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Jornal CBHSF - nº 27

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Jornal CBHSF - nº 27

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JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

FEVEREIRO 2015 | Nº 27

EMPRESA NEMUS INFORMA SOBRE O PLANO DE BACIA PÁG. 3

SANEAMENTO BÁSICO EM ANDAMENTO NO ALTO SFPÁG. 6

As novas metas das CCRs

As quatro CCRs do Comitê do São Francisco traçam suas estratégias para o ano de 2015,

elencando as primeiras ações em prol da sustentabilidade e saúde ambiental da bacia.

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A sede administrativa da Câ-mara Consultiva Regional (CCR) do Baixo São Francis-co está em novo endereço.

O escritório saiu de Penedo (AL) e se instalou na capital alagoana, Maceió, por razões operacionais, mas não irá alterar o atendimento aos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) na região. É o que garante o coordenador da CCR, Melchior Carlos do Nascimento.

Ele explica que três razões le-varam à mudança do escritório. “A operacional foi a principal. Maceió

oferece serviços que permitem a execução dos trabalhos da CCR”, explica ele. “Além disso, permite nossa proximidade com a Asso-ciação dos Municípios Alagoanos [AMA], consequentemente com os prefeitos, que podem se tornar parceiros importantes para o Co-mitê”, acrescenta. “Por último, há o fato de os membros da DiretoriaColegiada do CBHSF, ou seja, eu e o presidente Anivaldo Miranda, re-sidirmos na capital”, complementa.

Melchior aproveita para ressal-tar que a mudança não representa o

corte de relações com a população do Baixo São Francisco. Isso porque o secretário do CBHSF, Maciel Oli-veira, permanece lá com um escri-tório à sua disposição para exercer suas atividades. “Sem esquecer que o escritório atual apresenta melhores condições de recepção a quem precisar se reunir para tratar de atividades relacionadas ao Co-mitê”, conclui.

O novo escritório da CCR do Baixo fica na Avenida Antonio Go-mes de Barros, Edifício The Square, sala 211, Bairro Jatiúca, Maceió.

CCR BAIXO MUDA A SEDE PARA MACEIÓ

Coordenação geral: Malu FolladorProjeto gráfico e diagramação: Yayá ComunicaçãoEdição: Antônio MorenoTextos: Ricardo Follador, André Santana, Delane Barros e Antônio Moreno

Este jornal é um produto do Programa de Comunicação do CBHSF Contrato nº 07/2012 — Contrato de Gestão nº 014/ANA/2010— Ato Convocatório nº 043/2011. Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

HORA DE PLANEJAR

Fazer de 2015 um ano de muitos projetos e bons resultados em prol da sustentabilidade e saúde

ambiental da bacia do rio São Fran-cisco. Com esta preocupação, os coordenadores das Câmaras Con-sultivas Regionais vêm estruturando ações a partir de um planejamento estratégico que busque, sobretu-do, a aproximação da CCR dos seus membros e que privilegie debates sobre as principais problemáticas do Velho Chico.

O trabalho iniciado pelas quatro CCRs do Comitê do São Francisco (Baixo, Alto, Médio e Submédio) é o principal tema dessa edição do jor-nal Notícias do São Francisco. Nas suas páginas centrais, o informativo revela os principais projetos espe-cíficos de cada região fisiográfica e evidencia a preocupação comum em implementar a mobilização social em defesa do rio e seus afluentes.

O jornal também oferece um amplo material sobre o processo de atualização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do São Francisco. O representante da empresa portu-guesa Nemus, Pedro Bettencourt, é o entrevistado desta edição. Ele falasobre o andamento do processo já iniciado pela empresa, detalhan-do a busca pela mobilização social, que se dará com a realização de 24 consultas públicas e 19 oficinas se-toriais em regiões da bacia.

Outro assunto em destaque no informativo é o lançamento do li-vro “Velho Chico – A Experiência da Fiscalização Preventiva Integrada, realizada pelo Ministério Público da Bahia com apoio do CBHSF. A pu-blicação é relato minucioso dos 12 anos de ações da FPI no território baiano da bacia do São Francisco na defesa do meio ambiente.

