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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA APLICADA JORGE SANTOS PATERNOSTRO NETO ANÁLISE DA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL (DRS) DO BANCO DO BRASIL E A SUA ADEQUAÇÃO NA METODOLOGIA DLIS-DESENVOLVIMENTO LOCAL INTEGRADO E SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO DO PROJETO “BAIRRO DA PAZ – AGÊNCIA COMÉRCIO SALVADOR-BA”

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAFACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA APLICADA

JORGE SANTOS PATERNOSTRO NETO

ANÁLISE DA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL (DRS) DO BANCO DO

BRASIL E A SUA ADEQUAÇÃO NA METODOLOGIA DLIS-DESENVOLVIMENTO LOCAL INTEGRADO E SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO DO PROJETO “BAIRRO DA

PAZ – AGÊNCIA COMÉRCIO SALVADOR-BA”

SALVADOR2008

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JORGE SANTOS PATERNOSTRO NETO

ANÁLISE DA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL (DRS) DO BANCO DO

BRASIL E A SUA ADEQUAÇÃO NA METODOLOGIA DLIS-DESENVOLVIMENTO LOCAL INTEGRADO E SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO DO PROJETO “BAIRRO DA

PAZ – AGÊNCIA COMÉRCIO SALVADOR-BA”

Versão preliminar do Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Ihering Guedes Alcoforado

SALVADOR2008

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JORGE SANTOS PATERNOSTRO NETO

ANÁLISE DA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL (DRS) DO BANCO DO BRASIL E A SUA ADEQUAÇÃO NA METODOLOGIA DLIS-DESENVOLVIMENTO LOCAL INTEGRADO E SUSTENTÁVEL: UM ESTUDO DO PROJETO “BAIRRO DA PAZ – AGÊNCIA COMÉRCIO SALVADOR-BA”

Aprovada em junho de 2008.

Orientador: ______________________________ Prof. Ihering Guedes Alcoforado Faculdade de Economia UFBA

_____________________________ Prof. Gilca Garcia de Oliveira Faculdade de Economia UFBA

_____________________________ Prof. Henrique Tomé da Costa Mata Faculdade de Economia UFBA

10

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Ihering Alcoforado, pela paciência, colaboração e ensinamentos como professor e orientador.

Aos professores que marcaram minha passagem na Universidade, ensinando-me muito além dos conteúdos formais.

A todos os colegas e amigos que fizeram parte da minha passagem pela faculdade de economia contribuindo para meu crescimento acadêmico e também como pessoa.

A todos os meus amigos de infância e de colégio que compartilharam e compartilham fases da minha vida contribuindo para meu crescimento como pessoa.

A toda minha família. Sempre presente.

A meus pais pelas oportunidades dadas.

A minha filha que surgiu na minha vida para trazer mais motivação e alegria.

11

“Algumas poucas pessoas, em alguns poucos lugares, fazendo algumas poucas coisas, podem mudar o mundo.”

Grafite anônimo no Muro de Berlim

12

RESUMO

Este estudo buscou analisar um programa criado pelo Banco do Brasil chamado de estratégia negocial de Desenvolvimento Regional Sustentável quanto a sua adequação na metodologia DLIS. Para tanto, foi escolhido um projeto do Bairro da Paz da agência do Comércio o qual foi analisada a sua fase de concepção e implementação para obter as conclusões necessárias. O principal resultado identificado foi uma parcial inadequação á metodologia, sobretudo na fase de implementação, mas que apesar disso inclusão social e melhorias para os beneficiários. Não obstante, para realizar o estudo foram analisados o diagnóstico e o plano de negócios do projeto, informações colhidas com os funcionários do Banco do Brasil e com o representante da uma cooperativa que foi criada pelo projeto, além da experiência vivenciada no estágio no setor responsável do Banco do Brasil pela gestão do DLIS na Bahia.

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento local integrado e sustentável. Metodologia DLIS.

13

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação gráfica da articulação entre as parcerias. Fonte: Banco do Brasil, 2007.

26

Figura 2 – “Tripé” do DLIS. Fonte: Banco do Brasil, 2007. 27

14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8

2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO 10

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DA ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO 10

2.2 A CONTRIBUÇÃO DOS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO

SUTENTÁVEL

14

2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20

2.4 AGENDA 21 23

2.4.1 Agenda 21 Brasileira 23

2.4.2 Agenda Local 25

2.4.3 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável 25

2.5 METODOLOGIA DLIS 31

3 BANCO DO BRASIL: UM AGENTE SOCIAL 37

3.1 O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DO BANCO DO BRASIL COMO

UM AGENTE SOCIAL

37

3.2 ESTRATÉGIA DE DRS DO BANCO DO BRASIL 38

3.2.1 Experiências do Banco do Brasil com o DLIS 38

4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO “BAIRRO DA PAZ – AGÊNCIA

COMÉRCIO SALVADOR-BA”

40

4.1 O PROJETO 40

4.2 A ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA DLIS NA CONCEPÇÃO E

IMPLANTAÇAO DO PROJETO DA AGÊNCIA COMÈRCIO.

43

4.2.1 Análise da Concepção 43

4.2.2 Análise da Implementação 48

5 CONCLUSÃO 53

REFERÊNCIAS 55

15

1 INTRODUÇÃO

A grande mudança do modo de produção da humanidade se deu a partir da primeira

revolução industrial. O aumento da produtividade, avanço tecnológico, ganhos de escala

e aumento do consumo, proporcionados pela mecanização e automação decorrente

principalmente da revolução, causam impactos negativos ao meio ambiente (consumo

crescente dos recursos naturais, e degradação ambiental) e no modo de vida social

(exclusão social), que implica atualmente, em discussões e políticas.

Nesse cenário, de desenvolvimento excludente e degradação ambiental, surgiu a

necessidade de serem implementadas políticas compensatórias a exemplo da estratégia

negocial de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do Brasil, que

utiliza a metodologia Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS). A

estratégia do Banco visa promover a geração de trabalho e renda de acordo com os

princípios de DLIS. O Banco do Brasil tem enfrentado este desafio através de vários

projetos. Pretende-se analisar um projeto da agência bancária do bairro do Comércio

que está em processo de implementação e verificar se a metodologia adotada na sua

estratégia adequa-se à metodologia DLIS1.

Segundo Franco (2000), o DLIS é uma estratégia complementar de desenvolvimento

que visa melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem em unidades sócio-

territoriais delimitadas ou, mais restritamente ainda, como uma estratégia de superação

da pobreza. Implantar o DLIS é, assim, desinstalar um velho conjunto de práticas,

substituindo por outras práticas – mais democráticas, mais cidadãs e mais sustentáveis.

1 No Brasil, o programa Comunidade Ativa elegeu o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS) como metodologia oficial a ser aplicada nos municípios pobres brasileiros pelos fóruns locais em parceria com a comunidade/governo. O mesmo método foi adotado pelo programa Faróis de Desenvolvimento do Banco do Nordeste e pelo projeto Alvorada, todos eles voltados para pequenas cidades de baixa renda. O fato é que fóruns de desenvolvimento local (ou de Agenda 21) congregando as lideranças governamentais e civis para definir o destino de suas localidades adquiriram diferentes feições e estilos, seja adotando metodologias organizacionais de planejamento estratégico, seja estabelecendo pactos e entendimentos em torno de bacias hidrográficas ou projetos futuros. (BRASIL, 2004, p.62)

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Por ser uma estratégia nova, nunca foi feita uma análise desse tipo no Banco, um dos

motivos para a idéia do estudo. O objetivo do trabalho é fornecer subsídios no seu

aperfeiçoamento.

Com este propósito, o trabalho consta desta Introdução mais três partes e uma

Conclusão. No primeiro ponto, trata-se da evolução do conceito de desenvolvimento,

ressaltando as condicionantes que levaram à emergência do Desenvolvimento Regional

Sustentável, em seguida detalham-se seus princípios, seus procedimentos e suas metas.

O segundo ponto apresenta como o Banco do Brasil desenvolve sua estratégia, algumas

experiências desenvolvidas, e os seus objetivos. No terceiro ponto, far-se-á o “estudo de

caso” do projeto da agência que está em fase de implementação, tendo em vista analisar

sua adequação à metodologia atendida. Por fim, na conclusão busca apresentar as

considerações emergentes do cenário observado.

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2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

A recuperação da problematização do conceito de desenvolvimento será feita a partir de

duas tradições. A tradição que surge no campo da economia do desenvolvimento, que

toma impulso a partir da distinção do desenvolvimento quantitativo ao desenvolvimento

qualitativo. A segunda tradição que surge das novas qualificações dadas ao

desenvolvimento econômico sustentável.

2.1 A CONTRIBUIÇÃO DA ECONOMIA DO DESENVOLVIMENTO

a) DESENVOLVIMENTO COMO MUDANÇA QUANTITATIVA

Inicialmente, para os pensadores que estudavam o desenvolvimento, havia certa

confusão no entendimento entre crescimento e desenvolvimento econômico. De acordo

com Gutierrez (1975), o conceito de desenvolvimento não estava claramente delimitado.

Existem diferentes enfoques. Para muitos, somente o crescimento econômico era o

bastante para caracterizar desenvolvimento, ou seja, se houvesse aumento do PIB de um

país, por exemplo, significaria que ele estaria desenvolvendo-se. O crescimento

econômico é entendido como um aumento da capacidade produtiva da economia, ou

seja, a expansão do produto real ao longo do tempo e, portanto, a produção de bens e

serviços.

Foram criados diversos modelos e teorias para explicar o desenvolvimento e o processo

de crescimento econômico. Dentre eles, o modelo Keynesiano, o modelo de crescimento

de Harrod-Domar e o entendimento de Schumpeter acerca do desenvolvimento.

(a) Modelo Keynesiano:

No modelo Keynesiano, os estímulos à demanda tinham como objetivo elevar a

capacidade produtiva, e por fim atingir o pleno emprego. O modelo é considerado de

curto prazo, pois a capacidade produtiva é considerada como dada. Ou seja, o estoque

de mão- de - obra e de capital e o nível de conhecimento tecnológico são fixados,

variando apenas o grau de utilização. Existem, no entanto, modelos que buscam explicar

a elevação da capacidade produtiva ao longo do tempo. (LOPES, 2000)

0

(b) Modelo Harrod Domar:

Um modelo elaborado para explicar o crescimento ao longo prazo foi o de Harrod-

Domar, de inspiração Keynesiana, que considera o desenvolvimento econômico como

um processo gradual (progressivo) e equilibrado, ou seja, de acordo com o equilíbrio

conhecido como fio da navalha, se um país sair da trajetória de equilíbrio ao longo

prazo, não consegue mais voltar para a trajetória do crescimento equilibrado. O modelo

é tido como uma visão muito mecânica e considera a importância de três variáveis

básicas para o crescimento: a taxa de investimento, a taxa de poupança e a relação

produto-capital (LOPES, 2000). O modelo, no entanto, é importante para analisar como

o crescimento econômico está se processando, mas apesar de mencionar a expressão

desenvolvimento econômico, não abordando elementos qualitativos, percebe-se que

neste caso não existe uma diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico.

