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Chuvas fazem 13 vítimas em SP Escritórios de advocacia que interme- deiam a compra e venda de empresas co- meçaram o ano otimistas e cheios de tra- balho. Janeiro, tradicionalmente morno, está aquecido. Grande parte das bancas já tem mais negócios em andamento do que o total de operações concluídas em 2010, segundo levantamento do B R A S I L E C O N Ô M I C O . São os casos de Mattos Filho e Pinheiro Neto. Participar de privatiza- ções e obras de infraestrutura está entre as prioridades de investidores. P30 Janeiro aquecido indica recorde de fusões de empresas em 2011 Fundos que compram fatias de empresas e consolidam segmentos estão entre principais estimuladores do movimento Grande São Paulo teve vários pontos de alagamento, como o do Campo de Marte. O governador Geraldo Alckmin promete investir R$ 800 milhões, mas diz que não há solução em 24 horas. P4 QUARTA-FEIRA, 12 DE JANEIRO, 2011 | ANO 3 | Nº 347 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00 J o s é Q u i n t a s , da La Basque, relança a marca Baden Baden para atrair as classes B e C e sustentar sua operação de sorvetes. P26 TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA JUROS META EFETIVA BOLSAS VAR. % ÍNDICES INDICADORES 11.1.2011 Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) Selic (a.a.) Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong 1,6879 1,6850 2,1885 1,2966 0,4243 10,75% 0,42 0,30 0,33 0,37 0,97 0,99 1,6887 1,6870 2,1899 1,2968 0,4248 10,66% 70.423,44 11.671,88 2.716,83 1.274,48 6.014,03 23.760,34 Juca Varella/Folhapress Henrique Manreza Concorrência faz Cielo mimar cliente de cartão A abertura do mercado de credenciamento, que ampliou a competição entre empresas do setor, leva a companhia a criar programas de fidelidade para os usuários. Antes, lojistas centralizavam atenções. P32 Antes ou depois de ir às compras, empresas estudam vender ações na bolsa. www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br Ronaldinho Gaúcho no Flamengo deve dar cartão vermelho para os negócios entre Palmeiras e Traffic. P28 Brasil negocia mais com países emergentes do que com ricos O comércio com países em desenvolvimento subiu 390% em oito anos, passando de US$ 34,2 bilhões para US$ 169,2 bilhões. Negócios com as nações ricas cresceram 170% no período. P12 Sindicalistas usam mínimo para pressionar governo Dilma Fortalecidas pela disputa entre PT e seu principal aliado, o PMDB, sobre o reajuste, as seis principais centrais sindicais decidiram, ontem, batalhar pelo valor de R$ 580. P14 Agroceres foca produção em ração de aves, bois e suínos Após adquirir a rival Multimix, companhia muda sua estratégia para concentrar esforços em grandes mercados e deixa de atender as áreas de nutrição de pets e de peixes. P22 Quase metade da população não tem conta em banco É o que indica uma pesquisa preparada pelo Ipea. Segundo o levantamento, apenas 4,5% dos entrevistados veem o crédito como uma das funções primordiais dos bancos. P35

Janeiro aquecido indica recorde de fusões de …brasileconomico.epaper.grupodia.com.br/contents/BE_2011-01-12.pdf · 2 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 NESTA EDIÇÃO

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Chuvas fazem13 vítimas em SP

Escritórios de advocacia que interme-deiam a compra e venda de empresas co-meçaram o ano otimistas e cheios de tra-balho. Janeiro, tradicionalmente morno,

está aquecido. Grande parte das bancasjá tem mais negócios em andamento doque o total de operações concluídas em2010, segundo levantamento do BRASIL

ECONÔMICO. São os casos de Mattos Filho ePinheiro Neto. Participar de privatiza-ções e obras de infraestrutura está entreas prioridades de investidores. ➥ P30

Janeiro aquecido indica recordede fusões de empresas em 2011Fundos que compram fatias de empresas e consolidam segmentos estão entre principais estimuladores do movimento

Grande São Paulo teve vários pontos de alagamento, como odo Campo de Marte. O governador Geraldo Alckmin promete investirR$ 800 milhões, mas diz que não há solução em 24 horas. ➥ P4

QUARTA-FEIRA, 12 DE JANEIRO, 2011 | ANO 3 | Nº 347 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00

José Quintas, da La Basque,relança a marca Baden Baden paraatrair as classes B e C e sustentarsua operação de sorvetes. ➥ P26

TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA

JUROS META EFETIVA

BOLSAS VAR. % ÍNDICES

INDICADORES 11.1.2011

Dólar Ptax (R$/US$)Dólar comercial (R$/US$)Euro (R$/€)Euro (US$/€)Peso argentino (R$/$)

Selic (a.a.)

Bovespa - São PauloDow Jones - Nova YorkNasdaq - Nova YorkS&P 500 - Nova YorkFTSE 100 - LondresHang Seng - Hong Kong

1,68791,68502,18851,29660,4243

10,75%

0,420,300,330,370,970,99

1,68871,68702,18991,29680,4248

10,66%

70.423,4411.671,882.716,831.274,486.014,03

23.760,34

Juca Varella/Folhapress

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Concorrênciafaz Cielo mimarcliente de cartãoA abertura do mercado decredenciamento, que amplioua competição entre empresasdo setor, leva a companhiaa criar programas de fidelidadepara os usuários. Antes, lojistascentralizavam atenções. ➥ P32

Antes ou depois de ir àscompras, empresas estudamvender ações na bolsa.

www.brasileconomico.com.brmobile.brasileconomico.com.br

Ronaldinho Gaúcho noFlamengo deve dar cartãovermelho para os negóciosentre Palmeiras e Traffic. ➥ P28

Brasil negociamais com paísesemergentes doque com ricosO comércio com países emdesenvolvimento subiu 390% emoito anos, passando de US$ 34,2bilhões para US$ 169,2 bilhões.Negócios com as nações ricascresceram 170% no período. ➥ P12

Sindicalistasusam mínimopara pressionargoverno DilmaFortalecidas pela disputaentre PT e seu principal aliado,o PMDB, sobre o reajuste, as seisprincipais centrais sindicaisdecidiram, ontem, batalharpelo valor de R$ 580. ➥ P14

Agroceres focaprodução emração de aves,bois e suínosApós adquirir a rival Multimix,companhia muda sua estratégiapara concentrar esforçosem grandes mercados e deixade atender as áreas de nutriçãode pets e de peixes. ➥ P22

Quase metadeda populaçãonão tem contaem bancoÉ o que indica uma pesquisapreparada pelo Ipea. Segundoo levantamento, apenas 4,5%dos entrevistados veem ocrédito como uma das funçõesprimordiais dos bancos. ➥ P35

2 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

NESTA EDIÇÃO

Em alta

Escritórios especializados estão iniciandoo ano com mais negócios em andamentodo que o total fechado durante o anopassado, como é o caso do Mattos Filho,que participou de 52 transações em 2010e tem 80 em fase de consultas.“Praticamente todo dia surge algum caso”,diz João Ricardo Ribeiro, sócio da banca.O Pinheiro Neto que conduziu 49 aquisiçõesno ano passado, tem 50 em andamento.“Tem tudo para ser um ano atípico,com um janeiro muito forte. Os gestoresemendaram compromissos entre o fim doano e o começo deste.”, confirma MiguelTornovisky, sócio do escritório. ➥ P30

Um janeiro movimentadoem fusões e aquisições

Murillo Constantino

Henrique Manreza

La Basque não quer ficarapenas no topo da pirâmideLa Basque e Baden Baden, marcas desorvetes de Aloysio Faria, ex-dono dobanco Real, disputam brechas nummercado dominado pela Unilever e Nestlé.José Alberto Ventura Quintas, diretorda La Basque Alimentos, explica quea primeira é direcionada para asclasses A e B+, e a segunda para a B e C.“Não dá para produzir somente parao topo da pirâmide. É preciso ter um carro,no nosso caso um sorvete, que atendauma massa maior e sustente a operação”,diz Quintas sobre a Baden Baden, cujasvendas, segundo ele, surpreenderam,tendo crescido o dobro que a média de15% da tradicional La Basque. ➥ P26

Brasil incrementa comérciocom os países emergentesO comércio com os emergentes passou deUS$ 34,2 bilhões em 2002 para US$ 169,2bilhões em 2010, com expansão de 390%,enquanto com as nações desenvolvidas,evoluiu, no mesmo período, de US$ 64,6bilhões para US$ 177,8 bilhões, mais 175%.“Os emergentes tiveram um desempenhoeconômico mais dinâmico que osdesenvolvidos, puxado pela alta dascommodities no mercado internacional”,explica Luis Afonso Lima, presidente daSociedade Brasileira de Estudos de EmpresasTransnacionais (Sobeet). Dados do FMImostram que o comércio global de bens eserviços somou US$ 18,3 trilhões em 2010e deve chegar a US$ 20 trilhões em 2011. ➥ P12

Depois de adquirir a concorrente Multimix, a AgroceresNutrição decidiu abandonar discretamente os mercadosde ração para cães e gatos e peixes, para se concentrarnaquelas três áreas. “Não dá para pôr foco em tudo”, justifica Maurício Nacif de Faria, diretor superintendente. ➥ P22

Agroceres prefere bovinos, aves e suínos

Whirlpool, dona da marca, lança refrigeradores e fogõescom estilo de eletrodomésticos dos anos 40 e 50, mascom tecnologia moderna. Denominada “família retrô”,a linha foi desenvolvida nos últimos dois anos. ➥ P11

Brastemp volta aos anos 50

Programa “Fique Legal” implantado pela prefeitura domunicípio capixaba, na região metropolitana de Vitória,conseguiu ampliar a renovação e criação de empresasde 468 em 2005 para 2.716 no ano passado. ➥ P16

Cariacica formaliza a pequena empresa

“O seguro de vida havia morrido por causa da hiperinflação”,afirma Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, aocomentar a reativação desse mercado, devido a estabilidadeeconômica e ao aumento da renda da população. ➥ P34

Seguradoras ressuscitam seguro de vida

Constatação é do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea) e se refere a pessoas que não tem contacorrente ou de poupança. Nas regiões Norte e Nordeste,a exclusão chega a 50%, apesar dos esforços do sistemabancário para atrair novos correntistas. ➥ P35

Exclusão bancária chega a 39,5% no país

Quantia, que será aplicada prioritariamente na saúde,representa o triplo do US$ 1 bilhão previsto para 2010,do qual foram enviados 72%, de acordo com Nigel Fisher,coordenador humanitário da ONU para o Haiti. ➥ P38

Haiti deve receber US$ 3 bi este ano

Ueliton Santos

Henrique Manreza

Valéria Gonçalvez

Sindicalistas reunidos ontem, em São Paulo, acertaramagenda conjunta de eventos para pressionar o governofederal para aumento do salário mínimo seja superior aosR$ 540 propostos por Lula no fim do mandato. ➥ P14

Centrais querem mínimo de R$ 580

Os produtores de flores trocaram o mercado externo pelointerno, em 2010. O Ceará, segundo maior produtor, apesarde ter exportado 30% menos, fechou o ano com alta de40% na produção, em função das vendas internas. ➥ P18

Mais flores para o mercado interno

A holandesa Nutreco, que se uniu, em 2010,à brasileira Fri-Ribe, planeja construir duas fábricasnos próximos anos, uma delas só para rações paraaquicultora, e outro para mamíferos e aves. ➥ P22

Nutreco dá prioridade aos peixes

Parceria do portal com a Microsoft para buscas na internet,já em operação nos Estados Unidos, está sendo preparadapara chegar à América Latina. o Yahoo foi pioneira emlinks patrocinados, mas foi atropelado pelo Google. ➥ P25

Yahoo tenta recuperar espaço perdido

A FRASE

“Além de ganhar a Copa,a Argentina também quer participarda construção dos estádios”

Héctor Timerman, chanceler argentino, sobre o interesse das empresas deseu país em participarem das obras de infraestrutura para a Copa do Mundode 2014 e Olimpíada de 2016. A afirmação foi feita durante encontro com seucolega brasileiro, Antonio Patriota, na segunda-feira, em Buenos Aires.

Divulgação

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 3

Diretor de Redação Ricardo GaluppoDiretor Adjunto Costábile Nicoletta

Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales,Jiane Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Cla-ra Ywata Editores Carla Jimenez (Brasil), ConradoMazzoni (On-line), Fabiana Parajara (Destaque), Már-cia Pinheiro (Finanças), Rita Karam (Empresas) Su-beditores Estela Silva, Isabelle Moreira Lima (Em-presas), Luciano Feltrin (Finanças), Marcelo Cabral(Brasil), Micheli Rueda (On-line) Repórteres AmandaVidigal, Ana Paula Machado, Ana Paula Ribeiro, Bár-bara Ladeia, Carlos Eduardo Valim, Carolina Alves,Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli,Daniela Paiva, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego,Elaine Cotta, Eva Rodrigues, Fabiana Monte, FábioSuzuki, Felipe Peroni, Françoise Terzian, João PauloFreitas, Juliana Rangel, Karen Busic, Luiz Silveira,Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle,Mariana Segala, Martha S. J. França, Michele Lourei-ro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Justus, PedroVenceslau, Priscila Dadona, Priscila Machado, Regia-ne de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego, Va-nessa Correia, Weruska Goeking Brasília Maeli Pra-do, Simone Cavalcanti Rio de Janeiro Daniel Haidar,Ricardo Rego Monteiro

Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor), Evan-dro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo RobertoArgento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, TaniaAquino (Paginadores), Infografia Alex Silva (Chefe), An-derson Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena(Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Evandro Montei-ro, Henrique Manreza, Murillo Constantino, RafaelNeddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bue-no, Carlos Henrique, Fabiana Nogueira, Thais Moreira(Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secreta-ria/Produção Shizuka Matsuno

Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Execu-tivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Jú-lio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Caroli-na Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, WilsonHaddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Geren-te Comercial), Celeste Viveiros, Mariana Sayeg (Execu-tivos de Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mer-cados), Andréia Luiz (Assistente Comercial)

Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), João Fe-lippe Macerou Barbosa, Samara Ramos (Coordena-dores), Daiana Silva Faganelli (Analista), SolangeSantos (Assistente Executiva)

Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de PublicidadeLegal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo),Adriana Araújo, Ana Alves, Carlos Flores (Executivosde Negócios), Solange Santos (Assistente Comercial)

Departamento de Marketing Anysio Espindola, Evani-se Santos (Diretores), Rodrigo Louro (Gerente deMarketing), Giselle Leme, Roberta Baraúna (Coorde-nadores de Marketing).

Operações Cristiane Perin (Diretora)

Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Di-retor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Direto-ria), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento)

Central de Assinantes e Venda de Assinaturas MarcelloMiniguini (Gerente de Assinaturas), Vanessa Rezende(Supervisão de Atendimento), Conceição Alves(Supervisão)

São Paulo e demais localidades 0800 021 0118Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30.Sábados, domingos e feriados - das 7h às [email protected] de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112

Jornalista Responsável Ricardo Galuppo

Auditado pela BDO Auditores Independentes

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Condições especiais para pacotes e projetos corporativos (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)

Presidente do Conselho de AdministraçãoMaria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos

Diretor-Presidente José MascarenhasDiretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro

Diretores Executivos Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo

EDITORIAL

São Paulo ea tragédiaanunciadaMesmo sujeitos a aborrecimentos, comofortes enxurradas, lamaçais e estradasintransitáveis, os habitantes das zonasrurais e de pequenas cidades cuja ativi-dade econômica é vinculada ao campo,em hipótese alguma maldizem as chu-vas, por mais violentas que sejam. Numaespécie de gratidão que, em tempos pas-sados, chegava a ser quase mística, sa-biam que, uma vez abundantes, elas ga-rantem a produtividade do solo, refleti-da em boas safras, e renovam os manan-ciais das propriedades.

Essa postura deveria ser levada emconsideração, principalmente por repre-sentantes de órgãos públicos, nos co-mentários sobre as ocorrências da noitede segunda para terça-feira, quando acapital paulista e várias cidades do estadovoltaram a ser assoladas por fortes en-chentes, com a contabilização de 13 víti-mas fatais até o final da tarde de ontem. Acausa de tudo foi o excesso de chuvas,afirmaram em coro, argumentando que acidade já recebeu um volume quase igualao previsto para o mês todo, como se ocorreto fosse a natureza estabelecer umaescala e distribuir as precipitações equili-bradamente no decorrer do mês e do ano.

Num paradoxo difícil de entender, aduração da chuva e seu volume ganhammais importância que as lamentáveisconsequências das enchentes, comomortes, desabamentos, veículos levadospelas águas, prejuízos e transtornos paraa grande maioria dos habitantes.

A drenagem dos pântanos do Tietê,Pinheiros e rios menores, garantindomais terrenos para projetos imobiliáriose construção de vias como as “margi-nais”, inexistência de uma eficiente polí-tica de saneamento, precariedade na co-leta do lixo e a conivência com as ocupa-ções de áreas de risco, muitas com o avalda própria prefeitura municipal, com-põem esse mosaico de erros e equívocosque começou a ser desenhado há déca-das e se agrava a cada ano.

Usar as chuvas como justificativapara esses males é tão incompreensívelcomo se os habitantes da região de Li-vramento, na divisa do Rio Grande doSul com o Uruguai, culpassem a exis-tência do sol pela forte estiagem quevem assolando suas terras. ■

O mosaico de erros que levaà tragédia das enchentes vemsendo desenhado há décadase se agrava a cada ano

Cielo desenvolve ações para fidelizar portadores de cartões, quebrando o paradigmade que só o lojista é o cliente. “Estamos ganhando clientes em todas as frentes, o que podeser visto pela evolução dos volumes transacionados”, diz Rômulo Dias, presidente. ➥ P32

RÔMULO DIAS, PRESIDENTE DA CIELO

Marcela Beltrão

4 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

DESTAQUE DESASTRES CLIMÁTICOS

Mariana [email protected]

A chuva que caiu na região me-tropolitana de São Paulo na noitede anteontem irritou motoristase trouxe prejuízos para muitoscomerciantes e prestadores deserviços. Danos maiores, porém,tiveram as famílias de, pelo me-nos, 13 pessoas que morreramno estado por causa da tempes-tade. Desde o dia primeiro dedezembro, houve 23 mortes emdecorrência das chuvas, deacordo com a Coordenadoria Es-tadual de Defesa Civil. Ontem,somente na capital foram regis-trados 125 pontos de alagamen-tos pela Companhia de Enge-nharia de Tráfego (CET), 58 de-les considerados intransitáveis.No estado, foram mais de 150.

Em volume, esta foi a quartamaior chuva registrada desde2005 na cidade de São Paulo,com 68,9 milímetros cúbicos. Amaior chuva dos últimos cincoanos ocorreu em dezembro de2009 e teve 77,4 milímetros cú-bicos. Até a noite de ontem ha-via chovido 221,3 milímetroscúbicos na capital paulista,sendo que a média prevista parao mês todo é de 239 milímetroscúbicos. “É comum termos pe-ríodos mais secos e outros maischuvosos no mês, de qualquerforma é bem provável que amédia seja ultrapassada”, dizMichael Rossini Pantera, me-teorologista do Centro de Ge-rencialmento de Emergênciasda capital paulista. Em janeirodo ano passado, as chuvas tam-bém foram intensas e foi regis-trado volume de 461,3 milíme-tros cúbicos no total.

Reflexos econômicos“As chuvas causam grandestranstornos e prejudicam asvendas, principalmente para osvarejistas de pequeno porte”,diz Josef Barat, presidente doConselho de Desenvolvimentode Cidades da Federação do Co-mércio de Bens, Serviços e Tu-rismo (Fecomercio). Ele explicaque a circulação dos consumi-dores é reduzida pela dificulda-de de tráfego nas vias. “Mas osprejuízos podem ser maiores se

houver danos ao estoque e àsinstalações dos estabelecimen-tos comerciais”, afirma.

Na Companhia de Entrepos-tos e Armazéns Gerais de SãoPaulo (Ceagesp) foram perdidascerca de 20% das frutas estoca-das no pavilhão afetado peloalagamento, principalmentemelancias. A direção do Cea-gesp estima que 40 toneladas dafruta foram destruídas. Na tardede ontem, os comerciantes quetrabalham no local se esforça-vam para limpar o local. “Todoano é assim. Esta enchente é aprimeira do ano. Não se sabequando virá a próxima”, dizMarcos Caires, dono de uma lojade frutas, que estima ter perdi-do de R$ 60 mil a R$ 80 mil.

A Ceagesp, que fica próxi-ma à Marginal Pinheiros, mo-vimenta, aproximadamente,R$ 15 milhões por dia e dez to-neladas de alimentos. Ela este-ve fechada por mais de setehoras e só foi reaberta as 9h30de ontem, prejudicando as ven-das que normalmente ocorremno período da manhã.

ImpactoA Defesa Civil emitiu alerta paraa capital paulista e região metro-politana por volta de 21h de se-gunda-feira. Menos de uma horadepois, o Centro de Gerencia-mento de Emergência da capitalcolocou todas as áreas da cidadeem atenção. As Zonas Leste eCentral foram as mais prejudica-das. No estado, além de São Pau-lo, as cidades mais afetadas fo-ram Mauá, São José dos Campose Atibaia, segundo a Coordena-doria Estadual da Defesa Civil.

O Rio Cabuçu de Baixo, naZona Norte da capital paulista, eos córregos Morro do S, na ZonaSul e Jaguaré, na Zona Oestetransbordaram ainda na noite deanteontem. Na madrugada deterça-feira, foi a vez dos Rios Tie-tê e Pinheiros transbordarem.Túneis foram fechados devido aosalagamentos, a estação Repúblicada linha Vermelha do Metrô, naregião central da capital, foi inva-dida parcialmente pela água e di-versos pontos da região centralficaram sem energia, segundo aAES Eletropaulo. ■

Chuvas causampelo menos 13mortes em SPPrejuízos para o comércio ainda estão sendo contabilizados. NoCeagesp, que ficou alagado, pelo menos 40 t de frutas se perderam

Em volume,esta foi a quartamaior chuvaregistrada desde2005 na cidadede São Paulo, com68,9 milímetroscúbicos. Desdedezembro, 23 pessoasmorreram no estadoem decorrênciadas tempestades

RISCO DE NOVAS TEMPESTADES ASSUSTA

PELO BRASIL

País registra 45 mortes desde novembro emconsequência de enchentes e desabamentos

Desde novembro 45 pessoasmorreram em todo o país, pordecorrência das chuvas. Os estadosde Minas Gerais e Espírito Santoforam os mais afetados. Juntostiveram 47% do total de óbitosregistrados no país, e cerca de1,733 milhão de pessoas afetadas,segundo o Centro Nacionalde Gerenciamento de Riscos eDesastres (Cenad), da SecretariaNacional de Defesa Civil. Desdenovembro, Minas Gerais foio que teve mais municípiosatingidos pela chuva, 100 ao todo.No Espírito Santo, 37 cidadestiveram prejuízos com as chuvas.

