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Universidade de Aveiro 2019 Escola Superior de Saúde Joana Patrícia Silva Figueiredo Efeitos do Programa de Estimulação de Consciência Fonológica para o Português Europeu

Joana Patrícia Efeitos do Programa de Estimulação de Silva ... · intrassilábica e a consciência segmental. O presente estudo pretende analisar os efeitos do PECF - versão papel

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Universidade de Aveiro 2019

Escola Superior de Saúde

Joana Patrícia

Silva Figueiredo

Efeitos do Programa de Estimulação de

Consciência Fonológica para o

Português Europeu

Universidade de Aveiro 2019

Escola Superior de Saúde

Joana Patrícia

Silva Figueiredo

Efeitos do Programa de Estimulação de

Consciência Fonológica para o Português

Europeu

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento

dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Terapia

da Fala, realizada sob a orientação científica da Doutora Ana Rita S.

Valente, Investigadora da Universidade de Aveiro e coorientação

científica da Doutora Marisa Lousada, Professor Adjunta da Escola

Superior de Saúde da Universidade de Aveiro.

Dedico este trabalho às crianças que marcam o meu percurso,

como Terapeuta da Fala e me permitem aprender cada vez

mais.

O júri

Presidente Professora Doutora Assunção Matos Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

Arguente Professora Doutora Ana Catarina Baptista de Jesus Correia Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve

Orientador

Professora Doutora Ana Rita Valente Investigadora da Universidade de Aveiro

Agradecimentos No fim desta dissertação de mestrado, não posso deixar de

agradecer:

À minha orientadora e coorientadora, Professora Doutora Ana Rita

Valente e Professora Doutora Marisa Lousada, pelo constante

apoio, disponibilidade e dedicação. Um especial obrigado por me

fazerem acreditar que é possível.

Ao professor Pedro Sá Couto pelo apoio e paciência na fase final

deste trabalho.

À minha família pelo apoio e ajuda incondicional na fase final deste

trabalho.

Aos meus pais, João e Dina, pelo amor e compreensão,

imprescindíveis para a construção e conclusão deste trabalho.

Ao Fábio, pelo amor e compreensão, por me apoiar, dar força e

energia, principalmente nos momentos mais difíceis desta

caminhada.

Aos meus tios e a minha avó por me mostrarem que estão sempre

presentes apesar da distância.

Aos meus primos pelo apoio e por acreditarem que isto seria

possível.

Á Ana, pela paciência e compreensão na reta final deste trabalho.

E um agradecimento muito especial ao Centro Paroquial de São

Bernardo e á Santa Casa da Misericórdia de Vagos e a todos os

pais das crianças em estudo, sem as quais este trabalho não seria

possível.

Muito obrigada a todos!

Palavras-chave Consciência fonológica, pré-escolar, programas de intervenção, terapia

da fala.

Resumo Em Portugal são escassos os programas de estimulação de consciência

fonológica (CF) que sejam testados e validados para crianças do pré-

escolar.

Recentemente foi desenvolvido e validado o Programa de Estimulação

de Consciência Fonológica (PECF). O PECF tem como objetivo

promover o desenvolvimento da consciência fonológica em crianças de

idade pré-escolar ou no início de idade escolar. Pode ser utilizado por

diversos profissionais, tais como terapeutas da fala, educadores de

infância, professores e psicólogos. É composto por uma versão papel e

uma versão digital. O PECF inclui diversas atividades organizadas em 3

níveis de CF, abordando a consciência silábica, a consciência

intrassilábica e a consciência segmental.

O presente estudo pretende analisar os efeitos do PECF - versão papel

em crianças na faixa etária dos 4 aos 6 anos com desenvolvimento

linguístico típico.

Foram selecionadas para este estudo 44 crianças, sendo 19 do grupo

controlo e 25 do grupo experimental. As 25 crianças do grupo

experimental usufruíram do programa durante 13 semanas, com

sessões semanais de 45 minutos de duração.

As medidas de resultados de CF (totais das provas de segmentação

silábica, identificação da sílaba inicial, omissão da sílaba inicial,

segmentação intrassilábica, segmentação fonémica e síntese fonémica)

foram obtidas nos momentos de pré e pós implementação do PECF.

Após 13 semanas, o grupo experimental mostrou melhorias

estatisticamente significativas comparativamente ao grupo de controlo.

O PECF mostrou-se eficaz no desenvolvimento das competências de

CF das crianças, com evidência para a utilização deste programa na

promoção da CF em crianças de idade pré-escolar.

Keywords Phonological awareness, preschool, training programmes, speech and

language therapy.

Abstract In Portugal there are few phonological awareness training programmes

that are validated for preschool children. Recently, the Phonological

Awareness Stimulation Program (PECF) was developed and validated.

This programme aims to promote the development of phonological

awareness in preschool aged children. It can be used by several

professionals, such as speech and language therapists, kindergarten

teachers, and psychologists. It consists of a tabletop version and a digital

version. The PECF includes different activities organized in three levels

of phonological awareness, addressing syllabic awareness, intra-syllabic

awareness and segmental awareness.

The present study aims to analyse the effectiveness of the tabletop

version of the PECF in children aged 4 to 6 years with typical language

development.

Forty-four children were selected, 19 for the control group and 25 for the

experimental group.

Twenty-five children of the experimental group received the programme

during 13 weekly sessions of 45-min duration.

The outcome measures of phonological awareness ability (syllable

segmentation, identification of the initial syllable, omission of the initial

syllable, intra-syllabic segmentation, phonemic segmentation and

phonemic synthesis) were taken before and after the implementation of

the programme.

After 13 weeks, the experimental group showed significant

improvements in phonological awareness compared to the control

group.

The PECF seems to be effective in the development of children's

phonological awareness skills, providing clinical evidence for the use of

this programme to promote phonological awareness in preschool aged

children.

