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CLÉCIO GABRIEL DE SOUZA EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE A DOR E CAPACIDADE FUNCIONAL EM MULHERES ACOMETIDAS POR CHIKUNGUNYA: UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO NATAL/RN 2018 www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol [email protected] 55-84-3342-2338 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

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CLÉCIO GABRIEL DE SOUZA

EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA

POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE A DOR E

CAPACIDADE FUNCIONAL EM MULHERES

ACOMETIDAS POR CHIKUNGUNYA: UM ENSAIO

CLÍNICO RANDOMIZADO

NATAL/RN

2018

www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol [email protected] 55-84-3342-2338

CENTRODECIÊNCIASDASAÚDEPROGRAMADEPÓS-GRADUAÇÃOEMSAÚDECOLETIVA

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CLÉCIO GABRIEL DE SOUZA

EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR

CORRENTE CONTÍNUA SOBRE A DOR E CAPACIDADE

FUNCIONAL EM MULHERES ACOMETIDAS POR

CHIKUNGUNYA: UM ENSAIO CLÍNICO

RANDOMIZADO.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito para obtenção do título de Doutor

em Saúde Coletiva.

Orientador: Alexandre Hideki Okano

Natal/RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - ­Departamento

de Odontologia

Souza, Clecio Gabriel de.

Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua

sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por

chukungunya: um ensaio clínico randomizado / Clecio Gabriel de

Souza. - 2018.

55f.: il.

Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2018.

Orientador: Alexandre Hideki Okano.

1. Vírus Chikungunya - Tese. 2. Dor Crônica - Tese. 3.

Fisioterapia - Tese. I. Okano, Alexandre Hideki. II. Título.

RN/UF/BSO BLACK585

Elaborado por Hadassa Daniele Silva Bulhões de Oliveira - CRB-

15/313

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DEDICATÓRIA

Dedico esse momento marcante da minha vida a todos os meus familiares, que nunca mediram

esforços para me dá as melhores condições para buscar incessantemente meus objetivos por

meio da educação e por sempre confiarem no meu potencial, sendo os maiores apoiadores e

incentivadores das minhas batalhas. Em especial, dedico esse título ao meu filho João Gabriel,

que hoje não tem a dimensão de porque seu pai está tão ocupado e focado nessa luta, não

podendo desfrutar como gostaria do seu crescimento. Saiba meu filho que você é minha fonte

de inspiração e espero que essa conquista signifique no seu desenvolvimento pessoal que nós

podemos ser o que quisermos, se buscarmos e persistirmos nos nossos sonhos e mostrar que a

educação é o caminho e o conhecimento nos liberta.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que está acima de tudo e de todos por me conceder

com sua graça divina a vida, me dando saúde e capacidade para alcançar meus objetivos. Aos

meus pais José Gabriel e Maria de Fátima agradeço desde o dia em que me conceberam até a

minha última respiração. O amor, cuidado e ensinamentos que me deram foram os principais

ingredientes para me fazer chegar até aqui e me espelhei muitas vezes em suas vidas pessoais

e profissionais carregadas de histórias e experiência inesquecíveis para vencer como venceram.

Aos meus irmãos Alex Gabriel e Cristiane Gabriel também tenho muito a agradecer pois eles

são os meus principais críticos e orientadores, sempre me mostrando o quanto posso melhorar

e apostando no meu potencial. Meu cunhado Alan Kleyton, quase irmão, também sempre foi

uma referência e fonte de estímulo para mim na sua introspectiva sabedoria e mútua

cumplicidade. À minha digníssima esposa Laís Muniz eu estendo essa e todas as minhas

conquistas e louros dos últimos anos, pois ela foi, é e sempre será aquela mão que me empurra

quando sabe o quão longe eu posso ir e se joga junto. Foi assim Laís que você me proporcionou

as melhores oportunidades e a força para vencê-las com o seu simples: vai lá, eu sei que você

consegue. Por isso dedico essa vitória e lhe agradeço por fazer parte da minha vida. Em seu

nome também agradeço a sua família, que hoje também é a minha família e me dá a mesma

confiança e credibilidade nas minhas empreitadas. Aos meus primos de Parnamirim eu

agradeço imensamente por terem me acolhido no primeiro momento no RN e por me fazerem

se sentir em casa, me dando topo apoio e entendendo minha rotina. Aos diversos grupos de

amigos (Só oz fortes, Assuntos Acadêmicos, Mens, CNP, Cerveja, Lero Lero, The Simply the

Best e seus respectivos) além dos mais próximos, representados em nome de Marcelo Vitor e

Evelyn Jacomeli que sempre foram atenciosos e participantes das minhas decisões, me

ajudando nas fraquezas e decisões e até nas abdicações de curtição e lazer. Aos colegas de

trabalho e do Doutorado com os quais sempre pude compartilhar sentimentos e ideias e aos

meus eternos e queridos professores, desde os primeiros da infância aos de graduação, mestrado

e doutorado, pois guardo e tenho todos como fontes de inspiração, dedicação e sabedoria.

Jamais poderia deixar de agradecer também aos meus alunos, que em suas especificidades

sempre me mostraram que é possível fazer melhor e sem deixar perder meu espírito de eterno

aluno. Por fim, agradeço aos ilustres mestres dessa banca examinadora Alexsandro Coura,

Wouber Herickson, Marcelo Cardoso, Angelo Roncali e o meu orientador Alexandre Okano

que dedicaram seu precioso tempo para contribuir com essa parte da minha formação, passando

um pouco dos seus ensinamentos.

Page 6: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

EPÍGRAFE

O apetite de saber nasce da dúvida.

Deixa de acreditar e instrui-te!

André Gide

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RESUMO

A Chikungunya é uma afecção que tem atingido milhares de brasileiros, com números

alarmantes de casos graves e incapacitantes em todo território nacional. É transmitida pelo

mosquito Aedes Aegypti e causa febre de início agudo, dores articulares e musculares. A

persistência dos sintomas de dor articular contínua e incapacitante tem sido considerada

uma forte preocupação para a saúde pública, em virtude do comprometimento funcional e

laboral que tem causado a população. Ainda não existe um tratamento específico para os

casos de dor crônica causada pela Chikungunya e os mecanismos responsáveis pela

cronificação das dores podem estar envolvidos com mecanismos centrais de controle da

dor. Técnicas de neuromodulação poderiam atuar sobre esses efeitos e dentre elas existe a

Estimulação Transcraniana por Corrente Continua (ETCC), que é uma técnica de aplicação

de correntes de baixa intensidade sobre o escalpo com o intuito de modular a excitabilidade

de áreas corticais envolvidas no processamento da dor crônica e tem se mostrado eficiente

no tratamento desses casos. O objetivo desse estudo foi analisar o efeito da ETCC sobre as

dores crônicas e capacidade funcional em mulheres acometidas por Chikungunya. Realizou-

se um estudo do tipo ensaio clínico randomizado, composto por mulheres com idade entre

28 e 70 anos, divididas em dois grupos experimental (ETCC) e placebo (SHAM). Foram

avaliadas as características sociodemográficas e clínicas dos participantes, bem como o

nível de capacidade funcional e sintomatologia dolorosa antes e após serem submetidos a

seis sessões de ETCC em dias não consecutivos. Participaram do estudo 59 mulheres, com

média de idade de 52,85 ±10,76 anos e o tempo de acometimento da doença apresentou

uma média de 21,54 ±3,53 meses. Pode-se concluir com esse estudo que a ETCC foi efetiva

para a redução das dores crônicas provenientes de indivíduos acometidos por Chikungunya

(p< 0,007) a curto prazo, porém não foi capaz de alterar a capacidade funcional e

interferência das dores no seu dia-a-dia. Sugere-se que outros estudos dessa natureza

possam contemplar um tempo maior de acompanhamento do comportamento das dores

crônicas nesse público e associar a ETCC a outros recursos terapêuticos para observar seus

efeitos isolados e combinados.

Palavras-chave: Chikungunya; Dor Crônica; Fisioterapia; Estimulação transcraniana por

corrente continua;

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ABSTRACT

Chikungunya is a condition that has reached thousands of Brazilians, with alarming numbers

of serious and incapacitating cases throughout the country. It is transmitted by the Aedes

Aegypti mosquito and causes acute onset fever, joint and muscle pain. The persistence of

symptoms of continuous and disabling joint pain has been considered a strong concern for

public health, due to the functional and labor compromise that has caused the population. There

is still no specific treatment for cases of chronic pain caused by Chikungunya and the

mechanisms responsible for chronic pain can be involved with central mechanisms of pain

control. Neuromodulation techniques could act on these effects and among them there is

Transcranial Direct Current Stimulation (TDCS), which is a technique of applying currents of

low intensity on the scalp in order to modulate the excitability of cortical areas involved in the

processing of chronic pain and has been shown to be efficient in the treatment of these cases.

The objective of this study was to analyze the effect of TDCS on chronic pain and functional

capacity in women affected by Chikungunya. A randomized clinical trial, consisting of women

aged 28 to 70 years, divided into two experimental groups (GTDCS) and placebo (GSHAM)

was performed. The sociodemographic and clinical characteristics of the participants were

evaluated, as well as the level of functional capacity and pain symptomatology before and after

being submitted to six sessions of TDCS on non-consecutive days. A total of 59 women

participated in the study, with a mean age of 52.85 ± 10.76 years and the time of disease

involvement presented a mean of 21.54 ± 3.53 months. It can be concluded from this study that

the ETCC was effective for the reduction of chronic pain from individuals affected by

Chikungunya (p <0.007) in the short term, but it was not able to change the functional capacity

and interference of the pains in their day- to-day. It is suggested that other studies of this nature

may contemplate a greater time of monitoring the behavior of chronic pain in this public and

associate CTEF with other therapeutic resources to observe its isolated and combined effects.

