Johnson - Capítulo 4

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    2/17

    ara

    os meus pais

    Titulo

    or

    igina

    l

    lnterfoce Culture How

    ew

    Technology

    Transforms the Way e Create

    and

    Communicate

    T

    a d u ~ a o auwr

    i

    za

    da da primeira

    ~ a o

    none-americana

    publi

    ca

    da em 1997 por Harper Ed

    ge,

    urn selo da HarperCollins,

    de Nova York, Estad

    os

    Unidos

    Copyr ight 1997, Sreven Johnson

    Copy

    ri

    g

    ht

    da d i ~ a o em lingua

    ponugu

    esa 200 I:

    Jorge Zahar Ediw r Ltda.

    rua Marques deS Vicente 99 - I

    224 51-04 1 Rio de Janeiro , RJ

    te

    l.

    (2 1) 2529-4750

    fax

    2

    1) 2529-4787

    edi wra@zaha

    r.

    com.br

    www.zahar.com.br

    Todos os direiws

    res

    erva dos .

    A r e p r o d ~ a o nao-aurorizada des ta p u b l c a ~ a o no rodo

    ou em pane, constitui v i o l a ~ a o de direiws aurora

    is.

    (

    Lei

    9.6 10198)

    Capa:

    Ca

    rol

    Sa

    e Sergio

    Campame

    C IP-Brasil. a a l o g a ~ a o - n a - F o n r e

    Sindicaro Nacional dos Edirores de Li vros, RJ

    Johnson, Sreven

    J65c Culrura da inrerfac

    e:

    como o computador rransforma

    0090

    nossa manei

    ra

    de criar e comu

    ni

    car Steven Johnson; tra

    d u ~ a o Maria Luisa X. de

    A.

    Borges; revisao recnica, Paulo

    Vaz. - Ri o de Janeiro; Zahar, 200 1.

    (Inte

    rf

    ace)

    T r a d u

    ~ a o

    de:

    lnr

    erface cultur

    e:

    how n

    ew

    technology

    transforms the

    way we

    create and co

    mmuni

    cate

    ISBN 978-85-7

    11

    0-589-8

    I

    Tecno

    logia e

    a ~ a o Aspecros sociais. 2. So

    ciedade da

    i n f o r m

    a ~ a o . 3.

    o m u n i

    c a ~ a o e cultur

    a.

    I

    Titu-

    lo.

    . Seri

    e.

    CDD

    303.483

    CDU 316.422.44

  • 7/25/2019 Johnson - Captulo 4

    3/17

    N

    S

    87

    hist6rias contadas da maneira usual. Para vera rela

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    4/17

    88

    CUL TUR O INTERF CE

    sendo gerada

    por

    toda parte; simplesmente n

    ao

    sabia mos o nde encontni-la.

    Cinqi.ienta anos antes

    do Navigator

    da Netscape, Bush reco rreu a uma metafo

    ra nautica

    para

    exp

    rimir

    esse

    pensamento,

    ja suge rindo a

    provocativ

    a ideia do

    espa

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    LINKS

    08

    sem antic

    a.

    As trilhas, em outras palavras, sao urn meio de organizar

    inf

    orma

    ~ a o que nao segue os ditames estritos, inflexiveis, do sistema decimal de Dew

    ey

    ou

    ou

    tras o

    n v

    e n ~ o e s hienirquicas.

