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JANETE MARTIN

FAMÍLIA NAS INSTÂNCIAS COLEGIADAS:

CONSTRUINDO PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO

Londrina2011

FAMÍLIA NAS INSTÂNCIAS COLEGIADAS:

CONSTRUINDO PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO

Janete Martin

Apresentação

A dimensão da participação e não participação da família na escola

acompanhando o processo de aprendizagem dos alunos tem gerado muitos

questionamentos e conflitos no espaço da escola pública.

Para muitos professores a participação dos pais deveria atingir os

seguintes aspectos: acompanhar e orientar as tarefas em casa, comparecer na

escola quando são chamados e comparecer nas reuniões de entrega de boletins;

por outro lado, para alguns pais o fato de matricularem seus filhos e irem a algumas

reuniões já significa participar. No entanto na medida em essa família vem sendo

chamada a participar percebe-se algumas barreiras que na maioria das vezes são

veladas nas questões que dizem respeito a gestão e as políticas pedagógicas;

barreiras estas que acabam interferindo e afastando a família da escola.

Apontamos para a importância da participação da família na escola

tendo em vista que buscamos a construção de uma escola democrática e para tanto

esta participação é imprescindível. Neste sentido se não há a participação da

família, o processo democrático torna-se inválido, além disso, quando o aluno não

percebe a presença de seus pais e ou responsáveis eles também não se

compromete totalmente com o processo educacional.

Entendemos que a participação da família vai além do

acompanhamento do processo de ensino aprendizagem, é necessário salientar que

esta participação das famílias diz respeito também às instâncias colegiadas,

especificamente no Conselho Escolar, sendo este, o colegiado de maior

possibilidade de participação tendo em vista que este deve atuar de forma integrada

ao gestor, ou seja, “deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas e

financeiras, no âmbito da escola.” (BRASIL, 2004, p. 32). Portanto, de fato, a

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participação da família neste momento é fundamental para que se estabeleça a

construção da gestão democrática.

Nesse sentido, esta unidade didática tem por objetivo apontar alguns

caminhos para fortalecer a participação da família na escola por meio das instâncias

colegiadas (APMF e Conselho Escolar), refletindo sobre suas atribuições, discutindo

a participação de sua e formas de contribuição. Essa unidade compõe um projeto

maior que visa refletir com os pais as atribuições das instâncias colegiadas, no que

diz respeito à participação da família na gestão; discutir a importância da

participação da família nas instâncias colegiadas e explicitar as formas de

contribuição da família no processo de ensino e aprendizagem.

Esta unidade será ponto de partida para o desenvolvimento de um

processo de reflexão a respeito do papel das instâncias colegiadas na escola e a

importância das famílias conhecerem seus aspectos. Este início de trabalho aponta

alguns caminhos a diretores, pedagogos e professores na discussão referente a

participação da família nas instâncias colegiadas. Sugerem temas, textos de apoio,

dinâmicas de grupo e estratégias de avaliação.

Participação da Família nas Instâncias Colegiadas

Para falarmos sobre a participação da família nas instâncias

colegiadas, faz-se necessário antes de qualquer coisa buscar amparo legal que dê

suporte para esta participação.

Na LDB, artigo 12, parágrafo VI diz: “- articular-se com as famílias e

a comunidade, criando processo de integração da sociedade com a escola.”

(BRASIL, 1996). Já no artigo 14:

- os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996).

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Portanto a LDB diz claramente que se faz necessário a participação

da família na escola, garantindo assim a gestão democrática na escola pública;

menciona ainda que esta participação deva ocorrer nos conselhos escolares.

No regimento escolar da maioria das escolas paranaenses, senão

de todas, está contemplado a necessidade da organização democrática

fundamentada no processo de corresponsabilidade da comunidade escolar na

tomada de decisões coletivas, tanto para a elaboração, quanto para a

implementação e acompanhamento do Projeto Político Pedagógico da escola.

Portanto a legislação nacional prevê a participação da comunidade na escola e a

legislação local faz cumprir, dizendo que, a família deve participar efetivamente das

decisões tomadas, assim como acompanhar o desenvolvimento destas decisões,

para tanto se faz necessário a implantação de um trabalho sistemático de estudos e

reflexões acerca das questões que envolvem o cotidiano escolar.

