro, assim como que não tem lugar qualquer
dinâmica importante que não seja do seu conhecimento.
244
Consideração
Este aspecto, por vezes, é designado como orientação para as pessoas ou como uma
preocupação com pessoas. Teóricos importantes no domínio da liderança
reconheceram-na como um atributo determinante da sua eficácia (Bass, 1990; Fullan,
1992; Hersey & Blanchard, 1977). Blase e Kirby (2000) declaram " os directores com
consideração foram percepcionados como não discriminativos; mostram-se
preocupados com todos os professores. Exprimem interesse pelas vidas dos seus
professores, tanto nos momentos felizes como tristes" (p. 110). Uma citação de um
dos professores de escola secundária, participante do seu estudo, exemplifica o
impacto da consideração:
O meu director foi muito compreensivo e flexível de todas as vezes que
tive de me ausentar devido à hospitalização de elementos da minha
família. A sua cooperação e tentativas em suavizar o meu retorno à
escola, foram muito para além do dever. Sinto que fui tratado com
bondade e respeito. Eu, em troca, procuro ter uma atitude mais
compassiva para com os meus alunos e as suas situações pessoais.
(p. 110)
À semelhança do que sucede com a honestidade, a consideração ajuda a construir
relações interpessoais, tão necessárias nos tempos difíceis que tendem a acompanhar
mudanças profundas.
Os membros da equipa de liderança devem cultivar um espírito de optimismo,
honestidade e consideração. Em última análise, essas poderiam ser características tão
importantes quanto as focadas pelos aspectos mais técnicos da reforma escolar,
discutidas no Capítulo 17.
Epílogo
Termino o livro do mesmo modo que o comecei. O ensino público encontra-se numa
posição em tudo favorável à sua confluência para o melhor dos tempos, embora a
alguns possa parecer que estamos a viver o pior de tempos. Na verdade, talvez a
segunda frase da citação de Dickens "… era a idade da sabedoria, era a idade da
insensatez" seja ainda mais apropriada. Mesmo uma leitura superficial dos 17
capítulos anteriores, autoriza ilustrar-me como alguém altamente optimista quanto à
245
direcção oferecida por 35 anos de investigação. Seguir essa orientação afigura-se
extremamente sábio; ignorá-la, extremamente tolo. Entrarmos ou não no melhor dos
tempos, depende apenas de escolhermos usar as dádivas fornecidas pela
investigação, com sabedoria ou insensatez.
ANEXO: INQUÉRITO RÁPIDO AOS FACTORES DE EFICÁCIA DAS ESCOLAS
Pergunta 1Até que ponto
adoptamos o
comportamento ou
abordamos o
assunto?
Pergunta 2Em que medida
uma mudança nas
nossas práticas,
relativas ao item,
se traduzem numa
melhoria dos níveis
de realização
escolar dos
alunos?
Pergunta 3Qual o esforço, de
facto, necessário
para modificar
significativamente
as nossas
práticas num
domínio em
particular?
Qua
se n
ada
Qua
se tu
do
Qua
se n
ada
Qua
se tu
do
Qua
se n
ada
Qua
se tu
doNA MINHA ESCOLA… 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4Currículo Essencial e Viável1. Os conteúdos
programáticos considerados
essenciais para todos os
alunos, versus os conteúdos
considerados
suplementares, foram
identificados e comunicados
aos professores.
2. A totalidade dos
elementos que constituem o
currículo essencial pode ser
abordada no tempo lectivo
246
disponível para o efeito.
3. Os conteúdos
programáticos essenciais
encontram-se organizados e
sequenciados de modo a
que os alunos tenham
amplas oportunidades para
a sua aprendizagem.
4. Alguém tem a
responsabilidade de verificar
se os professores abordam
os conteúdos essenciais.
5. O tempo lectivo
disponível está protegido,
minimizando-se as
interrupções e evitando a
marcação de actividades
não-instrutivas.
Objectivos Desafiantes e um Retorno Efectivo6. Utiliza-se um sistema de
avaliação que proporciona
um retorno regular (e.g.,
pelo menos todas as nove
semanas) sobre
conhecimentos e
competências específicos,
para cada aluno.
7. Estabeleceram-se
objectivos de realização
para a escola, no seu todo.
8. Estabeleceram-se
objectivos de realização
para os alunos,
individualmente.
9. O desempenho, nos
objectivos da escola e
individuais, serve como
ponto de partida para o
247
planeamento de acções
futuras.
Envolvimento dos Pais e da Comunidade10. Estão montados
mecanismos eficazes de
comunicação entre a escola
e a família ou comunidade.
11. Estão montados
mecanismos eficazes de
comunicação entre a família
ou comunidade e a escola.
12. É dada a oportunidade,
aos pais e à comunidade,
de se envolverem nas
actividades quotidianas da
vida da escola.
13. Estão montados
mecanismos que permitem
aos pais e à comunidade
participarem na gestão da
escola.
Ambiente Seguro e Disciplinado14. O ambiente físico e as
rotinas escolares foram
estruturados de modo a
evitar o caos e a promover o
bom comportamento.
15. Regras e procedimentos
claros, relativos ao
comportamento, foram
definidos ao nível da escola
no seu todo.
16. Definiram-se e são
concretizadas
consequências adequadas,
ao nível da escola no seu
todo, para a violação de
248
regras e procedimentos.
17. Implementou-se um
programa que ensina e
reforça a auto-disciplina e a
responsabilidade dos
alunos.
18. Implementou-se um
programa de detecção
precoce de alunos
propensos à violência.
Corporativismo e Profissionalismo19. Determinaram-se
normas de conduta, tendo
em vista a promoção do
corporativismo e do
profissionalismo.
20. Definiram-se estruturas
de gestão que permitem a
participação dos
professores nas decisões e
políticas definidas ao nível
da escola no seu todo.
21.Os professores têm
acesso e participam em
actividades de
desenvolvimento do pessoal
que abordam assuntos
específicos dos programas e
facilitam a experimentação e
avaliação prática de
técnicas específicas.
Ambiente Familiar22. Dá-se, aos pais, a
oportunidade de
melhorarem a comunicação
e a supervisão dos seus
filhos, assim como o seu
249
estilo educativo.
Inteligência Aprendida e Conhecimentos de Base23. Os alunos são
envolvidos em programas e
actividades, ao nível da
escola, que directamente,
aumentam o número e a
qualidade das suas
experiências.
24. Os alunos são
envolvidos em programas,
ao nível da escola, de leitura
ampla, que enfatizam o
desenvolvimento do
vocabulário.
25. Os alunos são
envolvidos em programas,
ao nível da escola, de
ensino directo de termos e
frases de vocabulário,
importantes para a
aprendizagem de um dado
conteúdo programático.
Motivação dos Alunos26. Os alunos têm acesso a
um retorno, sempre que se
observam ganhos nos
conhecimentos.
27. Os alunos vêem-se
envolvidos em actividades e
jogos de simulação de
carácter estimulante.
28. Os alunos têm a
oportunidade de
construírem e de
trabalharem em projectos, a
longo prazo, de sua
250
concepção.
29. Os alunos têm formação
no que se refere à dinâmica
da motivação e aos modos
como essa dinâmica os
influencia.
Mui
to
pouc
os, s
e
Qua
se to
dos
o fa
zem
Abs
olut
ame
nte
nada
Em
qua
se
Não
mui
to
Mui
to,
embo
ra s
eja
Dem
asia
do
NA MINHA ESCOLA, OS PROFESSORES…Ensino
30. Começam as
respectivas unidades
programáticas
apresentando, aos alunos,
objectivos claros de
aprendizagem.
31. Começam as
respectivas unidades
programáticas pedindo, aos
alunos, que identifiquem
objectivos de aprendizagem
pessoais que se enquadrem
nos, por si, apresentados.
32. Dão, aos alunos, um
retorno sistemático e
específico, relativamente ao
grau em que estão a atingir
os objectivos de
aprendizagem fixados.
33. Pedem,
sistematicamente, aos
alunos, para fazerem um
ponto da situação
relativamente aos objectivos
de aprendizagem fixados.
34. Reconhecem sempre
251
que um aluno mostra
progressos visíveis na
aprendizagem de um dado
objectivo.
35. Enfatizam,
sistematicamente, junto dos
alunos a importância do
esforço.
36. Sempre que apropriado,
organizam os alunos, com
base na compreensão dos
conteúdos demonstrada.
37. Sempre que apropriado,
organizam os alunos em
grupos de aprendizagem
cooperativa.
38. Sistematicamente, dão
um retorno sobre os
trabalhos de casa realizados
pelos alunos.
39. Terminam as unidades,
dando, aos alunos, um
retorno claro relativamente
aos objectivos de
aprendizagem.
40. Terminam as unidades
pedindo aos alunos que se
auto-avaliem, relativamente
aos objectivos de
aprendizagem.
41. Terminam as unidades
reconhecendo e elogiando
os progressos nos
objectivos de aprendizagem.
42. Antes de introduzirem
um conteúdo novo, fazem
perguntas que podem
ajudar os alunos a
recordarem-se daquilo que
252
sabem sobre o assunto.
43. Antes de introduzirem
um novo conteúdo, criam
condições para que os
alunos estabeleçam
relações directas com
conhecimentos ou estudos
anteriores.
44.Antes de introduzirem um
novo conteúdo, criam
condições para que os
alunos organizem ou
pensem sobre o assunto
(e.g., usam organizadores
avançados).
45. Pedem, aos alunos, a
elaboração de sumários,
orais ou escritos, dos novos
conteúdos.
46. Pedem, aos alunos, para
tirarem apontamentos sobre
os novos conteúdos.
47. Pedem, aos alunos, a
representação dos novos
conteúdos em formas não
linguísticas (e.g., imagens
mentais, figuras,
organizadores gráficos
pictográficos, modelos
físicos, representações)
48. Distribuem tarefas, na
sala de aula, e trabalhos
para casa que levam a que
os alunos pratiquem
competências e
procedimentos importantes.
49. Pedem, aos alunos, a
revisão e correcção de erros
nos seus apontamentos,
253
como uma forma de
reverem e verificarem os
conteúdos.
50. Pedem, aos alunos, a
revisão e correcção de erros
nas suas representações
não linguísticas, como uma
forma de reverem e
verificarem os conteúdos.
51. Distribuem tarefas, na
sala de aula, e trabalhos
para casa que levam a que
os alunos comparem e
classifiquem os conteúdos.
52. Distribuem tarefas, na
sala de aula, e trabalhos
para casa que levam os
alunos a construir metáforas
e analogias.
53. Distribuem tarefas, na
sala de aula, e trabalhos
para casa que levam os
alunos a elaborar e a testar
hipóteses sobre os
conteúdos.
Gestão da Sala de Aula54. Definiram regras e
procedimentos bem claros,
para aplicação em contexto
de aula, relativamente ao
comportamento, ao início e
fim dos períodos lectivos, às
transições e interrupções, à
utilização de materiais e
equipamentos, ao trabalho
em grupo e ao trabalho no
lugar.
55. Recorrem a estratégias
disciplinares específicas,
254
que reforçam o
comportamento adequado e
sancionam, com
consequências negativas, o
comportamento menos
apropriado.
56. Recorrem a estratégias
específicas, que levam a
que os alunos sintam que
podem confiar na orientação
e direcção oferecidas.
57. Recorrem a estratégias
que levam os alunos a sentir
que as suas preocupações
e desejos são tidos em
atenção.
58. Recorrem a estratégias
diferentes com alunos
também diferentes, levando-
os a sentirem-se aceites
pelo professor.
59. Recorrem a técnicas
específicas, que lhes
permitem manter-se atentos
a problemas ou potenciais
problemas, na sua sala de
aula.
60. Respondem, rápida e
assertivamente, a
problemas de
comportamento.
61. Recorrem a técnicas
específicas para manterem
uma objectividade
emocional saudável, quando
lidam com os maus
comportamentos dos
alunos.
255
Plano Curricular Concretizado em Situação de Aula62. Quando planeiam as
respectivas unidades
educativas, identificam tipos
específicos de
conhecimentos importantes
para a aprendizagem (e.g.,
categorias importantes de
conhecimentos, exemplos,
sequências, comparações,
relações de causa-efeito,
correlações, factos,
incidentes, episódios,
termos, competências,
processos).
63. Quando planeiam as
respectivas unidades
educativas, garantem a
múltipla exposição, dos
alunos, aos novos
conteúdos, apresentados de
várias maneiras diferentes.
64. Quando planeiam as
respectivas unidades
educativas, distinguem
claramente competências e
processos a serem
dominados de competências
e processos a serem
experienciados, mas não
dominados.
65. Quando planeiam as
respectivas unidades
educativas, organizam os
exemplos em categorias ou
grupos representativos das
características essenciais
256
dos conteúdos.
66. Quando planeiam as
respectivas unidades
educativas, garantem o
envolvimento dos alunos em
projectos complexos, que os
levam a abordar os
conteúdos de forma original.
A ACSD criou uma linha de inquérito on-line, que inclui uma versão electrónica deste
questionário, assim como uma análise dos resultados da escola e do distrito escolar. Por favor,
contacte a ASCD pelo telefone 800-933-2723 ou vá ao seguinte endereço de Internet,
www.whatworksinschools.org, para mais informações.
257
Notas Técnicas
Pretendem-se que as anotações aqui apresentadas expliquem alguns dos aspectos
mais técnicos dos resultados da investigação discutidos ao longo do livro. Convém,
contudo, pedir a atenção para o facto de se tratarem, apenas e só, de breves
apontamentos sobre os temas. A fim de aprofundar qualquer reflexão sobre o assunto,
há que consultar os manuais de estatística, como, por exemplo, os de Cohen (1988),
Cohen e Cohen (1975); Glass, McGaw e Smith (1981), Glass, Willson e Gottman
(1975) e Hunter e Schmidt (1990).
Nota Técnica 1
A percentagem da variância explicada (ou PV) é um dos índices estatísticos mais
comummente referidos pela literatura de investigação. Na sua origem, encontra-se o
pressuposto de que a percentagem da variância explicada por uma variável
(independente ou) preditora (e.g., educação) por referência a uma variável
(dependente ou) predita, traduz a força da sua relação. Geralmente, utiliza-se um
"conjunto" de variáveis preditoras.
Por exemplo, um determinado estudo teria como objectivo prever os níveis de
realização dos alunos utilizando (1) despesas com cada aluno, (2) duração do ano
escolar e (3) média dos anos de experiência de cada professor. As variáveis
preditoras, consideradas como um grupo, explicariam uma dada porção da variância
total da variável predita. O processo de determinação da relação entre uma variável
predita (dependente) e uma variável preditora (independente), usualmente, designa-se
como "análise de regressão". A variável predita é objecto de uma “regressão a partir"
da variável preditora. O índice utilizado para avaliar a influência das variáveis
preditoras é a proporção de variância explicada pelas variáveis preditoras sobre a
variância total da variável predita, multiplicada por 100.
percentagem de variância explicada pela
variável preditora ou independente
PV = 100
percentagem de variância total na variável
predita ou dependente
258
O coeficiente de correlação é um índice com apresenta uma relação bastante próxima
com a PV. Quando um preditor singular ou variável independente (e.g., estatuto
socioeconómico) é com uma variável predita ou dependente (e.g., níveis de realização
dos alunos), a relação entre as duas pode ser expressa sob a forma de r coeficiente
de correlação produto-momento de Pearson128. Quando, com uma variável
dependente, são utilizados múltiplos preditores (e.g., conhecimentos de base,
motivação dos alunos, estatuto socioeconómico), a relação entre as variáveis
independentes (ou preditoras) e a variável predita (ou dependente) assume a forma de
R coeficiente de correlação múltipla129. Nas duas situações, a percentagem de
variância explicada (PV) da variável predita (dependente) pelas variáveis preditoras
(independentes) calcula-se através da elevação ao quadrado do coeficiente de
correlação (i.e., r2 e R2) e multiplicando-o por 100. Em suma, Verifica-se uma forte
relação, conceptual e matemática, entre a PV e os coeficientes de correlação
univariada e multivariada130.
A utilização generalizada do r2, R2 e da PV tem sido alvo de críticas,
nomeadamente enquanto indicadores da relação entre variáveis preditoras
(independentes) e variáveis preditas (dependentes). Hunter e Schmidt, afirmam a esse
respeito:
A percentagem de variância explicada é estatisticamente correcta,
embora substantivamente errónea. Conduz a notórias subestimações
da significância, prática e teórica, da relação entre variáveis… A
dificuldade inerente ao cálculo dos efeitos de magnitude a partir de
qualquer um dos índices de variância considerados, prende-se com o
facto de, frequentemente, as variáveis que explicam pequenas
percentagens da variância produzirem efeitos muito importantes na
variável dependente. (pp. 199-200)
A fim de o ilustrarem, Hunter e Scmidt usam a correlação, entre a aptidão e a
hereditariedade, relatada por Jensen (1980). Essa é uma correlação na ordem dos 128 O coeficiente de correlação de Pearson é uma medida de associação linear entre duas variáveis, ou seja, é um índice que nos permite determinar em que medida a variância de uma variável se encontra associada à variância de outra (i.e., a sua força), assim como o sentido (positiva ou directa e negativa ou inversa) da relação entre elas estabelecida. Uma correlação é denominada de perfeita assume o valor de 1 (valores máximo e mínimo de qualquer correlação). (N. dos T.)129 O coeficiente de correlação múltipla usa-se para determinar o grau de relação existente entre três ou mais variáveis, sendo os seus princípios fundamentais em tudo análogos aos da correlação simples (ver nota I). (N. dos T.)130 Outra forma de designar os índices de correlação descritos, sendo o termo univariada empregue em alternativa à expressão “correlação produto-momento de Pearson” e a denominação multivariada para o “coeficiente de correlação múltipla”. (N. dos T.)
259
0,895, significando que cerca de 80 por cento (0,8952) da variância na aptidão é
função da hereditariedade e ambiente, devendo-se apenas 20 por cento dessa
variância ao ambiente. De acordo com essa perspectiva, a relativa influência, da
hereditariedade na aptidão e do ambiente na aptidão, assume, assim, uma proporção
na casa dos 4 para 1. No entanto, a teoria da regressão131 (Cohen & Cohen, 1975) diz-
nos que as correlações entre a hereditariedade e a aptidão (H), assim como entre o
ambiente e a aptidão (E) (depois de a influência da hereditariedade ter sido
contabilizada à parte) são análogas aos pesos da regressão, numa equação linear
preditora da aptidão a partir da hereditariedade e do ambiente, quando as variáveis
dependentes e independentes são expressas sob a forma de valores estandardizados.
(Neste exemplo, assumimos que a hereditariedade e o ambiente são independentes).
Utilizando as quantidades acima mencionadas, a equação obtida seria a seguinte:
Aptidão Prevista = 0,895 (H) + 0,447 (E)
Esta equação documenta que um aumento de um desvio-padrão na hereditariedade
se faz acompanhar por um aumento de 0,895 desvios-padrão na aptidão. Do mesmo
modo, um aumento de um desvio-padrão no ambiente será acompanhado por um
ganho de 0,447 desvios-padrão na aptidão. O que nos dá um quadro bastante
diferente das influências relativas da hereditariedade e do ambiente na aptidão. Aqui o
rácio é de 2 para 1, contrariamente à proporção obtida com base no cálculo da
percentagem de variância, de 4 para 1.
Nota Técnica 2
As impressões potencialmente enganadoras, oferecidas pela percentagem de
variância, estimularam o uso do efeito binomial de magnitude (BESD). O recurso ao
BESD, tal como o descrevem Rosenthal e Rubin (1982), implica considerar que a
variável preditora se encontra dicotomizada em dois grupos distintos. Nas aplicações
do BESD reportadas ao longo do livro, a variável independente dicotomizada é
representada sob a forma de escolas eficazes versus escolas ineficazes. De igual
modo, a variável predita encontra-se dicotomizada como sucesso ou insucesso
nalgum tipo de medida de realização.
131 A regressão estatística utiliza-se sempre que se procura avaliar ou predizer o valor de uma variável a partir do conhecimento de outra(s), caso ambas se encontrem significativamente correlacionadas. O método de predição utiliza uma fórmula matemática designada como equação de regressão, baseada no modelo da correlação perfeita. É com base no cálculo dessa equação que se obtém o valor do peso relativo de cada um dos factores sobre a característica em estudo, logo a magnitude da sua influência. (N. dos T.)
260
Uma convenção comum, subjacente ao emprego do BESD, passa por assumir
que a expectativa para a variável predita é um índice de sucesso de 0,50. No cálculo
do BESD, o coeficiente de correlação é dividido por 2 e, em seguida, somado e
subtraído a 0,50. Por exemplo, se o valor de r, obtido entre a variável preditora e a
predita, for de 0,50, sendo 0,50 : 2 = 0,25. Assim sendo, espera-se que a percentagem
de participantes no grupo experimental, com “sucesso” na variável predita, seja igual
ao resultado da seguinte operação: 0,50 + 0,25 = 0,75. Por sua vez, a percentagem
daqueles que se espera que “falhem” na medida usada como critério é de 0,50 - 0,25
= 0,25. A inversão desses calcula usa-se com o grupo de controle. Rosenthal e Rubin
(1982) defendem o recurso ao BESD, na medida em que o encaram como uma
representação realista da magnitude do efeito do tratamento, sempre que as variáveis
de resultados são contínuas e desde que os grupos sejam homogéneos, em termos
das suas dimensões e variância.
Cohen, a partir de uma situação retirada da medicina e representada na tabela
que se segue, ilustra, de forma lancinante, a utilização do BESD.
Efeitos Binomial de Magnitude com 1% de Variância (r = 0,10) Explicada por um Hipotético Tratamento Médico
Grupo Resultado% com Vida % de Mortos Total
Tratamento 55% 45% 100%
Controle 45% 55% 100%Nota: Construído a partir de dados apresentados em Statistical Power for Behavioral Sciences, p. 534, da autoria de J.
