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IX Seminario Internacional de la RII Baha Blanca, 16 al 19 de mayo de 2006. Grupo temÆtico 4: Globalizacin y Expansin Metropolitana Ttulo do trabalho: Jogos Pan-americanos para um Rio Global Autor: Tamara Tania Cohen Egler Titulaªo: Doutor em Sociologia pela Universidade de Sªo Paulo Filiaªo Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional / Universidade Federal do Rio de Janeiro E-mail: [email protected] Resumo Para entender a estratØgia do processo de globalizaªo sobre as polticas urbanas o presente estudo se propıem a examinar a reforma urbana que esta acontecendo na cidade do Rio de Janeiro para abrigar os Jogos Pan-americanos. O essencial do estudo Ø demonstrar como essa poltica esta focada na criaªo de um espao simblico, formado por um cenÆrio para criar uma subjetividade coletiva, que valorize a produªo de uma imagem de grandiosidade associada aos jogos e ao corpo e que tem por objetivo atrair uma multidªo de turistas para participar da grande festa olmpica. O objetivo Ø tornar claro como essa estratØgia responde pelos interesses das corporaıes globais associadas aos governos locais . Foi possvel demonstrar os reais interesses que perpassam o capital global e demonstrar como a produªo do espao simblico Ø efŒmera depois da festa a mascara cai e nªo resta nada para a realidade da vida e das pessoas no mundo social de verdade. Jogos Pan-americanos para um Rio Global Tamara Tania Cohen Egler Transformar o Rio de Janeiro numa cidade do circuito global Ø uma proposta que pode ser lida num conjunto das polticas urbanas para a cidade do Rio de Janeiro, a partir do incio da dØcada de 90 desde os projetos Rio-cidade, Favela-bairro, a competiªo da cidade para a sua participaªo nas Olimpadas, o projeto de revitalizaªo da Zona PortuÆria e, agora ,os jogos Pan-americanos.

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IX Seminario Internacional de la RII Bahía Blanca, 16 al 19 de mayo de 2006. Grupo temático 4: Globalización y Expansión Metropolitana Título do trabalho: Jogos Pan-americanos para um Rio Global Autor: Tamara Tania Cohen Egler Titulação: Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo Filiação Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional / Universidade Federal do Rio de Janeiro E-mail: [email protected] Resumo Para entender a estratégia do processo de globalização sobre as políticas urbanas o presente estudo se propõem a examinar a reforma urbana que esta acontecendo na cidade do Rio de Janeiro para abrigar os Jogos Pan-americanos. O essencial do estudo é demonstrar como essa política esta focada na criação de um espaço simbólico, formado por um cenário para criar uma subjetividade coletiva, que valorize a produção de uma imagem de grandiosidade associada aos jogos e ao corpo e que tem por objetivo atrair uma multidão de turistas para participar da grande festa olímpica. O objetivo é tornar claro como essa estratégia responde pelos interesses das corporações globais associadas aos governos locais . Foi possível demonstrar os reais interesses que perpassam o capital global e demonstrar como a produção do espaço simbólico é efêmera depois da festa a mascara cai e não resta nada para a realidade da vida e das pessoas no mundo social de verdade. Jogos Pan-americanos para um Rio Global Tamara Tania Cohen Egler Transformar o Rio de Janeiro numa cidade do circuito global é uma proposta que pode ser lida num conjunto das políticas urbanas para a cidade do Rio de Janeiro, a partir do início da década de 90 � desde os projetos Rio-cidade, Favela-bairro, a competição da cidade para a sua participação nas Olimpíadas, o projeto de revitalização da Zona Portuária e, agora ,os jogos Pan-americanos.

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É um longo processo de ação política que vai se constituindo a partir de uma estratégia de que percebe, na articulação global, possibilidades de ganhos econômicos dado pla conexão da cidade ao sistema de turismo internacional. Trata-se de um megaprojeto de política urbana que está associado à tentativa de transformar a cidade num pólo de atração do sistema de produção global de bens de consumo simbólicos. Por essa razão, as políticas urbanas ocupam um lugar primordial no processo de dominação global. O objetivo do nosso estudo é analisar esse processo no Rio de Janeiro, particularmente na política urbana dos jogos Pan-americanos. A tentativa de sediar as Olimpíadas já pode ser lida como um movimento nessa direção, quando o Comitê Olímpico Internacional considerou que a cidade do Rio de Janeiro não dispunha de infra-estrutura compatível com a magnitude dos processos que seriam desencadeados com a instalação dos jogos Olímpicos na cidade. A partir dessa negativa, o Comitê Olímpico Brasileiro, associado à prefeitura, monta um projeto de intervenção para produzir na cidade as condições necessárias às exigências colocadas pelos órgãos internacionais para sediar os jogos. Essa política não é nova , o projeto de renovação da Zona Portuária foi uma das tentativas de criar um espaço de renovação da cidade, capaz de transformar a área depauperada do Porto do Rio de Janeiro, num espaço para atividades globais, quando os projetos faraônicos propostos tinham por objetivo transformar o uso social do espaço em beneficio de atividades globais. Conhecemos bem os limites dessa política, que foi objeto da resistência social que se criou em torno da construção do Museu Gugenheim. O projeto de sediar um complexo sistema de serviços para atividades globais na Zona Portuária deu lugar aos limites impostos pela ação popular. O que inviabilizou a realização do projeto. Para alcançar o sonho de fazer do Rio uma cidade global, Cézar Maia , constitui nova estratégia e apresenta a cidade do Rio como candidata para sediar os jogos Pan-americanos, proposta vencedora na reunião da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), detentora dos Jogos. Toda essa estratégia foi montada para produzir uma imagem global da cidade do Rio de Janeiro, capaz de realizar grandes eventos Olímpicos. O nosso objetivo é analisar a lógica da política, seus reais objetivos, os interesses dos principais atores, os projetos de intervenção, a participação da sociedade e os resultados da política global para o desenvolvimento da vida na cidade do Rio de Janeiro. A produção simbólica do lugar