Para implantação deste trabalho sistematizado de estudos, vejamos

o que alguns autores dizem a respeito de participação da família na escola.

A participação da comunidade na gestão da escola pública encontra um sem-número de obstáculos para concretizar-se, razão pela qual um dos requisitos básicos e preliminares para aquele que se dispunha a promovê-la é estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação, de modo a não desistir diante das primeiras dificuldades (PARO, 2000, p. 16).

O autor discute que a atual “gestão democrática” na escola pública

não possibilita a participação da comunidade, uma vez que não existe clareza do

real significado da palavra “participação”.

Bordenave (1983, p. 22), nos diz: “a palavra participação, vem da

palavra parte. Participação é fazer parte, tomar parte ou ter parte”. porém ninguém

nasce sabendo participar, é preciso que haja um desejo e um esforço no sentido de

se apropriar de conceitos básicos, desenvolvendo habilidades que propiciem esta

participação.

Participação requer o sentido da construção de algo que pertence a todos e que tem diretamente a vê com a qualidade de vida de cada um, seja no sentido de realização pessoal, seja pelos benefícios sociais que dela advém. O compromisso, que gera a participação, requer repartição coletiva do sucesso, não apenas da responsabilidade interna, mas devem buscar alianças com a

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comunidade externa, a quem a escola serve e pertence efetivamente, promovendo a cooperação interinstitucional (BORDIGNON, 2001, p. 171).

Como podemos observar este autor assim com os outros citados

deixam claro que a participação deve ser sob forma de construção coletiva com a

comunidade na qual está inserida, e ainda que esta construção deve acontecer

pelos interesses coletivos que cada um defende, porém não perdendo o foco que é

a escola, ou seja a melhoria de qualidade da escola. E ainda que a escola deve

buscar alianças com a comunidade externa para haver cooperação entre ambas.

Porém, a gestão democrática deve ser um processo e como tal

precisa se discutida coletivamente, refletindo constantemente sobre seus aspectos,

principalmente se há no discurso das políticas educacionais intenções implícitas que

podem prejudicar o processo democrático.

A gestão denominada democrática tem como meta a criação de mecanismos que viabilizam a participação na gestão da escola. Este quadro esbarra na estrutura do Estado e do sistema de ensino, ainda muito centralizadora, em que as pessoas envolvidas não assimilaram concepções e práticas democráticas. Contudo, a insistência na concretização de uma gestão democrática possibilita a emergência de experiências, debates e questionamentos que podem favorecer a proposta (GOMIDE, 2006a, p. 149).

Trabalhando com Grupos de Estudo

Propomos que o trabalho seja desenvolvido por meio de grupos de

estudos com pais, mães e ou responsáveis os quais serão convidados a participar

de um processo de formação que discutirá vários temas que subsidiará a

conhecimento sobre as instâncias colegiadas e sua participação.

A escolha de trabalho com grupos de estudos deve-se ao fato que a

possibilidade de interação, troca de experiência e consequentemente o avanço das

discussões é muito maior que em outras situações. Destacamos que este espaço

pode propiciar espaços de formação, de interação e de troca de conhecimentos. Um

espaço que as famílias podem socializar suas opiniões sobre a escola; o que

esperam dela, as expectativas, e também questionamentos e desta forma construir

coletivamente formas de colaborar, participar na tomada de decisões. De acordo

com Gomide (2006b, p. 10):

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[...] a união entre os membros de um grupo não implica em uma única forma de pensar, mas, ao contrário exige necessariamente o respeito às diferenças , às diversidades, às opiniões e ideias, e ao mesmo tempo, à igualdade de condições. Assim, igualdade e diversidade são consideradas, numa concepção democrática, princípios éticos interdependentes na medida em que devem respaldar e subsidiar uma proposta de trabalho que se queira fazer através de um grupo de estudo.

Afim de que as famílias se sintam melhor acolhidos e que o

aproveitamento da reunião de pais seja satisfatório deve se tomar alguns cuidados

como, por exemplo, a preparação do local da reunião. Este deve ser arejado, as

cadeiras colocadas na forma circular, para que todos vejam e haja maior

entrosamento entre os participantes e quem está conduzindo a reunião.