Abreviaturas e/ou siglas

PECF – Programa de Estimulação de Consciência Fonológica

CF – Consciência Fonológica

PE – Português Europeu

FA – Fator “Tipo de Grupo”

FB – Fator” Momento da Avaliação”

FA*FB – Interação entre o fator “tipo de grupo” e fator

“momento de avaliação”

TF – Terapeuta da Fala

IVC – Índice de validade de conteúdo

GC – Grupo controlo

GE – Grupo experimental

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 1

MÉTODO ............................................................................................................................................................ 5

Tipo de Estudo .............................................................................................................................................. 5

Considerações éticas ..................................................................................................................................... 5

Amostra ......................................................................................................................................................... 5

Avaliações pré-programa .............................................................................................................................. 6

Aplicação do PECF ......................................................................................................................................... 6

Avaliações pós-programa .............................................................................................................................. 6

Medidas de resultado ................................................................................................................................... 7

Análise de dados ........................................................................................................................................... 7

RESULTADOS...................................................................................................................................................... 7

Momento pré-programa ............................................................................................................................... 7

Momento pré e pós programa ...................................................................................................................... 9

DISCUSSÃO ...................................................................................................................................................... 11

CONCLUSÃO .................................................................................................................................................... 14

Bibliografia....................................................................................................................................................... 15

Apêndice A ...................................................................................................................................................... 19

Apêndice B ....................................................................................................................................................... 23

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Resultados GE e GC nas provas de segmentação silábica e identificação da sílaba inicial (avaliação

pré-programa). .................................................................................................................................................. 9

Figura 2 - Diferenças entre o GE (- - -) e GC (---) nas provas de segmentação silábica e identificação da sílaba

inicial (avaliação pré (1) e pós (2) programa). ................................................................................................. 10

Figura 3 - Diferenças entre o GE (- - -) e GC (---) nas provas de omissão da sílaba inicial, síntese intrassilábica,

segmentação fonémica e síntese fonémica (avaliação pré (1) e pós (2) programa). ...................................... 11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estrutura do PECF ............................................................................................................................. 4

Tabela 2 - Desenho do estudo ........................................................................................................................... 5

Tabela 3 - Caracterização da amostra em estudo: género, idade, segmentação silábica, identificação da

sílaba inicial, omissão da sílaba inicial, segmentação intrassilábica, segmentação fonémica e síntese

fonémica ............................................................................................................................................................ 8

Tabela 4 - Resultados obtidos na primeira e segunda avaliação (média e desvio padrão) para o GE e GC em

todas as provas. ............................................................................................................................................... 10

1

INTRODUÇÃO

Segundo Sim-Sim (2006), a consciência fonológica (CF) consiste no conhecimento que permite

reconhecer e analisar, de forma consciente, as unidades de som de uma determinada língua,

assim como as regras de distribuição e sequência do sistema de sons dessa língua. Em contraste

com as atividades de falar e de ouvir falar, a CF implica a capacidade de, voluntariamente, prestar

atenção aos sons da fala e não ao significado do enunciado (Viana & Sim-Sim, 2006).

De acordo com Alves, Freitas e Costa (2007), a CF ramifica-se em três tipos: (i) ao isolar sílabas,

a criança revela consciência silábica (ex: pra - tos); (ii) ao isolar unidades dentro da sílaba, a

criança revela consciência intrassilábica (ex: pr.a] [t.os); (iii) ao isolar sons da fala, a criança

revela consciência segmental (ex: p.r.a.t.o.s). A CF pode ser analisada através de diferentes

tarefas que se organizam em quatro categorias: segmentação, identificação, manipulação e

síntese (Castelo, 2012; Veloso, 2003).

A consciência silábica remete para a capacidade de as crianças identificarem e manipularem

conscientemente as sílabas de uma palavra. Esta capacidade parece manifestar-se antes da

aquisição formal da leitura e da escrita, atingindo o nível máximo de sucesso no início das

aprendizagens escolares (Lamprecht, 2004; Sim-Sim, 2001; Treiman & Zukowski, 1991). A

literatura refere a influência de variáveis fonológicas na consciência silábica tais como a extensão

da palavra, a estrutura silábica ou o acento da palavra (Afonso, 2015).

A consciência intrassilábica refere-se à capacidade de identificar e manipular as unidades ou

constituintes que formam, internamente, a sílaba. As unidades intrassilábicas são unidades

maiores que um fonema, mas menores que a sílaba (Treiman & Zukowski, 1991). Partindo da

ordem de disponibilização dos constituintes silábicos fonológicos, a unidade silábica é a primeira

a emergir, seguindo-se os constituintes silábicos e os segmentos (Afonso, 2015). A consciência

dos constituintes silábicos surge depois do consciência silábica e antes da consciência

segmental (Goswami & Bryant, 1990; Treiman & Zukowski, 1991). Contudo outros autores

referem que a consciência deste constituinte surge ao mesmo tempo que a do segmento ou até

numa fase mais tardia (Duncan et al., 2013; Sellés Nohales & Martínez Giménez, 2014; Vihman,

1996).

Neste tipo de consciência fonológica, a variável fonológica que influencia esta capacidade é a

estrutura silábica. A complexidade da tarefa de segmentação neste nível varia de acordo com a

natureza do constituinte Ataque, sendo mais complexo quando é do tipo ramificado

comparativamente ao tipo não ramificado (Afonso, 2015).

A consciência segmental consiste na capacidade de analisar as palavras ao nível dos segmentos

que as constituem. É um tipo de consciência que se adquire mais tardiamente, devido ao grau

de complexidade que reveste este tipo de tarefas. Umas das possíveis justificações para a

dificuldade que envolve este tipo de tarefas pode estar relacionada com o facto de os segmentos

2

serem unidades abstratas e não existirem barreiras explícitas entre os vários segmentos de uma

palavra, já que eles são co articulados (Viana & Sim-Sim, 2006). Diferentes estudos têm

demonstrado que a consciência de segmentos está praticamente ausente em idade pré-escolar,

desenvolvendo-se rapidamente nos primeiros anos de aprendizagem da leitura e da escrita

(Liberman, Shankweiler, Fischer, & Carter, 1974; Lourenço, 2013; Oliveira & Lins, 2018; Paulino,

2009; Silva, 1996; Veloso, 2003). Este nível de consciência fonológica, é também influenciado

por variáveis fonológicas, com maior destaque para a estrutura da palavra e propriedades

segmentais (Alves, Castro, & Correia, 2010).

