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ÉTICA NA PESQUISA: entre o deontologismo e o conseqüencialismo João Batista Cichero Sieczkowski * [email protected] ‘A verdade certa sobre os deuses e todas as coisas de que falo, jamais homem algum a reconheceu ou reconhecerá. Se alguém um dia anunciasse a verdade mais absoluta, não o saberia: tudo está entretecido de conjectura’ (Xenófanes) 1 Introdução Quem pode contar para nós qual é a diferença entre ciência e falsidade 1 ? Quando se trata desses assuntos, em quem nós podemos confiar? Podemos confiar na tradição filosófica ou nos cientistas, para estabelecer essa diferença? Se não são os filósofos ou os cientistas, quem poderá despertar essa confiança nessa distinção? Ao que parece, em nossas sociedades, são os filósofos e os cientistas que legitimam essa diferença para nós todos. São as características epistêmicas ou as características morais ou éticas que os filósofos e os cientistas usam para demarcar a diferença entre ciência e falsidade? Não há uma característica epistêmica da diferença entre ciência e falsidade que seja clara e de comum acordo entre todos, a qual os filósofos tenham apontado em seus sistemas éticos. 2 O que nos sobra são as * UNISINOS/UNILASALLE Telefone: 51 32323057, Rua Bispo Laranjeira, 54/106 - Porto Alegre RS CEP 90.840-230. 1 Cf. o artigo do autor intitulado ‘Entre o Contexto de Descoberta Amplo e o Contexto de Justificação Restrito’ (Outubro 2006). O termo ‘falsidade’ surge aqui fazendo menção à idéia de que aquilo que não é ciência dever-se-ia considerar como falso. Ora, se isso é correto, então a ciência e a pesquisa científica é detentora de uma verdade que não faz parte daquilo que é considerado não-ciência, isto é, a não-ciência nunca poderá tornar-se ciência. No entanto, é isso que a historia da ciência mostra? Parece que não! O endosso é dado quando nos deparamos com a diferença entre contexto de descoberta e de justificação como um problema impositivo para qualquer entendimento da demarcação entre ciência e pseudociência ou não-ciência. 2 Podemos falar das relações estreitas entre Epistemologia e Ética. A indicação que damos ao leitor é a obra de Brandt, (1982, cap. III) pergunta se a ciência pode 1

Joao Batista Sieczkowski UNILASALLE

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ÉTICA NA PESQUISA: entre o deontologismo e o conseqüencialismo

João Batista Cichero Sieczkowski*

[email protected]

‘A verdade certa sobre os deuses e todas as coisas de que falo,jamais homem algum a reconheceu ou reconhecerá.Se alguém um dia anunciasse a verdade mais absoluta, não o saberia: tudo está entretecido de conjectura’ (Xenófanes)

1 Introdução

Quem pode contar para nós qual é a diferença entre ciência e falsidade1?

Quando se trata desses assuntos, em quem nós podemos confiar? Podemos

confiar na tradição filosófica ou nos cientistas, para estabelecer essa

diferença? Se não são os filósofos ou os cientistas, quem poderá despertar

essa confiança nessa distinção? Ao que parece, em nossas sociedades, são

os filósofos e os cientistas que legitimam essa diferença para nós todos. São

as características epistêmicas ou as características morais ou éticas que os

filósofos e os cientistas usam para demarcar a diferença entre ciência e

falsidade? Não há uma característica epistêmica da diferença entre ciência e

falsidade que seja clara e de comum acordo entre todos, a qual os filósofos

tenham apontado em seus sistemas éticos.2 O que nos sobra são as

* UNISINOS/UNILASALLE Telefone: 51 32323057, Rua Bispo Laranjeira, 54/106 - Porto Alegre RS CEP 90.840-230.1 Cf. o artigo do autor intitulado ‘Entre o Contexto de Descoberta Amplo e o Contexto de Justificação Restrito’ (Outubro 2006). O termo ‘falsidade’ surge aqui fazendo menção à idéia de que aquilo que não é ciência dever-se-ia considerar como falso. Ora, se isso é correto, então a ciência e a pesquisa científica é detentora de uma verdade que não faz parte daquilo que é considerado não-ciência, isto é, a não-ciência nunca poderá tornar-se ciência. No entanto, é isso que a historia da ciência mostra? Parece que não! O endosso é dado quando nos deparamos com a diferença entre contexto de descoberta e de justificação como um problema impositivo para qualquer entendimento da demarcação entre ciência e pseudociência ou não-ciência.2 Podemos falar das relações estreitas entre Epistemologia e Ética. A indicação que damos ao leitor é a obra de Brandt, (1982, cap. III) pergunta se a ciência pode