Cohen, 1988, Hillsdale, NJ: Erlbaum.”r” representa o coeficinete de correlação produto-momento de Pearson.
A tabela exemplifica uma situação em que a variável independente (i.e.,
pertença ao grupo experimental ou de controle) apenas explica 1 por cento da
variância na variável dependente (i.e., r = 0,10). Pressupõe-se que a variável
independente é um qualquer tipo de tratamento médico responsável por 1 por cento da
variância na medida usada como resultado, estar vivo ou morto. No entanto, esta
diferença de 1 por cento na variância explicada traduz-se em 10 pontos percentuais de
diferença, no que se refere ao número de pacientes que estão vivos, com base na
pertença ao grupo. Tal como é notado por Cohen:
Isto significa que, por exemplo, a diferença registada na percentagem
dos vivos, entre os 0,45 e os 0,55, que muitos considerariam
261
importante (tenham em atenção, com vida!) apresenta um r = 0,10 e
uma percentagem de variância explicada de apenas 1 por cento, valor
operacionalmente definido como um “pequeno” efeito no meu
esquema… A “morte” tende a centralizar a mente. Mas, por sua vez,
isso reforça o princípio de que a magnitude de um efeito pode ser
apreciada, somente, no contexto dos assuntos substantivos nela
envolvidos. Um r2 de 0,01 é, de facto, pequeno em termos absolutos,
todavia quando representa um aumento de 10 por cento nas
possibilidades de sobrevivência, pode ser considerado bem grande. (p.
534)
Ideia que é reforçada por Abelson (1985). Depois de analisar o efeito de várias
competências físicas na média do número de vezes que jogadores profissionais de
basebol batem a bola, constatou que a percentagem de variância explicada por tais
competências consistia nuns minúsculos 0,00317 não exactamente 1 terço de 1 por
cento (r = 0,056). Ao comentar as implicações para a interpretação da investigação
educativa, Abelson declara:
Não devemos, necessariamente, escarnecer de valores minúsculos
na percentagem de variância explicada, desde que haja uma garantia
estatística de que esses valores são significativamente superiores a
zero, bem como que o potencial grau de acumulação é substancial.
(p. 133)
Por fim, Cohen exorta a que “da próxima vez que ler «apenas x% da variância é
explicada por», lembre-se do paradoxo de Abelson” (p. 535).
Nota Técnica 3
Determinar o impacto, nos alunos, de escolas situadas percentil 99 da distribuição,
leva-me a assumir que as escolas se encontram normalmente distribuídas, em termos
da sua eficácia. Pressuponho igualmente que, em média, as escolas são responsáveis
por 20 por cento da variância nos níveis de realização dos alunos, o que se traduz
num r = 0,447. Por outras palavras, a correlação média entre as qualidades de uma
escola e o aproveitamento dos alunos é de 0,447. Baseando-me em Scheerens e
Bosker (1997), parto do princípio que o desvio-padrão da distribuição das correlações
é de 0,1068 (ver Marzano 200a, pp. 57-58). As escolas no percentil 99 deveriam
encontrar-se 2,33 desvios-padrão acima da média. Isso significa que a correlação,
262
entre as qualidades da escola no percentil 99 e os níveis de realização dos alunos, é
de 0,694 (0,447 + 2,33 0,1068). Quer dizer que, utilizando o BESD, se chega à
conclusão que, nessas escolas, 84,7 por cento dos alunos passariam num teste em
que se espera que metade obtenha aprovação. Por outro lado, apenas 15,3 por cento
dos alunos não seriam bem sucedidos nesse teste.
Nota Técnica 4
O efeito de magnitude ou ES é um dos mais usados indicadores do impacto de uma
variável independente (e.g., qualidade da escola) numa variável dependente (e.g.,
níveis de realização escolar dos alunos). Na verdade, o termo efeito de magnitude
aplica-se a uma variedade de índices, incluindo o r2, R2 e a PV. Contudo, tal como é
empregue no livro, o ES designa o efeito de magnitude da diferença das médias
estandardizadas. Glass (1976) foi quem primeiro o popularizou, que se traduz na
diferença entre as médias do grupo experimental e de controle, a dividir por uma
estimativa do desvio-padrão da população daí o nome de diferença das médias
estandardizadas.
média do grupo experimental – média do
efeito de magnitude grupo de controle
da diferença =
das médias estimativa do desvio-padrão da população
estandardizadas
A título ilustrativo, assuma que o média dos níveis de realização de uma escola, numa
dada característica, numa medida estandardizada, é de 90 e que a média de um
escola que não possui essa característica é de 80. Considere ainda que o desvio-
padrão da população é de 10. O efeito de magnitude seria:
90 – 80
ES = = 10
10
Este efeito de magnitude pode ser interpretado do seguinte modo: a média do grupo
experimental é 1,0 desvios-padrão superior à média do grupo de controle. Pode-se,
263
assim, inferir que a característica possuída pela escola aumenta 1 desvio-padrão, os
resultados nas medidas de realização. O efeito de magnitude (ES) exprime as
diferenças entre médias sob a forma de resultados estandardizados (ou reduzidos) ou
“Z”. É essa sua característica que dá azo a um outro índice muito usado na
investigação sobre os efeitos das escolas ganhos em percentil.
Os ganhos em percentil (ou Pgain) dizem respeito aos ganhos (ou perdas)
esperados, em termos de pontos de percentil, do aluno médio no grupo de controle.
Tomemos como referência o mesmo exemplo. Obtendo-se um efeito de magnitude de
1,0, é possível concluir que o resultado médio no grupo experimental é 34,134
percentis superior ao resultado médio do grupo de controle. Visto o ES traduzir as
diferenças entre as médias do grupo de controle e experimental para resultados Z. A
teoria da distribuição diz-nos que um resultado Z de 1,0 se localiza no percentil 84,134
da distribuição normal estandardizada (ou reduzida)132. O cálculo do Pgain resulta,
portanto, da transformação do ES em pontos de percentil acima ou abaixo do percentil
50, da distribuição normal estandardizada.
Nota Técnica 5
Um dos aspectos mais confusos, na investigação relativa aos factores de eficácia das
escolas, prende-se com as enormemente diferentes estimativas de variância explicada
por vários factores. Designadamente, no Capítulo 1, dei conta do facto de as escolas,
por norma, serem responsáveis por 20 por cento da variância nos níveis de realização
escolar dos alunos. Todavia, estudos conduzidos por Ferguson (1991) e Ferguson e
Ladd (1996) indicam que, só por si, as qualificações dos professores explicam 40 por
cento desse valor. Por sua vez, Darling-Hammond (2000) refere que as qualificações
dos professores podem ajudar a compreender até 60 por cento dessa variância. A
razão para tais discrepâncias relaciona-se com o facto de os estudos, onde a escola
aparece como responsável por 20 por cento da variância nos níveis de realização
escolar dos alunos, emblematicamente, empregarem um qualquer tipo de
planeamento empírico que tenta explicar a variância no aproveitamento para cada
aluno individual. Os estudos que apontam para proporções muito superiores de
variância explicada, em regra, recorrem a planeamentos que procuram explicar a
variância ocorrida ao nível da escola, do distrito escolar ou, até, do estado. Quando
são usadas as médias, da escola, do distrito escolar ou do estado, como variáveis
132 Fala-se de uma distribuição normal estandardizada sempre que os termos da unidade estão reduzidos (valores Z), sendo a sua média igual a zero e a sua variância de 1. (N. dos T.)
264
dependentes, as respectivas variâncias são, por definição, inferiores das encontradas
para os dados referentes a cada aluno individual. Em suma, as estimativas da
variância explicada são inflacionadas.
Nota Técnica 6
A regressão de equação utilizada para calcular os valores na Figura 8.3. (p. 74) foi:
i A relativa inexistência de uma real filosofia de escola leva a que não seja claramente perceptível uma linha orientadora, para as iniciativas da instituição escolar, ao nível da perfilhação e concretização de uma identidade e mudança, nomeadamente no que se refere à elaboração dos respectivos projectos educativos (ver Maria Celeste Marques da Silva et al., 1997, na obra, A evolução do sistema educativo e o PRODEP/(Trans)formar é possível: Retrato de uma escola em mudança, uma edição do DAPP/ME). Para Ana Isabel Madeira (1995), em “A importância do diagnóstico de situação na elaboração do projecto educativo de escola” (pp. 167-189), artigo publicado na revista Inovação, 8, pelo menos em parte, isso deve-se ao facto de vigorar uma lógica normativa que contribuiu para a ininteligibilidade e reduzida estabilidade dos referentes teóricos processos associados ao conceito “projecto educativo”. Nas suas palavras, tais referentes e processos, “ao serem utilizados de forma desconexa, impediram uma abordagem coerente com a própria axiomática do projecto” (p. 169). A esse respeito, e em consonância com o aqui defendido por Robert J. Marzano, importa pedir a atenção para o facto de vários autores nacionais considerarem nuclear a planificação e concretização da avaliação da situação concreta da escola, tendo em vista a definição de um plano orientador para a intervenção educativa aglutinador de todos aqueles que nela irão, participar. Por exemplo, João Barroso, (1992), em “Fazer da escola um projecto”, in Canário, Rui (org.), Inovação e projecto educativo de escola, editado pela Educa, considera que, para que a elaboração de um projecto educativo (viável e transformador) seja possível, é fundamental que os vários elementos da organização escolar se identifiquem e mobilizem em torno de um conjunto de princípios, valores e políticas susceptíveis de guiar a actuação educativa e apoiar a resolução dos problemas que a caracterizam. Todavia, o mesmo autor reconhece que, “na maior parte dos casos, as escolas limitam-se a fazer um plano de actividades (…) embora raramente adoptem a metodologia necessária a uma planificação rigorosa, em particular pela ausência de diagnóstico e avaliação” (p. 43). Acontece que, de acordo com Guilherme Rego da Silva (2002), o tema da avaliação da qualidade dos estabelecimentos de ensino é bastante recente no nosso país, tendo sido introduzido apenas de alguns anos a esta parte, no âmbito da formação contínua de professores. Em “Avaliação (da qualidade) dos estabelecimentos de ensino básico e secundário: Um tema em promoção na formação contínua de professores”, in Jorge Adelino Costa, Alexandre Neto Mendes e Alexandre Ventura (org.), Avaliação de organizações educativas: Actas sobre o II simpósio sobre organização e gestão escolar (pp. 221-229), edição da Universidade de Aveiro, o autor constata que, em regra, aparecem duas vias legitimadoras de acções de formação enquadradas no tema Avaliação da Qualidade das Escolas, a primeira relaciona-se com a integração num projecto europeu coordenado pelo Ministério da Educação e a segunda surge como uma consequência do Decreto-Lei n.º 115-A/98 (regime de autonomia e de gestão dos estabelecimentos de ensino). Do levantamento realizado, constatou que os temas dominantes nos vários programas das acções de formação abrangem cinco áreas, a saber, a (auto)avaliação da escola, métodos e recolha de informação sobre a escola, metodologias de investigação científica em educação, qualidade, qualidade total e avaliação de escolas, o último grupo é designado como não apresentando qualquer tema claramente dominante. Uma das obras mais frequentemente citadas pelas referências bibliográficas dessas acções é o livro de autoria de Maria Educada Clímaco (1995), Observatório da qualidade da escola – Guião organizativo (Lisboa, GEP/ME). O Observatório da Qualidade da Escola (OQE), iniciativa do Programa Educação para Todos (PEPT) tem como finalidades, não apenas capacitar as escolas para a condução dos seus próprios processos de
265
Resultado predito = 0,895 resultado relativo aos contextos/características de
origem dos alunos + 0,365 resultado do professor * 0,275 resultado da
escola.
Esta equação baseia-se no pressuposto de que as características/contextos de origem
de um aluno explicam 80 por cento da variância nos seus níveis de realização, que os
resultados do professor são responsáveis por 13,3 por cento dessa variância e que os
resultados da escola permitem compreender os restantes 6,7 por cento. Estimativas
derivadas de Marzano (2000a). Os resultados de alunos, professores e escola foram
concebidos sob a forma de uma escala, com valores entre o 0 e o 10. A um professor
ineficiente atribuía-se um valor de 5, enquanto que a um professor eficiente se atribuía
um valor de 10. Do mesmo modo, uma escola ineficaz obtinha uma pontuação de 5 e,
por sua vez, uma escola ineficaz uma pontuação de 10. Assim, os resultados 0 e 10
representam extremos. Por outro lado, a esses extremos foram atribuídos valores Z de
-3,00 (ineficaz) e +3,00 (eficaz). A globalidade dos resultados da distribuição,
supunha-se que se estendia por 6 desvios-padrão. Todos os números de zero a 10
foram convertidos em valores Z e introduzidos na equação de regressão.
avaliação como também apoiar a produção sistemática de informação, simples e perceptível para a generalidade dos seus destinatários, sobre os resultados dessa avaliação. Pretende-se, assim, contribuir para a elaboração de um plano de desenvolvimento da escola (ou do seu projecto educativo), envolvendo as próprias instituições na concepção e implementação da mudança. A fim de facilitar essa avaliação do desempenho, é disponibilizado um guião assente num conjunto de indicadores “críticos”, que, de certa forma, representam os pontos fundamentais de uma escola. Esses indicadores foram derivados de um estudo levado a cabo em 1990/91, pelo Gabinete de Estudo e Planeamento do Ministério da Educação (GEP-ME), no contexto do projecto “Monitorização e Indicadores de Desempenho da Escola”. Para efeitos da construção do referido guião organizativo, foram consideradas quatro dimensões conceptuais descritivas da escola, a saber, (a) o contexto familiar dos alunos (ou factores da origem sociocultural da população escolar), (b) os recursos educativos existentes e o modo como são geridos, (c) contexto escolar estimulante (isto é, o conjunto de factores relativos aos funcionamento da própria escola, susceptíveis de poderem ser fonte de melhoria de desvantagens anteriores ou do aumento do potencial de cada aluno) e (d) os resultados educativos (reflectem o sucesso escolar, a satisfação e níveis de permanência/prolongamento da escolaridade). Dos 18 indicadores desenvolvidos para as quatro dimensões, é sugerido às escolas que escolham 10, conforme as prioridades definidas pelos respectivos órgãos de gestão e pedagógicos. São igualmente proporcionados instrumentos para a recolha de informação já testados (o que facilita o trabalho de recolha de dados e garante a sua validade), assim como é sugerida a constituição de uma equipa central (com membros da Comissão Executiva e do corpo docente) que deverá coordenar a acção, distribuída por vários elementos-chave da escola. Por fim, é proposta a elaboração de relatórios a serem divulgados, internamente, por toda a escola e, externamente, a pais e/ou encarregados de educação (versões mais sucintas). Consegue-se, assim, dar visibilidade ao diagnóstico da qualidade da escola, ao mesmo tempo que se definem orientações para o estabelecimento de prioridades e se contribui para a construção de uma imagem mais positiva da escola. Dito de outro modo, põe-se em prática um processo de reflexão conjunta e norteado para a acção, sobre características e prioridades, com o intuito de as explicitar num documento de referência para a (inovação da) escola o seu Projecto Educativo. (N: dos T.)
266
Posteriormente, foram traduzidos em percentis, de modo a obter as entradas na Figura
8.3..
A estimativa de dois anos para as mudanças na ordenação de percentil,
descritas pela Figura 8.3., baseiam-se em várias asserções. Glass, McGaw e Smith
(1981) notam que, um ganho típico de um ano na aprendizagem, equivale a 1 desvio-
padrão na maioria das medidas estandardizadas, em particular ao nível do ensino
básico. No que se refere à equação de regressão descrita, contemplaria os ganhos
esperados ao fim de um ano, para um aluno que partisse do percentil 50 e fosse
acompanhado por um professor numa escola média. Se não ocorresse nenhuma
aprendizagem em função do professor ou da escola (e.g., um professor ou escola sem
qualquer efeito na aprendizagem), o aluno que entrasse com um valor Z de 0 (i.e., no
percentil 50) cairia para um valor Z de -2,00 em dois anos. A equação de regressão
prediz que o aluno que entra num nível zero de valor Z e é posto sob a tutela de um
professor ineficaz, numa escola ineficaz, cairia para um valor Z de -1,87. Se se
atender à estimativa, proposta por Glass, McGaw e Smith, de um aumento de 1,00
desvio-padrão por ano, torna-se possível assumir que o decréscimo de 1,87 desvios-
padrão demoraria dois anos a ser atingido. Pressupor que a taxa de crescimento num
valor Z é idêntica à de decréscimo, leva à estimativa de que, no mesmo período de
dois anos, esse seria o aumento verificado para um aluno colocado numa escola
altamente eficaz e com um professor também muito eficiente.
267
Referências bibliográficas
Abelson, R.P. (1985). A variance explained paradox: When a little is a lot.
Psychological Bulletin, 97, 166-169.
Ackerman, P.L. (1996). A theory of adult intellectual development: Process,
personality, interests, and knowledge. Intelligence, 22, 227-257.
Airasian, P.W. (1994). Classroom assessment (2nd ed.). New York: McGraw Hill.
Albert, L. (1989). Cooperative discipline. Circle Pines, MN: American Guidance
Service.
Alderman, G.L., & Nix, M. (1997). Teachers' intervention preferences related to
explanations for behavior problems, severity of the problem, and teacher
experience. Behavioral Disorders, 22, 87-95.
Alexander, P.A., & Judy, J.E. (1988). The interaction of domain-specific and strategic
knowledge in academic performance. Review of Educational Research, 58, (4),
375-404.
Alexander, P.A., Kulikowich, J.M., & Schulze, S. K. (1994). How subject-matter
knowledge affects recall and interest. American Educational Research Journal,
31, (2), 313-337.
American Institute for Research. (1999). An educator's guide to schoolwide reform.
Arlington, VA: Educational Research Service.
Anastasi, A. (1982). Psychological testing. (5th ed.). New York: Macmillan.
Anderson, C.S. (1982). The search for school climate: A review of the research.
Review of Educational Research, 52, 368-420.
Anderson, J. (1990). Cognitive psychology and its implications. New York: W. H.
Freeman and Company.
Anderson, J.R (1982). Acquisition of cognitive skills. Psychological Review, 89, 369-
406.
Anderson, J.R (1983). The architecture of cognition. Cambridge, MA: Harvard
University Press.
Anderson, J.R. (1995). Learning and memory: An integrated approach. New York:
John Wiley & Sons.
Anderson, J.R., Greeno, J.G., Reder, L.M., & Simon, H.A. (2000). Perspectives on
learning, thinking and activity. Educational Researcher, 29, (4), 11-13.
268
Anderson, J.R., Reder, L.M., & Simon, H.A. (1995). Applications and misapplications
of cognitive psychology to mathematics education. Manuscrito não publicado,
Carnegie Mellon University, Department of Psychology, Pittsburgh, PA.
Disponível: http://act.psy .cmu.edu/personal/ja/misapplied.html .
Anderson, J.R., Reder, L.M., & Simon, H.A. (1996). Situated learning and education.
Educational Researcher, 25, (4), 5-11.
Anderson, R.C. (1994). Role of reader's schema in comprehension, learning and
memory. In R. B. Ruddell, M. R. Ruddell, & H. Singer (Eds.), Theoretical
models and processes of reading. (4th ed., pp. 469-482). Newark, DE:
International Reading Association.
Andrews, G.R., & Debus, R. L. (1978). Persistence and the causal perception of
failure: Modifying cognitive attributions. Journal of Educational Psychology, 70,
154-166.
Andrews, J.W., Blackmon, C.R., & Mackey, J.A. (1980). Preservice performance and
the National Teacher Examinations. Phi Delta Kappan, 61, (5), 358-359.
Antunez, B. (2000). When everybody is involved: Parents and communities in school
reform. National Center for Bilingual Education (Online). Disponível:
http://wwv.ncbe.gwu.edu/ncbepubs/tasynthesis/framing/6parents.htm.
Armour-Thomas, E., Clay, C., Domanico, R., Bruno, K., & Allen, B. (1989). An outlier
study of elementary and middle schools in New York City: Final report . NY:
New York City Board of Education.
Ashton, P., & Crocker, L. (1987, May-June). Systematic study of planned variations:
The essential focus of teacher education reform. Journal of Teacher Education,
38, 2-8.
Atkinson, J.W. (1957). Motivational determinants of risk-taking behavior.
Psychological Review, 64, 359-372.
Atkinson, J. W. (1964). An introduction to motivation. Princeton, NJ: Van Nostrand.
Atkinson, J.W. (1987). Michigan studies of fear failure. In F. Halisch & J. Kuhl (Eds.),
Motivation, intention and volition. (pp. 47-60). Berlin: Springer.
Atkinson, J.W., & Raynor, J.O. (1974). Motivation and achievement. New York: Wiley.
Bamburg, J., & Andrews, R. (1990). School goals, principals and achievement School
Effectiveness and School Improvement, 2, 175-191.
Bandura, A. (1997). Self-efficacy: The exercise of control. New York: W. H. Freeman
and Co.
269
Bangert-Downs, R.L., Kulik, C.C., Kulik, J.A., & Morgan, M. (1991). The instructional
effects of feedback in test-like events. Review of Educational Research, 61, (2),
213-238.
Barr, A. S. (1958). Characteristics of successful teachers. Phi Delta Kappan, 39, 282-
284.
Barrell, J. (2001). Designing the invitational environment In A. Costa (Ed.),
Developing minds: A resource book for teaching thinking. (3rd ed, pp. 106-110).
Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Barth, P, Haycock, K, Jackson, H., Mora, K., Ruiz, P, Robinson, S., & Wilkins, A.
(1999). Dispelling the myth: High poverty schools exceeding expectations.
Washington, DC: The Education Trust.
Bass, B.M. (1990). Bass and Stogdill's handbook of leadership: Theory, research, and
managerial applications. (3rd ed). New York: Free Press.
Baumrind, D. (1978). Parent disciplinary patterns and social competence in children.