A consciência fonológica dota a criança de um entendimento suficiente da estrutura sonora que

a permite utilizar no momento em que contacta com as letras, ajudando-a a entender a relação

entre as letras e os sons, sendo assim um fiel preditor do sucesso na aprendizagem da leitura e

da escrita (Lundberg, 1991; Nesdale, Herriman, & Tunmer, 1984).

Percebe-se, assim, que a consciência fonológica é uma componente de extrema importância

para a aprendizagem da escrita, uma vez que é ela que possibilita a reflexão sobre os sons que

devem ser representados graficamente.

A leitura e a escrita iniciais pressupõem a descoberta da relação grafo-fonológica

(grafemas/segmentos), baseada num esforço da criança para realizar a conversão de letras em

sons e de sons em letras. Para tal, ele deve reconhecer a relação som-letra, ser capaz de

analisar, refletir, sintetizar as unidades segmentais que compõem as palavras faladas (Nesdale

et al., 1984). Deste modo é necessário que estabeleça uma ligação entre os sons da fala e os

grafemas da escrita, alcançada através da reflexão consciente (consciência segmental).

Existem algumas atividades/programa que visam promover a CF em crianças com

desenvolvimento típico, sendo que foram encontrados poucos dados acerca da validação e

eficácia dos mesmos: Programa de promoção do desenvolvimento da consciência fonológica

(A. C. Rios, 2013); Método DOLF (Severino & Rombert, 2012); Programa de Promoção da

Consciência da Rima em Idade Pré-escolar de Lages (2010) (Ferreira, 2013); Programa de

estímulo em Consciência Fonológica (Carvalho, Sousa, & Alves, 2012); O Conhecimento da

Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica (Freitas, Alves, & Costa, 2007); Adaptação do

Programa de estímulo em Consciência Fonológica de Carvalho (2012) (Ferreira, 2013).

Também existem programas de intervenção de consciência fonológica que visam o trabalho com

crianças com perturbação dos sons da fala (PSF) ou em risco de insucesso escolar, tais como:

Terapia de Consciência Fonológica de Gillon e McNeill (2007) - para crianças com PSF; TABLE

to TABLET (T2T) (Jesus, Lousada, Santos, Martinez, & Mouta, 2015) – para crianças com PSF;

Programa desenvolvido no Centro de Investigação e Intervenção em Leitura (Ciil) (Garrido et al.,

2017) – para crianças em risco de insucesso escolar.

3

Existem estudos internacionais acerca da eficácia de programas de estimulação de CF em

crianças com desenvolvimento típico de idade pré-escolar.

Num estudo sobre os efeitos de um programa de estimulação de CF em idade pré-escolar foram

avaliadas 38 crianças com desenvolvimento típico, com idades entre 4:10 e 6:1. As crianças

foram divididas aleatoriamente em dois grupos de controlo (um grupo com 14 crianças e outro

com 12 crianças) e num grupo experimental com 12 crianças. As crianças do grupo experimental

demonstraram melhores resultados em seis provas de CF (síntese silábica, segmentação

silábica, omissão do fonema inicial, segmentação fonémica e síntese fonémica), revelando

resultados significativamente maiores em todos os testes de consciência segmental

comparativamente aos grupos de controlo. Os resultados mostram que as crianças do grupo

experimental também obtiveram ganhos significativamente maiores nas provas de leitura e

ortografia no final do ano (Brennan & Ireson, 1997).

Num outro estudo, foram avaliadas 390 crianças com desenvolvimento típico, tendo sido

divididas aleatoriamente em dois grupos de controlo com 155 crianças e num grupo experimental

com 235 crianças. No início do estudo, as crianças apresentaram uma idade média foi de 6 anos.

Os resultados sugerem que a CF pode ser desenvolvida antes da aprendizagem da leitura e

independentemente dela, e que a CF facilita a aprendizagem da leitura. As crianças do grupo

experimental demonstraram melhores resultados nas provas de consciência fonológica (síntese

silábica, segmentação silábica, omissão do fonema inicial, segmentação fonémica e síntese

fonémica), revelando resultados significativamente maiores em todas as provas de consciência

segmental comparativamente aos dois grupos de controlo (Colapietro, 2012).

Para a promoção da CF em crianças com desenvolvimento típico, foi recentemente desenvolvido

e validado um programa para crianças de idade pré-escolar, o Programa de Estimulação de

Consciência Fonológica (PECF) (Lousada et al., 2018), o qual ainda não foi alvo de estudo de

eficácia.

O PECF tem como finalidade promover o desenvolvimento da CF em crianças de idade pré-

escolar ou no início de idade escolar. Pode ser utilizado por diversos profissionais, tais como

terapeutas da fala, educadores de infância, professores e psicólogos. É composto por uma

versão papel e uma versão digital (Lousada et al., 2018).

O PECF inclui diversas atividades organizadas em 3 níveis de CF, abordando a consciência

silábica, a consciência intrassilábica e a consciência segmental (Tabela 1). A seleção das

palavras utilizadas em cada atividade teve em consideração as variáveis extensão de palavra,

estrutura da palavra e propriedades segmentais. Neste sentido, o programa apresenta níveis de

complexidade, em cada atividade, que se encontram organizados de forma crescente e que

podem ser usados consoante a idade e/ou nível de consciência fonológica de cada criança. Cada

atividade pode ser realizada individualmente com uma criança ou com grupos de crianças (no

máximo 10 crianças). Foi previamente realizada a validação de conteúdo, por um painel de 5

4

peritos na área (linguistas e terapeutas da fala com experiência na área da CF). A análise do

índice de validade de conteúdo (IVC) obtido para cada item foi superior a 0.8, verificando a

existência de concordância entre peritos. A média do índice global foi 0.95, mostrando que o

Programa desenvolvido apresenta validade de conteúdo (Lousada et al., 2018).