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Para entender as relações entre o processo de globalização e a política urbana local, precisamos compreender que a estratégia global está pautada na produção simbólica, onde o espaço urbano se torna um objeto para a produção de um espaço de distinção. Como qualquer outra mercadoria, o consumo por ostentação não tem a ver com a fruição pessoal, está fundamentalmente associada a uma representação de gratificação pessoal que proporciona ao seu detentor uma função de distinção reproduzida de forma constante. Como são os signos que mudam, o objeto de consumo não é o uso socialmente necessário, mas apenas a sua representação, destituída do seu sentido real. Essa forma de consumo é bem conhecida e está ligada a mercadorias como moda, lugares de entretenimento, automóveis, casas e seus objetos e, agora, transferida ao espaço urbano das cidades. É por essa razão que, por exemplo, a moda se transforma ininterruptamente, reinventando a cor que deve ser usada naquela estação. Quando o signo se esgota, vamos observar uma reinvenção, e, assim, sucessivamente � a elite reinventa os signos de sua distinção. As cidades também passam por esse processo: a significação se transfere de uma cidade para outra. Ocorre um ininterrupto processo de superficialidades que se esgotam em um curto espaço de tempo, assegurando a distinção e a hierarquia social através de signos 1 O espaço simbólico faz a mediação entre o espaço físico e o social; ele está plasmado no espaço físico que contém signos que representam o lugar desse espaço no mundo. Ele estabelece uma ordem de compreensão e dá sentido ao uso social do espaço, que estrutura o senso dos indivíduos e do coletivo, isso quer dizer que se refere a uma forma social coletiva da subjetividade2 .O espaço simbólico contém uma linguagem que permite o seu entendimento e está expresso nas formas de sua arquitetura. A arquitetura é uma linguagem que permite o entendimento do espaço físico e, através da leitura dos seus signos, que são socialmente acordados, produz uma concordância da subjetividade coletiva. Os símbolos devem ser compreendidos como elementos que se constituem em uma linguagem que permite a construção da realidade e define o uso social do espaço. Uma dimensão mágica dos objetos refere-se ao poder do símbolo que produz uma certa percepção da realidade dá um significado individual e coletivamente acordado. O espaço simbólico se constitui como instrumento de dominação, porque ele define o uso social do espaço, e se constitui em um objeto de conhecimento e de comunicação, porque tem o poder de produzir a integração social. Isso significa que ele tem o poder de definir quais são as pessoas que podem e que não podem participar do uso desse espaço � com isso, se define o posicionamento dos indivíduos no espaço3 .

1 BAUDRILLARD, Jean. Para uma crítica da economia política do signo, 1974.

2 BOURDIEU, Pierre.. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998 3 Ibidem

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Para entender a lógica do jogo, precisamos pensar na forma como foi produzida uma espacialidade para abrigar a realização dos jogos Pan-americanos que estão associados ao lugar do corpo na sociedade de consumo. Sabemos que o processo de globalização está associado à produção simbólica de sentidos, quando observamos um processo de deslocamento das atividades produtivas para a produção desses de bens que estimulam os sentidos e produzem uma nova subjetividade coletiva. Trata-se de dar novos significados às subjetividades do que está associado ao corpo, que passa a ser objeto privilegiado na relação com o outro. Nesse contexto, o culto ao corpo tem importância crescente nas estratégias do processo de globalização. O esporte passa a ser uma das atividades econômicas de alta capacidade multiplicadora, na qual são geradas diferentes especialidades de profissão, como atletas profissionais, técnicos gerais e de apoio, médicos e massagistas específicos, que ampliam as possibilidades de invenção de negócios. A realização de eventos amplia a demanda por serviços urbanos, por atividades de entretenimento; possibilita o crescimento de uma indústria de confecções; e dinamiza a indústria de bens e de serviços associada ao consumo de bens simbólicos esportivos � por exemplo, o consumo de tênis, que passou a ser utilizado como um calçado na vida cotidiana. O culto ao corpo transforma o cotidiano das pessoas, que passam a valorizar a boa forma e a enxergá-la como condição de bem estar físico e psíquico. As academias e as salas de ginástica multiplicam-se e são freqüentadas por pessoas de todas a idades. O uso do espaço urbano se transforma para demandar lugares para práticas esportivas, mobilizando toda a indústria voltada para essas atividades � equipamentos esportivos, vestuário e alimentar. A imprensa divulga os eventos e toda sorte de marketing se produz, para alimentar o comércio do corpo e do jogo no circuito do projeto de globalização.

Compreende-se que os resultados são muito importantes sobre o PIB de uma nação no fluxo do turismo e de seus multiplicadores econômicos, chegando a se constituir em uma economia capaz de gerar em torno de 10% do PIB em economias avançadas. Nessa lógica, a produção de um evento esportivo resulta em atividades econômicas que são ocasionadas pela estratégia de estímulo a eventos esportivos. Essa é a razão que sustenta a política urbana de instalação dos jogos Pan-americanos na cidade do Rio de Janeiro: a certeza de que esses jogos irão resultar num processo de multiplicação de outras atividades e gerar investimentos diretos e indiretos capazes de atrair investidores e criar outras tantas atividades. Trata-se, portanto, de uma estratégia de ativação da economia que tem por objetivo de reverter o quadro de regressão pelo qual passa a cidade do Rio de Janeiro. Compreende-se esse processo