EDITORIAL

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF

[email protected]

Nova sede do CBHSF passou a funcionar no útimo mês de janeiro na cidade de Maceió (AL)

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NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO 3

A empresa Nemus, selecio-nada no processo licitatório para construção do projeto de atualização do Plano de

Recursos Hídricos da bacia hidrográ-fica do rio São Francisco, apresentou o relatório de atividades da primeirafase do projeto. A apresentação foi feita pelo diretor-geral da empresa, Pedro Bettencourt, durante reunião com a agência delegatária, AGB Pei-xe Vivo, em Belo Horizonte (MG), no dia 19 de janeiro.

No relatório, a empresa apresenta sugestões de metodologia para mobi-lização e participação popular e uma síntese da coleta de dados realizada nos dois primeiros meses do traba-lho, que começou no final de 2014. “A primeira etapa foi de muitas reuniões para levantamento de informações so-bre a bacia e construção das sugestões de metodologia de trabalho”, explica

o geólogo Pedro Bettencourt, que co-ordena o projeto. Ele explica que a se-gunda etapa, que se inicia em fevereiro, terá três objetivos fundamentais: a atu-alização do diagnóstico da bacia feito pelo último Plano, de 2003; o estudo de cenários da bacia nos próximos 5, 10, 15 e 20 anos; e sugestão de metas em relação ao consumo de água e às ne-cessidades hídricas na bacia.

“Para garantir a participação popu-lar e a escuta aos diversos usuários do rio, realizaremos 24 consultas públicas e 19 oficinas setoriais, destinadas a grupos específicos, como comunida-des tradicionais e indígenas, indústrias e mineração e produtores agrícolas, entre outros”, detalha Bettencourt. As 24 consultas foram assim divididas: nesta segunda etapa, serão quatro em cada Câmara Consultiva Regional – CCR, totalizando 16; na terceira etapa, serão realizados dois encontros em

cada CCR, formando mais oito. “A ter-ceira etapa, que se estende de novem-bro de 2015 a maio de 2016, será a efe-tiva construção do Plano, com medidas e recomendações ao CBHSF”, destaca.

As consultas e oficinas objetivam divulgar o plano e fortalecer os diag-nósticos técnico-institucionais, além da participação social nos estados que compõem a bacia do Velho Chico. As datas e endereços das consultas públi-cas e oficinas setoriais serão divulga-dos em breve pela diretoria do CBHSF.

COBRANÇAO Plano de Recursos Hídricos

da bacia do São Francisco norteará a aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das águas do Velho Chico em ações estruturantes em prol da sustentabilidade da bacia. O CBHSF destinou aproximadamen-te R$ 6,9 milhões para a elaboração deste “novo” plano. O plano de bacia é um instrumento regulamentado na lei federal nº 9.433/97 que serve como base para a incorporação, de maneira mais consistente, dos as-pectos ambientais, de modo a garan-

tir os usos múltiplos de forma racio-nal e sustentável de uma bacia, em consonância com a gestão integrada e com as políticas de meio ambiente e recursos hídricos, estabelecendo, assim, metas e ações de curto, médio e longo prazo. No caso do São Fran-cisco, a empresa contratada deverá incrementar os levantamentos e en-caminhamentos já definidos e imple-mentados pelo CBHSF no antigo – e ainda em vigência – plano decenal (2004–2013).

“Dada a extensão quase continen-tal e a complexidade da bacia do rio São Francisco, a construção do Plano de Recursos Hídricos é uma experiên-cia piloto que pode se tornar referência para outras bacias. Um aspecto pio-neiro desta ação é o levantamento dos efeitos das alterações climáticas que o planeta tem vivido e que precisará ser pensada por outras bacias no mundo”, reflete Pedro Bettencourt.

Leia entrevista completa com o geólogo e diretor-geral da Nemus na página 8.

CONCLUÍDA A PRIMEIRA FASE DA ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE BACIA DO SÃO FRANCISCO EM APRESENTAÇÃO FEITA NA AGB PEIXE VIVO, O REPRESENTANTE DA EMPRESA PORTUGUESA NEMUS EXPLICA AS AÇÕES REALIZADAS NA PRIMEIRA FASE DO PROCESSO DE ATUALIZAÇÃO DO PLANO DE BACIA DO SÃO FRANCISCO E ANUNCIA A PROGRAMAÇÃO DAS ETAPAS SEGUINTES.