    E

    possivel

    conectar documentos

    p

    or

    a z

    mais e

    lu

    sivas, efemeras, e pode haver muitas trilhas leva

    ndo

    a cada texto. Nos

    sos

    modos

    tradicionais de organizar as coisas - livros numa biblioteca, po r

    exemplo, ou elementos

    fisicos-

    sao estabeleci dos em

    torno

    de identidades II

    xas, estaveis: cada

    docum

    ento pertence a uma categoria especifica, assim co llln

    cada elemento possui uma (mica s e ~ a o

    na

    tabela peri6dica. 0 sistema

    de

    Bu sh

    estava mais pe

    rto

    daquelas s e m i s e m e l h a n

    ~ a s

    dos romances

    de

    Dickens: cln,

    de a s s o c i a ~ a o intrigantes, mas

    nao

    totalmente formados. Isso implicou un1

    deslocamento profunda do modo como lidamos com a i n f o r m a ~ a o . 0 seculn

    anterior fora

    dominado

    pela m entalidade enciclopedica (de que Flauber t

    uma famosa

    par6dia em

    seu romance satirico Bouvard e P

    e u

    het , em que o

    objetivo primordial do gerenciamento da informa

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    6/17

    90

    CULTUR D INTERF CE

    banal da AT T do fim da decada de 1990,

    ou

    a avaliac;:ao

    en

    tusiastica de urn pro

    duto

    na r

    ed

    0 advogado de patentes tem a sua disposi

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    7/17

    LINKS

    9 1

    aque]a triJha

    de

    interesse a

    medida que

    expJora

    0

    espa

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    8/17

    9

    CUL TUR D INTERF CE

    necessidade de urn

    instrumento par

    a a

    abertura

    de trilh s

    continua

    irreali

    zada, pelo me

    nos

    na Internet. (Va rios softwares para g

    rupos

    Lotus Notes,

    por

    exemplo

    - chegaram

    perto

    da tecnologia

    de

    constrU

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    9/17

    LINKS

    1:1

    afirmava

    que

    0

    CritiCO-

    e n

    aO

    0

    au

    t r tinha a Ultima palavra SObre 0

    CJ

    UC I I

    livro

    sign

    ificava , e co mo ha muitos criticos

    por

    ai,

    cada urn

    arras tando uma in

    t

    er

    pretal'l

    nsor s lo

    h ip ric. lu v

    l l

    iss u

    lll

    olllllOI tllllr;

    llll

    :

    lll

    ' ir;l dl

    rc.

    v s li

    ro

    l ilor I

    lliiOi

    ld 1

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    94 SULTURA DA INTERFACE

    de em

    detrim

    e

    nto do

    autor, embora esse argumento sempre me

    tenha

    parecido

    urn tanto suspeito.

    Lembro

    de,

    qu

    a

    nd

    o adolescent

    e

    ter te

    rminado Crime e

    c stigo

    Ia pela

    metade do romance precisamente porqu

    e estava

    cansado

    dos

    seus

    caminhos .

    Soube

    sse eu na e

    poca alguma

    coisa

    sabre

    a politica

    do

    hiper

    texto, talvez

    nunca

    o tivesse deixa

    do

    passar

    do primeiro capitulo

    .

    A teologia da libertac,:ao da ficc :ao em hipertexto tem uma outra limitac :ao.

    A politica da leitura, afina l

    nao

    e uma simples

    questao

    de confrontac,:ao

    entre

    autor e lei or. Ha tambem aquela outra dimensao crucial: a experi encia parti

    lhada

    dos

    lei

    to

    res, o lac :o social mais

    amp

    lo que se desenvolve e

    ntr

    e pessoas que

    lera m as m es

    mas

    na

    rr

    ati vas. Essa experiencia

    partilhad

    a foi

    um

    co

    mponent

    e

    essencial do sucesso de Dickens como

    romancista.

    Os elos de associac,:ao uniam

    nao s6 os universos sociais dispares

    de

    seus

    personagen

    s

    todo

    s aqueles rufioes,

    damas de

    companhia, corretores

    de valores e diarista

    s. Uniam tambem um

    a

    nac :ao de leitores.

    Sem

    essa ressonancia coletiva, o debil e alentador s

    ussurro

    de

    urn milhar de

    dedos

    virando as

    mesmas

    paginas em unissono, as soluc :oes ima

    ginarias de Dickens teriam perdido a

    forc :a.

    E aqui reside a grande distinc :ao en

    tre o elo dickensiano e seus

    descendentes do

    hipertexto.

    Os

    elos de Dickens

    operava m a servic :o da unificac :ao

    fundindo

    tanto as vidas ficcionais de seus

    personagens quanta as imaginac,:oes de seus leitores. Os elos de Joyce operam

    na

    dire

    c :ao opost

    a.

    Fragmentam a experiencia da lei tur

    a

    dispersam-na em cen

    tenas de variac,:oes, a tal

    ponto

    que cada le

    itura

    produz uma hi

    st6

    ria diferente.

    Ha

    algo de

    palpitant

    e nessa nova

    abertur

    a,

    mas

    ta

    mbem

    algo de

    profunda

    me

    nt

    e solitario.