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características morais ou éticas. Em se tratando da pesquisa científica,

trabalhamos no limite daquilo que poderia ser considerado ciência e aquilo

que poderia ser considerado falsidade. Esse limite pode ser estabelecido por

uma moral ou ética. Assim, a pergunta: ‘qual ética pode dar as

características diferenciadoras do que é científico e do que é falsidade?’ é o

mais importante neste momento. Ora, seja qual for à ética que faça isso,

como qualquer outra atividade humana, ela envolve crenças. Assim, são

nossas crenças que poderão estabelecer a diferença entre uma e outra

noção, porque podemos ter crenças epistêmicas e crenças morais. Sendo

que, o que queremos aqui é traçar algumas teses a respeito do que poderia

se entender como condições de possibilidade de uma ética da pesquisa

científica, as crenças morais ou éticas do cientista e da comunidade científica

é que definirá o que é científico do que não é, porque o limite do que

podemos conhecer é a moral, ou seja, a ética.

2 Algumas definições

Queremos tornar claro certas definições. Vamos considerar, em primeiro

lugar, a filosofia como uma atividade humana preocupada em estabelecer as

condições de possibilidade não só do conhecimento científico, mas de todas

as formas de conhecimento (ou seja, de pensamento, de vida). Em

decorrência, a ciência poderá ser entendida como uma entre tantas formas

de conhecimento; uma atividade humana entre tantas atividades humanas;

que pensamos ter boas razões para acreditar (crença) e agir (ação), isto é,

fazer algo.

O segundo termo é o de racionalidade. A racionalidade poderá ser entendida

a partir de como um sujeito possa ter boas razões para crer ou fazer alguma

resolver todos os problemas éticos. Segue-se daí outra pergunta importante: o raciocínio ético deve começar com premissas éticas? E nós acrescentaríamos: ou com premissas científicas? Brandt trata esse problema com grande desenvoltura.

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coisa. Assim, ter boas razões é estar justificado. E, ser racional é estar

justificado.

Em terceiro lugar, antes que alguém se assuste, os termos ética e moral são

usados com pequenas diferenças, mas essencialmente podem significar a

mesma coisa. A diferença encontra-se em que a ética se refere a princípios

que podem ser universalizáveis e a moral se refere a casos particulares de

aplicação desses princípios. A ética é teórica e a moral é empírica. Esses

termos significam a mesma coisa quando se refere à ação, ou seja, ao agir.

3 Condições para a ética na Pesquisa

Poderíamos apontar algumas condições para a ética na pesquisa? Talvez,

mas o que justificaria essas condições? Pelo deontologismo3, somente o

dever, porque não podemos ter controle de todos os efeitos de nossas ações

morais. Para o conseqüencialista, o dever anula a capacidade que todo

indivíduo teria de pensar ou refletir a respeito de suas ações morais. Quem

poderia estar correto nessa disputa? As condições, inicialmente, se justificam

por serem boas razões para nós crermos e fazermos alguma coisa. Mas no

que se constitui uma boa razão? Temos boas razões somente quando

podemos vincular uma justificação a todas conseqüências das nossas ações.

Para Popper, por ser deontologista em matéria de ética, essas condições da

pesquisa científica colocam-se em termos de valores ou princípios que o

cientista deveria seguir. Mas a ação moral do cientista fica em débito se ele

tiver que decidir entre deveres que se conflituam. Dessa forma, quais são as

condições que tornam possível à ética na pesquisa? Vejamos.

3 Cf. LaFollette, (2001) Há duas grandes classes de teorias éticas — consequencialistas e deontológicas — que têm dado forma ao entendimento que a maior parte das pessoas tem da ética. Os consequencialistas defendem que devemos escolher a ação disponível que tem as melhores conseqüências globais, ao passo que os deontologistas defendem que devemos agir de modos circunscritos por regras e direitos morais e que estas regras ou direitos se definem (pelo menos em parte) independentemente das conseqüências.

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3.1 Responsabilidade Intelectual

Segundo Popper (1981), poderíamos começar perguntando quem são os

responsáveis por atrocidades como as mortes em campos de concentração

na segunda guerra mundial, os refugiados do Vietnam, as vítimas de Pol Pot,

no Camboja, a guerra do golfo, o ‘acidente’ de Chernobyl, etc... A resposta

pode parecer surpreendente: ‘somos nós intelectuais’. Por quê? Segundo

Popper, porque causamos massacres em nome de idéias, doutrinas, teorias,

que são invenções nossas. Sempre queremos defendê-las custe o que custar.