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Tema 1 – Trabalho Coletivo com famílias: assumindo

compromissos

Objetivo:

Possibilitar ao grupo um espaço de reflexão sobre a importância do

trabalho coletivo na resolução dos problemas dentro do ambiente escolar.

Estratégia:

Sendo esta a primeira reunião, a atividade que inicia será a

“Dinâmica do nó”. (em anexo)

Assim que a brincadeira terminar será solicitado aos participantes

que relatem como se sentiram ao realizar a dinâmica. Aponta-se para a necessidade

de destacar a importância do trabalho coletivo e a importância da participação das

famílias no interior das escolas.

Em seguida propõe-se a discussão sobre os espaços de

participação dentro da escola. Oportunize aos pais um espaço para que eles falem

sobre o que sabem ou pensam a respeito da escola e do Conselho Escolar.

Avaliação:

Os participantes serão questionados a respeito da reunião, podendo

expressar sua opinião, ou dar sua sugestão ou ainda sua contribuição.

Material de apoio:

Será sugerido aos participantes, leitura do texto (BORDENAVE,

1983, p. 68-81), afim de aprofundar um pouco mais sobre participação.

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Tema 02 - Função social da escola

Objetivo:

Analisar o atual contexto social e político em que a escola está

inserida.

Desenvolvimento:

Esta reunião terá início com alguns questionamentos aos

participantes:

- Qual a função da escola?

- Para que serve a escola?

- A escola está cumprindo seu papel?

- O que você acha que poderia ser modificado para que a escola cumpra seu papel?

(caso a resposta anterior tenha sido negativa)

Deve ser distribuído as famílias um pequeno texto para leitura que

discute a função da escola que servirá como estímulo para discussão do assunto.

Após leitura propõe-se que cada participante diga o que entendeu do texto e quais

as sugestões para melhoria da função escolar.

Avaliação:

Como forma de avaliação será aberto espaço para questionamentos

a respeito do assunto tratado.

Material de apoio:

Cópia do texto (BRASIL, 2004, p. 14-20), a todos os participantes.

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Tema 03 – Funções do Conselho Escolar

Objetivo:

Esclarecer aos pais as atribuições e funcionamento do Conselho

Escolar.

Desenvolvimento:

Essa reunião deverá culminar com o material trabalhado

anteriormente sobre o papel da escola e a participação dos pais no Conselho

Escolar. É importante que os pais compreendam que esta participação ultrapassa os

limites de um estatuto, e avança para o direito dos pais de conhecerem a escola.

Nesse sentido, as atribuições do Conselho Escolar, respeitadas as normas legais

vigentes, serão apresentadas na perspectiva de um espaço democrático, de forma

que o funcionamento do Conselho poderá ser organizado segundo as

especificidades dos pais que dele participam, conferindo concretude às ações

decididas.

Durante esta reunião, será feita leitura do texto “Quais as principais atribuições dos

Conselhos Escolares?”, e “Como os Conselhos Escolares devem funcionar?”. Para

esta leitura será utilizada a estratégia em que cada participante da reunião lê um

parágrafo e assim todos que se sentirem à vontade participem da leitura.

Avaliação:

Disponibilizar tempo para que os participantes se pronunciem com

perguntas, dúvidas ou sugestões.

Material de Apoio:

Além de cópia do texto (BRASIL, 2004, p. 45-51), para os

participantes será relacionada às atribuições do Conselho Escolar e projetada

através de data show

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Tema 4 – Discutindo o Conselho Escolar a partir da Legislação

Objetivo:

Explicitar aos pais que existe amparo legal para o Conselho Escolar.

Desenvolvimento:

Será projetado através do projetor multimídia as citações da

Constituição Brasileira, o artigo da LDB, a citação do Plano Nacional de Educação,

assim como as citações do Regimento Escolar, que dizem respeito ao Conselho

Escolar.

Conforme for sendo projetado, discutir cada citação, utilizando

exemplos práticos para que haja maior entendimento da legislação.

Avaliação:

Debate a partir de questionamentos. Propor um debate com os pais,

iniciando pela questão básica:

- O que é legislação?

- Por que existem as leis?

- Vocês concordam que precisamos de normatização em todas as áreas do convívio

social?