(c) Contribuição de Schumpeter:

Schumpeter (1997) tem uma visão do que seja desenvolvimento econômico da seguinte

forma:

O desenvolvimento econômico até agora é simplesmente o objeto da história econômica, que por sua vez é meramente uma parte da história universal, só separada do resto para fins de explanação. Por causa dessa dependência fundamental do aspecto econômico das coisas em relação a tudo o mais, não é possível explicar a mudança econômica somente pelas condições econômicas prévias. Pois o estado econômico de um povo não emerge simplesmente das condições econômicas precedentes, mas unicamente da situação total precedente.

O autor esboça um fluxo circular da vida econômica cujas premissas são: propriedade

privada; divisão do trabalho e a livre concorrência; o fluxo de produção é estático e

imutável, sem acumulação e sem alteração da expansão da riqueza. No capitulo 2 da

obra, intitulado “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico”,

Schumpeter diz que o produtor é quem inicia a mudança, e o desenvolvimento ocorre a

partir das novas combinações que nada mais é do que o emprego diferente da oferta de

meios produtivos existentes no sistema econômico, ou seja, a inovação. Schumpeter

1

atribui às inovações, ou seja, às tecnologias inovadoras, a responsabilidade pelo

desenvolvimento econômico.

Não obstante, percebe-se que ao tratar de desenvolvimento, não se tinha uma distinção

clara do que era crescimento e desenvolvimento, muitos autores utilizavam como

sinônimos as duas expressões, ou até mesmo ignoravam aspectos qualitativos que se faz

necessário ao falar sobre desenvolvimento.

b) DESENVOLVIMENTO COMO MUDANÇA QUALITATIVA

A idéia de que somente o crescimento econômico era fundamental para atingir o

desenvolvimento foi contestada pelo simples fato de que a concentração de renda

impede que o país se desenvolva como um todo. Não obstante, o termo

“desenvolvimento econômico” além de apresentar conceitos econômicos, passou

também a expressar melhorias qualitativas.

Singer (1997), afirma que o que se entende hoje por teoria do desenvolvimento surgiu

como uma aplicação da macroeconomia aos países subdesenvolvidos. Quando a teoria

do desenvolvimento começou a ser elaborada, havia interesse de refutar a teoria

marxista e de encontrar meios pelos quais os países industrializados pudessem ajudar

suas ex-colônias e demais países “atrasados” e encontrar o caminho da industrialização

e do enriquecimento. Dessa forma, a teoria do desenvolvimento acabou identificando a

relativa escassez de capital como a principal causa do subdesenvolvimento.

O tema do desenvolvimento econômico caracteriza-se pela ausência de uma

conceituação universalmente aceita. Singer (1997) então divide as conceituações mais

usais em duas correntes: as que identificam o desenvolvimento econômico como

crescimento econômico e as que distinguem crescimento e desenvolvimento.

Para os autores da primeira corrente, desenvolvimento é meramente um outro nome

para o fenômeno do crescimento econômico, mas isto não quer dizer que não

reconheçam a existência de países desenvolvidos e de outros subdesenvolvidos. Assim,

o problema do desenvolvimento é a questão de que o progresso da civilização não se

2

verificou uniformemente em todas as regiões habitadas, concentrando-se em alguns

poucos países, ou seja, o desenvolvimento do capitalismo é geograficamente desigual.

Como dito anteriormente, para Singer (1997), o primeiro corolário da distinção entre

desenvolvimento e crescimento econômico é de que o crescimento é visto como um

processo de expansão quantitativa, ao passo que o desenvolvimento é tido como um

processo de transformações qualitativas dos sistemas econômicos.

Um importante autor que contribui para a necessidade da incorporação de elementos

qualitativos na questão do desenvolvimento econômico é Amartya Kumar Sen; seus

escritos contribuem para análises e programas da Organização das Nações Unidas

(ONU) e do Banco Mundial. O autor também colaborou para a elaboração do Índice de

Desenvolvimento Humano2 (IDH), que foi criado por Mahbub ul Haq.

Sen (2000) na obra “Desenvolvimento como liberdade” aborda um conceito que

apresenta a expansão das liberdades reais que as pessoas possam desfrutar como o

principal objeto do desenvolvimento. O aumento do PIB e do PIB per capita são

considerados meios de expandir as liberdades da sociedade, mas a liberdade vai além

disso, depende de elementos sociais e econômicos, como os serviços de educação, saúde

e moradia, e dos direitos civis, como as participações coletivas, por exemplo.

Industrialização, tecnologia e a própria modernização social podem contribuir para a

expansão da liberdade humana, mas depende de outras influências.

“O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação da

liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social

sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva

de Estados regressivos”. (SEN, 2000, p. 18). O desenvolvimento consiste na remoção

desses elementos que fazem as pessoas se limitarem em poucas escolhas e poucas

oportunidades para exercerem ações que promovam o desenvolvimento.

2 O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver"(PNUD).

3

Resumindo, os conceitos de desenvolvimento econômico foram “despregando-se”

apenas de aspectos quantitativos e foi preciso ser incorporado também elementos não só

qualitativos, mas também ambientais, que proporcionaram à abordagem no campo do

desenvolvimento discussões sobre a preocupação com o meio ambiente, emergindo

assim, a contribuição do Desenvolvimento Sustentável.

2.2 A CONTRIBUÇÃO DOS MODELOS DE DESENVOLVIMENTO

SUTENTÀVEL

a) A SUSTENTABILIDADE FRACA

Segundo Faucheux (1997), a definição corrente do Desenvolvimento Sustentável (DS)

traduz-se na maior parte, na utilização dos modelos neoclássicos, pela manutenção ou

crescimento de um potencial de bem estar. Esta insiste no não decréscimo a longo prazo

da utilidade, do rendimento por habitante ou do consumo real, o qual, constitui o

objetivo de equidade intertemporal que o desenvolvimento sustentável implica. A

questão da sustentabilidade é apresentada graças a modelos de crescimento sustentável.

Nesse tipo de conceito, o conjunto dos recursos naturais e dos serviços ambientais é,

analisada a uma forma de capital que entende-se como o argumento de uma função de

utilidade ou como fator de produção. A emergência do conceito de capital natural

proporcionou a integração não só dos estoques de energia e de outros minerais, mas

igualmente todos os recursos, renováveis ou não, bem como as florestas tropicais, a

camada de ozônio, o ciclo do carbono, ou seja, qualquer ativo natural que forneça um

fluxo de serviços ecológicos ou econômicos no decurso do tempo. Os princípios da

teoria do capital podem ser aplicados ao capital natural. No entanto, alguns autores

passaram a incluir aos modelos de crescimento os recursos esgotáveis, ou seja, os

modelos de crescimento ótimos passam a ter um novo fator de produção, o capital

natural. As interações entre população, progresso técnico e dotação em ativos naturais

continuam a ser os elementos centrais do debate da sustentabilidade.

No inicio da década de 70, época em que começou a existir com maior freqüência os

debates sobre a preservação dos recursos naturais, assistiu-se ao desenvolvimento de

uma literatura substancial que trata:

4

1. Da natureza dos sentidos de crescimento ótimo com recursos esgotáveis, segundo o critério do valor atual de utilidade;

2. Da exeqüibilidade dos sentidos de consumo sustentado ou de consumo crescente per capita quanto tais sentidos resultam da maximização do valor atual ou de uma regra de bem estar intergeracional;

3. Dos meios pelos quais tais sentidos de consumo podem ser atingidos na prática. (FAUCHEUX, 1997, p.290)

Para Faucheux (1997), Stiglitz é um dos primeiros a utilizar os recursos naturais

esgotáveis num modelo macroeconômico de crescimento. O autor utiliza um modelo de

concorrência perfeita. Nos modelos de crescimento de inspiração neoclássica, na

ausência de recursos esgotáveis, a economia tende naturalmente para um sentido de

crescimento equilibrado a longo prazo. Com a introdução dos recursos esgotáveis ao

modelo, surgem alguns questionamentos: 1- ainda será possível um crescimento

equilibrado a longo prazo? 2-se sim, o sentido de crescimento obtido será estável? 3-o

ritmo de extração do recurso é o ritmo ótimo?

A inovação de Stiglitz é que, o autor inclui no seu modelo de base, o fator de produção:

volume de recurso esgotável utilizado na produção, o qual ele denomina de (R). Então,

além de ter no modelo, as variáveis normalmente utilizadas nos modelos tradicionais de

crescimento macroeconômico, estoque de capital (K), oferta de trabalho (L) e

tecnologia (T), aparece uma nova variável, que é o (R). Assim, Q=F(K, L, R, T).

O modelo de base de Stiglitz permite interpretar as extensões ao capital natural,

características da regra de sustentablidade fraca. E este é o elemento central deste tipo

de abordagem.

b) A SUSTENTABILIDADE FORTE

Sobre a sustentablidade forte existem duas interpretações que serão tratadas nesse

tópico. Na primeira seção será vista a interpretação conservacionista, enquanto na

segunda, a interpretação da Escola de Londres será analisada.

b.1) Abordagem Conservacionista da Sustentablidade Forte

5

A abordagem conservacionista forte surgiu como reação aos modelos de

sustentabilidade fraca. Sobre este conceito, a questão central é a regra de manutenção

constante do estoque de capital natural, avançada pelos adeptos do estado estacionário.

Faucheux (1997) afirma que as hipóteses da regra de manutenção constante do capital

natural, são definidas por Daly (1922), da seguinte forma:

1. A taxa de atualização é nula, visto que o direito e interesse das gerações futuras

são os mesmo que os da geração atual;

2. A elasticidade de substituição entre o capital reprodutível e o capital natural é

nula já que as funções de produção têm fatores complementares. O argumento

avançado estipula que o capital manufaturado não é independente do capital

natural visto que a sua produção necessita quase sempre da intervenção do

capital natural. A tese essencial de Daly sobre este ponto é que nos encontramos

num mundo onde o fator limitador do crescimento já não é o capital criado pelo

homem, mas sim o capital natural;

3. O progresso técnico apenas pode ter impactos extremamente limitados no que

diz respeito ao capital natural. As novas tecnologias não são necessariamente

menos poluentes. A exemplo do CFC, e dos metais pesados que são utilizados

nos circuitos integrados, como platina ou cádmio.

4. Em matéria de gestão do capital natural, o mercado deve ser substituído por

instituições encarregadas de regulamentar o seu uso de elaborar indicadores

biofísicos.

O Desenvolvimento Sustentável (DS), segundo a teoria conservacionista, é definido

como o desenvolvimento máximo que pode ser atingido sem diminuir os ativos do

capital natural da nação que são os seus recursos de base. Definidas as hipóteses

anteriores, tal regra (da manutenção constante do capital natural) implica

necessariamente taxas de crescimento econômico e demográfico nulas. Não obstante, o

crescimento econômico e demográfico tem relação direta no aumento do consumo de

energia e do consumo de matérias primas responsável pelo esgotamento dos recursos

naturais e por problemas ambientais, ou seja, responsável pela diminuição do capital

natural.