A cidade de Piranhas (AL), no Baixo SF, sediará uma das etapas da atualização do Plano Diretor do São Francisco

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Aproximar cada vez mais os membros do Comitê da Ba-cia Hidrográfica do Rio São Francisco das discussões

que norteiam as temáticas políticas e técnicas do colegiado; promover seminários sobre conflitos pelo uso da água; implementar campanhas de mobilização social em defesa do Velho Chico; manter os investimen-

tos advindos da cobrança em proje-tos que visem a recuperação hidro-ambiental de sub-bacias. Essas são algumas das metas apresentadas pelos quatro coordenadores das Câ-maras Consultivas Regionais – CCR/CBHSF (Alto, Médio, Submédio e Bai-xo São Francisco) para o ano de 2015.

Instâncias representativas do Co-mitê do São Francisco nos estados que compõem a bacia do Velho Chico (Mi-nas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambu-co, Alagoas e Sergipe, além do Distrito Federal), as CCRs iniciam o ano reali-zando os seus planejamentos estratégi-cos, tendo em comum vários pontos de pauta, entre eles a efetivação da atua-lização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do São Francisco, iniciado no final de 2014 e grande aposta da enti-dade no norteamento da aplicação dos recursos da cobrança em ações estru-turantes em prol da bacia.

Veja a seguir, algumas das estra-tégias apresentadas pelos coordena-dores das CCRs para o ano de 2015:

CCRs TRAÇAM SUAS METAS PARA O ANO DE 2015

AS CÂMARAS CONSULTIVAS REGIONAIS DO CBHSF DEFINEM SUAS ESTRATÉGIAS PARA O ANO DE 2005, COM AÇÕES ESTRUTURANTES VOLTADAS PARA A SUSTENTABILIDADE DA BACIA EM CADA REGIÃO FISIOGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO.

Márcio Pedrosa (CCR Alto); Cláudio Pereira (CCR Médio); Uilton Tuxá (CCR Submédio) e Melchior Nascimento (CCR Baixo)

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CCR MÉDIO SÃO FRANCISCOPara Cláudio Pereira, coordena-

dor da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, 2015 será o ano para promover a aproximaçãocom a esfera governamental, tanto em termos municipais quanto esta-duais. Além disso, a CCR pretende estender as suas atividades para as escolas de pequenos municípios ri-beirinhos. O objetivo será alavancar o entendimento das crianças e jo-vens sobre a real situação do Velho Chico. “Este ano será mais desafia-dor do que foi 2014. Discutiremos assuntos que envolvam as reduções das vazões; a geração de energia; o abastecimento comprometido de municípios do Médio; a falta de

chuvas; a continuação dos projetos hidroambientais e de saneamentos do CBHSF na região; enfim, ações positivas que estimulem a revitali-zação do rio São Francisco”, explica Cláudio Pereira. Ele ressalta ainda a importância da segunda edição da campanha em defesa do Velho Chico, que será promovida pelo Co-mitê no mês de junho, e do II Semi-nário dos Povos Quilombolas, que ocorrerá também em 2015. “São ações extremamente importantes. Eventos que trazem à tona não só a problemática da bacia, mas a be-leza, a cultura e a história do rio São Francisco”, lembra Pereira, que é uma das lideranças quilombolas do São Francisco.

ONDE FICA: Geograficamente, a região do Médio São Francisco fica

no oeste do estado da Bahia, ao norte de Minas Gerais. A área que abrange a CCR vai desde os limites do município de Pirapora, em Minas Gerais, até a cidade de Remanso, na Bahia, ocupando 339.763 km² ou 53% da área da bacia do São Francisco, totalizando 150 municípios. Estima-se que área englobe cerca de 5 milhões de habitantes, 2,3 milhões dos quais vivendo em zona rural e 2,8 milhões em área urbana.

CCR ALTO SÃO FRANCISCOO coordenador da CCR Alto São

Francisco, Márcio Tadeu Pedrosa, acredita que neste ano a aproxi-mação, tanto com os membros da Câmara quanto com a população ri-beirinha, será um dos caminhos para fomentar melhores práticas rumo à tão sonhada revitalização. “Mante-remos as reuniões da CCR Alto com objetivo de nos aproximarmos cada vez mais dos membros do colegia-

do. Organizaremos, no mínimo, três seminários sobre conflitos de uso da água, discutindo temas como irriga-ção, mudanças climáticas, seca, etc. Vale lembrar também que, em 2015, outra demanda importante é o acom-panhamento da atualização do Plano Diretor da Bacia do São Francisco. As consultas públicas e oficinas seto-riais serão essenciais para o diálogo com a população são-franciscana”, observa Pedrosa.