- E se não houvessem as leis?

- Das legislações apresentadas quais delas é mais comum para os pais?

- Quais delas já ouviram falar?

- Sabem o que elas significam?

Material de Apoio:

Apresentar para os pais a Constituição Federal, a LDB, o PPP, e o

Regimento Escolar.

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Tema 5 – Conselho Escolar e a aprendizagem

Objetivo:

Explicitar os âmbitos de competências do Conselho Escolar,

especificamente o pedagógico.

Desenvolvimento:

Dinâmica era uma vez...

Solicitar que os pais digam como era a escola quando eles

estudavam o que estudavam... A partir daí fazer um gancho e retomar com os pais a

função da escola, explicar de forma objetiva o que é específico da educação, ou

seja, as ideias, o conhecimento, a construção do conhecimento para que o aluno

torne-se, a partir dele, um cidadão.

Nesta reunião será tratado o tema que representa a especificidade

da escola, do processo ensino e aprendizagem: sua função político pedagógica.

Leitura do texto: “A função político-pedagógica do Conselho

Escolar”.

Em seguida discussão do texto, no sentido de ampliar a visão das

dimensões e aspectos do processo educativo e de como eles podem ser

considerados no acompanhamento do processo ensino e aprendizagem.

Avaliação:

Espaço aberto para contribuições e considerações dos participantes.

Material de Apoio:

Cópia do texto (BRASIL, 2004, p. 17-21), para todos os

participantes, material este que eles poderão levar para casa, para que possam relê-

lo se assim desejarem.

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Tema 6 – Avaliação

Objetivo:

O objetivo desta última reunião, e avaliar o aproveitamento dos

participantes, a validade do trabalho realizado.

Desenvolvimento:

A avaliação pessoal será feita oralmente, enquanto outra pessoa

registra e apresenta no projetor multimídia os pontos positivos e negativos das

reuniões e apresenta sugestões de melhoria da participação dos pais na escola, que

é o foco da pesquisa.

Durante esta reunião, será aberto espaço aos participantes para

falarem a respeito das reuniões anteriores:

- houve bom aproveitamento?

- que ações podem ser implementadas a partir das reuniões;

- que contribuições o Conselho Escolar pode colocar em prática? (sugestões

possíveis de serem realizadas);

- gostariam de se aprofundar mais neste assunto?;

- quais as formas para melhorar a participação da família na escola?

Material de apoio:

- Nesta reunião não haverá material específico para leitura, será

utilizado apenas, material multimídia.

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REFERÊNCIAS

BORDENAVE, J. E. D. O que é participação. São Paulo: Brasiliense, 1983.

BORDIGNON, G. Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2001.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 15 ago. 2011.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselhos escolares: democratização da escola e construção da cidadania. Brasília: MEC, SEB, 2004.

CAMPBELL, S. I. Reunião de pais e mestres: organização e planejamento. Rio de Janeiro: Wak, 2011.

GOMIDE, A. G. V. Grupos de estudos: momentos para reflexões sobre a prática pedagógica. In: PERRUDE, Marleide Rodrigues da Silva. Relatos de práticas e reflexões pedagógicas. Londrina: Moriá, 2006a.

GOMIDE, P. I. C. Inventário de estilos parentais: modelo teórico, manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes, 2006b.

PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000.

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ANEXO

Dinâmica do nó:

Consiste em pedir aos presentes que se coloquem em círculo, deem

as mãos prestando atenção em quem está à sua direita e à esquerda. O

coordenador da reunião colocará uma música e pedirá aos participantes que

dancem e circulem pelo salão. Quando parar a música, os participantes terão que,

no local onde pararam, dar a mão direita a quem estava à sua direita e a mão

esquerda a quem estava à sua esquerda, formando assim um grande nó. Então o

coordenador anuncia que o grupo terá que desfazer o nó sem soltarem as mãos.

Alguém terá que tomar a frente, conduzindo os demais no desatar do nó, sugerindo

movimentos, e, assim surgirá um líder.

Agora a brincadeira começa: o objetivo é, sem soltar as mãos, voltar

a ter um círculo no centro da sala.

Objetivo: levar o grupo a refletir sobre a importância da união na

resolução dos problemas. (CAMPBELL, 2011, p.60)