Keywords: Chikungunya; Chronic pain; Physiotherapy; Transcranial stimulation by direct

current;

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LISTA DE SIGLAS e ABREVIATURAS

OMS: Organização Mundial de Saúde

ETCC: Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua

PRONAEDES: Programa Nacional de Apoio ao Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes

PCR: Proteína C Reativa

IgM: Anticorpos para imunoglobulina M

VSH: Velocidade de Hemossedimentação

FR: Fator Reumatoide

AINES: Antiinflamatórios não Esteroidais

PNAD: Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio

UBS: Unidade Básica de Saúde

M1: Córtex Motor primário

GABA: Ácido Gama Amino Butírico

AVC: Acidente Vascular Cerebral

GETCC: Grupo Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua ativa

GSHAM: Grupo Estimulação Simulada

EVA: Escala Visual Analógica de dor

IBD: Inventário Breve de Dor

HAQ: Health Assessment Questionnaire

mA: miliampéres

ANOVA: Análise de Variância

UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

NNT: Número Necessário para Tratar

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma da coleta de dados ............................................................................ 24

Figura 2- Equipamento de ETCC usado na pesquisa............................................................. 25

Figura 3 - Método de aplicação da ETCC ............................................................................. 25

Figura 4- Efeitos da ETCC sobre a dor em indivíduos acometidos por Chikungunya ............ 28

Figura 5 - Efeitos da ETCC sobre a capacidade funcional dos indivíduos acometidos por

Chikungunya ........................................................................................................................ 30

Figura 6- Efeitos da ETCC sobre a severidade da dor no cotidiano de indivíduos acometidos

por Chikungunya ................................................................................................................. 30

Figura 7- Efeitos da ETCC sobre a interferência da dor no cotidiano de indivíduos acometidos

por Chikungunya ................................................................................................................. 31

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comportamento da variável dor medida pela EVA nos quatro momentos ............ 28

Tabela 2- Análise do efeito do tempo e da interação tempo-grupo na varíavel dor. ............... 51

Tabela 3 - Comparação dos grupos ETCC e SHAM nos diferentes momentos na dor ........... 51

Tabela 4- Comparação do efeito da ETCC nos diferentes momentos dos grupos .................. 52

Tabela 5- Análise do efeito do grupo na varíavel dor ............................................................ 53

Tabela 6- Análise do efeito do tempo e da interação tempo-grupo nas variáveis capacidade

funcional e severidade e interferência da dor no cotidiano. ................................................... 53

Tabela 7- Análise do efeito do grupo nas variáveis capacidade funcional e severidade e

interferência da dor no cotidiano............................................................................................ ..55

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................13

2 REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................................................15 2.1 Epidemiologia e características das Arboviroses ..............................................................................15 2.2 Diagnóstico e formas de tratamento da Chikungunya .......................................................................17 2.3 Dor Crônica ....................................................................................................................................18 2.4 Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua...........................................................................20

3 OBJETIVOS ...........................................................................................................................................22 3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................................22 3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................................22

4 MÉTODO ...............................................................................................................................................23 4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA ...........................................................................................23 4.2 PLANO AMOSTRAL ....................................................................................................................23 4.2.1 Caracterização da Amostra ..............................................................................................................23 4.2.2 Critérios de Elegibilidade ................................................................................................................23 4.2.3 Cálculo Amostral ............................................................................................................................23 4.3 VARIÁVEIS ..................................................................................................................................24 4.4 COLETA DOS DADOS .................................................................................................................24 4.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................................27 4.6 ASPECTOS ÉTICOS......................................................................................................................27

5 RESULTADOS ......................................................................................................................................28

6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................................................33

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................38

REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................39

APÊNDICES...................................................................................................................................................45

ANEXOS ........................................................................................................................................................49

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1 INTRODUÇÃO

As arboviroses tem sido consideradas um problema global de saúde pública pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), em virtude de sua crescente dispersão territorial e

necessidade de ações de prevenção e controle cada vez mais complexas (WHO, 2009). São

caracterizadas por um grupo de doenças virais transmitidas por vetores e, atualmente, no Brasil,

dentre as que apresentam maior circulação, estão a Dengue, Zika e Chikungunya, todas

transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti (BRASIL, 2015).

Indivíduos acometidos pelo vírus da Chikungunya passam por uma condição febril

aguda associada a dor intensa, com presença de poliartralgia contínua e incapacitante, apesar

de em alguns casos esses sintomas aparecerem de forma isolada. Essa última manifestação

clínica é a principal característica que a difere das demais arboviroses. Após a fase inicial dos

sintomas, os indivíduos acometidos pela Chikungunya podem evoluir para uma fase crônica,

que tem revelado um caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à artralgia

persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade de vida dos

indivíduos acometidos (ANDRADE et al, 2010).

Apesar do crescente diagnóstico da Chikungunya, ainda não existe um tratamento

específico para esses casos, os sintomas agudos são tratados com medicação para controle da

febre e das dores articulares, além de algumas recomendações, contudo, a maioria dos

indivíduos afetados permanece com sintomas de dor, rigidez e edema nas articulações por um

período prolongado, caracterizando um quadro de dor crônica (RIBEIRO, 2016).

Há evidências que a dor crônica seja resultado de alterações de redes neurais e nos

mecanismos de dor central, que incluem percepção, sensibilização e modulação da dor

(PEROCHEAU, LAROCHE e PERROT, 2014). Desse modo, seria interessante buscar

estratégias de neuromodulação para conter a dor crônica. Novas técnicas não invasivas

despontaram nas últimas décadas, na tentativa de modular a dor crônica a partir da função

cerebral, entre as quais está a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) (PRIORI

et al., 1998; FREGNI, PASCUAL-LEONE, 2007). Trata-se de uma técnica que utiliza uma

corrente elétrica de baixa intensidade aplicada sobre o escalpo com o objetivo de induzir

mudanças na excitabilidade cerebral (NITSCHE; PAULUS, 2000). O estímulo da corrente tem

a função de aumentar a excitabilidade cortical, favorecendo a despolarização ou

hiperpolarização da membrana neuronal, gerando a depender do tipo de montagem dos

eletrodos, um efeito inibitório em áreas cerebrais responsáveis pela geração da dor (NITSCHE,

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2003). Os possíveis mecanismos da ETCC sobre a dor na área do córtex motor estariam

relacionados a mudanças neurofisiológicas de conexões corticais, como a diminuição da

hiperatividade talâmica induzida pela dor crônica ou por mediação neuroquímica de

neurotransmissores e receptores centrais envolvidos com o controle inibitório das vias

descendentes da dor (LEFACHEUR, et al., 2006; NGUYEN et al., 2011). Diversos estudos na

literatura tem evidenciado os efeitos dessa técnica sobre condições que envolvem dor crônica

(LEFAUCHEUR et al., 2017; O’CONNELL et al., 2018) e em doenças específicas como a

fibromialgia (FREGNI, 2006), enxaqueca (ANDRADE, et al 2017) e lombalgia crônica

inespecífica (HAZIME et al,. 2015).

Hipotetiza-se que a ETCC seja capaz de agir sobre condições que envolvem dor crônica,

e sabe-se que a possibilidade de reduzir dor contribui para melhor independência e qualidade

de vida de qualquer indivíduo. Portanto, o presente estudo tem como objetivo verificar os

efeitos da ETCC sobre as dores crônicas em indivíduos acometidos por Chikungunya.

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15

2 REVISÃO DA LITERATURA

Esta revisão foi do tipo integrativa e realizada com base em artigos publicados e

encontrados nas bases de dados Scielo, Lilacs e Pubmed, usando como fonte de buscas os

descritores Vírus Chikungunya, Dor Crônica e Estimulação Transcraniana por Corrente

Contínua e seus respectivos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola, de forma isolada e

agrupada, usando os operadores boleanos “and”, “or” e “not”. Foram selecionados ao todo 123

artigos, dos quais apenas 28 foram lidos na íntegra e utilizados nessa revisão.

Além destes, foram utilizados boletins epidemiológicos atualizados, emitidos pela

Secretaria Nacional de Vigilância Epidemiológica para descrição e análise da distribuição dos

casos de Chikungunya em território nacional e no Estado do Rio Grande do Norte.

2.1 Epidemiologia e características das Arboviroses

A Dengue, Zika e Chikungunya são doenças de notificação compulsória e estão

presentes na Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de

Saúde Pública. No ano de 2017, o país registrou 184.458 casos prováveis de febre Chikungunya, que

representa uma taxa de incidência de 89,5 casos para cada 100 mil habitantes. Comparado ao mesmo

período de 2016, ano em que houve o maior surto dessa doença, foram registrados 271.637 casos,

mostrando uma redução de 32,1%. A região Nordeste continua apresentando o maior número de casos

prováveis de Chikungunya (76%) em relação ao total do país, seguida pelas regiões Sudeste (12,6%),

Norte (8,7%), Centro-Oeste (1,9%) e Sul (0,2%) (BRASIL, 2017).

No Rio Grande do Norte, a Chikungunya passou a circular no ano de 2014, tendo sua

incidência confirmada em praticamente todos os municípios do Estado. No ano de 2016, da

semana epidemiológica 01 a 52, que corresponde ao período anual, foram notificados 27.277

casos de febre de Chikungunya no Estado do Rio Grande do Norte, sendo confirmados 8.294.

No mesmo período de 2017, foram notificados 2.267 e confirmados apenas 350 casos,

equivalendo a uma redução de 91,7% e 95,8% respectivamente, em relação ao ano anterior. Os

recursos para as ações de Vigilância em Saúde, incluindo o combate ao vetor, cresceram 83%

nos últimos anos, passando de R$ 924,1 milhões, em 2010, para R$ 1,7 bilhão, em 2016.

Para este ano, o orçamento de vigilância em saúde para os estados deve se aproximar da casa

dos R$ 2 bilhões (BRASIL, 2017).