ONDE FICA: Abrangendo desde a nascente histórica do rio São Fran-

cisco, no Parque Nacional da Serra da Canastra, localizada no município mineiro de São Roque de Minas, a região fi-siográfica do Alto São Francisco atinge o seu limite territo-rial em Pirapora (MG), próximo à divisa do estado da Bahia, onde se inicia o Médio São Francisco. Totaliza uma área de 234.554 km2, abrangendo 227 municípios, sendo 223 per-tencentes ao estado de Minas Gerais, três ao estado de Goi-ás, além do Distrito Federal.

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NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO 5

CURTAS

Visita às obrasO representante quilombola do CBHSF, Cláudio Pereira, coordenador da CCR Médio, esteve visitando entre os dias 14 e 15 de janeiro as obras hidro-ambientais em execução pelo CBHSF na região do Médio São Francisco. Pereira também fiscalizou obras já finalizadas pelo comitê de bacia e que estão sendo financiadas com recursos da cobrança. Na oportunidade, o representante do CBHSF percorreu, em conjunto com o corpo técnico da agência delegatária do CBHSF, AGB Peixe Vivo, as cidades baianas de Bom Jesus da Lapa, São Desidério, Catolândia, Angical, Sítio do Mato e Santa Maria da Vitória.

Fiscalização no SalitreUma das primeiras atividades do ano do coordenador da CCR Submédio, cacique Uilton Tuxá, foi a fiscalização, no dia 19 de janeiro, da primeira e já finalizada fase do projeto de recuperação hidroambiental da bacia do rio Salitre, importante afluente da bacia do São Francisco, localizado no município baiano de Morro do Chapéu. Na ocasião, ele cobrou maior fisca-lização da prefeitura e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Inema, por conta das depredações que estão acontecendo em uma áreade dois quilômetros de cercamento de nascentes – os arames das cercas foram cortados – e curvas de níveis realizadas com recursos do comitê de bacia. A segunda etapa do projeto teve início no último mês de janeiro.

Ocupações na fozA CCR Baixo São Francisco também discutiu os projetos do CBHSF em execução na região. O coordenador da Câmara, Melchior Carlos do Nasci-mento, esteve reunido com representantes do Comitê no último dia 21 de janeiro, em Maceió (AL), para planejar o levantamento da situação fundiá-ria das ocupações na foz do rio, no estado de Sergipe. O projeto receberá do CBHSF recursos da ordem de R$1,16 milhão. Os trabalhos terão prazo de 21 meses e ficarão a cargo da empresa Neogeo Geotecnologia Ltda.

Atualização do PlanoO coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Alto São Francisco, Márcio Tadeu Pedrosa, participou no último dia 19 de janeiro da reunião de trabalho envolvendo a empresa portuguesa Nemus e a agência delegatária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, AGB Peixe Vivo. O objetivo do encontro foi discutir o andamento da atualização do Plano de Recursos Hí-dricos da Bacia do São Francisco, iniciado no final de 2014. Na ocasião, foram definidas algumas datas do calendário das 24 consultas públicas e das 19 ofi-cinas setoriais que serão realizadas em municípios são-franciscanos ao longo dos 20 meses de serviços previstos.

A navegabilidade é, atualmente, um dos pontos críticos do rio São Francisco

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CCR SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO

O cacique Uilton Tuxá, coordena-dor da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, antecipa que 2015 será um ano cheio de dis-cussões. “Teremos quatro reuniões da Câmara, sendo duas na Bahia e duas em Pernambuco, todas com visitas técnicas, a exemplo do canal da transposição, que visitamos no fi-nal de 2014. Ainda realizaremos uma

reunião conjunta entre as CCRs Sub-médio e Médio São Francisco, com data e local a serem definidos. Que-remos trazer à tona o diálogo sobre a crise hídrica e a continuidade dos nossos projetos hidroambientais e de saneamento”, revela o representante indígena. Ele conta ainda que já está agendado o IV Seminário dos Povos Indígenas do São Francisco, a ser re-alizado na cidade de Carmésia (MG). A data ainda será definida pela CCR.

