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Edição julho / agosto 2012 - ANO II - Número 08 Em meio a uma cri- se que se estende há meses o Hospital Municipal de Ipa- tinga convive com uma série de problemas atrapalham seu bom funcionamento. Entre eles, segundo o ex-diretor da instituição. Dr. Fernando Xa- vier Ferreira, estão a “neces- sidade de anestesiologia e or- topedia em regime de plantão na Unidade de Pronto-Socor- ro, a falta de medicamentos; necessidade de contratação de técnicos de enfermagem ou horas extra para a classe de técnicos de enfermagem para atendimento no Pronto Aten- dimento e nas enfermarias, entre outros”. Segundo o mé- dico, por não ter sido atendido em suas reivindicações deixou o cargo de diretor do hospital recentemente. Leia matéria completa na página 06. Hospital Municipal de Ipatinga: Situação preocupante “Município não está conseguindo manter seu hospital em condições de funcionamento”, diz Fernando X. Ferreira, após passagem rápida por diretoria São Camilo é inaugurado às pressas em Fabriciano O Governo do Estado inaugurou em agosto a 1ª etapa das obras do hospital São Camilo (antigo Siderúrgica), em Coronel Fabriciano e divulga que: “Além do pronto atendimento, o Hospital vai dispor de 51 leitos, sendo 41 de clínica médica e 10 leitos de UTI adulto e também mais 12 salas de observação”. Já o bloco cirúrgico, a internação cirúrgica e os setores de apoio e administrativo devem ser inaugurados em 60 dias, segundo fontes do Estado. No en- tanto, sabe-se que ainda não existe plantão de pediatria e obstetrícia, pois estes continuam sendo atendidos no hospital Vital Brazil. O que gostaría- mos de saber é: Afinal, é público ou privado? Os médicos serão concur- sados ou contratados como pessoa jurídica para atender SUS? Qual foi o critério de contratação? Houve se- leção pública? Os médicos do antigo hospital Siderúrgica foram convidados a compor o corpo clínico? Temos o papel de cobrar soluções definitivas. Marcando as comemo- rações da Semana do Médico no Vale do Aço, a Amvaço em parceria com o grupo Mais Vip, promove o grande retorno do Baile dos Médicos, evento tradi- cional na região, que volta com força total em 2012, no dia 28 de setembro, no Ipaminas Esporte Clube, em Ipatinga. Na oportu- nidade serão homenageados ex- presidentes da entidade e médi- cos pioneiros com a medalha Dr. Pedro Guerra, concedida pela Amvaço. O evento contará com buffet completo (all inclusive). As mesas e espaços publicitários es- tão sendo comercializados pelo grupo MaisVip pelos telefones: (31) 3825 1811 / Cel: 9341 4795 / 8690 0952 (Contato: Bruno Fernandes). Associados Amvaço receberão convite com direito a acompanhante, por conta da en- tidade. Já os médicos cooperados Unimed e Usisaúde receberão também convite, mas terão de comprar o da (o) acompanhante. Baile marca início das comemorações da Semana do Médico no Vale do Aço Artigos: “Saúde em crise ou cultura da morte” e “Análise da saúde pública no Vale do Aço”. Páginas 02 e 07.

Jornal Amvaco - Julho e Agosto 2012

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Jornal Amvaco - Julho e Agosto 2012

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Edição julho / agosto 2012 - ANO II - Número 08

Em meio a uma cri-se que se estende há meses o Hospital Municipal de Ipa-tinga convive com uma série de problemas atrapalham seu bom funcionamento. Entre eles, segundo o ex-diretor da instituição. Dr. Fernando Xa-vier Ferreira, estão a “neces-sidade de anestesiologia e or-topedia em regime de plantão na Unidade de Pronto-Socor-

ro, a falta de medicamentos; necessidade de contratação de técnicos de enfermagem ou horas extra para a classe de técnicos de enfermagem para atendimento no Pronto Aten-dimento e nas enfermarias, entre outros”. Segundo o mé-dico, por não ter sido atendido em suas reivindicações deixou o cargo de diretor do hospital recentemente. Leia matéria completa na página 06.