Page 16: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

16

Em junho de 2016, foi sancionada a Lei 13.301/16, que instituiu o Programa Nacional

de Apoio ao Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes (Pronaedes), com o objetivo de

financiar projetos de combate à proliferação do mosquito transmissor. As mudanças ambientais

causadas pelo homem, crescimento urbano desordenado e o número cada vez maior de viagens

internacionais, tem sido apontado como os fatores responsáveis pela ressurgência de epidemias

em grande escala (BRASIL, 2016).

Os sinais e sintomas relacionados com as arboviroses são bastante semelhantes, o que

acaba interferindo no diagnóstico clínico preciso dessas doenças. Por isso, ainda não se conhece

profundamente os desdobramentos da associação desses arbovírus em um mesmo paciente, fato

possível de acontecer por estes conviverem, muitas vezes, a mesma região geográfica e serem

transmitidos pelos mesmos vetores, Aedes aegypti e Aedes albopictus (RODRIGUEZ-

MORALES, 2015). O vírus da Chikungunya foi isolado inicialmente na Tanzânia por volta de

1952 e a partir daí houveram surtos em várias partes do mundo. Nas Américas, em outubro de

2013, teve início uma grande epidemia de Chikungunya em ilhas do Caribe. No Brasil, a

primeira transmissão autóctone foi confirmada no segundo semestre de 2014, nos estados do

Amapá e da Bahia. A incidência de casos tem se mostrado bastante alta, assim como sua

dispersão, cada vez maior em todo território brasileiro. De acordo com dados do Ministério da

Saúde, o número de casos graves e incapacitantes tem sido alarmantes (BRASIL, 2017).

A infecção por este vírus acarreta uma síndrome febril com início instantâneo e

fatigante, que pela severidade dos sintomas articulares, originaram o nome CHIK que, de

acordo com o idioma africano Makonde, significa “andar curvado” (HONÓRIO et al., 2015).

Essa é uma postura característica de quem ainda sofre das dores crônicas da doença. A

apresentação clínica em crianças, idosos e em pacientes com outras morbidades pode entremear

casos graves e ocasionalmente óbitos (BROECKEL et al. 2015). Manifestações consideradas

atípicas têm sido relatadas com maior frequência e incluem alterações cardíacas, renais,

oculares e neurológicas (AZEVEDO et al., 2015).

A transmissão se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes Aegypti e Aedes

albopictus infectadas pelo vírus e os sintomas aparecem em até 10 dias após o surgimento das

manifestações clínicas. Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que exclusivamente

no intraparto de gestantes portadoras do vírus e pode ocorrer transmissão por via transfusional,

todavia é a forma mais rara de ocorrer e segura de se prevenir se os protocolos forem observados

(CASTRO, 2016).

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17

Na fase aguda, os indivíduos apresentam sintomas parecidos com os da dengue como

febre alta, calafrios, cefaleia, náuseas e fadiga, além de dores musculares e articulares. Essa

última, bem característica da Chikungunya, afeta principalmente as extremidades do esqueleto

apendicular, como punhos, tornozelos e falanges (AZEVEDO, 2015). O padrão da artralgia é

variável e, geralmente, ela se dá de forma simétrica e bilateral nas articulações e a

predominância de dor mais intensa ocorre pela manhã e piora com grandes esforços. O período

de recuperação compreende três fases: aguda (até 10 dias), subaguda (até três meses) e quando

a dor articular persiste além desse período, tem-se a fase crônica da doença. Nesta fase, a

poliartralgia prolonga-se desde semanas a meses, comprometendo sobremaneira a qualidade de

vida do indivíduo (MORCERFI, 2014). Acredita-se que a infecção pelo vírus da Chikungunya

possa contribuir para o desenvolvimento de uma doença inflamatória reumática ou até mesmo

colaborar para o diagnóstico precoce de artrite reumatoide e artrite psoriática em pacientes que

já possuam alguma predisposição genética para essas condições (PAROLA, 2007; IMAI,

2016).

2.2 Diagnóstico e Tratamentos da Chikungunya

O diagnóstico da Chikungunya inclui a confirmação laboratorial da infecção, baseado

na sorologia pelo exame da Proteína C Reativa (PCR) em tempo real (RT-PCR) ou isolamento

viral, associado à presença de quadro clínico sugestivo da doença, embora 30% dos indivíduos

infectados sejam assintomáticos no primeiro momento. Anticorpos para imunoglobulina M

(IgM), demonstráveis por teste de ELISA, identifica a partir do segundo dia de infecção, porém

o indicado é a partir do quinto dia do início dos sintomas, que podem surgir em atém duas

semanas, entretanto, alguns pacientes só irão produzir anticorpos suficientes para ser detectados

pelo teste citado seis a doze semanas após o quadro inicial. Biomarcadores devem ser

pesquisados, como a velocidade de hemossedimentação (VSH), fator reumatoide (FR) e

anticorpo anti-peptídeo cíclico citrulinado (anticorpo anti-CCP) para confirmação diagnóstica.

Contudo, um problema comum que os serviços de epidemiologia tem encontrado em

diversas áreas do país é a carência na realização dos exames diagnósticos confirmatórios,

fazendo com que a maioria dos indivíduos acometidos por Chikungunya não tenham o

diagnóstico preciso.

Estudo realizado na Ásia avaliou a evolução de pacientes que tiveram Chikungunya e

identificou casos de leucopenia, trombocitopenia, neutropenia e anormalidade do perfil

hepático em muitos pacientes, em uma proporção de 94% para leucopenia e 14% para alteração

Page 18: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

18

do perfil hepático. Em função do quadro clínico semelhante é importante afastar a presença de

artrite reumatoide, em que um terço dos pacientes com Chikungunya preenchem os critérios do

Colégio Americano de Reumatologia para o diagnóstico dessa infecção. Nos pacientes com

quadro álgico crônico não articular, deve-se investigar outras condições como rabdomiólise e

fibromialgia (MORCERFI et al., 2014).

Dentre os sintomas descritos, a dor merece destaque, por seu impacto negativo na

qualidade de vida do indivíduo, apresentando-se como um desafio para os profissionais de

saúde. Analgésicos simples e antiinflamatórios não esteroidais (AINES), bloqueiam a formação

de mediadores inflamatórios e a síntese de prostaglandinas promovem alívio na maioria dos

pacientes, porém 40% deles necessitam fazer uso de fármacos mais potentes, com diferentes

mecanismos de ação. Pacientes com desordens musculoesqueléticas associadas à Chikungunya,

com poliartralgia envolvendo as mãos e pés, tipicamente apresentam edema e outros sinais

flogísticos e precisam fazer uso de ciclos curtos de corticosteroides.

A maioria dos estudos recomenda que os pacientes com artralgia prolongada e rigidez

articular procurem participar de um programa de fisioterapia, porém ainda não se sabe quais

técnicas e recursos são os mais recomendados e efetivos para esses casos (RIBEIRO,2016). O

movimento e os exercícios leves tendem a melhorar a rigidez matinal e o quadro álgico, porém

o exercício de alta intensidade pode exacerbar as dores (CASTRO, 2016). O tratamento

fisioterapêutico deve ser considerado desde a fase aguda, podendo utilizar a crioterapia como

medida analgésica, no entanto, por se assemelhar às características das doenças reumáticas, esse

recurso pode desencadear uma situação indesejada, como o fenômeno de Raynaud, devendo-se

ter cuidado sobre a aplicação desse recurso (WIGLEY, 2002). Nas fases subaguda e crônica,

com o intuito de minimizar o dano osteoarticular e possibilitar a recuperação mais rápida, a

fisioterapia está fortemente indicada.

2.3 Dor Crônica

A dor crônica é um problema cada vez mais comum no mundo, com 17 a 46% da

população afetada (BREIVIK et al., 2006), onde estudos mostram que 10 a 20% destes, sofre

desta condição de forma continuada e grave (SMITH, 2008). No Brasil, os distúrbios

musculoesqueléticos crônicos estão configurados como os mais prevalentes em indivíduos que

possuem alguma doença crônica, em que se destacam a osteoartrite, artrite reumatoide e

problemas na coluna vertebral, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio

(IBGE, 2010).

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19

Um estudo sobre dor crônica encontrou uma prevalência de 40% na população, avaliada

em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade de Salvador-BA (SA et al., 2008). A dor do

tipo neuropática foi encontrada em outro estudo como a mais prevalente, associada a baixa

condição socioeconômica e relevante redução na qualidade de vida, afetando principalmente

mulheres, na região de membros inferiores e coluna (VIEIRA et al., 2014).

A dor gera implicações negativas importantes para os indivíduos, desde o contexto

pessoal e profissional ao social, afetando a qualidade de vida e produtividade das pessoas (VAN

HECKE, 2013). A dor crônica pode ser originada a partir de uma série de doenças, dentre as

quais as mais comuns são doenças reumáticas, como a fibromialgia e a osteoartrite, doenças do

sistema nervoso central e periférico como a enxaqueca e dores neuropáticas e, apesar de recente,

os indivíduos acometidos por Chikungunya parecem estar incluídos nesse grupo. (OSSIPOV,

2006).

Existem diferentes mecanismos responsáveis pelo desencadeamento da dor crônica que

podem ser explicados de forma neurofisiológica. Quando envolve as aferências primárias, como

é o caso da dor espontânea, tem-se a hiperalgesia primária induzida pela sensibilização dos

nociceptores. Por outro lado, a hiperalgesia secundária depende de mecanismos centrais que

aumentam a excitabilidade do sistema nociceptivo. Estes mecanismos são os responsáveis pelo

que se chama de sensibilização central (WOOLF, 1983).

O fenômeno de sensibilização central é desencadeado por uma estimulação nociceptiva

mais prolongada, ou de alta frequência, que promove alterações neuronais que perduram para

além do período de estimulação e se torna praticamente independente da própria estimulação e

esse é o fator relacionado com o aparecimento da dor crônica, que pode conduzir a alterações

permanentes do sistema nociceptivo sem aparente finalidade fisiológica. Têm, pois, sido objeto

de intenso estudo, na perspectiva de que se forem conhecidos em detalhes os mecanismos de

plasticidade neuronal que lhes dão origem, mais facilmente se poderá intervir sobre eles e assim

evitar as alterações que conduzem ao aparecimento da dor crônica (TRAUB, 1997).