Há uma atitude dogmática por detrás de tudo isso que não condiz com a

responsabilidade e honestidade intelectual. Os intelectuais escorregam em

vícios como a arrogância, a obstinação, o auto-convencimento, a vaidade

intelectual entre outros adjetivos. A responsabilidade intelectual é uma das

condições para a ética na pesquisa. Nós intelectuais passamos nossas idéias

pelas nossas teorias e transformamos o mundo, o pensamento de muitas

pessoas. Será que temos noção do que uma idéia pode trazer à sociedade?

Somos responsáveis, somos ‘autores intelectuais’ de crimes, de genocídios,

de sistemas políticos fascistas, de ideologias dogmáticas, da falta de valores,

etc. Quais são as instituições que ensinam nos projetos de iniciação científica

aos jovens cientistas e pensadores a terem responsabilidade intelectual por

aquilo que eles pensam e fazem? Poderíamos descrever um cenário de

horrores aqui. Mas isso já é o bastante para começarmos a ver que o

ceticismo bate a porta de instituições que acham que a responsabilidade

intelectual é algo dispensável da pesquisa científica.

3.2 Tolerância

Defendemos que a segunda condição para a ética na pesquisa é a tolerância.

Ser tolerante é reconhecer que somos falíveis. Nós mais erramos do que

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acertamos. Disso se deduz que é importante aprender com os nossos erros.

Podemos perdoar uns aos outros por nossas loucuras. Mas devemos manter

a nossa responsabilidade intelectual por nossas idéias. Mesmo a tolerância

tem um limite. O limite é o estado de direito. A intolerância muitas vezes

toma lugar e quando precisamos resolver problemas de maneira

responsável, usamos a força. Ao contrário do uso da força, o melhor é

combater as idéias de alguém e afastá-las do nosso convívio social. Nós

intelectuais devemos combater criticamente as idéias uns dos outros.

Devemos ser críticos, apesar de tolerantes. O limite da tolerância ou da

intolerância chega ao ápice quando os intelectuais se preocupam somente

em fazer discursos com palavras obscuras e ininteligíveis, de estilo arrogante

ou catastrófico. Como justificar a atitude de um intelectual ou pesquisador

que age dessa forma? Essa é a atitude de um intelectual dogmático. Muitas

vezes, por falta de imaginação o dogmático prefere impor seu ponto de vista

a tolerar a perspectiva alheia. A sua tese, especificamente, é a que o que é

justificável, é auto-justificável. Não passa pela mente do intelectual

dogmático expor sua tese à crítica dos outros. Ele comete a falácia da

autoridade. Tudo é permitido em nome de uma autoridade. A

responsabilidade intelectual e a tolerância alcançam seu limite máximo.

3.3 Verdade

Outra condição para a ética na pesquisa é a verdade. Preferimos dizer que da

verdade provém duas atitudes de nossos intelectuais: uma é a atitude

dogmática e outra é a atitude cética. O intelectual age ou de uma forma ou

de outra. O fato de ser mais ou menos responsável e tolerante pode dirigi-lo

a uma ou a outra atitude.

Uma atitude dogmática coloca o intelectual a considerar por definição, que a

verdade provém de certezas. O que são certezas? São idéias que cremos que

são verdadeiras e que nunca poderão vir a serem falsas. Somos levados a

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pensar, então, quem assumiria determinada posição hoje, em um mundo

que se diz tão pluralista. Sempre que um intelectual ou pesquisador pensar

que a sua idéia ou teoria deva ser defendida de modo a interromper todo o

processo de justificação do conhecimento, ele já estará assumindo uma

atitude dogmática. Ele precisa despertar desse ‘sono dogmático’. Ele quer e

ambiciona um conhecimento certo e seguro, e que não o coloque em uma

regressão infinita. Mas, a questão da verdade é mais delicada. Vamos supor

que, junto com o intelectual que assume uma atitude dogmática, possa

proclamar uma verdade absoluta. A questão é simples: mesmo que

tenhamos alcançado essa verdade absoluta, como poderemos dizer ou

expressar o conhecimento dessa verdade absoluta? Todos nossos critérios de

verdade são falíveis. Como saberemos se não nos enganamos? A atitude

dogmática do intelectual é desaprovável eticamente. Diz Popper (1981):

‘Mesmo quando expressamos a verdade mais absoluta, não o podemos

saber; ou seja, não o podemos saber com segurança, com certeza’. A ética

dogmática parte de idéias como a de autoridade do saber. Tens que saber

tudo do teu domínio, da tua disciplina. Deves proteger a autoridade dos teus

colegas. Deves encobrir os erros da autoridade; de possuir a verdade e a

certeza; a consolidação da verdade em uma demonstração lógica; não

devemos cometer erros. Essa ética tradicional é intelectualmente desonesta

e intolerante.