Tabela 1 - Estrutura do PECF

Nível de consciência fonológica Atividade

Consciência Silábica

Segmentação Silábica

Identificação da Sílaba Inicial

Omissão da Sílaba Inicial

Consciência Intrassilábica Síntese Intrassilábica

Segmentação Intrassilábica

Consciência Segmental

Síntese Segmental

Identificação do Segmento Inicial

Omissão de Segmento Inicial

Adição do Segmento Final

Substituição do Segmento Inicial

Segmentação Fonémica

Assim, este estudo tem como principal objetivo analisar os efeitos do PECF num grupo de

crianças com desenvolvimento típico em idade pré-escolar comparando um grupo experimental

com um grupo de controlo.

5

MÉTODO

Tipo de Estudo

O presente estudo é um estudo de caráter quase-experimental (“quasi-experimental design”)

(Breakwell, Fife-Schaw, Hammond, & Smith, 2006; Freire & Almeida, 2007).

Considerações éticas

A aprovação ética foi previamente solicitada à Comissão de Ética da Unidade de Investigação

em Ciências da Saúde da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (UICISA), tendo sido

obtido um parecer positivo (Parecer nº 339_03_2016). Antes de qualquer recolha de dados, foi

solicitado o consentimento informado por escrito a cada cuidador das crianças dos dois grupos

em estudo (Apêndice A). Foi solicitado o preenchimento de um questionário sócio-demográfico

para recolha destas informações (Apêndice B).

Amostra

Na constituição da amostra do estudo participaram 44 crianças. Vinte e cinco crianças com idade

média de 55.44 meses, 4;5, constituíram o grupo experimental sendo sujeitas à aplicação do

PECF. Dezanove crianças com idade média de 59.53 meses, 4;9, constituíram o grupo de

controlo, não tendo tido qualquer estimulação de consciência fonológica, adicional à que

recebem usualmente no jardim de infância.

Foram selecionados os seguintes critérios de inclusão: criança a frequentar a educação pré-

escolar; falante monolingue do PE; ausência de perturbação do desenvolvimento da linguagem,

perturbação dos sons da fala e qualquer condição biomédica conhecida (e.g. ausência de

alteração sensorial e/ou cognitiva conhecida; ausência de historial de acompanhamento em

terapia da fala (no passado ou no presente). Todas as crianças foram avaliadas em dois

momentos: antes e após 13 semanas da implementação do PECF no grupo experimental (ver

Tabela 2.).

Tabela 2 - Desenho do estudo

Avaliação pré-programa (baseline, ambos os grupos) 1 sessão

Intervenção (apenas para o grupo experimental) 13 sessões

Avaliação pós-programa (ambos os grupos) 2 sessões

6

Avaliações pré-programa

As capacidade fonológicas das crianças foram avaliadas pelas seguintes provas de um Teste de

Consciência Fonológica (Afonso, 2015): segmentação silábica, identificação da sílaba inicial,

omissão da sílaba inicial, segmentação intrassilábica, segmentação fonémica; e por uma prova

de síntese fonémica do Teste de Avaliação da Linguagem Oral (Sim-Sim, 2001). Em todos os

momentos de avaliação, todas as crianças foram avaliadas pelo mesmo Terapeuta da Fala.

Aplicação do PECF

Vinte e cinco crianças receberam estimulação da CF através do PECF, dinamizado pelo mesmo

Terapeuta da Fala, em 13 sessões semanais com duração média de 45 minutos. As sessões

foram realizadas em grupo (de 7 a 8 crianças cada). A aplicação do PECF foi realizada tendo em

conta as instruções, procedimentos e materiais apresentados no manual do programa. Neste

sentido, foram apresentados os estímulos por grau de complexidade, partindo do primeiro nível

com um grau de complexidade menor para o último nível com um grau de complexidade maior.

Cada nível de consciência fonológica do PECF apresenta níveis de complexidade tendo em

conta as variáveis fonológicas, extensão da palavra, estrutura da palavra e propriedades

segmentais. Quanto à consciência silábica, os estímulos são apresentados, consoante a

extensão da palavra e estrutura da palavra, ou seja, primeiro apresentam-se palavras

dissilábicas com ataque e rima simples e posteriormente palavras trissilábicas ou polissilábicas

com ataque ramificado e rima ramificada. Na consciência intrassilábica, os estímulos são

apresentados consoante a estrutura das palavras, sendo primeiro palavras monossilábicas com

ataque e rima simples e posteriormente monossilábicas com ataque e rima ramificada. Na

consciência segmental, os estímulos são apresentados tendo em consideração as propriedades

do segmento inicial. Os níveis diferem consoante o modo de articulação do segmento inicial,

sendo que primeiro apresentam-se as palavras com fricativa como segmento inicial, de seguida

líquida e, por fim, oclusiva (Lousada et al., 2018).

Avaliações pós-programa

Após treze semanas, todas as crianças foram avaliadas quanto às suas capacidades de

consciência fonológica com recurso às mesmas provas de Consciência Fonológica utilizadas na

primeira avaliação.

7

Medidas de resultado

Foram registadas as cotações totais de diferentes provas de consciência fonológica

(segmentação silábica, identificação da sílaba inicial, omissão da sílaba inicial, segmentação

intrassilábica, segmentação fonémica e síntese fonémica) nos dois momentos de avaliação.

Estas medidas resultaram do teste de Consciência Fonológica (Afonso, 2015) e da prova de

síntese fonémica (Sim-Sim, 2001), anteriormente referidas.

Análise de dados

A análise estatística foi realizada utilizando o software SPSS versão 24. O nível de significância

utilizado foi de 0.05. Para comparação entre os grupos no momento pré-programa, foi utilizado

o teste do Qui-quadrado para tabelas de contingência para variáveis nominais e o teste U de

Mann-Whitney para as variáveis quantitativas (uma vez que a normalidade destas não foi

verificada).

Para analisar a eficácia do PECF, o teste utilizado foi a ANOVA de 2 fatores mistos. Um fator

refere-se ao tipo de grupo (grupo controlo ou grupo experimental) - amostras independentes. O

outro fator diz respeito ao momento de avaliação (avaliação pré e pós programa) - medidas

repetidas. As variáveis dependentes são os resultados das provas segmentação silábica,

identificação da sílaba inicial, omissão da sílaba inicial, segmentação intrassilábica,

segmentação fonémica e síntese fonémica. O teste de normalidade (teste de Kolmorov-Sminov),

esfericidade (teste de Mauchly) e homogeneidade da variância (teste de Levene) foram

cumpridos para as duas variáveis dependentes, segmentação silábica e identificação silábica.