Youth and Society, 9, 239-276.
Baumrind, D. (1991). Parenting styles and adolescent development. In J. Brooks-
Gunn, R. Lerner & A.C. Peterson (Eds.), The Encyclopedia of Adolescence (pp.
746-758). New York: Garland.
Bear, G.G. (1998). School discipline in the United States: Prevention, correction, and
long-term social development School Psychology Review, 27, (1), 14-32.
Beck, I., & McKeown, M. (1991). Conditions of vocabulary acquisition. In R. Barr, M.
Kamil, P. Mosenthal, & P.D. Pearson (Eds.), Handbook of reading research (Vol.
2, pp. 789-814). New York: Longman.
Bennett, W.J. (1986). What works: Research about teaching and learning. Washington,
DC: U.S. Department of Education.
Bennett, W.J. (1992). The de-valuing of America: The fight for our culture and our
children. New York: Summit Books.
Berliner, D.C (1986). In pursuit of the expert pedagogue. Educational Researcher, 15,
(7), 5-13.
Berliner, D.C., & Biddle, B.J. (1995). The manufactured crisis: Myth. frauds, and the
attack on America's public schools. Reading, MA: Addison-Wesley.
Berliner, D.C., & Tikunoff, W.J. (1976). The California beginning teacher study.
Journal of Teacher Education, 27, 24-30.
Berman, S. (2001). Thinking in context: Teaching for open-mindedness and critical
understanding. In A. L. Costa (Ed.), Developing minds: A resource book for
270
teaching thinking. (pp. 11-17). Alexandria, VA: Association for Supervision and
Curriculum Development.
Bierman, K.L., Miller, C.L., & Stabb, S.D. (1987). Improving the social behavior and
peer acceptance of rejected boys: Effects of social skill training with
instructions and prohibitions Journal of Consulting and Clinical Psychology, 55,
194-200.
Billings, W.H., & Enger, J.M. (1995, 8-10 de NOvembro). Perceptions of Missouri high
school principals regarding the effectiveness of in-school suspension as a
disciplinary procedure. Comunicação apresentada no encontro anual da Mid-
south Educational Research Association, Biloxi, MS. (ERIC Document
Reproduction Service No. ED392169).
Bittle, R.G. (1975). Improving parent-teacher communication through recorded
telephone messages. Journal of Educational Research, 69, (3), 87-95.
Black, P., & Wiliam, D. (1998). Assessment and classroom learning. Assessment in
Education, 5, (1), 7-74.
Blase, J., & Blase, J. (1998). Handbook of instructional leadership: How really good
principals promote teaching and learning. Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Blase, J., & Blase, J. (2001). Empowering teachers: What successful principals do (2nd
ed.). Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Blase, J., & Kirby, P.C. (2000). Bringing out the best in teachers: What effective
principals do (2nd ed.). Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Bloom, B.S. (1976). Human characteristics and school learning. New York: McGraw-
Hill.
Bloom, B.S. (1984). The 2 Sigma problem: The search for methods of instruction as
effective as one-to-one tutoring. Educational Researcher, 13, (6), 4-16.
Blum, R.E., Butler, J.A., & Olson, N.L. (1987). Leadership for excellence: Research-
based training for principals. Educational Leadership, 45, (1), 25-29.
Blumberg, A., & Greenfield, W. (1986). The effective principal: Perspectives on school
leadership (2nd ed.). Boston: Allyn & Bacon.
Boersma, F.J., & Chapman, J.W. (1982). Teachers' and mothers' academic
achievement expectations for learning disabled children. Journal of School
Psychology, 2, 216-225.
Boocock, S.S. (1972). An introduction to the sociology of learning. Boston: Houghton-
Mifflin.
271
Bosker, R.J. (1992). The stability and consistency of school effects in primary education.
Enschede, The Netherlands: University of Twente
Bosker, R.J., & Witziers, B. (1995, January). School effects, problems, solutions and a
meta-analysis. Comunicação apresentada no International Congress for School
Effectiveness and School Improvement, Leeuwarden, The Netherlands.
Bosker, R.J., & Witziers, B. (1996, Abril). The magnitude of school effects Or: Does it
really matter which school a student attends? Comunicação apresentada no
encontro anual da American Educational Research Association, Nova Iorque.
Bossert, S., Dwyer, D., Rowan, B., & Lee, G. (1982). The instructional management
role of the principal. Educational Administration Quarterly, 18, 34-64.
Boulanger, D.F (1981). Ability and science leaming. Journal of Research in Science
Teaching, 18, (2), 113-121.
Bracey; G.W (1997). Setting the record straight: Responses to misconceptions about
public education in the United States. Alexandria, VA: Association for
Supervision and Curriculum Development.
Bradshaw, J., & Amundson, K.J. (1985). Homework: Helping students achieve (Report
No. ISBN-087652-1030). Arlington, VA: American Association of School
Administrators. (ERIC Document Reproduction Service No. ED266526).
Brandt, R. (1987). On leadership and student achievement A conversation with
Richard Andrews. Educational Leadership, 45, (1), 9-17.
Brandt, R. (1998). Powerful learning. Alexandria, VA: Association for Supervision and
Curriculum Development.
Brekelmans, M., Wubbels, T, & Creton, H.A. (1990). A study of student perceptions of
physics teacher behavior. Journal of Research in Science Teaching, 27, 335-
350.
Brewer, D.J., & Stacz, C. (1996). Enhancing opportunity to learn measures in NCES
data. Santa Monica, CA: RAND.
Brewster, C., & Fager, J. (1998). Student mentoring. Portland, OR: Northwest
Regional Educational Laboratory.
Brodie, F.M. (1974). Thomas Jefferson: An intimate history. New York: Bantam.
Brookover, W.B., Beady, G, Flood, P., Schweitzer, J., & Wisenbaker, J. (1979).
School social systems and student achievement: Schools can make a difference.
New York: Praeger.
272
Brookover, W.B., & Schneider, J.M. (1975). Academic environments and
elementary school achievement Journal of Research and Development in
Education, 9, (1), 82-91.
Brookover, W.B., Schweitzer, J.G., Schneider, J.M., Beady, C.H., Flood, P.K, &
Wisenbaker, J.M. (1978). Elementary school social climate and school
achievement. American Research Journal, 15, 301-318.
Brooks, D.M., & Hawke, G. (1985, Abril). Effective and ineffective session opening
teacher activity and task structures. Comunicação apresentada no encontro
anual da American Educational Research Association, Chicago.
Brooks, J.G., & Brooks, M.G. (1999). In search of understanding: The case for the
constructivist classroom. Alexandria, VA: Association for Supervision and
Curriculum Development
Brooks, J.G., & Brooks, M.G. (2001). Becoming a constructivist teacher. In A.L.
Costa (Ed.), Developing minds: A resource book for teaching thinking. (3rd ed.,
pp. 150-157). Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum
Development
Brophy, J.E. (1996). Teaching problem students. New York: Guilford.
Brophy, J.E., & McCaslin, M. (1992). Teachers' reports of how they perceive and
cope with problem students. Elementary School Journal, 93, 3-68.
Brown, C.A., Smith, M.S, & Stein, M.K (1995, Abril). Linking teacher support to
enhanced classroom instruction. Comunicação apresentada no encontro anual
da American Educational Research Association, Nova Iorque.
Brown, J.S, Collins, A., & Dugild, P. (1989). Situated cognition and the culture of
learning. Educational Researcher, 18, (1), 34-41.
Bruer, J.T. (1993). Schools for thought: A science of learning in the classroom.
Cambridge, MA: MIT Press.
Bruer, J.T (1997). Education and the brain: A bridge too far. Educational
Researcher, 26, (8), 4-16.
Bucknam, R.B. (1976). The impact of EBCE: An evaluator's view-point. Illinois
Career Education Journal, 33, (3), 32-36.
Burstein, L. (Ed.). (1992). The IEA study of mathematics III: Student growth and
classroom processes. New York: Pergamon Press.
Byrk, A.S., & Raudenbush, S.W. (1992). Hierarchical linear models. New York:
Sage.
273
Byrne, C.J. (1983). Teacher knowledge and teacher effectiveness: A literature review,
theoretical analysis and discussion of research strategy. Comunicação
apresentada no encontro da Northwestern Educational Research Association,
Ellenville, NI.
Cahen, S., & Davis, D. (1987). A between-grade levels approach to the
investigation of the absolute effects of schooling on achievement. American
Educational Research Journal, 24, 1-2.
Caine, R.N., & Caine, G. (1991). Making connections: Teaching and the human brain.
Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Caine, R.N., & Caine, G. (1997). Education on the edge of possibility. Alexandria, VA:
Association for Supervision and Curriculum Development.
Caldwell, B. (1992). The principal as leader of the self-managing school. Journal of
Educational Administration, 30, 6-19.
Callahan, C M., & Rivera, F.P (1992). Urban high school youth and handguns: A
school-based survey. Journal of the American Medical Association, 206, 3038-
3042.
Campbell, J. (1986). Winston Churchill's afternoon nap. New York Simon &:
Schuster.
Canter, L., & Canter, M. (1976). Assertive discipline: A take-charge approach for
today's educators. Seal Beach, CA: Canter & Associates.
Canter, L., & Canter, M. (1992). Assertive discipline: Positive behavior management
for today's classroom. Santa Monica, CA: Canter & Associates.
Carkhuff, R.R. (1987). The art of helping VI. Amherst, MA: Human Resource
Development Press.
Carnine, D. (1992). Introduction. In D. Camine & E.J. Kameenui (Eds.), Higher order
thinking: Designing curriculum for mainstream students. (pp. 1-22). Austin, TX:
Pro-ed.
Carnine, D., & Kameenui, E.J. (Eds.). (1992)- Higher order thinking: Designing
curriculum for mainstream students. Austin, TX: Pro-ed.
Carr, E.G., & Durand, V.M. (1985). Reducing behavior problems through functional
communication training. Journal of Applied Behavior Analysis, 18, 111-126.
Carroll, J. B. (1963). A model of school learning. Teachers College Record, 64, 723-
733.
Carroll, J., Davies, P., & Richman, B. (1971). The American Heritage word frequency
book. Boston: Houghton Mifflin.
274
Caswell, H.L., & Campbell, D.S. (1935). Curriculum development. New York:
American Book Company.
Cattell, R.B. (1987). Intelligence: Its structure, growth and action (Rev. ed.).
Amsterdam: North Holland Press. (Obra original publicada em 1971)
Center for Community Education. (1989). A model for rural schools to involve parents
in the education of their children. Bozeman, MT Montana State University.
(ERIC Document Reproduction Service No. ED329395)
Chall, J.S. (1987). Two vocabularies for reading: Recognition and meaning. In M.G.
McKeown & M.E. Curtis (Eds.) The nature of vocabulary acquisition. (pp. 7-17).
Hillsdale, NJ: Erlbaum.
Chapin, M., & Dyck, D.G. (1976). Persistence in children's reading behavior as a
function of N length and attribution retraining. Journal of Abnormal Psychology,
85, 511-515.
Charters, W.W, Jr. (1963). The social background of teaching. In N.L. Gage (Ed.),
Handbook of research on teaching. (pp. 270-294). Chicago: Rand McNally.
Chase, W.G., & Simon, H.A. (1973). Perception on chess. Cognitive Psychology, 4,
55-81.
Chavkin, N.E, & Williams, D.L., Jr. (1985). Parent involvement in education project.
Executive summary of the final report. Austin, TX: Southwest Educational
Development Lab. (ERIC Document Reproduction Service No. ED266874)
Cheng, Y (1994). Principal's leadership as a critical factor for school performance:
Evidence from multi-levels of primary schools. School Effectiveness and
School Improvement, 5, 299-317.
Christenson, S.L., Rounds, T, & Gorney, D. (1992). Family factors and student
achievement: An avenue to increase students' success. School Psychology
Quarterly, 7, (3), 178-206.
Chubb, J.E., & Moe, T.M. (1990). Politics, markets, and America's schools.
Washington, DC: The Brookings Institute.
Chung, G., & Paul, R. (1996). School-wide discipline policies: In-school suspension in
one middle school. Charlottesville, VA: University of Virginia. (ERIC Document
Reproduction Service No. ED420105)
Cizek, G.J. (2001). Conjectures on the rise and call of standard set ting: An
introduction to context and practice In G.J. Cizek (Ed.), Setting performance
standards: Concepts, methods, and perspectives. (pp. 3-18). Mahwah, NJ:
Erlbaum.
275
Clements, B.S., & Evertson, C.M. (1982). Orchestrating small group instruction in
elementary school classrooms. (Report No. 6053). Austin, TX: The Research
and Development Center for Teacher Education.
Clinton, G. (2002). Setting up a school-based mentoring program. The Prevention
Researcher, 9, (1), 4-7.
Cobb, P. Yackel, E., & Wood, T (1992). A constructivist alternative to the
representational view of mind in mathematics education. Journal of Research in
Mathematics Education, 23, 2-33.
Cobb, P., Wood T, Yackel, E., Nicholls, J., Wheatly, G., Trigatti, B., & Perlwitz, M. (1991).
Assessment of a problem-centered second grade mathematics project. Journal
for Research in Mathematics Education, 22, 3-29.
Cohen, D.K, & Hill, H. (1997, April). Instructional policy and classroom performance:
The mathematics reform in California. Comunicação apresentada no encontro
anual da American Educational Research Association, Chicago.
Cohen, E., & Miller, R. (1980). Coordination and control of instruction in schools. Pacific
Sociological Review, 4, 446-473.
Cohen, J. (1987). Parents as educational models and definers. Journal of Marriage and
the Family, 49, 339-349.
Cohen, J. (1988). Statistical power for the behavioral sciences. Hillsdale, NJ: Erlbaum.
Cohen, J., & Cohen, P. (1975). Applied multiple regression/correlation analysis for the
behavioral sciences. New York John Wiley & Sons.
Coldron, J., & Boulton, P (1996). What do parents mean when they talk about discipline
in relation to their children's school? British Journal of Sociology of Education,
17, (1), 53-64.
Coldron, J., & Bouton, P. (1991). Happiness as a criterion of parents' choice of school.
Journal of Education Policy, 6, 169-178.
Coleman, J.S., Campbell, E.Q., Hobson, C.J., McPartland, J., Mood, A.M., Weinfield,
F.D., & York, R.L. (1966). Equality of educational opportunity. Washington, DC:
U. S. Government Printing Office.
Collins, A., Brown, J.S., & Newmann, S. (1989). Cognitive apprenticeship: Teaching
students the craft of reading, writing, and mathematics. In L.B. Resnick (Ed.),
Knowing learning, and instruction: Essays in honor of Robert Glaser . (pp. 453-
494). Hillsdale, NJ: Erlbaum.
276
Colvin, G., Kameenui, E., & Sugai, G. (1993). Reconceptualizing behavior management
and schoolwide discipline in general education. Education and Treatment of
Children, 16, 361-381.
Combs, A.W. (1982). A personal approach to teaching: Beliefs that make a
difference. Boston: Allyn & Bacon.
Comer, J. P. (1984). Home-school relationships as they affect the academic success of
children. Education and Urban Society, 16(3), 323-337.
Comer, J.P. (1988). Educating poor minority children. Scientific American, 259, (5), 42-
48.
Comer, J.P., Haynes, N.M., Joyner, E.T, & Ben-Avie, M. (Eds.). 1996). Rallying the
whole village. New York: Teachers College Press.
Conant, E.H. (1973). Teacher and paraprofessional work productivity. Lexington, MA:
D. C. Heath.
Conley, S., & Bacharach, S. (1990). From site management to participatory school-site
management. Phi Delta Kappan, 17, (7), 539-544.
Cooper, H. (1989). Synthesis of research on homework. Educational Leadership, 47,
85-91.
Cormier, S.M., & Hagman, J.D. (Eds.). (1987). Transfer of learning: Contemporary
research and application. New York: Academic Press.
Costa, A L. (1984). A reaction to Hunter's "Knowing Teaching and Supervising". In P.L.
Hosford (Ed.), Using what we know about teaching. (pp. 196-203). Alexandria,
VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Cotton, K (1995). Effective schooling practices: A research synthesis. 1995 update
School Improvement Research Series. Portland, OR: Northwest Regional
Educational Laboratory.
Covington, M. V (1984). The motive for self-worth. In R. Ames & C. Ames (Eds.),
Research on motivation in education. (Vol. 1, pp. 77-113). New York: Academic
Press.
Covington, M.V (1985). The role of self-processes in applied social psychology. Journal
of the Theory of Social Behavior, 15, 355-389.
Covington, M. V. (1987). Achievement motivation, self-attributions and exceptionality. In
J.D. Day & J.G. Borkowski (Eds.), Intelligence and exceptionality. (pp. 173-213).
Norwood, NJ: Ablex.
Covington, M. V (1992). Making the grade: A self-worth perspective on motivation
and school reform. New York: Cambridge University Press.
277
Covington, M.V., & Beery, R.G. (1976). Self-worth and school Learning. New York:
Holt, Rinehart & Winston.
Covington, M.V, Omelich, C.L., & Schwarzer, R. (1986). Anxiety, aspirations, and self-
concept in the achievement process A longitudinal model with latent variables.
Motivation and Emotion, 10, 71-88.
Creemers, B.P.M. (1994). The effective classroom. London: Cassell.
Csikszentmihalyi, M. (1990). Flow: The psychology of optimal experience. New York:
Harper & Row.
Cuban, L. (1990). Performing again, again, and again. Educational Researcher, 19, (1),
3-13.
Cuban, L. (1992). How the curriculum is shaped. In P.W Jackson (Ed.), Handbook of
research in curriculum. (pp. 216-247). New York: Macmillan.
Darling-Hammond, L. (1997a). Doing what matters mos: Investing in quality teaching.
NY: National Commission on Teaching and America's Future.
Darling-Hammond, L. (1997b). The right to learn: A blueprint for creating schools that
work. San Francisco: Jossey-Bass.
Darling-Hammond, L. (2000). Teacher quality and student achievement: A review of
state policy evidence. Education Policy Analysis Archives, 8, (1), 1-50.
Disponível: http://epaa.asu.edu/epaa/v8nl
De Charms, R. (1972). Personal causation training in the schools. Journal of Applied
Social Psychology, 2, 95-113.
deGroot, A. D. (1946). Thought and choice in chess. The Hague: Mouton.
Deal, T.E., & Kennedy, A.A. (1983). Culture and school performance. Educational
leadership, 40, (5), 14-15.
Deal, T.E, & Peterson, K.D. (1990). The principal's role in shaping school culture.
Washington, DC: U.S. Department of Education, Office of Educational Research
and Improvement.
Deci, E.L., & Ryan, R.M. (1980). The empirical exploration of intrinsic motivational
processes. In L. Berkowitz (Ed.), Advances in experimental social psychology.
(Vol. 13, pp. 39-80). New York: Academic Press.
Deci, E.L., & Ryan, R.M. (1985). Intrinsic motivation and self-determination in human
behavior. New York: Plenum.
Deitz, S.M., & Repp, A.C. (1973). Decreasing classroom misbehavior through the use of
DRL schedules and reinforcement Journal of Applied Behavior Analysis, 6, 457-
463.
278
Dickman, M.H., & Stanford-Blair, N. (2002). Connecting leadership to the brain.
Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Dochy, F., Segers, M., & Buehl, M.M. (1999). The relationship between assessment
practices and outcomes of studies: The case of research on prior knowledge.
Review of Educational Research, 69, (2), 145-186.
Dow, P (1991). Schoolhouse politics: Lessons from the Sputnik era. Cambridge, MA:
Harvard University Press.
Downing, J.H. (1996). Establishing a proactive discipline plan in elementary physical
education. Manuscrito não publicado, localização desconhecida. (ERIC
Document Reproduction Service No. ED413291).
Doyle, W. (1986). Classroom organization and management In M.C Wittrock (Ed.),
Handbook of research on teaching. (3rd ed., pp. 392-431). New York:
Macmillan.
Doyle, W (1990). Classroom management techniques. In O.C. Moles (Ed.), Student
discipline strategies: Research and practice. (pp. 113-129). Albany, NY: State
University of New York Press.
Doyle, W (1992). Curriculum and pedagogy. In P.W. Jackson (Ed.) Handbook of
research in curriculum. (pp. 486-516). New York: Macmillan.
Drabman, R., & Spitalnik, R. (1973). Social isolation as a punishment procedure: A
controlled study. Journal of Experimental Child Psychology, 5, 236-249.
Dreikurs, R. (1968). Psychology in the classroom. (2nd ed.). New York: Harper &
Row.
Dreikurs, R., Grunwald, B., & Pepper, P. (1982). Maintaining sanity in the classroom:
Classroom management techniques. (2nd ed.). New York: Harper & Row.
Druckman, D., & Bjork, R.A. (Eds.). (1994). Learning, remembering, believing.
Enhancing human performance. Washington, DC: National Academy Press.
Duke, D. (1982). Leadership functions and instructional effectiveness. NASSP
Bulletin, 66, 5-9.
Duke, D.L. (1979). Editors preface. In D.L. Duke (Ed.), Classroom management.
(78th Yearbook of the National Society for the Study of Education, Part 2, pp.
i-xxi). Chicago: University of Chicago Press.
Duke, D., & Canady. L. (1991). School policy. New York McGraw Hill.
Dunne, R.J., & Harris, L.G. (1997). Organizational dimensions of climate and the
impact on school achievement Journal of Instructional Psychology; 25, (2),100-
114.
279
Dweck, C.S. (1975). The role of expectations and attributions in the alleviation of
learned helplessness. Journal of Personality and Social Psychology, 31, 67485.
Dwyer, D. (1986). Understanding the principal's contribution to instruction. Peabody
Journal of Education, 63, 3-18.
Eberts, R., & Stone, J. (1988). Student achievement in public schools: Do principals
make a difference? Economics of Education Review; 7, 291-299.
Eckholm, M. (1992). Evaluating the effects of comprehensive school leadership
education in Sweden. Education and Urban Society, 24,365--385.