ONDE FICA: Depois de percorrer mais de 2.800 quilômetros desde

o estado de Minas, o rio São Francisco chega à sua foz, nasáreas de limite entre os estados de Sergipe e Alagoas, onde de-ságua no Oceano Atlântico. Essa é a região denominada Baixo São Francisco que, no total, possui 78 municípios, sendo 28 em Sergipe e 50 em Alagoas. A região possui 214 km de extensão e 25.523 km², ou 4% da área da bacia do Velho Chico.

ONDE FICA: O território do Submédio possui uma área de 155.637 km²,

que corresponde a 17% do território da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Abrange desde o município de Remanso, às margens do lago de Sobradinho, na Bahia, passando pela divisa com o estado de Pernambuco, até a usina de Paulo Afonso, também no território baiano. A região é ocupada por 2.455.768 habitantes, com 56% dessa população habitando áreas urbanizadas, de acordo com o Censo IBGE 2010.

CCR BAIXO SÃO FRANCISCOO alagoano Melchior Carlos, co-

ordenador da CCR Baixo São Fran-cisco, considera um dos maiores desafios de 2015 a implementação de uma campanha de mobilização social em defesa do rio. “Uma mo-bilização que seja capaz de envol-ver as comunidades ribeirinhas e as populações mais afastadas da calha principal da bacia hidrográfi-ca. Por isso, insisto na ideia de que

o envolvimento de novas representa-ções deve ser encarado como prio-ridade aqui no Baixo e pelas demais Câmaras Consultivas Regionais”, revela. Ele acha importante e desa-fiadora ainda a atualização do Plano de Bacia. “Neste caso, o efetivo com-prometimento de todos os membros da CCR Baixo será fundamental para que o resultado deste esforço seja exitoso sob o ponto de vista técnico e político”, disse.

Coordenador da CCR Médio realizou visita no último mês de janeiro às obras do CBHSF

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Há quase um ano, seis mu-nicípios situados no Alto São Francisco que aderi-ram ao chamamento do

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF para a ela-boração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) foram contemplados em seleção aprovada pelo Comitê. Em atendimento à pro-posta lançada pelo colegiado, os pre-feitos dos municípios de Abaeté, Bom Despacho, Lagoa da Prata, Moema, Papagaios e Pompéu, todos situados em Minas Gerais, assinaram os Ter-mos de Compromisso, que possibi-litaram a contratação da elaboração dos respectivos planos.

O prazo para a elaboração dos PMSB’s está sendo cumprido. O investimento total nos seis municí-pios foi da ordem de R$ 1,5 milhão e a elaboração está a cargo da em-presa Cobrape, escolhida através de processo licitatório.

O diretor técnico da agência de-legatária do Comitê, AGB Peixe Vivo, Alberto Simon, ressalta o sucesso no cumprimento, até então, dos prazos fixados no contrato. “Todas as etapas

de elaboração dos PMSB dos mu-nicípios de Abaeté, Bom Despacho, Lagoa da Prata, Moema, Papagaios e Pompeu estão concluídos. Resta apenas a reunião de apresentação do plano consolidado, ou seja, o relató-rio final, em cada um dos municípios citados”, afirma.

A atividade beneficia a uma po-pulação estimada em aproximada-mente 165 mil habitantes dos seis municípios. O resultado final da ela-boração dos planos municipais será apresentado em cada um dos muni-cípios através de audiências públicas.

ATIVIDADESA elaboração dos Planos Munici-

pais de Saneamento Básico é com-posta por uma série de atividades, que vão desde a formatação de um diagnóstico em relação às condições de saneamento básico de cada mu-nicípio até a concretização do traba-lho. A legislação que regulamenta a elaboração dos planos, notadamente a Lei Federal nº 11.445/2007, preco-niza que a construção de um PMSB é de responsabilidade dos municípios. No entanto, muitos deles não pos-

suem recursos financeiros suficien-tes ou equipe tecnicamente qualifi-cada para a sua elaboração.

A lei estabelece as diretrizes para o saneamento básico em todo o paíse compreende os serviços de abas-tecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.

O papel do CBHSF, nestes casos, é oferecer um suporte técnico sem ônus financeiro aos municípios, para que possam planejar e implementar as benfeitorias e equipamentos necessá-rios à universalização do atendimento do saneamento básico, em todas as suas componentes, contribuindo para melhoria do meio ambiente e do bem estar das populações.