Uma atitude cética ou o intelectual cético pode ter um discurso catastrófico

sobre a realidade e uma tendência de não ver a verdade em lugar algum. No

entanto, ao contrário da atitude do intelectual dogmático, ele é um

intelectual que quer instigar, questionar, que não aceita a interrupção do

processo de justificação do conhecimento por qualquer motivo que seja, ele

é alguém que não se conforma com a realidade. O conhecimento para ele

não é certo e nem seguro. Ele pergunta: em que condições nós podemos

conhecer alguma coisa? Se não conseguirmos revelar essas condições, então

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não conhecemos nada. O ônus da prova cabe a quem diz que conhece

alguma coisa. É importante entendermos aqui que conhecimento não é

familiaridade com alguém ou alguma coisa; não é uma habilidade; mas é,

conhecimento proposicional (de proposições). A mera crença não é

conhecimento. O conhecimento é crença, verdadeira e justificada. Diz Platão

em seu diálogo sobre a ciência, o “Teeteto”: “Eu mesmo já ouvi alguém fazer

essa distinção, Sócrates; tinha-me esquecido dela, mas voltei-me a lembrar.

Dizia essa pessoa que a opinião verdadeira acompanhada de razão é ciência,

e que, desprovida de razão, a opinião está fora da ciência e que as coisas

que não é possível explicar são incognoscíveis (é a expressão que

empregava) e as que são possíveis explicar são cognoscíveis”4. O cético dirá

que há crença, verdadeira, mas que não é justificável5.

3.3.1 Verdade como aproximação

Da epígrafe colocada neste texto poderíamos dizer que, nunca chegaremos a

uma verdade absoluta, e, mesmo que já a tivéssemos alcançado não

saberíamos expressá-la. Há conseqüências interessantes dessa tese para nós

que somos intelectuais. Em primeiro lugar, devemos reconhecer a nossa

ignorância. Essa é uma atitude ética bem vinda. Nós temos que saber que

não podemos saber certo. A pesquisa não se constitui num saber certo. Todo

saber é suscetível de revisão. Não está imune a crítica. Portanto, fazemos

apenas conjecturas a respeito do comportamento da natureza e da

sociedade. Em segundo lugar, nós intelectuais ou pesquisadores não

sabemos mais que os outros, mas sim sabemos outras coisas, apenas. Uma

idéia substitui a outra, mas não significa que sabemos mais do que os

outros, mas apenas que estamos mais próximos da verdade do que os

4 Conferir Platão (1990, p. 159). Teeteto ou da Ciência.5 Conferir Gettier (2004, p. 104-106) Como tentativas de resposta ao problema de Gettier podemos referir: Pojman ( 2001. p.80-97 cap.7.).

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outros. Diz Popper (1981): ‘O melhor saber é uma melhor aproximação da

verdade’.

O papel do conceito de verdade é de uma idéia reguladora. Não há critérios

de verdade. A idéia de verdade como correspondência com os fatos foi

reabilitada por A. Tarski. Daí decorre que devamos assumir uma perspectiva

realista, porque é mais fácil descobrir que uma teoria é falsa do que

verdadeira. Diz Popper (1966): “Este ideal regulador de encontrar teorias

que correspondam aos fatos é o que faz da tradição científica uma tradição

realista: ela distingue entre o mundo de nossas teorias e o mundo dos fatos

a que essas teorias pertencem”. A aproximação maior da verdade de uma

teoria x do que a sua predecessora, irá ocorrer quando essa idéia resistir ao

exame crítico de forma mais eficaz. Estamos sempre na busca da verdade,

mesmo que saibamos que ela, por ser uma idéia reguladora, nunca será

alcançada definitivamente, como almejam os intelectuais dogmáticos.

4 Ética da discussão racional

A discussão racional pode ser entendida como sendo outra condição da ética

na pesquisa. A discussão racional é a busca da verdade e é norteada por

princípios éticos: (a) princípio da falibilidade: é possível que eu não tenha

razão e tu tenhas. Mas pode acontecer que ambos não tenhamos razão,

porque defendemos teses opostas; (b) o princípio da discussão racional:

temos que ponderar, o mais impessoalmente possível, os nossos argumentos

a favor e contra uma certa idéia ou teoria, passível de crítica, como diz

Popper; (c) o princípio da aproximação da verdade: através da discussão

objetiva aproximamo-nos quase sempre mais da verdade, conseguimos uma

mais perfeita compreensão, mesmo que não cheguemos a acordo porque

toda a discussão pode levar-nos a compreender alguns pontos fracos de

nossa posição. A ética se abraça nos seguintes quesitos: não existem

autoridades do saber; é impossível evitar todos os erros; é nosso dever

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evitar, sempre que possível, os erros; as teorias melhor sucedidas podem

ocultar erros; temos que modificar nossa atitude perante aos erros; temos

que aprender com os nossos erros; devemos procurar constantemente

nossos erros; é um dever a atitude de autocrítica e a sinceridade; devemos

agradecer aos outros por nos apontarem os nossos erros. Nós podemos

cometer os mesmos erros que os outros; precisamos de tolerância, isto é,

precisamos dos outros e os outros de nós para descobrirmos e corrigirmos os

erros em ambientes e disciplinas distintas; a crítica racional deve ser sempre

específica. Deve ser norteada pela idéia de aproximação da verdade, objetiva

e impessoal. Em resumo: a ética científica é uma ética da discussão racional,

mas essa ética que Popper propõe é deontológica ou conseqüencialista?

Vejamos.

5 Uma ética deontológica ou conseqüencialista?

A ética de Popper sobre a pesquisa científica pode ser entendida como uma

ética deontológica ou conseqüencialista? Para um deontologista o que

interessa é o que fazemos e não o que acontece no mundo. A prioridade é de

evitar o mal, não interessando as conseqüências. Para a ética deontológica, o

sujeito não está sob a obrigação permanente de maximizar o bem. Cada

sujeito desenvolve os seus projetos e compromissos pessoais. O problema é

como resolver a rivalidade entre deveres, se o deontologista privilegia o

dever de beneficência? E, por outro lado, os deontologistas reconhecem

restrições centradas no agente, admitindo no mínimo uma restrição geral

contra maltratar os outros. Aqui o deontologista enfrenta o problema de

justificar a existência de restrições. Essas restrições são ou não são

absolutas. Uma das melhores defesas da posição absolutista é a de Charles

Fried (1978) que sustenta que em situações catastróficas o próprio

pensamento moral colapsa e, portanto, aquilo que o agente fizer não será

moralmente certo ou errado. Há, no entanto, os absolutistas moderados

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como David Ross. As restrições dão origem não a deveres absolutos, mas a

deveres prima facie. Se em algumas circunstâncias as restrições podem

ceder, então é permissível violá-la. Mas se for assim estamos expostos à

intuição moral. Qual é o dever prima facie mais forte em determinada

situação? A pergunta leva ao problema da força das restrições. Por outro

lado, o deontologista se coloca frente a frente à questão da restrição geral

contra maltratar alguém. O alcance das restrições recai nas distinções entre

fazer / permitir e intenção / previsão. Assim, como podemos analisar a

distinção entre fazer o mal a alguém e permitir que alguém sofra um mal?

Outras restrições são ainda alvo de discussões como as restrições contra

mentir e as restrições contra quebrar promessas. Quais dessas restrições

podem traduzir o dever do sujeito consigo mesmo?

Se a ética de Popper for considerada deontológica, então o cientista deveria

se interessar pelo que ele faz e não pelo que acontece no mundo. O cientista

naquilo que ele faz, ele deve evitar o pior para as pessoas, não interessando

as conseqüências. Assim, o cientista deve desenvolver o dever da

beneficência.

Por exemplo, em uma ética kantiana, a ação moral não se deve a uma

inclinação, mas ao sentido do dever e na vontade. O sujeito não deve querer

qualquer tipo de reconhecimento ou satisfação de interesses próprios. A

motivação da ação moral é muito mais importante do que as conseqüências

dessa ação porque todas as pessoas podem ser morais. As conseqüências

estão muitas vezes fora de nosso controle e, portanto, não podem ser

cruciais para a moral. As emoções e os sentimentos estão também fora de

nosso controle e, portanto, não são importantes para a moral. O sujeito deve

entender a intenção da pessoa que realiza uma ação moral para saber se

essa ação é correta ou não. Assim, o cientista deve poder universalizar a sua

ação moral, se for correta. Diz Kant (1974, p 223-4ss.):

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O imperativo categórico é portanto só um único, que é este: age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. (...) o imperativo universal do dever poderia também exprimir-se assim: age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza.

É importante entender aqui que o imperativo categórico é um, mas as

máximas são muitas. Nosso dever é agir para universalizar nossas máximas.

Aquilo que nós não pudermos universalizar, não pode ser tomada como

máxima. A máxima é o princípio subjetivo da ação. Agora, os princípios

éticos da discussão racional de Popper podem ser tomados como máximas

que pertencem à subjetividade do cientista, e que podem ser universalizáveis

para todos os cientistas que pertencem à comunidade.