Edmonds, R.R. (1979a). A discussion of the literature and issues related to effective
schooling. Cambridge, MA: Center for Urban Studies, Harvard Graduate
School of Education.
Edmonds, R.R. (1979b, October). Effective schools for the urban poor. Educational
Leadership, 37, 15-27.
Edmonds, R.R. (1979c). Some schools work and more can. Social Policy, 9, 28-32.
Edmonds, R.R. (1981a). Making public schools effective. Social Policy, 12, (2).
Edmonds, R.R. (1981b). A report on the research project, "Search for effective
schools..." and certain of the designs for school improvement that are associated
with the project. Relatório não publicado, preparado para NIE. East Lansing,
MI: The Institute for Research on Teaching, College of Education, Michigan
State University.
Elberts, R.W, & Stone, J.A (1988). Student achievement in public schools: Do
principals make a difference? Economic Education Review, 1, 291-299.
Elias, M.J., & Clabby, J.F (1989). Social decision making skills: A curriculum guide for
the elementary grades. Gaithersburg, MD: Aspen.
Elias, M.J. & Tobias, S.E. (1996). Social problem solving: Interventions in the schools.
New York Guilford.
Elley, W.B. (1989). Vocabulary acquisition from listening to stories. Reading Research
Quarterly, 24, 174-187.
Elliott, S.N., Witt, J.C., Galvin, G.A., & Peterson, R. (1984). Acceptability of positive
and reductive behavioral interventions: Factors that influence teachers'
decisions. Journal of School Psychology, 22, 353-360.
Ellis, A. (1977). The basic clinical theory of rational-emotive therapy. In A Ellis & R
Grieger (Eds.), Handbook of rationale-emotive therapy. New York: Springer.
Emmer, E.T, & Evertson, G.M. (1981). Synthesis of research on classroom
management. Educational Leadership, 38, 342-347.
280
Emmer, E.T, Evertson, G.M., & Anderson, L.M. (1980). Effective classroom
management at the beginning of the school year. The Elementary School
Journal, 80, 219-231.
Emmer, E.T, Evertson, C.M., Sanford, J.P., Clements, B.S., & Worsham, M.E.
(1984). Classroom management for secondary teachers. Englewood Cliffs, NJ:
Prentice-Hall.
Emmons, C.L., Efimba, M.O., & Hagopian, G. (1998). A school transformed: The
case of Norman S. Weir. Journal of Education far Students Placed at Risk, 3, (1),
39-51.
Engle, S.H., & Ochoa, A.S. (1988). Education for democratic citizenship: Decision
making in the social studies. New York: Teachers College Press.
English, F.W (2000). Deciding what m teach and test: Developing, aligning, and
auditing the curriculum. Thousand Oaks: CA Corwin Press.
Epstein, J. L. (1991). Effects on student achievement of teachers' practices of
parent involvement. In S.B. Silvern (Ed.), Advances in reading/language
research. (Vol. 5). Literacy through family, community and school interaction. (pp.
261-276). Greenwich, CT: JAI Press.
Epstein, J.L., & Beaker, H.J. (1982). Teacher practices of parent involvement
Elementary School Journal, 83, 103113.
Evertson, C.M. (1982). Differences in instructional activities in higher- and lower-
achieving junior high English and math classes. The Elementary School
Journal, 82, 329-350.
Evertson, C.M., & Emmer, E.T (1982). Effective management at the beginning of
the school year in junior high classes. Journal of Educational Psychology, 74,
485-498.
Evertson, C.M., Emmer, E.T, Cements, B.S., Sanford, J.P., & Worsham, M.E.
(1984). Classroom management for elementary teachers. Englewood Cliffs, NJ:
Prentice-Hall.
Evertson, C.M., Sanford, J.P, & Emmet, E.T (1981). Effects of class heterogeneity
in junior high school. American Educational Research Journal, 18, 219-232.
Fan, X., & Chen, M. (2001). Parental involvement and students' academic
achievement: A meta-analysis. Educational Psychology Review, 13, (1),1-22.
Farr, R., Tulley, M., & Rayford, L. (1984). Local district adoption practices in non-
adoption states. Manunscrito não publicado. Bloomington, IN: School of
Education, University of Indiana.
281
Fehrman, P.G., Keith, T.Z., & Reimers, T.M. (1987). Home influence on school
learning: Direct and indirect effects of parental involvement on high school
grades. Journal of Educational Research, 80, 330-337.
Feiman-Nemser, S., & Floden, R.E. (1986). The culture of teaching. In M.C. Wittrock,
(Ed.), Handbook of research on teaching. (3rd ed., pp. 505-526). New York:
Macmillan.
Feldman, R.A., Caplinger, T.E., & Wodarski, J.S. (1983). The St. Louis conundrum:
The effective treatment of antisocial youths. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
Ferguson, P., & Womack, S.T (1993). The impact of subject matter and education
coursework on teaching performance Journal of Teacher Education, 44, (1), 55-
63.
Ferguson, R.F. (1991, Summer). Paying for public education: New evidence on how
and why money matters. Harvard Journal on Legislation, 28, (2), 465-498.
Ferguson, R.F., & Ladd, H.F. (1996). How and why money matters: An analysis of
Alabama schools. In H. Ladd (Ed.), Holding schools accountable. (pp. 265-298).
Washington, DC: Brookings Institute.
Filipczak, J., Lordeman, A., & Friedman, R.M. (1977, Abril). Parental involvement in
the school: Toward what end? Comunicação apresentada no encontro annual
da American Educational Research Association, New York.
Finn, C.E., Jr. (1991). We must take charge: Our schools and our future. New York:
The Free Press.
Finn, C.E., Jr (1998, March 25). Why America has the world's dimmest bright kids
Wall Street Journal, p. A22.
Fisher, C.W, Filby, N., Marliave, R.S., Cahen, L.S., Dishaw, M.M., Moore, J.E., &
Berliner, D.C. (Eds.). (1978). Teaching behaviours, academic learning time and
student achievement. San Francisco: Far West Laboratory of Educational
Research and Development.
Fisher, D., Henderson, D., & Fraser, G. (1995). Interpersonal behavior in senior high
school biology classes. Research in Science Education, 25, (2), 125-133.
Fitts, P.M., & Posner, M.I. (1967). Human performance. Belmont, CA: Brooks Cole
Flavell, J.H. (1971). Stage-related properties of cognitive development Cognitive
Psychology, 2, 421-453.
Florian, J. (1999). Teacher survey of standards-based instruction: Addressing time.
Aurora, CO: Mid-continent Research for Education and Learning.
282
Foxx, R.M. (1978). An overview of overcorrection. Journal of Pediatric Psychology, 3,
97-101.
Eraser, B.J. (1986). Two decades on perceptions of classroom environment. In B.J.
Eraser (Ed.), The study of learning environments. (pp. 1-33). Salem, OR:
Assessment Research.
Fraser, B.J., Walberg, H.J., Welch, W.W., & Hattie, J.A. (1987). Synthesis of
educational productivity research [Special issue]. International Journal of
Educational Research, 1, (2), 145-252.
Freeman, B. (1994). Power motivation and youth: An analysis of troubled students
and student leaders. Journal of Counseling and Development, 72, (6), 661-671.
Friedkin, N.E., & Slater, M.R. (1994). School leadership and performance: A social
network approach. Sociology of Education, 67, 139-157.
Fullan, M. (1982). The meaning of educational change. New York: Teachers College
Press.
Fullan, M.G. (1993). Change forces: Probing the depths of educational reform. New
York: Falmer Press.
Fullan, M., & Hargreaves, A. (1996). What's worth fighting for in your school?. New
York: Teachers College Press.
Gaddy, B.B., Hall, T.W., & Marzano, R.J. (1996). School wars: Resolving our conflicts
over religion and values. San Francisco: Jossey-Bass Publishers.
Garet, M., Porter, A.C., Desimone, L., Birman, B.F, & Yoon, K.S. (2001). What makes
professional development effective? Results from a national sample of
teachers. American Educational Research Journal, 38, (4), 115-145.
Gazzaniga, M. S. (1992). Nature's mind: The biological roots of thinking emotions,
sexuality, language and intelligence. New York: Basic Books.
Geisler-Brenstein, E., & Schmeck, R.R. (1996). The revised inventory of learning
processes: A multifaceted perspective on individual differences in learning. In
M. Birenbaum & F.J.R.C. Cochy (Eds.), Alternatives in assessment of
achievements, learning processes; and prior knowledge. (pp. 284-317). Boston:
Kluwer.
Gigliotti, R.J., & Brookover, W.B. (1975). The learning environment A comparison of
high and low achieving elementary schools. Urban Education, 10, 245-261.
Glasman, N., & Binianimov, I. (1981). Input-output analyses of schools. Review of
Educational Research, 51, 509-539.
283
Glass, G.V. (1976). Primary, secondary, and meta-analyses of research. Educational
Researcher, 5, 3-8.
Glass, G.V, McGaw, B., & Smith, M.L. (1981). Meta-analysis in social research.
Beverly Hills, CA: Sage Publication.
Glass, G.V, Willson, V.L., & Gottman, J.M. (1975). Design and analysis of time-series
experiments. Boulder, CO: Colorado Associated University Press.
Glasser, W. (1969). School without failure. New York: Harper and Row.
Glasser, W. (1986). Control theory in the classroom. New York: Harper and Row.
Glasser, W. (1990). The quality school: Managing students without coercion. New York:
Harper and Row.
Glickman, C.D. (1993). Renewing American school: A guide for school-based action.
San Francisco: Jossey-Bass.
Glickman, C.D. (1998). Education and democracy: The premise of American schools.
San Francisco: Jossey-Bass.
Goldstein, A.P., Sprafkin, R.P., Gershaw, J.N., & Klein, P. (1980). Skillstreaming the
adolescent. Champaign, IL: Research Press.
Goldstein, H. (1997). Methods of school effectiveness research. School Effectiveness
and School Improvement, 8, (4), 369-395.
Gonder, P.O. (1981). Exchange school and community resources. In D. Davies (Ed.),
Communities and their schools. New York McGraw-Hill.
Gonzalez, R-A.M., & Blanco, N.C. (1991). Parents and children: Academic values
and school achievement. International Journal of Educational Research, 15, 163-
169.
Good, T.L. (1982). How teachers' expectations affect results. American Education, 18,
(10), 25-32.
Good, T.L., & Brophy, J.E. (1986). School effects. In M. C. Wittrock (Ed.), Handbook
of research on teaching. (3rd ed., pp. 570-602). New York: Macmillan.
Good, T.L., & Brophy, J.E. (1994). Looking in classrooms (6th ed.). New York: Harper
Collins.
Good, T, & Brophy, J. (1995). Contemporary educational psychology (5th ed.). White
Plains, NY: Longman.
Goodson, B.D., & Hess, R.D. (1975). Parents as teachers of young children: An
evaluative review of some contemporary concepts and programs. Washington,
DC: U.S. Department of Health, Education and Welfare, Office of Education.
Gordon, T. (1970). Parent effectiveness training. New York: Wyden.
284
Gordon, T. (1974). Teacher effectiveness training. New York: Wyden.
Gottfredson, D.C., Hybl, L.G., Gottfredson, G.D., & Castaneda, R.P. (1986). School
climate assessment instruments: A review. In H. Freiberg, A. Driscoll, & S.
Knight (Eds.), School climate. (pp. 49-51). Bloomington, IN: Phi Delta Kappa
Center on Evaluation, Development, and Research.
Gottfredson, G.D. (1987). American education-American delinquency. Today's
Delinquent, 6, 5-70.
Graue, M.E., Weinstein, T, & Walberg, H.J. (1983, Abril). School-based home
instruction and learning: A quantitative synthesis. Comunicação apresentada no
encontro anual da American Educational Research Association, Montreal,
Canada.
Graves, M.E, & Slater, W.H. (1987, Abril). Development of reading vocabularies on
rural disadvantaged student, intercity disadvantaged students and middle doss
suburban students. Comunicação apresentada na AERA conference,
Washington, DC.
Grayson, D.A., & Martin, M.D. (1985). Gender expectations and student achievement:
Participant manual. Downey, CA: Los Angeles County Office of Education.
Green, J., & Barnes, D. (1993). Discipline in secondary schools: How administrators
deal with student misconduct. Muncie, IN: Teachers College, Ball State
University. (ERIC Document Reproduction Service No. ED357507)
Griffith, J. (2000). School climate on group evaluation and group consensus: Student
and parent perceptions of the elementary school environment The Elementary
School Journal, 101, (1), 35-61.
Grogger, J. (1997). Local violence and educational attainment. The Journal of Human
Resources; 32, (4), 659-682.
Grossman, J.B., & Johnson, A. (2002). Assessing the effectiveness of mentoring
programs. The Prevention Researcher, 9, (1), 8-11.
Gullatt, D.E., & Lemoine, D.A. (1997). Truancy: What's a principal to do? American
Secondary Education, 16, (1), 7-12.
Guskey, T.R. (2000). Evaluating professional development. Thousand Oaks, CA:
Corwin Press.
Guzzetti, B.J., Snyder, T.E., & Glass, G.V (1993). Promoting conceptual change in
science: A comparative meta-analysis of instructional interventions from
reading education and science education. Reading Research Quarterly, 28, (2),
117-155.
285
Hall, G.E., & Hord, S.M. (1987). Change in schools: Facilitating the process. Albany,
NY: State University of New York Press.
Hall, G.E., & Loucks, S.E. (1978). A developmental model for determining whether
the treatment is actually implemented. American Educational Research Journal,
14, (3), 263-270.
Hall, G.E., Loucks, S.E, Rutherford, W.L., & Newlove, B.W. (1975). Levels of use of
the innovation: A framework for analyzing innovation adoption. Journal of
Teacher Education, 26, (1), 52-56.
Haller, E.P., Child, D.A., & Walberg, H.J. (1988). Can comprehension be taught? A
quantitative synthesis of "metacognitive studies". Educational Researcher, 17,
(9), 5-8.
Hallinger, P, & Murphy, J. (1985). Assessing the instructional leadership behavior of
principals. The Elementary School Journal, 82, (2), 217-248.
Hallinger, P, & Murphy, J. (1986). The social context of effective schools. American
Journal of Education, 94, 328-355.
Hallinger, P, & Murphy, J.F. (1987). Assessing and developing instructional
leadership. Educational Leadership, 45, (1), 54-61.
Hallinger, P, Bickman, L., & Davis, K. (1996). School context, principal leadership,
and student reading achievement. The Elementary School Journal, 96, (5), 527-
549.
Hambleton, R. K. (2001). Setting performance standards on educational assessments
and criteria for evaluating the process. In G.J. Cizek (Ed.), Setting performance
standards: Concepts, method and perspectives. (pp. 89-116). Mahwah, NJ:
Erlbaum.
Haney, W., Madaus, G., & Kreitzer, A. (1987). Charms talismanic: Testing teachers for
the improvement of American education. In E.Z. Rothkopf (Ed.), Review of
research in education. (Vol 14, pp. 169-238). Washington, DC: American
Educational Research Association.
Harnischfeger, A., & Wiley, D. (1978). Comunicação apresentada no encontro anual.
Comunicação apresentada no encontro anual da American Educational
Research Association, Toronto.
Harris, A., & Jacobson, M. (1972). Basic elementary reading vocabulary. New York:
Macmillan.
Harris, K.R. (1985). Definitional, parametric, and procedural considerations in timeout
interventions and research. Exceptional Children, 51, 279-288.
286
Hart, LA. (1983). Human brain and human learning. New York: Longman.
Harter, S. (1980). The perceived competence scale for children. Child Development,
51, 218-235.
Hatter, S. (1999). The construction of the self: A developmental perspective. New
York: The Guilford Press.
Hattie, J.A. (1992). Measuring the effects of schooling. Australian Journal of
Education, 36, (1), 5-13.
Haycock, K. (1998). Good teaching matters… a lot. Thinking K-16, 3, (2), 1-14.
Heck, R. (1993). School context, principal leadership, and achievement The case of
secondary schools in Singapore. Urban Review, 25, 151-166.
Heck, R.H., & Marcoulides, G.A. (1990). Examining contextual differences in the
development of instructional leadership and school achievement The Urban
Review, 22, (4), 247-265.
Herman, J.L., Klein, D.C.D., & Abedi, J. (2000). Assessing students' opportunity to
learn: Teacher and student perspectives. Educational Measurement: Issues and
Practice, 19, (4), 16-24.
Hersey, P., & Blanchard, K. (1977). Management of organizational behavior. Utilizing
human resources. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
Hess, R.D., Holloway, S.D., Dickson, W.P., & Price, G.G. (1984). Maternal variables
as predictors of children's school readiness and later achievement in
vocabulary and mathematics in sixth grade. Child Development, 55, 1902-1912.
Heurnstein, R.J., & Murray, C. (1994). The bell curve: Intelligence and class structure
in American life. New York: The Free Press.
Hicks, D. (1993). Narrative discourse and classroom learning: An essay response to
Eagan's "Narrative of learning: A voyage of implications". Linguistics and
Education, 5, 127-148.
Hirsch, E.D., Jr. (1987). Cultural literacy: What every American needs to know.
Boston: Houghton Mifflin.
Hirsch, E.D., Jr. (1996). The schools we need and why we don't have them. New
York: Doubleday.
Ho Sui-Chu, E., & Willms, J.D. (1996). Effects of parental involvement on eighth-
grade achievement. Sociology of Education, 69, 126-141.
Holt, S.B., & O'Tuel, F.S. (1989). The effect of Sustained Silent Reading and Writing
on achievement and attitudes of seventh and eighth grade students reading
two years below grade level. Reading Improvement, 26, (4), 290-297.
287
Hopkins, D., & Ainscow, M. (1993). Making sense of school improvement: An interim
account of the IQEA project. Comunicação apresentada no ESRC Seminar
Series on School Effectiveness and School Improvement, Sheffield.
Hord, S.M., Rutherford, W.L., Huling-Austin, L., & Hall, G.E. (1987). Taking charge of
change. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum
Development.
Hoy, W, Tarter, C.J., & Kottkamp, B. (1991). Open schools, healthy schools. Newbury
Park, CA: Sage.
Hunt, L.C. (1970). Six steps to the individualized reading program (IRP). Elementary
English, 48, 27-32.
Hunter, J.E., & Schmidt, E.L. (1990). Methods of metes-analysis: Correcting error and
bias in research findings. Newbury Park, CA.: Sage.
Hunter, M. (1969). Teach more-faster!. El Segundo, CA: TIP Publications.
Hunter, M. (1984). Knowing, teaching, and supervising. In P. Hosford (Ed.), Using
what we know about teaching. (pp. 169-192). Alexandria, VA: Association for
Supervision and Curriculum Development.
Husen, T. (Ed). (I967a). International study of achievement in mathematics. (Vol. 1).
New York: John Wiley & Sons.
Husen, T. (Ed.). (I967b). International study of achievement in mathematics. (Vol. 2).
New York: John Wiley & Sons.
Irvin, L.K, & Lundervold, D.A. (1988). Social validation of decelerative (punishment)
procedures by special educators of severely handicapped students. Research
in Developmental Disabilities, 9, 331-350.
Jencks, C., Smith, M.S., Ackland, H., Bane, M.J., Cohen, D., Grintlis, H., Heynes, B.,
& Michelson, S. (1972). Inequality: A reassessment of the effects of family and
schooling in America. New York: Basic Books.
Jenkins, J.R., Stein, M.L., & Wysocki, K. (1984). Learning vocabulary through
reading. American Educational Research Journal, 21, (4), 767-787.
Jensen, A. R (1980). Bias in mental testing. New York: The Free Press.
Johnson, D.W., & Johnson, R.T. (1979). Cooperation, competition and
individualization. In H.J. Walberg (Ed.), Educational environments and effects.
(pp. 101-119). Berkeley, CA: McCutchan.
Johnson, E.L, Brookover, W.B., & Farrell, W.C. (1989, April). The effects of
principals', teachers', and students' perceptions of parents' role. Interest and
expectation for their children's education on student academic achievement.
288
Comunicação apresentada no American Educational Research Association
Annual Meeting, San Francisco, CA.
Joyce, B., Wolf, J., & Calhoun, E. (1993). The self-renewing schools. Alexandria, VA:
Association for Supervision and Curriculum Development.
Kameenui, E. J. (1992). Toward a scientific pedagogy of learning disabilities. In D.
Carnine & E.J. Kameenui (Eds.), Higher order thinking: Designing curriculum for
mainstream students. (pp. 247-267). Austin, TX: Pro-ed.
Karweit, N.L. (1983). Time on task: A research review. Baltimore: Johns Hopkins
University Press.
Kauffman, J.M., & Wong, K.L. (1991). Effective teachers of students with behavioral
disorders: Are generic teaching skills enough?. Behavioral Disorders, 16, 225-
237.
Kaufman, K.F., & O'Leary, K.D. (1972). Reward, cost, and self-evaluation procedures
for disruptive adolescents in a psychiatric hospital at school. Journal of Applied
Behavior Analysis, 5, 293-309.
Keith, T.R. (1987). Homework. In A. Thomas & J. Grimes (Eds.), Children's needs:
Psychological perspectives. (pp. 275-282). Washington, DC: The National
Association of School Psychologists.
Kendall, J. (2000). Topics: A roadmap to standards. NASSP Bulletin, 84, (620), 37-
44.
Kendall, J.S., & Marzano, R.J. (2000). Content knowledge: A compendium of
standards and benchmarks for K-12 education. (3rd ed). Alexandria, VA:
Association for Supervision and Curriculum Development.
Kerman, S, Kimball, T., & Martin, M. (1980). Teacher expectations and student
achievement. Bloomington, IN: Phi Delta Kappan.
Kinder, D., & Bursuck, W. (1992). The research for a unified social studies
curriculum: Does history really repeat itself? In D. Camine & E.J. Kameenui
(Eds.), Higher order thinking: Designing curriculum for mainstreamed students.
