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FACULDADE DE DIREITO PÓS-GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADANIA JOÃO CARVALHO SOARES USO PROGRESSIVO DA FORÇA: UMA VISÃO DOS POLICIAIS LOTADOS NAS DELEGACIAS SUBORDINADAS À DELEGACIA REGIONAL DE POLÍCIA CIVIL DE FÁTIMA DO SUL Dourados 2009

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FACULDADE DE DIREITOPÓS-GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADANIA

JOÃO CARVALHO SOARES

USO PROGRESSIVO DA FORÇA: UMA VISÃO DOS POLICIAIS LOTADOS NAS DELEGACIAS SUBORDINADAS À DELEGACIA

REGIONAL DE POLÍCIA CIVIL DE FÁTIMA DO SUL

Dourados2009

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JOÃO CARVALHO SOARES

USO PROGRESSIVO DA FORÇA:

UMA VISÃO DOS POLICIAIS LOTADOS NAS DELEGACIAS

SUBORDINADAS À DELEGACIA REGIONAL DE POLÍCIA CIVIL DE

FÁTIMA DO SUL/MS

Monografia apresentada no Curso de Pós-Graduação

em Segurança Pública e Cidadania, realizado pela

Faculdade de Direito da UFGD em convênio com a

SENASP como requisito parcial para obtenção do

Título de Especialização em Segurança Pública e

Cidadania.

Tema VIII. Segurança Pública e Direitos Humanos

Orientador: Prof. Me. Gassen Zaki Gebara.

Dourados/MS2009

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A ironia é que, embora o policiamento seja considerado um dos serviços mais essenciais do Estado, sua utilidade é especialmente difícil de se demonstrar. No futuro, portanto, a necessidade da polícia será cada vez mais exagerada, ao mesmo tempo em que sua eficácia cada vez mais questionada.

Bayley, David H., 2006.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................5

1. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.........................................................................7

1.1 USO LEGAL DA FORÇA ..........................................................................................12

2. ARMAS NÃO LETAIS.................................................................................................17

3. ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO.....................................................................21

CONCLUSÃO....................................................................................................................31

REFERÊNCIAS.................................................................................................................33

ANEXOS............................................................................................................................ 35

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa visa obter a opinião de todos os profissionais de segurança

pública lotados nas delegacias de Polícia Civil subordinados à Delegacia Regional de Fátima do

Sul/MS sobre o uso progressivo da força.

Face à quantidade de registros de boletins de ocorrências policiais que vem sendo

registradas a cada ano versando sobre violência contra a mulher e vias de fato ocorridas

principalmente após ingestão de muita bebida alcoólica e outras, o policial chegando no local

para atendimento muitas vezes precisa fazer uso da força para dominar os acusados e conduzi-los

à viatura policial, a título de exemplo.

O uso da força é juridicamente legal é imprescindível para o controle de distúrbios e

manutenção da paz, desde que usada de forma moderada e progressiva, sendo imperativo o

respeito a princípios legais pois a força utilizada de maneira desregrada é passiva de sanção

administrativa, cível e/ou criminal.

“...A palavra direito não contradiz a palavra força , mas a primeira é antes uma

modificação da segunda, isto é, a modificação mais útil à maioria”1. Há alguns anos atrás a

maioria da população temia as ações policiais devido à maneira violenta e agressiva que

utilizavam para atender as ocorrências que surgiam diariamente e principalmente naquelas

situações inusitadas onde pessoas eram mantidas como reféns.

O mundo evoluiu muito neste último século, especialmente após a segunda grande

guerra e, felizmente, o treinamento militar e policial também acompanhou essas evoluções no

sentido de se adequarem às normas internacionais de respeito à vida.

Caco Barcellos, reconhecido jornalista ao abordar tema de segurança pública

ressalta: “...Meio corpo enfiado pela janela do carro, revólver na mão direita apontando para o

alto, ele olha para todos os lados como um animal à procura de uma presa...”2, atitudes assim

faziam parte do ritmo de trabalho de alguns policiais há décadas atrás e quando havia confronto

armado dificilmente havia sobreviventes além dos policiais envolvidos na ocorrência.

1 BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 43.2 BARCELLOS, Caco. Rota 66 : A História da Polícia que Mata. 23.ed. São Paulo : Globo, 1994, p.147. O autor relata parte de uma ação policial onde o comandante da viatura era o Sgt PM Roberto Lopes Martinez considerado o campeão dos matadores da Polícia Militar por ter matado 45 pessoas, no mínimo.

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A matéria direitos humanos já está presente nas Academias de Polícias do Brasil e

quando não, o assunto é discutido durante as aulas de noções de direito constitucional, o que

reflete a preocupação do Estado na formação intelectual do futuro policial.

O policial é um profissional de segurança pública que atua diretamente na solução de

conflitos sociais e geralmente conflitos em que estão envolvidas pessoas da própria comunidade

onde vive, sendo assim, ele deve possuir instruções necessárias para saber distinguir o momento

de usar a força com a intensidade necessária para conter o agressor sem ferir em demasia sua

integridade física.

“A dignidade humana é um valor espiritual e moral inerente a pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito pelas demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos”3

O respeito aos direitos individuais da pessoa humana está assegurada nas diversas

declarações internacionais e a polícia também precisa evoluir e modernizar-se para conseguir

prestar um atendimento mais eficaz, sendo que já existe a preocupação na qualificação do

material humano através de excelentes cursos à distância sendo agora imprescindível

investimentos para aquisição de equipamentos não letais e de baixa letalidade.

No primeiro capítulo abordaremos assunto sobre a dignidade da pessoa humana e o

uso legal da força aplicado pelos agentes do estado, citando nossa Constituição Federal como um

dos principais indicadores de que a dignidade da pessoa deve ser respeitada, no mesmo sentido, o

emprego da força é atribuição do estado que a delega aos seus agentes.

A descrição de funcionamento de algumas armas não letais estará presente no

capítulo 2 e no capítulo final encerraremos o estudo analisando as respostas da pesquisa de

campo realizada com os policiais lotados nas delegacias da cidade de Fátima do Sul, Vicentina,

Jateí, Glória de Dourados e Deodápolis.

1. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA3 MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 16.

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Nossa Constituição Federal ressalta vários princípios pétreos caracterizados pela

imutabilidade do desejo do constituinte em priorizar e deixar evidente que o respeito para com a

pessoa não deve ser violado, tanto que direitos envolvendo a vida e a dignidade da pessoa

humana estão assegurados de forma permanente na carta constitucional de nosso país, conforme

menciona em seu artigo 1º:

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania;III – a dignidade da pessoa humana;IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;V – o pluralismo político[...]

Todo policial precisa desenvolver seu trabalho dentro dos ditames legais e sem

provocar danos colaterais, pois os direitos e garantias individuais devem ser respeitados dentro

do limite legal e o excesso de força é passiva de punição, especialmente se resultar em lesão

física.

Durante o curso de formação o policial recebe aulas que abordam diversos temas,

sendo que técnicas de como realizar uma abordagem segura é uma dessas matérias. Importante

lembrar que a abordagem necessita ser segura para quem se submete à abordagem policial, o

terceiro que trafega a pé ou motorizado pelas proximidades e também a abordagem deve ser

segura para o policial que está diretamente envolvido na operação.

Reconhecidamente uma viatura com dois ou três policiais durante o processo de parar

veículos para efetuar revistas e verificar documentos com o intuito de coibir crimes ou procurar

algum fugitivo, será realizada por amostragem, ou seja, o policial deverá possuir certa convicção

de que o veículo ou seu condutor possuem características suspeitas o suficiente para ser dada

ordem de parada, assim explica Silvia Ramos4:

Apesar da prevalência de respostas favoráveis à continuação das blitzes no Rio de Janeiro, a maioria da população considera as abordagens policiais, de modo geral, seletivas, ou mesmo abertamente discriminatórias: cerca de 60% acreditam que a polícia escolhe pela aparência física quem será abordado(a), incluindo aí cor da pele (40,1%) e modo de vestir (19,7%); na opinião de 80% dos cariocas, os jovens são mais parados que as pessoas mais velhas; para cerca de 60%, os negros são mais parados que os brancos e os pobres mais do que os ricos[...]