Hospital Municipal de Ipatinga: Situação preocupante“Município não está conseguindo manter seu hospital em condições de funcionamento”, diz Fernando X. Ferreira, após passagem rápida por diretoria

São Camilo é inaugurado às pressas em Fabriciano

O Governo do Estado inaugurou em agosto a 1ª etapa das obras do hospital São Camilo (antigo Siderúrgica), em Coronel Fabriciano e divulga que: “Além do pronto atendimento, o Hospital vai dispor de 51 leitos, sendo 41 de clínica médica e 10 leitos de UTI adulto e também mais 12 salas de observação”. Já o bloco cirúrgico, a internação cirúrgica e os setores de apoio e administrativo devem ser inaugurados em 60 dias, segundo fontes do Estado. No en-tanto, sabe-se que ainda não existe plantão de pediatria e obstetrícia, pois estes continuam sendo atendidos no

hospital Vital Brazil. O que gostaría-mos de saber é: Afinal, é público ou privado? Os médicos serão concur-sados ou contratados como pessoa jurídica para atender SUS? Qual foi o critério de contratação? Houve se-leção pública? Os médicos do antigo hospital Siderúrgica foram convidados a compor o corpo clínico? Temos o papel de cobrar soluções definitivas.

Marcando as comemo-rações da Semana do Médico no Vale do Aço, a Amvaço em parceria com o grupo Mais Vip, promove o grande retorno do Baile dos Médicos, evento tradi-cional na região, que volta com força total em 2012, no dia 28 de setembro, no Ipaminas Esporte Clube, em Ipatinga. Na oportu-nidade serão homenageados ex-presidentes da entidade e médi-cos pioneiros com a medalha Dr. Pedro Guerra, concedida pela

Amvaço. O evento contará com buffet completo (all inclusive). As mesas e espaços publicitários es-tão sendo comercializados pelo grupo MaisVip pelos telefones: (31) 3825 1811 / Cel: 9341 4795 / 8690 0952 (Contato: Bruno Fernandes). Associados Amvaço receberão convite com direito a acompanhante, por conta da en-tidade. Já os médicos cooperados Unimed e Usisaúde receberão também convite, mas terão de comprar o da (o) acompanhante.

Baile marca início das comemoraçõesda Semana do Médico no Vale do Aço

Artigos: “Saúde em crise ou cultura da morte” e “Análise da saúde pública no Vale do Aço”.

Páginas 02 e 07.

julho / agosto 2012Jornal da Amvaço WWW.AMVAÇO.COM.BR julho / agosto 2012 Jornal da AmvaçoWWW.AMVAÇO.COM.BR 03

Palavra do PresidenteDr. Norberto de Sá Neto

Presidente da Associação Médica do Vale do Aço

Caros colegas. Em meio a uma campanha política para pre-feito com nervos à flor da pele, es-crevo isto para refletirmos o nosso papel neste momento. É sabido por todos a situação da saúde pú-blica no Vale do Aço, e que não é de agora. Há aproximadamente três anos vivemos com o sucatea-mento progressivo de nosso SUS, que sofre com o descaso de pre-feituras com sinais claros de má gestão; um Governo do Estado de Minas Gerais que nunca deu a devida atenção a nossa região, e até mesmo o Governo Federal, tão presente em outros momentos, e que é consenso, que se não mudar a postura, invariavelmente caire-mos num sistema falido e fadado ao fracasso.

Sou um ferrenho defensor da classe médica, principalmente no que refere à estrutura de tra-balho e ética profissional. Assumi a presidência da Associação Médica do Vale do Aço, um cargo voluntá-rio, que me consome tempo, mas que exerço com o maior prazer. Vejo com estes exatos 10 anos de Vale do Aço, que ao expormos nossas feridas em período eleitoral, com o claro interesse político em este ou aquele candidato, nunca resolveu nem nunca resolverá nos-sa situação.

Lembremos a todos, que o fórum de discussão de condições de trabalho, estrutura, remunera-ção, respeito profissional e ética, é o Conselho Regional de Medicina, Sindicato e Associação Médica. Lá sim, devemos expor nossas defici-ências, problemas e solicitações. Existem mecanismos e ferramen-tas para intervir e proteger o bom exercício da medicina.

Quando nos posicionamos politicamente na imprensa a favor ou contra este ou aquele candi-dato, estamos imaginando que só com a troca de um prefeito todos os problemas se resolverão; que o Estado de MG passará a mandar mais dinheiro, coisa que só esta-mos vendo este ano, por “coinci-

dência” um ano eleitoral; que o Governo Federal enviará mais ver-bas e equipamentos; que irá sobrar

dinheiro na prefeitura.Antes disto tudo, devemos

cobrar é gestão qualificada. Cobrar

que pessoas qualificadas sejam co-locadas nos devidos locais. Cobrar que sejamos ouvidos. Não agora, nas vésperas de uma eleição con-turbada. Mas que sejamos sempre ouvidos. A facilidade com que conseguimos uma reunião com um candidato a prefeito nesta épo-ca é inversamente proporcional à facilidade de sermos recebidos por prefeitos eleitos.