Os municípios, por meio dos co-mitês executivo e de coordenação, acompanham e aprovam os traba-lhos de elaboração dos respectivos planos municipais. Como forma de tornar o processo transparente e dentro do que determina a legisla-ção, o CBHSF tem estimulado, junto aos municípios, a participação popu-lar através de conferências públicas.

Avança em seis municípios do Alto São Francisco o processo de elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico, numa iniciativa do Comitê do São Francisco.

PLANOS DE SANEAMENTO EM ANDAMENTO NO ALTO SÃO FRANCISCO

CBHSF investe recursos da cobrança em municípios ribeirinhos do Alto São Francisco

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O prefeito do município minei-ro de Papagaios, Marcelino Ribeiro Reis, revela seu grande contenta-mento em fazer parte dos muni-cípios que assinaram o termo de adesão ao Plano Municipal de Sa-neamento Básico, em atendimen-to à iniciativa do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Ele ressalta o perfil téc-nico da equipe responsável pelo levantamento dos dados do muni-cípio para a assinatura do termo.

Além disso, Ribeiro enaltece a participação popular na construção das etapas que culminaram com a apresentação do relatório final, na última semana de janeiro, na Câ-mara Municipal de Papagaios. “Ti-vemos a interação da população que, em reuniões, participou ati-vamente dos projetos, mostrando as dificuldades de cada povoado e também da área central da cidade”, afirma o prefeito, de 51 anos de ida-de, casado, comerciante.

Para Marcelino Ribeiro, a iniciativa representa um grande avanço para a população local. “É uma grande con-quista para a população de Papagaios e avaliamos muito positivamente essa iniciativa do Comitê da Bacia Hidrográ-fica do Rio São Francisco, uma vez que os municípios estão com dificuldades de realizar o plano e o colegiado nos oferece essa oportunidade sem qual-quer custo para a municipalidade”, completa ele. “É nosso melhor mo-mento para conhecer e aplicar tudo o que deve ser feito para garantir umfuturo melhor para a cidade”, finaliza.

INICIATIVA É UM GRANDE AVANÇO

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NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO 7

Organizada pela promotora de Justiça Luciana Khoury, e pela técnica administra-tiva do MPE Priscila Araújo

Rocha, com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, a publicação registra as 33 edições das expedições do FPI em 115 municípios e 2.500 empreendi-mentos visitados, além de 34 audiên-cias públicas e mais cursos e encon-tros com a temática ambiental.

As fiscalizações reúnem cerca de 19 órgãos de defesa do meio ambiente, como os Ministérios Públicos do Esta-do, da União e do Trabalho, Secretarias de Meio Ambiente, Ibama, Funasa, agentes policiais, além de entidades que representam a sociedade civil e os moradores da bacia. Há dez anos o Co-mitê do São Francisco participa da FPI com recursos humanos e materiais.

“O CBHSF chegou com força e dis-posição para apoiar as ações da FPI e expandi-la, inclusive para outros esta-

dos da bacia, como é o caso de Alago-as, que há dois anos realiza ações se-melhantes. A contribuição do Comitê é fundamental, não só com recursos, mas principalmente com ideias e pro-posições”, ressaltou a promotora de Justiça Luciana Khoury, que coordena o Núcleo de Defesa da Bacia do SãoFrancisco no MPE.

IMPORTÂNCIA“O livro é um testemunho de uma

ação importante, que prova a eficácia da cooperação entre os diversos ór-gãos que atuam na bacia do São Fran-cisco, sejam do poder público, institui-ções privadas e sociedade civil. A FPI é uma quebra de paradigma que rompe com uma lógica do corporativismo e do isolamento de cada um em seus inte-resses. O Comitê acredita nessa ação de cooperação coletiva e queremos ex-pandir para toda a bacia”, destaca Ani-valdo Miranda, presidente do CBHSF.

O livro “Velho Chico – A Experiência da Fiscalização Preventiva Integrada na Bahia – FPI”, produzido pelo Núcleo de Defesa da Bacia do São Francisco – Nusf, do Ministério Público do Estado da Bahia, traz a memória dos 12 anos de ações do FPI na bacia do rio São Francisco. Em mais de 400 páginas, o livro revela, por meio de fotos, gráficos e textos, o trabalho de fiscalização de ações ilegais, conflitos socioambientais, entre outros, no território baiano da bacia.