4 RAMOS, Silvia e Musumeci, Leonarda. Elemento Suspeito: abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p. 209.

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Decisão extremamente subjetiva, pois cada policial possui idades, formação e

opiniões diferentes, cada um possuirá um ponto de vista diverso do outro, o que leva a tornar

algo decididamente suspeito para um policial, poderá não ser considerado suspeito para outro.

Múltiplos fatores estão envolvidos nessa tomada de decisão, levando o policial a

analisar a situação, decidir e executar a ordem de parada para a revista em poucos segundos,

atitude que exige muita cautela do policial para o mesmo não ser rotulado por cometer abusos

referente à discriminação de determinada raça.

Nesse sentido ressalta Silvia Ramos5:

[...]Em tese, qualquer cidadão ou cidadã que circule pelas ruas, a pé ou em qualquer meio de transporte, pode ser abordado(a) e revistado(a) numa ação policial rotineira ou especial de prevenção da criminalidade. Na prática, porém, só alguns serão escolhidos, e sabe-se que essa escolha não é aleatória, mas seletiva, que depende em larga medida de critérios prévios de suspeição, sejam eles aparência física, atitude, local, horário, circunstâncias, ou alguma combinação desses e de outros fatores[...]

Jhon Lambert6, professor de psicologia comportamental na Temple University, foi

um dos primeiros a desenvolver nos EUA um método estatístico rigoroso para determinar se a

raça do motorista – e não outros fatores, tais como comportamento ao volante ou perfil

demográfico dos condutores em geral – estava relacionada com a freqüência com que a polícia

rodoviária os fazia parar no estado de Nova Jersey. Sua metodologia era tão rigorosa e

reveladora que se impôs como modelo para a pesquisa na área de filtramento racial: “Posso

dizer, com grau razoável de probabilidade estatística, que a disparidade aqui traçada é fortemente

compatível com a existência de uma política discriminatória, oficial ou de facto, que consiste em

visar os negros como alvos a serem detidos e investigados”

Distintivo, arma de fogo, munição e um par de algemas é o equipamento básico

padrão que todo policial recebe quando o mesmo é incorporado na força, até o momento

desconhecemos se algum policial também recebeu cautela de um spray de pimenta ou algum

outro equipamento considerado não-letal.

Durante uma abordagem policial, especialmente se for no período noturno, o uso

ostensivo da arma de fogo é uma necessidade, considerando que o objetivo da abordagem, a

primeira vista, é para a realização de revista pessoal e/ou em veículos, onde naquele momento os

policiais desconhecem a identificação do revistado e a arma de fogo deve estar na mão, com o

5 RAMOS, Silvia e Musumeci, Leonarda. Op. cit. p 16.6 LAMBERT, John, citado por apud. Ramos, Silvia e Mussumeci, Leonarda. Elemento Suspeito abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p256 e 258.

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cano apontado para uma direção neutra e a arma indiscutivelmente precisa estar em pronta

condição de uso.

Esta cautela adotada pelo policial muitas vezes é interpretada de forma diversa pelo

revistado que a vê como sendo uma atitude agressiva, e como a maioria de nós estamos

acostumados a viver uma mesma rotina, uma súbita abordagem policial causa impacto e a reação

imediata de muitos para se livrar da revista é intimidar o policial dizendo: “você não sabe com

quem está falando, vai prender bandido...”.

Oficiais PM que trabalham na cidade do Rio de Janeiro fizeram os seguintes

comentários7:

A pessoa pára numa operação A-Rep 38, mas ela não quer a polícia para si, ela quer para os outros. Então, se ela vê uma ou duas pessoas sendo abordadas, com a mão no muro, ela acha muito bom, mas se mais na frente ela for parada, com certeza, ela vai execrar aquela atuação policial. (Major de PM do subúrbio);

Todo mundo da população gosta de ver uma abordagem, mas não gosta de ser abordado. (Major de BPM do Centro);

A maioria das pessoas quer a polícia para os outros, não para si. Então, se o veículo que está na minha frente for abordado, parabéns para a polícia, mas se imediatamente após aquele veículo o meu também for: “Pô, que palhaçada, sou trabalhador, tira a mão de mim”. Mas daí até a gente detectar que é uma pessoa de bem, trabalhadora[...] (Major de BPM da Zona Sul).

O que passa despercebido aos olhos da maioria das pessoas que agem dessa forma é

que os policiais estão ali trabalhando justamente à procura de “bandidos” e se encontrar irão

prendê-los, e não precisam saber com quem estão falado, “bandido” existe em todo lugar e em

toda classe social e, infelizmente, o mesmo não possui rótulo ou qualquer outro sinal indicativo

de que é “bandido”, a polícia precisa abordar, revistar e prender, caso encontre alguém que

acabara de praticar algum delito ou que seja procurado pela Justiça.

A abordagem é uma situação muito discutível, porque abordagem é uma coisa subjetiva. Às vezes uma coisa pode ser suspeita para mim, mas pode não ser suspeita para outra pessoa, vai depender do ponto de vista.

Porque nós não temos um detector de bandido, seria muito bom. A gente entrava num ônibus ou parava um veículo: “Olha, o bandido é aquele lá”. Não tem como, bandido não tem cara.9

7 RAMOS, Silvia e Musumeci, Leonarda. Op. Cit. p.50.8 A-Rep 3: Ação repressiva inopinada, em locais estratégicos, consistindo na revista de veículos particulares, coletivos e/ou de carga, com a finalidade de apreender armas, drogas e outros materiais associados a crimes e contravenções. Os critérios de seleção dos veículos para revista são previamente estabelecidos de acordo com o objetivo específico de cada operação. 9 RAMOS, Silvia e Musumeci, Leonarda. Op. Cit. p. 209. comentários de Oficiais da PM entrevistados.

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Independente tratar-se de pessoa idônea ou não, a polícia deve adotar uma postura

padrão de atendimento iniciando com a revista pessoal e prosseguindo com as demais

formalidades e, caso haja uma reação agressiva por parte do revistado, o policial deverá

acompanhar gradativamente tais reações onde o uso da arma de fogo sempre será o último

recurso.

No Brasil ainda há resquícios da ditadura militar e muitas lembranças da polícia que

varria o território à procura de comunistas, sendo que na época utilizavam agressivas técnicas de

interrogatório a bem da segurança nacional.

Um esforço socioeducativo na mudança da cultura policial relacionada ao uso da

força ocorreu no ano de 2000, com uma ampla reforma nacional nos currículos policiais, sob a

coordenação do Ministério da Justiça via Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).

No novo currículo, os agentes aprendem conceitos e aplicações sobre ouso legal da força, com

maior ênfase nas disciplinas “técnicas de policiamento”, “direitos humanos”, “defesa pessoal” e

“tiro policial”.10

No atual mundo globalizado em que vivemos a unificação de conhecimentos,

armamentos e técnicas operacionais policiais estão sendo amplamente difundidas, no Brasil não é

diferente, o governo federal está investindo no aparelhamento e qualificação de nossas polícias,

sendo que a substituição dos revólveres calibre .38 SPL por pistolas semi-automáticas calibre .40

S&W foi a melhor opção que poderia ser realizada, isto do ponto de vista tático policial,

especialmente para aqueles policiais que estão na linha de frente, os quais efetivamente

enfrentam o crime durante seus plantões e que estão mais sujeitos à confrontos armados.

Computador portátil para utilização nas viaturas, a exemplo da polícia de outros

países, seria uma opção válida para agilizar a checagem durante operações visando coibir roubo e

furto de veículos no estado e checagem de pessoas foragidas, pois permite armazenamento de

fotos e arquivos os quais estarão sempre à disposição do policial sempre que precisar, dessa

forma, evitaria abordagens desnecessárias refletindo na agilidade do serviço.

[...] a pobreza pode ser entendida como a negação de todos os direitos humanos, uma

vez que a dignidade humana é o próprio fundamento de todos estes direitos.11

A vida é o início de tudo, primeiro é preciso estar vivo para pleitear direitos

fundamentais que são inerentes a todo ser humano e/ou direitos de caráter personalíssimo que é

de natureza individual de cada um.