Me respondam então: Qual candidato à prefeitura de Ipatinga, Coronel Fabriciano ou Timóteo convidou o CRM, Sindi-cato dos Médicos ou Associação Médica para discutir a situação da falta de médicos, remuneração ou gestão de saúde em nossa região? Qual candidato montou um plano de saúde pública orientado por um médico com experiência em gestão?

Nada contra as outras pro-fissões. Mas, em momentos políti-cos, vários médicos são “utilizados” em campanhas, mas nunca ou-vidos. Isto é diferente. Vocês lem-bram qual foi o último diretor do Hospital Municipal de Ipatinga que era Médico? Será que somos tão incompetentes que nem somos ouvidos ou convidados? Porque a Unimed cresce a olhos vistos, com uma ampla rede estruturada e três hospitais próprios, sendo gerida por médicos? Porque o hospital Márcio Cunha é um hospital de excelência, sendo gerido por mé-dicos?

Então chegou onde eu queria. Cuidado colegas! Nesta hora somos chamados, às vezes ou-vidos e até iludidos com promessas destes ou daqueles. Devemos sim participar de decisões, programas e planejamentos na área de saúde pública. Somos cobrados pela po-pulação, pacientes e familiares. “A medicina imperceptivelmente nos levou para a área social e nos colo-cou em uma posição de confron-tar os grandes problemas de nosso tempo”. (Rudolf Wirchow). Abra-ços a todos e nos encontramos no Baile dos Médicos.

PRESIDENTE: Dr. Norberto de Sá Neto VICE-PRESIDENTE: Dr. Divino de BarrosSECRETÁRIO: Sandro do Carmo CarvalhoDIRETOR FINANCEIRO: Dr. Mauro Marzem MoraisDIRETOR CIENTÍFICO: Dr. José Geraldo Braga MercanteDELEGADOS: Dr. Ademir Dutra Garcia e Dr. Marco Antônio Nazaré CastroSECRETÁRIA DA AMVAÇO: Maria VieiraEndereço: Rua Argemiro José Ribeiro, nº42, SL 503, bairroSanta Helena - Coronel Fabriciano. Fone: (31) 3842-1088Direção: Honofre Campos de Souza (DRT/MG 10946) Contato: (33) 9976-3874 (Vivo) / 9154-2839 (Tim) email: [email protected] Impressão: Gráfica Modelo Periodicidade: BimestralTiragem: 1000 exemplares Distribuição gratuita

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EOs artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da Associação Médica do Vale do Aço, bem como do Jornal da Amvaço.

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A - Médicos do setor pú-blico: Defasagem de valores (bai-xos salários ) • Atrasos na remune-ração • Precarização do trabalho (vínculos não formais) • Defasa-gem tecnológica e falta de ma-teriais para alcançar os melhores recursos de tra-tamento aos pa-cientes • Escassez de profissionais em função da má remuneração • Insatisfação dos profissionais da rede.

B - Demais trabalhadores da saúde: Demissão em massa • Defasagem salarial • Atrasos de salários • Defasagem tecnológica e falta de materiais para alcançar os melhores recursos de trata-

mento aos pacientes • Falta de treinamento e aperfeiçoamento • Insatisfação profissional

C - Hospitais: Para fazer caixa e pagar despesas, os esta-belecimentos recorrem a recursos gerados por outros convênios ou particulares, a descontos de tra-balhadores e a tributos não repas-sados (INSS, IR e FGTS), além de contrair empréstimos em bancos com altos juros, com alienação de patrimônio. Não se trata de pes-simismo. O efeito colateral é bem conhecido: fechamento de hospi-tais, desemprego e desassistência.

D - Usuários – pacientes (literalmente pacientes): Deve-

riam ser os personagens mais im-portantes do sistema, mas estão desassistidos. Descumpre-se a Constituição Federal, e pratica-mente nada do garantido por lei, pelo menos pelas vias habituais, ocorre de fato. Ficam a mercê da boa vontade dos diversos atores, sem um sistema de referência e contra-referência eficaz. Enfim, da beleza que é o SUS no papel restam-lhes o que está aí na prá-tica cotidiana: inoperância devido principalmente ao não financia-mento do sistema.