A dor não é simplesmente reflexo das aferências vindas da periferia, mas um reflexo

dinâmico de plasticidade neuronal central, em que as vias nociceptivas estão sujeitas à

modulações excitatórias e inibitórias. Mudanças no equilíbrio destas modulações podem alterar

as propriedades funcionais dos neurônios e reduzir o limiar de dor ou aumentar a magnitude e

duração das respostas às aferências nociceptivas, permitindo que estímulos não dolorosos

passem a gerar dor.

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20

Adaptações neurais a nível central podem alterar profundamente a sensação dolorosa,

contribuindo para muitas síndromes clínicas da dor e representam um importante alvo para

intervenção terapêutica (ASHMAWI e FREIRE, 2016). Na tentativa de compreender as

alterações neurofisiológicas que ocorrem com a dor crônica, estudos tem sugerido que ocorre

uma espécie de plasticidade mal adaptativa (MAY, 2008; APKARIAN, HASHMI e BALIKI,

2011). Tal fato estaria possivelmente relacionado com déficits no desempenho motor, ativação

central, coordenação motora, ativação muscular e controle da força, presentes em situações de

dor crônica (SHANAHAN, 2015). Essa plasticidade afetaria áreas sensório-motoras,

representada no córtex motor primário (M1) por um desequilíbrio da excitabilidade cortical,

principalmente dos receptores Gabaérgicos e Glutaminérgicos que atendem respectivamente às

ações inibitórias e facilitatórias dos neurotransmissores ácido gama amino butírico (GABA) e

Glutamato, que tem atuação direta no funcionamento do trato corticoespinhal (PARKER et al.,

2016).

Nesse contexto, é possível que haja uma relação entre a dor crônica e a excitabilidade

cortical alterada, onde um estímulo de reorganização poderia modificar os padrões

estabelecidos pelas condições patológicas de dor crônica.

2.4 Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC)

As técnicas de neuromodulação tem crescido bastante nos últimos anos e visam alterar

a atividade neuronal de áreas do cérebro que estão envolvidas na propagação da dor crônica,

buscando controlá-la. Dessa forma, espera-se que a estimulação cerebral seja capaz de modular

a excitabilidade cortical conduzindo a mudanças sinápticas e na rede cerebral pela ação direta

sobre o tálamo, sistema límbico e de ativação reticular (PASCUAL-LEONE et al., 1999).

Estudos com Ressonância Magnética Funcional mostraram que a estimulação do córtex motor

pode atingir áreas cerebrais envolvidas no processamento da dor, como o tálamo, e outras

estruturas adjacentes como a área motora suplementar e córtex parietal posterior (LANG et al.,

2005). Estudo realizado com Tomografia por Emissão de Pósitrons confirmou esse fato ao

demonstrar que a estimulação do córtex motor estava associada a mudanças metabólicas

observadas no tálamo (KWON, et al., 2008). Assim, a estimulação do córtex motor poderia

ocorrer em vários circuitos neurais, envolvidos no aspecto sensório-discriminatório, cognitivo

ou emocional da dor crônica (LEFAUCHEUR et al., 2008).

Page 21: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

21

A ideia de eletroestimulação transcraniana teve início na década de 30 com a terapia

eletroconvulsiva proposta por Cerletti e Bini (ENDLERS, 1988) e teve continuidade com

técnicas invasivas e não-invasivas de diferentes tipos de correntes aplicadas sobre o cérebro,

principalmente até os anos 60, perdendo espaço posteriormente para as terapias

medicamentosas. Contudo, nos últimos 20 anos houve uma forte retomada de estudos sobre a

neuromodulação em diversas condições clínicas e com diferentes parâmetros de aplicação

(PRIORI, et al 1998; NITSCHE e PAULUS, 2000).

Dentre as formas de neuromodulação existentes e largamente utilizadas atualmente está

a ETCC. Trata-se de uma técnica de eletroestimulação não-invasiva, que utiliza eletrodos de

superfície para estimular áreas corticais com o intuito de promover modulações do sistema

nervoso central (NITSCHE et al., 2003; FREGNI et al., 2007).

Esse tipo de estimulação apresenta efeitos polaridade-dependentes, em que um polo,

chamado de ânodo, tem uma atividade excitatória e facilitadora, enquanto o cátodo representa

o polo negativo e tem efeitos contrários, sendo estes de hiperpolarização e inibição dos

potenciais de ação. Entretanto, é importante destacar que a utilização dos termos “anódico” e

“catódico” tem sido criticada, pois a corrente elétrica não se restringe às áreas de interesse e

essas nomenclaturas se referem apenas aos efeitos desejados sobre uma determinada área alvo,

mas não a outras áreas afetadas pela ETCC (GARNETT et al., 2015). Os efeitos da estimulação

perduram além do período de aplicação, podendo persistir por algumas horas e até por semanas

de forma acumulativa, a depender dos parâmetros utilizados (OKANO et al., 2013). Além disso,

pode ser considerada de baixo custo e fácil aplicação, tendo demonstrado a partir de diversos

estudos seus efeitos positivos sobre várias condições de saúde pela sua capacidade de modular

o sistema nervoso (O’CONNELL et al., 2018).

Vários estudos com resultados favoráveis decorrentes da sua aplicação em sujeitos

saudáveis (OKANO et al., 2013), em pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral

(AVC) (HUMMELS et al., 2006; KIM et al., 2009; SANTOS, 2013), Parkinson (FREGNI et

al., 2006; BOGGIO, 2006), Alzheimer (NARDONE, et al, 2012) estados depressivos (FREGNI

et al., 2006; BOGGIO et al., 2008; MOFFA 2014) e outras condições como a fibromialgia

(FREGNI et al., 2006) e transtornos alimentares (MONTENEGRO et al., 2012) já estão bem

documentados. Outros estudos também mostram aumento da resistência à fadiga e diminuição

da dor crônica, atribuindo esses efeitos a facilitação de vias corticais do controle motor

(COGGIAMANIAN, et al., 2007).

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22

Por ser considerada economicamente viável e cientificamente comprovada, a descoberta

de outros efeitos potenciais pode colaborar com a maior expansão dessa técnica no campo da

saúde e, consequentemente propiciar um maior uso pela população.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar os efeitos da ETCC sobre a dor crônica e capacidade funcional em mulheres

acometidas por Chikungunya.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Analisar o nível de dor antes e após a aplicação da ETCC, bem como seu seguimento

em sete e 15 dias após a terapêutica;

b) Avaliar o efeito da ETCC sobre a capacidade funcional das mulheres acometidas

por Chikungunya;

c) Identificar o grau de cinesiofobia dos indivíduos acometidos por Chikungunya em

sua fase crônica.

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23

4 MÉTODO

4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA

Trata-se de um estudo quantitativo do tipo ensaio clínico randomizado, duplo cego, que

foi realizado na cidade de Natal-RN, no período de junho a dezembro de 2017.

4.2 PLANO AMOSTRAL

4.2.1 Caracterização da Amostra

A amostra foi composta por mulheres, que foram divididas aleatoriamente em dois

grupos pelo software Randomization.com, sendo um grupo estimulação ativa (GETCC) e outro

estimulação simulada (GSHAM).

4.2.2 Critérios de Elegibilidade

A amostra foi composta por participantes do sexo feminino, com idade de 28 a 70 anos,

de acordo com o que mostra a análise epidemiológica de 2016 e 2017, em que a prevalência de

casos de Chikungunya é maior em mulheres nessa faixa etária (BRASIL, 2018). Além disso, as

participantes precisavam comprovar que tiveram a Chikungunya há mais de seis meses com

diagnóstico laboratorial e/ou clínico emitidos por profissional médico e que ainda

apresentassem dores crônicas oriundas da Chikungunya de no mínimo 4 na Escala Visual

Analógica de dor (EVA). Os participantes que por algum motivo desistissem da continuidade

de participação ou que faltassem ao protocolo de pesquisa, bem como dados inconsistentes

deveriam ser excluídos da pesquisa. Além disso, os participantes que apresentassem as

seguintes condições: doença epiléptica, implantes metálicos nos locais de estimulação, histórico

de abuso de álcool, lactentes e mulheres grávidas, não foram incluídos para esse estudo.

4.2.3 Cálculo Amostral

Foi realizado inicialmente um teste piloto e os resultados dessa avaliação foram

utilizados para construção do cálculo amostral dessa pesquisa, segundo (LWANGA e

LEMESHOW, 1991), que leva em consideração o mínimo de melhora entre os grupos. O teste

piloto contou com 17 participantes e ao assumir a variável dor como desfecho primário,

avaliada pela EVA, foi encontrada uma diferença entre as médias de 1,70 e um desvio-padrão

de 1,40 para o grupo ETCC e 2,00 para o grupo SHAM. Baseado nesses dados e adotando um

nível de significância de 95% e um poder estatístico de 80%, chegou-se ao número ideal de 24

sujeitos para cada grupo, perfazendo um total de 48 participantes. Entretanto, considerando a

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24

necessidade de contornar o viés de seleção, perda de seguimento e erros sistemáticos, foi

acrescido o valor de 20% na amostra, chegando ao número ideal final de 29 sujeitos por grupo,

totalizando o número ideal de 58 indivíduos para pesquisa.

4.3 VARIÁVEIS

Como desfecho primário para esse estudo foi escolhida a variável dor, mensurada pela

Escala Visual Analógica de dor (EVA) e o Inventário Breve de Dor (IBD), questionário que

quantifica a severidade e interferência da dor no cotidiano do indivíduo, baseado em um

recordatório de dor (DAUT, CLEELAND e FLANERY, 1983). Como desfecho secundário

foram avaliadas as variáveis capacidade funcional, medida pelo Health Assessment

Questionnaire (HAQ), que avalia a interferência da dor na capacidade funcional (FRIES et al,

1980) e o medo de realizar movimento voluntário causado pela dor crônica, medida pela Escala

Tampa de Cinesiofobia (VLAEYEN et al. 1995).