10 Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/dados/manuais/dh/mundo/rover/c5.htm> acesso em 15 de abril de 200911 Revista internacional de direitos humanos. Ano 5. nº 9. São Paulo. dezembro de 2008, p. 95. Costa, Fernanda Doz. Pobreza e Direitos Humanos: da mera retórica às obrigações jurídicas – um estudo crítico sobre diferentes modelos conceituais.

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No mês de abril de 2006 três policiais civis foram vítimas de um massacre onde os

autores foram um grupo de índios desaldeados que moravam às margens da rodovia MS-156 em

Dourados/MS, não foram respeitados o direito à vida dos policiais mortos, vez que não houve

confronto e três anos após, os mesmos índios envolvidos na morte dos policiais cometeram outro

crime e foram presos por furto e formação de quadrilha.

Na tarde de sábado em Dourados, dois policiais civis morreram e um terceiro saiu ferido, após eles terem sido vítimas de uma emboscada armada por um grupo de indígenas desaldeados, que moram em barracos de lonas montadas em um acampamento montado às margens da rodovia MS-156, a 18 quilômetros da cidade, no sentido ao Porto Cambira.12

Uma quadrilha formada por índios foi presa, na manhã de ontem, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido pela juíza Dileta Terezinha Souza Thomaz. A prisão aconteceu no acampamento indígena localizado às margens da MS-156, na região do Porto Cambira. Foram presos o cacique Carlito de Oliveira, de 76 anos, a esposa Plácida Benites, de 45 anos e os primos Estevo Duarte, de 25 anos e Nilson Duarte de 20 anos.13

Pensando na qualidade dos serviços e no respeito e dignidade com a pessoa, as

diversas instituições policiais no Brasil possuem sua corregedoria interna para apurar as falhas

cometidas por seus policiais, ou seja, quando um policial comete alguma falha ou ilicitude, a

apuração dos fatos fica a cargo da corregedoria interna de sua corporação, onde será instaurada

sindicância administrativa e caso se comprove o erro, o policial será punido, e essa punição

interna não impede a apreciação do fato pelo Poder Judiciário, podendo ainda gerar condenação

penal e/ou cível.

O controle externo das atividades do policial é facultado às ouvidorias. “A criação

das Ouvidorias de Polícia no Brasil é recente e representou um marco importante no controle

externo da atividade policial, abrindo caminho para a participação da sociedade civil, através de

instituições independentes da estrutura corporativa das polícias, na defesa da cidadania, quando

ameaçada pela conduta irregular ou ilegal de policiais...”14

1.1 USO LEGAL DA FORÇA

12 Jornal Diário MS. 4-polícia. Segunda-feira, 03 de abril de 2006. 13 Jornal O progresso. 4-polícia. Sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009. 14 LEMGRUBER, Julita. Quem vigia os vigias? – um estudo sobre o controle externo da polícia no Brasil. Rio de Janeiro:Record, 2003. p. 19

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Nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 24, legitima o uso da força nas

seguintes situações:

I – em estado de necessidade;

II – em legítima defesa;

III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

“Todo tipo de pessoa influencia o comportamento por causa de sua autoridade latente –

professores, pais, esposas, padres –, mas a polícia é a única autorizada a limitar a liberade

fisicamente.”15

No momento do confronto onde o uso letal da força é necessário, o policial estará se

valendo do uso legal da força que o estado lhe autoriza a utilizar, pois primeiramente trata-e de

legítima defesa e para sair vivo do entrevero é necessário utilizar munição de boa qualidade16

para conseguir neutralizar a ameaça o mais rapidamente possível17, reduzindo os efeitos

colaterais provenientes da troca de tiros.

Durante um confronto armado, existem diversas barreiras que serão utilizadas para a

proteção tanto do policial quanto pelo agressor, barreias como portas de madeira e de veículos,

vidros de janelas e de pára-brisa, portas de aço e outros e, diante a tais escudos, o policial precisa

utilizar uma munição com energia necessária para transfixar os obstáculos sem perder a trajetória

e neutralizar o agressor na sequência, evitando que o agressor efetue mais disparos que

eventualmente poderão atingir terceiras pessoas. Realidade vivida pelo policial operacional.

Certamente, nos embates com os sociopatas que a polícia persegue, os objetivos não serão logrados com carícias e gentilezas. Ninguém quer uma polícia frouxa. Daí, contudo, até a violência desnecessária, há uma larga distância, percebida facilmente pelos bons policiais, aqueles que se prezam e não se rebaixam ao nível do criminoso.Eles sabem que para efetuar uma prisão é necessário usar de toda energia, na maior parte das vezes. Mas também sabem bem a diferença entre esse

15 BAYLEY, David H. Padrões de Policiamento: Uma análise Internacional Comparativa; tradução de Renê Alexandre Belmonte. 2. Ed. São Paulo:Editora da Universidade de São Paulo, 2006. p. 122.

16 Revista Magnum. Ano 14. edição nº 89. p.60. A Companhia Brasileira de Cartuchos – CBC – desenvolveu a munição “copper bullets” para atender as diversas necessidades operacionais dos Agentes do FBI. Fabricada com projéteis monobloco de cobre que podem atravessar cinco chapas de aço sem perder a trajetória e continuar com energia necessária para neutralizar o agressor, além deste, realizaram diversos testes, tais como disparos em tecido grosso simulando agasalho utilizado no inverno, chapa de gesso, vidro de automóvel e outros, sendo os projéteis CBC aprovados pelo rigoroso programa de testes dos projéteis para uso operacional dos agentes, conhecido por “Protocolo FBI”. 17 Ver anexo 3. A munição de revólver calibre .38+P+Gold desenvolve apenas 58,692% da energia gerada por uma munição de pistola calibre .40 S&W +P Gold.

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profissionalismo e o deleite com o poder e a violência, característica não de verdadeiros policiais, mas de sádicos e psicopatas18

O uso da força pela polícia não se resume apenas na utilização da arma de fogo, o

fato de retirar a liberdade da pessoa, mesmo que provisória também é, e nesse contexto o uso de

algemas para conter ou conduzir suspeitos ou condenados é um exemplo nítido do emprego da

força.

A utilização de algemas é uma prática existente há centenas de anos e o atual modelo

de algemas que encontramos no mercado é fruto de uma evolução gradual que acompanhou o

desenvolvimento e descobertas feitas pelo homem, pois a princípio, o condenado era conduzido

tendo suas mãos amarradas por um pedaço de corda e posteriormente as algemas foram

confeccionadas em metal e de diversos tamanhos para se adequarem ao pulso dos condenados.

Na década de 1880, começaram a surgir algemas realmente ajustáveis, nos Estados Unidos.Seu funcionamento baseava-se numa catraca dentro do mecanismo e em dente num dos lados do semi-arco móvel, que imobilizava o pulso do detido.A catraca só operava para um lado, permitindo assim que o semi-arco fosse introduzido no mecanismo e prendendo cada dente sucessivamente, até se atingir um perfeito ajuste19

O policial no momento em que realiza uma prisão não está condenando ninguém,

sabemos que tal decisão é única do juiz de direito ao final do processo, respeitando todos os

meios de defesa admitidos em lei, porém a prisão deverá ser realizada da maneira mais segura

possível visando a proteção da vida do policial e do acusado.

Pulsos unidos devido a utilização de algemas é uma forma eficaz de conduzir com

segurança o suspeito, mas poderá gerar transtornos quando a imprensa divulga incessantemente a

imagem da pessoa detida algemada, podendo gerar a impressão que a polícia está conduzindo

uma pessoa condenada.20

O uso de armas não-letais, assim como as algemas, são formas de emprego da força

pelo agente estatal, “A privação da liberdade torna-se o principal meio punitivo de criminosos,

substituindo as formas de constrangimento físico prevalecentes até fins do século XVIII”21 e toda

forma de aplicação da força precisa ser com técnica e moderação para não incidir em excessos

18 BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos Humanos: Coisa de Polícia. Rio Grande do Sul: Berthier. 2003. p. 104.19 Manual Operacional do Policial Civil: doutrina, legislação e modelos. P. 195. Citado por apud. Herbella, Fernanda. Algemas e a Dignidade da Pessoa Humana. São Paulo: Lex Editora, 2008. p.2820 Constituição Federal do Brasil. Art. 5º, in verbis: (...) X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação.21 SAPORI, Luis Flávio. Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV, 2007. p. 32.