(pp. 23-38). Austin, TX: Pro-ed.
Kingery, P.M., McCoy-Simandle, L., & Clayton, R. (1997). Risk factors for adolescent
violence: The importance of vulnerability. School Psychology International, 18,
49-60.
Kinneavy, J.L. (1991). Rhetoric. In J. Flood, J.M. Jensen, D. Lapp, & J.R. Squire
(Eds.), Handbook of research on teaching the English language arts. New York:
Macmillan.
289
Kintsch, W. (1974). The representation of meaning in memory. Hillsdale, NJ:
Lawrence Erlbaum.
Kintsch, W. (1979). On modeling comprehension. Educational Psychologist, 1, 3-14.
Klausner, S.Z. (1965). The quest for self-control. New York: Free Press
Knight, P. (1992). How I use portfolios in mathematics. Educational Leadership, 49,
(8), 71-72.
Kohn, A. (1993). Punished by rewards: The trouble with gold stars, incentive plans;
A’s, praise and other bribes. Boston: Houghton Mifflin.
Kohn, A. (1996). Beyond discipline: From compliance to community. Alexandria, VA:
Association for Supervision and Curriculum Development.
Kohn, A. (2000). The case against standardized testing: Raising the scores, ruining the
schools. Portsmouth, NH: Heinemann.
Kolers, P.A. (1976). Reading a year later. Journal of Experimental Psychology:
Human Learning and Memory, 2, 554-565.
Kolers, P.A. (1979). A pattern analyzing basis of recognition. In L.S. Cermak and F.I.
M. Craik (Eds.), Levels of processing in human memory. Hillsdale, NJ:
Lawrence Erlbaum.
Kounin, J.S (1970). Discipline and group management in classrooms. New York Holt:
Rinehart & Winston.
Kounin, J. S. (1983). Classrooms: Individual or behavior settings? Micrographs in
teaching and learning. (General Series No. 1). Bloomington, IN: Indiana
University, School of Education. (ERIC Document Reproduction Service No.
240 070)
Kube, B., & Ratigan, G. (1992). Putting the attendance policy to the test. The Clearing
House, 65, (3), 348-350.
Kumar, D.D. (1991). A meta-analysis of the relationship between science instruction
and student engagement. Education Review, 43, (1), 49-66.
LaBerge, D., & Samuels, S.J. (1974). Toward a theory of automatic information
processing in reading comprehension. Cognitive Psychology, 6, 293-323.
Larson, J. (1998). Managing student aggression in high schools: Implications for
practice. Psychology in the Schools, 35, (3), 283-295.
Leal, R. (1994). Conflicting views of discipline in San Antonio schools. Education and
Urban Society, 27, (1), 35-44.
Leary, T. (1957). An interpersonal diagnosis of personality. New York: Ronald Press
Company.
290
LeDoux, J.E. (1994, June). Emotion, memory, and brain. Scientific American, 270, (6),
50-57.
LeDoux, J.E. (1996). The emotional brain: The mysterious underpinnings of
emotional life. New York: Simon & Schuster.
Leinhardt, G., & Greens, J.G. (1986). The cognitive skill of teaching. Journal of
Educatonal Psychology, 78, 75-95.
Leler, H. (1983). Parent education and involvement in relation to the schools and to
parents of school-aged children. In R. Hoskins & D. Adamson (Ed.), Parent
education and public policy. (pp. 141-180). Norwood, NJ: Ablex.
Lepper, M.R, Keavney, M., & Drake, M. (1996). Intrinsic motivation and extrinsic
rewards: A commentary on Cameron and Pierce's meta-analysis. Review of
Educational Research, 66, 5-32.
Lesh, R., & Zowejeski, J.S. (1992). Problem solving. In T.R. Post (Ed.), Teaching
mathematics in grades K-8: Research-based methods. (pp. 47-88). Needham
Heights, MA: Allyn & Bacon.
Levine, D.U, & Lezotte, L.W (1990). Unusually effective schools: A review and
analysis of research and practice. Madison, WI: National Center for Effective
Schools Research and Development.
Levine, J. R. (1992, Abril). The effects of different attendance policies on student
attendance and achievement. Comunicação apresentada no encontro anual da
Eastern Psychological Association, Boston, MA. (ERIC Document
Reproduction Service No. ED348762)
Levy, J., Wubbels, T., Brekelmans, M., & Morganfield, B. (1997). Language and
cultural factors in students' perceptions of teacher communication style.
International Journal of Intercultural Relationship, 21, 29-56.
Lindsley O.R. (1972). From Skinner to precision teaching. In J.B. Jordan & L.S.
Robbins (Eds.), Let's try doing something else kind of thing. Arlington, VA:
Council on Exceptional Children.
Lipham, J. (1981). Effective principal, effective school. Reston, VA: American
Association of School Principals.
Lipsey, M.W, & Wilson, D.B. (1993). The efficacy of psychological, educational, and
behavioral treatment: Confirmation from meta-analysis. American Psychologist,
48, (12), 1181-1209.
Litow, L., & Pumroy, D.K (1975). A brief review of classroom group-oriented
contingencies. Journal of Applied Behavior Analysis, 8, 341-347.
291
Little, J. W. (1990). The persistence of privacy: Autonomy and initiative in teachers'
professional relations. Teachers College Record, 91, (4), 509-536.
Little, J.W. (1993). Teachers' professional development in a climate of educational
reform. Educational Evaluation and Policy Analysis, 15, (2), 129--151.
Lobitz, W.C. (1974). A simple stimulus cue for controlling disruptive classroom
behavior. Journal of Abnormal Child Psychology, 2, 143-152.
Lortie, D. (1975). School teacher. A sociological study. Chicago, IL: Univeristy of
Chicago Press.
Losen, S.M., & Diament, B. (1978). Parent conferences in the schools. Boston: Allyn
& Bacon.
Loucks, S. F (1975). A study of the relationship between teacher level of use of the
innovation of individualized instruction and student achievement. Tese de
Dissertação em Doutormento não publicada, University of Texas at Austin.
Lowry, R., Sleet, D., Duncan, C., Powell, K., & Kolbe, L. (1995). Adolescents at risk
for violence. Educational Psychology Review, 7, (1), 7-39.
Luyten, H. (1994). School effects: Stability and malleability. Enschide The
Netherlands: University of Twente.
Madaus, G.F., Airasian, P.W., & Kellaghan, T. (1980). School efectiveness: A
reassessment of the evidence. New York: McGraw-Hill.
Madaus, G.F, Kellaghan, T., Rakow, E.A., & King, D. (1979). The sensitivity of
measures of school effectiveness. Harvard Educational Review, 49, (2), 207-
230.
Madsen, C.H., Jr., Becker, W.C, &Thomas, D.R. (1968). Rules, praise, and ignoring:
Elements of elementary and classroom control. Journal of Applied Behavior
Analysis, 1, 139-150.
Maeroff, G.I. (1988). Blueprint for empowering teachers. Phi Delta Kappan, 69, (7),
473-477.
Malone, T.W. (1981a). Toward a theory of intrinsically motivating instruction.
Cognitive Science, 4, 333-369.
Malone, T.W. (1981b, Abril). What makes things fun to learn? A study of intrinsically
motivating computer games. Comunicação apresentada no American
Education Research Association Annual Meeting, Los Angeles, CA.
Marjoribanks, K. (1988). Perceptions of family environments, educational and
occupational outcomes: Social-status differences. Perceptual and Motor Skills,
66, 3-9.
292
Markus, H., & Ruvulo, A. (1990). Possible selves. Personalized representations of
goals. In L. Pervin (Ed.), Goal concepts in psychology. (pp. 211-241). Hillsdale,
NJ: Lawrence Erlbaum.
Martens, B.K., & Meller, P.J. (1990). The application of behavioral principles to
educational settings. In T.B. Gutkin & C.R. Reynolds (Eds.), Handbook of
school psychology. (pp. 61234). New York: Wiley.
Martini, M. (1995). Features of home environments associated with children's school
success. Early Child Development and Care, 111, 49-68.
Marzano, R.J. (I 998a). A theory-based meta-analysis of research on instruction.
Aurora, CO: Mid-continent Research for Education and Learning. (ERIC
Document Reproduction Service No. ED 427087)
Marzano, R.J. (1998b). Dados não publicados sobre o tempo necessário para
ensinar os critérios. Aurora, CO: Mid-continent Regional Educational
Laboratory.
Marzano, R.J. (1992). A different kind of classroom: Teaching with dimensions of
learning. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum
Development.
Marzano, R.J. (2000a). A new era of school reform: Going where the research takes
us. Aurora, CO: Mid-continent Research for Education and Learning. (ERIC
Document Reproduction Service No. ED454255)
Marzano, R.J. (2000b). Transforming classroom grading. Alexandria, VA: Association
for Supervision and Curriculum Development.
Marzano, R.J. (2002). Identifying the primary instructional concepts in mathematics:
A linguistic approach. Englewood, CO: Marzano & Associates.
Marzano, R.J., Gaddy, B.B., & Dean, C. (2000). What works in classroom
instruction?. Aurora, CO: Mid-continent Research for Education and Learning.
Marzano, R. J., & Kendall, J. S. (1996). A comprehensive guide to designing
standards based district, schools, and classrooms. Alexandria, VA: Association
for Supervision and Curriculum Development
Marzano, R.J., Kendall, J.S., & Gaddy, B.B. (1999). Essential Knowledge: The debate
over what American students should know. Aurora, CO: Mid-continent Regional
Educational Laboratory.
Marzano, R. J., & Marzano, J. S. (em preparação). Classroom managment that
works.
293
Marzano, R.J., Pickering, D.J., Arredondo, D.E., Blackburn, G.J., Brandt, R.S.,
Moffett, C.A., Paynter, D.E., Pollock, J.E., & Whisler, J.S. (1997). Dimensions of
learning trainer's manual. (2nd ed.). Alexandria, VA: Association for Supervision
and Curriculum Development.
Marzano, R.J., Pickering, D.J., & Pollock, J.E. (2001). Classroom instruction that
works: Research-based strategies for increasing student achievement.
Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Marzano, R.J., & Riley, A. (1984). Dados não publicados. Aurora, CO: Mid-continent
Regional Educational Laboratory.
Maslow, A (1968). Toward a psychology of being New York: Harper.
Maslow, A (1971). The farther reaches of human nature New York: Viking.
Mayer, D.P., Mullens, J.E., Moore, M.T, & Ralph, J. (2000). Monitoring school quality:
An indicator's report. Washington, DC: U.S. Department of Education: National
Center for Education Statistics.
Mayer, V.J., & Lewis, D.K. (1979). An evaluation of the use of a time-series single-
subject design. Journal of Research in Science Teaching, 16, 137-144.
McClelland, D.C. (1965). Toward a theory of motive acquisition. American
Psychologist, 20, 321-333.
McCombs, B.L., & Whisler, J.S. (1997). The learner-centered classroom and school.
San Francisco: Jossey-Bass.
McDill, E., Rigsby, L., & Meyers, E. (1969). Educational climates of high schools:
Their effects and sources. American Journal of Sociology, 74, 567-586.
McKeown, M.G., & Curtis, M.E. (Eds.). (1987). The nature of vocabulary acquisition.
Hillsdale, NJ: Erlbaum.
McMillan, J.H. (1997). Classroom assessment: Principles and practices for effective
instruction. Needham Heights, MA: Allyn & Bacon.
McMillan, J.H. (2000). Basic assessment concepts for teachers and administrators.
Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Medway, F. (1979). Causal attributions for school-related problems: Teacher
perceptions and teacher feedback. Journal of Educational Psychology, 71, 809-
818.
Meichenbaum, D. (1977). Cognitive behavior modification. New York: Plenum Press.
Melaragno, R.J., Keesling, J.W., Lyons, M.F., Robbins, A.E., & Smith, A.G. (1981).
Parents and federal education programs: Vol. 1. The nature, causes and
294
consequences of parental involvement. Santa Monica, CA Systems
Development Corp.
Miller, A, Ferguson, E., & Simpson, R. (1998). The perceived effectiveness of
rewards and sanctions in primary schools: Adding in the parental perspective.
Educational Psychology, 18, (1), 55-64.
Miller, L. (1994, September 7). Violence, discipline, top public's school concerns, poll
finds. Education Week, p. 7.
Miller, S., & Sayre, K. (1986, Abril). Case studies of affluent effective schools.
Comunicação apresentada no encontro anual da American Educational
Research Association, San Francisco.
Monk, D.H. (1994). Subject matter preparation of secondary mathematics and
science teachers and student achievement. Economics of Education Review, 13,
(2), 125-145.
Morrow, L.M., Pressley, M., Smith, J.K., & Smith, M. (1997). The effect of a literature-
based program integrated into literacy and science instruction. Reading
Research Quarterly, 32, 54-76.
Mortimore, P., Sammons, P., Stoll, L., Lewis, D., & Ecob, R. (1988). School matters:
The junior years. Somerset Open Books.
Murnane, R.J. (1985, Junho). Do effective teachers have common characteristics:
Interpreting the quantitative research evidence Comunicação apresentada no
National Research Council Conference on Teacher Quality in Science and
Mathematics, Washington, DC.
Murphy, J., & Hallinger, P.. (1989). Equity as access to learning: Curricular and
instructional differences. Journal of Curriculum Studies, 21, 129-149.
Murphy, J., & Hallinger, P. (1992). The principalship in an era of transformation.
Journal of Educational Administration, 30, 77-88.
Nagy, N.M., Campenni, C.E., & Shaw, J.N. (2000). A survey of Sustained Silent
Reading practices in seventh -grade classrooms [Online]. Disponível:
http://readingonline.org .
Nagy, W.E., &Anderson, R.C. (1984). How many words are there in printed school
English? Reading Research Quarterly, 19, (3), 304-330.
Nagy, W.E., & Herman, P.A. (1984). Limitations of vocabulary instruction (Tech. Rep.
No. 326). Urbana, IL: University of Illinois, Center for the Study of Reading.
(ERIC Document Reproduction Service No. ED248498)
295
Nagy, W.E., & Herman, P.A. (1987). Breadth and depth of vocabulary knowledge:
Implications for acquisition and instruction. In M.C. McKeown & M.E. Curtis
(Eds.), The nature of vocabulary instruction. (pp. 19-36). Hillsdale, NJ: Erlbaum.
National Center for Educational Statistics (2002). CCD Quick Facts.
http://nces.ed.gov/ccd/quickfacts.html.
National Commission on Excellence in Education (1983). A nation at risk: The
imperative for educational reform. Washington, DC: Government Printing Office.
National Commission on Teaching and America's Future (1998). What matters most:
Teaching for America's future. New York: Author.
National Council of Teachers of Mathematics (2000). Principles and standards for
school mathematics. Reston, VA: Author.
National Education Association. (1982). Productive relationships: Parent-school-
teacher. Washington, DC: Author.
National Education Commission on Time and Leaming (1994). Prisoners of time.
Washington, DC: U. S. Department of Education.
National Education Goals Panel. (1994, August). Data volume for the national
education goals report, Vol. 1: National data. Washington, DC: Author.
National Institute of Child Health and Human Development (2000). Report of the
National Reading Panel. Teaching children to read: An evidence-based
assessment of the scientific research liter-- on reading and its implications for
reading instruction [Online]. Disponível:
http://www.nichd.nih.gov/publications/nrp/smallbook.htm .
National Research Council (1999). Uncommon measures: Equivalence and linkage
among educational tests. Washington, DC: Author.
Nelson, J.R. (1996). Designing schools to meet the needs of students who exhibit
disruptive behavior. Journal of Emotional and Behavioral Disorders, 4, (3), 147-
161.
Nelson, J.R., Martella, R., & Galand, B. (1998). The effects of teaching school
expectations and establishing a consistent consequence on formal office
disciplinary actions Journal of Emotional and Behavioral Disorders, 6, (3), 153-
161.
Nelson, R., & Carr, B. A. (1999). Think Timer strategy for schools: Bringing order to the
classroom. (2nd ed.). Longmont, CO: Sopris West.
Neufeld, J., & Freeman, D. (1992, Novembro). Teachers' perceptions of the principal's
role in facilitating teacher improvement within the ASU-Tempe PDS.
296
Comunicação apresentada no encontro anual da Arizona Educational
Research Organization, Phoenix, AZ.
Neuman, S. B. (1980). Television: Its effects on reading and school achievement. The
Reading Teacher, 33, 801-805.
Nisbett, R.E., & Wilson, T.D. (1977). Telling more than we can know: Verbal reports
on mental processes. Psychological Review, 84, 231-259.
Noguera, P.A. (1995). Preventing and producing violence: A critical analysis of
responses to school violence. Harvard Educational Review, 65, (2),189-212.
Nuthall, G. (1999). The way students learn: Acquiring knowledge from an integrated
science and social studies unit. The Elementary School Journal, 99, (4), 303-
341.
Nuthall, G., & Alton-Lee, A. (1993). Predicting learning from student experience of
teaching: A theory of student knowledge construction in classrooms. American
Educational Research Journal, 30, (4), 799-840.
Nuthall, G., & Alton-Lee, A. (1995). Assessing classroom learning: How students use
their knowledge and experience to answer classroom achievement test
questions in science and social studies. American Educational Research
Journal, 32, (1), 185-223.
O'Leary; K.D., Becker, W.C., Evans, M.B., & Saudargas, R.A. (1969). A token
reinforcement program in a public school: A replication and systematic
analysis. Journal of Applied Behavior Analysis, 2, 3-13.
Oakes, J. (1989). Detracking schools: Early lessons from the field. Phi Delta Kappan,
73, 448-454.
Oliva, P.F. (1982). Developing the Curriculum. Boston: Little Brown.
Olmsted, P.P. (1983). Long-term effects of Parent Education Follow Through program
participation. Chapel Hill: University of North Carolina, School of Education.
Onikama, D.L., Hammond, O.W, & Koki, S. (1998). Family involvement in education:
A synthesis of research for Pacific educators. Honolulu, HI: Pacific Regional
Educational Laboratory.
Owens, R.G. (1987). Organizational behavior in education. (3rd ed.). Englewood
Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
Paik, H. (1995). Television viewing and mathematics achievement. Comunicação
apresentada no encontro anual da International Communication Association.
(ERIC Document Reproduction Service No. ED384940)
297
Paivio, A. (1990). Mental representations: A dual coding approach. New York Oxford
University Press.
Parent Teacher Association. (1997). PTA Guide to the National Standards for
Parent/Family Involvement Programs [Online]. Disponível:
http://www.pta.org/programs/stnrdgd.htm [1998, Abril].
Park, C. (1976). The Bay City experiment… as seen by the director. Journal of
Teacher Education, 7, 5-8.
Parker, F.C., & McCoy, J.E. (1977). School-based intervention for the modification of
excessive absenteeism. Psychology in the Schools, 14, 84-88.
Patrick, J. (1992). Training: Research and practice. San Diego, CA: Academic Press.
Paulson, S.E. (1994a). Parenting style and parental involvement: Relations with
adolescent achievement. Mid-Western Educational Researcher, 7, 6-11.
Paulson, S.E. (1994b). Relations of parenting style and parental involvement with
ninth-grade students' achievement. Journal of Early Adolescence, 14, 250-267.
Peng, S.S., & Wright, D. (1994). Explanation of academic achievement of Asian
American students. Journal of Educational Research, 87, 346-352.
Peterson, K. (1994). Building collaborative cultures. Seeking ways o reshape urban
schools. North Central Regional Educational Laboratory. Disponível:
http://www.ncrel.org/sdrs/areas/issues/educators/leadership/le0pet.htm.
Piaget, J. (1971). Genetic epistemology. (E. Duckworth, Trans.). New York: Norton.
Pilgreen, J.L. (2000). The SSR handbook: How to organize and manage a sustained
silent reading program. Portsmouth, NH: Boynton/Cook Publishers.
Pilgreen, J., & Krashen, S. (1993, Fall). Sustained Silent Reading with English as a
Second Language high school students: Impact on reading comprehension,
reading frequency, and reading enjoyment. School Library Media Quarterly, 21-
23.
Pinker, S. (1997). How the mind works. New York: W. W. Norton & Company.
Popham, W.J. (2001). The truth about testing: An educator's call to action.
Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Powell, G. (1980, December). A meta-analysis of the effects of "imposed" and
"induced" imagery upon word recall. Comunicação apresentada no encontro
anual da National Reading Conference, San Diego, CA. (ERIC Document
Reproduction Service No. ED 199644)
Pressley, M. (1998). Reading instruction that works: The case for balanced teaching .
New York: Guilford.
298
Purkey, S.C., & Smith, M.S. (1982). Effective schools: A review. Madison, WI:
Wisconsin Center for Educational Research, School of Education, University of
Wisconsin at Madison.
Purkey, S.C., & Smith, M.S (1983). Effective schools: A review. The Elementary
School Journal, 83, (4), 427-452.
Radencich, M.C., & Schumm, J.S. (1988). How to help your child with homework.
Minneapolis, MN: Free Spirit Publishing, Inc.
Raudenbush, S.W, & Byrk, A.S. (1988). Methodological advances in analyzing the
effects of schools and classrooms on student learning. In E.Z. Rothkopf (Ed.),
Review of research in education. (Vol 15, pp. 423-475). Washington, DC:
American Educational Research Association.
Raudenbush, S.W, & Willms, J.D. (1995). The estimation of school effects. Journal of
Educational and Behavioral Statistics, 20, (4), 307-335.
Reeves, D.B. (2002). Holistic accountability: Serving students, schools, and
community. Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Reigeluth, C.M., & Stein, F.S. (1983). The elaboration theme of instruction. In C.M.
Reigeluth (Ed.), Instruction-design theories and models: An overview of their
current status. (pp. 335-381). Hillsdale, NJ: ErIbaum.
Reilly, J.M. (1992). Mentorship: The essential guide for school and business. Dayton,
OH: Ohio Psychology Press.