6

De acordo com (DALY 1922 apud FAUCHEUX, 1997, p.338) a questão central da

escala dos danos infligidos ao capital natural é expressa por intermédio dos fluxos e

estoques de energia e de matéria que atravessam o sistema econômico. É o produto do

consumo destes últimos per capita e da população que permite apreender a amplitude

dos danos ao capital natural. Com efeito, em razão das leis da termodinâmica, os fluxos

e estoques de matérias energéticas úteis são introduzidos na economia e mais tarde

descarregados no meio ambiente natural como desperdícios não utilizáveis. A escala da

atividade econômica deveria então ser determinada em função das capacidades naturais

dos ecossistemas para regenerar os recursos energéticos e materiais e para assimilar os

fluxos de desperdícios destes últimos, provenientes da economia. Uma escala desejável

para a atividade econômica deveria ser aquela que não corrói a capacidade de carga do

meio ambiente ao longo do tempo.

A estagnação de um crescimento energético e material num mundo em

desenvolvimento, constituiria numa trava da própria teoria da sustentabilidade, haja

vista, o desenvolvimento ocorrem simultaneamente com o crescimento econômico,

melhorias sociais e qualidade ambiental. Na teoria conservacionista da sustentabilidade

forte, as preocupações econômicas e sociais são esquecidas em proveito de preocupação

ecológica. Por esse motivo, que a análise e a regra da manutenção constante do capital

levam o nome de sustentabilidade conservacionista.

b.2) A experiência da Escola de Londres

A chamada experiência de Londres é na verdade uma tentativa de integração da

economia e da ecologia, ou seja, a articulação do crescimento econômico com

preservação do meio ambiente. Os autores da Escola de Londres, ao estudar a

especificidade do capital natural em relação as suas possibilidades de substitutibilidade,

são levados a propor uma nova regra de sustentabilidade cujas características se

encontram do modelo desenvolvido por Barbier e Markandya. (FAUCHEUX, 1997)

Faucheux (1997) ressalta que a maior parte dos ativos não mercantis que fazem parte do

capital natural caracterizam-se pela sua multifuncionalidade. Um mesmo recurso,

dependente desta categoria, pode preencher funções econômicas, recreativas, biológicas

e funções de tratamento da poluição. A água de uma ribeira constitui um bom exemplo,

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não é possível encontrar um substituto para o conjunto das funções de um ativo mineral

deste tipo. O progresso técnico também não se pode aplicar uniformemente a todas estas

funções. Assim, uma parte do capital natural é qualificada como capital crítico.

O capital natural pode ser entendido como reversível e irreversível quanto a sua

degradação. No primeiro caso, se for manifestado em pequena escala pode ser tratado

através de eficiência econômica tradicional. No segundo caso, se for manifestado em

grande escala deveria ter um uso submetido a limitações. A hipótese de

substitutibilidade entre capital manufaturado e capital natural é considerada pertinente

quando as funções econômicas e produtivas do capital natural estão relacionadas.

No modelo de Barbier e Markandya encontram-se características que são questões

centrais da Escola de Londres. Neste modelo o capital técnico não é substituído

totalmente pelo capital natural, e existe uma necessidade de se manter um mínimo

positivo de capital natural.

De acordo com Faucheux (1997, p.362):

O objetivo da sustentabilidade exprime-se, portanto através das três categorias de barreiras ecológicas que enquadram à função de utilidade cujo valor atualizado deve ser maximizado:- a utilização dos recursos naturais renováveis não pode exceder a sua taxa de renovação;- os recursos esgotáveis devem ser extraídos a uma taxa que permita a sua substituição por recursos renováveis;- As emissões de desperdícios devem ser inferiores a capacidade de assimilação do meio.

As questões referentes ao meio ambiente não foram incorporados aos modelos dos

grandes economistas clássicos no que tange a teoria do Desenvolvimento. O momento

histórico é um fator que influencia muito na elaboração das formulações e teorias, talvez

quando eles pensaram em elaborar as suas idéias o planeta não estivesse passando por

profundas alterações ambientais resultantes da ação do homem ao meio ambiente, ou

então não fosse foco do próprio objeto de estudo incorporar elementos ambientais,

deixando-o a parte.

Os recursos naturais não são infinitos, a base ecológica ou ambiental não é citada na

ciência econômica tradicional dentro de seu arcabouço analítico, levando a entender a

8

crença de um crescimento ilimitado. O que se percebe observando relatórios de

estudiosos em biologia, ecologia, metereologia, geologia, entre outros. São casos, tais

como: alterações climáticas, extinções de espécies animais e vegetais, falta de água

potável em alguns lugares do globo, ou seja, alterações provocadas pelo homem que

compromete a sua própria existência. E isto nos dá uma idéia de confronto entre

eficiência (modelos econômicos de máxima produção) e o mundo de valores (a própria

existência humana).

2.3 O DESAFIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Diante deste cenário, um grupo de trinta pesquisadores de diversos países, coordenado

por Dennis Meadows, que faziam parte do Clube de Roma fundado em 1968, em Paris,

para discutir a crise da degradação ambiental, publicou, em 1972 (mesmo ano que

aconteceu a conferência de Estocolmo), o relatório, “A Tese dos Limites do

Crescimento”. A tese e conclusões básicas do grupo de pesquisadores pretendiam um

crescimento zero e tinha as seguintes proposições muito criticadas por diversos

pesquisadores e, principalmente, por Solow, resumidas por Franz Bruseke da seguinte

forma (CAVALCANTI, 1997):

1. Se as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.2. É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.3. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.Para alcançar a estabilidade econômica e ecológica, Meadows et al. propõem o congelamento do crescimento da população global e do capital industrial; mostram a realidade dos recursos limitados e rediscutem a velha tese de Malthus do perigo do crescimento desenfreado da população mundial.

9

Em 1973, o canadense Maurice Strong usou, pela primeira vez, o conceito de

ecodesenvolvimento para caracterizar uma nova alternativa de política diferente das

normalmente utilizada para promover o desenvolvimento. Porém, foi Ignacy Sachs que

formulou os princípios básicos, quais são: satisfação das necessidades básicas,

solidariedade com gerações futuras, participação da população envolvida, preservação

do meio ambiente em geral, elaboração de um sistema social que garanta emprego,

segurança social e respeito à cultura e por fim, programas de educação.

(CAVALVANTI, 1997, p.30)

Assim como o Clube de Roma e as idéias de Maurice Strong, outros acontecimentos

foram sucedendo-se e tiveram sua parcela de contribuição para reforçar as idéias de

sustentabilidade e meio ambiente que estão incorporados no Desenvolvimento

Sustentável (DS). Vale mencionar a Declaração de Cocoyok em 1974, que culminou no

relatório Dag-Hammarskjold de 1975.

Um marco importante nas idéias de DS foi o Relatório Brundtland. O relatório foi

resultado do trabalho da Comissão Mundial das Organizações das Nações Unidas

(ONU) sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED) em 1987 na Noruega.

Os presidentes desta comissão era Harlen Brundtland, e Mansour Khalid. O relatório

engloba a preocupação, no entanto, das causas dos problemas econômicos, sociais e

ambientais, e chama atenção para uma nova postura ética no modo de produção da

economia. O relatório foi criado com a intenção de que o Estado pudesse aplicar

políticas que contribuíssem, sobretudo, para preservação ambiental. São elas:

a) Limitação do crescimento populacional.b) Garantia da alimentação ao longo prazo.c) Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.d) Diminuição do consumo de energia e de desenvolvimento de

tecnologias que admitem uso de fontes energéticas renováveis.e) Aumento da produção industrial nos países não industrializados à

base de tecnologias ecologicamente adaptadas.f) Controle de urbanização selvagem e integração entre campo e

cidades menoresg) As necessidades básicas devem ser satisfeitas.h) As organizações do desenvolvimento devem adotar a estratégia do

desenvolvimento sustentável.i) A comunidade internacional deve proteger os ecossistemas

supranacionais como a Antártica, os oceanos, o espaço.j) Guerras devem ser banidas.

10

k) A ONU deve implantar um programa de desenvolvimento sustentável. (CAVALCANTI, 1997, p.31).

Em 1987, a Comissão para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, na Noruega,

apresentou o atual conceito de desenvolvimento sustentável: é aquele que satisfaz as

necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras

satisfazerem suas próprias necessidades. A partir deste conceito podemos pensar como

isto poderá ser conquistado, ou se realmente precisamos nos preocupar com essa

realidade. O DS é um tipo de desenvolvimento que contraria os modelos de

desenvolvimentos econômicos tradicionais. Cada teoria é formulada em um

determinado momento histórico, às vezes é difícil realmente imaginar que Marx ou

David Ricardo se preocupassem com o meio ambiente naquela ocasião. Os modelos

econômicos tradicionais pregam uma máxima produção sem considerar que os recursos

naturais são limitados e sem considerar as variáveis ambientais. Realmente, é uma tarefa

difícil explicar para os grandes empresários que eles precisarão produzir menos e

valorizar o meio ambiente ou implementar práticas redutivas de poluição ambiental que

os causarão custos.

Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro uma conferência da ONU sobre o meio ambiente

que ficou conhecida como Eco-92. O acontecimento reuniu mais de 35 mil pessoas 106

chefes de Estado. O acontecimento realizou-se com o objetivo de discutir as influências

dos meios de produção no meio ambiente e vislumbrar soluções para minimizar os

danos causados ao planeta. Dentre outras coisas, foi acordado que os países deveriam

criar um documento que contemplasse uma série de objetivos, normas, diretrizes de

cunho ambiental e de integração social que pudessem auxiliar o Estado nas políticas

contra a degradação ambiental e no seu desenvolvimento preocupando-se como o futuro

das próximas gerações. Este documento ficou conhecido como Agenda 21.

Este rápido histórico apresentado apenas evidencia a preocupação cada vez mais latente

em relação ao meio ambiente que vem a interferir tanto no modo de vida social como na

economia. Meio ambiente, sociedade, economia estão intimamente ligados. Hoje em

dia, não podemos mais pensar um mundo sem responsabilidade sócio-ambiental; após a

revolução industrial, os índices de produtividade aumentaram consideravelmente em

relação há décadas passadas, com isso o padrão de consumo elevou-se.

11

Parece inerente ao ser humano o desperdício. Anos atrás no Brasil, por exemplo, o

consumo de energia teve que ser regulado, foi o conhecido “Apagão”. O consumo de

energia teve que ser reduzido no mínimo em 20%. Esta questão de desperdício pode ser

considerada um fator cultural ou educacional que pode ser remediado através de

políticas de responsabilidade sócio-ambiental que também estão presentes na Agenda

21.

Portanto, a interferência do Estado é considerada importante no auxílio a políticas de

cunho sócio ambiental. Mas não depende só do aparato Estatal,

A sustentabilidade vai muito mais longe do que se pretende ao qualificá-la simplesmente como atributo de um tipo de desenvolvimento. È um projeto de sociedade alicerçado na consciência critica do que existe e um propósito estratégico como processo de construção do futuro.(CAVALCANTI, 1999, p. 15)

O DS pode ser entendido como um projeto de futuro que entende ser de fundamental

importância a união entre economia, sociedade e meio ambiente, não com preocupação

somente em ganhos quantitativos, mas com preocupação em preservar tanto a sociedade

quanto o meio ambiente que estão ligados e tende a se expressar através de distintos

recortes espaciais, locais, regional, global.