E - A Tabela do SUS: De julho de 1994 até outubro de 2006, o impacto financeiro do re-

ajuste da tabela SUS para os hos-pitais foi, em média, de 37,3%. Enquanto a inflação média do setor acumula 386,2%. Compa-rando as correções dos preços no Plano Real de alguns ítens - varia-ção (%) de julho de 1994 a outu-bro de 2006, temos:

• Tabela SUS (Impacto financeiro) 37,30 • IGP-M (FGV) 418,10 • Inflação dos Hospitais 386,20 • Gasolina - 528,61 • Energia Elétrica - 595,53 • Co-municações - 613,06 • Água - 533,04 • Gás de Cozinha - 672,01 • Transporte Urbano - 626,87.

Como a crise afeta cada segmento envolvido no atendimento?

A saúde em nosso país nunca es-teve tão mal, e

nesse aspecto o Vale do Aço, lamenta-velmente é um bom exemplo. Hospitais em falên-cia e uma saúde pública lasti-mável. Está ruim para todos e quem mais sofre é o usuário. Pior no período eleitoral, quan-do os picadeiros políticos estão em plena atividade. Situação e oposição hipocritamente ence-nam interesses e aproveitam da crise para tentar angariar votos. E aí vale tudo. Uma briga sem ética e escrúpulos, onde a saú-de é o que menos importa. Interessa é vencer as eleições! Uma vez vitoriosos, tratam o

assunto com a frieza de sem-pre, transferindo responsabi-lidades para outras instâncias e, em municípios menores, a ambulâncioterapia impera! Enquanto isso, usuários, pres-tadores de serviços e trabalha-dores da saúde ago-nizam face ao caos instalado, esperando por milagres! É apenas uma pequena postura da Cultura da Morte. Só Jesus! Mas anali-semos rapidamente a situação por tópicos:

1- Atenção básica: Sob a responsabilidade dos Muni-cípios, onde o modelo atual estimulado pelo Ministério da Saúde é o da Saúde da Famí-lia. Estudos realizados a nível

nacional indicam que as ine-ficiências da atenção básica, tanto em cobertura quanto em resolutividade, induzem à superlotação dos hospitais e, principalmente, dos serviços de urgência e emergência. Além, obviamente, de formarem filas infindáveis em seus próprios serviços. Constatou-se, o que também é verdadeiro no Vale do Aço, que o déficit de recur-sos humanos en-contrado foi maior que o tecnológico. Aliás, essa tem sido a grande justifica-tiva de Pre-feitos e Secretários de Saúde, ao passo que isso se deve a precariedade dos vín-culos empregatícios, sendo o aviltamento salarial o fator pri-

mordial para o déficit de profis-sionais.

2-Hospital conveniado ao SUS: Um péssimo negócio. A falência é generalizada. Ape-nas questão de tempo. A crise por que passa a rede de assis-tência hospitalar credenciada ao Sistema Único de Saúde tem um vilão: a defasagem his-tórica da tabela SUS. Só Np pe-ríodo do Plano Real, enquan-to a inflação dos hospitais foi de aproximadamente 400%, o im-pacto financeiro do rea-juste da tabela SUS, determinado pelo Ministério da Saúde, para os hospitais foi, em média, de apenas 37,3%. Falência sem dúvida é o único caminho!

Observa-se, que além da gigantesca defasagem da Tabela SUS, levando os Hospitais par-ticulares conveniados e os filan-trópicos à falência, esses mesmos hospitais sofrem também com a inflação incidida nos seus insu-mos. Por isso é que podemos afir-mar que a falência é só questão de tempo, se não houver uma total mudança de postura, o que não nos parece haver qualquer interesse ou compromisso. Muito mais fácil e rentável para os cofres governamentais é responsabilizar

sistematicamente e taxar como frauda-dores ou incompetentes os proprietários, administradores e/ou gestores dos hospitais. Tan-to se repetiu isso na mídia que a mentira virou verdade. Vide o tema debatido no STJ:

Os hospitais particulares que venham a exercer função pública delegada, conveniando-se ao Serviço Único de Saúde (SUS), também são considerados agentes públicos e por isso são sujeitos às penalidades referentes ao crime de improbidade admi-

nistrativa. A questão foi debatida e julgada pela Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao conceder o pedido do Minis-tério Público Federal.