Ontem, o Ministério das Cidadesanunciou investimentos deR$ 11 bilhões em obras deprevenção de desastres naturais.Os recursos são do PAC2. Por meiode nota, o ministério afirmou terações específicas para prevenirdeslizamentos de encostas einundações provocados por forteschuvas. Do investimento total,R$ 1 bilhão está reservado paraelaboração de planos municipaise projetos básicos para contençãode encostas. Na primeira seleçãodo PAC 2 foram contempladas385 obras de contenção em41 municípios. M.C. com Reuters

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 5

LEIA MAIS Produção de leitee carne foi comprometida

pela seca na divisa entre o RioGrande do Sul e o Uruguai.Bacia leiteira registraperdas de 50%.

Clima pressiona aindamais a inflação dos

alimentos. Preço dos produtosin natura pode subir já napróxima semana, em SãoPaulo, forçando revisão do IPC.

Seguradoras afirmam quesinistros e atendimentos

tendem a aumentar 30%na época de chuvas.Mas nem toda a frota temcobertura para enchentes.

A região metropolitanade São Paulo podeenfrentar chuvas fortesnovamente amanhã,afirma o meteorologistaThomaz Garcia, daClimatempo. De acordocom ele, há condiçõesde pancadas de chuvana região pelo menos atésábado, por conta dasáreas de instabilidadeformadas pela frente friaque desencadeou atempestade que atingiua cidade entre anteonteme ontem. De acordocom Garcia, Ceará, MatoGrosso e Goiás tambémregistraram fortes chuvasontem. E a instabilidadeainda é grande emtoda a Região Sudeste.Rio de Janeiro e MinasGerais também podemregistrar chuvas fortesnos próximos dias.No Rio Grande do Sul, poroutro lado, a estiagempersiste até o fim do mês.Fabiana Parajara

Nilton Cardin/Futura Press

Governo do estado antecipadesassoreamento do Rio Tietêe assina contrato com o BID

Juliana [email protected]

O governador de São Paulo, Ge-raldo Alckmin, anunciou ontemum plano de ações que somaráR$ 800 milhões em medidasque visam evitar novos prejuí-zos com as chuvas. Mas, ele ad-mite que, para este verão, nãohá ação de efeito imediato.“Não é possível fazer obra em 24horas”, afirmou.

Depois de ter sobrevoado osRios Tietê e Pinheiros, ele sereuniu com secretários de go-verno, com o prefeito de SãoPaulo, Gilberto Kassab, e de ou-tros municípios para definir asmedidas a serem adotadas. En-tre elas, está o desassoreamentode 2,1 milhões de metros cúbicosdo Tietê. O objetivo é aprofundara calha do rio, que transbordouem vários pontos ontem, com-plicando o trânsito na capital.“Estamos autorizando que sefaça, até o fim do ano, tudo o quefaríamos em dois anos”, disse.

Mas, as chuvas podem retar-dar as obras. Durante o verão,período de maior precipitação naregião, consegue-se retirar nomáximo 200 mil metros cúbicosdo rio. No ano passado, ainda nogoverno José Serra, foram retira-dos 1 milhão de metros cúbicosdo Tietê. “O desassoreamento éeterno. Se passarmos um verãosem desassorear, teremos 500mil metros cúbicos de areia, sofá,geladeira, papel e sujeira dentrodo Rio”, afirmou Alckmin.

Para cada um milhão de me-tros cúbicos retirados do rio, ogoverno gasta R$ 64 milhões. Oobjetivo da Secretaria de MeioAmbiente é reaproveitar a areiaretirada para fazer argamassa erodovias, reduzindo o custo dodesassoreamento até a metade.

Além disso, foram anuncia-das medidas de longo prazo. Ogoverno vai contratar três bom-bas para desassorear em 1,5 mi-lhão de metros cúbicos o Rio Pi-nheiros, o que poderá levar atédois anos. Serão retirados aindamais 580 mil metros cúbicos nabarragem da Penha. O governoautorizou ainda uma obra embaixo da Ponte Aricanduva, naZona Leste da capital, sobre oRio Tietê; a canalização do cór-rego de Três Pontas; e um proje-

to para recuperar a várzea e amata ciliar do Tietê, orçado emUS$ 200 milhões e que contarácom US$ 115 milhões do BancoInteramericano de Desenvolvi-mento — que espera autorizaçãodo Senado. A primeira fase seráconcluída em quatro anos.

Na divisa de São Paulo comGuarulhos, será feita uma cir-cunvalação na margem direitado rio, com capacidade para ar-mazenar 900 mil metros cúbi-cos de água. E, em Jaboticabal,no interior paulista, será cons-truído um piscinão com igualcapacidade. Essa obra será lici-tada até novembro.

Cheque para desabrigadosO governador afirmou ainda queassinaria, ainda ontem, um de-creto para dar R$ 1 mil a famíliasque comprovadamente tenhamperdido seus pertences em en-chentes. O prefeito de São Paulo,Gilberto Kassab, lembrou par-cerias bem-sucedidas com o go-verno do estado, como a pontedo Rio Aricanduva, onde a pre-feitura também fez desassorea-mento. “ Tivemos em dois anosum único dia de alagamento, aolongo de 200 metros”, afirmou.E acrescentou que a recuperaçãoda várzea do Tietê complemen-tará as ações no Jardim Panta-nal, que passou mais de um mêsalagado no ano passado. ■

Várias cidades mineirasficaram alagadas no fim do ano

Frederico Haikal/Hoje em Dia/Folhapress

Governo investeR$ 800 milhõesno combatea enchentes

“Se a qualquermomento chovermais que a capacidadede investimentos,é evidente quehaverá alagamentos.Mas as obras têmcorrespondido(aos recursos)

Gilberto Kassab,prefeito de São Paulo

6 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

DESTAQUE DESASTRES CLIMÁTICOS

Luiz [email protected]

Uma chuva de 40 minutos ala-gou vários pontos de Porto Ale-gre ontem, com um volumeequivalente à metade do espe-rado para todo o mês de janei-ro. Durante o rápido temporal,choveu 45 milímetros na capi-tal gaúcha, mais do que todasas chuvas acumuladas desdedezembro no município deSantana do Livramento (RS),um dos mais afetados pela es-tiagem de quatro meses.

Toda a região da fronteiracom o Uruguai está sofrendocom a falta de chuvas, que já co-locou cinco municípios em es-tado de emergência — a listacrescerá diariamente durante asemana. Mas, na Metade Norte ena região litorânea do estado, aschuvas estão dentro ou até mes-mo acima da média, em umamanifestação característica dofenômeno climático La Niña: aschuvas desuniformes.

Os impactos da seca na regiãochamada de Campanha Gaúcha

está afetando principalmente apecuária. Isso porque apenas10% da produção de grãos doestado está na Metade Sul, ex-plica Alencar Rugeri, diretortécnico da empresa estadual deassistência técnica e extensãorural, a Emater/RS.

Em Santana do Livramento,um dos municípios mais afeta-dos pela estiagem, a perda deprodução leiteira é estimada em40%, segundo o presidente doSindicato Rural, César Maciel.“Há municípios em que a perdada bacia leiteira chega a 50%”,afirma Rugeri, da Emater.

Os pecuaristas de Alegrete eLivramento, os municípioscom os dois maiores rebanhosdo estado, estão preocupadoscom a redução de produtivida-de do rebanho. “Os bois nãoengordam e deixaremos devender, mas o mais alarmante éuma perda de 30% na reprodu-ção de bovinos”, diz Maciel.Gerando menos bezerros, osprodutores perdem receita alongo prazo. Juntos, os doismunicípios somam mais de 1,1

milhão de cabeças de bovinos,segundo dados de 2009 do Ins-tituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE).

Embora tenha pouco pesoeconômico, a produção de grãosda região da Campanha é vol-tada à alimentação dos animaisde criação e à subsistência dosagricultores. “A agricultura desubsistência foi 100% perdi-da”, diz Maciel.

Em Santana do Livramentohá 1,4 mil propriedades rurais eoutras 2 mil propriedades deassentamentos, que vivem daplantação de itens como milho,feijão, mandioca e batata. “Ascomunidades rurais já estão re-cebendo água potável por ca-minhão-pipa, coisa que eununca vi nos meus 57 anos”,relata o produtor rural.

Os problemas sociais decor-rentes da seca, portanto, tendema se acentuar no campo. O gover-no do estado já começou a enviarágua, cestas básicas e filtros deágua para os municípios de Can-diota, Herval e Pedras Altas, osprimeiros a decretar o estado de

emergência. Livramento seguiu omesmo caminho ontem.

Se já falta água para o consu-mo humano, pior ainda é a si-tuação para os animais. “EmSantana do Livramento choveunos últimos três meses 79%menos que o normal”, afirmaRugeri. No município vizinhode Bagé, a chuva está 67% abai-xo da média histórica para osúltimos três meses.

Diante das previsões de queas chuvas ainda ficarão abaixoda média pelos próximos 90dias, há a perspectiva de que aárea plantada com soja e milhona região sul do Rio Grande doSul caia 50%. “O problema éque o produtor já está com todosos insumos comprados e não háalternativa de renda para suasterras”, diz Maciel.

Como só há 7% da soja do es-tado na região afetada, haveriauma quebra de 3,5% na produ-ção gaúcha, segundo as contasda Emater. “É pouco para o es-tado, mas as perdas são muitoconcentradas”, diz o diretortécnico da entidade. ■

Seca quebra produção de bois eleite pela metade no extremo SulLa Niña faz Campanha Gaúcha sofrer sem água, enquanto enchentes alagam a capital, Porto Alegre

Governo gaúchojá começou a enviarágua, cestas básicase filtros de águapara os municípiosde Candiota, Hervale Pedras Altas,os primeiros adecretar o estado deemergência. Santanado Livramentoseguiu o mesmocaminho ontem

Nauro Júnior/Folhapress

Perdas na pecuária de leite e corteatingem os dois maiores rebanhos gaúchos,de Alegrete e Santana do Livramento

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 7

Clima pode pressionar aindamais a inflação dos alimentosOferta de produtos in naturapode ser prejudicada,com reflexos nos preços

Fabiana [email protected]

As chuvas que atingem o Sudestee o Centro-Oeste do país nos úl-timos dias e a estiagem registra-da no Rio Grande do Sul podemter reflexos nos índices de infla-ção a partir da próxima semana.De acordo com Antonio EvaldoComune, coordenador do Índicede Preços ao Consumidor (IPC),a partir da próxima prévia do in-dicador, será possível saber se aschuvas afetaram a produção pelocomportamento do preço dosalimentos in natura. O índice daFundação Instituto de PesquisasEconômicas (Fipe) mede a infla-ção na cidade de São Paulo. Can-teiros do cinturão verde da capi-tal podem ter sido afetados pelastempestades dos últimos dias.

Se houver aumento de preçodos produtos in natura, o índice,que tinha tendência a desacele-rar, pode ganhar novo impulso.

A projeção para a taxa de infla-ção no fim de janeiro foi reduzi-da ontem de 1,20% para 1,15%.

“Parte dessa revisão se deve aogrupo alimentação, porque o pre-ço da carne e do feijão apresenta-ram melhora. Ainda estão caros,mas com tendência melhor”, dizComune. “A médio prazo, outrosaumentos podem ser verificadoscaso as chuvas afetem a produçãode tomate em Goiás ou a seca pre-judique os produtores no RioGrande do Sul”, completa.

O IPC também está bastantepressionado este mês por conta

do reajuste das passagens deônibus de 11,11% e do aumentodas mensalidades escolares.

CopomO comportamento dos preçosdos alimentos no mercado in-terno e das commodities nomercado futuro devem entrarem discussão na próxima reu-nião do Comitê de Política Mo-netária (Copom) do Banco Cen-tral em 18 e 19 de janeiro, assimcomo a expectativa de inflaçãode analistas de mercado, naquinta semana consecutiva dealta. A maioria dos economistasespera que o Copom opte porum aumento de 0,5% na taxabásica de juros Selic, dos atuais10,75% para 11,25%. “Seria aopção correta tecnicamente,visto que vários indicadoresapontam para alta da inflação”,diz o professor Ricardo Cintra,da Trevisan Escola de Negócios.

Para ele, uma possível manu-tenção dos juros seria uma deci-são mais política do que técnica.“Mas é um componente que nãose pode descartar”, afirma. ■

ÍNDICE

1,15%é a previsão da inflação medidapelo IPC para a capital paulistaem janeiro. A taxa era de 1,20%na semana passada, mas foirevisto porque o preço da carnee do feijão desacelerou.

Murillo Constantino

Alimentos podemter aumento de preços

a partir da próximasemana, em São Paulo

8 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

DESTAQUE DESASTRES CLIMÁTICOS

Vanessa [email protected]

Carros arrastados pelas enxur-radas e casas invadidas pela águajá são cenas recorrentes em SãoPaulo no verão. Elas também fa-zem parte da rotina das segura-doras de automóveis e residên-cias. E as previsões para este anonão são animadoras. “O númerode automóveis afetados pelasenchentes deve ser semelhanteao registrado no ano passado”,diz Maurício Galian, diretor daárea de automóveis da Mapfre.

Entre dezembro de 2009 ejaneiro de 2010, a seguradoraregistrou 120 sinistros em fun-ção das enchentes, mesmo nú-mero que o observado este ano— sendo que ainda estamos emmeados de janeiro. “Ainda nãoconseguimos levantar o nú-mero exato de automóveis afe-tados pelas chuvas da últimasegunda-feira, mas sabemos

que foi superior ao que costu-mamos registrar em dias dechuvas”, diz Galian.

O diretor da área de auto-móveis da Porto Seguro, Mar-celo Sebastião, diz que o nú-mero de sinistros e atendimen-tos aos segurados em épocas dechuvas aumenta, em média,30% em relação à média men-sal. “Quando não for possívelevitar situações de enchentes, ocliente deve seguir algumas re-comendações: não dar a partidano veículo caso o mesmo tenhasido encoberto pela enxurrada;não atravessar um local alaga-do; e evitar estacionar o veículoem locais com probabilidade deinundação”, ressalta.

As recomendações devem serseguidas caso o segurado nãoqueira ter problemas para rece-ber a indenização, segundo oadvogado Antonio Gonçalves.“É dever da seguradora cumprircom o contrato. Mas é dever do

segurado zelar pelo seu patri-mônio”, afirma o especialistaem direito penal internacional.“Caso o cliente não tenha feitonada de errado e ainda assim aseguradora se recusar a indeni-zá-lo, será preciso procurar oProcon ou mesmo a Justiça.”

Cobertura restritaVale lembrar que nem todos osveículos têm cobertura de en-chente ou alagamento. “O se-guro total cobre danos causa-dos por enchentes e alagamen-tos. Já o seguro parcial, que ge-ralmente cobre roubo/furto eincêndio, não”, explica RubensNogueira, presidente da ClassicCorretora de Seguros.

Na Porto Seguro, 97% dosveículos (de um total de 1,8 mi-lhão) têm cobertura de en-chente. Na Mapfre, 100% dosautomóveis (de um total de 1,3milhão) estão cobertos poreventos climáticos.

ResidênciasTambém é comum vermos mo-radores desesperados por teremperdido os pertences na enxur-rada. As seguradoras tambémoferecem uma apólice, de segu-ro residencial, que cobre danoscausados por enchentes. “Parauma residência cujo valor sejapróximo a R$ 150 mil, o valor daapólice é R$ 300 por ano”, ex-plica Nogueira, da Classic.

Segundo ele, as companhiasde seguros aceitam qualquerperfil, desde que residam emendereços oficiais. “Antiga-mente, as seguradoras visita-vam as residências e não acei-tavam o cliente caso morasseem área de risco. Hoje, isso nãoexiste mais.”

O presidente da Classic ain-da lembra que essas apólicesoferecerem coberturas adicio-nais, como limpeza e higieni-zação ou estadia em hotéis poraté cinco dias. ■

Sinistros aumentam cercade 30% em épocas de chuvaSeguros residenciais podem ser contratados também para imóveis em áreas de risco

CUIDADOSCUIDADOS

Evite atravessar vias inundadas, pois buracos ou outros obstáculos podem estar encobertos pela água. Além disso, há a possibilidade do veículo flutuare ser arrastado pela enxurrada, o que coloca em risco a segurança do motorista e dos passageiros

Nunca tente dar a partida no veículose ele morrer dentro d’água. Neste caso,o motor pode aspirar água e ser danificado

Evite estacionar o veículo em locaiscom probabilidade de inundação. Se isso não for possível e o carro se encontrar alagado, também não tentar ligá-lo em hipótese alguma

Em caso de alagamento,o segurado deve:

Comunicar imediatamente seu corretorde seguros ou a Central 24 horasde atendimento da empresa, solicitandoum guincho para levar o veículo a um local seguro

O segurado poderá levar o veículoà oficina de sua preferência, mas não deve autorizar o conserto antes da liberação da seguradora. A liberação será feita por um técnico da empresa, que avaliará se o veículo pode ser recuperado ou se houve perda total

Fonte: Porto Seguro

Rodrigo Coca/FotoArena/Folhapres

Marginal Tietê, em SãoPaulo, teve vários pontosde alagamento ontem

Segurado precisaprestar atençãoàs recomendaçõespara casos deenchentes, se nãoquiser problemaspara receber aindenização

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 9

10 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

OPINIÃO

Tornou-se um senso comum afirmar que o sistema degoverno brasileiro é a república presidencialista de coa-lizão — uma jabuticaba da ciência política, algo que sóexistiria nesses trópicos que Claude Levi-Strauss, malobservando, disse serem tristes.

Na aparência, pode ser. Numa análise mais acurada,não. Um presidencialismo de coalizão tivemos, talvez, nogoverno Itamar e em graus variáveis com Fernando Henri-que Cardoso. Já sob esse último as limitações da fórmulamágica se revelaram crescentes. Foi por isso que, entre osdois mandarinatos de nosso esclarecido príncipe dos soció-logos, propus ao PTB que deixasse de condicionar o apoiopolítico à participação no governo sob a forma de cargos.Essa permuta aviltava, na minha opinião, as duas partes.

Na transição de FHC I para FHC II propus que o PTBapoiasse o governo sem que isso incluísse postos emministérios ou estatais. Fernando Henrique entendeu eaceitou a proposta. A ideia era deixar claro que nossopartido apoiava seu projeto de país e seu programa degoverno. Dessa forma obteríamos uma influência e umprestígio que seriam reconhecidos por todos os seg-mentos da sociedade, inclusive por aqueles que nosapoiavam financeiramente, mas, sobretudo, por nossoseleitores. Cresceríamos ou definharíamos eleitoral-mente por nossos acertos ou por nossos erros.

O PT, cujo DNA ainda guarda traços inequívocos desuas vertentes bolchevique e de sindicalismo atreladopartidariamente, reais apesar de contraditórias entre sisob vários aspectos, nunca acreditou em coalizões paravaler. Para os petistas, como escreveram alguns revolu-cionários russos, os aliados são “companheiros de via-gem” que devem ser jogados do trem antes que tramem achegada à locomotiva. A eles se pode oferecer um ou ou-tro lugar privilegiado, mas jamais participação acionáriana ferrovia ou sequer o controle inteiro de vagões, como ocarro leito ou o que transporta valores.

É cada vez mais evidente pelo noticiário sobre as dis-putas entre PT e seus aliados, em particular o PMDB, que oPT não lidera uma coalizão, não divide o poder, a influên-cia ou o prestígio de seu exercício. E o eleitor percebe cadavez melhor que, quando não se divide o poder se ofere-cem compensações. É o que se fazia — e eventualmente sefaz — com outro tipo de apoiadores. Com os mercenários,por exemplo. Desses se obtém o apoio mediante paga-mentos mensais ou mensalões, em troca de participaçãono botim ou da permissão para saquear o território con-quistado, mas nunca no poder.

Essa análise poderia ser feita do ponto de vista moral,da ética da convicção, como dizia o sociólogo alemãoMax Weber — e seria importante fazê-lo — ou da pers-pectiva da ética na ciência política, com o que Weberchamava de ética da responsabilidade. Seja como for, nolongo prazo, o resultado é o mesmo. Na impossibilidadede se exercer o governo sem a necessidade de alianças, omelhor para governantes (e governados) é o estabeleci-mento de coalizões que compartilhem o poder, a in-fluência e o prestígio. A alternativa é o recrutamento demercenários, o que só degrada a todos, como demonstrao descrédito atual da política e dos partidos. ■

Aliados e mercenários

Dos mercenários se obtém o apoiomediante pagamentos mensais oumensalões, em troca de permissão parasaquear o território conquistado

José SarneyPresidente do Senado

O grande gargalo que não conseguimos atravessar éo da infraestrutura do país. A produção cresce sem-pre à frente dela, sobretudo depois da Constituiçãode 1988, que extinguiu o Imposto Único sobre Lubri-ficantes e Combustíveis Líquidos e Gasosos, que as-segurava um fluxo permanente de recursos, atravésdo Fundo Rodoviário Nacional, ao DNER — um órgãoque deu certo — que construía, conservava e plane-java estradas e foi responsável pela existência da bá-sica rede rodoviária que até hoje mantém em funcio-namento as nossas estradas.

Na Constituinte de 1988, um grupo de economistasortodoxos defendia com unhas e dentes acabar com asvinculações de receitas e incentivos fiscais. No caso doimposto único sobre combustíveis, que havia sido vin-culado ao FRN, sustentava o então deputado José Serraque ele prejudicava São Paulo, porque este, sendo omaior estado consumidor do país, não tinha a mesmaproporção na participação no fundo, cuja fórmula dedistribuição era desfavorável aos paulistas. Melhor se-ria, dizia ele, acabar com o IULCLG e cada estado co-brar o ICMS sobre o consumo de combustíveis. O re-sultado foi o desmonte do DNER: morreu de inanição ecaiu na vala comum do orçamento com minguadasverbas. A arrecadação de São Paulo àquela época au-mentou bastante, mas este aumento em cima do ganhodo Fundo Rodoviário Nacional serviu para aumentar oquadro de pessoal, reajustar salários e ser gasto numadivisão que muito tinha de influência política.

Em breve foram voltando as vinculações, mas oFRN acabou de vez. O resultado foi logo um desempe-nho pífio na melhoria da rede viária. O governo Fer-nando Henrique foi o mais atingido com a falta de re-cursos para manutenção das estradas e seus númerosnessa área foram trágicos, com grave prejuízo para aprodução nacional, sem estradas suficientes para es-coá-la. A malha ferroviária já vinha se desmanchandoe estava sucateada. Tentei como presidente seu renas-cimento e meu plano, que Lula executou, era fazer aNorte-Sul e a Leste-Oeste, integradas por estradas,aeroportos de carga, hidrovias e implantação dotransporte intermodal.

Os jornais de São Paulo, erroneamente interpretan-do que isso criava novos polos de escoamento da pro-dução, isolando São Paulo, desencadearam uma cam-panha violenta que barrou a Norte-Sul e portanto ogrande plano ferroviário brasileiro. Meu erro foi chamara ferrovia Norte-Sul. Se tivesse colocado Sul-Norte,talvez não tivesse fracassado. Para ver-se a necessidadedessa estrada basta dizer que a Belém-Brasília já foi dezvezes recapeada, talvez quase o custo da ferrovia.