2.4 A AGENDA 21

Como dito anteriormente, a Agenda 21 foi resultado das reuniões da ECO 92, visando

estabelecer um conjunto de normas, ações e diretrizes objetivando promover o DLIS

através de políticas públicas com a participação coletiva.

A Agenda 21 é o mais importante compromisso firmado no ECO 92. Com mais de 2500 recomendações práticas, é um programa de ação para implementar um novo modelo de desenvolvimento, que propicie o manejo sustentável dos recursos naturais, resguardando a qualidade de vida das gerações futuras. Um de seus principais temas é a necessidade de erradicar a pobreza, dando aos pobres acesso aos recursos que necessitam para viver sustentavelmente. A Agenda 21 não é uma agenda ambiental: é uma agenda para o desenvolvimento sustentável, que prevê ações concretas a serem implementadas pelos governos e pela sociedade civil em todos os níveis ( federal, estadual e local). A Agenda 21 pede que os governos adotem estratégias nacionais para o desenvolvimento sustentável, que devem ser desenvolvidas com ampla participação. (SILVEIRA; REIS, 2001, p.30).

2.4.1 Agenda 21 Brasileira

12

O processo de construção da Agenda 21 brasileira se deu de 1996 a 2002, foi

coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS), e teve

o envolvimento de cerca de 40.000 pessoas de todo o Brasil. A partir de 2003, a Agenda

21 Brasileira não somente entrou na fase de implementação assistida pela CPDS, como

também foi elevada à condição de Programa do Plano Plurianual, PPA 2004-20073, pelo

atual governo.

A Agenda 21 tem provado ser uma espécie de guia eficiente para processos de união da

sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação; é hoje um dos

instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil, englobando os conceitos de

DLIS. A Agenda 21 Brasileira também é utilizada como subsídios para a Conferência

Nacional de Meio Ambiente, Conferência das Cidades e Conferência da Saúde. Esta

inserção da Agenda 21 reflete da necessidade de elaborar e implementar políticas

públicas em cada município e em cada região brasileira. Ao todo são 21 objetivos, a

seguir:

1. Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício2. Ecoeficiência e responsabilidade social das empresas3. Retomada do planejamento estratégico, infra-estrutura e integração

regional4. Energia renovável e a biomassa5. Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável6. Educação permanente para o trabalho e a vida7. Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS8. Inclusão social e distribuição de renda9. Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a

saúde10. Gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana11. Desenvolvimento sustentável do Brasil rural12. Promoção da agricultura sustentável13. Promover a Agenda 21 Local e o desenvolvimento integrado e

sustentável14. Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável15. Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias

hidrográficas 16. Política florestal, controle do desmatamento e corredores de

biodiversidade17. Descentralização e o pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder

local18. Modernização do Estado: gestão ambiental e instrumentos

econômicos19. Relações internacionais e governança global para o desenvolvimento

sustentável

3 O Plano Plurianual - PPA é o instrumento para planejar o novo Brasil. O PPA estabelece diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal por um prazo de pelo menos quatro anos.

13

20. Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação21. Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade (BRASIL, 2004).

2.4.2 Agenda Local

A partir da aprovação em 1992 da Agenda 21, criaram-se as Agendas Nacionais para

diversos países, como a Agenda 21 brasileira, e também as Agendas locais. O décimo

terceiro objetivo da agenda diz: “Promover a agenda local e o desenvolvimento

integrado sustentável”; este objetivo deve ser inicialmente praticado pelas autoridades

locais, que são: prefeitos, secretários municipais, administradores locais, vereadores,

entre outros. A Agenda Local reconhece a importância do nível local na concretização

de políticas públicas sustentáveis e a participação das autoridades locais como um dos

principais parceiros na promoção do DLIS. A idéia é de que, com as autoridades mais

próximas das pessoas, existirá uma maior integração que proporciona mobilização entre

os agentes no sentido de alavancar o desenvolvimento regional sustentável.

A Agenda Local parte do princípio de que os governantes locais iniciem um processo de

concertação4 entre a população, objetivando obter consenso e comprometimento em

relação às metas de desenvolvimento e as ações programadas correspondentes. A

elaboração e implementação da Agenda Local deve contar com ampla participação da

comunidade envolvida, a sua condução fica a cargo de um fórum, que consiste na

reunião de todos os parceiros da localidade. A noção de uma visão comunitária e de

integração são fatores-chave para que a implementação da Agenda Local e programas

de promoção do DLIS prosperem, claro que a participação do Estado e outras

instituições são essências, tanto para fornecer crédito e capacitação aos beneficiários,

mas nada disso servirá sem o comprometimento e união da comunidade.

2.4.3 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável

4 Integração e sinergia de ações e intenções entre os atores, em uma localidade, que resultem na inclusão social, no acesso ao crédito facilitado, no associativismo, no cooperativismo, na geração de trabalho e renda, na racionalização, na redução de custos, na melhoria da qualidade de vida no desenvolvimento sustentável das comunidades selecionadas.

14

Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), Desenvolvimento Local Integrado e

Sustentável (DLIS) ou até simplesmente Desenvolvimento Local (DL). Essas são

algumas expressões que rotulam o que muitos autores caracterizam como um novo

paradigma de desenvolvimento, que podem ainda sofrer variações nas suas

combinações de palavras, mas que no final acabam apresentando o mesmo significado.

O termo DLIS incorpora elementos das idéias de DL5 e DS. O processo de

Desenvolvimento local leva ao dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida

da população em pequenas unidades territoriais e apresenta, em suas premissas,

conceitos de DS. O DS apresenta um conceito mais geral, não atendendo somente a

localidades específicas.

A idéia de DLIS está associada à capacidade dos atores (agentes econômicos) e da

sociedade local estruturarem-se e mobilizarem-se sempre num sentido de parceria e

articulação entre os principais agentes locais, tais como: Estado, empresas privadas e

públicas, sindicatos, cooperativas, Universidades, lideranças representativas,

instituições de pesquisas e religiosa, Ong´s, entre outros. O impulso para a prática do

DLIS pode ser realizado através de projetos, que podem ser viabilizados tanto por

instituições privadas, pelo poder público ou pela incitativa das próprias pessoas da

região, girando em torno normalmente de uma atividade produtiva especifica.

Figura 1 - Representação gráfica da articulação entre as parcerias.

Fonte: Banco do Brasil, 2007.

A articulação de parcerias parte do pressuposto de que cada agente possa contribuir de

alguma forma com o que é de sua competência; por exemplo, podem nada valer os

5 Desenvolvimento Local e Desenvolvimento Regional em tese têm o mesmo significado, pelo fato de que a maioria dos autores trata o assunto isoladamente pelo nome de Desenvolvimento Local, adotarei a mesma prática.

15

esforços se, num programa de DLIS, não houver crédito. As associações, ONG´S e

demais Instituições contribuem treinando os beneficiários, o poder público libera

financiamento e usa do prestígio para atrair novas parcerias, as Universidades

promovem pesquisas para desenvolver novas tecnologias e procedimentos e os

beneficiários usam a força de trabalho e mobilização da comunidade local. No entanto,

cada parceiro tem sua parcela de contribuição, e como uma orquestra tem que estar

sempre afinados.

Portanto, para a prática de DLIS ser concretizada, precisa existir uma mudança da

consciência da sociedade em torno de questões ecológicas, de integração social e

econômica, o que muitos chamam de “tripé”. Existe um “quarto elemento”: o respeito à

diversidade cultural, ou seja, cada localidade tem suas crenças, costumes, atividades

produtivas vocacionais, principalmente no Brasil, um país grande territorialmente e que

apresenta, pela forma com foi colonizado, uma mistura de cultura e de etnias muito

grande. Esta cultura precisa ser respeitada e é considerada um elemento que dá força

para o desenvolvimento local. Saber que existe, por parte dos gestores de um projeto

DLIS, respeito à cultura local, já é um elemento motivador grande por parte dos

envolvidos. Portanto, o “quarto elemento” pode ser considerado como uma base do

“tripé”, como mostra a figura abaixo:

Figura 2 – “Tripé” do DLIS.

Fonte: Banco do Brasil, 2007.

O DLIS é um novo modo de promover o desenvolvimento que possibilita o surgimento de comunidades mais sustentáveis, capazes de suprir suas necessidades imediatas; descobrir ou despertar suas vocações locais e desenvolver suas potencialidades especificas; e fomentar o intercâmbio externo aproveitando-se de suas vantagens locais. Assim, O DLIS está sendo

S o c i a l E c o n ô m i c o A m b i e n t a l

16

considerado como uma via possível para a melhoria da qualidade de vida das populações e para a conquista de modos-de-vida mais sustentáveis. (BRASIL, 1999, p7)

Existem municípios do Estado da Bahia, por exemplo, que são conhecidos por muito

tempo pelo que produzem. Nazaré das Farinhas é conhecido pela produção de farinha,

Irecê é conhecido como a terra do feijão, Conde apresenta belas paisagens turísticas e

praias, Itagibá produz cachaça de boa qualidade, e assim como vários outros municípios

do Brasil e cidades do Mundo. No entanto, a idéia de valorizar a potencialidade local é

um fator que deve ser levado em consideração na hora de planejar um projeto de DLIS

em alguma região, tanto no sentido econômico como nos outros aspectos que estão

envolvidos o pensamento de desenvolvimento em questão. Descobrir a vocação de uma

localidade, ou seja, uma atividade que possui vantagens competitivas e comparativas em

relação a outras, é um elemento chave para tornar a atividade produtiva competitiva,

sustentável e ao mesmo tempo rentável. A vocação de uma região pode estar numa

atividade há algum tempo já explorada ou até mesmo numa nova atividade que seja

identificada como de potencialidade e de especificidades locais, e engloba

características como:

a) Viabilidade econômica, o potencial do negócio e do mercado;

b) A predisposição dos atores envolvidos para realizações de ações compartilhadas;

c) O nível de organização dos envolvidos na atividade produtiva;

d) A existência de uma empresa-âncora com capacidade de absorver a produção

adicional, disseminar tecnologias e irradiar benefícios;

e) Capacidade de polarização e irradiação de desenvolvimento;

f) Potencial de geração de emprego e renda;

g) Preocupação com proteção dos recursos naturais (BANCO DO BRASIL, 2004).

Como Paula (2002) afirma, existem quatro tipos de “capitais” que precisam ser elevados

no processo de DLIS. O capital humano consiste nas condições educacionais, nível de

capacitação técnico produtiva, habilidades, conhecimento gerencial e cientifico, ou seja,

todo tipo de conhecimento que reflita no desenvolvimento humano, além de outros

fatores relacionados à qualidade de vida, como: melhores condições de moradia, saúde,

alimentação, transporte.