LIVRO REGISTRA AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO NA BACIA DO SÃO FRANCISCO

FLUVIAIS

Animais retornam à naturezaDezenas de animais vítimas do tráfico foram resgatados por policiais federais e militares ambientais e tratados no Centro de Conservação e Manejo da Fauna da Caatinga, no Parque Estadual das Sete Passagens, em Miguel Calmon (BA), centro que pertence à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Agora, eles serão devolvidos à natureza. No total, 20 jabutis e três guaxinins se-rão reintegrados à vida selvagem, dando continuidade ao trabalho iniciado pelo centro em 2008. De lá para cá, dos quase 35 mil animais que foram resgatados, cerca de 28 mil foram devolvidos à natureza.

Fórum Mundial da ÁguaAcontece entre 12 e 17 de abril próximo, em Daegu e Gyeongbuk, Coréia do Sul, o 7º Fórum Mundial da Água, promovido pelo Conselho Mundial da Água e pelogoverno da Coréia do Sul. Trata-se do maior evento do planeta sobre o tema água. Realizado a cada três anos, o fórum teve as suas duas últimas edições nas cidades de Istambul, na Turquia (2009), e Marselha, na França (2012). Em ambos os momentos, a participação brasileira foi bastante significativa, com represen-tantes dos setores governamental, acadêmico e privado, usuários de recursos hídricos e da sociedade civil.

Quilombolas ganham casasCerca de 100 famílias quilombolas de Pernambuco terão direito a casas de alve-naria em substituição às atuais casas feitas de barro e madeira. A iniciativa partiu da Fundação Nacional de Saúde – Funasa, em parceria com o Ministério da Inte-gração Nacional, através do Projeto e Integração Nacional do Rio São Francisco. O projeto vai beneficiar os moradores dos municípios de Cabrobró, Carnaubeira da Penha e Mirandiba, no sertão do São Francisco. A expectativa é que a entrega das novas moradias, prevista para 2016, contribua com as condições de saúde dessa população, sobretudo em relação aos números de incidência da doença de Chagas na região.

Peixamento em PenedoNo dia 11 de janeiro, durante a 131ª edição da Festa de Bom Jesus dos Navegan-tes de Penedo (AL), milhares de peixes de espécies nativas da bacia hidrográfica do rio São Francisco foram inseridos nas águas do “Velho Chico”. O peixamento reali-zado pela Codevasf na festa é uma ação continuada para repovoamento do rio São Francisco e ocorre em diversos pontos da bacia ao longo do ano, como iniciativa do Programa de Revitalização do Rio São Francisco. Entre os peixes inseridos estão alevinos juvenis das espécies matrinxã, pacamã, piau, xira e a piaba, todas nativas do rio São Francisco, produzidas no Ceraqua São Francisco, o Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba, uma unidade de pesquisa e produção que trabalha com ciência e tecnologia para revitalização do Velho Chico.

A publicação foi coordenada pela promotora Luciana Khoury

Guaxinins serão reintegrados à vida selvagem

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Qual a sua formação profissional e há quanto tempo atua na área de meio ambiente?Sou geólogo, com mestrado e cur-sos de especialização em Portugal e na França e atuo na área de meio ambiente há 30 anos. Já exerci car-gos na administração pública, como no Ministério do Meio Ambiente de Portugal e na Agência Portuguesa do Ambiente (organismo semelhante ao Ibama brasileiro) e há 18 anos estou na Nemus, em projetos e consulto-rias internacionais.

Quais os principais projetos de consultoria já desenvolvidos pela Nemus no setor de meio ambiente e sustentabilidade?Muitos projetos de meio ambiente e sustentabilidade em Portugal e na África. Aqui no Brasil, já desenvolve-mos projetos para a Odebrecht e para a Braskem, no Polo Industrial de Cama-çari. Um dos nossos maiores projetos foi o Corredor Viário Oeste, para a Se-cretaria de Planejamento do Governo do Estado da Bahia, do qual faz parte a ponte Salvador–Itaparica.

Quais os principais desafios que a empresa vai enfrentar na elabora-ção do novo Plano de Recursos Hí-dricos do São Francisco?Os desafios são enormes, especial-mente relacionados aos usos múlti-plos, pois são muitos interesses a se-rem equacionados: abastecimento, energia, mineração e agricultura, en-tre outros. O Comitê do São Francisco é onde todos os principais atores es-tão reunidos e podem expressar suas necessidades. E é preciso chegar a um consenso. O importante é que o debate já existe.