RESULTADOS

Momento pré-programa

As características do grupo experimental e de controlo (idade e género) bem como as médias

das cotações obtidas no primeiro momento de avaliação, para ambos os grupos, estão resumidas

na Tabela 3. O grupo experimental, constituído por 25 crianças, apresenta uma idade média de

55.44 meses (aproximadamente 4 anos e 6 meses), com 12 crianças (63.2%) do género

masculino e 13 (52%) do género feminino. Nas provas de segmentação silábica e identificação

de sílaba inicial obteve-se um resultado médio de 16.28 e 5.40, respetivamente. Nas restantes

provas (omissão da sílaba inicial, segmentação fonémica, síntese fonémica e segmentação

intrassilábica), o resultado foi zero.

O grupo controlo, constituído por 19 crianças, apresenta uma idade média de 59.53 meses, com

7 crianças (36.8%) do género masculino e 12 (48%) do género feminino. Nas provas de

segmentação silábica e identificação de sílaba inicial obteve-se um resultado médio de 10.63 e

8

2.11, respetivamente. Nas restantes provas (omissão da sílaba inicial, segmentação fonémica,

síntese fonémica e segmentação intrassilábica) o resultado foi zero.

Tabela 3 - Caracterização da amostra em estudo: género, idade, segmentação silábica,

identificação da sílaba inicial, omissão da sílaba inicial, segmentação intrassilábica,

segmentação fonémica e síntese fonémica

Grupo experimental Grupo controlo Resultado estatístico

Género

Masculino 12

(63.2%) 7

(36.8%) Teste Qui-Quadrado

𝑋2(1) = 0.5 p=0.46

Feminino 13

(52%) 12

(48%)

Idade 55.44±5.17 59.53±8.04

Teste Mann- Whitney U=171.5 p=0.21

Pro

vas (

avalia

ção

pré

-pro

gra

ma

) Segmentação silábica

16.28±18.99 10.63±14.76

Teste Mann- Whitney U=201.5 p=0.12

Identificação da sílaba inicial

5.40±8.94 2.11±6.03

Teste Mann- Whitney U=200.0 p=0.21

Omissão da sílaba inicial

0±0 0±0 Não efetuado

Segmentação intrassilábica

0±0 0±0 Não efetuado

Segmentação fonémica

0±0 0±0 Não efetuado

Síntese fonémica

0±0 0±0 Não efetuado

Como se pode observar da tabela 3, quando à variável idade, não há diferenças significativas

entre o grupo experimental e o grupo de controlo, no primeiro momento de avaliação, apesar do

grupo de controlo apresentar uma idade ligeiramente superior. Relativamente às cotações das

provas, também não existem diferenças significativas entre os dois grupos antes da

implementação do PECF.

No que respeita aos resultados das provas de segmentação silábica e identificação da sílaba

inicial obtidos na avaliação pré-programa (baseline) para ambos os grupos, apresentam-se as

caixas de bigodes na Figura 1.

Como se pode observar, existe uma grande sobreposição nas cotações do teste de segmentação

silábica dos dois grupos, o que indica não existirem diferenças entre os grupos. No caso do teste

de identificação da sílaba inicial, no grupo de controlo pode-se observar a existência de dois

extremos com o mesmo valor e os restantes com a cotação zero.

9

Figura 1 – Resultados GE e GC nas provas de segmentação silábica e identificação da sílaba

inicial (avaliação pré-programa).

A percentagem de respostas corretas das provas de segmentação silábica, identificação da

sílaba inicial e omissão da sílaba inicial, durante a avaliação pré-programa do GE foram 30%,

15% e 3%, respetivamente. No momento de avaliação pós programa foram 84%, 64% e 22%,

respetivamente. No momento pré-programa, as crianças do GC apresentaram uma percentagem

de respostas corretas nas provas de segmentação silábica, identificação da sílaba inicial e

omissão da sílaba inicial de 19%, 6% e 0%, respetivamente. No momento de avaliação pós-

programa, as percentagens para o GC foram 28%, 9% e 0%, respetivamente.

Momento pré e pós programa

Para analisar a eficácia do PECF, o teste utilizado foi uma ANOVA de 2 fatores mistos (ver Tabela

4). Para a prova de segmentação silábica, a interação entre os fatores grupo e momento de

avaliação foi significativo. Da figura 2 (esquerda) pode-se observar que o GE obteve um resultado

claramente superior no momento de avaliação pós-programa quando comparado com o GC. Os

resultados para o fator grupo foram significativos, o que indica que há diferenças estatísticas

entre os dois grupos. Os resultados para o fator momento de avaliação também foram

significativos, o que indica que há diferenças estatísticas entre os dois momentos de avaliação.

Para a prova de identificação da sílaba inicial obteve-se um resultado idêntico à prova anterior.

Da figura 2 (direita) pode-se observar que o GE obteve um resultado claramente superior no

momento de avaliação pós-programa quando comparado com o GC. Os resultados para o fator

grupo foram significativos, o que indica que há diferenças estatísticas entre os dois grupos. Os

resultados para o fator momento de avaliação também foram significativos, o que indica que há

diferenças estatísticas entre os dois momentos de avaliação.

10

Quanto às restantes provas (omissão da sílaba inicial, segmentação fonémica, segmentação

intrassilábica e síntese fonémica) não foi possível realizar uma análise estatística, uma vez que

os resultados das avaliações foram valores constantes e iguais ou próximos de zero. Neste

sentido, optou-se por apresentar apenas estatística descritiva (tabela 4 e figura 3). Dos

resultados descritivos e da análise dos gráficos, observa-se que o grupo experimental teve

sempre um ligeiro benefício de ter usufruído do PECF, mostrando evolução entre os dois

momentos considerados. Por outro lado, o grupo de controlo não mostrou qualquer evolução no

segundo momento de avaliação (ver Tabela 4).