O governo Lula fez um grande esforço para melho-rar nossa infraestrutura, fazendo grandes obras rodo-viárias, ferroviárias e o boom da construção e melho-ria dos portos.

Mas tudo isso sempre perderá para a velocidade docrescimento do país. Esse é o grande desafio nacional,na área de infraestrutura. Sem ela, o engarrafamentoque se vê nas cidades será nas estradas, portos e, dequebra, aeroportos, onde já existe. ■

Hora da infraestrutura

O engarrafamento que se vê nascidades irá para as estradas, portos e,de quebra, aeroportos, onde já existe

Roberto JeffersonPresidente do PTB

O Brasil ainda tem muitos desafios a superar na suatrajetória de desenvolvimento e um deles é a inclusãofinanceira. Neste quesito julgo que um elemento im-portante que poderá contribuir muito é o correspon-dente no país, referido instrumento possui dois dis-ciplinamentos normativos que norteiam a sua atua-ção, a Resolução 3110 de 31 de julho de 2003 e a Cir-cular 2978 de 19 de abril de 2000.

Os correspondentes são verdadeiros promotoresde serviços financeiros, funcionando de elo entre asinstituições financeiras e o cliente final, ampliando oacesso da população aos serviços bancários. Regis-tre-se que para a população de baixa renda é o meiomais utilizado para a realização de transações finan-ceiras, pois se apresentam os correspondentes emhorários mais flexíveis para o atendimento e em geralmais próximo das comunidades, além de apresentarmais conforto aos usuários.

De acordo com a Resolução 3.110 do Banco Centralque cuida do assunto, a contratação de corresponden-tes pode ser realizada por bancos múltiplos, bancoscomerciais, Caixa Econômica Federal, bancos de in-vestimento, sociedades de crédito, financiamento einvestimento, sociedades de crédito imobiliário e deassociações de poupança e empréstimo, de empresas,integrantes ou não do Sistema Financeiro Nacional e,prestando os diversos serviços financeiros e bancários.

Infelizmente existe assimetria de informações so-bre a funcionalidade e o objetivo das atividades que sãodesenvolvidas pelos correspondentes no país, daí anecessidade de um maior aparelhamento e divulgaçãodo instrumento. Na posição de 1/1/2011, conforme da-dos do Banco Central do Brasil, o nosso país possuía158.447 pontos de atendimento de correspondentes nopaís, para prestação de diversos tipos de serviços.

E a lógica da distribuição geográfica dos correspon-dentes ainda está muito vinculada ao quantitativo demunicípios e a força econômica dos Estados, os cincoEstados que mais possuem correspondentes no país sãoSão Paulo com 25% dos correspondentes, Minas Geraiscom 10,5%, Rio Grande do Sul com 8,5%, Paraná com8,4%, Rio de Janeiro com 6,4% e a Bahia com 5,5%.Em São Paulo tem-se 39.720 correspondentes e Rorai-ma com 219 correspondentes é o estado com o menornúmero de correspondentes. Considerando-se o nú-mero de municípios do nosso país, temos uma médiade 28,4 correspondentes por município, o que já é umaajuda importante na inclusão financeira.

Apenas quatro bancos (Caixa Econômica Federal,Bradesco, Aymoré CFI S/A e Banco do Brasil), res-pondem por 68% dos correspondentes, revelando aexistência de uma concentração dos corresponden-tes por instituições financeiras.

A perspectiva é de que tenhamos avanços na re-gulamentação e na autorregulação, propiciando queas demais instituições financeiras aumentem o seuquantitativo de correspondentes, especialmente nosmunicípios em que não ocorre a presença de umaagência bancária tradicional. ■

Inclusão financeira

Apenas quatro bancos respondem por68% dos correspondentes, revelandoa existência de uma concentração nasinstituições financeiras

Saumineo da Silva NascimentoPresidente do Banco doEstado de Sergipe (Banese)e doutor em geografia

Janaina Santos

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 11

Fabricante lança linha retrô,com design que remete aosanos 1950 e tecnologia atual

Françoise [email protected]

Em uma época em que a indústriade linha branca discute a produ-ção de refrigeradores com acessoà internet, a Whirlpool, dona daBrastemp, está olhando para tráspara conquistar espaço no futuro.A fabricante, que já tinha lançadoo frigobar retrô em 2007, anun-

ciou ontem, para março, a che-gada às lojas dos refrigeradores efogões com cara dos eletrodo-mésticos dos anos 1950. A tecno-logia, garante Claudia Sender,diretora de marketing da Whirl-pool, é moderna e traz frost free,duas portas e eletrônica embuti-da. Nos últimos dois anos, aempresa trabalhou no desenvol-vimento da linha vintage “famí-lia retrô”. Oferecidos nas corespreta, amarela e vermelha, o re-frigerador sai por R$ 7,9 mil e ofogão por R$ 3,9 mil.

Qual a estratégia por trásdeste lançamento?O estilo vintage chegou à moda,à indústria automotiva e tam-bém à linha branca. Percebemosque o consumidor busca umaidentidade sem, no entanto, re-troceder. Por isso aliamos o de-sign que lembra geladeiras e fo-gões do passado, mas que aliamo que há de mais moderno comorecursos eletrônicos.

Qual a meta de vendas?Este não será um produto de

massa, mas de nicho. Ele estaráà venda nos pontos de venda emque fizer sentido. A concentra-ção será maior nas lojas de altopadrão e na internet.

Então a linha visa reforçara marca Brastemp...A linha retrô terá uma represen-tatividade pequena no volumetotal de vendas da Brastemp.Contudo, queremos ir além dalinha branca e nos firmar comoreferência, aspiracional, marcacriadora de tendências. ■

Brastemp recoloca pinguim na geladeiraENTREVISTA CLAUDIA SENDER Diretora de marketing da Whirlpool para a América Latina

Ajay Verma/Reuters

Turistas fazem um passeio de barco em meio à forte neblina do lago Sukhana em um dia friona cidade indiana de Chandigarh. O clima frio continuou a varrer o norte da Índia.

LAGO DE SUKHANA, NA ÍNDIA

“O consumidorbusca imprimirpersonalidadeaos produtosde casa. Daísurgiu a ideiade apostarna linha retrô”

Fredy Uehara

Haiti jura nunca esquecer mortos no terremotoO presidente haitiano, René Préval, abriu as celebrações pelo primeiroaniversário do terremoto no Haiti depositando uma coroa de flores natumba coletiva de dezenas de milhares de mortos. Num morro tomadopela poeira e com vista para o azul do Caribe, 10 quilômetros ao nortede Porto Príncipe, Préval, sua mulher, Elisabeth, e vários ministrosparticiparam da cerimônia solene em homenagem aos cerca de 250 milhaitianos mortos por causa do terremoto de 12 de janeiro de 2010.

Eduardo Munoz/Reuters

12 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

BRASIL

Carolina [email protected]

Nos últimos oito anos, a cor-rente comercial do Brasil comos demais países em desenvol-vimento cresceu duas vezesmais do que em relação aosparceiros desenvolvidos. Le-vantamento feito pelo BRASILECONÔMICO, a partir de dados doMinistério do Desenvolvimen-to, Indústria e Comércio Exte-rior (Mdic), aponta que o co-mércio com os países emergen-tes subiu 390% de 2002 a 2010,passando de US$ 34,2 bilhõespara US$ 169, 2 bilhões.

Dessa forma, o valor negocia-do com os emergentes se aproxi-ma da corrente de comércio ne-gociada hoje com os países des-envolvidos, de US$ 177,8 bi-lhões. No período, o crescimen-to do comércio com esses mer-cados foi de 175% — em 2002,era de US$ 64,6 bilhões. A clas-sificação dos países é feita a par-tir dos critérios do Fundo Mone-tário Internacional (FMI), ba-seados no Produto Interno Bruto(PIB) das nações, no grau de in-dustrialização e nos índices dequalidade de vida. Por esses cri-térios, são contabilizados 27 paí-ses desenvolvidos.

DinamismoPara Luis Afonso Lima, presi-dente da Sociedade Brasileirade Estudos de Empresas Trans-nacionais (Sobeet), a táticabrasileira de estreitar os laçoscom nações em desenvolvi-mento veio em “boa hora”, jáque a crise financeira globalatingiu mais fortemente ospaíses ricos. De fato, segundodados do Fundo Monetário In-ternacional (FMI), os desen-volvidos puxaram a queda de22% na corrente de bens e ser-viços mundial registrada em2009. Em 2010, a retomadanão foi total: o ano apresentouuma alta de 16,4%, atingindoUS$ 18,3 trilhões.

“Somente este ano o mundodeve voltar aos patamares pré-crise de 2008, US$ 20 trilhões”,calcula. Para 2011, a expectativaé que a corrente comercial debens e serviços cresça 8,8%, aUS$ 19,7 trilhões.

De forma geral, Lima diz que“os emergentes tiveram um de-sempenho econômico mais di-nâmico que os desenvolvidos,puxados pela alta das commo-dities no mundo”. Segundo ele,

os preços recordes atingidospelas matérias-primas nos últi-mos anos permitiram que osemergentes — grandes expor-tadores desse tipo de produto —aumentassem seu comércio ex-terior a um ritmo superior aodos países ricos, atingidos maisfortemente pela crise financeirainternacional.

Cautela“A retração da demanda dos EUAdurante a crise tornou impres-cindível a busca por mercadosem ascensão, mas este não é umcenário tão positivo no longoprazo”, analisa José Augusto deCastro, vice-presidente da Asso-ciação de Comércio Exterior doBrasil (AEB). O sinal de alerta,segundo ele, se dá porque a pre-dileção brasileira por países emdesenvolvimento teria geradouma brecha para que outros paí-ses, como a China, ocupassemnichos de mercado antes dispu-tados pelo Brasil nos países ricos.

“O Brasil tem potencial paraatender ambos os mercados(emergentes e desenvolvidos).A preferência pelos países emdesenvolvimento pode prejudi-car nossa balança quando ascommodities voltarem a se des-valorizar, o que não deve demo-rar para acontecer”, afirma.

Castro calcula que, em 2002,os EUA representavam 25% dasexportações brasileiras. Em2010, a cota não passou de 9,5%.“No governo Lula, fizemos inú-meras visitas oficiais a países daÁfrica, Ásia e América do Sul,mas nenhuma missão comercialenvolvendo o presidente nosEUA”, completa.

A tendência para o próximogoverno, contudo, é de continui-dade: “A presidente Dilma Rous-seff vem sinalizando que deve se-guir os mesmos passos de Lula napolítica externa”, acredita Lima.Na posse, Dilma já manifestou aintenção de priorizar o Mercosulna pauta comercial. ■

Em oito anos, comércio com países em desenvolvimentosubiu 390% ante os 170% registrados com as nações ricas

A FRASE

Geraldo Magela/Ag. Senado

Crise financeiranos desenvolvidose valorizaçãodas commoditiescontribuíram parao ritmo de avançomais rápido

“Podemos transformarnossa região em componenteessencial do mundomultipolar que seanuncia, dandoconsistênciacada vez maiorao Mercosule à Unasul”

Dilma Rousseff,presidente

Lula e os líderes do Bric, que comandarama expansão do comércio: Dmitri Medvedev(Rússia, à esq.), Hu Jintao (China, ao centro)e o premiê indiano, Manmohan Singh (à dir.)

Brasil já negocia com emergentes

● Corrente com emergentesatingiu US$ 169 bilhões este ano.O valor é próximo ao registradocom países ricos (US$ 175 bi).

● O comércio mundial, que caiu22% durante a crise, deverecuperar o patamar de 2008este ano, chegando a US$ 19,7 bi.

ALTOS E BAIXOS

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 13

HERMANOS

Mercosul virou“camisa de força”para o Brasil

Puxada pela política brasileirade fortalecimento comercial comos países em desenvolvimento,a pauta comercial com o Mercosultambém apresentou altasignificativa nos últimos oitoanos. No período, a correntecomercial brasileira com osparceiros do bloco passou deUS$ 8 bilhões para US$ 35bilhões. As exportações forammultiplicadas por sete, passandode US$ 2,9 bilhões para US$ 20,1bilhões. Já as importaçõestriplicaram, de US$ 5,2 bilhõespara US$ 15 bilhões. Aindaassim, o bloco é alvo de críticas.Para Lima, da Sobeet,o Mercosul se tornou “umacamisa de força” para aexpansão comercial do Brasil.“O Mercosul ficou muito pequenopara o Brasil, líder do bloco”,analisa. Ele explica que, parafechar acordos bilateraiscom países fora do Mercosul,é preciso autorização de todoo grupo, um processo lentoe que demanda negociaçãopolítica com as demais naçõesdo bloco. “Tivemos muito receioem avançar nas consultas aospaíses”, diz. O temor seriaque os demais países tambémaproveitassem para avançarem suas agendas próprias comoutras nações, o que poderiaaumentar a concorrência paraos produtos brasileiros. Limareforça, ainda que nos últimosdez anos o Brasil não fez nenhumacordo de investimentos comoutros países, enquanto nomundo foram realizados maisde mil no mesmo período.“Apenas 19 países ficaramde fora dessa tendência,entre eles, o Brasil.”

POR PARTES

Emergentes ganharam destaque maior na pauta comercial brasileira em relação aos países desenvolvidos

ENTRE IGUAIS

Importações brasileiras de países em desenvolvimento cresceram 385% desde 2002

020406080

100

IMPORTAÇÕESEXPORTAÇÕES

EM DESENVOLVIMENTO, EM US$ BILHÕES

"Norte"

desenvolvido

"Sul"

emergente

2002* 2010*

Fonte: MDIC *Período de janeiro a novembro

20,1 14,1

97,771,4

DESENVOLVIDOS, EM US$ BILHÕES

020406080

100

IMPORTAÇÕESEXPORTAÇÕES

34,9

83,2 94,6

29,6

175%Foi a expansão

comercialcom países

desenvolvidos em oito anos.

Correntepassou de

US$ 64,6 bilhões em 2002 para

US$ 177,8 bilhões em 2010

393%Foi o crescimento da corrente de comércio

com países em desenvolvimento em oito anos. Valor passou de US$ 34,3 bilhões

em 2002 para US$ 169,2 bilhões em 2010

MERCOSUL

US$ 20 bifoi exportado para o Mercosulno ano passado, valor sete vezesmaior que os US$ 2,9 bi de 2002.

ESTADOS UNIDOS

9,5%é a participação dos EUA napauta de exportações brasileiras.Em 2002, valor era de 25%.

Paraná é destaque na produção da indústriaA produção industrial brasileira cresceu em metade das 14 regiõespesquisadas pelo IBGE em novembro de 2010, na comparação com o mêsanterior. O maior crescimento foi no Paraná, cuja produção subiu 11,5%.Também houve crescimento no Amazonas (8,8%), Rio Grande do Sul(8,3%), Rio de Janeiro (5,5%), Pará (5,1%), Santa Catarina (2,3%) e SãoPaulo (1,4%). Já a Bahia foi o estado com a maior perda, com queda de8,1%. Na comparação com novembro de 2009, 11 regiões mostraram alta.

Henrique Manreza

DESTAQUES

Comércio com a China foi o que mais cresceu entre os principais emergentes*, em US$ bilhões

Fontes: Brasil Econômico e MDIC *Entre os 20 principais parceiros comerciais do Brasil

PAÍSES ALTA2002 2010

CHINA

COREIA DO SUL

ÍNDIA

ARGENTINA

TAIWAN

NIGÉRIA

ARÁBIA SAUDITA

CHILE

VENEZUELA

MÉXICO

1.166%

484%

474%

317%

304%

294%

271%

238%

198%

134%

4,1

1,9

1,2

7

1,1

1,6

1,2

2,1

1,4

2,9

51,5

11,2

7

29,5

4,5

6,3

4,5

7,1

4,2

6,9

BRICS

818%foi o crescimento dos negócioscom Rússia, China e Índia, quechegaram a US$ 64 bi em 2010.

ORIENTE MÉDIO

312%É o quanto cresceu a negociaçãocomercial com os países da regiãoentre os anos de 2002 e 2010.

quase o mesmo que com ricosDmitry Kostyukov/AFP

14 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

BRASIL

Pedro Venceslau e Rafael [email protected]

Desde sua fundação nos anos 80,o PT é um partido constituídomajoritariamente por liderançasegressas do movimento sindical.As bandeiras da categoria estão,portanto, no DNA da legenda.Não foi por acaso que o ex-presi-dente Lula, ele próprio um ex-sindicalista, esperou até o últimodia 30 de dezembro para baixar aMedida Provisória que instituiu osalário mínimo de R$ 540, en-quanto as centrais sindicais rei-vindicavam R$ 600. Embora jáesperasse uma bronca dos alia-dos da porta fábrica, a presidenteDilma Rousseff calculou que te-ria no Congresso uma base forteo suficiente para impedir umamudança no cronograma.

O que não estava nos planos éque a guerra entre o PMDB e o PTvirasse um jogo que parecia deci-

dido. A ameaça do PMDB de pedira revisão do valor do mínimo foifestejada pelas centrais sindicais.A melhor definição da tempera-tura vem de um parlamentar liga-do à Força Sindical: “Nós só temoschance quando eles brigam”.

Fortalecidos pela disputa, asseis maiores centrais sindicaisbrasileiras se reuniram na manhãde ontem em São Paulo paraacertar uma agenda conjunta deeventos para pressionar o Pla-nalto. O grupo estabeleceu comobandeira o valor de R$ 580. Esta-vam presentes a União Geral dosTrabalhadores (UGT), NovaCentral Sindical dos Trabalha-dores (NCST), Central Geral dosTrabalhadores do Brasil (CGTB),Central dos Trabalhadores eTrabalhadoras do Brasil (CTB),Central Única dos Trabalhado-res (CUT) e Força Sindical. Ogrupo terminou o encontro fa-lando grosso: solicitaram uma

audiência “imediata” com apresidente para debater umnovo valor do mínimo.

A correção na tabela do im-posto de renda e no pagamentoda aposentadoria também en-trarão na lista de demandas.Para os aposentados que ga-nham além de um salário míni-mo, o reajuste exigido pelos sin-dicalistas inclui 80% do índiceacertado para o salário mínimo.

A regra para mudança no va-lor do salário mínimo consideraa taxa de inflação do ano ante-rior, mais o PIB de dois anos an-tes, no caso 2009, quando aeconomia brasileira diminuiu0,3%, em reflexo da crise finan-ceira internacional.

O valor que cobriria o ÍndiceNacional de Preços ao Consumi-dor (INPC) registrado em 2010de 6,47%, seria de R$ 543, ouseja, superior aos R$ 540 do go-verno. “Nós estamos unidos,

mais do que nunca” afirmou Ri-cardo Patah, presidente da UGT.“Em um ano em que todas cate-gorias tiveram aumento real desalário, não ter aumento do mí-nimo está errado”, disse VagnerGomes, presidente da Centraldos Trabalhadores e Trabalha-doras do Brasil (CTB), acrescen-tando que o valor exigido pelossindicatos refere-se ao cresci-mento do Brasil em 2010, esti-mado em mais de 7%.

Caso a proposta seja negadapela presidente Dilma, a centraisapostarão em ações judiciais emdiversos estados, a partir dopróximo dia 18, para correção databela do imposto de renda.Nesta data também estão mar-cadas manifestações em diver-sas capitais do país, incluindo naAv. Paulista, em São Paulo.

Café do CongressoO movimento pró-aumento ga-

INFLAÇÃO 1

IPC-S registra elevação em todasas sete capitais pesquisadas pela FGV

Sindicalistas surfam na crise entreCentrais se reuniram ontem para montar uma agenda de pressão pelo aumento do mínimo. Elas exigem correção

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S)aumentou nas sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas(FGV), na semana de 7 de janeiro. A maior alta foi registrada na cidadede Salvador, onde a taxa passou de 0,72% na semana anterior para 1,06%na semana do dia 7, um aumento de 0,34 ponto percentual. Já a menorelevação foi apontada em Recife, que registrou 0,86% ante 0,84%.

INFLAÇÃO 2

Alimentos, educação e transportesfazem custo de vida subir em São PauloO Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Institutode Pesquisas Econômicas (Fipe), na cidade de São Paulo, atingiu 0,61%na primeira prévia de janeiro ante 0,54%, no encerramento de dezembro.A inflação continua sendo pressionada pelo grupo alimentação, queapresentou quase o mesmo índice de dezembro, ao passar de 1,38% para1,39%, contribuindo com mais da metade (51,45%) na formação do IPC.

Henrique Manreza

Antonio Cruz/ABr

Após acordo, centrais sindicais agoraquerem um mínimo de R$ 580

“Em um ano em quetodas as categoriastiveram aumentoreal de salário, nãoter aumento domínimo está errado

Vagner Gomes,presidente da Central

dos Trabalhadorese Trabalhadoras

do Brasil (CTB)

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 15

PMDB e PTde 6,43% na tabela de cobrança do IR

DÍVIDAS

Inadimplência do consumidor fecha2010 com alta de 6,3%, aponta SerasaA inadimplência do consumidor cresceu 6,3% no ano passado comparadoa 2009, segundo indicador divulgado ontem pela Serasa Experian.O índice, que considera as dívidas com atraso de mais de 90 dias,aponta que dezembro foi o oitavo mês seguido de aumento no númerode brasileiros endividados. A inadimplência aumentou 1,1% em relaçãoa novembro, e cresceu 20,9% na comparação com dezembro de 2009.

SAÚDE

Ministério terá acompanhamentosemanal de casos de dengue no paísApós reunião ministerial em Brasília o ministro da Saúde, AlexandrePadilha, anunciou ontem que o governo vai implantar em cada um dosmunicípios do país com alto risco de epidemia de dengue um sistemade monitoramento semanal de casos e diário de mortes causadas peladoença. Atualmente, o acompanhamento feito municipal é mensal.Atualmente, 16 estados registram alto risco de epidemia de dengue.

Marcello Casal Jr/ABr

nha corpo no Congresso. Para odeputado federal e ex-presi-dente do PT, Ricardo Berzoini(SP), o diálogo entre sindicalis-tas e o poder executivo tem queser tratado com muita respon-sabilidade. “O governo tem queolhar suas contas e apresentaruma proposta concreta para ascentrais sindicais”, analisa.

Ele acredita que a posição fi-nal do governo sobre o valor domínimo é importante devido àsua base aliada forte no Con-gresso. Berzoini observa que osalario mínimo de R$ 540 foianunciado com base em previ-são equivocada do índice de in-flação do ano passado. Isto,portanto, levaria a um reajustemaior. “O governo vai ter quechamar os partidos aliados eanunciar um valor máximo su-portável e trabalhar para queseja aprovado. Ele pode fazerajustes”, completa. ■

...FERNANDO FERRO

Deputado federal por Pernambucoe líder do PT na Câmara

QUATRO PERGUNTAS A...