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desnecessários e todo excesso de força geralmente implica em resultados traumáticos, a exemplo,

segue algumas situações envolvendo a polícia e o mau emprego do uso da força:

Candelária: Em 23 de julho de 1993, um grupo de policiais militares abriu fogo contra mais de cinqüenta crianças e adolescentes que dormiam sob as marquises nas imediações da Igreja da Candelária. Oito morreram e dois ficaram gravemente feridos.

Vigário Geral: No dia 29 de agosto de 1993, 21 pessoas foram brutalmente assassinadas no episódio que ficou conhecido como a chacina de Vigário Geral. As investigações indicaram que os assassinos eram cerca de cinqüenta policiais militares e civis encapuzados, que mataram em represália pela morte de quatro policiais militares, atribuídas a traficantes do local.

Rio Sul: Após praticar um assalto, Cristiano Mesquita de Melo foi morto a tiros por um cabo da Polícia Militar quando já estava rendido e deitado no chão da área externa do shopping Center Rio-Sul, no Rio de Janeiro, em 4 de março de 1995. A execução foi filmada e transmitida por redes de televisão nacionais e internacionais.

Cidade de Deus: Na madrugada de 23 de março de 1997, um cinegrafista amador filmou uma sessão de espancamento no bairro Cidade de Deus. As imagens, exibidas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, mostravam 12 moradores encostados a um paredão, sendo agredidos e humilhados por seis policiais militares.

Ônibus 174: Em 12 de junho de 2000, o país assistiu ao vivo, pela televisão, ao seqüestro de um ônibus na Zona Sul do Rio de Janeiro, praticado por Sandro do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária. Depois de quatro horas Sandro se rendeu e desceu do ônibus com uma das reféns, Geisa Gonçalves, de 20 anos, sob a mira do revólver. Um policial do Bope atirou, errando o alvo e provocando a morte de Geisa. Sandro foi estrangulado por policiais dentro da viatura onde seria conduzido preso.

Borel: Em 16 de abril de 2003, quatro jovens – Thiago da Costa Correia da Silva, Carlos Magno de Oliveira Nascimento, Everson Gonçalves Silote e Carlos Alberto da Silva Pereira – foram mortos durante uma operação da Polícia Militar na comunidade do Borel, Rio de Janeiro. A PM alegou tratar-se de traficantes que haviam reagido à prisão, mas essa versão foi desmentida por moradores e por investigação realizada pela Polícia Federal.

Faculdade Estácio de Sá: Em 5 de maio de 2003, Luciana Gonçalves de Novaes, aluna de enfermagem da Universidade Estácio de Sá, foi atingida por uma bala perdida no campus da Universidade, no bairro do Rio Comprido. Luciana ficou tetraplégica em conseqüência do tiro, partido possivelmente da polícia.

Mangueira: Em 11 de maio de 2003, o tenente-coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, então comandante do 4º BPM (São Cristóvão), foi exonerado e detido por ter denunciado que o secretário estadual dos esportes, Francisco de Carvalho, pedira uma trégua no combate ao tráfico na Mangueira.

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Caso Sussuquinha: Em 29 de maio de 2003, o seqüestrador Cláudio Roberto Pacheco, vulgo Sussuquinha, fugiu pela prta da frente do Batalhão de Choque, no centro da cidade, onde estava preso.22

Situações desse porte envolvendo policiais são realmente desmerecedoras de

comentários extras, pois está claro que houve excesso de força e execuções o que deixa uma

péssima impressão à população, servindo para reforçar a idéia de que a população teme mais a

polícia do que bandidos.

“[...] Ora, a polícia não tem inimigos; ela deve combater infratores da lei e prevenir a

prática do crime. [...] É possível se ter uma polícia eficiente e ao mesmo tempo respeitadora dos

direitos humanos”23; realmente, a polícia precisa agir com a energia que a ocorrência exige mas

também deve observar os direitos e garantias da pessoa humana, presentes em nossa

Constituição, tais como a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade e à segurança.

Afinal, a sociedade espera que o estado forneça segurança para todos, e segurança

com qualidade, pois ela é um dever do estado para com todos seus cidadãos. A qualidade na

prestação dos serviços de segurança pelo estado é primordial, porque se não existir, empresas de

segurança particulares irão continuar se expandindo e a população irá cada vez mais se

enclausurando em suas próprias casas.

“O medo do crime está, ainda, transformando as cidades modernas em verdadeiras

prisões, contribuindo para uma importante deterioração das relações sociais e gerando um

considerável aumento de “polícias paralelas”, com o conseqüente perigo para uma sociedade

democrática.”24

2. ARMAS NÃO LETAIS

Arma é todo meio capaz de aumentar o poder ofensivo e defensivo de uma pessoa.

Há poucos anos o Brasil vem investindo na compra de armas não-letais de emprego individual e

coletivo para equipar suas polícias, a exemplo de outros países.

Podemos conceituar armas não letais como os meios empregados pelo policial para

dominar o agressor causando-lhe a mínima ou nenhuma lesão corporal, são armas que

22 RAMOS, Silvia. Op. Cit. p. 143.23 Jornal O Progresso. Dourados/MS. Segunda-feira, 08 de setembro de 1997, cidade p. 6.24 RICO, José Maria. Delito, Insegurança do cidadão e polícia: novas perspectivas/ José Maria Rico e Luis Salas; tradução, Mina Seinfeld De Carakushansky. Rio de Janeiro: Polícia Militar, 1992. p. 52.

15

Page 16: Joao_Carvalho_Soares

incapacitam temporariamente o agressor, pois o respeito à vida é primordial, sendo que a arma de

fogo deverá ser utilizada apenas quando não houver condições de resolver a situação de outra

forma.

Existe uma escala de comandos e ações que deverão ser seguidas pelo policial no

momento da abordagem de um agressor, onde este irá determinar o resultado final da abordagem.

Márcio Santiago Higashi Couto estabelece a seguinte ordem de ações utilizadas pelo

policial quando da efetiva aplicabilidade do uso progressivo da força:

1- Presença física. A simples presença do Policial uniformizado faz com que o infrator não ofereça resistência.2- Comandos verbais. O Policial mostra ao infrator que está em condições de empregar armas para quebrar a resistência, ficando em posição de utilizar a arma necessária, ao mesmo tempo em que ordena, com voz clara e firme, que o infrator se coloque em posição para ser revistado e/ou algemado.3- Uso de força física. Se a situação for favorável, ou seja, o infrator não estiver armado e/ou seu porte fisco for inferior aos dos Policiais, e estes estiverem em superioridade numérica e tiverem o treinamento apropriado em técnicas de defesa pessoal, pode-se tentar utilizar a força física para dominar o infrator. 4- Armas não-letais de contato indireto. São essas armas que evitam o contato físico imediato entre o Policial e o infrator, podendo ser utilizadas a alguns metros de distância. Exemplos: Espargidores de gás lacrimogêneo, tasers, granadas de efeito moral ou de agentes químicos, munições de impacto e munições de borracha.5- Armas não-letais de contato direto. São armas em que há necessidade de contato físico entre o Policial e o infrator, exigindo-se distâncias relativamente curtas para seu emprego. Exemplos: Tonfa, cassetete e bastão telescópico.6- Uso de Força Letal. Utilização de Arma de fogo. Nas situações em que não puderem ser utilizados os recursos anteriores ou, então, em que tais recursos foram empregados e não se obteve êxito, o Policial pode fazer uso de Arma de Fogo para fazer cessar uma agressão a si mesmo ou a outra pessoa.25

Em 1992 nos Estados Unidos, o Instituto de Treinamento Policial da Universidade de

Ilinois desenvolveu uma pirâmide de uso de força crescente, chamada de “Modelo de Uso de

Força” adotado nos cursos policiais. Este modelo envolve a percepção do policial quanto ao

agressor em cinco níveis: Submissão à ordem, resistência passiva, resistência ativa, agressão

física não letal, e agressão física letal. Para cada grau corresponde a ação de resposta do policial

contra o suspeito na mesma ordem: verbalização, contato físico, imobilização, força não-letal e

força letal26.