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como uma grande oportunidade de transformar o Rio de Janeiro num palco privilegiado para a realização desse grande evento. A nossa questão é demonstrar os efeitos perversos dessa política e observar a lógica de sua ação para mostrar os limites dessa estratégia econômica e os reais interesses que estão associados no momento em que cidade se transforma num objeto do processo de globalização. Política esta que se desenvolve a partir da defesa dos interesses das corporações globais associados aos governos locais. Nessa matriz econômica, a cidade passa a ser governada num cenário para as atividades de turismo, reconhecidas como um lugar que detém a infra-estrutura necessária para receber um número extraordinário de turistas que irão gastar em moeda estrangeira e estimular as atividades econômicas locais. O incremento dessas atividades econômicas seria responsável pelo desenvolvimento social. O turismo internacional, nesse contexto, seria uma das atividades prioritárias de uma economia globalizada. A cidade se transforma num grande cenário para produzir eventos que atraiam essa multidão de turistas. É uma estratégia que tenta produzir um megaprojeto para os jogos Pan-americanos e transformar a cidade numa totalidade espacial, abrigando as mil atividades associadas à realização de eventos dessa magnitude. É uma estratégia que tem por objeto de produção o consumo de bens simbólicos, a beleza do corpo e a força do jogo. Trata-se de uma visão que superestima analiticamente o crescimento econômico e subestima o desenvolvimento social, ou seja, o primeiro determina o segundo. O nosso objetivo, com esse estudo, é responder a seguinte indagação: onde está a realidade desse discurso? Na realidade, o que podemos perceber é que estamos diante de uma estratégia de dominação global associada a uma estratégia de produção de bens simbólicos, que vão desde o corpo, o jogo, até os espaços de sua realização. É uma totalidade de ação que transforma a cidade do Rio num grande palco; o corpo, em bem de consumo; e os sentimentos humanos, em objeto de apropriação. Senão, vejamos: o espaço simbólico é aqui compreendido como uma linguagem que representa o poder que as pessoas detêm sobre a sua produção e apropriação. Todo espaço tem uma representação que hierarquiza a posição dos grupos sociais no espaço. Esse poder do espaço simbólico é resultado de um processo de representação que dignifica aqueles que têm o poder de se apropriar e estigmatiza aqueles que estão excluídos 4.

4 Ibidem

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O corpo se transforma num signo do espaço simbólico e, dependendo de sua condição física, determina o lugar da pessoa na estrutura de posições do espaço social. Por isso o esporte é importante, porque posiciona o indivíduo no espaço social . Para avançar nessa reflexão, é importante ressaltar que existe um discurso manifesto produzido por uma subjetividade coletiva, que concede um determinado significado ao corpo e ao jogo e que determina as práticas sociais a serem observadas no processo de sua apropriação. Trata-se de perceber que os processos de exposição do corpo contêm uma função social de prestígio que posiciona as pessoas na hierarquia social. O corpo se constitui em objeto, em mercadoria que responde por uma necessidade e, também, porque tem o poder de distinguir e definir quem está �dentro� e quem �está fora�5. Essa política se transforma num espaço importante quando ela é capaz de transformar a cidade num grande palco da produção de bens simbólicos. O espaço urbano se transforma em palco, capaz de produzir uma cena onde circulam atletas, médicos e turistas que participam dessa grande representação. A novidade está no fato de o espaço urbano é transformado em um cenário , uma mercadoria e se constitui em uma representação que expressa o capital simbólico dos indivíduos participantes do sistema de cidades globais. Quando as cidades passam a ser lugar de prova e de consagração dos indivíduos que participam do seu sistema global, há uma forte hierarquia entre os indivíduos participantes e aqueles que não participam, determinando práticas sociais que expressam uma lógica geral do comportamento social dos indivíduos globais. Mas esse processo não se esgota entre os indivíduos globais; ele perpassa todo o tecido social e penetra nos canais invisíveis da integração social, plasmando-se na estrutura valórica da sociedade. Estar bem significa participar do mundo global e ganhar a mobilidade dentro da rede de cidades globais6. Os jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro exigem a produção desse palco onde será realizado o grande evento global.

Os atores da política

O processo de globalização deve ser percebido como um ininterrupto processo de difusão de uma forma de pensar que valoriza o espaço simbólico e destrói o espaço real.Para pensar essas relações, Ribeiro & Silva propõem uma visão à luz do conceito de impulsos globais como vetores que condensam informação e inovação associada às novas formas de gestão que estabelecem uma forma de agir sistêmica através de TICs. Esses impulsos produzem novas formas de difusão das idéias que se propagam pelo mundo a uma velocidade nunca antes imaginada e produzem novas formas de

5 BAUMAN, Zigmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1999. 6 EGLER, Tamara Tânia Cohen. Políticas Urbanas Globais para Espaços Locais, XVII, in Economia, Sociedade e Território, n. 17,

Vol. 5, janeiro-junho de 2005

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dominação. Eles formam um campo que se propaga por partículas globais e movimenta todos os outros processos presentes7. Essas partículas mostram como que a materialidade do espaço se transforma, define novas relações entre a psico-esfera e a tecno-esfera e produz o desenraizamento, a pobreza, a exclusão e a fragmentação, destruindo as condições de existência das localidades. O objeto teórico se completa com o conceito de atratores: o estudo de processos que articulam atração para investimentos econômicos, produção de mercadorias e de atratividade; e o processo de embelezamento produzido pelos projetos de arquitetura que formam o processo de globalização 8. Trata-se, portanto, de um poder de atração que induz todos a desejarem a possibilidade de participar desse movimento de globalização. É por essa razão que a globalização tem esse poder de propagar, esse conjunto de representações simbólicas que fazem o desejo dos senhores do mundo global A globalização estabelece um poder acima do poder do estado nacional e inaugura mil novas formas de dominação, formando uma nova rede de poderes que se sobrepõem às sociedades locais , produz novas estratégias de dominação associando o capital global ao estado nacional. A globalização exclui, inclusive, os interesses das elites e da população local, redefinindo o papel do estado nacional e a sua responsabilidade em defesa dos interesses nacionais. A metodologia é importante, nesse contexto, porque procura descobrir as transformações na ordem da definição de novas estruturas de poder e as formas de sua articulação ao poder do global. Trata-se de definir as novas estruturas de poder que respondem por novas estratégias de articulação dos Estados, corporações e agências de financiamento em defesa dos interesses globais propagados em todas as esferas e escalas do globo terrestre. O poder simbólico se propaga pelo tecido social, por todas as nações e cidades, não tendo um poder centralmente localizado, mas responde pela metáfora de Michael Hardt e Antonio Nigri; ele não representa apenas uma bandeira nacional, mas responde por todas as cores do arco-íris 9. Nesse contexto, o poder simbólico se sobrepõe ao poder de produção material. Há um deslocamento do processo de produção de mercadorias para a produção de bens simbólicos: a produção vira consumo e o consumo vira produção 10Novas subjetividades

7 RIBEIRO, Ana Clara Torres & SANTOS, Cátia Antonia. Impulsos globais e espaço urbano: sobre o novo economicismo, in

RIBEIRO, Ana Clara Torres & SANTOS, Cátia Antonia. O Rosto Urbano da América Latina. Buenos Aires: Clacso, 2003. 8 Ibidem 9 Ibidem 10 Ibidem