Existe margem paraa negociação sobreo salário mínimo

O deputado federal FernandoFerro (PT-PE) está em umasituação delicada. Como líder doseu partido ele deve seguir aorientação do governo de barrarqualquer aumento no valor dosalário mínimo que ultrapasse osR$ 540. Mas como sindicalista —ele foi presidente do Sindicatodos Eletricitários do seu estado —o coração sugere outro caminho.

O ministro Guido Mantegaavisou que se houvermudança na Medida Provisóriado salário mínimo elaserá vetada pelo Executivo.Acredita que o Congresso

Divulgaçãopode derrubar o veto?Poder derrubar ele pode, masfaz tempo que isso não acontece.Existe margem para a negociação.Nós vamos negociar comofizemos em outras matérias.

Como ex-sindicalista, o senhordefende um valor maior doque os R$ 540 estipuladospela equipe econômica?Defendo que se estendao debate para elevaçãoe para outro valor,mas isso não pode ser objetode disputa de espaço...

Acha que a briga do PMDBpor mais cargos no segundoescalão acabou ajudandoa reabrir o debate?O PMDB é governo e devevotar como tal. Se algunsdo partido acham que istopode servir como objeto dechantagem é outra questão.Se percebermos que seráassim, vamos travar o debate.A discussão sobre o mínimonão pode ocorrer nesse clima.

A bancada sindicalistana Câmara dos Deputadosestá bem articulada?Ela tem muita expressão, masnão é maioria. Boa parte da PTveio do movimento sindical, atémesmo o presidente da Câmara,Marco Maia (PT-RS). P.V.

Suplicy abriu mão da vaga paraevitar um racha, mas partido nãoconseguiu chegar a um acordo

Em reunião tensa que duroutoda a tarde de ontem, os 15 se-nadores eleitos do PT para apróxima legislatura escolheramo pernambucano HumbertoCosta como líder da legenda nopróximo biênio. Eduardo Su-plicy (PT-SP), que tambémpleiteava a vaga, abriu mão paraevitar uma disputa interna.

Os petistas esperavam tam-bém definir no encontro a dis-tribuição de cargos na Mesa Di-retora, em especial para a pri-meira vice-presidência, que as-sume o comando da Casa na au-sência do próximo presidente.Como tem a segunda maior ban-cada eleita, com 15 senadores, oPT pode indicar o segundo cargoda Mesa Diretora. A maior ban-cada — com 19 senadores — per-tence ao PMDB. Não houve con-senso porque os senadores Del-cídio Amaral (PT-MS), MartaSuplicy (PT-SP) e José Pimentel(PT-CE) disputam espaço inter-no. A decisão ficou para o dia 27.

Humberto Sérgio CostaLima, 53, é paulista de Campi-nas, mas construiu sua carreirapolítica no estado de Pernam-buco, onde filiou-se ao PT em1980. Antes ser eleito senadornas eleições de 2010, foi Secre-tário das Cidades na gestão dogovernador Eduardo Campos

(PSB-PE). Também foi deputa-do federal entre 1994 e 1997.Seu cargo de maior relevânciano governo federal foi Ministroda Saúde entre 2003 e 2005.

No ministério, porém, foiacusado de participar de fraudede licitações conhecida como“Operação Vampiro”, que cau-sou rombo de R$ 2,3 bilhões aoscofres da pasta. Em 2006, apóssua saída, teve seu nome vincu-lado à Máfia dos Sanguessugas.Costa foi declarado inocentenos dois casos. Também em2006 disputou o governo dePernambuco, mas foi derrotadopor Eduardo Campos, que éneto de Miguel Arraes. No Se-nado, Humberto Costa vai inte-grar a tropa de choque de DilmaRousseff. ■ P.V e R.A

PT e PMDB searticulam paraassumir o comandoda Comissão deConstituição eJustiça (CCJ), a maiscobiçada da casa,que delibera sobretodas as matérias.A Comissão deAssuntos Econômicos(CAE) tambémestá em jogo

Marcello Casal Jr/ABr

Costa vai integrara tropa de choqueda presidente DilmaRousseff no Senado

● A regra para mudança no valordo salário mínimo considera ataxa de inflação do ano anterior,mais o PIB de dois anosantes — no caso 2009, quandoa economia diminuiu 0,3%.

● O valor que cobriria o ÍndiceNacional de Preços aoConsumidor (INPC) registrado em2010 de 6,47%, seria de R$ 543,ou seja, superior aos R$ 540propostos pelo governo.

● As centrais sindicaisreivindicavam um salário mínimode R$ 600, porém o grupo fixouo pleito no valor de R$ 580,o que representa um aumentoreal 6,82% frente ao mínimoatual de R$ 510. Só para ilustrar,a inflação foi de 6,47% em 2010.

O QUE AFETA O MÍNIMO

Humberto Costa vai liderarbancada petista no Senado

16 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

Paulo [email protected]

Com menos burocracia e maisapoio ao empreendedor, a pre-feitura de Cariacica, na RegiãoMetropolitana de Vitória, elevoua formalização de pequenas em-presas. A administração agilizoua concessão de alvarás e permi-tiu a centralização dos serviçosnecessários para a abertura deuma empresa, e com isso a ad-ministração também reduziuimpostos. A renovação e criaçãode empresas, em consequência,passou de 468 em 2005 para2.716 no ano passado.

As iniciativas começaram em2006 com a criação do Centro deApoio ao Micro e Pequeno Em-preendedor (Ciampe), que cen-traliza os serviços necessáriospara a abertura de empresas. Olocal concentra vigilância sani-tária, corpo de bombeiros, se-cretaria de meio ambiente, umtelecentro e uma equipe deorientadores para assessorar oempreendedor. Dessa forma, épossível fazer os pedidos dos al-varás necessários todos num sólugar, além de retirar as certi-dões necessárias, via internet,para a abertura de empresas.“Com a criação do Ciampe, con-seguimos reduzir a concessãodo alvará de 150 dias para 48horas”, diz o prefeito de Caria-cica, Helder Salomão.

Além do centro, a prefeiturareduziu taxas e isentou as microe pequenas empresas do IPTUpor dez anos. “Mesmo com aredução de tributos, consegui-mos ampliar a arrecadação mu-nicipal, graças ao aumento dabase de contribuintes”, diz Sa-lomão. Um exemplo desse au-mento foi a alta de 9% da arre-cadação do Imposto Sobre Ser-viços (ISS) das micro e peque-nas empresas em 2009, apesarda crise. O poder público tam-bém elevou a concessão de cré-dito facilitado ao pequeno em-preendedor e assistência à qua-lificação profissional.

Cariacica foi a primeira cida-de brasileira a regulamentar aaplicação da Lei Geral das Microe Pequenas Empresas, em 26 dedezembro de 2006, uma semanaapós a promulgação pelo presi-dente da República. Seguindo odisposto na lei, a prefeitura pri-vilegiou o acesso das pequenasempresas nos procedimentos decompras governamentais. A re-gulamentação permitiu que aparticipação das empresas depequeno porte nas compras daprefeitura saltasse de 15% em2007 para 54% no ano passado.

“Estamos falando de processoslicitatórios e pregões eletrônicostanto para o fornecimento deprodutos quanto para a contra-tação de serviços”, diz Salomão.

Para ampliar a informação eo acesso aos serviços, a prefei-tura criou, em 2009, uma uni-dade móvel de atendimento. Oprograma, chamado de FiqueLegal, permite a requisição dealvarás e licenças, além de ca-dastrar e formalizar os em-preendedores individuais, pormeio do programa do Microem-preendedor Individual (MEI).

Segundo Salomão, o ambien-te de negócios pode ser melho-rado não só para as pequenas

empresas, mas também para asmédias e grandes. “O cresci-mento dos negócios menoresacaba tendo boa repercussãopara todo mundo, inclusive paraos grandes”, diz.

O próximo desafio é ampliara rede de atendimento aos novosempresários, para que as em-presas criadas não morram.“Precisamos criar mais condi-ções para os pequenos negóciosse desenvolverem”, diz Salo-mão. Outra iniciativa previstapelo prefeito é a mudança docurrículo das escolas munici-pais, de forma a introjetar a cul-tura empreendedora na cidade,com aulas sobre o tema. ■

SEXTA-FEIRA

TECNOLOGIAQUINTA-FEIRA

SUSTENTABILIDADEINOVAÇÃO & GESTÃO

Programa itinerante“Fique Legal” formalizaempreendedores nos bairros

Cariacica simplifica criação deCentro de apoio ao empreendedorpermitiu a formalização de pequenosnegócios e o aumento da arrecadação

Com a agilizaçãode processos, prazode concessão dealvarás passou de 150dias para 48 horas

NOVAS EMPRESAS

1.114empresas foram criadas em 2010em Cariacica. Outras 1.602tiveram seus registros renovadose 1.192 microempreendedoresforam cadastrados.

CRÉDITO

R$ 3,5 mié o total que o programa deacesso ao crédito do governoestadual concedeu aos pequenosempresários, trabalhandoem conjunto com a prefeitura.

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 17

TERÇA-FEIRA

EMPREENDEDORISMOSEGUNDA-FEIRA

EDUCAÇÃO

empresas

AÇÕES PÚBLICAS PARA O EMPREENDEDOR

Centro de apoio aopequeno empresário

Redução deimpostos e taxas

O Centro de Apoio ao Microe Pequeno Empresário (Ciampe)integra os serviços de setesecretarias: Finanças, MeioAmbiente, Obras, Transportes,Administração, Planejamentoe Desenvolvimento Urbano,além do Corpo de Bombeiros.Com isso, permite a agilidadena concessão de alvarás.

A prefeitura isentou de IPTUas micro e pequenas empresasque transferirem seus negóciospara as áreas especificadasdo plano diretor do município.Além disso, a taxa de vistoriapara empresas de pequenoporte foi reduzida pela metadee a emissão de atestados ecertidões municipais ficou isenta.

1 2

Privilégio nascompras públicasSeguindo o estabelecidona Lei Geral das Micro ePequenas Empresas, a prefeituraestabeleceu a preferênciapelos produtos e serviços dasempresas de pequeno portenas compras governamentais.Em caso de empate ou preço até10% superior, os negócios demenor porte são privilegiados.

3

Ueliton Santos

Empenho na obtençãode resultadosA busca por resultados é uma constante em nossas vidas.Seja na escola, na família, na empresa e até mesmo navida pessoal. Todo início de ano traçamos metas, fazemosuma lista do que desejamos alcançar ao longo dos meses,contabilizamos os gastos com impostos e dívidas que nosperseguem no primeiro trimestre e até entramos naqueladieta que vai nos fazer perder dez quilos. Pelo menos é oque sempre imaginamos. Mas isso nem sempre ocorre. Ea situação é a mesma quando o assunto é ciência.

O planejamento na ciência segue por esse caminho,pelo menos no Brasil e, principalmente, nas instituiçõesgovernamentais, sempre ligadas à política vigente. Porexemplo, nos últimos oito anos, quando o Brasil passoupor uma estabilidade considerável, houve duas trocas deministros na pasta de Ciência e Tecnologia, e isso in-fluenciou, de certo modo, o andamento e o empenho dosprojetos e diretrizes.

Ou seja, a maior parte da ciência brasileira que é man-tida pelo governo não consegue ter um planejamentopreciso e congruente, com diretrizes definidas ao longode anos. E isso prejudica o desenrolar das pesquisas e odesenvolvimento de tecnologias de modo geral. Trans-formando o programa de ciência do país em política de

governo, e não em polí-tica de Estado.

Por outro lado, mes-mo quando se fala eminiciativa privada, ain-da se observa um pro-cesso engatinhando,embora haja grupos quejá apresentem planeja-mentos e estratégias deresultados excelentes,como a Vale, Petrobras ea Embraer. Em muitasempresas ou entidadescientíficas, o empenhoé medido pelo volumede dinheiro trazido epela quantidade de tra-

balho publicado em revistas de grande impacto.Lá fora, o caminhar da ciência é mais rápido e conciso.

O planejamento é feito em ciclos, geralmente de cincoanos. A gestão desses ciclos para a obtenção de resulta-dos tem sido elusiva para muitos centros de pesquisa, oque gera grande sucesso com a obtenção de picos de bomdesempenho e até mesmo vales de produção medíocre.

Entretanto, instituições de pesquisa que vivem sem-pre o sucesso têm feito do planejamento para a gestão deresultados sua grande estratégia. Stanford, Harvard, Ins-tituto Gulbenkian de Ciências, Scripps Research Institu-te, MD Anderson Câncer Center, Weizmann Institute ofScience, entre outros, estabeleceram planos centenários,visando resultados que vão desde a captação de recursosexternos para pesquisa, passando pela publicação de tra-balhos científicos de alto impacto e, muitas vezes, per-meando alvos de recrutamento das melhores mentespara trabalhar junto ao grupo.

Nesses lugares, saem presidentes, reitores e pessoas dealtos cargos da instituição, mas a orientação para a me-lhoria é contínua e os ganhos pressupostos para o perío-do não mudam. E não são apenas os executivos do altoescalão que sabem quais esforços devem ser feitos. Todossabem e todos são responsáveis pelos seus esforços e re-sultados. É o que chamam lá fora de accountability. O re-sultado já é conhecido. Onde você estiver no mundo ci-vilizado, a simples citação dos nomes dessas instituiçõescomandará o respeito devido para quem sabe qual é o de-ver de casa e o faz com presteza e precisão. Isso é gestãode resultado em ciência. ■

A maior parte daciência brasileiramantida pelogoverno nãoconsegue ter umplanejamentopreciso econgruente comdiretrizes definidasao longo de anos

LUIS VICENTERIZZODiretor-superintendente doInstituto Israelita de Ensinoe Pesquisa Albert Einsteine membro da Academia deCiências do Estado de São Paulo

18 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

ENCONTRO DE CONTAS

“A verdadeiracomemoraçãoé esta, pela nãocontrataçãodo RonaldinhoGaúcho.Ele iria criarum ambientede hostilidadeno vestiáriogremista. A nãocontrataçãofoi o melhornegócio que oGrêmio fez”Torcedor gremista que participoude um churrasco em Porto Alegrepara comemorar o fracasso datentativa do clube de contratarRonaldinho Gaúcho, depois dejá ter até festejado a aquisição.

LURDETE ERTEL

Depois de espalhar seu odor por váriospaíses da Europa e até da Ásia, a crisealimentar deflagrada pela descoberta decarne e milhares de ovos contaminadoscom dioxina na Alemanha está provocandouma rebelião nas fazendas alemãs.Associações de agricultures e de granejeirosque tiveram seus negócios afetados pelo

escândalo exigem € 100 milhões emindenizações da empresa fabricante daração responsável pela contaminação.O alarme sobre um elevado nível de dioxinaencontrado em porcos, frangos e ovosproduzidos na Alemanha ecoou no últimodia 3 de janeiro, levando o governoalemão a fechar 5 mil granjas do país.

Milhares de animais foram sacrificadosdesde então. E países importadoresde produtos avícolas e suínosoriundos da Alemanha — comoDinamarca, Reino Unidos eHolanda — fecharam suas fronteiras.Autoridades ainda investigam a origemda toxina, possivelmente da ração.

Nem para omelete

Johannes Eisele/AFP

Nos vasosbrasileirosA perda de viço do dólardiante do real levou osgrandes produtores deflores do Brasil a trocaro mercado internacionalpelo doméstico em 2010.O Ceará, maior exportadorbrasileiro de rosas esegundo maior produtorde flores do país, estimater embarcado aoexterior um volume 30%menor no ano passado.Mesmo com a poda dasvendas internacionais,a cadeia de produçãode flores do Ceará devefechar o ano com umcrescimento de 40% –graças às vendas internas.Os principais compradoresnacionais das pétalascearenses são os estadosde São Paulo, DistritoFederal e Pará.Conforme dados setoriais,o mercado interno deflores está avaliadoem R$ 3,3 bilhões,infinitamente maiscaudaloso do que osnúmeros das exportações.

Alberto Pizzoli/AFP

A JamesList, site de venda exclusivade artigos de luxo, acaba de abrir atemporada de lances para uma frotade reluzentes carros de Fórmula 1.Entre as atrações de ronco mais grossoestá a Ferrari 248 F1 Racer, de 2006,

pilotada pelo brasileiro Felipe Massa.Projetado por Rory Byrne e Aldo Costa com ummotor V8 de 785 cv, o carro venceu sete corridasda temporada de 2006, lembra a JamesList.O veículo tem o valor mais alto dentre as rarasFerraris oferecidas no leilão: US$ 3 milhões.

Quem dá mais?

Volta ao comando

Lula vai voltar à presidência naspróximas semanas: Luiz Ináciodeverá reassumir em fevereiroo cargo de presidente de honrado PT – que ajudou a criar.A renomeação deverá ser um dospontos altos da grande festa queestá sendo preparada em Brasíliapara comemorar os 31 anosde fundação do Partido dosTrabalhadores, no dia 10.Em clima de apoteose, o atopolítico também deverá serpalco do primeiro reencontrode Lula com a sucessora DilmaRousseff depois da posse.

Na vizinhança

É com turbinas e outrosequipamentos produzidos pelaVoith Hydro do Brasil que acabade entrar em operação ahidrelétrica de Mazar, no Equador.Construída com investimento deUS$ 500 milhões, a usina integrao complexo hidrelétrico Paute, omaior do país latino, responsávelpor 35% do consumo nacional.

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 19

[email protected]

GIRO RÁPIDO

Notas salgadas

A Praia das Pitangueiras,no litoral paulista, voltará aser palco do Guarujazz & BluesFestival Verão 2011, nosdias 22 e 23 de janeiro.A quarta edição do eventogratuito será embalado porgrandes nomes nacionaise internacionais, como osoulman brasileiro TonyGordon (foto), o pianistaamericano Donny Nichillo ea Orleans Street Jazz Band.

Versão carioca

Está confirmada parafevereiro a primeira ediçãodo TEDxRio, conferênciaque transmite experiênciase inspira projetos no modeloestabelecido pelo TED, quejá teve participações comoBill Clinton, Al Gore,Larry Page and Sergey Brin(fundadores do Google).O Itaú adquiriu a primeira cotade patrocínio do evento quevai reunir no Rio de Janeirogrifes como Armínio Fraga,ex-presidente do BC.

Miss nas tropasDepois de enfrentar a guerra de um concorrido concursode beleza, a inglesa Katrina Hodge, 25 anos, miss Inglaterra noano passado, vai voltar ao seu trabalho, no front do Afeganistão.A morena (na foto acima, ao centro) entrou no Exército aos 17 anose chegou a lutar com as tropas britânicas na guerra do Iraque.Na época, recebeu uma medalha por bravura quelhe rendeu o apelido de Barbie de Combate.Depois de ser coroada Miss Inglaterra no ano passado,o Ministério da Defesa deu-lhe seis meses de licença para quepudesse gozar dos privilégios do reinado e defender a candidaturada Inglaterra no concurso de Miss Mundo na África do Sul.Agora de volta ao batente, Katrina foi convocaca a se juntaràs tropas inglesas que fazem guarda no Afeganistão.

Adrian Dennis/AFP

Vento no convés

Atracou no Brasil pela primeiravez nesta semana o cargueiroE-Ship 1, única embarcação domundo movida por energia eólica.O navio de 130,4 metros decomprimento atracou no portode Pecém (CE), trazendo a bordocomponentes para turbinaseólicas para as linhas deprodução da subsidiária WobbenWindpower, com unidades emSorocaba (SP), além de Pecém.No retorno, o E-Ship 1 vailevar produtos de fabricaçãoda Wobben, como páspara aerogeradores.

Carimbos a rodo

Foi recorde o número devistos emitidos em 2010pelo consulado geral dosEstados Unidos em São Paulo.No último ano, a emissãochegou a 319,73 mil vistos,23,4% mais do que em 2009.Para o cônsul-geral ThomasKelly, o número reflete oimpressionante desempenhoda economia brasileira.O Consulado em São Paulo éo posto que mais emite vistosdos Estados Unidos no mundo.No final do ano, a médiade atendimentos chegoua 2 mil por dia.

Palmilha

A rede Deny Sports, especializadaem artigos esportivos, amarraos cadarços de uma nova marca.Acaba de criar a bandeiraDeny Tennis, para omercado de franquias.Com 40 lojas no país, arede pretende abrir outras10 unidades neste ano.A expansão da marcaestá sob a responsabilidadeda Franchise Store.

SONECA BARATAInspirado em ummodelo criado noJapão, acaba deser inauguradoo primeiro hotelcápsula da China.Localizado aonorte da estaçãoferroviária deXangai, o hoteltem 68 cápsulascom 1,1 metro dealtura, 1,1 metrode largura e2,2 metro decomprimento.O custo da hora éequivalente a R$ 7.E uma diária ficapor R$ 22,50.É exclusivopara homens.

Philippe Lopez/AFP

Umbigo alheioVirou notícias até na Europa a polêmica em torno de um comercial deHavaianas em que a atriz Fernanda Vasconcellos aparece sem umbigo.Publicado no You Tube antes de ir para a tevê, o filme foi umdos assuntos mais comentados do Twitter nesta semana.A atriz reagiu, bem-humorada, também no Twitter:“Se eu soubesse que era fácil assim estar nos TT’s (Tredding Topics),tinha tirado meu umbigo antes, pô!!!!”

● O MuBE — Museu Brasileiro daEscultura, em parceria com o MIS— Museu da Imagem e do Some o Portal Fotospot, abre no dia15 a mostra Cenários Urbanos: umrecorte da coleção Fotospot, quereunirá imagens de algumas dasprincipais metrópoles do mundo.

MARCADOFotos: divulgação

Novo templo de Dalí

Com o acervo mais importante de SalvadorDalí fora do seu país de origem, abriunesta semana na Flórida (EUA) um novomuseu dedicado ao artista catalão.O prédio custou US$ 36 milhões. E teráem exposição permanente 96 obrasde Dalí, com vista para a Baía de Tampa.

20 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 21

22 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

EMPRESAS

Luiz [email protected]

Seis meses depois de adquirir aconcorrente Multimix, a Agro-ceres Nutrição decidiu aban-donar discretamente os mer-cados de ração para peixes eanimais domésticos para prio-rizar três grandes áreas: bovi-nos, aves e suínos. “Não dápara pôr foco em tudo e, comessa fusão, precisamos terfoco”, diz o diretor superin-tendente da Agroceres Multi-mix, Maurício Nacif de Faria.

A produção das linhas paraaquicultura e pets já parou e,em breve, marcas como a raçãopara cães Bono deixarão deexistir. Nacif garante que elasrepresentavam uma parcelapequena do faturamento — pe-quena demais para seremmantidas.

Já nos três segmentos prio-rizados pela companhia, a es-tratégia é aproveitar os produ-tos de excelência da Agroceres(bovinos e suínos) e da Multi-mix (aves). Os portfólios dasduas empresas foram manti-dos, de forma que a AgroceresMultimix pode fabricar 3,5 milprodutos sob encomenda.

PesquisaAs sinergias na área comercialsão as mais importantes que acompanhia espera capturar apartir da integração da Multi-mix. Mas Nacif calcula que ha-verá sinergias quase equiva-lentes na integração das divi-sões de pesquisa e desenvolvi-mento (P&D). Ela começou navirada do ano, com a unifica-ção dos dois laboratórios dascompanhias. As instalações daMultimix estão sendo transfe-ridas para o laboratório daAgroceres.