Tabela 4 - Resultados obtidos na primeira e segunda avaliação (média e desvio padrão) para o

GE e GC em todas as provas.

Provas Momento de Avaliação

Grupo experimental

Grupo controlo

Resultado estatístico

Segmentação silábica

1ºAvaliação 16.28±18.99 10.63±14.76 FA: F(1,42)=17.7; p<0.001 FB: F(1,42)=85.2 p<0.001 FA*FB: F(1,42)=46.0 p<0.001

2ºAvaliação 45.20±6.11 15.05±18.11

Identificação da sílaba inicial

1ºAvaliação 5.40±8.94 2.11±6.03 FA: F(1,42)=25.1; p<0.001 FB: F(1,42)=72.6; p<0.001 FA*FB: F(1,42)=56.7; p<0.001

2ºAvaliação 22.44±9.02 3.16±7.59

Omissão da sílaba inicial

1ºAvaliação 1.08±5.40 0±0 Não efetuado

2ºAvaliação 7.80±13.67 0±0

Segmentação intrassilábica

1ºAvaliação 0±0 0±0 Não efetuado

2ºAvaliação 0.16±0.62 0±0

Segmentação fonémica

1ºAvaliação 0±0 0±0 Não efetuado

2ºAvaliação 0.52±1.45 0±0

Síntese fonémica

1ºAvaliação 0±0 0±0 Não efetuado

2ºAvaliação 2.72±2.25 0.05±0.23

Figura 2 - Diferenças entre o GE (- - -) e GC (---) nas provas de segmentação silábica e

identificação da sílaba inicial (avaliação pré (1) e pós (2) programa).

11

Figura 3 - Diferenças entre o GE (- - -) e GC (---) nas provas de omissão da sílaba inicial, síntese

intrassilábica, segmentação fonémica e síntese fonémica (avaliação pré (1) e pós (2) programa).

DISCUSSÃO

Este estudo investigou a eficácia do PECF em 25 crianças dos 4 aos 6 anos de idade com

desenvolvimento linguístico típico, em comparação com um grupo de controlo constituído por 19

crianças.

Os resultados obtidos no primeiro momento de avaliação demonstram não haver diferenças

significativas entre o GC e o GE, sendo que ambos apresentam idades médias semelhantes e

pontuações idênticas nas provas. Isto indica que os grupos iniciaram o estudo com

características idênticas no momento pré-programa (baseline).

Relativamente à prova de segmentação silábica, o teste estatístico revelou haver diferenças

significativas entre o GC e o GE (p<0.001) após a implementação do programa. Relativamente

12

ao GE, esta prova apresentou uma maior evolução, tendo as crianças resultados ligeiramente

superiores (84% de respostas corretas), visto que crianças da faixa etária [5;0-5;6] sem

estimulação, apresentaram uma percentagem de respostas corretas de 80% (Afonso, 2015).

Tendo as crianças apresentado resultados totais superiores ao GC, verificou-se que a evolução

pode ter sido provocada pela implementação do PECF e não pela maturação de cada criança.

Estudos idênticos obtiveram resultados semelhantes, tendo o GE diferenças significativas face

ao GC (Brennan & Ireson, 1997; Colapietro, 2012).

Para o GC, na prova de segmentação silábica, houve uma evolução mínima, comparativamente

ao GE. Esta alteração mínima deve ter ocorrido apenas devido ao fator de desenvolvimento da

criança. As crianças deste grupo, apresentaram uma percentagem de respostas corretas igual a

28%, sendo um valor muito inferior ao GE.

No que concerne à prova de identificação da sílaba inicial, o teste estatístico revelou haver

diferenças significativas entre o GC e GE (p<0.001) após a implementação do PECF. Esta prova

apresentou evolução no GE, com resultados superiores (64% de respostas corretas) aos

esperados para a faixa etária das crianças, visto que crianças sem qualquer estimulação

apresentam uma cotação de 39% para a faixa etária [5;0-5;6] (Afonso, 2015). Para o GC, houve

uma evolução mínima, apresentando uma percentagem de respostas corretas igual a 9%, sendo

um valor muito inferior quando comparado com o GE. Esta percentagem pode ter ocorrido pelo

fator de desenvolvimento ‘natural’ das crianças. Estudos semelhantes obtiveram resultados

idênticos aos do presente estudo, apresentando o GE diferenças significativas face ao GC

(Brennan & Ireson, 1997; Colapietro, 2012), mostrando, novamente, que a evolução do GE pode

ser pela implementação do PECF e não apenas pelo desenvolvimento.

Quanto à prova de omissão da sílaba inicial, a análise do gráfico (Figura 3) permitiu verificar que

a evolução das crianças ocorre apenas no GE. Estudos revelam que esta prova é descrita como

sendo uma tarefa complexa para crianças de idade pré-escolar, apresentando percentagens de

sucesso inferiores a 50% (Antunes, 2013; Lourenço, 2013). As crianças do GC apresentaram

uma percentagem de respostas corretas de 0%, sendo um valor muito inferior quando comparado

com o GE que obteve uma percentagem de respostas corretas igual a 22%. Desta forma, as

crianças do GE apresentaram uma percentagem de respostas corretas superior

comparativamente às do GC, o que mostra que as diferenças podem ser pela implementação do

PECF.

No que concerne à consciência intrassilábica e segmental, estes níveis apresentam um maior

grau de complexidade, sendo que diversos estudos referem que a consciência segmental e

intrassilábica se adquirem aquando da entrada para o 1º ciclo, uma vez que estes níveis exigem

alguma aprendizagem (Liberman, Shankweiler, Fischer, 1974; Lourenço, 2013; Oliveira & Lins,

2018; Paulino, 2009; Silva, 1996).

13

Relativamente à prova de segmentação intrassilábica, as diferenças entre o GE e GC são

mínimas, sendo que em idade pré-escolar as crianças apresentam usualmente dificuldades

(McBride-Chang, Bialystok, Chong, & Li, 2004; C. Rios, 2009; Seymour & Evans, 1994; Stahl &

Murray, 1994).Tendo em conta a idade média das crianças do presente estudo

(aproximadamente 4 anos e 6 meses) e o grau de complexidade da prova, os resultados obtidos

eram espectáveis.