Como variáveis de confundimento foram adotados a prática regular de atividade física

e uso de fármacos analgésicos.

4.4 COLETA DOS DADOS

Inicialmente foi aplicada uma ficha de avaliação geral elaborada pelos pesquisadores

contendo informações sociodemográficas e clínicas dos sujeitos, como tempo de acometimento

da Chikungunya, medicamentos utilizados para tratamento e atividades laborais, dentre outras

(Apêndice 1). Em seguida, foram aplicados o IBD, o HAQ e a Escala Tampa de cinesiofobia,

sendo os dois primeiros instrumentos avaliados antes e após a intervenção e o último apenas no

primeiro momento, antes da intervenção. A EVA foi aplicada da seguinte forma: no primeiro

momento, antes da intervenção por ETCC cada voluntário descrevia seu nível de dor numa

escala de 11 pontos (0 a 10) e esta foi quantificada pelo pesquisador antes da intervenção, na

reavaliação, no 7º e 15º dia após a última aplicação. O fluxograma a seguir detalha as etapas da

coleta de dados. Para os pacientes faltosos foi adotado método da intenção de tratar, em que os

dados dos participantes que por algum motivo abandonaram a pesquisa são utilizados de forma

repetida com os últimos valores obtidos.

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25

Figura 1. Fluxograma da coleta de dados.

- Sexo Feminino, com idade entre 28 e

70 anos

- Diagnóstico clínico ou laboratorial de

Chikungunya

- Dor há pelo menos 6 meses de no

mínimo 4 na EVA

Avaliação

Intervenção

Seleção da Amostra

Critérios de Inclusão

Randomização (n=59)

• Características Sociodemográficas e Clínicas

• Dor (EVA);

• Capacidade Funcional (HAQ)

• Inventário Breve de Dor (IBD)

• Escala Tampa de Cinesiofobia

Grupo ETCC

ativo (n=29)

Grupo SHAM

simulado (n=30)

6 sessões de ETCC ativa,

2 mA, 20 min em M1

Reavaliação

6 sessões de SHAM,

0 mA, 20 min em M1

Após as 6 sessões 7 dias após 15 dias após

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26

Os voluntários foram submetidos a seis sessões de ETCC em dias alternados,

correspondendo a duas semanas de tratamento, em que o GETCC ativa recebeu a aplicação da

corrente contínua na região cortical com eletrodos de superfície de 35 cm² (5cm x 7cm),

recobertos por uma esponja umidificada em solução salina de 0,9% de Cloreto de Sódio (NaCl),

com o objetivo de facilitar a condutividade da corrente. A forma de colocação dos eletrodos

seguiu o sistema 10-20 para eletroencefalografia, onde o eletrodo anódico foi posicionado na

área motora primária (M1) esquerdo, correspondente a área de C3 e o eletrodo catódico foi

posicionado na região supraorbital (Fp2) contralateral, durante 20 minutos, com a intensidade

da corrente de dois miliampéres (mA), considerando o local da dor como sendo generalizada.

O GSHAM seguiu a mesma configuração de posicionamento anterior dos eletrodos, porém

iniciou-se a aplicação em rampa durante os primeiros 30 segundos para a passagem da corrente,

reduzindo-a em seguida para intensidade de zero mA durante o tempo restante. As aplicações

de ETCC foram realizadas em seis dias não consecutivos, com alternância de um dia entre eles,

com o intuito de comparar os efeitos dessa pesquisa a maioria dos estudos em que utiliza dias

consecutivos de aplicação e buscando simular a realidade da prática clínica, em que os pacientes

normalmente são atendidos em dias intercalados semanalmente. Os voluntários não foram

informados a qual grupo pertenciam durante o protocolo de pesquisa e ao final desta, os

participantes do grupo que não recebeu a ETCC ativa foram convidados a realizar esse

procedimento ao final da pesquisa.

Figura 2. Equipamento de ETCC usado na pesquisa Figura 3. Método de aplicação da ETCC

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27

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram tabulados e analisados pelo programa estatístico SPSS versão 22.0.

Inicialmente foi realizada a estatística descritiva, com os resultados expressos em valores

absolutos e relativos e usado a média como medida de tendência central e o desvio padrão (DP)

como medida de dispersão para apresentação dos dados individuais e clínicos dos casos de

Chikungunya.

Para estatística analítica foi realizada uma Análise de Variância (ANOVA) mista de

medidas repetidas, que comparou os efeitos das variáveis do sujeito dentro do mesmo grupo e

ao longo do tempo (comparação intragrupo) e dos sujeitos em grupos diferentes (comparação

intergrupo), além da interação entre os dois fatores simultaneamente. Inicialmente foram

checados os pressupostos teóricos para aplicação da ANOVA com a análise da distribuição dos

dados pelo teste de Shapiro-Wilk. Em seguida, foi utilizado o teste de Levene para observar a

igualdade das variâncias e homogeneidade dos grupos. Após essas etapas, foi observada a

esfericidade do conjunto de variáveis pelo teste de Mauchly e, quando este foi violado, foi

utilizado a correção de Greenhouse-Geisser. Para determinar a diferença nos diferentes tempos

ou dentro dos grupos foi utilizado o post hoc de Sidak e foram considerados significativos os

valores das diferenças quando p < 0,05.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

Os procedimentos experimentais do estudo foram elaborados seguindo as diretrizes da

resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e conduzidos de acordo com a declaração de

Helsinki, que dispõe sobre a ética nas pesquisas com seres humanos e esse trabalho foi aprovado

pelo comitê de ética em humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

através da Plataforma Brasil, sob número de parecer 2.378.400. Todos os indivíduos foram

voluntários e através do Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (Apêndice 2),

estando cientes dos objetivos e procedimentos do estudo, assim como dos riscos e benefícios

confirmaram sua participação, ficando esclarecido que a qualquer momento durante a

realização do estudo poderiam retirar-se do mesmo, sem nenhum prejuízo em sua relação com

o pesquisador ou a instituição que apoiou este estudo.

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28

5 RESULTADOS

Participaram desse estudo 59 mulheres, com média de idade de 52,85 ±10,76 anos. O tempo

de acometimento dos casos de Chikungunya apresentou uma média de 21,54 ±3,53 meses, dos

quais apenas 27,1% foram confirmados por exames laboratoriais. Com relação às características

étnicas, 47,5% dos participantes se autodeclararam brancos, 40,7% pardos e 11,9% como

negros. Em relação a escolaridade dos participantes, a maioria possuía ensino médio (55,7%)

seguido por ensino superior (25,4%) e ensino fundamental (18,6%). Quanto a ocupação, estas

foram categorizadas em: serviços domésticos, para quem realizava apenas trabalhos domésticos

como diaristas e donas do lar; serviços administrativos, contemplando as seguintes profissões:

contador, administrador, secretaria e outras atividades burocráticas e serviços repetitivos

englobando nessa categoria professores, cabelereiros e balconistas. Nesse quesito, foi

observado uma maior prevalência na categoria serviços domésticos, correspondendo a 49,2%

dos casos, seguido de serviços repetitivos 35,6% e administrativos 15,3%. Quando investigado

se os participantes possuíam alguma comorbidade prévia a Chikungunya, 61% responderam

que já possuíam alguma doença crônica como hipertensão, diabetes, dentre outras e, destes,

39% relataram ter uma doença reumática anterior.

No que diz respeito às formas de tr

atamento 86,4% relataram ter feito apenas o tratamento medicamentoso, em que foi

observado uma média de 4,59 ±1,6 fármacos diferentes para alívio das dores da Chikungunya,

13,6% realizaram fisioterapia e 13,6% relataram ter sido hospitalizados. Quanto à inatividade

ou medo de realizar exercícios, os resultados para cinesiofobia obtiveram uma média de 49,83

e desvio-padrão de 4,85 e esses valores serão discutidos na sessão adiante. As variáveis

selecionadas para estatística analítica antes e após a intervenção foram: dor, capacidade

funcional e nível de severidade e interferência da dor no cotidiano. A tabela 1 a seguir apresenta

os valores de média e desvio padrão de cada variável para os diferentes grupos e tempos da

variável dor, avaliada pela EVA em quatro momentos: pré, pós e com um seguimento de sete e

15 dias após a intervenção.

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29

Tabela 1. Características da amostra na avaliação inicial e homogeneidade da amostra.

Variável Grupo (n) Tempo

Pré (DP) Pós (DP) 7 dias (DP) 15 dias (DP)

EVA ETCC (29) 6,86 (1,66) 2,34 (1,96) 2,28 (2,05) 3,41 (1,91)

SHAM (30) 6,07 (1,91) 4,33 (2,41) 4,67 (2,02) 4,73 (2,58)

Para a ANOVA mista, houve efeito da estimulação sobre o tempo [Z(4, 171) = 60,128;

p< 0,001] (tabela 2 em anexo), onde foi observada uma redução da dor entre a primeira e

segunda avaliação (p=0,001) e efeito da interação entre tempo e grupo [Z(3, 171) = 14,303; p<

0,001], porém esta se manteve constante no momento seguinte após a intervenção até o sétimo

dia após (p=1,00), sofrendo uma nova mudança na última avaliação, no quinquagésimo dia

após, em que, houve uma aumento (p= 0,011) do nível de dor, como mostra o gráfico abaixo

e as tabelas 3 e 4 em anexo.

P ré P ó s 7 d ia s a p ó s 1 5 d ia s p ó s

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 0 E T C C S h a m

EV

A

Figura 4. Efeitos da ETCC sobre a dor em indivíduos acometidos por Chikungunya no seguimento da pesquisa.