Mas o centro de pesquisaque a empresa adquirida pos-suía em Patrocínio (MG) conti-nuará em operação, e está re-cebendo investimentos paraaumentar sua abrangência. Aotodo, serão R$ 8 milhões in-

vestidos em estrutura de P&Dneste ano, sem contar o desen-volvimento de produtos.

Depois dos ganhos com aintegração das áreas comer-ciais e de pesquisa, aparecemas sinergias administrativas,logísticas e industriais. “In-vestiremos R$ 5 milhões emmelhorias industriais em2011”, diz Nacif. A companhiamantém três fábricas: Patos deMinas (MG), Rio Claro (SP) eCampinas (SP).

A aquisição da Multimixaumentou em cerca de 50% ofaturamento da divisão de nu-trição da Agroceres, que é oprincipal negócio do grupo.“A fusão foi feita entre os ges-tores principais, o que garan-tiu uma consolidação saudá-vel”, avalia Nacif. Mais dametade dos atuais gerentessão originários da Multimix,ao todo oito entre 18 gestores.

CompetitividadeCom o redirecionamento es-tratégico e a consolidação dasestruturas da Multimix, Nacifespera crescer entre 5% e 10%em 2011, em linha com as pre-visões do mercado de rações.

O fim da linha de rações paraanimais de companhia, no en-tanto, não está ligada apenas aorearranjo interno, mas tambéma uma questão tributária. Váriosestados, como São Paulo, MinasGerais e Rio de Janeiro, decidi-ram nos últimos anos adotar asubstituição tributária, naqual os fabricantes dessas ra-ções passaram a recolher osimpostos devidos pelo varejo.A ideia é diminuir a sonega-ção, concentrando a cobrançados impostos, sem aumentar acarga tributária.

Mas Nacif afirma que o au-mento médio de 56% na tribu-tação paga pelas indústriasaumentou a vantagem dos so-negadores, que ficaram comum produto ainda mais barato.“Isso desestimulou os investi-mentos em marcas e deixamoso negócio morrer.” ■

Agroceres concentraesforço nos grandesmercados de rações

Rações da sócia holandesa sãoadaptadas para o mercado local,com destaque para a aquicultura

Na contramão da concorrenteAgroceres, a Nutreco Fri-Ribequer crescer no mercado de ra-ções para aquicultura em 2011.Formada em 2010 a partir dajoint venture da holandesa Nu-treco com a brasileira Fri-Ribe,a nova empresa aproveitará a li-derança da Nutreco no mercadoglobal de rações para animaisaquáticos e o potencial nacionalnessa atividade econômica.“Agora somos parte de um gru-po que tem 25% do mercadomundial de ração para peixes e

camarão”, afirma o presidenteda Nutreco Fri-Ribe, EduardoAmorim, que é um dos sóciosbrasileiros no negócio.

O plano da companhia é abrirduas fábricas nos próximos trêsanos, sendo uma totalmentededicada aos produtos paraaquicultura. “A Nutreco estáaportando capital e capacidadede inovação que nos permitirãocrescer mais”, diz Amorim. Em2010, a companhia cresceu 7%e teve “um dos melhores anosda história”, segundo o presi-dente, com um faturamento deR$ 160 milhões.

O aporte de capital dos ho-landeses para abocanhar me-

“Não dá para pôrfoco em tudo.Com a fusão,decidimos focarem bovinos e suínos,especialidadesda Agroceres, eem aves, principalnegócio da Multimix

Maurício Nacif de Faria,diretor-superintendente da

Agroceres Multimix

● Com a decisão de extinguiras linhas para animais deestimação, a marca Bono,de rações para cães, devedesaparecer do mercado.

● Segundo o superintendenteda Agroceres, o faturamentobaixo e questões tributáriastornaram desinteressante acontinuidade de sua produção.

● Já os produtos para bovinos,suínos e aves, a nova prioridadeda companhia, serão exploradosao máximo. A AgroceresMultimix afirma ser capazde entregar seus 3,5 milprodutos sob encomenda.

PRODUTOS

Fri-Ribe planeja

Após aquisição da Multimix, companhia deixa de atender áreas de pets e peixes eprioriza aves, bois e suínos; divisão de pesquisa e desenvolvimento recebe R$ 8 mi

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 23

tade da Fri-Ribe não foi reve-lado, mas está permitindo atroca de equipamentos indus-triais, o lançamento de novosprodutos e o redesenho dasembalagens da marca brasilei-ra. Também estão sendo reali-zados investimentos em pes-quisa e desenvolvimento, ca-pacitação de pessoal e certifi-cação das instalações indus-triais. Quatro das cinco fábri-cas já implementaram as boaspráticas de fabricação (BPF)desde a fusão.

Agora, os recursos serãodestinados também à constru-ção das novas unidades e àadaptação de produtos globais

da Nutreco para a realidadebrasileira. “Estamos tropicali-zando os produtos da Nutrecopara usar o nome da companhiano Brasil”, explica Amorim.

ChileAlém de reforçar a linha deaquicultura que a Fri-Ribe jápossuía com produtos líderes noexterior, a Nutreco também estátrazendo a sua experiência derelacionamento com os frigorí-ficos de pescados. “Levamoscerca de 20 piscicultores brasi-leiros para o Chile para conhe-cer o relacionamento que a Nu-treco mantém com os frigorífi-cos locais”, conta Amorim.

A estratégia de se aproximardos compradores dos peixes en-contra espaço em uma cadeiaprodutiva que está se organi-zando no Brasil, a exemplo doque ocorreu décadas atrás com aprodução de frangos e suínos.

Em busca de produtos de qua-lidade e de fomento para estimu-lar a produção, os frigoríficostendem a se envolver mais com oprocesso produtivo, revendendoa ração e a genética escolhidaspara seus fornecedores. A apostaé calcada no sucesso da Nutrecoem países como o Chile e o Cana-dá, onde detém 34% e 25% domercado de ração para aquicul-tura, respectivamente. ■ L.S.

VENDAS

R$ 160 mifoi o faturamento da NutrecoFri-Ribe em 2010, com umcrescimento de 7% sobre 2009.O crescimento ficou acimado mercado, que avançou 4%.

CRESCIMENTO

15%foi o aumento na demanda poralimentos para peixes em 2010,segundo o sindicato da indústria.Trata-se do segmento commaior crescimento no setor.

tropicalizar produtos da Nutreco

Maurício Nacif decidiuabandonar marcas como Bono

Valéria Gonçalvez

Groupon levanta US$ 950 mi em rodadaA empresa americana de compras coletivas Groupon completou umarodada de financiamento em que participaram empresas de capital derisco e outros investidores, incluindo a Andreessen Horowitz, BatteryVentures, Greylock Partners, Kleiner Perkins Caufield & Byers, Mail.ruGroup, Maverick Capital, Silver Lake e Technology Crossover Ventures.Na rodada de investimento anunciada nesta semana, o Groupon divulgouque os recursos serão usados para expansão da companhia fora dos EUA.

Tim Boyle/Bloomberg

Uma das principaisapostas da empresapara crescer é nalinha de produtospara animaisaquáticos, na quala Nutreco afirmadeter um quartodo mercado global

24 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

EMPRESAS

Carlos Eduardo [email protected]

A reformulação de Carol Bartznos negócios do Yahoo!, desdeque assumiu o comando da em-presa de internet em janeiro de2009, ultrapassa a busca de lu-cratividade por meio do corte depessoas. Em dezembro, ela de-mitiu 600 empregados, cerca de4% do seu total, a maior partenos Estados Unidos. A revira-volta que a executiva pretendecompletar em 2011 envolve acentralização da plataforma decriação de sites nos EstadosUnidos, como forma de ganharescala e melhorar a rentabilida-de, além de evitar a estagnaçãoda audiência ao seu portal e oavanço de seus fortes rivais.

Até 2008 havia equipe locais,inclusive no Brasil, para criar si-tes de acordo com as caracterís-ticas regionais. Agora, o Yahootem uma plataforma única parao desenvolvimento dos sites,que, no entanto, permanecemcom tradução e conteúdo local.

Além de permitir uma padro-nização do visual e das marcas, acentralização deu velocidade nacriação de canais. Com a novaestratégia, existe uma platafor-ma comum que serve como basee diminui o tempo de criação.

Com isso, os investimentosregionais estão sendo migradosde equipes de desenvolvimentopara a produção e aquisição deconteúdo. “O orçamento paraeste fim dobrou na região”,afirma o diretor de audiência doYahoo! para a América Latina,Fábio Boucinhas.

A empresa lança uma série denovos sites no país e planeja parao próximo ano construir umarede de produtores de conteúdoindependentes, aproveitando atecnologia adquirida após a com-pra da americana AssociatedContent. Essa rede, chamada Ya-hoo Contributor Network, deveser formada pelo que a compa-nhia chama de “semiprofissio-

nais”, que escrevem sobre algumassunto de sua especialidade parao Yahoo, mas que não são jorna-listas. Nos Estados Unidos, já são400 mil colaboradores, remune-rados de acordo com o interesselevantado por seus textos. “Que-remos entrar no jogo do conteúdode forma diferenciada, sem com-petir com os grandes grupos demídia”, diz Boucinhas.

Entre as apostas, estão, pelaprimeira vez, páginas especiaispara acompanhar o Big BrotherBrasil e o Carnaval. Tambémacabou de relançar as páginasde finanças e cinema. Outro in-vestimento é no site de celebri-dades OMG!, popular nos Esta-dos Unidos.

Competição na redePor muitos anos dona do portalmais visitado da internet e lídercom folga em anúncios on-linevisualizados, como os banners,a empresa vem sofrendo com aconcorrência dos gigantes Face-book e Google.

Em maio de 2010 perdeu aprimeira posição para o Face-book em anúncios visualizados.A rede social também o ultra-passou, em outubro, em núme-ros de usuários, ficando atrásapenas do Google e da Microsoft.

Apesar desses fatos negati-vos, por ter presença global, oYahoo ainda é a maior distribui-dora de conteúdo do mundo,mesmo contabilizando mídiastradicionais. O conteúdo do Fa-cebook é todo adicionado pelosusuários e o Google se posicionacomo um buscador e organiza-dor de informações.

O Yahoo! também tem comodiferencial participação relevantena Ásia, incluindo a China, o quenão acontece com os seus con-correntes, que chegam a sofrerbloqueios por parte do governo.No país mais populoso do mundo,além de operar com marca pró-pria, ele possui participação im-portante no Alibaba, maior portalde comércio eletrônico local. ■

Yahoo! revê modelode negócios pormais lucratividadeContra avanço do Google e Facebook, portal elimina produçãolocal de sites para cortar custos e ganhar agilidade em conteúdo

Entre as apostasde conteúdo estãoa transmissão doBig Brother Brasile do Carnaval

FOTOS NA WEB

21%foi o crescimento na audiência doFlickr (site do Yahoo líder emorganização de fotos digitais), emnovembro, em comparação com omesmo mês do último ano no país.

CONTEÚDO

181%foi o aumento dos acessos aoYahoo! Notícias, de novembrode 2009 ao mesmo mês de 2010,segundo dados da empresa depesquisas ComScore.

Fábio Boucinhas, diretor deaudiência do Yahoo! para AméricaLatina: orçamento dobrou na região

TECNOLOGIA

Presidente da AMD renuncia e vice-financeiro assume comando da companhiaO presidente-executivo da AMD, Dirk Meyer, renunciou ao cargo e serásubstituído interinamente pelo vice-presidente de finanças, ThomasSeifert, enquanto a produtora de microprocessadores busca um nomepermanente para o comando da empresa. A companhia tambémdivulgou que a receita do quarto trimestre subiu 2% sequencialmente,para US$ 1,65 bilhão, com margem bruta de cerca de 45%.

ESTRATÉGIA

Microsoft demite executivo de primeironível em tentativa de retomar liderançaBob Muglia, que estava na companhia há 23 anos, manterá o posto atéa metade do ano a fim de ajudar seu sucessor, ainda não selecionado, atomar as rédeas da divisão de servidores e ferramentas da Microsoft, quefatura US$ 15 bilhões anuais. A divisão vende software de banco de dadose servidores a clientes empresariais. Um memorando interno de Ballmerindica que Muglia foi afastado devido a um desacordo sobre estratégia.

AFP

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 25

Parceria foi feita para reforçarpesquisas na web, após oYahoo ter perdido espaço como avanço do serviço do Google

A parceria do Yahoo! com a Mi-crosoft, para utilizar a sua pla-taforma de anúncios relaciona-das a buscas na internet, estásendo preparada para chegar àAmérica Latina, incluindo oBrasil. Já em operação nos Esta-dos Unidos, foi uma das novasestratégias mais controvertidasadotadas pela empresa em seusesforços de reformulação.

Os links patrocinados ligadosa buscas são a forma de anúncioque mais dá crescimento de re-ceita na internet hoje, e são delesque o Google consegue quase quea totalidade de seu faturamento.Antes da empresa de Sergey Brine Larry Page, o Yahoo foi o pio-neiro dos links patrocinados, aoadquirir a Overture Services.

Com a perda de participaçãode mercado para o rival nos úl-timos anos, ela decidiu juntarforças com a Microsoft, quelançou em 2009 o seu novomecanismo de buscas, o Bing.Hoje as pesquisas feitas no Ya-hoo são realizadas pelo sistemada Microsoft, assim como, pormeio dele, é que são vendidosos links patrocinados on-line.A receita é dividida entre asduas empresas.

“No Brasil, o Yahoo continuavendendo apenas os contratosde anúncios em pesquisas, fa-zendo o contato direto com asagências de publicidade”, diz odiretor de audiência do Yahoo,Fábio Boucinhas.

Em troca de receita repassa-da à Microsoft, o Yahoo se be-neficia de não precisar investirmais em plataforma de buscas.A estimativa é de economiaanual de US$ 500 milhões.

A crise no Yahoo e a chegadade Carol Bartz ao comando daempresa em 2009 alimentou adiscussão sobre o posicionamen-to da empresa. A dúvida é se elapretende ser uma companhia demídia, de conteúdo ou de tecno-logia. A resposta: “o Yahoo é umaempresa de tecnologia, com amaior plataforma de mídia, con-teúdo e comunicação do mun-do”, diz Boucinhas, mencionan-do a definição oficial da empresa.“Queremos ser a central da expe-riência das pessoas na internet.”

Ser a página inicial e centralde informações dos usuários é oque está em jogo e é o desejo detodos os grandes participantesda disputa na internet. Em 2008,o Yahoo rejeitou uma ofertade compra da Microsoft deUS$ 44,6 bilhões, valor conside-rado insuficiente pela companhia.

Segundo um rumor iniciadopela imprensa dos EUA, o AOLtentaria a fusão de suas opera-ções com o Yahoo. ■ C.E.V.

FINANÇAS

106%de crescimento em audiênciaocorreu na versão remodelada doYahoo! Finanças, em novembrodeste ano, em comparaçãocom o mesmo mês de 2009.

RENTABILIDADE

113%de aumento do lucro líquido foiregistrado no terceiro trimestreda empresa, ante 2009. AtingiuUS$ 396 milhões, como resultadoda reformulação de Carol Bartz.

RECEITA

2%de expansão da receita do terceirotrimestre, para US$ 1,6 bilhão,número considerado baixo paraos padrões da internet. É aí quea empresa enfrenta dificuldades.

Henrique Manreza

INTERNET

Usuários de banda larga móvel devemchegar a 1 bilhão em 2011, estima a Ericsson“Durante o curso de 2010, um marco significativo em termos de usuáriosde banda larga móvel foi alcançado, uma vez que seus númerossuperaram os 500 milhões no mundo”, disse a Ericsson, maior fabricantede equipamentos para telefonia móvel do mundo, em comunicado.O uso de computadores portáteis, celulares e de tablets, maisrecentemente, impulsionou a Internet móvel nos últimos anos.

TELEFONIA

AT&T enfrenta ano difícil com fimde exclusividade sobre iPhoneApesar da promessa da operadora de lançar 20 novos celularesavançados, todas as atenções se concentram na rival Verizon Wireless,a maior operadora de telefonia móvel norte-americana, que deveanunciar nesta terça-feira planos para começar a vender o iPhone,dentro de algumas semanas. A expiração do prazo põe fim aos mais detrês anos de forte crescimento da AT&T por efeito das vendas do iPhone.

Bloomberg

“Queremos ser a centralda experiência daspessoas na internet

Fábio Boucinhas

Busca coma Microsoftchega ao país

26 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

EMPRESAS

Françoise [email protected]

Há cerca de 10 mil fabricantesde sorvetes no Brasil, mas asmarcas mais conhecidas per-tencem às multinacionais Uni-lever, dona da Kibon, e Nestlé,que aposentou a marca Yopa epassou a usar produtos célebrespara batizar seus gelados, aexemplo de Molico, Charge eAlpino. Todo esforço para trazerinovações para as geladeiras,contudo, não foram suficientespara barrar a entrada de novosconcorrentes neste mercadoque, no ano passado, movimen-tou R$ 3 bilhões com a venda deum bilhão de litros de massa epicolé. Os números são da Asso-ciação Brasileira das Indústriasde Sorvete (Abis) e referem-se atodo mercado, dos fabricantesàs sorveterias independentes.

Em dezembro, o empóriochique Santa Maria, frequenta-do pela nata paulistana, colocounas geladeiras a sua marca pró-pria de sorvetes. No mesmomês, a sorveteria argentinaFreddo abriu sua primeira uni-dade no Brasil, no ShoppingIguatemi de Brasília. A previsãoé inaugurar outras três até 2012.

De olho na ascensão da classeC e na ausência de um produto“com valor agregado” para estepúblico, a La Basque, criada nadécada de 80 pelo banqueiroAloysio Faria, na época do Real ehoje do Alfa, ressuscitou e re-formulou sua segunda marca desorvetes, a Baden Baden, queteve uma vida curta nos anos90. Ao invés de criar um sorveteliso, a Baden Baden investe noingrediente extra, caso da ver-são doce de leite com brownie.

A Diletto, criada no norte daItália em 1922, desembarcou nopaís pelas mãos de Leandro Sca-bin, neto do fundador Vittorio,com a proposta de produzir pi-colés com ingredientes nobres epouca ou nenhuma gordura. Emdois anos de operação, o negó-cio deslanchou, atingindo R$ 10milhões de faturamento, refri-geradores em 800 expositores eoito quiosques próprios.

Com uma fábrica em Pouso

Alegre (MG), a Diletto agora estáconcluindo as obras de constru-ção de uma unidade produtivaem Cotia (SP), que multiplicarásua capacidade produtiva por 10e levará à produção de outras li-nhas de produtos, conta Scabin.

Embora o grande volume devendas venha naturalmente dasgrandes indústrias, os negóciosde menor porte estão conse-guindo crescer a taxas maiores econquistar os consumidorespelo sistema boca a boca.

A marca Baden Baden, porexemplo, cresceu 30% no anopassado e fincou sua bandeiraem 600 pontos de venda, comoas lojas da rede Pão de Açúcar. Oproduto posiciona-se como in-termediário entre um sofistica-do Haagen-Daz e um pote dedois litros da Kibon. A previsãoé incrementar as vendas em20% neste ano.

Como a La Basque foca nospúblicos A e B+, a fabricante re-solveu apostar na Baden Badenpara atrair as classes B e C. “De-cidimos ser como uma monta-dora. Não dá para produzir so-mente para o topo da pirâmide.É preciso ter um carro, no nossocaso um sorvete, que atendauma massa maior e sustente aoperação”, explica José AlbertoVentura Quintas, diretor-geralda La Basque Alimentos. Asduas marcas são feitas em fábri-ca própria de Campinas (SP).

As vendas da Baden Baden,segundo ele, surpreenderam e,em taxa de crescimento, avan-çam o dobro que a média de 15%da La Basque. Na Diletto, o girotambém é alto. “Nosso cresci-mento ignora qualquer sazona-lidade. O faturamento em no-vembro foi igual ao de 2009 in-teiro”, diz Scabin. ■

Novos sorvetes adoçamdisputa com Kibon e NestléSanta Maria, Freddo, Baden Baden e Diletto aproveitam oportunidades inexploradaspelas grandes fábricas e engordam receita em um setor que fatura R$ 3 bilhões por ano

VolumeGrande desafio do setor émostrar que sorvete é alimento edesvincular o produto do verão

O brasileiro consome 5,2 litrosde sorvete por ano, volume bai-xo se comparado à média eu-ropéia que é de 20 litros anuais.O cenário, contudo, é anima-dor. “Quando a entidade teveinício, em 2003, o número eraabaixo de quatro litros por ano.O consumo per capita de sor-vetes cresceu 27% nos últimosanos”, conta Eduardo Weis-berg, presidente da AssociaçãoBrasileira das Indústrias deSorvetes (Abis).

A região Sudeste respondepor 60% de todo consumo bra-

Leandro Scabin,da Diletto, vai abrirnova fábrica, paraampliar em 10 vezesprodução de gelados

“Produzir duas marcasde sorvete em umaúnica fábrica ajuda aaumentar a escala edissolver custos fixos.Uma meta é quebrara sazonalidade.No inverno, oconsumo de sorvetecai 40%. A ideia éincentivar o brasileiroa tomar mais sorveteJosé Alberto Ventura Quintas,

diretor-geral daLa Basque Alimentos

ENERGIA

ABB vai fornecer US$ 32 milhões emequipamentos de energia eólica ao BrasilA companhia recebeu pedidos da Renova Energia para fornecer cinconovas subestações de transformadores e construir linhas de transmissãoaéreas para atender a 14 novos parques eólicos, com uma capacidade degeração de cerca de 300 megawatts (MW). Os 60 quilômetros de linhasde transmissão irão conectar um dos parques à rede elétrica nacional.O projeto está programado para ser concluído até o final de 2012.

INDÚSTRIA NAVAL

Homworthy leva contrato de £ 30 milhõescom Engevix para plataformas da PetrobrasDe capital inglês e especializada em sistemas de controle de fluidos,a companhia fornecerá os sistemas de bombeamento para oito unidadesdo tipo FPSOs que a empresa brasileira construirá no Estaleiro RioGrande, no Rio Grande do Sul. A entrega dos equipamentos deveráacontecer entre 2012 e 2014. De acordo com comunicado da companhia,o Brasil é um dos focos de atenção nos segmento naval e offshore.

Agencia Petrobras

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 27

sileiro, embora o Norte e Nord-este tenham visivelmente au-mentado seu apetite pela sobre-mesa gelada.

Cerca de R$ 3 bilhões e umbilhão de litros foram vendi-dos no país no ano passado,montante 15% superior em re-lação a 2009.

Há produtos para todos os bol-sos, desde as versões premiumque custam por volta de R$ 20,00o litro, passando pelas interme-diárias com valor de R$ 10,00 olitro, até as mais populares, cujopote com dois litros não sai pormais de R$ 12,00.