Enquanto isso, salvo raras exceções, municípios são saque-ados por seus agentes políti-cos, milhares de CPIs terminam em pizza, superfaturamentos com-provados pelos tribu-nais de con-tas são absolvidos politicamente pelas Câmaras Legislativas, carros cofres são contratados com re-cursos públicos para manterem

em dia o “mensalão” e improbi-dades verdadeiras e de conhe-cimento público são praticadas impunemente. A inação ou a lentidão do sistema judiciário de certa forma tem facilitado a conti-nuidade e a impuni-dade do cri-me do colarinho branco.

Afinal de contas somos brasileiros e convivemos com impostos de 27,5% para pessoas físicas, mais impostos gerais tota-lizando aproximadamente 50%. Como dizia o poeta: Que país é esse Só Jesus!

SAÚDE EM CRISE OU CULTURA DA MORTEDr. José Geraldo Braga Mercante | Diretor Científico da Associação Médica do Vale do Aço

Opinião:

julho / agosto 2012Jornal da Amvaço WWW.AMVAÇO.COM.BR julho / agosto 2012 Jornal da AmvaçoWWW.AMVAÇO.COM.BR

Comemorando os 10 anos de sua Jornada Acadêmica, a Univaço, numa parceria com a Associação Médica do Vale do Aço (Amvaço) inseriu na progra-mação em 2012 o I Congresso de Atualidades Médicas do Vale do Aço. O evento que conta com apoio do Conselho Regional de Medicina (CRM), acontece no te-atro do Centro Cultural Usiminas, nos dias 24 e 25 de setembro

Trazendo a participação de importantes profissionais da área de saúde e meio acadêmico, a X Jornada Acadêmica de Saúde e I Congresso de Atualidades Mé-dicas do Vale do Aço será palco de debates e amplas discussões sobre diversificados e relevan-tes temas envolvendo a questão da saúde. Num momento em que este setor atravessa uma cri-se com conseqüências trágicas para a qualidade de vida da po-

pulação, busca-se através deste evento que ele constitua-se num marco para o desenvolvimento das políticas de saúde na região.

A coordenação geral do evento está a cargo do professor Vinícius Lana Ferreira, coorde-nador de extensão do curso de medicina da Univaço, mas é con-duzida por um colegiado com-posto pelos seguintes membros: professora Vera Lúcia Venâncio Gaspar, diretora acadêmcia da Univaço; professor Eric Bassetti Soares, coordenador do curso de Medicina da Univaço; professor José Márcio Ribeiro, coordena-dor de pesquisa da Univaço; pro-fessor Norberto de Sá Neto, pro-fessor do curso de medicina da Univaço e presidente da Amva-ço; professor José Geraldo Braga Mercante, professor do curso de medicina da Univaço e membro da Amvaço.

Univaço comemora 10 anos de Jornada Acadêmica e inclui Congresso Médico em evento com Amvaço

Presidente da Associação Mineira de Medicina de Família e Comunidade (AMMFC), Con-selheiro Municipal de Saúde de Belo Horizonte e Diretor Jurídi-co do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (SinMed-MG). Dr. Artur Oliveira Mendes é um dos participantes da X Jornada Aca-dêmica do Curso de Medicina e 1º Congresso Médico do Vale do Aço, que acontece nos dias 24 e 25 de setembro, no Centro Cultural Usiminas, em Ipatinga. Junto com o Dr. Núlvio Lemen Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Famí-lia e Comunidade (SBMFC) eles discutirão em mesa redonda o tema: “Medicina de Família e Comunidade: evidência e aceita-ção”. Antecipadamente, o Jornal da Amvaço traz uma entrevista exclusiva com Dr. Arthur, na qual fala sobre este e outros temas re-levantes para a classe médica.

É natural de onde e em qual instituição graduou-se? Sou nascido em Porteirinha, no Norte de Minas. Graduei-me na Universidade Federal de Minas Gerais, em julho de 2004.

Há quantos anos tra-balha na Atenção Primária em Saúde? Em qual município? Sou médico de família titulado pela SBMFC, trabalhando na Atenção Primária em Belo Horizonte já há 8 anos.

Há quanto tempo ocupa o cargo de presidente da Asso-ciação Mineira de Medicina de Família e Comunidade? Desde maio de 2011 sou presidente da Associação Mineira de Medi-cina de Família e Comunidade (AMMFC). Também atuo como diretor-jurídico do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais.