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são produzidas para transformar a estrutura valórica da sociedade no lugar, que, por sua vez, se transforma em objeto do processo de globalização. Elas produzem novas formas de dominação através do controle da subjetividade individual e coletiva. As novas relações de poder, no contexto da globalização, estabelecem relações de dominação, agora ordenadas através da produção simbólica, de subjetividade coletiva que valoriza a produção e apropriação de bens simbólicos globais, destituídos de referentes no lugar. O poder das corporações e das novas elites é a produção de novas subjetividades coletivas associadas ao consumo de bens simbólicos globais. Essa percepção é importante porque nos ajuda a entender como o processo de globalização está associado à produção de bens imateriais, intangentes, que produzem uma nova subjetividade coletiva favorável aos interesses de corporações e elites da produção global. Para tornar esse processo uma realidade, é produzida uma rede de atores globais e locais � uma complexa estratégia de ação que une desde instituições globais, como a Organização dos Jogos Pan-americanos, as agências internacionais de financiamento os governos locais e as corporações de turismo. É a formação de uma complexa rede que associa interesses das corporações globais ao Estado nacional. A partir dessa estratégia os atores se posicionam no campo. Vamos ver como isso acontece na realidade : É criada uma competição entre as cidades para abrigar os jogos, e a organização dos jogos Pan-americanos (Odepa) cria uma série de exigências que deverão ser observadas pelas cidades candidatas. É instalada a comissão que avalia a candidatura das cidades candidatas, para sediar os jogos Pan-americanos. O projeto apresentado pela prefeitura responde às exigências colocadas pela organização, quando da apresentação do grande projeto, que vai desde a reestruturação do sistema de transportes à construção e renovação de instalações esportivas; a construção de uma vila para abrigar os atletas à construção de um aglomerado de hotéis; o saneamento de lagoas à urbanização das áreas adjacentes ao bairro. A partir dai se produz um projeto de uma mega reforma urbana que exige a participação das várias escalas do poder público e da iniciativa privada para responder às exigências colocadas pela organização, para que o Rio possa abrigar as atividades de turismo resultantes da realização dos jogos na nosso cidade.

Para realizar o conjunto de processos previstos, foi necessário captar recursos no sistema internacional e nacional de financiamento, como, por exemplo, os de

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financiamento das obras de recuperação dos rios e lagoas de Jacarepaguá, no valor de aproximadamente US$ 200 milhões, captados junto ao Japan Bank for International Cooperation, aprovado pelo Senado 11. Foram realizados eventos em associação com a mídia, através de técnicas de comunicação, para criar uma forma coletiva de pensar favorável ao evento dos jogos. Como, por exemplo, aqueles organizados pelo grupo da juventude, do Cezar Maia, que tinha por objetivo levar para a população moradora da Barra da Tijuca os efeitos positivos que aconteceriam no bairro, com a instalação dos jogos Pan-americanos.

Criada uma parceria entre a prefeitura, o governo do Estado e o governo federal para criar condições de financiamento e de gestão favoráveis à realização dos jogos.

E também captados recursos junto aos órgãos de financiamento local, principalmente da caixa econômica, com recursos do FAT- Fundo de amparo ao trabalhador, para a construção da Vila Olímpica para abrigar os atletas ou, ainda, para a construção da rede de hotéis e de recursos contratados junto ao BNDES, para a construção da infra-estrutura urbana da vila.

Constituição de parcerias entre a esfera pública e a privada para a produção da infra-estrutura necessária à realização do evento.

Produção de uma espacialidade que representa, simbolicamente, a forma de ser e de pensar das elites globais.

As agências de turismo internacional, se responsabilizam pelo fluxo de turismo , que viajam pelas companhias aéreas, se hospedam nas redes dos hotéis internacionais e assistem aos jogos organizados pelos comitês olímpicos, que realizam os lucros dos empreendimentos.

Segundo cálculos do Ministério do Esporte, serão necessários cerca de R$ 550 milhões para a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro. Desse total, quase R$ 310 milhões deverão ser investidos pela prefeitura, sendo esperado um retorno de até seis vezes o valor investido.

As moradores da cidade participam com trabalho voluntário.

Os empregos criados para os jogos olímpicos estão associados ao trabalho na construção civil, nos serviços e manutenção dos hotéis, no transporte de turistas e na segurança.

11 JORNAL DO BRASIL 2004. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 18/01/2004.

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Durante a realização dos jogos, o Estado deverá pagar à empresa construtora o aluguel do uso dos apartamentos para os atletas que participam da competição.

Os apartamentos construídos deverão ser vendidos para a população local a preços compatíveis com o capital simbólico que foi acumulado com a realização dos jogos.

A Barra como lugar do evento A Barra da Tijuca é um bairro importante na cidade do Rio de Janeiro; seu processo de urbanização se inicia com a abertura do túnel dois irmãos e a construção do elevado do Joá, que ampliou as condições de acessibilidade do bairro à cidade. Não é nosso objetivo revisitar a história de ocupação da Barra, mas indicar que ela detém uma espacialidade própria, produto do plano piloto de Lúcio Costa, que desenha símbolos que representam a monumentalidade dos espaços da modernidade, destinados às classes mais bem posicionadas no espaço social. O projeto resultou num modo de vida urbana própria, produto de uma história de ocupação social do espaço, de natureza excludente. A eleição da Barra da Tijuca como lugar para receber os jogos Pan-americanos expressa a importância da linguagem arquitetônica para a representação das práticas espaciais. A magnitude dos espaços vazios que encontramos na Barra da Tijuca viabilizou o projeto proposto de se construir uma infra-estrutura nova e própria para a realização dos jogos.

Essa foi a estratégia pensada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para ganhar os pontos dentro das exigências impostas pela organização detentora dos Jogos � Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa). O ponto-chave da cidade, segundo o presidente do Comitê Organizador dos Jogos (CO-RIO), Carlos Roberto Osório, foi o fato de todas as competições estarem, normalmente, concentradas num raio de 10 Km. Na Barra, essa distância cai para 3 Km, permitindo uma maior concentração das atividades esportivas e da circulação de esportistas, turistas e jornalistas. O comitê organizador dos Jogos Pan-Americanos viu no projeto carioca capacidade de organização e qualidades técnicas, e o governo da cidade foi atraído pela proposta e montou uma estratégia de parcerias para realizar as condições apresentadas no projeto 12.