O grande desafio da indús-tria é convencer o consumidorde que sorvete é alimento. As

baixas temperaturas tambémnão ajudam, já que a sobreme-sa gelada é diretamente asso-ciada ao calor.

Embora o verão seja um con-vite para o consumo do produto,a praia não é o ponto de maiorvenda. “A concorrência com acerveja é alta. O consumo dosorvete é maior nos grandescentros urbanos”, diz Weisberg.

Consolidação é algo fora decogitação em 2011. “Não vejouma Nestlé ou uma Unileveradquirindo outras marcas”,analisa Weisberg.

Saúde no palitoA Nestlé renovou sua linha desorvetes para a temporada de

verão, assim como a Unilever,que aposta nos “caseiros”, comleite e pedaços de frutas. De umlado, as fabricantes apostam emmarcas consagradas para ga-nhar versões geladas - caso deCharge, Prestígio e Sonho deValsa - e de sobremesas - casodo sorvete Moça Fiesta nos sa-bores pudim com calda de cara-melo. Do outro, engordam ocardápio de produtos da linhade saúde, com o lançamento dosorvete de iogurte Molico Yogo eKibon Balance. Os lançamen-tos, aliados à campanha nospontos de venda, devem resul-tar em um incremento de 25%nas vendas de sorvetes Nestléneste verão. ■ F.T.

consumido no Brasil ainda é baixoPraia, ao contráriodo que se imagina,não é o lugar demaior volume devendas de sorvetes.A cerveja é umgrande concorrente.São os centrosurbanos que puxamas vendas depalitos e massa

MASSA E PICOLÉ

R$ 3 bilhõesfoi quanto o Brasil vendeude sorvetes no ano passado.Este número envolve desdegrandes indústrias até redesde sorveterias menores.

VOLUME

1 bilhãode litros foi a quantidade desorvete consumida no anopassado pelos brasileiros.Este volume é 15% superiorao registrado em 2009.

CONCORRÊNCIA

10 milfabricantes de sorvetes operamatualmente no Brasil, entregrandes indústrias, médias,pequenas e microempresas. Asmaiores são a Nestlé e a Unilever.

CONSUMO PER CAPITA

5,2 litrosé quanto o brasileiro toma desorvete por ano. O volume é baixose comparado à média europeiade 20 litros/ano, mas maior queos 4 litros registrados em 2003.

Fotos: Henrique Manreza

José Quintas, da La Basque,relança marca Baden Baden para

vender sorvete para a classe C

● Frozen yogurt transformou-senuma febre nos últimos doisanos, resultando na abertura dedezenas de casas especializadas.

● Especialistas acreditam quea abertura desenfreada destetipo de casa deverá resultar emuma “bolha”, com o fechamentode algumas redes após o verão.

● Para consumir em casa,a Nestlé lançou o Molico Yogo,sorvete de iogurte vendido empote, sem adição de açúcare com zero por cento de gordura.

BOLHA DO IOGURTE

PETRÓLEO E GÁS

OGX informa que poço Ilhéus, na Baciade Santos, não é comercialmente viávelO diretor-geral da companhia, Paulo Mendonça, relatou que a sonda quetrabalhava no poço será direcionada para o poço Salvador, também nabacia de Santos. Este é o terceiro insucesso da companhia em Santos,onde a empresa, por outro lado, registra três perfurações bem sucedidas,nos poços OGX11, OGX17 e OGX19. A consultoria DeGolyer & MacNaughtoncalcula em 27% o potencial de sucesso na bacia petrolífera.

COMPUTADORES

Intel paga US$ 1,5 bilhão à Nividia paraencerrar processo de uso de tecnologiaO acordo poderá ampliar a concorrência no mercado de processadorespara computadores. A Intel, maior fabricante mundial de chips, teráo direito de usar a tecnologia da fábrica de processadores gráficosNvidia em seus chips para computadores. A Nvidia poderá usar certastecnologias da Intel em seu esforço para criar chips para computadorescom tecnologia licenciada pela ARM Holdings, do Reino Unido.

Kimberly White/Bloomberg

EMPRESAS

28 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

Fábio [email protected]

A novela envolvendo a volta deRonaldinho Gaúcho ao futebolbrasileiro teve seu fim com o Fla-mengo saindo vencedor no leilãoque envolveu diversos clubes na-cionais para repatriar o jogador.Entretanto, a ida do craque paraos gramados cariocas coloca oPalmeiras, um dos interessados,em uma saia justa com a empresade marketing esportivo Traffic,sua parceira para a negociação dejogadores há três anos.

Responsável por colocar jo-gadores e técnicos de renome noelenco palmeirense no período,a Traffic foi o grande diferencialpara Ronaldinho Gaúcho optarpelo Flamengo e descartar aspropostas de Grêmio e do pró-prio Palmeiras. Pesou para a es-colha do craque e dos envolvi-dos na negociação — seu irmãoe empresário, Roberto Assis, eseu antigo clube, o Milan — ofato de a companhia ter ficadoincumbida pela utilização daimagem do jogador em açõespublicitárias e garantir o paga-mento de boa parte do salário demais de R$ 1 milhão ao atleta. Oretorno para a Traffic virá pormeio dos royalties da venda decamisas do Flamengo com ainscrição “Ronaldinho”.

O Palmeiras foi o escolhidopara ser o principal parceiro daTraffic no futebol por ser o timedo coração de seu proprietário,o empresário J.Hawilla. Apesarde não ter um contrato de ex-clusividade para a negociaçãode jogadores, o Palmeiras via naparceria a saída para conseguirreforçar seu elenco mesmo comas dívidas que o rondam. E ape-sar do acordo ter terminado nodia 31 de dezembro, a continua-ção da parceria aguardava ape-nas a escolha do novo presiden-te do time, cuja eleição ocorrena próxima quarta-feira (19).

Mas ao ver a participação inci-siva da Traffic para levar Ronaldi-nho Gaúcho para o Flamengo,seja situação ou oposição a chapavencedora no pleito, a relação de

três anos entre o Palmeiras e aempresa não deve continuar. Re-centemente, a companhia co-brou uma dívida de R$ 12 milhõespor ajudar a pagar salários de di-versos reforços para o time, entreeles, o do técnico Vanderlei Lu-xemburgo (hoje no Flamengo).

“Essa dívida será negociadapelo futuro presidente”, res-tringe-se a comentar o vice-presidente Salvador Hugo Pa-laia, um dos concorrentes nopleito da próximo semana.

Últimos laçosApesar da rasteira levada pelaTraffic, o Palmeiras terá que en-golir os trabalhos da empresa pormais algum tempo. No final de2009, a Traffic fechou contratocom a construtora WTorre paraser a responsável pela venda deespaços comerciais como na-ming rights (o direito de nomearum estádio) e camarotes da novaArena Palestra, um negócio ava-liado em R$ 200 milhões.

Chateado com o fim da nove-la envolvendo Ronaldinho Gaú-cho, o presidente do clube pau-lista, Luiz Gonzaga Belluzzo,chegou a pedir o fim do contratoentre WTorre e Traffic. Entre-tanto, a construtora afirma queos trabalhos para a comerciali-zação dos espaços comerciaiscontinuará normalmente. Pro-curada, a Traffic não se mani-festou sobre o assunto. ■

IMÓVEIS

BNDES anuncia financiamento de R$ 323,6milhões para a Arena Fonte Nova, da BahiaOs recursos do BNDES, que correspondem a 46% do investimentototal, serão utilizados na construção de um estádio com capacidadepara 50.273 espectadores, que receberá jogos da Copa do Mundode 2014 e que pode receber jogos de quartas-de-final.Também foi contratado o financiamento de R$ 400 milhõespara construção da Arena da Amazônia, em Manaus.

AGRONEGÓCIOS

Lavouras de soja do Brasil se desenvolverãobem em 2011, diz a consultoria Oil WorldO cenário para a safra de soja do Brasil permanece positivo, apesar dotemor quanto ao efeito do clima em outros países da América do Sul,disseram analistas da consultoria com sede em Hamburgo Oil World.A consultoria elevou ligeiramente sua projeção da safra 2011 do Brasilpara 67,5 milhões de toneladas, ante 67,3 milhões de toneladas previstasem dezembro. A colheita em 2010 totalizou 68,7 milhões de toneladas.

Divulgação

Leilão de Ronaldinho provocasaia justa entre Traffic e PalmeirasApós intermediar ida do atleta aoFlamengo, parceria da empresa com oclube paulista está próxima do apito final

GOTA D’ÁGUA

Parceria acumula diversas baixas dentro de campo

A participação da Traffic nanegociação que levou RonaldinhoGaúcho para o Flamengo deveencerrar as negociações paracolocar jogadores no Palmeirasem uma parceria que acumulamais derrotas do que vitórias.A primeira delas foi o atacanteKeirrison, que saiu pela porta

dos fundos do clube após servaiado em diversos jogos. Outroex-idolo que saiu brigado coma torcida foi o meia-atacanteDiego Souza, que a Trafficpreferiu levar para o AtléticoMineiro para não perder maisdinheiro com o baixo rendimentodo atleta no Parque Antarctica.

Além destes, a empresa teveparticipação na contratação dotécnico Vanderlei Luxemburgo(demitido antes do término docontrato), e se recusou a investir navolta do ídolo palmeirense Kléber,considerado velho com seus25 anos (Ronaldinho completa31 anos nesta temporada). F.S.

Vanderlei Almeida/AFP

Ronaldinho Gaúcho:jogo duplo da Trafficcom Palestra Itália eo rubro-negro carioca

“Essa dívida deR$ 12 milhõesdo Palmeirascom a Traffic seránegociada pelofuturo presidente

Salvador Hugo Palaia,vice-presidente do Palmeiras

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 29

30 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

JUSTIÇA

Luciano [email protected]

Advogados especializados emfusões, aquisições e ofertas nabolsa não têm do que se queixar.Nem bem terminaram de con-tabilizar os resultados de umano muito positivo e já estãootimistas: 2011 promete ser ain-da melhor. Motivos para acredi-tar nisso não faltam. A tempo-rada começa aquecida. Há di-versas consultas e negócios emandamento. Por isso, janeiro —um mês tradicionalmente mor-no para o segmento — deveabrir o caminho para novos re-cordes. Há escritórios que co-meçam o ano com mais opera-ções no forno do que o total denegócios fechados em 2010. É ocaso do Mattos Filho, que parti-cipou de 52 transações no anopassado. “Há cerca de oitentaoperações em andamento. Pra-ticamente todos os dias surgealgum caso. Há muita coisa poracontecer em setores como fi-nanceiro, saúde, imobiliário,mineração, óleo e gás”, exem-plifica João Ricardo Ribeiro, só-cio do escritório. O advogadoacredita que parte desse inte-resse terá reflexo direto na bol-sa. “Esperamos entre quarenta esessenta ofertas. Muitas, inclu-sive, estão em andamento.”

Com 49 aquisições concluí-das e anunciadas ao longo doano passado, o Pinheiro Netocomeça 2011 com aproximada-mente 50 negócios em anda-

Ano começa comforte movimentoem fusões e IPOsEscritórios iniciam 2011 com número de operações em andamentosuperior ao de negócios fechados em todo o ano passado

Transações decompra e vendade empresaschegam a representarentre 30% e 40%do faturamentode bancasespecializadas

Recursos são salvaguardas dos cidadãosO litígio que o cidadão leva para a Justiçaem busca de uma solução rápida acabasempre concorrendo com outro problemainerente à máquina do Judiciário: a moro-sidade da Justiça, que agrega um sofri-mento a mais para advogados, magistradose promotores e para o jurisdicionado, quenão encontra celeridade no provimento ju-risdicional. Mas atribuir ao número de re-cursos previstos em lei à lentidão proces-

sual constitui um equívoco. A justiça doshomens é falível como falível é o homem.O trabalho do advogado é garantir umasentença justa e, para tanto, recorre deuma decisão que pretende seja reexamina-da, num sistema que visa diminuir, oquanto possível, os erros. A defesa temcomo missão resguardar o amplo direito dedefesa e o contraditório da parte, agindocom independência e ética. E, caso não as-

segure ao seu cliente todos os recursos es-tabelecidos na legislação vigente, da pri-meira à instância superior, não estará à al-tura da confiança que lhe foi depositada.

Mas há, sim, um gargalo recursal do sis-tema processual brasileiro voltado a aten-der o próprio Estado, suas autarquias efundações, que dispõem de prazo em quá-druplo para responder e de prazo em dobropara recorrer. Portanto, a lei prevê o em-

mento e ótimas perspectivas.“Tem tudo para ser um ano atí-pico, com um janeiro muito for-te. Muitos clientes marcaramreuniões nas últimas semanasdo ano para demonstrar inte-resse em novos negócios”, dizMiguel Tornovisky, sócio do es-critório, que destaca fundos deprivate equity como os princi-pais responsáveis pelo movi-mento. “Os gestores pratica-mente emendaram compromis-sos entre o fim do ano e o come-ço deste. Não pararam.”

Outro que aposta no aumen-to da participação desses inves-tidores em compras de empre-sas é o Barbosa, Müssnich &Aragão. A banca, que no anopassado intermediou aquisiçõesda Tivit pelo Apax e da Quali-corp pelo gigante Carlyle, pro-jeta a continuidade natural denovos negócios envolvendo essa

LUIZ FLÁVIOBORGES D’URSO

Advogado criminalista,mestre e doutor pela USP,

é presidente da OAB-SP

A FRASE

“Praticamente todosos dias surge algumcaso. Há muitacoisa poracontecer”

João Ricardo Ribeiro,sócio do Mattos Filho

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 31

Para Miguel Tornovsky,do Pinheiro Neto, ano é

atípico, começandocom atividade aquecida

PrecatóriosAgilizar o pagamento deprecatórios e transformá-los emmoeda para ser usada, quandoa quantia for alta, unicamente nofinanciamento da casa própriaforam sugestões levadas pelopresidente OAB SP, Luiz FlávioBorges D´Urso, ao governadorde São Paulo, Geraldo Alckmin,na semana passada, quando foiassinado decreto estabelecendoque 50% do valor previsto parao pagamento de precatórios noano será destinado a quitar dívidasem ordem crescente de valor.

1

A morosidade daJustiça atropeladireitos e não temuma causa única.A falta de autonomiafinanceira é apenasa mais visível delas

vista na Constituição Federal, mas não via-bilizada pelos Estados, está apenas entre ascausas mais visíveis. Em São Paulo, nomaior tribunal do país, com 20 milhões deprocessos em tramitação, houve corte or-çamentário. Portanto, faltarão recursospara instalar 200 varas já criadas, ampliaro número de magistrados, concluir a infor-matização, modernizar a gestão e fazer areposição inflacionária no salário dos ser-vidores. A somatória desses fatores terá,sem dúvidas, reflexos negativos sobre aJustiça bandeirante durante a próxima dé-cada se nada for feito.

A eternização dos feitos judiciais não inte-ressa a ninguém, sendo que a simplificaçãodo rito processual e a duração razoável dosprocessos são metas almejadas por todos quemilitam no Direito. Por isso, nos preocupamas reformas em curso do Código de ProcessoCivil e do Código de Processo Penal. Sob ajustificativa de reduzir o tempo de andamen-to dos processos em andamento, propõem-se nos dois textos a extinção de recursos que,em nosso entender, implicam na redução desalvaguardas aos direitos dos cidadãos. Aoinvés de se diminuir recursos, se deveria di-minuir o tempo para julgá-los! ■

prego de recurso obrigatório para decisõescontra o Estado, até porque, não seria ab-surdo admitir que é do interesse do entepúblico adiar o pagamento de suas dívidas.Um exemplo irrefutável disso são os preca-tórios, sentenças judiciais transitadas emjulgado, cujo pagamento, no entanto, nãose cumpre, se protela. Portanto, a práticada excessiva interposição de recursos emanobras protelatórias é prática bastantecomum ao Estado.

Por óbvio, a morosidade da Justiça atro-pela direitos e não tem uma causa única. Aautonomia financeira do Judiciário, pre-

Governos tomandoposse, possibilidadede novas privatizaçõese a necessidade derecursos para investirem infraestruturaformam a combinaçãocerta para ampliaro apetite por fusõese associações como poder público

O ANO PROMETE Mais do que comprar evender empresas,

investidores estão interessadosem começar operações do zerono Brasil. Montadoras de veículossão um exemplo dessa tendência.

Novos fundos de privateequity, que compram fatias

de empresas, devem chegar aopaís. Eles estão interessadosem setores como Tecnologia daInformação, varejo e financeiro.

Como movimento natural,escritórios projetam novas

ofertas de ações. As captaçõespodem alcançar tambémempresas de menor porte emsetores ligados à infraestrutura.

JURÍDICAS

CredoresPara D´Urso, a escolha dopagamento em ordem crescenteirá atingir um número maiorde credores. Assim, cerca de78% daqueles com obrigaçõesde pequeno valor serãocontemplados. “Agora, o Tribunalde Justiça de São Paulo, que peladecisão do CNJ organiza a fila doscredores de precatórios e já dispõede R$ 2 bilhões depositados peloEstado e municípios devedores,deverá realizar o pagamentocom base no decreto assinadopelo governador”, afirma.

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CNJPara Flávio Brando, presidenteda Comissão de Dívida Pública daOAB SP, também presenteà reunião, a postura do atualgoverno é um avanço secomparada à administraçãoanterior. Segundo ele, Alckminestá cumprindo a determinaçãoe seguindo as normas editadaspelo Conselho Nacional deJustiça, dando continuidadeao pagamento anual aos credoresde precatórios do Estado.“E isso poderia ser ampliado como acatamento das propostasapresentadas pela OAB SP”, diz.

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Fotos: Murillo Constantino

modalidade de investidor. “Afi-nal, grande parte dos trezentosmaiores fundos globais sequertem presença no país”, lembraPaulo Aragão, sócio do escritó-rio. O especialista, que esteve àfrente de operações como acompra da Casas Bahia pelo Pãode Açúcar e a parceria entre Co-san e Shell, também vislumbraoutra tendência para o mercadolocal: o aumento de associações.“Algum tempo atrás o comumera que alguém assinasse umcheque e assumisse o controledos negócios. Mas as operaçõesestão ficando cada vez maiores,juridicamente mais complexas eo valor do cheque cada vez maisalto para que isso continueacontecendo”, justifica.

Especializado em transaçõesno setor financeiro, caso daaquisição do Votorantim peloBanco do Brasil, o Velloza, Gi-rotto e Lindenbojm, tambémcomeça o ano com mais opera-ções em andamento — 11 — doque as 7 finalizadas em 2010.

Muito além de fusõesGovernos tomando posse, novaspossibilidades de privatizaçõesde serviços públicos e a necessi-dade que o país tem em receberpesados investimentos em in-fraestrutura integram um con-junto de fatores que está au-mentando o interesse não ape-nas por fusões, mas em associa-ções com o poder público, dizPedro Paulo Porto Filho, sóciodo Porto Advogados. “Desde ocomeço do ano recebemos qua-tro consultas de investidores.Eles querem entender como éparticipar de licitações e quaissão garantias jurídicas ofereci-das na compra de um terminalde aeroporto”, exemplifica.

Uma dessas licitações, a dotrem bala, deve acontecer emAbril e tem como concorrente oconsórcio coreano, cliente doSouza Cescon. “É o nosso princi-pal negócio no primeiro semes-tre”, afirma Luis Souza, sócio doescritório, que também cuida dosnegócios da Sete Brasil, empresacriada pela Petrobras para admi-nistrar as sondas do pré-sal.

Outro fator que impulsionaránovas aquisições é a consolida-ção de uma nova classe médiano país, surgida com a estabili-

dade monetária. “Com o au-mento da oferta de crédito, todauma cadeia de empresas ligadasa consumo e varejo continuaráem alta”, afirma Flavio Meyer,sócio do Machado Meyer.

O aumento do poder de com-pra da população se traduz emmaior interesse de empresas emse instalar no Brasil. “A chegadade novos entrantes no mercadoé algo relevante para os escritó-rios, que podem ter o cliente pormais tempo, em projetos quecomeçam do zero e são bastantecomplexos”, José Luis Freire,sócio-fundador do Tozzini Frei-re, que trabalha na chegada daHyundai a Piracicaba. O escri-tório participa de 34 projetos deempresas que querem se insta-lar no país e de outras 50 fusões.

Intermediar negócios entreempresas é o principal negócio dediversas bancas. A atividade éresponsável por cerca de 25% dofaturamento do Mattos Filho e re-presenta aproximadamente 40%da receita do Souza Cescon. ■

32 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

FINANÇAS

Thais [email protected]

“Nosso sonho de consumo éque, no futuro, a pessoa físicautilize cada vez mais a Cielo,que não seja indiferente à má-quina em que o seu cartão vaipassar”. Meses atrás, essa frasede Rômulo Dias, presidente daCielo, soaria muito estranha.Afinal, seus clientes, de fato, sãoos lojistas. Mas em um mercadoem que não há mais exclusivi-dade, as mudanças de posturase estratégias de atuação são cadavez maiores. Além do início deações publicitárias, a creden-ciadora está fazendo promoçõespara os portadores de cartões.

As grandes bandeiras, comoVisa e Mastercard, também re-forçaram ações para os estabe-lecimentos comerciais, consi-derando que são os portadoresdo plástico seus clientes finais.Quem tem a ganhar com issosão os lojistas e usuários, cadavez mais disputados entre ban-cos, administradoras de cartõesde crédito, bandeiras e creden-ciadores, em um mercado de li-vre concorrência.

Um exemplo recente porparte da credenciadora é a cam-panha “A dois passos do paraí-so”, da Cielo com o Banco doBrasil. Nela, todas as vezes que oportador do OuroCard faziauma compra cuja transação fos-se feita numa máquina da Cieloele concorria a prêmios. Tudopara incentivar o dono do cartãoa escolher utilizar a máquina daempresa na hora da operação.

“Milhagem” para lojistaModelos de programas normal-mente usados pelos bancos paraincentivar o seu cliente a usarmais o seu cartão, como o demilhagem, também estão sendoaplicados pela credenciadorapara os lojistas. A Cielo lançoupara os seus clientes o programade benefícios “100% Você”,voltado para estabelecimentosde médio porte. A cada mil reaistransacionados na rede da Cielo

o lojista acumula 100 pontos.Eles podem ser trocados por umcatálogo de produtos para o ne-gócio dele, além de poderem serresgatados para o pagamento doaluguel da máquina (chamadaPOS). “Esse programa não é sópara incrementar o volume,mas principalmente para fideli-zar o estabelecimento”, explicaArilda Vasconcelos, gerente defidelidade da Cielo.

Segundo ela, o programaajudou a antecipar a migraçãodas transações de Mastercardpara a Cielo após o fim do con-trato de exclusividade da cre-denciadora com a Visa. Tambémvoltado para pequenos e médiosestabelecimentos, a credencia-dora lançou a plataforma pro-mocional, uma ferramenta degestão de promoções, que teve arede Cacau Show como uma dasprimeiras usuárias.