Medicina de Família ontem e hoje: o que mudou? Quais os principais desafios

que o médico que opte pela es-pecialidade hoje deverá enfren-tar? A medicina de família vem cada vez mais afirmando seu papel de coordenação do cuida-do. Embora o período inicial da expansão da Estratégia de Saúde da Família (ESF) tenha exigido a aceitação dos mais diferentes perfis profissionais (recém-for-mados, médicos de outras espe-cialidades, entre outros), hoje a necessidade por um profissional com formação específica, e que enxergue na Medicina de Famí-lia uma opção de carreira médi-ca vem se tornando uma opção cada vez mais clara para os ges-tores. Ao jovem médico, ficam, portanto o desafio de se capaci-tar cada vez mais para atuar neste espaço.

Qual o centro do debate hoje a respeito da Medicina de Família enquanto especialidade médica? Ontem, hoje e sempre, o centro do debate da Medicina de Família é o centro do debate sobre a prestação de cuidados e serviços de saúde de qualidade à população. O médico de famí-lia, pela proximidade e cumpli-cidade que adquire junto à sua comunidade com o passar dos anos, não pode se eximir de uma postura ética e responsável junto aos órgãos públicos e demais ato-

res na sociedade na luta por me-lhores condições de vida da po-pulação. A imagem do médico prescritor e que só encaminha e faz receitas é um legado imaginá-rio do passado que não transmite às pessoas os grandes objetivos de nosso trabalho.

A maioria dos muni-cípios brasileiros enfrentam problemas na fixação do mé-dico na Atenção Primária em Saúde. Como as sociedades (brasileira e/ou mineira) veem este problema? A imagem de “sacerdócio” médico, somente, não dignifica e nem serve para fixar as pessoas na atenção pri-mária. Tampouco tem sido efica-zes promessas de grandes salários em muitos municípios. A fixação, no entendimento da AMMFC, está intimamente ligada à possi-bilidade da construção de uma carreira de estado, o que precisa ser assumido pelo Ministério da Saúde.

Quais são os principais desafios para as instituições de ensino no tocante a formação médica? A formação médica precisa ser de excelência técni-ca, mas sobretudo, de excelên-cia humanitária. Ao profissional responsável por cuidar da saúde das pessoas, não pode ser mais admitida uma postura passiva e

acrítica sobre o mundo, a vida e as condições das pessoas que buscam ajuda nas unidades de saúde do país. Fazer florescer este senso de responsabilidade talvez seja o principal desafio das escolas médicas.

Qual é o panorama atu-al das residências em Medicina de Família e Comunidade? As residências vem crescendo no que diz respeito à excelência de formação, reforçando o pa-pel das mesmas na capacitação dos profissionais que trabalham na atenção primária. Em Minas Gerais, as residências em curso no Hospital Odilon Behrens, no Hospital das Clínicas da UFMG, em Betim, em Uberaba (UFTM e Uniube), na Unimontes, em Ca-ratinga (UNEC) e em Governa-dor Valadares são exemplos que sempre se destacam nas discus-sões nacionais.

Como a entidade es-tadual atua em relação à enti-dade nacional ou vice-versa? Quais são hoje as principais di-retrizes do trabalho de ambas atualmente? Trabalhamos em parceria. A AMMFC é o braço estadual da SBMFC, procurando trazer a voz dos profissionais mi-neiros para o debate nacional e construir o diálogo das discussões que ocorrem no resto do Brasil para as Minas Gerais.

Em setembro vocês irão participar de uma mesa redonda com o tema “Medici-na de Família e Comunidade: evidência e aceitação”. O que acharam da escolha deste tema para um evento voltado para estudantes de medicina e mé-dicos do Vale do Aço? O tema é relevante e oportuno para uma discussão junto aos acadêmicos, procurando despertar a curio-sidade e entendimento sobre a área junto aos futuros médicos.

Medicina de Família em debate“Ao profissional responsável por cuidar da saúde das pessoas, não pode ser mais admitida uma postura passiva e acrítica sobre o mundo”

Dr. Arthur (camisa branca) e colegas da AMMFC

Entrevista: Dr. Arthur Oliveira Mendes

Evento será palco de acaloradas discussões e debates sobre saúde

Fique por dentro:- Acesse a programação completa no endereço eletrôni-

co http://www.famevaco.br/- Informações e inscrições: Faculdade de Medicina do

Vale do Aço (31) 2109-0900.- Vagas limitadas. Entrada via retirada de convite.