Neste sentido, o cientista popperiano pode universalizar os seus princípios

éticos de discussão racional porque podemos dizer que nunca alcançaremos

a verdade de uma forma absoluta e definitiva. Podemos apenas nos

aproximar da verdade. Como nós podemos nos aproximar da verdade, não é

uma questão ética, mas epistemológica. O segundo princípio é da discussão

racional. Os cientistas podem discutir racionalmente de maneira impessoal

vislumbrando as vantagens e desvantagens das teorias científicas e

metafísicas. Isso pode ser aplicável a todos. O terceiro princípio é da

falibilidade. Nós todos falhamos, erramos mais do que acertamos e por isso

mesmo devemos aproveitar os nossos erros em prol do progresso da ciência

e do bem estar das pessoas. Em resumo: os três princípios são

universalizáveis, isto é, são válidos para todos os cientistas e suas teorias.

Mas a ética kantiana, em sua noção de universalidade dos juízos morais,

enfrenta críticas: (i) É vazia; (ii) Não ajuda em uma tomada de decisão

moral; (iii) Os cientistas e a ciência, como atividade humana, são fins e não

meios; (iv) Não consegue resolver um conflito entre deveres. Por exemplo, o

que fazer quando dois deveres como, ‘devo dizer sempre a verdade’ e ‘devo

proteger meus amigos’, entrarem em conflito? ‘Se um louco com um

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machado me perguntasse onde está o meu amigo, a minha primeira reação

seria mentir-lhe. Dizer a verdade seria fugir ao meu dever de proteger o meu

amigo (...) dizer uma mentira, mesmo numa situação-limite como esta, seria

uma ação imoral: tenho o dever absoluto de nunca mentir.’ (Warburton,

1988, p. 67-105) Deveriam os cientistas, médicos etc. terem dito a verdade

sobre as conseqüências da bomba atômica, do acidente de Chernobyl ou

deveriam proteger os seus colegas de profissão? Isso não é algo que se

reduz a somente médicos e cientistas, mas a todo e qualquer profissional de

uma determinada área. Dizer que não é um cientista, ou que não acredita na

ciência não ameniza a situação! Quanto ao critério de falseabilidade de

Popper, é ético para o cientista não dizer à comunidade científica que sua

teoria foi falseada por um único falseador potencial? Ou deveria ele esconder

o seu falseador potencial ou contra-exemplo? Deveria o cientista fraudar o

experimento que falsificou a sua teoria universal? De um ponto de vista

pragmático nenhum cientista aceitaria uma refutação por casos isolados.

Ficamos imaginando o que esse cientista faria. Do ponto de vista lógico, a

teoria está refutada ou falseada e não tem mais o que dizer. Deve ser

abandonada! Aqui há uma ponta de um iceberg que aparece. Esse é o

ceticismo.

Outro defeito da teoria ética de Kant é o papel atribuído às emoções e aos

sentimentos. ‘Kant afasta tais emoções como irrelevantes para a moral: a

única motivação apropriada para a ação moral é o sentido do dever. Sentir

compaixão pelos mais necessitados (...) não tem para Kant, nada a ver com

a moral.’ (Warburton, 1988, p. 79) Não estaria Kant negando um aspecto

central do comportamento moral? Para Popper, o cientista deve ser

impessoal na discussão racional. E isso parece identificá-lo com o

deontologismo de Kant. Podemos afastar nossas paixões, sentimentos e

emoções daquilo que fazemos, por mais racionais que possamos ser? Na

separação entre emoção e razão, essa dualidade dificilmente poderia ser

superada pela nossa lógica estabelecida. A nossa lógica, tal como é

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estabelecida, restringe muito o conteúdo tratado e, apesar de apresentar o

conhecimento a respeito de um assunto com alguma segurança e garantia, o

que resulta é apenas uma posição dogmática do problema abordado. Por

outro lado, lógicas alternativas, como a dialética, ampliam muito o conteúdo

tratado, resultando uma posição de relativismo do problema abordado e não

apresentando nenhuma superação do ceticismo. Em resumo, o que aproxima

Popper de Kant é que em ambos podemos constatar que são indeterministas

quanto à ciência, mas deterministas quando se trata de moral.