Reimers, T.M., Wacker, D.P., & Koeppl, G. (1987). Acceptability of. behavioral
interventions: A review of the literature. School Psychology Review, 16, 212-
227.
Resnick, L.B. (1987). Learning in school and out. Educational Researcher, 16, (9),13-
20.
Restak, R.M. (1994). The modular brain. New York Touchstone.
Reuter, G.S. (1963). The length of the school day. Chicago: American Federation of
Teachers.
Reynolds, D., & Teddlie, C. (2000). The process of school effectiveness. In C.
Teddlie & D. Reynolds (Eds.), The international handbook of school
effectiveness research. (pp. 134-159). New York: The Falmer Press.
Reynolds, D., & Teddlie, C. (with Hopkins, D., & Stringfield, S.). (2000). Linking
school effectiveness and school improvement. In C. Teddlie & D. Reynolds
(Eds.), The international handbook of school effectiveness research. (pp. 206-
231). New York Falmer Press.
299
Rickover, H.G. (1959). Education and freedom. New York: E. P Dutton.
Robbins, C., & Ehri, L.C. (1994). Reading storybooks to kindergartners helps them
learn new vocabulary words. Journal of Educational Psychology, 86, 54-64.
Robitaille, D. (Ed.). (1993). Curriculum frameworks for mathematics and science.
Vancouver, Canada: Pacific Educational Press.
Rogosa, D.R., Brandt, D., & Zimowsky M. (1982). A growth curve approach to the
measurement of change Psychological Bulletin, 90, 726-748.
Rolfhus, E.L., & Ackerman, P.L. (1999). Assessing individual differences in
knowledge: Knowledge, intelligence, and related traits. Journal of Educational
Psychology, 91, (3), 511-526.
Rosenau, J.S. (1998). Familial influences on academic risk in high school: A multi-
ethnic study. (Tese de Dissertação em Doutoramento, Temple University,
1998). (UMI No. 9911056)
Rosenholtz, S.J. (1989). Teachers' workplace: The social organization of schools. New
York: Teachers College Press.
Rosenhouse, J., Feitelson, D., Kita, B., & Goldstein, Z. (1997). Interactive reading
aloud to Israeli first graders: Its contribution to literacy development. Reading
Research Quarterly, 32, 168-183.
Rosenshine, B. (1983). Teaching functions in instructional programs Elementary
School Journal, 83, (4), 335-351.
Rosenthal, R., & Jacobson, L. (1968). Pygmalion in the classroom: Teacher
expectation and pupils' intellectual development. New York: Holt, Rinehart &
Winston.
Rosenthal, R., & Rubin, D. B. (1982). A simple general purpose display of magnitude
of experimental effect Journal of Educational psychology, 74, (2), 166-169.
Rothblum, E.D., Solomon, L.J., & Murakami, J. (1986). Affective, cognitive and
behavioral differences between high and low procrastinators. Journal of
Counseling Psychology, 33, 387-394.
Rothmann, R. (1988). Student proficiency in math is "dismal," NAEP indicates.
Education Week, 1, 23-26.
Rotter, J. G, & Robinson, E. H., III. (1982). Parent-teacher conferencing. Washington,
DC: National Education Association.
Rovee-Collier, C. (1995). Time windows in cognitive development. Developmental
Psychology, 31, (2), 147-169.
300
Rowe, K.J., & Hill, P.W. (1994). Multilevel modeling in school effectiveness research:
Hour many levels. Comunicação apresentada no International Congress for
School Effectiveness and Improvement, Melbourne, Australia.
Rowe, K.J., Hill, P.W, & Holmes-Smith, P. (1995). Methodological issues in
educational performance and school effectiveness research: A discussion with
worked examples. Australian Journal of Education, 39, (3), 217-248.
Rowe, M. (1974). Wait-time and rewards as instructional variables, their influence on
language, logic and fate control. Part 1 Wait-time. Journal of Research in
Science Teaching, 11, 81-94.
Rumelhart, D.E., & Norman, D.A. (1981). Accretion, tuning and restructuring: Three
modes of learning. In J.W. Colton & R. Klatzky (Eds.), Semantic factors in
cognition. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum.
Rutter; M., Maughan, B., Mortimore, P., Ouston, J., & Smith, A. (1979). Fifteen
thousand hours: Secondary schools and their effects on children. Cambridge, MA:
Harvard University Press.
Sadker, M., & Sadker, D. (1994). Failing at fairness: How America's schools cheat girls
New York: Macmillan.
Sammons, P. (1999). School effectiveness: Coming of age in the twenty-first century.
Lisse: Swets and Zeitlinger.
Sammons, P., Hillman, J., & Mortimore, P. (1995). Key characteristics of effective
schools: A review of school effectiveness research. London: Office of Standards
in Education and Institute of Education.
Sanders, W.L., & Horn, S.P. (1994). The Tennessee value-added assessment
system (TVAAS): Mixed-model methodology in educational assessment.
Journal of Personnel Evaluation in Education, 8, 299-311.
Sanford, J.P, Emmer, E.T, & Clements, B.S. (1983). Improving classroom
management. Educational Leadership, 40, 56-61.
Sautter, R.C. (1995). Standing up to violence. Phi Delta Kappan. [Special Report], k1-
k12.
Saylor, J.G., & Alexander, W.M. (1974). Planning curriculum for school. New York:
Holt, Rinehart & Winston.
Schalock, D. (1979). Research on teacher selection. In D. C. Berliner (Ed.), Review of
research in education. (Vol. 7). Washington, DC: American Educational
Research Association.
301
Schank, R.C. (1990). Tell me a story: A new look at real and artificial memory. New
York: Charles Scribner & Son.
Scheerens, J. (1992). Effective schooling: Research, theory and practice. London:
Cassell.
Scheerens, J., & Bosker, R (1997). The foundations of educational effectiveness. New
York: Elsevier.
Schiefele, U., & Krapp, A. (1996). Topics of interest and free recall of expository text.
Learning and Individual Differences, 8, (2), 141-160.
Schiefele, U., Krapp, A., & Winteler, A. (1992). Interest as a predictor of academic
achievement: A meta-analysis of research. In K.A. Renninger, S. Hidi, & A.
Krapp (Eds.), The role of interest in Learning and development. (pp. 183-212).
Hillsdale, NJ: Erlbaum.
Schlechty, P.C. (1990). Schools for the 21st century. San Francisco: Jossey-Bass.
Schmidt, W.H., McKnight, C.C., & Raizen, S.A. (1996). Splintered vision: An
investigation of U.S. science and mathematics education: Executive summary.
Lansing, MT: U.S. National Research Center for the Third International
Mathematics and Science Study, Michigan State University.
Schmoker, M. (1999). Results: The key to continuous school improvement. (2nd ed.).
Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Schmoker, M. (2001). The results fieldbook: Practical strategies from dramatically
improved schools. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum
Development.
Scott-Jones, D. (1984). Family influences on cognitive development and school
achievement. Review of Research in Education, 11, 259-304.
Seligman, M.E.P. (1975). Helplessness: On depression, development, and death. San
Francisco: Freeman.
Seligman, M.E. P. (1991). Learned optimism. New York: Knopf.
Seligman, M.E.P., Maier, S.F, & Geer, J. (1968). The alleviation of learned
helplessness in the dog. Journal of Abnormal Psychology, 73, 256-262.
Seligman, M.E.P., Maier, S.F., & Solomon, R.L. (1971). Unpredictable and
uncontrollable aversive events. In. F.R Brush (Ed.), Aversive conditioning and
learning. New York: Academic Press.
Sergiovanni, T.J. (1992). Moral Leadership: Getting to the heart of school improvement.
San Francisco: Jossey-Bass.
302
Sewall, A.M., & Chamberlin, G.D. (1997). Safety or discipline: The real issue in public
schools. Comunicação não publicada, University of Arkansas at Little Rock
(ERIC Document Reproduction Service No. ED417-470)
Sheats, D., & Dunkleberger, G.E. (1979). A determination of the principal's effect in
school-initiated home contacts concerning attendance of elementary school
students. Journal of Educational Research, 72, (6), 310-312.
Sheets, R. (1994, February). Student voice: Factors that cause teacher/student
confrontations in a pluralistic classroom. Comunicação apresentada no
encontro anual da National Association of Minority Education, Seattle, WA
(ERIC Document Reproduction Service No. ED371089)
Shiffrin, R.M., & Schneider, W. (1977). Controlled and automatic human information
processing: II. Perceptual learning, automatic attending, and a general theory.
Psychological Review, 84, 127-190.
Shure, M.B. (1992). I can problem solve: An interpersonal cognitive problem -solving
program: Intermediate elementary grades. Champaign, IL: Research Press.
Simon, H.A. (1980). Problem solving and education. In D.T. Tuma & F. Reif (Eds.),
Problem solving and education: Issues in teaching and learning. Hillsdale, NJ:
Erlbaum.
Sipe, C.L. (1999). Mentoring adolescents: What we have learned. In J. Baldwin
Grossman (Ed.), Contemporary issues in mentoring. Philadelphia:
Public/Private Ventures.
Snow, R.E., & Lohman, D.F. (1989). Implications of cognitive psychology for
educational measurement. In R. Linn (Ed.), Educational measurement. (3rd
ed., pp. 263-331). London: Collier Macmillan Publishers.
Snyder, C.R. (1984, September). Excuses, excuses: They sometimes actually work
to relieve the burden of blame. Psychology Today, 18, 50-55.
Soar, R.S., & Soar, R.M. (1979). Emotional climate and management In F.L.
Peterson & H.J. Walberg (Eds.), Research on teaching: Concepts, findings, and
implications. (pp. 97-119). Berkeley, CA: McCutchan.
Soar, R.S., Medley, D.M., & Coker, H. (1983). Teacher evaluation: A critique of
currently used methods. Phi Delta Kappan, 65, (4), 239-246.
Solomon, L.J., & Rothblum, E.D. (1984). Academic procrastination: Frequency and
cognitive-behavioral correlates. Journal of Counseling Psychology, 31, 503-
509.
303
Sousa, D. (2001). How the brain learns. (2nd ed.). Thousand Oaks, CA: Corwin
Press.
Stage, S.A., & Quiroz, D.R. (1997). A meta-analysis of interventions to decrease
disruptive classroom behavior in public education settings. School Psychology
Review, 26, (3), 333-368.
Stahl, S.A, & Fairbanks, M.M. (1986). The effects of vocabulary instruction: A model-
based meta-analysis. Review of Educational Research, 56, (1), 72-110.
Stallworth, N.T., & Williams, D.L., Jr. (1982). Executive summary of the final report: A
survey of parents regarding parent involvement in the schools. Austin, TX:
Southwest Educational Development Laboratory.
Steinkamp, M.W, & Maehr, M.L., (1983). Affect, ability, and science achievement: A
quantitative synthesis of correlational research. Review of Educational
Research, 53, (3), 369-396.
Stevenson, H.W, & Lee, S. (1990). Contexts of achievement A study of American,
Chinese, and Japanese children. Monographs of the Society for Research in
Child Development, 55, 1-106.
Stevenson, H.W, & Stigler, J.W. (1992). The learning gap: Why our schools are failing
and what we can learn from Japanese and Chinese education. New York:
Simon & Schuster.
Stigler, J.W., & Hiebert, J. (1999). The teaching gap: Best ideas from the world's
teachers for improving education in the classroom. New York: The Free Press.
Stodolsky, S.S. (1989). Is teaching really by the book? In P.W. Jackson & S.
Haroutunian-Gordon (Eds.), Eighty-ninth yearbook of the National Society for
the Study of Education, Part I. (pp. 159-184). Chicago: University of Chicago
Press.
Stringfield, S., & Teddlie, C. (1989). The first three phases of the Louisiana school
effectiveness study. In B.P.M. Creemers, T. Peters, & D. Reynolds (Eds.),
School effectiveness and school improvement: Proceedings of the Second
International Congress, Rotterdam. (pp. 281-294). Lisse: Swets & Zeitlinger.
Sugai, G., & Colvin, G. (1996). Debriefing: A proactive addition to negative
consequences for problem behavior. Education and Treatment of Children, 20,
209-221.
Swick, K. (1991). A rural teacher-parent partnership for the enhancement of school
success: An executive summary. (ERIC Document Reproduction Service No.
ED336205)
304
Sylwester, R. (1995). A celebration of neurons: An educator's guide to the human
brain. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum
Development.
Sylwester, R. (2000). A biological brain in a cultural classroom: Applying biological
research to classroom management. Thousand Oaks, CA: Corwin Press.
Sylwester, R., & Margulies, N. (1998). Discover your brain. Tucson, AZ: Zephyr
Press.
Tamir, P. (1996). Science assessment In M. Birenbaum & F.J.R.C. Dochy (Eds.),
Alternatives in assesnnent of achievements, learning processes, and prior
knowledge. (pp. 93-129). Boston: Kluwer.
Tangri, S., & Moles, O. (1987). Parents and the community. In V. Richardson-Koehler
(Ed.), Educators' handbook: A research perspective. (2nd ed., pp. 519-550).
New York: Longman.
Teddlie, C., & Reynolds, D. (Eds.). (2000). The international hanbook of school
effectiveness research. New York: The Falmer Press.
Teddlie, C, & Stringfield, S. (1993). Schools do make a difference: Lessons learned
from a I0-year study of school effects. New York: Teachers College Press.
Teddlie, C., Reynolds, D., & Sammons, P. (2000). The methodology and scientific
properties of school effectiveness research. In C. Teddlie & D. Reynolds (Eds.),
The international handbook of school effectiveness research. (pp. 55-133). New
York: Falmer Press.
Teddlie, C., Stringfield, S., & Reynolds, D. (2000). Context issues within school
effectiveness research. In C Teddlie, & D. Reynolds (Eds.), The international
handbook of school effectiveness research. (pp. 160-185). New York: The
Falmer Press.
Teddlie, C., Stringfield, S., Wimpelberg, R., & Kirby, P. (1989). Contextual differences
in models for effective schooling in the USA. In B. P.M. Creemers, T. Peters, &
D. Reynolds (Eds.), School effectiveness and school improvement: Proceedings
of the Second International Congress. (pp. 34-59). Rotterdam: Shets &
Zeitlinger.
Thomas, M. D. (s.d). Volunteerism in public education. Salt Lake City, UT: Salt Lake
School District.
Tobias, S. (1994). Interest, prior knowledge and learning. Review of Educational
Research, 64, (1), 37-54.
305
Tobin, T.J., & Sugai, G.M. (1999). Using sixth-grade school records to predict school
violence, chronic discipline problems, and high school outcomes. Journal of
Emotional and Behavioral Disorders, 7, (1),40-53.
Tollefson, N., & Chen, J. (1988). Consequences of teachers' attributions for student
failure. Teaching and Teacher Education, 4, 259-265.
Toulmin, S., Rieke, R., & Janik, A. (198 1). An introduction to reasoning. New York:
Macmillan.
Tyack, D. (1974). The one best system: A history of American urban education.
Cambridge, MA: Harvard University Press.
Tyack, D., & Tobin, W. (1994). The "grammar" of schooling. Why has it been so hard
to change?. American Educational Research Journal, 31, 453-479.
U.S. Department of Education, National Center for Education Statistics. (1998).
Pursuing excellence: A study of U.S. twelfth-grade mathematics and science
achievement in international context. Washington, DC: U. S Government
Printing Office.
van den Werf, G. (1997). Differences in school and instruction characteristics
between high-, average-, and low-effective schools. School Effectiveness and
School Improvement, 8, (4), 430-448.
van Dijk, T.A. (1977). Text and context. London: Longman.
van Dijk, T.A. (1980). Macrostructures Hillsdale, NJ: Erlbaum.
van Dijk, T.A., & Kintsch, W (1983). Strategies of discourse comprehension. Hillsdale,
NJ: Lawrence Erlbaum.
Van Houten, R., Nau, P.A., Mackenzie-Keating, S. E., Sameoto, D., & Colavecchia,
B. (1982). An analysis of some variables influencing the effectiveness of
reprimands. Journal of Applied Behavior Analysis, 15, 65-83.
van Tartwijk, J. (1993). Sketches of teacher behavior. Utrecht, The Netherlands:
WCC.
van Tartwijk, J., Fisher, D., Fraser, B., & Wubbels, T (1994). The interpersonal
significance of molecular behavior of science teachers in lab lessons: A Dutch
perspective. Comunicação apresentada no 1994 NARST Annual Meeting,
Anaheim, CA. (ERIC Document Reproduction Service No. ED368579)
Venesky, R.L. (1992). Textbooks in school and society. In P.W. Jackson (Ed.),
Handbook of research in curriculum. (pp. 438-461). New York Macmillan.
Vernon, P.E. (1965). Personality factors in teacher trainee selection. British Journal of
Educational Psychology, 35, 140-149.
306
Villani, C.J. (1996). The interaction of leadership and climate in four suburban
schools: Limits and possibilities. Tese de Dissertação em Doutoramento,
Fordham University, New York, NY. (UMI No. 9729612)
Voekl, K.E. (1993). Academic achievement and expectations among African-
American students. Journal of Research and Development in Education, 27, 42-
55.
Wahba, N.A., & Bridwell, L.G. (1976). Maslow reconsidered A review of research on
the need of hierarchy theory. Organizational Behavior and Human
Performance, 15, 212-240.
Walberg, H.J. (1980). A psychological theory of educational productivity. Washington,
DC: National Institute of Education. (ERIC Document Reproduction Service No.
ED206042)
Walberg, H.J. (1984). Improving the productivity of America's schools. Educational
Leadership, 19-27.
Walberg, H.J. (1997). Uncompetitive American schools: Causes and cures In
Brookings papers on educational policy. Washington, DC: The Brookings
Institute.
Walberg, H.J. (1999). Productive teaching. In H.C Waxman & H.J. Walberg (Eds.),
New directions for teaching practice and research. (75-104). Berkeley, CA:
McCutchen Publishing Corporation.
Walberg, H. J., & Waxman, H. C. (1983). Teaching, learning, and the management of
instruction. In D. C. Smith (Ed), Essential knowledge for beginning educators.
(pp. 34-59). Washington, DC: American Association of Colleges for Teacher
Education.
Walker, H.M., Colvin, G., & Ramsey, E. (1995). Antisocial behavior in school
Strategies and best practices. Pacific Grove, CA: Brooks/Cole.
Wang, M.C., Haertel, G.D., & Walberg, H.J. (1993). Toward a knowledge base for
school learning. Review of Educational Research, 63, (3), 249-294.
Ward, C.M. (1998). Student discipline and alleviating criminal behavior in the inner
city. The Urban Review, 30, (1), 29-49.
Watson, T.S., Sterling, H.E., & McDade, A. (1997). Demythifying behavioral
consultation. School Psychology Review, 26, 467-474.
Weglinsky, H. (2000). How teachers matter: Bringing the classroom back into
discussions of teacher quality. Princeton, NJ: Educational Testing Service.
307
Weiner, B. (1972). Theories of motivation: From mechanism to cognition. Chicago:
Markham.
Weiner, B. (1974). Achievement motivation and attribution theory. Morristown, NJ:
General Learning Press.
Weiner, B., Frieze, L., Kukla, A., Reed, L., Rest, S., & Rosenbaum, R. (1971).
Perceiving the causes of success and failure. In E.E. Jones, D.E. Kanouse,
H.H. Kelley, R.E. Nisbett, S. Valins, & B. Weiner (Eds.), Attribution: Perceiving
the causes of behavior. (pp. 95-121). Morristown, NJ: General Learning Press.
Weissberg, R.P., Jackson, A., & Shriver, T. (1993). Promoting positive social
development and health practices in young urban adolescents In M. J. Elias
(Ed.), Social decision making and life skills development: Guidelines for middle
school educators. (pp. 45-78). Gaithersburg, MD: Aspen.
Welch, F. (1974). Relationships between income and schooling. In F. N. Kerlinger
(Ed), Review of research in education. Ithaca, NY: Peacock.
White, K.R. (1982). The relationship between socioeconomic status and academic
achievement. Psychological Bulletin, 91, (3), 461-481.
Whitener, E.M. (1989). A meta-analytic review of the effect on learning of the
interaction between prior achievement and instructional support. Review of
Educational Research, 59, (1), 65-86.
Wiley, D., & Yoon, B. (1995). Teacher reports of opportunity to learn: Analyses of the
1993 California learning assessment system. Educational Evaluation and Policy
Analysis, 17, (3), 355-370.
Wilkins, J.L.M. (1997). Modeling correlates of problem-solving skills: Effects of
opportunity-to-learn on the attainment of higher-order thinking skills in
mathematics. Tese de Dissertação em Doutoramento não publicada, University
of Illinois at Urbana-Champaign. (UMI No. 9732288)
Willett, J.B. (1985). Investigating systematic individual difference in academic growth.
Tese de Dissertação em Doutoramento não publicada, Stanford University,
Palo Alto, CA.
Willett, J.B. (1988). Questions and answers in the measurement of change. Review of
Research in Education. (Vol. 15, pp. 345-422). Washington, DC: American
Educational Research Association.
Williams, P.A., Haertel, E.H., Haertel, G.D., & Walberg, H.J. (1982). The impact of
leisure-time television on school learning. American Educational Research
Journal, 19, 19-50.
308
Willingham, W.W., Pollack, J.M., & Lewis, C. (2002). Grades and test scores:
Accounting for observed differences Journal of Educational Measurement, 39,
(1), 1-37.
Willms, J.D. (1992). Monitoring school performance: A guide for educators.
Washington, DC: The Falmer Press.
Wilson, T.D., & Linville, P.W. (1985). Improving the performance of college freshmen
with attributional techniques. Journal of Personal and Social Psychology, 49,
287-293.
Wilson, V.L. & Putnam, R.R. (1982). A meta-analysis of pretest sensitization effects
on experimental design. American Educational Research Journal, 19, (2), 249-
258.