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julho / agosto 2012Jornal da Amvaço WWW.AMVAÇO.COM.BR julho / agosto 2012 Jornal da AmvaçoWWW.AMVAÇO.COM.BR

Fonte: Revista Médico Residente

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“Calamidade no Hos-pital Municipal de Ipatinga”, “Hospital Municipal de Ipatin-ga poderá ser fechado em 15 dias”, “Hospital Municipal de Ipatinga é pauta de reunião com Secretário de Saúde, Dr. Antônio Jorge”, “Promotoria e FSFX inspecionam Hospital Municipal de Ipatinga”. Em uma breve análise dos títulos de matérias publicadas recen-temente na mídia envolvendo o Hospital Municipal de Ipatin-ga percebe-se que a situação ali não é nada boa.

Único na cidade com atendimento realizado 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Eliani Martins passa por momento conturbado, e ao que tudo indica, sem pers-pectiva de melhora em curto prazo. No decorrer do último ano, profissionais e usuários do sistema de saúde pública na ci-dade realizaram protestos con-tra a situação no hospital.

Diante da instabilidade no local, Dr. Fernando Xavier Ferreira, que recentemente as-sumiu o cargo de diretor técni-co da instituição deixou-o dias depois. Sobre sua saída, o mé-dico foi taxativo em sua página pessoal no Facebook: “Informo que não sou mais o diretor téc-nico do Hospital Municipal de Ipatinga. Apesar do município ter gestão plena sobre o siste-ma de saúde, não está conse-guindo manter seu hospital em condições de funcionamento. E como minhas solicitações não foram atendidas declino do cargo”.

Por email, Xavier explica com detalhes os pontos críticos atualmente no hospital. Estes, segundo ele, estão na Unidade de Pronto-Socorro, que “ne-cessita de anestesiologia e or-topedia em regime de plantão, além de Centro Cirúrgico; me-dicações em falta; contratação de técnicos de enfermagem ou horas extra para a classe de técnicos de enfermagem para atendimento no Pronto Aten-dimento e nas enfermarias (e para reabertura de leitos de UTI que foram desativados apenas por esse motivo); manuten-ção da jornada de trabalho do médico de 20 horas semanais conforme edital público de 2007 para os concursados ou o devido pagamento das horas extras para cumprimento de 24 horas semanais; e convocação dos aprovados em concurso público recente para compor a equipe, e não a dispensa de profissionais”.

A direção do Hospital

Municipal Eliane Martins, atra-vés da Assessoria de Comuni-cação da Prefeitura, afirma que o Pronto Atendimento é rea-lizado com a Classificação de Risco de Manchester, que pre-vê prioridade para os pacientes classificados como Vermelho, Laranja e Amarelos. Os pacien-tes classificados como Verdes e Azuis podem procurar aten-dimento nos Postos de Saúde, local mais adequado para ofe-recer o atendimento necessário para estas classificações. Outra dura realidade no HMI é o fe-chamento Unidade de Inter-nação Pediátrica, que é o local específico e prioritário para atendimento infantil. Entretan-to, o atendimento aos pacien-tes internados estão mantidos e as crianças são internadas na Unidade de Pronto Atendi-mento Pediátrico. Através do decreto nº 7.285 de 8 de agos-to de 2012 a Administração Municipal alega a impossibili-dade de remunerar o banco de

horas extra do Hospital.Com a reabertura do

hospital São Camilo (antigo Si-derúrgica) no dia30 de agosto, em Coronel Fabriciano, acredi-ta-se que deve aliviar o alto ín-dice de atendimentos regionais que vinha sobrecarregando o HMI. Mas a situação só deve se amenizar realmente com a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 horas). Segundo a Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Ipatinga, o proje-to para construção desta UPA 24 horas prevê investimento de R$ 2,6 milhões do Governo Federal e outros R$ 3 milhões do Governo Estadual. O terre-no localizado no bairro Canaã, próximo à unidade de saúde, foi doado pelo município. O projeto da obra já foi conclu-ído, e o terreno foi escolhido, localizado no bairro Canaã, próximo à unidade de saúde. Mas a obra ainda aguarda aber-tura do processo de licitação.