A Barra reúne condições naturais e sociais que a qualificam para essa competição da rede de cidade globais. Nas condições naturais, estão sua praias e paisagens,

12 RODRIGUES, Laura. Concluída em janeiro de 2007, a Vila não será testada antes dos Jogos. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,

27/04/2005.

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reunindo, também, outras vantagens locacionais, como o autódromo, o Riocentro, a grande quantidade de shoppings e, para completar, o centro gastronômico de Vargem Grande. São essas as condições naturais e sociais que produzem os vetores de atração para o lugar13 e que promove a migração de empresas multinacionais do centro para o bairro onde vêm sendo realizadas convenções e simpósios internacionais.

Certamente, a realização dos jogos na Barra da Tijuca se constitui num processo que conduz a adjetivação de um capital simbólico ao lugar, produzido pela realização dos jogos Pan-americanos. De que forma isso acontece? Nada mais oportuno do que somar ao já simbólico bairro outros elementos associados ao corpo e aos jogos esportivos que passam a se transformar em uma função simbólica de distinção daqueles que podem se apropriar daquela espacialidade. É, portanto, uma estratégia de produção de um espaço simbólico, capaz de atrair uma multidão de turistas que participam do sistema de cidades globais. A existência de grandes áreas vazias, frente à escassez de solo urbano nos outros bairros da cidade faz da Barra um bairro privilegiado para a valorização fundiária, tanto do capital simbólico quanto do capital, dinheiro investidos na construção do complexo sistema urbano para os Pan-americanos, que deverão resultar num processo de valorização da propriedade fundiária. Essa percepção pode ser lida no depoimento de Zylbersztajn, promotor imobiliário, ao Jornal do Brasil: �Dessa forma, não tenho dúvidas de que a Zona Oeste é uma região em que a população carioca não deve ter receio de investir � a Barra da Tijuca formará com o Recreio um setor moderno do Rio. Será um novo município dentro da cidade, capaz de unir moradia, entretenimento e serviços. E com poucos riscos de favelização �14 . Essa é a argumentação que cria uma expectativa de valorização e que conduz os empresários do setor imobiliário a realizarem investimentos na construção de empreendimentos imobiliários, que, por sua vez, conduz a outros investimentos na construção de equipamentos para atividades de serviços, como shoppings e supermercados. Trata-se, portanto, da construção de um complexo sistema urbano com a participação de diferentes escalas e esferas de ação que reúnem, sob uma mesma direção, interesses de corporações globais, de governos locais e do capital nacional � uma associação entre os interesses das corporações globais e o governo local. Ali são criadas as condições gerais e necessárias ao processo de valorização do capital global pelo governo local. Ao longo de nossa demonstração vamos observar como os 13 RIBEIRO, Ana Clara Torres & SANTOS, Cátia Antonia.. Impulsos globais e espaço urbano: sobre o novo economicismo, in

RIBEIRO, Ana Clara Torres & SANTOS, Cátia Antonia. O Rosto Urbano da América Latina. Buenos Aires: Clacso, 2003

14JORNAL do BRASIL 2004. Efeitos do Pan na região. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 24/08/2004.

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resultados desse processo são apropriados essencialmente pelo interesses globais, sendo que pouco ou nada resta para os interesses locais.

O mega projeto urbano para os jogos

Para abrigar os 5 mil atletas de 42 países que participarão dos Jogos, bem como aos milhares de turistas que deverão acompanhar a realização da competição, foi montado esse megaprojeto de intervenção sobre a cidade do Rio de Janeiro, que vai desde a redefinição do sistema de transporte, da construção da Vila do Pan, de Estádios e da cidade da Música, bem como a renovação da Orla, do Aeroporto de Jacarepaguá e do Riocentro.

O sistema de transportes é um dos centros nevrálgicos; os projetos vão desde a ampliação da linha do Metrô, ligando a Barra à Zona Sul, até a construção de um novo viaduto ligando a Linha Amarela ao Engenho de Dentro, bem como o alargamento de várias avenidas para ampliar a circulação no circuito do Pan.

O Aeroporto de Jacarepaguá deverá ser ampliado e modernizado para receber os atletas e turistas que deverão participar dos jogos de 2007. A Infraero, empresa responsável pela infra-estrutura aeroportuária, informa que as pistas e demais instalações deverão passar por ampla reforma para permitir o acesso direto aos jogos, sem que seja necessário passar pelo circuito urbano tradicional da cidade 15 . O Estado deverá recuperar as lagoas da Zona Oeste, e será realizada uma grande obra de engenharia ambiental para criar um o sistema lagunar (lagoas da Tijuca, Jacarepaguá e Camorim e o Canal de Marapendi), que poderá ser totalmente navegado por pequenas embarcações. O objetivo é transformar o espaço num dos principais atrativos para os turistas e atletas que se hospedarão na região durante a realização do Pan. A Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) vai investir R$ 27 milhões na dragagem de rios e lagoas da região, melhorando significativamente a qualidade das águas16 . A Rioluz vai realizar investimentos para melhorar a iluminação de vias para o Pan, instalando novos postes de iluminação em locais estratégicos e ampliando ruas e avenidas. A Avenida Abelardo Bueno, que está sendo duplicada, será a primeira beneficiada nesta etapa inicial. Além de via de acesso para a Vila Pan-Americana, o local abrigará a Arena Olímpica, onde acontecerão as competições de basquete e ginástica artística; o Velódromo da Barra, para as provas de ciclismo; e o Centro Aquático do Rio de Janeiro17.