ConcorrênciaA expectativa dos analistas éque a maior concorrência te-nha mais impacto no balançodo primeiro trimestre das cre-denciadoras (leia mais ao lado),pois será o período em que sãoesperadas as maiores renego-ciações com estabelecimentos— e talvez a escolha por uma sócredenciadora. A Cielo, porém,já conquistou grandes clientes,como as duas maiores compa-nhias aéreas brasileiras, Tam eGol. “Estamos ganhando clien-tes em todas as frentes. Issopode ser visto em nossos ba-lanços e pela evolução dos vo-lumes transacionados”, come-mora Rômulo Dias.

Uma estratégia usada pelaRedecard, que claramente im-pactou os seus resultados doterceiro trimestre, foi a de brigapor preço. Ou seja, cobrar umataxa de desconto menor do lo-jista em troca de concentraçãodas transações em sua máquina.Dias sempre defendeu a manu-tenção do preço, combinada àoferta de um pacote incluindomais serviços. O que, de fato,parece estar sendo entregue. ■

Para fidelizar,Cielo tenta seduzirdonos de cartõesCredenciadora quebra o paradigma de que só o lojista éo cliente e faz ações também para quem detém o plástico

Para analistas,Maior competição e ingressode concorrentes vão impactarnegativamente os resultados

A equação: maior competiçãoentre as duas maiores credencia-doras de cartão do Brasil (Cielo eRedecard), mais novos concor-rentes neste mercado, será iguala menor lucro de Cielo e Rede-card em 2011, é o que preveem osanalistas que acompanham asações de ambas as companhias.O Goldman Sachs prevê um de-clínio de 22% do lucro líquidoentre o pico de 2010 e o trimestrede pior resultados de 2012.

A projeção do banco Fator é

de que a Cielo feche 2010 comum lucro líquido de R$ 1,827 bi-lhão (avanço de 18% em relação2009), mas que neste ano elecaia para R$ 1,652 bilhão, oequivalente a um recuo de 9%.Já para Redecard, a projeção éde que o ganho seja de R$ 1,399bilhão em 2010 (crescimento de0,3% em relação a 2009) e deR$ 1,213 bilhão neste ano (recuode 13% na comparação anual).

Tanto os analistas do GoldmanSachs quanto do Fator espe-ram que o lucro das duas em-presas continue a cair em 2012e só retomem o crescimento apartir de 2013.

Rômulo Dias, presidente da Cielo:com abertura do mercado,sonho de consumo da companhiaé atrair usuários dos cartões

“Estamos ganhandoclientes em todasas frentes. Isso podeser visto em nossosbalanços pelaevolução dos volumestransacionados

Rômulo Dias

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 33

“O crescimento da indústriade cartões deverá permanecerforte com a expansão do consu-mo privado e o aumento do usodo cartão. No entanto, a entradade novos concorrentes deve di-minuir a participação de mer-cado da Redecard e Cielo até2012”, avalia o Goldman Sachsem relatório assinado pelosanalistas Carlos Macedo, JasonB. Mollin e Wesley Okada.

No segundo semestre desteano, o mais novo entrante domercado, o Citi em parceriacom a americana Elavon, deveestar em operação. Em 2011,também deve entrar em opera-

ção no Brasil a americana Glo-bal Payments. Desde março doano passado, já concorre comCielo e Redecard o banco espa-nhol Santander, em parceriacom a GetNet.

TendênciasOs analistas do Goldman Sachsobservam que os números apre-sentados no terceiro trimestreacabaram com algumas incer-tezas que rondavam o mercadode credenciamento. Eles iden-tificaram três tendências cla-ras: primeira, a taxa de des-conto líquida cobrada do lojistairá diminuir por uma combina-

ção de competição (principal-mente na briga pelos grandesvarejistas) e pagamento de co-missões aos bancos parceiros.Os analistas não esperam maisreduções da taxa da Redecard,mas sim da Cielo. Segunda ten-dência: a receita de aluguel deequipamento diminuirá à me-dida que é o principal campode batalha competitiva paraconquistar os pequenos co-merciantes. E terceira: a receitacom antecipação de recebíveisserá pressionada, especial-mente para grandes comer-ciantes, onde os bancos podemser mais competitivos. ■

“Portugal não pretende pedir ajuda”Portugal não tem planos de pedir um resgate financeiro à União Europeiae ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e o governo está fazendotudo possível para evitar isso, disse ontem o ministro das Finanças dopaís, Fernando Teixeira dos Santos. “Eu não antevejo essa eventualidade.Aliás, estamos motivados para evitar que essa eventualidade ocorra”,afirmou. “Estamos fazendo o nosso trabalho. Claramente a Europa nãoestá fazendo o seu trabalho para garantir a estabilidade do euro”, disse.

● Às 8h, sai a produção industrialde novembro na Zona do Euro.● Às 9h, o IBGE divulga a pesquisamensal de comércio de novembro.● Às 12h30, o Banco Centraldivulga o fluxo cambial semanal.● Às 17h, o Federal Reservedivulga o Livro Bege.

AGENDA DO DIAGeorgesGobet/AFP

lucro vai registrar queda até 2012Estimativa é quea Redecard nãoreduza ainda maisa taxa de descontocobrada do lojista,mas queda aindaé esperada da Cielo

Marcela Beltrão

● A combinação entre abertura demercado, com maior competiçãoentre Cielo e Redecard, e a vindade novas empresas do segmentodeve impactar o lucro das duasmaiores empresas do segmento.

● Na avaliação de bancos deinvestimento, os resultadosdessas companhias continuarãosendo negativos até 2012. Receitascom aluguel de equipamentoscairão e as de antecipação derecebíveis serão pressionadas.

MUDANÇA DE CENÁRIO

■ QUEDA

22%

Estimativa de retraçãodos lucros do pico de 2010

■ COMPETIÇÃO 1

R$1,8bilhão

Projeção do Fator parao lucro da Cielo em 2010

■ COMPETIÇÃO 2

R$1,4bilhão

Previsão do Fator parao lucro da Redecard em 2010

34 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

FINANÇAS

Thais [email protected]

Há pouco tempo, o cenário dehiperinflação que dominava oBrasil impedia o desenvolvi-mento da cultura do seguro devida no país. A estabilidade eco-nômica consolidada ao longodos últimos anos e agora o cres-cente aumento da renda da po-pulação têm criado condiçõesmuito favoráveis para as segura-doras explorarem esse mercado.

“O seguro de vida haviamorrido por causa da hiperin-flação”, diz Max Thiermann,presidente da Allianz Seguros.A seguradora alemã está noprocesso final de preparaçãodos sistemas operacionais paratrabalhar de forma mais pró-ativa no segmento de vida. Atéentão, a empresa atuava maissob demanda, sem gerar escala.

Os planos são de que a opera-ção esteja rodando já no segun-do trimestre. “Vamos atuar emseguro de vida em grupo, tendocomo alvo as pequenas e médiasempresas”, explica Thiermann.

MovimentoO movimento da Allianz não éisolado no mercado. Segura-doras especializadas, reco-nhecidas por suas atuações emgrandes riscos, têm se voltadopara o segmento, casos daamericana Ace e da britânicaRSA, que atuam com apólicesde vida em grupo. Mais dire-cionada para o varejo, a Marí-tima Seguros também retomousua carteira em novembro de2005, trabalhando com segu-ros individuais e coletivos. “Asmargens dessa carteira sãomelhores”, diz Samy Hazan,superintendente de planeja-mento e Vida da Marítima. Se-gundo ele, os principais fato-res que impulsionam o movi-mento são econômicos: au-mento da renda e mobilidadesocial da população brasileira.

Na avaliação do superinten-dente, o modelo de distribui-ção massificada de seguros —

por meio de parceiros varejis-tas, administradoras de cartãode crédito e concessionárias deserviços públicos — tem po-tencial para dobrar o mercadode vida no país.

Jabuticaba nacionalDiferentemente de outros paí-ses, no Brasil a maior parte dasapólices de vida é coletiva (con-tratada por empresas ou gruposde profissionais) e não indivi-

dual. De janeiro a novembro doano passado, o faturamento dosegmento de seguro de vida in-dividual no mercado domésticofoi de R$ 1 bilhão, de acordocom dados da Superintendênciade Seguros Privados (Susep). Jáo segmento vida em grupo acu-mulou uma receita de R$ 7,1 bi-lhões no mesmo período.

Até pela base relativamentepequena, o segmento indivi-dual é o que apresenta maior

ritmo de crescimento, comavanço de quase 40% de ja-neiro a novembro em relação aigual período de 2009. “Ban-cos são os grandes distribui-dores de apólices indivi-duais”, comenta Hazan.

Entre outros fatores, o quetem alavancado o segmento devida em grupo são os acordosde sindicatos que exigem acontratação de seguro de vida,diz o especialista. ■

“O mercado devida deve dobrarcom a distribuiçãode seguros deforma massificada

Samy Hazan,superintendente de Planejamento

e Vida da Marítima Seguros

SEGUROS

Itaú Unibanco firma acordo parapagar R$ 260 milhões à GlobexO Itaú Unibanco informou ontem que firmou acordo para garantiaestendida com a Globex, que passou a concentrar os ativos deeletroeletrônicos do Grupo Pão de Açúcar após a formação daNova Casas Bahia. O acordo prevê que a Nova Casas Bahia receba,por meio da Itauseg, R$ 260 milhões até 15 de janeiro, conformedocumento entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

CRISE

Japão promete comprar bônusda Zona do Euro neste mêsO Japão prometeu comprar bônus da Zona do Euro neste mês,mostrando apoio aos problemas da Europa com a crise de dívida, masmembros do mercado duvidam que esse gesto ofereça muito alívio. Oministro das Finanças japonês, Yoshihiko Noda, disse ontem que Tóquioestá considerando comprar cerca de 20% dos bônus da região que forememitidos neste mês, com o objetivo de levantar fundos e ajudar a Irlanda.

Tomohiro Ohsumi/Bloomberg

Apólice de vida volta à prateleiradas seguradoras especializadasAllianz está no processo final depreparação de sistemas para atuarcom pequenas e médias empresas

Max Thiermann, da Allianz:investimento para atuar

com apólices coletivas

Henrique Manreza

INDIVIDUAL, EM R$ MILHÕES

GRUPO, EM R$ BILHÕES

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

2010*20092008

778

103

836

127

1.028

154

012345678

2010*20092008

6,3

2,8

7,2

3,1

7,1

3,0

SEGURO DE VIDA EM NÚMEROS

Segmento individual é o que mais cresce, mas é o coletivo que tem base maior

Fonte: Susep *até novembro

Receita Sinistro

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 35

RISCO

Dívida da América Latina podeter melhora de nota, diz S&PA classificação da dívida dos países da América Latina pode sermelhorada neste ano, disse ontem Joydeep Mukherji, diretor sêniorde dívida soberana para a América Latina da Standard & Poor’s RatingsServices. A relação dívida sobre Produto Interno Bruto da regiãoé baixa em comparação com as de economias avançadas, e cairáem 2011, disse Lisa Schineller, diretora para a América Latina da S&P.

CÂMBIO

Para Roubini, corte de gastosatrairia mais dólares para o BrasilNouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, disse ontemque a proposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de coibir umamaior valorização do real, por meio de corte de gastos, é errônea. Issoporque o corte de gastos elevaria a credibilidade do Brasil e atrairia aindamais o capital estrangeiro. “Não estou convencido deste argumento.Se você é mais saudável, tende a atrair mais fluxo de dólares”, afirmou.

Chris Ratcliffe/Bloomberg

Ana Paula [email protected]

O esforço feito nos últimos anospelos bancos para cooptar anova classe consumidora já sur-te algum efeito. No entanto,ainda é elevada a população ex-cluída do sistema bancário,conforme levantamento reali-zado pelo Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea). Nãopossuem uma conta corrente oude poupança 39,5% da popula-ção brasileira. Nas regiões Nortee Nordeste, essa exclusão é ain-da maior: supera os 50%.

Esses percentuais elevados deexclusão já levam em conta a me-lhora dos últimos cinco anos. En-tre o público masculino, 66%atualmente possui conta bancá-ria, ante 44,2% há cinco anos.Entre as mulheres, a participaçãopassou de 34,3% para 55,5%.“Os que antes eram sem rendaestão começando a ser incorpo-rados ao sistema, mas há muito aser feito”, avalia o presidente doIpea, Marcio Pochmann.

Outro ponto levantado pelapesquisa diz respeito ao fato deque a população não vê a con-cessão de crédito como serviço

primordial nas instituições fi-nanceiras. Dos entrevistados,apenas 4,5% veem os emprés-timos como a principal funçãode um banco. Essa percepção émenor no Centro-Oeste (3,1%)e maior no Nordeste (6,5%). Nogeral, de acordo com a pesqui-sa, o banco serve apenas paramovimentar ou guardar di-nheiro (62,5%).

Na avaliação da coordenado-ra executiva do Instituto Brasi-leiro de Defesa do Consumidor(Idec), Lisa Gumm, essa distor-ção na percepção se dá por con-ta da expansão do número decartões de crédito, em especialos atrelados às redes de varejo.“Essas lojas promovem o acessoao crédito e a população não vêque há um banco associado”.

Para a coordenadora, issonão deixa de ser uma penaliza-ção aos consumidores, umavez que as linhas de créditooferecidas por meio dos plásti-cos têm um custo superior aodos empréstimos tradicionaisacessados nas agências bancá-rias, caso do crédito direto aoconsumidor (CDC).

Outra constatação feita porLisa é que a inclusão bancária

ocorrida nos últimos anos foipossível devido à utilização decorrespondentes bancários paraa prestação de serviços, comopadarias e supermercados, eque isso indica que os novosconsumidores estão tendo umatendimento mais precário. “Sea legislação já não é compridadentro das agências, imaginaem um estabelecimento comer-cial. Queremos que o consumi-dor receba as informações demaneira correta.”

SatisfaçãoDos entrevistados que possuemconta em banco (60,5% do to-tal), a maior parte se mostrousatisfeita ou muito satisfeita coma segurança na realização deoperações bancárias na agência.O grau de satisfação chegou a78,2%. Já a satisfação com o ho-rário de atendimento das agên-cias foi de 65,1%.

O nível de satisfação não in-cluiu serviços bancários ou a qua-lidade do atendimento prestadopelos bancos. “Não é uma pesqui-sa definitiva. Queremos fazeruma a cada ano”, diz Pochmann.

O levantamento do Ipea ou-viu 2.770 pessoas em todo país. ■

Exclusão bancária no país chega a 40%Segundo pesquisa do Ipea, percentual no Norte e Nordeste supera 50%. Crédito não é associado às principais atividades do sistema

Henrique Manreza

Ainda há muito a ser feito emrelação à inclusão bancária,diz Pochmann, do Ipea

Equatorial Sistemas S.A.CNPJ/MF nº 01.111.976/0001-02 - NIRE 35.300.319.231

Ata da Assembléia Geral Extraordinária Realizada em 30/12/20101. Data, Hora e Local: Às 14 hs, do dia 30/12/2010, na sede da Cia., localizada na Av. Shishima Hifumi, nº 2911, sala 109, Pq. Tecnológico Urbanova, CEP 12244-000, Cidade de São José dos Campos/SP. 2. Convocação: Editais de convocação publicados no DOESP, edições de 22, 23 e 24/12/2010, páginas 14, 14 e 18, respectivamente, e no jornal Brasil Econômico, edições de 22, 23 e 27/12/2010, páginas 17, 19 e 23, respectivamente. 3. Quorum de Instalação: Presentes acionistas da Cia. representando mais de 91,40% do capital votante, conforme se pode verificar na Lista de Presença. 4. Mesa: O Sr. César Celeste Ghizoni presidiu os trabalhos e o Sr. Moises Khafif foi escolhido como seu secretário. 5. Ordem do Dia: 5.1. Discutir e deliberar a respeito da proposta para aumento do capital social da Cia., de R$ 1.353.000,00 para R$ 5.500.000,00, com a emissão de 4.147.000 novas ações ordinárias, nomi-nativas, sem valor nominal, cujo valor de emissão foi estipulado em R$ 1,00 por ação, conforme o art. 170, §1º, Inciso I, da Lei nº 6.404/76, no valor total de R$ 4.147.000,00 sendo assegurado aos acionistas da Cia. o direito de preferência na subscrição de tais ações, conforme art. 171 da Lei nº 6.404/76; e 5.2. Discutir e deliberar a respeito da substituição dos atuais membros do Conselho de Administração da Cia. 6. Decisões aprovadas por unanimidade de votos presentes: 6.1. Os acionistas da Cia. aprovaram a proposta para aumento do capital social da Cia., de R$ 1.353.000,00 para R$ 5.500.000,00, com a emissão de 4.147.000 novas ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, cujo valor de emissão foi estipulado em R$ 1,00 por ação, conforme art. 170 §1º, Inciso I, da Lei nº 6.404/76, no valor total de R$ 4.147.000,00. 6.1.1. O direito de preferência na subscrição é assegurado aos acionistas da Cia., nos termos do art. 171 da Lei nº 6.404/76, que deverá ser exercido ou renunciado dentro de 30 dias contados da data do envio de aviso aos acionistas ou da data da publicação da presente ata. Os acionistas inte-ressados em exercer o referido direito de preferência na subscrição deverão indicar tal intenção através de notificação escrita entregue na sede da Cia. e da assinatura dos respectivos boletins de subscrição, ocasião em que deverão pagar integralmente, em dinheiro, o valor da subscrição feita. No mesmo bo-letim, deverão os mesmos acionistas indicar se pretendem exercer a preferência sobre as sobras de subscrição, caso em que, desde já, se comprometem a pagar a subscrição das sobras integralmente e em dinheiro no ato da subscrição, que ocorrerá dentro de 10 dias contados do recebimento do aviso da Cia. neste sentido. 6.1.2. A acionista Astrium SAS declarou que irá subscrever, nesta data, sua parte no aumento de capital da Cia., via exercício do direito de preferência, assim como que se compromete a subscrever todas as sobras de subscrição do aumento de capital ora proposto. 6.1.3. Os acionistas aprovaram a proposta para nova redação do Art. 5º do Estatuto Social da Cia., que deverá vigorar após a homologação do aumento de capital proposto, que ocorrerá em nova AGE da Cia.: “Art. 5º O capital social é de R$ 5.500.000,00, dividido em 5.500.000 ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal.” 6.1.4. Em vista da subscrição pela acionista Astrium SAS de 3.456.526 ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, de emissão da Cia., correspondentes a 83,35% do valor total do aumento de capital ora proposto, conforme boletim de subscrição anexo, e de sua integralização em moeda corrente do Bra-sil (real), nesta data, o capital integralizado da Cia. passa a ser de R$ 4.809.526,00. 6.2. Os acionistas resolveram aceitar a renúncia dos conselheiros, Srs. Edmundo Safdié e Isaac Khafif, e eleger os Srs. Hugues de Galzain, francês, casado, empresário, portador do passaporte francês nº 09PK40123, domi-ciliado em 6 rue Laurent Pichat, 75016, Paris, França, e Jean Noël Hardy, brasileiro, casado, administra-dor de empresas, portador da CI nº 54.168.923-X SSP/SP, e CPF/MF nº 670.935.317-68, domiciliado na Av. Cidade Jardim, nº 400, 16º andar, Cidade e Estado de São Paulo, que estarão investidos em suas po-sições pelo mesmo prazo dos membros ora substituídos. Os membros eleitos para o Conselho de Admi-nistração declaram não estar impedidos, por lei especial, e nem condenados ou sob efeitos de condena-ção, a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra as normas de defesa da concorrên-cia, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, conforme termos de posse e desim-pedimento a serem lavrados em livro próprio. 6.2.1. Os membros eleitos do Conselho de Administração deverão assinar os competentes termos de posse e desimpedimento no prazo de 30 dias contados desta data. 7. Fechamento: Presidente deu a palavra para quem dela quisesse fazer uso. Não havendo nenhuma manifestação, o Presidente suspendeu os trabalhos pelo tempo necessário para a lavratura da presente Ata, que, após lida e aprovada, foi devidamente assinada pela totalidade dos acionistas presentes e pelos membros da mesa: César Celeste Ghizoni, Presidente; Moises Khafif, Secretário.

São José dos Campos, 30 de dezembro de 2010.

FORA

39,5%da população do Brasil nãopossui conta corrente ou poupança.Fatia chega a 52,6% no Nordestee 50% no Norte do país.

ESCOLHA

35,3%dos que abrem conta emum banco fazem isso pordeterminação da empresaem que trabalham.

INFORMAÇÃO

43,3%dos que possuem conta em banconunca receberam orientaçãosobre operações de empréstimosofertadas pela instituição.

FALTA DE OFERTA

34,1%dos entrevistados afirmaramque o banco do qual sãoclientes nunca fez nenhumaoferta de produto ou serviço.

36 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

INVESTIMENTOS

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 10/JAN 9,25 0,22 1,00 50.000BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI 10/JAN 9,24 0,22 1,00 -ITAU PERS MAXIME RF FICFI 11/JAN 9,24 0,27 1,00 80.000CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO 10/JAN 8,76 0,22 1,10 30.000CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 10/JAN 8,20 0,20 1,50 5.000BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 11/JAN 8,02 0,23 2,00 5.000BB RENDA FIXA 200 FIC FI 11/JAN 6,85 0,20 3,00 200BB RENDA FIXA 50 FIC FI 11/JAN 6,35 0,19 3,50 50BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 10/JAN 5,82 0,15 4,00 100ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 11/JAN 5,81 0,18 4,00 300

986

989

992

995

998

18h11h

22.400

22.460

22.520

22.580

22.640

18h11h

70.100

70.250

70.400

70.550

70.700

18h17h16h15h14h13h12h11h

IBRX-100 MIDLARGE CAP - MLCXSMALL CAP - SMLLIBOVESPA

Fonte: BM&FBovespa

70.647,44 70.145,28 70.423,44

MáximaMínimaFechamento

(EM PONTOS)

1.429

1.433

1.437

1.441

1.445

18h11h

DESEMPENHO DO NTN-B

Aplicação é vista como alternativa de proteção e para diversificar carteira

Fontes: Tesouro Nacional e Brasil Econômico *Títulos indexados ao IPCA

RENTABILIDADE* EM 12 MESES

10,00011,37512,75014,12515,50016,87518,25019,62521,0MAI/45

MAI/35

AGO/24

AGO/20

MAI/17

MAI/15

MAI/13

AGO/12

MAI/11 12,45%

13,04%

13,37%

14,25%

15,40%

15,81%

15,29%

17,48%

19,76%

R$ 432,28milhões

Foi o total negociado em NTN-B no ano passado, até novembro, o que representa quase 40% do total negociadono Tesouro Direto

Priscila [email protected]

Com a inflação em alta, os títulos públicosatrelados ao Índice de Preços ao Consumi-dor Amplo (IPCA) negociados pelo TesouroDireto continuam a mostrar rentabilidadesinteressantes, além de serem boas alterna-tivas de investimento para quem quer seproteger das altas de preços.