Winborn, J.D. (1992, Novembro). A study of the effectiveness of a Saturday school in
reducing suspension, expulsion, and corporal punishment. Comunicação
apresentada no encontro anual da Midsouth Educational Research
Association, Knoxville, TN. (ERIC Document Reproduction Service No.
ED355663)
Wise, K.C., & Okey, J.R. (1983). A meta-analysis of the effects of various science
teaching strategies on achievement. Journal of Research in Science Teaching,
20, (5), 415-425.
Witziers, B., & Bosker, R.J. (1997, January). A meta-analysis on the effects of
presumed school e f f e c t i v e n e s s enhancing factors. Comunicação
apresentada no ICSEI, Memphis, TN.
Wlodkowski, R.J. (1982). Discipline: The great false hope. Milwaukee, WI: The
University of Wisconsin-Milwaukee (ERIC Document Reproduction Service No.
224782)
Wolfe, P. (2001). Brain matters: Translating research into classroom practice.
Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.
Wright, S.P., Horn, S.P., & Sanders, W.L. (1997). Teacher and classroom context effects
on student achievement: Implications for teacher evaluation. Journal of Personnel
Evaluation in Education, 11, 57-67.
Wubbels, T., Brekelmans, M., van Tartwijk, J., & Admiral, W. (1999). Interpersonal
relationships between teachers and students in the classroom. In H.C. Waxman &
H.J. Walberg (Eds.), New directions for teaching practice and research. (pp.
151-170). Berkeley, CA: McCutchan.
309
Wubbels, T, & Levy, J. (1993). Do you know what you look like? Interpersonal
relationships in education. London: The Falmer Press.
Wyatt, W.J., & Hawkins, R.P. (1987). Rate of teachers' verbal approval and disapproval:
Relationship to grade level, classroom activity, student behavior, and teacher
characteristics. Behavior Modification, 11, 27-51.
Yap, K.O., & Enoki, D.Y (1995). In search of the elusive magic bullet: Parental
involvement and student outcomes. School Community Journal, 5, 97-106.
Yoon, B., Burstein, L., & Gold, K. (s.d.). Assessing the content validity of teachers'
reports of content-age and its relationship to student achievement . (CSE Rep.
No. 328). Los Angeles: Center for Research in Evaluating Standards and Student
Testing, University of California, Los Angeles.
Zabel, M. K (1986, November). Timeout use with behaviorally disordered students.
Behavioral Disorders, 15-21.
Zoeller, C., Mahoney, G., & Weiner, B. (1983). Effects of attribution training on the
assembly task performance of mentally retarded adults American Journal of
Mental Deficiency, 88, 109-112.
310
Índice Remissivo
As referências às páginas das figuras estão assinaladas com um f à frente do
respectivo número.
A
abandono escolar, 141
Abelson, R.P., 190
abrangência dos conteúdos. Ver também plano curricular
controlo dos administradores, 30-31
estratégias para as novas aprendizagens, 85-87
foco em, 66
inquérito da matemática e, 27-28
mitos sobre, 23
ordenado como factor, 17f
organização de, 30,118-119
rever/praticar/aplicar, 86-87
tarefas, 109-112
tempo e, 29-34
unidades vs planeamento da aula, 81-83, 84f, 85
variações em, 113
absentismo, 49, 54
Academia Nacional das Ciências, 26
Ackerman, Phillip, 133-134
acomodação do conhecimento, 112
acréscimo do conhecimento, 112
administradores
controlo de conteúdos, 30-31
normas de comportamento para, 65
Admiral, Wilfred, 99-100
afinar o conhecimento, 112
agir como tutor, 79f, 80
Alemanha, comparações com, 26
Alexander, PA., 135f
alunos. Ver também implementações/acções (relativas aos alunos)
avaliar a realização de,168-171
com professores pouco/muito eficazes, 73f
desafiar, 36-37
expectativas de, 36-37,129-130
experiências de melhoria na qualidade, 85-87, 116-120
factores com influência na realização, 10f, 15-21, 61-64, 71-77, 80f, 123-125
impor a disciplina em, 89-91, 92f
objectivos e, 35-37, 46
passivo/agressivo, 103f
problemas de atenção, 104f
problemas de comportamento, 53-59
progresso, 85
relacionamento com os professores, 91-93,99-102
socialmente rejeitados, 105f
televisão e, 129
tipos de, 93, 103-105f
trabalhar em grupos, 85
violência nos, prever, 57-58
alunos agressivos, 103f
alunos passivos, 103f
alunos socialmente rejeitados, 105f
alunos perfeccionistas, 104f
ambiente em casa. Ver também contextos de origem dos alunos
estatuto socioeconómico e, 36, 126-128,136,138
expectativas/estilos educativos parentais, 128-130
mudanças no, 131-132
supervisão, 128-129
análise do problema-solução-efeito, 118-119
Anderson, John, 85, 107, 108, 115, 137
Anderson, Richard, 138
Andrews, Gregory, 151
Antunez, Beth, 49,131
312
Aprender com o Voluntariado e Outros Papéis, 50
aprendizagem. Ver também psicologia cognitiva
activa, 66
eficaz, 113-116,118-120
estruturada, 111-112
experiências, 113f, 114f, 116-117
melhorias na, 168-171
neurociência e, 108
oportunidades para, 18f, 22-24
teoria da atribuição e, 146
tipos de, 107-108, 112
vocabulário, 137-143
aprendizagem activa, 66
aprendizagem estruturada, 111-112
aptidão vs. inteligência, 133
argumentação, uso de, 114, 119-120
argumentos, elementos de, 119f
Ashton, P., 64
Assembleias de Aconselhamento Parental (PACs), 49
assimilação de conhecimento, 112
Associação de Pais e Professores (PTA), 47
Associação Internacional para a Avaliação da Realização Escolar, 22
Associação Nacional para a Educação, 48
Atkinson, John, 145
auto-aceitação, 146-147
auto-disciplina/responsabilidade, 57
automatismo/processamento controlado, 114-118
autonomia, das crianças, 130
auto-realização, 148,150-151
avaliações formativas, 37-38
avaliar as intervenções reformadoras, 166-171
Avanço (Head Start), 49
B
313
Barclay School, 159
Barnes, Donald, 56
BBBS (Irmãos e Irmãs Mais Velhos), 137, 141
Bear, George, 57, 91
Beck, Isabel, 139
Bell Curve, The (Heurnstein e Murray), 123
Bennett, William, 78-79, 80
Berliner, David, 3, 4, 7, 77, 78
BESD (Efeito Binomial de Magnitude), 5-6, 8,189-190
Bessemer Elementary School, Colorado, 45
Bias in Mental Testing (Jensen), 123
Bickman, Leonard, 175-176
Biddle, Bruce, 3, 4, 7
Billings, Ward, 56
Bjork, Robert, 111
Black, Paul, 38
Blase, Jo, 31
Blase, Joseph, 31, 174, 176-178
Bloom, Benjamin, 37f, 83, 123, 124, 124f, 134f, 135f, 145f
Blum, R.E., 174f
boletins de avaliação/relatórios, 40, 41- 45f
Bosker, Roel, 15, 17-18, 19f, 20, 37f, 53, 81, 190
Boulanger, D.F., 134f, 135f
Bracey, Gerald, 4
Brekelmans, Mieke, 99-100
Brookover, Wilbur, 16, 60,157
Brophy, Jere E., 15, 16, 20, 71, 76, 88, 93, 94,101, 103-105f
Bruer, John, 107, 108
BTES (Estudo de Avaliação dos Professores em Início de Carreira), 24
Buehl, Michelle, 134f, 135
Bursuck, William, 118-119
Butler, J.A., 174f
Byrne, C.J., 64
314
C
California, investigação na, 118, 175
Calvert School, 159
Capítulo I da Lei para o Ensino Básico e Secundário, 49
Carnine, Douglas, 111-112, 118
Carolina do Sul, investigação em, 131
Carr, Beth, 98
castigo, 90
categorias de desempenho segundo os padrões estatais, 39f
categorias educativas e comportamentos específicos, 82-83f
Cattell, Raymond, 133
Centro Nacional de Prevenção do Abandono Escolar, 141
Centro Nacional para a Segurança na Escola, 54
certificados e escolas por contrato, 9-10
Chamberlin, G.D., 54
Chen, Michael, 128-129
Child, D.A., 37f
Christensen, Sandra, 129-130
Chubb, John, 8-11
classificar. Ver boletins de avaliação/relatórios
Classroom Instruction That Works: Research-based Strategies for Increasing Student
Achievement (Marzano, Pickering e Pollock), 81
clima
escola, 17f, 18f, 60-61
organizacional, 60-61
sala de aula, 61
clima organizacional, 60-61
Clinton, Gregory, 141
Cobb, Paul, 107-108
cobertura dos media da violência escolar, 54
Cohen, J., 187, 189-190
Cohen, P., 187
Coleman, James, 2-3, 5, 6-7, 123, 138
315
Colorado, investigação em, 45
Colvin, G., 98
Começo Igual (Even Start), 131
Comissão Nacional da Educação sobre o Tempo e a Aprendizagem, 25-26
Comissão Nacional para a Excelência na Educação, 3
Comissário para a Educação (federal), 2
competência pedagógica, 64, 66
comportamento. Ver também ambiente, escola,
categorias educativas e, 82-83f
disciplina na 56-59, 89-91, 92f, 97-99,130
do pessoal 15, 19f, 60, 65, 66, 102
liderança, 175-178
normas para os professores e administradores, 65
prever a violência, 57-58
problemas, 53-59
regras/procedimentos para, 55-56, 89, 95-97
relações professor/aluno, 91-93,99-102
rotina escolar/estrutura física e, 55
comportamento do pessoal, 15, 19f, 60, 65, 66, 102
comunicação, 47-48,49-50, 99-101,128,129-130
Comunidade como um Manual Escolar, A, 50
Comunidade como uma Sala de Aula, A, 50
conhecimento. Ver também inteligência
de base, 135-136
declarativo vs processual, 114-116
desenvolvimento, 112
dos conteúdos da disciplina, 63-64
conhecimento prévio. Ver conhecimentos de base
conhecimentos de base, 134-136. Ver também inteligência
Connecticut, investigação em, 51
Conselho Nacional dos Professores de Matemática (NCTM), 27-28,30
Conselho Nacional para a Investigação, 38
consequências
nenhuma imediata, 90
para violações, 56-58
316
consideração e liderança, 178
contexto de origem/características, alunos. Ver contextos de origem/características
dos alunos
contextos de origem/características dos alunos. Ver também atmosfera familiar
características de, 123-125
escolas eficazes/ineficazes e, 6,7-8
investigação sobre, 2-3, 5-7, 126
pobreza ligada aos, 4-5
profissionalismo do professor e, 62-64
Continuar (Follow Through), 49
Conto de Duas Cidades, Um (Dickens), 1, 178
controlo centralizado/distrital, controlo a nível 9-11, 23, 24
cooperação/oposição, 18f, 92-93, 99-101
Coreia, comparações com, 38
Corner, James, 50-51, 65
corporativismo, 19f, 20, 60-62
Cotton, Kathleen, 75-76
Covington, Martin, 46, 144, 146, 148, 149-151
Creemers, Bert, 76-77, 79, 80
crime, elo da ociosidade, 49, 54, 56-57
Critérios Nacionais dos Programas para o Envolvimento dos Pais/Família, 131
críticas à educação pública, 1-8
Crocker, L., 64
Csikszentmihalyi, Mihaly, 147, 150
Cuban, Larry, 106
currículo
como factor relativo à escola, 15, 19f
critérios estaduais no, 23, 24
discrepâncias no, 23, 27-28
organização do, 30
reforma, 22-25
tempo e viabilidade, 22, 24-25, 29-34
tipos de, 23
currículo adquirido, 23
currículo desejado, 23
317
currículo implementado, 23
D
Darling-Hammond, Linda, 62,64, 191
Davis, Ken, 175-176
Deal, T.E., 60-61
Debus, Ray, 151
Departamento da Educação dos EUA, 4
desafiar os alunos, 36-37
desaprovação, não-verbal, 97
desenvolvimento profissional, 31, 63-64, 65-67
desfasamento, a realização, 36-37
DeSouza, Anthony, 25-26
Dickens, Charles, 1, 178
Different Kind of Classroom, A (Marzano), 151
directores, papel dos, 174-178
Disciplina Assertiva, 99
Disciplina Cooperativa, 99
disciplina, 56-59, 89-91, 92f, 97-99, 130. Ver também gestão da sala de aula
Discipline: The Great False Hope (Wlodkowski), 57
Distrito Escolar de Oak Park, 158-159
Distrito Escolar Unificado de São Francisco (SFUSD), 49,131
distrito/centralizado, controlo a nível do 9-11, 23, 24
Dochy, Filip, 134f, 135
domínio/submissão, 92, 99-101
Dow, Peter, 3
Doyle, Walter, 88
Druckman, Daniel, 111
Duke, Daniel, 88
E
318
Edmonds, Ron, 16, 18, 19f, 36, 53, 60, 157
educação. Ver também reforma; processo de reforma
baseada no cérebro, 107, 108-116
história da, 1-4, 8-10,16, 157-158
perspectiva do público, 1-8
relativo aos pais, 127-128
educação baseada no cérebro, 107, 108-116
educação pública, perspectivas sobre, 1-8
Education and Freedom (Rickover), 2
efeitos de magnitude (ES), 35,190-191
Emmer, Edmund, 89
emoções e motivação, 147
Emotional Brain: The Mysterious Underpinnings of Emotional Life, The (LeDoux), 147
Enger, John, 56
English, Fenwick, 29
ensinar auto-disciplina/responsabilidade relacionada com, 57
ensino básico (1.º ciclo), regras/procedimentos para, 95-97
ensino de precisão, 117-118
ensino especial, 46
ensino secundário, regras/procedimentos para, 95-97
ensino/estratégias educativas. Ver também professores
com influência no aproveitamento dos alunos, 80f
de John Hattie, 79f
melhoria na qualidade das aprendizagens, 85-87, 116-120
eficaz, 78-84, 110-111f, 113-116
espaços das unidades, 85
investigadores e, 76f
para o vocabulário, 137-143
rever/praticar/aplicar o conteúdo, 86-87
tipos de, 112-116
entrevistas, 166
envolvimento da comunidade. Ver envolvimento pais/comunidade
envolvimento empresarial, 50
equação de regressão, 191-192
Equality in Educational Opportunity/relatório Coleman (Coleman et al.), 2-3, 5-7, 126
319
Equipa de Apoio aos Alunos e Pessoal, 51, 65
Equipa de Gestão e Planeamento Escolar (SDP), 50-51,65
Equipa dos Pais, 51, 65
ES (efeito de magnitude), 35, 190-191
escala sobre os Níveis de Utilização, 165-166
Escola ao Sábado, 56
Escola Intermédia Amphitheater, 45-46
Escola Profissional e Técnica George Washington, 45
escola, ambiente. Ver também comportamento, escolas
como factor relativo à escola, 15, 19f
disciplina influenciando, 56-59, 89-91, 92f, 97-99,130
e segurança/ordem, percepção pública de, 53-54
prever quais os alunos propensos à violência e, 57-58
regras/procedimentos para o comportamento no, 55-56,89,95-97
escolas eficazes/ineficazes, 6, 7-10
escolas por contrato e certificados, 9-10
escolas que superaram as expectativas, 4-5
escolas. Ver também ambiente, escola; implementação/acções (relativas à escola);
reforma; processo de reforma
clima de, 17f, 18f, 60-61
comunicação com os pais/comunidade, 47- 48, 49-50
eficaz/ineficaz, 6, 7-10
escolha (certificados, contrato), 9-10
física/rotina e comportamento, 55
factores com efeito sobre, 15-21, 81, 161-162f, 179-186f
famílias dos alunos, efeito nas, 127-128,130-132
natureza igualitária de, 175
no percentil 99 da distribuição, 190
objectivos e, 35-37, 40-46
organização das, 8-11
pobreza nas, 4-5
programas de formação para pais, 131-132
realização dos alunos e, 5, 6-7
violência nas, 53-54, 57-58
ESE (estatuto socioeconómico), 36, 126-128,136,138
320
esforço e teoria da atribuição, 146
estatuto socioeconómico (ESE), 36, 126-128,136,138
estatuto socioeconómico e realização, 127f
estilo educativo parental autoritário, 130
estilo educativo parental democrático, 130
estilo educativo parental permissivo, 130
estratégia de remodelação, 102
estratégias auto-desvantajosas, 145
estudo da lição, 66-67
Estudo de Avaliação dos Professores em Início de Carreira (BTES), 24
estudo de casos que utilizam uma metodologia baseada em outliers, 16
estudo Ferguson, 62-63
estudo Jencks, 2-3, 5, 6
Estudo sobre a Estratégia na Sala de Aula, 93
Evertson, Carolyn, 89
expectativas, 36-37, 129-130
experiências de melhoria na qualidade das aprendizagens, 85-87, 116-120
experiências, directas/indirectas, 116-117
F
factores que afectam a realização
factores que afectam a realização relativos à escola, 10f, 15-21
factores que afectam a realização relativos ao aluno, 10f, 123-125
factores que afectam a realização relativos ao professor, 10f, 71-77
Fairbanks, Marilyn, 138, 139, 140
Fan, Xitao, 128:129
Farr, Roger, 107
Ferguson, Eamon, 90-91
Ferguson, P., 64
Ferguson, Ronald, 62,191
FIMS (Primeiro Estudo Internacional da Matemática), 22-23
Finn, Chester, 4
Flavell, James, 112
321
Florio, David, 26
focalização da instrução, 110-111f
focar o conteúdo, 66
França, comparações com, 26
Fraser, Barry, 76, 124, 134f
Freeman, Brenda, 101, 103-105f
Freeman, D., 174f
Friedkin, Noah, 61-62, 175, 176
Fullan, Michael, 45, 61, 157,159
FVR (Leitura Livre e Voluntária), 139
Federação Americana de Professores, 54
Fundação Carnegie para o Progresso do Ensino, 1
factores relativos aos alunos nos vários investigadores, 124f
fichas, 97
Fundo para a Educação, 4-5
G
Galand, Benita, 55, 94
Gambito Global (jogo), 150
garantia de qualidade, 63-64
Garet, Michael, 66
Geisler-Brenstein, E., 145f
Gestão baseada na Escola/Comunidade (SCBM), 51
gestão da sala de aula
cooperação/em oposição, 92-93,99-101
definições de, 88-89
disciplina na, 56-59, 89-91, 92f, 97-99,130
investigadores e, 76f
objectividade emocional na, 93-95
regras e procedimentos para, 55-56, 89,95--97
relações professor-aluno na, 91-93,99-102
tipos de alunos e, 93, 103-105f
vigilância e, 93-94, 102
322
gestão, 48-52, 65
Glass, Gene, 113-114, 187, 190, 192
Glasser, William, 57
Good, T.L., 15, 16, 20, 71
Gordon, Thomas, 57
Gorney, Deborah, 129-130
Gottman, J.M., 187
Graves, Michael, 138
Green, James, 56
Grossman, Jean, 137
Gullatt, David, 54, 56
Guskey, Thomas, 165, 166-168
Guzzetti, Barbara, 113-114
H
Haertel, Geneva, 88
Hall, Eugene, 165-166
Haller, E.P, 37f
Hallinger, Philip, 174f, 175-176
Hargreaves, Andy, 45, 61
Hart, Leslie, 111
Hattie, John, 37, 79--80,124
Haycock, Kati, 72-73
Herman, Patricia, 138-139
Heurnstein, Richard, 123,133
Hiebert, James, 31, 66-67
Hillman, J., 174f
Hirsch, E.D., 23
história da educação, 1-4, 8-10, 16, 157-158
história do Todd, 151,152f
histórias, uso de, 113
Holanda, comparações com, 36
honestidade, liderança ligada a, 177-178
323
Hong Kong, comparações com, 38
Hopkins, D., 159
Hord, Shirley, 165-166
Horn, Sandra, 72
Human Brain and Human Learning (Hart), 111
Human Characteristics and School Learning (Bloom), 123
Hunter, J.E., 187, 188
Hunter, Madeline, 81-83, 85
I
IEPs (Planos Educativos Individuais), 46
imersão orquestrada, 111
implementações/acções (relativas à escola). Ver também escolas
comunicação, escola e pais/comunidade, 47-50
conteúdos curriculares, 25-28
desenvolvimento profissional, 65-67
ensino do conteúdo nuclear, 30-31
envolvimento pais/comunidade, 50-52
gestão do tempo, 31-34
gestão, 50-52, 65
identificação precoce de alunos propensos à violência, 57-58
informação de retorno, 39-40
normas comportamentais para o pessoal, 65
objectivos para as escolas, 35-37, 40-46
objectivos para os alunos, 46
regras/procedimentos para problemas comportamentais, 55-56, 89,95-97
responsabilidade e auto-disciplina, 57
tempo disponível para o conteúdo, 29-30
violações, consequências de, 56-58
implementações/acções (relativas ao professor). Ver também professores
apresentação de novos conteúdos, 116-117
conhecimento declarativo e processual, 114-116
domínio das competências 117-118
324
equilibrar domínio/ cooperação, 99-101
estratégias disciplinares, 97-99
modelo educativo adoptado para as unidades, 85-87
objectividade emocional, 102-105
organização dos conteúdos, 118-119
responsividade às necessidades dos alunos, 101
tarefas complexas, 119-120
vigilância, 102
implementações/acções (relativas aos alunos). Ver também alunos
desenvolvimento da leitura e vocabulário, 141-142
ensino directo de vocabulário, 142-143
experiências de vida, aumento de, 141