    Depoi

    s de

    dar

    cabo

    de

    Afternoon

    telefonei

    para

    alg

    un

    s amigos,

    qu e ta

    mb

    em

    tinham

    ziguezaguea

    do

    por ele,

    em

    busca de feedback. Em cada te

    lefo nema,

    conversamos animadamente

    por urn ou

    do is minuto

    s

    sabre

    o meio e

    suas possibilidades, mas

    no

    insta

    nte

    em

    qu

    e passamos para o conteudo

    da

    his

    t6ria a co nversa ficou co

    ntr

    afeita e dese

    quilibrada

    .

    Es

    tava mos falando, afinal

    de contas, de hist6r ias muito di fere ntes. Cada leitura havia

    pr

    od uzido

    uma

    ex

    periencia individ ual , privada. Nesses mome

    nt

    os,

    qu

    a

    nd

    o eu te

    nt

    ava

    enco

    ntrar

    um terreno de

    en

    te

    ndim

    e

    nt

    o po r telefon e o

    hip

    ertexto pareceu menos l l l l

    exercicio de

    democracia

    literaria que uma ca

    bin

    e iso l

    adora.

    Embora os profetas

    do

    hi

    pert

    exto estivessem certos ao sentir

    que

    algo de sign ifi

    cativo fermentava na nova gramatica dos link

    s

    a maioria deles estava pens

    ando

    na escala errada. Esperava -se

    que

    o hipertexto revolucionasse nosso

    modo

    de

    na

    rrar

    hist6rias,

    ma

    s o que ele ac

    abou por

    transformar foram as nossas frases.

    Em nenhum Iugar

    is

    so e mais visivel

    que

    na propria

    Wo rl

    d

    Wid

    e Web - ago ra o

    grande viveiro

    para

    inovac oes em hipertexto. A Web comec :ou a

    ga nhar proe

    mi

    nencia qu ase

    no

    fina l de 1994, exa tame

    nt

    e qua ndo a fasc

    in

    a

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    LINKS

    9

    gurus digitais da

    Ne

    wswee

    k;

    o

    N

    ew ork

    Ti

    mes

    B

    oo

    k Revi

    ew

    public

    ara va rios ex

    tensos ensaios sa

    br

    e ro mances em hipertexto, e

    ntr

    eme

    ado

    s com as i n

    e f e v

    referenci as a Co rtazar e C

    al

    vi no; Sven Birkerts havia

    publi

    ca

    do

    seu

    vi

    ole

    nt

    o ala

    que aos ca

    minh

    os que se bifurca m da narrati

    va

    nao linear, The Gutenberg Elegies.

    A Web era vista

    com

    o

    uma

    continua\=ao l6gica dessa tendenci

    a:

    um

    meio global

    para a narrativa em hipertexto. Logo estariamos to

    do

    s navegando po r elabo ra

    dos espa\=os- hist6rias em nossos

    co

    mputadores pessoa is , alinhavando nossos cn

    redos s

    ob

    medida a cada clique

    do

    m o use. }orna listas

    iriam

    enviar hi st6 rias num

    forma

    to mais trid imensio nal -

    co

    m uma serie de

    co

    mb in

    a l=

    6es possiveis

    em ve

    l

    de

    um

    a

    pe

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    12/17

    96

    C

    ULTU

    RA DA

    INT

    E

    RF

    ACE

    te arrojados,

    como

    Word parecem mais preoc up ados com firulas de multimi

    dia do que com links associativos. Quando Stefanie Sy man e eu

    fi

    zemos o

    primeiro projeto do FEED, incluimos duas se

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    13/17

    L NKS

    87

    va m a olh

    ar

    para uma dire

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    14/17

    98

    CUL T

    UR

    A DA INTERFACE

    observed

    of

    old-line cultural

    observers are merely blunted.

    o

    more reheeling

    your

    Manalo

    mule

    s

    every three weeks - a lack

    of

    mobility confers an advantage.

    Though boxed intra cubicles the

    new counterparts of Whether

    Overground footsoldiers have

    free

    r

    faster ac

    ce

    ss

    to

    the

    entrails

    and

    the leaves

    ofhipster lif

    e.