Do ponto de vista tecnológico, John B. Alexander, coronel da reserva do Exército

dos EUA, escreveu duas importantes obras sobre uma gama de armas não-letais, com emprego

em operações de força de paz e em ações policiais. Estas armas já são usadas por órgãos policiais

de vários países, principalmente em situações envolvendo: suspeitos armados; controle de

25 Revista Magnum. Ano 13. edição 73. p.28.26 LEÃO, Décio Jose Aguiar. Quando Atirar. O Conceito Americano do Uso da Força Letal. Unidade n. 45 – Janeiro/março 2001. Revista de Assuntos Técnicos de Polícia Militar. Citado por Apud. Disponível em http://www.dhnet.org.br/dados/manuais/dh/mundo/rover/c5.htm. Acesso em 15 de abril de 2009.

16

Page 17: Joao_Carvalho_Soares

manifestações; rebeliões prisionais; suspeitos entrincheirados; prisões de alto risco; libertação de

reféns, combate às drogas, e também “suicídio-via-policial”, quando o suspeito deseja morrer,

mas quer que isso aconteça pelas mãos do policial. Existem várias opções em conceitos e

aplicações tecnológicas em armas não-letais:

O Laser Atordoante utiliza luzes brilhantes que ofuscam a visão temporariamente

na direção geral do laser iluminado. A aplicação original visa perturbar e desorientar suspeitos a

cerca de 17 metros. O equipamento ainda está restrito ao uso militar.

O Feixe de Energia Direcionada atua por ondas que causam dor no suspeito. O uso

é muito polêmico devido ao feixe de radiofreqüência causar o aquecimento da área em

exposição.

A Arma Eletrônica de Atordoamento (TASER) projetada em 1960 e empregada

pelo Departamento de Polícia de Los Angeles desde 1980, incapacita pelo descontrole

eletromuscular por meio de lançamento de dardos conectados a fiação da arma de ar

comprimido. Esta arma é utilizada em vários departamentos de polícia. Um microchip registra

todas as ocasiões em que a arma é testada ou disparada, evitando, assim, o uso criminoso.

Os Lançadores de Bean Bag (saco de feijão) utilizam armas como calibre 12,

dispara pequenos pacotes de malha com carga de projeção dentro. Possui baixa energia cinética

que tende a causar ferimento não-letal.

Os Sistemas PepperBall são armas de gás comprimido que arremessam projéteis

fragmentáveis de plástico, do tamanho de uma bola de gude, carregados de gás de pimenta,

atingem o alvo até 10 metros. Além do impacto de baixa energia cinética, libera pó químico que

produz uma pequena nuvem de poeira fortemente irritante.

Os Sistemas Acústicos visam assustar, irritar e surpreender um sujeito-alvo

provocando alguma dor no sistema auditivo e causando vibração física. As freqüências operam

em infra-som, som audível e ultra-som.”27

Projétil singular de borracha – usado para conter tumultos violentos em

manifestações ou rebeliões pois desenvolve grande velocidade ao ser disparado. Seu formato é

idêntico a uma munição verdadeira, apenas seu projétil é de borracha, porém se atingir partes

sensíveis do corpo como a cabeça ou garganta, poderá causar ferimentos graves.

Cartucho anti-motim – disparados por espingardas de calibre 12, o cartucho é

carregado com diversos bagos de plástico que pesam aproximadamente cinco vezes menos que

os bagos da munição tipo SG que possui nove bagos de chumbo, e ao ser disparado desenvolve

27 ALEXANDER, John B. Armas Não-Letais – Alternativas para os Conflitos do Século XXI. Traduzido por Jose Magalhães de Souza. Editora Welser-Itage, Rio de Janeiro: 2003. Citado por apud. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/artigos/uso-nao-letal-da-forca-na-acao-policial. acesso em 30-11-2009.

17

Page 18: Joao_Carvalho_Soares

energia reduzida28 para não provocar morte no agressor, também é utilizado na contenção de

tumultos.

Gás lacrimogêneo – utilizado para dispersar multidões e também em operações de

resgate, possuem a forma de uma granada e pode ser lançada manualmente ou disparada por uma

arma própria.

Spray de pimenta – causa forte irritação nos olhos e nas vias respiratórias, é

utilizado de forma individual, quando o recipiente é pequeno e de fácil portabilidade, ou de

emprego coletivo, quando o recipiente de spray é maior e possuindo peso de 600 gramas e seu

jato atinge distância de até cinco metros.

Taser – pode ter aparência de uma pistola e quando acionado, o gatilho ativa um

sistema de ar comprimido que lança dardos eletrificados em direção ao alvo e fios unem os

dardos à arma e é capaz de incapacitar o agressor por cerca de quinze minutos. O taser possui

cargas descartáveis e seus fios podem ser de diferentes comprimentos.

Bastão de choque – é utilizado como arma de defesa pessoal e emite descargas

elétricas de até 50.000 volts com uma amperagem bem baixa par não provocar a morte do

agressor.

Cassetete – é a arma não-letal mais antiga e de maior utilização pelos policiais por

ser de fácil confecção, podendo ser fabricada em madeira onde o custo é reduzido, ou adquirida

em fibra de carbono. “De fato, atribui-se a Place a criação do cassetete de polícia que substituiu o

sabre dos soldados da cavalaria”29

Tonfa – originária do Japão, o policial poderá utilizá-la ofensivamente com

estocadas e golpes imitando cortes com espada e golpes de giro, quando é segura pelo seu punho

perpendicular. É uma arma não-letal mais eficiente que o cassetete devido sua maior capacidade

defensiva ao aparar golpes desferidos pelo agressor.

Armas não-letais não têm o papel se substituir totalmente as armas letais, mas sua

principal finalidade é permitir o uso da força em uma escalada sem produzir mortes, mas ficando

claro para o agressor que o policial irá utilizar a força que for necessária para resolver a situação,

incluindo aí a força letal.

28 Ver anexo 4. Tabela demonstrando a energia desenvolvida por algumas configurações de munições utilizadas em espingardas de calibre 12.29 RADZINOWICZ, Leon. 1957. A History of English Criminal Law and its Administration Since 1750. 4 vols. New York, Macmillan. Citado por apud. Bayley, David H. Padrões de Policiamento: Uma análise Internacional Comparativa; tradução de Renê Alexandre Belmonte. 2. Ed. São Paulo:Editora da Universidade de São Paulo, 2006. p.113.

18

Page 19: Joao_Carvalho_Soares

3. ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO

Nesta parte da pesquisa analisaremos individualmente cada resposta obtida através da

aplicação de um questionário a 44 policiais civis, representando 93,61% de um universo de 47

policiais lotados aplicado nas delegacias das cidades de Fátima do Sul, Vicentina, Jateí, Glória de

Dourados e Deodápolis.

O questionário foi aplicado diretamente aos policiais entrevistados durante o mês de

outubro de 2009, sendo necessário a utilização de veículo próprio para o deslocamento até as

delegacias onde estavam lotados os policiais entrevistados.

Figura 1. Idade dos policiais civis entrevistados.

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%

entre 20 e 30anos

entre 31 e 40anos

entre 41 e 50anos

entre 51 e 60anos

Questão 1

Esta questão foi formulada com o intuito de descobrir a fixa etária média dos policiais que

trabalham nas delegacias subordinadas à Delegacia Regional de Polícia Civil de Fátima do Sul,

sendo que policiais com pouca idade e idade a ima de 51 anos estão posicionados nos extremos

do gráfico, sendo a minoria dos policiais ativos estando na faixa etária entre 31 e 50 anos de

idade.

Figura 2. Sexo dos entrevistados.

19

Page 20: Joao_Carvalho_Soares

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

masculino feminino

Questão 2

O gráfico n. 2 demonstra que aproximadamente 80 % dos policiais civis são do sexo masculino.