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Hospital Municipal de Ipatinga continua sob ameaçaÚnico na cidade com atendimento realizado 100% pelo SUS, Eliani Martins convive com crise e problemas sem rápida solução

Hospital Municipal de Ipatinga: crise e baixa perspectiva de soluções em curto prazo

Primeiro, acredito que nao podemos pensar a Saúde na região somente no prisma municipal. A região e colar me-tropolitanos é composta por 28 municípios, além de outros cir-cunvizinhos, com intricada rela-ção e amplo fluxo de usuários. Destes municípios apenas Ipa-tinga é habilitada como “Gestão Plena do Sistema” e é responsá-vel pela atenção básica (unidades básicas de saúde e PSF), atenção secundária (especialidades e ur-gências) e terciária (hospitalar e alta complexidade). Todos os de-mais municípios são habilitados como “Gestão Plena da Atenção Básica” e, portanto, são responsá-veis apenas pela atenção básica. Assim, o Estado de MG torna-se responsável pela atenção secun-dária e terciária de todos estes municípios. Podemos analisar a assistência nestes três níveis:

• Atenção Básica: hoje focada na Estratégia de Saúde da Família, que apresenta boa cobertura em quase todos os municípios, sobretudo nas lo-calidades mais carentes. Mas, apresentam carências na forma de qualificação, contratualização e baixa resolutividade terapêuti-ca. A atenção básica precisa ser reestruturada e focar em alta re-solutividade. Isto sozinho pode-rá solucionar a maior parte dos problemas dos demais níveis de assistência. Esse é um problema nacional e para tal tem sido pro-posta a criação de carreiras pro-fissionais do SUS, sobretudo para

médicos que são os profissionais com maiores dificuldades de in-serção no atual modelo.

• A atenção secundária: um grande gargalo!!! Temos ca-rência de várias especialidades, não temos um Centro de Espe-cialidades Regional, lembremos que a atenção da maioria dos municípios do Vale do Aço se-ria responsabilidade do estado! Uma tentativa de contornar este

problema se dá pelos acordos das câmaras de negociação in-termunicipais e pelo Consorcio Intermunicipal que proporciona o Transporte Sanitário (versão moderna da Ambulância-Terapia) . Com isto há uma sobrecarga de municípios como Ipatinga.

• A atenção terciária, a que mais gera escândalos e polê-mica, tem seus problemas acen-tuado, em parte, pela ausência de uma Atenção Básica Resolu-tiva e, principalmente, pela ab-soluta omissão do Governo Esta-dual. Não dispomos de nenhum leito hospitalar público no Vale

do Aço. O HMI não configura Hospital nem Pronto Socorro, ele é no máximo um Pronto Atendi-mento com internação de baixa complexidade, não faz nenhum procedimento cirúrgico e carece de recursos hospitalares básicos. A atenção hospitalar depende integralmente de entes privados: HMC, HMVB e o Hospital Si-derúrgica (fechado há um ano). Assim, temos carência de leitos

hospitalares, sobretudo de leitos de UTI adulto e pediátrica/neo-natal. Temos limitados os proce-dimentos cirúrgicos eletivos, uma vez que o acesso se dá quase que exclusivamente via a urgência e emergência, mesmo assim de forma limitada.

Equipamentos Regionais de Saude: não dispomos de ne-nhuma das redes de assistência regionalizadas propostas pelo es-tado nem de programas de saú-de estaduais efetivos - não temos Rede de Urgência e Emergência, o SAMU não é regional, é só de Ipatinga; também não temos

rede de assistência à gestante e parturiente, Hemocentro Regio-nal, etc.Com isto a Rede Pública e/ou credenciada ao SUS, além de deficitária fica desorganizada e sobrecarregada por demandas indevidas ou desnecessárias, pois também não carece de mecanis-mos reguladoras adequados. O único equipamento estadual dis-ponível no Vale do Aço é a Regio-nal de Saúde, com suas limitadas atividades.

O município de Ipatinga, como Gestão Plena do Sistema recebe repasse direto ao Fundo Municipal de Saúde para o cus-teio de todas as ações em saúde, dos PSF ao hospitalar aos seus munícipes. Assim, o município tem responsabilidade de pres-tar assistencia em todos os ní-veis diretamente ou por serviços Conveniadas como o HMC. Os outros municípios, que não rece-bem seus recursos integralmente, fazem pactuações de repasses via governo estadual para o atendi-mento de seus munícipes em Ipatinga, BH ou outros municí-pios. Estas pactuações são feitos via as Câmaras Bi ou Tripartides ou através do Consorcio. Porém, poucos municípios oferecem atendimentos especializados e a procura por atendimentos não obedece rigorosamente estes pactos, pois o acesso é universal e os usuarios, por necessidade, dri-blam os fluxos. E não dispomos de alternativas mais abrangentes, como um Centro de Especialida-des Regional e, sobretudo, um Hospital Regional. Somos a única região polo do estado que nao tem Hospital Regional!!!

VAMOS TENTAR FAZER UMA ANÁLISE SUCINTA DA SAUDE PÚBLICA NO VALE DO AÇO

por Márcio de CastroMédico