Por que Popper não é um conseqüencialista? Para o conseqüencialista

devemos ajuizar as conseqüências de nossa ação. Segundo Pedro Galvão

(2006) , as teorias éticas consequencialistas têm três características

importantes: (i) aplicam-se diretamente a atos individuais; (ii) prescrevem a

maximização do bem, isto é, afirmam que os agentes morais estão sob a

obrigação permanente e ilimitada de dar origem aos melhores estados de

coisas ou situações; (iii) pressupõem uma teoria do valor que resulta numa

avaliação dos estados de coisas em termos estritamente impessoais. A teoria

ética que melhor representa essas características é o utilitarismo. O

utilitarismo pertence a perspectiva conseqüencialista. O conseqüencialismo

costuma ser entendido como um padrão que visa indicar as propriedades ou

fatores que tornam a ação moralmente certa ou errada. Qualquer ato que

não maximize o bem será considerado uma ação moralmente incorreta. O

conseqüencialista nada pode dizer acerca de tomada de decisões, porque é

limitado sob esse ponto de vista. Uma dificuldade de cálculo mais elementar

ocorre em relação à decisão de quais serão os efeitos de uma ação

particular. Como sabemos, em um conflito de decisões, qual é a decisão mais

acertada devemos tomar? Em uma perspectiva popperiana, a sua ética não

se aplica a atos individuais. Os cientistas ou seja quem for que estiver

disposto a uma discussão racional, não o faz isoladamente entre quatro

paredes tipo filósofo de poltrona. O principal argumento é que sua ética deve

condizer com a sua epistemologia. A discussão aberta que recebe e formula

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a crítica, e que admite que tanto eu como tu podemos estar equivocados a

respeito de determinado assunto, tem como pano de fundo o objetivo de

fazer avançar a ciência. A discussão racional é uma ação moral e coletiva. A

ação moral é o compromisso do cientista perante a comunidade. A

responsabilidade de seus atos é avaliada pela comunidade científica e pela

sociedade. Em segundo lugar, a ética popperiana não está interessada em

maximizar o bem, e acrescentaríamos, nem mesmo a verdade. O interesse

de maximizar o bem e a verdade não condiz com uma discussão que procura

boas razões para crer e/ou fazer alguma coisa. Maximizar o bem e a verdade

não se constitui uma boa razão para crer e/ou fazer alguma coisa porque

pode levar a discussão racional à arrogância do dogmatismo, que é pouco

recomendável para cientistas. E em terceiro lugar, qual é a boa razão que

um cientista teria em ‘pressupor uma teoria hedonista do valor, segundo a

qual o prazer é o único bem fundamental e a dor o único mal’? Os

utilitaristas clássicos J. Bentham (1789), J. Stuart Mill (1861) e Henry

Sidgwick (1907) defenderam que agir corretamente é escolher, entre as

ações disponíveis, aquela que resulta no maior total de prazer.6 A discussão

racional não é uma questão de prazer ou dor. A discussão racional é uma

questão de responsabilidade intelectual e honestidade. O cientista poderia

achar agradável e útil praticar mais ações, como por exemplo, fraudar

experimentos, resultados estatísticos, etc. Essa se constitui uma ação

moralmente incorreta, porque o cientista pretende fugir da discussão racional

que é o seu parâmetro de conduta ética. Por fim, não nos parece que Popper

esteja interessado em considerar as conseqüências das ações dos cientistas.

A razão é simples: poderíamos ter controle de todas as implicações de

nossas ações morais, de nossas decisões? Negar a perspectiva sobre a forma

correta de tomar uma decisão, como o conseqüencialista faz, também não é

uma boa política. A tomada de decisão por parte do cientista e da

6 Conferir Galvão (2006).

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comunidade deve ocorrer de acordo com os parâmetros racionais de uma

discussão racional.

6 A ética na pesquisa

Colocado em termos éticos é difícil definir uma diferença entre ciência e

falsidade. Quando estamos pensando na ética da pesquisa científica

trabalhamos no limite do que pode ser concebível. Somente a ética pode

tentar estabelecer os limites da ciência e da falsidade na pesquisa científica.

Mas, qual seria essa ética? Qual seria a atitude recomendável ao cientista? E

essa atitude poderia universalizar-se para outras formas de vida, em vista de

escaparmos do relativismo e evitarmos o ceticismo ético? Em um nível de

pesquisa científica, a nossa maior preocupação deveria ser a discussão ou

discurso racional. Essa foi a principal preocupação de Popper. Essa posição

tem finas ligações com a epistemologia popperiana. Mas, como explicar a

ligação da ética com a epistemologia? Esse é um outro assunto. A ação

moralmente correta do cientista é aquela que reconhece a falibilidade na

discussão. Isso poderá ser universalizável? Sim, porque isso estaria de

acordo com a posição deontológica de Popper.