Embora não haja nenhuma restrição quanto do ingresso de mulheres nos quadros da polícia civil,

são poucas que escolhem a profissão policial para seguir carreira.

Figura 3. Há quantos anos trabalha na Polícia Civil, seja subordinado à D.G.P.C. ou à

Coordenadoria de Perícia?

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

até 1 ano de 1 a 6 anos de 6 a 11 anos mais de 11 anos

Questão 3

A questão n. 3 foi elaborada com o intuito de visualizar estatisticamente o empenho do estado em

realizar concursos públicos para a polícia civil, o que visualizamos neste gráfico é que policiais

ativos de carreira até onze anos de serviço são a maioria, deixando claro que nos últimos anos

houve vários concursos públicos para o ingresso na polícia civil de MS, demonstrando

claramente as boas intenções do estado em melhor estruturar as delegacias com material humano

20

Page 21: Joao_Carvalho_Soares

e, na sequência, tivemos muitas melhorias referente à qualificação profissional, viaturas e

armamentos melhores.

Figura 4. Durante o curso de formação na Academia de Polícia você recebeu treinamento com

armas não letais, a exemplo: armas de choque, cassetete, gás de pimenta, munições não letais e

outros?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

treinados não treinados econhece as armas

não treinados e nãoconhece as armas

Questão 4

O gráfico bem demonstra que a maioria dos policiais entrevistados não receberem treinamento

com armas não letais e, inclusive, não tiveram a oportunidade de conhecê-las visualmente

durante o curso de formação na academia.

Figura 5. Durante o curso de formação, ao menos de forma teórica, você recebeu instruções de

como manusear corretamente armas não letais e/ou de baixa letalidade?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

sim não

Questão 5

A maioria dos policiais entrevistados afirmaram que não receberam instruções teóricas de

manuseio de armas não letais e/ou de baixa letalidade. Importante lembrar que munições não

21

Page 22: Joao_Carvalho_Soares

letais como as munições de borracha que utiliza projétil singular de calibre 12, embora elencadas

como munições de baixa letalidade, o perigo de morte existe caso atinja partes vitais do corpo

humano a curta distância.

Figura 6. Já participou de alguma diligência onde você ou outro policial que o acompanhava fez

uso da força para conter e conduzir um agressor para a Delegacia?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

sim não trabalhoadministrativo

Questão 6

O uso da força para conter um agressor ou pessoa nervosa que se recusa em ir para a delegacia

responder pelos seus atos praticados é comum, especialmente durante os turnos de plantões nas

delegacias, o gráfico demonstra a real situação enfrentada pelo policial durante seu turno de

serviço e, indiscutivelmente, o uso de armamento não letal para conter o agressor sem causar-lhe

ferimentos demonstra profissionalismo e respeito à vida e integridade física de terceiros.

Figura 7. O cassetete é uma arma não letal comum de ser encontrada nas delegacias e viaturas

policiais por ser de fácil confecção e baixo custo, podendo inclusive ser confeccionada

22

Page 23: Joao_Carvalho_Soares

artesanalmente pelo próprio usuário. Além do cassetete, existe alguma outra arma não letal

disponibilizada pelo estado na delegacia onde trabalha?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

sim não

Questão 7

Não existem armas não letais nas delegacias subordinadas à delegacia regional de polícia civil de

Fátima do Sul, esta é a situação atual relatada por 100% dos policiais entrevistados.

Figura 8. Você possui algum tipo de arma não letal?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

possui porque comprou não possui

Questão 8

A maioria dos policiais não possuem armas não letais, apenas dois policiais entrevistados

afirmaram possuir armas não letais porque as compraram, sendo que ambos possuem arma que

produz choque e um deles também possui spray pimenta de emprego individual.

23

Page 24: Joao_Carvalho_Soares

Figura 9. Você concorda que o uso progressivo da força é uma filosofia difundida em todo o

mundo e realmente é uma prática voltada para a preservação do respeito e dignidade da pessoa

humana, onde o uso letal da força será sempre o último recurso a ser aplicado.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

concorda não concorda

Questão 9

Uso progressivo da força é, sem dúvida, uma forma de respeito à dignidade da pessoa humana e

integralmente todos os policiais concordam com esta filosofia e todos farão uso da arma de fogo

para intervenção letal apenas como último recurso.

Figura 10. Na delegacia onde você trabalha existe policiais que trabalham em regime de

plantão?

24

Page 25: Joao_Carvalho_Soares

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

sim não

Questão 10

Exceto na Delegacia Regional e na Delegacia da Mulher em Fátima do Sul não possuem turno de

plantão, todas as outras delegacias possuem escalas de plantão de 24 horas de serviço e na

maioria delas existem internos nas celas e pessoas cumprindo prisão em regime semi-aberto.

Figura 10.1. Em caso positivo, o turno de plantão no período noturno é realizado por quantos

policiais?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

01 policial 02 policiais 03 policiais mais de 03policiais

semresposta

Questão 10.1

O gráfico demonstra que aproximou-se de 100% dos entrevistados afirmam que apenas um

policial é responsável pela guarda do prédio e apreensões, incluindo armas e drogas apreendidas,

inquéritos existentes nos cartórios, custodia de internos cumprindo pena em regime fechado e

semi-aberto, registro de boletins de ocorrência e atendimentos diversos.

Apenas um policial informou que na delegacia onde trabalha mais de três policiais trabalham

durante um turno de plantão, o que foi um equivoco no momento de responder o questionário,

25

Page 26: Joao_Carvalho_Soares

pois o informado não confere com a realidade, vez que nas delegacias subordinadas à Fátima do

Sul não existe efetivo suficiente para que três policiais trabalhem durante um turno de plantão de

24 horas de serviço ininterrupto com 48 horas de folga, sujeito a chamados a qualquer momento.

Figura 11. Considerando as condições adversas e inusitadas que você sempre estará propenso a

defrontar-se quando em serviço onde sua vida está em risco, quais das hipóteses abaixo você

utilizaria para resolver o problema/ocorrência.

Questão11

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%

Utilizaria armas não letais fornecidaspelo estado

utilizaria armas não letais adquiridascom recursos próprios

Utilizaria a arma de fogo

A maioria dos policiais entrevistados afirmaram que utilizariam sua arma de fogo para proteger

sua vida devido ao fato de não existirem armas não letais na delegacia onde trabalham. Quatro

policiais não utilizariam sua arma de fogo para resolver o problema, utilizariam armas não letais

que compraram com seus próprios recursos, embora o gráfico n. 8 indique que apenas dois

policias possuem armas não letais porque as adquiriram com seus próprios recursos, o que nos

leva a concluir que houve falha de interpretação da pergunta por alguns dos policiais

entrevistados.

Novamente podemos concluir neste gráfico que houve outro equívoco, três policiais

responderam que utilizaria armas não letais fornecidas pelo estado para resolver o problema do

qual estaria envolvido, apesar de 100% dos entrevistados afirmarem que não existem armas não

letais fornecidas pelo estado, afirmação exposta no gráfico n. 7.

26

Page 27: Joao_Carvalho_Soares

Figura 12. Qual a distância letal máxima da munição calibre .38 SPL disparada por um revólver

com cano de tamanho médio?

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

130 a 220 metros 221 a 300 metros 301 a 375 metros desconhece

Questão 12

A distância letal máxima é de 375 metros quando se efetua um disparo com um revólver

calibre .38 SPL de cano médio, o que bem demonstra que a tomada de decisão em disparar um

revólver deve ser bem criteriosa, exigindo perícia do atirador, pois caso não acerte o alvo

determinado, o projétil disparado poderá atingir e matar uma pessoa a aproximadamente quatro

quarteirões de distância, sendo esta distância letal máxima desconhecida pela maioria dos

policiais entrevistados.

Figura 13. Qual a distância letal máxima da munição calibre .40 S&W disparada por uma pistola

com cano de tamanho médio?

27

Page 28: Joao_Carvalho_Soares

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

370 a 480 metros 481 a 600 metros 601 a 720 metros desconheço

Questão 13

Considerando que a munição calibre .40 S&W utiliza mais pólvora que a munição .