Nos últimos 12 meses, por exemplo, asNotas do Tesouro Nacional série B (NTN-B)acumulam rentabilidade bem superior à taxaSelic. Os títulos com vencimento em maiorde 2015, por exemplo, acumulam alta de14,25%. Para os mais longos, como maio de2045, o ganho sobe para 19,75%. A rentabili-dade é bruta porque não tem descontada ainflação e o Imposto de Renda, pago no res-gate. A alíquota de IR, nesse caso, é progres-siva e diminui conforme o tempo que o in-vestidor mantiver o ativo em carteira.

Segundo dados do Tesouro Nacional, es-ses títulos também são os mais procuradospelos investidores. No ano passado, foramnegociadas R$ 432,28 milhões em NTN-B,até novembro, o que representou quase40% do volume total de R$ 1,086 bilhão ne-gociado no Tesouro Direto.

Nicholas Barbarisi, sócio da Hera In-vestments, enfatiza que sempre que há umcenário de economia aquecida, a expectati-

va é de alta da inflação. “Continua atrativo,sim, no médio e longo prazos e, caso hajauma aceleração da inflação vai contar comum rendimento ainda maior”, garante.

Fabio Guelfi Pereira, analista de finanças eautor do livro Títulos Públicos sem segredos,também vê o investimento como uma prote-ção. “Tem um seguro embutido”.

Segundo Robson Queiroz, diretor opera-cional da SLW Corretora, os papéis são umaboa opção de investimento. “É o que temosrecomendado aos nossos clientes”.

PerfilOs NTN-Bs também podem ser vistos pelos in-vestidores como alternativa para aposentado-ria. “Para quem pensa em se aposentar e querter uma boa rentabilidade no futuro, o NTN-Bcontinua uma boa opção”, defende AntenorRamos Leão, consultor de Investimentos daCoinvalores. O especialista também aposta noativo como um item de diversificação da car-teira. Já Guelfi Pereira alerta que quem acreditanuma mudança de perspectiva do cenárioatual deve apostar nos títulos prefixados. “Seele se altera, possivelmente vai ter um ganhomaior”. Mas, admite, que independente do ce-nário o investidor deve seguir seu objetivo.“Não se iluda com ganho extraordinário. ■

Títulos atrelados à inflação são atrativos

RENDA FIXA

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

BB REF DI LP ESTILO FIC FI 10/JAN 9,40 0,23 0,70 10.000BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI 11/JAN 9,00 0,26 1,00 NDITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 11/JAN 8,97 0,26 1,00 80.000BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI 11/JAN 7,35 0,22 2,50 5.000BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI 10/JAN 7,09 0,18 2,47 100BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI 11/JAN 6,74 0,20 3,00 200HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 11/JAN 6,52 0,20 3,00 30ITAU PREMIO REF DI FICFI 11/JAN 5,69 0,18 4,00 1.000BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 11/JAN 5,23 0,17 4,50 100SANTANDER FIC FI CLAS REFDI 11/JAN 4,90 0,15 5,00 100

DI

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 10/JAN 8,79 4,75 2,00 200CAIXA FMP FGTS VALE I 10/JAN 7,48 4,56 1,90 -BRADESCO FIC DE FIA 10/JAN (3,24) 1,14 4,00 -BRADESCO FIC DE FIA MAXI 10/JAN (3,42) 1,15 4,00 -BRADESCO FIC DE FIA IV 10/JAN (3,47) 1,15 ND -UNIBANCO BLUE FI ACOES 10/JAN (5,59) 0,68 5,00 200SANTANDER FIC FI ONIX ACOES 10/JAN (6,19) 0,92 2,50 100ITAU ACOES FI 10/JAN (6,80) 0,60 4,00 1.000ALFA FIC DE FI EM ACOES 10/JAN (10,11) 1,29 8,50 -BB ACOES PETROBRAS FIA 10/JAN (25,62) (1,17) 2,00 200

AÇÕES

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT 10/JAN 14,17 1,27 2,30 5.000ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI 10/JAN 11,31 0,12 2,00 5.000CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 10/JAN 9,35 0,19 1,50 20.000BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 10/JAN 9,25 0,20 1,50 -ITAU PERS K2 MULTIM FICFI 10/JAN 9,06 0,28 1,50 50.000ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 10/JAN 8,95 0,25 1,25 5.000ITAU PERS MULT MODERADO FICFI 10/JAN 6,23 0,48 2,00 5.000ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 10/JAN 5,58 0,60 2,00 5.000SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM 10/JAN 5,43 0,23 2,00 10.000ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 10/JAN 4,23 0,88 2,00 5.000

MULTIMERCADOS

*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 37

A maior semana de negócios do Brasil para os setores de moda, calçados, confecções e acessórios.

Transfer paracompradores ligando os dois pavilhões

38ª- Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro

17 a 20 de janeiro de 2011ANHEMBI - SÃO PAULO

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Feira Internacional de Moda, Confecções e Acessórios

18 a 21 de janeiro de 2011EXPO CENTER NORTE - SÃO PAULO������������ �������������������

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Empreendimento ����������

Empresas do Grupo CouromodaPRÉ-CREDENCIAMENTO: WWW.COUROMODA.COMFeiras Comerciais

HOME BROKER

BOLSAGiro financeiro

R$ 6,4 bilhõesfoi o volume financeiro registrado ontem no segmentoacionário da BM&FBovespa. O principal índice encerroua sessão com variação positiva de 0,42%, aos 70.423 pontos.

JUROContrato futuro

11,25%foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI comvencimento em abril de 2011, o de maior liquidez ontem.O giro neste contrato foi de R$ 22 bilhões, em 225.395 negócios.

Estratégia

O jeito mais seguro de ganhar na bolsa com rumores sobreaquisições é apostar que os boatos estão errados. Agênciasde notícias, corretoras e jornais publicaram pelo menos 1.875rumores sobre possíveis aquisições de 717 empresas entre 2005e 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. Mas apenas104 companhias — ou 14,5% — foram de fato negociadas.Enquanto as ações de empresas vistas como possíveis alvosde aquisição subiram 2,9% inicialmente, as apostas na quedados papéis deram um retorno de 1,2% no mês seguinte,ou um ganho anualizado de 14%.As oportunidades para “vender no boato” crescem conformeas fusões se recuperam do baque da crise de 2008, quandoo número de artigos sobre possíveis negociações publicadospelas agências de notícias chegou à mínima. No ano passado,o volume saltou 71% em relação a 2009, chegando a 611 textos.“Venda no momento de força”, afirma John Orrico, queacompanha fusões e aquisições na Water Island Capital LLC,de Nova York. “Vemos uma oportunidade de venda se achamosque o rumor é falso ou ridículo, como acontece na maioria doscasos.” As ações acompanhadas pela Bloomberg recuaram emmédia 0,2% no dia, 0,6% na semana e 1,2% no mês seguintesà publicação de um boato de fusão ou aquisição. Já o índiceS&P 500 subiu em média 0,03% por dia, 0,2% por semanae 0,5% por mês nos mesmos intervalos. Bloomberg

Apostar contra boatos de fusões dá ganho de 14% na bolsa

“Santander iniciou coberturadas ações da Positivo comrecomendação de compra.Acho que volta pra R$ 13 rapidinho”

@empiricus_ind, consultoria Empiricus Research

“Você olha seus investimentosvárias vezes no dia? Cuidado,pode estar desperdiçandotempo ou perdendo dinheiro”

@rcinvestimentos, consultorfinanceiro Raphael Cordeiro

NA REDECâmbio

Diante da expectativa de novasmedidas, o dólar encerrou o diapraticamente estável ontem,vendido a R$ 1,687, com levebaixa de 0,06%. Foi aventadaa possibilidade de que o governoestaria preparando novasinvestidas nesta semana, antes dareunião do Copom, que ocorre nosdias 18 e 19. Alguns especialistaschegaram a cogitar, inclusive, umnovo aumento do Imposto sobreOperações Financeiras (IOF)para conter a entrada de capitalestrangeiro. “Não posso acreditarque o governo vai fazer maisdo mesmo”, diz ReginaldoGalhardo, da Treviso Corretora.Para ele, o governo está deixandoo mercado temeroso e, pode,dependendo das medidasafugentar os investidoresestrangeiros. P. D. e Reuters

Dólar anda de lado à espera denovas medidas antes do Copom

38 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

MUNDO

Ao completar um ano do pior ter-remoto registrado no Haiti, a Or-ganização das Nações Unidas(ONU) alertou que os investi-mentos para a reconstrução dopaís e a ajuda humanitária devemser intensificados. Para o coorde-nador humanitário da ONU parao Haiti, Nigel Fisher, o apoio aopaís ainda deve ser a prioridadepara 2011. Do total de US$ 1 bi-lhão previsto para ser repassadoao Haiti, 72% foi enviado. Há umdéficit de US$ 400 milhões.

Para especialistas, só nesteano devem chegar ao Haiti US$ 3bilhões que serão investidos emprojetos de várias áreas. Umadas prioridades é a saúde, poisespecialistas afirmam que 2,2milhões de crianças e adoles-centes estão ameaçados com aepidemia de cólera.

O Escritório da ONU para aCoordenação de Assuntos Huma-nitários advertiu que são necessá-rios US$ 174 milhões para contro-lar a epidemia do cólera. Mas até omomento foram repassados ape-nas U$ 44 milhões. Para os espe-cialistas, o controle da doençadeve ser ampliado por meio dosprogramas de prevenção nas es-colas, nos orfanatos e nas creches.

As informações são da agência denotícias das Nações Unidas.

Relatórios da ONU mostramainda que o terremoto deixou 220mil mortes e 1,5 milhão de desa-brigados. “Obviamente as coisaspoderiam ter ido mais rápidas,mas o que é importante é lembrarque a reconstrução leva tempo”,disse Fisher. “Fazendo uma re-trospectiva, eu acho que demosuma resposta inicial aos efeitos doterremoto, o que podemos consi-derar que isso foi um sucesso.”

Pelos dados das Nações Uni-das, das 700 mil pessoas que vi-viam nos campos de refugiadoscerca de 100 mil foram realoca-dos em 31 mil abrigos provisó-rios. Das crianças em idade es-colar vivendo em áreas atingi-das pelo terremoto, 95% conse-guiram manter os estudos.

EleiçõesEm novembro, houve eleiçõespresidenciais no Haiti. Mas a po-pulação desconfia de manipula-ção e promoveu protestos. Nomês passado, manifestantes to-maram conta das ruas de PortoPríncipe acusando o atual gover-no do presidente haitiano, RenéPréval, de manipulação dos re-

Recuperação ainda é lenta noUm ano após o terremoto, a ONU alerta que investimentos devem ser intensificados; déficit de recursos é de

Pelos dados dasNações Unidas, das700 mil pessoas queviviam nos camposde refugiados, cercade 100 mil foramrealocadas em 31 milabrigos provisórios

Vista do palácio do governoparcialmente destruídoem Port-au-Prince

Kena Betancur/Reuters

sultados nas contagens provisó-rias dos votos. Resultados preli-minares indicaram que a ex-pri-meira dama Mirlande Manigat eo candidato Jude Celestin devemdisputar o segundo turno daseleições, previsto para este mês.Porém, um relatório sigilosomostra que especialistas da Or-

ganização dos Estados America-nos (OEA) recomendaram que ocandidato governista seja elimi-nado do segundo turno da dis-puta, segundo informou a agên-cia de notícias norte-americanaAssociated Press. A agência disseter obtido um texto preliminardo relatório da OEA, cujos espe-

O FUTEBOL DA ESPERANÇA

Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 39

HaitiUS$ 400 milhões

EUA pode ficar no Afeganistão até 2014Os Estados Unidos não estão no Afeganistão para “governar”, maspermanecerão no país além do programado, que é 2014, se os afegãosquiserem, disse o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, aopresidente do Afeganistão, Hamid Karzai, em visita ao país ontem. Tentandotranquilizar o líder afegão, que já acusou o governo dos EUA de intromissão,Biden afirmou que os afegãos são capazes de levantar suas própriasinstituições e que os EUA não estão no país para construir a nação. Reuters

Omar Sobhani/Reuters

Ruy Barata [email protected]

O Equador elevou ontem o tomdas exigências por contrapartidasfinanceiras da comunidade in-ternacional por seus esforços depreservação do meio ambiente.A ação já havia sido sinalizadadurante a última conferência so-bre o clima da ONU, realizada,em Cancún, no México, em de-zembro do ano passado. O presi-dente Rafael Correa disse queestá disposto a abandonar o pro-jeto de preservação do seu ParqueNacional de Yasuní, na Amazôniaequatoriana, caso não receba umfinanciamento internacional deUS$ 3,6 bilhões para o fundo depreservação ITT-Yasuní.

O dinheiro seria uma com-pensação pelo não aproveita-mento do potencial petrolífero daregião que guarda cerca de 20%das reservas de óleo do país den-tro de uma área de quase 10 milquilômetros quadrados a cerca de250 quilômetros da capital Quito.

“Se não conseguirmos reunirsuficientes adesões e compromis-so internacional temos um planoB, que é a decisão de explorar es-ses recursos petrolíferos”, afir-mou a ministra do patrimônio ecoordenadora do projeto de pre-servação ITT-Yasuní, Maria Fer-nanda Espinosa. Ela dirigiu seuapelo também ao Brasil, maisadiantando na área de preserva-ção da Amazônia.

Conforme noticiou ontem oBRASIL ECONÔMICO, o Brasil já plei-teia recursos para preservaçãoflorestal de um fundo global doBanco Mundial que serviria paraprojetos florestais e para sustentarmecanismos de Redd (sigla para

Equador ameaça abandonarproteção de reserva florestalPaís quer dinheiro para evitar exploração de parque onde estão localizadas reservas de petróleo

Redução de Emissões por Desma-tamento e Degradação) que o paísestá estruturando internamente.

Por enquanto, Maria Fernandamostra-se descrente em obterapoio internacional por meio demecanismo de Redd. A linhaconceitual e a autorização de im-plementação deste programa emescala global foi um dos poucosconsensos definidos na COP 16,no México, mas a participação depaíses em fundos de financia-mento para iniciativas nesta dire-ção ainda é pequena. Por enquan-to, somente o Chile, a Espanha e aItália colaboraram com o fundolocal de compensação, que reúnepouco mais de US$ 38 milhões.

Em seu discurso em Cancún,

Rafael Correa convocou os paísespobres a se unirem na pressãoaos países ricos pelo pagamentode compensações pela preserva-ção da mata. Na oportunidade,Correa ressaltou que o país deixade faturar cerca de US$ 90 bi-lhões com a venda de petróleopara o mundo para evitar emis-sões na ordem de 400 milhões detoneladas equivalentes de dióxi-do de carbono, principal vilão doaquecimento global. “Podemosabrir mão dos lucros do petróleo,mas queremos a corresponsabi-lidade de todos”, disse Correaque faz consulta pública sobre aquestão e sinaliza possibilidadede abandonar a preservação ain-da este ano. ■ Com agências

Parque Yasuní: caso explorado, petróleolocal poderia render US$ 90 bilhões

Rodrigo Buendia/AFP

Cólera

A epidemia de cólera no Haiti, quedesde outubro de 2010 já provocoua morte de 3.651 pessoas, nãochegou a seu ponto máximo,alertou ontem a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS). O cóleracontaminou 171.304 pessoas desdeoutubro no país, e segundo oporta-voz da OMS, Fadela Chaib,“haverá muito mais casos de cólerano Haiti”. Porém, “morrerão menospessoas” graças aos esforços decontenção da epidemia. Chaibinformou que a taxa de mortalidadediminuiu a 2,2% — contra os 9%registrados no fim do ano passado.A OMS considera que uma doençaestá sob controle quando sua taxade mortalidade é inferior a 1%.

Mortalidade diminui, mas doençaainda não está sob controle

cialistas trabalham desde o finalde dezembro para verificar os re-sultados do turbulento pleitopresidencial e Legislativo. Co-missão Eleitoral Provisória doHaiti e o presidente René Prévaldisseram ainda não ter recebidoa versão final do relatório daOEA. ■ Agências Internacionais

Correndo com muletas,jovens que perderam umadas pernas no terremotono Haiti participam deum amistoso de futebolpara celebrar a resistênciae a esperança após oterremoto que devastouo país há um ano. Asequipes treinam em umcampo poeirento perto deCité Soleil, maior favelado Haiti na periferia dePort-au-Prince. Nestejogo, ganharam espaçono Estádio Nacional.

Hector Retamal/AFP

“Podemos abrirmão dos lucrosdo petróleo,mas queremos acorresponsabilidadede todos

Rafael Correa,presidente do Equador

40 Brasil Econômico Quarta-feira, 12 de janeiro, 2011

BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida dasNações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 -Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - [email protected]É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A.

Atenção! Tempestades de verão desabarão sobre SãoPaulo e provocarão deslizamentos de encostas. Pes-soas serão colhidas pelas enxurradas e algumas mor-rerão. Autoridades discutirão se a culpa é municipal,estadual ou federal. As causas de tantas mortes evi-táveis, dirão os especialistas, serão as moradias er-guidas em locais inadequados, a ocupação de áreasalagadiças e o lixo espalhado pela cidade. Os políti-cos, alguns com receio das consequências eleitoraisda catástrofe e outros querendo tirar proveito delas,discutirão as medidas que poderiam ter sido toma-das. Isso está acontecendo em São Paulo neste ins-tante. Mas o verão em questão é o de 2012, quandotudo se repetirá. Como é possível ter certeza disso?

Bem... desde o século 16, quando o padre José deAnchieta escreveu a seus superiores da Ordem de Je-sus, há registros das pancadas de chuva que caemsobre São Paulo no verão. O crescimento desordena-do, a ocupação irregular e anos de desleixo acumu-lado transformaram o que era uma circunstânciameteorológica, numa tragédia previsível. Todos sa-bem que vai acontecer. Ninguém se move para evi-tar. As autoridades, claro, são responsáveis e preci-sam tratar do problema a tempo de se evitar as tra-gédias mais óbvias. É preciso, sim, cobrar delas umaatitude. Mas também é preciso pôr fim à hipocrisia.

Sem atribuir a quem vive em áreas de risco a culpapelo próprio sofrimento, é obrigatório enxergar queos moradores não são apenas vítimas. São, também,responsáveis. Não os acuso, como fazem os mais in-sensíveis, de escolher viver em locais perigosos. Issoé decorrência de problemas sociais históricos e me-rece uma discussão séria e profunda. Mas até mesmoa causa da ocupação irregular das áreas urbanas deveser debatida — e os oportunistas que estimulam aprática, denunciados. A questão do lixo largado dequalquer jeito, que, todo mundo sabe, multiplica osefeitos da tragédia, deve ser enfrentada com rigor. Ogoverno federal poderia, por exemplo, condicionarseus programas sociais ao desenvolvimento de hábi-tos capazes de minimizar tragédias. O estadual, porsua vez, poderia contribuir com obras de prevençãoe o municipal, com um programa de reciclagem delixo voltado para os moradores das áreas de risco. Épreciso começar a enfrentar o problema. Já! ■

São Paulo, verão de 2012

É preciso dar fim à hipocrisia:os moradores das áreas de risco sãovítimas, mas também responsáveis

Ricardo [email protected] de Redação

Como uma das primeiras açõespara viabilizar o Plano Nacional deBanda Larga, que pretende popula-rizar a internet de alta velocidadeno país, o governo já admite usar osrecursos do Fundo Garantidor paraInvestimentos, do BNDES, paraque os provedores de pequeno por-te possam ter acesso a linhas de fi-nanciamento mesmo sem garantiasreais para oferecer em troca. O go-verno também se comprometeu aconversar com as distribuidoras deenergia para que estas ofereçampreços menores aos provedores, jáque algumas empresas cobram atéR$ 9 pelo uso de um poste para le-var internet por meio da rede elé-trica, enquanto outras cobrammuito menos, R$ 2.

As dificuldades de custos dos pe-quenos provedores foram o tema deuma reunião de ontem entre o mi-nistro das Comunicações, PauloBernardo, e representantes da Asso-ciação Brasileira de Internet (Abra-net), da Associação Nacional paraInclusão Digital (Anid) e da Associa-ção Brasileira de Provedores de In-ternet e Telecomunicações (Abrint).

Após o encontro, o ministroafirmou que as negociações emtorno do PNBL estarão concluídasaté maio. A meta do governo é queo serviço esteja disponível a preçosacessíveis em pelo menos 1.163municípios até o final do ano.“Eles vieram aqui para descreveros problemas que enfrentam,como os altos preços que pagam noatacado, a dificuldade de acesso acrédito e as burocracias do seu diaa dia”, disse Bernardo.

Um dos principais problemas éconseguir financiamentos. Atual-mente, esses pequenos empresáriosconseguem acesso ao cartão BDNES,mas com isso conseguem apenas ca-pital de giro, não recursos para in-vestimentos maiores. “O pequenoprovedor não consegue acesso poisnão tem garantias reais a oferecer.Estamos trabalhando com a possibi-lidade de que o Fundo Garantidorpara Investimentos possa ser usadoem conjunto com o cartão BNDES. Éuma exceção, apenas para os peque-nos empresários envolvidos noPNBL”, declarou o novo secretário de

Telecomunicações do Ministério dasComunicações, Nelson Fujimoto. Oministro não excluiu a possibilidadede a Telebras se tornar parceira dosprovedores como forma de viabilizaras garantias em financiamentos.

Os empresários se compromete-ram a elaborar uma planilha dosseus custos atuais e levar aos técni-cos do Ministério. O objetivo é queos pequenos provedores consigamoferecer banda larga com uma velo-cidade de 512 Kbps por no máximoR$ 35, valor de referência do gover-no para massificar o acesso à redeno Brasil. ■ Maeli Prado

BNDES vai financiar pequeno provedor

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DESTAQUE

Brasil é destaque da AL em 2011, diz Credit Suisse

A equipe de analistas do Credit Suisse aponta o Brasilcomo destino preferencial de investimentos, uma vezque o país está mais exposto à recuperação globaldevido ao potencial em commodities. O cenário para osbancos também é favorável sob iminente alta da Selic,assim como a projeção de salto de 5% do PIB em 2011.

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Exames de laboratório realizados naBulgária mostraram que há pelo me-nos um foco de febre aftosa em ani-mais de criação no país, segundo in-formou ontem a Organização Mundialde Saúde Animal (OIE). A ComissãoEuropeia restringiu o trânsito de ani-mais e carnes da Bulgária para o restodo bloco. A aftosa é uma das princi-pais causas de restrições ao comérciomundial de carnes, e poderá afetar asexportações europeias caso o foco não

seja contido. Foi a doença que fez comque a União Europeia embargasse acarne brasileira após o surgimento defocos de aftosa no Brasil em 2005, ge-rando um atrito comercial e técnicoque dura até hoje. No caso da Bulgá-ria, a hipótese mais provável para aOIE é que os animais tenham sidocontaminados por javalis selvagensportadores do vírus, já que um dessesanimais abatido por caçadores apre-sentou a doença. ■ Luiz Silveira

UE tem foco de febre aftosa

Elza Fiuza/ABr

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Paulo Bernardo,ministro das

Comunicações:medidas para

ampliar o acessoà banda larga