    Normalmente,

    e clara,

    eu

    teria pouca paciencia

    com

    a enxurrada de alu

    soes metaf6ricas atrapalhadas,

    sobretudo

    num site da Web. Mas vi-me voltan

    do aos Sucksters nao tanto para ler o que

    tinham

    a dizer, mas para entender de

    que

    modo

    o estavam dizendo. Ap6s algumas semanas de estudo, comecei a me

    dar conta de que a qualidade espectral, eterea, da pros especialmente estra

    nha dada a materialidade das pr6prias palavras - era urn efeito colateral dos

    links. Como

    as

    semelhans;as fugazes de Grandes s p r n os links provoca

    vam aquela impressao de misterio, a impressao de urn c6digo semidecifrado.

    0 grande truque ret6rico de Suck era este: enquanto todos os demais sites da

    Web concebiam o hipertexto como meio de aumentar a experiencia de leitura,

    Suck o via como uma oportunidade para sonegar informas;ao, para manter o lei

    tor a distancia. Ate os autores sofisticados da Web costumavam oferecer seus

    links como urn gars;om oferece

    uma

    pimenta maida na hora, urn tempera.

    (Quer mais? Basta clicar aqui.) Os artigos propriamente ditos nao eram afetados

    pelas leituras adicionais para

    as

    quais apontavam. Os links eram mero adendo,

    extensoes da argumentas;ao basica. Os Sucksters adotaram a linha oposta. Usa

    vam o hipertexto para condensar sua prosa, nao para expandi-la. As vantagens

    eram claras: podiam se mover mais depressa atraves de suas frases se elas fossem

    vinculadas estrategicamente a outros documentos. Nao precisavam especificar

    su

    as

    alusoes; podiam apenas apontar para elas e deixar a cargo do leitor ir adian-

    m

    trad

    U

    ;:

    ao

    a

    pr

    ox

    im

    ada: Na n

    ova

    in

    fo

    mo

    ck rac ia, as mesas/

    dos

    cafes fo ram derru badas.

    Os

    /

    c

    adave

    res acorrentados a term ina is/ escavad

    os

    estao ago ra na/ margem sangrenta, cnquant o os

    mai

    s/

    observa

    d

    os

    do

    s

    observa

    dores c

    ul

    t

    ur

    ais/

    co

    nservado res est

    ao

    sim ples

    rn

    en

    l :

    ernb o tado

    s.

    N

    ao

    /

    ma

    is

    di

    z

    er amem

    as velhas

    mula

    s Ma

    na

    lo/

    a

    c

    ada

    t rcs se

    mana

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    rn

    a

    fa

    lt

    a dl'l

    mob ili

    dade re

    pr

    ese nta

    va

    r

    Ha

    gem/ Em

    bora

    cncurr a

    la

    da

    s em cuh ic ulm , os/ n

    ov

    r s su n l

    dos pcocs/

    Wh eth er O ve rgro und te rn accsso/ rn ais

    li

    vre , rna is r:

    pido

    :

    s/ l

    il l l ns

    '

    l'o

    lh rs dr

    ch:\ da v

    id:r r m o d l t lil ,

    ( N.'I'. )

  • 7/25/2019 Johnson - Captulo 4

    15/17

    N S

    te. Enterravam seus links no meio de frases, como enigmas, como pista

    . >

    . l:n,

    p1

    c

    iso

    ir ao encal

  • 7/25/2019 Johnson - Captulo 4

    16/17

    100

    CULTURA DA INTERFACE

    impressao de estar explorando urn trecho de Suck ou navegando at raves de urn

    ambiente. Estava-se simpl

    es

    mente lendo , mas as frases qu e rolavam tela abaixo

    tinham

    uma

    es

    tranha vitalidade. Eram de certo

    modo

    mais ressonantes, e a

    a

    br

    ev

    iatur

    a

    do

    hipertexto lh

    es

    permitia fazer

    muito

    mais

    com

    menos.

    Os links auto-referentes

    eram

    na verdade os cod igos de mais facil decifra

    < ao . Outras combina

  • 7/25/2019 Johnson - Captulo 4

    17/17

    LINKS

    1 01

    nancia, sua

    be

    la alu sao.

    Os link

    s de h ipe

    rt

    exto de Suck parecem -me tra n

    spo

    1

    esse

    hi

    ato. Pairam sobre a lin gua

    gem

    , s

    ombr

    eiam -na, parte infl

    exao

    e park

    alusao. Q uem pode dizer o

    nd

    e res ide o sentido

    li

    teral? Pode-se ler a frase sc

    111

    in

    ter

    rup