Houve ainda efeito sobre o grupo [Z(1,57) = 7,902; p< 0,05], apresentado na tabela 3

em anexo. Como mostra o gráfico acima o comportamento da variável dor no decorrer do tempo

para os diferentes grupos e interceptação das curvas comprova a interação.

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30

Com o intuito de tornar os dados desse estudo mais clínicos, foi realizada uma análise

de proporção acumulada de respondedores em diferentes pontos de corte, que segundo Farrar

et al., (2006), leva em consideração a taxa de resposta para as medidas de dor avaliadas após

uma intervenção específica. Um ponto de corte de 30% de mudança no score da Escala Visual

Analógica da dor foi utilizado como referência, que de acordo com Klein et al., (2015), pode

ser considerado clinicamente relevante para estudos com dor crônica.

Desse modo, no presente estudo foi observada uma proporção acumulada de 79,31% de

respondedores que receberam a ETCC ativa e tiveram uma mudança de 30 a 50% de melhora

pela EVA, comparada ao grupo SHAM que apresentou uma proporção acumulada de 33,33%

dos casos para essa mesma mudança. Com esses dados foi possível calcular o número

necessário para tratar (NNT), que significa o número médio de pacientes que precisam receber

uma intervenção específica para que ocorra o desfecho desejado em um paciente a mais do que

o número que ocorreria no seu controle (COOK e SACKETT, 1995) e de acordo com a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é um dado de importante relevância que deve ser

incluído nos estudos do tipo ensaios clínicos. Nesse estudo o NNT encontrado foi de 2,

significando que dois pacientes precisam ser tratados com essa técnica para que mais um deles

tenha o efeito desejado.

Com relação às variáveis de capacidade funcional, severidade e interferência da dor foi

realizado inicialmente um teste t de amostras independentes para testar a homogeneidade da

linha de base dessas variáveis, onde apenas a variável de severidade da dor apresentou

igualdade das variâncias para os dois grupos (p> 0,05). Na análise da ANOVA mista de medidas

repetidas dessas variáveis foi observado um efeito do tempo e uma interação entre tempo e

grupo para todas elas (p< 0,05), porém não houve efeito do grupo sobre as mesmas (p> 0,05),

como mostram os gráficos a seguir e as tabelas 6 e 7 em anexo.

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31

P ré P ó s

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5 E T C C S h a m

Ca

pa

cid

ad

e F

un

cio

na

l

Figura 5. Efeitos da ETCC sobre a capacidade funcional dos indivíduos acometidos por Chikungunya [Z(1,57) =

2,797; p= 0,1].

P ré P ó s

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 0 E T C C S h a m

Inv

en

tári

o d

e

do

r -

Se

ve

rid

ad

e

Figura 6. Efeitos da ETCC sobre a severidade da dor no cotidiano de indivíduos acometidos por Chikungunya

[Z(1,57) = 3,678; p= 0,06].

Page 32: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

32

P ré P ó s

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

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Figura 7. Efeitos da ETCC sobre a interferência da dor no cotidiano de indivíduos acometidos por Chikungunya

[Z(1,57) = 0,002; p= 0,96].

Apesar de não ter sido encontrado efeito do grupo sobre essas variáveis pela ANOVA

mista de medidas repetidas p> 0,05, quando calculado o tamanho do efeito pelo índice “d” de

Cohen foram observados valores maiores que 0,8 para a capacidade funcional e maior que 0,5

para severidade e interferência da dor, sugerindo um efeito clínico alto e moderado para essas

variáveis respectivamente.

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6 DISCUSSÃO

O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da técnica de estimulação transcraniana por corrente

contínua sobre as dores crônicas de indivíduos que tiveram Chikungunya e permaneceram com

os sintomas de dor. O número de sessões e a forma de aplicação da ETCC utilizados nessa

pesquisa buscou se aproximar da realidade dos programas de tratamento e reabilitação

fisioterapêutica, em que normalmente acontecem de forma intercalada durante a semana,

embora a maior parte dos estudos publicados até o momento com ETCC realizam aplicação em

dias consecutivos, podendo então esse estudo servir como comparativo para os efeitos dessa

configuração. O estudo de Hazime et al., (2017) utilizou a ETCC anódica sobre M1 em 12 dias

não consecutivos em indivíduos com dor lombar crônica associada com estimulação elétrica

transcutânea (TENS) periférica e observou melhora no nível de dor e maior percentual de

respondedores no grupo estimulado.

A dor, desfecho primário desse estudo, avaliada pela EVA apresentou diferença

significativa entre a primeira e segunda avaliação após as seis sessões de ETCC ativa, na

comparação do tempo e do grupo. No entanto se manteve inalterada no intervalo da segunda

para a terceira avaliação (7º dia após), e com algum decréscimo do efeito na última avaliação

(15º dia pós), em que se observou uma subida no gráfico, sugestiva de uma diminuição do efeito

prolongado da estimulação sobre as dores nesse período. Embora a dor tenha se mantido estável

nesse período, seu nível na escala EVA ainda permaneceu menor comparado a primeira

avaliação. Do mesmo modo, uma metanálise realizada por Vaseghi et al., (2014) apontou que

a ETCC sobre M1 reduz significativamente os níveis de dor, com uma redução média de 15%

na EVA em pacientes com dor crônica. O estudo de Hazime et al., (2017) apresentou melhora

do nível de dor após as quatro semanas da primeira estimulação, porém o mesmo não ocorreu

nas semanas seguintes, sugerindo que o efeito da ETCC não foi duradouro para essa

configuração intercalada, haja vista que outros estudos (Fregni, et ta., 2006; Lefaucheur et al.,

2008) que a fizeram de forma consecutiva tiveram efeitos mais prolongados, de até três meses

depois, fato ocorrido possivelmente pelo efeito cumulativo do estímulo propiciar maior

duração.

Apesar de ter sido observada uma redução nos níveis de dor para os dois grupos da

pesquisa, no grupo ETCC foram observados melhores resultados, chegando a alcançar o menor

nível de dor, relatado pelos participantes. Tal fato corrobora com o estudo de Jales Junior et al.,

(2016) e Lefaucheur et al., (2017), que mostram uma eficácia da ETCC na redução da escala

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EVA para pacientes com as dores crônicas da fibromialgia. Um estudo recente de revisão

sistemática sobre os efeitos da ETCC na dor crônica de várias condições clínicas, realizado por

O’Connell et al., (2018) encontrou um percentual de modificação da intensidade da dor de 17%

do grupo estimulado em relação aos grupos controle e placebo, sendo considerada uma

diferença mínima, porém clinicamente relevante. Nessa mesma revisão não foram encontrados

resultados positivos da ETCC sobre a capacidade funcional.

Embora a estimulação simulada (SHAM) não produza efeitos físicos no alvo cortical,

em contraste com a estimulação ativa, efeitos neurobiológicos podem estar envolvidos,

desencadeados por fatores psicológicos, como expectativas positivas dos pacientes em relação

ao tratamento e a liberação de neurotransmissores, incluindo opioides endógenos e dopamina,

como retrata o estudo de Pèrocheau et al., (2014).

O fator Placebo, representado nesse estudo pelo grupo SHAM deve ser sempre

considerado quando se analisa os efeitos de tratamentos sobre a dor crônica, haja vista que ele

também pode exercer um papel importante nos benefícios da terapia, seja pelo curso natural da

condição dolorosa que tende a diminuir espontânea em ciclos de remissão ou pela própria

ativação de percepção neural que ainda não está bem esclarecida. Uma das explicações que

surgiram nos últimos tempos, de acordo com Schambra et al., (2014) para os efeitos da ETCC

sobre M1 é que o fluxo de correntes generalizado no cérebro poderia ativar redes cerebrais

envolvidas com a expectativa de melhora clínica dos pacientes, podendo ser responsável pela

neuromodulação da dor.

O quadro clínico característico da Chikungunya em sua fase crônica caracteriza-se por

uma poliartralgia persistente e incapacitante que se assemelha a algumas doenças reumáticas,

podendo ela ser a responsável pelo desencadeamento ou potencialização destas. Nesse estudo

foi observado que 39% dos participantes já possuíam alguma doença reumática anterior ao

acometimento da Chikungunya, enquanto os demais desenvolveram os sintomas articulares

após esse episódio. O mesmo fato foi observado no estudo de Javelle et al., em que dos 112

pacientes que apresentaram critérios para doença reumatológica crônica, 16% já possuíam

diagnóstico reumático e 84% desenvolveram essa patologia após acometimento por

Chikungunya, em que metade destes apresentaram alterações radiográficas de destruição

osteoarticular, além de outras condições como sacroileíte, espondiloartrite e erosões ósseas,

sugerindo que tais manifestações estejam relacionadas a uma resposta autoimune

desequilibrada pela agressão do vírus. Tal fato também corrobora com os resultados de Sissoko

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et. al, 2009 que relataram em seu estudo a osteoartrite como fator de risco para fase crônica,

bem como descreve o Ministério da saúde (2014) sobre a maior prevalência dessa fase em

portadores de patologia reumática pregressa.

O prolongamento dos sintomas, como as dores articulares, mesmo na fase crônica, é o

que mais afeta os indivíduos, sendo incerto o tempo de recuperação completa, onde alguns

ainda permanecem sintomáticos seis a oito anos após a infecção inicial (WAYMOUTH, 2013

e MARIMOTOU, 2012). A dores musculoesqueléticas da Chikungunya estão relacionadas a

mecanismos neuropáticos e nociceptivos de origem periférica que podem evoluir para uma

sensibilização central no sistema nervoso (LABADIE, 2010 e SAXENA, 2008).

A hipótese de que a estimulação anódica de M1 ativa vários circuitos presentes no giro

pré-central, responsáveis por conectar estruturas envolvidas no componente sensorial e

emocional do processamento da dor como o tálamo, justifica a sua potencialidade de reduzir a

dor pelo controle inibitório das vias descendentes, segundo afirmam os estudos de Lefaucheur

et a., (2006) e Nguyen et al., (2011).