15 JORNAL do BRASIL 2004. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 2/02/2004 16 JORNAL do BRASIL 2004. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 16/06/2004 17 JORNAL do BRASIL 2004. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 21/05/2004

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Além das obras de infra-estrutura, serão realizadas obras de urbanização em sete comunidades carentes, adjacentes ao local de realização dos jogos. Os moradores deverão se beneficiar com os investimentos realizados � obras de pavimentação, contenção de encostas, implantação de rede de água e esgoto, dragagem e canalização de rios � e as intervenções que a Prefeitura do Rio está fazendo nos bairros de Jacarepaguá, Itanhangá, Guaratiba e Vargem Pequena. Serão investidos R$ 56,64 milhões na urbanização destas áreas, beneficiando cerca de 70 mil habitantes. As intervenções nessas regiões abrangem a implantação de redes de água, esgoto e drenagem, abertura e pavimentação de ruas, iluminação pública, construção de creches, Centros Municipais de Atendimento Social Integrado (Cemasis), quadras poliesportivas, áreas de lazer e reassentamento de famílias. Programas de atendimento a crianças e adolescentes e de geração de trabalho e renda 18. Como podemos observar, trata-se de criar um espaço urbano onde será eliminada toda referência à pobreza que marca o processo de estruturação da nossa cidade. No Pan, não haverá a presença da favela e da violência que fazem a vida cotidiana no Rio de Janeiro, pois os investimentos a serem realizados têm por objetivo mascarar as condições de penúria a que estão submetidas as classes populares na cidade. No contexto da globalização, as políticas urbanas produzem um espaço simbólico que reafirma a cultura dominante, o que significa reafirmar os interesses das corporações globais e das elites que participam do processo, na medida em que esse espaço assegura a comunicação entre os membros que participam do processo de globalização, distingue-os de outros grupos e legitima distinções. Isso faz com que prevaleça a cultura dominante em relação às demais culturas, definindo o poder acumulado dos agentes de fazer prevalecer uma forma de ser, de sentir e de agir; assegure o uso distintivo do espaço e a dominação de um grupo sobre o outro grupo social ; e perpetue sistemas de dominação e subordinação. O espaço simbólico estabelece sentidos de superioridade social e moral, auto-percepção e reconhecimento que conduzem a práticas sociais que inauguram novas relações de inclusão e exclusão entre os grupos globalizados e não globalizados. Os grupos dominantes se auto-atribuem a condição de serem pessoas com maior valor humano, e os outros grupos, compostos de pessoas de menos valor humano � é construída uma barreira afetiva entre os grupos globais e os locais. Ao definir o uso social, o espaço simbólico tem o poder de desenhar para que finalidade e grupo social está destinado esse espaço. A arquitetura, enquanto

18 JORNAL do BRASIL 2004. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 12/07/2004

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linguagem de representação do espaço, tem o poder de desenhar e projetar para o futuro as funções sociais do espaço e fazer prevalecer uma determinada projeção para seu uso. É aqui que compreendemos como as formas da arquitetura se constituem em poderoso sistema de representação que define formas de dominação de grupos sociais incluídos sobre grupos sociais excluídos, definindo a cultura dominante. No contexto da globalização, o espaço simbólico representa formas de pensar, de ser e de sentir dos grupos que fazem parte do processo de dominação global. As políticas urbanas locais são definidas através da valorização dessas formas de vida propostas que definem a cultura global. Quando as formas de vida que estão contidas na cultura local, são banidas do sistema de representação que faz a história do lugar. Os projetos de arquitetura, associados ao processo de globalização, respondem pela necessidade de fazer prevalecer um sistema de vida cotidiana necessário ao desenvolvimento de formas de vida valorizadas pelos viajantes do mundo global.Para tanto, importa a produção de uma espacialidade que contenha uma representação simbólica que responda à uma forma de ser, de pensar e de agir das elites globais e em benefício de suas corporações. A arquitetura é uma linguagem que representa símbolos de distinção, que define quem pertence e quem não pertence, quem pode se beneficiar e quem não pode se beneficiar do uso desse espaço. A arquitetura pós-moderna, com sua representação do extraordinário, de sua monumentalidade, produz o evento necessário para atrair multidões de turistas que perambulam pelo mundo em busca de uma emoção que rompa com a realidade da vida cotidiana. O espaço simbólico se sobrepõe ao espaço real; ele destrói as condições de vida das populações que habitavam o espaço anteriormente. A conseqüência disso é a destruição das condições de vida nas localidades através da produção de uma estratégia de dominação simbólica, da imposição de formas que valorizam a produção de espacialidades alheias ao lugar. É uma forma de produção do espaço que representa os símbolos de distinção úteis aos interesses dominantes e do seu poder de definir o mundo social e colocar a sua posição no topo dos valores hierárquicos do mundo global, para perpetuar os processos de dominação, agora transfigurados em processo globais. São novas formas de exercício da violência que transfiguram o mundo social e que exercem seu poder através da dominação sobre as estruturas simbólicas, sentidos e sentimentos. Não menos violenta do que as formas de dominação que as antecipam como aquelas que foram percebidas por Focault19, sobre

19 FOUCAULT, Michel.. Microfisica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

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o corpo agora a violência se exerce sobre a mente ao capturar formas de pensar, de ser, de desejar e de agir. A Vila do Pan Nesse complexo, a mais importante ação será a construção de uma vila � um conjunto habitacional � para abrigar os cinco mil atletas que deverão participar das competições. Essa vila está localizada próximo à Cidade de Deus e à comunidade de Rio das Pedras. Conhecemos bem a história da Cidade de Deus, é uma das regiões mais violentas da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma área que se localiza, a beira da Av. Ayrton Senna, bem longe da praia, não apresenta nenhuma vantagem locacional. O mapa da sua localização indica como o terreno esta completamente fora do tecido urbano, estando no meio da mata, não encontramos pontos de articulação ao processo de urbanização, no fim do mundo. Na década de 60 quando a Cidade de Deus foi construída para abrigar a população mais pobre que havia sido removida as favelas que ocupavam a área central da cidade, provocou como uma morte social das populações que tinham sido obrigadas a abandonar as suas casa e as suas histórias. Agora nos defrontamos com outro paradoxo, a Vila para abrigar os atletas do Pan- Americano será construída ao lado da cidade de Deus. Mas é um novo contexto histórico que nos obriga a refletir sobre a natureza mesma dos processos de transformação em curso. Em 1965 a área foi usada para isolar as populações do contexto urbano e em 2005 ela esta sendo utilizada para promover a integração ao espaço urbano e promover o seu processo de valorização. Está prevista, no projeto, a construção de quatorze prédios, com 1400 unidades habitacionais (de um, dois, três e quatro suites ), além de um restaurante, uma policlínica, uma área de treinamento, 9 piscinas, centros comerciais e de entretenimento, restaurantes, policlínica, lavanderia, academia de ginástica e mais uma série de serviços para os atletas e, posteriormente, para os moradores. Tudo em um espaço concebido sob projeto de paisagismo que inclui a construção de uma lagoa artificial. A obra terá um custo de R$ 240 milhões, ocupando uma área de 420 mil km². Depois do evento, a Vila será transformada em um condomínio residencial; a venda dos apartamentos deverá começar antes mesmo da realização dos jogos20 .