17

O capital social refere-se a um aspecto mais geral, que engloba toda a sociedade. É na

verdade, um conjunto de práticas de confiança entre cidadãos voltados para a resolução

de problemas que requerem ação coletiva. Para atingir o Desenvolvimento Local o

espírito de cooperação entre os envolvidos é um fator que precisa estar atuando em

harmonia; segundo a idéia de DLIS, é difícil ocorrer o desenvolvimento sem

organização e cooperação entre as pessoas. Acumular capital social significa fomentar

processos de desenvolvimento de confiança entre membros de uma determinada

sociedade local.

Capital empreendedor é, na verdade, a idéia de que o desenvolvimento necessita de

níveis de crescimento do espírito empreendedor, tomada de iniciativa, decisões, ou seja,

as pessoas precisam ser os próprios protagonistas do desenvolvimento. Segundo Juarez

de Paula, o Desenvolvimento depende de uma mudança de modelos mentais de atitudes,

depende, portanto, do despertar de uma cultura empreendedora (PAULA, 2002, p.15).

Num projeto de DLIS, as pessoas, ou seja, os beneficiários, principalmente, e os demais

participantes, têm que tomar “a frente “ do projeto. Os beneficiários têm que ter a

noção de que os projetos são, sobretudo, para desenvolver tal localidade específica onde

eles e seus familiares residem; esperar apenas pela boa vontade dos demais parceiros é

um erro. O capital natural é o próprio meio ambiente que precisa ser preservado para

seu uso sustentável.

Pode-se confundir o termo “local” apenas com um simples recorte territorial, sendo um

município ou uma cidade. Neste caso, o termo é entendido de uma maneira mais ampla,

ou seja, como um recorte sócio-territorial que define certa localidade com base em suas

características que lhe dá uma identidade, podendo ser uma característica físico-

territorial, econômica, étnica-cultura (PAULA, 2002). Se formos imaginar a

implantação de um projeto de DL no Brasil, por exemplo, se tornaria difícil imaginar

que os atores tivessem condição de articularem-se e mobilizarem-se para torná-lo

viável; neste caso, a grande dimensão territorial interferia no processo, mas não só pelo

tamanho em si: também pelo fato de co-existirem várias identidades no Brasil.

O DLIS normalmente ocorre em pequenas unidades territoriais, mas a idéia é de que,

ocorrendo em pequenas unidades espalhadas em um país, por exemplo, o

desenvolvimento acabe disseminando-se como um todo. O DLIS normalmente está

18

sendo utilizado diretamente para combate à pobreza, mas a idéia, como já exposta, é um

processo de futuro, de mudança de consciência e do modo econômico e social.

O sentido de articulação entre todos os agentes econômicos de uma localidade é um

ponto forte evidenciado no DL. O desenvolvimento, para ser alcançado, requer

ampliação dos níveis de cooperação e confiança entre as pessoas, aquilo que

convencionou-se chamar de “capital social”. Redes de solidariedades e ajuda mútua são

expressões fortes do DL e se fazem necessários. Realmente, fica confuso imaginar um

mundo em que fica cada vez mais explícito o espírito de competição e concorrência

entre os agentes, atuar de uma forma tão solidária. A intenção do DL é exatamente a

mudança da conscientização da sociedade e não apenas um simples instrumento de

desenvolvimento.

Baseados nos conceitos e características do DL e DS, portanto, surge o DLIS, que

incorpora esses elementos para se estruturar. O DLIS parte do pressuposto que o

crescimento econômico é necessário, mas não o suficiente para promover o

desenvolvimento. Desenvolvimento é um fenômeno que ultrapassa o econômico. O

sentido de desenvolvimento deve ser o de melhorar a qualidade de vida das pessoas que

estão no presente e das que viverão no futuro. O DLIS é a articulação do crescimento

econômico preservando o meio ambiente, praticando ações socialmente justas e

respeitando a diversidade cultural.

Atuando nesta perspectiva foram criados alguns modelos e metodologias para que fosse

facilitada a promoção do DLIS. A metodologia DLIS é a utilizada para a promoção da

estratégia do Banco do Brasil. Portanto, abaixo será exposta como funcional tal.

2.5 METODOLOGIA DLIS

A metodologia DLIS está bem detalhada no manual “Prodedimiento de Gestión para el

desarollo sustentable” (CEPAL – Nações Unidas). O manual pode ser utilizado como

um guia, o qual proporciona elementos necessários para o desenvolvimento sustentável

em ambiente geosocioeconômico definido. O guia apresenta uma seqüência lógica de

passos originalmente desenhados por Axel Dourojeanni em 1976 (DOUROJEANNI,

2000, p.9).

19

A metodologia considera o DLIS como aquele que leva à construção de comunidades

humanas que buscam atingir um padrão de organização em rede com características de

interdependência, reciclagem, parceria, sustentando-se no “tripé” já citado. O objetivo é

construir estratégias e procedimentos para alcançar a participação em soluções para o

DS, mediante ações para diferentes potencialidades locais.

O processo de materialização das ações para que possa ser concretizada a implantação

da metodologia DLIS foi enumerado em 10 etapas resumidas por Dourojeanni, como

mostra o quadro abaixo:

Quadro 1Processo de Materialização das Ações

Etapas Descrição

1 Atores Identificação dos participantes ativos e passivos no processo de gestão para o desenvolvimento sustentável e igualitário (atores).Tipologia

2 Critérios Determinação dos critérios, explícitos e implícitos que sustentam as posições dos atores envolvidos no processo. Vigilância.

3 Problemas Determinação dos problemas de cada um dos atores, em função das suas necessidades e suas aspirações. Estabelecimento das prioridades.

4 Objetivos Determinação direta por consenso dos problemas, metas e dos objetivos de cada um dos atores. Hierarquização

5 Ambiente

Compartilhado

Inventário, avaliação e diagnóstico físico e socioeconômico dos ambientes territoriais e funcionais onde se pretende lograr os objetivos (passado e futuro). Análise da sustentabilidade ambiental.

6 Restrições Identificação das restrições técnicas, políticas, legais, econômicas, financeiras, de organização, funcionais, culturais, educacionais, comerciais e outras que proporcionem obstáculos ou impeçam o desenvolvimento dos objetivos. Hierarquização

7 Soluções Elaboração de soluções para superar as restrições previamente identificadas e hierarquização das soluções. Seleção

8 Estratégias Desenho da estratégia para por em prática as soluções através das ações de caráter descontinuo (projetos de investimento) e continuo (serviços, sistema de produção e outros).

9 Programas Programação das ações (programas, projetos, atividades e tarefas) sobre as bases das soluções e das estratégias selecionadas, execução das atividades de controle e auferir os resultados obtidos.

10 Ambiente

Compartilhado (real)

Materialização das ações programadas no ambiente. Controle sistemático dos objetivos e da sustentabilidade ambiental. Controle ambiental.

(1.) Reinicio de ciclo Reiniciar o ciclo em níveis progressivamente mais detalhados e precisos.

Fonte: Dourojeanni, 1989.

(1) Determinação dos atores

20

Os atores são todos os agentes que intervém de alguma forma no processo de

desenvolvimento no processo de gestão do DLIS. Os possíveis atores desse processo já

foram explicados no item 2.4.3.

(2) Determinação dos critérios

Nesta etapa ocorre a chamada “concertação”, onde se é discutido e conhecido opiniões

dos atores envolvidos. È aqui que se inicia a sensibilização e mobilização dos

envolvidos, e onde a atividade produtiva ou as atividades são escolhidas. Esse exercício

facilita o entendimento mútuo dos atores e os interesses de cada um são expostos e

integrados.

(3) Identificação dos Problemas

Aqui são identificados, pelos atores envolvidos, todos os problemas econômicos, sociais

e ambientais, identificando a sua causa.

(4) Objetivos

Neste item, a partir da identificação dos problemas, os atores formulam os objetivos,

que deverão ser expostos da maneira mais concreta e precisa possível. È necessário

identificar os beneficiários, os objetivos e a localidade de atuação, e em que prazo

deverão ser realizados os objetivos e suas prioridades em relação aos demais. Os

objetivos são aspirações de diferentes agentes envolvidos, portanto deve-se existir um

consenso de modo que os objetivos expressem a opinião do conjunto de atores, não

apenas de alguns.

(5) Delimitação e classificação do território dentro dos qual se pretende alcançar

os objetivos.

È escolhida a localidade onde será desenvolvida a gestão do DLIS. No item 2.4.3 foi

exposto como a localidade é delimitada pelos atores.

21

(6) Determinação das Restrições

As restrições são os obstáculos que devem ser superados para solucionar os problemas

identificados (expressados em termos de objetivos) e não nos problemas em si. Por

exemplo, se o problema da redução da produção for devido a erosão do solo, o objetivo

será o controle da erosão, as restrições para se alcançar esse objetivo pode ser o

desconhecimento de técnicas para evitar a erosão. As restrições podem ser técnicas,

físicas, legais, econômicas, financeiras, institucionais, administrativas, sociais, culturais,

educacionais e cientificas.

(7) Soluções

As soluções são tomadas a partir de conjuntos de possibilidades que se formam

relacionados às restrições, o ambiente, os objetivos e as estratégias de ação. As

propostas de solução devem ser realistas. È nessa etapa, que são determinados os

recursos; onde é tomada as medidas pertinentes; quando serão tomadas e em que

período; quem será responsável pela sua adoção, quem será beneficiado pelas soluções

propostas e quais serão os efeitos desejados; como se relacionam as soluções propostas

com outras possíveis soluções; que outras possibilidades existem que podem trazer

resultados similares, quais instituições ou pessoas estarão envolvidas na adoção das

medidas, e quais contribuições supõe cada alternativa.

As soluções podem se classificar segundo sua finalidade, em soluções de caráter técnico

que dão resultados tangíveis em termos produtivos, como o estudo do potencial de

recursos, formulação de projetos, a construção de obras, uso dos sistemas construídos e

o manejo dos recursos; e em soluções operacionais que possibilitam as soluções

técnicas, entre outros o planejamento, a legislação, a concessão de créditos, a

investigação, a administração e a promoção.

(8) Determinação das estratégias

Esta etapa consiste em:

1. Determinar as estratégias;

22

2. Calcular o benefício e a contribuição de cada ação possível;

3. Superar as restrições;

4. Harmonizar as contribuições das instituições que tenham responsabilidades e

interesses na localidade;

5. Determinar a efetividade em função dos custos da superação de cada restrição

com os recursos e tempo disponíveis;

6. Conciliar os efeitos desejados e não desejados das ações em termos políticos,

sociais, ambientais, econômicos e outros;

7. Estabelecer a ordem de prioridade das ações de superação das restrições na

localidade de acordo com os potenciais beneficiários;

8. Estabelecer programas, projetos, atividades, tarefas e agrupá-los de acordo com

as soluções para facilitar a execução, e organizar o sistema institucional que

adotará as medidas pertinentes.

(9) Formulação de programas, projetos, atividade e tarefas que permitam aplicar as

estratégias escolhidas.

Nessa etapa são realizadas as atividades necessárias para aplicar as estratégias que são

avaliadas numa perspectiva econômica, social e ambiental. Tem que se programas tanto

as atividades técnicas (construções, sistemas de produção, etc.) Com as administrativas

(concessão de créditos, capacitação, organização, etc.) para que seja garantida a

aplicação das estratégias.