Quais as suas impressões ao partici-par da Plenária do Comitê do Rio São Francisco, em novembro de 2014?Muito positivas. Impressiona a diversi-dade na composição do Comitê, des-de pequenas comunidades a grandes

empresas, além dos governos. Há pes-soas muito empenhadas e com muito conhecimento sobre o dia a dia do rio e seus problemas. E com uma enorme vontade de contribuir para a revitaliza-ção do São Francisco.

Como tem sido o processo de atua-lização do Plano a partir da escolha da Nemus para esse projeto?Concluímos a primeira etapa, com a entrega do relatório após dois me-ses de trabalho (final de novembro de 2014 a início de janeiro de 2015), quando conversamos com diversos setores envolvidos com a bacia. Além do Comitê do São Francisco e sua agência delegatária, AGB Peixe Vivo, tivemos encontros com cerca de 20 entidades, como o Ministério do Meio Ambiente, a Agência Na-cional das Águas, órgãos estaduais como o Inema e empresas de ener-gia. Essas reuniões possibilitaram a coleta de informações relacionadas à captação de água, vazão, montan-tes de investimentos na revitaliza-ção, a situação das comunidades tradicionais e indígenas e os pro-blemas como a qualidade da água, as secas, as cheias, etc. Agora em fevereiro entraremos na segunda etapa, que envolverá oficinas em quatro regiões da bacia, além de encontros setoriais. Estamos den-tro do prazo previsto.

Qual a importância da participação dos diversos usuários da bacia na construção do Plano de Recursos Hídricos?É uma participação social efetiva e que não é encontrada em muitos outros países. Em outros lugares, as decisões sobre as bacias são to-madas pelas altas autoridades na-cionais, mas aqui haverá, de fato, uma escuta a todos os usuários, o que gera uma necessidade maior de tempo e energia depreendida, mas garante uma pluralidade de observa-ções e sugestões.

De que forma o Plano de Recur-sos Hídricos poderá contribuir para a bacia do São Francisco?Esse plano de bacia terá uma di-mensão muito importante que está relacionada às alterações climáticas, cujos efeitos são sentidos através da desertificação, das cheias nas zonas costeiras, com o aumento do nível do mar e salinização, entre outros problemas. Daí que a construção do Plano é uma experiência piloto interessante para outras bacias, de qualquer lugar do mundo. Trata-se de uma ação pioneira e necessária: saber quais os efeitos das alterações climáticas em uma bacia de escala quase continental. As previsões e as ações pensadas poderão contribuir não só para o São Francisco como para outras bacias.

Diante dos seus conhecimentos sobre a geografia mundial, qual a relação que pode fazer entre a bacia do São Francisco e outras bacias hidrográficas de relevân-cia internacional?O rio São Francisco possui uma das maiores bacias hidrográficas do mun-do, seja em extensão, em volume de águas, em quantidade de habitantes e na amplitude do seu ecossistema. Essa bacia atua no equilíbrio social, econômico e ambiental e possui um papel fundamental, graças ao seu rico ecossistema. Exemplo disso é a caatin-ga e também algumas espécies ani-mais e vegetais que só existem aqui. O rio São Francisco tem uma importân-cia histórica e simbólica para o Brasil, não é à toa que é chamado de “Rio da Integração Nacional”.

O DESAFIO DE TRABALHAR PARA UMA BACIA QUASE CONTINENTAL

PEDRO BETTENCOURT CORREIA

NESTA ENTREVISTA, O GEÓLOGO PEDRO

BETTENCOURT FALA SOBRE OS DESAFIOS QUE

A EMPRESA PORTUGUESA NEMUS ENFRENTARÁ PARA

DESENVOLVER O PROJETO DE ATUALIZAÇÃO DO PLANO

DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO SÃO

FRANCISCO, UMA “BACIA QUASE CONTINENTAL”,

CUJAS ESPECIFICIDADES TORNAM ESSE PROJETO MODELO PARA OUTRAS BACIAS, POIS BUSCARÁ

ANTECIPAR OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS QUE

OCORREM NO PLANETA.

A CONSTRUÇÃO DO PLANO É UMA

EXPERIÊNCIA PILOTO INTERESSANTE PARA

OUTRAS BACIAS, DE QUALQUER LUGAR DO

MUNDO.

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