Nesse estudo, foi observado que os indivíduos sintomáticos das sequelas da

Chikungunya fizeram uso de aproximadamente cinco fármacos em média para alívio das dores

e pouco mais de 10% receberam tratamento fisioterapêutico. O tratamento com a fisioterapia

está indicado para indivíduos que tiveram Chikungunya e permanecem com sintomas de dor,

rigidez articular e dormência nas extremidades dos membros superiores e inferiores. No

entanto, não tem se observado com frequência essa prática nos ambulatórios e clínicas de

fisioterapia (THIBERVILLE, 2013).

O sexo feminino foi o mais atingido pela Chikungunya, corroborando com dados do

Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância Epidemiológica em que a doença

prevaleceu em adultos acima dos 20 anos (81,3%) e do sexo feminino (62,5%). Quanto ao

tempo de acometimento da Chikungunya, a média de 21 meses observada nos dados dessa

pesquisa coincide com o período de maior incidência dos casos há cerca de 24 meses, em 2016,

quando houve o primeiro surto e confirma a hipótese de cronicidade dos sintomas, haja vista

que os acometidos ainda relatam as dores articulares específicas da Chikungunya. Contudo, um

dos entraves que ainda existe é a confirmação diagnóstica dos casos e isso tem dificultado o

manejo e uniformização do tratamento. Nessa pesquisa apenas 27% dos casos tiveram a

confirmação por exames laboratoriais, enquanto os demais foram confirmados apenas

clinicamente. Dados muito semelhantes ao que aconteceu em 2016, quando foram notificados

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27.277 casos, porém somente 8.294 foram confirmados, correspondendo a uma taxa de 30% de

confirmação.

A idade dos participantes dessa pesquisa contemplou uma faixa etária de 50 anos, que

corresponde a uma parte da população economicamente ativa, que teve sua produtividade

diminuída pelos sintomas e características incapacitantes da doença. Cerca de metade dos

participantes desta pesquisa exerciam trabalhos domésticos, seguido por ocupações que

envolviam esforços repetitivos e uma minoria realizava apenas funções administrativas, o que

leva a crer que a maior parte dos acometidos que ainda possuem os sintomas são aqueles que

necessitam de uma movimentação no seu dia-a-dia e tal fato pode repercutir negativamente na

qualidade de vida.

Os sintomas característicos da Chikungunya como a rigidez e dores articulares

inviabilizam em alguns casos as atividades laborais ou de vida diária, podendo levar a um estado

de sedentarismo e imobilidade. Um dos fatores responsáveis por essa situação é o medo ou

hesitação que os indivíduos tem de desencadear uma crise dolorosa após algum movimento não

programado. A Escala Tampa de Cinesiofobia foi utilizada nesse estudo para avaliar o perfil de

medo em realizar exercícios dos indivíduos acometidos por Chikungunya e o score médio

encontrado foi de aproximadamente 50 pontos, que significa um valor alto para cinesiofobia,

onde seus resultados podem variar de 17 a 68 pontos e quanto maior o score, pior o prognóstico.

Em um estudo realizado por Siqueira et al., 2007, foi avaliado o nível de cinesiofobia para

pacientes com dor lombar crônica não específica e encontraram um valor final de 39 pontos.

Essa escala parece ser útil e confiável para auxiliar no diagnóstico de casos que necessitam de

uma quebra do ciclo dor-inatividade-dor e foi observado nesse estudo que os indivíduos

acometidos por Chikungunya ficam receosos de realizar exercícios ou movimentos que antes

eram habituais. Neige et al., (2018), demonstrou que a expectativa de dor durante um

movimento próximo leva a mudanças objetivas e mensuráveis na excitabilidade do trato

corticoespinal e isso pode levar a uma estratégia antecipatória para realização dos movimentos.

De fato, estudos que sincronizaram a aplicação da ETCC com monitoramento

simultâneo da encefalografia mostraram que a conectividade cortical aumenta, principalmente

quando há movimentos associados a estimulação (Polania, et al., 2014) na mesma configuração

em que foi aplicada a ETCC nesse estudo, com o eletrodo ativo em M1 esquerdo e cátodo na

área supraorbital direita. Entretanto, para essa pesquisa, os participantes não realizavam

nenhum movimento durante o protocolo de estimulação.

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Apesar do grande número de estudos sobre a ETCC seus fundamentos neurofisiológicos

ainda são muito amplos principalmente porque os parâmetros ideais de estimulação ainda não

estão totalmente estabelecidos. Um desses fatores é o tempo de aplicação e de repetição da

sessão, em que observamos no nosso estudo que a aplicação intercalada mostrou resultados

significativos, mas pode interferir no efeito duradouro do estímulo sobre a dor. Outras

considerações é que o tamanho e formas de posicionamento dos eletrodos podem influenciar

diretamente as respostas geradas pelas distintas áreas que podem ser estimuladas. Dessa forma

as respostas clínicas podem variar entre os estudos, principalmente quando estes são realizadas

com pacientes de diferentes naturezas patológicas.

Os protocolos de NNT para o tratamento da dor foram muito expressivos, bem como a

medida do efeito clínico, trazendo boa expectativa de melhora quanto ao uso dessa técnica para

pacientes com dor crônica, em especial para aqueles acometidos por Chikungunya, tal como

relatado nesse estudo. Para o campo da saúde coletiva, traz perspectivas de atenção para um

problema comum e muito prevalente na população que é a dor crônica. Nesse sentido, o

incremento de novas tecnologias que visem a minimizar o sofrimento físico e social desse

público poderá contribuir para avanços nas políticas públicas de enfrentamento desse problema

com inserção de novas abordagens terapêuticas.

Desse modo, sugere-se que mais estudos sobre a ETCC sejam desenvolvidos,

observando esses pontos de atenção para o tempo e frequência de aplicações, bem como a sua

associação com outros recursos como a realização de exercícios simultaneamente, podendo

incluir novas configurações de grupos controles, além de placebo controlados, no intuito de

amenizar esse viés.

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7 CONCLUSÃO

Pode-se concluir com esse estudo que a ETCC foi eficaz para a redução das dores crônicas

em mulheres provenientes da Chikungunya a curto prazo, porém não alterou a capacidade

funcional nem interferiu nas atividades do dia-a-dia. Sugerimos que outros estudos dessa

natureza possam contemplar um tempo maior de acompanhamento do comportamento das

dores crônicas nesse público, bem como associar a ETCC a outros recursos terapêuticos

para observar seus efeitos isolados e combinados.

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45

APÊNDICES

APÊNDICE 1

FICHA DE AVALIAÇÃOSÓCIO-DEMOGRÁFICA

IDENTIFICAÇÃO

1. Protocolo N.º: ________________

2. Data de Preenchimento: ___/___/___

3. Nome do paciente: ____________________________________________

4. Endereço: ___________________________________________________

Complemento: _____________________ Bairro: ____________________

CEP: ________ Cidade: ___________________________ Estado: _____

Telefone: _______________ Telefone para contato: ________________

5. Data de nascimento: ___/___/___

6. Idade: ___________anos

7. Sexo: ( ) 1. Masculino ( ) 2. Feminino

8. Cor da pele: ( )1. Branco ( )2. Negro ( )3. Pardo ( )4. Mulato ( )5. Outros

9. Naturalidade: ________________________________________________

10. Tempo de residência atual: __________ anos

11. Estado Civil: ( )1. Casado ( )2. União estável ( )3. Solteiro ( )4. Viúvo

( )5. Divorciado/separado

12. Escolaridade: ( ) 1.analfabeto ( ) 2. 1º grau incompleto ( ) 3. 1º grau ( ) 4. 2º grau incompleto

( ) 5. 2º grau ( ) 6. superior incompleto ( ) 7. superior completo

13. Profissão/ocupação: _________________________________________

14. Dominancia: ( ) 1. Destro ( ) 2.sinistro

15. Data do diagnostico: ________________________

16. Familiares ou vizinhos acometidos? ________________________________________

17. Patologia pregressa? ( ) 1. Sim ( ) 2. Não

18. Fez algum tratamento? ( ) 1. Sim ( ) 2. Não

Page 46: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

46

19. Qual tratamento: ( ) 1. Medicamentoso ( ) 2. Fisioterapêutico ( ) 3. Outros

20. Foi hospitalizado devido a Chikungunya? ( ) 1. Sim ( ) 2. Não

Quanto tempo?_________dias

21. Apresenta alguma deficiencia física? ( ) 1.sim ( ) 2.Não Qual? _________________

22. articulações comprometidas: ( )1. Punho ( ) 2. Cotovelo ( ) 3. Ombro ( ) 4. Quadril ( ) 5.

Joelhos ( ) 6. Tornozelos

Page 47: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

47

APÊNDICE 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Este é um convite para você participar da pesquisa EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO

TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE O AS DORES CRÔNICAS

EM PACIENTES ACOMETIDOS POR CHIKUNGUNYA, que tem como pesquisador

responsável o professor Clécio Gabriel de Souza.

Esta pesquisa pretende analisar se a estimulação elétrica de baixa intensidade e de forma

superficial numa parte do crânio (couro cabeludo) pode ter algum efeito sobre as dores crônicas

em pacientes acometidos por Chikungunya há mais de seis meses. O motivo que nos leva a

fazer este estudo é contribuir com o esclarecimento de mais uma ferramenta de reabilitação para

indivíduos afetados pel Chikungunya. Caso aceite participar, você deverá responder a algumas

perguntas e questionários sobre sua capacidade física e suas funções no dia-a-dia. Em seguida

serão feitos alguns testes pra avaliar a força e flexibilidade. Após isso você será incluído no

estudo se possuir os critérios estabelecidos nessa pesquisa e terá o acompanhamento por quatro

semanas, sendo este feito tres vezes por semana, totalizando 6 sessões de 20 minutos na

faculdade Estácio Fatern, onde receberá a estimulação elétrica de um lado da região craniana.