(10) Procedimento

Esta etapa consiste na realização das atividades e no seu monitoramento.

A metodologia DLIS, geralmente utiliza-se de dois artifícios para colocar em prática o

que foi exposto acima: O Diagnóstico participativo local e o Plano de Desenvolvimento

Local.

(a) Diagnóstico participativo local

23

O diagnóstico é feito através da coleta de dados a análise das informações

socioeconômicas, ambientais e institucionais, visando identificar e qualificar as

potencialidades, dificuldades, vantagens comparativas e competitivas, ameaças e

oportunidades da atividade produtiva a ser apoiada. O objetivo é evidenciar de forma

mais fiel possível à realidade e dificuldades da atividade produtiva selecionada. Todas

as informações são coletadas com os atores em conjunto e apresentam questões como:

faixa etária, nível de renda e de escolaridade, histórico da atividade, número de escolas

e hospitais, transporte, tamanho do mercado, potenciais concorrentes, poluição

ambiental, entre outros. (BANCO DO BRASIL, 2004).

(b) Plano de Desenvolvimento Local

A partir da análise do diagnóstico é elaborado o Plano de Negócios, que é o

procedimento que visa estabelecer a estratégia de atuação para o desenvolvimento

sustentável da atividade produtiva e deve ser participativo, negociado e pactuado com

os parceiros envolvidos. O Plano de Negócios objetiva a identificação das carências,

soluções alternativas e potencialidades para discussão sobre aspectos e questões ligadas

a comercialização dos produtos envolvidos, aspectos ligado ao mercado, sociais,

ambientais etc.

O Plano de Negócios é composto por ações que são os procedimentos necessários à

consecução dos objetivos, deverão ter aderência/ coerência e serem suficientes para o

alcance das metas definidas nos objetivos.

O plano ainda é uma carta de intenções. Na verdade, ele é um conjunto de diretrizes estratégicas. Ainda não tem caráter executivo operacional. As etapas subseqüentes devem avançar nessa direção. Todavia, ele tem uma grande importância, pois estabelece um rumo, uma direção, que ajudará na integração dos investimentos públicos e privados para o desenvolvimento local (PAULA, 2002, p.47).

24

3 BANCO DO BRASIL: UM AGENTE SOCIAL6

3.1 O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DO BANCO DO BRASIL COMO UM

AGENTE SOCIAL

O Banco do Brasil destaca-se por possuir diversas iniciativas voltadas para o

desenvolvimento e para redução das desigualdades sociais. Como parceiro e agente

financeiro do Governo, o Banco tem apoiado e atuado na promoção de programas com

objetivo de transformar o Brasil socialmente mais justo.

O Banco do Brasil possui muitos programas que foram criação do próprio banco e

outros que nasceram em décadas anteriores que ainda encontram-se em

desenvolvimento. Nas décadas de 70 e 80, foram criados e implementados programas de

fundamental importância para a pesquisa científica, para o desenvolvimento

comunitário e também para o fortalecimento das micro e pequenas empresas.

Dentre as iniciativas que fazem do Banco do Brasil um agente social de destaque,

merecem ser mencionadas as mais importantes: Fundo de Incentivo à Pesquisa Técnica

Cientifica (FIPEC), Fundo de Desenvolvimento Comunitário (FUNDEC), Sistemas de

Apoio Integrado às Micro, Pequenas e Médias Empresas (MIPEM), Fundação Banco do 6 As informações referentes ao Banco do Brasil foram obtidas por: folhetos informativos do próprio banco, revistas da universidade coorporativa do banco, intranet, sistema operacional e pela experiência vivenciada no estágio que pude fazer no setor de DRS.

25

Brasil (FBB), BB Educar – Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos, Associação

Atlética Banco do Brasil (AABB), Voluntariado Empresarial, Fome Zero, Adolescente

Trabalhador, Banco Popular do Brasil (BPB), Programa de Orientação Profissional

(POP), entre outros...

3.2 ESTRATÈGIA DE DRS DO BANCO DO BRASIL

Os conceitos de DL, DS, DLIS, e objetivos inseridos na Agenda 21 brasileira vão se

incorporando às políticas governamentais e das empresas com maior força de uns

tempos pra cá, principalmente, pelo fato da Agenda 21 brasileira ser concluída apenas

em 2002 o que impulsionou a implementação. O SEBRAE, por exemplo, vem atuando

há anos como “maestro” em processos de DL, assim como outras instituições, sobretudo

governamentais.

Em 2003 com o governo Lula o Banco do Brasil criou a Estratégia de Desenvolvimento

Regional Sustentável, sendo também uma das contribuições do Banco para a Fome

Zero. É uma estratégia negocial de atuação corporativa, baseada em um modelo que

visa gerar trabalho e renda de acordo com os princípios de DLIS no âmbito geral. O

banco é um agente mobilizador que articula parcerias para que os projetos prosperem,

não sendo apenas um mero agente financiador como pode-se confundir.

3.2.1 Experiências do Banco do Brasil com o DLIS

O Banco atualmente possui no Brasil 3335 projetos em implementação e 455 na Bahia7.

Já foram identificadas e estão sendo implementados mais de 100 atividades produtivas

diferentes, como sistemas agroflorestais, turismo, artesanato, cerâmica marajoara,

7 Dados colhidos do sistema operacional do Banco do Brasil no dia 20/05/2008.

26

aqüicultura, fruticultura, calçados, cotonicultura, confecções, ovinocaprinocultura,

apicultura, horticultura, pecuária de corte e leiteira, floricultura, mandiocultura,

atividades extrativistas, avicultura e reciclagem de resíduos sólidos (BANCO DO

BRASIL, 2007).

O Banco também utiliza para desenvolver os projetos a idéia de cadeia produtiva, hoje

existem, por exemplo, as cadeias da caprinocultura, reciclagem, cajucultura e biodiesel.

Dessa forma, os parceiros, os objetivos e ações podem ser desenvolvidos de uma

maneira integrada dentre os diversos municípios e agencias, facilitando assim a sua

implementação.

Um caso considerado de sucesso da estratégia é o Projeto Bairro da Paz, que conta

como principais parceiros a COELBA, Serviço Brasileiro de Apoio a Micro às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE), Organização das Cooperativas do Estado da Bahia

(OCEB) e Fundação Alphaville, ao todo são cinco projetos, o qual envolve as agências

do Bairro da Liberdade, São Pedro, Itapuã, Costa Azul, e comércio que tem dois

projetos. As atividades desenvolvidas são respectivamente: confecção de roupa, nas

duas primeiras agências, reciclagem, artesanato e fabricação de alimentos a partir de

sobras e construção civil. O projeto atende à população pobre da região, com a sua

implementação já houve a criação de seis cooperativas, capacitação de profissionais,

aumento da infra-estrutura, novas instalações elétricas, proporcionando melhorias de

produtividade e condições de vida da população residente do Bairro.

27

4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO “BAIRRO DA PAZ – AGÊNCIA

COMÉRCIO SALVADOR-BA”

4.1 O PROJETO

Todas as informações referentes ao projeto analisado foram obtidas através do

diagnóstico, plano de negócios, atas de algumas reuniões, entrevistas com os agentes de

DRS do Banco do Brasil, Tarcísio de Araújo Kuhn e Roberto dos Santos Marins, pelo

representante da cooperativa, Antônio Carlos Silva Santos, e no período de estágio no

banco. Escolhi analisar o Projeto Bairro da Paz, especificamente o da agência comércio,

pelo envolvimento que tive quando estagiei no Banco do Brasil. O projeto do Bairro da

Paz iniciou-se em 03/08/2005 e foi aprovado, entrando assim na fase de implementação

no dia 19/01/2006, a partir de um protocolo de intenções que se celebraram entre O

Banco do Brasil e a COELBA objetivando articular, integrar e formular ações de

estímulo ao Desenvolvimento Regional Sustentável. A participação da COELBA se dá a

partir do relacionamento desenvolvido junto às comunidades e a capacitação técnica,

além da logística e organização. A ação integra o Programa de responsabilidade social

da empresa, o Energia para crescer. O Banco do Brasil participa através de seu

programa estratégia negocial de DRS.

O projeto que será analisado será o projeto da agência do bairro do Comércio, cuja

atividade produtiva predominante é a construção civil, mas precisamente na prestação

de serviços de pedreiros, armadores, pintores, serventes, e eletricistas em construções

residenciais, comerciais e industriais. Os parceiros do projeto, que possui 28

beneficiários, são: COELBA, OCEB, Conselho de Moradores do Projeto do Bairro da

Paz, Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), Banco Popular do Brasil (BPB),

28

SEBRAE ,Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI). Orçamento é estimado

em R$ 216,750,00. Ao todo são seis objetivos e quatorze ações os quais são:

1) Objetivo: Gerar trabalho e renda

Ações:

Criar cooperativa dos trabalhadores na construção civil

Início previsto: 10/11/2005. Prazo (dias): 15.

Criar marca para cooperativa visando melhorar a divulgação dos serviços

oferecidos pela entidade

Início previsto: 01/12/2005. Prazo (dias): 30.

Obter licença para funcionamento da cooperativa.

Início previsto: 10/12/2005. Prazo (dias): 10.

2) Objetivo: Disseminar cultura empreendedora entre os cooperados

Ações:

Treinar cooperados em gestão e empreendedorismo

Início previsto: 12/12/2005. Prazo (dias): 2.

Promover treinamento aos cooperados em associativismo/cooperativismo

Início previsto: 01/12/2005. Prazo (dias): 2.

3) Objetivo: Promover a inserção no mercado de trabalho

Ações:

Divulgar a cooperativa e seus serviços entre parceiros e seus clientes

Início previsto: 01/01/2006. Prazo (dias): 60.

Divulgar a cooperativa e seus serviços entre os parceiros e clientes

Início previsto: 01/01/2006. Prazo (dias): 60.

Promover treinamento técnico-operacional

Início previsto: 06/12/2005. Prazo (dias): 01.

Adquirir kit ferramentas a serem financiados junto ao BPB, através de linha de

crédito especifica recém lançada.

Início previsto: 01/12/2005. Prazo (dias): 60.

29

4) Objetivo: Promover acesso ao crédito-bancarização

Ações:

Mobilizar cooperados para abertura de contas correntes, poupança, cartões de

crédito, títulos de capitalização, previdência, seguros e investimentos.

Início previsto: 01/05/2005. Prazo (dias): 60.

Mobilizar membros da comunidade para abertura de contas correntes, poupança,

cartões de crédito, títulos de capitalização, previdência, seguros e investimentos.

Início previsto: 01/07/2005. Prazo (dias): 60.

5) Objetivo: Promover a aquisição de insumos em conjunto

Ações:

Buscar parceria com os fornecedores de insumos para aquisição conjunta pela

cooperativa

Início previsto: 03/01/2006. Prazo (dias): 30.

6) Objetivo: Promover melhoria na qualidade de vida

Ações:

Buscar parceria junto à prefeitura municipal para regularizar situação das

moradias

Início previsto: 02/01/2005. Prazo (dias): 180.

Buscar parcerias com a prefeitura municipal para melhoria das condições de

atendimento médico/ odontológico no posto de saúde do bairro

Início previsto: 02/01/2006. Prazo (dias): 120.