38 SPL de revólver e o mecanismo da pistola trabalha fechado, a distância letal máxima para a

munição .40 S&W é de 720 metros, distância impressionante para uma arma curta de emprego

individual e, a exemplo da questão anterior, a maioria dos entrevistados desconhecem a distância

máxima letal da munição calibre .40S&W.

28

Page 29: Joao_Carvalho_Soares

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O treinamento constante de técnicas de imobilização deveria ser obrigatório para os

integrantes das forças policiais, vez que nada adianta portar espargidor de gás-pimenta, cassetete

retrátil, ser bom de tiro e não conseguir algemar o agressor ou conduzi-lo para a viatura sem

causar-lhe lesões.

Para a correta utilização de armas não-letais é preciso que o policial esteja em

perfeitas condições de saúde, tanto físicas quanto psicológicas para que suas intenções não

transformem uma arma não-letal em instrumento de tortura.

A utilização de armas consideradas não-letais exige treinamento intensivo do

operador, pois o cassetete, a munição com projétil de borracha e os diversos tipos de gás podem

causar lesões graves e até a morte caso sejam mal empregados e, dessa forma, desvirtuaria por

completo o princípio de utilização de tais armas que existem para evitar que se percam vidas em

respeito à dignidade da condição humana.

O policial no momento da abordagem deverá utilizar da força suficiente e

estritamente necessária para dominar e conduzir o agressor porém, os policiais precisam fazer

uso de técnicas de abordagem de acordo com cada comunidade em que irá atuar, considerando

que bairros da periferia dos grandes centros são os que mais geram ocorrência o que demanda

mais cautela durante a patrulha e abordagem.

Todos os policiais entrevistados durante a pesquisa de campo foram unânimes em

afirmar que a prática do uso progressivo da força é o caminho necessário para se garantir o

respeito à vida e a integridade física da pessoa no momento do atendimento da ocorrência, mas a

29

Page 30: Joao_Carvalho_Soares

força sempre será usada no limite necessário, inclusive a força letal, caso seja a única maneira de

parar o agressor.

A utilização de armas não letais reconhecidamente é a forma mais eficaz de se

utilizar força policial sem excessos mas conforme pesquisa realizada, não existe nenhuma arma

não-letal fornecida pelo estado em nenhuma das delegacias pertencentes à Delegacia Regional de

Fátima do Sul. Somente dois policiais possuem espargidores de gás pimenta e choque porque os

adquiriram com seus próprios recursos e os outros policiais certamente farão uso do cassetete e

de sua arma de fogo, quando necessário.

A polícia deve sempre buscar maneiras alternativas de solucionar conflitos sem

preciso utilizar arma de fogo, e felizmente nosso governo está ciente dessa necessidade e está,

dentro do possível, comprando e equipando os policiais do Mato Grosso do Sul com armas não-

letais, sem esquecer da qualificação do material humano pois constantemente a população exige

que a polícia esteja mais presente e que seja mais eficiente na solução de conflitos.

Para ser realmente eficiente, se deve ter uma preocupação constante com o policial, o

equipamento e seu treinamento, pois eficiência é uma característica administrativa de cada

instituição policial, cada instituição possui uma visão do que é importante para que o serviço seja

reconhecido por toda a sociedade, ou seja, o policiamento ostensivo é uma característica policial

militar, onde a eficiência está no ato de se evitar crimes; para a polícia civil, ser eficiente é

conseguir elucidar a maior parte dos crimes registrados; dessa forma, poderemos dizer que

eficiência é subjetiva, dependente exclusivamente do ponto de vista de quem está analisando.

Os policiais civis lotados nas delegacias subordinadas à Delegacia Regional de

Fátima do Sul estão conscientes que a utilização de armas não-letais durante o trabalho policial é,

em dúvida, a melhor maneira de oferecer um bom atendimento respeitando os direitos

individuais de todos.

30

Page 31: Joao_Carvalho_Soares

REFERÊNCIAS

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BARCELLOS, Caco. Rota 66 : A História da Polícia que Mata. 23.ed. São Paulo: Globo, 1994.

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COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 5 ed. São Paulo:Saraiva, 2007.

Constituição Federal do Brasil, 1988.

HERBELLA, Fernanda. Algemas e a Dignidade da Pessoa Humana. São Paulo: Lex Editora, 2008.

http://www.dhnet.org.br/dados/manuais/dh/mundo/rover/c5.htm. Acesso em 15 de abr 2009.http://www.forumseguranca.org.br/artigos/uso-nao-letal-da-forca-na-acao-policial. acesso em 30-11-2009.

Jornal Diário MS. 4-polícia. Segunda-feira, 03 de abril de 2006.

Jornal O Progresso. Segunda-feira, 08 de setembro de 1997.

31

Page 32: Joao_Carvalho_Soares

Jornal O progresso. 4-polícia. Sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009.

LEMGRUBER, Julita. Quem Vigia os Vigias? – um estudo sobre controle externo da polícia no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2003.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direitos Humanos e Cidadania. Campinas: Minelli, 2002.

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: doutrina e jurisprudênica. São Paulo: Saraiva, 2002.

RAMOS, Silvia e Leonarda Musumeci. Elemento Suspeito. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

Revista Internacional de Direitos Humanos. Ano 5. nº 9. São Paulo, dezembro de 2008, p. 95. Costa, Fernanda Doz. Pobreza e Direitos Humanos: da mera retórica às obrigações jurídicas – um estado crítico sobre diferentes modelos conceituais.

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Revista Magnum. Ano 11. edição nº 63. p. 57.

Revista Magnum. Ano 13. edição nº 73. p. 28.

Revista Magnum. Ano.14. edição nº 86. p. 61.

Revista Magnum. Ano 14. edição nº 89. p. 60.

RICO, José Maria. Delito, insegurança do cidadão e polícia: novas perspectivas/ José Maria Rico e Luis Salas; tradução, Mina Seinfeld De Carakushansky. Rio de Janeiro: Polícia Militar, 1992.

SAPORI, Luís Flávio. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

32

Page 33: Joao_Carvalho_Soares

ANEXOS

33

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Anexo 1. Questionário da pesquisa de campo aplicado aos policiais lotados nas delegacias subordinadas à Delegacia Regional de Polícia Civil de Fátima do Sul.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADANIA

O presente questionário é parte integrante do trabalho de conclusão do curso de pós-

graduação em Segurança Pública e Cidadania oferecido pela Faculdade de Direito da UFGD em

convênio com o Ministério da Justiça/SENASP.

O foco principal da pesquisa é conhecer a opinião dos profissionais de segurança

pública lotados nas unidades subordinadas à Delegacia Regional de Polícia Civil de Fátima do

Sul a respeito da aplicabilidade progressiva da força e sua eficácia durante o momento da

abordagem policial, sendo indispensável que cada entrevistado considere o ambiente de trabalho

no qual está lotado no momento. A identificação não é relevante, apenas a sinceridade de suas

respostas é que serão objeto de estudo.

1) Idade: _________________

2) sexo:( ) masculino( ) feminino 3) Há quantos anos trabalha na Polícia Civil, seja subordinado à D.G.P.C. ou à Coordenadoria de Perícia.( ) menos de um ano ( ) mais de um e menos de seis anos( ) mais de seis e menos de onze anos

34

Page 35: Joao_Carvalho_Soares

( ) mais de onze anos

4) Durante o curso de formação na Academia de Polícia você recebeu treinamento com armas não letais, a exemplo: armas de choque, cassetete, gás de pimenta, munições não letais e outros?( ) sim, recebi treinamento com armas não letais( ) não recebi treinamento, mas nos apresentaram tais armas( ) não recebi treinamento e não nos apresentaram tais armas 5) Durante o curso de formação, ao menos de forma teórica, você recebeu instruções de como manusear corretamente armas não letais e/ou de baixa letalidade?( ) sim ( ) nãoSe sim, você acha que foi suficiente?__________________________________________

6) Já participou de alguma diligência onde você ou outro policial que o acompanhava fez uso da força para conter e conduzir um agressor para à Delegacia?( ) sim ( ) não ( ) nunca participei de diligências pois trabalho administrativamente.