Relativamente à síntese fonémica, observam-se diferenças entre o GE e GC, sendo que as

crianças do GE apresentam resultados mais elevados comparativamente ao GC. As crianças do

GC não apresentaram qualquer evolução, obtendo resultados iguais ao da avaliação pré-

programa. Sendo esta prova complexa para a faixa etária das crianças em estudo, as evoluções

das crianças do GE pode ser pela implementação do PECF e não pelo fator de desenvolvimento.

Quanto à prova de segmentação fonémica, as diferenças entre o GE e GC são mínimas, uma

vez que a tarefa apresenta um grau de complexidade elevado, havendo estudos que revelam

que as crianças antes da entrada para o 1ºano não conseguem realizá-la (Castelo, 2012;

Liberman et al., 1974; Lourenço, 2013; Oliveira & Lins, 2018; Paulino, 2009; Silva, 1996; Veloso,

2003). De referir que a idade média das crianças do presente estudo é inferior a [5;0-6;0], o que

pode justificar a dificuldade na realização das provas de segmentação fonémica e intrassilábica,

mesmo após a implementação do PECF.

Comparativamente com estudos sobre efeitos de programas internacionais, as crianças do GE

obtiveram resultados com diferenças significativas em provas de consciência fonológica,

nomeadamente nas de segmentação silábica e identificação da sílaba inicial. Ao nível da

consciência fonémica, os resultados do presente estudo revelam poucas diferenças entre os dois

grupos, contrariamente a estudos previamente realizados, o que poderá estar relacionado com

o facto de as crianças terem uma idade média menor (Brennan & Ireson, 1997; Colapietro, 2012).

De forma geral, as crianças do GE, comparativamente às do GC, começaram a adquirir mais

precocemente consciência segmental, especificamente ao nível da síntese fonémica. Estes

dados são fundamentais para comprovar que estas capacidades podem começar a ser

adquiridas antes da entrada no 1ºciclo e que a implementação do PECF no GE apresentou

resultados positivos a este nível.

Os resultados mencionados comprovam que a resposta obtida no segundo momento de

avaliação para o GE foi devido à estimulação com o PECF e não ao desenvolvimento. Todas as

crianças do GE obtiveram melhores resultados após a estimulação, alcançando valores acima

da média considerando valores de referência para o PE (Afonso, 2015), confirmando a eficácia

do PECF em idade pré-escolar.

O presente estudo apresenta algumas limitações, tais como a faixa etária das crianças da

amostra, visto que é uma faixa etária muito precoce e poderá ter influenciado os resultados das

14

provas mais complexas, bem como a ausência de outro profissional para realizar as avaliações

das crianças nos diferentes momentos. Estudos futuros de análise da eficácia do PECF deverão

incluir uma amostra de crianças com idade média superior, de forma a verificar se existe uma

evolução significativa ao nível da consciência intrassilábica e segmental. Seria também

pertinente realizar um estudo com o PECF que tivesse a colaboração de outros terapeutas da

fala nos diferentes momentos de avaliação das crianças de ambos os grupos.

CONCLUSÃO

No presente trabalho, procurou-se contribuir com evidência para os efeitos do PECF em crianças

de idade pré-escolar, tendo-se analisado os efeitos nos diferentes tipos de consciência

fonológica (silábica, intrassilábica e segmental). O PECF foi considerado eficaz no

desenvolvimento da consciência fonológica das crianças com desenvolvimento linguístico típico.

Os resultados encontrados fornecem evidência científica para que vários profissionais, como

terapeutas da fala, professores, educadores de infância, psicólogos, utilizem este programa na

promoção da consciência fonológica em idade pré-escolar. Os dados obtidos neste estudo

permitem verificar que a consciência silábica é aquela que apresenta maior evolução, o que tem

sido verificado em estudos semelhantes internacionais (Brennan & Ireson, 1997; Colapietro,

2012). A consciência intrassilábica e a consciência segmental apresentaram evoluções mínimas,

devido ao seu grau de complexidade e à média de idades da amostra em estudo.

15

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Apêndice A

Consentimento Informado – Grupo de controlo

TÍTULO: Análise dos efeitos do programa de estimulação da consciência fonológica

PLANO DE INVESTIGAÇÃO: Validar um programa de intervenção de consciência fonológica

INVESTIGADORA: Joana Figueiredo (ESSUA), sob orientação da Professora Doutora Ana Rita

Valente e Marisa Lousada (ESSUA).

INSTITUIÇÃO: Universidade de Aveiro – Escola Superior de Saúde (ESSUA)

Descrição do projeto

A consciência fonológica consiste no conhecimento que permite reconhecer e analisar,

de forma consciente, as unidades de som de uma determinada língua (Sim-Sim, 2006).

O presente projeto tem como objetivo analisar o desenvolvimento da capacidade de

consciência fonológica de crianças com idade entre os 4 e os 6 anos. As crianças serão avaliadas

em dois momentos com um intervalo de 11 semanas entre cada momento. A avaliação será

realizada pela investigadora Joana Figueiredo com a Prova de Consciência Fonológica (Afonso,

2015) e uma Prova de síntese fonémica (Sim-Sim, 2001). Cada momento de avaliação terá uma

duração aproximada de 20 minutos.

Riscos

Neste projeto não existem riscos previsíveis associados à participação da criança.

Desistir da participação no estudo

Poderá optar por interromper a participação nas atividades a qualquer momento.

Direitos

Poderá fazer perguntas a qualquer momento, inclusivamente antes, durante ou após as

avaliações. A participação neste estudo é inteiramente voluntária.

Confidencialidade

Todos os dados recolhidos serão alvo de uma exclusiva análise dos investigadores, nunca

passíveis de qualquer divulgação que permita identificar os participantes. As gravações dos

momentos de avaliação serão identificadas com um número.