Percebe-se que não foi criado nenhum objetivo para preservação ambiental, nesse caso,

conclui-se que não foi encontrado nenhum problema que precisasse elaborar qualquer

tipo de procedimento para a preservação ambiental.

30

4.2 A ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA DLIS NA CONCEPÇÃO E

IMPLANTAÇAO DO PROJETO DA AGÊNCIA COMÈRCIO.

4.2.1 Análise da Concepção

a) As recomendações do DLIS para a fase de concepção do projeto

A fase de concepção do projeto compreende o item 1 ao item 9 do tópico 2.5. De acordo

com a metodologia os principais responsáveis na promoção do DLIS são os residentes

da própria localidade, sendo necessário o envolvimento, interesse, compromisso e

adesão da comunidade local. Diversas instituições utilizam a metodologia para alcançar

o DLIS, mas nada disso pode ter utilidade se a própria comunidade não se comprometer

e se assumir como os principais atores. Por este motivo, o primeiro “pontapé” na sua

promoção é a mobilização e sensibilização da população local.

Após a sensibilização busca-se identificar e conquistar os parceiros (atores) locais, esta

etapa necessita de um pouco de tempo e diálogo para que possa ser entendido o que

pretende-se fazer e como cada qual pode participar e contribuir para promoção do DLIS.

È muito importante o diálogo com autoridades locais, se a área de atuação for um

pequeno município, por exemplo, é muito importante conversar e conquistar a confiança

e a dedicação do prefeito. Se o prefeito não for de acordo com a idéia, dificilmente os

habitantes locais pretenderão desagradá-lo. O fator político é decisivo no êxito da

promoção do DLIS.

Com a identificação dos atores é formado o fórum (comitê, conselho, comissão) local, o

fórum local é formado pelos representantes de cada grupo social e instituição, o qual se

reunirá e debaterá todos os assuntos referentes à promoção do DLIS. As reuniões do

fórum devem acontecer de forma participativa e democrática O processo de

sensibilização e mobilização dos envolvidos já é um trabalho de concertação, o qual é

mais intensificado quando o fórum local é formado. A fase de concertação é realizada

entre os atores onde todos se propõem em parceria alcançar o DLIS de forma integrada.

Nessa fase são discutidos todos os problemas, soluções, objetivos, restrições,

estratégias, ou seja, os itens já explicados no item 2.5.

31

Depois das etapas acima cumpridas a realidade local é “colocada no papel”, ou seja,

ocorre o preenchimento do diagnóstico participativo local, ou simplesmente

diagnóstico, e o preenchimento do plano de desenvolvimento local ou plano de

negócios, já explicados também no item 2.5. Para o preenchimento dos documentos

citados é recomendado à participação de toda equipe e de todos os beneficiários.

A agenda local é um artifício também utilizado na metodologia DLIS, na agenda são

listadas as prioridades extraídas do plano de negócios. Constitui-se um meio de registrar

e documentar as discussões no fórum local , pode-se utilizar mais de uma agenda local.

A experiência tem demonstrado que é positivo separar, em agendas distintas, as ações

que podem ser implementadas pela própria comunidade daquelas que necessitam de

apoio dos parceiros externos (PAULA, 2003, p.50). Estabelecer quais as ações são

prioridades (as ações apresentam prazo de inicio e conclusão) é uma forma de gerir o

processo, normalmente nesse tipo de situação pode gerar algum conflito de interesse

entre os participantes, deve-se, portanto haver cuidado para que nenhum ator perca o

interesse. Uma forma de contornar isso seria que cada membro escolhesse um

determinado número de ações, por exemplo.

b) Os procedimentos do BB na fase de concepção do Projeto

Já existiam no Bairro da Paz pessoas que trabalhavam como pedreiro, pintor, eletricista,

servente e armador fazendo o popular “bico”, ou seja, desempenhavam seus serviços

somente quando surgia alguma oportunidade esporádica, sem nenhuma forma de

organização. Era um trabalho informal. Antes do banco “entrar” com sua estratégia, a

COELBA já atuava no Bairro com seu Programa de inclusão social chamado Energia

para Crescer o qual já vinha desenvolvendo projetos no Bairro, não sendo um projeto de

DLIS.

A COELBA, por exemplo, já treinava, na área elétrica, residentes do bairro com intuito

de fornecer maior capacitação aos mesmos. No entanto a COELBA sabendo da

existência da estratégia de DRS do Banco do Brasil propôs que se celebrasse uma

parceria entre as duas instituições objetivando desenvolver a região, a partir dos

32

princípios de DLIS. O Banco do Brasil e a COELBA, enfim, assinaram um protocolo de

intenções no intuito de integrar os programas das duas instituições.

No início a idéia era fazer um projeto para Agência Comércio que atendesse somente as

pessoas que já trabalhavam como eletricistas e já haviam recebido o curso fornecido

pela COELBA, mas após conversas foi resolvido também incluir no projeto,

profissionais de outros ramos da construção civil.

Com a participação do Banco do Brasil e da COELBA, partiu-se para identificar

possíveis parcerias. O conselho de moradores já participava conjuntamente com a

COELBA anteriormente, a Fundação Alphaville também participava de uma forma

menos presente. O Banco do Brasil pelo fato de já atuar em outros projetos e ter

adquirido um “leque” de contatos e parcerias em diversas áreas convidou outras

instituições que pela sua ótica pudesse contribuir para o projeto especifico. Algumas

instituições não aceitaram o convite, no entanto outras instituições aceitaram com muita

motivação em participar do projeto, como já listado anteriormente.

Depois de escolhidos os atores e formar o fórum local, foram feitas algumas reuniões de

concertação a fim de identificar quais atores seriam mais adequados para trabalhar com

determinada agência, haja vista, o projeto engloba seis projetos com atividades

produtivas diferentes e beneficiários com perfis diferentes. Os parceiros da Agência

Comércio já foram detalhados anteriormente.

O líder da comunidade se prontificou a criar a cooperativa dos trabalhadores na

construção civil, na criação da marca, e buscar crédito através do BPB para aquisição de

KIT ferramenta através de linha de crédito específica para os beneficiários dos projetos

de DLIS, a OCEB se responsabilizou em obter licença objetivando a criação da

cooperativa a COELBA se comprometeu em treinar os beneficiários em

empreendedorismo, em associativismo/cooperativismo, técnica operacional. O Banco

do Brasil se responsabilizou em divulgar a cooperativa e seus serviços entre os parceiros

e clientes, mobilizar os cooperados para abertura de contas e aquisição de serviços

(bancarização), buscar parcerias com a prefeitura para regularizar a situação das

moradias e de atendimento médico/odontológico no bairro, a AABB sede suas

instalações quando necessário.

33

No período de concertação houve alguns eventos para promover os serviços e produtos

gerados pelo projeto (isso faz parte da concertação). O mais importante deles foi o

evento realizado no AABB que contou com diversos representantes políticos do Estado

e empreendedores de Salvador. A intenção do evento foi despertar a população sobre a

importância do DLIS, e também em atrair novos parceiros para estratégia e para o

projeto.

Contudo após definido os parceiros da agência comércio, partiu-se para rodadas de

reuniões específicas. Juntamente com o gerente da agência, operador de DRS8, e os

representantes de cada instituição foi iniciado o processo de concertação, através de

reuniões e palestras, com a intenção de discutir as estratégias a serem tomadas para a

promoção do DLIS na região. O primeiro passo foi o preenchimento do diagnóstico que

contou com a colaboração de todos os representantes. Após o preenchimento do

diagnóstico, a equipe elaborou o plano de negócios, criando objetivos, ações e metas

atendendo o interesse da população e dos parceiros.

c) Uma Avaliação Preliminar da adequação

O projeto do Bairro da Paz foi concebido de uma forma diferente ao que se propõe à

estratégia do Banco e a própria metodologia DLIS. Pelo fato do Banco entrar no projeto

já em andamento, não existiu inicialmente uma concertação num sentido de escolha da

atividade produtiva e nem de sensibilização, mobilização de parcerias e lideranças

representativas. Isso já havia parcialmente ocorrido de certa forma pela COELBA. Na

entrada do Banco no projeto, pelo fato de já estar diante de uma realidade que já estava

acontecendo, bastou-se apenas a identificação de parcerias que tinham o perfil de atuar

no projeto pela atividade produtiva desenvolvida.

De acordo com a metodologia o primeiro passo é a identificação dos atores que

poderiam participar da promoção do DLIS em um território. Pelo que já foi exposto,

essa etapa não ocorreu da forma proposta. Os atores foram escolhidos depois que já

havia uma realidade formada e também depois que as duas instituições “mentoras” do

8 O operador DRS é o funcionário do Banco do Brasil escolhido e treinado para acompanhar o desenvolvimento dos projetos na sua agência bancária.

34

projeto já tinham a idéia do que queriam. Esse desvio da metodologia não quer dizer

que o projeto será menos ou mais eficiente na seqüência, mas sim uma inadequação.

A metodologia propõe que após a escolha dos atores, ocorra a concertação onde será

escolhida a atividade produtiva a ser adotada no projeto, pelo que vimos à atividade

produtiva já tinha sido escolhida antes do próprio projeto começar a se desenvolver,

devido a ser mais conveniente, haja vista, já ocorrera treinamento para os eletricistas, e

também pelo fato de já existir pessoas que já desempenhavam serviços no ramo da

construção civil.

Segundo a idéia do DLIS, para um projeto ter sustentabilidade a escolha da atividade

produtiva necessita de uma avaliação das vantagens comparativas, vocação e da

potencialidade local. Se for pensar numa perspectiva de vantagem comparativa na

região de Salvador, provavelmente a capacitação e produtividade em relação a outros

profissionais que trabalham em empresas especializadas no ramo será inferior. Porém a

atividade já era explorada no bairro, e isso é uma característica vocacional. Apesar do

projeto acontecer no território do Bairro da Paz, existe a necessidade que os serviços

ultrapassem esse território e seja expandido para região metropolitana de Salvador,como

consta no preenchimento do diagnóstico. Para que os beneficiários sejam competitivos,

a capacitação e tecnologia foram identificadas como ações a serem realizadas.

Atualmente o ritmo de crescimento do mercado de construção civil é muito grande em

todo Brasil, fator que favorece o projeto.

A concertação já tinha sido iniciada preliminarmente entre o Banco do Brasil e a

COELBA, que escolheram os parceiros e a atividades produtivas da agência comércio,

para depois iniciar a concertação com todos os atores escolhidos e com a atividade

produtiva escolhida.

O preenchimento do diagnóstico e plano de negócios contou com a colaboração de

todos os representantes do projeto atendendo todos os aspectos propostos na

metodologia. No plano de negócios foram registradas as datas de inicio e conclusão das

ações, a metodologia propõe a utilização da Agenda local para esse procedimento. O

item 5 da metodologia referente à delimitação territorial, não atendeu a lógica da

metodologia, o território já havia sido escolhido antes mesmo do projeto ser concebido,

por incitativa da COELBA. A COELBA escolheu o Bairro da Paz por ser um bairro

35

pobre de Salvador, que atendeu as características para implantação de seu projeto de

inclusão social e também pelas construções que estão acontecendo no entorno, o

loteamento Alphaville e um shopping. Após a conclusão dessas etapas, o projeto foi

aprovado e entrou na fase de implantação.