família, mudanças positivas na, 131-132
informação de retorno para aumentar a motivação, 149, 150f
motivação, compreensão, 151-152
oportunidades de apropriação de projectos, 150-151
tarefas que implicam envolvimento, 149-150
implementações/acções relativas à escola. Ver implementações/acções (relativos à
escola)
implementações/acções relativas ao professor. Ver implementações/acções (relativas
ao professor)
implementações/acções relativas aos alunos Ver implementações/acções (ao nível
dos alunos)
In Pursuit of the Expert Pedagogue (Berliner), 77
indicadores da investigação, 187-192
Inequality: A Reassessment of the Effects of Family and Schooling in America (Jencks
et al.), 2-3
informação de retorno Ver também monitorização de objectivos
boletins de avaliação/relatórios, 40, 41-45f
como factor relativo à escola, 15, 19f
comparando com outros países, 38
eficaz, 37-39, 149-150
frequência de, 39-40
informar, 98-99
Inglaterra, comparações com, 36,38
325
inquérito aos factores da eficácia das escolas, 161-162f, 179-186f
inquérito sobre os conceitos matemáticos, 27-28
Instituto Americano para a Investigação, 51
insucesso, medo de, 145, 146, 148-149
inteligência. Ver também psicologia cognitiva
aptidão vs., 133
conhecimentos de base e, 134-136
cristalizada (conhecimento), 133-143
fluida (processos cognitivos), 133-134,136
realização e, 133, 134f
inteligência cristalizada (conhecimento). Ver também inteligência
conhecimentos de base vs., 135-136
descrito, 133-134, 136
orientar para reforçar, 136-137
vocabulário e, 137-143
inteligência fluida (processos cognitivos), 133-134, 136. Ver também inteligência
inteligência inata. Ver inteligência fluida (processos cognitivos)
interacções com os professores e realização dos alunos, 62f
Internet, a 49-50
interpretação da investigação, 5-6
intervalo, 97
intervalos regulares de unidade, 85
intervenção nas reformas, 165-171
intervenções ecológicas, 55
investigação
aulas, 67
estudo da matemática, 22, 27-28
impacto na realização dos alunos, 4-8
interpretação da, 5-6
na sala de aula, 66, 76f
Irmãos e Irmãs mais Velhos (BBBS), 137, 141
J
326
James, William, 111
Japão, comparações com, 26, 31, 38, 66-67
Jencks, Christopher, 2-3, 5, 123
Jenkins, Joseph, 139
Jensen, Arthur, 123, 133, 188
Johnson, Amy, 137
Johnson, Lyndon Baines, 2
K
Kameenui, Edward, 111
Karweit, N.L., 24
Kendall, John, 30
Kennedy, A.A., 60-61
Kentucky, investigação em, 54
Kinder, Diane, 118-119
Kinneavy, James, 119
Kirby, Peggy, 174,176-178
Kohn, Alfie, 89-90,167
Kounin, Jacob, 94
Krapp, A., 135f, 145f
Kube, B., 56
Kulikowich, J.M., 135f
Kumar, D.D., 37f
L
Ladd, H.F., 191
Larson, Jim, 57
Leal, R., 53-54
Learning Gap, The (Stevenson e Stigler), 23-24
Learning, Remembering, Believing: Enhancing Human Performance (Druckman e
Bjork), 111
327
Leary, Timothy, 92
LeDoux, Joseph, 147
legislação, federal, 2, 49, 53
Lehman, Paul, 25
Lei da Educação para Todas as Crianças com Deficiência, 49
Lei de Murphy, 29
Lei dos Direitos Civis de 1964, 2
leitura extensa, 138-140, 141-143
Leitura Livre e Voluntária (FVR), 139
Leitura Silenciosa e Sustentada (SSR), 139, 141-142
Leitura Silenciosa Sustentada e Ininterrupta (USSR), 139
Lemoine, Dwayne, 54, 56
Levine, Daniel, 16-17, 18, 19f, 20, 53, 60, 174f
Levine, Judith, 54
Lewis, C., 145
Lezotte, Lawrence, 16-17, 18, 19f, 20, 53, 60,174f
liderança
como factor relativo à escola, 17f, 18f, 20, 173f
descrita, 60, 172-173
dos directores das escolas em equipa com os professores, 174-175
factores com influência nos colegas, 172-174,176-178
membros e não membros da equipa, 175-176
liderança na escola. Ver a liderança enquanto factor relativo à escola em vários
investigadores, 19f
Lindsley, Ogden, 117
línguas e comunicação, 49
Lipsey, Mark, 35, 36f
Little, Judith, 36, 65-66
Loucks, Susan, 165
M
Madaus, George, 7, 38, 81, 167
Maehr, M.L., 134f, 144,145f
328
Malone, Thomas, 149
Manufactured Crisis: Myths, Frauds, and the Attack on America's Public Schools, The
(Berliner e Biddle), 3, 4
Martella, Ron, 55, 94
Marzano, J.S., 101, 103-105f
Marzano, R.J., 15, 18f, 19f, 22, 60, 76f, 101, 103-105f, 124f, 192
Maslow, Abraham, 148,150
Massachusetts, investigação em, 73
matemática
conceitos, essencial, 28f
estudo, 22, 27-28, 30
por ano de escolaridade, 32-33f
relatório da amostra, 43-44f
mau comportamento. Ver comportamento
McClelland, David, 145
McGaw, B., 187, 192
McKeown, Margaret, 139
McMillan, James, 167
McREL (Mid-continent Research for Education and Learning), 24, 29, 30,142-143
melhorias
na aprendizagem, 168-171
nas notas 6, 7, e 8, 170f
no percentil (Pgain), 191
nos resultados das várias disciplinas, 169f
memória e inteligência cristalizada, 137
memorização. Ver automatismo/ processamento controlado
mestria. Ver automatismo/processamento controlado
metodologia baseada em outliers e estudo de casos, 16
Michigan, investigação em, 158-159
Mid-continent Research for Education and Learning (McREL), 24, 29, 30,142-143
Miller, Andy, 90-91
Moe, Terry, 8-11
Moles, Oliver, 47, 48, 50
monitorizar objectivos, 17f, 18f, 35. Ver também informação de retorno
Monk, D.H., 64
329
Mortimore, P., 174f
motivação
conclusões da investigação, 148-149, 150f
descrita, 144,151-152
emoções e, 147
sistema pessoal, 147-149
teoria da atribuição, 146
teoria da mais valia pessoal, 146-147
teoria do impulso, 144-146
movimento construtivista, 107-108
movimento educativo (1970), 16
Murphy, J., 174f
Murray, Charles, 123,133
Myers, Miles, 25
N
Nagy, William, 138-139
Nation at Risk: The imperative for Educational Reform, A (National Commission on
Excellence in Education), 3
National Geographic Society, 25-26
NCTM (Conselho Nacional dos Professores de Matemática), 27-28, 30, 115
Nelson, J. Ron, 55, 94, 98
Neufeld, J., 174f
neurociência e aprendizagem, 108
New Era of School Reform: Going Where the Research Takes Us, A (Marzano), 19-
20,124
Nisbett, R.E., 147
nível de escolaridade dos pais, 127-128
nível dos rendimentos, pais, 127-128
Noguera, Pedro, 53
Northwest Evaluation Association, 165
notas, 100, 150f
notas, técnicas, 187-192
330
Nova Iorque, investigação em, 45, 63
Nova Zelândia, comparações com, 38
Nuthall, Graham, 109, 112, 113
O
objectividade emocional, 93-95, 102-105
objectivos
definir 35-37
desafiar, 36-37
implementar, 40-46
monitorizar, 17f, 18f, 35
relativos à escola, 15, 19f, 35
observação, directa, 166
Objectivos 2000: Lei da Educação da América (National Education Goals Panel), 53
ociosidade, ligação ao crime, 49, 54, 56-57
Okey, J.R., 36f
Olson, N.L., 174f
Onikama, D.L., 51
oportunidade para aprender (OTL), 18f, 22-24
oposição/cooperação, 18f, 92-93, 99-101
optimismo
liderança e, 176-177
pessimismo vs., 177f
ordenação dos factores relativos à escola, 17-20, 81
Oregon, investigação em, 165
organização Gallup, 54
orientação para as pessoas, 178
orientar, 136-137
orquestrada, imersão, 111
P
331
padrões, estaduais
categorias de desempenho, 39f
currículo e, 23, 24
testes, 38-39, 81, 167
pais/comunidade, envolvimento
como factor relativo à escola, 15, 19f
comunicação 47-48, 49-50
conferências, 50
gestão, 48-52, 65
ordenado como factor, 17f, 18f
orientar, 136-137
participação, 48, 50
pais/ser pai
comunicar com as escolas, 47-48,49-50
expectativas/estilo, 128-130
nível de escolaridade dos, 127-128
nível dos rendimentos/profissão dos, 127-128
programas de formação para, 131-132
supervisionar os alunos, 128-129
Paivio, Alan, 137, 140
Parceria Pais-Professores para a Melhoria do Sucesso da Escola, A 131
Pelo Futuro de Filadélfia Patrocine um Estudante (SAS), 137,141
Pensilvânia, investigação em, 137
percentagem de variância (PV), 5-6, 63f, 187-188,191
percepção do público sobre a segurança nas escolas, 53-54
período de isolamento, 97
pessimistas vs. optimistas, 177f
Peterson, Kent, 62
Phi Delta Kappa, 54
Piaget, J., 112
pistas como estímulo, 98
plano curricular. Ver também abrangência dos conteúdos
confiança no manual, 107
definições de, 106-107
factores relativos aos professores e, 76f
332
identificar conteúdos no, 109, 110f, 116
requisitos da aprendizagem no, 112-116
tarefas e conteúdos no, 109-112
unidades vs. planeamento da aula, 81-83, 84f, 85
plano de aula, 81-83, 84f
Planos Educativos Individuais (IEPs), 46
pobreza nas escolas, 4-5
Politics, Markets and America's Schools (Chubb e Moe), 8-11
Pollack, J.M., 145
pontos de referência, 27, 29
Popham, James, 167
Powell, Glen, 140
POWER (Resultados Positivos à medida que se Divertem com a Leitura), 139
prática e aprendizagem, 115-116
pré/pós testes, 168
pressão para a realização, 17f, 18f, 35-37
prever comportamentos violentos, 58f
Primeiro Estudo Internacional da Matemática (FIMS), 22-23
Principles and Standards for School Mathematics (National Council of Teachers of
Mathematics), 115
Principles of Psychology (James), 111
Prisioneiros do Tempo (estudo), 24, 26
problemas de atenção, alunos com, 104f
procedimentos/regras para o comportamento, 55-56, 89,95-97
processamento controlado/automatismo; 114-118
processo de reforma. Ver também educação; reforma; escolas
avaliar as intervenções, 166-171
continuação de, 171
identificar temas e intervenções, 165-166
recolha de dados da linha de base, 160-165, 179-186f
processos cognitivos, 133-134, 136
processual vs. declarativo, conhecimento, 114-116
professores. Ver também implementações/acções (relativas professor); estratégias de
ensino/educativas
amizade entre, 61-62
333
atitudes dos, 102-105
desenvolvimento profissional, 31, 63-64,65-67
domínio dos conteúdos da disciplina, 63-64
domínio/submissão, 92, 99-101
eficaz/ineficaz, 71-77, 93-95
planificar os testes, 167-168
profissionalismo e, 19f, 20, 60-61,62-64
reforma envolvendo os, 174-178
relações com os alunos, 91-93,99-102
reuniões dos pais com os, 50
supervisão de, 30-31
tomada de decisões pelos, 50-52, 65
professores. Ver também implementações/acções (relativas professor); estratégias de
ensino/educativas comportamento dos,15,19f, 60, 65, 66, 82-83f, 102
professores. Ver também implementações/acções (relativas professor); estratégias de
ensino/educativas equipas, 50-51, 65, 67
profissão dos pais, 127-128
profissionalismo, 19f, 20, 601, 62-64
Programa Cognitivo para a Resolução de Problemas Interpessoais, 99
Programa de Desenvolvimento da Escola (SDP), 50-51, 65
Programa para a Resolução de Problemas Sociais, 99
programa Sputnik, impacto na educação, 1-2
programas de formação para pais, 131-132
Programas para o Envolvimento dos Pais/Família, 47
programas/projectos
Aprender com o Voluntariado e Outros Papéis, 50
Avanço (Head Start), 49
Começo Igual (Even Start), 131
Comunidade como um Manual Escolar, 50
Comunidade como uma Sala de Aula, 50
Continuar (Follow Through), 49
Disciplina Assertiva, 99
Disciplina Cooperativa, 99
Equipa de Apoio aos Alunos e Pessoal, 51,65
Equipa de Gestão e Planeamento Escolar, 51, 65
334
Equipa dos Pais, 51, 65
Gestão Baseada na Escola/Comunidade (SCBM), 51
Irmãos e Irmãs mais Velhos, 137, 141
Leitura Livre e Voluntária (FVR), 139
Leitura Silenciosa Sustentada (SSR), 139,141-142
Leitura Silenciosa Sustentada e Ininterrupta (USSR), 139
Parceria Pais-Professores para a Melhoria do Sucesso da Escola, A 131
Pelo Futuro de Filadélfia Patrocine um Estudante (SAS), 137, 141
Planos Educativos Individuais (IEPs), 46
Programa Cognitivo de Resolução Interpessoal de Problemas, 99
Programa de Desenvolvimento da Escola (SDP), 50-51, 65
Programa para a Resolução de Problemas Sociais, 99
programa Sputnik, 1-2
Programas para o Envolvimento dos Pais/Família, 47
Projecto British Junior School, 17
Projecto para a Melhoria da Atenção Social e da Resolução de Problemas
Sociais, 99
Projecto Pathfinder, 151
Resultados Positivos à Medida que se Divertem com a Leitura (POWER), 139
Skillstreaming, 99
Tempo de Pensar, 98-99
Projecto British Junior School, 17
Projecto para a Melhoria da Consciência Social e para a Resolução de Problemas
Sociais, 99
Projecto Pathfinder, 151
psicologia cognitiva. Ver também aprendizagem
identificar o conteúdo, 109, 110f
requisitos da aprendizagem, 112-116
tarefas e conteúdo, 109-112
psicologia. Ver psicologia cognitiva
Psychological Theory of Educational Productivity, A (Walberg), 123-124
PTA (Associação de Pais e Professores), 47
Q
335
questionários, 160-165, 166, 179-186f
Quiroz, David, 90, 91
R
Ratigan, G., 56
realização
avaliação de, 168-171
competência verbal e, 7
desfasamento, 36-37
diferenças entre alunos, 72f
escolas e, 5, 6-7
estatuto socioeconómico e, 127f
estratégias educativas com influência, 80f
factores com influência, 10f, 15-21, 61-64,71-77,123-125
impacto da investigação, 4-8
inteligência e, 133, 134f
interacções com o professor e, 62f
pressão para, 17f, 18f, 35-37
quando entra na escola no percentil 50, 74f
resultados, 35
realização dos alunos
diferenças, 72f
quando entram para a escola no percentil 50, 74f
Reder, L.M., 108, 115
reestruturação do conhecimento, 112
reforço
da disciplina, 90
diferencial, 97-98
reforma. Ver também educação; processo de reforma; escolas
análise de, 1-8
currículo, 22-25
dados, uso de, 158-159, 160-165, 179-186f
história da, 8-10, 16, 157-158
336
individualização, 158
liderança e, 172-178
mudança como incremento na, 159
unidade Carnegie, 1
regras/procedimentos de comportamento, 55-56, 89,95-97
Reigeluth, Charles, 116
Reilly, J.M., 141
relações estatísticas, não-lineares, 20
relatório Coleman/Equality in Educational Opportunity (Coleman et. al), 2-3, 5-7, 126
relatório de ciências, 44-45f
relatórios/boletins de avaliação, 40, 41-45f
responsabilidade/auto-disciplina, 57
respostas a questionários, 164f
resultados de Coleman utilizando o BESD, 6f
resultados em várias disciplinas, 169f
Resultados Positivos à medida que se Divertem com a Leitura (POWER), 139
Reuter, G.S., 24
Reynolds, David, 6, 15, 36-37, 47, 157, 158, 159
Rickover, Hyman, 2
Rolfhus, Eric, 134
Rosenau, Jennifer, 130
Rosenholtz, Susan, 36
Rosenthal, Robert, 5-6, 189
Rounds, Theresa, 129-130
Rovee-Collier, Carolyn, 112
Rubin, Donald, 5-6,189
Rutter, Michael, 16
S
sala de aula,
clima, 61
comportamento 55-56, 89, 95-97
investigação, 66, 76f
337
plano curricular, 76f
Sammons, Pam, 6, 17, 18-19, 53, 60, 174f
Sanders, William, 72, 73
SAS (Pelo Futuro de Filadélfia Patrocine um Estudante), 137,141
SCBM (Gestão baseada na Escola/Comunidade), 51
Scheerens, Jaap, 15, 17-18, 19f, 20, 37f, 53, 60, 81, 190
Schiefele, U., 135f, 145f
Schmeck, R.R., 145f
Schmidt, F.L., 187,188
Schmoker, Mike, 35-36, 40, 45-46, 158-159
Schoolhouse Politics: Lessons from the Sputnik Era (Dow), 3
Schools We Need and Why We Don't Have Them, The (Hirsch), 23
Schulze, S.K., 135f
SDP (Programa de Desenvolvimento da Escola), 50-51,65
Segers, Mien, 134f, 135
Segundo Estudo Internacional da Matemática (SIMS), 22-23
segurança, 53-54. Ver também ambiente, escola
self, o 147
Seligman, Martin, 146,151-152,177
semelhança 111-112
Setting the Record Straight: Responses to Misconceptions about Public Education in
the United States (Bracey), 4
Sewall, A.M., 54
SFUSD (Distrito Escolar Unificado de São Francisco), 49,131
Simon, H.A., 108, 115
Simpson, Rachel, 90-91
SIMS (Segundo Estudo Internacional da Matemática), 22-23
Singapura, comparações com, 38
sistema pessoal e motivação, 147-149
Skillstreaming, 99
Slater, Michael, 61-62, 175, 176
Slater, Wayne, 138
Smink, Jay, 141
Smith, M.L., 187, 192
Snyder, Tonja, 113-114
338
Soar, Robert, 94
Soar, Ruth, 94
sobrecorrecção, 97
SSR (Leitura Silenciosa Sustentada), 139, 141-142
Stage, Scott, 90, 91
Stahl, Steven, 138, 139, 140
Stein, Faith, 116
Stein, Marcy, 139
Steinkamp, M.W, 134f, 144, 145f
Stevenson, H.W, 23-24, 66-67
Stigler, James, 23-24, 31, 66-67
Stringfield, Sam, 47, 159
submissão/domínio, 92, 99-101
sucesso e motivação, 145, 146, 148-149
Sugai, George, 58, 98
supervisão, 30-31, 128-129
T
Tamir, P., 135f
Tangri, Sandra, 47, 48, 50
Tartwijk, Jan van, 99-100
Teaching Gap, The (Stigler e Hiebert), 31
técnicas de contingência em grupo, 98
Teddlie, Charles, 6, 15, 36-37, 47, 159
telefonemas aos pais, 49
telefonemas aos pais, 49
televisão, 129
tema a focar pelo processo de ensino-aprendizagem, 110f
tempo de aula não-instrutivo, 25, 29, 31-34
tempo lectivo
auditoria do tempo, 29
comparado com outros países, 26, 31
currículo e, 22, 24-25, 29-34
339
gestão, 31-34
não-instrutivo vs. 25, 29, 31-34
ordenado como factor, 17f, 18f
viabilidade e, 22, 24-25, 29-30
Tempo para Pensar, 98-99
tempo. Ver tempo lectivo
Tennessee, investigação em, 73
teoria da atribuição, 146
teoria da codificação dual, 137
teoria da regressão, 188
teoria do impulso, 144-146
teoria do valor próprio, 146-147
teoria dos esquemas, 112
Terceiro Estudo Internacional da Matemática e das Ciências (TIMSS), 3-4, 26, 107
termos relativos aos conteúdos das disciplinas , 142-143
testes
estandardizados vs. sensíveis ao currículo, 81, 167
feitos pelo professor, 167-168
planificação de, 38-39, 168-171
Texas, investigação em, 53-54, 62, 73
TIMSS (Terceiro Estudo Internacional da Matemática e das Ciências), 3-4,26,107
Tobias, S., 135f, 145f
Tobin, Tare, 58
tomada de decisão Ver controlo declarativo vs. conhecimento processual, 114-116
transcrições de ciências, amostra, 44-45f
Transforming Classroom Grading (Marzano), 40
U
unidade de Carnegie, 1
unidades, enquadramento para, 83, 85-87
universidade como objectivo, 137
Universidade da Carolina do Sul, 131
USSR (Leitura Silenciosa Sustentada e Ininterrupta), 139
340
utilização dos dados nas reformas, 158-159,160--165, 179-186f
V
variância. Ver percentagem da variância (PV)
viabilidade (currículo) e tempo, 22, 24-25,29-34
vigilância, 93-94, 102
Villani, Christine, 61
violência, 53-54, 57-58. Ver também ambiente, escola
visitas domiciliárias, 50
vocabulário 137-143
voluntários, 50
W
Walberg, Herbert, 26, 36f, 37f, 88, 123-124, 134f
Wall Street Journal, 4
Wang, Margaret, 88
Washington, investigação em, 54
Weglinsky, Harold, 64
Weiner Bernard, 146
Welch, Wayne, 124
What Matters Most: Teaching for America's Future (National Commission on Teaching
and America's Future), 63-64
What Works: Research about Teaching and Learning (Bennett), 78-79
White, Karl, 126-128
Whitener, Ellen, 107
Why America Has the World's Dimmest Bright Kids (Finn), 4
Wiliam, Dylan, 38
Wilkens, Jesse, 22-23
Willingham, W.W., 145
Willms, J. Douglas, 158
Willson, V.L., 187
341
Wilson, David, 35,36f
Wilson, T.D., 147
Winborn, John, 56
Winteler, A., 145f
Wise, K.C., 36f
Wlodkowski, Raymond, 57
Womack, S.T, 64
Wright, S. Paul, 72
Wubbles, Theo, 92, 93, 99-100
Wysocki, Katherine, 139
342