Essa estimulação é de baixa intensidade, portanto é segura e não causa dor, porém pode causar

formigamento ou coceira na região e caso você sinta desconforto pode interromper a aplicação

a qualquer a momento.

Ao final da semana de participação no estudo, você ainda será acompanhado por nossos

pesquisadores, sendo realizada reavaliação presencial sete e quinze dias após sua participação

para saber o seu nível de dor nesse período referente a aplicação da técnica em análise nesse

estudo.

Em caso de algum outro problema que você possa ter relacionado com a pesquisa, você

terá direito a assistência gratuita que será prestada pelo fisioterapeuta e professor Clécio Gabriel

de Souza, responsável pela pesquisa na Faculdade Estácio Fatern e durante todo o período da

pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para o telefone: (84) 99082272. Você tem o

direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa,

sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em

local seguro e por um período de 5 anos.

___________________________ (rubrica do Participante/Responsável legal)

__________________________________________ (rubrica do Pesquisador)

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente

desta pesquisa, você será indenizado.

Page 48: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

48

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135. Este

documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador

responsável.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará

para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA

SOBRE O AS DORES CRÔNICAS EM PACIENTES ACOMETIDOS POR

CHIKUNGUNYA, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em

congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, ___/____/_______

________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pela pesquisa “efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua

sobre o as dores crônicas em pacientes acometidos por Chikungunya”, declaro que assumo a inteira

responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e

assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do

mesmo. Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as

normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as

pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal ____/ ____/ _____.

____________________________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

Impressão datiloscópica do

participante

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49

ANEXOS

ANEXO A

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50

ANEXO B

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51

ANEXO C

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52

ANEXO E – LISTA DE TABELAS

Tabela 2. Análise do efeito do tempo e da interação tempo-grupo na varíavel dor.

Testes de efeitos entre assuntos

Variável: Dor

Origem

Tipo III Soma

dos Quadrados df

Quadrado

Médio Z Sig.

Tempo Esfericidade considerada 373,978 3 124,659 60,128 ,000

Greenhouse-Geisser 373,978 2,790 134,037 60,128 ,000

Huynh-Feldt 373,978 3,000 124,669 60,128 ,000

Limite inferior 373,978 1,000 373,978 60,128 ,000

Tempo * Grupo Esfericidade considerada 88,961 3 29,654 14,303 ,000

Greenhouse-Geisser 88,961 2,790 31,884 14,303 ,000

Huynh-Feldt 88,961 3,000 29,656 14,303 ,000

Limite inferior 88,961 1,000 88,961 14,303 ,000

Erro(Tempo) Esfericidade considerada 354,522 171 2,073

Greenhouse-Geisser 354,522 159,037 2,229

Huynh-Feldt 354,522 170,987 2,073

Limite inferior 354,522 57,000 6,220

Tabela 3. Comparação dos grupos ETCC e SHAM nos diferentes momentos na varíavel dor.

Medir: Dor

Tempo (I) Grupo (J) Grupo

Diferença

média (I-J) Erro Padrão Sig.b

95% Intervalo de Confiança para

Diferençab

Limite inferior Limite superior

1 ETCC SHAM ,795 ,467 ,094 -,140 1,731

SHAM ETCC -,795 ,467 ,094 -1,731 ,140

2 ETCC SHAM -1,989* ,574 ,001 -3,139 -,838

SHAM ETCC 1,989* ,574 ,001 ,838 3,139

3 ETCC SHAM -2,391* ,530 ,000 -3,453 -1,329

SHAM ETCC 2,391* ,530 ,000 1,329 3,453

4 ETCC SHAM -1,320* ,594 ,030 -2,510 -,129

SHAM ETCC 1,320* ,594 ,030 ,129 2,510

Baseado em médias marginais estimadas

*. A diferença média é significativa no nível ,05.

b. Ajuste para diversas comparações: Sidak.

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53

Tabela 4. Comparação do efeito da ETCC nos diferentes momentos da avaliação nos dois

grupos.

Medir: Dor

Grupo (I) Tempo (J) Tempo

Diferença

média (I-J) Erro Padrão Sig.b

95% Intervalo de Confiança

para Diferençab

Limite inferior Limite superior

ETCC 1 2 4,517* ,382 ,000 3,476 5,558

3 4,586* ,433 ,000 3,405 5,767

4 3,448* ,403 ,000 2,351 4,545

2 1 -4,517* ,382 ,000 -5,558 -3,476

3 ,069 ,338 1,000 -,851 ,989

4 -1,069* ,357 ,024 -2,043 -,095

3 1 -4,586* ,433 ,000 -5,767 -3,405

2 -,069 ,338 1,000 -,989 ,851

4 -1,138* ,347 ,011 -2,084 -,192

4 1 -3,448* ,403 ,000 -4,545 -2,351

2 1,069* ,357 ,024 ,095 2,043

3 1,138* ,347 ,011 ,192 2,084

SHAM 1 2 1,733* ,375 ,000 ,710 2,757

3 1,400* ,426 ,010 ,239 2,561

4 1,333* ,396 ,008 ,255 2,412

2 1 -1,733* ,375 ,000 -2,757 -,710

3 -,333 ,332 ,901 -1,238 ,572

4 -,400 ,351 ,835 -1,358 ,558

3 1 -1,400* ,426 ,010 -2,561 -,239

2 ,333 ,332 ,901 -,572 1,238

4 -,067 ,341 1,000 -,997 ,864

4 1 -1,333* ,396 ,008 -2,412 -,255

2 ,400 ,351 ,835 -,558 1,358

3 ,067 ,341 1,000 -,864 ,997

Baseado em médias marginais estimadas

*. A diferença média é significativa no nível ,05.

b. Ajuste para diversas comparações: Sidak.

Page 54: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

54

Tabela 5. Análise do efeito do grupo na varíavel dor.

Testes de efeitos entre assuntos

Medir: Dor

Variável transformada: Média

Origem

Tipo III Soma dos

Quadrados Df Quadrado Médio Z Sig.

Interceptação 4437,924 1 4437,924 395,641 ,000

Grupo 88,636 1 88,636 7,902 ,007

Erro 639,372 57 11,217

Tabela 6. Análise do efeito do tempo e da interação tempo-grupo nas variáveis capacidade

funcional e severidade e interferência da dor no cotidiano.

Testes de apenas uma variável

Origem Medir

Tipo III Soma

dos

Quadrados df

Quadrado

Médio Z Sig.

Tempo HAQ Esfericidade

considerada 7,793 1 7,793 133,085 ,000

Greenhouse-Geisser 7,793 1,000 7,793 133,085 ,000

Huynh-Feldt 7,793 1,000 7,793 133,085 ,000

Limite inferior 7,793 1,000 7,793 133,085 ,000

IBDsev Esfericidade

considerada 177,475 1 177,475 89,198 ,000

Greenhouse-Geisser 177,475 1,000 177,475 89,198 ,000

Huynh-Feldt 177,475 1,000 177,475 89,198 ,000

Limite inferior 177,475 1,000 177,475 89,198 ,000

IBDinterf Esfericidade

considerada 258,597 1 258,597 104,712 ,000

Greenhouse-Geisser 258,597 1,000 258,597 104,712 ,000

Huynh-Feldt 258,597 1,000 258,597 104,712 ,000

Limite inferior 258,597 1,000 258,597 104,712 ,000

Tempo *

Grupo

HAQ Esfericidade

considerada 2,140 1 2,140 36,549 ,000

Greenhouse-Geisser 2,140 1,000 2,140 36,549 ,000

Huynh-Feldt 2,140 1,000 2,140 36,549 ,000

Limite inferior 2,140 1,000 2,140 36,549 ,000

IBDsev Esfericidade

considerada 32,856 1 32,856 16,513 ,000

Greenhouse-Geisser 32,856 1,000 32,856 16,513 ,000

Page 55: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR ......Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a dor e capacidade funcional em mulheres acometidas por chukungunya:

55

Huynh-Feldt 32,856 1,000 32,856 16,513 ,000

Limite inferior 32,856 1,000 32,856 16,513 ,000

IBDinterf Esfericidade

considerada 63,218 1 63,218 25,598 ,000

Greenhouse-Geisser 63,218 1,000 63,218 25,598 ,000

Huynh-Feldt 63,218 1,000 63,218 25,598 ,000

Limite inferior 63,218 1,000 63,218 25,598 ,000

Erro(Tempo) HAQ Esfericidade

considerada 3,338 57 ,059

Greenhouse-Geisser 3,338 57,000 ,059

Huynh-Feldt 3,338 57,000 ,059

Limite inferior 3,338 57,000 ,059

IBDsev Esfericidade

considerada 113,412 57 1,990

Greenhouse-Geisser 113,412 57,000 1,990

Huynh-Feldt 113,412 57,000 1,990

Limite inferior 113,412 57,000 1,990

IBDinterf Esfericidade

considerada 140,767 57 2,470

Greenhouse-Geisser 140,767 57,000 2,470

Huynh-Feldt 140,767 57,000 2,470

Limite inferior 140,767 57,000 2,470

Tabela 7. Análise do efeito do grupo nas variáveis capacidade funcional e severidade e

interferência da dor no cotidiano.

Testes de efeitos entre assuntos

Variável transformada: Média

Origem Medir

Tipo III Soma dos

Quadrados Df Quadrado Médio Z Sig.

Interceptação HAQ 148,257 1 148,257 334,185 ,000

IBDsev 2489,948 1 2489,948 638,899 ,000

IBDinterf 2823,071 1 2823,071 422,251 ,000

Grupo HAQ 1,241 1 1,241 2,797 ,100

IBDsev 14,334 1 14,334 3,678 ,060

IBDinterf ,011 1 ,011 ,002 ,967

Erro HAQ 25,287 57 ,444

IBDsev 222,143 57 3,897

IBDinterf 381,089 57 6,686

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