20 JORNAL O Dia. 2003. Violência e Demolição da Vida Cotidiana. Rio de Janeiro, O Dia, 4/10/2003.

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Os procedimentos que foram observados para aprovação do projeto da vila revelam, desde logo, as relações de interesse que se estabelecem entre a Prefeitura e o capital imobiliário. Na Avenida Ayrton Senna, a área escolhida, o gabarito limitava as construções em três andares, mas, para atrair o interesse da construtora Agenco, a Prefeitura elevou o limite para oito andares, o que permitirá que a construção dos 14 prédios residenciais da vila somem 2 mil unidades.

Como está expresso na fala do Prefeito, trata-se de uma parceria entre o setor público e o privado, que adota o mesmo modelo utilizado para a construção da vila olímpica de Barcelona. A prefeitura entra com as prerrogativas do Estado, que é capaz de mudar o gabarito, a construção da infra-estrutura e o capital privado nacional com a construção da vila, a partir de um financiamento da caixa econômica viabilizado com recursos da ordem de R$ 245 do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A Agenco, empresa responsável pela construção da obra, capta os recursos junto a Caixa, produz os edifícios que compõem o complexo, coloca à venda o empreendimento e aluga as instalações para o governo Federal, que deverá pagar o montante de vinte e cinco milhões de reais pelo aluguel por quinze dias, para uso dos atletas. Quer dizer, além de se beneficiar do gabarito e do financiamento, vai receber do governo Federal essa quantia pelo aluguel do empreendimento. Como podemos observar, é um processo fundamentalmente financiado com recursos públicos. Aqui, o parceiro capital ainda recebe dos cofres públicos a quantia referente a 25 milhões referentes ao aluguel dos apartamentos; se paga o mesmo valor para a realização desse projeto e pelo aluguel. O custo do aluguel corresponde a nada mais nada menos do que 10% do investimento realizado, por uma ocupação de 15 dias. Os preços de aluguel no mercado geralmente correspondem a uma taxa de 1% ao mês, na melhor das hipóteses. A empresa, então, está realizando um lucro extraordinário de 10 vezes mais do que o rendimento do mercado. Trocando em miúdos: um apartamento de 250 mil está rendendo de aluguel pelo espaço de quinze dias uma quantia correspondente a 12.500,00 reais. Se considerarmos que o aluguel de um apartamento desse padrão corresponde, no mercado, a 1.250,00, a lógica é apenas uma: trata-se de um negócio milionário.

Podemos ir adiante e considerar que, com 125 milhões, seria possível construir, a um custo unitário de 25 mil, nada mais nada menos do que 100 mil unidades residenciais para as famílias pobres que habitam a cidade do Rio de Janeiro � estamos diante de um processo de expropriação. Trata-se de uma ação perversa, capitaneada pelo processo de globalização, que inventou práticas de expropriação nunca antes imaginadas pelos capitalistas da era industrial. Perverso sim, porque, além de se criar uma fantasia, que dura 15 dias, esta é construída e gerida às custas do dinheiro público local e em benéfico do sistema de agentes internacionais associados aos políticos locais.

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E quem vai ficar com os apartamentos, depois? Para Sérgio Goldberg , o diretor da Agenco, o grande desafio do projeto foi adequar as exigências da Organização Pan Americana às demandas do mercado, mas o resultado é considerado satisfatório. O empresário mostra-se otimista frente ao sucesso do empreendimento, que deverá obter bons resultados de mercado se considerarmos que uma das estratégias do marketing é que o comprador saiba o nome dos atletas que ocuparam o apartamento a ser adquirido. Isso quer dizer que as pessoas acabam sonhando com o jogador que agora dá a marca ao apartamento adquirido 21. Essa relação fica mais clara se observamos a propaganda que foi produzida para a campanha de publicidade que tem por estrela o jogador Ronaldinho, e uma imagem que associa o campeão da bola ao campeão da aquisição do apartamento. Estamos diante de novas formas de valorização do capital imobiliário. O capital simbólico se plasma no edifico construído e eleva vertiginosamente o preço dos apartamentos. Os estudos sobre à valorização imobiliária estiveram sempre associados a formação de rendimentos fundiários dados pelas condições de localização.É clássica a compreensão que compreende o preço da terra como derivação de melhores ou priores condições de urbanização. Agora estamos diante de processos de valorização dados pela produção simbólica. Trata-se de criar uma subjetividade coletiva, associada aos campeões e que valoriza o morar na vila do Pan- americano. Certamente é uma nova estratégia que dissocia as condições reais de produção da existência urbana. O que qualifica e produz a valorização é a produção de um significado alheio as condições objetivas de vida no lugar. O terreno da Vila A decisão de construir a Vila na localidade foi realizada com os mesmos procedimentos que fazem a história da política urbana no Rio de Janeiro, para não dizer do país. No terreno objeto do projeto, havia três hortos, uma churrascaria, uma marmoraria e casas de oito famílias que, por decisão judicial, foram desapropriadas. As famílias que moravam ali e os comerciantes do local foram surpreendidos pela desapropriação; eles não foram sequer avisados ou intimadas � esses moradores foram obrigados a desalojarem as edificações, inclusive pessoas que trabalhavam ali havia mais de 40 e 17 anos 22. 21 JORNAL O DIA . Violência e Demolição da Vida Cotidiana. Rio de Janeiro, O Dia 4/10/2005

22 JORNAL O DIA Por Dentro da Vila do Pan, Vamos ver quem vai comprar os imóveis e para quem eles foram destinados. Rio de

Janeiro, O Dia, 03/04/2005.