7) O cassetete é uma arma não letal comum de ser encontrada nas delegacias e viaturas policiais por ser de fácil confecção e baixo custo, podendo inclusive ser confeccionada artesanalmente pelo próprio usuário. Além do cassetete, existe alguma outra arma não letal disponibilizada pelo estado na delegacia onde trabalha?( ) sim, na delegacia onde trabalho existe armas não letais disponibilizadas pelo EstadoCite: ______________________________________________________________( ) não, na delegacia onde trabalho não existe armas não letais

8) Você possui algum tipo de arma não letal?( ) sim, tenho arma não letal porque a compreiQual?_____________________________________________________________( ) não, não tenho arma não letal

9) Você concorda que o uso progressivo da força é uma filosofia difundida em todo o mundo e realmente é uma prática voltada para a preservação do respeito e dignidade da pessoa humana, onde o uso letal da força será sempre o último recurso a ser aplicado. ( ) concordo ( ) não concordoSe não concorda, justifique: ___________________________________________________________________________________________________________________________

10) Na delegacia onde você trabalha existe policiais que trabalham em regime de plantão?( ) sim ( ) não

Em caso positivo, o turno de plantão no período noturno é realizado por quantos policiais?( ) apenas um policial ( ) dois policiais ( ) três policiais ( ) mais de três policiais

11) Considerando as condições adversas e inusitadas que você sempre estará propenso a defrontar-se quando em serviço onde sua vida está em risco, quais das hipóteses abaixo você utilizaria para resolver o problema/ocorrência.

( ) aplicaria técnicas de uso progressivo da força e utilizaria armas não letais existentes na delegacia que foram disponibilizadas pelo estado. ( ) aplicaria teorias de técnicas de uso progressivo da força e utilizaria arma não letal que adquiri com meus próprios recursos.

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( ) utilizaria minha arma de fogo para dominar a situação já que não possuo armas não letais e/ou de baixa letalidade.

12) Qual a distância letal máxima da munição calibre .38 SPL disparada por um revólver com cano de tamanho médio?( ) 130 a 220 metros( ) 221 a 300 metros( ) 301 a 375 metros( ) desconheço

13) Qual a distância letal máxima da munição calibre .40 S&W disparada por uma pistola com cano de tamanho médio?( ) 370 a 480 metros ( ) 481 a 600 metros( ) 600 a 720 metros ( ) desconheço

Anexo 2. Tabela demonstrando o alcance letal de diversas munições comerciais

CalibreProjétil Boca

Alcance Letal Emin

100 lb-pé

Alcance Útil Alvo 30” Cano

Polegadas“grains” Tipo V

(pés/s)E

(lb-pé)m m E

(lb-pé).25 Auto 50 ETOG 760 64 Boca 105 46 2.32 Auto 71 ETOG 905 129 110 125 96 4.32 S&W L 98 CHOG 705 108 35 100 87 4.30 Luger 93 ETOG 1.220 307 500 160 185 4 1/2.380 Auto 95 ETOG 955 192 175 127 118 3 ¾.38 SPL 158 CHOG 755 200 375 108 163 4 V.357 Magnum 158 SEPO 1.235 535 700 160 297 4 V

9mm Luger 124 ETOG 1.110 339 640 149 227 4.38 Super + P 130 ETOG 1.215 426 660 160 250 5.40 S&W 180 ETOG 990 392 720 135 286 4.44 Rem Mag. 240 SEPO 1.180 742 1.080 155 466 4 V.45 Auto 230 ETOG 835 357 740 115 245 5.223 Rem 55 ETOG 3.240 1.282 720 247 x 57 mm 145 SEPO 2.690 2.330 2.300 24.30 M1 110 ETOG 1.990 967 850 207,62 x 39 mm 122 ETOG 2.350 1.496 1.600 24.308 Win. 150 ETOG 2.822 2.653 2.100 24.30-06 150 SEPO 2.910 2.821 2.120 24.375 H&H Mag 300 SEPO 2.530 4.265 >2.500 24.460 Weatherby 500 ETOG 2.700 8.096 >2.500 24.22 LR Standard 40 CHOG 1.150 117 40 155 24 24

.22 LR Hyper 33 CHPO 1.500 165 65 171 61 24

V= Provete Ventilado

Fonte: Revista Magnum. ano 11. edição n. 63, p. 57

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Anexo 3. Tabela demonstrando a energia desenvolvida por algumas munições comerciais utilizadas em armas curtas

Calibre Arma R/P Projétil Velocidade na boca Energia na boca Cano/pol. "grains" pés/s m/s libras-pés joules.500 Linebaugh R - 7 1/2 400 1,400 427 1,740 2,359.50 Action Express P - 10 300 1,632 497 1,792 2,430.480 Ruger R - 7 1/2 325 1,350 411 1,315 1,783.475 Linebaugh R - 7 1/2 440 1,417 432 1,965 2,665.475 Linebaugh R - 7 1/2 400 1,350 411 1,620 2,197.454 Casull R - 7 1/2 260 1,855 565 2,140 2,902.454 Casull R - 7 1/2 300 1,640 500 1,790 2,427.45 Win. Magnum P - 5 260 1,200 366 832 1,128.45 Colt (Cowboy) R - 4 1/2 255 725 221 298 404.45 Auto P - 5 230 830 255 352 477.45 Auto + P Gold P - 5 185 1,132 345 525 712.45 AR R - 6 230 804 245 318 431.445 Super Magnum R - 8 250 1,495 456 1,240 1,681.445 Super Magnum R - 8 300 1,300 396 1,125 1,526.44 Rem. Magnum R - 7 1/2 300 1,150 351 881 1,195.44 Rem. Magnum R - 7 1/2 240 1,350 411 971 1,317.44 Auto Mag P - 6 1/2 240 1,275 389 870 1,180.44 Special R - 6 246 755 230 310 420.44-40 Win (Cowboy) R - 4 1/2 205 725 221 240 325.41 Rem. Magnum R - 7 1/2 250 1,250 381 865 1,173.41 Rem. Magnum R - 6 210 1,300 396 790 1,071.401 Herter R - 6 200 1,280 390 734 995.41 Action Express P - 5 200 1,000 305 448 607.400 Cor Bom P - 5 135 1,450 442 630 854.400 Cor Bom P - 5 165 1,300 396 619 839.40 S&W + P Gold P - 4 155 1,194 364 489 66510mm P - 5 180 1,030 314 425 576.38 Spl + P R - 4 158 879 268 271 368.38 Spl + P + Gold R - 4 125 1,017 310 287 389.357 Maximum R - 10 1/2 158 1,825 556 1,168 1,584.357/44 Bain & Davis R - 10 158 2,045 623 1,467 1,989

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.357 Magnum R - 7 1/2 180 1,250 381 625 848

.357 Magnum R - 4 158 1,240 378 535 725

.357 Magnum R - 4 125 1,450 442 583 791

.357 SIG P - 4 125 1,350 411 506 686

.38 Super + P P - 5 130 1,200 366 415 5639 X 23 mm P - 5 125 1,450 442 583 7919mm Luger P - 4 124 1,089 332 327 4439mm Luger+ P+Gold P - 4 115 1,329 405 450 610.380 Auto P - 3 3/4 95 955 290 190 259.380 Auto +P Gold P - 3 3/4 85 1,082 330 220 300.32 Auto P - 4 71 905 276 129 175.32 H&R Magnum R - 4 1/2 95 1,030 314 225 305.25 Auto P - 2 50 232 761 64 87.22 WMR R - 6 40 1,425 434 180 244.22 LR Standard R - 6 40 1,060 323 98 133Fonte: Revista Magnum. ano 14. edição n. 86, p.61Anexo 4. Tabela balística demonstrando a energia desenvolvida por algumas configurações de munições utilizadas em espingardas de calibre 12.

Tipo Peso (g) Vel. Boca (m/s) Energia naboca (lb-pé)

Provete (cm)

Balote 24,8 1.378 1.613 76.2SG 32,0 1.312 1.888 76.2Anti-Motim 6,6 1.575 561 76.2

Fonte: Revista Magnum. Ano 09. edição 53. p. 18.

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