4.2.2 Análise da Implementação

i) As Recomendações do DLIS para a fase de implementação do projeto

Esta fase trata-se da realização dos projetos, programas e das ações praticadas na

localidade. Cabe ao fórum local a tarefa de acompanhar a implementação, ou seja, fazer

um monitoramento se as ações acordadas no plano de negócios estão sendo

implementadas pelos atores responsáveis.

A fase de implementação em síntese consta uma fase de monitoramento e avaliação. Os

projetos assinados, por exemplo, devem ser acompanhados de perto. O próprio fórum

local escolhe de forma democrática quais representantes farão esse tipo de

acompanhamento, estes, devem ser escolhidos de acordo com o perfil o qual a tarefa

propõe. Para a promoção ao DLIS ter sucesso, essa fase necessita de atenção para que

tudo o que foi feito anteriormente não fique apenas no papel, essa fase é a qual tudo que

foi criado e acordado realmente esteja acontecendo, portanto precisa ocorrer de maneira

fidedigna.

ii) Os Procedimentos do BB na fase de implementação do Projeto

Conforme informações do Sr. Antônio Carlos Silva Santos, representante da

Cooperativa de Prestação de Serviços (CPS), que foi criada pelo projeto, a fase de

implementação está sendo acompanhada e monitorada mais de perto pelo SEBRAE e

por ele. Segundo o mesmo, o gerente da agência e o operador DRS se comprometeram

em agendar reuniões quinzenalmente para que sejam concretizadas as ações ainda não

iniciadas ou concluídas.

36

O prazo de início de todas as ações do projeto se iniciou em 2005 e em 2006, conforme

consta no preenchimento do plano de negócios. Muitas delas ainda não começaram a ser

desenvolvidas, algumas estão parcialmente sendo executadas, e poucas já foram

concluídas conforme informou o representante da cooperativa.

Como exposto anteriormente, existe seis objetivos e quatorze ações no projeto. Abaixo

será descrito como cada objetivo e ação estão atualmente:

1 ) Objetivo: Gerar trabalho e renda

A cooperativa CPS foi criada como detalha a ação, apesar de ainda não existir nenhum

espaço físico. O alvará para o funcionamento da cooperativa ainda não foi concedido

pela Prefeitura de Salvador, segundo o representante da cooperativa, a prefeitura exige

que a cooperativa em termos legais apresente as mesmas exigências que a abertura de

uma empresa, por exemplo, e por este motivo o alvará não foi liberado ainda. A marca

que era uma das ações ainda não foi desenvolvida.

2) Objetivo: Disseminar cultura empreendedora entre os

cooperados

Os cooperados foram treinados em gestão de empreendedorismos pelo SEBRAE e

OCEB e em associativismo/cooperativismo pela OCEB.

3) Objetivo: Promover a inserção no mercado de trabalho

Desse objetivo, ocorreu o treinamento técnico-operacional realizado pelo SENAI. Já foi

disponibilizado curso para carpinteiro e já está agendado curso para pedreiro, e

posteriormente outros cursos estarão sendo disponibilizados. Alguns beneficiários estão

utilizando a linha de crédito com juros abaixo do mercado e estão adquirindo algumas

ferramentas.

4) Objetivo: Promover acesso ao crédito-bancarização

Ainda não foi iniciada nenhuma ação.

37

5) Objetivo: Promover a aquisição de insumos em conjunto

Ainda não foi iniciada nenhuma ação.

6) Objetivo: Promover melhoria na qualidade de vida

Ainda não foi iniciada nenhuma ação.

Como podemos perceber muitas ações não foram iniciadas como está descrito no

preenchimento do plano de negócios do projeto. A criação da cooperativa, pelo menos,

já está proporcionando alguns serviços para os cooperados, haja vista, o nome do Banco

do Brasil e de outros parceiros traz uma idéia de confiabilidade, além de contatos que os

parceiros estão fazendo para que os serviços da cooperativa sejam disponibilizados.

Atualmente a cooperativa nos seus diversos ramos está trabalhando na construção de

uma creche no próprio bairro que terá o nome de Santa Casa da Misericórdia.

Além dos objetivos e ações já mencionadas, está sendo discutida à idéia de criar um

serviço de telemarketing o qual agendará para as pessoas ou empresas que queiram

usufruir o serviço da cooperativa.

iii) Uma Avaliação Preliminar da implementação

Percebe-se que a maioria das ações já ultrapassaram o prazo de ser iniciadas e

concluídas (os prazos foram informados no item 4.1). Os representantes do fórum local

responsáveis em acompanhar o monitoramento são o SEBRAE e o representante da

cooperativa criada. Pode–se concluir que esse monitoramento não está sendo feito de

uma maneira eficaz como propõe a metodologia DLIS, mas cada ator do projeto tem a

responsabilidade de desenvolver determinada ação, e isso não está sendo realizado.

Apesar do empenho que pode acontecer dos responsáveis em acompanhar o andamento

das ações, muitas vezes pode fugir do escopo a imposição que seja cumprido o que foi

acordado.

38

Os membros responsáveis em fazer o acompanhamento do fórum local precisam tomar

a iniciativa de serem os principais responsáveis do projeto, para isso acontecer, os

mesmos precisam manter contatos periódicos com todos os participantes e mantê-los

sempre motivados, enfim, dispor de instrumentos de monitoramento, ou seja,

metodologias de controle que ajudem seus membros a se tornar bons administradores ou

gestores do projeto (PAULA,2002, p.56). Pelas conversas e informações obtidas

principalmente com o representante da cooperativa, isso não está acontecendo da

maneira proposta pela metodologia, o qual é fundamental para que o projeto não passe

de promessas não cumpridas e tenha uma continuidade.

A implementação do projeto não está respeitando os prazos descritos no plano de

negócios, isso já se torna uma inadequação da metodologia comprometendo a sua

eficiência. Sabe-se da importância do fórum local nesse processo de manutenção da

motivação dos atores, mas também foi dito que cada ator tem sua parcela de

contribuição no projeto na área de sua competência. Se os atores não cumpriram os

prazos definidos, existe alguma falha de entendimento em elaborar os prazos ou uma

falta de comprometimento dos mesmos.

O projeto entrou na fase de implementação em 2006, já se passaram dois anos e mais da

metade das ações não foram iniciadas, isso não quer dizer que as ações não serão

cumpridas, mas essa defasagem de tempo pode desmotivar alguns participantes do

projeto, principalmente os beneficiários, o qual pode levar uma descrença do processo,

fazendo com que o projeto não obtenha sucesso.

Apesar de muitas ações do projeto ainda não terem saído do papel, após entrevistas com

alguns responsáveis, foi constatado que ocorreram melhorias para os beneficiários. A

organização em cooperativa, que foi até agora o maior conquista do projeto vem

proporcionando maior organização para os cooperados que antes trabalhavam na

informalidade. O curso de capacitação é outra ação que também já está sendo

implementada, aumentando o conhecimento técnico e melhorias de produtividade para

os cooperados, essas ações já está ocasionando melhorias de renda para os beneficiários.

Não obstante, mesmo a fase de implementação não sendo desenvolvida da maneira

adequada, podendo comprometer o desenvolvimento do projeto, foi observado

39

melhorias para os beneficiários. As ações que não foram iniciadas ainda estão em

processo de ser desenvolvidas, além de outras idéias que estão surgindo, como a central

de telemarketing. A fase de implementação é a prática do que foi teorizado na sua

concepção, nesse projeto analisado pode-se concluir que o projeto ainda não foi

implementado, ou seja, 100% das ações concluídas, mas algumas melhorias já estão

acontecendo.

5 CONCLUSÃO

O estudo apresentado permitiu uma análise da adequação da metodologia DLIS num

projeto específico realizado pelo Banco do Brasil. A metodologia é um instrumento para

alcançar a promoção do DLIS e está sendo adotada por algumas instituições no Brasil,

sobretudo após a elaboração da Agenda 21.

A estratégia de DRS do Banco do Brasil foi criada em 2003, e aqui na Bahia só

começou a funcionar em maio de 2005, ano em que o projeto da agência comércio foi

iniciado. Pode-se considerar que no período em que o projeto iniciou-se e foi aprovado,

a estratégia ainda encontrava-se num processo de amadurecimento e conhecimento por

parte dos responsáveis em gerir o processo. Nesse caso concluí-se que a fase de

concepção e implementação apresentou alguns desvios da metodologia, tanto pela

forma que foi iniciado, como já detalhado, e principalmente na fase de implementação o

40

qual muitas das ações não começaram a ser desenvolvidas, comprometendo a efetiva

implementação do projeto.

No período vivenciado no estágio do Banco do Brasil, foi constatado que existe ainda

uma descrença em relação ao DLIS por parte de alguns participantes do projeto,

sobretudo alguns funcionários das agências o qual encaram o DLIS como um trabalho a

mais, que pode não ter resultado. A sensibilização e mobilização são elementos que são

colocados bem em pauta também para tirar essa falsa impressão dos envolvidos em

qualquer programa de promoção do DLIS. Apesar do projeto não está em total

conformidade com a metodologia, percebe-se que já ocorreram algumas melhorias

econômicas e sociais no Bairro como já discutido, além de externalidades positivas que

ocorrem pelo fato dos beneficiários receberem treinamentos, que podem ser repassados

para outros moradores, por exemplo.

O Banco do Brasil possui 455 projetos em implementação na Bahia, um dos princípios

do DLIS é que com a sua promoção em diversas localidades, aos poucos todo o

território nacional, por exemplo, seja coberto por uma espécie de conexão em rede de

iniciativas capaz de proporcionar o desenvolvimento sustentável no país. Existem no

Brasil outras instituições que atuam na promoção do DLIS, e o governo federal, a

exemplo da criação da estratégia estudada, está incentivando a sua promoção como uma

alternativa de desenvolvimento para combate a pobreza e o desenvolvimento do país.

O DLIS pode ser considerado uma alternativa de desenvolvimento para um país, ou

seja, um instrumento a mais visando alcançar o desenvolvimento. Percebe-se pelo

projeto estudado, principalmente na fase de implementação, que parece ter ocorrido um

desinteresse por parte de alguns atores, e isso ocorre em outros projetos do banco

também. Apesar disso foi constatado que ocorreram algumas melhorias para os

beneficiários do projeto. A inclusão social também é um importante fator que pela

própria caracterização de participação democrática que a metodologia propõe ocorre

entre os beneficiários, e é um elemento significativo do DLIS.

Portanto, pelo que foi exposto, existe uma necessidade de melhor acompanhamento e

monitoramento na fase de implementação desse projeto estudado, assim como em

outros elaborados pelo Banco do Brasil. A iniciativa do governo é válida, mas ainda

41

pode está faltando um suporte estrutural e financeiro para que o DLIS seja desenvolvido

de uma maneira mais adequada e eficiente proporcionando o desenvolvimento de

acordo com os princípios de DLIS.

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