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Através da mais brutal violência, retro-escavadeiras e pás mecânicas foram utilizadas para iniciar o trabalho de demolição, com grande aparato e o apoio de guardas municipais e policiais militares � tudo virou pó da noite para o dia, e seis caminhões, pagos pelo empresário dono do terreno, fizeram o transporte dos pertences dos moradores e comerciantes que ocupavam o local.

Ficou a promessa do empresário: �Todos que estavam aqui serão levados para um hotel e terão as despesas pagas durante 30 dias, enquanto arrumam um outro lugar para ficar � � prometeu Antonio Sbamo 23. Como sempre, trata-se de um processo de expropriação através da mais brutal violência contra as classes populares, que não têm direito ao espaço e à vida, nem mesmo na mais longínqua periferia urbana.

É um processo que transforma a função social do espaço, ao excluir todos aqueles que habitam a localidade para dar lugar a um processo de intervenção do estado em benefício do sistema de turismo internacional e dos grupos globalizados deste sistema. O fato concreto é que as populações que habitam o lugar são expulsas pela ação do estado nacional, para dar lugar ao uso social do espaço pelos grupos globais. Os habitantes da cidade Quais são os resultados desse processo para os habitantes da cidade? Para os jovens da cidade que não são atletas nem turistas resta o trabalho voluntário. O cadastro de voluntários na página do Rio-2007, divulgado na internet, já tem quase 9 mil inscritos. O sonho de participar de um grande evento esportivo internacional atrai os jovens para o trabalho voluntário. De acordo com uma pesquisa do Ibope divulgada pelo comitê organizador da candidatura para os Jogos de 2012, aproximadamente um em cada dois cariocas quer ser voluntário olímpico � em todo o país, a proporção é de um em cada três jovens brasileiros. Certamente a abertura de inscrições para voluntariado é a única possibilidade de acesso das classes populares à festa Olímpica, pois fica a alternativa de trabalho não pago e uma interação subordinada, para participar do cenário do mundo global. A criação de um milhão de empregos diretos e indiretos, anunciada pelo prefeito Cezar Maia 24, não passa de um discurso que não responde pela realidade mesma das atividades associadas ao turismo. Como foi possível ler ao longo de nossa reflexão, para cada hotel são criados 250 empregos e mais 50 em casos de aumento da lotação.

23 JORNAL O Dia. 2003. Violência e Demolição da Vida Cotidiana. Rio de Janeiro, O Dia, 4/10/2003.

24 JORNAL do BRASIL 2004. Rio de Janeiro, Jornal do Brasil, 18/01/2004.

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A tese de que as atividades turísticas resultam em desenvolvimento é uma cegueira de todos aqueles que consideram que a condição de cidade global será capaz de nos levar ao tão enunciado desenvolvimento. Se observarmos o tipo de emprego criado, poderemos contabilizar as especialidades da construção civil dos serviços hoteleiros e outros de entretenimento e prazer. Trata-se de formar um exército de trabalhadores para suprir as necessidades de conforto e bem-estar daqueles que podem participar do teatro que representa o posicionamento dos grupos sociais no circuito global. É uma cegueira de todos aqueles que consideram que a condição de cidade global será capaz de nos levar ao tão desejado desenvolvimento. O que se quer é produzir uma nação de pessoas que apenas detêm conhecimento para hospedar, dentro do jogo de significados, as elites globais. Os governos subscrevem essas políticas e ainda as reconhecem como fonte de bem-estar social. O mega projeto do sistema urbano para os jogos na Barra da Tijuca já posiciona as atividades que formam o circuito da vida cotidiana urbana da cidade � um projeto que será realizado num espaço físico e social, exterior em todos os sentidos físicos e humanos da vida na cidade. Como foi possível apresentar na nossa reflexão, o aeroporto, as obras, a vila do Pan, formam um circuito externo, mas todo esse aparato não responde por nenhum projeto de desenvolvimento urbano, como o plano diretor da cidade, ou o plano estratégico formulado com participação social. Trata-se de uma enorme reforma urbana que não está enunciada e que não foi submetida ao debate com a sociedade, mas responde apenas por interesses externos, nos quais o objeto de ação está posicionado nos interesses cobiçados pelo processo de globalização. Os lucros extraordinários são produzidos pelas corporações globais associadas às atividades de turismo, como as agências de viagem e a redes de hotéis. O mega projeto é realizado com recursos públicos, sendo que os lucros são apropriados pelas corporações que atuam no sistema de turismo global, como as operadoras de reservas e as empresas aéreas. Mais simplesmente os ganhos são apropriados externamente, mas o que acontece é a criação de um mercado de trabalho subordinado, associado à baixa qualificação, como cozinheiros, massagistas, fisioterapeutas e serviços em geral. A nossa cidade pode ser apropriada em beneficio das elites, que podem assistir aos jogos, quando são transformadas as condições de uso social do espaço urbano em beneficio dessas corporações globais. É a produção de uma estratégia de expropriação, cujo objeto de ação é a emoção, os sentidos e os sentimentos de uma multidão de homens e mulheres que podem participar da vida global, sem sociedade local. São produzidas formas simbólicas para uma espacialidade que representa os signos de distinção global através da ação do estado local que capta os recursos nas agências de financiamento e produz uma política urbana de exclusão social. É um processo que gera o esgarçamento do tecido social e amplia a violência. Para alterar essa relação é

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preciso estabelecer limites ao processo de dominação e fazer políticas urbanas associados ao desenvolvimento do espaço social e não de suas representações simbólicas. A produção simbólica do espaço sem referente produz uma doença coletiva. O mega projeto dos jogos Pan-americanos constrói uma espacialidade destituída da história do lugar e de suas necessidades. No final, a produção simbólica de desfaz, a máscara cai, e não fica nada, porque o signo se transforma, ficando apenas o espaço construído, destituído de função social. Nós precisamos sair desse lugar para entrar no espaço social � mundo de verdade �, que queremos reconhecer como principal objeto de políticas urbanas. Referências BAUDRILLARD, Jean. Para uma crítica da economia política do signo. 1974. BAUMAN, Zigmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1999. BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998. Bibliografia BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998. EGLER, Tamara Tânia Cohen- Rio: nome do lugar , vídeo, disponível em www.ippur.ufrj.br/espaco

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