Contacto

Se, a qualquer momento durante o estudo, quiser mais informações, tiver dúvidas sobre os

procedimentos do estudo ou decidir desistir do estudo, entre em contato com:

Joana Figueiredo ([email protected])

Consentimento

Os objetivos e procedimentos do estudo foram explicados e as minhas dúvidas esclarecidas.

Concordo e autorizo a participação do meu educando neste estudo. Não renuncio a nenhum dos

meus direitos legais assinando este formulário de consentimento informado.

Nome da criança _________________________________

Nome do pai/mãe _________________________________

Assinatura do pai/mãe: ___________________________________

Local e Data: __________________________________

Consentimento Informado – Grupo experimental

TÍTULO: Análise dos efeitos do programa de estimulação da consciência fonológica

PLANO DE INVESTIGAÇÃO: Validar um programa de intervenção de consciência fonológica

GRUPO DE INVESTIGADORES: Marisa Lousada (ESSUA); Joana Figueiredo e Ana Rita

Valente (ESSUA)

INSTITUIÇÕES: Universidade de Aveiro – Escola Superior de Saúde (ESSUA)

Introdução

O presente projeto tem como objetivo a validação de um programa de promoção da literacia

através da estimulação da consciência fonológica. O programa irá ser implementado em sessões

semanais em crianças na faixa etária dos 4 aos 6 anos. As atividades irão decorrer com grupos

de, aproximadamente 10 crianças, com frequência semanal e duração prevista de 30 minutos,

dinamizadas por terapeutas da fala.

As capacidades linguísticas de consciência fonológica de cada criança serão avaliadas antes da

implementação do programa e depois do seu término.

Benefícios e Riscos

Existem benefícios diretos para a criança. A participação da criança no projeto poderá permitir a

melhoria das suas competências linguística e de consciência fonológica, que se prevê que

tenham influência positiva na aquisição da leitura e da escrita.

Neste projeto não existem riscos previsíveis associados à participação da criança.

Desistir da participação no estudo

Poderá optar por interromper a participação nas atividades a qualquer momento.

Direitos

Poderá fazer perguntas a qualquer momento, inclusivamente antes, durante ou após as

avaliações e/ou implementação do programa. A participação neste estudo é inteiramente

voluntária.

Confidencialidade

Todos os dados recolhidos serão alvo de uma exclusiva análise dos investigadores, nunca

passíveis de qualquer divulgação que permita identificar os participantes. As gravações dos

momentos de avaliação serão identificadas com um número.

Contacto

Se, a qualquer momento durante o estudo, quiser mais informações, tiver dúvidas sobre os

procedimentos do estudo ou decidir desistir do estudo, entre em contato com:

Marisa Lousada ([email protected])

Joana Figueiredo ([email protected])

Ana Rita Valente ([email protected])

Consentimento

Os objetivos e procedimentos do estudo foram explicados e as minhas dúvidas esclarecidas.

Concordo e autorizo a participação do meu educando neste estudo. Não renuncio a nenhum dos

meus direitos legais assinando este formulário de consentimento informado.

Nome da criança _________________________________

Nome do pai/mãe _________________________________

Assinatura do pai/mãe: ___________________________________

Local e Data: __________________________________

Apêndice B

Questionário sociodemográfico

Projeto: Programa de estimulação da consciência fonológica

Investigador responsável: Professora Doutora Marisa Lobo Lousada

Secção A. Caraterização da Criança

1. Género: (Assinale com X.)

Masculino

Feminino

2. Data de Nascimento: (Escreva dia-mês-ano.) _____________________________

3. Estabelecimento de Ensino: (Nome do Jardim de infância, se aplicável)

____________________________________________________________________

4. A criança possui o Português Europeu como língua materna (primeira língua)? (Assinale

com X.)

Sim

Não O Português é a sua língua dominante?__________________________

Se não, qual é?_____________________________________________

5. A criança frequenta ou já alguma vez frequentou Terapia da Fala? (Assinale com X.)

Sim

Não

6. A criança possui problemas de natureza sensorial, motora ou mental? (Assinale com X.)

Sim

Não

7. A criança apresenta ou apresentou alguma alteração no seu desenvolvimento? (Assinale

com X.)

Sim Qual? ____________________________________________________

Não

8. A criança apresenta/apresentou algum problema auditivo e/ou otites frequentes?

(Assinale com X.)

Sim

Não

B. Caraterização do Agregado Familiar

1. Quem faz parte do agregado familiar da criança? (Escreva.)

____________________________________________________________________________

______________________________________________________________

2. Considerando a pessoa com maior rendimento no seu agregado familiar, isto é, a que

ganha mais dinheiro por ano:

2.1. Qual o grupo ocupacional a que pertence? (Assinale com X a resposta.)

Patrão/proprietário (agricultura, comércio, indústria, serviços) de empresa/loja/exploração

com 6 ou mais trabalhadores

Quadro superior (responsável por 6 ou mais trabalhadores)

Quadro superior (responsável por 5 ou menos trabalhadores)

Profissão liberal ou similar

Quadro médio (responsável por 6 ou mais trabalhadores)

Patrão/proprietário (agricultura, comércio, indústria, serviços) de empresa/loja/exploração

com 5 ou menos trabalhadores

Profissão técnica, científica e artística por conta de outrem

Quadro médio (responsável por 5 ou menos trabalhadores)

Empregado de escritório

Estudante, doméstica, inativo

Empregado trabalhando sem ser em escritório

Trabalhador manual ou similar por conta própria

Desempregado

Trabalhador manual por conta de outrem

Nota: Caso a pessoa considerada tenha várias atividades, considere a atividade principal de

onde resultam os rendimentos. Caso a pessoa seja reformada, considere a atividade que

exercia antes de se reformar.

2.2. Qual a sua escolaridade? (Assinale com X a resposta.)

Não sabe ler nem escrever

Sabe ler ou escrever sem possuir diploma

1º Ciclo do Ensino Básico (antiga 4ª classe)

2º Ciclo do Ensino Básico (antigo 6º ano)

3º Ciclo do Ensino Básico (antigo 9º ano)

11º-12º Anos de escolaridade

Bacharelato ou frequência de curso superior

Licenciatura ou mais