7 Egoísmo e Altruísmo

A principal questão aqui é a seguinte: se tiver boas razões para crer ou fazer

algo, então devo crer e fazer o que é melhor para mim (egoísmo) ou o que é

melhor para os outros (altruísmo)? Há aqui uma questão conceitual que

poucos consideram, falo da diferença entre Egoísmo e Egotismo, antes de se

dizer algo sobre o altruísmo. O Egoísmo ético não é uma ação, não é uma

atitude, não é um traço de caráter, mas é uma teoria. O Egoísmo é

compatível com um sujeito que pode ser humilde e altruísta na prática. Não

é necessariamente egoístico, egocentrista ou narcisista. As teses do egoísmo

ético são as seguintes, conforme William K. Frankena (1969):

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Ao considerar o indivíduo como agente moral, o egoísta ético sustenta: (1) que a única e básica obrigação de um indivíduo é conseguir, para si mesmo, a maior proporção possível de bem em relação ao mal (...) Ele pode afirmar (2) que, mesmo formulando juízos morais em segunda e terceira pessoas, um indivíduo deve orientar-se pelo que redunda em sua própria vantagem ou (3) que, ao formular tais juízos, um indivíduo deve tomar em consideração o interesse da pessoa com quem está falando ou de quem está falando.

A posição de Frankena é a de que o egoísmo ético define-se pelos princípios

(1) e (2) e que o princípio (3) choca-se com a teoria do egoísmo ético.

Segundo Frankena, quem assume a posição do egoísmo ético não está

adotando um princípio moral porque devemos estar prontos para

universalizar determinada máxima. Parece que Frankena assume a ética

kantiana ou no mínimo um deontologismo. Para Frankena, o egoísmo ético

sustenta que todos devem agir e julgar de acordo com um critério de

vantagem própria a longo alcance, em termos de bem e mal. Essa maneira

de encarar o egoísmo é equivocada, porque o sujeito só vê o seu lado,

parece um solipsismo autodestruidor.

A idéia é muito mais de um egoísmo negativo que chamaremos de Egotismo.

Tomar uma atitude egotista é assumir que eu posso enganar os outros em

meu próprio benefício, para satisfazer os meus próprios interesses. O mesmo

ocorre com toda a ação que inclui a exploração. O egoísmo, no sentido

positivo, diz que eu não posso satisfazer o meu interesse sem que os

interesses dos outros sejam satisfeitos. Mas como resolver quando houver

conflito de interesses entre o meu e dos outros? A ação será moralmente

incorreta. Por outro lado, a ação é moralmente correta se o meu interesse se

satisfizer de acordo e juntamente com o seu interesse. Portanto, para que

isso ocorra não pode haver conflito entre o meu e o seu interesse. Isso é

uma ética mínima da discussão, da convivência social entre pessoas e povos.

Se seguirmos o caminho da ética pela tese de Frankena, tal como ele define

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o egoísmo, e qualquer perspectiva egocêntrica, só podemos entender como

egotismo. Como aponta R. Foley (1993), a perspectiva egocêntrica inclui

essencialmente um assunto de ser invulnerável a um certo tipo de

autocondenação intelectual. Essa autocondenação só pode ser evitada pela

reflexão. Só sou invulnerável à crítica se me coloco em reflexão. Diríamos

que um cientista só se torna invulnerável à autocrítica se ele for reflexivo

fazendo e dando o melhor de si, de seu esforço e usando o tempo que ele

dispõe. Mais ainda, a quantidade de reflexão que o cientista pode fazer

naquele momento e, o tipo de reflexão que ele está em condições de realizar

naquele momento, rege qualquer discussão racional de uma perspectiva

egocêntrica. Essa é uma ‘nova’ maneira de perceber a discussão racional: de

uma perspectiva egocêntrica, do indivíduo crente livre de distorções e

influências. A partir de uma meta a ser perseguida e alcançada. Uma meta

intelectual e de acordo com um sistema de crenças preciso e compreensível.

E a partir dos recursos pessoais, dados e informações que o cientista dispõe

naquele momento da reflexão de suas crenças.

8 Conclusão

No desenvolvimento deste texto analisamos as condições para a ética na

pesquisa com destaque para a responsabilidade intelectual, a tolerância e a

concepção de verdade como aproximação. A ação moralmente correta do

cientista é aquela que reconhece a sua falibilidade na discussão. As idéias e

argumentos de diferentes autores estudados neste artigo objetivam iniciar

uma discussão, muitas questões permanecem em aberto seja pela falta de

espaço de desenvolvimento seja pelo caráter não dogmático e definitivo que

defendemos.

Bibliografia

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